Ragga #49 - Humor

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REVISTA

HUMOR RAFINHA BASTOS

#49 , MAIO , 11 , ANO 6

NÃO TEM PREÇO

Fala sério sobre Twitter, política, religião e música melosa

Na cola Um dia com os Doutores da Alegria. E outro, com Tiririca TEM GRAÇA? SELEÇÃO DE CHARGES QUE REFORÇAM PRECONCEITOS

E mais: .Coachella 2011

.Downhill de bike, na Patagônia .On the road em Águas de São Pedro








EDITORIAL

Hahaha hahaha haha haha!

Se você estiver andando na rua e tropeçar, porque não amarrou bem o seu tênis, tem duas opções: ficar puto e achar que a vida é uma droga ou dar risada da situação, amarrar seu cadarço exatamente como sua mãe lhe ensinou e seguir dando seus passos. Se sua TV saiu do ar minutos antes daquele programa tão esperado, há duas opções: ficar puto e achar que a vida é uma droga ou dar risada, assistir na casa da namorada (o), amiga (o), ou fazer qualquer outra coisa que lhe faça bem. Se você vir uma criança deitada em um leito de hospital por algum motivo grave, tem duas opções: ficar puto e achar que a vida é uma droga ou dar risada, tentando fazer com que ela faça o mesmo. Seja lá quem foi que desenvolveu essa máquina fantástica que é o corpo humano, foi alguém tão rico nos detalhes que criou uma coisa chamada sentimentos. Somos capazes de sentir e, melhor ainda, de escolher o que sentir. Ninguém além de você mesmo pode escolher ser bem ou mal-humorado, rir ou se aborrecer de uma mesma situação. O humor é, certamente, uma das melhores armas para enfrentarmos as mais diferentes e, muitas vezes, difíceis situações que a vida nos impõe. Por meio dele, somos capazes de protestar, conquistar, criticar, cativar e até de curar. Nesta edição, separamos alguns exemplos que ilustram diferentes formas de disparar esse gatilho. A começar pelo nosso Perfil e capa da edição, Rafinha Bastos, que com um humor ácido e com tom de crítica e protesto, conquistou milhares de seguidores, inclusive, sendo considerado o homem mais influente do mundo no Twitter. Outros que sabem muito bem o que fazer com essa arma na mão são os doutores da alegria que, com um nariz de palhaço e muito amor no coração, levam aos hospitais, de forma gratuita, uma alegria tão contagiante que é capaz de fazer crianças doentes chorarem de rir. Mas também existe a piada sem graça, como mostra a matéria Humor mau, que compila uma série de charges que propagaram o ódio e o preconceito em diferentes épocas e países, como na Alemanha Nazista ou no Brasil contemporâneo. Pelo que deu para perceber, dedicamos esta edição ao humor, ou melhor, ao bom humor, e esperamos que durante sua leitura, você também deixe escapar alguns sorrisos. Lucas Fonda — Diretor Geral lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br

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Morro abaixo

Na Patagônia, downhill de bike

26

California'n roll Carros, rock e outras viagens no Coachella

40

Brasília circus Um dia com o deputado Tiririca

48

De jaleco

Nosso repórter e os Doutores da Alegria

64

Piada errada

O humor reforça preconceitos?

77

Sem brincadeira

Rafinha Bastos fala sobre assuntos sérios — e outros nem tantor


BÚSSOLA

já é de casa DESTRINCHANDO 12

ESTILO , CASSIUS SILVA 44 QUEM É RAGGA

46

RAGGA GIRL , RAFAELA ALESSANDRA ROCHA 54 EU QUERO! , RIR 60

ON THE ROAD , ÁGUAS DE SÃO PEDRO (SP) 68 AUMENTA O SOM 72

ANA SLIKA

CULTURA POP INTERATIVA 73


STOCK.XCHNG

CAIXA DE ENTRADA < Cartas >

< Expediente >

Edição cidades Tiago Lucas @tiagolucass // via Twitter Na Ragga, tem uma excelente reportagem do metrô de BH. Quero esse projeto aprovado. migre.me/4mGFO @pbhonline @revistaragga

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Felipe Pedrosa @fs_pedrosa // via Twitter Curti a @revistaragga deste mês “de capa”. Matéria show sobre o edifício JK, frase do Chico Science na lateral da revista e outras coisas. Carolina Borges @carolamborges // via Twitter @revistaragga Desenterraram! O Fofão dava medo! Em boa companhia Daniel @danielp45 // via Twitter Nó, fiquei hoje umas 2 horas na fila do médico, ainda bem que tinha uma @revistaragga pra passar meu tempo!!!

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Momento cartoon

ANA SLIKA

SAB RINA AB REU

Após ver cachorros usando coleiras de linguiça em tantos desenhos animados de nossa infância, a grande chance de reproduzir a cena surgiu com esta edição dedicada ao humor e a ideia do ensaio “Com graça”. Ou, teria vindo, se o golden retriever Iamandu tivesse topado.

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ARTIGO

Guitar Hero original por Lucas Machado ilustração Anne Pattrice

"É uma pena imaginar que muitos jovens músicos que estão começando a aparecer não conhecem ou se esqueceram dos seus fundamentos: o blues é a base do jazz, depois disso vem o velho e bom rock ‘n’ roll." Do livro História social do jazz, de Eric Hobsbawm

Para os músicos, amantes e admiradores de uma boa música, essa é uma história conhecida e que marcou as gerações de 1950 para cá e irá, sem sombra de dúvidas, deixar sua influência para todo o sempre. Quem nunca tocou uma guitarra imaginária ou deu uma de rock star doidão cantarolando suas músicas prediletas tomando banho pode se considerar um ser intergaláctico. As guitarras elétricas surgiram na década de 1930. A empresa Rickenbacker começou a fabricar as primeiras em 1931, e o instrumento se popularizou mesmo após a Segunda Guerra Mundial, nos anos 1950, período em que ganhou enorme espaço no mundo da música com a popularização do rock ‘n’ roll. E foi naqueles tempos que surgiu uma tal de Les Paul, tradicional modelo de guitarra da Gibson. Mas quem foi Les Paul? Lester William Polsfuss nasceu em Waukesha, no estado americano de Wisconsin, em junho de 1915. Já na infância, mostrou aptidão para invenções e começou a mexer com aparelhos elétricos na tentativa de descobrir o que os fazia funcionar. A partir dos 13 anos, já era guitarrista de música country e começou a tocar em bares. Aos 17, deixou a escola para se juntar a uma banda. Nas décadas de 1930 e 1940, tocou com o bandleader Ferd Waring e vários outros cantores das “big bands”, incluindo Bing Crosby, Frank Sinatra e as Andrew Sisters, assim como também com o seu próprio Les Paul Trio, tornando-se um conhecido guitarrista de jazz. Com Mary Ford, sua mulher entre 1949 e 1962, ganhou 36 discos de ouro e colocou 11 sucessos no primeiro lugar das paradas, entre eles Vaya con Dios, How high the moon, Nola e Lover. Muitas das canções usavam técnicas de gravação que ele ajudou a desenvolver, como o “overdub”,

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que consistia em acrescentar novos sons a uma gravação já realizada. Em 1941, como funcionário da Gibson, Paul criou uma das primeiras guitarras elétricas de corpo sólido, mas levou quase dez anos para aperfeiçoá-la. Foi em 1952 que a Gibson resolveu assinar o modelo Les Paul, sua obra-prima, que revolucionaria a história da guitarra e da música. Lançada em 1952, a Les Paul Goldtop se tornou uma sensação e ainda influencia a música, especialmente o rock. Sua principal característica é a capacidade de sustentar as notas por longo tempo. Paul, também responsável pela introdução dos captadores do tipo Humbucker, foi o criador da gravação multicanal, inovaLançada em ção que permitiu que artistas 1952, a Les gravassem diferentes instruPaul Goldtop mentos separadamente, cantassem as harmonias com as grase tornou uma vações e depois equalizassem sensação e as diferentes gravações em uma faixa final. ainda influencia E não é de se estranhar que a música, as guitarras Les Paul foram, e especialmente ainda são, as preferidas de ícones como Jimmy Page, ex-Led o rock Zeppelin, que a partir de 1970 passou a tocar com aquela que seria sua marca registrada, um modelo ano 1958. O falecido Duane Allman, do The Allman Brothers Band, Ace Frehley, do Kiss, e Steve Howe, do Yes, também estão entre os apreciadores da mítica guitarra. Sobre Les Paul, The Edge, guitarrista do U2, disse: “Seu legado como músico e inventor viverá e sua influência sobre o rock ‘n’ roll nunca será esquecida”. Para o guitarrista Joe Satriani, Paul foi “o 'guitar hero' original e a mais gentil das almas”. Slash, ex-Guns N'Roses, afirmou que Paul era seu amigo, mentor e “um dos seres humanos mais estelares que já conheci”. Les Paul é a única pessoa a ter sido incluída nos Halls da Fama do Grammy, do Rock, dos Inventores dos EUA e dos Artistas de TV dos Estados Unidos. Ele morreu em 2009, aos 94 anos, deixando sua contribuição para a música e o rock ‘n’ roll.

manifestações: articulista.mg@diariosassociados.com.br | Twitter: @lucasmachado1 | Comunidade do Orkut: Destrinchando

J.C.


/quiksilverbr

quiksilver.com.br/tech


COLABORADORES Bruno Faleiro é jornalista, baixista do Câmera, editor-chefe da Revista do Cruzeiro, autor do blog Faleirolândia, goleiro aposentado, aluno de Hunter Thompson, e, acima de tudo, viciado em música. Nesta edição, ao lado de Marina Toledo, assina o texto e as fotos sobre o Coachella 2011. cameracamera.net // twitter.com/faleirofaleiro

FOTOS: arquivo pessoal

Jornalista por formação e produtora de vídeos por opção, Marina Toledo, desde criança, gosta mesmo é de inventar moda. Estudou produção de moda na Central Saint Martins, em Londres, e também já morou no deserto norte-americano. Além disso, gosta de viajar e curte cinema, música e cultura pop. ninatoledo.tumblr.com // twitter.com/ninatoledo

Flamenguista de coração e amante de Brasília, cidade onde nasceu e vive até hoje, Leandro Kleber é repórter de política do Correio Braziliense. Acompanha o dia a dia da presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto há pouco mais de dois meses e se diverte com algumas histórias contadas pelas assessorias de imprensa na capital federal. Para a Ragga, seguiu, por um dia, o deputado Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido como Tiririca. leandro_kleber@hotmail.com Marcelo Naddeo fotógrafo, paulistano, 36 anos, formado em design, foi morar em Barcelona e logo se viu em um novo mundo, paralelo ao de sua formação, o da fotografia. Hoje em dia no Brasil, colabora principalmente com retratos para diversas revistas como TRIP, TPM, VIP, Playboy, Gol, entre outras. marcelonaddeo.com

< Para curtir >

divulgação

REPRODUÇÃO DA INTERNET

A Ragga patrocina, em maio, dois dos shows mais esperados do ano. Dia 19, o Sublime with Rome se apresenta no Chevrolet Hall. Será a primeira vez da banda californiana — formada por Eric Wilson e Bud Gaugh, remanescentes da formação original, e por Rome Ramirez, vocalista e guitarrista — em Belo Horizonte. Dia 24, Jack Jonhson promete lotar o Mineirinho. Quem curte a página da Ragga no Facebook concorre a ingressos para os dois shows.


ILUSTRADOR CONVIDADO

Quinho

[quinhoilustrador.blogspot.com]

Sou natural de Manhuaçu, Minas Gerais. Autodidata no desenho e hoje ilustrador e chargista do jornal Estado de Minas, onde trabalho há 17 anos, procuro variar de estilos e técnicas ao desenhar, pois sou muito inquieto e não me sinto bem ficando numa coisa o tempo todo. Nunca busquei um estilo ou personalização. Não me importaria se as pessoas não reconhecessem uma ilustração minha pelo traço, quero apenas que conheçam minha arte e a entendam. Gosto de misturar e experimentar técnicas. Nada mais prazeroso para mim do que um bom lápis. Um pedaço de papel e um grafite já são suficientes para se produzir um belo trabalho. Aliás, há trabalhos que ficam melhores no esboço a lápis do que finalizados. Tudo o que quero é evoluir, olhar para o que fiz no passado e sentir que houve um passo a frente, que não parei no tempo.

Quer rabiscar a Ragga? Mande seu portfólio para annepattrice.mg@diariosassociados.com.br

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COLUNA REFLEXÕES REFLEXIVAS DO TWITTER

Como o Bono é fofo

e outros causos...

RENATO STOCKLER

“É expressamente proibido conversar, sorrir ou ser simpático antes das 13h.” Lei qUE inventei nº 195/9. < RAFINHA BASTOS >

é jornalista, ator de comédia stand-up e apresentador do programa CQC (Custe o Que Custar)

Chorar emagrece. Já viu emo gordo?

O que é pior ouvir: “senhor, desculpe... sua família está morta” ou “senhor, desculpe... caiu o sistema”? Dizem que deitar no chão faz bem p/ as costas. Se é verdade eu ñ sei, mas nunca vi mendigo andando curvado. Se vagina fosse de pedra viciava mais DO que o crack.

Tudo feito em 3 min fica ruim: macarrão, maquiagem e orgasmo.

Bolsonaro investe na educação c/ a criação de 3 creches: O Nazistinha Feliz, Alegre Ditadurinha e Palhacinho Ariano. Toda pessoa que se intitula “baladeira” na bio do twitter merece um ferrorama no ânus.

Existem mil tipos de desodorantes. A ciência perde tempo d+ c/ o sovaco do ser humano

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fale com ele: rafinhabastos.mg@diariosassociados.com.br

O Bono Vox acabou de passar minha roupa e lavar as minhas janelas. Obg, Bono, vc é mto bonzinho. Toda vez que vejo alguém correndo na esteira, penso: "Pena... podia estar indo tããão longe". O pedinte que acusa fome ñ desconfia que perde um pouco da credibilidade c/ uma garrafa de cachaça na mão?

Tô tão preocupado c/ as obras da Copa quanto com a extinção do tatu bolinha do Congo.

Atenção: Qdo estiver na praça de alimentação do shopping, pode tirar o crachá da empresa. Obrigado. Eu estava trocando de roupa e, do nada, apareceu o Bono Vox e me fez um boquete. Obg, Bono. #BonoFofo


JAY ALVES

SALT

FS NOSEBLUNT TRANSFER / FOTOS: ALEX BRANDテグ


COLUNA

ELISA MENDES

PROVADOR

< CRIS GUERRA >

40 anos, é redatora publicitária, ex-consumidora compulsiva, ex-viúva, mãe (parafrancisco. blogspot.com) e modelo do seu próprio blogue de moda (hojevouassim. blogspot.com)

Vaidade, vocação Costumo dizer que cada pessoa tem direito a, no mínimo, duas profissões por vida, já que uma só é o suficiente para nos fazer infeliz, salvo congratuláveis exceções. Ao migrar da publicidade para a moda no último ano, não necessariamente deixando de trabalhar com comunicação, levei comigo a persistência, um senso estético que se aperfeiçoou com a profissão e muitos bons amigos. Trago também diversos conhecimentos não conectados e uma certa intimidade com as palavras. Deixei um ou outro inimigo velado, a desagradável pressão de criar a cada dia algo supostamente brilhante e alguns fatos que prefiro esquecer, embora as lembranças os superem com folga. Não trago a ilusão de que agora é mais fácil, que a moda é melhor ou mais glamourosa, nem de que meus colegas de agora sejam menos egocêntricos. Cada labor tem sua vaidade, ou faria pouco sentido trabalhar. É o reconhecimento, antes do dinheiro, o que nos acena lá na frente para que faça sentido bem cedo madrugar — e isso aprendi com um publicitário que prefiro esquecer, deixando-o para trás, sem abrir mão do ensinamento. Na publicidade, disputa-se inteligência. Na

Cada labor tem sua vaidade, ou faria pouco sentido trabalhar

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fale com ela: crisguerra.mg@diariosassociados.com.br

moda, a guerra é pela imagem. Vaidades igualmente cruéis, ambas difíceis de suportar no outro, mesmo que a carreguemos em nós. Desconfio que a vaidade estética seja mais ingênua. Na publicidade, a disputa é sem trégua. Quem faz a piada mais inteligente. Quem pensa o que ninguém havia pensado. Quem sabe de uma notícia em primeira mão. Quem ganha mais prêmios. Quem faz o anúncio mais enigmático. Quem consegue entender aquele anúncio enigmático, criado para que os colegas vejam e não para que o público compreenda. Na moda, a vaidade é dos relacionamentos. Das marcas ostentadas no corpo. Das matérias que falam da sua marca. Das críticas positivas ao seu trabalho. Ambas as profissões se gabam de propostas recebidas, olhares do estrangeiro e capas de revistas. Mas o dinheiro corre mais rico na propaganda, já que na moda a ostentação nem sempre coincide com o tamanho da verba. Nas vitrines ou na agência, nas passarelas ou no palco, publicitário e fashionista são crianças que cresceram, mas continuam de olho no espelho, embora tentem disfarçar às vezes. Criança é caprichosa e egoísta. Adulto finge não ser. E nessa fogueira repleta, colocaria também os médicos, com sua desconfiança de serem deuses, e os advogados como os resolvedores de problemas do mundo. Ingenuidade pensar que cada profissão não contenha a sua. Somos todos, impiedosamente, grandes seres e pequenas almas em busca de um pouco de atenção.



ESPORTE ,downhill de bike

Bariloche A cidade ao Sul da Argentina, muito além do esqui texto e fotos Bruno Senna

A maioria dos brasileiros vai para Bariloche no inverno. Não é à toa que nessa época a cidade muda seu nome para “Brasiloche”. Mas o que poucos sabem é que o vilarejo montanhês à beira do lago Nahuel Huapi oferece muitas opções para quem curte se aventurar por lá, seja com trekking, caiaque, downhill de bike, trilha de bike, visita a um glacial, escalada em paredões ou simplesmente degustar os chocolates artesanais fabricados na região.

,Frey

Quer viver um pouco do estilo de vida da escalada de paredões sem nem saber o que é um mosquetão? O refúgio de montanhas do Frey tem uma magia peculiar que só quem já pisou lá sabe explicar. Um trekking de três horas margeando a montanha da estação de esqui Cerro Catedral, através de florestas, bosques e pontes tenebrosas, te leva a um local isolado, cercado de picos de montanhas e sem energia elétrica. Bem-vindo ao Frey. Escaladores do mundo inteiro e curiosos

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sem neve de plantão assistem ao pôr do sol à beira do lago tomando o bom e velho mate. À noite, o jantar à luz de velas é simplesmente digno de um chef. Após passar horas congelantes admirando as estrelas, vou tentar dormir no quarto comunitário com os outros 30 turistas que resolveram pernoitar no Frey, quando viajo o conforto vai para o fim da lista de prioridades. ,Downhill 4fun

No verão, os esquis acumulam teias de aranha, mas isso não é motivo para desespero, os lifts continuam funcionando e a diversão ainda é garantida. A estação de esqui Cerro Catedral se transforma num paraíso para os downhillers de bike. Lá é a base de treinamento da maior equipe da Argentina: o Team Zenith. Confesso que minha relação com o esporte

sempre foi uma mistura de fascinação com medo — traduzindo: pura pagação de pau mesmo. Tantas histórias de ossos quebrados, cicatrizes e capotes inimagináveis. Mas como toda fascinação, chega um dia em que admirar não é mais suficiente. Demorei uns dois dias entre consulta de opiniões de nativos locais e acumulação de cojones para ir me aventurar nas diversas trilhas de Cerro Catedral. A grande surpresa foi a organização do esquema. Existem duas empresas que alugam equipamentos na base da estação, uma delas é a do Team Zenith, onde fui pela qualidade das bikes. Alguns minutos depois, já me sentia como um X-Men, com colete de proteção, joelheira, cotoveleira e capacete de cross. Bike ajustada, termos de responsabilidade assinados — basicamente isentando a

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O cair da noite no Frey e, ao lado, o lifestyle roots no abrigo da montanha

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As trilhas de bike de Cerro Catedral começam com uma inofensiva subida de lift e terminam com um capote cinematográfico

loja e a estação de qualquer besteira que eu pudesse vir a fazer — e lá estava eu pronto para acelerar, ou melhor, frear descida abaixo. Recebi um mapa com todas as trilhas e um número de telefone para ligar para o resgate caso algo acontecesse. O frio na barriga na subida com o lift e a bike pendurada na cabeça é indescritível. As trilhas são divididas em graus de dificuldade: azul significa um trajeto quase plano, vermelho é “muita diversão e uns bons tombos” e o preto pode ser perigoso demais: too young to die. Na primeira descida, percebi que as trilhas azuis quase não tinham graça, mas foi bom para acostumar com o tanque de guerra, digo, a bike de downhill. A bichinha tem uma estabilidade tão incrível que passei por alguns trechos cabulosos de cascalho que antes achava impossível. A diversão é tanta, que esqueci de comer o dia inteiro, ficando à base de água e endorfina. É claro que, como um bom newbie — palavra inglesa para novato —, não poderiam faltar as belas e cinematográficas quedas. Se alguém estivesse filmando, com certeza você me veria nas cassetadas do Faustão. Foram três no total, uma delas numa moita de espinhos. Em outra consegui, não sei como, enfiar o pé esquerdo no meio da suspensão. E a mais bela de todas me deixou com uma cicatriz que faz todas as menininhas soltarem um “uau” quando olham para minha perna. O saldo da viagem foi que tentei comprar a bike e levá-la para casa, pensando se valia a pena deixar todas as minhas coisas para embarcá-la dentro do limite de 20kg de volta para casa.

Organizados: luvas nas mãos, a lixeira é vasculhada e o que não serve é depositado de volta

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ESPORTE ,wake

CONTAGEM REGRESSIVA Maiores rides do planeta aterrissam em Nova Lima para a etapa brasileira do Mundial de Wake foto Carlos Hauck

A Ragga realizará, pelo terceiro ano consecutivo, a etapa brasileira do Mundial de Wakeboard, considerada pelos próprios atletas como a melhor do circuito. No próximo fim de semana, no Clube Serra da Moeda, o público poderá conferir as manobras perfeitas dos melhores riders do planeta, como o australiano Harley Clifford, campeão da etapa no México, além de curtir as festas que rolam. A novidade estará na qualidade da estrutura do campeonato. As lanchas da marca americana Moomba passam a ser os barcos oficiais do evento e um novo corrimão da raia, de nível internacional, promete intensificar o grau de dificuldade — e emoção — das passadas.

< Se liga > Nos dias 28 e 29 deste mês, rola a 1ª etapa do Circuito Mineiro de Wake, no Condomínio Hotel Lago do Sol, em Itaúna.


Show de abertura: G. Love - 20h

24 MAIO

21h MINEIRINHO

INFORMAÇÕES: (31)

PROMOÇÃO:

APOIO:

2535-3818 REALIZAÇÃO:

PRODUÇÃO:


CULTURA

O fantástico delírio

no deserto


Texto e fotos Bruno Faleiro e Marina Toledo

Mike Blake / Reuters

Em 2011, o festival Coachella, na Califórnia, manteve a tradição de manter milhares de pessoas fora de órbita, em prol da boa música

Não é fácil chegar ao Coachella. Seja pela distância entre Belo Horizonte e Indio, na Califórnia, que envolve uma viagem da capital mineira a Los Angeles e, depois, algumas horas de estrada até a cidade no meio do deserto, onde rola o festival; seja pelo alto custo da empreitada — só o valor do ingresso ultrapassa a marca de 500 reais — ou outros empecilhos, como a pouca sinalização e indicação externa do local do evento, os grandes engarrafamentos até a entrada da cidade e a praticamente nula informação por parte da equipe que trabalha para o Coachella. No entanto, uma vez dentro do festival, todos os problemas são esquecidos, pois o que se vive durante os dias de confinamento na paisagem paradisíaca de Indio é um completo exercício de imersão no universo da música e aprendizado de convivência em sociedade. A festa já começa na saída da cidade dos astros de Hollywood. Nos supermercados, itens como barracas, colchões infláveis, coolers, água e cerveja já estão totalmente desfalcados. Ao pegar a movimentadíssima Freeway 10, um dia antes dos shows, é inevitável não ser ultrapassado pelos Carpoolchellas, espécie de vans totalmente pintadas com mensagens bem-humoradas referentes ao evento. Chegando em Indio, os engarrafamentos descomunais se tornam os primeiros pontos de socialização. Nesse momento, é possível notar que o Coachella funciona como uma espécie de carnaval para os moradores locais e adeptos da boa música. Ao final de cada edição, começa-se uma contagem regressiva para a seguinte. “Esse foi meu segundo Coachella. No ano passado, fiquei maravilhada com tudo o que vivi. Então, esse intervalo de 12 meses foi de muita ansiedade. Como já era esperado, o festival foi tão mágico como o último. Em 2012, certamente estarei aqui e tomara que o Radiohead também”, planeja Megan Goldberg, estudante de 21 anos, moradora de Las Vegas.

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Muito desse grande sucesso, alcançado ao longo de 12 edições, ocorre devido à dualidade existente entre o indie e o pop. Em tempos de iPod, quando uma banda outrora underground, como o Arcade Fire, vence um Grammy de melhor disco e divide o posto de atração principal do evento com o megastar Kanye West, que, por sua vez, conta com o apoio de grandes nomes do indie em sua música, como Justin Vernon (Bon Iver, GAYNGS, Volcano Choir), volta-se à tona a questão do ovo e a galinha: o Coachella alcançou esse tamanho porque se tornou mais pop ou ficou mais pop porque alcançou tamanha visibilidade? Teorias à parte, o festival mostra que amadureceu de acordo com seu tamanho e, hoje, pode atender a vários públicos. Seja aquele que quer assistir aos novos nomes da música independente nos palcos Gobi e Mojave, como os incríveis shows protagonizados por Foals e Brandt Bauer Frick, aquele que quer dançar nas tendas eletrônicas, ao som do bombadíssimo “dubstep” — muito presente no Coachella 2011 —, sem se esquecer dos mais interessados nas bandas de renome, como, além dos já citados Arcade Fire e Kanye West, Damian Marley e os Strokes, que voltaram ao line-up do Coachella depois de noves anos, com o costumeiro bom show e um Julian Casablancas mais chapado do que o normal.

O que se viu foi um clima cordial, tanto nos shows, quanto nos acampamentos ou nas paradas para alimentação, que aconteciam em 56 restaurantes

No entanto, mesmo que nenhuma das atrações fosse relevante, a experiência de passar cinco dias (o mais indicado é chegar uma noite antes e sair uma depois) no Coachella já seria mágica. Como esse não é o caso, pois o que rolou foi um desfile da melhor música produzida no mundo atualmente, os poucos instantes de realidade se perdem entre os grandes momentos de magia, responsáveis para que o evento tenha o teor de inesquecível para cada um dos presentes e que várias músicas entoadas naqueles três dias nunca mais fossem ouvidas da mesma forma. ,Aguçando o hippie interior

Ficar acampado vários dias no deserto desperta o seu lado mais hippie, por mais que este possa estar totalmente adormecido. A grande lição é a convivência harmoniosa com o ambiente e com as pessoas. Durante todo o tempo, não foi visto nenhum princípio de tumulto e agressão ou atitudes que pudessem estragar o visual paradisíaco do festival. Muito pelo contrário. O que se viu foi um clima cordial, tanto nos shows, quanto nos acampamentos ou nas paradas para alimentação, que aconteciam em 56 restaurantes, os quais variavam entre a alimentação vegan e o tradicional hambúrguer americano, passando até mesmo pela culinária tailandesa. A bandeira da sustentabilidade, tão levantada em outros festivais, até mesmo em terras tupiniquins, no Coachella é elevada à potência máxima. Todo o lixo é separado por coleta seletiva e uma prática bem peculiar é executada à exaustão: a cada 10 garrafas de água vazias recolhidas, tem-se o direito de retirar uma cheia. Até ai, tudo bem, pois realmente há a necessidade de se hidratar constantemente no deserto, com temperaturas acima dos 40˚C. O que causa a peculiaridade é o fato de que, em uma novidade para essa edição do festival, desde que você tivesse um recipiente, era possível pegar água sem custos nos pontos de hidratação. “O grande atrativo do Coachella, sem dúvida, é a música. Mas, quando se está aqui, você percebe que não é só isso. São as pessoas, o lugar e, principalmente, a energia, os responsáveis para que esses poucos dias compensem todos os outros ordinários que temos no ano”, define Shaun Levine, de 28, que dirigiu mais de 2.400 quilômetros para chegar ao festival e, em 2012, fará o mesmo trajeto com um sorriso estampado no rosto.

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frazer harrison / getty images

Charley Gallay / getty images

Uma das quatro atrações brasileiras no festival, o CSS fez um show quente, com direito a stage diving da vocalista Lovefoxxx. Tarefa quase impossível no Brasil, assistir a um show na grade só depende de alguns “com licença”


O conhecido céu rosa do Coachella apareceu no último dia, ao som do The National. Nem o gigantesco engarrafamento na entrada freia o ânimo dos foliões da boa música

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mike blake / reuters

Diferentemente de brigas e confusões, é fácil se deparar com cenas de afeto no festival

Prepare-se para 2012... Dicas para quem pretende ir ao Coachella

O Coachella é uma aventura que precisa ser pensada e planejada com antecedência. Aí vão algumas dicas para os que pretendem sair da América do Sul rumo ao festival no deserto californiano. Antes de ir, confira seu passaporte e visto. O melhor trajeto é via Los Angeles, que fica cerca de 200km de Indio. O seguro-saúde também é importante. Ingressos custam 281 dólares (com impostos) e acabam antes do line-up ser divulgado. Este ano, os bilhetes esgotaram em tempo recorde: 124 horas. Há a opção layaway, que permite o parcelamento em duas vezes ou mais. Há dois tipos de acampamento: o Car Camping, no qual você compra um espaço para o carro e a barraca, e o Tent Camping, acampamento comum. Caso decida não ficar acampado, a diária mais barata de um hotel na região custa mais ou menos 100 dólares.

Após passar o filtro solar com fator altíssimo, uma boa é encarar os mais de 45°C do Coachella deitado na grama

,O que levar

mike blake / reuters

Presentes na primeira edição, em 1999, com o At The Drive-In, Omar Rodriguez Lopez e Cedric Bixler foram responsáveis pelo primeiro momento de êxtase do festival

Liderados por um alterado Julian Casablancas, o Strokes voltou ao Coachella para apresentar as músicas de Angles, disco lançado recentemente

Se sua opção for acampar, alguns itens são essenciais, como barraca, colchão inflável, lençol e cobertor (de dia faz muito calor, mas na madrugada a temperatura pode chegar a menos de 10˚C). Uma boa dica é ter um cooler, pois dentro do camping é fácil comprar gelo. Sempre tenha muita água, comida e filtro solar com fator de proteção altíssimo. Não faça como Joey Hudson e sua namorada, que dirigiram por mais de 20 horas de Oklahoma City e tiveram que ir embora na manhã do último dia de festival, devido às inúmeras bolhas causadas por queimaduras de sol. Calcule um gasto diário de 25 dólares em alimentação. Tenha sempre uma garrafa para encher nos diversos pontos de hidratação espalhados pelo local. ,On the road

A melhor opção é alugar um carro com GPS (não é luxo, mas necessidade). Provavelmente, seu ingresso não será entregue no Brasil, mesmo que você pague por isso. Nesse caso, será preciso buscá-lo em um local que não é próximo ao festival. De carro, tudo fica mais fácil. No mais, se arrisque pelo deserto em prol da boa música. Mesmo com todo o trabalho, será fácil perceber que valeu a pena.


5 Anos

Programação Especial: Entrevistas com Rickson Gracie, Oskar Metsavaht, Alejo Muniz, José Padilha e Emicida. Filmes: Fabio Fabuloso e Surf Adventures. Cobertura Especial do WT Rio.

24hs na sua TV por assinatura


NOITE ADENTRO

Inspirada em casas noturnas badaladas de cidades do Brasil e do exterior e instalada em um dos melhores pontos da Zona Sul de Belo Horizonte, a Marriah reúne dois conceitos marcantes: música e gastronomia japonesa — o que cria na casa um dining club, famoso mix de bar, lounge e restaurante, sem perder a atmosfera de balada. A casa, que tem estacionamento coberto com manobrista e é uma excelente opção de diversão e entretenimento, possibilita ao cliente desfrutar de um ambiente extremamente agradável desde o início da noite, sem a necessidade de mudar de local para se divertir e acelerar o ritmo da balada. fotos Carlos Hauck


DJ RESIDENTE

Há oito anos, Alex Serra se destaca à frente das pick ups, contagiando as pistas das principais baladas de cidades como Uberlândia, Campinas, São Paulo, Vitória, Curitiba, Ribeirão Preto e Belo Horizonte. Tendo Fatboy Slim , Armin van Buuren e Marky Mark como influências, o DJ baliza seu estilo na house music e suas vertentes inspirando-se, também, na energia trazida pela pista.

Alex Serra

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HUMOR

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CARLOS HAUCK

Com graça Colocar mais graça no dia a dia pode tanto ter a ver com o que é engraçado quanto com o que é gracioso. De balões coloridos à piadas prontas, os fotógrafos Ana Slika e Carlos Hauck percorreram Belo Horizonte, fazendo pequenas intervenções em alguns dos pontos mais conhecidos da cidade. Quem passou e prestou atenção pareceu se divertir. E o leão da Avenida dos Andradas, também.

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{36ANA SLIKA


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ANA SLIKA


{38FOTOS: ANA SLIKA


CARLOS HAUCK

ANA SLIKA


HUMOR

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DEPUTADO FEDERAL E PALHAÇO Acompanhamos Tiririca por um dia, com direito à reunião com Romário e pelada, no fim de tarde, com Popó por Leandro Kleber fotos Ronaldo de Oliveira ilustração Quinho

Quem diria que Francisco Everardo Oliveira Silva, o famoso Tiririca, cearense de nascimento e palhaço por natureza, seria, além do deputado mais votado do país, o maior popstar que a Câmara Federal já teve? Por onde passa no Congresso, o deputado (PR-SP) é cumprimentado por colegas de todos os partidos, fãs e pessoas comuns que circulam pelas dependências da Casa e não se aguentam de curiosidade. De vez em quando, alguns gritam seu nome, não importando a distância que estão do novo parlamentar. Poses para foto e pedidos de audiência e entrevista também fazem parte da rotina. E o comediante, que já virou até jogo no Facebook, parece estar muito feliz na capital federal. Mora com a mulher, Nana Magalhães, e três filhos, em um hotel no centro da cidade. No último 1º de maio, Dia do Trabalho, comemorou 46 anos. Para lembrar a data especial, os assessores prepararam, na semana, um bolinho no gabinete. Mas nem só de festa vive o deputado, que, por sinal, está fazendo um esforço danado para estar presente na Casa e participar dos debates. Das 30 sessões deliberativas realizadas neste ano, Tiririca não faltou a nenhuma. O mesmo ocorreu na Comissão de Educação e Cultura (CEC), na qual é membro titular.

A reportagem acompanhou Tiririca no Congresso Nacional durante toda a quarta-feira (4), dia em que seria votado o novo Código Florestal, marcado por protestos de estudantes cobrando mais investimentos em educação. Com Casa cheia, reuniões em várias comissões e em plenário, o deputado chegou ao trabalho por volta de 10h. Foi até seu gabinete, no sexto andar do anexo IV, edifício que concentra as salas dos parlamentares, e logo depois se dirigiu à Comissão de Educação e Cultura (CEC), sempre assediado. Na CEC, Tiririca, como sempre, sentou, por volta das 10h40, na primeira fileira. Com terno cinza discreto e gravata rosa, também discreta, ele se mostrava interessado no debate, que fez a sala lotar na manhã da quarta-feira (4). Sempre que um parlamentar pedia a palavra, Tiririca dava uma olhada, com feição séria, como se de fato prestasse atenção e quisesse gravar o nome e as caras dos colegas de parlamento. Quem também faz parte da comissão e estava na reunião da última quarta-feira era o baixinho Romário (PSB-RJ). Aliás, eles foram os únicos chamados por “deputado” seguido do nome quando o presidente da sessão pediu, nominalmente, votos para uma proposta. Os dois deixaram a sala antes de a reunião acabar. Romário saiu de fininho pela porta de trás. Tiririca fez o mesmo, discretamente, assim que foi chamado pela assessora de imprensa Edit Silva, por volta das 12h. Antes de subir e voltar para seu gabinete, um grupo de estudantes se surpreendeu: “Caraca, é o Tiririca. Vamos tirar foto”. O deputado atendeu todo mundo, sorridente, enquanto era alvo de piadas e flashes. O elevador exclusivo a parlamentares teve de esperar o fim da sessão de fotos. Pouco depois, ele seguiu

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Das 30 sessões deliberativas realizadas neste ano, Tiririca não faltou a nenhuma para o almoço, como sempre, ao lado da esposa, que frequentemente o acompanha no Congresso, e a assessora Edit. No bufê, respeitou a fila, lotou o prato de arroz, farofa e gerimum refogado com charque e cheiro verde. À mesa, pôs o guardanapo no colo, como manda a etiqueta. Depois de 15 minutos, repetiu a dose de arroz-farofa-gerimum-charque-cheiro verde. Na volta ao gabinete, um dos assuntos comentados foi o programa Bofe de Elite, quadro de humor exibido na TV Record que tem como mentor Tom Cavalcanti. Tiririca é um dos destaques. De novo, não passou mais que um minuto em seu gabinete e foi direto ao plenário registrar presença na sessão. No caminho, mais estudantes o abordaram. Dessa vez, eram dezenas. “Florentina, Florentina, Florentina de Jesus” foram alguns dos gritos que soltaram. Na volta do plenário ao gabinete, que tem como trajeto um longo corredor com esteiras e escadas rolantes, o deputado finalmente conseguiu conversar um pouco com seus assessores e a esposa em sua sala. Porém, foi interrompido por pessoas que pediam para conversar com ele, incluindo palhaços, artis-

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tas de rua. No total, mais de 300 currículos já lhe foram encaminhados. Muitos escrevem que seria um sonho trabalhar com o palhaço. Quase uma hora depois, o deputado ficou sabendo, por meio de sua assessoria, que ocorria naquele momento uma audiência pública, realizada pela CEC, para debater formas de preconceito. Participou da reunião, sempre balançando a cabeça quando concordava com o que estava sendo falado. Quase às 17h, finalmente, Tiririca chegou ao palco mor dos parlamentares: o plenário. Só que é lá que ele se mostrou mais entediado e agoniado, principalmente diante da demora em votar a proposta do Código Florestal, previsto na agenda. Sentado à esquerda da Mesa Diretora da Câmara, ou seja, longe da primeira fileira, ele parecia compor músicas ao bater a mão com um ritmo na mesa — de fato, a assessora informa que isso já aconteceu. Com a votação adiada por volta das 20h, Tiririca, o rei da palhaçada, saiu da Câmara e adivinhem para onde foi? Jogar bola, claro, porque o dia foi cansativo. O humorista flamenguista bateu uma bolinha com Acelino Pópo Freitas (PRB-BA), boxeador aposentado. ,Polêmicas

Apesar de receber tratamento carinhoso por onde passa na Câmara, desde que tomou posse, no dia 1º de fevereiro, Tiririca já protagonizou algumas polêmicas. Na votação da proposta de reajuste do salário mínimo, por exemplo, na qual o Gover-


FOTOS: RONALDO DE OLIVEIRA/CB D.A PRESS

no defendia o valor de R$ 545, contra R$ 560 defendido pelas centrais sindicais e R$ 600 sugerido pela oposição, o deputado não seguiu a orientação de seu partido e optou pelo maior valor proposto. Em princípio, achou-se que o palhaço havia errado na hora de apertar o botão em plenário. Mas depois ele acabou afirmando: “Votei com o povo”. Ele também teve de devolver à Câmara dinheiro público gasto com pagamento de diárias em um resort em Fortaleza (CE). Em março, apresentou pedido de reembolso de notas fiscais de R$ 660 referentes à hospedagem e R$ 311 de alimentação no hotel, localizado em sua terra natal. A despesa não estaria relacionada à atividade parlamentar, como prevê a norma de uso da verba. Em outra ocasião, chamou de novo a atenção ao nomear como secretários parlamentares, no fim de fevereiro, dois amigos que trabalham no humorístico A Praça é Nossa, do SBT. Os comediantes Américo Niccolini e Ivan de Oliveira, remunerados no gabinete, são, inclusive, os criadores dos slogans da campanha eleitoral do deputado em São Paulo: "Vote no Tiririca, pior do que está não fica" e "O que é que faz um deputado federal? Na realidade, não sei. Mas vote em mim que eu te conto".


ESTILO

cassius silva por Lucas Machado fotos Carlos Hauck

< kit sobrevivência >

livro de registro Estrada Real – Viagens, poesias e ideias

A moda nos dias atuais experimenta um cenário desafiador, com a perda do equilíbrio ambiental, acompanhada da erosão cultural, fruto de uma educação que treina as pessoas para serem consumidoras úteis, ignorando as consequências ecológicas dos seus atos. Conversamos com o gestor ambiental e administrador de empresas, Cassius Silva, proprietário da marca Raiz da Terra, que utiliza matérias-primas 100% naturais e renováveis. “Depois de algumas pesquisas, descobri que não havia no Brasil nenhuma grife realmente com foco sustentável. Criamos nossa marca com inspiração nos elementos da natureza, buscando ser economicamente viável, socialmente responsável e ecologicamente correta”, comenta. Além do showroom, em Belo Horizonte, a marca se prepara para a inauguração de uma concept store, em maio, na capital mineira. Com mais de 200 representantes em todo o Brasil, e presente em países como França, Espanha, Itália, Suécia e Alemanha, a Raiz da Terra foi a primeira marca nacional a ser convidada para um dos maiores eventos de moda sustentável do mundo, o Ethical Fashion Show, em Paris, no ano passado. Cassius tem como grande inspiração o estilista japonês Kenzo Takata, adora culinária e fazer viagens profissionais. É músico, gosta de futebol, voo livre e escalada. Sobre os planos para o futuro, ele dispara: “Trabalhar com mais eficiência, voltar a tocar profissionalmente e curtir mais a vida”.

< Cassius veste > chapéu Camden Town (Londres) camisa algodão orgânico tingido com corantes naturais (Raiz da Terra) bermuda e tênis Raiz da Terra

vitrola Gramofone

câmera Nikon D50

telescópio digital Pentaflex

viola americana folk 12 cordas Carson

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J.C.


FONTE IBOPE EASY MEDIA 3. OUVINTES EXCLUSIVOS SEXO AMBOS MAR X FEV 2011. ALCANCE MENSAL DO PÚBLICO AB MAR 2011. GBH. 6H19. TODOS OS LOCAIS. EMISSORAS SEGMENTADAS: AQUELAS QUE POSSUEM, ENTRE SEUS OUVINTES, MAIS DE 50% DE PÚBLICO AB.


QUEM É fotos Ana Slika e Carlos Hauck

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HUMOR

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O melhor remédio Besteirologistas especializados, os Doutores da Alegria tratam a saúde das crianças hospitalizadas com doses de piada e fantasia por Diego Suriadakis fotos Carlos Hauck

Incontáveis as vezes que, ao longo da vida, algo foge do nosso controle, um plano que escorrega, uma meta que tropeça, um vento que bate e tira algo do nosso alcance. Quando se trata de uma enfermidade então, preferimos nem imaginar. Ficamos sérios, reflexivos, a pensar em nossos dilemas e problemas como se nada além deles no mundo existisse. Essa dinâmica dos acasos é natural da vida. E é a mesma dinâmica que traz, de outros lugares, um respiro, um alento, um sopro de saúde renovada. E para esses doutores da imaginação, saúde é coisa séria. “Qual o papel da alegria em nossas vidas, nossas famílias e nosso trabalho?” Wellington Nogueira, ao integrar o projeto Clown Care Unit, lançado em Nova York, em 1986, se deu conta da importância dessa indagação. O ator paulista, ao arrumar as malas para seu regresso, não deixou a pergunta para trás. Trouxe para o Brasil uma iniciativa inédita e fundou, em 1991, em São Paulo, os Doutores da Alegria. “Quem souber que passe adiante!”, responde Wellington, no Livro de Atividades 2010, um balanço anual e bem-humorado das intervenções realizadas por eles em 15 hospitais brasileiros, espalhados por quatro capitais: São Paulo, Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. É uma equipe com 21 funcionários, 49 artistas profissionais e uma vontade louca de se expandir para multiplicar o número de sorrisos propostos que, desde a fundação da ONG, em 1991, já contabiliza algo em torno de 1,4 milhão de faces transformadas, entre crianças e adolescentes hospitalizados, seus familiares e profissionais da saúde. Para tanto, só necessitam da colaboração do respeitável público da sociedade. E se isso, algumas vezes, é demorado, a trupe não cruza os braços. Por meio de uma série de ações de mobilização, os

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Dr. Custódio: arranjou um casamento em pleno berçário

Doutores vão além da captação de recursos. Passando adiante a experiência adquirida em suas visitas, através de ações de marketing em parcerias com empresas, eventos, espetáculos teatrais, palestras e a coordenação do programa Palhaços em Rede (palhacos emrede.org.br), que já mobiliza 292 grupos interessados em desenvolver atividades semelhantes pelo país, os Doutores sabem que, sobre o rabo do palhaço — o que se segue à sua passagem: os olhares, a atmosfera de transformação, o impacto profundo provocado pela espontaneidade, pelo improviso, pelo riso -, eles não têm o menor controle. E parece ser essa a intenção. controle. E parece ser essa a intenção. ,Doutores em Minas

Em BH, é na Avenida do Contorno, na área hospitalar, que está localizada a Unidade Pão de Queijo. No alto edifício comercial, espalha-

ELES SAEM, QUATRO VEZES POR SEMANA, NA PARTE DA MANHÃ, PARA DEVOLVER ÀS CRIANÇAS INTERNADAS, O COLORIDO DO MUNDO QUE LHE É PRÓPRIO Aaau!, esse é o Dr. Mingal!

Dra. Xuleta, que não gosta de fotógrafos-diretores

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dos pelos andares, consultórios médicos de diversas especialidades. Psiquiatras, dermatologistas, urologistas, cardiologistas, besteirologistas... Besteirologistas? Isso mesmo. Está no painel na recepção, 15º andar: Doutores da Alegria — besteirologistas, “O engraçado é que é sério”. Por ali, às cinco da tarde, o cheiro é de café. Na mesa posta, quitandas, quitutes e frutas para recompor o sorriso dos funcionários. Ali é o espaço cultural da palhaçada, onde o telefone toca sem parar e os e-mails não param de chegar. Onde também toda sexta-feira é feito um balanço geral da semana, são estudados novos números, são recebidos os clientes e estão disponíveis filmes e materiais de pesquisas para os atores. E por baixo da porta pode-se enfiar um repórter. É dali que saem os Doutores, quatro vezes por semana, na parte da manhã, para devolver às crianças internadas o colorido do mundo que lhe é próprio, o mundo das histórias, das brincadeiras e da fantasia, que é dissolvido no clima cinza de tensão, pressa e espera constante do ambiente hospitalar. ,Tornando o mundo fantástico

Nono andar, ala C da Santa Casa de Belo Horizonte. Numa sala secreta, Dr. Custódio, Dra. Xuleta e Dr. Mingal retocam no rosto, em cores, o espírito de seu trabalho. Conferem todo o aparato médico: um violão infantil, “instrumento de ultrassom”, estetoscópios, um ovinho de percussão, uma calçola de avó, uma lagartixa de plástico e mais dúzias de objetos que, em movimentos mágicos, surgirão do bolso de seus jalecos conforme a necessidade clínica de seus pacientes. Eles fingem que são médicos e as crianças fingem que acreditam. Mas, ao repórter e ao fotógrafo, contrariando o gosto da objetividade que lhes é exigida, não resta a menor dúvida: assim que eles saem da salinha, toda a fantasia de viver volta a ser real. “Quando uma criança adoece, a família também adoece. O ambiente de estresse, urgência e procedimento dos hospitais não é o local próprio da criança, e os Doutores da Alegria conseguem transformar o clima do lugar, como se transportassem nosso local de trabalho para um mundo mais lúdico, mágico”, explica Cleudes Francisca de Souza, gerente da Unidade Pediátrica da Santa Casa. A garotada está no 3° andar. O trajeto até lá é feito pelas escadas. Dr. Mingal puxa o trenzinho com música ao violão. No meio vai Dra. Xuleta, cantando com voz doce cada parede, cada corredor. Por último vem Dr. Custódio, marcando o compasso. Dezenas de rostos vão surgindo pelas portas, a ternura brilhando nos olhares, médicos e enfermeiros, apressados pelos corredores, diminuem o ritmo, quase sem perceber. Nos elevadores, a espera fica


Um teste com os intrumentos, sabão para espantar a sujeira e lá vão eles mais calma, uma temperatura mais branda toma conta do caminho. Chegando ao posto de enfermagem, a cantoria prossegue na pia. É a lavagem das mãos. Todos já bem preparados, Dr. Mingal pergunta a uma responsável: “Tem criança no isolamento hoje?”. “Não, hoje, não”. “Pois bem”, continua o doutor, “então podemos pegar, morder?”. E sem esperar resposta, já saem em direção ao primeiro quarto. Normalmente, eles trabalham em duplas. Belo Horizonte tem hoje cinco Doutores — durante os dias de produção da matéria tinham acabado de escolher um sexto integrante, para assim poder atender mais um hospital além da Santa Casa e do Hospital das Clínicas da UFMG. Visitam de 80 a 90 crianças por dia, das 10h da manhã até o último paciente. O tempo de atendimento depende do “jogo”, a interação palhaço-paciente. Isso começa na porta do quarto. Uma espiadinha, uma olhadela, um barulho e, se a criança permitir, entram, envoltos em uma atmosfera fantástica, os médicos da alma, cientes de que a partir dali é meio a meio. “A criança tem poder sobre o palhaço. Ela fala não é não”, esclarece Eliseu Custódio, o Dr. Custódio, que está nos Doutores de Minas desde que o grupo foi formado, há quatro anos.


Ninguém escapa. A besteilogia corre solta e contagia de longe

DEZENAS DE ROSTOS VÃO SURGINDO PELAS PORTAS, A TERNURA BRILHANDO NOS OLHARES, MÉDICOS E ENFERMEIROS, APRESSADOS PELOS CORREDORES, DIMINUEM O RITMO, QUASE SEM PERCEBER No quarto coletivo, com oito crianças e seus acompanhantes, após terem obtido permissão para invadir o quarto de alegria, os Doutores vão até o leito do fundo: Matheus tem 5 anos e um curativo que vai do peito ao meio da barriga. “O Matheus me disse que está com o coração cortado!”, diz, com cara de susto, Dr. Custódio. “É, foi a gente, nós somos médicos e levamos ele para examinar”, emenda Dra. Xuleta, com sua voz maternal. Feita a mágica, surge então o coração de Matheus nas mãos de Dr. Custódio. O vermelho da pelúcia está pulando nos dedos do palhaço e ele tem trabalho para segurar aquela coisa viva. A expressão de cansaço e dias de internação no rosto de Matheus ganha novos contornos, Dr. Mingal começa ao violão um som que é batimento cardíaco em ritmo musical, Dra. Xuleta com seu estetoscópio ausculta o coração que dança nas mãos de Dr. Custódio, o menino vai mudando de ares, seus lábios em novas curvas, a falar de seu mundo de criança devolvido, a fantasia renascida, Dr. Custódio passa o coração para a mãe de Matheus, que tem dificuldades para segurá-lo, o palhaço a auxilia, pega o coração e o leva bem devagar para junto do peito do garoto. Plin! Noutro passe mágico, ele volta para o lugar onde um coração deve ficar.

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Localizado na Avenida Raja Gabaglia, anexo ao Porcão Belo Horizonte, o Espaço Meet é o ambiente perfeito para a realização de casamentos, festas de quinze anos, formaturas e eventos corporativos. Agenda aberta, faça sua reserva. • • • •

Entrada exclusiva; Três salões independentes; Vista panorâmica; Estacionamento privativo;

atendimento: Segunda a sexta das 8h às 18h. Telefone: 31 3293 8787. Agendamento aos finais de semana. comercial@grupomeet.net.br www.grupomeet.net.br

• Gerador de emergência; • Acústica de última geração; • Ar-condicionado.

Vistas dos salões em ilustrações 3D

A vida é feita de encontros


Ragga modelo Rafaela Alessandra Rocha fotos Gisele Sanfelice

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A menina dos olhos de cetim por Lígia Paiva

Dona de uma personalidade envolvente e silhueta arrebatadora, Rafaela exala delicadeza. A menina paulista, de apenas 19 anos, surpreende com sua sensualidade, hora tênue, hora devastadora. Com olhos de cetim, esguios e suaves, e um sorriso imantado, a garota mostrou-se à vontade ao ser clicada em cenários ímpares da megalópole à qual pertence. Deixe-se envolver e desfrute esse pedaço encantador de São Paulo.

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Ao ser fotografada em uma galeria de arte, Rafaela empolga-se: "Sempre adorei galerias, me interesso muito pelos movimentos artísticos, pretendo me aprofundar nisso", concluí em devaneio. A estudante de marketing, hoje ligada ao mercado de publicidade, confessa que quer terminar seu curso em Portugal, visando trabalhar com arte contemporânea. Divertida, Rafaela transparece jovialidade, conferindo ao ambiente um tom leve e agradável. Tão boa companhia estaria solteira? "Sim", ela dispara, "mas sou exigente", adverte, rindo.

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MODELO rafaela alessandra rocha PRODUÇÃO E FOTOS gisele sanfelice FILMAGEM E EDIÇÃO lucas aoki PAREDES EM STENCIL bruno navarro MAQUIAGEM hayge reis

O ensaio completo você confere em ehgata.com.br

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CasaSanto


CONSUMO

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CARLOS HAUCK

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“É melhor ser alegre que ser triste.” Vinícius de Moraes escreveu, nós concordamos. E não estamos sozinhos: ao nosso lado, artistas criadores de risadas, de Charles Chaplin a Mussum. E, ainda, anônimos designers que exercitam a criatividade e o bom humor na estampa da camiseta, na capa do notebook, no ímã de geladeira. A alegria é a melhor coisa que existe.

rir por Sabrina Abreu fotos Carlos Hauck

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1. < Das antigas > O humor em preto e branco dos Três Patetas e de Charles Chaplin sobrevive ao tempo, não só nas séries e filmes. As estampas de notebook e netbook, da Frida, estão aí para provar. R$ 68 (netbook) R$ 86 (notebook) Frida (31) 3225 7510

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2. < Salve Ferris > Ferris Bueller resolveu tirar um dia de folga longe da escola, influenciou a namorada, o melhor amigo e toda uma geração de fãs inspirados a não levar a vida tão a sério. Curtindo a vida adoidado, um clássico. R$ 14,90 Leitura (31) 3288 3800

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3. < Grudadinho >

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4. < Oh, shit! > Se a roupa reflete a personalidade de quem a veste, bom sinal ver alguém com uma camiseta da T-shit. As estampas são irreverentes e bem-humoradas, como esta, com o Bob Esponja Marley (ou seria Bob Marley Esponja?). Sem contar os bodies para bebês. Camiseta: de R$ 79,90 por 69,90 * descontos válidos para os meses de maio e junho Body: R$ 49,90 tshit.com.br

Se ímã grudado na geladeira não faz seu estilo, sempre haverá um armário, janela e/ou outra superfície metálica qualquer para colocar Seu Madruga imitando Jim Morrison, os Simpsons imitando os Beatles e Mussum imitando Obama. Ou melhor: Obamis. R$ 5 (imã simples) R$ 25 (para fazer anotações, com a canetinha) Frida (31) 3225 7510

5. < Wii[nsano] >

6. < Qualquer motivo >

Os coelhos sem noção vão ao Egito Antigo e outras épocas passadas em Raving Rabbids Travel in Time. Entre 20 minijogos, imagens divertidas, como a do papel higiênico preso no rabo (desculpa, mas não havia outra palavra) de um deles. R$ 189,90 Leitura (31) 3288 3800

A atuação de Woody Allen é engraçada. A cara dele, também. Taí uma razão para comprar este boneco, da O ovO. Se precisar de outro, pense em como aquele quarto anda sem graça, a mesa do escritório, sisuda, o banco do passageiro, na maior parte das vezes, vazio... R$ 84 O ovO (31) 3261 9533

comente redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

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COLUNA

#FalaNaFrente

DIVULGAÇÃO WÉBER PÁDUA

Falando com o Frente, os curitibanos da banda Sabonetes, destaque da nova música nascida no Sul do país nos anos 2000.

< HENRIQUE PORTUGAL >

produtor e tecladista da banda Skank twitter.com/ programafrente

Vocês estão na ativa desde 2004. Já é possível viver exclusivamente de música? Sim, vivemos de música. De música e para a música. Desde 2004, quando surgiu a banda. De Curitiba para São Paulo. Quando decidiram fixar residência na capital paulista? Gravamos o disco [Sabonetes, de 2009] e uma parte dele foi gravado na Toca do Bandido, no Rio de Janeiro, e o resto aqui em São Paulo, na Máfia do Dendê. Quando o disco ficou pronto, voltamos para casa e rolou a pergunta: “E agora, o que fazer?”. Resolvemos vir morar em São Paulo. Estávamos sempre vindo, seja para gravar disco, fazer shows, divulgação. Cada vez passávamos mais tempo na cidade, então achamos que seria necessário vir morar de vez. É interessante, aqui estamos em contato com bandas do país inteiro.

Dicas de Cds

SMS Envie Frente para 49810 e receba diariamente notícias sobre o cenário independente brasileiro

Artista: César Maurício Disco: Não posso devolver sem danos seu bobo coração Selo: Independente Ano: 2010

Artista: Rubinho Troll Disco: Stinkin like a brazilian Selo: Independente Ano: 2011

Artista: Les Pops Disco: Quero ser cool Selo: Discobertas Ano: 2010

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fale com ele: contato@frentedigital.com.br

Atualmente vocês fazem parte do casting de uma produtora e serão distribuídos por uma gravadora. Como pintou os convites que culminaram nessas parcerias? Quando o disco ficou pronto, viemos para São Paulo e começou a rolar uma agenda maior de shows. Entramos em contato com pessoas que se interessaram pelo nosso trabalho. Daí rolou a oportunidade de relançarmos, dessa vez com uma estrutura maior por trás. Atualmente, há uma acalorada discussão sobre os festivais de música. De um lado, há os que defendem que, como mostra, ela não precisa pagar cachê às bandas. De outro, os que defendem que o artista deve sempre cobrar pelo seu trabalho. Qual a posição de vocês quanto a isso? Já tocamos muito de graça — e às vezes ainda tocamos, pela visibilidade ou por algum show que consideramos que seja interessante pra gente. Muita gente acredita que o trabalho de uma banda é subir no palco e tocar, e não enxerga o trabalho que uma banda tem até chegar lá. Todo trabalho deve ser recompensado. E com a música não deve ser diferente.

Qual é a da música O Vander Lee fez um show e me convidou para cantar Pra ela passar. Depois da participação, fui para a plateia me encontrar com a Cecília, minha parceira. Lá, observamos uma senhora ao nosso lado que engrossava entusiasmadamente o coro do Vandeco, aplaudindo-o — parecia ser o momento mais feliz da vida dela. Ali decidimos fazer uma canção sobre aquela solitária secretária e inventamos uma rotina para ela. Um tempo depois, nós nos encontramos em minha casa e terminamos a música. Foi a primeira a ser feita para o CD Bem me quer, mal me quer.

Música: Solitária secretária da agência de turismo Composição: Érika Machado/Cecília Silveira Disco: Bem me quer, mal me quer Nem vê o tempo passar Vendendo passagens pra qualquer lugar Nem percebe tudo desbotando Quando domingo chegar Ela não vai ter ninguém pra passear Quando domingo chegar Só com a sacola vai sair pra passear Solitária Secretária Rata daquele café Sempre mata o guaraná Depois vai embora a pé Tanto faz se ela existir Falta faz se ela faltar Não crê em final feliz Nunca se deixa levar A não ser quando vai ao cinema CECÍLIA SILVEIRA

FRENTE DIGITAL O PROGRAMA DOS ARTISTAS INDEPENDENTES


COLUNA

A MÚSICA

e o tema O BRock era feliz e sabia por Kiko Ferreira

REPRODUÇÃO

JOSÉ LUIZ PEDERNEIRAS/DIVULGAÇÃO

A Blitz, de Evandro Mesquita e cia., e o Língua de Trapo (abaixo): duas bandas que usavam e abusavam do humor nas músicas

Quanto mais a mulher jura/ Gostar de homem erudito/ Tanto mais ela procura/ Um tipo burro e bonito/ As pernas que um dia abalaram Paris/ Hoje são dois abacaxis/ Se os olhos da Elizabeth Arden, meu bem/ O que a Helena Rubinstein com isso?”. Rita Lee, meus amigos, nos bons tempos. “México, México, México lindo”, rebolava as banhas, de costas para o público, o argentino Billy Blonde, num show memorável do Joelho de Porco, lançando o hit México lindo. Humor típico do BRock (rock brasileiro dos anos 1980), final de ditadura e início de democracia, que deu (epa!) nas letras de duplo sentido de Leo Jaime e dos Miquinhos Amestrados, como a bobagem Cozinho de noite: “Cozinho de noite, pra quando você chegar/ Cozinho gostoso, pra quando você voltar do trabalho/ E talvez um dia, não deva mais suportar/ Cozinho querido, só pra te conquistar”. Baixaria dos surfistas mirins do rock carioca. Com a Blitz como melhor conjunto de obra, pelas crônicas e personagens que mudaram a linguagem do pop rock Brasil, e os Mamonas Assassinas, como versão circense das boy bands que faziam as meninas se descabelarem por Menudo, Polegar e Dominó, versões antigas para Restart, Nx Zero e outros tipos de furor adolescente, os artistas pop tiveram um contraponto interessante na chamada Vanguarda Paulista, grupo que surgiu a partir da casa noturna Lira Paulistana, com Itamar Assumpção como compositor mais cultuado e Arrigo Barnabé como pioneiro na transposição do universo dos quadrinhos e da música atonal para a MPB. Os intelectuais paulistas tinham no Premê e no Língua de Trapo sua válvula de escape para a risada e o sorriso amarelo. Liderado pelo publicitário Laerte Sarrumor, que hoje ganha um bom dinheiro compilando piadas de internet em livros para bancas de aeroporto, o Língua desconstruía mitos “imexíveis”, como diria certo ministro. Como os punks que,

no auge da radicalização do movimento, foram ironizados com uma valsa, com direito a cordas edulcoradas e uma letra realista: “Como é bom ser punk/ Descer logo o porrete/ E lá no metrô se entuchar de alfinete”, abria candidamente a voz doce de Laerte, que narrava a transposição do movimento britânico para a realidade paulistana e terminava conectando o fio terra: “Só uma coisa me dói/ É esperar o Apocalipse/ Tendo que ser office-boy”. E o Premê (que começou como Premeditando o Breque) era mais consistente musicalmente, e mais punk do que muitos punks quando falava da história de um sujeito desprezado pela namorada, em A Esperança é a última que morre: “Me lembro uma vez numa tarde/ Quando ela falou, falou, falou/ Que meu QI era baixo/ Que eu não tinha estudo/ Ela me desprezou, prezou”. E depois de cantar as lamúrias, fechava contando que tinha perdido o amor para um gringo em Bariloche e classificando a moça, entre dentes: ”Desgraçada, maquiavélica, pionhenta, fia duma égua”. Nem a dupla Alvarenga e Ranchinho, que eles recriaram numa versão roqueira de Pinga com limão, chegou tão longe. A Bahia, que há trinta anos parece só ter dado axé e Pitty, já teve seu punk beleza. Marcelo Nova, fã e depois parceiro de Raul Seixas e pai de Penélope Nova, da MTV, fundou seu Camisa de Vênus fazendo um punk rock com ironia. Na faixa Sílvia, Marcelo fala de uma mulher que trai o marido e ganha a classificação sutil de “piranha” e sai com uma máxima que hoje, mesmo ressalvando o duplo sentido, seria alvo de pedradas dos politicamente corretos: “Todo homem que sabe o que quer/ pega o pau para bater na mulher”. Pois é. Depois do emo, do demo, do funk, do axé, do pagode e do breganejo universitário, nosso pop, nosso rock e até a outrora sorridente MPB parecem ter ficado sérios demais. E deixaram o humor para as múltiplas faltas de sentido. comente redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

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HUMOR

Quando charges e caricaturas utilizam o humor para propagar preconceito e intoler창ncia por Bruno Mateus

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REPRODUÇÃO DA INTERNET

Charge publicada na revista norte-americana Life, em 1909, quando o antissemitismo era forte nos EUA, faz piada sobre o judeu querendo ser dono do país

Publicada no livro Os americanos, a charge, de 1911, reforça a ideia de que “latino é tudo igual”. Desde quando brasileiro usa sombrero?

CHARGE PUBLICADA NO LIVRO OS AMERICANOS

Um comunista que mata e come criancinhas. Uma mulher que só é feliz quando está na cozinha com a barriga no fogão. Um judeu israelense, com sede de anteontem, toma o sangue da garota palestina. E o negro, malcheiroso, puxa a carroça do superior, o homem branco. Essas e outras representações, usando da linguagem eficiente do humor em charges ou caricaturas, reafirmam e inculcam a intolerância e o preconceito no imaginário coletivo. E isso vem de muito tempo. Temse notícia de um panfleto alemão de nome Porcaria judaica, de 1571, com imagens que satanizavam os judeus. Se naquela época o objetivo de espalhar o ódio era alcançado, imagine nesse admirável mundo novo, onde todos estão conectados e a informação circula livre de barreiras.


IMAGENS: REPRODUÇÃO DA INTERNET

Angeli ironiza o preconceito social: mostra a pobreza dos jovens — uma de posse, a outra de espírito —, a fala da mãe do garoto rico não poderia ser mais preconceituosa

,Até tu, Escandinávia?

Em setembro de 2005, o chargista dinamarquês Kurt Westergaard publicou 12 caricaturas de Maomé num pequeno jornal de seu país e gerou uma polêmica que alcançou os noticiários de todo o mundo. Um dos desenhos mostrava o barbudo Maomé com seu turbante em forma de bomba, ligando o profeta ao terrorismo. Árabes e islâmicos protestaram — num segmento do Islã, é proibido qualquer tipo de representação de Maomé. Em março de 2006, foi inaugurada em Teerã, capital do Irã,

A tirinha, de abril deste ano, como todas publicadas no blog Os Machistas, brincam com a relação homem e mulher

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Charge de 1863, época da Guerra Civil nos Estados Unidos, reforça o preconceito racial

uma exposição com mais de 200 charges sobre o Holocausto. Os organizadores, no entanto, rechaçaram a ideia de antissemitismo e se defenderam dizendo que o objetivo “não era negar Holocausto, mas, sim, questionar as políticas do Estado de Israel”. O chargista Eloar Guazzelli, um dos 21 brasileiros que participaram do evento, também nega o caráter antissemita do concurso. “Não houve um salão de sátira ao Holocausto, conheço as bases daquele concurso e desafio alguém a me provar o contrário. O que não quer dizer que não houve charges que porventura expressassem essa abordagem infeliz. Sou antifascista, o que me coloca entre as pessoas que veem no Holocausto um dos horrores maiores da história.”


Maomé, o homem-bomba: a caricatura causou fúria no mundo islâmico ao ser publicada, em 2005

TEM-SE NOTÍCIA DE UM PANFLETO ALEMÃO DE NOME PORCARIA JUDAICA, DE 1571, COM IMAGENS QUE SATANIZAM OS JUDEUS

O contra-ataque veio em forma de humor. Dois artistas israelenses lançaram um concurso de charges no qual uma das criações mostrava um judeu com dois pênis “comendo”, ao mesmo tempo, um cristão e um muçulmano. “Queremos mostrar ao mundo que podemos produzir os melhores, mais incisivos e mais ofensivos cartuns de ódio aos judeus já publicados”, disse, à época, Eyal Zusman, um dos organizadores. ,Preconceito cristalizado

A capa da revista The New Yorker, de julho de 2008, mostra Obama, que tem ascendência árabe, como muçulmano e terrorista

Para Luiz Nazario, doutor em história e professor de cinema na Escola de Belas Artes, da Universidade Federal de Minas Gerais, o humor é uma arma importante na propagação da homofobia, do racismo, do machismo e de todas as formas de intolerância: “Ele se cristaliza em piadas e imagens humorísticas degradantes, que refletem e reforçam os estereótipos, numa espécie de projeção em abismo, de espelhamento infinito. Sempre é humor, mas com intenções de degradação humana”. Além de perpetuarem, geração após geração, ideias preconceituosas, as consequências dessas charges podem ser desastrosas. “Quando elementos doentios adquirem certo poder dentro de grupos de amigos, de quadrilhas, de movimentos e de partidos políticos, a violência latente no imaginário racista toma a forma de assassinatos, linchamentos, e, finalmente, de extermínio em massa e de genocídio”, afirma o historiador, que publicou o artigo As caricaturas do Holocausto, na edição 2007/2008 da Revista de Estudos Judaicos. O humor, como mostra a história, nem sempre é positivo. comente redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

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ON THE ROAD ,águas de são pedro

Águas de São Pedro lembra a Califórnia por conta dos carros e das ruas. Lembra Amsterdã por conta das praças e parques espaçosos. Pena que...


Açaí em Águas de São Pedro Andando na linha na cidade com a segunda melhor qualidade de vida do Brasil texto e fotos Bernardo Biagioni

Quarenta e dois graus. Estou inventando, é claro, mas meus olhos não podem estar enganados quando enxergam os sulcos do asfalto fibrilando uma fumaça meio invisível, daquele tipo que deturpa de leve o ar que ainda está por perto. Faz muito calor aqui em Águas de São Pedro, mesmo nesse outono esquisito, mesmo nessa altura da Era Glacial, mas ninguém parece se importar muito com esse fenômeno apocalíptico que se anuncia por cima do que restou da Mata Atlântica dominante na região. “O açaí tradicional é R$14, senhor”, responde a tia do quiosque de sorvete. “Será que ela dorme bem à noite vendendo uma fruta tropical a esse valor?”, me pergunto. Finalmente estou aqui, pois. Já faz alguns anos que ando lendo alguma coisa ou outra sobre esse município peculiar encostado nas entranhas do estado de São Paulo, entre Piracicaba e Pinheirinhos, “a cidade com o segundo maior índice de desenvolvimento humano do Brasil”, conforme pesquisa de alguma entidade séria, e “a cidade com a segunda menor extensão territorial do país”, como constatado por alguma outra entidade séria.

São 2.702 habitantes, segundo o Censo de 2010, e a sensação é de que posso encostar em cada um deles se eu me levantar aqui da cadeira enquanto o açaí não chega. Mais da metade deve ter mais de cinquenta anos, o que torna a cidade silenciosa, pacata, perfeita para recém-casados em lua-de-mel-ponderada. E para paulistas da capital. Aliás, são eles que multiplicam oito vezes o número de habitantes do local durante os fins de semana, com seus carros importados gigantes e filhos abastados pela luminosidade dos computadores e videogames que usam enquanto não estão dormindo. Durante as horas que estão em Águas, esses pais afortunados e bem-vestidos esquecem o porquê de pagarem impostos tão caros ao governo, esquecem de seus chefes gordos e engravatados e comem peixe com velhos amigos, tramando alguma maneira de saca-

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ON THE ROAD ,águas de são pedro

ALÉM DO AÇAÍ A R$14, O QUE FOMENTA A ECONOMIA DE ÁGUAS DE SÃO PEDRO SÃO ESSES TURISTAS DE FIM DE SEMANA QUE COMPRAM ARTESANATOS COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ

São muitas as opções de turismo na cidade. Mas, mesmo dirigindo a cabeça de um cachorro, é preciso andar na linha

near com a presidenta do nosso país. Os habitantes do município nem se importam com essa raça invasora. E a razão é óbvia. Além do açaí a R$14, o que fomenta a economia de Águas de São Pedro são esses turistas de fim de semana que compram artesanatos, sabonetes e colchas tricotadas como se não houvesse amanhã. Um rolé rápido pela Rua do Comércio é o bastante para você começar a se perguntar quem é que está ficando louco. Eles? Ou eu? Mas é caro porque está na moda esse tipo de cidade, as chamadas slow cities, que alimentam o “movimento devagar” de se viver. Águas de São Pedro,

assim como dezenas de cidades na região da Toscana, na Itália, quer encontrar o ritmo certo para seus habitantes. Involuntariamente, existe aqui um culto por andar menos, falar menos e até trabalhar menos. Tudo com o objetivo de se viver mais. Bom, o resultado disso? Enquanto estou aqui, tomando meu açaí, não vi nenhuma garota com menos de quarenta anos dando o ar da graça no calçadão colorido. Já faz anos que os jovens estão saindo quebrado daqui. Afinal, quem pode querer viver mais, quando se pode viver simplesmente... agora? Em Águas

Se tiver faltando emoção na sua viagem, alugue um cavalo selvagem. Ou então contente-se em contemplar o verde da grama


Praticar arborismo é a única maneira de ficar alto em Águas de São Pedro

de São Pedro, o “agito” raramente passa de uma feirinha de antiguidades, uma mostrinha de teatro, uma apresentaçãozinha de chorinho, uma bandinha de bolero, umas marchinhas de Carnaval... Nada contra, em todo caso. Não quero ofender você, leitor, que quer para si uma vida de conforto, de paz e de segurança. Não sei se escrevi isso antes, mas aqui você ainda pode prolongar a sua existência na Terra, se banhando com águas hidrominerais de valor medicinal – a maior atração turística da região – ou então praticando arborismo, andando a cavalo, trenzinho da alegria, carrinho bate-bate ou alimentando patinhos na praça principal. Águas de São Pedro é uma cidade limpa, com trânsito organizado, vagas para estacionar, igrejas católicas para todos os gostos e fontes para jogar moedinha. Muito bacana! E, bem, se você vier até aqui um dia, vê se acerta esse meu açaí aqui com a tia. (;


DIVULGAÇÃO

AUMENTA O SOM

Para acabar com o otimismo por William Alves Antes de tudo, antes mesmo de falar de todos aqueles efeitos eletrônicos que permeiam o disco, é bom esclarecer que James Blake é um cantor. E como tal, ele ainda acredita, mesmo em tempos nos quais o povo acha super cantar de má vontade, nas benesses de uma boa interpretação.

Prata DA CASA

A prova mais contundente disso é Never learnt to share, em que Blake emula toda aquela vibe gospel de... ahn, From Elvis to Memphis. Por mais que se insista em salientar o aspecto dubstep-ambient-minimal-whatever do negócio — e ele existe no disco todo —, é a voz que sustenta as vigas do álbum autointitulado do produtor inglês. As letras são bem curtas, mas não anódinas. Peguemos The Wilhelmscream. É a melhor música do disco, uma balada tão bonita quanto perfurante. Uma única frase perfaz quase toda a canção: “I don’t know about my dreams”. E vamos concordar: é o tipo de coisa que você precisa se esforçar muito para entoar sem parecer um daqueles dubladores do Richard Gere. E James Blake consegue. A interpretação do rapaz é extremamente convincente e suficiente para nocautear toda a sua resolução anual de otimismo. No clipe, ele some e reaparece, encoberto por efeitos que recriam uma espécie de neblina, exatamente como na capa do disco. Há uma vaga também para o soul clássico, representado em Limit to your love, cover da canadense Leslie Feist. Embora bem diferente do restante do álbum, que prioriza a música eletrônica de baixa octanagem, ela passa longe de ser uma espécie de tampão. E Blake volta novamente para espancar a sua consciência, afirmando que o amor pode durar tanto quanto uma queda d’água em Slow motion, mas que sim, meu chapa, ele vai acabar. Não chega a ser um anticlímax: a música já é deprimida (ou contemplativa, vá lá) de nascença. Blake, que parece ser um garoto gente fina, afirmou à revista Clash que o sucesso dos seus camaradas do The XX facilitou a aceitação do seu trabalho por parte do público. Não se engane, James: seu disco dá um pau sólido em qualquer coisa do Jamie Smith.

Eletrolise por Lucas Buzatti

divulgação

Um power trio que busca resgatar o melhor do rock clássico, se distanciando do padrão de rimas fáceis que existe por aí. Essa é a proposta do Eletrolise, banda mineira formada em 2008 por Danilo Santouza (baixo/voz), Guilherme Brandani (guitarra/voz) e Breno Araújo (bateria). As influências da banda passeiam pelo melhor do rock nacional e internacional, e vão de The Doors e Led Zeppelin a Cazuza e Mutantes. A tônica do rock ‘n’ roll puro, despretensioso e sem firulas pode ser conferida em músicas como Meu rumo e Sobremesa, que integram a primeira demo do grupo. Depois de passar por casas de shows de BH como Matriz e Stonehenge, a banda está focada na gravação do primeiro disco, que deve sair no segundo semestre deste ano. A intenção do trio é simples, mas não deixa de ser nobre, como atesta o baterista Breno Araújo: “Só queremos fazer um rock para pessoas que, como a gente, acreditam que a música nacional pode ser cada vez melhor”. Olha isto: myspace.com/eletrolise

Saia da garagem! Convença-nos de que vale a pena gastar papel e tinta com sua banda. Envie um e-mail para redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br com fotos, músicas em MP3 e a sua história.


Vídeos da web Todos terão seus 15 minutos de fama, profetizou Andy Warhol. Com o YouTube, então, anônimos — ou não — se transformam em celebridades "internéticas" ao nos presentear com pérolas inesquecíveis. O difícil foi escolher apenas 10.

1) Cacete de agulha!

O cara vai doar sangue. Ao ser entrevistado, ele começa com um discurso bacana, de caridade, que não dói nada, que as pessoas podem doar sem nenhum problema. Mas, quando ele sente a agulha...

8) Garota da laje revoltada / Pedro, devolve meu chip! Duas mulheres revoltadas. Uma porque perdeu o concurso Garota da Laje. A outra porque o Pedro não queria devolver o chip do celular, muito menos abrir a porta.

2) E o bambu?

9) Luísa Marilac

3) Ladrão cara de pau

10) Apresentador ri do entrevistado / Lilian Witte Fibe

Sílvio Santos costuma brincar com os entrevistados. Dessa vez ele se deu mal. A menina conta uma piada que deixa Sílvio com as calças nas mãos. Mas ele se sai bem. Manda um “boca suja, sem vergonha!”, seguido da famosa gargalhada.

Ele ficou famoso ao ser preso por roubar um botijão de gás. Mas o pior foi ser pego pelo segurança, “um bombadão fedorento”. Recentemente, Neliton foi preso pela segunda vez, acusado de tentar roubar um caminhão, e virou um hit na web.

Tomando seus “bons drinque”, ela mergulha elegante (só que não) na piscina da sua cobertura em Madri. E tem gente que achou que ela estava na pior... Pooourran.

Por um erro médico, o cara fica com a voz fina e o apresentador despreparado não se contém e começa a gargalhar. Quem também não segurou o riso foi a Lilian Witte Fibe, que quase não termina de dar a notícia.

4) Depois do dentista / Charlie bit my finger

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T0P # 10

CULTURA POP INTERATIVA

Dois vídeos de garotinhos gringos deram o que falar: um voltou do dentista anestesiado pelo gás do riso, teve alucinações e delírios psicodélicos: “Is this real life?” O outro pediu para o irmão morder seu dedo. O que ele não contava é que Charlie, mesmo sem dentes, é um monstrinho mordedor.

5) Patrícia Poeta da MTV

As entrevistas nunca mais foram as mesmas depois do lirismo, dos espasmos poéticos de Patrícia Poeta, do Comédia MTV.

6) Gaga de Ilhéus / Sanduíche-iche-iche

Solange, de Ilhéus, é gaga de verdade. Ficou famosa e foi a programas de TV. A outra, coitada, foi traída pelo delay.

7) Tapa na pantera

O vídeo fez um sucesso danado, e alguns até pensaram que era real, mas tudo não passou de uma brincadeira. Muito engraçada, digase. A atriz termina com a seguinte frase: “O sorriso é, sem dúvida, um grande... radar”.

Último ranking: >>Lendas Urbanas 1) Brincadeira do copo 28,30%

2) Xuxa e Fofão 26,42%% 3) Chupa Cabras 7,55%


PERFIL

SEM máscara

Especialista em fazer comédia sem usar fantasia ou maquiagem, Rafinha Bastos fala, também sem disfarces, sobre política, amor, religião, humor e suas preferências musicais de gosto duvidoso por Sabrina Abreu fotos Marcelo Naddeo

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sociais como o casamento, Rafinha deixa as piadas de lado para expor seu ponto de vista, sempre bem fundamentado. Embora, às vezes, paradoxal. Nega ser romântico, só para, minutos depois, declarar que encontrou a mulher de sua vida — Júnia Pereira, com quem se relaciona há sete anos e tem um filho. Afirma não ligar tanto por ocupar o primeiro lugar numa lista na qual consta o nome de Barack Obama — mesmo depois de se esforçar durante anos para conseguir atrair o público, na internet, nos teatros. Apesar de famoso pelas tiradas sarcásticas, tantas vezes encaradas como grosseria, ao nos receber no Comedians Club – casa especializada em stand up comedy, da qual é sócio em São Paulo — para a entrevista, foi mais que educado: agradável, mesmo. O comentário de um dos garçons do local, em resposta a um cliente curioso, foi “Rafinha é muito gente boa, sabe o nome de todo mundo, pergunta da vida, cumprimenta na rua”. É também curioso, inquieto. Nesta entrevista, não se contentou em dar as respostas. Quis fazer algumas perguntas também. [A entrevista estava prestes a ser iniciada, quando uma mulher se aproximou, pedindo para tirar uma foto com ele. Quando ela se afastou, depois de conseguir o que queria, começamos a conversa]. O que acha da abordagem do público?

O humor dele não vem de um bordão, personagem, caricatura. Passa longe das caretas e recursos como a velha casca de banana no chão. A capacidade que Rafinha Bastos tem de fazer rir vem do cotidiano, tanto do que é noticiado na mídia, quanto do que é observado ao seu redor. Vem também do mau humor, em grande medida. E se isso soa como paradoxo, seria apenas um dos vários que envolvem Rafael Bastos Hocsman, nascido há 34 anos, em Porto Alegre, filho de pai judeu e mãe católica, formado jornalista, apresentador dos programas CQC e A Liga, ambos da Band TV, comediante e personalidade mais influente do Twitter, segundo ranking divulgado pelo jornal New York Times. Ao falar da carreira, de política, do vergonhoso salário mínimo brasileiro, de convenções

DEPENDE DA SITUAÇÃO. Se estou num cantinho com você, a pessoa sabe que estou conversando com você. Ela poderia esperar só o show acabar para tirar essa foto. Mas, tudo bem, faz parte. Tiro a foto, não tem problema nenhum. Às vezes, chega o final do dia, estou meio de bode, mas a pessoa nem percebe. Contanto que não seja no meio de uma refeição. Uma vez você tuitou que vai morrer sem entender a lógica de quem pede autógrafo.

É UMA COISA MUITO ANTIGA. Autógrafo poderia ter sido feito por qualquer um. Não faço minha assinatura do cheque ali. A pessoa querer que eu rabisque qualquer coisa é estranho. Sei lá, falar qualquer coisa comigo poderia ser muito mais interessante, do que uma marca feita à caneta. A Marisa Orth disse que você faz parte da "famosolândia". Nesse “lugar”, já chegou a encontrar alguém de quem era muito fã?

MUITO FÃ, NÃO. Mas pessoas que admiro, caso

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do [Carlos] Alberto de Nóbrega, pessoa importante para a história da comédia aqui, o Serginho Groisman, um cara que acho muito legal e que respeito, o Lobão, cara que gosto muito. Ídolo, não.

nessa fase. Não sei o que vou passar exatamente para ele. Não sei o que ele vai achar das coisas que falo, depois que ele começar a entender. Muita coisa que eu falo é pesada.

Tem algum ídolo?

MEU PAI.

É O MEU HUMOR, não faço para incomodar ninguém. Me divirto com essas coisas, é autêntico.

Quando você começou a ser engraçado?

Existe algum assunto que seja tabu?

SEMPRE fui muito observador. Nunca o piadista da turma, o engraçadinho, que conta piadas. Era um cara mais observador, que esperava a hora certa de fazer um comentário.

PARA VOCÊ, qual seria, com o que você não faria piada?

Aí, todo mundo ria.

RIA, mas eu não sabia contar piada, ficar fazendo danças malucas. Era um cara que as pessoas já percebiam como irônico, com um humor sarcástico, desde aquela época. É do tempo da escola que lembro disso. Era popular no colégio?

NÃO, mas circulava muito bem, porque era atleta e meio nerd. Era bonito? NÃO [cara de assustado]. Nunca fui o cara que pegava as menininhas, era um nerd, me divertia mais, jogava basquete, estava mais envolvido com o esporte e atividades de menino, na época. Foi um tempo muito legal. Muito do que sou hoje, sei de onde saiu: de Porto Alegre, amigos, família, criação. E como foi essa criação, para você falar que seu pai é seu ídolo. O que teve de tão legal?

MEU PAI sempre foi meio artista. Ele é médico, mas sempre foi um cara de humor muito refinado, que nas reuniões de condomínio falava os maiores absurdos — e as pessoas não entendiam o que era piada e o que não era. Ele tinha uns preconceitos que eu não entendia, mas depois passei a respeitar, tipo “não gosto de ver gordo na televisão”. Mas por que, pai? Qual é o problema? “É gordo, não quero”. [Risos]. E ele era a alegria da festa?

NÃO, nunca. Ficava num canto, fazendo observações. Também tinha isso, de fazer piadas para mim, enquanto as coisas estavam acontecendo. Nunca foi o tipo de tomar o microfone na festa e vejo isso também em mim: nos trejeitos, nas piadas mais pesadas. Vejo muito dele em mim. Agora que você é pai, acha que vai repetir o jeito dele?

É CEDO para saber, [meu filho] é muito neném. A gente é muito babão no começo, ainda estou

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Agora há pouco você tuitou sobre o Hitler. O pessoal cai em cima de você, reclama?

Não faria uma piada com Hitler, por exemplo. Falo até que todo mundo deveria desistir de comparar coisas boas com os Beatles e coisas ruins com o Hitler.


São incomparáveis.

NÃO TEM NADA que eu não fale. Hoje é o terceiro dia de Pessach [uma das datas religiosas mais importantes do calendário judaico, celebrada ao longo de oito dias]. O que isso significa para você?

ABSOLUTAMENTE NADA. Minha criação religiosa foi quase zero. Meu pai é judeu, mas não me considero nem um agregado — ou me considero só um agregado, porque meu sobrenome é Hocsman, já fui à sinagoga umas poucas vezes. Mas não sigo tradições, festas, comemorações, jejuns, nada disso. Tenho uma relação com a religião que espero que as próximas gerações da minha família tenham: distante, que eles possam entender os fenômenos, tenham um espírito crítico frente a tudo, sem precisar seguir os preceitos. Seus pais são casados, você tem uma irmã com quem se dá bem, tem um relacionamento estável de muitos anos.

SETE ANOS. Uma vida muito tranquila, muito simples, não tenho nada, nenhum capricho, nenhum luxo, meu carro é o mesmo de 2005, não sinto que preciso de mais, nenhuma das minhas motivações são financeiras.

E quando acontece de você zuar uma pessoa e depois encontrar com ela na "famosolândia"?

ACONTECE. Por exemplo, semana passada, estava no restaurante do aeroporto, esbarrei num cara e era o Paulinho Vilhena. Encontrei o cara. Ele disse “tudo bem” [imita uma pessoa constrangida]. Falei que tudo bem, mas que ele não tinha agido bem ali [no princípio de abril, o ator cuspiu no rosto do repórter do CQC, Rafael Cortez, durante uma entrevista]. Ele falou que o sangue subiu. Eu falei: “O repórter pediu para você cuspir, cospe na cara do repórter, entendo isso. Mas não vire as costas, vai embora e entre numa área onde ninguém tem acesso, isso é feio”. Até cuspir, concordo com ele, porque o repórter pediu. Mas virar as costas e sair igual um bundão, não. Sei lá, brinca com isso, limpa, faz qualquer coisa [pega a ponta da camiseta e faz como se fosse limpar algo]. Acho que faria isto: cuspiria e depois limparia, dizendo: “Velho, foi você que pediu”. É um ser humano. Às vezes, o artista acha que é meio intocável, mas acho que naquele momento ele se equivocou, mesmo, ele ficou puto, não deu conta. Ele até falou: “Antes, já tinha ficado puto [com o Cortez], por ele ter dado em cima da minha namorada” e esses papos assim. Mas ainda falei para ele: “Para o programa é bom. Faça de novo: as pessoas vão lhe achar o olho do cu, mas para o programa vai ser bom”. Como você teria reagido se tivessem cuspido em você?

O Nelson Rodrigues escrevia sobre sexo de um jeito sem censura e, por conta disso, as pessoas achavam que ele tinha uma vida de devasso, quando na verdade, não tinha. Ele se ressentia com o que o público pensava dele. Você se incomoda com a opinião dos outros?

ACHO QUE faria como ele [o Cortez], não dava para partir para cima do cara, ele fez o que podia ser feito. Já aconteceram coisas comigo milhões de vezes, de quererem me agredir, virem para cima.

DE JEITO NENHUM. Particularmente, estou cagando para a opinião das pessoas.

MINHA VONTADE era trabalhar na televisão, um veículo que gosto.

E de onde vem tanta autoconfiança?

Mas você gastava tempo fazendo vídeos, colocando na internet.

EU SOU FODA, me acho. Para subir ao palco, para que as coisas deem certo, é preciso acreditar na minha força — talvez essa seja minha religião, ou não seja religião, mas é no que acredito. Trabalho, esforço, raciocínio, criatividade. Acredito que sou bom no que faço, por mais arrogante e prepotente que isso possa parecer. Acho que as coisas estão só começando para mim numa estrada longuíssima. Onde você quer chegar?

NÃO TENHO um lugar onde eu queira chegar, mas coisas que quero fazer. Como uma série de ficção, em breve. Talvez parar um pouco de pensar em TV e pensar mais em internet, que é o que tenho muito mais tesão em fazer. São investimentos para fazer aos poucos, em coisas legais, em que acredito. Hoje faço dois programas em que acredito muito: o CQC e A Liga. Não sei até quando, mas hoje está muito bom. No CQC e na Liga , você se vê próximo ao jornalismo, ao factual, à realidade? Você tem interesse especial por isso?

TALVEZ pareça mais do que é de fato. Tenho interesse por boas piadas. No CQC, não necessariamente faço piada o tempo todo, me interesso pelos diferentes assuntos, não pela comédia de celebridades. Não vai me ver no palco fazendo piada da Preta Gil — atualmente, não. Um dia até fiz, no começo desse processo de aprendizado e de evolução como comediante.

Você queria ser famoso, certo?

QUERIA FAZER COISAS. Queria fazer humor, me comunicar com muita gente. Nunca quis ser parado na rua. Aconteceu, é bacana, é legal, não vou ficar falando “me incomoda quando alguém vem tirar uma foto”, como eu estava falando com você e aquela moça veio, não custaria nada ela ter esperado um pouco. Faz parte do jogo, mas que em algum momento você fala: “Poxa, dá para esperar um pouquinho?”. Se eu estiver comendo, peço para a pessoa esperar, ela senta e fica esperando eu terminar. “Quando eu estiver pronto, volta aqui que tiro a foto”. Mas não é pior ter alguém esperando? Deve dar agonia ter alguém aguardando você acabar de comer.

NÃO. Faço isso, porque não sou escravo da minha condição. As pessoas entendem.

SEMPRE FUI MUITO OBSERVADOR, NÃO O PIADISTA DA TURMA, O ENGRAÇADINHO, QUE CONTA PIADAS

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E quando percebeu que era famoso?

NÃO PENSEI que estava famoso, mas que tinha público, quando fiz uma temporada em São Paulo com o solo que virou DVD [A Arte do insulto] e lotei um mês seguido, [com divulgação] só pela internet. Pensei: “Tenho público”. Hoje em dia, na rua, as pessoas me reconhecem. Isso não me agride, não me ofende. Ficou empolgado nessa época?

ESTAVA PAGANDO minhas contas com minha criatividade. Absolutamente tudo o que apresento no palco sai da minha cabeça. Senti muito orgulho disso. Você falou da Arte do insulto e o jeito como o DVD foi lançado foi um megaesquema.

VOCÊ ACHA? O que você viu de especial? Na semana do lançamento, entrando no YouTube, todos os links da coluna da direita eram relacionados ao DVD.

Personalidade mais influente do Twitter: “Dois milhões de pessoas me seguem nesta coisa”

BOLEI aquilo. Negociei tudo. E o DVD, desde que foi lançado, é o mais vendido — tenho um puta orgulho. Teve muito boxixo. Vende mais que Harry Potter, Paula Fernandes, Luan Santana. É o mais vendido da Fnac, eles disseram. Acho que, em maio, já vou ter ganhado DVD de ouro. Na Saraiva, também já falaram que é uma coisa que nunca tinham visto, tão forte, tão rápido. E por que esse sucesso?

ACHO QUE AS PESSOAS se identificam muito com o que falo e faço. Dois milhões me seguem nessa coisinha [aponta para o telefone], no Twitter. Todas essas pessoas escolheram saber o que eu decidi dizer. Você já falou que não passou a se censurar porque o número de pessoas que te seguem cresceu.

NÃO PARO para pensar nisso, só cheguei aqui por isso, por não me censurar. Tem gente que se sente ofendida, tem gente que aproveita do que digo para ganhar uma moralzinha: “Ele falou tal coisa, vou meter o pau nele, porque vai ter repercussão”.

NÃO TENHO NENHUM CAPRICHO, NENHUM LUXO, MEU CARRO É O MESMO DE 2005, NÃO SINTO QUE PRECISO DE MAIS, NENHUMA DAS MINHAS MOTIVAÇÕES SÃO FINANCEIRAS

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Como você ficou sabendo da matéria do New York Times?

VOCÊ NÃO SABE: é aí que digo que o acaso também é sensacional. A matéria saiu exatamente na hora do lançamento do meu DVD. Na hora que o show começou a ser transmitido no YouTube, aquilo saiu. Durante o lançamento acessei meu Twitter [olha a tela do telefone] e vi um monte de coisa sobre o NYTimes, uma matéria que tinha saído na Folha. Então, no outro dia, quando o DVD chegou às lojas, todos os veículos do Brasil estavam falando a respeito do que estava acontecendo. E o que você achou disso?

AH [faz uma cara de quem não liga muito]. Já entendi que você é supercool, que não liga tanto para as coisas [risos]. Mas foi uma matéria no jornal mais importante do mundo, dizendo que sua influência no Twitter é maior do que a

SOU FODA, ME ACHO. PARA SUBIR AO PALCO, PARA QUE AS COISAS DEEM CERTO, É PRECISO ACREDITAR NA MINHA FORÇA


do Obama.

NÃO PESSOALMENTE [risos]. Isso não me tocou muito. “Será que ele se emocionou? Foi importante para ele?” Não. O que me empolga é saber que profissionalmente isso vai ser importante para mim. Não estou no Twitter para ser mais importante do que alguém, para entrar num ranking. A internet não é feita para isso. Claro, não posso desmerecer o valor de uma colocação dessas. É uma assinatura no meu trabalho, em algo que realmente acredito, que é a internet. Muito legal, claro. Mas, principalmente, pensei: “Vou começar a dar belas entrevistas, falar mais o que penso, falar de comédia, que é uma das minhas paixões”. Então, fale de comédia: quem faz você rir, rachar de rir?

ALGUM COMEDIANTE? Sim, daqui ou de fora, vivo ou morto.

CARA, não costumo gostar. Ai, ai, ai... Vou parecer muito cuzão se falar que não tenho? Não, claro que não. Mas, por exemplo: o Woody Allen gosta do Groucho Marx. De um jeito que, mesmo quando algumas piadas estão datadas, não funcionam mais, ele sempre é fã do cara.

anedotas, tudo realmente raciocínio. Mais tarde, em São Paulo, conheci o [Marcelo] Mansfield, que estava estreando um show de stand up, foi ao programa que eu apresentava na Uol TV e ficou meu amigo. Eu disse que queria fazer, ele abriu um espaço no show dele para mim. Fiz, foi a primeira vez. A gente fez show para 10 pessoas, 12, seis, às vezes cancelava porque não tinha público. Foi um ano [2004] de ralar sem público nenhum. Hoje, os caras abrem show em qualquer lugar e tem público. O Clube da Comédia foi no ano seguinte, 2005, e já começou a rolar um sucesso.

FIZ COM O MANSFIELD. Depois, a Marcela Leal passou a fazer parte, o César Filho. Ainda sem tanto sucesso. A gente fazia show para 50 pessoas. E qual foi o pulo do gato?

A INTERNET. A gente começou a colocar vídeos de stand up comedy e as pessoas começaram a ficar loucas: uma comédia rápida, autêntica, criativa, tudo o que estava sendo dito ali ninguém tinha ouvido antes, porque estava saindo da cabeça do comediante. As pessoas falavam: “Onde vocês estão? Onde posso ver?”. Aí, começou. A gente fazia num bar para 80 pessoas e iam 80 pessoas, fazia uma segunda sessão e dava 80 na segunda.

TENHO muito respeito acima de tudo pela criação, pela pessoa que cria o próprio material. Sei que o Chico Anysio era um cara que escrevia, tenho uma admiração pelos colegas que começaram essa onda de stand up comedy. Nestes quadrinhos aqui, assino embaixo o material que esses caras fazem, são pessoas que acho legais, que têm material bacana. Sou parte de uma geração que tem muito orgulho, admira essas pessoas.

Virou moda. Será que fica?

Morar nos Estados Unidos teve a ver com sua descoberta do stand up comedy?

LEMBRO de uma que criei, porque um cara tropeçou. E quando você tropeça — já percebeu isso? — dá uma explicação para os outros: “Foi só um degrauzinho aqui”. A partir disso, criei um texto de dois minutos sobre tropeçar, cair no chão, tudo isso a partir do momento que um cara tropeçou numa padaria da Rua Estados Unidos, aquela vergonha, aquela satisfação para as

A PRIMEIRA VEZ que vi stand up foi nos EUA. Achei genial, já tinha a comédia do personagem, de imitação, mas, então, pensei: “Quero subir no palco e ser eu mesmo”. Genial, o cara é ele mesmo e noto que é tudo a vida dele, não

FICA, sim. Porque é um novo jeito de pensar a comédia, não é só um movimento de 12 pessoas, é uma nova forma de pensar o que é engraçado. Hoje, existe também muita gente que está fazendo roteiro de TV, que não é stand up comedy, mas tem a mesma rapidez. É um movimento. Lembra como surgiu alguma piada que sempre funcione lá na frente?

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pessoas ao redor. Surge de observações, surge de preconceitos meus, conceitos que tenho, tudo pode surgir dos mais diferentes lados. Agora, com meu filho, falo de gravidez. Tiro um sarro. O que tira seu humor?

ALGUÉM ME LIGAR, dizendo que tenho que gravar de manhã: “Rafinha, você tem que gravar às 8h da manhã” ou “Rafinha, tem uma gravação de 24 horas”.

Mãe católica e pai judeu: Iolanda Bastos Hocsman e Julio Roberto Hocsman

Vinte e quatro horas, de verdade?

SEXTA-FEIRA passada, gravei por 24 horas. Fala com eles: “Sou a pessoa mais importante do Twitter, vocês não podem fazer isso comigo”.

MEU CONTRATO é que estou disponível para eles. Recebo uma mensagem às oito da noite dizendo para estar na produtora às 6 da manhã para um jornada de 24 horas. Isso acaba. Acaba com minha vida [risos]. Não tem plano, projeto, não tem o que fazer. Você gosta de viajar?

NÃO GOSTO, não gosto de ir à praia, nada. Único lugar que gosto é Nova York. Só. Empolguei muito no ano passado, foi a primeira vez lá e acabei indo três vezes. Agora, estava começando a querer ir de novo, mas pensei: “O que vou fazer lá?”.

é importante. Vocês não casaram formalmente.

MAS a gente tem filho. Andar, ver pessoas, coisas.

É LEGAL, também acho legal andar, gosto de lá. Minha mulher gosta muito de viajar, já fui para a Europa com ela. Só por ela, ela sabe. Ficar vendo aquelas pedras, coisa velha.

Ela queria um anel?

E música?

GOSTO de R&B americano. Mas bem meloso, não tipo James Brown, tipo...

Por ser um rito, uma tradição, é importante. E é muito bonito dizer, diante das pessoas, que entre bilhões de homens aquele é com quem você se compromete.

… tipo Boyz II Men?

E PRECISA aparecer para os outros?

NEM SEI dizer, não perguntei, não conversamos sobre isso. Mas o que significa o casamento? O que significa para você?

É. Boyz II Men. Mas não é meio brega?

Não é para aparecer, mas é uma escolha significativa e tem esse peso social também.

É, sei que é brega, mas eu gosto [risos]. New Edition, Montell Jordan e Toni Braxton.

SE QUISER FICAR JUNTO para sempre, tenha um filho junto. Filho é um passo muito além do casamento.

Unbreak my heart.

A gente sabe que casamento não é garantia de ficar junto para sempre, mas ter filho também não é. Voltando à carreira, tanto no CQC quanto na Liga, você teve contato com políticos. Como foi a experiência?

ESSA NÃO. Essa é ruim, é demais. Você é romântico?

NÃO, nenhum pouco. Bom, não sei. Não sei exatamente o que você considera um cara romântico. Sou muito carinhoso com minha mulher. Você sempre fala muito bem dela, em todas as entrevistas.

FALO, não tem como. Ela assume tudo o que faço, a mulher da minha vida.

A GENTE VIVE num país em que a administração pública é abandonada, um país grande, confuso, cheio de injustiças, a divisão de ganho é muito diferente de estado para estado. E tem uma coisa que, infelizmente, o brasileiro carrega: o hábito de ser malandro. Sem ser malandro, você consegue ser político, porque os políticos malandros te engolem. É um círculo vicioso terrível.

Por quê?

O comentário geral é de que está melhorando. Você vê isso?

FOI A PESSOA que estava comigo quando subi ao palco pela primeira vez. Me conheceu quando eu não tinha porra nenhuma, morava num apartamento fodido de um quarto, uma pessoa que eu amo, tenho uma relação boa. Para estar numa relação a ponto de não querer sair e comer todo mundo, é porque

NÃO SEI se está melhorando, ou não está melhorando, mas a gente está vivendo um momento de honestidade. O povo quer honestidade, isso é muito legal. Cada vez mais, há cobertura de escândalos — eles sempre existiam, mas, agora, vêm à tona. É um momento de policiamento mais preciso. Dizer que o Brasil

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O humor que você faz contribui para aumentar o senso crítico do país?

NÃO TENHO esse objetivo. Mas a televisão brasileira tem formatos de programas muito parecidos, novelas, telejornais. E faço dois programas muito diferentes. Ao trabalhar com novos formatos, já é possível abrir a mente de muita gente. É preciso ter referência para entender as coisas que eu digo. Sinto que não faço humor para todo mundo, se alguém quiser entrar nesse bonde, tem que se informar. Mas a média do brasileiro é muito simples, o raciocínio é abaixo do que a minha comédia irá atingir, então nunca vou ser superpopular. Nem quero ser. Não vou reduzir para atrair mais gente. Acho que contribuo, mas minha vontade não é criar uma consciência crítica. Só quero que as pessoas se divirtam de uma maneira inteligente e sem barreiras: que fale de preto, que fale de deficiente, de todos.

ENQUANTO O PAÍS NÃO EVOLUIR E A GENTE NÃO PENSAR EM EDUCAÇÃO E SAÚDE COMO COISAS BÁSICAS, NÃO PODE PENSAR EM DESENVOLVIMENTO

Em São Paulo, humor e jornalismo: no CQC, ao lado de Marcelo Tas e Marco Luque, e como repórter do programa A Liga, num espcial sobre drogas

FOTOS: REDE BANDEIRANTES/DIVULGAÇÃO

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

Bons tempos em Porto Alegre, aos 2, 4 e 18 anos

não tem jeito ou é ruim é muito superficial. Há muitos políticos honestos. A maioria é de desonestos. Os honestos caem fora, os menos desonestos são engolidos pelos mais desonestos, um processo cruel. Tem a ver com a índole. O povo brasileiro é como o Zé Carioca, um papagaio malandro. O brasileiro gosta de esperar por Deus, Deus vai trazer. Se Deus não trouxer, "puxa, “não acreditei o suficiente”. Mas não é só uma questão de não acreditar em si mesmo. Ninguém é pobre porque quer, miserável porque quer, fica preso porque quer. Às vezes, é atraído pela criminalidade, por muitas razões que vão além — pobre sempre é vítima. Enquanto o país não evoluir e a gente não pensar em educação e saúde como coisas básicas, não pode pensar em desenvolvimento. Não enquanto o salário mínimo for R$ 520, uma tristeza. As pessoas contam as migalhas para atravessar o mês. Sessenta por cento dos brasileiros ganha entre um e dois salários mínimos. Vai viver com R$ 700. É impossível.

Shows em BH 9 de Julho, sábado – 21h 10 de Julho – 18h Minascentro (31) 3889 2003


SCRAP por Alex Capella

SA

fale com ele: alexcapella.mg@diariosassociados.com.br *A coluna Scrap S/A foi fechada no dia 20 de abril. Sugestões e informações para a edição de junho, favor entre em contato pelo e-mail da coluna.

/ Ondas e música /

/ Entrando de sola / A robustez das botas fabricadas pela marca internacional Cat Footwear, a partir deste mês, poderá ser vista também numa linha completa de tênis masculinos. A representante oficial da marca no Brasil, a Marinelli Brasil disponibilizará os produtos em todos os estados, incluindo Minas Gerais. Líder no mercado global no setor de botas pesadas, a Cat Footwear agora quer também brigar no disputado mercado de tênis para homens.

/ Festival de sabores / A partir do dia 10 de maio até 10 de junho, Minas Gerais será palco do festival Brasil Sabor, realizado pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Ao todo, participarão 85 restaurantes de todo o Estado, que terão o desafio de apresentar pratos com o tema “À mesa, o Brasil já é hexa”, numa alusão à Copa do Mundo de 2014 que terá o país como sede.

IMAGENS/FOTOS: DIVULGAÇÃO

/ mais energia /

/ Mais Coca-Cola / A Coca-Cola Femsa vai instalar uma nova fábrica de refrigerantes em Minas Gerais. O grupo vai investir R$ 250 milhões na unidade, com a criação de 500 empregos diretos durante a construção. Atualmente a empresa emprega 3,6 mil pessoas em Minas Gerais. A nova fábrica deverá ser implantada em uma área de cerca de 300 mil metros quadrados e terá, até o ano de 2015, capacidade anual instalada para produção de 2,1 bilhões de litros de refrigerantes, equivalente a um aumento de aproximadamente 47% da atual capacidade instalada na atual unidade de Belo Horizonte. Serão produzidos nessa nova unidade todos os refrigerantes da marca em todas as embalagens existentes.

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Para difundir e resgatar o hábito de ouvir surf music e suas vertentes, surgiu o Projeto Surf Beat- HB Apex Band. Serão festas, com datas já marcadas em Nova Lima e em Belo Horizonte, sempre com apresentações da Apex band, além dos residentes Dj Th e On The Barrel. O projeto conta com o apoio da marca australiana HB, que vislumbrou ótima oportunidade de unir as batidas do surf music com a raiz da marca, estando diretamente ligada ao seu público alvo. Segundo os organizadores, o Surf Beat-HB pode ganhar formato itinerante, viajando para outros estados do país, sempre levando o clima de praia e paz.

De olho em um segmento de bebidas que cresceu quase 50% em 2010, a Ambev lança no mercado brasileiro o Fusion Energy Drink, energético que tem como diferencial a guaranina, cafeína natural extraída do fruto do guaraná. Além da guaranina, o energético só conta com aromas e colorificantes naturais e é sem conservantes. Outra novidade é a impressão da lata, feita High Definition (HD). A bebida é apresentada em latas sleek de 260 ml, em packs de quatro ou seis unidades e está disponível nos principais supermercados, lojas de conveniência, bares e restaurantes.

/ Hora da verdade / Quem está em dúvida sobre que curso superior escolher, a oportunidade pode estar na primeira edição do Salão do Vestibular (Savest), que acontece no Expominas, nos dias 19, 20 e 21 de maio, em Belo Horizonte. Mais de 40 expositores, entre instituições de ensino superior de diversas cidades universitárias do Estado, estarão reunidos para esclarecer todas as dúvidas dos estudantes que vivenciam o processo de escolha do futuro profissional. Estudantes que apresentarem comprovante de escolaridade e documento com foto não pagam entrada. Os demais pagam R$ 10.


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