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Na COP 26, Shekhar Mehta responde às críticas de que a mudança climática e as questões ambientais seriam assuntos muito políticos para o envolvimento dos rotarianos

Dave King*

em julho de 2021, o Rotary passou a financiar projetos ambientais oficialmente. No entanto, a organização já atuava nessa área há tempos. Por intermédio de suas seis áreas de enfoque originais, nos últimos cinco anos o Rotary investiu US$ 18 milhões em prol do meio ambiente, com soluções sustentáveis baseadas em necessidades comunitárias. Apesar disso, o compromisso da entidade com o tópico tem recebido algumas críticas, no contexto de protestos ambientais de extremistas de grupos periféricos, como o Extinction Rebellion. Houve sugestões de que, por ser uma organização apolítica, o Rotary não deveria se envolver.

Em novembro, o presidente do Rotary International, Shekhar Mehta, passou três dias na cidade de Glasgow, na Escócia, participando da COP 26, a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas. Ele descartou a noção sobre os aspectos políticos do meio ambiente, em particular no que se refere à COP 26.

“O tema do meio ambiente pode ter sido político no passado, mas agora todos entendem que não é mais político, é existencial. Nós não existiremos se não agirmos para conter as mudanças climáticas”, Shekhar defendeu.

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“Ao reunir tantos líderes mundiais em torno da mesma questão, a COP 26 reflete a grandeza do problema. Eles sabem da importância do assunto e, por isso, estão aqui. Não conheço outro tema que tenha reunido tantos chefes de Estado quanto este. As mudanças climáticas constituem um problema mundial, e não regional. Todo assunto costuma ser revestido por um viés político, como ocorreu com a Covid-19, mas esses são obstáculos que podem ser superados. As pessoas estão percebendo que a questão climática é real e que precisamos agir imediatamente.”

Shekhar destacou como o Rotary, sendo a maior organização humanitária do mundo, se encontra em posição privilegiada para desempenhar um papel significativo contra as mudanças climáticas e em prol do meio ambiente. Ele também explicou como a organização capacita as pessoas a entrarem em ação para proteger o meio ambiente com medidas mensuráveis, fundamentadas e sustentáveis,

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prevenindo e tratando as causas e os efeitos das mudanças climáticas em vários pontos do planeta. O presidente disse ainda que adicionar uma área de enfoque nova formaliza e expande o compromisso do Rotary com a questão ambiental.

No encerramento do evento, Shekhar revelou esperar que o mundo possa se unir e avançar no enfrentamento dos problemas ambientais. “A COP 26 é uma das melhores coisas que aconteceram nos últimos tempos. Temos pessoas de todo o mundo pensando, conversando e deliberando para decidir sobre o futuro de nosso planeta”, ele celebrou. “Este é o único planeta que temos e está na hora de pensarmos em como protegê-lo. Conferências como esta ajudam a conscientizar as pessoas sobre as mudanças climáticas, de modo que a notícia se espalha, e cada um de nós sabe que tem um papel a cumprir.”

AjudAndo A reconstruir

Shekhar, que é associado ao Rotary Club de Calcutta-Mahanagar, na Índia, viu de perto a devastação causada pelas mudanças do clima. Após a destruição causada pelo tsunami de 2004 no Oceano Índico, ele ajudou a construir 500 casas nas ilhas Andaman e Nicobar. Mais tarde, com outros rotarianos, fundou a Shelter Kit, uma versão local da ShelterBox, organização parceira do Rotary com sede na Inglaterra. Nos últimos 15 anos, para cada grande desastre na Índia, os rotarianos do país se ofereceram para levar Shelter

Kits às áreas atingidas. Cada kit contém 52 itens básicos embalados em um grande baú, e o programa já atendeu mais de 75 mil pessoas.

“Depois desse projeto nas ilhas Andaman e Nicobar, me envolvi mais com a gestão de assistência a áreas assoladas por desastres”, contou. “Eu me lembro de visitar essas ilhas em

Página do Rotary International no Facebook

o presidente do Rotary international, Shekhar Mehta (na fileira da frente), passou três dias em Glasgow, na Escócia, participando da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas

um helicóptero. Normalmente elas são verdes. Depois do tsunami, estavam todas marrons. Do alto, não se via uma árvore sequer. Era possível ver o impacto do desastre, foi atroz. Então, agora é a hora de pensarmos no que fazer a respeito das mudanças climáticas, antes que seja tarde demais.” pode aplicar as lições aprendidas no combate à pólio para aumentar a conscientização e inspirar ações que protejam o meio ambiente.

“Quando lançamos o programa para combater a pólio, o Rotary já atuava nas questões de saúde há muito tempo”, recordou. “E o Rotary tem trabalhado pelo meio ambiente já há algum tempo, mas não de forma estruturada como agora que o tema se tornou uma das nossas áreas de enfoque. Haverá projetos e programas ambientais sendo desenvolvidos em todas as partes do mundo, e as pessoas verão quais são sustentáveis, quais podem ser ampliados e quais têm chances de se tornar os pilares das nossas atividades pelo meio ambiente. Nosso trabalho de erradicação da pólio tem sido um exemplo excelente e mostra como o Rotary pode enfrentar qualquer desafio, pois temos uma rede gigantesca de colaboradores, paixão e foco. É admirável que uma organização de 1,2 milhão de associados tenha se mantido firme em torno de um mesmo projeto.”

“Este é o único planeta que temos e está na hora de pensarmos em como protegê-lo”

— Shekhar Mehta

Shekhar ressaltou que a luta contra a pólio permitiu ao Rotary mostrar sua capacidade de aproveitar a força coletiva de seus parceiros e dos governos nacionais. O meio ambiente é uma oportunidade para a organização se inteirar de novas maneiras de causar impacto positivo e mensurável. De acordo com o presidente, o Rotary *O autor é editor da Rotary, revista regional para Grã-Bretanha e Irlanda, em cujo site esta matéria foi publicada originalmente.

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