ESPECIAL MACATUBA 118 ANOS // 2018

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USINA SÃO JOSÉ DO POVO MACATUBENSE Angelo Franchini Neto

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agronegócio foi e ainda continua sendo a locomotiva do Brasil, e com Macatuba não é diferente. Para entender um pouquinho melhor esse cenário, temos que voltar no tempo e conhecer os ciclos econômicos do nosso país. Cultivado durante o período pré-colonial (1500-1530), o ciclo do pau-brasil foi o primeiro a despontar no país desde a chegada dos portugueses. Na época, eles buscavam metais preciosos nas terras descobertas, no entanto, começaram a perceber a importância dessa planta nativa da Mata Atlântica utilizada para o tingimento de tecidos e que possuía grande valor no mercado europeu. O ciclo da cana-de-açúcar foi o segundo ciclo econômico desenvolvido durante o Brasil colonial. Era um produto valorizado no mercado europeu e os portugueses já plantavam a cana em outros locais e, portanto, possuíam técnicas de plantio. Nesse período, já era utilizada a mão-de obra escrava africana, posto que os índios foram acometidos por diversas doenças e, os que sobreviviam a essa exploração, tentavam fugir. Como conheciam bem melhor o território, os portugueses tinham dificuldade de encontrá-los. O ciclo do ouro ou da mineração começa no final do século 17, quando os portugueses encontram diversas jazidas do mineral, sobretudo na região do estado de Minas Gerais, atingindo seu auge no século 18.

O café (também chamado de “ouro negro”) foi um dos principais produtos de exportação quando chegaram as primeiras mudas da planta no país, em meados do século 18, atingindo seu auge no século 19. O oeste paulista e a região do Vale do Paraíba, foram os principais locais de cultivo, visto o solo favorável presente: a terra roxa. Após a grande depressão em 1929 (queda da Bolsa de Valores da Nova Iorque), a cana de açúcar volta a assumir o protagonismo. Na região de Macatuba, pequenas destilarias focavam a produção em aguardente e melaço. Foi o caso da Usina São José, que em 1946 começou a história da Zilor ao processar a primeira safra para a produção de açúcar

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mascavo. Três anos mais tarde, o açúcar refinado aparece como principal produto e, em 1952, a usina passa a produzir álcool. A Zilor produz também energia elétrica a partir de uma fonte limpa e renovável (a biomassa da cana-de-açúcar) e possui a unidade de negócios Biorigin, criada em 2003, especializada em biotecnologia para produção de ingredientes naturais. A Zilor se tornou uma multinacional brasileira que transforma cana-de-açúcar em alimentos e energia limpa para atender clientes no Brasil e em mais de 60 países, para os quais exporta os produtos. Hoje, é praticamente impossível pensar como seria Macatuba sem a Zilor, afinal, durante esses mais de 70 anos de atuação, a empresa trouxe a Macatuba renda, emprego e investimentos.

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Cana-deaçúcar foi e continua sendo o combustível para o desenvolvimento da nossa querida cidade

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ESPECIAL MACATUBA je a Kazzo Confecções está presente em Avaré, Gaspar (SC) e no Paraguai. A empresa é verticalizada, trabalha com jeans e sarja e é adepta ao modelo de produção Private Label, na qual entrega a peça aos clientes com etiqueta, código de barras de preço, alarme e no cabide. “Compramos o tecido pronto, cortamos, costuramos, lavamos, acabamos, embalamos e vendemos”. Carolline finaliza relembrando a importância da costura para a economia local. “A mão de obra é muito escassa, e esse problema não é uma exclusividade de Macatuba. Antes, isso era passado de mãe para filha e todo mundo sabia costurar. Hoje, as mulheres querem trabalhar em escritório e fazer faculdade, as atividades de manufatura acabaram ficando em um segundo plano. Mesmo assim, percebemos essa vocação de Macatuba para a costura, que foi e continua sendo importantíssima para o desenvolvimento socioeconômico da cidade”.

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COSTURANDO O

FUTURO

Kazzo Confecções honra a vocação costureira de Macatuba e desponta como grande empresa do setor no Brasil Angelo Franchini Neto

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ocê sabia que Macatuba tem em seu DNA a vocação para a costura? A história conta que, inicialmente, a economia era voltada à agricultura, com pequenas plantações de café, milho e cana. Aos poucos o comércio começou a crescer, principalmente com o advento da alfaiataria e da sapataria. Por muitos anos, moradores da região se instalaram na cidade para trabalhar nesse ramo, transformando Macatuba em uma espécie de polo regional da costura.

Hoje, quem comanda os trilhos nesse setor é a Kazzo Confecções, que emprega cerca de 650 colaboradores. “O senhor Domingos Picolli Filho, nascido em São Paulo, trabalha com costura e alfaiataria desde os 20 anos. Ele teve algumas empresas do ramo e sempre trabalhou com sarja e jeans, até que em certo momento se instalou em Botucatu e montou uma célula de costura em Macatuba. Incentivado pela Prefeitura local, migrou a lavanderia, trouxe o escritório administrativo e se mudou definitivamente para cá”, conta Carolline de Andréa Picolli, diretora comercial da Kazzo Confecções. Além de Macatuba, ho-

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Mortadela do Saggin é conhecida regionalmente pela sua qualidade, singularidade e segredos que envolvem a receita

UMA DELÍCIA MACATUBENSE

Abaixo, as primeiras mortadelas produzidas; acima, o famoso produto atualmente

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cidade da mortadela gostosa”. Assim também é conhecida a nossa querida Macatuba em toda a região, e não é difícil adivinhar o porquê. É claro que estamos falando da tradicional Mortadela do Saggin, um produto que pode, sim, ser considerado um patrimônio da cidade. Pela sua qualidade, singularidade e também pelos segredos que envolvem a receita (mantida à sete chaves pela família). Tudo começa com o avô de Jorge Saggin, que comprou um açougue para os filhos em 7 de abril de 1952. “Meu pai e os irmãos Arlindo e Antônio tocaram o açougue até 1981, ano em que eu e meu irmão Luiz Augusto assumimos o negócio”. Antes, Jorge já participava do dia a dia do comércio e fazia um pouco de tudo. “Levantava de madrugada toda quarta-feira e sábado para picar carne para o meu pai, porque a gente não tinha geladeira. Já os abates aconteciam às terças e sextas-feiras”. Era o tradicional matava hoje para vender amanhã. “A carne era fresca mesmo”. O tempo passou e o Açougue do Saggin só cresceu. A mortadela, produzida há alguns anos, é sem dúvida o produto mais requisitado, mas o estabelecimento ainda conta com linguiças artesanais, os mais variados cortes de carnes (bovina, suína, aves, cordeiro) e produtos de mercearia. “Mexer com alimentos é muita responsabilidade. Eu prefiro não vender a minha mortadela para outros estabelecimentos, porque não sei como será o manuseio”, garante Jorge, mostrando uma preocupação ímpar com a imagem que a família construiu nesses 66 anos. O segredo do sucesso? Honestidade e ter uma equipe de ponta. “Honestidade não é uma qualidade, é uma obrigação. E a gente não tem preguiça de trabalhar não”, brinca. “O que me entristece um pouco é a quantia de calote que já levei. É uma falta de consideração quando a gente leva a mercadoria na casa da pessoa e ela não paga. Mas mesmo assim, vamos tocando o barco até porque a maioria dos clientes é fiel, paga em dia e gosta muito de nós”, finaliza.

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DE MACATUBA PARA O MUNDO Angelo Franchini Neto

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glicerina é um composto orgânico que pertence à função álcool. Utilizado pelas indústrias farmacêutica, de cosméticos e alimentícia, o composto está presente em todos os óleos e gorduras de origem animal e vegetal. Pouca gente sabe, mas Macatuba tem uma indústria referência no mundo quando o assunto é a glicerina bidestilada vegetal, derivada da soja. É a Buckminster, que reaproveita todos os subprodutos oriundos da destilação da glicerina. Tudo começou em 1999, quando a sócia proprietária da empresa, Selma J. L. do Prado Simões e um parceiro decidiram investir no negócio. Na época, esse parceiro, que fabricava equipamentos para produção de sabonetes, percebeu que as indústrias geravam uma espécie de resíduo chamado lixívia glicérica. Ele, então, procurou a química Selma e indagou: por que não reaproveitar tal resíduo? Após várias pesquisas, nasceu a Buckminster que, inicialmente, retirava glicerina bruta da lixívia glicérica e gerava um segundo resíduo (gordura), utilizado para fazer sabão (marca Piezo). O tempo passou e logo o fo-

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co mudou por conta da demanda do mercado. A glicerina passou a ser o produto principal e o sabão ficou em segundo plano, até desaparecer totalmente. Por causa de seu passado, a Buckminster ainda é conhecida em Macatuba como a “fábrica de sabão”, porém, a fabricação de sabão faz parte do passado. Hoje, além de comercializar a seletos clientes do mercado nacional nos segmentos farmacêutico, de cosméticos e alimentício, a empresa exporta glicerina refinada para 18 países em quatro, dos cinco continentes do mundo. Possui certificação Kosher, que garante a ausência total de gorduras de origem animal. Por ser apenas de origem vegetal, o composto é aceito de pronto no Oriente Médio, Ásia, Europa, África, América do Sul e América Central. A Buckminster tem a capacidade de produzir 1.400 toneladas de glicerina refinada por mês e gera mais de 50 empregos diretos e indiretos. E isso só foi possível graças ao apoio dos poderes Executivo e Legislativo, que sempre estiveram ao lado da empresa e não mediram incentivos. Para o futuro, muita coisa ainda está por vir entre projetos econômicos e também de cunho social.

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Conhecida como a “fábrica de sabão”, Buckminster desponta como uma das grandes exportadoras de glicerina refinada do Brasil e do mundo, além de atender a seletos clientes do mercado nacional

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OS NOSSOS REPRESENTANTES s três poderes, independentes e coesos entre si, são categorias dos poderes políticos presentes na democracia de um país. Assim, quando pensamos na Política de um Estado, em sua estrutura e organização existem três poderes políticos que norteiam suas ações, são eles Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. Nesse encarte especial de aniversário, entrevistamos dois desses representantes no município, o prefeito, Marcos Olivatto, e o presidente da Câmara, Ricardo Genovêz. Confira o que eles dizem sobre a importância dos poderes Executivo e Legislativo para o desenvolvimento da cidade.

coordenar e executar ações que resultam em progresso e desenvolvimento para o município e, assim, uma melhor qualidade de vida aos seus munícipes. Para que tais resultados aconteçam, os poderes Executivo e Legislativo devem estar irmanados nesse mesmo propósito. Ricardo – O Legislativo é o que mais se aproxima do povo, principalmente no âmbito municipal. O vereador é o agente político que a população mais tem contato, quem mais conhece a realidade do município. O Legislativo tem mais a cara da comunidade.

Qual é a importância do Poder Executivo/Legislativo para a cidade? Marcos – É o poder que executa, que tem a responsabilidade de planejar,

A independência dos três poderes é importante?

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Marcos – Eles devem trabalhar em uma linha visando que a execução (Executivo) das legislações (Legislativo) seja cumprida (Judiciário), de tal forma que o reflexo dessa combinação seja o bem-estar comum da população e o seu progresso; mas a independência entre esses poderes deve ser respeitada para que isso aconteça. Ricardo - Uma das prerrogativas do Poder Legislativo é fiscalizar o Poder Executivo, e como isso pode acontecer se não houver independência? Infelizmente, em vários municípios, o prefeito e seus secretários querem influenciar diretamente nas ações da Câmara. Isso não pode acontecer. Entretanto, também é preciso ressaltar que a Constituição Federal diz que os poderes são independentes, mas devem atuar de maneira harmônica em prol da população. Você se sente orgulhoso por representar o Poder Executivo/Legislativo em Macatuba? Marcos - O simples fato de ser um representante de um dos poderes é um orgulho imenso para todo homem; no meu caso, esse orgulho é ainda maior, uma vez que nasci nessa terra e tenho orgulho imenso de dizer que sou macatubense e prefeito dessa gente. Sei que a responsabilidade se torna maior ainda, uma vez que aqui nasci, cresci, constituí minha família e, se Deus quiser, viverei o resto de minha vida. Ricardo - Estar vereador é motivo de orgulho e de muita responsabilidade. Orgulho, porque em minha vida política sempre respeitei os valores que meu pais me ensinaram e porque sigo trabalhando para o bem das pessoas, principalmente aquelas que mais precisam. Responsabilidade, porque represento a minha cidade e minhas atitudes como vereador podem mudar a vida das pessoas.

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Prefeito e Presidente da Câmara falam da importância dos poderes Executivo e Legislativo para a cidade

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C1 fotos Arquivo pessoal Lucilla Nunes // C2 fotos Revista O ComĂŠrcio



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