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Mirna Tônus

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David Braga

David Braga

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Divulgação pqn@pqn.com.br

A cidade de Perdizes ganhou o primeiro canal de tevê local - a STV. A emissora, do empresário e cineasta perdizense, Clóvis Cunha, e da engenheira civil e empresária, Bruna Alvarenga, está sintonizada no canal 200 da IPVT Net Triângulo Telecom, e chega para dar voz à população local e regional, com programas diversi cados e inovadores, que prometem levar muito entretenimento, informação e diversão para as famílias.

UFUCAST

Já está no ar o segundo episódio do UFUCast, elaborado pela Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU), com apoio da Fundação Rádio e Televisão Educativa de Uberlândia (RTU). Desta vez, o assunto foi a pedagogia da beleza’, termo que se refere ao aprendizado que as mulheres recebem sobre a representação de seus corpos. Durante a transmissão, os jornalistas Jussara Coelho e Matheus Maia conversaram com Renata Neiva, diretora de Comunicação da UFU, que falou também sobre a história da educação das mulheres no passar das décadas. Ela ainda trouxe recomendações sobre o assunto. Este foi o tema da tese de doutorado da entrevistada, defendida em 2018 na Faculdade de Educação (Faced/UFU), e que originou um livro que está à venda no site da Editora da universidade.

Divulgação

PATROCÍNIO

A ExpoZebu 2022 será realizada de 30 de abril a 8 de maio, no Parque Fernando Costa, em Uberaba, marcando a retomada do formato presencial. A cerveja Itaipava 100% Malte é patrocinadora do evento e vai levar para a feira a Vila 100%, com ativações como a carreta de chope Itaipava Pilsen, lounge com energia solar com 100% Malte, ponto instagramável em formato de sol e bar temático da marca. Esta edição da ExpoZebu contará com uma série de atrações, tais como julgamentos de raças bovinas, concurso leiteiro, entretenimento, Mérito ABCZ, Equishow, Dias de Campo, Feira de Gastronomia, ABCZ Jovem e ABCZ Mulher, negociações internacionais, lançamentos e inaugurações e Museu do Zebu. O evento terá ainda cobertura em tempo real pelo canal da ABCZ TV no Youtube. A expectativa é de que mais de R$ 300 milhões sejam movimentados durante as rodadas.

PROGRAMA NOVO

A Rede Nativa estreou o programa A Nativa Entrou no Grupo. De forma divertida, os apresentadores Paulo Eugênio, Day Quarenta e Galinha trarão para o rádio o ambiente dos grupos sociais de conversa e troca de informações entre pessoas próximas. Na primeira edição, o programa recebeu a cantora sertaneja Lauana Prado, que respondeu perguntas dos ouvintes ao vivo e também pelo WhatsApp (91) 9844-16545. A Nativa Entrou no Grupo vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 19h às 21h, para toda a rede presente em sete estados brasileiros, atingindo mais de 46 milhões de ouvintes em potencial.

Divulgação AUXÍLIO

A Pró-Reitoria de Assistência Estudantil da Universidade Federal de Uberlândia (Proae/ UFU) divulgou novo edital de auxílios para os estudantes de graduação em situação de vulnerabilidade socioeconômica. O processo seletivo contempla inclusão, alteração e reativação de auxílio estudantil, em caráter emergencial. Os benefícios valem para o semestre letivo de 2021-2 e 2022. Os auxílios estão previstos na Política de Assistência

Estudantil da UFU, no Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) e na Portaria Reito nº 663/2020 - Programa Institucional Emergencial de Inclusão Digital ou vigente. Estão sendo disponibilizados os seguintes auxílios: moradia, alimentação, transporte urbano, transporte intermunicipal, creche, acessibilidade, instrumental odontológico, inclusão digital, e mobilidade internacional. As inscrições vão até o dia 29 de abril e podem ser feitas pelo link https://www.psg.ufu.br/servicos/Edital/cronograma/682

Em um país onde se lê pouco, cerca de 2,43 livros por pessoa/ano, comunicadores, principalmente os jornalistas, estão investindo na literatura e mostrando que a Comunicação pode ajudar e muito no novo ofício. Em maio, vários títulos serão lançados durante a Bienal Mineira do Livro, o que comprova que o mercado literário pode ser uma boa opção e orientação na carreira de muitos profi ssionais.

ADMILSON RESENDE

"E screva, minha lha, escreva! Quando estiver entediada, nostálgica, desocupada, neutra, escreva! Escreva mesmo bobagens, palavras soltas, experimente fazer versos, artigos, pensamentos soltos, descreva como exercício o degrau da escada de seu edifício (saiu em verso sem querer), escreva sempre, mesmo para não publicar e principalmente para não publicar...”

A carta de Carlos Drummond de Andrade para a sua lha, Maria Julieta, não poderia estar mais atual como estímulo para quem quer se tornar um escritor, como já ocorre entre diversos comunicadores, especialmente os jornalistas. O hábito de ler ou escrever pode, ainda, não fazer parte de seu cotidiano. E o mercado editorial está mais promissor do que nunca. Será esse um dos efeitos positivos da pandemia?

Para se ter ideia, a venda de livros no ano passado superou todo o acumulado de 2020 em apenas dez meses, mostrando que o mercado editorial vive um momento promissor. A informação é da pesquisa promovida pela Nielsen em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, que computou os dados até o último dia 7 de novembro de 2021. Foram vendidos 43,9 milhões de livros naquele ano, quando em todo o período de 2020 foi comercializado cerca de 41,9 milhões de exemplares, de títulos diversos. Os bons números mostram que o mercado literário é um ótimo segmento para os jornalistas, uma vez que alguns desses brilhantes pro ssionais são populares e com nomes bastante conhecidos pela sociedade, sobretudo, aqueles que trabalham em televisão, rádio e blogs/ mídias sociais.

Rogério Faria Tavares, presidente da Academia Mineira de Letras, a rma que o setor é muito promissor e apresenta boas oportunidades de carreira para quem quer ser escritor. Ele explica que os jornalistas sempre foram escritores, pois a base do ofício está na produção textual e ainda lidam com a língua, a palavra, frase e o parágrafo. A situação favorece muito a esse pro ssional tornar-se escritor, porque treina, pratica e repete. O cérebro aprende e desenvolve essa habilidade, estimulando o ingresso na literatura. Assim como aconteceu com vários escritores, como Drummond, que

Diego Amorim: comecei a escrever durante a pandemia para conversar com meu lho de apenas três anos. Em forma de diário, fui contando tudo o que me acontecia e, assim, nasceu meu primeiro livro

foram jornalistas para ganhar a vida. No entanto, sua vocação principal era a literatura. “O jornalismo e a literatura são irmãos. Duas faces da mesma moeda. Os jornalistas sempre escreveram muito e vários publicaram livros, prática essa que ainda permanece e só aumenta”, observa Tavares.

Para Diego Amorim, chefe de redação de O Antagonista, em Brasília, escrever um livro pelo fato de ser jornalista seria um caminho natural. Contudo, ele acreditava que o tema fosse sobre a Igreja Católica, por ter uma relação muito forte, chegando até cobrir o conclave do Papa Francisco pelo jornal Correio Brasiliense. Posteriormente, ele também pensou em escrever sobre os bastidores da política por conta do trabalho como repórter na capital federal. Mas a inspiração veio mesmo durante a pandemia da Covid-19.

Ele conta que a obra nasceu na Páscoa de 2021, enquanto almoçava com a família e conversava sobre a doença. “A vacinação estava no início e o diálogo era sobre como Pedro Henrique, meu lho de apenas três meses, lidaria com toda essa situação. E, se um dia, ele teria noção de ter chegado ao mundo em um momento tão desa ador. Minha enteada mais velha sugeriu que eu escrevesse um livro. Comecei a registrar os textos em formato de diário, ainda no mesmo dia e durante os 110 dias seguintes, até quando eu tomei a 1ª dose”, lembra. Assim nasceu “Filho de pandemia”, o primeiro de muitos. Amorim a rma que escrever um livro para o seu lho, diariamente, foi um grande desa o e uma forma de criar intimidade com ele, superando o momento difícil da pandemia. O jornalista piauiense lançará sua obra durante a Bienal Mineira do Livro, que será realizada em Belo Horizonte, de 13 a 22 de maio e reunirá mais de 50 editoras no BH Shopping.

O livro de Amorim foca em fazer bem às pessoas, sendo uma obra

‘pesada’ com angústia, medo, sofrimento, dor, inquietação, dúvidas, sentimentos da pandemia, porém escrito para um bebê. “Além de muita emoção, cujo pai não se podou, se desnudou o tempo inteiro”, diz o chefe de redação.

Aos 43 anos, o jornalista Bruno Marques também lançará seu segundo livro “Outono Austral”, na Bienal. Ele conta que começou a escrever poesias aos 13 anos e formou-se em Jornalismo aos 25 anos. Somente aos 40 anos, sentiu-se pronto como escritor com o lançamento de seu primeiro livro, “As noites mais escuras do inverno”, pela Páginas Editora, da jornalista mineira Leida Reis.

As bienais são uma oportunidade de aproximar escritores e leitores. Esse tipo de evento propicia um contato sadio entre leitor e autor, além de ele poder conhecer mais detalhes sobre a história do escritor e as in uências no processo criativo. “É uma relação simbiótica e iniciativas do tipo, ampli cam esse potencial. Vivemos um momento de grande individualização e de perda de nossa humanidade. Antagonicamente, foi pela cultura que nos tornamos humanos e, somente a partir dela, resgataremos a nossa humanidade”, avalia Marques, Outro comunicador que já garantiu presença na Bienal Mineira do Livro é o jornalista Américo Antunes, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Pro ssionais de Minas Gerais (SJPMG) e diretor da Strategia Cultura e Comunicação. Ele a rma que o evento será importante para abrir portas a autores que estão fora do circuito das grandes editoras. Antunes começou a escrever ainda jovem, na histórica cidade de Diamantina, arriscando alguns poemas e poesias, como gosta de contar, mais na tentativa de capturar as turbulências das inquietudes existenciais que varriam sua alma, do que quaisquer outras pretensões literárias. Mais tarde, já residindo em BH, a opção por cursar Comunicação Social seria uma espécie de dar continuidade a esse desejo de ser jornalista. Já da reportagem para a literatura foi, então, um pulo.

O comunicador escreveu quatro livros, sendo dois de cção, os romances históricos “Nós, que amamos a revolução” e “Terra prometida – um herege nas minas de ouro” e outros dois “Do diamante ao aço – o ilustrado Intendente Câmara e a verdadeira História da primeira fábrica de ferro do Brasil” e “1720/2020 – livro-reportagem das comemorações do tricentenário de Minas Gerais”. Antunes

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Bruno Marques: só tornei-me escritor porque me construiu jornalista. A experiência em redação me permitiu uma maior intimidade com o ofício de escrever

também atuou como organizador, editor e um dos redatores dos livros “Expedição Halfeld”, “Jequitinhonha, a riqueza de um vale”, “João Antunes Vozes e Visões” e “Os Governadores – História de Minas Gerais”.

Hila Rodrigues também começou a escrever na juventude. Era como um passatempo e ela acredita que cursou Jornalismo por isso. Professora do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), ela concorda com Antunes que eventos como a bienal permitem democratizar o acesso aos livros, além de descobrir novos autores, compartilhar histórias, incentivar a escrita e a leitura.

A professora já escreveu dois livros, sendo o primeiro “3 em contos”, uma produção independente com dois amigos, também jornalistas, Laudeir Borges e Sidneia Simões. A obra apresenta contos sobre festas de m de ano, lançada em dezembro de 2021. Já o segundo, “Desassossego ilustrado”, é um híbrido de textos curtos e poesia, ilustrado por So a Fuscaldi, também jornalista e ilustradora, cujo tema foi inspirado nos desa os enfrentados pelo mundo e, principalmente, no Brasil, entre 2018 e 2021. O período foi marcado pela crise sanitária, pensando em Covid-19, mas, também, por uma grave crise política, com re exos econômicos e ambientais.

Hila Rodrigues: a leitura me estimulou a contar histórias e a dividir pensamentos, sensações, percepções e sonhos com meus leitores

Américo Antunes: o mercado literário é ainda elitizado e se concentra nas mãos das grandes editoras, o que prejudica os pequenos escritores

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FORMAÇÃO JORNALÍSTICA CONTRIBUI COM O SURGIMENTO DE NOVOS ESCRITORES

Os jornalistas escritores são unânimes ao a rmarem que a formação em Jornalismo e os anos de experiência como pro ssionais de redações diversas foram diferenciais importantes na construção da carreira como autor. Américo Antunes, diretor da Strategia Cultura e Comunicação, diz que levou a pesquisa minuciosa, o rigor com as fontes, as técnicas de reportagem e a redação para a produção literária dele.

Jalmelice Luz costuma dizer que o exercício do Jornalismo abriu caminhos para a escrita literária. Mesmo o texto jornalístico sendo conciso, com regras de nidas, não exclui a criatividade. Ela acredita que a longa aprendizagem, juntamente com os colegas mais experientes, permitiu que aprimorasse sua atuação. “A escrita literária é livre. Abusa da imaginação, da criatividade e do texto romanceado. O tempo é um parceiro e não um adversário a ser superado no relato mais verossímil possível de um fato cotidiano”, atesta a jornalista escritora.

Bruno Marques a rma que só se tornou escritor porque se construiu jornalista. Ele, que foi repórter de economia e política no jornal mineiro

Diário do Comércio, garante que a reportagem diária foi sua grande escola. Ele também atuou em outros veículos de circulação nacional, como correspondente na capital mineira de O Estado de S. Paulo e

O Globo, escrevendo assim para todas as editorias, principalmente, cidades e gerais, onde a vida real acontece. A experiência em redação permitiu a Marques uma maior intimidade com o ofício de escrever, pois o jornalista tem uma chancela da sociedade para ser uma testemunha dos fatos e narrar os acontecimentos. Porém, a rma ele, é preciso ter um compromisso sério com o leitor. O bom jornalismo apresenta perguntas que devem estar imersas e conectadas aos valores e ao contexto do público-alvo. As notícias propiciam a re exão para que todos possam estar sempre questionando. “Não existe democracia sem jornalismo e sem literatura”, avalia Marques. “Isso é muito natural para mim, sendo parte da minha personalidade, de quem eu sou. Adoro ler e escrever. A minha vida é isso o tempo todo”, completa o jornalista piauiense Diego Amorim.

OBRAS COM SENTIMENTO E PARA CONHECIMENTO

O maior desejo dos comunicadores escritores é a ampliação do público leitor para suas obras, além de compartilhar o que passa pelo coração e mente ao escrever um livro. Estar posicionado no ranking dos mais vendidos ou o reconhecimento como um dos melhores escritores brasileiros não são os objetivos principais desses pro ssionais. A escrita é a maior motivação, garantem eles. Como jornalistas que são, eles querem mais é contar uma boa história!

Ana Paula Pedrosa, jornalista e produtora de rede da Record TV Minas, a rma que não estabeleceu metas para ser escritora. Apenas, quer continuar contando histórias. Ela não se importa com a forma, público e o tipo de texto, mas prioriza escrever histórias que façam sentido para si naquele momento de sua vida. A literatura aconteceu após a maternidade. Assim ela revisitou a sua própria infância, trazendo histórias do fundo da memória. Hoje tem auxílio das lhas Beatriz e Helena que dão palpites, sugerem mudanças e até ‘batizam’ personagens. “Eu comecei inventando estórias para elas. Depois contando para as amigas delas, até que viraram livros. Também escrevo crônicas e outros tipos de

textos sobre diversos assuntos e linhas, sem muito sentido, que, podem até ser esquecidas, em pouco tempo”, revela a produtora.

Seguindo esse pensamento, Jalmelice concorda com a colega e diz que não possui metas para a carreira que abraçou. “Teimo em continuar. Não penso em um público especí co, já que minhas histórias podem ser lidas por todos. Considero importantíssimo o estímulo à leitura como parte da formação do sujeito crítico, capaz de ler as realidades em que está inserido com espírito transformador”, observa a escritora.

Bruno Marques segue o mesmo caminho ao destacar que também não de niu metas, porém, quer viver em um país que seja possível sustentar-se a partir da produção literária. Ele garante que pretende continuar escrevendo e chega a dar um spoiler sobre seu próximo livro - um romance ambientado em Portugal, talvez, na fortaleza de Berlengas.

Já Américo Antunes enfatiza que sua grande meta como escritor é, essencialmente, ser lido. Hila

Rodrigues concorda com ele e destaca que foi a leitura que a estimulou a contar histórias e a dividir pensamentos, sensações, percepções e sonhos. “Não tenho metas. Quero escrever coisas que muitas pessoas possam curtir, saborear mesmo. Algo que enfeite a vida do sujeito”, ressalta a professora.

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Jalmelice Luz: a gente só aprende a escrever escrevendo. O ponto nal nunca pode ser o nal de uma história, ele pode ser o começo de tudo. A vida é movimento, transformação e criação ESCREVER REQUER MAIS DEDICAÇÃO QUE TALENTO OU INSPIRAÇÃO

Os erros e acertos fazem parte do aprimoramento de qualquer escritor. A verdade é que, na escrita literária, segundo a jornalista Jalmelice Luz, nada está pronto e acabado, pois o ponto nal é apenas simbólico. Ela recomenda para quem deseja abraçar a carreira literária que deve ler, exercitar a escrita, não temer a publicação e correr riscos, sempre. A escrita pode ser provocada por lembranças, vivências, observações e leituras. Deve-se sair do silêncio para criar sentido por meio da palavra escrita. “Não sei se é dom. Entendo como um lenitivo para as dores do mundo que repercutem em nós, assim como nossas contradições e feridas. Posso vencer as armadilhas interiores e iniciar um texto. Noutras vezes, digitar algumas frases e fechar a tela para recomeçar mais tarde. Em algumas ocasiões, fazer anotações durante uma viagem, enquanto leio, após uma boa conversa, um olhar, um sentimento que tento dar na dinâmica no texto. Sempre partimos de nossas experiências, embora não sejam a tradução de um momento com ponto nal. A vida é movimento, transformação e criação. Cada pessoa tem sua própria forma”, observa Jalmelice.

Ana Paula Pedrosa conta que ler e escrever sempre zeram parte de sua vida para expressar todo tipo de sentimento e emoção, assim como se entender o mundo. Quando criança e adolescente, ela participou de concursos de poesia nos tempos de colégio. Pro ssionalmente, ela escreve há 23 anos como jornalista e, na literatura, começou apenas em 2008. O jornalista vive de contar boas histórias, de buscar bons personagens e, por isso, a experiência ajuda muito na elaboração de livros.

Para Bruno Marques escrever é um sentimento que não se explica. Fazia sentido para ele escrever o que sentia, ainda que por metáforas. A escrita e a literatura, a rma, são um grande universo simbólico e personagens representam sentimentos como amor, delidade, decepção, traição, angústia, re exão, entre outros. “Se lermos ‘O velho e o mar’, conheceremos Santiago e Manolin. A obra também nos mostrará o que é amizade, esperança ou a falta dela. Eu precisava entrar nesse universo. É como se houvesse uma realidade escondida que somente a escrita me levaria até ela! Leia muito, leia todo tipo de texto! Não perca tempo com um livro que não te cativou depois da página 50. Mas, não pare de ler. Troque o livro e continue lendo! Esse é o primeiro passo para escrever. O segundo é realmente escrever. Não espere criar o texto perfeito, até mesmo porque, a perfeição não existe! Escreva, melhore, reescreva. Compartilhe seus textos com as pessoas e não se preocupe com as críticas. O importante é estar sempre em movimento e em evolução”, recomenda.

Chefe de redação de O Antagonista, em Brasília, o jornalista piauiense Diego Amorim revela uma dica interessante para quem quer se aventurar na literatura: escreva sempre! Escreva de tudo! Torne a escrita parte de sua vida, mesmo que seja em forma de diário. “Não precisa ser um diário como o meu, escrito em um momento tão difícil para a humanidade com a pandemia, mas um diário ou uma carta para alguém. Coloque no papel

AINDA SE LÊ POUCO NO BRASIL

Ana Paula Pedrosa: a literatura veio tarde, após a maternidade. E hoje, até as lhas - Beatriz e Helena - auxiliam na criação das personagens

sentimentos, situações desconfortáveis do cotidiano. Você escreverá de forma, até mesmo, terapêutica de desabafo. Escrever sempre é o grande segredo para escrever bem”, observa o autor do livro “Filho de pandemia”.

Américo Antunes a rma que escrever é o desejo de transmitir o que vai pela mente e coração, a partir da observação crítica da vida e dos tempos – passado e presente. Ele começou a escrever a partir da inquietude existencial e do desejo de transmitir e dialogar. Como um ritual de passagem do real para o imaginário, seja em uma obra de cção ou não! Observar, atentamente e, estudar/pesquisar a fundo o tema, ou temas sobre os quais se pretende escrever é muito importante. “Método e disciplina no ato da escrita são cruciais e, é claro, não esmorecer jamais diante dos obstáculos de um mercado tão fechado”, pondera.

Para quem tem a nidade com as letras, avalia Marques, certamente será mais fácil escrever. No entanto, o segredo não está somente na escrita, e, sim, no conteúdo, na mensagem para os leitores. Um escritor é, antes de tudo, um bom observador, aquele que capta momentos do cotidiano e os ltra diante dos seus sentimentos e percepções.

O Brasil ainda está longe de ser um país com muitos leitores de livros. De acordo com pesquisa desenvolvida pelo Instituto Pró-Livro, o brasileiro lê, em média, 2,43 livros por ano. É um número muito baixo se comparado com a Índia e com a China, que são os países orientais que mais leem no mundo. Na verdade, o que chama mais a atenção é que o brasileiro não lê pouco, ele lê muito conteúdo, porém, em sua maioria, de pouca profundidade. Matérias jornalísticas mais curtas, resenhas e leituras mais rápidas são os materiais mais lidos de acordo com estudo promovido pela Kantar Brasil. Talvez, isso seja a chave do sucesso das redes sociais, onde as notícias podem ser consideradas pílulas de informações.

Para os jornalistas escritores, o problema maior está na falta de políticas públicas e de incentivo à leitura, inclusive por parte da iniciativa privada. Poucas empresas motivam seus funcionários ou fazem ações para incentivar a leitura. Bom exemplo é a campanha do Itaú Unibanco por meio do Itaú Social, “Leia para uma criança”. Em 11 anos de programa foram distribuídos mais de 61 milhões de livros infantis em escolas públicas, bibliotecas comunitárias e organizações sociais, incentivando a leitura desde cedo.

Bruno Marques a rma que o brasileiro lê pouco porque carece de estímulo ou o que ele ganha mal dá para a sua sobrevivência. “A nossa arte pode ser mais profunda. Fazer mais sentido na vida das pessoas. É algo cíclico. Sem incentivo, a maioria dos artistas – isso tem relação com todo tipo de arte e não somente com a literatura – não consegue se dedicar à criação de algo substancial. Se a arte não fomenta uma re exão, não questiona o status quo, estaremos condenados a não evoluir como sociedade”, observa o mestre em Literatura e Direitos Humanos. Na opinião de Ana Paula Pedrosa é essencial medidas para reduzir o preço dos livros e contribuir para formar novos leitores. As pessoas precisam conhecer e apreciar a literatura e isso requer investimento. As pesquisas apontam que o brasileiro lê pouco, porque tem um conjunto de aspectos desfavoráveis e reverter esse processo é um trabalho para muito tempo. Contudo, precisa ser iniciado o quanto antes. “Recentemente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que poderia aumentar os impostos de livros, porque são ‘produtos de elite’, como se fossem supér uos. A partir da constatação de que os livros seriam ‘produtos de elite’, o processo deveria ser o de buscar maneiras para o livro deixar de ser elitizado e, sim, para todos”, diz a jornalista.

Américo Antunes ressalta que o mercado literário brasileiro ainda é muito fechado e para poucos privilegiados. O segmento é restrito e segue dominado por grandes editoras. “Infelizmente, ainda somos reféns de um país com literatura para poucos e elitizada, como a educação”, reforça.

Hila Rodrigues a rma que o mercado literário atravessa não só desa os econômicos, mas também culturais. É preciso políticas que assegurem um preço atraente, capaz de manter o mercado editorial em expansão e estimular o negócio “livro”. É um universo importante para tudo – desde a criação de empregos até o fomento da cultura e a produção de conhecimento. “O leitor tem uma percepção fragmentada de um mundo cada vez mais rápido e assustador. Por outro lado, quando o leitor é abordado de maneira adequada, ele é capaz de se encantar e ser seduzido com boas histórias e imagens”, acrescenta.

RAIO X

Em 2020 foram comercializados 42 milhões de livros Em 2021 foram comercializados 55 milhões de livros

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