Ragga #31 - Privacidade

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revista

OUTUBRO . 2009 . ANO 4

não tem preço

revistaragga.com.br

#30

OUTUBRO.2009

Bernardo Biagioni encarna o insano fotógrafo "Angel Fuwididoun"

PRIVACIDADE, ESSA PALAVRA Duelo Paparazzo e uma celebridade na noite de BH Exposição Nasi fala de brigas familiares, velhos vícios e novas histórias Álibi Empresa vende boas desculpas para adúlteros e afins








BELO HORIZONTE (MG): BH Shopping (31) 3286 3048 Pátio Savassi (31) 3284 7398 Minas Shopping (31) 3425 2980 BALNEÁRIO CAMBURIÚ (SC): Balneário Camburiú Shopping (47) 3062 8111


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EDITORIAL

Filma nóis! Estima-se que 11 milhões e meio de pessoas utilizam a plataforma do Twitter para relatar seu cotidiano a milhares de outras pessoas todos os dias, o Big Brother e outros reality shows são sucesso em todo o mundo, o índice de uploads está superior ao índice de downloads. Esses são alguns exemplos de exposição da privacidade por vontade própria, resultados que provam que grande parte das pessoas querem, sim, um holofote na cara. Por outro lado, o mundo segue para um caminho no qual quem prefere a luz apagada não tem mais tanta escapatória. Um cidadão comum morador de uma grande cidade, em sua rotina diária, é filmado em média por cinco câmeras. Quer encontrar ou ter notícias de alguém que não vê há muito tempo? É só jogar o nome da figura no Google, (mas cuidado, a figura pode ser você). O GPS do seu carro também é outro grande canguete. É, meu amigo, o olho que tudo vê parece ter saído da ficção do 'Senhor dos Anéis' e invadido a vida real. E é exatamente disso que falamos nesta edição. Quais são os limites da privacidade? Vantagem para alguns, pesadelo para outros, a verdade é que nunca fomos tão expostos. Na tentativa de escapar do grande olho, Bernardo Biagioni correu para um mosteiro e parece ter se camuflado bem, já o Raul não escapou das lentes de um paparazzi lunático flagrado pelas lentes de Carlos Hauck em um ensaio fotográfico, que de tão bom, roubou 12 páginas da edição. Alex Capella apresenta uma boa maneira de escapar do grande olho, mas nesse caso, o olho é o da patroa. Ainda tem Downhill no morro, Ragga Girl, Campeonato Mineiro de Surfe e muito mais. Se você estiver lendo este editorial na revista impressa, menos mal. Mas se estiver lendo a versão digital, sentadão aí na sua casa, sem camisa, comendo aquele passatempo recheado, acho melhor ir desligando a web cam. Lucas Fonda :: Diretor Geral lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br

BÚSSOLA Morro abaixo

18

Comunidade Santa Marta, no Rio, recebe competição de bike

Lente indiscreta

28

Paparazzo imaginário à caça de uma celebridade na noite de BH

Crime perfeito

40

Imagine um escritório que ajude os outros a trair? Ele existe

Ensaio sobre a loucura

42

On the Road chega à Barbacena


já é de casa destrinchando estilo

14

quem é ragga

46

56

58 ragga girl: patrícia andrade 62 na gringa // ska na letônia

52

68

cultura pop interativa aumenta o som

72

74

bruno senna

eu quero! // privacidade

passando a bola

No início, era a jogatina

50

Um pouco da história do Museu de Arte da Pampulha

Homens ao mar

68

Campeonato Mineiro de Surfe chega à terceira edição

Confissões de Nasi

76

Sobre brigas familiares, socialismo, super-heróis e outras histórias


cartas Arnaldo Baptista Pedro Artur // por e-mail Bruno, parabéns pela entrevista com o Arnaldo. Gol de placa! Com boas perguntas, você mostrou que realmente conhecia o entrevistado. Como dizia Ernest Hemingway, “não se pode escrever sobre aquilo que não se conhece”.

Valeu, Pedro. Para mim foi um prazer entrevistar o eterno mutante. Abraços. Anne ilustradora Camila Andrade // por e-mail Adorei as ilustrações da Anne Pattrice. São muito fofas! Beijos. Fernanda Dupin // via Twitter Anne, amei suas ilustras ragguísticas! Sônia Helena // via Twitter Anne Pattrice, 25 anos, ilustradora e um case de sucesso.

Fico bem feliz, galera. Fiquem de olho no meu twitter, estou retomando minha carreira de humorista. Beijos. Quero ser hippie! Ivan Carrasco // por e-mail Muito doido o On the Road em Santo Antônio do Leite. Não sabia da existência desse lugar. Agora, estou até planejando passar uns dias por lá.

Fala, Ivan! Vale a pena mesmo conhecer. É um lugar especial... Abraços. PALHAÇADA Nick Piercing // via Twitter Adorei a revista deste mês (que peguei atrasado, para variar). Palhaços e ensaios sensacionais. Esse Bruno Senna é foda demais.

Obrigado, Nick! Dá uma olhada nos trabalhos do Bruno aqui: brunosennaphotos.com.

expediente DIRETOR GERAL lucas fonda [lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING bruno dib [brunodib.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR FINANCEIRO josé a. toledo [antoniotoledo.mg@diariosassociados.com.br] ASSISTENTE FINANCEIRO nathalia wenchenck [nathaliawenchenck.mg@diariosassociados.com.br] GERENTE DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING alessandra costa [alessandracosta.mg@diariosassociados.com.br] EXECUTIVO DE CONTAS lucas machado [lucasmachado.mg@diariosassociados.com.br] PROMOÇÃO E EVENTOS cláudia latorre [claudialatorre.mg@diariosassociados.com.br] EDITORA sabrina abreu [sabrinaabreu.mg@diariosassociados.com.br] SUBEDITOR bruno mateus [brunomateus.mg@diariosassociados.com.br] REPÓRTER bernardo biagioni [bernardobiagioni.mg@diariosassociados.com.br] JORNALISTA RESPONSÁVEL luigi zampetti - 5255/mg DESIGNERS anne pattrice [annepattrice.mg@diariosassociados.com.br] daniel pinho [danielpinho.mg@diariosassociados.com.br] marina teixeira [marinateixeira.mg@diariosassociados.com.br] maytê lepesqueur [maytelepesqueur.mg@diariosassociados.com.br] ILUSTRADOR matheus dias [xgordinhox.dias@gmail.com] FOTOGRAFIA bruno senna [bsenna.foto@gmail.com] carlos hauck [carloshauck@yahoo.com.br] dudua´s profeta [duduastv@hotmail.com] ILUSTRADOR CONVIDADO thiago santana [thiagorsantana.com] ESTAGIÁRIOS DE REDAÇÃO daniel ottoni [danielottoni.mg@diariosassociados.com.br] izabella figueiredo [izabellafigueiredo.mg@diariosassociados.com.br] ARTICULISTA lucas machado [lucasmachado.mg@diariosassociados.com.br] COLUNISTAS alex capella. cristiana guerra. rafinha bastos. kiko ferreira COLABORADORES raul sampaio. rodrigo ortega PÍLULA POP [www.pilulapop.com.br] RAGGA GIRL patrícia andrade FOTO carlos hauck PRODUÇÃO gabriela chaves e li maia MAQUIAGEM cacá zech MODELO house the model's agency :: (31) 3564.6416 / 6417 CAPA carlos hauck MODELO bernardo biagioni REVISÃO DE TEXTO vigilantes do texto IMPRESSÃO rona editora REVISTA DIGITAL [www.revistaragga.com.br] REDAÇÃO rua do ouro, 136/ 7º andar :: serra :: cep 30220-000 belo horizonte :: mg . [55 31 3225-4400] Os textos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não expressam necessariamente a opinião da Ragga, assim como o conteúdo e fotos publicitárias.

SAIBA ONDE PEGAR A SUA: WWW.REVISTARAGGA.COM.BR

ERRATA! Na última edição, que teve como tema o circo, há um produto na seção Eu Quero com o preço errado. O swing de fitas, ou poi, da Dym Malabares, custa R$35, e não R$269(!) como saiu na revista. Como diz aquele ditado, shit happens...

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redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br, pela comunidade no Orkut >> “Revista Ragga” ou pelo correio >> R. do Ouro, 136 :: 7º andar Serra :: BH/MG CEP: 30.220-000

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anne pattrice

por Lucas Machado

Metamorfose na terra do nunca ‘’Sábado e domingo mó calor de rachar, eu de chinelo de dedo e bermudão popular. A arena se treme, ergue a bandeira que é hora de guerrear.Vamos lá batalhar, jogar pra virar o jogo só os fortes sobrevivem e o prêmio é um muito louco. É nóis na fita com os times de várzea é sem miséria, torcida organizada.’’ 'A todos da várzea', De menos crime

conota algo “selvagem”. Desde o início do século VII, a Inglaterra já vivia granMas a violência entre torcidas não se restringiu aos indes lutas para se defender de mercenários germânicos que gleses e se espalhou por todo o mundo. Na Itália, as duas se rebelavam nas disputas pelas terras inglesas. Foi assim equipes da capital não só dividem a cidade, como também até a chegada de Guilherme I, o Conquistador. Apesar dos o estádio: a torcida da Lazio, que tem origem na elite, e o celtas, druidas e sacerdotes, Guilherme I fundou, junto com Roma, que sempre recebeu apoio do proletariado. Na Argenas dificuldades do feudalismo causadas por vassalos e rei, tina, River Plate e Boca Juniors também têm um histórico de uma estrutura social forte dentro dos conceitos de hierarrivalidade levada a ferro e fogo. quia aristocrática. No Brasil, de certa maneira, o futebol é usado de forma Ao falar dos primórdios da Grã-Bretanha e suas lutas, latente para os mais diversos interesses. Isso acontece pelo lembro-me da lenda enigmática traduzida nas páginas emoinegável potencial de mobilização popular manifestado nas cionantes da obra do Rei Arthur, o homem que criou a Távola arquibancadas, por um lado; e pelo crescente poder ecoRedonda e as leis da cavalaria. Nelas, os cavaleiros eram tamnômico que os clubes vêm acumulando, por outro. Cabe, bém conselheiros, dando sinais de democracia, mostrando a então, analisar a relação dos clubes, torcidas, dirigentes e importância da mesa redonda e a diferença entre os formapolíticos e o principal: as contratos patriarcais, nos quais as mesas eram grandes e retangulares Na Argentina, River Plate e Boca dições desse processo. Vamos começar da seguinte e somente os poderosos podiam Juniors também têm um histórico forma: só as torcidas organizadas sentar-se na ponta. Daí surgiu o de rivalidade levada a ferro e fogo são violentas? Os clubes apoiam dito popular “quem sentar na ponas torcidas em tudo? Será que essa relação é realmente sata é quem paga”. Por meio da narrativa de um astrólogo media? Os dirigentes pagam para gritar o nome de determinado dieval, a história nos leva às lendárias aventuras dos séculos jogador ou treinador? Existe alguma treta quando a seleção VII e VIII, às disputas entre povos e seus pecados mortais. é convocada? Jogadores e juízes são comprados? Os times Milhares de anos depois, o futebol foi inventado pelos devem mesmo a quantia que eles falam? Por que o nosso ingleses. Os apaixonados pelos clubes e seus símbolos fopresidente deixou de lado o Clube dos 13 ao tomar a deciram se transformando em grupos e, consequentemente, em são que torna obrigatória uma segunda carteira de identidade torcidas organizadas. Com influência ou não das guerras vipara entrar nos estádios? Ou deveríamos aumentar o efetivo vidas por Guilherme I e da lendária história de Rei Arthur, as de policiais nos estádios e educá-los? torcidas trouxeram, além do fanatismo, a violência para os Com certeza, Guilherme I, o Conquistador, tampouco Rei estádios. Por volta dos anos 1960, surgem na Europa os hoArthur teriam respostas, pois eles não viveram na era do luoligans, termo que vem do hooliganism, explicado nos autos lismo. Se acha que a terra do nunca é a Neverland do Michael da polícia londrina como vandalismo. Já historiadores susJackson, você pode estar enganado, porque a terra do nunca tentam a tese de que existiu na Irlanda um arruaceiro que se é aqui: nunca haverá respostas para essas perguntas. chamava Patrick Hooligan, que, em galeico [dialeto irlandês],

J.C.

manifestações: lucasmachado.mg@diariosassociados.com.br



tarquivo pessoal

arquivo pessoal

gustavo marx

COLABORADORES Gabriela Chaves trabalha como produtora de moda e stylist há cinco anos. Para ela, a melhor parte de ser freelancer é conseguir manter uma rotina com horários flexíveis. É por isso que ela consegue trabalhar tanto. São fotos para catálogos (VidiVici, Freixenet), campanhas publicitárias (Santa Casa, Café 3 Corações), vídeos, curtas-metragens e editoriais para revistas como a Elle Minas, Season e Ragga. Ela vestiu a Ragga Girl desta edição. gabrielachaves.carbonmade.com Companheiro de Bernardo Biagioni por vários On the Roads – os mais obscuros deles –, Raul Sampaio é estudante de direito e já excursionou pelos planos da comunicação, participando do portal de jornalismo cultural Odisco. Recentemente, foi aprender práticas de xamanismo em Cuba. Níveis espirituais inimagináveis foram alcançados: gastou uns dois blocos em anotações curiosas, músicas, poemas e nos sentidos dos astros, mas não conseguiu entender metade do que estava escrito. Nesta edição é modelo e co-autor do texto do ensaio fotográfico produzido por Carlos Hauck. codornasmaestras.blogspot.com Rodrigo Ortega é editor de música do Pilula Pop, projeto de jornalismo pop-cultural que, além do site (pilulapop.com.br), tem uma coluna publicada há quatro anos aqui na Ragga. É formado em comunicação pela UFMG, trabalha no núcleo de Comunicação Digital da Petrobras e já colaborou com o Jornal do Brasil, Rolling Stone e com o caderno Ragga Drops, do Estado de Minas. Por aqui, ele editou o Na Gringa. ortega@pilulapop.com.br

o que

move

você?

“O QUE MOVE VOCÊ?” A campanha do Núcleo Ragga se completa com um spot de rádio produzido pelo rapper Renegado. O cara sintetizou muito bem os 4 anos e o conceito da Ragga em uma batida forte e rimas bem encaixadas. Vale a pena ouvir o spot 'O que move você?', que já está rolando nas rádios Oi e 98 FM. JOTA AO VIVO Para quem não pôde conferir o show do Jota Quest, no Music Hall, dia 25 de setembro, a Ragga transmitiu tudo, ao vivo, pela internet. RECORDE DE ACESSOS Em agosto foram contabilizados 1.366.107 pageviews no site da Ragga (ragga.com.br), motivados não só pelo conteúdo integral de cada número da revista, mas também pelas matérias, vídeos e ensaios fotográficos exclusivos.

v v

Promoção Ragga

BESOURO,

divulgação

nasce um herói ‘Besouro’ é o nome da cinebiografia do capoeirista Manoel Henrique Pereira, nascido em 1897, em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, apenas alguns anos depois da abolição da escravatura. Mais conhecido como Besouro Mangangá, Manoel ganhou fama pela coragem de enfrentar os senhores de engenho e a polícia. Brigas em que ele sempre se dava melhor por conta da habilidade capoeirística e fugas espetaculares também dão a Besouro o status de rebelde e mito. E você? Qual foi seu maior ato de rebeldia? Conte para a gente e concorra a 40 pares de ingressos para curtir o filme. É só enviar a resposta para promocaoragga@uaigiga.com.br. Não se esqueça de mandar o seu telefone de contato e o RG. Boa sorte!


Thiago Santana

[www.thiagorsantana.com] Geralmente, começo desenhando um rascunho no papel. A partir daí, decido quais elementos ficariam melhores como vetores ou como pintura. Ultimamente, tenho preferido desenho tradicional a digital, mas nunca descarto qualquer método e, muitas vezes, dependendo do que é pedido pelo cliente e da mensagem esperada do trabalho, faço ilustrações em um método só. Após desenhar e pintar o que acho necessário, escaneio a ilustração e começo a pintura digital dos elementos que são repetidos, aos quais quero dar efeitos que não consigo no método tradicional. Depois disso é que incluo os objetos feitos em vetor. Por fim, mudo os detalhes que não me agradam. E pronto.


ESPORTE

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downhill

ENTRE BECOS E GALINHAS por Daniel Ottoni

O dia em que as bikes voaram no morro Santa Marta Uma competição totalmente fora do comum, entre escadarias, becos estreitos e uma descida de quase 800 metros marcou o Red Bull Desafio no Morro, disputada no Morro de Santa Marta, zona sul do Rio de Janeiro, nos dias 26 e 27 de setembro. Dezesseis malucos entre os melhores do mundo resolveram se arriscar na competição, passando,e em alguns trechos, pelos vãos de 70 cm que separam uma casa da comunidade da outra. Os atletas foram forçados a se espreme-

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rem para evitar um tombo no meio dessas vielas a 80km/h. Entre os competidores, havia quatro brasileiros. O favorito era o catarinense Markolf Berchtold, de 29 anos, que fez bonito e colocou o Brasil no segundo lugar mais alto do pódio. Markolf só perdeu o primeiro lugar devido à insanidade do eslovaco Filip Polc, que resolveu não usar os freios em alguns trechos da finalíssima e garantiu a vitória. Antes da competição começar, as apostas para o primeiro lugar eram no


balazs gardi


marcelo maragni

balazs gardi

inglês Gee Atherton , que mandou bem na fase de classificação. Mas nas finais, ele teve seu pneu furado e acabou ficando com a última posição entre os top 10. Um dos obstáculos que mais chamaram a atenção foi uma rampa de madeira instalada na descida do telhado da Igreja de Santa Marta, no alto do morro. "É incrível a forma como as casas foram construídas. As escadas são estreitas e sinuosas, dando a receita perfeita para uma pista de downhill urbano", disse o biker eslovaco Filip Polc, que teve que desviar de uma galinha durante uma de suas descidas. No quesito galinha e no quesito comunidade carioca, qualquer semelhança com Cidade de Deus é mera coincidência. No Red Bull Desafio no Morro reinou a paz. Cem moradores do Dona Marta até deram aquela força na montagem da pista e na produção do evento.

marcelo maragni

Em alguns trechos, os competidores tinham apenas 70cm de espaço para manter a ordem do percurso, mesmo acompanhado de perto pelos moradores

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marcelo maragni fĂĄbio piva

Levar um tombo, a 80km/h, entre escadarias e becos, deve ser algo inesquecĂ­vel

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fotos: marcelo maragni

A cultura das comunidades, como o grafite, podia ser vista em cada detalhe. na laje, a galera de olho Markolf Berchtold se segurou nas ladeiras e garantiu o segundo posto

:: Confira o resultado final da competição 1. Filip Polc (Eslováquia) - 01:39:91 2. Markolf Berthold (Schroeder/SC, Brasil) - 01.41.57 3. Dan Atherton (Inglaterra) - 01:42:29 4. Stevie Smith (Canadá) - 01:45:16 5. Wallace Miranda (Aparecida/SP, Brasil) - 01:46:61 6. Doron Cattoni (Timbó/SC, Brasi) - 01:49:80 7. Antonio Leiva (Chile) - 01:50:48 8. Mario Jarrin (Equador) - 01:52:20 9. Volkmar Berthold (Schroeder/SC, Brasil) - 01:53:35 10. Gee Atherton (Inglaterra) - 02:06:80

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MO’ MASSIVE

9X ASP WORLD CHAMPION

BOARDSHORT

QUIKSILVER.COM/SURF


divulgação

>> REFLEXÕES REFLEXIVAS DO TWITTER > rafinha bastos > é jornalista, ator de comédia stand-up e apresentador do programa ‘CQC’ (Custe o Que Custar)

Nelsinho Piquet, Suzana Vieira e resgates do Fantástico

:: Vi uma farmácia ao lado de uma loja que vende discos de pagode. Qual delas devemos chamar de "drogaria"?

:: Como no McDonald's, os pratos do Habib's também estão vindo com brindes. Agora são bichinhos dentro e fora das esfiRRas.

:: A Suzana Vieira tem o mal do "aniversário em ano bissexto": nasceu em 1945, mas acha que tá com 15 anos.

:: Gente chata encontra você no bar e sempre diz: "Ah, mas este lugar já foi melhor frequentado".

:: Biafra? Ah é, ‘Fantástico’? Tá se achando o fodão? Agora acha o Bin Laden, seu fraco!

:: ‘Fantástico’, obrigado por achar o Belchior. Agora faça melhor: dê sumiço no Latino.

:: Collor entra para a Academia Alagoana de Letras sem ter escrito um livro. Poderia ser pior, ele poderia ter escrito uns 20.

:: Quanto mais eu uso o computador, mais feia fica a minha letra. Deixei um bilhete para minha mulher que parece um pedido de ajuda em árabe.

:: Estou aqui jogando buraco com alguns pilotos. O Nelsinho é a minha dupla. Ele acabou de bater. Ganhamos!

:: Eu ri da Vanuza, mas a memória dos cantores vai sumindo com o tempo. Dizem que hoje a Kátia Cega só canta com teleprompter.

:: Não espalhem, mas um carro acabou de bater na Marginal Tietê para me permitir chegar mais cedo em casa. #nelsinhopiquetfeelings

:: A banda do @Junior_Lima acabou. O produtor declarou à imprensa: “Vocês não merecem falar comigo nem com os meus ‘9 Mil Anjos’”.

:: E se o símbolo japonês que eu tatuei em 1999 estiver ao contrário? E se em vez de "verdade" eu tatuei "gonorrEia" no braço?

thiago santana

:: Nada mais brochante que uma mulher de pijama de ursinho. PS: Acabou de se pronunciar um homem de cueca verde.

Hoje é o dia do lançamento do game Rock Band, dos Beatles. O objetivo do jogo é surrar a Yoko Ono... É incrível!

com ele: >> fale rafinhabastos.mg@diariosassociados.com.br

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PROVADOR > cristiana guerra > 39 anos, é redatora publicitária, ex-consumista compulsiva, viúva, mãe (parafrancisco. blogspot.com) e modelo do seu próprio blogue de moda (hojevouassim.blogspot.com) elisa mendes

>>

CABEÇA VAZIA Outro dia fiz aniversário e me dei conta de que precisava atualizar minha idade no texto do perfil que sempre vem ali em cima sobre a minha própria pessoa.

Cristiana Guerra, 39 anos, é redatora publicitária, ex-consumista compulsiva, viúva, mãe e modelo do seu próprio blogue de moda. Não satisfeita, resolvi alterar um pouco mais: Cristiana Guerra, redatora, é publicitária compulsiva há 39 anos, ex-viúva, modelo de anos e mãe do seu próprio blogue de moda. Esta poderia seria a definição de um psicanalista. Mas se fosse um jornal sensacionalista: Modelo viúva, a ex-mãe compulsiva Cristiana Guerra mantém há 39 anos o seu blogue na moda. Ou o Caco Barcelos: Ex-viúva, modelo e mãe compulsiva, Cristiana está em guerra com seu blogue de moda há 39 anos. A feminista: Cristiana, Guerra, 39, redatora, publicitária, ex, consumista, compulsiva, viúva, mãe e modelo do seu próprio blogue de moda.

O Faustão: Cris Guerra, mais do que ninguém, redatora publicitária, ex-consumista compulsiva, mãe mais do que nunca e ainda encontra tempo pra ser modelo. Brincadeira, aí. Ou eu me reinventando: Cristiana Guerra, ex-publicitária, exconsumista, ex-compulsiva, ex-viúva, ex39 anos, modelo de mãe e do seu blogue de moda.

thiago santana

Um colega da publicidade: Cristiana, 39 anos de guerra, mãe, é modelo compulsiva, viúva da publicidade e fez do blogue sua própria mãe.

A revista Caras: Cristiana Guerra (39), que conquistou o Brasil com seu blogue de moda, posa com o filho Francisco (2) em frente à Estátua da Liberdade e declara: "Nova York é uma cidade linda e receptiva. Venho todo ano para consumir compulsivamente e assim refazer minhas energias, já que é difícil acumular as funções de mãe, publicitária, blogueira e modelo".

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com ela: >> fale crisguerra.mg@diariosassociados.com.br



ENSAIO

C. HAUCK

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INSANE PHOTO GRAPHER

por Bernardo Biagioni, Carlos Hauck e Raul Sampaio fotos Carlos Hauck

Minha madrugada com Angel Fuwididoun, o mestre selvagem das fotografias alucinantes Todas as leis que um fotógrafo digno prezaria já haviam sido esquecidas há algum tempo. Misturando ainda generosos tragos de bebidas pesadas com a ideia de que, ao longo dessas derradeiras horas, todos os valores morais que aprendi durante anos não valeriam de nada, e rodeado por uma atmosfera paranoica – sim, por algum tempo, foi difícil distinguir se o que me rodeava era algo amigável ou se queriam apenas pedaços de mim – havia também um cheiro estranho no ar, o mesmo cheiro que sentimos quando algo grande está para acontecer. Tudo aquilo junto a mais dois seres, um fotógrafo e um fotografado, quase astrais o bastante para fazerem o que quisessem, aonde bem desejassem. Eu não sabia como agir em uma situação tão extrema como aquela.. Só tentava ficar consciente para sobreviver ou não ser sugado para outra dimensão. Se me perguntassem, diria que aquela sessão de fotos parecia ter aspecto bem anormal, os meus instintos mais irracionais já estavam a toda velocidade.

C. HAUCK

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Segunda-feira. Sempre pensei que na redação da Ragga esse era o dia menos selvagem. Tive que repensar as coisas quando Sabrina Abreu, a editora, uma mulher séria, responsável e que merece ser respeitada, veio com notícias sobre Angel Fuwididoun. O atual pai da fotografia, com toda sua arrogância e insanidade, viria a Belo Horizonte fazer um ensaio com Juan Semmsau, a maior celebridade de Hollywood desde James Dean. Angel exigia algum fotógrafo para a cobertura desse encontro cósmico, mas que não ousasse intrometer-se. Bem, eu fui o escolhido. Participar de algo de tal proporção exigia um preparo mental, ético e físico que eu não tinha e não poderia conseguir. Mas me manter seguro e decente já não era algo que me preocupava. “Fuwididoun em Belo Horizonte?”. Só podia ser mentira.

C. HAUCK


C. HAUCK


Pelo que aprendi nos livros de fotografia que lia na faculdade, sei que Fuwididoun tem os olhos mais sinceros desde Cartier Bresson. Dá para saber que a sua loucura não está ali à toa. É uma excentricidade natural que, em dias chuvosos, chega a dar medo. Violento e maluco na maior parte do tempo e, na outra, um Buda que flutua por aí criando fotografias, ele tem classe. Adora álcool,

música clássica e conhece de magia negra como ninguém. Começou sua carreira como paparazzo e sempre esteve nas listas negras das maiores personalidades do cinema, da música e das artes sacras. Nunca soube o que significava a palavra “privacidade”. Mas sua vida tomou um rumo improvável quando sofreu um acidente de carro durante uma perseguição foto-

gráfica atrás da belíssima Angely Jouly. Foram, ao todo, 171 dias de coma, calafrios e pesadelos intermináveis. Quando acordou, Angel disse que teve uma visão e que estava na hora das celebridades correrem atrás dele. A maioria deu risadas da declaração, mas a verdade é que a profecia acabou virando realidade. Vogue, Vanity Fair, Rolling Stone, todos queriam Angel em suas páginas. Os tempos de paparazzo muito influenciaram no seu olhar meticuloso, certeiro e ágil. Suas sessões nunca saem como esperadas e seu humor atinge estados de ira que nem sempre caem bem para os fotografados. No entanto, não há quem não sonhe em ser fotografado por ele. Alguns dizem que ficou louco devido às várias semanas sem dormir e comer, buscando constamente o melhor flagrante. Outros dizem que Fuwididoun sempre foi meio maníaco, desde jovem. Uma estrela que nunca coube dentro de sua própria história. E, convenhamos, era impossível que ele fosse mesmo desembarcar por aqui.



Maravilha! Três e meia da madrugada, eu em plena segunda-feira na Avenida Afonso Pena e nada. Para mim, isso só pode ser sacanagem. Duvido que essa história seja verdade. Aposto que a Sabrina viajou nessa, que tudo não passou de um trote e que ninguém vai aparecer. E quem sobrou fui eu. Vou ligar para ela pra escamar. Se estou aqui acordado, no horário combinado, e não há nada além de urubus selvagens rodopiando pelo céu escuro, nada mais justo que acordá-la. Enquanto já me preparava para discar, comecei a escutar gritos e vi, ao longe, dois loucos correndo no meio da ave-

nida. Não poderia ser outra pessoa. Sim, era ele mesmo e ao seu lado vinha ninguém menos do que o tal do Juan Semmsau. Eu definitivamente não acreditava no que estava vendo. Passaram pela minha frente sem ao menos olhar para minha cara e continuaram correndo. Meio sem saber o que fazer, resolvi dependurar minha câmera no pescoço e sai logo atrás. Confesso que não imaginava o que me esperava naquela madrugada. Não estava preparado para o mundo daquele fotógrafo. Gritos, berros, tapas, murros e câmeras voando. Nada era normal naquele ensaio. Ficava tudo tão claro como todos queriam ser alvo das lentes de Fuwididoun. Apesar de seu comportamento imprevisível e até mesmo agressivo, os momentos eram únicos, as atitudes que toda aquela loucura provocava não tinham precedentes. Ele, definitivamente, é o verdadeiro guru da fotografia, um xamã das lentes, um sábio milenar das imagens.



A sessão durou grande parte da madrugada. Não abri a boca nem por um segundo, nem mesmo quando Juan se mostrou um pouco exaltado. Não sei bem o que foi aquilo, mas parecia real. Eles também, em nenhum momento, mostraram interesse por mim ou pelo que eu poderia dizer. Afinal de contas, quem era eu? O que eu estava fazendo lá? Eu não passava de um coadjuvante daquele espetáculo, um cúmplice macabro, mais uma sombra da madrugada. No final, apesar de toda exaltação presente no ensaio fotográfico mais insano que eu já tivera a oportunidade de presenciar, ambos se encostaram na parede, olharam nos meus olhos como dois



generais rivais diante do fim de uma batalha medieval, e eu escutei a única palavra direcionada a mim naquela noite: “Photo”, ordenou Fuwididoun. Eu cliquei e eles começaram a atravessar a rua lentamente. Percebi que ali estava a minha última chance de conseguir arrancar mais uma imagem de dois símbolos destes incríveis tempos estranhos em que vivemos. “One more, please”, pedi, implorei e gritei. Era só mais uma foto e eu ainda pedia por favor. Mas essas palavras mergulharam na imensidão da madrugada e desapareceram. Desapareceram por inteiro sem resposta, sem eco e sem sucesso. Tudo muito rápido, como uma grande viagem da minha cabeça.

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COMPORTAMENTO

Ă libi perfeito

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por Alex Capella ilustração Thiago Santana

Empresa fornece “boas desculpas” para garantir escapadas O tipo de serviço não faz parte da lista dos mais ilustres nobres. Pelo contrário. O Código Penal brasileiro prevê reclusão de um a cinco anos, além de multa ao infrator. Mesmo assim, o escritório do ex-engenheiro, que na reportagem vamos chamar de Pedro, não para de crescer. Instalado em um bairro nobre de Belo Horizonte, o local discreto recebe homens e mulheres interessados em “boas desculpas” para justificarem suas ausências. E o empresário garante que o motivo principal para o investimento no álibi é a clássica pulada de cerca. Pedro conta que a inspiração para o serviço inusitado veio de um site canadense que há dois anos produz álibis para quem pretende faltar ao trabalho para ir a uma pescaria ou trair o parceiro. A partir do exemplo da empresa virtual, o ex-engenheiro passou a sondar com os amigos a viabilidade de colocar em prática o negócio na capital mineira. Segundo ele, a aceitação foi imediata, mas o crescimento da empresa vem se dando de forma moderada. Afinal, o sigilo e a discrição são os principais ingredientes da empreitada. A empresa oferece álibis para todas as ocasiões. O ex-engenheiro garante que as pessoas que agem de má-fé assim o fariam com ou sem os seus serviços. Mas, para não correrem risco, optam pelo serviço do profissional, que inventa, cria e fornece justificativas, até agora, perfeitas. “Ninguém voltou aqui para reclamar seu dinheiro. Pelo contrário. Muitos clientes voltam em busca de novas desculpas”, comemora o empresário, ressaltando que não incentiva a infidelidade. “As pessoas querem ter casos com ou sem a minha

ajuda”, completa. O investimento para encobrir a infidelidade chega a R$ 5 mil. No escritório de engenharia, que também é de fachada, o empresário mantém farto material gráfico, com modelos de certificados de cursos, recibos de hotel, tíquetes de passagens aéreas, além de funcionários prontos para atenderem ligações com sotaques do Brasil e do mundo. “O mais comum é a pessoa mais desconfiada pedir ao companheiro para deixar o telefone do hotel onde acontecerá a suposta conferência. A gente fornece um número com o DDD da cidade e nossos funcionários atendem como se fossem da organização do evento”, garante. Os clientes podem requerer álibis que se enquadrem às suas necessidades específicas, mas o custo de desculpas personalizadas depende da complexidade das mesmas. O empresário não pergunta por que as pessoas precisam de álibis ou desculpas. Toda a transação é informal e paga em dinheiro. Ele também garante que toma certos cuidados para não se envolver em atividades ilegais. O principal deles é vender os serviços apenas para as pessoas de seu ciclo de amizade ou indicadas por elas. “São pessoas que lidam com outras que se pautam pela extrema boa-fé. É por isso que o negócio funciona”, revela. Como bom profissional, Pedro não revela a identidade de seus clientes. Mas faz um alerta aos homens que buscam desculpas para enganar as mulheres. “Tem muita mulher que me procura para passar a tarde no motel com o amante. E para uma escapada diária, de duas ou três horas, álibi é o que não falta. Tem nota de supermercado e de salão de beleza, tíquete de estacionamento de shopping e até certificado de aula de gastronomia. Nesse aspecto, as mulheres são mais perfeccionistas do que os homens”, avisa.

No escritório de fachada, há certificados de cursos, recibos de hotel, tíquetes de passagens aéreas, além de funcionários prontos para atenderem ligações com sotaques do Brasil e do mundo comente! redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

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barbacena


uwada Gregório K gioni fotos ia B do ar n por Ber

Elogio à Loucura Última chamada para o trem dos doidos. Embarque imediato pelo portão 22

Me encantam os loucos. Estes tantos e poucos verdadeiros libertinos do tempo que resistiram bravamente contra todas as investidas do tempo, da alienação, do sistema. Sempre aceleraram mais, correram mais, e existiram mais que cada um destes nobres mortais que desfilam por aí dizendo que já fizeram de tudo, tentaram de tudo e que não desistiram de nada. Quanta mentira. Vejo os loucos como os sujeitos que conseguiram atravessar a linha. Conseguiram abandonar em casa as velhas bobagens, um redemoinho de medos bobos, pensamentos errantes e incertezas mesquinhas. E então partiram. Partiram por aí, e simplesmente pelo prazer de sair por aí olhando, observando e sorrindo. Sorrindo como um bobo. Como eu. Como você.

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Comprou o bilhete, cumpra o percurso Sempre soube que tinha existido um manicômio em Barbacena no século passado. Lembro das histórias alucinantes e curiosas que ouvia enquanto passava por ali a caminho da praia no Rio de Janeiro, aquilo tudo me dava calafrios tão fortes que era quase impossível de disfarçar. Pouco depois de Conselheiro Lafaiete, vinha a “Cidade dos loucos”, “a terra onde ninguém se salvou”, “onde um homem conseguiu fazer o outro voar”, e outras lendas que não fazia nada bem para a cabeça de um moleque de 5 anos. É claro. Bom, já estava na hora de conseguir superar velhos traumas e ir ver com os meus olhos suficientemente preparados o que tinha acontecido de verdade por aquelas bandas nas últimas onze ou doze décadas. Eu tinha prometido que entregaria uma matéria sobre Budismo para esta edição da Revista, mas senti que talvez a editora fosse gostar mais de me ver voando em alguma foto ou, sei lá, estatelando minhas cordas vocais no telefone pedindo ajuda e que alguém fosse me tirar daquela cidade estranha. Então coloquei tudo no carro, chapéus de palha, dois fotógrafos que não confio muito e os textos que tinha imprimido para ler no caminho. Eram artigos sobre a lei 10216, de 2001, que previa o fechamento progressivo de todos os manicômios do país, e outros sobre o Museu da Loucura, que guarda vestígios negros do chamado Hospital Colônia de Barbacena. Nenhum dos três “tripulantes” do carro sabia se o museu existia mesmo, se ele estava funcionando, ou se estávamos entrando em alguma aventura da qual nunca sairíamos vivos. Então chegamos ao Museu da Loucura por volta das 10h da manhã de uma segunda-feira, sem antes ter se perdido e chegado

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a duas prisões, quatro hospitais e três igrejas. Entreguei minha carteira de identidade na portaria do estacionamento e percebi um fotógrafo comentar com o outro, baixinho: “Ele vai se foder sozinho”. Até agora não descobri o que estaria planejando. Estacionamos com dificuldade em cima do gramado e cada um saiu andando para um canto. “Reconhecimento de terreno”, diria um detetive bastante enigmático. Deixei que os fotógrafos trabalhassem a vontade e entrei no museu, em silêncio. Uma manhã no Museu São sete quartos, divididos em dois andares de uma construção do final do século 19. Em cada um deles há fotos, linhas do tempo, máquinas de eletro-choque, camisas-de-força e bonequinhas de pano, costuradas pelos velhos habitantes do manicômio. E o silêncio seria algo bastante sombrio, não fosse a secretária atendendo ao telefone como se trabalhasse em um açougue: “Muuuuseu da Loooucura, bom diaaa!!!”. Bem antes de 2006, quando o museu foi inaugurado, aquele mesmo espaço tinha sido utilizado para abrigar portadores de deficiência mental de todo o país. O Hospital Colônia de Barbacena, desde sua fundação em 1903, vinha, progressivamente, deixando de ser uma referência no tratamento de deficientes para se tornar uma verdadeira prisão perpétua dos mais diversos “desviantes”. Muitos dos “condenados” eram apenas alcoólatras, mendigos, drogados, seres extremamente inteligentes ou, ainda, desafetos de tradicionais famílias mineiras. Todos eram colocados nos extintos “trens de doido” com destino a Barbacena. Uma viagem sem volta, porque raramente algum familiar dos internos aparecia por ali para retomar alguma velha relação de afeto.


Estima-se que 60 mil pessoas tenham morrido no manicômio. Vítimas de descaso, de diarréia, de falta de atenção e até de frio e fome. Em 2001, a lei antimanicomial foi finalmente aprovada, e os “sobreviventes” do Hospital de Barbacena tiveram de ser realocados. Hoje, oito anos depois, eles continuam vivendo bem pertinho, em uma vila que fica logo atrás do Museu da Loucura. “Mas você não pode ir lá. Visitas não são permitidas”, disse a secretária escandalosa. A Vila É claro que eu não iria respeitar a ordem daquela mulher. Meus instintos mais primitivos não deixariam. Entramos no carro como se tivéssemos indo embora e, cuidadosamente, erramos a saída para entrar em uma ruela inclinada que corria pelos fundos do museu. Em menos de dois minutos já estávamos bem no meio da vila, no meio de 20, 30 ou até 40 antigos internos do manicômio. Um deles tentava manobrar o nosso veículo com uma flanelinha imaginária. Mais uma vez o silêncio. Todos os nossos pensamentos perdidos e silêncio. Enquanto um sujeito jardinava, outro conversava sozinho e outros tantos saboreavam um filete de sombra que tinha se formado bem atrás de uma das casas. Nada de conversa, nada de espanto. Eles nos encaravam como se sempre estivessem esperando a chegada de alguém. Alguém que pudesse chegar para uma conversa, um jogo ou, quem sabe, tirá-los de lá para sair por aí para olhar, observar e sorrir pelo mundo. São várias casas espalhadas ao longo de uma montanha não muito alta, mas que dá uma bela visão panorâmica de dois ou três bairros de Barbacena. De lá aquelas mentes viajam, se perdem, vão e voltam por cada uma das curvas do horizonte. Louco é quem me diz Mas a loucura não é muito mais do que isso. Essa capacidade que poucas pessoas têm de mergulhar fundo nas curvas do horizonte, em sensações, percepções e instintos. Os loucos são destemidos e, por isso, chegam a ser selvagens, perigosos e inspiradores. Eles inspiram porque sabem viver e falar como poucos. Mesmo em silêncio, são poetas. Mesmo sem coordenação, são artistas. Escrevem e desenham tudo aquilo que o mundo ainda não aprendeu a contemplar. E em Barbacena se vê um pouco disso. Não se trata de pessoas felizes, de almas continuamente livres ou de sorrisos puros. Os loucos não são felizes. Eles nunca estão satisfeitos o bastante, nunca arriscaram o bastante e nunca conseguiram ir longe o bastante a ponto de não voltar mais. Mas eles estão aí, estão perdidos por aí. Soltos ou presos, indo ou voltando, mas sempre construindo, silenciosamente, um caminho para a liberdade. “Olhar os erros do passado para não repeti-los no futuro”. Esse é um dos motivos que levaram à construção do Museu da Loucura e uma das razões que me fizeram deixar a matéria sobre Budismo de lado e viajar para Barbacena. No passado, os loucos eram enjaulados, tratados e, erroneamente, censurados de se expressar. Hoje não. Hoje é possível viajar, voar e ver. Hoje somos livres para viver. comente! redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

Bernardo chega ao Museu da Loucura, em Barbacena, que já foi um dos maiores hospícios do país. Lá, 60 mil pacientes morreram por maus-tratos

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MARIA CECÍLIA FONTES por Lucas Machado fotos Bruno Senna

Cecília usa: vestido Top Shop, meias Lupo e sapato Arezzo Maria Cecília é curiosa, densa, expressiva e adora desafios, além de ser um talento nato. Ciça nos passou uma sensação de paz e tranquilidade. Também não é para menos, o motivo tem nome: Estela, a primeira filha, de apenas 2 meses. Formada em comunicação, saiu de Belo Horizonte para conquistar o mundo fashion. Morou em Paris e em Londres, formou-se no London Institute, escola de moda, de onde saíram diversos expoentes, como John Galliano, Alexander McKean e Stella McCartney. “Lá fora, trabalhei com moda numa plataforma maior: direção criativa, estilismo, design. A escola foi uma referência muito legal para mim, mas sempre com foco na área editorial”, comenta. Aos 32 anos, mora na cidade de São Paulo, é editora de moda da revista 'Capricho'. Deixamos Cecília bem à vontade. “Gostaria mesmo é de ter vivido os anos 1950, quando os mais fodas da moda estavam criando o que usamos hoje e usaremos ainda durante muito tempo, como Coco Chanel, Yves Saint Laurent e outros.” E a paixão por sapatos? “É um fetiche, acho lindo. A primeira coisa que olho nas pessoas é o sapato.” Sobre o trabalho, conta que faz editoriais todas as semanas, e que o Brasil é realmente um dos maiores exportadores de top models do mundo. “Descobrimos diversas meninas de 15 e 16 anos, que vão estourar aqui e lá fora, como Isa Domenico, Carol Taler, Grace Carvalho e diversas ‘new faces’, que já estão despontando. O jovem que lê a Ragga e que gosta de moda está totalmente ligado a esporte e comportamento. Você tem que estar antenado com o mundo da música, cinema e transpor isso para o vestuário, sem perder a sua personalidade. Usar só o que você acredita que faz bem para você, sem ser escravo de tendências.”

Kit Sobrevivência: PULSEIRA Top Shop :: LENÇO H&M :: VESTIDO Top Shop ÓCULOS Forever 21 :: BROCHE Tom Ford (bambu) PERFUME Absolutely Irresistible ‘Givenchy Paris’

J.C.

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CULTURA

ENTRE AS QUATRO

ESTAÇÕES por Sabrina Abreu

Da Central à Vilarinho, passando pela Minas Shopping e Santa Inês: melhores e estranhos momentos Passar pela Estação Central de Belo Horizonte, toda iluminada, e observar o raro vazio urbano no Centro da capital é cena comum. No entanto, parar ali e pegar o metrô rumo a qualquer destino da cidade é coisa rara para muitas das oito mil pessoas atraídas para os vagões, durante as duas primeiras madrugadas do BH Music Station. A afirmativa surge como conclusão de conversas rápidas/ pesquisa informal desta jornalista, entre uma parada e outra. As razões para o fenômeno chegam em forma da reclamação de uns: “As linhas de metrô da cidade são insuficientes. Não chegam à zona Sul, não chegam à zona Oeste. Não chegam a lugar nenhum”; e conformismo de outros: “Tão melhor andar de carro, né?” Seja por qual razão for, a verdade é que tanta gente – a maioria, jovem – reunida numa rara experiência com o transporte público da própria cidade, faz com que o metrô ganhe ares de parque de diversões. Assim, quase uma rodagigante. As apresentações de jazz, rock, samba, forró e blues pelo caminho e nas estações Santa Inês, Minas Shopping e Vilarinho bem que contribuem para isso.

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O BH Music Station foi realizado nos dias 19 e 26 de setembro e 3 de outubro.


carlos hauck carlos hauck

Os quatro integrantes do Alexandre Araújo Blues eram os mais onipresentes dos 40 músicos da programação paralela, responsáveis por manter a música rolando, enquanto o público aguardava as atrações principais, que se revezavam nos palcos montados nas estações. O quarteto foi visto em cada estação e, dizem, mesmo em mais de uma ao mesmo tempo. O resultado é que, antes do show do Vanguart, até o vocalista Hélio Flanders prestou atenção na performance do Alexandre Araújo Blues. Já no palco, ele homenageou o quarteto, dedicando uma de suas canções “aos bluseiros que estavam tocando ali, antes”.

Numa noite especialmente simpática, “porque tinha bebido o suficiente para ficar bem alegre”, o vocalista do Vanguart cumprimentou o América Mineiro por seu retorno à Série B do Campeonato Brasileiro e confidenciou à plateia o namoro que teve quando, aos 17 anos, fez um mochilão pela América Latina. “Sí, una paraguaya”, disse, entre gritinhos das meninas ensandecidas à beira do palco – imediatamente elas reagiram, arriscando elogios em portunhol. Mais tarde, parte da reportagem da Ragga se dirigiu ao backstage para entrevistar a banda e teve que se desvencilhar das fãs mais ardorosas que esperavam para ter um momento com os astros de Cuiabá (apenas com o objetivo de conseguir um autógrafo, claro).

bruno senna

samuel aguiar

Na segunda madrugada do evento, o sambista Diogo Nogueira também suscitou suspiros. Mas esses, em bom português, variavam entre “delícia” e “passo mal”. Para a bailarina que fazia uma coreografia no palco, ao lado dele, sobraram palavras menos carinhosas. Para resumir, usando um eufemismo, seria algo do tipo: “Tira ela daí”.

Cantando clássicos do rock ‘n’ roll e hits do Ira!, Nasi encontrou na plateia coro para quase todas as canções. Ao fim do show, a reportagem da Ragga não teve tanta dificuldade de entrar no camarim – como aconteceu depois da apresentação do Vanguart. Nesse caso, o problema foi sair do camarim, dada à disposição de Nasi para o bom papo, entre tragos de Marlboro e uísque (conversa devidamente documentada no Perfil desta edição).

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acervo museu abílio barreto / n. i.

HISTÓRIA

De cassino a museu de arte por Izabella Figueiredo

Antes de abrigar obras de Di Cavalcanti e Guignard, o MAP foi templo da jogatina mineira É bem verdade que em meados da década de 1940, o influente arquiteto Oscar Niemeyer já possuía seu quinhão de fama e renome garantidos no segmento arquitetônico internacional e já havia atingido o patamar daquelas estrelas que escolhem a dedo o tipo de trabalho a que vão ou não se dedicar. Niemeyer já se tratava de uma rara espécie de profissional que se dá ao luxo de recusar ou aceitar um trabalho, visando à satisfação pessoal e o prestígio. Talvez baseado nesses critérios, ele decidiu aceitar a proposta do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek. Via telefone, JK contou a Niemeyer sobre seu desejo de construir um complexo arquitetônico em uma área até então desconhecida: “em volta de uma represa”, segundo o próprio Juscelino. Essa “represa”, após a década de 1950, se tornaria a suntuosa lagoa da Pampulha. O Complexo Arquitetônico da Pampulha seria formado por quatro obras: a Casa do Baile (um salão com restaurante e pista de dança), a Igrejinha da Pampulha, o Pampulha Iate

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Clube e um cassino. Juscelino foi bem claro ao dizer que a prioridade para a construção seria o tal cassino e que queria Niemeyer como projetista da obra. “Fiz esse projeto em uma noite, não tive outra alternativa”, diz o arquiteto. Com o projeto iniciado em 1942 e inaugurado em 1944, o Cassino da Pampulha viveu dias de glória e pompa. Jardins cenográficos, colunas de mármore e aço inoxidável e rampas, circundado pela soberba lagoa da Pampulha e “frequentado sempre pela alta sociedade mineira e brasileira”, como diz Celeste Fontana, diretora da biblioteca do museu. Além disso, o centro de diversões exprimia claramente a capacidade de JK de harmonizar ideias clássicas com seu dinamismo e espírito empreendedor. Mas a história do cassino foi fugaz. Para a tristeza daqueles que gostavam de ostentar riquezas pelas noites mineiras, foi decretada em 1946, durante o governo do general Gaspar Dutra, a proibição de jogos em todo o Brasil, deixando o belíssimo prédio em situação fantasmagórica por cerca de 10 anos.


acervo museu abílio barreto / n. i.

O Cassino da Pampulha viveu dias de glória e pompa, com jardins, colunas de mármore e rampas, circundado pela soberba lagoa da Pampulha

eugenio silva / o cruzeiro

Somente em 1957, o cassino abandonado deu lugar ao Palácio de Cristal, ou Museu de Arte da Pampulha (MAP), cujo acervo, hoje em dia, “conta com cerca de 1,6 mil obras que provêm de doações datadas da época da inauguração do museu e outras de prêmios obtidos por meio dos salões de arte nas décadas de 1960 e 1970”, segundo Martin Andrada, diretor do museu. Entre os principais artistas que têm suas obras representadas no museu estão Guignard, Di Cavalcanti, Mabe, entre outros. Com o passar do tempo, mais predicados foram acrescentados ao museu. O local passou por restaurações e ganhou galerias para exposições temporárias, um auditório, um centro de documentação para pesquisas e uma loja de suvenires. Além disso, o MAP conta com a Associação de Amigos do Museu de Arte da Pampulha dirigida pelo Dr. Carlos Berktold que intermedeia as ações do museu com a comunidade cultural. Para melhor atender ao público e às normas internacionais de museologia, a prefeitura municipal solicitou à Fundação Oscar Niemeyer o projeto de um anexo, a ser construído no terreno em frente ao museu. O prédio terá duas galerias climatizadas “para ampliar o espaço e potencialidades expositivas do museu, podendo abrigar mais de uma exposição simultaneamente”, segundo informações do site da fundação. "Prazos e verbas ainda não foram definidos. Estamos aguardando uma posição da prefeitura ou uma lei de incentivo fiscal", diz o diretor do museu.

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acervo museu abílio barreto / otávio d. filho

Acima, o museu ainda quando era cassino, servindo de cenário para banhistas. Abaixo, sua suntuosa arquitetura atual


EU

QUERO!

A profecia de Andy Warhol se cumpriu. E não é de hoje que todos temos direito a 15 minutos de fama, via Orkut, Youtube, ou o velho e meio tosco Flogão – lembra dele? Com tantas ferramentas de exposição, conquistamos a possibilidade também de minutos ou muitas horas gastas em espionagem, vasculhando os perfis alheios, observando a vida que se desenrola do outro lado do mundo ou do outro lado da rua, com a ajuda da lente da webcam, do celular, do telescópio. Nossa janela nunca foi tão indiscreta.

Pop art

carlos hauck

O voyeurismo pré-BBB e pré-webcam era feito por meio do telescópio mesmo. Não que a prática seja recomendável, mas o personagem do filme ‘Janela Indiscreta’ salvou a mocinha graças a esse hábito. O telescópio terrestre, da Tasco, vem com tripé e tubo. O aumento máximo do foco é de 660x, o suficiente para descobrir se sua vizinha está em apuros R$ 599

Madonna é uma das celebridades que mais expuseram suas vidas para a imprensa e o público. Com Jesus Luz à tiracolo, ela chega ao fim de seu contrato com a Warner lançando ‘Celebration’, compilação dos maiores sucessos de sua carreira. O nome diz tudo: a cantora celebra sua fama e fortuna. A capa diz mais ainda: ela posa como a Marlyn pintada por Warhol, aquele que profetizou os 15 minutos de fama e que produzia em série portraits dos famosos, do mesmo jeito como os ídolos pop são fabricados em larga escala. R$ 34,90 (álbum simples) R$ 59,90 (CD duplo) americanas.com.br

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à la Hitchcock

...PRIVACIDADE [OU NÃO]


fotos: divulgação

Trim

Para ver sem ser visto, vá de óculos escuros, como o modelo Square Whisker, da Oakley. Se a ideia for passar despercebido, pode ser melhor investir numa coleção de perucas. As fotos dos paparazzi que expõem estrelas de Hollywood por trás de seus óculos escuros confirmam: o acessório, ao contrário da capa dos super-heróis, não tem poder para tornar as pessoas invisíveis. R$ 665

Grande irmão

Quem nunca viu o banner com a propaganda da Caneta Espiã em algum site? Do mesmo tamanho de uma inofensiva esferográfica (14,5cm de comprimento e 1,5cm de diâmetro), ela vem com câmera e microfone embutidos para gravar filmes coloridos com áudio. As filmagens são repassadas ao computador via USB. Ela também serve como pen drive de 4GB de memória. Ah, também pode ser usada como caneta, para fazer anotações. O uso desse objeto pode ser ilegal, imoral ou engordar. Use com moderação. R$ 99 sarigue.com

Em 1949, George Orwell – pseudônimo de Eric Arthur Blair - anteviu o que seria da sociedade décadas mais tarde. Em seu livro ‘1984’, ele lançou o termo “grande irmão” (ou “big brother”), que deu origem à série. No romance, o tal irmão via tudo graças às telas espalhadas em todos os espaços. R$ 39,50 companhiadasletras.com.br

Até escreve

Escondidinho

Dizem que a privacidade começou a virar lenda no dia em que o telefone celular se popularizou, em algum momento no fim dos anos 1990. Com ele em mãos, dava para encontrar alguém e ser encontrado a qualquer hora. Hoje, também dá para fotografar e ser fotografado... Filmar e ser filmado. O modelo N97, da Nokia, tem câmera de 5.0 megapixels, zoom de até 14x, 32 GB de memória e grava até 90 minutos de vídeo. R$ 2.399

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a música e o tema

por Kiko Ferreira

Uma das diversões do jornalista Carlos Brickman, que escreve no site Observatório da Imprensa e tem sua própria newsletter, é selecionar manchetes envolvendo celebridades. Em toda coluna ele elenca as mais, digamos, impactantes da semana. Numa das postagens recentes, Brickman selecionou algumas pérolas: “Edson Celulari espera por mesa em restaurante com filho”; “Em dia calmo, Lindsay Lohan vai às compras e experimenta vários looks”; “Deborah Secco faz compras em farmácia do Rio”; “Mariana Ximenes usa guarda-chuva rosa para se proteger”; “Filho de Cássia Kiss atrapalha beijo da mãe com o namorado”; “Ator José Wilker passeia de tênis verde pelo Leblon” e “Rick Martin viaja com filho no colo”. Sem dúvida, notícias extremamente relevantes. Tanto que estimativa recente indica que as vendas das revistas de celebridades e fofocas vendem, em média, um milhão de exem-

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renato rocha miranda / tv globo

renato rocha miranda / tv globo

divulgação

O SEXO DAS ESTRELAS

plares semanais pelo país. E até os sites mais respeitáveis de notícias costumam ter repórteres e fotógrafos (os paparazzi) especializados em ficar horas e horas de plantão na porta de celebridades à espera de um fato qualquer. A maioria de relevância discutível para o destino de qualquer nação. A ponto de uma das mais assíduas personagens de tais publicações, a socialite Paris Hilton, ganhar destaque na lista de Carlos Brickman com o título: “Sabedoria de Paris Hilton será imortalizada em livro de citações". Valha-me, São Mencken! No livro ‘Click - Ideias surpreendentes para os negócios e para a vida’, o especialista em pesquisa na internet Bill Tancer dedica um capítulo inteiro ao assunto. Em ‘A Síndrome da adoração das celebridades’, ele começa afirmando, com autoridade de quem pesquisa a web há anos, que nenhuma notícia, digamos, séria, dos tsunamis e terremotos à crise financeira mundial, é capaz de rivalizar, em número de aces-


detalhes da sua vida particular. Isso explica a seleção semanal de Carlos Brickman, capaz de flagrar a grande imprensa revelando segredos de Estado como: “Kelly Key leva filhos ao circo e brinca com palhaço”; “Fernanda Torres brinca com filho em praia”; “Madonna é flagrada fazendo exercícios em Bucareste"; “Betty Gofman vai almoçar de bicicleta”; “Lily Allen perde a bolsinha de mão na Suécia”. E, para fechar ao melhor estilo "notícias de celebridades", tem até ênfase no saneamento básico: "Danni Carlos diz 'faltar inspiração' para tomar banho". Santa relevância, Batman!

RUA FERNANDES TOURINHO, 604 - (31) 3227-5190 BH SHOPPING - BR 356 - (31) 3226-4136

Até os sites mais respeitáveis de notícias costumam ter matérias de fofoca. Edson, Deborah, Mariana, Lindsay e Paris estão lá

ap photo / tammie arroyo

ap photo / kevork djansezian

sos, com uma fofoca sobre a prisão de Paris Hilton ou sobre a possibilidade de uma concorrente do programa American Idol aceitar posar nua para uma revista masculina. Tancer revela que, entre 2005 e 2007, o interesse dos internautas pelo assunto mais que dobrou. E dá a receita para os candidatos a estrelas instantâneas: “Há muitas razões pelas quais buscamos fatos sobre celebridades, mas se você estiver procurando o estrelato instantâneo na internet, se quiser dominar as buscas de todas as principais máquinas de pesquisa, o caminho mais rápido é uma fita de sexo escandalosa envolvendo uma celebridade.” Aí, a estrela maior continua sendo Paris. A herdeira dos hotéis Hilton recebe 7,4% de todas as buscas com o termo “fita de sexo”. Vale lembrar, ainda, que o comportamento de homens e mulheres, na hora de escolher os sites de celebridades, é diferente. Enquanto os homens preferem os endereços que mostrem fotos de mulheres (se possível aquelas que nossos avós classificavam de "desinibidas"), o público feminino tem curiosidade sobre a intimidade dos astros e os


quem

é RAGGA

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fotos Dudua’s Profeta


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NA GRINGA >> let么nia

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SKA NA LETÔNIA A improvável história da banda independente de BH que fez os jovens de um dos países mais distantes da Europa caírem na dança

Responda com sinceridade: o que você sabe sobre a Letônia? Além de uma vaga ideia de onde o país se localiza, os integrantes do Pequena Morte também não sabiam muita coisa até que se viram carregando mochilas e instrumentos em uma turnê pela capital letã. Pequena Morte é um grupo belo-horizontino de ska que surgiu em 2006 e é formado por Raulzito (vocal e guitarra base), Djalva (guitarra), Tamás (bateria), Tio Rô (percussão), Gabriel (baixo), Max (backing vocal e trombone) e Victor (produtor). Com algumas faixas no Myspace e alguns shows em Minas - como no festival Escambo 2009 -, eles foram convidados para se apresentarem na 1ª Edição do Festival Onírica, na Itália, no último 12 de setembro. A aventura italiana já era grande, mas eles não imaginavam que iriam bem mais longe no Velho Continente e chegariam a um país báltico de arquitetura monumental, transporte público eficiente e mulheres lindas. Tamás Bodolay, Victor Diniz e Gabriel Assad contam à Ragga como foi a turnê da Pequena Morte pela Letônia. DO ORKUT A RIGA “Eu tenho um grande amigo que é músico e descobriu pelo Orkut que estamos indo à Europa. O nome dele é “Fera” e ele pode arrumar alguns shows para a gente na cidade dele, Riga”, escreveu em um e-mail Djalva, guitarrista solo e backing-vocal do Pequena Morte. Assim começou a história da viagem de nossa banda pela capital da Letônia. Com a volta marcada para o dia 22 de setembro, já tínhamos tentado agendar os shows dos sonhos em grandes cidades da Europa Ocidental. Contudo, a realidade de banda independente, ainda sem CD gravado e fazendo pedidos em cima da hora, chegou em forma de poucas respostas que diziam algo como: “Sorry, we are fully booked”. Por isso, quando o e-mail do Djalva surgiu, todos na banda acharam surreal a ideia de tocarmos naquela nação, da qual tudo o que sabíamos era que junto com Estônia e Lituânia formam os Países Bálticos e foram os primeiros a se desvencilhar da URSS - praticamente sumiu dos noticiários brasileiros, depois disso. Por sorte, o Tamás havia, sim, ouvido falar da Letônia depois de 1990. Há seis anos, viajando pelos EUA, conheceu Elina, namorada de um brasileiro com quem trombou por lá. Encontrou a moça no Skype e perguntou se ela poderia nos ajudar de alguma forma. Ela podia. E muito! Anna, sua irmã, toca em uma banda de reggae experimental em letão chamada Hospitalu Iela. Trocamos myspaces e foi amor à primeira audição. No dia seguinte, ela enviou um e-mail confirmando um show das duas bandas em uma escola de música de Riga. Um dia depois, Fera nos confirmou outros três shows. Cinco dias, quatro shows. Se-

edição Rodrigo Ortega ilustração Thiago Santana

riam (e foram) os dias mais intensos dos dois anos de história dessa banda. A CHEGADA: BELAS JOVENS E VELHAS VIRGENS Já no avião, ao escutarmos a língua falada por aquelas lindas mulheres (os homens, como de costume, passaram despercebidos até então), concluímos que poderíamos falar qualquer coisa em alto e bom som, pois as chances de alguém nos compreender eram quase nulas. Essa liberdade nos rendeu muitas risadas. Mesmo assim, com os jovens, a comunicação foi fácil, pois todos falam inglês. Já com os mais velhos, só mesmo depois de umas doses de vodca e Riga Balsam. Todos citavam a crise que o país atravessa (bem vindos ao capitalismo), mas os preços das coisas em Lats (moeda local que vale aproximadamente R$ 4) não foram exatamente baixos para a gente. Três dos integrantes ficaram em um albergue no centro histórico da cidade, outros dois na própria casa do Renato (o Fera), que também estava hospedando alguns amigos poloneses, desses que bebem vodca no café da manhã. Os dois últimos foram parar na casa da Érika, amiga do Fera. Uma letã que, por algum motivo não revelado, fala português – entre outras sete línguas – fluentemente, com direito a gírias lidas em 'Cidade de Deus' e a trechos impublicáveis de músicas da banda Velhas Virgens. Isso sem nunca ter estado no nosso país, ou em algum outro que fale português e tendo aprendido a língua sozinha. Um caso de amor curioso e inexplicável, um oásis de Brasil em plena Letônia. Na noite desse primeiro dia, fizemos um poket-show no bar Atslega ("chave" em letão), totalmente desplugados, bebendo por conta da casa e resgatando um repertório picareta de “bossa for gringos”, além de algumas de nossas músicas. A folia musical se estendeu ao bar do albergue, o que fez com que os três membros hospedados lá não precisassem pagar por aquela noite. ARQUITETURA, HISTÓRIA E SKA-CORE No dia seguinte, demos uma volta pela bela Riga, com sua arquitetura monumental, transporte público eficiente feito por ônibus e bondes, ruas largas, belos parques e mulheres

Punks, mocinhas do local e figurinhas em geral entraram na festa com a banda. A partir daí, passamos a ser reconhecidos como os brasileiros que vieram tocar na cidade www.revistaragga.com.br

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Gustavo, Victor, Raulzito, Max, Gabriel, Tamás (Hax) e Rodrigo: "os brasileiros que foram tocar na cidade"

ainda mais lindas, que parecem brotar como grama. De fato, a arquitetura da cidade de pouco mais de 800 anos reflete sua rica e vasta história. Fundada por comerciantes germânicos em 1200, foi dominada pela Suécia em 1621 e anexada pela Rússia em 1721. Isso sem falar de Segunda Guerra Mundial, poloneses, lituanos e uma série de diferentes povos responsáveis por construir sua pluralidade arquitetônica e cultural. À noite, tocamos no Leningrad, um pub com cara de sala de estar de casa da URSS, com móveis de madeira de lei e um quadro do Lenin na parede. Dessa vez tocamos com microfones, bateria e amplificadores. Parecia que a sala era nossa. Depois das primeiras cinco músicas as pessoas começaram a cair na dança. Velhos punks, mocinhas do local e figurinhas em geral entraram na festa com a banda. A partir daí, passamos até a ser reconhecidos no centro histórico como os brasileiros que vieram tocar na cidade. Esse sucesso dos dois primeiros shows acabou gerando um fato inusitado. Fera havia tentado nos encaixar no lineup de um festival de hardcore e trash metal que aconteceria na nossa terceira noite em Riga, mas não tinha conseguido. Uma banda cancelou a participação e a organização escalou os brasileiros sem falar com ninguém. Ficamos sabendo do show por uma australiana que estava no albergue e combinando a ida com outros hóspedes. Como estávamos lá para o que desse e viesse, topamos. Afinal, já havíamos feito a Pequena Bossa no primeiro show na Itália, porque não fazer um ska-core na Letônia? Fomos a segunda banda a tocar, num volume tão ensurdecedor quanto o do Freelancers, que fez logo antes um hardcore à la Califórnia. Mais uma vez, o público respondeu ao chamado para a Pequena Morte. Alguns tentaram cantar junto, enquanto outros rodavam a camisa para o alto ou faziam o famoso “moshpit do amor” (nada de pancada, apenas muita gente pulando) e gritavam como vikings nos intervalos entre as músicas. A surpresa foi a casa ter se esvaziado quase que por completo logo depois da nossa apresentação, restando pouquíssima gente para os shows seguintes. Duas garrafas de vodca depois (presentes da produção do festival), fomos dormir felizes pensando no próximo show, o mais importante da turnê, ao lado da Hospitalu Iela. HOSPITALU E A HOSPITALIDADE LETÃ Descobrimos lá que a banda da Anna era um dos maiores grupos independentes da Letônia, com direito a três CDs

lançados e devidamente colocados à venda nas principais lojas de Riga (fomos lá conferir). Além disso, o Studentu Klubs funciona no subsolo da Faculdade de Música e, por isso, sabíamos que teríamos um público mais acostumado a grandes apresentações. Sexta feira - 00h30, hora de começar o nosso show. O local era lindo, em forma de arco de tijolos, e com um equipamento de primeiríssima. Tocamos logo depois do emocionante show do Hospitalu Iela. Queríamos fazer bonito e aparentemente conseguimos. Edgars, o vocalista do HI, foi quem apresentou a nossa banda. “Brazilian Ska, Pequena Morte”. Pela primeira vez em nossa curta história uma plateia formada por desconhecidos começou a dançar já na primeira música. E ela não parou. "We want more, we want more!", gritou o público logo depois da última música do set-list. Tiramos uma carta da manga e fizemos o bis. Saímos do palco com a sensação de que tudo naquela viagem não tinha como dar mais certo e

divulgação

pequena morte / divulgação

A beleza arquitetônica de Riga


fotos: pequena morte / divulgação

que esse tinha que ser o primeiro de muitos shows ao redor do planeta. No camarim era como se as duas bandas fossem amigas há tempos. Era possível perceber a admiração mútua e o desejo de prolongar aquela sensação. No dia seguinte, fomos à casa da violinista da Hospitalu. Passamos uma agradável tarde à sombra de três macieiras completamente carregadas, comendo pratos locais, cercados de crianças, bebendo e ajudando a turma a derrubar uma velha casa de madeira. À noite, voltamos ao Atslega para encerrar nossa turnê letã onde tudo começou. Dessa vez preparamos um repertório um pouco mais organizado e fizemos, então, o nosso primeiro “show acústico” mais ou menos sério. Deixamos Riga na manhã seguinte. Quando voamos para lá, esperávamos encontrar uma cidade decadente, com mulheres lindas e pessoas frias. Felizmente, só acertamos a parte das garotas. Os letãos que conhecemos traziam com eles a tristeza de um país profundamente abalado pela crise, mas a motivação de que esse era um problema menor a ser enfrentado, depois de tantos séculos de dominação e repressão. Um povo hospitaleiro que celebra a liberdade conquistada e que nos acolheu com um coração quente capaz de nos fazer sentir em casa e, ao mesmo tempo, encantados com as diferenças que nos unem. Veja e ouça: myspace.com/pequenamorte // hosiela.lv

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Na matéria online, veja as dicas de vocabulário do Pequena para você se virar, se um dia for à Letônia


RAGGA fotos Carlos Hauck modelo Patrícia Andrade

No céu de diamantes por Bruno Mateus

Há um poeta argentino que diz que pouco lhe importa se a mulher acorda com mau hálito ou de péssimo humor. Tampouco, se ela tem os seios envelhecidos sorrateiramente pelo tempo ou se não gosta de tomar sorvete aos domingos em uma linda praça. O que ele não suporta e o que desperta total desprezo por uma mulher é se ela não sabe voar. E, pior ainda, nem sonha em voar. Naquela tarde despretensiosa, Patrícia Andrade, com segurança de deixar a mais arrogante rainha com inveja, deixou-se clicar. Ela nem desconfiava que o poeta a observava lá de cima, deitado em uma nuvem. Mas não era Carlos Drummond de Andrade, de quem ela tanto gosta, e, sim, o argentino Oliverio Girondo. Feito bobo, ele pensava como uma mulher poderia ser tão perfeita e carregar um olhar que o faria sorrir e rodar os braços de louca alegria.

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Patrícia, modelo desde os 13 anos, foi descoberta em um shopping por um olheiro perspicaz quando caminhava com sua avó. Nossa Ragga Girl é de Belo Horizonte, mas mora em São Paulo. Na cidade dos arranha-céus, ela leva a vida com incrível leveza, faz coisas que pessoas comuns fazem. Mas, como você pode ver, de comum ela não tem nada. Na música, ela se delicia com Led Zeppelin, sem se esquecer dos fantasmagóricos sons da guitarra de Hendrix e da linda e rouca voz de Janis Joplin. Na literatura, ela já visitou o mundo de Sofia e dialogou com filósofos gregos. Para deleite do poeta, Patrícia confessa: se pudesse, queria voar. Itália, Grécia, pouco importa onde. Voaria livre, tocaria o Sol. E, quando passasse por aquela nuvem, Girondo teria certeza de que existem mulheres e existe Patrícia.



PRODUÇÃO Li Maia e Gabriela Chaves (31) 9219.7426 MAQUIAGEM Cacá Zech (31) 8807.6047 MODELO House The Model's Agency

House (31) 3564.6416 / 6417 Meias e Fios (31) 3227.7890 Bless (31) 3024.6580 Equipage (31) 3284.6318

*Este é um ensaio realizado para o site Acesse ehgata.com.br e confira o ensaio completo.



sérgio braga

Um surfe pra chamar de seu

por Daniel Ottoni

Quem disse que mineiro não pega onda? A praia de Geribá, em Búzios, litoral fluminense, recebeu a terceira edição do Campeonato Mineiro de Surfe, que já começou com um recorde: 32 inscritos. A competição contou com duas categorias:, amador 2, para os surfistas menos experientes, e amador 1, para a galera mais acostumada com as ondas. Puderam participar somente os nascidos em Minas Gerais ou residentes no Estado há no mínimo cinco anos. Apesar do nível da categoria amador 2 ser teoricamente mais fraco, a qualidade da galera surpreendeu Kau Cavalcanti,

organizador e representante da Rusty, patrocinadora oficial do evento. “Achei que o nível seria mais básico, já que a galera surfa há pouco tempo. Mas de uma forma geral, a turma mandou bem demais”, comemora Kau. Os quatro melhores da categoria 2 se classificaram para a categoria 1 no próximo ano. Cerca de 70 pessoas marcaram presença em Geribá, somente para ser parte do público. “Muita gente foi de carro, outras fecharam uma excursão só para acompanhar o campeonato”, comenta Kau. Temperatura moderada, pouco vento e ondas de meio metro foram suficientes para deixar

Esporte: Atletismo Modalidade: Provas de rua (5km, 10km, Albertino Silva da Luz 21km e 42km) Cidade: São Luís, Maranhão lha em até 1h e ingressar no pelotão de elite. Correr 5 km em menos de 15min. Idade: 22 anos Melhor resultado em competições: Altura: 1,67m Peso: 53kg Circuito das Estações Adidas 2ª Etapa (seNaturalidade: Belo Horizonte, MG gundo lugar geral na prova de 5 km - tempo Por que pratica? Saúde, qualidade de vida de 15min23s); Maratona Internacional do Rio arquivo pessoal

e desafio!

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Compete desde: 2007 Metas para 2009: Cumprir

a Maratona de Curitiba em até 2h30min e a Volta da Pampu-

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Para quem achava que mineiro não pegava onda, chegou a hora de quebrar a cara fotos: sérgio braga

a galera satisfeita, principalmente o vencedor da categoria 1, Bruno Silva, de 22 anos, que levou uma prancha novinha da Rusty para casa. “Apesar das ondas terem apenas meio metro, a formação estava muito boa e o nível da galera também estava alto. Ano que vem o campeonato vai estar mais casca grossa ainda”, soltou o vencedor, que surfa uma ou duas vezes por mês. Bruno começou a surfar na Austrália e quando voltou para BH, já tinha condição de praticar o esporte com mais frequência. Começou a ir aos finais de semana e feriados para praias como Barra da Tijuca, Itacoatiara, Saquarema, todas no Rio. Hoje, ele acredita que está com o ‘surfe no pé’, mas a participação em outros campeonatos não é garantida. “Depende muito do que aparecer, às vezes fica difícil sair todo final de semana de BH para surfar”, comenta. Independente de estar no litoral, uma coisa é fato: o surfe cai bem para todos. “Mas praticar com regularidade é fundamental para pegar o jeito da coisa”, aconselha Bruno.


ATÉ QUE O SACO CHEIO OS SEPARE

por Daniel Ottoni

Antigamente, para a pessoa expor sua vida, ela tinha que ser famosa e aceitar que seus atos fossem conhecidos e comentados por grande parte da população. Hoje em dia, as celebridades continuam sendo alvo dos flashs e fococas. Mas com as novas mídias, os anônimos caem na boca da galera e se felicitam ao saber que seu perfil, fotos e vídeos estão sendo visualizados e divulgados sem pudor algum. O boom no Brasil surgiu com o Orkut, que registrou cadastros recordes, dando uma deixa para muita gente tomar conhecimento de artífices tecnológicas nunca visitadas antes como postagens e edições. Mais inédito que isso, só o nome do criador da ferramenta também ser Orkut. Atualmente, temos uma evolução da necessidade de exposição e uma pedida da galera por um aplicativo diferente. “Essas mídias sociais são febres passageiras e os usuários os utilizam como modismos. A tendência é que várias redes sejam acessadas ao mesmo tempo, mas com o passar do tempo as mais antigas deixam de ser atualizadas e acessadas”, comenta Telma Johnson, pesquisadora e professora de Redes Comunicacionais da UFMG. O Facebook e o Twitter dão as caras há algum tempo, mas hoje deixaram o turco magricela para trás. Apesar do número de inscritos, o Orkut não recebe hoje o número de visitas e atualizações do seu início de vida. O Facebook, que coloca o

usuário em contato com pessoas do mundo todo, tem 300 milhões de cadastrados, ao passo que o Orkut, criado em janeiro de 2004, somente no Brasil, possui 35 milhões, mais de 60% de frequentadores. A diferença fica por conta da enorme diversidade que o Orkut tem, mostrando um Brasil antes desconhecido por muitos, com comunidades, gostos e preferências os mais diferentes possíveis. “As pessoas tiveram a oportunidade de colocar para fora um sentimento internalizado por muitos anos. Elas podem, gratuitamente, se tornar parte de um todo, com a ajuda da tecnologia”, comenta a educadora. O Twitter aparece com uma nova proposta e recebe mais atenção que os próprios usuários. A chance de saber naquele exato momento o que o astro faz parece ser única a cada postagem. Nunca foi tão fácil interagir com as estrelas. Ou você vai me dizer que tinha o Orkut da Lily Allen? Parece ser questão de tempo o surgimento de uma nova febre. “A sobrevivência dessas redes é muito frágil, as pessoas enjoam com muita facilidade dessas redes de entretenimento. Acredito que no futuro, surgirão mecanismos com a possibilidade de códigos abertos”, prevê Telma. A chegada de um novo aplicativo não parece próxima, mas pode ter certeza de que, neste exato momento, alguns malucos estão criando uma ferramenta que pode transformar o modo de vida e pensar de milhões de pessoas.

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1°Vanusa

_Ela elevou o hino nacional a uma poesia pós-moderna, regada a campos límpidos, álcool e bandeiras risonhas. youtube.com/watch?v=6w9MpztV4gk

2°Paris Hilton / Pamela Anderson

_ As duas inauguraram o quadro CNN, ou “Caiu na net”, depois de serem filmadas em atividades íntimas com seus namorados. E há quem diga que foi de propósito. Que maldade.

3°Xuxa

_ Rainha dos baixinhos que nada. Xuxa é, sim, a rainha dos vacilos. No YouTube você a encontra destratando uma criança, abusando de um menor de idade e, claro, brigando com o Brasil inteiro ao tentar defender a filha que escreveu “cena”, com “s”, no Twitter.

4°Edir Macedo

_ O homem por trás da Igreja Universal ficou ainda mais famoso depois que caiu na internet um vídeo em que ensina como tirar dinheiro de fiéis. youtube.com/watch?v=1dRnRTSOTFw

5°Cicarelli 6°Bruno Gagliasso

_ Foi mergulhar na praia com o namorado e não resistiu aos seus instintos mais primitivos.

_ O amigão aí esqueceu que estava sendo seguido por milhões de fãs loucas e pervertidas e publicou, no Twitter, o número do seu telefone. Imagina o que aconteceu.

7°Maíra BBB

_ Mal saiu do Big Brother e ganhou projeção nacional. Como? Brincando com o pirulito do namorado, digamos.

8°Lucas Lima / Sandy

_ Durante a lua de mel do casal mais lindo do Brasil, o Lucas não deixou de atualizar o Twitter por nenhum instante. Rolou até indicações de livros.

9°Cabeção

_ O vídeo é antigo, mas continua entre os clássicos do YouTube. Impossível esquecer o velho protagonista de Malhação dando uma aula de embriaguês na entrevista mais cósmica da internet. youtube.com/watch?v=Bf9uZYTsvC4

10°

Amy Winehouse / Britney Spears / Lily Allen_ O trio já pagou peitinho, esqueceu a roupa de

baixo e foi flagrado em atividades ilícitas. E dizem que o pop é uma droga. Literalmente.

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reprodução

Caiu na internet, não tem volta. Pode mandar tirar o YouTube do ar, prender o hacker pervertido que colocou o vídeo na caixa de e-mails de todos os indianos espalhados pelo mundo ou, sei lá, assassinar o idealizador do Twitter a punhaladas. Como diz um ditado bem contemporâneo: “Publicou, tá publicado.” Já que o assunto desta Ragga é privacidade, aqui estão os maiores vacilos da rede. Se liga!

último ranking

vacilos na internet

top 10

Animar festa de criança De flipar hambúrgueres na América até vender brigadeiros na escola, a verdade é uma só: a gente é capaz de tudo para sobreviver. E, na última Ragga, perguntamos quais seriam os maiores malabarismos que se vê por aí para conseguir o pão nosso de cada dia. Bom, vocês votaram e o resultado está aqui em baixo. Olha só: 1º) Animar festa de criança (37%) 2º) Telemarketing (32%) 3º) Montar uma banda de pagode (8%) Como previsto na redação, animar festa de criança é mesmo um malabarismo e tanto. Corajosos são os que aguentam choro, pirraça, meleca, suor, gritaria desenfreada e os hormônios desmedidos de crianças hiperativas para conseguir arrancar uma graninha no final do mês. Aqui vão os nossos comprimentos, amigos animadores, pelo merecido primeiro lugar. Não muito distante estão os companheiros do telemarketing que, é claro, vamos estar cumprimentando calorosamente. Mas é só porque a gente sabe que ninguém nasce querendo trabalhar nessa profissão tão incrível e respeitada. Certo? E, em terceiro, mas também muito importante de ser ressaltada: montar uma banda de pagode. Isso sim é grana fácil e rápida. Basta saber rimar “amor” com “calor”, “loucura” com “candura” e “mão no pé” e “mão no peito” para conseguir arrancar uns bons trocados de plateias inteligentes e estudadas. Se tudo estiver dando errado na sua vida, meu caro, não precisa virar hippie. Entre para a aula de pandeiro que está tudo certo!


JÁ INVENTARAM

por Izabella Figueiredo

Swarovski dois em um

Prepara o eucalipto

fotos: divulgação

Gostaria de ter sua própria sauna? Bem, se você dispuser da bagatela de $ 2.375, isso é possível. Em menos de 10 minutos, essa cápsula hi-tech se transforma em um aparelho de sauna individual. Com um pré-aquecimento de 5 a 10 minutos, você será presenteado com até 40 minutos daquele vaporzinho relaxante. Com tanta facilidade assim, o problema é não poder levar ninguém pra curtir esse momento relax com você.

Esse bracelete reluzente que atende pelo nome de D:Light não é um mero acessório para colocar a mulherada na moda e fazer inveja nas amigas. Ele tem uma outra função: pressionando um botão, transforma-se em um belíssimo relógio por meio de um mecanismo que acende os cristais correspondentes àquela hora. Apertando o mesmo botão, assume novamente a forma de um “simples” bracelete. Versátil, não? A partir de $ 1,5 mil

No ponto

Para os preguiçosos

Macarrão é um dos alimentos mais práticos e gostosos de fazer, mas igualmente fácil é detonar sua receita, deixando-o ferver demais ou de menos. As embalagens indicam o tempo necessário para que o macarrão fique perfeito, mas é comum esquecermos de desligar o fogo, já que estamos cortando cebola ou papeando no telefone. Com essa pequena estatueta, você jamais cometerá o erro novamente. É só colocá-la na água fervente com o macarrão e, após o tempo de cozimento ideal, o aparato apita a “Marcha triunfal”, não correndo o risco de arruinar sua refeição. Na gringa por $ 29.95

Se você não é lá muito bom em digitação, aí vai uma dica. Esse aparelhinho, quando conectado ao seu computador, é capaz de gravar mensagens de voz e enviálas por e-mail, apenas pressionando um botão. A mensagem é enviada em formato MP3 e tem tamanho ilimitado. Para escutar a mensagem, basta que o receptor clique no anexo recebido e ouça o que você tem a dizer. Na gringa por $ 24,43

reprodução

Tiazinha Há dez anos, ela reinava na mente de 11 entre dez marmanjos. Com sua máscara dominatrix preta e o inseparável chicote nas mãos, levava à loucura todos os seres do sexo masculino e fazia a mulherada se morder de inveja. No ano de 1999, Suzana Alves, a Tiazinha, era, sem dúvida, a mulher mais desejada do Brasil. Fenômeno completo, chegou até a gravar um disco que emplacou o sucesso “Uh! Tiazinha”, com participação especial do cantor Vinny. A propósito, alguém sabe por onde anda o Vinny? Se você tiver um palpite sobre o destino deles, envie para: redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br Se lembrar de mais alguém que um dia foi reconhecido pelas ruas, mas hoje inexiste no imaginário popular, nos avise.

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O tempo (perdido) de nossas vidas lívia mendonça

por Mariana Marques

Se o EP ‘The time of our lives’, de Miley “Hannah Montana” Cyrus, foi lançado para divulgar sua nova linha de roupas, o mínimo que podemos esperar é que, como cantora, ela seja uma excelente estilista. Para começar, a melhor faixa, ‘Kicking and screaming’, é um cover. Miley revisita o clássico (NOT) de Ashlee Simpson e canta ‘I’m your favorite obsession’. Apoiada por muitas guitarras, a ídolo teen grita com coerência. É uma pena que esses gritos continuem irritantemente ao longo do EP.

Na Rede Especial Flight of the Conchords por Rodrigo Ortega

‘Party in the USA’, primeiro single, já em segundo lugar no Hot 100 da Billboard, melhor performance da carreira da cantora, discute uma fama americana de forma tão inocente que fica até difícil engolir. Miley fala de Jay-Z e Britney Spears. A faixa caminha bem com suas palminhas até o refrão ficar muito repetitivo. O agravante é que Miley Cyrus cantando – com o agudo no máximo – ‘The butterflies fly away’ é de revirar o estômago. ‘Time of our lives’ é um pop dançante que também tem refrão chato e gritado. A canção parece descrever uma balada comportada. Pensando bem, melhor assim. A cantoraMiley Cyrus tem apenas 16 anos e as pessoas dessa idade deveriam se divertir de forma inocente. Espero que nas baladas da galerinha role umas músicas melhores que as da Hannah Montana. ‘Talk is cheap’ lembra aqueles adolescentes certinhos que querem dar de doidões de vez em quando. “I'm so jealous, restless, relentless/ That's just me/ I'm so crazy, lately.” Desculpa, Miley, não convenceu. Pelo menos os efeitos deixam a voz da moça mais robótica e tolerável. E tem uns “ai ai ai” até simpáticos. Fica difícil entender como Miley Cyrus conseguiu tanto sucesso cantando mal assim. Vai ver que seu nome de batismo, Destiny Hope, realmente colaborou. É claro que ter um pai que teve um hit country estourado nos anos 1990 também deve ajudar.

1. Esquisitice :: Se os norte-americanos do MGMT acham que arranjos e letras sem sentido são suficientes para serem “freaks”, eles vão ter que fazer mais esforço depois de ouvirem a faixa título do novo CD dos ‘Flight of the Conchords’. Bret tira fotos de bodes em barcos, se lambuza de mel e dinheiro, entre outras atividades nonsense. 2. Conflito :: Essa já era piada pronta, foi só contar de novo à moda Bret & Jamaine. A situação ridícula de "uma mulher para dois homens", contada por R. Kelly e Usher no single ‘Same Girl’, de 2007, é a matéria- prima de ‘We're both in love with a sexy lady’. 3. Prostituição :: O clássico tema "você não precisa acender a luz vermelha", as guitarras reggae e o vocal "mamãe quero ser roots" deixam claro: ‘You don't have to be a prostitute’ é a versão masculina de ‘Roxanne’, o clássico do Police.

‘Flight of the Conchords’ é uma série musical da HBO em que dois músicos, Bret e Jamaine, buscam o sucesso recriando o mundo pop à sua maneira. A trilha da segunda temporada rendeu pérolas visuais e sonoras, por isso resolvemos listar cinco termos do dicionário pop e os novos sentidos criados pelos ‘Flight of the Conchords’. Assista em tinyurl.com/pilulaconchords

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4. Vingança :: A melhor faixa desse segundo CD dos ‘Flight of the Conchords’ está concorrendo ao Emmy 2009. Uma boa maneira de explicar ‘Carol Brown’ é imaginar um pesadelo baseado naquela propaganda da Claro em que tudo se multiplica por 30, só que em vez de 30 gols ou 30 namoradas, são 30 ex's raivosas. O clipe é dirigido pelo cineasta Michel Gondry. 5. Bombação :: Não seriam só sorrisos que ‘Sugarlumps’ arrancaria em qualquer pista de dança em que aparecesse. A faixa é hit dançante instantâneo, mesmo sem contar com a letra hilária, que lança Jamaine como rival da Fergie no quesito valor das "joias de família".


fotos: divulgação

De Volta Para os 80 por Augusto Barros

nhas bacanas da NME e indicações ao Mercury Prize, além de fazer amizade com um povo legal. Com Bem Langmaid, ela faz um synth pop bacana com influências muito bem claras: ‘Erasure’, ‘Yazoo’, ‘Eurythmics’ e qualquer coisa com camadas de sintetizadores, teclados e baterias eletrônicas. O resultado: um debut que, já na abertura, se mostra bem acabado, com a sequência bacanosa ‘In For the Kill’ e ‘Tigerlily’. Os singles ‘Quicksand’ e ‘Bulletproof’ são bons para as pistas, até mesmo para dançar de cara para a parede, na melhor tradição Crepúsculo de Cubatão, casa hype carioca daquela época. O maior risco da dupla é sua roupagem. É oitentista demais, muito preso a uma época que já se foi e deixa em dúvida quais são as suas reais possibilidades. Referências eles têm e são tão claras e absolutas que correm o risco de se tornarem um caminho a ser seguido ao infinito, em vez de um ponto de partida. Como será quando a “modinha 1990” se-

da A T PRACA SA \\

pultar a maquiagem multicolorida, o esfumaçado e os tons dourados e neons? Torço pela ruivinha, ela faz por merecer.

Colorido Artificialmente por Sabrina Abreu

Indie rock à moda belo-horizontina, Colorido Artificialmente é o nome da banda surgida junto com a amizade do vocalista João Guilherme Dayrell e do baixista Bruno Faleiro, nos corredores da faculdade de jornalismo da PUC Minas. Em 2007, eles procuravam por dois membros para completar o grupo e, por meio de amigos em comum, encontraram o guitarrista Manuel Horta e o baterista Fernando Monteiro, que também frequentavam o circuito alternativo da cidade, entre A Obra, Matriz e outras casas ali, dentro da avenida do Contorno. Ao se deparar com o termo “indie à moda belo-horizontina”, o leitor deve pensar: “O que isso significa?” A explicação pode estar no DNA do guitarrista Manuel, filho de Toninho Horta, exClube da Esquina, movimento que é uma das inspirações dos coloridos. Algumas outras são: “Radiohead, Toe, Tom Jobim, Nirvana, Sonic Youth e Chico Buarque, que influenciam o indie, estilo que tocamos”, define Bruno. A mistura de referências foi transformada em músicas

Saia da garagem! Convença-nos de que vale a pena gastar papel e tinta com sua banda. Envie um e-mail para redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br com fotos, músicas em MP3 e a sua história.

Vai lá: myspace.com/coloridoartificialmente

próprias e, só dois anos depois, viraram o álbum ‘Tradicional família mineira’, lançado em julho. “A demora foi até boa, porque estávamos mais maduros”, justifica João. Em meio ao processo de lançamento do CD, o vocalista se mudou para Florianópolis, onde faz mestrado em Literatura. Mas a banda continua fazendo planos: o lançamento, na internet, do vídeo de um show feito no Teatro Marília e de um clipe. Enquanto isso, João, o principal letrista do grupo, absorve os estudos sobre a língua e as experiências no Sul para compor novas canções. O amadurecimento continua. divulgação

Tenho um pé atrás com esse revival anos 80. Nunca fui à Ploc 80, não troco aceleradores e placas de vídeo por um Atari, os G.I. Joe eram muito caros para o orçamento lá de casa. Lógico, tinha o Depeche Mode, o New Order e todo o pessoal dark, pós-punk e new wave, mas desconfio que esse povo não dava as caras no Gugu, Chacrinha ou Bolinha e me parece que essa nostalgia não é muito honesta. Por outro lado, muita gente boa se aproveitou dos synths e vocoders para fazer música pop de qualidade, vide o belo topete da ruivinha Elly Jackson, de apenas 23 anos, do duo La Roux. Sabe ‘De volta para o futuro’? Pois é, Elly Jackson era uma descolada habitante daquela época até pegar emprestado o Delorean de Marty McFly e dar um pulo no século XXI. Essa é a dedução mais razoável para quem vê a capa de seu primeiro single, ‘In For the Kill’: a ruiva, esbelta, saindo do carro ainda ligado, envolta na fumaça do possante, aproveitando para arrancar umas rese-


Wolverine blues PERFIL

por Bruno Mateus fotos Bruno Senna

Marcos Valadão Rodolfo, o Nasi, é daqueles camaradas tranquilos, até que pisem no seu calo. Depois de brigas com o Ira! e com a família, o cantor segue livre na música e carrega, feliz, o peso que Deus lhe deu Como quase todo garoto brasileiro, Nasi quis ser jogador de futebol quando criança. Fez até teste no seu amado São Paulo Futebol Clube, mas ele não era nenhum craque. Aos 12 anos, teve contato com o rock and roll; aos 17 já fuçava o Centro de São Paulo atrás de discos. Em 1981, aos 19, impulsionado pela revolução punk e as calças rasgadas dos Ramones, fundou o Ira! para tocar no I Festival Punk da PUC-SP. E não parou por esse festival. Dois anos depois, a banda lançou seu primeiro álbum. O cantor, apesar do sucesso com o Ira!, enfrentou problemas de relacionamento com os integrantes do grupo, culminando numa turbulenta separação em 2007. Polícia, ameaças e brigas – sim, de sair no braço– com seu irmão e ex-empresário rechearam as histórias dos últimos capítulos da banda. Nasi também enfrentou – e venceu – a dependência química. Hoje, está limpo, não usa nada. Em 2003, depois de um ensaio fotográfico para a Revista MTV, assumiu o personagem Wolverine como seu alterego. Comentarista de futebol em dois programas, na Rede TV e outro na rádio Kiss FM, em São Paulo, Nasi também ataca de ator: ele atuou como protagonista do filme ‘Sem fio’, que chegou às telas este ano. No camarim do BH Music Station encortinado pela fumaça de seu Marlboro, Nasi recebeu a reportagem da Ragga para uma conversa.

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Você tem blog, Myspace. Isso mostra que você gosta dessas novas tecnologias? Mostra que necessito delas. Na verdade, não sou afeito a essas coisas, não tenho e-mail. O máximo que cheguei e me arrependo até hoje é o celular. Passei muitos anos resistindo e depois que abri mão não sei se fiz um bom negócio.

Nos porões das principais capitais, bandas estavam tocando não para esperar um fenômeno de mercado, mas porque queriam fazer aquele som que elas curtiam

Mas existe a preocupação de manter um contato mais direto com os fãs, ainda que virtual? Claro, é importante. Tanto no meu blog como na comunidade que eu mantenho viva, mando por meio de vídeos, de frases ou de fotografias, mensagens, no mínimo, semanais. É muito importante porque esse universo online, para nós, músicos, que sempre ficamos dependentes de estruturas de gravadoras, de assessorias de imprensa, de mídia convencional, foi um avanço muito grande. O fato de eu não utilizar isso como veículo de comunicação pessoal não significa que não veja a importância e a necessidade dela na propagação do meu trabalho.

de uma coisa meio da terra, pé no chão. E, para piorar, ainda tem essa música emo, que é uma música sertaneja com instrumentos de rock, porque a letra é a mesma. Se botar Chitãozinho e Xororó para cantar fica mais rock. E agora tem sertanejo universitário, eu não sei o que é isso. É QI tão baixo, só se for reflexo do sucateamento do ensino público. [risos].

Você é a favor do livre comércio de músicas pela internet? Sim, mesmo porque não adiantaria nada ser contra, né? Até falo o seguinte: Pô, [as gravadoras] me roubaram todas essas décadas e agora se é um nerd que está fazendo isso, não faz muita diferença. Mas pode ser um caminho para, logo mais, a gente ter uma relação sadia de, como diria o Sílvio Santos, quanto vale a música? O que você anda escutando? Olha, cara, coisas muito diversas. Gosto de ouvir sons diferentes, tenho ouvido muita música africana, desde percussão étnica, religiosa, principalmente da costa ocidental da África, os países de língua iorubá, como Costa do Benin, Nigéria. Blues eu sempre ouço, bastante jazz. Comprei agora o ‘Kind of blue’, do Miles Davis. É difícil falar alguma coisa específica, meu cérebro já tem 100 gigas de rock and roll. O que é lixo, o que você escuta na música brasileira e pensa “Pô, isso aí não dá para suportar!”? Puta que pariu, música sertaneja é o fim da picada! Sabe por que eu fico com mais raiva? Utilizam um gênero que é legal pra caramba, que é a música de viola, caipira, e isso [o que fazem hoje] nada mais é do que uma música brega, romântica, de pior qualidade, travestida

De onde veio todo esse lance com o personagem Wolverine? A primeira vez que me chamaram, foi inclusive um jornalista, o Jack Daniels. Já tive costeleta, mas também acho que é por alguns aspectos da minha personalidade. Não sou uma pessoa violenta, mas um cara que, aquela coisa, dá uma boiada para não sair da briga. Ele veio me chamar de Wolverine, fui atrás do personagem, me identifiquei pra caralho. É um personagem incrível, ele não tem poderes, não luta em defesa da honra ou dos Estados Unidos, é solitário, é rock and roll pra caralho. Depois de uns anos fiz um ensaio, na mesma época em que começou a pintar os filmes, para a revista MTV. Acho que os personagens, quase todos eles, principalmente do Stan Lee, são muito arquetípicos e, de certa forma, esse arquétipo me vestiu muito bem. A saída do Ira! foi muito tumultuada, rolou até polícia no meio. Por que as coisas chegaram a esse ponto? Por causa do dinheiro, do poder, porque tinha um empresário que misturou o profissional e o parentesco, jogo de poder interno, ou seja, a disputa da liderança dentro do Ira!. Deixou de existir uma coisa saudável para ser uma coisa mórbida. As pessoas não sabem, mas desde o início da turnê do Acústico MTV eu já tinha pedido o boné duas vezes e isso não vazou. O Edgard [Scandurra, ex-guitarrista do Ira!], em outras oportunidades, também já tinha falado: “Ah, essa é a última turnê”. Chegou um ponto de saturamento e cheguei à conclusão de que tinha que tirar umas férias, um ano ou dois, cada um ir para

o seu canto, fazer qualquer coisa. Nisso entrou o envolvimento do empresário, descobri até que ele registrou o nome para manter esse poder de dizer “eu digo quando para ou não”. Nesse absurdo todo, ele reinou sobre nossa divisão. Houve enfrentamento, chegamos às vias de fato e foi um momento que ele vendeu ao Edgard a oportunidade de me tirar da jogada e ser ele o líder da banda. Era um crime perfeito, mas... Deixou suspeitos. Exato, uma pecinha não funcionou bem. E nessa pecinha eu digo [há] muito do público. Eles fizeram três shows sem mim, um foi em Campestre (MG) no dia em que cheguei às vias de fato com o empresário-irmão. Eu liguei e falei: “Não saiam com o ônibus”. Eles foram, subiram no palco, falaram que eu tinha passado mal, estava hospitalizado, até dando a entender outras coisas. Problemas de relacionamento, vaidade e grana são capazes de acabar com grandes bandas, como os Beatles, por exemplo. Administrar isso é um dos grandes desafios para conseguir levar um grupo durante 20, 30 anos? Sim, e muita sorte também, coisas do destino. Mas, com certeza, se eles não tivessem pensado com o bolso e tivessem dado um tempo de dois anos como quase todas as bandas fazem. Os Titãs, mesmo perdendo membros sucessivamente, deram uma trégua, até Los Hermanos, que é uma banda nova, fez isso. Mas descobri que tinha uma iminência parda por trás da banda, que reinava sobre a nossa divisão, esse cara que se chama... É aquele cara que saiu da minha mãe. Bom, dizem que saiu. Existe ainda contato com alguém do Ira!? Só na justiça. Na encruzilhada também, de vez em quando [gargalhadas]. E o relacionamento com o seu irmão e ex-empresário? Não tenho mais irmão, é na justiça. Estou processando ele e meu pai.

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Aquela nuvem que tinha por cima de mim saiu. E eu sei para onde ela foi

Seu pai também? É claro, laranjão, né? Tenho muita saudade da minha mãe, mas graças a Deus ela não está viva para ver ao que ele se propôs, ao que se submeteu a fazer. Mas, na verdade, ela está, porque eu acredito em vida após a morte. Depois de tantos anos com a banda, como é se lançar em carreira solo? Bom pra caralho. Consegui tirar leite de pedra, agora então! Estou me divertindo, saindo com as pessoas depois que acaba o show, a gente comenta, se cumprimenta. Aqui conversamos sobre música, sobre como foi o ensaio, o show, sobre como vai ser o próximo arranjo. É para isso que uma banda serve, não para meter o cachê no bolso. Foi o que a ganância deles [integrantes do Ira!] fez. Continuo trabalhando, graças a Deus e aos meus orixás, como sempre trabalhei. Eles vêm colhendo o que eles plantaram, ou seja: o nada. No início dos 1980, o Brasil já caminhava para a abertura, um processo democrático, mas ainda havia resquícios da ditadura, algum tipo de pressão com a banda? No começo da nossa carreira até 1985, se você tinha uma banda que tocava músicas próprias e ia tocar em qualquer lugar, o dono do lugar, podia ser um boteco para 50, 100 pessoas, falava: “Qual é o seu repertório?” Se tivesse músicas próprias, você tinha que ir na Polícia Federal e passar a letra. Tenho cópias disso. Mas acho que foi isso que teve uma graça na década de 1980, sabe? Acho que com o final da censura, tinha uma juventude que estava acuada, fora do mercado de consumo, não tinha um representante na música. O que tocava eram os medalhões da MPB, que estavam todos abolerados e não tinham uma identificação. Foram exilados, voltaram, mas e aí? Voltaram para fazer bolero? Então teve esse desafogo no rock. Nos porões das principais capitais, bandas estavam tocando não para esperar um fenômeno de mercado, mas por-

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que queriam fazer aquele som que elas curtiam. Sua infância foi muito musical? O que você escutava? Até samba, música clássica... O caminho para o rock and roll foi trilhado com quais bandas? Alice Cooper, Kiss. Com 12, 13 anos comecei a comprar disco, ser colecionador, fuçando no Centro de São Paulo, onde os punks se encontravam. Tem também as bandas dos anos 1970, Black Sabbath, Led Zeppelin. O que me deu vontade de montar uma banda foi a revolução punk,

com 18 anos. Comprei uma bateria, comecei na garagem, os caras gostavam de MPB e era uma merda, porque eu chegava com o primeiro disco do Clash, do Sex Pistols, os primeiros dos Ramones, e os caras achavam aquilo um rock mal tocado. O importante era o que a música estava dizendo, era o “do it yourself”. Alguém pode ver o Deep Purple e falar, “puxa, nunca vou ser um músico de rock, não tenho castelo, Ferrari”. Os Ramones serviam para: “Porra, eu também tenho calça rasgada, também posso fazer”. E foi isso que deu vontade, acho que não só em mim, mas em muitos garotos por aí, como em Brasília e outros lugares.



Você é torcedor fanático do São Paulo. Ainda vai ao estádio ou a violência te afastou? A violência, a preguiça, o pay-per-view, o vinho na minha casa, tudo isso. Também não vou em shows de rock em estádios. Acho que isso faz parte da minha idade também, quando se é garoto é legal ter essas emoções. O último show que eu vi em estádio foi o U2 em São Paulo, em 1998. O que você está achando do Dunga como técnico da Seleção Brasileira? Infelizmente, quanto aos números a gente não pode falar nada, né? Teve uma votação: quem é melhor, Dunga ou Maradona? Como torcedor de futebol, eu gostaria muito que o Maradona desse certo, porque ele representa muita coisa legal. É um craque, um gênio, uma pessoa contraditória, humano pra caralho. Gosto muito do Maradona, das voltas por cima que ele deu. O Pelé foi melhor, mas acho que talvez o Maradona seja mais importante para a juventude ou para as pessoas que passam problemas com droga do que o Pelé, que nunca nem fumou um cigarro e mesmo assim teve um filho traficante. Ou pelo menos supostamente envolvido com o tráfico. O Maradona mostrou que é possível se recuperar, e isso é importante para quem está na sarjeta. Este ano você estreou no cinema como protagonista do filme ‘Sem fio’. Conte um pouco sobre essa experiência. Cara, foi uma surpresa para mim. O Tiaraju [Aronovich, diretor do filme] procurava um não-ator com aspecto de rock and roll, tanto que pensou no Lobão também, e acabou chegando a mim. O meu personagem é viciado em cocaína, niilista, cético, autodestrutivo. Pude usar toda a experiência que tive como dependente. É até engraçado, tem horas do filme que faço direção de arte. Eu via as petecas [papelote de cocaína] que os caras faziam e falava: “Isso aqui não é peteca, não. Peteca é assim [mostra como se faz]”. Os baseados que os caras enrolavam, uns “puta pastel”, pelo amor de Deus. Foi legal, importante para mim naquele momento que eu fiquei numa berlinda como artista. Sendo um ex-dependente químico, como foi interpretar um personagem viciado em cocaína? Tem uma cena de overdose e eu, infelizmente, já estive ao lado de uma pessoa em overdose, então pude falar o que deveria ser feito para interpretar com bastante realismo. O pó que a gente usava era proteína. Além de ser horrível,

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Nasi nos tempos de Ira!. Agora, o contato é só na justiça

nesse momento posso te dizer que me afetou bastante o ato de cheirar, mesmo sendo proteína. Deu uma regressão para mim, foi pesado. Deus dá pra gente o peso que a gente pode carregar. Ele chegou e falou: “Olha, vou te dar um peso e dessa daí você vai sair muito forte”. E eu consegui sair. Você acredita em Deus? Em Deus. E em deuses, mais ainda. Cantor, ator, comentarista esportivo. Você quer ser político também? [risos] Olha, acho que é uma coisa que não posso ganhar tanto dinheiro como estou ganhando agora, sendo honesto. Acho que a atividade política é importante, participo disso. No setor cultural do PCdoB, estou muito envolvido. Também tenho muita ligação com os países da África, principalmente Angola. Vocês não sabem, mas estou fazendo o meu trabalho lá em prol de muitas coisas que acho legal. A pior coisa que os políticos estão fazendo é desacreditar a juventude sobre a importância da política. A revolução armada é inviável até pela capacidade bélica que o mundo atingiu. Você já disse que roqueiro hoje no Brasil tem cara de bom moço. Rock é para os garotos maus, foras da lei? Acho que sim. Não quero estereotipar isso, mas acho o seguinte: dá pra chegar ao outro lado da margem nadando contra a maré. O rock and roll não é você estar de caiaque, salva-vida, polainas e nadando na maré. O rock também é um exercício de ser outsider. É estado de espírito, não adianta colocar jaqueta de couro e fazer cara de mau. Depois do fim da banda, brigas judiciais e de família, você está aí tocando. Daqui para frente, qual é o caminho? O caminho é estar do lado de pessoas que possam me acrescentar, que confiam na minha liderança. Senhor do meu tempo, administrando tudo na minha carreira, hoje não existe nada que eu não leia, não assine. Contato direto com tudo, produzindo. Principalmente sendo feliz, sabe? Nossas viagens, um convívio legal respeitando as pessoas e sendo respeitado, utilizando o talento deles e refletindo o meu no deles; trocando de luz, dando a minha luz para eles e eles dando também para mim. Porra, isso aqui é uma coisa muito próxima da felicidade, aquela nuvem que tinha por cima de mim saiu. E eu sei para onde ela foi [gargalhadas].

divulgação

E o apelido Nasi? O apelido Nasi foi na época do colégio. Eu estudava em uma escola estadual, na época do ‘Holocausto’, uma série que passava depois do ‘Fantástico’. Eu aprontava, e não era só briga, roubava bengala de professor de química que tinha perna de pau, não podia beijar e eu saía beijando, aí começaram a me chamar de Nasi. Tentei mudar, no primeiro disco eu escrevi Marcos Valadão Rodolfo, não sabia que isso daí ia tomar uma proporção assim. É engraçado, tem gente que tem o primeiro disco do Ira! e pergunta: “Cadê o cantor?”. Tive problemas, assédio e até ameaças veladas da extrema esquerda e da extrema direita. Para quem me conhece, não preciso falar. Sou filiado a um partido de esquerda [PCdoB], tenho um grande envolvimento com a juventude socialista.



SCRAP

>> fale com ele

alexcapella.mg@diariosassociados.com.br

Lei anticoxinha por Alex Capella

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), sancionou lei proibindo a venda em escolas públicas e privadas de alimentos gordurosos e produzidos com gordura saturada e trans. A norma entrará em vigor em março de 2010. Até lá, o Estado vai regulamentá-la, fazendo a descrição dos alimentos proibidos. Sem especificar produtos, a lei diz que lanches e bebidas serão preparados conforme padrões de qualidade nutricional compatíveis com a promoção da saúde dos alunos e a prevenção da obesidade infantil.

Pequeno luxo A redução do IPI e o interesse por carros pequenos vêm impulsionando as vendas do Mini Cooper, marca de veículos do Grupo BMW. Por isso, a fábrica na Inglaterra dobrou a produção destinada ao mercado brasileiro, sendo que parte dela será voltada ao mercado mineiro. A marca pretende abrir uma concessionária em Belo Horizonte. Em São Paulo, dois dos três modelos disponíveis no país têm fila de espera. Para adquirir o mais novo modelo da marca, um conversível, o público mineiro terá de desembolsar a bagatela de R$ 114.900.

De volta ao futuro

Experience Work O Student Travel Bureau (STB) está com inscrições abertas para um novo programa de intercâmbio de trabalho e estudo da língua inglesa voltado para universitários: o Experience Work and Learn. O novo produto, que tem a parceria do ELS Language Centers, um dos principais grupos educacionais dos Estados Unidos, oferece aos estudantes a oportunidade de trabalho remunerado no país durante as férias e aperfeiçoamento do inglês, com todo o suporte da operadora. O programa tem duração de três meses, com início a partir do dia 5 de dezembro e data de retorno ao Brasil até 15 de março de 2010. Fernanda (31) 3333.0988 | 8425.5093

Expansão Criada há dois anos, a mineira Florença acaba de lançar seu programa de franchising com a intenção de expandir a marca para outras cidades do país. Hoje, a empresa conta com mais de 600 pontos de vendas nas principais lojas multimarcas, espalhadas em 15 Estados brasileiros, além de lojas próprias em Juiz de Fora e em Icaraí, no Rio de Janeiro. A marca, que também está presente nos Estados Unidos, México e Uruguai, prepara para, em 2010, inaugurar uma loja própria em um grande shopping da capital mineira. Por falar em 2010, a coleção de verão traz cores fortes com referências hippies e românticas.

Manifesto 2 A MCD – em continuidade ao tema Manifesto – trouxe para a coleção de verão 2010 elementos da natureza, grafites e influências Maoris. As estampas exclusivas abrangem os manifestos explícitos (políticos, ecológicos) e artísticos (arte de rua, ilustrações livres) e fazem parte das peças masculinas e femininas, inclusive no beachwear. A moda praia feminina é composta por boards, biquínis e maiôs. Para os homens, os destaques são os boards, que, neste verão, além dos modelos lisos e tradicionais, aparecem também em versões sofisticadas e com tecidos texturizados.

Devassa na Savassi A Devassa abriu suas portas em Belo Horizonte e, na bagagem, trouxe as saborosas Loura, Ruiva, Sarará, Índia e Negra. A cervejaria carioca, instalada na Savassi, recebeu investimento de cerca de R$ 2 milhões e vai gerar mais de 50 empregos diretos. Além das devassas e dos tira-gostos, a cervejaria vai oferecer almoço executivo, que contará com um bufê de saladas.

A coluna Scrap S/A foi fechada no dia 20 de setembro. Sugestões e informações para a edição de novembro, entre em contato pelo e-mail da coluna.

fotos: divulgação

Sonho de consumo de boa parte dos jovens brasileiros nos anos 1980, as camisetas e bermudas da Ocean Pacific, ou simplesmente OP, voltarão a ocupar lugar de destaque no cenário da moda. Criada no Brasil em 1979, a marca reinou absoluta nos domínios do surfwear por mais de 20 anos até deixar as vitrines. Em sua coleção de relançamento, a OP preservou sua origem, mas com um ar moderno e um lifestyle que garantiram à marca integridade e visão de futuro tão arrojadas quanto antes. Como diz o seu conceito, "tudo se transforma, mas a essência permanece".


RICARDO BOCÃO ENTREVISTA MARCELO D2

PAPO RETO – TERÇAS E QUINTAS ÀS 22h45m

Esportes de Ação 24h na TV



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