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tivo intravaginal específico para as fêmeas superprecoces, levando em consideração o tamanho para evitar desconforto e as concentrações de progesterona para essa categoria. E reemprenhar a primípara superprecoce é outro desafio. Como vai parir ainda muito jovem, aos dois anos, deve receber nutrição diferenciada para continuar crescendo, produzindo leite para o bezerro e emprenhar novamente, senão o esforço que o produtor fez para ter fêmeas superprecoces na estação de monta fica perdido.
PB- E em relação aos ganhos genéticos, quais os benefícios que a IATF traz em novilhas super precoces?
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Baruselli- A redução do intervalo entre gerações é um deles. Quanto menor a idade ao primeiro parto, maior é o ganho genético do rebanho. Ao se ter um intervalo de gerações acima dos 4 anos, que ainda é a média no Brasil, para imprimirmos cinco quilos de genética [saltando de 180kg na primeira geração para 200kg na quinta geração] demoraríamos 20 anos. Se baixarmos esse intervalo de geração para dois anos, demoraríamos a metade do tempo, acelerando o melhoramento genético do rebanho.
PB- Antes de mergulhar de cabeça em novas tecnologias, qual deve ser a lição de casa para o pecuarista?
Baruselli- Antes de tudo é preciso ter uma estrutura adequada na propriedade, um bom manejo sanitário e nutricional, pois vários fatores influenciam no resultado da IATF. As interferências vão desde raça do touro, lote, categoria de parto, ano, escore corporal das fêmeas até capacitação da equipe. A organização operacional do processo precisa ser boa senão teremos resultados inconsistentes.
PB- Das tecnologias reprodutivas mais utilizadas na pecuária ultimamente, quais o senhor acredita que trouxe maior impacto tanto na difusão do melhoramento genético, quanto na facilidade de manejo e na parte econômica do sistema de produção?
Baruselli-Todas as tecnologias têm uma contribuição importante para a evolução dos índices reprodutivos do rebanho brasileiro, mas levando em conta a aplicação em larga escala da IATF atualmente, essa seria uma inovação importante. Assim como a transferência de embrião, que permite um ganho genético muito superior a outras tecnologias, pois possibilita ao produtor trabalhar com touros e fêmeas de alto valor genético. O Brasil está entre os maiores produtores de embriões e é pioneiro na produção in vitro e na TETF (transferência de embriões em tempo fixo). Ao longo dos anos, a tecnologia passou a ser extremamente bem-sucedida, com os protocolos ficando cada vez mais viáveis em termos econômicos, além de mais eficientes.
PB- Quais estudos na área de reprodução bovina estão em andamento na USP?
Baruselli- Estamos trabalhando para aprimorar as tecnologias já existentes, como, por exemplo, a busca por novos fármacos capazes de melhorar os resultados da IATF. Além disso, estamos estudando o impacto que a melhoria do manejo traz para a eficiência dos programas que utilizam as biotecnologias da reprodução.
PROVA DA ANORC
A 6ª Prova de Ganho em Peso em confinamento da ANORC (Associação Norteriograndense de Criadores), iniciada em fevereiro, segue até 24 de maio com a participação de várias raças. São sete garrotes Nelore de três criadores, 8 animais Guzerá de quatro criatórios e 21 Sindi de oito marcas que representam a genética de grandes plantéis potiguares. O coordenador técnico da prova, que é oficializada pela ABCZ, o Rodrigo Coutinho Madruga, explica que até a fase da terceira pesagem todos os animais impressionaram pelo desenvolvimento. Segundo ele, a prova está na reta final. As três raças demonstram um potencial produtivo muito interessante e comprovam o melhoramento genético que os criadores buscam para as raças zebuínas, algo que é essencial para sistemas produtivos eficientes, sustentáveis e econômicos.
SOLIDARIEDADE
O Hospital Pequeno Príncipe está realizando uma campanha de Incentivos Fiscais para pessoas físicas, onde a população tem a possibilidade de destinar 3% do IR devido de 2020. O valor arrecada será utilizada para custear as despesas do hospital, que é referência nacional em atendimento pediátrico. Localizado em Curitiba/PR, o Pequeno Príncipe atende meninos e meninas de todo país. As doações podem ser feitas pelo site doepequenoprincipe.org.br.
EVENTO ONLINE MUNDIAL
A Conferência de Ideias Alltech ONE será realizada de 25 a 27 de maio. Evento online, terá várias salas temáticas: nutrição animal; tendências de mercado; digital; marketing; sustentabilidade. O participante ainda poderá escolher entre os segmentos da pecuária bovina, suína, aves, equinos, pet, aquicultura, agricultura, negócios, saúde e bem-estar. Serão apresentadas tendências do mercado, inovações disruptivas e oportunidades que podem impactar a cadeia global de abastecimento de alimentos e seus negócios. As inscrições podem ser feitas pelo site do evento (https:// one.alltech.com).
RAÇASELEÇÃO . GENÉTICA . CRIAÇÃO . LEILÕES
Expozebu
DIGITAL
EXPOZEBU EM VERSÃO ONLINE
Por conta do agravamento da pandemia, a exposição deixa por mais um ano de ser realizada presencialmente, mas terá um formato via internet
GUSTAVO MIGUEL
Não foi desta vez que o calendário de grandes exposições voltou a ser aberto. A maior exposição de zebuínos do mundo, a ExpoZebu, não acontecerá de forma presencial, deixando as pistas vazias por mais um ano seguido. A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) optou por manter a data, de 29 de abril a 9 de maio, para realizar um evento online, com transmissão pelo canal da entidade no Youtube, sempre das 6h30 às 12h30. O presidente da ABCZ, Rivaldo Machado Borges Júnior, destaca que esse modelo foi sucesso na ExpoGenética 2020 e que será uma forma de levar a informação até os criadores.
Na parte comercial, a expectativa é de manter a grande movimentação financeira que o evento sempre registrou. Estão agendados 23 leilões e quatro shopping de animais, de 29 de abril a 13 de maio. Em sua última edição presencial, em 2019, o faturamento total das vendas em leilões e shoppings foi de cerca de R$49 milhões. Para 2021, a expectativa é de bons negócios já que os eventos virtuais realizados no último ano apresentaram boas médias.
Dois lançamentos serão realizados durante a ExpoZebu e têm como objetivo beneficiar a produção sustentável de carne e leite. Um deles é a campanha Carne
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de Zebu, cujos detalhes serão apresentados no dia 1 de maio. O outro lançamento é o projeto “Integra Zebu”, que tem como foco a recuperação de pastagens degradadas no país e será lançado no dia 2 de maio.
Na parte internacional, haverá um programa especial para o público estrangeiro e uma rodada de negócios virtual, com foco na captação de clientes da América Latina, Oriente Médio e Sudeste Asiático.
Ao longo do evento, serão realizadas várias rodadas de debates técnicos. Haverá painéis de temas relativos à nutrição animal, sanidade, melhoramento genético e produção com sustentabilidade, além de rodadas de conversas com criadores, entrevistas com grandes nomes da pecuária. Serão seis horas diárias de programação ao vivo. “O modelo virtual veio para ficar. Estamos aprimorando e investindo nas nossas plataformas”, afirmou Borges Júnior.
A programação completa está disponível no site da ABCZ (www.abcz.org.br).
EFICIÊNCIA DO ZEBU À PROVA
Programa da ABCZ avança para avaliar o uso da genética zebuína na produção de carne de qualidade e com sustentabilidade
ARQUIVO, GUSTAVO MIGUEL, JADIR BISON
Pela primeira vez, as raças Brahman, Guzerá, Sindi e Tabapuã vão participar do “Programa Carne de Qualidade – Produção de carne de qualidade com eficiência e sustentabilidade”, promovido pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Com o segmento de carnes de qualidade crescendo em ritmo acelerado, a entidade espera mostrar ao mercado que o zebu é uma opção sustentável para a produção desse tipo de produto. A prova teve sua primeira edição ano passado, com a participação apenas de animais da raça Nelore. O superintendente Técnico da ABCZ, Luiz Antonio Josahkian, esclarece que estão sendo aplicadas todas as recomendações técnicas
necessárias para atingir a produção de carne com qualidade, viabilidade financeira e sustentabilidade, em termos ambientais. “A ABCZ é parte responsável pela produção de carne com qualidade e sustentabilidade, pois sabemos que a genética zebuína é a base de sustentação da pecuária de corte em vários países. Por isso, queremos identificar o custo de produção de uma arroba nesse tipo de sistema”, informa Josahkian. O projeto vai acompanhar o desempenho dos machos nas fases de recria, engorda e abate. De acordo com Josahkian, os resultados serão tratados individualmente por raça, sem nenhuma abordagem comparativa entre elas. Ao final de cada uma das três etapas serão gerados índices, que irão compor o índice final classificatório dos animais. Para todas as raças, a exigência para participação era de, no mínimo, 25 bezerros. Participam da prova apenas animais com RGN na categoria PO, idade entre seis e oito meses no início da prova, peso mínimo a desmama na média da raça (201 kg), classificação de DECA 2, no máximo, no PMGZ para peso ao sobreano e classificação mínima “Bom” no EPMURAS.
Como funciona o Programa Carne de Qualidade
Os pastos da Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Júnior, em Uberaba/MG, já estão adubados e prontos para receber os bezerros doados, que desembarcam na “Terra do Zebu” de 12 de abril a 31 de maio de 2021. A pesagem inicial acontecerá no dia 10 de junho. A primeira etapa será a Prova de Ganho em Peso (PGP) a Pasto, cujo início será no dia 9 de junho de 2021 e a previsão de término é em 16 de março de 2022. Durante este período, os animais receberão sal mineral e suplementação nos períodos de escassez de forragem de forma a atender plenamente as exigências nutricionais desta fase. Entre os dados coletados estão: Ganho em Peso Diário, Ganho em Peso, Ganho Médio Diário. Além das pesagens, eles passarão por ultrassonografia de carcaça para área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura subcutânea (EGS), espessura de gordura na picanha (P8) e marmoreio (MAR). A segunda etapa será o confinamento, quando será feita a mensuração do Consumo Alimentar Residual (CAR). Quando A estimativa da ABCZ é que essa fase termine em
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14 de julho de 2022. A terceira etapa será o abate técnico, quando serão mensurados: Peso de Carcaça Quente (PCQ); Espessura de Gordura Subcutânea- EGS; Rendimento de Abate – RA (PCQ/Peso Vivo); Gordura Intramuscular, mármore – MAR; Carne Aproveitável Total-CAT (AOL, EGS e PCQ); e, Maciez Instrumental – MI.
O programa conta com a participação de pesquisadores de entidades de grande renome nacional, como Embrapa, Epamig, Fazu, UFV, Unicamp, Esalq/USP e UFMS, além da equipe técnica da ABCZ.
Doação de bezerros
Todos os animais participantes foram doados por criadores associados da ABCZ. Para as associações promocionais, esta é uma oportunidade de atestar a qualidade do zebu brasileiro na produção de carne. “Com este programa, o criador de Guzerá terá uma grande oportunidade de mostrar mais uma vez ao mercado que é uma excelente opção para a produção de carne de qualidade”, destaca o presidente da Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil (ACGB), Marcos Carneiro.
Para o criador Antônio Pitangui de Salvo, da Fazenda Canoas e Seleção Guzerá Agropecuária Ltda., que doou bezerros para a prova, esta será uma comprovação da qualidade dos zebuínos de uma maneira geral em produzir carne “verde”. “Trata-se de um projeto importantíssimo, pois a raça Guzerá tem este viés de poder produzir as duas coisas, carne e leite, mas produzindo muito bem os dois. Agora o Brasil se encontra numa posição de vanguarda no que diz respeito à produção e ao fornecimento de carne, não só para população brasileira, mas para o mundo. E a ABCZ, mais uma vez, com um projeto muito bem elaborado e neste momento tão importante do mercado, está provando a qualidade da carne brasileira. E a raça Guzerá não poderia ficar de fora dessa iniciativa”, diz Salvo.
A raça Tabapuã também confirmou presença na prova. Os tabapuanistas aderiram ao projeto logo na primeira semana de inscrições abertas. “A adesão de criadores superou todas as expectativas. Tudo aconteceu muito rápido em relação ao número de inscritos”, informa o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Tabapuã (ABCT), Sergio Junqueira Germano.
Na raça Sindi a adesão dos criadores também foi grande. Participam 19 criatórios de várias partes do Brasil, sendo que alguns doaram até quatro animais. “A raça Sindi, através da união e comprometimento dos seus criadores, se faz presente com 28 animais neste Programa Zebu Carne de Qualidade, reconhecendo o apoio da ABCZ e a importância de programas de melhoramento genético como este; para o contínuo e sólido crescimento da raça no Brasil”, assegura o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Sindi (ABCSindi), Orlando Procópio.
Outra raça zebuína que tem mostrado bom desempenho na produção de carne é o Brahman. Na opinião do presidente da Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB), Paulo Scatolin, ter dados técnicos confiáveis que atestam essa eficiência do zebu na pecuária de corte agregará ainda mais valor à genética zebuína. “O mercado consumidor está cada vez mais em busca de um alimento saudável e produzido de forma sustentável. O Brahman é uma raça que tem apresentado eficiência nas provas zootécnicas que participa e
nesse programa da ABCZ isso deve se confirmar novamente”, espera Scatolin.
Primeiros resultados do Nelore
Os resultados da primeira etapa, de uma série de três, do programa ‘Zebu: Carne de Qualidade’ com animais Nelore já foram divulgados pela ABCZ. A fase avaliou o desempenho do grupo formado por 103 garrotes PO, em uma prova de ganho de peso a pasto. A pesagem final da primeira etapa que marcou a 10ª avaliação de peso dos animais, aconteceu no dia 17 de março. As pesagens foram realizadas com intervalo de 28 dias desde o início da prova, somando também as pesagens de entrada e inicial. Sobre a média de ganho de peso, considerando a pesagem de entrada em 10 de junho, houve um ganho médio diário de 633 gramas. Os animais terminaram a prova com 537 dias de idade e peso médio de 424 quilos, e o peso ajustado para 550 dias de idade de 431 quilos. O pesquisador da Epamig, Leonardo Fernandes, que acompanhou diretamente o manejo e a nutrição dos animais, explica que os garrotes foram trabalhados em fases distintas. “Iniciamos a prova no período seco do ano em uma área de 20,3 hectares, em pastagens de capim Brachiaria brizantha cv. Paiaguás. A pastagem foi manejada em lotação rotacionada, com oferta de forragem de 6% do peso corporal. Todas as áreas foram formadas em ILP e ILPF. Além do capim, também fornecemos silagem de milho, na quantidade de 1% do peso corporal em matéria seca e suplemento proteico energético para complementar a proteína, energia, minerais e vitaminas, fornecendo 0,5% do peso corporal. Com esse planejamento, os animais tiveram um excelente ganho de peso durante o período seco do ano, e mantivemos 3,56 UA (unidade animal) por hectare. É um índice elevado porque estamos falando de um período de seca, considerado o pior momento do ano, e no Brasil, a média de taxa de lotação é por volta de 1 UA (unidade animal) por hectare”, explica Leonardo.
Na fase das águas, retirou-se a silagem e os animais foram mantidos a pasto, em uma área de 6,4 UA por hectare, com suplementação proteico-energética de 0,4% do peso corporal. “Se somarmos o desempenho da seca com o desempenho das águas,
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obtivemos um ganho de peso diário de 633 gramas por animal e tivemos mais de 1.100 quilos de ganho de peso por hectare em nove meses de trabalho. Isso gera uma produção de 39 arrobas de carne bovina por hectare. Ainda não fechamos as análises de custo, mas teremos uma rentabilidade financeira por hectare muito alto, em função dos números que conseguimos no processo”, assegura o pesquisador da Epamig. Após a pesagem final, os participantes foram classificados considerando o regulamento adaptado das provas de ganho em peso oficializadas pela ABCZ: Escore de Avaliação Visual (tipo) pelo método EPMURAS, aplicando-se apenas EPM (AT), Peso Calculado aos 550 dias de idade (PC550), Ganho em Peso Diário (GPD), Ganho em Peso (GP), Ganho Médio Diário (GMD), Área de Olho de Lombo (AOL), Espessura de Gordura Subcutânea entre a 12ª e 13ª costela (EGS) e na picanha (P8). Em seguida, os animais foram separados em sete grupos, de acordo com o peso, e alojados em diferentes currais da Fazenda Experimental da ABCZ, para início da segunda fase do programa, que terá a duração de 120 dias. Ao final da fase de confinamento, todos os animais serão submetidos a um abate técnico, quando também serão avaliados. “Com o acompanhamento da evolução do peso e avaliação de ultrassonografia na prova de confinamento, definiremos a data do abate técnico. Os resultados obtidos no programa serão divulgados individualmente, assim como todos os resultados médios do lote”, explica o superintendente Técnico da ABCZ. Os resultados da primeira etapa superaram as expectativas. “Estamos muito satisfeitos com a eficiência dos animais no desempenho a pasto. Acreditamos na economicidade do zebu, na qualidade da carne e na sustentabilidade deste produto”, destaca Rivaldo Machado Borges Júnior, presidente da ABCZ.