Farmácia Portuguesa 170

Page 1

Farmácia

Portuguesa BIMESTRAL • N°170 • JULHO/AGOSTO 07

Relatório de Primavera 2007

ANF com peso acrescido

Ordem dos Farmacêuticos

Irene Silveira eleita bastonária Responsabilidade Social

Farmácias, uma mais-valia para a comunidade



Farmácia

Portuguesa

PRJ`OFL

Julho/Agosto de 2007 • Ano XXIX • Nº 170 Publicação bimestral • ISSN 0870-0230 • DGCS 101528

20 Relatório de Primavera FARMÁCIAS E MEDICAMENTOS VISTOS PELO OPSS O Governo falhou na sua intenção de controlar o peso da ANF no sector das farmácias. Esra é uma das conclusões do Observatório Português dos Sistemas de Saúde espelhadas no Relatório de primavera 2007.

Editorial Editorial

5

Irene Silveira, a primeira Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos Irene Silveira, new head of the Pharmacists Association

6

Estudo sobre a responsabilidade social das farmácias Study about the pharmacies social responsibility

12

Relatório de Primavera 2007 ‒ OPSS 2007 Spring Report ‒ OPSS

20

Flashes Flashes

25

Farmácia Clínica Clinical pharmacy

26

Simpósio Internacional de Estudantes de Saúde Internacional Health Students Simposium

30

UE avalia atitude face ao tabaco EU evaluates attitude towards tobbaco

34

CEFAR em tempo de mudança CEFAR in time of changes

38

Plataforma define prioridades Plataforma establishes priorities

42

Informação Terapêutica ‒ Hepatites A e B Therapeutical Information ‒ Hepatitis A and B

44

Informação Veterinária ‒ Intoxicações em pequenos animais Veterinary Information ‒ Intoxications in small pets

56

Museu da Farmácia ‒ Onde há um explorador Pharmacy Museum ‒ Where is there an explorer

58

Consultoria Jurídica Law Consultory

62

Expofarma Expofarma

65

Consultoria Fiscal Tax Consultory

66

Laboratório RH HR Laboratory

68

6

Ordem dos Farmacêuticos IRENE SILVEIRA, A PRIMEIRA BASTONÁRIA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS Defender os interresses dos farmacêuticos, repondo e ampliando a confiança na classe e na instituição - estas são as prioridades centrais da primeira bastonária na história da odem dos Farmacêuticos. A professora Irene Silveira conquistou a maioria dos votos num acto

Noticiário News

74

Reuniões e Simpósios Meetings and Simposia

78

Cursos de Formação Courses

79

Cartoon Cartoon

80

Desta Varanda From this balcony

82

eleitoral e muito participado e disputado por duas listas.

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦

3


FarmĂĄcia

uIQFJ> ELO>

Portuguesa PROPRIEDADE

DIRECTOR DR. FRANCISCO GUERREIRO GOMES

Programa do Medicamento Hospitalar O

Programa

do

Medicamento

prescrição em populaçþes especiais

Hospitalar foi apresentado no pas-

de doentes .

sado mĂŞs de Julho, nos Hospitais

O Programa deixa, no entanto,

UniversitĂĄrios

SUB-DIRECTORES DR. LUIS MATIAS DR. NUNO VASCO LOPES COORDENADORA DO PROJECTO DRÂŞ MARIA JOĂƒO TOSCANO COORDENADORA REDACTORIAL DRÂŞ ROSĂ RIO LOURENÇO Email: rosario.lourenco@anf.pt Telef. 21 340 06 50 PRODUĂ‡ĂƒO

EdifĂ­cio Lisboa Oriente Av. Infante D. Henrique, 333 H, escritĂłrio 49 1800-282 Lisboa Telef. 21 850 81 10 - Fax 21 853 04 26 Email: farmaciaportuguesa@lpmcom.pt

pelo

por concretizar um dos pontos do

SecretĂĄrio de Estado da SaĂşde,

Compromisso com a SaĂşde que es-

Francisco Ramos, que focou a ne-

tipula que os medicamentos actu-

cessidade de adopção de uma visão

almente distribuĂ­dos nos hospitais

integrada do circuito do medicamen-

e que possam tecnicamente ser dis-

to. O grupo de trabalho responsĂĄvel

pensados em farmĂĄcias poderĂŁo ser

pelo Programa aponta acçþes prio-

por elas distribuĂ­dos, em termos a

ritårias a desenvolver no âmbito do

regulamentar .

uso eficiente, seguro e econĂłmico

Relativamente a este ponto, refere

dos medicamentos no hospital.

apenas que o

Os cuidados farmacĂŞuticos em am-

ção em dose unitåria Ê o que garante

bulatĂłrio sĂŁo um dos aspectos des-

uma maior segurança e eficiência,

tacados pelo documento, que define

permitindo o acompanhamento far-

os farmacĂŞuticos como elementos

macoterapĂŞutico do doente e dimi-

indispensĂĄveis nas equipas clĂ­nicas

nuindo os erros associados .

DepĂłsito Legal nÂş 3278/83

com impacto francamente positivo

Durante a sessĂŁo de apresenta-

na adesĂŁo Ă terapĂŞutica.

ção do Programa do Medicamento

Periodicidade: Bimestral Tiragem: 5 000 exemplares

Estudos revelam que o envolvimento

Hospitalar, em que participaram re-

dos farmacĂŞuticos permite reduzir

presentantes de todos os hospitais

os erros com a medicação em cerca

do país, anunciou-se a intenção de o

de 66,0 por cento e melhorar signi-

Governo premiar unidades hospitala-

ficativamente os resultados que os

res distinguindo as suas boas prĂĄticas.

doentes obtĂŞm com a terapĂŞutica .

O prĂŠmio traduz-se numa filosofia de

AlĂŠm disso, o novo programa ajuda

reconhecimento do mĂŠrito e das boas

a mudar os padrĂľes de qualidade da

prĂĄticas na gestĂŁo do medicamento.

4 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA

de

Coimbra,

sistema de distribui-

DIRECTOR DE PUBLICIDADE NUNO MIGUEL DUARTE nunoduarte@lpmcom.pt Tel.: 96 214 93 40 CONSULTORA COMERCIAL SĂ“NIA COUTINHO soniacoutinho@lpmcom.pt Tel.: 96 150 45 80 Tel.: 21 850 31 00 - Fax: 21 853 33 08 ASSINATURAS 1 Ano (12 ediçþes) - 50,00 euros Estudantes de FarmĂĄcia - 27,50 euros Contacto: Margarida Lopes Telef.: 21 340 06 50 • Fax: 21 340 07 59 Email: margarida.lopes@anf.pt POWERED BY Boston Media IMPRESSĂƒO E ACABAMENTO RPO - Produção GrĂĄfica, Lda.

Distribuição

FARMà CIA PORTUGUESA Ê uma publicação da Associação Nacional das Farmåcias Rua Marechal Saldanha, 1 1249-069 Lisboa

www.anf.pt


BAFQLOF>I A responsabilidade de informar O aparecimento do primeiro exem-

sócios que se chama ANFONLINE.

Quando manifestamos a opinião de

plar da newsletter

Mas hoje a novidade é o Marketing.

que sendo profissão liberal temos

de Maio de 2007, elaborado pela

Para quem, como nós, é simultanea-

um código de ética que nos limita os

Direcção de Marketing da Associação

mente leitor e responsável pelo de-

comportamentos, somos apelidados

Nacional das Farmácias, fez-me recor-

sencadear da informação, o conteú-

de corporativos.

dar, mais uma vez, a responsabilidade

do do novo mensário vai ser seguido

É nesta vertente que a minha segun-

de informação que nos liga aos sócios

com duas expectativas principais.

da expectativa se deposita.

e ao país que nos rodeia.

A Farmácia ( e as farmácias em parti-

A direcção de Marketing e o seu res-

Farmácia

cular) está a sofrer alterações legislati-

ponsável, João Guerra, já conduzem

Portuguesa completa 30 anos de

vas que a tentam descaracterizar face

e vão multiplicar iniciativas de forma-

existência, sendo assim a publicação

ao padrão que vinha a assumir ‒ local

ção destinadas aos proprietários de

mais antiga deste universo onde a

de prestação de cuidados e dispensa

farmácia e às suas equipas, levando-

Marketing Box se veio agora inscre-

de medicamentos e produtos de saú-

os a seguir técnicas e assumir com-

ver.

de sob a responsabilidade de farma-

portamentos adequados ao cliente

Connosco coexistem ou coexistiram,

cêuticos.

que os contacta. O primeiro número

na imprensa, o Boletim Medicamento

É forçoso que as nossas associações

da newsletter da ANF indica mesmo

História e Sociedade , o

Boletim

usem a divulgação para manter no

oito regras a adoptar pelo leitor.

Farmácia Saúde , a

exterior a imagem que referimos, re-

É portanto sem falsas retóricas, mas

Em

2008,

a

CEDIME , a

Marketing Box ,

Revista

forçando-a sempre que possível.

com verdadeira satisfação e ambição

Farmácia Observatório .

No entanto, as leis e os governantes

de aprender, que aguardamos as pró-

Paralelamente, editam-se também

têm vindo a referir-se às vantagens

ximas mensagens desta publicação.

circulares destinadas aos proprie-

que os cidadãos poderão ter com

tários de farmácia e folhetos para o

a concorrência entre os pontos de

público. Os meios virtuais disponíveis

acesso a tais serviços e produtos. O

para a informação são o site da ANF e

desejo de criar concorrência é pois

a plataforma de comunicação com os

notório.

Farmácia LEF

e a

Técnica ,

o

Boletim

Francisco Guerreiro Gomes FARMÁCIA PORTUGUESA ¦

5


MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I

Irene Silveira, a primeira bastonĂĄria da Ordem dos FarmacĂŞuticos

Repor e ampliar a conďŹ ança Defender os interesses dos farmacĂŞuticos,

Mais de metade dos farmacĂŞuticos

repondo e ampliando a confiança na classe e

de Junho depositaram na lista lide-

na instituição ‒ estas sĂŁo as prioridades centrais da primeira bastonĂĄria na histĂłria da Ordem

que votaram nas eleiçþes de dia 21

rada por Irene Silveira, Professora da

Faculdade

de

FarmĂĄcia

da

Universidade de Coimbra, a confiança para conduzir os destinos da Ordem

dos FarmacĂŞuticos. A Professora Irene Silveira

ao longo dos prĂłximos trĂŞs anos.

conquistou a maioria dos votos num acto eleitoral

Saiu assim vencedora a lista B, com 1

muito participado, disputado por duas listas.

3056 eleitores que manifestaram as

6 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA

641 dos votos expressos, de entre os


suas preferências. Menos 341 votos

Faria, Carlos Marques e Pedro Barosa.

O mesmo aconteceu nos demais

obteve a lista A, também presidida

Preside à Mesa da Assembleia Geral

colégios: assim, Manuela Machado

por uma farmacêutica ‒ Filomena

António Proença da Cunha, enquanto

mantém-se à frente dos Assuntos

Cabeça, farmacêutica hospitalar nas

que ao Conselho Jurisdicional Nacional

Regulamentares, Olga Freitas conti-

Caldas da Rainha.

preside Fernando Jorge dos Santos.

nua na Farmácia Hospitalar e Nuno

Estas eleições constituem um marco na

Também a nível regional as eleições

Moreira na Indústria Farmacêutica.

história da Ordem dos Farmacêuticos:

suscitaram um particular interesse

Esta reeleição advém do facto de ter

antes de mais pela eleição de uma

e entusiasmo: em Lisboa e Coimbra

sido sufragada uma única lista.

bastonária, pela primeira vez em mais

concorreram duas listas, com a secção

de um quarto de século de existência

do Porto a ser disputada por três can-

‒ o que aconteceria inevitavelmente,

didaturas. A preferência dos farmacêu-

perante as duas candidaturas apresen-

ticos ditou que para a maior secção

tadas. Mas também porque se subme-

regional da Ordem (a da capital) fosse

teram ao sufrágio da classe duas listas,

eleito João Pedro Mendonça, afecto

o que há muito não acontecia. E pela

à lista vencedora a nível nacional. Em

participação: é que a afluência às urnas

Coimbra, sagrou-se vencedora a lista

O facto de se ter tornado a primeira bas-

se situou nos 33,6 por cento, valor só ul-

E, tendo sido eleito Francisco Batel

tonária da Ordem dos Farmacêuticos

trapassado nas eleições de 1995, a que

Marques. Refira-se que, na cidade dos

esteve em evidência na cerimónia de

concorreram igualmente duas listas.

estudantes , se registou uma afluência

posse, a 11 de Julho. Na presença do

São, pois, sinais de vitalidade os que

às urnas superior à média nacional

ministro da Saúde, Correia de Campos,

emergem deste acto, em que foram

‒ 44,67 por cento. Quanto ao Porto, a

e perante uma plateia dominada por

eleitos 52 farmacêuticos, de entre ór-

vitória coube a Franklin Marques, que

farmacêuticos, mas também por re-

gãos nacionais, regionais e colégios da

apresentou uma lista independente.

presentantes da classe política e dos

especialidade. Com a Professora Irene

Franklin Marques preside também ao

parceiros institucionais, a Professora

Silveira a nova direcção da Ordem

Colégio da Especialidade de Análises

Irene Silveira começou precisamen-

compõe-se ainda dos vogais Elisabete

Clínicas, tendo sido reconduzido.

te por evocar algumas mulheres que

Comprometida com consensos, mas sem receio de rupturas

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦

7


MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I mereceram o mundo no sĂŠculo XX, o

amizades tutelares que se disponi-

o cargo de bastonĂĄria, uma tarefa a

primeiro sÊculo de emancipação.

bilizaram para servir de mediadores

que prometeu entregar-se com todas

Foi o exemplo que a levou a citar

simbĂłlicos e que, com o seu prestĂ­-

as capacidades, mas tambĂŠm com o

Marie Curie, como tambĂŠm foi pelo

gio, avalizaram a sua candidatura.

desprendimento de quem nĂŁo estĂĄ

exemplo que reservou palavras de

NĂŁo esqueceu, naturalmente, os an-

agarrado ao poder nem dele depende

apreço para o primeiro bastonårio,

teriores bastonårios ‒ incluindo o

e que, por isso, o pode utilizar, exclu-

Professor Carvalho Guerra ‒

lĂ­der

cessante, Aranda da Silva ‒ nem to-

sivamente, na concretização dos fins

reconhecido e prestigiado farma-

dos quantos se associaram Ă sua cam-

que lhe sĂŁo mais nobres: a defesa dos

cĂŞutico que, ao longo dos anos, me

panha, nomeadamente a sua equipa.

valores da Ordem dos FarmacĂŞuticos .

honrou com o seu avisado conselho

Uma equipa que ‒ sublinhou ‒ estå

Os que me conhecem sabem que

‒ bem como para a professora Odette

consciente das dificuldades mas que,

gosto de trabalhar em equipa, que pro-

Ferreira ‒ uma referência na classe

imbuĂ­da de uma forte coesĂŁo, saberĂĄ

curo os mais amplos consensos e que

farmacĂŞutica que tanto tem dado Ă

lançar e enfrentar desafios e ultra-

nisso ponho todo o meu empenho e

ciĂŞncia, Ă profissĂŁo e Ă sociedade .

passar os mais difĂ­ceis obstĂĄculos .

todas as minhas capacidades. Mas sa-

As suas primeiras palavras foram, as-

É com essa equipa que a Professora

bem igualmente como sou capaz de

sim, de reconhecimento perante as

Irene Silveira se propĂľe desempenhar

assumir rupturas, com coragem e de-

Um percurso multifacetado mesmo perĂ­odo presidiu ao Conselho

90 comunicaçþes científicas e proferido

objectivos que poderia ter definido para

CientĂ­fico da Faculdade de FarmĂĄcia.

conferĂŞncias em trĂŞs dezenas de

a minha vida . Foi assim que a Professora

Ainda na Faculdade ĂŠ desde 2004

encontros e seminĂĄrios.

Irene Silveira se referiu ao seu percurso, ao

coordenadora do estĂĄgio de prĂŠ-

TambĂŠm a nĂ­vel polĂ­tico-profissional se

intervir na cerimĂłnia de posse dos ĂłrgĂŁos

licenciatura em CiĂŞncias FarmacĂŞuticas.

fez sentir o seu envolvimento, tendo

nacionais da Ordem dos FarmacĂŞuticos. Um

Fora da Academia, destaca-se a

presidido à Secção Regional do Centro

percurso vasto e multifacetado, repartido

presidĂŞncia, assumida em Novembro

da Ordem dos FarmacĂŞuticos de 1994 a

entre a docência, a investigação e a

Ăşltimo, do Conselho CientĂ­fico da

2000, em paralelo com o lugar de vogal

intervenção político-profissional.

Autoridade de Segurança Alimentar

da Direcção Nacional. Uma intervenção

CatedrĂĄtica da Faculdade de FarmĂĄcia da

e EconĂłmica (ASAE). A sua actividade

que culminou com a eleição para

Universidade de Coimbra, Irene Silveira

científica abrange ainda a participação

bastonĂĄria, a 21 de Junho Ăşltimo.

ĂŠ actualmente directora do LaboratĂłrio

e a coordenação de projectos nacionais

A sua carreira tem sido reconhecida

de Bromatologia. O seu percurso

e europeus, o desenvolvimento e/ou

ao longo dos anos, a nĂ­vel nacional e

acadĂŠmico ĂŠ longo e profĂ­cuo, quer

aplicação de novas metodologias

internacional.

enquanto docente e investigadora, quer

analĂ­ticas em ĂĄreas como os resĂ­duos

Exemplo recente desse reconhecimento

enquanto membro de ĂłrgĂŁos de gestĂŁo

de fårmacos em alimentos. É autora e

foi a atribuição, pelo Brasil, da Grã-Cruz

da Universidade.

co-autora de 130 artigos e resumos em

da Ordem Internacional do MĂŠrito ao

Assim, de 1998 a 2003 ocupou o cargo

publicaçþes nacionais e estrangeiras,

Descobridor do Brasil Pedro Ă lvares

de vice-reitora, tendo de 2004 a 2006

tendo participado em congressos

Cabral, que lhe foi atribuĂ­da em Abril de

integrado o Senado. Durante este

nacionais e estrangeiros com cerca de

2006.

No plano profissional, cumpri hĂĄ muito os

8 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA


terminação, quando entendo que por elas passam os superiores interesses da instituição que sirvo e que me comprometo, acima de tudo, a defender . Foi assim que se apresentou neste início de funções, assumindo o desafio de representar uma profissão de saúde com reconhecimento e solidez. E

a população que serve, é sinónimo de

de acordo com o evoluir da ciência.

assumir este desafio ‒ frisou ‒ repre-

segurança, de qualidade, de eficácia

Sobre a sua actuação no mandato

senta uma permanente atenção face

e de valor acrescentado para o país.

que lhe foi conferido pela maioria dos

às novas exigências que se colocam

Porque os farmacêuticos têm, com

eleitores, Irene Silveira adiantou que

aos farmacêuticos. Porque os novos

sucesso, posto em prática o seu saber

assentará em três pilares: qualidade,

tempos transportam novos desafios,

e, em cada momento, correspondido

segurança e informação.

requerem capacidade de adaptação

aos desafios que a saúde e o interesse

No cumprimento de uma missão em

e de uma mudança tranquila.

público vêm colocando. Daí o crédito

prol dos doentes e da sociedade, para

Uma mudança em que ‒ disse ‒ a sua

e o reconhecimento que a sociedade

a qual afirmou contar com a compe-

candidatura apostou e que agora vai

portuguesa tem demonstrado e que

tência, profissionalismo e elevada di-

praticar, num mandato que será guiado

diversos indicadores independentes

ferenciação ética de cada farmacêu-

pelos valores da lealdade, da transpa-

reputam muito positivamente.

tico. Estou consciente dos desafios

rência, do rigor e da verdade, sustentá-

Esta é ‒ sublinhou a nova bastonária

e das dificuldades que se colocam à

culos do dever ético de servir. Com o

no seu discurso de posse ‒ a orienta-

nossa profissão e, de forma alargada,

objectivo central de repor e ampliar a

ção matricial da profissão e é neste

ao sistema de saúde no nosso país.

confiança nos farmacêuticos e na ins-

eixo que a Ordem promoverá o exer-

Há mudanças e reformas inadiáveis.

tituição que os representa . Confiança

cício da profissão farmacêutica de

Há medidas e compromissos desajus-

que, sendo um valor imaterial, facilmen-

excelência. Defendendo o acto far-

tados. Há propostas e soluções a con-

te se degrada e dificilmente se recupera:

macêutico, não como reivindicação

cretizar . Neste cenário, a professora

uma palavra basta para a destruir e um

de poder, mas como salvaguarda da

da Universidade de Coimbra prome-

milhão de acções pode não ser suficien-

própria sociedade. E, neste contexto,

teu uma atitude dialogante e pró-ac-

te para a recuperar e consolidar. Mas é

é fundamental a autonomia técnico-

tiva com a tutela governativa e par-

científica do farmacêutico e que o acto

ceiros da saúde, com o objectivo de

farmacêutico não seja exercido por

estimular o debate e a reflexão sobre

quem não está habilitado para tal .

a intervenção farmacêutica. Afirmou-

É um exclusivo dos farmacêuticos, na

se ainda apostada em estratégias que

medida em que assentam a sua inter-

valorizem os ganhos em saúde, em

venção num percurso de qualificação

nome dos doentes e de um sistema

Foi como bastonária de todas as farma-

e competência profissional que se

de saúde que dê respostas sustenta-

cêuticas e farmacêuticos portugueses

inicia na sua formação universitária

das às necessidades da sociedade.

que Irene Silveira se definiu, assumin-

diferenciada e prossegue ao longo da

Saberemos em cada momento posicio-

do a defesa dos seus direitos como

vida, mediante acções de formação

nar a intervenção farmacêutica para que,

pilar da sua intervenção nos próximos

contínua pós-graduada que os quali-

positivamente, faça parte da solução dos

três anos. Os direitos de quem, perante

ficam a exercer novas competências

problemas do sistema de saúde .

esse o propósito da nova Ordem.

Defender os direitos de todos

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦

9


MLIFQF@> MOLCFPPFLK>I Novos ĂłrgĂŁos nacionais Foi a 11 de Julho que tomaram

João Mendonça em Lisboa

Margarida Caramona preside Ă

posse os novos ĂłrgĂŁos nacionais

Prof. João Mendonça

Prof. Batel Marques

da Ordem dos FarmacĂŞuticos,

A Secção Regional de Lisboa Ê

Mesa da Assembleia Regional,

resultantes do escrutĂ­nio de 21 de

presidida, desde 10 de Julho, por

tendo como secretĂĄrios Paulo

Junho. A par da bastonĂĄria, Irene

João Mendonça, que encabeçava

Soares e Rute Salvador. No

Silveira, assumiram funçþes os

a lista J, vencedora das eleiçþes de

Conselho Jurisdicional assumiram

membros da Direcção Nacional, da

Junho. Com ele integram a direcção

funçþes Amílcar Ferreira, Natålia

Mesa da Assembleia Geral Nacional,

regional Paula Coelho, Maria AmĂŠlia

Valinha e JosĂŠ AntĂłnio Feio,

do Conselho Jurisdicional Nacional

Frade, Maria JosĂŠ Justo e JosĂŠ dos

enquanto no Conselho Fiscal

e do Conselho Fiscal Nacional.

Santos Miranda.

de Coimbra tomaram posse

AlÊm da bastonåria, a nova Direcção

Para a Mesa da Assembleia Geral foi

Humberto Gameiro, CĂŠsar de

Nacional integra, como vogais,

eleita Isaura Martinho, que presidirĂĄ

Pinho e Vladimiro Rodrigues da

Elisabete Faria, Carlos Marques e

acompanhada de JosĂŠ Gouveia

Silva.

Pedro Barosa e os presidente das trĂŞs

Marques e Joana SimĂŁo da Cruz,

Secçþes Regionais da Ordem - João

como secretĂĄrios.

Mendonça Lisboa, Franklim Marques

SĂŁo membros do Conselho

Porto, e Francisco Batel Coimbra.

Jurisdicional de Lisboa Maria

No Porto, foi a lista M que se

Quanto Ă Mesa da Assembleia Geral,

Augusta Soares, Jorge Barbosa

sagrou vencedora nestas eleiçþes,

Ê presidida por António Proença

e Jorge Martinho, enquanto o

pelo que Franklim Marques ĂŠ

da Cunha, tendo como secretĂĄrios

Conselho fiscal ĂŠ integrado por

o novo presidente da Secção

Paulo Arriscado e Adelina Gomes. A

Manuel Figueiredo, JoĂŁo Chaves e

Regional. Foi empossado a 10 de

presidĂŞncia do Conselho Jurisdicional

Helena Fetal.

Julho, a par dos restantes membros

Ramos, acompanhado por Aurora

Batel Marques em Coimbra

Fraga, Susana Maia, HĂŠlvio Bastos e JoĂŁo Ribeiro.

Carranho e FĂĄtima Neutel. Do

10 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA

Franklim Marques no Porto

da sua direcção: os vogais Susana

Nacional estĂĄ a cargo de Fernando

Prof. Franklim Marques

Tomaz e Ana Constança Picado.

Conselho Fiscal Nacional fazem parte

Com a vitĂłria da lista E em Coimbra,

Empossados foram tambĂŠm os

os presidentes dos Conselhos Fiscais

Francisco Batel Marques ĂŠ o novo

membros do Conselho Jurisdicional

Regionais de Lisboa, Porto e Coimbra,

presidente da Secção Regional, cujos

regional ‒ NatÊrcia Teixeira, Maria

respectivamente Manuel Teixeira

novos ĂłrgĂŁos foram empossados a

Luísa Graça e Nuno Guimarães

Figueiredo, Humberto Antunes

10 de Julho. A sua equipa na direcção

‒ e os do Conselho Fiscal regional

Gameiro e JoĂŁo Carlos Figueiredo de

integra ainda Paulo Fonseca, Maria

‒ João Carlos Figueiredo, Vera Costa

Sousa.

Angelina Martins, Maria Mafalda

e JoĂŁo Paulo Carneiro.



MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I Estudo sobre a responsabilidade social das farmĂĄcias

Uma mais-valia As farmĂĄcias e os farmacĂŞuticos que nelas trabalham constituem uma considerĂĄvel mais-valia para a sociedade. A conclusĂŁo ĂŠ de um estudo sobre a responsabilidade social das farmĂĄcias promovido pelo ISCTE para a Ordem dos FarmacĂŞuticos.

O desafio partiu da Ordem dos

farmacĂŞuticos que nelas trabalham e

FarmacĂŞuticos e foi concretizado

dos seus clientes? Em segundo lugar,

Num momento em que a crise de

pelo Instituto de CiĂŞncias do Trabalho

em que medida esta orientação social

identidades estĂĄ na ordem do dia, os

e da Empresa (ISCTE): tratava-se de

integra a identidade das farmĂĄcias?

farmacĂŞuticos estĂŁo a construir uma

caracterizar e dimensionar a respon-

A resposta a estas questĂľes envolveu

identidade forte, alĂŠm de apresenta-

sabilidade social das farmĂĄcias portu-

cerca de 1400 farmacĂŞuticos e 1200

rem um elevado nĂ­vel de identifica-

guesas. Perante este desafio, a equipa

clientes de farmĂĄcias, resultando, das

ção com a profissão .

de investigadores ‒ Francisco Nunes,

respectivas percepçþes, aquilo que

AlĂŠm disso, as farmĂĄcias orientam a

Luís Martins e Alzira Duarte ‒ colocou

os investigadores reputam como um

sua razĂŁo de ser para a prevalĂŞncia

duas questĂľes essenciais, que viriam

retrato fiel do sector das farmĂĄcias .

da ideia de promoção da saúde, e

a nortear o estudo. Em primeiro lugar,

Desse retrato emerge a conclusĂŁo de

nĂŁo tanto para a mera dispensa de

qual o reconhecimento da sua res-

que os farmacĂŞuticos portugueses

medicamentos: DirĂ­amos que a sua

ponsabilidade social, por parte dos

partilham valores de profissionalis-

missĂŁo poderia ser enunciada como

12 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA

mo, de colectivismo e de realização:


a criação de condições de saúde para

do que reconhecem existir noutras

de cuidados de saúde, os farmacêu-

a comunidade, constituindo-se como

entidades, como centros de saúde,

ticos e as farmácias nas quais traba-

um espaço de saúde ao serviço do

hospitais ou consultórios.

lham, pela orientação da identidade

utente .

Acresce que a sua relação com os

organizacional e dos modelos de

E, dado tratar-se de negócios criados

profissionais das farmácias se caracte-

gestão, pelo seu envolvimento activo

e geridos por profissionais, as farmá-

riza por forte confiança e sentimento

na criação de estruturas, programas

cias emergem como territórios em

de personalização, ao mesmo tempo

e acções tendentes à promoção da

que se desenvolvem duas lógicas dis-

que é reconhecida nitidamente a

saúde, constituem uma considerável

tintas sobre a sua natureza e funções

contribuição das farmácias para a

mais-valia para a sociedade .

a desempenhar: um sistema organi-

comunidade, o que lhes granjeia um

zado para competir no mercado ver-

elevado nível de reputação.

sus um espaço profissional ao serviço

De forma concordante, a satisfação

da comunidade.

global com o serviço e a lealdade face

Em análise esteve igualmente a per-

à farmácia são muito elevadas, com

O ponto de partida para o desen-

cepção quanto ao desempenho das

os clientes a sinalizarem taxas muito

volvimento deste estudo, assente

farmácias, evidenciando-se que os

significativas de aconselhamento por

nas duas questões já mencionadas,

farmacêuticos tendem a considerar

parte do farmacêutico. Neste âmbito,

constituiu precisamente a definição

esse desempenho elevado, se bem

80 por cento dos que participaram

daquilo que se entende por respon-

que haja ainda bastante espaço de

no estudo afirmaram ter pedido pelo

sabilidade social.

progressão. Elevada é também a re-

menos uma vez em seis meses um

Assim, para a equipa do ISCTE, abran-

putação percebida, ou seja, o que

conselho ao farmacêutico, com 50

ge as decisões dos gestores sobre

os farmacêuticos pensam acerca da

por cento a revelarem ter evitado, as-

aquilo que consideram ser as me-

imagem da farmácia no exterior.

sim, pelo menos uma ida ao médico.

lhores formas de conduzir os seus

A par, foi identificado um fortíssimo

A qualidade do serviço ‒ conclui o

negócios, bem como o desenvolvi-

envolvimento em práticas de respon-

estudo ‒ é o factor que melhor se

mento de acções que vão para além

sabilidade social, tanto internas como

associa à satisfação dos clientes,

dos interesses económicos e técnicos

externas, o que, segundo a equipa do

nessa qualidade se incluindo o ser-

inerentes à existência das empresas e

ISCTE, faz deste sector de micro-em-

viço em si, os horários e a disponi-

dos seus detentores, conferindo um

presas um caso verdadeiramente pa-

bilidade dos produtos. A satisfação

sentido mais amplo ao exercício da

radigmático no contexto europeu .

está igualmente relacionada com

actividade económica, designada-

É esta orientação das farmácias que

a contribuição das farmácias para a

mente de contribuição para a quali-

ajuda a explicar a avaliação extrema-

comunidade e com o grau de con-

dade de vida das populações.

mente positiva que os clientes fazem

fiança depositado na interacção com

No que respeita às farmácias foram

da qualidade do serviço prestado.

os seus profissionais.

equacionadas três vertentes: os va-

Aliás, os clientes são mesmo capazes

Em resumo,

enquanto elementos

lores e crenças dos farmacêuticos, as

de diferenciar este nível de qualidade

integrantes do domínio da prestação

práticas de responsabilidade social

Uma missão de saúde

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 13


MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I

e o reconhecimento por parte das

moção da saúde. Mas ficou claro que

Um resultado que contrasta com a in-

audiĂŞncias relevantes. Num contex-

predomina a identidade focada na

tensidade da identificação do farma-

to especĂ­fico: o facto de os gestores

saĂşde do utente, em detrimento da

cĂŞutico com o seu local de trabalho,

das farmĂĄcias serem, tambĂŠm, re-

mera dispensa, mesmo eficiente, de

dimensĂŁo que obteve uma mĂŠdia

presentantes de uma profissĂŁo em

medicamentos: numa escala de um a

global de quatro pontos.

evolução, caracterizada por elevados

cinco, a promoção da saúde obteve

níveis de institucionalização e capaz

uma valoração mÊdia de 4,6 pontos,

ela prĂłpria de moldar a auto-imagem

contra 3,6 para a dispensa.

de quem a exerce.

Ainda neste âmbito, e visando afinar

O primeiro aspecto em anĂĄlise foi o

o conteĂşdo da missĂŁo das farmĂĄcias

dos valores dos farmacĂŞuticos, com

portuguesas, foi pedido aos inquiri-

os resultados a apontarem para uma

dos que, numa sĂł frase, definissem

Em foco neste estudo esteve tambĂŠm

forte identificação com a profissão,

essa missĂŁo. A maioria das respostas

a dimensĂŁo das farmĂĄcias enquanto

com uma mĂŠdia de 6,4 pontos num

oscilou entre a criação de condiçþes

empresas, com requisitos de estru-

mĂĄximo de oito. E com algumas par-

de saĂşde para a comunidade (40 por

turação interna, com finalidades de

ticularidades: o facto de as farmacĂŞu-

cento), a criação de um espaço de

maximização de resultados e a operar

ticas apresentarem um nĂ­vel de iden-

saúde (28 por cento) e o serviço ao

num ambiente concorrencial. Nelas

tificação ligeiramente superior ao dos

utente (24 por cento). O que orien-

coexistem duas lĂłgicas distintas no

farmacĂŞuticos, o mesmo acontecen-

tou os investigadores no sentido de

que concerne à caracterização do

do com os directores tĂŠcnicos face

definir a missĂŁo das farmĂĄcias portu-

modelo de negócio ‒ uma lógica pro-

aos demais profissionais. AlĂŠm disso,

guesas ‒ com base na percepção dos

fissional e uma lĂłgica administrativa.

com a idade aumenta essa identifica-

que nelas trabalham ‒ como sendo a

E o que se verificou foi um predomĂ­-

ção.

criação de condiçþes de saúde para a

nio da primeira sobre a segunda, com

Enquanto profissionais, os farmacĂŞu-

comunidade, constituindo-se como

os farmacĂŞuticos a atribuĂ­rem Ă lĂłgica

ticos trabalham em organizaçþes do-

um espaço de saúde ao serviço do

profissional uma mĂŠdia de 4,4 pontos,

tadas de identidade prĂłpria, que o es-

utente.

contra 3,6 da lĂłgica administrativa.

tudo procurou tambĂŠm avaliar. Uma

PorĂŠm, na lĂłgica do estudo, esta

Este ĂŠ o modelo de negĂłcio existen-

anĂĄlise com base em trĂŞs componen-

acepção da farmåcia apenas poderå

te. E qual o desejado pelos farmacĂŞu-

tes essenciais: a missĂŁo da farmĂĄcia

ser potenciada se for perceptĂ­vel a

ticos? Essencialmente, um modelo

(isto ĂŠ, a sua principal razĂŁo de ser), a

existĂŞncia de uma identidade for-

com o mesmo padrĂŁo, o que, na lei-

força da identidade organizacional e

te, isto ĂŠ, um entendimento claro e

tura dos investigadores do ISCTE, tra-

a identificação organizacional.

partilhado sobre o propĂłsito da far-

duz a capacidade de os profissionais,

O que se verificou foi que os farma-

mĂĄcia. E neste aspecto particular os

a partir da sua experiĂŞncia colectiva,

cĂŞuticos concebem a missĂŁo das far-

inquiridos revelaram-se moderados,

introduzirem mudanças que têm per-

mĂĄcias a partir de duas dimensĂľes: a

com o resultado mĂŠdio a situar-se

mitido chegar ao patamar que preco-

dispensa de medicamentos e a pro-

nos 3,3 (em cinco pontos possĂ­veis).

nizam.

14 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA

Um negĂłcio mas orientado para a comunidade



MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I Significarå esta aproximação que os far-

Na vertente interna, os investigado-

por cento das envolvidas no estudo

macĂŞuticos vĂŞem a sua farmĂĄcia como

res puderam, desde logo, registar

‒ que praticam a venda de medica-

uma entidade com elevado desempe-

uma grande intensidade de prĂĄticas,

mentos a crĂŠdito, valor de muito

nho? O estudo procurou dar resposta

sendo consideradas de excelĂŞncia

difícil aproximação noutros sectores

a esta questĂŁo, verificando-se que o

pelos directores tĂŠcnicos as que se

da economia .

desempenho mĂŠdio percebido pelos

prendem com as condiçþes de saú-

Assim, as prĂĄticas mais frequentes

farmacĂŞuticos se situa nos 3,75 pontos

de e de segurança, a auscultação dos

sĂŁo, como seria expectĂĄvel , as que

(na mesma escala de um a cinco).

colaboradores, a não discriminação,

se orientam para a relação com os

E quanto ao grau de reputação que

a flexibilidade de horĂĄrios e os ajus-

clientes da farmĂĄcia e as orienta-

a farmĂĄcia projecta no exterior? Qual

tamentos entre a vida profissional e a

das para a comunidade em geral.

o grau de consciĂŞncia que os farma-

vida familiar.

Destaca-se igualmente uma dimen-

cĂŞuticos possuem sobre o impacto

A dimensĂŁo interna da responsabi-

sĂŁo mais institucionalizada orienta-

da sua farmĂĄcia na comunidade? As

lidade social nas farmĂĄcias mostrou

da para a adopção e integração de

respostas foram bastante consen-

ser particularmente expressiva em

iniciativas,

suais, com a mÊdia a alcançar os 4,4

termos de condiçþes de trabalho (es-

abrangem os programas de cuida-

pontos, o que permite concluir que

paços destinados aos colaboradores,

dos farmacĂŞuticos, o recurso aos

os farmacĂŞuticos atribuem uma forte

condiçþes de saúde e de segurança),

centros de informação e a colabo-

eficĂĄcia social Ă s farmĂĄcias nas quais

bem como de desenvolvimento pes-

ração em estudos de utilização de

exercem a sua actividade.

soal (formação, condiçþes de capaci-

medicamentos.

A esta realidade nĂŁo ĂŠ certamente

tação e empregabilidade) e no que se

No caso particular da intervenção

alheia a orientação das farmåcias para

prende com a qualidade de vida dos

farmacĂŞutica, o estudo salienta que

a comunidade, visĂ­vel quer no mode-

colaboradores.

quase metade das farmĂĄcias inquiri-

lo de negĂłcio, quer na actividade em

No que respeita Ă dimensĂŁo externa

das esteve ou estĂĄ envolvida em pro-

si, alicerçada na crença dos farmacêu-

da responsabilidade social nas far-

gramas de identificação de suspeitos

ticos sobre a natureza profissional e

mĂĄcias, as prĂĄticas mais frequentes

de risco em doenças crónicas, em

social do sector.

‒ referidas por mais de 75 por cento

programas de cuidados farmacĂŞu-

dos directores tÊcnicos ‒ envolvem

ticos na diabetes e na hipertensĂŁo,

o programa Valormed, a informação

bem como em campanhas de cessa-

à população atravÊs de folhetos e

ção tabågica.

publicaçþes periĂłdicas, o apoio Ă

Perante estes resultados, e atenden-

promoção e utilização de medica-

do ao facto de o sector ser composto

mentos genĂŠricos, o apoio a insti-

por micro-empresas, concluem os au-

Com a responsabilidade social das far-

tuiçþes sociais e o encaminhamen-

tores deste trabalho estar-se perante

mĂĄcias a determinar este estudo, fo-

to ou indicação de doentes para

uma realidade exemplar do ponto

ram identificadas as diferentes prĂĄticas

consulta mĂŠdica. Os investigadores

de vista das prĂĄticas de responsabili-

passĂ­veis de enquadramento no sector,

salientam, neste âmbito, a eleva-

dade social, tanto do ponto de vista

tanto a nĂ­vel interno como externo.

da percentagem de farmåcias ‒ 89

interno como externo .

Responsabilidade social: uma realidade exemplar

16 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA

multistakeholder,

que


As farmácias vistas pelos clientes Satisfação, confiança, reconhecimento: estes são os denominadores comuns da avaliação das farmácias pelos seus clientes, de acordo com as conclusões do estudo do ISCTE. Do inquérito aos profissionais ‒ di-

buição da farmácia para o bem-estar

Um valor decerto influenciado pelo

rectores técnicos e demais farma-

dos utentes.

facto de a maioria (60 por cento) ser

cêuticos ‒ resultou evidente uma

Disponibilizaram-se a participar 1200

portador de doença crónica, o que

clara orientação da actividade para

clientes, de um conjunto de 30 far-

implica a realização de terapêutica

o bem-estar da comunidade. Uma

mácias

continuada com medicamentos.

orientação visível na identidade das

e distribuídas aleatoriamente pelo

À frequência das visitas também não

farmácias, nos modelos de negócio

país. O critério de inclusão conside-

será alheia a acessibilidade, porquan-

a elas associadas, nas práticas de res-

rou clientes todos os utentes que,

to, em média, os inquiridos demo-

ponsabilidade social e na reputação

nos seis meses anteriores ao estudo,

ram 8,6 minutos a chegar à farmácia,

que os farmacêuticos reconhecem

tinham ido pelo menos uma vez à far-

com 34 por cento a necessitarem de

nas farmácias em que trabalham.

mácia em causa.

apenas cinco minutos e 19 por cento

Uma tendência muito vincada que,

Com uma média de idades a rondar

a levarem mais de dez minutos.

na óptica dos investigadores, apenas

os 50 anos e maioritariamente do

ganha significado se ratificada pelos

sexo feminino, verificou-se, antes

clientes das farmácias. Daí que o estu-

de mais, uma elevada intensidade

do tenha envolvido uma abordagem

de contacto com a farmácia, com

centrada na visão das farmácias pelos

45 por cento a contabilizar 11 ou

E como vêem os utilizadores o ser-

clientes, com base em seis dimensões

mais visitas no espaço de tempo

viço prestado pela farmácia? Numa

‒ qualidade, relação entre os clientes

em questão, outros oito por cento a

escala de um a cinco, a média das

e os profissionais, reputação, satisfa-

mencionar sete a dez visitas e 30 por

respostas apontou para os 4,5, com

ção, lealdade e percepção da contri-

cento a indicar quatro a seis idas.

a pontuação mais baixa ‒ mas ain-

previamente

identificadas

Valores difíceis de superar

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 17


MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I Os farmacêuticos são vistos como fonte credível de informação e conselho: 80 por cento dos inquiridos declararam ter recorrido ao aconselhamento farmacêutico pelo menos uma vez nos seis meses em apreço, 53 por cento solicitaram conselho uma a três vezes e 20 por cento quatro a seis vezes.

da assim de quatro ‒ a ser atribuída

percepção dos clientes sobre o sec-

NĂŁo sĂŁo, pois, de estranhar os eleva-

ao espaço disponível para esperar

tor, os autores deste trabalho integra-

dos Ă­ndices de lealdade dos clientes

em caso de necessidade. Os de-

ram na anĂĄlise dois tipos de respostas

face Ă farmĂĄcia: ĂŠ muito intensa (4,5)

mais parâmetros suscitaram níveis

dos clientes: por um lado a satisfação,

a disponibilidade para a recomendar a

de satisfação superiores, nomeada-

de carĂĄcter mais emocional; por ou-

amigos e elevado o desejo de se man-

mente a localização da farmåcia, a

tro a lealdade, de natureza mais com-

ter como cliente (4,1), mesmo que

disponibilidade dos medicamentos,

portamental.

outras farmåcias ofereçam melhores

os serviços disponíveis, a imagem

Os resultados obtidos denotam nĂ­-

condiçþes (4,1). E Ê clara (4,1) a dispo-

da farmĂĄcia, o horĂĄrio, a facilidade

veis de satisfação

nibilidade para argumentar a favor da

de movimentos no seu interior e a

uma mĂŠdia igual ou superior a 6,5 em

farmĂĄcia se outros a criticarem.

existência de espaço reservado para

todos os parâmetros, em sete pon-

Ficou ainda evidente que os farma-

um diĂĄlogo mais privado com o far-

tos possíveis. Um valor ‒ sublinham

cĂŞuticos sĂŁo vistos como fonte cre-

macĂŞutico.

‒ extremamente difícil de ultrapas-

dível de informação e conselho: 80

A par da qualidade, os clientes valori-

sar pelas prĂłprias farmĂĄcias, ao mes-

por cento dos inquiridos declararam

zam o contacto com os profissionais,

mo tempo que se situa num padrĂŁo

ter recorrido ao aconselhamento far-

com a dimensão de confiança a atin-

muito dificilmente atingĂ­vel por ou-

macĂŞutico pelo menos uma vez nos

gir um nĂ­vel mĂŠdio de 4,4, seguida da

tras entidades . O que se comprova

seis meses em apreço, 53 por cento

personalização, com 4,1. Um pouco

quando se compara o grau de satisfa-

solicitaram conselho uma a trĂŞs vezes

abaixo ficou o factor de antecipação

ção gerado por outros prestadores de

e 20 por cento quatro a seis vezes.

(das necessidades), com 3,6.

cuidados de saĂşde: as farmĂĄcias sĂŁo

Em consequĂŞncia, 50 por cento dos

Quanto à reputação, verificou-se um

as mais bem colocadas de entre en-

clientes reconheceram ter evitado,

claro reconhecimento da contribui-

tidades pĂşblicas e privadas, sendo os

pelo menos uma vez naquele perĂ­o-

ção das farmåcias para a comunida-

centros de saĂşde e hospitais do SNS

do, uma ida ao mĂŠdico.

de, avaliada em 4,3 num mĂĄximo de

os que geram uma satisfação mais

Daqui se infere que ĂŠ notĂłrio, e reco-

cinco pontos.

modesta (trĂŞs pontos contra 4,3 das

nhecido, o contributo das farmĂĄcias

Para um melhor conhecimento da

farmĂĄcias, num mĂĄximo de cinco).

para o bem-estar da comunidade.

18 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA

elevadĂ­ssimos :



MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I

RelatĂłrio de Primavera ANF com peso acrescido

Farmåcias e medicamentos vistos pelo OPSS O governo falhou na sua intenção de controlar o peso da ANF no sector das farmåcias. Esta Ê uma das conclusþes do Relatório de Primavera 2007, do Observatório Português dos Sistemas de Saúde, que passa em revista a governação na årea da Saúde. Com olhar crítico, que avalia prioridades e sustenta recomendaçþes.

Desde o início da sua governação

indiscutĂ­vel o peso acrescido da ANF

transcreve do documento produzido

que o MinistĂŠrio da SaĂşde elegeu,

na ĂĄrea da farmĂĄcia em Portugal.

‒ o Relatório de Primavera 2007.

como um dos eixos da polĂ­tica do

Foi a esta conclusĂŁo que chegou a

Justificando a contradição entre as

medicamento, o controlo da acção

equipa do ObservatĂłrio PortuguĂŞs

intençþes atribuídas ao MinistÊrio da

da Associação Nacional das Farmåcias

dos Sistemas de SaĂşde (OPSS) na

SaĂşde e a realidade, o ObservatĂłrio

(ANF), nomeadamente enquanto in-

sua avaliação da acção governativa

invoca um conjunto de factos, neles

termediĂĄria financeira. Volvidos dois

na ĂĄrea da SaĂşde, em particular no

incluindo a profunda reorganização

anos, e ao contrĂĄrio do que pareciam

capĂ­tulo sobre as farmĂĄcias e os me-

interna a que a ANF procedeu, no-

ser as intençþes do governo, parece

dicamentos. Uma conclusĂŁo que se

meadamente a empresarialização de

20 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA


estruturas como o LEF e o CEFAR e a criação da Escola de

desta desregulamentação: o facto de, segundo dados do

Pós-Graduação em Saúde e Gestão. Destaca, igualmente,

Infarmed, os analgésicos e antipiréticos constituírem 26 por

a constituição da empresa de factoring Fininfarma, a que

cento do total de embalagens vendidas fora das farmácias.

praticamente a totalidade das farmácias cedeu as dívidas

Números que suscitam preocupação face aos conhecidos

dos fornecimentos ao SNS, tornando inoperante o Fundo

efeitos da utilização inadequada daqueles fármacos, no-

de Garantia do Estado .

meadamente toxicidade renal e toxicidade hepática. Daí

No domínio das relações entre as farmácias e o Ministério,

‒ defende ‒ a necessidade de medidas educacionais junto

o Observatório avalia ainda o Compromisso com a Saúde,

da população em geral por parte do Ministério da Saúde.

firmado em Maio de 2006 entre o Governo e a ANF. Das me-

Necessária é igualmente informação sobre a existência e

didas legisladas à data da produção deste relatório, a cria-

o número de estabelecimentos de venda de MNSRM au-

ção de farmácias de venda ao público nos hospitais merece

torizados que, entretanto, tenham descontinuado a acti-

um olhar cauteloso, por se afigurar um dossier complexo,

vidade, bem como uma comparação de preços praticados

sobretudo pela natureza do impacto que poderá vir a ter

pelas farmácias e pelos novos canais de venda.

no mercado dos medicamentos e nas próprias farmácias comunitárias .

Venda de MNSRM: balanço contextualizado, precisa-se

Controlo da despesa: que impacto sobre os cidadãos? Ainda em matéria de preços, o OPSS faz uma breve retrospectiva das alterações mais recentes, designadamen-

Medida emblemática da actual governação é a desregu-

te a descida de seis por cento registada no início do ano,

lamentação da venda de medicamentos não sujeitos a re-

com afectação das margens dos agentes. Menciona ainda

ceita médica (MNSRM). É com ela, aliás, que o Observatório

medidas anunciadas, como o novo método de cálculo de

abre o capítulo reservado às farmácias e aos medicamen-

preços a partir dos países de referência e a diminuição do

tos, primeiro para elogiar a disponibilização de dados so-

preço dos genéricos em função das quotas de mercado

bre a evolução do novo mercado, depois para reclamar

das respectivas substâncias activas, para sublinhar que

um balanço global dos resultados obtidos face aos ob-

carecem de uma análise mais sustentável, em particular

jectivos pretendidos. Um balanço que o Governo deveria

no que concerne ao seu impacto sobre os cidadãos. Uma

apresentar até final da legislatura, contextualizando-o à

análise com lugar já garantido no próximo relatório, que

luz dos exemplos e experiências internacionais.

abordará dez anos de investimento político e económico

É precisamente à luz da vasta experiência internacional

nos medicamentos genéricos.

que o OPSS chama a atenção para uma das consequências

As mexidas a nível de preços e comparticipações permitiFARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 21


MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I

ram que se verificasse uma das metas

apresentados fossem confrontados

do Governo ‒ o crescimento zero na

com os produzidos por entidades con-

despesa com medicamentos em am-

gĂŠneres e/ou fontes independentes de

bulatĂłrio.

avaliação de medicamentos. Em nome

A finalizar o capĂ­tulo dedicado

O ObservatĂłrio reconhece que se

da transparĂŞncia.

Ă s farmĂĄcias e medicamentos, o

trata de um ĂŞxito polĂ­tico para o

É ainda de informação que se trata

OPSS aponta os riscos de dois anos

Governo , mas ressalva que, face ao

quando o OPSS critica a ausĂŞncia

centrados exclusivamente no con-

crescimento global do mercado, a

de medidas destinadas à promoção

trolo da despesa: ĂŠ certo que se

natureza da construção deste objec-

da racionalidade da farmacoterapia.

conseguiram resultados imediatos

tivo carece de anĂĄlise mais profunda,

Não se regista ‒ sublinha ‒ produ-

favorĂĄveis, mas nĂŁo se procedeu

nomeadamente num dos seus pon-

ção de informação sobre utilização

a

tos fulcrais: a repartição dos encargos

de medicamentos, nem divulgação

funcionais e tĂŠcnico-cientĂ­ficos na

entre o SNS e os cidadĂŁos.

dos relatórios de avaliação pericial

relação com a oferta e com a pro-

A propĂłsito, o ObservatĂłrio espera

dos pedidos de comparticipação

cura, o que poderå ter limitaçþes a

que seja disponibilizada pelo Infarmed

de medicamentos para o mercado

curto prazo , alĂŠm de que nĂŁo foi

a informação estatística que permita

ambulatĂłrio. NĂŁo se regista tam-

demonstrado que (este foco exclu-

delinear conclusĂľes mais consistentes

bĂŠm um investimento detectĂĄvel

sivo na despesa) se constitua em

sobre o ambulatĂłrio e sobre a despesa

no sistema de farmacovigilância

garante da sustentação a mÊdio e

em meio hospitalar, cuja taxa de cres-

nem a existĂŞncia de planos de for-

longo prazo .

cimento - anunciou-se - nĂŁo deveria

mação e de informação dirigidos Ă

Ao Governo, recomenda que tenha

ultrapassar os quatro por cento.

prescrição e utilização racional dos

muito clara a extensĂŁo na qual as

Em relação aos hospitais, o Observatório

medicamentos.

medidas centradas em cortes na des-

considera louvåvel a criação de uma

Ora, sendo esta uma matĂŠria tĂŁo sen-

pesa - exclusivamente ditadas por

comissão para avaliação pericial prÊvia

sĂ­vel do lado do cidadĂŁo e tĂŁo estrutu-

metas orçamentais prÊ-estabelecidas,

à introdução de novos medicamentos.

rante do lado do sistema de saĂşde, ĂŠ

com aumento de encargos directos

Salvaguarda, contudo, que seria muito

com apreensĂŁo que o ObservatĂłrio

para os doentes - induzem ganhos

útil que as avaliaçþes propostas fossem

encara esta ausĂŞncia de investimen-

de eficiĂŞncia e nĂŁo comprometem o

objecto de comentĂĄrio e acompanha-

to. Em seu entender, a identificação e

acesso e a equidade no acesso aos

mento por entidades interessadas e

prevenção da iatrogenia medicamen-

medicamentos.

que o relatĂłrio final fosse alvo de di-

tosa deveria constituir uma prioridade

Um aspecto a que o ObservatĂłrio

vulgação pública. E que os resultados

na agenda do MinistĂŠrio da SaĂşde.

promete estar atento.

22 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA

Dois anos em balanço

investimentos

organizativos,


Luzes e Sombras É este o título do Relatório de Primavera 2007 do OPSS. Das luzes de um ano de governação destaca a determinação para empreender reformas. Já das sombras lamenta a insuficiente sensibilidade social e uma sensação de défice de transparência.

É um balanço sumário de um ano de

uma sensação de défice de trans-

governação o que o Observatório faz

parência , acompanhada por uma

a terminar o Relatório de Primavera

sequência de decisões e avanços

Numa retrospectiva dos aspectos

2007. Um ano em que ‒ reconhe-

com a aparência de desagregados

mais relevantes do último ano, o

ce ‒ houve aspectos e decisões

e até descoordenados .

observatório elege, pela positiva, a

positivas e até consonantes com

Na óptica do Observatório, não

reforma dos cuidados primários, a

um novo serviço público de saú-

basta que os governantes tenham

atenção aos cuidados continuados,

de , anunciado quando o actual

estratégias, competência técnica

a racionalização e reorganização da

Governo tomou posse.

e experiência ajustadas ao cargo,

rede de cuidados e a dotação e exe-

Desde então, o Governo tem criado

nem que o desempenhem com

cução orçamental.

na opinião pública uma imagem de

base nos legítimos interesses da

Em matéria de cuidados primários,

determinação e até coragem para

população. As boas práticas de go-

considera que o (re)início da reforma

fazer reformas necessárias . Todavia,

vernação exigem uma interacção

constitui uma das políticas sociais de

esta imagem tem sido, muitas ve-

entre o Estado, a sociedade civil e

maior alcance do Governo. Reconhece

zes, acompanhada de uma outra, a

o sector privado e um papel crítico

que é um processo difícil e com riscos,

de uma insuficiente sensibilidade

no desenvolvimento humano.

mas essencial, na medida em que cria

social face às condições reais em

Exigem participação, visão estraté-

pequenas equipas de saúde próximas

que vivem os portugueses .

gica, prestação de contas e trans-

das pessoas e torna a gestão dos cen-

Ao mesmo tempo,

parência.

tros de saúde finalmente viável.

manteve-se

Pela positiva

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 23


MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I Uma política fragmentada pode levar à percepção de retracção do serviço público e da protecção social na saúde e à imagem de pouca sensibilidade social.

Quanto Ă reforma dos cuidados para

Pela negativa

local de infra-estruturas da saĂşde , segundo uma gestĂŁo local integra-

os doentes crĂłnicos, socialmente dependentes, entende o ObservatĂłrio

Igualmente relevantes, mas pela ne-

da, com definição de prioridades e

que contribuirĂĄ tambĂŠm para um

gativa, foram, na leitura do OPSS, a

participação dos vårios actores lo-

melhor funcionamento das unida-

ausĂŞncia de debate sobre a polĂ­tica

cais. É que ‒ adverte ‒ uma política

des hospitalares e de toda a rede de

de saúde, a fragmentação e inconsis-

fragmentada pode levar à percepção

cuidados.

tĂŞncia da abordagem local e a falta

de retracção do serviço público e da

Em relação à racionalização desta

de centralidade do acesso e qualida-

protecção social na saúde e à ima-

rede, nota o encerramento de blocos

de nos cuidados de saúde no âmbito

gem de pouca sensibilidade social. É

de parto que, por razĂľes de qualida-

das prioridades do ministĂŠrio.

preciso criar confiança no cidadão.

de e segurança, deviam ser fechados,

Enquanto na Europa se assiste a uma

Nesta anĂĄlise dos pontos negativos,

as medidas de reestruturação das

feliz e frutuosa turbulĂŞncia de ideias

o ObservatĂłrio lamenta que o aces-

urgências e de intervenção nos SAP.

no sentido de reformar os sistemas

so dos cidadãos aos cuidados pareça

SĂŁo medidas que permitem uma uti-

de saĂşde e nos Estados Unidos se

estar fora da centralidade das prio-

lização mais inteligente dos escassos

começam a sentir os ventos de uma

ridades do ministĂŠrio e do discurso

recursos humanos da saĂşde, toma-

polĂ­tica de saĂşde mais preocupada

polĂ­tico.

das no âmbito de um processo que

com o bem-estar dos cidadĂŁos , por

E defende uma divulgação transpa-

afectou a imagem do MinistĂŠrio da

cĂĄ esse debate quase nĂŁo existe.

rente da situação de espera cirúrgi-

SaĂşde e a coerĂŞncia do seu processo

Mas, para o ObservatĂłrio, ĂŠ urgente

ca, com dados por hospital, serviço

de decisĂŁo.

promover tal debate com discussĂľes

e tipo de intervenção: um direito dos

No domínio orçamental, destaca o

pĂşblicas e propostas assumidas pe-

cidadĂŁos.

facto de nenhum ministro antes ter

los partidos polĂ­ticos e inseridas nos

Em resumo, para o ObservatĂłrio

conseguido um orçamento próximo

programas eleitorais. SĂł assim haverĂĄ

PortuguĂŞs dos Sistemas de SaĂşde, a

de verdadeiro, apesar de muitos o

legitimidade para tomar decisĂľes.

governação deste último ano tem

terem tentado. Esta ĂŠ, sublinha, uma

A crĂ­tica do ObservatĂłrio estende-se

aspectos francamente positivos, fal-

importantíssima contribuição deste

à sucessão de reestruturaçþes, inter-

tando-lhe, no entanto, uma maior pre-

ministro para a saĂşde do sistema de

vençþes em curso, considerando que

ocupação social na implementação,

saĂşde portuguĂŞs.

deveriam fazer parte de um plano

no concreto, das medidas tomadas .

24 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA


CI>PEBP Madrid testa prescrição electrónica Um projecto-piloto destinado a testar a utilização de pres-

Propriedade de farmácia é direito exclusivo de farmacêuticos

crições electrónicas foi lançado a 20 de Abril em Madrid. O

O Parlamento da Bulgária adoptou uma nova lei do me-

projecto foi desenvolvido pelo Departamento Autónomo

dicamento, que vem colocar a legislação nacional em

de Saúde e Consumo de Madrid e pelo Colégio Oficial

consonância com a regulamentação da UE. Consta des-

de Farmacêuticos de Madrid. Os testes serão efectuados

ta lei a disposição que limita a propriedade de farmácia

em seis farmácias, prolongando-se por seis meses, pelo

de oficina às pessoas individuais licenciadas em Ciências

que os resultados da experiência poderão ser aferidos em

Farmacêuticas com, pelo menos, um ano de prática

Setembro.

profissional. O proprietário terá de trabalhar na própria

O projecto envolve médicos e farmácias que, por via elec-

farmácia. Controversa foi a medida que permite que as

trónica transmitem informação sobre a prescrição e sobre

cadeias de farmácia estabelecidas antes da introdução da

o modo de administração da terapêutica. Os doentes têm

nova lei se possam manter. In SCRIP News, 23/05/2007

oportunidade de aceder à terapêutica mais facilmente, bastando para tal apresentar o cartão de identidade nacional. O projecto visa reduzir o tempo de consulta médica e melhorar o acesso aos medicamentos. Por um lado o médico prescreve mais fácil e rapidamente; por outro, o doente tem um acesso facilitado aos medicamentos. Nos doentes crónicos, a medida evitará repetidas consultas médicas para renovação da prescrição, uma vez que a renovação pode ser automática. Foi prevista a concessão de subsídios para auxiliar as farmácias a cobrir as despesas iniciais com a introdução do sistema. Prevê-se que a prescrição electrónica seja implementada em toda a região de

Irlanda reduz preços de medicamentos de marca e genéricos O Health Service Executive (HSE) da Irlanda implementou a primeira fase de uma redu-

Madrid até ao final de 2009. In SCRIP News, 4/04/2007

ção de 35 por cento no preço dos medicamentos de marca que são protegidos por patente há muitos anos, e também dos genéricos. Inicialmente, a redução será de cinco a 20

Mylan Laboratories adquire Merck Generics

por cento. A redução de 35 por cento levará quatro anos

O

Mylan

para ser atingida. A descida dos preços nos medicamentos

Laboratories comprou a divisão de genéricos da Merck por

que já perderam a sua patente levanta algumas questões

4,9 mil milhões de euros, ou seja, 2,7 vezes o volume anu-

relativamente à necessidade de redução dos preços nos

al de negócios desta, que é de 1,8 mil milhões de euros.

medicamentos genéricos equivalentes, dado que em al-

Esta aquisição permite à Merck concentrar-se nos sectores

guns casos a molécula original é mais barata que a gené-

químico e farmacêutico, e ao grupo Mylan ascender à ter-

rica. Esta medida de redução de preços, acordada entre

ceira posição do ranking mundial de produtores de gené-

o HSE e a associação da indústria farmacêutica, afecta

ricos, atrás do líder Teva e da Sandoz (da Novartis). A Merck

sobretudo as estatinas, um dos grupos mais prescritos na

Generics concentra a sua actividade nos EUA, Canadá,

Irlanda. As farmácias terão um mês para esgotar os stocks

França, Sul da Europa e Austrália.

que adquiriram ao preço antigo.

laboratório

farmacêutico

norte-americano

In www.expopharm.de Maio 2007

In SCRIP News, 2/03/2007 FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 25


OBRKFLBP MOLCFPPFLK>FP FarmĂĄcia ClĂ­nica

Um termo ainda incompreendido

Quem o afirma Ê Mara Guerreiro, membro da direcção da Sociedade

É em Outubro que se realiza, na cida-

ciedade europeia, quer nos eventos

de de Istambul, o 36Âş SimpĂłsio Anual

cientĂ­ficos que promove.

da Sociedade Europeia de FarmĂĄcia

O termo ĂŠ muito incompreendido,

ClĂ­nica (ESCP, na sigla inglesa). Uma

nĂŁo obstante dizer respeito a todos

oportunidade para a partilha de ex-

nĂłs diariamente , sustenta. E este

periĂŞncias e conhecimentos num

todos nĂłs sĂŁo os farmacĂŞuticos de

domínio da intervenção farmacêu-

oficina, como ela prĂłpria, que apli-

tica que carece de maior divulgação

cam, na sua intervenção quotidiana,

e que ainda se presta a algumas per-

os conceitos da FarmĂĄcia ClĂ­nica.

cepçþes incorrectas.

Para o pĂşblico em geral, clĂ­nico ĂŠ o

É esta desinformação que explica ‒ na

mĂŠdico. No entanto, em rigor, o termo

Ăłptica de Mara Guerreiro, membro da

aplica-se a qualquer intervenção de

domínio intrínseco à intervenção

direcção da ESCP desde 2004 ‒ a es-

um profissional de saĂşde junto de um

cassa participação de farmacêuticos

doente. É certo que o mÊdico Ê um

profissional.

de oficina portugueses, quer na so-

clĂ­nico, mas o farmacĂŞutico tambĂŠm

Europeia de Farmåcia Clínica. Com o simpósio anual da ESCP à porta, lança um repto aos farmacêuticos de oficina portugueses: num mundo global, Ê preciso conhecer o que se faz noutros países neste

26 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA


Promover a Farmácia Clínica o é, nomeadamente por via do acon-

É um facto ‒ reconhece Mara Guerreiro

selhamento associado, ou não, à dis-

‒ que os farmacêuticos hospitalares

Este é o propósito genérico da ESCP

pensa de medicamentos. Esta é, aliás,

têm uma oportunidade acrescida de

‒ Sociedade Europeia de Farmácia

a actividade clínica mais frequente, e

influenciar a prescrição, na medida em

Clínica, fundada em 1979 e que

também a mais visível, no que respeita

que acompanham os médicos nas suas

actualmente conta com membros de

aos farmacêuticos comunitários.

rondas diárias. Isso não significa, contu-

53 países, entre farmacêuticos, médicos,

Assim, é considerada clínica qualquer

do, que a farmácia clínica seja específi-

investigadores e formadores.

actividade que, orientada para o do-

ca, podendo ser aplicada em qualquer

Organização sem fins lucrativos, assume

ente, envolva ajudá-lo na utilização

outro ambiente de saúde.

como sua a missão de promover e

dos medicamentos da forma mais racional e de modo a retirar o máximo benefício terapêutico. Naturalmente

desenvolver o uso racional e apropriado

ESCP ‒ uma mão cheia de vantagens

que há actividades na farmácia de ofi-

dos medicamentos, pelo indivíduo e pela sociedade. Uma missão cuja concretização passa

cina que não são clínicas ‒ são todas

Pela dimensão que a farmácia clínica

pela formação dos profissionais

as actividades de retaguarda, que se

assume na intervenção farmacêutica,

de saúde, mediante a realização

prendem com a gestão. E há outras

Mara Guerreiro gostaria de ver mais

de encontros e cursos, e pelo

intervenções mais complexas que vão

farmacêuticos de oficina portugueses

acompanhamento das novas

para além da farmácia clínica. É o que

envolvidos na ESCP e nas suas activi-

áreas de investigação e formas de

acontece com a gestão da terapêutica

dades. São diversas as vantagens que

desenvolvimento profissional da prática

e os cuidados farmacêuticos. Também

encontra nesse maior envolvimento,

da farmácia clínica.

aqui ‒ ressalva Mara Guerreiro ‒ se

nomeadamente ao nível do acesso a

Neste âmbito dinamiza grupos de

gera alguma confusão, mas há crité-

recursos formativos e informativos.

interesse especial ‒ os Special Interest

rios que facilitam a distinção: assim, os

Um desses recursos, a que atribui

Groups ‒ em diversas áreas como

cuidados farmacêuticos são, essencial-

inegáveis potencialidades, é o PSAP

a Farmacocinética, a Oncologia, a

mente, orientados para os resultados

‒ Pharmacotherapy Sel-Assessment

Geriatria, a Farmacoeconomia e a

em saúde, envolvendo o acompanha-

Programme (à letra, Programa de

Farmacoepidemiologia.

mento e a monitorização a longo pra-

Auto-Avaliação em Farmacoterapia).

Anualmente, promove dois grandes

zo, enquanto a farmácia clínica é so-

Trata-se de uma fonte de informa-

encontros ‒ a Conferência da

bretudo orientada para o doente, em

ção sobre medicamentos cuja mais-

Primavera, dedicada a um tema mais

circunstâncias mais pontuais e com

valia é, sobretudo, a de incluir as

específico, e o Simpósio Anual, de

procedimentos menos padronizados.

novidades e os avanços dos últimos

temática mais abrangente. Além

Entre as percepções erradas que gravi-

anos, abdicando da revisão de toda

disso, a cada quatro anos promove

tam em torno da farmácia clínica está,

a terapêutica de uma determinada

uma conferência em conjunto com

também, a que a relaciona com a activi-

área, prática comum da literatura

a sua congénere norte-americana, o

dade hospitalar e não em ambulatório.

tradicional. Abrange, ainda, temáti-

American College of Clinical Pharmacy. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 27


OBRKFLBP MOLCFPPFLK>FP cas que os livros mais clĂĄssicos nĂŁo

Trata-se de um importante reposi-

desconto de 15 por cento na inscrição

cobrem.

tório de informação sobre a pråti-

anual. Um incentivo que poderĂĄ contri-

Entre elas Mara Guerreiro destaca o

ca profissional e a investigação em

buir para alargar a presença portuguesa.

capítulo sobre segurança dos medi-

farmĂĄcia clĂ­nica que os membros da

Dos cerca de mil membros, sĂŁo menos

camentos (medication safety), que

ESCP recebem por correio mas a que

de 40 os portugueses.

reputa de muito interessante, parti-

tambĂŠm podem aceder online.

NĂŁo obstante, nĂŁo faltam vantagens:

cularmente para quem frequentou

AliĂĄs, o simples acesso Ă PWS rentabi-

ser membro da ESCP ĂŠ, obviamente,

o primeiro curso de pós-graduação

liza a filiação na ESCP. Basta dizer que

custo-efectivo. Basta a inscrição numa

em Farmacoterapia da Escola de PĂłs-

a quota anual ĂŠ de 50 euros, inferior Ă

reuniĂŁo para compensar o valor da

Graduação em Gestão e Saúde.

de qualquer outra sociedade cientĂ­fi-

quota. Istambul ĂŠ a reuniĂŁo que se

Esta ĂŠ, sublinha, uma ferramenta es-

ca congĂŠnere. Uma quantia que tem

segue. Na qualidade de membro da

sencial para quem jĂĄ detĂŠm os co-

retorno imediato, na medida em que

direcção da ESCP, mas sobretudo de

nhecimentos bĂĄsicos num domĂ­nio

só a assinatura da revista orça em cer-

farmacĂŞutica, Mara Guerreiro gostaria

especĂ­fico e pretende aprofundĂĄ-los.

ca de 260 euros.

de ver mais portugueses presentes.

Ainda no domĂ­nio do conhecimen-

Para os farmacĂŞuticos portugueses exis-

O que se faz em Portugal ĂŠ impor-

to, Mara Guerreiro destaca o acesso

te agora mais um aliciante para integra-

tante e ‒ sublinha ‒ são inegåveis as

Ă revista Pharmacy World & Science

rem a Sociedade Europeia de FarmĂĄcia

vantagens de uma estrutura como

(PWS), indexada no Medline e nou-

ClĂ­nica: mediante acordo com a Ordem

a ANF, mas isso nĂŁo invalida que se

tras bases de dados bibliogrĂĄficas.

dos FarmacĂŞuticos, beneficiam de um

saia e se veja o que os colegas fazem.

Uma portuguesa na direcção Foi durante o Simpósio Anual de 2004,

2003 fez parte da direcção nacional

de peritos para acreditação das

em Praga, que Mara Guerreiro foi eleita

da Associação, tendo integrado, de

licenciaturas em CiĂŞncias FarmacĂŞuticas

para o ComitÊ Geral (direcção) da ESCP,

2002 a 2004, o grupo consultivo para

e ao Conselho para a Qualificação e

em representação de Portugal e por um

o desenvolvimento informĂĄtico das

AdmissĂŁo na Ordem.

mandato de quatro anos.

farmĂĄcias e, de 2003 a 2004, integrado

É ainda membro do Conselho Fiscal da

Esta nĂŁo foi, contudo, a sua estreia

o grupo consultivo para a informação

Valormed.

em organismos internacionais, pois

ao doente.

ProprietĂĄria e directora tĂŠcnica da

em 2002 e 2003 havia jĂĄ integrado

Foi igualmente membro do grupo

FarmĂĄcia Fialho, em Portel, tem ainda

a delegação portuguesa do Grupo

consultivo do Departamento de

vasta experiĂŞncia como formadora e

FarmacĂŞutico da UniĂŁo Europeia.

Qualidade em FarmĂĄcia, que congrega a

organizadora de encontros cientĂ­ficos,

A sua participação nas organizaçþes

ANF e a OF.

tendo visto vĂĄrios dos seus trabalhos

farmacĂŞuticas nacionais passa tanto

Quanto à sua intervenção na OF,

publicados em revistas de circulação

pela ANF como pela OF. De 2001 a

pertence actualmente ao grupo

nacional e internacional.

28 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA


O que se faz em Portugal é importante e são inegáveis as vantagens de uma estrutura como a ANF, mas isso não invalida que se saia e se veja o que os colegas fazem. Há que ganhar o hábito de participar em reuniões e na troca de experiências Há ‒ defende ‒ que ganhar o hábito

serão apresentados exemplos da

Já no segundo dia de trabalhos assu-

de participar em reuniões e na troca

prática clínica em diversos países. É

me particular relevância a sessão ple-

de experiências: Precisamos de nos

importante aprendermos uns com os

nária sobre a integração de cuidados

posicionar num mundo que é cada

outros, ver como problemas comuns

entre o ambiente hospitalar e o am-

vez mais global .

são resolvidos nas diferentes realida-

bulatório. Este é um campo em que

des, independentemente das políti-

ainda se verificam muitos problemas,

cas de saúde e até da legislação .

com frequência derivados da ausên-

Do primeiro dia destaca igualmente

cia de comunicação. São sobretudo

uma sessão sobre terapêutica da dor,

problemas relacionados com medi-

que considera uma óptima oportuni-

camentos que se poderiam obviar

Durante três dias ‒ de 24 a 26 de Outubro

dade de actualização. Neste domínio,

se houvesse uma maior articulação

próximo ‒ Istambul acolhe o 36º

considera, aliás, existir alguma falta

entre profissionais de saúde.

Simpósio Anual da Sociedade Europeia

de preparação e de formação em

Quanto ao terceiro e último dia do sim-

de Farmácia Clínica.

Implementing

Portugal: Tem-se investido muito em

pósio, merece realce a sessão plenária

Clinical Pharmacy in Community and

áreas como a diabetes, a asma, as dis-

sobre a forma de tornar o farmacêutico

Hospital Settings ‒ Sharing the ex-

lipidémias e as doenças cardiovascu-

competente do ponto de vista clínico.

perience é o tema do encontro. Um

lares, enquanto na terapia da dor não

Estas são as temáticas que Mara

tema pensado para ser suficientemente

têm sido feitos tantos esforços .

Guerreiro elege como principais pó-

abrangente e com a necessária relevân-

Dada a experiência dos cuidados

los de atracção para os farmacêuticos

cia e pertinência para a prática profissio-

farmacêuticos, Mara Guerreiro des-

de oficina num simpósio que cons-

nal de modo a atrair farmacêuticos que

taca também um workshop sobre

titui uma oportunidade privilegiada

intervêm nos diferentes ambientes. De

aconselhamento dos doentes com

para actualizar conhecimentos, trocar

modo a interessar tanto aos hospitalares

DPOC. Esta é ‒ diz ‒ uma área em

experiências e contactar outras reali-

como aos comunitários.

que a oferta formativa em Portugal

dades.

Mara Guerreiro acredita que o ob-

é de boa qualidade, mas ainda assim

Uma oportunidade de formação

jectivo será atingido. No programa

este workshop poderá constituir uma

que reverte, também ela, a favor da

elaborado identifica facilmente pon-

mais-valia, porquanto permite tomar

revalidação da carteira profissional.

tos de interesse, a começar pela ses-

contacto com outras intervenções.

Bons motivos, pois, para viajar até

Partilhar experiências em Istambul

são plenária do primeiro dia em que

Aprende-se sempre muito .

Mara Guerreiro, representante de Portugal no Comité Geral da ESCP

Istambul... FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 29


OBRKFLBP MOLCFPPFLK>FP SimpĂłsio Internacional de Estudantes de SaĂşde no Algarve

Construir pontes É com o objectivo de construir pontes que os estudantes de saĂşde se reĂşnem em Novembro no Algarve. Para que, no futuro, exerçam as respectivas profissĂľes integrados numa equipa coesa que trabalhe em prol do doente. Minimizando riscos e optimizando ganhos.

É um projecto ambicioso. Pedro Lucas,

Pela primeira vez, vårias organizaçþes

estudante da Faculdade de FarmĂĄcia

internacionais representantes de estu-

da Universidade de Lisboa, reco-

dantes da saĂşde estĂŁo a colaborar para

nhece que o SimpĂłsio Internacional

uma meta comum: este SimpĂłsio sur-

de Estudantes da SaĂşde (WHSS)

giu da convicção de que a saĂşde ‒ das

que o Algarve vai acolher de 26 de

sociedades, em geral, e dos indivĂ­duos,

Novembro a 1 de Dezembro nĂŁo ĂŠ

em particular ‒ beneficia da coopera-

modesto nos objectivos. Mas estĂĄ

ção entre os seus diferentes protago-

convicto da pertinĂŞncia das ideias

nistas. A começar por aqueles que virão

que presidiram à sua organização.

a ser profissionais ‒ os estudantes.

30 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA

Um primeiro passo no caminho do conhecimento mútuo foi dado em 2005, em Malta. Mas então reuniramse apenas estudantes de Medicina e de Farmåcia. O que ‒ afirma Pedro Lucas ‒ foi um erro posteriormente reconhecido. Para o colmatar, decidiu-se alargar o Simpósio de 2007 aos demais estudantes do universo da saúde, tendo assim sido incluídos os


estudantes os de Enfermagem e os de Tecnologias da Saúde. O que se pretende com o encontro

Mais comunicação em prol do doente

Os cursos estão demasiado organizados sobre si próprios, são demasiado estruturados. Falta-lhes flexibilidade. As excepções à regra estão, no en-

deste ano ‒ para o qual a organização espera congregar cerca de quatro

A comunicação é uma área que carece

tanto, a evidenciar-se: sob a forma de

centenas de pessoas ‒ é fomentar a

de mais investimento. Daí a aposta do

um mestrado integrado em Ciências

reflexão sobre o mundo profissional.

Simpósio, de promover o contacto en-

Farmacêuticas ou de um curso

Queremos estimular a nossa capaci-

tre os diferentes estudantes da saúde,

de Ciências da Saúde, que abarca

dade crítica, saber como os estudantes

fomentando o derrubar de preconcei-

Farmácia, Medicina e Ciências, sob a

olham a profissão e o modo como é

tos. Trata-se, na verdade, de sensibilizar

égide da Universidade de Lisboa.

exercida, apontar aquilo de que não

aqueles que, futuramente, serão os pro-

São boas notícias para quem, como

gostamos e avançar com propostas

fissionais, os prestadores de cuidados.

os organizadores deste simpósio,

para melhorar .

Para Pedro Lucas, não é uma aposta di-

acredita ser necessário um conhe-

Identificada está já uma crítica ‒ a que,

fícil de vencer: acredita que, com forma-

cimento mais aprofundado sobre

aliás, presidiu à intenção de fazer o

ção, é possível colmatar a actual lacuna.

as mais-valias que cada profissional

pleno dos estudantes de saúde: é que

Actualmente ‒ critica ‒ é muito pouco

pode proporcionar ao doente. A prá-

os profissionais ainda estão de costas

o conhecimento recíproco entre os

tica actual ‒ afirma ‒ é que uma equi-

voltadas uns para os outros, exercen-

estudantes, há pouca interacção. Mas

pa tenha um líder, que, para muitos,

do a respectiva profissão de uma for-

‒ propõe - este cenário poderia ser

é indiscutivelmente o médico: Mas

ma demasiado estanque, carente de

invertido com a concepção de disci-

nós preferimos ver a equipa como

comunicação e colaboração.

plinas conjuntas e a realização de ac-

um círculo e não como uma pirâmi-

A gestão do risco é um dos aspectos

tividades extra-curriculares conjuntas.

de. No círculo todos têm lugar .

em que essa colaboração é essencial.

Por exemplo, em ambiente hospitalar.

Não é o que acontece, com prejuízo

Acreditamos que muitos dos erros na

Nesse sentido, os estudantes nacionais

para o doente. Porque ‒ argumenta

prestação de cuidados de saúde ad-

estão a dar os primeiros passos, fazen-

‒ a análise não pode ser feita do pon-

vêm da falta de comunicação entre os

do contactos com professores, ainda

to de vista da profissão, mas sim do

profissionais , sustenta Pedro Lucas,

que com cariz informal. Tem havido

ponto de vista do destinatário. Que

director de comunicação do Simpósio.

alguma receptividade, mas ainda não

em saúde é o doente.

Os erros dão origem a estatísticas mas

explorámos as vias oficiais , refere o fu-

É este entendimento que está

‒ frisa ‒ em saúde os números são pes-

turo farmacêutico. Lamenta, a propó-

subjacente ao lema do Simpósio

soas. Para que tudo corra bem, o ideal

sito, que não exista colaboração entre

Internacional dos Estudantes de

é que o doente esteja no centro: com

as faculdades, cujos planos de estudos

Saúde ‒

comunicação e cooperação é possível

ainda são muito estanques, muito in-

Objectivo . Só assim se constroem

atingir este desiderato.

dependentes.

pontes...

Diferentes Papéis, um

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 31


OBRKFLBP MOLCFPPFLK>FP

Um programa ambicioso Para corresponder ao objectivo deste

previstos workshops sobre os

Simpósio ‒ o de sensibilizar os estudantes

testes farmacĂŞuticos, a influĂŞncia

para a necessidade de uma maior

das companhias farmacĂŞuticas nos

interacção ‒ foi concebido um programa

estudantes de saĂşde, a eutanĂĄsia e

ambicioso. SerĂŁo cinco dias, que

os cuidados paliativos.

culminarĂŁo com uma iniciativa alusiva ao

A saĂşde pĂşblica darĂĄ o mote aos

Dia Mundial da Sida (1 de Dezembro). EstĂĄ

trabalhos do dia seguinte, com

planeada uma acção que visa chamar a

uma sessĂŁo interactiva dedicada

atenção para a doença, mas Pedro Lucas

Ă anĂĄlise das barreiras entre os

opta por nĂŁo divulgar ainda os contornos

profissionais de saĂşde neste domĂ­nio,

da campanha.

antecedida por uma conferĂŞncia

A sessĂŁo de abertura dominarĂĄ o

sobre a saĂşde pĂşblica nos paĂ­ses em

primeiro dia, 26 de Novembro, com os

desenvolvimento no chamado mundo

trabalhos a começarem formalmente no

ocidental. HaverĂĄ ainda workshops sobre

dia seguinte: a Educação estarå então

doenças crónicas e obesidade, bem

O SimpĂłsio Internacional dos Estudantes

em foco, com a organização a propor

como uma sessĂŁo vocacionada para o

de SaĂşde 2007 ĂŠ organizado pela

que os estudantes reflictam sobre o que

desenvolvimento de capacidades em

Federação Internacional de Estudantes de

falta nos currĂ­culos para ultrapassar as

matÊria de comunicação, liderança e

Farmåcia (IPSF), pela Associação Europeia

barreiras . Entre os aspectos particulares

planeamento de campanhas.

de Estudantes de FarmĂĄcia (EPSA), pela

a debater estarão a formação ao longo

Para dia 30, ficou reservada a abordagem

Associação Internacional de Estudantes

da vida, o ensino à distância (e-learning)

da colaboração inter-profissional,

de Enfermagem (INSA), pela Associação

e o processo de Bolonha.

nomeadamente no âmbito da prevenção

Europeia de Estudantes de Enfermagem

A 28 de Novembro, os trabalhos

e da gestĂŁo de risco. A finalizar os

(ENSA), pela Federação Internacional das

serão dedicados à Ética. Na sessão

trabalhos serå feita uma avaliação do

Associaçþes dos Estudantes de Medicina

plenĂĄria serĂĄ colocada em discussĂŁo

Simpósio, com a apresentação das

(IFMSA) e pela Associação Europeia dos

uma questĂŁo: um cĂłdigo de ĂŠtica

respectivas conclusþes no âmbito da

Estudantes de Medicina (EMSA).

comum para todos os profissionais de

cerimĂłnia de encerramento.

A nĂ­vel nacional, sĂŁo anfitriĂľes do

saĂşde? Outra das sessĂľes abordarĂĄ as

Os estudantes ficam no Algarve atĂŠ 1 de

encontro as associaçþes de estudantes

implicaçþes Êticas do custo-eficåcia

Dezembro, para assinalar o Dia Mundial

de FarmĂĄcia, Medicina, Enfermagem e

nos cuidados de saĂşde, estando ainda

da Sida.

Tecnologias da SaĂşde.

32 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA



MLIkQF@> AB P>uAB UE avalia atitude face ao tabaco

Portugueses sem fumo

Todos os anos, cerca de meio milhĂŁo

da SaĂşde e da Defesa do Consumidor

de pessoas morrem na Europa em

tem promovido anualmente um eu-

consequĂŞncia, directa ou indirecta, do

robarĂłmetro especial visando conhe-

europeus que menos fumam. Mas

tabagismo. O que faz da dependĂŞncia

cer as atitudes dos europeus face ao

de nicotina a primeira causa evitĂĄvel

tabaco. O que se procura conhecer ĂŠ

sĂŁo tambĂŠm aqueles que menos

de doença e morte prematuras. Sem

o nĂ­vel e a frequĂŞncia do consumo de

falar no tabagismo passivo, que tem

tabaco, as tentativas para deixar de

uma clara influĂŞncia negativa sobre a

fumar, o nível de exposição ao fumo

saĂşde dos nĂŁo fumadores. O cenĂĄrio

em casa, no trabalho e nos locais

ĂŠ tal que se estima que 25 por cento

pĂşblicos, as atitudes face Ă s polĂ­ticas

de todas as mortes por cancro e 15

anti-tabaco e a consciĂŞncia dos pro-

especial sobre os europeus e a

por cento de todas as mortes na UE

blemas causados pelo tabaco.

sejam atribuĂ­veis ao tabagismo.

O Ăşltimo inquĂŠrito, cujos trabalhos

atitude face ao tabaco.

É neste quadro que a Direcção-Geral

no terreno decorreram no Ăşltimo

Os portugueses sĂŁo os cidadĂŁos

tentam abandonar este hĂĄbito. SĂŁo sinais algo contraditĂłrios os que emanam do EurobarĂłmetro

34 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA


Outono e cujas conclusões foram re-

nunca o fizeram, contra 37 por cento

centemente divulgadas, aponta para

entre os homens. Por idades, nota-se

um cenário relativamente optimista,

que é nos extremos que se situam as

que vai ao encontro das preocupa-

maiores percentagens de não fuma-

ções da Comissão Europeia nesta

dores ‒ 57 por cento dos jovens e 51

matéria.

por cento dos mais idosos também

Assim, cerca de metade dos inquiridos

nunca fumaram.

afirmaram nunca ter fumado ‒ foram

Quanto aos ex-fumadores, os ho-

47 por cento os que manifestaram

mens estão em vantagem sobre as

esta atitude, face a 32 por cento de

mulheres: 25 por cento contra 18

fumadores. Outros 21 por cento mu-

por cento. E os idosos sobrepõem-se

Só três por cento

daram de estatuto face ao tabaco, na

aos jovens ‒ 30 por cento dos cida-

dos portugueses fuma-

medida em que deixaram de fumar.

dãos com 55 ou mais anos deixaram

dores não fumam todos os dias ‒ dos

É em Portugal que reside o maior nú-

de fumar, contra apenas oito por cen-

restantes, 46 por cento fumam 15 a

mero de pessoas que nunca fumaram

to entre a faixa etária dos 15 aos 24.

24 cigarros diários, média que outros 11 por cento ultrapassam. Há mesmo

‒ foi o que responderam 64% dos inquiridos. O que coloca a percentagem

Fumar ou não fumar?

três por cento que fumam mais de 40 cigarros por dia. Os que menos fumam,

de fumadores numa posição favorável em relação à média europeia ‒ são 24

São 32 por cento os europeus que fu-

ficando-se por menos de cinco cigar-

por cento os portugueses que fumam.

mam, mas a grande maioria (85 por

ros, constituem 17 por cento.

Todavia, a situação inverte-se quando

cento) fá-lo com regularidade. Apenas

Este é, pois, um hábito enraizado. Ainda

a análise se centra nos que deixaram

uma em cada quatro pessoas acende

assim, 31 por cento dos europeus ten-

de fumar ‒ só 12 por cento o fizeram,

um cigarro ocasionalmente. E Portugal,

taram abandoná-lo nos 12 meses que

o que coloca o país na cauda de uma

apesar de o número de fumadores ser

mediaram entre o Eurobarómetro an-

Europa a 25.

inferior à média europeia, não foge à

terior e o actual. Uma percentagem

Em termos europeus, são as mulhe-

regra: antes pelo contrário, 89 por cento

semelhante foi a que se registou por

res quem menos fuma ‒ 55 por cento

dos fumadores fumam regularmente.

cá ‒ 32 por cento. Destes, a maioria FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 35


MLIkQF@> AB P>uAB A palavra aos europeus SĂŁo as seguintes as principais conclusĂľes do EurobarĂłmetro sobre as atitudes dos cidadĂŁos europeus face ao tabaco, elaboradas a partir das respostas dadas pelos inquiridos:

•

Um em cada dois europeus (47 por cento) declarou nunca ter fumado

•

Um terço (32 por cento) dos europeus fuma

•

Um em cada cinco deixou de fumar

•

Cerca de um fumador em trĂŞs tentou deixar de fumar nos 12 meses que mediaram entre o inquĂŠrito de 2006 e este Os fumadores raramente consultam um

tentou entre uma e cinco vezes e ape-

peus que recomeçaram a fumar justifi-

profissional de saĂşde quando tentam deixar

nas um por cento insistiu mais, atĂŠ um

caram o insucesso. A mesma resposta

de fumar ‒ só 18 por cento o fizeram na

mĂĄximo de dez tentativas.

deram 30 por cento dos portugueses

Ăşltima tentativa

Tentativas que quase todos levaram

que recaĂ­ram, mas a primeira das justi-

O stress Ê a principal justificação para as

a efeito por iniciativa própria ‒ na UE

ficaçþes ‒ apontada por 41 por cento

recaĂ­das, menos para os jovens: estes sĂŁo

apenas 18 por cento dos que procu-

- recaiu sobre a incapacidade para re-

mais susceptĂ­veis Ă influĂŞncia dos amigos

raram livrar-se do tabaco consultaram

sistir à privação. O prazer de fumar foi

que fumam

um profissional de saĂşde e em Portugal

invocado, a nĂ­vel nacional, por 27 por

•

Em 49 por cento dos lares ĂŠ proibido fumar

foram ainda menos: 14 por cento.

cento, com outros 17 por cento a argu-

•

A maioria dos europeus (90 por cento) crĂŞ

Ă€ escala europeia, mais de um quarto

mentarem que voltaram a fumar por

que, no seu paĂ­s, existem leis anti-tabaco,

(26 por cento) destas pessoas recorre-

pressĂŁo de amigos e colegas. Seis por

mas sĂł 54 por cento destes acreditam que

ram a substitutos da nicotina, enquan-

cento alegaram aumento de peso.

elas sĂŁo respeitadas

to cinco por cento utilizaram produtos

A maioria apoia os espaços sem fumo,

farmacĂŞuticos sem nicotina, trĂŞs por

sobretudo no que respeita aos locais de

cento socorreram-se de produtos me-

trabalho e aos locais pĂşblicos

dicinais e outros tantos enveredaram

Quatro em cinco europeus consideram que o

por tratamentos como a hipnose ou

Independentemente de serem ou

tabagismo pode causar problemas de saĂşde

acupunctura. JĂĄ em Portugal, foram 15

nĂŁo fumadores, os europeus sĂŁo

Os fumadores europeus mostram

por cento os que utilizaram substitu-

favorĂĄveis a medidas anti-tabaco.

consideração pelas crianças e mulheres

tos da nicotina para deixar de fumar.

Medidas que começam por aplicar na

grĂĄvidas e, em menor escala, pelos nĂŁo

Muitas destas tentativas ficaram pelo

própria habitação, com 49 por cen-

fumadores.

caminho. Muito por culpa do stress

to dos lares a adoptarem restriçþes:

‒ foi assim que 33 por cento dos euro-

assim, em 22 por cento deles nĂŁo ĂŠ

•

•

•

•

•

36 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA

A favor das leis anti-tabaco


possível fumar, em 19 por cento ape-

sem fumo. Uma percentagem mais

por cento) opta por fumar em casa

nas se fuma no exterior e em 18 por

elevada quando se fala de locais de

quando está só, mas 36 por cento

cento o fumo é limitado a algumas di-

trabalho fechados, transportes e es-

fumam na companhia de crianças e

visões. Noutros sete por cento é inter-

paços colectivos (88 por cento) e que

23 por cento na companhia de grá-

dito fumar, mas abrem-se excepções.

decresce quando respeita a restau-

vidas. Quanto aos não fumadores,

Já em 25 por cento das casas não há

rantes (77 por cento) e bares ou cafés

merecem menos consideração: duas

normas, nomeadamente por não se-

(62 por cento). Portugal partilha esta

em cada três pessoas fumam na sua

rem consideradas necessárias ou por

tendência, sendo um dos países em

presença. Apenas 37 por cento dos

não existirem fumadores. E em oito

que se registou uma maior subida do

portugueses admitem que se abstêm

por cento não há regras, mas não se

apoio a espaços sem fumo, na compa-

de fumar perto de um não fumador,

fuma voluntariamente.

ração entre barómetros.

sendo muitos mais (68%) os que não fumam quando estão com crianças

No que respeita ao local de trabalho, a realidade transmitida pelos inquiridos aponta para que um em cada

Uma questão de saúde

em casa e mais ainda (77 por cento) os que não o fazem na presença de grávidas.

três europeus esteja exposto ao fumo nesses espaços, sendo que 11 por

É nas consequências do tabaco sobre a

Uma tendência que se confirma quan-

cento sofrem essa exposição durante

saúde que pode radicar uma das expli-

do entra em campo outra variável: fu-

mais de cinco horas diárias. É o que

cações para esta atitude dos europeus:

mar no carro. São 57 por cento os por-

acontece sobretudo a quem trabalha

afinal, a esmagadora maioria ‒ quatro

tugueses que fumam quando estão so-

no sector da restauração.

em cada cinco ‒ considera que o taba-

zinhos no carro (contra uma média eu-

A maioria dos europeus envolvidos

gismo, incluindo o passivo, pode causar

ropeia de 49 por cento), 29 por cento

neste Eurobarómetro tem conheci-

problemas de saúde. Para 47 por cento,

os que o fazem na companhia de não

mento da existência de leis anti-taba-

o fumo alheio pode causar, nos não fu-

fumadores, mas apenas seis por cento

co nos respectivos países ‒ é o que

madores, doenças graves como can-

os que fumam quando no veículo está

diz 90 por cento, sendo que, destes,

cro, com 33 por cento a sustentarem

uma criança e cinco por cento os que

54 por cento acreditam que essas leis

que pode estar na origem de doenças

fumam na presença de uma grávida.

são cumpridas, enquanto outros 36

respiratórias. Face ao inquérito anterior,

São estas as atitudes dos europeus

por cento pensam que os fumado-

evidencia-se um maior conhecimento

face ao tabaco, assim avaliadas pela

res não as respeitam. É a Irlanda que

dos problemas causados pelo tabaco.

Direcção-Geral de Saúde e Defesa do

apresenta a maior regulação, com 91

Nas respostas nacionais, 34 por cento

Consumidor numa União Europeia a

por cento dos irlandeses a afirmarem

relacionam o fumo com o cancro e 44

25. Atitudes que, de uma forma geral,

que as leis existem e são respeitadas.

por cento associam-no a problemas

apontam para uma sensibilização dos

A mesma opinião têm 34 por cento

respiratórios.

cidadãos para a problemática do ta-

dos portugueses.

Perante isto, como procedem os fu-

bagismo.

Em consonância, a maior parte dos

madores perante quem não fuma ou

Portugal não é excepção neste cená-

cidadãos dos 25 países afirma-se favo-

perante grupos vulneráveis como as

rio, sendo, aliás, o país onde menos se

rável à existência de espaços públicos

crianças e as grávidas? A maioria (82

fuma. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 37


>KC

CEFAR em tempo de mudança João Paulo Vaz, Director Executivo do CEFAR

O CEFAR entrou recentemente numa nova fase da sua existência. A renovação a nível dos recursos humanos foi acompanhada por uma evolução no domínio dos objectivos: para além da farmacoepidemiologia, outras áreas de intervenção estão agora no caminho do renomeado Centro de Estudos e Avaliação em Saúde. 38 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

De Centro de Estudos de Farmaco-

Os tempos são, pois, de mudança.

epidemiologia passou a Centro de

Uma mudança programada e pensa-

Estudos e Avaliação em Saúde. Uma al-

da há já algum tempo, cabendo agora

teração que não surgiu por acaso e que

a João Paulo Vaz, farmacêutico com

se pretende muito mais do que simbó-

um percurso consolidado na indústria,

lica. O CEFAR, departamento que a ANF

conduzir o CEFAR pelos novos cami-

criou há mais de uma década, propõe-

nhos, quer facilitando a integração

se, a partir do seu centro de actividade

dos novos elementos que passaram a

tradicional, ir à conquista de novos do-

integrar a equipa, quer promovendo

mínios de intervenção, acompanhan-

o entrosamento da mesma, sem que

do, afinal, a evolução que tem ocorrido

isso implique qualquer perturbação

no próprio sector da farmácia.

ao ritmo de actividade. Paralelamente,


Por enquanto, cerca de 80 por cen-

ência retém o impulso que foi dado

to da actividade do CEFAR é interna

à farmacoeconomia nos anos de 97 e

‒ respondendo a solicitações quer

98, um impulso que cedo estagnou,

da direcção, quer dos diversos de-

ao ponto de a avaliação económi-

partamentos da Associação ‒ mas a

ca se ter limitado aos estudos sobre

intenção é, como frisa o seu director,

comparticipações no ambulatório. Só

alargar o âmbito de intervenção. O

em 2006, com a publicação de legis-

que passa por direccionar a sua ac-

lação relativa à comparticipação de

tividade para domínios como o da

novos medicamentos a nível hospi-

farmacoeconomia, sem abdicar no

talar, voltou a ser evidente a necessi-

entanto daquela que foi a sua razão

dade de desenvolvimento deste tipo

de ser e em que possui competências

de estudos.

e conhecimentos profundos ‒ a far-

Este escasso investimento na farma-

macoepidemiologia.

coeconomia é visível também ‒ sublinha ‒ na ausência de conteúdos

Investir na farmacoeconomia

formativos ao nível da licenciatura em Ciências Farmacêuticas: não há, na formação de base, espaço para as

trata-se de posicionar o Centro de

Acontece que existe no mercado um

matérias mais económicas como as

Estudos na nova realidade, benefician-

significativo potencial para o desen-

relacionadas com preços, compartici-

do da sua integração no InfoSaúde.

volvimento de estudos de avaliação

pações e avaliação do impacto eco-

Significa isto que o CEFAR deixou de

económica dos medicamentos. Basta

nómico dos medicamentos.

ser um departamento da ANF para

pensar que o mercado total de medi-

Este é, portanto, um dos novos ho-

assumir uma perspectiva mais empre-

camentos, entre ambulatório e hospi-

rizontes que se abrem à equipa

sarial na nova entidade. Estão, assim,

talar, ronda os quatro mil milhões de

do CEFAR. Um horizonte em que

criadas condições para uma estrutura

euros. O que falta são competências e

entidades externas, como a indús-

mais operacional, com capacidade e

é nelas que o novo CEFAR se propõe

tria

competência para a prestação de ser-

investir.

parceiros naturais. São já, aliás, par-

viços externos, numa lógica de renta-

João Paulo Vaz considera que há

ceiros em alguns dos trabalhos em

bilização.

claramente mercado . Da sua experi-

curso, nomeadamente os que de-

farmacêutica,

surgem

como

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 39


>KC

correm paralelamente às mais re-

recolhidos pelas farmácias é possível

a primeira causa de morte no nosso

centes campanhas promovidas pelo

avançar para uma caracterização da

país. Os dados recolhidos de 14 a 19

Departamento de Programas de

polimedicação entre os idosos e é

de Maio pelas farmácias estão a ser

Cuidados Farmacêuticos da ANF.

esse, precisamente, o objectivo do

trabalhados, após o que será possí-

É o caso da campanha Viver Mais,

CEFAR.

vel conhecer melhor o fenómeno da

Viver Melhor ‒ Conhecendo os Seus

Um propósito semelhante preside

obesidade em Portugal.

Medicamentos , que visou esclarecer

ao estudo que tem como ponto de

O novo responsável pelo CEFAR con-

a população mais idosa sobre o uso

partida a campanha Controle o Seu

sidera estes estudos de grande uti-

correcto, efectivo e seguro dos medi-

Peso, o Coração Agradece . Tratou-se

lidade do ponto de vista científico,

camentos. No terreno durante a últi-

aqui de avaliar a obesidade e o risco

uma vez que, além de darem respos-

ma semana de Março, teve como alvo

cardiovascular dos portugueses ten-

ta às questões colocadas em cada es-

os cidadãos com mais de 65 anos a

do em conta que o excesso de peso

tudo, possibilitam a criação de bases

tomar quatro ou mais medicamentos

é um dos principais factores na ori-

de dados para posterior análise de

em simultâneo. A partir dos dados

gem das doenças cardiovasculares,

outras variáveis, o que de outra forma não seria possível. Sublinha, aliás, que uma das grandes dificuldades em re-

Da indústria para o CEFAR

alizar estudos de natureza epidemiológica em Portugal é, entre outras, a ausência de bases de dados.

Ao todo são sete os elementos que constituem a actual equipa do

Ora, ao desenvolver estes estudos

Centro de Estudos e Avaliação em Saúde. Trata-se de uma equipa

a partir de campanhas promovidas

renovada, a começar pela própria chefia: João Paulo Vaz assumiu o

pela ANF, o CEFAR beneficia da mo-

cargo há menos de um ano, depois de um percurso profissional na

tivação dos farmacêuticos, aprovei-

indústria.

tando a sua intervenção e, com isso,

Licenciado em Ciências Farmacêuticas, começou por integrar

valorizando a própria farmácia.

a Sanofi Winthrop, onde trabalhou essencialmente na área do registo de medicamentos, preços e comparticipações, com uma passagem pela farmacovigilância. Ingressou posteriormente na Glaxo

Uma mão cheia de projectos

Wellcome, hoje GlaxoSmithKline, já detentor de uma pós-graduação em avaliação económica de medicamentos.

Esta é uma política para continuar.

Foi precisamente a essa área que se dedicou, com a sua actividade

Afinal, está a dar bons resultados.

a abarcar a farmacoeconomia, preços e comparticipação de

Está planeado um aprofundamento

medicamentos. Em 2005 integrou a direcção deste mesmo

dos resultados da campanha com

laboratório, de onde saiu para chefiar o CEFAR.

que, em 2006, as farmácias assinalaram o Dia Mundial da Asma. Dela re-

40 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


Em 2008 deverá estar já operacional um sistema de informação que permitirá às farmácias avaliar o seu desempenho ‒ no tempo e em comparação com o mercado ‒ e delinear metas. Trata-se de disponibilizar às farmácias ferramentas de gestão enquadradas no contexto pós-liberalização.

sultou que mais de 60 por cento dos

Um contexto em que as farmácias

do novo enquadramento legislativo,

asmáticos portugueses não possuem

sofreram duas reduções na sua mar-

na determinação e quantificação de

a doença controlada. E é sobre estes

gem de comercialização (já uma das

ganhos em saúde resultantes dos

resultados que o CEFAR pretende

mais baixas da União Europeia), em

programas de cuidados farmacêuti-

trabalhar, no sentido de identificar

que se assistiu à desregulamentação

cos, de resultados em saúde em meio

as razões que explicam a ausência

dos medicamentos não sujeitos a re-

hospitalar, colaboração na avaliação e

de controlo da doença. E a partir

ceita médica e, mais recentemente, à

definição de protocolos de interven-

dessa avaliação desenhar estratégias

liberalização da propriedade (aprova-

ção clínica em meio hospitalar, são

que possibilitem um maior controlo

da em Conselho de Ministros de 5 de

exemplos de algumas outras áreas a

da doença e, no final, na medida do

Julho último).

desenvolver.

possível, medir os ganhos em saúde.

São novos desafios que reclamam

Quanto ao CEFAR, o rumo já está

É um projecto em carteira para 2008.

uma nova atitude. Nomeadamente

traçado: é de evolução, como res-

Nessa altura deverá estar já operacio-

uma maior atenção a áreas da far-

posta à evolução em curso na ANF

nal um sistema de informação que

mácia passíveis de maior rentabiliza-

e no sector. Às novas condicio-

permitirá às farmácias avaliar o seu

ção. Contribuir para enfrentar estes

nantes responde com a busca de

desempenho ‒ no tempo e em com-

desafios é a intenção do CEFAR. Será

novos horizontes. Rentabilizando

paração com o mercado ‒ e delinear

‒ acredita o novo responsável pelo

a estrutura e os recursos, sem que

metas. Trata-se, como adianta João

CEFAR ‒ uma ferramenta de valor

isso implique um corte com o pas-

Paulo Vaz, de disponibilizar às farmá-

acrescentado para as farmácias.

sado. Não é um CEFAR novo, é uma

cias ferramentas de gestão enqua-

Estudos em novas áreas de inter-

nova fase.

dradas no contexto pós-liberalização.

venção

farmacêutica

decorrentes FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 41


MI>Q>CLOJ> P>uAB BJ AF`ILDL Plataforma deďŹ ne prioridades

Em nome dos doentes crĂłnicos Os doentes crĂłnicos estĂŁo na primei-

no desenvolvimento de protocolos

tra as Doenças Reumåticas (LPCDR),

ra linha das prioridades da Plataforma

no âmbito das parcerias estratÊgicas

coadjuvada por Ana Maria Quintas de

SaĂşde em DiĂĄlogo para o ano em curso.

com as faculdades de Medicina e de

Azevedo, da Associação Portuguesa de

O objectivo ‒ traçado pelos ĂłrgĂŁos so-

FarmĂĄcia de Lisboa.

AsmĂĄticos (APA), Maria da Luz Sequeira,

ciais eleitos em Fevereiro último ‒ passa

Do planeamento da Plataforma para

da Associação Nacional das Farmåcias

por intervir no sentido de conseguir a

este ano consta ainda a realização de

(ANF), Isabel Machado, do Instituto

definição de doença crónica e a aprova-

uma conferĂŞncia e de um encontro

Nacional de Cardiologia Preventiva

ção do estatuto do doente crónico.

entre as entidades que a integram. SĂŁo

(INCP), e MĂĄrio Beja Santos, da UniĂŁo

EstratĂŠgico ĂŠ igualmente o reconhe-

jĂĄ 27 os membros da Plataforma, todos

Geral de Consumidores (UGC).

cimento da Plataforma enquanto

unidos por um propĂłsito comum: dar

Os novos ĂłrgĂŁos sociais incluem ain-

Instituição Particular de Solidariedade

voz aos doentes. O que implica a exis-

da a Mesa da Assembleia-Geral, a que

Social (IPSS). Um estatuto que contri-

tência de condiçþes logísticas, pelo que

preside Rosa Gonçalves, da Associação

buirå para a consolidação de um ou-

os esforços da Plataforma continuarão

de Doentes com LĂşpus (ADL), acom-

tro objectivo: reforçar a presença em

tambÊm dirigidos à obtenção de sedes

panhada

entidades como o Conselho Nacional

e à criação de uma loja que permita sus-

da Associação para a Promoção da

para a Promoção do Voluntariado

tentar o projecto.

Segurança Infantil (APSI), e de Maria

e a Confederação Portuguesa de

Dar a conhecer a missĂŁo e o trabalho

de Lourdes Gaudich, da Associação

Voluntariado.

desenvolvido ĂŠ igualmente importante

Portuguesa de Doentes de Parkinson

JĂĄ a nĂ­vel internacional, a Plataforma

e nesse sentido os novos ĂłrgĂŁos so-

(APDP).

pretende afirmar-se como parceiro

ciais propþem-se reforçar o boletim da

Quanto ao Conselho Fiscal, ĂŠ presidi-

da OMS Europa e da IAPO (Aliança

Plataforma e lançar um folheto bilingue,

do por Francisco Beirão, da Associação

Internacional de Organizaçþes de

bem como avançar com a edição de

Portuguesa de Doenças do Lisosoma

Doentes). Num outro domĂ­nio, a

uma newsletter electrĂłnica e desenvol-

(APL), e integra Maria JoĂŁo Freire,

Plataforma propĂľe-se continuar a

ver um site prĂłprio.

da Associação Nacional contra a

apostar na formação, por um lado,

SĂŁo objectivos a concretizar pela equi-

Fibromialgia e SĂ­ndrome de Fadiga

promovendo acçþes dirigidas a far-

pa eleita em Fevereiro Ăşltimo. Uma

CrĂłnica (Myos), e Maria Helena Cadete

macĂŞuticos e outros profissionais

equipa a que preside Maria Irene

Bernardo, representante da Associação

de saĂşde e, por outro, investindo

Domingues, da Liga Portuguesa con-

Coração Amarelo (ACA).

42 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA

de

Sandra

Nascimento,



FKCLOJ>@>L QBO>MBRQF@>

Hepatites

AeB LĂ­gia Reis, FarmacĂŞutica do CEDIME

As hepatites de origem vírica são doenças hepåticas provocadas por vírus que afectam um grande número de pessoas em virtude da sua fåcil transmissão, falta de medidas de higiene e da falta de aplicação das medidas de profilaxia mais adequadas. São hoje conhecidos cinco vírus diferentes, sendo as hepatites que originam designadas pelas letras A, B, C, D e E. Reportando-nos apenas às hepatites A e B, estima-se que 1,5 milhþes de pessoas em todo mundo1

crĂłnica, as consequĂŞncias sĂŁo mais

contribuir tanto para promover os

sejam anualmente infectadas com o

complicadas (por exemplo cirrose ou

melhores comportamentos com vis-

vĂ­rus da hepatite A, chegando a atin-

cancro do fĂ­gado).

ta à prevenção, como para apoiar os

gir 150/100.00 habitantes nas regiĂľes

Estes nĂşmeros preocupam os vĂĄrios

doentes crĂłnicos sob terapĂŞutica.

endĂŠmicas. JĂĄ na hepatite B, estima-se

intervenientes da nossa sociedade,

O fĂ­gado ĂŠ um ĂłrgĂŁo volumoso e, em

que haja 350 milhĂľes de infectados

tanto decisores polĂ­ticos como profis-

alguns aspectos, o ĂłrgĂŁo mais com-

em todo o mundo e, em Portugal, haja

sionais de saĂşde, pelo que a interven-

plexo do corpo humano. Do ponto

cem mil infectados2.

ção atenta e oportuna da Farmåcia,

de vista funcional estĂĄ organizado

Dadas as caracterĂ­sticas da hepatite

atravÊs da prestação de informação

em åcinos ‒ unidade fisiológica ‒ re-

B, que tende a evoluir para uma fase

e aconselhamento adequados, pode

cebendo fluxo sanguĂ­neo atravĂŠs da

44 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA


artéria hepática (20 por cento) e da veia porta (80 por cento). É maioritariamente constituída por um tipo de células denominadas hepatócitos que desempenham funções vitais na manutenção da homeostase (tabela 1)3:

Fígado

As doenças hepáticas podem ter diferentes causas, classificando-se como3:

Canal cistico Vesicula biliar

Doenças Hepatocelulares ‒ em que

Canal biliar comum

as características da lesão, como a in-

Estincter de oddi

flamação e necrose, predominam (ex.

Duodeno

Veia hepática Artéria hepática Veia porta Canal hepático comum

hepatites víricas). Tabela 1 ‒ Funções dos hepatócitos3 Algumas funções dos hepatócitos Síntese de proteínas séricas essenciais: Produção de bílis, lípidos e seus transportadores: Regulação de nutrientes: Metabolismo e conjugação de componentes lipofílicos:

Albumina, proteínas transportadoras, factores de coagulação Ácidos biliares, colesterol, lecitina, fosfolípidos Glicose, glicogénio, lípidos , colesterol, aminoácidos Bilirrubina, fármacos Tabela 2 ‒ Causas de hepatites Algumas causas de hepatites

Doenças Colestáticas (obstrutivas) ‒ em que as características principais

Vírus da Hepatite A

consistem na perturbação do fluxo

Vírus da Hepatite B

biliar (colelitíase).

Hepatite

Vírus da Hepatite C Víricas

Vírus da Hepatite Delta Vírus da Hepatite E

Define-se como inflamação no fíga-

Citomegalovírus

do . Esta inflamação pode ter diversas

Vírus Epstein Barr

causas (tabela 2), comprometendo a função hepática com várias conse-

Hepatite auto-imune

quências para o organismo. As hepatites víricas são todas diferentes

Distúrbios de imunidade

em sintomas, gravidade e tratamento.

Colangite esclerosante primária Cirrose biliar primária

Na hepatite aguda, os sintomas podem variar bastante e, dependendo

Obesidade, diabetes

da causa, podem até mesmo não surgir, como acontece na grande maioria dos casos. Na maioria das vezes, a he-

Esteato-hepatite não alcoólica Hepatite alcoólica

Tóxicas Hepatite medicamentosa FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 45


FKCLOJ>@>L QBO>MBRQF@>

patite aguda surge com um quadro parecido ao de uma gripe, com mal estar, fraqueza, febre, dores e nĂĄuseas. Quadros mais intensos podem surgir GrĂĄfico 1 - CaracterĂ­sticas clĂ­nicas e laboratoriais da hepatite A

com icterĂ­cia, devida ao aumento do nĂ­vel sĂŠrico de bilirrubina. Na hepatite crĂłnica, ocorre uma des-

IcterĂ­cia

truição lenta das cÊlulas do fígado. Nesta

ALT

IgG Anti-VHA

fase, praticamente nĂŁo hĂĄ sintomas.

IgM Anti-VHA

VHA nas fezes

Hepatite A Causada pelo vírus da hepatite A, Ê uma doença auto-limitada da qual o doente recupera completamente em três - quatro semanas.

A hepatite A

nunca se torna crĂłnica e raramente ĂŠ

Tempo (semanas)

fulminante (menos de um por cento). O vírus da hepatite A - VHA - Ê um vírus RNA transmitido por via oro-fecal, isto Ê, atravÊs de alimentos e ågua contaminados. O período de incubação Ê de aproximadamente quatro semanas e a sua replicação estå limitada ao fígado.

Epidemiologia

No entanto, o vĂ­rus pode tambĂŠm en-

A principal via de transmissĂŁo do VHA

como tem acontecido em Portugal4,

contrar-se na bĂ­lis e nas fezes, que cons-

Ê fecal-oral sendo a sua disseminação

em grande parte devido Ă melhoria

tituem vias de eliminação, e no sangue

interpessoal intensificada por uma

das condiçþes de saneamento e hi-

atÊ ao final do período de incubação e

higiene pessoal inadequada e por

giene da população portuguesa, mas

na fase aguda prÊ-ictÊrica da doença.

aglomerados de pessoas, incluindo o

nos paĂ­ses em desenvolvimento este

Os anticorpos anti-VHA (IgM e IgG)

meio intrafamiliar e intra-institucional

tipo de hepatite ĂŠ considerado endĂŠ-

podem ser detectados durante a fase

(creches, escolas, lares, prisĂľes). AlĂŠm

mico, pelo que a exposição, infecção

aguda, e persistem por vĂĄrios meses.

da ĂĄgua contaminada tambĂŠm os

e imunidade sĂŁo quase universais na

O IgG anti-VHA permanece por toda a

alimentos, em especial se nĂŁo forem

infância (mais de 90 por cento das

vida e protege contra nova infecçþes .

cozinhados, podem estar contamina-

crianças destes países foram infecta-

A presença do anti-VHA significa pois

dos. Nos paĂ­ses desenvolvidos a inci-

das pelo VHA1,2). A distribuição geo-

infecção no passado e cura (gråfico 1).

dĂŞncia de hepatite A tem diminuĂ­do,

gråfica da hepatite A em função da

3

46 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA


Mapa I ‒ Distribuição geográfica da prevalência do anti-VHA (fonte: CDC 2006)

Prevalência do anti-VHA Elevado Elevado/médio Médio Baixo Muito baixo prevalência do anticorpo anti-VHA é

muns são icterícia (pele e olhos ama-

Tratamento

indicada no mapa I.

relados), fadiga, falta de apetite, urina

O tratamento é baseado em medi-

Apesar do grupo etário dos cinco

escura, náuseas e dores articulares e

das de suporte, aconselhando-se re-

aos 14 anos registar a maior incidên-

musculares, ocasionalmente com fe-

pouso. Sempre que possível deve-se

cia identificam-se ainda os seguintes

bre baixa e dor na zona do fígado.

interromper a toma de medicamen-

grupos de risco:

A presença de sintomas está associada

tos que possam prejudicar o fígado,

3

à idade : 70 por cento das crianças com

assim como a ingestão de álcool.

menos de seis anos têm uma infecção

Devem ser tomados cuidados para

assintomática e não é acompanhada

evitar a transmissão entre os familia-

de icterícia, enquanto nas crianças

res. O internamento só é necessário

mais velhas ou em adultos a sintoma-

em casos graves, nos idosos e no caso

tologia característica surge e a icterícia

de outras doenças graves simultâne-

está presente em mais de 70 por cen-

as. Os casos raros de doentes com

to dos casos. Tipicamente os sintomas

hepatite fulminante (aparecimento

duram menos de dois meses. A hepa-

de alterações mentais denominadas

tite A no adulto é mais grave do que

encefalopatia hepática dentro de

nas crianças, podendo atingir taxas de

oito semanas do início dos sintomas)

Sintomas

mortalidade de dois por cento acima

devem ser encaminhados para um

A maioria dos doentes não apresenta

dos 50 anos de idade.

centro de referência, podendo ter de

• viajantes, em particular para destinos em que a hepatite A é endémica (África, Ásia). • militares em deslocação • consumidores de drogas injectáveis ou não injectáveis • indivíduos que pratiquem sexo não protegido com pessoas infectadas com o vírus • trabalhadores sanitários

quaisquer sintomas, particularmente

ser considerada a possibilidade de

as crianças, ou apresenta sintomas

Diagnóstico

transplante hepático4. Os contactos

inespecíficos que se assemelham a

O diagnóstico laboratorial é feito du-

mais próximos (familiares, parceiro

um quadro gripal. Quando se apresen-

rante a fase aguda pela detecção de

sexual) devem ser vacinados caso es-

ta clinicamente, os sintomas mais co-

3

anti-VHA da classe IgM .

teja indicado. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 47


FKCLOJ>@>L QBO>MBRQF@> Tabela 3 ‒ Vacinas da Hepatite A HAVRIXÂŽ5 Titular AIM Composição Via de administração

Dose e Esquema Administração Criança

TWINRIXÂŽ7

EPAXAL 9

SmithKline & French Portuguesa

GSK Biologicals

Berna

VHA inactivado e adsorvido (estirpe HM 175)

VHA inactivado + VHB (antigĂŠnio de superfĂ­cie)

VHA inactivado (estirpe Rg-SB)

Intramuscular

Intramuscular

Intramuscular

720 Unidades Elisa /0,5 mL (JĂşnior)

360 Unidades Elisa + 10 mcg/0,5 mL

1ª dose: a partir de 1 ano de idade atÊ aos 17 anos 2ª dose: 6 a 12 meses após a primeira administração desta vacina ou outra vacina contra a hepatite A

1ÂŞ dose: a partir de 1 ano de idade atĂŠ aos 15 anos em data seleccionada 2ÂŞ dose: 1 mĂŞs apĂłs a primeira dose 3ÂŞ dose: 6 meses apĂłs a primeira dose

VAQTAÂŽ6 (AIM aprovada mas ainda nĂŁo comercializado) Sanofi Pasteur MSD VHA inactivado e adsorvido (estirpe CR 326) Intramuscular 25 U / 0,5 mL

24 U.I. / 0,5 mL

Não administrar como profilaxia pós-exposição

1ª dose: a partir de 1 ano de idade atÊ aos 17 anos 2ª dose: 6 a 18 meses após a primeira administração (não foi estabelecida a eficåcia e segurança em crianças com idade inferior a 1 ano)

720 Unidades Elisa + 20 mcg/1 mL 1440 Unidades Elisa /1 mL (Adulto)

Adulto * 18 anos

1ª dose: a partir dos 19 anos inclusive 2ª dose: 6 a 12 meses após a primeira administração desta vacina ou outra vacina contra a hepatite A Pode ser administrada a indivíduos infectados com VIH

1ª dose: a partir dos 16 anos de idade em data seleccionada 2ª dose: 1 mês após a primeira dose 3ª dose: 6 meses após a primeira dose Esquema alternativo e antecipado a utilizar em circunstâncias especiais (ex: viagem): 1ª dose: em data seleccionada 2ª dose: 7 dias após a primeira dose 3ª dose: 21 dias após a primeira dose 4ª dose: 12 meses após a primeira dose

1ÂŞ dose: a partir de 1 ano de idade atĂŠ aos 60 anos

2ª dose: 6 a 12 meses após a primeira administração desta vacina ou outra vacina contra a hepatite A

50 U / 1 mL 1ª dose: a partir dos 18 anos de idade 2ª dose: 6 a 18 meses após a primeira administração Adultos com VIH: 1ª dose: data seleccionada 2ª dose: 6 meses após a primeira administração

Não administrar como profilaxia pós-exposição

Nível de Imunização

Utilização com outras vacinas

Conservação

48 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA

Os dados disponĂ­veis demonstram que os anticorpos persistem apĂłs 5 anos em mais de 99% dos indivĂ­duos vacinados

A administração simultânea de vacinas contra a febre tifóide febre amarela, cólera ou tÊtano não interfere com a resposta imunológica desta vacina. Devem ser administradas com seringas diferentes e em locais diferentes.

Conservar no frigorĂ­fico (+2Âş a +8ÂşC). NĂƒO CONGELAR pois destrĂłi a potĂŞncia da vacina.

A primeira dose da vacina concede proteccção pelo menos durante 12 meses. A segunda dose prolonga a eficåcia protectora atÊ no minimo 20 anos em pelo menos 95% das pessoas vacinadas (cålculo com base num modelo matemåtico e na extrapolação de seguimento durante 3-6 anos).

Os anticorpos anti-VHA mantĂŠm-se pelo menos durante 10 anos. NĂŁo produz imunidade imediata pelo que ĂŠ necessĂĄrio esperar 2 a 4 semanas atĂŠ que se detectem anticorpos.

A administração concomitante com outras vacinas não foi especificamente estudada pelo que não Ê aconselhåvel administrar em simultâneo.

Pode ser administrada simultaneamente com as vacinas da febre amarela e da gripe, mas em seringas separadas, bem como com profilaxia da malĂĄria.

Na criança pode ser administrada concomitantemente com a vacina viva atenuada de sarampo, papeira e rubÊola e a vacina inactivada poliomelite. No adulto pode ser administrada com a vacina da febre amarela e vacina da febre tifóide polissacarídica, concomitantemente, em locais de injecção diferentes

A suspensĂŁo ĂŠ branca e turva. Conservar no frigorĂ­fico (+2Âş a +8ÂşC). NĂƒO CONGELAR. Conservar na embalagem de origem para proteger da luz. Agitar antes de usar

Conservar no frigorĂ­fico (+2Âş a +8ÂşC). NĂƒO CONGELAR. Conservar na embalagem de origem para proteger da luz. Agitar antes de usar

A protecção contra a hepatite A e B obtÊmse num período de 2 a 4 semanas. Os ensaios clínicos em crianças revelam que os anticorpos persistem pelo menos atÊ 48 meses (4 anos) após o início do esquema de primovacinação. Os ensaios clínicos em adultos revelam que os anticorpos persistem na grande maioria dos casos para lå de 60 meses (5 anos) após o início do esquema de primovacinação.

Conservar no frigorĂ­fico (+2Âş a +8ÂşC). NĂƒO CONGELAR pois destrĂłi a potĂŞncia da vacina.


Prevenção As medidas gerais para a prevenção

cional (creches, escolas, saneamento,

Existe também a possibilidade de

da hepatite A são:

etc), a pessoas com alterações dos

transmissão de mãe para filho no mo-

Saneamento: usar água potável e dispor

factores de coagulação (hemofilia) e

mento do parto, uma forma de con-

de uma adequada rede de esgotos

a portadores de doenças crónicas do

tágio particularmente importante,

Higiene: lavar as mãos com frequência

fígado (cirrose hepática).

dada a grande tendência de evolução para a cronicidade, que ocorre em 95

e, sempre, após defecação ou mudança da fralda. Lavar bem os alimentos.

Hepatite B

por cento dos recém-nascidos contaminados pela mãe, muito comum nas

Imunização activa: disponíveis desde 1996, as vacinas com o vírus inactiva-

O vírus que causa a hepatite B (VHB) é

zonas hiperendémicas de países em

do são seguras e eficazes, conferindo

um vírus DNA, transmitido por duas vias:

desenvolvimento, onde a maior parte

uma protecção de 94-100 por cento

via sanguínea e via sexual. Num primei-

dos infectados contrai o vírus durante

após duas - três doses, por cinco a

ro contacto com o vírus pode ocorrer

a infância. Nos países industrializados,

dez anos (tabela3).

a forma aguda desta doença, mas em

esta faixa etária é a que se encontra

Apesar de não fazer parte do Plano

cinco por cento dos casos no adulto

mais «protegida» já que a vacina con-

Nacional de Vacinação, recomenda-

ela evolui para a forma crónica, tornan-

tra a hepatite B faz parte do programa

se a administração a crianças, espe-

do-se o indivíduo um portador crónico.

nacional de vacinação de 116 países,

cialmente se inseridas em comuni-

Alguns destes indivíduos desenvolvem

Portugal incluído.

dades endémicas ou que frequentam

fenómenos inflamatórios crónicos origi-

O vírus da hepatite B é resistente,

creches, a pessoas que viagem de fé-

nando hepatite crónica e cirrose hepáti-

chegando a sobreviver sete dias no

rias ou por motivos profissionais para

ca. Outra das consequências é o cancro

ambiente externo em condições

regiões onde a hepatite A é endémi-

do fígado que surge anualmente em

normais e com risco de infecção em

ca, a toxicodependentes, a pessoas

quatro - cinco por cento dos doentes

cinco a 40 por cento das pessoas não

com risco acrescido devido a práticas

com cirrose. Por isso se diz que o vírus

vacinadas que sofrem algum tipo de

sexuais, a pessoas com risco ocupa-

2

da hepatite B é um vírus oncogénico .

contaminação, picada com agulha FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 49


FKCLOJ>@>L QBO>MBRQF@>

GrĂĄfico 2 - CaracterĂ­sticas clĂ­nicas e laboratoriais tĂ­picas da hepatite B

contendo sangue por exemplo (o risco ĂŠ maior do que o observado para o

IcterĂ­cia

vírus da hepatite C ‒ 1,8 por cento ou

ALT

o VIH - 0,2 a 0,5 por cento)4. A infecção pelo VHB tem um período de

HBeAg

Anti-HBe

incubação longo, entre as seis semanas

IgG Anti-HBc

e os seis meses, e ĂŠ mais prevalente na

HBsAg

Ă sia, PacĂ­fico e Ă frica inter tropical, onde se calcula que entre cinco a 20 por cento das pessoas sejam portadoras crĂłni-

IgM Anti-HBc

Anti-HBs

cas. O vĂ­rus tem menor incidĂŞncia no mundo desenvolvido, Estados Unidos da AmĂŠrica e Europa Ocidental, mas

regista-se um elevado nĂşmero de casos

Tempo (semanas)

na Europa Central e Oriental. ao anticorpo anti-HBc ele surge em

apetite. Os sintomas desaparecem

Evolução

circulação ao fim de uma a duas se-

em um a trĂŞs meses, mas algumas

O vĂ­rus da hepatite B possui trĂŞs anti-

manas apĂłs o surgimento do HBsAg

pessoas podem permanecer com

gĂŠnios principais, o s (AgHBs), o c

e

sensação de fadiga mesmo após

(AgHBc) e o e (AgHBe). Como defe-

meses ou mesmo anos. Ao detectar

normalização dos exames.

sa o nosso organismo produz anticor-

o anti-HBc podemos estar perante

Em casos raros (0,1-0,5 por cento), a

pos para destruir os trĂŞs antigĂŠnios.

uma infecção recente ou ocorrida no

resposta do organismo ĂŠ tĂŁo exage-

Quando uma pessoa ĂŠ infectada pelo

passado. Se predominar o anti-HBc

rada que hå destruição maciça dos

VHB o primeiro antigĂŠnio detectĂĄvel

da classe IgM estamos perante uma

hepatĂłcitos (hepatite fulminante),

Ê o AgHBs. Uma vez em circulação

infecção com menos de seis meses,

podendo ser fatal4.

hĂĄ um aumento da actividade das

se predominar a classe IgG estamos

aminotransferases (AST-aminoaspar-

perante uma infecção com mais de

mantĂŠm-se

durante

semanas,

3

DiagnĂłstico

tato transferase e ALT-alanina ami-

seis meses (grĂĄfico 2).

O diagnĂłstico da hepatite B, bem

notransferase) e surgem os sintomas.

O VHB pode permanecer no orga-

como das suas fases evolutivas, ĂŠ

Este antigĂŠnio ĂŠ detectĂĄvel durante

nismo, podendo infectar outras pes-

baseado exclusivamente nas anĂĄ-

a fase ictĂŠrica (fase aguda). Ao fim de

soas, algumas semanas antes dos

lises

um a dois meses deixa de se detectar

sintomas surgirem, variando de seis

marcadores (AgHBs, AgHBe, anti-

e raramente persiste alĂŠm dos seis

semanas a seis meses. Os sintomas

HBc, anti-HBs, anti-HBe). No en-

meses. O anticorpo contra o AgHBs

iniciais sĂŁo mal estar, dores articula-

tanto, deve ser associado tambĂŠm

(anti-HBs) surge apĂłs as primeiras

res e fadiga, que podem evoluir para

a marcadores de lesĂŁo das cĂŠlulas

quatro semanas. No que respeita

dor local, icterĂ­cia, nĂĄuseas e falta de

hepĂĄticas (AST e ALT). Pode ser em-

50 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA

sanguĂ­neas

denominadas


pregue o método de PCR (polime-

Tratamento

Interferão

rase chain reaction) para detectar a

O tratamento da hepatite B crónica

Interferões são glicoproteínas produ-

quantidade do vírus circulante no

visa suprimir a replicação viral e re-

zidas por células infectadas por vírus.

sangue, pesquisando o ADN do ví-

duzir a lesão hepática, prevenindo

Até agora foram identificados três ti-

rus (ADN VHB).

a evolução para cirrose e carcinoma

pos: o alfa, produzido por linfócitos B e

A biópsia hepática poderá estar in-

hepatocelular. Actualmente, os tra-

monócitos, o beta, por fibroblastos e o

dicada nalguns casos que evoluem

tamentos com eficácia comprovada

gama, por linfócitos T-helper e NK.

para uma fase crónica. Nestes casos

para a hepatite B são8 (tabela 4).

O interferão-alfa-2b (IFN-alfa) age directamente contra o vírus e também

o marcador AgHBs persiste positivo durante pelo menos seis meses e em muitos casos para sempre: é o cha-

aumenta a resposta imune (tem ac-

• Imunomodeladores: • peguinterferão alfa-2 ou inter-

mado portador crónico.

ferão peguilado (pegIFN-α2a, ou

Existem três tipos principais de in-

pegIFN-α2a)

fecção crónica: o portador crónico

e imunomoduladora). O interferão peguilado, um interferão modificado com as novas características de poder ser aplicado apenas uma vez por se-

do AgHBs sem doença e aqueles com hepatite B crónica AgHBe posi-

tividade antivírica, antiproliferativa

mana, mantendo seus níveis séricos.

• Análogos dos nucleósidos:

tivo, e hepatite B crónica AgHBe ne-

• lamivudina;

O interferão peguilado tem mostrado

gativo. Nestas duas últimas o vírus

• adefovir dipivoxil;

uma eficácia semelhante ou ligei-

pode estar muito activo e desenca-

• entecavir;

ramente superior ao INF-α com a

dear evolução para cirrose e cancro

• telbivudina (ainda não comercia-

vantagem de ter uma administração

do fígado.

mais conveniente (semanal).

lizado na Europa)

Tabela 4 - Comparação dos fármacos aprovados para a terapêutica da hepatite B8 Telbivudina

PEG-IFN-α

Lamivudina

Adefovir

Entecavir

(AIM aprovada mas ainda não comercializado)

Não indic. Indicado Indicado

Não indic. Indicado Indicado

Não indic. Indicado Indicado

Não indic. Indicado Indicado

Não indic. Indicado Indicado

48 semanas 48 semanas

* 1 ano > 1 ano

* 1 ano > 1 ano

* 1 ano > 1 ano

* 1 ano > 1 ano

6 MU/m2/3xsem (Interferão convencional)

3mg/Kg/dia (máx. 100mg/dia)

Não aprovado

-

-

10mg/dia

0,5 mg/dia 1mg/dia em caso de resistência

Indicações AgHBe (+), ALT normal HBeAg (+) ALT elevada HBeAg (-) ALT elevada

Duração do Tratamento HBeAg (+) HBeAg (-)

Dose Criança

Adulto

180 µg por semana

100mg/dia

600 mg/dia

Via de administração

subcutânea

oral

oral

oral

oral

Reacções Adversas

muitas

raro

raro

raro

raro

Resistência antivírica

não

Custo

elevado

20%, 1º ano 70%, 5º ano baixo

29%, 5º ano elevado

< 1%, 2º ano elevado

25%, 2º ano -

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 51


FKCLOJ>@>L QBO>MBRQF@>

Tabela 5 - Dieta saudåvel Lamivudina A lamivudina inibe a multiplicação do VHB. No entanto, Ê capaz de induzir mutaçþes no vírus da hepatite B, prejudicando a eficåcia deste tratamento, jå que o tornam resistente.

Alimentos variados contendo os quatro grupos principais (cereais, frutas e vegetais, leite e derivados, e carne/peixe) Refeiçþes distribuídas ao longo do dia Ingestão adequada de proteínas Alimentos ricos em vitaminas B e C Não beber ålcool Limitar alimentos com excesso de gordura e açúcar

Ao fim de cinco anos de tratamento cerca de 70 por cento dos doentes tornam-se resistentes.

Telbivudina

Dieta

A lamivudina ĂŠ praticamente isenta

Tem uma acção antivírica sobre o VHB

Com a excepção do uso do ålcool

de efeitos secundĂĄrios. Ao contrĂĄrio

mais potente que a lamivudina na

não hå nenhuma restrição nutricional

do interferĂŁo ĂŠ seguro em doentes

supressão da replicação do vírus. No

especĂ­fica para os doentes com hepa-

com cirrose descompensada.

entanto estĂĄ associada a uma elevada

tite B. Situaçþes especiais, como cirro-

resistĂŞncia e resistĂŞncia cruzada com

se com ascite ou encefalopatia hepĂĄ-

Adefovir dipivoxil

a lamivudina. Tem por isso um papel

tica, ou a presença de outra doença

O adefovir ĂŠ comprovadamente efi-

limitado na terapĂŞutica.

associada, no entanto, podem indicar restriçþes dietÊticas adicionais, con-

caz no tratamento das estirpes selvagens e mutantes do VHB, alĂŠm de

Estilo de vida

forme orientação do mÊdico, nome-

induzir muito menos resistĂŞncia viral

Prevenção da transmissão

adamente restrição de sal.

do que a lamivudina. Em dois anos, a

As pessoas portadoras do vĂ­rus (com

Assim, mesmo sem restriçþes nutri-

resistĂŞncia ao adefovir ĂŠ de dois por

AgHBs positivo) devem manter rela-

cionais especĂ­ficas pela hepatite B,

cento, em comparação aos 40 por

cionamento sexual procurando saber

recomenda-se uma dieta saudĂĄvel,

cento da lamivudina. Os efeitos cola-

da situação do parceiro/a quanto Ă

que ajuda a manter o peso e melhora

terais sĂŁo pouco comuns.

hepatite B (vacinado/a ou imuniza-

o sistema imunolĂłgico (tabela 5).

do/a), usar sempre preservativo se o/a Entecavir

parceiro/a nĂŁo estiver vacinado, nĂŁo

Actividade fĂ­sica

Estudos in vitro demonstraram que

partilhar escovas de dentes ou lâminas

Apesar de não haver demonstração

o entecavir ĂŠ mais potente que a la-

de barbear, manter as feridas cobertas,

clara dos benefícios em relação à histó-

mivudina e o adefovir, e ĂŠ eficaz em

se sangrar limpar a superfĂ­cie onde cai

ria natural da doença, a actividade física

caso de estirpes mutantes do VHB

o sangue com lixĂ­via, nĂŁo dar sangue,

saudĂĄvel (andar rĂĄpido pelo menos trĂŞs

esperma ou orgĂŁos.

vezes por semana, aproximadamente

!

resistentes Ă lamivudina . 52 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA


A vacina para a hepatite B é altamente eficaz. Além de prevenir esta infecção também contribui para diminuir incidência de cancro do fígado.

30 ‒ 45 minutos de cada vez) está relacionada com melhor qualidade de vida, na redução da depressão e a uma melhoria do sistema imunológico.

Prevenção Teste (AgHBs também chamado an-

A vacina faz parte do Plano Nacional

da saúde, viajantes para zonas de ris-

tigénio de superfície da hepatite B)

de Vacinação sendo administrada

co, toxicodependentes, familiares de

A realização deste teste é aconselha-

gratuitamente em todos os recém-

portadores crónicos do vírus, homo-

da a pessoas que residam em regiões

nascidos e nas crianças dos 10 aos

sexuais. Recomenda-se no entanto

hiperendémicas, pessoas com risco

13 anos. Entre adultos, e além dos

que adolescentes e adultos com vida

acrescido devido às suas práticas se-

grupos já mencionados, deve ser

sexual activa e que possam vir a tro-

xuais ou que mantenham relaciona-

utilizada em trabalhadores da área

car de parceiro sexual se vacinem.

mento sexual com alguém infectado com VHB, pessoas que injectem ou tenham injectado drogas, hemodialisados, pessoas infectadas com VIH/ SIDA, grávidas ou que pretendem engravidar. Estes grupos têm indicação

Tabela 6 - Doses recomendadas das vacinas contra hepatite B Grupo etário

ENGERIX®12 vacina recombinante contra hepatite B, adsorvida

8

para efectuar a vacinação .

Dose 10 mcg/0,5 mL

A principal forma de transmissão da hepatite B em Portugal é a via sexual.

Recém-nascido até aos 15 anos

Administração em circunstâncias especiais : 0, 1, 2, 12 meses

Vacina

Dose 20 mcg/1 mL

A vacina para a hepatite B é altamente eficaz. Além de prevenir esta infecção

Indivíduo * 16 anos

também contribui para diminuir a incidência de cancro do fígado. A vacina

Administração em circunstâncias especiais (viagem): 0, 7, 21 dias, 12 meses

Indivíduos submetidos a hemodiálise

Dose 2 x 20 mcg/1 mL Administração: 0, 1 mês, 2 meses, 6 meses

produzir anticorpos, mas incapaz de transmitir doença (tabela 6).

Administração: 0, 1, 6 meses ou 0, 1, 2, 12 meses

Indivíduo * 18 anos

consiste de fragmentos do antigénio da hepatite B (AgHBs), suficiente para

Administração: 0, 1, 6 meses

a) Vacina Recombivax HB ‒ AIM caducada FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 53


FKCLOJ>@>L QBO>MBRQF@> Agradecimento ao contributo do Professor Doutor Rui Tato Marinho - presidente da APEF Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado

REFERĂŠNCIAS BIBLIOGRĂ FICAS: 1. Heathcote, J. et all. World Gastroenterology Organisation - Practice Guideline: Management of Acute Viral Hepatitis. Dec. 2003. DisponĂ­vel em http://omge.org/ 2. Marinho, R. 40 anos de hepatite B. Medicina e SaĂşde. Abr. 2005. Disponivel em: medicosdeportugal.iol.pt 3. Harrison, T. Et all. Medicina Interna ‒ Secção 2: Cap. 292 ‒ Abordagem ao paciente com doença hepĂĄtica. McGrawHill 15ÂŞ ed. 2002 PĂĄg. 1808-1812; Cap. 295 ‒ Hepatite viral aguda. McGrawHill 15ÂŞ ed. 2002 PĂĄg. 1823-1839. 4. Marinho R, Valente A, Ramalho F, Carneiro de Moura M. The changing epidemiological pattern of hepatitis A in Lisbon, Portugal. Eur J Gastroenterol Hepatol 1997;9:795-8. 5. HepCentro. Disponivel em: http://www.hepcentro.com.br 6. Fiore, A. Et all. CDC ‒ Recomendations and Reports: Prevention of Hepatitis A through active or passive immunization. Division of Viral Hepatitis, National Center for Infectious Diseases. May 2006, Disponivel em: www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/rr5507a1.htm 7. INFARMED - RCM Havrix 720 Junior e 1440 Adulto de 07.07.2006 8. INFARMED ‒ RCM VAQTA ‒ vacina da hepatite A 08.03.2005

APEF (Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado)

9. INFARMED ‒ RCM EPAXAL ‒ vacina da hepatite A 09.03.2005 10. EMEA - RCM Twinrix Pediåtrico e Twinrix Adulto 11.09.2006 11. Lok, A., McMahon, B. American Association for the Study of Liver Disease (AASLD) Practice Guidelines ‒ Chronic Hepatitis B. Rev. Hepatology, vol.45, Nº 2 Feb. 2007 12. INFARMED ‒ RCM Engerix 05.03.2002 e 30.08.2006

Secção especializada da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, com 25 anos de existência, que engloba mÊdicos e outros profissinais de saúde com interesse pelas doenças do fígado.

13. Hepatitis Foundation International. The ABC´s of Hepatitis. Disponível em: www.hepatitisfoundation.org

OUTROS RECURSOS • Hope for Hep B, acessível em: https://www.hope-for-hepb.com/ • SOS Hepatites, acessivel em: www.soshepatites.org.pt

As principais doenças do fĂ­gado sĂŁo: cirrose alcoĂłlica, hepatite C, hepatite B, esteatose hepĂĄtica (gordura no fĂ­gado), carcinoma hepatocelular (cancro primitivo do fĂ­gado). Contacto: Av. AntĂłnio JosĂŠ de Almeida, 5F ‒ 8Âş, 1000-042 Lisboa Tel: 217 995 530 apef@mail.telepac.pt http://www.apef.com.pt/

54 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA

Publicaçþes ANF Informação adicional sobre a Hepatite pode ser encontrada nas seguintes publicaçþes/meios de divulgação ANF: www.anfonline.pt Folheto para o Doente disponível nas farmåcias aderentes ao Serviço Informação saúde desde Junho de 2007



FKCLOJ>@>L SBQBOFK`OF> Intoxicaçþes em pequenos animais

As intoxicaçþes nos pequenos ani-

terapĂŞuticas ou acidentais, relativas Ă

tomar sempre atenção ao que estå

mais representam ainda cerca de 80

manipulação directa destes agentes.

ao seu redor e que apresenta risco de

por cento dos casos de urgĂŞncia nos

Estes episódios de intoxicação, fre-

intoxicação.

hospitais veterinĂĄrios. Importa por

quentes em animais domĂŠsticos,

O amitraz, um desparasitante externo,

isso sensibilizar os proprietĂĄrios, mĂŠ-

atingem maioritariamente os cĂŁes

pertencente ao grupo das formamidi-

dicos veterinĂĄrios, farmacĂŞuticos e

e os gatos. Os produtos veterinĂĄrios

nas, Ê responsåvel por intoxicaçþes nos

todos os profissionais de saĂşde para

podem provocar acidentes. Mas hĂĄ

cĂŁes devido geralmente Ă inadequada

as principais causas e procedimentos

outros agentes igualmente tĂłxicos

administração. Disponível em farmåcias

de emergĂŞncia/ SOS em casos de in-

para os pequenos animais como os

e adquirido sem prescrição mÊdica, Ê

toxicação.

desparasitantes, herbicidas, raticidas

muito usado na terapĂŞutica das sarnas

A utilização de produtos veterinå-

ou tudo o que, em casa ou no exte-

e no controlo de ectoparasitas.

rios, ou similares, sem orientação ou

rior, estĂĄ ao seu alcance.

Nos gatos deve-se ter em atenção que

acompanhamento de um profissional

Fora de casa, estĂŁo facilmente em

o amitraz - seguro para cĂŁes desde

qualificado, mĂŠdico veterinĂĄrio ou far-

contacto com parasitas e outros

que diluĂ­do em ĂĄgua - pode provocar

macĂŞutico, aumenta o potencial risco

agentes tĂłxicos como a lagarta do

intoxicaçþes graves e fatais. Deve-se

das intoxicaçþes por circunstâncias

pinheiro, devendo os proprietĂĄrios

por isso cumprir escrupulosamente

56 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA


as indicações do médico veterinário

domésticos. Com mais espaço para

muito curiosos, sendo frequentemen-

ou farmacêutico na administração

as suas brincadeiras, são no entanto

te vítimas do seu comportamento.

correcta dos produtos.

um espaço de risco. Num jardim co-

Nas suas incursões farejam e cheiram

Os animais domésticos à semelhança

abitam as flores, a relva mas também

espécies animais possuidoras de pro-

das crianças ingerem tudo o que está

herbicidas e organofosforados. Estes

priedades tóxicas, como é o caso de

ao seu dispor, importa por isso preve-

agentes tóxicos, por serem substân-

insectos, serpentes, sapos, processio-

nir estas situações mantendo objec-

cias cáusticas, lesionam a mucosa

nárias, entre outros.

tos com potencial risco de ingestão

gastrointestinal, não devendo por

A intoxicação por contacto com a

por cães e gatos, afastados ou em

isso ser usada a técnica SOS da indu-

processionária, designada também

local seguro. Sendo bastante comum

ção do vómito dado o risco de lesão

como lagarta do pinheiro, assume

a ingestão de pequenos objectos ou

grave das mucosas gastrointestinais.

um carácter sazonal, dependente do

brinquedos, o proprietário deve ter

Nesta situação, se detectada de ime-

clima da região, verificando-se uma

o cuidado de prevenir estes aciden-

diato, pode e deve ser administrado

maior percentagem de casos durante

tes adequando o tipo de brinquedo

o carvão vegetal activado, de forma a

a Primavera e Verão. No cão a parte

à raça e dimensão do seu animal de

diminuir a absorção do tóxico. Se não

do corpo mais afectada é a cabeça,

estimação.

for em tempo útil, o animal deverá

em especial os lábios, a mucosa oral

As águas estagnadas em jardins ou

seguir rapidamente para um serviço

e a língua. Deve de ser imediatamen-

quintais, bem como sabonetes ou de-

de urgências.

te instituída terapêutica de urgência,

tergentes utilizados em casa, não de-

Ainda no lar, existe um agente fre-

pois o tóxico provoca necrose das es-

vem estar facilmente ao alcance dos

quente nos acidentes por intoxica-

truturas com as quais contacta. Para

pequenos animais visto que apresen-

ção: os raticidas. Úteis no combate

tal o animal deve de imediato ser en-

tam elevado risco de intoxicação.

aos indesejáveis roedores, são um

caminhado para um serviço de urgên-

Em caso de acidente relacionado com

agente muito tóxico nos pequenos

cias. O diagnóstico desta intoxicação

a ingestão de um destes agentes tó-

animais. Provocam problemas de

pode ser difícil, particularmente nos

xicos, o procedimento de emergên-

coagulação, desencadeando gran-

casos em que não estão disponíveis

responsável pelo grupo

cia deve ser, de imediato, a indução

des hemorragias manifestadas geral-

informações sobre os antecedentes

Hospital Veterinário de

do vómito com a ingestão de água

mente no vómito ou nas fezes com

da exposição.

Almada.

oxigenada a 20 volumes, e a admi-

sangue. Os animais devem ser vistos,

A prevenção é ainda a melhor ma-

Qualquer dúvida pode

nistração de comprimidos de carvão

logo que possível, pelo médico vete-

neira de reduzir a incidência de into-

ser colocada para o email

vegetal activado, à venda em farmá-

rinário. Sempre que são detectados

xicações em animais de companhia

hva@hvalmada.com.

cias. Cumpridas estas duas medidas

os acidentes numa fase prematura,

e indirectamente aos seus donos,

SOS, sempre que o acidente tenha

deve tentar-se primeiro a indução do

tornando necessária a educação e

sido detectado numa primeira fase, o

vómito uma vez que desta forma se

consciencialização

animal deve ser, logo de seguida, ob-

reduz a quantidade de agente tóxico

para uma adequada assistência por

servado pelo médico veterinário.

no organismo.

profissionais habilitados, reduzindo

Os jardins, pelo seu espaço ao ar livre,

Em espaços exteriores, os animais

os riscos de intoxicações agudas ou

são locais de eleição para animais

domésticos, e em especial o cão, são

crónicas para humanos e animais.

da

Artigo elaborado em colaboração com a Dra. Ana Paula Abreu, Médica Veterinária

sociedade

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 57


JRPBR A> C>OJ`@F>

Onde hĂĄ um explorador... Onde hĂĄ um explorador hĂĄ uma farmĂĄcia. Isso mesmo prova a

alguns dos restos mortais que a natu-

mem aprendeu a interpretar e com-

reza preservou ao longo dos sĂŠculos

preender melhor a natureza. Num

tĂŞm sido encontrados artefactos cuja

contexto

função seria a de guardar as plantas

naturalmente

agreste,

cedo o homem começou a relacio-

usadas como medicamento.

nar-se com a natureza em benefĂ­cio

Esta presença dos produtos ditos

prĂłprio. NĂŁo apenas por dela provir

medicinais foi evoluindo ao longo

o sustento e o abrigo. Mas tambĂŠm

dos sĂŠculos, com alguma documen-

por lhe oferecer propriedades tera-

tação a demonstrar que, na Idade

pĂŞuticas.

MĂŠdia, jĂĄ existiam caixas destinadas

da FarmĂĄcia. Um

A caça, actividade do homem primi-

a guardar medicamentos, precurso-

tivo, constituiu sempre ocasiĂŁo de

ras das actuais farmĂĄcias portĂĄteis.

testemunho de que

grande provação física. Longas ca-

Isto porque ‒ conforme sublinha

minhadas numa demanda plena de

JoĂŁo Neto, director do Museu da

ameaças fizeram com que o homem

Farmåcia ‒ o homem sempre teve

os medicamentos

chamasse a si os benefĂ­cios medici-

necessidade de estar prĂłximo do

nais da natureza, fazendo-se acom-

medicamento. Uma simples via-

tĂŞm acompanhado o

panhar de uma pequena reserva de

gem, em negĂłcios ou de visita a um

plantas com que se revigorava e com

parente, obrigava a juntar Ă baga-

que tratava os ferimentos.

gem uma reserva de medicamentos

Desse passado ficaram testemunhos

num tempo em que a debilidade

arqueolĂłgicos que, Ă medida que sĂŁo

dos transportes e das comunica-

revelados, permitem confirmar a tese

çþes dificilmente permitia o acesso

de que a saĂşde gerou as mais antigas

atempado a cuidados de saĂşde.

profissĂľes do mundo. De facto, com

DaĂ­ as farmĂĄcias portĂĄteis. NĂŁo eram

colecção de farmåcias portåteis que integra o espólio do Museu

ao longo dos sĂŠculos

homem na odisseia que o tem levado às sete partidas do mundo. E ao espaço. 58 Œ FARMà CIA PORTUGUESA

Assim acontece desde que o ho-


propriedade exclusiva dos farmacêuticos, mas extensiva às famílias, ainda que apenas às mais ilustres. Era, naturalmente, o farmacêutico lo-

Farmácias portáteis nas sete partidas do mundo

A mais antiga de todas é uma mala em folha de prata dourada que remonta ao Século XVI. Em Inglaterra reinava Isabel I e era seu favorito Sir Walter Raleigh, primeiro cortesão, depois na-

cal que as organizava, dotando-as de produtos adequados à época do ano

Foi o primeiro passo para uma co-

vegador, uma espécie de corsário hu-

e ao objectivo da deslocação. Nelas

lecção que viria a assumir contornos

manista que descobriu a Virgínia do

se arrumavam frascos para a con-

muito particulares: é que de todas as

Norte e foi responsável pela introdu-

servação de medicamentos ou de

farmácias portáteis agora reunidas no

ção da batata na Europa. Era sua esta

matérias-primas, balanças e pesos,

Museu da Farmácia emergiu um con-

mala, que se pensa terá servido como

mini-almofarizes e placas para fazer

junto específico ‒ farmácias portáteis

caixa de aromas, como que uma ante-

unguentos. Eram, efectivamente, far-

de grandes exploradores e aventurei-

cessora das farmácias portáteis.

mácias muito bem apetrechadas.

ros, portugueses e estrangeiros. São

Posterior é a farmácia portátil de Sir

Não sendo exclusivas da profissão,

testemunho dos grandes passos que o

Henry Morton Stanley, explorador

é, no entanto, de um farmacêuti-

homem tem dado na conquista do uni-

ao serviço da também britânica rai-

co ‒ e português ‒ a farmácia por-

verso, nas suas diferentes dimensões.

nha Vitória.

tátil que inaugurou a colecção do

Nas aventuras em África ou na travessia

Foi sob suas ordens que este jornalista

Museu da Farmácia. Pertencia a Artur

da Antárctida, nas grandes corridas até

se transformou em aventureiro, envia-

Maldonado de Freitas, farmacêutico

Dacar ou nas escaladas do Everest, nas

do às profundezas de África em bus-

das Caldas da Rainha, famoso pela

navegações solitárias e no desbravar

ca de David Livingstone. Encontrou-o

sua colecção de cerâmica. Dela cons-

do espaço, passando pelo jornalismo

nas margens do Lago Tanganica, onde

tava um valioso ‒ do ponto de vista

em tempo de guerra ‒ são estas as di-

hoje é a Tanzânia, e desse encontro fi-

histórico e cultural ‒ espólio de peças

versas faces da colecção de farmácias

cou para a história a célebre frase Dr.

de índole farmacêutica, que o Museu

portáteis de um Museu que conta o

Livingstone, I presume? .

entretanto adquiriu.

passado e o presente da Farmácia.

Foram outras latitudes que tornaram FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 59


JRPBR A> C>OJ`@F>

Em nenhuma destas viagens faltou uma farmĂĄcia. Todas elas estĂŁo agora no Museu da FarmĂĄcia. famoso Ernest Shackleton: a AntĂĄrctida

de JoĂŁo Garcia, o primeiro portuguĂŞs a

É, precisamente, alÊm fronteiras

cativou este irlandĂŞs que, entre 1914 e

vencer o Everest. Estava-se em Maio de

que o jornalista Carlos Fino exerce

1916, empreendeu a travessia do conti-

1999 quando o alpinista de Lisboa atin-

primordialmente a sua profissĂŁo.

nente gelado a bordo do Endurance .

giu o Ăşltimo dos 8848 metros deste pico

Durante anos correspondente da

Uma aventura nĂŁo completamente

dos Himalaias, uma proeza que conse-

RTP em Moscovo, destacou-se re-

bem sucedida, mas que colocou o

guiu sem recurso a oxigĂŠnio artificial.

centemente ao testemunhar, na pri-

seu nome entre os dos grandes ex-

Uma proeza foi tambĂŠm o que conse-

meira pessoa, a invasĂŁo do Iraque

ploradores de sempre.

guiram os sete jovens diabĂŠticos por-

pelos norte-americanos, naquela

Em nenhuma destas viagens faltou

tugueses que, em Agosto de 2005,

que foi a segunda guerra do Golfo.

uma farmĂĄcia. Todas elas estĂŁo ago-

arriscaram a escalada do Kilimanjaro,

Ao Museu legou entretanto a far-

ra no Museu da FarmĂĄcia. Tal como

o ponto mais alto de Ă frica.

mĂĄcia que o acompanhou nesses

a que subiu aos cĂŠus a bordo do

Provaram, assim, que a doença não

momentos de 2003.

VaivĂŠm Espacial Endeavour ou que

lhes tolhe a qualidade de vida e a

Em todas estas aventuras, em todos

orbitou Ă volta da Terra com a tripula-

vontade de viver.

estes momentos em que o homem

ção da estação especial russa Mir.

Outra resistĂŞncia ĂŠ a de Carlos Sousa e

se desafiou a si prĂłprio ou Ă natureza,

De portugueses fala tambĂŠm esta co-

Elisabete Jacinto, presenças habituais

a farmĂĄcia esteve presente.

lecção. Fala do espírito de aventura

no rally que começou por ser de Paris

Sob a forma de uma rudimentar

que levou o comissĂĄrio Manuel Gomes

a Dacar e agora parte de Lisboa. Dela

caixa de madeira, Ă prova de maus

Martins a lançar-se na primeira viagem

conhece-se a ousadia de desafiar o uni-

caminhos, ou sob a forma de uma

de circum-navegação solitåria: de 1989

verso masculino ao competir em moto

sofisticada mochila, desdobrada em

a 1991 percorreu 33 mil milhas nĂĄuticas,

e, mais recentemente, ao volante de

divisĂłrias flexĂ­veis, cumpriu sempre

tantas quanto as necessĂĄrias para dar

um camiĂŁo. Dele conhecem-se as mui-

o seu objectivo: o de constituir uma

a volta ao mundo. Fala da resistĂŞncia

tas vitĂłrias, aquĂŠm e alĂŠm fronteiras.

retaguarda de saĂşde.

60 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA



@LKPRIQLOF> GROkAF@> O Regime JurĂ­dico

das FĂŠrias Filipe Nuno AzĂłia, advogado da PLMJ, Sociedade de advogados

Direito a fĂŠrias1

Aquisição do direito a fÊrias2

de decorrido o prazo de seis meses

O trabalhador tem direito a um perĂ­o-

O direito a fĂŠrias adquire-se com a

ou antes de gozado o direito a fĂŠrias,

do de fĂŠrias retribuĂ­das em cada ano

celebração do contrato de trabalho

o trabalhador pode usufrui-lo atĂŠ 30

civil. O objectivo do direito a fĂŠrias

e vence-se no dia 1 de Janeiro de

de Junho do ano civil subsequente,

prende-se com a necessidade de re-

cada ano civil, reportando-se, em re-

desde que, no mesmo ano civil, o

cuperação física e psíquica do traba-

gra, ao trabalho prestado no ano civil

trabalhador nĂŁo goze um perĂ­odo de

lhador, ao qual devem ser asseguradas

anterior, nĂŁo estando condicionado Ă

fĂŠrias superior a 30 dias Ăşteis.

condiçþes mínimas de disponibilidade

assiduidade ou efectividade de servi-

pessoal, de integração na vida familiar

ço. Existem, contudo, algumas excep-

e de participação social e cultural. Por

çþes. No ano da contratação, o traba-

esta razĂŁo, o direito a fĂŠrias ĂŠ irrenunci-

lhador tem direito, apĂłs seis meses

Direito a fÊrias nos contratos de duração inferior a seis meses3

ĂĄvel e, fora dos casos previstos na lei, o

completos de execução do contrato,

O trabalhador admitido com contrato

seu gozo efectivo nĂŁo pode ser substi-

a gozar dois dias Ăşteis de fĂŠrias por

cuja duração total não atinja seis meses

tuĂ­do, ainda que com o acordo do tra-

cada mês de duração do contrato, atÊ

tem direito a gozar dois dias Ăşteis de fĂŠ-

balhador, por qualquer compensação

ao mĂĄximo de 20 dias Ăşteis. No caso

rias por cada mês completo de duração

econĂłmica ou outra.

de sobrevir o termo do ano civil antes

do contrato, sendo as fĂŠrias gozadas no

62 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA


momento imediatamente anterior ao

do ano civil em que se vencem, não sen-

lhadores em função dos períodos

da cessação, salvo acordo das partes.

do permitido acumular no mesmo ano

gozados nos dois anos anteriores.

férias de dois ou mais anos. Contudo, as

Salvo se houver prejuízo grave para

Duração do período de férias e cumulação de férias4

férias podem ser gozadas no primeiro

o empregador, devem gozar férias

trimestre do ano civil seguinte, em acu-

em idêntico período os cônjuges

mulação ou não com as férias vencidas

que trabalhem no mesmo estabele-

O período anual de férias tem a du-

no início deste, por acordo entre empre-

cimento, bem como as pessoas que

ração mínima de 22 dias úteis (para

gador e trabalhador ou sempre que este

vivam em união de facto ou eco-

efeitos de férias, são úteis os dias da

pretenda gozar as férias com familiares

nomia comum. Relativamente aos

semana de segunda-feira a sexta-fei-

residentes no estrangeiro, podendo ser

farmacêuticos, aos cônjuges, ascen-

ra, com excepção dos feriados, não

também acordada a acumulação, no

dentes e descendentes, que prestem

podendo as férias ter início em dia de

mesmo ano, de metade do período de

serviço na mesma farmácia, é conce-

descanso semanal do trabalhador).

férias vencido no ano anterior com o

dida a faculdade de gozarem as suas

A duração do período de férias é au-

vencido no início desse ano.

férias simultaneamente.7 O mapa de férias, com indicação do

mentada no caso de o trabalhador não

Marcação do período de férias e respectivo gozo5

início e termo dos períodos de férias

apenas faltas justificadas, no ano a que as férias se reportam, nos seguintes

O período de férias é marcado por

rado até 15 de Abril de cada ano e afi-

termos: três dias de férias até ao má-

acordo entre empregador e trabalha-

xado nos locais de trabalho entre esta

ximo de uma falta ou dois meios-dias;

dor. Na falta de acordo, cabe ao em-

data e o dia 31 de Outubro.

dois dias de férias até ao máximo de

pregador marcar as férias e elaborar o

Se, depois de marcado o período de

duas faltas ou quatro meios-dias; ou

respectivo mapa. Relativamente às far-

férias, exigências imperiosas do fun-

um dia de férias até ao máximo de três

mácias, na falta de acordo, o emprega-

cionamento da empresa determina-

faltas ou seis meios-dias.

dor (a farmácia) só pode marcar o perí-

rem o adiamento ou a interrupção das

O trabalhador apenas pode renunciar

odo entre 01 de Maio e 31 de Outubro,

férias já iniciadas, o trabalhador tem

parcialmente ao direito a férias, receben-

salvo nas farmácias a funcionar em

direito a ser indemnizado pelo empre-

do a retribuição e o subsídio respectivos,

praias ou termas, que pelos condicio-

gador dos prejuízos que comprovada-

sem prejuízo de ser assegurado o gozo

nalismos próprios tenham de ter no

mente haja sofrido na pressuposição

efectivo de 20 dias úteis de férias.

referido período de tempo laboração

de que gozaria integralmente as férias

O gozo do período de férias pode ser

intensiva, ou no caso de a farmácia ter

na época fixada. Acresce que a inter-

ter faltado ou na eventualidade de ter

6

de cada trabalhador, deve ser elabo-

interpolado, por acordo entre em-

dez ou menos trabalhadores.

rupção das férias não pode prejudicar

pregador e trabalhador e desde que

Na marcação das férias, os períodos

o gozo seguido de metade do período

sejam gozados, no mínimo, dez dias

mais pretendidos devem ser rate-

a que o trabalhador tenha direito.

úteis consecutivos.

ados, sempre que possível, benefi-

Há lugar à alteração do período de

As férias devem ser gozadas no decurso

ciando, alternadamente, os traba-

férias sempre que o trabalhador, na FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 63


@LKPRIQLOF> GROkAF@> No caso de o trabalhador adoecer durante o perĂ­odo de fĂŠrias, sĂŁo as mesmas suspensas desde que o empregador seja do facto informado,

data prevista para o seu inĂ­cio, esteja

dos dias de fĂŠrias nĂŁo gozados.

temporariamente impedido por facto

Caso o empregador, com culpa, obste

Retribuição do período de fÊrias8

que nĂŁo lhe seja imputĂĄvel, cabendo

ao gozo das fĂŠrias, o trabalhador rece-

A retribuição do período de fÊrias

ao empregador, na falta de acordo, a

be, a título de compensação, o triplo da

corresponde Ă que o trabalhador

nova marcação do período de fÊrias.

retribuição correspondente ao período

receberia se estivesse em serviço

Nos casos em que o trabalhador pre-

em falta, que deve obrigatoriamente ser

efectivo. AlĂŠm do pagamento do

tenda cessar o contrato e tenha dado

gozado no primeiro trimestre do ano

perĂ­odo de fĂŠrias, o trabalhador

o aviso prĂŠvio, o empregador pode

civil subsequente.

tem direito a um subsĂ­dio de fĂŠ-

determinar que o perĂ­odo de fĂŠrias

O trabalhador nĂŁo pode exercer duran-

rias cujo montante compreende a

seja antecipado para o momento

te as fĂŠrias qualquer outra actividade re-

retribuição base e as demais pres-

imediatamente anterior Ă data pre-

munerada, salvo se jĂĄ a viesse exercen-

taçþes retributivas que sejam con-

vista para a cessação do contrato.

do cumulativamente ou o empregador

trapartida do modo especĂ­fico da

No caso de o trabalhador adoecer du-

o autorizar a isso. Caso contrĂĄrio, sem

execução do trabalho, o qual deve

rante o perĂ­odo de fĂŠrias, sĂŁo as mes-

prejuĂ­zo da eventual responsabilidade

ser pago atĂŠ cinco dias antes do

mas suspensas desde que o emprega-

disciplinar do trabalhador, o emprega-

início das fÊrias.9 A redução do pe-

dor seja do facto informado, prosse-

dor tem o direito de reaver a retribuição

rĂ­odo de fĂŠrias para 20 dias Ăşteis ou

guindo, logo apĂłs a alta, o gozo dos

correspondente Ă s fĂŠrias e respectivo

o aumento da duração das fÊrias

dias de fĂŠrias compreendidos ainda

subsĂ­dio, da qual metade reverte para

não implicam redução ou aumento

naquele perĂ­odo, cabendo ao empre-

o Instituto de GestĂŁo Financeira da

correspondente na retribuição e no

gador, na falta de acordo, a marcação

Segurança Social.

subsĂ­dio de fĂŠrias.

1

Art. 211.Âş do CĂłdigo do Trabalho. Art. 212.Âş do CĂłdigo do Trabalho. 3 Art. 214.Âş do CĂłdigo do Trabalho. 4 Art. 213.Âş e 215.Âş do CĂłdigo do Trabalho. 5 Arts. 217.Âş a 219.Âş, 222.Âş e 223.Âş do CĂłdigo do Trabalho. 6 Clausula 20.ÂŞ do CCT entre a ANF e o SNF. 7 ClĂĄusula 16.ÂŞ do CCT entre a ANF e o SNF. 8 Art. 255.Âş do CĂłdigo do Trabalho. 9 ClĂĄusula 16.ÂŞ do CCT entre a ANF e o SNF e clĂĄusula 35.ÂŞ do CCT entre a ANF e o SINPROFARM. 2

64 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA


BUMLC>OJ> Ressurgimento com nova imagem e mais espaço A Expofarma 2007, Feira Nacional

na zona de exposições, os visitantes po-

realizam 32 conferências; o pavilhão

da Farmácia, realiza-se de 8 a 10 de

derão conhecer as mais recentes novida-

de expositores, para as empresas do

Novembro no pavilhão 2 da FIL, no

des em produtos e serviços para farmácia

sector; o Pharma Lounge, a área cen-

Parque das Nações, em Lisboa. O

disponíveis no mercado nacional.

tral, com mil metros quadrados, desti-

certame, único no universo farma-

nada às empresas de prestígio exter-

Empresas de referência no sector

nas ao mercado farmacêutico; e um

nais do sector da Saúde.

Entre os expositores da Feira Nacional

estão distribuídos seis corners spots,

A entrar num novo ciclo de vida, após a

da Farmácia estão as empresas de re-

cada um com 24 metros quadrados.

compra da Expofarma pela ANF no iní-

ferência nos sectores da Farmácia e da

cio do ano, a Feira Nacional da Farmácia

Saúde em Portugal (indústria farmacêu-

apresenta-se com um carácter inovador,

tica, empresas de distribuição, de infor-

A Feira das Farmácias

com nova imagem e num novo espaço,

mática, comunicação, fornecedores e

Incluído no programa da Feira Nacional da Farmácia reali-

na FIL, em dez mil metros quadrados

fabricantes de equipamentos e serviços,

za-se no dia 10 de Novembro uma Noite da Farmácia, com

organizados de modo a simplificar as

entre outras). A mostra contempla, igual-

um jantar de encerramento seguido de um espectáculo.

visitas dos profissionais e a facilitar os

mente, as melhores ofertas nas áreas da

A Expofarma 2007, a Feira das Farmácias, realizar-se-á nos

contactos comerciais e os negócios.

banca, seguros, automóvel e turismo,

dias 8, 9 e 10 de Novembro no Pavilhão 2 da FIL, no Parque

Durante três dias, os seis mil profissio-

dirigidas às necessidades das farmácias

das Nações. Nos três dias da Expofarma2007 - a Feira das

nais esperados na Feira Nacional da

e dos farmacêuticos.

Farmácias - decorrem múltiplas actividades de interesse

Farmácia vão assistir a 32 conferências,

A área de exposições da Feira Nacional

científico, de negócios, de lazer e de entretenimento. Os

com temas, oradores nacionais e inter-

da Farmácia divide-se em seis espaços

diversos patrocinadores terão espaços próprios para expor

nacionais e público dos vários ramos do

diferenciados: o espaço BES; a área de

as melhores ofertas nas áreas da banca, seguros, automóvel

sector farmacêutico. Do mesmo modo,

conferência, com quatro salas, onde se

e turismo.

cêutico nacional, ressurge com novas soluções e oportunidades para os farmacêuticos e para todos os profissio-

espaço infantil, com 80 metros quadrados. Em toda a área de exposição

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 65


@LKPRIQLOF> CFP@>I Facturas electrĂłnicas RogĂŠrio M. Fernandes Ferreira *

1. A validade, a eficĂĄcia e o valor proba-

nhamos um pouco sobre este tema,

(certificada por entidade certifica-

tĂłrio dos documentos electrĂłnicos, em

com bastante importância para as

dora credenciada).

geral, foi regulamentada pela primeira

empresas e que tem suscitado algu-

Resumidamente, podemos definir

vez em Portugal no ano de 1999, atra-

mas dĂşvidas.

a assinatura electrónica avança-

vĂŠs do Decreto-Lei n.Âş 290-D/99, de 2

da como uma sequĂŞncia de dados

de Agosto, diploma que veio posterior-

2. No essencial, o regime jurĂ­dico

agregada a um documento de men-

mente a ser alterado pelo Decreto-Lei

dos documentos electrĂłnicos en-

sagem electrĂłnica que identifica de

n.Âş 62/2003, de 3 de Abril.

contra-se definido em função das

forma unĂ­voca o titular como autor

A recente publicação do Decreto-

modalidades pela qual se revela a

do documento e permita ao mesmo

Lei n.Âş 196/2007, de 15 de Maio, que

respectiva autoria, isto ĂŠ, a assinatu-

detectar toda e qualquer alteração

regulamenta as condiçþes tÊcnicas

ra electrĂłnica, a que corresponde-

superveniente

para emissão, conservação e arqui-

rão diferentes graus de segurança e

mesmo.

vamento de facturas ou documen-

fiabilidade: a assinatura electrĂłnica

Tal assinatura serĂĄ digital quando

tos equivalentes emitidos por via

avançada, a assinatura digital e a

baseada em sistema de chaves digi-

electrĂłnica, justifica que nos dete-

assinatura electrĂłnica qualificada

tais - do autor e do destinatĂĄrio - uti-

66 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA

ao

conteĂşdo

do


lizadas para encriptar o documento

256/2003, de 21 de Outubro, o qual,

posteriormente eliminada, podendo

e será qualificada quando tais chaves

transpondo para o ordenamento ju-

as facturas electrónicas ser, actualmen-

sejam criadas por intermédio de en-

rídico interno a então recente regula-

te, arquivadas em suporte electrónico,

tidades credenciadas para o efeito.

mentação comunitária sobre a matéria

sem alterações, por ordem cronológi-

‒ constante da Directiva 2001/115/CE

ca de emissão e recepção, desde que

3. A cada uma das diferentes mo-

do Conselho, de 20 de Dezembro de

se encontre assegurado o acesso, sem

dalidades de assinatura electrónica

2001 -, veio a disciplinar, no Código

restrições, por parte da Administração

correspondem determinados efeitos,

do IVA, as regras aplicáveis, em sede

tributária e assegurada a integridade

no que concerne à validade e à força

deste imposto, à transmissão e à con-

da origem e do seu conteúdo, durante

jurídica dos documentos electrónicos

servação de facturas e documentos

o prazo estipulado na lei.

nos quais as mesmas sejam apostas.

equivalentes por meios electrónicos.

Os registos assim arquivados deverão ser

Assim, em regra, o documento elec-

mantidos por um prazo de dez anos.

trónico ao qual não seja aposta assina-

5. De acordo com o regime resultante

tura electrónica qualificada certificada

deste último diploma, as facturas e os

7. São já vários os operadores, actual-

por entidade certificadora credencia-

documentos equivalentes emitidos

mente, no mercado, que vêm disponi-

da satisfaz o requisito legal da forma

por via electrónica equivalem, para

bilizando soluções de processamento

escrita, mas o respectivo valor proba-

todos os efeitos legais, aos originais

e arquivamento de facturação electró-

tório é livremente apreciado pelo juiz,

das facturas emitidas em suporte pa-

nica, encontrando-se inclusivamente

nos termos gerais de direito.

pel, conferindo aos respectivos des-

em curso um projecto de adopção

Já o documento electrónico que con-

tinatários, designadamente, o direito

generalizada da adopção da factura

tenha uma assinatura electrónica qua-

à dedução do imposto, desde que

electrónica na Administração Pública,

lificada tem, em regra, o mesmo valor

aceites pelo respectivo destinatário

onde, certamente, esta decisão terá

que um documento em papel que con-

e esteja garantida a autenticidade

elevadíssimo impacto em matéria de

tenha uma assinatura manual, feita pelo

da sua origem e a integridade do seu

redução de custos administrativos.

punho do seu titular, com os efeitos em

conteúdo.

Mas para além do apelativo factor de

matéria de prova daí decorrentes.

Esta garantia resultará da circunstân-

redução de custos - e que, em deter-

cia de a factura ter sido emitida me-

minado tipo de empresas, como por

4. No seguimento da criação do regime

diante assinatura electrónica avan-

exemplo as da área de telecomuni-

jurídico dos documentos electrónicos,

çada, nos termos acima já referidos,

cações, pode conduzir a poupanças

o legislador aprovou dois outros diplo-

ou através de sistema informático

significativas -, a adopção da factura

mas - o Decreto-Lei n.º 375/99, de 18 de

de intercâmbio electrónico de dados

electrónica é uma decisão com im-

Setembro, e o Decreto-Regulamentar

(IDE), entre os computadores das par-

pactos positivos noutros domínios,

n.º 16/2000, de 2 de Outubro ‒, com

tes, através de normas de conversão

por via da aceleração de processos

vista a regulamentar, em especial, o re-

de dados convencionadas entre si.

administrativos ou da redução da

gime legal das facturas electrónicas e a

* Rogério M. Fernandes Ferreira, Departamento de Direito Fiscal da PLMJ e-mail: rff@plmj.pt

burocracia, ou ainda da protecção

sua equiparação à factura emitida em

6. Embora estivessem inicialmente su-

do meio ambiente, atenta a redução

suporte papel.

jeitas à obrigação de conservação em

concomitante do consumo de papel,

Tais diplomas viriam, no entanto, a

suporte de papel, pelo emitente e pelo

e do estímulo à criação de emprego

ser revogados, pelo Decreto-Lei n.º

destinatário, tal obrigação viria a ser

de base tecnológica. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 67


I>?LO>QpOFL OE A FarmĂĄcia e os Talentos (V)

Como manter os melhores Jaime Ferreira da Silva *

Os talentos sobem e descem nos elevadores todos os dias e podem ir-se embora num piscar de olhos. Tudo o que compramos realmente ĂŠ apenas equipamentos e mobiliĂĄrio .

Atribui-se a Jack Welsh, antigo CEO da General Electric, a autoria desta afirmação que cremos traduzir uma das preocupaçþes actuais de todas as chefias e dirigentes, a da fixação das pessoas (e respectivos talentos) nas equipas que lideram.

te e indiferenciado1 a activo escasso e

Este movimento de impacto trans-

Duzentos e cinquenta anos apĂłs o

volåtil. A sua preparação para a labora-

versal nas economias chegou Ă

2

início da Revolução Industrial, que

ção plena exige, no mínimo, mais de

FarmĂĄcia ComunitĂĄria, quase sem se

mudou para sempre a face das rela-

uma dĂŠcada de investimento, e a sua

anunciar, transformando indelevel-

çþes (e forças) de trabalho, o capital

empregabilidade sustentĂĄvel o resto

mente, em cerca de duas dĂŠcadas

humano passou de recurso abundan-

do tempo de vida Ăştil profissional.

apenas, o panorama das relaçþes de

1

Nos primĂłrdios, a mĂŁo-de-obra das fĂĄbricas era constituĂ­da por multidĂľes de camponeses indiferenciados que procuravam nas indĂşstrias

nascentes, uma melhoria das suas condiçþes de vida, submetendo-se a cargas diårias de trabalho superiores a 12 horas, com poucos direitos e regalias. Os que não aguentassem essas condiçþes, eram facilmente substituídos, dada a abundância da oferta. 2

A formação acadĂŠmica de base e tĂŠcnico-proďŹ ssional de acesso Ă generalidade das proďŹ ssĂľes ĂŠ, no mĂ­nimo de 12 anos.

68 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA


trabalho no sector. No modelo tra-

ocorridas. Neste contexto, os recur-

fazem já adivinhar que esta dinâmica

dicional da Farmácia cabia ao pro-

sos humanos serão, porventura, a

de mudança e renovação estará para

prietário a escolha (quase sempre

dimensão que maiores interrogações

durar!

unilateral) dos seus colaboradores

(e desafios) tem gerado ao longo do

Neste enquadramento, os colabora-

que, em regra, iniciavam a profissão

tempo, por via das menores certezas

dores de Farmácia vêem acrescido o

ainda adolescentes, mal saídos de

quanto à eficácia das soluções preco-

seu poder negocial e, os proprietários

uma escolaridade incipiente. Nesses

nizadas. A haver uma explicação para

que disso não se aperceberem, arris-

tempos, acreditava-se nas virtudes

tal facto, ela radicará, provavelmente,

cam-se a comprometer a sustentabi-

do saber-de-experiência-feito , sem

na imprevisibilidade humana, enri-

lidade (e viabilidade?) das suas activi-

base teórica e conceptual de relevo,

quecida pelas idiossincrasias de cada

dades empresariais.

permanentemente apoiado na mão

um de nós!

É que, na actualidade, a mão-de-obra

invisível do Director Técnico que,

A Farmácia do séc. XXI em que os

farmacêutica também escolhe os seus

diligentemente, fiscalizava e corrigia

Farmacêuticos são, sem sombra de

potenciais empregadores, depois de

as acções dos seus pupilos-emprega-

dúvida, a força de trabalho dominante

recolher referências a seu respeito.

dos. Eram tempos em que as relações

e o principal factor de diferenciação

3

Não só o faz de forma cada vez mais

de trabalho, na Farmácia, assumiam

face a uma concorrência acirrada, co-

consistente como partilha essas in-

um figurino próximo do do mestre-

nhece (novas) exigências que não são

formações com as suas redes de con-

discípulo dos tempos medievais.

compatíveis com os pressupostos de

tacto, tudo à distância e conforto de

Simbolicamente, o processo de infor-

antigamente, oriundos de uma época

um simples clic. Dizer que os recursos

matização das farmácias, iniciado há

mais tranquila e previsível.

humanos são o principal activo das

pouco mais de duas décadas, des-

Vivemos na actualidade, tempos de

farmácias não é mais um lugar-co-

poletou a modernização do sector,

pleno emprego farmacêutico agra-

mum, é um pressuposto estratégico

gerando uma dinâmica de renovação

vado pela escassez (e declínio?) de

para o sucesso! E as Farmácias que

4

do status quo que se foi articulando

outras profissões e pela emergência

não cuidarem do seu farma-appeal6

(e reagindo) com todas as transfor-

de novas5 que, apesar de não possu-

conhecerão dificuldades crescentes

mações sociais e políticas entretanto

írem ainda suficiente massa crítica,

nessa matéria!

3

Pelo valor do seu capital conhecimento.

4

como p.e., a dos Ajudantes Técnicos.

5

p.e., técnicos de dermocosmética, nutricionistas.

6

Capacidade de atrair e contratar, motivar, envolver, desenvolver e reter os colaboradores capazes de acrescentar valor à actividade,

* Jaime Ferreira da Silva, Director Executivo da RHM, empresa especializada em recursos humanos.

consolidando a marca de cada Farmácia. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 69


I>?LO>QpOFL OE

Na FarmĂĄcia do sĂŠc. XXI, a temĂĄtica

ponder Ă s cinco questĂľes-chave que

te uma liderança esclarecida de cada

dos recursos humanos deverĂĄ ser

enformam toda a gestĂŁo de recursos

proprietårio, alicerçada na qualidade

um dos principais domĂ­nios de inves-

humanos, a saber:

tĂŠcnico-profissional e humana da

timento dos seus proprietĂĄrios. Tal

• Como construir uma equipa eficaz?

respectiva equipa e na sua capaci-

como na actividade de jardinagem

• Como desenvolver o seu potencial?

dade de expressĂŁo desses talentos

que exige um labor intensivo e per-

• Como motivar o seu envolvimento

junto dos utentes.

manente, a gestĂŁo de pessoas deverĂĄ

A saúde Ê, por definição, uma questão

com a missĂŁo da FarmĂĄcia?

ser tambÊm uma atribuição ininter-

• Como medir o seu desempenho?

Ă­ntima e as pessoas nĂŁo gostam de a par-

rupta, nĂŁo devendo confinar-se aos

• Como manter os melhores?

tilhar com estranhos sem rosto ; logo, o

momentos simbĂłlicos Ăłbvios como

Esta Ăşltima questĂŁo, verdadeiro co7

sucesso da Farmåcia assentarå, forçosa-

o fecho do ano e definição dos au-

rolĂĄrio de todo o processo de GRH ,

mente, em equipas com um quantum

mentos salariais, ou a selecção e ad-

serĂĄ porventura a de resposta menos

de estabilidade que assegure, aos olhos

missĂŁo de um novo elemento.

tangĂ­vel e, simultaneamente, a que

dos utentes, as condiçþes necessårias e

Acredito que gerir pessoas ĂŠ uma das

maior importância assume em todos

suficientes para que essa partilha possa

atribuiçþes mais complexas de qual-

as actividades econĂłmicas.

ser feita ao balcĂŁo da FarmĂĄcia.

quer chefia e, nesse particular, a melhor

No caso particular da FarmĂĄcia

forma de o fazermos, serĂĄ a de simplifi-

ComunitĂĄria, adquire um peso incre-

car esse processo, recorrendo a princĂ­-

mental uma vez que o sucesso da

pios de acção testados, que limitem os

actividade radicarĂĄ, cada vez mais,

erros mais evidentes sem no entanto,

numa quĂ­mica harmoniosa da equi-

garantirem soluçþes universais em

pa com os seus utentes, conducente

Sem cairmos na tentação falaciosa da

virtude da imprevisibilidade do seu

à crescente fidelização destes e, por

receita , apresentamos em seguida

objecto - a natureza humana e as cir-

conseguinte, a um entrosa mento

alguns pressupostos e princĂ­pios de

cunstâncias em que se manifesta.

progressivo e sustentĂĄvel com a co-

acção que temos verificado contri-

Ao longo deste ciclo de artigos, que

munidade em sentido lato.

buírem para a retenção positiva dos

agora se encerra, procurĂĄmos res-

Ora isso sĂł poderĂĄ ser feito median-

colaboradores:

Como manter os melhores?

7

GRH ‒ Gestão de recursos humanos.

8

A= desempenho e potencial de desenvolvimento acima da mĂŠdia, essencial para a actividade e a estratĂŠgia da FarmĂĄcia; B=

desempenho e potencial de desenvolvimento dentro da mĂŠdia; importante para a actividade e estratĂŠgia da FarmĂĄcia; C= desempenho e potencial de desenvolvimento abaixo da mĂŠdia, entrave na actividade e estratĂŠgia da FarmĂĄcia. 70 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA


A sensação de tédio instala-se quando se sente o perfume do marasmo e da estagnação, quando nada de novo se pressente. O tédio profissional despoleta frequentemente, comportamentos de procura de emprego alternativo.

Pressuposto 1: Baseado num sistema

média, cerca de dois anos em cada

do se sente o perfume do marasmo

de avaliação de desempenho objecti-

emprego. A partir dos 30-35 anos,

e da estagnação, quando nada de

vo e rigoroso, categorize os seus co-

começam a valorizar outras facetas

novo se pressente. O tédio profissio-

laboradores em A, B e C, consoante o

dos empregos, nomeadamente as da

nal despoleta frequentemente com-

respectivo perfil8.

estabilidade e da permanência.

portamentos de procura de emprego

Princípio de Acção 1: Delineie uma

Princípio de Acção 2: Invista na sua

alternativo.

estratégia e um prazo realista de

equipa em função das características

Princípio de Acção 3: Mantenha uma

conversão dos C s em B s. Enquanto

(e nível etário) de cada colaborador,

postura vigilante sobre o que são

que os A s e os B s são pilares essen-

definindo objectivos de curto/médio-

(boas) rotinas na sua Farmácia e té-

ciais do sucesso da empresa, os C s

prazo que tenham em linha de conta

dio. Exalte as virtudes das primeiras e

são um lastro cada vez mais difícil de

estas tendências psicossociológicas.

elimine as segundas. Não se esqueça

gerir, uma vez que criam entropia em

Mantenha um clima de abertura com

de fazer alguma pedagogia junto dos

qualquer equipa. Não se esqueça que

os colaboradores de forma a que não

colaboradores pois poderão confun-

um C na sua Farmácia pode ser um B

haja temas tabu, nomeadamente o

dir tédio com o que é afinal, rotina

(ou até um A) numa outra! Se verificar

da adequação das suas expectativas

essencial ao bom funcionamento da

uma não-compatibilidade incontor-

com as deles.

actividade.

nável com um colaborador, será pre-

Pressuposto 3: As pessoas confun-

Pressuposto 4: Numa economia glo-

ferível que o deixe seguir caminho.

dem frequentemente tédio com ro-

bal alimentada periodicamente pelo

Há sempre alternativas para aqueles

tina. As rotinas são um requisito da

perfume da novidade , a generalida-

que não conseguem adaptar-se aos

qualidade (e da excelência) quando

de das pessoas motiva-se profissio-

nossos propósitos!

são compostas por comportamentos

nalmente com essa expectativa.

Pressuposto 2: Na actualidade, a ge-

de trabalho testados e validados ao

Princípio de acção 4: Inclua essa evi-

neralidade dos colaboradores vai ter

longo do tempo, permitindo maxi-

dência na sua estratégia para cada ano

vários empregos ao longo da sua car-

mizar a eficiência e a eficácia das in-

vindouro, procurando encontrar pon-

reira. Uma investigação recente feita

tervenções envolvidas; nesse sentido,

tes entre a sua visão nessa matéria e

na Europa Comunitária ressalvou que,

são um factor crítico para o sucesso.

o potencial desejo de novidade(s) dos

até aos 30 anos, as pessoas estão, em

A sensação de tédio instala-se quan-

seus colaboradores. Comunique atemFARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 71


I>?LO>QpOFL OE Promova propostas de melhoria e inovação e premeie as ideias sugeridas que forem implantadas.

padamente esses novos desĂ­gnios de

e premeie as ideias sugeridas que

com o contributo relativo de cada

forma a que, quando a sua equipa es-

forem implantadas. Assuma-se mais

colaborador9. Seja criativo nos incen-

tiver a festejar o 31 de Dezembro, nĂŁo

como chefe de orquestra do que

tivos, nĂŁo os confinando apenas aos

pense com enfado que, no dia seguin-

como patrĂŁo .

financeiros; use o empowerment10

te, serĂĄ mais do mesmo . Use o Plano

Pressuposto 6: Conhece-te a ti mes-

selectivo como forma de distinguir e

de Desenvolvimento Pessoal dos seus

mo, Ă tua equipa e Ă tua concorrĂŞncia

valorizar os colaboradores que fazem

colaboradores como um instrumento

em geral, sem esquecer a vertente

a diferença, reforçando o seu víncu-

operacional para trazer novidade Ă s

polĂ­tica nacional e internacional do

lo com a FarmĂĄcia. Se nĂŁo quiser de

suas carreiras na sua FarmĂĄcia.

sector, e terĂĄs poucas surpresas e

todo, perder um colaborador, con-

Pressuposto 5: As pessoas criam vĂ­n-

muitas oportunidades de que bene-

sidere a possibilidade de lhe propor

culos aos empregos e Ă s pessoas com

ficiarĂĄs , poderĂĄ ser um aforismo de

sociedade.

quem trabalham. Esse vĂ­nculo tende-

inspiração platónica para os proprie-

Termino por hoje afirmando que na

rĂĄ a fortalecer-se na medida em que a

tĂĄrios que pretendam manter viva

actualidade nĂŁo sĂŁo as empresas

empresa e o negĂłcio forem sentidos

uma visĂŁo e uma estratĂŠgia actuantes

grandes que comem as pequenas;

como propriedade de todos.

para as suas FarmĂĄcias, salvaguardan-

sĂŁo as mais ĂĄgeis (de qualquer ta-

Princípio de Acção 5: Use e abuse do

do, o mais possível, a manutenção

manho) que quebram as pernas das

dos talentos mais valiosos.

mais lentas (de qualquer tamanho),

Crie espaço para que as pessoas assu-

Princípio de Acção 6: Trabalhe para

aqui e em qualquer parte do mun-

mam com maior autonomia, projec-

posicionar a sua FarmĂĄcia entre o ter-

do... atÊ em Wall Street, praça finan-

tos, ĂĄreas de responsabilidade no seio

ceiro e o quarto quartil da curva nor-

ceira mundial de cujo jornal retirei

da FarmĂĄcia.

mal dos desempenhos de forma que

esta frase inspiradora.

Esse sentido de posse fomentarĂĄ

possa praticar uma polĂ­tica retributi-

E as empresas, sem as pessoas que

laços afectivos que pesarão positi-

va concorrencialmente sustentĂĄvel.

fazem realmente a diferença, não

vamente na hora de ponderar uma

Implemente uma polĂ­tica de retribui-

sĂŁo mais do que meros depĂłsitos

outra proposta profissional. Promova

ção variåvel ancorada nos resultados

sem alma, de equipamentos e mo-

propostas de melhoria e inovação

globais da FarmĂĄcia e consonante

biliĂĄrio!

nĂłs quando se referir Ă sua FarmĂĄcia.

9

Mediante os resultados do sistema de avaliação de desempenho.

10

Delegação de poder nos colaboradores mais talentosos.

72 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA


CF@EBFOL JBPQOB Alteração à Denominação Farmåcia de Loureiro Rua do Barão, 1567 3720 - 069 LOUREIRO Dra. Maria Teresa Guedes Barbosa Santos Reis

FarmĂĄcia Alameda Alameda das Linhas de Torres, 201-B 1750 - 143 LISBOA Dra. Maria VitĂłria Santos G. S. B. Marabuto FarmĂĄcia Alameda - Unipessoal Lda.

FarmĂĄcia Cabanelas Lugar de EirĂł 4630 - 671 SOALHĂƒES Dra. Daniela Maria Ramos Cabanelas

FarmĂĄcia Barreiros Faria Rua Sol Nascente, 13 2660 - 349 SANTO ANTĂ“NIO DOS CAVALEIROS Dra. Maria EmĂ­lia das Dores B. Faria FarmĂĄcia Barreiros Faria, Unipessoal, Lda

Alteração à Propriedade

FarmĂĄcia Faria Av. Luis de CamĂľes - Cidade Nova, 5-D 2660 - 294 SANTO ANTĂ“NIO DOS CAVALEIROS Dr. Armando Faria FarmĂĄcia Faria, Unipessoal, Lda

Farmåcia Moderna Rua Professor Mourato da Trindade, 13 6050 - 510 TOLOSA Dra. Ana Teresa Miguel Margarido Duarte Simþes Ana Simþes, Sociedade Unipessoal Lda. Farmåcia Silvares Avenida do Brasil 6230 - 633 SILVARES FND Dra. Teresa Paula Carvalhinho Cardoso Quelhas Teresa Quelhas, Farmåcia Silvares, Unipessoal Lda. Farmåcia Barreto do Carmo Morada Praça da República, 45 2080 - 044 ALMEIRIM Dr. Gonçalo Manuel Amaral da Silva Dra. Maria do Rosårio B. Carmo Cordeiro Farmåcia Sanil Rua de Camþes, 525 4000 - 147 PORTO Dr. Rui Filipe Costa Ferreira Rui Ferreira, Sociedade Farmacêutica, Unipessoal Lda. Farmåcia Bom Despacho Rua Padre António, 39 4470 - 000 MAIA Dra. Maria Teresa Henriques Maria Teresa Moreira dos Santos Henriques, Unipessoal, Lda.

Farmåcia do Guizo Urbanização do Moinho do Guizo, LTALJ3-4 2650 - 177 AMADORA Dra. Maria Anålia Lopes Saraiva de Oliveira Farmåcia do Guizo, Unipessoal Lda. Farmåcia Guilhufe Edifício Guilhufe, Fracção A e B, R/C 4560 - 144 GUILHUFE Dra. Rosa Cristina Martins Nogueira da Fonseca Dra. Rosa Cristina Fonseca Unipessoal, Lda. Farmåcia Nelsina Praça da República, 3-5 4900 - 524 VIANA DO CASTELO Dra. Maria Manuel de Pina Sousa Vaz Cassina Santos & Filha Lda.

Alteração ao Pacto Social Farmåcia Pais Moreira Rua Principal, 693 4525 - 189 CANEDO VFR Dr. António Fernando Martins Violas Maria de Fåtima da Silva Pinheiro, Sociedade Unipessoal, Lda

Alteração de Direcção TÊcnica Farmåcia da Misericórdia Largo João de Almeida, 3 6300 - 695 GUARDA Dra.Cristina Maria Barbosa dos Santos Carvalho Santa Casa da Misericórdia Farmåcia Saúde Rua Hintze Ribeiro, 316 Leça da Palmeira 4450 - 690 MATOSINHOS Dra. Maria Rita de Azevedo Meneses de Araújo Monteiro Nova Farmåcia Saúde Leça da Palmeira Lda.

Passagem a Herdeiros FarmĂĄcia Nunes de SĂĄ Rua JoĂŁo Paulo II 4800 - 098 GUIMARĂƒES Dra. Maria Madalena J. Nunes de SĂĄ Martins JosĂŠ AntĂłnio Fernandes Martins - Herdeiros

TransferĂŞncia de Local FarmĂĄcia Teixeira Estrada Nacional 11, 1-B 2835 - 172 BAIXA DA BANHEIRA Dra. Maria Manuela O. A. C. G. Teixeira Abreu Teixeira Lda. FarmĂĄcia Dois Portos Avenida 25 de Abril, 63 2565 - 206 DOIS PORTOS Dra. MarĂ­lia JoĂŁo Casaleiro Botelho MarĂ­lia Botelho Sociedade Unipessoal Lda. FARMĂ CIA PORTUGUESA ÂŚ 73


KLQF@F`OFL Saúde Portugal Expo & Conferências promove a saúde dos portugueses A Saúde Portugal Expo & Conferências 2007 vai reunir em

de Doentes a conferência internacional sobre

A Saúde

Lisboa, de 20 a 23 de Setembro, mais de cem instituições e

na União Europeia ‒ dirigida a gestores e profissionais da

empresas públicas e privadas do sector da saúde e acolher

saúde ‒ promovida pela Associação dos Administradores

cerca de 50 mil visitantes, entre público em geral e profis-

Hospitalares, com Willy Heushen, secretário-geral da

sionais de saúde. Os objectivos são promover a saúde dos

European Association of Hospital Managers como orador

portugueses, prevenir a doença, contribuir para colocar o

principal, e três salões em que participam sociedades mé-

cidadão no centro do sistema de saúde e obter ganhos

dicas, laboratórios farmacêuticos, associações de doentes,

de saúde.

prestadores de serviços - centros de saúde, USF, clínicas,

Sob o Comissariado da dra. Maria de Belém Roseira, a Saúde

hospitais ‒ e empresas de avançada tecnologia para o sec-

Portugal Expo & Conferências 2007, organizada pelo Jornal

tor.

do Centro de Saúde, com o patrocínio institucional do

A Plataforma Saúde em Diálogo estará presente neste

Alto Comissariado da Saúde, integra 30 workshops sobre

evento quer na área de exposições que através da partici-

promoção da saúde e prevenção da doença dirigidos a jo-

pação no Painel debate sobre As associações de Doentes,

vens, adultos e seniores o Fórum Nacional das Associações

a Industria, a Distribuição e as Instituições do Medicamento .

Fernand Sauer recebe o Primeiro Prémio de Mérito do PGEU Fernand Sauer recebeu o Prémio PGEU na reunião anual da Grupo Farmacêutico da União Europeia em Viena. O PGEU, representante da comunidade farmacêutica europeia, organizou na sua reunião anual a primeira entrega do Prémio de Mérito do PGEU, distinguindo desta forma o percurso Sauer. O Prémio pretende reconhecer os profissionais europeus mais activos nos domínios da política de Saúde na Europa, que tenham contribuído de forma relevante para a melhoria da imagem da profissão farmacêutica, a principal missão do Grupo. O primeiro premiado do PGEU, Fernand Sauer, liderou o

assim o debate europeu mais abrangente em questões de

grupo farmacêutico na Comissão Europeia de 1986 a 1994.

saúde, dando voz aos que, a longo prazo, vêm na saúde

Entre 1994 e 2000 assumiu a presidência da EMEA, a pri-

um aspecto crucial, como é o caso dos idosos.

meira agência europeia de avaliação dos medicamentos.

Fernad Sauer foi reconhecido pelo PGEU tanto pelo seu

Mais tarde, Sauer encabeçou a Direcção de Saúde Pública

trabalho na Comissão Europeia e na EMEA como também

da DG SANCO. A presidência do PGEU reconheceu em

pelo seu enorme contributo para uma melhor e mais sus-

Fernand Sauer a capacidade de envolvimento da socieda-

tentada política de saúde pública através da criação do

de civil na definição das políticas de saúde, sustentando

Fórum Europeu de Política de Saúde.

74 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


Genéricos representam 18 por cento do mercado O Simpósio Medicamentos Genéricos em Portugal e na Europa centrou-se na qualidade como princípio e apresentou dados positivos relativamente ao mercado de genéricos em Portugal.

medidas relacionadas com o sector, salientou Vasco Maria,

Os genéricos atingiram em Maio, pela primeira vez, uma

presidente do Infarmed. Francisco Ventura Ramos, secretá-

quota de 18 por cento do mercado de medicamentos em

rio de Estado da Saúde, sublinhou, na abertura do Simpósio,

Portugal, representando um aumento de 23,3 por cento

que a adopção das referidas medidas tem congregado os

relativamente a Janeiro.

profissionais de saúde, a comunidade e a indústria farma-

As previsões indicam que no final de 2008 os genéricos

cêutica de uma maneira geral, com o apoio do governo,

ocuparão 20 por cento do mercado de medicamentos. Até

envolvendo a promoção da consolidação da actividade.

Maio de 2006, os genéricos renderam 195 milhões de euros,

Os dados referentes aos genéricos foram tornados públi-

valor que subiu para 240,46 milhões em Maio deste ano.

cos em 21 de Junho, por ocasião do lançamento de uma

Concorre para o bom nível das previsões o facto de haver

campanha promocional, a nível europeu, dedicada ao as-

já pelo menos uma dezena de substâncias genéricas que

sunto. Liderada em Portugal pela Infarmed, a campanha

representam mais de 60 por cento das vendas do sector.

de promoção recebeu entre nós o título de Pode Confiar .

O crescimento do mercado dos genéricos tem sido gradual

Foi dirigida ao público em geral e utilizou os mais diversos

desde 2000, ano que marcou a adopção de uma série de

meios de comunicação.

Farmácia Saúde é líder nacional no segmento Saúde A revista Farmácia Saúde obteve, no trimestre Abril ‒ Junho deste ano, uma audiência de 3,4 pontos, o que contribuiu para reforçar a sua liderança no segmento Saúde e Educação, chegando a mais de 282 mil leitores com idades acima dos 15 anos. Os dados do Bareme Imprensa da Marktest, agora divulgados, apontam para o melhor resultado de sempre alcançado por uma revista do género. A Farmácia Saúde registou uma subida de audiências de nove décimas em relação ao trimestre anterior (Janeiro Março). FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 75


KLQF@F`OFL

Conferência Pharmaceutical Pricing & Reimbursement Information Decorreu em Viena, em 29 de Junho,

ridades dos Estados-Membros, e reco-

Comissão Europeia, a OMS, o Banco

a conferência de 2007 do projec-

lher de forma sistematizada informa-

Mundial e a OCDE, e ainda de repre-

to PPRI ‒ Pharmaceutical Pricing &

ção descritiva dos sistemas de preços

sentantes dos diferentes Estados-

Reimbursement Information.

e comparticipação em cada um dos

Membros, quer a nível das autorida-

Trata-se de uma iniciativa ao nível eu-

Estados (agora 27), possibilitando o

des governamentais, quer a nível de

ropeu, cujos principais objectivos são

desenvolvimento de indicadores que

instituições privadas.

os de desenvolver uma rede ao nível

permitam uma análise comparativa

Portugal esteve representado pelo

das autoridades regulamentares e de

entre os diferentes países e sistemas.

Vice-Presidente do INFARMED, Prof.

outras instituições relacionadas, de

O projecto teve início em 2005, foi

Hélder Mota Filipe, e por represen-

forma a melhorar a qualidade da in-

inicialmente promovido pelas autori-

tantes da ANF e da APOGEN.

formação e o conhecimento sobre os

dades austríacas e conta com o apoio

No decorrer da reunião foram apre-

sistemas relacionados com a política

institucional de outros parceiros como

sentados diferentes estudos sobre sis-

do medicamento em geral, e em par-

a Comissão Europeia e a OMS.

temas de preços e comparticipações

ticular com as políticas relacionadas

A reunião deste ano contou com a

em diferentes países da Europa. No

com preços e comparticipações.

participação do Secretário de Estado

decorrer do painel de discussão final,

Através do estabelecimento desta

da Saúde da Alemanha, enquanto

intitulado Estratégias Europeias para

rede de informação pretendeu-se

representante da Presidência da UE;

Garantir a Acessibilidade , fez-se eco

avaliar o seu grau de necessidade

do Ministro da Saúde da Áustria; re-

das preocupações das diferentes ins-

pela Comissão Europeia e pelas auto-

presentantes de instituições como a

tituições relativamente a este aspecto,

76 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA


o qual está directamente relacionado

Contudo, é necessário garantir que

com questões como o preço e a com-

tais inovações são acessíveis e tal

participação, mas que extravasa, de for-

acessibilidade signifique também, e

ma absoluta, este âmbito, dado que, de

necessariamente, uma acessibilidade

uma forma geral, toca em temas como

do ponto de vista económico.

a segurança, doenças raras, informação

É portanto de esperar que, ao nível

aos doentes e literacia em saúde, uso

europeu, venham a ser desenvol-

de novas tecnologias, partilha de risco

vidas outras iniciativas, visando a

e recompensa pela inovação.

procura de soluções cada vez mais

Na perspectiva mais global da aces-

globais no que respeita à acessibili-

sibilidade, foi referido pelo represen-

dade aos medicamentos inovadores

tante do governo alemão que, de

e, segundo algumas opiniões, tal

uma forma geral, todos os Estados-

passe também pela definição de um

Membros estão disponíveis para

quadro transparente de condições

financiar os medicamentos inovado-

relativas a preço e comparticipação

res, em favor dos doentes.

na Europa.

DECO revela aumento do preço dos MNSRM Desde 2005, ano em que deixou de

gualdades regionais no acesso.

to dos consumidores vem justificar a

haver preço fixo para os MNSRM

A DECO estudou os preços das 20

preferência ainda porque, em certas

(medicamentos não sujeitos a receita

marcas mais vendidas de MNSRM

regiões não é possível comprar me-

médica, que os preços destes me-

em 97 farmácias e 110 lojas, revelan-

dicamentos noutro local , já que a

dicamentos subiram 3,5 por cento,

do que metade dos medicamentos

maioria das não farmácias autoriza-

avança um estudo da revista Teste

são agora mais caros do que há dois

das a vender MNSRM está em zonas

Saúde, editada pela DECO.

anos, com aumentos que atingem os

urbanas.

A conclusão da subida de preços

43 por cento.

No que respeita à concorrência (ou fal-

vem confirmar a posição da ANF, que

O estudo revela no entanto a prefe-

ta dela), o estudo refere-se à liderança

sempre afirmou que o fim do preço

rência pelas farmácias por parte de

de 3 cadeias nas vendas de MNSRM, si-

fixo dos medicamentos levaria ao

95 por cento dos consumidores de

tuação que põe em causa os poucos

aumento dos preços e iria gerar desi-

MNSRM. O prestígio que gozam jun-

benefícios da liberalização.

FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 77


OBRKFLBP B PFJMpPFLP Internacionais DATA

EVENTO

27 a 30 de Setembro de 2007 Dusseldorf - Alemanha

EXPOPHARM 2007 International Pharmaceutical Trade Fair Contactos: Gabriele Stadler; Carl-Mannich-StraĂ&#x;e 26; 65760 Eschborn Phone: +49 6196 - 92 84 11; Fax: +49 6196 - 92 84 04 E-Mail: g.stadler@wuv.aponet.de Website: www.expopharm.de

31 de Agosto a 6 de Setembro de 2007 Beijing - China

67th International Congress of FIP Contactos: Andries Bickerweg 5 P.O. Box 84200, 2508 AE The Hague, The Netherlands Tel.: +31-(0)70-302 1982/1981, Fax: +31-(0)70-302 1998/1999 E-mail: congress@fip.org, Website: http://www.fip.org/beijing2007

Nacionais DATA

EVENTO

10 e 11 de Outubro de 2007 Lisboa

SeminĂĄrio ‒ Novo Estatuto do Medicamento Para mais informaçþes: IFE- Rua Basilio Teles, 35-1Âş Dto ‒ 1070-020 Lisboa Telef: (+351) 21 00 33 800 Fax: (+351) 21 00 33 888 E-mail: inscricoes@ife.pt Website: www.ife.pt

8 a 10 de Novembro de 2007 Lisboa

ExpoFarma ‒ Feira Nacional da FarmĂĄcia Para mais informaçþes: ASSISTĂŠNCIA COMERCIAL, Joana Messias Telefone (351) 21 924 78 30/1, Telefax (351) 21 924 78 39, TelemĂłvel (351) 91 444 78 00 E-mail: geral@expofarma.pt

18 a 21 de Novembro de 2007 Lisboa

XIth ISPCAN European Regional Conference on Child Abuseand Neglect Para mais informaçþes: Conference Secretariat 245 W. Roosevelt Rd, Building 6, Suite 39, West Chicago, IL 60185 USA Tel: 1.630.876.6913, Fax: 1.630.876.6917 Email: euroconf2007@ispcan.org Website: www.ispcan.org/euroconf2007

26 de Novembro a 1 de Dezembro de 2007 Albufeira

World Healthcare Student s Symposium 2007 ‒ Differents Rules, One Goal Para mais informaçþes: http://whss2007.org/

78 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA


CLOJ>@>L Para o último trimestre do ano, a Escola de Pós Graduação em Saúde e Gestão, tem disponíveis mais cursos de formação contínua, dos quais destaca: Farmacêuticos Doença de Alzheimer e outras Demências

Vila Real ‒ 27 de Setembro

Vacinas em Pediatria

Castelo Branco ‒ 10 de Outubro

Depressão

Coimbra ‒ 12 de Outubro

Constipação e Gripe

Viseu ‒ 19 de Setembro Coimbra ‒ 9 de Outubro

Cessação Tabágica

Coimbra ‒ 8 de Outubro

Perturbações do Comportamento Alimentar

Santarém ‒ 9 de Outubro

Factores de Risco Cardiovasculares ‒ Prevenção Primária

Lisboa ‒ 3 de Outubro

Acidente Vascular Cerebral

Lisboa ‒ 8 de Outubro Funchal ‒ 19 de Outubro

Implicações Práticas do Novo Quadro Regulamentar dos Medicamentos Manipulados

Lisboa ‒ 11 e 12 de Outubro

Domine a Internet e o Correio Electrónico (Outlook)

Lisboa - 26 e 27 de Setembro

O Plano de Marketing para a Farmácia

Funchal ‒ 8, 9 e 11 de Outubro

Ajudantes Sistema Imunitário

Porto ‒ 21 e 22 de Setembro

Alterações Metabólicas

Porto ‒ 12 e 13 de Outubro

Medicamentos e Métodos Anticoncepcionais

Funchal ‒ 1 de Outubro

Compreender os Antibióticos

Lisboa ‒ 2 de Outubro

Rua Marechal Saldanha, 1 - 1249-069 Lisboa Telf: 21 340 06 00 (geral) Telf: 21 340 06 45/610/756/712 Fax: 21 340 07 59 E-mail: escola@anf.pt FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 79


@>OQLLK À bastonária ouvimos estas palavras Começo por citar um texto da escritora Inês Pedrosa, autora de uma obra sobre as mulheres do século XX:

Ainda estamos a sentir o impacto de uma mudança profunda que abriu às mulheres o mundo do trabalho e do poder, aos homens o mundo dos afectos, e a ambos a nova aventura da intimidade.

Mas no fundo, serei a mulher farmacêutica ‒ e com muito orgulho em o ser ‒ que representará os 80% de profissionais de sexo feminino e os 20% de profissionais do sexo masculino. Respondendo à pergunta da Revista Farmácia Distribuição de Julho de 2007

Tomada de posse - Ordem dos Farmacêuticos, 13 de Julho 2007

A principal diferença é o facto de ser mulher e a primeira a ser eleita bastonária. Respondendo à pergunta da Revista Farmácia Distribuição de Julho de 2007

80 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA

A bastonária de todas as farmacêuticas e farmacêuticos portugueses! Tomada de posse ‒ Ordem dos Farmacêuticos, 13 de Julho de 2007


FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 81


ABPQ> S>O>KA> A conďŹ ança nas farmĂĄcias mediĂĄtico tudo se conjugava apa-

Os portugueses jĂĄ perceberam que a

rentemente para o ĂŞxito dessa libe-

venda de medicamentos fora das far-

ralização.

mĂĄcias teve como consequĂŞncia a subi-

Tanto mais que, paralelamente, se

da dos preços e uma menor qualidade

anunciava a destruição da organização

do serviço prestado nos novos locais.

associativa das farmĂĄcias, adoptando-

Os portugueses, por outro lado, vĂŞm

se medidas legislativas que visavam

na farmĂĄcia um aliado e um amigo

exclusivamente esse objectivo.

dos seus problemas de saĂşde.

Os mentores dessa polĂ­tica esquece-

A liberalização não lhes diz nada e

ram, porĂŠm, um aspecto essencial: a

nunca a reclamaram.

A política de liberalização agressiva do

confiança da população nas farmå-

A confiança da população nas farmå-

sector de farmĂĄcias, iniciada em 2005,

cias portuguesas.

cias ĂŠ um motivo de orgulho do sector

foi anunciada pelo Governo ao PaĂ­s

Uma confiança assente no conheci-

e um factor de confiança no futuro.

como um desĂ­gnio justificado pelo

mento profundo que têm do serviço

A polĂ­tica associativa deverĂĄ ter como

interesse dos doentes e da população

por elas prestado. Um serviço de ele-

vector fundamental a melhoria con-

em geral que, pensavam os autores

vada qualidade, disponĂ­vel e solidĂĄrio

tínua da qualidade tÊcnica do serviço

dessa polĂ­tica e os seus apoiantes, a

com os doentes, que criou uma relação

prestado pelas farmĂĄcias, para que elas

receberiam entusiasticamente como

de grande proximidade entre a farmĂĄ-

continuem a ser credoras da sĂłlida con-

um grande benefĂ­cio.

cia e os cidadĂŁos, difĂ­cil de destruir.

fiança que a população nelas deposita.

Sucederam-se, desde entĂŁo, as me-

Apesar das medidas liberalizadoras,

didas contra o sector, a primeira das

ĂŠ nas farmĂĄcias que os portugueses

quais foi a autorização da venda de

continuam a confiar para adquirem

medicamentos nĂŁo sujeitos a receita

medicamentos, bem como na presta-

mĂŠdica fora das farmĂĄcias, acompa-

ção dos cuidados farmacêuticos.

nhada de um fortĂ­ssimo apoio polĂ­ti-

Devemos manter e reforçar esta rela-

co à promoção dos novos locais junto

ção de confiança.

da opiniĂŁo pĂşblica.

As farmåcias têm todas as condiçþes

Com tĂŁo grande apoio polĂ­tico e

para prosseguir este objectivo.

82 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA

JoĂŁo Cordeiro




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.