Ragga #36 - Na rua

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revista

#35

MARÇO.2010

MARÇO . 2010 . ANO 5

não tem preço

revistaragga.com.br

No olho da rua Luzes e graffiti em um ensaio fotográfico alucinante Rolé de skatistas de BH vira filme Rap e repente: parceria antiga no hip hop E mais Erasmo Carlos . MMA . Twitteratura . Marrocos, Cuba e Equador


robert schwenck


Acredito na Ragga como formadora de (boa) opiniĂŁo e vale a pena apoiar essa causa. Priscila Fantin, atriz

Se vocĂŞ tem entre 18 e 65 anos e pesa mais que 50kg, procure a Hemominas e saiba como se tornar um doador: www.hemominas.mg.gov.br



VOCE ENCONTRA NA


www.raggawake.com


14 A 16 DE MAIO

Lagoa dos Ingleses.Nova Lima




BÚSSOLA Entre os muros da cidade 34 Ensaio fotográfico mostra a arte do graffiti

O que diria Machado de Assis? 40 No Twitter, é possível fazer literatura com 140 caracteres

Soco na cara! 52

Competição de MMA traz disputas entre brasileiros e gringos para BH

Só os melhores 54

Praias e manobras no mundial de patins e bike no Equador

Cidade vermelha 60

Um giro por Marrakech sem sair do sofá

Meu amigo... 76

... Erasmo fala sobre o futuro e o passado, no Perfil

já é de casa destrinchando 14 on the road // cuba 42 quem é ragga 50

56 ragga girl // bruna félix 64 cultura pop interativa 70 eu quero! // ir pra rua

estilo

74

72 passando a bola 75 aumenta o som


coletivo três 16

EDITORIAL

SÃO AS ÁGUAS DE MARÇO As águas de março não são mais as mesmas. Certamente estão menos poéticas do que nos tempos de Tom Jobim e deixando muita gente em maus lençóis. Mas elas continuam fechando o verão e deixando para traz aquela sensação de que a vida não é feita só de trabalho, rotinas e compromissos. O verão, as férias e o Carnaval são necessários para recarregar as baterias. E o mês de março parece ter o papel de lavar a alma do país para um recomeço. Por aqui, voltamos renovados e com grandes expectativas para 2010. Acreditamos em um grande crescimento do Brasil e, conseqüentemente, grandes oportunidades para quem procura. Mas temos, também, a certeza de que a “falta de poesia nas águas” são um aviso sério e com o qual devemos nos preocupar. Crescer de maneira consciente não é só um conceito moderno e que soa bem aos ouvidos, é fundamental. Só assim poderemos continuar apreciando as cachoeiras da Serra do Cipó e, por que não, praticar wakeboard e wakeskate nelas, sem precisar de lancha. Foi o que fizemos na página 18. Mas nessa edição, as águas dividem as atenções com outras corrente, aquela que vem das ruas. A linguagem típica do ambiente urbano está no ensaio que mistura graffiti e light painting (pág. 34), na figura de um monge que entoa mantras que se misturam com a batida hip hop (pág. 75) e no vídeo dos skatistas de BH que fazem das praças e avenidas da cidade seu playground (pág. 32). Já que o ano só começa depois do Carnaval, a edição de março começou com o pé direito. E já está nas ruas. Aproveite! Lucas Fonda :: Diretor Geral lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br


cartas COLETIVIDADE NA QUEBRADA samuel de souza baptista // por e-mail li a entrevista com o mano brown e kl jay. muuuuuito boa, mesmo. é legal ver que os caras mudaram um pouco as idéias que eles tinham,. o conhecimento deles sobre música também é muito louco. parabéns mais uma vez.

EM BLOCO karina silva // por e-mail maravilhoso o ensaio com fotos do carnaval. até eu, que não sou exatamente uma foliã, fiquei com vontade de botar meu bloco na rua :)

NOVA COLUNA carol borges // via Twitter adorei a coluna do @glausonmm! e c/ certeza um rebelde c/ causa tem a vibe diferente nos dias em q a maré parece ir contra!

ILUSTRA clarissa lanari // via Twitter a revista deste mês ficou show de bola! amei, principalmente, a matéria falando do trabalho do artista vinil cius!! parabéns!

FOI MAL No Adote um Atleta de edição de fevereiro (Ragga 34), listamos as metas do esgrimista evandro paradela para 2009. o certo seria enumerar as metas para 2010. Na seção Pílula Pop da edição de fevereiro, a resenha do show do Metallica saiu com o crédito do texto errado. O correto é Manoella Oliveira, e não Gabriela Terenzi. Foi mal, Manoella!

FALA COM A GENTE! @revistaragga redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

expediente DIRETOR GERAL lucas fonda [lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING bruno dib [brunodib.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR FINANCEIRO josé a. toledo [antoniotoledo.mg@diariosassociados.com.br] ASSISTENTE FINANCEIRO nathalia wenchenck [nathaliawenchenck.mg@diariosassociados.com.br] GERENTE DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING alessandra costa [alessandracosta.mg@diariosassociados.com.br] EXECUTIVO DE CONTAS lucas machado [lucasmachado.mg@diariosassociados.com.br] PROMOÇÃO E EVENTOS cláudia latorre [claudialatorre.mg@diariosassociados.com.br] ESTAGIÁRIA DE PRODUÇÃO ana dapieve [anadapieve.mg@diariosassociados.com.br EDITORA sabrina abreu [sabrinaabreu.mg@diariosassociados.com.br] SUBEDITOR bruno mateus [brunomateus.mg@diariosassociados.com.br] REPÓRTER bernardo biagioni [bernardobiagioni.mg@diariosassociados.com.br] JORNALISTA RESPONSÁVEL luigi zampetti - 5255/mg DESIGNERS anne pattrice [annepattrice.mg@diariosassociados.com.br] marina teixeira [marinateixeira.mg@diariosassociados.com.br] isabela daguer [isabelabraga@diariosassociados.com.br] luiz romaniello [luizromaniello.mg@diariosassociados.com.br] FOTOGRAFIA bruno senna [bsenna.foto@gmail.com] carlos hauck [carloshauck@yahoo.com.br] dudua´s profeta [duduastv@hotmail.com] ILUSTRADORA CONVIDADA renata polastri [flickr.com/renatapolastri] ESTAGIÁRIOS DE REDAÇÃO daniel ottoni [danielottoni.mg@diariosassociados.com.br] izabella figueiredo [izabellafigueiredo.mg@diariosassociados.com.br] ARTICULISTA lucas machado COLUNISTAS alex capella. cristiana guerra. glauson mendes kiko ferreira. rafinha bastos COLABORADORES daniela mateus. laninha braga. beto cipoeiro. rodrigo lagoa PÍLULA POP [www.pilulapop.com.br] RAGGA GIRL bruna félix FOTO júlia lego PRODUÇÃO aninha dapieve e li maia MAQUIAGEM laninha braga ALMOFADAS estúdio mistura CAPA carlos hauck MODELO grafiteiro hyper REVISÃO DE TEXTO vigilantes do texto IMPRESSÃO rona editora REVISTA DIGITAL [www.revistaragga.com.br] :: inkover [inkover.com.br] REDAÇÃO rua do ouro, 136/ 7º andar :: serra :: cep 30220-000 belo horizonte :: mg . [55 31 3225-4400]

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foto: arquivo em

anne pattrice

por Lucas Machado

Asdrúbal Trouxe o Trombone

‘’Os olhos por cima do muro / espiando o futuro / Rio caótico e arborizante / de antibiótico e anabolizante / a tua piada é uma desgraça / corre tanto perigo quanto a sua vidraça / vem, vem, dançar / Que o sonho não pode acabar’’. Babilônia Maravilhosa – Blitz

No início dos anos 1970, a eleição indireta para presidente O clássico Ubu Rei, de Alfred Jarry, foi a segunda monrealizada no Congresso Nacional era uma forma mentirosa tagem da trupe. Na terceira, não acharam o que procuravam de encobrir o processo eleitoral de finalidade antidemocrátinuma obra já conhecida e eles mesmos tiveram que escrevêca. A violência repressiva e o controle “dos polícia” imposto a la. ‘Trate-me leão’ estreou em 1977 no teatro Dulcinha. Com todas as camadas da sociedade, além da ausência de libersucesso absoluto, o Asdrúbal foi para a estrada, passando dade civil, levou o Brasil a uma situação delicada. por diversas cidades. Em Santa Maria (RS), foram presos Em meio a essa atmosfera e num ambiente de regime porque militares da cidade se assustaram com a galera de ditatorial, nasceu entre a juventude da zona Sul carioca a estudantes que o grupo mobilizava. “Sempre houve uma netrupe de teatro Asdrúbal Trouxe o Trombone, inspirado na bulosa ambiguidade: éramos considerados alienados pela série cômica britânica Monty Python’s Flying Circus, que foi esquerda e subversivos pela direita. Fizemos um sucesso ao ar pela primeira vez em 5 de outubro de 1969. O sucestão grande no Rio Grande do Sul que parecíamos uma banda so foi tão grande que sua influência na comédia inglesa foi de rock”, lembra Regina Casé, em entrevista. comparada ao impacto causado na música pelos Beatles. Em janeiro de 1982, o grupo contava com tantos inO Asdrúbal era boemia, co- Asdrúbal era boemia, rock ’n’ roll, tegrantes que de seus inúmeros média, rock’n’roll, teatro, circo e grupos nasceu, no Arpoador, o loucura total, tudo isso junto e mis- comédia, teatro, circo e loucura espaço chamado Circo Voador. turado, com um time de atores de total, tudo isso junto e misturado Como não havia local para tanprimeira grandeza que fizeram e fazem sucesso até hoje nos tos grupos se apresentarem, o Prefeito Fortuna, um dos palcos e na televisão brasileira, como Hamilton Vaz Pereira, líderes do Asdrúbal, conseguiu, junto ao poder público, a Prefeito Fortuna, Luiz Fernando Guimarães, Regina Casé, liberação pelo resto do verão de uma tenda na praia do ArEvandro Mesquita, Patrícia Travassos, entre outros. Eram poador. O Circo acabou não se limitando às peças, passou definidos pela “desconstrução da dramaturgia, interpretação a ser um grande espaço cultural com várias atividades de despojada e criação coletiva”. manhã até a madrugada. O ingresso era uma camiseta e o A trupe abraçou ideias revolucionárias, tropicalismo e slogan muito criativo: ‘Deixe seu filho no voador e mergulhe cultura pop, influenciando toda uma geração que saía da no Arpoador’. O Circo Voador foi um fenômeno, tinha até um adolescência e caminhava para a juventude, mostrando jornalzinho semanal feito pelo poeta Chacal. uma nova visão diante da repressão e vida cotidiana. O que O Asdrúbal durou 11 anos e como tudo na vida teve eles pretendiam inicialmente era ter uma atividade em gruo seu final. O Circo Voador continuou, até ser despejado po, ganhar dindin e poder sair de casa sem ter que assistir e transferido para a Lapa, para construir sua verdadeira aula no colégio. história, revelando nomes como Cazuza, Lulu Santos, Kid A primeira peça do grupo foi um clássico de 1836, ‘O Abelha, Bebel Gilberto, e por fim, a Blitz, banda comandada inspetor geral’, do russo Nicolai Gogol. Depois de tantos arpor Evandro Mesquita, um dos fundadores do Asdrúbal. A ranjos e mudanças, provavelmente nem o próprio Gogol reBlitz trouxe frescor para o pop dos anos 1980, convenceu conheceria a parada. Seis meses depois, o Asdrúbal estreou pais, filhos e, principalmente, as gravadoras, que valiam no teatro Opinião, em Copacabana, no esdrúxulo horário de alguma coisa, que o pop-rock de garagem, ou melhor, de meia-noite. Um verdadeiro soco na cara da crítica e do púcirco, estava com tudo. A MPB só não sofreu sérias conblico. Um bando de garotos talentosos falando sobre sexo, sequências porque é igual ao Miami Vice, difícil de matar. política, falta de dinheiro. E tudo isso com muito humor. Hasta luego.

Manifestações: lucasmachado.mg@diariosassociados.com.br | Twitter: @lucasmachado1 | Comunidade do Orkut: Destrinchando J.C.

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EM 1 HORA DE ACADEMIA, VOCÊ PERDE UMAS CALORIAS E QUEIMA TODO O STRESS DO DIA.


V V

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#33 revistarag

JANEIRO.2010

revistaragga.com.br

ga.com.br

#32

revistaragga.com.br

DEZEMBRO.2009

#31

arnaldo alves/gazeta do povo

arquivo pessoal

. ANO 4

não tem preço

NOVEMBRO . 2009

FAMÍLIA

Flordelis Os Schürmann Dinastias da Lucha Libre Desaparecidos políticos

Laninha Braga atende atualmente no Clip Savassi, busca excelência em seus trabalhos como maquiadora e cabeleireira. É no Ragga Girl que podemos conferir seu talento. clipsavassi@clipimagem.com.br

NOVEMBRO.200 9

. ANO 5

Marco Antônio é designer e ilustrador. Ele ajudou na produção fotográfica do ensaio temático sobre graffiti, passando por diversos locais da cidade para fazer as fotos. flickr.com/marcovetor

A Ragga continua com a promoção que dá uma assinatura semestral para o vencedor. E é claro que você não vai querer perder essa. Para participar é só ser criativo e responder: “Quem é o cara mais Ragga da história da humanidade?”. Pode ser do esporte, da música, da televisão, literatura ou ciência. Não importa, pode ser até aquele maluco que mora perto da sua casa. Para convencer a redação de que sua resposta é a melhor vale mandar uma defesa para promocaoragga@uaigiga.com.br em forma de texto, foto, ilustração, escultura, brincolagem, mosaico, maquete de vulcão, feijão plantado no algodão com água, imagem de objetos produzidos a partir do lixo, feitas de dentro de um helicóptero (estilo Vik Muniz). O autor da melhor resposta leva uma assinatura semestral da Ragga. Não se esqueça do colocar o telefone de contato.

não tem preço

carlos hauck

Referência dentro da cena nacional e internacional, Hyper é graffiteiro desde 1997. Atualmente desenvolve um trabalho intitulado ‘Origens’, que busca resgatar a arte, a história e a ciência indígena do Brasil. Artista multimídia, também um projeto musical que tenta reproduzir o universo visual que ele cria em suas pinturas, porém em ondas sonoras. flickr.com/photos/hyper-nyorai

PROMOÇÃO

JANEIRO . 2010

walter rabelo

Daniela Mateus é professora universitária, pesquisadora e doutoranda em Ciência Política pela UFMG. Graduada em Relações Internacionais pela PUC-MG, com atuação na área dos direitos humanos, democracia e memória na América Latina. Recentemente, realizou estágio de pesquisa no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e colaborou com a Anistia Internacional de Portugal, onde morou por quase um ano. Ela assina o Na Gringa desta edição. danimv@hotmail.com

arquivo pessoal

COLABORADORES

E mais: José Junior Moto GP Natiruts na SANGUE BOM Austrália No meio do mato Almanacão Conheça a Univer de férias sidade

VALE MAIS

AVRAS QUE MIL PAL

do Meio Ambien Paulo Lima, te, em Curitib empresário a “Quem ainda acredita que precisa urgent o dinheiro é a solução emente repens ar isso” Não é utopia A Ragga faz um convite para você constru ir um mundo melhor

*Todas as frases enviadas podem ser usadas na revista, assim como o nome dos remetentes.

ROBERTO JEFERSON é o cara O vencedor da promoção, em fevereiro, foi João Cleido. Para ele: “Roberto Jeferson é ragga, pois desperta em alguns os sentimentos mais primitivos e fez a TV Câmara dar mais audiência que a TV Cultura!”

Por aí

Esquenta para o Mundial de Wake Enquanto não chega o Mundial de Wake, que vai rolar entre 14 e 16 de maio, por aqui a gente já vive o clima do evento. A marca oficial da etapa brasileira da competição, realizada pela Ragga, já está pronta, os preparativos a mil e a expectativa é a melhor possível.

A partir de abril, a Ragga ganha uma nova seção que mostrará o melhor de BH, durante o dia e a noite. Aguardem.

Novidades

O Ragga Drops, caderno jovem semanal do Estado de Minas, acaba de completar dois anos. E não faltam novidades. Um novo projeto gráfico e editorial já estão nas bancas, toda quinta-feira. Vale a pena e conferir.


Renata Polastri

[flickr.com/renatapolastri] Além de colecionar coisas bem pequenas, é designer e gosta de tomar sorvete de flocos enquanto desenha. No mais, nanquim, marca texto e caneta bic.

Quer rabiscar a Ragga? Mande seu portfólio para annepattrice.mg@diariosassociados.com.br!


ESPORTE

>> wake

Ronaldo “Beleza” estreiando o wake no Rio Cipó

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CIPÓ:

por Teca Lobato fotos Carlos Hauck

O QUE ERA BOM CONSEGUIU FICAR MELHOR

Wakeboard, wakeskate, downhill de skate, mato, pedras e nenhuma lancha na Serra do Cipó

Dirigindo rumo a Serra do Cipó, eu tentava disfarçar a ansiedade e a dúvida a respeito da minha ideia, o sonho antigo de reunir minhas pranchas preferidas no meu lugar preferido. Fui de Belo Horizonte a Cardeal Mota tagarelando alto para que ninguém percebesse o pânico. Será que dava mesmo para andar de wake no Rio Cipó? Seria perigoso? Será que íamos desembestar abaixo na íngreme e perfeita ladeira da Serra? Apesar dessas possibilidades, já tinha feito toda a barca acordar às seis da matina. Tarde demais para ter dúvidas... A barca em questão diz respeito aos meus companheiros tão loucos quanto eu: Ronaldo Mascarenhas, o Beleza, Vinicius Lima e Rafinha FDM, no wakeskate, wakeboard e freeboard (skate), respectivamente. Adiciona-se ainda o ilustre fotógrafo de esportes Carlos Hauck e ainda por cima Gustavo Carneiro, responsável pelas filmagens e com experiência de sobra quando o assunto é prancha. É... Se der algum problema, a culpa é toda minha. Nosso acesso ao Rio Cipó aconteceu graças aos melhores guias da Serra do Cipó. A galera da Cipoeiro Expedições escolheu os melhores lugares e, ainda por cima, disponibilizou as canoas que mais tarde utilizamos como obstáculo. Mas se você ainda não entendeu como é que nós seriamos puxados de wakeboard e wakeskate rio acima ou abaixo, é aí que entra o guincho: um motor móvel que, com o arranque, puxa o cabo do local de início da sessão. Já íntimo do brinquedinho, Beleza começou a sessão varando a canoa sem dificuldade e acertando várias manobras, Vinicinhos e eu fomos logo na sequência e não demorou muito para que a sessão fosse transferida do topo da famosa cachoeira Grande para baixo da queda. Isso mesmo, andamos de wakeboard

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Vinicinho aproveitando a flexibilidade da prancha


Ronaldo “Beleza” passando de board de wake skate na canoa

e wakeskate em uma cachoeira e não teve um que, com a prancha no pé, deixasse de passar bem embaixo da queda. Beleza, satisfeito com a sessão e com as manobras que saíram, telefonou para comentar mais tarde: “Foi a melhor viagem de wake da minha vida!”. Nossa, não tinha pensado dessa forma, mas talvez tinha sido a minha também. DOWNHILL! Rafinha já tinha passado a manhã e boa parte da tarde na pilha, que eu bem que alimentei quando contei a respeito das ladeiras, ainda mais vendo a galera andando de wake. No dia anterior à nossa ida ao Cipó, Rafinha tinha recebido em casa um freeboard novinho em folha que já estava atrasado para chegar. Feliz coincidência? Não sei, partimos para o alto e avante! Engraçado foi notar que o downhill ainda desperta curiosidade. Na maioria dos carros que passava, dava para ver um olhinho arregalado, provavelmente estavam pensando se aquilo que estávamos fazendo era de propósito ou se estávamos desembestando ladeira abaixo rumo aos penhascos laterais da estrada. Apesar de quase ter matado Rafinha de fissura, valeu a pena deixar a sessão de skate para o final do dia. O cenário estava igual aos de filmes e de sonhos de ladeira perfeita que eu costumava ter. Por sua posição, o sol deixava a ladeira dourada e brilhando. Ao olhar ao redor, dava para ver as inúmeras outras possibilidades de downhill que nos esperava. No final, fiquei muito cansada, descabelada e suja de terra, mas com a cabeça feita de um jeito que é difícil explicar para um adulto entender. Andei de skate e de wake no meio do mato, em um lugar maravilhoso e com os meus amigos. Minha ideia não foi de jerico, ninguém se machucou e já posso começar a pensar na próxima!

comente! redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

Board slide do Vinicinhos na canoa

Eu e o Rafinha aproveitando o fim do dia para uma descida na Serra!


divulgação

>> REFLEXÕES REFLEXIVAS DO TWITTER > rafinha bastos > é jornalista, ator de comédia stand-up e apresentador do programa ‘CQC’ (Custe o Que Custar)

Faustão, BBB e o idiota do frescobol :: Só eu tive um derrame assistindo ‘Avatar’ em 3D? :: Se a segunda e a sexta trocassem de nome, isso aliviaria o terror da segunda ou foderia a alegria da sexta?

:: Só eu odeio pessoas que assobiam canções belgas enquanto jogam gamão? :: Momento “Prêmio Desnecessário em SP”: Acabei de abastecer meu carro e ganhar um vale-lavagem.

:: O balé do Faustão dança qualquer coisa. As “muié” têm coreografia até para o Cid Moreira narrando a Bíblia.

:: desde 1998 vou dormir pensando: “que tesão, amanhã não tenho aula”. não me canso de comemorar.

:: Faustão magrinho e cabeçudo. Tá parecendo um minicraque.

:: Toda manhã que eu trabalho me ajuda a entender porque eu odeio tanto as manhãs.

:: A Globo tem o Esporte Espetacular e o Fantástico, aí a Record cria o Domingo Espetacular e o Esporte Fantástico. Inova muito no Corinthians!

:: Stand-up comedy tá tão banalizado que acabei de ver um feirante com um microfone fazendo piadas sobre hortaliças.

:: Espera aí! A mina pagou um boquete no BBB mesmo? E eu falando mal do programa? Caralho! O BBB é animal!

:: Quem ganha no frescobol? O que demora mais para se sentir um idiota?

:: SABIA QUE SE UMA PESSOA ESTIVER COM CAGANEIRA E TOMAR ACTIVIA, ELA MORRE? REPASSE A INFORMAÇÃO E SALVE UMA VIDA.

:: Como assim? Tessália é um nome? Eu achei que fosse um chinelo.

renata polastri

Bipolar? Eu? De jeito nenhum. Isso é invenção daquele médico gente fina/filho da puta.

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com ele: >> fale rafinhabastos.mg@diariosassociados.com.br



PROVADOR > cris guerra > 39 anos, é redatora publicitária, ex-consumidora compulsiva, ex-viúva, mãe (parafrancisco.blogspot.com) e modelo do seu próprio blogue de moda (hojevouassim.blogspot.com).

Paris, please Ando precisando muito ir a Paris. Pensar na vida em Paris. Tomar um café. Um porre. Chorar uma mágoa em Paris. Comprar um pão em Paris. Ir ao correio em Paris. Comprar o jornal de manhã bem cedinho. Fazer supermercado em Paris. Colocar o lixo para fora em Paris. Desligar o despertador em Paris. Levar uma baforada de cigarro em Paris. Ficar presa num elevador em Paris. Vacinar contra rubéola em Paris. Tomar chuva em Paris. Reclamar do preço do sorvete em Paris. Tirar o título de eleitor em Paris. Tomar uma multa de trânsito. Ou ficar com os pés doendo depois de andar a pé por toda Paris. Passar na casa de uma tia-avó em Paris, pra pegar um bolo de chocolate de quatro andares, e entregar na casa da filha solteirona dela. Xingar alguém em Paris. Pisar num cocô em Paris e gritar “Merde!”. Qualquer coisa faz mais sentido em Paris. Sentir-se a última pessoa do mundo. Em Paris. Entrar no cheque especial em Paris. Achar chato estar em Paris. Cansar-se de Paris. Reclamar de Paris — em francês, claro. Fui a Paris uma única vez, na esperança de salvar um casamento. Não funcionou e eu sinto muita falta — de Paris, não do casamento. Mas eu gostaria de ter outros casamentos para serem salvos em Paris. Eu me casaria mais vezes e continuaria tentando. Por anos a fio.

elisa mendes

>>

Dessa única experiência na cidade, posso contar para os netos: tive uma calorosa discussão, em frente à Opéra Garnier, por causa de uma foto digital sem foco, e desci chorando a Avenue de L’Opéra. Para poucos. Confesso: foi bonito. Raciocina comigo: Paris é um lugar onde você tem uma chance elevada de que alguém fale francês com você. Ou japonês. Ou hebraico. No mínimo, um inglês com sotaque. Você pega o metrô e, se tiver a má sorte de ter alguém tagalerando ao seu lado, pode ser em francês. Pensa se não vale a pena. Envelhecer em Belo Horizonte é simplesmente envelhecer. Envelhecer em Paris é ganhar charme. Uma roupa velha por aqui é feia. Em Paris, combina com a paisagem. E ainda tem os cortes de cabelos pra compensar. Descer chorando a Avenida do Contorno é deprimente. Descer chorando a Champs-Élysées é, no mínimo, um belo ensaio fotográfico. Não ter carro no Brasil é problema. Não ter carro em Paris é pretexto para andar a pé por uma cidade onde cada prédio é um poema. E para andar a pé por Paris, você simplesmente pode colocar sua melhor roupa, porque vai cair muito bem. Se me perguntarem qual é o lugar onde sinto menos dor, respondo rápido: Paris. Por isso, se você precisar que eu faça algum serviço de banco em Paris, por favor, me avise. Paris, s’il vous plaît. Ou, já que agora os franceses falam inglês sem perder o humor: “Paris, please”.

renata polastri

Descer chorando a Avenida do Contorno é deprimente. Descer chorando a Champs-Élysées é, no mínimo, um belo ensaio fotográfico

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>>

É-DUCA!: EDUCAÇÃO E PROPÓSITO > glauson mendes > é líder educador, empresário, e vê na educação a base do wagner veloso

novo mundo. @glausonmm.

O Script “Não existe vento favorável para quem não sabe aonde deseja ir.” Sêneca

Nem sempre o procedimento padrão é a melhor forma de conduzir as situações no dia a dia. Aprender a pensar com mais liberdade é a chave para melhorar as relações pessoais e profissionais. Já parou para pensar em quantas oportunidades limitamos ou quantas vezes deixamos que limitassem nossa criatividade e iniciativa? - Bom dia. Aqui, tem dois motoqueiros parados só de olho. Tem mais de cinco minutos. - Eles estão fazendo algo suspeito? - Para mim, estão fazendo algo suspeito. Se é motoqueiro, é suspeito ficar parado há muito tempo. Eles não são moradores da rua. Estão parados há muito tempo e não tiram os capacetes da cabeça. Não tiram o capacete. - A placa da moto? - Eu não vejo. Não posso ir até lá ver. Só sei que estão parados, olhando. - O senhor visualizou a característica dos indivíduos? - Não. Não conheço. Estão com capacete na cabeça, como é que vou saber? - Eu peço que o senhor tenha as características do indivíduo para me passar. - Está certo. Está bom. Tchau. Essa é a transcrição do diálogo entre um comerciante que desconfiou de dois motoqueiros que estavam em frente à sua empresa e uma atendente do serviço 190 de Aracaju. Como o comerciante não respondeu da forma que o script esperava, a coisa não foi pra frente e entrou em loop. Você deve estar se perguntando qual é o espanto, afinal, serviços de telemarketing são normalmente ruins. Veja esse

caso, também recente, que ocorrem num cinema de shopping da Região Sul de BH. - Vê uma pipoca aí, brother! - Já fechamos, senhor. - Sim, percebi que você tá fechando o caixa. Mas tem um monte de pipoca ali e eu tô de olho nelas. O pacote é R$ 15, não é? Toma aqui vintão e fica aí R$ 5 de caixinha pra moçada. - Já fechei o caixa, senhor. - Brother, você vai jogar essa pipoca toda fora! Deixa a grana aí e quando abrirem o caixa amanhã, vocês dão entrada. - Senhor, já fechou. Não posso fazer nada. Durante a conversa, duas garotas jogavam baldes de pipoca no lixo e o roteiro de atividades, como em Aracaju, fazia loop: Fechou, senhor. Fechou, senhor. Tornei-me um crítico ferrenho dessa sistematização do pensamento e da criatividade humana. Por isso, casos assim não passam despercebidos. Nada contra definição de processos e objetivos. A questão é querer limitar o que, por natureza, não é limitável. Norma, regra, script, procedimento, roteiro de atividades. Encontramos essa pegadinha com diferentes denominações, mas forma e conteúdo sempre semelhantes. Herança medíocre de passado recente que se deve questionar. Em Aracaju, após o episódio, a solução encontrada foi demitir a garota. O comerciante não teve sorte. Foi vítima de um assalto seguido de morte, feito pelos motoqueiros de quem desconfiara quando ainda estavam em frente à sua loja, a tempo de evitar a tragédia. Em BH, o que foi perdido, felizmente, foram apenas alguns amidos e lipídios.

renata polastri

olho olho olho olho olho olho olho olho olho olho olho olho olho olho olho olho olho olho

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MAIS QUE UM RETRATO

Oferecemos aos alunos de uma escola pública de BH algo que eles não tinham: uma foto de si mesmos


SANGUE BOM Quanto vale uma foto? Quanto vale o sentimento de fazer alguém se sentir bonito em frente às lentes? Quanto vale o seu tempo, quando usado para melhorar um pouco o mundo ao seu redor? Vale muito. E não tem nada a ver com dinheiro. O fotógrafo americano Jeremy Cowart teve a ideia de usar seu equipamento, expertise e tempo para clicar desconhecidos. O que fez a iniciativa especial foi o fato de ele também ter imprimido e entregado, gratuitamente, a foto a cada um desses desconhecidos, que eram pessoas que nunca tiveram a oportunidade de ver um retrato de si mesmas. Foi assim que nasceu o projeto Help-Portrait, movimento mundial que mobiliza milhares de fotógrafos amadores e profissionais, com o objetivo de devolver um pouco do que têm para a sociedade, um click por vez. Em dezembro do ano passado, a Ragga participou do movimento, por meio da campanha Sangue Bom, em parceria com a coordenadoria da escola integrada da Escola Municipal Mestre Ataíde, no Bairro Betânia. Uma equipe de sete fotógrafos e duas maquiadoras fizeram retratos de mais de 100 e adolescentes e crianças na quadra da escola, na manhã daquele dia. Primeiro meio tímidos, os alunos – e até alguns professores — acabaram se divertindo fazendo poses e sorrindo, em frente às lentes. Em fevereiro, com o retorno do ano letivo, foi a vez de entregar as fotos e fazer novos registros. Quem se inspirar com os registros pode entrar nesse círculo virtuoso, noutra escola, praça ou qualquer rua perto de você. Primeiro, a maquiagem e, depois, muitos flashes


O projeto só se completa quando as fotos são entregues

FOTOS Bruna Cris Bruno Senna Gilberto Barroso

Letícia Silva Mário Machado Marcel Mello Pauline Pepe

MAKE UP Dani Mitre Flor Soares


ESPORTE

>> skate

O ollie de Gabriel

OLHO DA

RUA

Em vídeo, skatistas de BH mostram a cidade entre grinds e kickflips

por Sabrina Abreu fotos Carlos Hauck

João Miguel, Artur Dias, e Gabriel Loureiro (em pé), Jefferson “Bill” e Matheus Lima (sentados)

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Antes dos parques de skate e das pistas construídas na medida para o esporte, o habitat natural dos skatistas era a rua. E nunca deixou de ser. Foi nos corredores urbanos de Belo Horizonte, como a Rua Rio de Janeiro e as avenidas Amazonas e dos Andradas, que seis skatistas da cidade encontraram o cenário para as manobras que são o atrativo principal do filme ‘Original Expresso’ (BH, 2009), produzido pela skate shop De Rua em parceria com a 4Skate Produções. “Já era hora de os atletas daqui terem suas performances registradas do jeito certo”, explica Matheus Lima, veterano do esporte e proprietário da De Rua. O jeito certo, no caso, é o estilo apurado do videomaker Henner Figueiredo, que extraiu de 50 horas de material bruto os 25 minutos de manobras alucinantes que dão o tom de ‘Original’, alternadas com registro de “moments” vividos entre o nascer e o por do sol da capital mineira e também de Brasília, Rio e São Paulo. Breno Rodrigo, João Miguel, Arthur Dias, Gabriel Loureiro e Jefferson “Bill”, além do próprio Matheus, são os atletas que, com o skate nos pés, mostram a paisagem urbana a partir de diferentes velocidades e ângulos. Um registro que fica ainda melhor com a trilha sonora de Coyote Beatz, Fernando Castilho, Gorila Mangari e Matéria Prima. Imperdível.


Arthur manda um halfcab flip

ORIGINAL EXPRESSO Disponível para download em abril. Uma prévia aqui: migre.me/l8mP


ENSAIO

LUZ E SOMBRA fotos Carlos Hauck

O grafiteiro Hyper aceitou o convite para interagir com suas obras, espalhadas por BH, com tĂŠcnicas de light painting

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Twitteratura

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A arte de sintetizar um conto em até 140 caracteres

O ambiente propício a textos curtos tem atraído a atenção de escritores que não se intimidam diante da necessidade de exercitar a coesão

@ProsaeGlosa “E conversava com seus botões... De-lírios.”

ader gotardo

tenho o intuito de incentivar a literatura. O Twitter é uma porta de propagação dessa arte”, conta o belo-horizontino. O paulista Samir Mesquita é adepto dos microcontos há três anos. “Em 2007 publiquei meu primeiro livro, ‘Dois Palitos’, compilação de microcontos que vem dentro de uma caixa de fósforo”. Samir conta que precisava de um blog para postar as novidades e mais tarde criou uma conta no Twitter. “O site foi uma ferramenta essencial para a divulgação do meu trabalho”, complementa. O segundo livro de Samir, ‘18:30’, tem o formato de um mapa e é uma coletânea de nanocontos sobre o trânsito nesse horário caótico. As obras do autor podem ser adquiridas em livrarias online ou trocadas por outros livros. “Basta escolher um dos títulos da lista que está no meu site e enviá-lo para mim. Após o recebimento, envio o ‘18:30’ para a pessoa”, inova Samir Martins. “A revolução criada pela linguagem internética é algo extremamente benéfico”, diz Clézzio. “O brasileiro adere muito fácil à novas tecnologias e isso é bom, afinal é um excelente meio de divulgação do pensamento. É errado pensar que a internet ameaça o idioma, já que nossa língua está em constante evolução. Se não fosse assim, estaríamos falando latim até hoje”, enfatiza. Para passar do time de meros espectadores para o dos contistas twitteiros, basta criar uma conta no site de relacionamento, esperar um momento de bastante inspiração e, principalmente, aceitar o desafio de escrever uma história em até 140 caracteres. Mas pode ser mais difícil do que parece, como dizem Vinícius e Samir.

@samirmesquita ” No interior, um gênio, sabia todas as placas dos carros de cor. Agora, na cidade grande, ele era apenas mais um número.”

arquivo pessoal

É impossível discordar que a correria do dia a dia é tão intensa que a forma de comunicação entre as pessoas é obrigada a se reinventar de tempos em tempos para se adequar a rotinas carregadas de compromissos e metas. Em meio à agilidade de um mundo cada vez mais volátil, um mecanismo interessante se firmou como grande fenômeno do diálogo instantâneo entre internautas. Tão veloz e prático como a vida de hoje, o Twitter conquistou usuários devido à facilidade de postar mensagens sobre a vida real sem demandar muito do precioso tempo do autor – e do leitor. O ambiente propício a textos curtos de, no máximo, 140 caracteres, tem atraído a atenção de escritores que não se intimidam diante da necessidade de exercitar a coesão. Eles utilizam o espaço para divulgar microcontos, que podem ter uma conotação romântica, dramática, cômica e até trágica. A “literatura fast-food”, propiciada pelo surgimento do Twitter conquistou o simpático nome de Twitteratura. Segundo Clézzio Roberto, professor de Língua Portuguesa da Puc Minas, essa pode ser considerada uma modalidade literária desde que “o escritor consiga sintetizar o enredo no número limitado de caracteres”, explica. A criação e a interpretação dos microcontos requerem um pouco mais de tempo tanto de quem escreve quanto de quem lê, mas o Twitter continua fiel à proposta inicial de tornar público o que o usuário está sentindo no momento. É esse formato que fez o site, criado em 2006, arregimentar mais de 14 milhões de pessoas, entre os quais um milhão e meio são brasileiros. Vinícius Magalhães, de 27 anos, mestrando em literatura na UFMG, mantém uma conta no Twitter destinada à publicação de microcontos, com o nome de ‘Prosa e Glosa’, homônimo de seu blog literário. Ele, que tem um livro de poesias publicado de forma independente e escreve contos convencionais, conta que já conhecia a prática dos “nanocontos” e optou por divulgar os seus via Twitter devido à sua projeção na internet. “Gosto e

arquivo pessoal

por Izabella Figueiredo ilustração Renata Polastri

@jonesmeira “Ele olhava a marquinha de biquíni. Ela, a marca de aliança.”

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ON THE ROAD >> cuba

CUBA À DERIVA

Uma ilha, um jornalista e um regime. Tudo naufragando

Biagioni s Bernardo texto e foto

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Amanhecer no Caribe é assim

Respira fundo, pensei, olhando para os lados pela última vez antes de dar os dois passos que me levariam ao primeiro lugar da fila. Na minha frente, em letras garrafais para ninguém se enganar, estava timbrado em cores pesadas: “Aeropuerto Internacional José Martí - inmigración”. Uma dúzia de pequenas salinhas individuais se estendiam pelas laterais, de ponta a ponta de um saguão enorme, fechado e, de certa forma, claustrofóbico. Era seguir em frente ou sair correndo de volta para o avião, com alguma desculpa estranha para evitar o que estava pela frente. Uma rápida entrevista e uma única porta me separavam de Havana, de Cuba. “Próximo”, alguém gritou, de algum lugar. Evoquei o espírito de Che Guevara, pensei no sorriso de Ibrahim Ferrer, do Buena Vista Social Club, e comecei a caminhar em frente. Era a minha vez. TURISMO EM CUBA Há cerca de 19 anos, alguém deve ter sentido a mesma ansiedade que a minha, no mesmo aeroporto, alguns segundos antes de conseguir passar pela Imigração de Cuba para ver de perto a ditadura de Fidel. Com o fim da União Soviética, em 1991, a ilha caribenha se viu obrigada a reconsiderar sua postura diante do Turismo, e da abertura do país à visitação de curiosos – e viajantes – espalhados pelo mundo. Até então, o bloco socialista garantia o triunfo da revolução de 1959 mediante a compra do açucar cubano a um preço bem superior ao do mercado internacional, e por meio da venda do petróleo a valores pífios, se considerados os números absurdos do ouro negro na tabela de importações de países não-produtores. Se antes o turismo figurava apenas no quarto lugar na receita de Cuba - atrás do açúcar, do tabaco e do níquel – após 1991, o setor não saiu mais da primeira posição. Fidel não tinha aberto o país antes por duas simples razões. Primeiro, porque temia que agentes da CIA (agência central de inteligência norte-americana) espionassem o seu governo e, segundo, porque receava que seus jovens fossem contaminados pelos tentáculos do capitalismo. No início da década de 1990, porém, além de conceder benefícios fiscais para grandes redes hoteleiras internacionais (sobretudo espanholas) se instalarem na ilha, o comandante permitiu que a população cubana fizesse parte das transformações que estariam por vir. Quem tivesse um quarto disponível em casa, por exemplo, poderia alugá-lo para os turistas que chegavam dos quatro cantos do mundo. Da mesma maneira, quem tivesse carro próprio, poderia transformá-lo em taxi. E quem soubesse cozinhar, estava livre para servir – e vender - os pratos mais variados na sala de suas casas. Tudo, é claro, mediante uma aprovação prévia do governo. Caso contrário, o cubano desertor estaria sujeito às duras penas da lei. Como a Sra. Dollores.

HOSPEDAGEM Eu não estava com medo no aeroporto à toa. Um dia antes de embarcar para Havana, recebi no meu email uma mensagem um tanto curiosa: “Bernardo, se te perguntarem na imigração, não diga que você está vindo para minha casa. Fale o nome de algum hotel. Obrigada.” Sra. Dollores, apesar dos 74 anos, e de ser aposentada, estava cometendo um sério desacato ao regime cubano. Para não ter problema, acabei fazendo uma reserva em outra casa de família, para cinco dias depois, em Matanzas, cidade industrial de Cuba. Quando fui chamado na sala individual da imigração, tive que responder a três perguntas, enquanto duas câmeras filmavam todos os meus movimentos: “Quantas horas de voo do Brasil até aqui?”. “Qual é seu destino no país?”. “O que você veio fazer aqui?”. Se eu dissesse que era jornalista, é muito provável que minha viagem – e este texto – terminaria aqui. Sair do aeroporto e ver os primeiros carros de Havana talvez tenha sido a melhor parte de toda a viagem. Apesar de não faltar nenhuma certeza de que eu estava dentro de uma ditadura, e que alguém poderia estar me vigiando, fui tomado por uma sensação plena de liberdade que senti poucas vezes em toda a minha vida. Peguei um táxi (uma Mercedes nova, com menos de 10mil km rodados), e segui para a casa da Sra. Dollores, que fica na parte moderna de Havana.

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POLÍTICA Parei na porta do prédio e não acreditei no cartaz que estava pregado na altura dos meus olhos: “CDR, Comitê de defesa e da vigilância”. Em todo quarteirão de Havana, e de todas as demais cidades de Cuba, há um CDR. Cabe a este comitê verificar se os membros daquela quadra estão respeitando os valores e crenças da revolução cubana. Se eu trombasse com o presidente do departamento no elevador, era bem possível que eu fosse deportado. E a minha inquilina, presa. Sra. Dollores me recebeu com um abraço carinhoso, sem antes se assegurar de que tinha trancado a porta direito. Antes da revolução, ela fazia parte da classe média cubana, a classe social mais afetada pelas transformações sociais. Depois de 1959, os ricos e milionários de Cuba fugiram para os Estados Unidos. Eram, em suma maioria, apoiadores da ditadura direitista de Fulgêncio Baptista. Os pobres ganharam acesso à alimentação, saúde e educação. Os demais, que já tinham esses direitos básicos garantidos e que não conseguiram deixar o país, se viram perdidos. “No começo foi difícil, mas depois melhorou”, contou ela, olhando para a xícara de café que carregava na mão direita. Seu discurso sobre a política cubana, assim como os de outras pessoas que conversei na rua, se limita a isso. Ninguém quer avaliar os pontos negativos do regime. Muito menos os positivos. ECONOMIA E COMIDA

O sorriso mais sincero da ilha. E um maço de cigarros

Se não fosse um cubano chamado Rafael, que conheci no meio de uma rua da parte velha de Havana, era bem possível que eu teria comprado uma pizza por um valor 24 vezes superior ao que estava escrito no cardápio. Em Cuba, circula-se duas moedas, o Peso Cubano, restrito a população local, e o Peso Convertido (CUCs), a moeda dos turistas. Um peso convertido corresponde a 24 pesos cubanos. A pizza de queijo custava 8 pesos cubanos. Sem perceber, tirei 8 pesos convertidos do bolso (cerca de R$24), e entreguei no caixa. Rafael, que viu tudo sorrindo, interrompeu o pagamento e me explicou pausadamente a existência das duas moedas. Em troca da aula, paguei ao cubano uma pizza, uma tuKola (a Coca-Cola cubana, que parece Pepsi), e um maço de cigarros. Tudo isso, na pizzaria que não era para turistas, ficou em menos de R$2. Não existe criminalidade em Cuba e, sim, malandragem. Assim como Rafael, toda hora aparecem cubanos dispostos a “ajudar”. Eles chegam de mansinho, tentam te agradar dizendo que você parece com os cubanos, e logo imploram por “qualquer cosita”, como moedas, sabonetes e, sei lá, sacolas de papelão. Vale qualquer negócio. A pizza de 8 pesos cubanos foi a refeição mais barata que fiz na ilha. E, por incrível que pareça, a melhor de todas. Comer em Cuba não é para qualquer um. O queijo parece um iogurte congelado, a carne parece de plástico, o arroz tem gosto de cachorro quente, e a batata-frita tem coloração azulada. Para conseguir sobreviver, a saída são os hotéis, que oferecem alimentos importados a (relativo) baixo-custo. Ruela da Habana Vieja, por onde caminharam Hemingway, Che e Baptista

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Ônibus-restaurante em Trinidad, cidade histórica no sul de Cuba

Placa de um dos CDRs de Havana. Tenso


Che Guevara não morreu. Agora ele tira foto com os turistas

ESTRADA

SORRISOS DE DESESPERANÇA

Depois de quatro dias em Havana, aluguei um carro e comecei a cortar a ilha do Norte para o Sul. Na bagagem, além de uma camiseta para cada dia, um amontado de carrinhos, camisas do Brasil, violões de plástico, sabonetes e roupas de bebê. A cada informação que recebia no caminho, ficava para trás um “regalo do Brasil”. Nenhuma criança sorriu com os presentes. O agradecimento ficava por conta das mães, que tentavam despertar alguma expressão nos rostos de seus filhos. Nas estradas de Cuba não existe nenhuma sinalização, muito menos qualquer marcação no asfalto. Porém, a cada 2km é possível ler algum outdoor lembrando os valores da ditadura socialista. “Si, si puede. Raul Castro”. “Diga no a lo embargo economico”. “Bush asesino”. “Viva Fidel”. “Hasta la victoria, siempre. Che”. No retrovisor ondulava uma cidade, duas, três. Dirigia até o sol começar a descer no Caribe, mergulhando no mar de águas límpidas que tangenciava a estrada por quase todo o caminho. Só parei quando cheguei em Trinidad, uma pequena cidade histórica que lembra muito a nossa Paraty, no extremo sul da ilha. É de lá que nasceu o último capítulo deste texto, que aparece aqui como uma confissão, um relato, um depoimento de quem sempre acreditou na revolução, no socialismo e em Cuba.

Cuba está à deriva, agora. Posso contar nos dedos quantos sorrisos vi nos últimos seis dias que estive nas mais diferentes cidades, ruas e esquinas. O isolamento da ilha não é só físico, mas psicológico. É um isolamento que não lhes permite o único sentimento que é imprescindível à condição humana: a liberdade. Nenhum homem pode ser feliz sem ser experimentar a liberdade de poder ir e vir, ser responsável por suas escolhas, por seus destinos e desatinos. Cuba está naufragando. Está naufragando no mar mais bonito dos oceanos, na utopia mais sincera das Américas, nas lágrimas e mágoas de uma desesperança tímida e contida, vendida nos pacotes de agências de viagens espalhadas pelo mundo. Quase todos os turistas que estão nas ruas esta noite embarcaram para cá por um simples motivo: querem ver um último suspiro, um último lamento, o último tormento de um regime que está com os seus dias contados. Aqui há, agora, versos, palavras e sorrisos de desesperança. A salsa virou silêncio, a euforia política adoeceu com Fidel Castro, e Cuba amanheceu, ontem e hoje, querendo ver de perto o mundo, o nosso mundo. Eles querem mostrar para os cinco continentes o que descobriram na medicina, o que aprenderam dançando às escondidas, e o que ganharam lutando, encolhendo e pensando. Cuba quer mostrar que não quer mais sofrer. Nós já vimos Cuba. Cuba, agora, quer nos ver.

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O isolamento da ilha não é só físico, mas psicológico. É um isolamento que não lhes permite o único sentimento que é imprescindível à condição humana: a liberdade

CURIOSIDADES

SOBRE A ILHA É possível comprar Coca-Cola em qualquer hotel – e postos de conveniência - por menos de R$ 3. Mas o refrigerante de maior sucesso na ilha é a tuKola. Fidel vai bem, obrigado. Mas, atualmente, quem governa Cuba é Raúl Castro, irmão do comandante. Buena Vista Social Club não é um grupo tão famoso em Cuba. A maioria dos cubanos, acredite, não sabe nem que é Ibrahim Ferrer. Nas rádios só se escuta reggaeton. E um pouco de salsa, claro. As novelas brasileiras são como religião para os cubanos. Atualmente está passando por lá A Favorita e Bem-Querer. Os hotéis oferecem canais russos, japoneses e portugueses. Falando em religião, o Jesus Cristo cubano atende pelo nome de Ernesto Che Guevara. Se você for para Cuba, leve uma dúzia de sabonetes na bagagem. Esse é o item que a população mais aprecia. Sim, existe droga na ilha. Em uma edição recente do jornal local Granma, o jornalista credita a culpa do narcotráfico aos “mercados consumidores norte-americanos”. Porém, em toda feirinha que se vê nas ruas de Havana, é possível encontrar a folhinha de Jah desenhada em carteiras, estátuas e luvas de beisebol. Carros antigos não são tão mais abun-dantes nas ruas. Hoje vê-se mais Peugeot, Hiunday, Citröen e Mercedes.

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Capitólio cubano, inspirado naquele de Washington, nos Estados Unidos. No fundo, o mar


Trininad. Quase uma Paraty, inclusive pelos shows que rolam nos bares durante as madrugadas de verão

Cubano toca ‘Summertime’, que ficou eternizada por Billie Holiday, no Malecón, beira-mar de Havana. Esse momento está disponível em vídeo no site da Ragga

comente! redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

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a música e o tema

por Kiko Ferreira

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marcos vieira/estado de minas

De repente, o rap está na moda. Mesmo que 99% dos ouvintes de músicas não entendam as gírias e segundas e terceiras intenções das letras de Notorious B.I.G, 50 Cent, Tupac, Eminem e outras boas e más companhias, a sonoridade, a roupa, os clipes marrentos e o ritmo seduzem quem gosta de música de alto impacto e daqueles graves que valem por um exame completo do sistema digestivo. Rap, na definição clássica, é a sigla para a fusão de ritmo e poesia. Em inglês, rhythm and poetry. A história mais contada diz que a coisa começou na Jamaica, nos anos 1970, com os toasters e DJs, que usavam os bailes de periferia para protestar contra a política. Depois de uma crise na ilha, vários jamaicanos migraram para os Estados Unidos e lançaram a moda de parar na rua, a bordo de sistemas de som portáteis, para continuar a pregação. O rap é um dos elementos da cultura hip hop, que inclui grafite, dança de rua, moda e outras mudanças de comportamento. Em menos de 20 anos, deixou de ser música de guetos e de protestos para virar objetos de consumo de patrícias, maurícios, parises e hiltons. E os temas mudaram para violência de gangues, luxo e luxúria, muitas vezes com os rappers falando de seus próprios carros, cachorras e brigas pessoais para aumentar a fortuna. O hip hop brasileiro, que tem ícones como Mano Brown, Sabotage e Marcelo D2, não assusta e nem é novidade para quem sabe alguma coisa da música folclórica e popular brasileira. O motivo é que, muito antes dos toasters e Mcs irem para o Bronx e para o Harlem, o Brasil já tinha o repente que, junto com a literatura de cordel, usava a música para mostrar e fazer poesia. É bom lembrar, ainda, que vale uma pausa para uma discussão que parece outra, mas é a mesma: aquela que pergunta se letra de música é poesia. Desde os trovadores medievais, passando pelos

RAP DE REPENTE

Depois de pedir a legalização da maconha no Planet Hemp, Marcelo D2 agora faz uma mescla de hip hop e samba à procura da batida perfeita

griots africanos, a história, as histórias e a poesia eram transmitidas por via oral, na maior parte das vezes transformadas em canções que os cantadores divulgavam de comunidade em comunidade. O inventor da palavra impressa, o alemão Gutemberg, só imprimiu seu primeiro livro, uma Bíblia, em 1455, portanto, no século XV, quando os antecessores dos rappers já misturavam ritmos e poesia. Pausa terminada, vale lembrar as ações que contribuiram para que tanto o rap quanto o repente saíssem dos guetos e fossem aceitos pelo chamado grande público. No rap, um passo fundamental foi dado em 1986, pelo Aerosmith. O rap crescia como movimento e indústria, mas continuava tendo sua parada de sucessos específica, lojas próprias e público restrito. Como tinha acontecido com o rock nos anos 1950, que só deixou o gueto para entrar nas casas das famílias depois que um branquelo, Elvis Presley, resolveu sacudir seus quadris nos programas nacionais de TV, o rap precisou de um catalisador. O pai de Liv Tyler estava em baixa no mercado e se uniu aos rappers do Run DMC para uma arrasadora versão de ‘Walk this way’. Estava consagrado o casamento rock + rap. Hoje, não são poucas as bandas


joe cavaretta/ap photo reuters/neal preston

Há mais de 20 anos, o Aerosmith dava um passo fundamental unindo-se aos rappers do Run DMC. Steven Tyler gostou tanto que já fez outro dueto, dessa vez com Nelly. Os Titãs (abaixo) foram buscar uma dupla de repentistas para abrir a turnê do disco ‘Õ Blesq Blom’, de 1989

daniela dacorso/divulgação

de rock que incluem um DJ e até um MC no line up. No Brasil, a história foi, de novo, antes. O pernambucano Alceu Valença, que já unia uma pegada roqueira com os ritmos e a poesia tradicional nordestina, se juntou, em 1972, ao conterrâneo Geraldo Azevedo e ao rei do coco e da embolada, Jackson do Pandeiro, que estava tão em baixa quanto o Aerosmith, e criaram ‘Papagaio do futuro’, um rock-repente que falava de um terno de vidro costurado a parafuso e de fumar e tossir fumaça de gasolina. Alceu começou a decolar a partir daí, Jackson voltou a chamar a atenção e estava plantada um tendência que, décadas mais tarde, iria influenciar o mangue beat de Chico Science e dezenas de grupos atuais, como O cordel do fogo encantado, e se transformar no maior produto de exportação da música brasileira depois da bossa nova. O rap já está no DNA da música pop de lá e de cá. Com o Planet Hemp e, de forma mais contundente com Marcelo D2 em sua carreira solo, foi aberta uma nova frente. Na busca da batida perfeita, surgiu o samba como novo elemento agregador. Assim como os Titãs foram buscar numa praia nordestina a dupla repentista Mário e Quitéria para abrir o disco e os shows do ‘Õ Blesq Blom’, em 1989, D2, quando lançou seu primeiro discosolo, ‘Eu tiro é onda’, trouxe para as praias do rock e do hip hop artistas considerados velhos e acabados pelo público mais novo, como João Donato e José Roberto Bertrami, do grupo Azymuth. O ex-Planet Hemp ampliou sua plateia e fez parcerias, ao vivo ou via sampler, com Alcione, Zeca Pagodinho e Cláudia. Resumo da ópera: rap e repente estão cravados na música industrial do novo milênio. Do carnaval de Salvador aos mais tradicionais templos do jazz (Miles Davis, de novo, abrindo portas), DJs, MCs, toasters, repentistas, emboladores, rappers e outros sujeitos e predicados que misturam música e poesia fazem com que os limites de gêneros, números e graus estejam cada vez menos definidos. E mais atrevidamente misturados.


quem

é RAGGA

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fotos Dudua’s Profeta


rodrigo lagoa

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ESPORTE

>> mma

AGORA, É CAIR PRA DENTRO

por Daniel Ottoni Ilustração Renata Polastri

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Competição de MMA vai acontecer pela primeira vez em Belo Horizonte e traz para a cidade grandes nomes do esporte mostrar lutas para os interessados. Em vez de o pessoal ir ao cinema para ver filmes, irão para ver lutas”, conta. Durante a competição que vai rolar em BH, um formato inusitado: competição entre estados. Minas e Rio vão se pegar para ver quem sai do octógono com mais vitórias. “Realizei um evento como esse em Santos para 3,3 mil pessoas. A disputa foi entre São Paulo e Rio e foi um verdadeiro sucesso”, lembra. Ele afirma que em BH há grandes atletas ainda fora do mercado e a oportunidade pode ser interessante para alavancá-los na profissão. Entre os nomes de destaque confirmados para o desafio estão Cristiano Titi e Erik Wanderley, que enfrentarão os gringos Rico Washington e Kyle Davis. Representando Minas, estarão atletas como Gustavo Coelho e Maurício Facção. Do lado fluminense, Danilo Motoserra e Bob Esponja são outros conhecidos do meio. Para a competição, Tatá escolheu um integrante de cada academia selecionada, que tem renome quando se fala em MMA no Rio, como Gracie e Minotauro. “Quem for não vai se arrepender. É importante salientar que não é briga e sim um esporte profissional, com atletas que se dedicam diariamente. Será um verdadeiro show de entretenimento”, aponta. Ele ainda garante para este ano mais duas edições do evento na capital mineira. Público interessado tem de sobra. Afinal, como diz Sururu, “quem é que não gosta de ver dois caras caindo na porrada?” O MMA vai reunir atletas do Rio e de Minas especialistas nas mais diversas modalidades de artes marciais. A organização garante que mais duas edições vão rolar ainda este ano em BH. Público cativo não falta vitor carvalho

Um dia foi vale-tudo, hoje é MMA (mixed martial arts, ou artes marciais misturadas). Mas a ideia continua a mesma: especialistas em diferentes modalidades de lutas fazendo de tudo para vencer dentro do octógono, observando algumas poucas restrições, como a área dos olhos e a região genital — ufa. “O MMA é considerado hoje o maior evento nos Estados Unidos para o público entre 18 e 35 anos. O nível de investimento e profissionalização por lá é impressionante. É a tal da excelência no esporte”, afirma Édson Jorge, o Sururu, um dos atletas que vão participar do torneio, que trata-se de uma mistura de artes marciais. Dia 13 de março, Belo Horizonte recebe um evento inédito dedicado ao esporte que promete ser certeiro, uma vez que a capital é considerada uma das cidades com maior interesse em artes maciais. Sururu, de 37 anos, começou no esporte aos 9 anos com o judô. Nascido em Vitória e radicado em BH, ele praticou a modalidade olímpica até os 16, quando começou a fazer capoeira. Com 22, aderiu ao jiu-jitsu e, aos 27, decidiu entrar no MMA, após conselhos do então professor Vinícius Dracolino. “Ele viu que eu tinha condições de disputar a competição e me incentivou bastante”, lembra o lutador. Para isso, teve que entrar também no boxe, para desenvolver outras habilidades. “Cada lutador tem preferência por uma modalidade, mas no MMA é importante o conhecimento de várias, como jiu-jitsu e muay”, explica o capixaba. No cartel do cara no MMA, Sururu acumula cinco lutas e cinco vitórias, sendo duas por nocaute. Para chegar a uma competição como essa, ele aponta duas necessidades vitais: um bom treinador e um excelente empresário. “Sem essas duas figuras, fica difícil”, analisa. Para se ter uma noção do nível de sucesso do MMA nos EUA, existe atualmente um reality show, com a presença de 16 lutadores na casa. “Essa onda pegou de vez por lá e o crescimento é impressionante”, mostra Otávio Duarte, o Tatá, idealizador do evento e responsável por competições de MMA no Rio de Janeiro. “No final de março, será disputada a sétima edição do WOCS – Watch Out Combat Show”, comemora o ex-lutador, quatro vezes campeão pan-americano, dez vezes brasileiro e também com o título de campeão mundial no currículo. Tatá ainda dá outro exemplo para comprovar o sucesso no país do Tio Sam. “Uma rede com 300 salas de cinema deve

Cristiano ‘Titi’ Lazarinni

Fernando Paulon

87kg | 1,78m Faixa Preta de Jiu-Jitsu Tarja Preta de Muay Thai Campeão mundial de Jiu-Jitsu (2001)

77kg | 1,77m Faixa preta de Jiu-Jitsu 9 lutas (8 vitórias e 1 derrota)

oilivar leite

1,83m | 88kg Faixa Preta de Jiu-Jitsu Tri campeão mundial de Jiu-Jitsu (1998, 2001, 2003)

daniel swertz

Erik Wanderley

Ricco Washington

Édson ‘Sururu’ Jorge

90kg | 1,84m Especialidade: wrestling 6 lutas (4 vitórias e 2 derrotas)

88kg | 1,74m Especialidade: wrestling 15 lutas (12 vitórias e 3 derrotas)

72 kg | 1,79m Faixa Preta de Jiu-Jitsu Campeão Portugal Vale Tudo (MMA) (2005) — Lisboa

juan aguilar

Kyle Davis divulgação

arquivo pessoal

divulgação

LUTAS DE DESTAQUE

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ESPORTE

>> patins e bike

EQUATOUR 2010: entre pontes aéreas e rolés radicais texto e fotos Rodrigo Lagoa

Para conferir o Mundial de Patins e Bike, no Equador, vale enfrentar 12 horas de estrada esburacada e dormir com seis pessoas em um quarto para três

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Quando fecho meus olhos me vem uma chuva de lembranças dos momentos que vivi com meus amigos, momentos que nunca imaginei viver. Topei essa viagem na doidera, no calor do momento e sem mesmo saber se teria a grana para ir ou não. Mas um amigo, Daniel Cajal, deu uma força. Outro amigo, Daniel Tamanda, já tinha visto tudo sobre a viagem e resolvi embarcar na dele. Parecia tudo muito simples. Simples até demais. Comecei a trip no dia 8 de fevereiro com Fred Castro, do programa Rodapé, em Belo Horizonte, com destino a São Paulo, no voo das 20h. Estávamos indo

registrar a etapa sul-americana do Campeonato Mundial World Rolling Series (WRS), no Equador, nos dias 14 e 15 de fevereiro. Em Sampa, ficamos na casa do Tamanda até a hora do nosso voo para Quito, capital do Equador, às seis da manhã. A ansiedade era tanta para essa viagem que o sono simplesmente desapareceu. Marcamos de nos encontrarmos no aeroporto às três da madrugada: Daciel de Jesus, Felipe Zambardino, Kalleo Hipólito, Fábio Madruga, Felipe César, Fred Castro e eu. Daciel voaria pela primeira vez na vida. Estava superanimado com a experiência e estampava um sorriso de


Fred Castro começa um soyal, passa para o alleyoop e faz a curva saindo de 360º

orelha a orelha. Desembarcamos na conexão em Lima, no Peru, onde ficamos por doze horas. Felipe Zambardino saiu do aeroporto para marcar um rolezinho para conhecermos um pouco da cena peruana. A taxa de entrada no país é de U$ 31. Depois de duas horas sem notícias, o alto-falante do aeroporto dizia para sairmos, pois o Zamba havia encontrado os peruanos. Cada um deixou 31 doletas para o governo peruano. A regalo. Fazer o quê? Os trocadilhos entre português e espanhol geravam a todo o momento novas palavras e, com elas, novas musiquinhas em coro, o que atraía olhares de todos para os brasileiros “felizes”. Era contagiante. O rolé foi muito legal e me chamou a atenção o fato de a maconha ser legalizada e de as pessoas fumarem na frente da polícia, sem repreensão alguma. A pista de patins fica em uma encosta que se chama Miraflores, de frente para o oceano Pacífico, com direito a um maravilhoso pôr do sol no mar. Em Lima, conheci ótimos patinadores, como Sandro Timóteo e Carlos Caramelo. Quase tudo nessa trip tinha valor médio de dois dólares: alimentação, pano para limpar lente e até o ônibus. Esse foi o preço do nosso rango antes de pegar o voo para Quito.

mais difícil da viagem. Em Guayaquil, aconteceu um campeonato informal de street, meio que de brincadeira. Até eu participei. Estava com vontade de patinar e só podia competindo. Acabei passando para a final e ficando em oitavo lugar, pois só mandei duas manobras e fui filmar o resto. Todos os brasileiros passaram para a final, mas quem levou o primeiro lugar foi o venezuelano Lari Dal Lago. Foi nesse dia que conhecemos Billy Oneail, Demetrious George, Kenny Owens e Jero, americanos que vieram a convite do World Rolling Series. Os caras são muito firmeza e dão um rolé animal. Fomos, então, para Canton de Playas, onde, no final de semana, aconteceria o tão esperado

TERRAS E PRAIAS EQUATORIANAS, ENFIM Chegando, a primeira sensação é a de falta de ar: são 2.890m de altitude. O avião demora a frear, demora a decolar. Cansei fácil ao subir as escadas do saguão. Em Quito, alugamos uma van para Guayaquil. Foram 12 horas para atravessar 450km de estradas ruins, mal sinalizadas e lotadas de caminhões e buracos. Com certeza foi a parte

Daciel de Jesus em um 360 muito alto

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Os brasileiros mostraram animação, força de vontade e, principalmente, manobras de alto nível para os juízes internacionais. Fizemos a festa. Literalmente

Yuri Botelho em dois momentos: truespin acid (acima) e um 360º safety grab alucinante. Ao lado, o colombiano Christian Povvas manda um flair


Festa, cerveja, o incansável tambor e uma reunião de gente de toda a América do Sul. Fora das pistas o clima foi esse

campeonato. Ficamos em um hotel bacana, com seis cabras em um quarto com cama para três. Foi bem difícil dormir durante esses dias. O evento foi meio solto, acabei perdendo a final da bike porque mudaram a data sem avisar. Os campeões foram o colombiano Frank Albino, na categoria Pro, e Jonathan Camacho, do Equador, na Intermedio. Nos patins, quem levou a melhor na Pro foi o brasuca Kalleo Hipólito. O vice também foi verde e amarelo, com Felipe César. Os brasileiros mostraram animação, força de vontade e, principalmente, manobras de alto nível para os juízes internacionais. Fizemos a festa. Literalmente. Essa foi a primeira viagem que participei com um monte de amigos. Se não foi a mais divertida até hoje, está entre as três primeiras. A vibe foi alta e a galera estava bem unida. E que venha o World Rolling Series Brasil em setembro. + Confira imagens do tour no mundourbano.com.br

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EU

por Sabrina Abreu

QUERO! ...IR PRA RUA

As paisagens bucólicas pelas quais suspiramos, parados no trânsito, na hora do rush, também têm seu lugar. Mas nosso encontro mais especial está marcado com as ruas da cidade grande, com as novidades que surgem por todo lado: abaixo do nível do solo, no alto de um prédio qualquer, entre os cruzamentos e as calçadas. Sorte nossa que esse encontro se dá a todo momento, assim que saímos pela porta de casa. Ele está nos stickers colados nos muros e nas roupas de quem passa. Repare. As cores das ruas também são dignas de serem admiradas. Escolha. O que não faltam são produtos inspirados na urbanidade.

Para encarar o asfalto, nada melhor que um par de sneakers. Estes são o Dunk Supreme ’08 LE e o WMNS Terminator High ND, da Nike, marca-símbolo da cultura street.

Depois de três anos pesquisando o modo ideal de fabricar um spray 100% nacional, a Detono Graffiti lançou o Attack. Feito com pigmentos orgânicos, está disponível em 16 cores e tem preço camarada. Para grafitar muito. R$ 9 detono@detono.com.br

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bruno senna

Parede

Nike Dunk High Supreme R$ 449,90

A seus pés

WMNS Terminator High ND R$ 319,90


fotos: divulgação

Ao contrário do que muita gente pensa, gravadores portáteis ainda são fabricados. O modelo CFDRG880, da Sony, tem a tecnologia USB Rec & Play, que permite fazer cópias de músicas direto de um CD para dispositivos como o MP3 player, pen drive ou celular. R$ 19,90

Assistindo aos filmes dos anos 1980, você morria de vontade de entrar no metrô com um rádio portátil (que, descobriu-se após o advento do iPod, não era tão portátil) em cima do ombro? Com a bolsa Guetto Blaster dá para garantir quase o mesmo efeito. R$ 278 osegredodovitorio.com

No ombro

Toca Jay-Z

Pré-bling

Antes que os gangstas se encantassem pelo diamante e ouro branco, era o ouro amarelo que fazia sucesso. A gargantilha fina parafuso (50cm) de 18 kt e a berloque cruz com cristal incolor, da Manoel Bernardes, relembram esses velhos tempos. Gargantilha R$ 4.949 Berloque R$ 2.049

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NA GRINGA >> marrakech

PRA LÁ DE

MARRAKECH

texto Daniela Mateus fotos Walter Rabelo

Estímulos aos cinco sentidos na cidade vermelha do Marrocos

Nossa aventura rumo ao Marrocos teve início no território português, mais especificamente em Coimbra, onde meu marido e eu moramos por nove meses. Aproveitando a proximidade geográfica, as facilidades de locomoção e uma grande curiosidade que impulsiona coração e a mente dos viajantes, decidimos que começaríamos nossa peregrinação pelo norte da África. As cenas de ‘O homem que sabia demais’, longa de Hitchcock filmado no Marrocos, assim como relatos de amigos que estiveram lá, serviram de inspiração para o fascinante momento de colocar os pés na estrada. De Coimbra pegamos um “comboio” (trem para os portugueses) para o Porto, de onde sairia o voo para Madri — comprado pela bagatela de cinco euros de uma empresa aérea low cost. Da capital espanhola, após duas horas de avião, chegamos ao nosso primeiro destino: a movimentada e turística Marrakech, segunda maior cidade do país (depois de Casablanca), localizada a sudoeste e aos pés da cordilheira do Atlas. Ainda titubeando com a língua francesa e sem entender os códigos da pechincha árabe, já no aeroporto de Marrakech tivemos nossa primeira experiência cultural em solo marroquino: uma intensa negociação com os taxistas que se encontravam ali de plantão acerca do valor da corrida. Tem que negociar o preço de tudo, ou quase tudo. O motorista do táxi, um senhor bastante cordial, provavelmente de nome Mohammed, acabou se transformando em um guia ao longo do trajeto até o centro da cidade antiga. Ele nos explicou que cada cidade do país tem uma cor característica predominante nas casas e edifícios e que, por isso, Marrakech é conhecida como a “ville rouge” (cidade vermelha). Ficamos hospedados em um charmoso riad, casa tradicional marroquina com um jardim no seu interior e os quartos ao redor. Os riads funcionam como pousadas e são uma ótima opção de hospedagem para quem quer conhecer de perto o cotidiano da medina, como é denominada a cidade fortificada e antiga que se contrapõe à parte moderna e ocidentalizada de Marrakech ou de outras cidades do Marrocos, como Casablanca, Rabat e Fez. A medina é uma espécie de labirinto: não é difícil se perder nas suas ruas e nos souks (mercados árabes) repletos de vendedores de especiarias,

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vestimentas tradicionais, tapetes, artesanato típico e ervas medicinais que curam qualquer coisa O coração da cidade antiga é a praça Jemma El Fna, nosso point predileto durante o dia e a noite. Lá, encontramos encantadores de serpentes, comerciantes, tatuadores de henna, feira de comida típica e uma diversidade de turistas e viajantes que se misturam aos moradores locais, em sua maioria muçulmanos. Observar os fiéis que entram e saem da mesquita de Koutoubia, cujo grandioso minarete (torre de onde ecoa o canto árabe do almuadem que chama para as orações) pode ser visto de qualquer ponto da cidade, é com certeza um dos melhores programas da viagem.


O coração da cidade antiga é a praça Jemma El Fna. Lá, encontramos encantadores de serpentes, comerciantes, tatuadores de henna, feira de comida típica e uma diversidade de turistas e viajantes que se misturam aos moradores locais

Fizemos isso sentados em um pitoresco café em frente à mesquita, tomando um delicioso chá de hortelã, também conhecido como o “uísque do Magreb” (a venda de bebidas alcoólicas é proibida, por causa da restrição da lei islâmica). Depois, batemos perna no mercado e gastamos muita saliva, negociando o melhor preço. Os sete dias em Marrakech foram também de descobertas gastronômicas, como o aromático tajine de legumes, uma espécie de refogado preparado na panela de barro, e o autêntico couscous marroquino, servido com carne de boi, frango ou carneiro — o consumo de carne de porco é outra restrição da religião islâmica — temperada com açafrão, pimenta, canela, gengibre, cominho e outras especiarias tradicionais. Sem falar na deliciosa kafta ao molho de laranja preparada pela cozinheira do nosso riad. Os dias também foram de boas surpresas, como o hammam, ritual de banho tradicional que consiste na imersão em salas de vapor quente, intensa esfoliação corporal com o sabão noir (preto) e massagem com óleos e fragrâncias exóticas. Limpa até a alma. Imperdível! Após desvendar a agitada e exótica Marrakech, fomos convidados pelo simpático francês monsieur Lionel, proprietário do nosso riad, a conhecer uma aldeia berbere nas profundezas da cordilheira do Atlas, cadeia montanhosa que atravessa o Marrocos e se estende aos vizinhos Argélia e Tunísia. Assim, em uma sexta-feira ensolarada, acordamos com a primeira chamada para a oração do dia vinda da mesquita, e embarcamos no Fiat do aventureiro Lionel. Após horas e horas de viagem em curvas tortuosas no meio do Atlas, a 2.260 metros de altitude, chegamos ao pequeno vilarejo. Os berberes são antigos habitantes das montanhas do norte da África, alguns nômades como os tuaregues, com línguas e costumes próprios.

No alto, um almoço típico marroquino: tajine de legumes e carne. O tímido olhar da criança (acima) moradora da aldeia berbere, na Cordilheira dos Atlas, que emoldura o horizonte para os vendedores de artesanato


O mar de Rabat, capital do Marrocos, com a cidade de Salé ao fundo

Moradora de Marrakech passeia com sua motocicleta pela praça Jemma El Fna

Caminhamos pela aldeia, aprendemos algumas frases na língua berbere, observamos a fabricação artesanal do pão, entramos em uma casa e tomamos chá com a família que nos recebeu. Também tiramos muitas fotos, mais como viajantes interessados em registrar aquele momento de integração com a população nativa do que como turistas afoitos com o exotismo daquele povo. O contato com os berberes foi a oportunidade de conhecer um outro lado do Marrocos, mais autêntico, mais perto da realidade e longe dos atrativos turísticos das grandes cidades. De volta a Marrakech e depois de uma semana no Marrocos, retornamos para a Europa e de lá prosseguimos nossa viagem com a mala cheia de lembranças, experiências, aromas e muitas histórias para contar.

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Os famosos tapetes dos mercados da cidade


fotos JĂşlia Lego modelo Bruna FĂŠlix

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MENINA-MUSA por Bruno Mateus

Tudo o que aqui for escrito, todas as palavras cuidadosamente rebuscadas são meros esboços sem sentido e poder de definir tamanha beleza. Tal qual uma obra de arte capaz de fazer Mona Lisa desviar o olhar de inveja e desmanchar seu sorriso levemente sarcástico, que já atravessa séculos, Bruna Félix nos observa como quem sabe cada contor-


no do que se passa na cabeça desses entorpecidos admiradores. Nem parece a primeira vez que ela se aventura em protagonizar ensaios que vasculham sentimentos guardados como segredo. “Foi legal, gostei do resultado. Fiquei meio envergonhada, mas depois me soltei.” Seria vergonha por saber que todos olhares vão em sua direção? Se Leonardo Da Vinci a visse, deixaria La Gioconda de lado, assim, sem delongas; se Cartola a encontrasse, Bruna seria a rainha que sempre viria aos sonhos seus. Ah, por ela Chico Buarque faria desvarios, romperia com o mundo e queimaria seus navios. Com a doce inocência dos 18 anos, ela queria mesmo era ser personagem de Cazuza. “Adoro, as letras são maravilhosas”, derrete-se. Bruna é de Belo Horizonte e confirma a fama das garotas que nascem tendo a Serra do Curral como proteção.


Ela adora praias: Angra dos Reis, Búzios e Arraial, e quer um dia morar na Austrália. Pueril, ela ri e parece dar de ombros quando lhe perguntam como será sua vida daqui a dez anos. Ela não sabe, tampouco precisa saber. O tempo é sábio e generoso quando se trata de meninas-mulheres como Bruna. E as respostas, ela bem sabe, chegarão com o vento.

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FOTO Júlia Lego PRODUÇÃO Ana DaPieve e Li Maia MAKE Laninha Braga ALMOFADAS Estúdio Mistura MODELO Bruna Félix


Os astros do hip hop são conhecidos por esbanjarem dinheiro, mulheres, carros, joias. Brigas, gangues e histórias de vida conturbadas também fazem parte do enredo das músicas. Já estamos acostumados a ver clipes com mulheres no melhor estilo cachorra lambendo os lábios, tacos de sinuca de ouro, dentes de diamante e carros turbinados com piscinas de champanhe. Enquanto os rappers esbanjam de lá, nós perguntamos daqui: quais são as atitudes mais clichês do mundo do hip hop?

1° Videoclipes recheados de mulheres seminuas em jacuzzis

_ Tchutchucas, popozudas e piriguetes sempre dão o ar da graça para deixarem os rappers com o ego, a autoestima e outras coisas lá em cima.

2° Cordões de cifrão e muitas joias cravejadas de diamantes

sxc

Clichês dos hip-hoppers

top 10

_ E não vale fazer aquela piadinha: “Será que eles assaltaram uma joalheria?”

3° Dentes encapados de ouro ou outro metal bem brilhante

_Corre a lenda que eles se inspiraram no Jaws, aquele inimigo do James Bond que tem dentes de aço.

4° Muito ouro nos incontáveis banheiros de suas mansões

_ São 14 banheiros com maçanetas, torneiras, privadas e chuveiros banhados a ouro. Até o ralo é de ouro. E o cara mora sozinho, hein?

5°Composições sobre amigos falecidos

_ Todo rapper já teve um amigo assassinado por policiais ou morto em brigas de gangues. É muita treta, mano.

6°Alguma cicatriz de bala pelo corpo

_ Em meio às tatuagens é possível achar um ou outro buraco de bala. Alguns dizem que não se pode confiar em rapper sem cicatriz.

7°Trejeitos gestuais e linguísticos bem típicos

_ Expressões blasés, cara de nojo ou mal-encarados mesmo: é fundamental mexer as mãos e usar gírias.

8°Ter uma grife de roupa 9°Uma dramática história de vida para contar

_ 50Cent, Marcelo D2 e

P. Diddy já entraram nessa.

_ Infância roubada pelas drogas ou pelo tráfico e pais que trancavam os filhos no quarto ao som de pagode. É, a vida deles nem sempre foi regada a dinheiro, mulheres e glamour.

10°Ter seu próprio selo musical

_ Com aquela marra toda você acha que eles querem depender de gravadoras?

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último ranking Melhores fantasias de carnaval Na edição de fevereiro listamos dez opções de fantasias originais para que os leitores-foliões elegessem a mais criativa delas. Caso você tenha visto muitos cidadãos com as fantasias abaixo, saiba que eles podem ter sido influenciados pela Ragga! 1) CAMISINHA/PÊNIS 33.33% 2) FRALDA 27.78% 3) LATNHA DE CERVEJA / MICHAEL JACKSON 11.11% Na época de extravasar e soltar a franga os mais descontraídos não se intimidam e aproveitam a época mais despachada do ano para desfilarem por aí com fantasias polêrmicas e divertidas. Surpreendentemente, a vencedora da nossa enquente foi a tradicional fantasia de camisinha, o que mostra que a galera assume a faceta do sexo seguro, principalmente em uma época tão profana. Ponto para os que aderem a causa de forma tão original. Como o calor de fevereiro, nada mais justo que deixar o corpo sacolejar livremente ao som de samba, axé e funk. Para isso a fantasia de fralda é a ideal, levando em consideração o frescor proporcionado pela alegoria. Empatados em terceiro lugar ficaram a latinha de cerveja, adorno oficial do evento, e a fantasia do rei do pop Michael Jackson, figura mais atual homenageada pelos foliões em 2010.


JÁ INVENTARAM

por Izabella Figueiredo

fotos: divulgação

Garoto-propaganda Se considera um artista nato? Seu talento ainda não foi reconhecido pelos mestres da arte contemporânea? Eis a grande chance! Com a T-Sketch você se sentirá um outdoor ambulante. Com as canetas fluorescentes que acompanham a camiseta, você divulga sua própria arte e faz uma supereconomia, já que não será mais necessário gastar com camisetas que estampam slogans de outras marcas. Um mecanismo acende o desenho no painel, tornando impossível passar despercebido. Lá fora por US$24.99 gizmodo.com

Hello, television! Que Hello Kitty é um fenômeno em todo o mundo ninguém duvida, mas existem certos produtos com a cara da gatinha japonesa que simplesmente desafiam a capacidade de bom senso do consumidor. Um bom exemplo é essa TV de LCD de 13 polegadas. Munida de antena digital interna e controle remoto em forma de lacinho, dizem as más línguas que o eletrodoméstico não prima muito pela qualidade, sendo apenas um item decorativo para aumentar a coleção dos hello-kitty maníacos. US$55 www.displayblog.com

Caixa de autoajuda O que fazer quando tudo e todos parecem estar contra você? Às vezes, a única coisa que precisamos é de algumas palavras de reconhecimento para aqueles momentos em que demos o nosso melhor, mas infelizmente as coisas não funcionaram lá muito bem. Bem, talvez esse objeto ao lado seja a solução. Basta abrir a tampa e uma salva de palmas é entoada do interior da simpática caixinha de madeira. Claro, ela também pode ser útil para os egocêntricos que adoram ser parabenizados o tempo todo e por qualquer coisa. US$33.99 www.thegreenhead.com

Pipoca e YouTube Estava realmente demorando para que as facilidades domésticas se aliassem ao entretenimento. Embora esse microondas não exiba filmes ou programas de TV enquanto você prepara suas refeições, ele faz uma coisa até mais legal. Simplesmente busca um vídeo no YouTube que tem a mesma duração que o tempo de funcionamento programado. Embora ainda não esteja à venda, as empresas de eletrodomésticos já estudam a possibilidade de lançar esse fenômeno no mercado o mais breve possível. É só aguardar! www.impactlab.com

divulgação

TWISTer Não, não é a mais nova febre da internet, o microblog para falar o que quiser em apenas 140 caracteres. Esse está mais no auge do que nunca. Estamos falando da banda Twister, a boyband formada em 2000 e que fez sucesso com o hit ‘40 graus’, mas que depois desapareceu mais rápido que a permanência de deputado na cadeia. Quem fizer força, vai lembrar do nome de um dos componentes: Sander, que acabou sendo preso por posse de drogas e que depois formou outra banda, Methamorfose. Estava mesmo precisando de uma transformação... redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

Se lembrar de mais alguém que um dia foi reconhecido pelas ruas, mas hoje inexiste no imaginário popular, nos avise.

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Lil’ Wayne e o Coração Aberto de Bodhichitta*

divulgação

tami chappell / reuters

por Marcelle Santos

Ao colocar meus headphones, ainda posso ver os passageiros do ônibus lotado e quente, em direção ao Rio de Janeiro, reclamando da vida alegremente. Mas não consigo mais ouvilos, porque ‘Let the beat build’, do rapper Lil’ Wayne, está começando a tocar. Primeiro, surge um jubiloso coro feminino que, para mim, parece a anunciação divina, sensação corroborada por um Lil’ Wayne que chega cuspindo palavras de Criador. Sobrehumano, ele diz quem é e a que veio: “I can see the end and the beginning”; “They diminish/I replenish”; “Scientific/I’m out this world, hoe”; “I don’t fantasize/I mastermind, then go after mine/I handle mine, then dismantle mine”. Depois, pede uma licença puramente retórica, que eu, mesmo assim, lhe concedo, e, então, escuto atenta enquanto ele discorre sobre sua infinita lista de impressionantes conquistas: milhões de dólares, um exército de puxa-sacos, cachorras popozudas subservientes, evolução pessoal, imortalidade. Está certo que, como toda pessoa branca que já ouviu Sam Cooke, James Brown e Nina Simone, tendo a achar que os negros sabem das coisas e se um dia alguma consciência superior me conduzir ao caminho da Iluminação, que eu tenha cabelo duro, postura firme e nenhuma frescura com palavrões. É verdade que essa crença já me levou a aceitar ser acompanhada, numa noite fria em Nova York, por um vendedor de seguros que se autointitulava DaVoice (isso mesmo, “A Voz”) e improvisava raps de qualidade questionável, baseados na filosofia de ‘O Segredo’. Mas, ingenuidade branca à parte, existe certo valor no imenso ego dos artistas de hip hop: pelo menos eles ainda têm coragem de dizer alguma coisa com ar professoral, nesse universo cheio de gente confusa e perdida.

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Pelo menos eles têm certeza de que são o máximo. No ônibus lotado para o centro do Rio, quando Lil’ Wayne canta “I can do my Wayne, and anytime I do it I do my thang”, começo a entender que coisa é essa, afinal. Por um momento, eu, com minha jardineira jeans e o dinheiro da passagem de volta que a minha mãe me deu, me pego cantando “suck my dick with red lipstick and don’t let it smear”, com autoridade de quem sabe. De repente, entendo as dores e as glórias desse deus do rap, enxergo dentro de mim essa centelha divina e agradeço humildemente aos mestres Kanye e Deezie, como ele os agradece. Penso que, se eu, que só comecei a xingar quando saí da faculdade, posso me identificar com quem atirou acidentalmente em si próprio aos 12 anos; se eu, cujos amigos frequentam os mesmos lugares, leem os mesmos livros, ouvem as mesmas músicas e assistem aos mesmos filmes, posso me alegrar com o fato de que no mundo exista uma criatura cujos valores discordam completamente da minha filosofia neohippie, então tenho em mim o potencial do amor universal e da equanimidade. Posso transcender a letra indecifrável e clichê de hip hop e enxergar em “and I meant every tear and I’m still on that street shit, back to the beat bitch” que todos, dreadlocks e cordões de cifrão, querem evitar o sofrimento e buscar a felicidade. Os passageiros sonolentos, o motorista de ônibus. Lil’ Wayne, tendo dado seu recado, se despede com boom, boom, booms. E só consigo ver umas luzinhas foscas quando sua espaçonave desaparece nas nuvens e o coro se esvai com yeah, yeah, yeahs. *Bodhichitta:do sânscrito, significa a motivação altruísta de um bodhisattva; o desejo de atingir a iluminação, a fim de beneficiar os demais; o coração plenamente aberto e dedicado.


Na Rede - Especial Rap por Rafael Rocha

The Pharcyde – ‘Drop’ veja em :: tinyurl.com/thepharcyde Muita gente duvidava que o Pharcyde poderia repetir a mistura perfeita e divertida de seu primeiro disco. Pelo menos até escutarem ‘Drop’, com sua batida funkeada e o flow certeiro do quarteto de MC’s. O sample dos Beastie Boys e o vídeo dirigido por Spike Jonze são a cobertura do bolo.

J Dilla – ‘Nothing Like This’ veja em :: tinyurl.com/pilulajdilla O clima etéreo e os arranjos complicados são duas das marcas registradas do lendário produtor e DJ impressas nessa faixa. O clipe esta à altura da genialidade de Dilla, que morreu precocemente aos 32 anos, e conta uma história de amor com uma animação impecável. Para assistir com seu par.

Anti-Pop Consortium – ‘Volcano’ veja em:: tinyurl.com/antipopconsortium Pegue um vídeo brega e genérico de electro. De alguma forma faça-o ficar bom. Essa foi a façanha realizada pelo Anti-Pop Consortium no clipe de ‘Volcano’, primeiro single do melhor disco de rap de 2009. divulgação

Common – ‘I Used to Love H.E.R.’ veja em :: tinyurl.com/pilulacommon A música, considerada por muita gente como uma das melhores já gravadas no rap, é uma melancólica declaração de amor e decepção com os rumos do hip hop, em que H.E.R. funciona como uma jogada com as iniciais da frase Hearing Every Rhyme.

Madvillainy – ‘All Caps’ veja em :: tinyurl.com/madvillian O que mais além de uma obra-prima poderia sair da parceria entre Madlib e seu arsenal de loops geniais, e o bizarro MF Doom com suas rimas imprevisíveis? O vídeo de ‘All Caps’ embala tudo isso em uma história em quadrinhos que poderia ter sido publicada pela Marvel nos anos 1970.

da A T A R P CA SA \\ Lands Band por Bruno Mateus

Cristiano, Guilherme e Flávio “Jagger” esperam muito trabalho e shows para 2010 r. caminha / divulgação

Resultado da reunião de amigos que tocaram juntos em outros grupos de Belo Horizonte, a Lands Band, com dois anos de estrada, é formada por Guilherme Landi, violão e vocal, Cristiano Simões, vocal e violão de 12 cordas, e Flávio “Jagger” Simões, baixista. Completam o time músicos contratados para comandar bateria e guitarra. O som do trio é definido pelo vocalista: “Lands Band é uma banda de rockpop”, brinca Guilherme, deixando claro que a pegada é mais rock do que pop. “O som tem uma identificação com rock dos anos 1980 com uma pegada moderna”. Ele cita Barão Vermelho, Ultraje, Coldplay, Red Hot Chili Peppers e Foo Fighters como referências. “São referências, mas nunca copiamos. Fazemos as levadas sempre com a nossa cara”, ressalta. Depois de um 2009 intenso, quando fizeram cerca de 90 shows em Belo Horizonte, interior de Minas e alguns no Rio de Janeiro, Guilherme traça um panorama animador para 2010: “Estamos com ‘O que há de amor’ tocando na 98FM e vamos gravar o clipe dessa música. A ideia é trabalhar música por música, demo por demo. A resposta da galera tem sido positiva”, diz. A banda toca toda quarta-feira no Major Lock, além de fazer shows em outras casas da capital. “Acho que a Lands é a banda do momento”, festeja Guilherme.

Vai lá: myspace.com/landsbandbh

Saia da garagem! Convença-nos de que vale a pena gastar papel e tinta com sua banda. Envie um e-mail para redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br com fotos, músicas em MP3 e a sua história.


LOUISE CRISTINE

por Lucas Machado fotos Bruno Senna

Louise usa: blusa e cinto Chicletes com Guaraná, saia Zara – Espanha e sapato Shultz Escrevia letra por letra, tentando acertar as palavras, mas elas se perdiam. Seria um servilismo histórico ou a rivalidade de pensamentos? Enquanto isso, a minha lembrança era vê-la descendo as escadas e, a cada passo, podia sentir sua beleza simples e simpatia transposta entre minutos inesquecíveis e versos infindáveis. Louise Cristine, aos 22 anos, ao lado de sua sócia Bárbara Maciel, comanda a grife Chicletes com Guaraná e já registrou, definitivamente, no mundo fashion. “Desde meus 11 anos, já sabia o que queria e não tinha nenhuma dúvida que seria moda. A Chicletes foi um presente na minha vida, uma história de muitas conquistas”, diz. Em nossa conversa, ela nos contou que adora ler, escrever e desenhar: “Meus traços são meio abstratos. A vida deveria ser uma cartela de cores, em que cada momento pudesse usar um tom.” Em um giro pela Europa, morou em Londres e Roma, mas deixa claro que se considera mesmo uma paulistana. Pedimos para Louise uma dica de beleza e saúde. “Nadar, correr e nunca se esquecer de fazer uma boa maquiagem. É isso, para nos sentirmos bem devemos encontrar a verdadeira paz que está em nós mesmos.” O segredo é aprendermos a viver o poder do agora.

Kit Sobrevivência

Óculos Marc Jacobs :: Top Chicletes com Guaraná :: Nécessaire Jacki Design Beaty Ipod Nano Apple :: Perfume Kenzo Flower :: Broche beija-flor

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reprodução da internet

Hip hop Buda por Daniel Ottoni

Não há dúvida de que a música é um enorme fator motivacional no momento de algum aprendizado. Não é à toa que professores, desde o jardim até cursos profissionalizantes e de graduação, utilizam melodias para ajudar os alunos a entenderem e gravarem o conteúdo de um jeito mais agradável. Pensando nisso, desde 2006, o monge budista Kansho Tagai, 49, resolveu tentar usar a música para aplicar os jovens na sua religião através do ritmo que é sucesso de ponta a ponta do globo: o hip hop. Mas em outra boa parte do tempo, ele pode ser encontrado como outro monge qualquer, envolto por sinos e incensos. O próximo passo também é inédito. Tagai promete misturar, em breve, os mantras budistas com sapateado e samba. Mas quem vai dançar não é ele e sim um dançarino profissional. Uma pena, a cena seria imperdível. Tagai é líder do templo Kyooji, com 400 anos de história, localizado no centro de Tóquio. Ele chegou a ganhar o apelido de ‘Senhor Felicidade’, por sua ação e postura positiva. Ele afirma que não entendeu muito quando escutou rap pela primeira vez.

O monge é conhecido por realizar eventos para os jovens, sempre usando a música como forma de atrativo. Pode acreditar, o budismo tem um lado divertido. Pelo menos, é o que garante o religioso. O ponto principal que Tagai busca é fazer as pessoas se sentirem bem, com as batidas já conhecidas do estilo norteamericano. Ainda bem que as letras são bem distintas da repetida putaria de Jay-Z e Snoop Dogg. Se for comparar com o método utilizado por outros templos para conquistar adeptos, Tagai saiu bem na frente. Nas canções, ele mistura inglês com japonês e após suas apresentações, a galera cola nele para autógrafos e fotos. Não é para menos. Qual foi a última vez que você ouviu falar numa mistura tão inusitada, que tem como maior objetivo conquistar seguidores de uma religião criada no século VI? Será que era isso que faltava para que mais jovens aderissem ao budismo? Tentar não custa. O momento parece ser oportuno, já que a diversidade religiosa nunca esteve tão em voga.

felipe damatta

migre.me/li6S

Esporte: Ciclismo Modalidade:XCO (Cross Country Olímpico) Cidade: Belo Horizonte, MG Idade: 18 anos Altura: 1,84m Peso: 67kg Nacionalidade: Brasileiro

Por que pratica? Comecei por incentivo do meu pai, que já pedalava. Hoje sou viciado no esporte, na adrenalina e na emoção que ele proporciona. Compete desde: 1997

Gabriel Domeniconi

Metas para 2010: Terminar o ano entre os três melhores do Brasil na categoria e conseguir vaga para o Panamericano 2011. Melhor resultado em competições:Campeão da Copa América de Ciclismo, Vice-campeão brasileiro de XCO, Vice-campeao brasileiro de Triátlon, Tri-campeão Mineiro de Speed, Bi Campeao Mineiro de XC, Campeao Mineiro de Triatlón, Bi-Campeão do Iron Biker, Tri-Campeão Interestadual, Bi-Campeão Copa Inconfidentes, Campeão Inox Bike. Contato:(31) 9731-3147 bidomeniconi@bol.com.br

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PERFIL


por Sabrina Abreu fotos Bruno Senna

Com 1,90m de altura, 50 anos de carreira e mais de 500 músicas compostas, Erasmo Carlos impressiona. Não é à toa que ele é conhecido como Tremendão “Nos Estados Unidos há Elvis Presley negro, anão, mulher, bebê, Elvis por tudo quanto é lado. No Brasil tem Raul Seixas em todos os lugares aonde vou. Roberto Carlos tem à beça, banda cover dos Beatles e do Michael Jackson, também. Mas nunca vi um cover meu, caramba. Ou sou um cara para quem ninguém liga mesmo, que não tem carisma nenhum – a ponto de não despertar a curiosidade de alguém que queira ser um cover –, ou sou inimitável. Das duas uma.” Das duas, a segunda. Com as palavras acima, Erasmo explica a razão de ter escrito a música ‘Cover’ (do álbum ‘Rock’n’Roll’, de 2009), na qual brinca de ser imitador dele mesmo, porque nunca conheceu alguém que fizesse isso. Também nunca vi um cover do Tremendão, mas por falta de carisma não pode ter sido. De passagem por Belo Horizonte para gravar o videoclipe da música ‘Jogo Sujo’, com direção do videomaker mineiro Conrado Almada, bem-humorado, Erasmo atendeu aos jornalistas. Mas não deu para esgotarmos o assunto antes que as

gravações começassem. No dia seguinte, a entrevista prosseguiu com um telefonema, que terminou com um “fica com Deus e dê um beijo em todas as mulheres que encontrar pelo caminho por mim”. Com 50 anos de carreira e tantas entrevistas já concedidas, desde 1965 – quando se tornou um dos roqueiros mais famosos do Brasil – na Jovem Guarda, Erasmo sempre falou abertamente da própria vida, mesmo sobre a morte da mulher Narinha (que cometeu suicídio em 1995) ou o uso e abuso de drogas, nos anos 1970. E também manteve o hábito de adotar o tom modesto ao falar de si, mesmo se perguntado sobre prêmios recebidos ou títulos atribuídos a ele, como o de “pai do rock nacional”. Ao qual refutou: “Não sou pai de nada”. Com a Ragga, ele falou um pouco de passado, mas tanto mais da atualidade. Parece justo com um artista que está prestes a lançar um disco de vinil, um novo site e um DVD neste ano. E que deseja alcançar as novas gerações e mostrar que mostrar que está vivo. Vivo e inimitável.

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humberto nicoline/divulgação

No palco do Festival e Rock de Juiz de Fora: “O rock’n’roll foi a música que me arrepiou, mudou minha vida”

Quero me tornar conhecido para as novas gerações. As antigas já me conhecem muito bem, quero estar vivo, mostrando que estou vivo

Uma vez você ganhou dinheiro com música, mas disse para sua mãe que havia roubado a padaria. Ela acabou lhe dando uma surra. Como foi isso? Quando ganhei meu primeiro dinheiro com música, quis comprar uma lambreta. Depois, desisti e resolvi comprar um smoking, porque, naquele tempo, para ir aos programas de televisão à noite era obrigatório usar smoking ou terno. Mas, antes de fazer isso, fiz uma brincadeira com minha mãe: disse a ela que tinha conseguido o dinheiro assaltando a padaria. Ela chorou, fez um escândalo, foi comigo até a padaria. Eu ia dizendo: “É mentira, é brincadeira”. Mas ela só se conformou quando o dono da padaria disse que não estava sentindo falta de dinheiro nenhum. No meu livro, [‘Minha Fama de Mau’, lançado em 2009 pela Objetiva] conto melhor essa história. Como foi ser criado só por sua mãe? Ela era mãe solteira, então foi difícil me criar naquela época do pós-guerra. A participação do Brasil na Segunda Guerra foi pequena, mas os efeitos aqui foram terríveis: até com racionamento de comida. Ela veio da Bahia comigo no ventre, nasci no Rio. Foi uma coisa sacrificante para ela, mas sempre batalhou para me dar a roupinha da missa. Depois minha avó também veio ficar com a gente. Eu era menininho e elas enfrentavam as coisas. Minha avó ficava comigo enquanto minha mãe trabalhava empacotando bala, lavando roupa para fora, passando roupas num magazine que tinha no Rio, sendo telefonista. Depois, quando comecei a ganhar dinheiro, minha meta era dar conforto para ela. Até os momentos finais de sua vida [em 2005], meu grande pensamento era dar tudo de bom para ela, todo conforto possível e alegrias — que eu dei — para amenizar um pouco o sacrifício que fez para

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me manter. Apesar de que ela fez por amor, e amor não se agradece. No álbum ‘Rock’n’Roll’, o processo de composição [em parceria com Nelson Motta, Chico Amaral, Nando Reis e outros] foi todo feito à distância, pela internet. Trocar arquivos por e-mail é tão bom quanto compor pessoalmente? É bom, porque assim você não diz “não” na cara do parceiro, você escreve “não”. A única pessoa com quem componho fisicamente é o Roberto Carlos, porque temos a liberdade de discordar, de brigar. Já com a Marisa Monte não tenho essa intimidade, mesmo porque sou um homem gentil, e jamais discordaria dela. Isso é ruim, porque o compositor fica numa situação chata. Há alguma parceria que você queira fazer, mas, por algum motivo, ainda não conseguiu? Sempre tem mais parcerias a fazer. Os artistas quando se encontram sempre começam a conversar sobre trabalho e isso acaba culminando numa parceria, algum dia. Então, tenho certeza de que ainda vou ter alguns parceiros para fazer novas músicas, também vou fazer músicas com os parceiros que já tenho. Gosto muito de dividir meu trabalho com outras pessoas, surgem novas palavras, novos pensamentos. Três músicas que você fez, há quatro anos, com o Roberto Carlos, continuam inéditas até hoje. Você fica torcendo para essas músicas ganharem o público? O Roberto vai gravar num próximo disco dele, não sei quando vai ser. Claro que fico torcendo para as músicas ga-


nharem o público. A gente compõe entre quatro paredes, ela [a música] sai dali e ganha a gravação, o ouvido do público. O público canta junto. É um prêmio isso. Você vê uma música feita na solidão – compor é sempre um ato solitário – ganhar o mundo e voltar para você. Um privilégio. Depois de passar por uma infância pobre, houve alguma coisa que você comprou com a música que foi um marco na sua vida? Sem dúvida nenhuma. Uma das maiores alegrias que tive foi quando comprei minha primeira casa. Eu disse para minha mãe: “Sem teto a gente não fica nunca mais”. Acho que foi a grande alegria da vida dela. O maior sonho dela era ter um teto próprio, porque a gente sempre morou na casa dos outros. Politicamente, o que você tem achado do Brasil? Melhorou em algumas coisas e piorou em outras. Mas não sei o que acontece, porque eles enganam a gente quando querem. Tem coisas que não entendo: todo dia tem automóveis novos nas ruas, mas as ruas continuam as mesmas. Vai chegar o dia que não vai dar mais. E essa é uma metáfora que serve para milhões de outras coisas. Você já fez campanha política para alguém? Já fiz alguns shows políticos, que nem me lembro para quem foram. Em algumas cidades do Brasil, a prefeitura contrata para fazer um show, você nem sabe que aquele show está sendo uma alavanca para levá-lo para um outro cargo, ou para apresentar um sucessor. Às vezes, você faz esse tipo de show sem saber que é um jogo político. Mas campanha é outra coisa:

fazer vários shows para um candidato só. Isso nunca fiz, nem vou fazer. Além do DVD, do clipe e dos outros projetos desde ano, há algum sonho que você queira realizar em breve? Sonhos não tenho mais, tenho desejos. A maioria dos meus sonhos já realizei: filhos maravilhosos, carreira consolidada. Quero escrever outro livro, apesar de ainda não ter tema nem nada. Quero compor. Já que minha proposta é estar na luta, na ativa, claro que vou querer disputar troféus de melhor disco do ano, melhor show do ano. Seguir meu caminho, fazendo meu rock. O rock’n’roll foi a música que me arrepiou. O dia em que ouvi, mudou minha vida, senti uma coisa que nunca tinha sentido antes, não sei explicar. O rock que é meu não é igual ao de mais ninguém. O rock ‘n’ roll do Erasmo. Quero apresentá-lo para as novas gerações. Muitos já conhecem, por causa das mães e dos pais. Mas quem não conhece, que aprenda o Erasmo como ele é. Qual paralelo você faz entre sua geração e a de hoje? Minha geração não tinha este poder de comunicação que se tem hoje, esse-

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ronaldo moraes/o cruzeiro/arquivo estado de minas

o cruzeiro/arquivo estado de minas

Na Jovem Guarda, com Roberto e Wanderléia, em dois tempos: 1968 e 1966

Acho que títulos como “pai” e “rei” não mudam nada. Há muitos que são e tantos outros querendo ser. Não sou pai de nada, sou só um cara que apostou no rock em português. Se há um rei é o Elvis meandro de facilidades. Era uma juventude muito reprimida, que ainda estava aprendendo a ser livre, não começou livre, então foi muito difícil aprendermos o que era liberdade. E o que é liberdade? Não sei até hoje o que é liberdade. Pode ser ir à Lua, voar. Coisas que são discutíveis pelas leis que nos regem. Mas, liberdade, no conceito mais politicamente correto, é você fazer o que quiser, desde que não invada a liberdade do outro. Mas como seria isso certo, no papel? Também não sei. A recepção dos jovens tem sido boa? Muito boa, mas é outra linguagem, né? “Ô cara, você é um coroa legal”, “gosto muito do seu som”. Simplesmente, assim. Não analisam detalhes, só gostam, ou não gostam, como é normal dessa juventude. Quero me tornar conhecido para as novas gerações. As antigas já me conhecem muito bem, quero estar vivo, mostrando que estou vivo. Na coletiva de imprensa, um jornalista disse que você está muito bem fisicamente e você até brincou que ele estava lhe dando uma cantada [risos]. Como você consegue envelhecer bem? Estou com 68 anos, vou fazer 69. Se estou bem, é porque estou de bem com

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a vida. Quero me mostrar para meus netos, esse é um incentivo muito grande. Isso tem dado uma injeção de vida muito grande para mim, que sou um sobrevivente dos anos 1960, 1980. E tem também uns cuidadinhos, como maneirar os excessos. Quais excessos você eliminou? Parei com as drogas. Já é um avanção para a sobrevivência. Evito aborrecimentos, deixei de ser preocupado, como eu era. Hoje em dia, delego poder, descentralizei o comando de certas coisas. Tudo isso vai sendo bom até para você ficar com a cabeça mais concentrada no seu trabalho. Excluindo os problemas da sua cabeça, você consegue ter uma vida melhor. Qual é sua música favorita? Dos outros? 50 milhões são [risos]. E entre as suas mais de 500 composições, alguma é a preferida? ‘Coqueiro Verde’ é uma, fiz para a Nara, minha mulher, e é o nome da minha gravadora [Coqueiro Verde Records, dirigida por Leonardo Esteves, filho de Erasmo, e pelo produtor Marcos Kilzer]. Você se sente mais compositor do que músico e cantor, ou não existe essa ordem? Sim, sou compositor que interpreto minha músicas. Componho em qualquer lugar. Só não posso viver sem gravador, papel e caneta, porque a vida me informa muitas coisas, me dá muitas dicas. Anoto, se não, esqueço. Trabalho 24h por dia, trabalho com a cabeça, não tem descanso. Se um dia eu não cantar, tudo bem para mim. Mas vou compor sempre. E, agora, escrever também, porque lancei o livro, gostei muito de escrever. Minha mente jamais ficará ociosa porque tenho muita coisa para fazer.


maria tereza correia/em-d.a.

Making of do videoclipe da música ‘Jogo Sujo’, dirigido Conrado Almada, em BH

Você refuta mesmo o título de “pai do rock”? Acho que títulos como “pai” e “rei” não mudam nada. Há muitos que são e tantos outros querendo ser. Não sou pai de nada, sou só um cara que apostou no rock em português. Se há um rei é o Elvis. Você acha que existe outro rei além do Roberto Carlos? Quem? Esses títulos não têm nada a ver. O clipe da música ‘Jogo Sujo’ é a sua primeira produção estilo “emitiviano”, segundo suas palavras. Algum clipe “emitiviano” é seu favorito? Um clipe que me deixou vidrado, quando estava começando [a cultura do videoclipe] nos Estados Unidos, foi aquele ‘Don’t worry, be happy’ [de Mc Ferrin, 1988]. Fiquei tão vidrado naquela coisa que ficava na frente da televisão esperando passar o clipe. Tracy Chapman também tem clipes muito bonitos, pela força da música, que me ganham de cara. O Tim Maia é o personagem mais recorrente do seu livro. Fomos criados juntos, na mesma rua – não na mesma casa, como algumas pessoas pensam. Ele foi o personagem musical que mais marcou sua história? Dos que morreram, você diz?

Entre todos, os vivos também. Fui criado com o Tim, depois o Jorge Ben Jor passou a ser da nossa turma, lá na Tijuca. Depois, chegou o Roberto Carlos. Então, são todos amigos queridos do meu início de vida. Você disse que nunca fez análise. Por quê? Não preciso, porque durmo com meu psicanalista. Ele é meu travesseiro. O rock também ajuda nisso, ensina mais sobre mim mesmo. Você gosta de excursionar, fazer shows? Adoro, é uma maravilha. Você conhece pessoas. Um dia você está comendo num restaurante maravilhoso. Noutro dia, numa churrascaria de beira de estrada, sentado à mesa e vê o boi, que você vai comer, passando morto a seu lado e sendo levado para a cozinha. Cinquenta anos de carreira. Diante desse número, qual é o primeiro pensamento que vem à sua cabeça? Sobrevivi. Fiz um monte de gente feliz, não vejo máculas no meu caminho. Não fiz mal para ninguém. Aí, fico satisfeito com minha existência, durmo tranquilo. Tenho certeza de que está tudo certo. Minha vida tem sido bonita.

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SCRAP

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por Alex Capella

Malandragem devassa

fotos: divulgação

A cervejaria Devassa irá premiar os clientes que compuserem um samba feito em uma caixinha de fósforo. Para participar da boa e velha tradição, advinda das mesas de bar, os interessados devem se inscrever no site malandragemdevassa.com.br e enviar um vídeo com a obra-prima até o dia 15 de março. Os participantes concorrem a kits da Devassa, além de brindes e o primeiro colocado ganhará R$ 3 mil em consumação em qualquer Devassa do país.

Patrocínio esportivo

Chope edificado A construtora Gribel Pactual diversificou a sua atuação no mercado. A empresa acaba de adquirir 25% de participação na choperia Krug Bier, maior microcervejaria do país, localizada no Jardim Canadá, em Nova Lima. A Krug Bier produz atualmente cinco tipos de chope e três tipos de cerveja. E neste ano, serão lançadas mais duas marcas de cervejas. Funcionando próxima à sua capacidade de produção, com cerca de 250 mil litros por mês, estima investimento de R$ 3 milhões em 2010.

Além do futebol, o Banco BMG pretende ampliar a fatia de investimentos no esporte amador em 2010, por meio do fundo acionário registrado como “Soccer BR1”. O fundo segue a lógica do mercado financeiro, baseada no tripé oportunidade, valorização e remuneração. Somente em patrocínios diretos, o banco investiu, até agora, R$ 25 milhões em clubes como Atlético, Cruzeiro, América, Atlético Goianiense e Coritiba. Mas os atletas da ginástica olímpica, do surfe, do vôlei e do judô também estão dentro das atenções do banco.

Cerveja premiada A partir de agora, os apreciadores de cerveja em Belo Horizonte terão acesso facilitado a tradicionais marcas europeias do produto. A Coca-Cola FEMSA Minas Gerais acaba de lançar cinco cervejas que integram o portfólio internacional da Heineken: Amstel Pulse (da Holanda), Birra Moretti (da Itália), Edelweiss (da Áustria), Murphy’s Irish Stout e Murphy’s Irish Red (ambas da Irlanda). O segmento premium cresce a cada ano no Brasil e chega a movimentar anualmente cerca de R$ 300 milhões.

Vale-chope Por falar em chope, os participantes da Dotz, líder em programas de fidelidade no Brasil, podem trocar dotz por vales-chope em três estabelecimentos — Krug Bier, Exclusivo e Choperia Santa Tereza. Além de adquirir dotz nos bares, o consumidor também poderá acumular pontos comprando o barril de chope da Krug Bier. A promoção acaba de começar e o programa da Dotz está completando quatro meses em Belo Horizonte.

Nova estampa A Dafruta, marca de sucos da Empresa Brasileira de Bebibas e Alimentos (ebba), em comemoração aos seus 25 anos, ganhou nova identidade visual. A reformulação do logotipo e das embalagens vem reforçar a atuação da marca no mercado de sucos integrais e prontos para beber. Além disso, a Dafruta lança sua linha de latas nas versões regular e light. As novidades já estão disponíveis nos principais pontos de venda do Brasil. A empresa possui duas unidades industriais: uma no município de Aracati, no Ceará, e outra em Araguari, em Minas Gerais, com capacidade para produzir 100 milhões de litros/ano.

* A coluna Scrap S/A foi fechada no dia 20 de fevereiro. Sugestões e informações para a edição de abril, entre em contato pelo e-mail da coluna.


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Vrum.ÊOÊconteœdoÊmaisÊcompletoÊsobreÊve’culos.


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