Revista Pró-TV 138

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Biografia de Gabus Mendes marca 65 anos da TV pág. 9

Esta é uma publicação gratuita da Pró-TV / Museu da TV Brasileira - www.museudatv.com.br

Setembro 2015 | Nº 138


editorial

Vida Alves

E chegou setembro! E passou agosto! Por que esse título tão esquisito? Por que a citação desses dois meses praticamente sem significado para quase todas as pessoas? Explico: É que a Pró-TV foi inaugurada no dia 21 de agosto.

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Foi num lindo baile no Clube Piratininga, que fica perto da Avenida Angélica, onde se deu publicamente a inauguração da entidade dos pioneiros, que inicialmente recebeu o nome de APITE (Associação dos Pioneiros da Televisão Brasileira). Depois fomos mudando de nome e chegamos à Pró-TV, que foi o que mais gostamos e ficou até hoje e para sempre, penso. Mas falemos da festa, e falemos do baile. O apresentador foi o grande Blota Junior, que eu admirava tanto. Também tínhamos a Lia de Aguiar, a Ana Maria Neumann, o Luiz Gallon, o Walter Ribeiro dos Santos, que era humorista de televisão, meu cunhado, pois casou-se com Poema, minha irmã, e era advogado. E, aliás, foi ele que redigiu o estatuto da APITE e até escolheu o nome. Aceitei. Aceitava tudo que ele fazia e falava, pois o admirava muito. Assim, como aceitei quando, já no palco, escolheramme para presidente. Emocionei-me, claro. Era uma prova de confiança e amizade. A festa foi bela e alegre. E ali começamos a nos organizar cada vez melhor.

Sala Cassiano Gabus Mendes, um dos espaços atuais da Pró-TV

Preenchemos ali mesmo no baile, inúmeras fichas de sócios. Resolvemos que faríamos cobrança apenas trimestrais, pois não queríamos de forma alguma, que só os mais abonados ficassem sócios. A classe artística foi sempre muito diversa. Há os ricos, e os pobres. Há os que têm trabalho fixo e constante e há os que têm trabalho eventual, e às vezes raro. Mas todos têm valor e os queríamos para sócios. Saímos de lá com várias ideias na cabeça e fomos realizando-as aos poucos. Hoje já completamos 20 anos. Bastante, não? Eu assim considero, pois o próprio país passou por várias fases, sendo algumas bem difíceis. Amigos, amigas, este editorial é puro agradecimento. Por aqueles que nos apoiaram naquela noite e nos apoiam até hoje. Só existimos porque temos amigos. E, é claro, temos amor pelo que fazemos. A Pró-TV, nome mais bonito, recebe visitas de estudantes, de senhores, de senhoras, de emissoras de televisão, enfim...visitas constantes. E todos nos elogiam. Será que merecemos? Não sei. Só sei que agradecemos, de todo coração.


acervo 3

Atriz Lia de Aguiar e a poetisa Rosalina Coelho Lisboa na inauguração da TV brasileira (18/09/1950 - TV Tupi)


acontece 4

Elmo Francfort

SET homenageia Vida Alves A SET Sociedade de Engenharia de Televisão, em seu Congresso Anual, preparou uma surpresa para Vida Alves. No dia 27 de agosto, a presidente da PróTV, ao ser homenageada, recebeu um prêmio que continha duplamente seu nome: como agraciada e como nome da honraria: o Prêmio Vida Alves de Televisão . A iniciativa, partiu do Gerente de Operações e Projetos Especiais da Globo, Fernando Gueiros. A pioneira, na ocasião, entregou o prêmio a vários Vida Alves entre os homenageados do Prêmio Vida Alves de Televisão profissionais da área, como Nilton Travesso e Herbert Fiúza. Foi um momento muito especial, que todos os profissionais da área técnica puderam presenciar, no Expo Center Norte, em São Paulo. A volta da Banda Metrô Há bandas que ficam na memória do público. Uma delas é a banda Metrô , grande sucesso dos anos 1980. O conjunto, que em pouco tempo terminou, acabou por marcar toda uma geração. Músicas como Hit Acelerado e Ti Ti Ti (tema de abertura da novela homônima de Cassiano Gabus Mendes, em 1985) ficaram na memória de toda uma juventude. Para alegria dos fãs, em agosto a banda comunicou seu retorno, durante programa Domingo Legal , de Celso Portiolli, no SBT. Agência FAPSP A Pró-TV começou uma importante parceria no mês de agosto com a FAPSP. A faculdade possui uma agência experimental que agora assessora a Pró-TV através de suas redes sociais e ampliação das atividades da associação no campo virtual. O projeto conta com o apoio dos alunos do curso de Publicidade e Propaganda, Rádio, TV e Internet e Jornalismo. A agência também apoiará na cobertura do evento dos 65 anos da TV , no Memorial da América Latina, em 19 de setembro. Bem-vindos, universitários! É sangue novo, como o dos pioneiros da televisão quando criaram esse novo meio em nosso país. A Regra do Jogo Depois do final de Babilônia , A Regra do Jogo chega com todo gás para recuperar a audiência do horário nobre e principalmente da novela das nove, da Globo. De João Emanuel Carneiro, autor do sucesso Avenida Brasil , a trama começou já bem costurada. Tem cheiro de sucesso. Vannucci completa 10 anos no Todo Seu A TV Gazeta está em festa. No início de setembro, José Armando Vanucci comemorou dez anos de parceria com Ronnie Von no programa Todo Seu . Sempre comentando sobre os bastidores da televisão, Vanucci comanda o prestigiado quadro De Olho na TV . Nossos parabéns à dupla de dois , como os telespectadores carinhosamente os chamam.



especial

A televisão brasileira completa 65 anos Foi no dia 18 de setembro de 1950 que a TV Tupi foi ao ar pela primeira vez. Os diretores Dermival Costa Lima, o chefe, e Cassiano Gabus Mendes, o chefinho, organizaram a festa.

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Ela aconteceria em dois horários: às 17 horas, fim de tarde, a parte oficial, isto é, a inauguração propriamente dita, com a p re s e n ç a d e A s s i s C h a t e a u b r i a n d , o Governador do Estado, o Bispo de São Paulo, e demais autoridades. Claro que o estúdio ficou lotado, pois a curiosidade sobre a televisão , coisa tão desconhecida, era imensa. Um dos colaboradores do evento, o colega Élio Tozzi, diz que se houvessem moscas no estúdio , até elas estariam tremendo de nervoso e emoção. Após aquela hora e meia de apresentação, Chateaubriand levou seus amigos e convidados para o Jockey Club de São Paulo, onde lhes ofereceria um jantar. E o estúdio, outra vez vazio, se preparava rapidamente para o programa artístico, que se chamou: TV na Taba , pois Chateaubriand era Dermival Costa Lima e Cassiano Gabus Mendes um trabalhador e um amante dos índios do nos bastidores da TV Tupi Brasil, daí os nomes que deu às suas emissoras, entre as quais: TV Tupi, a primeira. O TV na Taba teve de tudo. É até admirável observar essa programação, pois tudo o que foi feito, era um resumo do que viria a ser a programação da televisão por tantos e tantos anos. Houve uma crônica política, feita por Maurício Loureiro Gama; uma apresentação esportiva, criativa e original, feita por Aurélio Campos, uma pequena cena de teatro, feita por Walter Forster, com a participação de duas atrizes e dois atores; dois ou três números de música, entre os quais, um concerto de piano com o maestro Pugliesi; uma escolinha, com vários comediantes, com direção de Paulo Leblon, que depois foi repetida em todas as emissoras; um canto de Lolita Rodrigues, com música e letra feitas especialmente para a data, e um pequeno grupo infantil de cantores, de Homero Silva, que tinha na Rádio Difusora: o Clube Papai Noel . E foi tudo em ordem. Cassiano Gabus Mendes, no switcher, que, por causa disso, deu-se o nome de diretor de TV , a quem ficava selecionando as imagens. E Cassiano o fazia constantemente, principalmente nos grandes teatros, que aconteciam aos domingos, das 9 à meia-noite, e depois às segunda-feiras. O programa TV na Taba foi até às 11 horas, se não me engano. Depois do que, após telefonar para o big boss Assis Chateaubriand, Cassiano levou a turma a um restaurante na Rua Pamplona, perto da Avenida Paulista. A alegria era geral. Tudo tinha dado certo. E a TV Tupi Latina, fora inaugurada.

a 4ª emissora do mundo, e a 1ª da América

Vitória! Grande vitória! Felicidade! As moscas, se por acaso existiam, também estariam imensamente felizes. V.A.


Por trás das câmeras A história da televisão no Brasil tem por característica a somatória de talentos de milhares de profissionais que fazem essa bonita trajetória nestes quase 65 anos. E não há como não se recordar dos profissionais da parte técnica e operacional, que ao lado dos artistas, dos autores, dos diretores e produtores escreveram, escrevem e escreverão bonitas página da memória televisiva. Walter Tasca é um exemplo perfeito disso. Nascido na capital paulista em 15 de novembro de 1924, descendendo de imigrantes italianos, teve pai pianista e avó cantora de ópera. Sua família criou a Cerâmica Tasca. Em 1950, ano do surgimento da televisão no Brasil, Tasca estava registrando seu pioneirismo desde o princípio. Como técnico, trabalhou nas duas sessões de teste da TV Tupi, a primeira realizada em abril e a segunda em 10 de setembro.

história

Fábio Siqueira

artística do Canal 3, trabalhando diretamente com Cassiano Gabus Mendes, juntamente com Jorge Ribeiro, Elio Tozzi e Luiz Gallon , sendo promovido à direção de TV de várias telenovelas, teleteatros, espetáculos musicais e programas infantis. Walter Tasca se casou com a célebre cantora tupiniana Clélia Simone, também importante pioneira da Televisão Brasileira . Em 1980, após gravar dois históricos depoimentos sobre a história da TV, uma para a TV Cultura (Programa dos 30 anos da TV) e outro para o Museu da Imagem e do Som, colhido por seu grande amigo Julio Gouveia, faleceu em São Paulo, em 20 de maio de 1980. Apenas dois meses antes do fechamento da emissora que tanto amou, que com brilho trabalhou e com a alma se dedicou. Mas sua história e seu legado de bonitos trabalhos, que ajudaram a equipe técnica da Tupi a ganhar dois Troféus Imprensa (1960 e 1962) estão vivos e muito presentes na memória da nossa televisão.

Finalmente no dia da inauguração oficial, Tasca estava lá registrando com as pesadas câmeras da época, o integral show de abertura, o TV na Taba, ao lado de grandes artistas e técnicos das Emissoras Associadas, como Jorge Edo, Élio Tozzi, Nelson de Mattos, Waldemar Lesjac, sob a coordenação técnica do engenheiro Mario Alderighi e direção artística de Cassiano Gabus Mendes. Estava consumado então o importante marco da inauguração da Televisão no Brasil e nos anos seguintes, Tasca passou a participar da equipe técnica de importantes programas na TV Tupi, como Alô Doçura, Clube dos Artistas, Grande Teatro Tupi, Música e Fantasia, Os Grandes Erros Judiciários. No ano de 1953 era um dos assistentes da direção

Os câmeras Walter Tasca e Carlos Alberto durante transmissão de estreia da TV Tupi, em 18 de setembro de 1950

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de olho na arte 8

Diego Nunes

Como tudo começou Francisco de Assis Chateubtiand Bandeira de Melo nasceu na cidade de Umbuzeiro, na Paraíba, em 4 de outubro de 1892. Aos 15 anos já trabalhava como jornalista, no jornal Gazeta do Norte. Também escrevia no Jornal Pequeno e no Diário de Pernambuco. Aos 23 anos já era mestre professor de direito romano e filosofia. Em 1917 mudou-se par ao Rio de Janeiro, para trabalhar com o futuro presidente Epitácio Pessoa, ao mesmo tempo que arrumou um emprego na redação do Correio da Manhã, jornal do qual tornou-se correspondente estrangeiro atuando na Alemanha. Ao retornar ao Brasil, convenceu um empresário a lhe emprestar o dinheiro para comprar seu próprio jornal, de nome O Jornal . Assim, em 1924, Chatô (como era conhecido) adquiria o primeiro veículo de seu conglomerado de mídia, o Diários Associados , que incluía a revista O Cruzeiro (a revista semanal de maior tiragem do Brasil), uma agência de notícias, 36 jornais, 39 emissoras de rádio e 13 emissoras de televisão. A decisão de introduzir a televisão no Brasil nasceu durante uma visita de Assis Chateubriand aos Estados Unidos em 1946. Ao ver o veículo já instalado e em funcionamento, percebeu o poder de comunicação que eles exerciam, e de imediato procurou a RCA para adquirir aparelhos para a criação de duas emissoras de TV, uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro. A própria RCA aconselhou que ele esperasse algum tempo, para que pudessem aperfeiçoar a tecnologia e baratear os elevados custos da empreitada. Em 1947, com apoio de diversos empresários paulistas Chateaubriand enfim depositou a primeira parcela, referente a compra dos equipamentos destinados à São Paulo, e ficou dois anos esperando o envio deles para o Brasil. Ao mesmo tempo, negociou com a General Eletric a compra dos equipamentos para uma emissora no Rio de Janeiro. Em 1949, já se noticiava que ainda naquele ano, o Brasil veria sua própria televisão, mas a inauguração em 49 não foi possível, já que os equipamentos só chegaram ao porto de Santos entre janeiro e março de 1950, e ainda ficaram um tempo retidos devido a burocracia alfandegária. Em 24 de junho de 1950 uma caravana de caminhões subiu a serra, trazendo enfim os equipamentos para a inauguração da PRF3 Tupi, construída no antigo campo onde os funcionários das Rádios Associadas, localizada no Sumaré, costumavam antes jogar peteca nos intervalos das gravações. Em junho São Paulo já tinha uma antena, e começaram as transmissões experimentais. Chateubriand então percebeu que a televisão estava quase pronta, mas não teria público, já que as pessoas não tinham aparelhos de TV. Importou então centenas deles, e as distribuiu em pontos estratégicos e para algumas pessoas influentes. A televisão deixava de ser um sonho para tornar-se realidade. Enfim, em 18 de setembro daquele ano, ela dava seu primeiro passo, e desde então a televisão brasileira nunca parou de caminhar, alcançando uma profissionalização reconhecida internacionalmente. Assis Chateubriand gostava do veículo principalmente por causa do jornalismo, que era sua grande paixão. Além de empresário visionário, era antes de tudo um comunicador que gostava muito de escrever. Em 27 de agosto de 1955 assumiu a cadeira número 37, da Academia Brasileira de Letras, sucedendo o falecido presidente Getúlio Vargas. Na década de 60 um grave problema de saúde limitou sua fala e o colocou em uma cadeira de rodas, mas mesmo assim não parou de trabalhar ativamente até sua morte, em 4 de abril de 1968. Seu corpo foi velado diante de centenas de pessoas no auditório dos Diários Associados, na rua Sete de Abril, até mesmo seus inimigos compareceram ao velório, tamanha a admiração que tinham pela sua mente visionária.


No sábado, 19 de setembro de 2015, a partir das 15h, acontecerá a tarde de autógrafos da obra Gabus Mendes: Grandes Mestres do Rádio e Televisão (Coleção Pró-TV, Editora In House), de minha autoria. Depois teremos a cerimônia e a homenagem a Cassiano Gabus Mendes. Uma figura que merece ser relembrada e se fazer justiça a tudo que criou. Venho aqui convidá-los e contar um pouco sobre o livro. Ele ainda conta com textos especiais (que introduzem as dez partes em que se divide o livro) por Vida Alves. Já o prefácio da obra é do pesquisador Mauro Alencar, doutor em Teledramaturgia pela USP, membro do Emmy e consultor da Globo. A obra conta a história da família Gabus Mendes, de 1906 a 2015. É uma biografia conjunta, que narra a trajetória de Octávio e Cassiano Gabus Mendes, pai e filho. Eles criaram a base do rádio e da televisão de hoje. Octávio revolucionou o rádio e impulsionou o cinema brasileiro, escrevendo roteiros para televisão antes mesmo dela existir no Brasil. Já Cassiano foi o primeiro diretor artístico de TV do hemisfério Sul sendo o único diretor que foi aos Estados Unidos, em 1949, estudar a estética televisiva. Foi o "Mago das Sete" das novelas. Criou histórias como Alô Doçura , TV de Vanguarda , Beto Rockfeller , Anjo Mau , Locomotivas , Ti Ti Ti e Que Rei Sou Eu? . Conheça aqui os bastidores de cada uma delas. Se você trabalha ou assiste televisão, ouve rádio, esse livro é para você. A história dessa família reconta a de muitos personagens da mídia. Nesse livro, através de matérias antigas, depoimentos inéditos e de outros 140 (dados por grandes personalidades do rádio e da televisão à Pró-TV), resgatamos a memória desses verdadeiros mestres do nosso rádio e de nossa televisão. Entre os depoimentos, grandes nomes como José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Boni), Silvio de Abreu, Lia de Aguiar, Benedito Ruy Barbosa, Goulart de Andrade, Maria Adelaide Amaral, Luis Gustavo (também cunhado de Gabus Mendes), Elizabeth Savala, Lima Duarte, Laura Cardoso, Eva Wilma, Tony Ramos, Ana Rosa, Lia de Aguiar, Susana Vieira, Tato Gabus Mendes e Cassio Gabus Mendes (netos de Octávio e filhos de Cassiano), Helenita Sanches (viúva de Gabus Mendes) e um grande elenco estelar. Todos reunidos para contar a história que é de todos que trabalham (em todas as áreas - dos artistas, passando por técnicos e produtores, indo até os mais altos diretores), mas também de todos que assistem televisão, ouvem rádio e prestigiam o cinema. Afinal, como sempre foi para os dois, o espírito de equipe está acima de tudo. São mais de 530 páginas que contam a história dessa família. Será vendido no lançamento a R$ 60,00. Na contracapa da obra, Tato e Cassio Gabus Mendes agradecem a participação de todos os depoentes e falam com carinho do pai. Que a sua dedicação e genialidade na evolução da teledramaturgia, fique para sempre na memória dos amigos, profissionais e telespectadores que com ele conviveram! Saudades! , dizem eles. Aguardo vocês lá!

matéria de capa

Grandes mestres

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CEDOC / TV Globo

Elmo Francfort


nós, da pró-tv

Nelson Gonçalves Jr

A pioneira da TV e da Pró-TV Em um mês tão importante para a TV brasileira como setembro, nada mais justo que essa sessão converse com a pioneira Vida Alves, Presidente da Pró-TV. Vamos às perguntas:

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Qual seu nome completo? Meu nome é Vida Amélia Alves Gasparinetti, nome que ganhei ao casar e que uso ainda hoje, que estou viúva. Onde nasceu? Nasci na pequenina e linda Itanhandu, sul de Minas Gerais. Fale-nos sobre sua família. Como foi sua chegada em São Paulo? Meu pai era carioca, engenheiro e poeta, que ficou tuberculoso e foi para as Mantiqueiras, em Minas, a conselho médico, onde conheceu Amélia, minha mãe, de família de fazendeiros. Ele foi ser diretor do Ginásio de Minas, fez muitas criatividades, mas morreu 8 anos após se casar. Deixou a linda e moderna casinha que tínhamos, e que foi vendida, quando meu pai foi para o Rio, se tratar. Os filhos tinham 7, 6, 4, 2 e 6 meses, o caçula, quando ele morreu. Em São Paulo, fomos morar na casa de minha avó Ritinha Scarpa, também viúva, e seus 13 filhos, ainda solteiros. Só os 2 mais velhos tinham se casado e minha mãe ficara viúva. Verdadeira colônia de pessoas. Casa grande. Gente à beça. E a estreia como atriz? Minha mãe conseguiu um emprego público e nos finais de semana costurava para fora. 3 ou 4 anos depois reuniu sua ninhada e disse: Vocês todos têm que trabalhar, para me ajudar. Sozinha não dou conta. Metade do que ganharem é de vocês e metade é pra ajudar no 'arroz e feijão' . Meu irmão, Homem, disse: Vou ser entregador de avisos . (Na época as contas de luz e água eram entregues por meninos). Minha irmã Helle, a mais velha, conseguiu registro falso e entrou num emprego público. Eu e Poema, que só estava com 6 anos, disse: Vamos na Rádio São Paulo? Eles fazem radionovelas. Eu gosto . E eu: Eu vou junto. Tia Lourdes nos leva. A rádio era 3 quarteirões de nossa casa. Poema tinha cabelos claros e olhos verdes, mas não sabia ler. Tinha só 6 anos. Mas alguém leu o texto para ela, arranjou uma banquetinha e ela foi perfeita. Decorou. A escolheram. Foi contratada. Eu, com quase 10 anos, fui rejeitada. Chorei.... Chorei. Voltei....

Vo l t e i . . . . Vo l t e i . . . . C h o re i . . . . C h o re i . . . . Chorei....Voltei. Até que, enjoados de mim, me deram um papel de menino: Raulzinho, na novela: Vingança do Judeu . E em rádio fiquei, mudei de emissora várias vezes. Me mandavam embora, mas eu não desistia. Queria ser atriz. Achava bom demais. Logo arranjara outra emissora. Como era o trabalho no rádio? Estava com 17 pra 18 anos quando fiz um teste na Rádio Tupi de São Paulo. Ganhei um papel de protagonista na novela. O diretor era Walter Forster. E o dono era o Assis Chateaubriand. E não é que a televisão chegou lá em 1950? Eu estava lá. Então digo brincando: Foi a TV, que foi atrás de mim e não eu atrás da TV . Depois que deixou a TV, quais foram suas atividades? Pensei nunca deixar a TV. Mas em minha vida muita coisa deu errado. Meu marido faleceu, várias emissoras de TV de São Paulo fecharam, outras pegaram fogo.... e meus filhos estavam naquela idade do quero e não quero . Meus colegas, quase todos, foram para a Globo do Rio. Eu não quis ir. Não podia deixar meus 2 filhos sozinhos. Fiz o inacreditável, para mim mesma: Saí da televisão. Chamei minha filha Thais, que havia se formado


Tem vários livros publicados também, não? Tenho 6 livros publicados. Mas 5 são sobre TV e Rádio. Agora lancei o meu primeiro livro de contos: Todas as Marias . Gosto tanto de escrever... Como vê a televisão de hoje, comparada àquela que vocês inauguraram há 65 anos? Acho a televisão hoje tão melhor tecnicamente...

que dá até vontade de rir. Mas acho que nós, os jovens, os meninos na época éramos tão criativos, tão responsáveis... escolhíamos textos tão bons.... Tenho saudade. O que gosta de fazer no tempo livre? Confesso, Nelson: não consigo ter tempo livre . E, se tenho, o que gosto de fazer, além de ler, é brincar com minhas 3 lindas bisnetinhas... Tem algum arrependimento ou algo que falta fazer em sua vida? Arrependimento? Chi! Erros devo ter feito muitos. Mas prefiro isso. Nunca fui perfeita. Mas sei que Deus me perdoará. É o que espero! Você é atriz, apresentadora, roteirista, escritora, palestrante, professora, advogada...mas e para você, quem é Vida Alves? Eu? O que sou? Sei lá! Uma mulher incompleta.... mas feliz! Juro. Sou feliz. E cheia de amigos. Isso não é bom demais?

nós, da pró-tv

em Artes Plásticas e montamos o curso: Vida Alves de Comunicação . Eu fazia a parte da sequência da fala , e ela a parte do controle da emoção . Deu tão certo, que o curso durou 20 anos. E meu coração tão machucado, pela saída da TV, aos poucos foi sarando.... sarando.... Até que uma noite, eu estava em São Paulo, e soube da morte de Cassiano Mendes. Chorei. Sofri. E resolvi, dias depois, e ao lado de amigos, montar a Associação dos Pioneiros . Thais, minha filha, ficou com o curso de comunicação. Modificou-o. E eu fiquei com a Associação, que hoje se chama Pró-TV e que faz 20 anos.

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para ler

Marcela Bezelga

Uma história de qualidade O fim de uma emissora de TV sempre deixa fãs saudosos e com muita história para contar. Com a Rede Manchete não foi diferente. O autor e pesquisador Elmo Francfort traduziu toda sua admiração pela emissora em uma extensa pesquisa de dados e entrevistas com os mais diversos profissionais da rede, que resultaram no livro Rede Manchete: Aconteceu, Virou História .

Nela, a trajetória dos 16 anos que a emissora ficou no ar, de 1983 a 1999, é retratada por Elmo com enorme riqueza de detalhes. No livro o autor demonstra todo o pioneirismo técnico da emissora a partir da adoção de novos parâmetros como as transmissões em som estéreo e a utilização de câmeras robô com gruas. Merece destaque também a proposta em apresentar uma programação diferenciada, segmentada e de qualidade artística indiscutível, que marcou não só a história da emissora, mas também a da televisão brasileira e fez da Manchete referência entre as emissoras de TV no Brasil. P ro g r a m a s c o m o D o c u m e n t o E s p e c i a l , a preocupação em trazer atrações infantis, as novelas Xica da Silva e Pantanal , as séries infanto-juvenis como Os Cavaleiros do Zodíaco e as transmissões dos desfiles carnavalescos, foram marcos televisivos importantes. A Manchete também revelou grandes talentos que brilham até hoje nas telinhas brasileiras como Xuxa e Angélica, além de um grande número de atores e atrizes, diretores, jornalistas, comentaristas esportivos, entre outros. Para escrever o livro, Elmo entrevistou mais de cem profissionais que passaram pela Rede Manchete em São Paulo e no Rio de Janeiro. Nomes como Eliakim Araújo, Leila Cordeiro, Jayme Monjardim, Maurício Sherman, Nelson Hoineff e Fernando Barbosa Lima. A crise financeira que levou a falência a emissora fundada por Adolpho Bloch não ficou de lado nessa trajetória. Todas as edições do livro Rede Manchete Aconteceu, Virou História estão esgotadas nas livrarias, mas você pode consulta-lo na biblioteca da Pró-TV. Agende seu horário de segunda a sexta-feira das 10h às 18h pelo telefone 3872-7743. Rede Manchete: Aconteceu, Virou História foi o primeiro livro escrito por Elmo Francfort, também autor de Av. Paulista, 900: A História da TV Gazeta (Coleção Aplauso, 2010), Televisão em 3 Tempos (Coleção Pró-TV, 2014), além das crônicas No Alto do Sumaré e Fácil e Rápido , publicadas nos livros Eu Amo Minha Cidade (2007) e No Meu Tempo era Assim (2013), respectivamente. No próximo dia 19 de setembro, Elmo lançará seu quarto livro solo, Gabus Mendes: Grandes Mestres do Rádio e Televisão , no Memorial da América Latina. Até então o autor considerava Rede Manchete seu livro mais rico em informação, agora superado pela biografia que homenageia Octávio e Cassiano Gabus Mendes. O evento é aberto ao público e contará com a participação de importantes nomes da história da TV brasileira.

Divulgação

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A obra, disponível na biblioteca da Pró-TV para consulta, foi lançada em 2008 pela editora Imprensa Oficial e faz parte da Coleção Aplauso.


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Arnaldo Antunes Oscar Magrini Luciano Huck Amauri Mascaro Milton Faria Mara Mesquita Tânia Schmidt Toni Garrido Fernanda Abreu Leandra Leal Antônio Carlos Rebesco Nani Venâncio Paulo Betti Wolf Maya Sìlvia Marques Fernandes Geraldo Vandré Malu Mader Orlando Batina Tânia Alves Elvira Gentil Laura Cardoso

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Joana Fomm Plínio Paulo Fernandes Vera Gimenez Ana Maria Neumann Antônio Abujamra Fernanda Torres Andréa Beltrão Annamaria Dias José Dantas Marina Lima Sandra Pêra Eloísa Mafalda Alda Perdigão Bia Seidl Marcelo Rosa Maria Estela Failde Zuza Homem de Melo Carmelita Toledano Manoel Luis Vieira Zezé Polessa Denise M. de Barros

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Yone Pereira Nancy Machado de Oliveira Glória Perez Júlio Costa Alexandra Marzo Claudio Marzo Dan Stulbach Gal Costa Turíbio Ruiz Caco Ciocler Denis Carvalho Fábio Siqueira Miguel Gianini Maria do Rosário Mote Matias Lacerda Patrícia França Aracy da Silva Daniel Filho Paulo Bonfim

aniversariantes

Setembro

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Festa no Memorial Um lindo lugar de São Paulo, é o Memorial da América Latina. Fica perto da Marginal, antes de entrar no bairro de Santana. E teve o dedo e a arte do grande artista brasileiro Oscar Niemeyer. Tudo ali é bonito. Quando a Televisão Brasileira completou 60 anos, realizamos uma festa de grande porte por lá, no Teatro Simón Bolivar, que tem dois auditórios e um palco duplo, metade pra cada lado. Colocamos nos auditórios 1.500 pessoas. E no palco 50 artistas, do mais alto gabarito, como Hebe Camargo, Raul Gil, Inezita Barroso, Rolando Boldrim, inúmeros outros. Estavam também várias autoridades presentes, entre os quais: o governador Alberto Goldman, o prefeito Gilberto Kassab, o Secretário da Cultura Andrea Matarazzo e outros. Todos muito importantes e muito amigos. Mas agora, cinco anos depois, e com muitos trabalhos executados, o teatro ainda está em reforma. E não podemos usá-lo. Mas o Memorial tem vários outros prédios e lugares lindos, para eventos-comemorativos. Escolhemos a Biblioteca Latino-Americana Victor Civita, que é pertinho daquela mão marcante no parque, desenhada por Niemeyer.

Na festa será vendido o livro de Elmo Francfort, que enfoca a vida de Cassiano e seu pai o fabuloso Octávio Gabus Mendes dois gênios do rádio e da televisão brasileira. O atual presidente do Memorial da América Latina é o grande escritor e cineasta João Batista de Andrade, que assina grandes filmes, como: O Homem Que Virou Suco , e muito outros. Preciso deixar registrado aqui que esse homem importante, é meu amigo, muito meu amigo. Ele acaba de lançar o livro de contos: Poeira e Escuridão . Eu fui e ele me escreveu uma dedicatória emocionante, onde repete 4 vezes a palavra: Amiga Vida . Fiquei tão feliz, que até chorei. Ter como amigo João Batista de Andrade, significa: ser feliz! Espero você e João Batista de Andrade na festa do dia 19 de setembro de 2015, às 3 horas da tarde na Biblioteca LatinoAmericana Victor Civita. Combinados? V.A.

É menor, é claro, do que o Teatro Simon Bolivar, mas suficiente para o que precisamos. E aí vai ser nosso evento, que vai ter música, vai ter a presença de muitos artistas, pois faremos o evento em homenagem a Cassiano Gabus Mendes, o grande gênio-menino , que aos 22 anos ficou na direção da TV TUPI, e a tocou para a frente, com total capacidade. Marcelo Tas e Hebe Camargo durante a festa de 60 anos da TV, no Memorial da América Latina (2010)


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Expediente Direção: Vida Alves | Design: Nelson Gonçalves Junior | Redação: Vida Alves, Elmo Francfort, Élida Alves, Fábio Siqueira, Nelson Gonçalves Junior, Diego Nunes, Marcela Bezelga, Marcos Zago e Êgon Bonfim. Fotos: Francisco Rosa e Acervo Pró-TV | Secretaria: Lú Bandeira Tel: (11) 3872.7743 | Site: www.museudatv.com.br | Twitter: @museudatv E-mail: protv.museudatv@gmail.com | Facebook: www.facebook.com/museudatelevisao.protv Expediente: Segunda a sexta - 10h/18h | Venha nos visitar. Agende sua visita!

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