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MUNDO Por que as mulheres estão queimando véus em praça pública no Irã?
Por que as mulheres estão queimando véus em praça pública no Irã?
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Desde a morte da jovem Iraniana Kurda Mahsa Amini, presa pela polícia da moralidade ao chegar à capital Teerã porque não estaria usando o hijab (véu) compulsório corretamente, as ruas do Irã foram tomadas pelos gritos “mulher, vida, liberdade” proferidos primeiramente por mulheres e depois também pelos homens que se levantaram em apoio a elas. Essas manifestações têm ganhado ainda mais impulso nas mídias sociais, escancarando todos os abusos e anseios que estão abaixo da ponta de um grande iceberg – que só agora têm sido expostos para o mundo – e que vão muito além de um pedaço de pano cobrindo o cabelo. É o retrato de imensas insatisfações de longa data com todo um sistema. Um país rico que foi levado à extrema pobreza, opressão e violação de todos os tipos de direitos humanos, onde não existe liberdade de pensamento, expressão, crença e até mesmo de como se vestir. Isso implica a necessidade de se analisar o tratamento a que minorias em geral têm sido submetidas no Irã desde 1979. Mas quem são essas minorias? Existem diversas etnias no Irã como Kurdos, Turcos, Baluch, Lor..., cada uma delas possuindo seu próprio dialeto e sua rica cultura. Existem ainda as minorias religiosas formadas por Zoroastrianos, Judeus, Cristãos, Sunitas e a maior delas que são os Bahá’ís que têm sofrido mais do que os outros em virtude de seus pensamentos progressistas como a igualdade de direitos entre homens e mulheres. “Homens e mulheres sempre foram e sempre serão iguais aos olhos de Deus”. (Bahá’u’lláh, fundador da Fé Bahá’í). As prisões estão cheias, não de bandidos, mas dos chamados “Prisioneiros de consciência”, entre eles professores, universitários, escritores, jornalistas, ativistas, minorias religiosas e qualquer pessoa que sonhe com liberdade. As mulheres são metade da população, mas seus direitos não são garantidos pela lei de forma igualitária. O testemunho de duas mulheres equivale ao de um homem. A idade mínima para o casamento para meninas é de 9 anos e os homens podem se casar com até quatro mulheres, fora os casamentos temporários que podem durar por apenas uma hora. Ano após ano, as Nações Unidas têm feito relatórios sobre a situação dos direitos humanos no Irã, denunciando diversos tipos de violações. Em março de 2022, documento apresentado no Conselho de Direitos Humanos da ONU afirma que “as minorias (no Irã) são desproporcionalmente afetadas pela imposição da pena de morte (...) e também estão em desvantagem no que diz respeito ao reconhecimento de direitos na lei e como uma questão de política (estatal)”, o que tem afetado muitos grupos étnicos e religiosos. Não é de hoje que as iranianas têm se mobilizado em prol de seus direitos. Em 1848, em uma conferência na cidade de Badasht, Irã, pela primeira vez uma mulher participa ativamente. Seu nome é Táhirih. Ela ousou aparecer sem véu em frente de 80 homens. Um ato revolucionário de rompimento com os antigos paradigmas. Escritora, poetisa e teóloga, seguidora da nova Fé Bahá’í, numa época que as mulheres eram mantidas analfabetas e escondidas dos olhares públicos sempre sob guarda e comando de um homem. Deve-se entender que o ato de desvelar não foi para desrespeitar qualquer princípio religioso, mas foi um ato ousado que simbolizou a igualdade dos sexos, onde mulheres podem agir de forma independente e fazer suas próprias escolhas. Primeira ativista dos direitos das mulheres na Pérsia, Táhirih foi executada por estrangulamento por suas crenças e convicções resolutas. Suas últimas palavras proféticas foram: “Vocês podem me matar, mas jamais poderão evitar a emancipação das mulheres”. E hoje esse movimento corajoso das mulheres no Irã tem ganhando apoio de milhares e milhares de pessoas em diversas partes do mundo. Desde o primeiro de outubro, todos os sábados, em mais de 150 cidades espalhados pelo mundo como: Berlim, Los Angeles, Toronto, Sidney, Tokio..., estamos testemunhando um movimento sem precedentes de apoio ao um povo lutando pela sua liberdade. A civilização humana, pela primeira vez na sua historia, tem tido mulheres como protagonistas mobilizando milhares de pessoas numa extensão geográfica global, unidas em prol da Liberdade e da Justiça. Um movimento pacífico na sua origem cujas únicas armas são palavras e a mídia. E todos que o apoiam estão escrevendo a História.
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