Revista O Comércio - Especial Cidade do Livro

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Lençóis Paulista « Abril de 2015 « R$ 5,00 « Ano 5 « Edição Nº 86 « Gente de verdade que faz a história acontecer!

Orígenes Lessa






OPINIÃO E D I TO R I A L

ANGELO FRANCHINI NETO Jornalista da Revista O Comércio

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ARTIGO

ANDERSON PRADO DE LIMA Diretor da Revista O Comércio

DESBRAVANDO ORÍGENES E BMOL

BRAVA GENTE LENÇOENSE

Pesquisar a vida de Orígenes Lessa e a história da BMOL foi uma experiência incrível, indescritível e inigualável para todos nós da Revista O Comércio. O trabalho não foi fácil e o resultado é esse que está em suas mãos: a edição especial Cidade do Livro, em comemoração aos 157 anos de Lençóis Paulista. Descobrimos coisas simples, como, por exemplo, uma das guloseimas favoritas de Orígenes Lessa: sorvete. Também descobrimos fatos que ficaram marcados na história, como o livro manuscrito Aventura em São Saruê, doado pelo escritor lençoense a uma grande amiga, Marli. Esse documento histórico foi levado à sede da Revista O Comércio pelo filho de Marli, Paulo Henrique Montoro, e causou uma mistura de sentimentos em toda a nossa equipe: emoção, surpresa e saudosismo. Descobrimos algumas peculiaridades da BMOL, como a importância dela no cenário nacional. Já imaginou ser a segunda maior biblioteca pública municipal em quantidade de publicações, atrás apenas da Biblioteca Mário de Andrade, de São Paulo? Já imaginou ter o maior acervo da literatura brasileira? Esse é o nosso grande patrimônio chamado Biblioteca Municipal Orígenes Lessa. Mas, por que Orígenes Lessa e BMOL? A resposta é simples: na década de 80, passamos de Princesinha dos Canaviais para a Cidade do Livro. É claro que Lençóis Paulista já estava em pleno desenvolvimento, antes mesmo de essas duas figuras despontarem no cenário nacional. No entanto, não há como negar que essas figuras fizeram com que a cultura impulsionasse ainda mais a imagem da cidade. Orígenes Lessa faleceu em 1983, mas sua memória permanece bem viva. Imortalizado pela Academia Brasileira de Letras e pela biblioteca de Lençóis Paulista, o escritor lençoense sempre estará presente em cada um de nós. Da mesma forma é a BMOL, uma construção que vai além de cimento e tijolos. Esperamos que você, leitor, durante o folhear das dessas páginas, tenha a mesma sensação que nós da Revista O Comércio tivemos com cada descoberta durante as pesquisas realizadas. Uma salva de palmas a cultura. Uma grande salva de palmas a Cidade do Livro.

Todo ano, uma multidão de gente vai às ruas para comemorar o aniversário do nosso querido município. Em 2015, 157 anos. Confesso, que no dia 27, dia do desfile cívico, fiquei mais emocionado que do que habitualmente costumo. Além de o meu aniversário cair na mesma data, pela primeira vez, em minha ainda breve vida pública, hasteei o pavilhão de Lençóis Paulista naquela ocasião especial, devido ao cargo de Presidente da Câmara Municipal, representando o povo lençoense e também o Poder Legislativo. Enquanto o desfile acontecia, o futuro da cidade passava por ali estampado no rosto de cada criança, escola e entidade. Impossível também não recordar de quando eu desfilava pela Rua 15 de Novembro, de uniforme azul de Legionário Mirim. Filho do Corsino! Chamavam-me ao longo do trajeto. Orgulho de fazer parte da história de um povo notável devido à sua própria grandeza, que tem no bairrismo uma das suas mais admiradas virtudes, que honra a sua memória sem se esquecer do futuro que bate à porta. Um pouco mais tarde, já na redação da revista, trabalhando com a equipe para finalizar e enviar à gráfica nossa edição especial que celebra mais um ano de emancipação da preciosa Cidade do Livro, antes Princesa dos Canaviais, antes Boca do Sertão, também era preciso redigir o artigo que entrego agora aos olhos da querida leitora e do estimado leitor. Na soma das mais variadas emoções, a Revista O Comércio vai contar a saga do maior lençoense de todos os tempos, ninguém menos que ele, Orígenes Lessa. E, no encanto que tem aquilo que é nosso, da nossa terra, da nossa gente, resgatamos também a história da Biblioteca Municipal, desde a sua fundação até a sua transformação em referência nacional. Matérias e entrevistas que revelam curiosidades, personagens atemporais e o amor inesgotável de muitas pessoas que – através de décadas – fizeram que tudo isso acontecesse. É o presente que a nossa revista entrega a Lençóis Paulista, à comunidade lençoense que luta, trabalha e constrói o nosso lar.

EXPEDIENTE

A REVISTA O COMÉRCIO é uma publicação de Prado & Medola Empreendimentos Editoriais e Publicitários LTDA ME CNPJ: 10.744.028/0001-97 DIRETORES Anderson Prado de Lima [prado@revistaocomercio.com.br] Breno Corrêa Medola [breno@revistaocomercio.com.br] DEPARTAMENTO COMERCIAL Patrícia Prado de Lima Regina Mello Ricardo Milanezzi JORNALISTA RESPONSÁVEL Anderson Prado de Lima [MTB 75.180/SP] REDAÇÃO Angelo Franchini Neto [MTB 66.026/SP] Beatriz de Souza Vieira [Termo de Compromisso de Estágio sob os termos da Lei 11.788/08] DIAGRAMAÇÃO E ARTE-FINAL Denis Juvêncio da Silva Vinicius Humberto de Castro FOTOGRAFIA Cíntia Fotografias FINANCEIRO E DISTRIBUIÇÃO Juraci Rodrigues TIRAGEM 5 mil unidades CIRCULAÇÃO LOCAL Revista O Comércio // CNPJ: 10.744.028/0001-97 Rua Machado de Assis, nº 36 // Vila Antonieta I Lençóis Paulista // CEP: 18.682-570 // Telefone: (14) 3264-8187 ocomercio@revistaocomercio.com.br // www.revistaocomercio.com.br. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores, portanto, podem corresponder (ou não) à opinião desta revista. Data desta publicação: 25.ABR.15.

AGRADECIMENTOS A todos os entrevistados BMOL Daniel dos Santos Lima Diretoria de Cultura Espaço Cultural Cidade do Livro Iatã Lessa Paulo Henrique Montoro FACEBOOK facebook.com/revistaocomercio

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BIOGRAFIA

CIDADE DE

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ORÍGENES

Nascido em Lençóis Paulista, Orígenes Lessa levava consigo o amor e a admiração pela cidade e pelo povo lençoense

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data: 12 de julho de 1903. Os pais: Vicente Themudo Lessa, historiador, jornalista e pastor protestante pernambucano, e Henriqueta Pinheiro Themudo Lessa, dona de casa. A cidade: Lençóis Paulista. Nascia ali um jornalista, contista, novelista, romancista e ensaísta de renome internacional. Mas, por que Lençóis Paulista? O destino parece ter a resposta certa. O casal Themudo Lessa, assim como muitos religiosos da época, desbravava o interior do Brasil com o objetivo de arrebanhar fiéis. Em uma de suas paradas, Vicente e Henriqueta trouxeram ao mundo o menino Orígenes Ebenezer Themudo Lessa. O nome parece mesmo ter sido escolhido a dedo, afinal, Orígenes de Alexandria, famoso teólogo e pensador grego que viveu de 182 a 254, escreveu na-

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da menos que 600 obras. Será que o “Orígenes lençoense” iria seguir os mesmos passos? Em 1906, com apenas três anos de idade, começavam as andanças do pequenino com a sua família. Ele foi levado pela família para São Luís do Maranhão, onde cresceu até os nove anos, acompanhando a jornada do pai como missionário. Aos seis anos, Orígenes Lessa já havia escrito o seu primeiro livro, intitulado “A bola”. Há quem diga que o título foi inspirado em uma de suas paixões, o futebol. Um presságio do futuro ou somente um sinal do que viria pela frente? Em 1912, voltou para São Paulo. Aos 19 anos, chegou a frequentar um seminário protestante, onde ficou por dois anos, mas essa parecia não ser a profissão dos sonhos do jovem. Em 1924, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Foi na capital carioca que o lençoense se tornou, por opção, independente dos pais. Não foi fácil para o jovem. As dificuldades foram grandes e o lençoense chegou a dormir na rua em algumas ocasiões. Para se sustentar, Orígenes Lessa dedicou parte de sua vida ao magistério. Completou um curso de Educação Física e se tornou instrutor de ginástica do Instituto de Educação Física da Associação Cristã de Moços. Ingressou no curso de Jornalismo, publicando os seus primeiros artigos na seção “Tribuna Social-Operária”, de O Imparcial. Em 1928, matriculou-se na Escola Dramática do Rio de Janeiro, dirigida, então, por Coelho Neto. No mesmo ano, voltou para São Paulo, onde ingressou como tradutor no Departamento de Propaganda da General Motors.

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Ali permanecendo até 1931. Em 1929, começou a escrever no Diário da Noite de São Paulo e publicou a primeira coleção de contos, “O escritor proibido”, calorosamente recebida por Medeiros e Albuquerque, João Ribeiro, Menotti del Picchia e Sud Menucci. Seguiram-se a essa coletânea “Garçon, garçonnette, garçonnière”, menção honrosa da Academia Brasileira de Letras, e “A cidade que o diabo esqueceu”. Em 1932, Orígenes Lessa empunhou as armas, vestiu a farda e foi lutar na Revolução Constitucionalista. Foi preso e removido para o Rio de Janeiro. No presídio de Ilha Grande, escreveu “Não há de ser nada”, reportagem sobre a Revolução Constitucionalista, e “Ilha Grande, jornal de um prisioneiro de guerra”, dois trabalhos que o projetaram nos meios literários. Nesse mesmo ano, o lençoense ingressou como redator na N. Y. Ayer & Son, atividade que exerceu durante mais de 40 anos em sucessivas agências de publicidade. Orígenes Lessa é considerado um dos mais conceituados redatores publicitários de sua época. Ele foi o primeiro presidente da APP (Associação Paulista de Publicidade), entre outubro de 1937 e agosto de 1938, e seu legado à propaganda continua vivo até hoje. Registros dão conta de que ele foi o inventor do nome de uma marca conhecida e conceituada de sorvetes, a Kibon. Outras pérolas publicitárias foram registradas pelo lençoense durante anos. Logo o já escritor voltou à atividade literária, sua grande paixão, publicando a coletânea de contos “Passa-três” e, a seguir, a novela “O joguete” e o romance “O feijão e o sonho”, obra que conquistou o Prêmio Antônio de Alcântara Machado e teve um sucesso extraordinário, inclusive na sua adaptação como novela de televisão.

Gostaria de encontrar tempo para fazer uma grande varredura em tudo que escrevi

Os pais Vicente e Henriqueta Nascido em Palmares em 1874, Vicente Themudo Lessa participou do movimento que criou a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. Também foi o primeiro historiador do presbiterianismo brasileiro. Fundou a Igreja Presbiteriana Independente de Lençóis Paulista, primeiro templo evangélico da cidade. Mulher simples, companheira do marido e dona de casa, Henriqueta Pinheiro Themudo Lessa se dedicou totalmente ao esposo Vicente e aos seis filhos do casal, incluindo Orígenes.

C1 fotos Casa da Cultura/Espaço Cultural “Cidade do Livro”

Foto acima mostra Orígenes Lessa durante a Revolução Constitucionalista de 1932; lençoense nunca deixou de lado sua maior paixão: escrever

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BIOGRAFIA C1

Em 1942, o lençoense se mudou para Nova Iorque, nos Estados Unidos, para trabalhar no Coordinator of Inter-American Affairs e foi redator na NBC em programas irradiados para o Brasil. A sua permanência nos EUA proporcionou a oportunidade de entrevistar Charles Chaplin, Sinclair Lewis, Steinbeck, Langston Hughes, entre outros. Em 1943, de volta ao Rio de Janeiro, reuniu no volume “Ok, América” as reportagens e entrevistas escritas nos Estados Unidos. Deu continuidade à sua atividade literária, publicando novas coletâneas de contos, novelas e romances. A partir de 1970, Orígenes Lessa se dedicou, também, à literatura infanto-juvenil, chegando a publicar, nessa área,

quase 40 títulos, que o tornaram um autor conhecido e amado pelas crianças e jovens brasileiros. Foi casado com Elsie Lessa, sua prima-irmã, com quem teve um filho, o jornalista, cronista e escritor Ivan Lessa. Também esteve casado com Edith Thomas, com quem teve outro filho, Rubens Lessa. Sua última esposa antes de falecer foi Maria Eduarda Lessa, a companheira para todas as horas, como ele mesmo definia. Entre uma e outra passagem de sua vida, o ilustre lençoense colocava no papel seus contos, romances e dramas, o que o colocou entre os maiores escritores da história do país. Essa paixão pela literatura rendeu ao lençoense diversas publicações (inclusive com traduções para diversas línguas) e uma honraria que ficou marcada para o resto de sua vida. Em 9 de julho de 1981, três dias antes de seu aniversário de 78 anos,

Orígenes Lessa ficou conhecido por ser um publicitário criativo e um escritor capacitado

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ele foi eleito para a cadeira 10 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Osvaldo Orico (também passaram pela cadeira 10: Rui Barbosa, membro fundador da Academia, Evaristo da Veiga patrono da Cadeira 10, Laudelino Freire, Lêdo Ivo e, mais recentemente, Rosiska Darcy de Oliveira). Em 20 de novembro de 1981, Orígenes Lessa foi recebido pelo acadêmico Francisco de Assis Barbosa. O lençoense é, hoje, um dos imortais da Academia Brasileira de Letras. Os meses de julho parecem mesmo ter marcado a história do escritor Em 13 de julho de 1986, um dia após completar 83 anos, o ilustre lençoense veio a falecer, no Rio de

Janeiro. Ele foi velado na Academia Brasileira de Letras e também na BMOL e na Igreja Presbiteriana Independente de Lençóis Paulista, fundada pelo seu pai. Foi sepultado em sua cidade natal, um desejo que sempre deixou claro para quem quer que fosse, e velado na BMOL (Biblioteca Municipal Orígenes Lessa). Orígenes Lessa conheceu diversas cidades maravilhosas (como é o caso do próprio Rio de Janeiro e até Nova Iorque), mas sempre deixou claro que a “melhor cidade do mundo para se viver” era Lençóis Paulista. Uma mostra clara do amor e admiração pela terra onde nasceu. As lembranças de infância na sua cidade natal eram vagas. Entre

elas o escritor destacava a figura do bisavô materno, espécie de curandeiro que vivia cercado de cobras dentro de casa, e fazia curas famosas. “Saí de lá com três anos, mas ela ficou comigo a vida inteira”, dizia repetitivamente aos amigos e jornalistas que o entrevistavam. Hoje, 112 anos após o seu nascimento, 109 anos após deixar Lençóis Paulista, 106 anos após escrever o seu primeiro livro, 34 anos após ser eleito para a Academia Brasileira de Letras e 29 anos após falecer, Orígenes Lessa permanece na memória de cada lençoense. A Cidade do Livro pode ser chamada, também, de Cidade de Orígenes. E que assim seja!

Bibliografia

Contos e reportagens:

O escritor proibido, contos (1929); Garçon, garçonnette, garçonnière, contos (1930); A cidade que o diabo esqueceu, contos (1931); Não há de ser nada, reportagem (1932); Ilha Grande, reportagem (1933); Passa-três, contos (1935); O feijão e o sonho, romance (1938); Ok, América, reportagem (1945); Omelete em Bombaim, contos (1946); A desintegração da morte, contos (1948); Rua do Sol, romance (1955); Oásis na mata, reportagem (1956); João Simões continua, romance (1959); Balbino, o homem do mar, contos (1960); Histórias urbanas, contos (1963); A noite sem homem, romance (1968); Nove mulheres, contos (1968); Beco da fome, romance (1972); O evangelho de Lázaro, romance (1972); Um rosto perdido, contos (1979); Mulher nua na calçada, contos (1984); O edifício fantasma, romance (1984).

Ensaio:

Orígenes Lessa, à direita, durante entrevista com Charles Chaplin

C1 fotos Casa da Cultura/Espaço Cultural “Cidade do Livro”

Getúlio Vargas na literatura de cordel (1973); O índio cor-de-rosa. Evocação de Noel Nutels (1985); Inácio da Catingueira e Luís Gama, dois poetas negros contra o racismo dos mestiços (1982); A voz dos poetas (1984). Sua obra infanto-juvenil apresenta quase 40 títulos, entre os quais destacam-se: O sonho de Prequeté (1934); Memórias de um cabo de vassoura (1971); Seqüestro em Parada de Lucas (1972); Memórias de um fusca (1972); Napoleão ataca outra vez (1972); A escada de nuvens (1972); Confissões de um vira-lata (1972); A floresta azul (1972); O mundo é assim, Taubaté (1976); É conversando que as coisas se entendem (1978); Tempo quente na floresta azul (1983).

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AMIZADE Ex-bibliotecária da BMOL, Marli (de branco na foto ao lado e a terceira na foto abaixo) vivenciou momentos históricos ao lado de Orígenes Lessa

COMO Marli Ferrante Montoro trabalhou como bibliotecária da BMOL durante 20 anos e conviveu com Orígenes Lessa

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PAI E FILHA

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o todo foram mais de 19 anos trabalhando como bibliotecária da BMOL. Marli Ferrante Montoro esteve entre livros, revistas e jornais, mas uma companhia física, de carne e osso, foi mais do que especial. O relacionamento, muitas vezes profissional, tornou uma amizade tão forte que o tempo e a distância não foram capazes de prejudicar. Em 1980, Marli, que havia nascido e vivido em São Paulo, mudou-se para Lençóis Paulista e começou a trabalhar na Siderúrgica Sidelpa. “Nessa época eu já visitava a biblioteca. Percebi que não havia um profissional na área e vi a oportunidade de desenvolver um trabalho dentro da minha formação”. Logo em seguida, Marli pediu emprego para o prefeito da época, Ézio Paccola, que aceitou de pronto. “Fiquei muito feliz pela visão que ele teve para que organizássemos uma biblioteca dentro dos padrões necessários”.

Naquela época, a paulistana de nascimento e lençoense de coração lembra que a quantidade de livros disponíveis na BMOL já era grande. “Tínhamos montanhas de livros embrulhados em papel celofane, doados por Orígenes Lessa, mas que estavam amontoados. Tinha muita coisa a se fazer. Foi dessa forma que começou meu desafio. Formamos uma excelente equipe de trabalho, que era muito unida.

A Cidade do Livro só existe porque Lençóis Paulista teve o privilégio de ter um escritor vivo, que tudo fazia pela biblioteca

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C1 fotos arquivo pessoal

Marli era uma grande amiga de Orígenes Lessa e apoiadora das ações e eventos promovidos pela BMOL

Tínhamos livros raros e edições que Orígenes Lessa sabia o real valor”. Após iniciar o trabalho à frente da BMOL, um desejo começou a instigar Marli: conhecer o patrono da biblioteca. “Disse ao Sr. Ézio que gostaria de ir ao Rio de Janeiro conhecer Orígenes Lessa pessoalmente para traçar um plano de trabalho. O prefeito me autorizou. Quando cheguei lá, Orígenes Lesa me disse ‘já que você é caipira como eu, sente aqui e vamos tomar um suco de laranja’. Ele me recebeu na casa dele e vibrava com tudo que discutíamos sobre a BMOL”, lembra. Começava, ali, uma relação profissional que se tornou uma forte amizade. Entre idas e vindas, Orígenes Lessa e Marli trocavam cartas e visitas. “Esse período representou uma das maiores conquistas em minha vida. O Orígenes Lessa me considerava uma filha. A cada dois meses eu ia para Rio de Janeiro e tomávamos chá na ABL (Academia Brasileira de Letras). Foi nesse momento que conheci diversos escritores. O presidente da ABL, na época, abria o “baú de Machado de Assis” e me dava documentos para nosso acervo”. A ex-bibliotecária da BMOL foi uma das organizadoras dos eventos intitulados Caravana de Escritores, que aconteciam em Lençóis Paulista. “As pautas das caravanas eram desenhadas por Orígenes Lessa. Vamos fazer um concurso internacional de poesia? Realizávamos. Vamos falar sobre a Constituição? Falávamos. Tudo era feito com tanta dedicação e carinho que nada dava errado. Muitas pessoas nos visitavam e perguntavam: como Lençóis Paulista conseguia isso? Orígenes Lessa e eu dizíamos a eles: deem valor aos escritores das suas cidades”.

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AMIZADE

Marli esteve por diversas vezes em Brasília, onde se reuniu com o presidente José Sarney (foto à esquerda); à direita, a ex-bibliotecária em algumas de suas viagens

P E R F I L NOME Marli Ferrante Montoro CIDADE DE NASCIMENTO São Paulo PERÍODO EM QUE TRABALHOU NA BMOL 1980 a 2000 FUNÇÃO Bibliotecária

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Foi em uma das caravanas que aconteceu um causo que ficou guardado na memória de Marli. “Um dia, em uma das caravanas, eu levei Orígenes Lessa na escola Paulo Zillo, para uma manhã de autógrafos. Quando ele viu uma criança com um pedacinho de papel na mão, fez questão contar a seguinte história: ‘eu estava em uma escola no Rio de janeiro e uma criança veio com um papelzinho parecido com esse. Aí eu perguntei: vou dar um autógrafo em um papel como esse? O menino respondeu: não faz mal, depois passo a limpo’. Passar a limpo um autógrafo? Nunca mais me esqueci disso”. A amizade seguiu até os últimos dias de vida do escritor lençoense. Marli fez questão de estar ao lado de Orígenes Lessa em cada avanço ou retrocesso em seu estado de saúde. “Liguei ao Sr. Ideval Paccola (prefeito da época) e falei que precisava ir ao Rio de Janeiro. No momento que cheguei, o Orígenes Lessa me disse ‘sabia que você viria’. Ele estava com a respiração ofegante.

Logo em seguida, pediu para que eu lesse o Salmo 23, em latim, mas eu não sabia. Ele, então, pediu para que eu repetisse com ele”. O salmo, segundo Marli, é um pedido a Deus de como a pessoa quer que seja a morte. “Li o salmo e chorei junto com Maria Eduarda (esposa de Orígenes Lessa)”. Após a leitura, outro pedido: sorvete. “Era a sua sobremesa favorita”, revela a ex-bibliotecária. Algumas horas mais tarde, o estado de saúde de Orí-

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genes Lessa pirou e ele foi levado para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva). “Nesse dia, quando entrei para visitá-lo, ele pediu para ser enterrado em Lençóis Paulista. Eu respondi que sim, mas que ele não iria morrer”. Infelizmente para a literatura brasileira, Marli estava errada. “No dia do seu aniversário, o coral da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro fez uma homenagem com as crianças cantando um Hino Nacional”, No dia seguinte, a triste notícia: Orígenes Lessa havia falecido. “Esse foi um dos dias mais tristes da minha vida”. Após anos e anos, Marli lembra, com riqueza de detalhes, cada passagem de sua vida ao lado de Orígenes Lessa e na BMOL. Hoje, ela mantém uma casa em Lençóis Paulista, mas mora em Malanje, em Angola, onde trabalha em um projeto da Odebrecht (Usina de Açúcar e Álcool). “A BMOL faz parte da minha história de vida e dedicação. Fui muito feliz em poder colocar tijolo a tijolo, com Orígenes Lessa e seus 40 amigos da ABL, que aprenderam a dar valor ao que ele fazia por uma cidade que tinha um mar de cana-de-açúcar e livros. Orígenes Lessa era uma pessoa única, um ser humano desprendido de bens materiais. Ele mesmo dizia que era o único acadêmico que morava numa quitinete, enquanto os outros moravam em coberturas. Mas era nesse apartamento aconchegante que ele vivia rodeado de livros por todos os lados. Bom caráter, amigo e pai. Pelo menos para mim, que pude ter nele o confidente”, finaliza Marli.

Privilégio para poucos A relação entre Marli e Orígenes era realmente muito forte. Prova disso é uma raridade, de valor incalculável, doada pelo escritor à ex-bibliotecária: o livro manuscrito Aventura em São Saruê, um dos mais apreciados e famosos produzidos pelo escritor lençoense. Ele foi escrito em apenas 20 dias, entre 15 de janeiro de 1983 e 4 de fevereiro do mesmo ano, conforme registro do próprio documento. “Quando nasceu minha primeira filha, Shirley, Orígenes Lessa encadernou um manuscrito do livro Aventura em São Saruê e fez uma dedicatória a ela. ‘Shirley, esse manuscrito é para você e quando souber ler, sua

mãe vai lhe entregar’, ele disse. Esse foi o maior presente que eu poderia ganhar”. Abaixo, a dedicatória de Orígenes Lessa a Shirley, filha de Marli. “Estes rabiscos horrorosos não pertencem à biblioteca de Lençóis Paulista, mas à sua bibliotecária Marly (a maior do mundo) que os dará um dia a Shirley, sua filha. Não é por nada, não, mas acontece que estes rabiscos, de duas semanas, vão se tornar o primeiro livro a registrar os feitos dessa pequenina lençoense, filha de Paulo e Marly. Outros livros virão depois, de outros autores, espero. O futuro conta com você, Shirley!”

C1 fotos Casa da Cultura/Espaço Cultural “Cidade do Livro”

Orígenes Lessa dedicou o livro manuscrito Aventura e São Saruê a Shirley, filha de Marli

Livro manuscrito Aventura em São Saruê mostra, com riqueza de detalhes, todo processo de produção da obra

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CIDADE DO LIVRO

Escritores que doaram livros e viraram nome de ruas na Cecap, o Bairro dos Escritores

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LENÇÓIS PAULISTA: A CIDADE DO LIVRO Slogan foi criado por Pedro Bloch, jornalista e amigo de Orígenes Lessa, durante uma das inúmeras caravanas de escritores na cidade

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s anos 80 podem ser considerados os Anos de Ouro de Lençóis Paulista, afinal, foi nessa época que muita coisa aconteceu na antiga Princesa dos Canaviais. Mas, como surgiu o novo slogan Lençóis Paulista - Cidade do Livro? Pouca gente sabe, mas esse “título” foi criado por um amigo do ilustre lençoense Orígenes Lessa: Pedro Bloch, escritor e jornalista de renome no cenário brasileiro. Para entender um pouco dessa riquíssima história, é necessário lembrar um marco de Lençóis Paulista nos anos 80. Nesse período, diversas caravanas de escritores vieram para a cidade, nas quais grandes nomes da literatura brasileira participaram da Se-

Durante uma das diversas caravanas de escritores, Pedro Bloch (ao centro) sugeriu que Lençóis Paulista fosse chamada de Cidade do Livro

mana da Cultura. Em uma delas, em 1984, Pedro Bloch, ao saber que Lençóis Paulista contava com mais de um livro para cada habitante da cidade, exclamou: “Esta é a Cidade do Livro”. A partir daquele dia, Lençóis Paulista passou a ser conhecida como Cidade do Livro. No ano seguinte, o prefeito da época, Ideval Paccola, através do decreto Executivo 50/84, de 22/09/1984, instituiu o slogan Lençóis Paulista - Cidade do Livro. Em março de 1986, durante a 3ª Semana da Cultura, outra caravana. Dessa vez até o acadêmico e então presidente da República, José Sarney, esteve presente, participou das festividades e visitou a biblioteca. “Fui homenageado”, comentou Orígenes

• Av. Carlos Drummond de Andrade • Av. Orígenes Lessa • Av. Procópio Ferreira • Rua Adriano da Gama Kury • Rua Afrânio Coutinho • Rua Álvaro Ottoni de Menezes • Rua Amadeu Amaral • Rua Américo Jacobino Lacombe • Rua Ana Maria Machado • Rua Antonio Houaiss • Rua Arnaldo Niskier • Rua Assis Chateaubriand • Rua Austregésilo de Athayde • Rua Bandeira Tribuzi • Rua Barbosa Sobrinho • Rua Ciro Fernandes • Rua Cora Coralina • Rua Cornélio Pires • Rua Danilo Gomes • Rua Dias Gomes • Rua Dr. Homero Senna • Rua Evaristo de Moraes Filho • Rua Francisco de Assis Barbosa • Rua Francisco Marins • Rua Genolino Amado • Rua Guilherme Figueredo • Rua Guimarães Rosa • Rua Henrique L. Alves • Rua Janet Clair • Rua Jorge Amado • Rua José Montello • Rua Manuel Bandeira • Rua Marcos Vinícius Villaça • Rua Menotti Del Picchia • Rua Narciso Coelho Netto • Rua Nelida Piñon • Rua Olavo Brasil de Lima Júnior. • Rua Paulo Dantas • Rua Paulo Ronai • Rua Pedro Bloch • Rua Plynio Doyle • Rua Presidente José Sarney • Rua Raquel de Queiróz • Rua Umberto Peregrino • Rua Vicente T. Lessa (Pai de Orígenes Lessa) • Rua Zélia Gattai

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Em diversas oportunidades, caravana de escritores invadiu Lençóis Paulista que, logo, seria conhecida como Cidade do Livro

Presidente da República na época e colega de Orígenes Lessa, José Sarney visitou Lençóis Paulista e ficou encantado com tudo que viu

acervo de livros em proporções meteóricas, utilizou a palavra “incentivo”. A ajuda veio de todos os lados. Foi nessa época, também, que Pedro Bloch sugeriu ao Poder Público a criação, em Lençóis Paulista, do Bairro dos Escritores (hoje, a Cecap). A ideia foi aceita. O plano era angariar um número maior de doadores com a seguinte proposta: os escritores que doassem um número grande de livros teriam direito de ser avenida; quem doasse razoavelmente era rua e quem doasse pouco ou deixasse de doar, virava beco. Registros históricos como esses comprovam que os anos 80 (em especial 1986, que, por coincidência, também é o ano da morte de Orígenes Lessa), marcaram época. A visita de escritores renomados a Lençóis Paulista continua até hoje, através de festivais e encontros organizados pela Diretoria de Cultura. Mais um legado deixado pelo lençoense imortal da Academia Brasileira de Letras.

C1 fotos Casa da Cultura/Espaço Cultural “Cidade do Livro”

Lessa em depoimento à imprensa da época. Nessa época, uma das organizadoras do evento foi a então bibliotecária da BMOL, Marli Ferrante Montoro. Ela não se esquece dos momentos mágicos vividos durante a preparação para a chegada de José Sarney, que discursou (na Concha Acústica) para lençoenses, moradores da região e para a imprensa de todo o Brasil. “Não me esqueço do dia da abertura da Semana da Cultura. Eu comentei com Orígenes Lessa que estávamos aguardando a confirmação do Presidente da República e que algumas pessoas riam de mim quando dizia isso. Pedi uma ajuda em um discurso a Orígenes e ele pediu para que eu dissesse ‘E quiçá, até o Presidente da Republica virá a Lençóis’. Obedeci e quando acabei de falar, percebia o riso desconfiado da oposição. Na noite do dia seguinte, recebo uma ligação do Orígenes dizendo ‘O Sarney vai, ele vai!’. Foi muita emoção, eu nem consegui dormir. A primeira reunião foi em minha casa, com militares da aeronáutica, marinha e exército”. Foi na caravana de escritores de 1986 que mais um fato ficou marcado para a história. Orígenes Lessa, grande responsável pela ampliação do

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O FUNDADOR

P E R F I L NOME Zanderlite Duclerc Verçosa LOCAL DE NASCIMENTO Recife (PE) LEGADO PARA LENÇÓIS PAULISTA Fundador do Rotary Club, do jornal Tribuna Lençoense e da BMOL IDADE DA MORTE 42 anos

ZANDERLITE DUCLERC VERÇOSA:

O FUNDADOR DA BMOL

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Amante da literatura e de Lençóis Paulista, Zanderlite Duclerc Verçosa foi o idealizador e fundador da BMOL

Personagem, que ainda fundou a Tribuna Lençoense e o Rotary Club, foi importante para o desenvolvimento de Lençóis Paulista

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Haroldo (à direita) é sobrinho de Zanderlite e representou a família na reinauguração da BMOL

Para mim e minha família é um imenso motivo de orgulho saber que um parente próximo teve um importante papel na idealização e realização dessa biblioteca

te, em uma sala no Ubirama Tênis Clube. Em 28 de abril de 1963, dia do aniversário de Lençóis Paulista, Zanderlite viu, com êxito, a inauguração oficial na Praça Comendador José Zillo, da Biblioteca Municipal, outro grande trabalho seu. A biblioteca passaria a contar sempre com a presença do renomado Orígenes Lessa, seu patrono. Haroldo conta que o tio era um leitor assíduo, característica própria da família, e que tinha nos livros um lugar de permanente adoração. “Eu tive apenas notícias superficiais da sua iniciativa em abrir uma biblioteca nessa cidade, sabendo que meu pai acompanhou de perto aquele feliz projeto. Pelo que sei, ele adorava essa cidade, à qual deu muito do seu empenho, sempre tendo sido um homem de muitas iniciativas. Ele não era do tipo de pessoa contemplativa. Gostava sempre de agir. E agir para o bem da comunidade da qual participava”, ressalta Haroldo. Zanderlite faleceu aos 42 anos de idade, jovem, em plena maturidade produtiva. A morte dele foi muito repentina e um grande choque para todos, mas durante sua vida, deixou um legado importante, não somente pela biblioteca de Lençóis Paulista, mas pelo exemplo de vida, como poucos têm a oportunidade de passar às suas gerações futuras. Haroldo esteve presente na inauguração da BMOL, em 2014, e teve o prazer de conhecer o legado de seu tio. “Eu e minha esposa, Regina, que me acompanhou, ficamos encantados com o projeto, bem como com tudo o que é e será possível fazer a partir dele para elevar os conhecimentos de cada visitante”. A ligação dos Verçosa com bibliotecas continuou na terceira geração, segundo Haroldo. “Minha filha Cínthia, arquiteta, coordenou precisamente os trabalhos de restauração da biblioteca em São Paulo, encargo que lhe tomou alguns anos do seu tempo”, complementa Haroldo.

C1 fotos Casa da Cultura/Espaço Cultural “Cidade do Livro”

undador, idealizador e incentivador da BMOL. Esse é Zanderlite Duclerc Verçosa. Nascido em 23 de julho de 1927, em Recife (PE), era o terceiro de sete irmãos de uma família de origem nordestina. A família de Zanderlite se estabeleceu no Brasil ao tempo em que a Espanha e Portugal estiveram reunidos sob um mesmo reinado, se localizando, então, na Capitania de Pernambuco, na parte em que hoje pertence ao estado do Alagoas. Após algum tempo, a família de Zanderlite passou por diversos outros estados . Dali, migrou para o Rio de Janeiro, na companhia dos pais e dos irmãos, no começo da década de 1950. Haroldo Malheiros Duclerc Verçosa, sobrinho de Zanderlite, não teve uma convivência intensa com o tio, porque ambos moravam em cidades distintas, ainda que próximas. O pai de Haroldo era procurador do Instituto do Açúcar e do Álcool, mesma entidade em que Zanderlite fazia parte, localizado em Ribeirão Preto. “A família sempre se reunia, especialmente nos tempos das festas de Natal e Ano Novo, fazendo base na casa dos meus avós no Rio de Janeiro”, comenta Haroldo. Do Rio de Janeiro, tendo feito parte dos quadros do Instituto do Açúcar e do Álcool, Zanderlite se mudou para Lençóis Paulista, em 1957, onde permaneceu durante alguns anos, até a sua morte. Em 15 de novembro de 1959, junto com Affonso João Placca, Florindo Paccola, Clovis Leão Sampaio e Horácio Moretto, Zanderlite lançava a primeira e histórica edição da Tribuna Lençoense. Em 19 de agosto de 1960, junto com alguns lençoenses e agudenses, ajudava a fundar o importante Rotary Club, onde sua esposa Zuleika também realizou obra de alto valor para os desprotegidos. No mesmo ano, criava a biblioteca, provisoriamen-

L E N ÇÓ I S PAU L I S TA 157 A N O S

19


LINHA DO TEMPO BMOL C1 fotos Casa da Cultura/Espaço Cultural “Cidade do Livro”

DA CONSTRUÇÃO À REINAUGURAÇÃO

Década de 1960 16.100 livros

Década de 1970

23.100 habitantes

18.800 livros

Década de 1980

33.000 habitantes

50.890 livros

35.339 habitantes

1960 – Zanderlite Duclerc Verçosa cria a biblioteca provisoriamente em uma sala no Ubirama Tênis Clube.

1961 – A nova biblioteca recebe, em doações, aproximadamente 1.000 livros. População lençoense é de aproximadamente 18.600 habitantes. 1971 – A Biblioteca Municipal Orígenes Lessa firma-se como o centro cultural do município através da promoção de diversas atividades, como o Festival de Poesia Zanderlite Duclerc Verçosa, Exposições Fotográficas, Exposições Filatélicas e Torneios Municipais de Xadrez. 1972 – Escolas e colégios do município também passam a organizar melhor suas bibliotecas para atender a comunidade.

1983 – O prédio da biblioteca ganha piso superior, onde passa a funcionar o Museu Literário Pe. João Amâncio Novaes.

1979 – O número de habitantes da cidade sobe para 33.000 e o acervo, através de constantes doações do INL, já é de 18.800 volumes.

1963 – Na administração do prefeito Antônio Lorenzetti Filho, a Biblioteca Municipal ganha prédio próprio. A construção teve a orientação dos engenheiros Bernardo Schomann de São Paulo e do encarregado Cezar Hel Rosso lençoense. O INL (Instituto Nacional do Livro) realiza doação de 4.800 obras.

1983 – Organizada por Orígenes Lessa, chega a Lençóis Paulista a primeira Caravana dos Escritores, dentre eles Lygia Fagundes Telles, Paulo Ronai, Pedro Bloch e a viúva de Guimarães Rosa. Nessa visita, Pedro Bloch sugere que, pelo seu imenso acervo, a cidade deveria receber o título de Cidade do Livro. 1984 – O então prefeito Ideval Paccola, através do Decreto Executivo nº 50/84, institui o slogan Cidade do Livro a Lençóis Paulista. 1986 – A segunda Caravana dos Escritores vem a Lençóis Paulista, seguindo os moldes da anterior. Porém, dessa vez, inclui o presidente do Brasil na época, José Sarney. Nesse ano, é intensificada a campanha de doações idealizada por Orígenes. Os escritores que mais contribuíssem teriam seus nomes transformados em ruas na Cecap, o Bairro dos Escritores.

1964 a 1969 – Biblioteca recebe do INL doações constantes, que elevam o acervo para 16.100 livros. O número de habitantes chega a 23.100.

1986 – O acervo é superior a 50.000 livros, porém, a cidade perde seu ilustre filho, Orígenes Lessa.

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Década de 1990 67.634 livros

Década de 2000

54.648 habitantes

120.000 livros

Década de 2010

65.000 habitantes

140.000 livros

70.000 habitantes

2002 – Surge a Biblioteca Ramal I, no Bairro Júlio Ferrari. Logo após, em 2003, a Biblioteca Ramal II é criada na Cecap, sendo reinaugurada em 2008, quando ganhou novo prédio.

1990 – Lençóis Paulista começa a década com mais de 50.000 habitantes. O acervo continua a crescer e já passa dos 60.000 livros.

2002 – Tem início o processo de informatização do acervo.

1993 – Durante toda a década de 90, a presença das escolas é intensificada. Cada vez mais, estudantes procuram a biblioteca para realizarem suas pesquisas escolares.

2008 – É criada, no distrito de Alfredo Guedes, a Biblioteca Ramal III. O acervo é de aproximadamente 2.200 livros, além de revistas e gibis.

1995 – São realizados concursos literários e culturais, como a Semana Cultural Orígenes Lessa, contando, inclusive, com a presença de sua viúva, Maria Eduarda Lessa, durante a premiação dos participantes.

2006 – No dia 23 de setembro é inaugurado o Espaço Cultural Cidade do Livro. Uma ramificação da biblioteca, que surge para preservar obras raras pertencentes ao acervo da BMOL e abrigar a Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, que funcionava em uma sala adaptada da própria biblioteca.

2013 - Lençóis Paulista atinge a incrível marca de dois livros por habitante. 2014 - BMOL tem média de usuários em torno de 10 mil/mês.

1999 – O acervo está se aproximando dos 70.000 livros.

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2014 – Em 11 de abril, a BMOL é reinaugurada após a maior reforma de sua história. Ao todo são 786 metros quadrados distribuídos entre a varanda ao ar livre para leitura, os espaços com poltronas, almofadas e tapetes e salas diversas. A arquitetura é inspirada na biblioteca do Chile, em Santiago, e na biblioteca de São Paulo. Também foram magnetizados os livros. Todos têm uma fita magnética no interior que acusa sua saída no portão eletrônico. Além disso, o local conta com uma varanda com uma visão única de Lençóis Paulista e um espaço para os apreciadores de uma boa xícara de café.

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ORÍGENES E A BMOL

BMOL E ORÍGENES:

UM SÓ CORAÇÃO

Sempre que esteve em Lençóis Paulista, imortal fez questão de passar pela biblioteca para rever amigos e contar histórias C1

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Trecho do discurso de Orígenes Lessa para a inauguração da biblioteca “Este é o momento mais alto na minha vida de operário do livro: ver o meu nome ligado ao da biblioteca de minha cidade natal. Por esta honra – e porque não direi por esta glória? – eu vos agradeço com humildade e com orgulho ao mesmo tempo. Com humildade porque sei que a honra é muito superior aos métodos de quem a recebe. Com orgulho, porque, pelo ocidente da vossa generosidade, vejo o meu nome ligado para sempre, já não mais a temporalidade do que porventura escrevi, mas a tudo e que de grande já foi escrito e nesta casa maravilhosa começa a congregar para o manuseio e o aprendizado e o deslumbramento e a formação das novas gerações de Lençóis Paulista. Esta biblioteca, meus amigos, é uma das realizações mais importantes e decisivas da história desta cidade. O futuro de Lençóis Paulista está aqui e daqui deve sair”. Orígenes Lessa – 1963 Ortografia reservada ao autor

çóis Paulista. O sorriso no rosto no dia da inauguração da BMOL não deixa dúvidas da felicidade em ser patrono dessa biblioteca que viria a se tornar uma das mais importantes do Brasil. Orígenes Lessa, imortalizado, mais uma vez.

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C1 fotos Casa da Cultura/Espaço Cultural “Cidade do Livro”

O

rígenes Lessa não é patrono da BMOL à toa. Sempre que esteve em Lençóis Paulista, o escritor fazia questão de colocar em sua programação uma passada pela biblioteca. E sempre foi assim, até o dia de sua morte. Essa relação começou em 1960, quando o UTC (Ubirama Tênis Clube) cedeu um espaço para a casa de livros. Em 1963, o prefeito da época, Antônio Lorenzetti Filho, começou a construção do prédio onde a biblioteca está até hoje. Mas, qual nome dar àquela casa de cultura? Qual nome capaz seria capaz de refletir a importância do livro para o crescimento intelectual das pessoas? A resposta parecia tão óbvia quanto dois mais dois são quatro, e a figura de Orígenes Lessa veio à tona. Quando ficou sabendo da notícia, o imortal escritor não coube em si de contentamento. Ele foi praticamente “intimado” a comparecer na solenidade de inauguração das novas instalações. Orígenes, sem hesitar, afinal, topou. Foram muitas ligações e correspondências para que os mínimos detalhes fossem debatidos, afinal, tratava-se de um convite que não comportava recursas ou surpresas. Primeiro porque partia de sua cidade natal, que queria homenageá-lo e segundo pelo amor imenso de Orígenes Lessa para com sua terra, assim como o povo lençoense amava o escritor. “No dia em que o Brasil tiver cem bibliotecas iguais à de Lençóis, ficarei mais feliz”, disse ele em depoimento à imprensa do Rio de Janeiro após voltar de sua cidade natal. E assim aconteceu. O escritor lençoense se tornou patrono do local que mais amava estar durante suas passagens por Len-


EQUIPE BMOL C1

AMOR AOS LIVROS Marina, Silviane e Jane se dedicam a BMOL, bibliotecas ramais, geladeirotecas, pontos de leitura e ao Espaço Cultural

P E R F I L

NOME Marina Aparecida Ronque Stopa CARGO Coordenadora da BMOL FUNCIONÁRIA DA BIBLIOTECA DESDE 2011 NOME Silviane Aparecida Sanches Sanches Rodrigues CARGO Bibliotecária da BMOL e responsável pelo Espaço Cultural e infantis FUNCIONÁRIA DA BIBLIOTECA DESDE 2007 NOME Jane Maria Mozaner de Mello

C1 fotos Cíntia Fotografias

CARGO Bibliotecária da BMOL e responsável pelas bibliotecas ramais, Pontos de Leitura e Geladeirotecas FUNCIONÁRIA DA BIBLIOTECA DESDE 2003

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uando o leitor chega à biblioteca e empresta um livro, ele não imagina como é todo o processo para que o documento esteja disponível nas prateleiras. Ter uma equipe de peso por trás de tudo que envolve a BMOL faz toda a diferença. E Lençóis Paulista, a Cidade do Livro, pode comemorar a competência de seus filhos. A reinauguração da BMOL completou um ano em 11 de abril de 2015. Hoje, o local contempla mais de 120.000 livros. De acordo com Silviane Rodrigues, bibliotecária e responsável pelo Espaço Cultural Cidade do Livro e pelo cadastramento de obras, os documentos chegam através de doações ou compras. “Cadastramos tudo o que tem relevância e atende ao interesse da comunidade. Dessa forma, temos de tudo um pouco. As compras são feitas duas vezes ao ano, e muitas indicações são realizadas pelos próprios leitores. No total, estamos batendo mais de 140 mil volumes entre a biblioteca central e as ramais”, comenta. Coordenadora da BMOL, Marina Stopa vê o espaço como ferramenta cultural e de conhecimento, onde a população tem milhares de exemplares à disposição, seja para pesquisa ou para lazer, como livros de ficção, biografias e de diversos outros gêneros. “Temos um público muito diversificado. O movimento é ótimo e a biblioteca nunca fica vazia. Após a reforma, fizemos espaços para leitura e estudos. Temos internet de graça e isso atraiu ainda mais as pessoas, desde adolescentes até idosos”, conta a coordenadora. Jane Mello é bibliotecária e responsável pelas bibliotecas ramais, Pontos de Leitura e Geladeirotecas (projeto no qual os livros ficam disponíveis para a população em alguns pontos da cidade, dentro de geladeiras). “A população pode encontrar um livro e ficar com ele, mas pedimos que elas deixem um livro em troca para que a geladeira não fique vazia. Além disso, as pessoas podem doar e emprestar os livros, ler e devolver em qualquer Geladeiroteca”, ressalta Jane. Tanto para Marina quanto para Silviane e Jane, trabalhar com livros e nas bibliotecas é um trabalho humano e prazeroso, uma escolha profissional sem arrependimentos. No entanto, é preciso gostar do relacionamento com a população, divulgar conhecimento e encurtar o relacionamento entre os livros e as pessoas. Um trabalho árduo, mas bastante prazeroso, gerando frutos para a Cidade do Livro.

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A BMOL

PATRIMÔNIO DE

TODO LENÇOENSE Lençóis Paulista não é a Cidade do Livro à toa: são mais de 140.000 documentos distribuídos entre BMOL, suas ramais, Biblioteca Infantil e Espaço Cultural

M

uito mais do que uma majestosa obra de arquitetura, destacada pelo estilo moderno, em área central de rápida localização, visível e de fácil acesso. Centro de cultura e conhecimento, onde fantasia e realidade parecem estar mais próximas do que se imagina. Fonte de informação e de formação. Ponto de encontro entre crianças, jovens, adultos e idosos. Essa é a BMOL. Patrimônio de cada um dos lençoenses de nascimento e de coração, a Biblioteca Municipal Orígenes Lessa é, sem dúvida alguma, o grande símbolo da Cidade do Livro. Hoje, após enormes doações realizadas graças à campanha de Orígenes Lessa junto aos amigos escritores da Academia Brasileira de Letras (as chamadas Caravanas Literárias), e além das constantes doações da população e aquisição de novos livros, a BMOL tem um acervo de dar inveja e que a coloca entre as maiores. São assuntos diversificados, lançamentos e uma ampla coleção de títulos da literatura brasileira, atendendo a todos os públicos e gostos. Sua grandiosidade ultrapassa os limites de Lençóis Paulista. Entre as bibliotecas públicas, a BMOL é a 13ª colocada em quantidade de volumes no Brasil, com mais de 120.000 livros. Se o ranking for apenas com bibliotecas públicas municipais, os números são ainda mais surpreendentes: a BMOL perde apenas para a Biblioteca Mário de Andrade, de São Paulo, que concentra 3.200.000 documentos. Mas a Cidade do Livro não é apenas a BMOL. Ainda há cerca de outros 20.000 volumes que estão divididos nas bibliotecas: Ramal I, Ramal II, Ramal III, Biblioteca Infantil e Espaço Cultural, o que totaliza cerca de 140.000 livros em todo o município. Isso dá uma incrível marca de dois livros por habitante. Todo esse tesouro está disponível à população, de graça. Um privilégio que poucos brasileiros têm. Consumir palavras deixa o leitor rico. Rico em conhecimento, rico em cultura, rico em história... Lençóis Paulista, uma terra de riquezas.

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140.000 é a quantidade aproximada de livros em Lençóis Paulista. Isso equivale a incrível média de

2 livros 15 mil para cada habitante.

leitores, aproximadamente, estão cadastrados em Lençóis Paulista e podem emprestar livros na BMOL e em suas ramais.

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C1

Várias mesas estão disponíveis aos leitores que querem fazer uma pesquisa rápida ou mergulhar no prazer da leitura

Área externa coloca o leitor em contato com a natureza e ainda proporciona uma bela visão de Lençóis Paulista

Os frequentadores da BMOL podem aproveitar para tomar um café e saborear diversas guloseimas

C1 fotos Cíntia Fotografias

Nova fachada da BMOL traz uma mistura de modernidade e beleza que saltam aos olhos

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A BMOL

BMOL: mais que uma biblioteca • As sessões especiais da BMOL

Sala de Obras Autografadas - reúne obras com dedicatórias e autógrafos feitos por escritores ícones da literatura nacional e regional. Museu Literário - situado no piso superior, onde obras do começo do século XX estão disponíveis para o completo uso dos usuários. Seção de Obras de Referência - obras de consulta de vários gêneros e para várias finalidades, dicionários, mapas, guias e enciclopédias temáticas.

• Cursos e eventos desenvolvidos pela biblioteca

Boletim Eletrônico – informa aos usuários e a comunidade sobre novas aquisições, ranking dos livros mais retirados e mantém um canal aberto para a publicação de sugestões de leituras enviadas pelos leitores. Feira de Troca - ação reconhecida pelo PNLL (Programa Nacional do Livro e da Leitura) como um dos 50 projetos nacionais que melhor promovem o incentivo à leitura e democratização do acesso aos livros. É realizada (periodicamente) e troca, com a comunidade, obras que a biblioteca possui em excesso, mas que podem ser úteis para os cidadãos. Como moeda, os cidadãos podem trocar obras que tenham e estejam em desuso em casa. Cursos e visitas - a BMOL também desenvolve, anualmente, concursos literários (classe adulta ou infantil) e visita de escritores.

A Cidade do Livro e seus espaços • Espaço Cultural: relíquias e documentos históricos

O Espaço Cultural Cidade do Livro guarda a memória de Lençóis Paulista, da região e do país, acondicionando, preservando, restaurando e dando acesso aos documentos e às informações contidas nos diferentes materiais especiais dos acervos nele abrigados. O local abriga o Setor de Obras Raras, Especiais e Únicas da BMOL, com obras desde o século XVI, arquivo pessoal (entre livros, manuscritos e objetos) de escritores nacionais consagrados e locais, entre eles o de Orígenes Lessa. O

Centro de Documentação Histórica conta com acervo de jornais da cidade, fotos, plantas arquitetônicas entre outros documentos relativos à cidade de Lençóis Paulista. Atende aos pesquisadores com serviços de consulta local, através de vários instrumentos de pesquisas para conhecimento do acervo, como catálogos, inventários e guias, além de serviços de digitalizações, promoção de eventos, oficinas, cursos na área de Memória, Patrimônio Histórico e Documentação que destaquem a história do município e de seus cidadãos, bem como organizar exposições periódicas com visitas livres e monitoradas.

• Biblioteca Infantil: a criançada merece

Localizada no piso térreo do Espaço Cultural Cidade do Livro, a Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, que originalmente estava situada na sala infanto-juvenil da Biblioteca Municipal “Orígenes Lessa”, ganhou espaço próprio, amplo e apropriado para que as crianças possam desfrutar de todos os prazeres da literatura infantil. O local conta com livros, gibis, brinquedoteca, sala de atividades e leitura, além de atividades programadas de incentivo à leitura e entretenimento. A faixa etária atendida é até 10 anos, sendo livre a consulta e empréstimo para o público adulto.

• Ponto de Leitura: pegue e leia

Os pontos de leitura são espaços que oferecem à população uma ampla literatura, brinquedos e jogos, servindo como um ponto avançado da Biblioteca Municipal Orígenes Lessa. Funcionam em contêineres adaptados para esta finalidade. Locais: Caju e Núcleo Habitacional Luiz Zillo

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C1

Ramais: democratizando o acesso à informação • Biblioteca Ramal II – CECAP

A ramal do “Bairro dos Escritores”, no inicio, funcionava em uma casa alugada e recebia uma parte do acervo da BMOL. Em 1º de abril de 2003, ela foi inaugurada e em 20 de dezembro de 2008, reinaugurada. A partir dessa data, a Biblioteca Ramal II passou a funcionar em prédio próprio, com espaço mais amplo e arejado, oferecendo mais conforto para os usuários usufruírem do local. A biblioteca também conta com sala infantil, com livros e brinquedoteca para as crianças, além de atividades recreativas. É a ramal com maior movimentação de pessoas.

• Biblioteca Ramal I – Bairro Júlio Ferrari

A primeira biblioteca ramal foi a Ramal I – Júlio Ferrari, originalmente criada a partir da iniciativa da professora Lucelena de Freitas que, recolhendo livros em sua casa, criou uma biblioteca comunitária, assumida, posteriormente, pela Prefeitura Municipal.

• Biblioteca Ramal III – Alfredo Guedes

Em 1º de outubro de 2008, foi criada a Biblioteca Ramal III – Alfredo Guedes. O objetivo foi levar informação e atividades para a população que, para retirar livros e fazer pesquisas, tinha que se deslocar até Lençóis Paulista. O acervo conta com livros, revistas e gibis. O local possui sala de com TV e DVD, e acomodações confortáveis para a realização de atividades direcionadas e recreativas, como, por exemplo, a Sessão Pipoca, realizada no período de férias escolares. Também há sala de jogos e brinquedoteca com a sessão de livros infanto-juvenil.

Projetos e programas: conhecendo o prazer da leitura • Geladeiroteca

O projeto, criado e desenvolvido pela BMOL, compreende uma geladeira com livros de todos os gêneros, gibis e revistas disponíveis para empréstimo à comunidade. Sua finalidade é promover a leitura e a circulação de obras literárias entre as pessoas de forma livre e gratuita. As devoluções devem ser feitas na BMOL. Locais: Posto de Saúde da Avenida Brasil, Posto de Saúde Maria Cristina, Parque do Povo, Centro de Convivência Dolores Martins Moretto (Vila Paccola) e Centro de Convivência Therezinha (Cruzeiro).

C1 fotos Cíntia Fotografias

• A Hora do Conto

Criado em 2002 com o apoio do Grupo Lwart e Zilor, A Hora do Conto atende cerca de 60 mil crianças e adultos. O projeto busca qualificar e incentivar os leitores a conhecerem os livros, cuidar dos mesmos e a conhecer e frequentar os espaços de leitura e as bibliotecas existentes na cidade. O projeto é desenvolvido nas bibliotecas, Pontos de Leitura e nas escolas. O público principal são crianças a partir dos três anos, mas o público espontâneo também pode participar, fazendo o agendamento nas bibliotecas. Todas as regiões são atendidas pelo projeto, garantindo, assim, o acesso de toda a população lençoense.

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FREQUENTADORES

PEQUENA

LEITORA

Ana Júlia é a quarta leitora que mais emprestou livros no período de um ano, com a incrível marca de leitura de um livro a cada quatro dias

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esde pequena eu tenho curiosidade por livros. Aprendi a ler em casa, com quatro anos, principalmente livros infantis. Agora, não paro mais. Pego livro da biblioteca toda semana”. Essa é Ana Júlia dos Santos Gonçalves, de apenas 12 anos, a quarta leitora que mais retirou livros na BMOL em um ano (de 10 de abril de 2014 a 6 de abril de 2015), com a incrível marca de 89 documentos emprestados. A adolescente conta que leva em torno de dois dias para ler um livro e que prefere emprestar na biblioteca a comprar. No entanto, ela revela que ganha muitas publicações de seus pais. A série Harry Potter, com sete livros, e as publicações de Paula Pimenta são as preferidas da jovem. Da série de Harry Potter, o livro que mais atraiu Ana Júlia foi A câmara secreta. “Gosto dos livros da Paula Pimenta, principalmente as séries Minha vida fora de série, Fazendo meu filme e Contos de princesa. A escritora traz histórias de princesas antigas e adapta para o mundo atual. É muito legal ler um livro em que a princesa vive na mesma época que você”, ressalta. Em um mundo tecnológico e dominado pela Geração Y, ver uma jovem como Ana Júlia é realmente incrível. “Se eu esquecer meu celular em algum lugar, não fico tão desesperada e procuro no outro dia. No entanto, se eu esqueço um livro em algum lugar, independente de onde eu esteja, volto buscá-lo, porque não consigo ficar sem ler”, comenta. “A biblioteca é como um aeroporto, onde eu pego uma passagem, que é o livro, e viajo para algum lugar. Por isso, acho muito interessante ter a biblioteca, porque o livro tem a capacidade de nos levar para algum lugar e em Lençóis Paulista temos isso. Em muitas cidades, as bibliotecas têm livros para estudo e nem tanto para lazer”, finaliza a pequena leitora.

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P E R F I L NOME Ana Júlia Gonçalves IDADE 12 anos QUANTIDADE DE LIVROS EMPRESTADOS EM 1 ANO 89 MÉDIA DE LEITURA 1 livro a cada 4 dias

Gosto muito mesmo de ler. Quando estou de castigo por fazer algo errado, meus pais não tiram o celular de mim e sim o livro, porque é o que eu mais gosto

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PRAZER

LITERÁRIO

Franciela Romani considera a BMOL uma segunda casa; a leitura traz prazeres inenarráveis para a jovem de 27 anos

P E R F I L NOME Franciela Romani Ribeiro IDADE 27 anos QUANTIDADE DE LIVROS EMPRESTADOS EM 1 ANO 118 MÉDIA DE LEITURA 1 livro a cada 3 dias

C1 Cíntia Fotografias // C2 Revista O Comércio

Acredito que seja um dom que nascemos com ele. Ler é meu vício. Sempre levarei esse vício comigo. Sempre amarei a leitura e terei prazer em praticá-la

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om 118 livros emprestados no período de 10 de abril de 2014 a 6 de abril de 2015, Franciela Romani Ribeiro é a segunda leitora que mais empresta livros da BMOL (Biblioteca Municipal Orígenes Lessa). A jovem de 27 anos revela que sua paixão pelos livros e pela leitura é antiga, desde que nasceu. “Nunca vi alguém que não gosta de ler se apaixonar pela leitura. Isso vem da essência do ser humano e cada um tem a sua paixão: carros, motos, roupas, sapatos ou bolsas. A minha são os livros”, comenta. A jovem conta, também, que demora por volta de dois a três dias para ler um livro, dependendo, é claro, do poder do documento em prender a atenção da leitora. Por causa dessa paixão literária, Franciela conta com uma minibiblioteca em sua casa. No entanto, ela confessa que, se tivesse comprado todos os livros que já leu, teria que ter uma sala reservada somente para as publicações. Esse é um dos motivos que fazem a jovem frequentar constantemente a BMOL e usufruir de todas as ferramentas disponíveis na Cidade do Livro. Para Franciela, ler um livro é uma grande emoção, um sentimento que não se explica, mas se sente. Somente quem ama ler sabe os prazeres que a leitura proporciona. É como mergulhar em outro mundo com a mente mais leve. Não há momento certo para a jovem desfrutar de bons livros. Normalmente, ela lê no período da noite ou sempre que sobra um tempinho. Frequentadora assídua da BMOL, Franciela vai ao local uma ou duas vezes por semana. “O amor pela leitura vem da alma, é um vício, uma coisa inexplicável. Ou você gosta ou não gosta. É algo que nasce com você”, ressalta. “A biblioteca municipal significa, para mim, uma parte de minha história. É uma lembrança daquelas que terei para contar para os meus netos. Com certeza, a BMOL ficará por muito tempo na minha vida e sempre me lembrarei dela”, finaliza Franciela.

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157 anos

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PRESERVANDO E AVANÇANDO

Nilceu conta que conheceu a BMOL através de sua mãe, em um momento que ficou marcado para sempre em sua memória

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Diretor da pasta que representa a Cidade do Livro, Nilceu Bernardo é responsável por manter vivas a cultura e a memória da cidade

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NOME Nilceu Bernardo FUNCIONÁRIO DA CASA DA CULTURA DESDE 1990 FUNÇÃO ATUAL Diretor de Cultura ÁREA DE ATUAÇÃO DE ORIGEM Teatro

Toda cidade tem uma identidade cultural. Em algumas é a música, em outras o patrimônio histórico. Lençóis Paulista tem a grande satisfação de ter o livro e a biblioteca como identidade

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er diretor de Cultura da Cidade do Livro, a terra de Orígenes Lessa, não é tarefa fácil, mas Nilceu Bernardo tira isso de letra. Ele comanda a pasta desde 2009, primeiro ano da primeira gestão da prefeita Izabel Cristina Campanari Lorenzetti. No entanto, o contato de Nilceu com a cultura lençoense começou bem antes, quando o então jovem foi apresentado pela sua mãe, Isabel de Oliveira Leme Bernardo, à BMOL. “Eu me emociono sempre que me lembro disso. A biblioteca foi apresentada pela minha mãe, uma senhora de fazenda. Nessa época, eu nem era alfabetizado. Nós passamos na frente da BMOL e eu perguntei que lugar era aquele, pois havia ficado fascinado. Ela me disse que ali era um lugar muito importante, a biblioteca, onde ficam os livros. Eu jamais me esqueci dessa frase em minha vida. Isso me causou um fascínio muito grande, mesmo sem, inicialmente, conhecer a fundo aquele local”. Após adentrar pela primeira vez na BMOL, com 11 anos, por estimulo de amigos, Nilceu decidiu conhecer todas as sessões da biblioteca. “Cada situação, para mim, era uma descoberta diferente. Foi nesse momento que decidi fazer teatro. Fui à biblioteca e perguntei onde era a sessão específica. Li toda a sessão de teatro da biblioteca, pois tinha uma sede de buscar conhecimento”, lembra o diretor de Cultura. Também foi na BMOL que Nilceu conheceu um personagem que iria ficar para sempre em sua memória. “Aconteciam na biblioteca os encontros de corais, campeonatos de xadrez, enfim, todos os eventos culturais. Em uma Semana Literária, eu e meus amigos fomos ver a exposição de livros raros. Eu não entendia direito o que era aquilo. Em um dado momento, um senhor entrou na sala, chamou nossa atenção, sentou e conversou com a gente. Perguntamos, então, de quem se tratava. Era Orígenes Lessa. Ele, com aquela singeleza, passava informações para nós.

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Era uma forma de abordar que nos instigava. Fiquei fã de Orígenes Lessa a partir daquele momento”. O diretor de Cultura teve outros encontros com o escritor lençoense. “Durante a vinda do José Sarney, presidente do Brasil na época, lá estava eu, vendo escritores e toda a movimentação. No mesmo ano, fiz questão de ir ao velório de Orígenes Lessa, em Lençóis Paulista. Caminhamos até a Igreja Presbiteriana Independente, onde o coral Vicente Themudo Lessa, regido pela Regina Nicoletti, o homenageou. Fomos com o cortejo até o cemitério, onde acompanhamos o sepultamento. Tudo isso ficou muito vivo para mim, porque eu era apenas uma criança”. Os anos foram passando, e a memória não apagou as lembranças dos bons tempos vividos. Até que em 1990, Nilceu começou a trabalhar na Casa da Cultura Profª Maria Bove Coneglian. A responsabilidade e o compromisso com o maior bem lençoense, a cultura, fizeram com que Nilceu assumisse o cargo de diretor de Cultura. “Receber a notícia de que eu iria ser o diretor de Cultura de uma cidade com o potencial que tinha a BMOL e com tantas ações culturais foi muito bom. No início, isso me assustava muito. Lençóis Paulista já tinha dado um salto no cenário. O resultado da nossa cultura, hoje, é um desdobramento de coisas que foram realizadas durante muito tempo, afinal, grandes nomes passaram pela Diretoria de Cultura”. Nilceu é modesto ao falar do seu trabalho à frente da cultura lençoense. “O livro é a base. É conhecimento, educação, cultura e diversão. Para sermos a Cidade do Livro, não podemos criar uma relação de ciúmes com a biblioteca, mas, sim, de parceria. Temos que crescer ao lado da biblio-

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Diretor de Cultura de Lençóis Paulista, Nilceu tem a prazerosa missão de comandar a pasta que mais retrata a Cidade do Livro

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teca, como se ela fosse nosso monumento, símbolo de poder intelectual e identidade cultural”. Em 11 de abril de 2014, a BMOL foi reinaugurada após a maior reforma de sua história. Hoje, ela é referência no Brasil e conta com uma das maiores coleções de livros da literatura brasileira. Mais recentemente, Nilceu e a Diretoria de Cultura conseguiram mais um feito que vai ficar marcado para a história de Lençóis Paulista. Todo o acervo cultural de Ivan Lessa, filho de Orígenes Lessa, foi doado para a BMOL. “Ivan teve uma ação importante dentro do momento militar no Brasil. Trabalhou em criticas com humor, mas com grande consciência. Ivan ficou fora do país cerca de 30 anos. Enquanto esteve em Londres, na Inglaterra, escreveu sobre o Brasil e as questões políticas. Logo que ele faleceu, conseguimos contato com um amigo em comum e dissemos que tínhamos o interesse no acervo de Ivan, com obras dele, do pai e do avô, Vicente Themudo Lessa. São publicações (em torno de 600) que nenhuma biblioteca tinha e que, agora, nós temos”. Os documentos estão disponíveis no Espaço Cultural e podem ser consultadas por pesquisadores e leitores. A cultura é a base e o sentido de cada ser humano. É ela quem dá características únicas para os seres humanos. A cultura se concretiza na arte e a literatura é uma forma forte, ampla e potencial de mergulhar em diferentes culturas. É dessa forma que Nilceu define a importância do livro e da biblioteca para Lençóis Paulista. “Nossa biblioteca é uma ponte para todos os tempos, todos os mundos e qualquer espaço, seja ele imaginário, real ou histórico. A biblioteca é uma cápsula do tempo e do sentido. Dentro do livro podemos buscar e apreciar muita coisa”, finaliza Nilceu.

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A PREFEITA

REGENDO A CIDADE DO LIVRO E

star à frente da Cidade do Livro exige muita dedicação. Naturalmente, todos os holofotes estão voltados para o trabalho direcionado a Cultura e, em especial, a literatura. Amar a biblioteca e tudo que está inserido nesse contexto é essencial para que o trabalho seja bem desenvolvido e honre o título dado a Lençóis Paulista. E Izabel Cristina Campanari Lorenzetti, prefeita de Lençóis Paulista, sabe bem o que isso significa. A relação de Bel Lorenzetti com os livros sempre foi muito prazerosa e instigante. “Sempre gostei demais de leitura. Fui apresentada aos livros quando ainda mora-

va na Usina São José. Eu era criança e minha mãe e as amigas dela, na parte da tarde, se reuniam para fazer trabalhos manuais na casa de uma delas, pegavam um livro para ler e revezavam na leitura. Enquanto uma lia, as outras faziam os trabalhos, terminando a leitura no decorrer dos dias. Isso me instigava, porque eu queria saber o final da história”, comenta a prefeita. Com a BMOL, a relação da prefeita também começou bastante cedo. Na época, o pai se deslocava até a BMOL para jogar xadrez, e uma mistura de curiosidade e vontade de conhecer o espaço tomou conta de Bel Lorenzetti. “Tive um relacionamento mais próximo com a BMOL, com mais conhecimento e fundamento, quando fui diretora de Cultura, e

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Prefeita de Lençóis Paulista e admiradora de Orígenes Lessa, Bel Lorenzetti sempre teve uma relação bastante próxima com a BMOL

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constatei que a biblioteca tinha muita riqueza em obras, mas ao mesmo tempo, havia uma precariedade nas instalações elétricas, estrutura e tratamentos dos livros, não por negligência dos cuidadores, mas por conta das dificuldades da época. Apenas em 2001 a biblioteca começou a fazer parte da Diretoria de Cultura e começou a ter recursos”, ressalta a prefeita. A partir desse momento, a então diretora de Cultura passou a olhar o que era possível fazer com a biblioteca. Bel Lorenzetti precisou de uma dose de coragem grande para enfrentar uma reforma nas instalações da biblioteca, retirar todo o acervo e acondicionar as obras. “Eu tinha uma espada sobre a minha cabeça. Será que eu iria dar conta daquilo tudo? Após a reforma, voltamos com todo o acervo, arrumamos tudo e conseguimos, através de concurso, contratar o primeiro bibliotecário do município. Essa evolução da biblioteca foi continuando e outras coisas foram acontecendo. Ampliamos o número de funcionários e criamos as bibliotecas ramais e o Espaço Cultural”, conta. Já em seu mandato como prefeita, Bel Lorenzetti conseguiu a implantação dos Pontos de leitura e a ampliação da biblioteca. O projeto envolveu muitas pessoas e foi uma soma de ideais. “Juntamos todas as discussões e conseguimos modernizar aquela arquitetura dos anos 60. Tivemos o resultado que esperávamos. O acervo crescia e faltava espaço para guardar todas as obras. Além disso, faltava espaço para a população utilizar para estudos e lazer. Após a reforma, tudo isso foi possível”, comenta a prefeita Bel Lorenzetti.

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P E R F I L NOME Izabel Cristina Campanari Lorenzetti CARGO ATUAL Prefeita de Lençóis Paulista OUTROS CARGOS JÁ OCUPADOS NA MUNICIPALIDADE Professora e Diretora de Cultura OBRA IMPORTANTE PARA A CULTURA LENÇOENSE Reforma e ampliação da BMOL, entregues em 2014

A BMOL abriga pensamentos de grandes pensadores da humanidade e proporciona lazer, conforto e conhecimento A B R .15


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Bel Lorenzetti, que já foi diretora de Cultura, sabe da importância da BMOL para os lençoenses e para todo o Brasil

Hoje, a prefeita confessa que não frequenta a biblioteca tanto quanto gostaria, por conta dos compromissos com o mandato e com a população. Ela acredita que a BMOL representa uma riqueza para a cidade e que nem todas as pessoas são capazes de reconhecer. Isso pode ser traduzido pelas obras que existem no local e pela acessibilidade. “Para que uma cidade do porte de Lençóis tenha uma biblioteca pública com tantas obras é preciso que isso seja preservado. Isso só vai crescer e se solidificar à medida que a população utilize mais a BMOL, com maior número de leitores assíduos”, ressalta. Bel Lorenzetti revela que não teve um contato tão próximo com Orígenes Lessa, apenas profissionalmente, durante as visitas do escritor a cidade. “O Orígenes tinha muito carinho pelo meu sogro. Ele tinha uma conversa muito boa, e, em alguns outros momentos, tive contato com ele como professora. Quando ele (Orígenes) trouxe a caravana da Academia Brasileira de Letras, fomos desafiados a fazer uma homenagem aos escritores, e eu ensaiei uma música com meus alunos. O Orígenes Lessa se emocionou com a apresentação e, no dia seguinte, cumprindo com os compromissos, iniciou o discurso usando uma das frases da música que apresentamos”. Após a morte de Orígenes Lessa, a prefeita, ainda como diretora de Cultura, se mobilizou para produzir uma revista em homenagem aos 100 anos de nascimento do escritor. Bel Lorenzetti correu atrás de amigos do escritor, na Academia Brasileira de Letras, e coordenou todo o trabalho. A esposa do escritor, Maria Eduarda, ajudou na finalização das matérias sobre o escritor, bem como amigos e outros profissionais que conheceram, de perto, esse grande lençoense. A prefeita também não mediu palavras para elogiar o imortal lençoense. “Em todas as análises que fiz, sempre percebi claramente a importância dele para Lençóis Paulista em dois pontos. O primeiro é a obra dele em si, pela importância que ele tem no mundo e, especialmente, para nós, brasileiros. O segundo ponto foi o exemplo que ele deu como filho ilustre da cidade, de como ele usou de sua influência e capacidade para ajudar Lençóis Paulista. Ele foi atrás de amigos e quis fortalecer a biblioteca, usou de sua influência de forma positiva, não foi beber a própria glória e desfrutar do sucesso, mas sim ajudou a cidade”, conclui Bel Lorenzetti.

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Anúncio cedido gratuitamente à Câmara Municipal de Lençóis Paulista (CNPJ 54.724.133/0001-30) pela Revista O Comércio (CNPJ: 10.744.028/0001-97) em virtude da publicação na edição especial Cidade do Livro (edição nº 86, página nº 38, de Abril de 2015).

Anúncio cedido gratuitamente à Prefeitura Municipal de Lençóis Paulista (CNPJ: 46.200.846/0001-76) pela Revista O Comércio (CNPJ: 10.744.028/0001-97) em virtude da publicação na edição especial Cidade do Livro (edição nº 86, página nº 38, de Abril de 2015).

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