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REVISTA DO NÚCLEO DE ESTUDANTES DE ARTES UNIVERSIDADE DE ÉVORA 11 / 05 / 2011 Nº 0
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DIRECÇÃO Mariana Faria Alexandre Kroner Paulo Teles CONCEPÇÃO GRÁFICA Alexandre Kroner DIRECÇÃO DE IMAGEM E FOTOGRAFIA Alexandre Kroner REDAÇÃO E TEXTOS Mariana Faria Paulo Teles Silvana Casa Velha Ana Sofia Catano Joana Oliveira Vanda Seixas Hugo Figueiredo WEB DESIGN Paulo Teles Hugo Figueiredo Alexandre Kroner ILUSTRAÇÃO Mariana Faria Luis Lourenço Daniela Gomes Tomás Cunha Ferreira COLABORAÇÃO Tomás Cunha Ferreira Patricia Patão Ana Rita Catita Daniela Destapado CARTOON Luis Lourenço COORDENAÇÃO DE EDIÇÃO Célia Figueiredo COORDENAÇÃO GERAL Inês Secca Ruivo
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04 Editorial 06 Noticias 08 Foto Reportagem
Técnicos Superiores 22 Arquitectura 50 Artes Cénicas Artes Visuais 86 Design 114 Música 126 Poema 128 NEA 126 Foto Reportagem II GESAMB 128 Entrevista 148 Reportagem 152 Teatro do Oprimido 154 Poema Visual
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Escultura, Instalação, Video Multimédia
Miguel Palma Linha de Montagem 15 de Abr a 3 Jul Miguel Palma é o artista do ano. Depois do reconhecimento internacional que se tem vindo a consolidar com exposições individuais um pouco por todo o mundo e com a participação em inúmeras colectivas, o Centro de Arte Moderna dedica-lhe uma devida exposição antológica, com curadoria de Isabel Carlos. Com a curiosidade viva de uma criança, Palma (Lisboa, 1964) é mestre na criação de estruturas híbridas entre o mecânico e o artístico, a engenharia e a arquitectura e o natural e o artificial. A exposição, simultaneamente densa e lúdica, reúne mais de uma centena de obras, entre esculturas, instalações e vídeos.
CIPED - VI Congresso Internacional de Pesquisa
Festival da região Norte homenageia Pina Bausch
10, 11, 12 – Out. Oct. – 2011 Fundação Calouste Gulbenkian Uma Agenda para o Design
O projeto Odisseia: Teatro do Mundo vai levar aos palcos do Norte do país, durante 17 dias, figuras e obras de destacados agentes culturais internacionais e homenageia Pina Bausch, apresentando dois espetáculos únicos em Portugal.
Depois de cinco bem sucedidas edições no Brasil, o 6º CIPED ganha uma nova dimensão com a sua primeira edição em solo Europeu, sendo apadrinhado/organizado pelo CIAUD – Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design da FA-UTL. O congresso decorrerá de 10 a 12 Outubro 2011 em Lisboa, nos auditórios da Fundação Calouste Gulbenkian, com o mote “An Agenda for Design”, procurando afirmar-se como um marco internacional na disseminação de investigações nas principais áreas do Design (Comunicação, Produto e Moda), mas também do Ergodesign, do Design Inclusivo e da Urbanidade. Mais informações em http:// www.ciped6.fa.utl.pt/
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“Esta Odisseia seria uma dedicatória especial da minha parte a Pina Bausch, que no meio desta aventura tem um papel fundamental”, confessou hoje Nuno Carinhas, diretor do Teatro Nacional São João (TNSJ), do Porto, na apresentação da programação do evento, que decorre entre 5 e 22 de maio. A apresentação de “Bamboo Blues” (6 e 7 de Maio) e “Sweet Mambo” (11 a 13 de Maio), duas das últimas criações da reputada coreógrafa alemã, constitui, assim, o ponto central dos 17 dias da festa do teatro programada conjuntamente pelo TNSJ, Centro Cultural Vila Flor, Theatro Circo de Braga e Teatro de Vila Real.
NOTÍCIAS Siza Vieira vence prémio de Arquitectura do Douro
Siza Vieira venceu o prémio Arquitectura do Douro, ultrapassando os projectos de mais 14 arquitectos. Um concurso aberto a obras arquitectónicas do Douro, promovido pela Estrutura de Missão do Douro (EMD), da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N). A obra vencedora localiza-se em Celeirós do Douro, Sabrosa, e consiste num armazém de envelhecimento e de estágio de vinhos. Além do prémio de Arquitectura do Douro, foram, também, atribuídas duas menções honrosas. A Capela de Travassos e a ampliação da Quinta do Vallado, ambas no concelho de Peso da Régua, mereceram especial consideração do júri. Ainda em comunicado, os jurados consideraram os vencedores desta iniciativa como “casos exemplares de arquitectura ligadas à economia vitivinícola da região, mas também a políticas de qualificação urbana”.
IX Festival de Cinema “O Castelo em Imagens”
Entidade: Câmara Municipal de Portel Inscrição e entrega de obras: até 18 de Maio de 2011 A Câmara Municipal de Portel tem vindo a realizar durante o mês de Maio o Concurso Nacional Escolar no âmbito do Festival de Cinema “O Castelo em Imagens”. esta edição apresenta novas datas, este ano o 8ª concurso decorrerá em Portel de 30 de Maio a 4 de Junho de 2011. Aberto a todos os alunos das escolas e universidades portuguesas, tendo por tema “O Castelo” ou o “Castelo da MInha Terra”, este concurso destina-se a promover visões pessoais e de investigação escolar em torno de castelos.
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Concertos à Conversa Música sem Fronteiras
Dias 15, 22, 29 de maio, 5 de junho Preço 5€ Para maiores de 6 anos Centro Cultural de Belém Para promover o debate em torno do tema das escolhas da programação musical, esta nova série de Concertos à Conversa inclui peças-chave do repertório da música denominada erudita, alternadas com outras obras-primas que ainda não viram o seu “passaporte” carimbado pelo poder da grande divulgação e do bom acolhimento de grandes salas. Miguel Henriques e Manuela Paraíso convidaram o compositor António Pinho Vargas, que tem dedicado a sua atenção a esta problemática, para as conversas desta edição.
TÉCNICOS SUPERIORES 8
FOTO-REPORTAGEM 1
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MARIUS ARAUJO
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VANDA SIM SIM
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SÍLVIO MATOS
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ARQUITECTURA
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MARTA SEQUEIRA DIRECTORA DO DEPARTAMENTO DE ARQUITECTURA
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Nasceu em Lisboa em 1977. Arquitecta pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (2001), Diploma de Estudos Avançados em Projectos Arquitectónicos (2005) e Doutorada em Projectos Arquitectónicos pela Escola Técnica Superior de Arquitectura de Barcelona da Universidade Politécnica da Catalunha (2008), com uma tese sobre os espaços públicos de Le Corbusier do período pós 2.ª guerra Mundial. Directora do Departamento de Arquitectura da Universidade de Évora, onde lecciona as unidades curriculares de Projecto V e VI do Mestrado Integrado em Arquitectura. Investigadora no Centro de História de Arte e Investigação Artística da mesma universidade. Participou em diversos projectos de investigação, orientou dissertações e foi investigadora na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, no Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, no Centro de História de Arte e Investigação Artística da Universidade de Évora e na Fundação Le Corbusier em Paris. Leccionou, como professora convidada, em estudos pós-graduados e de doutoramento em Portugal e Espanha. Autora de vários textos publicados e palestras proferidas em Portugal, Espanha, Inglaterra, Colômbia e Estados Unidos da América. Prepara actualmente a publicação, pela Fundação Calouste Gulbenkian, de um livro com base na sua tese de doutoramento.
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JOテグ NASI PAREREIRA DIRECTOR DA LICENCIATURA EM ARQUITECTURA
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Licenciado em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Foi arquitecto da Câmara Municipal de Évora desde 1977 até fundar, em 1981, o seu ateliê. Professor Auxiliar na Escola Universitária das Artes de Coimbra entre 1999 e 2009 e na Universidade de Évora desde 2003. Dirigiu o Jornal Arquitectos (1990-94). Foi Consultor Internacional do Banco Mundial (Angola 2005-2007). Participou em conferências, seminários e exposições na Áustria, em Espanha, Angola e Portugal. Está publicado em livros e revistas nacionais e estrangeiros.
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Analisando a cidade de Évora constatamos o grande valor urbano que apresenta, de uma dimensão reduzida e malha urbana consolidada, existe para ser percorrida a pé, contemplada. A relação do centro histórico com a sua expansão extramuros sofre de falta conexão urbana, um grande distanciamento entre os bairros e o centro histórico. Um exemplo é o bairro da Malagueira, obra do Arquitecto Siza Vieira, situado a um quilómetro para oeste, previa vários equipamentos públicos em pontos estratégicos que fariam a conexão com o centro histórico, que não se realizaram. Essa falta de conexão é o tema central desta proposta.
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TRABALHOS
Romeu Das Neves Ferreira Disciplina: Artes Visuais II Docentes: João Maria Trindade
O Local das Portas do Raimundo é um ponto-chave da expansão da cidade. Definido pelo limite perimetral da sua muralha fernandina e o baluarte do jardim público. A proposta vem repor topografia original do local, adulterada pelas actuais vias e infra-estruturas automóveis. Uma unificação entre o jardim público e a Mata de São Sebastião, através de um percurso arborizado promovido por equipamentos públicos. A integração de biblioteca pública, centro de auditórios e espaços de exposição procura respeitar a consciência do local, separando o nível automóvel do pedestre, um espaço de contenção, afastado da realidade automóvel, um limite desenhado através da adaptação às diferentes realidades do local, uma paisagem construída e o solo como matéria geradora de espaço.
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O centro de auditórios pretende ser um grande núcleo onde a volumetria define o espaço de distribuição, criando relações volumétricas dentro de um grande espaço escavado, como volumes esculpidos dentro de uma grande massa. A sua estrutura organizativa corresponde á definição clara de um núcleo, com um átrio geral debelado pelos grandes volumes dos auditórios, estruturados por um limite claro de áreas técnicas e backstage. Os espaços de exposição são o próprio percurso programático, desde o núcleo de biblioteca|arquivo até aos auditórios. O núcleo de biblioteca e arquivo são espaços de silêncio que se encontram e torno da grande sala de leitura. A sua organização procura tirar partido das infra-estruturas técnicas como espaços transitórios, massa que se atravessa e que responde às necessidades. Em suma, esta proposta pretende dar resposta a um local muito particular, onde a estrutura consolidada da cidade intra-muros demonstra uma resposta muito clara à definição de espaço exterior urbano, distante da circulação automóvel, percorrivel e geradora de acontecimentos numa intenção clara de consolidação de uma ligação entre o bairro da Malagueira e o Centro Histórico.
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CAPELA LAICA João Pedro Disciplina: Arquitectura I Docentes: Daniel Jiménez
O trabalho une a racionalidade e o aleatório. Atrai essa velha ideia que leva a ver o construído como uma segunda natureza. Competir com a forma da natureza é realmente impossível, nunca a arquitectura vai a ter a potência que tem uma árvore ou a riqueza que tem uma montanha, a aproximação à natureza vem ligada à condição de sistema, de processo e de estratégia. O edifício surge como o resultado de um processo construtivo que faz da geometria o seu suporte. O que se vê, a figura, é o resultado de mostrar a maneira de fazer. A construção de sistemas arquitectónicos implica a presença de elementos primários e a arquitectura, o discurso, surge como montagem de estes fonemas. A necessária condição iconográfica do projecto residirá assim, nesta união fractal mais que em qualquer outra possível forma sintética e unitária. Hoje interessa mais que nunca a relação da arquitectura com a natureza e com o homem. Perante esta situação, o trabalho confia mais nos tecidos que nos objectos, antes nos espaços intermédios que nos absolutos; para eles são mais importantes as relações, percepções e as sensações que as imagens. Os conceitos antes que as formas. Diagramas, conceitos, lugares. Uma capela laica, um lugar, sempre nova, sempre distinta.
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Ana Loureiro Disciplina: Arquitectura 3ยบ Ano Docentes:
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MUSICAL SQUARE ANA ISABEL ALVES Classificação: Finalista Professor coordenador Pedro Oliveira Localizado em Viena, encontra-se o Stadtpark,o imponente jardim inserido na Ringstrasse e delimitado pelo extenso canal que se envolve na cidade. Praça Musical, é o amplo espaço que proponho e que, pretendendo estabelecer uma relação entre estes dois limites, oferece simultaneamente, música à cidade. Controlada por um volume suspenso que se estende ao longo do canal - a escola de música - , define-se esta grande praça que recebe as pessoas, à área de espectáculo. O grandioso auditório exterior é o elemento que pretende fazer a união entre os dois temas - jardim e rio. Através desta ligação, um lindo percurso de barco ao longo do canal, é a nova possibilidade de se chegar ao lugar da música. O auditório desenha um palco aquático que em épocas frias, ao gelar o canal, se transforma numa pista de gelo onde decorre um espectáculo de dança em patins, ao som da música. A escola, suspensa, através dos espaços de aula comunica com o jardim e através dos pátios estabelece uma relação muito íntima com a praça. À noite, o alçado que abre para a cidade, permite a projecção de vídeos e imagens que convidam as pessoas a conhecer os espectáculos musicais.
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VHOM
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PAULO DIAS Classificação: Finalista Professor coordenador Pedro Oliveira CIDADE/RINGSTRASSE O edifício surge em torno da cidade medieval, perto de uma das principais portas antigas. Em semelhança com a construção de inúmeros edifícios de carácter público que surgiram em torno da cidade antiga ao longo da Ringstrasse O Vhom implantando-se no topo norte do Stadtpark pretende definir um novo limite ao jardim, um novo limite de rua, proporcionando novas áreas públicas e uma nova vivencia ao Stadtpark. RUA/JARDIM/PERMEABILIDADE Compacto para a rua e aberto para o jardim, enquadrando-se na sua envolvente, o edifício eleva-se para Dr. Karl Lueger Platz e baixa para o canal do rio Viena mantendo uma linguagem horizontal em semelhança com o próprio canal. Em semelhança com o Kursalon no lado oposto do jardim, o edifício define um novo limite ao Stadtpark, não rompendo com a relação rua jardim, o edifício torna-se permeável elevandose do solo, permitindo a criação de espaços públicos tendo relação directa com o jardim.
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SOUNDWALK Sónia Jesus, Diogo Monteiro e Guilerme Rodrigues Classificação: VENCEDOR Professor coordenador Pedro Oliveira O conceito por detrás da criação de uma escola de música num sítio tão delicado como o Stadtpark, que serve de refúgio para a agitação da cidade obriga-nos a repensar a relação entre uma escola e o sítio onde esta está implantada, e imaginar o que pode um programa como este oferecer aos utentes do parque. A ideia para esta VHOM utiliza as interacções entre a escola e o parque, utilizando o som como matéria, criando um passeio sonoro pelo parque. A implantação permite que o parque continue a ser atravessado livremente pelas pessoas e, ao mesmo tempo, mostra a estas a música que é tocada na escola, com esta fórmula procuramos criar o espaço ideal para experiências e interacções musicais. A nossa estratégia passa por criar duas realidades distintas que estão ligadas: Parque/ Escola. Desta interacção surge o conceito de Soundwalk.
A escola Desenvolve-se em escavação nas áreas comuns, dando a privacidade necessária aos alunos. Organiza-se á volta de três pátios que oferecem a luz e o ar do parque para a parte da escola que se encontra no subsolo. A parte pública do programa está relacionada com o canal, fazendo deste uma extensão do espaço expositivo, abrindo este espaço e permitindo a apropriação do mesmo pelas pessoas funcionando como um espaço para instalações, o espaço expositivo serve também como acesso ao auditório principal.
O parque A escola, com o seu carácter maciço no subsolo, que intensifica a transição da área comum da escola para a área mais luminosa e relacionada com o parque das salas de aula e pequenos auditórios que são pequenos volumes que surgem do solo usando o som como matéria, criando novos espaços á superfície, e conectando estes dois “mundos”, onde os alunos podem partilhar com os utentes do parque a música que produzem. Estes dois carácteres distintos intensificam as transições da escavação para o parque iluminado. Fazendo da aprendizagem uma experiência individual ou “comunal” imersa no parque.
O auditório O auditório principal serve como espaço de experimentação musical, permitindo soluções acústicas diferentes através da configuração de palco e bancadas, reforçando o carácter experimental deste equipamento. O chão deste auditório está dividido em quadrados que podem ser elevados permitindo assim novas abordagens aos espectáculos ao vivo.
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RUI RUA Classificação: Finalista Professor coordenador Pedro Oliveira Cidade Neste projecto propõe-se criar uma nova relação entre o parque e a cidade. Tendo em conta a importância do Stadtpark, surge um edifício que consegue uma relação de destaque com a envolvente urbana e que ao mesmo tempo respeita e conserva o carácter do local. Sendo assim, o carácter da proposta baseia-se numa linguagem vertical para o edifício, rematando uma das laterais menos arborizada do parque, criando uma “Barreira” que permita um isolamento do parque em relação ao ruído da cidade, servindo assim o parque como pretexto para que a música o envolva. Permeabilidade O edifício tem como principal característica o seu piso inferior que permite uma permeabilidade entre a rua e o parque, criando uma relação harmoniosa e simples entre estes dois mundos, pode inclusive servir como uma via de acessibilidade ao parque passando por um entorno de difusão de música e cultura. Atmosfera A essência do projecto consiste na sua perfeita união entre os alunos e a cidade, criando uma ruptura da barreira entre a música experimental e alternativa em contraponto com a história musical da cidade.
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Francisco Cunha Classificação: Menção Honrosa Professor coordenador Pedro Oliveira O projecto pela sua estratégia está concebido como um “passeio” pelo Stadpark e pelos seus ambientes, pela arquitectura e pela música. A escola de música é um longo corpo que abraça o núcleo do auditório e se estende até à outra metade do Stadpark, é este programa que materializa “Promenade Architectural”. Começando o percurso junto á Ringtrasse deparamo-nos imediatamente com o espaço do auditório. Esta sala de concertos foi pensada como um espaço bastante permeável. Não existe nenhuma barreira física que a separe visualmente quer da rua, quer do jardim, funcionando como espaço bastante livre. É essencialmente uma rampa escavada na plataforma do jardim que recebe luz a partir de cima e a partir da qual podemos ter uma relação constante com o exterior. À uma cota superior situa-se o restaurante que tira partido da grande permeabilidade do auditório e que torna possível assistir a um concerto enquanto se está no restaurante. Ainda junto ao auditório uma grande varanda debruça-se sobre a Ringstrasse, com este espaço comunica a recepção da escola de música e a partir deste espaço entramos nas imediações da escola. Ao longo do limite do parque são distribuídas as salas de aula, que se viram todas para o interior do Stadpark. Estes espaços têm como grandes temas a música e natureza. Enquanto as salas de aula se viram para as copas das árvores, os espaços mais públicos como a biblioteca e uma grande varanda olham sobre a avenida Weiskirchnerstrasse e sobre o rio Viena. Junto ao canal um corredor ao mesmo tempo que organiza e desenha o acesso ás salas de aula cria uma grande varanda sobra o rio Viena. A maneira como o edifício comunica com a cidade e com todo o parque é um aspecto enfatizado pelo enunciado, por esta razão o edifício torce e estende-se até o outro lado do jardim, prolongando-se sobre a ponte que une as duas partes do Stadpark e sobre o rio desenha-se o espaço de exposições que olha sobre o rio em toda a profundidade do parque. Este espaço funciona de um modo mais experimental também como um palco para performances que se pode abrir sobre o rio e que transforma os passeios e os taludes que delimitam o canal numa zona de espectáculos ao ar livre.
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Miguel Maia Classificação: Finalista Professor coordenador Pedro Oliveira A área de intervenção é o topo de um jardim, o “Stadpark”, que desfruta de uma grande proximidade com o centro histórico e que tem a particularidade de ser olhado de frente por um pequeno canal, duas grandes avenidas e pelo parque. O “Stadpark” caracteriza-se por uma vegetação densa e de grande porte que nos permite abstrair da cidade e desfrutar do parque, quase como se passeasse-mos num bosque. Mas esta sensação acaba por se perder no lote de intervenção, onde a densidade da vegetação diminui. A escola de música, envolta em vidro fosco branco, procura reflectir o que a rodeia: a luz, imagem ou cor, na tentativa de dar essa densidade a esta zona do parque. O edifício caracteriza-se por ser bastante permeável ao se encontrar elevado em relação ao solo, este apoia em dois pontos e dispõe de um pátio central que se dissolve por baixo da edificação. O projecto abriga um programa misto, em que para além da escola, dispõe de auditórios, lojas e uma zona expositiva. Na zona superior desenvolvem-se as salas de aula da escola que olham o exterior. O acesso é feito por uma claustro suspenso que vive para o pátio central. Este tem um pé direito mais baixo e assim permite que todas as salas recebam luz natural. À cota do parque encontra-se o programa mais publico e consequentemente aquele que maior interacção estabelece com o jardim e com a cidade. Funcionando de uma forma mais independente e dispondo de uma maior relação com a rua encontram-se as lojas e a cafetaria/restaurante. Numa zona de maior interacção com o canal, encontra-se o auditório exterior, a céu aberto, que marca a entrada para a escola e no prolongamento deste e a uma cota inferior encontra-se o auditório, que estabelece uma relação directa com o canal.
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ARTES CÉNICAS 51
FERNANDA LAPA DIRECTORA DO DEPARTAMENTO DE ARTES CÉNICAS
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Actriz/Encenadora. Fundadora e Directora Artística da Companhia de Teatro “Escola de Mulheres” desde 1995. Medalha de Mérito Cultural em 2005. (ver site Escola de Mulheres) Objectivos para o Curso que dirige: Fornecer aos alunos ferramentas teórico/práticas para, de uma forma criativa e pessoal, poderem vir a integrar e renovar o tecido teatral português. Obras de referência : Encenação de “Medeia é Bom Rapaz” de Luis Riaza (1991) Prémio da Crítica e Sete de Ouro, de “As Bacantes” (1995) e “Medeia” (2006) de Eurípides, na Fundação Calouste Gulbenkian e no Teatro Nacional D. Maria II. Globo de Ouro para Melhor Espectáculo “A Mais Velha Profissão” de Paula Vogel (2005), no Teatro Nacional D. Maria II.
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CHRISTINE ZURBACH Professora associada com agregação. Nasceu em França e reside em Portugal desde 1975. Trabalhou no Centro Cultural de Évora e no Cendrev como dramaturgista e professora na Escola de Formação de Actores do CCE/Cendrev. Entrou na Universidade de Évora em 1983 e lecciona actualmente no Departamento de Artes Cénicas disciplinas da área da Dramaturgia. Concluiu em 1997 uma tese de doutoramento sobre tradução teatral, área da sua especialização (Tradução e Prática do Teatro em Portugal de 1975 a 1988, Colibri, 2002). É directora do Centro de História da Arte e Investigação Artística desde 2007 onde desenvolve projectos nas áreas do texto de teatro, da dramaturgia e do teatro de marionetas.
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TIAGO PORTEIRO Doutorado e mestre em Estudos Teatrais pela Université de la Sorbonne Nouvelle – paris III, e licenciado pela Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa em Educação Física - Ramo Educação Especial e Reabilitação. É docente do departamento de Artes Cénicas da Universidade de Évora desde 1997 e director de curso do 1o ciclo em Teatro desde 2006. Tem desenvolvido pesquisa no âmbito da formação de actores e seus processos de criação, nomeadamente dentro da área do movimento cénico. No “Centre National des Arts du Cirque – França” desenvolveu entre 2003 e 2005 trabalho, nomeadamente dinamizou “Les Passerelles” (encontros temáticos de discussão), conferências e ateliers de observador-participante. Desenvolve trabalho como actor (entre outros com Giorgio Barberio Corsetti, Madalena Vitorino, Marc Zammit, José Medeiros, Lúcia Sigalho, Ana Tamen) e como encenador criou cerca de 10 espectáculos.
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TRABALHOS
GAIVOTAS
Alunos: Teatral De: Carlos Nicolau Antunes Coordenação: Nicolau Antunes Área: Oficina de Experimentação Ano: 2º ano de Licenciatura
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FESTA DO REI
Alunos: Nando Zambia Coordenação: Tiago Porteiro Área - Área de Projecto 3º ano de Licenciatura
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MÃE Alunos: Fábio Moreira Coordenação: Tiago Porteiro Área de Projecto do 3º ano de Licenciatura 3º ano de Licenciatura
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13ª CASA DO ZODÍACO Coordenação: Ana Tamen Trabalho de Projecto de Mestrado em Dramaturgia/Encenação da aluna Ana Leitão com alunos de Mestrado e Licenciatura de vários anos Texto: adaptação de Casa do Incesto de Anaïs Nin Encenação: Ana Leitão Interpretação: Henrique Calado, João Luz, Mafalda Marafusta, Paulo Pimenta, Rita Costa, Rubi Girão e Vanda Rodrigues. Música: Diogo Penas e Miguel Alegria. Cenografia e adereços: Catarina Castanho e Daniel Figueiredo. Desenho de luz: Joana Velez e Nando Zambia Multimédia: Ricardo Fernandes Design: Leopoldo Antunes Operação de som: Alexandre Pais Operação de luz: Nando Zambia Operação de vídeo: João Bandeira
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NOVAS ANATOMIAS Alunos: Timberlake Wertenbaker Coordenação: Fernanda Lapa “Interpretação” do Mestrado em Arte do Actor Ano: Mestrado
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ARTES VISUAIS 69
MANUELA CRISTÓVÃO DIRECTORA DO DEPARTAMENTO DE ARTES VIRSUAIS E DESIGN DIRECTORA DA LICENCIATURA EM ARTES VIRSUAIS - MULTIMÉDIA
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Licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, Mestre em Comunicação Educacional Multimédia pela Universidade Aberta e Doutorada em Artes Plásticas pela Universidade de Évora. Tem participado em diversos workshops na área das Técnicas de Impressão com artistas nacionais e estrangeiros. Foi docente na ESAD de Caldas da Rainha entre 1991 e 1998. É docente do Departamento de Artes Visuais e Design desde 1998, leccionando as áreas de Pintura, Fotografia, Desenho e Técnicas de Impressão (Gravura e Serigrafia). É Presidente da Assembleia de Representantes da Escola de Artes (2º mandato), membro do Senado Académico, Directora do Departamento de Artes Visuais e Design e Directora da Comissão de Curso da Licenciatura em Artes Visuais Multimédia. É membro do CHAIA – Centro de História de Arte e Investigação Artística. Tem desenvolvido pesquisa e trabalho artístico nas áreas ligadas à Pintura, Desenho, Fotografia e Técnicas de Impressão, nesta área com maior incidência na fotogravura e nas técnicas não tóxicas. Expõe regularmente na Galeria Prova de Artista em Lisboa e faz parte da Associação de Gravura Água-Forte, participando em projectos com artistas nacionais e internacionais, com maior regularidade com artistas Japoneses. Tem integrado exposições em Portugal e no estrangeiro.
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CLAUDIA GIANNETTI DIRECTORA DO DOUTORAMENTO EM ARTES VIRSUAIS
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Teórica e investigadora no âmbito da arte contemporânea, especialista em media art. Curadora de exposições e escritora. Desde 2009, professora catedrática convidada da Universidade de Évora e desde 2010, directora do Doutoramento em Artes Visuais da UÉ. Doutora pela Universidade de Barcelona. Como curadora, comissariou mais de uma centena de exposições e actividades internacionais (Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Espanha, E.U.A., França, México, Índia, China, etc.). Professora convidada em varias universidades de diversos países. Em Barcelona, foi professora da Universidade de Barcelona; Universidade Ramon Llull, MECAD/ESDi; e Universidade Pompeu Fabra. Foi directora de vários mestrados na Espanha e em Portugal. Foi directora da ACC L’Angelot (1993-1999) e do MECAD\Media Centre of Art & Design (1998-2007), o principal centro espanhol de arte, design e tecnologia da época, ambos em Barcelona. Consultora de importantes instituições internacionais, como o Swiss Federal Information Society Strategy, Center for Science and Technology Study (CEST), Berna/Suiza (2001); DigitArts de UNESCO, Paris/Francia (desde 2002); o Beijing International New Media Arts Symposium, Beijing/China (2005-06), entre outras. Pronunciou mais de uma centena de conferencias em diversos países da Europa e América Latina, bem como nos Estados Unidos, Canadá, China e Índia. Publicou mais de uma centena de artigos em livros e revistas, e diversos livros na Espanha, Portugal, Alemanha, Áustria e Brasil, entre outros: Ars Telematica, Telecomunicação, Internet e Ciberespaço (ed.), Lisboa, Relogio d’Agua, 1998; e Estética Digital. Sintopia da Arte, Ciência e Tecnologia, Belo Horizonte, C/Arte, 2006 (1ª ed. 2002). Recebeu vários prémios pelo seu trabalho como escritora e curadora.
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TRABALHOS Hugo Pereira Docentes: Filipe Rebelo
A BOCA Peça criada em 2010, A Boca é uma representação de uma planta carnívora e das suas características naturais que tanto a tornam sedutora como mortífera. Assemelhando-se a um estrado de uma cama ou de um sofá, esta peça cria no espectador a vontade de se sentar apesar de, graças aos seus dentes, parecer que está prestes a fechar. Com características geométricas vincadas, mas com alguns características irregulares e pontuais, representa a capacidade da natureza criar estruturas regulares, mesmo havendo a possibilidade de pequenos detalhes que criam individualismo.
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Mariana Falcão da Fonseca Docentes: Filipe Rebelo – Estudios e Workshops II Teresa Dias Coelho – Desenho VI
A revisão de imagens e da propria estrutura das revistas foi o ponto de partida deste projecto. A “revista” com a anulação do texto e da identidade das personagens retartadas surge como 1 novo objecto ue suporta e valoriza unicamente a experiencia visual. Este trabalho ainda em desenvolvimento esta a encaminhar-se para novas abordagens que poderão sair do registo das revistas para livros especificos ou obras unicas, passando pela revisão de conteudos e imagens.
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Joaquim Correia Workshop de Desenho Docentes: Jacobien de Rooij e Erik
Mattijssen
Helena Calvet Disciplina: Artes Visuais II Docentes: Manuela Cristรณvรฃo e Gonรงalo Jardim
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Mariana Falcão Disciplina: Artes Visuais II Docentes: Manuela Cristóvão e Gonçalo Jardim
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Maria José Correia Disciplina: Técnicas de Imppressão II Docente: Manuela Cristóvão
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DESIGN 87
PAULO PARRA DIRECTOR DA LICENCIATURA EM DESIGN
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Nascido em Portugal em 1961, Paulo Parra licenciou-se em Design de Equipamento pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa (1990). É Mestre em Design de Equipamento e Produto pela Faculdade de Arquitectura do Porto (1998) e Doutor em Design pela FBAUL (2008), onde exerce actividade académica e é Coordenador do Doutoramento em Design de Equipamento. Foi ainda Coordenador de Design Industrial na ESAD, no IADE e no DAV. da Universidade de Évora. Consultor de Design Industrial do INETI-CENDES (2003) e do INEGI (2006), foi co-director da associação para a sustentabilidade SUSDESIGN (2004). Como investigador tem publicado diferentes artigos e obras, assim como constituída uma Colecção de Design intitulada “Ícones do Design”. Membro fundador do grupo de design Ex- machina (1989) e Designer Convidado pela N.C.S./NEUMEISTER DESIGN (1994), desde 1990, desenvolve actividade profissional na área do Design Industrial através de PAULOPARRADESIGN. Com trabalhos nas áreas da iluminação, mobiliário doméstico e de escritório, produtos para a casa, produtos industriais e sistemas de comunicação, os seus projectos receberam prémios nacionais e internacionais atribuídos por empresas como a Vista Alegre, Oliva, Sonae, Sony, Arflex e LG Electronics ou ainda de instituições como a Bienal Design for Europe ou a Feira de Hannover que lhe atribuiu o Best of IF - Industrie Forum Hannover. O seu trabalho integrou exposições em Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Coreia, Japão e Estados Unidos, e em 2008 esteve representado no Pavilhão de Portugal na Expo de Saragoça.
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INÊS SECCA RUIVO DIRECTORA DO MESTRADO EM DESIGN
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Inês Secca Ruivo (1972) é Designer Industrial e doutorada em Design pela Universidade de Aveiro. É Professora Auxiliar dos cursos de Design da Universidade de Évora, Directora do Mestrado em Design, Presidente do Conselho Pedagógico da Escola de Artes e membro do Centro de História da Arte e Investigação Artística (CHAIA) da mesma entidade. É actualmente membro da Comissão Avaliadora da Agencia de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) na área do Design e colaboradora da Faculdade de Belas Artes da Univesidade de Lisboa. Entre 1995 e 2007, desenvolveu vasta actividade na indústria em colaboração com diferentes empresas internacionais, aos níveis da Direcção, Consultoria e Gestão do Design. Em 2005, foi responsável pela cocoordenação geral e pela direcção de produção do projecto SMD – Significados da Matéria no Design, no âmbito do Design para a Sustentabilidade, distinguido superiormente pelo Instituto das Artes do Ministério da Cultura português. Em 2006, foi consultora de Design do Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI), Porto.
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TRABALHOS João Caeiro Concurso HOTSPOT: Finalista Disciplina: DESIGN VI Docentes: Paulo Parra, Inês Secca Ruivo
TRIPLESPOT
Triplespot é um aquecedor de exteriores que funciona a gás propano. A sua base é feita em ABS, tem 3 braços fabricados numa liga de aço flexivel revestida a PVC que ligam a base aos queimadores. Estes são feitos em alumínio e evitam uma maior dissipação do calor. O facto dos braços serem flexiveis permitem ao utilizador a colocação do queimador mais próximo ou mais afastado deste, consoante a sua preferência. O transporte do aquecedor é efectuado através de um pequeno carro de metal.
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João Santos Disciplina: DESIGN I Docente: Inês Secca Ruivo
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Patricia Pat達o Disciplina: DESIGN II Docente: Elder Monteiro
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CALENDÁRIO Ana Catita Disciplina: DESIGN II Docente: Célia Figueiredo
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FOLHETO GUSTAVO GILI Joana Oliveira Disciplina: DESIGN II Docente: Célia Figueiredo
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PACKAGING MUSE Vania Pereira Disciplina: DESIGN III Docente: CĂŠlia Figueiredo
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ERVIDEIRA Mariana Faria, Paulo Teles e Paula Cabecinha Disciplina: Projcto de Design Bi-dimensional Docente: CĂŠlia Figueiredo
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QUINTA DO CALDEIREIRO Silvana Franzina Disciplina: Projcto de Design Bi-dimensional Docente: CĂŠlia Figueiredo
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CARTテグ HOTCARD Projcto de Mestrado Docente: Joテ」o Castro
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Identidade Corporativa e Campanha Publicitรกria Projcto de Mestrado Docente: Joรฃo Castro
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ZACK LITRAK
Ana Catita Concurso: MTV Portugal - 7º aniversário Classificação: Vencedor
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PRÉMIOS
Sandra Mota Concurso: Logo para Prémio - Vencedor Docente: Célia Figueiredo
Ana catita Concurso: Logo para Grupo de teatro - Vencedor Docente: Célia Figueiredo
Daniela Destapado Concurso: Logo para Frutaria - Vencedor Docente: Célia Figueiredo
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MÚSICA 115
CHRISTOPHER BOCKMANN DIRECTOR DA ESCOLA DE ARTES E DO DEPARTAMENTO DE MÚSICA
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Christopher Bochmann (nasceu 1950). Cantou no coro de St. George´s Chapel, Castelo de Windsor, e depois continuou os estudos no Radley College. Estudou particularmente com Nadia Boulanger em Paris antes de entrar para New College, Universidade de Oxford, onde trabalhou com David Lumsden, Kenneth Leighton e Robert Sherlaw Johnson. Foi também aluno de Richard Rodney Bennett em Londres. Leccionou na Inglaterra e no Brasil, e desde 1980 tem vivido e trabalhado em Portugal. Foi professor de várias escolas de música em Lisboa. De 1984 a 2006, foi professor da Escola Superior de Música de Lisboa, da qual foi Director durante 6 anos e onde, durante 16 anos, coordenou o Curso de Composição. Actualmente, é Professor Catedrático Convidado da Universidade de Évora onde é Director do Departamento de Música e, desde 2009, Director da Escola de Artes. Desde 1984 é Maestro Titular da Orquestra Sinfónica Juvenil com quem já dirigiu mais de 500 concertos, cobrindo a maior parte do reportório clássico para orquestra e muitas obras também do barroco, do romantismo e do século XX. Ao longo dos anos, tem estreado várias obras suas com a orquestra, gravando três CD’s. Como compositor, ganhou vários importantes prémios, entre outros o Prémio Lili Boulanger (duas vezes) e o Clements Memorial Prize. Em 1999, foi-lhe atribuído o grau de Doctor of Music, pela Universidade de Oxford. Em 2004 foi-lhe atribuído uma Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura e em 2005 foi agraciado com a O.B.E. (Officer of the Order of the British Empire).
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PEDRO AMARAL DIRECTO DA LICENCIATURA EM MÚSICA
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Iniciou os seus estudos em composição como aluno privado de Lopes-Graça, a partir de 1986, ao mesmo tempo que prosseguia a sua formação musical geral, no Instituto Gregoriano (1989/91). Ingressa em seguida na Escola Superior de Música de Lisboa (1991/94) onde conclui o curso de composição na classe do Prof. Christopher Bochmann. Instala-se depois em Paris, onde estuda com Emmanuel Nunes no Conservatório Superior de Paris (CNSM). Quatro anos mais tarde, graduar-se-ia com o “Primeiro Prémio em Composição” por unanimidade do júri. Estudou ainda direcção de orquestra com Peter Eötvös (Eötvös Institute, 2000) e Emilio Pomarico (Scuola Civica de Milão, 2001).
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EDUARDO LOPES Director de Mestrado em Música. Efectuou estudos musicais no Conservatório de Roterdão ( Holanda ). É licenciado pelo Berklee College of Music ( E.U.A. ) e doutorado em Música pela Universidade de Southampton ( Reino Unido ). Recebeu vários prémios e bolsas de estudo nacionais e estrangeiras. Para além de manter uma actividade significativa como músico de estúdio, actua regularmente como freelancer e com os projectos musicais que dirige. É frequentemente convidado para realizar Master Classes de bateria e percussão nas mais variadas instituições culturais. É professor auxiliar do Departamento de Música da Universidade de Évora no qual é também director da comissão de curso da Licenciatura em Música. É endorser das baterias e percussão Yamaha, pratos e baquetas Zildjian e peles Remo.
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BENOÎT GIBSON Director do Curso de Doutoramento em Música e Musicologia. Formado no Conservatório de Música de Montreal ( Canadá ) antes de completar um Doutoramento em Música e Musicologia do Século XX na École de Hautes Études en Sciences Sociales (Paris). Junto com Makis Solomos e Sharon Kanach, prepara a edição crítica dos escritos do compositor Iannis Xenakis. É Director da Unidade de Investigação em Música e Musicologia ( UnIMeM ).
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Cosmopolitismo Musical na Cidade da Horta no Final do Século XIX Luís C. F. Henriques | Musicólogo
A história da cidade da Horta reflecte um crescente grau de cosmopolitismo, construído ao longo dos séculos. Isto acontece já aquando do seu povoamento, em finais do século XV, com a chegada de flamengos, assim como de gentes provenientes do Norte e Sul do continente português. A baía onde é implantada a cidade, desde o primeiro povoamento, oferece características excepcionais como porto de abrigo. Este facto será preponderante na história desta cidade aberta ao mar. Será, pois, a exploração do mar como meio de comunicação, um dos factores, senão o factor do qual advirão os proveitos a nível económico, social e consequentemente, a nível cultural. (...) Os saraus musico-literários eram eventos sociais característicos da burguesia local. Neles, os membros das famílias mais proeminentes tinham a oportunidade de exibirem a sua habilidade, tanto musical, como também literária. Os programas misturavam música e poesia. O programa musical compunha-se de pequenas peças para piano ou para piano e voz ou outro instrumento, como o violino ou a flauta. Estas compreendiam valsas, fantasias, romanzas, ou árias avulsas retiradas das óperas mais conhecidas de compositores como Giuseppe Verdi, Gaetano Donizetti ou Vincenzo Bellini. Compositores amadores locais também aparecem representados nestes programas, escrevendo peças de carácter mais ligeiro, como polkas ou mazurkas, sobretudo para o piano. A poesia, regra geral, era da autoria de escritores locais versando a temática da insularidade como também da saudade. Estes poetas chegam a ganhar alguma popularidade na ilha do Faial, ilhas vizinhas, e até mesmo a nível regional. Estas reuniões culturais realizavam-se em amplas salas, geralmente em edifícios públicos, ou em casas da burguesia mais abastada como são disso exemplo o Palacete de Santana, pertença de Rodrigo Alves Guerra, segundo barão de Santana. (...) O teatro tem um papel central na sociedade da cidade da Horta. É aqui que se desenrola grande parte da vida musical da cidade. Aliada à prática teatral existe também uma prática musical que se estende desde os concertos por assinatura à zarzuela e opereta, passando pela comédia ornada de música. Os amadores locais têm um papel importante, promovendo récitas e espectáculos de variedades em que está sempre presente uma das orquestras da cidade. Passam também pela Horta, companhias de zarzuela e ópera cómica. É disso exemplo a companhia do actor micaelense radicado em Lisboa, Pedro Cabral. Nesta companhia vem como director musical Alexandre Ferreira, músico da orquestra do Teatro de S. Carlos. Vem também vários anos à Horta a companhia de Santos Jr., da qual é director musical o já mencionado Francisco Xavier Simaria, acabando este por se radicar na Horta. Os espectáculos promovidos no teatro, na maioria dos casos por assinatura, conjugam a recitação de poesia com números musicais, geralmente voz ou instrumento solista acompanhado de piano.
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O piano é um instrumento central na música burguesa do final do século XIX. Na Horta, como na ilha do Faial, isso não é excepção. Não existe exactidão quanto ao número destes instrumentos existentes na ilha mas, pelo número de oficinas de manutenção, presume-se que o seu número seria elevado. Chegam a existir na cidade da Horta, no início da década de noventa, cinco casas de pianos.3 Estas dedicavam-se à importação dos instrumentos de França, Inglaterra e Estados Unidos da América. Para além disso também disponibilizavam serviços de manutenção dos instrumentos, como sejam a afinação, encordoamento ou outro trabalho específico. (...) Merece especial destaque a existência na cidade da Horta, nos finais do século XIX, de duas oficinas de organaria. A primeira oficina pertenceu a João de Deus Teixeira (1852-1904) e a segunda a Manuel de Serpa da Silva (1848-1928). Estes não são propriamente construtores de órgãos de tubos, apesar de serem frequentemente tidos como tal. Estes mestres marceneiros, como frequentemente eram designados, encomendam órgãos, produzidos em série, nos Estados Unidos da América, França ou Reino Unido, montando-os mais tarde nas igrejas a que se destinam.2 Durante o processo de montagem dos instrumentos por vezes introduziam melhoramentos por eles desenvolvidos, como é o caso dos foles e do método de inserção de ar nos mesmos. (...) Na Horta, para além da oficina de Manuel de Serpa da Silva, também se dedica à importação e montagem de órgãos de tubos a casa do já mencionado João de Deus Teixeira. O volume de negócio de Teixeira é bem mais modesto que o de Serpa da Silva, ficando-se pela montagem de quatro instrumentos, distribuídos pelas ilhas do Faial e Pico. Como Serpa da Silva, também João de Deus Teixeira, através da sua casa, repara estes instrumentos, deslocando-se com frequência à ilha do Pico. Estes órgãos têm um papel central na prática de música religiosa. A música sacra, pela ligação à igreja católica, tem bastante importância no contexto da prática musical no Faial. Na cidade da Horta todas as igrejas (Conceição, Carmo, São Francisco, Matriz e Angústias) possuem uma capela de música, algumas com órgão de tubos. (...) A Horta do século XIX é uma cidade que se situa na periferia do Reino de Portugal mas, ao mesmo tempo, é uma cidade que se situa no centro do Atlântico ligando a Europa à América. Este ponto é determinante para o entendimento da vida musical desta cidade, na segunda metade do século XIX. Apesar da sua condição periférica, a cidade da Horta possui todas as características de uma cidade cosmopolita recebendo em certa forma, para além da cultura local, uma cultura internacional.
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Ensemble de Jazz da Universidade de Évora
Ensemble Vocal Manuel Mendes, direcção do Professor Christopher Bochmann
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CONCERTOS
Francisco Andrade e Afonso Castanheira - Alunos do ramo de Jazz
Quarteto de Guitarras - Vando Valente, Tiago Pargana, Margarida Fernandes e Elias Jahn
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Gilson Beck
João Diogo Leitão
Gilson Beck, aluno do mestrado em Música no ramo composição da Universidade de Évora, foi um dos seleccionados do “Prémio Funarte de Composição clássica” do Brasil. A peça “No Leito do Aqueronte”, escrita para quarteto de cordas, vai estar na 19.ª Bienal de Música brasileira contemporânea, no segundo semestre de 2011.
O guitarrista João Diogo Leitão, aluno do 3.º ano de Música da Universidade de Évora, venceu o primeiro lugar na categoria Guitarra do concurso Santa Cecília, do Curso de Música Silva Monteiro da Escola de ensino especializado da Música do Porto. Natural de Gondomar, entrou para a Academia de Música, onde estudou durante cinco anos com Cristina Bacelar, uma das maiores responsáveis pelo entusiasmo que João tem pela música e pela guitarra. Com 15 anos entra no curso de Música Silva Monteiro no Porto, onde conhece “todo um novo mundo musical”, e que considera ter sido um dos “períodos mais importantes” da sua formação enquanto músico e pessoa.
Considerada a mais importante Mostra de música erudita do Brasil, a Bienal vai exibir as obras vencedoras do “Prémio Funarte de Composição clássica”. A peça de Gilson concorreu na categoria “Conjuntos de câmara de 4 a 10 instrumentos”. Gilson Beck é licenciado em Música pela UniCamp-Universidade Estadual de Campinas e está a realizar o mestrado em Música na UE, enquanto dá aulas de Análise e técnica de composição (ATC) e de Formação musical na Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, em Tomar.
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PRÉMIOS
Luis Tavares
Pedro Louzeiro
Luís Tavares, aluno de flauta de bisel da licenciatura em Música da Universidade de Évora, ganhou o 1.º lugar no I Concurso Jovens Intérpretes de Música Antiga no âmbito da IV Temporada de Música Antiga “Conde de Oeiras”.
Pedro Louzeiro, um antigo aluno de Música no ramo de composição na Universidade de Évora e actualmente professor da Academia de Música de Lagos, foi distinguido com uma menção honrosa pela Universidade de Oldenburg, na Alemanha, no 10.º Concurso de Composição Carl von Ossietzky, com a apresentação de uma peça para quatro guitarras. O Instituto de Música da Universidade de Oldenburgv lançou este prémio de composição em memória de Carl von Ossietzky, jornalista e escritor alemão agraciado com o prémio Nobel da Paz em 1935. Realizado este ano para as obras para ensemble de guitarra, o concurso teve o maior número de participantes de sempre, originários de 21 países de todo o Mundo, entre os quais Canadá, EUA, Brasil, Uruguai, Argentina, Austrália, Japão e Malásia.
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* sentia-me em movimento. sentia o movimento da minha estrada. da
estrada que tinha escolhido. do estímulo que havia sentido. e dos que haviam ainda por sentir. é como se tivesse ocorrido uma explosão de vida em mim. devaneios e metamorfoses que colidem na simbiose entre mim e esta estrada. tínhamos sido feitos um para o outro. no início foi-me privada mas agora, é como água. é bonita, quando não é relativamente feia. é o mesmo quando é tudo diferente. é o meu estímulo. 129
NEA.ue O Núcleo de Estudantes de Artes da Universidade de Évora é um projecto que surge em representação dos Estudantes da Escola de Artes. Designado por NEA.ue, nasce da crescente necessidade em existir uma estrutura que pudesse servir os interesses dos alunos dos vários cursos lecionados na Escola de Artes. Estudantes de Arquitectura, Design, Artes Visuais, Multimédia, Teatro e Música, vinham cada vez mais a justificar a necessidade de ter voz junto de um órgão que além de os representar, olhasse aos seus interesses e necessidades no âmbito das suas áreas de estudo individuais. Nesse âmbito, criámos um projecto que pudesse manter essa necessidade individual entre as várias áreas de estudo, mas que ao mesmo tempo permitisse uma cooperação e relação entre si. Consideramos importante que os interesses individuais das várias áreas de estudo estejam salvaguardadas, ao mesmo tempo que achamos fundamental que a união, cooperação e relação sejam palavras cada vez mais usadas por todos nós que, apesar de áreas de estudo diferentes, integramos a mesma génese de trabalho, a arte. Estabelecemos uma estrutura baseada em secções representativas das várias áreas de estudo que juntas formam uma única secção, permitindo que haja uma representatividade individual para cada curso que integra junto das demais a representatividade unânime dos cursos de artes. Traçamos como objectivos para este projecto algo que vai muito para além de uma simples representação de jovens estudantes. O nosso principal objectivo é sem duvida garantir essa mesma representação, mas queremos ir mais longe. Queremos em primeiro lugar garantir que os interesses de cada área de estudo são correspondidos, quer com actividades individuais e autónomas para uma área em especial, quer em actividades conjuntos com as demais unidades da Escola de Artes e até mesmo da Universidade. Queremos em segundo lugar, que esta união e cooperação que defendemos se manifeste em actividades e eventos realizados de forma conjunta, permitindo as mesmas contribuam e assegurem a importância que tem para todos nós este interdisciplinaridade nas diversas áreas de estudo. Queremos por fim, que toda esta força saia para fora da Escola, chegue à cidade, chegue ao horizonte. Enquanto alunos de artes temos o dever de contribuir para a cultura da nossa universidade, da nossa cidade académica, e de tudo que for possível por nós alcançar. Enquanto projectistas de arte, sabemos que o céu não é o limite, mas apenas o começo. Enquanto grupo, sabemos que a união não tem apenas força, tem ainda mais força. O NEA.ue é um projecto coeso, ambicioso, unido e virtuoso. Queremos mostrar a nossa génese, e o porque de integrarmos as artes. Pertencemos a cursos das áreas mais extraordinárias, cada um de nós tem um tremendo contributo. Mas juntos, temos um contributo e uma força que sozinhos nunca iriamos alcançar.
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NEA.ue
ARQUITECTURA.ue “Criar um órgão que representasse e defendesse os interesses dos Estudantes de Arquitectura era algo fundamental. Uma estrutura que salvaguardasse esses mesmos interesses e permitisse ainda um relacionamento com outras áreas de estudo só traria um enorme leque de vantagens e uma maior força. Numa altura em que a interdisciplinaridade é cada vez mais acentuada nos ateliers, torna-se do interesse comum que haja uma maior cooperação e relação entre os vários cursos de artes. Enquanto Estudante de Arquitectura, ao olhar para um projecto que, além de zelar pelos interesses no âmbito da Arquitectura ainda permita fomentar as relações entre os nossos cursos de artes, só me permite retirar boas perspectivas e acreditar que tem tudo para dar certo. Com esta cooperação, uma só força, tenho a certeza que, além de conseguirmos assegurar os nossos interesses, iremos todos enquanto alunos de artes contribuir para projectar imagem e cultura desta nossa cidade universitária.”
ARTES VISUAIS.ue “A variante de pintura e escultura do curso de Artes visuais espera, com a criaçao deste nucleo, facilitar a interacção entre os estudantes dos diversos cursos da escola de artes e a comunicação destes com os respectivos docentes. Com a sua fundação, pretendemos a cooperação entre cursos para os mais diversos projectos e a divulgação dos mesmos.”
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DESIGN.ue “A nossa presença no mercado de trabalho vive das experiecias e trabalhos que vamos juntando ao longo do nosso percurso. Quanto mais diversificado, culto e intenso este for, melhores designers nós seremos. E é com esse proposito que acreditamos que o NEA mos vai ajudar a criar a tão necessária dinamica com os outros cursos, permitindo aos alunos de design terem o acesso ao mundo artisitco da nossa escola, aumentando assim a nossa cultura artistica e o valor do nosso trabalho. Outro aspecto não menos importante, é a cooperação entre licenciaturas, que no nosso caso pode resultar em trabalhos bastante interessantes entre a nossa licenciatura e todas as outras. Nós precisamos de portfolio, os outros cursos precisam de logos, cartazes, folhetos, cenários, etc. Por outro lado, nós precisamos de conteudos, de projectos, sejam eles de que área forem. Acreditamos que trabalho concentradao a volta do NEA resulte em algo muito grande para a escola de artes, para a Universidade e para a cidade.”
MULTIMEDIA.ue “Com a criação do Núcleo das Artes a variante da Multimédia espera uma nova e nunca presenciada união entre os cursos artísticos da Universidade de Évora. Uma união que aumentará o conhecimento e poderá abrir portas para trabalhos e movimentos únicos, à procura da arte total, da vida como arte, realidade que se procura na nossa variante. Ainda esperamos que a criação do Núcleo nos dê uma nova voz, capaz de criar uma intercomunicação forte entre os nossos cursos e o resto da Universidade de Évora.”
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MUSICA.ue “A Cidade e a Universidade de Évora são herdeiras de um património histórico-cultural único e inestimável, tendo sido, a Cidade, durante muito tempo, o principal centro musical de Portugal.Com a revitalização da Universidade, da Escola de Artes e do Departamento de Música, que tem vindo a afirmar-se como uma das principais escolas de Música do país, cabe, não só aos docentes, mas também a nós, alunos, a responsabilidade de criar e inovar, de dinamizar a actividade cultural da Cidade, de educar para a cultura o grande público, em suma, rejuvenescer e colocar no mapa cultural uma Cidade e uma Universidade há muito adormecidas, indiferentes e inertes para a Cultura e Arte. A cooperação e a iniciativa serão factores fulcrais para o sucesso deste Núcleo.O NEA não se vai limitar a defender os direitos dos estudantes.“
TEATRO.ue “É bastante importante a criação de um Núcleo de Estudantes de Artes na medida em que poderá ser um meio que facilitará a comunicação entre os Cursos da Escola de Artes. O contacto entre os vários cursos é algo a ter em conta pois é uma forma de dinamização da própria escola isto porque há uma cooperação que torna completos tanto os trabalhos como os conhecimentos de cada aluno. Para além daquilo que compreendem as unidades curriculares de cada curso a criação de projectos fora do âmbito escolar é bastante importante podendo ser o núcleo o meio de unir vários alunos de vários cursos.“
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GESAMB 2011 134
FOTO-REPORTAGEM II
No âmbito do ‘Prémio de Escultura GESAMB 2011’, organizado pelo Departamento de Artes Visuais e Design da Universidade de Évora e a empresa de Gestão Ambiental e de Resíduos GESAMB - criada pela Associação de Municípios do Distrito de Évora, foi proposto aos alunos das disciplinas da área da Escultura que elaborassem uma peça tridimensional a partir da transformação de resíduos sólidos.
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Diariamente a GESAMB recolhe toneladas de resíduos que são submetidos a uma triagem para que posteriormente sejam reciclados devidamente. Entenda-se por resíduo ‘aquilo que resta’, desperdício, lixo que a sociedade do consumo rejeita por não ter mais utilidade aparente. No caso dos resíduos sólidos falamos de materiais como madeira, vidro, plástico de diversas qualidades, cartão, borracha, metais ferrosos e não ferrosos, electrodomésticos, componentes electrónicos entre muitas outras matérias primas à espera de serem transformadas. A partir deste materiais, afins ao domínio da Escultura, e com base no processo construtivo, ficou lançado o desafio aos alunos que numa tarde energicamente seleccionaram e recolheram criteriosamente os elementos que entenderam necessários para o seu trabalho. Ficamos à espera dos resultados.
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Fomos visitar três espaços em Évora que respiram Design, aproveitámos e falámos com o responsável por eles: Luís Caramelo.
ÉVORA INN CHIADO DESIG 142
GN & CHIADO EM ÉVORA 143
O projecto Chiado em Évora – Évora Inn Chiado Design, situado em Évora, destaca-se pela irreverencia dos artigos de autores nacionais e internacionais. Devido ao seu sucesso este projecto tem vindo a evoluir gradualmente e neste momento é composto por três espaços distintos: a primeira loja Chiado em Évora, a loja Showroom e a hospedaria design Évora Inn Chiado Design. Fomos falar com um dos criadores deste projecto único em Évora, Luís Caramelo, de modo a tentarmos descobrir o segredo do seu êxito.
Os projectos Chiado em Évora e Évora Inn Chiado Design Como nasceram estes projectos?
são algo único em Évora.
Eu sou da àrea da semiotica, durante muitos anos trabalhei em literatura e ciências da comunicação mas a partir de 2002 fui dár aulas para o IADE em Lisboa onde me envolvi com o design. Moro em Évora à alguns anos e moro mesmo aqui ao pé da loja, como tinha uma livraria debaixo de casa dos meus inquilinos, quando um dia eles se foram embora fiquei com a casa vazia, então lembrei-me porque não abrir em Évora uma pequena loja de design, pode ser que dê e de facto deu. Nós começamos só com consignações, criadores portugueses ligados à joalharia, a acessórios, a pequenas peças, algum mobiliário de colegas de design que se faziam no IADE. Começou a correr relativamente bem e passamos a ir às feiras internacionais, à Maison et Objet, à Exponor e a pouco e pouco fomos representando marcas internacionais, a Seletti, a Roto Design, a Magis, a Barcelona Design, etc. E abrimos o Showroom, quando o abrimos, era de facto um showroom, tinha muitas peças de mobiliário e até design de moda, neste momento foi alterado porque com a crise tivemos de por mobiliário numa loja associada em Lisboa, porque em Évora passámos só a vender acessórios. Entretanto no último ano e meio investimos no Évora Inn Chiado Design, que abriu agora em Abril, não é um hostel, é portanto uma hospedaria design que mistura públicos. Tem suites familiares, quartos duplos para o publico A e B e tem um andar low cost, mas este andar tem casa de banho privativa e todas as comodidades. O nosso projecto é comercial, de representação de marcas, criação de ambientes, projectos e atmosferas e múltiplo que assenta no design desdobrando-se a nível comercial, de projectos e da venda de serviços muito especiais no Évora Inn. Neste, o design está presente não só como objecto mas também como presença através de todo o interface de ambientes criados para pessoas que gostam do património aliado à contemporaneidade. O design é um estado de alma, um estado de espírito. Hoje em dia as pessoas que passeiam pela Europa procuram património, mas gostam de ter acesso à rede, à contemporaneidade nos interiores , gostam do design como companhia. Isto é a realidade internacional que se pode encontrar em Amesterdão, como se pode encontrar numa pequena cidade, ou aqui em Évora.
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O que pretende mostrar ao público com o Chiado em Évora e o Évora Inn Chiado Design? Pretendo sobretudo mostrar o que em Évora não há como oferta. A oferta de Évora é tradicional, quando tenta responder aos novos fenómenos, como são por exemplo a contemporaneidade e o futurismo, o que à de especialização é a cortiça mas não no design, é sempre aquela coisa muito tradicional que também tem o seu espaço como é natural, mas não há outras coisas e deve haver. Portanto é nesse sentido, não só corresponder à mobilidade global que se faz sentir em Évora, mas também porque há um público em Évora minimamente sofisticado que se interessa e que gosta de ter uma peça diferente, que dialogue, que marque a diferença, no fundo viramos para estes dois mundos. Temos muitas pessoas que não são de Évora que nos compram coisas, o que é muito curioso, mas temos público também que mora aqui em volta e que vem ter connosco, mas também há publico urbano que mora em Évora. Quem aqui passa, que é o turismo não massificado, um turismo que não quer praia, é um turismo cultural que também procura a especificidade, que está virado para o património mas também para a contemporaneidade.
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Que género de produtos e artigos se podem encontrar nas lojas Chiado em Évora? E qual o critério de seleção, se é que têm algum. Nós vamos às feiras internacionais e portanto a bitola que temos é de gosto pessoal e de referência na investigação contemporânea. Por exemplo nós temos na primeira loja uma peça da Magis que é um pião, é uma peça que foi lançada no Salon de Milão à um ano e quisemo-la porque de facto reflecte o nosso mundo de modo provocatório e diferente, é uma peça multiusos: é uma mesa, é um sofá, é um pião, não é nada e é tudo. O melhor critério é a novidade e a provocação, que pode abranger a joalharia, os tapetes, etc.
Notámos que tem também peças de arte? Desde o início quisemos sempre ter, como nós chamamos, um cantinho de arte. Nós entendemos que a arte deixou de ser uma coisa fechada nos museus de Arte Contemporânea, numa gaveta dissociada do resto. Hoje em dia a arte e a não-arte convivem no espaço público, fora e dentro dos museus. E nós quisemos ter peças de arte misturadas com design de propósito. Já sabemos que o design mistura estética e eficácia, a arte não, é a estética pela a estética, mas quisemo-lo ter de propósito desde o início para mostrar que a galeria e a não-galeria não são coisas opostas, são coisas que convivem. E portanto temos ali o Cutileiro, temos o Leonel Moura, temos o Rodrigo Faias, temos um conjunto de escultores que trabalham aqui no Alentejo, o Carlos Dutra, o João Sotero, Pedro Fazenda e temos intencionalmente misturados com as peças de design e eles gostam muito. Nós temos uma loja associada em Lisboa, onde o conceito é todo nosso, que é a Cromática Design no Estádio da Luz, que está ligada a algumas marcas nossas, tem a mesma mistura com arte e tem os mesmo produtos .
O que pensa sobre o desenvolvimento cultural da cidade de Évora? E a publicação do trabalho dos designers e artístas Eborenses? Eu detesto conceitos fechados localmente, conceptualmente ou geograficamente. Os conceitos têm de ser abertos hoje em dia, mas o eborense, o alentejano e a região são coisas taxativas que existem, estão lá mas não é preciso estar a sublinha-las e impo-las de modo instrumental de modo a que as actividades se restrinjam ao regional, ao eborense.
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As lojas estabelecem algum tipo de parceria com jovens designers ou artistas? Como funcionam essas parcerias? São parcerias informais. Por exemplo com o designer Jorge Moita, autor dos sacos LA.GA e prémio Design 2002, reuni com ele antes de abrir a primeira loja e percebi que era um dos criadores que tinha de estár aqui e portanto criamos um modo muito pragmático de funcionamento e passamos a representa-lo e como ele muitos outros, cada caso é um caso, numa loja destas cada caso é um caso. Uma loja de design não vende objectos, vende imaginários e isso é muito importante. Uma pessoa quando vem aqui procura uma peça mas também vem à procura de estados de espírito, à procura de partilhar algo invisivel uma dimensão estética que depois se alia à eficácia, o objectivo é aliar a eficácia à estética. Portanto a pessoa entra aqui porque quer comprar o imaginário que inclui o aspecto prático do objecto. Um tapete serve para ser pisado, mas quer também o impacto estético que tem a ver com a criação de um espaço, que a pessoa pretende partilhar, desenvolver e irradiar no seu próprio espaço privado. Por isso não vai a outra loja e vem aqui, portanto isto é uma loja de design. É menos pública, mas tem um público especial. Um público que alia a estética á eficácia, mesmo que não saiba verbalizar isso, quando entra aqui trás nos olhos esse desejo, que é um desejo quase corporal.
A loja do Chiado em Évora está a expandir, gostávamos que nos falasse sobre esse projecto, o projecto Guest House. A Guest House é um nome que nós vamos passar para hotelaria; o que nós criámos é tão específico que não tem um nome que se lhe adeqúe. Percebemos que na concorrência as pessoas que vão para low-cost preferem ir para hostéis baratos, e portanto a parte que está a dar menos é a low-cost, e vamos passar a hotelaria muito em breve. Nós concebemos à partida uma mistura de públicos, em que no final oque os uniria seria o design, a diferenciação seria a possibilidade ou a capacidade de investir mais ou menos por uma diária, o que é normal.
Reparámos que cada quarto tem um nome. São temáticos.
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Qual o porquê de haver um tema em cada quarto?A decoração está ligada com o tema? No fundo, este trabalho todo não é só meu, é meu e da minha mulher. A minha mulher é ligada ao teatro, e eu sou mais ligado à literatura, originalmente. Digamos que entendemos aquilo como uma encenação, que era preciso esquematizar e nomear. E portanto imaginamos logo que no primeiro andar, segundo piso, podíamos ter uma componente que fosse de exuberância, de expansão, e outra mais recôndita, mais virada para a contemplação, e portanto fizemos dois quartos para gostos opostos, o Quarto Exuberância e o Quarto Nostalgia, e atrás fizemos o Português Suave, entre outros. No primeiro andar tínhamos uma grande suite e fizemos o Viva La Vita, uma celebração da vida, junto à sala. A sala é dos espaços mais emblemáticos do projecto, que se subdivide numa pequena galeria de arte, que tem uma função prática de sala de leitura, onde iremos ter uma exposição do José Nascimento, que vem a substituir a que se encontra presentemente, do David Infante. Depois, o piso low-cost foi feito assim com um ar mais jovem, mais light, com o papel de parede mais provocatório, e aí concebemos a ideia das Stars, as divas, o Pop, também exuberante mas noutra dimensão, e atrás fizemos o Revolution, com o tema das revoluções dos séc. XIX e XX, moderno, temos outro quarto que é o Travelling, que define aquilo que é o andar low-cost.
Como surgiu o projecto da Hospedaria design? Foi no seguimento das lojas? Que tipo de público, para o mesmo que as lojas, com a mesma necessidade de aliar o Design à cultura? O público que vem ao Évora Inn Chiado Design, 75% é público que vem de fora do país. Há um público de 25% a 30% que vem das áreas urbanas do nosso pais. O target do Évora Inn é para não-eborenses, para quem vem de fora, como é óbvio. As pessoas que hoje em dia viajam vão ao booking e escolhem meticulosamente os quartos, sabem muito bem o que querem, quando chegam ali sabem melhor do que nós o quarto para onde vão. Fazem uma escolha e escolhem o design, o centro de Évora, a conjugação do património com um certo tipo de ambiente, escolhem a dedo aquilo e não outra opção. Nós criamos isto para este público e esse público, matematicamente, escolhe-nos a nós. Temos uma dimensão familiar e portanto, se tivéssemos mais quartos, até poderia vir a correr melhor, mas não está mesmo nada mal.
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Reparámos que o candeeiro e a estante são quase a imagem de marca draria, o porquê desse obejctos?
da Hospe-
Talvez o objecto que seja mais simbólico de todo o Évora Inn seja a famosa estante Lovely Rita do designer Ron Arad, que é bastante aos ‘s’ e está em todos os quartos não low-cost, no hall de entrada do primeiro andar há duas, portanto foi o objecto que escolhemos para simbolizar uma persistência e depois na sala escolhemos ter dois objectos-tipo ou objectoschave e em vez de os encomendarmos às nossas marcas, fomos às fábricas de Paços de Ferreira com a ideia na nossa cabeça, porque a geração nova nas fábricas trabalha muito bem, mas falta-lhes a componente da internacionalização do desenho, da marca e falta-lhes, de facto, um leitmotiv no design. E aquela estante Bracque, uma estante de celebração do cubismo, que está à entrada por cima do aparador da Magis, foi também feita em Paços de Ferreira, como os cadeirões de pele de base branca que estão lá, que estão um bocadinho dentro do imaginário do filme do Kubrick “A Laranja Mecânica”; no fundo nós vivemos num tempo de paródia, misturamos um bocado as linguagens todas e as modas antigas, misturámos ali um bocado de Bracque com uma intervenção Pop, que tem a ver com uma paródia à Pop Art, e também um bocado ao ambiente cinematográfico do Kubrick, e depois brincámos com os tapetes de uma marca portuguesa de renome internacional, da Maia que usámos aqui e representamos nas lojas.
Apenas em três palavras como descreveria os projectos Chiado em Évora e Évora Inn Chiado Design? Em
três
palavras...
Uma
saga
aventurosa!
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Condensa
tudo
e
deixa
tudo
por
dizer.
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O LUGAR 151
“O lugar “ é mais um local escondido por entre as ruas sinuosas do centro Histórico de Évora. Um local cheio de cor e vida onde podemos encontrar sempre uma simpática senhora a costurar por entre os padrões dos tecidos. Joana Dias está á frente deste projecto, que se revela mais que uma simples loja de pequenas peças de design. Explica-nos que este “Lugar” surgiu quase que como uma necessidade, Joana acabara o seu curso em Design Gráfico, nas Caldas da Rainha e embora a sua procura de trabalho e inúmeras entrevistas para emprego, tudo o que conseguia eram estágios não renumerados; em 2006, ao acabar o seu estágio em Lisboa, surge a ideia de criar uma loja, o local, por gosto e preferência de Joana e sua Mãe, era no centro Histórico de Évora. Abre assim, em 2007, “O Lugar”, nome inspirado nas tradicionais mercearias, com as bancas de legumes. É neste cantinho que além da loja surge um atelier onde Joana exerce a sua profissão e em paralelo funciona também uma associação cultural da qual faz parte. Todo este projecto é bastante familiar, tendo em conta que a sua irmã, Ana Júlia, é escultora e expõe alguns trabalhos seus, o seu pai que está à frente da associação cultural é marionetista e por fim a sua tia que costura e cria algumas peças. O objectivo de todo este projecto é mostrar Design, objectos nacionais fora do comum, “os Brinquedos de Lata, são um grande sucesso”, comenta. “A intenção era criar uma loja diferente do tradicional de Évora, enquanto que em paralelo temos a associação cultural que promove todas as semanas pequenos momentos como contos, exposições, espectáculos, workshops e actualmente têm um grupo de marionetistas.” Quanto ao seu atelier, exerce principalmente projectos a nível cultural e está encarregue da imagem da associação. Foi com apenas 23 anos que Joana Dias abriu este pequeno mundo cultural, onde podemos encontrar, malas, pins, relógios, mantas, bolsas, puffs de todas as formas e cores, agradando de miúdos a graúdos, do qual Joana define como “ uma grande aventura, que vai continuar”.
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TEATRO DO OPRIMIDO
“A arte que pertence a todos não se pode tornar propriedade de poucos” Francisco Boal No âmbito das actividades da Culturfest, no dia 13 de Abril, o grupo de teatro T.E.I.A, da Universidade de Évora, estreou a peça fruto do resultado da oficina sobre o Teatro do Oprimido, coordenada por Cláudia Lazaro… No nosso quotidiano deparamo-nos com inúmeras situações em que somos oprimidos e que por vezes nelas não reagimos na altura da forma que desejaríamos. Numa sociedade em que as relações humanas se mostram cada vez mais frívolas, impessoais, frias e por vezes preconceituosas é difícil ter uma atitude coerente ou que nos cure a ferida criada pela opressão. Parece sempre que não é bem assim em todo o mundo, mas a vergonha é que existem em pleno século XXI mulheres que não têm alternativas de vida a não ser o rosto tapado, vender o corpo, crianças que são vendidas e forçadas a trabalhar, ou até mesmo alguém que sofre de violência doméstica. São situações por vezes pontuais, ridículas, revoltantes ou cruéis e inúteis, mas são parte do nosso dia-a-dia que tocam a todos e que são vergonhosas de enumerar ou de apontar o dedo aos respectivos cúmplices da opressão social, esta que é ditada por regras ferozes, de como devemos ser, mas que não nos ensinam a relacionarmo-nos uns com os outros. Já nos aconteceu sermos olhados de cima ou até mesmo ser mal atendido num hospital, ou ser descriminado na escola por ter orelhas grandes. Através do Teatro do Oprimido são dadas noções de cidadania que reforçam a autoestima dos intervenientes a partir do diálogo e de meios estéticos muito próprios entre os quais o Teatro Fórum. São cenários construídos através dos fantasmas pessoais de cada participante que fazem este tipo de Teatro (TO) rico em valores que oferecem no espectáculo uma enorme consciencialização para problemas reais. Na oficina são partilhadas e trabalhadas histórias, bordando-se assim aos poucos uma sequencia lógica de acontecimentos em que a mensagem pretende-se que chegue de forma directa aos “espect-actores”(plateia), que são convidados pelo Curinga (moderador), no fim, a escolher a cena em que teriam uma alternativa para o problema, dando um novo rumo à história e discutindo possíveis alterações no comportamento daquele que fracassa (o oprimido). Não é preciso ser actor para viver este tipo de dilemas em palco pois a vivência de cada um, torna a história mais próxima de cada um de nós e da realidade.
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BIGRED - PORQUE Nテグ
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