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“Humanizing the Maternity Care Through Design”

PROJETO

‘Humanizing the Maternity Care Through Design’

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IADE E CMIN UNIRAM-SE PARA PROCURAR MELHORAR OS CUIDADOS À MATERNIDADE ATRAVÉS DE UMA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR FOCADA NAS PESSOAS

Texto Catarina Ferreira

Como é que o design de experiências pode humanizar a prestação de cuidados à maternidade e reforçar o relacionamento das utentes com a maternidade ao longo do tempo? A resposta a esta e outras questões são objetivos do projeto ‘Humanizing the Maternity Care Through Design’, fruto de uma parceria entre o SID. Lab (Strategic Design and Innovation Lab – IADE) e o CMIN (Centro Materno Infantil do Norte). Os coordenadores Rui Patrício e Inês Nunes, em representação das duas instituições, respetivamente, contaram à «nortemédico» todos os detalhes desta investigação.

Em 2016, a Organização Mundial de Saúde (OMS) apelou a um mundo onde cada mulher grávida e o seu bebé recebam cuidados de saúde de qualidade, ao longo da gravidez, parto e período pós-natal. Portugal é um dos países com menor taxa de mortalidade infantil, mas alguns estudos demonstram que existe ainda muito a fazer na melhoria da experiência da mãe e do bebé a nível dos cuidados prestados. Estes estudos sublinham ainda que uma experiência positiva terá uma forte influência na decisão de ter mais filhos, contribuindo para combater um dos desafios mais importantes da sociedade portuguesa. PROJETO MULTIDISCIPLINAR Equipas académicas das áreas da inovação, design thinking e cuidados de saúde unem esforços para investigar o processo e as experiências, na perspetiva dos utentes, no seu contacto com os serviços de saúde de uma das instituições de referência nos cuidados materno-infantis do nosso país, o CMIN. As metodologias aqui implementadas poderão ainda servir para o desenvolvimento de processos de inovação centrada no utente noutros serviços de saúde. Em declarações à Nortemédico, os coordenadores Rui Patrício e Inês Nunes disseram acreditar que este projeto se traduzirá numa melhoria da qualidade, eficiência e humanização dos cuidados de saúde prestados às grávidas, bebés e famílias. Ao ser suportado por uma abordagem centrada nas pessoas, possibilitará uma maior diferenciação em relação à capacidade existente na região e mais valor para as suas utentes.

REDESENHAR EXPERIÊNCIAS O projeto “Humanizing the Maternity Care Through Design”, com duração estimada de dois anos, tem como objetivo colocar o foco na qualidade do nascimento em Portugal, melhorando os pontos de contacto da experiência da mãe durante o trabalho de parto, criando desta forma uma maior disposição das mães de ter bebés no futuro. A ideia principal é privilegiar os fatores psicossociais da grávida, futura puérpera, sem, contudo, negligenciar a segurança nos cuidados obstétricos, respondendo desta forma aquele que talvez seja o desafio mais premente que Portugal enfrenta para o futuro. Mais concretamente, este projeto pretende redesenhar a experiência macro da utente (jornada) e as microexperiências detalhadas (pontos

de contacto) dos cuidados à maternidade, considerando toda a envolvência. Projetar essas experiências em toda a jornada dos cuidados à maternidade, ou seja, antes, durante e após a intervenção, permitirá oferecer um cuidado mais direcionado e humanizado a grávidas, bebés e famílias, durante as fases da gravidez, parto e pós-parto.

ENTREVISTA AOS COORDENADORES DO PROJETO

Rui Patrício – Coordenador do Strategic Design and Innovation Lab da unidade de investigação UNIDCOMIADE (Unidade de Investigação em Design e Comunicação da Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia), e coordenador do Mestrado em Marketing e Inovação do IADE (Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia).

Inês Nunes – Assistente hospitalar de ginecologia e obstetrícia desde 2015, a exercer no CMIN desde 2017, onde se dedica especialmente à medicina materno-fetal e cuidados intraparto. É professora auxiliar convidada de Obstetrícia no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e investigadora na área da monitorização fetal intraparto e simulação obstétrica no CINTESIS (Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, na Universidade do Porto).

Por um cuidado mais direcionado e humanizado

(nortemédico) – Quando e como

surgiu esta iniciativa?

O projeto teve início no dia 3 de junho de 2022 e surgiu da vontade de ambas as partes de responder aos desafios e necessidades mais atuais da nossa sociedade, ao nível dos cuidados à maternidade, com o redesenho de experiências mais humanas para as grávidas, bebés e famílias. Podemos aprender imenso uns com os outros e potenciar as nossas experiências profissionais em prol de um bem comum, o de melhorarmos as experiências de vida das pessoas, vida essa que começa na maternidade.

Quem integra a equipa de trabalho?

Este projeto resulta de uma parceria entre o Centro Materno Infantil do Norte (CMIN) e a UNIDCOM/IADE (Unidade de Investigação em Design e Comunicação da Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia), através do Strategic Design and Innovation Lab (SDI.Lab), uma parceria entre a UNIDCOM/IADE e a Escola de Design do Politécnico de Milão. A equipa da UNIDCOM/IADE inclui dois investigadores seniores, dois investigadores juniores nas áreas do design e inovação e um consultor especialista na área da saúde com ligação à indústria. A equipa do CMIN inclui a investigadora sénior especialista em ginecologia e obstetrícia, uma interna de ginecologia e obstetrícia e três enfermeiras especialistas do núcleo de partos, da consulta externa e do puerpério.

Qual é o principal objetivo ou inovação?

Este projeto pode alavancar para outra dimensão os cuidados assistenciais na saúde da mulher, na esperança de que tenha um impacto positivo na experiência dos utentes (grávidas, bebés e famílias), durante as fases de gravidez, parto e pós-parto, através de uma abordagem interdisciplinar do design para a saúde, focada nas pessoas. Parte-se da premissa de que a experiência proporcionada às grávidas, há 20 anos atrás, não pode ser a mesma de agora e que utilizando uma abordagem baseada no design de experiências será possível assegurar que as grávidas se sentem bem integradas durante todo o processo, e parte da solução. Mas é também inovador ao nível da investigação das seguintes questões: Como é que o design de experiências pode humanizar a prestação de cuidados perinatais e reforçar o relacionamento das utentes com a maternidade ao longo do tempo? Que tipo de experiências poderão fazer a diferença na prestação destes cuidados de saúde? Quais as boas práticas de cuidados à maternidade? Que tipo de benchmark pode ser estabelecido ao nível da comparação de processos, serviços ou operações com outras áreas da saúde e outros sectores? Como poderá o design de experiências na humanização dos cuidados perinatais contribuir para a melhoria dos principais indicadores obstétricos, como por exemplo, partos induzidos, cesarianas em trabalho de parto, partos instrumentados, etc?

Quais são as expetativas para o futuro?

A expectativa é responder à visão que a OMS expôs nas palavras do antigo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon: “Colocar as mulheres no centro dos cuidados, aprimorando a sua experiência de gravidez e garantindo que os bebés tenham o melhor início de vida possível”. Para que isto possa acontecer, é fundamental envolver as mulheres, tendo uma melhor compreensão das suas necessidades reais e adotando uma mudança de mentalidade de cuidados de qualidade e satisfação para as experiências e emoções. Só assim rumaremos à humanização do parto: proporcionando à grávida uma experiência tão positiva quanto a que almeja e, simultaneamente, ao profissional de saúde, um trabalho inequivocamente gratificante. n

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