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MensageM do presidente da rotary Brasil
RETOMADA
“Nada pode ser criado a partir do nada.” – Lucrécio
Desde 1905, os fundadores do Rotary, tendo à frente Paul Harris, não encontraram dificuldades grandes o suficiente para impedir o crescimento formidável da organização, atravessando fronteiras locais, regionais e, enfim, ganhando o mundo – tornando-se uma organização internacional, como ostenta em seu nome, com justificado orgulho. Assim, a ideia vingou, conquistou o mundo e tornou-se uma força dentro das sociedades e comunidades, empreendendo projetos humanitários e fomentando a cultura do serviço. Em 1942, precisamente em 4 de maio, o jornal O Globo estampava em manchete: “39ª Convenção do Rotary International: uma grande oportunidade para o Brasil”, dando a conhecer a todo o país a importância da instituição privada que desenvolve suas ações com recursos próprios. Após trilhar esse caminho respeitável e exercer influência em vasto território, das grandes metrópoles às pequenas cidades, agregando gente, trabalho voluntário, conhecimentos e experiências, o Rotary se vê hoje, depois de muitos anos de relativa paz, diante de uma conjuntura mundial atípica, com pandemias, guerras inesperadas e situações aflitivas. Se, por um lado, vimos conquistando novos adeptos para engrossar o nosso contingente, por outro, passamos por alguns desfalques, resultando muitas vezes em balanço negativo. Temos então, à nossa frente, um enorme desafio: a sustentabilidade. Certa vez ouvi em um filme, não me lembro qual, uma frase assertiva: “subir na vida é fácil, o difícil mesmo é se manter nela”. Chegou o momento de pensar, refletir e, quem sabe, adotar uma dinâmica ativista e divulgar, falar, conquistar, mostrar o nosso trabalho, nossos projetos, mas sobretudo o valor de unir forças e encontrar novos meios e ferramentas apropriadas aos novos desafios. Sobretudo, empenhar-nos vigorosamente em levar ao conhecimento do público a missão e a filosofia da nossa organização. Mas afinal, fazer o quê? A própria cidade de Chicago, onde nasceu o Rotary, é um bom exemplo da dinâmica na construção de uma comunidade. O lugar, nos fins do século 18, era uma sociedade tosca, agressiva, desorganizada. Na segunda metade do século 19, enriquecida por negócios de vulto, pois era porto nacional estratégico, sua sociedade entendeu que era o momento de tomar uma nova feição, tornando-se desenvolvida, culta, civilizada, boa de se viver. Entendeu-se ser importante agregar à cidade também os valores da educação, da arte e da cultura, para o que foi decisiva a generosidade de ilustres benfeitores, ricos comerciantes, banqueiros e industriais, como Martin Ryerson, Charles Deering, Potter Palmer e Frederic Clay Barttlett, apenas para mencionar alguns. Pois bem. Esses homens partiram para a Europa e compraram obras de grandes mestres da pintura – como foi o caso de Mr. Ryerson, que em 1920 adquiriu pessoalmente de Monet importantes obras deste. Os demais adquiriram obras francesas, holandesas e espanholas, como de Cézanne, Van Gogh, El Greco e Seurat. Pretendiam com isso enriquecer um dos maiores museus dos Estados Unidos, o Instituto de Arte de Chicago. Saúde, educação, teatros, espetáculos de dança e óperas transformaram a cidade, tornando-a enriquecida e acolhedora, criando oportunidade para todos. O próprio Rotary iniciou suas atividades comunitárias instalando todos os sanitários públicos da cidade, tendo sido este o seu primeiro projeto. E o desafio para hoje? Possivelmente encontrar e investir em novas lideranças, reiterar a missão da instituição, inovar, retomar o dinamismo e, muito importante, cada um exercer, com vigor, um ativismo empolgado, demonstrando com clareza a missão e a função do servir. Às vezes, e com todo o respeito, é de se perguntar se todos os rotarianos, veteranos e recém-chegados, têm a perfeita noção da instituição e sabem da importante missão que assumiram. Discutir as novas formas de divulgar os projetos, debater, pensar, impulsionar a solução dos problemas de cada dia, das melhorias para a comunidade, cobrar das autoridades regularmente o bem-estar da população com o mesmo ânimo dos antigos benfeitores de Chicago pode ser um caminho diante de tantos desafios. Está aberto o debate! RB