#61 , MAIO , 12 , ANO 6
NÃO TEM PREÇO
REVISTA
ANTONIO TABET E OS 10 ANOS DE KIBE
LOCO
O CRIADOR DO SITE FALA SOBRE CENSURA, POLÍTICA E PLÁGIO “ACHO QUE BULLYING FAZ AS PESSOAS FICAREM MELHORES”
SURFE DE BIQUÍNI
TECA LOBATO E COMPANHIA MOSTRAM O TALENTO NA ÁGUA DA LAGOA DOS INGLESES
E MAIS: .A PRIMEIRA BRASILEIRA A SER INDICADA AO PRÊMIO WILL EISNER .DICAS PARA APROVEITAR LA DOLCE VITA (SEM PAGAR DE TURISTA) NA ITÁLIA
TEMPO tempo EDIÇÃO
JOGA NA CARA!
CONTANDO OS SEGUNDOS
A DELÍCIA E O PRAZER DE ARREMESSAR SEU DRINK NO ROSTO DE ALGUÉM
COMO A NOSSA NOÇÃO DE TEMPO MUDOU AO LONGO DOS ANOS
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11 DE AGOSTO
JOGO DA MEMÓRIA O tempo passou e a nossa equipe cresceu. Descubra quem é quem. A resposta no blog da redação.
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
BÚSSOLA
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Surfe na Lagoa Teca Lobato leva as amigas para mostrar o talento feminino na água
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Cris Peter Conheça a primeira mulher a ser indicada ao Oscar dos quadrinhos
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Passar das horas Apesar de parecer inexorável, o tempo não é tão certo quanto o relógio
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Vida na Itália Como escapar dos turistas e curtir em plenitude o país do macarrão
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Depois de uma vida assistindo a filmes, sempre rola aquela vontade de jogar o drink na cara de alguém
Antonio Tabet revela seu lado menos humorista e conta como sua criação chegou aos 10 anos de vida
Coquetéis
Kibe Loco
já é de casa DESTRINCHANDO
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20 22
QUEM É RAGGA
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EU QUERO , Mais tempo
ON THE ROAD , Lollapalooza
ESTILO , Érika Frade
RAGGA GIRL , Lara Batista
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Lucas Fonda — Diretor Geral lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br
FOTO: MARINA TEIXEIRA FOTO: MARINA TEIXEIRA
FOTO: CARLOS HAUCK
Caetano o considera um dos deuses mais lindos. Segundo Cazuza, ele não para, e Fernanda Takai garante que ainda falta um tanto para que ele corra macio. “Estamos sem tempo.” Como ouvimos e falamos isso hoje em dia. Mas a verdade é que o tempo continua o mesmo de sempre, 24 horas correndo em seu relógio de pulso. A questão então passa a ser: o que temos feito com ele? O excesso de informações, a necessidade de tantas realizações e o conhecimento de tantas possibilidades vem provocando, na maioria das pessoas, uma sensação angustiante de que não vai dar tempo. Não vai dar tempo de conhecer tantas pessoas quanto você gostaria, não vai dar tempo de viajar para tantos lugares, não vai dar tempo de ser tão bem-sucedido, não vai dar tempo de entregar o relatório, não vai dar tempo de ser feliz. Precisamos repensar o tempo e encontrar, dentro das 24 horas, espaço para satisfazer essas angústias. Ter tempo livre de ser, de nada ter que fazer. Afinal de contas, essas horas que correm no seu pulso são suas e elas passam rápido demais. Faça valer cada segundo, pois, ao contrário do que muitos dizem, tempo não é dinheiro.
FOTO: CARLOS HAUCK
QUANTO VALE O SEU?
FOTO: NETUN LIMA/MARIMBONDO
FOTO: MARINA TEIXEIRA
FOTO: PATRÍCIA PENNA
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
EDITORIAL
CAIXA DE ENTRADA CARTAS
EXPEDIENTE
BOB DYLAN/ SÉRGIO MALLANDRO
DIRETOR GERAL lucas fonda [lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING bruno dib [brunodib.mg@diariosassociados.com.br] ASSISTENTE FINANCEIRO nathalia wenchenck [nathaliawenchenk.mg@diariosassociados.com.br] GERENTE DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING rodrigo fonseca [rodrigoalmeida.mg@diariosassociados.com.br] EDITORA flávia denise de magalhães [flaviadenise.mg@diariosassociados.com.br] SUBEDITOR bruno mateus [brunomateus.mg@diariosassociados.com.br] REPÓRTERES bernardo biagioni [bernardobiagioni.mg@diariosassociados.com.br] izabella figueiredo [izabellafigueiredo.mg@diariosassociados.com.br] JORNALISTA RESPONSÁVEL flávia denise de magalhães – mg14589jp NÚCLEO WEB guilherme avila [guilhermeavila.mg@diariosassociados.com.br] felipe bueno ESTAGIÁRIOS DE REDAÇÃO lara dias [laradias.mg@diariosassociados.com.br] laura dias DESIGNERS anne pattrice [annepattrice.mg@diariosassociados.com.br] anselmo júnior bruno teodoro [brunoteodoro.mg@diariosassociados.com.br] marina teixeira [marinateixeira.mg@diariosassociados.com.br] FOTOGRAFIA ana slika bruno senna carlos hauck romerson araújo ILUSTRADORA CONVIDADA bianca sposito [flickr.com/photos/bianca_sposito/] ARTICULISTA lucas machado COLUNISTAS alex capella. kiko ferreira. lucas buzzati COLABORADORES paulo tiefenthaler. stefan salej RAGGA GIRL MODELO lara batista FOTOS carlos hauck MAQUIAGEM cacá grandinetti CAPA bruno senna REVISÃO DE TEXTO vigilantes do texto IMPRESSÃO rona editora REVISTA DIGITAL [www.ragga.com.br/digital] REDAÇÃO av. Assis chateaubriand, 499 :: floresta :: cep 30150-101 belo horizonte :: mg . [55 31 3237-6638]
Shirley Pacelli, por Facebook Galera da Revista Ragga teve o dom. ;P Igor Patrick Silva, por Facebook Velho, todos love essa revista! Zander Rocha, por Facebook Galera, dá uma olhada no site da Revista Ragga, a edição desse mês conta com as ilustrações de Pedro Felipe. Trabalho muito FODA... Paula Sabbatini, por e-mail Oi, Lara. Amamos a matéria, vc foi fantástica... Estou muito agradecida. E todas as transsexuais que irão se fortalecer e se inspirar com essa matéria tbém agradecem! Me mande seu endereço, por gentileza, pois quero te enviar uma carta especial! Beijos. * Na última edição, o sobrenome Sabbatini da Paula saiu erroneamente com “e” no final.
RAGGA NA WEB
Arte Por Toda Parte, via Facebook Parabéns a todos os envolvidos no Social Media da Ragga! Pessoal participando mesmo. Muita interação e conteúdo relevante! Abs.
PARA ANUNCIAR bruno dib [brunodib.mg@diariosassociados.com.br] rodrigo fonseca [rodrigoalmeida.mg@diariosassociados.com.br] SAIBA ONDE PEGAR A SUA www.revistaragga.com.br FALA COM A GENTE! @revistaragga redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br
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CSI: Nova Iguaçu Assista aos episódios da websérie policial produzida pelo nosso entrevistado Antonio Tabet e o site Anões em Chamas migre.me/8RpOz
EXTRAS
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Zonafootball Já imaginou uma partida de futebol americano entre belas garotas vestindo roupas íntimas? Sim, isso existe! migre.me/8Q2z6
REPRODUÇÃO DA INTERNET
Mercado do tempo Conversamos sobre passado e o amor por coisas antigas com o dono de um tradicional antiquário em BH migre.me/8NQgS
BLOGS PARCEIROS
Mais onda Dobradinha brasileira na final do ISA World Junior Surfing Championship que rolou no Panamá. Saiba mais no migre.me/8Q23u
Surf Girls Assista ao vídeo com nossa musa do wakeboard Teca Lobato e suas amigas surfando na Lagoa dos Ingleses migre.me/8OBfU
EXTRAS
Nossa, como você cresceu?! Veja no blog da redação fotos da nossa equipe em dois momentos, quando éramos criançase agora, adultos migre.me/8Ovzg coluna na web
Octógono O mineiro Rafael Sapo conta sobre os desafios de viver como lutador nos EUA e como é o UFC na vida real migre.me/8NLvm
Keep Calm Confira a galeria com todos os pôsteres motivacionais Keep Calm and Carry On que ficaram de fora da matéria migre.me/8Q1FE 13,
ARTIGO
Do front ao cinema “Se eu fosse lhe contar como esses isqueiros Zippo são desejados no front e a gratidão e felicidade com que os rapazes os recebem, você provavelmente me acusaria de exagero. Eu realmente acredito que o isqueiro Zippo é o item mais cobiçado no exército.” Ernie Pyle, correspondente na Segunda Guerra Mudial
POR LUCAS MACHADO ILUSTRAÇÃO BIANCA SPOsiTO
O isqueiro Zippo foi criado, em 1932, pela americana Zippo Manufacturing Company para clientes, funcionários, fornecedores e, principalmente colecionadores, mas acabou se tornando um item presente na cultura pop desde então. E, de geração em geração, ganhou o mundo juntamente com o seu fundador, George G. Blaisdell. O cronograma Zippo deu seu start na Pensilvânia, nos Estados Unidos. Mr. Blaisdell via utilidade nos isqueiros da época, mas, mesmo os austríacos, modelos leves, não tinham um design arrojado e ainda precisavam ser usados com as duas mãos. Foi quando surgiu a ideia de remodelar o design. Blaisdell construiu um isqueiro retangular, possibilitando que fosse utilizado com uma dobradiça, que protegia a chama em condições adversas — o Zippo é construído de tal maneira que a chama não se apaga facilmente. O jeito correto de apagá-lo é fechando sua tampa. Fazendo isso rapidamente, escuta-se um clique alto, característico de todo bom Zippo. O nome Zippo vem da palavra “zipper” — George gostava da pronúncia, mas acabou escolhendo Zippo pelo fato de considerar mais moderna. Em 1933, os primeiros isqueiros foram comercializados por US$ 1,95, contavam com uma garantia de vida incondicional e todas as peças eram substituíveis. Os Zippos são conhecidos pela garantia ilimitada — se um Zippo quebrar, não importa o quão velho ele seja: a companhia irá substituí-lo ou repará-lo gratuitamente. No pós-guerra, nos anos 1950, os códigos da marca já eram carimbados na parte inferior de cada unidade. O propósito original era o controle de qualidade e uma garantia para seus colecionadores e aficionados. Em 1956, criaram o modelo Slim, voltado para as mulheres. Hoje, estima-se que o isqueiro seja comercializado em 120 países e tenha uma média de oito
milhões de colecionadores espalhados pelo mundo. Em junho de 1997, foi criado o museu Zippo – uma instalação, incluindo uma loja, de 15 mil metros quadrados, na Pensilvânia, que recebe a visita de milhões de turistas todos os anos. A grande sacada, além do glamour e elegância dos isqueiros mais cobiçados do planeta, foi a linguagem de marketing. Em todas as pesquisas feitas ao redor do mundo, de 100 pessoas, 98 sabem da existência do isqueiro, possuem, já possuíram, colecionam ou já ouviram falar. E não é por menos: visto em Hollywood e na Broadway, o isqueiro Zippo, segundo estatísticas recentes, foi destaque em mais de 1.500 filmes, peças teatrais e programas de televisão ao longo dos anos. “Estrelou” produções como I love Lucy, Pulp fiction e o musical Hairspray, e acendeu os cigarros de galãs como James Dean e Humphrey Bogart. No cenário musical, desHoje, estima-se de os anos 1960 os isqueiros que o Zippo seja são vistos em capas de discos comercializado e revistas e tatuados na pele em 120 países de roqueiros. Com um currículo e tenha oito como esse, o pessoal do markemilhões de ting não perdeu tempo e criou o colecionadores evento Zippo Encore, concurso espalhados que dá oportunidade a bandas pelo mundo de rock independentes. No outono de 2002, a Zippo obteve o registro de patente como forma de se proteger dos falsificadores e superou a marca de 425 milhões de isqueiros produzidos. Independentemente da sua idade, se você é adepto ao tabagismo, mochileiro ou colecionador — o Zippo está, hoje, no tecido da cultura global. Não importa qual é o seu modelo, sempre é possível encontrar um Zippo com todo o seu charme, estilo vintage ou moderno. E de todos os preços: de US$ 13 a US$ 3 mil — os feitos de ouro maciço chegam a valer 60 mil dólares. De qualquer maneira, se você possui um Zippo, pode ter certeza de que terá um isqueiro para suas próximas gerações. Um dos netos de Blaisdell, que comanda a empresa, foi questionado pelo controle do tabagismo e já foi logo abrindo fogo: “Ainda há um mercado enorme a ser explorado. Essa é a vantagem de ser o melhor”. Fui...
J.C. manifestações: articulista.mg@diariosassociados.com.br | Twitter: @lucasmachado1 | Comunidade Orkut: Destrinchando | facebook.com/lucastmachado
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© 2012 Doctor’s Associates Inc. SUBWAY® é uma marca comercial registrada de Doctor’s Associates Inc. Imagem meramente ilustrativa.
NOSSA CAPA É impossível descrever a cara de Antonio Tabet quando tiramos uma camisa de força da mochila e pedimos para ele colocar. Se a gente não tivesse certeza de que o cara é carioca, diríamos que ele era a encarnação do proverbial mineiro desconfiado. Mas, depois de olhar para a gente como se fôssemos completamente pirados, ele topou colocar a fantasia. E animou fazer (quase) tudo que a gente pediu, na busca pela foto de capa perfeita. No fim das contas, quem diria que ele faria um excepcional louco tentando sair da sua camisa de força? Ou que odeia kibe frito? Dê uma olhada na entrevista com ele (pág. 58) e conheça melhor o criador do Kibe Loco.
FOTOGRAFIA Bruno Senna CAMISA DE FORÇA Coletivo Contorno
Estilo californiano Para a nova coleção outono/inverno 2012, a Rip Curl buscou inspirações californianas e aposta em tecidos fashion, estampas variadas e cortes modernos, para atender tanto os consumidores que moram nas praias quanto os que residem em grandes cidades, com peças para a meia estação e para os dias mais frios. Para o outono, a marca propõe camisetas de manga longa com capuz, camisas de tecido plano e flanela, moletons leves e jaquetas rainwear, que cortam o vento e são a prova d’água. Para o inverno, apresenta moletons, jacquards e jaquetas pesadas.
*A coluna Scrap S/A foi fechada no dia 20 de abril. Sugestões e informações para a edição de junho, entre em contato pelo e-mail da coluna.
Guaraná ecológico
No barril
De olho no crescimento do consumo de refrigerante no Brasil a Ambev apresenta ao mercado mineiro uma novidade. Pensando na preocupação dos consumidores com práticas mais sustentáveis, o Guaraná Antarctica coloca no mercado a embalagem de 1 litro retornável. O lançamento, que chega aos principais pontos de venda de Minas, estará disponível em supermercados, bares e lojas de conveniência, ao preço sugerido de R$ 1,25. Na recompra, o consumidor pagará apenas R$ 1.
A Kaiser, cerveja produzida pela Cervejaria Heineken e distribuída em Minas Gerais pela Coca-Cola FEMSA Brasil, lança no mercado mineiro a Kaiser Barril. O diferencial do produto é que a cerveja é tirada sob pressão, por meio de um cartucho interno com CO², que deixa o líquido mais cremoso, como se tivesse saído direto da chopeira de um bar. O produto estará disponível no mercado por R$ 34, em média. Desenvolvido pela companhia desde 2011, o barril somente era comercializado na Holanda e na Itália.
Cosméticos de luxo A marca nova-iorquina de cosméticos de luxo Kiehl’s inaugura duas lojas na capital mineira neste mês – no Pátio Savassi e BH Shopping. A bandeira, que desde 2000 pertence à L’Oréal, está em plena expansão e seu plano é de abrir 50 lojas até 2016. A marca dedica-se a oferecer o mais alto nível de atendimento e a contribuir para melhorar a qualidade de vida da comunidade em que está inserida. Apesar de ser marca de luxo, traz produtos com preços acessíveis (média de R$ 79).
Lingerie modernista A Água Fresca Lingerie lança a coleção Poema em Curvas — uma homenagem à Pampulha de Oscar Niemeyer. Embasada no projeto arquitetônico da orla da Lagoa, na Igreja São Francisco e também na vida do arquiteto, a equipe de criação desenvolveu 11 temáticas compostas por calcinhas, sutiãs, camisolas e corpetes em estampas exclusivas e tecidos como veludo, renda, seda italiana e devore. ,16
FOTOS: DIVULGAÇÃO
IMAGENS: DIVULGAÇÃO
POR ALEX CAPELLA
SCRAP SA
fale com ele: alexcapella.mg@diariosassociados.com.br
ILUSTRADORA CONVIDADA
BIANCA SPOSITO
flickr.com/bianca_sposito biancabencastri@gmail.com Bianca Sposito vive e trabalha em Belo Horizonte. É bacharel em artes plásticas pela Escola Guignard da UEMG, pós-graduada em processos criativos em palavra e imagem pelo IEC-PUC Minas e pós-graduanda em arte e contemporaneidade pela Guignard. Atua nas áreas de arte, educação e ilustração. Participou de exposições de desenho e linguagens contemporâneas em Belo Horizonte. Desde 2004, desenvolve pesquisas e experimentos acerca das possibilidades do livro-objeto, do desenho, da ilustração e no campo das artes visuais.
Quer rabiscar a Ragga? Mande seu portfólio para annepattrice.mg@diariosassociados.com.br
COLUNA ,TWEETS DO @PORRADUDUH
DIVULGAÇÃO
Vida difícil aos 13 ao Judas da academia
CAMPEÃO BRASILEIRO DE PEBOLIM AMADOR. VENCEDOR DO TROFÉU IMPRENSA NA CATEGORIA BOM GAROTO.
“GAROTO VENDE RIM PARA COMPRAR IPHONE E IPAD.” COMO OS PAIS DEIXAM A CRIANÇA FAZER ISSO? NÃO SABEM QUE DARIA PRA LEVAR MAIS UM MACBOOK?
BIANCA SPOSITO
DUDU, PORRA!
A casa ao lado da minha tem alguém que toca saxofone. Estou há um passo de ser vizinho da Lisa Simpson.
Saudades da época em que minha única decisão era escolher entre Squirtle, Bulbassauro e Charmander.
Esse “Fulano leu um artigo” que rola no Facebook tá queimando muito o filme da galera!
Estado civil: desistindo.
Meninas de 13 anos dizendo que a vida não tá fácil. Quebrou o pescoço da Barbie, fia?
Menos “Solicitações de Meu Aniversário” e mais “Presentes no Meu Aniversário”.
Sou igual Judas, malho uma vez por ano. A diferença é que eu pago todo mês.
Deborah Blando usou tanta droga que ficou com a voz da Susana Vieira.
Eu sigo tanto comediante que tem hora que a timeline parece um classificado de stand up.
E pensar que o Miguel Falabella ainda ganha pra pensar uma história em que o Fiuk é filho do FÁbio Jr..
Quando eu nasci eu era tão feio que meu pai quase me registrou no Discovery Channel. Pro gordo, toda depressão é pós-prato. ,18
Abram seus guarda-chuvas que tá caindo indireta. O pior cego é aquele que... te cutuca com a bengalinha.
CONSUMO
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FOTOS: DIVULGAÇÃO
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EU QUERO
Você vê os ponteiros do relógio passando, e o pânico de que não vai dar tempo de terminar tudo que ainda tem para fazer vai crescendo. Felizmente, não faltam relógios, aplicativos de iPhone e ideias mirabolantes para fazer o tempo durar mais. O tempo não para, mas ele pode passar mais devagar.
MAIS TEMPO
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3. < VIAJAR NA TELA > Enquanto Benjamin Button está tentando encontrar seu lugar no mundo com a sua terrível doença que o faz rejuvenescer a cada ano que passa, Marty McFly está lutando para conseguir voltar à sua era — e convencer sua mãe de que ele não é assim tão gatinho. O curioso caso de Benjamin Button R$ 14,90 De volta para o futuro R$ 19,90 Americanas.com
4. < TEMPO BOM X TEMPO RUIM >
5. < TIME IS MONEY! >
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Entre o trabalho, a casa, os amigos e a vida amorosa, não é possível fazer mais nada, certo? Errado. A Polishop está há anos garantindo que você vai é ganhar tempo usando seus revolucionários produtos. “Tudo feito em questão de segundos, sem bagunça na cozinha e sem deixar cheiro nas mãos.” R$ 199,90 na Polishop.com.br
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ESTILO
ÉRIKA FRADE
POR LUCAS MACHADO FOTOS CARLOS HAUCK
A roupa é uma das formas pelas quais as pessoas se comunicam, influenciando outras em termos de julgamento a respeito de status, etnia e até mesmo em atitudes de estilos de vida e preferências pessoais. Conversamos com a estilista mineira Érika Frade. Formada em psicologia, ela diz que é muito caseira, adora tomar vinho, ler livros e revistas, principalmente de moda, e cozinhar. Gosta de dormir e fala com muita convicção que está em uma fase romântica. “A única coisa que não gosto de fazer em casa é mexer no computador.” Há nove anos no grupo Patachou, ela lembra que já passou por áreas como representação comercial e compras, até chegar a ser estilista das marcas Chou Chou e Patachou. “Conheço o processo de ponta a ponta, o que facilitou muito o meu trabalho, em todos esses anos, inclusive nessa minha fase”, comenta. Érika conta que o que a faz ter mais inspiração é viajar — faz pelo menos três viagens para o exterior por ano. A estilista explica como é fazer coleções e até desfiles para o mesmo target, porém com idades diferentes: “A Patachou tem clientes há 30 anos, veste uma mulher chique, inteligente e contemporânea. As clientes Chou Chou são as meninas que saíram do colégio, estão entrando na faculdade e começando a namorar”. < Kit sobrevivência >
< Érica usa > sapato Top Shop vestido Patachou camisa Chou Chou
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FREEFALL
QUEM É RAGGA
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FOTOS ANA SLIKA
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CARLOS HAUCK
ESPORTE ,SURFE
UMA SESSテグ DE SURFE DE LAGOA DE DEIXAR MUITO MARMANJO NO CHINELO
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COISA DE MULHERZINHA 27,
Eu subindo nossa ondinha artificial
POR TECA LOBATO FOTOS Carlos Hauck
No fim dos anos 1980 e começo dos anos 1990, era comum ver atletas de esportes como o surfe e o skate extremamente masculinizadas. Algumas, por falta de opção, confundiam feminilidade com performance e acreditavam que, diante de tanta falta de apoio, precisavam de alguma maneira se impor dentro desse cenário dominado por homens. Essa falta de equilíbrio hoje pende para o lado da feminilidade exacerbada. Com medo de se masculinizarem com a prática de seus esportes, muitas atletas do surfe, por exemplo, exageram na exposição e acabam confundindo a maneira de se impor e, vez ou outra, aparecem como fantoches contraditórios do estilo de vida proposto, com uma feminilidade tão forçada que chega a dar vergonha. Quando esses elementos se harmonizam, o resultado não poderia ser diferente. Eu me lembro de assistir impressionada a alguns filmes de surfe feminino, nos quais as atletas imprimiam um estilo de surfe fluido e leve — mesmo agressivas, ,28
Lu dando uma batida de frontside com facilidade
conseguiam fazer tudo aquilo parecer muito fácil. Sem interesses, por puro amor ao esporte, é comum encontrar espontaneidade em meio a tanta confusão. Na minha opinião, o surfe é um dos esportes de prancha mais difíceis de se começar a praticar. Não é raro passar o dia tomando na cabeça para pegar uma onda que compense todo o sacrifício. No surfe de lagoa, o acesso à onda é mais fácil, mas o difícil é ficar nela. Por isso não é fácil. Cansei de ver diversas mulheres que se interessavam pelo esporte, e que, por falta de coragem ou medo de fazer feio, preferiam assistir do barco a performance de namorados ou amigos. Condicionadas desde pequenas a não se descabelarem e a terem vergonha do
corpo, na categoria feminina o surfe de lagoa em Minas nunca cresceu... Até agora. Concentradas, as minhas duas convidadas dominavam quase que intuitivamente o esporte. Luciana Lobato passou uma temporada morando em Manaus e encontrou no wakesurf a prática ideal, percorreu quilômetros surfando no Rio Negro e chegou à sessão com experiência de uma veterana no esporte. As batidas fluíam despreocupadamente, deixando muitos dos marmanjos que vi surfar no chinelo. Fernanda Lopes veio de outra modalidade. Começou no wakeskate e de uma prancha para outra foi um pulo. Sem se preocupar, se arriscou e se riscou com as quilhas de uma das várias pranchas que ocupavam o barco. Não negou cair na água pela segunda vez, já sem 29,
Fernanda Lopes partindo para a sessão
Não é raro passar o dia tomando na cabeça para pegar uma onda que compense todo o sacrifício. No surfe de lagoa, o acesso à onda é mais fácil, mas o difícil é ficar nela. Por isso não é fácil
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sol e com um machucado aberto — o frio do fim de tarde da Lagoa dos Ingleses não foi nada se comparado à vontade de evoluir. Acostumada com competições e treinos de wakeboard, essa sessão de surfe para a Ragga renovou minha maneira de ver o esporte. Lembrou-me da sensação de assistir filmes de surfe e torcer para aparecer uma cena com mulheres surfando; de como admiro as mulheres que têm coragem de se expor ao novo, de colocar a cara a tapa e arriscar fazer feio em prol de alguma coisa que acreditam ser mais uma ferramenta para seguir vivendo com um sorriso no rosto. O clima despretensioso de surfar só com mulheres e de assistir ao estilo pessoal de cada uma sendo criado de uma maneira natural foi revigorante. É engraçado como a mulher e o esporte de ação criam essa impressão harmônica e parecem ter sido criados um para o outro. É como se ambos se equilibrassem e fizessem parte de um todo inseparável.
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FOTOS: BRUNO SENNA
RAGGA NIGHT RUN
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CORRER PRA VIVER SEGUNDA ETAPA DO CIRCUITO 2012 DA RAGGA NIGHT RUN REÚNE QUASE DOIS MIL CORREDORES NO BELVEDERE
Na capital mundial dos bares, sábado à noite também pode dar lugar ao esporte sem perder a diversão. Como aconteceu em fevereiro, quando rolou a primeira etapa do circuito 2012, quase dois mil corredores participaram da Ragga Night Run (RNR) e coloriram de amarelo — cor oficial das olimpíadas para a Ásia — as ruas do Belvedere, no mês passado. Este ano, a RNR carrega o conceito “espírito olímpico” — o circuito traz quatro etapas, cada uma representando um continente, exceto a África, que estará presente em todas, por meio de um pelotão de elite de corredores. Para Fabiano Souza, de 31 anos, além de poder quebrar seu próprio tempo, “a mescla de diversão e adrenalina torna o evento muito bacana”. Ele também participou da primeira etapa do ano e pretende correr todo o circuito. 33,
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FOTOS: ANA SLIKA
CARLOS HAUCK carlos hauck
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BRUNO SENNA
FOTOS: BRUNO SENNA
PRÓXIMA ETAPA TENDO COMO TEMA A AMÉRICA, A PRÓXIMA ETAPA SERÁ NO SÁBADO, 11 DE AGOSTO. AS OPÇÕES DE PERCURSO SÃO AS MESMAS, DE 5KM E 10KM, NAS CATEGORIAS FEMININO E MASCULINO. SAIBA MAIS NO RAGGANIGHTRUN.COM.BR.
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Cores da logomarca: AETHRA: Azul Pantone 639 Sistemas Automotivos: Preto 100%
CULTURA
QUAL É A DIFERENÇA ENTRE UM COLORISTA E UM DESENHISTA?
UM DESENHISTA TRABALHA com os traços pretos, com as linhas do desenho, de maneira artesanal ou digital. O colorista usa as cores para dar clima, luz e sombra, profundidade ao desenho. Normalmente, usamos o Photoshop para isso, mas também pode ser feito de maneira artesanal. VOCÊ TAMBÉM DESENHA?
TOQUE DE COR
PRIMEIRA BRASILEIRA A SER INDICADA AO “OSCAR” DOS QUADRINHOS, CRIS PETER FALA SOBRE SEU TRABALHO
POR FLÁVIA DENISE DE MAGALHÃES
A cena dos quadrinhos brasileiros está mais rica do que nunca, mas, para um quadrinista brasileiro, receber reconhecimento internacional pelo seu trabalho ainda é novidade. Principalmente quando se trata do prêmio Will Eisner, o mais importante da área no mundo. Este ano, quem levou a única indicação brasileira foi a gaúcha Cris Peter, pelo seu trabalho como colorista na série Casanova. Lançada em 2006, a série foi escrita pelo roteirista Matt Fraction e desenhada pelos gêmeos brasileiros Gabriel Bá e Fábio Moon (que levaram o Will Eisner de melhor minisérie no ano passado). O original de Casanova era em preto e branco e a Marvel Comics chamou a brasileira para aplicar a cor antes do relançamento da série, em julho.
DESENHO, mas não é minha atividade favorita. Não tenho muita prática. COMO UMA PESSOA VIRA COLORISTA? QUE HABILIDADES SÃO NECESSÁRIAS?
PARA SER COLORISTA DE QUADRINHOS, é necessário não só mexer nos programas. É essencial saber combinar as cores, fazer o 2D do desenho ter mais profundidade através da ilusão de profundidade e luz e sombra. Não é muito diferente de uma pintura tradicional, só que ela engloba também a questão da ambientação, climatização da cena e sequenciamento. Para uma pessoa que pretende trabalhar com isso, é essencial estudar a cor, seus conceitos e sua psicodinâmica. QUAL É A SUA COR PREFERIDA?
SOU COLORISTA. Gosto de todas as cores. O QUE SIGNIFICA SER INDICADA COMO COLORISTA A UM PRÊMIO BATIZADO EM HOMENAGEM AO WILL EISNER, QUE DESENHAVA BASICAMENTE EM PRETO E BRANCO?
ESSA PREMIAÇÃO É LIGADA AOS QUADRINHOS e tudo o que engloba esse mundo. Will Eisner era fantástico e alguns de seus quadrinhos eram, sim, coloridos, mas, devido a algumas limitações da época, era raro isso acontecer. Ele aprendeu a deixar sua arte completa mesmo sem cores, coisa que alguns desenhistas de hoje não conseguem. É um orgulho ser indicada a esse prêmio. Quadrinho é quadrinho, seja preto e branco ou colorido. Colorista é só uma das categorias, e, hoje em dia, é raro encontrar um quadrinho preto e branco nas bancas. EM QUE ESTÁ TRABALHANDO AGORA?
AINDA ESTOU TRABALHANDO EM CASANOVA. Também estou em três outros títulos da Marvel, DarkHorse e Vertigo, mas nada que eu possa divulgar ainda.
O ORIGINAL DE CASANOVA ERA EM PRETO E BRANCO E A MARVEL COMICS CHAMOU A BRASILEIRA PARA APLICAR A COR ANTES DO RELANÇAMENTO DA SÉRIE, EM JULHO 39,
TEMPO
KEEP CALM AND READ THE STORY CONHEÇA A ORIGEM DO CARTAZ MAIS COPIADO DA INTERNET
IMAGENS: REPRODUÇÃO DA INTERNET
TEXTO E FOTOS STEFAN SALEJ
É bem provável que você já tenha visto alguma variação desse cartaz na web. As palavras originais carregam um efeito forte e intenção nobre: dar esperança. Por outro lado, as cópias, que vieram 73 anos depois da criação do original, vão do “Keeps Calms que Hojis é Sextis”, inspirado no Mussum até “Keep Calm and Eat Cupcakes” (“Tenha Calma e Coma um Cupcake”), presença obrigatória em cafeterias. A história do cartaz começou na Inglaterra, em 1939, durante a 2ª Guerra Mundial, quando as preocupações eram maiores do que só esperar pelo final de semana. Elas eram se teria um final de semana ou não. Imagine morar em um lugar com sirenes soando de hora em hora, com aviões militares sobrevoando a cidade, construções em escombros, pânico constante e
tudo com o que você pode contar é um cartaz na parede para unir e dar esperança: “Keep Calm and Carry On” (“Tenha Calma e Siga em Frente”, em tradução livre). A Inglaterra havia declarado guerra contra a Alemanha de Hitler e o governo britânico precisava do apoio e força da população. Usando a imagem da coroa do Rei George VI, os britânicos criaram três posteres com o objetivo de acalmar a população nesse momento de desespero. Além do mais famoso, foi publicado o “Freedom Is In Peril. Defend It With All Your Might” (“Liberdade está em perigo. Defenda-a com toda sua força”) e “Your Courage, Your Cheerfulness, Your Resolution Will Bring Us Victory”(“Sua coragem, sua alegria, sua força de vontade vão trazer para nós a vitória”). As duas mensagens menos famosas hoje foram as primeiras a ser impressas, com 400 mil e 800 mil cópias, respectivamente. Já o Keep Calm foi mantido em segredo após a impressão de 2,5 milhões de cópias. Com mensagem mais simples, ele estava sendo guardado para o caso de o país ser invadido pelas forças nazistas, o que nunca aconteceu, e acabou esquecido. Isto até que, por sorte e acaso, Stuart Manley, dono do sebo Barter Books, em Alnwick (Nordeste da Inglaterra), comprou uma leva de livros e, no meio deles, encontrou o cartaz. A mulher dele, Mary Manley, gostou tanto que resolveu pendurar o pôster na parede e o resto virou história. Manley conta que o pôster foi comprado em 2000 em um leilão, mas que só ganhou a fama que tem hoje quando uma repórter do jornal inglês The Guardian se apaixonou pela imagem e fez uma matéria sobre ela. Stuart diz que tantas pessoas queriam comprar o original que surgiu a ideia de montar um negócio de cópias, o bem-sucedido keepcalmcarryon.com. Feito com o objetivo de transmitir tranquilidade em uma época de crise na Inglaterra, as simples palavras acabaram dando força para todo o mundo, que está em crise constante com as suas próprias contradições. Nada melhor no dia a dia do que essa força na sexta-feira — ou em qualquer dia da semana. 41,
TEMPO
Relógio inconstante A FORMA COM QUE REGISTRAMOS AS HORAS QUE PASSAM NEM SEMPRE É TÃO ABSOLUTA QUANTO GOSTARÍAMOS. BASTA UM GOVERNO — OU UMA PESSOA — PARA ACABAR COM A NOSSA ILUSÃO DE QUE O TEMPO É CONFIÁVEL POR FLÁVIA DENISE DE MAGALHÃES
1 SAMOA
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No fim de 2011, Samoa, um pequeno país situado na Polinésia, tomou uma decisão que chamou a atenção de todo o mundo. O governo cancelou o dia 30 de dezembro. O objetivo era se aproximar do tempo da China e da Austrália, que estavam do outro lado da linha internacional do dia (apesar de serem geograficamente próximos, esses países estavam oficialmente em um dia diferente, causando transtornos para as relações comerciais). Para entrar no tempo de seus parceiros, foi necessário cancelar um dia de 2011. Mas essa não foi a primeira fez que fizeram isso. No começo do século 19, o país, que estava no tempo da China, viveu um dia a mais para entrar no horário dos Estados Unidos, seu principal parceiro comercial à época.
INTERNET
Não existe fuso horário na internet. Com milhões de pessoas em diversos países, não existe hora comercial para quem passa o dia todo on-line. Para tentar organizar o tempo on-line, a fabricante de relógios Swatche criou o projeto Swatch Internet Time (ou beat time) em 1998. Para eles, o ideal seria dividir o dia em mil .beats (cada um equivalente à 00:01:24) contados a partir de meia noite. Ou seja, às 7h você falaria que está no beat 291. Apesar de ser aplicado em relógios vendidos pela empresa e alguns sites na época do seu lançamento, a nova proposta não colou e hoje vive como um anedota do dia que uma empresa tentou mudar o tempo.
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2 FRANÇA
Pouco depois da Revolução Francesa, em 1789, os revolucionários decidiram abolir a divisão do tempo criada pela igreja romana. Usando o sol como base eles criaram o calendário revolucionário francês, que dividia o ano em 12 meses de 30 dias, sendo que cada mês teria três semanas de 10 dias. O dia foi dividido em 10 “horas”, que teriam 100 “minutos”, com 100 “segundos” cada um (cada hora do novo calendário seria o equivalente à 2h24 do tempo atual). Não precisa nem falar que não deu certo, né? O sistema de horas nunca foi implantado e, em 1805, Napoleão Bonaparte ordenou a volta do calendário gregoriano, que é utilizado até hoje.
3 VATICANO
Samoa não foi a primeira nação a decretar o fim de um dia. O Vaticano já tinha feito algo semelhante em 1582, quando a população mundial perdeu 10 dias – foram dormir no dia 4 de outubro e acordaram no dia 15. Eles tiveram que fazer isso porque, até então, o calendário em vigor era o Juliano, que não contava com o ano bissexto. Sem o ajuste, o calendário foi ficando seis horas atrasado por ano. Em 40 anos, isso significava 10 dias de atraso, ou seja, as estações não estavam alinhadas com os dias do calendário. Para ajustar tudo, o calendário Gregoriano, que conta com o ano bissexto, foi colocado em prática.
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TEMPO
DEZOITO MINUTOS PARA MUDAR O MUNDO FOMOS ENTENDER O PORQUÊ DO CURTO TEMPO DE CADA PALESTRA DO TEDx
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POR LARA DIAS ILUSTRAÇÃO ANNE PATTRICE
Cada um dos palestrantes tem 18 minutos para compartilhar suas experiências de vida para 400 pessoas. A medida não é arbitrária. Para chegar ao formato padrão, foi realizada uma pesquisa que mostrou que os preciosos 18 minutos eram suficientes para explicar uma boa ideia. O tempo limitado fez ainda mais sentido quando temos acesso a uma rede de conhecimentos cada vez maior pela internet. “Você assiste a uma palestra relativamente curta, mas que desperta o interesse de ir atrás daquele conteúdo apresentado. É cada vez mais simples chegar até o conteúdo. Os 18 minutos são tempo de instigar, de inspirar, de provocar”, conta Augusto Barros, um dos curadores do TEDx BH. O evento, que já impressionou gente no mundo todo, ocorre em Belo Horizonte no dia 12 deste mês. Organizado de forma independente e sem fins lucrativos, apesar de licenciado, o primeiro TEDx Belo Horizonte reunirá palestrantes brasileiros e estrangeiros, médicos, artistas e um chefe indígena empreendedor. Augusto comenta que o formato das palestras foge do convencional: “Elas se apresentam em formato análogo ao tratamento cênico e passam muito pelas histórias de vida dos palestrantes. Muitas delas com uma dimensão emocionante mesmo”. Além dos palestrantes escolhidos a dedo, o público também é selecionado. Foram 500 inscritos, dos quais serão selecionados cerca de 150 a 200. “Organizamos tudo em um banco de dados do qual foram eliminadas as informações pessoais e mantidas apenas as respostas de perguntas subjetivas como: ‘Por que você deve participar do TEDx?’”, explica. Com as res-
postas, o grupo montou uma planilha que foi distribuída para professores da Fundação Dom Cabral, do Cefet, do grupo Anima e outros cidadãos que pontuaram cada candidato. No fim, os inscritos selecionados com as melhores pontuações serão comunicados. As outras 200 vagas foram direcionadas para bolsistas convidados, imprensa e patrocinadores. Sobre essa primeira edição na capital mineira, Augusto defende que o TEDx não é uma ação pontual, mas um processo extenso de criação de uma atmosfera com capacidade transformadora: “É a formação de uma comunidade que está transitando num lugar de revisão de padrões sociais, do espaço urbano, das relações de consumo e de lidar com os recursos naturais”, conta.
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A organização TED começou em 1984 com uma conferência global na Califórnia, que reunia profissionais de três áreas diferentes (tecnologia, entretenimento e design) com o intuito de apresentar “ideias que merecem ser compartilhadas”. Entre seus palestrantes, as conferências do TED já receberam Bill Clinton, Bono Vox, Paul Simon, Bill Gates e Philippe Starck. As inscrições para as palestras costumam ultrapassar os lugares disponíveis para a plateia um ano antes de acontecerem. Para facilitar o acesso ao conteúdo, cerca de 500 palestras ficam disponíveis para mais de 150 países no site da organização. A embaixada do TED declara que a ação mais importante é justamente depois que o evento acontece, quando todas aquelas pessoas podem transformar as ideias apresentadas em realidade. “Acreditamos apaixonadamente no poder das ideias para mudar atitudes, vidas e, em última instância, o mundo”, dizem.
“Acreditamos apaixonadamente no poder das ideias para mudar atitudes, vidas e, em última instância, o mundo”
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NA GRINGA ,ITÁLIA
SOBREVIVENDO NA ITÁLIA TEXTO E FOTOS BRUNO SENNA
DEZ DICAS PARA APROVEITAR AO MÁXIMO O PAÍS DO MACARRÃO SEM SE DEIXAR ATROPELAR PELAS MASSAS Antes de começar a ler, pense que você está prestes a pisar na terra do spaghetti bolognesa, da pizza napolitana, do vinho italiano (lá só chamado de vinho mesmo), da Máfia de Don Corleone, de super máquinas como Ferrari, Lamborghini e Ducati, das supermodelos da Gucci e Prada, dos Gladiadores do Coliseu, dos filmes de Fellini... deu pra sentir o que vem pela frente?
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1 BEBA MUITO VINHO
Num restaurante, na dúvida, peça sempre o vinho da casa. Se não souber na hora de comprar, procure as seguintes indicações: “Denominazione di Origine Controllata e Garantita - DOCG”. Ela garante o controle de qualidade italiano e que a garrafa foi “Imbottigliato all’origine” (traduzindo, engarrafada na origem), garantindo uvas frescas e saborosas. A verdade é que, para um leigo (como esse que vos escreve), todo vinho é uma delícia e mais barato do que coca cola. 47,
2 ALUGUE UMA VESPA
Sim! Deixe a Ducati para o James Bond! No trânsito caótico de Roma, nada melhor do que uma boa e estilosa Vespa. O melhor de tudo é que se for até 125cc, você nem precisa ter carteira de moto ou internacional, só mostrar a boa e velha CNH brasileira e você vai estar queimando asfalto na frente do Coliseu. Detalhe: ela ainda tem câmbio automático. Mamata!
MANGIARE!
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Chute o balde do regime. Aliás, regime é algo que não existe nesse país. Pasta, pizza, vino, gelato, gnocchi, prosciutto, carpaccio, formaggio e tantas outras delícias gastronômicas que justificam uns quilinhos a mais na volta. Já parou pra pensar que em quase toda cidade do mundo você encontra um restaurante italiano? Grazie a todos aquelas Mammas italianas que mantiveram vivas as receitas familiares nos agraciando com manjares divinos.
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4 JOGUE SEU MAPA FORA
As melhores pérolas da sua viagem não estão nos pontos turísticos abarrotados de gente barulhenta e filas gigantescas. A Itália preserva milhares de surpresas nas mais inusitadas ruelas. Seja aquela cantina com o melhor tiramissu que você já comeu ou até mesmo uma loja de guitarras usadas, aonde você vai se indagar se consegue ou não carregar uma Fender enquanto pilota sua Vespa.
5 NÃO ENTRE NA FONTANA DI TREVI
Se você, assim como eu, assistiu La Dolce Vita, de Fellini, e esperava encontrar uma misteriosa Fontana di Trevi, vazia, romântica e solitária, esqueça! Hot spot de Roma, ela fica abarrotada de turistas e marroquinos vendendo coisas esquisitas. É tanto barulho que a magia da fonte é muito mais forte nos filmes. É melhor nem destruir a fantasia.
6 TAKE YOUR TIME
Sente num café, leia um livro numa praça, entre na rua errada. Na Itália, tempo não importa, o que importa é aproveitar ao máximo aquilo que você está fazendo. Deixe o estresse para o retorno. 49,
7 A VIDA É NA RUA
Esqueça shoppings, supermercados e lugares fechados. Na Itália a vida é na rua, nas ruelas, nos becos. Sente sempre na calçada quando for a uma cantina, escute as bandas de rua – especialmente as de jazz cigano — tome sorvete na praça, faça compras nos mercados de rua e deguste quitutes sentado no meio fio.
8 JURE SEU AMOR NA PONTE MILVIO
Se apaixonar pertence ao universo italiano e é como eles enxergam a vida. Cair de amores é inevitável num país tão cheio de paixão. Seja o seu amor pela mulher da sua vida, ou pela bella ragazza italiana que serviu a você sorridente, pela comida que fez você ir ás nuvens, pela arte que tocou a sua alma, pela moda que fez você gastar suas últimas economias ou pelas máquinas que você ficou sonhando em ter, quando estiver em Roma vá até a ponte Milvio e coloque um cadeado em qualquer lugar perto da ponte e jogue a chave no rio.
9 FAÇA O SEU POSTAL DA ITÁLIA
Escolha um monumento, um ponto turístico ou apenas aquela praça onde você viu crianças brincando de roda e faça daquele lugar o seu postal, tire mil fotos, de mil ângulos variados, escolha o melhor, ou o menos pior, não importa, aquele será o seu postal único da Itália.
10 FAÇA AS SUAS REGRAS
Italianos, assim como nós brasileiros, têm sangue latino correndo nas veias. Então esqueça as regras, e aproveite a sua viagem!
BONS
DRINK FOTOS CARLOS HAUCK
QUEM NÃO AMA SAIR PARA BEBER DRINKS? VOCÊ SAI DO TRABALHO, VÊ O SOL SE PÔR ENQUANTO SE APROXIMA DO BAR, ENCONTRA SEUS AMIGOS E SABE QUE VAI PASSAR BONS MOMENTOS. PARA QUEM GOSTA DESSA VIDA DE MISTURAS ALCOÓLICAS, FICA A BOA NOTÍCIA: OS DRINKS ESTÃO CADA VEZ MAIS DIVERSIFICADOS. ACABOU-SE O TEMPO DA CAIPIVODKA DE LIMÃO E COMEÇA A ERA DO MORANGO COM PIMENTA E DA UVA COM CANELA ,52
LOS AMANTES
50ml de infusão de tequila com morangos 10ml de suco de limão capeta 3 pedacinhos pimentão vermelho 20ml de Cointreau Leve pitada de sal Preparo Macere levemente o pimentão na coqueteleira e adicione os outros ingredientes. Bata com gelo e sirva coado em uma taça de Martini. Decore com uma pimenta dedo de moça e uma fatia de limão capeta. OBS Para fazer a inusão de morangos com tequila, adicione 300 gramas de morangos maduros e lavados a 700 ml de tequila e deixe por até 4 semanas. Coar em um coador bem fino.
MEZZO A MEZZO
30ml de vodka 15ml de vodka de laranja 20ml de Campari 15ml de vermute rosato Cascas de limão siciliano Preparo Em um copo misturador (mixing glass), combine os líquidos com 2 cascas de limão siciliano levemente espremidas. Misture com gelo por 30 segundos. Sirva coado em uma taça de Martini decorada com cascas de limão siciliano. OBS Esta releitura acolhe muito bem pessoas com paladares mais ousados e sofisticados.
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CORPSE REVIVER NO. BLUE
20ml de gin 20ml de Lillet (substituir Vermute Dry) 20ml de Curaçao ou Cointeau 20ml de suco de limão siciliano Gotas de absinto de qualidade Preparo Bater ingredientes na coqueteleira com gelo e servir coado em uma taça de Martini. Decorar com uma casca de limão siciliano. OBS Esta é uma versão do clássico Corpse Reviver #2 que ganhou espaço com o renascimento da cultura de cocktails. Esse drink sofisticado é apresentado em uma coloração azulada para provar que realmente é possível se fazer um bom drink azul, e de brinde atrair as novas gerações para cocktails com sabores mais complexos.
AMARILHO
50ml de suco de manga 50ml de cachaça João Andante 15ml de suco de limão 10 a 12 pimentas-rosas 1 fatia de gengibre 1 colher rasa de açúcar Preparo Macere a pimenta e o gengibre na coqueteleira com açúcar. Adicione os outros ingredientes e bata com gelo. Sirva coado em um copo longo com gelo, decorado com uma fatia de limão e um leve toque de syrup de romã.
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IRACEMA
6 uvas rosadas 3 cubos de abacaxi 50ml de rum 15ml de suco de limão 15ml de syrup artesanal de guaraná e canela Completar com água gasosa Preparo Macere as frutas em uma coqueteleira. Adicione os outros ingredientes e bata com gelo. Sirva coado em um copo longo com gelo e decore com as mesmas frutas. OBS Esse é um drink fácil de fazer em casa, de combinação muito refrescante.
FOTOGRAFIA CARLOS HAUCK MODELOS INÊS VIEIRA AMANDA FLECHA BETO RUSSO – MIXING BAR CHE GAZZINELLI – ROCKTAILS ALEXANDRE PEROCCO – COLETIVO AZUCRINA DRINKS MIXING BAR (MIXINGBAR.COM)
PERFIL
POR FLÁVIA DENISE DE MAGALHÃES FOTOS BRUNO SENNA
Responsável pelo o maior site de humor do Brasil, Antonio Pedro Tabet, de 36 anos, é constantemente centro de polêmicas. Formado em publicidade e criador do site Kibe Loco, que recebe milhões de visitantes todo mês, ele estourou quando publicou, em 2004, um vídeo do William Bonner imitando o Clodovil. Em 2006, chegou aos noticiários de todo o Brasil ao fazer uma montagem da então candidata à presidência da república, Heloísa Helena, na capa da Playboy. Mas o que faz do Kibe Loco realmente o que ele é são as incontáveis piadas postadas diariamente satirizando notícias pouco relevantes, como “Ginecologista diz ter encontrado o ponto G”, as celebridades sem noção e a tentativa de encontrar em cada imagem algo que salte aos olhos e renda uma piada. E não somente os famosos recebem julgamento. Não há placa no Brasil que esteja segura desde a criação do Pracas do Braziu. O portal recebe fotos de leitores das piores grafias — ou falta delas — em placas brasileiras. Apesar de estar comemorando 10 anos, o site não dá sinais de parar. Antonio acabou de sair de uma parceria com a Globo para entrar no time do portal R7, onde seu site está hospedado. Tabet quer liberar o tempo para novos projetos. Comemorando o aniversário do site, ele só melhora na arte de fazer rir com o que é sério.
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CRIADOR DO KIBE LOCO, ANTONIO TABET SE PREPARA PARA COMEÇAR UMA NOVA FASE NO SITE
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ONDE VOCÊ CRESCEU?
EM BOTAFOGO. Tive uma infância incrível, não posso reclamar. Cresci num condomínio de classe média e tinha gente de tudo que era tipo e lugar. Tive uma infância muito boa, brinquei de tudo que dava para brincar. E tinha muito bullying. Acho que isso me especializou também. ROLAVA BULLYING COM VOCÊ?
COMIGO NÃO. Quer dizer, tinha com todo mundo. Era uma sacanagenzada geral dentro daquele prédio. Me zuavam, mas eu zuava também. Até falo que gosto muito do bullying. A ideia do bullying me agrada porque acho que faz as pessoas ficarem melhores, é tipo uma seleção natural. Se você passar por ele, está muito bem. Estudei em colégio católico e todo mundo que sofreu bullying se deu bem na vida. Eu odiava o colégio. Era imponente demais, grande demais, intimidador demais. Detestei, mas passei pela seleção natural. NO COLÉGIO VOCÊ JÁ ERA O KIBE?
NUNCA FUI O KIBE, ganhei o apelido há seis anos por causa do site, que tem 10. Então, até no início do site, ninguém me chamava de Kibe. Mas no colégio lembro que tive que ser engraçadinho para sobreviver. Lembro com clareza até do dia. Um garoto muito maior do que eu estava querendo brigar comigo, mas a gente estava dentro da sala. A coisa não podia partir para a parte física e lembro que tive ,60
que começar a falar gracinhas para comprar as pessoas ao meu redor. E ele, que estava na posição de intimidador, passou a ser o intimidado. VOCÊ ERA O PALHAÇO DA SALA?
NÃO ERA, mas virei. POR QUE DECIDIU FAZER PUBLICIDADE?
PRIMEIRO porque desenho bem, gosto de desenhar. E a minha família é toda de médicos, não queria ser médico de jeito nenhum. Tinha ojeriza ao ambiente hospitalar, até hoje tenho um pouco. Não aguento ver bisturi. E não queria virar médico. Como sabia desenhar, tinha aquela coisa de “você pode fazer isso, pode fazer aquilo”, e publicidade me pareceu legal. Uma tia minha me ofereceu estágio em uma agência boa, e eu podia continuar trabalhando com alguma coisa que tivesse direção de arte. E quando você vai entendendo para onde você vai e vê uma agência de publicidade toda branquinha, bonitinha com iMacs e pufes colo-
Gosto muito de bullying. Acho que faz as pessoas ficarem melhores, é tipo uma seleção natural. Se você passar por ele, está muito bem
lítica de DCE. Queria fugir desses caras. Aí arrumei um estágio logo cedo e fui para a rádio, de lá para a publicidade. Depois fui pra TV e aí fui embora. E em determinado momento, no meio do caminho, comecei o Kibe Loco. COMO SURGIU O KIBE LOCO?
A GENTE COMEÇOU a fazer um jornal na faculdade chamado A tocha, que era um trocadilho. E eu era o cartunista. Eram sete caras fazendo o jornal e rolou uma ruptura. Cinco saíram, eu era um dos cinco, e a gente começou um jornal chamado Pavê. Queria fazer uma coluna e fiz uma espécie de coluna social da faculdade. Coluna social mesmo. Falava desde Michael Jackson até política e falava das coisas de dentro da faculdade também. Eu tentava ser o Ancelmo Gois da faculdade. Como gostava de fazer humor, escrevia em portunhol. O nome era Kibe Loco. Kibe, porque sou neto de libaneses e franceses; e Loco, porque eu escrevia em portunhol. E na hora de fazer o blog, tem aquele momento que você vai escolher o nome do blog, né? Travei e veio o nome do Kibe Loco de novo. E O SITE QUE A GENTE CONHECE HOJE?
ridos, eu falava: “Pô, quero trabalhar num lugar assim”, e fiz publicidade. Mas, na verdade, fiz vestibular para várias paradas. Fiz publicidade, desenho industrial e arquitetura em faculdades diferentes. Passei nas quatro e escolhi publicidade na UFRJ, que era de graça e é tida como a melhor faculdade de publicidade do Brasil. Mas me arrependi amargamente, não deveria ter feito. POR QUÊ SE ARREPENDEU?
FOI UMA ZONA, uma merda. Não aprendi nada na faculdade. Aprendi a jogar sueca, a beber. Peguei a UFRJ no pior momento dela. Teve aula que o professor parava e falava: “Vamos fumar unzinho ali fora?”. Desse naipe. Teve desabamento de teto no meio da sala, umas coisas meio loucas. E por isso tive que estagiar muito cedo. No segundo período, estava desesperado já. Via aqueles estudantes profissionais de faculdade, sabe? Que ficam ad infinitum lá e caem para uma carreira meio po-
Trabalhava na gerência de marketing de um banco de investimentos. Já tinha saído da publicidade, passado para o rádio e TV. No banco de investimentos, o trabalho era muito chato, mas a galera que trabalhava comigo era muito legal. Era da minha faixa etária, a gente se zuava muito. Eu fazia umas fotomontagens e mandava por e-mail. Aí surgiu uma figura que existe em todas as empresas, que é o cara falando: “Para de mandar esse tipo de coisa, porque o pessoal da informática está monitorando”. E é tudo caô, não estão monitorando, mas eu caí. Passei a evitar de mandar os e-mails e coloquei tudo em algum lugar onde as pessoas pudessem ir sem ter que encher a caixa de e-mail de ninguém. Fiz o kibeloco.blogspot.com. Na época, era um servidor gratuito, nem [tinha] identidade visual nem nada, só Kibe Loco, e dei o endereço para uns caras do trabalho. O negócio viralizou. Espalhou sem eu fazer força. Não tinha Facebook, Orkut ou Twitter naquela época. A coisa foi indo e foi muito legal, meio espontânea. EXISTE UMA PIADA QUE FEZ O SITE ESTOURAR?
ALGUNS POSTS foram interessantes. O primeiro que bombou foi a “Entrevista com o Homem-Aranha”, que me vesti de Homem-Aranha — tinha corpo para isso ainda. Na verdade, fui numa festa à fantasia vestido de Homem-Aranha e a fantasia ficou comigo mais dois dias. Tenho um irmão que é 12 anos mais novo e é mega fã de quadrinhos. Fui para o quarto dele, coloquei a fantasia e fiquei esperando ele chegar. Quando chegou, falou: “Caralho! Que fantasia irada! Vamos andar pelo prédio”. O prédio da minha mãe, sabe? Tipo eu com 27 anos. A gente pegou uma máquina e começou a tirar foto dentro do prédio. Peguei um táxi e comecei a andar pela rua. A gente pegou as fotos e fez uma entrevista falsa com o Homem-Aranha. Isso foi na época do lançamento do filme. E esse post repercutiu bem porque saiu no jornal. O outro foi na época do lançamento do primeiro CD da Preta Gil, que a capa era ela pelada e fiz os outdoors falsos da Playboy, como se aquela foto fosse da Playboy da Preta Gil. Isso repercutiu bem também. Foram os dois primeiros que alavancaram um pouco mais o site.
COMO ERA O PROCESSO DE FAZER O SITE NO COMEÇO?
ERA BASICAMENTE IGUAL AO DE HOJE. Ler a notícia e pensar num comentário, numa piadinha. Dependendo da época, o conteúdo colaborativo é mais ou menos relevante. As pessoas sempre colaboram, mas tem época que isso é mais relevante para o editorial do site e tem época que não. Hoje em dia, o conteúdo colaborativo vem muito através de placas, para o Pracas do Braziu, e vídeos. As pessoas mandam um clipe engraçado, veem um vídeo tosco, um flagrante de uma reportagem bizarra e mandam o vídeo na íntegra ou mandam o link do YouTube. Tirando isso é basicamente a mesma coisa. Vou pensando o que posso fazer, tipo: cinco coisas que o Ronaldinho Gaúcho vai fazer nessas férias. Não mudou muito. Mudou mais o critério, talvez. O zelo com o site. COMO MUDOU?
É UMA COISA MUITO NATURAL, não é exclusividade. Se você pegar algumas coisas que você escreveu há alguns anos, você vai olhar e não vai gostar. Para mim, é a mesma coisa. Se pego o Kibe Loco de 2002, 2003, não curto. Tem coisa que olho e gosto, mas tem coisa que é: “Sério? Ainda bem que já passou”. Vai mudando, você vai ficando mais maduro, vai escrevendo melhor, vai se aprimorando. Acho que foi isso. E tem a responsabilidade também. Em 10 anos, o site nunca foi processado. Quero manter esse padrão de falar o que quero sem cometer nada que possa ser prejudicial a mim ou às pessoas que me cercam. Já recebi ameaças de processo, mas processado não. Já recebi notificação judicial várias vezes, mas sempre consegui contornar de um jeito ou de outro. Sempre avisando: “Se tiver que tirar isso do ar, vou publicar a sua notificação”. Aí, geralmente a empresa ou pessoa ofendida volta atrás. Porque não tem razão no fim das contas. Não dou motivo de verdade para ninguém me processar. Nunca caluniei nem difamei ninguém. Posso, no máximo, sugerir, mas o cara não pode me processar porque sugiro alguma coisa. VOCÊ CHAMOU MAIS GENTE PARA TRABALHAR NO SITE. POR QUÊ?
EU ESTAVA SURTANDO. Tenho outros trabalhos além do Kibe, tem outras coisas que quero fazer da minha vida e estava ficando com menos tempo para poder me dedicar ao site do jeito que queria. Estava começando a dormir de madrugada e acordar cedo todo dia. Falei: “Preciso abrir um lugar, criar uma estrutura para essa engrenagem poder se movimentar, inclusive quando eu estiver fora”. Eu não tinha direito de férias, de ficar doente, de ficar de saco cheio. Às vezes, queria tirar uma semana de férias e reclamavam que o site estava há dois dias sem atualizar. Aí decidi montar um lugarzinho para ter vida fora da internet. QUEM É A NOVA EQUIPE DO KIBE LOCO?
RAQUEL NOVAES, que é o meu braço direito aqui. É ela quem vê desde as coisas práticas do escritório, tipo, acabou o papel do banheiro, até lidar com contratos. É uma pessoa de ideias, que tem um contato mais direto com os leitores via fanpage do Facebook. O Dino, que é o Tio Dino do Twitter, é redator aqui comigo e o Eduardo Franco, que eu trouxe como estagiário do design, mas que certamente será efetivado. Fiz um critério de seleção bastante grande e ele está dando muito certo. O KIBE LOCO FOI LIGADO A GLOBO EM 2007. O QUE ,62
MUDOU QUANDO ISSO ACONTECEU? NADA. Para o site, nada. Sempre tive liberdade editorial total. Sempre fiz o que quis, ninguém nunca me censurou na Globo, nunca tive nenhum tipo de problema. O que aconteceu é que às vezes me pegava falando: “Putz, não preciso falar isso”. Mas sempre muito tranquilo, nunca perdi uma boa piada por causa disso. Foi mais uma política de boa vizinhança e gentileza do que algo imposto e solicitado por eles. Quando isso começou a acontecer, saí da Globo. E A GLOBO COMEÇOU A CENSURAR?
COMEÇOU a acontecer, sobretudo, por causa do Big Brother. Há alguns anos, as piadas com o Big Brother começaram a ser questionadas dentro da Globo. Mas isso nunca chegou para mim oficialmente, sempre chegou oficiosamente. Era uma coisa assim do tipo: “Putz, ficaram chateados com a sua piada do Big Brother”. E eu falava: “Paciência”. Mas isso começou a incomodar. Quando começou a vir mais forte, foi a época que sai fora. COMO FOI O PROCESSO DE SAIR FORA?
JÁ TINHA PEDIDO DEMISSÃO da Globo duas vezes. Tinha escrito carta de demissão e tal e nunca me liberaram porque tinha contrato. Na última vez que fui renovar o contrato, em julho do ano passado, falei que não queria mais porque tinha uma proposta maior da concorrência. Pedi para a Globo se aproximar da concorrência, não queria nem que cobrissem, mas queria
O Kibe Loco é de Kibe, porque sou neto de libaneses e franceses; e Loco, porque a coluna que EU escrevia era em portunhol que se aproximassem para eu ficar na Globo. Eles falaram assim: “Renova por um ano, quando chegar dezembro, a gente faz o reajuste”. Dei o voto de confiança. Renovei por mais um ano e quando chegou dezembro, o cara responsável pelo meu contrato falou que tinha duas notícias: “A gente não conseguiu o aumento, mas a gente tem o caminho da recisão se você quiser”. O Luciano Huck, que era para quem eu trabalhava como redator, nem estava sabendo disso e ficou contrariado, porque ele queria ser consultado. Ele estava viajando de férias na época, o programa [Caldeirão do Huck] estava de férias. Mas, para mim, foi uma boa oportunidade, porque consegui sair. Recebi uma recisão interessante e pude ir para a concorrência, que pagava melhor. Para mim foi bárbaro. AGORA VOCÊ ENTROU NO R7. COMO ESTÁ SENDO A TRANSIÇÃO?
NÃO POSSO RECLAMAR DE NADA. Tecnicamente foi muito bom. É uma coisa que eu reclamava na Globo.com; e a estrutura do R7 é melhor, mais profissional, mais ágil. Editorialmente, me informei se vou poder zoar o bispo. A resposta do cara foi “por favor”. Achei incrível. Nunca me causaram nenhum incômodo, não me pediram nada. E O QUE ACONTECE COM O KIBE LOCO AGORA?
NÃO SEI. Ele continua estabelecido como coluna na internet. A ideia é que ele continue como um blog de humor. Agora estou me associando a uma produtora de vídeo. A ideia é lançar alguns vídeos não diretamente atrelados ao Kibe Loco, apesar de que ele vai ser uma ferramenta de divulgação. A ideia é basicamente esta: investir em conteúdo audiovisual e usar o site para fomentar esse conteúdo, mas ele continua sendo o que é. E não dá para ficar fazendo muito plano a médio e longo prazo na internet. As coisas mudam muito rápido. Nada impede que o Kibe Loco acabe em cinco meses ou que ele vire maior do que ele é daqui há seis. Não tem como saber. Essas coisas tipo Twitter, Facebook, surgem do nada e vão embora do nada. Ninguém mais fala do Orkut, sabe? O negócio teve uma vida de quanto tempo? Quem garante que o Facebook vai ser isso tudo? Não dá para garantir nada. É uma mídia que depende muito da plataforma. COMO FOI A PRODUÇÃO DO CSI: NOVA IGUAÇU [SÁTIRA DO SERIADO NORTE-AMERICANO CSI]?
UM DOS MEUS SÓCIOS na produtora é o Ian, que faz os vídeos do Anões em Chamas. Ele fez um CSI: Nova Iguaçu que não era comigo. O Ian sempre foi meu amigo, a gente sempre conversava de fazer alguma coisa junto, mas nunca fez. A gente se encontrou, tomou um chope e eu disse: “Ian, aquele negócio do CSI é muito do caralho, achei foda, você tem que fazer mais”. E ele: “Não, aquela piada morreu”. E eu: “Porra nenhuma, a gente tem que fazer!”. Ele: “Você quer fazer?”. “Quero, vou ser o policial”. Ele topou. Escrevi os roteirinhos, quase nada, coisa de um parágrafo, e deu certo. Emplacou. Qualquer lugar que vou, alguém fala dessa merda. É impressionante. E virou capa de
Fiz a capa da Playboy da Heloísa Helena na maior das boas intenções. Até botei ela gostosa 63,
É aquela política do “falem mal, mas falem de mim”. Os caras [que me acusam de plágio] tão lá, entrando no meu site todos os dias. Eu não entro no site deles. Pra mim tá bom revista, teve participação da Cleo Pires. É o maior barato fazer. E a ideia agora é fazer um de meia hora. Tenho a maior vergonha de fazer. Fico muito tímido na hora, sabe? Depois fico rindo. Mas é divertido, playground total. A IDEIA É FAZER ESSE TIPO DE COISA PARA A INTERNET AGORA?
ISSO. Não necessariamente CSI: Nova Iguaçu, mas essas coisas. A gente já tem muita coisa gravada. Vamos estrear em maio ou junho e vai ter coisa boa por aí com frequência. VOCÊ JÁ COLOCOU A HELOÍSA HELENA NA CAPA DA PLAYBOY, EM 2006. A ENTÃO SENADORA CHEGOU A CHORAR NO SENADO PELA BRINCADEIRA. EXISTE LIMITE PARA O SEU HUMOR?
O limite para o meu humor é o meu bom senso. Faço todo o possível para ter um cuidado. Se eu fizesse uma capa da Playboy de uma colega de trabalho — evidentemente, uma colega de trabalho que tivesse alguma liberdade e ela tivesse ciência de que é uma pessoa pública —, isso não seria um problema. Se fizesse uma capa de Playboy para uma ex-BBB, isso não seria um problema. Imaginei que não seria problema também para uma postulante à Presidência da República, que é uma pessoa que frequentemente tem que se ver em uma situação caricata, em uma situação de sátira. Fiz a capa da Heloísa Helena na maior das boas intenções. Até botei ela gostosa. E ela foi completamente leviana no comentário. Foi grosseira, me chamou de canalha, machista, cafajeste e petista. Falei que canalha, machista e cafajeste eu era, mas petista não, que não tinha roubado ninguém. Mas o que aconteceu é que os caras fizeram bullying com ela. O Arthur Virgílio parece que imprimiu as ,64
Playboys da Heloísa Helena e ficou distribuindo no Senado. Ela viu e ficou puta. E eu fiquei chateado com a reclamação porque tinha votado nela. Publiquei as capas um dia depois da eleição, não queria fazer nenhuma sacanagem antes. Ela falou que eu tinha publicado antes, que tinha sido encomendado pelo PT para fazer aquilo. Falou que tinha sido distribuído na rodoviária de Salvador. Ela falou umas leviandades, como se a rodoviária de Salvador pudesse voltar no tempo e imprimir um negócio que ainda nem tinha sido feito. Como se a rodoviária de Salvador fosse decisiva para uma eleição. Perdi completamente o tesão de acreditar ou de votar nela. Uma pessoa que inventa isso, quantas outras coisas não inventa? Foi meu último respiro, meu último fôlego de acreditar na política. A PERSONAGEM DA DILMA NO KIBE LOCO FAZ MUITO SUCESSO. O QUE VOCÊ ESTÁ ACHANDO DO GOVERNO DA DILMA DE VERDADE?
O GOVERNO DILMA é um governo de continuidade. A impressão que me dá é que ela é uma pessoa séria. Tenho dúvidas em relação à qualidade da faxina que ela faz, mas não tenho opinião formada ainda sobre isso. Às vezes, acho que o esporro que ela dá é o seguinte: “Pô, quer fazer, faz direito”. Tenho medo de ser uma coisa do “faz direito” e não do “você não presta, estou te tirando daqui”. Até porque, ela está cercada de gente muito ruim. Tem umas pessoas ali que você fala: “Sério mesmo que ela está com esse cara?”. A posse da Dilma foi assustadora. Estavam o Sarney, tipo best friends forever [melhores amigos para sempre], e o Edson Lobão. Tendo a não acreditar, mas espero que ela seja uma pessoa séria e competente, que é o que ela tenta demonstrar ser. NO SITE, QUANDO HÁ REFERÊNCIA POLÍTICA E ECONÔMICA, VOCÊ ADICIONA UM “NÃO ENTENDEU?
ENGAJAR NÃO, mas acho que estou ajudando o cara a entender, a se formar. Os detratores do site falam que isso é tratar o leitor como imbecil. Depois de 10 anos, é a melhor coisa que a gente faz no site. Muita gente entra no Kibe Loco como fonte de informação também. Ele quer entender aquela piada. E já ouvi isso de gente de classe A e de classe D. É muito bom fazer isso. Bom para a gente e bom para eles. VOCÊ ACOMPANHA OUTROS SITES DE HUMOR?
SINCERAMENTE, NÃO. O único blog que entro é um chamado Os melhores do mundo, que fala sobre quadrinhos. Gosto de quadrinhos, sou meio nerd. Eles são engraçados. É um blog que dou risada lendo. Tem outro blog que gostava que é o Surra de pau mole. Foi inclusive de um dos caras que me influenciou a fazer blog, mas parou de atualizar. Em outros sites de humor raramente entro. Primeiro, porque não gosto. Segundo, porque é muito pouco conteúdo autoral. O que os caras fazem é pegar conteúdo de 9GAG [site de humor colaborativo], de fórum gringo, traduzir e botar o endereço do site deles. Ou então pegar os vídeos que todo mundo me manda. Acabo dedicando mais tempo a atualizar o meu do que a acompanhar o dos outros, até porque quero um distanciamento. Não quero ver uma parada no blog do fulano e “pô, o cara já botou”. Quero fazer o meu. ALGUNS SITES BRASILEIROS DE HUMOR ACUSAM VOCÊ DE ROUBAR PIADAS (COISA COMUM E ACEITA NO MEIO) SEM CITAR FONTES (O QUE SERIA UMA ESPÉCIE DE PECADO). VOCÊ ROUBA O CONTEÚDO ALHEIO?
NÃO. Muita gente fala isso, mas ninguém nunca falou o que roubei. Todo mundo é inocente até que se prove o contrário. Quero que provem o contrário. Mas, na verdade, tudo isso começou quando um cara ficou muito chateado
porque o Kibe Loco virou o que era. E o blog dele acabou, era o Cocadaboa. Ele inventou essa coisa de o Kibe ser plagiador, e todo mundo que tem um blog de humor e não chegou lá, acusa. O Globo.com 2030 foi plagiado? Os textos da Dilma foram plagiados? O Pracas do Brasiu foi plagiado? De onde? Mas internet é muito reduto, é muito gueto. Quando 100 pessoas falam de você no Twitter parece que é muita gente, mas não é. E é aquela política do “falem mal, mas falem de mim”. Os caras estão lá, entrando no meu site todos os dias. Eu não entro no site deles. Para mim, tá bom.
IMAGENS: REPRODUÇÃO DA INTERNET
CLIQUE AQUI”. VOCÊ ACHA QUE ESTÁ AJUDANDO A ENGAJAR O BRASILEIRO?
CARLOS HAUCK
POR AÍ
Jack Rock Bar Há quase uma década, o Jack é referência no cenário rock de Belo Horizonte — o nome foi escolhido em homenagem à música The Jack, da banda australiana AC/DC. Da decoração da casa a cerveja gelada, passando pela sinuca e pelos drinks especiais, o Jack é um passeio pela história do bom e velho rock ‘n’ roll. Av. Contorno, 5623 – Funcionários – Belo Horizonte (31) 3227 4510 jackrockbar.com.br ,66
avaliação da casa Para encontrar os amigos
O que sai da cozinha
ANA SLIKA
Quem frequenta
quem. quando. porque Raquel Mourão é frequentadora assídua do Jack Rock Bar há três anos e é uma das fãs número um da casa. “Lá tem a cara do rock, com pessoas que realmente gostam do estilo, assim como eu. Fiz grandes amizades ali desde então”, diz a jovem, que é formada em direito. Raquel costuma ir a todas as casas do Circuito do Rock, mas o Jack tem sua preferência durante duas ou três vezes na semana. A identificação criada com a casa começou depois de uma paixão: “Conheci um cara que gostava muito de rock e comecei a gostar bastante do gênero. O caso passou, mas a relação com o rock ficou de vez. Não me vejo longe do rock ‘n’ roll.” A relação com a música foi tão intensa que o nome da banda Led Zepellin foi tatuado na costela de Raquel, que se vê em um momento especial. “Estou formando uma banda de rock, sou a vocalista. Espero que dê certo. Quem sabe um dia não chego a tocar no Jack”, diz.
“Lá tem a cara do rock, com pessoas que realmente gostam do estilo”
Cola aí Participe da próxima cobertura fotográfica. Consulte as próximas datas no revistaragga.com.br.
Para ela, quarta-feira é um dia especial. “O Jack Rock Bar sempre conta com uma programação de ótima qualidade e promoções exclusivas de Heineken.” 67,
ON THE ROAD ,SÃO PAULO
LOLLA PA
LOOZA SP NÃO PROCURE RESPOSTAS SE VOCÊ NÃO SABE AS PERGUNTAS
A garota, o patinete e São Thomé das Letras
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Desenho do Speto, no Beco do Batman, e um quadro do Zezão SP, no chão
TEXTO E FOTOS BERNARDO BIAGIONI
Fragmentos de um discurso amoroso. Me dá uma bola que eu preciso aliviar um pouco desta fumaça que serpenteia a cidade agora. Avenida Paulista com Augusta. Quatro e vinte da madrugada e os filetes de luz da lua que venceram a camada cinza do céu desenrolam-se sobre a calçada cheia e desesperada. Descem os loucos, os bêbados, os trôpegos e os desencontrados. Quase ninguém tem rosto no meio de uma multidão pouco iluminada. Descem os travecos, as putas, o Chapolim e o Power Ranger rosa. As fantasias passam despercebidas, na imensidão desacreditada. São Paulo grita, mas ninguém ouve. Se essa cidade tivesse algum controle, essa seria a hora de apertar reset. De novo. ,Antes, São Thomé
A desventura mesmo começa daqui, dessa onda que revolve 350km pra cima, via Fernão Dias, com os astros e colapsos colidindo. Como o caminho seria longo, BH-São Paulo, resolvemos parar para expandir a consciência um pouco. Ver os cometas, digamos. Na última vez que estive aqui, no Carnaval de 2009, tudo que consegui foi um quarto úmido e esfumaçado, no subsolo de uma pousada decadente. Fui catapultado pelos encantos de uma sereia mística e aceitei sem pestanejar o cômodo duvidoso, recheado de fungos nas paredes. Nada alucinógeno. Imagina. Mas desta vez seria diferente. São Thomé cresceu e entramos na cidade assumindo os riscos do desencanto. A Gnomos Pizza fechou e a ruela principal se tornou mão única. Tudo que se vê agora são letreiros fluorescentes de bares que saltam pelas marquises pós-coloniais. Um espetáculo colorido que costuma atrair apreciadores de ETs, das mais diversas espécies, para saborear hambúrgueres gigantes e gordurosos. Uma banda cover de Ventania em cada esquina. E o Ventania mesmo, não vi. Mas dizem que vive muito bem entre as montanhas distantes dos alpes tomenianos. O pessoal continua leve e receptivo. Uma estadia aqui costuma mergulhar a alma num estado transcendental de tranquilidade e sensatez. A novidade nos entornos da praça é o pub Amsterdam Rock Dog, cuja construção arcaica desafia os limites da física quântica contemporânea. A banda da noite toca covers de Nirvana e as paredes estão derretendo. Ninguém parece se importar, está tudo certo. Adiante o Bar do Dois, impune e inabalável. A estrutura treme quando a banda puxa um Raul Seixas mais periculoso. São Thomé tem alguns rostos, mas eles se confundem com penduricalhos psicodélicos e inflamados. Minha barba por fazer me faz parecer um fã de Zé Ramalho que perdeu o rumo de casa lá em 1999. Alguns engravatados me condenam, mas não ligo. Antes parecer gostar de Zé Ramalho do que despencar BH-São Paulo para ouvir aqueles coloridos do Foster the People.
,Os Coloridos do Foster
the People
Desculpa. É disso que este texto se trata, e eu estou viajando. São Paulo é uma loucura indócil e, meu Deus, eu não tenho culpa. Estamos hospedados cá em Vila Mariana e vos digo: Vila Mariana está preparada para a revolução. Meu anfitrião é Marcelo Pasquoa, pintor renascentista paulista que conheci em Florença, Itália, no verão de 2010. Costumávamos roubar bicicletas juntos para pedalar até a Ilha de Elba. Nunca fomos pegos, então continuamos gozando da nossa plenitude espiritual. Mesmo radicado em Sampa, ele continua encontrando suas referências no Marrocos — se você pode me entender. Se isso fosse SP, eu viveria aqui. Marcelo vive de frente para uma praça simples e pacata, dessas que ficam cheias de bêbados apaixonados, no interior de Minas Gerais. As folhas caem devagar e o vento sopra fraco. Esse pedaço da Vila Mariana é um retrato antagônico da Babilônia Paulista. Nada de tráfego, trânsito, Power Rangers ou personagens encantados engolindo suas fatias de pizza no passeio. Aqui não tem muita gente se importando com a cidade, suas maldades, e seus festivais. Nossa sorte foi a existência do metrô — nobre conector dos caminhos mundanos. Não fosse pela máquina, era bem possível que passássemos esses dois dias concentrados em esculpir a cabeça de um elefante dourado. ,Os elefantes dourados
São Paulo está cheia de desenhos inquietantes, instigantes e dissimulados. A cidade está gritando, e reflexo disso são esses muros gigantes pincelados em cores flamejantes. Um quadro em cada esquina. Um painel em cada quarteirão. E, se isso não for o bastante, o melhor mesmo é cair para o bairro Pinheiros para
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A casa caiu, na galeria Urban Arts. Abaixo, um rolê pelo beco
dar um rolé mais intenso. A primeira parada pode ser na Choque Cultural, galeria referência em artistas de rua brasileiros. Ali estão algumas gravuras de gente como Zezão, Stephan Calma e Speto. Semanalmente, uma nova exposição aparece para embaralhar as certezas paulistanas. Tudo numa tranquila, numa boa. Uma olhada pela janela e olha só quem aparece. Space Invader, a viagem em mosaico do artista francês… Invader. Mais adiante começa a aparecer os primeiros registros milionários. Os Gêmeos, numa quebrada. Zezão, no chão. E, num mergulho mais profundo, eis o Beco do Batman — ou o Beco do Graffiti. Trata-se de uma galeria ao ar livre em constante mutação. Os artistas de ontem podem sumir amanhã. Mas sem noia. A aura da arte aqui está na efemeridade da questão. ,Efêmera
São Paulo passa e ninguém vê. O tempo escorre pelas horas de exaustão no trânsito, na busca incessante pelos picos e quebradas distantes. Dizer que não existe amor em SP não é o bastante. Se esse fosse um fato acertado, não estaríamos aqui presenciando esses beijos trocados em frente ao Beco 203, na Augusta. O casal é estranho, mas quem se importa? O amor aqui parece durar mais ou menos o mesmo tempo do semáforo. Não deixa de ser sincero e, veja só, Belo Horizonte está vindo logo atrás. Ou talvez esteja para nascer outra cidade brasileira para assumir esse estandarte da loucura. Rio de Janeiro e Vitória têm mar para respirar. O Sul é rock ‘n’ roll,
Bernardo encontra o professor Thompson, na exposição Let’s Rock
É disso que este texto trata, e eu estou viajando. São Paulo é uma loucura indócil e, Meu Deus, eu não tenho culpa. Estamos hospedados cá em Vila Mariana e vos digo: Vila Mariana está preparada para a revolução
mas dorme cedo demais. E o Norte é terra de ninguém. Conheço um pessoal que foi pra lá e até hoje não conseguiu voltar. São Paulo está além das escolhas pertinentes do homem. Não demora, e a cidade o engole. Penso naquele show do Skrillex, na tenda eletrônica, e me pergunto sobre os tempos em que estamos vivendo. A sobriedade está nos sorrisos e em um maço de cigarro de palha, esquecido na prateleira de uma banca de revistas. Se pelo menos eu fumasse… Não faz sentido porque não faz. Somos filhos dos anos 1980, e pra gente a história nunca vai ser fácil. Viver chega a doer, no meio da fumaça do caos. Se eu contar sobre os meus sonhos, é bem possível que você comece a rir. Melhor mesmo é não falar mais. E ponto.
CONJUNTO DE CALCINHA E SUTIÃ PIN UP OVER, DA LOJA ÍNTIMO PÉTRUZ VIANA
Ragga MODELO LARA BATISTA FOTOS CARLOS HAUCK TEXTO BRUNO MATEUS
SONHO
QUE SE
SONHA REALMENTE NÃO INTERESSA SE ERA UM SÁBADO OU UM DOMINGO — ISSO TEM IMPORTÂNCIA IGUAL A ZERO, MEU AMIGO. SE ERA MEIO-DIA OU DUAS DA TARDE TAMBÉM É COISA DE SE ESQUECER. INSISTO: PARA ELA, O TEMPO NÃO EXISTE. ELA NÃO SE DEIXA PRENDER POR CALENDÁRIOS, SABE QUE NÃO PODE SER GOVERNADA. ELA É LIVRE COMO O VENTO QUE DOBRA A COLINA, QUE RASGA SEU CORPO NUNCA TOCADO. MATA VIRGEM.
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CONJUNTO DE CALCINHA E SUTIÃ PRETO DE RENDA FORRADA FEMME, DA LOJA ÍNTIMO PÉTRUZ VIANA CAMISA XADREZ COLEÇÃO EXTRA DA PÉTRUZ VIANA.
O QUE É O TEMPO, PERGUNTO, POIS. UM TRISTE CARNAVAL DE ILUSÕES? UM DEUS ARBITRÁRIO? UM BOM EMPREGO DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA E UM ALMOÇO NO DOMINGO NA CASA DOS PAIS? SEJA O QUE FOR, QUE SEJA, MAS QUE SEJA PARA VOCÊ, PORQUE PARA ELA JÁ FOI. ELA DÁ DE OMBROS PARA QUEM É CONTROLADO POR HORÁRIOS. RI DE VOCÊ, HERÓI DOS DIAS ÚTEIS, QUE TEM RELÓGIOS E RELÓGIOS QUE SÓ TE FAZEM LEMBRAR AQUILO QUE VOCÊ DEVERIA ESQUECER. ELA SÓ QUER SER BEIJADA PELA LUZ QUE VEM VINDO LÁ DO CÉU. ESSA TERRA AQUI TÁ ESCURA DEMAIS... 75,
MODELO LARA BATISTA MAQUIAGEM CACÁ GRANDINETTI FOTOGRAFIA CARLOS HAUCK
ELA SÓ QUER SEGUIR, SEM DOCUMENTO, SEM DESTINO, COMO UMA TEMPESTADE LOUCA VARRENDO AS RUAS, CARREGANDO O MUNDO. ELA, QUE AGORA TERMINA ESTE TEXTO DESLIZANDO A CANETA COM A QUAL NÃO CONSIGO MAIS ESCREVER. ,76
COLUNA
LIVRARADA
Guia politicamente incorreto da filosofia Luiz Felipe Pondé (Editora LeYa)
O doutor em filosofia Luiz Felipe Pondé costuma destilar sua ironia (às vezes exagerada) em suas colunas da Folha de São Paulo. Agora, em seu mais novo livro, lançado no mês passado, Pondé propõe uma reflexão acerca do politicamente correto, desbravando sua história tendo como base o pensamento de filósofos do porte de Nietzsche, Darwin e outros gigantes do pensamento. Dividido por temas, o livro se baseia em conceitos defendidos por filósofos de diferentes gerações, entretanto, o livro de Pondé não é um livro sobre a história da filosofia, mas sim um ensaio sobre a filosofia do cotidiano, abordando assuntos como capitalismo, religião, instintos humanos, preconceito, felicidade e covardia. Com a ironia e sarcasmo que lhes são peculiares, o filósofo deixa claro sua aversão ao politicamente correto e o guia serve, segundo o próprio, como “um grito contra essa mania de fazer um mundo bonitinho, bonzinho, que eu não acredito”..
POR BRUNO MATEUS
#filosofia
O ser e o nada Jean-Paul Sartre (Editora Vozes) Escrito em 1943, esse tratado filosófico é a obra mais famosa de Sartre, um dos mais importantes filósofos do século 20. Fundamental para o início do crescimento do existencialismo, corrente de pensamento que se tornou sinônimo do filósofo francês, O ser e o nada instiga uma reflexão entre a tríade homem-mundo-realidade, além de apresentar as críticas de Sartre à psicanálise freudiana.
Cobrindo da antiguidade à contemporaneidade, o livro é um mergulho na história do pensamento filosófico. São capítulos organizados em torno das máximas dos grandes expoentes da filosofia, e, a partir dessas máximas, teorias e visões conflitantes são postas lado a lado, mostrando que a filosofia se mostra plena no dia a dia e no questionar do cotidiano e suas contradições.
PRATA DA CASA
Eduardo Tropia/divulgação
imagens: DIVULGAÇÃO
O livro da filosofia Will Buckingham e Douglas Burnham (Editora Globo)
POR LUCAS BUZATTI
REPENSADORES ACESSE repensadores.com.br www.myspace.com/repensadores
Saia da garagem! Convença-nos de que vale a pena gastar papel e tinta com sua banda. Envie um e-mail para revistaragga@gmail.com com fotos, músicas em MP3 e a sua história.
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Rock, improviso e desapego. Essa poderosa tríade orienta o processo criativo dos Repensadores. A banda mineira surgiu em 2008, quando o guitarrista Wagner Lúcio reuniu três antigos colegas para tocar. No ensaio, a surpresa. “Não queríamos covers, então decidimos improvisar. Só nesse dia surgiram 10 músicas autorais”, conta Wagner. Os Repensadores improvisam tudo — até as letras, criadas na hora, como um repente. O resultado é um rock’n’roll competente, que transita, sem sustos, entre o pop
e a música experimental. Em 2009, selecionaram as 10 faixas do primeiro disco, homônimo, que ainda conta com um improviso gravado no estúdio. Os shows intimistas voltam em 2012, ano que também marca a chegada de um novo álbum. Outras mudanças vêm por aí — afinal, eles estão sempre repensando. “Fazemos nossa música com prazer, sem sofrimento e sem apego. Apenas queremos nos expressar. Uma coisa as pessoas podem esperar dos Repensadores: sinceridade”, conclui.
COLUNA
A MÚSICA E O TEMA
LETRAS
POR KIKO FERREIRA
Um dia, o rádio amanheceu com uma canção dizendo que o tempo não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém. O nome da música era O tempo, de Reginaldo Bessa, e ficou na cabeça de quem viveu aquele tempo: “O tempo não é, minha amiga, aquilo que você pensou, as festas, as fotos antigas, as coisas que você guardou. Os trastes, os móveis, as tranças, os vinhos, os velhos cristais”. Conservador, tradicional, mas bonito feito porcelana chinesa, que era moda na época. Alma de despertadores e ampulhetas, a matéria-prima da relatividade de Einstein rendeu uma relação inesgotável de clássicos. Até acabar o tempo, podemos citar alguns. Time, do Pink Floyd, é um dos mais lembrados, sempre. “Fazendo passar os momentos que formam um dia monótono” é a tradução quase literal do começo da letra, que tem um trecho que não parece ter sido feito há quase quarenta anos: “Os anos estão mais curtos, você nunca tem tempo”.
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O Tempo perdido, da Legião Urbana, emenda, de primeira: “Todos os dias, quando acordo, não tenho mais o tempo que passou. Mas tenho muito tempo. Temos todo o tempo do mundo. Todos os dias, antes de dormir, lembro e esqueço como foi o dia. Sempre em frente. Não temos tempo a perder...”, declarava o pós-punk Renato Russo. Mick Jagger disse que o tempo não espera por ninguém e Dylan, que ele é um oceano, mas que acaba na praia. E Caetano Veloso fez até oração do deus Chronos, antes de conquistar o direito aos cabelos brancos: “És um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho. Tempo, tempo, tempo, tempo, vou te fazer um pedido. Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos, entro num acordo contigo: por seres tão inventivo e pareceres contínuo, és um dos deuses mais lindos. Que sejas ainda mais vivo no som do meu estribilho. Ouve bem o que eu te digo: peço-te o prazer legítimo e o movimento preciso, quando o tempo for propício”. (Para quem conhece a canção: não perdi tempo deixando todos os “tempo, tempo, tempo” entre os ou-
REUTERS/Bor Slana
TEMPORADA DE
REUTERS/Stephen Hird
Cris Bierrenbach/Folha Imagem
Mick Jagger disse que o tempo não espera por ninguém e Dylan, que ele é um oceano, mas que acaba na praia. Time, do Pink Floyd, é um dos clássicos mais lembrados, sempre
tros tempos da letra. O tempo ruge feito o leão da Metro, que era dos meus primeiros tempos no escurinho do cinema.) Com timming próprio, outro baiano, Gilberto Gil, fez várias canções sobre o tema tempo. Pouco conhecida, Cada tempo em seu lugar fala do tempo na política e merece seu lugar na ampulheta da produção brasileira recente: “Preciso refrear um pouco o meu desejo de ajudar. Não vou mudar um mundo louco dando socos para o ar. Não posso me esquecer que a pressa é a inimiga da perfeição. Se eu ando o tempo todo a jato, ao menos aprendi a ser o último a sair do avião. (...) Cada tempo em seu lugar. A velocidade, quando for bom. A saudade, quando for melhor. Solidão: quando a desilusão chegar“, conclui mais tarde, certamente com memória nas carreiras de vereador e ministro. Mas Tempo Rei, em que ele raspa mais uma vez na ciência e na relação de tempo e espaço, é a mais conhecida. E não menos interessante. Alguém se lembra? Aí vai: “Não me iludo. Tudo permanecerá do jeito que tem sido. Transcorrendo. Transformando. Tempo e espaço navegando todos os sentidos. (...) Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei. Transformai as velhas formas do viver. Ensinai-me, ó, pai, o que
eu ainda não sei. (...) Não se iludam. Não me iludo. Tudo agora mesmo pode estar por um segundo.” Prince, o homem-síntese, capturou com precisão de gilete, em Sign O’ the times, o surgimento da Aids e a perda da inocência dos últimos tempos. Senão, vejamos: “Na França, um cara magrinho morreu de uma grande doença com nome pequeno. Por acaso, sua namorada deu de cara com uma agulha e logo fez o mesmo. Há garotos de 17 anos cuja ideia de diversão é fazer parte de uma gangue chamada Os Discípulos. Chapados de crack e empunhando uma metralhadora. Tempo, tempo... Tempo. O furacão Annie arrancou o telhado de uma igreja. E matou todo mundo lá dentro. Você liga a TV e toda reportagem vem contar que alguém morreu. Uma irmã matou seu bebê porque não tinha condições de alimentá-lo. E nós estamos mandando gente para a Lua. Em setembro, meu primo experimentou baseado pela primeira vez na vida. Agora ele está tomando heroína — estamos em junho. Tempos. Tempos. É besta, não? Quando um foguete explode e todo mundo continua querendo voar. Mas alguém diz que o homem não é feliz enquanto não estiver totalmente morto. Oh, por que? Tempo. Tempo. Baby, faça um discurso, um voo Guerra nas Estrelas. Os vizinhos só jogam a luz em cima. Mas se a noite cair e uma bomba cair? Alguém verá o amanhecer?” E foi-se o espaço do nosso tempo. Acertem os ponteiros que vem aí um outro tempo, dizem os catastrofistas, os místicos, os alarmistas, os profetas com tempo de sobra para traduzir profecias. Um bom tempo novo, com música tocada em tempos cravados, tortos ou complicados. Mas sempre música.
Gilberto Gil (à esq.), Renato Russo e a última aparição da formação clássica do Pink Floyd (acima): composições e sucessos divagando sobre o tempo
CRÔNICO
Paulo Tiefenthaler
Paulo Tiefenthaler é jornalista, cineasta, ator e apresentador do programa Larica total, do Canal Brasil, que está sem sua terceira temporada. ptiefen@yahoo.com.br // @p_tiefenthaler
O RIO ÓBVIO RIO DE JANEIRO ME ENGANA, ME LEVA, ME GANHA
Hoje o que vemos é muita gente sentada no Facebook soltando palavras de revolta e indignação! Mas ora, ora! Acordo e me sento com minha xícara de café preto sem açúcar e mais uma vez vejo as revoltas de todos nos murais digitais. Concluo: somos uma nação sem revolta política objetiva na ação mesmo! Puta quiu pariu! Nós! Juntos! E essa mania de dizer: “O povo aqui no Brasil é muito trouxa!”. Todos nós brasileiros somos trouxas e alegres, sim, inteligentes, trouxas e alegres. Passados para trás esperamos exatamente o quê? O que se perde de tempo com camisetas, abraços da lagoa, do lago, da piscina. Abraça o poste meu filho, porque ali está a luz! Mas quero hablar de Rio de Enero! Uma cidade que sempre foi o destino de muita gente formadora de opinião. Essa gente articulada que foi e voltou pra se instalar na cidade maravilhosa e sofisticar ainda mais a nossa CULTURA. O Rio sempre guardou em suas entranhas um bando de cariocas com espírito libertário, do contra, uma cambada elétrica ululante de alegria, cheia de volúpia e fortes questionamentos políticos! Mas tem se comportado como um medroso careta que só vai na certa; mas que certa é essa, misifi? Cadê essa herança pretensamente maravilhosa? Você pode me dizer que existem milhares de pessoas que saem às vezes na rua para gritar alguma coisa. ACHO legal, cara! Fala aí, meu cumpádi! A minha sincera opinião é que depois que o Rio perdeu a capital política para Brasília nunca mais se recuperou da puxada de tapete. Tentaram transformar isso aqui (estou no Rio) na capital cultural do Brasil. Como assim, rapaziada? Não deu certo, claro. Recife é uma capital cultu-
ral assim como Salvador, BH, Porto Alegre, São Paulo. Ou seja, o Rio virou o que mesmo? Ah, já sei: a porta de entrada do Brasil! Não, não, o aeroporto principal agora é Guarulhos! Como carioca e bom viajante que sou, o que mais me cansa quando estou longe do Rio é a obrigação do Rio ser o Rio. O Rio de Janeiro é muito mais do que as belas praias, favelas, becos violentos, essa geografia esculpida pelo mistério dito divino. Não acredito em Deus. Acredito no sol e em nós, seres. O Rio, além desse teatro todo, é uma cidade normal. Opa! Eureka, meu pai Xangô! Vejam vocês: este mês de abril 2012, o prefeito Dudu convocou 150 notáveis em suas áreas para formar o “Conselho da Cidade” e juntos pensarem o futuro do Rio. O futuro é este ano mesmo. São pessoas da TV, do jornal (TV e jornal no Rio são irmãos, só pra lembrar), da indústria, do social etc. A maioria disse o óbvio: educação, trânsito, saúde, indústria, informação etc. Foram todos para lá jantar e ficaram ACHANDO. Claro, seu eu fosse convidado, iria lá ACHAR também. Alguém defendeu que a favela seja tratada sem distinção do asfalto e parar com esse negócio de favelabairro, cinema pra favelado etc. Se é bairro, que seja tratada como bairro, e acabou. Gostei. Um começo. Leitores, o que quero dizer é que eu não aguento mais tanta falsidade, ignorância, cara de pau, conselhos, prefeito errado. Vou ACHAR também, ora: não tem que ouvir Conselho de 150, tem que ouvir a cidade toda e distribuir esse maldito poder de forma inteligente. Viva a inteligência! Cadê ela, meu Zeus!? Mas como saímos do mural e alteramos a cidade para melhor? Vou pensar seriamente sobre isso.
Tentaram transformar isso aqui (estou no Rio) na capital cultural do Brasil. Como assim, rapaziada? Não deu certo, claro. Recife é uma capital cultural assim como Salvador, BH, Porto Alegre, São Paulo. Ou seja, o Rio virou o que mesmo? ,82
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