Revista Minérios & Minerales - Nov/Dez 2015 - Edição 376

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ano XXXIX - nº 376 - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2015 - R$ 12,00

Dedicada à Redução de Custos, Aumento de Produtividade e Manutenção Industrial na Mina e na Planta Dedicated to Cost Reduction, Productivity, Industrial Maintenance at the Mine and Plant

Especial Barragens

Tudo que a Engenharia dispõe para evitar novos acidentes Minério de ferro Programa consistente já reduziu em 41% os custos de produção na Vale Tecnologia Sistema anticolisão começa a se difundir nas frotas das minas



ANO XXXIX - Nº 376 - Novembro/Dezembro 2015

04. Editorial Diretor Editorial/Editorial Director Joseph Young Editora/Editor Lílian Moreira lilianmoreira@revistaminerios.com.br Redação/Editorial Staff Guilherme Arruda Publicidade/Advertising Henrique Schwartz Fernando Balbo comercial@revistaminerios.com.br Arte/Art Fabiano Oliveira fabiano@revistaoempreiteiro.com.br Produção gráfica e diagramação Graphic design and production Cotta Produções Gráficas atendimento@cotta.art.br Circulação/Circulation circulacao@revistaminerios.com.br Sede/Main Office

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A revista Minérios & Minerales Extração & Processamento é uma publicação mensal, dirigida verticalmente em circulação controlada aos técnicos e executivos que exercem cargos de diretoria, gerência e supervisão das empresas de mineração, metalurgia e siderurgia, órgãos governamentais e companhias de engenharía e tecnologia mineral Tiragem - 12 mil exemplares Siga-nos no Twitter: @RevistaMinerios Total Circulation - 12,000 copies

Acidente de Mariana deixa a engenharia brasileira na berlinda

05. Coluna do Mendo

2016 e a Mineração Brasileira

08. Investimento

Amarillo dá mais um passo no projeto Mara Rosa

BHP Billiton busca redução de custos em cobre

Mineração e o timing para investir

Austrália estuda medidas de incentivo à mineração de urânio

12. Agregados

Produtor atualiza frota de escavadeiras

Demanda fraca barra crescimento do setor

Sistema de classificação extrai produtos comerciais de finos

A geração XPower de carregadeiras Liebherr

18. Barragem

Tragédia de Mariana coloca engenharia geotécnica em alerta

Tecnologias sísmicas aprimoram ensaios de monitoramento em barragens

Samarco mobiliza 686 funcionários e terceirizados

São Paulo irá avaliar barragens de mineração

Programa visa à recuperação ampla do Rio Doce

Tecnologia permite verificar em tempo real percolação de água nas estruturas

Monitoramento Integrado de Barragens Brasileiras

28. 200 Maiores Minas Brasileiras

Mineradoras que receberam destaque na edição deste ano

30. Minério de Ferro I

Minas-Rio implanta 12 sistemas de automação para suporte ao ramp-up

32. Frota

Hexagon Mining une soluções anticolisão e de gestão de frota

Anglo American investe US$ 2 milhões em sistema anticolisão

33. Tecnologia

Conexpo aposta no potencial dos setores de construção e mineração da América Latina

Heringer aposta em treinamento e manutenção preventiva para ganhar produtividade

Carajas implementa solução da Modular Mining

Metso amplia foco no mercado de fertilizantes

Britadores móveis ajudam a reduzir consumo de pneus

37. Minério de Ferro II

Vale reduz custo de produção de minério de ferro em 41%

Itaminas aumenta durabilidade e reduz tempo de manutenção de bombas

Parada automática de transportadores operando vazios

40. Processos

Densímetro-amostrador não radioativo reduz perdas de material no beneficiamento de minério de ferro

41. Moagem

Novo sistema de controle de inversores explora o potencial da prensa de rolos de alta pressão

42. Clipping Crédito da capa: barragem de rejeito na mina Cuiabá, da AngloGold Ashanti, em Sabará, Minas Gerais (Foto – Terramil Construções e Terraplanagem/2011).

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Nov./Dez. 2015 | 3

Sumário

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Foto: Blog do Planalto

Acidente de Mariana deixa a engenharia brasileira na berlinda

Editorial

Foto: Paracatu News

Lama no rio Doce, na cidade de Resplendor (ES)

Foto: Northern Alaska Environmental Center

Barragem da Kinross em Paracatu (MG)

Foto: Tecnodefesa

Típica barragem de mina de ouro

Uso de drones associados a softwares de processamento de imagens pode facilitar as inspeções das barragens

4 | Nov./Dez. 2015

O

s chamados barrageiros devem estar incrédulos: a mesma engenharia que ergueu as hidrelétricas de Paulo Afonso, Furnas, Ilha Solteira e Itaipu assistiu impotente ao rompimento da barragem de rejeitos de Fundão em Mariana (MG), provocando um desastre ambiental de proporções poucas vezes vistas. Criou-se uma “tempestade perfeita” quando se juntou a ausência de fiscalização e monitoramento efetivos pelos órgãos públicos, presumidos erros graves na operação da barragem e planos de contingência ineficazes contra um acidente dessa natureza e dimensão. As empresas de engenharia acompanharam a tudo isso de braços cruzados — por que não foram mobilizadas em tempo hábil? Os mais experientes projetistas de barragens, o instrumental mais atualizado de monitoramento (que pode ser feito em tempo real), as técnicas tradicionalmente empregadas para reforçar as fundações e a estrutura de barragens — tudo isso aparentemente ficou ocioso, assistindo de longe ao desenrolar desse trágico acidente que poderia ter sido evitado. O estado da arte da engenharia poderia ter sido aplicado desde a fase de projeto, passando pela construção da estrutura da barragem e seguindo-se à operação da mesma. As entidades de engenharia precisam se posicionar nesse cenário pós-desastre, para assegurar que tais acidentes não se repitam. Estamos nos referindo a 662 barragens, segundo levantamento do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). E as instituições governamentais têm obrigação de recomendar as melhores técnicas disponíveis no mercado para os trabalhos de reconstituição das regiões atingidas, incluindo a reconstrução da infraestrutura básica e a recomposição do ecossistema. E prevenir a repetição desses acidentes, que ocorrem de tempos em tempos, como se fosse inexorável. Nem a desculpa recorrente de carência de quadros técnicos para realizar trabalhos de campo se sustenta. O uso de drones para fotos aéreas, somado a softwares de processamento de imagens, que conseguem reconstituir o cenário real em detalhes, tornou esse argumento inócuo. No Japão, empresas privadas realizam esse serviço e colocam num site na internet essas imagens em 24 horas, para acesso irrestrito da população. Quando a informação é clara, acabam as especulações e boatos. Que não se repita mais do mesmo. Um acidente parecido, mas de menor escala, ocorreu há 14 anos em São Sebastião de Águas Claras e atingiu o ribeirão Taquaras, no município de Nova Lima (MG). A empresa responsável — Rio Verde — cumpriu as determinações estabelecidas pelos órgãos estaduais, reconstruiu a estrada que liga a BR-040 e levantou outra barragem. Mas moradores da região reclamam que o ribeirão é hoje um filete d’agua quando antes era quase um rio, com bagres e lambaris. As condições originais do meio ambiente atingido ainda vão demorar a voltar. Conclusão: vale mais gastar cem mil reais em prevenção do que xis vezes mais em reparos... Editorial originalmente publicado na edição no 547 (novembro 2015) da revista O Empreiteiro, publicada pela mesma editora da Minérios & Minerales.


José Mendo Mizael de Souza* mendodesouza@jmendo.com.br

É da natureza humana saudar o Ano Novo com esperança e as melhores expectativas: convido-os a fazer o mesmo com a nossa Mineração, eis que, em que pesem os inúmeros desafios a vencer, o mais importante está em nossas mãos - a crescente demanda por bens minerais, bens minerais estes essenciais à Qualidade de Vida almejada pela Sociedade. Nunca é demais lembrar o que nos coloca a U.S. National Academy of Sciences, a saber, que “Nos Estados Unidos, todo ano, cerca de 11,3 t de novos minerais devem ser proporcionadas, por habitante, para se fabricar os itens de uso diário de cada pessoa - e um crescente número desses minerais são importados”, assim como Stephen Kesler, no que respeita à demanda mundial por minerais em 2050: “Considerando uma estimativa média de 9 bilhões para a população global em 2050 e assumindo que cada pessoa adicional irá demandar um pouco menos que os atuais habitantes demandam, esse aumento da população poderia levar a um aumento de 25% da demanda por minerais, até 2050”. E, também, que, enquanto País, temos uma Política Mineral clara, precisa e concisa, a saber, aquela constante da Exposição de Motivos do vigente Código de Mineração (DL nº 227, de 28.FEV.1967), a E.M 6/67 - GB, de 20.FEV.1967,a saber: “I - Estimular o descobrimento e ampliar o conhecimento de recursos minerais do País; II - Utilizar a produção mineral como instrumento para acelerar o desenvolvimento econômico e social do Brasil, mediante o aproveitamento intenso dos recursos minerais conhecidos, quer para consumo interno, quer para exportação; III - Promover o aproveitamento econômico dos recursos minerais e aumentar a produtividade das atividades de extração, distribuição e consumo de recursos minerais; IV - Assegurar o abastecimento do mercado nacional de produtos minerais; V- Incentivar os investimentos privados na pesquisa e no aproveitamento dos recursos minerais; VI - Criar condições de segurança jurídica dos direitos minerais, de modo a evitar embaraços ao aproveitamento dos recursos minerais e estimular os investimentos privados na mineração”. Logo, nosso desafio é, na realidade, fazer acontecer. E para tanto, nunca é demais ter sempre em mente o que nos colocam Robert S. Kaplan e David P. Norton em seu livro “A Execução Premium”, no Prefácio do mesmo, ao se referirem ao seu segundo livro, “Organização Orientada para a Estratégia”, no qual destacaram seus 5 (cinco) princípios gerais, a saber: “(i) Mobilizar a mudança por meio de liderança executiva; (ii) Traduzir a estratégia em termos operacionais; (iii) Alinhar a organização com a estratégia; (iv) Motivar para transformar a estratégia em tarefa de todos e (v) Gerenciar para converter a estratégia em processo contínuo”. Por seu turno, o “Plano Nacional de Mineração 2030: Geologia, Mineração e Transformação Mineral” do Brasil, documento bastante bem elaborado, que contou com a participação de dezenas de profissionais qualificados e experientes, e que se apoiou nos 84 Estudos “em áreas relacionadas ao setor mineral, como política e economia mineral, geologia, mineração, transformação mineral, estudos específicos e estudos consolidados, além do histórico e de perspectivas de evolução macroeconômica setorial da economia brasileira e mundial em logo prazo, análise da competitividade do setor, entre outros”, elaborados pela J.Mendo Consultoria Empresarial Ltda., vencedora da concorrência internacional do Banco Mundial a respeito (Plano e Estudos estes disponíveis para leitura e/ou download em www.mme.gov.br), já elenca “os objetivos estratégicos definidos e as ações previstas”. Ou seja: já temos pronto o que deveremos fazer e os respectivos fundamentos. Então, é partirmos para a ação, a começar pela manutenção do nosso Atual Código de Mineração - que já presidiu todos os booms da Mineração brasileira e tem toda condição de presidir os futuros -, naturalmente atualizando o seu Regulamento (Decreto nº 62.934, de 02.JUL.1968) e cumprindo toda a legislação aplicável à atividade minerária - ambiental, econômica e social, tendo sempre como objetivo o Desenvolvimento Sustentável -, bem como dedicando especial atenção à permanente qualificação dos recursos humanos dedicados à nossa Indústria de Produção Mineral. Ação e Fé no Futuro, pois, e Excelente 2016 para todos nós!. *Engenheiro de Minas e Metalurgista, EEUFMG, 1961. Ex-Aluno Honorário da Escola de Minas de Ouro Preto. Presidente da J.Mendo Consultoria Ltda. Fundador e Presidente do Ceamin - Centro de Estudos Avançados em Mineração. Vice-Presidente da ACMinas - Associação Comercial e Empresarial de Minas e Presidente do Conselho Empresarial de Mineração e Siderurgia da Entidade. Coordenador, como Diretor do BDMG, em 1976, da fundação do Instituto Brasileiro de Mineração - bram. Como representante do Ibram, um dos 3 fundadores da Adimb Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira. Ex-Conselheiro do Cetem - Centro de Tecnologia Mineral do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

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Coluna do Mendo

2016 e a Mineração Brasileira




Amarillo dá mais um passo no projeto Mara Rosa Com o arquivamento de inquérito de passivos ambientais pelo Ministério Público, a Amarillo Gold pretende obter Licença Preliminar do seu projeto de ouro no 1º trimestre de 2016

Foto: Amarillo

Mineradora aguarda data da audiência pública do projeto Mara Rosa

ouro Mara Rosa recebeu uma avaliação econômica positiva de um estudo de pré-viabilidade (NI 43-101 Coffey Mining). Antes de arquivar o caso, a justiça de Goiás chegou à conclusão de que a empresa demonstrou que os danos ambientais causados pela atividade de mineração anterior não eram significativos. Com este parecer, a empresa pretende acelerar a tramitação do pedido de Licença Preliminar. A mineradora foi informada pela Secima que a apreciação final de nosso pedido é iminente. Nos próximos meses, a Secima e o MP se reunirão para decidir quando será realizada a audiência pública,

que apresentará o projeto à comunidade para receber contribuições e comentários. A Licença Provisória será concedida logo depois da audiência pública. “A empresa vinha mantendo o foco no processo de licenciamento por algum tempo e isso exigiu paciência. A revisão pelo MP causou parte desta demora. Também provocou atrasos o fato de sermos uma das primeiras minas em Goiás a receber a permissão por um novo decreto sobre o meio ambiente (2012). É possível que todo o processo seja encerrado durante o primeiro trimestre de 2016”, afirmou Buddy Doyle, presidente e CEO da empresa.

BHP Billiton busca redução de custos em cobre

D

iante das recentes quedas do preço do cobre, a BHP Billiton anunciou planos para reduzir os custos de produção do metal para US$ 1,08 por libra até 2017. Segundo informações da companhia, a redução do custo de produção, que visa manter as margens de lucro e a sustentabilidade do negócio, será obtida por soluções diferenciadas em relação à água e energia nas operações no Chile. De acordo com Daniel Malchuk, presidente da divisão de cobre da BHP Billiton, a empresa tem boas perspectivas a longo prazo para o mercado de cobre em função de uma previsão de redução da oferta até o final de 2020, queda dos investimentos do setor, falta de grandes projetos e crescimento da demanda da China e países emergentes. Segundo o executivo, o portfólio da BHP Billiton é composto por ativos robustos, projetados para uma extensa vida útil e alta competitiva em relação a custos. A previsão da empresa é que a sua produção de cobre atinja 1,7 milhão t em 2017. “O negócio de cobre da companhia vai ganhar impulso ao longo dos próximos dois anos, com menores custos e maior produção nos nossos principais ativos”, ressaltou em nota Malchuk. Segundo ele, o atual excesso de oferta é o principal motivo para a desvalorização dos preços do metal. 8 | Nov./Dez. 2015

Foto: BHP Billiton

Investimento

A

Amarillo Mineração do Brasil recebeu, em reunião realizada em novembro de 2015, a notificação por escrito de que o Ministério Público (MP) decidiu arquivar o Inquérito Civil Público referente aos efeitos ambientais causados por antigas atividades minerárias no projeto Mara Rosa, localizado no município de mesmo nome em Goiás. A promotoria de justiça do estado considerou que a investigação de passivo ambiental e os dados de monitoramento apresentados foram realizados a contento, recomendando que os representantes da empresa sigam com o processo de licenciamento ambiental junto à Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima) do Estado de Goiás. A mina de Posse, em Mara Rosa, contém 1.174.900 onças medidas e inferidas de ouro, contidas em 20,85 MT com 1,75 g/t Au, e 156.400 onças de ouro inferidas em 3,63 MT a 1,38 g/t Au (cut-off grade de 0,5 g/t) (jazida de acordo com a norma NI43-101 confirmada de forma independente pela Australian Exploration Field Services Pty. AEFS). De acordo com informações da empresa, o projeto de

Produção de cobre em 2017 poderá chegar a 1,7 milhão t



Mineração e o timing para investir

10 | Nov./Dez. 2015

produtividade, uso mais eficiente de energia e menor custo de produção. Em momentos em que a economia está desacelerada, a grande questão a ser respondida é “quem acredita na retomada do mercado” e, por conseguinte, investirá primeiro. O que se observa na maioria dos casos é que a empresa líder de mercado é quem decide primeiro se investirá e o momento mais adequado para fazer isso. As demais, seguidoras, após observar a decisão da líder, irão avaliar o que fazer. Entretanto, a redução da vantagem competitiva do líder em relação aos demais players implica antecipação da realização do investimento por parte da seguidora. A antecipação inteligente acontece quando o mercado ainda não vislumbrou completamente a retomada. Para ilustrar, um investimento de médio porte, greenfield, leva, em muitos casos, ao menos 15 meses para ser operacionalizado (isso sem levar em conta o prazo para a obtenção das licenças obrigatórias). Nessa fase estão contempladas principalmente as etapas de engenharia, com a definição do conceito do projeto, e a engenharia básica, ou seja, o nascedouro de qualquer projeto. Em termos financeiros, a engenharia aqui citada representa uma parcela muito inferior a dois dígitos do custo total do projeto. O fundamento conceitual do projeto, quando realizado com diligência e qualidade, implica menor necessidade de modificações ao longo da sua implementação, manutenção do orçamento original, menos retrabalho e principalmente, cumprimento de prazos. Em todos os cenários, de horizonte mais claro e momentos de pico de alta de preço, observa-se naturalmente uma corrida por

Marcelo Xavier, diretor de Mineração da Pöyry para a América Latina

execução de projetos, o que certamente impacta a qualidade, o custo e a assertividade dos projetos, gargalos no fornecimento de máquinas e equipamentos e carência de mão de obra qualificada. Simples reflexo da lei de oferta e demanda. O setor de mineração atravessa uma fase interessante e sugere ser esta a hora ideal para se investir em projetos de engenharia de longo prazo por conta de custos mais baixos, disponibilidade de profissionais gabaritados, fornecedores dispostos a negociar preços e prazos factíveis. A dificuldade reside em convencer os acionistas de que um projeto de engenharia bem feito, que minimize riscos e custos de start-up da operação e que economize alguns milhões em investimentos, pode gerar retorno muito antes do esperado. (*) Marcelo Xavier, diretor de Mineração da Pöyry para a América Latina Foto: Magnetitenetwork

Investimento

O

momento atual é bastante crítico para a mineração no Brasil e, em especial, para o minério de ferro. Cotações de preços em queda, baixa demanda do principal mercado consumidor, dificuldade em atrair capital, conturbado momento econômico e político do País. Some-se a isso o fato de que a decisão de investir em projetos de mineração é muito complexa. Além da necessidade da realização de estudos para avaliar a viabilidade econômica, possíveis impactos ambientais e o elevado custo dos investimentos, as empresas interessadas precisam levar em consideração a competição existente entre as empresas do setor; a incerteza da demanda do produto; muito atrelada ao ritmo de crescimento da economia mundial, em particular da China; as flexibilidades gerenciais (para expandir as capacidades de produção ou de escoamento) e a questão da irreversibilidade dos investimentos. As estratégias de investimento precisam ser construídas a fim de que eles sejam realizados em momento ótimo, com o objetivo de maximizar o valor esperado do fluxo de caixa dos projetos. Muitas ferramentas de decisão podem e devem ser utilizadas, desde modelos tradicionais de avaliação econômica de projetos (TIR, VPL, Payback) até matrizes de decisão. Há, ainda, um fator muito importante, que é o timing, a hora de tomar a decisão de iniciar o projeto, dado que a oportunidade de investimento é limitada a uma “janela de oportunidade”, com a qual se busca a maximização do valor do projeto. Como alternativa aos projetos greenfield – de longo prazo e de alto investimento –, temos sugerido às mineradoras a adoção de ações pontuais em projetos correntes, com vistas à obtenção de melhorias na eficiência operacional. Além de exigirem prazo menor para sua implementação, estes projetos envolvem investimentos mais baixos e podem focar áreas específicas da cadeia produtiva. Um exemplo é a atualização de equipamentos como medida profilática para eliminar paradas não programadas para manutenção, que prejudicam o processo produtivo. Desse modo, os resultados são mais rapidamente percebidos, com reflexos no aumento de

Foto: Poyry

Por Marcelo Xavier*


Austrália estuda medidas de incentivo à mineração de urânio

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Foto: Australia Government

P

esquisa encomendada pelo governo australiano mostrou a potencialidade da indústria de mineração de urânio daquele país. Segundo o estudo, o setor tem capacidade de gerar 20.000 mil empregos diretos e indiretos até 2040, com receitas de A$ 9 bilhões, bem acima dos atuais 3 mil empregos e A$ 600 milhões. Para a viabilização dos aportes, os pesquisadores sugerem uma reforma política, que torne a Austrália um destino mais atraente para os investimentos em urânio, visando a geração de energia elétrica mais limpa, já que os reatores nucleares não emitem poluentes. “Os dados mostram que o potencial de expansão no setor de urânio da Austrália é substancial e está baseado em duas variáveis principais: crescimento na geração de energia nuclear em todo o mundo, e aumento da quota da produção global de urânio”, afirmam os pesquisadores em relatório. Apesar de ter quase um terço do urânio do mundo, a Austrália produz apenas 10% do mercado global. Com a reforma política e compromissos federais para aumentar a competitividade e a capacidade de atração de investimento, a Austrália poderia contribuir com uma parcela da produção global mais próxima da potencialidade das suas reservas, contribuindo para a geração de energia mais limpa.

Austrália possui cerca de um terço das reservas de urânio no mundo

Os economistas mostram que, no processo, a Austrália poderia colher benefícios substanciais em empregos e receitas de exportação; particularmente se as políticas governamentais de todo o mundo continuam a incentivar a redução de emissões na produção de energia. Tais cenários podem ver urânio australiano abastecendo tanto como 5% da geração de eletricidade do mundo com zero emissões que saem dos reatores nucleares. Segundo os pesquisadores responsáveis pelo estudo, isso seria uma excelente contribuição para a geração de eletricidade de baixas emissões. Nov./Dez. 2015 | 11


Foto: Pedreira Anhanguera

Agregados

Produtor atualiza frota de escavadeiras Grupo Anhanguera, com operações em oito estados, adquiriu máquinas novas e vislumbra a retomada do mercado de construção civil a longo prazo

C

om o objetivo de aumentar a eficiência da sua produção e estar preparada para o reaquecimento do mercado, a Pedreira Anhanguera, que iniciou suas atividades em 1943 em São Paulo (SP), vem realizando uma série de melhorias em suas unidades, localizadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Tocantins, Sergipe, Goiás, Maranhão e Pernambuco. Nos últimos dois anos, a companhia adquiriu três novas escavadeiras para as suas operações de Pindamonhangaba e Cajamar (SP); e duas para as plantas de Goiânia (GO) e Palmas (TO). Além disso, a mineradora passou a reprocessar suas ferramentas de desgaste, como dentes das escavadeiras, revestimentos das caçambas e chapas de proteção. Agora, esses itens são enviados para a unidade de fundição do grupo em Cajamar (SP) e, após serem processados, se transformam em matéria-prima para a fabricação dessas ferramentas. Na pedreira de Pindamonhangaba, localizada na cidade de mesmo nome no Vale do Paraíba (SP), a equipe conseguiu um aumento da produtividade com uma nova escavadeira 210-X2 da Link12 | Nov./Dez. 2015

-Belt (LBX). O equipamento, de 21,5 t, substituiu uma escavadeira alugada. Ela opera na mina que lavra um depósito de gnaisse com vida útil estimada de mais de 50 anos. Os furos para a etapa de desmonte são executados com o auxílio de uma perfuratriz PW 6000, em frentes com 10 m de altura por 20 m de largura. O carregamento dos furos, com explosivo tipo emulsão bombeada, e os planos de fogo são feitos pela Maxam, empresa especializada nesta atividade. Em média, a operação de desmonte ocorre uma vez por mês, dependendo da demanda do mercado. Então, os caminhões da empresa, ao todo nove veículos das marcas Volkswagen, Randon, Mercedes Benz e Ford, são carregados com rocha detonada. Matacos são quebrados com um rompedor hidráulico acoplado na escavadeira 210-X2. Após o carregamento, o material segue para as três fases de britagem, que possuem equipamentos Faço (atual Metso), tipo mandíbulas, 90/60, 120/40 e 90/26. Complementam o processo, os sistemas de peneiramento que separam os diversos tipos de produto por granulometria, como pedra 1, pedra 2, pó de pedra, pe-

drisco e cascalho. Para o 2016, a empresa pretende instalar uma balança na área de expedição e agilizar o carregamento dos caminhões de terceiros. Os itens de reposição, como as ferramentas de desgaste das escavadeiras, bits de perfuração, filtros, lubrificantes e graxas, são comprados diretamente pela unidade, com a supervisão da matriz do grupo em São Paulo. A manutenção da frota da unidade é feita por equipe própria, composta por três mecânicos. Outra medida implementada pela companhia em todas as suas unidades foi produzir apenas os produtos mais demandados pelo mercado, mantendo estoques que duram no máximo 15 dias – e entre eles estão: pedra 1, pedrisco, areia de brita e pó de pedra. Para a Pedreira Cajamar, situada na região metropolitana da capital paulista, a empresa comprou duas escavadeiras, uma 210X2, utilizada com rompedor hidráulico, e outra 350X2. As unidades de Tocantins e Goiás também adquiriram uma escavadeira 350X2, cada uma. Os equipamentos foram financiados diretamente pela LBX, sem intermediação bancária. Fundada em 1943 pelo empresário


Foto: Link-Belt

Nos últimos dois anos, a empresa adquiriu três novas escavadeiras para as suas operações de Pindamonhangaba e Cajamar (SP); e duas para as plantas de Goiânia (GO) e Palmas (TO)

Elysio Teixeira Leite como Pedreira Morro Grande, a mineradora nasceu no bairro da Freguesia do Ó, em São Paulo (SP). Em 1949, com a morte de Elysio, seu genro, Thomaz Melo Cruz assumiu a direção da pedreira. Em 1954, a

empresa recebeu o nome de Pedreira Anhanguera com a nova instalação às margens da Rodovia Anhanguera, em Cajamar. Em 1964, o grupo comprou o conglomerado Concreto Redimix, multinacional australiana com atividades

em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia. Logo após a aquisição, a empresa passou a fornecer concreto para a expansão da rodovia Anhanguera e outras estradas da região.

Demanda fraca barra crescimento do setor

D

e acordo com Fernando Valverde, presidente executivo da Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção Civil (Anepac), o setor de agregados deve fechar 2015 com um recuo de 40% no volume de vendas. A fraca atividade econômica e a diminuição das obras de infraestrutura e moradia impactaram no desempenho do setor, segundo Valverde. Para o ano que vem, Valverde prevê uma leve melhora, mas ainda um desempenho abaixo dos últimos anos. Segundo ele, a capacidade produtiva instalada do setor de areia e brita, que é de 870 milhões t por ano, está longe de ser totalmente ocupada. “Este ano é para ser esquecido. O ano que vem é uma incógnita em função da situação www.revistaminerios.com.br

politica e econômica que o País enfrenta. Posteriormente, projetamos uma retomada entre 3% a 4% ao ano, pelos próximos cinco anos. O consumo anual per capita deverá se elevar dos atuais 3,7 para 4,2 t agregados”, afirmou o executivo durante o encontro anual das associações ligadas ao setor – Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção (Anepac), Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado de São Paulo (Sindipedras) e Sindicato das Indústrias de Extração de Areia do Estado de São Paulo (Sindiareia). Além da queda na demanda por areia e brita, Valverde afirmou que o maior gargalo estrutural do setor refere-se à convivência com o entorno das minerações, causada pela falta de planeja-

mento dos governos, especialmente o municipal, que é o responsável pelo uso do solo. Ele ressalta que enquanto os planos diretores municipais não contemplarem a mineração como atividade de uso e ocupação do solo como as demais atividades econômicas, a tendência é o agravamento da situação. “A função principal do planejamento da atividade seria o de reservar e proteger áreas em extração e outras com potencial para serem explorados. Ainda persiste entre os administradores públicos a noção distorcida de que os recursos minerais para a produção de agregados para a construção são abundantes. Uma pedreira ou um porto de areia não passam de um “estorvo”. Quanto mais longe estiverem dos olhos dos cidadãos, melhor”, completa. Nov./Dez. 2015 | 13


Foto: CDE

Agregados

Sistema de classificação extrai produtos comerciais de finos Planta em Barbados adquiriu uma nova unidade de classificação para processar finos de britadores em projeto de extração de calcário de corais

A

norte-irlandesa CDE forneceu uma nova unidade de classificação para a pedreira de Lear, localizada em Barbados e pertencente à C.O. Williams. A companhia opera uma planta de britagem de calcário de corais, que processa 250 toneladas métricas de produto por hora. Esse processo gera mais de 35.000 toneladas métricas de agregados por mês, e a empresa também produz cerca de 18.000 toneladas métricas de asfalto por ano. De acordo com informações da empresa, a unidade produz uma grande quantidade de materiais com menos de 6 mm e altíssimo teor de finos e, como resultado, esse volume ficava estocado como produto residual nas instalações. “Os resíduos das operações de britagem eram uma preocupação constante para nós, e o alto teor de finos fez com que procurássemos uma unidade de classificação para tentar recuperar todo o material que pudesse ser usado como areia de construção ou em nossa pró14 | Nov./Dez. 2015

pria produção de asfalto”, explica Neil Weekes, gerente geral da C.O. Williams. Segundo levantamento da empresa, como parte do seu processo, existem quase 500.000 t de estoques residuais de material com menos de 6 mm a serem processados pelo sistema de classificação, e a unidade de britagem produz mais 500 t por dia desse material. De acordo com os engenheiros envolvidos no projeto, uma análise dos estoques residuais revelou uma proporção de 20% de calcário com menos de 63 micra. Uma análise adicional da peneira indicou que a entrada para a unidade de classificação de areia (menos de 2,4 mm) conteria 36% de material com menos de 63 micra. Esse fato exigia um sistema de classificação de passagem dupla personalizado, para reduzir esse material até um nível que possibilitasse que a areia classificada tivesse aplicação comercial. O espaço disponível nas instalações era limitado, e o acesso aos volumes de água

necessários para alimentar a unidade de classificação para realizar essa tarefa satisfatoriamente também era um problema. Neste cenário, a CDE criou um projeto que incluía a unidade móvel de classificação M2500, com o sistema de classificação de areia de passagem dupla personalizado. A unidade também inclui um sistema de circuito fechado para reciclagem de água, com a introdução de um espessador AquaCycle A400 e um filtro prensa com barreira lateral. A unidade final mede 45 m x 29 m, e a inclusão do filtro prensa com barreira lateral eliminou a necessidade dos poços de decantação. “Sem a introdução do espessador AquaCycle e o filtro prensa, o projeto não teria sido possível”, explica Weekes. ”O espaço que tínhamos disponível na pedreira de Lear era muito restrito, e apenas a natureza compacta e modular do projeto da CDE nos permitia gerar valor a partir dos estoques


Processo

A unidade móvel de classificação M2500 aceita 100 tm/h de calcário de coral britado, que é transferido para o deck superior da peneira de enxague de deck duplo integrada. O deck superior transfere o insumo com mais de 6 mm para um estoque de grande porte. Isso representa 10 toneladas métricas por hora (10%) do material inserido. O deck inferior da peneira produz materiais de 2,4 mm a 6 mm, que também são estocados por meio de um transportador integrado. Esse produto representa 31 toneladas por hora da entrada de material (31%). O material com menos de 2,4 mm é transferido do reservatório da peneira para o primeiro ciclone na unidade de classificação de areia EvoWash. Essa é a primeira passagem em que o ciclone possibilita a remoção eficiente do material com menos de 63 micra. O material de 63 micra a 2,4 mm é descarregado na peneira de secagem dupla, e a areia da rede, de 1,2 mm a 2,4 mm, é secada e estocada por meio do transportador integrado. Isto representa 13 t/h do material inserido (13%). A peneira dupla é configurada de forma que o material de 0 a 1,2 mm caia pelo reservatório da EvoWash antes de ser bombeado para o segundo ciclone, para uma classificação adicional. O segundo lado da peneira de secagem dupla aceita o subfluxo do ciclone e produz uma areia seca de 63 micra a 1,2 mm. Isto representa 26 toneladas por hora do material inserido (26%). Uma proporção dessa areia de 63 micra a 1,2 mm é misturada com a areia Nov./Dez. 2015 | 15

Pedreira de Lear, localizada em Barbados, pertence à C.O. Williams

Foto: CDE

residuais existentes, e garantir que no futuro possamos lidar com o material de menos de 6 mm proveniente de nossas operações de britagem de uma forma eficiente.” A nova unidade de classificação está gerando uma série de produtos que são utilizados em diversos tipos de aplicações – um material de 2,4 mm a 6 mm é empregado na produção de concreto, assim como a areia de 63 micra a 2,4 mm. O material de 2,4 mm a 6 mm também está sendo usado na produção de asfalto. A areia classificada de 63 micra a 1,2 mm é utilizada em processos de alvenaria para estruturas com blocos e estuque.

de 1,2 mm a 2,4 mm proveniente do primeiro lado da peneira de secagem dupla, para gerar um produto de 63 micra a 2,4 mm. A passagem dupla possibilita a redução da proporção do material com menos de 63 micra da areia, de 36% na entrada, para 3% no produto final. Nesse período, o excesso de fluxo dos dois ciclones transfere a água residual contendo o material com menos de 63 micra para o espessador. Os resíduos são despejados no ponto

mais alto da unidade de classificação de areia, o que possibilita a entrada de materiais pela força da gravidade dentro do espessador, eliminando a necessidade de um reservatório e uma bomba adicionais. À medida que a água residual entra no tanque do espessador, é adicionada a uma pré-mistura de floculante, proveniente da unidade de polieletrólitos FlocStation. Isso força todas as partículas finas a se juntarem e a descerem até o fundo do tanque, enquanto


Agregados

Contato iniciado na Coexpo

Neil Weekes afirma que a característica modular do projeto da CDE foi essencial, como resultado das condições específicas existentes na pedreira de Lear. “O espaço disponível na pedrei-

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Foto: C.O. Williams

a água limpa transborda da barragem periférica e é enviada a um tanque de armazenamento de água de concreto, antes de voltar a circular para a unidade de classificação. A introdução do AquaCycle é o primeiro estágio do processo de reciclagem de água, recuperando 85% da água de processo para reaproveitamento. “O AquaCycle consegue efetuar uma reciclagem de água significativa por si só, e sem o filtro prensa, a lama residual seria despejada em poços de decantação”, explica John Gallery, Gerente deste projeto da CDE. “As restrições de espaço nas instalações da pedreira exigiam a introdução de mais um estágio de gestão de lamas, uma vez que simplesmente não havia espaço para acomodar os poços de decantação.” A lama residual do espessador AquaCycle é inicialmente transferida para um tanque de concreto temporário, antes de ser enviada para o filtro prensa com barreira lateral. O filtro prensa aceita 20 toneladas métricas por hora de sólidos, e tem 110 placas. Esse material é pressionado a 15 bar, até gerar uma torta de filtro com 80% de teor de sólidos secos. A água extraída da lama neste ponto também retorna ao tanque de armazenamento de água para voltar a circular na unidade de classificação. A combinação do AquaCycle e do filtro prensa com barreira lateral é responsável por 90% da reciclagem de água da unidade, e reduz o volume de água de abastecimento necessária para alimentar a unidade de classificação a 36m 3 por hora. A torta de filtro é despejada em um compartimento abaixo do filtro prensa, que pode ser acessada por meio de uma pá carregadeira para remoção dos resíduos. “Buscamos ativamente a eliminação completa dos resíduos da operação, encontrando uma saída para as tortas de filtro. Esperamos ter sucesso nos próximos meses, com potenciais clientes do setor agrícola”, completa Weeks.

O mineral predominante em Barbados é o calcário do tipo processado pela C.O. Williams, cujas reservas ultrapassam 30 bilhões tm

ra era um obstáculo para nós, sempre que procurávamos uma solução para o volume de poeira de calcário britado que estávamos gerando”. “Apenas depois de vermos o equipamento da CDE na Conexpo, em Las Vegas, começamos a enxergar uma solução para este problema, e a capacidade de integrar um sistema de circuito fechado para reciclagem de água como parte da unidade permitiu que mudássemos para uma situação onde passamos a maximizar o volume de produtos provenientes da pedreira de Lear. Além de tornar nossa operação mais lucrativa, esse sistema garantiu a extração e o processamento mais eficientes das reservas da pedreira e tornou nossa operação mais sustentável a longo prazo”, ressalta Weekes. De acordo com John Gallery, da CDE, a característica modular da unidade de processamento também maximiza a eficiência do processo. “A eficiência de cada ponto de transferência dentro do sistema aumenta ainda mais o potencial da pedreira e de todos os nossos clientes de maximizar o volume de produtos e minimizar os custos operacionais, o que gera um excelente retorno sobre o investimento. A construção do equipamento também permite que a M2500 seja erguida 500 mm, para maximizar a capacidade de estoque e reduzir os movimentos de transporte nas instalações”. O projeto inclui ainda passarelas integradas à unidade, que facilitam a passagem por todo o equipamento, para fins de inspeção e manutenção. Isso facilita a passagem por toda a unidade de processamento, desde o ponto de entrada até o filtro prensa, o que reduz

o tempo de manutenção da unidade e maximiza o tempo de produção.

Uma fonte de areia alternativa em Barbados

O mineral predominante em Barbados é o calcário do tipo processado pela C.O. Williams, cujas reservas ultrapassam 30 bilhões de toneladas métricas, de acordo com estimativas do governo desse país. Contudo, a areia tem sido mais escassa, estando sua extração atualmente concentrada na área de Walkers, na costa nordeste do país. O site do governo de Barbados informa que “resta apenas um período seguro de cerca de 10 anos, antes que ocorram efeitos adversos no ambiente costeiro”. Embora existam reservas de areia disponíveis em outras áreas da ilha, elas não são facilmente acessíveis, uma vez que a areia dessa zona é mais consolidada e siliciosa. Levando todos esses fatores em conta, o desenvolvimento de uma fonte de areia alternativa a partir do calcário dos corais, que está sendo processada pela C.O. Williams, representa uma forma de reduzir a pressão sobre as reservas de areia existentes, e proporciona um produto de areia alternativo para o setor de construção. “Sir” Charles Williams fundou a empresa C.O. Williams em 1960, usando um único trator para oferecer serviços simples de terraplanagem e cultivo agrícola. Desde então, a empresa cresceu e se tornou uma das maiores empresas de construção civil e de estradas, prestando serviços em todo o Caribe, a partir da sede da empresa, em Barbados, e de suas unidades regionais, na Antígua e em Santa Lúcia.


Foto:s Liebherr

A geração XPower de carregadeiras Liebherr

A

Liebherr realizou um evento em Saint-Nabor, na França, para demonstrar os desempenhos das máquinas e equipamentos utilizados em pedreiras. Durante o encontro, que teve a presença de mais de 1.000 pessoas, a empresa expôs mais de 20 máquinas, como a escavadeira R 956, o trator de esteira PR 726 e a nova geração das carregadeiras de rodas de grande porte XPower. A escavadeira de esteira R 956, fabricada em Colmar (França), chega com um novo motor a diesel e tem um peso operacional de 60 t, oferecendo potência de 240 kW/326 bhp. Outra novidade refere-se ao trator de esteira PR 726. Lançado em setembro, a máquina tem um peso operacional entre 16.000 kg e 19.800 kg e seu motor diesel fornece potência de 120 kW/163 bhp. O PR 726 é impulsionado por um motor de 4 cilindros e cumpre a norma de estágio IV. A companhia demonstrou o desempenho da escavadeira de esteira R 946 para a remoção de material, assim como os modelos R 960 PME, R 966 e R 9100 com pesos operacionais de aproximadamente 60 t, 65 t e 110 t, respectivamente. A empresa exibiu ainda sua nova linha de carregadeiras de rodas XPower. No coração da máquina há um sistema de transmissão de energia-split, que combina uma transmissão hidrostática e mecânica. O acionamento hidrostático é projetado para operar em distâncias curtas que exigem ciclos de carga pequenos, enquanto a unidade mecânica é mais adequada para a condução de longa distância e subindo greide. De acordo com a empresa, a nova transmissão foi projetada para gerar uma economia de combustível de cerca de 30% em comparação com carregadores rígido convencional. O controle da força contínua em combinação com o diferencial automático de auto-bloqueio impede que as rodas escorreguem, reduzindo o desgaste do pneu em até 25%. Durante os quatro dias do evento, os visitantes puderam operar os equipamentos e conhecer as plantas da empresa em Colmar.

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Tragédia de Mariana coloca engenharia geotécnica em alerta Até fins de dezembro último, ainda não havia explicações conclusivas sobre a tragédia de Mariana (MG), atribuída a uma conjunção de fatores, entre eles problemas de erosão superficial e possível falta de atendimento a uma série de recomendações técnicas Nildo Carlos Oliveira que a engenharia geotécnica encontra-se em estado de alerta. É que barragens de rejeito – ou aterros controlados, conforme alguns preferem classificar esse tipo de construção – não podem jamais ser consideradas estruturas de importância menor. São obras que devem exigir o maior cuidado da engenharia, tanto durante a fase da construção, quanto nas fases posteriores. A rigor, um desastre, como o de Mariana, não poderia ter acontecido. Um engenheiro, que trabalha há anos em obras de barragens, com especialização prática em aterros controlados, diz: “Se há leis objetivas, que orientam projetos nesse segmento da engenharia (lastimavelmente a Lei 12.334, que estabelece a política de segurança de barragens, incluindo barragens de rejeito, é de 20 de setembro de 2010), elas têm de ser obedecidas e devem ser colocadas em prática por alguém que responda pelo emprego dos critérios que levem em conta a maior segurança”.

Recomendações técnicas

No caso das barragens da Samarco, controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton, há informações de que a consultora Vogbr realizou relatórios em 2013, 2014 e 2015, expondo uma série de recomendações. Nesses relatórios, ela

informava que a estrutura da barragem do Fundão “encontra-se em condições adequadas de segurança, desde que atendidas as recomendações com relação à estabilidade física constante no plano de ação”. Entre as recomendações estão as seguintes: acertar as irregularidades geométricas pontuais do talude de jusante; revegetar as áreas desprotegidas do talude do dique 1 e ombreira direita; monitorar vazão do tapete drenante do dique 1 e implantar projeto executivo para adequação e melhoria das saídas dos tubos; concluir a implantação do projeto executivo do sistema de drenagem superficial e reparar trincas de caneletas existentes; ajustar a geometria das bermas de forma a garantir uma declividade transversal com o sentido do fluxo para as canaletas de drenagem; realizar o monitoramento da vazão das surgências tratadas na ombreira direita, etc. Em resposta a um questionamento, a respeito dessas recomendações, o geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, informou: “A questão central está na verificação do cumprimento ou não das recomendações emitidas pela empresa auditora. Pela análise das recomendações, a barragem apresentava problemas de erosão superficial, por deficiência de seu sistema de drenagem superficial e falta de proteção de taludes; Foto: Mecanorte

Barragem

E

specialistas de diversas áreas da engenharia, especialmente da engenharia geotécnica, têm se movimentado em vários países, sobretudo, em diferentes regiões brasileiras, na análise da ocorrência de Mariana (MG), onde se romperam as barragens de Fundão e Santarém. O efeito desse desastre foi reconhecidamente devastador: cerca de 60 bilhões m3 de água e rejeitos oriundos do beneficiamento do minério de ferro soterraram a localidade de Bento Rodrigues, provocando 17 óbitos (até o fechamento da edição duas pessoas ainda permaneciam desaparecidas). A tragédia, do ponto de vista ambiental, é considerada a maior desse tipo já ocorrido no Brasil. A lama espraiou-se ao longo de mais de 600 km pelo curso do rio Doce e atingiu cerca de 10 km do litoral capixaba. Laudo preliminar do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) identificou destruição em 1.469 hectares de vegetação, abrangendo 77 km de cursos d´água, até em áreas de preservação permanente. Segundo o Ibama, as medidas para a reparação dos danos, “quando viáveis”, devem se prolongar pelos próximos dez anos. Laudo técnico circunstanciado, sobre as causas do desastre, ainda não foi elaborado. Mas alguns especialistas dizem

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a barragem poderia estar apresentando problemas de percolação interna de água, evidenciados pelo aparecimento de surgências e pelo cuidado na orientação de monitoramento do tapete drenante. E há recomendações para controle de compactação (ensaios de compacidade) e de análises de estabilidade”.

Aterro controlado

Foto: Globalgeo

O engenheiro civil geotécnico Cláudio Casarin, da Arcadis, dirige atualmente um projeto de disposição de rejeitos para a mina Pitinga, de cassiterita, no Norte do Amazonas, com previsão para 35 anos de operação futura. Ela envolve cerca de 175 milhões m³ de rejeito, a ser contido no fundo de um vale que já foi explorado como jazida, desde 1980, com a construção de quatro barragens de fechamento do vale e das selas laterais. Indagado sobre os cuidados para construir barragens de rejeito, que prefere chamar de aterros controlados, afirma: “Esses aterros são feitos de material pouco permeável e não se prevê uma drenagem franca do rejeito que ali é lançado. Isso provoca a elevação do lençol freático dentro da massa lançada. Na medida em que o aterro sobe, o nível de água sobe junto. Isso propicia a formação de superfícies de escorregamento lubrificada com água. O rejeito não tem uma compacidade alta. Em geral ele tem densidade baixa, comparativamente ao material compactado”. E prossegue Casarim: “Se você faz compactação numa barragem sem água, nada acontece. Todo problema se concentra em saber lidar com a água. Se houver água, tem de haver uma criteriosa instalação de dreno sob o aterro. Assim, você diminui as tensões provocadas pela pressão da água e minimiza os efeitos de escorregamento”. O engenheiro diz já ter visto um caso em que recomendou fazer, na base do aterro, uma instalação de dreno; depois, a cada 15 ou 20 m de altura, outros drenos, não necessariamente uma superfície total, mas uma espinha de peixe – valetas com material mais drenante. Enfim, algo que atraia a água a ser colocada para fora, em sítio previamente previsto para isso. Ele diz que um aterro desse tipo não pode se romper. “Acontece”, salienta, “que em geral as minas não operam com fator de segurança 1,5; trabalham com fator de segurança 1,1.” Nessas circunstâncias, por ser temporário, o talude não é levado em consideração maior. Como o dique e o rejeito acabam ficando para sempre, o conjunto deveria ser tratado com fator de segurança usual em geotecnia: 1,5. Ele afirma que em obras desse tipo não pode haver preocupação com custos, mas sim com a segurança.

Situação no entorno da barragem logo após o desastre, em imagem coletada pelo satélite WorldView-2

Nov./Dez. 2015 | 19


Foto: Anglo American

Barragem

Tecnologias sísmicas aprimoram ensaios de monitoramento Equipamentos modernos complementam atividades de controle, identificando parâmetros importantes dessas barragens de rejeitos, como níveis de enchimento, compactação dos resíduos, volume e peso do material armazenado

D

e acordo com especialistas, nos últimos anos houve uma evolução dos métodos de geofísica aplicados na investigação de áreas submersas, sobretudo em relação às tecnologias acústicas de alta potência, que, utilizadas na área de mineração, podem identificar possíveis anomalias durante as fases de construção, uso e monitoramento de barragens de rejeitos. Em uma primeira fase, os processos geofísicos contribuem para os estudos de caracterização da natureza geológica da área onde o projeto será implantado, fornecendo informações relevantes para a avaliação da viabilidade do empreendimento, como os ensaios de refração sísmica realizados na superfície da terra, que podem mostrar falhas e relevos suscetíveis. Na parte de monitoramento, os aparelhos sonoros analisam com detalhes as camadas de sedimentos acumulados na barragem, parâmetros importantes para determinar o volume e o peso da estrutura e as capacidades de expansão (alteamento). “A partir deles (métodos geofísicos) 20 | Nov./Dez. 2015

é possível obter a velocidade de propagação do som nos diferentes materiais geológicos que compõem o terreno investigado, um critério fundamental para o dimensionamento das estruturas a serem implantadas”, explica o geólogo Luiz Antonio Pereira de Souza, do Centro de Tecnologias Geoambientais do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo (SP). Souza, que atua na área de Geofísica Aplicada à Investigação de Ambientes Submersos, ressalta que os produtos dos ensaios permitem mensurar a evolução do processo de acúmulo de sedimentos na bacia da lagoa de decantação, assim como avaliar se o processo de enchimento da barragem evolui conforme previsto no projeto original. “Em certo momento, o responsável pelo empreendimento poderá concluir se a lagoa de decantação atingiu o máximo de sua capacidade, determinando a interrupção do processo de lançamento de resíduos e a construção de uma nova bacia de decantação”, afirma Souza. Quando a lagoa de decantação en-

contra-se coberta por lama e água, o método geofísico empregado é o de perfilagem sísmica contínua, que consiste no uso de equipamentos acústicos instalados em uma embarcação de pequeno porte. A navegação ocorre em várias direções de um lado ao outro da lagoa, possibilitando a determinação da espessura dos estratos sedimentares acumulados ao longo dos anos. Segundo o pesquisador, atualmente, existem equipamentos poderosos de perfilagem sísmica contínua, que podem identificar e analisar camadas de sedimentos com menos de 10 cm de espessura. Esses dados são utilizados para elaboração de gráficos, que podem ilustrar espaços vazios, fugas de água e como o corpo da barragem está se alterando ao longo do tempo. Ele reforça que os níveis e históricos de enchimento são extremamente vitais para a operação e segurança dessas estruturas. “A perfilagem sísmica contínua baseiase também no princípio da reflexão das ondas acústicas e constitui-se num método indireto de investigação de áre-


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Monitoramento deve contemplar testes de sondagem sônica, inspeção visual e subaquática e o uso de câmaras fotográficas térmicas, entre outros

Foto: IPT

as submersas rasas (entre 100 – 150 m de profundidade). Esse processo utiliza espectros de baixa frequência (abaixo de 10 Khz) o que possibilita a penetração do sinal na superfície de fundo, identificando a espessura das camadas de sedimentos inconsolidados”, explica. Um desses equipamentos é o sistema Meridata, fabricado na Finlândia e que mostra nitidamente o material acumulado na barragem, sob ponto de vista da resolução e da penetração, com a utilização de três fontes acústicas que atuam simultaneamente (pinger 24kHz, chirp 2-8kHz e boomer 0,5-2kHz). O sistema de aquisição de dados é composto basicamente de uma fonte repetitiva de sinais sísmicos com características específicas para atuar no meio líquido, um sistema de recepção do sinal sísmico (hidrofones), que são rebocados na superfície da água, e um sistema de gravação, processamento e impressão dos dados, que é instalado no interior da embarcação. O engenheiro civil Ruben José Ramos Cardia, diretor da RJC Engenharia, ressalta que o monitoramento deve contemplar um conjunto de ensaios, que inclui, além dos testes de sondagem sônica, inspeção visual e subaquática e o uso de câmaras fotográficas térmicas. “Atualmente tem merecido destaque o uso de métodos geofísicos (auxiliar à instrumentação de auscultação e complementar para inspeções visuais). Temos também o monitoramento de condições subterrâneas por energia infravermelha, com visão térmica, sensores termográficos, fibra ótica e/ou tomografia (3D)”, afirma Cardia. O monitoramento visual pode ser feito com fotografias estacionárias (repetidas sempre em um mesmo ponto), as quais podem ser feitas inclusive na forma aérea, com a utilização de drones. Outro equipamento importante para análise do comportamento das barragens é piezômetro, que determina as pressões intersticiais e/ou de percolação (deslocamento da água através do solo), permitindo a avaliação do fluxo com uma estimativa do mapa potenciométrico. “O surgimento de vazões de água (e as pressões correspondentes ao fluxo subterrâneo) devem ser monitoradas com medidores de vazão, medidores de nível d’água (para determinação da linha freática) e/ou piezômetros. Logicamente, devem ser obtidas amostras de água (de montante e da surgência) para análises

químicas, ao menos de turbidez”, completa Cardia.

IPT já atuou em projeto de recuperação de barragem

Recentemente, o IPT atuou na recuperação de uma barragem de mineração em Poços de Caldas (MG). Na ocasião, foi identificada, por meio de ensaios de refração sísmica, uma área mais suscetível no terreno de entorno do reservatório, que após um projeto de engenharia, recebeu enxertos de concreto para reforço. “O IPT possui um corpo técnico de alta capacitação e equipamentos geofísicos de última geração para a realização de ensaios geofísicos tanto no corpo da barragem quanto na área submersa. Isso permite gerar um conjunto de dados que contribui efetivamente para a maior segurança das barragens”, completa Souza. O instituto foi solicitado a contribuir com o grupo de estudo da Secretaria de Energia e Mineração do Estado de São Paulo, que irá verificar as barragens de mineração que operam no Estado. O grupo irá visitar 21 barragens de mineração, analisando os parâmetros técnicos e verificando se a lei está sendo cumprida. Posteriormente, o estudo será apresentado aos órgãos federais, como o DNPM, responsável pela fiscalização.

Barragens: rejeitos x hidrelétricas

Para o engenheiro Ruben José Ramos Cardia, da RJC Engenharia, a barragem de rejeitos possui um maior grau de complexidade, em relação à segurança, quando comparada com as estruturas

para geração de energia (hidrelétricas) e abastecimento de água. Isso porque, a barragem de rejeito envolve a integração de diferentes tipos de materiais com o corpo da estrutura de contenção e comumente é feito obras de alteamento – que aumentam a altura do reservatório visando a incrementar a sua capacidade de armazenamento. “O grande teste de resistência, nas barragens com água, é integral por ocasião do primeiro enchimento. Já para as barragens de rejeito, cada alteamento representa um novo e maior risco (com o aumento de altura e de carga) para a segurança”, afirma Cardia. O engenheiro diz que todo projeto deve ser cuidadoso, mas a construção do alteamento é um dos pontos mais críticos. Ele lembra que deve existir apoio de monitoramento, para garantir que as condições existentes permitam a elevação do aterro. “Uma barragem de rejeito precisa de todos os cuidados possíveis para sua segurança. Desde um projeto adequado, por projetista experiente, passando por construção, alteamento cuidadoso por construtora capacitada nesse tipo de obra, depois sendo garantido o monitoramento apropriado às condições dessa obra em particular, para que seja possível a aplicação de eventuais atividades de manutenção, reparo e reforço. Logicamente, não deve ser excedida a capacidade de projeto e as condições previstas devem ser executadas de maneira correta, sem economia indesejada”, comenta. Na mesma linha, Fabio De Gennaro Castro, consultor e vice presidente do Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB), Nov./Dez. 2015 | 21


afirma que a construção de uma barragem de rejeitos minerais ou industrial deve contemplar um conjunto de atividades. Ele ressalta que a segurança deveria ser incorporada com um valor cultural e praticada harmonicamente por todos envolvidos. “A segurança é um objetivo a ser permanentemente alcançado, começando pela obtenção de dados básicos para elaboração do projeto, pela forma de contratação das obras, pelo acompanhamento por uma junta de consultores independentes, se o risco envolvido for grande até a fase operativa, e mesmo um possível descomissionamento da estrutura”, completa.

Estado

Baixo Risco

Médio Risco

Alto Risco

Total / UF

Amazonas

2

11

13

Amapá

3

1

4

Bahia

9

1

10

Goiás

10

1

11

Maranhão

1

1

2

Minas Gerais

212

2

4

218

Mato Grosso do Sul

15

2

17

Mato Grosso

21

1

1

23

Pará

49

8

57

Paraná

2

2

4

Rio de Janeiro

1

1

Roraima

6

6

14.966 barragens cadastradas

Santa Catarina

3

1

4

89% para uso múltiplo de água

Sergipe

2

2

5% contenção de rejeitos de mineração

São Paulo

16

6

22

4% geração de energia

Tocantins

3

3

353

18

26

397

Barragens no Brasil

2% contenção de resíduos industriais Fonte: Agência Nacional das Águas

Barragem

Número de barragens de rejeitos de mineração no Brasil (por Estado e Criticidade)

Legislação e fiscalização

A lei 12.334 de 2010, que determina Política Nacional de Segurança de Barragens, que criou, dentre outras coisas, o Sistema Nacional de Segurança de Barragens (SNISB), definiu os procedimentos a serem seguidos pelos técnicos do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM) durante a fiscalização das barragens de rejeito. O controle se faz pela a análise processual, na qual se avaliam os aspectos documentais, de atendimento à legislação vigente e vistoria de campo, que envolve a realização de verificação in loco de diversos aspectos referentes à operação, manutenção, monitoramento, e de segurança. No entanto, a legislação não especifica quais ensaios e tecnologias devem ser utilizadas no controle das barragens. Somado a isso, o baixo número de fiscais compromete o trabalho de fiscalização e aplicação das leis – o DNPM conta com 200 técnicos especialistas para realizar o controle de todas as barragens de contenção de rejeitos. – de acordo com a própria direção do departamento, o número é insuficiente para atender todas as estruturas. As barragens são classificadas pelos agentes fiscalizadores por categoria de risco, dano potencial associado e volume, com base em critérios gerais esta-

22 | Nov./Dez. 2015

Total Fonte: DNPM

belecidos pelo Conselho Nacional deRecursos Hídricos (CNRH). A classificação por categoria de risco em alto, médio ou baixo é feita em função das características técnicas, do estado de conservação do empreendimento e do atendimento ao Plano de Segurança da Barragem. Para especialistas ouvidos pela revista Minérios & Minerales a legislação e fiscalização tem que acompanhar o desenvolvimento das tecnologias e dos ensaios técnicos dessas estruturas. “O descompasso entre a adequação das leis e a velocidade do surgimento e aprimoramento das soluções é um dos principais gargalos. Na parte de monitoramento, os regulamentos não preveem alguns ensaios até porque alguns equipamentos foram lançados no ano passado”, comenta Luiz Antonio Pereira de Souza, do Centro de Tecnologias Geoambientais do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Para o engenheiro Ruben José Ramos, da RJC Engenharia, não está na finalidade da lei (ou da regulamentação) prever o uso de equipamentos ou metodologias, isso normalmente é do conhecimento geral em normas (guidelines) e no estado-da-arte e/ou no estado-da-prática. “A legislação não é falha. Ela é simplesmente nova e ainda não está adequadamente utilizada. A lei é apenas um documento, que deve ter seu uso explicado na regulamentação

(a qual ainda está em desenvolvimento). A fiscalização normalmente é insuficiente, seja por falta de verbas, seja por falta de pessoal, seja por falta de experiência em emergências, ainda mais tendo em vista o grande número de estruturas de rejeitos existentes”, comenta. Após a tragédia de Mariana (MG), uma comissão do Senado irá revisar a legislação de segurança de barragens, com o objetivo de avaliar a Política Nacional da Segurança de Barragens e do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens. O DPMN também anunciou que precisa rever toda a normatização da área e contratar novos consultores para auxiliar no estudo em relação às barragens de mineração. Nesse sentido, e em conjunto com Agência Nacional de Águas (ANA), o órgão solicitou a participação dos empreendedores de barragens de mineração a participar da pesquisa destinada a elaboração do Relatório de Segurança de Barragens (RSB) 2015 – o prazo para envio das informações se encerrou em 20 de dezembro. O DNPM relaciona 602 barragens de rejeitos minerais – porém, somente 397 delas estão enquadradas na Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB). Dessas, 218 (duzentos e dezessete) localizam-se no estado de Minas Gerais. Em 2014, foram vistoriadas 141 estruturas.


Samarco mobiliza 686 funcionários e terceirizados Força tarefa montada pela empresa trabalha para minimizar danos ambientais e sociais nas cidades afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão

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pós o acidente em Mariana (MG), ocorrido em 5 de novembro, a Samarco reuniu a imprensa, comunidade e autoridades para expor as ações para reparar os estragos, causados pelo rompimento da barragem de Fundão, bem como atividades de apoio à população atingida. Durante esses encontros, Ricardo Vescovi, presidente da empresa, lamentou profundamente, em nome da mineradora, os danos ambientais, sociais e as vidas perdidas em função do acidente, e ressaltou que a mineradora não poupará esforços e recursos para garantir o atendimento humanitário e a remediação ambiental das cidades afetadas pela tragédia. Para auxiliar nos trabalhos, a empresa mobilizou 686 pessoas, entre funcionários próprios e de empresas terceirizadas. Em 11 de dezembro, foi feita a transferência de 50% das famílias desabrigadas para residências temporárias alugadas pela companhia. Com isso, 200 das 393 famílias afetadas pelo acidente da barragem nos distritos mineiros de Mariana e em Barra Longa estão em condições adequadas de moradia. Ao todo, 754 pessoas foram acomodadas. Segundo a mineradora, a reacomodação das demais famílias que permanecem em hotéis, pousadas e casas de parentes na região, que totalizam 545 pessoas (em 15/12), prossegue diariamente, com participação ativa da Secretaria Municipal de Assistência Social. Em relação ao abastecimento de água prejudicado em função do escoamento da lama da barragem pelo curso do Rio Doce, a empresa implantou pontos de distribuição de água em Colatina e Governador Valadares. Além disso, a Samarco realizou um trabalho conjunto com as equipes técnicas do Serviço Autônomo de Água e Esgoto – SAAE – de Governador Valadares, a COPASA e empresas fornecedoras de produtos para tratamento de água, para processar água bruta e fornecer água tratada. Segundo laudos técnicos apresentados pela empresa, o rejeito proveniente da barragem não é tóxico. www.revistaminerios.com.br

Os municípios que foram impactados pelo abastecimento de água do Rio Doce estão sendo contemplados pelas ações acima. Os municípios afetados em Minas Gerais foram: Bento Rodrigues, Cláudio Manoel, Camargos, Paracatu de Cima, Paracatu de Baixo, Pedra, Campinas, Borba, Gesteira, Barra Longa, Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado, Bela Oriente, Periquito, Pedra Corrido, Alpercata, Governador Valadares, Tumiritinga, Galilé, Resplendor, Quatituba, Itueta, Aimorés. No Espírito Santo: Baixo Guandu, Colatina, Marilândia, Linhares, Regência e Povoação. As ações da empresa envolvem também o apoio financeiro a pescadores e ribeirinhos, com a distribuição de cartões de débito para essas pessoas que tiveram a subsistência impactada pelo acidente da barragem em Mariana. Os cartões foram entregues no dia 10 de dezembro, em Resplendor (MG) e Colatina (ES), durante reuniões com os líderes de oito associações e colônias que representam os pescadores do Vale do Rio Doce. O plano vai atender trabalhadores de 37 municípios, ao longo de 600 km do Rio Doce, que estão impedidos de exercer suas atividades no rio. A mineradora entregou também cartões de auxílio financeiro para 50 famílias da sede e distritos do município de Barra Longa que perderam sua fonte de renda após o acidente da barragem. Por meio dele, será repassado mensalmente, e em caráter temporário, um salário mínimo

para cada família, mais um adicional de 20% do salário para cada um dos dependentes e cesta básica no valor de R$338,61. A entrega continua sendo feita até que todos os núcleos familiares elegíveis sejam atendidos. Como ação preventiva, espécies de peixes e crustáceos das regiões de Baixo Guandu, Colatina, Linhares e Aimorés foram resgatados e encaminhados para outros cursos d’águas, com características semelhantes ao de seu habitat original. A Aqua Ambiental, especialista em monitoramento do Meio Ambiente, e o Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (IPRAM), empresas contratadas pela Samarco, coletaram 2.308 espécies entre Linhares e Baixo Guandu. Ao todo, mais de 150 mil exemplares foram transferidos. Em Aimorés, o trabalho está sendo feito pela empresa Brandt Meio Ambiente, consultoria especializada em programas e estudos na área ambiental, responsável pelo resgate de outras 244 espécies. Após a coleta dos peixes as empresas estão realizando trabalhos técnicos como catalogação e identificação de espécies nativas e exóticas. A empresa, que contribui com 80% da arrecadação de impostos em Mariana e geração de emprego, anunciou que segue com os trabalhos de investigação sobre acidente, ao mesmo tempo em que manterá a intensidade das ações mitigatórias juntos as comunidades e meio ambiente

Números do acidente 62 milhões m3 de rejeitos liberados 1,5 mil hectares de vegetação e 158 casas destruídas 35 cidades afetadas pela lama 218 famílias acomodadas em novas casas 811 famílias com atendimentos psicossociais Mais de 5 mil peixes e animais terrestres resgatados 314 milhões de litros de água potável e 32,3 milhões de litros de água mineral disponibilizados em MG e ES 7 comunidades e subdistritos afetados pela lama 7 pontes reconstruídas

Nov./Dez. 2015 | 23


Programa visa à recuperação ampla do Rio Doce

Foto: Matthew Percival

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pós o rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG), o Instituto Terra, fundado pelo fotógrafo Sebastião Salgado, reforçou a necessidade de implantação do projeto Olhos D’Água, que objetiva a recuperação das nascentes e da mata atlântica que circunda o Rio Doce. Segundo informações do instituto, o programa pretende recuperar 370 mil nascentes e instalar fossas sépticas, evitando que o esgoto seja despejado no rio. De acordo com Salgado, a degradação já é antiga e está relacionada à atividade de agricultura, majoritariamente. Ele propôs a criação de um fundo exclusivo para recuperação do rio Doce, com capital proveniente das empresas BHP Billiton e Vale, controladoras da Samarco. A ONG estima que seja necessário R$ 5 bilhões para implantação do programa. O instituto, fundado por Salgado, possui o maior viveiro de espécies do estado de Minas Gerais e pode treinar os técnicos e pessoal de apoio que vão trabalhar na recuperação. A ONG já viabilizou o plantio de mais de 2 milhões de mudas de árvores, ajudando a reflorestar mais de 7,5 mil hectares de

Sebastião Salgado, fundador do Instituto Terra

áreas degradadas de Mata Atlântica em vários municípios do Vale do Rio Doce, entre os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. O projeto-piloto já recuperou em torno de 1.200 nascentes

Mineradoras anunciam criação de fundo

As controladoras da Samarco, Vale e BHP, anunciaram a criação de um fundo voluntário para a recuperação do Rio Doce, atingido pela lama despejada após o rompimento de duas barragens da Samarco, em Mariana (MG). A ideia é utilizar os recursos para reparar os danos, mitigar os impactos do desastre, recuperar a bacia do Rio Doce e indenizar os moradores afetados. De acordo com o presidente da Vale, Murilo Ferreira, o objetivo do projeto é recuperar o rio, e isso tem de abranger questões como saneamento, mata ciliar, nascentes. “É uma longa construção, mas o que queremos dizer é que vamos fazer agora”, ressaltou Ferreira durante encontro com a imprensa. O executivo disse ainda que o fundo está aberto para a participação de outras empresas, assim como instituições e entidades.

Foto: Instituto Terra

Barragem

Projeto Olhos D’Água, que já existia antes da tragédia em Mariana, envolve a recuperação de nascentes e vegetação do Rio Doce, além de tratamento de esgoto. A degradação é antiga e provém da agricultura

24 | Nov./Dez. 2015


São Paulo irá avaliar barragens de mineração Grupo de especialistas elaborará estudo para analisar condições e riscos das 21 barragens de mineração do estado

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Secretaria Estadual de Energia e Mineração do Governo Estado de São Paulo criou um grupo de trabalho para analisar as situações das barragens de mineração no estado. O objetivo da medida é reduzir os riscos nas barragens por meio da elaboração de um relatório com recomendações para as empresas responsáveis pelas barragens visando à adequação das estruturas, adoção de novas tecnologias e a mitigação de riscos conforme as leis vigentes. O estudo, que deve ser apresentado em três meses, também conterá sugestões de melhorias nos sistemas de fiscalização dos órgãos públicos federais, estaduais e municipais, como o Departamento Nacional de Pesquisa Mineral ligada ao Ministério de Minas e Energia. “Esse é um trabalho que vem sendo planejado desde o começo do ano pela subsecretaria de Mineração, mas ganhou notoriedade, infelizmente, com o acidente em Mariana (MG). Além de verificar a situação atual das barragens e os riscos que elas podem causar esse grupo de trabalho irá olhar para o futuro e sugerir inovações. Essa é a colaboração que São Paulo quer dar para o Brasil”, afirma o secretário de Energia e Mineração, João Carlos Meirelles. Meirelles explica que, em um primeiro momento, o grupo irá visitar as barragens do Estado, verificando os parâmetros gerais e se as leis estão sendo cumpridas. Segundo dados do DNPM, o Estado de São Paulo conta com 21 barragens de mineração cadastradas dentro da política nacional de segurança de barragens. São barragens de pequeno porte, sendo a maioria de produção de areia e brita. “Quem fiscaliza é o DNPM, o que nós estamos fazendo é uma trabalho complementar. Estamos construindo um alicerce muito sólido de informações sempre no sentido de prevenir

e, sobretudo, construir modelos que evitem não só o risco, mas que gerem oportunidade. São Paulo é o maior consumidor de produtos minerais do País e o terceiro em produção mineral do País”, comentou Meirelles após a reunião inaugural do grupo. Majoritariamente, as minas em operação no território paulista, cerca de 2,8 mil, são de pequeno e médio porte, sendo mais de 90% do setor de agregados para construção civil, ou seja, produtoras de areia, brita, calcário e argila. Segundo a secretaria, algumas delas possuem pequenas barragens de rejeito, diferentemente das grandes barragens de minério de ferro. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) também fará parte do grupo de trabalho. “Esse grupo multisetorial reúne os melhores especialistas do Governo do Estado para estudar essa área. Teremos uma visão ampla da situação das barragens do Estado”, afirma o coordenador do grupo e subsecretário de Mineração, José Jaime Sznelwar. Na classificação DNPM, duas barragens de mineração no estado - em Mogi das Cruzes e na capital - têm nível de risco alto. Outras três barragens - todas em Cajati, no litoral sul - estão classificadas como de “alto risco de dano potencial”. A Secretaria de Energia e Mineração diz que acompanha, desde 2011, a situação da exploração mineral no estado de São Paulo, com a criação da Subsecretaria de Mineração, o mapeamento da produção mineral e a produção de Ordenamento Territorial Geomineiro (OTGMs). A coordenação do grupo de trabalho para análise das barragens será feita pelo subsecretário de Mineração José Jaime Sznelwar. O governo também deve convidar representantes do DNPM e da USP, além de outras entidades ligadas à área. Nov./Dez. 2015 | 25


Tecnologia permite verificar em tempo real percolação de água nas estruturas Sistema inteligente, chamado VMS, permite se acompanhar em tempo real o comportamento da estrutura

Controle e Monitoramento

A tecnologia de monitoramento se baseia em conjuntos de sensores que são instalados nas barragens. A análise detalhada dos dados obtidos pelo sistema de monitoramento fornece alerta precoce sobre os processos de umectação da barragem e do potencial enfraquecimento da sua estabilidade. Os dados do sistema podem ser acompanhados pela internet para análise em tempo real do estado de umidade da barragem. O monitoramento em tempo real pode conduzir a economias substanciais nos custos de manutenção e reparos, aumentar dramaticamente a confiabilidade das barragens, elevando a confiança dos habitantes da região, investidores, proprietários e operadoras. Segundo Flávio Barros, gerente de vendas da Tenova do Brasil, “o sistema garante o controle dos processos de manutenção como o alerta precoce e a gestão de riscos com base na mais avançada tecnologia, que envolve a transferência de dados e análise da informação fornecida pelo instrumental de última geração, e reduz de maneira significativa o número de falhas nas barragens causadas na sua maioria pelas infiltrações”, explica. 26 | Nov./Dez. 2015

Estudo: processo de ruptura das barragens

A Tenova BatmanTechnologies (TBT) possui diversos artigos publicados com base no estudos de medidas integradas de gerenciamento de riscos e emergências em barragens devido aos processos de infiltração de água no solo, que corroboram a longo prazo para o enfraquecimento, a perda da estabilidade e potencialmente até mesmo a ruptura da barragem. Atualmente, a maioria dos programas de monitoramento nas barragens de terra são baseados na medição do nível de água dos lençóis freáticos com o uso de piezômetros que detectam a água livre nos poços designados, indicando a saturação indesejável do sedimento da barragem. Porém estudos da Tenova Bateman Technologies (TBT) identificaram que o fluxo de água em condições não saturadas é considerado como um processo complexo e instável, que é fortemente dependente das propriedades hidráulicas e químicas reais dos sedimentos, como também da capacidade de medição in-situ, e das condições hidráulicas do sedimento insaturado. Por isso, os estudos desenvolvidos pela companhia levaram ao desenvolvimento da tecnologia (VMS) de monitoramento in-situ que mede continuamente as con-

dições reais do sedimento na subsuperfície, no interior do corpo das barragens, e é capaz de detectar o início de infiltração.

Resultados comprovados

O sistema foi implementado com sucesso em vários projetos de barragem semelhantes em várias configurações hidrológicas e geológicas. Isso inclui a infiltração da água de inundação nos canais e reservatórios, baixa lixiviação de contaminantes em ambientes agrícolas e também em aterros, e controle dos processos de remediação em área contaminada. O VMS é capaz de monitorar as seções mais profundas de sedimentos insaturados que prevalecem nas pilhas de minério. Foi testado com sucesso em aquíferos aluviais rasos, com monitoramento sob rios efêmeros e em desertos hiper-áridos em paises como EUA, Namíbia, África do Sul, Israel e Espanha. Os dados coletados pelo sistema permitem medições diretas das variações temporais no conteúdo de água dos sedimentos em relação aos ciclos de irrigação implantados na superfície da terra. Como tal, a velocidade de infiltração da água e os fluxos nos sedimentos insaturados podem ser medidos em linha e fornecer feedback direto aos gerentes do projeto sobre a velocidade do processo de infiltração.

Tecnologia VMS pode ser aplicada para monitoramento inteligente de barragens, diques de terra e aterros

Foto: Tenova

Barragem

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Tenova Bateman Technologies (TBT) lançou uma tecnologia inédita de monitoramento inteligente de barragens, diques de terra e aterros, denominada Vadose Zone Monitoring System (VMS). O sistema foi desenvolvido para facilitar a medição direta do fluxo de água e o transporte dos agentes contaminantes. Desenvolvido inicialmente para fins científicos, a solução foi aperfeiçoada como ferramenta industrial robusta e implementada para uma ampla gama de condições hidrológicas, geológicas e químicas. Nas barragens o sistema permite que desde os operadores e gerentes até agências fiscalizadoras obtenham dados contínuos em tempo real do processo de percolação da água através das barragens de terra ou diques de aterro.


Monitoramento Integrado de Barragens Brasileiras Por José Bartolomeu Ferreira Fontes, Orjana Carvalho Alcantara Silva e Mathias Schlosser*

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número de acidentes envolvendo barragens no Brasil tem aumentado nos últimos anos. Para que desastres como o de Mariana sejam evitados, os diversos tipos de barragens requerem monitoramento contínuo visando à segurança e integridade de sua estrutura. Os riscos atrelados ao rompimento de barragens são, na maioria dos casos, de grandes proporções, envolvendo riscos a vida humana, riscos materiais, ambientais e sociais. Além disso, sua posição topográfica favorece a propagação do desastre em grande escala, pois geralmente encontram-se situadas em vales de rios, córregos e afluentes a montante de cidades que são as imediatamente atingidas e, na maioria das vezes, sem tempo de evacuação total das mesmas. Utilizadas para acumular água ou decantar rejeitos, as barragens causam impacto desde a sua construção. Dependendo do tamanho e do volume a ser represado, uma grande área de vegetação precisa ser suprimida ou simplesmente alagada, muitos habitats acabam sendo destruídos pela inundação e em alguns casos cidades e propriedades precisam ser realocados para tal. Várias são as causas de acidentes envolvendo barragens, dentre elas projetos mal elaborados (incluindo o local escolhido), barragens construídas com materiais impróprios, falta de monitoramento apropriado, rupturas ocasionadas por falta de manutenção, acúmulo de material sobrecarregando a estrutura, etc. A GeoTag Engenharia utiliza metodologias integradas que permitem o monitoramento contínuo da segurança da barragem. Para tal, devem ser executadas inspeções regulares nas estruturas das mesmas, controle da descarga nos drenos e vertedouros, levantamentos batimétricos para medir a variação da profundidade da coluna d’água bem como o volume de água retido pela barragem, variação do volume de material sedimentar retido no sistema, identificação de deslocamentos, falhas estruturais visíveis submersas e www.revistaminerios.com.br

emersas, etc. Além disso, utilizando sensoriamento remoto (imagem de satélite) e receptores GNSS, pode-se detectar movimentação da estrutura. Outro método bastante eficiente realizado pela GeoTag, são os sonares de varredura lateral (figura ao lado), que possibilitam realizar uma “ultrassonografia” do fundo e do talude da estrutura submersa da barragem, mostrando se há fendas ou materiais que comprometam a sua estabilidade e segurança. Com levantamentos do fundo das barragens, pode-se ter um controle dos volumes e perfis dos materiais acumulados e com isso comparar, ao longo do tempo, a tendência de deslocamento e registrar o histórico do avanço do material em direção do barramento. Com esta sequência de dados é possível estabelecer gráficos e modelos de tendências para as simulações e gerenciamento de riscos. Nesses monitoramentos, determinar a quantidade de sedimentos já dentro do sistema da barragem e a quantidade que vem sendo descarregada dentro dele é fundamental. Uma vez detectada que a capacidade máxima de sedimentos está sendo alcançada, três medidas podem ser tomadas: aumentar a barragem (o que envolve na maioria dos casos uma perda de área e de vegetação nas margens), dragar o rejeito para um novo processo de extração, ou desativar a unidade canalizando para outro reservatório o material que seria descarregado na mesma. Tendo como exemplo uma das mais importantes reservas minerais brasileiras, detentora das maiores jazidas minerais, além de outros depósitos importantes e economicamente valiosos, citamos seis barragens utilizadas para diversos fins. Sendo quatro para sedimentos, uma para o ajustamento de água e uma para a recuperação de minério. Todas estas barragens possuem um sistema de gestão de barragem, em que é executada uma série de frequentes observações por piezômetros, linígrafos, levantamentos batimétricos, geodésicos, inspeções periódicas e controle da descarga dos drenos e vertedouros.

Ao longo de onze anos de experiência com o monitoramento e consultorias de barragens e operação de dragagem, a GeoTag Engenharia acompanha a segurança e o resultado das dragagens com levantamentos frequentes e monitoramentos em tempo real na execução dos trabalhos. O processo de dragagem dos reservatórios normalmente visa ao aprofundamento do reservatório das barragens e por vezes alcançar as condições originais da mesma, ocasionando o menor impacto ambiental possível, uma vez que com a dragagem não há necessidade do aumento do barramento e, por conseguinte, a extensão da área alagada. Dependendo do teor do material ainda existente no rejeito, é possível que este seja aproveitado para nova extração de minerais com valor comercial. É difícil calcular precisamente o tamanho de danos que podem ocorrer ao meio ambiente em casos de acidentes. Na Lei Nº 12.334, de 20 de Setembro de 2010, que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragem, (PNSB) e cria o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB) o plano de gestão é bastante abrangente e completo. Os estudos anteriormente citados são complementares ao plano de gestão, mas, já adotados em várias barragens nacionais. A conclusão dos estudos disponibiliza um histórico de levantamentos onde providencias necessárias possam ser tomadas para que sejam evitadas tragédias como as que tem ocorrido no Brasil. Todos os esforços em termos de investigações científicas, de manutenção e investimentos financeiros são válidos e extremamente necessários para manter a segurança em micro e macro escala. Principalmente quando envolve uma atividade que pode oferecer risco, mas em contrapartida é de extrema importância econômica, social e ambiental. Todos os dispositivos tecnológicos disponíveis devem ser utilizados. (*) José Bartolomeu Ferreira Fontes, diretor presidente; Orjana Carvalho Alcantara Silva, diretora; e Mathias Schlosser, supervisor; todos da GeoTag Engenharia.

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Mineradoras que receberam destaque na edição deste ano Além dos rankings de produção e de investimentos em meio ambiente, exploração, aquisição de máquinas e equipamentos, 11ª edição especial apresentou programas importantes de segurança, redução de custos e aumento da produtividade

28 | Nov./Dez. 2015

tes, e a mina de ouro São Francisco, da Mineração Apoena, completou mais de 10 milhões de homem-hora trabalhadas sem a ocorrência de acidente com afastamento. Segundo a empresa, o resultado é

Foto: Anglo American

Mina do Sapo, onde a Anglo American extrai minério de ferro

Mineração Jacobina é um dos destaques da edição 200 Maiores Minas Brasileiras

Foto: Mineração Jacobina

200 Maiores Minas Brasileiras

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m função do acidente da barragem em Mariana (MG), o evento das 200 Maiores Minas não foi realizado este ano. Durante o tradicional encontro, que premia as mineradoras que se destacaram no ano anterior (2014), é lançada a edição especial da revista Minérios & Minerales que publica os rankings de investimentos das mineradoras nas áreas de exploração mineral, segurança, preservação ambiental, manutenção e aquisição de máquinas e equipamentos para mina e planta, tecnologia da informação, entre outros. Além desses dados, a publicação ranqueia a produção das 200 maiores minas com base nas informações enviadas pelas mineradoras referentes ao ano anterior (2014) e compilados ao longo do ano. A edição especial traz ainda os perfis das companhias, com informações sobre equipe técnica e operações das empresas. De acordo com o levantamento, 70 minas do País, que produzem ferro, ouro, cobre, fosfato, bauxita, calcário, entre outros minérios, investiram R$ 2,44 bilhões em 2014. Os aportes foram direcionados para a aquisição de máquinas e equipamentos (mina e planta), programas de segurança e preservação ambiental, exploração geológica, manutenção e ampliação das unidades industriais, renovação de licenças de softwares, etc. Já há alguns anos, a mina de amianto crisotila Cana Brava, da Sama, é destaque na área de segurança. A unidade, que investiu R$ 1.052.722 em programas de segurança, está com mais de 1.418 dias sem acidentes, quase quatro anos. A mina de ouro Cuiabá, da AngloGold Ashanti, aportou mais de R$ 8 milhões em segurança no ano 2014, desenvolvendo ações para disseminar a cultura de segurança e reforçando procedimentos e treinamentos. Ainda nesta área, a mina Laginha, da Votorantim Cimentos, completou, em fevereiro de 2011, 11 anos sem aciden-

fruto do programa “Abordagens Comportamentais”, que tem como objetivo fornecer orientação aos colaboradores durante a execução de suas atividades de trabalho (orientação em serviço), avaliando a efi-


A revista Minérios & Minerales aproveita o lançamento da 11a edição das 200 Maiores Minas Brasileiras para prestar uma homenagem a José Corgosinho de Carvalho Filho, fundador da Ferbasa, que faleceu, aos 84 anos no dia 21 de outubro de 2015 em Salvador (BA). Nascido em Minas Gerais, José Carvalho radicou-se na Bahia desde 1960. O empresário é considerado um dos mais importantes nomes da história do empresariado e da educação da Bahia. Com grande visão e propósitos humanitários, fundou uma das maiores empresas do estado, a Companhia de Ferro Ligas da Bahia - Ferbasa na área de mineração, metalurgia e reflorestamento. Entretanto, o maior legado do empresário foi a Fundação José Carvalho, entidade sem fins lucrativos, que proporciona a milhares de crianças e adolescentes acesso a estudos de qualidade.

cácia dos procedimentos operacionais e treinamentos Muitas minas completaram marcas importantes, de décadas de operação e contribuição para o desenvolvimento da indústria mineral. Fundada em 1916, a mina de calcário Baltar, da Votorantim Cimentos, fez 80 anos. Mais nova, mas não menos importante, a mina de ferro Pau Branco, da Vallourec, completou 35 anos em 2015. Além dessas operações, algumas mi-

Foto: Ferbasa

Homenagem especial a José Corgosinho

José Corgosinho de Carvalho Filho, fundador da Ferbasa

neradoras foram destaques por seus projetos de redução de custo e aumento da produtividade, como o programa de mina de ouro Jacobina, da Yamana, que aprimorou suas atividades de perfuração e recuperação metalúrgica que resultaram em ganhos de US$ 7,2 milhões. Já a mina de fosfato Lagamar, da Galvani, obteve sucesso com um projeto de redução de custos no overflow da deslamagem. Em energia, a mina de zinco Morro Agudo,

da Votorantim Metais, economizou cerca de R$ 175 mil e a venda da energia excedente gerou R$ 3 milhões. A mina Morro do Ouro, da Kinross, reduziu 4% nos custos de produção – em 2015, a unidade completou 28 anos de operação. Muito desses trabalhos, implementados com sucesso nas unidades mineradoras, serão detalhados no VIII Workshop de Redução de Custo na Mina e na Planta que ocorrerá em maio de 2016, em Belo Horizonte (MG).

Destaques da 200 Maiores Minas Brasileiras – Edição 2015 Mina

Mineradora

Substância

Localização

Baltar

Votorantim Cimentos

Calcário

Votorantim - SP

Sama

Amianto Crisotila

Minaçu - GO

Candiota

Companhia Riograndense de Mineração (CRM)

Carvão

Candiota - RS

Caraíba

Mineração Vale do Curaçá

Cobre

Jaguarari - BA

Cuiabá

AngloGold Ashanti

Ouro

Sabará - MG

Cana Brava

Ebam – Unidade Seropédica Fazenda Brasileiro Fontanella Ipueira

Ebam

Pedra britada (gnaisse)

Seropédica - RJ

Mineração Fazenda Brasileiro

Ouro

Barrocas - BA

Carbonífera Metropolitana

Carvão

Treviso - SC

Ferbasa

Cromita

Andorinha - BA

Jacobina

Mineração Jacobina

Ouro

Jacobina - BA

Lagamar

Galvani

Fosfato

Lagamar - MG

Laginha

Votorantim Cimentos

Calcário

Ladário - MS

Mina do Sapo

Anglo American

Ferro

Conceição do Mato Dentro – MG

Monte Branco

MRN

Bauxita

Oriximiná - PA

Morro Agudo

Votorantim Metais

Zinco

Paracatu - MG Paracatu - MG

Morro do Ouro

Kinross

Ouro

Olho d´água dos coqueiros

Xilolite

Talco

Brumado - BA

Pau Branco

Vallourec

Ferro

Brumadinho - MG

Pedreira Barueri

Serveng

Pedra britada (granito)

Barueri - SP

Recreio B3

Copelmi

Carvão

Butiá - RS

Rocha Sã

Taboca

Cassiterita

Presidente Figueiredo - AM

São Francisco

Mineração Apoena

Ouro

Vila Bela da Santíssima Trindade - MT

Serra Grande

AngloGold Ashanti

Ouro

Crixás - GO

Vale

Ferro

Parauapebas - PA

Gerdau

Ferro

Itabirito – MG

Supremo Cimento

Cimento

Adrianópolis - PR

LafargeHolcim

Cimento

Barroso - MG

Serra Leste Várzea do Lopes

PLANTAS DE CIMENTO

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Nov./Dez. 2015 | 29


Minas-Rio implanta 12 sistemas de automação para suporte ao ramp-up Por Gerson Bastos*

30 | Nov./Dez. 2015

Teste funcional abrangente dos cenários de negócio mais críticos com o envolvimento de usuários-chave, simulando a operação do Sistema Minas-Rio da mina ao porto; Governança: Desenho e estabelecimento de processos visando garantir que manutenções corretivas e evolutivas dos sistemas individuais não comprometam a solução integrada; Partida e Operação Assistida: Acompanhamento dos sistemas após a entrada em operação, para garantir o comportamento e o desempenho projetados. Passados 10 meses da partida integrada dos sistemas implantados, foram realizadas manutenções evolutivas nos sistemas, visando à aderência aos processos que também estão em amadurecimento durante o ramp-up. Os sistemas estão operando integradamente de forma bastante satisfatória. Uma rica base de dados está sendo criada, e a maior parte das melhorias solicitadas pelos usuários está relacionada à criação de novos indicadores de desempenhos e novos relatórios. Pode-se dizer que o Sistema Minas-Rio teve o suporte dos sistemas implantados desde a sua partida, o que dificulta a quantificação dos benefícios proporcionados pela implantação dos mesmos. Comparando o início das operações do

Sistema Minas-Rio com outros empreendimentos minerários, é notável a melhoria no processo de tomada de decisão devido à transparência, confiabilidade e democratização dos dados de processo e de indicadores de desempenho operacionais, táticos e estratégicos. Não é prática comum no setor de mineração que tantas ferramentas de gestão integrada estejam disponíveis já nos estágios inicias da operação. Outro benefício evidente é a integração da cadeia produtiva da mina ao porto. Com a padronização dos indicadores e relatórios, é possível comparar todos os processos sob as mesmas métricas e tomar decisões com base em todo o empreendimento, e não apenas em áreas de processos pontuais. A Anglo American está empenhada em alcançar o estado de excelência no gerenciamento das suas operações, buscando uma posição de liderança na indústria de mineração. O Sistema Minas-Rio está em posição de destaque, com sistemas de tecnologia de ponta e um dos conjuntos de sistemas de automação industrial mais integrados do mundo. (*) Gerson Bastos é engenheiro especialista do Minas-Rio, formado em Engenharia de Controle e Automação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com especialização em beneficiamento mineral pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Imagem: Anglo American

Minério de Ferro I

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Sistema Minas-Rio é um empreendimento da multinacional Anglo American, que inclui uma mina de minério de ferro e unidade de beneficiamento em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, em Minas Gerais; mineroduto com 529 km de extensão e que atravessa 33 municípios mineiros e fluminenses; e o terminal de minério de ferro do Porto de Açu, no qual a Anglo American é parceira da Prumo Logística com 50% de participação, localizado em São João da Barra (RJ). Para dar suporte para as equipes da diretoria de operações no cumprimento da curva de ramp-up planejada, em 2010 foi contratada uma consultoria para identificar os processos operacionais que poderiam ser apoiados com ferramentas de coleta de dados e gestão da informação. Na ocasião, foram identificadas 16 ferramentas computacionais, das quais 12 foram priorizadas para entrada em operação durante o ramp-up do empreendimento, compondo um Plano Diretor de Automação Integrado (PDAI), em que 12 projetos foram gerenciados como um único programa. Os sistemas priorizados são apresentados na tabela ao lado. O programa de implantação dos sistemas integrados foi dividido nas seguintes fases: Análise Funcional: Mapeamento funcional entre os sistemas e os processos operacionais, com a identificação e o tratamento de escopos funcionais sobrepostos e descobertos; Detalhamento: Detalhamento dos requisitos técnicos a partir dos requisitos funcionais levantados na fase de análise; Desenvolvimento e Testes: Implementação das especificações técnicas, testes unitários de cada um dos sistemas isolados e correção de eventuais problemas encontrados; Testes de Conectividade: Verificação técnica da conectividade entre os sistemas integrados; Testes de Integração: Verificação funcional do funcionamento integrado dos sistemas; Teste de Simulação de Negócio:


Projeto

Descrição

Aplicação

DMM

Além da busca pela otimização dinâmica das operações, também é responsável pela coleta e armazenamento de toda a gama de informações necessárias para controles de produção, indicadores de frotas, manutenção e custos

Habilitar plano de lavra automaticamente no sistema; Fornecer dados de produção e qualidade associados às condições operacionais da mina; Habilitar ordem de produção; Possibilitar controle de qualidade em estoques e na britagem; Permitir definição de um estoque com qualquer tipo de material; Monitorar posição e performance da frota na mina.

Responsável pela captura automática de dados relevantes do processo, desde o beneficiamento até a filtragem, pelo armazenamento e transformação dessas variáveis e, finalmente, pela disponibilização segura e robusta das mesmas.

Visualização histórica e em tempo real de dados de instrumentos de campo, como medidores de nível, densidade, pressão, vazão, densidade, dentre outros; Geração de tabelas, gráficos de tendência e sinóticos para suporte ao controle de processo; Fornecimento de dados para os sistemas de gestão de mais alto nível.

Orientado à melhoria de desempenho dos processos de produção, que complementa e aperfeiçoa os sistemas integrados de gestão tipicamente empregados em Planejamento e Controle da Produção

Apropriar tempo de parada da planta; Permitir o gerenciamento adequado e eficiente do processo; Permitir rastreabilidade da produção e dos custos com insumos e utilidades; Disponibilizar relatórios de Disponibilidade, Utilização, Recuperação Metalúrgica, Rendimento Operacional, OEE, MTTR, MTBF por equipamentos e Linhas, e Relatórios de eficiência de manutenção; Controlar todo o ciclo produtivo do empreendimento.

Controla a operação do laboratório físico e químico, apoiando no planejamento e coletando dados de execução.

Capturar dados de instrumentos de laboratório e de campo; Utilizar código de barras para leitura, identificação, registro e rastreamento de amostras; Permitir cálculos, padronização de operações e procedimentos de calibração; Calcular automaticamente os resultados dos dados dos vários tipos de amostras; Disponibilizar relatórios para controle de qualidade; Fornecimento de dados para os sistemas de gestão de mais alto nível.

Utiliza informações de processo e cálculos matemáticos/estatísticos para corrigir automaticamente medições feitas no processo.

Calcular balanços de massa e água em toda a cadeia produtiva, da mina ao porto; Detectar erros de medição e fazer a reconciliação dos dados; Monitorar e sinalizar perdas; Emitir relatórios de resultados de cálculos de rendimento e produção, consumido, produtos intermediários e produtos finais.

Orientação às operações da frota de equipamentos da empresa para permitir a transmissão de dados do consumo de combustível

Controle remoto e registro de abastecimento de veículos em seus postos fixos e postos móveis equipados com controlador de abastecimento. Disponibilização de dados para gestão e controle de abastecimento de frotas e postos, autorizar ou negar a operação de abastecimento/lubrificação conforme configuração.

Análogo ao sistema FCS, suporte para as equipes de manutenção no controle de lubrificantes.

Análogo ao sistema FCS, tem as mesmas aplicações com lubrificantes.

Dispatch Modular Mine Sistema de Gerenciamento da Mina

Pims Plant Information Management System Sistema de Gerenciamento de Informações do Processo

MES Manufacturing Execution System Sistema de Gerenciamento de Produção

Lims Laboratory Information Management System Sistema de Gerenciamento de Informações do Laboratório

DVR Data Validation And Reconciliation Sistema de Validação e Reconciliação de Dados FCS Fuel Control System Sistema de Controle de Combustíveis LCS Lubricant Control System Sistema de Controle de Lubrificantes BLS Blockage System Sistema de Bloqueio de Energias

PLS Port Logistics System Sistema de Logística Portuária

Sistema que faz a gestão dos bloqueios de energia dos equipamentos da planta, com a função de definir quais bloqueios devem ser efetuados para permitir a execução das atividades com segurança, evitando acidentes pelo desprendimento de energias.

Responsável por auxiliar no planejamento e execução do empilhamento, carregamento de navios e planejamento detalhado de cargas nos porões, integrando as operações do porto com diversos stakeholders.

Diligenciar a integração de fornecedores, clientes, órgãos governamentais e empresas de serviços terceirizados que compõem a operação portuária; Dar visibilidade aos objetivos e metas de planejamento de produção propostos para o porto; Controlar o carregamento de navios e planejamento de cargas nos porões e possibilitar o uso de base de dados dos navios automatizada.

Controla a entrada, permanência e movimentação de pessoas e veículos na área portuária. Esse é o único sistema que não opera integrado com os demais.

Atender ao Código Internacional de Segurança para Navios e Instalações Portuárias (ISPS Code); Controlar o fluxo de pessoas e veículos por área, o processo de confecção, emissão e entrega de crachás a funcionários; Registrar a entrada e saída de pessoas, veículos leves e veículos de carga nas diversas áreas do terminal.

Sistema responsável pela comunicação entre os sistemas integrados.

Recebe informações de um sistema origem e disponibiliza aos sistemas de destino. Nenhuma regra de negócio deve ser implementada nesse sistema e nenhum relatório é gerado pelo mesmo. Seu escopo é viabilizar a troca de mensagens com a conversão em protocolos de comunicação distintos caso seja necessário.

PAC Port Access Control Sistema de Controle de Acesso ao Porto Il Integration Layer Camada de Integração

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Centraliza matrizes de bloqueios, tanto à montante quanto à jusante dos equipamentos. Para cada ordem de manutenção, cria checklists e imprime fichas de bloqueio de forma automática e identificadas por códigos de barras.

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Hexagon Mining une soluções anticolisão e de gestão de frota

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exagon Mining, subsidiária do grupo sueco que reúne a brasileira Devex, a americana MineSigth e as suíças Leica Mining Geosystems e Safemine, iniciou os testes de campo do seu novo sistema que combina as soluções de prevenção de colisão e gestão de frotas. A tecnologia, que está sendo aplicada em veículos leves e pesados na Austrália, agrega a tecnologia 3D do SafeMine, que entre as suas funcionalidade apresenta imagens e emite sinais sonoros para alertar o motorista quanto à proximidade de outro veículo ou obstáculo, com a arquitetura do Leica

Jigsaw, que prove gerenciamento de frota, otimizando as operações de despacho de caminhões, tempo de carregamento, consumo de combustível entre outros. De acordo com informações da empresa, a integração dos sistemas agiliza o monitoramento do equipamento na cabine e maximiza a visibilidade para o motorista. Os comandos na SafeMine estão integrados na plataforma de Jigsaw, o que facilita a operação em uma só plataforma. Os usuários podem controlar o comportamento dos funcionários e monitorar as condições ambientais para compreender

como ambos podem afetar a segurança da mina. Os eventos são arquivados no sistema e podem ser anotados de acordo com o motivo da indicação. Áreas com vários alertas são facilmente identificadas para que recebam melhorias de segurança. “Estamos sempre à procura de soluções para tornar a mineração mais segura e eficiente”, afirma Hélio Samora, presidente da Hexagon Mining. “A integração de Safemine CAS com Leica Jigsaw FMS une duas plataformas líderes de mercado para proporcionar transparência e responsabilidade na segurança das minas”.

Frota

Anglo American investe US$ 2 milhões em sistema anticolisão Sistema Minas-Rio já utiliza nova tecnologia em 25% de seus equipamentos

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O sistema identifica a distância entre veículos e equipamentos por telecomunicações DSRC (Dedicated Short-Range Communications – comunicações dedicadas de curto alcance) e apresenta um alcance médio de 200 m. Quando eles estão muito próximos, o display instalado em suas cabines envia dois níveis de sinais para indicar para o operador a existência de um risco de colisão, sendo que o primeiro apenas alerta e o segundo emite um alarme para que o condutor tome uma ação corretiva.

Uma das inovações é que o CAS permite a troca de informações entre os veículos e possibilita a criação de regras de contexto, o que contribui para uma redução considerável da ocorrência de falsos alarmes em comparação com outros produtos similares. A mineradora já instalou o sistema anticolisão em 25% dos equipamentos do Minas-Rio. Até o primeiro trimestre de 2016, todos os caminhões fora-de-estrada e caminhonetes já estarão com o novo produto.

Collision Avoidance System (CAS) visa aumentar a segurança de todos os equipamentos leves e pesados que circulam dentro da área de operação da mina Foto: Anglo American

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Anglo American está investindo US$ 2 milhões para instalar no Sistema Minas-Rio o Collision Avoidance System (CAS), pioneira tecnologia anticolisão que visa aumentar a segurança de todos os equipamentos leves e pesados que circulam dentro da área de operação da mina. A tecnologia, desenvolvida pela Modular Mining Systems, emprega a mesma solução utilizada em veículos que circulam nas rodovias americanas e foi adaptado às necessidades do ambiente de operação. O diretor de Operações do Sistema Minas-Rio, Rodrigo Vilela, ressalta que após vários testes, realizados nos Estados Unidos e na mina da Anglo American em Conceição do Mato Dentro (MG), o produto se mostrou robusto o bastante para ser implantado em caráter operacional. “Ele atendeu plenamente ao propósito. Identificou muito bem a presença de veículos médios e não apresentou falsos alarmes. Além disso, é resistente a vibrações, temperatura alta, poeira e chuva. Esse sistema é, realmente, uma inovação no que diz respeito à prevenção de colisões em minas”, afirma.


Conexpo aposta no potencial dos setores de construção e mineração da América Latina

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ela primeira vez na América Latina, a Conexpo, organizada pela Association of Equipment Manufacturers (AEM) e que tradicionalmente acontece em Las Vegas (EUA), reuniu mais de 32 mil pessoas entre os dias 21 a 24 de outubro em Santigo, no Chile, sendo o público formado por profissionais ligados aos setores de construção e mineração provenientes em sua maioria do Chile, Argentina, Brasil, Peru, Colômbia e Bolívia. “Estamos muito contentes com a reação positiva que teve nossa exposição. Nossos fabricantes entendem as oportunidades de negócio contínuas na região e no Chile como líder”, Paul Puissegur, Diretor da Feira Conexpo Latin America. Em paralelo a exibição, composta por mais de 300 empresas e com pavilhões exclusivos da China, Alemanha, Itália, Reino Unido e América do Norte, foi realizado um programa de atualização profissional, composto por seis seminários sobre as melhores técnicas do setor. O evento ocorreu em conjunto com as feiras Edifica e ExpoHormigón, o que impulsionou a sua visitação. “A Associação de Fabricantes de Equipamentos (AEM) tem uma longa trajetória de compromisso com a América Latina com o propósito de avançar no desenvolvimento de negócios e na cooperação, temos o privilégio de trabalhar em conjunto com as organizações líderes no Chile, e em toda a região”, afirmou Dennis Slater, presidente da AEM, Dennis Slater.

A empresa apresentou também o manipulador telescópico 4017RS com especificação para locação. Caracterizada pela sua simplicidade, a cabine da máquina inclui um joystick único, possui visibilidade melhorada e um assento com suspensão mecânica, incrementando o conforto e produtividade. Um dos atrativos é que a cabine pode ser lavada com lavadora de pressão antes de ser locada para outro cliente. A manutenção é simplificada devido ao fácil acesso a todos os componentes do motor. O comprovado trem de força do manipulador telescópico, que conta com eixos e transmissão Dana e motor Deutz e a tecnologia da lança que utiliza o desenho de caixa de quatro chapas, também contribuem para a confiabilidade da máquina. O 4017RS apresenta 4.000 kg de capacidade máxima de elevação e 17,10 m de altura máxima de elevação. Na feira, a empresa destacou ainda a tesoura elétrica 1932RS/6RS e a lança compacta sobre esteiras X600AJ.

Escavadeira de grande porte

A Volvo Construction Equipment lançou durante a feira a EC750DL, a escavadeira de maior capacidade da marca. A máquina

tem um peso operacional de 72,7 toneladas, superior ao da versão anterior, de 69 toneladas. A capacidade da caçamba da EC750DL é 10% superior, passando dos 4 m³ da versão passada para os atuais 4,5 m³. A potência do motor subiu 11%, assim como a potência hidráulica cresceu 10%. A maior potência hidráulica contribuiu para proporcionar um aumento de 3% na vazão hidráulica, garantindo maior velocidade nos ciclos e também uma elevação de 9% na força de escavação. Outro importante avanço da máquina, de acordo com a empresa, é um aumento de 6% na força de tração, permitindo uma melhor performance em aclives e rampas. No evento a empresa apresentou também sua nova escavadeira compacta sobre rodas EW60C. A máquina proporciona a vantagem de poder trabalhar em espaços restritos e rodar em vias públicas, entre um canteiro e outro, sem a necessidade de transporte adicional. Além disso, com linha hidráulica auxiliar (X1) standard de fábrica é possível utilizar diversos implementos, tais como martelo, perfuradoras, caçamba com inclinação lateral, entre outros. De acordo com a empresa, em atividades

Feira contou com mais de 300 empresas

A JLG levou à Conexpo a redesenhada plataforma de lança 450AJ da JLG. Com capacidades de até 454 kg, o equipamento permite aos operadores levar mais ferramentas e suprimentos ao local de trabalho, o que pode aumentar a produtividade. Esta plataforma utiliza até 40% menos mangueiras hidráulicas e o posicionamento desses componentes foi otimizado, comparado aos modelos anteriores. Segundo a empresa, isto reduz o número de pontos de vazamento potenciais e minimiza manutenções. www.revistaminerios.com.br

Foto: Conexpo

Nova versão de plataforma de lança

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Tecnologia

Versão latino-americana da feira aconteceu em Santiago e reuniu novidades dos fabricantes de máquinas e equipamentos


de escavação, a EW60C pode ser até 25% mais rápida e consumir até 50% menos combustível que uma retroescavadeira, graças à sua menor necessidade de reposicionamento e possibilidade de trabalhar em espaços restritos. Sua amplitude de giro, quando rente à parede, é de 180º, condição que a torna três vezes mais versátil que uma retroescavadeira.

Equipamentos para a produção de concreto

A brasileira RCO apresentou suas so-

luções compactas para novos players do mercado de concreto. Entre elas, a central dosadora de concreto móvel Nomad D-20 e o silo aparafusado vertical com diâmetro de 3000 mm. Nos dois casos, a principal característica é a mobilidade. O silo, por exemplo, com montagem aparafusada permite que seja deslocado, rapidamente de uma obra a outra, diferenciando-se dos modelos montados com solda. Além disso, a logística para transporte destes novos equipamentos é reduzida, pois eles po-

dem ser movimentados em contêineres. Já a Nomad D-20, com produtividade em 20 m³/h, pode substituir centrais dosadoras tradicionais. A linha de centrais dosadoras Nomad RCO ainda conta com modelos de produtividade de 30 e 40 m³/h. Nos últimos três anos, a empresa exportou três centrais dosadoras para a Bolívia: duas CDR-30 RS e uma CDR-60. Este ano foi feito um upgrade em um desses equipamentos, com a aplicação de um descarregador de Big Bag com balança.

Heringer aposta em treinamento e manutenção preventiva para ganhar produtividade

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á 46 anos no mercado, a Heringer, com sede na cidade de Viana, no Espírito Santo, adquiriu as primeiras máquinas Case, em 2004, momento que apostou também nos serviços de treinamento de mão de obra e manutenção preventiva, como o Case Care. “O treinamento evita a operação inadequada do equipamento e eventual quebra ou desgaste. Com a manutenção preventiva, nos adiantamos aos problemas e evitamos paradas de máquina, desgaste de peças ou gasto excessivo de combustível, por exemplo”, informa José Paulo Pereira, gerente industrial da companhia, que em 2014 entregou um volume de 5,5 milhões de toneladas de fertilizantes para mais de 46 mil clientes, o que corresponde a 17% do mercado brasileiro. Atualmente, 90% do parque de máquinas da Heringer é de máquinas Case, sendo 73 pás carregadeiras 621D e sete pás carregadeiras 721E, todas utilizadas na movimentação de fertilizantes, um material altamente corrosivo. As máquinas - locadas nas 19 unidades da empresa, localizados em 11 estados - recebem uma proteção anticorrosão, que inclui blindagem do alternador, proteção na parte elétrica, além de quinas arredondadas. Segundo Pereira, as máquinas movimentam em média 300 t de fertilizantes a cada turno de 7 a 8 horas. Entre as matérias-primas manipuladas estão o cloreto de potás34 | Nov./Dez. 2015

sio, ureia, sulfato de amônia e superfosfato. Na avaliação da companhia, cuidar bem da máquina de construção traz outro retorno importante, além da produtividade: garantir o valor de revenda do produto. Nas unidades da empresa, as pás carregadeiras Case operam em média 16 horas diárias e consomem de 8 a 11 litros de combustível, dependendo do material que estão movimentando, das distâncias percorridas e do operador. Para garantir esse desempenho, a empresa dispõe dos serviços Case Care, para manutenção preventiva e treinamento de operadores. “Nós temos dois contratos de manutenção. Um deles é para a ação preventiva, com acompanhamento dos técnicos da concessionária Brasif nas nossas unidades para manutenção e orientação de treinamento. No outro, a Brasif disponibiliza um mecânico fixo”, explica Pereira. As máquinas movimentam em média 300 t de fertilizantes a cada turno de 7 a 8 horas

Segundo o gerente da Heringer, a orientação adequada e a detecção de eventuais falhas de operação são imprescindíveis para a produtividade. “Já tivemos problemas com máquinas e foi constatado erro de operação. Com treinamento de operadores, diminuímos os problemas técnicos nas máquinas, alcançamos mais produtividade e conservamos o equipamento”, relata. Ciente da importância da manutenção preventiva, a mineradora está ampliando seus investimentos nessa área e começou a utilizar, em caráter experimental, o sistema de telemetria SiteWatch, também presente entre os serviços do Case Care, em máquinas localizadas nas unidades de Rondonópolis (MT) e de Paranaguá (PR). “É uma ferramenta de suporte para a melhoria contínua das nossas operações, para sabermos em tempo real como as máquinas estão operando e quais são suas condições”, completa Pereira. Foto: Case

Tecnologia

Sistemas auxiliares aumentam eficiência e operação de máquinas e equipamentos da empresa


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om o objetivo de aumentar a participação no mercado de fertilizantes, a Metso que reforçar a presença da marca Faço, que reúne soluções de mineração, processo e misturadores, incluindo de britadores e vasos rotativos a válvulas de controle e automação, passando por transportadores de correias. O Brasil é o quarto maior mercado de fertilizantes do mundo, consumindo cerca de 32 milhões t por ano, dos quais 70% são importadas. Os dados são da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) e mostram um cenário de oportunidades para as empresas que fazem parte da cadeia de valor do segmento. .“Reunimos produtos que podem ser aplicados nessa indústria e que estão agregados em três áreas, que são as de mineração, processamento de fertilizantes e misturadores”, explica Carlos Ivan Equi, vice-presidente da área de Sistemas no Brasil. O executivo lembra que a adoção da marca Faço visa recuperar o histórico positivo da fabricante no Brasil. “A sigla era a denominação para Fábrica de Aço Paulista, empresa adquirida pela Metso há alguns anos e que é bastante reconhecida pela qualidade dos produtos”, argumenta.

Segundo ele, o mercado consumidor continuará crescendo nos próximos anos e, por essa razão, a empresa decidiu reinventar-se no segmento. “Sabemos que o horizonte de crescimento dessa indústria não é de curto prazo, bem como o nosso comprometimento com o desenvolvimento de tecnologias para o setor”, explica. A oferta concentrada na marca Faço engloba mais de duas dezenas de soluções. Na área de mineração, o foco são os britadores, peneiras, transportadores de correia, moinhos de bolas, células de flotação e bombas de polpa, que a empresa tradicionalmente oferece a diversos segmentos. Já a área de processos engloba a maior parte do portfólio e inclui desde moinhos de martelos e peneiras até os vasos rotativos. As instalações de recebimento de matérias primas e as plantas de mistura de grânulos fecham a terceira na área de soluções. O rol de serviços para o segmento de fertilizantes, por sua vez, inclui três abordagens. A primeira delas são os estudos para aplicação de soluções no manuseio de materiais, produção de fertilizantes e de suas matérias primas. O segundo item do escopo de serviços envolve treina-

Foto: Metso

Metso amplia foco no mercado de fertilizantes

mento e manutenção de toda a linha de equipamentos. Os serviços de reformas de equipamentos da marca e também de outros fabricantes fecha o trio. Nesse último caso, as ações envolvem a atualização, repotencialização e manutenção de peneiras, transportadores e elevadores.

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Vale irá utilizar em sua mina a céu aberto de Carajás, localizada no Pará, a solução de Rede Wireless MasterLink Enterprise, desenvolvida pela Modular Mining Systems. O complexo de Carajás instalou primeiramente a rede Masterlink 2 (ML2) em 2004 e evoluiu para MasterLink 11 (ML11) em 2007. De acordo com informações da mineradora, o uso intenso de aplicações que demandam banda larga pela mina, a necessidade de suportar múltiplas VLAN (virtual local área networks) e o aumento dos requisitos de cobertura direcionaram a mina para ampliar a sua plataforma de comunicação wireless. O relacionamento entre as empresas começou em 1993, quando a mina se tornou o primeiro cliente a utilizar o sistema de gerenciamento de frotas no Brasil. “Nós continuamos a expandir nossa parceria com a Vale atingindo um total de 14 minas em todo o mundo” disse Davi Freire, Gerente Geral, Modular Mining Systems do Brasil. “No inicio desse ano, nós comemoramos juntamente com a Vale – Mina do Pico, por ser nosso 250º cliente.” A mina de Carajás também utiliza o Sistema de Gerenciamento de Frotas Dispatch, a Solução de Gerenciamento de Manutenção Minecare e o Sistema de Orientação de Máquinas ProVision. A solução MasterLink Enterprise está planejada para ser comissionada no final deste ano. www.revistaminerios.com.br

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Foto: Vale

Carajas implementa solução da Modular Mining


Britadores móveis ajudam a reduzir consumo de pneus Solução para britagem móvel está auxiliando a mina Salobo a melhorar os acessos da mina e reduzir a perda prematuras dos pneus

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Produção de cascalho é de mais de 280 mil t/mês

Foto: Metso

Tecnologia

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desafio enfrentado na mina de cobre Salobo da Vale, no Pará, estava relacionado ao transporte do material nos acessos da mina, onde pedras causavam um desgaste rápido ou rasgos dos pneus dos caminhões, levando a trocas frequentes desses componentes. Nesse sentido, a manutenção dos pneus começou a impactar os custos. Com seu conhecimento tanto em mineração quanto em agregados, a Metso propôs alugar plantas móveis de britagem (conjuntos Metso modelos NW96 e NW200HPS, além de conjunto sobre esteiras Lokotrack LT116) e alimentadores para produzir a gradação correta de cascalho e melhorar a condição dos 30 km de acessos internos usados pelos caminhões de grande porte. A empresa não se limitou a apenas fornecer os equipamentos para britar o cascalho, mas por meio de um contrato de serviços para o ciclo de vida (LCS) incluiu também a manutenção dos equipamentos e o acompanhamento dos indicadores de desempenho (KPI’s). O contrato final assinado cobria um período de dois anos e passou por algumas modificações nos meses iniciais, uma vez que a produção de cascalho aumentou de 80.000 toneladas/mês para mais de 280.000 toneladas/mês a pedido da Vale. A Metso disponibilizou um total de 50 especialistas para operar e fazer a manutenção dos britadores móveis, o que ajudou a manter os equipamentos alugados produzindo um fluxo contínuo de cascalho, para manter a qualidade dos acessos e praças de carregamentos em boas condições. Localizada no estado do Pará (região Norte do Brasil), a mina de cobre Salobo da Vale iniciou a produção em 2012. Esse foi o segundo projeto greenfield de cobre desenvolvido no Brasil pela mineradora global e que possui uma produção anual estimada de 518.000 toneladas de concentrado de cobre por ano, sendo que o depósito possui uma estimativa de 1.18 bilhões de toneladas. Um dos

pontos chave no planejamento da mina Salobo foi seu desenvolvimento sustentável. Aproximadamente 98% da água usada na mina foi programada para reuso além de terem sido feitos investimentos consideráveis na estrutura local, saúde e educação antes do início das operações. Estes investimentos foram feitos visando à operação sustentável da mina a longo prazo, sendo que está nos planos dobrar a produção nos próximos anos. As operações na mina Salobo abrangem a produção da mina a céu aberto e também o processamento do cobre extraído. A configuração do processo envolve a passagem do material pelos britadores, prensa de rolos, moinhos, ciclones e, finalmente, pelas áreas de flotação e filtragem, onde um concentrado contendo entre 36 a 40% de cobre é produzido. O concentrado de cobre é então transportado por caminhões até o terminal ferroviário existente em Parauapebas, do ponto ao qual é transportado por trem até o terminal marítimo Ponta da Madeira, no estado do Maranhão. Adicionalmente, a mina Salobo encontrou um benefício colateral por possuir uma alta capacidade de britagem disponível na planta. A mina foi capaz de usar uma par-

cela da capacidade disponível do britador para testar alguns excessos de resíduos que se acumularam pela planta e separar os finos abaixo de 50mm. Uma vez que os finos foram removidos, o material restante acima de 50mm foi classificado como tendo gradação suficiente para ser redirecionado através do processo, incrementando os níveis de produção e reduzindo os volumes de rejeitos dispostos. Com o contrato em vigor desde Novembro de 2013, as condições dos acessos da mina melhoraram consideravelmente. A vida útil dos pneus dos caminhões da Vale foi aumentada em mais de 50%, reduzindo significativamente as despesas reposição e também as horas paradas com manutenção. Com menos caminhões parados para troca de pneus, a produção na planta cresceu. O benefício principal do contrato LCS da Metso com a mina foi que o acordo de aluguel permitiu a Vale Salobo evitar grandes investimentos de capital. Os britadores móveis alugados foram flexíveis o bastante para atender demandas altas e variáveis para o cascalho requerido. O equipamento alugado estava coberto por um contrato de manutenção para o ciclo de vida, conduzido pelo pessoal treinado da Metso.


Vale reduz custo de produção de minério de ferro em 41% Aumento da produtividade, utilização de correias transportadoras de longa distância, otimização do uso de equipamentos, são algumas das medidas que permitiram uma redução nos custos da mineradora

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Malásia, que faz a blendagem do minério de ferro do Sistema Norte com o minério do Sistema Sul, aproximando estoques aos clientes na Ásia. O produto, denominado Brazilian Blend Fines (BRBF), é um mix de 70% do minério de Carajás com 30% do minério dos sistemas Sul e Sudeste. Em comparação ao produto australiano, o minério de ferro tem maior teor de ferro, menos fósforo e menos alumina. Em função da qualidade e boa aceitação da matéria-prima no mercado global, o produto tem sido negociado com um prêmio médio de US$ 3,0/t. A capacidade total do centro de distribuição é de 30 Mtpa e deve ser alcançada no segundo semes-

tre de 2016. Já as vendas de BRBF devem alcançar 20Mt em 2015.

Investimentos

Para 2016, a empresa pretende investir US$ 6,2 bilhões, abaixo dos US$ 7,6 bilhões estimados em janeiro de 2015. Considerando os números revisados, a Vale vai cortar em 24% do investimento em 2016. A companhia, que tem sido a maior produtora global de minério de ferro, prevê investir US$ 3,2 bilhões em projetos de capital e US$ 3 bilhões em manutenção e reposição em 2016. Segundo informações da empresa, o motivo é que seu ciclo de investimentos

Foto: Vale

S11D terá custo médio de US$ 10/t

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Minerio de Ferro II

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pesar da desvalorização do minério de ferro no mercado global, a Vale apresentou bons resultados operacionais durante o evento Vale Day, realizado em Nova York (EUA). Com iniciativas que visam aumentar a produtividade e reduzir custos, como implantação de correias de longa distância, padronização dos equipamentos e otimização de mina e da capacidade da frota de transporte, o custo de minério de ferro entregue a China (principal cliente da empresa) caiu mais de US$ 25/t entre o quarto trimestre de 2014 e outubro de 2015, ficando em US$ 31/t. A mineradora espera reduzir ainda mais o custo por tonelada produzida com a entrada do projeto S11D, previsto para o segundo semestre de 2016. O complexo terá o menor custo de produção, podendo atingir US$ 7/t (a média será de US$ 10/t) e irá contribuir para que o valor gasto pela empresa para levar a commodity para a China fique abaixo dos US$ 24/t em 2018. Como parte do seu programa de reduzir custos, a empresa fez a substituições de caminhões por correias transportadoras nas unidades de Carajás e Itabira, reduzindo em 40% a distância transportada e dispensando o uso de carregadores, o que faz parte do programa truckless. Outra medida refere-se à padronização de máquinas, que engloba a utilização de equipamentos de poucos fabricantes, que resulta, segundo a empresa, em maior produtividade, confiabilidade e menores custos de manutenção em função do maior conhecimento e especialização em menos modelos. Na parte de otimização da mina e capacidade da frota de transporte houve um aumento de 40% na vida útil dos equipamentos da mina como resultado da nova estratégia de manutenção, redução na relação estéril/minério devido a atualização do modelo de mineração, aumento de 22% na produtividade dos caminhões devido ao maior controle de velocidade e menores tempos de carga, descarga e espera. Outra estratégia da Vale diz respeito à instalação do Centro de Distribuição da


de crescimento está quase no fim, sendo que, em 2017, o único investimento significativo em andamento será nos segmentos logísticos do S11D. Após isso, os investimentos serão majoritariamente em manutenção e reposição. A companhia planeja produzir entre 340 milhões e 350 milhões de toneladas de minério de ferro em 2016, pouco avanço ante a previsão de produzir 340 milhões até o fim deste ano. A extração da commodity no próximo ano é também menor do que a planejada em dezembro de 2014,

quando a empresa estimava produzir 376 milhões de toneladas em 2016.

S11D

O S11D terá capacidade inicial para 90 milhões t/ano de minério de ferro com teor de 66,7% e custo total na casa dos US$ 17 bilhões, sendo US$ 6,868 bilhões para a parte da mina e o restante para a logística de transporte do minério até o porto. Em dezembro, a companhia finalizou a montagem das primeiras máquinas de pátio do S11D, uma empilhadeira de lan-

ça dupla e uma recuperadora tipo ponte. O trabalho durou cerca de 10 meses e foi finalizado em dezembro. Com isso, o anvaço físico do complexo atingiu 77%. As máquinas fazem parte do pátio de regularização e em breve entrarão em comissionamento. Cada equipamento tem capacidade para trabalhar em média com cinco mil toneladas por hora. No total, 14 máquinas vão compor os pátios de regularização e de produtos da Usina do S11D e a conclusão de todas as montagens estão previstas para abril de 2016.

Itaminas aumenta durabilidade e reduz tempo de manutenção de bombas

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Itaminas faz parte do grupo seleto das 40 maiores mineradoras brasileiras, com uma produção de 7,5 milhões de toneladas de minério de ferro em 2014. O volume atende o mercado interno, incluindo grandes siderúrgicas e o segmento guseiro. A empresa foi criada em 1958, no Rio de Janeiro, e transferida no ano seguinte para Sarzedo (MG). Ao longo dos anos, a mineradora estrategicamente focou-se no mercado local, cujo aumento de qualidade, passou a exigir fornecedores mais estruturados. Em função desse posicionamento, a Itaminas reduziu suas exportações – traço comum nos seus primeiros dez anos – e tornou-se a segunda maior fornecedora do mercado guseiro mineiro. O avanço deu certo: a empresa opera em jornada 24 x 7, produzindo minério de ferro sinter feed, pellet feed e hematitinha. O processo ininterrupto exige uma operação sem falhas, inclusive o bombeamento da polpa do minério para o concentrador, separador magnético, ciclonagem, baias de produtos e para os tanques de rejeito. O funcionamento do conjunto de bombas é crítico, pois a Itaminas reaproveita cerca de 70% da água drenada da sua barragem de rejeito. Outro fator importante é a característica da polpa de minério que circula 38 | Nov./Dez. 2015

nas tubulações e nas bombas: com alta densidade - 1.85 Kg/m3– e muito abrasiva, ela gera um desgaste intenso nos equipamentos. Em termos de estrutura, a barragem de rejeitos localizada a aproximadamente 2,6 Km das usinas de concentração magnética, com um desnível geométrico de 180 metros, é sem dúvida, o caminho crítico para as atividades de bombeamento na unidade operacional de Sarzedo. O rejeito é direcionado para a referida barragem através de um sistema

de bombeamento composto por cinco estações. Cada estação está equipada com 3(três) bombas, sendo 2(duas) em operação e 1(uma) reserva. Também compõe as estações de bombeamento cinco reservatórios intermediários com capacidade de 10 m3 cada. Em resumo, paralisar o sistema está fora de questão: haveria o transbordamento dos tanques e a imediata parada da produção. Exatamente em função do cenário desenhado é que a Itaminas resolveu rever seu sistema de bombeamento em 2013. Foto: Itaminas

Minerio de Ferro II

Empresa adota tecnologia que elimina o uso de água na selagem. Montagem das bombas reduziu de 4 horas para 1 hora e carcaças apresentaram durabilidade 3 vezes maior

Itaminas opera em jornada de 24x7, produzindo minério de ferro sinter feed, pellet feed e hematitinha


Antes da troca da base instalada anterior pelos equipamentos da Metso, a mineradora utilizava bombas cujo projeto de fabricação envolvia oito componentes. O detalhe construtivo explica o tempo de montagem de 4 horas. Com selagem com água, os equipamentos usados anteriormente também apresentavam um custo maior em relação a outras tecnologias. Outro ponto contra a base instalada até então era a qualidade dos revestimentos, que não suportavam a abrasividade da polpa transportada no sistema de bombeamento. Nesse último caso, o resultado era uma carcaça com durabilidade de 3 meses. Culturalmente, a Itaminas adotava a sistemática de manter um estoque próprio de peças, o que resultava em alto custo – pela mobilização de ativos – e baixa disponibilidade. A primeira mudança aplicada na mineradora foi a adoção de bombas seladas com a tecnologia Expeller, sem uso de água e com alto desempenho energético e operacional. Além dessa característica principal, a equipe de manutenção da Itaminas, liderada por Esley Cardoso, encarregado da Manutenção Mecânica da empresa, identificou outros ganhos. A facilidade de manutenção, por exemplo, é um deles: com 3 componentes, as bombas modelo HM250, exigem apenas uma hora para sua montagem, contra as 4 horas exigidas pelos equi-

Foto: Metso

Transição envolveu mudanças técnicas e maior durabilidade

Durabilidade das carcaças foi triplicada, passando de três para nove meses

pamentos anteriores. Diferentemente das bombas do concorrente, a tecnologia Metso apresenta maior resistência à abrasividade. Traduzindo em números: a durabilidade das carcaças foi triplicada, passando de 3 meses para 9 meses.

Consignação de peças e frequência de pós-venda

“O sistema de bombeamento do rejeito está funcionando há mais de dois anos, sem apresentar qualquer falha”, explica Esley Cardoso. O encarregado – com 38 anos de experiência somente na Itaminas – destaca que o projeto foi desenvolvido em conjunto entre a mineradora e a Metso. A parceria também mudou a cultura de serviços. O estoque de peças e componentes passou a ser consignado e as duas empresas estabeleceram uma dinâmica de pós-venda com frequência quinzenal. “Hoje, pagamos somente pelas peças efetivamente usadas e, como a carga horária de manutenção foi reduzida, pudemos direcionar a equipe

para outras tarefas”, complementa Esley Cardoso. De acordo com Guilherme Almeida, técnico da Metso responsável pelo produto neste cliente, o pós-venda estabelecido envolve o acompanhamento mensal do estoque e a sugestão de melhorias que garantam a operação sem falhas. “Tecnicamente, a selagem Expeller reduziu os custos, em função de dispensar o uso de água, recurso caro e escasso”, explica. A segurança do bombeamento também foi mantida pela estrutura que envolve 2 bombas HM250 para cada tanque, funcionando em paralelo, e uma terceira, do mesmo modelo, como reserva e já instalada. Em caso de problemas, a substituição é imediata e feita por meio da troca do mangote de alimentação. E sem parar o processo. “No total, temos mais de 70 equipamentos na Itaminas, uma das maiores bases instaladas da Metso no Brasil”, finaliza Almeida.

Parada automática de transportadores operando vazios

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om o objetivo de diminuir os gastos de energia das correias transportadoras, a Vale desenvolveu um projeto de redução do tempo dos transportadores operando a vazio no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão. Só em setembro, a diminuição nos gastos a partir do projeto foi de R$ 235.688,50 com uma economia acumulada de R$ 1.020.978 em 2015. De acordo com informações da emprewww.revistaminerios.com.br

sa, em alguns momentos, os transportadores funcionam sem estar movimentando minério. Isso ocorre para conciliar a operação das correias com alguma manobra no virador de vagões ou dos carregadores de navios, por exemplo. A implantação do projeto consistiu em reduzir ao máximo esse tempo, desligando-os automaticamente após 30 minutos operando a vazio. Pelo Terminal Marítimo de Ponta da

Madeira (TMPD), porto privado da Vale em São Luís, a produção de minério de ferro e outros produtos de Carajás embarcam com destino aos principais mercados consumidores. Antes de seguir para todos os cantos do mundo, a produção chega ao TMPD de trem, pela Estrada de Ferro Carajás. O terminal está localizado no Complexo Portuário de Itaqui, à margem leste da Bahia de São Marcos, em São Luís. Nov./Dez. 2015 | 39


Densímetro-amostrador não radioativo reduz perdas de material no beneficiamento de minério de ferro Por Luiz Henrique Machado*

Processos

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atual baixo preço do minério de ferro tem levado as mineradoras a buscar a otimização de seus processos, principalmente na redução de custos, aumento de produtividade e redução das perdas. Foi justamente focando nestes aspectos que uma mineradora está obtendo bons resultados com utilização de um simples equipamento. A eficiência do processo de flotação depende da correta dosagem de minério de ferro, água, amina e amido. Com o intuito de realizar a correta dosagem de insumos e água, foi idealizado um controle em malha fechada para ajustar a quantidade de água injetada, buscando-se uma concentração de minério de 60% ± 2% , concentração esta que permite o melhor rendimento do processo de flotação.. A solução é a análise da densidade do fluido na entrada da célula cleanner de flotação e um sistema que automaticamente aumenta ou diminui a quantidade de água injetada para obter o parâmetro desejado. Os principais requisitos eram que o equipamento fosse de fácil implementação, precisão adequada, trabalho em calha aberta e tanques abertos, e não-radioativo. Nesta etapa foi que a solução patenteada da LLK Engenharia foi decisiva. O desenvolvimento levou a implementação de um densímetro que funciona por amostragem de material em reduzido intervalo de tempo, ligado ao sistema de controle de água. O densímetro utilizado possui como grande vantagem o fato de não ser radioativo, eliminando esta grande preocupação para seus clientes, além da facilidade de instalação por trabalhar em calha aberta e tanques a pressão atmosférica. A utilização do densímetro no controle do processo melhorou significativamente o enquadramento da concentração de minério. Antes da implementação do sistema de controle, os valores de concentração de minério mantiveram 37% das 40 | Nov./Dez. 2015

Distribuição da concentração de minério sem o controle em malha fechada.

Distribuição da concentração de minério com o controle em malha fechada.

medições dentro da faixa esperada, sendo que após a implementação do controle 59% das medições mantiveram-se dentro da faixa almejada. O resultado prático foi o aumento da estabilidade de concentração de sólido dentro da célula de flotação, tornando possível um melhor controle na adição de reagentes químicos e nível de es-

puma do processo. Com estes controles, foi possível verificar uma redução na concentração de ferro no rejeito e otimização no consumo de amina, gerando maior economia e, consequentemente, aumento de produtividade para a planta. (*) Luiz Henrique Machado, diretor da LLK Engenharia


Novo sistema de controle de inversores explora o potencial da prensa de rolos de alta pressão

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ABB lançou o RollXtendTM, a nova funcionalidade de sistema dos inversores de última geração para melhorar a performance da prensa de rolos de alta pressão – HPGR - e a vida útil desses equipamentos. Esse sistema de controle é baseado em compartilhamento de carga entre os rolos em tempo real, o que segundo a empresa agrega vantagens significativas em termos de otimização da produção, reduz despesas operacionais e de capital, além de beneficiar os operadores em relação à saúde e à segurança. Basicamente, o sistema permite que o operador gerencie em tempo real os torques fornecidos em cada um dos rolos. O equilíbrio de velocidade é mantido até mesmo com cargas diferentes nos rolos, reduzindo ao mínimo os deslizamentos e o desgaste de uma forma geral.

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À medida que os rolos começam a se desgastar (após certo período de operação), eles sofrem diferentes taxas de desgaste com base em muitos fatores, tais como alimentação, características dos minérios, posicionamento da caçamba, etc. A tecnologia RollXtendTM dá flexibilidade para ajuste da carga colocada em cada rolo com base no desgaste que eles sofreram, de modo que ambos os rolos possam ter a carga distribuída de maneira uniforme e, como consequência disso, amplia a vida útil do par de rolos. Em termos de manutenção, a tecnologia também possui vantagens significativas, de acordo com a ABB. Atualmente os HPGRs exigem inspeções e manutenção regulares para garantir que os danos aos pinos sejam contidos e

que o equipamento continue a funcionar de forma eficiente. Para facilitar o deslocamento do rolo para inspeção, os operadores precisam desacoplar o drive principal e acoplar um drive auxiliar. Esta operação leva bastante tempo e oferece em risco a segurança dos trabalhadores. Com o sistema RollXtendTM, a inspeção e manutenção podem ser realizadas sem o desacoplamento do drive principal. Segundo a empresa, os benefícios da tecnologia se concentram a longo prazo, pois o sistema prolonga a vida útil por completo da prensa de rolos de alta pressão (não somente dos rolos), permite uma manutenção mais eficaz e segura, além da flexibilidade operacional e melhor desempenho do processo de trituração.

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Moagem

Tecnologia aposta em torque preciso e controle de velocidade específicos para prensa de rolos de alta pressão (HPGR - high-pressure grinding rollers)


LiuGong apresenta novo centro de treinamento

Desenvolvida por engenheiros da 3M do Brasil a partir da necessidade de uma empresa petroquímica, a fita 1465BR isola e protege tubulações contra a corrosão. Com tecnologia exclusiva, a fita produzida a partir da união do PVC (policloreto de vinila) e Mastic oferece em uma única camada de proteção contra corrosão, umidade, raios UV e mecânica. De acordo com informações da empresa, sua aplicação é rápida e fácil, uma só etapa, e é indicada tanto para tubulações aéreas quanto enterradas. Com fabricação local, a fita isolante é robusta e tem como diferencial a baixa adesão inicial, que permite o reposicionamento da sobreposição da fita, caso seja necessário nos primeiros minutos, com aumento gradativo da adesão em até 24 horas, pois, possui em sua constituição um dorso à base de PVC laminado com Mastic de alta performance e um papel siliconado antiaderente “Operacionalmente é um produto muito mais eficiente que as outras soluções do mercado. Além de ser reposicionável durante o processo de aplicação, requer apenas o lixamento para remover a oxidação e se aplicar o primer. A fita isolante 1465BR não requer tempo de cura e sua aplicação chega a ser até 70% mais rápida”, explica Vanessa Correa Arantes, química de Desenvolvimento de Produtos da área de elétricos da 3M do Brasil, que participou do desenvolvimento do produto. Disponível nas larguras 50 mm, 75 mm, 100 mm e 150 mm, a fita apresenta elevada resistência mecânica, ao impacto e abrasão, à ação de ácidos, fungos, bactérias e água salgada. Acompanha os movimentos de dilatação e contração das tubulações, e é isenta de metais pesados (atende a diretiva RoHS – restrição ao uso de substâncias perigosas) e tem homologação da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). O produto é indicado para utilização em indústrias, companhias de infraestrutura, petróleo e gás, saneamento básico, construção civil, gasodutos e aeroportos.

A LiuGong abriu um novo centro de treinamento dentro do seu complexo industrial, localizado em Mogi Guaçu (SP). O novo espaço, inaugurado em setembro e com uma área de 250 m2, recebeu investimentos de US$ 300 mil. Nele, serão oferecidos treinamentos em equipamentos e motores para funcionários da empresa e revendedores. O centro está equipado com conjuntos completos de componentes, ferramentas e peças para prover tanto o ensino teórico quanto o prático, bem como motores Cummins, juntamente com eixos e transmissões ZF. De acordo com Tan Zuozhou, gerente-geral da LiuGong América Latina, ao padronizar o conhecimento técnico dos funcionários a empresa pretende oferecer um serviço de pós-venda de alto padrão. “Não há dúvida de que o novo centro de treinamento trará uma melhoria na qualidade de serviço, produtos e componentes LiuGong, e também na produtividade, reduzindo o tempo para a solução de problemas e reparo”, afirma Zuozhou. A fabricante já realizou várias sessões de treinamento no novo centro, incluindo um curso de duas semanas para o motor Cummins QSB7. No total, participaram da capacitação oito profissionais provenientes de revendedoras do Chile, Paraguai, Colômbia e Brasil. Este é o nono centro de treinamento da empresa no mundo, e o sexto a oferecer treinamento específico para motores Cummins.

CSCM da Abimaq tem nova diretoria “Temos consciência das enormes dificuldades que particularmente passa o setor de cimento e mineração. Aparentemente é uma contradição porque o Brasil é um dos grandes exportadores de commodities e minerais do planeta, mas, devido a problemas macroeconômicos agravados pela recessão econômica, muitas empresas desse setor estão lutando desesperadamente para sobreviver”. Essas foram as palavras do presidente do Conselho de Administração da Abimaq, Carlos Pastoriza, durante cerimônia de posse da diretoria eleita da Câmara Setorial de Cimento e Mineração, em novembro, na sede da entidade. O vice-presidente da CSCM, Carlos Nobre, representando o presidente da câmara, Valter Furlan, considerou que “a passagem do bastão trará um alto nível profissional que a CSCM deseja obter no próximo biênio”. O novo presidente da CSCM, Ingo Dietzold, agradeceu pela confiança e disse que espera estar à O novo presidente da CSCM altura dos desafios que serão apresentados: “Sabemos que o trabalho é duro, mas vamos em frente da Abimaq, Ingo Dietzold com disposição e conto com a colaboração de todos vocês”. Ingo Dietzold contará com os vice-presidentes Valter Furlan, Carlos Nobre, Paulo da Pieve, Ronaldo Santana, Sérgio Manfrim, Valdemir Falsoni e Warley Grotta. 42 | Nov./Dez. 2015

Foto: Abimaq

Clipping

Foto: LiuGong

Fita protege tubulações contra corrosão




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