LENÇÓIS PAULISTA // MARÇO DE 2016 // ANO 3 // EDIÇÃO Nº 3 // PUBLICAÇÃO ANUAL
A REVISTA DA MULHER LENÇOENSE
Nice
DE BALCONISTA A EMPREENDEDORA: A HISTÓRIA POR TRÁS DE UMA GRANDE MULHER
BEM ESTAR
TPM E MENSTRUAÇÃO ATRAPALHAM AS ATIVIDADES FÍSICAS? NÓS DESVENDAMOS!
METABOLISMO
ENTENDA COMO FUNCIONA O SEU
PODER
VEJA EXEMPLOS DE MULHERES QUE ALCANÇARAM O SUCESSO
SOCIAL
CASA ABRIGO AMORADA QUER TRABALHAR VIOLÊNCIA CONTRA MULHER
DOMINANDO
70% DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS SÃO MULHERES
Foto: Cíntia Fotografias Roupa: Forum // Ok Modas
MODA
DICAS DE COMO COMBINAR TÊNIS E ROUPAS NESTE INVERNO
04 EDITORIAL
DIRETORES Anderson Prado de Lima [prado@revistaocomercio.com.br] // Breno Corrêa Medola [breno@revistaocomercio.com.br]
JORNALISTAS RESPONSÁVEIS [jornalismo@revistaocomercio.com.br] Anderson Prado de Lima | MTB 75.180/SP // Cristiano Guirado | MTB: 44.324/SP COMERCIAL [comercial@revistaocomercio.com.br] Patrícia Prado de Lima // Regina Mello // Ricardo Milanezzi PRODUÇÃO GRÁFICA [arte@revistaocomercio.com.br] Leonardo Mariano Bovo // Vinicius Humberto de Castro ILUSTRAÇÃO José Augusto Rodrigues FOTOGRAFIA Cíntia Fotografias COLABORAÇÃO Angelo Franchini Neto // Beatriz de Souza Vieira // Juraci Rodrigues IMPRESSÃO Grafilar | CNPJ: 60.333.853/0002-58 TIRAGEM 5 mil unidades CIRCULAÇÃO Lençóis Paulista Revista O Comércio // CNPJ: 10.744.028/0001-97 // Rua Machado de Assis, nº 36 // Vila Antonieta I // Lençóis Paulista // CEP: 18.682-570 // Telefone: (14) 3264-8187. FACEBOOK facebook.com/revistaocomercio
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CENTELHAS DIVINAS DA
Assim como acontece em cada edição especial ou mensal da Revista O Comércio, toda a nossa equipe está, mais uma vez, orgulhosa e ainda mais enriquecida após a produção desse material que está em suas mãos e diante de seus olhos, caro leitor e estimada leitora. É incrível como, mesmo com tantas dificuldades e com tanto preconceito (que, convenhamos, ainda pairam sobre nossa sociedade), essas batalhadoras nos deixam exemplos de vida. O principal deles, sem dúvida alguma, é a superação: quando tudo parece perdido, quando toda e qualquer solução parece impossível, um gesto sutil repara tudo, simplifica tudo. O desafio de produzir a edição 2016 da Revista Poderosa trouxe uma mistura de sensações diante da quantidade de entrevistas e diversidade de textos produzidos. O jornalismo propriamente dito exige muita disposição física, muita energia! O produto do trabalho é intelectual, sim, mas o trabalho é braçal, e dos mais pesados. O resultado não poderia ser outro a não ser uma revista com conteúdo qualificado e visualmente sensacional. Em cada letra, palavra, linha e parágrafo dessa publicação, nós esperamos transmitir aquilo que consideramos o mais nobre
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da profissão jornalística: histórias registradas e contadas. O mundo precisa de menos pessoas bem sucedidas e de mais contadores de histórias. E as histórias estão aí, em qualquer canto, é só garimpar. Entendemos quem chama a mulher de sexo frágil. A mais suave brisa tira uma mecha de cabelo do lugar e o humor vai para o espaço. Essa fragilidade tem a beleza sublime de uma raça que é pura força, e que - literalmente - carrega em seu ventre o futuro da humanidade! Uma raça que a despeito da brisa que lhe estraga o figurino – sempre trabalhado com a mais refinada minúcia – não pensa duas vezes em enfrentar a pior das tempestades quando a vida lhe cobra. E faz isso com uma coragem tão voraz que homem nenhum é capaz de igualar. E sem perder a elegância! E é isso, caros leitores e estimadas leitoras, que está registrado nas próximas páginas. A fragilidade em suas mais variadas formas: coragem, superação, emoção, realização, competência, vitória! Histórias estas que nos esforçamos para registrar da maneira mais fiel possível. Histórias que vão despertar em cada um de vocês as centelhas divinas do brilho dessas criaturas que são as obras primas de Deus. Boa leitura!
OBRA PRIMA DA CRIAÇÃO
06 CARTA AO LEITOR
INSPIRE-SE
E
u, você, ele, ela. Todos nós sabemos que a mulher ainda não conquistou o seu devido espaço no mercado de trabalho, no esporte, na sociedade ou no mundo. Diante da história da humanidade, a conclusão que observamos é que houve, sim, um avanço enorme. Hoje, a mulher pode votar, estudar, trabalhar, comandar, voar. Hoje, a mulher pode viver. Mas ainda falta muito. Faço aqui um desafio a você, querida leitora, estimado leitor: escolha cinco empresas às quais você conhece parte dos colaboradores do setor administrativo. Agora, tente lembrar quantas mulheres exercem cargos de chefia. Poucas, né? Bom, vou propor mais um desafio. Quantos homens você conhece que realizam serviços de casa, como por exemplo, lavar louça e roupa, cozinhar ou varrer o chão? Esses dois exemplos mostram claramente que ainda há muita coisa a se conquistar. Mostram, também, que precisamos deixar o machismo de lado e dar a elas o seu verdadeiro espaço, aliás dar não, fazer justiça. Outro dia escrevi que é a mão do homem e o coração da mulher que sustentam o mundo. Continuo pensando assim. Foi refletindo sobre a conquista de espaço que nós, da Revista O Comércio, decidimos, em 2014, lançar a Revista Poderosa, uma justa homenagem ao Mês da Mulher. Poderosas, porque têm o poder de mudar (para o bem) qualquer cenário, seja ele político, econômico e
social. Sem essas poderosas, o que seria de nós, homens? Nada. E essa resposta fica bem clara em cada história contada por essas batalhadoras e descrita nas páginas que seguem. São comerciantes, empresárias, donas de casa, professoras. Essas guerreiras, cada qual à sua maneira, conquistou o seu espaço e, a partir de agora, inspiram projetos pessoais e profissionais. Mulheres, o nosso alicerce. Mulheres, a nossa razão. Mulheres, a nossa emoção. Mulheres, o nosso exemplo de vida. Que a leitura desta revista sirva para reflexões, mudanças e atitudes concretas, e não apenas para comemoração. Abraço fraternal. ANDERSON PRADO DE LIMA Diretor da Revista O Comércio
08 moda
Vá de
tênis
SelecionamoS algumaS dicaS para Você combinar o têniS e entrar na moda neSSe inVerno
poderosa 09
O
tênis saiu dos esportes e veio acrescentar nas produções fashion casuais. Ele caiu no gosto dos mais modernos e promete permanecer na próxima temporada como hit da estação. Sinônimo de conforto, esportes e lazer, o tênis sempre esteve presente no armário feminino e masculino. A maioria das mulheres, por exemplo, tem pelo menos um par e o usa pelo
menos uma vez por semana. No verão passado, os tênis começaram a fazer parte de produções casuais, fashions e até mesmo em looks noturnos. Confira algumas dicas para que você entre nessa moda, que é puro conforto e modernidade!
o tipo de têNis Deixe os modelos esportivos apenas para os esportes. Os tênis que você vai cair nessa moda são os chamados casuais, sneakers e slips on (conhecidos popularmente como tênis iate, famosos nos anos 90). Você pode escolher as cores e texturas que mais lhe agradam, lembrando que modelos brancos, modelos all star e texturas como couro são os mais tendenciosos e presentes nos looks inspiração de street style mundial.
Carolina Ferreira Consultora de moda e estilo
os estilos Se você já tem um estio próprio e diferenciado, o uso do tênis é bem fácil para você. Agora, caso seu estilo se enquadre em casual, romântico ou até mesmo rocker, a dica é apenas substituir seu sapato de sempre por um par de sua escolha. Por exemplos: look romântico montado com um vestido floral pode ser combinado com um tênis em vez de a sapatilha de sempre. - Uma combinação de calça de couro e camiseta de banda, produção preferida dos rockers, pode ser finalizada com um sneaker, substituindo o coturno ou a bota de sempre. - Meninas que não abrem mão do salto alto podem se adaptar ao tênis, levando em conta o conforto a mais, sem perder a feminilidade. Combine seu look, como um vestido bandagem e com um tênis baixo e delicado.
da Revista O Comércio
Noite
As produções para noite com tênis vão para encontros informais, baladas, bares e restaurantes mais modernos e descontraídos. As opções de looks podem variar entre conjuntos de saias e blusas, vestidos mais arrumados e o bom e velho jeans. Não se esqueça dos acessórios para finalizar a produção e faça bom proveito dessa ideia, que veio forte em uma das tendências da atualidade, que é o sporstwear.
10 saúde
Potencializando o metabolismo Velocidade que se processa o metabolismo também influencia na quantidade de alimento requerida por um organismo
M
etabolismo é o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos e determina quais substâncias são nutricionais ou tóxi-
cas. Você sabia que velocidade que se processa o metabolismo, determinada pela taxa metabólica, também influencia na quantidade de alimento requerida por um organismo? Para ajudar a potencializar esse processo, selecionamos algumas dicas. Confira!
poderosa 11
12 saúde
BeBa água
Como tudo na vida, excessos e carências de água causam problema de saúde. O segredo do sucesso é sempre equilibrar. A água (consumida na quantidade correta) é parte essencial do metabolismo e da sua dieta alimentar. Beber água, de acordo com as necessidades diárias, aumenta a taxa metabólica em 30%. O melhor de tudo isto é que as análises mostram que os efeitos são rápidos e duradouros. Para uma ingestão de 1,5 litros de água por dia, podemos queimar 17.400 calorias extras no ano.
aproveite o friozinho para exercitar-se
Não existe Projeto Verão, o projeto tem que durar o ano todo. Muita gente usa o frio como desculpa para comer mais e não ir à academia por conta da preguiça. Saiba que a exposição ao frio pode aumentar o seu metabolismo de 8 a 80%, dependendo da duração, idade e IMC (Índice de Massa Corpórea). Outro estudo realizado em 2014 constatou que 15 minutos de exercícios no frio pode ser equivalentes, metaforicamente, a uma hora de exercício em temperatura normal. Aproveite o inverno para treinar muito e chegar no verão com o corpo que deseja.
Dê estímulos para seu corpo
O metabolismo de qualquer pessoa é preguiçoso e gastará o mínimo de energia possível. É necessário estímulos. Não adianta nada manter o mesmo treino durante meses ou ter a mesma dieta. Seu organismo precisa de “sustos” e estímulos sempre que possível para não se adaptar ao exercício/alimentação e ter uma resposta eficiente.
aproveite o solzinho
Este tópico parece contraditório com o do frio ou mesmo as recomendações dermatológicas. Quando se diz “exponha-se ao sol” não
significa ficar que nem uma lagartixa esperando ficar com o bronzeado do pecado. Sol não é sinônimo de calor! No frio ou calor, você deve expor seus braços e pernas todos os dias no sol por cerca de 20 minutos. Pesquisadores descobriram que a exposição moderada a estes raios UV com ação do óxido nítrico retarda o desenvolvimento da obesidade e diabetes tipo 2.
melhore seu humor
Pessoas mal humoradas podem não se sociabilizar, desenvolver diversas doenças e ganhar alguns quilinhos. Pesquisadores da Universidade de Vanderbilt descobriram que dar risadas aumenta de 10% a 20% a energia gasta do seu organismo e frequência cardíaca, mostrando que de 10 a 15 minutos de risos pode queimar até 40 calorias a mais.
Saúde
saúde 13
em primeiro lugar O que é ser saudável? será que ser magra, nOva e definida significa, aO pé da letra, ser saudável?
A
visão sobre ter saúde está bem distorcida. Algumas pessoas apontam o dedo para dizer o que uma pessoa é e outras apontam o dedo para dizer o que uma pessoa deve ser. Ser magra, nova, velha, gordinha, com culotes ou com celulites só deixa de ser saudável quando se chega em dois pontos: ou você está com algum problema de saúde, que pode comprometer de alguma forma, ou você não está se sentindo bem com você mesma. Não existe certo ou errado. O que a mídia impõe parece ser lindo e maravilho, mas, muitas vezes, por trás de mulheres lindas, magras e definidas há uma série de apelações para medicamentos e estratégias não saudáveis. Você, mais “cheinha”, pode ser mais saudável que uma menina aparentemente magra e definida. Ser saudável não é proporcional ao que se vê, afinal, a pessoa pode ter uma depressão extrema e ser uma linda modelo fotográfica ou ter todos os exames de rotina perfeitos e não ter aquele corpo escultural. Você quer perder dez quilos em uma semana? Ou quer cortar carboidratos e gorduras sem orientação? Ou fazer jejum? Ou tomar anabolizantes e esteróides? Ou sair correndo que nem uma louca sem o mínimo de bom senso do quanto deve fazer para ter saúde? Pode ter certeza que você parecerá saudável apenas por fora. O equilíbrio e bom senso é sempre a melhor forma de tentar não errar e, mesmo assim, você pode ser influenciado pela sua genética ou mesmo pelas pegadinhas que temos em alguns alimentos, que dizem ser saudáveis e não são.
Confira algumas dicas que, podem parecer óbvias, mas, neste contexto, pode mudar a forma com que se interpreta: - Faça sempre exames de rotina e passe por consultas no seu médico para observar se está tudo bem com a sua saúde. A sua alimentação não pode ser chata ou sem sabor. Você precisa focar nas porções, comer de três em três horas, beber muitos líquidos, comer uma variedade de frutas e verduras e não cair na perdição das repetições. - Exercícios são sempre pontos positivos, mas na quantidade certa. De menos não ajuda e demais podem atrapalhar. Sempre mantenha uma média de, no máximo, uma hora de exercício por dia, dependendo das suas necessidades e intensidade de treino. Siga as instruções do seu instrutor. Não aponte o dedo para uma gordinha, velhinha ou uma mulher com celulites, porque o cuspe pode cair na sua testa, já que você não sabe o quanto ela é mais saudável que você.
- Se, mesmo estando bem de saúde, as celulites, culotes e flancos lhe incomodarem, o problema pode ser a saúde mental. Você está insatisfeita com seu corpo? Então é legal se cuidar para melhorar sua estima! Agora, se está bem de saúde e com você mesma, assuma a sua felicidade e continue se alimentando adequadamente, fazendo exames de rotina e praticando atividades físicas. Seja saudável, independente de ser magrinha ou cheinha. Ser saudável é como você leva a sua vida. Ser saudável é como você está além da sua aparência. Ser saudável é estar bem com você. Ser saudável é encontrar a sua identidade.
14 bem estar
Menstruação e musculação:
como lidar?
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Muitas MulhErEs sEntEM-sE ExtrEMaMEntE dEsconfortávEis ao rEalizar trEinos durantE o ciclo MEnstrual
A
lém das dores, desconfortos e mudanças corporais no ciclo menstrual, existe o desconforto. Ao exercitar-se, bate aquela TPM (Tensão Pré-Menstrual) brava, que desanima qualquer um. Para lidar com o ciclo e conseguir manter os exercícios físicos em dia, listamos uma série de informações.
ExErcícios anaEróbios
De acordo com alguns estudos, de sete a dez dias após a ovulação ou cerca de uma semana antes do período menstrual, é o período em que as mulheres apresentam maior aumento na produção de hormônios, quando comparados a durante ou logo após o ciclo. O estudo mostrou ainda que, durante o exercício, ocorre um
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aumento na liberação de testosterona, que é um hormônio importantíssimo no aumento de força muscular. Sabendo disto, você poderá ter ótimos resultados treinando exercícios de resistência uma semana antes do seu ciclo. Uma ótima pedida para aumentar sua força e dar aquela definida. Porém, mulheres com distúrbios menstruais, com baixos níveis de hormônios estradiol e progesterona têm uma resposta atenuada ao hormônio anabólico durante o exercício agudo de resistência.
EXERCÍCIOS AERÓBIOS
A corrida pode fazer os sintomas ficarem cada vez mais amenos em longo prazo. Estar indisposta, sentir-se inchada ou irritada são sintomas comuns da TPM, que atinge a maioria das mulheres, algumas de forma mais intensa outras mais amenas. Porém, a TPM não é mais desculpa para faltar dos treinos. Pelo contrário, a prática de exercícios físicos ajuda a controlar os sintomas do período menstrual a curto e longo prazo. Para as mulheres que sofrem alterações de humor antes e durante a menstruação, como irritabilidade e tristeza, a atividade física durante a fase ajuda a controlar os hormônios. A recomendação é praticar um exercício aeróbio, de intensidade moderada, como uma corrida leve no dia em que estiver com os sintomas. Caso os sintomas causem muitos desconfortos à mulher, uma boa alternativa é mudar o treino durante o período menstrual. Fazer musculação ou um exercício moderado pode ser a solução
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para quem não quer perder o ritmo e continuar se sentindo bem. Não tem problema em treinar menstruada, não causa nenhum prejuízo à saúde. Mas é muito individual, depende do bem estar da mulher.
Dicas que só mulheres entenDem
Evite treinar em horários muito quentes nos dias de TPM para não ficar ainda mais indisposta. Evite o consumo de alimentos com muito
sódio, ingira bastante água, água de coco, sucos e chás. A hidratação neste período é importante para evitar a retenção de líquidos. Controle-se nos doces para depois não se arrepender. Aprenda a entender “estou com fome ou vontade?”. Se tiver com muita vontade, ingira doces “naturais”, como frutas, geleias naturais, cereais e iogurtes. Com certeza reduzirá sua vontade de comer uma barra de chocolates. Troque de absorvente antes e após o trei-
no. Se não tiver desconforto com OB, coloque o absorvente mais OB. Opte por uma roupa íntima mais justinha, para o absorvente ficar “seguro”. Também é importante usar tops bem justos (aqueles em X), para proteger a sensibilidade e desconforto das mamas. Ouça uma música tranquila e que goste. Consulte o seu ginecologista, tire suas dúvidas e procure instrução de um educador físico para prescrever o seu treino.
18 Cooperserv
Da esquerda para a direita: Silvia, Vanilce, Thais, Joelma, Leticia, Andrea, Ana Paula e Simone
Cooperativa
rosa
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20 cooperserv
Com 67,5% de mulheres entre os Cooperados, Cooperserv reflete a predominânCia feminina do poder públiCo
sócia-fundadora da Cooperserv, silvia Gasparotto ressalta a importância da mulher nos trabalhos da cooperativa
O
s dados são deste mês: 70% dos funcionários da Prefeitura de Lençóis Paulista são mulheres. Reflexo, sim, do fato dos dois maiores setores da máquina pública municipal, Educação e Saúde, serem compostos por funções de predominância feminina, mas também um indício de que elas estão se aprovando em concursos onde antes as vagas eram, com certeza, dos homens. Ou seja, elas estão em todos os
degraus da hierarquia, dos serviços gerais, passando pelos cargos de primeiro escalação até a chefia do Executivo. Com a Cooperserv (Cooperativa de Crédito Mútuo dos Servidores Públicos de Lençóis Paulista) não poderia ser diferente. De um total de 1.763 cooperados, 1.190 ou seja, 67,5% - são do sexo feminino. A diretora administrativa da Prefeitura e sócia-
poderosa 21
-fundadora da cooperativa, Silvia Gasparotto Venturini, credita essa estatística à estabilidade que as mulheres trazem para todo e qualquer ambiente onde atuam. “A mulher busca essa estabilidade e transfere para tudo aquilo em que se aplica. Esse é um fator importante de se valorizar na cooperativa, a serenidade que garante a continuidade do trabalho e o crescimento. A mulher faz a diferença, enfrentando desafios e agregando cada vez mais experiência”, considera. A Cooperserv foi criada em 2002 e está em atividade desde 2003, quando obteve autorização de funcionamento do Banco Central. Ao longo desses 13 anos, a predominância feminina sempre foi uma marca, tanto nos quatro cargos da diretoria quanto nas seis cadeiras do Conselho Fiscal. Outro dado interessante: em nenhuma das eleições de diretoria houve chapa concorrente. “A participação feminina é maior nas assembleias e também podemos dizer que existe um interesse maior na cooperativa como um todo e uma participação mais efetiva. São as mulheres que nos cobram resultados, que questionam procedimentos, que se manifestam quando não concordam”, revela Silvia. “E em todas as eleições, quando buscamos servidores interessados em participar da composição da diretoria e do conselho fiscal, as mulheres se apresentam com uma frequência muito maior e nos ajudam também com dicas e revelando as expectativas do trabalho realizado”, continua. A Cooperserv teria os mesmos resultados se fosse, ao contrário, composta em sua maioria por homens? Não é possível afirmar. Mas Silvia ressalta as marcas femi-
A mulher fAz A diferençA, enfrentAndo desAfios e AgregAndo cAdA vez mAis experiênciA
ninas na trajetória de sucesso. “A mulher é mais comedida, muito embora seja vista como consumista porque gosta de comprar roupas e sapatos, tem essa vocação para se cuidar. Ela também consegue, mesmo mantendo essa necessidade, ser desprendida o suficiente para abrir mão também daquilo que ela pessoalmente quer ou precisa para atender às necessidades da família”, avalia. Por fim, a sócia-fundadora traça um paralelo no tempo e coloca a participação feminina na Cooperserv como a evolução da missão da mulher de cuidar da casa. “Antigamente, os homens tinham empregos e as mulheres cuidavam da casa, mas mesmo assim, costuravam, cozinhavam, lavavam roupas, faziam alguma coisa para dar aquele algo a mais para a sua família. E a participação na cooperativa é bem isso. Hoje, a mulher trabalha, tem emprego e ajuda a sustentar a casa, mas ainda busca esse algo a mais”, completa.
22 ANA LUCIA
vitória CICATRIZES DA
HOJE PROPRIETÁRIA DA REDE DE PADARIAS TRIGO DE OURO E DA LOJA DE ROUPAS MARUSKA, ANA LUCIA ESTEVAM AINDA EXIBE AS CICATRIZES DO TEMPO EM QUE CORTAVA CANA PARA SOBREVIVER
A
na Lucia Estevam tinha 11 anos quando seu pai abandonou a família: sua mãe, ela e outros cinco irmãos. Não havia escolha, era trabalhar ou sucumbir à fome. “Minha mãe já cortava cana. Nem falei com ela, já pedi autorização ao juiz, pois na época não podia trabalhar na lavoura com a idade que eu tinha. Eu mesmo fui com a documentação e carteira de trabalho no escritório”, lembra. Os canaviais da Usina Barra Grande a esperavam, e de lá ela ajudaria a tirar o sustento da família.
SOU FELIZ COM O QUE EU TENHO. NUNCA QUIS ENRIQUECER, VIRAR MADAME. JÁ APRENDI A ME SENTIR REALIZADA, MESMO NA DIFICULDADE. É SÓ COLOCAR NAS MÃOS DE DEUS E ACREDITAR QUE ELE ESTÁ AJUDANDO.
PODEROSA 23 Das cicatrizes que ainda exibe nos braços dos tempos do corte da cana ao comando de uma rede de padarias e loja de roupas: realização profissional
//NOME Ana Lucia Estevam //IDADE 48 anos //PROFISSÃO Comerciante
“Não tenho saudades do canavial, mas sou grata por esse trabalho. Sei que, depois disso, consigo suportar qualquer coisa, se tiver necessidade. Não teria problema algum em fazer tudo de novo. Criei forças, já estou preparada”, orgulha-se. A vida profissional foi se transformando. Foi atendente no nostálgico Vagão, na Rua 15 de Novembro, e também assistente de fiação na Omi Zillo, outro trabalho pesado. Aos 19 anos, se casou e, com o marido, foi morar no Japão. Lá, trabalhou nas linhas de montagem da Sony onde, mesmo sendo estrangeira (“não gostam de brasileiros lá, em muitas lojas nem nos deixavam entrar”) chegou a ser encarregada de seu setor. Se foi difícil? “Perto dos canaviais, foi fichinha!”, destaca. De volta ao Brasil, em 2000, comprou a padaria. Divorciada e com um negócio diferente nas mãos, tratou de fazer prosperar. “Quem nos vendeu, garantiu que ia dar certo. Mas fiz cursos no Sebrae, me preparei. Na época, vendíamos 700 pães franceses por dia, nosso carro chefe. Hoje vendemos em torno de cinco mil, já chegamos a vender oito mil”, diz. “Fora a diversidade de pães e doces”. Empresária de sucesso, se identificou tanto com a padaria quanto com a loja de roupas. Mas Ana Lucia tem uma mácula em sua vida: em 2011, perdeu um filho de 19 anos por complicações decorrentes de um acidente de moto. “Passamos por momentos difíceis e eu só tinha que trabalhar. Não poderia pensar só em mim, tinha os outros filhos e uma série de colaboradores que vivem dessas empresas. Isso me ajudou a superar e, de um ano pra cá, estou com a cabeça melhor”, diz e conclui.
24 ANA LÚCIA
NO TRABALHO, ANA LÚCIA CONDUZ OS NEGÓCIOS; EM CASA, ASSUME O PAPEL DE LIDERANÇA AO LADO DO ESPOSO E DOS FILHOS
//NOME Ana Lúcia Ranzani //PROFISSÃO Comerciante //EMPRESA Óticas Guarany
TURNO
DUPLO
B
atalhadora, empreendedora, dona de casa, esposa, mãe e, acima de tudo, poderosa. Essa é Ana Lúcia Ranzani, uma mulher que faz os seus dias durarem mais do que as tabeladas 24h. Ela divide a sua vida entre o trabalho nas três lojas da Óticas Guarany (Lençóis Paulista, Agudos e Macatuba) e a sua família. Ana Lúcia conquistou o seu espaço no mercado com muita dedicação e suor. Aos 15 anos, começou a trabalhar na linha de produção da antiga Gráfica Lençóis, em Lençóis Paulista, uma experiência que jamais sairá de sua memória. “Tinha um uniforme, mas era muito feio”, brinca. Durante oito anos, fez a encadernação de cadernos, blocos e talões de nota, até chegar ao cargo de caixa nas Ópticas Iguatemi, em 1985. Enfrentou as dificuldades da adaptação até encontrar a vocação profissional. “Tudo o que eu sei hoje aprendi lá. A Iguatemy foi uma escola”, diz. Foram 10 anos de casa. Em 1995, surgiu a oportunidade de ter o próprio negócio e comprou a antiga Ótica Wilson, que mudou de nome e deu origem às Óticas Guarany. “Me lembro desse tempo como se fosse hoje”, afirma Ana Lúcia. “Foram várias dificuldades e medos. Tinha uma angústia de que o negócio não fosse dar certo”. Hoje, acumula 21 anos como comerciante no ramo de óticas.
A MULHER DE HOJE SABE MAIS DO QUE QUER. ELA ESTÁ EM PÉ DE IGUALDADE COM OS HOMENS, EM TODOS OS ASPECTOS, E ATÉ SE SOBRESSAINDO
Em 2016, Ana Lúcia completa 21 anos como comerciante no ramo de óticas
No trabalho, Ana Lúcia é a líder que conduz os negócios. “Tudo é centralizado em Lençóis Paulista. Vou para as outras lojas, uma ou duas vezes na semana, afinal, nada melhor do que acompanhar e gerenciar de perto o trabalho”. A empreendedora faz questão de destacar e agradecer o empenho da equipe Ótica Guarany, que procura sempre levar um atendimento personalizado. “A armação influencia muito, assim como a qualidade e espessura da lente. Nós orientamos o cliente, mas a vontade dele sempre prevalece”. Em casa, a mãe Amanda e Ana Clara e esposa de Eduardo também assume o papel de liderança. “A mulher de hoje sabe mais do que quer. Ela está em pé de igualdade com os homens, em todos os aspectos, e até se sobressaindo. Temos que continuar lutando para que possamos ocupar o espaço que sempre merecemos”, finaliza.
homenagem 25
Hoje, merecida. je, e u q is a o nagem é m oderosa. H Essa home r que ela é super p e avô. Uma avó dize podemos el de mãe e pai, de de bem com p a p p sem re ela faz a, alegre e tudo o que fez por ir e rr e u g ou. pessoa ãe, por nos ensin rigado, m a vida. Ob do o que a senhora s deu, para nós, por tu ortunidades que no caráter e pelas op ípios, de Obrigado os pessoas de princ muito mesmo! hoje serm Te amamos muito, Seus filhos: . vitoriosos do Lima Mateus Pra o Lima d Murilo Pra
da Esse Mês d n z gra es Mulher tra e anos. sd conquista er que iz e -s Pode d onde tá s e o d o mun a tudo o id v e d está ulheres, que nós, m a consajudamos lha e bata truir. Cada a pena, valeu conquista s a nós, sora pois, g ça os. Passe som mos o que passar, nós e u q no tempo s de ser pri o m re a ix e d has ermos rain m s ra a p s a ces .Ee peratrizes e, logo, im as mudanças, meio a ess s especiais. o ainda som uerreira e ,g e rt fo u Mulher é ulher luto m A . ra o d a lh o eg u bata r aonde ch ão, a g e h c ra ç pa o seu cora e, graças a ndo. Dedico u o mu conquisto das as mulheres a to este texto em especial, à mie, guerreiras el mamãe Amélia. v rá o d a nha Luqueis Ass.: Bete
nagem é ena home plo de u q e p ta s E em pessoa, ex para esta , vó, irmã, filha, ãe esposa, m empresária... a, ri á funcion porque cê é fácil, o v e Falar d na, é mais você, Julia pela sua ial, que espec família, pelo a o ã ç e dedica pelo amor r, te rá o seu ca d que trata to paciência em ao seu ev aquele qu perando es , o tr encon de ra amiga e v la a p uma m é as tamb conforto, m ra” quando u sabe ser “d a por d in L . a is prec r fora. Esta o p e o tr den em é de homenag mília. fa toda a sua todos de Um beijo te ue aqueles q em por rc amam e to . o você. Te am : ã De sua irm Luciana.
ossas ante em n ndo, nós rt o p im is ma mu é a pessoa ntes neste Mãe, você tantas mães existe melhor de todas! a tre vidas. Den vilégio de ficar com s devemos tudo o ri ó p n tivemos o guerreira a quem panheira. er m Uma mulh oje. Mãe, amiga, co maior orgulho em h s s o o m o que som emplo e te x e r io a m Você é o e muito! s passos! mam muito, muito u e s ir u g e s a Gustavo. lhos que te De seus fi elipe, Beatriz e João F Pablo, Luiz
26 ANDRÉIA
//NOME Andréia Melo da Silva //IDADE 37 anos //PROFISSÃO Empresária
ENTRE IDAS E VOLTAS
PODEROSA 27
METADE MÃE, METADE EMPRESÁRIA, ANDRÉIA FALA SOBRE ADAPTAÇÃO AO SETOR DE TECNOLOGIA; “ENQUANTO ESTAMOS CONVERSANDO, ALGUMA NOVIDADE ESTÁ SURGINDO” ENQUANTO ESTAMOS AQUI CONVERSANDO, ALGUMA NOVIDADE ESTÁ SURGINDO. E TEMOS QUE ACOMPANHAR, SEMPRE COM MUITO AMOR PELO QUE FAZEMOS
Andréia Melo da Silva deixa os bastidores para ser a linha de frente do atendimento da Mezzanino
A
ndréia Melo da Silva é esposa de Roberto Maximino, da Mezzanino Informática, um dos desbravadores da informatização em Lençóis Paulista e região. Casou-se muito cedo e, aos 18 anos, já tinha dois filhos. Agora, aos 37, abre caminho para os adolescentes Lucas Talles e Nínive Bianca seguirem seus rumos profissionais, enquanto cuida do jovem Robertinho, de oito anos. Nessas idas e voltas, foi encaixando sua vida profissional. O primeiro emprego foi na Lojas Silva, no Edifício Luiz Paccola. “Era bastante movimentada a loja. Foram somente três meses, mas três meses bem trabalhados. Depois resolvi sair para cuidar de dois bebês”, lembra. “E do marido também”, brinca. Voltou a trabalhar em 1999, quando Maximino abriu a MaxSoft. E não raro, Lucas e Ninive participavam do dia a dia do escritório. Também não à toa, Lucas pegou gosto pela coisa
(desde pequeno desmonta equipamentos de informática) e trabalha na Mezzanino. Nessa época, uma nova interrupção na carreira. “Precisávamos de outra estrutura para as crianças, era levar para um lado, levar para o outro, escola, enfim, não tinha como. E cuidar deles é algo de que eu sempre gostei muito”, garantiu. Agora, outra nova fase. Assumiu seu lugar na linha de frente da Mezzanino. “Por trás de um grande homem tem sempre uma grande mulher. E por trás de uma grande mulher tem sempre ela mesma”, brinca. Ela confessa, ainda, que não se adaptou ao setor da tecnologia. “É um ramo difícil, as coisas mudam muito e o tempo todo. Enquanto estamos aqui conversando, alguma novidade está surgindo. E temos que acompanhar, sempre com muito amor pelo que fazemos”, considera. Andréia diz que ainda está aprendendo, mas com segurança no que faz. “Estou na linha de frente, dou o primeiro atendimento ao cliente, filtrando as primeiras necessidades e identificando a hora de chamar um técnico para conversar com a pessoa que está ali buscando atendimento”, conta. “Sempre ajudei, mas sempre nos bastidores. Agora, há dois meses, estou em tempo integral, sempre preocupada em aprender as coisas que eu não sei. Se fosse uma loja de roupas, seria bem mais fácil”, finaliza.
28 CAMILA
UMA NOVA
PROFISSÃO CAMILA CRISTINA DA SILVA MORAES, PROPRIETÁRIA DA IZAEL ESTOFADOS, MUDOU SEUS HÁBITOS DE VIDA PARA APRENDER A PROFISSÃO COM O MARIDO; “PEGUEI GOSTO”, DIZ
C
amila Cristina da Silva Moraes teve três profissões durante toda a vida. A última (e a atual) tem tudo para ser a derradeira. Foi legionária – trabalhou na Zilor e na Cootelpa -, foi caixa do Santa Catarina Supermercados e agora é empresária e tapeceira, que exalta com orgulho. “Todos nós sabemos administrar e produzir. A diferença é que, ao produzir, a gente entrega, o cliente fica feliz e o trabalho termina. Administrar é algo de que não se desliga, é o tempo todo, dorme pensando nisso, acorda pensando nisso. Tem que estar por dentro de tudo”. Palavras de quem adaptou a vida para poder aprender a nova função, que aprendeu a gostar pelo prazer de transformar matéria prima com as próprias mãos. “Sempre quis algo que fosse para mim, e quando me casei, ainda era caixa do supermercado, chegava tarde em casa e a gente pouco se via. Ele me convidou para vir trabalhar com ele. O Izael é um dos pioneiros na cidade, tem mais de 35 anos de experiência em tapeçaria. Muitos tapeceiros da cidade já foram funcionários dele e parece que não, mas Lençóis Paulista tem mais de 40 tapeçarias em atividade. É bastante concorrido”, ressalta. Camila conta cenas engraçadas no começo de sua nova
Camila abandonou as roupas sociais, unhas feitas e salto alto para se encontrar na produção da tapeçaria
//NOME Camila Cristina da Silva Moraes //IDADE 28 anos //PROFISSÃO Empresária e tapeceira
empreitada. “Quando comecei a trabalhar aqui, vinha de calça branca e salto alto. Imagina a cena? Foi bem complicado”, brinca. Aprender a nova profissão foi um desafio feito entre o casal. “Eu queria sair, passear e ele estava sempre cansado. Ele disse que um dia eu ia entender esse cansaço. E eu me propus a fazer o trabalho dele para provar que não era tão cansativo assim. Homem é sempre mais exagerado, dramático. E eu quis mostrar que não cansava tanto assim e comecei a observar tudo o que ele fazia para fazer também”, conta. O ritmo, na verdade, era insano. “Ele saía para trabalhar às 4h e ficava sempre até 22h, na época não tínhamos filhos, dava para fazer. E a equipe brincava com a minha vontade de aprender ofício. Diziam ‘até parece, olha para essas unhas, olha o salto alto’. E eu fui mudando meus hábitos para me adaptar à produção. Encontrei-me e acho que, hoje, me dou melhor lá dentro do que aqui, administrando”, considera.
QUANDO COMECEI A TRABALHAR AQUI, VINHA DE CALÇA BRANCA E SALTO ALTO. IMAGINA A CENA? FOI BEM COMPLICADO
30 CAMILLA
CAMILLA ORTEGA SUPEROU A FASE EM QUE NINGUÉM QUERIA CONTRATÁ-LA MESMO DE GRAÇA E HOJE É SÓCIA PROPRIETÁRIA DA FRANQUIA CLUBE TURISMO EM LENÇÓIS PAULISTA
VENDENDO
SONHOS N
ascida em um berço jurídico (pai, mãe, tios, etc), Camilla Ortega Spíndola achou que seu destino seria o mesmo. Um ano na faculdade de Direito a fez mudar de ideia, mesmo já estagiando em um escritório de advocacia na cidade. “Meus testes vocacionais só davam isso”. Mas a realidade foi diferente e, ainda jovem, se deu ao direito de uma nova tentativa: Psicologia. “Eu queria abrir um consultório, mas não ia ser da noite para o dia”, afirmou. Foi outro curso que deixou pelo caminho. Começava uma fase de provação. “Foi um tempo em que eu não arrumava emprego algum, nem para trabalhar de graça para ganhar experiência. Colocava uma roupa social, sapato e ia distribuir currículo no comércio. E nada. Até que mandei currículos para São Paulo e uma empresa de call-center me chamou para ganhar R$ 600,00. Era muito difícil sobreviver na capital com esse valor”, relembra. “Aí eles me perguntaram: Lençóis Paulista fica perto de Bauru? Gostamos de você e temos uma filial em Bauru”. Depois de um mês, a filial fechou. Mas a maré de azar parecia ter terminado. Já cursando sua terceira faculdade, Administração – a primeira que veio a concluir – conseguiu emprego de vendedora externa da Vivo, depois na Comgesso e Box 9. A oportunidade no banco Bradesco, em Bauru, a manteve empregada por 25 meses, mas em uma função que não lhe brilhava os olhos. “Ou ia pedir transferência para Lençóis Paulista ou ia pedir demissão. Não tinha mais a intenção de progredir na carreira bancária. Queria mes-
SOMOS JOVENS, ERA A HORA DE QUEBRAR A CARA, SE PRECISO, COMEÇAR DE NOVO
//NOME Camilla Ortega Spíndola //IDADE 26 anos //PROFISSÃO Agente de Viagens
Depois de desistir da carreira bancária, Camilla Ortega se encontrou como agente de viagem
mo era ter um negócio próprio”. Ao lado da cunhada, Carla Mêdola – formada em Zootecnia e também interessada em abrir o próprio negócio –, começou a procurar por franquias. E foram de tudo quanto é tipo. “Não tinha ideia do que queria, só sabia que não queria nada automático, que a pessoa já entrasse querendo comprar, pagasse e fosse embora”. Foi quando conheceram a Clube Turismo. “Viagem é legal, a pessoa vem comprar feliz e precisam de atendimento, de orientação”. Enquanto isso, a Clube Turismo só crescia, despontava, ganhava prêmios. A primeira intenção era abrir em Bauru, mas lá já tinha uma unidade da franquia muito atuante no mercado. Então, o representante da Clube Turismo Master de São Paulo perguntou: “Por que não abrir em Lençóis Paulista?”. E nós nos perguntamos a mesma coisa: “e por que não Lençóis Paulista?”. Foi tudo muito rápido. Em novembro de 2014, fomos até a Master, em Campinas, e no dia 2 de fevereiro já estávamos funcionando”. Camilla conta que elas não tiveram medo em momento algum. “Somos jovens, era a hora de quebrar a cara, se preciso, começar de novo. Mas deu certo. Hoje vendemos sonhos e realizamos esses sonhos”, finaliza.
32 CIRLENE
em casa TUDO
CIRLENE SANTANA DEIXOU O MAGISTÉRIO PARA TRABALHAR NO EMPREENDIMENTO PRÓPRIO E NÃO SE ARREPENDE; “TRABALHO FELIZ E JUNTO COM MINHA FAMÍLIA”
NÃO SEI CORTAR, MAS SEI CALCULAR, VENDER E ATENDER O CLIENTE. SÓ NÃO FAÇO O PROJETO, QUE FICA A CARGO DE MEU FILHO
S
onhos para o futuro são elementos curiosos. Muitas vezes, eles se realizam e só então se percebe que não era bem assim. Ou, outras vezes, se tornam realidade por algum tempo, para dar lugar à outra realidade ainda melhor, jamais sonhada. Esta segunda situação é o caso de Cirlene Santana. “Meu primeiro emprego foi na Omi Zillo, com 17 anos. Minhas irmãs trabalhavam lá e eu acabei indo junto. Mas pedi demissão e fui fazer ma-
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PODEROSA 33
Desde o início, Cirlene é a responsável pela parte administrativa do empreendimento familiar
//NOME Cirlene Santana //IDADE 41 anos //PROFISSÃO Comerciante
gistério, porque o horário era incompatível com os estudos. Sempre quis fazer magistério e minha mãe sonhava que eu fosse professora”, conta. Concluiu o curso no Virgílio Capoani e exerceu a profissão por algum tempo. “Via-me muito dentro da sala de aula, sou muito comunicativa e sempre gostei de ficar rodeada de pessoas. Dei aula de alfabetização para crianças”, conta. “Em um determinado momento, trabalhei também com a alfabetização de adultos, é mais difícil, mas é gratificante. Até hoje eles me encontram na rua e se lembram de mim como a pessoa que os ensinou a escrever o próprio nome”, acrescenta. Até que o marido resolveu pedir demissão e abrir o próprio negócio, uma vidraçaria, há oito anos. Cirlene foi convidada para trabalhar junto, já sabendo que, caso aceitasse, teria que largar a profissão. “Fiquei com medo. Mas como também ia estar rodeada por pessoas e continuar trabalhando com o público, não pensei duas vezes. E se não fosse minha praia, pensei que poderia voltar a fazer o que sempre fiz. Resolvi aceitar”, relata. Ela garante que aprendeu fácil o trabalho. “Não sei cortar, mas sei calcular, vender e atender o cliente. Só não faço o projeto, que fica a cargo de meu filho”, revela. “Às vezes sinto falta do magistério, mas gosto muito do meu trabalho atual”, diz. “Faço o que gosto. Trabalho com toda a minha família, meu marido, minha irmã e meus dois filhos. Sinto-me muito realizada pessoalmente”, conclui.
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Beleza & Saúde C
ristiana Conti Barbeiro Ferrarezi sabe, com todas as letras e sensações, o que chamar de realização pessoal e profissional. “A melhor coisa é ver o paciente sair por essa porta sorrindo, indo embora feliz e dizendo que não vê a hora em que chega a próxima sessão”. Formada em Fisioterapia, resolveu inovar e trazer para a cidade novos métodos de tratamentos estéticos e pós-operatórios, com foco na melhoria da qualidade de vida do paciente. “Infelizmente, na Fisioterapia convencional, temos que trabalhar absurdamente para ganhar pouco. A gente cura pessoas e muitas vezes não conseguimos o retorno necessário, que é o ganha pão. Por isso comecei a buscar alternativas na parte de estética, como a criolipólise, que não havia em
Fisioterapeuta graças à avó, Cristiana inova em métodos de tratamento da estétiCa Com FoCo na qualidade de vida Lençóis Paulista, só em Bauru e a um preço pouco acessível”, conta. “É uma novidade e está indo bem. Já estou avaliando trazer outras inovações, como depilação definitiva e outros tratamentos alternativos para flacidez e linhas de expressão, por exemplo”, revela. Por atuar em uma área que mexe diretamente na autoestima dos pacientes, ela admite que muitas vezes se sente a dona de um antigo divã de psicanálise. “Muita gente ainda brinca dizendo que vai ter que pagar duas sessões, a do meu atendimento e a da psicoterapia. Não posso dar muita opinião,
mas tento interagir na medida do possível”, conta. “Mas é gostoso ver que meu trabalho está fazendo bem para as pessoas, ver que elas saem daqui renovadas”, acrescenta. A escolha da profissão tem tudo a ver com o amor. “Foi por causa da minha avó. Ela teve seis AVCs (Acidentes Vasculares Cerebrais). Eu tinha 15 anos e a acompanhava nas sessões de fisioterapia e ficava observando como trabalhava a Teia (Maria Tereza Capoani). E quando chegava em casa, tentava repetir, na medida do possível, os exercícios”, diz. “Um dia, a Teia comentou sobre a recuperação da minha avó, que era diferenciada e esplêndida. E eu resolvi abrir o jogo, disse que ficava observando e que as coisas que eu conseguia, refazia em casa. Ela tinha sessões duplas”, conta Cristiana. “Com 15 anos de idade eu já havia escolhido a minha profissão”, concluiu.
poderosa 37 Cristiana trouxe tratamentos alternativos para lençóis paulista e se emociona em ver que as pessoas terminam a sessão com um sorriso no rosto
É gostoso ver que meu trabalho está fazendo bem para as pessoas, ver que elas saem daqui renovadas
//Nome Cristiana Conti Barbeiro Ferrarezi //Idade 37 anos //ProfIssão Fisioterapeuta
38 DÉBORA
A REALIZAÇÃO
DE UM SONHO DEPOIS DOS 30 E COM MUITA EXPERIÊNCIA NO RAMO DA CONTABILIDADE, DÉBORA FINALMENTE CONSEGUE A PRÓPRIA ACADEMIA
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la começou a trabalhar aos 14 anos, com a morte do pai. Casou-se muito jovem e passou a ajudar o marido Silvio no escritório de contabilidade. Teve três filhos. E, aparentemente, seus sonhos da juventude ficaram para trás. “Quem fez faculdade primeiro foi o Silvio, dois cursos, eu ajudei, fiquei no escritório e não tinha qualquer frustração por causa disso”, conta Débora Aparecida Piras Medeiros. “Mas depois que os filhos estavam maiores, conversei com o Silvio e resolvi que podia voltar a estudar. Passei no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e fiz Educação Física na Facol (Faculdade Orígenes Lessa). Formei-me e comecei a trabalhar fazendo estágio em outra academia, e depois fui fazer Bacharelado”, conta. Para o Bacharelado, a exigência era a organização de uma ação social prática. “Tínhamos o imóvel que alugávamos para festas
A CIA FITNESS É UM ESPAÇO EXCLUSIVO DE MULHERES, ELAS FICAM MAIS À VONTADE E DESINIBIDAS. TENHO BASTANTE PROCURA POR CAUSA DISSO
Após realizar o sonho de ser mãe, Débora resolveu voltar à sala de aula para cursar Educação Física
//NOME Débora Aparecida Piras Medeiros //IDADE 39 anos //PROFISSÃO Professora de Educação Física
e resolvi utilizar. Convidei algumas senhoras que conhecíamos e comecei a fazer exercícios de alongamento e fortalecimento”, conta. “Quando terminou o projeto, elas quiseram continuar. Era uma atividade que não tinha na cidade e muitas delas notaram uma melhora de vida. Procuraram-me e pediram. Assim, resolvi continuar”, acrescenta. Assim foi. Algumas adaptações no prédio e nasceu um estúdio, com piscina coberta aquecida e espaço para as mais variadas atividades. “Não é uma academia, é um espaço pequeno e, por causa disso, a gente consegue dar uma atenção mais personalizada”, explica Débora. Outra peculiaridade interessante: o trabalho é voltado apenas ao público feminino. “É um espaço exclusivo de mulheres, elas ficam mais à vontade e desinibidas. Tenho bastante procura por causa disso”, continua. “Não sabia que o trabalho da faculdade tomaria essas proporções. Foi um sonho realizado. Ele já estava ali, quietinho, morto. Eu já havia perdido esse sonho”, diz. E desde dezembro de 2013 ela foi praticamente “obrigada” a abrir sua própria academia e realizar o sonho. E a quem se acostumou a vê-la trabalhando ao lado do marido, em tempo integral, a pergunta é inevitável: e o Silvio, não ficou aleijado no escritório? “Ele está se virando bem”, finaliza.
ELIZABETE 39
VIDA
POLIVALENTE BETE ROLIM FEZ DE TUDO UM POUCO E HOJE SE DEDICA AO RESTAURANTE DOS VIAJANTES
T
er um restaurante é um desafio para muita gente. Os empreendimentos do setor alimentício são considerados os mais complexos de ser administrados. Mas não para Elizabete Aparecida Luqueis Rolim, casada com Marcelo Bailo Rolim. Aos 34 anos, já fez um pouco de tudo na vida: trabalhou como recepcionista e coleciona experiências no comércio de decorações, além de ter atuado também como professora de artesanato, artes e pinturas em geral. Polivalência que faz com que seu atual desafio, a gerência administrativa do Restaurante dos Viajantes – função que exerce há cinco anos –, não tenha um grau de dificuldade tão significativo. Um bebê dá trabalho? Imaginem os leitores, dois ao mesmo tempo. Bete já passou por essa experiência. É mãe das gêmeas Camila e Carolina, hoje com 15 anos e que já não exigem atenção em tempo integral. O mesmo não se pode dizer do pequeno Nicolas, de um mês. O mais novo herdeiro da família não quer nem saber dos compromissos da mãe. Tanto é que sua presença na edição 2016 da Revista Poderosa, - suplemento do Mês da Mulher da Revista O Comércio – só foi possível graças às novas tecnologias de comunicação, que permitiu que ela conversasse com a equipe de reportagem via WhatsApp.
Mãe das gêmeas Camila e Carolina, hoje Bete cuida do pequeno Nicolas e do Restaurante dos Viajantes
//NOME Elizabete Aparecida Luqueis Rolim //IDADE 34 anos //PROFISSÃO Gerente administrativa
Bete é formada em Pedagogia e faz questão de ressaltar: sempre conciliou as responsabilidades com a casa, família e trabalho. “É uma tarefa difícil, mas nós, mulheres, somos muito mais que capazes para exercer tantas tarefas ao mesmo tempo”, garantiu. O restaurante, ela conta, foi ideia dos pais. “Eles tiveram a ideia e eu, formada em uma área totalmente diferente, me vi em um grande desafio, sem precedentes. Mas então fui buscar conhecimento, pesquisando, conversando com pessoas da área e me preparando para desenvolver um trabalho de qualidade”, revelou. “Em algum momento, achei até que não fosse conseguir me adaptar. O setor de alimentícios exige muito de quem comanda. Mas enfim, acabei entrando de corpo e alma nessa nova etapa da minha vida. Até hoje me dedico muito e busco inovações para satisfazer aos clientes, sempre com muito comprometimento para trazer o que há de melhor no segmento gastronômico”, completou.
NÓS, MULHERES, SOMOS MUITO MAIS QUE CAPAZES PARA EXERCER TANTAS TAREFAS AO MESMO TEMPO
40 kElEn
EmprEEndEndo Q
em família
uando ela tinha 16 anos, faltou um vendedor na linha de frente, que precisava ser substituído, e não havia tempo hábil para isso. “O Whashington me chamou às 19h e me explicou as coisas até às 23h. No dia seguinte, às 7h, eu estava na loja. E meus primeiros clientes foram justamente os mais problemáticos, os que ninguém queria atender. Apostaram no meu sorriso”, brinca Kelen Cristina Botaro Portes, irmã do empresário Whashington Botaro, da Scarparo Móveis. “O único período em que não trabalhei aqui foram quatro meses em que trabalhei no restaurante Tempero Manero, foi uma época na qual a empresa estava em Bauru e só tinha homens trabalhando lá, não tinha condições de me levar. Depois, quando abrimos
a loja, fiquei aqui em definitivo”, revela. Com o conhecimento mínimo passado às pressas, foi evoluindo profissionalmente. “Mas fui buscar especialização para trabalhar na loja, não estava aqui de favor, precisava fazer prosperar, fui conhecendo o produto, fiz cursos de vendas... mas tudo o que eu sei aprendi aqui, deu certo, até mais do que eu esperava”, conta. Sobre trabalhar em família, ela admite algumas facilidades, como necessidades de se faltar sem justificativa ou um socorro financeiro fora da data do pagamento, mas... “A cobrança é muito maior, não tem essa de horário, várias vezes me ligam meia noite, uma da manhã”, revela. Ela garante que nunca teve vontade de trabalhar em outro lugar, apesar de ter uma experiência engraçada sobre uma oportuni-
dade de trabalhar no HSBC. “O gerente veio até a loja e disse que eu tinha o perfil que o banco procurava e me convidou para fazer o processo seletivo. Falei com meu irmão e ele disse: vá correndo com as duas pernas, vai crescer, garantir seu futuro, que trabalhar em família não dá dinheiro. A gente se vira aqui”, lembra. “Levei meu currículo que eles deixaram separado, porque já estavam interessados em mim e na hora da prova, a primeira pergunta depois do nome do candidato era ‘Qual é o maior banco do mundo?’. A retardada aqui respondeu ‘Banco do Brasil’. Depois me liguei que talvez tivesse feito alguma coisa errada”, se diverte. “Ainda assim, fiquei em quinto lugar. Mas o banco acabou contratando quatro pessoas”, completa, aos risos.
PODEROSA 41
GERENTE DE VENDAS DA SCARPARO MÓVEIS, KELEN CRISTINA BOTARO PORTES CONTA COMO É TRABALHAR EM FAMÍLIA; “A COBRANÇA É MUITO MAIOR”, GARANTE
FUI BUSCAR ESPECIALIZAÇÃO PARA TRABALHAR NA LOJA, NÃO ESTAVA AQUI DE FAVOR, PRECISAVA FAZER PROSPERAR
Mesmo sem tempo hábil, Kelen assumiu o desafio de trabalhar como vendedora na linha de frente da
//NOME Kelen Cristina Botaro Portes //IDADE 29 anos //PROFISSÃO Gerente de vendas
Scarparo Móveis; hoje, ela se sente realizada profissionalmente.
42 Larissa e stefânia
Sangue do nosso Sangue
Em profissõEs difErEntEs, nutricionista Larissa E psicóLoga stEfânia têm histórias parEcidas dE idEntificação com as carrEiras
P
olicial, bombeiro, super-herói. É comum que na infância as crianças se apeguem às profissões que façam de suas vidas verdadeiras aventuras. Mas o contrário também acontece. “A Larissa brincava de Ofélia. Eu era a ajudante, não podia falar nada nem aparecer em frente às câmeras, só ficava passando as coisas para ela cozinhar”, entrega a irmã
Stefânia. “Acho que fui fazer Psicologia por causa do trauma de cozinhar”, brinca. Larissa garante: nunca teve dúvidas sobre a profissão. “Sou patologicamente nutricionista. Na praia, todo mundo tomando cerveja e eu levava meu
PODEROSA 43
As irmãs Larissa Antunes Damasceno e Stefânia Antunes construíram carreiras independentes e, hoje, atentem juntas
44 LARISSA E STEFÂNIA //NOME Larissa Antunes Damasceno //IDADE 33 anos //PROFISSÃO Nutricionista
SOU PATOLOGICAMENTE NUTRICIONISTA. NA PRAIA, TODO MUNDO TOMANDO CERVEJA E EU LEVAVA MEU CHÁ VERDE
chá verde”, diz. “Fora a lousa que ela tinha em casa onde anotava as calorias que todo mundo consumia”, completa Stefânia. A psicóloga, por sua vez, também na infância, já demonstrava o interesse na compreensão dos seres vivos. “Uma vez fui dormir na casa da minha tia e levei uma formiga de casa para ver se ela se adaptava junto com as formigas da mesma espécie. Não deu certo. Ela se isolou, só ficava longe. A turma da casa da minha tia não a acolheu. Guardei a formiga no quarto comigo para levar ela para casa de volta, no dia seguinte”, conta. A nutricionista é formada há 11 anos; a psicóloga, há sete. E apesar das profissões diferentes, as histórias são
parecidas. “Quanto mais eu avançava na faculdade, mais eu tinha certeza de estar na profissão certa”, diz Larissa. “Foi amor à primeira vista. No primeiro ano de faculdade, eu já sabia o que queria fazer pelo resto da vida”, afirmou Stefânia. Outra semelhança: ambas – cada uma em sua área - trabalharam com consultoria, seleção e recrutamento, treinamento e desenvolvimento de equipe. E as duas terminaram no consultório. Algumas diferenças são sensíveis. Larissa sempre quis clinicar e, assim, ter espaço na agenda para poder fazer consulto-
PODEROSA 45 //NOME Stefânia Antunes //IDADE 30 anos //PROFISSÃO Psicóloga
FOI AMOR À PRIMEIRA VISTA. NO PRIMEIRO ANO DE FACULDADE, EU rias à parte. Stefânia, pelo contrário, queria trabalhar em empresas e só pensava em ter seu próprio consultório depois dos 40 anos. E como irmãs que são, é natural que algumas diferenças sejam mais divertidas que as outras. “Nas minhas férias, eu buscava livros, cursos, coisas relacionadas à Nutrição”, conta Larissa. “Eu ficava o tempo todo em casa, de pijama”, brinca Stefânia. Outra aventura foi a trajetória profissional de cada uma até que elas finalmente começaram a atender juntas, no final de fevereiro (quando esta entrevista foi feita, o consultório
ainda cheirava a novo). “No meu primeiro consultório, eu tinha sala disponível e a convidei para trabalhar, mas ela não quis. Mudei várias vezes, abri uma loja de produtos naturais que tive que fechar, porque não estava dando resultado. Já atendi em sala improvisada e este é meu quinto consultório”, conta Larissa. “Eu estava pronta para mudar de cidade. Acabou não dando certo e resolvi abrir a clínica com Terapia Cognitiva Comportamental e Psicologia Positiva, uma abordagem recente no Brasil que acho que em Lençóis Paulista ninguém usa. Sempre gostei da área infantil, mas atendo também adolescente e adulto. A depressão vai ser uma das doenças de maior incidência no mundo até 2030”, considera.
JÁ SABIA O QUE QUERIA FAZER PELO RESTO DA VIDA
46 LEONICE
EMPREENDER É
SUPERAR NICE CONTA COMO SUPEROU O MEDO DE EMPREENDER PARA CRIAR UMA REDE DE LOJAS E UMA DAS MARCAS MAIS CONHECIDAS DA CIDADE E REGIÃO
EM TODOS OS LUGARES EM QUE TRABALHEI SEMPRE FUI MUITO DEDICADA, SEMPRE FIZ COM AMOR, APRENDI A TRABALHAR COM O COMÉRCIO E GOSTO DE LIDAR COM AS PESSOAS
PODEROSA 47
//NOME Leonice Cardoso //IDADE 40 anos //PROFISSÃO Comerciante
H
Com o apoio incondicional da família, Nice resolveu arriscar e se transformou em uma empreendedora de sucesso em Lençóis Paulista
á 14 anos, o casal Wanderley e Leonice Cardoso estava estabilizado. Ele, frentista de posto, ela balconista da Comai. E assim seria... se o “cupido” do empreendedorismo não tivesse flechado o casal. “Meu marido foi comprar pão em uma padaria que estava prestes a fechar, e o dono ofereceu para ele. Não tínhamos dinheiro, mas tínhamos acabado de comprar nosso primeiro carro, e o proprietário aceitou o carro como parte do pagamento, negociou e parcelou a diferença. Aí veio a parte difícil: me convencer. Eu tinha medo de ter um negócio próprio, já havíamos tentado duas vezes e as duas vezes não havia dado certo. E eu ainda tinha que sair de um emprego do qual gostava muito”, revela. “Mas resolvemos tentar, começamos do zero, não tinha nada lá dentro. Os fornecedores nos deram bons prazos e não paramos mais”, continua. A vocação para o trabalho estava no DNA. Nice trabalhou no comércio desde muito cedo. “Em todos os lugares em que trabalhei sempre fui muito dedicada e fiz com amor. Aprendi a trabalhar com o comércio e gosto de lidar com as pessoas”, afirmou. “A gente sabia que a rotina das padarias seria corrida, mas não tinha preguiça. Nossa produção é puxada, trabalhamos em três turnos, 24 horas”, explica. Nascia, no Parque Rondon, a Padoka, que hoje é chamada de Padoka 1. “Era um imóvel alugado, compramos um prédio na outra esquina e nos mudamos para lá, ficou sendo nosso xodó. Depois de um tempo veio a Padoka 2, a Padoka 3 e as duas lojas em Macatuba, que hoje estão arrendadas. O Wanderley foi empreendendo e eu vou atrás, gosto bastante do que eu faço”, conta. O último empreendimento foi o mercado, a Padoka Mix. “Era uma padaria também quando compramos, não estava dando certo. O ponto era muito bom e era grande para uma padaria, por isso, resolvemos inovar: não é um mercado com padaria, é uma padaria com mercado. O carro chefe continua sendo o pão, mas colocamos de tudo um pouco e funcionamos em horário diferenciado, até 22h”, explica. Ao lado dos filhos Beatriz, Letícia e Felipe, o casal se estabilizou no comércio local. “Começamos nos bairros e vamos ficar nos bairros, é um público diferente do centro, tem que ter outro tipo de jogo de cintura. Deu certo aqui e vamos ficar aqui. Cada um no seu quadrado”, finaliza.
48 LETÍCIA
//NOME Letícia Mara Pacheli //IDADE 34 anos //PROFISSÃO Comerciante
Letícia ‘importou’ a essência do sorriso infantil para ajudar a criar enfeites e lembranças para momentos especiais
PERSONALIZANDO
MOMENTOS
poderosa 49
À frente da laço eM luxo, letícia transforMa objetos eM MoMentos especiais; “faço parte da vida do cliente por alguns MoMentos”, diz
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Mexo coM o sentiMento do cliente, de certa forMa, participo da vida dele por uM boM período de teMpo, existe sentiMento no que eu faço
etícia Mara Pacheli trabalha desde os 15 anos de idade. Ficou conhecida no comércio de Lençóis Paulista por atuar atrás dos balcões da Casa da Vó, tradicional loja de brinquedos da cidade. E da fofura infantil, importou a essência que movimenta seu comércio hoje, a Laço em Luxo. “Passei por outros comércios, trabalhei na Toten, depois na CredSisten, uma financeira que ficava dentro do Planeta Calças, tentei ter outra empresa que vendia produtos para fábrica, não deu certo”, revelou. “Também fui vendedora da Bio Extratus, uma marca de shampoo. Trabalhava em Lençóis Paulista, Barra Bonita e Macatuba, um dia em cada lugar”, continua. Entre o tempo que ficou parada para a maternidade, amadureceu o que estava em sua essência: os momentos especiais, a possibilidade de dar a todo e qualquer cliente o sorriso de uma criança que escolhe
o brinquedo novo. “Surgiu a oportunidade de comprar a loja, com tudo dentro, desde o ar-condicionado até as moedas do caixa. E fui colocando coisas. Já tinha uma máquina de personalizar e comecei a fazer caixas, decoração de festas, coisas assim, agregando presentes, varais de aniversário, lembranças e enfeites para casamento...”, descreve. É um empreendimento diferente na cidade. “Tem bastante gente que faz somente festas. Eu não trabalho com isso, não tenho tempo. Mas com personalização, que eu saiba, ninguém faz. Colocar renda, flores... agora, no Dia dos Namorados, já estou me preparando para caixas com coração e símbolos de times de futebol”, brinca. “Mexo com o sentimento do cliente, de certa forma, participo da vida dele por um bom período de tempo, existe sentimento no que eu faço”, acrescenta. Letícia – e 99,9% dos comerciantes – reclama da crise. “Não sabia que viria desse jeito, se bem que, nos últimos meses, deu uma boa melhorada no movimento, está caminhando bem”, avalia. “Algumas pessoas acham que o trabalho ‘é só papel’, mas não é, tem envolvimento pessoal, cada cliente é de um jeito, cada situação é uma”. Realizada? “Ainda é cedo para dizer, mas pretendo ficar aqui por um bom tempo”, concluiu.
50 Lindamir
Vida vencedora Linda carrega como troféu as Lembranças de tempos mais difíceis; “sou uma vencedora depois de tudo o que passei”, diz
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indamir Barbosa, ou simplesmente Linda, trabalha há 11 anos como depiladora no salão da Paulinha Maciel, uma das referências em beleza e estética na cidade. Ela também gerencia a parte financeira das empresas do marido, Sandro Maciel, que trabalha com entrega de panfletos e aluguel de brinquedo para festas. “A mulher é mais centrada, por isso, é comum que ela comande a parte financeira de um empreendimento de família”, explica. “Segunda-feira, para mim, é rotina de banco, escritório, pagamento de colaborador e coisas do tipo”, exemplifica. Linda começou a trabalhar aos dez anos, de doméstica. “Quando se começa a ganhar o próprio dinheiro, a gente passa a ver a vida com outros olhos. Meu pai teve nove filhos, era difícil dar tudo o que a gente precisava. Optei por começar a trabalhar cedo, sempre tive a vontade de crescer”, afirmou. Uma fase marcante da vida foi o período em que trabalhou na Prefeitura, em uma creche de um bairro da periferia da cidade. “Agressão, abuso, estupro... hoje tem o Conselho Tutelar cuida desses casos, mas naquele tempo, a responsabilidade era nossa. E uma criança morreu, espancada pelo padrasto. Ela ia fazer dois aninhos. Tive que ir até o Fórum, ficar frente à frente com o autor, que alegou que a criança foi espancada na creche. Era a defesa dele. Mas ele foi preso, graças a Deus. Isso ficou muito marcado na minha vida”, relembra. “Depois disso, trabalhei por cinco anos como doméstica. Não tenho vergonha, é um emprego digno. E a patroa nunca foi patroa, foi
PODEROSA 51
A MULHER É MAIS CENTRADA, POR ISSO, É COMUM QUE ELA COMANDE A PARTE FINANCEIRA DE UM EMPREENDIMENTO DE FAMÍLIA
Da infância na Vila Cruzeiro à depiladora de um dos principais salões da cidade: essa é Linda, uma das tantas lençoenses batalhadoras
//NOME Lindamir Barbosa //IDADE 45 anos //PROFISSÃO Depiladora
uma amiga, é amiga até hoje”. Da infância na Vila Cruzeiro à depiladora de um dos principais salões da cidade, Linda garante: “se for contar tudo o que aconteceu na minha vida, vamos ficar aqui até amanhã”. Mas ela deixa uma lição para quem quiser entender mais sobre a vida. “Muita gente nasce em berço de ouro e não dá valor à vida como outras pessoas dão. Eu dou valor a cada grãozinho conquistado. Só quem passa por isso sabe como é”, finaliza.
52 LUCIANA
//NOME Luciana Cardenas Machado Casali //IDADE 45 anos //PROFISSÃO Empresária
A CONQUISTA
DO ESPAÇO
Batalhadora, voluntária e mulher de negócios: essa é Luciana, exemplo nesse mês tão especial
PODEROSA 53
LUCIANA FAZ DUPLA COM O MARIDO IVENS NOS EMPREENDIMENTOS DA FAMÍLIA E CONVOCA A MULHER A OCUPAR O SEU ESPAÇO NA SOCIEDADE
A MULHER NÃO PODE FICAR EM CASA E DEIXAR QUE SEUS SONHOS SE APAGUEM PARA QUE SE ARREPENDA NO FUTURO
T
erceira filha de Joaquim Gomes Machado – conhecido comerciante da cidade que fundou o Frigorífico Lençóis e, posteriormente, vendeu para a família Gonzaga de Oliveira, que o transformou na Frigol – Luciana Cardenas Machado Casali trabalha desde os 15 anos. Isso porque, ela ressalta, é a terceira filha, o que lhe rendeu “regalias” em relação às irmãs mais velhas. Ao lado do marido, Ivens Casali, mudou para sempre a paisagem da Avenida Padre Salústio Rodrigues Machado. “Inauguramos o Auto Posto Avenida em 1998, foi o primeiro com loja de conveniência na cidade. Também inauguramos a choperia, que não era nosso perfil e não conseguimos tocar. Tem que ser da noite. Não deu certo com ninguém até agora, mas acredito que com o Val (Spunar) vai funcionar. Ele é da noite e tem know how no assunto”, diz. Por fim, em 2001, agregou o Auto Posto 295. Mas, antes de tudo isso, trabalhou na Acilpa (Associação Comercial e Industrial de Lençóis Paulista), na Agropecuária Llobet e em uma série de outros lugares. E o que é mais curioso: construiu os dois empreendimentos na avenida, literalmente, de longe. “Estávamos morando em Olímpia. O Ivens trabalhava no Açúcar Guarani, mas depois deixou o emprego e resolvemos voltar e nos concentrar nos postos de gasolina. Fiquei por dez anos tocando o Auto Posto 295 e, nos últimos dois anos, estou no Auto Posto Avenida”, revela. “Não tinha como gerenciar as empresas de longe, nossas famílias são daqui e isso também pesou bastante. Temos sócios no posto,
mas o Ivens gosta muito de acompanhar tudo de perto”, continua. É bastante coisa. Certo? Errado. Há cerca de dez anos, o casal também faz parte da comissão organizadora da Festa da Padroeira. “Todo ano falamos que vamos sair, mas não saímos. É muito gostoso, a comissão trabalha muito unida e com muito amor para que tudo dê certo e que possamos atender a população durante os dias de festa. Enquanto pudermos, vamos fazer com carinho, porque sabemos que isso vai ajudar a muita gente, não precisa retorno maior que esse”. E ainda lhe sobra tempo para cantar no coral Zillo Lorenzetti, do qual participa há mais de dez anos. Também é membro da Casa da Amizade, do Rotary Club. De uma atividade, no entanto, precisou abrir mão recentemente. “Fui catequista por dez anos, entre 2004 e 2014. Depois não consegui mais”, lamenta. Luciana convoca as mulheres a ocuparem seu lugar na sociedade, na certeza de que, assim, o mundo será melhor. “As mulheres têm que conquistar o seu lugar, seja na política, como executivas de grandes empresas ou como empreendedoras. Vamos conseguir melhorar o país. Não está dando certo agora, mas vai dar certo. Várias de nós têm essa capacidade de liderança e força”.
54 MARIA
FOCO,
FORÇA E FÉ FUNCIONÁRIA DA FRIGOL HÁ 14 ANOS, MARIA PROJETA APOSENTADORIA NO FINAL DE 2016 PARA CUIDAR DA FAMÍLIA E LEVAR A PALAVRA DE DEUS
A
vida de Maria Aparecida Lopes, 59 anos, é cheia de reviravoltas. Ela nasceu em uma propriedade rural de Lençóis Paulista, na Fazenda Boqueirão, e tão logo teve forças para levantar uma enxada, foi encarregada de ajudar a família. “Estudei até os 13 anos. Com 14, estava na roça, apanhando arroz e feijão e cortando cana”, lembra. Aos 18 anos, se casou e mudou para São Paulo, onde trabalhou como doméstica. As idas e voltas também a levaram a Igaraçu do Tietê e Ribeirão Preto, onde teve seu primeiro emprego com carteira assinada, aos 32 anos. “Nessa época, trabalhei de babá”. A vida parecia não dar certo. Veio o divórcio e ela voltou para Lençóis Paulista, para a casa dos pais. Trouxe junto os três filhos, enquanto o ex-marido se foi com outra mulher. Nada que abalasse a força dessa mulher guerreira. “Em um mês, estava trabalhando na Omi Zillo, no refeitório. Depois foi terceirizado e eu fiquei desempre-
DÁ PARA ENCARAR, É SÓ TER JUÍZO. FIQUEI CASADA POR 17 ANOS E NUNCA CONSEGUI COMPRAR NADA. MAS TEM QUE TER CABEÇA FIRME
Maria planeja aposentadoria no final de 2016
//NOME Maria Aparecida Lopes //IDADE 59 anos //PROFISSÃO Auxiliar de desossa
gada, mas consegui rápido um emprego na Frigol, onde estou até hoje”, conta. O trabalho de auxiliar de desossa lhe deu condições de criar e estudar os três filhos. “No começo, achei que não fosse aguentar, mas era arrimo de família, tinha que persistir”, admite. E conseguiu. “Todos os meus filhos estão bem casados, encaminhados e trabalhando. Todos gente honesta e já me deram cinco netos. Minha maior vitória foi ver que todos eles se transformaram em coisa boa”, comemora. Mais do que isso, o trabalho lhe deu algo que antes parecia impensável: segurança financeira. “Comprei minha casa, quitada, e ainda tenho uma reserva. Sinto-me uma vencedora e sou grata a Deus por tudo isso”, ressalta. E ela faz questão de deixar seu recado para outras tantas mulheres que sofrem no casamento e não deixam o marido com medo da falta de recursos para tocar a vida. “Não é o fim do mundo. Dá para encarar, é só ter juízo. Fiquei casada por 17 anos e nunca consegui comprar nada. Mas tem que ter cabeça firme”, aconselha. De aposentadoria marcada, Maria deixa a produção no final de 2016 e já faz planos para o futuro. “Estou tranquila, graças a Deus, inclusive financeiramente. Vou cuidar dos netos e descansar. Sou Testemunha de Jeová e vou ajudar a pregar a palavra de Deus”, finaliza.
MONIQUE 55
JOVEM EMPREENDEDORA DE FÉ MONIQUE FALA SOBRE A LIDERANÇA NA LCG E DA VIDA RELIGIOSA; “DEUS ME ENCONTROU”
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uando surgiram os empréstimos para aposentados em Lençóis Paulista, a novidade levou pequenas multidões às financeiras. “A demanda foi grande, formava fila e não havia sistema, era tudo preenchido manualmente. Com apenas 13 anos, fui convidada a preencher formulários na empresa”. Foi assim que Monique Gomes da Costa, filha de Luis Carlos Gigioli, da LCG, se tornou uma das lideranças do empreendimento da família. “De tanto preencher dados, fui pegando o jeito. Preenchia pilhas e pilhas de contrato. Comecei a entender o negócio e me arriscando a atender. Quando chegaram os sistemas, acabei me integrando às mudanças com mais facilidade”, conta. Assim a jovem, com apenas 26 anos, passou a assumir o empreendimento da família. “Meu pai me dá toda a retaguarda, mas já é aposentado e vem aqui muito pouco”, revela. O negócio cresceu. E bastante. “Chegamos a ter 30 lojas, mas virou uma loucura. Resolvemos ficar só na região”. Monique nunca trabalhou em outro lugar e confessa: “às vezes penso em trabalhar em uma multinacional, uma super empresa, fazer coisas grandes. Mas não posso reclamar. Hoje, procuramos a estabilidade financeira, um bom salário e uma empresa em que
FOI DEUS QUEM ME ENCONTROU, NÃO O CONTRÁRIO. ELE ESTAVA ME BUSCANDO E, NAQUELE DIA, DEI OUVIDOS
possamos nos sentir bem no que fazemos”, conta. As finanças estão no DNA. Deus está no coração. “Também sou pastora e muito feliz. Fui totalmente restaurada em muitos conceitos e tenho uma família abençoada pela mensagem do amor de Deus. Logo que tive minha filha, me converti, engravidei nova, não tinha um relacionamento certo e sofri muito. Creio que foi Deus quem me encontrou, não o contrário. Ele estava me buscando e, naquele dia, dei ouvidos. Fui impactada e algo forte aconteceu na minha vida”, afirmou. “Hoje, cuidamos de vidas. Sou uma menina ainda e Deus me capacita a cuidar de pessoas mais velhas, com histórias de vida mais longas do que a minha. A única coisa pela qual eu deixaria a empresa é a oportunidade de poder trabalhar para Deus”, completou.
Trabalhando na LCG desde os 13 anos, Monique hoje é uma das lideranças da empresa e também milita na vida religiosa
//NOME Monique Gomes da Costa //IDADE 26 anos //PROFISSÃO Administradora de empresas
56 ROSÂNGELA
Rosângela Panico cuida da parte financeira da Funerária Panico e da Iracema Flores
//NOME Rosângela Cristina Andreotti Panico //IDADE 45 anos //PROFISSÃO Empresária
PODEROSA 57
FLORES
EM FAMÍLIA EM CASA TODO MUNDO COMEÇOU A TRABALHAR MUITO CEDO. MINHA MÃE TEVE DEZ FILHOS. MEU PAI ERA VIGIA NOTURNO E A GENTE PRECISAVA MANTER A FAMÍLIA
NA ATIVA DESDE MUITO JOVEM, ROSÂNGELA É A PROVA DO EMPREENDEDORISMO FEMININO
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ara dar a introdução à sua história de vida pessoal-profissional, Rosângela Cristina Andreotti Panico cita uma frase que ficou marcada em sua memória. “Minha avó sempre dizia: nunca ninguém morreu de trabalhar”. O primeiro trabalho foi como doméstica de uma família tradicional da cidade, aos oito anos de idade, e que hoje a coloca no patamar de empresária de sucesso em dois setores diferentes, funerária e floricultura. “Em casa, todo mundo começou a trabalhar muito cedo. Minha mãe teve dez filhos. Meu pai era vigia noturno e a gente
precisava manter a família”, lembra. Ela e o marido, Angelo Panico, trabalharam em uma série de lugares (de caixa de supermercado a caixa de banco, ou vendedor de tecidos) até assumirem e, posteriormente, comprarem, a antiga Funerária Guido. Entre a evolução da vida profissional até chegar à vida de empresária, Rosângela criou os três filhos e, hoje, é a responsável pelo financeiro da funerária que leva o nome da sua família, a mais antiga em atividade na cidade, além da floricultura que tem o nome de sua sogra, também a mais antiga em funcionamento. “Quando minha sogra morreu, assumimos também a floricultura. Antes, tive a papelaria Ponto e Vírgula”, ressalta. Ela brinca que também dá o “socorro” contábil aos filhos, que nem sempre sabem o que e porque estão pagando. “Todos eles tiveram a liberdade de escolher a própria profissão. Poderia muito bem ter doutrinado todos para trabalharem conosco na funerária. Mas não fizemos. A Virgínia é publicitária, o Vinícius é médico e o William é administrador de empresas e hoje nos ajuda”. Mais do que o patrimônio alcançado, ela ressalta: sua vitória está no legado que deixa para as próximas gerações. “Sinto-me plenamente realizada, graças a Deus”, completa e finaliza Rosângela.
58 ROSE
FÉ EM DEUS
E DESAFIOS GERENTE DA DIVELPA, ROSE ENCONTRA ESPAÇO NA CORRERIA DA FUNÇÃO DE CHEFIA PARA PRATICAR A RELIGIÃO E PARTICIPAR DE CAMPANHAS EM PROL DA COMUNIDADE E DOS ANIMAIS
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atural de Fartura, região de Avaré, por muito pouco Rose Aparecida Rodrigues Pires Correia não se tornou jornalista. “Perdi meu pai muito jovem e precisava trabalhar, sempre quis ter minhas coisas, sem precisar pedir para ninguém. Meu primeiro emprego foi distribuindo jornal. Depois, a empresa me contratou, fiz curso de Fotografia e comecei a fazer cobertura de eventos”. Em um desses eventos, a inauguração da unidade da Proeste Dilvelpa, em Piraju, ela viria a conhecer seu futuro patrão. “Em jornal pequeno, todo mundo fazia tudo. Fomos recepcionar os empresários e aproveitávamos para fazer contatos comerciais”, revela. Mas o empresário José Antonio Foganholi, o Pardal, só entra nessa história daqui alguns anos. Antes, ela se mudou para Botucatu, onde fez faculdade de Administração de Empresas e trabalhou – adivinhem? – em uma revista. “A revista era a QG, que existe até hoje. Sempre gostei muito de política, me envolvi em campanhas e a primeira vez que trabalhei com Pardal foi na campanha para deputado
PERDI MEU PAI MUITO JOVEM E PRECISAVA TRABALHAR, SEMPRE QUIS TER MINHAS COISAS, SEM PRECISAR PEDIR PARA NINGUÉM
Ávida por novos desafios, Rose concilia as gerências em Lençóis Paulista e São Manuel, é católica praticante e ativista da causa dos animais abandonados
//NOME Rose Aparecida Rodrigues Pires Correia //IDADE 43 anos //PROFISSÃO Administradora de empresas e gerente
estadual, em 2002”, conta. Antes de ingressar nos quadros do Grupo Pardal, Rose ainda trabalhou em uma empresa de reciclagem de lixo. O convite veio em 2004. “Ele queria montar um showroom em São Manuel e queria que eu fosse a gerente, por eu ser comunicativa e conhecer bastante gente. Mas não conhecia o produto. Pedi para entrar no departamento de vendas para aprender sobre o produto. Era mais um desafio, gosto de desafios”, afirmou. Em 2010, foi para Adamantina (SP) ser gerente de uma concessionária plena, e depois acabou desligando-se do grupo. “Montei um pet-shop em Botucatu, que tenho até hoje. Adoro cães, tenho cinco. Até que em 2011, o Pardal me chamou para montar uma concessionária em São Manuel, que era meu sonho, eu acreditava na cidade”, revela. E não saiu mais. Há cinco meses, é gerente também da unidade de Lençóis Paulista. Como toda pessoa muito ocupada, Rose se dedica a trabalhar pela comunidade e a frequentar a igreja. Católica praticante, avisa: não a convidem para nada às quartas-feiras, entre 19h30 e 22h, horário da missa que frequenta. “Também ajudo a comunidade onde eu moro, participo de campanhas para conseguir doações e ajudo o grupo que cuida de animais abandonados”, concluiu.
SARA 59
Sara Palma Andreoli: da pequena loja mista na Vila Mamedina para a maior papelaria da cidade
//NOME Sara Palma Andreoli //PROFISSÃO Comerciante //EMPRESA Baiuca Papelaria & Presentes e Baiuca Complete-se
SARA, SOBRENOME, BAIUCA SARA CONTA COMO SAIU DE UMA PEQUENA LOJA DE BAIRRO PARA A MAIOR PAPELARIA DA CIDADE; “AINDA TEM MUITA COISA PRA ACONTECER”
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ilha caçula de uma família de nove filhos e órfã de pai desde os dois anos, Sara Palma Andreoli sentiu necessidade de trabalhar desde menina. “Eu tinha acabado de completar 12 anos quando fiquei sabendo que havia aberto inscrições para o curso da Legião Feminina. Contra a vontade da minha mãe, que me achava franzina e incapaz de dar conta da rotina de trabalho e estudo, decidi me inscrever. Antes mesmo da conclusão do curso, uma comerciante da cidade foi até a Legião e disse: ‘queremos a Sara’. No curso, aprendi técnicas em venda, comportamento e ética, mas foi no balcão, certamente com referência nos meus patrões, é que toda habilidade e conhecimento foram tomando forma”. Depois de cinco anos neste
SEJA ORGANIZADA, ACORDE CEDO, VIVA E TRABALHE, QUE TUDO ACONTECERÁ A SEU TEMPO
primeiro emprego e almejando coisas novas, Sara ingressou numa área totalmente oposta. A empresa agora era a ZL-Aviação Agrícola, que hoje pertence ao grupo Zilor. “Trabalhei um ano e meio lá como secretária, dos quais oito meses foram de choro, devido à difícil adaptação a nova rotina de trabalho. Em uma pequena sala, havia somente eu e mais um colega, a máquina de datilografar e telefone. Tudo era diferente
daquilo que é o comércio: o constante fluxo de pessoas e onde o conversar é a ferramenta de trabalho. Toda sexta-feira eu pensava em não voltar. Depois de longos oito meses, a adaptação foi total e os elogios do chefe eram constantes”. Foi desse emprego que saiu para abrir a primeira loja ao lado do então namorado, hoje marido, Ederaldo. “Ele me propôs montar um negócio e eu achei que pudesse ser qualquer coisa, pois me identificava muito com o comércio. As duas Baiucas começaram ali, na Vila Mamedina, juntas e misturadas. Aviamentos, brinquedos, material escolar... era loja de bairro, precisava ser assim”. Isso tudo aconteceu em 1990. Depois de ampliações, casamentos e outras vitórias pessoais, a Baiuca Papelaria, na Rua 15 de Novembro, abriu suas portas para encantar os olhos de crianças e adultos. Em 2009, completou a separação, levando a loja de roupas para o prédio na Rua Dr. Antonio Tedesco. Em 2013, o imponente prédio na Rua Geraldo Pereira de Barros garantiu a demarcação de território como a maior papelaria da cidade e região. Sara conta que recebe consumidores de outras cidades, inclusive de Bauru, a metrópole comercial regional. “A Baiuca é hoje visitada por outros papeleiros, tem sido vitrine e referência para outros comerciantes que desejam ampliar e melhorar o seu negócio”. Realizada? “Sou comerciante, e nessa profissão não existe comodidade. Agradeço a Deus por tudo, por essa longa jornada, vejo vários anos pela frente e tenho energia para isso. Amo meu trabalho e não consigo me imaginar sem ele”, diz. Ela, inclusive, revela a receita para o seu sucesso: “Seja organizada, acorde cedo, viva e trabalhe, que tudo acontecerá a seu tempo”, finaliza.
60 SHEILA A professora de Educação Física, Sheila Murador, comemora a realização profissional com a ginástica tradicional e realização do sonho de ser mãe
Coração fitness...
e materno COM A VIDA DEDICADA À ATIVIDADE FÍSICA, SHEILA MURADOR COMEMORA O SUCESSO DO SEU EMPREENDIMENTO E A MATERNIDADE, QUE VIERAM PRATICAMENTE AO MESMO TEMPO
//NOME Sheila Murador //IDADE 38 anos //PROFISSÃO Professora de Educação Física
poderosa 61
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Muitos nerds dariam qualquer coisa para estar em seu lugar. Ela trabalhou na Planet Sound, loja que foi pioneira na cidade em games, CDs, DVDs e blu-ray. Sheila Murador foi testemunha dos olhares de admiração que os lençoenses em geral lançavam aos frágeis discos espelhados e reluzentes. “No começo, eles eram bem caros e depois, aos poucos, foram ficando acessíveis à população. A loja era visionária. Trabalhava com games e foi a primeira da cidade a vender CDs, DVDs e blu-ray”, conta. Apesar de se confessar maravilhada com o mundo das então novas tecnologias – e de aprender, naquele tempo, a ouvir muita música de qualidade – o coração de Sheila batia em outro ritmo, seu sangue corria em outra direção. Jogava basquete na adolescência e, logo que terminou o segundo grau, ingressou na faculdade de Educação Física. Dos 13 anos que passou na loja, dez foram conciliados com aulas de natação que dava no começo de sua carreira fitiness. “Fomos considerados como o maior acervo da cidade em quantidade de títulos”, lembra. “Só saí de lá porque fui indicada para dar aula na APAE de Educação Física e natação mesmo. Era o que eu havia estudado para fazer. E conciliava com uma outra academia da cidade, até que resolvi ficar em uma só, porque trabalhava de manhã, de tarde e de noite”, conta. Sheila fez especialização em Aeróbica e outras modalidades que vão além da pura e simples musculação. “A cidade tem uma carência em ginástica aeróbica tradicional. Hoje é tudo luta ou dança, aquela ginástica ‘qua-
É a famosa cegonha. LiteraLmente, caiu do cÉu e eu chorei muito. tinha medo de não conseguir cuidar, de não fazer as coisas que precisava
drada’, vamos dizer assim, não existia” Em meados de 2015, chegou a hora de desbravar esse mercado. Foi quando descobriu a paixão pelo título de “professora”. “As pessoas me cobravam muito por alguma coisa que não fosse condicionamento físico ou musculação, o médico chegou a recomendar um afastamento por causa de um problema no joelho. Mas não consegui ficar longe. Foi quando eu e meu marido resolvemos abrir nosso próprio espaço”, continua. Enquanto comemorava de um lado, lamentava de outro. Os tratamentos para engravidar não surtiam efeito. E foi quando viu chegar ao fim o período de três anos de espera na fila de adoção. O pequeno Henrique nasceu no dia quatro de agosto de 2015 e desde o dia 19 de janeiro está com o casal. “É a famosa cegonha. Literalmente, caiu do céu e eu chorei muito. Tinha medo de não conseguir cuidar, de não fazer as coisas que precisava. Me ligaram do abrigo em uma segunda-feira. Acordei normal e fui dormir mãe”, lembra. “Ganhamos muita coisa, pedimos muita coisa emprestada e conseguimos. Hoje, troco fraldas até de cabeça pra baixo se precisar. Só tenho a agradecer”, brinca.
62 SHIRLEY //NOME Shirley Prandini //IDADE 51 anos //PROFISSテグ Cabeleireira Filhos despertaram em Shirley o desejo de se tornar cabeleireira
Descobrindo
o talento
poderosa 63
Há 18 anos, sHirley – e quase por acaso – descobriu sua vocação depois de trabalHar na indústria e de “militar” como mãe e dona de casa
N
a adolescência, ela foi uma das milhares de atletas que passaram pela equipe de vôlei comandada pelo grande Archângelo Brega. Largou a prática assídua do esporte muito cedo, aos 15 anos, quando arrumou o primeiro emprego, na Zilor. Sua função era datilografar os dados do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). E lá ficou por 11 anos, até que o instinto materno falou mais alto. “Eu tive meu primeiro filho em 1987 e quase não o via. Saía cedo, e quando chegava, ele já estava dormindo. Decidi que, quando tivesse o segundo filho, deixaria o escritório”, revela. E assim o fez. A militância como mãe e dona de casa era, na verdade, a busca por algo que pudesse deixá-la mais próxima da família. “Fiz tudo quanto é curso que havia na cidade, pintura, costura... até que, quando os meninos eram mais
não me arrependo de ter dado essa pausa para ser mãe e cuidar dos filHos. sempre trabalHei desde pequena e não queria depender só do marido.
grandinhos, havia a moda de andar com a cabeça raspada, e eles me pediram para raspar. Depois meu marido quis também e me desafiou a usar a tesoura. Disse que se não ficasse bom, o Zé B. Cabeleireiro dava um jeito”, brinca. E não parou mais. “Depois meu pai também quis, minha mãe também quis, e eu resolvi fazer um curso que na época tinha na Casa da Cultura e depois um curso no Senac. Comecei atendendo amigas e vizinhas, até que começaram a chegar pessoas que eu nem conhecia, que viram os meus trabalhos e tinham gostado”, lembra. “Gostaram do meu trabalho e resolvi parar de atender no improviso. Fiz umas adaptações em uma sala da minha casa, depois precisei alugar um espaço maior. E por fim, reformei este imóvel para onde vim em definitivo e estou há três anos. Não esperava essa repercussão toda sobre meu trabalho. Mas comecei pequena e fui devagar, sem pressa”, relatou. “Meu marido me incentivou muito e, se eu tivesse ficado na Zilor, não teria alcançado o que alcancei. Hoje, trabalho muito feliz, mesmo quando extrapola o horário”. Legalmente, ela se aposenta em cinco anos. Mas pendurar as tesouras é algo que ainda está longe de acontecer. “Preciso me preparar mais para a terceira idade, sair daqui, viajar e desfrutar da vida”, finaliza.
64 Telma
cuidando
do futuro Telma fala do Trabalho na adolescência no hospiTal dos canavieiros, que foi a base para a inspiração da criação da casa abrigo amorada, e revela: ‘sonho com o dia em que nada disso será mais necessário’
A
história de Telma Gutierres de Souza pode parecer igual a de qualquer outra mulher do interior que tenha atropelado os padrões sociais vigentes na sociedade conservadora lençoense em meados dos anos 1980. Começou a trabalhar aos 12 anos, engravidou e casou aos 17, empreendeu ao lado do marido e hoje comanda – junto com a família - uma das lojas referências de seu setor, a Ferragens São Carlos. Mas esqueçamos tudo isso. “Aos 16 anos, me ofereci para trabalhar como voluntária de auxiliar de enfermagem no Hospital dos Canavieiros. Minha tia era enfermeira lá e pedi para passar alguns dias como voluntária. A chefe de enfermagem era a Giácoma Bernini Perez, que me aceitou. Gostou tanto de mim que o hospital acabou me contra-
tando para trabalhar na pediatria”, lembra. E foi lá que, de certa forma, começou a nascer o grande projeto que ela toca hoje em dia: a Casa Abrigo Amorada. “Atendíamos uma população carente e a Giácoma era uma pessoa muito a frente do seu tempo, uma pessoa muito forte, com muita garra e força. Ela segurava as crianças com problemas de saúde ou com famílias desestruturadas por meses, ou que sofriam maus tratos e negligência, e fazia o trabalho de recuperação com as famílias. Na época não tinha legislação, não tinha ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), não tinha nada. Era tudo por conta própria”, revela. Morou em Bauru por algum tempo até voltar a Lençóis Paulista em 1989, onde começou a firmar sua posição na sociedade. “Em Bauru, frequentávamos o Centro Espírita Amor e Caridade. Aqui reativamos
PODEROSA 65
A coordenadora da Casa Abrigo Amorada, Telma Gutierres de Souza diz: “sonho com o dia em que nada disso será necessário”
VI QUE ESTAVA TOTALMENTE ILUDIDA, NÃO TINHA IDEIA DOS PROBLEMAS QUE EXISTIAM NA CIDADE E ACHAVA QUE NOSSAS AÇÕES DE CARIDADE ERAM SUFICIENTES
o Antonio de Pádua, que estava fechado, e começamos a desenvolver trabalho de caridade. Éramos jovens, fizemos uma ação de Natal e pegamos gosto”, diz. “Na época, não tínhamos Jardim Primavera nem Julio Ferrari, mas a cidade tinha três pontos com famílias em situação de risco, na Sidelpa, já abandonada, na Rocinha, próximo à linha do trem e perto de onde hoje é o Primavera. Curioso é que hoje, aqui no abrigo, atendemos crianças que são netas daquelas famílias”, revela. Telma conta que a partir dessas ações, no começo dos anos 2000, ela começou a ser lembrada como representante do movimento Espírita na cidade, passou a ser convidada para ações da sociedade civil, como votar em eleições do Conselho Tutelar e ter uma cadeira no Conselho de Assistência Social.
//NOME Telma Gutierres de Souza //IDADE 48 anos //PROFISSÃO Advogada
E foi quando veio uma nova mudança. Em 2002, começou a estudar Direito. “Eu trabalhava na Ferragem São Carlos, na área administrativa, desde jovem fazia isso, mas quando tinha situação legal envolvida, não sabia o que fazer. E tinha vontade de estudar”. Assim o fez. E já na reta final, estagiou na delegacia, dentro de um projeto da Secretaria de Segurança Pública de humanização das delegacias. “O delegado doutor Cláudio Massa determinou que eu atendesse todo caso de violência familiar, criança, mulher, idoso... eu já era do Conselho de Assistência Social e vi que estava totalmente iludida, não tinha ideia dos problemas que existiam na cidade e achava que nossas ações de caridade eram suficientes. O projeto da Casa Abrigo Amorada nasceu ali”, revela. Telma conta que, como contrapartida pelo estágio, era preciso desenvolver um projeto. E foi apresentado. “A Secretaria de Segurança Pública me respondeu algo como ‘você não entendeu nada! Vamos dar um exemplo: no Mês da Mulher, distribua flores às mulheres”. Encerrada essa fase, com o projeto em mãos, foi procurar as autoridades, Ministério Público e a quem quer que fosse. A Casa Abrigo Amorada começou a sair do papel em janeiro de 2010. “De tanto eu procurar as pessoas, a Cristina Lorenzetti, nossa madrinha, acabou descobrindo. Ela tinha vontade de fazer algo por Lençóis Paulista, mas também tinha a ideia de que a cidade não precisava de nada”, conta. O projeto nasceu forte, marcante, e já cresceu. A partir de 2014, além de crianças, passou a acolher também adolescentes. “Hoje, somos referência em acolhimento e quando alguma instituição precisa fazer um Termo de Ajustamento de Conduta, é para cá que o Ministério Público manda. Dia desses recebemos uma comitiva de Garça”. E essa história ainda não terminou. “A prioridade é a criança e o adolescente. Mas precisa também para a mulher e para os idosos. Mas sonho com o dia em que nada disso será necessário, só o trabalho preventivo. E depois, nem o trabalho preventivo”, finaliza.
A mulher
é uma substância tal, que,
por mais que a estudes, semp�e encontrarás nela
alguma coisa
totalmente nova. (Leon Tolstoi)
TELEFONES ÚTEIS ASSISTÊNCIA SOCIAL 3263-1482 BOMBEIROS 193 CAC - CENTRO DE ATENDIMENTO AO CIDADÃO 3264-2650 CÂMARA MUNICIPAL 3269-6000 CENTRAL DE ATENDIMENTO À MULHER 180 CENTRO DO EMPREENDEDOR 3263-2300 CONSELHO TUTELAR 3264-7987 DISQUE DENUNCIA 181 POLÍCIA MILITAR 190 PREFEITURA MUNICIPAL 3269-7000 PROCOM 3263-6499 PRONTO SOCORRO 192 RAIS MULHER 3269-1990 SAAE 3269-7700
Eu admiro todas
as mulheres: as sinceras, lindas, loiras, morenas. Mas as que mais me fascinam são as que
têm garra e coragem. (Adriano Soares)