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souza durante participação na Convenção do distrito 4571 em maio de 2021

Um amigo qUe paRtiU cedo demais

Único brasileiro na primeira turma do programa Bolsas Rotary pela Paz, o médico david de Souza morreu em dezembro

omente uma pessoa rara, como os que conheceram David Oliveira de Souza contam que ele era, poderia ter acumulado tantos feitos relevantes em apenas 46 anos de vida. Nascido no Rio de Janeiro, o médico foi o único brasileiro a integrar a primeira turma do programa Bolsas Rotary pela Paz da Fundação Rotária, lançado em 2002. No antigo Centro Rotary da Sciences Po, em Paris, David cursou o mestrado em ação humanitária e direitos humanos e apresentou a dissertação A ação comunitária em saúde como instrumento de promoção da paz, com trabalho de campo realizado na Favela da Maré, na zona norte carioca. “A ideia surgiu a partir da minha experiência em Moçambique, para onde viajei durante quatro anos consecutivos como voluntário na prevenção do cólera e na formação de agentes de saúde”, contou em entrevista publicada na edição de outubro de 2004 da Rotary Brasil.

David ainda não estudava medicina quando conheceu o Rotary por intermédio de Marlene Manso da Costa Reis, associada ao Rotary Club do Rio de Janeiro-Botafogo e líder das Bolsas pela Paz no distrito 4571. Depois de começar a faculdade, ele passou a participar de feiras de saúde a convite da rotariana. Na página do distrito no Facebook, Marlene recordou o amigo: “Uma das características de David foi vencer desafios, quer no Morro do Alemão ou no Complexo da Maré, quer no Haiti pós-terremoto ou na África durante a epidemia do ebola. Cuidou de ciganos no Sergipe, da população carcerária em São Paulo com Drauzio Varella, ofereceu-se ao ex-presidente do Rotary International Bill Boyd para levar vacinas contra a pólio às áreas de conflito do Paquistão”.

David coordenou a Unidade Médica da ONG Médicos Sem Fronteiras no Brasil e, mais tarde, na América Latina. Em 2008, atuou numa crise alimentar na Etiópia. Por quase dois meses, ele acompanhou o trabalho das equipes nos centros de nutrição onde cerca de 5.000 atendimentos eram realizados por dia.

Linha de fRente

Recentemente, quando eclodiu a pandemia de Covid-19, David esteve na linha de frente. “Escreveu-me ele: ‘Falando nisso, voltei a dar meus plantões de sábado à noite na enfermaria

sde Covid. Estou tão feliz’. Comentei que felicidade de médico é difícil de entender, mas ele ressaltou como era bom poder ajudar em tempos tão difíceis”, Marlene conta em outro trecho da publicação no Facebook. Atualmente, David coordenava o projeto de saúde do Banco Mundial na África, no qual trabalhou com a pneumologista Margareth Dalcomo. Em um texto publicado no jornal O Globo em 28 de dezembro, ela lamenta sua morte e se refere a ele como “colega e amigo fraterno”, destacando sua generosidade e profissionalismo. Também o padre Júlio Lancellotti homenageou David com uma publicação no Instagram. Em maio, David participou da Conferência do distrito 4571. Ele falou sobre a importância do Rotary em sua trajetória profissional e mostrou o jaleco que usava no dia em que recebeu o telefonema de Marlene avisando do então novo programa de bolsas do Rotary. David faleceu em 14 de dezembro, vítima de um infarto fulminante em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, onde estava para visitar a mãe. Ele deixa esposa, quatro filhos e inúmeros amigos dentro e fora do Rotary.

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