Ragga #32 - Sangue Bom

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revista

#31

NOVEMBRO.2009

NOVEMBRO . 2009 . ANO 4

não tem preço

revistaragga.com.br

SANGUE BOM No meio do mato Conheça a Universidade do Meio Ambiente, em Curitiba Paulo Lima, empresário “Quem ainda acredita que o dinheiro é a solução precisa urgentemente repensar isso” Não é utopia A Ragga faz um convite para você construir um mundo melhor





APOIO:


juliano arantes

SETORES PÚBLICO E PRIVADO

de mãos dadas Para promover e viabilizar o Ragga Sangue Bom, a Prefeitura de Nova Lima se une ao projeto. O prefeito nova-limense, Carlinhos Rodrigues, fala sobre a preocupação da Prefeitura com o meio ambiente, das iniciativas visando o bem da população e da parceria com a Ragga. Como a Prefeitura trabalha para garantir o desenvolvimento sustentável do município? A sustentabilidade tem que ser pensada a partir da vida econômica e social, a partir, efetivamente, do que se produz, do que se consome e das riquezas naturais a serem preservadas. Entendemos que a arrecadação, que hoje nos é proporcionada pelo setor mineral, tem que ser reinvestida na criação de novas atividades econômicas. O desenvolvimento sustentável também passa pela preservação dos recursos naturais, pois estes servem para o turismo, para a visitação ambiental, como motivação para outras atividades, por exemplo o ecoturismo e os esportes radicais. Na área esportiva, como vocês têm atuado para que esse setor gere benefícios à população? Podemos dizer que o futebol é uma atividade extremamente presente na vida do nova-limense. Temos investido muito na recuperação, adequação e estruturação dos campos de futebol, para que tenhamos essa prática que mobiliza, apaixona e envolve tanto a população.

A Prefeitura incentiva a prática de esportes, como o Campeonato Nova-limense de futebol amador, que envolve dois mil atletas. Fale um pouco mais sobre essas ações. Existem atividades em todas as modalidades. Agora mesmo está acontecendo o campeonato de futebol de salão que envolve inúmeros times. Existem outras atividades organizadas pela Secretaria de Esportes, como vôlei e handebol. O projeto Comunidade Ativa trabalha com crianças e jovens e também tem papel fundamental nesse processo. Esse é um programa puramente da Prefeitura e, além disso, temos a participação em projetos como o Oficial Criança, que também atinge essas faixas etárias da população. O Atleta Cidadão também tem a nossa participação. Enfim, em diversos projetos de clubes, a Prefeitura incentiva o desenvolvimento do esporte e do lazer. Comente a parceria entre a Prefeitura de Nova Lima e a Ragga no projeto Ragga Sangue Bom e a importância de iniciativas como essa. A Prefeitura de Nova Lima tem se destacado nas ações que melhoram a vida da população. Com programas sociais de qualidade, que efetivamente fazem a diferença na vida dos cidadãos, estamos promovendo também uma mudança positiva para as gerações futuras. É por isso que a parceria com a Ragga nos ajuda a promover ainda mais a responsabilidade social entre os jovens.


juliano arantes

RAGGA E HEMOMINAS:

novas parceiras Educar, informar com responsabilidade e divulgar ações e palestras. Essas são, na opinião da psicóloga e gerente de coletas externas da Fundação Hemominas, Déborah Carvalho, as medidas que podem ser tomadas para que a doação de sangue seja abraçada por mais pessoas e vista como um exercício pleno de cidadania. Com 20 anos de Hemominas, Déborah fala da importância de projetos como esse. Como vocês pretendem fixar na cabeça das pessoas que a doação de sangue é de extrema importância e ajuda a salvar muitas vidas? Através da educação, não adianta ser na base da imposição. Fazemos palestras e coletas externas, que são coletas que a gente faz fora da unidade com o objetivo de levar a doação mais próxima na comunidade. São ações pontuais voltadas para a questão educativa. Quais as maiores dificuldades que vocês enfrentam? A falta de informação e os mitos que existem em torno do ato de doar. A pessoa acha que se doar sangue vai engordar, pegar doença e não é nada disso. A doação é um processo extremamente seguro, o material é descartável. Tudo é pensado para que não prejudique o doador de forma nenhuma. A Fundação Hemominas é parceira da Ragga na campanha Ragga Sangue Bom. Qual é a importância de se associar a ações desse porte? Para que a gente consiga divulgar esse tema, qualquer meio

que a gente tenha para veicular a informação correta, que é o mais importante, sem mitos, sem mentiras em torno da questão da doação, é um canal de extrema importância. E falar com o público jovem também é legal, né? Eu sempre falo que os jovens têm uma responsabilidade de mudar a cultura. Quando você informa e passa a informação correta, ele tem consciência da responsabilidade dentro de uma sociedade. O jovem sabe da importância de participar não só com a doação, mas todas as outras que ele pode fazer em objetivo do bem comum. Nesses 20 anos de Fundação Hemominas, quais foram os momentos mais marcantes que você viveu? A gente tinha um doador frequente aqui. Um trágico dia ele veio doar e viu que estava com anemia. O encaminharam para um médico, que constatou que ele estava com leucemia. Ele chegou a fazer dois transplantes, mas acabou falecendo. Na primeira internação para fazer quimioterapia, saiu do hospital e fez questão de vir aqui agradecer a Fundação Hemominas como um todo. Isso pra gente é muito gratificante. Outra coisa que lembro foi um jovem que ligou falando que tínhamos feito uma palestra na sua escola, quando ele tinha 11 anos. No dia da ligação, ele estava completando 18 anos e o presente que queria dar para si mesmo era doar sangue. Quando recebemos esses retornos, vemos que estamos plantando a sementinha, que o caminho é esse.




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BÚSSOLA À moda antiga

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Rio na moda

Nossa repórter no Oi Fashion Rocks

A prancha alaia e os primórdios do surfe

UniLivre

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Só na bota

Acredite, este é o nome de uma universidade

Sim, obrigado!

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já é de casa estilo

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eu quero! // sustentabilidade quem é ragga

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ragga girl: jéssica marcelle

68 passando a bola 70 aumenta o som

cultura pop interativa

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Uma wakeboarder na Itália

Um dia em que ficou proibido dizer 'não'

destrinchando

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Na casa do concorrente

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Uma conversa com Paulo Lima, editor da revista ‘Trip’


EDITORIAL

SANGUE BOM É impossível não ficar comovido ao saber de situações extremas, em que amigos ou familiares são acidentados e precisam de doadores de sangue. Ou são envolvidos em acidentes de trânsito provocados pelo consumo excessivo de álcool ou de velocidade. Ou são vítimas de algum tipo de injustiça, indelicadeza, falta de vontade. Olhamos à nossa volta e nos damos conta de que nem tudo está como o planejado. Em eventualidades como essas, é fácil nos comportarmos de forma solidária. Mas quando eles acontecem com alguém que não é seu amigo ou seu familiar, você também pensa em ajudar? “Sangue Bom” é a gíria usada quando alguém se refere a um cara gente boa. Ainda há quem pense que legal é a pessoa que leva a melhor e é mais esperta, bem ao estilo “Lei de Gérson”. Mas está na hora de mudar a mentalidade. Só pode ser sangue bom quem compartilha e se importa com os outros. A intenção de transmitir o bem sempre esteve em nosso DNA. No inicio deste quarto ano da Ragga, fomos tomados por uma vontade enorme de retribuir e, de certa forma, agradecer a Minas por tudo o que nos ofereceu. Por isso, esta edição é dedicada ao lançamento do selo ‘Ragga Sangue Bom’, que irá marcar todas as ações beneficentes que fizermos daqui para frente. A partir de novembro, vamos estimular a doação de sangue. Mas nossos planos vão além: queremos contribuir com as mais diferentes causas que valham a pena, sempre incentivando o debate e a reflexão. O ‘Ragga Sangue Bom’ carrega em sua essência um único objetivo: convidar VOCÊ a doar um pouco de si, em favor de um mundo melhor.

bruno senna

Bruno Dib, diretor de comercialização e marketing brunodib.mg@diariosassociados.com.br


cartas Garoto da capa rodrigosoares // pelo Twitter Bernardo Biagioni na capa da Ragga, hein? Jornalista-celebridade. Que sucesso! Cês viram o @b_biagioni na capa da Ragga? Ó, eu quero trabalhar na Ragga também. Lá é muito glamour, fama, dinheiro e sexo. Chega aí. Follower lucasbernard // pelo Twitter @revistaragga já tô seguindo, lendo e ouvindo. Tipo multimídia! Valeu!!

Ôba. Siga, leia e ouça mais, Lucas! De onde? Liane Bruck // por e-mail Mais uma vez o DESTRINCHANDO está maravilhoso. De onde vem tanta inspiração e talento com as palavras? Valeu, Liane. Eu adoro o seu programa na TV. Beijos. Impressionante Natália Rocha // por e-mail Bruno, parabéns! Recebi a revista e fiquei muito impressionada pela qualidade do trabalho.

Obrigado, Catarina! A redação toda agradece junto.

ERRAMOS! No editorial da última edição está escrito erroneamente que o repórter Bernardo Biagioni foi a um mosteiro para escrever seu On the Road. A coluna nasceu a partir da visita de Bernardo ao Museu da Loucura, em Barbacena, e não ao mosteiro. Na legenda da foto da matéria Ska na Letônia (pág. 60) demos o apelido Hax ao Tamás quando, na verdade, quem tem esse apelido é o Gabriel. Foi mal...

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redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br, pela comunidade no Orkut >> “Revista Ragga” ou pelo correio >> R. do Ouro, 136 :: 7º andar Serra :: BH/MG CEP: 30.220-000

expediente DIRETOR GERAL lucas fonda [lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING bruno dib [brunodib.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR FINANCEIRO josé a. toledo [antoniotoledo.mg@diariosassociados.com.br] ASSISTENTE FINANCEIRO nathalia wenchenck [nathaliawenchenck.mg@diariosassociados.com.br] GERENTE DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING alessandra costa [alessandracosta.mg@diariosassociados.com.br] EXECUTIVO DE CONTAS lucas machado [lucasmachado.mg@diariosassociados.com.br] PROMOÇÃO E EVENTOS cláudia latorre [claudialatorre.mg@diariosassociados.com.br] ESTAGIÁRIA DE PRODUÇÃO ana dapieve [anadapieve.mg@diariosassociados.com.br] EDITORA sabrina abreu [sabrinaabreu.mg@diariosassociados.com.br] SUBEDITOR bruno mateus [brunomateus.mg@diariosassociados.com.br] REPÓRTER bernardo biagioni [bernardobiagioni.mg@diariosassociados.com.br] JORNALISTA RESPONSÁVEL luigi zampetti - 5255/mg DESIGNERS anne pattrice [annepattrice.mg@diariosassociados.com.br] luiz romaniello [luizromaniello.mg@diariosassociados.com.br] marina teixeira [marinateixeira.mg@diariosassociados.com.br] maytê lepesqueur [maytelepesqueur.mg@diariosassociados.com.br] FOTOGRAFIA bruno senna [bsenna.foto@gmail.com] carlos hauck [carloshauck@yahoo.com.br] dudua´s profeta [duduastv@hotmail.com] juliano arantes [juliano@julianoarantes.com] roberto assem [betoassem@hotmail.com] ILUSTRADOR CONVIDADO lucas lima [luklima.com] ESTAGIÁRIOS DE REDAÇÃO daniel ottoni [danielottoni.mg@diariosassociados.com.br] izabella figueiredo [izabellafigueiredo.mg@diariosassociados.com.br] ARTICULISTA lucas machado COLUNISTAS alex capella. cristiana guerra. rafinha bastos. kiko ferreira COLABORADORES gabriel rocha. tomaz de alvarenga. fernanda oliveira PÍLULA POP [www.pilulapop.com.br] RAGGA GIRL jéssica marcelle FOTO carlos hauck PRODUÇÃO aninha dapieve e li maia CAPA vorko design [vorko.org] REVISÃO DE TEXTO vigilantes do texto IMPRESSÃO rona editora REVISTA DIGITAL [www.revistaragga.com.br] :: inkover [inkover.com.br] REDAÇÃO rua do ouro, 136/ 7º andar :: serra :: cep 30220-000 belo horizonte :: mg . [55 31 3225-4400] Os textos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não expressam necessariamente a opinião da Ragga, assim como o conteúdo e fotos publicitárias.

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anne pattrice

por Lucas Machado

Hedge funds "Dêem-me seus cansados, seus pobres, suas massas exaustas que anseiam por respirar liberdade" Frase escrita ao pé da Estátua da Liberdade, em NY

bem-educadas. A maioria estudou em faculdades como Edith Warthon (1862 - 1937) foi uma grande romancista, Princeton, Yale, New York University e Harvard. Essa mistura que tinha a pegada contestadora como uma das principais de dinheiro antigo com novo está dando o que falar nas características. A escritora, filha da alta roda nova-iorquina, cidades do estado de Connecticut, nos arredores de Nova celebrava e, ao mesmo tempo, difamava a sua própria estirYork: Stamford, Westport e, principalmente, em Greenwich, pe social em crônicas e livros. Os heróis dos romances de onde se concentra a maioria desses investidores. Edith são sempre mulheres. Em ‘The age of the innocence’, Essa classe de milionários tem diferenciais bem mar(‘A época da inocência’, 1993), ela conta a história de uma cantes. São possuídos por uma fixação por status social, têm condessa que, junto a sua família, tenta a qualquer preço ser mais dinheiro do que qualquer outra das diversas ondas de aceita pela nobreza, recebendo, no entanto, milhares de renovos ricos que possamos ter visto. Cada um deles vale, no cusas. . A obra foi levada ao cinema por Martin Scorsese no mínimo, US$1 bilhão. Suas mulheres contratam barrigas de filme homônimo que conta com uma bela direção de arte e fialuguel, possuem corpos esculturais e são protótipos da regurino e um poderoso elenco. Já em ‘The custom of the counvolução estética. try’, a escritora discorre sobre uma lady da Quinta Avenida Na cidade de Greenwich, dois dos maiores nomes da que, mesmo vivendo todas as maiores riquezas da Terra, se prole dos hedge funds, Stephen desespera por não ser convidada para um sarau na casa de uma A lição que fica é a seguinte: não Mandel e Paul Tudor Jones II, dama da high society. podemos julgar a interioridade a conhecidos internacionalmente pelo mundo financeiro, são periAlém de feminista assumida, partir de exterioridade tos em doações a instituições de Warthon conseguiu, como poucas, caridade, como a Children’s School. Tudor Jones criou a Rocontar em linhas as dificuldades que os imigrantes que se bin Hood Foundation que, apesar do nome sugestivo, é uma tornaram novos ricos tinham em ser considerados membros das instituições mais respeitadas pelos milionários locais. das mais altas classes e os maus momentos que passaram Para se ter uma ideia, um dos leilões black tie para angariar na sociedade americana desde o fim da Guerra Civil. Numa fundos contou com a presença do rapper Jay-Z, da cantora época em que se oprimia violentamente qualquer desvio de Beyoncé e de Jon Stewart, filho do cantor Rod Stewart. comportamento considerado aceitável – ou seja: o homem, Porém, existe uma única coisa que os hedge funds não branco e rico sendo superiores - a mulher tinha, com certeconseguem fazer, nem mesmo com seus cofres: entrar em za, muitas dificuldades para se sair bem. clubes tradicionais e de intelectuais em Nova York, como Apesar de a desigualdade entre classes sociais ser um Knickerbocker, Brook e Union. Por isso, criaram seu próprio tópico recorrente nas escrituras de Edith, os questionamenclube, o Core Club, que permanece cheio do dindin, mas ficou tos são feitos sem a real importância histórica. Desde a Idaconhecido pela alta sociedade por “clube para pessoas que de Média, a nobreza e suas famílias recheadas de tradição não conseguem entrar em clubes tradicionais”. Então, a lição usufruem de todo o glamour, enquanto a burguesia endique fica é a seguinte: não podemos julgar a interioridade a nheirada tenta ganhar espaço. partir de exterioridade, that’s it. Isso me faz lembrar aquela Já no século XXI, deparamo-nos com os famosos hedge velha historinha. Um dos maiores ricaços do mundo chegou funds. O termo surgiu na década de 1940, cunhado pelo a um castelo e disse ao rei: “Quero comprar este castelo, australiano Alfred Jones, que reverteu suas perdas em custe o que custar.” A resposta veio na lata: “Um castelo não investimentos com muito sucesso. Os funds são gestores se compra, se herda.” Fui... de fundos de private equit e operadores de ações e títulos. Eles têm entre 30 e 50 anos, são inteligentes e de famílias manifestações: lucasmachado.mg@diariosassociados.com.br J.C.

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PROMOÇÃO

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COLABORADORES fotos: arquivo pessoal

A Ragga tem uma nova – e fixa – promoção. Para participar é só ser criativo e responder: “Quem é o cara mais Ragga da história da humanidade?”. Pode ser do esporte, da música, televisão, literatura ou ciência. Não importa, pode ser até aquele maluco que mora perto de sua casa. Para convencer a redação de que sua resposta é a melhor vale mandar uma defesa em forma de texto, foto, ilustração, escultura, bricolagem, mosaico, maquete de vulcão, feijão plantado no algodão com água ou imagem de objetos produzidos a partir do lixo, feitas de dentro de um helicóptero (estilo Vik Muniz). O autor da melhor resposta leva uma assinatura semestral da Ragga.

Fernanda Oliveira gosta de trabalhar com cultura, artes e música. Por isso, nesta edição, ela assina a matéria ‘Na paz’. Mais textos dela no bazzardeideias.blogspot.com.

O que há em comum entre um cientista político, um trabalhador de uma construtora, um produtor de bandas, um torcedor do América, um produtor de festivais independentes de música e um colaborador pra vários sites sobre música? Todos eles estão em Tomaz de Alvarenga, na seção Prata da Casa. tomaz_enne@hotmail.com // twitter: @tomazalvarenga

revista

editora leitura /divulgação

eugênio gurgel

'N' ROLL

Todo mundo ganha A promoção da Ragga nas lojas By Night, Trilhas & Quilhas e Pavilhão movimentou a equipe de vendas até o mês de outubro. Dentre todos os vendedores das lojas, o que conseguisse comercializar mais assinaturas da revista ganharia uma TV Samsung 42”. Terminada a primeira etapa desse projeto, quem levou a melhor foi Loren Taylor, da By Night Minas Shopping. A segunda etapa da promoção já começou na mesmas lojas: até 14 de dezembro, nas compras acima de R$ 300 (acima de duas peças), o consumidor leva uma assinatura semestral da Ragga, cortesia do Grupo Pavilhão.

revistaragg

2009 Agosto.

2009 . ANO

4

não tem preço

#28

AGOSTO .

Gabriel Rocha é programador musical da rádio Guarani FM. De lá, colabora no espaço mensal da revista Hit sobre lançamentos e destaques no mundo da música e, eventualmente, escreve também para o jornal Estado de Minas. Formado em Jornalismo pela PUC Minas, é também redator publicitário freelancer e compositor. Aqui, ele assinou a coluna A música e o tema, durante as férias do Kiko Ferreira. gabrieloliveira@diariosassociados.com.br

a.com.br

d rock an

roll!

e drogas o, prisão k, Caetan sobre roc ão fala ca Lobo maseu estilo, Lob que nun vivo do l Bem ao a mais fico s sem Rau l continu fotográ 20 ano naciona ensaio k um roc s? Rei do a ele pergunta em à rock par . Israel O que é os respondem Paraty Boys . Roqueir k . BHZ do Roc Galeria

live Long u?

*Todas as frases enviadas podem ser usadas na revista, assim como o nome dos remetentes.

Falafel e narguilê Sabrina Abreu, editora desta Ragga, lança pela editora Leitura seu livro ‘Meu Israel – viagem ao país onde o céu e a terra se encontram’, sobre suas andanças pelo país e entrevistas com israelenses de diferentes regiões e crenças. O lançamento está marcado: dia 17 deste mês, a partir das 19h30, na Livraria Leitura do Pátio Savassi. Aparece lá!

Chega de palestra chata A Ragga traz de volta o projeto Sobremesa Cultural, que ano passado levou palestras do surfista de ondas gigantes Carlos Burle às escolas de BH. A parceria com a escola de negócios IBS se repete. Nesta nova edição, o diretor geral da Ragga, Lucas Fonda, e o gerente de projetos convergentes do grupo Diários Associados, Alexandre Magno, foram os palestrantes. Lucas falou sobre empreendedorismo, enquanto Alexandre Magno apresentou tendências da Web 2.0, convergência de mídias, redes sociais e a aplicação disso no mercado de trabalho atual. Participaram do projeto nove escolas de BH.


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Quer rabiscar a Ragga? Mande seu portifólio para annepattrice.mg@diariosassociados.com.br!

[www.luklima.com]

Sou o Lucas. Gosto do analógico e do processo. Procuro o conteúdo antes do código e nunca tenho tempo de sobra. Sou mais velho do que deveria ser e acredito que a maior parte das pessoas não conseguem o que desejam por que nem sequer chegam a tentar. Adoraria receber um comentário seu: luk.lima@gmail.com.


ESPORTE >> surfe

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ONDA RETRĂ”


por Daniel Ottoni ilustração Lucas Lima

Parece uma tábua, mas a alaia é uma prancha de madeira que relembra os primórdios do surfe havaiano Surfar como os havaianos faziam há mil e quinhentos anos, nos primórdios do esporte, deve ser uma sensação completamente diferente. Essa é apenas a consequência de praticar o surfe com uma alaia, nome havaiano que designa as primeiras pranchas utilizadas pelos moradores da ilha paradisíaca. Naquela época, o esporte rolava à borda de tábuas de madeira e nada mais. Hoje, temos réplicas que se aproximam bastante do que era um dos maiores passatempos da época. Engana-se quem pensa que basta resgatar aquela tábua de madeira esquecida nos fundos da garagem do seu avô. Muita pesquisa e estudos precederam a recriação da alaia nos dias de hoje. Um dos que mandaram bem na construção dessa preciosidade foi o desenhista industrial Tiago Matulja, da

Flora Surfboards, localizada em Ubatuba (SP) e especializada na produção de pranchas de madeira. “A alaia é bem mais fácil de construir do que a prancha tradicional, e pode-se criar uma em apenas um dia. Ela pode ou não ter acabamento, que normalmente é uma resina vegetal”, explica Tiago. Para cada tipo de madeira utilizada, um tipo de alaia. Para deixar a ideia ainda mais roots, nada melhor do que tentar fazer algo 100% biodegradável. “Utilizo resina ecofriendly em vez de poliester. Além disso, toda a madeira usada é legalizada, extraída com a devida autorização”, conta o produtor. Na hora de entrar na água, o esquema é outro. “Aqui no Brasil, as ondas não são as ideais para se surfar com uma alaia. Mas tem gente que encara o desafio”, mostra Tiago. Um dos que não titubearam na hora de tentar se manter firme em cima da fina ‘tábua de madeira’, que pode medir de três a nove pés, foi o surfista Júnior Faria, de 22 anos. “Meu amigo Luis Felipe Gontier, o Pipo, é um grande colecionador e trouxe algumas réplicas para o Brasil. Para mim, as alaias são as pranchas mais retrô que se pode ter hoje”, solta o morador do Guarujá. “A prancha não tem flutuação nem quilhas, a remada e a entrada na onda ficam muito mais difíceis”, analisa. “A alaia é diferente de qualquer outra prancha que já inventaram”, pontua. “Tem muita gente querendo fazer a sua própria alaia”, garante o biólogo Felipe Siebert, da Siebert Surf Boards. Para dar aquela mão para a galera, Felipe pretende, em breve, comercializar os blocos essenciais para a construção da prancha. Um equipamento diferente requer métodos diferentes. Não adianta acelerar a remada loucamente, achando que vai dar certo. Além do novo aprendizado, o bacana das alaias é ter uma sensação bem próxima da que os guerreiros e nativos havaianos tiveram quando pegavam suas ondas, há tantos anos. Uma bela mistura de épocas distintas do surfe, com uma boa pitada do conhecimento tecnológico do novo milênio.

fotos: felipe siebert / arquivo pessoal

Surfar em cima de uma alaia requer prática e muita paciência. Mas a sua fabricação é fácil, garantem os shapers


divulgação

>> REFLEXÕES REFLEXIVAS DO TWITTER > rafinha bastos > é jornalista, ator de comédia stand-up e apresentador do programa ‘CQC’ (Custe o Que Custar)

Rio-2016, Volta João KlÉber e Crie um ditado

:: Tô num shopping onde os seguranças usam figurino de guarda-florestal. Procuro o banheiro ou o Zé Colmeia? :: Meu pé não é grande. O solo terrestre que é pequeno. :: Estouram os fogos de artifícios no RJ. Ganhamos a concorrência para 2016 ou chegou a droga no morro? :: Se o Lula fosse fodão, mas bem fodão mesmo, traria para o Rio as Olimpíadas de Inverno. :: Desodorante roll-on: porque a catinga fica muito mais gostosa num sovaco melado. :: Preciso agradecer a ela que está comigo sempre que estou de cabeça baixa: a impotência sexual. :: Hoje eu acordei com a macaca. Felizmente minha mulher foi para a depilação. :: No UOL: "Helicóptero pousa em supermercado de SP". Tem gente que leva a sério este lance de não querer pagar estacionamento.

:: O mundo está limpo demais. Ético demais. Bonito demais. CHEGA! #VoltaJoaoKleber :: A Vovó Mafalda tinha o coração na bunda. Fez ponte de safena e exame de próstata ao mesmo tempo. #velhainfancia :: Tem um pássaro cantando na minha janela. Acho que é funk, porque tá foda de aguentar. #dormirehprosfracos :: Mais vale um pássaro na mão do que um pedaço de cocô. #CrieumDitado :: Se Maomé vai à montanha, ele deve ser alpinista. #CrieumDitado :: Em terra de cego, quem tem um olho passa o dia todo ajudando o pessoal a atravessar a rua. #CrieumDitado :: ONDE HÁ FUMAÇA, HÁ UM ÍNDIO QUERENDO DIZER ALGUMA COISA. #CrieumDitado

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lucas lima

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20 16 com ele: >> fale rafinhabastos.mg@diariosassociados.com.br

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PROVADOR > cris guerra > 39 anos, é redatora publicitária, ex-consumidora compulsiva, ex-viúva, mãe (parafrancisco.blogspot.com) e modelo do seu próprio blogue de moda (hojevouassim.blogspot.com). elisa mendes

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CENAS CURTAS, PENSAMENTOS IDEM Cena 1

Cena 5

Francisco passeando de carro com a mãe (que, no caso, sou eu): — Olha o carro peto! O carro bege! O carro cinza! O peto! O pata! O cinza! Oto pata! Peto! Ó o carro bege! O mundo é colorido, mas o trânsito é preto e branco.

Tela do computador. Manchetes em letras grandes em conhecido site na internet: "Emanuelle Araújo atravessa a rua concentrada." Ufa. Ainda bem.

Cena 6 Parada em frente à banca de jornais. Para cada manchete, um pensamento silencioso:

Cena 2 Passeio no shopping. Nas vitrines, cores. Na ponta da língua das vendedoras, nomes novos: orquídea, baunilha, beringela, beterraba, tomato, nude. Até quando é monocromático o mundo feminino é mais colorido. Não se vê um homem dizendo "Vou comprar um carro nude."

Cena 3 Almoço no restaurante. Algo me chama a atenção na sola dos sapatos da mulher da mesa ao lado. É uma enorme etiqueta adesiva. O preço ou a referência? Ela não sabe que aquela etiqueta ainda está ali. Mas eu sei. E compreendo.

Cena 4 Tomando banho, leio o rótulo do meu xampu "nutritivo". Abaixo da marca, a promessa: "Nutre e repara." Poxa. Melhor que muito marido por aí.

30 passos pra ficar mais linda. Só 30? E nem precisa repetir todo dia? Mole pra mim. As tendências que têm tudo para entrar no seu guarda-roupas. Difícil vai ser elas saírem depois que o marido chegar. Biquínis que alongam as pernas. Do mesmo fabricante do "Enlarge your penis"? Guia esclarecedor e definitivo da escova progressiva. Finalmente. Como eu vivi sem isso esse tempo todo? Como surpreender seu homem na cama. Esconda-se atrás da cama antes que ele chegue em casa. Quando ele entrar no quarto, levante-se muito rapidamente e grite "bu!".

CEN AS

cO res RE S urtas c 1 MUNDO

lucas lima

2 PASSEIOS 3 CORES

4 POR AÍ

5 LETRAS

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PENSAMENTOS 6

com ela: >> fale crisguerra.mg@diariosassociados.com.br



SANGUE BOM

Na paz Do gospel ao rock, do católico à MPB, com o mesmo objetivo

por Fernanda Oliveira fotos Bruno Senna Solidariedade, responsabilidade, credibilidade e fé, felizmente, não são valores difundidos apenas no contexto religioso ou pronunciados somente por padres e pastores dentro da igreja. O evento BH na Paz, realizado na Praça da Estação, no fim de outubro, ultrapassou fronteiras e reuniu estilos do gospel à MPB, do católico ao rock, em um único sentimento e desejo de promover a paz em todos os segmentos da sociedade belo-horizontina. O evento, que está em sua terceira edição, é realizado pela Associação Arte pela Paz, que nasceu da necessidade que os integrantes da banda católica Dominus sentiram de levar um pouco mais de arte e cultura para toda a população de Belo Horizonte e região, principalmente, para jovens e crianças em situação de vulnerabilidade social. “Nosso objetivo é levar a cultura de paz, que foi perdida ao longo dos anos. Fazemos isso por meio de diversas manifestações artísticas, como a dança, o teatro e a capoeira”, relata Léo Rabello, vocalista da banda Dominus e um dos idealizadores da associação. Todas as manifestações artísticas tiveram resultados positivos. O fato foi comprovado no encerramento do BH na Paz que, após uma jornada de quatro meses de seminários, palestras, grupos de discussões e shows, teve a Praça da Estação como palco de exposições de artesanato, área de

lazer, oficinas, recreações e apresentações artísticas de projetos sociais. “Muita energia boa e alegria. Todas as pessoas vieram com o espírito de contribuir de alguma forma. A iniciativa é fundamental, pois a gente precisa de uma ferramenta que atraia a juventude. Hoje, a arte tem esse poder”, afirma o organizador Anderson Martins. A mistura de ritmos nas apresentações dos cantores André Valadão e André Leono e das bandas Dominus, Adoração e Vida e 14 Bis uniram religiões e raças em uma mesma ideia de inclusão cultural por meio da arte. De acordo com Léo Rabello, a intenção não era focar apenas a religião. “A gente quis dar ao evento essa cara de social e não vincular somente ao religioso. Por isso misturamos MPB, rock, música católica e evangélica”, afirma. Cláudio Venturini, cantor da banda 14 Bis, também expressou a gratidão por participar do projeto. “É muito bom ver uma variedade de pessoas interessadas na mesma causa. Sempre que tiver esse tipo de evento, o 14 Bis vai estar presente”. “Um projeto sozinho é pouco, mas a união de todos faz a força” era o pensamento comum entre os participantes do projeto Arte pela Paz. Jovens e crianças que, desde cedo, já sabem da importância dos valores da paz em uma sociedade e que trabalham por meio da arte para fazer um mundo melhor. A Praça da Estação foi o palco escolhido para as manifestações culturais. Música, teatro, capoeira e outras expressões culturais com um mesmo objetivo: dar uma chance à paz


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ESPORTE >> supercross

MEGACROSS por Daniel Ottoni fotos Carlos Hauck

Desafio Internacional Edgel de Supercross foi o Ăşnico da modalidade no Brasil em 2009

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A ameaça de chuva trazida por negras nuvens e os três blecautes inesperados não desanimaram as cerca de 15 mil pessoas que marcaram presença no primeiro dia do Desafio Internacional Edgel de Supercross, que aconteceu em Capim Branco, na região metropolitana de Belo Horizonte, nos dias 10 e 11 de outubro. No dia de abertura, ocorreram treinos e corridas de seis categorias valendo pela terceira etapa do Campeonato Mineiro de Supercross. Na principal delas, a SX1, nada de novidades. Jorge Balbi não encontrou grandes

dificuldades para garantir o título da etapa e faturar o prêmio de R$ 1,5 mil. Balbi mandou bem também fora das pistas, ao doar o valor integral do prêmio à APAE do município. “Para ser sincero, não gostei muito da pista. Achei muito dura e isso equilibra muito as coisas. A largada vai fazer a diferença no resultado”, afirmou o top do Brasil no esporte, antes de entrar em ação. O segundo dia era o mais aguardado. Afinal, não é todo dia que se tem a oportunidade de ver os três últimos campeões

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No segundo dia de provas, Balbi deu azar e ficou em quarto lugar

latino-americanos de motocross (o venezuelano Humberto Martim, vencedor de 2007, Jean Ramos em 2008 e o costarriquenho Roberto Castro em 2009) lado a lado com outras feras, como o próprio Balbi e o americano Vince Devine, 5º lugar no AMA de 2003. A competição norteamericana é considerada a mais disputada do mundo na modalidade. “Quando se fala em Supercross no Brasil em 2009, se fala neste desafio da Edgel”, afirma o organizador do evento, Geraldo Gonçalves. O motivo é o fato de não ter sido realizado um campeonato brasileiro de supercross no nosso país este ano, devido à crise. “Na primeira edição, engatinhamos. Nesta segunda, contamos com mais parceiros e já temos alguns contatos realizados para a edição de 2010”, comemora Geraldo. Dentro da pista, Balbi largou e mandou bem, até que, na 22º volta, por um erro pessoal, deixou a moto morrer, perdendo posições e terminando a prova em 4º. Castro agradeceu e faturou a etapa, levando para casa o prêmio máximo de R$ 10 mil. Ano que vem tem mais e a expectativa é de mais feras dando as caras por aqui. Mas, por favor, com Campeonato Brasileiro, para dar aquela fortalecida.

Balbi oferceu o prêmio da etapa do mineiro para a Apae de Capim Branco

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Universidade na natureza selvagem Mata nativa, babuínos e patos perigosos. E nada de diploma “Próxima parada, Universidade Livre do Meio Ambiente”. Aquela mesma voz fanha que tinha anunciado o Jardim Botânico de Curitiba e também o Bosque do Papa, que eu não consegui ver de jeito nenhum, estava saindo mais uma vez pelos alto-falantes laterais do ônibus Linha e Turismo, uma dessas embarcações de dois andares que garantem aos turistas “uma volta pela cidade em duas horas”. Sacolejavam comigo viajantes de todos os cantos do mundo; suecas enraivecidas com o sol babilônico, peruanos tocando quatro ou cinco modelos de flauta diferentes e, é claro, japoneses com suas pomposas máquinas fotográficas espaciais – aquelas que nós, pessoas normais, só usaremos no próximo século. Ninguém mostrou muito entusiasmo diante do anúncio de que aportaríamos em uma escola de estudantes naturebas bichos-grilos, “viva oxum, viva a natureza” e coisa e tal. Estendi o roteiro que ganhei no embarque no colo para ver do que se tratava e encontrei a imagem de um prédio todo construído com materiais reciclados, troncos de árvore e outros presentes de Gaia, a mãe da terra. Parecia um bom lugar para esfriar a cabeça, dar comida para uns patinhos e tentar fazer ligações de energia com a raiz do Universo. Então levantei o braço direito e quase me dependurei na cordinha para dar o sinal de parada – fiquei com medo do motorista não perceber que, finalmente, alguém tinha se interessado pela Unilivre. Levantei com cautela e percebi que todo mundo estava me encarando com expressões que iam do espanto até a compaixão.

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Nosso repórter ecologista está te convidando para um passeio na selva paranaense. Vamos, não tenha medo

Antes que eu começasse a descer as escadas do ônibus, um sujeito com uma camisa do Che Guevara bateu no meu ombro e disse: “Boa sorte, cara. Vamos torcer por você”. DESBRAVANDO A MATA NATIVA A entrada principal da universidade está instalada no meio de ciprestes, trepadeiras, araucárias e, se não me engano, manguezais. Trata-se de uma pequena ponte de um metro e pouco de largura cheia de curvas, desvios, armadilhas, esquilos e tartarugas ferozes. Ela leva os estudantes, professores e visitantes até uma lagoa margeada por uma enorme parede de pedra. Por ali passeiam os mais diversos tipos de peixes, patos, cavalos marinhos,


Biagioni s Bernardo texto e foto

estrelas do mar e lagostas suculentas. Fiquei tão emocionado em fazer parte daquele quase último pedaço verde do mundo que mal notei que o tão aclamado prédio da universidade estava bem à minha esquerda. Olhando de baixo, vêse apenas um emaranhado de troncos e pontes estreitas de madeira. Muito pouco, perto do que a escola pode oferecer sem precisar queimar, manipular e sacanear com a mãe natureza. Fundada no Dia Nacional do Meio Ambiente, em 1991, a Universidade Livre

do Meio Ambiente surgiu com a ousada missão de colocar em discussão as mais diversas questões ambientais que pairavam sobre o Brasil. Em um tempo em que se discutia mais se o Fernando Collor era um carioca/alagoano solteiro ou não, a iniciativa parecia despertar o sonho de uma sociedade sustentável. Por aqueles primeiros meses, a universidade funcionou como um braço da Prefeitura Municipal de Curitiba, no Bosque Gutierrez. Um ano depois, a instituição ganhou não só o nome “Livre”, como também foi transferi-

da para o Bosque Zanielli, uma área de 36 mil m2 de mata nativa no meio da capital paranaense. Porém, apesar de carregar no nome a palavra “universidade”, a Unilivre nunca ofereceu formação superior para nenhum de seus alunos. E, ao contrário do que você pode estar imaginando aí, essa escola curitibana não é um lugar onde os estudantes se encontraram para discutir as melodias do Gilberto Gil e enrolar uma palhinha – como nos corredores de algumas faculdades de comunicação des-

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Antes que eu começasse a descer as escadas do ônibus, um sujeito com uma camisa do Che Guevara bateu no meu ombro e disse: “Boa sorte, cara. Vamos torcer por você” te nosso Brasil abundantemente verde. A Universidade Livre do Meio Ambiente ganhou esse nome por duas razões bem simples. Primeiro por ser um centro de pesquisas, estudos e capacitação de projetos sustentáveis. E é “livre” porque qualquer um pode frequentar as instalações, as salas de aula, a área verde e, sei lá, nadar pelado na lagoa. Basta se inscrever em alguns dos cursos – a maioria é de graça – e se mostrar interessado. E pronto. A partir daí, aprende-se sobre consumo sustentável e se discute sobre como tornar a relação do homem com a natureza uma situação mais amigável. Tudo pelo conhecimento e pelo ativismo. E nada de diploma. Alguns dos estudos da Unilivre são financiados por empresas parceiras que, querendo melhorar sua imagem ou colaborar com o meio ambiente, acabam destinando parte da verba para a conscientização ambiental. O HOMEM NU Consegui um lugar para sentar no mirante da universidade e descansei a câmera, meus pensamentos e minhas pernas. Tinha passado os últimos minutos tentando escapar de um babuíno que me seguia soltando grunhidos ameaçadores e aquela sombra que as nuvens tinham formado no topo do prédio me faziam tão bem quanto uma música de Gabriel O Pensador. Estas palavras que você lê agora foram desenhadas enquanto eu escutava nada mais do que a cantoria dos pássaros que cortavam o céu e o barulho que vinha lá de baixo, da lagoa, onde os patos brincavam com os outros patos e alguns poucos visitantes apareciam pela pequena ponte da entrada principal. Pensei nas faculdades de meio ambiente de Belo Horizonte, que ficam no meio do caos urbano, e sorri. Pensei no movimento das ondas, no cheiro de chuva e em todas as manhãs de sol que ainda hão de vir, e sorri. Pensei nos bichos que estavam perdidos no meio do mato, no voo dos pássaros, nos cachorros de rua, e sorri. E então respirei fundo, bem fundo. Meu último trago em um tempo que nunca mais vai existir. Vista externa da Universidade. E nada de Gilberto Gil



ESTILO

TONY JR.

por Lucas Machado fotos Roberto Assem

Tony usa: boné Brechó, blusa Tony Jr., cala Helmut Lang, cinto Tony Jr. e sapato Brechó Em 1998, o estilista Tony Jr. se formava na faculdade de moda. No ano seguinte, a Mattel, empresa de brinquedos que comercializa a loiraça, decidiu mobilizar os estudantes de todas as faculdades de moda de São Paulo com o concurso ‘A moda da virada do século’. Foram selecionados dez modelitos da boneca criados pelos alunos e a ideia percorreu vários shoppings da capital paulista. Por decisão de júri popular, o look vencedor foi de Antônio Júnior, o Tony Jr. “Fiz uma Barbie sadomasoquista. Tinha muitos piercings, tatuagens e cabelo raspado. Era bem roqueira e muito louca. Minha boneca ganhou disparado”, comenta. Conversamos com Tony no seu ateliê, localizado em um casarão “das antigas” muito style no bairro Vila Mariana, na capital paulista. Tony, depois do concurso, trabalhou com Rose Andrade, editora de moda da Marie Claire, e com a estilista Glorinha Coelho, até entrar para o Mercado Mundo Mix, com marca própria. Depois do sucesso no mercado, fez vários figurinos para peças de teatro, provou o termômetro da moda nas telenovelas – seus looks foram parar em um desfile transmitido pela novela global ‘Desejos de mulher’ (2002) –, fez os figurinos do especial ‘Por toda minha vida’, em homenagem a Elis Regina (2006), e da minissérie ‘Queridos amigos’ (2008). O cara não para. Tony Jr., que agora encarou o line-up oficial da Casa dos Criadores, evento que promove estilistas jovens no cenário nacional, terminou nossa conversa com a seguinte frase: “Combate-se o preconceito com muito talento e trabalho”.

Kit Sobrevivência: AVIÃO da Barbie anos 1960 :: RÁDIO Cicena Jitteburg :: VESTIDO Patch Work tomara-que-caia - Tony Jr. Casa dos criadores 2010 CARRO Chevrolet Bell Air 280 :: BARBIE Ano 1989 BOMBA DE GASOLINA Route 66

J.C.

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COMPORTAMENTO

Sim, yes, kyllä, sí, oui, sì, já por Bruno Mateus fotos Carlos Hauck

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Um dia na vida de um repórter que só pode falar sim, sim e sim, obrigado Sim. Palavra de apenas três letras, mas de um efeito que pode ser belo ou trágico. Tem aquele sim que você diz para a noiva, a sociedade e o padre no altar. Esse pode assustar. Tem também os simples sins que dizemos a torto e a direito para qualquer pergunta, por mais banal que seja: “aceita biscoito de polvilho?”, “você acha que o Homem foi à Lua?” ou “vai chover hoje?”. O sim pode mudar trajetórias de vida. Mudou a de John Lennon. No final de 1966, o ex-beatle foi a uma galeria em Londres onde uma artista plástica japonesa estava expondo algumas obras. Lennon se encantou por uma em que se podia subir em uma escada. No alto, havia uma lupa e a palavra sim escrita na parede. À medida que se que avançava, o termo ficava mais nítido. “Ela podia ter escrito qualquer coisa; guerra, sexo, morte. Mas ela escreveu “sim”, tudo que eu precisava naquele momento”, disse Lennon. A artista japonesa era Yoko Ono. Em janeiro deste ano estreou o filme ‘Sim Senhor’, no qual Jim Carrey interpreta um sujeito que, após uma vida repleta de nãos, vai a uma palestra de autoajuda proferida pelo “guru do sim” e começa a falar sim para tudo e todos. Não sou Jim Carrey, muito menos John Lennon e nem quero ser John Malkovich. Quero – por quê não? – dizer “sim” para tudo e todos que cruzam o meu caminho. E vou fazê-lo. Pelo menos por um dia. Um simples e revelador dia. CAMINHANDO CONTRA O VENTO (E O NÃO) Sim, hoje não vou trabalhar. Tirei o dia para resolver burocracias, e como eu odeio burocracias! Como diz Macaco Simão, dando início à minha missão mesopotâmica, acordei cedo e saí para resolver os tais assuntos no Centro de Belo Horizonte, onde as pessoas parecem formigas trafegando sem sentido e coração. Deixei o carro em um estacionamento e fui para o front. “Olha o algodão-doce aí, irmão! Vai aí?”, perguntou o vendedor numa alegria só. Mal sabe ele, mas eu só faço dizer sim, sim e sim. “Vou querer um”, falei, entregando uma nota de dois reais. “É R$1,50 e eu não tenho 50 centavos de troco, leva dois por dois real” (sic). Ok, levo dois, um branco e um verde. Me entregou a mercadoria e saiu cantando uma música sertaneja dessas que toca bem no fundo escuro de algum boteco suspeito que ainda serve sacanagem para seus clientes. Alguns metros depois, minha tranquilidade foi interrompida por um “Olha o guarda-chuva! Vai

querer um, chegado?”. Sim, obrigado. Quanto custa? Tem de cinco e de dez reais, respondeu. O céu nublado daquela manhã até que justificava minha impulsiva compra. E eu lá preciso de justificativas? Dane-se, quero é comprar, dizer sim para todas essas pessoas que cruzam meu caminho e mudam minha história de alguma forma. O senhorzinho deve ter percebido minha ânsia pelo sim. “Tá precisando de cadarço? Aqui tem, ó.” E tinha. De todas as cores, modelos e procedências. Afirmei, sem pestanejar: “Quero este aqui, o verde-limão”. “Tem pente também”, disse o insistente vendedor. É um pente igual ao que meu avô Jair usava: fino, leve como pena, oval. Perfeito para quem quer pentear o cabelo para trás. Beleza, vou levar. Resgatei o carro no estacionamento e zarpei para a Savassi, onde eu tinha mais um imbróglio a resolver. No sinal da avenida do Contorno com Lavras, um garoto delgado passou com pressa olímpica e deixou um saquinho de balas no retrovisor. “Sim, obrigado”. “Um real”. Mais adiante, em outro sinal, desta vez na Getúlio Vargas com Cláudio Manoel, um sujeito de nome Antônio se aproximou e disse: “Olha o pano de chão aí. Tem flanela para carro também, doutor”. “Pois eu quero dois panos de chão e uma flanela.” “Dez reais”, afirmou Antônio. “Sem problemas, passa pra cá.” Abastecido de produtos, fui para casa almoçar. CONVERSAS ESTRANHAS NA INTERNET Depois do almoço, resolvi checar meus e-mails. Em minha caixa de entrada havia mensagens de bancos, vírus e outras que prefiro nem contar. Um banner me chamou a atenção: “Encontre o amor da sua vida com apenas um clique”. E, como você já sabe, eu não poderia dizer não, essa palavra maldita que não pode sair da minha boca em hipótese alguma, nem se Obama, Lula e Mandela pedirem. Entrei em um chat e, logo de cara, um nick me chamou a atenção: Dri, um show de morena cheirosa, proucura alguem para ser feliz (sic). Ah, essa seria perfeita para uma conversa sensual e reveladora. Dei um “oi”. “Quem é você, gato?”, ela respondeu, desavergonhadamente. “Me chamo Bruno, como vão as coisas?” “Dri está offline”, era a mensagem na tela. Merda! Dei de cara com outra. Linda (nome, não adjetivo), 29 anos, de Uberlândia. No nick dela dizia: “CADÊ VOCÊ? ESTOU TE ESPERANDO! Quero-te não só por como és, e sim por como serei feliz ao estar contigo, e você ao estar comigo”. Pude ver em seu perfil que ela buscava amizade/diversão, relacionamento sério, relacionamento casual e até sexo. Segundo ela, tipo físico em forma. A chamei, e nada. Já estava quase desistindo quando vi que havia uma sala de sexo. Cliquei sim, claro. Resolvi adotar um codinome fantasioso e brincar um pouco. “Nana – nada é por acaso” acaba de entrar na sala. É essa! Dean Moriarty: oi, Nana, tudo bem? Nana: sim e vc? Dean: tudo tranquilo. A pergunta pode ser um pouco óbvia, mas o que te traz a uma sala de sexo? Nana: sei lá... às vezes a gente pode encontrar alguma


Sobre aumentadores penianos e algodões-doces: alguns dos produtos comprados pelo repórter proibido de dizer “não”

Alguns metros depois, minha tranquilidade foi interrompida por um “Olha o guarda-chuva! Vai querer um, chegado?” coisa boa pra fazer. Dean: a gente quem? Você está acompanhada? Qual é a sua orientação sexual? Nana: quantas perguntas! Tô sozinha. Gosto de homem, mas já fiz sexo com mulheres. E faço de vez em quando... quando bebo fico soltinha... hehe Dean: interessante. Você costuma se masturbar quando entra nesses chats? Nana: nem sempre, mas de vez em qdo dá vontade. Dean: aí você o faz? Nana: sim, mas agora tenho que sair. Não pense que vou fazer isso pra você. Dean: mas eu nem falei nada... eu, hein. E se foi... O QUE É ISSO, COMPANHEIRO? Depois de diálogos pouco convencionais no chat, vi um banner em um site que me chamou a atenção. “Aumente seu pênis e tenha ereções feito rocha!”. Mais uma vez, o sim atravessaria meu caminho. Cliquei e comprei. Alguns dias depois... “O que é isso, Bruno?”, perguntou minha mãe com um sorriso que beirava o indisfarçável. Puta merda, falei para eles não entregarem senão para mim. Era o aumentador peniano que eu havia comprado. Mãe, veja bem, não é que eu precise, mas não poderia dizer não, ok? Ela me entregou a estranha mercadoria sob o olhar decepcionado de meu pai. Ele deve achar que o filho é um jovem de pau pequeno, que tem uma vida sexual que seria motivo de piada. Agora a merda já está feita. Subi para o meu quarto curioso como um delegado que espreita o suspeito. À primeira vista, o aparelho parece uma mamadeira. Tem uma mangueirinha com uma bomba, parecida com aquelas para medir pressão. Curioso e solitário no banheiro, quando até Deus fechou os olhos para aquele momento, tive que experimentar o brinquedinho. De que adiantaria comprar e não usar? Era parte da minha missão, ora. Somente naquele dia. DANILO E O VENDEDOR DE SONHOS Fim de tarde. Estava eu sentado, bebericando com amigos no costumeiro bar que frequento há alguns anos. Falando as-

sim pareço velho e cachaceiro, mas não é isso. Se digo que frequento há uns cinco anos fica melhor. Vai fazer uma fezinha aí?, perguntou Alexandre. Eu nunca jogo na Quina, mas vocês sabem, não posso dizer não. Alexandre sempre passa pelo botequim. Não está escrito em sua testa, mas bem poderia estar assim: Vendem-se sonhos. Comprei o bilhete. Os números são: 22-34-57-73-74. Se eu ganhar, fundarei a Cidade do Sim, onde o não só existirá nas histórias fantásticas dos livros. E também é nesse boteco que Danilo, um garoto de 15 anos, vai vender seu amendoim torrado e outras guloseimas. Balas, paçocas e jujubas fazem parte da bandeja de produtos que ele oferece aos clientes. Danilo é de uma serenidade impressionante. Não sei por que cargas d’água, aquele garoto de olhos arregalados, como se visse um milagre a cada minuto, é, para mim, a personificação da canção ‘Gente humilde’, com uma comovente letra que Chico e Vinícius fizeram para a linda música do violonista Garoto. Naquela noite de raras estrelas no céu, eu quando já estava sensivelmente mareado pela cerveja gelada que bebia com devoção, Danilo chegou como sempre chega: tímido, cumprimentando fazendo um sinal de joia e falando baixinho. “Tudo tranquilo, Danilo?” “Beleza, e vocês? Desculpe pela fumaça”, disse, apontando para a “lata” de amendoim, de onde saía uma fumaça quase imperceptível, incapaz de incomodar até o mais chato dos seres humanos. Danilo não sabe, mas tenho que dizer “sim”, preciso dizer “sim”. Três amendoins, uma paçoquinha e algumas balas de iogurte. Ele saiu satisfeito, sabendo que a noite seria longa pelos bares da região. Fiquei igualmente satisfeito. Parei um pouco para refletir, olhei para o nada e pensei nos sins que havia dito, no quanto isso mudou a vida das pessoas que me venderam e a minha própria existência. Senti-me pleno. Tudo pelo sim. E, mais tarde, quando me levantei um tanto trôpego da cadeira amarela, fui embora para casa cantarolando aquela linda canção. “Tem certos dias em que eu penso em minha gente/ E sinto assim todo o meu peito se apertar (...) E aí me dá uma tristeza no meu peito/ Feito um despeito de eu não ter como lutar/ E eu que não creio peço a Deus por minha gente/ É gente humilde/ Que vontade de chorar.” comente! redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br



fotos: sergio caddah/latincontent/getty images

MODA

MODA, MÚSICA E O CRISTO REDENTOR COMO TESTEMUNHA

por Izabella Figueiredo

A primeira edição latina do Oi Fashion Rocks trouxe artistas, estilistas e tops para a arena montada no Jockey Club do Rio de Janeiro

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Na noite de sábado, 24 de outubro, o Rio de Janeiro se transformou na capital da moda sediando um dos maiores eventos do cenário fashion mundial.Tendo como porto importantes cidades ao redor do mundo como Londres e Mônaco, a ideia do Fashion Rocks é unir o que há de melhor na moda e música através da irresistível fórmula desfiles + performances simultâneas. A primeira edição brasileira foi também pioneira na América Latina e contou com a presença de figuras tarimbadas no segmento musical e fashion. Enquanto top models, como Isabeli Fontana e Carol Trentini, deslizavam sobre as passarelas apresentando coleções dos afamados Marc Jacobs, Donatella Versace e Alexandre Herchcovitch, a trilha sonora era conduzida pelo hype de Sean “P.Diddy” Combs, Estelle, a performática Grace Jones e a cantora Wanessa (não mais Camargo) e seu parceiro Ja Rule, rapper que ajudou a dar um up em sua carreira. Anterior à noite de shows e desfiles, um ciclo de palestras destinado a universitários com grandes nomes da moda foi organizado, seguido de um pomposo leilão beneficente no Copacabana Palace em prol da entidade Rio Solidário. A cereja do bolo ficou para a camiseta autografada da seleção brasileira arrematada pelo empresário Eike Batista pela bagatela de 1 milhão de reais. Como em todo festival, performances boas, médias e ruins rolaram e, infelizmente, a atração mais esperada da noite entrou na última categoria. A diva Mariah Carey fez uma apresentação modesta e não quis falar com a imprensa, o que já era de se esperar, tendo em vista o estrelismo de Mimmy ao fazer suas exigências para a realização do show. Apesar da decepção causada por Mariah (que se recusou a usar um Calvin Klein exclusivo para espremer-se num Dolce & Gabanna que limitava seus movimentos), o Oi Fashion Rocks primou pelas belíssimas performances de Marc Jacobs e Grace Jones (que trajava apenas um maiô de veludo e meias), Versace e Sean “P. Diddy” Combs (entoando um dos seus maiores hits – ‘I’ll be missing you’ – para o falecido Gianni Versace, fundador da grife) e Lino Villaventura com a baiana Daniela Mercury (que utilizou um sample de Carmen Miranda para cantar ‘O quê que a baiana tem’). A próxima edição do Oi Fashion Rocks já está garantida para o ano de 2010, inserindo cada vez mais o Brasil no cenário fashion e trazendo mais visibilidade para a moda, um dos segmentos mais crescentes no país. Agora é aguardar pelas atrações.


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QUEM É FASHION ROCKS

1. Mariah Carey, cantora 2. Gianne Albertoni, modelo e apresentadora 3. Giselle Batista, apresentadora 4. Ja Rule, rapper: “This is for you, baby” 5. Mariana Weickert modelo e apresentadora 6. Carla Lamarca, apresentadora 7. Reynaldo Gianecchini, ator 8. Carol Castro e Marco Bravo 9. Bya Barros, arquiteta e decoradora 10. Isabeli Fontana, modelo 11. Wanessa (ex-Camargo), cantora e Ja Rule

fotos Izabella Figueiredo

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EU

por Sabrina Abreu

QUERO!

Há muitas causas que merecem ser abraçadas, e é boa ideia contribuir para tornar o mundo e tudo que existe dentro dele – dos moradores da cidade aos pandas da China – mais felizes. O único jeitode cooperar com todos ao mesmo tempo agora é preservar o planeta em que vivemos, a nossa casa. Alguém já falou que “se você não consegue mais ouvir falar disso, o planeta não aguenta mais você”. As grandes marcas entenderam essa verdade e aderiram à campanha contra a derrubada de árvores nativas, o desperdício de energia e o excesso de poluição. O resultado são produtos ecologicamente corretos para todo gosto. Consuma com moderação.

Simpático

Nos anos 1990, um hit da Adidas era o modelo HEMP, feito a partir da folha de cannabis sativa. Agora, a marca relançou o tênis, com novo nome: Gazelle II Natural e com nova matéria-prima. Mas o produto continua com sua pegada sustentável: sai a maconha, mas ficam outras fibras naturais e materiais orgânicos. Bom também. R$ 249

Em 1957, quando a Itália ainda se reerguia, após os estragos da Segunda Guerra, um carrinho simpático supriu a necessidade de transportar as pessoas de modo econômico, gastando pouco combustível. Fiat Cenquecento era o nome do modelo. Relançado na Europa em 2007, ele chegou ao mercado brasileiro no último mês de outubro. Hoje, a economia de combustível continua importante, mas por outro motivo. E o Cenquecento não é ecofriendly só por isso: o tamanho reduzido (3,55 metros) também agrada aos mais conscientes em relação ao meio ambiente. Nada como ocupar menos espaço nas ruas e liberar as vagas para mais pessoas. Perfeito. A partir de R$ 63.860

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Erva natural

...SUSTENTABILIDADE


Coração verde

Houve uma época em que, para ser nobre, um móvel tinha que ser feito a partir de madeira de lei. Hoje, é o contrário, e um bom exemplo disso é a poltrona Pontal, da Tok&Stok, feita de madeira de reflorestamento, com certificado FSC. Claro que, nesse caso, além da matéria-prima ecologicamente correta, o design bem que justifica a nobreza do móvel. R$ 710

Madeeeira!

fotos: divulgação

O refrigerador costuma ser um vilão no consumo de energia. Mas com o modelo Top Mount, a LG promete reduzir em até 12 vezes o uso de energia com o aparelho. Além disso, o compartimento de vegetais é equipado com o sistema VitaLight que ilumina a gaveta e – acredite! – induz a fotossíntese dos vegetais, que continuam frescos por mais tempo. R$ 3.599 (463 litros)

Fotossíntese

Ganha-ganha

Sustentabilidade tem a ver não só com a matéria-prima, mas também com todas as etapas e pessoas envolvidas pelo processo de produção. Esta bolsa de tear com couro, da Le Lis Blanc, é produto da economia solidária. Todo mundo ganha. A peça é produzida pela Fio Brasil, localizada em Muzambinho, que tem como foco a preservação da cultura e a geração de renda das artesãs do sul de Minas Gerais. R$ 439,50

High-tech como os celulares que quase todo mundo quer, o C901 GreenHeart, da Sony Ericsson, câmera fotográfica de 5 megapixels com Smile Shutter e Face Detection, MP3, jogos, sensor de movimento, Bluetooth e GoogleMaps. Mas seu diferencial tem a ver com outra tecnologia: ele é feito em plástico reciclado, tem manual eletrônico no próprio telefone (que substitui o de papel) e calculadora de emissão de carbono, entre outros acessórios. Vendido somente na gringa, os modelos GreenHeart chegarão ao Brasil em 2010. 265 € pixmania.com/pt

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a música e o tema

por Gabriel Rocha

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Enquanto Harrison acreditava no poder de shows filantrópicos, Lennon decretava: “É tudo roubalheira”

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FilantroPOPia

Nos dias de hoje, parece mais que legítima a preocupação dos astros pops com as causas humanitárias do planeta. Que o diga Bono Vox, líder do U2, que divide o tempo entre os palcos e a luta pelo perdão às dívidas de países africanos. Ele é fundador do movimento Jubileu 2000, que percorre alguns dos fóruns mais relevantes do mundo levando o tema aos grandes líderes de Estado. Por tanta dedicação, Bono provavelmente receba lá a sua cota de paz espiritual e, notoriamente, dá uma aura toda especial à sua imagem pública. Mas quem vê essa relação tão natural entre música e filantropia pode não ter ideia de como ela já teve seus revezes. Tudo começou em 1971 com The Concert for Bangladesh, organizado por George Harrison e o músico indiano Ravi Shankar. Em dois shows beneficentes no Madison Square Garden, cerca de 40 mil pessoas deixaram nas bilheterias quase 250 mil dólares, que foram parar na conta da Unicef. Por ter sido pioneiro, o evento ficou conhecido como o pai de todos do gênero. O ex-guitarrista dos Beatles conseguiu reunir em torno da causa nomes como Eric Clapton, Bob Dylan, Ringo Starr, Leon Russel e Billy Preston. Mas nem tudo foram flores no mundo do rock filantrópico. Se Harrison optou por subir aos palcos em prol dos excluídos,

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houve quem questionasse as nobres intenções e mesmo a eficácia da coisa. Partiram de outro ex-beatle, John Lennon, algumas das denúncias mais contundentes contra a realização dos aid concerts: “É tudo roubalheira”. Em entrevista de 1980 à revista Playboy, quando questionado sobre uma possível volta do quarteto de Liverpool por uma causa humanitária, ele foi enfático ao dizer que não toparia. Estimativas feitas à época revelaram que um reencontro dos fab four poderia render aos países pobres o equivalente a 200 milhões de dólares em arrecadações. Nem assim, Lennon se sensibilizou: “De onde as pessoas tiram essa ideia de que os Beatles deveriam dar 200 milhões de dólares para a América Latina? Olha, os EUA já despejaram bilhões em lugares como esse. Não significou nada”. E deu a sentença: “É um círculo vicioso. Pode-se despejar dinheiro infinitamente”. Justo ou não, o fato é que nem o discurso de Lennon pôde conter a crescente onda dos concertos humanitários. Eles parecem ter entrado de vez para a agenda da música. Dos shows, passou-se às gravações de disco, videoclipes e todos os meios possíveis de se arrecadar em prol de uma boa causa. Tanto que, em 1984, 13 anos depois do Concerto para Bangladesh de Harrison, veio o Band Aid. Organizado por


ricardo stuckert / pr

Bob Geldof e Midge Ure para arrecadar fundos para os famintos da Etiópia, o projeto acabaria resultando no famoso concerto Live Aid no ano seguinte. Este se transformou em fenômeno mundial, arrecadando 60 milhões de dólares e se tornando uma das maiores transmissões por satélite e televisão de todos os tempos. Além, é claro, de valer ao seu idealizador, Bob Geldof, uma indicação ao Prêmio Nobel da Paz. No embalo do Band Aid, Michael Jackson fez seu USA for Africa, uma reunião de 45 grandes astros da música americana para a gravação do single ‘We are the world’, um dos mais vendidos da história. No Brasil, a onda filantrópica também pegou. Inspirados pelo sucesso da empreitada de Jackson, os artistas daqui resolveram entrar na dança, ou melhor, na cantoria. Com a campanha Nordeste Já, que abraçou a causa da seca nordestina, vários músicos se reuniram para a gravação das canções ‘Chega de mágoa’ e ‘Seca d’água’. Nos anos 2000, tivemos ações semelhantes de arrecadação de alimentos para o programa governamental Fome Zero. Pelo visto, não deram muita bola para o papo de Lennon. E a filantroPOPia veio para ficar.

O cantor-militante Bono cara a cara com Lula, enquanto Bill Gates (ao fundo) sorri como quem pensa em seu império

Justo ou não, o fato é que nem o discurso de Lennon pôde conter a crescente onda dos concertos humanitários. Eles parecem ter entrado de vez para a agenda da música


quem

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Itália Wake Tour

NA GRINGA >> itália

texto e fotos por Teca Lobato ilustração Lucas Lima

Teca Lobato em busca de um cable park Eu não sabia o que esperar. Mas uma coisa sempre soube: gosto de sol e água. De preferência, com alguma prancha envolvida. Também estava ciente de que a Itália é o país da boa comida, que no norte faz frio, no sul, calor, nas estradas é fácil ver as enormes vinícolas, e a arquitetura é linda e, em alguns lugares, muito antiga. Mas até então não havia conseguido ligar os pontos: onde é que entraria a prancha? Mesmo nunca tendo ouvido sequer uma notícia relacionada ao wakeboard na Itália, resolvi arriscar e viajei carregando minha prancha para cima e para baixo, rendendo desconfiança alheia quanto ao conteúdo de 1,40m de mala, persistindo na esperança de que pelo menos uma sessão de wake eu iria fazer. A viagem começou em Londres, o ponto de encontro com meu irmão Francisco, que mora na Inglaterra há dois anos. O roteiro escolhido por ele tinha a Itália como objetivo principal, mas não sem antes voar para a Suíça e alugar um carro para cruzarmos a fronteira italiana sem passar pelas estradas óbvias. A ideia era fazer isso por meio das minúsculas estradas alternativas dos Alpes. Mas, antes de voarmos para a Suíça, daríamos uma passadinha pelo cable park de Londres, o JB Ski. Isso, é claro, se minhas malas não tivessem sido extraviadas e perdidas na conexão em Paris... Aí, bateu o desespero. Minha agonia só foi passar dois dias depois. Três horas antes do voo para Zurique, as malas apareceram e viajei no ápice da abstinência de wake.

Finalmente, Itália Depois de tantas curvas e estradas à beira do precipício, ao longo do caminho da Suíça à Itália, merecíamos um descanso. E a parada estratégica foi a pequena Bormio, perto da divisa entre os dois países. A cidade fica em um vale bem no meio dos Alpes e apareceu no roteiro simplesmente por abrigar o spa de termas Bagni Vecchi. Outra ótima distração para minha desesperadora vontade de fazer a sessão de wake. A próxima parada? Milão. Minha primeira surpresa foi o calor e o céu azul do início do outono italiano, a segunda foi encontrar dentro de um enorme complexo de lazer milanês um cable park. O lugar é chamado de Idroscalo, e o cable é conhecido como “teleski”, motivo pelo qual me perdi e quase cheguei a desistir de encontrar o parque. Com uma enorme área para camping, há várias pessoas pescando, correndo e fazendo churrasco por entre

os pinheiros. No final do lago que, de tão azul, foi minha terceira surpresa do dia, encontrei o cable park. Os wakeboarders da cidade grande eram todos muito estilosos, com bermudas muito coloridas e capacetes mais ainda, bem parecidos com os brasileiros. Muitas pessoas aprendendo, outras com o nível muito alto. Não esperava encontrar o esporte tão presente no cotidiano dos italianos, já que – como já confessei – nunca antes tinha ouvido a respeito do esporte no país. Por 15 euros a hora dá para se esbaldar no cable de Milão. São vários obstáculos para todos os níveis e bases. Mas como nada é perfeito, para chegar ao parque é preciso percorrer a pé um trecho considerável. Além disso, o complexo de lazer é enorme e a portaria, bem distante da entrada do cable. Adicionando-se à caminhada uma prancha, fica quase um caminho de Santiago de Compostela.

Banhi Vecchi, spa de águas termais bem no meio dos Alpes Italianos

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Cable park de Milão e seus praticantes estilosos

A pequena cidade de Bormio e o “trânsito”

Lago de Iseo Diferente do estilo de vida da cidade grande, foi no lago de Iseo, na cidade homônima, que ampliei meus horizontes. Foi na pequena vila que firmei minha base e foi de lá que parti em direção aos roteiros turísticos como o lago de Garda e Veneza. No final do dia, era para lá que eu retornava. A cidade, que margeia o enorme lago, é bem pequena e os moradores muito tranquilos. Com cerca de 8.300 habitantes, estende-se por 25km2. Assim como em quase toda a Itália, o horário de almoço dura até as três horas da tarde, tempo que boa parte do comércio fica fechado. Conhecido por hospedar a maior ilha lacustre italiana, o lago de Iseo se estende por uma área de 65,3km2 e em alguns pontos sua profundidade pode chegar até 251m. Apesar de enorme, não vi nenhum barco de wakeboard no lugar. O porto, que tomava conta de quase toda a orla da cidade, só tinha barcos de passeio e veleiros parados, até que, bem escondido por baixo da capa, vi uma torre com um formato bem familiar e reconheci uma Master Craft, um barco com o formato ideal e projetado para praticar wakeboard. Descobrir quem era o proprietário da embarcação não foi tão difícil. Andrea, recepcionista do hotel, também desconfiava do conteúdo da minha capa de wake e um dia não aguentou; quis

averiguar. Uma vez informado a respeito da prancha, aconselhoume a ir até a boardshop de Cláudio, proprietário do único barco de wake do lago e da escolinha do Iseo. Quanta sincronicidade! Cláudio marcou a sessão e lá fomos nós, meu irmão Chico e eu. Este era o principal responsável pela minha introdução no wake e que há mais de seis anos não subia em uma prancha. Já dentro do barco, notei que teríamos a companhia de um aluno: uma criança muito tranquila e simpática, que andou muito bem e se esforçou para entender nosso italiano, ou inglês meio aportuguesado. Do ponto de vista do barco, o lago ficava ainda mais lindo. De lá era possível notar todas as cidades e as construções bem antigas, características da região da Lombardia. O Iseo é diferente de todos os outros lugares onde já pratiquei de wakeboard na vida, e o cenário se mostrou inspirador. Mesmo com um equipamento antigo e bem diferente do atual, pela primeira vez aproveitei minha sessão mais pelo lugar do que pelas condições. Chico pegou a água mais lisa do dia e conseguiu mandar boa parte das manobras que sabia. No final, nos despedimos e marcamos uma volta para o dia seguinte, quando, ainda não sabíamos, o tempo iria impossibilitar. Cláudio pegou sua bicicleta apoiada cuidadosamente em uma árvore e tomou o

Teca no lago de Iseo, delirando com o barco maroludo!

Miniwakeboarder italiano!


rumo da boardshop, enquanto o outro aluno foi embora com a prancha a tiracolo, caminhando provavelmente para sua casa, que não devia estar longe. Muito diferente da fama de grosseiros que, geralmente, lhes é atribuída, os italianos do norte, pelo menos os moradores do lago Iseo, se mostraram muito solícitos em ajudar e proporcionar bons momentos aos visitantes. Cláudio, que estava muito ocupado e com poucos horários, fez de tudo para conseguir nos encaixar entre os inúmeros alunos, sendo paciente perante tanta insistência. Com nosso tempo de viagem curto e o prazo para chegar ao aeroporto de Zurique se esgotando, partimos para a capital suíça pelas estradas tradicionais. Cenário perfeito para uma reflexão pós-mudanças de contexto social, vaquinhas pastando em gramados muito verdes, casinhas com varandas floridas e os Alpes no fundo me fizeram pensar no roteiro que não foi nada convencional, e que se não fosse a vontade de encontrar o wakeboard, provavelmente, não teria acontecido. Pensei no quanto foi essencial fugir do turismo básico e seguir por estradas e paradas alternativas. É claro que vale a pena conhecer Londres, Zurique, Milão e Veneza, mas senti que foi em Iseo, Garda e Bormio, sem contar todas as pequenas vilas da Suíça e Itália pelas quais passamos, que a viagem realmente aconteceu. Foi em Iseo que fiz a sessão de wakeboard mais diferente da minha vida e conheci a Itália de um ângulo que dificilmente um turista acomodado iria conhecer. comente! redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

Teca e seu irmão Chico chegando no cable milanês


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RAGGA fotos Carlos Hauck modelo JĂŠssica Marcelle


AO NATURAL por Izabella Figueiredo

Já dizia o filósofo argentino Mario Bunge: “A natureza deve ser considerada como um todo, mas deve ser estudada em cada detalhe”. Endossando o que o poeta declamou, a bela estudante de turismo Jéssica Marcelle Soares utiliza o segmento para colocar suas ideias em prática. Como se não bastasse a beleza gráfica harmonicamente aliada às idéias socialmente responsáveis, a menina levanta a bandeira da sustentabilidade sabiamente. “Atitude sangue bom é saber utilizar os recursos que a natureza nos oferece sem prejudicá-la”, garante. As facetas de turismóloga responsável e modelo promissora se encontram quando o assunto é o figurino escolhido para potencializar ainda mais a beleza de Jéssica: vestidos de algodão orgânico, camisetas 50% fibra de garrafa pet, entre outros artigos “verdes” deixam a Ragga Girl de novembro ainda mais admirável. Com apenas 18 anos, Jéssica já sabe bem o que quer: “focar-se na percepção de possíveis destinos turísticos, utilizando, de maneira eficiente, os recursos disponíveis para isso” e “conservar sua energia ao som de Metallica, Maroon 5 e Enya”. Afinal , a evolução só acontece a partir da diversidade, regra que se aplica não somente para a natureza, mas também para a vida.

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Graveola e o Lixo Polifônico lívia mendonça

luiza rabello

por Augusto Veloso

Algumas entrevistas eu nunca gostaria de fazer. É o caso de Graveola e o Lixo Polifônico, sexteto belo-horizontino que vem chamando atenção com shows divertidos e um belo disco de estreia. Conhecendo boa parte dos músicos há muito tempo, assim como a trajetória da banda, qualquer conversa que tivesse um rumo de uma entrevista formal poderia ficar despropositada. Só depois de uma noite e um dia "de delícias e loucuras" com as músicas deles é que me atrevo a escrever sobre o CD. Acontece que meu dedo coça muito para escrever o pouco que sei sobre eles e tenho vontade de gritar que eles são muito bons, mesmo fazendo uma MPB moderna, com algumas invenções meio malucas e o liquidificador como totem, para misturar todas as batidas. Augusto – A música que vocês fazem é bem diferente. Como vocês definem esse ritmo que tem samba, tango, Mangue bit e sininho de vaca? Marcelo – Viva o lixo polifônico! Yuri – Ah, nem! Já chegou nessa parte? João Paulo – Paraí, galera! (...) Barroco-beat é um dos nomes que a gente tem usado. Augusto – É com hífen isso? Barroco-beat? A faixa ‘Samba de outro lugar’ começa com uma ciranda e passa para um tango moderno para falar desse samba estrangeiro. O beat mesmo só começa na terceira estrofe, mas rapidamente dá lugar a uma mistureba roqueira no último refrão. É folclore popular, é Novos Baianos e é Mutantes; é Graveola. Já ‘Insensatez: a mulher que fez’ é um sambinha mais assumido. Nessa faixa, a letra é que faz as vezes de impressão digital da banda: "resolvi virar um guein guein guein (...)/então eu disse/ para, continua, continua, para, para, para, para, continua, continua, para". Graveola tem uma necessidade impressionante de embaralhar as coisas. É por isso que algumas músicas têm esse gosto de reciclado, de um certo déjà vu que te faz perguntar onde escutou aquilo antes. ‘Do alto’ pode ser frustrante para um fã radical de Tom Jobim, mas é capaz de agradar aos

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amantes menos exigentes. E vários outros nomes surgem entre as faixas do álbum. Augusto – Então, Zé do Poço é referência também? Luiz – Véi, cê não tá entendendo. Zé do Poço é a referência! Homenagem a Zé do Poço é a faixa ‘O quarto 417 (As aventuras de Dioni Lixus)’, contando muito mais em prosa do que em verso a história do "licor libidinal" de uma mulher de laranja. Falada é também ‘Chico Buarque de Hollanda vai à Copa de 2006’, e guarda ainda mais uma similaridade com a faixa anterior: são músicas visuais. E eu não estou falando só das belas projeções construídas ao vivo por videomakers estreantes nos shows de Graveola. A banda interpreta essas duas músicas se vestindo, se movimentando e teatralizando um gingado que o CD não é capaz de transmitir. O álbum deixa de fora coisas que somente o show e, em alguns casos, um DVD ao vivo poderia trazer. Ao tentar imprimir a energia que o grupo tem e a atmosfera que eles criam em um álbum, pode-se cair no erro de engessar todo o trabalho e deixá-lo sem graça, mas vale a tentativa. A banda é melhor ao vivo, mas ainda é muito boa em CD. Mas nem tudo se perde na transposição da música ao vivo para o CD. Existem faixas que mantêm toda a mágica que o Graveola consegue criar em seus shows. São exatamente aquelas em que a experimentação do grupo é mais presente. É difícil não se deixar levar por essas inovações que a banda propõe. Augusto – Peraí, isso aí não é de comer? Marcelo – Mas olha o som que faz! E já que é para experimentar, porque não experimentar com o brega ou mesmo fazer baladas pegajosas? A divertidíssima ‘Benzinho’ é a música para recomeçar a vida pós-término traumático de relacionamento. Vira hit instantaneamente. O mesmo acontece com a baladinha ‘Antes do Azul (papará)’: a música vai crescendo e você vai se deixando levar pelo dueto de José Luis e Luiz Gabriel até que o fim do refrão traga as surpresas que a voz de "Zélu" se encarrega de entregar.


Utopia! :: ouça em myspace.com/bandautopia O quarteto Utopia! (com exclamação, o que o diferencia da saudosa primeira formação dos Mamonas Assassinas) é uma das caras da nova geração de BH. Strokes e Los Hermanos são referências obrigatórias, mas a banda absorve também o novo rock inglês e também de BH. "Gostamos muito de bandas como o Impar, Monno, Transmissor", conta o guitarrista e vocalista Cido.

Na Rede Especial novas bandas de BH por Rodrigo Ortega

divulgação

No início de outubro aconteceu o festival Outrorock, com 16 bandas independentes de BH. O público encheu o quarteirão fechado da Savassi e assistiu a uma prova definitiva do potencial dos novos artistas. O Pílula Pop pega carona na ideia e propõe faixas-bônus para Outrorock. Bandas que não passaram por lá, mas estão a um clique de Colorido Artificialmente distância (e merecem estar na próxima edição do festival). :: ouça em myspace.com/coloridoartificialmente ‘A Tradicional Família Mineira’ é o melhor disco saído da Fadarobocoptubarão :: ouça em myspace.com/fadarobocoptubarao terra de Aécio Neves este ano. O disco de estreia do CoO trio que toca “rock direto, bruto, com cheiro de fumaça e hálito de lorido Artificialmente tem oito faixas carregadas de dissoquem tem problema no estômago” é mais uma empreitada de Porquinância, distorção e nostalgia. ‘A Casa do Sol’, com particinho, ex-UDR, o melhor pior grupo da história da música mineira. O grupação de Jennifer Sousa, do Transmissor, é o hit do ano na po “reiventa o rock e apresenta uma alternativa à onda de assassinatos cidade, toca sem parar nas rádios e deixou a banda miliode bebês-foca para esse fim de década”. nária (pelo menos numa realidade paralela onde o mundo é justo). Monograma :: ouça em myspace.com/monograma Há alguns meses, logo depois de terminar uma lista sobre novas bandas de BH, acabei me viciando em uma música que não entrou na edição final, mas é com certeza uma das melhores novidades de lá. É ‘Meias Trocadas’, do Monograma. Outro dia chegou no correio um simpático EP, ‘Conto do Faz de Conta’, com essa e mais quatro músicas do Monograma. Bearhug :: ouça em myspace.com/hugthebear Barulhos que viram músicas, passado que vira presente. É assim o “processo de composição” do Bearhug, se é que pode ser chamado assim. As músicas são resultados da transformação de “recortes incompletos e barulhos inaudíveis” a “canções que, para mim, fossem boas o suficiente para alguém ouvir”, como explica Cláudio Silvano, único integrante da banda.

DJ Michel Lara por Tomaz de Alvarenga

A música eletrônica tem várias vertentes, vários mistérios e algumas verdades. Outras caem por terra. Desde que o Kraftwerk surgiu, a música eletrônica tomou diversos rumos e hoje é manifestada das formas mais incríveis e improváveis. Uma delas pode ser conferida no set do DJ Michel Lara. Ele começou a tocar em 2002, se profissionalizou em 2007 e não parou mais. Já se apresentou em lugares tão diversos, a ponto de me fazer concluir: “Os mil caracteres deste espaço não honrarão tal trajetória.” Michel Lara lançou dois CDs. Ao lado de Felipe Generoso inseriu a gaita no house, já com Bernardo Brandão criou outra tendência dentro do estilo, com grooves e vocal chamado SSL. Para os leitores da Ragga, ele deixou este recado: “Em novembro, vai ser inaugurada uma boate em Belo Horizonte, e vou participar do projeto. Sua programação contará com top DJs internacionais, além de uma infraestrutura vista somente nas melhores boates do mundo. Espero todos

Saia da garagem! Convença-nos de que vale a pena gastar papel e tinta com sua banda. Envie um e-mail para redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br com fotos, músicas em MP3 e a sua história.

Vai lá: djmichellara.com.br

lá, pois esse é mais um passo da cidade rumo ao topo das cidades da música eletrônica”. divulgação

PRACTAASdAa \\


marc nolte/divulgação

Boate sustentável: dance por um planeta melhor

por Izabella Figueiredo

arquivo pessoal

Amplificadores de potências inimagináveis, caixas acústicas ensurdecedoras, equipamentos de luz exagerados e de altíssima potência, embora incrementem a noite dos baladeiros de plantão, consomem uma quantidade de energia excessiva, o que não é nada bom, principalmente num momento em que muito se tem discutido sobre o desperdício e as consequências negativas que ele pode gerar em nosso planeta. Então, já pensou em se esbaldar na balada e, de quebra, se sentir bem por estar contribuindo para um futuro sustentável? Na Holanda, agora, isso é possível! Conscientes de que nossas ações diárias têm impacto relevante sobre nós mesmos e sobre o mundo, a Watt, em Rotterdam, inaugurou neste ano a primeira pista de dança sustentável, que converte a energia dispensada pela galera enquanto dança em eletricidade pura. A eletricidade é usada para acender luzes coloridas e projetá-las por todo o lugar, inclusive num megatelão que mostra a quantidade de energia gerada na noite. Ou seja, quanto mais o pessoal dança, mais energia é produzida. A ideia é se divertir como sempre, mas, por lá, a diversão contribui para a saúde do planeta Terra.

Criação da Sustainable Dance Club (SDC), empresa fundada por engenheiros inventores e ecológicos, a Watt conta com espaço físico que comporta cerca de 1.400 pessoas por noite. É recheada de outras sacadas ecologicamente corretas, como os banheiros abastecidos por água da chuva e um bar onde tudo é reciclado. Os cientistas responsáveis pela pesquisas da Watt descobriram que a energia produzida por duas pessoas em movimento (cerca de 40 watts) é capaz de acender uma lâmpada e esperam que o dinamismo na pista de dança sustentável produza cerca de 10% da energia total do lugar. A SDC já comercializa a ideia para outras boates do mundo, afirmando que a pista pode ser usada em qualquer lugar onde existam pessoas dispostas a se divertirem com consciência. Tomara que a iniciativa não demore a chegar ao Brasil.

Esporte: Freerunning Modalidade: Freerunning (parkour) Cidade: Belo Horizonte, MG Idade: 22 anos Altura: 1,67m Peso: 64kg Naturalidade: Belo Horizonte, MG Por que pratica? Sou fanático desde pequeno por saltos acrobáticos. O freerun me permite desenvolver o corpo, a mente e a criatividade de uma forma divertida e desafiadora.

João Flávio Baêta

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Compete desde: Setembro de 2008, apesar de o meu foco maior não serem competições.

Metas para 2009: Aprender o máximo de habilidades possíveis e continuar divulgando o parkour e o freerunning de uma forma positiva.

Melhor resultado em competições:

11º no Campeonato Mundial de Freerun, em Londres (2008) Contato: (31) 8603.7565 joaoflavio@pkmaxparkour.com

Atenção, atleta em busca de patrocínio, cadastre-se na seção Adote um Atleta no portal Ragga (revistaragga.com.br), ou escreva para: redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br



paulo de araújo/cb

maneiras de mudar o mundo

top 10

Poluição, buzinas, desperdício, depressão e tempestades monstruosas. O mundo está desabando, e nós, terrestres, assistimos a tudo pela televisão. A verdade é que ainda há esperança, um filete de luz no fim do túnel. Seja dançando mais ou consumindo menos, aqui vale uma frase que roubamos do Orkut de alguém (e que dizem ser do Chico Xavier): “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”. Vamos juntos!

1°Vá de bicicleta

_Que tal poluir menos, meu amigo? É bom que assim você exercita as pernas, a mente, os braços e a sua liberdade. Deixe o carango para quando for levar a gatinha no cinema.

2°Cante (e faça xixi) no chuveiro

_ Quem canta os males espanta. E quem faz xixi no banho economiza a água da descarga.

3°Limpe o cocô do cachorro

_ Ou seu animal de estimação vai começar a achar que o cachorro da relação é você.

4°Sorria mais

_ Nada de economizar sorrisos. Sorria para os outros, para o mundo, para tudo e, sobretudo, para si mesmo!

último ranking Vanusa cantando o hino nacional

5°Respeite as filas

Caiu na internet, não tem volta. Seja um vídeo, uma foto ou uma frase qualquer no Twitter. Você pode até processar, mandar capar ou mudar para uma ilha deserta. Nada adianta. Na última Ragga, a gente perguntou: quais são os 10 maiores vacilos na internet? Você respondeu, e nós temos o pódio. Olha aí:

6°Dance mais

1º) Vanusa cantando o hino nacional (27%) 2º) Xuxa destratando criança (14,71%) 3º) Cicarelli com o namorado na praia (11%)

_ Você não está mais na quarta série para sacanear seu amigo gordinho na fila da cantina, né?

_ Forró, salsa, vinheta de propaganda, tango, mambo, samba, bamba, toque polifônico e o que aparecer. Dance mesmo que isso faça você parecer um completo idiota.

7° Não estacione em fila dupla ou ultrapasse pelo acostamento

_ Todos nós sabemos que você está superatrasado, mas, se todo mundo andar na linha, tudo vai funcionar perfeitamente. Eu acho.

8°Seja gentil

_ Cumprimente as pessoas à sua volta, não ameace flanelinhas folgados com uma faca e pegue mais crianças no colo. Mas, tenha moderação. Gentileza em demasia não funciona.

9°Faça amor

_ Com carinho, de ladinho e com jeitinho. Quem faz amor, perpetua o amor. Espalhe a palavra. E use camisinha.

10°Economize

_ Água, sacolas de plástico e assuntos pouco interessantes. Vamos deixar o mundo livre dos excessos.

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Depois de proclamar os campos límpidos e bandeiras risonhas em baforadas alcoólicas – ela jura que foi culpa de um remédio –, a musa do iê,iê,iê nacional, Vanusa, conseguiu emplacar, mais uma vez, seu nome nas manchetes dos grandes jornais. Diante de quase 2 milhões de visitas no vídeo em que ela canta o hino, o primeiro lugar neste pódio é mais do que merecido. Em segundo, vem a nossa querida Xuxa. O que não falta no YouTube são vídeos da Rainha dos baixinhos exercitando sua gentileza ímpar com a molecada frenética. Em todo caso, a gente entende tamanha impaciência. Aguentar 50 crianças correndo de um lado para o outro no estúdio é um mérito inerente a grandes figuras da humanidade, como Dalai Lama e Raul Gil. Por fim, mas também com sua dada importância, Cicarelli. Essa aí se enfiou – literalmente – com o namorado nas marolas de uma praia e achou que ninguém ia perceber o seu, digamos, gingado. O resultado foi um dos vídeos mais picantes do YouTube e uma série de processos movidos contra o site. A vida é dura, né? Ela que dá e nós – internautas – é que saímos fodidos. Ui.


JÁ INVENTARAM

por Izabella Figueiredo

De raiz!

Aromaterapia digital O Scent Drive é um pen drive com 4GB de memória que possui uma característica pra lá de especial: libera essências de aromaterapia quando plugado ao computador. Basta colocar algumas gotas de seu perfume favorito em um compartimento do dispositivo. A ideia foi tão bem aceita que grandes empresas, como a Jean Paul Gaultier, já estão providenciando pen drives com fragrâncias próprias. Na gringa por $ 43

Famoso por temperar as refeições orientais daqueles que possuem paladar para enfrentar sua “refrescância”, o Wasabi (ou raiz forte) chegou até o mundo das guloseimas. Com essa goma de mascar você não precisa de mandar aquele sushi para vivenciar a ardente experiência. Na gringa por $ 7

Saudosas Polaroids

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Conhecida do público por suas clássicas câmeras de revelação instantânea, a Polaroid, tentando acompanhar a evolução, lança sua primeira câmera digital com impressora embutida. Em cerca de 60 segundos e com as medidas de 5x8 cm, você tem suas fotos em mãos. Na gringa por $39.99

É hora de relaxar O “Stresswatch” é um relógio que indica o seu nível de estresse por meio da medida da pulsação do dono. Se o fundo do relógio está azul e verde, quer dizer que você está tranquilo e sereno, mas se, de repente, ficar rosa ou vermelho, é porque está na hora de dar uma pausa no que estiver fazendo e respirar fundo. Na gringa por $23

divulgação

JOÃO KLÉBER

Famoso também pela amizade que mantinha com o expresidente Fernando Collor, João Kléber marcou – com o mau gosto – a história da televisão brasileira ao testar namoros e casamentos no pitoresco quadro 'Teste de Fidelidade'. Casais quebravam o pau em rede nacional e o apresentador, com sua risadinha inconfundível, via o circo pegar fogo. E a audiência subir. Vídeo-cassetadas também recheavam seu programa na 'Rede TV'. Mas, de uns anos pra cá, João Kléber sumiu. Será que ele está na casa da Dinda? Se você tem uma pista, escreva para: redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

Se lembrar de mais alguém que um dia foi reconhecido pelas ruas, mas hoje inexiste no imaginário popular, nos avise.

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PERFIL

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LEVANTAMOS O PERFIL DA

CONCORRÊNCIA

por Sabrina Abreu fotos Roberto Assem

Paulo Lima, editor das revistas Trip e TPM, conta como virou referência em comportamento e comunicação jovem, ao mesmo tempo em que admira e dissemina valores milenares Dizem que entrevistadores não se sentem confortáveis ao serem entrevistados. Por suas contas, Paulo Lima deve ter feito, pelo menos, uma entrevista por semana, ao longo de 25 anos. Mas as 1,2 mil vezes em que foi o responsável pelas perguntas não o deixou menos aberto para se revezar no papel de quem dá as respostas. Na verdade, o que importa para o fundador e editor das revistas Trip e TPM é o diálogo. No fim de tarde em que nos recebeu, na sala de onde comanda a Trip Editora – que também publica revistas customizadas para empresas como Daslu, Itaú Personalité, Gol, Natura, entre outras – a conversa durou duas horas e meia. Nesse tempo, sem pressa, Paulo Lima formulou explicações sobre como buscar a independência é uma ideia ultrapassada. “O importante é a interdependência”, resume ele. Foi por isso que surgiu a iniciativa de fazer uma parceria com o colégio de freiras ao lado da sede de sua empresa. Agora – apesar de alguém talvez pensar que seja brincadeira –, ele só espera o outro estabelecimento vizinho, uma padaria ainda em construção, inaugurar para saber que tipo de cooperação pode ser feita. Ao longo de sua vida e de viagem em viagem, Paulo Lima aprendeu a dar valor ao que não pode carregar. Do budismo, veio a inspiração para os doze tópicos que resumem os valores de sua vida e de seus negócios. São temas ligados ao que há de mais simples: corpo, alimentação, trabalho, sono, teto, saber, liberdade, biosfera, conexão, diversidade, acolhimento e desprendimento. De frente para ele, fica mais fácil acreditar que é possível que todos, um dia, possam conseguir desfrutar do que é mais básico e humano – do alimento à profissão. Longe da utopia e perto do trabalho, Paulo Lima faz a sua parte para que isso se torne verdade. Numa entrevista, você disse que era um antropólogo frustrado. O que um antropólogo em potencial foi fazer na escola de direito? Pois é [risos], isso é muito fácil de explicar. Quando fiz vestibular para direito, eu tinha 16 anos. Em 1978, ainda estava diante de poucas opções, por incrível que pareça. Não faz tanto tempo assim, mas as opções eram infinitamente menores. Já existiam as escolas de jornalismo, administração, marketing. Mas, primeiro, eu era muito novo para compreender que tipo de

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decisão estava tendo que tomar. Além disso, hoje percebo que nenhuma daquelas escolas ofereciam o que eu queria de fato. O que eu queria era trabalhar com a diversidade, com aquilo tudo: administração, jornalismo, marketing, comunicação e, até, com direito. Meu pai é advogado, meu irmão estava naquela faculdade, fui junto. Como as revistas começaram a aparecer? No final do segundo ano da faculdade, aos 19 anos, comecei a trabalhar com jornalismo e publicidade, fazendo revista. Procurei montar no cavalo que passou, e não era um grande cavalo: meu primeiro emprego nessa área foi ajudante de vendedor de publicidade, em São Paulo, de uma revista que era do Rio de Janeiro, a ‘Visual Esportivo’. Era uma revista muito interessante, que antecipou um monte de coisas, começou a tratar os esportes extremos ou radicais de uma forma organizada, mostrando que eram mais que esporte, mas um tipo de gente se expressando ali, para falar um mesmo discurso.Essa oportunidade passou na minha frente. Sempre gostei muito de esporte e de comunicação. Colecionava revistas e tinha uma ligação muito próxima com o mundo da mídia. Depois de ser ajudante de vendedor, qual foi seu próximo passo? Passei a vendedor, porque a pessoa

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que fazia isso desistiu, disse: “Não vou ficar nesta roubada” [risos]. Ele me passou uma malinha. Eu estudava, jogava pólo aquático e fazia umas visitas para tentar vender publicidade. Os anunciantes de confecções pequenas, diziam: “Não tenho um anúncio, você não quer me ajudar a fazer?”. E eu comecei a fazer os primeiros anúncios. Depois que começaram a anunciar, passaram a pedir também conteúdo de São Paulo: “Não dá para anunciar numa revista que só fala do Rio”. Aí o pessoal da revista me autorizou a fazer algumas matérias. Comecei a escrever, a fotografar um pouco e, principalmente, a achar gente. O grande ativo da Trip é essa capacidade de atrair gente legal: personagens, colaboradores e gente que trabalha aqui. Todo esse pessoal é atraído por nossos valores, que são primários no melhor sentido da palavra. Fiquei nessa revista por quatro anos e meio, na metade desse processo, a gente abriu um escritório. O Califa [Carlos Sarli, diretor superintendente da ‘Trip’], que está comigo desde 1983, aparece nesse processo. Ele era meu amigo da praia, chamei para trabalhar na ‘Visual’ e está comigo até hoje. A gente queria as mesmas coisas da vida. O Califa morava em Santos e estava vendo uma possibilidade de um trabalho num banco. Veio a São Paulo para uma entrevista de emprego. Chegou adiantado e resolveu me fazer uma visita no escritório da ‘Visual’. Nunca mais saiu. Depois surgiu a ‘Trip’. A gente fazia uma parte importante do trabalho na ‘Visual’, vendia boa parte da publicidade, cuidava da impressão e de uma parte razoável do conteúdo. Mas chegou uma hora em que a gente não acreditava mais no produto que vendia. Isso é a pior coisa do mundo. A gente via que o mundo estava mostrando para as pessoas que havia um campo aberto para um novo jeito de viver. Foi nessa época que as viagens ficaram mais baratas, a informação passou a circular um pouco mais, o mundo estava se abrindo. Então, a gente percebeu que o mundo estava acenando e dizendo: “Olha, vou acontecer”. E já tinha muita gente interessada nisso. O modelo que era vivido pelas pessoas até os


Mas isso ainda é muito sofisticado, para poucos, não é? Com certeza, se você olhar para o Brasil, a maioria ainda está atrás do prato de comida. E muita gente que tem o que comer e como estudar, ainda está nessa de “vou conseguir minha independência”, quando, na verdade, hoje, o importante é a interdependência. Demorou muito para o ser humano perceber que o ideal não é a independência – não preciso de você ou de ninguém, tenho meu emprego na Caixa Econômica. O legal é depender e lidar com isso de forma inteligente, aproveitar seu tempo na Terra, na vida, no trabalho, de uma maneira que isso não apague a chama humana, não oprima suas características mais importantes de verdade, a capacidade de viver como alguém que consegue transmitir coisas positivas, que não está como um doente, atrás de um suposto equilíbrio. A estabilidade é contrária à condição humana. O ser humano não é estável, ele é um saco de coisas vibrando, suscetível a tudo. Bate um vento, dá uma chuva, muda tudo. Pensando nisso, o sucesso não tem a ver só com a vida financeira. Quem ainda acredita que o dinheiro é a solução precisa urgentemente repensar isso. Claro que o dinheiro é importante. Primeiro, para lhe afastar da miséria. Depois, para lhe aproximar da generosidade. O dinheiro é muito legal para construir coisas, fazer coisas legais

para a humanidade. Pode parecer uma coisa meio utópica, mas é nisso que eu acredito. Mas em que dia você se deu conta de que era bem-sucedido em relação ao dinheiro, um empresário bemsucedido, dono de uma marca valiosa? Uma das coisas maravilhosas que aconteceram na minha vida, nessa profissão, foi quando tive a oportunidade de juntar Vik Muniz com Gary Lopez. O Vik Muniz é um artista plástico incrível e o Gary Lopez é para o surfe mais ou menos o que o Dalai Lama é para o budismo, uma figura emblemática, um cara que entendeu bem a atividade humana no mundo, um havaiano que hoje mora no Oregon, nos Estados Unidos. Tive a chance de ver o encontro dos dois e entrevistá-los em Nova York. Gary perguntou para Vik como ele fazia imagens tão elaboradas e, ao mesmo tempo, tão simples, que transportam as pessoas para o outro mundo. Ele respondeu: “do mesmo jeito que você surfa”. Longe de querer me comparar com esses caras, como a gente estava querendo só surfar, ou só fazer as imagens que queria fazer, a gente nunca parou para pensar: “Puta, que legal, hoje a marca vale x milhões”. Qual é o segredo para se comunicar bem com o público jovem? Acho que o que conseguimos fazer foi manter o espírito independente. Primeiro, a ‘Trip’ não é ligada aos interesses que movem boa parte das revistas. Uma parte importante da mídia, por ter que atingir metas ou fazer parte de grupos enormes – que têm compromissos a cumprir com acionistas, marcas, resultados, bolsa de valores, capital aberto –

A estabilidade é contrária à condição humana. O ser humano não é estável, ele é um saco de coisas vibrando, suscetível a tudo. Bate um vento, dá uma chuva, muda tudo

acaba tendo, dentro da situação que construiu, objetivos diferentes. Nosso objetivo aqui não é fazer as pessoas migrarem para determinado tipo de consumo ou interesse, como vejo acontecer noutros veículos de comunicação. Nosso negócio ainda é bastante puro, no sentido de fazer as pessoas refletirem sobre questões relevantes, se moverem pelas questões mais básicas do ser humano. Se você olhar os doze tópicos da ‘Trip’, são as coisas mais simples da vida. A gente busca um extrato do que produz esperança na vida das pessoas. Isso se aplica também às revistas customizadas? Parece um paradoxo. Mas a empresa está dividida em duas partes: uma que desenvolve sua própria marca, suas próprias crenças e exercita isso em forma de publicações, eventos e conteúdo que transmite para vários veículos. A outra parte é a que constrói marcas para os outros. Tanto numa coisa quanto na outra, os valores são os mesmos. Dei entrevista nestes dias e o repórter perguntou: “Alguma vez vocês recusaram publicidade ou a fazer alguma revista customizada?”. Sim, teve. Quando os valores da empresa eram antagônicos aos nossos. Isso não quer dizer que a gente não possa trabalhar, conviver e gostar de quem pensa diferente. Uma das coisas que mais me movem aqui é, justamente, poder trabalhar com o diferente. Fazendo a ‘Trip’, aprendo coisas que, depois, transfiro para as marcas dos nossos clientes. E trabalhando para nossos clientes, aprendo muitas coisas que depois transfiro para nossas marcas. Se fosse só um ou outro, seria bem menos interessante. Sobre os ensaios sensuais que saem na revista, alguma vez você se perguntou Snowboard no Chile

arquivo pessoal

anos 1980 era um modelo muito pobre, tinha que batalhar no vestibular, para depois se matar na faculdade, depois arrumar um emprego e nesse emprego superar os outros caras daquela organização para conseguir, no fim dessa corrida, um troféu que era o seguinte: uma casa, um carrinho na garagem e umas férias não sei onde. De alguma forma, a Trip percebeu que há outro modelo possível de vida, que queríamos para nós mesmos e imaginávamos que muita gente quisesse. Era uma intuição. Hoje, vejo com clareza. Ficou tão forte. Vejo que os caras de RH de empresas grandes, atualmente, têm uma vida dificílima, porque atrair e manter pessoas bacanas é muito difícil, porque essas pessoas querem ser felizes, querem uma carreira com a qual elas possam expandir seu potencial, mas querem também tempo para viver, ter um corpo decente, ver os filhos mais e melhor.


se isso é legal ou não, por causa desse discurso todo, do budismo, da ideia do corpo como algo sagrado? Para fazer uma revista durar um quarto de século como importante, a gente tem que se questionar a todo o momento – o nome revista tem a ver com isso, você está revendo tudo sempre. Nossa equipe sempre teve a mesma conclusão: a forma de olhar para o corpo feminino da ‘Trip’ é altamente saudável, é nisso que a gente acredita. Não há nenhuma incongruência ou contradição: esse tipo de foto da sensualidade feminina e masculina [no caso da ‘TPM’, revista feminina da editora] só reforça nossos valores. O nosso olhar, na minha opinião, que pode ser suspeita, sempre foi leve, positivo. A ‘Trip’ vê a mulher de uma forma sagrada, com admiração. Algo que você realmente admira no melhor sentido da palavra. O ensaio que a gente faz é sensual, mas não é grosseiro, cafajeste, explorador, aviltador, não coloca a mulher numa opção de coisa. Deixando a modéstia de lado: é arte, é parecido com o que os melhores fotógrafos de arte fizeram com o corpo feminino e masculino. Quais revistas fizeram sua formação como leitor? Um detalhe importante é que a minha mãe se formou em jornalismo – e também em outras coisas, mas ela fez jornalismo na Casper Líbero. Então, sempre teve muito interesse pela informação, conhecimento formal, livros, leitura. Ela colecionava a ‘Revista Realidade’, que foi a grande revista de reportagem daquela época, décadas de 1960 e 1970. Eu era pequeno, nasci em 1962, mas lembro que via essa revista na minha casa. Durante anos, meu pai assinou a ‘National Geographic’. Me encantava a ideia de um grupo, de pessoas que se juntavam para descobrir o mundo literalmente e para passar aquilo para o resto da humanidade. Depois, uma revista de surfe, a ‘Brasil Surf’, que foi uma revista feita em 1974, no Rio de Janeiro, por uns caras que ainda estão aí, como o Alberto Pecegueiro, presidente da Globosat. Ela também foi feita por um grupo de pessoas do Rio. A gente ouve muito falar que “a Internet vai matar o papel”. Você se preocupa com isso? Não tenho apego com o papel, não [risos], apesar de achar

um barato como suporte. O papel é muito portátil, inquebrantável, já existe tratamento para que seja à prova d’água. Primeiro, acho que [o papel] não vai sumir. Mas minha energia, atenção, foco, e das pessoas que estão aqui, não é no suporte, é na emoção que está no conteúdo. Ao mesmo tempo, não dá para não observar o quanto é divertido brincar com outros suportes. Baixar um livro por três, quatro dólares instantaneamente, no Kindle, sem ter que se deslocar e poder ler isso no trem. Tenho o mesmo tesão de postar algo no Twitter, como eu tenho de fazer uma matéria. Então, se amanhã estiver tudo no Kindle, por um lado vai ser maravilhoso: vai ser mais rápido publicar os textos. Como começou a gostar de viajar: foi culpa dos pais, ou da ‘National Geographic’? Dos dois jeitos seria culpa dos meus pais. Meu pai é advogado e minha mãe é formada em jornalismo, letras e filosofia. Então, vamos dizer assim, são intelectuais. Eles sempre mostraram para mim, principalmente pelo jeito como viveram, que é muito mais importante desfrutar e conhecer do que ter e acumular. Eles viajam muito até hoje, viajavam em épocas muito mais complicadas, foram para a Rússia, quando isso era uma coisa quase impossível. Além disso, o surfe também é razão para gostar de viajar, um excelente pretexto para ir para outros lugares e interagir com outras culturas. Por causa do surfe, fui para a Ásia pela primeira vez, fui para o Havaí, e para lugares que talvez eu não tivesse tido o privilégio de conhecer por outra razão. Viajar é um dos jeitos mais eficientes, baratos e rápidos de aprender sobre o ser humano. No fim, é sempre isso que me interessa. Você consegue delimitar: agora, estou trabalhando, agora, não estou trabalhando? Não existe isso. Acho uma pena que seja assim, reconheço que ainda associamos a ideia do trabalho ao sofrimento. Mas acho que está mudando. Vejo que a moçada, em alguma medida, está vivendo com outros objetivos. Quando percebe isso, vê um pouquinho do seu dedo? Talvez seja muita pretensão. Mas acho que a gente, pelo

fotos: arquivo pessoal

O surfe também é razão para gostar de viajar, um excelente pretexto para ir para outros lugares e interagir com outras culturas

No mar de Lance’s Left, na ilha de Sumatra, Indonésia

Em Cabo Verde, na África: viagem com o amigo fotógrafo de surfe, Anselmo Vernansi



No Nepal

kiko ferrite

arquivo pessoal

Na ‘Trip FM’: entrevistando Constantino Júnior, presidente da Gol Linhas Aéreas

Viver é uma experienciazinha muito boa e muito sofrida também. Dramática, num certo aspecto, maravilhosa, em outro menos, teve coragem de fazer isso com nossas próprias vidas. Todo mundo que está aqui optou por isso. Teria sido, em alguns sentidos, mais fácil se eu tivesse seguido a carreira de advogado, ou outras carreiras que apareceram para mim nestes anos todos, como convites para dirigir uma divisão da Editora Globo ou para fazer um programa de televisão. Mas procurei ficar com minha coerência e tive coragem para tomar essa decisão. Mas daí até achar que a gente ajudou a fazer esse momento, não. Aconteceu naturalmente de as pessoas verem que aquela corrida maluca não dava em nada. No rádio [durante o Trip FM, programa que existe desde 1984], você parece ser amigo de muitos dos seus entrevistados, que dizem: “lembra aquele dia na casa de não sei quem”. É isso, mesmo? Neste tipo de entrevista você tende a falar das coisas mais gostosas e inspiradoras, mas é preciso tomar um pouco de cuidado com a construção de mentiras. Tipo: minha vida é legal, graças a Deus é muito legal, muito prazerosa, mas ela é muito parecida com a sua... A minha também é superlegal. ...e, talvez, com a do cara que está dormindo ali debaixo de chuva. Isso é uma coisa que a gente aprende na vida, entrevistando gente. O que interessa mesmo é que todo mundo é mais ou menos a mesma coisa. Viver é uma experienciazinha muito boa e muito sofrida também. Dramática, num certo aspecto, maravilhosa, em outro. Sou um cara que tem problemas, tem necessidades como todo mun-

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do. Para mim, seria ótimo vender uma coisa assim: ando a meio metro do chão. Bobeira, estupidez, sou um cara que tem problemas, tem necessidades como todo mundo. Claro que com mil privilégios: primeiro, sempre tive o que comer, depois acesso à educação. Depois, encontrou o Dalai Ilama. Encontrei, pessoalmente. Encontrei você, encontrei minha filha, minha mulher, o [Fernando] Luna [diretor editoral da Trip Editora], que é uma pessoa ótima, encontrei o porteiro, e tirei uma com a cara dele, porque neste mês ele apareceu na revista. Acho que você é tudo isso. Os amigos são a mesma coisa: quando você deixa claro quem você é e no que você acredita, atrai gente que se identifica com esses valores. Você fez inimigos também? Nesta semana vi uma menina de 7 ou 8 anos que deu uma facada nas costas da outra. Isso, graças a Deus, nunca tive [risos]. Acho que é natural ter pendengas na vida. Mas, em geral, é outra coisa gostosa: a gente não é muito competidor frontal de ninguém, não está numa disputa acirrada. Gera mais coisas boas do que ruins. E ter uma empresa no Brasil é muito difícil? Muito [risos]. Até hoje, quando alguém vem aqui pedir conselhos, tenho uma séria dificuldade em recomendar o que as pessoas devem fazer. Melhorou demais, mas ainda tem problemas muito sérios. A legislação é obsoleta, principalmente, na área trabalhista e tributária. O

Estado é quase que um inimigo do empreendedor. Mas tem o lado fascinante da obra, de construir, colocar alguma coisa de pé, empregar e espalhar benefícios. Essa deveria ser a função da empresa. Temos parceria com o vizinho, que é um colégio de freiras. Fomos lá perguntar se não tinha um projeto para poder participar. Agora, estou esperando a padaria do outro lado ficar pronta, para fazer parcerias também [risos]. Os dez primeiros anos da Trip como empresa foram muito difíceis. No nosso caso, o que segurou foi que era uma coisa tão alinhada com nosso sonho, que aguentamos o tranco. Se não for o que você quer, você desiste: fica sem grana muito tempo, fica apanhando, trabalha muito. Não tem o fruto concreto daquilo, mas tem o espiritual. Também, vê no processo aqueles frutos que não se guarda no banco, mas no coração. Aquela história que o mais importante é o caminho. É, total. Se o caminho for bom, você aguenta um buraco ou outro, o sol batendo na cara. Para nós, o processo é bacana, não é só o que vem no final. E a viagem tem muito a ver com isso: o legal é a viagem, não é chegar ao destino, é o fazer, o entrar em contato com o novo. Disso a gente gosta tanto que transforma a dificuldade em algo que possa até gerar algum prazer.

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por Alex Capella

Passarela do chope

O Albano’s, que há 13 anos reina absoluto quando o assunto é chope no Anchieta, acerta os detalhes do projeto para inaugurar, nas dependências do sobrado amarelo, localizado na esquina da rua Rio de Janeiro com Tomás Gonzaga, em Lourdes, a sua segunda unidade. Eleito, por diversas vezes, o melhor chope da cidade, a casa vende cerca de 16 mil litros da bebida por mês. A inauguração da choperia vai movimentar ainda mais a rua Rio de Janeiro, que já conta com o renovado Bar do Lopes, com o Assacabrasa e com O Braça .

Álcool derramado

fotos: divulgação

Por falar em movimento, os proprietários do bar O Braca tentam manter o nome do estabelecimento. O que seria uma homenagem ao Bar Bracarense, tradicional reduto dos apreciadores da loura no descolado bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, transformou-se em incômodo. Os cariocas não gostaram e já colocaram um advogado no caso para avaliar a situação da “filial” mineira. Ao que parece, apesar dos esforços dos empresários mineiros, O Braca vai ter de mudar de nome. Caso isso ocorra, será a segunda vez que os sócios se envolverão num imbróglio por causa de um nome, vamos dizer, inspirado no clima carioca.

Ela é Carioca... A Empada Carioca, maior rede do segmento, com 80 lojas e presente em oito estados brasileiros, chega a BH. A primeira loja será aberta, neste mês, na Rua Paraíba, 1400, na Savassi. Serão 22 sabores de empadas, entre salgadas e doces, além de massas e sobremesas. Vale a pena experimentar!

Pisada ambiental A Goóc acaba de bater a marca de 2,5 milhões de pneus reciclados voltados para a produção de sandálias, bolsas e mochilas. Desde 2004, ano de sua fundação, a empresa já cresceu cerca de 300%. Minas Gerais é o segundo mercado da empresa, atrás apenas de São Paulo, com aproximadamente 400 pontos de venda, sendo 200 na Grande BH. Até o final de 2014, ano que o Brasil receberá a Copa do Mundo de Futebol, a Goóc prevê a produção de 20 mil pares das chamadas Eco Sandals, tornando o país referência mundial em reciclagem de pneus.

Presente de Natal

História real Iniciativa da Câmara de Turismo da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), o Instituto Estrada Real (IER) acaba de completar 10 anos. A partir 1999, o IER iniciou um trabalho de mapeamento de toda a rota de 1.630 quilômetros que cortam os 199 municípios do circuito cultural e histórico. Ao todo, foram instalados 1,9 mil marcos no eixo principal e 787 placas rodoviárias na área de abrangência, possibilitando o acesso e o desenvolvimento turístico e econômico de toda a região.

Brasilidade

A Faculdade IBS acaba de lançar o seu novo site. Com um design moderno, dinâmico e mais funcional, a página, além de facilitar a relação do aluno com a instituição, traz também notícias do mercado. O projeto foi desenvolvido pela TNCOM Comunicação, em parceria com o departamento de marketing da faculdade e os alunos. No site, assim como no 08009412999, os interessados também terão todas as informações sobre o vestibular, que acontece no dia 22 de novembro. Os primeiros colocados no vestibular garantem bolsas de estudo. O endereço do site da Faculdade IBS é o www.ibs.edu.br.

A partir de dezembro, o Grupo CRM, que controla a marca de chocolates Kopenhagen, concentrará toda a sua produção na cidade de Extrema (Sul de Minas). Com cerca de 600 funcionários, a nova unidade, fruto de um investimento de R$ 70 milhões, já produz as marcas Brasil Total e DanTop, linhas mais populares do grupo. A linha da sofisticada Kopenhagen será a última a deixar a fábrica de Barueri, em São Paulo. Com a mudança, a expectativa é de que novos postos de trabalho sejam criados. Os mineiros agradecem.

Mais um E para engrossar a agitação na Rua Rio de Janeiro, mas na esquina com Antônio Aleixo, o grupo Rede Gourmet (Santafé, Germano, Olegário Pizza, Udon e Villa Madalena) também investiu R$ 800 mil no bar temático Armazém Medeiros. A proposta da casa é fazer um resgate histórico, tanto da arquitetura do local quanto da cultura dos antigos bares e armazéns da capital mineira. No cardápio uma grande variedade de carnes como cordeiro, javalis e codornas, tudo na grelha.

A coluna Scrap S/A foi fechada no dia 20 de outubro. Sugestões e informações para a edição de dezembro entre em contato pelo e-mail da coluna.


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