Ragga #42 - Criador e Criatura

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REVISTA

Uma onda no ar Misael, fundador da Rádio Favela, rasga o verbo: “Temos que criar uma polícia de prender polícia”

E mais Caiaque, Babilônia, Restart: melhor banda do ano?

#42

outubro 2010 ano 5 www.revistaragga.com.br

Dr. Gonzo Como Hunter Thompson reinventou o jornalismo

não tem preço

Criador e criatura




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BÚSSOLA

a arte da criação Esta edição da Ragga que está em suas mãos foi fechada antes do resultado do segundo turno das eleições. Portanto, escrevo este editorial sem saber ainda quem será o nosso(a) novo(a) presidente(a). Mas, de qualquer forma, as pesquisas indicam até o momento que teremos a primeira presidenta do Brasil. Não estou aqui para dizer o que acho disso, se será bom ou ruim para o país, se ela terá ou não competência para tal, porém uma coisa não poderia ter ficado mais explícita nesta campanha eleitoral do que a sensação de “criador e criatura”. E isso sim pode ser perigoso. Tanto no caso da criatura ser apenas uma extensão do criador e este, por sua vez, manter sobre ela um poder manipulador, como no caso da criatura se rebelar contra o criador e seguir com suas próprias pernas sem muita experiência própria. Política à parte, o tema “criador e criatura” ganha amplitude quando entramos no campo das artes, da religião, do esporte e do humor e,

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Haja coragem

Pedro Oliva radicaliza descendo cachoeiras de mais de 40 metros

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Nos jardins da Babilônia Nosso repórter foi em busca do paraíso perdido

garanto, fica muito mais interessante. A história está repleta de exemplos incríveis, tanto de criaturas como de criadores. Hunter Thompson é a prova de que isso é verdade. Como criador, era um homem que fugia de todas as regras básicas de como deve ser feito um texto ou uma cobertura jornalística. Ele vivia literalmente o fato e, de forma parcial, informal, despretensiosa e subjetiva, narrava suas sensações e experiências. Sua criação foi batizada de “gonzo” jornalismo e uma de suas experiências acabou virando o filme Fear and loathing in Las Vegas (Medo e delírio em Las Vegas). Você poderá conhecer um pouco mais dessa história em nossas páginas. Além de Hunter Thompson, nesta edição, dividimos uma melancia com a Magali, criatura das histórias em quadrinhos de Maurício de Sousa. Trocamos uma ideia com Ziraldo, o criador do Menino Maluquinho. Analisamos Neymar, criador de dribles incríveis e criatura de grande pressão e fanatismo de uma nação apaixonada por futebol. Também, admiramos Travis Pastrana, uma criatura mais costurada do que Frankenstein. Invadimos as ondas do rádio e entrevistamos Misael, criador da Rádio Favela, do verso “entrei pelo seu rádio, tomei e você nem viu” da música dos Racionais MC’s e de muitas outras histórias. Boa Leitura! PS: Sei que a edição que tinha como tema “o brega” foi em agosto, no entanto, resolvi pegar um pouco desse tempero e trazer um conto que li há alguns dias (não há nada mais brega do que contos). Esse, contudo, tem certa pertinência com o tema em questão e serve para refletir, ao melhor estilo “corrente de e-mails”. Resumidamente, o texto dizia que um grupo de cientistas havia chegado à conclusão de que não precisava mais de Deus e foi informá-lo disso pessoalmente. Chegando lá, os estudiosos disseram ao Criador que já haviam criado e desenvolvido diversas coisas, inclusive clones, e que, por isso, Ele não era mais necessário. Deus, de forma sensata, concordou com as incríveis criações, mas pediu um único desafio. Deu, então, a eles um pouco de barro e pediu que fizesse um homem. O cientista rapidamente fez a forma de um homem com o barro e disse: “Viu, aí está”. E Deus respondeu: “É verdade, agora só falta você criar seu próprio barro”. (Depois de ler este editorial, passe esta revista para mais 100 pessoas ou coisas horríveis poderão lhe acontecer.) Lucas Fonda — Diretor Geral lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br

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Felizes e coloridos Restart, Cine e Hori: entenda o fenômeno do happy rock

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Do barraco para o mundo

Misael fala sobre violência, racismo e outras histórias

já é de casa

14 QUEM É RAGGA 42 ESTILO || ROGÉRIO LIMA 44 RAGGA GIRL || LUCIANA MONTINI 50 EU QUERO! || INFÂNCIA 56 AUMENTA O SOM 68 CULTURA POP INTERATIVA 72 PASSANDO A BOLA 74 DESTRINCHANDO



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CAIXA DE ENTRADA < PROMOÇÃO >

< CARTAS >

A Ragga continua a dar uma assinatura semestral para quem der a melhor resposta para a pergunta: “Quem é o cara mais Ragga da história da humanidade?”. Pode ser do esporte, da música, da televisão, literatura ou ciência. Não importa, pode ser até aquele maluco que mora perto da sua casa. Para sua resposta ser considerada a melhor pela redação, vale mandar uma defesa para PROMOCAORAGGA@ UAIGIGA.COM.BR em forma de texto, foto, ilustração, escultura, bricolagem, mosaico, maquete de vulcão, feijão plantado no algodão com água, imagem de objetos produzidos a partir do lixo, feitas de dentro de um helicóptero (estilo Vik Muniz). Não se esqueça do colocar o telefone de contato.

< On the Road inspirador >

[ ]Todas as frases enviadas podem * ser usadas na revista, assim como o nome dos remetentes.

REPRODUÇÃO DA INTERNET

< Homem Aranha É O CARA! >

Rafaela Bravim @rafaela_bravim // via Twitter Estava lendo a @revistaragga aqui na Editora. MUITO bom o conteúdo e a diagramação. Gente, quero fazer um mochilão para a Europa djá! < Ragga fazendo sucesso >

Rafaela Bravim @rafaela_bravim // via Twitter @litah adorei a linguagem da @revistaragga não conhecia, li ela hoje de manhã quase toda sem nem perceber =D Ana Paula Viana @litah // via Twitter @rafaela_bravim tbm conheço a @revistaragga e é muito phoda mesmo. Lia sempre quando estagiava na @obvioci =) < Astrid >

Litza Mattos @litzamattos // via Twitter Me emocionei e me identifiquei muito com a entrevista da @astridfontenell na @revistaragga. Parabéns @sabrinabreu !!! < Destrinchando >

O Cara mais Ragga da humanidade sempre foi e sempre será o Homem Aranha. Ele é um super-herói e só por salvar vidas já deve ser reconhecido como um cara Ragga Sangue Bom. Mas, além disso, para usar o maior poder dele, a teia, ele faz o símbolo da Ragga. Existe alguma atitude mais Ragga do que isso? Ele divulga a revista para salvar o mundo! André Ridolfi Aburachid

Rachel Clemens // via Facebook Foi muito engraçado. Comecei a ler a coluna Destrinchando e achei superfamiliar. Pensei comigo: Caraca, parece texto do Lucas Machado. Bingo! Não deu outra, era sua mesmo. Tá arrebentando, hein? Tá dando para ler e reconhecer a assinatura do texto, só poderia ser sua mesmo. Beijo.

< EXPEDIENTE > DIRETOR GERAL lucas fonda [lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING bruno dib [brunodib.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR FINANCEIRO josé a. toledo [antoniotoledo.mg@diariosassociados.com.br] ASSISTENTE FINANCEIRO nathalia wenchenck GERENTE DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING rodrigo fonseca EDITORA sabrina abreu [sabrinaabreu.mg@diariosassociados.com.br] SUBEDITOR bruno mateus REPÓRTER bernardo biagioni JORNALISTA RESPONSÁVEL luigi zampetti — 5255/mg DESIGNERS anne pattrice [annepattrice.mg@diariosassociados.com.br] marina teixeira isabela daguer FOTOGRAFIA ana slika bruno senna carlos hauck romerson araújo ILUSTRADOR CONVIDADO miho design consciente [miho.com.br] ESTAGIÁRIOS DE REDAÇÃO brenda linhares izabella figueiredo lucas oliveira ARTICULISTA lucas machado COLUNISTAS alex capella. cristiana guerra. kiko ferreira. rafinha bastos glauson mendes COLABORADORES braulio lorentz. daniel ottoni. elisa mendes PÍLULA POP [www.pilulapop.com.br] RAGGA GIRL MODELO luciana montini FOTOS carlos hauck MAQUIAGEM luciana montini CAPA miho design consciente REVISÃO DE TEXTO vigilantes do texto IMPRESSÃO rona editora REVISTA DIGITAL [www.ragga.com.br/digital] REDAÇÃO rua do ouro, 136/ 7º andar :: serra :: cep 30220-000 belo horizonte :: mg . [55 31 3225 4400] < PARA ANUNCIAR >

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< ERRATA > Nos esquecemos de colocar a ficha técnica do último ensaio da Ragga Girl, edição de setembro (#41). Reparando o erro, damos os devidos créditos nesta errata. Foi mal! Ficha Técnica Roupas: Caridad Lingeries: Fruit de la passion Acessórios: Madame Surtô Sapatos: Acervo pessoal

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ARTIGO

O ponto Z por Lucas Machado

“Ser perfeccionista não é fazer alguma coisa mais ou melhor ou buscar sempre a excelência, mas sim ter a convicção emocional errônea de que a perfeição é o único caminho para a aceitação pessoal. É a convicção de que somente seremos aceitos pelos outros se formos perfeitos.’’ Hipócrates

ANNE PATTRICE

O livro O Ponto Z – A Dieta já é um best-seller vendido em todo o mundo. Só nas terras do Tio Sam, vendeu mais de um milhão de exemplares. Na obra, o autor demonstra como se pode atingir um ótimo desempenho mental e físico e perder peso ao mesmo tempo. E mais: mostra claramente que, por meio de uma alimentação saudável e sem culpa, você chegará à saúde perfeita e ao desempenho máximo sem ações megalomaníacas e inconsequentes. Essa obra revolucionária, baseada em sólidas pesquisas científicas e que mereceu o Prêmio Nobel, levou seu autor, Dr. Barry Sears, médico de visão futurística e ex-pesquisador do MIT, a ser conhecido como o “guru das estrelas”. Seus seguidores de carteirinha são: Madonna, o casal Clinton, o ator Steven Seagal e boa parte de equipes de competição dos EUA e de todo o mundo. Como estamos sendo bombardeados pelas grandes revoluções estéticas e mudanças nos padrões de beleza, que alteraram não só a forma de consumo como também a moda, a humanidade se volta por completo para a alimentação. Especialistas em nutrição, Vigilantes do Peso e produtos de marketing de rede que são oferecidos nos quatro cantos do mundo procuram métodos mirabolantes e estudam quais as fórmulas mágicas para uma alimentação cada vez mais saudável e equilibrada. Nas antigas, as experiências eram em mulheres mais gorduchinhas de bochechas avermelhadas e redondas. Hoje, ocorrem mudanças extremamente radicais com relação a isso. O padrão de beleza vigente, que valoriza uma silhueta esbelta aliada à competição constante em todos os campos, seja na escola, nos relacionamentos ou na vida profissional, transforma a vida, o corpo e a alimentação de milhares de pessoas ao redor do mundo. E o mais preocupante: já está atingindo em cheio os jovens. O pensamento da juventude de hoje é: em primeiro lugar, a estética. Depois, o resto. Não à toa vemos meninas ainda em fase de crescimento colocando silicone e fazendo plásticas, e rapazes enchendo a lata de anabolizantes, suplementos e esteroides injetáveis. O grande problema é que

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a maioria acaba comprometendo a saúde para se encaixar nesse padrão. Com o poder da mídia impressa e televisiva, a necessidade de se entrar no estereótipo ideal aumenta consideravelmente. Prova disso é que as doenças relacionadas a distúrbios alimentares também entraram no jogo juntamente com a corrida pelo corpo perfeito, aliado à falta de informação. Cresce todos os dias o número de pessoas com anorexia, bulimia, entre outras doenças. Segundo o Programa de Transtornos Alimentares do Hospital São Paulo, ligado à Universidade Federal de São Paulo, 25% da população infantojuvenil está exposta à anorexia e à bulimia. Além disso, a SoVemos ciedade Brasileira de Cirurgia meninas ainda Plástica (SBCP) constatou que, nos últimos três anos, a quanem fase de tidade de cirurgias plásticas crescimento para correções corporais entre os jovens aumentou de 5% colocando para 20%. A anorexia, por exemplo, silicone e é um mal que leva pessoas a fazendo deixarem de se alimentar. Elas plásticas passam a comer somente o para deixá-las de e jovens suficiente pé, começam a fazer exercícios enchendo compulsivamente e, mesmo a lata de assim, continuam se achando e se enxergando gordas. Visanabolizantes to que, segundo o Instituto de Psicologia da USP, a maior proporção da doença ocorre entre as mulheres — um homem para cada nove mulheres –, é preciso buscar o que acarreta esses problemas no histórico sentimental da pessoa. Grande parte das jovens estudadas pelo Instituto de Psicologia mostrou não se sentir o centro das atenções na vida de seus pais, o que pode provocar distúrbios alimentares como forma inconsciente de atrair a atenção da família. Por isso, o ideal é que o tratamento dessas doenças seja feito com a assistência de psiquiatras, psicólogos e nutricionistas. Está na hora de refletir. Como estamos nos alimentando? Como conseguir atingir o ponto Z? Manter hormônios e insulina equilibrados, saber quais são os bons e maus carboidratos, atingir o equilíbrio orgânico sem consequências bioquímicas adversas não é tão difícil assim. Use a moda a seu favor, mas não se escravize por ela. A vida com charme faz toda a diferença. Leia O Ponto Z – A Dieta. Vale a pena. Fui...

manifestações: articulista.mg@diariosassociados.com.br | Twitter: @lucasmachado1 | Comunidade do Orkut: Destrinchando

J.C.



ARQUIVO PESSOAL

Adriano Vizoni

paula meireles

COLABORADORES Daniel Ottoni é publicitário e quase jornalista. Apaixonado por qualquer modalidade esportiva desde que se entende por gente, demorou a perceber que a cobertura de eventos esportivos seria a forma mais eficaz de participar de eventos e competições. Atualmente, é produtor do programa Jogada de Classe, da TV Horizonte. A matéria com Pedro Oliva, do programa Kaiak, é assinada por ele. d.ottoni@gmail.com // twitter.com/dottoni

Em suas próprias palavras, Braulio Lorentz é “guitarrista medíocre, centroavante desengonçado, linguísta frustrado, repórter indie e fã de listas profissional”. Editor-assistente da revista Billboard, colaborador do Folhateen e da Ragga, já passou pelas redações do Vírgula e do Jornal do Brasil. Publicou textos nas revistas Placar, Set, Outra Coisa, entre outras freguesias. É um dos criadores do Pílula Pop, projeto iniciado na UFMG, onde tudo começou. Nesta edição, ele escreveu sobre o fenômeno das bandas coloridas. twitter.com/brauliolorentz Elisa Mendes estudou comunicação, letras, foi redatora publicitária, mas garante que ser fotógrafa é sua escolha definitiva. Desde junho em Nova York, já fez amizade por todo o East Village, onde encontrou Geová Rodrigues e teve a ideia do Passando a Bola desta edição. É dela a fotografia do estilista. myelisa.com // bonitoisso.wordpress.com

RAGGA SANGUE BOM no DIA MUNDIAL SEM CARRO < vou sem carro com a ragga>

A Ragga promoveu uma campanha convidando a galera para deixar o carango na garagem no Dia Mundial Sem Carro, 22 de setembro, e registrar essa experiência. A ideia era estimular a criatividade, recriar os meios de transporte e abrir mão do veículo por uma bicicleta, skate, metrô, ônibus, um par de tênis ou mesmo a carona amiga. A ação foi parte do projeto Ragga Sangue Bom e contou com participações no Twitter em sugestões de meios inusitados de transporte, e muitas fotos e vídeos circulando na rede. Tudo marcado com a hashtag #vousemcarrocomaragga. veja mais em http://migre.me/1unoz

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ILUSTRADOR CONVIDADO

MIHO Design Consciente [miho.com.br]

Quer rabiscar a Ragga? Mande seu portfólio para annepattrice.mg@diariosassociados.com.br!

A MIHO é um escritório de design que atua nas áreas de gráfico, de produto e de moda, conjugando esses serviços ao conceito de design consciente. Além de prestar serviços para outras empresas, a MIHO também desenvolve seus próprios produtos utilizando matérias-primas e processos sustentáveis. Com uma formação que permeia o design e as artes visuais, as ilustrações desenvolvidas pela equipe de criação foram todas feitas a mão, utilizando os recursos digitais apenas para o melhoramento da captação da imagem original. Baseado em nosso conceito de trabalho, a MIHO propôs, nesta edição da Ragga, um novo olhar sobre o potencial gráfico dos resíduos de papéis, embalagens, fotos, livros e outros objetos obsoletos. A estética adquirida ressalta a proposta da MIHO em relação à sua posição diante das soluções que podem ser encontradas para um determinado problema, criando um vínculo entre conceito, imagem e postura.


COLUNA

Mulheres SILICONADAS

REFLEXÕES REFLEXIVAS DO TWITTER

E OUTRAS ESQUISITICES

RENATO STOCKLER

Judeu narigudo não cheira cocaína. #DrogasToFora.

< RAFINHA BASTOS >

é jornalista, ator de comédia stand-up e apresentador do programa CQC (Custe o Que Custar)

Em 7% dos países, masturbação é crime. Em 99,8% é uma delícia (exceto Papua Nova Guiné).

Assisto ao Animal Planet com uma frase na ponta da língua: “Morreu de trouxa. Ninguém mandou mexer com a cobra”. Seria animal se, antes de atirar para aplatEia, o SÍlvio Santos mergulhasse os aviõezinhos de $ num balde de merda.

Quero um pônei verde, uma bigorna e um cu no queixo. Obrigado..

“Oi, mãe. tô no balé do Faustão. Eu sorrio, danço sem música e bato palminha. Venci na vida.”

MIHO DESIGN CONSCIENTE

Tatuei “bola direita” na minha bola esquerda. Só para confundir o pessoal

Tá zoando o Restart? Ah tá... Genial mesmo é Capital Inicial.

credito ilustra

Baterista que ñ sabe tocar merece surra de cactos dos vizinhos.

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fale com ele: rafinhabastos.mg@diariosassociados.com.br

Ter uma vida útil é ñ saber do que se tratam 98% dos assuntos dos Trending Topics BR. Acabo de ser chamado na rua de “o menininho das piadinhas”. Minha carreira vai de vento em popa! Se o Google Maps tivesse pau, eu chupava. É estranho saber que as mulheres estão carregando saquinhos de silicone no peito. Mais estranho é eu achar uma delícia.

Ninguém me respeita qdo tô com o carro da minha esposa. É como se soubessem que o Clio rosa das Meninas Super Poderosas fosse de mulher.

As apresentadoras do Discovery Kids são muito gostosas. É perturbador sentir tesão enquanto elas ensinam as crianças a escovarem os dentes.



COLUNA

MÃES

40 anos, é redatora publicitária, ex-consumidora compulsiva, ex-viúva, mãe (parafrancisco. blogspot.com) e modelo do seu próprio blogue de moda (hojevouassim. blogspot.com).

Mães dedicadas ajudam no para casa. Mães que fazem o possível não dão conta do seu próprio para casa

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PIL AMBROSIO

< CRIS GUERRA >

Mães dedicadas levam e buscam os filhos na escola. Mães que fazem o possível contratam um escolar. Mães dedicadas costuram com as próprias mãos os remendos da calça do filho para a festa junina. Mães que fazem o possível correm na véspera para as Lojas Americanas em busca de remendos autoadesivos. E se assustam ao constatar que até agora o produto não foi inventado. E enquanto a mãe dedicada passeia com os filhos na pracinha toda manhã de sábado, a mãe que faz o possível liga a TV no Ben 10 para que o filho lhe dê mais meia hora de sono. Mães dedicadas ajudam no para casa. Mães que fazem o possível não dão conta do seu próprio para casa. Mães dedicadas levam o filho ao dentista. Mães que fazem o possível deixam que a avó o faça. Mães dedicadas têm dois filhos pequenos e nenhuma babá. E os levam às festas de criança em meio aos enjoos da terceira gravidez. Mães que fazem o possível têm babá e empregada. E sentem-se

MIHO DESIGN CONSCIENTE

ELISA MENDES

PROVADOR

fale com ela: crisguerra.mg@diariosassociados.com.br

orgulhosas quando conseguem enfrentar sem medo mais uma festa infantil. Mães dedicadas pintam elas mesmas a parede do quarto dos filhos. Mães que fazem o possível sugerem que os próprios filhos o façam. E enquanto a mãe dedicada já idealizou uma opção doce e outra salgada para a próxima atividade escolar do filho, a mãe que faz o possível arde em febre ao receber o pedido da professora para comparecer na próxima segunda-feira levando os ingredientes para montar uma bandeira da Guiné-Bissau comestível. E sonha ter sido sorteada com a bandeira do Japão, em que bastaria colocar uma fatia de tomate sobre a bandeja branca. Mas a mãe que faz o possível dispensa o escolar naquele dia e se emociona ao levar o filho à escola junto com as vasilhinhas de manga, kiwi e cereja picados, e uma caixinha de passas pra fazer as vezes da estrela. E torna-se a heroína do filho em menos de 10 minutos, ao montar uma mal-ajambrada salada de frutas representando a Guiné-Bissau (que ela nem sabe direito onde fica). E assim, numa tarde de segunda-feira qualquer, a mãe que faz o possível provoca em seu pequeno um sorriso que o filho da mãe dedicada nunca esboçou. E descobre que não é nada menos que a melhor mãe do mundo.



COLUNA É-DUCA!: EDUCAÇÃO E PROPÓSITO

o que é importante

para você?

< GLAUSON MENDES >

é líder educador, empresário, e vê na educação a base do novo mundo.

que vem da alma e não pede razões para existir. Eros é o amor do corpo, da atração física, interessado em fazer bem a si mesmo e espera sempre algo em troca. Philia é o amor que nutrimos pelos amigos de toda a vida. Storge valoriza a confiança e os valores compartilhados, sendo um amor afetuoso que se desenvolve lentamente, com base na similaridade. Uma pesquisa de Susan e Clyde Hendrick atribuiu uma escala de sete atitudes amorosas: Eros, Psiquê, Ludus, Storge, Pragma, Mania e Ágape. Nelas, os homens tendem a ser mais lúdicos e maníacos (claro!) e as mulheres (nem era necessário uma pesquisa para saber) mais stórgicas e pragmáticas. Na biologia, o amor é descrito como um instinto natural dos mamíferos, assim como a fome ou a sede. Na psicologia, entende-se que é influenciado por hormônios e pela concepção do que é o amor. No Ocidente, a teoria triangular do amor de Sternberg definiu: amizade, paixão, vazio, romântico, fugaz, consumado e companheirismo amoroso. Na prática, aprendi que, independentemente da definição do que seja o amor, abstrato ou relativo, só se aprende o que é o amor amando, e fico com a definição de Roberto Freire: “Quem começa a entender o amor, a explicá-lo, a qualificá-lo e quantificá-lo, já não está amando”.

PIL AMBROSIO

Eros é o amor do corpo, da atração física, é interessado em fazer bem a si mesmo e espera sempre algo em troca

Poucas vezes escrevi sobre o amor. Mas decidi fazer um tributo a ele. No mundo, nos negócios e no cotidiano fala-se muito pouco sobre o amor. Porém, o que é o amor e como defini-lo? É difícil denominá-lo. Qual sua natureza e qualidades? Platão dizia que o amor é o desejo por algo que não se possui. Sócrates citou que é a virtude mais importante entre todas as coisas. Eriximaco, outro filósofo grego, ressaltou certa vez que o amor influencia não apenas a alma, mas também produz harmonia ao corpo. Na mitologia, o Amor era filho da deusa Afrodite e do deus Ares. Ganhou representação de um belo jovem alado, com traços de menino despido e brincalhão, que portava arco e flecha, tirando a força daqueles que atingia. Sentimento nobre em essência e excelência, tem terreno fértil independentemente de nível social, idade ou sexo. Todos almejam reconhecê-lo. Ama-se coisas, pessoas e a Deus. Segundo diversas teorias, Ágape é o amor

MIHO DESIGN CONSCIENTE

WAGNER VELOSO

“O que deseja, deseja aquilo de que é carente, sem o que não deseja, se não for carente.” Sócrates

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fale com ele: glausonmendes.mg@diariosassociados.com.br



ESPORTE < cAIAque >


Quanto mais difícil, melhor por Daniel Ottoni Ilustração MIHO Design Consciente

PEDRO OLIVA GANHA NOTORIEDADE AO ENCARAR DESCIDAS DE DEZENAS DE METROS A BORDO DE UM CAIAQUE, UM REMO E NADA MAIS Como em muitas histórias de sucesso, tudo começou por brincadeira, ainda na infância. Pedro Oliva, de 27 anos, natural de São José dos Campos, sempre teve uma relação de respeito com a natureza. “Desde cedo, minha relação com a água foi muito forte e, nos rios, encontrei o lugar certo para me divertir e trabalhar”, conta. Hoje, ele é reconhecido por ser um especialista em descidas de rios e cachoeiras a bordo de um caiaque. Apaixonado por esportes, o aventureiro não teve como recusar uma proposta para ser instrutor de rafting e rapel, aos 14 anos, na cidade paulista de São Luiz do Paraitinga. Dois anos depois, surgiu a oportunidade de remar um caiaque. “Tive por esse esporte uma familiaridade que me permitia enxergar novas possibilidades em descidas de rios. O caiaque passou a ser a melhor ferramenta para saltar as cachoeiras.” Sem medo, Pedro se jogou em uma corredeira classe 4 (os níveis de dificuldade vão de 1 a 5). Tomou um belo caldo e teve que ser resgatado. “Normalmente, um iniciante que toma um caldo acaba se traumatizando. Porém, foi uma dose de adrenalina que não quis parar de sentir mais.” A partir daí, o cara resolveu enfrentar desafios maiores. Pedro chegou a bater o recorde mundial, em 2009, ao saltar de uma queda de aproximadamente 40 metros, na cachoeira Salto Belo, no Rio Sacre, em Campos Novos, Mato Grosso. Até hoje, apenas cinco corajosos conseguiram saltar, a bordo de um caiaque, cachoeiras com quedas superiores a 30 metros. Não é para qualquer um. O recorde acabou sendo quebrado, mas o cara ainda pensa em recolocar seu nome no topo. “Gostaria muito de descer uma cachoeira com mais de 60 metros e cair na posição perfeita.”

Para aventuras extremas a bordo de um caiaque, o esportista se sente um privilegiado por ser brasileiro. “Na Amazônia, temos três dos quatro maiores rios do mundo. Ela está para o caiaque extremo, assim como o Havaí está para o surfe”, compara. No entanto, algumas belas aventuras aconteceram fora do Brasil. Belas apenas no resultado final, porque até tudo dar certo, rolaram muitos imprevistos e perrengues. No Equador, em 2005, Pedro tinha como desafio a cachoeira do Missaguagi, de 22 metros. Antes de chegar ao destino, passagens por montanhas de gelo de mais de seis mil metros de altura, atravessando paisagens como Galápagos e vulcões adormecidos. No caminho, um assalto deixou a equipe sem remédios e equipamentos. Tickets de viagem e alguns trocados foram tudo o que lhes restou. Viagens intermináveis de ônibus, que insistiam em quebrar, e noites mal dormidas em rodoviárias eram o mínimo do sofrimento. “No Peru, fomos presos e acusados de contrabando. Apesar de estarmos levando caiaques e equipamentos pessoais, queriam nos cobrar impostos”, lembra. “Sem dúvida, a maior aventura de minha vida.” A última das encrencas foi quase mortal. “Estávamos num lugar isolado e recebemos ajuda de um senhor, que acabou surtando, com uma espingarda a tira colo. Estive com a espingarda apontada a dois metros do meu peito por quase 10 minutos e o senhor, aparentemente transtornado, mostrava muito interesse em atirar.” Para encarar as descidas, muita cabeça, estudo do local e trabalho em equipe. ”Por horas, examinamos o lugar para entender os fluxos de água, vento e características geológicas. Calculamos a velocidade e o tempo de queda para ensaiar os movimentos.”

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MULTISHOW/DIVULGAÇÃO MULTISHOW/DIVULGAÇÃO

O próximo desafio de Pedro é uma corredeira de 60 metros

Chris Karbulik

Ao contrário do que muitos pensam, o caiaque é um esporte coletivo. Sem os resgatistas, tudo poderia estar perdido

Além de coragem, estudar o local é importante para nada sair do previsto

PEDRO CHEGOU A BATER O RECORDE MUNDIAL, EM 2009, AO SALTAR DE UMA QUEDA DE APROXIMADAMENTE 40 METROS. A MARCA ACABOU SENDO SUPERADA, MAS O CARA AINDA PENSA EM RECOLOCAR SEU NOME NO TOPO


foto | LufeGomes


Apesar de ser um esporte aparentemente individual, a presença de outros membros da equipe é essencial. Sempre, no mínimo três pessoas estão envolvidas em uma descida. “Nesse esporte, a sua vida está, muitas vezes, na mão dos resgatistas. Os resgates não são frequentes, mas quando acontecem, o time é quem determinará o sucesso”, analisa. Depois de postar vídeos de várias aventuras no YouTube, Pedro foi convidado por uma produtora que lhe propôs fazer mais uma loucura: descer o Rio Tietê. Sem nada a perder, lá se foi ele. Após muitas visualizações no site e presenças em programas como Domingão do Faustão e Fantástico, foi convidado para fazer um programa no canal de TV a cabo Multishow, em companhia de dois amigos americanos. O nome do programa não poderia ser outro: Kaiak. As aventuras fazem do caiaquismo, hoje, um esporte mais conhecido e respeitado, principalmente devido a maior divulgação por parte da mídia. Merecidamente, o esporte promete muito mais, graças a Pedro e às infinitas corredeiras espalhadas pelo Brasil. As aventuras de Pedro deram tão certo que renderam um programa de TV exclusivo sobre o assunto

FOTOS: MULTISHOW/DIVULGAÇÃO

Para chegar até o local das cachoeiras, muito stand up

Quarenta metros: foi na cachoeira Salto Belo que o aventureiro bateu o então recorde mundial, em 2009



NOITE ADENTRO

Noites badaladas, pessoas interessantes e as músicas mais quentes de todas as pistas. Essa é a Cinco, uma boate cheia de requinte e sofisticação, onde a energia das luzes, cores e sons irão transportar você para um mundo repleto de experiências marcantes. Venha, pegue seu Burn e deixe a Cinco incendiar você. fotos Luiza Ferraz


DJS RESIDENTES

Cacá de Brito Cacá de Brito é um dos nomes mais cotados das noites de BH, não só pela eloquência que produz nas pistas, mas pelo seu estilo gentlemen de ser com a música. Seu som é extremamente contagiante. Cacá iniciou sua carreira de DJ em 1996.

Michel Lara O DJ e produtor Michel Lara lança sobre a pista uma vibe espetacular, tocando sempre o melhor house e eletro house, com versões atualizadas e recheadas de vocais. Com um currículo que inclui apresentações nacionais e internacionais, já dividiu as pick-ups com DJs de peso nos melhores e mais conceituados clubs.

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Rich Van Every / Red Bull Photofiles

SOBRE ecriadores criaturas

frankenstein do motocross {32-

Aos 14 anos, Travis Pastrana teve a coluna deslocada da pélvis ao saltar de uma rampa de quase 37 metros com sua moto. O acidente o deixou em coma por duas semanas e mais três meses numa cadeira de rodas. Depois de recuperado, já quebrou o menisco, a tíbia e a fíbula. Quebrou o polegar, fez duas cirurgias no pulso esquerdo, duas nas costas, uma no cotovelo direito, nove no joelho esquerdo, seis no joelho direito e uma no ombro. Mas, a batalha de Travis não foi em vão. O multipiloto (supercross, motocross, freestyle, snowmobile e rali), nascido em outubro de 1983, quebrou recordes, criou manobras e fez o que muitos achavam impossível. Esse é um pequeno resumo do criador, que assinou duas manobras que deixam seu nome cravado na história dos esportes radicais. Lazy boy e double backflip são os nomes das criaturas do fenômeno. Para quem ainda não o conhecia, vale a pena conferir os vídeos do cara espalhados pela internet.


Para Magali Sousa, assumir sua “faceta real” perante o público é decepcionálos: “As pessoas têm a ideia de que a Magali seja uma criança de 6 anos, mesmo que a personagem exista há mais de 40”, diz. Irmã das personagens Mônica e Maria Cebolinha, todas musas inspiradoras e filhas do desenhista Maurício de Sousa, Magali mora em Belo Horizonte. Mãe de Gabriel, de 26 anos, Luciana, de 24, do temporão Léo, de apenas 6, avó de Daniel e “de mais uma menininha que está por vir”, Magali até puxou o pai nas habilidades artísticas, porém seu trabalho não faz o estilo Turma da Mônica. “Minhas histórias têm uma temática mais séria.” Quanto ao apetite voraz, característica que deu fama à sua personagem, Magali é enfática: “Como muito. Hoje, meus pratos preferidos são bife à parmegiana e nhoque, mas a melancia, claro, sempre tem o seu valor”.

carlos hauck

ela existe!

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o pai do menino maluquinho o futuro. Criança tem que ser feliz hoje para ser um adulto feliz no futuro. Aí, sugeriram que eu escrevesse um livro com essa tese. Me ocorreu que a tese podia dar um livro infantil. Daí para o Menino Maluquinho foi um pulo”. Questionado sobre o que faria se pudesse encarnar o garoto de panela na cabeça, o escritor não pensa duas vezes: “Escreveria um livro”.

DIVULGAÇÃO

O pintor, cartazista, jornalista, teatrólogo, chargista, caricaturista e escritor mineiro Ziraldo Alves Pinto fez carreira em importantes jornais do país e passou pelo inesquecível O Pasquim, semanário que usava um deboche inteligente para fazer oposição à ditadura militar. Em 1980, Ziraldo deu vida ao Menino Maluquinho, sua célebre criatura. Ele mesmo conta a história: “A turma do Pasquim vivia dando palestras sobre tudo, pois todo mundo queria saber o que estava acontecendo no país da ditadura. Eu era especialista em assuntos gerais. Acabei falando sobre crianças e que era contra preparar a criança para

Ilustração extraída do livro O Menino Maluquinho, da Editora Melhoramentos

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Fernanda Luz/A Tribuna

“estamos criando um monstro”

A frase ao lado foi dita pelo técnico Renê Simões, numa dura crítica a Neymar pela sua falta de educação e desobediência ao técnico Dorival Júnior, que acabou sendo demitido do Santos. “Está na hora de alguém educar esse rapaz”, completou. Arquétipo de Robinho, ídolo de crianças que imitam seu corte de cabelo, coreógrafo de dancinhas pós-gol e tuiteiro de todas as horas, Neymar carrega a dor e a delícia de ser um garoto de 35 milhões de euros. Criador de polêmicas, jogadas geniais e dribles que infernizam “joões” pelos gramados, o “Menino da Vila”, metade jogador, metade pop star, completou a maioridade este ano sob as luzes dos holofotes da imprensa. Quem está criando um monstro? A própria criatura, num ataque de autodestruição — ou de redenção? A mídia, que toca fogo no circo, lava as mãos e bate palma? Os torcedores, reféns de sua própria adoração pelo esporte bretão? Ou um país incapaz de questionar a verdadeira importância de seus ídolos? comente redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

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CULTURA

AP Photo/arquivo

Hunter Thompson foi um poeta e repórter da loucura. Ninguém conseguiu, como ele, transformar paranoia e alucinações em jornalismo


por Bernardo Biagioni

HUNTER S. THOMPSON, UM MITO QUE VIVEU, O ÚLTIMO HOMEM EM PÉ NO BOTECO SUJO, O CAVALEIRO SÁBIO DA VERDADE

Velho louco. Vinte de fevereiro de dois mil e cinco e Hunter Stockton Thompson, um jornalista taciturno, sombrio e assustadoramente selvagem desce uma das montanhas de sua granja em Aspen, nos Estados Unidos, com uma espingarda armada apoiada nos ombros firmes, em passos trôpegos. Deve estar bêbado, sob efeito de alguma droga potencialmente perigosa e, como todas as manhãs dos últimos anos, acordou cedo para descarregar alguns cartuchos da arma nos pássaros inofensivos que mergulham ao redor. Ele está profundamente decepcionado com os tempos estranhos que invadiram o Colorado — e o mundo — desde o começo deste “Século do Medo”. Ainda existe nesses passos alguma coisa

do moleque da quinta série que foi preso pelo FBI. O primeiro crime de Thompson foi derrubar uma caixa de correios na rua, só para foder com o motorista do ônibus escolar que o levava diariamente para aprender as primeiras selvagerias da vida. Depois foi pego com drogas, armas, motoqueiros criminosos, prostitutas, dívidas de hotéis, drogas, armas e uma imensidão de papéis velhos, rasurados, repletos de paranóia, citações febris, prenúncios de um novo Tempo e reflexões alucinadas, mas bem ponderadas, sobre os loucos anos 1960 que ajudou a construir. Aos 67 anos, ele precisa aprender a lidar com tudo isso que ondula para trás, no seu passado, enquanto carrega a espingarda nas costas. Isso já foi uma tarefa bem fácil. Porém, hoje não. Em alguns minutos, o jornalista cometerá o seu último crime. Assim como Hemingway, seu escritor preferido, Hunter explodirá a própria cabeça.

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BBC Storyville/Divulgação

< ANTECEDENTES CRIMINAIS > Hunter Thompson viveu como uma espécie em extinção. Insatisfeito com a objetividade do jornalismo, com a superficialidade de tudo que era escrito na imprensa e, sobretudo, com os padrões de vida da sociedade norte-americana, o recém-doutor em jornalismo pela Universidade Columbia resolveu mergulhar de vez nos primeiros lapsos do aclamado Sonho Americano. Melhor do que ninguém, Hunter percebeu que as décadas tranquilas que sucederam a Segunda Guerra Mundial em nada confortaram os jovens que entravam nas faculdades da Califórnia. Muito pelo contrário. A importação de milhões de tecnologias duvidosas pelos Estados Unidos, acompanhada a uma sensação forçada de que “os sonhos podiam ser comprados”, ajudaram a criar uma geração insatisfeita, em dúvida constante, que andava de um lado para o outro com roupas coloridas e mensagens de paz e amor. Hunter era mais um hippie em meio a explosão da loucura, do LSD e do rock ‘n’ roll, que desestruturou o Universo nos idos dos anos 1960. E era um hippie com uma máquina de escrever vermelha, um diploma de jornalismo e com alguns editores igualmente estranhos que apostavam no trabalho dele.

REPRODUÇÃO DA INTERNET

HUNTER ERA MAIS UM HIPPIE NO MEIO DA EXPLOSÃO DE LOUCURA, DO LSD E DO ROCK ‘N’ ROLL QUE DESESTRUTUROU O UNIVERSO NOS IDOS DOS ANOS 1960. E ERA UM HIPPIE COM UMA MÁQUINA DE ESCREVER VERMELHA...

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Sempre com o cigarro pendurado nos lábios, Hunter murmurava palavras de uma sabedoria torta por onde passava


SUMMERTIME


< MOTOQUEIRO SELVAGEM >

Christian Thompson/REUTERS

Seria uma grande ignorância não apostar no trabalho desse jornalista, em todo caso. Em busca de nada mais do que diversão perigosa, Hunter embarcou na primeira grande aventura de sua vida em 1965, ao integrar a gangue de motoqueiros Hell’s Angels para uma viagem pela América. De todos aqueles meses na estrada, saiu não só o livro Hells Angels — Medo e delírio sobre duas rodas, como também um novo tipo de jornalismo, chamado Gonzo, que condenava qualquer forma de objetividade, imparcialidade e fidelidade aos fatos. Hunter tinha inventado a receita certa para o tempo certo. Antes de Tom Wolfe, Gay Talese e Truman Capote – alguns dos jornalistas mais renomados do período — o Doutor Gonzo, como se autoproclamava, percebeu que a loucura deveria ser tratada com... loucura. E assim como Aldous Huxley, William Blake e Jim Morrisom, Thompson resolveu escancarar de vez a sua percepção sobre o mundo para poder mergulhar cada vez mais fundo nos limites da razão humana. E ainda foi além. < DOUTOR GONZO > Em 1971, o editor da revista Rolling Stone encarregou Hunter de cobrir uma famigerada corrida de motos em Las Vegas, a Mint 400. Seguindo os preceitos do Jornalismo Gonzo, Thompson aceitou o convite, alugou um conver-

Para lá dos seus 60 anos, esse jornalista andava de um lado para o outro como uma estrela do rock. E era grande amigo de Johnny Depp

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sível vermelho com o cartão de crédito da empresa, colocou o advogado como passageiro e encheu todo o portamalas com ácido, cocaína, anfetamina, mescalina, éter e qualquer outro tipo de entorpecente que você já possa ter experimentado. Nunca foi publicado nenhum texto sobre a corrida. Ao invés de acompanhar a competição, o jornalista passou os dias seguintes enfurnado nas roletas dos cassinos, em shows estranhos, em quartos de hotéis com contas assombrosas a serem acertadas e em transe contínuo, martelando na máquina de escrever sobre sua tentativa frustrada de “mergulhar de vez no Sonho Americano”. Essa experiência resultou na sua obra mais famosa, Medo e Delírio em Las Vegas, que foi parar no cinema em 1998, com Johnny Depp, seu grande amigo, como protagonista. < O ÚLTIMO HOMEM EM PÉ > Toda essa loucura deixou sequelas. Depois de velho, Hunter se enfurnou de vez em seu rancho e só publicou textos

bem difíceis, perdidos em devaneios antigos. Dizia até que estava sendo seguido pelo governo americano. Este novo século era demais para ele. Com Richard Nixon era fácil de brincar. Já com a família de Bush era bem diferente. Embora possa ser divertido ver Hunter Thompson ali, em Aspen, tendo dificuldade para derrubar os pássaros que voavam sozinhos no horizonte, em muito devemos agradecer a esse homem. O Doutor Gonzo nunca foi um comediante, mesmo com todas as gargalhadas que despertou no cinema, nos livros e nas revistas. Hunter soube entender o espírito de uma geração, de uma imensidão de jovens que buscavam nas drogas, nas viagens e nas experiências uma forma de se libertar, de se mover, e de fazer as coisas acontecerem. E, ao contrário do esperado, ele nunca deveria ser tratado como um marginal, um criminoso ou um louco. Para dizer a verdade, tenho certeza que esse foi o homem mais sóbrio que já conheci nesta longa estrada de loucuras de que é feita a Vida.



QUEM É fotos Ana Slika

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ESTILO

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ROGÉRIO

LIMA

por Lucas Machado fotos Carlos Hauck ==============================-----------------

< KIT SOBREVIVÊNCIA >

O glamour das bolsas e carteiras é, sem dúvida, fonte constante de inspiração, não só para as passarelas, mas também para um look perfeito. Quem circula no meio fashion sabe que, em um desfile, esses dois acessórios são praticamente imprescindíveis. O estilista mineiro Rogério Lima é um exemplo bem claro dessa combinação. “Comecei fazendo cintos, depois passei para bolsas e carteiras, mas sempre tive meu próprio estilo”, comenta. Em suas criações, ele mostra muita personalidade, mistura o retrô com o lúdico e utiliza cores bem variadas. Como poucos, sabe deixar as roupas com um senso enorme de moda. “Em 2001, vendia tudo o que eu fazia. Passei a vender para Tráfico Z, Vide Bula, Carmim e Cavalera. Com isso, veio a necessidade de criar minha marca própria, a Fábrica”, conta. O designer adora cozinhar e já tem alguns pratos em restaurantes como o Sorriso, no Bairro de Lourdes, em BH. Suas maiores referências são Salvatore Ferragamo, Bottega Veneta e quando o assunto é a Louis Vuitton, prefere as malas às bolsas e gosta da história de como a grife começou. Sobre os planos futuros, dispara: “Quero fazer uma linha de sapatos e brincar com uma linha home, voltada para casa, com objetos de couro”.

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calça DSquared tênis Royal Elastics relógio Diesel blusa V.ROM cinto Cavalera ==============================----------------------------------------máquina de calcular Facit (Suécia)

azeite Olive Oil & Porcino – Pons (Espanha)

chaleira Le Creuset

carteira peixe Rogério Lima

mochila de viagem Rogério Lima

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J.C.


VESTIBULAR Inscrições abertas A FUMEC é uma das poucas instituições credenciadas como Universidade em BH. E isso faz toda a diferença para sua carreira.

Leonardo Roscoe Chagas Aluno da Universidade FUMEC

Uma Universidade, pela sua abrangência, é uma instituição pluridisciplinar, aberta à universalidade dos ramos de pesquisa e dos campos do saber. Portanto, uma Universidade é o ápice na classificação das instituições de ensino superior. Deve investir em ensino, pesquisa e extensão; oferecer cursos da graduação ao doutorado; ter um quadro de professores titulados, composto por mestres e doutores com sólida experiência profissional e uma infraestrutura completa. Tudo isso a Universidade FUMEC tem, pois em seus 45 anos de ensino superior posicionou-se como uma das mais respeitadas instituições brasileiras. Além disso, possui importantes parcerias com empresas, visando à oferta de oportunidades de carreira para seus alunos. Como instituição sem fins lucrativos, seus investimentos são direcionados exclusivamente para a qualidade da formação dos alunos. Faça já sua inscrição para o Vestibular 2011.

www.fumec.br 0800 0300 200

Administração Ċ Arquitetura e Urbanismo Ċ Biomedicina Ċ Ciência da Computação Ċ Ciências Aeronáuticas Ċ Ciências Contábeis Ċ Comunicação Social - habilitações em Jornalismo e em Publicidade e Propaganda Ċ Design - habilitações em Gráf ico, em Interiores, em Moda e em Produto Ċ Direito Ċ Educação Física (bacharelado) Ċ Educação Física (licenciatura) modalidade a distância Ċ Enfermagem Ċ Engenharia Ambiental Ċ Engenharia Bioenergética Ċ Engenharia Civil Ċ Engenharia de Produção/Civil Ċ Engenharia de Telecomunicações Ċ Fisioterapia Ċ Fonoaudiologia Ċ Negócios Internacionais Ċ Pedagogia Ċ Psicologia Ċ Terapia Ocupacional


COLUNA

A MÚSICA

e o tema SÊ-LO OU NÃO SELO por Kiko Ferreira

DivulgaçÃO

Participando das reuniões no apartamento de Nara Leão, o músico e produtor Roberto Menescal viu de perto nascimento da bossa nova

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Lady Gaga, garota fabricada sob suas próprias regras e todas as artimanhas do mercado, é mais um sintoma de uma indústria que viveu, vive e viverá de criadores e criaturas imaginadas e moldadas para alimentar a cultura pop. De armações explicitamente comerciais, como The Archies (do hit Sugar Sugar), Josie and The Pussycats, Menudo, New Kids on the Block, The Monkees a, vá lá, mais criativas, como Gorilazz, tende ao infinito a lista de personagens cravados na história. Madonna, que se reinventa a cada disco e já foi material girl, erótica, Evita e amante de um Jesus de poucas falas, encontra paralelo no camaleão David Bowie no quesito “invenção de personas”. Bowie, nascido David Robert Haywood-Jones, foi um alien classudo em The man who fell to earth, uma espécie de vampiro em Fome de viver e um soldado homo em Furyo — Em nome da honra, além de viver na Broadway o Homem-Elefante. Na música, foi Ziggy Stardust entre 1969 e 1973, soulman e artista experimental nos anos 1970, discoman nos 1980 e mentor do protopunk Iggy Pop, entre outras fantasias realizadas. Mesmo os artistas que a crítica jura de pés juntos que são autênticos e revolucionários, sem abrir concessões, tiveram bons pontapés do marketing. Os Beatles só começaram a chamar atenção das adolescentes quando adotaram os cabelos longos, cortados em formato de quase cuia, e os paletós sem gola que foram uniforme fashion do iê-iê-iê. E, numa de suas muitas obras-primas, assumiram a fantasia da Banda do Sargento Pimenta para aumentar a dose de psicodelia criativa. Os punks, símbolos da revolta contra um sistema de cartas marcadas, só chegaram ao topo do interesse do público graças às necessidades da estilista Vivienne Westwood e do empresário Malcolm McLaren de faturar uns bons trocados. Eles impulsionaram uma onda de consumo de roupas rasgadas, cortes de cabelo irregulares e alfinetes de fralda como piercings de primeiras horas. Os Sex Pistols, para aumentar a lista, usaram a Rainha da In-

glaterra, principal personagem do Reino Unido, para detonar o primeiro grito punk. E Deus não salvou nem a rainha. Do falso comedor de morcegos Ozzy Osbourne ao Eddie do Iron Maiden, o território do metal vai da linha “sadomasomotoqueira” do Judas Priest a centenas de adoradores de todas as seitas demoníacas do planeta e de seu subsolo infernal. Enquanto isso, o rock progressivo cantou e tocou as lendas do Rei Arthur e das esposas de Henrique VIII, via Rick Wakeman; e a Terra Média do Silmarillion, que gerou o Marillion de Fish e cia.. Outra tendência da indústria fonográfica é a criação de grifes sonoras que definiram estilos de fazer e ouvir música. A Motown, criada em Detroit por Barry Gordy Jr., estabeleceu uma sonoridade para a música negra que esteve com Stevie Wonder, Marvin Gaye, Diana Ross, Michael Jackson e Jackson Five e foi tão definitiva quanto a Stax como fábrica de hits cuidadosamente planejados. Na mescla de country&western e rhytmn ‘n’ blues que deram no rock ’n’ roll, a Sun Records, de Memphis, Tenessee, tinha como um de seus objetivos vencer a barreira racial e fazer o rock atingir a classe média branca, via Elvis, Jerry Lee Lewis, Roy Orbison, Johnny Cash e outros tão bem dotados quanto eles. Ela também, certamente, foi origem dos Travelling Wilburys, já citados neste espaço, que serviram como fachada para Bob Dylan, Tom Petty, George Harrison e Jeff Lynne exercitarem sua porção Roy Orbison. A gravadora Sub Pop, de Seattle, foi outra que ficou na história. Lançou o grunge e, com a ajuda das College Radios, as rádios universitárias, conseguiu chegar ao número um da parada americana com o Nirvana e desencalhar blusas de flanela mundo afora. No jazz, a existência de selos com marketing muito bem definido, incluindo artes de capa, embalagem visual e sonora e formas de gravar, fizeram sucesso e história de muitos selos. Entre eles, o Pablo, com suas capas em preto e branco e discos gravados ao vivo


DivulgaçÃO

A SUN RECORDS, DE MEMPHIS, TENESSEE, TINHA COMO UM DE SEUS OBJETIVOS VENCER A BARREIRA RACIAL E FAZER O ROCK ATINGIR A CLASSE MÉDIA BRANCA, VIA ELVIS, JERRY LEE LEWIS, ROY ORBISON, JOHNNY CASH E OUTROS

Suzanne Plunkett/REUTERS

A estilista Vivienne Westwood e o empresário Malcolm McLaren (abaixo) deram um empurrãozinho, o punk foi para as vitrines e virou peça de consumo dos jovens

Em 1977, Antonio Adolfo foi pioneiro da produção independente com o disco Feito em casa, que ele mesmo vendia às lojas

PASCAL GUYOT/AFP PHOTO

(dentro e fora do estúdio); a norueguesa ECM, com suas capas frias e coloridas e conteúdo que rimava liberdade e diversidade étnica; e o Impulse, berço do sucesso de John Coltrane, com suas capas duplas, fotos ousadas tecnicamente e lombadas alaranjadas. Na música brasileira, vale lembrar alguns produtores que, por sua originalidade e determinação, viraram personagens. Do amante da bossa nova Aloysio de Oliveira, de capas com grafismos inovadores e fotos em preto e branco, ao casal Patty e João, da mineira Cogumelo, de Sepultura e cia, marcaram época Som da Gente (instrumental e MPB), Carmo (Egberto Gismonti e apadrinhados), Marcus Pereira e Funarte, na pesquisa e defesa dos gêneros tradicionais. Biscoito Fino foi responsável pelo maior movimento de astros da MPB das majors para a vida independente. Mazzola, Liminha, Pena Schmidt, Chico Neves, Roberto Menescal, Ronaldo Bastos, Nelson Motta, Benjamim Taubkin e alguns outros poucos e raros produtores de discos fizeram obras suficientes para deixar dicção nos sulcos da indústria do disco. A continuidade de seus trabalhos faz falta num tempo de obras impessoais nas quais a maioria dos discos são bem embalados, mas carecem de alma e sangue.


DIA E NOITE

Cineclube Savassi

A Heineken está presente em algumas das casas mais badaladas de BH e, nos próximos meses, você confere aqui as melhores dicas para curtir seus dias e noites na capital mineira. Restaurantes, bares e boates. São opções para todos os gostos!

VALE A PENA!

FOTOS: CARLOS HAUCK

O delicioso roast beef é recheado com lombo defumado no molho roti e acompanhado de pequenos pães.

SERVIÇO

DICA HEINEKEN

O Cineclube dá uma força para animar ainda mais sua noite: apresentando o passaporte, a terceira Heineken é por conta da casa.

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Reduto de amantes da sétima arte em Belo Horizonte, desde 2007, e espaço para diversão em propostas alternativas e modernas, o Cineclube Savassi é uma boa pedida para festas estilizadas. Durante o dia, cinéfilos conferem programação variada de longas e curtas. À noite, os clientes contam com eventos organizados pela própria casa, além de poderem reservar suas próprias datas em esquema de bufê fechado, contando com a sala de cinema para apresentação de fotos e vídeos aos convidados. No cardápio, bebidas variadas — incluindo cervejas importadas e coquetéis — e petiscos saborosos

Endereço: Rua Levindo Lopes, 358 — Savassi Fones: (31) 3223 3340 / 9867 6451 Capacidade: 250 pessoas Formas de pagamento: dinheiro ou todos os cartões de crédito e débito Com: música ao vivo, dJs e som ambiente, de acordo com o dia e a proposta da festa Funcionamento: domingo, segunda e terça: 14h às 22h quarta e quinta: 14h às 00h sexta e sábado: 14h às 5h (conforme as festas) Na internet: usinadecinema.com.br cafesbh@cafesbh.com.br


CLICK

fotos Carlos Hauck

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9 1. Marcos Costa e Ana Clรกudia Maciel 2. Daniel Picoli e Daniel Moone 3. Bรกrbara Franรงa 4. Amanda Franรงa e Victor caixeta 5. Fabiana Sales e Gustavo Fialho 6. Ingra Carence e Samuel Vinicius 7. Lucas Almeida e Danielle Nunes 8. Daniel Neto e Andressa Marques 9. Luiza Godoy e Lucas Souza 10. Nathรกlia Alves

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RAGGA modelo Luciana Montini fotos Carlos Hauck

Nunca houve uma mulher como Luciana por Brenda Linhares

Avistar Luciana assim, a contraluz, é profanar os olhos dos escultores mais perfeccionistas. Sua beleza harmoniosa pede exaltação, inspira paixões ardentes quando ela sorri, assim, imperiosa. Ilumina tanto que parece intimidar até o Sol. A cada olhar lançado, a cada gesto sem resquício de pudor, Luciana arrasta consigo uma parcela de admiradores e deixa a outra metade de joelhos, tentando compreender como é possível existir tão fascinante aparição. A saleta ali, dantes sem graça, repentinamente se enche de vida quando Luciana passa. Seus longos cabelos que suavemente tocam sua pele caucasiana e suas curvas magistrais inspiram, ao mesmo tempo, a mais doce e a mais sacana poesia. Uma dose de Bukowski com Machado de Assis.





MODELO Luciana Montini FOTOS E PRODUÇÃO Carlos Hauck MAQUIAGEM Luciana Montini LOOKS Acervo pessoal

Nascida e criada na pequena São Miguel do Iguaçu, interior do Paraná, essa loira estonteante veio estudar publicidade e trabalhar como modelo nas terras mineiras, presenteando os belo-horizontinos com tão apreciável presença. “Gosto muito de Minas e da música mineira, principalmente Paula Fernandes”. Não se preocupe Luciana, os mineiros lhe retribuem essa estima, com todo esplendor que você merece.

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EXTRAVASE O STRESS DO DIA, NA ACADEMIA.


CONSUMO

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EU

“Não sou tão jovem a ponto de saber tudo.” Essa célebre frase de Oscar Wilde descreve a importância de recordar a infância. Em comemoração ao Dia das Crianças, nós achamos que não é preciso viver em Neverland para se divertir sempre. Para isso, selecionamos itens os quais deixarão seu dia-a-dia mais colorido, pois, apesar da realidade não ser tão doce como um brigadeiro, nada melhor do que reviver essa fase da vida em na qual se podia sorrir sem motivo e sem preocupação.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

INFÂNCIA

por Brenda Linhares

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1. < Ilumine-se >

Sempre que precisar de um pouco mais de luz, esse bonecolanterna da Lego te ajudará. Com aproximadamente 24cm de altura, ele funciona a quatro pilhas AA, emite luz 360º e ainda tem uma alça para que você possa levá-lo aonde quiser. Essa novidade agradará a galera que curtia (ou curte) montar prédios, carros, barcos ou qualquer outra coisa de Lego quando era mais jovem. R$ 69,90 osegredodovitorio.com (41) 3024 3939

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2. < SEM RESSENTIMENTOS >

3. < NO SOFÁ >

4. < ISSO, ISSO, ISSO >

Para os eternos fãs de vídeo game, essa camiseta relembra os clássicos jogos do Nintendo, numa sacada na qual Mario Bros e Donkey Kong fazem as pazes depois de tantas perseguições mútuas. Só para lembrar, neste ano, nosso herói Mario comemorou seu 25º aniversário. R$ 45 camiseteria.com (21) 2543 6203

Estes itens lhe trarão uma nostalgia de querer rever todos os seus clássicos preferidos da Disney. Ambos têm vantagens na rapidez do preparo e na praticidade da utilização. Então, corra para o sofá com torrada e raspadinha, porque vários personagens os quais marcaram sua infância estão lhe esperando. Raspadinha: R$ 273,60 Torradeira: R$ 256,50 obravip.com (31) 4063 9088

Outro encontro inusitado que a Camiseteria proporcionou foi o do nervosinho Hulk com nosso inesquecível Chaves, ambos guardados com apreço na mente de cada criança — pequena ou grande — que acompanhou esses personagens tão queridos e antagônicos os quais, até hoje, permeiam nossas mentes e televisões. R$ 45 camiseteria.com (21) 2543 6203

5. < PARA TODAS AS IDADES >

6. < CHARME DE MENINA >

O CD Música de brinquedo, do grupo mineiro Pato Fu, é uma seleção especial para crianças, mas que em nada impede dos mais grandinhos curtirem. Utilizando instrumentos como caixinhas de música, xilofone e pianos de brinquedo, o grupo faz releituras de clássicos de Elvis Presley, Rita Lee e Paul McCartney. Nos shows, a banda conta ainda com a participação da companhia de teatro mineiro Giramundo. R$ 32,90 Diskoteka (31) 3275 2309

Quem disse que toda mulher não pode ser um pouco menina? Esses pingentes da Amsterdam Sauer farão você se sentir um pouco mais sonhadora para enfrentar a dura rotina da vida adulta. É muito simples: basta tirar a criança que existe em você de dentro do portajoias e sair saltitante pelas ruas da cidade. Galinha: R$ 612 Gatinho: R$ 765 amsterdamsauer.com (21) 2525 0033

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ON THE ROAD < babilônia >

Babilônia

E O PARAÍSO PERDIDO por Bernardo Biagioni fotos Ricardo Villela

DOZE HORAS DE VIAGEM, UMA BALSA E UMA ESTRADA COM RISCO DE MORTE PARA CHEGAR NA TERRA PROMETIDA

Bernardo, vivo, na Pousada da Babilônia, a 516km de Belo Horizonte


Não dava mais para voltar. E, ainda que fizesse algum sentido dar meia volta na estrada, nenhum de nós seríamos suficientemente loucos para desistir e não ir atrás de tudo o que estava nos esperando nas próximas cinco horas. Ali estávamos todos, de pé, em frente ao único supermercado de Delfinópolis. Eu, dois fotógrafos e um advogado conversando com José, um senhor de setenta e poucos anos completamente assustado com a nossa abordagem sem formalismos, sem mentira, começando assim: “Como é que pegamos a estrada para a Babilônia?” O sujeito ficou espantado no ato e tratou de ficar correndo os dedos pelos cabelos envelhecidos para tentar achar, num canto da cabeça, uma resposta, uma sentença, uma maneira de nos dissuadir de seguir em frente para os “caminhos tortuosos da noite”. “Vai que Deus não quer que vocês cheguem lá hoje?”, tratou de emendar, olhando no fundo dos nossos olhos joviais, cheios de culpa, de medo, de dúvidas sobre os mistérios do planeta. Parecia até um anjo negro batendo as asas no meio do vento. < GAROTA, EU VOU PARA A BABILÔNIA > Finalmente, isso estava acontecendo. De um ano para o outro, comecei a perceber que talvez o Sistema esteja ruindo, cedendo, se desconcertando nas peças centrais escondidas no meio de tudo. Nas palavras do rei, a Babilônia está queimando. Têm aparecido algumas pessoas com vontade de ver as coisas acontecendo, com curiosidade, com fome de experimentar uma nova percepção sobre as múltiplas possibilidades da vida. E, por coincidência, há alguns meses, fiquei sabendo que existia um distrito chamado Babilônia no interior de Minas Gerais, próximo de Delfinópolis, uma vila perdida no meio da natureza selvagem, com cachoeiras, matas virgens e grandes descobertas interiores. Quase um convite para o paraíso. Partimos no primeiro dia desta primavera, com o último sol do inverno como testemunha das nossas loucuras particulares que nos colocaram nessa estrada. Partimos sem mapas, sem saber muito do caminho, sem saber se chegaríamos e sem muito dinheiro, contando que encontraríamos uma montanha confortavelmente segura para montar nossas barracas debaixo do céu estrelado, imenso, característico do Sul do estado. José foi a primeira pessoa que arriscamos pedir alguma informação. Toda vez que mencionávamos o nosso destino, dava para ver

as rugas de seu rosto brotando pulsantes por todos os cantos. “Está escuro e os campos da Babilônia não são fáceis. Deus pode não querer que vocês vão para lá hoje. Fiquem, durmam aqui na cidade e amanhã vocês continuam com segurança”, indicou, pela terceira vez em uma mesma frase. Concordamos com a cabeça e saímos andando em direção ao carro. É claro que íamos seguir em frente. < A GENTE DEVIA TER OUVIDO O JOSÉ > Vinte e dois quilômetros de estrada de terra depois, na escuridão profunda de milharais abandonados, sem nenhuma indicação, sem nenhuma alma humana por perto, o acelerador do carro começou a falhar. Paranoia absoluta. Comecei a pensar nas placas que vi na entrada de Delfinópolis, todas referentes a passagens bíblicas, e senti minha respiração falhando. “Vai que Deus não quer que vocês cheguem lá hoje”. Por que será que Deus estava fazendo isso com a gente? Será que Ele queria esconder alguma coisa de nós, humanos, com pecados pendentes na conta do Céu? < TODA NOSSA ESPERANÇA EM TIÃO PINGUINHA > Milagrosamente, conseguimos seguir dirigindo até um vilarejo chamado Olhos d’Água, com pouco mais de 800 habitantes. O único mecânico da cidade, porém, estava em um casamento e atendia pelo nome de Tião Pinguinha. “É difícil achar ele à noite”, disse a garota da farmácia, que mal conseguia se aguentar na cadeira de tanta curiosidade. “O que vocês estão fazendo aqui?”, perguntou, enfim, quando eu já estava entrando no carro de volta. “Estamos indo para a Babilônia”, respondi. Ela sorriu com o canto da boca. Tião não estava no casamento. E em nenhum bar da vila. Nossa saída era um senhor chamado João, que também entendia um bocado de carros. Mas João estava na igreja evangélica. E, como se não bastasse, ele não poderia deixar a capela até o momento em que pincelasse um último acorde no órgão encostado no altar. Sim, João, o mecânico reserva, também usa suas ferramentas para servir ao Senhor. Tudo indicava que era hora de voltar, mas dali, de Olhos d’Água, já conseguíamos ver a fumaça da Babilônia subindo pela noite, mergulhada no barulho dos galhos que crepitavam no estalar do fogo. Faltava pouco. Muito pouco. < QUEIMA, BABILÔNIA > Entramos pela rua calçada em silêncio, olhando as primeiras casas de madeira enfileiradas pela direita da janela do carro. Estávamos completando 10 horas de viagem nesse exato momento e não dava para saber se tínhamos chegado. “Ei, queremos ir para a Babilônia”, falamos com o molequinho que jogava futebol na garagem de casa. Ele pediu para esperar, entrou por uma porta larga e voltou logo em seguida, ofegante, com uma informação um tanto estranha até para si mesmo: “Minha mãe disse que... aqui é a Babilônia!” Não parecia o que eu esperava de uma vila chamada Babilônia. Quer dizer, tirando a casa do moleque e outras poucas 15 construções vizinhas, a única coisa que preenchia aquele

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COMECEI A PENSAR NAS PLACAS QUE VI NA ESTRADA DE DELFINÓPOLIS E SENTI MINHA RESPIRAÇÃO FALHANDO

Trilha e estradas perigosas, mensagens de Jesus de poste em poste e fogo. Muito fogo. Nas palavras do rei, a Babilônia está queimando

espaço de terra era uma igreja e uma praça. E tocava música eletrônica em um carro de som estacionado de frente para o único boteco. Não tinha nenhum hippie, nem as cores do reggae em algum muro e nem uma estátua de Jesus no meio da rua. Porém, o cheiro de planta queimando no ar era inconfundível. “Ninguém mais conhece essa vila por esse nome”, tentou explicar o dono de uma lanchonete. “Já faz alguns anos que somos apenas Ponte Alta. Para os homens de coragem, restaram apenas os ‘Vãos da Babilônia’, para lá da Serra da Canastra”, continuou, agora abaixando repentinamente a voz. “Lá sim ainda existe esse nome. Mas para chegar lá não é fácil. Muitos nunca voltaram.” < PARAÍSO PERDIDO > Tentando esquecer que, em algum momento da noite anterior, a gente estava dançando com os nativos de Ponte Alta no meio da praça, amanhecemos acampados em outro vijarejo, chamado Glória, conversando com um caubói que prometeu que arrumaria o problema do acelerador. E, por mais estranho que possa parecer, ele arrumou mesmo o problema do acelerador. Pronto. Segundo os astros, menos de 20 quilômetros nos separavam dos vãos da Babilônia, “uma planície larga cercada nas extremidades por duas serras enormes, que seguem reto pela linha do horizonte”. Era lá que encontraríamos as cachoeiras mais longas, belas e inexploradas de nossas vidas, como se fossem pequenos suspiros de Deus perdidos entre a criação de um Universo de belezas simples, puras, que desafiam a ordem defendida pelos Homens. Um canto de Minas — e do mundo — onde não existem Leis. Uma negação da Babilônia que se lê na Bíblia. Dirigimos por mais duas horas até começarmos a ver as serras se ajeitando lado a lado, bem no fundo da estrada sinuosa que cortava as montanhas da Canastra. Era estranho estar chegando em algum lugar. “Não esperem encontrar malucos por lá. Eles não aparecem mais por aqui.” Esse aviso do senhor da lanchonete me veio à cabeça. Já faz alguns anos que o turismo da região só contempla jipeiros cachaceiros e cavalgadas previamente plane-


GREGÓRIO KUWADA

Serras e cachoeiras inexploradas que se perdem nas névoas. Um paraíso perdido entre as matas

jadas para as noites de lua cheia. Isso porque, misteriosamente, as pousadas da região ficaram caras, de uma noite para a outra. Nós não esperávamos encontrar ninguém, em todo caso. Muito menos uma cidade, um bar, uma montanha com um mirante famoso, visitado por todos os viajantes que se arriscam por aquelas estradas. Em silêncio, ouvindo só o barulho dos pássaros e da terceira música do Slightly Stoopid, nosso único desejo era encontrar com nós mesmos, com os nossos deuses e anseios, com o nosso Sistema condenado pela emoção de sair por aí apenas para ir, simplesmente Ir. Saímos de casa para encontrar a Babilônia, o caos. E descobrimos o nosso paraíso perdido entre as montanhas da natureza divina.

faz tudo de uma vez.

Jogar boliche, se divertir, levar a namorada, juntar os amigos, queimar calorias, desestressar, tomar um chopp, comemorar um aniversario, fazer um happy hour, comer bem. Tudo isso em um so lugar.

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CULTURA

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Choro e histeria: cenas do último show do Cine em BH, no começo deste mês

O ROCK PEGOU uma corzinha por Braulio Lorentz fotos Carlos Hauck

RESTART, CINE E SUA TURMA LEVARAM OS COLORIDOS AO TOPO DO POP BRASILEIRO. DEPOIS DOS HITS, É A HORA DA REJEIÇÃO?

Quando Pe Lanza, Pe Lucas, Koba e Thomas apareceram na frente das câmeras para buscar o quinto prêmio do Restart naquela noite de VMB, a rejeição do público presente já ameaçava bater no teto do Credicard Hall. A cerimônia da MTV para os melhores da música, que aconteceu em São Paulo, no dia 16 de setembro, foi a coroação de um trabalho que enfiou os verbetes “happy rock” e “coloridos” no dicionário do pop nacional. Quem esteve na premiação viu os meninos serem acuados pela turma da (não tão) velha guarda: basicamente fãs de NX Zero e Pitty, os achincalhados da temporada passada. A banda paulistana levou a estatueta de Melhor Show e a cantora baiana venceu na categoria Rock, ambos com cores bem distintas e público, acredite, também. Há dois anos, os quatro rapazes do Restart tinham que meter a mão no bolso da calça jeans (os modelos de tons berrantes vieram depois) para conseguir tocar em pequenas casas paulistanas. O retorno desse investimento, dos tempos em que a banda se chamava C4, veio sem a ajuda de uma grande gravadora, mas com a expertise do empresário Marcos Maynard. Desde junho do ano passado, os meninos contam com a mão do homem que já esteve no comando de gravadoras como Polygram e EMI, nas últimas três décadas. Maynard diz que hoje, no rock brasileiro, não há nada como “a voz de anglo-saxão” de Pe Lanza. Garante que Thomas tem uma das melhores baquetadas do pop atual. Além de ressaltar que Pe Lu (guitarrista) e Koba (baixista) passaram dois anos estudando música em um conservatório. O empresário divide os artistas com os quais já trabalhou em duas categorias: as dos produtos (Balão Mágico, RBD) e a dos que vencem pelo carisma e talento. “Não precisamos


Cauê Diniz/Divulgação

Pe Lanza e cia: segundo a audiência da MTV, a melhor banda de 2010

mexer em nada”, reconhece o ex-executivo de gravadora, que compara o sucesso do grupo ao do RPM, levando em conta as mudanças do mercado fonográfico, é claro. Se antes a banda de Paulo Ricardo colecionava discos de platina, hoje o Restart comemora 50 mil cópias vendidas do álbum de estreia. A maior banda do rock alegre é independente, mas todas as gravadoras têm seu representante do gênero. A EMI apostou no Hevo 84; a Warner se deu bem com o Hori, que tem Fiuk como vocalista; e a Arsenal (do produtor Rick Bonadio) assinou com o Replace. Já a Universal tem o Cine, o primeiro grupo dessa leva a se destacar em rádios, emissoras de TV e — mais timidamente — premiações. Em 2009, o termo mais procurado por brasileiros no MySpace (respeitável site para busca de bandas novas e velhas) foi “Cine”. O segundo lugar ficou com “Banda Cine”. De quebra, o grupo do hit Garota radical levou as estatuetas de Revelação do VMB e do Prêmio Multishow do ano passado. Este ano, na premiação da MTV, o grande nome foi o Restart, que levou os cinco prêmios para os quais foi indicado, entre eles os de Melhor Artista e Revelação. O que não causou surpresa para DH, vocalista do Cine:

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“O público do Cine é mais Multishow do que MTV. Por exemplo, a MTV elegeu o Justin Bieber como Artista Internacional. Então, é natural que o Restart leve mais prêmios por ser mais pré-adolescente. Não que não gostemos do trabalho do Justin Bieber, mas o Restart combina mais com ele do que com o Cine.” Hoje, a banda mostra, em seu recémlançado primeiro DVD (As cores — Ao vivo), por quais motivos não gosta do rótulo de “happy rock”. Propõe uma fuga dos tempos de colorido: entre as faixas festivas e descompromissadas do começo de carreira há espaço para a música As cores. Poderia ser um bom punk pop cheio de “autotune” e rebeldia de shopping,



Nem tão mais coloridos assim, o Cine parece rejeitar o rótulo de happy rock

HÁ DOIS ANOS, OS QUATRO RAPAZES DO RESTART TINHAM QUE METER A MÃO NO BOLSO DA CALÇA JEANS (OS MODELOS DE TONS BERRANTES VIERAM DEPOIS) PARA CONSEGUIR TOCAR EM PEQUENAS CASAS PAULISTANAS porém se trata de uma faixa com discurso pra lá de cabeça (“Perguntei do final pras flores / As flores são partes do total”). A canção tem até trio de cordas. O jornalista André Forastieri diagnosticou bem a onda com o texto “Restart é rock de verdade”, publicado em seu blog no portal r7.com. Para ele, o som de Cine e adjacências é igualzinho ao pop-punk das bandas que vieram antes. “Só que, ao invés da gritaria pra baixo, é uma gritaria pra cima”, compara. “É uma coisa meio pós-emo que, obviamente, eu não gosto. Já achava emo chato. Acho as músicas fracas, os refrões insuportáveis e o visual medonho”, adjetiva Lúcio Ribeiro, que escreve sobre música pop na revista Capricho, no IG e no jornal O Estado de São Paulo. “Espero que a moda deles passe e que, a partir desse som que fazem hoje, evoluam para algo melhor”, completa Lúcio. Ele viu os garotos no VMB e até saiu com uma boa impressão. “Juro, não achei de todo péssimo no desempenho ao vivo. Então, há esperança, talvez. Provavelmente, cortando aqueles cabelos terríveis.”

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Caio Paifer/Divulgação Agência O Globo/Divulgação 3” 4 COLOR

A Hori, de Fiuk (à esquerda), e o Replace (abaixo) são exemplos de bandas que surfam na onda colorida

EM 2009, O TERMO MAIS PROCURADO POR BRASILEIROS NO MYSPACE FOI “CINE”. O SEGUNDO LUGAR FICOU COM “BANDA CINE” Assim como os coloridos, Forastieri lembra que todos que fizeram sucesso de verdade — dos Beatles a Menudo e Guns N’ Roses — conviveram com altas taxas de rejeição. Mas, qual será o futuro das tais bandas alegres? “Vai acontecer com eles o que acontece com 90% das bandas que fazem supermegasucesso e 99% das que não fazem: cair no limbo”, arrisca. Antes que isso aconteça, o jeito é se acostumar com essas famílias que não almoçam junto todo dia, mas tuitam que é uma beleza.

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O louco, o gago, o cisne negro, uma mutilação e o Facebook

fotos: divulgação

por Daniel Oliveira

Entre o final de agosto e o início de setembro, quatro festivais de cinema aconteceram, respectivamente, em Veneza, Telluride (Califórnia), Toronto e Nova York. Durante alguns dias nessas cidades, são definidos os filmes que: 1) concorrerão aos principais prêmios distribuídos por indústria e crítica cinematográfica no fim do ano e início do próximo; 2) dominarão as manchetes de jornais, revistas e blogs; e, principalmente, 3) você não vai querer perder por nada nesse mundo. Com base na cobertura jornalística desses festivais, segue uma lista de oito filmes para serem anotados na agenda e mantidos no radar, caso contrário você corre o risco de ficar por fora das conversas mais legais: A rede social: Semibaseado em fatos reais, o longa de David Fincher (O curioso caso de Benjamin Button) conta a história do nascimento do Facebook. Quem viu disse que o filme pode ser aquele o qual “define esta década”. Parece ser tão bom que até Justin Timberlake (!!!) — como Sean Par­ker, o criador do Napster — está cotado para o Oscar de ator coadjuvante. Previsão de estreia no Brasil para 3 de dezembro. Somewhere: O vencedor do Leão de Ouro, principal prêmio do Festival de Veneza, traz um ator entediado (Stephen Dorff) que recebe a filha de 11 anos (Elle Fanning, irmã da Dakota) no famoso hotel Chateau Marmont, onde vive em Beverly Hills. Com canções de Phoenix e Strokes na trilha musical, a crítica disse que essa é a volta ao humor e intimismo de Encontros e desencontros para a cineasta Sofia Coppola. Black swan: O longa do diretor Darren Aronofsky (O lutador e Réquiem para um sonho) assombrou os sonhos de quem viu essa mistura de drama e terror. Natalie Portman está cotada para um certo carequinha dourado como a bailarina tão obcecada em protagonizar o Lago dos Cisnes que pode estar... criando asas. 127 hours: James Franco, outro na fila do Oscar, pro-tagoniza a história real do alpinista Aron Ralston que, numa escalada, fica com o braço preso sob uma pedra durante o período do título e deve cortá-lo para sobreviver. Angustiante, assustador e causador de certa vertigem, esses são alguns dos adjetivos

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usados para o filme do diretor Danny Boyle (Quem quer ser um milionário?). Não me abandone jamais: Adaptado do best-seller homônimo de Kazuo Ishiguro (autor do também aclamado Vestígios do dia), o filme do diretor Mark Romanek (que já fez videoclipes do REM e Madonna) dividiu a crítica. Uma espécie de distopia futurista, só que passada em uma Inglaterra “alternativa” dos anos 1970. O longa acompanha três estudantes de um colégio interno os quais descobrem que estão sendo educados para um objetivo bem específico. No elenco, Carey Mulligan (indicada ao Oscar, no ano passado, por Educação) divide as honras com Andrew Garfield (que também está em A rede social e será o novo Homem-Aranha) e Keira Knightley (Desejo e reparação). Catfish: A regra sobre esse “documentário” parece ser: quanto menos você souber sobre ele, melhor. Os diretores Henry Joost e Ariel Schulman acompanham um homem que começa a trocar mensagens com uma garota mais nova no Facebook e vai atrás dela no interior dos EUA. O que acontece quando ele chega lá, aparentemente, derreterá seu cérebro. I’m still here: O subtítulo desse outro “documentário” em português é O ano perdido de Joaquin Phoenix. O filme acompanha o ano no qual o ator de Johnny e June e Gladiador anunciou que estava largando a carreira para se tornar um rapper. A insanidade inclui carreiras de cocaína, prostitutas, P. Diddy e escatologias chocantes. O anúncio de que foi tudo uma grande pegadinha do Mallandro, imaginada como um comentário à cultura das celebridades, foi feito pelo diretor (e também ator) Casey Affleck, irmão de Ben e cunhado de Phoenix, em um artigo do New York Timesm dias depois da estreia do filme em Veneza. The king’s speech: Vencedor do prêmio do público em Toronto, no momento, esse é o grande concorrente ao Oscar 2011, ao lado de A rede social. A história real (em vários sentidos) do homem que curou a gagueira de um tal Bertie e o transformou no rei George VI (pai da rainha Elizabeth), colocou Geoffrey Rush, o professor, e Colin Firth, o gago, como os favoritos nas categorias de atuação do ano que vem.


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Na Rede Para chorar de rir entre samambaias

por Daniel Oliveira

Michael Cera Depois de criticar o humor impróprio para menores de Superbad e de tocar uma campainha bizarra no meio da fala de Cera, Zach começa a... bolinar o menino, que fica em completo estado de choque. veja :: http://bit.ly/FcyR

Sean Penn Zach encarna seu irmão gêmeo, Seth Galifianakis, e o vencedor de dois Oscar encarara uma das pessoas mais chatas a pisar na Terra. As expressões naturalmente mal humoradas de Penn são o contraponto perfeito para as galhofas de Galifianakis. veja :: http://bit.ly/dsf88R

começa a chorar. veja :: http://bit.ly/cSHskA Charlize Theron É a vingança contra todas as maldades já proferidas por Galifianakis. Charlize vê seu nome ser falado errado. Daí, um jogo de Playstation é colocado no seu rosto enquanto ela fala do cachorro doente — e mesmo assim, ela flerta com Zach o tempo todo. O golpe final da atriz é de rolar no chão. veja :: http://bit.ly/17suvd

Steve Carell Com certeza, o melhor da série. Carell (o comediante de Virgem de 40 anos e Todo Poderoso 2) vai ao programa preparado para as tiradas de Galifianakis e começa a zoar o apresentador, chamando-o de gordo. Os dois trocam farpas e ofensas, até que um deles

Gabriela Pepino

por Brenda Linhares

Com apenas 23 anos — quatro de carreira —, a cantora belo-horizontina Gabriela Pepino já soa como veterana. Com cabelos loiros e semblante de menina, ela sobe ao palco com tamanha sutileza que surpreende ao soltar sua bela e poderosa voz, semelhante às divas negras do jazz e do blues, influências as quais teve desde pequena. Este ano, juntamente com Gilvan de Oliveira, Gabriela se apresentou em um famoso festival de jazz na cidade de Marciac, na França, onde também se apresentaram nomes como Jamie Cullum, Esperanza Spalding e Gilberto Gil. No seu primeiro CD, Let me do it, com previsão de lançamento para fevereiro de 2011, Gabriela pôde mostrar sua identidade musical bastante libertária presente no repertório. “Meu álbum tem influências de jazz, blues e soul, que se interagem em todas as canções”, conta. Em seus shows, ela parece nos dar serventia à sua alma. “Quando canto, quero expressar para o público cada sensação que as músicas me passam. Tem apresentações que termino simplesmente exausta, mas extremamente feliz, pois sei que não gostaria de fazer outra coisa”.

Guilherme Cunha

PRATA DA CASA

Natalie Portman Um episódio com o pé no surreal. Portman está com seu cachorro. Galifianakis pede para cheirá-lo — depois de já ter pedido o telefone da atriz. Contém a melhor piada com V de vingança que você ouvirá na sua vida. veja :: http://bit.ly/MXe9Z

DIVULGAÇÃO

Como o cunhado insano e sem limites de Se beber, não case, Zach Galifianakis se firmou como o comediante mais engraçado — e requisitado — de Hollywood atualmente. Fora de cinema e TV, porém, Galifianakis tem no site funnyordie.com sua melhor piada: Between two ferns with Zach Galifianakis (ou Entre duas samambaias com Zach Galifianakis), um talk-show criado e apresentado por ele mesmo. Sabe aquela mania que os apresentadores desse tipo de programa têm de ser sempre simpático, falando só das coisas boas? Galifianakis faz exatamente o oposto: ele é provocador, inconveniente e ofensivo. Nós separamos os cinco melhores episódios para você conferir.

Olha isto: myspace.com/gabrielapepino youtube.com/user/gabrielapepino

Saia da garagem! Convença-nos de que vale a pena gastar papel e tinta com sua banda. Envie um e-mail para redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br com fotos, músicas em MP3 e a sua história.



CULTURA POP INTERATIVA

Top 10 Piores criações Quando pensamos que tudo já foi criado, recriado e copiado, alguém tira do fundo da cabeça uma nova invenção, seja vinculada a roupas, música, estilo musical ou algum modismo idiota. Com sua ajuda, queremos descobrir: qual a pior invenção listada neste Top 10?

1º Vuvuzela

2º Seu Jorge e Ana Carolina juntos É isso aí...

3º Sertanejo universitário

A cada dia surgem 458 novas duplas no Brasil. Não se assustem se amanhã vocês virem: “Dupla Arroz e Feijão lança DVD”. O bicho tá pegando...

4º Bomba atômica

Há 65 anos, Nagasaki e Hiroshima foram arrasadas pelos Estados Unidos, único paíss até hojes a usar a rosa com cirrose, estúpida e inválida.

5º Zorra Total / Turma do Didi

Se você consegue rir desses programas, preocupe-se: você deve ter algum problema.

stock.xchng

O som irritante das vuvuzelas retumbou durante meses neste ano de Copa na África do Sul. Os jogadores até culpavam a cornetinha maldita pelos erros em campo.

último ranking independência No último Top 10, listamos significados para a palavra independência e pedimos a escolher do melhor sinônimo. Sem delongas, eis o resultado:

6º Cheque especial

Generosidade dos bancos p... nenhuma! Os endividados que o digam.

7º Tribalistas

Liberdade < 23,21% >

O que Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes tinham em mente quando se reuniram para gravar aquele “inesquecível” álbum?

Nessa enquete, a melhor tradução para independência foi a tal falada liberdade. Livres, sem submeter-se às vontades de outrem, nossos leitores não abrem mão dela, ainda que o Sistema insista em atacá-la com metralhadoras.

8º Coca-Cola de cereja / Grapette /

maléficos à saúde. A Coca de cereja não vingou, o Grapette ficou para a história e a Fanta Uva não agrada nem às crianças. Só falta virarem cult na próxima década.

Com a medalha de prata, a coragem, com enorme segurança, chega batendo no peito ao dizer que merece, sim, estar no segundo lugar. Independência sem coragem é coisa de bundão.

Fanta Uva Esses três refrigerantes são altamente

9º Roupas do Faustão

Cavalos coloridos, cores extravagantes, números gigantes. Outro dia, ele estava com uma blusa psicodélica que nem o Serguei usaria.

10°Telemarketing

Quem nunca recebeu uma ligação daquela telefonista desesperada com voz de nariz entupido falando como um robô, não sabe do que se livrou. “Senhor, posso estar te passando nossa lista de vantagens?”

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Coragem < 19,64% >

Desprendimento < 14,29% >

Sem apego às coisas materiais, ao dinheiro e ao sucesso a qualquer custo, dá para ser independente sem ser ambicioso além da conta. Eis o nosso terceiro lugar — ele também não queria ganhar mesmo.



PASSANDO A BOLA

Em construção por Sabrina Abreu foto Elisa Mendes Recriar é palavra de ordem para o designer Geová Rodrigues, que ingressou na moda usando restos de tecido que grandes grifes jogavam no lixo em Nova York. Hoje, tem o nome conhecido internacionalmente. Ele nasceu em Barcelona. Não a cidade catalã, mas sua menos conhecida homônima, no interior do Rio Grande do Norte. De qualquer forma, as metrópoles cosmopolitas estavam no destino de Geová Rodrigues. Aos 16 anos, deixou o Nordeste e partiu para São Paulo, onde começou a carreira de artista plástico e foi frequentador assíduo do legendário Madame Satã. No fim dos anos 1980, foi para Paris, mas logo se cansou da cidade: “Linda, sim, mas antiquada. Quando estou lá, sempre penso que vou ver Maria Antonieta andando de carruagem em alguma rua”, resume. Um amigo de Paris se mudou para os Estados Unidos e o convidou para ir junto. Em 1992, depois de viajar e morar em outras cidades americanas, Geová se fixou em Nova York. Lá, trocou as artes plásticas pela moda — literalmente: um conhecido ofereceu uma máquina de costura, caso o designer lhe desse um de seus quadros. Fecharam o negócio. Com a máquina à disposição, faltava a matéria-prima, que veio a ser das mais luxuosas: restos de tecido que estilistas de grifes como Anna Sui e Calvin Klein jogavam no lixo. A reutilização de material descartado virou sua marca registrada e fez dele um dos pioneiros que disseminou a tendência de reciclar, desconstruir e customizar peças.

A originalidade desse trabalho chamou a atenção da revista American Happers Bazzar que, em 1998, colocou-o em evidência na cena nova-iorquina. “A mudança para a moda foi ótima, porque a resposta é mais rápida, e gosto de rapidez. Não queria esperar morrer para fazer sucesso como pintor.” Há 12 anos mostrando suas coleções na Semana de Moda de Nova York, Geová agora mira no Brasil, porque “o país está muito bem, tem muita coisa acontecendo atualmente”. Neste mês, ele fará palestra e workshop — gratuitos e abertos ao público, em Ouro Preto. Boa chance para ouvir, em Minas Gerais, Geová falar, com seu sotaque bem peculiar, sobre suas técnicas e casos de sucesso. Como nós fizemos, diretamente do East Village.

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< VAI LÁ >

Geová Rodrigues na Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG Ouro Preto — ifmg.edu.br >> Dia 19, terca-feira Palestra: Moda, tecnologia e sustentabilidade, às 19h30. >> Dia 20, quarta-feira Workshops: Customização de camisetas, às 13h. >> E, quando estiver em Nova York: Avenida Ave B, 208, entre as ruas 12a e 13a.



PERFIL

Hiroshima auditiva por Bruno Mateus fotos Bruno Senna

HÁ 30 ANOS, MISAEL AVELINO DOS SANTOS FAZ DO MICROFONE UM INSTRUMENTO DE INFORMAÇÃO E PROTESTO. POLÍTICOS, POLÍCIA E EMPRESÁRIOS DA MÍDIA NÃO ESCAPAM DA LÍNGUA AFIADA DO FUNDADOR DA RÁDIO FAVELA

Enquanto ele se reunia com amigos para queimar Judas no Sábado de Aleluia, a polícia subia o morro para impor o poder do Estado e “descer o cacete”. Nessa realidade do fim da década de 1970, um garoto contestador, então com 16 anos, usava o boneco do mais controverso discípulo de Cristo como símbolo de reivindicação. Foi nesse cenário hostil que Misael Avelino dos Santos decidiu dar voz aos moradores de uma terra de ninguém e criar, num pequeno quarto de um barraco no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, uma rádio comunitária, a Rádio Favela. Por conta disso, foi preso pela primeira vez aos 18 anos, “acusado de incomodar os aviões e até Brasília”. A intenção era mesmo incomodar, denunciar e espalhar cultura e informação. No ar desde 1980, a Rádio Favela — que

já foi a quarta mais ouvida de BH — é referência mundial, recebe visitas de curiosos e profissionais dos quatro cantos do mundo e inspirou o filme Uma onda no ar, levado ao cinema em 2002 por Helvécio Ratton. Com o reconhecimento, Misael, presidente de honra e fundador da rádio, já esteve na Espanha, em Portugal, na Alemanha, no Chile, na França, na Inglaterra, na Itália e nos Estados Unidos. No ano passado, ganhou o Prêmio de Comunicação da Europa 2009-2012 em Córdoba, na Espanha. “A imprensa de Belo Horizonte ainda não noticiou”, diz. O portão aberto é o convite à participação dos moradores e assim estava quando Misael, nascido e criado no morro há 50 anos, recebeu a Ragga na sede da rádio. Durante quase duas horas, ele falou sobre violência, infância, drogas, racismo e comunicação. “Mas tem uma coisa que não pode ficar de fora desta entrevista”, disse. “A gente tem que criar, na nossa cidade, uma polícia para prender polícia. Tirar a parte podre, a banda podre. Essa é a pior droga que a gente tem e finge que não usa.”



Como surgiu a ideia da Rádio Favela? A IDEIA DA RÁDIO surgiu a partir de uma brincadeira. No fim da década de 1970, colocávamos o som no meio da rua no dia de Judas, Sábado de Aleluia. A gente tocava fogo no Judas e virava aquele protesto. Começou a virar tradição, juntava muita gente para ver o que a gente falava e escrevia em volta dos bonecos. Era época de ditadura, mas eu nem sabia direito o que era isso. Em 1977 ou 1978, criaram um batalhão chamado Rotam (Rondas Táticas Metropolitanas) e aquilo deu entusiasmo para fazer a rádio. A gente estava brincando, os caras chegavam quebrando tudo, e a rapaziada começou a reagir. Foi ali que surgiu a inspiração. Quando a rádio começou a falar as necessidades que o povo daqui tinha, começou a incomodar. Nesse começo, vocês tiveram a ajuda de alguém? NO INÍCIO MESMO, não. Não sabíamos que era proibido reivindicar o que é seu, não tínhamos noção. Aqui era uma terra de ninguém. Existiam duas coisas: pessoas com venda nos olhos e os caras com fuzil na mão do lado de lá. O pretexto do pessoal do governo era o de que todo mundo aqui era bandido. Depois de muitos anos brigando, o padre Tarcísio viu que estavam nos incomodando muito. Ele nos chamou, deu muitas orientações e falou para segurarmos a onda porque tudo ia dar certo. Conseguimos coleta de lixo, abertura da rua, luz e água. Isso foi em 1981, 1982. Fizemos uma marcha na Av. Afonso Pena com mais de cinco mil favelados. A rádio foi evoluindo, mas a gente não colocava todo dia no ar, era só à noite ou nos fins de semana, por causa das complicações. O couro comia. Quando a coisa começou a ficar séria, foi que vocês resolveram colocar a rádio para frente e aguentar as porradas que vocês tomariam? DE 1988 PARA CÁ, chutei o pau da barraca. A favela inchou, um tumulto danado, índice de violência crescendo. Chamei as pessoas que gostavam da militância e todas toparam. Aí, nós fomos para o jogo e foi quando a rádio incomodou mais ainda. Já tínhamos uma consciência política mais robusta e conseguimos virar a situação. Como é feita a programação da rádio e como a comunidade participa? COM LOCUÇÃO, a rádio entra no ar às 5h. Até às 7h, toca música caipira. Das 7h às 10h, tem a programação que eu faço, chamada Super Popular. Depois, tem o programa Variedades, que conta com a participação de algum especialista do assun-

to do dia. Todo mundo da comunidade participa 24h da rádio. Quando você chegou, o portão estava aberto, não estava? Quem quiser, vem aqui e faz. Às 13h, entra o programa É no Pagode, às 15h, tem o Tarde de Sucessos, que agora está no automático, às 20h, tem o Bolero do Lero Lero, que é show de bola. Nos fins de semana, os moradores que têm consciência de que devem participar, vêm e participam. Tem o programa do Sindicato dos Rodoviários, do Sindicato da Construção Civil, da Defensoria Pública e o informativo de hora em hora. De meianoite às 4h, a rádio vai no robô. A rádio foi ao ar em 1980, já no fim da ditadura. Quais os problemas enfrentados naquele momento e como era a relação com a polícia? A DITADURA ACABOU para o Ziraldo, para os brancos. Para as pessoas que moram na periferia, não acabou. O problema sério que arrumamos foi com os empresários radiofônicos, que criaram uma implicância muito grande conosco. Várias vezes, fui acusado de ladrão. Inclusive, uma música dos Racionais MC’s tem um trecho que é uma fala minha: “Entrei pelo seu rádio, te roubei e você nem viu”. Fui a uma palestra e uma senhora me chamou de ladrão, disse que eu estava roubando ouvintes sem pagar imposto. A relação com a polícia até hoje não é boa, porque o corporativismo existe entre eles. As pessoas do governo do estado fazem um planejamento de que quem mora na favela tem o direito a ter um revólver apontado, ficar com a perna aberta e tomar chute. O Estado coloca no carro o emblema Gepar (Grupo Especializado em Policiamento de Áreas de Risco), mas área de risco a gente conhece no 199, que é o pessoal da Defesa Civil. E quem trabalha na Defesa Civil não usa arma. Isso é chato, porque você tem que passar segurança para as gerações que são vindouras e não permanecer no medo, na senzala. Você já foi preso várias vezes. Acontece perseguição política? É O QUE MAIS ACONTECE. A rádio era considerada ilegal e provou para o mundo inteiro que tem aceitação, audiência e endereço. Quando a Rádio Favela entrou no ar pela primeira vez, só existia uma rádio FM em Belo Horizonte. Para o governo continuar perseguindo, ele simplesmente obrigou que a rádio fosse legalizada e foi um golpe. Com a concessão na mão, você é obrigado a entrar no jogo, entendeu? Depois de 20 anos brigando, deram a concessão [concessão verbal, a oficial saiu em 2006]. Como é sua rotina? JÁ MUDEI minha rotina várias vezes. Eu já tinha noção de que a

Segundo Misael, o trabalho social mais forte da rádio é a porta aberta, “cada um divulga o que quer”

O PAÍS ESTÁ ATRASADO, AS PESSOAS QUE ESTÃO NO CONGRESSO E NO SENADO ESTÃO NA IDADE DA PEDRA. ACHAM QUE TUDO TEM QUE PASSAR POR ELES E QUE NADA PODE TER O DOMÍNIO DO POVO


rádio ia dar um boom e, depois que deu, tive que mudar minha rotina. Acordo, venho para a rádio, moro do lado. Então, chego aqui pouco antes das 6h, quando não chego às 5h. Aí, dou um rolé para saber o que está pegando, tenho umas fontes boas. Você coloca o cara com o cabelo em pé, porque é meio complicado reivindicar as coisas que os caras estão ganhando muito dinheiro em cima. Só esquecem que, enquanto eles têm lágrimas para derramar e covardia para fazer, estou vendendo lenço, construí uma fábrica de lenço. Você sempre morou aqui? NASCIDO e criado aqui. Como foi sua infância? A MELHOR infância do mundo. Se eu pudesse, teria umas três. Jogava bola e a melhor coisa da infância: não tinha nenhuma conta para pagar. Você não quer ter uma vida dessas, não? [risos] Aqui, tinha muita água, muito bicho. Hoje em dia, com esse tanto de barraco e gente, não tem mais. Tinha os campos [de futebol], a rapaziada com opinião e disposição de fazer. Agora é diferente, a geração é outra, que quer imitar o primeiro mundo só através do tubo. Na minha geração, o negócio era ouvir os mais velhos, discutir com os do meio e ir para cima para ver o que ia dar.

Para o presidente de honra da Rádio Favela, a ditadura continua para negros e moradores da periferia

Vocês já tiveram problemas com traficantes aqui do Aglomerado? OLHA, se eu te falar uma coisa você não vai acreditar. Todas as pessoas acham que dentro de favela tem traficante. Aqui, no Aglomerado da Serra, posso falar de carteirinha que nunca

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mas ela chega, porque a gente recebe um retorno. A Rádio Favela foi a primeira (de BH) a usar o digital no rádio. Nós já recebemos várias advertências e, agora, um processo, porque uma pessoa do asfalto, que tem uma rádio digital, tem complexo em relação à palavra favela. A Rádio Favela é a 10ª mais ouvida, era a oitava. Isso, por enquanto, porque a gente ainda vai chegar lá entre as quatro, posição na qual já estivemos.

Como vocês tratam esse assunto na rádio? COM A MAIOR naturalidade possível. Não sou eu, e nem pretendo ser, a pessoa que ajudará quem está vendendo droga. O país não tem serviço para todo mundo. A violência aqui era uma, depois que abriram uma avenida, deram emprego para as pessoas, caiu 90%, pode consultar.

Se a rádio é comunitária e sem VÁRIAS VEZES, fins lucrativos, como ela FUI ACUSADO se sustenta? UMA RÁDIO COMUNITÁRIA, por menor DE LADRÃO. que seja, tem despesas. Você tem essa concessão de rádio comunitária e paga INCLUSIVE, UMA o projeto da rádio, fora a energia para MÚSICA DOS a Cemig; pagamos também uma instituição chamada Ecad (Escritório Central RACIONAIS MC’S de Arrecadação e Distribuição) para roTEM UM TRECHO darmos as músicas. Você tem toda essa despesa e de onde tira essa receita? Aí QUE É UMA FALA vem o segundo pensamento, uma interMINHA: “ENTREI pretação da maioria das pessoas. Elas pensam que a Rádio Favela, por estar PELO SEU RÁDIO, situada na favela, não tem comercial e TE ROUBEI E a receita vem do tráfico. Todo mundo que vem aqui faz essa interpretação, mas te- VOCÊ NEM VIU” mos que veicular institucionais do governo para mantermos isso aqui, e a despesa é alta. Como falei no início da conversa, nunca vi traficante aqui, mas se tivesse, eu pediria um dinheiro para bancar.

Muito se fala sobre a necessidade de democratizar a informação no país. O que você acha da mídia brasileira? A MÍDIA BRASILEIRA é tão atrasada que, até hoje, tem um programa no rádio chamado Voz do Brasil. A ditadura é tão permanente que até hoje tem. O país está atrasado, as pessoas que estão no Congresso e no Senado estão na idade da pedra. Acham que tudo tem que passar por eles e que nada pode ter o domínio do povo. Existe meia-dúzia de empresários da mídia que seguram tudo, é o império deles, eles não vão querer que o castelo de açúcar derreta de jeito nenhum. A rádio sofreu ou ainda sofre censura? [RISOS] O dia em que parar de sofrer censura, Deus voltará para o mundo. Censura direta na programação? Por parte de quem? CARA, QUANDO COMEÇO A TOCAR em determinado assunto, me ligam direto no celular e pedem para eu dar uma maneirada. Teve um caso aqui bacana, uma ameaça que recebi. Foi de um vereador, o primeiro da história de Belo Horizonte que pode ser impugnado. A mídia não deu, jornais só deram notinhas. Teve uma fonte que me falou e eu soltei. Cara, o que recebi de telefonema. Não só da própria pessoa, mas também dos colaboradores. Nesse dia, recebi uns 90 telefonemas. Eu informei, não falei nada para mais. Vocês desenvolvem algum trabalho social aqui na comunidade? MUITA GENTE CONFUNDE o local em que a rádio está situada e acredita que ela atende só aqui. A gente não faz trabalho social só aqui. A rádio está chegando até Curvelo, então há uma demanda de trabalho social muito grande. Por exemplo, em Vespasiano, estava faltando água em quatro bairros. Enquanto lá faltava água, aqui do lado, na Rua Caraça, tinha um tubo de mais de 100mm vazando há três dias. Nosso trabalho social mais forte é a porta aberta, cada um divulga o que quer. A Rádio Favela pode ser ouvida na Região Metropolitana de Belo Horizonte e no mundo inteiro pela internet. Você acha que vocês conseguem passar essa mensagem para além da periferia? TEM DUAS leituras. A mensagem consegue chegar, mas não sei se ela surte efeito. Ela pode surtir efeito positivo ou negativo,

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Ainda existe segregação racial e de classe no Brasil? EXISTE, é velada. Direto e reto acontece. Um dia, na Av. Bandeirantes, uma senhora bem vestida, classe social diferente da minha, a cor da pele também. Ela jogou o carro em cima de mim, eu estava na minha motocicleta. Quando olhei, ela abriu o vidro do carro e fez assim (mostra a cor da pele), entendeu? Ela não falou, mas fez. Pegando esse gancho, como o negro e o morador da periferia são tratados no Brasil? CARA, TEM MUITA PESSOA que tem a cor da pele não branca, mora dentro da periferia e acha que não é negro. Aí, quando você encontra com as pessoas que trabalham no Estado, fardadas de madrugada, elas falam: “Aí, negão, desce do carro”. O Estado mostra quem você é, a cor da sua pele. Se você for concorrer a algum cargo ou serviço, o seu valor é diminuído. Eu não ando de táxi de madrugada, nem de ônibus, só ando a pé. Porque se você está no táxi, você é obrigado a descer por causa da sua cor de pele que não é branca. O filme Uma onda no ar, de 2002, trouxe algumas melhorias para a comunidade e reconhecimento para a rádio

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vi nenhum. O que ouço desde moleque é que traficante paga conta dos outros, leva menino no médico, dá cadeira de rodas. Quem sabe a próxima geração verá um traficante? O que você vê são pessoas que fazem a venda de droga para sobreviver, é um trabalhador comum, está exercendo um trabalho, pode ter um bem material que o outro não tem, um barraco melhor, mas não passa disso.


A história da Rádio Favela inspirou o filme Uma onda no ar, que chegou ao cinema em 2002. Mudou alguma coisa de lá para cá? AGORA TEMOS um reconhecimento internacional, as pessoas do asfalto, a maioria delas, conseguiu compreender o que é a rádio. Com o lançamento, entenderam que as pessoas daqui devem ter um acesso viável à comunidade, ninguém acreditou que um montão de gente vivia em seis ruas. Mudaram um pouco o trânsito, trocaram o barracão de algumas pessoas por microapartamentos, ganhamos uma micropraça e um pouco mais de consideração do governo do estado. O diálogo é distante ainda, com a prefeitura é legal. Em Nairóbi, no Quênia, tem a rádio Koch, que surgiu em 2006 nos moldes da Rádio Favela. Existe intercâmbio com outras rádios comunitárias do Brasil e do mundo? A RÁDIO FAVELA é referência no mundo inteiro. Para ser referência, você tem

que manter uma linha a qual muita gente sonhou e direcionou para aquilo. Algumas mudanças foram feitas, a rádio segue uma tendência que é natural, mas a gente segue a mesma linha. Pessoas do Brasil inteiro vêm aqui beber na fonte, ver como funciona uma rádio e o pessoal dessa rádio do Quênia já esteve aqui. Recebi um convite para ir lá, mas ainda não tive tempo. Eles viram a rádio pelo filme. Pessoas de todo o mundo chamam a gente para participar de palestras em faculdades de comunicação, em ONGs internacionais. Como você analisa o atual momento político do Brasil e qual caminho você vê para o futuro do país? O BRASIL AVANÇOU, cada um puxa a sardinha para a sua brasa, mas o Brasil vem avançando desde o fim da ditadura, ninguém quer a ditadura mais. Tem os tropeços, a corrupção está aí, mas melhoramos muito em matéria de escolha política. Ainda tem muita gente se escondendo atrás de candidatura para se manter no poder e não ir para a cadeia.

Você tem pretensões políticas? NO RÁDIO, faço muita coisa que os caras poderiam fazer. Dou um norte para muita gente sem participar de jogo sujo. Você se arrepende de alguma coisa ou teria feito algo diferente? TENHO UM ARREPENDIMENTO muito grande: de ter acreditado em certas pessoas. Depois que você vê a outra cara da moeda, você se decepciona. O tempo é rei, só ele te mostra o que é e o que não é. Tem hora que, sem querer, você esfarela, mas quando fica difícil, você olha para trás, vê o que já percorreu e o negócio é ir em frente, voltar jamais, sem retorno. Vai capengando, mas ajoelhar, não. Quando olha para esses 30 anos de Rádio Favela, o que você sente? QUERIA TER COMEÇADO A RÁDIO com a consciência que tenho hoje. Uma vez, li um artigo chamado “Hiroshima auditiva”. Eu ia ser realmente a Hiroshima, para explodir um bocado de gente que não presta.


SCRAP por Alex Capella

SA

fale com ele: alexcapella.mg@diariosassociados.com.br A coluna Scrap S/A foi fechada no dia 20 de setembro. Sugestões e informações para a edição de novembro, entre em contato pelo e-mail acima.

/ Ecochique / FOTOS: DIVULGAÇÃO

Com a proposta de harmonizar o urbano e a natureza, a GAM comemora três anos no StopCenter Street Mall, no Jardim Canadá, reunindo diversas grifes que têm como marca os princípios da sustentabilidade. Com foco no vestuário, a loja trabalha com calçados, acessórios e com a linha infantil, e vem atraindo um público descolado, formado por esportistas e pessoas que respeitam o planeta. A expectativa da empresa é de encerrar 2010 com crescimento de 30% nas vendas.

/ Bombom de sorvete / A mineira Salada colocou no mercado uma combinação de bombom com sorvete. O Mon Petit pode ser encontrado em dois sabores: creme de leite com chocolate e maracujá com chocolate branco. A empresa, que nasceu como uma fábrica de sorvete de bairro, em 1986, em Belo Horizonte, tem, atualmente, três lojas próprias, uma rede de 30 unidades credenciadas e está presente em mais de 1.200 pontos de venda do varejo. Além da linha tradicional, a empresa também produz sorvetes de soja, para quem tem intolerância à lactose, livres de gordura trans.

/ Lifestyle mineiro /

/ Nova direção / Por falar em centro de compras, a AD Shopping, que administra o Minas Shopping e o Ponteio Lar Shopping, acaba de assumir mais um empreendimento em Belo Horizonte. Desde o final de setembro, a empresa é responsável também pela gestão do Villagio Gutierrez. Inaugurado há 10 anos na Zona Oeste da capital mineira, o empreendimento é o primeiro shopping de conveniência da cidade. Com essa conquista, a AD Shopping reforça os negócios em Minas, que incluem também a administração de um projeto no interior do estado. A empresa coordena 27 empreendimentos em todo o Brasil e conta com outros seis projetos em desenvolvimento.

A Boundless, que acaba de inaugurar a sua primeira loja no BH Shopping com investimento de R$ 700 mil, prepara a abertura de novos pontos de venda no Boulevard Shopping, no Itaú Power Shopping e no Shopping Del Rey. Todas as inaugurações serão ainda em 2010. Só com a loja do BH Shopping, a expectativa é de aumento de 30% na produção devido à criação de mais de 10 mil novas peças. Cerca de 100 empregos (diretos e indiretos) serão gerados. Criada em 2002, a marca se inspira na natureza e na moda streetwear para se consolidar entre o público jovem das classes A e B.

/ Encontro às escuras / A segunda edição do projeto MCD LAB reproduziu, em São Paulo, a atmosfera underground de Berlim, proporcionando uma mistura de cultura com o Brasil. Com o objetivo de experimentar novos territórios nos quais aparecem artistas com linguagens e repertórios diferenciados, o projeto reuniu nomes das cenas visuais do Brasil e de Berlim e músicos do cenário underground da capital alemã (Blinde Date Berlin). Além de unir a experiência e a criatividade de duas cidades em um projeto, a MCD propôs uma troca entre produtores dos dois países.

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/ Skate na pele / Uma das primeiras marcas a difundir o skate, o hip hop, o punk e o grafite como lifestyle, a grife Zoo York apresenta a temporada de verão 2011 com um mix de produtos contendo a estampa da marca com variações de técnicas, recortes e apliques coordenados aos elementos de graphic art, informações de Nova York e five points — referindo-se às gangues. Os desenhos contêm trabalhos de tecido, fóil, flocados e relevos que se misturam e dão vida às reproduções.




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