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UMA COMPARAÇÃO ENTRE BIOCONSTRUÇÃO E CONSTRUÇÃO TRADICIONAL: ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICA, ECONÔMICA E AMBIENTAL | Jamylly Ludimily Amorim Mello & Larissa Moraes Vieira

UMA COMPARAÇÃO ENTRE BIOCONSTRUÇÃO E CONSTRUÇÃO TRADICIONAL: ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICA, ECONÔMICA E AMBIENTAL

JAMYLLY LUDIMILY AMORIM MELLO | UNESA LARISSA MORAES VIEIRA | UNESA

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1. INTRODUÇÃO

A construção civil é uma das atividades mais importantes para o desenvolvimento econômico e social e é um dos setores que mais cresce nos países, pois gera intenso impacto ambiental pelo consumo de matérias-primas de alto custo, cuja fabricação utiliza muita energia e produz muito resíduo. Na atualidade está ocorrendo um investimento na busca do equilíbrio ambiental e construtivo. Para isto estão sendo aplicadas técnicas da bioconstrução que visam utilizar matérias primas recicladas ou naturais do próprio local da obra, sistema de reaproveitamento da água da chuva, reaproveitamento dos resíduos sólidos, fontes alternativas de energias renováveis e não poluentes, utilização de iluminação natural, boa ventilação e algumas técnicas construtivas, com vistas a causar o menor impacto para o ambiente e para a sociedade local.

Assim, o objetivo desse artigo é apresentar um estudo comparativo entre uma edificação construída pelo método tradicional com uma mesma edificação feita com conceitos da bioconstrução, utilizando materiais alternativos sustentáveis, de modo a ressaltar a viabilidade técnica, econômica e ambiental desse método construtivo.

2. BIOCONSTRUÇÃO

Na busca de uma sociedade sustentável, surgiu o conceito de bioconstrução, para se referir a construções onde a preocupação ecológica está presente, desde a sua concepção até a sua ocupação, combinando técnicas milenares e inovadoras, garantindo a sustentabilidade, não só no processo construtivo como também no período pós- -ocupação de casas e edifícios.

Bioconstrução é compreendido como um sistema construtivo onde o meio ambiente é preservado, desde a fase de projeto, na adequação ao clima local, durante a construção da edificação, seja na escolha das técnicas de construção, seja no uso dos materiais. E ao longo do uso da edificação, utilizando um tratamento adequado dos resíduos e uma eficiência energética. A técnica da bioconstrução encontra suas bases nas civilizações antigas, utilizando métodos e materiais tradicionais empregados há alguns milênios, e no grande conhecimento tecnológico desenvolvido atualmente.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

As etapas da pesquisa foram: desenvolvimento do projeto da edificação protótipo, produção de todas as plantas, cortes e fachadas necessários. Em seguida foi realizada a produção de planilhas especificando as atividades e materiais para cada fase construtiva. Com essas planilhas foi realizado o levantamento de custo de materiais e mão de obra e realizado o cronograma para cada tipo de edificação (bioconstrução e construção convencional).

O estudo foi feito com base em edificação fictícia, não tendo, portanto cidade ou terreno definido. A edificação protótipo trata-se de uma Secretaria de Meio Ambiente de 1 pavimento térreo, com cerca de 156 m².

Para o modelo de construção convencional, a edificação de estudo tem toda sua estrutura em concreto armado, sapata isolada como fundação, cinta e pilares. A parede de vedação é composta pelo tijolo cerâmico com acabamento com tinta acrílica, o contra piso em concreto magro, e o piso cerâmico. A laje será de treliça e o telhado com sua estrutura feita em madeira com telhas cerâmicas. Toda a escolha dos materiais e métodos construtivos foi mediante aos mais tradicionais e mais utilizados no mercado.

A edificação protótipo com o método da bioconstrução tem a estrutura dos pilares, piso e telhado em bambu. A fundação com pedras de mão. A parede de vedação é composta pelo tijolo de adobe com acabamento com a geotinta. O piso será utilizado laminas de bambu. A laje é composta por madeira reflorestada. O telhado verde com placas solares e boiler para aquecimento da água. Captação da água das chuvas em cisterna e tratamento de efluentes por meio de raízes.

4. ESTUDO COMPARATIVO

A mão de obra para as construções de alvenaria tradicional é farta, porém, para as construções sustentáveis, é difícil de encontrar por exigirem o conhecimento dos novos ecoprodutos para as construções sustentáveis e das novas habilidades e novas práticas, para manusear e empregar os novos materiais, em construções sustentáveis.

O cronograma físico-financeiro do método construtivo com alvenaria tradicional foi desenvolvido com base na disponibilidade dos materiais, da mão de obra especializada e da tecnologia da construção. Para concluir a edificação, pelo método de construção com alvenaria tradicional, foi considerado o prazo de 6 meses, tempo suficiente para entregar a obra com qualidade.

Em relação ao cronograma físico-financeiro do método construtivo por bioconstrução, foi considerado o período de 9 meses, devido às dificuldades de obtenção de alguns materiais a serem utilizados, como por exemplo, o tijolo de adobe, que ocupa grande parte do tempo, na sua fabricação, por ser um método construtivo artesanal e primitivo, o que ocasiona um maior prazo.

Na planilha orçamentária da Construção Tradicional, baseada no catálogo da EMOP. Foi inserida a quantidade de cada serviço e em seguida calculado seu valor total que foi de R$ 421.521,00 (quatrocentros e vinte e um mil, quinhentos e vinte e um reais)

Com relação à edificação de biocontrução, foi realizada uma memória descritiva, uma planilha com quantitativo total de materiais baseada no catálogo da EMOP e com alguns valores fornecidos pelo Instituto Pindorama. Foi inserida a quantidade de cada serviço e em seguida calculado seu valor total que foi R$ 263.318,00 (duzentos de sessenta e três mil, trezentos e dezoito reais).

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Brasília, setembro de 2011. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/253/_publicacao/253_publicacao02022012041757. pdf >. Acesso em:dezembro de 2018. de Conservação do Município de Niterói [arquivo digital]. Niterói: Pedro Bittencourt, 2018. 101p.

SETOR MOVELEIRO DE UBERLÂNDIA/MG: IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS E REDES

JÚLIA SOUZA ABRÃO | UFUB

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, Uberlândia/MG é conhecida como Polo Moveleiro para a região do Triângulo Mineiro, embora este não esteja totalmente consolidado como Arranjo Produtivo Local (APL). Nos últimos anos, a indústria moveleira, especialmente a de micro-porte, tem crescido cada vez mais, colaborando com o desenvolvimento da região. De acordo com SENAI et al. (2006) e Oliveira et al. (2012), a região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba possuía, em 2012, cerca de 800 micro e pequenas indústrias (MPEs) de mobiliário, cuja produção é essencialmente sob medida.

Embora contribuam para a dinâmica econômica da região, toneladas de resíduos provenientes dessas empresas têm sido depositadas em aterros sanitários e, em muitos casos, em locais inapropriados como terrenos baldios, o que afeta diretamente o meio ambiente.

Atualmente o volume de resíduos moveleiros despejados em aterros sanitários e em terrenos baldios da região é muito alto. De acordo com estimativas de descarte realizadas em 2012 (NUNES, 2013) e dados levantados em pesquisa (2017, não publicado), constatou-se que são descartados, em média, cerca de 420Kg/semana de resíduos de MDF por empresa, o que representa cerca de 340 toneladas/mês depositadas no aterro sanitário, considerando as 800 MPEs (OLIVEIRA et al., 2012). Em termos de volume, a partir dos dados coletados e da estimativa de descarte, percebe-se que houve um aumento, passando de cerca de 22.000m3 em 2012 (NUNES, 2013) para cerca de 33.000m3 (2017).

O problema não está ligado somente ao descarte, está ligado também em como a empresa lida com a questão ambiental, e como ela se coloca para ser mais responsável e competitiva.

Figura 1 - Resíduos descartados anualmente Fonte: Autores (2017).

A partir deste panorama, acreditamos que a criação de uma Rede Colaborativa é uma oportunidade para todos os atores, direta ou indiretamente ligados, tais como: empresas do setor moveleiro que geram resíduos, Prefeitura Municipal, instituições e/ou associações de bairro, de se unirem e iniciar um caminho em busca da sustentabilidade. Além disso, a proposta é de que esses resíduos sejam destinados à criação de mobiliário para as instituições carentes, as quais poderão participar do processo de defi nição das peças, a partir de suas necessidades, bem como da montagem, caso seja viável.

Outro aspecto relevante é sobre o papel do designer, que deve estar atento à todas as oportunidades de projeto, conexões e colaboração, podendo atuar como facilitador dos processos colaborativos, em prol de uma sociedade mais justa e humana.

Além disso, é perfeitamente possível que redes colaborativas, como a proposta nesse trabalho, possam contar com a presença de empresas, ampliando sua responsabilidade social e ambiental e contribuindo para a mudança de paradigma mencionada. O processo de aprendizagem social demanda tempo, vontade e determinação. Somente a partir de parcerias é possível avançar em iniciativas desse teor. E, trabalhando cada vez mais, um passo de cada vez, por mais que o processo seja demorado, o percurso incerto, podemos chegar a uma redução

significativa dos resíduos, começando com pequenas experiências de reaproveitamento, para resguardar a natureza, até a adoção dos princípios de projeto sistêmico, caminhando juntos rumo à sustentabilidade.

REFERÊNCIAS

[1] NUNES, Viviane G. A. Design Pilot Project as a Boundary Object: a strategy to foster sustainable design policies for Brazilian MSEs. Milan, Italy: PhD Thesis in Design. INDACO Department, Polytechnic of Milan. 2013, 556p. [2] OLIVEIRA, P., ALVARENGA, A., PAES, F., FEITOSA, F., & SILVA, J. Cadeia produtiva da movelaria: o polo moveleiro do Triangulo Mineiro. Viçosa/MG: EPAMIG. 2012, 44p. [3] SENAI, FIEMG, SEBRAE, & SINDMOB. (2006). Diagnóstico empresarial das indústrias moveleiras de Uberlândia e Região. Uberlândia: Sistema FIEMG. Pool Comunicação. 2006, 88p.

PROCESSOS AVALIATIVOS EM ESPAÇOS DE USO COLETIVO

FELIPE BULLER BERTUZZI | IMED GRACE TIBÉRIO CARDOSO | IMED

1. INTRODUÇÃO

São conhecidas diversas estratégias para promover o conMuito é debatido acerca da necessidade das percepções dos usuários frente à avaliação dos equipamentos inseridos no ambiente, de modo a analisar se o local atende ou não às necessidades dos usuários. A compreensão do ambiente por meio da observação do indivíduo como agente estruturador do mesmo, permite explicitar aspectos da utilização e apropriação e, a partir disso, buscar soluções que garantam a manutenção da qualidade do espaço (VILLAROUCO e ANDRETO, 2008). Nesse contexto, a utilização de procedimentos provenientes da Avaliação Pós-Ocupação (APO) permite considerar etapas de apropriação do espaço, como o seu uso, a operação e manutenção, e a utilização por cada perfi l de usuários (ONO et al., 2018).

No que se referem a espaços livres, várias características devem ser observadas. Dentre elas, a relação com o contexto e com as necessidades da população a partir de atributos funcionais, estéticos, econômicos e viáveis construtivamente. Com isso, torna-se necessário avaliar diferentes variáveis, cruzá-las e interpretá-las, a fi m de estabelecer correlações entre o ambiente e o usuário.

Nesse sentido, o presente trabalho de natureza qualitativa¹, analisou as características ambientais e a percepção da população carioca frente à estrutura do Parque Olímpico da Barra da Tijuca. A partir de diferentes métodos aplicados na cidade pretendeu-se verifi car o nível de satisfação dos usuários e não-usuários destes locais, podendo resultar no entendimento do uso no espaço por meio de questões objetivas qualitativas.

A APO permitiu, portanto, a análise conjunta de várias variáveis, por métodos de diferentes disciplinas, corroborando para uma pesquisa com resultados mais sólidos.

Assim, este trabalho contou com a aplicação de entrevistas semiestruturadas, mapa comportamental em diferentes praças da cidade, o método Walkthrough, mapa de seleção visual e a aplicação dos questionários, a fi m de compreender a apropriação do espaço a partir das avaliações positivas e/ou negativas dos usuários, envolvidas pela gama multidisciplinar de abordagens (Figura 01).

Figura 01 - A multidisciplinaridade de diferentes áreas Fonte: Günther (2003), adaptado pelos autores

Desse modo, pôde-se observar a relação direta entre usuários e diferentes espaços públicos ao longo da cidade, observando a apropriação dos espaços próximos às suas residências devido à facilidade de acesso, bem como a escolha por locais que ofertem mobiliários e serviços de lazer e esporte.

REFERÊNCIAS

VILLAROUCO, V.; ANDRETO, L. FM. Avaliando desempenho de espaços de trabalho sob o enfoque da ergonomia do ambiente construído. Production, v. 18, n. 3, p. 523-539, 2008. ONO, R.; ORNSTEIN, S. W.; VILLA, S. B.; FRANÇA, A. J. G. L. Avaliação Pós-Ocupação: Da teoria à prática. São Paulo, SP: Ofi cina de Textos, 2018. 312 p. GÜNTHER, H. Mobilidade e aff ordance como cerne dos estudos pessoa ambiente. Estudos de Psicologia, v. 8, n. 3, p. 273-280, 2003.

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