4 minute read
“Dicionário Toponímico Ilustrado do Porto”
LIVRO DE ROSALVO ALMEIDA
Advertisement
DESCOBRIR NOVAS VISÕES DA CIDADE DO PORTO
Reúne mais de 1700 entradas com nomes de ruas, fontes, esculturas, pontes e obras de arte da cidade do Porto. “Dicionário Toponímico Ilustrado do Porto” dá nome à mais recente obra de Rosalvo Almeida e foi apresentada no dia 16 de setembro, na Casa do Médico. O autor criou ainda a palavra “portocidade” numa declaração de amor à Invicta.
Texto Catarina Ferreira › Fotografia Medesign
“Nos anos 80, andava de bicicleta aos fins de semana, percorria as ruas do Porto, e fui tirando fotografias das estátuas. Talvez nessa altura me tenha lembrado de fazer um álbum de estátuas. Depois, pensei: qualquer dia, hei-de fazer um dicionário das ruas; porque não sabia quem era o Tenente
Valadim, o Capitão Pombeiro, esses nomes todos postos nas ruas.
Aos 70 anos é que comecei a concretizar. Este livro coleciona estátuas, monumentos e obras de arte da cidade. E tem, para cada rua, a explicação do nome, que é citação de uma obra”, começa por revelar o autor. Mais do que um livro, “Dicionário Toponímico Ilustrado do Porto” é um projeto com mais de 30 anos, que se iniciou quase sem querer e que atualmente propõe uma descoberta da cidade.
PERCORRER AS RUAS DO PORTO COM CURIOSIDADE Rosalvo Almeida, neurologista aposentado e membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, é de Braga mas viveu no Porto a maior parte da sua vida. Aos 74 anos, publica o seu “Dicionário Toponímico Ilustrado do Porto”, um projeto
com décadas, pensado para todos os que gostam da cidade e querem saber mais sobre as suas ruas, monumentos ou pontes. O volume, com 432 páginas, dá acesso a uma versão digital, logo, pode também ser consultado no computador e no telemóvel. Rosalvo Almeida organizou o dicionário – que reúne mais de 1700 entradas com nomes de ruas, fontes, esculturas, pontes e obras de arte –, fez as fotografias e selecionou os textos. Criou ainda uma palavra, que surge na nota introdutória: “portocidade”, qualidade que “muitos tripeiros, nascidos ou adotados, têm e gostam de ter” – ele incluído. A obra, que é, no fundo, uma declaração de amor a um lugar, está à venda na UNICEPE – Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, livraria e pequena editora à qual ofereceu o livro. O único retorno que vai ter, diz, é “o gozo de o ver andar por aí”. A sua primeira apresentação pública, agendada para o dia 16 de setembro, no Salão Nobre da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos (SRNOM), foi conduzida por Rui Vaz Pinto. O presidente da UNICEPE fez alguns agradecimentos, principalmente ao autor “que concretizou o sonho de três décadas e que nos últimos anos se dedicou a esta obra, percorrendo a cidade e captando as melhores fotografias”.
HISTÓRIA NA TOPONÍMIA Coube a Manuela de Melo, jornalista e ex-vereadora da Cultura da Câmara Municipal do Porto, apresentar em detalhe a obra, tendo sido convidada pelo autor, “penso que por uma amizade antiga, que nasceu nos anos 60, no Teatro Universitário do Porto”, confidenciou. Entre episódios desses tempos e revelações de alguns traços do percurso de Rosalvo Almeida, a oradora refletiu sobre a importância da toponímia. “Falar deste livro é contar a vida do Rosalvo na sua aproximação ao Porto e nas ruas que percorreu ainda jovem, até à Faculdade de Medicina. Seguia nas suas deambulações e cada vez mais interessado em saber o porquê dos nomes que lhe saltavam à vista. Palmilhou a zona leste da Avenida dos Aliados, de Santa Catarina até à Batalha, ao Teatro São João, descendo até à beira rio ou subindo até à Praça dos Poveiros, seguindo até São Lázaro e ao Padrão, sempre com curiosidade. Seria interessante, mas abusivo, relacionar os trajetos de Rosalvo na cidade com o seu caminho de cidadão e médico ao longo da vida. A cidade e a razão de ser dos seus nomes remetem sempre para um passado de séculos, celebram momentos e protagonistas e vítimas da sua evolução. A toponímia confronta o Rosalvo e a todos nós, passeantes, com o peso enorme de ver quantas pessoas, guerras, injustiças, sonhos, vitórias, pandemias, avanços, esperanças foram necessários para que os portuenses tenham hoje a sua cidade, por si construída ao longo de séculos”, sintetizou.
“PORTOCIDADE” Manuela de Melo sublinhou ainda a importância da obra e do contributo do autor. “Com este peso do passado, podemos conhecer e pensar na construção do futuro. O Rosalvo até nisso nos dá um bom exemplo. Dá-nos este livro sobre o passado, um livro sentido que abre vários caminhos, e através dele podemos descobrir novas visões sobre a cidade. Mas ao mesmo tempo, Rosalvo abre o caminho para o futuro, um futuro que não tem nomes ou placas”. Rosalvo Almeida partilhou algumas curiosidades que marcaram a construção e o desenvolvimento da obra e fez vários agradecimentos. “Obrigado aos presentes. Obrigado à Câmara Municipal do Porto pelo apoio que deu à edição. Obrigado à UNICEPE pela confiança, por ter acolhido este livro que eu andava a preparar há tantos anos. Obrigado à Manuela de Melo, amiga desde o tempo do Teatro Universitário. Obrigado à minha esposa. Obrigado à Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos por nos receber nesta casa e por ter disponibilizado esta sala”. n