revis ame número 01 | 11 de Maio de 2010
ENTREVISTA PROFESSOR JORGE ARAÚJO
“DESASSOSSEGO”
UMA PRODUÇÃO SARDINHA EM LATA
ESCOLA DAS ARTES EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS
A Escola de Artes da Universidade de Évora aposta no equilíbrio entre a prática e a teoria, entre o fazer e o saber, entre o subjectivo e o objectivo. Sem a prática a arte não existe; sem a teoria, a arte não tem dimensão. Este equilíbrio é central à arte nas suas várias vertentes. Nos seus departamentos de Arquitectura, Artes Cénicas, Design e Artes Visuais e Música, a Escola conta com alguns dos docentes e artistas mais conceituados do país, que juntam a longa experiência ao honesto estudo numa mistura que define a Escola de Artes da Universidade de Évora cada vez mais como um centro incontornável no panorama nacional e internacional. Prof. Doutor Christopher Bochmann (Director da Escola de Artes)
Ficha técnica: Direcção – Mariana Faria, Paulo Teles | Concepção Gráfica e Design – Paulo Teles, Silvana Casa Velha, Ana Catanho | Redacção e textos – Mariana Faria, Paulo Teles | Direcção de Imagem – Sara Piteira, Paulo Teles, Mariana Faria | Colaboração – Carla Inácio | Web Design – Miguel Castro | Cartoon - Luís Lourenço | Fotografia: Sara Piteira - 08, 09, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 17, 30, 31, 44, 45, 46, 62, 63, 78, 79, 84, 85, 96, 102; João Rosário - capa, 02, 18, 34, 64, 82, contra capa; Mariana Faria - 98, 100, 101; Manuela Cristóvão - 107; Marius Araújo - 04,05. Coordenação de edição – Célia Figueiredo | Coordenação geral – Inês Secca Ruivo
sumário 44 artes visuais a diversidade das artes visuais aqui em mostra.
44 perfil 48 trabalhos 60 prémios
editorial 04
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A História dos Leões é contada resumidamente em datas de transição, contudo foram marcantes e são elas o espelho das metamorfoses desta casa.
64 perfil 66 trabalhos 82prémios
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84 música
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artes cénicas apresentação do curso de artes cénicas da Universidade de Évora, com alguns trabalhos dos seus alunos.
34 perfil 36 trabalhos
88 perfil 90 aulas 92 concertos 100 prémios entrevista ao antigo reitor Eis a entrevista que afaga o coração dos artistas, com uma visão empreendedora, valorizando o ramo das artes e suscitando ideias sobre a importância que lhe é conferida. Aqui fica o agradecimento ao Professor Jorge Araújo, com quem tivemos o agrado de conversar...
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108 Como um retrato poema visual por Mariana Faria. “O poema intimida, como um retrato (Defende o venéreo) O poema apavora ou derrete…”
110 Porque não Tomás Cunha Ferreira “Acabarcomeçar – palavra nova numa fórmula estratégica do poeta Haroldo de Campos para a sua própria escrita...”
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14 perfil 20 trabalhos 28 prémios
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design o mais recente curso da Escola de Artes.
aulas, concertos, prémios, tudo para nos dar uma vista geral sobre o departamento de música da UE.
arquitectura a técnica e a arte em harmonia perfeita
A curta-metragem “Desassossego”, para maiores de 14 anos, financiada pelo Instituto de Cinema e Audiovisual e pela RTP foi rodada no Departamento de Artes Visuais eDesign, no Complexo dos Leões...
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editorial
05 Nos corredores dizemos «Bom dia!» aos trabalhos expostos, não incomodam, tintas e pinceis desarrumados arrumando a sua Arte na sala, o click das máquinas o desenho de olhos fechados, não nos melindra e flui por vezes nas ruas, quando por lá passamos, ao abrigo dos sons orquestrais que assolam as paredes, aquelas que têm ouvidos. A liberdade criativa na expressão artística que se vive nesta Escola de Artes permite que o aluno explore sem medos as suas filosofias, ideias e pensamentos no seu processo criativo, na abordagem dos seus trabalhos efectuados. Contudo, regras instituídas são parâmetros e etapas de aprendizagem que nos fazem crescer. A interdisciplinidade inspiram-nos e faz-nos sonhar num ar saudável e estimulante. O relógio marca onze da noite e às vezes ainda cá estamos, aproveitando cada segundo do virar do ponteiro do relógio ao máximo... Apesar de sermos poucos a fazer crescer este projecto, muitas foram as ajudas, tanto dos Departamentos como dos Professores da Escola de Artes da Universidade de Évora. Não nos podemos esquecer das nossas mentoras, Professora Inês Secca Ruivo e Professora Célia Figueiredo, que lançaram e nos acompanharam de perto neste desafio. Ao Director do Curso de Design, Professor Paulo Parra, pelo desenho estratégico de uma formação que tantas provas tem prestado. Ao Director do Departamento de Artes Visuais e Design, Professor Filipe Rocha da Silva, e ao Director da Escola de Artes, Professor Christopher Bochmann, pelo apoio ao processo de afirmação e lançamento da revista. Ao antigo Reitor, Professor Jorge Araújo, também um muito obrigada por ser a pessoa graças à qual nos é possível crescer num espaço de trabalho e de aprendizagem magnífico, como este. Ao novo Reitor, Professor Carlos Braumann, deixamos a felicitação de novos dias que todos desejamos contribuam para a crescente afirmação da qualidade da nossa, Universidade de Évora. Com este projecto, a nossa grande aventura, desejamos que todos os cursos se sintam incluídos e que principalmente se sintam revistos por nós. A todos os curiosos deixamos a porta aberta para que possam revistar-nos. Esperamos que seja do vosso agrado… Equipa Revistame
Casa da Arquitectura A Associação CASA DA ARQUITECTURA, instalada desde Junho de 2009 na CASA na Rua Roberto Ivens, em Matosinhos apresentará durante o ano de 2010 pequenas exposições com o tema “Jovens Arquitectos Premiados”. Num ambiente expositivo informal, a CASA procura reproduzir o espaço de trabalho dos gabinetes de arquitectura, transpondo o seu carácter privado para o domínio público. Pretende, através destas exposições, promover a arquitectura portuguesa e dar a conhecer os jovens arquitectos que viram os seus projectos reconhecidos e premiados nacional e internacionalmente. O ciclo de exposições termina a 29 de Maio e a entrada é gratuita. http://casadaarquitectura.pt/
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World Press Cartoon O Grand Prix do World Press Cartoon foi para uma caricatura de Vladimir Putin retratado pelo argentino Gabriel Ippóliti quando foram notícia os planos de relançamento militar da Rússia. A obra foi publicada no diário Ámbito Financiero, de Buenos Aires e foi a grande vencedora desta sexta edição. A exposição já está aberta ao público e estará patente até 4 de Julho no Sintra Museu de Arte Moderna, em Sintra, de terça-feira a domingo entre as 10 e as 18 horas, incluindo feriados.A exposição tem entrada livre.
http://www.worldpresscartoon.com
Prémio Casa da Galeria
A casa da Galeria é uma associação cultural situada em Santo Tirso, cujo objectivo se centra na promoção e dinamização das artes e da cultura e que se prepara para inaugurar no próximo dia 15 de Maio. A inauguração é marcada pela exposição do escultor Alberto Carneiro intitulada “O Ser do Estar” que se prolongará até 20 de Junho de 2010. A casa da Galeria, lança ainda um concurso de fotografia “O Lugar” até dia 15 de Junho. Entrega de projectos: até dia 15 de Junho de 2010 www.casadagaleria.com
notícias
MDG 2010 Review Summit
http://www.endpoverty2015.org/
The OPORTO 2010 SHOW The Oporto Show é um manifesto internacional nas áreas do design e arquitectura de interiores (mobiliário, iluminação e tecidos). A mostra será constituída por diversos espaços cénicos, concebidos pelos profissionais das maiores marcas nacionais e internacionais. Inspirado nas mais conceituadas feiras mundiais do ramo, e alcançando já a terceira edição, TOS’10 pretende ser o maior evento deste género na Península Ibérica. O evento realizar-se-á em Junho de 2010 (de 17 a 20) no histórico edifício da Alfândega do Porto. Durantes os 4 dias está prevista, a par de diversos stands em exposição, festas de promoção das marcas, ciclo de palestras e conferências de imprensa.
http://www.oportoshow.com/
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O Centro Regional de Informação das Nações Unidas em Bruxelas vai lançar um concurso Europeu de Anúncios, aberto a todos. Em 2000, os dirigentes mundiais comprometeram-se a reduzir a pobreza a metade, até 2015. Faltam apenas 5 anos! Por isso, o Centro Regional de Informação das Nações Unidas em Bruxelas lançou um concurso Europeu de Anúncios (no passado 1 de Maio) aberto a todos. Dá largas à tua imaginação para lembrar aos nossos líderes a sua promessa de então. Cria um anúncio Contra a Pobreza. Um Júri prestigiado de peritos seleccionará os melhores anúncios. O Prémio da Presidência Europeia Espanhola da UE tem o valor de 5000 EUR. Só impomos uma condição: a utilização do nosso logótipo PodemosEliminarPobreza. O prazo para admissão de ideias terminará a 1 de Julho.
Colégio dos Leões 08
A História dos Leões é contada resumidamente em datas de transição, contudo foram marcantes e são elas o espelho das metamorfoses desta casa.
fotoreportagem
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10 Em 1916 foi fundada a fĂĄbrica dos leĂľes pela sociedade Alentejana de Moagem e em 1993 encerrou.
fotoreportagem
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A Universidade de Évora adquiriu em 1997 as edificações que tanto inspiram os alunos, hoje temos uma casa cada vez mais vivida e com histórias para contar aos netos... Casa experiente; do passado encontramos um rótulo hoje rejuvenescida, damo-vos a conhecer a sua nova cara neste álbum de fotografias.
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arquitectura
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Carrilho da Graça
Director do departamento de arquitectura João Luís Carrilho da Graça, nasceu em 1952. Arquitecto, licenciado pela Escola de Belas Artes de Lisboa em 1977. Foi assistente na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa entre 1977 e 1992. Professor na Universidade autónoma de Lisboa entre 1977 e 1992. Professor na Universidade autónoma de Lisboa desde 2001. Na Universidade de Évora desde 2005. Actualmente dirige os Departamentos de Arquitectura nestas Universidades. Conferencista e Professor convidado em diversas escolas e diferentes países. Prémio da “Associação Internacional dos Críticos de Arte” em 1992 Prémio “Secil” 1994, “Escola de Comunicação Social”, Lisboa; Nomeado em 1990, 1992, 1994 e 2009 para o prémio “Mies Van Der Rohe”; Prémio Europeu de Arquitectura; Prémio “Valmor” 1998, “Pavilhão do Conhecimento dos Mares”, Expo’98, Lisboa; Grande prémio do júri “FAD” 1999, “Pavilhão do Conhecimento dos Mares”, Expo’98, Lisboa; Distinguido com a Ordem de Mérito da República Portuguesa em 1999. Prémio “Luzboa - Schrèder” da primeira bienal internacional de arte em Lisboa, 2004; Distinguido com o “Prémio Pessoa” 2008.
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João Nasi Pereira 19
Licenciado em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Foi arquitecto da Câmara Municipal de Évora desde 1977 até fundar, em 1981, o seu ateliê. Professor Auxiliar na Escola Universitária das Artes de Coimbra entre 1999 e 2009 e na Universidade de Évora desde 2003. Dirigiu o Jornal Arquitectos (1990-94). Foi Consultor Internacional do Banco Mundial (Angola 2005-2007). Participou em conferências, seminários e exposições na Áustria, em Espanha, Angola e Portugal. Está publicado em livros e revistas nacionais e estrangeiros.
Aluna: Ana Loureiro
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Docente de Projecto IV: Pedro Gameiro
Monte Branco, a 3km de Estremoz, fascina pela sua condição natural e pela maneira como as suas características humanizam o território. O monte vai sendo descoberto através de um terreno seco, marcado pelos vazios que as pedreiras vão desenhando, até chegar ao topo do cabeço onde se avista a zona fértil que descansa, serena, na paisagem. Lembrando o tradicional monte alentejano, o conjunto tornase referência no território e reflecte o desejo de dominar um espaço. A organização territorial do conjunto abraça um recinto controlado, que traduz a necessidade de centralizar as actividades do proprietário e simultaneamente articular os espaços sociais e pessoais do escultor com o terreno envolvente. Através de diferentes espaços, a habitação vive o lugar em que se insere e relaciona-se com a cidade de Estremoz, que se encontra à mesma cota do cabeço. Inerente à sua implantação, o desenho do conjunto pretende- se doce e suave contrariando a rigidez do caminho que se percorre até ao cabeço, mas dominando de forma imensa o vasto território. O caminho de oliveiras começa a definir o percurso até a composição, que se ergue no cimo do monte, e divide-se depois em dois caminhos, o principal, de acesso à casa e um secundário por onde se acede à zona que destinei a serviços e espaço de trabalho. Descobre-se assim a fachada imponente revelando, num ritmo inconstante mas controlado, a composição dos espaços interiores, exteriores e cobertos da habitação. Destaca-se o muro que envolve a
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21 entrada e nos recebe de um modo delicado, a cobertura que o muro possui proporciona espessura ao espaço e desenha cuidadosamente espaços de sombra . Acede-se então à zona privada por uma rampa ligada a este muro e também a um espaço que evoca o tradicional terreiro e acentua a natureza construtiva do edifício. O espaço de entrada distribui-nos tanto para a sala como para o espaço exterior construído, avista-se ainda a piscina e possíveis espaços de lazer. No interior descobre-se a sala de estar, a sala de jantar, e o acesso para a cozinha e zona de serviços; este espaço comunica com o exterior através de uma zona coberta que assegura a protecção contra o sol e proporciona um óptimo espaço de vivência. A articulação entre os espaços interiores e este espaço coberto parece prolongar o exterior para o interior da habitação. A biblioteca desenvolve-se de forma privilegiada no piso superior com duplo pé direito, comunicando com a sala e desfrutando de um terraço que olha propositadamente para Estremoz. Nesse piso acede-se aos quartos do proprietário e a um espaço exterior coberto que nos leva até à zona da piscina e que dá acesso aos quartos dos convidados. Por sua vez, na zona de serviços que se desenvolve no lado oposto do recinto que a habitação domina, revelam-se as casas dos trabalhadores, divisões inerentes e o atelier do escultor. O atelier, e as salas de desenho abraçam a antiga figueira que caracteriza aquele lugar e que propõe um espaço delicado para o escultor expor as suas obras.
Aluno: João Silva
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Docente de Projecto VI: Marta Sequeira
O trabalho consiste na elaboração de um equipamento para o Pólo de Ciências do Mar da Universidade de Évora, em Sines, num local a noroeste da cidade, compreendido entre o Cabo de Sines e a praia do Norte. Propõe-se, através da reflexão sobre as necessidades das actuais instalações, criar um edifício com capacidade para albergar um espaço de divulgação científica (aquarium), recepção e cafetaria, centro de investigação, escola de ciências do mar (espaços laboratoriais, salas de aula, biblioteca, áreas administrativas e zona de apoio técnico) e residência para estudantes, investigadores e professores. Sines mantém ligações ao mar, maioritariamente através do seu porto de águas profundas que constitui uma barreira física e visual, tornando a paisagem a sul do Cabo de Sines e das áreas envolventes à cidade, fortemente marcada pela intervenção humana. O local de implantação do proposto assume-se como uma excepção. Preservado da acção do homem, eleva-se 15 a 20m do nível médio das águas do mar – sendo a sua costa recortada através de promontórios rochosos que afrontam o mar, de onde surgem baías que o acalmam – e resguarda-se das estruturas industriais através de dunas que lhe conferem uma estranha uniformidade.
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Aqui surgem caminhos de pé posto sobranceiros ao mar, que unem duas áreas: a sul, onde a presença do homem é notória, e outra, de maior dimensão, que se prolonga com oscilações constantes, alterando-se a cada passo até ao limite do promontório (do qual se assinalam dois locais: a praia do norte e um espaço rochoso que se estende ao mar, que em dias de maior agitação o absorve, criando pequenas lagoas naturais). Entre estes, desenha-se um percurso, um passeio estabelecido entre o oceano e o topo da falésia, que geometriza as reentrâncias e contorna as projecções relativamente ao mar, em busca do local certo para acolher, na rocha, as diferentes áreas programáticas, resguardadas do vento e da agitação marítima. O início do percurso materializa-se junto à praia, oferecendo-lhe um acesso condigno através de um miradouro, atenuando diferentes cotas e levando-nos ao espaço de recepção. Daqui partem diferentes caminhos de ligação à praia, ao aquarium e ao passeio marítimo. As restantes áreas, escola, centro de investigação e residência, encontram-se ao longo do percurso, em direcção a sul, procurando a luz e outros enquadramentos visuais. O seu término surge através de uma plataforma que nos devolve ao topo da falésia, junto à zona das lagoas, abrindo-se sobre a envolvente predominante – o mar.
Aluno: Fรกbio Azevedo
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Docente de Projecto Avanรงado II: Pedro Oliveira
19.2 M
2.5 M
0.0 M 1.0 M
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Percorrendo-se o passeio fluvial de Badajoz, é nítida a sensação de que este é a materialização da relação que a cidade tem com o rio Guadiana. A qualidade dos espaços ao longo desta linha de intercepção entre as duas realidades, deixa transparecer a ideia de que a intenção de trazer a cidade ao rio permanece por ser totalmente conseguida. O percurso que se vai desenhando ao longo da margem, acaba por se perder com a aproximação de elementos que pela sua escala e características influíram negativamente na humanização do mesmo, e consequentemente ditaram a sua ausência de sentido, de culminar. Desenha-se então esse culminar de percurso, recebendo quem passeia através de duas plataformas às cotas da estrada e do rio. Um dique propõe a travessia para a outra margem e faz o fecho de uma praça aquática que se pretende à escala da cidade, contrapondo planimetricamente a imponência dos dois morros. A montante, sobe-se a cota da água de um canal afluente do Guadiana, criando-se mais um plano de água e intensificando a relação da cidade com o mesmo em todo o seu perímetro. A implantação do edifício dos banhos, materializa finalmente a intenção de terminar o percurso fluvial dando-lhe conteúdo, um objectivo que leve as pessoas a percorre-lo. Recupera-se a memória de antigos banhos fluviais naquele mesmo local ao mesmo tempo que se intensifica o espaço da praça e tensiona a relação com as plataformas e do estreito canal resultante.
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CORTE LONGITUDINAL
Aluno: João Ferreira
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Coordenador de Projecto I e II: João Soares Docentes de Projecto II: Pedro Domingos e João Favila
No âmbito de uma proposta para a cadeira de projecto, foi escolhido o baluarte a norte da cidade de Évora para implementação de um museu. Este baluarte, devido a alterações no séc. XX, tem a característica de ser circundado por estradas, criando uma sensação de ilha e isolamento. Por outro lado tem ainda duas particularidades, é uma elevação de terra e tem uma ermida (S. Bartolomeu) em ruínas. Comecei por aproveitar esta elevação de terra para escavar as salas, e depressa me vi como um arqueólogo, com a possibilidade de evocar a experiência de quem habita fundações e espaços escavados na terra. Contudo se continuava numa ilha isolada, a solução encontrada foi ligar novamente o baluarte às muralhas. Não perdendo a relação com a rua, criei uma praça fechada pela muralha e pelo muro do baluarte pelos três lados, deixando o último lado interagir com a rua e os carros. No topo do baluarte o remate das paredes desenharam no solo percursos que permitem um revisitar do museu. A entrada é marcada por duas torres, como várias entradas da cidade, aproveitando uma existente e outra que remata o muro do baluarte. O programa é composto por quatro salas de particularidades diferentes e uma zona de lazer. Aproveitando o facto de a ermida se inserir numa geometria diferente, num ângulo ligeiramente enviesado, criei dois corpos que se desdobravam, separando a zona de lazer e serviços das salas do museu. A primeira sala tem uma ventoinha de Olafur Eliasson, que obrigava a ter uma altura acentuada, o que levou à construção da torre que remata o baluarte. Outra sala tinha que albergar uma árvore de bronze de Alberto Carneiro, conjugada com quatro fotografias de Hamish Fulton, mas as fotografias pediam um enquadramento diferente da sala, pelo que as separei em dois espaços. Da sala das fotografias há uma abertura que enquadra a árvore, que fica num pátio, e pode ser vista de baixo, de cima e no mesmo plano do piso. A sala seguinte tem quatro fotografias de Edgar Martins, fotografias que se caracterizam por terem muito tempo de exposição no escuro, pelo que as coloquei em celas, já que se tinha formado uma estrutura de claustro, sendo uma das celas a sala escura onde Edgar Martins demonstrava a experiência de tirar essas fotografias. A última sala fica na ermida, onde o espelho de água reflecte a parede existente, materializando outra que em tempos estaria aí, e deste espelho de água emergem duas esculturas de João Cutileiro.Ao falar com o escultor perguntei-lhe sobre o modo de colocar as peças, só soube situar espacialmente estas peças em relação a um plano de água – deveriam ficar sob esse plano, reflectidas. Ainda em conversa o escultor disse: “eu trabalho a forma, se tivesse de pensar o espaço, seria arquitecto”.
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Jorge Fernandes 2º lugar exaequo do “Roca Concurso Nacional de Design 2009”
João Silva “Arquitectura em Lugares Sagrados” 3.º prémio no Concurso de Arquitectura Religiosa
prémios
Ana Silva Prémio Secil Universidades 2006 - Arquitectura
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Bárbara Mesquita Prémio Secil Universidades 2007 - Arquitectura Menção Honrosa para aluna da UE
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artes cĂŠnicas
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Fernanda Lapa
directora do departamento de artes cénicas Actriz/Encenadora. Fundadora e Directora Artística da Companhia de Teatro “Escola de Mulheres” desde 1995. Medalha de Mérito Cultural em 2005. (ver site Escola de Mulheres) Objectivos para o Curso que dirige: Fornecer aos alunos ferramentas teórico/práticas para, de uma forma criativa e pessoal, poderem vir a integrar e renovar o tecido teatral português. Obras de referência : Encenação de “Medeia é Bom Rapaz” de Luis Riaza (1991) Prémio da Crítica e Sete de Ouro, de “As Bacantes” (1995) e “Medeia” (2006) de Eurípides, na Fundação Calouste Gulbenkian e no Teatro Nacional D. Maria II. Globo de Ouro para Melhor Espectáculo “A Mais Velha Profissão” de Paula Vogel (2005), no Teatro Nacional D. Maria II.
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Christine Zurbach Professora associada com agregação. Nasceu em França e reside em Portugal desde 1975. Trabalhou no Centro Cultural de Évora e no Cendrev como dramaturgista e professora na Escola de Formação de Actores do CCE/Cendrev. Entrou na Universidade de Évora em 1983 e lecciona actualmente no Departamento de Artes Cénicas disciplinas da área da Dramaturgia. Concluiu em 1997 uma tese de doutoramento sobre tradução teatral, área da sua especialização (Tradução e Prática do Teatro em Portugal de 1975 a 1988, Colibri, 2002). É directora do Centro de História da Arte e Investigação Artística desde 2007 onde desenvolve projectos nas áreas do texto de teatro, da dramaturgia e do teatro de marionetas.
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Tiago Porteiro Doutorado e mestre em Estudos Teatrais pela Université de la Sorbonne Nouvelle – paris III, e licenciado pela Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa em Educação Física - Ramo Educação Especial e Reabilitação. É docente do departamento de Artes Cénicas da Universidade de Évora desde 1997 e director de curso do 1º ciclo em Teatro desde 2006. Tem desenvolvido pesquisa no âmbito da formação de actores e seus processos de criação, nomeadamente dentro da área do movimento cénico. No “Centre National des Arts du Cirque – França” desenvolveu entre 2003 e 2005 trabalho, nomeadamente dinamizou “Les Passerelles” (encontros temáticos de discussão), conferências e ateliers de observador-participante. Desenvolve trabalho como actor (entre outros com Giorgio Barberio Corsetti, Madalena Vitorino, Marc Zammit, José Medeiros, Lúcia Sigalho, Ana Tamen) e como encenador criou cerca de 10 espectáculos.
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trabalhos Título: Espancarte Alunas: Cristina Rodrigues e Rubi Girão
Área de projecto em Teatro: 3º Ano Coordenação: Ana Tamen e Tiago Porteiro
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trabalhos Título: A História De Um Peixinho Vermelho, adaptado de “Peixinhos Vermelhos” de João Pedro da Costa Aluno: Henrique Calado
Área de Projecto em Teatro: 3º Ano Coordenação: Ana Tamen e Tiago Porteiro
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trabalhos Título: Ovni Alunas: Joana Velez, Daniel Moutinho, Tania Dias, Claudia Miriam Área de Projecto em Teatro: 3º Ano Coordenação: Ana Tamen e Tiago Porteiro
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trabalhos Título: Carícias Texto: Sergi Belbel Encenação: Ana Leitão Mestrado em Teatro: 2º Ano Docentes tutores: Ana Tamen e Tiago Porteiro
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artes visuais
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Filipe Rocha da Silva
Director do departamento de artes visuais e design
Oscar Wilde O retrato de Dorian Gray Prefácio Tradução de F.R.S.
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Estudou Arte em Paris, Florença e Nova Iorque. Pintor com obras na colecção da Fundação Gulbenkian, em Serralves e na Fundação Union Fenosa ( na Galiza). No lecciona no Ensino Superior desde 1980 e na Universidade de Évora desde 1999. Doutorado em Artes Visuais em 2005. Expõe habitualmente na galeria Art Projects International ( www.artprojects,com). Objectivos para o Curso que dirige: Construir cursos de excelência diferente de todos os outros existentes em Portugal no domínio das Artes Visuais, com principal ênfase nos novos Media. Obra de referência: «O artista é o criador de belas coisas. Revelar arte e esconder o artista é o objectivo de toda a arte. O critico é aquele que pode traduzir de outra forma ou para outro material a sua impressão sobre coisas belas. A mais elevada, assim como a mais baixa forma de critica, são espécies da autobiografia. Aqueles que encontram significados feios nas coisas belas são corruptos sem terem encanto. Isto é um erro. Os que encontram significados belos nas coisas belas são cultos. Para estes ainda há esperança. Eles são os eleitos, para os quais as coisas belas significam apenas Beleza. Não há nada que se pareça com livros morais ou imorais. Os livros são bem ou mal escritos. É tudo. O desagrado do século dezanove em relação ao Realismo é a raiva de Caliban ao ver a sua própria face num espelho. O desagrado do século dezanove face ao Romantismo é a raiva de Caliban por não ver a sua face num espelho. A vida moral do homem faz parte do assunto do artista, mas a moralidade na arte reside no uso perfeito do médium imperfeito. Nenhum artista deseja provar nada. Até a verdade pode ser provada. Nenhum artista tem simpatias éticas. Num artista a simpatia ética é um imperdoável maneirismo estilístico. Um artista nunca é mórbido. O artista pode exprimir tudo. Para o artista o pensamento e a linguagem são os instrumentos de uma arte. O vício e a virtude são para o artista materiais usados para a arte. Do ponto de vista da forma, o arquétipo de todas as artes é a arte do músico. Do ponto de vista do sentimento, o trabalho do actor é o arquétipo. Toda a arte é ao mesmo tempo superfície e símbolo. Os que passam para alem da superfície fazem–no ao seu próprio risco. O que a arte retrata é o espectador, e não a vida. A diversidade de opiniões acerca da obra de arte mostra que ela é nova, complexa e vital. Quando os críticos discordam significa que o artista está de acordo consigo próprio. Podemos perdoar a um homem por fazer coisas úteis, na condição de ele não as admirar. A única desculpa para fazer coisas inúteis é admirá-las intensamente. Toda a arte é bastante inútil.»
Aluna: Ana Filipa Fernandes
Docente de Projecto: Filipe Rebelo
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“eu sou mesmo é de filosofia... !”
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Aluno: Imagens por Domingos Rolo, pseud贸nimo de S茅rgio Vieira
Fernando_Double 35mm polypan f /50asa, digitalizado
Ana_Ventil 35mm polypan f /50asa, digitalizado
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Wc_ Burn : digital snapshot
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#12_silence : 35mm superia 200 asa, digitalizado
Aluno: Mariana Mourato
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Docente de Projecto: Manuel Caeiro
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Aluno: Filipe Matos
Docente de Projecto: Rodrigo Oliveira
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Pinturas do projecto - Transferências (In)Prováveis*
S/título – Da série Transferências (In) Prováveis *- 70 cm x 50 cm - Tinta acrílica e verniz s/tela- 2010
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S/título – 22,5 cm x 28 cm - Tinta acrílica e verniz s/tela- 2010
Aluno: Rute Cebola
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Docente de Projecto: Paula Reaes Pinto
ficha técnica: S. titulo material: tecido, arame de aço, cola e pigmento dimenção:90x70x70
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Hidronautas: Afonso Jesus, Carolina Oliveira
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Docente de Projecto: Pedro Portugal
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Nome do projecto: CRUS0E 2. Local: Barragem do Alqueva, Reguengos de Monsaráz, Évora, Portugal. Objectivo do projecto CRUS0E 2: colonização experimental de uma ilha formada pelo enchimento da albufeira de Alqueva num ambiente controlado de auto-suficiência energética e biológica.(CELSS)* Descrição da expedição: Planeamento, construção e testes na Universidade de Évora. Montagem da embarcação e habitáculo de transporte das unidade biológicas e tecnológicas nas margens da Aldeia da Luz. Embarque de todo o equipamento, animais e tripulação. Navegação até à ilha CRUS0E 2. Implantação e activação de todas as unidades portáteis de sustentabilidade.Permanência na ilha. Rota: Aldeia da Luz — CRUS0E 2 Duração da primeira expedição: 7 dias (1 a 8 de Junho de 2010) Duração do programa: 1 ano Numero de alunos envolvidos: 40 Entidades que apoiam a expedição: Câmara Municipal de Évora, Câmara Municipal de Reguengos de Monsaráz, Bombeiros Voluntários de Reguengos de Monsaráz, EDIA, Museu da Luz.
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Estrutura da Embarcação
60 Maria José Correia
1º Prémio concurso “Pão e Arte” No dia 7 de Março de 2009, duas alunas do Curso de Artes Visuais venceram os três primeiros prémios do concurso “Pão e Arte “, organizado pela Câmara Municipal de Portel. Tendo sido atribuído o primeiro prémio à aluna Maria José Correia, com a obra “Arquipão”, sendo assim os 2º e 3º prémios atribuídos à aluna Patrícia Rato, com as obras “Campo de Trigo” e “ Campo de Pão” respectivamente. “PÃO E ARTE” é um concurso aberto a todos os alunos das escolas e universidades portuguesas (escolas do ensino secundário que leccionam cursos de artes, incluindo escolas profissionais e universidades das áreas de design, artes plásticas ou de outras áreas ligadas às artes) tendo por tema o pão como objecto artístico, destina-se a promover a criatividade dos alunos, na criação de uma obra/conceito original utilizando um produto enraizado na nossa cultura alimentar – o pão, numa dimensão estética contemporânea. Pretende-se assim, premiar a criatividade do concorrente utilizando uma matéria-prima genuína, marca da nossa identidade.
prĂŠmios
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design
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Paulo Parra
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Director da Licenciatura e do Mestrado em Design da Universidade de Évora. Nascido em Portugal em 1961, Paulo Parra licenciou-se em Design de Equipamento pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa (1990). É Mestre em Design de Equipamento e Produto pela Faculdade de Arquitectura do Porto (1998) e Doutor em Design pela FBAUL (2008), onde exerce actividade académica e é Coordenador do Doutoramento em Design de Equipamento. Foi ainda Coordenador de Design Industrial na ESAD, no IADE e no DAV. da Universidade de Évora. Consultor de Design Industrial do INETI-CENDES (2003) e do INEGI (2006), foi co-director da associação para a sustentabilidade SUSDESIGN (2004). Como investigador tem publicado diferentes artigos e obras, assim como constituída uma Colecção de Design intitulada “Ícones do Design”. Membro fundador do grupo de design Exmachina (1989) e Designer Convidado pela N.C.S./NEUMEISTER DESIGN (1994), desde 1990, desenvolve actividade profissional na área do Design Industrial através de PAULOPARRADESIGN. Com trabalhos nas áreas da iluminação, mobiliário doméstico e de escritório, produtos para a casa, produtos industriais e sistemas de comunicação, os seus projectos receberam prémios nacionais e internacionais atribuídos por empresas como a Vista Alegre, Oliva, Sonae, Sony, Arflex e LG Electronics ou ainda de instituições como a Bienal Design for Europe ou a Feira de Hannover que lhe atribuiu o Best of IF - Industrie Forum Hannover. O seu trabalho integrou exposições em Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Coreia, Japão e Estados Unidos, e em 2008 esteve representado no Pavilhão de Portugal na Expo de Saragoça.
Aluna: Carla Inácio
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Docentes de Coordenação: Paulo Parra e Inês Secca Ruivo
trabalhos
67 Construído através de técnicas de dobragem de papel, o Twist é um candeeiro que assume duas formas diferentes com uma simples rotação sobre si mesmo. Esta dicotomia permite que a luz seja moldada de formas diferentes. A luz emitida é mais forte quando a peça se encontra aberta, e mais controlada quando se procede à rotação da mesma, como se fosse um candeeiro incandescente. A possibilidade de ser fabricado em diversos tamanhos das diferentes tipologias enunciadas, podendo desta forma ser usado como candeeiro de mesa, tecto ou chão. É constituído por uma folha de polipropileno branco opaco e uma outra peça do mesmo material, que funciona como suporte do sistema de iluminação. Funciona com uma lâmpada fluorescente compacta, de tamanha pequeno e de baixa potência de forma a poder estar ligado durante muito tempo consumindo pouca energia. A cor foi pensada de forma a conferir um aspecto minimalista à peça e a proporcionar uma melhor qualidade de luz, mais limpa e natural.
Aluna: Joana Oliveira Docentes de Coordenação: Paulo Parra e Inês Secca Ruivo
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Um composto de cartão entrelaçado que harmoniza o repouso e o conforto numa única peça de design inigualável. Esta peça de imobiliário reúne a fisionomia que se adapta a qualquer corpo, proporcionando um completo descanso sobre as zonas principais de tensão da coluna. Através da sua resistente estrutura esta peça de arte semi-lunar garante um pleno equilíbrio e procura, no seu aspecto de baloiço, tornar-se adaptável a todas as idades. Este projecto de repouso representa uma revolução na arte do equilíbrio que procura renascer pela mão de novos artistas. O seu design semelhante a uma cadeira de baloiço reforça uma busca da infância que transmite no seu baloiçar a ideia de segurança e animação.A forma deste repouso transfere uma sensação de divertimento, e descanso tal como o baloiço num jardim de infância. Porque todos temos uma criança dentro de nós e por isso todos precisamos de ouvir o chamar do baloiço: ”tombalalão”.
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Aluna: Marta Vieira
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Docente de Coordenação: Célia Figueiredo
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71 O logótipo é a principal representação gráfica da marca. É a imagem essencial que intuitivamente associamos a marca. Deverá aparecer em todas as coisas relativas à marca, sempre da mesma forma para ser de imediato reconhecida. O símbolo e o lettering são os componentes referentes ao logótipo Marta Vieira. Estes componentes estão ligados representando um todo, só devem aparecer de forma independente em determinadas condições referidas neste manual, geralmente em aplicações nos estacionários. Simplicidade, equilíbrio, simpatia, elegância e segurança foram os valores de base para a descrição visual da marca, através do símbolo. Este foi concebido pela junção de dois círculos com o mesmo raio que ao se intersectarem de_nem, na horizontal, a letra M, no objecto da esquerda, e a letra V, no objecto da direita, as iniciais do primeiro e último nome da marca. O lettering é composto por uma tipografia arredondada criando empatia com a mesma natureza do símbolo. As cores escolhidas vêm reforçar os valores transmitidos pela marca. As cores têm uma grande influência psicológica no ser humano. Não são usadas só como tonalidade estética mas também como tonalidade prática, são assim muito importantes para transmitir ideias e motivar emoções. Na cor pura o castanho simboliza o quente, solidez, natureza, segurança, calma, maturidade, consciência, responsabilidade e estabilidade, enquanto o azul simboliza o frio, harmonia, confiança, fidelidade, rigor, dependência e liberdade. Estas cores com esta tonalidade suave estabelecem calma, harmonia, conforto e equilíbrio. É através do logótipo, do conjunto dos seus elementos que a marca é reconhecida. É o que a destaca de outras marcas que oferecem os mesmos serviços ou produtos. A junção dos elementos principais, logótipo e símbolo, e dos secundários, cor e tipografia resulta na imagem da marca. Por isso, todos os elementos devem ser correctamente representados para transmitir os valores da marca.
Aluna: Silvana Casa Velha
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Docente de Coordenação: Célia Figueiredo
Ao ser-nos lançado o projecto “Cd” Edição especial , no âmbito da cadeira de Design III, a minha escolha recaiu na banda sonora da série infantil “Looney Tunes”. A base de todo o trabalho é o circulo, devido ao símbolo da série, relativamente às cores base, optei pelo cinza, cien, magenta e amarelo de forma a contrastar com as cores das personagens escolhidas, (Bugs Bunny, Sylvester e Piu Piu). Bugs Bunny (o coelho) é a personagem central do pack, visto ser a mais reconhecida e preferida das crianças. A embalagem é formada por por 3 pisos distintos por onde se distribui a face do coelho, repetida 3 vezes com fundos de cores distintas, assim podemos escolher o contraste de fundo ao rodarmos os pisos. Os brindes oferecidos, yo-yo e pipocas, foram pensados para a diversão dos mais pequenos. A publicidade é feita através de 3 elementos: o cartaz o flyer e a página de revista. Relativamente ao grafismo, a fonte utilizada foi a Arial acompanhada pelo logotipo.
trabalhos
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Aluna: Ana Matos
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Docente de Coordenação: Célia Figueiredo
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O objectivo do projecto, era desenvolver a Imagem corporativa de uma “Companhia Aérea” e todos os suportes necessários para a sua apresentação e divulgação. A imagem da minha companhia foi pensada para trazer segurança, conforto, tranquilidade e estabilidade, aos seus passageiros. Estas características estão reflectidas na cor azul e na cinzenta. O símbolo presente no logótipo representa o mundo, incentivando aquelas pessoas que têm o sonho de “dar a volta ao mundo”, a viajar. É um símbolo que representa o céu, o ar, o movimento e o sol. O logótipo transmite segurança e confiança, para que ninguém sinta medo de voar. As linhas e formas arredondadas representam um estilo moderno e leve, que está presente em todo o movimento do avião.
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Aluno: Paulo Marques
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Docentes de Coordenação: Paulo Parra e Inês Secca Ruivo
Um aquecedor de esplanada que privilegia a função e a funcionalidade sem pôr de lado a estética e a simplicidade de produção, transporte e utilização. Baseado em dois módulos cilíndricos de 900mm por 400 de diâmetro com funções distintas: um alberga a garrafa, o outro foi meticulosamente pensado para canalizar o calor para os utentes da esplanada com o máximo de segurança e eficácia. Pensado para não pensarmos nele, ser apenas uma brisa quente.
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Aluno: Luís Moreira
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Docentes de Coordenação: Paulo Parra e Inês Secca Ruivo
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79 O rádio e.music x3100 procura conciliar o design minimalista com a vertente tecnológica e ergonómica. Desenvolvido a pensar num público adepto das novas tecnologias o radio apresenta um design ao nível das grandes marcas no mercado. e.music é também um rádio ergonómico devido á sua parte inferior que se adapta ao braço, o mesmo acontece nas zonas de controlo de volume e de sintonização que foi pensada ergonomicamente , para que qualquer pessoal com dificuldades pudesse ajustar conforme os seus gostos.
Aluna: Lia Galvão
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Docentes de Coordenação: Paulo Parra e Inês Secca Ruivo
Braun Zen surge como respostaàs necessidades de um target especifico, tendo em conta o estilo de vida e filosofia do mesmo. A filosofia Zen tem como principio o equilibrio perfeito, assim sendo a base do secador é uma esfera apartir da qual se desenvolve um aparelho funcional, ergonómico e o mais silencioso possivel, tornando-se desta forma mais apelativo ao target para o qual foi projectado. Zen é um secador atraente, leve
trabalhos
81 e confortável à mão, pois esta forma de pegar no aparelho permite a distribuição do peso pela mão e pulso. As cores do Zen são inpiradas nos jardins japonezes, visto estes espaços terem tudo o que uma paisagem equilibrada necessita, plantas, terra, água e um silêncio natural.
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Carla Inácio 1º prémio nacional no “Concurso de Ideias para o logótipo FSP” promovido pela Administração do Porto de Sines, 2009. Coordenação: Mestre Célia Figueiredo
Cátia Pereira Selecção para a final do “Concurso Jovens Criadores”, promovido pelo Clube Português de Artes e Ideias, 2009. Coordenação: Prof. Paulo Parra e Prof. Inês Secca Ruivo
Paulo Marques Menção Honrosa no Concurso “Projectar em mármore para o habitat”, promovido pelo CEVALOR, com o apoio do CPD,2008. Coordenação: Prof. Paulo Parra e Prof. Inês Secca Ruivo
prémios Andreia Marques, Cátia Pereira e Vanda Meneses 1º Prémio no Concurso “Moodle”, promovido pelo Politécnico de Santarém, 2009. Coordenação: Mestre Célia Figueiredo
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Inês Coelho 1º Prémio no Concurso para logótipo e cartazes do “Plano de Desenvolvimento Estratégico de Évora”, promovido pelamCâmara Municipal de Évora, 2008. Coordenação: Prof. Inês Secca Ruivo
Inês Coelho 1º Prémio nacional no Concurso “Projectar em mármore para o habitat”, promovido pelo CEVALOR - Centro Tecnológico para o Aproveitamento e Valorização das Rochas Ornamentais e Industriais, com o apoio do CPD – Centro Português do Design, 2008. Coordenação: Prof. Paulo Parra e Prof. Inês Secca Ruivo
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música
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Christopher Bochmann
director da escola de artes e do departamento de música
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Christopher Bochmann (nasceu 1950). Cantou no coro de St. George´s Chapel, Castelo de Windsor, e depois continuou os estudos no Radley College. Estudou particularmente com Nadia Boulanger em Paris antes de entrar para New College, Universidade de Oxford, onde trabalhou com David Lumsden, Kenneth Leighton e Robert Sherlaw Johnson. Foi também aluno de Richard Rodney Bennett em Londres. Leccionou na Inglaterra e no Brasil, e desde 1980 tem vivido e trabalhado em Portugal. Foi professor de várias escolas de música em Lisboa. De 1984 a 2006, foi professor da Escola Superior de Música de Lisboa, da qual foi Director durante 6 anos e onde, durante 16 anos, coordenou o Curso de Composição. Actualmente, é Professor Catedrático Convidado da Universidade de Évora onde é Director do Departamento de Música e, desde 2009, Director da Escola de Artes. Desde 1984 é Maestro Titular da Orquestra Sinfónica Juvenil com quem já dirigiu mais de 500 concertos, cobrindo a maior parte do reportório clássico para orquestra e muitas obras também do barroco, do romantismo e do século XX. Ao longo dos anos, tem estreado várias obras suas com a orquestra, gravando três CD’s. Como compositor, ganhou vários importantes prémios, entre outros o Prémio Lili Boulanger (duas vezes) e o Clements Memorial Prize. Em 1999, foi-lhe atribuído o grau de Doctor of Music, pela Universidade de Oxford. Em 2004 foi-lhe atribuído uma Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura e em 2005 foi agraciado com a O.B.E. (Officer of the Order of the British Empire). Objectivos para o Curso que dirige: Prefiro não cingir-me a um único curso. O objectivo de qualquer curso da Escola de Artes tem que ser o de formar bons profissionais, por serem bons artistas. A mera preocupação com a empregabilidade, a mera procura do canudo, é o desprezo do métier que forma o verdadeiro profissional. O verdadeiro artista, por enquanto ainda um pouco verde e talvez sem jeito, é preferível por comparação com o chico-esperto superficial que, inicialmente bem sucedido, em pouco tempo tropeça na sua própria ignorância. Nada substitui o conhecimento real: convém adquiri-lo ao início da vida. Nota pessoal: Como Director da Escola de Artes, o meu dia-a-dia é um conjunto de preocupações administrativas que procuram fundamentalmente beneficiar e melhorar, tanto quanto possível, a vida dos jovens artistas que são os alunos da Escola e da Universidade. No entanto, penso que seria impossível cumprir adequadamente esta função se não fosse eu também artista e se não me obrigasse a manter uma prática artística constante; porque, na realidade, mais do que Director da Escola, mais do que Director do Departamento, mais do que Professor, sou Compositor…. sou Músico: se assim não fosse, o resto seria desinteressante, estéril e inútil. Se tenho alguma mensagem para os jovens artistas, seria a de NUNCA PERDER O ENTUSIASMO pela sua arte: mesmo quando passam, como infelizmente é quase inevitável, fases de vida que parecem menos ligadas à arte propriamente dita, não percam o entusiasmo e o amor: sejam sempre como crianças. A arte é sempre mais poderosa do que qualquer artifício que as forças da vida nos podem contrapor. Obras de referência: Sinfonia (2004-5): Depois das sinfonias de Beethoven, Bruckner, Brahms, Tchaikovski, Mahler e outros, só o título de “Sinfonia” traz um peso de responsabilidade difícil de assumir. Quando a minha primeira, e por enquanto única, sinfonia apareceu já tinha mais de 50 anos. É uma obra que apresenta ao ouvinte um mundo musical, um pensamento, uma atitude. A obra apresenta uma mistura do clássico (tem quatro andamentos…) com o inovador (a exposição do material vem na primeira parte da obra e o discurso musical na segunda, ou seja, no quarto andamento…). É uma obra que me é especialmente cara: representa para mim o ponto cumulativo de uma fase da minha produção. Cicero dixit (2006): Esta cantata para coro duplo e grupo instrumental é resultado de um amor da vida: a relação com a literatura clássica, e especialmente a latina. As palavras do grande Cicero servem de base para uma obra que penso que integra a expressão e emoção musical com a filosofia e simplicidade da antiguidade: é uma maneira de ligar a nossa contemporaneidade com a tradição. Corpo e Alma (2007-8): A minha única ópera até este momento (baseada na conhecidíssima história de Pedro e Inês) é a realização de anos, talvez décadas, de sonhos. Durante muitos anos, sentia que o meu feitio, talvez aliado à minha origem do norte da Europa, impossibilitaria a abordagem da um género tão extrovertida…… Foi com algum receio que iniciei os meus trabalhos. Depois de acabar, porém, sinto que cheguei a encontrar uma receita a que consegui corresponder musicalmente. Confesso que a audição da obra ainda me faz chorar!
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Benoît Gibson Director do Curso de Mestrado em Música. Formado no Conservatório de Música de Montreal (Canadá) antes de completar um doutoramento em música e musicologia do século XX na École de hautes études en sciences sociales (Paris). Junto com Makis Solomos e Sharon Kanach, prepara a edição crítica dos escritos do compositor Iannis Xenakis. É director da Unidade de Investigação em Música e Musicologia (UnIMeM).
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Eduardo Lopes Director da Licenciatura em Música. Efectuou estudos musicais no Conservatório de Roterdão (Holanda). É licenciado pelo Berklee College of Music (E.U.A.), e doutorado em música pela Universidade de Southampton (Reino Unido). Recebeu vários prémios e bolsas de estudo nacionais e estrangeiras. Para além de manter uma actividade significativa como músico de estúdio, actua regularmente como freelancer e com os projectos musicais que dirige. É frequentemente convidado para realizar Master Classes de bateria e percussão nas mais variadas instituições culturais. É professor auxiliar do Departamento de Música da Universidade de Évora no qual é também director da comissão de curso da licenciatura em música. É endorser das baterias e percussão Yamaha, pratos e baquetas Zildjian e peles Remo.
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aulas
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concertos
Concerto, Feira de S. João 2009 Fotografias cedidas pela Câmara Municipal de Évora
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concertos
Concerto, Feira de S. João 2009 Fotografias cedidas pela Câmara Municipal de Évora
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concertos
Concerto, Feira de S. João 2009 Fotografias cedidas pela Câmara Municipal de Évora
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trabalhos Pianista: Joana Gama Trabalho final de mestrado
Prelúdio das Bachianas Brasileiras n.º 4 para piano de Heitor Villa-Lobos Local: Colégio Mateus de Aranda, dia 13 de Janeiro de 2010
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prémios
João Diogo Leitão Mensão Honrosa no nível superior de guitarra clássica, do prémio Jovens Músicos, promovido pela Antena 2.
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Professor
Jorge Araújo
Eis a entrevista que afaga o coração dos artistas, com uma visão empreendedora, valorizando o ramo das artes e suscitando ideias sobre a importância que lhe é conferida. Aqui fica o agradecimento ao Professor Jorge Araújo, com quem tivemos o agrado de conversar...
entrevistame Antigo reitor Jorge AraĂşjo
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“Só há um futuro possível: o da excelência. Neste mundo, não há lugar para a mediania.”
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nversar...
Jorge Araújo, quatro mandatos como Reitor da Universidade de Évora.
O que é que o impulsionou a investir na criação de Departamentos de Artes na Universidade de Évora? O facto de ser biólogo e de, nessa qualidade, saber um pouco sobre a origem do homem e do papel da arte no desenvolvimento das capacidades mentais. A primeira manifestação comportamental que nos distingue dos chimpanzés, não é o recurso a utensílios mas a criação artística, que pressupõe a abstracção. E ainda hoje, no processo de desenvolvimento neuronal do nosso cérebro, a Arte (quer pela criação, quer pela contemplação) tem um efeito potenciador da riqueza das conexões neuronais que predispõem para a criatividade. Ora, o que se espera, hoje, de uma Universidade, é que se assuma como um ginásio da mente. Não só nessa perspectiva, mas também porque as Artes, como as Ciências aliás, são componentes essenciais da cultura, afigurou-se-me ser essencial, no projecto que concebi para a UÉ (em 1994!) que essas duas grandes vertentes da actividade humana, ombreassem e se fertilizassem mutuamente. Quais foram os primeiros passos a dar para a criação de uma Escola de Artes? Consistiram em ouvir pessoas que podiam contribuir para a reflexão sobre essa aventura e nos apoiassem no delineamento dos curricula. E também encontrar académicos e profissionais capazes de assumir a docência. Cometemos muitos erros, como se cometem sempre quando nos aventuramos a abrir caminhos onde eles não existem. Mas se os não tivéssemos cometido, hoje não teríamos a Escola de Artes. E quais as principais lutas para o seu desenvolvimento e afirmação? A principal luta foi contra algumas mentalidades (que assimilam cultura a agricultura), para as quais as Artes eram uma espécie de fantasia do Reitor, uma cravo na lapela, mas com custos elevadíssimos para a Universidade. Não entenderam que foram as Artes que contribuíram para a sustentabilidade da UÉ quando acabaram os cursos de formação de professores, quando muitos dos cursos científicos e as licenciaturas do grupo das Ciências Agrárias deixaram de ter “clientes”: porque nunca faltaram alunos nos cursos artísticos e são financiados pelo Estado, em geral, a um nível mais elevado do que os outros.
Teve de esperar muito para que o projectodas novas instalações fosse aceite? Como vê o desenvolvimento das instalações? Mais de uma dezena de anos! Desde a tentativa de aquisição da Casa Sepúlveda, onde hoje é o Hotel “Mar d’Ar – Aqueducto” à reconversão do Convento de São Bento de Castriz, várias soluções foram equacionadas. O arrendamento do Convento do Carmo foi sempre entendido como uma solução provisória. Felizmente que, em 2005, tivemos apoio financeiro do Governo para recuperar a Fábrica dos Leões e, mais tarde, autorização para a operação de leasing que nos permitiu adquirir o edifício da Academia de Música, que é hoje, o Colégio Mateus d’Aranda. Um balanço dos pontos positivos e negativos do seu projecto? Objectivos atingidos O principal objectivo foi atingido: a Escola de Artes está criada e, com excepção do Teatro, os Departamentos estão genericamente bem instalados. Embora o corpo docente ainda não este-ja consolidado, integra excelentes profissionais e tende para um bom equilíbrio entre estes e os de carreira académica. Num ponto, pelo menos, o projecto falhou: a Dança não se concretizou. Como vê o desenvolvimento da Escola hoje e como gostaria que fosse no futuro? Só há um futuro possível: o da excelência. Neste mundo, não há lugar para a mediania. Ou se é excelente e consegue-se drenar apoios de todos os lados, ganhar notoriedade internacional e atrair bons docentes, bons. profissionais e bons alunos, ou soçobra-se. A antiga fábrica vai deixar saudades? A antiga fábrica é um tesouro de saudades: desde logo, daqueles que nela trabalharam, quando ela era uma grande unidade de produção de massas alimentícias na região que foi considerada “o celeiro de Portugal”. Depois, dos alunos que, embora “passando as passas do Algarve” com o frio e chuva a entrar pelas janelas de vidros partidos, ali deram os primeiros passos na aprendizagem das suas artes e viveram, porventura, os seus primeiros amores. A velha Fábrica tinha o seu quê de romântico e remetia-nos para o imaginário de séculos passados.
entrevistame Antigo reitor Jorge AraĂşjo
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DESASSOSSEGO A curta-metragem “Desassossego”, para maiores de 14 anos, financiada pelo Instituto de Cinema e Audiovisual e pela RTP foi rodada no Departamento de Artes Visuais e Design, no Complexo dos Leões, de Fevereiro a Maio de 2009. A
artigo
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“se um pode os outros não deixam” versão final estreou no Festival Monstra no passado dia 20 de Março no cinema S. Jorge, em Lisboa. As marionetas e cenários estiveram em exposição no Museu da Marioneta, de 12 de Fevereiro a 18 de Março de 2010.
108 Depois desta exaustiva cronologia podia já nem fazer sentido escrever este artigo, mas nós, enquanto alunos do Departamento, tivemos a sorte de poder assistir de perto ao decorrer do processo de produção desta curta-metragem. Nos corredores dos Leões fluía a curiosidade de quem por lá passava. Muitos interessados espreitavam a sala escura, ficando instantaneamente surpreendidos com o trabalho que lá se desenvolvia. Consumava-se então, um filme de animação de volumes em stop-motion, intitulado “Desassossego”, realizado pelo italiano Lorenzo degl’Innocenti e produzido pela “Sardinha em Lata”, envolvendo uma vasta equipa de colaboradores. Conversámos com o realizador…Lorenzo evita comparações a outros realizadores e assume não ter qualquer referência específica, acabando por confessar uma predilecção pelo pintor Egon Schiele. Na sua juventude queria ser pintor, gostava de cenografia, gostava imenso de BD e chegava a
comprar brinquedos dos anos 70/80, «via filmes de animação até morrer». Antes de vir para Portugal também trabalhava numa charcutaria; cenário privilegiado em que se desenrola “Desassossego”. Coincidência? A ficção e a realidade, aqui a ficção num exagero - uma caricatura. Coincidências que são modelos de experiências pessoais, que inspiram o processo criativo. Para a criação das personagens foi de grande ajuda um olhar atento sobre as características comuns de cada pessoa no seu dia-adia, o qual resulta posteriormente num misto de traços que são caricaturados nos personagens da história. Ivan tem um pouco do seu criador, mas o resto é fantasia. Esta personagem já latente no imaginário de Lorenzo, só mais tarde deu origem à história que partiu de si. O argumento de “Desassossego” nasceu por acaso como acontece em tantas outras histórias. Falemos agora dos bonecos que lhe dão vida, Ivan, o personagem principal, vive enclausurado na sua
A charcutaria de Ivan aparece-nos como uma réplica em ponto pequeno de um verdadeiro estabelecimento do género. Os pormenores foram minuciosamente cuidados. Presuntos, queijos, bacon, café, azeite, chá, água ou comida de aspecto apetitoso, rótulos de frascos, mas tudo feito à mão com resinas e outros materiais, preenchem o balcão e prateleiras. É maravilhoso perceber que apenas 20 minutos de filme são fruto de horas e horas, longas horas de trabalho árduo. No cinema de animação o material utilizado tem de ser mais resistente e maleável, visto que os modelos têm que durar meses, pois para cada segundo de filme são necessários, aproximadamente, 24 frames. O segredo da boa expressividade do boneco é um bom animador e deve representar o seu interior. Todas as personagens contêm um esqueleto de alumínio articulado por esferas. Foram desenhados pela equipa do projecto e produzidos em Londres. Existiram dois “Ivans”
diferentes cuja função foi a de auxiliar a animação ao enriquece-la com planos diferentes passíveis de imprimir ritmos diferenciados de trabalho. A música, revela o realizador, pode estragar um filme bem como pode, igualmente,criar momentos mágicos. No caso de um filme de animação mudo, como o “Desassossego”, a sonoplastia é muito importante e toda a expressividade dos bonecos essencial. Para tornar a mensagem universal Lorenzo optou pela ênfase da linguagem gestual: a moeda que risca o balcão, o miúdo que segura o ranho ou o balançar das nádegas da senhora, são momentos expressivos que pontuam uma boa animação e que vivem em equilíbrio com uma boa sonoplastia. Neste filme existem vários desses momentos que nos deixam vidrados, mesmo na ausência de palavras. Ora, no final do dia, o senhor Ivan bem poderia dizer: “Se um pode os outros não deixam…”, uma frase dos bastidores reveladora da sempre boa disposição
existente entre os colegas de trabalho da equipa do “Desassossego”. “O segredo é acreditar, a sociedade já por si é muito castradora”, diz Lorenzo, sempre indicando que há certas escolhas não têm futuro mas que, não obstante a dúvida, é preciso fazer um esforço. O final da história? Se não sabem, não conto! Mas desafio-vos a assistir à fantasia real de que se veste “Desassossego”.
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rotina diária muito entediado pelo seu trabalho (numa charcutaria) e refugiando-se no sonho de vir a desenhar móveis. Alimentado por um desassossego crescente, Ivan é movido por um temperamento criativo e inconformado que culmina numa situação surpreendente. Imaginem que limpam um chão e que um “finório” desconhecido atira um cigarro para esse chão. Em “Desassossego”, nesse momento, os valores são subvertidos levando à reflexão sobre o que é o bem e o mal … Até ao fim, o espectador é induzido a acreditar num final que posteriormente... – Obviamente que perguntei ao realizador como terminava o filme, mas neste caso, acreditem, não tem mesmo graça revelar-vos o fim. Voltemos à história… A ambiência é feita de contrastes: o colorido dos adereços, das personagens, o céu azul em contraponto com o escuro dos cenários que remetem para um meio entre Florença e Lisboa, as cidades que marcaram o percurso do realizador.
...o sonho não é impossível...
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porque não Tomás Cunha Ferreira
acabarcomeçar
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Acabarcomeçar – palavra nova numa fórmula estratégica do poeta Haroldo de Campos para a sua própria escrita: “escrever para acabarcomeçar com a escritura”. Primeiro acabar, depois começar. Inverter a sequência natural, com tudo o que esse movimento implica: acabar antes de ter sequer começado; começar depois de já ter acabado. Mas uma segunda leitura acrescenta outro modo e outro movimento sem sequência: a colagem de duas palavras numa, dita de uma só vez, indica um gesto único - acabar como quem começa e começar como quem acaba. Na sua constituição a fórmula sublinha uma ligação, uma costura, no ponto onde sem que se esbatam, o acabar acaba e o começar começa. Sem perderem as suas propriedades, um verbo ecoa no outro, acabar e começar tornam-se um verbo só. “Unir o fim ao princípio”, mas também acabar e começar ao mesmo tempo e, então, sem ordem, sem princípio, meio ou fim. Um verbo – acabarcomeçar- que é uma imagem, dada de uma só vez. Múltipla, una, condensada. Incluindo um corte para trás, e um corte para a frente – passado e futuro, a fórmula indica sobretudo um ponto no presente. Podemos arriscar e dizer que esse ponto no presente é comparável ao “ponto crítico” de que nos fala Walter Benjamin no “Livro das Passagens”: “A marca histórica das imagens não indica apenas que elas pertencem a uma época determinada, ela indica sobretudo que só chegam à legibilidade numa época determinada. E o facto de chegar à “legibilidade” representa certamente um ponto crítico determinado no movimento que as anima.” O ponto no presente oscila entre acabar e começar. Como membrana, esse ponto entre acabar e começar, indica que se trata não de oposição, mas de integração. Integrar aquilo que é diverso, num mesmo acorde. Não estar entre, mas durante. Um sim sem restrições. Um acordo entre dissonâncias. “Não é que o passado lance a sua luz sobre o presente, nem que o presente lance a sua luz sobre o passado. Inversamente, uma imagem é aquilo em que o outrora se cruza com o agora formando uma constelação.” (Walter Benjamin, “Livro das Passagens”) Entre membranes, como membrana, a pintura é mais ágil. Acabarcomeçar: sem princípio nem – fim. Os pintores Phillip Otto Runge e Blinky Palermo, em séculos diferentes, deram o mesmo título a um grupo de pinturas: Tageszeiten: As Horas do Dia. Um grupo de quarto gravuras, no caso de Otto Runge, e quarto pinturas sobre alumínio, no caso de Palermo. Quatro trabalhos, um para cada hora no ciclo de um dia: unindo o fim ao começo, unindo a noite à manhã, mas não como um círculo fechado, e sim um círculo sem limite, que prossegue sempre – acabarcomeçar.
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O poema intimida, como um retrato (Defende o venéreo) O poema apavora ou derrete… A F A S T A ? aproximaaproximaaproximaaproximaaproximaaproximaaproxima... (Assombra o venéreo…) O poema não sucede, guarda-se e... -Não me canso de não dizer nada… -Com todo o gosto, não tenha duvidas! É que eu já li poemas como tu e já servi os largos borrões E através dos largos borrões dediquei-me ao afável estado O poema esmaga ou eu não digo que isto não continua -Mas quem pode levar isso a mal, isso dos poemas…? - Tu, que não sabes rir de um dia mau. Porque é que é assim? Porque não é assado… Nada que não se diga e não seja suportável A F A S T A ? aproximaaproximaaproximaaproximaaproximaaproximaaproxima... - Não sei... O poema diz que não se sucede, parece fino e deve repousar...
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01 índice
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editorial
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história dos leões Ommolortie ea conse tem irillan henisi. Odolestrud diam volorting eugue vel ut nostrud tie tatue commolore euipsusto dipis eriustio odolore dolent aliquis nit acilis alit la alit am zzrit lor iliquam at, conse eui elenit, voluptat praesse tat ute feuguero consequat exeriuscil ut wisl et ullute commodo loborperos nis
artes visuais 48 perfil
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Pit, sumsan exerat. Tem augue te dolore vel er at. Duis aliqui te dio dolutpat.To et wisl ipisim velit laorem lm. Ommod diam venibh enibh erat do
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Duis nosto et adit volortie commodiam, velit velis auguerit, core feuis dunt adit lorper iriurero core dion ex endiat, si. Ullam, cons ad molore etuerat dolortie
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50 trabalhos erostinci ercipis doloborem quamcomdolobore magnis numsandre do 60 prémios modo con ut nullum ilisi tat ulla feu faciduiBortio euguerci elent duis aliquisi. Od tionullute modiam, sim ex ecte magna adignibh er
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