Revista Ragga #62

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REVISTA

CRISE NA GRÉCIA

ESPECIAL CAMPEONATO MUNDIAL DE WAKEBOARD!

#62

JUN 2012

NÃO TEM PREÇO

EDIÇÃO COMEMORATIVA 7 ANOS

Nosso repórter foi ao país e conta o que o povo grego está sentindo

Patrícia Abravan el, a nova cara do SBT

A FILHA DE SILVIO SANTOS FALA SOBRE AS DIFICULDADES DE SEGUIR OS PASSOS DO PAI

APAIXONADOS POR BACON Para eles, só tem uma opção na pirâmide alimentar

KARINA BUHR Tirando a música brasileira do padrão


Poder fazer da graduação ao doutorado no mesmo lugar #euqueromais Programas de mestrado e doutorado - a melhor estrutura - projetos de extensão - laboratórios de última geração e aliança acadêmica com a Apple - intercâmbio internacional.


Vestibular

U n i v E r s i d a d E

FUMEC 2Âş/2012

Ăşltimos dias. inscreva-se.

#euqueromais Bem-vindo a uma universidade completa.

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novo cockpit

Painel com Digital Cruise Prรณ

marreco

6x campeรฃo brasileiro, medalha de ouro no Pan 2007 e prata 2011, atleta moomba

proa

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Chegou o mais novo modelo da Moomba: Mojo 2.5. São 22,6 pés de comprimento, com nova torre oZ, painel com Digital Cruise Pró, Wakeplate, carpete removível e sistema de lastro com tanque fechado na proa e com fatsacks na popa.


O ESPÍRITO OLÍMPICO INVADE SUA NOITE. Está definido seu circuito de corrida de rua para 2012

ORGANIZAÇÃO

PATROCÍNIO

APOIO

RÁDIO OFICIAL

REALIZAÇÃO


FAÇA JÁ SUA INSCRIÇÃO ETAPA AMÉRICA Percurso: 5km e 10km Local: Belo Horizonte Hora: 19h

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INSCRIÇÃO POR ETAPA INDIVIDUAL ALUNO FUMEC: R$ 60,00

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R$ 70,00 ** (Preço individual para 2º lote)

R$ 70,00

**O aluno deverá preencher a inscrição com o número da matrícula FUMEC.

(Preço individual para 2º lote)

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Na retirada do kit, deverá apresentar comprovante de matrícula, juntamente com carteira de identidade.

INSCREVA-SE

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Imagens meramente ilustrativas.

11 DE AGOSTO








carlos hauck

EDITORAL

Esta edição comemora os sete anos de uma empresa que foi literalmente construída a partir de um sonho. Até porque, há sete anos, não tínhamos nada além dele e alguns trocados. Planejamento, conhecimento, esforço, investimentos, riscos e dedicação vieram com o tempo e foram - e continuam sendo - elementos essenciais para alimentá-lo e mantê-lo vivo. Não pretendemos acordar desse sonho tão cedo, a nossa cama continua quente e não tem cutucão da razão que abale nosso sono pesado. Sem deixar de comemorar e apreciar o que foi feito até aqui, uma coisa é certa: pode ficar melhor! Ainda falta muito para chegarmos onde queremos, afinal, nunca foi nossa intenção realizar nenhum sonho, seria como acordar. Queremos continuar a vivê-lo. Simples como um chá de camomila, nossa receita é continuar fazendo muito com pouco, valorizar o coletivo respeitando o individualismo, continuar considerando o bom como inimigo do ótimo, ter a verdade como prioridade e sempre acreditar que a imaginação é muito mais importante do que o conhecimento. Tudo isso com duas colheres de humor e fervido em fogo brando. Bons sonhos! Lucas Fonda lucasfonda.mg@diariosasassociados.com.br

VIVA O SONHO



bruno senna

ÍNDICE

Adoro bacon O QUE PODE SER MELHOR DO QUE UMA FATIA AO ACORDAR?

40


Especial Wakeboard As melhores manobras, os menores biquínis e tudo que rolou de bom no Campeonato Mundial

Amor distante Os melhores looks para o Dia dos Namorados

Karina Buhr Conheça a verdadeira música brasileira

34 72 Califórnia

Mercado novo

Dicas para aproveitar a cidade ensolarada

São 50 anos de muita feira, festa e cultura

38 46 50 A filha número 4 Patrícia Abravanel conta como foi crescer no SBT

JÁ É DE CASA

64

Scrap 19 Só no site 20 Destrinchando 22 Twitter 24 Eu quero 26 Estilo Cacá Zech 28 Rapidinhas 30 Quem é Ragga 32 Por aí 112

On the Road Solar 114 Ragga Girl Gisele Alcântara 116 Livrarada 120 Prata da casa 122 A música e o tema 124 Crônico 126 Quadrinhos Rasos 128

Grécia Veja a crise pelos olhos de quem está lá

54

Os melhores de MG A fotografia mineira que passa longe da Serra

58


C

CAIXA DE ENTRADA CARTAS

EXPEDIENTE

Edição Kibe Loco

DIRETOR GERAL

Túlio Costa, pelo Facebook Gosto muito da linguagem, da leveza dos textos. Acho o máximo! Parabéns!

lucas fonda [lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING

bruno dib [brunodib.mg@diariosassociados.com.br] ASSISTENTE FINANCEIRO

nathalia wenchenck [nathaliawenchenk.mg@diariosassociados.com.br] GERENTE DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING

rodrigo fonseca [rodrigoalmeida.mg@diariosassociados.com.br] Ragga na Itália

Lorença Milagres, pelo Facebook Adorei as dicas, vou usá-las! =D

EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVEL

flávia denise de magalhães – mg14589jp [flaviadenise.mg@diariosassociados.com.br] SUBEDITOR

bruno mateus [brunomateus.mg@diariosassociados.com.br] REPÓRTERES

bernardo biagioni [bernardobiagioni.mg@diariosassociados.com.br] guilherme avila [guilhermeavila.mg@diariosassociados.com.br] izabella figueiredo [izabellafigueiredo.mg@diariosassociados.com.br] ESTAGIÁRIOS DE REDAÇÃO

lara dias [laradias.mg@diariosassociados.com.br] laura dias [lauradias.mg@diariosassociados.com.br] NÚCLEO WEB

renata ferri [renataferri.mg@diariosassociados.com.br] felipe bueno [felipebueno.mg@diariosassociados.com.br] DESIGNERS

anne pattrice [annepattrice.mg@diariosassociados.com.br] anselmo júnior [anselmojunior.mg@diariosassociados.com.br] bruno teodoro [brunoteodoro.mg@diariosassociados.com.br] marina teixeira [marinateixeira.mg@diariosassociados.com.br] FOTOGRAFIA

ana slika bruno senna carlos hauck

lucas machado alex capella . eduardo damasceno . joão paulo kiko ferreira . lucas buzzati . luís felipe garrocho ARTICULISTA COLUNISTAS

NOSSA CAPA Fazia tempo que um belo rosto feminino não estampava a capa da Ragga. Mas, depois que mudamos de endereço para a sede da TV Alterosa, o caminho até a filha de Silvio Santos ficou mais fácil. Daí foi só viajar para os estúdios do SBT em Osasco (SP) e aguardar pelos intervalos das gravações do programa Cante se puder. Patrícia Abravanel nos atendeu em seu camarim, foi bastante simpática e falou sobre tudo. Vaidosa, a "filha número 4" só não topou imitar seu pai. Nós até que tentamos, levamos aviõezinhos de dinheiro e produzimos uma réplica do microfone do Silvio. Descubra porque lendo a nossa entrevista com ela na pág. 64. Fotografia: Bruno Senna 18

COLABORADORES

diane paschoal . diego suriadakis . igor boito juliano sacramento . léo horta RAGGA GIRL MODELO graziele alcântara FOTOS davi borges CAPA bruno senna REVISÃO DE TEXTO vigilantes do texto IMPRESSÃO rona editora REVISTA DIGITAL [www.ragga.com.br/digital] REDAÇÃO

av. assis chateaubriand, 499 . floresta . cep 30150-101 belo horizonte . mg . [31 3225 4400] PARA ANUNCIAR

bruno dib [brunodib.mg@diariosassociados.com.br] rodrigo fonseca [rodrigoalmeida.mg@diariosassociados.com.br] SAIBA ONDE PEGAR A SUA

www.revistaragga.com.br FALA COM A GENTE!

@revistaragga ragga.mg@diariosassociados.com.br

O CONTEÚDO DIGITAL DA RAGGA VOCÊ CONFERE NO PORTAL UAI:

AUDITADO POR: TIRAGEM: 10.000 EXEMPLARES


S

SCRAP S/A

COLUNA POR ALEX CAPELLA // ALEXCAPELLA.MG@DIARIOSASSOCIADOS.COM.BR

*A coluna Scrap S/A foi fechada no dia 20 de maio. Sugestões e informações para a edição de julho, entre em contato pelo e-mail acima. MANIA DE ATLETA

fotos: divulgação

Com seis sabores diferentes (banana tradicional, banana e ameixa, banana e coco, banana e castanha-do-pará, banana e damasco, banana e nozes), a barra de frutas Woohoo já virou febre entre os atletas. Fabricada pela mineira Villefrut, a barrinha tem tanta ligação com as corridas de rua, por exemplo, que o slogan do produto é A barrinha com muita energia e pouca caloria.

História da cerveja

Concurso

A Bohemia, primeira cerveja do Brasil e líder do segmento premium, volta às suas raízes e inaugura um dos mais completos centros de experiência cervejeira do mundo, a Cervejaria Bohemia, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro. O Centro Cervejeiro abre suas portas para dividir todo o conhecimento do universo da cerveja. O espaço mostrará aos visitantes, de forma interativa e lúdica, a história, os ritos, os mitos e as curiosidades sobre o ouro líquido.

A Coca-Cola FEMSA Brasil, em parceria com a Cervejaria Heineken, deu início à edição mineira do programa Clube Apreciadores do Chopp 2012. A iniciativa é realizada há mais de 10 anos e tem como objetivo eleger os estabelecimentos que se destacam no chope. Os 550 bares e restaurantes parceiros da Cervejaria Heineken de todo o Brasil passarão por avaliação duas vezes em 2012. Os melhores em cada região receberão, em um evento exclusivo, o título de Mestre Apreciador.

Ócio criativo

A Fumec promoveu, em 11 de maio, a palestra Inovação e criatividade nas organizações, do consagrado sociólogo italiano Domenico Di Masi. Conhecido por criticar o método de trabalho das grandes empresas, o autor de O ócio criativo apresentou alguns conceitos que quebram paradigmas sobre a relação do desenvolvimento intelectual dentro das organizações. E, por falar em intelecto, estão abertas as inscrições para a segunda entrada do vestibular 2012. Elas podem ser feitas até o dia 13 de junho. Informações pelo fumec.br/vestibular.

Cavalinho branco

Com o crescimento do consumo no Brasil, a White Horse, da britânica Diageo, aposta num novo território: os botecos. Por isso, entre as estratégias de marketing da companhia neste ano está a disseminação do “cavalinho branco”, como é chamado o uísque por aqui, nos botequins. A marca quer criar um segundo período de sazonalidade para o consumo de uísque, cujas vendas concentram-se entre os meses de outubro e dezembro, época das festas de fim de ano. >> quinta-feira, 10 de maio de 2012

>> quinta-feira, 24 de maio de 2012

raggadrops.com.br MSN >> raggadrops@hotmail.com

QUADDRO FOTOGRAFIA/ESP. EM

>> quinta-feira, 31 de maio de 2012

Quadrinhos independentes e adaptações literárias dividem as prateleiras e a atenção do público

raggadrops.com.br MSN >> raggadrops@hotmail.com

raggadrops.com.br MSN >> raggadrops@hotmail.com BRUNO SENNA/ESP. EM

>> quinta-feira, 17 de maio de 2012

BRUNO SENNA/ESP. EM

LUANA CAETANO/DIVULGAÇÃO

raggadrops.com.br MSN >> raggadrops@hotmail.com

Fãs falam sobre as expectativas para os shows deste fim de semana em BH

Ermínia e Juliana compartilham os grupos de amigos Para manter o moicano igual ao do ídolo, os garotos vão ao cabeleireiro de 15 em 15 dias

ACESSE AS EDIÇÕES DIGITAIS DO IRMÃO MAIS NOVO DA REVISTA RAGGA no www.ragga.com.br/digital

TALMÃE,TALFILHA

BIENALEMQUADRINHOS

As semelhanças entre as garotas e suas mães DROPS #220 podem ir muito além da fisionomia e dos gostos

DROPS #221

Nova atração da Bienal do Livro de Minas reserva DROPS #222 espaço inédito para as HQs e movimenta a programação

Tal mãe, tal filha Sabia que as semelhanças entre elas vão muito além das aparências?

Los Hermanos Entenda porque os cariocas barbudos marcaram uma geração de fãs

Bienal em quadrinhos Nova atração da Bienal do Livro de Minas reserva espaço inédito para as HQs

na hora de se vestir. Confira! págs. 4 e 5

SEXO! É normal um jovem ter vontade de fazer sexo o dia todo? pág. 7

VOCÊ QUER SER Já pensou em trabalhar como diretor de videoclipes? pág. 7

FAZENDO MEU FILME Quarto livro encerra as aventuras de Fani, mas a série continua pág. 8

LOSHERMANOS Jovens que cresceram ouvindo as músicas do grupo carioca explicam por que essas composições marcaram sua geração págs. 4 e 5

MANUAL Aprenda a fazer uma supertigela usando um disco de vinil pág. 6

DIVÃ DA SAM Como pedir desculpas depois de brigar por causa de um garoto? pág. 7

DIABLO 3 Saiba tudo sobre o novo jogo da série lançado esta semana pág. 8

cultural da terceira edição do evento págs. 4 e 5

SÓ NO SITE Descubra o que aconteceu com os Power Rangers pág. 6

LIVRO LIVRE Conheça o segundo volume da série Os heróis do Olimpo pág. 7

MIB 3 Os homens de preto e os aliens estão de volta... no tempo pág. 8

DROPS #223

MODANEYMAR Moda Neymar Além de jogar no Santos e na Seleção Brasileira, ele também dita tendências Não é só na hora de cortar o cabelo que os jovens se inspiram no estilo do jogador. O craque da Vila Belmiro também é referência de moda e música. Confira págs. 4 e 5

GAME BUNKER O que é mais importante, diversão ou realidade? pág. 7

DIVÃ DA SAM Estou apaixonada pelo meu professor. E agora? pág. 7

KATY PERRY Filme sobre a cantora chega ao Brasil em agosto pág. 8


S

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EXTRAS

bruno senna

Loucos por bacon Além da galeria completa de fotos no site, você aprende a fazer o desafio do bacon no raggatv.com.br

EXTRAS

Me conta um segredo? Se você está louco para dizer algo, mas não pode, entre no site da Ragga e veja como o Post Secret vai ajudar você migre.me/9bqm2

BLOGS PARCEIROS

Mais onda Confira nossa cobertura exclusiva da etapa mundial do circuito Billabong Pro, que rolou no Rio de Janeiro migre.me/9brbW

Zonafootball Assista aos dez comerciais mais clássicos do Super Bowl, a grande final do futebol americano migre.me/9brsF

Mais estilo Confira mais fotos do look fashion e todos os objetos do kit de sobrevivência da maquiadora Cacá Zech migre.me/9bsnI

EXTRAS

A saga de Tião Saiba mais sobre a história nonsense desse blog, que começou em 2007 e que já está em sua terceira temporada migre.me/9bqq8

Death buy lemonade A sede por dinheiro, ou por limonada, pode fazer a morte chegar mais cedo. Assista a essa animação coreana migre.me/9bqoP

Octógono A maior competição de MMA do mundo será realizada em Belo Horizonte. Saiba tudo sobre o UFC 147 no ginásio Mineirinho migre.me/9brMH 20

léo horta

coluna na web


N E W YO R K

PA R IS

T O K YO

SIDNEY

H O S S EG O R

LOS ANGELES

R I O D E JA N E I R O

PORTO ALEGRE


DESTRINCHANDO ARTIGO POR LUCAS MACHADO ILUSTRAÇÃO ANNE PATTRICE

bonnie e clyde, o amor criminoso “SABEMOS O QUE SOMOS, MAS NÃO O QUE PODEMOS SER" William Shakespeare

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Bonnie e Clyde eram, com certeza, a mais romântica dupla do mundo do crime. Além de exóticos, eram extremamente apaixonados

Marco Antônio e Cleópatra, Romeu e Julieta, Lampião e Maria Bonita: exemplos de romances que tiveram em comum a tragédia, marcada principalmente pela paixão em excesso. Em Verona, na Itália, onde viveu Julieta, casais apaixonados escrevem seus nomes nas paredes para ter sucesso e proteção no amor. Essas românticas histórias foram tão emocionantes e comoventes que criaram várias superstições e inspiraram mestres da literatura mundo afora. No entanto, caso Shakespeare tivesse vivido no início do século 20, qual teria sido o fruto de sua inspiração? Bonnie e Clyde, com certeza, a mais romântica dupla do mundo do crime. Sim, porque, além de exóticos, eram extremamente apaixonados. Bonnie e Clyde foram a típica consequência social, em meio à Grande Depressão, numa época de desilusão com a vida. Conheceram-se por coincidência, se é que ela existe, visitando um amigo em comum. Clyde tinha 21 anos, e Bonnie, 19. Estavam no auge da juventude. E por que uma história que misturava amor e crime carrega um misticismo que até hoje prende a atenção das pessoas em qualquer parte do mundo? Certamente porque não se tratava de uma inclinação generalizada para atividades ilícitas — os americanos passavam pela crise da queda da bolsa de valores de 1929, com o desemprego atingindo níveis alarmantes.

MANIFESTAÇÕES

articulista.mg@diariosassociados.com.br | Twitter: @lucasmachado1 facebook.com/lucastmachado 22

Para o homem simples, urbano, ou para o que vinha do campo, que via suas terras sendo tomadas por instituições financeiras, o casal era visto como uma espécie de Robin Hood em versão moderna, levados para o mundo do crime pela miséria. Mas os verdadeiros ladrões eram os bancos com seus juros exorbitantes, tornando praticamente impossível o pagamento das dívidas. Gostavam da noite quando saíam sem pensar nas consequências. Começaram com pequenos delitos, quebrando vidraças, praticando pequenos furtos, coisas de pouca gravidade. Aos poucos, porém, aquilo foi ficando monótono. Foi exatamente no dia da quebra da bolsa que, talvez por um sentimento de que não havia mais futuro, resolveram arriscar mais: roubaram um carro, foram perseguidos e quase presos. Daí em diante, passaram a se especializar em roubar carros e, em seguida, caixas registradoras de lojas e bancos em Dallas. Tornaramse o casal marginal mais conhecido dos últimos tempos. Só roubavam carros V8 da Ford e chegaram a mandar uma carta para Henry Ford, dizendo que seus carros eram os melhores. Morreram em uma emboscada feita pelo FBI, em maio de 1934 — Bonnie tinha 24, e Clyde, 25. Em 1967, a história dos dois foi levada para as telas do cinema sem muitas expectativas, mas o filme foi recorde de bilheteria e teve 10 indicações ao Oscar. O casal também foi tema de um musical da Broadway. Bonnie e Clyde viveram um amor que começou com certa inocência e passou a ser criminoso. Será mesmo que o crime compensa? A pergunta está bem próxima de nós, vivemos sendo roubados e enganados pelos nossos políticos, que estarão às urnas este ano. Com certeza, eles têm a resposta. J.C.


Exageramos no sabor, economizamos nas calorias.

Frango Teriyaki

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© 2012 Doctor’s Associates Inc. SUBWAY® é uma marca comercial registrada de Doctor’s Associates Inc. Imagem meramente ilustrativa.


T

TWITTER

SarahShoeMe

Sou1Gostosao

Vazaram umas fotos minhas pelada, mas parece que a internet devolveu pro meu HD. hebecamargo

Hoje vou a uma pool party. Espero que não termine em hidroginástica.

Uma coisa que deixa a mulher puta é rodar a bolsinha na esquina.

victoroliveira

Faz três meses que é segunda-feira.

hadoucken

Idade mental: buzina quando o trânsito tá parado.

PiadasMalignas

Sempre me pego conversando com um saco de cimento. Na vida temos de dar atenção a tudo aquilo que um dia possa ser concreto. #vamoquevamo

OQueMeDeixaPuto

UMA IDEIA PARA O BONINHO: UM REALITY SHOW COM 14 SERIAL KILLERS DENTRO DA CASA DO BBB. itsDionathans

NubiaOliiver

Contratar um técnico e perceber que você sabe mais do que ele.

APiada

ESTUDOS REVELAM QUE USUÁRIOS DE MACONHA PREFEREM FILMES "BASEADOS" EM FATOS REAIS.

O stalk foi tão forte que eu descobri quem a pessoa foi na vida passada.

pedreiro_online

hebecamargo

GATA, SE VC FOSSE ÔNIBUS, EU NEM RECLAMARIA DE TER QUE TE PEGAR TODO O DIA, SUA LINDA! rafinhabastos realwbonner

Pô, por que todo mundo olha pra mim quando alguém fala em paranoia?

E se alguém der este tal de "tchu" e o tal de "tcha" que a dupla tanto pede, será que eles ficam quietos?

Geral sempre fala que gays sabem se vestir superbem, lógico que sabem, passaram a maior parte da vida no armário. DaniloGentili

Trânsito bate recorde em SP com 168km de congestionamento. Fiz até um adesivo pra comemorar: "168Km, eu tava lá".

Dicas_do_heman

Só aceite a ajuda de adultos conhecidos, como o Batman e o Papai Noel. Subcelebridades nunca. 24

laranjudo

Chefa, meu edredom se enrolou em mim, me prendeu e não quer me deixar sair de casa, ok? Bjo.

alemigueis

Como desinchar a mão depois de 20 tapas na cara da sociedade?

MarceloTas

Os franceses se livraram do Sarkozy. Agora só falta você, Carla Bruni.

B


BEYOND REASON TENHO QUE PROGUEDIR PARA CONTINUAR VIVO. | BOB BURNQUIST

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EU QUERO

CONSUMO

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fotos: divulgação

Essa é para quem não tem certeza se prefere escrever com o que a tecnologia tem de mais novo para oferecer ou quer mesmo é tirar onda com uma máquina das antigas. R$1.432,08, no usbtypewritercom

Tele de iPhone Fazer fotos incríveis com o iPhone não é tão simples como o Instagram faz parecer. Mas, se você tiver uma teleobjetiva na mão, tudo fica mais fácil. R$70, no photojojo.com

Caneca soqueira Nada como produtos do dia a dia que permitem que a gente deixe transparecer a nossa vontade de... como dizer... quebrar o pau. R$94,90, no kinkyland.com.br 26


Uísque aguado nunca mais! Quem gasta milhares de dólares com uma garrafa de uísque sabe o pecado que é colocar pedras de gelo em um líquido que demorou décadas para maturar. Para impedir o sacrilégio, pedras que, depois de alguns minutos no freezer, substituem com muito estilo o bom e velho gelo. R$44, no teroforma.com

No alto com estilo Para a felicidade das baixinhas, os tênis Dixie, da Esdra, existem. Com 6cm de salto interno superdiscreto ele é obrigatório no pé das fashionistas. R$329,90, na tshit.com.br

Fósforos na cama sutra Quando você está na cama, vale tudo para esquentar o clima. R$99,90, na imaginarium.com

27


E

ESTILO Cacá Zech

COLUNA POR LUCAS MACHADO FOTOS léo horta

Cacá usa Casaco Brechó Vestido A Rosa Vermelha Bota Bota da sorte que ganhou da mãe Pulseira Presente Colar Pérola da Avó (Cruz Brasca) Brinco Presente da mãe

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Ana Clara Zech Coelho Lemelle, mais conhecida como Cacá Zech, nasceu em 5 de abril de 1980, em Belo Horizonte, e é formada em psicologia pela universidade Fumec. Desde muito nova, já era ligada à arte. ‘’Minha mãe é artista plástica e, desde quando eu era pequena, me colocou em escolas de arte. Comprava meus pincéis, me deixava pintar a parede. Tive uma infância muito lúdica, isso fez toda a diferença em minha formação”, comenta. Cacá conta que adora ver filmes, seja no cinema ou em casa, principalmente todos do Tim Burton. Gosta de ler tudo, de moda a Freud, e, apesar de não se considerar feminista, curte autoras mulheres. Na música, considera a palavra “eclética” muito estigmatizada, o som depende muito do momento. Sua vida de maquiadora comercial começou mesmo aos 22 anos. “Escolhi a maquiagem dentro da arte, porque sempre soube que ser artista não é fácil. Daí optei por um trabalho que gosto muito e tem uma boa comercialização, sem perder o conceito”, conta. Zech enfatiza que, desde os anos 1980, a maioria dos profissionais são multiartistas. “Não dá para viver só de moda, por isso faço make com teatro, videoclipe. É um universo bem aberto. Não podemos deixar de compartilhar informação. Mesmo que a gente não crie, podemos recontar as histórias de certa forma.” É isso aí! Valeu, Cacá, aprendemos que o tempo não é nosso inimigo, ele apenas nos prepara para o sucesso.

Quadro Luciana da Gama

Corretivos Kryolan

Espelho de mão

Coleção de pincéis profissionais Headlamp da Petzl

Livro O futuro de uma Ilusão de Sigmund Freud

Livro Facehunter de Yvan Rodic J.C.


Photo: Tony D. Andrea

Proteja seus olhos. Exija o selo de qualidade ABNT.

model

THE EDGE II


R

RAPIDINHAS COLUNA

fotos: divulgação

POR FLÁVIA DENISE DE MAGALHÃES

MAPA RESISTENTE Quem já saiu pelo Brasil com um mapa na mão acompanhando as rodovias ao dirigir (lembra quando não tinha GPS?) sabe o quão é difícil refazer as dobras originais do papel. E sabe que ele não durará mais do que alguns meses dentro do carro no qual recebe boas doses de farelos, líquidos e sol. Para resolver esse problema, a empresa Palomar Design criou o Crumpled city™ map. Sem chance de rasgar ou ser danificado na água, o papel pode ser guardado daquele jeito que a gente gosta: bem amassadinho no porta-luvas. Infelizmente, nenhuma cidade do Brasil entrou na seleção da empresa. Dá uma olhada no palomarweb.com.

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BIG BROTHER COLETIVO

Numa era em que todos estão preocupados com o governo vigiando quem vai e quem vem nas ruas, ninguém se pergunta se existe alguém interessado o bastante para acompanhar as milhões de câmeras instaladas em todo planeta. Isso pelo menos até que resolveram colocar algumas dessas imagens na internet, meio de comunicação no qual qualquer um pode passar o dia acompanhando o movimento das principais avenidas dos EUA. Não preciso nem descrever o quão divertido é ver turistas na Times Square. Vai lá pagar de voyeur no earthcam.com.


MULHERES POBRES

QUADRINHOS DE BH Quando Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho chamaram seus amigos para apoiar o lançamento de Achados e perdidos, ninguém imaginou o sucesso que o livro faria. Menos de um ano depois de viver seu momento de glória no Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), a dupla fechou o lançamento de uma segunda edição do livro com a editora Miguilim e já começou a trabalhar em outro projeto. Cosmo! ainda está coberto por uma camada de mistério — que eles juram significar que não fazem ideia de como será. Enquanto o livro não fica pronto, vale dar uma olhada no novo projeto deles na última página desta Ragga.

Quem curtiu a série Mulheres ricas não pode deixar de conferir a sátira feita sobre a vida das socialites brasileiras: a websérie Mulheres pobres. Com um orçamento quase inexistente, um grupo de atrizes produziu cinco episódios, que foram veiculados no YouTube, contando da vida dura daquelas que não podem beber champanhe na quinta de manhã. Quem curtir a primeira temporada pode ajudar a criar a segunda. O grupo iniciou um projeto no site de crowdfunding Catarse, pedindo nada menos do que R$ 45 mil para continuar a série. bit.ly/mulherespobres

LIVRO FUMÁVEL O FIM DO MUNDO CHEGOU Esperar pelo fim do mundo virou uma espécie de hobby da nossa geração. Depois de sobreviver ao terrível bug do milênio, ao fim do mundo de 2001 e ao 21 de março de 2011, não sobrou adrenalina para temer o fim de todos os tempos de 2012. Mas sobrou bom humor para fazer piada com a nossa suposta morte iminente. É esse o caso do kit de sobrevivência da agência mexicana Menosunocerouno (tudo junto mesmo). Com itens que vão desde uma faca para emergências até aquela vodca para quando você desistir, ele é imperdível: menosunocerouno.com.

Snoop Dogg falando sobre maconha não tem nada de novo. O rapper mais esparro dos EUA sempre deixou claro que curte fumar um. Mas, dessa vez, decidiu inovar. Para chamar atenção para sua novíssima marca de papel de seda, a Kingsize slim rolling papers, ele resolveu lançar um livro com suas músicas, no qual as páginas são destacáveis e podem ser fumadas. Por enquanto, o Rolling Words: Snoop Dogg's smokable songbook será distribuído somente para um público selecionado, mas existe a possibilidade de produzirem uma edição limitada para venda on-line. 31


QUEM É RAGGA FOTOS ANA SLIKA E CARLOS HAUCK

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apresenta

Tテグ LONGE, Tテグ PERTO MODA DIA DOS NAMORADOS

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OS DIAS SÃO PASSADOS A DISTÂNCIA E AS NOITES NÃO SÃO LONGAS O SUFICIENTE, MAS NÃO FALTAM MOMENTOS PARA LEMBRAR DO SEU AMOR

Bianca usa Vestido floral, colar e chapéu Adolfo Dominguez Parka Ellus Bota Patachou Óculos Chilli Beans Brincos Accessorize

Vecchi usa Camisa, ticot e sapato Ellus Calça e jaqueta Levis Cachecol Patachou Óculos Chilli Beans Relógio Chilli Beans 35


Thaís usa Jeans Ellus Camisa Shop 126 Colar Adolfo Dominguez Brinco Accessorize Bolsa e cinto Dumond Sapato Dumond

Raone usa Jeans e sapato Ellus Blazer e polo Sketch

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EQUIPE COORDENAÇÃO Flávia Denise de Magalhães FOTOS Quaddro (quaddrofotografia.com.br) MODELOS Bianca Annoni, Vecchi, Marina Cançado, Yuri, T hais Fonseca e Raone — Woll Agency PRODUÇÃO DE MODA Thiago Leão (thiagoleao.com) MAQUIAGEM Marcela Faria (Sá Bonita) AGRADECIMENTO Mineiriana e Café com Letras


Administração

ONDE COMPRAR Adolfo Dominguez 3228 4029 Ellus 3228 4171 Patachou 3286 2521 Chilli Beans 3286 1406 Accessorize 3228 4031 Levis 3228 4026 Shop 126 3286 6826 Dumond 3286 6088 Sketch 3286 2324

Marina usa Vestido Shop 126 Bota Dumond Bolsa, casaco, colar e echarpe Adolfo Dominguez

Yuri usa Calça e sapato Ellus Camisa e jaqueta Levis Chapéu Accessorize Relógio Chilli Beans

Bianca usa Vestido floral, colar e chapéu Adolfo Dominguez Parka Ellus Bota Patachou Óculos Chilli Beans Brincos Accessorize

Vecchi usa Camisa, ticot e sapato Ellus Calça e jaqueta Levis Cachecol Patachou Óculos Chilli Beans 37


CULTURA

calor

de amor

KARINA BUHR PROVA QUE INOVAÇÃO E ORIGINALIDADE AINDA SÃO POSSÍVEIS NO BRAS IL

POR FLÁVIA DENISE DE MAGALHÃES

Escutar o mais novo CD de Karina Buhr, Longe de onde, é o mesmo que colocar suas emoções em uma montanha russa. Ao contrário do que vemos em muitos trabalhos brasileiros e estrangeiros, a proposta de Karina não é ir ao encontro das expectativas dos fãs, mas criar algo complemente fora do padrão. Ela consegue expressar sentimento em cada letra e em cada virada inesperada de suas músicas, que não poderiam ser descritas de outra forma que não visceral. “Me apaixonei por música provavelmente na primeira vez que ouvi”, declara Karina, que nasceu em Salvador, mas foi morar em Recife ainda criança, onde cresceu cantando, tocando percussão e escutando muito maracatu. Ela começou a se envolver com música por causa da “vontade de tocar tambor, misturada com vontade de estar no palco” e passou por várias bandas antes de formar, em 1997, a Comadre Fulozinha. Com o grupo, que era quase inteiramente feminino, Karina explorou profundamente cantigas e ritmos regionais do Nordeste, usando instrumentos pouco vistos na música comercial, como zabumba, conga, djembê e ilú. O primeiro disco da banda saiu em 1999, mesma época em que ela começou a participar dos trabalhos de gente como Mundo Livre S/A, Eddie e Marina Lima. 38

Em 2010, Karina surpreendeu ao abandonar a carreira de colaboradora e o grupo que havia fundado para lançar seu primeiro disco solo. “Do dia que pensei a primeira vez nisso [fazer o disco solo], pro dia que realizei, devem ter se passado uns bons 10 anos”, conta. Eu menti pra você impressionou pelo abandono do som de raiz que a artista sempre havia perseguido. A voz cristalina da cantora teve, finalmente, a chance de fazer uma grande aparição, mas apesar da grande diferença com seus trabalhos anteriores, ela nega estar se distanciando das suas raízes. “Não preciso me afastar do que fazia pra fazer o que faço. Acho que é até o contrário. Quanto mais você chega à sua raiz e entende ela, mais faz algo novo. Eu parti para a carreira solo por necessidade de assinar embaixo, de assumir mesmo o que faço”. Para quem está tentando se encontrar, Karina impressiona com o que está mostrando. “A recepção de Longe de onde está bem massa! Muito bom chegar a cidades em que nunca toquei e ver a casa cheia, o público cantando as músicas. Essa é a melhor parte da brincadeira”, conta. A presença de palco da cantora também é digna de nota. Sempre com fantasias coladas e maquiagem colorida brilhante – e muitas vezes borrada – Karina revela outra faceta de sua formação: o teatro. Em 2003, entrou para a companhia Teatro Oficina Uzina Uzona e participou de produções como As bacantes e as cinco peças que compõem Os sertões. Apesar da experiência, ela nega planejar os shows como uma peça. “Nem penso nessas referências. Faço no palco o que me dá vontade na hora, de acordo com o que sinto com as músicas". Karina é artista em todos os sentidos da palavra. O jeitão desconectado e livre dela não está somente em sua música. A baiana canta, toca, desenha, escreve e, para quem a vê em ação, é óbvio que a música tem um espaço igual na sua vida às outras formas de arte em que se expressa. Ela sai do rock hipnótico para a balada de amor, passando por um momento silencioso de escrita e desenho sem nem sequer respirar e sem demonstrar cansaço em transformar toda e qualquer emoção em música, dança ou performance. Seus planos para o futuro? “Tocar, tocar e tocar.”


diego ciarlariello

Não preciso me afastar do que fazia pra fazer o que faço. Acho que é até o contrário. Quanto mais você chega à sua raiz e entende ela, mais faz algo novo


GASTRONOMIA

Apaixonados por

AFASTANDO QUALQUER PREOCUPAÇÃO COM A SAÚDE, ELES SE CURVAM DIANTE DO DELICIOSO PODER DA GORDURA SATURADA

POR LARA DIAS FOTOS BRUNO SENNA

Repita “bacon” três vezes: bacon, bacon, bacon. Você não precisa ser especialista para reconhecer que o próprio termo, que designa a parte abdominal do porco, tem um incrível poder fonético. A camada lipídica suína pode ter aparência pouco simpática, mas o bacon sempre cativou multidões com seu sabor gorduroso e sempre foi o mais querido dos trailers de sanduíche e na tradicional feijoada da vovó. Mas o que explica a exacerbada pompa do bacon nos últimos tempos? Para entender, temos que virar os holofotes para o poder de marketing da iguaria suína, que faz mais 40

do que promover um foda-se geral para a preocupação sobre o corpo. O bacon tem estampado camisas com dizeres profundos como “bacon strips & bacon strips & bacon strips & bacon strips”; marcado presença em produtos como kit de higiene bucal com pasta e fio dental sabor bacon; além de um despertador que acorda você carinhosamente com aroma de bacon fresquinho e até caixão estampado para confortar os anseios daqueles que querem morrer ao lado dele. É, amigo, bacon is the new black.


Joca Corsino, integrante do BBC, tatuou "bacon" no lado esquerdo do peito para eternizar o seu amor pela iguaria suína

BACON, UMA HISTÓRIA

Não se sabe ao certo quem preparou a primeira tira de bacon do mundo. No entanto, tudo indica que os ingleses, famosos pelo café da manhã tradicionalmente servido com ovo, bacon e torradas, tenham levado esse costume para os Estados Unidos, que passou a comercializá-lo em supermercados a partir de 1924. Nessa época, aconteceu o “bacon explosion”, e o item passou a ser indispensável na alimentação dos americanos. No Brasil, o hábito de comer bacon e ovos mexidos no período matinal não é muito comum, mas há muito ele está presente no nosso cardápio como ingrediente que valoriza qualquer farofinha, feijão e X-tudo da praça. Atualmente, em meio à onda não tão recente de preocupação com os alimentos que ingerimos e com hábitos de exercícios regulares, sempre em busca de viver mais e melhor, gostar de bacon (de verdade) e admitir, é símbolo de um estilo de vida, no qual os adeptos transgridem o preceito da vida saudável, sem medo de ser feliz.

BH BACON CLUB

Fundado oficialmente em 2010, o BH Bacon Club (BBC) reúne uma turma de amigos apaixonados por bacon: Thiago Che Gazzinelli, de 33 anos; Mark Filed, de 29; Gustavo Black, de 30; Joca Corsino, de 27; e Renata Vilela, de 22. A página criada no Facebook define-se como “Igreja/Organização Religiosa” e está aberta a outros interessados em discutir e declarar seu amor pelo bacon. “Começamos com uma questão: se Deus é amor, e bacon é amor. Logo, Deus é bacon”, brinca Joca, que ajudou a fundar o grupo. “A intenção era facilitar a organização dos nossos eventos e promover mais encontros para comer bacon entre amigos”, conta Renata, única mulher presente no clube.


BH Bacon Club: ( da esq. para dir.) Diogo Gazzinelli, Che Gazzinelli, Renata Vilela, Joca Corsino, Mark Field (à frente, de boné) e Gustavo Black; sempre unidos pelo bacon

Sem medo de ser feliz, eles declaram todo o amor pelo bacon

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Reconhecidos como fiéis adoradores do bacon, eles costumam ganhar todo tipo de presente que lembre a iguaria suína. “Eu já ganhei pasta de dente, bala, chiclete, vodca, o bacon propriamente dito e até um porquinho de pelúcia”, comenta Mark Field, também conhecido como embaixador do bacon entre os amigos. O mesmo acontece quando o assunto se espalha em sites na internet. “Tudo o que as pessoas veem, recente ou não, sobre bacon, mandam pra gente! Então, o BBC acaba sendo também um portal de notícias”, conta Che. Mais do que apreciar o sabor, o BBC acredita que existe, sim, um estilo bacon de viver. “Você pode transpor o bacon para outros âmbitos de sua vida. Comê-lo, assim como outras coisas gordurosas, é como ir contra o sistema, parece incorreto, parece que alguém está julgando você como se isso fosse um crime”, explica Che. Mas engana-se quem pensa que, para se adequar ao bacon lifestyle, abstrai-se a preocupação com a saúde. “A minha alimentação é bem saudável, justamente para poder comer bastante bacon”, conta Gustavo Black, que diz ter feito recentemente um checkup geral com ótimos resultados. O amor pelo bacon passa ainda pela crença de união. “O bacon une as pessoas, transforma inimigos em amigos e acaba com a guerra. Não faça guerra, faça bacon”, diz Che. E completa: “É uma transgressão feliz. É um sabor familiar, dá um conforto. Faz carinho por dentro”. Sobre esse aspecto, a nutricionista Cecília de Almeida Barbosa diz que é uma percepção puramente

pessoal. “Diferentemente do chocolate, que realmente libera substâncias parecidas com a serotonina [popularmente conhecida como hormônio da felicidade], o bacon, assim como toda gordura saturada, apenas dá a sensação de saciedade por mais tempo, pois é de difícil digestão”, explica. Apesar do amor declarado, Mark Field diz que o grupo BBC não se preocupa em levantar a bandeira do bacon, e sim em promover encontros com mais pessoas que compartilham do mesmo amor. “Não acho que seja uma moda e que vai passar. Divulgo o bacon porque é algo que me faz bem. As pessoas deveriam se permitir a esse prazer”, conta. Mas, além de comida, o bacon obviamente virou obsessão. Joca Corsino tatuou “BACON” no lado esquerdo do peito e declara: “Sua mulher pode largar você, já o bacon nunca sai do seu coração”. E Black complementa a ideia. “Nunca mesmo. Um dia, ele vai parar o seu coração.”


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O desafio 2 ENTRADA, POR DIOGO GAZZINELLI

Medalhão de camarão com bacon e cream cheese

do bacon CONVIDAMOS DOIS IRMÃOS APAIXONADOS POR BACON PARA PREPARAR UM CARDÁPIO ORIGINAL E DELICIOSO. THIAGO CHE GAZZINELLI, BARTENDER PROFISSIONAL, E SEU IRMÃO DIOGO GAZZINELLI, COZINHEIRO, ACEITARAM O DESAFIO DE ELABORAR DRINK, ENTRADA, PRATO PRINCIPAL E SOBREMESA COM ESSE ESTIMADO INGREDIENTE SUÍNO. VAMOS DIVIDIR COM VOCÊS A RECEITA

INGREDIENTES

400g de camarão vermelho 250g de bacon em tiras 150g de cream cheese 100g de queijo parmesão ralado Cebolinha picada a gosto MODO DE PREPARO

Pré-aqueça o forno em 200°C. Sobre uma tira de bacon, coloque o camarão com um pouco de cream cheese, enrole e prenda com um palito de dente. Leve ao forno por 15 minutos. Rende, aproximadamente, 12 medalhões. 2.398 Kcal

DRINK, POR CHE GAZZINELLI

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Kevin Bacon Old-Fashioned INGREDIENTES

60ml de bacon Bourbon 7,5ml de syrup de açúcar mascavo 2 gotas de Angostura 1 Twist de laranja De 3 a 4 tiras de bacon defumado fritas na própria gordura MODO DE PREPARO

Para a infusão de bacon no Bourbon: retire 30ml da gordura das tiras de bacon fritas e misture-a num container com 750ml de Bourbon. Guarde no freezer por seis horas. Depois coe num filtro de papel, e esse é o seu Bacon Bourbon. Em uma coqueteleira, misture todos os ingredientes com uma colher bailarina e coe num copo old-fashioned com gelo. Acrescente o Twist de laranja. 525,6 Kcal 44


PRATO PRINCIPAL, POR DIOGO GAZZINELLI

Bacon Apocalypse Burger INGREDIENTES

600g de maminha ralada 250g de bacon em tiras 6 fatias de queijo cheddar 1 pão de hambúrguer 50ml de molho barbecue Sal e pimenta preta a gosto

3.691 Kcal

MODO DE PREPARO

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Em uma tigela, coloque a carne e misture-a com 200g de bacon assado e picado. Divida em três bolas (200g cada) e achate, formando o hambúrguer. Coloque sobre uma superfície plana e vá acertando as laterais (empurrando para dentro). Espalhe um pouco de azeite numa frigideira grande e antiaderente, que tenha tampa. Leve ao fogo alto. Tempere generosamente com sal e pimenta-do-reino moída um lado dos hambúrgueres. Vire e tempere o outro lado. Quando a frigideira estiver bem quente, transfira a carne e tampe. Deixe dourar por dois minutos e vire, coloque duas fatias de cheddar em cada hambúrguer. Para o hambúrguer ao ponto, deixe por cinco minutos no total. Em um prato, empilhe três hambúrgueres sobre uma fatia de pão e finalize com um pouco de molho barbecue.

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SOBREMESA, POR DIOGO GAZZINELLI

Bacon Sundae INGREDIENTES

1 sorvete Häagen-Dazs - dulce de leche 2 tiras de bacon assadas com açúcar mascavo e canela 2 morangos fatiados Calda de caramelo MODO DE PREPARO

Pig Candys: asse duas tiras de bacon com açúcar mascavo e canela por 10 minutos. Retire as tiras de bacon e resfrie por alguns minutos. Em uma taça, coloque quatro bolas de sorvete e, sobre ele, coloque os morangos fatiados em forma de arco. Em seguida, polvilhe um pouco de canela, despeje um pouco de calda de caramelo e sirva com dois Pig Candys. 1.246,14 Kcal

Confira a galeria completa de fotos no www.ragga.com.br Aprenda a fazer o desafio do bacon no www.raggatv.com.br

TOTAL DE CALORIAS

DO DESAFIO 7.335,14 kcal

A nutricionista Paula Guedes Avelar conta que para queimar a leve refeição é preciso andar de bicicleta por 29h ou caminhar por 24h ou correr por 13h ou nadar por 14h ou pular corda por 17h. 45


VIAGEM

DEZ DICAS

PARAR CURTIR A TEXTO E FOTOS Lucas Fonda

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COMO SOBREVIVER NO ESTADO MAIS DIVERSIFICADO DA COSTA OESTE DOS ESTADOS UNIDOS


MONTERREY / CARMEL VISITE O MERCADO CENTRAL DE SÃO FRANCISCO Essa parece uma dica clichê, mas, ao chegar lá, você certamente se surpreenderá. São várias lojas bem especializadas e parecidas com a maioria dos mercados centrais ao redor do mundo, com lojas de azeites, queijos, vinhos, frutos do mar, chocolates, etc. O que faz do mercado de São Francisco especial é a localização à beira mar, além da limpeza do local e a simpatia dos vendedores – a maioria jovem e bonita.

INN: ACREDITE NOS HOTÉIS “INN” Aqueles hotéis/motéis de beira de estrada que sempre acabam com inn (Holliday inn, State inn, Goodnight inn etc) são uma excelente opção para quem só quer passar a noite sem gastar muito. São bem limpos, práticos, confortáveis e sobra mais dinheiro para o uísque. Na maioria dos casos, tem vagas. O que é ótimo para quem está fazendo uma viagem sem tanto planejamento.

Elas nem sempre estão nos principais roteiros das agências de turismo. São duas cidades vizinhas, pequenas no tamanho, mas gigantes em charme. Monterrey tem um aquário à beira mar incrível que vale cada centavo do bilhete (principalmente se você tiver filhos), além de ter ótimos restaurantes e pubs que tocam blues e jazz ao vivo. Já Carmel é um pedacinho da Europa nos EUA. Casinhas charmosas, school bus amarelo na porta das escolas, restaurantes deliciosos e uma praia maravilhosa. Essa, confesso, me fez pensar em mudar de mala e cuia.

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BIG SUR

Essa é a hora de gastar a economia dos hotéis da dica 2. Alugue um conversível ou uma moto e faça a rota (São Francisco — Los Angeles) pela Highway 1 — conhecida como Big Sur. A vista é simplesmente maravilhosa, e a paisagem muda completamente a cada curva. Confira a previsão meteorológica antes de pegar estrada. Um dia de sol na Highway 1 é impagável, um dia de chuva seria um pecado.


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FRUTOS DO MAR

Abuse dos frutos do mar, principalmente em Santa Mônica e São Francisco, onde encontrei os melhores caranguejos gigantes e muitas opções de restaurantes deliciosos.

NÃO ALUGUE CARRO EM SÃO FRANCISCO Mesmo que lhe digam o contrário, não faça isso. O transporte público funciona perfeitamente. É prático, limpo, barato e você terá muito mais tempo para curtir a cidade sem se preocupar em achar vagas, estacionar etc.

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DRS. DE VENICE

Invente qualquer mínima dor de cabeça, e os doutores de Venice Beach farão questão de lhe dar toda a atenção necessária, oferecendo um tratamento não muito convencional baseado em “ervas medicinais”. Não estranhe se sentir muita fome e certa sonolência depois de algum tempo, são só os efeitos colaterais do tratamento.

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BUBBA GUMP

Inspirada no filme Forest gump, essa rede de restaurantes é uma atração à parte. Recomendo o restaurante do píer 39 de São Francisco, com vista para o mar e para a prisão na ilha de Alcatraz. A comida é deliciosa, o atendimento é divertido e o suco de limão com uma cerveja Corona virada no copo completa o clima.

CHINATOWN A Chinatown de São Francisco é realmente um pedaço da China nos EUA e a maior chinatown fora da Ásia. Já tive a oportunidade de visitar a China e digo com propriedade: você realmente se sente em terras orientais. NÃO CONFIE EM LAS VEGAS Você perderá dinheiro. Funciona assim: você aposta um pouco, começa a ganhar alguma coisa, se sente confiante, joga mais um pouco, toma mais alguns muitos goles de uísque e a coisa começa a ficar “uisquesita”. Quando você menos perceber, toda aquela economia dos hotéis “inn” foi consumida pelos caçaníqueis e roletas. A regra é clara: a casa sempre ganha. E o que Vegas tem a ver com Califórnia? Nada, mas é tão perto e tão legal que resolvi incluir nas 10 dicas.

DICA EXTRA! Jamais aceite uma pauta para escrever 10 dicas sobre a Califórnia. Qualquer um que já foi lá e ler esta matéria dirá: “Como ele não falou disso, como não falou daquilo?”. Realmente, a Califórnia é um estado tão rico e tão atrativo que as dicas poderiam preencher toda a revista.

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CULTURA

?

POR ALEX CAPELLA FOTOS BRUNO SENNA

Quando cai a noite, os comerciantes mais antigos observam, com certa incredulidade, a intensa movimentação rumo ao terceiro piso do Mercado Novo, encravado no Hipercentro de Belo Horizonte. Em determinados dias, o público chega a 1.200 pessoas. O que causa espanto nos lojistas é que ninguém está interessado no comércio decadente de batatas, tomates e cebolas do lugar. Agora, 50 anos depois de sua inauguração, o que leva as pessoas à construção inacabada não é a opção mais barata de prato feito da capital mineira, e sim as festas promovidas pelo projeto Mercado das Borboletas. Criado em dezembro de 2010, o projeto nasceu com a proposta de aproveitar a ociosidade de parte significativa da construção, com a realização de diversos shows, festas e eventos culturais, que não deixam a desejar para nenhum tipo de freak show (espetáculos que visam vender produtos miraculosos). A área de 9 mil m² nunca teve finalidade alguma e se encontrava abandonada desde que o inacabado prédio fora erguido, em 1962. O idealizador do projeto é o artista plástico Tarcísio Ribeiro, que em seus trabalhos privilegia o uso de materiais reciclados. “Mais do que receber festas, o mercado vem se transformando em um espaço para os artistas discutirem suas ideias”, diz. 51


Entre lojas, restaurantes e forró, tem espaço para tudo no Mercado Novo

Não é a primeira vez que o artista encabeça um projeto desse tipo. Criador da Cooperativa de Artes e Ofícios, que funcionou na chamada Casa do Conde de Santa Marinha, no complexo da Praça da Estação, Ribeiro acredita que Belo Horizonte está carente de uma política pública para o setor cultural que dê incentivos ao artista profissional. Segundo ele, diante dessa “omissão do poder público”, o projeto Mercado das Borboletas tem a intenção de se transformar até em uma incubadora de artistas. “A arte em Belo Horizonte está ficando para trás. Por isso, pretendemos transformar o espaço do mercado em incubadora. Será uma referência para os parceiros”, acredita o artista, que tenta atrair também produtoras de arte, de serviços, associações, empresas das áreas socioambientais, comunicação, novas tecnologias e promotoras de feiras. A ideia de montar uma incubadora cultural, segundo Ribeiro, nasceu em 2008, dentro do Teatro Universitário, mas demorou dois anos para encontrar uma sede. O Mercado Novo caiu como uma luva para os agentes culturais engajados no projeto: o prédio tem ótima localização e espaço de sobra, mas precisa de uma boa reforma. Desde o início do projeto, estão sendo investidos pela administração R$700 mil na obra de revitalização do terceiro piso. “Paralelamente ao desafio de implantar a incubadora, há também a dificuldade de revitalizar e reformar o terceiro piso do mercado”, conta o artista. Enquanto não viabiliza mais esse projeto, o artista aposta todas as suas fichas nas festas, realizadas quatro vezes por semana pelos coletivos artísticos da capital. Gente alternativa que curte do forró ao funk e ajuda a pagar os R$20 mil mensais do aluguel do espaço. Desde o mês passado, o terceiro andar do mercado serve de espaço até para casamentos. Tudo na base da cooperação, é claro. “Um advogado nos procurou, querendo fazer seu casamento no mercado. Mas ele disse que não tinha dinheiro para pagar o aluguel. Então, como forma de pagamento, ele nos dará seis meses de consultoria jurídica”, revela. DOS BONDES ÀS “PICK-UPS”

Um dos organizadores da Sexta Básica! Panis & Circenses, festa mais badalada do mercado, DJ Fael confirma o espírito “cooperativista” do projeto. Segundo ele, hoje, o mercado é um dos poucos espaços nos quais o artista realmente participa dos lucros dos eventos. E já foram 17 edições da festa nos últimos meses, atraindo cerca de 800 pessoas por noite. “Já tocaram DJs estrangeiros (o holandês Antal Heidlager, responsável pelo selo Kindred Spirits) e de outros estados. Quem vem de fora compara o mercado às construções de Berlim (Alema-


A arte em Belo Horizonte está ficando para trás. Por isso, pretendemos transformar o espaço do mercado em incubadora nha). É aquele aspecto de velho do lado de fora, mas que surpreende no interior, dependendo do evento”, compara. Além das festas organizadas pelos chamados “coletivos”, o mercado serviu de palco para um dos eventos da Feira Música Brasil, para o Bar Tô Na Campanha (ligado à Campanha de Popularização do Teatro) e para o Conexão Vivo. Foi em um desses eventos que a estudante Raquel Ferreira conheceu o mercado. Moradora do Bairro Carlos Prates, a estudante de Pedagogia se transformou em cliente assídua do espaço. “O mercado fica na região central, perto de tudo. Além da facilidade para chegar, o projeto vem oferecendo atrações interessantes, que não comprometem o nosso orçamento”, comemora. Apesar da desconfiança inicial, o superintendente do Mercado Novo, Antônio Gabriel de Castro Filho, diz que hoje os comerciantes instalados nos dois primeiros pavimentos passaram a perceber que o movimento provocado pelas festas noturnas também tinha reflexos no comércio diurno do local, que abriga cerca de 500 lojistas, os quais se dividem nas vendas de laticínios e hortifrutigranjeiros, e na prestação de diversos tipos de serviços. “Esse público das festas passou a saber que no mercado há alfaiates e fabricantes de velas, por exemplo. Então, passaram a frequentá-lo durante o dia também”, garante. O Mercado Novo foi construído para abrigar os lojistas que seriam transferidos do tradicional Mercado Central, onde a Prefeitura cogitou implantar sua sede. Serviu até de garagem para os velhos bondes que faziam o transporte na capital. Daí, sucederam-se vários acontecimentos. Os planos mudaram, o projeto de transferência da Prefeitura não foi à frente, a construtora responsável faliu e as obras da construção nunca foram concluídas. Com isso, o prédio da Avenida Olegário Maciel não cumpriu seu objetivo inicial de oferecer apenas produtos hortifrutigranjeiros. Para piorar, o edifício foi atingido por incêndios. Um deles chegou a destruir 30 lojas. Atualmente, restaurantes, lojas de verduras, legumes e afins estão instalados na área erguida, que seria inicialmente a garagem do edifício. Nos outros espaços, foram abertos pontos comerciais de prestadores de serviços, gráficas e até pequenas fábricas. A revitalização do terceiro piso com as atividades culturais promete levar vida ao ambiente e reforçar o caixa do mercado. “A ideia nasceu por acaso. Montamos uma estrutura para recebermos a feira de Natal dos feirantes da Afonso Pena. Mas o projeto não deu certo, não foi bem aceito. Foi aí que entrou o projeto Mercado das Borboletas”, lembra o superintendente. Afonso Pena. Mas o projeto não deu certo, não foi bem aceito. Foi aí que entrou o projeto Mercado das Borboletas”, lembra o superintendente.


POLÍTICA

BERÇO DA DEMOCRACIA EM MEIO A MANIFESTAÇÕES E COM O MUNDO TODO DE OLHO NOS RESULTADOS, A GRÉCIA TENTA ENCONTRAR UMA SAÍDA

TEXTO E FOTOS DIEGO SURIADAKIS

Imagine-se frente ao painel duma bolsa de valores. Aponte, por favor, os números ou as variações numéricas que dizem respeito, diretamente, a seu emprego, ao preço de seu aluguel, ao seu carrinho de supermercado ou aos trocados que você leva no bolso. Pronto? Agora, tente desvendar quais são os indicadores aos quais o seu futuro e o de seus netos estão indiretamente atrelados. Números, porcentagens e dados precisos são os mais valiosos instrumentos para a compreensão de um determinado contexto. Sim, principalmente para os que são especialistas, estatísticos ou magos dos algarismos. Não é o seu caso. Papo estranho, sim, mas o que controla esses números? Agora, sim, a coisa começou a esquentar! Faz calor no Brasil, apesar do frio de junho. É a nossa 54

vez. O país está crescendo como nunca, a panela lotada de ingredientes apetitosos, a Copa, as Olimpíadas, arranha-céus ebulindo do chão. É só olhar pela sua janela. Ótimo. Fogo alto, crepitando. O combustível, obviamente, dinheiro. Ou melhor, crédito. Podemos ler isso em qualquer jornal. Enquanto isso, na Europa o verão se aproxima e, excetuando-se a economia alemã, as finanças do bloco único europeu continuam endurecidas feito bloco de gelo. E o mais grave é que esse gelo, que vem derretendo desde a crise financeira internacional de 2008, tem posto o cidadão comum a nadar feito desesperado. E como


ele leva às costas tudo o que tem: casa, carros, filhos, empresas e contas a pagar. A possibilidade de afogamento é companheira inseparável. Mas e um barco de resgate, um bote salva-vidas ou mesmo um salva-vidas desses de praia? Os representantes do povo se encarregam disso, certo. Nas eleições para primeiro-ministro convocadas para 6 de maio, o cidadão grego pôde escolher entre 33 partidos políticos. Conservadores, moderados para esquerda ou direita, comunistas, marxistaleninistas, anarquistas, imperialistas declarados e até mesmo um extremista com tendência fascista. Mais de um terço da população se absteve de votar. Os votantes pulverizaram seus votos de tal maneira que foi impossível a escolha direta do premiê — para tanto seria necessário que o partido vencedor obtivesse, por meio de seu percentual de votos, maioria absoluta dos assentos do parlamento, ou seja, 151 cadeiras de um total de 300. Durante mais de uma semana, após o resultado do pleito, os líderes dos partidos mais votados, junto com o presidente do país — que tem um poder semelhante ao dos reis das monarquias atuais, por exemplo —, não mediram esforços para a formação de um governo de coalizão, o que é permitido pela legislação daqui. Os interesses entre os líderes divergiam, nada feito. Um governante provisório foi então apontado, novas eleições dentro de um mês. O cidadão grego, que desconfiou de seus representantes, tem alguns dias a mais para desconfiar das coisas. Sim. Ninguém sabe o que acontecerá. Ninguém pode apontar um rumo certo. Tudo são especulações. AOS NÚMEROS!

Não, nem tanto. A especulação é a mãe do crédito, e o crédito é o pai-trocínio dos países mundo afora. Isso também pode ser lido em qualquer site. Com uma pequena diferença, é claro, pois junto aos nossos pais temos prazo simbólico para o pagamento de dívidas ou nem mesmo a necessidade de fazê-lo.

Em países como Grécia, Portugal e Irlanda, a dívida junto a seus principais credores — Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, conhecidos como “a troika” — teve que ser negociada e o foi de uma maneira severa para o cidadão comum, que ficou entre o fogo cruzado, de artilharia pesada, dos grandes montantes de milhões de euros que são trocados entre bancos e Estados. Para garantir o pagamento da dívida, o país endividado tem que fazer ajustes em seus quadros de distribuição de investimento. É a chamada austeridade, talvez a palavra mais discutida no velho mundo recentemente. “As dívidas contraídas pelos governos e que não foram revertidas em favor do povo devem ser colocadas na conta do povo? Quem tem culpa nisso tudo? As taxas chegaram a níveis absurdos. Estou desempregado, minha empresa fechou. Alugo minha loja, vendo. Ele não tem mais o mesmo salário, ganha agora o mesmo que pagam a imigrantes ilegais.” É o que se ouve por toda a parte. Na Grécia, existem partidos políticos que defendem a manutenção do acordo feito com os credores. Outros querem renegociá-lo. Outros não aceitam seus termos, jamais. Há os que querem a volta aos ares comunais. Há os anárquicos. E ainda um, que numa coletiva de imprensa, ordenou aos repórteres que se levantassem para saudar devidamente seu líder. A Europa tremeu com a indecisão do pleito grego. Não pagar dívida, onde já se viu? A exclusão do país da UE passa a ser cogitada, e, com isso, também a saída do país da moeda comum do bloco. Para a chanceler alemã Angela Merkel, uma figura bem-creditada por aqui, o que andam chamando de Grexit não é a solução. Analistas temem o contágio de outros países de economia fragilizada

No bairro de Exarchia, centro de Atenas, os pensamentos da juventude sempre figuram nos muros presos nesse dia


e temem também uma corrida aos bancos. O cidadão preocupado com suas economias saca o que o banco usaria como ativo, e o ciclo de incerteza continua, caótico. Uma espiral é como têm chamado. E o que isso tem mesmo a ver com o Brasil? Nada, nada. O Brasil está tão distante, em situação ótima, obrigado. Pois aí se imagine novamente frente ao painel da bolsa de valores. O mercado financeiro não é local, é global, graças a Deus (uns dizem). Há uma guerra cambial em andamento, diz o especialista. É difícil precisar quem atira, de onde atira e quais os ingredientes atirados no caldo da panela. O velho mundo é um front dessa batalha líquida, mas que causa cicatrizes tão sólidas pelas ruas. SOBRE AS RUAS

Os cafés estão apinhados de senhores discutindo o futuro, sujeitos acabrunhados com a situação dentro de suas residências — podemos incluir aqui as dependências do parlamento, pois a política aqui é um esporte nacional — com o que pode acontecer aos que levaram uma vida inteira para conseguir. Mas há o jovem advogado que tem emprego num país onde um número absurdo de jovens está desempregado. Ele acredita que opinião é como ass — a conversa transcorreu em inglês —, cada um tem uma, e desconfia das conversas à toa em tardes gregas ensolaradas.

Intervenção na Praça Sintagma: 15 ativistas do movimento Agora Athens foram presos nesse dia

O UNIVERSO DAS PALAVRAS É CHEIO DE POSSIBILIDADES. E NÓS AJUDAMOS A DESVENDÁ- LAS. O Jornal Estado de Minas, em parceria com a Universidade FUMEC, esteve presente na Bienal do Livro 2012 com um espaço exclusivo. Foram 10 dias com uma programação especial, com muitos benefícios e promoções. • Oficinas de quadrinhos, charges e caricaturas. • Brincadeiras interativas. • Promoções e brindes exclusivos. • 20% de desconto para Assinantes Estado de Minas na compra de ingressos para a Bienal. • Descontos nas editoras parceiras do Clube A dentro da Bienal. • Desconto de 50% na inscrição do Vestibular Fumec. Acesse em.com.br/bienal e confira o sucesso que foi o espaço Universo das Palavras.


A EUROPA TREMEU COM A INDECISÃO DO PLEITO GREGO. NÃO PAGAR DÍVIDA, ONDE JÁ SE VIU? A EXCLUSÃO DO PAÍS DA UE PASSA A SER COGITADA, E, COM ISSO, TAMBÉM A SAÍDA DO PAÍS DA MOEDA COMUM DO BLOCO

Outro sujeito lê confortavelmente num parque que foi ocupado pela população. O local estava prestes a virar um estacionamento para carros. Hoje tem um jardim cultivado pelos moradores do bairro e um anfiteatro muito bem improvisado para atrações culturais locais. Um estudante de sociologia estava lendo sobre as origens das formas de violência. Nesse mesmo bairro há mais de um local ocupado por anarquistas. Uma bandeira preta tremula na entrada e os produtos são vendidos sem taxas. Também os anarquistas nas faculdades ocupam salas, montam QGs onde escutam som na altura desejada e não concordam de maneira alguma com a brutalidade da guerra cambial. São os que tomam medidas mais apaixonadas contra a situação e, às vezes, usam molotovs. Novas eleições. Junho. No amor, como na guerra, não tem nada decidido.

Parceria


pedro david

ENSAIO

de

EXPOSIÇÃO MOSTRA OUTRAS FACES DE BELO HORIZONTE E DO INTERIOR DO ESTADO

A proposta é ambiciosa: trazer toda a diversidade do modo de vida e cotidiano de Minas Gerais – levando em consideração fotógrafos, designers, videoartistas, artistas plásticos ou fotojornalistas – para uma mostra no Palácio das Artes. Para alcançar o objetivo são 39 pessoas expondo mais de 450 imagens, que ocupam três salas do Palácio e o Centro de Arte Contemporânea e Fotografia. Para dar uma ideia do tamanho do projeto, pedimos para Fabíola Moulin, gerente de artes visuais da Fundação Clóvis Salgado, contar um pouco sobre as principais imagens expostas. “A exposição quer revelar o outro lado do cartão-postal. Não é a Minas Gerais clichê”, afirma. 58


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pedro david Imagens da região periférica de Belo Horizonte – bairros Vale do Sol e Jardim Canadá, a 20 quilômetros do centro da cidade. As fotografias revelam a expansão da cidade para fora de seus limites, o embate de seus habitantes com a natureza e as razões que levam pessoas tão diferentes a procurar os mesmos pedaços de periferia. O caos gerado pelo crescimento vertiginoso que essas regiões enfrentam, apresenta-se como uma grande maquete do mundo, uma miniatura gigantesca da ocupação humana no planeta. 60


fotoprojeto tikmu”un (maxakali) As imagens fotográficas produzidas através do Foto projeto Tikmu”un pelos índios Maxakalis visa apoiar as lutas dos índios para fortalecer sua identidade e seu patrimônio territorial e cultural, por meio de recursos fotográficos e de uma produção compartilhada com os povos indígenas. O projeto procura criar um repertório de imagens nos quais as populações nativas se expressem realmente, sem o intermédio de um narrador.

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warley assis As fotografias de Warley Desali funcionam como registros das intervenções do Entre Aspas, um grupo de jovens artistas que faz do andar o ponto de partida para sua criação: esculturas e instalações precárias e efêmeras, produzidas a partir dos restos da própria cidade. Pedaços de madeira, fitas de isolamento de trânsito, sacos de lixo, tudo é material para criação.

barbara schall A imagem de Barbara com um cubo espelhado na cabeça intervém no fluxo urbano rápido dos passantes – máquinas e homens. Nessa intencional ironia de observador, a artista se transforma em observatório momentâneo para todos os olhos de passantes anônimos. Todos os autorretratos de Barbara Schall, em diferentes situações e lugares, mostram sua relação com o espaço que habita e, em cada cena apreendida pelo registro fotográfico, se interroga e nos faz pensar acerca da angustiante condição do existir. 62


andre hauck André Hauck captura a visualidade que surge pela constante transformação do território urbano e a consequente geração de resíduos. Além de apresentar uma reflexão sobre as características do crescimento urbano, as imagens realçam os aspectos escultóricos dos objetos retratados.

O que: Segue-se ver o que quisesse Quando: Até 14 de julho Onde: Palácio das Artes Avenida Afonso Pena, 1.537 – Centro Centro de Arte Contemporânea e Fotografia Avenida Afonso Pena, 737 – Centro Entrada gratuita

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Mao e eee PERFIL

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ee POR Guilherme Avila FOTOS BRUNO SENNA

APRESENTADORA DO SBT, PATRÍCIA ABRAVANEL NÃO SE INTIMIDA COM O SUCESSO

Em 2001, um sequestro tornou uma jovem paulistana nacionalmente conhecida. Patrícia foi levada da garagem de casa por bandidos disfarçados de carteiros e só foi libertada sete dias mais tarde, depois do pagamento de um resgate cujo valor — estimado em cerca de R$ 500 mil — nunca foi confirmado pela família Abravanel. Pela primeira vez diante das câmeras de todo o Brasil, ela encarou a imprensa em uma entrevista coletiva feita da sacada da mansão da família e disse que se compadeceu dos criminosos durante o cativeiro e os defendeu publicamente, chocando o país. Onze anos depois do episodio que a fez famosa, Patrícia mostra que é muito mais do que uma vítima. Além de algumas feições e da gargalhada característica de Silvio Santos, neste episódio, ela mostra ter herdado também o carisma de seu pai. Em 2004, a "filha número 4" casou-se com um empresário, mas divorciou-se em 2011. Desde então, Patrícia tem participado de vários quadros de merchandisings do Programa Silvio Santos. Ela chegou a comandar o Festival SBT 30 Anos, substituiu

a apresentadora Eliana durante sua licença maternidade e agora está definitivamente à frente de alguns dos maiores programas de auditório da emissora — Cante se puder e Roda a roda. Em março detse ano, com 32 anos, ganhou um prêmio na categoria revelação do Troféu Imprensa, ainda considerado o maior prêmio anual destinado aos destaques da televisão brasileira. "Agora ela vai ficar muito contente, muito exibida, mas vai acabar sendo pastora", brincou Silvio Santos durante a premiação da filha. Simpática e bem articulada, ela encara tudo isso sem medo. 65


COMO SURGIU A DECISÃO DE ASSUMIR OS NEGÓCIOS DE SILVIO SANTOS NA TELA? NA VERDADE, foi uma sugestão do meu pai numa época de muitas mudanças no grupo. Ele sugeriu que eu fizesse um teste pro merchant da Jequiti, que foi uma marca que eu ajudei a criar. Aí a gente fez um teste e acabou ficando legal. Até eu me surpreendi com o resultado. Achei que fiquei simpática no vídeo do teste e não me vejo assim. Ficou interessante e com uma cara gostosa de se ver e ainda tenho muitas coisas para aperfeiçoar. Mas tudo surgiu dele.

E tinha essa vontade dentro de você? ACHO QUE EU SEMPRE TIVE ISSO DENTRO DE MIM, mas não de uma forma muito palpável, como minhas outras irmãs. Nunca me imaginei a frente das câmeras. Sempre gostei de falar em público, sempre gostei de ensinar, sempre tive uma vontade de estar junto ao público, mas não sabia de que forma que isso iria acontecer.

rente. Querendo ou não, um dos grandes talentos dele é o de representar a figura do animador. É claro que ele também tem outros méritos, ele é talentoso como empresário e executivo, mas o maior dom é o de ser apresentador. Suas duas maiores aptidões são ser estrategista de televisão e um ótimo comunicador. Isso tem sido um momento muito especial. Em algum momento isso a intimidou? Em algum momento você pensou que poderia não dar conta? TODO DIA.

Sua decisão se espelhou nele?

Teve medo das comparações com ele?

Sempre admirei a profissão do meu pai. Sempre me admirei a forma que ele se relaciona com as pessoas. Então, acho que eu também queria isso. Estava em busca de algo para fazer em que eu realmente tivesse um prazer, que fosse uma paixão e que pudesse me dedicar 100%.

NO COMEÇO, as comparações com ele me preocupavam. Eu achava que seria muito criticada porque os outros iriam me confrontar com a imagem dele. Mas isso acabou sendo o contrário, o pessoal tem tanto carinho pelo meu pai que esse sentimento acabou se estendendo pra mim.

COM CERTEZA.

Você se sente realizada com seu trabalho? AINDA ESTOU APRENDENDO MUITO, pra mim é um superdesafio. Mas sinto que estou hoje no lugar certo, na hora certa, fazendo o que tenho que estar fazendo. Não sei até quando, mas estou gostando disso.

Mas você não topou fazer as fotos para esta entrevista usando a réplica do microfone do Silvio e o aviãozinho de dinheirol. Você reforça sua própria identidade?

Você pretende, assim como o Silvio, seguir uma carreira de longos anos na televisão?

FOI POR UM MOTIVO MUITO PESSOAL, acre-

SIM,

com certeza.

Como é trabalhar ao lado dele? Quem assiste aos programas pode perceber que vocês têm uma relação bem divertida no palco.

poder estar do lado dele e poder vivenciar tudo isso com ele. Porque, como pai, ele é uma coisa, mas, interagindo profissionalmente com ele no papel de apresentador, a experiência é dife-

PARA MIM, TEM SIDO UM PRIVILÉGIO

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dito que essas coisas são só dele. Eu acho que isso é a cara dele. Acredito que esse tipo de assimilação poderia parecer uma afronta aos fãs, seria uma agressão contra o público dele. Não quero provocar as pessoas colocando o mesmo tipo de microfone e pegando os aviõezinhos dele, porque ele é único. Eu já sou filha dele e pra mim isso é muito normal, o microfone, o dinheiro, o próprio jeito dele como Silvio. Mas,


diante de quem tem ele como um ídolo, acredito que seria um abuso. Tipo, “o que essa menina tá fazendo com o microfone dele? Cresce e aparece!”. Quando você era mais jovem, a declaração de que você era "rica, bonita e infeliz" chegou a circular na grande mídia. Você realmente chegou a viver aquela síndrome da menina abastada, típica das novelas mexicanas? NÃO ACHO QUE FOI NENHUMA SÍNDROME,

mas comecei a questionar a vida muito cedo, a buscar respostas como: pra que a gente está aqui, de onde eu vim, quem eu sou, se Deus existe ou não. Acredito que a vida sem uma motivação, só pela vaidade, é muito vazia. E era isso que eu comecei a questionar nessa época. Quanto mais me perguntava sobre a vida na futilidade daquilo de "vou trabalhar pra ganhar dinheiro e ser famoso", menos sentido eu via nisso. Essas dúvidas surgiram até eu poder me conhecer melhor. Pra mim, isso ocorreu quando pude acreditar que existe algo maior do que nós, quando encontrei minha fé em Deus. Acreditar que, sim, a gente está aqui por um propósito, para cumprir uma missão, para exercer os nossos talentos e doar nossos dons. Recebemos ingredientes específicos, que estão dentro de nós, e temos que usá-los para poder trazer mais sabor não só para a nossa vida, mas também para a vida dos outros. Então, acho que as minhas crises eram muito mais em função disso, de achar a vida sem muito propósito, do que por uma dessas “síndromes de meninas ricas”. Li que você já foi pastora, isso é verdade? NÃO, nunca fui pastora. Mas eu ensinava a Bíblia para os mais jovens sim. Essa é uma paixão minha, por sinal. Querendo ou não, esse texto religioso deixa as pessoas mais destemidas, faz as pessoas serem mais ousadas e acreditarem mais nelas, acreditarem mais na vida. Ensinar é uma coisa que já me realizou muito e ainda me realiza. Poder ver as pessoas sendo motivadas através de histórias.

judia-cristã. Acho que isso reflete a minha fé, mas cada um tem uma forma de expressar. A forma como você vai exercer suas crenças é muito individual. Não tem essa de vaidade. Se você quis dizer que existem cristãos que são mais tradicionais, acho isso antiquado. O evangélico imaturo é assim, mas quando você vai crescendo e amadurecendo, acreditando mais em quem você é e acaba sendo assim... Se quiser falar mais sobre religião, a gente fala. Não tenho problema em falar, mas acho que a gente vai acabar falando de assuntos muito teológicos. Falar com você sem mencionar religião seria como tentar falar com o Silvio sem citar os programas de auditório. Esse tema rende muito pano pra manga ou, para você, é como aquele dito popular: “Política, futebol e religião não se discutem”? O QUE VOCÊ ME PERGUNTAR VOU RESPONDER, se eu estiver à vontade. Normalmente não me incomodo. Esses assuntos são complexos e não cabem em uma só entrevista.

Seu inicio de atividades com o Grupo Silvio Santos foi com a criação do Hotel Jequitimar no Guarujá? NÃO, NÃO FOI. Na verdade, iniciei como estagiária do SBT e pude conhecer todas as áreas da emissora, mas isso foi quando era muito jovem. Antes, tinha trabalhado como vendedora de loja. Depois do estágio, trabalhei em agên-

No começo as comparações com ele [Silvio Santos] me preocupavam. Eu achava que seria muito criticada, mas isso acabou sendo o contrário

De que forma esses ensinamentos refletem a sua personalidade? Você cuida muito bem de sua aparência e é vaidosa, diferente dos evangélicos tradicionais.

Não falo que sou evangélica. Me considero uma

NÃO ME APEGO A NENHUM RÓTULO.

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cias de publicidades fora daqui e, quando voltei, assumi um cargo no Banco Panamericano. Lá existia um núcleo de novos negócios, no qual surgiu a ideia de tirar do papel um sonho antigo do meu pai, o Hotel Jequitimar e a Jequiti Cosméticos. Trabalhei como conselheira desse núcleo e, por isso, estou envolvida tanto na implementação do hotel, na Praia de Pernambuco, quanto na criação dos produtos da Jequiti. Em algum momento, ser filha do Silvio Santos a atrapalhou? Você sente que isso te privou em algum momento de sua vida?

NUNCA FUI PASTORA. MAS ENSINAVA A BÍBLIA PARA OS MAIS JOVENS SIM. ESSA É UMA PAIXÃO MINHA, POR SINAL. QUERENDO OU NÃO, ESSE TEXTO RELIGIOSO DEIXA AS PESSOAS MAIS DESTEMIDAS 68

QUANTO MAIS MADURA FICO, mais vejo o bônus de tudo isso — muito mais do que o ônus. Acredito que isso me privou, porque sinto que tenho que honrar aquilo que meu pai fez. Como filha, não posso sujar o nome dele, também tenho que preservar minha família. Então, obviamente existem situações em que prefiro não me expor. Por exemplo, se eu bater o carro bêbada, vai dar mídia. Claro que tento me preservar nesse sentido e me resguardar em muitas coisas. Se eu discutir com alguém na rua ou fizer quaisquer coisas que, para algumas pessoas podem acontecer naturalmente, pra mim ganha uma repercussão muito maior. Não que meus pais tenham colocado esse peso em cima de mim, nunca. Mas eu sempre tive muito cuidado para com aquilo que meu pai construiu. De repente, na minha juventude, isso pode ter sido um problema. Mas, agora, adulta, percebo mais o lado positivo dessa situação. Acho que foi um privilégio ter nascido nessa família. Também é um privilégio ter um pai como o meu, não só como pessoa e como uma figura superpresente e afetuosa na minha vida. Isso é uma coisa que abre portas. Hoje, é claro que sou apresentadora porque sou filha dele. Seria muito mais difícil disso acontecer se não fosse. Mas vejo a ascensão, tão rápida, da minha carreira como um pouquinho de ônus. Porque, de outra forma, eu teria mais tempo para me preparar e agora todo mundo está me vendo aprender na marra.

Você considera que esse sucesso tem mais a ver com um traço de sua personalidade e com sua forma de se posicionar na televisão ou acha que a repercussão dos seus trabalhos aconteceu naturalmente, como quando alguém estabelece uma meta e se esforça para conseguir chegar lá? EU TENHO CONSCIÊNCIA de

que se fosse uma pessoa normal, ela demoraria muito mais para ser o tema de uma entrevista como essa, por exemplo. Estou há um ano e dois meses na mídia em si. Hoje, como apresentadora, sou foco de reportagens que de repente levariam muito mais tempo pra uma pessoa comum fazer. Estou tendo uma projeção a mais, ao mesmo tempo também estou aprendendo tudo enquanto estou fazendo. São, novamente, bônus e ônus. Não estou sendo preparada aos poucos, estou fazendo essas matérias na raça. Eu não fui conversando primeiro com um site aqui e outro blog acolá. De repente, sou capa desta revista, entendeu? Então isso é uma coisa que estou aprendendo aos poucos, me expondo, colocando literalmente a cara para bater. Às vezes, falo comigo: "Gente, ainda não estou pronta pra tudo isso". Mas ao mesmo tempo eu penso assim: "Meu, tenho que ir e acabou". Esses dias, a Hebe Ca-


É claro que sou apresentadora porque sou filha dele. Seria muito mais difícil disso acontecer se não fosse. Mas vejo a ascensão, tão rápida, da minha carreira como um pouquinho de ônus

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margo me chamou para ir ao programa dela. Sei que eu ainda não estou pronta, mas não tem outro jeito, não tem como recusar um convite da Hebe, compreende? Então, se estou pronta ou não, todo mundo vai ver na televisão, e eu estou ali, me jogando. Você lida bem com as críticas ao seu trabalho? Se considera uma mulher corajosa?

Tenho que me considerar destemida sim. Se não o que eu estou fazendo aqui? Fui entrevistada pela Marília Gabriela recentemente e por um momento me perguntei: "Meu Deus, o que eu estou fazendo aqui". Foi uma das ocasiões em que fiquei mais nervosa. Acho que a gravação ainda não foi ao ar, estou ansiosa para assistir. Mas sou corajosa, enfrentei tudo até agora. A minha vontade é falar não.

CLARO, COMO NÃO?

Tem algum outro ponto de sua recente trajetória na TV que marcou você de alguma forma?

no primeiro dia de trabalho com meu pai. É sempre um desafio, rola um frio na barriga. Mas na primeira vez que participei ao vivo do quadro com ele, senti um nervosismo também. Pensei: “Ai, caramba!”. Daí ele, literalmente, me jogou no palco e foi o que foi.

FIQUEI NERVOSA

Não teve nenhum ensaio, nem nada? NUNCA TEM. É aquilo, ao vivo. Tudo é feito no improviso. É tudo autêntico, tem pouquíssimos cortes. É o que é.

De onde surgiu a ideia do game show musical Cante se puder, que estreou em janeiro? Ele é mesmo uma versão brasileira da franquia Sing if you can, do Reino Unido? A IDEIA DO PROGRAMA veio da Daniela (diretora artística e de programação do SBT

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e a terceira filha do Silvio). Ela curtiu esse formato e comprou a proposta do programa logo de cara. No começo, a gente não tinha pensando que eu iria apresentar. Mas, aí, surgiu a sugestão de eu fazer um teste para ver no que rendia, porque esse é um programa completamente diferente do que eu estava acostumada. Na hora que olhei, pensei que não tinha nada a ver comigo, porque a gente só sacaneia todo mundo e tem uma veia mais humorística. Não me considero uma humorista. Acho que para fazer humor leva tempo. Um dia até vou mandar melhorzinho. Fizemos testes com várias pessoas, mas acabou sendo bem legal comigo. Você se sente à vontade fazendo esse programa? AH, AINDA NÃO, NÉ? Mas faço! Ainda não estou superlivre, entendo que ainda tenho muitas coisas para melhorar. Como diz a Nany People:"Nós capota, mas não breca!”.


Pensei: "Como que vocês vão tirá-lo [Chaves] pra me colocar?". EU SABIA QUE ISSO RENDERIA UM MASSACRE

Patrícia se assusta, mas não se intimida com um dos maiores desafios do programa Cante se puder: cantar vestindo calças cheias de insetos.

Mas e a sua separação? A MINHA SEPARAÇÃO ACONTECEU,

o quê?

QUERO SER UMA APRESENTADORA VER-

É verdade que depois do divórcio você afirmou que "a fila anda"?

Espero poder fazer um pouco de tudo e provocar todas as emoções, seja para fazer chorar, para sorrir ou informar. Quero poder ter essa versatilidade.

SÁTIL.

Uma versatilidade que a televisão tem.

espera de um bom apresentador. São atributos de um bom comunicador ser versátil. Claro que cada um vai ter tendências para uma área. O Márcio tem uma tendência para o humor, mas eu ainda estou tentando encontrar a minha. Mas já estou percebendo novas tendências aqui e descobrindo outras ali. Mas quero, sim, ser versátil.

ACHO QUE É ISSO QUE O PÚBLICO

Mas você gosta de programas de auditório?

Isso não me intimida nada. Lido numa boa com essa coisa de estar diante do público. Não tenho essa fobia. ACHO UM CLIMA GOSTOSO.

Foi você quem escolheu o Márcio Ballas para ser seu companheiro de palco?

na verdade foi o comitê de criação do programa. Mas tive como ajudar nessa escolha depois que já tinha sido decidido que eu comandaria o programa. Pude falar com quem me sentia mais à vontade e, realmente, me senti mais confortável com ele. Acho que rendeu uma boa dupla. Gosto bastante ele.

ENTÃO,

fazer

Futuramente a gente poderá ver você fazendo alguma coisa mais séria?

NÃO, isso foi uma brincadeira. A gente conversa muito no ponto e algumas pessoas tomam isso como verdade. Óbvio que foi uma brincadeira descontextualizada. Eles pegaram essa frase no meio de um programa de humor, de um sacanear o outro, e anunciaram isso como se fosse realidade. Uma separação é sempre dolorosa, para ambos os lados. Se término de namoro é dolorido, imagina um casamento então.

Sobre o sequestro pelo qual você passou em 2001, você se sente segura hoje em dia?

Não precisa falar que agora eu só ando com segurança, porque isso só vai levantar mais pano pra manga. Mas segurança é um assunto que procuro não me preocupar tanto. Vou vivendo minha vida. Não fiquei e nem sou escrava do medo. Sou livre, vou para onde quero.

PROCURO NÃO PENSAR MUITO.

Você gosta do seriado Chaves? ADORO CHAVES. E pode escrever assim: "O

Brasil ama o Chaves, o SBT ama o Brasil e por isso que o SBT devolveu o Chaves para os brasileiros". No começo, pensei: "Como que vocês vão tirá-lo pra me colocar?". Eu sabia que isso renderia um massacre, mas essa é uma concorrência difícil mesmo.

Você sonha em constituir família, ter filhos e tudo mais? SIM,

muito.

Mas você conseguiu tirar alguma coisa positiva de um acontecimento tão negativo? AH, SIM.

Sempre.


especial

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BIKINI CONTEST

WAKE EM 360 GRAUS

AS MELHORES MANOBRAS

pรกg. 80

pรกg. 86

pรกg. 94


carlos hauck

stand up paddle

WAKE FORA D’ÁGUA

pág. 100

pág. 104

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prefeitura de

nova lima

parceira governamental do CaMpeONatO MuNdiaL de WaKeBOard 2012



EDITORAL

Por trás

do campeonato Maio já se tornou um mês muito especial para nós aqui na Ragga. Quem acompanha a organização sabe o esforço e a luta que fazemos durante quase todo o ano para tornar possível a realização de um dos maiores eventos de wakeboard do mundo e o único da América latina. Costuma-se dizer que em time que está ganhando não se mexe, mas este ano decidimos arriscar e alterar o formato do Campeonato Mundial de Wakeboard. Em algumas discussões com a Associação Brasileira de Wakeboard, com a World Wakeboard Association, com o público e com os atletas, achamos que era a hora de mudar o rumo e concretizar uma vontade que existe desde que começamos o evento. Optamos por separar a etapa do circuito brasileiro do mundial, resultando em uma programação mais diversificada. No brasileiro, atletas e público ganharam uma nova etapa, exclusiva, marcada para a primeira semana de agosto. O mundial, realizado entre 4 e 6 de maio, priorizou o show dos wakeboarders profissionais, otimizando o espetáculo na água. Além disso, aproveitamos para ocupar a Lagoa dos Ingleses com novas atividades, como a Roxy SUP Jam, clínica de Stand up Paddle com a campeã Nicole Pacelli e o anfitrião Johnny Costa, que já virou referencia de SUP na Lagoa dos Ingleses, além do Red Bull Surf na Marola, competição inusitada que premiou os melhores “surfistas de lagoa”. Ou seja, foram três dias de programação intensa, que garantiram um fim de semana memorável para as quase cinco mil pessoas que passaram por lá. E como acredito que nada é por acaso, a mudança de data (esse ano antecipamos o evento em uma semana) nos presenteou com uma lua cheia auspiciosa, a maior dos últimos 20 anos, que parecia confirmar que esses sete anos de evento valeram muito a pena. Eu gostaria, em nome da Ragga, de agradecer a todos que participam e torcem, direta ou indiretamente para o nosso sucesso. Sem vocês não teríamos chegado ao primeiro ano de existência. Bruno Dib brunodib.mg@diariosasassociados.com.br

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carlos hauck

O evento do ano O MAIOR CAMPEONATO DE WAKEBOARD DO BRASIL ROLA EM MEIO A MUITA FESTA E MÚSICA EM NOVA LIMA

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POR FLÁVIA DENISE DE MAGALHÃES

O Campeonato Mundial de Wakeboard já virou uma tradição. Todos os anos, milhares de pessoas se unem à beira da Lagoa dos Ingleses, no Clube Serra da Moeda, em Nova Lima, para ver os melhores atletas do esporte subirem em pranchas largas, aproveitarem as ondas produzidas por lanchas e voarem, mostrando as melhores e mais impressionantes manobras do esporte. Este ano não foi diferente. Mais de cinco mil pessoas acompanharam a etapa brasileira do Wakeboard World Series (WBWS), que, pela primeira vez desde sua criação, contou somente com a categoria profissional. “Dessa vez, decidimos separar o campeonato brasileiro do mundial. Com isso, ganhamos mais espaço para incluir várias novidades e atrações inéditas na programação do evento, tanto durante o dia quanto à noite”, conta Bruno Dib, diretor da Ragga e organizador do evento. Durante três dias, o Mundial também contou com apresentações do skatista Otávio Neto e demonstrações de BMX, além de festas, shows e DJs ao vivo durante todo o dia. A competição começou na sexta-feira, 5 de maio, com as classificatórias. A primeira surpresa do evento já chegou no comecinho do dia. Harley Clifford, atual campeão mundial, não compareceu à primeira etapa. O wakeboarder, de 18 anos, perdeu o passaporte e acabou impedido de deixar a Austrália. Felizmente, não faltaram atletas de grande calibre para dar show na Lagoa dos Ingleses, e a melhor nota do dia já indicava quem seria o grande vencedor da etapa. O segundo dia começou completamente diferente. Enquanto na sexta só se apresentaram os homens do wake, o sábado já começou descontraído, com a surfista Nicole Pacelli dando aula de stand up paddle no Roxy SUP Jam. Enquanto os atletas que não ficaram tão bem colocados disputavam a repescagem, muita gente bonita chegava à orla da Lagoa dos Ingleses para a festa. O pocket show da banda Eckolu, a pista de skate e os estandes da Fumec, da

O EDITOR DA REVISTA WAKE BRASIL EXPLICA TODAS AS MANOBRAS DA COMPETIÇÃO NA PÁGINA 94

Roxy e da Quicksilver eram as opções de quem esperava para assistir às quartas de final. Para fechar o sábado de sol na Lagoa, a Ragga Sunset Party começou às 18h e virou a noite, esquentando a galera com os DJs I Love Bublle, Vitor Sobrinho, Vinicius Amaral e Lucas Yoshi vs Pedro Meireles. DOMINGÃO

O domingo amanheceu com muito frio na Lagoa. Depois de passar a noite de sábado dançando sob a maior lua do milênio, quem esteve no Clube Serra da Moeda pôde começar o dia com o casaco na mão, curtindo o sol que prometia manter o dia de manobras radicais na Lagoa, sem chuva. O Red Bull Surf na Marola começou cedinho e contou com 12 atletas, que mostraram que é possível surfar sem água salgada, desde que você conte com alguém tão competente quanto a bicampeã brasileira de wakeboard, Teca Lobato, para pilotar uma lancha. O barco a motor criava o efeito “ondas do mar” para os atletas. No finzinho da tarde, depois da final do WBWS, rolou a competição feminina mais aguardada: o Bikini Contest. Dez participantes pré-selecionadas desfilaram no palco do evento, mostrando toda a beleza para os convidados e jurados. Quem levou o prêmio de R$ 1 mil foi a estudante de Nutrição, Paloma Bicalho, que agora é a bicampeã da disputa. 79


BIKINI CONTEST PELO SEGUNDO ANO CONSECUTIVO, PALOMA BICALHO LEVOU O TÍTULO DE MUSA DO WAKE

POR Laura Dias FOTOS CARLOS HAUCK

No último dia do Campeonato Mundial de Wakeboard 2012, rolou o Bikini Contest, no qual as meninas mais lindas se apresentam para concorrer ao título de musa do evento. Este ano a competição estava acirrada. O bicampeonato de Paloma Bicalho, de 23 anos, já estava certo para a grande maioria do público, mesmo ela entrando um pouco tímida e não dançando tanto como as outras meninas. “Fiquei nervosa, não sei o que aconteceu. Travei um pouco, mas deu tudo certo!” conta Paloma, que deu uma acalmada depois da premiação. Mas se engana quem pensa que só o primeiro lugar se diverte. Renata Rubini, que ficou com o segundo lugar, e Fernanda Carvalho, que ficou em terceiro, contaram estar felizes com a participação. “Eu não esperava ficar entre as três primeiras, juro!”, disse Renata bem sorridente. Quem só teve motivos para sorrir foi a torcida masculina, que ficou quase toda bem perto do palco. Muitas fotos e vídeos, com vários pedidos para as participantes darem aquela voltinha. A euforia foi tanta que depois da premiação vários desses fãs de carteirinha queriam dar os parabéns para as moças.

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EDUCAÇÃO ALIADA AO ESPORTE FUMEC INVESTE NO CIRCUITO ESPORTIVO MINEIRO E PATROCINA A PRIMEIRA ETAPA DO CAMPEONATO MUNDIAL DE WAKEBOARD

Tendo consciência da sua influência e responsabilidade sobre a comunidade, a Universidade Fumec tem como uma das suas bandeiras o desenvolvimento humano e a inclusão social por meio do conhecimento atrelado ao esporte e ao lazer. E, para fortalecer a imagem de agente promovedor da qualidade de vida, a instituição patrocinou a primeira etapa do Campeonato Mundial de Wakeboard 2012. De acordo com o reitor da Universidade, Eduardo Martins, o esporte desperta o espírito de equipe, de liderança, a solidariedade, a humanização e o respeito, fatores essenciais para a formação bons cidadãos e profissionais. “Contribuir diretamente para a realização do Campeonato é uma honra para a Universidade. Em nossos 46 anos de existência, tentamos passar para nossos alunos o valor do ensino de excelência aliado à pratica do esporte, que pode ser um transformador da sociedade. Por isso, através de apoio e de investimento em ações

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esportivas sérias, esperamos completar as pessoas e inspirá-las a expor seus talentos e diferenciais”, destaca o reitor. Lucas Couto, gestor de Relações Institucionais da FUMEC, complementa que, desde que a Universidade firmou parceria com a Ragga, a representividade da instituição em eventos esportivos diferenciados cresceu, assim como as discussões em sala de aula sobre trabalho em grupo e qualidade de vida. Ele revela ainda que, com o apoio do setor privado, Minas Gerais está conquistando mais representatividade no cenário esportivo nacional. “Historicamente nosso Estado fica de fora de ações como estas que, geralmente, são concentradas no Rio de Janeiro e São Paulo. No entanto, com o incentivo das Universidades e de empresas privadas, essa situação está mudando e Minas têm entrado, aos poucos, no circuito dos grandes eventos de esporte brasileiro”, afirma Lucas Couto.


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Com 46 anos e cerca de 17 mil alunos, a Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC), integra o grupo dos melhores nomes em ensino superior de Minas Gerais, ocupando o segundo lugar como Universidade Privada no Estado, conforme Índice Geral de Cursos (IGC) do MEC. Sua missão educacional visa atender às necessidades básicas e complementares para a adequada formação dos alunos, que dispõe de professores qualificados e de infraestrutura de primeira qualidade para o desenvolvimento de suas atividades. A Universidade oferece cursos de graduação, superiores de tecnologia, pós-graduação lato sensu (especialização), pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) e de extensão. Além dos cursos presenciais, a FUMEC Virtual também possui opções na modalidade de Educação a Distância (EaD). Aos estudantes é proporcionada, ainda, a oportunidade para viagens de intercâmbio, com base em convênios firmados com outras instituições, por meio do setor de Relações Internacionais.

juliano sacramento

SOBRE A FUMEC

De acordo com o reitor da FUMEC, Eduardo Martins, o esporte desperta o espírito de equipe, de liderança, a solidariedade e o respeito, fatores essenciais para a formação de bons cidadãos e profissionais


Fumec une cultura e conectividade em ação no facebook INICIATIVA NO MUNDIAL DE WAKEBOARD RENDEU VISITAÇÃO RECORDE NO SITE DA UNIVERSIDADE

Conectividade, mobilidade e tecnologia. Foram essas palavras que nortearam a ação promocional #fotoradical, realizada pela Universidade FUMEC durante o Campeonato Mundial de Wakeboard. Quem passou pelo “Espaço Fumec” no evento, pôde posar para fotos que foram postadas na fan page da instituição no Facebook. Ao todo foram 211 imagens e 7.288 cliques de “curtir”. Para participar, os interessados tiveram dos dias 05 a 17 de maio para convocar os amigos da rede para curtirem a foto e, assim, concorrerem ao prêmio: um iPad. A imagem com o maior número de cliques foi a dos amigos Lucas Morais, Bruna e Paula Hellen, que teve 1.847 “curtir”. “A ação fez parte da campanha do vestibular da FUMEC e, com ela, pudemos aproximar o público participante com o ambiente virtual da instituição e, consequentemente, com nossas novidades. Em único evento unimos esporte, tecnologia, cultura e educação”, conta Lucas Couto, gestor de relações institucionais da FUMEC. 84


fotos: juliano sacramento

De acordo com levantamento realizado pela 5Clicks, empresa responsável pelo monitoramento das redes sociais da FUMEC, o alcance total de audiência da página da Universidade registrou visitação recorde. Durante o período da ação foram mais de 240.755 usuários. “Analisando individualmente cada postagem da ação, a quantidade de pessoas impactadas pelo concurso cultural atingiu, segundo dados do Facebook, um número muito maior de usuários do que o total de fãs da página. Isso é resultado de uma ação bem feita, planejada e direcionada para o público certo”, conta Juliana Machado, analista de mídias sociais da 5Clicks.

Quem passou pelo “Espaço Fumec” no evento pôde posar para fotos que foram postadas na fan page da instituição no Facebook. Ao todo foram 211 imagens e 7.288 cliques de “curtir”

patrícia penna

RECORDE DE VISITAÇÕES NO FACEBOOK


FOTOS Ana slika CARLOS HAUCK juliano sacramento

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fashion

hunter FOTOS diane paschoal E Ana Slika

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/roxybrasil

@roxybrasil

W W W. ROXY B RAS I L.CO M .BR




Phillip Soven Nose Roll to Blind

Phillip Soven LEVA O PRIMEIRO LUGAR DA ETAPA BRASILEIRA DO WWS

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ENQUANTO ISSO NA ÁGUA

Por Igor Boito editor da revista Wake Brasil

FOTOS CARLOS HAUCK

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Phillip Soven Nose Mobius

Mais uma vez o nível de wakeboard em Nova Lima surpreendeu — inclusive a quem está no mercado e conhece os roles dos riders presentes na etapa. Com os top atletas do mundo reunidos - exceto o menino prodígio Harley, que acabou não participando dessa primeira etapa por ter perdido o passaporte —, o caminho para o topo do pódio ficou mais acessível para o Mr. Phillip Soven, que também venceu ano passado. Mas ele não subiu no primeiro lugar porque os outros têm o nível inferior. Pelo contrario, ele se destaca ainda mais quando é pressionado, e foi exatamente isso que aconteceu nas calmas águas de Nova Lima. CLASSIFICAÇÃO

Os melhores atletas do Brasil estavam presentes para confrontar os gringos e tentar vagas para a final. Passaram para as quartas apenas Marcelo “Marreco” Giardi e Luciano “Deco” Rondi — dois dos top 10 do Brasil. Dessa chave, apenas um passaria. A vaga ficou por conta de Marreco, que aproveitou as quedas de Deco no TS 7 e Whirly 5 e acabou passando sem precisar jogar tudo que sabe. SEMI

Entre os oito riders que definiriam a final com quatro, ficaram sete estrangeiros e apenas o Marreco do Brasil. A bateria dele parecia o enredo de um filme top de wake: Phillip Soven, Aaron Rathy, Dean Smith e ele — e só passariam dois. A única estratégia cabível era forçar ao máximo, não errar e torcer para os concorrentes não fazerem a melhor passada da vida. Para isso, Marreco decidiu fazer três ma96

nobras antes do slider para ter um número maior de tricks, aumentando as chances de ir para final. Porém, em sua terceira manobra, um Pete Rose, ele pousou muito perto do obstáculo e acabou caindo. Daí já não tinha mais jeito. Uma queda, perdeu o slider, já era... Talvez por sentir que não tinha mais pressão, ele fez uma passada irada em seguida: além de alguns invertidos grebados, pousou pela primeira vez dois 720 na passada, um FS TS e outro BS HS. Ambos na base. Além disso, para fechar, mandou um S-Bend na cara do público – que transmitia a vibe, vibrando em cada pouso dele. Não deu para ele, e o show da final ficou por conta de Rathy, Soven, Andrew e Austin.


Austin Hair Melan Crow Mobe

Adam Errington HSFS 360 voltando para BS 180

Adam Errington Nose TS 360


FINAIS – Rathy, Soven, Andrew e Austin

Para Austin Hair, chegar até a final já era um feito a se comemorar, pois, mesmo ele sendo um rider de ponta, o nível da competição estava realmente alto. Ficou de fora dessa fase o australiano Dean Smith — atleta que anda mais alto do que todos do mundo — e Adam Erringthon, que pousou um HSFS 36 voltando para BS na cara da galera, manobra inédita no Brasil. Austin andou, colou pressão, mas seus poucos erros foram o suficiente para deixa-lo em quarto lugar. O canadense Aaron Rathy, pela primeira vez no Brasil, mostrou que o que faz nos filmes realmente são manobras que ele tem na base. Sua passada superstyle elevou o nível e fez com que os outros riders tivessem que tirar coelhos da cartola. Com TSBS 5, HSBS 7, Melan Roll to Blind, Pete Rose, entre outras, ele fez a passada limpa e na pressão, fechando com nada menos do que um Switch HSFS 900 no Double Up. Saiu cavando, agitando a galera e – já sem o cabo — mandou uma cambalhota na frente do público, pressionando seus concorrentes. Soven andou no limite, mas foi estratégico. Fez as mesmas manobras que Andrew havia pousado na semi, mas adicionando Grabs. Pegou Nose em seu Crow 5, assim como no Mobius. Segurou Seatbelt no TS Back Roll, caprichou no TS7 e, no Double Up, encaixou um HSBS 7 muito na base — passada vencedora de qualquer competição de wake, inclusive dessa. Restou ao supergentefina Andrew Adkison surpreender. Ele ficou três semanas no Brasil e, nesse período, fez várias sessions por dia, além de participar de três eventos: a 1ª Etapa do Paulista — quando perdeu para o Marreco na final —; o Nicoboco Wake Jam, no Naga Cable Park — venceu —; e o Mundial em MG. Em Nova Lima, ele mostrou porque foi campeão mundial há alguns anos e que ainda esta no jogo: Mobius, TS e HS 7, Crow 5, Whirly 5 e um 313, para fechar, foram as principais manobras de sua passada final. No Double Up, foi quando ele deu um pequeno vacilo, mandou um TS 5 Off Axis, sendo que seu plano era, possivelmente, um TS 900. Mesmo assim, quem entende de wake sabe que fazer uma passada para vencer essa é algo supercasca, quase impossível, algo que o Mr. Soven havia conseguido. Com os riders elevando o nível, quem se deu bem mesmo foi o público, que presenciou manobras raras de serem vistas em uma competição de wake. Mesmo para quem não conhece o nível técnico das manobras mais complicadas, ver um atleta girando e outro girando mais ainda faz o show do wakeboard ser cada vez mais empolgante — e é esse o objetivo de toda organização do evento e de todos os envolvidos nesse show: entreter surpreendendo. Parabéns equipe Ragga por mais um evento exemplar de wakeboard.

Austin Hair Melan Half Cab Off Axis

Phillip Soven Melan Half Cab Off Axis

Andrew Adkison Mobydick

Aaron Rathy Pete rose



DE PÉ! COM PRESENÇA DA CAMPEÃ NICOLE PACELLI, ROXY PROMOVE SESSÃO DE STAND UP PADDLE NO MUNDIAL DE WAKE

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FOTOS CARLOS HAUCK

As classificatórias do Mundial de Wakeboard já haviam sido disputadas no dia anterior e o sábado prometia ainda mais manobras perfeitas dos melhores atletas do mundo. Mas, antes da disputa, o sábado ensolarado na Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima, deu lugar a uma sessão de stand up paddle, iniciativa da Roxy que contou com a presença da campeã brasileira da modalidade, Nicole Pacelli, que também venceu a etapa do mundial deste ano, no Havaí. Foi a primeira vez que a atleta participou de uma clínica de stand up. E ela aprovou a ideia: “Foi muito legal para divulgar o esporte. Ajuda a crescer, as pessoas ficam curiosas, todos estavam muito empolgados”, diz. A coordenadora de marketing da Roxy no Brasil,

Karol Lopes, considera esse tipo de ação uma ótima oportunidade para popularizar o esporte no país, além de poder levar a prática a lugares onde não tem mar. “A Roxy apoia todos os esportes com prancha e foi muito bacana colocar o público em contato com o stand up. O Mundial de Wake abriu as portas para isso e com certeza vamos dar continuidade.” Agradecimentos especiais a Luigi Coutinho e Igor Pitasi 101


um dia de

atleta QUIKSILVER PROMOVE CLÍNICA DE STAND UP PADDLE COM LOJISTAS DA MARCA

FOTOS CARLOS HAUCK

Antes dos melhores atletas entrarem na disputa do Mundial de Wakeboard, gerentes, revendedores e parceiros da Quiksilver caíram na água no Iate Clube Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima, local escolhido por Johnny Costa para instalar a primeira escola da modalidade em Minas Gerais. Assim como no ano passado, quando promoveu a clínica de wakeboard no evento, a Quiksilver esteve presente com uma aula de stand up paddle, que contou com a participação de 13 lojistas da marca. Para Fiore Delmazo, representante em Minas Gerais da Quiksilver, da DC e da Roxy — as três marcas participaram do evento —, a ótima repercussão da clínica de wake no Mundial de 2011 foi um grande incentivo para repetir a dose este ano. “Pensamos no stand up, que está em alta e é mais fácil do que o wakeboard, não requer prática”, diz Fiore, que ainda destaca a importância de aproximar lojistas do esporte. Júnior Medina, proprietário da rede de lojas Território, foi um dos participantes da sessão de stand up paddle. “Muito legal, e não é difícil de praticar, muito mais fácil do que outros esportes com prancha”, diz. Segundo Júnior, a manhã na Lagoa dos Ingleses valeu a pena não só para sair da rotina, “mas também para conhecer a essência do esporte”. 102


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O WAKEBOARD É UM DOS ESPORTES MAIS BONITOS DE SE VER. ENQUANTO VOCÊ FICA QUIETINHO — E BEM SECO — À BEIRA DA LAGOA, OS ATLETAS PARECEM VOAR ATRÁS DA LANCHA. MAS NEM SÓ DENTRO D’ÁGUA OS MENINOS MANDAM BEM, ELES DÃO ESPETÁCULO ATÉ FORA DELA


GUSTAVO MACHADO

Marcelo Giardi 106


Andrew Adkinson

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Eduardo Martins


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fotos: carlos hacuk



fotos: bruno senna

Gamboa Inaugurada no fim de 2010, Gamboa rapidamente se estabeleceu como referência do samba em Belo Horizonte. Feita com inspiração no bairro carioca de mesmo nome, que marca presença na decoração, a casa faz questão de garantir um grupo ao vivo todos os dias aos clientes, que passam a noite entre cerveja, drinks e petiscos.

Rua Sergipe, 1236 – Savassi (31) 3282 2997 gamboabh.com.br


avaliação da casa Para encontrar os amigos

O que sai da cozinha

ANA SLIKA

Quem frequenta

quem. quando. porque Quando Fernanda Tonani, de 30 anos, entra no Gamboa tem-se a impressão de que ela é a dona do lugar. Sempre de salto alto, ela cumprimenta todo mundo pelo nome e não gasta tempo na fila, já vai passando pela porta sem se preocupar em apresentar identidade ou pegar o cartão de consumação. Sentada com sua Heineken na mão, o dono do estabelecimento vem entregar o cartão. O tratamento vip de Fernanda não vem sem explicação. A consultora de vendas frequenta a casa desde a sua abertura, chegando a bater cartão na pista de dança três vezes por semana. “A gente vem na quinta, na sexta, no sábado. Aqui toca samba mesmo, que a gente não acha em outras casas. As pessoas que frequentam são ótimas, sem contar os funcionários, que são superatenciosos. Se não tiver companhia, posso vir aqui sozinha”, conta Fernanda. A banda preferida da musa do Gamboa é o Grupo Tradição, bem focado no samba. E Fernanda faz questão de dançar. “Só fico sentada quando não estão tocando. Quando começam, eu desço e sambo”, declara.

“Aqui toca samba mesmo, que a gente não acha em outras casas”

Cola aí Participe da próxima cobertura fotográfica. Consulte as próximas datas no revistaragga.com.br.


O

ON THE ROAD Solar TEXTO E FOTOS BERNARDO BIAGIONI

NÃO INVENTE PERGUNTAS, SE VOCÊ NÃO VAI SABER AS RESPOSTAS

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Flying Lotus aponta caminhos e Justice os ilumina. Caminhar é uma escolha. Sua

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Muitos são os caminhos e, Deus, perdoe-os, porque não sabem o que fazem. São Paulo é uma música sem dono, um cão em desabandono, uma voz que não tem nome, a sobriedade em desencanto. Preciso chegar, vai, para assistir de perto as minhas ânsias e os meus anseios. James Blake e Justice. Rustie e Skream. Londres e Los Angeles. Todos juntos e encontrados. Como um lapso de luz que ilumina um trecho certo da terra em um dado momento. Onde todos nós brilhamos e cintilamos como bares de letreiros acesos e bebidas baratas. Como as baladas e quebradas que confortam a angústia que é ser filho de toda essa conectividade latente. Que mais separa, do que une. Sinta. James Blake é um poeta necessário. Não diga nada, se o seu silêncio soar mais conveniente. Muito barulho incomoda o meu sonhar. Me enfio pela cidade e pergunto. Onde foi parar toda a sua saudade. Toda a minha vontade. Toda a nossa bondade de olhar olhos com olhos. Às vezes sinto que nos trombamos na rua, no ônibus, só para nos sentirmos mais um pouco. Mais humanos, menos animais. O doutor dizia que nos tornando selvagens, nos


Me enfio pela cidade e pergunto. Onde foi parar toda a sua saudade. Toda a minha vontade. Toda a nossa bondade de olhar olhos com olhos. Às vezes sinto que nos trombamos na rua, no ônibus, só para nos sentirmos mais um pouco

Não existe céu em SP

livramos da dor de sermos homens. E ter que encarar as dúvidas e as perguntas. As obrigações e horários insistentes e desnecessários. O mal-estar da civilização. Estamos sempre tão atrasados, que fico me perguntando se temos mesmo aonde chegar. Quando será que te vejo de novo? Não adianta procurar as respostas, quando se desconhece as perguntas. Skream é um gênio londrino, de vinte e poucos anos, que está rabiscando novos caminhos. Rustie é outro gênio londrino, de vinte e poucos anos, que está rabiscando novos destinos. Estamos vivendo no ano de dois mil e doze, e não sei se você já percebeu. Que é hora de libertar a mente e encarar o vento. As

nossas músicas e os nossos festivais. As vozes de hoje cantam o sentimento de hoje. Cantam a conectividade e o esquecimento. A miséria e a esperança. O fim de um mundo, e o começo de outro. As lástimas e lágrimas que dançam involuntárias pelas tardes frias deste outono indolente. Enxerga quem busca ver. Para todos os outros, resta essa caixa chamada passado. Abra os braços e abrace o sol. São Paulo é uma lágrima que não desceu, mas que canta. Tem meus sentimentos e, veja, talvez também comece a carregar os seus. Aumente Justice e, claro, não use filtro solar. Nossos tempos estão estranhos. Mas sempre nos restará ir a mar. 115


G

RAGGA GIRL MODELO Graziele Alc창ntara FOTOS Davi Borges

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Na natureza

selvagem

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LIVRARADA #música negra americana

COLUNA POR BRUNO MATEUS

James Brown: Sua vida. Sua música R. J. Smith (Editora LeYa)

Padrinho do soul, Sexy Machine, Mr. Dynamite, Rei do funk… Dono de muitos apelidos, merecedor de todos eles. James Brown deu novo significado para o funk, para o soul e para o rhythm and blues. Fora dos palcos, mostrou ativismo em causas sociais e no movimento negro. Dono de uma personalidade difícil, por vezes violenta, envolveu-se em várias polêmicas com a polícia — porte ilegal de arma e droga e violência contra suas mulheres constam em seu histórico. Toda a trajetória do sr. Brown, como ele gostava de ser chamado, está no livro escrito pelo jornalista inglês R. J. Smith e lançado por aqui no mês passado com entrevistas e material inédito. Aos dois anos, James Brown viu sua mãe sair de casa para morar com outro homem. Foi criado por seu pai até os seis anos de idade, quando passou a morar com uma tia, que administrava uma casa de prostituição. Smith reconstitui todo esse período, quando, apesar de viver com

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parentes, Brown passava a maior parte do tempo ao sabor do vento, perambulando pelas ruas. Na infância, ganhava uns trocados engraxando sapatos, trocando e vendendo selos, lavando carros e cantando em concursos — nessa época, aprendeu a tocar gaita, presente de seu pai. Dono de um talento nato, Brown também aprendeu a tocar guitarra, piano e bateria com músicos que frequentavam o prostíbulo de sua tia. Junto com a adolescência, vieram os problemas com a polícia e, aos 16 anos, Brown foi mandado para uma detenção juvenil por assalto à mão armada. Após cumprir sentença de três anos, o Chefão do soul canalizou toda sua criatividade na música e, de 1956, quando gravou o primeiro single da carreira com o grupo The Flames, até sua morte, no Natal de 2006, fincou seu nome no panteão da música do século 20.

Lady sings the blues Billie Holiday (Editora Zahar)

Kind of blue Richard Williams (Casa da Palavra)

O subtítulo já diz tudo: a autobiografia dilacerada de uma lenda do jazz. Figura essencial do estilo entre as décadas de 1930 e 1950, Billie Holiday eternizou sua voz, e sua maneira de cantar, e influenciou outras grandes cantoras como Sarah Vaughan e Ella Fitzgerald. No entanto, sua vida fora dos palcos foi marcada por uma série de tragédias e desventuras — morreu pobre, em julho de 1959, viciada em heroína e praticamente sem voz. No livro, publicado em 1956, ela expõe de maneira dramática e sem máscaras os problemas com a polícia, a perseguição que sofreu por parte da imprensa, as decepções amorosas e o submundo das drogas e do showbiz.

Escritores não se cansam de lembrar Kind of blue, álbum de Miles Davis que revolucionou o jazz e a produção musical que se seguiu ao disco. Em Kind of blue – Miles Davis e o álbum que reinventou a música moderna, o escritor inglês Richard Williams volta na cena jazzística dos anos 1950 e na produção da indústria musical de então (e na de Miles também) para contextualizar sob qual atmosfera criou-se o álbum, gravado em apenas nove horas num porão de uma igreja em Manhattan. Como escreve Williams: “Naquele porão, um tipo de música anteriormente estereotipado na mente do público tornou-se motivo de questionamento intelectual e, para alguns, espiritual”.


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P

PRATA DA CASA Dibigode BANDA CHAMA ATENÇÃO PELA QUALIDADE DAS COMPOSIÇÕES E PELA OUSADIA DO PROJETO

COLUNA POR LUCAS BUZATTI

tomás arthuzzi/divulgação

Antônio Vinícius (baixo), Gabriel Perpétuo (guitarra), Guilherme Peluci (sax e flauta), Tiago Eiras (bateria) e Vicente França (guitarra)

Acesse Site dibigode.com Clipe Mongra do Criolo Doido vimeo.com/39555463

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“Livrar-se das amarras conceituais e se permitir uma pausa na inércia da vida cotidiana." São essas as premissas necessárias para quem deseja se embrenhar na viagem sonora do Dibigode. Formada em 2007, a banda mineira se uniu ao exponencial grupo de conjuntos instrumentais brasileiros, trazendo uma sonoridade complexa e simples, na mesma proporção. “Algumas pitadas de NOFX, Saosin e Rancid, com duas gotas de Baden Powell, Vinícius de Moraes e Egberto Gismonti. Bater tudo com Pink Floyd, Toe e Tortoise”, explica o guitarrista Gabriel Perpétuo sobre qual a receita para a salada musical da banda — um prato exótico, mas extremamente saboroso. A criatividade é outro tempero essencial do Dibigode, tanto na música quanto no conceito. O nome do grupo é um bom exemplo dessa busca pelo inusitado. “Dibigode é uma gíria interna que significa estar de bobeira, tranquilo, calmo. Caracteriza o espírito espontâneo da banda”, diz Gabriel. Outro nome diferente é o do competente álbum de estreia do grupo, lançado em novembro de 2011. Naturais e Idênticos ao Natural de Pimentas Jamaica e Pre-

ta chama a atenção não só pelo título, mas pela qualidade das composições e pela ousadia do projeto em que está inserido. O debut, que conta com a participação de Flora Lopes (Graveola e o Lixo Polifônico), Fábio Feriado (Frito Na Hora) e Sérgio Pererê, não se restringe ao disco físico. Muito pelo contrário — não há CD algum. O material foi lançado numa caixa que contém um livro com 60 páginas e uma senha para conferir o material on-line. Outra novidade do Dibigode foi o lançamento do videoclipe de Mongra do Criolo Doido, que arrancou elogios da mídia especializada. “A ideia era registrar a primeira vez que iríamos mostrar a música e gravar a reação de cada um, marcamos um piquenique misterioso em um local afastado da cidade e eles foram sem saber que seria filmado o clipe, e continuaram sem saber até o fim do dia, quando abrimos o jogo. Todo o processo de gravação do clipe foi feito com a ajuda dos amigos, de graça”, desvenda Gabriel. Agora, a banda quer continuar com seu bloco na rua — fazendo turnês nacionais e internacionais — antes de pensar num segundo disco. Para Gabriel Perpétuo, a receptividade do público é, também, consequência da evolução do cenário musical independente de BH. “As bandas estão conquistando uma visibilidade merecida pela qualidade, inovação e empenho dos músicos. A excelência e a mobilização da cena estão dando frutos Brasil afora. Nós mesmos estamos indo para São Paulo em turnê. É um bom começo, não acha?”.



M

A MÚSICA E O TEMA

COLUNA POR Kiko Ferreira

terroir e monocultura QUALIDADE MUSICAL E SUCESSO DE VENDAS RARAMENTE SE ENCONTRAM — E ISSO É NORMAL

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eram aqueles artistas que derramavam suas emoções sem limites. Um bom exemplo é Reginaldo Rossi, que não entendia porque vendia centenas de milhares de LPs e sua gravadora, a Odeon, fazia concorridos coquetéis para a cantora e compositora Fátima Guedes, que tinha venda média na faixa das sete mil cópias. Eram artistas como Agnaldo Timóteo e Cláudia Barroso que forneciam combustível financeiro para que as gravadoras ban-

Gaby Amarantos, a rainha do tecnobrega

divulgação

Os astros já disseram e os veículos nacionais confirmaram: este será o ano do tecnobrega, tecnomelody ou que nome se dê à mistura de música brega e teclado de gosto discutível, que se transformou num fenômeno antropológico e econômico na Pará. Com um processo de comercialização baseado em shows concorridos e discos vendidos por R$ 2 nos camelôs, a cena paraense vem sendo tratada como a salvação da lavoura, como uma espécie de Serra Pelada do cenário musical no mundo quase pós-gravadoras. Apoiada por antropólogos, estudiosos, jornalistas e produtores de respeito e de folhas corridas extensas, a musa maior, Gaby Amarantos, já foi incluída na lista das 100 pessoas mais influentes do país entre estrelas pop como Padre Marcelo Rossi, Chico Buarque, Yamandu Costa e Wanessa. E isso antes mesmo do seu primeiro disco de alcance nacional (Treme) ser lançado oficialmente ou de ter sido música na novela e ser inspiração para a personagem de Cláudia Abreu, Chayenne. Misto de carimbó, guitarrada, merengue e latinidades variadas com a boa e velha música brega de raiz pós-Jovem Guarda (Fernando Mendes, Cláudia Barroso, Reginaldo Rossi, Franquito Lopes), a música que vem das festas de aparelhagem e move e remove montanhas paraenses só escancara uma corrente que vinha influenciando pelo menos duas gerações de artistas pós-mangue bit, principalmente na cena pernambucana e paulista — se é que você me entende. Mais que nunca, ser brega é ser cult. O brasileiro médio, no fundo, tem um pé no brega. Ou os dois. Ou o coração. Na década de 70, no auge do prestígio da MPB, os maiores vendedores de discos


reuters/andrew innerarity

divulgação

O funk de James Brown dando lugar às dancinhas de Michel Teló. Admirável mundo novo?

Com a cópia do modelo americano de rádio e o surgimento das grandes redes nacionais de FMs musicais, as gravadoras passaram a apostar na monocultura

cassem, por exemplo, as caras produções de Egberto Gismonti, com seus quartetos de cordas e convidados sofisticados. Posto que não é novidade a música brega ser sucesso, qual o problema da exuberante Gaby Amarantos ser uma moça de sucesso nacional? Nenhum, não fosse a sensação de que sua fama, da forma avassaladora que vem acontecendo, não deixar muito espaço para a tão propalada diversidade da música feita no país da nova classe C. O incômodo desse tipo de postura da indústria musical começou, na verdade, em meados dos anos 1980, quando os donos de rádio do país descobriram o formato americano de rádio Top 40 (quatro dezenas de músicas tocando o dia todo em todas as rádios de perfil mais comercial). A vida de gravadoras e divulgadores ficou mais difícil. As emissoras tinham programa de jazz, música clássica, samba, temas de filmes, música para dançar, grandes orquestras e mais uma dezena de categorias e subcategorias, cada uma com seu público específico, seu horário na grade de programação. Além das programações serem feitas por DJs locais, com sotaque e gosto próprios. A música, como a comida, tinha seu terroir. Ir ao Maranhão e não comer bolo de rolo, tomar Guaraná Jesus e ouvir reggae, era como ir ao Pará e não dançar música brega e experimentar açaí ou pato ao tucupi. Com a cópia do modelo americano de rádio e o surgimento das grandes redes nacionais de FMs musicais, as gravadoras

passaram a apostar na monocultura. A primeira tentativa bem-sucedida aconteceu com a música de Carnaval da Bahia. Aquelas músicas e dancinhas que eram apreciadas por quem ia passar o verão em Salvador ou Porto Seguro, e às vezes vinham na mala e na memória como as fitinhas do senhor do Bonfim — e tinham prazo de validade —, de repente viraram música do ano todo, no país todo, em todos os veículos de comunicação. Na mesma linha veio o breganejo de DNA texano, o pagode com cheiro de Motown, o funk derivado da versão feita por teclados em Miami, a música romântica que queria ter sido escrita por Julio Iglesias e Manolo Otero. O samba de raiz, o funk que vinha de James Brown e Afrika Baambata, a bossa nova e até o rock brasileiro, que parecia tão sólido na virada da década de 80 para 90, davam lugar à nova dancinha, aos terninhos que viravam uniforme... E a MPB, outrora sigla para as várias tonalidades da Música Popular Brasileira, virou sinônimo de música chata, fora da realidade. É neste cenário que uma artista de grande valor, como Gaby Amarantos, mas, que em tempos antigos seria apenas mais uma atração num mercado de grandes novidades, se torna estrela máxima. Um tipo de "fenômeno" como o que já ocorreu com Ivete Sangalo, Paula Fernandes e Michel Teló. Que o tecnobrega entre no cardápio nacional, como já entraram o açaí e a castanha do Pará. Mas que não seja a monocultura da vez.

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CRÔNICO Noite em claro

CRÔNICA POR JOÃO PAULO

João Paulo é jornalista e comunista. Para ele, o mundo é dividido em classes em luta, Marx é um gênio e Freud acertou em quase tudo. Melhor que o silêncio, só João Gilberto.

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A insônia é a única experiência verdadeira de solidão que temos depois do nascimento e antes da morte

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Não conheço experiência mais libertadora do que uma noite de insônia. É claro que há os problemas que ela gera no dia seguinte, quando nos arrastamos como zumbis entre tarefas e obrigações que vão ficando cada vez mais sem sentido à medida que o tempo passa. E é aí que a noite sem descanso se justifica: estamos perdendo tempo demais com o que não interessa. O cansaço do corpo e da cabeça é uma chave. Quem fica uma noite sem dormir, perturbado por uma condição física que não conhecia até então — a falta absoluta de sono —, sabe que não se trata de uma vantagem, do ganho de algumas horas a mais de consciência para fazer outras coisas produtivas, como ler um livro, pensar na vida, pôr as coisas em ordem. Nada disso. A insônia de verdade é um encontro com o nada de que somos feitos. É claro que não podemos chamar de insônia uma noite atravessada por atividades e prazer. A festa da existência, que vai além das horas convencionais, é apenas um alargamento do dia. Ver o sol nascer bem acompanhado é só um agradável adiamento do sono. Nas noites em claro de verdade, é preciso que haja um mínimo de tormento, indisposição e alheamento. A física nos ensina que a matéria é feita de vazios. No entanto, na vida psíquica, acreditamos que somos um bloco compacto, que tudo tem sentido e, no máximo, uma boa terapia se cuida de encher os buracos e explicar alguns tormentos. Com a insônia passamos a conviver com o que falta. Foi durante uma noite sem dormir que fiz algumas das poucas descobertas da vida: que é melhor acariciar do que segurar

com força; que tudo que é bom é de graça (pelo menos na hora que fica bom de verdade); que não querer é o domínio supremo do desejo. Entendi, porque não estava dormindo, que a poesia não são palavras, mas um jeito de conviver com o mundo e as pessoas. Foi numa noite branca, sem sono e sem sonhos, que entendi o que é política e gostei; que percebi que os políticos não entendem nada de política e os desprezei; que tive a certeza profunda de que as pessoas são iguais; que existe uma beleza à espera do olhar para se revelar; que ninguém tem direito de tratar o outro com grosseria, mesmo quando está com a razão. Aquela dura sensação de que a manhã se aproxima e de que o dia vai ser pesado me libertou, de uma vez por todas, da tirania das roupas certas e de certas roupas. Quem passa a noite em claro, como a própria expressão revela, joga luz sobre o que devia estar envolvido por sombras e escuros. A insônia é a única experiência verdadeira de solidão que temos, depois do nascimento e antes da morte. Fora esses momentos, parecemos condenados ao outro. Ser, sem companhia, é ser só. É só ser. Fritar na cama é uma experiência filosófica. Mas talvez o mais revelador dessa travessia angustiante que é perder uma boa noite de sono seja o fato de que, no dia seguinte, por fadiga absoluta, vamos dormir mais e melhor. Ou seja, temos barreiras reais nesse possível mergulho no absurdo que nos cerca. A insônia nos dá coisas importantes, mas convence o corpo a se recuperar no dia seguinte. Ninguém suportaria viver no limite o tempo todo. As vigílias podem até cessar, mas sua luz negra permanece.


FS SMITCH / FOTO: CAMILO NERES

Também disponível na versão kids.

SLIP DOC SG

JAY ALVES


QUADRINHOS RASOS

COLUNA

POR Eduardo Damasceno E LuĂ­s Felipe Garrocho // quadrinhosrasos.com

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R I P C U R L .C O M


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