Ragga #27 - Aniversário

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revista

Junho.2009

Edição de aniversário #26

JUNHO . 2009 . ANO 4

4 ANOS

não tem preço

revistaragga.com.br


O MAIOR NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO JOVEM DE MINAS :: www.ragga.com.br


A CURIOSIDADE NOS

MOVE.

o que

move

você?



Apresenta:

Patrocínio:

2, 3 e 4 de Julho Bienal do Ibirapuera São Paulo Brasil

EDITORIAL

A RT E � M Ú S I C A � C I N E M A � M E I O �A M B I E N T E � M O DA S U R F

The Beautiful Girls, Marcelo D2, Tommy Guerrero, e Jake Shimabukuro, em shows acústicos, fortalecendo a proposta cultural do evento.

Confira a programação no site

www.festivalma.com.br

Patrocínio de Mídia:

Apoio:


BÚSSOLA

Trago seu amor em sete dias

Movimento contemporâneo

22

Simpatias e dicas para passar bem o Dia dos Namorados

Numa esquina perto de você

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28

Ballet Jovem do Palácio das Artes: além da dança

Os melhores riders e as mais gatas

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Momentos inesquecíveis do Ragga Wake World Series

Tá estressado? Vá para a rua jogar golfe!

É big! É big!

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Ragga completa 4 anos e lembra outros aniversários importantes

Ele pode ser seu avô

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De olho na herança do bilionário e mulherengo Antônio Luciano

Noite sem pose

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Fotógrafos revelam o que rola quando todos os gatos são pardos

Maulício é Lagga

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No Perfil, um Maurício de Sousa que você nunca viu

já é de casa destrinchando estilo

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quem é ragga

10

48

52 eu só quero! // ...amar 58 on the road // peru 62 ragga girl: renata campos

passando a bola

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cultura pop interativa aumenta o som

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tiago bastos

EDITORIAL

E o bambu? O marcado mineiro é muito complicado... Minas não tem mar para ficar falando de surf... Rodar uma revista é muito caro, ainda mais gratuita... Você não sabe se viagem é com G ou com J e vai fazer revista?... Com que dinheiro?... Isso não passa de fogo de palha... Se fulano anunciar eu anuncio... Vê lá, hein? Sociedade é igual casamento... Lembrei dessas frases quando parei para escrever esse editorial comemorativo de quatro anos. Era comum e natural ouvir tais comentários quando surgiu a ideia de fazer a Ragga. Lembrei, também, de ter escutado uma vez da minha mãe, uma história de um tal bambu chinês que, depois de plantado, fica quatro anos debaixo da terra. Durante todo esse período seu crescimento é subterrâneo e imperceptível a olho nu. Nesse tempo, ele vai formando uma maciça e fibrosa estrutura de raiz. E então, no quinto ano, o bambu chinês cresce até atingir 25 metros. Nos seus quatro anos, não tão subterrâneos assim, a Ragga já produziu mais de 2.700 páginas de cultura, comportamento, moda, tecnologia, esportes extremos, entrevistas e curiosidades. Teve um crescimento de mais de 16 mil vezes na internet. Dobrou sua tiragem (de 5 mil para 10 mil exemplares) e agora dobra sua periodicidade (de bimestral para mensal). Lançou um Gol da Volkswagen com seu nome (Gol Ragga). Produziu matérias de mais de 25 países diferentes nos cinco continentes. Realizou a maior etapa de um circuito mundial esportivo (Ragga Wake World Series). Criou um programa de rádio (Ragga 98), um suplemento semanal dentro do maior jornal do estado (Ragga Drops / Estado de Minas), uma editora e um departamento de promoções e eventos. Acreditamos que nossas raízes se firmaram nesses quatro anos e possibilitam, agora, um crescimento maior, perceptível a olho nu. O mercado mineiro ainda é complicado, o mar ainda não chegou por aqui, rodar uma revista continua sendo caro, os três sócios continuam bem casados. E eu, finalmente, aprendi que viagem se escreve com G, apesar do Google não corrigir quando se escreve com J (ele ainda deve estar na dúvida). Por falar em viagem, a nossa continua sendo a mesma: fazer uma revista que você vai gostar cada vez mais de ler. Lucas Fonda :: Diretor Geral lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br


cartas ACASO NÃO EXISTE Dolcielio Amaral // por e-mail Descobri a Ragga por acaso. Estava eu andando pela rua, quando vi no chão perto de uma porta de um bar um exemplar da revista com a capa do "Che" [abril 2009]. Folheei página por página... E fui achando interessante as fotos, as matérias, os assuntos, as pessoas. Levei-a comigo para ler mais tarde. A edição de maio já estava em uma das lojas que distribuem a Ragga. Foi bom poder encontrar mais uma revista. Curti muito. Espero poder ler mais e mais. Assim, vocês aí terão muito trabalho pela frente... Rs rs. Até mais!

Se depender da redação, Dolcielio, você vai ler mais, mais, mais e mais...

BURNING MAN Adriano Velloso// por e-mail Muito FODA a matéria [‘Burning man’, Maio 2009]. Parabéns, Bernardo! Conseguiu traduzir bem o que é o festival, em espaço tão limitado. Cara, estamos te esperando no ano que vem de braços abertos! Matou a pau!!! Não tem como nenhum outro jornal ou revista chegar perto disso.

Fico feliz demais que tenha gostado, Adriano! E, pode anotar: Em 2010 nos vemos no deserto! Valeeeeu! Bernardo

A MAIS QUERIDA Karina Margareth // por e-mail Amo a Ragga. De todas as revistas que estão aí, é minha preferida. Também amei a entrevista com o Fernando Gabeira... Mostrei pra minha mãe e ela mandou eu escrever elogiando. Rs, rs. Beijo!

expediente DIRETOR GERAL lucas fonda [lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING bruno dib [brunodib.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR FINANCEIRO josé a. toledo [antoniotoledo.mg@diariosassociados.com.br] EXECUTIVO DE CONTAS lucas machado [lucasmachado.mg@diariosassociados.com.br] CIRCULAÇÃO guilherme cançado (guilhermecancado.mg@diariosassociados.com.br) PROMOÇÃO E EVENTOS cláudia latorre [claudialatorre.mg@diariosassociados.com.br] EDITORA sabrina abreu [sabrinaabreu.mg@diariosassociados.com.br] SUBEDITORA thaís pacheco [thaispacheco.mg@diariosassociados.com.br] REPÓRTER bruno mateus [brunomateus.mg@diariosassociados.com.br] JORNALISTA RESPONSÁVEL luigi zampetti - 5255/mg DESIGNERS anne pattrice [annepattrice.mg@diariosassociados.com.br] marina teixeira [marinateixeira.mg@diariosassociados.com.br] maytê lepesqueur [maytelepesqueur.mg@diariosassociados.com.br] ILUSTRADOR matheus dias [xgordinhox.dias@gmail.com] FOTOGRAFIA bruno senna [bsenna.foto@gmail.com] carlos hauck [carloshauck@yahoo.com.br] dudua´s profeta [duduastv@hotmail.com] ILUSTRADOR CONVIDADO tiago bastos [tiagobastos.com.br] ESTAGIÁRIOS DE REDAÇÃO bernardo biagioni [bernardobiagioni.mg@diariosassociados.com.br] daniel ottoni [danielottoni.mg@diariosassociados.com.br] izabella figueiredo ARTICULISTA lucas machado COLUNISTAS alex capella. cristiana guerra . rafinha bastos COLABORADORES diorela bruschi. camila coutinho. kleyson barbosa. andre volpato. airton rolim PÍLULA POP [www.pilulapop.com.br] RAGGA GIRL renata campos FOTO carlos hauck PRODUÇÃO DE MODA li maia e aninha da pieve DIREÇÃO lucas fonda CAPA bruno senna MODELO guilherme cançado REVISÃO DE TEXTO vigilantes do texto IMPRESSÃO rona editora REVISTA DIGITAL [www.revistaragga.com.br] :: inkover [inkover.com.br] REDAÇÃO rua do ouro, 136/ 7º andar :: serra :: cep 30220-000 belo horizonte :: mg . [55 31 3225-4400] Os textos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não expressam necessariamente a opinião da Ragga, assim como o conteúdo e fotos publicitárias.

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Oi, Karina! Pode saber: também é minha preferida. Sabrina O conteúdo digital da Ragga você confere no portal Uai:

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El Bogotazo

anne pattrice

por Lucas Machado

"As Farc são um exército do povo que se nutre da economia do país, que é o petróleo, o café, as esmeraldas, o gado, o algodão, a coca e a papoula. Assim, as Farc cobram um imposto àqueles capitalistas que tenham mais de um milhão de dólares. As Farc não têm cultivos, não negociam com narcóticos, não vendem favores aos narcotraficantes. As Farc subsistem, apesar da campanha encabeçada pelos EUA, que tem por fim desacreditarnos como uma organização revolucionária... Mas é normal que os EUA façam isso, pois são nossos inimigos e, portanto, fazem o que devem fazer." Raúl Reyes, veterano líder das Farc morto em combate em 1º de março de 2008 Conspiração ou não, o fato é que está tudo errado – para que O colombiano Gabriel García Márquez radicalizou ainda eu quero descer. mais a sua dimensão, ao se tornar um porta-voz das causas Primo, olha só. A grande descoberta do mundo nos sociais e denúncias contra a violência vivida pelas ditaduras últimos tempos foi feita pelo superintendente da Polícia latino-americanas. Em meados dos anos 1950, Gabo já haFederal do Acre, Luiz Cravo Dórea: “As drogas no Brasil via escrito alguns esboços de ‘Cem Anos de Soildão’. A obra entram pela Amazônia.” Cara, Nobel da Descoberta. Só que o narra, em entrelinhas, as primeiras etapas da guerra civil e mais preocupante é que fazemos fronteira com os hermanos os primeiros conflitos armados em seu país. Paralelamente, da Colômbia. E as estatísticas não são as melhores. Os aconteceu uma das maiores manifestações populares das colombianos detêm 80% dos cartéis do narcotráfico, junto Américas, o Bogotazo, uma série de protestos e mortes que com Bolívia e Peru. O efetivo militar do país é de 208,6 mil surgiram depois do assassinato do candidato à presidência soldados – já o Brasil tem 227 mil, com o território e a da Colômbia, Jorge Eliécer Gaitán. população bem maior. A droga passa pela imensa fronteira Gaitán, às vésperas das eleições, foi assassinado minutos brasileira por vias terrestre, aérea e fluvial (questão territorial antes de se encontrar com o estudante Fidel Castro, que e estrutural). O tráfico alista pessoas para o transporte de estava em Bogotá para um congresso de estudantes latinodrogas (questão social), seduz pelo americanos. Assim iniciou-se o período chamado de “La Violencia”. A Colômbia perdeu sua refe- alto lucro (questão econômica e Uma guerra sem fim, que dura até rência cultural, enraizada no social), mata pela concorrência os dias de hoje. grande movimento de contra- (questão de segurança pública propriamente dita) e mata pelo A Colômbia perdeu sua referênuso (questão de saúde pública). cia cultural, enraizada em um gran- cultura, o Nadaísmo Nas fronteiras, esse processo já dura 60 anos e cobra de movimento de contra-cultura, o Nadaísmo, do qual faziam anualmente a vida de 10 mil pessoas, de acordo com parte jovens boêmios colombianos, ligados à geração Beat. dados do Instituto de Estudios para El Desarrollo y La Paz Eram poetas e escritores de vanguarda que se baseavam em (Indepaz). Convencido de que pode derrotar a guerrilha, o fundamentos filosóficos. atual presidente da Colômbia, Álvaro Uribe Vélez, insiste Com o crime organizado, nasceram as Forças Armadas na via armada. Além do acordo humanitário, as Farc não Revolucionárias da Colômbia (Farc): camponeses comanindicam um caminho diferente. dados por Manuel Marulanda – líder histórico conhecido Dizem que Gabriel García Márquez já está fazendo a recomo “tiro certo” – que se transformaram em grupo político leitura de ‘Cem Anos de Solidão’. O digníssimo autor do biarmado, agindo em todo o território nacional, em especial gode deste texto, Raúl Reyes, foi morto no ano passado. E nas fronteiras. São responsáveis pela chamada economia de a Colômbia continua a mesma. Poxa, mas por que preocuguerra, para garantir a guerrilha. par com a guerra que arrebatou o tecido social andino? E os Será que Raúl Reyes, líder das Farc, com sua arte retórimestres do movimento do Nadaísmo? Esses, sim, poderiam ca, enganou todo esse tempo os colombianos e o mundo? Ou ter feito a verdadeira revolução, não com armas, mas com será que a Colômbia sustenta a ideia de que são pobres coiideias. Mas seus poetas e escritores desapareceram, ou metados e vítimas das guerrilhas, em troca de interesses ecolhor, viraram PÓ. nômicos como o financiamento de combate ao narcotráfico? J.C.

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manifestações: lucasmachado.mg@diariosassociados.com.br



COLABORADORES fotos: arquivo pessoal

Diorela Bruschi é uma moça legal. Trabalha com Direito, mas sua formação em Publicidade deixou de herança uma escritora compulsiva. Foi dela a ideia de fazer a entrevista com Marcelino Roberto de Souza, que vende mais do que panos de prato num sinal de BH. A conversa dos dois rendeu um Passando a Bola para esta edição (pág. 68). direitoelegal.wordpress.com; direitoelegal@gmail.com Meio poético, Andre Volpato gosta de dizer que vê no mundo ao redor infinitas possibilidades e belezas, por isso as exprime por meio da fotografia. Engenheiro de formação e fotógrafo por amor, ele vive em Londres sem data de chegada ou saída. De lá, fotografou os squats do Na Gringa deste mês (pág. 64). flickr.com/photos/andre_volpato; volpatoas@hotmail.com Ainda no maternal, Camila Coutinho começou a fazer seus primeiros "pliés". Desde então, dançou sapateado irlandês, sapateado americano, balé clássico e modern jazz. Com a matéria ‘Conexões Possíveis’ (pág. 28), ela conseguiu unir duas de suas maiores paixões: a dança e o Jornalismo. camilarcoutinho@gmail.com Fã de cultura jovem e novas tecnologias, o jornalista Kleyson Barbosa tem 25 anos, mas até hoje acompanha as histórias da Turma da Mônica. Acredite, ele ficou bem contente com o beijo da Mônica e do Cebolinha. Kleyson é editor assistente do portal ‘Supermundo’, da Abril, já passou pelo jornal ‘Agora São Paulo’ e pela rádio UFMG Educativa. Para a Ragga, entrevistou Maurício de Sousa, no Perfil desta edição (pág. 76). kleyson@gmail.com

lú motta

SEM CRISE No dia 20 de maio, Lucas Fonda, diretor geral da Ragga, proferiu palestra no Sebrae-MG sobre como empreender em tempos de crise. Também participaram do evento representantes da Drogaria Araújo e o BDMG.

SÓ O COMEÇO O Ragga Wake World Series, etapa brasileira da mais importante competição mundial de wake, marcou o sucesso da parceria entre a Ragga e o Governo de Minas Gerais. E esse é só o começo. VELINHAS Em homenagem a seu aniversário de 4 anos, a Ragga vai ser homenageada na Câmara dos Vereadores, dia 19 de junho, às 19h30. Aparece lá.


Tiago Bastos

[tiagobastos.com.br] Meu estilo é não ter estilo algum. Curto experimentar processos de criação diferenciados ou mesmo misturálos. Tinta a óleo, aquarela, lápis de cor, guache, carvão, café, aerógrafo e tratamento digital para finalização. Prefiro não ser rotulado por fazer um traço único e busco sempre trabalhos que me desafiem. Sou um eterno apaixonado por desenhos sensuais e eróticos e por grandes desenhistas como Manara, Sarpieri e Sorayama. Atualmente, sou diretor de arte/ ilustrador na agência FALA! Minas e crio eventos como a GetLoose e HaveFun para a SW Entretenimento.


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cliff diving

PÁSSAROS

por Bruno Mateus

POR TRÊS SEGUNDOS Atletas e praticantes do cliff diving radicalizam em queda livre

morris mac matzen \ reuters

O estudante de engenharia ambiental Franco Lorenzo Bossardi sempre gostou de esportes radicais. Já fez paraquedismo e pulou de bungee jump. Mas, para sentir a adrenalina nesses esportes, era preciso meter a mão no bolso. Segundo ele, nunca saía por menos de R$ 200. Com o cliff diving é diferente: “Quase não tem custo. Com o dinheiro da gasolina já dá para fazer a zorra”. Ele conheceu o esporte a partir de um vídeo na internet. O primeiro pulo foi em uma represa em Caxias do Sul (RS), onde mora. E já começou a uma altura de 15m. Depois disso, gostou e não largou mais. “Achei muito doido e resolvi continuar. Começou de brincadeira e acabou virando meu esporte preferido”, conta. Franco dá algumas dicas para quem quer se jogar – literalmente – no cliff diving: “Alongar bem, fazer uma oração. Realmente pode ser perigoso, mas há que tomar cuidado“. Com origem na ilha de Maui, Havaí, no século XVIII, o cliff diving, como é mundialmente conhecido, é aquele esporte em que os atletas (extremamente bem preparados, não pode ser qualquer zé mané) pulam, com saltos ornamentais, de rochedos com altura de mais de 20m. É preciso muita concentração, precisão e controle do corpo e da mente para praticá-lo. O que é loucura para alguns, vira competição para outros. Em maio deste ano, teve início o Red Bull Cliff Diving Series, que rola até setembro. Esse é o primeiro campeonato mundial da categoria. Em oito etapas por diversos países da Europa, serão apenas 12 representantes de uma elite de atletas capazes de atingir o nível de performance necessário para realizar saltos ornamentais de 26m de altura. México, França, Croácia e Grécia são países onde estão alguns picos tradicionais da modalidade. Para se ter ideia, o impacto na água é nove vezes mais forte se comparado a um salto de uma plataforma olímpica de 10m. No cliff diving, pode-se chegar a 100km/h em apenas 3 segundos. Uma Ferrari alcança o mesmo em 3,7 segundos.

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No cliff diving, pode-se chegar a100 km/h em apenas 3 segundos. Uma Ferrari alcança o mesmo em 3,7 segundos


xavier leoty / afp photo dean treml / afp photo

xavier leoty / afp photo

Solitários no ar: sem a companhia de pássaros ou aviões, o céu é só deles. Abaixo, atleta “fura” a água e descarrega a adrenalina

Não pense você que aqueles pulos desengonçados de bêbados em cachoeiras ou represas são seguros A adrenalina é fugaz, sim, mas, de acordo com Franco Lorenzo, vale a pena. “Os três ou quatro segundos de queda é o que interessa.” O medo não é uma palavra fora do dicionário de Franco. “Se não tivesse medo, não teria graça. Sentir o coração bater, cair na água e ver que tudo deu certo é bom demais”, diz, empolgado. Quem não gosta nem um pouco dessa “sensação boa” é a mãe do atleta. “Ela quase chora quando me vê saindo com tênis e toalha. Sempre pede para eu beijar o santinho”, lembra. Apesar de Franco curtir esportes radicais, há um lugar que ele não pula nem a paulada: a ponte do Rio das Antas, que fica em Caxias e tem 47m de altura. Franco e mais uma galera já foram ao local, conversa-

ram com o dono do bar que fica perto da ponte. Ficaram sabendo que lá era um ponto de suicídio e até viram fotos de bombeiros tirando corpos da água. “Energia muito pesada. Quando vimos, desanimamos na hora.” A mãe de Franco agradece. Quando a parada é cliff diving, Cristhian Lintachir Savegnago é companheiro de todas as horas e pulos de Franco. Ele tem 19 anos e pratica desde os 18. Os dois amigos não têm nenhuma pretensão profissional, fazem “por pura diversão, para juntar a galera, ir para as cachoeiras e sentir a adrenalina.” Por enquanto, tampouco atingem o nível de competição. Christian e Franco nunca passaram por algum aperto. Isso, segundo eles, se deve ao fato de sempre tomarem cuidado. Mergulhar para conferir a profundidade e ver se há pedras, galhos ou algo que possa transformar a aventura em tragédia é algo básico que eles sempre se lembram de fazer. Outro entusiasta do esporte, Leandro Botelho Feitosa teve sua iniciação no cliff diving, que também pode ser chamado de cliff jumping, em 2004. Ele tinha 18 anos, morava em Bauru

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Atleta abre as asas e prepara voo. Os poucos segundos até a queda na água valem o desafio

(SP), e a estreia foi em um penhasco de, aproximadamente, 15m. Hoje, Leandro mora em Ponta Grossa (PR) e continua dando seus pulos por lá. “Antes converso com alguém que já pulou. Mergulho para ver se o local é seguro. Sei dos meus limites”, afirma Leandro que, por enquanto, só pula de pé e treina saltos mais ousados em piscinas. Ficar bem concentrado, calcular os espaços e dar passos firmes são dicas de Leandro para quem quer se aventurar no cliff diving. Não pense você que aqueles pulos desengonçados de bêbados em cachoeiras ou represas são seguros. Muita gente ainda não sabe que o cliff diving é um esporte e deve ser praticado com segurança. Para curtir, é preciso se informar e ter cautela. Franco Lorenzo comemora: “É até bom sair uma matéria para a galera parar de achar que eu sou louco”.



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REFLEXÕES REFLEXIVAS > rafinha bastos > é jornalista, ator de comédia stand-up e apresentador divulgação

do programa ‘CQC’ (Custe o Que Custar)

PENSAMENTOS ABSURDOS :: PROF. XAVIER DO X-MEN DIZ QUE CONTROLA MENTES E FAZ AS PESSOAS ACREDITAREM QUE DISSERAM COISAS. ACHO QUE ELE NÃO É UM MUTANTE, É UMA MULHER. :: A nova Besta tem freios inteligentes... Talvez não seja tão besta assim. :: MOTEL É COMO CHURRASCARIA RODÍZIO: COMER POUCO EM AMBOS É JOGAR DINHEIRO FORA. :: Não é certo dizer: "Minha casa está uma zona". Acho injusto assumir que todo puteiro é bagunçado. :: E QUANDO A BELA ADORMECIDA ACORDOU? MUDOU DE NOME? FICA A DÚVIDA.

wly

:: Mundo injusto... O Super-Homem usa cueca por cima da calça e é super-herói.... Se eu faço o mesmo, sou mendigo.

:: SPAM NUNCA ATINGE O TARGET. RECEBI UM QUE ME OFERECE UM NOVO TIPO DE SUTIÃ. NÃO DÁ PARA VER QUE ESTOU SUPERFELIZ COM O QUE TENHO USADO? :: Aprendi a escrever copiando meu pai. Fiz isso até os 5 anos, quando ele gritou: "Pare já de falsificar o meu cheque!" :: QUEM FAZ CLAREAMENTO DENTÁRIO NÃO PARECE ESTAR MASTIGANDO ESTRELINHAS DE STARFIX?

NOTÍCIAS

:: Bonito (MS) recebeu hoje a visita de Brad Pitt. Enquanto isso, Feio (RO) recebe a visita de Sylvester Stallone. :: Estudo confirma: 96% dos estudos não servem para porra nenhuma. :: Mulher encontra incrível jacaré de 2 metros. O animal já tinha sido visto no É o Tchan e na Turma do Didi.

:: A GRIPE SUÍNA PODE SER TRANSMITIDA ATRAVÉS DA SALIVA. NÃO BEIJEM OS PORCOS DE LÍNGUA.

tiago bastos

:: Passei pelo cara + peludo do mundo. Aquele ali não nasceu num hospital, nasceu num pet shop.

com ele: >> fale rafinhabastos.mg@diariosassociados.com.br

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PROVADOR > cristiana guerra > 38 anos, é redatora publicitária, ex-consumista compulsiva, viúva, mãe (parafrancisco. blogspot.com) e modelo do seu próprio blogue de moda (hojevouassim.blogspot.com) elisa mendes

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16 OU 17 COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE UMA PESSOA TATUADA significam uma coisa: você é um chato. Gostaria de ouvir perguntas do tipo “O que significa o seu cabelo Chanel?” 10. Proibido fotografar, filmar, tocar ou comer no recinto. 11. Não, ela não quer pensar em um desenho para você tatuar. 12. Sim, ela respeita se você achar ridículo. Mas nem tudo precisa ser dito. Ou ela será obrigada a opinar sobre o seu enorme brinco de pena. 13. Doeu, sim. Mas o que dói mesmo é esse seu olhar de turista. 14. Sim, ela já sabe que você é louco pra fazer uma, mas nunca teve coragem. A pergunta é: “E daí?” 15. Não, ela não tem tatuagem onde você está imaginando. 16. Sim, ela trabalha num lugar muito democrático. Ou usa terno e gravata.

Ela não é um outdoor, nem um pássaro, nem um avião. Pessoas tatuadas não gostam de ser assistidas como se fossem um filme

tiago bastos

1. Não, ela não quer falar sobre isso. 2. Sim, ela teve coragem. Ao contrário de você, que está pensando em fazer uma tatuagem há 14 anos. 3. Não, ela não se arrependeu. 4. Ela é tatuada, não tatuadora. E não quer dar a você todas as dicas de como, onde, quando e que desenho tatuar. 5. Cuidado com perguntas do tipo “Você trabalha com tatuagem?” Se não quiser ouvir respostas do tipo “Sim, eu não tiro a tatuagem para trabalhar”. 6. A não ser que pinte um clima, não saia botando a mão. 7. Não, ela não é um outdoor, nem um pássaro, nem um avião. Pessoas tatuadas não gostam de ser assistidas como se fossem um filme. Nem de serem observadas e avaliadas como num programa de calouros. Evite dar voltas em torno dela, olhando de cima a baixo. 8. Pode parecer estranho, mas ela não quer chamar atenção. Pode parecer ainda mais estranho, mas as tatuagens são desenhos dela para si mesma, não para os outros. E têm muito mais a ver com o que ela quer dizer para si mesma do que para o mundo. 9. Perguntas do tipo “E esta aqui, o que significa?” Só

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VAMO BEBÊ! QUE AMÁ TÁ DIFÍCIL

por Thaís Pacheco fotos Bruno Senna

Simpatias otimistas ou histórias pouco animadoras. Escolha sua visão do amor Entre no Orkut, digite o título dessa matéria e encontre mais de 41 mil almas nessa situação: corações vazios, em busca de um amor. Solteiros que têm dinheiro e tempo para sentar em um boteco e tomar uma, quem sabe, neste Dia dos Namorados. Segundo a comunidade, o álcool até pode facilitar as coisas: “de repente, vai que alguém fica bonito”. É no mesmo Orkut (e fora dele) que se pode encontrar as palavras anônimas que argumentam muito bem a hipótese de que é mais fácil beber do que amar:“Alguém já viu uma taça de vinho dizendo que vai ligar no outro dia, e não liga? Ou uma latinha de cerveja pedindo um tempo para decidir se realmente é aquilo que quer? (...) Uma garrafa de vodka já beijou alguém na tua frente ou você já levou chifre de um litro de uís-

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que? Então, vamos beber, porque amar tá difícil.” A Ragga convocou três amigos que garantimos ser bonitos, divertidos, inteligentes, sociáveis, românticos e que tentam fazer tudo como manda o figurino. Mas que acabam se envolvendo em relacionamentos frustrados. Márcio Fonseca, por exemplo, é um paulistano de 30 anos, formado em publicidade e pós-graduado. Tem um emprego de redator em uma agência, mora sozinho, tem carro do ano e 1,74m de altura. Sabe qual deve ser o defeito dele? É “o último romântico”. Adora levar a moça para o lugar onde se conheceram, ler algo que escreveu para ela e em troca, só o que espera é um pouco de emoção. A atual namorada, outro dia, recebeu flores no trabalho. E ligou dizendo: “Obrigada, são muito bonitas”. Ué, o que mais você esperava? “Que ela se emocionasse! Mulheres já não choram com flores”, lamenta Márcio em tom de brincadeira. O currículo dele conta até com uma esofagite que afirma ter começado na primeira desilusão amorosa e, por quatro vezes, o sincero pensamento de casar (não necessariamente com uma namorada). Ele bem se encaixava na turma do “vamos beber, porque amar tá difícil”. Se bem que, agora, está namorando há dois meses. Vamos torcer para dar certo.


Não muito diferente, Vinicius Magalhães é mais um bom partido. Neste caso, solteiro. Ele garante que não está à caça, mas também não está à toa: “Não sou muito fã de ficar sozinho. Gosto de namorar”. O último namoro terminou há seis meses. “Acabou porque era ‘casa ou termina’. Não pretendo casar por agora. Principalmente em igreja, como ela queria. Talvez se fosse morar junto para arriscar, ver de qual é...”. Hum, moderninho... Vinícius é jornalista, tem 26 anos, trabalha como assessor de imprensa e faz mestrado em literatura brasileira na UFMG. E por que um rapaz inteligente e bonito (a foto não deixa mentir) está sozinho? Seria um nerd? Não, caro leitor: “A questão de relacionamento é muito de companheirismo. Quem acaba saindo comigo para a boemia são minhas amigas e não as namoradas. Nem eu sei porque viram amigas”, conta o boêmio Vinícius. Do lado das mulheres a coisa não é muito diferente. Paloma Costa é o tipo que faz o trânsito parar. Aos 24, estuda administração de empresas com uma bolsa de 50%, afinal, passou em primeiro lugar no vestibular o que lhe rendeu me-

tade dos estudos. Conhece bem o lado trash dos homens e histórias de traição. Agora, falta curtir o lado bom e, para isso, sem deixar de lado a espirituosidade que lhe é natural, topou fazer um teste com a gente e buscar o amor via métodos considerados por alguns como duvidosos. Tentamos todas as casas de búzios e tarô de Belo Horizonte e região, mas nenhuma nos recebeu, alegando que os búzios não gostam de fotos e as pedras não gostam de muita gente na sala. Então, procuramos a Umbanda que, ao contrário, aceitou nos receber e explicar tudo. Fernando Santos, dirigente da Casa Vovô Pedro de Aruanda, já deixou avisado pelo telefone: “Aqui a gente trabalha mais com Preto Velho, mas se vocês querem ver como funciona com amor, podemos fazer oferendas especiais”. Lá fomos nós, numa sessão marcada para uma noite de sábado. Diferentemente da imagem que se possa ter da Umbanda, na casa de Vovô Pedro de Aruanda tudo leva às boas energias. Trabalhar só com Preto Velho significa trabalhar apenas com espíritos de luz (os bons - veja o quadro). Porém, até o fechamento desta edição, Paloma não encontrou seu grande amor.

Acenda duas velas amarelas de sete dias, escreva o nome completo da pessoa em uma faixa amarela e dê um laço em volta das duas velas. Depois, dê de três a sete nós no laço e, a cada nó, vá chamando o nome da pessoa

A saudação aos orixás. Acima, Fernando Santos, que nos recebeu, ensina a mandinga para Paloma. À esquerda, Fernando cede seu corpo ao preto velho Vovô Pedro de Aruanda


thaís pacheco

A UMBANDA Na casa de Vovô Pedro de Aruanda, a sessão é direcionada especialmente a alguns pretos velhos. Na reunião que participamos uma oferenda especial foi feita à Oxum, que é a correspondente à deusa do amor, fartura, riqueza e prosperidade. Toda a sessão e as oferendas, que eram frutas, flores, vinho e velas amarelas foram dedicadas a Oxum e à nossa amiga Paloma, para que as energias se voltassem para ela em forma de amor. COMO FAZER Faça uma oferenda para Oxum em uma casa especializada de Umbanda, de preferência, que não cobre por isso. “Quando você doa sua energia, não pode cobrar. Se quer o bem, para quê cobrar a caridade que está fazendo?“ explica Fernando Santos. E lembre-se que, segundo a Umbanda, nada vem só em troca de um trabalho - como essa oferenda ou uma simpatia. Trata-se também de merecimento e fé. PARA ATRAIR A PESSOA AMADA Também chamada de simpatia, se somada à ajuda das orações do pessoal da Umbanda, sua fé e suas ações (que geram reações) vale tentar essa receita: Pegue o nome da pessoa amada, e escreva-o inteiro, sete vezes, em sete papéis diferentes, jogue na água e ferva com mel e a flor dama da noite. Vá mexendo e chamando o nome da pessoa que você quer atrair, durante sete minutos. Depois,

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arquivo pessoal

Vinícius, Paloma e Márcio nos ajudaram a tentar de tudo: cachaça, simpatia e flores. Eles têm lá suas coisas em comum, que podem ser resumidas na frase de Vinícius: “Não sou muito fã de ficar sozinho” tome um banho com essa água, mentalizando a pessoa. “Basicamente é aquela história de ‘traga seu amor em sete dias’”, brinca Fernando, que completa: “Depende da razão do afastamento, mas em 80% dos casos volta, especialmente quando há uma afinidade de corpos”. PARA AMOLECER CORAÇÃO Se o coração da pessoa estiver duro demais, ela estiver brigada, faça a oração de Santo Antonio Pequenino, para abrandar aquela pessoa: “Santo Antônio pequenino amansador de burro bravo, amansai (nome da pessoa) para mim, e faça que ele(a) venha me procurar e pedir-me desculpas pelo que me fez e me peça para voltar a ser meu namorado. Que assim seja e assim será”. Acenda duas velas amarelas de sete dias, escreva o nome completo da pessoa em uma faixa amarela e dê um laço em volta das duas velas. Depois, dê de três a sete nós no laço e, a cada nó, vá chamando o nome do seu amor. Embaixo das velas, escreva o nome da pessoa junto ao seu, com mel. Junto à vela, ofereça flores e rosas amarelas. Depois de sete dias pegue as pétalas e faça seu próprio banho com elas. Se quiser saber mais sobre Umbanda, conferir as fotos, os passes, as histórias de pretos velhos e até ouvir um diálogo com um pai na casa Vovô Pedro de Aruanda acesse ragga.com.br comente! redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br



Conexões possíveis por Camila Coutinho fotos Bruno Senna

Paradoxalmente, Ballet Jovem é uma companhia de dança contemporânea profissional e em formação. Para o grupo, o que vale é o encontro

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Nas fotos, integrantes do grupo ensaiam e apresentam as coreografias de 'Iungo'

Iungo, em latim, significa “conectar”. A palavra dá nome ao último espetáculo do Ballet Jovem do Palácio das Artes e traduz bem o que se passa no palco, ao longo da apresentação. Por meio da coreografia, é possível ver a conexão entre o cotidiano e a arte, entre os movimentos saídos da dança clássica e da contemporânea, assim como a conexão entre os bailarinos e a plateia. Ao estimular a interação com o público, o grupo abre espaço para momentos inusitados. Um deles ocorreu quando os espectadores reagiram com risadas aos movimentos dos bailarinos. O comportamento, que poderia ser considerado inadequado noutros espetáculos, ali foi recebido como ponto positivo. Afinal, a meta do Ballet Jovem, composto por integrantes com idade entre 19 e 21 anos, é experimentar, arriscar, transgredir. A proposta da companhia, formada

há um ano e meio, agradou o renomado coreógrafo holandês Adriaan Lutejn, da Companhia Introdance. Foi assim que os movimentos de ‘Iungo’ chegaram ao Ballet Jovem. Adriaan, criador da coreografia, já passou pela Indonésia, Marrocos e outros países, promovendo um intercâmbio entre os alunos de sua companhia e os dos lugares visitados durante suas turnês internacionais. No Brasil, os escolhidos para dançar com os holandeses foram os dançarinos do grupo de Belo Horizonte. A experiência foi tão bem-sucedida que resultou num aprofundamento de laços – ou conexão – ainda maior. A companhia holandesa cedeu o direito de apresentação de ‘Iungo’ aos brasileiros por um ano – um feito inédito. Além disso, o Ballet Jovem foi convidado a se apresentar na Holanda em junho, e só não participará do espetáculo porque não conseguiu

patrocínio para as passagens junto à iniciativa pública ou privada. Apesar da falta de apoio, os alunos e a equipe técnica seguem em frente, aperfeiçoando o grupo que, paradoxalmente, é conceituado como uma companhia profissional em formação. “Somos um trampolim para ajudar os bailarinos formados a encontrarem boas oportunidades na vida profissional. Nem por isso, o grupo é menos importante do que companhias mais estáveis”, explica a coordenadora geral do Ballet Jovem, Fernanda Vieira. Malu Figueiroa, bailarina do grupo, concorda: “É uma grande oportunidade para os bailarinos amadurecerem”. Também é ótima chance para o público poder acompanhar as experimentações do grupo. Que a conexão seja eterna enquanto dure. comente! redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

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urban golf

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NATURAL BORN (URBAN) GOLFERS por Thaís Pacheco fotos Bruno Senna

Esqueça o green, tem gente que joga golfe logo ali na esquina Pegue um taco e uma bola de golfe, mas não a original. Mantendo a graça da imagem do esporte, ela se chama almost golf ball (quase uma bola de golfe) e é feita de um material mais flexível, para evitar acidentes. Afinal, tomar uma bolada dói. Coloque um calçado esportivo, vá para a rua, comece a dar tacadas e pronto. Você está praticando golfe urbano. Em 1992, os alemães Nikola Krasemann e Torsten Schilling inventaram a modalidade. O objetivo era acabar com o tom conservador e elitista do esporte e jogá-lo na realidade urbana, baseado na filosofia que eles chamam de rock´n ´ hole. Estava criado o Natural Born Golfers. Da última vez que falamos com Torsten, ele estava na Tailândia ajudando a difundir o esporte. Acredite, ele vive disso e a modalidade cresceu consideravelmente. Só os Natural Born Golfers já são 150 mil, jogando bolinhas em cima de faixas de pedestres, porta-malas de carros, semáforos e afins, em cidades como Hamburgo, Berlim, Paris, São Francisco, Miami e Shangai. Não há como fugir: foi para a rua, virou urbano. E aí, virou sem lei até na estética e o sarcasmo é marca registrada. A Liga dos Entusiastas do Maligno Golfe Urbano de Chicago chama seus seguidores de putos. A instituição que lidera os jogadores da Nova Zelândia é o Idiot Institute, uma galera que decidiu que as pessoas não estão tendo diversão o suficiente.


Tomaz Pimenta, golfista há 5 anos, testando o esporte: “No urbano, você cria o buraco, que não é necessariamente um buraco”

REGRAS Diversão é mesmo palavra de ordem no golfe urbano. Nem poderia deixar de ser. Mas tem regras que, segundo Torsten, são: 1 :: Respeite outros jogadores e as pessoas em volta, o ambiente em que está jogando e divirta-se; 2 :: Existem algumas regras para guiar o jogo, mas elas são abertas à diferentes interpretações; 3 :: Ninguém quer dizer como o golfe urbano deve ser jogado, as pessoas devem apenas se divertir; 4 :: Fique longe de quem cria problemas ou comete vandalismos. Certamente, discussões e brigas podem fazer com que o jogo acabe antes da hora e que não role de novo na área da confusão; 5 :: Quanto pior você jogar, mais divertido será.

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A Liga dos Entusiastas do Maligno Golfe Urbano de Chicago chama seus seguidores de putos

ELE TESTOU Tomaz Pimenta tem 18 anos e é o 9º no ranking amador masculino brasileiro de golfe. Recém-formado no ensino médio, joga há 5 anos e, para ele, o golfe é tão sério que, em agosto, se muda para os Estados Unidos, onde conseguiu uma bolsa, na universidade IPFW de Indiana, para estudar e jogar. O apelo do novo cenário não fez com que Tomaz curtisse mais o golfe urbano do que o convencional. “O urbano seria mais indicado para uma diversão entre amigos”, garante. Mas deu para sacar a diferença: “É bem diferente. No profissional, você tem um lugar para começar, um trajeto para cumprir e um fim. São 18 buracos, são 18 vezes de um ponto inicial. No urbano, você cria completamente onde começa, cria o buraco, que não é necessariamente um buraco, e acaba onde quiser”, diz se divertindo. ELES TÊM UMA LIGA Em setembro de 2007, Rita Groba se associou a Tiago Carvalho e, juntos, fundaram a UGL, Urban Golf League de Portugal. “Vemos o urban golf como uma forma de desconstruir esse


luis marques

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nick taylor antonio catarino

conceito elitista que existe num esporte tão fantástico como o golfe. As pessoas tendem a se soltar mais num ambiente que não seja formal e perdem o medo de fazer besteira quando estão aprendendo a jogar. Parece mais fácil do que realmente é. As primeiras tacadas são sempre hilárias”, se diverte Rita. “Podemos jogar sempre que der a hora do stress, ‘anytime, anywhere’. Nada como umas tacadas para descarregar o stress. Até porque, dentro do urban golf existem outras vertentes. Há, por exemplo, o extreme golf, que só se joga em topos de prédios”. E já que a modalidade é mais praticada lá do que aqui, perguntamos à Rita sobre a reação das pessoas e, ao que parece, é impossível resistir a uma tacadinha: “É um misto de várias reações. Primeiro é a surpresa, depois pensam que estamos loucos e depois ficam loucos para experimentar. São imensas as risadas”, conta, lembrando que, certa vez, dois garotos que iam passando pediram para experimentar e um deles quase quebrou os dentes do outro: “Ao tentar acertar na bola, rodopiou e acertou com o taco na cara do amigo… doloroso!”. Se você estiver a caminho de Portugal, a próxima disputa da UGL rola dia 27, em Lisboa. Pode chegar.

luis marques

"Vemos o urban golf como uma forma de desconstruir esse conceito elitista que existe num esporte tão fantástico"

Golfe urbano, praticado na praia, no topo de um castelo ou numa praça lisboeta

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JU JABOUR

por Lucas Machado fotos Bruno Gabrieli

“Zero glamour e muito trabalho” Ju usa: Blusa e calça by Juliana Jabour // Relógio Cassius // Sandálias Havaianas As mãos se viam pela porta entreaberta e as primeiras luzes do dia deslizavam entre as venezianas. Sentimos algo infinitamente suave e, de fundo, uma estrela que, aos poucos, ia se transformando em palavras doces e singelas. Chegamos até ela, a poesia já não importava mais. “Plante o bem. Mentalize a vaga na porta, pois ela vai estar lá. Cabeça boa, energia boa. Coloque uma música, sem música não dá né, meu”, são pensamentos dela, a estilista Juliana Jabour. E por falar em música, que show você gostaria de ver na primeira fila? “AC/DC é óbvio [risos].” Ju nasceu em Belo Horizonte, estudou no Colégio Zilah Frota, formou-se em Economia e Ciências Políticas. E quando o assunto é moda, ela sabe tudo: “Nunca estudei moda, cheguei em São Paulo filha de ninguém. Hoje, sou a única brasileira que faz fast fashion, para uma das maiores redes do mundo, uma das marcas que mais vende no Japão”, dispara, se referindo à marca Uniqlo. Ju, o que você mais gosta de fazer? “Trabalhar com moda, zero glamour e muito trabalho. O sucesso é não ficar pensando muito, não tem escola, você tem que fazer e ser atrevida, porque o resto é consequência. No final das contas, aqui em Sampa, não é só confete e serpentina, é business.”

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wake

Nas alturas por Daniel Ottoni fotos Bruno Senna e Carlos Hauck

Homens voadores na água e gatas impressionantes na terra. O nível do Ragga Wake World Series foi alto em todos os quesitos “Acho que nunca vi tanta gente bonita em um só lugar”, disse alguém que havia acabado de chegar ao primeiro dia do Ragga Wake World Series. Não era para menos. Durante os três dias do evento, de 15 a 17 de maio, a atenção do público ficou dividida entre a água, onde rolavam as manobras dos melhores riders do mundo, e a terra, ao redor da Lagoa dos Ingleses, ocupada por um público de cerca de 5 mil pessoas, em que a proporção de gatas por metro quadrado deve ter batido algum recorde mundial. O resultado da mistura? “ A Ragga fez a melhor etapa de todos os campeonatos.” Palavras de Robert Hoffman, presidente da Associação Mundial de Wakeboard (WWA, na sigla em inglês). O Clube Serra da Moeda, em Nova Lima, foi o pico escolhido para sediar a segunda etapa do Campeonato Mundial de Wakeboard – antes, o evento passou

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pelas Filipinas e até o fim do ano chega ao Canadá, Japão, Estados Unidos e Emirados Árabes. Por aqui, o norteamericano Phillip Soven, atual campeão do mundo, levou o primeiro lugar. “Ele anda muito. Ultimamente, tudo o que faz tem dado certo”, elogia Mário Manzoli, o Marito, vicepresidente da Associação Brasileira de Wakeboard (ABW), que também competiu no mundial. Soven conquistou o lugar mais alto do pódio numa final toda estrangeira. O brasileiro melhor colocado foi Marreco, que ficou em quinto, a melhor colocação de um representante verdeamarelo num mundial. Atrás de Soven, vieram Adam Errington (EUA), Dean Smith (AUS) e Andrew Adkison (EUA). O resultado não foi surpresa: o nível dos gringos é de impressionar. Os caras até foram apelidados de “cueca seca”, porque, apesar de mandarem as manobras mais incríveis, quase nunca caem. Para completar, rolaram duas festas disputadíssimas, que até provocaram congestionamento em plena BR-040, e o Bikini Contest, concurso que colocou lado a lado garotas com biquínis minúsculos, competindo pelo título de mais bela. Renata Campos (Ragga Girl desta edição, pág. 52) levou a melhor. O evento já está confirmado para 2010. Para quem já está com saudades, começa agora a contagem regressiva.


bruno senna


carlos hauck

Participantes do Bikini Contest: ficou difícil escolher só uma vencedora

bruno senna

Mais de cinco mil pessoas marcaram presença na Lagoa dos Ingleses para não perder nenhum lance dos melhores do mundo

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carlos hauck

O australiano Dean Smith venceu a primeira etapa do Mundial e ficou em terceiro no Ragga Wake World Series www.revistaragga.com.br

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Só mesmo uma sequência como esta para entender o malabarismo de Soven

Elite: estas são apenas algumas das feras do wake nacional e internacional que marcaram presença na etapa brasileira da competição Igor Boito

Roger Ludwig

Pedro Saverio

André Holanda

Rodrigo Teixeira

Gustavo Penna

Vinicius Lima

Eduardo Martins (O Jovem)

Bruno Josh

Marcelo Coutinho

Maurício Massote

Teca Lobato

Gabriela Rondi

Vanessa Azevedo

Fernanda Rocha

Camila Ortenblad


fotos: carlos hauck

Jorge Martins

Ludgero Gabriel

Alexandre Queiroz

Aleixo Tinoco

Deco

Fabio Mendes

Caetano Pires

Jorge Chalub

Thiago Abrahim

Thiago Jean Jacks Abrahim

Eduardo Russo

Robert Hoffman

Jo達o Malheiros

Bernardo Bedinelli

Danny Tollander

Austin Hair

Adam Errington

Brian Grubb

Andrew Adkison

Phillip Soven

Dean Smith


carlos hauck

Quem deu a sorte de ir na lancha não quis perder um só momento da volta de Soven

“A Ragga fez a melhor etapa de todos os campeonatos” Robert Hoffman, presidente da WWA

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Mais fotos na revista digital feita especialmente para o evento: revistaragga.com.br

bruno senna

carlos hauck carlos hauck

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carlos hauck

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carlos hauck


Nesta data

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querida...

por Bruno Mateus e Sabrina Abreu fotos Bruno Senna

James Dean, símbolo da rebeldia dos anos 1950 e astro de clássicos do cinema como ‘Juventude Transviada’ e ‘Assim Caminha a Humanidade’, morreu em um acidente com seu Porsche. Antes, alguns amigos o avisaram sobre a aura negativa da máquina. Após a morte de Dean, o carro – ou o que restou dele – continuou a trazer má sorte. Ao tentar rebocá-lo, depois do acidente, o mecânico teve as duas pernas despedaçadas pela queda do bloco do motor. O tal motor foi comprado por um médico, que o colocou em seu carro de corrida. O novo dono teve o mesmo destino de Dean, assim como outro piloto que usava em seu carro um eixo que havia sido do misterioso Porsche. A garagem onde reconstruíram o Porsche foi destruída por um incêndio. Meses depois, o maldito foi exibido em Sacramento, na Califórnia, mas caiu do estande e quebrou o quadril de um adolescente. Há 50 anos, finalmente, o carro, suspenso por um cabo de aço, “morreu” após cair e espatifar-se em 11 pedaços.

ap photo / turner classic movies

No mesmo ano em que a zica do Porsche assassino chegou ao fim, Cuba ainda vivia sob forte influência econômica e política dos Estados Unidos. A ilha era um quintal do Tio Sam, com cassinos de luxo e grandes empresas norte-americanas. Os pobres, maioria absoluta no país, estavam descontentes com o governo ditatorial de Fulgêncio Batista, que havia chegado ao poder depois de um golpe militar em 1952. Em 1° de janeiro de 1959, a história mudou. Após pouco mais de dois anos de guerrilha, o grupo de rebeldes, liderado por Fidel Castro, Raúl Castro, Camilo Cienfuegos e Ernesto “Che” Guevara, entrou, triunfante, na capital Havana para tomar o poder. Fulgêncio Batista se viu derrotado e deixou a cidade. Há 50 anos, a Revolução Cubana mostra que os sonhos não envelhecem. Desde então, com um regime comunista, Cuba vive entre a realidade e a utopia.

luciano carneiro / o cruzeiro/ acervo em

Aniversários nem sempre são esperados com ansiedade. Quando se é criança, é bastante compreensível que uma criatura pense na data como o mais glorioso dos dias. Depois de ganhar um bom bocado de anos, entretanto, há quem diga que a importância social ou pessoal de um aniversário beira a zero. Por aqui, a gente discorda. A edição de aniversário é aguardada pela redação como o – ou, talvez, um dos – ponto(s) alto(s) do ano. Afinal, a Ragga completa quatro anos de história, cheia de saúde e com o desejo de que venham muitos outros calendários a serem rasgados com o sentimento de dever cumprido. E, como não somos egocêntricos, compartilhamos a nossa festa lembrando outros fatos importantes que também fazem aniversário este ano.


Apesar de dar a impressão de que aconteceu há 100 anos, só em setembro serão comemorados os 20 anos da queda do Muro de Berlim. Antes de a divisória entre as partes oriental e ocidental ser colocada no chão, o mundo era polarizado entre a influência americana e russa. Na época, Pedro Bial ainda era um repórter sério e cobriu o momento histórico ao vivo na Rede Globo. Atualmente, a Rússia virou coadjuvante no cenário mundial. E Bial se resguarda para outros momentos, como a apresentação do Big Brother e a produção de rimas para eventos esportivos, como as Olimpíadas e a Copa do Mundo. Sim, parece que foi há um século.

Em 1953, Miles Davis vivia uma fase junkie, cambaleando trêmulo pelas esquinas lúgubres da Nova York jazzística. Seis anos depois, Davis, com seu poderoso sexteto, gravou, em apenas duas sessões, o disco mais vendido da história do jazz: ‘Kind of Blue’. O álbum mitológico levou o gênero musical a outro patamar e inaugurou o jazz modal, estilo baseado em escalas e não em acordes. Considerado a pedra fundamental do jazz, ‘Kind of Blue’, 50 anos após ser lançado, mantém a elegância costumeira de Miles Davis, com seus temas imortais e improvisos pitorescos. comente! redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

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reprodução / editora desiderata mana coelho zé paulo cardeal / tv globo

A celebração das cinco décadas de carreira de Roberto Carlos – com direito a turnê nacional até o fim do ano – é para fazer esquecer as músicas dedicadas à mulher gordinha, de óculos ou de 40 anos. Prefira a fase mais rock‘n’roll (com músicas como ‘Não vou Ficar’) para lembrar porque ele é chamado de rei.

ap photo / john gaps iii

Há 25 anos, o movimento das Diretas Já eclodiu nas ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro com o objetivo de conquistar o voto direto para as eleições presidenciais. A multidão que lotava comícios e passeatas ficou frustrada por não ter sua reivindicação atendida – a eleição indireta seria realizada mais uma vez, em 1984. Uma data para relembrar a importância do seu título de eleitor, do dia de eleição – que é mais que um feriado – e do horário eleitoral gratuito – que não é um programa humorístico, embora às vezes pareça.

divulgação

Durante os anos mais sombrios da Ditadura Militar, em 26 de junho de 1969, chegou às bancas o primeiro número de ‘O Pasquim’. O jornal usava do humor inteligente, do desbunde e do sarcasmo para criticar as barbaridades cometidas pelos militares. ‘O Pasquim’ brincou, sem medo de moralismos, com a linguagem jornalística, antes vestida de terno e gravata, e marcou época nas décadas de 1970 e 1980. Passaram pelo jornal figuras como Millôr Fernandes, Ziraldo, Jaguar e Henfil. Chico Buarque, Caetano Veloso e Glauber Rocha foram alguns dos muitos colaboradores. Depois de crises financeiras e políticas, 'O Pasquim', em novembro de 1991, saiu das bancas para entrar na história.



É BIG, É BIG, É BIG!

SEM PRESENTE NÃO TEM GRAÇA Amigos da Ragga enviaram presentes para comemorar nosso aniversário. Ôba

Bolo da Momo Confeitaria

bruno senna

fotos Carlos Hauck

Camiseta Mariana Balbi e luvas Jorge Balbi

Camiseta customizada por Renato Loureiro

Rima do Renegado >> confira o áudio em ragga.com.br

Jota Quest

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World Study


Munhequeira, palhetas e camiseta do Skank

Billabong

Ronaldo Fraga Maurício de Sousa

A Ragga recebe outros dois presentes em 19 de junho: > Ao longo do dia, a Rádio 98FM dá os parabéns para a revista em todos os programas > À noite, a Câmara dos Vereadores presta suas homenagens

Converse customizado por Vinícius Póvoa/Vinilcius

Capacete Red Bull que Jaque Mourão usou nas Olimpíadas 2008

Trupe do Palácio das Artes :: foto de Lena Maia

Rola Entrando, escultura/jogo de Marcelo Blade

Camiseta Redley autografada por Carlos Burle


quem

é RAGGA

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fotos Bruno Senna, Carlos Hauck e Dudua’s Profeta


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bruno senna

UM AVÔ PRA CHAMAR DE SEU

por Alex Capella

Netos aguardam fortuna de Antônio Luciano, excêntrico bilionário mineiro

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O bilionário deixou amostra de sangue para confrontação genética com pessoas que poderiam requerer a paternidade

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A expectativa era de que o novo inventário ficasse pronto em junho. Só com esse documento o valor do espólio, do qual os 31 filhos reconhecidos até agora terão direito, será definido. Mas o prazo terá de ser estendido. Os filhos de Antônio Luciano, que investiram parte de seu quinhão em negócios pessoais, resistem em fazer a nova partilha. Mas, mesmo se um dos beneficiários disser que não há mais rastro do dinheiro, os demais herdeiros podem, mesmo de fora da bonança, ajuizar ações de perdas e danos para receber sua parte. Por causa da complexidade da discussão envolvendo os filhos, netos de Antônio Luciano acreditam que terão a chance de, anos depois, torrar a fortuna do avô. Não se sabe ao certo o número de herdeiros da segunda geração. Afinal, seguindo o exemplo do pai, um dos filhos do empresário teve seis herdeiros com mulheres diferentes e sem se casar com nenhuma – talvez o apetite sexual tenha ficado no sangue. Sabedor disso, possivelmente prevendo a disputa que seus bens gerariam e ciente das possibilidades de frutos gerados em seus incontáveis romances, o bilionário deixou amostra de sangue para confrontação genética com pessoas que poderiam requerer a paternidade. Por isso, se você também quer se candidatar ao posto de neto, saiba que não será fácil colocar a mão na grana do insaciável Antônio Luciano. Além de acumular fortuna, parece que Antônio Luciano era bom em fazer outra coisa. Ele teve 31 filhos com 26 mulheres diferentes

cristina horta / em

O patrimônio dele é estimado em US$ 3 bilhões (ou cerca de R$ 6,2 bilhões). Mas seus 31 filhos – três do seu único casamento e outros 28 de relacionamentos extraconjugais com 25 mulheres diferentes – estão impedidos de gozar plenamente do dinheiro, porque a Justiça determinou uma nova partilha da herança. O mineiro Antônio Luciano Pereira Filho, que ficou conhecido nos anos 1970 como “o dono de Belo Horizonte”, deixou para cada filho do casamento US$ 500 milhões e US$ 20 milhões para cada um dos demais. Diante do imbróglio judicial, a expectativa é de que apenas os netos tenham liberdade total para usufruir os bilhões conquistados pelo avô. Quem conheceu o médico de profissão, nascido em São Gotardo, no Alto Paranaíba, atesta que o forte de Antônio Luciano era lidar com dinheiro. Por onde passava, fazia fortuna descobrindo oportunidades de negócios. Mas os amigos mais próximos – e o ex-presidente Juscelino Kubitschek foi um deles – também sabiam que o fraco do empresário era as mulheres, principalmente as virgens. Em seu escritório, instalado no Hotel Financial, no Centro de Belo Horizonte, Antônio Luciano teria negociado a virgindade de duas mil moças, vindas do interior ou da periferia da capital mineira. E não há registro de queixas do “tratamento” dado a elas pelo médico, que viveu até os 77 anos e morreu vitimado por um tumor no cérebro em 20 de junho de 1990. Pelo contrário. As moças simples e vistosas, sem perspectivas, viam no empresário – que com os seus 1,60 m não tinha nada de galã –, a chance de mudar de vida. E muitas mudaram, principalmente aquelas que tiveram um filho com ele. Além do próprio Hotel Financial, onde mantinha felinos como animais de estimação, Antônio Luciano foi dono dos maiores cinemas de Belo Horizonte, entre eles o Cine Brasil, na Praça Sete – na época, o de maior bilheteria no país –, de postos de gasolina, estacionamentos, imobiliárias e de outros hotéis, reunindo 40 mil imóveis, além de 20 mil lotes, incluindo quarteirões inteiros em diferentes pontos da capital. No interior, eram fazendas, empresas agrícolas e uma usina de álcool e açúcar no Centro-Oeste de Minas. Diante do tamanho do patrimônio e da morosidade para a análise de cinco processos, que podem confirmar ou não casos de novos herdeiros 19 anos depois da morte do empresário, a Justiça determinou a devolução da herança para que seja feita, no futuro, uma nova partilha dos bens.

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RAGGA fotos Carlos Hauck modelo Renata Campos

PARA SEMPRE por Daniel Ottoni

A primeira coisa que passou pela minha cabeça quando a vi foi: demais. Aquilo ali era demais para mim. Era muito, além da conta. Ficava imaginando como era possível existir uma criatura como aquela, tão bela e ao mesmo tempo tão delicada e sutil. Um simples sorriso aberto já era suficiente para o mais desconfiado e resistente dos mortais se entregar, como se estivesse disposto a largar tudo de mais importante que há na vida. Com certeza, valeria a pena, nem que fosse por um momento fugaz.

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Renata VESTE bikini Blue Man, len莽o Mercado, rel贸gio WaiLua


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PRODUÇÃO DE MODA Li Maia e Aninha Da Pieve DIREÇÃO Lucas Fonda

A diferença era ela, aquele jeito, aquele corpo, aquele andar. Só de vê-la por perto, poderia me imaginar longe, distante. Tudo era demais e, ao mesmo tempo, suficiente para não sentir mais a falta de algo que pudesse parecer um bem vital. O vital para mim era estar ali. Dava forças para viver, permanecer presente e vivenciar vários momentos como aquele. Não precisava pensar em mais nada. O raio de sol que batia no rosto dava um destaque desnecessário. O que eu via, bem em frente a mim, não parecia algo comum. Poucas vezes havia sentido aquela sensação, algo inebriante, um êxtase, um frio na barriga, como se esperasse ansiosamente pelo próximo gesto, pelo momento seguinte. Cada cena de tal momento ficaria guardada permanentemente em minha memória. Cada gesto permaneceria vivo no meu coração. E o sorriso... bem, aquele sorriso era um baita combustível para a minha alma. Mais fotos no site: revistaragga.com.br comente! redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br



QUERO!

Duas rodas

...AMAR

Vai dizer que um passeio de bicicleta a dois não é romântico? Ganha até da velha caminhada de mãos dadas. Se quiser melhorar a performance no Dia dos Namorados, aposte na Caloi Bossa Nova. Com 21 marchas e quadro em alumínio modelo foot forward, a bike tem dois modelos: um para ele e outro para ela. As meninas ganham quadro rebaixado, para facilitar a subida na bicicleta (acima). R$ 999

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Cena clássica: namorado, vestindo calça black jeans e camisa rosa, busca a namorada em casa. Ela está vestida com calça black jeans e... camiseta rosa. ”Mimetismo de amor” foi como Vinícius de Moraes apelidou o fenômeno. Para ele, um casal usando peças de roupa, cores ou estampas combinando era sinal de amor. Por aqui, o mimetismo vai além do vestuário. Mas o princípio continua o mesmo: para que fazer sozinho, o que fica muito melhor quando se está acompanhado?


Xadrez

Se for para fazer mimetismo de amor neste inverno, que seja com estampas xadrezes. Estas são da MCD. Jaqueta para ele R$ 489 Blazer para ela R$ 397

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Os dias passam rápido, mas seu relógio pode durar por dezenas de milhares de anos. É o que promete o Titanium Ultimate Ocean Search, da Rip Curl. Feito com titanium, metal extremamente resistente e não corrosivo em ambiente marinho, ele é ideal para surfistas. O modelo é equipado com o Automatic Tide System (ATS), sistema de maré patenteado pela Rip Curl ajustável para milhares de praias do mundo. Para as meninas que não querem ficar só sentadas na areia, esperando o namorado voltar com sua prancha, a marca criou o relógio feminino Kirra, à prova d’água (100m), com alarme, cronômetro e também equipado com o sistema ATS.

CASAL QUE SURFA UNIDO...

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*Os preços foram divulgados em maio e são sujeitos a ajustes.

Juntar as escovas de dentes é um passo grande em qualquer relacionamento. Se para vocês ainda é cedo, dá para resolver a situação com os porta-escova de dentes da Tok&Stock. Eles têm ventosas em silicone para ser fixados no – e retirados do – espelho do seu banheiro e/ou do dela(e). Vantagem: mesmo a distância, vocês podem lembrar um do outro: “Ai, meu leaozão!”. R$ 19

Juntinhos

fotos: divulgação

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bárbara dutra

Vida noturna

por Bernardo Biagioni

Como Cartier Bresson elevou a fotografia de balada a uma das artes mais atraentes do novo século A festa começou já faz algumas duas horas e a fotógrafa contratada, Luiza Ferraz, uma ruiva notável de 20 e poucos anos, ainda não encostou na câmera. Na mão direita traz uma dose de vodka, tem os cabelos impecavelmente mergulhados sobre seu rosto e sorri largamente entre um aceno e outro. “Ainda está vazio e as pessoas estão tímidas”, revela, sem esconder seu olhar atento para todos os movimentos que correm pela pista. São quase duas horas da madrugada e ela está apenas se preparando para seu trabalho. Desde os anos 1950 que a fotografia vem se acertando com os tratados da arte. Na época, o rock ainda estava engatinhando, Elvis Presley ainda não era um guru do amor e o seu avô estava em dia com seus hormônios mais selvagens. Em 1952, Cartier Bresson, um dos fotógrafos mais respeitados da história, colocou na praça seu livro mais famoso, o 'O Instante Decisivo', na qual defendia que a missão da fotografia era captar aquele momento único, volátil e equilibrado. “Vejo exatamente isso quando as pessoas estão dançando, cantando e vibrando com uma música. Dura muito pouco, mas é tempo suficiente para conseguir uma boa imagem”, indica Luiza, que fotografa para o Velvet Club, em Belo Horizonte. De Bresson até hoje, muita coisa mudou na fotografia. Nesse meio tempo surgiram as câmeras digitais, a manipulação de imagens por programas de computador e o padrão de beleza ganhou novas formas. Em outras palavras, a estética venceu a realidade. Mas, talvez, uma das maiores revoluções da arte tenha acontecido na maneira como as pessoas encaram uma imagem. É mais ou menos o que Andy Warhol chamava de “ter seus 15 minutos de fama”. Nos últimos anos, a fotografia foi além do “quesito arte” para adentrar nos campos de status quo, superficialidade e transmissão de conceitos. Salvo o fotojornalismo, tudo que vemos hoje apa-

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rece como uma manipulação do que é verdadeiro. Porém, no meio de centenas de sites e revistas que trabalham a “fotografia posada” de fotos e casamentos, têm aparecido alguns grupos concentrados em transmitir espontaneidade, sinceridade e “instantes decisivos” em seus trabalhos. “Quero que as pessoas que não estavam na festa saibam como foi, como as pessoas estavam vestidas e o que elas estavam fazendo. Uma característica das minhas fotos é o uso de longa exposição. Isso costuma passar melhor as luzes do ambiente”, explica Barbara Dutra, fotógrafa das casas Deputamadre, Roxy, Josefine e Label, todas na capital mineira. A fotografia de festas, dessa forma, deixa de ser apenas um link ilhado na internet para, enfim, resgatar alguns valores perdidos nos caminhos da arte. E não há nada que defina isso melhor do que o nome de um ensaio assinado pelo fotógrafo nova-iorquino Nikola Tamindzids. Ele esteve em várias festas do mundo para captar a essência de diferentes madrugadas e batizou a impecável seleção de fotos com um nome singelo: ‘Vida Noturna’. Em seus registros estão beijos, bêbados, insinuações de sexo e danças consideravelmente bizarras. Nada muito diferente do que fazem os aclamados sites ‘The Cobra Skane’ e ‘Last Night’s Party’, dois endereços que cruzam os cinco continentes atrás de momentos noturnos exclusivos. Seguidora da mesma vertente, Luiza Ferraz resolve, enfim, começar o trabalho. “Já deu para todo mundo se esquentar, né?”, sugere, mas nega que as melhores fotos sejam tiradas dos bêbados. “Ainda sou mais um sorriso, um abraço entre amigos e as pessoas dançando”, indica. O maior segredo de conseguir boas imagens na noite, ela não sabe. Barbara não tem medo de arriscar: “Tem que ser apaixonado pela festa, pelas músicas e pelo ambiente. O bom fotógrafo é aquele que faz parte da própria foto”, garante.


caraiv a

luiza ferraz

luiza ferraz

bárbara dutra

Se quiser provar a receita, é só clicar: flickr.com/photos/xbarbarelax flickr.com/photos/luizaferraz

Bárbara Dutra e Luiza Ferraz garantem espontaneidade e sinceridade em todas as fotos. O resultado atrai até quem não esteve na festa


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peru

Caminho tortuoso que liga Cusco a Águas Calientes, cidade mais próxima de Machu Picchu

Umbigo do mundo

Biagioni s Bernardo texto e foto ações como essa são tão normais como as buzinas ininterruptas dos carros que perambulam pela renomada Plaza de Armas, no centro da cidade. A antiga capital do império inca abriga, além de grandes museus e pomposas catedrais “Vocês estão prontos para perder espanholas, algumas das boates meo controle?”, gritou o guia de turismo nos respeitáveis de toda América do pelo microfone recém-roubado do DJ Sul. Uma delas é a Mama’s África, que que coçava a cabeça, procurando o discostuma receber de segunda a segunda co do Terra Samba. O sujeito dançava gringos de todas as partes do mundo, impune em cima do palco, todo o seu andinos taciturnos, jornalistas sem escorpo trepidava em movimentos rápicrúpulos e guias de turismo alimentados dos e oscilantes. Ele queria provar para por grossas balas de ecstasy. todas aquelas gringas fogosas que era Nos últimos anos, a cidade mais um andino quente e cheio de amor para turística de todo o Peru deixou de ser dar. “Vamos todos dançar sensualmeno “umbigo do mundo” para ganhar o títe”, disse ainda pelos alto-falantes antulo de “coração da selvageria”. E, por tes que o segurança lhe desse um belo favor, não entenda isso de forma negapombão na lateral direita do rosto. Em tiva. Não há nada melhor do que uma vez de silêncio, bastante recomendável à cidade que sabe ser selvagem sem situação, o DJ tratou logo de emendar o perder a elegância. clássico brasileiro ‘Carrinho de Mão’ na “É normal que você sinta alguma pista. Todo mundo voltou a dançar. dor no estômago durante as primeiras Cusco é uma cidade selvagem. Situnoites em Cusco. Alguns chamam isso

A melhor noite do mundo fica perto do céu

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de mal da altitude. Eu prefiro dizer que é apenas emoção de se estar mais perto do céu”, suspira o taxista Juarez Sanches, que lembrava um guru espiritual do amor cheio de cartas para colocar na mesa. Escondido sob um poncho calorosamente alaranjado, o peruano serpenteava sua van pelas ruas da cidade com destreza e velocidade enquanto ministrava longos discursos cheios de poesias libertárias. “A novela mexicana está destroçando a cabeça dos latinoamericanos”, conspirou. Concordei com a cabeça e continuei ouvindo Enrique Iglesias cantar pela rádio local. Cusco está a 3.400m acima do nível do mar, mais de um quilômetro a mais que a renomada cidade perdida Machu Picchu. Os efeitos provocados pela elevada altitude incluem dores de cabeça, náuseas, ansiedade e vontade

compulsiva de se mergulhar em largos copos de água. Ficar mais próximo de Jah tem o seu preço e ele é cobrado logo no aeroporto: “Tome Sorojchi Pills e não estrague a sua viagem”, diz um outdoor gigante, indicando o medicamento certo para se dormir tranquilo. É uma maneira sutil de fazer dinheiro: “A altitude vai foder você, mochileiro”. Rá rá rá. Em todo caso, não se acanhe. Mastigue algumas folhas de coca, beba alguns chás e não exagere na comida. Tudo isso é permitido. Proibido mesmo é ir para o hotel antes das oito da manhã. A oferta de bares, pubs e restaurantes é tamanha que todos eles oferecem um cardápio variado de bebidas gratuitas. Não beba nenhum uísque. “Criminosos vão oferecer droga, não aceite”, recomenda o guia de turismo (um sóbrio, dessa vez). “É melhor

você comprar comigo mesmo”, completa o sujeito. Ele está falando sobre cocaína, viagra, benflogin, bike, aspirina e outros barbitúricos potencialmente alucinógenos que circulam livremente pelas ruelas estreitas do Centro Histórico. Isso sem falar de sexo, rituais xamânicos e massagens sexuais. E, acima de tudo, fica difícil pensar em outra cidade da América do Sul que tenha uma população tão humilde, feliz e hospitaleira. Por sua importância histórica, Cusco está entre os principais destinos dos europeus e norte-americanos que buscam se refugiar do caos urbano. Não que o paraíso mais tranquilo do mundo esteja no Peru. Mas, volto a dizer: Cusco sabe ser selvagem ser perder a elegância. Agende a sua visita com um guia de turismo confiável e tire suas próprias conclusões. Rá.

Não que o paraíso mais tranquilo do mundo esteja no Peru. Mas, volto a dizer: Cusco sabe ser selvagem sem perder a elegância Rituais xamânicos. Abaixo, peruanas fogosas divertem o nosso repórter com uma lhama assassina e um sorriso carinhoso. Cusco é uma festa

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londres

PERMITIDO INVADIR Numa das cidades mais caras do mundo, dá para driblar o sistema – por necessidade ou ideologia – e viver sem pagar o aluguel. Pergunte aos squatters como por Airton Rolim fotos Andre Volpato

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Nos fins dos anos 1960, efervescia um novo movimento na Europa: prédios desabitados eram tomados por uma comunidade para formar o que hoje é legalmente conhecido como squat

Era verão nórdico de 1969. A Guerra do Vietnã ocupava as primeiras páginas dos jornais. Desiludido por não ter sido chamado para o combate em solo asiático, um jovem canadense de 21 anos, estudando no estado americano da Georgia, resolve largar tudo e se mudar para Londres. Ele mesmo, Chris Faiers, poeta despretensioso, descreve o momento com o trecho de uma música do grupo que, mais tarde, viria a apreciar sua poesia, ninguém menos que os Beatles: “see no future, pay no rent / all the money's gone / nowhere to go..." Isso mesmo, a situação era de um jovem hippie, cabelo grande, ideias borbulhando na cabeça e a necessidade de um lugar para morar. Nos noticiários londrinos, o assunto era o famoso prédio do centro da cidade, em Picadilly Circus, invadido por jovens e suas desenfreadas sessões de ácido e orgias. Efervescia um novo movimento na Europa: prédios desabitados eram tomados por uma comunidade para formar o que hoje é legalmente conhecido como squat (ou invasão, em inglês). Chris foi conferir de perto o que se passava ali: “Estávamos saindo de um concerto no Hyde Park. Queríamos só visitar o prédio, mas chegando lá fomos imediatamente acolhidos. Festejamos muito e acabamos passando a noite num quartinho junto com um casal que, desconfortavelmente, tentava fazer amor num saco de dormir.” Naquela altura, segundo Chris, a maioria dos squatters já tinham se mudado e os remanescentes eram hippies loucos que ele nomeou de “English ‘Hell's Angels’”. Logo descobriram um outro prédio, El Pie Island, um hotel gigante e abandonado numa ilha no rio Tâmisa, tomado por squatters, onde o poeta passaria os dois próximos anos. Era gente do mundo inteiro, de todo tipo, “transeuntes, hippies, ‘crianças’ fugitivas da escola, traficantes, ladrõezinhos de merda, viciados em heroína, artistas, ciclistas, turistas hippies americanos, garotas do programa Au Pair e filósofos zen”. Se, na década de 1960, squat significava invasões desordenadas a prédios abandonados, hoje, num país em que os direitos individuais falam mais alto, já que convivem bem com os direitos coletivos, a prática do squatting é assegurada por lei. Os ativistas contam com associações de apoio e instrução, existem vários centros sociais formados por squatters e, inclusive, muitos brasileiros vivem em Londres nessa situação. O Criminal Law Act de 1977 da legislação britânica é o que respalda o squatting e os ocupantes. A expulsão só pode ocorrer a partir de uma ação oficial do proprietário em um tribunal civil. A polícia não tem o direito de se meter na disputa, a não ser que haja alguma evidência de entrada forçada na propriedade,

O canadense Chris Faiers nos seus tempos de squatter: hippies, poesia e Beatles

como quebra de vidros, portas e janelas, o que, claro, quase sempre ocorre, mas de forma velada. “Quando a gente acha uma casa, tem que ficar um dia inteiro vigiando e segurando a porta para ninguém entrar”, conta o estudante paranaese Rodrigo Ferrarim, de 27 anos, se referindo à competição entre os squatters. Rodrigo já teve que ir à corte uma vez, quando a policia encontrou vestígios de arrombamento da porta e uma picareta dentro da propriedade que ele ocupava. Um grupo voluntário chamado Advisory Service for Squatters (ASS – em português: Serviço de Assistência para Squatters) trabalha para manter o movimento mais organizado e anualmente edita o Squatter´s Handbook, manual completo para quem quer ser um squatter. “Com o movimento radical dos anos 1970, surgiu a ASS, mantida por squatters e exsquatters. Não somos advogados, mas sabemos fazer valer nossos direitos e os de quem nos procura”, explica o voluntário Myk Zeitlin. Ao Sul da capital inglesa, em Clapham Junction, moram na mesma casa três portugueses, uma suíça, um húngaro, uma francesa, um polonês, um brasileiro e um italiano. “Para nós, squatting é uma necessidade e uma ideologia. Depois de encontrarmos uma propriedade vazia, verificamos sua situação no site de registros de propriedade. Checamos se há alguma entrada fácil, se não há alarme e nos certificamos de que ninguém vai voltar ali. Ao entrar, colocamos um aviso legal na porta, pedimos a mudança das contas de eletricidade, gás e água para o nosso nome e montamos a casa do nosso jeito, até chegar uma carta de desocupação do tribunal civil e termos de recomeçar tudo”, detalha o português Hugo Gonzalo, o Gonza, de 30 anos. O clima na casa é de plena harmonia, principalmente se você chegar no almoço ou jantar, quando suntuosos banquetes são preparados com ingredientes que agradariam à rainha Elisabeth. “A gente faz o skipping, que nada mais é do que ir à noite aos depósitos dos supermercados, onde jogam

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“Cuidamos do imóvel, melhoramos a estrutura e, se o proprietário entrar com a ’eviction’ – ação de despejo –, vamos sair” Rubens Romão

Cabelo, há cinco anos “squattando” em Londres. Contrariando quem pensa que o lugar é uma zona, até que o quarto é arrumado (abaixo)

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fora comida fresca de boa qualidade, que tem a data de validade prestes a vencer. É impressionante a quantidade de comida perfeita que as multinacionais jogam no lixo, enquanto muitos morrem de fome”, revela a integrante suíça, Linda del Frate. Na parte Leste da metrópole, a paulistana Gabriela Piffer, de 22 anos, que saiu de Presidente Prudente para uma aventura na Inglaterra, diz que o squatting foi uma forma de driblar os preços exorbitantes de Londres, onde hoje trabalha como babá: “A maioria dos squatters tem a ideologia anticapitalista. No meu caso, escolhi viver assim pelo fato de a cidade ser uma das mais caras do mundo. Tenho o privilégio de estar aqui sem pagar aluguel”. Em direção ao Norte, o paulistano Cabelo, vulgo Rubens Romão, de 38 anos, já está há cinco “‘squattando” e, atualmente, mora com mais três brasucas, cada um no seu quarto, numa rodovia com várias casas que pertencem à empresa londrina de transporte público, muitas das quais se transformaram em squats. “Cuidamos do imóvel, melhoramos a estrutura e, se o proprietário entrar com a ’eviction’ – ação de despejo –, vamos sair”, explica. A Europa é o continente mais tolerante com os squatters. Mas o movimento está presente no mundo inteiro, mesmo que ilegalmente. De acordo com o autor do livro ’Shadow Cities: A Billion Squatters, A New Urban World’, do jornalista norteamericano Robert Neuwirth, estima-se que existam mais de um bilhão de squatters no mundo. A maior parte deles está em Londres e em Barcelona, na Espanha, onde o movimento é chamado de Ocupa. Outra vertente do squatting, que um pouco mais tarde ficou conhecida no mundo inteiro, são as famosas squat parties. Você certamente já assistiu algum filme ou ouviu falar das raves insanas que rolam em Londres, em galpões abandonados, com muita droga e música eletrônica por, pelo menos, 24 horas direto. O endereço da festa só é conhecido algumas horas antes de seu início. Antigamente, uma senha era distribuída meio que secretamente, dando acesso ao local. Hoje, as festas feitas pelos squatters têm até hotline para informar local e preço. “É uma festa surreal, pois acontecem muitas coisas que no Brasil seriam impossíveis se você arrombasse um imóvel vazio”, relata o DJ Briza, o sul-matogrossense Sebastião Schumaher. “Há festas que duram três dias direto, e, se acaso a polícia chegar, os caras entram


Eles recolhem comida dos lixos dos grandes supermecados e comem do bom e do melhor sem pagar nada

supereducados, pedem para abaixar o som e a festa acaba na paz”, completa Briza, 25 anos, que chegou em Londres aos 19 e sempre curtiu a experiência de morar em squat. De festa em festa, squat em squat, eviction após eviction, nosso amigo hippie, o Chris, hoje aos 61 anos, parou de usar os “psicodélicos”, voltou para o Canadá e mora numa comunidade rural em Ontário, onde continua praticando meditação e diz ser frequentemente visitado por velhos espíritos xamânicos. DJ Briza

continua discotecando nas squat parties, mas resolveu pagar aluguel: “Cansei de morar com a galera. Estava rolando muita festa e precisava me focar nos meus objetivos. Sem contar que a gente teve que mudar de casa umas quatro vezes em dois meses.” Cabelo e sua trupe provavelmente ainda vão squattar por algum tempo, já que a companhia de transporte público está tentando comprar as casas vizinhas para demoli-las e ampliar a via. Gonza e seus companheiros do squat multiétnico cozinham juntos e confrater-

Estima-se que existam mais de um bilhão de squatters no mundo. A maior parte deles está em Londres e em Barcelona, na Espanha, onde o movimento é chamado de Ocupa nizam diariamente, comendo do bom e do melhor. E quem fecha a matéria com um chavão é a simpática paulista Gabriela, que recebeu uma eviction para deixar o seu lar doce lar no fim de junho: “Apesar de viver no sistema, de ter estudado direito e de gostar das leis... Regras foram feitas para serem quebradas!” Ainda mais quando se vive em uma cidade tão tolerante como Londres, onde quase tudo é permitido. comente! redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br


fotos: divulgação

Salve a Seleção

por Izabella Figueiredo

lira favilla

Até 1950, as cores que acompanhavam a Seleção Brasileira pelos gramados eram azul e branco. Após uma derrota para o Uruguai, ficou estabelecido que as cores do uniforme deveriam mudar. Foi lançado um concurso para a criação de uma nova camisa para a Seleção, com a única exigência de que o novo modelo tivesse as quatro cores da bandeira nacional. A famosa camisa amarela foi criada pelo jovem gaúcho Aldyr Garcia Schlee, e teve sua estreia na Copa da Suíça, em 1954. Na mesma época, o time recebeu do radialista Geraldo José de Almeida o apelido de “Seleção Canarinho”, que não demorou a cair no gosto popular. Para conectar a nova geração com a paixão pelo futebolarte, a Nike Sportswear reuniu um time de profissionais do mundo das artes, música, ilustração e grafite para criar uma coleção “inspirada no futebol de rua e na street art, que vai ao encontro do local de nascimento do nosso espírito boleiro: as ruas", afirma Tiago Guimarães, gerente da Nike Sportswear. Os artistas Don Torelly, Jurubis e Presto desenvolveram estampas exclusivas para a nova coleção, que tem edição limitada. Para acompanhar, Marcelo D2 foi convidado para regravar a icônica ‘Voa Canarinho Voa’, sucesso de 1982, ao lado do intérprete original da música, o ex-jogador e atual comentarista Júnior. A Copa do Mundo é só no ano que vem, mas os preparativos já começaram.

Yuri Barros Penna Franca

Esporte: Squash Cidade: Belo Horizonte, MG Idade: 21 anos Altura: 1,78m Peso: 72kg Naturalidade: Belo Horizonte, MG Por que pratica? Em primeiro lugar, porque amo o que faço. Em segundo, porque gosto de vencer meus limites e estar sempre melhorando.

Compete desde: 1999 Metas para 2009: Chegar aos 10 melhores no ranking do Circuito Profissional Brasileiro de Squash.

Melhor resultado em competições:

São 75

títulos – número 1 de Minas Gerais em 2008; número 1 dos Estados Unidos em 2006 na categoria juvenil sub 19; vice-campeão brasileiro em 2005 na categoria juvenil sub 19; 5º lugar no Sul-Americano em Mar Del Plata, Argentina, em 2005, na categoria sub 17; campeão brasileiro em 2004 na categoria juvenil sub 17; vice-campeão brasileiro em 2002 na categoria juvenil sub 15; vicecampeão brasileiro em 2000 na categoria juvenil sub 13; tricampeão mineiro juvenil 1999 a 2001; campeão Mineiro nas classes 4ª, 3ª, 2ª e 1ª no período de 2002 a 2008.

Contato: (31) 8804.7178 yurisquash@hotmail.com

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VENDENDO SIMPATIA NO semáforo

por Diorela Bruschi fotos Carlos Hauck

“Quanto é?”, grita o senhor de dentro do automóvel. “É três por dez, doutô”, diz ele, enquanto corre para o carro, “Não eram quatro?”, retruca o consumidor. “Faço por quatro procê, melhor ganhar o freguês que perder o amigo!”. Vendeu. Esse é Marcelino Roberto de Souza, de 43 anos, o vendedor de panos mais querido de BH. Além de atencioso, Marcelino introduziu uma variável no universo dos vendedores ambulantes: o terno para trabalhar. Tal como advogados, congressistas e empresários, Marcelino sentiu que se daria bem usando um paletó. O primeiro que ganhou foi do diretor de uma companhia telefônica próxima ao seu trabalho (no semáforo da Rua Trifana, esquina com a Avenida Afonso Pena, Bairro Serra). Depois disso, as vendas cresceram: de 30 panos brancos (que servem de pano de prato, de chão ou de flanela para o carro), ele passou a vender cerca de 100, diariamente. A coleção de ternos cresceu junto: são mais de 20 modelos atualmente, todos presentes de amigos. Marcelino garante que nem sente calor vestido desse jeito. “Para vender pano tem que estar nos panos”, ri. A ideia foi tão feliz que inspirou outros ambulantes a mudarem o estilo para levantar as vendas. Marcelino adora o que faz e tem paixão pelo ponto escolhido. “O pessoal é maravilhoso. Estão sempre conversando com a gente. Na verdade, um bom vendedor não vende seu produto, vende simpatia”, ensina. O exercício de vender simpatia começou há muito tempo. Ele já trabalhou com diversas vendas, de refrigerante a roupas. Já jogou futebol, dançou jazz, clássico e afro em academia renomada, mas sua formação principal é de cabeleireiro, quando exercitava “a arte de vender beleza”, segundo suas palavras. E por que virou vendedor de pano? “Quando subia a Serra de Petrópolis, vi um senhor de uns 70 anos vendendo pano. Ele disse que eu tinha jeito para a coisa.” A Serra de Petrópolis entra na história, porque Marcelino morou no Rio de Janeiro durante 15 anos. E voltou por um motivo nobre: “Amo BH radicalmente”, explica. “Nasci aqui. Não existe lugar melhor para viver, não. Esta cidade é linda.” Hoje, ele vive na Vila Mariquinha, em Venda Nova, com a companheira e seus filhos (cinco “de coração”, dois biológicos). Ouvindo seus relatos, percebe-se que é um homem preocupado com o futuro. “Lá na Vila estamos com o projeto de montar um galpão. Posso dar aula de cabeleireiro e ensinar a jogar futebol. Ainda vou montar alguma coisa para esses meninos”, planeja. Marcelino também quer cursar Direito. Quer ser promotor e defender crianças e mulheres. Enquanto isso não acontece, ele esbanja alegria na rua.“O ser humano sem autoestima não é nada”, diz. E como é a sua, Marcelino? “Ah, eu olho no espelho de manhã e me acho lindo. Se eu não achar, quem vai achar?” A gente, Marcelino. A gente!

OLHA A PROMOÇÃO Na Rua Trifana, três panos de prato custam R$ 10. Mas para o leitor da Ragga, Marcelino faz quatro pelo mesmo preço. Fechado?

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top 10 coisas que não podem faltar em 1°Um tio bêbado

último ranking

2°“Com quem será”

Bob Marley / Ronaldo Fenômeno / Karl Marx

_Desses que derrubam a mesa de salgadinhos, levantam a saia de alguém e ainda fogem para um bar quando cortam o álcool. _ Cantado alto e em bom tom para te deixar vermelho da cabeça aos pés. E ainda escolhem a pessoa errada.

3°Penetras

_ São os amigos da noiva, tio do menino que vai ser batizado e amigos do intercambista que tá indo embora.

4°Vizinho mala

_ Ele pede para abaixar o som, reclama que vomitaram no parapeito da varanda e fica interfonando para o seu apartamento de cinco em cinco minutos.

5°Um primo drogado

_ Daqueles que fumam cinco tocos de bagulho antes da festa e mandam todos os brigadeiros antes dos parabéns.

6°Presentes

toscos

_ Meias, porta-retrato, cueca, calcinha, pijama, chapéu de caubói, kit de pescaria, sabonete, livro sobre a seleção natural de Darwin e um CD de música clássica arranhado. “Era exatamente o que eu queria, vó.”

7°Salgadinhos

bizarros

_ “Esse aqui tem banana, damasco, cogumelos e caldo de feijão. É bem gostoso”, recomenda o garçom.

8°Uma briga

_ Entre o seu amigo que luta jiu-jitsu e o pit-boy que entrou pelas portas do fundo. Seu tio bêbado tenta separar e vai parar no hospital.

9°Bolo/velas/brigadeiros

_ São mais importantes que o próprio aniversariante. Ou você acha que penetras invadem festas de aniversário porque gostam de cantar parabéns?

10°“Ahá, uhu, eu vou comer seu bolo”

_ Esse é o grito de guerra mais estranho de todas as celebrações. Se ele for cantado em sua festa, não tenha dúvidas: seus amigos te acham estranho.

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O TOP 10 da nossa última edição perguntou: Quais seriam os maiores ‘mexedores’ da história? Queríamos arrancar de você alguns dos nomes que mais inspiraram a humanidade, sejam por escritos alucinantes, músicas inesquecíveis ou histórias mirabolantes. Olha o pódio:

MO

ÇÃO

DA LOM

BA DA

1º) Bob Marley (43%) 2º) Ronaldo Fenômeno (37%) 3º) Karl Marx (30%) Em primeiro lugar, como não poderia deixar de ser, ficou o nosso grande e velho amigo Bob Marley. Responsável por canções que refletiam o amor e a política, como 'Eu Matei o Xerife', Bob se tornou um dos maiores gurus da paz mundial. Hoje, mal conseguimos ver um pombo branco sem pensar em um reggae. Logo atrás vem Ronaldo Fenômeno, popularmente chamado de “bolinha”. Esse sim foi um grande mexedor, como prova a propaganda da cerveja Brahma. O Ronaldão provou para o mundo que, mesmo colocando a “bola na trave”, ele continua sendo o número um. E, por último, mas não menos importante, Karl Marx. Como dissemos na última revista, o alemão só não mexeu com dinheiro. Revolucionário, marxista (jura?) e intelectual, Karl veio a exercer influência em vários campos, como o de jornalismo, arquitetura, economia e o de futebol. Passa a bola, Marx.

carlos hauck

Há muito tempo discute-se quais seriam os ingredientes necessários para o sucesso de uma festa de aniversário. Muito se fala sobre decoração, seleção de convidados, bufê e localização. Outros acreditam que tudo depende das músicas, do teor alcoólico dos presentes e do estado alarmante dos seguranças. Como a Ragga completa quatro anos este mês, resolvemos fazer uma listinha das coisas que não devem ficar de fora da nossa festa. E, é claro, o seu tio bêbado é o nosso convidado especial.

reprodução

uma festa de aniversário

PRO

Nesta edição especial de 4 anos, a gente quer saber qual dos seus aniversários foi o mais esperado e por que. Envie sua resposta para redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

Junto, escreva seu nome completo e os números de telefone e RG. A melhor resposta ganha uma camisa exclusiva do Ragga Wake World Series. Os prêmios deverão ser retirados na redação da Ragga.


JÁ INVENTARAM Eu dormi na praça... acessando e-mail

fotos: divulgação

O designer de produtos coreano Owen Song resolveu projetar bancos de praça. E, como base para sua criação, explorou os temas “ecologicamente correto” e “energia solar”. O resultado foi um banco abastecido com energia solar (inclusive com capacidade de armazenar essa energia para que ele seja usado à noite) que transmite wi-fi. Tem até variação de cores para combinar com a sua pracinha preferida: branco, azul, rosa, amarelo e verde.

por Thaís Pacheco

Mataram o galo português Jogue fora aquele termômetro velho do seu pai que fica na parede. Este aqui tem uma base preta digital e a temperatura e condições meteorológicas são mostradas em um bloco de cristal com imagens a laser em três dimensões. Quase inspirado naquele galo que o pessoal trazia de Portugal, no Oregon BA900, vermelho significa ensolarado, azul é nublado e verde é chuvoso.

Chique? Imagina...

Olha quem está falando

Uma mulher atualizada que se preze não usa qualquer computador. Ela escolhe um que tenha sido lançado em plena Fashion Week de Nova York. E que tenha sido desenhado pela badalada estilista Vivienne Tam. O notebook tem processador Intel Atom N270 de 1,6 GHz, memória de 1 GB em DDR2, disco de 80 GB, Wi-Fi, Bluetooth, tela de 10,1 polegadas e tamanho de uma carteira. Chega ao Brasil no final deste semestre.

O iPod shuffle, além de ter ficado menor ainda, dispensa qualquer gasto de energia. Para trocar de música, basta pressionar o fone de ouvido. Para aumentar e abaixar o volume, também. E agora, uma voz que vem dele fala qual música está tocando. Linda solução para o shuffle que tem por princípio não ter visor.

MAURÍCIO MANIERI Desde que ‘Minha Menina’ ecoou no programa da Xuxa, no bailinho do colegial e nas FMs gospel ou mundanas da década de 1990 que você não ouve falar dele. Afinal, por onde andará Maurício Manieri? Tem uma pista? Envie para: redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

Se lembrar de mais alguém que um dia foi reconhecido pelas ruas mas, hoje, inexiste no imaginário popular, nos avise.

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Para quem canta o Caetano? por Augusto Veloso

Essa não é a primeira vez que a pergunta do título me persegue. Quando Caetano lançou 'Não enche"', no CD ‘Livro’, de 1997, eu e muita gente achou que ele estivesse cantando um final para o relacionamento com Paula Lavigne. É mais divertido pensar que ele preferiu se resignar e manter os conselhos da produtora/ex-mulher do que aceitar a alegada versão de que ele teria escrito a música para a imprensa.

Pelados em NY :: veja no youtube.com/user/mattandkim Bombou na internet o clipe ‘Lessons Learned’ da banda Matt & Kim. A dupla saiu tirando a roupa em plena Times Square, em Nova Iorque, no inverno. Não bastasse o frio e a multidão, eles tiveram que enfrentar os policiais e quase foram presos.

Na Rede por Taís Oliveira

keith bedford / reuters

Lavadora pop :: compare no migre.me/14m5 Se tem clipe com cara de propaganda, também tem propaganda com cara de clipe. Foi para o YouTube o comercial de uma lavadora de roupas com cenário e coreografia bem parecidos com o clipe '1 2 3 4', da cantora canadense Feist. As comparações foram inevitáveis.

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Escutando ‘Zii e Zie’, fiquei de novo inspirado em imaginar pessoas para as quais ele pudesse ter escrito as músicas. Aliás, essa questão já surgiu quando li o título do CD. ‘Zii e Zie’ significa “tios e tias” em italiano. Segundo Caetano, o nome fala aos brasileiros que viraram tias e tios de meninos em sinais de trânsito pelas metrópoles afora. É com uma batida moderna que ele canta ‘Perdeu’, música feita para alguns daqueles meninos de sinal que se tornam "chefete" do tráfico em uma favela qualquer. As músicas do CD foram batizadas de transambas, o que seria algo que atravessa o samba, mas está além do próprio. ‘Perdeu’ tem no tema sobre a favela e na batida ritmada as bases de um sambinha clássico, mas os arranjos da guitarra e a letra trazem a música para longe do estilo. E assim vai por todo o disco, em uma brincadeira de samba que não é samba, que é mais-que-samba. Algumas músicas são obviamente endereçadas a todos e ninguém em especial, como ‘Base de Guantánamo’, que é uma música de protesto, assim como outras composições de Caetano. Porém, todas foram construídas ou reconstruídas dentro do espaço do blog Obra em Progresso. Caetano discutia ali seu processo de criação e de gravação e procurava receber as impressões dos leitores sobre as letras, músicas, shows e até mesmo sobre suas ideias políticas e sua vida pessoal. Mesmo não podendo mais participar do processo, o blog torna a experiência de escutar as músicas um tanto mais interessante.

Branco mais branco :: veja no new.music.yahoo.com/u2/ O U2 parece estar se inspirando na publicidade. O novo clipe da banda, da música ‘Magnificent’, foi gravado no Marrocos e tem vários lençóis brancos gigantes balançando no vento, bem no estilo comercial de sabão em pó. Móveis de graça :: baixe no albumvirtual.trama.com.br O single ‘O Tempo’ já estava disponível para download gratuito desde março. Em maio, foi a vez de o CD inteiro da banda brasiliense Móveis Coloniais de Acaju ser disponibilizado para quem quiser baixá-lo de graça. O legal é que você pode ter C_MPL_TE no seu computador legalmente. Riff de impressora veja no youtube.com/user/bd594 O clássico do Queen ‘Bohemian Rapsody’ já foi interpretado de várias maneiras possíveis, mas deve ser a primeira vez que alguém toca a música com computadores velhos, como no vídeo que apareceu no YouTube recentemente. Nunca uma impressora barulhenta foi tão legal.


fotos: divulgação

Brilho Eterno de Leonard Cohen por Rodrigo Ortega brinca. No mesmo ano do penúltimo show, Kurt Cobain se matou. Cohen é um Cobain que sobreviveu, um Jeff Buckley que não se afogou. O mundo que volta a usar ‘Hallelujah’ na sua trilha é obrigado a incluir também as lições de Edukators no roteiro. Mas não são só as canções políticas (‘The Future’, ‘Democracy in the USA’) e os fatores econômicos que tornam esse disco atual. As 26 faixas, das clássicas ‘Suzanne’ e ‘Hey, that’s no Way to Say Goodbye’ às menos conhecidas ‘Boogie Street’ e ‘Who by Fire’ ganham uma força que impressiona o próprio cantor: “Obrigado por manterem essas músicas vivas durante todos esses anos”, diz, sempre gentil, aos presentes. Os músicos o acompanham com a mesma sensibilidade e precisão técnica, nessa ordem de importância, com destaque para a segunda voz de Sharon Robinson, que casa perfeitamente com o barítono de Leonard Cohen. A coragem e a intensidade de Cohen torna esse acerto de contas maior do que uma questão financeira: o músico faz renascer histórias que ele mesmo decidira apagar.

da A T PRACA SA \\ É difícil pensar em uma banda de metal com certo prestígio que não seja classificada como “consistente” e “sem frescuras”. Mas, quando um portal de música como o Whiplash, referência nacional para os amantes de rock’n’roll, reafirma os adjetivos citados na hora de falar de um grupo, é porque o som que eles ouviram não é nem um pouco de brincadeira. A diversão dos mineiros do Hammurabi começou a virar trabalho em 2006, quando colocaram nas ruas uma demo com duas músicas. “Nossa ideia era lançar uma demonstração daquilo que pretendíamos falar dali para frente. Um primeiro passo, que dizia um pouco da nossa ideologia”, explica o vocalista e baixista Daniel Lucas, que divide os palcos com Danilo Henrique (guitarra), Josias Martins (guitarra) e Crislei Rodrigo (bateria).

Hammurabi por Bernardo Biagioni

Seguindo a ordem natural de alguns grupos de metal, em que as letras buscam resgatar fatos e personagens da história antiga (vide discografia do Iron Maiden, Tuatha de Danann e outros), Daniel apropriou-se do rei babilônico Hammurabi (1700 a.C.) para assinar os shows da banda: “Ele inventou o primeiro código de leis da humanidade. Escolhemos esse nome, porque tem a ver com o que a gente almeja e com a nossa ideia de justiça”, conta o vocalista. De 2006 a 2008, o grupo se concentrou em amadurecer as composições e o resultado ficou gravado no EP ‘Shelter of Blames’, que alavancou críticas positivas por todo o Brasil. Além da participação de Fernando Lima, vocalista da banda Drowned, o disco conta com as faixas da demo de 2006 e com uma sessão multimídia com fotos, clipes e a biografia da banda.

Saia da garagem! Convença-nos de que vale a pena gastar papel e tinta com sua banda. Envie um e-mail para redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br com fotos, músicas em MP3 e a sua história.

Vai lá: hammurabi.com.br

Agora, o momento é de cair na estrada e deixar as montanhas mineiras, que serviram de berço para nomes de peso do heavy metal nacional, a começar pelo Sepultura e Overdose. “Vamos para Ribeirão Preto, Indaiatuba, Rio Claro, Brasília e Goiânia”, lista Daniel. No final do ano, sai um CD de inéditas do Hammurabi: “Terminamos um processo e já vamos para outro. A banda não para um segundo”, garante o vocalista, sem frescuras. divulgação victor schwaner

Se ‘Live in London’, novo trabalho do canadense Leonard Cohen, fosse um filme, os críticos mais exigentes iam dizer que a história foi forçada demais para ser uma metáfora da crise econômica atual. Só que ele é um disco (duplo) e não é ficção. O CD registra o primeiro show de Cohen desde 1994, quando ele foi viver em um mosteiro budista. Em 2005, o cantor descobriu ter sido vítima de um golpe milionário do seu ex-empresário. Após uma longa e inútil batalha judicial, ele não teve outra saída para fugir da falência: como um Mickey Rourke da paz, Leonard Cohen retornou aos holofotes. A única solução para a irresponsabilidade financeira alheia foi voltar a apostar em manifestos que há pouco tempo pareciam datados, mas hoje são mais do que necessários – deve haver uma frase igual a essa na pauta da última reunião do G20. Sim, ele canta ‘Hallelujah’. Antes disso, conta ao público: “Meu último show em Londres foi há 14 anos. Eu tinha 60, era só um garoto com sonho maluco”,


O Lテ好ER DA TURMA por Kleyson Barbosa fotos Bruno Gabrieli

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Maurício de Sousa faz aniversário de carreira: são 50 anos como desenhista. Com nosso repórter, ele faz outras contas e fala dos quatro casamentos, 10 filhos, 11 netos e de outras histórias Há dois homens por trás de Mauricio de Sousa. Um é quem organiza a vida do criador da Mônica, personagem infantil brasileira mais famosa de todos os tempos. Um homem pragmático que planejou desde novo como alcançar o sucesso e que vê na atividade artística um ganha-pão como os outros, afinal, “desde antes de fazer HQ, já pagava o aluguel de casa com os desenhos que fazia para as professoras do colégio”. O outro Maurício também é prático. Acabou se tornando tão famoso quanto sua criação, mas continua sendo um empreendedor atento, com gosto pelo risco. Prova disso foi seu último triunfo.

Você se tornou tão famoso quanto a sua principal personagem, a Mônica. De que forma isso ocorreu? Essa atividade é uma sequência tão agitada e dinâmica que você, primeiro, não vê o tempo passar. Tem que se preparar e adequar a cada dia ao que está acontecendo constantemente. Então, passam 10, 30, 50 anos e você tem a impressão de que deu o pontapé inicial ontem. Ao mesmo tempo, sente que no futuro vai ser a mesma coisa. É preciso preparar a estrutura para isso. Os problemas que temos hoje – que não considero problemas, mas desafios permanentes – estão ligados ao fato de a gente ter que se reinventar todo dia. Então, o que são 50 anos? A continuação de um processo que vai continuar mais 50, mais 200, se a gente conseguir colocar a coisa para andar. O lançamento de ‘Mônica Jovem’ parece ser parte disso e a revista já chegou a vender 405 mil exemplares – batendo o maior número de revistas de HQ vendidas nos EUA no século 21 (a revista do Homem Aranha com o Obama na capa que vendeu 350 mil). Como é se adaptar e chegar ao sucesso? Você tem uma estrutura, um plano, um sistema, um estilo, uma forma de comunicação que precisa ser reinventada. E essa reinvenção é em cima do que está ocorrendo no mundo. É com base em informações, na análise de fatos atenta às mudanças e à dinâmica dos acontecimentos. Se você fez

Aos 73 anos, ele reinventou sua principal personagem, com a revista ‘Mônica Jovem’. O que poderia ter sido uma estratégia perigosa virou tacada de mestre. A nova publicação vende cerca de 400 mil exemplares, contra os 200 mil que costumava vender o gibi da Mônica ainda criança. O desenhista que, em 1959, criou a série de tirinhas em quadrinhos “Bidu e Franjinha” recebeu a Ragga, na sede de sua empresa Maurício de Sousa Produções, na Lapa, em São Paulo, e falou sobre manias, relacionamentos, casos de sucesso e de ira. “Já virei mesas literalmente”, declara. Prestes a lançar três novos personagens na revista da série (um inspirado em sua neta, Maria Teresa, outro, no filho Marcelinho e um terceiro portador da síndrome de down), ele se diz animado com as novas tecnologias e dá, pelo menos, uma receita de sucesso: “Tudo na vida tem que ser levado com bom humor. Se não, não vale a pena”.

uma forma que no início já deu certo, é preciso acrescentar elementos que se encaixem nessa estrutura. É lógico que a coisa continua andando e prosperando. Já que a cada dia nasce gente nova, cada dia entra mais gente como consumidor de produtos culturais, a tendência é se manter e crescer. E como pesquisar as mudanças? Fiquei cinco anos desenhando a primeira história e ainda buscando um caminho adequado. Normalmente, tudo o que faço aqui, apesar de ter uma equipe gigante, tenho que sentir. Tenho que dar o pontapé inicial, sentir, vivenciar. Nesses últimos anos, tive filhos adolescentes e tenho netos adolescentes. É um laboratório em casa. Tudo de bom e de mau que pode ocorrer com os adolescentes está acontecendo do meu lado. Eu preciso não só olhar, conhecer, estudar, mas participar, dar palpites. E ainda, de algum modo, tentar influenciar em algumas coisas com a minha experiência, com o carinho que tenho que dar para filhos, para netos e para sobrinhos. É uma vivência. E essa vivência, nos últimos anos, acidentalmente, tive com filhos adolescentes, pré-adolescentes. Tenho filho de 10 anos que daqui a pouco vai ser o chamado “aborrescente”. Tudo isso é escola. Falo com a minha equipe, com os meus roteiristas para tentarem vivenciar a mesma coisa. Se um não tem filhos, eu falo: “Case e tenha filhos.” Se junte com a criança, com o jovem, frequente os ambientes. Tem

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que haver a sensação. A pessoa não pode criar do nada. Não pode ler uma coisa e depois puxar a informação do que leu. Tem que ter a informação e a sensação. Se você tiver isso, daí pode criar.

Você teve dificuldade com as meninas quando era mais jovem? Todo moço tem, quem disser que não tem é mentiroso, que sempre ambiciona mais e quer mais. E não chega lá, pelo menos nos primeiros momentos. Eu era tímido, mas controlava bem, porque era de uma família de artistas e frequentava ambientes que me permitiam atravessar um pouco por cima da minha timidez natural. Durante a primeira parte da minha juventude, eu não tinha coragem de chegar para uma moça e falar “quero namorar você”. Nunca tive coragem. A iniciativa era delas. Apesar de trabalhar com arte, você parece ter uma história bem pragmática e conseguiu construir um império de quadrinhos. Você era prático desde novo? Sou pragmático. Isso a gente vai não só aprendendo, mas recebendo influências e conselhos. Meu pai me ajudou nisso, porque foi um grande artista que não deu certo. Quando comecei minha carreira, ele falou: “Maurício, desenhe de manhã e administre o que você vai fazer à tarde, porque não tive essa preocupação e as coisas não andaram”. Ele era um artista mais completo que eu, mas não cuidou da carreira e talvez também tenha nascido antes do tempo das coisas que ele queria fazer. Quando comecei, tive as mesmas dificuldades, mas conversava, ouvia, estudava. Então, quando decidi fazer história em quadrinhos, fui estudar como era o mercado, o que vendia mais, do que as pessoas gostavam, qual era a tendência, o que no painel de produtos eu conseguiria fazer melhor. História de terror? Não. De sexo? Não. De aventuras? Acho que não. Infantil? Talvez. Desenho mais simples? É melhor, porque posso desenhar mais, fazer uma produção mais rápida. Eu trabalhava sozinho, não tinha equipe. Realmente fui buscando e lapidando o que poderia fazer. Quando me mudei para São Paulo, vindo de Mogi das Cruzes, queria ser desenhista. Lógico que não consegui. Como sugestão de um jornalista da Folha [de S. Paulo], que falou para

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Quem faz aniversário merece um presente, certo? Pois Maurício fez um Horácio especialmente para a Ragga (veja na pág. 47)

Passam 10, 30, 50 anos e você tem a impressão de que deu o pontapé inicial ontem eu me preparar melhor, entrei na reportagem. Durante o tempo que estava ali, pedia aos redatores e diretores de redação que me passassem tudo o que recebiam dos syndicates americanos [agências norte-americanas responsáveis pela proliferação dos quadrinhos, que distribuíam notícias principalmente para jornais que não mantinham desenhistas fixos], porque era um modelo para mim. Então, recebia, estudava, via como era o folder, como eles faziam para vender o peixe, me preparei. Como lia muito gibi, também varria os estilos e buscava a mistura que desse o meu estilo. Foi uma pesquisa natural. Teve alguém que ajudou você ou o orientou dizendo que caminho seria melhor seguir? O único momento da minha vida em que alguém me disse que fiz uma porcaria, foi quando cedi um pouco a esse meu pragmatismo e vi que estavam rendendo muito as histórias de terror. Já tinha começado as tirinhas do Bidu e do Franjinha, mas fiz uma história de terror e levei para uma editora, cujo editor era o Jayme Cortez. Ele falou “mas não é você que faz aquele cachorrinho na 'Folha de S. Paulo'?”. Eu disse: “Sou”. E ele disse: “Por que você traz essa merda para mim? Traz aquele negócio.” Então estava certo, aquilo que estava fazendo é que era o caminho. Mas o resto eu é quem ia buscar. Você já foi metaleiro, hippie ou você nunca se envolveu por essas vertentes? Não [risos]. Tudo, depois desse começo das HQ, era interligado. Não tenho nenhuma página fechada. Detalhe: não

maurício de sousa produções / divulgação

Como foi sua fase adolescente? As sensações, os medos, as dúvidas, tudo o que vejo nos jovens de hoje, também passei. O que vou ser da vida, o que vou fazer, para que lado vou.


tenho, porque não deu tempo. Tive que trabalhar desde cedo e não dava para inventar alternativas de entretenimento. Desde antes de fazer HQ, já pagava o aluguel de casa com os desenhos que fazia para as professoras do colégio.

divulgação

Como se adaptou às novas tecnologias? Já chegou a rejeitá-las? Pelo contrário. Fico brigando com o meu pessoal para que não haja rejeição na empresa. E tenho muito problema com isso. Quando chegaram os primeiros computadores aqui, o pessoal queria pular pela janela, achando que ia perder o emprego. Agora, estão treinando para fazer arte final no computador. Estamos em plena campanha para o pessoal ir se adaptando. E em seguida vem o tablet [mesa digitalizadora]. Eu estou treinando, estou apanhando pacas, porque é outra coisa, você tem que aprender a desenhar. No ano de 1978 ou

1979, fiz a minha primeira experiência no tablet, nos EUA. Era um local secreto, com senhas e era preciso até autorização do governo norte-americano para usar o computador. Na época, o aparelho ocupava duas ou três salas. Desenhei o Horácio, o Pelezinho, mas saiu uma porcaria. Desde essa época, até agora, não treinei. Só recentemente peguei o tablet. Mas lógico que as capas da Turma Jovem estão sendo feitas com ele. Qual famoso merece virar personagem? Em março, você entregou um desenho para o Ronaldo Fenômeno e o Ronaldinho Gaúcho já tem um. Não posso falar. Mesmo porque não é a questão de ser famoso, às vezes é a mensagem que o cara significa de personificação, de ideal e exemplo. Quando criei o Pelezinho, o Pelé era e continua sendo uma lenda. O Ronaldinho Gaúcho é O desenhista e a turma: ele se tornou tão famoso quanto suas criações

um sucesso mundial, sai em 32 idiomas. E é um ótimo jogador. Fiz uma tentativa de projeto com o Maradona, mas infelizmente não deu certo. Se eu parar para pensar e fizer uma avaliação, posso escolher transformá-los em personagens de sucesso. Aliás, ouço dizer – e isso não é ser metido – que sei fazer um personagem de sucesso. Mas tenho tantos personagens de sucesso, tantos filhos, que se colocar mais filhos no mundo, não vou cuidar bem. Então é melhor parar um pouco. Por que a escolha de nomes reais para os personagens? É melhor pegar os nomes que já existem, fica melhor. Aliás, quando batizo meus filhos, já penso nisso [risos]. Os nomes bons para fazer personagem e até para a vida real são nomes com uma sílaba forte, com uma tônica bem colocada. Quando fui registrar a Mônica, falei: “Bem forte, tem uma batida, tem uma tônica boa.” Além disso, olho para os meus filhos quando eles nascem e sinto como serão [risos]. Quando a Magali veio,

Irritação, com o passar do tempo, é uma reação que muda e você vê que não precisa jogar o telefone na parede, como já fiz, que não precisa virar a mesa, literalmente, como também já fiz www.revistaragga.com.br

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maurício de sousa produções / divulgação

O largo sorriso não deixa dúvidas. Para Maurício, tudo na vida deve ser feito com bom humor, senão não vale a pena

Se você vai organizar algo e trabalhar feito louco, é melhor montar as escadas assobiando do que preocupado se vai conseguir ou não eu sentia pelo jeitinho dela que ela ia ser uma menininha gentil, feminina e tudo o mais. Então, vamos para um nome mais suavizado, mais musical. E daí por diante. Se puder buscar nomes assim, não vou precisar inventar nomes artificiais. É a hora de investir em personagens mais rebeldes, adotados, gays? Adotados sim, estou pensando. Inclusive tenho conversado sobre isso. Mas nunca faria uma história sobre adoção, sobre gays, sobre sexo, sobre tóxico. Isso deve permear em alguns casos. O tema é jovem e, no meio da história, podemos sugerir algum tipo de comportamento. Como é essa escolha? Tem coisa que as pessoas pedem, que está na hora de fazer e tudo mais. Mas sinto que não tem liga ainda, que não tenho informação, que não tenho vivência. Estamos lançando uma revistinha, agora, com um personagem com síndrome de down. Estou estudando isso há anos, porque cada país, cada região, cada cidade trata de forma diferente o problema do down. Estudei, fui em escolas nos EUA e em Curitiba. Existem diversas maneiras de tratar e interpretar as coisas até em termos médicos, de tratamento. Como fazer a coisa genérica? Tenho que pegar todos os dados e fazer um personagem genérico, para não brigar com tendências e não ferir suscetibilidades. No caso da adoção, estou acompanhando alguns casos e colaborando com projetos em que vi assuntos e temas muito desconhecidos para o comum dos mortais que não estão envolvidos nisso. Se nós tivéssemos a oportunidade de colocar algumas informações poderíamos ajudar de alguma maneira o processo de adoção. A gente pode fazer, pode entrar na revista e ainda pode ajudar. Só não dá para colocar algo que não seja para entreter. Senão, fica uma cartilha, um negócio chato. Você ainda desenha? Leio tudo o que é feito, coordeno, oriento e sugiro modi-

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ficações. Às vezes chega uma história que está pecando em um terço da página, por exemplo. Então, faço o rascunho e devolvo para redesenharem. O que lhe irrita muito? O serviço malfeito, quando executado por alguém que sabe fazer o serviço bem-feito. É a única coisa que me tira do sério. E no pessoal? Você briga quando deixam o copo mal lavado, ou não? Não sou tão neurótico, prefiro chamar a atenção. Mas quando há perda, no caso profissional, ou enganação, no lado pessoal, fico irritado. A irritação, com o passar do tempo, é uma reação que muda e você vê que não precisa jogar o telefone na parede, como já fiz, que não precisa virar a mesa, literalmente, como também já fiz. Você descobre que pode falar de alguma maneira, usar sua experiência como um tipo de mensagem. Como é uma pessoa responsável escrever um quadrinho bem humorístico? Isso ajuda? Acho que tudo na vida tem que ser levado com bom humor, senão não vale a pena. Se você vai organizar algo e trabalhar feito louco, é melhor montar as escadas assobiando do que preocupado se você vai conseguir ou não. A propósito, uma vez eu estava em um estúdio na Folha, começando um projeto. Na hora de parar um pouco e tomar café, você não está fazendo nada. Eu estava subindo as escadas em um prédio da 'Folha de S. Paulo' e assobiando. Passou o Octávio Frias de Oliveira, o dono do jornal [considerado padrinho da Turma da Mônica, por ter ajudado Maurício em seu início de carreira]. Ele me perguntou por que eu estava assobiando. Eu não tinha uma resposta e disse que era porque achava legal, porque gostava e estava bem. Ele ainda perguntou se eu assobiava sempre. Disse que sim. O Seu Frias, preocupado com o jornal, acho que tinha esquecido de assobiar naquele pedaço da vida dele [risos].



SCRAP

Ragga PRESERVA

por Alex Capella

Puro tesão

A revista Ragga colabora com a preservação das nossas florestas. FSC, sigla para 'Forest Stewardship Council', garante que a matéria-prima do papel que usamos é retirada de uma floresta manejada de forma ecologicamente correta, socialmente adequada e economicamente viável: fsc.org.br.

As obras na esquina das avenidas Getúlio Vargas com Professor Moraes já começaram. O ponto nobre da Savassi se prepara para receber, em agosto, o bar temático da cervejaria Devassa, que virou febre no Rio de Janeiro desde a sua criação. Por causa do sucesso das versões Loura, Ruiva, Negra, Índia e Sarara, encontradas nos eventos mais descolados, a marca foi adquirida pela Schincariol, que iniciou a instalação de franquias da cervejaria no país. Além de Belo Horizonte, Campinas, Vitória e Brasília terão unidades do “tesão de cerveja”, como diz o slogan.

By Japão em Araxá A academia By Japão realiza a 3ª Corrida Grande Hotel de Araxá. O evento rola em 20 de junho, com largada às 16h30, no Ouro Minas Grande Hotel e Termas de Araxá. Ao final da corrida haverá um jantar de confraternização no Grande Hotel para os participantes. No domingo, pela manhã, acontece a Corrida Infantil, gratuita para crianças entre 4 e 14 anos. O Ouro Minas Grande Hotel preparou para os corredores, pacotes especiais durante o fim de semana enquanto a By Japão oferece desconto especial para quem quiser participar.

Festival do scotch

fotos: divulgação

Até 20 de junho, as garrafas da linha Johnnie Walker, Buchanan’s e “Cavalinho” estarão acompanhadas com produtos exclusivos nas prateleiras dos supermercados e lojas especializadas de Belo Horizonte. A ação faz parte do 3° Whisky Festival, promovido pela Diageo, empresa que representa as tradicionais marcas de scotch whisky no Brasil. Além das embalagens especiais, o admirador da bebida poderá levar para casa, pagando uma diferença, exemplares do livro com receitas de Istvan Wessel, especialista em carnes e churrasco, baldes para gelo, camisetas e DVD’s.

>> fale com ele

alexcapella.mg@diariosassociados.com.br

Fôlego novo As negociações para a futura instalação da franquia A! Body Tech no ponto da cervejaria Krug Bier, no Belvedere, região nobre de Belo Horizonte, estão aceleradas. A líder no mercado nacional de fitness espera alçar sua bandeira na capital mineira, a partir de 2010, em dois locais diferentes. Além do investimento no Belvedere, a rede estampará sua marca nas instalações da Fórmula Academia, localizada na Savassi e adquirida no ano passado com as unidades de São Paulo e Campinas. Depois dos investimentos no país, a A! Body Tech vai iniciar o projeto de internacionalização, começando pelo México e Argentina. Hoje, a rede conta com 19 unidades no Brasil e reúne 43 mil alunos. A projeção de faturamento para 2009 é de R$ 110 milhões.

Juventude antenada Amigos do Churrasco Até 25 de julho, quem indicar compradores para carros na Orca Veículos pode ganhar um churrasco para 10 pessoas. Os participantes cadastram um ou mais amigos no site www.amigosdochurrasco.com.br e, caso o amigo compre um Chevrolet 0 km ou um carro semi-novo de qualquer outra marca na concessionária, já podem marcar a data do churrasco. A promoção inclui o serviço de churrasqueiro profissional, carnes variadas, bebidas e guarnições. Não é sorteio. Para chamar ainda mais a atenção dos consumidores, no hotsite da campanha há games, vouchers que dão descontos em restaurantes parceiros, uma calculadora de churrasco – que indica a quantidade de carne e bebidas que deve ser comprada, de acordo com o número de candidatos – e, ainda, respostas para questionamentos relacionados ao churrasco, como aquele antigo: “cerveja dá barriga?”. Orca Veículos Pedro II :: Carlos Prates Tel.: (31) 2122.6000

Desenvolvido pela Secretaria de Estado de Esportes e da Juventude, o programa “Diálogos da Juventude” promoverá diversas oficinas nas cidades da Grande BH. O programa tem como finalidade estimular a participação dos jovens na melhoria de vida de sua comunidade, por meio de encontros para divulgar e discutir os 8 objetivos do milênio, que incluem o combate à fome. Os encontros se iniciam em Santa Luzia, no dia 6 de junho, e terminam no dia 30 de setembro, em Ibirité.

Intercâmbio musical A partir de agora a World Study BH passará a vender convites das festas promovidas pela Sector-E - empresa que organiza baladas eletrônicas com a presença dos melhores DJ’s brasileiros e estrangeiros -, e também fará sorteios de ingressos para os eventos realizados pela marca. A parceria entre as duas empresas pretende promover um intercâmbio cultural e musical, mostrando aos jovens que curtir a balada com responsabilidade garante a diversão durante todo o ano. Só em 2008, a Sector-E promoveu 30 festas.

* A coluna Scrap S/A foi fechada em 20 de maio. Sugestões e informações para a edição de julho, entre em contato pelo e-mail da coluna.



“Nem mesmo uma crise pode ser usada como motivo para colocar os investimentos na carreira de lado. O que antes era considerado um mero ganha-pão, agora está assumindo maior importância na vida dos brasileiros. A carreira profissional começa a ser vista como um produto que, como qualquer outro, tem de ser avaliado antes do lançamento oficial. A diferença talvez esteja no fato que, ao contrário de um produto que pode ter a sua data de lançamento adiada devido a uma crise, nenhum profissional pode colocar a própria carreira de lado, em momento algum.” Marcelo Mariaca – Especialista em RH - O ESTADÃO – Janeiro/2009.

MBAs 1º semestre 2009

Condições especiais para grupos de alunos e convênios

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