revista
#25 www.revistaragga.com.br
MAIO . 2009 . ANO 4
não tem preço
Maio.2009
O QUE MOVE VOCÊ?
FLASH MOB Jovens levantando a bandeira da... coisa nenhuma VIVA A COLETIVIDADE Unidos, artistas iniciantes fazem a cultura mais forte LIXO É LUXO Lugares abandonados viram picos de skate FERNANDO GABEIRA Rebelião, política, maconha e passagens aéreas
Realização
Apoio
destracomunicação
Patrocínio Pontos de venda
A JUVENTUDE NOS MOVE.
o que
move
você?
O MAIOR NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO JOVEM DE MINAS
ragga.com.br
BÚSSOLA
76
18
Viva Las Vegas
Viaje pela cidade que respira jogo
Criatividade na veia
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Três skatistas procuram no lixo o melhor pico
Capoeira universal Crianças na Síria brincam e sonham ao som do berimbau
Cultura S/A
52
Coletivos botam a mão na massa e transformam nossa cena cultural
já é de casa destrinchando estilo
36
quem é ragga
14
42
40
Lagoa da Pampulha o c...
58
Galera de BH invade litoral paulista e mostra que mineiro também sabe surfar
Light my fire
62
Burning man: oito dias no deserto com direito à arte e fogo, muito fogo...
Do virtual para o real
74
No Flash mob, vale até tirar a calça...
44 ragga girl: karina marques 46 eu quero! // me mexer 56 on the road // trindade
Com a palavra, o deputado
77
Gabeira completa 50 anos de política e polêmica
passando a bola
68
cultura pop interativa aumenta o som
72
70
fernando biagioni
EDITORIAL
“Ele não vai dar muito certo na Vida...” reprodução
6 Hoje fui apresentado a um cara que você também deveria conhecer. O nome do figura? Richard Branson, esse camarada aí da foto. Conheça-o, nem que seja da mesma forma que eu: lendo sua biografia. O cara nasceu em 1950, em um chalé barato na Inglaterra. Aos 17 anos, fundou uma revista para o público jovem (bom sinal... rsrs), aos 18 criou uma agência de empregos, aos 19 abriu sua primeira loja de discos em uma sala pequena em cima de uma sapataria londrina, se casou aos 22 e, aos 23, criou um selo musical chamado Virgin. Quando ele tinha apenas 25, sua gravadora se tornou um fenômeno nas principais capitais europeias. Já licenciada com o nome de Virgin Records, foi vendida por 1,1 bilhão de libras alguns anos depois. Não satisfeito, aos 34, Branson comprou uma empresa aérea à beira da falência e a batizou de Virgin Airways. A companhia começou com uma aeronave velha fazendo uma única rota: Londres – NY. Mas a empreitada também alcançou voos altos até ser vendida por mais alguns milhões. Além disso, o cara já bateu um recorde mundial em uma viagem de barco, tentou dar a volta ao mundo de balão, fez o test-drive em um veículo anfíbio e esquiou pelado em uma famosa e glamourosa estação de esqui. Hoje, aos 59, Richard Branson controla mais de 200 empresas espalhadas pelo mundo que atuam em vários segmentos, como aviação, celulares, hotéis, gravadoras, refrigerantes, vinhos e trens. Ultimamente está lambendo sua nova cria... a Virgin Galactic, que também começa com um único ônibus. A diferença é que o brinquedinho custa U$ 100 milhões e tem a modesta missão de levar turistas ao espaço ao custo de U$ 200 mil por cabeça! Isso porque o cara ia mal pra caramba no colégio e o pai dele garantia com todas as letras: “Ele não vai dar muito certo na vida.” Entretanto, o acusado garante que,
mesmo não tendo sido o melhor aluno da sala, continua tendo “pelo menos 15 novas ideias por semana”. Bem... Caras como o Branson estão aí e servem de exemplo em várias áreas. Nas artes, na política, na medicina. O que os diferencia? Eles se movimentaram! Não esperaram acontecer. Para isso, não é preciso ser os mais criativos do mundo e nem os mais ambiciosos. Até porque se movimentar não tem necessariamente relação com genialidade ou dinheiro. Se a intenção for correr atrás de algo que nos faça sentir bem, já vamos fazer uma grande diferença. Afinal de contas, o que move você? Esse é o tema da nossa nova campanha e também da edição de maio da revista Ragga. Nós aqui nos movimentamos na busca de personagens e matérias que procuraram responder a essa pergunta. Quando perguntamos para a corredora Ana Maria Moretzsohn Andrade, de 69, ela respondeu: “Correr uma média de 16 quilômetros por dia e depois ir pra academia, faça chuva ou sol”. Ao mesmo tempo, descobrimos uma galera que se reúne em locais públicos para uma boa guerra de travesseiros ou outras atividades bizarras. Mas, nesse caso, garantem que o que os move é o simples fato de não ter nada que justifique o movimento. Já em Nevada, nos Estados Unidos, milhares de pessoas se movem em direção ao deserto de Black Rock para queimar um boneco em forma de homem, depois de sete dias de música, arte, loucuras, reflexões e tempestades na busca de auto-confiança e autoconhecimento. Falando em deserto, não é qualquer um que olha para um lugar e imagina o maior centro de entretenimento adulto do mundo. Mas foi o que aconteceu em Las Vegas. Agora, quer saber mais? Movimente seus dedos e dê uma folheada aí. Lucas Fonda :: Diretor Geral lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br
foto: Paulo Vainer
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cartas
expediente
MUITO PRAZER Larissa Rodrigues// por e-mail Conheci a Ragga por causa de uma amiga, o namorado dela assina. Faço Design e fiquei apaixonada com a revista de vocês. Bom conteúdo, ótimas imagens, reportagens muitooo interessantes, fotografias incríveis. Vocês estão de parabéns! Grande abraço.
Valeu, Larissa. Aproveita aí o número de maio! SALVE A HARLEY DAVISON Patrícia Filizzola // por e-mail Acabei de receber minha revista Ragga e ler a coluna do Lucas Machado. ADORO!! É, Lucas, realmente o preconceito e a discriminação são grandes. Discriminamos tudo que consideramos diferente e, até hoje, o que foge dos padrões que pré-estabelecemos é novo e nos assusta. O que mais me assusta é nossa "aceitação" com o desvio de verbas, passagens aéreas para parentes, casteloscassinos e tudo mais feito por quem deveria zelar pelo nosso país. Belo texto, uma grande reflexão. E "Born to be Wild".
Você falou tudo, Patrícia. Beijos, Lucas LATINOAMERICA Carolina Moura // por e-mail Sensacional o Che Guevara na capa da Ragga de abril. Também foi bacana o tema ter sido a América Latina. Dei muita risada com a matéria sobre os mitos e verdades do nosso continente. Estou ansiosa pela próxima.
Carolina, muchas gracias!
DIRETOR GERAL lucas fonda [lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING bruno dib [brunodib.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR FINANCEIRO josé a. toledo [antoniotoledo.mg@diariosassociados.com.br] EXECUTIVO DE CONTAS lucas machado [lucasmachado.mg@diariosassociados.com.br] CIRCULAÇÃO guilherme cançado (guilhermecancado.mg@diariosassociados.com.br) PROMOÇÃO E EVENTOS cláudia latorre [claudialatorre.mg@diariosassociados.com.br] EDITORA sabrina abreu [sabrinaabreu.mg@diariosassociados.com.br] SUBEDITORA thaís pacheco [thaispacheco.mg@diariosassociados.com.br] REPÓRTER bruno mateus [brunomateus.mg@diariosassociados.com.br] JORNALISTA RESPONSÁVEL luigi zampetti - 5255/mg DESIGNERS anne pattrice [annepattrice.mg@diariosassociados.com.br] marina teixeira [marinateixeira.mg@diariosassociados.com.br] maytê lepesqueur [maytelepesqueur.mg@diariosassociados.com.br] ILUSTRADOR matheus dias [xgordinhox.dias@gmail.com] FOTOGRAFIA bruno gabrieli [brunogabrieli@mac.com] bruno senna [bsenna.foto@gmail.com] carlos hauck [carloshauck@yahoo.com.br] dudua´s profeta [duduastv@hotmail.com] fernando biagioni [fernandobiagioni@gmail.com] ILUSTRADOR CONVIDADO wly [wly.com.br] ESTAGIÁRIOS DE REDAÇÃO bernardo biagioni [bernardobiagioni.mg@diariosassociados.com.br] daniel ottoni [danielottoni.mg@diariosassociados.com.br] ARTICULISTA lucas machado COLUNISTAS alex capella . cristiana guerra . rafinha bastos COLABORADORES felipe barreto. cristina brito. bruno gabrieli izabella coutinho PÍLULA POP [www.pilulapop.com.br] RAGGA GIRL karina marques FOTO cisco vasques CABELO tom gaston :: culturarockclub CAPA carlos hauck MODELO juliano sacramento REVISÃO DE TEXTO vigilantes do texto IMPRESSÃO rona editora REVISTA DIGITAL [www.revistaragga.com.br] :: inkover [inkover.com.br] REDAÇÃO rua do ouro, 136/ 7º andar :: serra :: cep 30220-000 belo horizonte :: mg . [55 31 3225-4400]
márcio madeira / divulgação
FOI MAL! >> Na Ragga de abril, erramos o nome da segunda marca do Turco-loco (seção Estilo). O certo é V.ROM. No adote um Atleta, não colocamos o nome do ciclista Arthur Garcia Drumond Cabral, com o devido destaque.
FALA COM A GENTE! por e-mail >> redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br, pela comunidade no Orkut >> “Revista Ragga” ou pelo correio >> R. do Ouro, 136 :: 7º andar Serra :: BH/MG CEP: 30.220-000
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por Lucas Machado
Bolsa Atleta e Lei de Incentivo ao Esporte deixou uma documentação que, segundo ele, explicaria os No dia 31 de março de 2009 terminou o prazo para as insgastos. Mas quem são os mais prejudicados com isso? crições do programa Bolsa Esporte, ou melhor, Bolsa Atleta. Sabendo das dificuldades que os atletas brasileiros enÉ impressionante como, movido pela ganância e orquestrado frentam, não entendo como o Brasil, ainda assim, quer sediar pelo poder acima de tudo, o nosso governo tem habilidades as Olimpíadas de 2016. Em um país onde grande parte das extras para inventar impostos e trocar nomes e logomarcas. escolas públicas não possui condições de comprar sequer Quem não se lembra do programa Mestre da Cultura, que material esportivo para seus alunos, querem gastar bilhões virou Memória Viva? Esporte Massa virou Novos Talentos. de reais e sediar o maior evento esportivo do mundo. Depois Braços Abertos virou Mão Amiga. Neste último, trocaram os deixar as obras faraônicas às traças, transformadas em lopés pelas mãos, opa, os braços pelas mãos. E por aí vai. cais abandonados, como no último Pan-Americano. Quando Sempre que escolho um tema para o Destrinchando, é imme lembro de alguns atletas chorando por não terem atinpressionante como acabo descobrindo falcatruas, só que gido os resultados, os esforços incontestáveis dos atletas dessa vez é um peixe grande. paraolímpicos me vêm à cabeça. O Brasil tem que pedir desNo final das Olimpíadas de Pequim 2008, devido aos culpas, não é possível. resultados da equipe brasileira e sob várias acusações Atletas olímpicos e demais esportistas de todo o Brasil, e denúncias de corrupção e superfaturamento nos jogos nos desculpem por não termos capacidade de escolher rePan-Americanos envolvendo o Comitê Olímpico Brasileiro presentantes políticos capazes de gerir de forma inteligente a (COB) e o Ministério do Esporte, alguns deputados e seque deveria ser destinada ao nadores, que são muito acionados Desculpem-nos por tentarmos verba esporte nacional, nos desculpem pelas pastas da educação e da cultura e pouco pela do esporte, re- mostrar o Brasil Olímpico para pelos grandes talentos desperdisolveram passar a limpo as contas o mundo, quando não temos çados, por não termos locais para de tantas modalidades dos dois órgãos que representam o capacidade de mostrar para aouprática transporte garantido para treidesporto brasileiro. Diante de tanto namentos. Desculpem-nos pela dinheiro público investido, alguns nós mesmos falta de educação básica, para que vocês possam se dedicar dirigentes foram chamados para prestar esclarecimentos. Foram criadas duas comissões para apurar as contas e ao esporte por inteiro. Desculpem-nos por nossos dirigentes discutir o futuro do esporte nacional. Entre as audiências, que esportivos, alguns deles há mais de 10 anos no mesmo carcontaram com a presença de medalhistas olímpicos, foram go. Desculpem-nos pelos pais e mães que lutam para ver a discutidos assuntos diversos. O que mais chamou a atenção realização de sonhos e vitórias dos filhos, mas são frustrados foi a desistência, de última hora, do ministro do Esporte, pelas dificuldades do caminho. Desculpem-nos pela violência Orlando Silva de Jesus Junior. Segundo os participantes e e pela falta de locais para prática de esportes, a maior parte dos quais são construídos em épocas eleitorais e largados em a mídia, o maior motivo de sua ausência foi a presença do seguida. Desculpem-nos pela paixão desenfreada e por queadvogado e membro do Comitê Olímpico Brasileiro, Alberto rer que façam o possível e o impossível. Desculpem-nos por Murray Neto. Segundo Murray, os jogos Pan- Americanos titentarmos mostrar o Brasil Olímpico para o mundo, quando veram um superfaturamento de 1000%. Dos R$ 85 milhões não temos capacidade de mostrar para nós mesmos. disponibilizados pelo Governo Federal, R$ 23 milhões foram Cara, mas e o Bolsa Atleta e as leis de incentivo ao esdestinados à manutenção do COB, 14 milhões aos eventos porte? É tanta treta que, apesar de politicamente corretos, esportivos, entre outros. E o mais impressionante: para os são tecnicamente incompreensíveis. Prefiro ficar calado em atletas, ZERO. homenagem a vocês, guerreiros. Mesmo porque não tenho Os números assustaram tanto os presentes que o precolete à prova de balas, muito menos foro privilegiado. Fui... sidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, pediu para sair no meio da sessão, alegando ter outros compromissos. Nuzman J.C.
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manifestações: lucasmachado.mg@diariosassociados.com.br
COLABORADORES fotos: arquivo pessoal
Com passagens pela 98fm, Transamérica, Antena 1 SP e atualmente na MIX Belo Horizonte, Felipe Barreto tem 25 anos de experiência no meio radiofônico. Organizador do Pop Rock Brasil por nove edições, também é sócio da Plural Produções e Eventos, que representa artistas como Jota Quest, Skank e D2 em Minas. Com know-how de quem já foi 14 vezes a Vegas, ele escreveu um Na Gringa dedicado à cidade. lfbarreto@mac.com Fotógrafa paulistana com mais de 30 anos de experiência no mercado, Cristina Brito tem seu trabalho direcionado à fotografia social. Por aqui, fotografou o No Pants Day, junto com o sócio, Bruno. crisdebrito@hotmail.com // estudioparalaxe.com Bruno Gabrieli é bacharel em fotografia pela Faculdade de Comunicação e Artes Senac e apaixonado pelo tricolor paulista. Seu trabalho é eclético, direcionado a retratos, fotojornalismo, moda e still. Inclui também fotos de pessoas sem calça no metrô. brunogabrieli.com // brunogabrieli@mac.com Apaixonada por hard rock, Izabella Coutinho descobriu, ao longo desta edição, que também gosta de Ataulfo Alves. Ela é quem assina o Passando a Bola que homenageia o centenário do cantor. bellahh@gmail.com
NÓS ADOTAMOS! Prestes a completar 70 anos, a corredora Ana Maria Moretzsohn Andrade é a nova atleta patrocinada pela Ragga. Ela, que já é conhecida pelas longas corridas em BH, vai ser vista por aí, vestindo a camisa (e usando o boné) da Ragga.
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carlos hauck
twitter.com/ragga1
SURF TRIP A Semana Santa já passou, mas os moments da Ragga Surf Trip ficaram. Para conferir, dá uma olhada na revista digital feita especialmente sobre o evento, em nosso site: revistaragga.com.br
o que
move você?
NOVA CAMPANHA Além de ser tema desta edição da revista, “O que move você?” é o mote da nova campanha da Ragga, que comemora os 4 anos da publicação. A partir deste mês, você começa a conferir as peças e ações pela cidade.
wly
[wly.com.br] :: [www.flickr.com/photos/wally_bhz]
Wally, mais conhecido como wly, é o pseudônimo do publicitário e designer gráfico Marcelo Batista. Em meus processos, busco mesclar referências caóticas, anti-estésticas com imagens retrô futuristas para representar o belo. Sem preocupar-me com a resolução da imagem, utilizo o experimentalismo de processos manuais e trago-os ao universo de minhas colagens e ilustrações. Arte urbana, tipogra-
fia, modernidade, formas geométricas e dadaísmo são as minhas referências. Como profissional, trabalho como freelancer (após 4 anos de estúdio Osso) e estou a frente dos flyers e programação visual do Deputamadre Club e diversas festas de música eletrônica de BH.
PARA ADULTOS
texto e fotos por Felipe Barreto
Nasceu no meio do nada, transformou-se em capital mundial do jogo, tema de músicas e filmes e ainda foi a “casa” de Elvis. Isso é Las Vegas Em 1946, o gângster norte-americano Benjamin “Bugsy” Siegel inaugurou o Flamingo Hotel, dando início à história que iria transformar Las Vegas na capital mundial do jogo e entretenimento. Naquele tempo, era apenas uma área isolada no deserto de Nevada. Apesar de o jogo ser legalizado desde 1931, o boom aconteceu nos anos 1950 e 1960. Hoje, Las Vegas é a cidade mais populosa do
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estado de Nevada, oeste dos Estados Unidos, com 1,8 milhões de habitantes. Além de ser mundialmente famosa e conhecida pela jogatina, Vegas, vira e mexe, é cenário de filmes e os cassinos da cidade foram palco de várias apresentações de Elvis Presley. Não se assuste se, ao sair do avião, você tropeçar nas máquinas de caça-níquel, mais conhecidas como slots. Respirar jogo em Vegas é inevitável. Até mesmo nos banheiros você vai encontrar uma slot para gastar suas moedas. Nos cassinos dos grandes hotéis, estão as maiores promessas de prê-
Até mesmo nos banheiros você vai encontrar uma slot para gastar suas moedas
Imagens típicas de Vegas: é impossível separar a cidade das cifras e do jogo
mios e, consequentemente, as maiores apostas. São milhares de máquinas oferecendo prêmios tentadores. Nos jogos de mesa contra a casa, ou seja, o cassino, o Blackjack ainda é o preferido. Para quem gosta de pôquer, todos os cassinos têm o seu "Poker Room", onde é possível jogar contra pessoas de todos os cantos do mundo. Os blinds são a partir de cinco dólares. Os melhores hotéis e cassinos estão na Strip, como é chamada a Las Vegas Boulevard, principal avenida que corta a cidade e onde estão 90% das atrações turísticas. É lá onde mais se ganha e se perde dinheiro num piscar de olhos. O Flamingo Hotel resistiu ao tempo e ainda está na ativa. Evitando feriados americanos, período de convenções (sempre rolam feiras, consulte a programação dos hotéis) e fins de semana, pode-se pagar 60 dólares por uma diária em hotéis que fazem inveja a qualquer cinco estrelas do Brasil. Pela diversidade étnica e social dos turistas, é fácil encontrar desde a tradicional fast food americana até restaurantes comandados pelos maiores chefs do mundo, com culinária de várias nacionalidades. Para os brasileiros que não conseguem ficar uma semana sem a nossa comida a dica é a churrascaria Texas de Brazil. Passam pela cidade grandes nomes da música, do teatro e das artes. Não é fácil encontrar ingressos para as apresentações. Quase sempre a casa está cheia. Arrisco dizer que não existe vida noturna mais frenética que a de Vegas. É comum esbarrar nos nightclubs com pessoas famosas da música, de Hollywood e dos esportes, de Jay Z a Mike Tyson. Gente bonita, decoração impecável, boa música e azaração garantem a diversão. Se o excesso de jogatina ameaçar a sanidade mental dos apostadores, nos arredores da cidade, a natureza ofere-
:: FIQUE LIGADO
:: EM NÚMEROS
Se for jogar, adquira o Players Club Card, que é oferecido nas dependências do cassino. Esse cartão é como um programa de milhagem que te dá prêmios, ingressos para shows, jantares ou até mesmo diárias no hotel. Tudo vai depender de quanto irá gastar ou ganhar. A maioria dos grandes hotéis tem seu buffet com grande variedade de pratos no estilo “all you can eat” (comida liberada) e preços que vão de 10 a 20 dólares por pessoa. ce verdadeiros espetáculos. Três horas de carro são suficientes para chegar ao Grand Canyon, considerado uma das sete maravilhas naturais do mundo. Um passeio de helicóptero e barco no rio Colorado é uma experiência que sai por 200 dólares. A menos de 32 quilômetros de Vegas, um cenário perfeito para suas fotos: o Red Rock Canyon é paisagem típica do deserto, com rochas avermelhadas e formas inusitadas pela ação do vento e do tempo. Hoover Dam, a 40 minutos de
carro, é a hidrelétrica que abastece Las Vegas. É considerada a oitava maravilha da construção civil. Com mais de três milhões de metros cúbicos em concreto, a estrutura impressiona pela sua grandeza e beleza. A construção da represa no rio Colorado que alimenta Hoover Dam deu origem ao Lake Mead, local apropriado para os amantes de esportes náuticos. Quando o assunto é moda, a variedade de opções e as melhores marcas do mundo estão por lá, passando por grifes
Em Las Vegas, pode-se ver a Torre Eiffel, as pirâmides do Egito e os canais de Veneza. Globalização pouca é bobagem
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Em 2010, o número de turistas a visitar Las Vegas deve chegar a 43 milhões A taxa de ocupação nos hotéis da cidade é de 90% Ano passado, o aeroporto internacional McCarran foi o 15º mais movimentado do mundo.
Caso você esteja programando sua viagem a Vegas, vai uma última dica: 17, preto. Se ganhar, não se esqueça de me ligar
como Marc Jacobs, Abercrombie & Fitch até os famosos outlets, que são garantia de preços mais em conta. Quem gosta de games, computadores e eletrônicos vai ficar de boca aberta com a Fry’s Home Electronics. São mais de 20 mil metros quadrados de novidades. Caso você esteja programando sua viagem a Vegas, vai aqui uma última dica: 17, preto. Se ganhar, não se esqueça de me ligar.
Na Strip, avenida que corta o paraíso da jogatina, estão os melhores hotéis e cassinos. Com muita sorte, dá para sair rico de lá
comente! redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br
EMBARQUE NESTA! Agora, no site da Ragga, um blog coletivo traz as novidades de esporte, comportamento e cultura radical mundo afora. Acesse revistaragga.com.br e veja o que nossos blogueiros estão fazendo na Austrália, Inglaterra, Israel, Argentina, Portugal, Índia, Tailândia, Irlanda e outros países por aí.
fotos: christiana vidal
Boa viagem!
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:: PERFIL Christiana Vidal Simões tem 26 anos e é publicitária. Desde que se mudou para Dublin, aproveita para viajar muito. No Ragga pelo Mundo, ela escreve sobre o que há de melhor no dia a dia da capital da Irlanda e nos rolés que dá pela Europa.
DE DUBLIN ::TEMPLE BAR Acostumada aos milhares de bares em Belo Horizonte, aqui, em Dublin, capital da Irlanda, me deparei com a versão irlandesa deles: os pubs. Para quem não sabe, os irlandeses são um povo bastante festeiro que adora beber! Os pubs sempre estão cheios de turistas e, claro, dos animadíssimos irlandeses! Pub é sinônimo de diversão, um ponto de encontro para se reunir amigos, paqueras e, até mesmo, famílias. Não é à toa que, em toda a Irlanda, em cada esquina, há um pub. Numa área localizada no coração da cidade de Dublin, chamada Temple Bar, milhares de turistas transitam todos os dias por entre os inúmeros pubs. No Temple Bar, você tem a oportunidade de experimentar a famosa cerveja irlandesa Guinness e conferir a tradicional música e dança do país. Alguns estabelecimentos, inclusive, disponibilizam instrutores para ensiná-la. É irresistível! O Temple Bar também organiza, sempre aos sábados, uma feira com comidas típicas de vários países. O clima é de descontração e quem visita tem a chance de saborear pratos deliciosos. Não poderia esquecer de citar, também, a feira dos livros, realizada aos sábados e domingos. Lá, é possível encontrar livros de todos os gêneros, novos e usados, com ótimos preços. CDs e discos de vinil de rock, blues, jazz e outros estilos musicais estão à venda também. Uma boa mescla de literatura e música. Cinemas, galerias de arte, teatros, danceterias, restaurantes e moda também marcam presença no Temple Bar, dividindo o espaço com os artistas, não só irlandeses, mas de várias nacionalidades, que vão para as ruas tocar e fazer performances para ganhar alguns trocados. Por causa do movimento cultural intenso, com opções para todas as idades e gostos, é uma passagem obrigatória para quem vier a Dublin.
Informações: templebar.ie // info@templebar.ie
>>
REFLEXÕES REFLEXIVAS > rafinha bastos > é jornalista, ator de comédia stand-up e apresentador divulgação
do programa ‘CQC’ (Custe o Que Custar)
VIRTUOSIDADE DA VIRTUALIDADE Sou um cara ultra “computadorístico” (se é que essa palavra existe). Para você ter uma ideia do quão conectado sou, até meu banheiro tem conexão à web. Quando sento no vaso, não mando fax, mando e-mails. Às vezes, passo mais tempo no mundo virtual do que no mundo real. Parece loucura, mas é verdade. Minha mulher quando quer chamar minha atenção não grita, entra no MSN. As pessoas estão cada vez mais viciadas na internet. Tive até um amigo que casou pelo computador. Foi uma cerimônia superdivertida. No micro dele apareceu a mensagem: - Você aceita Sarah como sua legítima esposa?
Ele clicou “Sim”. Apareceu, então, mais uma mensagem: - Você deseja, realmente, realizar a ação “casamento”?
Se eu tivesse tanto amigo virtual quanto gente querendo me empurrar tranqueira na internet, ia ter que arrendar o Orkut
wly
Ele clicou “Sim”. A tela, então, mostrou um aviso, dizendo: - Erro fatal. Você acaba de adquirir o vírus “Sogra”. A web é incrível. Só que tem uma coisinha do mundo
virtual que está me irritando profundamente e essa coisinha se chamam spam. Devo receber uma média de 30 e-mails por dia, querendo me vender os mais diversos produtos. Se eu tivesse tanto amigo virtual quanto gente querendo me empurrar tranqueira na internet, ia ter que arrendar o Orkut. Só esta semana, lembro de ter recebido propaganda me convidando para: comprar instrumentos musicais, viajar em incríveis pacotes turísticos e a mudar de sutiã. Nenhuma das três mensagens atingiram o público desejado. Afinal, não toco nenhum instrumento, não gosto de fazer turismo e estou supersatisfeito com o meu sutiã. Os portais, agora, inventaram um negócio chamado anti-spam. É uma ferramenta que nasceu para bloquear os e-mails indesejados. Ela funciona, mas só para quem considera “indesejados” os e-mails com mensagens de amigos, declarações amorosas e ofertas de emprego. Aquele negócio bloqueia tudo, menos as propagandas... Estas são Highlanders, não morrem nunca. A dica do dia é: não se irrite com a web, mesmo quando ela trava. É melhor demorar horas para mandar uma mensagem a um amigo chato, do que ir ao aniversário dele.
com ele: >> fale rafinhabastos.mg@diariosassociados.com.br
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PROVADOR > cristiana guerra > 38 anos, é redatora publicitária, ex-consumista compulsiva, viúva, mãe (parafrancisco. blogspot.com) e modelo do seu próprio blogue de moda (hojevouassim.blogspot.com) elisa mendes
>>
MODA É UM NEGÓCIO MUITO PERIGOSO Imagine se alguém sugerir que você abra o seguinte negócio: um café por onde passeiem gatos de verdade, no qual as pessoas paguem por hora o direito de fazer cafuné. O que você pensaria da ideia? Pois esse negócio existe e virou sucesso do outro lado do mundo. Os cat coffees estão na moda em Tóquio, lugar onde as pessoas trabalham demais, viajam muito, moram em cubículos e nem têm tempo para permanecer neles. Os clientes, geralmente homens solteiros e tímidos, pagam cerca de dez dólares para passar uma hora num desses lugares. Se alguém consegue fazer com que um comportamento como esse vire moda, como não conseguir que uma peça de roupa alcance essa posição? Aí é que mora o mistério. Para os cat coffees ainda existe alguma lógica: quem não tem gato… vai ao café alisar um. Mas a moda não é exatamente um exercício da razão. Talvez por isso ela nos chegue como uma imposição, em frases maldosas como “é a última moda”, “tá usando muito” ou “é a cor da estação”. Não existe mesmo lógica para um ser humano do sexo feminino achar que é bonito calçar uma sandália abotinada.
Mas a indústria da moda é cruel: coloca a sandália na Kate Moss para que nós, pobres mortais, possamos usar o nada delicado sapatinho com a promessa de ficarmos tão bonitas quanto. Na minha adolescência, tive contato com uma dessas aberrações: a calça clochard. Outro dia, eu juro, ela tentou voltar. Mas as autoridades agiram rápido. A blusinha que deixa a barriguinha aparecendo é outro perigo — ou uma praga: saiu de moda há anos e continua disseminando pelas ruas as barrigas livres, leves, soltas. E flácidas. Mas tudo isso é fichinha perto das ombreiras avulsas. Quem foi jovem nos anos 80 sabe do que estou falando. O que era aquilo, meu Deus? Poderia haver aberração maior? Sim, poderia: o sutiã de ombreira, que eu vi invadir as gavetas da minha própria mãe e ameaçar sua elegância por anos a fio. Por isso, eu recomendo: cuidado com a moda que a moda te pega. Ela é sedutora, ela é perigosa. Se um dia você me contar que vestiu uma calça clochard, uma blusa com ombreiras, calçou uma sandália abotinada e ainda assim saiu com um gato, vou jurar que você também frequenta um cat coffee.
wly
A moda não é exatamente um exercício da razão. Talvez por isso ela nos chegue como uma imposição, em frases maldosas como “é a última moda”, “tá usando muito” ou “é a cor da estação”
com ela: >> fale crisguerra.mg@diariosassociados.com.br
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skate
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O que nĂŁo passa de lixo para a maioria ĂŠ pico de skate para poucos
Artur, Jeferson Bill e Miguel, com seu Nollie Flip nas alturas
www.revistaragga.com.br
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Jeferson Bill mandando um Tucknee style e com muito poke
Na falta de espaços públicos para andar, João Miguel, Artur Cabeça e Jeferson Bill moldaram seus rolés à base de “lixo”. O lixo aqui não diz respeito a restos inutilizados e despejados aos montes pelos seres humanos, mas aos lugares nas ruas da capital mineira, que serviram para esses skatistas como uma verdadeira escola de manobras. Foi
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nas ruas que surgiu a JAM, palavra formada pelas iniciais do trio, que se encontra na madrugada em busca dos picos mais “sujos” – embora não no sentido literal da palavra... A ideia de se vestir como gari surgiu por causa do estilo de vida do trio. Eles se autodenominam “do lixo”. Artur Cabeça explica melhor a ideia: “BH é uma cidade muito boa, onde fizemos boas amizades, mas somos 100% da rua, e aqui os lugares para andar não são bons. Acabamos nos acostumando com esses lugares que denominamos de picos do lixo”.
Gap gigante do Artur, com uma recepção nervosa
Quanto às dificuldades de andar na rua, a atitude dos caras pode ser meio surpreendente. Na verdade, eles tomaram gosto por esse tipo de sessão. “Manobra todo mundo manda. A gente quer mesmo é andar em pico difícil. As pistas são importantes para evoluir, mas hoje nosso interesse é fazer o impossível”, conta João Miguel. Tentando se adequar à complexidade arquitetônica de BH, os três, vestidos de garis, arrancaram olhares espantados de quem passava. O laranja reluzente do uniforme associado à agressividade das manobras transformava o cenário urbano no mais excêntrico espetáculo. No calor escaldante do meio-dia, buscamos os lugares mais abandonados, demolidos... Quanto mais largado, melhor. Jeferson Bill, nome conhecido no cenário mineiro, explica as raízes do comportamento da crew: “A gente não quer deixar o verdadeiro skate morrer. E ele veio da rua”. A sensação de ousadia, coragem e camaradagem foi inspiradora, não houve barranco no caminho que não fosse superado, não houve hard, nollie ou kickflip que não pudessem ser dificultados. Tudo para tornar memorável mais um rolé, diferente e ousado, tudo para criar ainda mais possibilidades, expandir o crescimento ilimitado do esporte que amam.
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AGRADECIMENTOS Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), que gentilmente cedeu as roupas dos nossos “garis”, e à Blunt Skate Park pela base de skate, de partida e chegada.
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por Sabrina Abreu
Além da inspiração
por Sabrina Abreu fotos Carlos Hauck
Grupo Espanca! completa 5 anos, emocionando o público e arrebatando a crítica. O segredo é o trabalho duro
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Marcelo Castro, Grace Passô e Gustavo Bones dividem papéis que vão além do palco
"Todas as histórias do mundo já foram contadas, esta é só a história de uma família comum.” Com palavras despretensiosas assim, o personagem de ‘Amores Surdos’, segundo espetáculo do grupo Espanca!, de Belo Horizonte, inicia a trama da peça e acaba também por apontar um pouco do caminho escolhido pela trupe que, com 5 anos de formação, já é uma das mais respeitadas do país. As três produções montadas pelo Espanca! – ‘Por Elise’ (2005), ‘Amores Surdos’ (2006) e ‘Congresso Internacional do Medo’ (2008) – falam de situações e questionamentos enfrentados pelo homem comum. Incomum, entretanto, é a forma como essas questões se apresentam no palco, sob uma nova luz que só pode ser lançada por quem tem tanta sensibilidade artística e competência técnica quanto a dramaturga, diretora e atriz Grace Passô e os atores Gustavo Bones e Marcelo Castro, os três componentes do grupo. Já no primeiro espetáculo, Grace, Gustavo e Marcelo viram os prêmios e os elogios da crítica especializada se multiplicarem. “Desde o início, radicalizamos a linguagem e encontramos uma identi-
dade própria no grupo. O fato de isso ter sido bem recebido gera mais repercussão e, então, mais expectativa. O que é bom e ruim ao mesmo tempo”, explica Grace, vencedora do Prêmio Shell na categoria melhor dramaturgia, com ‘Por Elise’, e do 4º Prêmio Usiminas/Sinparc nas categorias de melhor texto e melhor atriz, por ‘Amores Surdos’. A notoriedade e as apresentações realizadas nos mais diversos palcos, do Festival de Teatro de Curitiba à Copa da Cultura, em Berlim, podem dar a impressão de que a trupe vive uma rotina dedicada somente à arte, escrevendo, ensaiando, refletindo, longe de qualquer afazer menos emocionante, como enfrentar a fila de um banco, por exemplo. Mas, que nada. Para sustentar a atividade criativa, o Espanca! se tornou, também, uma empresa, mantida principalmente com o cachê das apresentações do grupo. A sociedade foi formalizada em 2007. Dentro dessa estrutura, cabem divisões que vão além dos papéis de cada um nas peças: “Grace escreve projetos, Gustavo ajuda com as finanças e eu, com a parte técnica. Todo mundo monta e A trupe reunida com o elenco de 'Congresso Internacional do Medo'
desmonta cenário, carrega peso”, conta Marcelo. O trabalho se recompensa com uma realidade que deveria ser a regra, mas é uma vantagem: “Conseguimos viver exclusivamente de teatro. Poucos grupos de BH fazem isso. A maior parte dos integrantes de coletivos de arte precisam somar outras funções à de atuar, dando aulas, trabalhando no serviço público etc.”, explica Gustavo. Conciliar o trabalho artístico e o burocrático pode não ser o caminho mais fácil, como diz Gustavo, mas é o único possível para garantir “processos de criação mais longos e um cotidiano mais criativo”, que, segundo o ator, são objetivos principais do grupo. Um fruto dessa falta de pressa tem ganhado forma desde 2008. ‘Barco de Gelo’ nasceu como uma cena/exercício desenvolvida em parceria pelo Espanca! e o Grupo XIX de Teatro, de São Paulo. Neste ano, o projeto deu um passo à frente, com uma espécie de ensaio aberto apresentado no Galpão Cine Horto, em BH, no início de abril. A ideia é dar seguimento à parceria com os paulistas, embora seja necessário muito empenho para conciliar as agendas dos dois grupos. Enquanto isso não acontece, o Espanca! excursiona com seu mais recente espetáculo ‘Congresso Internacional do Medo’ e faz planos de comemorar seu 5º aniversário com uma mostra que incluirá a apresentação de todas as peças do repertório, no segundo semestre, na capital mineira. Ótima oportunidade para atores e público perceberem como o tempo atuou sobre as peças mais antigas. Ao contrário do que diz o texto inicial de ‘Amores Surdos’, há muitas histórias ainda por contar. espanca.com comente! redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br
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ALINE GOMES
por Lucas Machado fotos Carlos Hauck
“Estar na moda é o que cai bem para o seu estilo” Aline usa: Camiseta: DTA // Calça: Xiva DTA // Sapato: Cláudia Mourão Anel: presente // Relógio: Rolex A cada coleção e desfiles, a moda cultiva um misto de fascínio e glamour. Mas o grande curinga está por trás das passarelas. O que fazer, além do convencional, para deixar as peças cada vez mais irresistíveis aos olhos mais exigentes? A resposta é comunicação. Conversamos com a publicitária e assessora de moda Aline Gomes. Em pouco tempo de conversa descobrimos que seu trunfo é a determinação e a sua beleza, deslumbrante, mas longe de ser a coisa que mais se destaca nessa mineirinha de Barbacena. E lá vem ela: “Comecei a trabalhar muito nova. Com 16 anos já era vendedora e depois gerente de uma butique. Trabalhei também durante muito tempo numa organização filantrópica, já como assessora”. E a moda? “Sempre gostei de moda e de desfiles, desde muito pequena. Mas o meu contato direto, no âmbito de tendências e tal foi na DTA. Moda é tudo que a gente faz, é muito amplo. Estar na moda é o que cai bem para o seu estilo.” Mas o que é indispensável em uma assessoria? “Saber onde e como divulgar a sua marca, dar sustentação, credibilidade e principalmente conhecer todo o processo, desde a criação, quais são os tecidos, as cores.” A tarde quase invadiu a noite, conversamos muito. Na real, o que não é moda acaba virando aparentemente casual e radicalmente chique.
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fotos: camarim/divulgação
por Daniel Ottoni
NOSTALGIA
NA ALTA Camarim resgata o melhor das baladas à moda antiga em BH
Se jogar na pista de dança com direito a algodão-doce, pipoca, correio elegante, balões, confete e serpentina não é coisa do passado. Foi para resgatar as baladas desse estilo, relembrando antigos sucessos em clima de muita festa, que surgiu o projeto itinerante Camarim. Inspirado em outros eventos que marcaram a cena musical de BH, como o Movimento Balanço e o Cabaré Circense, o Camarim realizou sua primeira edição no último mês de março e, desde então, passou a ser um evento fixo, quinzenal, dedicado à galera que custa a encontrar opções interessantes nas tardes de domingo. “Dentro do movimento quinzenal são realizadas edições especiais, sempre com temas diferentes, para um maior número de pessoas”, conta Guilherme Chelotti, idealizador e organizador da festa. A última edição especial foi inspirada nos bailes
de máscaras. Agora, a organização deve apostar na temática circense, com muitos aéreos, palhaços e malabares, e a um tema que não podia ser esquecido, a festa junina. A DJ oficial da festa é Sininho. Nas edições especiais, um músico é convidado a mandar um som. “Apesar de o Camarim ser conhecido pelas músicas nostálgicas e de sucesso dos anos 1980, como Titãs, Kid Abelha e New Order, o DJ convidado traz seu iPod e manda o que quiser. O importante é a galera curtir e a pista bombar. Se isso acontecer, tá valendo”, entrega Chelotti. O primeiro a participar foi PJ, do Jota Quest. Falcão, do Rappa, e Gabriel o Pensador serão os próximos a receberem o convite. “Depois que o PJ participou, o Marco Túlio e o Flausino estão na disputa para marcar presença”, comemora o organizador. Para quem vai pela primeira vez, fica a dica: o ponto alto é quando rolam as músicas infantis, ao mesmo tempo em que balões são distribuídos na pista de dança. Dá para relembrar as festinhas no playground do seu vizinho. Só que é mais bacana: afinal, as meninas cresceram.
>> O Camarim faz tanto sucesso que foi convidado para encerrar o Ragga Wake World Series, dia 17, na Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima. Portanto libere a mente. Como diz o slogan do evento, “libere a mente, domingo é dia de baile”.
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TRÊS PODERES por Bernardo Biagioni fotos Bruno Senna
Música eletrônica, Trancoso, James Brown e o próximo show da sua vida Esta é a primeira entrevista do Power Trio e o baterista Glauco está preso no trânsito. Uma chuva torrencial corre pelas paredes externas do estúdio Parafernália, em Belo Horizonte, e as caixas de som da sala respondem com solos ininterruptos de jazz. Danilo pisa sobre o assoalho úmido sem dançar e versa poucas palavras com o guitarrista e vocalista Gleisson Túlio. Pela primeira vez eles estão se preparando para falar sobre um projeto descompromissado e bem-sucedido, dois adjetivos que não se encaixariam em outra instância. “A banda estava tão divertida que a gente resolveu levar a sério”, sintetiza Danilo, sorrindo e orgulhoso de sua própria notificação. Glauco grita lá do portão e alguém se levanta sem pressa para descer as escadas. O time está pronto para entrar em campo. Pelos idos de 1960, o mundo conheceu as primeiras bandas no formato “power trio”. Os lendários The Jimi Hendrix Experience e Cream, do Eric Clapton, não demorariam a consolidar o gênero na esfera do rock’n’roll clássico. Eram grupos erguidos sobre três gran-
des músicos, cada qual com total liberdade de experimentar, inovar e improvisar. O caminho ficou logo aberto para quem quisesse se aventurar na “simplicidade” da triagem guitarra, baixo e bateria. Mas não foi Jimi Hendrix que inspirou o Power Trio mineiro. Era 2007 e o guitarrista Gleisson Túlio estava se apresentando no Garage d’Caza, um pub na capital mineira. “Era despedida de um amigo nosso e estávamos tocando só The Who, Rolling Stones, tudo dos anos 1970”, lembra Gleisson, que já gozava de certa popularidade na noite belo-horizontina por seu virtuosismo e repertório únicos. Glauco não estava em um dia bom, mas ainda assim resolveu sair de casa para ver aquele sujeito sobre quem “todo mundo estava comentando”. Quando os primeiros acordes de uma versão de uma música da banda Grand Funk tornaram-se nítidos nos alto-falantes, ele pirou. “Peguei o telefone e liguei para o Danilo na hora. Já éramos amigos há mais de 12 anos e sempre estivemos atrás de alguém que tocasse Grand Funk daquela maneira. Quando Gleisson tocou, visualizei tudo”, conta o baterista, que por esses anos já integrava a banda mineira Tianastácia. Glauco, ainda com o celular na mão, pensou que aquilo tudo tinha alguma coisa a ver com a primeira festa de música eletrônica que participou: “Foi em Trancoso, em 1998. Ali mesmo eu vi que a coisa estava mudando. Lembro de falar: esse negócio de ‘banda’ vai ficar velho”, conta. Desde então, sua realização pessoal esteve intimamente atrelada à vontade de se adaptar aos novos tempos e traduzir em instrumentos as notas eletrônicas que ouvia de Tigre Corporation e Medeski Martin
Power Trio: Gleisson, Glauco e Danilo, animados com o boca a boca em torno da banda, mas sem pressa de gravar o primeiro álbum
“A banda começa agora, estamos pensando em nossas primeiras composições e vamos fazer alguns shows pelo estado”
and Wood, “Foram os grupos que uniram a gente”, aponta Danilo, que já tocava baixo na banda Falcatrua. Em questão de semanas, Danilo, Gleisson e Glauco já estavam ensaiando alguma coisa. Começaram por Grand Funk e logo sentiram que podiam ir além: “Não dava para ficar tocando Led Zeppelin, AC/DC, Rolling Stones... A gente precisava de mais”, explica Glauco. Enclausurados no estúdio da banda Falcatrua, o Power Trio passou a engatinhar timidamente: “O Gleisson chegou aqui um dia falando em misturar Led Zeppelin com James Brown. Eu e o Glauco começamos a rir, mas pedimos para ele tocar. Não dava para acreditar que aquilo estava funcionando!”, lembra Danilo. A mistura perfeita de clássicos internacionais com música eletrônica tocada por baixo, bateria e guitarra atingiu até o Rogério Flausino, do Jota Quest. “No dia seguinte que ele viu nosso show, já nos convidou para conhecermos o estúdio deles. O Rogério gostou demais”, conta Glauco. O sentimento daquele e de outros shows ainda paira sobre cada palavra trocada no estúdio Parafernália. Eles lembram meticulosamente dos fatos e não escondem os sorrisos entre uma história e outra: “Encontrei quem eu deveria tocar”, confessa Gleisson, com o rosto voltado para a palma mãos. Do futuro eles ainda pouco sabem: “A banda começa agora, estamos pensando em nossas primeiras composições e vamos fazer alguns shows pelo estado”, explica Danilo. Uma onda de ansiedade corre pelo ar e o barulho da chuva é logo atropelado pelo baixista: “Vamos só continuar tocando e deixar acontecer...” comente! redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br
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margherita dametti
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capoeira
CAPOEIRA NA SÍRIA
por Teca Lobato
Ao som do berimbau, crianças refugiadas palestinas têm nova chance de humanização e convivência
Uma mistura de dança e arte marcial brasileira, o maior difusor da língua portuguesa no mundo e um poderoso instrumento de humanização e integração social. A capoeira é hoje uma das mais autênticas e tradicionais manifestações do país e é praticada por milhares de pessoas em várias partes do mundo. Inclusive no Oriente Médio. Cansado de ficar sentado na mesma cadeira da academia de ginástica que mantinha na Alemanha, o professor de capoeira Tarek, de 33 anos, procurava um certo tempero para sua vida quando decidiu se mudar para Damasco, na Síria. Alguns problemas pessoais somados à saudade que sentia de parte de sua família que já vivia no país foram determinantes na mudança. Mas o que realmente influenciou a permanência do capoeirista na Síria foi a mentalidade das pessoas de lá. “Os sírios têm muito a oferecer. Você anda pelas ruas e todos têm tempo para ser amigáveis e sorridentes”, conta o professor, que, mesmo satisfeito, sabia que podia fazer algo para melhorar aquele lugar. Seu foco foi, justamente, a preocupação com o futuro das crianças refugiadas palestinas, que imigraram para a Síria e viviam pelas ruas. “Enquanto na Síria existe uma enorme variedade de
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lugares públicos para se praticar capoeira, eu me pegava pensando sobre o futuro dos meninos e meninas que viviam soltos entre os carros.” Em vez de só imaginar, Tarek correu atrás de apoios e patrocínios para começar o projeto Free for Kids, ao qual vem se dedicando desde agosto de 2007: treinar e ensinar mais de 800 crianças palestinas refugiadas a tocar, cantar e jogar capoeira. Mesmo em um país composto por 90% de muçulmanos, 10% de cristãos e muitas diferenças culturais, o brasileiro foi inserindo com sutileza a capoeira no cotidiano dos sírios, “Eles amam o esporte. Amam cantar e dançar. Recentemente, tivemos um batizado que contou com uma enorme participação do público, que assistiu e bateu palmas o tempo todo.” O contramestre Boca de Peixe, responsável pelas atividades da Cia. Pernas pro Ar no Brasil, reconhece a importância de trabalhar com outras culturas: “A capoeira é uma das formas mais eficazes de educação. Atua no desenvolvimento psicomotor das crianças, diverte e alegra. Mas é um desafio ensiná-la em outros países, já que as diferenças sociais, religiosas e culturais podem ser gritantes. O projeto de Tarek é importante para o desenvolvimento de uma vida mais justa para essas crianças”. Os meninos e meninas aprendem juntos, mas algumas
arquivo pessoal / tarek
Em vez de só imaginar, Tarek correu atrás de apoios e patrocínios para treinar mais de 800 alunos
Durante as aulas, meninos e meninas aprendem juntos. Mas o professor fica atento à mistura, para respeitar os costumes locais
a imobiliária Yallahouse. E afirma: “Acredito que cada gota pode mudar o oceano. Não tem nenhum retorno financeiro envolvido, apenas boas vibrações”. O aluno graduado Moussa, que apresentou a capoeira a Tarek, foi convidado a conhecer o projeto. Gostou tanto, que resolveu ficar. Hoje, os dois amigos dão aulas juntos em Damasco e sonham em abrir uma escola nos territórios controlados pela Autoridade Nacional Palestina, além de expandir os trabalhos por outras cidades sírias e arredores. Conseguindo mantenedores para bancar a infraestrutura mínima, como gastos com a administração da escola, instrumentos e salário para professores e ajudantes, o plano é ir sempre além. Como diz Tarek, “há muito ainda por fazer”. O grupo de capoeira Cia. Pernas pro Ar foi fundado, em 2000 pelos irmãos e contramestres Boca de Peixe (Danny Alexandro Lopes) e Porquinho (Nayro Ângelo Lopes). De BH, se espalhou por países como Alemanha, Polônia, Bulgária e Síria. ciapernasproar.hpg.ig.com.br
A base do projeto Free for Kids é Damasco, mas há planos de espalhá-lo por outras cidades do Oriente Médio
margherita dametti
arquivo pessoal / tarek
delas ainda usam a burca durante os treinos. O professor conta que sente muito orgulho em ensinar aos alunos dos dois sexos, mas não deixa de ser rigoroso, respeitando os costumes locais: “Se percebo segundas intenções de garotos, que procuram os treinos apenas para conhecer as meninas, não pela capoeira, não deixo eles prosseguirem”. Foi na época em que cursava Educação Física na Alemanha que Tarek conheceu a capoeira. Idealista e amante de reggae, procurou a Cia. Pernas pro Ar e, graças ao contramestre mineiro Porquinho, foi iniciado na prática em 2003. Diferentemente da maioria, o aluno não se interessou pelas graduações e batizados (formas de consagração e reconhecimento do aluno nas quais o nível técnico é expressado de acordo com as cores das cordas), mas sim no poder humanitário dessa arte. “Não gosto de competição entre grupos. Não ligo para a experiência de vida da pessoa, apenas para o que ela faz com essa experiência. Tudo o que tenho é amor pela humanidade”, conta o professor, que com uma proposta nas mãos foi até a Unicef e simplesmente requisitou apoio. Não só fechou com a instituição, como com várias outras, entre elas o Caritas e
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quem
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fotos Dudua’s Profeta
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fernando biagioni
Em busca da Terra do Reggae
o Biagioni por Bernard
Desordem e progresso em Trindade Os negócios de Eduardo Siqueira estão indo bem. Acabou de fechar a conta de mais uma mesa, calcula que deve receber cerca de R$ 100 e agora se prepara para enrolar um grosso baseado. Não usa mais os dreadlocks desde 1992, quando acabou se integrando ao sistema. Tinha naquela época 32 anos e ainda acreditava que a paz e o amor resolveriam os problemas do mundo. "Eu era um hippie fodido", conta, mas sem se arrepender de ter ouvido as palavras de Bob Marley como se fizessem parte de um sermão milagroso. O progresso da vila lhe pegou de surpresa e o obrigou a mudar de vida. Virou capitalista ouvindo Kurt Cobain estatelar as cordas vocais pelo rádio e nem percebeu. Hoje ele fuma três cigarros de erva por dia e se considera feliz. Nos anos 1970, Trindade era um cartão-postal bastante interessante. Localizada a menos de 30km de Paraty, no Rio de Janeiro, a então vila de pescadores começou a ser invadida pelos mais diferentes tipos. Primeiro foram os hippies, todos atrasados no falso positivismo da década anterior. Trindade parecia um bom lugar para se caminhar pelado e vender artesanato. Em seguida, vieram os grandes empresários, encantados com a possibilidade de explorar a Mata Atlântica intocada da região. Invadiram a vila escoltados por capangas e tentaram arrastar os nativos fazendo cara feia. Ninguém se mexeu, nem
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os hippies, nem os pescadores. Nos anos seguintes, já em 1980, enquanto o Brasil importava a 'disco music' para suas discotecas, Trindade se viu ameaçada mais uma vez. A turma do reggae começava a descer a Serra do Mar. ESTA NOITE EU SONHEI COM O REI... "Putaqueopariu, que música é essa", exclamei baixinho com medo de atropelar as guitarras havaianas que corriam pelos alto-falantes estacionados na areia da Praia do Meio. Senti meu corpo responder às ondas sonoras e tentei desfazer aquela minha dança tosca me agarrando a um guarda-sol. Estava sendo dominado pelo reggae. "Controlese", disse, pela terceira vez, e pensei em todas as vezes que neguei o rastafari que existia em mim. Aquela era minha segunda manhã em território fluminense, centenas de biquínis desfilavam pela praia, e eu só queria saber de onde vinha
bernardo biagioni
gustavo brandão
Suor e pulos de três metros nos caminhos reais até a Praia do Sono
Trindade começou a definhar quando veio o progresso. (Isso parece um verso de reggae, mas faz parte da reportagem) aquela música. Jah estava me convocando. Eduardo Siqueira, dono de um barzinho e das caixas de som, riu do meu desespero. "Calma, mineiro. Muita calma. Deixa eu só atender a mesa ali e já lhe mostro o CD." Eu teria socado aquele rosto impassível, não fosse o poder do reggae regendo o movimento dos meus braços. O ex-hippie correu atrás do balcão, esticou a mão direita na estante estirada sobre a geladeira e alcançou o disco. "Davi Detrinda, meu amigo. É um moleque aqui da vila", contou. Desembolsei os R$ 10 solicitados e abracei o CD. A música tinha acabado e eu começava a ficar com vergonha das minhas últimas reações. "Você quer ouvir reggae de verdade? Então, precisa conhecer a Praia do Sono", indicou Eduardo, dobrando a minha nota de 10 para caber no bolso. ...FUI PRIVILEGIADO PELO MARLEY
o reggae, agora queria um lugar para me sentir livre. "Fica tranquilo, meu amigo", Juvenal parecia agora um grande xamã prestes a receitar um remédio sacro. "Vou escrever aqui neste papel o nome da próxima cidade que você deve ir." Tomou um lápis por entre os dedos e rabiscou alguma coisa em um guardanapo. Parecia um mapa. "Chegando lá, procura o Marley", disse, enigmático, enquanto se desfazia de sua vestimenta. Olhou pela última vez nos meus olhos, entrou correndo no mar e saiu nadando. Ele disse Marley? comente! redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br
fernando biagioni
Trindade começou a definhar quando veio o progresso. (Isso parece um verso de reggae, mas faz parte da reportagem). Até alguns anos atrás, o único acesso à vila era feito por uma estrada de terra bem precária. O asfalto trouxe consigo o turismo, a energia elétrica e a proliferação das construções. O que sobrou dos anos 1970 fica a menos de 15 quilômetros dali. Naquela tarde, não se ouvia mais do que a natureza nos arredores da Praia do Sono. Tinha passado as últimas duas horas enfrentando uma trilha tortuosa e esperava, no mínimo, encontrar uma dúzia de rastafaris jogando um futebol de frente para o mar. Em vez disso, acabei sentando para tomar uma com o Juvenal, um comerciante de 50 e poucos anos que nega morar na 'próxima capital do reggae', conforme andam dizendo por aí. "Aqui na Praia do Sono não tem nem energia elétrica. Como é que poderia ser a capital de alguma coisa?", a constatação do caiçara me fez lamentar. Eu tinha entendido
gustavo brandão
bernardo biagioni
Medo e delírio nos rochedos de Trindade e o barzinho de reggae no paraíso perdido (à esquerda). Acima, o tiozinho ao lado de Bernardo disse que as cachoeiras de Carrancas são demais
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RAGGA fotos Cisco Vasques modelo Karina Marques
ANJO MEU por Daniel Ottoni
Ah, se um anjo como esse adentrasse a minha sala, o meu quarto, o meu canto. Acho que não a deixaria ir embora nunca, por mais que tudo se tratasse de uma miragem. Afinal, nunca vi nenhum anjo por aí, ainda mais um como esse, cheio de curvas perfeitas, roupas mínimas, quase transparentes e um olhar dilacerador, de deixar até sem graça quem o recebesse. Tentaria guardar aquele momento para sempre, daquele anjo escolhendo logo o meu aconchego para estar por perto, bem ao meu lado, como se eu fosse a melhor opção dentre tantas existentes. Subiria as escadas com ela e a levaria para o terraço para mostrar todo aquele visual do alto da cidade que escolhi para viver, cheio de luzes, montanhas e um imenso céu bem acima de nossas cabeças. Aquilo, com certeza, não seria novidade para ela que tinha o infinito azul como residência permanente e podia ver qualquer lugar lá de cima na hora que bem quisesse.
A diferença ali seria a minha presença. Normalmente, esse anjo puro vivia sozinho, voando pela cidade, como se buscasse um local para repousar e passar um tempo bom. Acabou encontrando quando menos esperava e quando mais precisava. Mal podia acreditar que fazia daquele anjo um ser feliz, mesmo que brevemente, e que tornava o seu momento comigo algo que seria lembrado por um longo período até que eu a encontrasse, no futuro, com minhas asas a tira-colo.
MODELO karina marques FOTO cisco vasques CABELO tom gaston :: culturarockclub *Este ĂŠ um ensaio realizado para o site Acesse ehgata.com.br e confira o ensaio completo.
INSTINTO COLETIVO
por Daniel Ottoni ilustração wly
Associações de artistas fomentam a cultura e renovam a cena cultural brasileira
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stephanie boaventura
Em um período em que a individualidade e a ânsia pelo lucro se tornam cada vez mais presentes, nos deparamos com o surgimento dos coletivos, organizações com um objetivo comum: a sede de fomentar a cultura e realizar mudanças em alguma cena. Pode ser de música, artes plásticas, artes visuais ou teatro. O importante é o movimento realizado em prol da cultura e de grupos independentes que tenham uma qualidade de trabalho que mereça mais exposição. Nem tudo está perdido nestes novos tempos. Há 8 anos, em Cuiabá, onde a cena musical se resumia a bandas covers, “surgiu a necessidade de uma organização continuada em prol da música autoral”, como conta Lenissa Lenza, uma das fundadoras do Coletivo Espaço Cubo, criado em 2002. Durante a edição de 2001 do Festival Calango, que contava com bandas da capital e do interior do Mato Grosso, o produtor musical Tadeu Valério lançou a real de que era necessário um trabalho permanente para o fortalecimento da cena. Criou-se, então, o Espaço Cubo. Atualmente, a entidade é tão organizada a ponto de ter criado o CuboCard, uma moeda complementar. “Como trocávamos os serviços de maneira informal, resolvemos organizar essas trocas”, relata Lenissa. Uma banda que se apresenta é remunerada com alguns CuboCards. Esses créditos servem como moeda na hora de alugar um estúdio, fazer um site, comprar instrumentos, se alimentar ou fazer tatuagens. Tudo dentro de uma teia de estabelecimentos conveniados. É a famosa camaradagem se mostrando mais organizada, dentro do princípio de economia solidária e da sustentabilidade. Atualmente, coletivos pipocam de norte a sul do país. Dois dos que se mostram bem organizados é o Goma, de Uberlândia, em Minas, e o Catraia, de Rio Branco, no Acre. Juntos, os três (Goma, Catraia e Espaço Cubo) formaram, em 2005, o Circuito Fora do Eixo. “A ideia era fazer uma movimentação que aglutinasse cenas fora do eixo Rio-São Paulo”, relembra Talles Lopes, um dos responsáveis pela criação do Goma,
rodrigo braga
Para os integrantes do coletivo Pegada, de BH, o próximo passo é a implantação da moeda complementar Pegadinha
O coletivo Branco de Olho, de Recife, aposta no intercâmbio permanente entre os artistas para o fortalecimento da cena local
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fotos: bruno senna
A galera do coletivo Chá de Fita em plena gravação. Nem só de música vivem os coletivos
É o tal do “do it yourself”, uma espécie de faça, mas por você e pelos outros. Algumas das bandas que apareceram graças aos coletivos são Vanguart e Móveis Coloniais de Acaju que, inclusive, já criou o GomaCard. Hoje, mais de 30 coletivos fazem parte do circuito. “Nossa intenção é criar um ambiente que seja diferente do modelo capitalista, com valores diferentes dos que norteiam as ações da maior parte dos produtores e músicos”, explica. “Buscamos mudar o processo de difusão e produção cultural, democratizando o acesso a vários setores da sociedade”, completa. Muitos coletivos focam suas ações em outras áreas, como o audiovisual e as artes plásticas. É o caso dos coletivos Branco de Olho, de Recife e do Chá de Fita, de Belo Horizonte, coordenado por Juliano Jubão. “Existia uma rede de pessoas que já trabalhava com cinema. Decidimos nos organizar, aproveitando as potencialidades de cada um”, diz. Apesar de ainda não ter realizado ações efetivas, o grupo já possui projetos de mostra de curtas e filmes independentes em praças públicas. Jubão é também integrante do Coletivo Pegada, da capital
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mineira, que pretende em breve implementar sua moeda complementar, a Pegadinha. BH também conta com o Coletivo Teatro 171, e tem o colombiano Javier Galindo como um de seus representantes. “Antes fazíamos parte de peças isoladas. A possibilidade de fazer algo próprio nos pareceu mais interessante”, entrega. “Com a criação do grupo, mudaram as condições e perspectivas de trabalho”, resume. Segundo ele, para um coletivo crescer e se fortalecer, basta uma única coisa: planejamento. Dois dos principais pontos ligados aos coletivos são a importância da troca contínua de informações e tecnologias entre os grupos e a ideia do artista-pedreiro. “O artista deve entender que, para sobreviver de música, ele não pode só fazer música. Ele tem que ser produtor, roadie, carregar caixas etc.”, explica Lenissa Leza. É o tal do “do it yourself”, uma espécie de faça, mas por você e pelos outros. Algumas das bandas que apareceram graças à ação de coletivos são Vanguart e Macaco Bong, de Cuiabá, e Móveis Coloniais de Acaju, de Brasília. O princípio da parceria e ralação integrada que norteia os coletivos é algo muito comum nos dias de hoje, mas que só agora adentra em um cenário mais profissional. O poder público vem, aos poucos, reconhecendo a movimentação, que ainda promete dar bons frutos e fazer surgir grandes nomes, promovendo a renovação da cena cultural brasileira.
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QUERO!
Sem apelar para as fórmulas de autoajuda, estilo ‘O Segredo’, mas, cá entre nós, é lá verdade que se você quer, você pode. Pelo menos quando o querer em questão é conhecer um certo lugar, plantar uma árvore, mudar o próprio corpo. Se não for o suficiente, com certeza, é um bom começo. Ou, na pior das hipóteses, melhor do que nada. Mexa-se.
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Sim, nós vamos nos mexer! Mas que o tríceps continue estático, enquanto fazemos isso. Para tanto, é recomendado o uso dos halteres. Entre os mais bonitos, o Chrome Dumbell, da Reebok, tem quatro discos que fazem cinco combinações de peso (de 1kg a 5kg). Não espere até segunda-feira para começar. R$ 199
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O RESTO É MAR Entre festinhas, batismos e vacas. Breve resumo da Ragga Surf Trip
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Para aqueles que já pegavam onda foram dias de swell pesado, para quem aprendeu por lá, foram dias de batismo. E como toda surf trip que se preze tem luau, Nabor Antunes garantiu um, na praia, ao som do violão e repertório com covers de Sublime, Red Hot Chili Peppers e Jack Johnson. Pegar uma surf trip e colocar um sal na sombrancelha é a garantia de voltar pra casa com sorrisão no rosto e lembranças de bons momentos, comprovando a frase de Chris McCandless, do filme ‘Na Natureza Selvagem’: “A felicidade só é verdadeira quando compartilhada.” Então, compartilho as fotos com todos que não puderam ir. Enjoy. bruno senna
Sim, mineiro também pega onda! E isso se confirmou em uma quarta-feira de março, às vésperas da Semana Santa, quando zarpou de Belo Horizonte um ônibus cheio de surfistas, ou pelo menos, cheio de aspirantes ao surf lifestyle. O destino era Camburi, reduto do surfe escondido no litoral norte de São Paulo. O surfe traz paz, equilíbrio, alívio e desafio. Quem experimenta acaba sentindo aquela sensação de que não é preciso esperar a aposentadoria chegar para aproveitar a vida. A Ragga Surf Trip incluía uma escolinha de surfe que tinha a intenção explícita de viciar quem nunca tinha colocado os pés na prancha – e deixar claro que, para viver o sonho de se equilibrar sobre as ondas, é preciso ralar muito, seja o joelho, o cotovelo ou a testa, nas vacas inesperadas. Mas todo esforço tem sua recompensa e a sensação de ficar em pé na prancha e sentir a onda aos pés é mesmo única, viciante e indescritível para cada surfista.
texto Bruno Senna fotos Bruno Senna e Dudua's Profeta
Para quem se equilibrou na prancha pela primeira vez foi um tempo de batismo
bruno senna
bruno senna
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dudua's profeta
Surf trip que se preze tem que ter luau: em Camburi, o viol達o ficou por conta de Nabor Antunes
Confira mais fotos em: revistaragga.com.br
AGRADECIMENTOS
:: Pousada Camburioca :: camburioca.com.br
A arte do prazer levada para além do limite
Menina não entra
por Alex Capella foto Bruno Senna
Os anúncios nos classificados dos jornais são pequenos e discretos em conteúdo. Geralmente, trazem apenas códigos para indicar sua intenção. Aos olhos dos não iniciados trata-se apenas de profissionais treinadas em massagem sueca, tailandesa e relaxante. O único contato é um número de telefone. Mas basta para atrair homens interessados em mais do que uma simples massagem nas costas. Toda a discrição se faz necessária na hora de negociar um hábito milenar praticado por ho-
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mens e mulheres: o sexo, acompanhado de óleos aromáticos, lubrificantes, essências e tudo o que uma legítima casa de massagem tem a oferecer. Em tempos de crise financeira, que vem provocando impotência e ejaculação precoce em escala global, as páginas dos jornais continuam recheadas de anúncios das casas de massagem com variados estilos. Ao mesmo tempo que se tornaram alternativa de trabalho para uma legião de meninas libidinosas para todos os gostos e bolsos – o que provoca a ira dos massoterapeutas de carteirinha –, parece que as “clínicas” também se transformaram em um verdadeiro oásis de prazer sem limites, onde a nuvem depressiva e crônica não faz chover. Prova disso é o frenético entra-e-sai de rapazes curiosos, de homens em busca de safadezas e de senhores que ainda beijam as
mãos das moças. Como não podia deixar de ser, as casas de massagem só abrem suas portas para homens, aspecto primordial do negócio. Moças, só a trabalho. A palavra prostituição, que pode gerar várias implicações, principalmente com a polícia, nunca é pronunciada. Mesmo que, para os serviços, as profissionais cobrem de R$ 50 a R$ 150 por atenção exclusiva, em suítes com decoração sugestiva. Na Clínica Oriental, instalada na parte comercial do Edifício Maletta, no Centro de Belo Horizonte, a decoração, com “ares do Oriente”, não peca pelo exagero. Lá, trabalham três massagistas. Moças do interior, entre 20 e 25 anos, que tentam ganhar a vida na capital. Mesmo com um expediente duro, que vai das 10h às 22h, o clima é de descontração. A proprietária da clínica, uma morena de 28 anos, que se apresenta como Roberta, não esconde que a especialidade das moças é o sexo, mesmo que antecedido de um esforço manual, chamado de massagem relaxante, praticado sobre um futon (acolchoado japonês), e de doses de chá de camomila. Na recepção da casa de massagem, que possui duas acanhadas suítes, o ambiente é invadido por um suave som de água corrente. “É para relaxar. Nossa clínica tem esse diferencial. Tentamos criar um clima de relaxamento para que o cliente chegue ao prazer total. Tudo com muito carinho”, diz a moça, que está no ramo há três anos. Com certa experiência no segmento, Roberta garante que o sexo é o principal atrativo das casas de massagem. Quem
Como não podia deixar de ser, as casas de massagem só abrem suas portas para homens, aspecto primordial do negócio. Moças, só a trabalho
separou o pecado da carne do prazer da massagem não sobreviveu. A tentativa não vingou nem nos bairros nobres da capital, onde se esperava uma atitude masculina mais aberta com relação aos tratamentos terapêuticos. “É muito difícil convencer o homem a gastar dinheiro numa massagem. O homem busca o prazer, mas acompanhado do sexo. Está na natureza dele. Diferente da mulher, que completa sua experiência prazerosa com serviços estéticos e terapêuticos. E nem adianta criar um espaço muito chique e cheio de afetação”, ensina a moça, referindo-se a uma clínica exclusivamente para o público masculino, instalada num ponto nobre de Belo Horizonte. Depois de um período curto de sucesso, o espaço, voltado para o homem “disposto a eliminar os tabus e velhos preconceitos”, como dizia a apresentação, fechou as portas. “Até temos alguns clientes que buscam só a massagem. Mas o número é insignificante e eles próprios acabam passando do limite e cedendo aos encantos das massagistas”, garante a moça, que se apresenta como Mariana e dona da Clínica Corpus, também instalada no Centro. Assim como as concorrentes, a clínica oferece massagem – tailandesa e relaxante. Mas, como diz a proprietária, com voz sensual, no final, esse homem que procura as casas de massagem quer é gozar. “Ele busca a liberação de alguma maneira. Aí, vai depender de quanto está disposto a pagar. E dinheiro para o sexo parece que não falta nunca”, comemora a empresária. A Clínica Oriental, no Centro de BH, é uma das que adotam o sigilo profissional entre as massagistas e seus clientes
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BURNING MAN
por Bernardo Biagioni ilustrações wly
Arte, escambo e a desconstrução do Homem no deserto americano “Acho que é para a esquerda”, constatou Adriano ao olhar para o GPS suspenso no painel do Chevrolet Chevy Trailblazer, alugado há algumas horas no aeroporto de Reno, nos Estados Unidos. Ao seu lado estava Carolyn, uma americana comunal que vinha se rendendo aos sacolejos do veículo guinado sem tanta velocidade. Eles se conheceram há menos de 24h no avião que partira de Los Angeles com destino ao estado de Nevada. Partilhavam a mesma fileira de poltronas e também uma ansiedade inquietante. Era agosto de 2007 e essa seria a primeira experiência dos dois em um dos eventos mais estranhos da superfície terrestre, o Burning Man. O Chevrolet corria trôpego pela planície desértica devastada pelo clima árido norte-americano. O último vestígio de estrada fora largado para trás há 6 milhas e a última cidade que atravessaram já distava uma hora daquele ponto. “Me passa a água”, pediu Adriano, em um inglês perfeito e pausado. Carolyn esticou o braço direito para trás e tentou alcançar a garrafa perdida entre um amontoado de especiarias – o banco traseiro do veículo abrigava roupas, biscoitos e alimentos enlatados. Quando a estudante voltou seu rosto para frente, sentiu algo ofuscar suas pupilas já dilatadas pela escuridão profunda. Apertou os olhos e julgou que aquilo que
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enxergava não poderia passar de uma miragem. Eram as primeiras luzes de Black Rock City. SEM FOGO EM SÃO FRANCISCO Mas há exatos 17 anos antes da experiência de Adriano, aquelas mesmas luzes não puderam ser acesas com tanta facilidade. Era 1990 e algumas dezenas de pessoas tentavam colocar de pé uma estátua de um homem gigante, esculpida em madeira. Os amigos de longa data Larry Harvey e Jerry James comandavam a trupe que se movimentava pelas imediações da Baker Beach, em São Francisco, cada presente deveria emprestar sua força à corda que levantaria a imensa escultura. Imersos na paisagem urbana e transitando sobre um solo estritamente pavimentado, Larry e Jerry queriam colocar em prática, pela quarta vez, a idealização de seus sonhos. Desde 1986 eles vinham desenvolvendo suas aspirações artísticas em território californiano, aquela seria mais “uma espontânea ação de livre expressão”, segundo definição de Larry Harvey. E a livre expressão humana era apenas um dos diversos objetivos traçados pelos organizadores. O Burning Man vinha
suspensa pela cavalaria da polícia que despontava na esquina. Sem o fogo, Larry declarou que a sua idealização estaria fadada a se tornar “uma mera atração de calçada”. Eles precisavam, agora, de outro lugar para deixar o fogo queimar. UM CAMINHÃO AVANÇA PELO DESERTO
engatinhando despretensiosamente na ambiciosa missão de conseguir desconstruir as frivolidades impostas ao homem moderno. Entre os princípios do evento, figura-se ainda a responsabilidade civil, a participação dos visitantes e o não-uso de dinheiro. (Ver Box). A estátua era levantada aos poucos em um estacionamento enquanto alguém bloqueava o tráfego de carros da rua. Os olhares curiosos corriam pelo objeto gigante que era empinado como uma pipa pelo céu claro de São Francisco. Depois de uma última força conjunta aplicada na corda, o homem gigante finalmente tomou seu lugar. Seguindo o cronograma do ritual, este seria o momento em que os organizadores ateariam fogo na estrutura. Assim tinha sido nos últimos anos, quando todos os poucos espectadores do “festival” encaravam, em silêncio, as chamas alaranjadas do fogo engolirem os braços do sujeito inanimado. Porém, a expectativa dos transeuntes foi logo
Quem manteve a calma de todo mundo foi John Law e Kevin Evans, dois integrantes da Cacophony Society, uma entidade que trabalhava as mais estranhas bizarrices do universo artístico. A dupla chegou até Larry com a proposta de “pegar tudo e levar para o meio de Black Rock”, um deserto no estado de Nevada. O idealizador do Burning Man não aceitou a ideia sem antes procurar por alguma outra “locação” em toda costa da Califórnia. Sem sucesso, Larry pensou que o Dia do Trabalhador americano, em setembro de 1990, seria uma boa data para mergulhar “na natureza selvagem”. Louis M. Brill era um dos tripulantes. Segundo seu diário de bordo, no dia da partida apareceram cerca de 100 pessoas. “Todo mundo foi chegando com mochilas, gelos, barracas de camping e casacos”, conta. O espaço vazio do caminhão fora logo preenchido pelas malas que não cabiam nos carros que iriam atrás. Em algumas horas, a trupe já estava no meio do nada, pisando em um solo que nunca havia visto pegadas, respirando um ar livre dos poluentes recorrentes mesmo no menor dos municípios norte-americanos. Louis escreveu: “A gente sabia o que estava fazendo?
A livre expressão humana era apenas um dos diversos objetivos traçados pelos organizadores. Entre os princípios do evento, figura-se ainda a responsabilidade civil, a participação dos visitantes e o não-uso de dinheiro Provavelmente, não. A gente se importava? Sim. Sabíamos que aquilo que estávamos fazendo era algo completamente diferente de tudo.” Batizaram o terreno onde desfaziam as malas de Black Rock City e descarregaram o caminhão. No domingo seguinte, cem pessoas viram a escultura do Homem regozijar às crepitações do fogo. Foi essa luz que Carolyn viu, quando entregou a garrafa de água para Adriano, em 2007. COMO UMA VIRGEM Adriano é brasileiro e vive em Chicago desde 2007, quando completou 30 anos. Foi convencido a cruzar os Estados Unidos por um amigo que já tinha participado do Burning Man. Iria sozinho para o evento, não fosse o voo para Reno, em que conheceu Carolyn. Não levou muito a sério quando disseram que os dias no deserto mudariam a sua vida. Seu pensamento
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scott sady / ap photo / reno gazette-journal
Manifestações artísticas megalomaníacas brotam pelo deserto
fotos: hector mata / afp photo
Estrutura metálica do Burning Man com 14m de altura pronta para ser tomada pelo fogo
O QUE É O BURNING MAN “Explicar o Burning Man para alguém que nunca foi é como explicar uma cor para alguém que é cego”, sugerem os organizadores. Mas, para quem olha de fora, o Burning Man é um projeto de múltiplas expressões artísticas, todas elas criadas pelos próprios participantes. Tem como objetivo a experimentação da vida em comunidade, a livre expressão e a radical redenção humana. O evento é sustentado por dez princípios: PARTICIPAÇÃO Participar é a palavra de ordem. Todos os presentes são encorajados a agregar valores ao evento. DESACOMODAÇÃO Para existir um mínimo de bem-estar, existe uma lista de coisas que são comercializadas nas imediações do Burning. Entre elas estão o café, gelo e passagens para
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uma volta de avião pelo deserto.
matar alguém continua sendo um crime.
RADICAL AUTO-CONFIANÇA Cada pessoa deve levar ao evento o que julgar necessário. A única coisa que a organização oferece, tirando os itens da “Desacomodação”, são os banheiros químicos.
INCLUSÃO RADICAL Qualquer pessoa do mundo pode participar do Burning Man. Não existe nenhuma restrição de raças, costumes e etnias. Torna-se participante aquele que compra o ingresso e assume as responsabilidades de passar alguns dias no deserto.
AGRADOS Não existe nenhum tipo de transação monetária entre os participantes. Os organizadores prezam pelos “agrados”, ou seja, as pessoas devem oferecer presentes às outras sem pensar em retribuições. RADICAL EXPRESSÃO HUMANA Cada pessoa pode se expressar da forma como entender. Seja através de uma pintura, de um carro customizado ou de uma roupa fluorescente. O nudismo é permitido. RESPONSABILIDADE CIVIL Todos os participantes estão submetidos a algumas poucas leis que visam garantir a integridade do evento. E, em todo caso, o Burning Man não deixa de fazer parte da jurisdição do estado de Nevada. Portanto,
ESFORÇO COLETIVO O Burning Man só é possível com a colaboração e participação de todos os envolvidos. Dessa forma, todo mundo é encorajado a fazer a sua parte. MEDIAÇÃO Todos devem participar das atividades propostas pelo Burning Man. Só assim cada um poderá experimentar uma sociedade que vive às margens de uma civilização tradicional. NÃO DEIXE NENHUM LIXO A cidade temporária Black Rock City deve permanecer exatamente como estava no começo do evento.
Em 2008, a cidade temporária construída unicamente para o Burning Man chegou a abrigar cerca de 48 mil participantes, a décima maior população de todo o estado de Nevada começou a se transformar assim que reduziu a marcha do carro para entrar na área de acampamento onde ficaria hospedado. “Isso é incrível! Impressionante”, disse, baixinho, enquanto deixava seus olhos correrem pela multiplicidade de coisas que aconteciam diante de si. Adriano era só mais um “virgem”, como são carinhosamente chamadas as pessoas que vão ao Burning Man pela primeira vez. Em 2008, a cidade temporária construída unicamente para o Burning Man chegou a abrigar cerca de 48 mil participantes, a décima maior população de todo o estado de Nevada. Apesar de oferecer longas noites regadas a música eletrônica, os organizadores do evento não gostam da definição “festival”. O Burning Man é uma experiência coletiva que exige a participação de todos. São os presentes que criam as diversas atrações, oficinas, atividades e apresentações artísticas. Os acampamentos são constituídos conforme as aspirações de cada grupo. Existem aqueles destinados aos viajantes de todo o mundo, como o Couch Surfing Camp, e ainda os que promovem a busca pela alma gêmea de cada integrante. Todos os anos, a organização cria um tema para orientar as produções culturais. Em 2007, o nome foi “O Homem Verde” e em 2008, “American Dream”. As poucas leis que existem foram estabelecidas para manter a civilidade entre os pagantes. Os únicos carros permitidos a transitar por Black Rock City são os da equipe médica ou aqueles que carregam algum valor artístico. Participação é uma palavra de ordem – ir ao Burning Man sem participar é como fazer compras no supermercado e não levar nada para casa. De resto, quase tudo é permitido. Por isso seria impossível traduzir o Burning Man em uma única palavra.
reprodução
terça-feira do dia 28 de agosto, a terceira etapa do evento. Aquela seria só mais uma tarde do Burning Man, não fosse por dois acontecimentos. Primeiro, porque acontecia ali, no deserto, um raro eclipse lunar. Segundo, porque a estrutura do Homem, o grande símbolo do evento, estava imersa em chamas. Na programação, aquelas luzes só deveriam ser acesas no sábado, o penúltimo dia da semana. Paul Addis não aguentou esperar e colocou sua tocha para interagir com a estrutura sem avisar a ninguém. Um ano depois, o mesmo sujeito seria preso por tentar entrar na Grace Cathedral de São Francisco com algumas dúzias de explosivos. Encontrado o culpado, a organização do Burning Man de 2007 teve que se desdobrar para restabelecer a estrutura condenada (o Departamento de Emergência de Black Rock
HOMEM QUEIMANDO
hector mata / afp photo
Paul Addis tem uma paixão interessante por explosivos. Seu derradeiro amor pelo fogo lhe valeu o apelido de “incendiário” pelos participantes do Burning Man de 2007. Seu nome ficou famoso nos arredores de Black Rock City na tarde de
Em 1990 o Burning Man passou a ser realizado no deserto de Black Rock, no estado de Nevada
inicial: a desconstrução humana. Faltando pouco mais de dez minutos para a primeira brasa atingir a base que sustenta o Homem, o espetáculo começa. O silêncio é logo atravessado por uma gritaria desenfreada que explode pelo peito de cada participante. A escuridão do deserto é invadida por centenas de pontos amarelos, cada presente levanta o seu próprio fogo em uma nítida expressão de consentimento. Milhões de almas se misturam sobre o chão desgraçado pela falta de água e se entregam a um estado de êxtase intocável. O grande Homem é, então, atingido por uma onda de explosivos que emergem do solo, e a multidão vai à loucura. A estrutura se desfaz lentamente e, aos poucos, vão se esvaindo os membros
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O grande Homem é atingido por uma onda de explosivos que emergem do solo, e a multidão vai à loucura
do sujeito metálico. O silêncio de antes logo se restabelece e os únicos barulhos que cortam o ar são provenientes da crepitação do fogo. Todos os olhos do deserto estão encarando os seus anseios se esfarelarem na imensidão da noite. A fiação que mantinha o neon aceso é a primeira a se romper. Caem as pernas, os braços e o tronco escurecido pelas cinzas. Por último vem a cabeça, também em chamas. Ela desce lá de cima e rola até os pés de alguém. Algum outro sujeito sorri e dá o primeiro grito. A calmaria volta logo a ser rompida pelos gritos roucos que correm por Black Rock City. Estão todos imensamente felizes e realizados. O Homem está, finalmente, queimado.
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City conseguiu salvar alguma coisa e anunciou que manteria a agenda do evento). Em tempo recorde, uma equipe especializada conseguiu remodelar o Homem em menos de 72 horas. Tudo iria correr conforme o planejado. Na noite de sábado, a menos de 24h para o fim do evento, não se ouvia muita coisa. Assim também havia sido 21 anos antes, quando o primeiro Homem fora queimado em Baker Beach, na Califórnia. Aquele seria o momento de consagração de todo o ritual, o prenúncio de uma nova fase na vida de cada presente. Em 1986, a estrutura não tinha mais do que dois metros e meio. Duas décadas depois, o Homem crescia imponente em 14 metros de altura, sem contar seu brilhante revestimento de neon. Mantinha-se, porém, o objetivo
Todo mundo é convidado a participar, mesmo que isso envolva tirar a roupa, dirigir carros estranhos ou pedalar pelado
VAI SE PREPARANDO O ingresso deixa bem claro: “Você está assumindo voluntariamente o risco de morte ou danos graves ao comparecer a este evento”. Portanto, é muito importante que haja um mínimo de planejamento antes de cair na estrada. O Burning Man começa, anualmente, no último domingo de agosto e vai até o domingo seguinte, que é o Dia do Trabalhador nos Estados Unidos. Quem ajuda nas dicas é o veterano brasileiro Adriano Mitchell, de 32 anos. Em 2009, ele participará do festival pela terceira vez. 1 :: Leia bastante sobre o Burning Man antes de ir. 2 :: Para quem vai do Brasil, a melhor opção é ir direto para São
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Francisco ou Reno, Nevada. São os aeroportos mais próximos de Black Rock City, a cidade temporária que abriga o festival. 3 :: Compre o ingresso com antecedência no site burningman. com. Assim, pagará bem mais barato. Hoje, a entrada está saindo por U$ 260. 4 :: Reserve seu lugar em um acampamento. Acampar fora do camping não é nem um pouco aconselhável. Acesse: couchsurfingcamp.com. Você também pode ficar no seu motorhome, caso tenha um. 5 :: Leve muita água, protetor solar e mantenha uma alimentação saudável. Durante o dia, a temperatura chega a 45º e não existe uma única árvore para fugir do sol. 6 :: Não se comercializa comida no Burning Man, nem água para tomar banho. Leve de casa tudo que julgar necessário para sobreviver oito dias no deserto. 7 :: Esteja preparado para tudo.
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Cem anos de Ataulfo Alves por Izabella Figueiredo
arquivo pessoal
Com certeza os refrões 'Amélia que era mulher de verdade' e 'que saudades da professorinha que me ensinou o bê-ábá' soam bem familiares aos seus ouvidos. O que talvez você não saiba é que o compositor desses clássicos é o mineiro Ataulfo Alves, um dos grandes mestres da música popular brasileira. No ano de 2009 comemora-se o centenário de Ataulfo Alves e uma série de eventos estão sendo preparados para celebrar a data. Entre eles, o lançamento de uma biografia e documentário sobre a vida do sambista, um festival de música e culinária, que contará com um concurso nacional de composição e interpretação de sambas. Além disso foi inaugurado um monumento público em sua cidade natal, Miraí, no interior de Minas. O projeto foi batizado como 'Leva meu samba', nome de uma de suas composições, escolhida também como o hino oficial da festa. Segundo o empresário mineiro Leonardo Dib, um dos responsáveis pelos eventos que compõem a comemoração, o objetivo principal da série de solenidades que acontecerão é “perpetuar a memória do artista e recolocá-lo diante dos mais jovens, que têm conhecimento da obra de Ataulfo por meio de outros intérpretes, mas não sabem a importância do mesmo”. As festividades contam com
Bruno Gonçalves Madeira
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a importante participação de Adeilton Alves e Ataulfo Alves Jr. Além de participarem de todas as ações do projeto, eles presentearão o público com uma emocionante performance musical, interpretando músicas do pai no “Festival Ataulfo Alves de Samba e Culinária de botequim”, que será realizado em julho, também em Miraí. Nascido em 1909, numa pequena fazenda, filho de pai violeiro e sanfoneiro, Ataulfo mudou-se para o Rio de Janeiro aos 17 anos. Nessa idade ele já mostrava seus talentos com o violão, cavaquinho e bandolim nas tradicionais rodas de samba cariocas. Em meados dos anos 1920, começou a se relacionar com sambistas, compositores, cantores de rádio e se tornou diretor de harmonia do bloco Fale quem quiser. Mais tarde, já consolidado como importante cantor de seu tempo, o bamba teve composições de sua autoria gravadas por renomados artistas como Carmen Miranda, Orlando Silva e Dalva de Oliveira. Entre as composições mais conhecidas do mestre estão 'Na cadência do samba', 'Laranja madura', 'Ai, que saudades da Amélia' e 'Meus tempos de criança'. Artistas contemporâneos como Jorge Ben Jor, Cássia Eller, Gabriel o Pensador e Paula Toller também regravaram canções de Ataulfo dando nova roupagem aos clássicos do sambista e apresentando os famosos sambas-canção a novas gerações.
bairro Nova Gameleira, em Belo Horizonte. Esporte: Jiu-jitsu Compete desde: 2003 Faixa: Roxa Metas para 2009: Lutar os campeonatos mais Cidade: Belo Horizonte, MG importantes, como o Brasileiro, o Pan-AmeIdade: 21 anos ricano e o Mundial, no qual já tenho a vaga Altura: 1,76m Peso: 85kg garantida, mas ainda falta o patrocínio. TamNaturalidade: Belo Horizonte, MG bém o evento que será realizado em Nova Por que pratica? A princípio foi pela febre York em julho. do jiu-jítsu no Brasil e por alguns amigos Melhor resultado em competições: Penta-
praticarem. Depois de um tempo, per- campeão Mineiro (2003, 2004, 2005, 2007 cebi que levava jeito para o esporte e dei e 2008), campeão Interestadual Gracieseguimento nos campeonatos e treinos. Barra (2008), 3º lugar no Campeonato PanHoje, pratico jiu-jítsu pelo prazer de com- Americano de jiu-jítsu (2008), 4º lugar no petir e por ter em mente que posso aju- Campeonato Brasileiro (2008), 4º lugar no dar várias outras pessoas com essa arte. Campeonato Mundial (2005), entre outros. A minha intenção é montar um centro de Contato: (31) 9657.2072 treinamento para crianças carentes no brunoadm_puc@hotmail.com Atenção, atleta em busca de patrocínio, cadastre-se na seção Adote um Atleta no portal Ragga (revistaragga.com.br), ou escreva para: redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br
por Thaís Pacheco fotos Carlos Hauck
Ô, veLHA! Vai pegar no terço!
Leva sua mãe, veado
Ana Maria Moretzsohn Andrade, nascida em 6 de julho de 1939, é leitora da Ragga, toda inteirada, com uma audição perfeita – óculos só para ler – ultralúcida e garante que não toma nenhum remédio. Ela dorme a hora que quer – a noite inteira, sem interrupções, geralmente, por volta de 23h30. Fica saracoteando por aí: “Vou ao teatro, shopping, cinema, e no supermercado, que aaaamo.” Acorda em um horário que considera tarde, 9h30. Lembre-se: 70 anos. Outro dia, em uma conversa com o médico, ele a questionou: você vai morrer de quê, hein? “Acho que atropelada”, conta ela, se divertindo. Não que a gente queira isso, mas ela corre mesmo esse risco: “Outro dia levei dois tombos, machuquei todo o rosto e levantei, lavei a cara no posto de gasolina e continuei, numa boa”, garante Ana Maria, que corre, pasmem, no mínimo, 15km por dia. Todo santo dia. Faça chuva ou sol, onde quer que ela esteja. A rota em BH é de velocidade para os carros que passam por ela: “Não tenho reclamação de motoristas de ônibus. Eles são maravilhosos. De caminhão e moto, ótimos. Agora, carro particular é o maior problema. Tem gente que joga casca de banana!” Fala sério, dona Ana, existe isso? “Tem gente no caminho que me manda rezar: “Ô velha, vai pegar no terço!” E o que você responde? “Leva sua mãe, veado [risos]”. Mas Ana não corre
assim, e tanto, há pouco tempo. Começou aos 50 anos e já participou de maratonas e corridas, angariando incontáveis troféus e medalhas. Seis vezes por semana ela ainda usufrui da bolsa que ganhou de Hugo Soares, em sua academia homônima. Hugo contou alguns detalhes para a gente: “Tive que puxar a orelha. Ela é uma atleta, ninguém duvida. Mas corre até 20km por dia e se corresse 10km bastava. O coração está bom, mas as articulações, joelho e coluna vão desgastando.” Na academia o esquema é alongamento, uma hora por dia: “Muito alongamento, fortalecimento muscular e postura, que estamos tentando melhorar”, reforça Hugo. Depois de correr e alongar, lá pelas 16h, ela resolve almoçar. O cardápio é rígido: “Tenho horror de engordar. Já fui gordona. Pesei quase 80kg. Tinha 1,65m. Agora, devo ter 1,60m, porque encolhi muito [risos]. Mas minha alimentação é boa, como muita verdura. Não como sal nem gordura. Muito legume, fruta, soja, germem de trigo, essas coisas...” Ela também tem muita história para contar. Já pintou de modelo, tem opinião formada sobre os motoristas de BH – em relação aos corredores –, elucida os problemas da falta de patrocínio e protesta contra o preço das inscrições em maratonas para quem tem mais de 60 anos. Mas isso tudo, você confere no podcast da entrevista que fizemos com ela: >> revistaragga.com.br
top 10 MEXEDORES _Ele fez meio mundo se mexer pregando a paz e o amor. Quase um hippie.
2°Vinny 3°Barack Obama
_ Aquele que mexe a cadeira e bota na beira da sala.
_ Filho de muçulmano, procedente do Havaí e descendente de africanos... Velho, esse aí teve que rebolar.
4°Karl Marx 5°Jack Kerouac
_ Ele só não mexeu com dinheiro.
_ Depois de ler Kerouac, todo mundo descobre a liberdade e percebe que a vida só pode ser vivida se você estiver cruzando alguma estrada.
6°Galvão Bueno
_ Porque ele mexe com os
meus nervos.
7°Madre Teresa de Calcutá
_ A mãe dos pobres, como ficou conhecida, viveu para combater as injustiças que cruzavam seu caminho.
8°Bob Marley
_ Se não fosse por ele, o reggae não teria ganhado o mundo, as pessoas não cantariam a paz e o Eric Clapton não teria gravado ‘I shot the sheriff’.
9°Ronaldo Fenômeno
_ O mais novo corintiano do Brasil enfrentou espadas, balanças, críticas ácidas, gimbas de cigarro. Hoje, o Ronaldão está de volta.
10°Daiane dos Santos
_ Cada movimento dela é uma aula de dança. Daiane dos Santos, antes de ser a consagração da ginástica olímpica nacional, é a representação maior do que é ser brasileiro. Vamos lá, tente outra vez.
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último ranking Maradona/ Pelé/ Valderrama, Chaves/ Seu Madruga/ Chapolin e Betty, a Feia/ Thalia/ Shakira Qual seriam os nomes mais representativos da América Latina? A pergunta que tirou o sono de nossos leitores da Argentina ao México foi, finalmente, respondida. Em primeiro lugar, nada de novo: Maradona, Pelé e Valderrama mostram que futebol é, sim, mais importante do que política, economia, cultura e (talvez, até mais do que) novela. Em seguida, Chaves, Seu Madruga e Chapolin deixaram o cortiço para receber a medalha de prata. Para o pódio não ser todo masculino, Betty, a Feia, Shakira e Thalia – aquela que retirou duas costelas para ficar com a cintura finíssima – ficaram com a terceira posição. 1º) Maradona/ Pelé/ Valderrama (44%) 2º) Chaves/ Seu Madruga/ Chapolin (22%) 3º) Betty, a Feia/ Shakira/ Thalia (13%) No alto do pódio, Maradona ainda tentou provocar Pelé, dizendo que o primeiro lugar era pequeno demais para os dois. Mas Valderrama acabou com a discussão, rogando umas pragas em espanhol. Pena que Pelé não entendeu nada. Logo abaixo, Chaves, Seu Madruga e Chapolin só tinham motivo para comemorar a fama absoluta mantida por anos e anos de suas reprisadas aventuras no SBT. Valeu, Silvio! No mais, saindo consagrada do TOP 10 da Ragga, Betty, a Feia, confirmou que beleza não é fundamental. “Fundamental é ter remelexo”, decretou Shakira. Thalia não disse nada, mas deve ter pensado: “Sabia que tirar aquelas costelas era uma boa ideia.”
ÇÃO
DA LOM
BA DA foto
carlos hauck
1°Gandhi
MO
reprodução
Existe gente que mexe com a nossa tranquilidade. Seja pelo corpo escultural, pelos traços faciais ou pelo simples movimento dos cabelos. Há quem toque nossa consciência só pelo uso singular do palavreado ou notas musicais. São os poetas, os músicos e até os peruanos tocadores de flauta, por que não? E há uma coisa em comum em todas essas pessoas. Antes de chegarem até nós, elas descreveram algum outro movimento, aceleraram, arriscaram e foram além. Cruzaram estradas, rebolaram o quadril ou deram a volta por cima. São eles, os mexedores.
PRO
Vovó já dizia e as campanhas contra a dengue confirmam: "Água parada dá mosquito". Por isso, saia da inércia. Escreva uma frase, respondendo à pergunta da nossa lombada "O que move você?"Envie para redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br
Junto, escreva seu nome completo e os números de telefone e RG. A melhor resposta ganha uma camiseta exclusiva Cosa Nostra, Ragga by Boundless. Mexa-se! Os prêmios deverão ser retirados na redação da Ragga.
// Aerosmith _ Honkin´on bobo, 2004 //
Todos amam Bob Dylan. Caso contrário, não seria ele o homenageado da vez, no quinto disco da série ‘Letra & música’. No repertório, versões brasileiras de suas músicas interpretadas por nomes como Gal Costa, Caetano Veloso, Renato Russo e outros. Só ouvindo pra saber...
Desenterrado por esta edição da Ragga, Honkin´on bobo pode ser o melhor disco do Aerosmith. Ao menos pra quem curte blues. Guitarras, muita gaita e até um coral gospel ilustram os covers que a banda faz de nomes como Jimmy Reed, Fleetwood Mac e Mudy Waters.
cds
// Letra & Música _ Bob Dylan, 2009 //
// Storm Surfers _ A missão, 2008 //
Uma pequena vila precisa construir uma fossa para o tratamento do esgoto. A prefeitura não tem verba para a obra, mas tem para a produção de um vídeo. A comunidade decide então, fazer um vídeo sobre a obra. Bem propício ao tema mexa-se...
Caçar ondas gigantes e filmar tudo para um documentário do Discovery Channel. Esse era o objetivo do Storm Surfers que virou DVD disponível para compra na gringa. No elenco, Ross-Clark Jones, campeão do Eddie Aikau e Tom Carrol, bi campeão do WCT.
// 1001 filmes para ver antes de morrer, 2008 //
Lançado originalmente em 1976 traz entrevistas que rolaram no... Pasquim. Neste ano, o livro volta em uma nova edição organizada pelo ex-colaborador Tárik de Sousa. Entre as histórias, Tom Jobim confessa que inscreveu músicas em festivais para se livrar do cargo de jurado e Chico Buarque conta que roubou um carro quando adolescente.
Quem não curte um filminho que atire a primeira pedra. Quem curte, pode ir até a livraria mais próxima e comprar ‘1001 filmes para ver antes de morrer’, que indica obras de mais de 30 países com críticas de mais de 50 especialistas. Para delírio dos amantes da sétima arte, vem ilustrado com centenas de cartazes, cenas de filmes e retratos de atores.
livros
// O som do Pasquim, 2008 //
// Chuck Norris: Bring on The Pain //
O Nintendo DS recebe a nova edição do Grand Theft Auto, com algumas concessões, afinal, o processamento dele é menor. Mas boas coisas mudam: a câmera volta a ser aérea e, para se livrar de viaturas em sua cola, é só dirigir agressivamente e jogar os policiais contra obstáculos ou bater forte contra eles.
Por US$ 4, você pode virar Chuck Norris. No game, para celular, o ator precisa resgatar sequestrados de terroristas soviéticos. Norris luta na cidade, no campo e em cenas de guerra. Usa várias armas, anda de carro, moto e helicóptero. O jogo pode ser comprado no gameloft.com e tem versão demo online.
// divirta-se.uai.com.br // Entre no divirta-se e, na barra lateral direita, clique em ’Guia de bares e restaurantes’. Prato cheio para quem mora em Belo Horizonte, lá há 32 categorias de comidas e bebidas, sugestão de boa pedida e até o endereço dos estabelecimentos localizados no Google Maps.
sites
A velharia boa da vez tem nome: Neil Young. O veterano do rock´n roll traz mais um álbum para sua já vasta discografia, o ‘Fork In The Road’. E o lançamento, como ele não é bobo nem nada, tá no Myspace. É só clicar pra já ouvir os primeiros acordes de uma das melhores guitarras.
games
// GTA: Chinatown Wars //
// br.myspace.com/neilyoung //
dvds
// Saneamento básico, 2007 //
fotos: reprodução
O que você está ouvindo, assistindo, lendo, jogando e por onde está navegando? Conte pra gente: redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br
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Ousadia na estrada por Rodrigo Ortega
Aos 63 anos, o canadense Neil Young poderia se acomodar com conforto em seu lugar garantido entre os heróis do rock. Seus 42 anos de carreira e 31 discos de estúdio lançados, desde os clássicos grupos da era hippie Buffalo Springfield e Crosby, Stills, Nash & Young, passando por trabalhos solo que renderam hinos como ‘Hey hey, my my (into the black)’ até a consagração definitiva pela geração grunge nos anos 90,
Na Rede por Taís Oliveira Brochada rapper veja no youtube.com/user/wanessacamargo Wanessa Camargo estreia na carreira internacional com a música ‘Fly’, que tem participação do rapper americano Ja Rule. No clipe, ela mostra que é boa moça e dispensa todas as investidas de Ja Rule, que acaba partindo para outra(s). O Pílula reconstitui a cena frame a frame e você pode conferir no endereço twitpic.com/33kcn – depois de assistir ao clipe, claro.
garantem respeito vitalício ao músico. No entanto, em ‘Fork In The Road’, seu novo disco, Neil Young mostra mais inquietude e ousadia do que a maioria das novas bandas. O álbum é conceitual e todas as letras falam sobre um carro movido a energias alternativas que Neil Young ajudou a construir, em um projeto chamado LinkVolt (linkvolt.com), que inclui documentário sobre o veículo, um Lincoln Continental de 1959 adaptado, pertencente a Neil. O ativismo pode render reações apaixonadas ou descrença, mas, política à parte, o fato é que a paixão do artista à causa acabou rendendo bons momentos musicais. São dez faixas inéditas produzidas pelo antigo parceiro Niko Bolas, com guitarras cruas e sem muita pompa. O tema de carros e estradas, à primeira vista excêntrico, rende infinitas metáforas, que dão o clima de baladas e principalmente rocks com acento country, a marca de Neil Young. Algumas faixas parecem jingles de campanha automobilística (o que não deixam de ser), como ‘Fuel Line’ e ‘Johnny Magic’. A melhor parte do disco, porém, é quando o discurso se torna mais universal. A faixa de abertura, ‘When worlds collide’, por exemplo, é um hino dos novos EUA da era Obama, com um riff poderoso e versos otimistas sobre a diferença de culturas na América. A balada ‘Light a Candle’ é uma lição de economia de energia: com voz, violão e uma melodia simples, Neil Young chega ao nível de seus clássicos trabalhos dos anos 1970.
Britney rocks :: ouça no www.youtube.com/sarahbearsss A banda Franz Ferdinand regravou o hit de Britney Spears, ‘Womanizer’. A versão dos escoceses, é claro, fez a música pop virar um rock, com direito a solo de guitarra no final. Quem também já fez versão da cantora foi Lily Allen, que a transformou numa balada sexy, além de All American Rejects e Ladyhawke. Robô entrevista pássaro? :: veja no youtube.com/user/Capricho “Eu hein, que entrevista mais esquisita.” Essa é a descrição que está no Youtube de um vídeo em que um robô entrevista a cantora Mallu Magalhães. Sim, um robô! No vídeo, “Malluzinha” confessa que assiste BBB e filosofa dizendo que “o ser humano é um pássaro”. Orgasmo nerd :: ouça no youtube.com/user/RiversCuomoAlone Sabe o Weezer? Sabe o Dwight, do seriado The Office? Sabe aquele refrão “what if god was one of us”? Misture os três e você terá o vídeo em que Rivers Cuomo, vocalista do Weezer, faz um cover de ‘One of us’, de Joan Osbourne (que não é filha do Ozzy), com o ator Rainn Wilson tocando bongô. Combinação que deixa qualquer nerd excitado. Gossip boy :: acesse myspace.com/thefilthyyouth Antes de interpretar o bad boy Chuck em Gossip Girl, o ator Ed Westwick já liderava os vocais da banda The Filthy Youth, criada em 2006. O grupo ainda não lançou nenhum disco, mas divulgou várias músicas no MySpace, bem no estilo rock inglês. Não dava para imaginar, mas Ed Westwick manda bem no vocal.
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fotos: divulgação
Se você é descolado, dance por Pablo Moreno no Brasil nas rádios e nas pistas como segundo single de ‘The Fame’. O álbum também vem com pitadas de anos 1980, como se fosse mais uma noite na balada. Em ‘Boys, Boys, Boys’ Lady Gaga canta, com um corinho de vozes femininas, o hino da Maria Gasolina: “Boys, Boys, Boys! We like boys in cars”. ‘I like it rough’ lembra os competentes sons oitentistas feitos por New Order e Depeche Mode. ’Summer boy’ é um bom momento ensolarado. Se ‘The Fame’ fosse um seriado, seria como um capítulo especial em Acapulco. O resultado não poderia ser mais divertido. A voz da cantora soa bem humorada e simpática na doce melodia. Narra as desventuras de um amor de verão que não sobe a serra. Lady Gaga afirma que seu álbum é um trabalho de pop art. Não dá pra negar a beleza do disco, a coerência e o talento da cantora. Sem apelar, sem dizer que beijou garotas, sem sair louca cheirando pelas ruas e sem tomar surra de namorado, Lady Gaga firma seus pés no mundinho pop.
da A T PRACA SA \\ A primeira guitarra de Oleives veio quando ainda tinha 12 anos. Por aqueles tempos, seu maior dever de casa estava longe da escola que frequentava. Era 1997 e o menino só pensava em assimilar as notas de piano dedilhadas por suas avós. “Lembro delas tocando ‘Oh, Minas Gerais’ e ‘Asa Branca’, de Luiz Gonzaga. Foram as primeiras melodias que aprendi”, conta, visivelmente satisfeito pelas aulas que recebera sem gastar nada. Não há receio em dizer os nomes de seus seguintes professores. Descobriu a própria música ouvindo Beatles e Led Zeppelin. Mas sua verdadeira formação esteve intimamente atrelada aos versos praianos de Tom Jobim. “A música brasileira continua sendo minha principal influência, sobretudo a contemporânea. Gosto bastante de Milton Nascimento, Paulinho Moska e Zeca Baleiro”, lista.
Oleives
Vai lá: oleives.com.br
por Bernardo Biagioni
Na faculdade de jornalismo, aprendeu bateria, baixo e teclado. Durante o curso, seu amor e dedicação pela música passaram de hobbie antigo a futura profissão. “Comecei tocando em algumas bandas de reggae de Belo Horizonte. Já participei da Jacanarana, Abou e os Caras da Terra, Anaguilê e Maruero”, enumera. Em 2007, Oleives passou a tocar teclado na banda mineira No Sal, tornando-se figura recorrente nos palcos de BH. No mesmo ano, porém, percebeu que a sua trajetória poderia lhe valer uma carreira solo. Oleives sentia que sozinho conseguiria interpretar suas composições com mais liberdade, além de poder explorar um modelo mais voltado para o formato voz e violão. “Desde pequeno já sabia que era o que eu iria fazer, tanto profissionalmente como ideologicamente”, confessa, correndo
Saia da garagem! Convença-nos de que vale a pena gastar papel e tinta com sua banda. Envie um e-mail para redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br com fotos, músicas em MP3 e a sua história.
os pensamentos pelos seus primeiros passos na cena cultural brasileira. Oleives lançou, em abril deste ano, um EP com cinco faixas, contando com a participação do guitarrista e produtor Augusto Nogueira. Talvez esteja percebendo só agora, mas a sua brincadeira de criança vem ficando cada vez mais real. “Hoje em dia é tudo um pouco mais sério, é claro. Mas a gente se diverte também. E bastante”, garante, sorrindo. victor schwaner
A principal crítica à música pop é a de que os artistas são muito produzidos, não têm liberdade artística e não fazem o som que realmente querem. Aí apareceu a Lady Gaga. A cantora, de apenas 23 aninhos, não é bonita, tem visual excêntrico, usa roupas estranhas, tem formação musical, é talentosa e fala em suas letras sobre coisas que se espera ouvir de um jovem baladeiro: fama, noitada e grana. O talento da moça se comprova pelo currículo. Lady Gaga estudou música na Universidade de Artes de Nova York, já foi DJ, toca piano desde os 4 anos e já compôs para Britney Spears e Pussycat Dolls, entre outros. A primeira parte de ‘The Fame’, seu primeiro CD, é como uma boa noitada numa balada moderninha. ‘Just Dance’, a faixa de abertura, tem uma batida hipnótica e um refrão grudento. ‘Love Game’ e ‘Paparazzi’ falam sobre o amor, mas de um jeito... moderninho, digamos. ‘Poker Face’ é estilosa e dançante. É ela que dá a deixa pro carão imperar. A voz de fundo repetindo a vocalização faz a base atrevida da canção, que estourou
por Bruno Mateus fotos Bruno Gabrieli e Cristina Brito
Flash mobs atraem cada vez mais participantes, bem ao estilo pós-moderno, o importante é se manifestar, com ou sem engajamento Inusitado, bizarro, coisa de nerd que não tem o que fazer ou, até mesmo, indício de uma revolução sociocultural. Tudo isso pode ser empregado quando o assunto é flash mob. O termo, numa tradução livre, seria algo como multidão instantânea ou mobilização relâmpago. A divulgação é feita por blogs, sites de relacionamento, e-mails ou mensagens de celular. Qualquer modalidade virtual se encaixa, mas o bom e velho boca a boca também funciona. O princípio é se divertir, sem preocupação ideológica. Ainda assim, há manifestações que têm ganhado caráter de protesto. Ou seja, flash mob pode ser usado tanto para zoar como para esculachar e reivindicar. Tudo começou em 2003, em Nova York, quando o jornalista Bill Wasik organizou, por e-mail, o primeiro flash mob. A ideia era concentrar 50 pessoas em frente a uma loja de artigos femininos. No fim das contas, não rolou. A polícia ficou sabendo e acabou com a brincadeira. O segundo ato foi realizado no mesmo ano, também em Nova York. Mais de 100 pessoas amontoaramse no 9º piso de uma loja, na seção de tapetes. Deitados em volta do mais caro, diziam procurar pelo tapete do amor. Também em 2003, mesmo ano em que virou mania nos Estados Unidos e Europa, aconteceu o primeiro flash mob no Brasil, em agosto. Em São Paulo, os participantes, ao cruzarem a rua no sinal fechado, tiraram o sapato de um pé, bateram uma vez no asfalto – que não tinha culpa de nada – e foram embo-
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ra. Assim, a troco de nada. Mesma razão pela qual em Belo Horizonte, em maio de 2008, uma galera se reuniu na Savassi para jogar moedinhas para o alto e ir embora. Será que houve um flash mob para pegar as moedas? No último dia 4 de abril, a Guerra de Travesseiros, que rolou em diversas capitais mundo afora, incluindo BH, na Praça da Liberdade, chamou a atenção da professora e cientista política brasileira Daniela Vasconcelos, que mora em Coimbra, Portugal. “Quem organizou foi a Associação Acadêmica dos Estudantes de Coimbra. Quando vi, achei uma besteira e pensei como eles podem perder tempo com isso, em vez de se preocuparem com questões mais importantes, como lutar pelos direitos dos estudantes”, esbraveja. São Paulo, 16 de abril de 2009. Essa foi a data escolhida para o “No Pants Day (Dia Sem Calça)”, evento em que os participantes tiram as calças e ficam só
São Paulo, 16 de abril de 2009. Essa foi a data escolhida para o “No Pants Day (Dia Sem Calça)”, evento em que os participantes tiram as calças e ficam só de cueca ou calcinha de cueca ou calcinha. O local marcado foi o metrô da capital paulista. A pedido da organização, nada deveria ser ofensivo ou imoral. O estudante Lucas Castilho arrancou as calças e participou de seu primeiro flash mob. Ele acompanhou o projeto desde o início e se identificou com o movimento. “Foi superdivertido mexer com a estranheza das pessoas. Acho que (o flash mob) é a cara da juventude”, define. FLASH MOB TAMBÉM É COISA SÉRIA
robson fernandjes / agência estado / ae
Sem lenço e sem cueca: mesmo de terno e gravata ou lendo um livro, dá para entrar na roda e se divertir
Quem pensa que todo flash mob tem o único e simples objetivo de zoar está fantasmagoricamente enganado. Em novembro de 2008, a Avenida Paulista, em São Paulo, foi cenário de um mob para protestar contra um projeto de lei do senador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB), que defende a identificação dos usuários da internet antes de iniciarem qualquer operação que envolva interatividade, como envio de e-mails e criação de blogs. Os manifestantes se reuniram na Avenida Paulista, com folha A4 em punhos, onde se lia “não ao PL de Azeredo” – atenção, não podia ser um formato de folha qualquer, tinha que ser A4 e a tinta da caneta deveria ser hidrocor. Na Europa, mais protestos. “Em fevereiro deste ano, muita gente se reuniu em Paris contra uma afirmação do presidente [Nicolas] Sarkozy. Ele disse que ‘La Princesse de Clèves’, um livro do século XVII, da escritora La Fayette, é inútil. Houve uma ação organizada por professores da Universidade de Paris, com muita gente, cada um com seu livro preferido”, conta a estu No primeiro flash mob no Brasil, os participantes apelaram e deram porrada. Ainda bem que foi no asfalto...
carlos hauck
Quem pensa que todo flash mob tem o único e simples objetivo de zoar está fantasmagoricamente enganado dante francesa Chloé Despax, que só não participou porque mora em Bruxelas, Bélgica. “O HOMEM CONTEMPORÂNEO É CARENTE” Carência do real que a vida na tela provoca, autonomia de significado do encontro por si só e esvaziamento das grandes causas, preenchido pelo estético. É a partir desse prisma que o sociólogo e professor da PUC Minas Euclides Guimarães analisa o fenômeno do flash mob que, para ele, é uma grande ilustração das características da pós-modernidade. Por ser um movimento divulgado pela internet, o estudioso acredita que a juventude de hoje está mais disponível, disposta e presente nos territórios virtuais. “O ciberespaço é onde mais se favorece esse tipo de encontro”, afirma. O professor vê como grande vantagem o fato de o movimento não ser pasteurizado, padronizado. Mas isso não garante que o flash mob se transforme em um movimento cultural. “Acho difícil que se torne uma coisa singular. É muito difícil unificar as coisas na pós-modernidade, mas pode se desdobrar em coisas que não sejam necessariamente flash mob”, acredita. Segundo Guimarães, o fenômeno pode até ser encarado como obra de arte. Se você estiver andando pela rua e, de repente, vir um grupo de pessoas paradas como estátua, dançando ou imitando canguru, já sabe: é um flash mob. Não precisa ficar com medo ou assustado, eles só querem curtir ou protestar. Sempre na paz, com muito bom humor. comente! redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br
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Galera se reúne para fazer uma bagunça organizada. Acima, banho de pena na Praça da Liberdade, na inusitada Guerra de Travesseiros. Abaixo, os “sem-calça” se misturam com os “normais”, no metrô de São Paulo
O QUE É ISSO, COMPANHEIRO? Do passado de combatente da luta armada até o terceiro mandato de deputado federal, Fernando Gabeira colecionou muitas histórias extraordinárias e, pelo menos, um escândalo: aquele das passagens aéreas
Foi na segunda-feira, véspera do feriado de Tiradentes, que esta entrevista foi realizada, no escritório de Fernando Gabeira no bairro do Jardim Botânico, Rio. Enquanto voltava para Belo Horizonte, com o conteúdo de nossa conversa ainda no gravador, uma notícia tomava conta dos sites jornalísticos: Gabeira também tinha participado da farra das passagens*, transferindo bilhetes de companhias aéreas de sua conta na Câmara a terceiros (no caso à filha: Tami, psicóloga, que foi visitar sua irmã, a surfista Maya, no Havaí). A repercussão do caso fez o deputado federal (PV-RJ), jornalista e escritor falar em “morte política”. Mas, talvez, seja apenas a morte do mito. Analisando a entrevista a partir do novo prisma imposto, dá para imaginar o sepultamento como uma hipótese dura demais vinda da sociedade brasileira, que tem, tantas vezes, memória curta. Não deve ser o sempre gente boa Gabeira o único a experimentar a intolerância definitiva de um povo supertolerante. O que deve ficar é uma mancha. Embora, não grande o suficiente para roubar dele o fato de ter tido uma vida extraordinária e, muitas vezes, importante politicamente. Como repórter, testemunhou no Chile de 1973 o golpe militar que depôs o presidente Salvador Allende e investi-
por Sabrina Abreu fotos Pedro Kirilos
gou, na Amazônia, a morte de Chico Mendes, em 1988. Como político, defende os direitos das minorias e a importância da ecologia há mais de 20 anos. Hoje, é a favor de legalizar a prostituição, e o uso da maconha, embora tenha abrandado o discurso quanto a essa última, durante a campanha eleitoral pela prefeitura do Rio em 2008 – coincidência? Ah, ele também foi um dos sequestradores do então embaixador americano Charles Burke Elbrick, em 1969, época em que esteve engajado na luta armada contra a ditadura. O fato, que costuma ser lembrado como um ponto alto de sua biografia, é minimizado por ele: “Foi um erro.” Diante do envolvimento no escândalo das passagens, fica a reflexão: vale minimizar ainda mais qualquer traço mítico que teima em ser vinculado a quem lutou contra os militares. Se, por um lado, houve o heroísmo dos que se dispuseram a morrer pela pátria amada, por outro, atualmente serve-se melhor a ela com medidas práticas do cotidiano. Como, por exemplo, passando longe das seduções do poder. Vai o mito, fica a história que é, de fato, fora do comum. E o bate-papo, que foi dos bons, também. * De 2003 até abril deste ano, R$ 471,4 milhões teriam sido gastos em passagens aéreas para a Câmara e o Senado. (Fonte: Revista Época)
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Quando jovem, o senhor resistiu à ditadura militar. Os jovens de hoje viram tanto escândalo, confiscaram a poupança dos nossos pais, construíram castelos, fizeram a farra das passagens. Será que estamos muito parados? Existem algumas diferenças entre aquela época e esta. Eu diria que é quase uma diferença entre uma época analógica e outra digital.. Hoje, o processo de rebeldia, de discussão, vai muito no interior da internet. Então, todos os es-
cândalos mencionados são muito criticados, mas no contexto da internet. Naquela época, a busca da rua, de uma ação, era também muito um desespero, em função da impossibilidade de uma vida política mais livre. Hoje, a pessoa pode trabalhar na internet e esperar, por meio dessa movimentação, um comportamento diferente do eleitor. É muito difícil pedir que uma geração que vive numa outra época, com outros meios, se comporte exatamente igual à outra, que
viveu naquele período. Cada uma tem seus desafios, suas respostas. A sua geração, com certeza, incomodou o poder. Nós também temos conseguido incomodar? Conseguem incomodar e até mudar um pouco. O que é preciso é que esta geração se prepare também para ocupar o espaço público, porque não tem sentido dizermos “nós e os políticos”. Num determinado momento, as pessoas podem e devem também ser políticos profissio-
O ritmo da burocracia, o ritmo do governo não dá conta da rapidez e da gravidade dos problemas
Despojado: fora de Brasília, tênis, jeans e camiseta são preferidos ao terno
nais. Você pode ser político profissional por um período. O tema desta revista é “o que move você”, não fique parado, faça alguma coisa. O que diria sobre isso para a juventude? A ideia do faça alguma coisa é interessante, mas eu não vou dizer o quê. Imagina, tenho quase 70 anos, chega um cara de 70 anos e fala para você se mexer para esse lado, você desconfia. Eu
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desconfiaria, cada um deve mexer para o lado que quiser. A pessoa tem mais participação na definição das coisas. Um de seus artigos na 'Folha de S. Paulo' fala que, todos os anos, de 80 a 100 pessoas têm o cabelo e o couro cabeludo arrancados, na Amazônia, em acidentes ocorridos em barcos com motores descobertos. No fim do texto, está escrito: “Talvez fizesse mais pela Amazônia como um repórter solitário”.
Por quê? Durante muito tempo fui jornalista. Então, se pegasse câmeras, informações, escrevesse artigos, talvez poderia ajudar mais do que como um deputado lá em Brasília. Então, essa é a ideia. Em Brasília, é tudo muito emperrado. Vamos pegar, por exemplo, esse caso específico: como você pode determinar, de Brasília, da Câmara dos Deputados, que haja mais fiscalização? Depende do governo,
Cada um deve mexer para o lado que quiser e da burocracia do governo, que ter uma regulamentação, então, tem que escrever [imita uma pessoa escrevendo]. O ritmo da burocracia, o ritmo do governo não dá conta da rapidez e da gravidade dos problemas. E a imprensa, que trabalha no ritmo da urgência, tem cumprido bem seu papel? A imprensa acompanha, mas não tem compromisso com a solução dos problemas, tem compromisso com aquilo em que os leitores estão interessados, abandona os problemas no meio, porque já não estão mais importando ao leitor. O compromisso dela não é político. Seu começo de carreira como repórter foi em Belo Horizonte? Passei por lá no 'Binômio' e também trabalhei no jornal 'Última Hora'. Na época, nós nos reuníamos muito no Edifício Arcângelo Maletta, que era novo, estava começando. Hoje, está decadente. Havia muitos bares, escritores...Uma atmosfera literária, o José Nava, Affonso Romano de Sant' Anna, muitas pessoas daquele momento, pintores. Fui primeiro
para o Rio, depois Belo Horizonte, depois para o Rio de novo. O senhor adotou o Rio para viver. Por ser de Juiz de Fora, ficou mais fácil [risos]? Restou alguma coisa de Minas? [Risos] Minas nunca acaba. Eu sempre vivi muito o estado porque, quando fui jornalista do 'Binômio', viajava muito por Minas, conheci várias regiões, cobri vários episódios, então, fiquei com uma noção do tamanho da grandeza do estado. Em que momento o senhor decidiu se juntar à luta armada? Já se falava, já se pensava, mas o AI-5 – um ato institucional que entrou com a censura à imprensa – precipitou isso, porque a imprensa ainda era uma espécie de válvula, um espaço que você ainda poderia usar para dizer algumas coisas. Com o AI-5, os censores foram para dentro das redações. Para mim,
Prestes a completar 50 anos de vida política, Gabeira deve organizar uma biografia, mas não liga para o que vão pensar dele na posteridade
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reprodução / o cruzeiro
A luta armada não era o único e, certamente, não era o melhor caminho estava indicado que não havia outro caminho. Embora, talvez, tivesse. A luta armada não era o único e, certamente, não era o melhor caminho. Nós cometemos um equívoco. Se a gente tivesse resistido pacificamente, talvez até tivesse conseguido que a ditadura se abrisse. A disputa pela prefeitura do Rio foi acirrada. Foram aqueles poucos votos que fizeram a diferença [Gabeira, candidato do PV, perdeu de Eduardo Paes, do PMDB, por cerca de 55 mil votos]. Qual é a lição que se tira desse episódio? Uma lição semelhante à que se tirou da eleição do Obama, nos Estados Unidos. A lição principal é que a sociedade está, cada vez mais, desejando mudanças. As mudanças têm que vir. Aqui foi quase, nos Estados Unidos, aconteceu. Como é o processo de escrita dos seus livros? O processo sempre foi muito rápido. Sempre fui rápido para escrever, por causa da profissão. No Jornalismo, é preciso ter rapidez. As características dos meus livros são estas: rapidez, imperfeições [risos]. Há algum livro agora dentro da sua cabeça? Tenho pensado em escrever um livro sobre os 50 anos de vida pública que estou completando, de quando comecei como líder estudantil até hoje. Então, estou querendo fazer um balanço. Digamos assim, é uma biografia política, não intelectual. O senhor declarou, durante a campanha, que não é mais a favor da legalização da maconha. Por quê? Não, não é que não seja a favor da legalização. O que sempre disse é que a legalização foi a minha bandeira. À medida que avancei, não sou mais... Não tenho mais condições de falar só da legalização. Sou obrigado a falar também sobre como fazer a legalização. E a pré-condição é trabalhar com a polícia. Tem que ter uma polícia melhor, preparada para, digamos assim, todos os efeitos colaterais da legalização. O senhor viu o filme ‘Tropa de Elite’? Sim, alguns deles [policiais do Bope] fizeram a segurança
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À caminho do exílio: Gabeira foi trocado, junto com outras 39 pessoas, pelo embaixador alemão Ehrenfried Von Holleben
da campanha [risos]. No filme, há uma cena com um universitário usando drogas no morro. O policial diz que não suporta “universitário com consciência social” que vai ao morro consumir um produto do tráfico responsável pela violência e pela morte de criancinhas. O que o senhor acha disso? Essa ideia já é muito carioca, não é? Porque o tráfico de drogas aqui é muito associado à violência. Existe uma ocupação militar das áreas onde se vende drogas. Você tem tráfico de drogas em cidades como Brasília, Curitiba ou BH que não são, necessariamente, tão violentas. Mas sempre há uma violência atrelada ao tráfico. Não? Sim, sempre tem uma violência atrelada à plantação, em todo o processo. Mas no Rio de Janeiro em especial... Por exemplo, uma cidade como Washington ou Los Angeles tem tráfico de drogas, mas não tem a ocupação armada de uma área. Quero saber sua opinião, por exemplo, sobre um cidadão. Mesmo sendo uma pessoa de bem, se ele consome o produto do tráfico – que antes foi uma plantação e passou por tantos processos ligados à violência –, está cooperando com o crime? Sem dúvida, está cooperando. O que, em certos casos, não dá é para você estabelecer uma relação direta: ele é responsável pela morte da criança, porque aí dramatiza, culpa. E como tática de trabalhar a questão da droga é pior, porque se você convencer o usuário de drogas que ele é a pior pessoa do mundo, vai fazer ele consumir mais drogas [risos]. Os moralistas, às vezes, atrapalham um pouco, com seu conjunto de julgamentos, criam dificuldades. O PV fazia campanha política distribuindo papel de seda na porta da minha faculdade. O que acha disso? É uma reação, porque, se por um lado você tem todo esse problema, já que nós estamos falando de maconha, tem também usuários que usam e lutam para que seja legaliza-
da, que consideram uma atividade que deve ser legalizada. Por outro lado, no caso do THC, a maconha é a única droga que pode suprimir o tráfico. Ela pode ser plantada em inúmeros lugares, tanto no fundo de quintal, quanto dentro do armário. Então, eu acho que no caso da seda é difícil dizer: “Você está cometendo [um crime]...” De repente, tem uma pessoa que planta maconha, e se você pega a seda para fumar a maconha plantada no fundo do quintal, não pode dizer que ela colabora com o tráfico. Tem só o comércio de seda. No final de década de 1980, o senhor já falava da ecologia. Tanto tempo depois, a gente ainda está atrasado? Acho que a gente avançou muito como país. O Brasil teve a oportunidade que outros não tiveram de fazer aqui a reunião do meio ambiente em 1992 [Eco 92]. Isso fez com que a televisão cotidiana passasse a falar das questões ambientais com mais frequência. Não se pode dizer que o Brasil está muito desenvolvido na consciência ambiental, mas acho que estamos caminhando. Quais temas defendidos pelo senhor naquela época continuam atuais?
A autonomia das mulheres, o direito das minorias. Todos os temas daquela época, hoje, são ainda muito importantes. E também defendo temas que só serão mais fáceis no futuro, como a legalização da prostituição, que ainda é muito chocante aqui. Mas quando você vai à Alemanha, vê que já está legalizada. Em vários lugares do mundo, está legalizada. Várias vezes, em seu blog, o senhor fala bem dos Estados Unidos. A esquerda, tradicionalmente, não tem muita simpatia pelos EUA. Também nisso sua voz é dissonante? Sou dissonante, porque acho um país muito interessante, e acho que nós temos muita coisa a aprender e a admirar nos EUA. Jamais participei do antiamericanismo... Embora eu tenha participado do sequestro do embaixador americano [risos]. Só achava que a política americana era equivocada, você vê que essa política que se arrastou por alguns anos e depois terminou no Bush, agora está sendo renovada. Como é o relacionamento com suas filhas [Tami e Maya Gabeira]? Gosto muito [risos]. É muito difícil
se descrever como pai, quem sabe como você é como pai são elas. Você pode ter uma ideia, supor... Mas o que sempre quis foi o desenvolvimento delas com liberdade. Sempre procurei a liberdade como um tema importante e ter confiança na capacidade delas. Então, elas floresceram e avançaram num clima de liberdade. A Maya é surfista de ondas gigantes, o senhor fica preocupado com isso? Fico preocupado, mas em quase todas as grandes confusões que entra, ela me liga imediatamente ou me passa um e-mail. Então, quando passa alguma coisa na televisão, já sei que está tudo bem. Depois de ser articulista, repórter, escritor, político, como o senhor quer ser lembrado? É um exercício muito difícil querer ser lembrado de alguma forma. Simplesmente, você não controla, as pessoas vão lembrar de você do jeito que quiserem, do jeito que as circunstâncias as conduzirem. Muito provavelmente, você já não vai mais se importar com isso, quando estiverem lembrando de você e você estiver morto [risos].
A maconha é a única droga que pode suprimir o tráfico. Ela pode ser plantada em inúmeros lugares, tanto no fundo de quintal, quanto dentro do armário josé varella / cbpress
marcus veras
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Com as filhas Maya e Tami, durante a campanha pela prefeitura do Rio, no ano passado. E no Congresso, em seu terceiro mandato como deputado federal
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por Alex Capella
fotos: divulgação
Novos caminhos
O Instituto Estrada Real (IER) disponibilizará em sua página na internet (www.estradareal.org.br), a partir deste mês, trechos detalhados para os visitantes que desejam conhecer a região sem o auxílio de guias especializados. O viajante poderá saber o grau de dificuldade de cada trecho, a localização de bifurcações, pontes, mata-burros, descidas e curvas perigosas. O primeiro trecho online será o chamado Caminho dos Diamantes, que liga Diamantina a Ouro Preto. Dados sobre a infraestrutura das cidades, distritos e vilarejos, assim como seus atrativos, também estarão presentes nos roteiros.
Degustação Bons de totó Vander Santos e Eloisio Inácio, que trabalham na área de remessa da CocaCola FEMSA Minas Gerais, em Belo Horizonte, representaram o Brasil na final do Campeonato Interno Heineken de Totó (Heineken Internal Table Football Competition), em Amsterdã, na Holanda. A disputa, criada pela empresa para incentivar a prática esportiva e o espírito de equipe de seus colaboradores, reuniu mais de 30 operações do grupo espalhadas pelo mundo. Quem venceu foi uma dupla austríaca que assistirá a final da Liga dos Campeões da UEFA, em Roma.
Mais energia Com nove unidades instaladas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a rede de academias Alta Energia Fitness prepara-se para inaugurar sua 10° unidade, no Bairro Mangabeiras, zona Sul da capital mineira. A unidade terá mais de três mil metros quadrados. Hoje, a maior rede de academias do Estado conta com cerca de 12 mil alunos e 300 profissionais ligados em mais de 20 modalidades diferentes. Presente no mercado mineiro desde 1992, a rede prepara-se também para lançar uma unidade em São Paulo. A intenção é encerrar 2009 com 12 unidades.
O Sakê, restaurante especializado em cozinha japonesa moderna, localizado em Lourdes, acaba de renovar o cardápio com uma grande variedade de pratos como o Haddock, o Kabura e o Gotisso. Outra novidade é a Robata, prato de grelhados feitos em uma grelha fabricada somente no Japão, que permite o preparo de carnes e legumes mais saborosos. Mas o restaurante investiu também em uma tendência cada vez mais forte no mercado, principalmente em tempos de crise: o SEM PARAR menu degustação, no qual os clientes experimentam vários pratos em porA Vernon, concessionária Peugeot da ções menores, por um preço acessível. Pampulha, lança agora em BH o projeto PEUGEOT SEM PARAR. Serão eventos na região da Pampulha, valorizando a marca Peugeot e seus grandes lançamentos, como a Linha Peugeot 207. Nos dias 10, 17 e 24, quem fizer caminhada na região vai contar com medição de pressão e distribuição de brindes na tenda Caminhada Vernon. No dia 23, quem for até a concessionária vai participar do Vernon Radical, com parede de escalada, high-jump e distribuição de brindes. Além disso, a concessionária fará ações em bares e restaurantes da região. Então, o lance é ir para a Vernon, fazer um test-drive Peugeot e curtir os eventos. Av. Antônio Carlos, 6.400 :: Pampulha (31) 3439.6400 :: www.vernon.com.br Moda panfletária
Expansão saudável A Subway, rede de fast food presente em 89 países, deverá chegar ao ano de 2011 com 40 lojas em Minas Gerais. Hoje, a rede, que trabalha no segmento de sanduíches frescos e saudáveis, conta com 250 lojas no Brasil. Os investimentos fazem parte da estratégia de expansão da marca, que pretende encerrar 2009 com 350 unidades espalhadas por todo o país. Na capital mineira, as mais novas representantes da marca foram abertas nos bairros Floresta e Gutierrez. Até o final do ano, devem ser inauguradas mais três lojas em Belo Horizonte (Centro, Barreiro e Cidade Nova).
Stencil, adesivos e grafites inspiram e estampam as peças da coleção de inverno 2009 da MCD, que traz o manifesto como palavra de ordem. A intenção é fazer com que as mensagens influenciem mudanças no comportamento – e nas ações – das pessoas, com o propósito de saírem de sua zona de conforto. Todas as embalagens e tags são feitos de material reciclado, numa ação contra a devastação ambiental. Na coleção feminina a cartela de cores traz tons terrosos, como o marrom. Para os homens, cores como verde, amarelo, vermelho e azul aparecem em tons mais foscos e apagados.
* A coluna Scrap S/A foi fechada em 20 de abril. Sugestões e informações para a edição de junho, entre em contato pelo e-mail da coluna.
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