Farmácia
Portuguesa BIMESTRAL • N°170 • JULHO/AGOSTO 07
Relatório de Primavera 2007
ANF com peso acrescido
Ordem dos Farmacêuticos
Irene Silveira eleita bastonária Responsabilidade Social
Farmácias, uma mais-valia para a comunidade
Farmácia
Portuguesa
PRJ`OFL
Julho/Agosto de 2007 • Ano XXIX • Nº 170 Publicação bimestral • ISSN 0870-0230 • DGCS 101528
20 Relatório de Primavera FARMÁCIAS E MEDICAMENTOS VISTOS PELO OPSS O Governo falhou na sua intenção de controlar o peso da ANF no sector das farmácias. Esra é uma das conclusões do Observatório Português dos Sistemas de Saúde espelhadas no Relatório de primavera 2007.
Editorial Editorial
5
Irene Silveira, a primeira Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos Irene Silveira, new head of the Pharmacists Association
6
Estudo sobre a responsabilidade social das farmácias Study about the pharmacies social responsibility
12
Relatório de Primavera 2007 ‒ OPSS 2007 Spring Report ‒ OPSS
20
Flashes Flashes
25
Farmácia Clínica Clinical pharmacy
26
Simpósio Internacional de Estudantes de Saúde Internacional Health Students Simposium
30
UE avalia atitude face ao tabaco EU evaluates attitude towards tobbaco
34
CEFAR em tempo de mudança CEFAR in time of changes
38
Plataforma define prioridades Plataforma establishes priorities
42
Informação Terapêutica ‒ Hepatites A e B Therapeutical Information ‒ Hepatitis A and B
44
Informação Veterinária ‒ Intoxicações em pequenos animais Veterinary Information ‒ Intoxications in small pets
56
Museu da Farmácia ‒ Onde há um explorador Pharmacy Museum ‒ Where is there an explorer
58
Consultoria Jurídica Law Consultory
62
Expofarma Expofarma
65
Consultoria Fiscal Tax Consultory
66
Laboratório RH HR Laboratory
68
6
Ordem dos Farmacêuticos IRENE SILVEIRA, A PRIMEIRA BASTONÁRIA DA ORDEM DOS FARMACÊUTICOS Defender os interresses dos farmacêuticos, repondo e ampliando a confiança na classe e na instituição - estas são as prioridades centrais da primeira bastonária na história da odem dos Farmacêuticos. A professora Irene Silveira conquistou a maioria dos votos num acto
Noticiário News
74
Reuniões e Simpósios Meetings and Simposia
78
Cursos de Formação Courses
79
Cartoon Cartoon
80
Desta Varanda From this balcony
82
eleitoral e muito participado e disputado por duas listas.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦
3
FarmĂĄcia
uIQFJ> ELO>
Portuguesa PROPRIEDADE
DIRECTOR DR. FRANCISCO GUERREIRO GOMES
Programa do Medicamento Hospitalar O
Programa
do
Medicamento
prescrição em populaçþes especiais
Hospitalar foi apresentado no pas-
de doentes .
sado mĂŞs de Julho, nos Hospitais
O Programa deixa, no entanto,
UniversitĂĄrios
SUB-DIRECTORES DR. LUIS MATIAS DR. NUNO VASCO LOPES COORDENADORA DO PROJECTO DRÂŞ MARIA JOĂƒO TOSCANO COORDENADORA REDACTORIAL DRÂŞ ROSĂ RIO LOURENÇO Email: rosario.lourenco@anf.pt Telef. 21 340 06 50 PRODUĂ‡ĂƒO
EdifĂcio Lisboa Oriente Av. Infante D. Henrique, 333 H, escritĂłrio 49 1800-282 Lisboa Telef. 21 850 81 10 - Fax 21 853 04 26 Email: farmaciaportuguesa@lpmcom.pt
pelo
por concretizar um dos pontos do
SecretĂĄrio de Estado da SaĂşde,
Compromisso com a SaĂşde que es-
Francisco Ramos, que focou a ne-
tipula que os medicamentos actu-
cessidade de adopção de uma visão
almente distribuĂdos nos hospitais
integrada do circuito do medicamen-
e que possam tecnicamente ser dis-
to. O grupo de trabalho responsĂĄvel
pensados em farmĂĄcias poderĂŁo ser
pelo Programa aponta acçþes prio-
por elas distribuĂdos, em termos a
ritårias a desenvolver no âmbito do
regulamentar .
uso eficiente, seguro e econĂłmico
Relativamente a este ponto, refere
dos medicamentos no hospital.
apenas que o
Os cuidados farmacĂŞuticos em am-
ção em dose unitåria Ê o que garante
bulatĂłrio sĂŁo um dos aspectos des-
uma maior segurança e eficiência,
tacados pelo documento, que define
permitindo o acompanhamento far-
os farmacĂŞuticos como elementos
macoterapĂŞutico do doente e dimi-
indispensĂĄveis nas equipas clĂnicas
nuindo os erros associados .
DepĂłsito Legal nÂş 3278/83
com impacto francamente positivo
Durante a sessĂŁo de apresenta-
na adesĂŁo Ă terapĂŞutica.
ção do Programa do Medicamento
Periodicidade: Bimestral Tiragem: 5 000 exemplares
Estudos revelam que o envolvimento
Hospitalar, em que participaram re-
dos farmacĂŞuticos permite reduzir
presentantes de todos os hospitais
os erros com a medicação em cerca
do paĂs, anunciou-se a intenção de o
de 66,0 por cento e melhorar signi-
Governo premiar unidades hospitala-
ficativamente os resultados que os
res distinguindo as suas boas prĂĄticas.
doentes obtĂŞm com a terapĂŞutica .
O prĂŠmio traduz-se numa filosofia de
AlĂŠm disso, o novo programa ajuda
reconhecimento do mĂŠrito e das boas
a mudar os padrĂľes de qualidade da
prĂĄticas na gestĂŁo do medicamento.
4 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
de
Coimbra,
sistema de distribui-
DIRECTOR DE PUBLICIDADE NUNO MIGUEL DUARTE nunoduarte@lpmcom.pt Tel.: 96 214 93 40 CONSULTORA COMERCIAL SĂ“NIA COUTINHO soniacoutinho@lpmcom.pt Tel.: 96 150 45 80 Tel.: 21 850 31 00 - Fax: 21 853 33 08 ASSINATURAS 1 Ano (12 ediçþes) - 50,00 euros Estudantes de FarmĂĄcia - 27,50 euros Contacto: Margarida Lopes Telef.: 21 340 06 50 • Fax: 21 340 07 59 Email: margarida.lopes@anf.pt POWERED BY Boston Media IMPRESSĂƒO E ACABAMENTO RPO - Produção GrĂĄfica, Lda.
Distribuição
FARMà CIA PORTUGUESA Ê uma publicação da Associação Nacional das Farmåcias Rua Marechal Saldanha, 1 1249-069 Lisboa
www.anf.pt
BAFQLOF>I A responsabilidade de informar O aparecimento do primeiro exem-
sócios que se chama ANFONLINE.
Quando manifestamos a opinião de
plar da newsletter
Mas hoje a novidade é o Marketing.
que sendo profissão liberal temos
de Maio de 2007, elaborado pela
Para quem, como nós, é simultanea-
um código de ética que nos limita os
Direcção de Marketing da Associação
mente leitor e responsável pelo de-
comportamentos, somos apelidados
Nacional das Farmácias, fez-me recor-
sencadear da informação, o conteú-
de corporativos.
dar, mais uma vez, a responsabilidade
do do novo mensário vai ser seguido
É nesta vertente que a minha segun-
de informação que nos liga aos sócios
com duas expectativas principais.
da expectativa se deposita.
e ao país que nos rodeia.
A Farmácia ( e as farmácias em parti-
A direcção de Marketing e o seu res-
Farmácia
cular) está a sofrer alterações legislati-
ponsável, João Guerra, já conduzem
Portuguesa completa 30 anos de
vas que a tentam descaracterizar face
e vão multiplicar iniciativas de forma-
existência, sendo assim a publicação
ao padrão que vinha a assumir ‒ local
ção destinadas aos proprietários de
mais antiga deste universo onde a
de prestação de cuidados e dispensa
farmácia e às suas equipas, levando-
Marketing Box se veio agora inscre-
de medicamentos e produtos de saú-
os a seguir técnicas e assumir com-
ver.
de sob a responsabilidade de farma-
portamentos adequados ao cliente
Connosco coexistem ou coexistiram,
cêuticos.
que os contacta. O primeiro número
na imprensa, o Boletim Medicamento
É forçoso que as nossas associações
da newsletter da ANF indica mesmo
História e Sociedade , o
Boletim
usem a divulgação para manter no
oito regras a adoptar pelo leitor.
Farmácia Saúde , a
exterior a imagem que referimos, re-
É portanto sem falsas retóricas, mas
Em
2008,
a
CEDIME , a
Marketing Box ,
Revista
forçando-a sempre que possível.
com verdadeira satisfação e ambição
Farmácia Observatório .
No entanto, as leis e os governantes
de aprender, que aguardamos as pró-
Paralelamente, editam-se também
têm vindo a referir-se às vantagens
ximas mensagens desta publicação.
circulares destinadas aos proprie-
que os cidadãos poderão ter com
tários de farmácia e folhetos para o
a concorrência entre os pontos de
público. Os meios virtuais disponíveis
acesso a tais serviços e produtos. O
para a informação são o site da ANF e
desejo de criar concorrência é pois
a plataforma de comunicação com os
notório.
Farmácia LEF
e a
Técnica ,
o
Boletim
Francisco Guerreiro Gomes FARMÁCIA PORTUGUESA ¦
5
MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I
Irene Silveira, a primeira bastonĂĄria da Ordem dos FarmacĂŞuticos
Repor e ampliar a conďŹ ança Defender os interesses dos farmacĂŞuticos,
Mais de metade dos farmacĂŞuticos
repondo e ampliando a confiança na classe e
de Junho depositaram na lista lide-
na instituição ‒ estas são as prioridades centrais da primeira bastonåria na história da Ordem
que votaram nas eleiçþes de dia 21
rada por Irene Silveira, Professora da
Faculdade
de
FarmĂĄcia
da
Universidade de Coimbra, a confiança para conduzir os destinos da Ordem
dos FarmacĂŞuticos. A Professora Irene Silveira
ao longo dos prĂłximos trĂŞs anos.
conquistou a maioria dos votos num acto eleitoral
Saiu assim vencedora a lista B, com 1
muito participado, disputado por duas listas.
3056 eleitores que manifestaram as
6 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
641 dos votos expressos, de entre os
suas preferências. Menos 341 votos
Faria, Carlos Marques e Pedro Barosa.
O mesmo aconteceu nos demais
obteve a lista A, também presidida
Preside à Mesa da Assembleia Geral
colégios: assim, Manuela Machado
por uma farmacêutica ‒ Filomena
António Proença da Cunha, enquanto
mantém-se à frente dos Assuntos
Cabeça, farmacêutica hospitalar nas
que ao Conselho Jurisdicional Nacional
Regulamentares, Olga Freitas conti-
Caldas da Rainha.
preside Fernando Jorge dos Santos.
nua na Farmácia Hospitalar e Nuno
Estas eleições constituem um marco na
Também a nível regional as eleições
Moreira na Indústria Farmacêutica.
história da Ordem dos Farmacêuticos:
suscitaram um particular interesse
Esta reeleição advém do facto de ter
antes de mais pela eleição de uma
e entusiasmo: em Lisboa e Coimbra
sido sufragada uma única lista.
bastonária, pela primeira vez em mais
concorreram duas listas, com a secção
de um quarto de século de existência
do Porto a ser disputada por três can-
‒ o que aconteceria inevitavelmente,
didaturas. A preferência dos farmacêu-
perante as duas candidaturas apresen-
ticos ditou que para a maior secção
tadas. Mas também porque se subme-
regional da Ordem (a da capital) fosse
teram ao sufrágio da classe duas listas,
eleito João Pedro Mendonça, afecto
o que há muito não acontecia. E pela
à lista vencedora a nível nacional. Em
participação: é que a afluência às urnas
Coimbra, sagrou-se vencedora a lista
O facto de se ter tornado a primeira bas-
se situou nos 33,6 por cento, valor só ul-
E, tendo sido eleito Francisco Batel
tonária da Ordem dos Farmacêuticos
trapassado nas eleições de 1995, a que
Marques. Refira-se que, na cidade dos
esteve em evidência na cerimónia de
concorreram igualmente duas listas.
estudantes , se registou uma afluência
posse, a 11 de Julho. Na presença do
São, pois, sinais de vitalidade os que
às urnas superior à média nacional
ministro da Saúde, Correia de Campos,
emergem deste acto, em que foram
‒ 44,67 por cento. Quanto ao Porto, a
e perante uma plateia dominada por
eleitos 52 farmacêuticos, de entre ór-
vitória coube a Franklin Marques, que
farmacêuticos, mas também por re-
gãos nacionais, regionais e colégios da
apresentou uma lista independente.
presentantes da classe política e dos
especialidade. Com a Professora Irene
Franklin Marques preside também ao
parceiros institucionais, a Professora
Silveira a nova direcção da Ordem
Colégio da Especialidade de Análises
Irene Silveira começou precisamen-
compõe-se ainda dos vogais Elisabete
Clínicas, tendo sido reconduzido.
te por evocar algumas mulheres que
Comprometida com consensos, mas sem receio de rupturas
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦
7
MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I mereceram o mundo no sĂŠculo XX, o
amizades tutelares que se disponi-
o cargo de bastonĂĄria, uma tarefa a
primeiro sÊculo de emancipação.
bilizaram para servir de mediadores
que prometeu entregar-se com todas
Foi o exemplo que a levou a citar
simbĂłlicos e que, com o seu prestĂ-
as capacidades, mas tambĂŠm com o
Marie Curie, como tambĂŠm foi pelo
gio, avalizaram a sua candidatura.
desprendimento de quem nĂŁo estĂĄ
exemplo que reservou palavras de
NĂŁo esqueceu, naturalmente, os an-
agarrado ao poder nem dele depende
apreço para o primeiro bastonårio,
teriores bastonårios ‒ incluindo o
e que, por isso, o pode utilizar, exclu-
Professor Carvalho Guerra ‒
lĂder
cessante, Aranda da Silva ‒ nem to-
sivamente, na concretização dos fins
reconhecido e prestigiado farma-
dos quantos se associaram Ă sua cam-
que lhe sĂŁo mais nobres: a defesa dos
cĂŞutico que, ao longo dos anos, me
panha, nomeadamente a sua equipa.
valores da Ordem dos FarmacĂŞuticos .
honrou com o seu avisado conselho
Uma equipa que ‒ sublinhou ‒ estå
Os que me conhecem sabem que
‒ bem como para a professora Odette
consciente das dificuldades mas que,
gosto de trabalhar em equipa, que pro-
Ferreira ‒ uma referência na classe
imbuĂda de uma forte coesĂŁo, saberĂĄ
curo os mais amplos consensos e que
farmacĂŞutica que tanto tem dado Ă
lançar e enfrentar desafios e ultra-
nisso ponho todo o meu empenho e
ciĂŞncia, Ă profissĂŁo e Ă sociedade .
passar os mais difĂceis obstĂĄculos .
todas as minhas capacidades. Mas sa-
As suas primeiras palavras foram, as-
É com essa equipa que a Professora
bem igualmente como sou capaz de
sim, de reconhecimento perante as
Irene Silveira se propĂľe desempenhar
assumir rupturas, com coragem e de-
Um percurso multifacetado mesmo perĂodo presidiu ao Conselho
90 comunicaçþes cientĂficas e proferido
objectivos que poderia ter definido para
CientĂfico da Faculdade de FarmĂĄcia.
conferĂŞncias em trĂŞs dezenas de
a minha vida . Foi assim que a Professora
Ainda na Faculdade ĂŠ desde 2004
encontros e seminĂĄrios.
Irene Silveira se referiu ao seu percurso, ao
coordenadora do estĂĄgio de prĂŠ-
TambĂŠm a nĂvel polĂtico-profissional se
intervir na cerimĂłnia de posse dos ĂłrgĂŁos
licenciatura em CiĂŞncias FarmacĂŞuticas.
fez sentir o seu envolvimento, tendo
nacionais da Ordem dos FarmacĂŞuticos. Um
Fora da Academia, destaca-se a
presidido à Secção Regional do Centro
percurso vasto e multifacetado, repartido
presidĂŞncia, assumida em Novembro
da Ordem dos FarmacĂŞuticos de 1994 a
entre a docência, a investigação e a
Ăşltimo, do Conselho CientĂfico da
2000, em paralelo com o lugar de vogal
intervenção polĂtico-profissional.
Autoridade de Segurança Alimentar
da Direcção Nacional. Uma intervenção
CatedrĂĄtica da Faculdade de FarmĂĄcia da
e EconĂłmica (ASAE). A sua actividade
que culminou com a eleição para
Universidade de Coimbra, Irene Silveira
cientĂfica abrange ainda a participação
bastonĂĄria, a 21 de Junho Ăşltimo.
ĂŠ actualmente directora do LaboratĂłrio
e a coordenação de projectos nacionais
A sua carreira tem sido reconhecida
de Bromatologia. O seu percurso
e europeus, o desenvolvimento e/ou
ao longo dos anos, a nĂvel nacional e
acadĂŠmico ĂŠ longo e profĂcuo, quer
aplicação de novas metodologias
internacional.
enquanto docente e investigadora, quer
analĂticas em ĂĄreas como os resĂduos
Exemplo recente desse reconhecimento
enquanto membro de ĂłrgĂŁos de gestĂŁo
de fårmacos em alimentos. É autora e
foi a atribuição, pelo Brasil, da Grã-Cruz
da Universidade.
co-autora de 130 artigos e resumos em
da Ordem Internacional do MĂŠrito ao
Assim, de 1998 a 2003 ocupou o cargo
publicaçþes nacionais e estrangeiras,
Descobridor do Brasil Pedro Ă lvares
de vice-reitora, tendo de 2004 a 2006
tendo participado em congressos
Cabral, que lhe foi atribuĂda em Abril de
integrado o Senado. Durante este
nacionais e estrangeiros com cerca de
2006.
No plano profissional, cumpri hĂĄ muito os
8 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
terminação, quando entendo que por elas passam os superiores interesses da instituição que sirvo e que me comprometo, acima de tudo, a defender . Foi assim que se apresentou neste início de funções, assumindo o desafio de representar uma profissão de saúde com reconhecimento e solidez. E
a população que serve, é sinónimo de
de acordo com o evoluir da ciência.
assumir este desafio ‒ frisou ‒ repre-
segurança, de qualidade, de eficácia
Sobre a sua actuação no mandato
senta uma permanente atenção face
e de valor acrescentado para o país.
que lhe foi conferido pela maioria dos
às novas exigências que se colocam
Porque os farmacêuticos têm, com
eleitores, Irene Silveira adiantou que
aos farmacêuticos. Porque os novos
sucesso, posto em prática o seu saber
assentará em três pilares: qualidade,
tempos transportam novos desafios,
e, em cada momento, correspondido
segurança e informação.
requerem capacidade de adaptação
aos desafios que a saúde e o interesse
No cumprimento de uma missão em
e de uma mudança tranquila.
público vêm colocando. Daí o crédito
prol dos doentes e da sociedade, para
Uma mudança em que ‒ disse ‒ a sua
e o reconhecimento que a sociedade
a qual afirmou contar com a compe-
candidatura apostou e que agora vai
portuguesa tem demonstrado e que
tência, profissionalismo e elevada di-
praticar, num mandato que será guiado
diversos indicadores independentes
ferenciação ética de cada farmacêu-
pelos valores da lealdade, da transpa-
reputam muito positivamente.
tico. Estou consciente dos desafios
rência, do rigor e da verdade, sustentá-
Esta é ‒ sublinhou a nova bastonária
e das dificuldades que se colocam à
culos do dever ético de servir. Com o
no seu discurso de posse ‒ a orienta-
nossa profissão e, de forma alargada,
objectivo central de repor e ampliar a
ção matricial da profissão e é neste
ao sistema de saúde no nosso país.
confiança nos farmacêuticos e na ins-
eixo que a Ordem promoverá o exer-
Há mudanças e reformas inadiáveis.
tituição que os representa . Confiança
cício da profissão farmacêutica de
Há medidas e compromissos desajus-
que, sendo um valor imaterial, facilmen-
excelência. Defendendo o acto far-
tados. Há propostas e soluções a con-
te se degrada e dificilmente se recupera:
macêutico, não como reivindicação
cretizar . Neste cenário, a professora
uma palavra basta para a destruir e um
de poder, mas como salvaguarda da
da Universidade de Coimbra prome-
milhão de acções pode não ser suficien-
própria sociedade. E, neste contexto,
teu uma atitude dialogante e pró-ac-
te para a recuperar e consolidar. Mas é
é fundamental a autonomia técnico-
tiva com a tutela governativa e par-
científica do farmacêutico e que o acto
ceiros da saúde, com o objectivo de
farmacêutico não seja exercido por
estimular o debate e a reflexão sobre
quem não está habilitado para tal .
a intervenção farmacêutica. Afirmou-
É um exclusivo dos farmacêuticos, na
se ainda apostada em estratégias que
medida em que assentam a sua inter-
valorizem os ganhos em saúde, em
venção num percurso de qualificação
nome dos doentes e de um sistema
Foi como bastonária de todas as farma-
e competência profissional que se
de saúde que dê respostas sustenta-
cêuticas e farmacêuticos portugueses
inicia na sua formação universitária
das às necessidades da sociedade.
que Irene Silveira se definiu, assumin-
diferenciada e prossegue ao longo da
Saberemos em cada momento posicio-
do a defesa dos seus direitos como
vida, mediante acções de formação
nar a intervenção farmacêutica para que,
pilar da sua intervenção nos próximos
contínua pós-graduada que os quali-
positivamente, faça parte da solução dos
três anos. Os direitos de quem, perante
ficam a exercer novas competências
problemas do sistema de saúde .
esse o propósito da nova Ordem.
Defender os direitos de todos
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦
9
MLIFQF@> MOLCFPPFLK>I Novos ĂłrgĂŁos nacionais Foi a 11 de Julho que tomaram
João Mendonça em Lisboa
Margarida Caramona preside Ă
posse os novos ĂłrgĂŁos nacionais
Prof. João Mendonça
Prof. Batel Marques
da Ordem dos FarmacĂŞuticos,
A Secção Regional de Lisboa Ê
Mesa da Assembleia Regional,
resultantes do escrutĂnio de 21 de
presidida, desde 10 de Julho, por
tendo como secretĂĄrios Paulo
Junho. A par da bastonĂĄria, Irene
João Mendonça, que encabeçava
Soares e Rute Salvador. No
Silveira, assumiram funçþes os
a lista J, vencedora das eleiçþes de
Conselho Jurisdicional assumiram
membros da Direcção Nacional, da
Junho. Com ele integram a direcção
funçþes AmĂlcar Ferreira, NatĂĄlia
Mesa da Assembleia Geral Nacional,
regional Paula Coelho, Maria AmĂŠlia
Valinha e JosĂŠ AntĂłnio Feio,
do Conselho Jurisdicional Nacional
Frade, Maria JosĂŠ Justo e JosĂŠ dos
enquanto no Conselho Fiscal
e do Conselho Fiscal Nacional.
Santos Miranda.
de Coimbra tomaram posse
AlÊm da bastonåria, a nova Direcção
Para a Mesa da Assembleia Geral foi
Humberto Gameiro, CĂŠsar de
Nacional integra, como vogais,
eleita Isaura Martinho, que presidirĂĄ
Pinho e Vladimiro Rodrigues da
Elisabete Faria, Carlos Marques e
acompanhada de JosĂŠ Gouveia
Silva.
Pedro Barosa e os presidente das trĂŞs
Marques e Joana SimĂŁo da Cruz,
Secçþes Regionais da Ordem - João
como secretĂĄrios.
Mendonça Lisboa, Franklim Marques
SĂŁo membros do Conselho
Porto, e Francisco Batel Coimbra.
Jurisdicional de Lisboa Maria
No Porto, foi a lista M que se
Quanto Ă Mesa da Assembleia Geral,
Augusta Soares, Jorge Barbosa
sagrou vencedora nestas eleiçþes,
Ê presidida por António Proença
e Jorge Martinho, enquanto o
pelo que Franklim Marques ĂŠ
da Cunha, tendo como secretĂĄrios
Conselho fiscal ĂŠ integrado por
o novo presidente da Secção
Paulo Arriscado e Adelina Gomes. A
Manuel Figueiredo, JoĂŁo Chaves e
Regional. Foi empossado a 10 de
presidĂŞncia do Conselho Jurisdicional
Helena Fetal.
Julho, a par dos restantes membros
Ramos, acompanhado por Aurora
Batel Marques em Coimbra
Fraga, Susana Maia, HĂŠlvio Bastos e JoĂŁo Ribeiro.
Carranho e FĂĄtima Neutel. Do
10 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
Franklim Marques no Porto
da sua direcção: os vogais Susana
Nacional estĂĄ a cargo de Fernando
Prof. Franklim Marques
Tomaz e Ana Constança Picado.
Conselho Fiscal Nacional fazem parte
Com a vitĂłria da lista E em Coimbra,
Empossados foram tambĂŠm os
os presidentes dos Conselhos Fiscais
Francisco Batel Marques ĂŠ o novo
membros do Conselho Jurisdicional
Regionais de Lisboa, Porto e Coimbra,
presidente da Secção Regional, cujos
regional ‒ NatÊrcia Teixeira, Maria
respectivamente Manuel Teixeira
novos ĂłrgĂŁos foram empossados a
LuĂsa Graça e Nuno GuimarĂŁes
Figueiredo, Humberto Antunes
10 de Julho. A sua equipa na direcção
‒ e os do Conselho Fiscal regional
Gameiro e JoĂŁo Carlos Figueiredo de
integra ainda Paulo Fonseca, Maria
‒ João Carlos Figueiredo, Vera Costa
Sousa.
Angelina Martins, Maria Mafalda
e JoĂŁo Paulo Carneiro.
MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I Estudo sobre a responsabilidade social das farmĂĄcias
Uma mais-valia As farmĂĄcias e os farmacĂŞuticos que nelas trabalham constituem uma considerĂĄvel mais-valia para a sociedade. A conclusĂŁo ĂŠ de um estudo sobre a responsabilidade social das farmĂĄcias promovido pelo ISCTE para a Ordem dos FarmacĂŞuticos.
O desafio partiu da Ordem dos
farmacĂŞuticos que nelas trabalham e
FarmacĂŞuticos e foi concretizado
dos seus clientes? Em segundo lugar,
Num momento em que a crise de
pelo Instituto de CiĂŞncias do Trabalho
em que medida esta orientação social
identidades estĂĄ na ordem do dia, os
e da Empresa (ISCTE): tratava-se de
integra a identidade das farmĂĄcias?
farmacĂŞuticos estĂŁo a construir uma
caracterizar e dimensionar a respon-
A resposta a estas questĂľes envolveu
identidade forte, alĂŠm de apresenta-
sabilidade social das farmĂĄcias portu-
cerca de 1400 farmacĂŞuticos e 1200
rem um elevado nĂvel de identifica-
guesas. Perante este desafio, a equipa
clientes de farmĂĄcias, resultando, das
ção com a profissão .
de investigadores ‒ Francisco Nunes,
respectivas percepçþes, aquilo que
AlĂŠm disso, as farmĂĄcias orientam a
LuĂs Martins e Alzira Duarte ‒ colocou
os investigadores reputam como um
sua razĂŁo de ser para a prevalĂŞncia
duas questĂľes essenciais, que viriam
retrato fiel do sector das farmĂĄcias .
da ideia de promoção da saúde, e
a nortear o estudo. Em primeiro lugar,
Desse retrato emerge a conclusĂŁo de
nĂŁo tanto para a mera dispensa de
qual o reconhecimento da sua res-
que os farmacĂŞuticos portugueses
medicamentos: DirĂamos que a sua
ponsabilidade social, por parte dos
partilham valores de profissionalis-
missĂŁo poderia ser enunciada como
12 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
mo, de colectivismo e de realização:
a criação de condições de saúde para
do que reconhecem existir noutras
de cuidados de saúde, os farmacêu-
a comunidade, constituindo-se como
entidades, como centros de saúde,
ticos e as farmácias nas quais traba-
um espaço de saúde ao serviço do
hospitais ou consultórios.
lham, pela orientação da identidade
utente .
Acresce que a sua relação com os
organizacional e dos modelos de
E, dado tratar-se de negócios criados
profissionais das farmácias se caracte-
gestão, pelo seu envolvimento activo
e geridos por profissionais, as farmá-
riza por forte confiança e sentimento
na criação de estruturas, programas
cias emergem como territórios em
de personalização, ao mesmo tempo
e acções tendentes à promoção da
que se desenvolvem duas lógicas dis-
que é reconhecida nitidamente a
saúde, constituem uma considerável
tintas sobre a sua natureza e funções
contribuição das farmácias para a
mais-valia para a sociedade .
a desempenhar: um sistema organi-
comunidade, o que lhes granjeia um
zado para competir no mercado ver-
elevado nível de reputação.
sus um espaço profissional ao serviço
De forma concordante, a satisfação
da comunidade.
global com o serviço e a lealdade face
Em análise esteve igualmente a per-
à farmácia são muito elevadas, com
O ponto de partida para o desen-
cepção quanto ao desempenho das
os clientes a sinalizarem taxas muito
volvimento deste estudo, assente
farmácias, evidenciando-se que os
significativas de aconselhamento por
nas duas questões já mencionadas,
farmacêuticos tendem a considerar
parte do farmacêutico. Neste âmbito,
constituiu precisamente a definição
esse desempenho elevado, se bem
80 por cento dos que participaram
daquilo que se entende por respon-
que haja ainda bastante espaço de
no estudo afirmaram ter pedido pelo
sabilidade social.
progressão. Elevada é também a re-
menos uma vez em seis meses um
Assim, para a equipa do ISCTE, abran-
putação percebida, ou seja, o que
conselho ao farmacêutico, com 50
ge as decisões dos gestores sobre
os farmacêuticos pensam acerca da
por cento a revelarem ter evitado, as-
aquilo que consideram ser as me-
imagem da farmácia no exterior.
sim, pelo menos uma ida ao médico.
lhores formas de conduzir os seus
A par, foi identificado um fortíssimo
A qualidade do serviço ‒ conclui o
negócios, bem como o desenvolvi-
envolvimento em práticas de respon-
estudo ‒ é o factor que melhor se
mento de acções que vão para além
sabilidade social, tanto internas como
associa à satisfação dos clientes,
dos interesses económicos e técnicos
externas, o que, segundo a equipa do
nessa qualidade se incluindo o ser-
inerentes à existência das empresas e
ISCTE, faz deste sector de micro-em-
viço em si, os horários e a disponi-
dos seus detentores, conferindo um
presas um caso verdadeiramente pa-
bilidade dos produtos. A satisfação
sentido mais amplo ao exercício da
radigmático no contexto europeu .
está igualmente relacionada com
actividade económica, designada-
É esta orientação das farmácias que
a contribuição das farmácias para a
mente de contribuição para a quali-
ajuda a explicar a avaliação extrema-
comunidade e com o grau de con-
dade de vida das populações.
mente positiva que os clientes fazem
fiança depositado na interacção com
No que respeita às farmácias foram
da qualidade do serviço prestado.
os seus profissionais.
equacionadas três vertentes: os va-
Aliás, os clientes são mesmo capazes
Em resumo,
enquanto elementos
lores e crenças dos farmacêuticos, as
de diferenciar este nível de qualidade
integrantes do domínio da prestação
práticas de responsabilidade social
Uma missão de saúde
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 13
MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I
e o reconhecimento por parte das
moção da saúde. Mas ficou claro que
Um resultado que contrasta com a in-
audiĂŞncias relevantes. Num contex-
predomina a identidade focada na
tensidade da identificação do farma-
to especĂfico: o facto de os gestores
saĂşde do utente, em detrimento da
cĂŞutico com o seu local de trabalho,
das farmĂĄcias serem, tambĂŠm, re-
mera dispensa, mesmo eficiente, de
dimensĂŁo que obteve uma mĂŠdia
presentantes de uma profissĂŁo em
medicamentos: numa escala de um a
global de quatro pontos.
evolução, caracterizada por elevados
cinco, a promoção da saúde obteve
nĂveis de institucionalização e capaz
uma valoração mÊdia de 4,6 pontos,
ela prĂłpria de moldar a auto-imagem
contra 3,6 para a dispensa.
de quem a exerce.
Ainda neste âmbito, e visando afinar
O primeiro aspecto em anĂĄlise foi o
o conteĂşdo da missĂŁo das farmĂĄcias
dos valores dos farmacĂŞuticos, com
portuguesas, foi pedido aos inquiri-
os resultados a apontarem para uma
dos que, numa sĂł frase, definissem
Em foco neste estudo esteve tambĂŠm
forte identificação com a profissão,
essa missĂŁo. A maioria das respostas
a dimensĂŁo das farmĂĄcias enquanto
com uma mĂŠdia de 6,4 pontos num
oscilou entre a criação de condiçþes
empresas, com requisitos de estru-
mĂĄximo de oito. E com algumas par-
de saĂşde para a comunidade (40 por
turação interna, com finalidades de
ticularidades: o facto de as farmacĂŞu-
cento), a criação de um espaço de
maximização de resultados e a operar
ticas apresentarem um nĂvel de iden-
saúde (28 por cento) e o serviço ao
num ambiente concorrencial. Nelas
tificação ligeiramente superior ao dos
utente (24 por cento). O que orien-
coexistem duas lĂłgicas distintas no
farmacĂŞuticos, o mesmo acontecen-
tou os investigadores no sentido de
que concerne à caracterização do
do com os directores tĂŠcnicos face
definir a missĂŁo das farmĂĄcias portu-
modelo de negócio ‒ uma lógica pro-
aos demais profissionais. AlĂŠm disso,
guesas ‒ com base na percepção dos
fissional e uma lĂłgica administrativa.
com a idade aumenta essa identifica-
que nelas trabalham ‒ como sendo a
E o que se verificou foi um predomĂ-
ção.
criação de condiçþes de saúde para a
nio da primeira sobre a segunda, com
Enquanto profissionais, os farmacĂŞu-
comunidade, constituindo-se como
os farmacĂŞuticos a atribuĂrem Ă lĂłgica
ticos trabalham em organizaçþes do-
um espaço de saúde ao serviço do
profissional uma mĂŠdia de 4,4 pontos,
tadas de identidade prĂłpria, que o es-
utente.
contra 3,6 da lĂłgica administrativa.
tudo procurou tambĂŠm avaliar. Uma
PorĂŠm, na lĂłgica do estudo, esta
Este ĂŠ o modelo de negĂłcio existen-
anĂĄlise com base em trĂŞs componen-
acepção da farmåcia apenas poderå
te. E qual o desejado pelos farmacĂŞu-
tes essenciais: a missĂŁo da farmĂĄcia
ser potenciada se for perceptĂvel a
ticos? Essencialmente, um modelo
(isto ĂŠ, a sua principal razĂŁo de ser), a
existĂŞncia de uma identidade for-
com o mesmo padrĂŁo, o que, na lei-
força da identidade organizacional e
te, isto ĂŠ, um entendimento claro e
tura dos investigadores do ISCTE, tra-
a identificação organizacional.
partilhado sobre o propĂłsito da far-
duz a capacidade de os profissionais,
O que se verificou foi que os farma-
mĂĄcia. E neste aspecto particular os
a partir da sua experiĂŞncia colectiva,
cĂŞuticos concebem a missĂŁo das far-
inquiridos revelaram-se moderados,
introduzirem mudanças que têm per-
mĂĄcias a partir de duas dimensĂľes: a
com o resultado mĂŠdio a situar-se
mitido chegar ao patamar que preco-
dispensa de medicamentos e a pro-
nos 3,3 (em cinco pontos possĂveis).
nizam.
14 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
Um negĂłcio mas orientado para a comunidade
MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I Significarå esta aproximação que os far-
Na vertente interna, os investigado-
por cento das envolvidas no estudo
macĂŞuticos vĂŞem a sua farmĂĄcia como
res puderam, desde logo, registar
‒ que praticam a venda de medica-
uma entidade com elevado desempe-
uma grande intensidade de prĂĄticas,
mentos a crĂŠdito, valor de muito
nho? O estudo procurou dar resposta
sendo consideradas de excelĂŞncia
difĂcil aproximação noutros sectores
a esta questĂŁo, verificando-se que o
pelos directores tĂŠcnicos as que se
da economia .
desempenho mĂŠdio percebido pelos
prendem com as condiçþes de saú-
Assim, as prĂĄticas mais frequentes
farmacĂŞuticos se situa nos 3,75 pontos
de e de segurança, a auscultação dos
sĂŁo, como seria expectĂĄvel , as que
(na mesma escala de um a cinco).
colaboradores, a não discriminação,
se orientam para a relação com os
E quanto ao grau de reputação que
a flexibilidade de horĂĄrios e os ajus-
clientes da farmĂĄcia e as orienta-
a farmĂĄcia projecta no exterior? Qual
tamentos entre a vida profissional e a
das para a comunidade em geral.
o grau de consciĂŞncia que os farma-
vida familiar.
Destaca-se igualmente uma dimen-
cĂŞuticos possuem sobre o impacto
A dimensĂŁo interna da responsabi-
sĂŁo mais institucionalizada orienta-
da sua farmĂĄcia na comunidade? As
lidade social nas farmĂĄcias mostrou
da para a adopção e integração de
respostas foram bastante consen-
ser particularmente expressiva em
iniciativas,
suais, com a mÊdia a alcançar os 4,4
termos de condiçþes de trabalho (es-
abrangem os programas de cuida-
pontos, o que permite concluir que
paços destinados aos colaboradores,
dos farmacĂŞuticos, o recurso aos
os farmacĂŞuticos atribuem uma forte
condiçþes de saúde e de segurança),
centros de informação e a colabo-
eficĂĄcia social Ă s farmĂĄcias nas quais
bem como de desenvolvimento pes-
ração em estudos de utilização de
exercem a sua actividade.
soal (formação, condiçþes de capaci-
medicamentos.
A esta realidade nĂŁo ĂŠ certamente
tação e empregabilidade) e no que se
No caso particular da intervenção
alheia a orientação das farmåcias para
prende com a qualidade de vida dos
farmacĂŞutica, o estudo salienta que
a comunidade, visĂvel quer no mode-
colaboradores.
quase metade das farmĂĄcias inquiri-
lo de negĂłcio, quer na actividade em
No que respeita Ă dimensĂŁo externa
das esteve ou estĂĄ envolvida em pro-
si, alicerçada na crença dos farmacêu-
da responsabilidade social nas far-
gramas de identificação de suspeitos
ticos sobre a natureza profissional e
mĂĄcias, as prĂĄticas mais frequentes
de risco em doenças crónicas, em
social do sector.
‒ referidas por mais de 75 por cento
programas de cuidados farmacĂŞu-
dos directores tÊcnicos ‒ envolvem
ticos na diabetes e na hipertensĂŁo,
o programa Valormed, a informação
bem como em campanhas de cessa-
à população atravÊs de folhetos e
ção tabågica.
publicaçþes periĂłdicas, o apoio Ă
Perante estes resultados, e atenden-
promoção e utilização de medica-
do ao facto de o sector ser composto
mentos genĂŠricos, o apoio a insti-
por micro-empresas, concluem os au-
Com a responsabilidade social das far-
tuiçþes sociais e o encaminhamen-
tores deste trabalho estar-se perante
mĂĄcias a determinar este estudo, fo-
to ou indicação de doentes para
uma realidade exemplar do ponto
ram identificadas as diferentes prĂĄticas
consulta mĂŠdica. Os investigadores
de vista das prĂĄticas de responsabili-
passĂveis de enquadramento no sector,
salientam, neste âmbito, a eleva-
dade social, tanto do ponto de vista
tanto a nĂvel interno como externo.
da percentagem de farmåcias ‒ 89
interno como externo .
Responsabilidade social: uma realidade exemplar
16 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
multistakeholder,
que
As farmácias vistas pelos clientes Satisfação, confiança, reconhecimento: estes são os denominadores comuns da avaliação das farmácias pelos seus clientes, de acordo com as conclusões do estudo do ISCTE. Do inquérito aos profissionais ‒ di-
buição da farmácia para o bem-estar
Um valor decerto influenciado pelo
rectores técnicos e demais farma-
dos utentes.
facto de a maioria (60 por cento) ser
cêuticos ‒ resultou evidente uma
Disponibilizaram-se a participar 1200
portador de doença crónica, o que
clara orientação da actividade para
clientes, de um conjunto de 30 far-
implica a realização de terapêutica
o bem-estar da comunidade. Uma
mácias
continuada com medicamentos.
orientação visível na identidade das
e distribuídas aleatoriamente pelo
À frequência das visitas também não
farmácias, nos modelos de negócio
país. O critério de inclusão conside-
será alheia a acessibilidade, porquan-
a elas associadas, nas práticas de res-
rou clientes todos os utentes que,
to, em média, os inquiridos demo-
ponsabilidade social e na reputação
nos seis meses anteriores ao estudo,
ram 8,6 minutos a chegar à farmácia,
que os farmacêuticos reconhecem
tinham ido pelo menos uma vez à far-
com 34 por cento a necessitarem de
nas farmácias em que trabalham.
mácia em causa.
apenas cinco minutos e 19 por cento
Uma tendência muito vincada que,
Com uma média de idades a rondar
a levarem mais de dez minutos.
na óptica dos investigadores, apenas
os 50 anos e maioritariamente do
ganha significado se ratificada pelos
sexo feminino, verificou-se, antes
clientes das farmácias. Daí que o estu-
de mais, uma elevada intensidade
do tenha envolvido uma abordagem
de contacto com a farmácia, com
centrada na visão das farmácias pelos
45 por cento a contabilizar 11 ou
E como vêem os utilizadores o ser-
clientes, com base em seis dimensões
mais visitas no espaço de tempo
viço prestado pela farmácia? Numa
‒ qualidade, relação entre os clientes
em questão, outros oito por cento a
escala de um a cinco, a média das
e os profissionais, reputação, satisfa-
mencionar sete a dez visitas e 30 por
respostas apontou para os 4,5, com
ção, lealdade e percepção da contri-
cento a indicar quatro a seis idas.
a pontuação mais baixa ‒ mas ain-
previamente
identificadas
Valores difíceis de superar
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 17
MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I Os farmacĂŞuticos sĂŁo vistos como fonte credĂvel de informação e conselho: 80 por cento dos inquiridos declararam ter recorrido ao aconselhamento farmacĂŞutico pelo menos uma vez nos seis meses em apreço, 53 por cento solicitaram conselho uma a trĂŞs vezes e 20 por cento quatro a seis vezes.
da assim de quatro ‒ a ser atribuĂda
percepção dos clientes sobre o sec-
NĂŁo sĂŁo, pois, de estranhar os eleva-
ao espaço disponĂvel para esperar
tor, os autores deste trabalho integra-
dos Ăndices de lealdade dos clientes
em caso de necessidade. Os de-
ram na anĂĄlise dois tipos de respostas
face Ă farmĂĄcia: ĂŠ muito intensa (4,5)
mais parâmetros suscitaram nĂveis
dos clientes: por um lado a satisfação,
a disponibilidade para a recomendar a
de satisfação superiores, nomeada-
de carĂĄcter mais emocional; por ou-
amigos e elevado o desejo de se man-
mente a localização da farmåcia, a
tro a lealdade, de natureza mais com-
ter como cliente (4,1), mesmo que
disponibilidade dos medicamentos,
portamental.
outras farmåcias ofereçam melhores
os serviços disponĂveis, a imagem
Os resultados obtidos denotam nĂ-
condiçþes (4,1). E Ê clara (4,1) a dispo-
da farmĂĄcia, o horĂĄrio, a facilidade
veis de satisfação
nibilidade para argumentar a favor da
de movimentos no seu interior e a
uma mĂŠdia igual ou superior a 6,5 em
farmĂĄcia se outros a criticarem.
existência de espaço reservado para
todos os parâmetros, em sete pon-
Ficou ainda evidente que os farma-
um diĂĄlogo mais privado com o far-
tos possĂveis. Um valor ‒ sublinham
cĂŞuticos sĂŁo vistos como fonte cre-
macĂŞutico.
‒ extremamente difĂcil de ultrapas-
dĂvel de informação e conselho: 80
A par da qualidade, os clientes valori-
sar pelas prĂłprias farmĂĄcias, ao mes-
por cento dos inquiridos declararam
zam o contacto com os profissionais,
mo tempo que se situa num padrĂŁo
ter recorrido ao aconselhamento far-
com a dimensão de confiança a atin-
muito dificilmente atingĂvel por ou-
macĂŞutico pelo menos uma vez nos
gir um nĂvel mĂŠdio de 4,4, seguida da
tras entidades . O que se comprova
seis meses em apreço, 53 por cento
personalização, com 4,1. Um pouco
quando se compara o grau de satisfa-
solicitaram conselho uma a trĂŞs vezes
abaixo ficou o factor de antecipação
ção gerado por outros prestadores de
e 20 por cento quatro a seis vezes.
(das necessidades), com 3,6.
cuidados de saĂşde: as farmĂĄcias sĂŁo
Em consequĂŞncia, 50 por cento dos
Quanto à reputação, verificou-se um
as mais bem colocadas de entre en-
clientes reconheceram ter evitado,
claro reconhecimento da contribui-
tidades pĂşblicas e privadas, sendo os
pelo menos uma vez naquele perĂo-
ção das farmåcias para a comunida-
centros de saĂşde e hospitais do SNS
do, uma ida ao mĂŠdico.
de, avaliada em 4,3 num mĂĄximo de
os que geram uma satisfação mais
Daqui se infere que ĂŠ notĂłrio, e reco-
cinco pontos.
modesta (trĂŞs pontos contra 4,3 das
nhecido, o contributo das farmĂĄcias
Para um melhor conhecimento da
farmĂĄcias, num mĂĄximo de cinco).
para o bem-estar da comunidade.
18 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
elevadĂssimos :
MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I
RelatĂłrio de Primavera ANF com peso acrescido
FarmĂĄcias e medicamentos vistos pelo OPSS O governo falhou na sua intenção de controlar o peso da ANF no sector das farmĂĄcias. Esta ĂŠ uma das conclusĂľes do RelatĂłrio de Primavera 2007, do ObservatĂłrio PortuguĂŞs dos Sistemas de SaĂşde, que passa em revista a governação na ĂĄrea da SaĂşde. Com olhar crĂtico, que avalia prioridades e sustenta recomendaçþes.
Desde o inĂcio da sua governação
indiscutĂvel o peso acrescido da ANF
transcreve do documento produzido
que o MinistĂŠrio da SaĂşde elegeu,
na ĂĄrea da farmĂĄcia em Portugal.
‒ o Relatório de Primavera 2007.
como um dos eixos da polĂtica do
Foi a esta conclusĂŁo que chegou a
Justificando a contradição entre as
medicamento, o controlo da acção
equipa do ObservatĂłrio PortuguĂŞs
intençþes atribuĂdas ao MinistĂŠrio da
da Associação Nacional das Farmåcias
dos Sistemas de SaĂşde (OPSS) na
SaĂşde e a realidade, o ObservatĂłrio
(ANF), nomeadamente enquanto in-
sua avaliação da acção governativa
invoca um conjunto de factos, neles
termediĂĄria financeira. Volvidos dois
na ĂĄrea da SaĂşde, em particular no
incluindo a profunda reorganização
anos, e ao contrĂĄrio do que pareciam
capĂtulo sobre as farmĂĄcias e os me-
interna a que a ANF procedeu, no-
ser as intençþes do governo, parece
dicamentos. Uma conclusĂŁo que se
meadamente a empresarialização de
20 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
estruturas como o LEF e o CEFAR e a criação da Escola de
desta desregulamentação: o facto de, segundo dados do
Pós-Graduação em Saúde e Gestão. Destaca, igualmente,
Infarmed, os analgésicos e antipiréticos constituírem 26 por
a constituição da empresa de factoring Fininfarma, a que
cento do total de embalagens vendidas fora das farmácias.
praticamente a totalidade das farmácias cedeu as dívidas
Números que suscitam preocupação face aos conhecidos
dos fornecimentos ao SNS, tornando inoperante o Fundo
efeitos da utilização inadequada daqueles fármacos, no-
de Garantia do Estado .
meadamente toxicidade renal e toxicidade hepática. Daí
No domínio das relações entre as farmácias e o Ministério,
‒ defende ‒ a necessidade de medidas educacionais junto
o Observatório avalia ainda o Compromisso com a Saúde,
da população em geral por parte do Ministério da Saúde.
firmado em Maio de 2006 entre o Governo e a ANF. Das me-
Necessária é igualmente informação sobre a existência e
didas legisladas à data da produção deste relatório, a cria-
o número de estabelecimentos de venda de MNSRM au-
ção de farmácias de venda ao público nos hospitais merece
torizados que, entretanto, tenham descontinuado a acti-
um olhar cauteloso, por se afigurar um dossier complexo,
vidade, bem como uma comparação de preços praticados
sobretudo pela natureza do impacto que poderá vir a ter
pelas farmácias e pelos novos canais de venda.
no mercado dos medicamentos e nas próprias farmácias comunitárias .
Venda de MNSRM: balanço contextualizado, precisa-se
Controlo da despesa: que impacto sobre os cidadãos? Ainda em matéria de preços, o OPSS faz uma breve retrospectiva das alterações mais recentes, designadamen-
Medida emblemática da actual governação é a desregu-
te a descida de seis por cento registada no início do ano,
lamentação da venda de medicamentos não sujeitos a re-
com afectação das margens dos agentes. Menciona ainda
ceita médica (MNSRM). É com ela, aliás, que o Observatório
medidas anunciadas, como o novo método de cálculo de
abre o capítulo reservado às farmácias e aos medicamen-
preços a partir dos países de referência e a diminuição do
tos, primeiro para elogiar a disponibilização de dados so-
preço dos genéricos em função das quotas de mercado
bre a evolução do novo mercado, depois para reclamar
das respectivas substâncias activas, para sublinhar que
um balanço global dos resultados obtidos face aos ob-
carecem de uma análise mais sustentável, em particular
jectivos pretendidos. Um balanço que o Governo deveria
no que concerne ao seu impacto sobre os cidadãos. Uma
apresentar até final da legislatura, contextualizando-o à
análise com lugar já garantido no próximo relatório, que
luz dos exemplos e experiências internacionais.
abordará dez anos de investimento político e económico
É precisamente à luz da vasta experiência internacional
nos medicamentos genéricos.
que o OPSS chama a atenção para uma das consequências
As mexidas a nível de preços e comparticipações permitiFARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 21
MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I
ram que se verificasse uma das metas
apresentados fossem confrontados
do Governo ‒ o crescimento zero na
com os produzidos por entidades con-
despesa com medicamentos em am-
gĂŠneres e/ou fontes independentes de
bulatĂłrio.
avaliação de medicamentos. Em nome
A finalizar o capĂtulo dedicado
O ObservatĂłrio reconhece que se
da transparĂŞncia.
Ă s farmĂĄcias e medicamentos, o
trata de um ĂŞxito polĂtico para o
É ainda de informação que se trata
OPSS aponta os riscos de dois anos
Governo , mas ressalva que, face ao
quando o OPSS critica a ausĂŞncia
centrados exclusivamente no con-
crescimento global do mercado, a
de medidas destinadas à promoção
trolo da despesa: ĂŠ certo que se
natureza da construção deste objec-
da racionalidade da farmacoterapia.
conseguiram resultados imediatos
tivo carece de anĂĄlise mais profunda,
Não se regista ‒ sublinha ‒ produ-
favorĂĄveis, mas nĂŁo se procedeu
nomeadamente num dos seus pon-
ção de informação sobre utilização
a
tos fulcrais: a repartição dos encargos
de medicamentos, nem divulgação
funcionais e tĂŠcnico-cientĂficos na
entre o SNS e os cidadĂŁos.
dos relatórios de avaliação pericial
relação com a oferta e com a pro-
A propĂłsito, o ObservatĂłrio espera
dos pedidos de comparticipação
cura, o que poderå ter limitaçþes a
que seja disponibilizada pelo Infarmed
de medicamentos para o mercado
curto prazo , alĂŠm de que nĂŁo foi
a informação estatĂstica que permita
ambulatĂłrio. NĂŁo se regista tam-
demonstrado que (este foco exclu-
delinear conclusĂľes mais consistentes
bĂŠm um investimento detectĂĄvel
sivo na despesa) se constitua em
sobre o ambulatĂłrio e sobre a despesa
no sistema de farmacovigilância
garante da sustentação a mÊdio e
em meio hospitalar, cuja taxa de cres-
nem a existĂŞncia de planos de for-
longo prazo .
cimento - anunciou-se - nĂŁo deveria
mação e de informação dirigidos Ă
Ao Governo, recomenda que tenha
ultrapassar os quatro por cento.
prescrição e utilização racional dos
muito clara a extensĂŁo na qual as
Em relação aos hospitais, o Observatório
medicamentos.
medidas centradas em cortes na des-
considera louvåvel a criação de uma
Ora, sendo esta uma matĂŠria tĂŁo sen-
pesa - exclusivamente ditadas por
comissão para avaliação pericial prÊvia
sĂvel do lado do cidadĂŁo e tĂŁo estrutu-
metas orçamentais prÊ-estabelecidas,
à introdução de novos medicamentos.
rante do lado do sistema de saĂşde, ĂŠ
com aumento de encargos directos
Salvaguarda, contudo, que seria muito
com apreensĂŁo que o ObservatĂłrio
para os doentes - induzem ganhos
útil que as avaliaçþes propostas fossem
encara esta ausĂŞncia de investimen-
de eficiĂŞncia e nĂŁo comprometem o
objecto de comentĂĄrio e acompanha-
to. Em seu entender, a identificação e
acesso e a equidade no acesso aos
mento por entidades interessadas e
prevenção da iatrogenia medicamen-
medicamentos.
que o relatĂłrio final fosse alvo de di-
tosa deveria constituir uma prioridade
Um aspecto a que o ObservatĂłrio
vulgação pública. E que os resultados
na agenda do MinistĂŠrio da SaĂşde.
promete estar atento.
22 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
Dois anos em balanço
investimentos
organizativos,
Luzes e Sombras É este o título do Relatório de Primavera 2007 do OPSS. Das luzes de um ano de governação destaca a determinação para empreender reformas. Já das sombras lamenta a insuficiente sensibilidade social e uma sensação de défice de transparência.
É um balanço sumário de um ano de
uma sensação de défice de trans-
governação o que o Observatório faz
parência , acompanhada por uma
a terminar o Relatório de Primavera
sequência de decisões e avanços
Numa retrospectiva dos aspectos
2007. Um ano em que ‒ reconhe-
com a aparência de desagregados
mais relevantes do último ano, o
ce ‒ houve aspectos e decisões
e até descoordenados .
observatório elege, pela positiva, a
positivas e até consonantes com
Na óptica do Observatório, não
reforma dos cuidados primários, a
um novo serviço público de saú-
basta que os governantes tenham
atenção aos cuidados continuados,
de , anunciado quando o actual
estratégias, competência técnica
a racionalização e reorganização da
Governo tomou posse.
e experiência ajustadas ao cargo,
rede de cuidados e a dotação e exe-
Desde então, o Governo tem criado
nem que o desempenhem com
cução orçamental.
na opinião pública uma imagem de
base nos legítimos interesses da
Em matéria de cuidados primários,
determinação e até coragem para
população. As boas práticas de go-
considera que o (re)início da reforma
fazer reformas necessárias . Todavia,
vernação exigem uma interacção
constitui uma das políticas sociais de
esta imagem tem sido, muitas ve-
entre o Estado, a sociedade civil e
maior alcance do Governo. Reconhece
zes, acompanhada de uma outra, a
o sector privado e um papel crítico
que é um processo difícil e com riscos,
de uma insuficiente sensibilidade
no desenvolvimento humano.
mas essencial, na medida em que cria
social face às condições reais em
Exigem participação, visão estraté-
pequenas equipas de saúde próximas
que vivem os portugueses .
gica, prestação de contas e trans-
das pessoas e torna a gestão dos cen-
Ao mesmo tempo,
parência.
tros de saúde finalmente viável.
manteve-se
Pela positiva
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 23
MLIkQF@> MOLCFPPFLK>I Uma polĂtica fragmentada pode levar Ă percepção de retracção do serviço pĂşblico e da protecção social na saĂşde e Ă imagem de pouca sensibilidade social.
Quanto Ă reforma dos cuidados para
Pela negativa
local de infra-estruturas da saĂşde , segundo uma gestĂŁo local integra-
os doentes crĂłnicos, socialmente dependentes, entende o ObservatĂłrio
Igualmente relevantes, mas pela ne-
da, com definição de prioridades e
que contribuirĂĄ tambĂŠm para um
gativa, foram, na leitura do OPSS, a
participação dos vårios actores lo-
melhor funcionamento das unida-
ausĂŞncia de debate sobre a polĂtica
cais. É que ‒ adverte ‒ uma polĂtica
des hospitalares e de toda a rede de
de saúde, a fragmentação e inconsis-
fragmentada pode levar à percepção
cuidados.
tĂŞncia da abordagem local e a falta
de retracção do serviço público e da
Em relação à racionalização desta
de centralidade do acesso e qualida-
protecção social na saúde e à ima-
rede, nota o encerramento de blocos
de nos cuidados de saúde no âmbito
gem de pouca sensibilidade social. É
de parto que, por razĂľes de qualida-
das prioridades do ministĂŠrio.
preciso criar confiança no cidadão.
de e segurança, deviam ser fechados,
Enquanto na Europa se assiste a uma
Nesta anĂĄlise dos pontos negativos,
as medidas de reestruturação das
feliz e frutuosa turbulĂŞncia de ideias
o ObservatĂłrio lamenta que o aces-
urgências e de intervenção nos SAP.
no sentido de reformar os sistemas
so dos cidadãos aos cuidados pareça
SĂŁo medidas que permitem uma uti-
de saĂşde e nos Estados Unidos se
estar fora da centralidade das prio-
lização mais inteligente dos escassos
começam a sentir os ventos de uma
ridades do ministĂŠrio e do discurso
recursos humanos da saĂşde, toma-
polĂtica de saĂşde mais preocupada
polĂtico.
das no âmbito de um processo que
com o bem-estar dos cidadĂŁos , por
E defende uma divulgação transpa-
afectou a imagem do MinistĂŠrio da
cĂĄ esse debate quase nĂŁo existe.
rente da situação de espera cirúrgi-
SaĂşde e a coerĂŞncia do seu processo
Mas, para o ObservatĂłrio, ĂŠ urgente
ca, com dados por hospital, serviço
de decisĂŁo.
promover tal debate com discussĂľes
e tipo de intervenção: um direito dos
No domĂnio orçamental, destaca o
pĂşblicas e propostas assumidas pe-
cidadĂŁos.
facto de nenhum ministro antes ter
los partidos polĂticos e inseridas nos
Em resumo, para o ObservatĂłrio
conseguido um orçamento próximo
programas eleitorais. SĂł assim haverĂĄ
PortuguĂŞs dos Sistemas de SaĂşde, a
de verdadeiro, apesar de muitos o
legitimidade para tomar decisĂľes.
governação deste último ano tem
terem tentado. Esta ĂŠ, sublinha, uma
A crĂtica do ObservatĂłrio estende-se
aspectos francamente positivos, fal-
importantĂssima contribuição deste
à sucessão de reestruturaçþes, inter-
tando-lhe, no entanto, uma maior pre-
ministro para a saĂşde do sistema de
vençþes em curso, considerando que
ocupação social na implementação,
saĂşde portuguĂŞs.
deveriam fazer parte de um plano
no concreto, das medidas tomadas .
24 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
CI>PEBP Madrid testa prescrição electrónica Um projecto-piloto destinado a testar a utilização de pres-
Propriedade de farmácia é direito exclusivo de farmacêuticos
crições electrónicas foi lançado a 20 de Abril em Madrid. O
O Parlamento da Bulgária adoptou uma nova lei do me-
projecto foi desenvolvido pelo Departamento Autónomo
dicamento, que vem colocar a legislação nacional em
de Saúde e Consumo de Madrid e pelo Colégio Oficial
consonância com a regulamentação da UE. Consta des-
de Farmacêuticos de Madrid. Os testes serão efectuados
ta lei a disposição que limita a propriedade de farmácia
em seis farmácias, prolongando-se por seis meses, pelo
de oficina às pessoas individuais licenciadas em Ciências
que os resultados da experiência poderão ser aferidos em
Farmacêuticas com, pelo menos, um ano de prática
Setembro.
profissional. O proprietário terá de trabalhar na própria
O projecto envolve médicos e farmácias que, por via elec-
farmácia. Controversa foi a medida que permite que as
trónica transmitem informação sobre a prescrição e sobre
cadeias de farmácia estabelecidas antes da introdução da
o modo de administração da terapêutica. Os doentes têm
nova lei se possam manter. In SCRIP News, 23/05/2007
oportunidade de aceder à terapêutica mais facilmente, bastando para tal apresentar o cartão de identidade nacional. O projecto visa reduzir o tempo de consulta médica e melhorar o acesso aos medicamentos. Por um lado o médico prescreve mais fácil e rapidamente; por outro, o doente tem um acesso facilitado aos medicamentos. Nos doentes crónicos, a medida evitará repetidas consultas médicas para renovação da prescrição, uma vez que a renovação pode ser automática. Foi prevista a concessão de subsídios para auxiliar as farmácias a cobrir as despesas iniciais com a introdução do sistema. Prevê-se que a prescrição electrónica seja implementada em toda a região de
Irlanda reduz preços de medicamentos de marca e genéricos O Health Service Executive (HSE) da Irlanda implementou a primeira fase de uma redu-
Madrid até ao final de 2009. In SCRIP News, 4/04/2007
ção de 35 por cento no preço dos medicamentos de marca que são protegidos por patente há muitos anos, e também dos genéricos. Inicialmente, a redução será de cinco a 20
Mylan Laboratories adquire Merck Generics
por cento. A redução de 35 por cento levará quatro anos
O
Mylan
para ser atingida. A descida dos preços nos medicamentos
Laboratories comprou a divisão de genéricos da Merck por
que já perderam a sua patente levanta algumas questões
4,9 mil milhões de euros, ou seja, 2,7 vezes o volume anu-
relativamente à necessidade de redução dos preços nos
al de negócios desta, que é de 1,8 mil milhões de euros.
medicamentos genéricos equivalentes, dado que em al-
Esta aquisição permite à Merck concentrar-se nos sectores
guns casos a molécula original é mais barata que a gené-
químico e farmacêutico, e ao grupo Mylan ascender à ter-
rica. Esta medida de redução de preços, acordada entre
ceira posição do ranking mundial de produtores de gené-
o HSE e a associação da indústria farmacêutica, afecta
ricos, atrás do líder Teva e da Sandoz (da Novartis). A Merck
sobretudo as estatinas, um dos grupos mais prescritos na
Generics concentra a sua actividade nos EUA, Canadá,
Irlanda. As farmácias terão um mês para esgotar os stocks
França, Sul da Europa e Austrália.
que adquiriram ao preço antigo.
laboratório
farmacêutico
norte-americano
In www.expopharm.de Maio 2007
In SCRIP News, 2/03/2007 FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 25
OBRKFLBP MOLCFPPFLK>FP FarmĂĄcia ClĂnica
Um termo ainda incompreendido
Quem o afirma Ê Mara Guerreiro, membro da direcção da Sociedade
É em Outubro que se realiza, na cida-
ciedade europeia, quer nos eventos
de de Istambul, o 36Âş SimpĂłsio Anual
cientĂficos que promove.
da Sociedade Europeia de FarmĂĄcia
O termo ĂŠ muito incompreendido,
ClĂnica (ESCP, na sigla inglesa). Uma
nĂŁo obstante dizer respeito a todos
oportunidade para a partilha de ex-
nĂłs diariamente , sustenta. E este
periĂŞncias e conhecimentos num
todos nĂłs sĂŁo os farmacĂŞuticos de
domĂnio da intervenção farmacĂŞu-
oficina, como ela prĂłpria, que apli-
tica que carece de maior divulgação
cam, na sua intervenção quotidiana,
e que ainda se presta a algumas per-
os conceitos da FarmĂĄcia ClĂnica.
cepçþes incorrectas.
Para o pĂşblico em geral, clĂnico ĂŠ o
É esta desinformação que explica ‒ na
mĂŠdico. No entanto, em rigor, o termo
Ăłptica de Mara Guerreiro, membro da
aplica-se a qualquer intervenção de
domĂnio intrĂnseco Ă intervenção
direcção da ESCP desde 2004 ‒ a es-
um profissional de saĂşde junto de um
cassa participação de farmacêuticos
doente. É certo que o mÊdico Ê um
profissional.
de oficina portugueses, quer na so-
clĂnico, mas o farmacĂŞutico tambĂŠm
Europeia de FarmĂĄcia ClĂnica. Com o simpĂłsio anual da ESCP Ă porta, lança um repto aos farmacĂŞuticos de oficina portugueses: num mundo global, ĂŠ preciso conhecer o que se faz noutros paĂses neste
26 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
Promover a Farmácia Clínica o é, nomeadamente por via do acon-
É um facto ‒ reconhece Mara Guerreiro
selhamento associado, ou não, à dis-
‒ que os farmacêuticos hospitalares
Este é o propósito genérico da ESCP
pensa de medicamentos. Esta é, aliás,
têm uma oportunidade acrescida de
‒ Sociedade Europeia de Farmácia
a actividade clínica mais frequente, e
influenciar a prescrição, na medida em
Clínica, fundada em 1979 e que
também a mais visível, no que respeita
que acompanham os médicos nas suas
actualmente conta com membros de
aos farmacêuticos comunitários.
rondas diárias. Isso não significa, contu-
53 países, entre farmacêuticos, médicos,
Assim, é considerada clínica qualquer
do, que a farmácia clínica seja específi-
investigadores e formadores.
actividade que, orientada para o do-
ca, podendo ser aplicada em qualquer
Organização sem fins lucrativos, assume
ente, envolva ajudá-lo na utilização
outro ambiente de saúde.
como sua a missão de promover e
dos medicamentos da forma mais racional e de modo a retirar o máximo benefício terapêutico. Naturalmente
desenvolver o uso racional e apropriado
ESCP ‒ uma mão cheia de vantagens
que há actividades na farmácia de ofi-
dos medicamentos, pelo indivíduo e pela sociedade. Uma missão cuja concretização passa
cina que não são clínicas ‒ são todas
Pela dimensão que a farmácia clínica
pela formação dos profissionais
as actividades de retaguarda, que se
assume na intervenção farmacêutica,
de saúde, mediante a realização
prendem com a gestão. E há outras
Mara Guerreiro gostaria de ver mais
de encontros e cursos, e pelo
intervenções mais complexas que vão
farmacêuticos de oficina portugueses
acompanhamento das novas
para além da farmácia clínica. É o que
envolvidos na ESCP e nas suas activi-
áreas de investigação e formas de
acontece com a gestão da terapêutica
dades. São diversas as vantagens que
desenvolvimento profissional da prática
e os cuidados farmacêuticos. Também
encontra nesse maior envolvimento,
da farmácia clínica.
aqui ‒ ressalva Mara Guerreiro ‒ se
nomeadamente ao nível do acesso a
Neste âmbito dinamiza grupos de
gera alguma confusão, mas há crité-
recursos formativos e informativos.
interesse especial ‒ os Special Interest
rios que facilitam a distinção: assim, os
Um desses recursos, a que atribui
Groups ‒ em diversas áreas como
cuidados farmacêuticos são, essencial-
inegáveis potencialidades, é o PSAP
a Farmacocinética, a Oncologia, a
mente, orientados para os resultados
‒ Pharmacotherapy Sel-Assessment
Geriatria, a Farmacoeconomia e a
em saúde, envolvendo o acompanha-
Programme (à letra, Programa de
Farmacoepidemiologia.
mento e a monitorização a longo pra-
Auto-Avaliação em Farmacoterapia).
Anualmente, promove dois grandes
zo, enquanto a farmácia clínica é so-
Trata-se de uma fonte de informa-
encontros ‒ a Conferência da
bretudo orientada para o doente, em
ção sobre medicamentos cuja mais-
Primavera, dedicada a um tema mais
circunstâncias mais pontuais e com
valia é, sobretudo, a de incluir as
específico, e o Simpósio Anual, de
procedimentos menos padronizados.
novidades e os avanços dos últimos
temática mais abrangente. Além
Entre as percepções erradas que gravi-
anos, abdicando da revisão de toda
disso, a cada quatro anos promove
tam em torno da farmácia clínica está,
a terapêutica de uma determinada
uma conferência em conjunto com
também, a que a relaciona com a activi-
área, prática comum da literatura
a sua congénere norte-americana, o
dade hospitalar e não em ambulatório.
tradicional. Abrange, ainda, temáti-
American College of Clinical Pharmacy. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 27
OBRKFLBP MOLCFPPFLK>FP cas que os livros mais clĂĄssicos nĂŁo
Trata-se de um importante reposi-
desconto de 15 por cento na inscrição
cobrem.
tório de informação sobre a pråti-
anual. Um incentivo que poderĂĄ contri-
Entre elas Mara Guerreiro destaca o
ca profissional e a investigação em
buir para alargar a presença portuguesa.
capĂtulo sobre segurança dos medi-
farmĂĄcia clĂnica que os membros da
Dos cerca de mil membros, sĂŁo menos
camentos (medication safety), que
ESCP recebem por correio mas a que
de 40 os portugueses.
reputa de muito interessante, parti-
tambĂŠm podem aceder online.
NĂŁo obstante, nĂŁo faltam vantagens:
cularmente para quem frequentou
AliĂĄs, o simples acesso Ă PWS rentabi-
ser membro da ESCP ĂŠ, obviamente,
o primeiro curso de pós-graduação
liza a filiação na ESCP. Basta dizer que
custo-efectivo. Basta a inscrição numa
em Farmacoterapia da Escola de PĂłs-
a quota anual ĂŠ de 50 euros, inferior Ă
reuniĂŁo para compensar o valor da
Graduação em Gestão e Saúde.
de qualquer outra sociedade cientĂfi-
quota. Istambul ĂŠ a reuniĂŁo que se
Esta ĂŠ, sublinha, uma ferramenta es-
ca congĂŠnere. Uma quantia que tem
segue. Na qualidade de membro da
sencial para quem jĂĄ detĂŠm os co-
retorno imediato, na medida em que
direcção da ESCP, mas sobretudo de
nhecimentos bĂĄsicos num domĂnio
só a assinatura da revista orça em cer-
farmacĂŞutica, Mara Guerreiro gostaria
especĂfico e pretende aprofundĂĄ-los.
ca de 260 euros.
de ver mais portugueses presentes.
Ainda no domĂnio do conhecimen-
Para os farmacĂŞuticos portugueses exis-
O que se faz em Portugal ĂŠ impor-
to, Mara Guerreiro destaca o acesso
te agora mais um aliciante para integra-
tante e ‒ sublinha ‒ são inegåveis as
Ă revista Pharmacy World & Science
rem a Sociedade Europeia de FarmĂĄcia
vantagens de uma estrutura como
(PWS), indexada no Medline e nou-
ClĂnica: mediante acordo com a Ordem
a ANF, mas isso nĂŁo invalida que se
tras bases de dados bibliogrĂĄficas.
dos FarmacĂŞuticos, beneficiam de um
saia e se veja o que os colegas fazem.
Uma portuguesa na direcção Foi durante o Simpósio Anual de 2004,
2003 fez parte da direcção nacional
de peritos para acreditação das
em Praga, que Mara Guerreiro foi eleita
da Associação, tendo integrado, de
licenciaturas em CiĂŞncias FarmacĂŞuticas
para o ComitÊ Geral (direcção) da ESCP,
2002 a 2004, o grupo consultivo para
e ao Conselho para a Qualificação e
em representação de Portugal e por um
o desenvolvimento informĂĄtico das
AdmissĂŁo na Ordem.
mandato de quatro anos.
farmĂĄcias e, de 2003 a 2004, integrado
É ainda membro do Conselho Fiscal da
Esta nĂŁo foi, contudo, a sua estreia
o grupo consultivo para a informação
Valormed.
em organismos internacionais, pois
ao doente.
ProprietĂĄria e directora tĂŠcnica da
em 2002 e 2003 havia jĂĄ integrado
Foi igualmente membro do grupo
FarmĂĄcia Fialho, em Portel, tem ainda
a delegação portuguesa do Grupo
consultivo do Departamento de
vasta experiĂŞncia como formadora e
FarmacĂŞutico da UniĂŁo Europeia.
Qualidade em FarmĂĄcia, que congrega a
organizadora de encontros cientĂficos,
A sua participação nas organizaçþes
ANF e a OF.
tendo visto vĂĄrios dos seus trabalhos
farmacĂŞuticas nacionais passa tanto
Quanto à sua intervenção na OF,
publicados em revistas de circulação
pela ANF como pela OF. De 2001 a
pertence actualmente ao grupo
nacional e internacional.
28 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
O que se faz em Portugal é importante e são inegáveis as vantagens de uma estrutura como a ANF, mas isso não invalida que se saia e se veja o que os colegas fazem. Há que ganhar o hábito de participar em reuniões e na troca de experiências Há ‒ defende ‒ que ganhar o hábito
serão apresentados exemplos da
Já no segundo dia de trabalhos assu-
de participar em reuniões e na troca
prática clínica em diversos países. É
me particular relevância a sessão ple-
de experiências: Precisamos de nos
importante aprendermos uns com os
nária sobre a integração de cuidados
posicionar num mundo que é cada
outros, ver como problemas comuns
entre o ambiente hospitalar e o am-
vez mais global .
são resolvidos nas diferentes realida-
bulatório. Este é um campo em que
des, independentemente das políti-
ainda se verificam muitos problemas,
cas de saúde e até da legislação .
com frequência derivados da ausên-
Do primeiro dia destaca igualmente
cia de comunicação. São sobretudo
uma sessão sobre terapêutica da dor,
problemas relacionados com medi-
que considera uma óptima oportuni-
camentos que se poderiam obviar
Durante três dias ‒ de 24 a 26 de Outubro
dade de actualização. Neste domínio,
se houvesse uma maior articulação
próximo ‒ Istambul acolhe o 36º
considera, aliás, existir alguma falta
entre profissionais de saúde.
Simpósio Anual da Sociedade Europeia
de preparação e de formação em
Quanto ao terceiro e último dia do sim-
de Farmácia Clínica.
Implementing
Portugal: Tem-se investido muito em
pósio, merece realce a sessão plenária
Clinical Pharmacy in Community and
áreas como a diabetes, a asma, as dis-
sobre a forma de tornar o farmacêutico
Hospital Settings ‒ Sharing the ex-
lipidémias e as doenças cardiovascu-
competente do ponto de vista clínico.
perience é o tema do encontro. Um
lares, enquanto na terapia da dor não
Estas são as temáticas que Mara
tema pensado para ser suficientemente
têm sido feitos tantos esforços .
Guerreiro elege como principais pó-
abrangente e com a necessária relevân-
Dada a experiência dos cuidados
los de atracção para os farmacêuticos
cia e pertinência para a prática profissio-
farmacêuticos, Mara Guerreiro des-
de oficina num simpósio que cons-
nal de modo a atrair farmacêuticos que
taca também um workshop sobre
titui uma oportunidade privilegiada
intervêm nos diferentes ambientes. De
aconselhamento dos doentes com
para actualizar conhecimentos, trocar
modo a interessar tanto aos hospitalares
DPOC. Esta é ‒ diz ‒ uma área em
experiências e contactar outras reali-
como aos comunitários.
que a oferta formativa em Portugal
dades.
Mara Guerreiro acredita que o ob-
é de boa qualidade, mas ainda assim
Uma oportunidade de formação
jectivo será atingido. No programa
este workshop poderá constituir uma
que reverte, também ela, a favor da
elaborado identifica facilmente pon-
mais-valia, porquanto permite tomar
revalidação da carteira profissional.
tos de interesse, a começar pela ses-
contacto com outras intervenções.
Bons motivos, pois, para viajar até
Partilhar experiências em Istambul
são plenária do primeiro dia em que
Aprende-se sempre muito .
Mara Guerreiro, representante de Portugal no Comité Geral da ESCP
Istambul... FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 29
OBRKFLBP MOLCFPPFLK>FP SimpĂłsio Internacional de Estudantes de SaĂşde no Algarve
Construir pontes É com o objectivo de construir pontes que os estudantes de saúde se reúnem em Novembro no Algarve. Para que, no futuro, exerçam as respectivas profissþes integrados numa equipa coesa que trabalhe em prol do doente. Minimizando riscos e optimizando ganhos.
É um projecto ambicioso. Pedro Lucas,
Pela primeira vez, vårias organizaçþes
estudante da Faculdade de FarmĂĄcia
internacionais representantes de estu-
da Universidade de Lisboa, reco-
dantes da saĂşde estĂŁo a colaborar para
nhece que o SimpĂłsio Internacional
uma meta comum: este SimpĂłsio sur-
de Estudantes da SaĂşde (WHSS)
giu da convicção de que a saúde ‒ das
que o Algarve vai acolher de 26 de
sociedades, em geral, e dos indivĂduos,
Novembro a 1 de Dezembro nĂŁo ĂŠ
em particular ‒ beneficia da coopera-
modesto nos objectivos. Mas estĂĄ
ção entre os seus diferentes protago-
convicto da pertinĂŞncia das ideias
nistas. A começar por aqueles que virão
que presidiram à sua organização.
a ser profissionais ‒ os estudantes.
30 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
Um primeiro passo no caminho do conhecimento mĂştuo foi dado em 2005, em Malta. Mas entĂŁo reuniramse apenas estudantes de Medicina e de FarmĂĄcia. O que ‒ afirma Pedro Lucas ‒ foi um erro posteriormente reconhecido. Para o colmatar, decidiu-se alargar o SimpĂłsio de 2007 aos demais estudantes do universo da saĂşde, tendo assim sido incluĂdos os
estudantes os de Enfermagem e os de Tecnologias da Saúde. O que se pretende com o encontro
Mais comunicação em prol do doente
Os cursos estão demasiado organizados sobre si próprios, são demasiado estruturados. Falta-lhes flexibilidade. As excepções à regra estão, no en-
deste ano ‒ para o qual a organização espera congregar cerca de quatro
A comunicação é uma área que carece
tanto, a evidenciar-se: sob a forma de
centenas de pessoas ‒ é fomentar a
de mais investimento. Daí a aposta do
um mestrado integrado em Ciências
reflexão sobre o mundo profissional.
Simpósio, de promover o contacto en-
Farmacêuticas ou de um curso
Queremos estimular a nossa capaci-
tre os diferentes estudantes da saúde,
de Ciências da Saúde, que abarca
dade crítica, saber como os estudantes
fomentando o derrubar de preconcei-
Farmácia, Medicina e Ciências, sob a
olham a profissão e o modo como é
tos. Trata-se, na verdade, de sensibilizar
égide da Universidade de Lisboa.
exercida, apontar aquilo de que não
aqueles que, futuramente, serão os pro-
São boas notícias para quem, como
gostamos e avançar com propostas
fissionais, os prestadores de cuidados.
os organizadores deste simpósio,
para melhorar .
Para Pedro Lucas, não é uma aposta di-
acredita ser necessário um conhe-
Identificada está já uma crítica ‒ a que,
fícil de vencer: acredita que, com forma-
cimento mais aprofundado sobre
aliás, presidiu à intenção de fazer o
ção, é possível colmatar a actual lacuna.
as mais-valias que cada profissional
pleno dos estudantes de saúde: é que
Actualmente ‒ critica ‒ é muito pouco
pode proporcionar ao doente. A prá-
os profissionais ainda estão de costas
o conhecimento recíproco entre os
tica actual ‒ afirma ‒ é que uma equi-
voltadas uns para os outros, exercen-
estudantes, há pouca interacção. Mas
pa tenha um líder, que, para muitos,
do a respectiva profissão de uma for-
‒ propõe - este cenário poderia ser
é indiscutivelmente o médico: Mas
ma demasiado estanque, carente de
invertido com a concepção de disci-
nós preferimos ver a equipa como
comunicação e colaboração.
plinas conjuntas e a realização de ac-
um círculo e não como uma pirâmi-
A gestão do risco é um dos aspectos
tividades extra-curriculares conjuntas.
de. No círculo todos têm lugar .
em que essa colaboração é essencial.
Por exemplo, em ambiente hospitalar.
Não é o que acontece, com prejuízo
Acreditamos que muitos dos erros na
Nesse sentido, os estudantes nacionais
para o doente. Porque ‒ argumenta
prestação de cuidados de saúde ad-
estão a dar os primeiros passos, fazen-
‒ a análise não pode ser feita do pon-
vêm da falta de comunicação entre os
do contactos com professores, ainda
to de vista da profissão, mas sim do
profissionais , sustenta Pedro Lucas,
que com cariz informal. Tem havido
ponto de vista do destinatário. Que
director de comunicação do Simpósio.
alguma receptividade, mas ainda não
em saúde é o doente.
Os erros dão origem a estatísticas mas
explorámos as vias oficiais , refere o fu-
É este entendimento que está
‒ frisa ‒ em saúde os números são pes-
turo farmacêutico. Lamenta, a propó-
subjacente ao lema do Simpósio
soas. Para que tudo corra bem, o ideal
sito, que não exista colaboração entre
Internacional dos Estudantes de
é que o doente esteja no centro: com
as faculdades, cujos planos de estudos
Saúde ‒
comunicação e cooperação é possível
ainda são muito estanques, muito in-
Objectivo . Só assim se constroem
atingir este desiderato.
dependentes.
pontes...
Diferentes Papéis, um
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 31
OBRKFLBP MOLCFPPFLK>FP
Um programa ambicioso Para corresponder ao objectivo deste
previstos workshops sobre os
Simpósio ‒ o de sensibilizar os estudantes
testes farmacĂŞuticos, a influĂŞncia
para a necessidade de uma maior
das companhias farmacĂŞuticas nos
interacção ‒ foi concebido um programa
estudantes de saĂşde, a eutanĂĄsia e
ambicioso. SerĂŁo cinco dias, que
os cuidados paliativos.
culminarĂŁo com uma iniciativa alusiva ao
A saĂşde pĂşblica darĂĄ o mote aos
Dia Mundial da Sida (1 de Dezembro). EstĂĄ
trabalhos do dia seguinte, com
planeada uma acção que visa chamar a
uma sessĂŁo interactiva dedicada
atenção para a doença, mas Pedro Lucas
Ă anĂĄlise das barreiras entre os
opta por nĂŁo divulgar ainda os contornos
profissionais de saĂşde neste domĂnio,
da campanha.
antecedida por uma conferĂŞncia
A sessĂŁo de abertura dominarĂĄ o
sobre a saĂşde pĂşblica nos paĂses em
primeiro dia, 26 de Novembro, com os
desenvolvimento no chamado mundo
trabalhos a começarem formalmente no
ocidental. HaverĂĄ ainda workshops sobre
dia seguinte: a Educação estarå então
doenças crónicas e obesidade, bem
O SimpĂłsio Internacional dos Estudantes
em foco, com a organização a propor
como uma sessĂŁo vocacionada para o
de SaĂşde 2007 ĂŠ organizado pela
que os estudantes reflictam sobre o que
desenvolvimento de capacidades em
Federação Internacional de Estudantes de
falta nos currĂculos para ultrapassar as
matÊria de comunicação, liderança e
Farmåcia (IPSF), pela Associação Europeia
barreiras . Entre os aspectos particulares
planeamento de campanhas.
de Estudantes de FarmĂĄcia (EPSA), pela
a debater estarão a formação ao longo
Para dia 30, ficou reservada a abordagem
Associação Internacional de Estudantes
da vida, o ensino à distância (e-learning)
da colaboração inter-profissional,
de Enfermagem (INSA), pela Associação
e o processo de Bolonha.
nomeadamente no âmbito da prevenção
Europeia de Estudantes de Enfermagem
A 28 de Novembro, os trabalhos
e da gestĂŁo de risco. A finalizar os
(ENSA), pela Federação Internacional das
serão dedicados à Ética. Na sessão
trabalhos serå feita uma avaliação do
Associaçþes dos Estudantes de Medicina
plenĂĄria serĂĄ colocada em discussĂŁo
Simpósio, com a apresentação das
(IFMSA) e pela Associação Europeia dos
uma questĂŁo: um cĂłdigo de ĂŠtica
respectivas conclusþes no âmbito da
Estudantes de Medicina (EMSA).
comum para todos os profissionais de
cerimĂłnia de encerramento.
A nĂvel nacional, sĂŁo anfitriĂľes do
saĂşde? Outra das sessĂľes abordarĂĄ as
Os estudantes ficam no Algarve atĂŠ 1 de
encontro as associaçþes de estudantes
implicaçþes Êticas do custo-eficåcia
Dezembro, para assinalar o Dia Mundial
de FarmĂĄcia, Medicina, Enfermagem e
nos cuidados de saĂşde, estando ainda
da Sida.
Tecnologias da SaĂşde.
32 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
MLIkQF@> AB P>uAB UE avalia atitude face ao tabaco
Portugueses sem fumo
Todos os anos, cerca de meio milhĂŁo
da SaĂşde e da Defesa do Consumidor
de pessoas morrem na Europa em
tem promovido anualmente um eu-
consequĂŞncia, directa ou indirecta, do
robarĂłmetro especial visando conhe-
europeus que menos fumam. Mas
tabagismo. O que faz da dependĂŞncia
cer as atitudes dos europeus face ao
de nicotina a primeira causa evitĂĄvel
tabaco. O que se procura conhecer ĂŠ
sĂŁo tambĂŠm aqueles que menos
de doença e morte prematuras. Sem
o nĂvel e a frequĂŞncia do consumo de
falar no tabagismo passivo, que tem
tabaco, as tentativas para deixar de
uma clara influĂŞncia negativa sobre a
fumar, o nĂvel de exposição ao fumo
saĂşde dos nĂŁo fumadores. O cenĂĄrio
em casa, no trabalho e nos locais
ĂŠ tal que se estima que 25 por cento
pĂşblicos, as atitudes face Ă s polĂticas
de todas as mortes por cancro e 15
anti-tabaco e a consciĂŞncia dos pro-
especial sobre os europeus e a
por cento de todas as mortes na UE
blemas causados pelo tabaco.
sejam atribuĂveis ao tabagismo.
O Ăşltimo inquĂŠrito, cujos trabalhos
atitude face ao tabaco.
É neste quadro que a Direcção-Geral
no terreno decorreram no Ăşltimo
Os portugueses sĂŁo os cidadĂŁos
tentam abandonar este hĂĄbito. SĂŁo sinais algo contraditĂłrios os que emanam do EurobarĂłmetro
34 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
Outono e cujas conclusões foram re-
nunca o fizeram, contra 37 por cento
centemente divulgadas, aponta para
entre os homens. Por idades, nota-se
um cenário relativamente optimista,
que é nos extremos que se situam as
que vai ao encontro das preocupa-
maiores percentagens de não fuma-
ções da Comissão Europeia nesta
dores ‒ 57 por cento dos jovens e 51
matéria.
por cento dos mais idosos também
Assim, cerca de metade dos inquiridos
nunca fumaram.
afirmaram nunca ter fumado ‒ foram
Quanto aos ex-fumadores, os ho-
47 por cento os que manifestaram
mens estão em vantagem sobre as
esta atitude, face a 32 por cento de
mulheres: 25 por cento contra 18
fumadores. Outros 21 por cento mu-
por cento. E os idosos sobrepõem-se
Só três por cento
daram de estatuto face ao tabaco, na
aos jovens ‒ 30 por cento dos cida-
dos portugueses fuma-
medida em que deixaram de fumar.
dãos com 55 ou mais anos deixaram
dores não fumam todos os dias ‒ dos
É em Portugal que reside o maior nú-
de fumar, contra apenas oito por cen-
restantes, 46 por cento fumam 15 a
mero de pessoas que nunca fumaram
to entre a faixa etária dos 15 aos 24.
24 cigarros diários, média que outros 11 por cento ultrapassam. Há mesmo
‒ foi o que responderam 64% dos inquiridos. O que coloca a percentagem
Fumar ou não fumar?
três por cento que fumam mais de 40 cigarros por dia. Os que menos fumam,
de fumadores numa posição favorável em relação à média europeia ‒ são 24
São 32 por cento os europeus que fu-
ficando-se por menos de cinco cigar-
por cento os portugueses que fumam.
mam, mas a grande maioria (85 por
ros, constituem 17 por cento.
Todavia, a situação inverte-se quando
cento) fá-lo com regularidade. Apenas
Este é, pois, um hábito enraizado. Ainda
a análise se centra nos que deixaram
uma em cada quatro pessoas acende
assim, 31 por cento dos europeus ten-
de fumar ‒ só 12 por cento o fizeram,
um cigarro ocasionalmente. E Portugal,
taram abandoná-lo nos 12 meses que
o que coloca o país na cauda de uma
apesar de o número de fumadores ser
mediaram entre o Eurobarómetro an-
Europa a 25.
inferior à média europeia, não foge à
terior e o actual. Uma percentagem
Em termos europeus, são as mulhe-
regra: antes pelo contrário, 89 por cento
semelhante foi a que se registou por
res quem menos fuma ‒ 55 por cento
dos fumadores fumam regularmente.
cá ‒ 32 por cento. Destes, a maioria FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 35
MLIkQF@> AB P>uAB A palavra aos europeus SĂŁo as seguintes as principais conclusĂľes do EurobarĂłmetro sobre as atitudes dos cidadĂŁos europeus face ao tabaco, elaboradas a partir das respostas dadas pelos inquiridos:
•
Um em cada dois europeus (47 por cento) declarou nunca ter fumado
•
Um terço (32 por cento) dos europeus fuma
•
Um em cada cinco deixou de fumar
•
Cerca de um fumador em trĂŞs tentou deixar de fumar nos 12 meses que mediaram entre o inquĂŠrito de 2006 e este Os fumadores raramente consultam um
tentou entre uma e cinco vezes e ape-
peus que recomeçaram a fumar justifi-
profissional de saĂşde quando tentam deixar
nas um por cento insistiu mais, atĂŠ um
caram o insucesso. A mesma resposta
de fumar ‒ só 18 por cento o fizeram na
mĂĄximo de dez tentativas.
deram 30 por cento dos portugueses
Ăşltima tentativa
Tentativas que quase todos levaram
que recaĂram, mas a primeira das justi-
O stress Ê a principal justificação para as
a efeito por iniciativa própria ‒ na UE
ficaçþes ‒ apontada por 41 por cento
recaĂdas, menos para os jovens: estes sĂŁo
apenas 18 por cento dos que procu-
- recaiu sobre a incapacidade para re-
mais susceptĂveis Ă influĂŞncia dos amigos
raram livrar-se do tabaco consultaram
sistir à privação. O prazer de fumar foi
que fumam
um profissional de saĂşde e em Portugal
invocado, a nĂvel nacional, por 27 por
•
Em 49 por cento dos lares ĂŠ proibido fumar
foram ainda menos: 14 por cento.
cento, com outros 17 por cento a argu-
•
A maioria dos europeus (90 por cento) crĂŞ
Ă€ escala europeia, mais de um quarto
mentarem que voltaram a fumar por
que, no seu paĂs, existem leis anti-tabaco,
(26 por cento) destas pessoas recorre-
pressĂŁo de amigos e colegas. Seis por
mas sĂł 54 por cento destes acreditam que
ram a substitutos da nicotina, enquan-
cento alegaram aumento de peso.
elas sĂŁo respeitadas
to cinco por cento utilizaram produtos
A maioria apoia os espaços sem fumo,
farmacĂŞuticos sem nicotina, trĂŞs por
sobretudo no que respeita aos locais de
cento socorreram-se de produtos me-
trabalho e aos locais pĂşblicos
dicinais e outros tantos enveredaram
Quatro em cinco europeus consideram que o
por tratamentos como a hipnose ou
Independentemente de serem ou
tabagismo pode causar problemas de saĂşde
acupunctura. JĂĄ em Portugal, foram 15
nĂŁo fumadores, os europeus sĂŁo
Os fumadores europeus mostram
por cento os que utilizaram substitu-
favorĂĄveis a medidas anti-tabaco.
consideração pelas crianças e mulheres
tos da nicotina para deixar de fumar.
Medidas que começam por aplicar na
grĂĄvidas e, em menor escala, pelos nĂŁo
Muitas destas tentativas ficaram pelo
própria habitação, com 49 por cen-
fumadores.
caminho. Muito por culpa do stress
to dos lares a adoptarem restriçþes:
‒ foi assim que 33 por cento dos euro-
assim, em 22 por cento deles nĂŁo ĂŠ
•
•
•
•
•
36 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
A favor das leis anti-tabaco
possível fumar, em 19 por cento ape-
sem fumo. Uma percentagem mais
por cento) opta por fumar em casa
nas se fuma no exterior e em 18 por
elevada quando se fala de locais de
quando está só, mas 36 por cento
cento o fumo é limitado a algumas di-
trabalho fechados, transportes e es-
fumam na companhia de crianças e
visões. Noutros sete por cento é inter-
paços colectivos (88 por cento) e que
23 por cento na companhia de grá-
dito fumar, mas abrem-se excepções.
decresce quando respeita a restau-
vidas. Quanto aos não fumadores,
Já em 25 por cento das casas não há
rantes (77 por cento) e bares ou cafés
merecem menos consideração: duas
normas, nomeadamente por não se-
(62 por cento). Portugal partilha esta
em cada três pessoas fumam na sua
rem consideradas necessárias ou por
tendência, sendo um dos países em
presença. Apenas 37 por cento dos
não existirem fumadores. E em oito
que se registou uma maior subida do
portugueses admitem que se abstêm
por cento não há regras, mas não se
apoio a espaços sem fumo, na compa-
de fumar perto de um não fumador,
fuma voluntariamente.
ração entre barómetros.
sendo muitos mais (68%) os que não fumam quando estão com crianças
No que respeita ao local de trabalho, a realidade transmitida pelos inquiridos aponta para que um em cada
Uma questão de saúde
em casa e mais ainda (77 por cento) os que não o fazem na presença de grávidas.
três europeus esteja exposto ao fumo nesses espaços, sendo que 11 por
É nas consequências do tabaco sobre a
Uma tendência que se confirma quan-
cento sofrem essa exposição durante
saúde que pode radicar uma das expli-
do entra em campo outra variável: fu-
mais de cinco horas diárias. É o que
cações para esta atitude dos europeus:
mar no carro. São 57 por cento os por-
acontece sobretudo a quem trabalha
afinal, a esmagadora maioria ‒ quatro
tugueses que fumam quando estão so-
no sector da restauração.
em cada cinco ‒ considera que o taba-
zinhos no carro (contra uma média eu-
A maioria dos europeus envolvidos
gismo, incluindo o passivo, pode causar
ropeia de 49 por cento), 29 por cento
neste Eurobarómetro tem conheci-
problemas de saúde. Para 47 por cento,
os que o fazem na companhia de não
mento da existência de leis anti-taba-
o fumo alheio pode causar, nos não fu-
fumadores, mas apenas seis por cento
co nos respectivos países ‒ é o que
madores, doenças graves como can-
os que fumam quando no veículo está
diz 90 por cento, sendo que, destes,
cro, com 33 por cento a sustentarem
uma criança e cinco por cento os que
54 por cento acreditam que essas leis
que pode estar na origem de doenças
fumam na presença de uma grávida.
são cumpridas, enquanto outros 36
respiratórias. Face ao inquérito anterior,
São estas as atitudes dos europeus
por cento pensam que os fumado-
evidencia-se um maior conhecimento
face ao tabaco, assim avaliadas pela
res não as respeitam. É a Irlanda que
dos problemas causados pelo tabaco.
Direcção-Geral de Saúde e Defesa do
apresenta a maior regulação, com 91
Nas respostas nacionais, 34 por cento
Consumidor numa União Europeia a
por cento dos irlandeses a afirmarem
relacionam o fumo com o cancro e 44
25. Atitudes que, de uma forma geral,
que as leis existem e são respeitadas.
por cento associam-no a problemas
apontam para uma sensibilização dos
A mesma opinião têm 34 por cento
respiratórios.
cidadãos para a problemática do ta-
dos portugueses.
Perante isto, como procedem os fu-
bagismo.
Em consonância, a maior parte dos
madores perante quem não fuma ou
Portugal não é excepção neste cená-
cidadãos dos 25 países afirma-se favo-
perante grupos vulneráveis como as
rio, sendo, aliás, o país onde menos se
rável à existência de espaços públicos
crianças e as grávidas? A maioria (82
fuma. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 37
>KC
CEFAR em tempo de mudança João Paulo Vaz, Director Executivo do CEFAR
O CEFAR entrou recentemente numa nova fase da sua existência. A renovação a nível dos recursos humanos foi acompanhada por uma evolução no domínio dos objectivos: para além da farmacoepidemiologia, outras áreas de intervenção estão agora no caminho do renomeado Centro de Estudos e Avaliação em Saúde. 38 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
De Centro de Estudos de Farmaco-
Os tempos são, pois, de mudança.
epidemiologia passou a Centro de
Uma mudança programada e pensa-
Estudos e Avaliação em Saúde. Uma al-
da há já algum tempo, cabendo agora
teração que não surgiu por acaso e que
a João Paulo Vaz, farmacêutico com
se pretende muito mais do que simbó-
um percurso consolidado na indústria,
lica. O CEFAR, departamento que a ANF
conduzir o CEFAR pelos novos cami-
criou há mais de uma década, propõe-
nhos, quer facilitando a integração
se, a partir do seu centro de actividade
dos novos elementos que passaram a
tradicional, ir à conquista de novos do-
integrar a equipa, quer promovendo
mínios de intervenção, acompanhan-
o entrosamento da mesma, sem que
do, afinal, a evolução que tem ocorrido
isso implique qualquer perturbação
no próprio sector da farmácia.
ao ritmo de actividade. Paralelamente,
Por enquanto, cerca de 80 por cen-
ência retém o impulso que foi dado
to da actividade do CEFAR é interna
à farmacoeconomia nos anos de 97 e
‒ respondendo a solicitações quer
98, um impulso que cedo estagnou,
da direcção, quer dos diversos de-
ao ponto de a avaliação económi-
partamentos da Associação ‒ mas a
ca se ter limitado aos estudos sobre
intenção é, como frisa o seu director,
comparticipações no ambulatório. Só
alargar o âmbito de intervenção. O
em 2006, com a publicação de legis-
que passa por direccionar a sua ac-
lação relativa à comparticipação de
tividade para domínios como o da
novos medicamentos a nível hospi-
farmacoeconomia, sem abdicar no
talar, voltou a ser evidente a necessi-
entanto daquela que foi a sua razão
dade de desenvolvimento deste tipo
de ser e em que possui competências
de estudos.
e conhecimentos profundos ‒ a far-
Este escasso investimento na farma-
macoepidemiologia.
coeconomia é visível também ‒ sublinha ‒ na ausência de conteúdos
Investir na farmacoeconomia
formativos ao nível da licenciatura em Ciências Farmacêuticas: não há, na formação de base, espaço para as
trata-se de posicionar o Centro de
Acontece que existe no mercado um
matérias mais económicas como as
Estudos na nova realidade, benefician-
significativo potencial para o desen-
relacionadas com preços, compartici-
do da sua integração no InfoSaúde.
volvimento de estudos de avaliação
pações e avaliação do impacto eco-
Significa isto que o CEFAR deixou de
económica dos medicamentos. Basta
nómico dos medicamentos.
ser um departamento da ANF para
pensar que o mercado total de medi-
Este é, portanto, um dos novos ho-
assumir uma perspectiva mais empre-
camentos, entre ambulatório e hospi-
rizontes que se abrem à equipa
sarial na nova entidade. Estão, assim,
talar, ronda os quatro mil milhões de
do CEFAR. Um horizonte em que
criadas condições para uma estrutura
euros. O que falta são competências e
entidades externas, como a indús-
mais operacional, com capacidade e
é nelas que o novo CEFAR se propõe
tria
competência para a prestação de ser-
investir.
parceiros naturais. São já, aliás, par-
viços externos, numa lógica de renta-
João Paulo Vaz considera que há
ceiros em alguns dos trabalhos em
bilização.
claramente mercado . Da sua experi-
curso, nomeadamente os que de-
farmacêutica,
surgem
como
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 39
>KC
correm paralelamente às mais re-
recolhidos pelas farmácias é possível
a primeira causa de morte no nosso
centes campanhas promovidas pelo
avançar para uma caracterização da
país. Os dados recolhidos de 14 a 19
Departamento de Programas de
polimedicação entre os idosos e é
de Maio pelas farmácias estão a ser
Cuidados Farmacêuticos da ANF.
esse, precisamente, o objectivo do
trabalhados, após o que será possí-
É o caso da campanha Viver Mais,
CEFAR.
vel conhecer melhor o fenómeno da
Viver Melhor ‒ Conhecendo os Seus
Um propósito semelhante preside
obesidade em Portugal.
Medicamentos , que visou esclarecer
ao estudo que tem como ponto de
O novo responsável pelo CEFAR con-
a população mais idosa sobre o uso
partida a campanha Controle o Seu
sidera estes estudos de grande uti-
correcto, efectivo e seguro dos medi-
Peso, o Coração Agradece . Tratou-se
lidade do ponto de vista científico,
camentos. No terreno durante a últi-
aqui de avaliar a obesidade e o risco
uma vez que, além de darem respos-
ma semana de Março, teve como alvo
cardiovascular dos portugueses ten-
ta às questões colocadas em cada es-
os cidadãos com mais de 65 anos a
do em conta que o excesso de peso
tudo, possibilitam a criação de bases
tomar quatro ou mais medicamentos
é um dos principais factores na ori-
de dados para posterior análise de
em simultâneo. A partir dos dados
gem das doenças cardiovasculares,
outras variáveis, o que de outra forma não seria possível. Sublinha, aliás, que uma das grandes dificuldades em re-
Da indústria para o CEFAR
alizar estudos de natureza epidemiológica em Portugal é, entre outras, a ausência de bases de dados.
Ao todo são sete os elementos que constituem a actual equipa do
Ora, ao desenvolver estes estudos
Centro de Estudos e Avaliação em Saúde. Trata-se de uma equipa
a partir de campanhas promovidas
renovada, a começar pela própria chefia: João Paulo Vaz assumiu o
pela ANF, o CEFAR beneficia da mo-
cargo há menos de um ano, depois de um percurso profissional na
tivação dos farmacêuticos, aprovei-
indústria.
tando a sua intervenção e, com isso,
Licenciado em Ciências Farmacêuticas, começou por integrar
valorizando a própria farmácia.
a Sanofi Winthrop, onde trabalhou essencialmente na área do registo de medicamentos, preços e comparticipações, com uma passagem pela farmacovigilância. Ingressou posteriormente na Glaxo
Uma mão cheia de projectos
Wellcome, hoje GlaxoSmithKline, já detentor de uma pós-graduação em avaliação económica de medicamentos.
Esta é uma política para continuar.
Foi precisamente a essa área que se dedicou, com a sua actividade
Afinal, está a dar bons resultados.
a abarcar a farmacoeconomia, preços e comparticipação de
Está planeado um aprofundamento
medicamentos. Em 2005 integrou a direcção deste mesmo
dos resultados da campanha com
laboratório, de onde saiu para chefiar o CEFAR.
que, em 2006, as farmácias assinalaram o Dia Mundial da Asma. Dela re-
40 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Em 2008 deverá estar já operacional um sistema de informação que permitirá às farmácias avaliar o seu desempenho ‒ no tempo e em comparação com o mercado ‒ e delinear metas. Trata-se de disponibilizar às farmácias ferramentas de gestão enquadradas no contexto pós-liberalização.
sultou que mais de 60 por cento dos
Um contexto em que as farmácias
do novo enquadramento legislativo,
asmáticos portugueses não possuem
sofreram duas reduções na sua mar-
na determinação e quantificação de
a doença controlada. E é sobre estes
gem de comercialização (já uma das
ganhos em saúde resultantes dos
resultados que o CEFAR pretende
mais baixas da União Europeia), em
programas de cuidados farmacêuti-
trabalhar, no sentido de identificar
que se assistiu à desregulamentação
cos, de resultados em saúde em meio
as razões que explicam a ausência
dos medicamentos não sujeitos a re-
hospitalar, colaboração na avaliação e
de controlo da doença. E a partir
ceita médica e, mais recentemente, à
definição de protocolos de interven-
dessa avaliação desenhar estratégias
liberalização da propriedade (aprova-
ção clínica em meio hospitalar, são
que possibilitem um maior controlo
da em Conselho de Ministros de 5 de
exemplos de algumas outras áreas a
da doença e, no final, na medida do
Julho último).
desenvolver.
possível, medir os ganhos em saúde.
São novos desafios que reclamam
Quanto ao CEFAR, o rumo já está
É um projecto em carteira para 2008.
uma nova atitude. Nomeadamente
traçado: é de evolução, como res-
Nessa altura deverá estar já operacio-
uma maior atenção a áreas da far-
posta à evolução em curso na ANF
nal um sistema de informação que
mácia passíveis de maior rentabiliza-
e no sector. Às novas condicio-
permitirá às farmácias avaliar o seu
ção. Contribuir para enfrentar estes
nantes responde com a busca de
desempenho ‒ no tempo e em com-
desafios é a intenção do CEFAR. Será
novos horizontes. Rentabilizando
paração com o mercado ‒ e delinear
‒ acredita o novo responsável pelo
a estrutura e os recursos, sem que
metas. Trata-se, como adianta João
CEFAR ‒ uma ferramenta de valor
isso implique um corte com o pas-
Paulo Vaz, de disponibilizar às farmá-
acrescentado para as farmácias.
sado. Não é um CEFAR novo, é uma
cias ferramentas de gestão enqua-
Estudos em novas áreas de inter-
nova fase.
dradas no contexto pós-liberalização.
venção
farmacêutica
decorrentes FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 41
MI>Q>CLOJ> P>uAB BJ AF`ILDL Plataforma deďŹ ne prioridades
Em nome dos doentes crĂłnicos Os doentes crĂłnicos estĂŁo na primei-
no desenvolvimento de protocolos
tra as Doenças Reumåticas (LPCDR),
ra linha das prioridades da Plataforma
no âmbito das parcerias estratÊgicas
coadjuvada por Ana Maria Quintas de
SaĂşde em DiĂĄlogo para o ano em curso.
com as faculdades de Medicina e de
Azevedo, da Associação Portuguesa de
O objectivo ‒ traçado pelos órgãos so-
FarmĂĄcia de Lisboa.
AsmĂĄticos (APA), Maria da Luz Sequeira,
ciais eleitos em Fevereiro último ‒ passa
Do planeamento da Plataforma para
da Associação Nacional das Farmåcias
por intervir no sentido de conseguir a
este ano consta ainda a realização de
(ANF), Isabel Machado, do Instituto
definição de doença crónica e a aprova-
uma conferĂŞncia e de um encontro
Nacional de Cardiologia Preventiva
ção do estatuto do doente crónico.
entre as entidades que a integram. SĂŁo
(INCP), e MĂĄrio Beja Santos, da UniĂŁo
EstratĂŠgico ĂŠ igualmente o reconhe-
jĂĄ 27 os membros da Plataforma, todos
Geral de Consumidores (UGC).
cimento da Plataforma enquanto
unidos por um propĂłsito comum: dar
Os novos ĂłrgĂŁos sociais incluem ain-
Instituição Particular de Solidariedade
voz aos doentes. O que implica a exis-
da a Mesa da Assembleia-Geral, a que
Social (IPSS). Um estatuto que contri-
tĂŞncia de condiçþes logĂsticas, pelo que
preside Rosa Gonçalves, da Associação
buirå para a consolidação de um ou-
os esforços da Plataforma continuarão
de Doentes com LĂşpus (ADL), acom-
tro objectivo: reforçar a presença em
tambÊm dirigidos à obtenção de sedes
panhada
entidades como o Conselho Nacional
e à criação de uma loja que permita sus-
da Associação para a Promoção da
para a Promoção do Voluntariado
tentar o projecto.
Segurança Infantil (APSI), e de Maria
e a Confederação Portuguesa de
Dar a conhecer a missĂŁo e o trabalho
de Lourdes Gaudich, da Associação
Voluntariado.
desenvolvido ĂŠ igualmente importante
Portuguesa de Doentes de Parkinson
JĂĄ a nĂvel internacional, a Plataforma
e nesse sentido os novos ĂłrgĂŁos so-
(APDP).
pretende afirmar-se como parceiro
ciais propþem-se reforçar o boletim da
Quanto ao Conselho Fiscal, ĂŠ presidi-
da OMS Europa e da IAPO (Aliança
Plataforma e lançar um folheto bilingue,
do por Francisco Beirão, da Associação
Internacional de Organizaçþes de
bem como avançar com a edição de
Portuguesa de Doenças do Lisosoma
Doentes). Num outro domĂnio, a
uma newsletter electrĂłnica e desenvol-
(APL), e integra Maria JoĂŁo Freire,
Plataforma propĂľe-se continuar a
ver um site prĂłprio.
da Associação Nacional contra a
apostar na formação, por um lado,
SĂŁo objectivos a concretizar pela equi-
Fibromialgia e SĂndrome de Fadiga
promovendo acçþes dirigidas a far-
pa eleita em Fevereiro Ăşltimo. Uma
CrĂłnica (Myos), e Maria Helena Cadete
macĂŞuticos e outros profissionais
equipa a que preside Maria Irene
Bernardo, representante da Associação
de saĂşde e, por outro, investindo
Domingues, da Liga Portuguesa con-
Coração Amarelo (ACA).
42 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
de
Sandra
Nascimento,
FKCLOJ>@>L QBO>MBRQF@>
Hepatites
AeB LĂgia Reis, FarmacĂŞutica do CEDIME
As hepatites de origem vĂrica sĂŁo doenças hepĂĄticas provocadas por vĂrus que afectam um grande nĂşmero de pessoas em virtude da sua fĂĄcil transmissĂŁo, falta de medidas de higiene e da falta de aplicação das medidas de profilaxia mais adequadas. SĂŁo hoje conhecidos cinco vĂrus diferentes, sendo as hepatites que originam designadas pelas letras A, B, C, D e E. Reportando-nos apenas Ă s hepatites A e B, estima-se que 1,5 milhĂľes de pessoas em todo mundo1
crĂłnica, as consequĂŞncias sĂŁo mais
contribuir tanto para promover os
sejam anualmente infectadas com o
complicadas (por exemplo cirrose ou
melhores comportamentos com vis-
vĂrus da hepatite A, chegando a atin-
cancro do fĂgado).
ta à prevenção, como para apoiar os
gir 150/100.00 habitantes nas regiĂľes
Estes nĂşmeros preocupam os vĂĄrios
doentes crĂłnicos sob terapĂŞutica.
endĂŠmicas. JĂĄ na hepatite B, estima-se
intervenientes da nossa sociedade,
O fĂgado ĂŠ um ĂłrgĂŁo volumoso e, em
que haja 350 milhĂľes de infectados
tanto decisores polĂticos como profis-
alguns aspectos, o ĂłrgĂŁo mais com-
em todo o mundo e, em Portugal, haja
sionais de saĂşde, pelo que a interven-
plexo do corpo humano. Do ponto
cem mil infectados2.
ção atenta e oportuna da Farmåcia,
de vista funcional estĂĄ organizado
Dadas as caracterĂsticas da hepatite
atravÊs da prestação de informação
em åcinos ‒ unidade fisiológica ‒ re-
B, que tende a evoluir para uma fase
e aconselhamento adequados, pode
cebendo fluxo sanguĂneo atravĂŠs da
44 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
artéria hepática (20 por cento) e da veia porta (80 por cento). É maioritariamente constituída por um tipo de células denominadas hepatócitos que desempenham funções vitais na manutenção da homeostase (tabela 1)3:
Fígado
As doenças hepáticas podem ter diferentes causas, classificando-se como3:
Canal cistico Vesicula biliar
Doenças Hepatocelulares ‒ em que
Canal biliar comum
as características da lesão, como a in-
Estincter de oddi
flamação e necrose, predominam (ex.
Duodeno
Veia hepática Artéria hepática Veia porta Canal hepático comum
hepatites víricas). Tabela 1 ‒ Funções dos hepatócitos3 Algumas funções dos hepatócitos Síntese de proteínas séricas essenciais: Produção de bílis, lípidos e seus transportadores: Regulação de nutrientes: Metabolismo e conjugação de componentes lipofílicos:
Albumina, proteínas transportadoras, factores de coagulação Ácidos biliares, colesterol, lecitina, fosfolípidos Glicose, glicogénio, lípidos , colesterol, aminoácidos Bilirrubina, fármacos Tabela 2 ‒ Causas de hepatites Algumas causas de hepatites
Doenças Colestáticas (obstrutivas) ‒ em que as características principais
Vírus da Hepatite A
consistem na perturbação do fluxo
Vírus da Hepatite B
biliar (colelitíase).
Hepatite
Vírus da Hepatite C Víricas
Vírus da Hepatite Delta Vírus da Hepatite E
Define-se como inflamação no fíga-
Citomegalovírus
do . Esta inflamação pode ter diversas
Vírus Epstein Barr
causas (tabela 2), comprometendo a função hepática com várias conse-
Hepatite auto-imune
quências para o organismo. As hepatites víricas são todas diferentes
Distúrbios de imunidade
em sintomas, gravidade e tratamento.
Colangite esclerosante primária Cirrose biliar primária
Na hepatite aguda, os sintomas podem variar bastante e, dependendo
Obesidade, diabetes
da causa, podem até mesmo não surgir, como acontece na grande maioria dos casos. Na maioria das vezes, a he-
Esteato-hepatite não alcoólica Hepatite alcoólica
Tóxicas Hepatite medicamentosa FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 45
FKCLOJ>@>L QBO>MBRQF@>
patite aguda surge com um quadro parecido ao de uma gripe, com mal estar, fraqueza, febre, dores e nĂĄuseas. Quadros mais intensos podem surgir GrĂĄfico 1 - CaracterĂsticas clĂnicas e laboratoriais da hepatite A
com icterĂcia, devida ao aumento do nĂvel sĂŠrico de bilirrubina. Na hepatite crĂłnica, ocorre uma des-
IcterĂcia
truição lenta das cĂŠlulas do fĂgado. Nesta
ALT
IgG Anti-VHA
fase, praticamente nĂŁo hĂĄ sintomas.
IgM Anti-VHA
VHA nas fezes
Hepatite A Causada pelo vĂrus da hepatite A, ĂŠ uma doença auto-limitada da qual o doente recupera completamente em trĂŞs - quatro semanas.
A hepatite A
nunca se torna crĂłnica e raramente ĂŠ
Tempo (semanas)
fulminante (menos de um por cento). O vĂrus da hepatite A - VHA - ĂŠ um vĂrus RNA transmitido por via oro-fecal, isto ĂŠ, atravĂŠs de alimentos e ĂĄgua contaminados. O perĂodo de incubação ĂŠ de aproximadamente quatro semanas e a sua replicação estĂĄ limitada ao fĂgado.
Epidemiologia
No entanto, o vĂrus pode tambĂŠm en-
A principal via de transmissĂŁo do VHA
como tem acontecido em Portugal4,
contrar-se na bĂlis e nas fezes, que cons-
Ê fecal-oral sendo a sua disseminação
em grande parte devido Ă melhoria
tituem vias de eliminação, e no sangue
interpessoal intensificada por uma
das condiçþes de saneamento e hi-
atĂŠ ao final do perĂodo de incubação e
higiene pessoal inadequada e por
giene da população portuguesa, mas
na fase aguda prÊ-ictÊrica da doença.
aglomerados de pessoas, incluindo o
nos paĂses em desenvolvimento este
Os anticorpos anti-VHA (IgM e IgG)
meio intrafamiliar e intra-institucional
tipo de hepatite ĂŠ considerado endĂŠ-
podem ser detectados durante a fase
(creches, escolas, lares, prisĂľes). AlĂŠm
mico, pelo que a exposição, infecção
aguda, e persistem por vĂĄrios meses.
da ĂĄgua contaminada tambĂŠm os
e imunidade sĂŁo quase universais na
O IgG anti-VHA permanece por toda a
alimentos, em especial se nĂŁo forem
infância (mais de 90 por cento das
vida e protege contra nova infecçþes .
cozinhados, podem estar contamina-
crianças destes paĂses foram infecta-
A presença do anti-VHA significa pois
dos. Nos paĂses desenvolvidos a inci-
das pelo VHA1,2). A distribuição geo-
infecção no passado e cura (gråfico 1).
dĂŞncia de hepatite A tem diminuĂdo,
gråfica da hepatite A em função da
3
46 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
Mapa I ‒ Distribuição geográfica da prevalência do anti-VHA (fonte: CDC 2006)
Prevalência do anti-VHA Elevado Elevado/médio Médio Baixo Muito baixo prevalência do anticorpo anti-VHA é
muns são icterícia (pele e olhos ama-
Tratamento
indicada no mapa I.
relados), fadiga, falta de apetite, urina
O tratamento é baseado em medi-
Apesar do grupo etário dos cinco
escura, náuseas e dores articulares e
das de suporte, aconselhando-se re-
aos 14 anos registar a maior incidên-
musculares, ocasionalmente com fe-
pouso. Sempre que possível deve-se
cia identificam-se ainda os seguintes
bre baixa e dor na zona do fígado.
interromper a toma de medicamen-
grupos de risco:
A presença de sintomas está associada
tos que possam prejudicar o fígado,
3
à idade : 70 por cento das crianças com
assim como a ingestão de álcool.
menos de seis anos têm uma infecção
Devem ser tomados cuidados para
assintomática e não é acompanhada
evitar a transmissão entre os familia-
de icterícia, enquanto nas crianças
res. O internamento só é necessário
mais velhas ou em adultos a sintoma-
em casos graves, nos idosos e no caso
tologia característica surge e a icterícia
de outras doenças graves simultâne-
está presente em mais de 70 por cen-
as. Os casos raros de doentes com
to dos casos. Tipicamente os sintomas
hepatite fulminante (aparecimento
duram menos de dois meses. A hepa-
de alterações mentais denominadas
tite A no adulto é mais grave do que
encefalopatia hepática dentro de
nas crianças, podendo atingir taxas de
oito semanas do início dos sintomas)
Sintomas
mortalidade de dois por cento acima
devem ser encaminhados para um
A maioria dos doentes não apresenta
dos 50 anos de idade.
centro de referência, podendo ter de
• viajantes, em particular para destinos em que a hepatite A é endémica (África, Ásia). • militares em deslocação • consumidores de drogas injectáveis ou não injectáveis • indivíduos que pratiquem sexo não protegido com pessoas infectadas com o vírus • trabalhadores sanitários
quaisquer sintomas, particularmente
ser considerada a possibilidade de
as crianças, ou apresenta sintomas
Diagnóstico
transplante hepático4. Os contactos
inespecíficos que se assemelham a
O diagnóstico laboratorial é feito du-
mais próximos (familiares, parceiro
um quadro gripal. Quando se apresen-
rante a fase aguda pela detecção de
sexual) devem ser vacinados caso es-
ta clinicamente, os sintomas mais co-
3
anti-VHA da classe IgM .
teja indicado. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 47
FKCLOJ>@>L QBO>MBRQF@> Tabela 3 ‒ Vacinas da Hepatite A HAVRIXŽ5 Titular AIM Composição Via de administração
Dose e Esquema Administração Criança
TWINRIXÂŽ7
EPAXAL 9
SmithKline & French Portuguesa
GSK Biologicals
Berna
VHA inactivado e adsorvido (estirpe HM 175)
VHA inactivado + VHB (antigĂŠnio de superfĂcie)
VHA inactivado (estirpe Rg-SB)
Intramuscular
Intramuscular
Intramuscular
720 Unidades Elisa /0,5 mL (JĂşnior)
360 Unidades Elisa + 10 mcg/0,5 mL
1ª dose: a partir de 1 ano de idade atÊ aos 17 anos 2ª dose: 6 a 12 meses após a primeira administração desta vacina ou outra vacina contra a hepatite A
1ÂŞ dose: a partir de 1 ano de idade atĂŠ aos 15 anos em data seleccionada 2ÂŞ dose: 1 mĂŞs apĂłs a primeira dose 3ÂŞ dose: 6 meses apĂłs a primeira dose
VAQTAÂŽ6 (AIM aprovada mas ainda nĂŁo comercializado) Sanofi Pasteur MSD VHA inactivado e adsorvido (estirpe CR 326) Intramuscular 25 U / 0,5 mL
24 U.I. / 0,5 mL
Não administrar como profilaxia pós-exposição
1ª dose: a partir de 1 ano de idade atÊ aos 17 anos 2ª dose: 6 a 18 meses após a primeira administração (não foi estabelecida a eficåcia e segurança em crianças com idade inferior a 1 ano)
720 Unidades Elisa + 20 mcg/1 mL 1440 Unidades Elisa /1 mL (Adulto)
Adulto * 18 anos
1ÂŞ dose: a partir dos 19 anos inclusive 2ÂŞ dose: 6 a 12 meses apĂłs a primeira administração desta vacina ou outra vacina contra a hepatite A Pode ser administrada a indivĂduos infectados com VIH
1ª dose: a partir dos 16 anos de idade em data seleccionada 2ª dose: 1 mês após a primeira dose 3ª dose: 6 meses após a primeira dose Esquema alternativo e antecipado a utilizar em circunstâncias especiais (ex: viagem): 1ª dose: em data seleccionada 2ª dose: 7 dias após a primeira dose 3ª dose: 21 dias após a primeira dose 4ª dose: 12 meses após a primeira dose
1ÂŞ dose: a partir de 1 ano de idade atĂŠ aos 60 anos
2ª dose: 6 a 12 meses após a primeira administração desta vacina ou outra vacina contra a hepatite A
50 U / 1 mL 1ª dose: a partir dos 18 anos de idade 2ª dose: 6 a 18 meses após a primeira administração Adultos com VIH: 1ª dose: data seleccionada 2ª dose: 6 meses após a primeira administração
Não administrar como profilaxia pós-exposição
NĂvel de Imunização
Utilização com outras vacinas
Conservação
48 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
Os dados disponĂveis demonstram que os anticorpos persistem apĂłs 5 anos em mais de 99% dos indivĂduos vacinados
A administração simultânea de vacinas contra a febre tifóide febre amarela, cólera ou tÊtano não interfere com a resposta imunológica desta vacina. Devem ser administradas com seringas diferentes e em locais diferentes.
Conservar no frigorĂfico (+2Âş a +8ÂşC). NĂƒO CONGELAR pois destrĂłi a potĂŞncia da vacina.
A primeira dose da vacina concede proteccção pelo menos durante 12 meses. A segunda dose prolonga a eficåcia protectora atÊ no minimo 20 anos em pelo menos 95% das pessoas vacinadas (cålculo com base num modelo matemåtico e na extrapolação de seguimento durante 3-6 anos).
Os anticorpos anti-VHA mantĂŠm-se pelo menos durante 10 anos. NĂŁo produz imunidade imediata pelo que ĂŠ necessĂĄrio esperar 2 a 4 semanas atĂŠ que se detectem anticorpos.
A administração concomitante com outras vacinas não foi especificamente estudada pelo que não Ê aconselhåvel administrar em simultâneo.
Pode ser administrada simultaneamente com as vacinas da febre amarela e da gripe, mas em seringas separadas, bem como com profilaxia da malĂĄria.
Na criança pode ser administrada concomitantemente com a vacina viva atenuada de sarampo, papeira e rubĂŠola e a vacina inactivada poliomelite. No adulto pode ser administrada com a vacina da febre amarela e vacina da febre tifĂłide polissacarĂdica, concomitantemente, em locais de injecção diferentes
A suspensĂŁo ĂŠ branca e turva. Conservar no frigorĂfico (+2Âş a +8ÂşC). NĂƒO CONGELAR. Conservar na embalagem de origem para proteger da luz. Agitar antes de usar
Conservar no frigorĂfico (+2Âş a +8ÂşC). NĂƒO CONGELAR. Conservar na embalagem de origem para proteger da luz. Agitar antes de usar
A protecção contra a hepatite A e B obtĂŠmse num perĂodo de 2 a 4 semanas. Os ensaios clĂnicos em crianças revelam que os anticorpos persistem pelo menos atĂŠ 48 meses (4 anos) apĂłs o inĂcio do esquema de primovacinação. Os ensaios clĂnicos em adultos revelam que os anticorpos persistem na grande maioria dos casos para lĂĄ de 60 meses (5 anos) apĂłs o inĂcio do esquema de primovacinação.
Conservar no frigorĂfico (+2Âş a +8ÂşC). NĂƒO CONGELAR pois destrĂłi a potĂŞncia da vacina.
Prevenção As medidas gerais para a prevenção
cional (creches, escolas, saneamento,
Existe também a possibilidade de
da hepatite A são:
etc), a pessoas com alterações dos
transmissão de mãe para filho no mo-
Saneamento: usar água potável e dispor
factores de coagulação (hemofilia) e
mento do parto, uma forma de con-
de uma adequada rede de esgotos
a portadores de doenças crónicas do
tágio particularmente importante,
Higiene: lavar as mãos com frequência
fígado (cirrose hepática).
dada a grande tendência de evolução para a cronicidade, que ocorre em 95
e, sempre, após defecação ou mudança da fralda. Lavar bem os alimentos.
Hepatite B
por cento dos recém-nascidos contaminados pela mãe, muito comum nas
Imunização activa: disponíveis desde 1996, as vacinas com o vírus inactiva-
O vírus que causa a hepatite B (VHB) é
zonas hiperendémicas de países em
do são seguras e eficazes, conferindo
um vírus DNA, transmitido por duas vias:
desenvolvimento, onde a maior parte
uma protecção de 94-100 por cento
via sanguínea e via sexual. Num primei-
dos infectados contrai o vírus durante
após duas - três doses, por cinco a
ro contacto com o vírus pode ocorrer
a infância. Nos países industrializados,
dez anos (tabela3).
a forma aguda desta doença, mas em
esta faixa etária é a que se encontra
Apesar de não fazer parte do Plano
cinco por cento dos casos no adulto
mais «protegida» já que a vacina con-
Nacional de Vacinação, recomenda-
ela evolui para a forma crónica, tornan-
tra a hepatite B faz parte do programa
se a administração a crianças, espe-
do-se o indivíduo um portador crónico.
nacional de vacinação de 116 países,
cialmente se inseridas em comuni-
Alguns destes indivíduos desenvolvem
Portugal incluído.
dades endémicas ou que frequentam
fenómenos inflamatórios crónicos origi-
O vírus da hepatite B é resistente,
creches, a pessoas que viagem de fé-
nando hepatite crónica e cirrose hepáti-
chegando a sobreviver sete dias no
rias ou por motivos profissionais para
ca. Outra das consequências é o cancro
ambiente externo em condições
regiões onde a hepatite A é endémi-
do fígado que surge anualmente em
normais e com risco de infecção em
ca, a toxicodependentes, a pessoas
quatro - cinco por cento dos doentes
cinco a 40 por cento das pessoas não
com risco acrescido devido a práticas
com cirrose. Por isso se diz que o vírus
vacinadas que sofrem algum tipo de
sexuais, a pessoas com risco ocupa-
2
da hepatite B é um vírus oncogénico .
contaminação, picada com agulha FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 49
FKCLOJ>@>L QBO>MBRQF@>
GrĂĄfico 2 - CaracterĂsticas clĂnicas e laboratoriais tĂpicas da hepatite B
contendo sangue por exemplo (o risco ĂŠ maior do que o observado para o
IcterĂcia
vĂrus da hepatite C ‒ 1,8 por cento ou
ALT
o VIH - 0,2 a 0,5 por cento)4. A infecção pelo VHB tem um perĂodo de
HBeAg
Anti-HBe
incubação longo, entre as seis semanas
IgG Anti-HBc
e os seis meses, e ĂŠ mais prevalente na
HBsAg
Ă sia, PacĂfico e Ă frica inter tropical, onde se calcula que entre cinco a 20 por cento das pessoas sejam portadoras crĂłni-
IgM Anti-HBc
Anti-HBs
cas. O vĂrus tem menor incidĂŞncia no mundo desenvolvido, Estados Unidos da AmĂŠrica e Europa Ocidental, mas
regista-se um elevado nĂşmero de casos
Tempo (semanas)
na Europa Central e Oriental. ao anticorpo anti-HBc ele surge em
apetite. Os sintomas desaparecem
Evolução
circulação ao fim de uma a duas se-
em um a trĂŞs meses, mas algumas
O vĂrus da hepatite B possui trĂŞs anti-
manas apĂłs o surgimento do HBsAg
pessoas podem permanecer com
gĂŠnios principais, o s (AgHBs), o c
e
sensação de fadiga mesmo após
(AgHBc) e o e (AgHBe). Como defe-
meses ou mesmo anos. Ao detectar
normalização dos exames.
sa o nosso organismo produz anticor-
o anti-HBc podemos estar perante
Em casos raros (0,1-0,5 por cento), a
pos para destruir os trĂŞs antigĂŠnios.
uma infecção recente ou ocorrida no
resposta do organismo ĂŠ tĂŁo exage-
Quando uma pessoa ĂŠ infectada pelo
passado. Se predominar o anti-HBc
rada que hå destruição maciça dos
VHB o primeiro antigĂŠnio detectĂĄvel
da classe IgM estamos perante uma
hepatĂłcitos (hepatite fulminante),
Ê o AgHBs. Uma vez em circulação
infecção com menos de seis meses,
podendo ser fatal4.
hĂĄ um aumento da actividade das
se predominar a classe IgG estamos
aminotransferases (AST-aminoaspar-
perante uma infecção com mais de
mantĂŠm-se
durante
semanas,
3
DiagnĂłstico
tato transferase e ALT-alanina ami-
seis meses (grĂĄfico 2).
O diagnĂłstico da hepatite B, bem
notransferase) e surgem os sintomas.
O VHB pode permanecer no orga-
como das suas fases evolutivas, ĂŠ
Este antigĂŠnio ĂŠ detectĂĄvel durante
nismo, podendo infectar outras pes-
baseado exclusivamente nas anĂĄ-
a fase ictĂŠrica (fase aguda). Ao fim de
soas, algumas semanas antes dos
lises
um a dois meses deixa de se detectar
sintomas surgirem, variando de seis
marcadores (AgHBs, AgHBe, anti-
e raramente persiste alĂŠm dos seis
semanas a seis meses. Os sintomas
HBc, anti-HBs, anti-HBe). No en-
meses. O anticorpo contra o AgHBs
iniciais sĂŁo mal estar, dores articula-
tanto, deve ser associado tambĂŠm
(anti-HBs) surge apĂłs as primeiras
res e fadiga, que podem evoluir para
a marcadores de lesĂŁo das cĂŠlulas
quatro semanas. No que respeita
dor local, icterĂcia, nĂĄuseas e falta de
hepĂĄticas (AST e ALT). Pode ser em-
50 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
sanguĂneas
denominadas
pregue o método de PCR (polime-
Tratamento
Interferão
rase chain reaction) para detectar a
O tratamento da hepatite B crónica
Interferões são glicoproteínas produ-
quantidade do vírus circulante no
visa suprimir a replicação viral e re-
zidas por células infectadas por vírus.
sangue, pesquisando o ADN do ví-
duzir a lesão hepática, prevenindo
Até agora foram identificados três ti-
rus (ADN VHB).
a evolução para cirrose e carcinoma
pos: o alfa, produzido por linfócitos B e
A biópsia hepática poderá estar in-
hepatocelular. Actualmente, os tra-
monócitos, o beta, por fibroblastos e o
dicada nalguns casos que evoluem
tamentos com eficácia comprovada
gama, por linfócitos T-helper e NK.
para uma fase crónica. Nestes casos
para a hepatite B são8 (tabela 4).
O interferão-alfa-2b (IFN-alfa) age directamente contra o vírus e também
o marcador AgHBs persiste positivo durante pelo menos seis meses e em muitos casos para sempre: é o cha-
aumenta a resposta imune (tem ac-
• Imunomodeladores: • peguinterferão alfa-2 ou inter-
mado portador crónico.
ferão peguilado (pegIFN-α2a, ou
Existem três tipos principais de in-
pegIFN-α2a)
fecção crónica: o portador crónico
e imunomoduladora). O interferão peguilado, um interferão modificado com as novas características de poder ser aplicado apenas uma vez por se-
do AgHBs sem doença e aqueles com hepatite B crónica AgHBe posi-
tividade antivírica, antiproliferativa
mana, mantendo seus níveis séricos.
• Análogos dos nucleósidos:
tivo, e hepatite B crónica AgHBe ne-
• lamivudina;
O interferão peguilado tem mostrado
gativo. Nestas duas últimas o vírus
• adefovir dipivoxil;
uma eficácia semelhante ou ligei-
pode estar muito activo e desenca-
• entecavir;
ramente superior ao INF-α com a
dear evolução para cirrose e cancro
• telbivudina (ainda não comercia-
vantagem de ter uma administração
do fígado.
mais conveniente (semanal).
lizado na Europa)
Tabela 4 - Comparação dos fármacos aprovados para a terapêutica da hepatite B8 Telbivudina
PEG-IFN-α
Lamivudina
Adefovir
Entecavir
(AIM aprovada mas ainda não comercializado)
Não indic. Indicado Indicado
Não indic. Indicado Indicado
Não indic. Indicado Indicado
Não indic. Indicado Indicado
Não indic. Indicado Indicado
48 semanas 48 semanas
* 1 ano > 1 ano
* 1 ano > 1 ano
* 1 ano > 1 ano
* 1 ano > 1 ano
6 MU/m2/3xsem (Interferão convencional)
3mg/Kg/dia (máx. 100mg/dia)
Não aprovado
-
-
10mg/dia
0,5 mg/dia 1mg/dia em caso de resistência
Indicações AgHBe (+), ALT normal HBeAg (+) ALT elevada HBeAg (-) ALT elevada
Duração do Tratamento HBeAg (+) HBeAg (-)
Dose Criança
Adulto
180 µg por semana
100mg/dia
600 mg/dia
Via de administração
subcutânea
oral
oral
oral
oral
Reacções Adversas
muitas
raro
raro
raro
raro
Resistência antivírica
não
Custo
elevado
20%, 1º ano 70%, 5º ano baixo
29%, 5º ano elevado
< 1%, 2º ano elevado
25%, 2º ano -
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 51
FKCLOJ>@>L QBO>MBRQF@>
Tabela 5 - Dieta saudĂĄvel Lamivudina A lamivudina inibe a multiplicação do VHB. No entanto, ĂŠ capaz de induzir mutaçþes no vĂrus da hepatite B, prejudicando a eficĂĄcia deste tratamento, jĂĄ que o tornam resistente.
Alimentos variados contendo os quatro grupos principais (cereais, frutas e vegetais, leite e derivados, e carne/peixe) Refeiçþes distribuĂdas ao longo do dia IngestĂŁo adequada de proteĂnas Alimentos ricos em vitaminas B e C NĂŁo beber ĂĄlcool Limitar alimentos com excesso de gordura e açúcar
Ao fim de cinco anos de tratamento cerca de 70 por cento dos doentes tornam-se resistentes.
Telbivudina
Dieta
A lamivudina ĂŠ praticamente isenta
Tem uma acção antivĂrica sobre o VHB
Com a excepção do uso do ålcool
de efeitos secundĂĄrios. Ao contrĂĄrio
mais potente que a lamivudina na
não hå nenhuma restrição nutricional
do interferĂŁo ĂŠ seguro em doentes
supressĂŁo da replicação do vĂrus. No
especĂfica para os doentes com hepa-
com cirrose descompensada.
entanto estĂĄ associada a uma elevada
tite B. Situaçþes especiais, como cirro-
resistĂŞncia e resistĂŞncia cruzada com
se com ascite ou encefalopatia hepĂĄ-
Adefovir dipivoxil
a lamivudina. Tem por isso um papel
tica, ou a presença de outra doença
O adefovir ĂŠ comprovadamente efi-
limitado na terapĂŞutica.
associada, no entanto, podem indicar restriçþes dietÊticas adicionais, con-
caz no tratamento das estirpes selvagens e mutantes do VHB, alĂŠm de
Estilo de vida
forme orientação do mÊdico, nome-
induzir muito menos resistĂŞncia viral
Prevenção da transmissão
adamente restrição de sal.
do que a lamivudina. Em dois anos, a
As pessoas portadoras do vĂrus (com
Assim, mesmo sem restriçþes nutri-
resistĂŞncia ao adefovir ĂŠ de dois por
AgHBs positivo) devem manter rela-
cionais especĂficas pela hepatite B,
cento, em comparação aos 40 por
cionamento sexual procurando saber
recomenda-se uma dieta saudĂĄvel,
cento da lamivudina. Os efeitos cola-
da situação do parceiro/a quanto Ă
que ajuda a manter o peso e melhora
terais sĂŁo pouco comuns.
hepatite B (vacinado/a ou imuniza-
o sistema imunolĂłgico (tabela 5).
do/a), usar sempre preservativo se o/a Entecavir
parceiro/a nĂŁo estiver vacinado, nĂŁo
Actividade fĂsica
Estudos in vitro demonstraram que
partilhar escovas de dentes ou lâminas
Apesar de não haver demonstração
o entecavir ĂŠ mais potente que a la-
de barbear, manter as feridas cobertas,
clara dos benefĂcios em relação Ă histĂł-
mivudina e o adefovir, e ĂŠ eficaz em
se sangrar limpar a superfĂcie onde cai
ria natural da doença, a actividade fĂsica
caso de estirpes mutantes do VHB
o sangue com lixĂvia, nĂŁo dar sangue,
saudĂĄvel (andar rĂĄpido pelo menos trĂŞs
esperma ou orgĂŁos.
vezes por semana, aproximadamente
!
resistentes Ă lamivudina . 52 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
A vacina para a hepatite B é altamente eficaz. Além de prevenir esta infecção também contribui para diminuir incidência de cancro do fígado.
30 ‒ 45 minutos de cada vez) está relacionada com melhor qualidade de vida, na redução da depressão e a uma melhoria do sistema imunológico.
Prevenção Teste (AgHBs também chamado an-
A vacina faz parte do Plano Nacional
da saúde, viajantes para zonas de ris-
tigénio de superfície da hepatite B)
de Vacinação sendo administrada
co, toxicodependentes, familiares de
A realização deste teste é aconselha-
gratuitamente em todos os recém-
portadores crónicos do vírus, homo-
da a pessoas que residam em regiões
nascidos e nas crianças dos 10 aos
sexuais. Recomenda-se no entanto
hiperendémicas, pessoas com risco
13 anos. Entre adultos, e além dos
que adolescentes e adultos com vida
acrescido devido às suas práticas se-
grupos já mencionados, deve ser
sexual activa e que possam vir a tro-
xuais ou que mantenham relaciona-
utilizada em trabalhadores da área
car de parceiro sexual se vacinem.
mento sexual com alguém infectado com VHB, pessoas que injectem ou tenham injectado drogas, hemodialisados, pessoas infectadas com VIH/ SIDA, grávidas ou que pretendem engravidar. Estes grupos têm indicação
Tabela 6 - Doses recomendadas das vacinas contra hepatite B Grupo etário
ENGERIX®12 vacina recombinante contra hepatite B, adsorvida
8
para efectuar a vacinação .
Dose 10 mcg/0,5 mL
A principal forma de transmissão da hepatite B em Portugal é a via sexual.
Recém-nascido até aos 15 anos
Administração em circunstâncias especiais : 0, 1, 2, 12 meses
Vacina
Dose 20 mcg/1 mL
A vacina para a hepatite B é altamente eficaz. Além de prevenir esta infecção
Indivíduo * 16 anos
também contribui para diminuir a incidência de cancro do fígado. A vacina
Administração em circunstâncias especiais (viagem): 0, 7, 21 dias, 12 meses
Indivíduos submetidos a hemodiálise
Dose 2 x 20 mcg/1 mL Administração: 0, 1 mês, 2 meses, 6 meses
produzir anticorpos, mas incapaz de transmitir doença (tabela 6).
Administração: 0, 1, 6 meses ou 0, 1, 2, 12 meses
Indivíduo * 18 anos
consiste de fragmentos do antigénio da hepatite B (AgHBs), suficiente para
Administração: 0, 1, 6 meses
a) Vacina Recombivax HB ‒ AIM caducada FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 53
FKCLOJ>@>L QBO>MBRQF@> Agradecimento ao contributo do Professor Doutor Rui Tato Marinho - presidente da APEF Associação Portuguesa para o Estudo do FĂgado
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Secção especializada da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, com 25 anos de existĂŞncia, que engloba mĂŠdicos e outros profissinais de saĂşde com interesse pelas doenças do fĂgado.
13. Hepatitis Foundation International. The ABC´s of Hepatitis. DisponĂvel em: www.hepatitisfoundation.org
OUTROS RECURSOS â&#x20AC;˘ Hope for Hep B, acessĂvel em: https://www.hope-for-hepb.com/ â&#x20AC;˘ SOS Hepatites, acessivel em: www.soshepatites.org.pt
As principais doenças do fĂgado sĂŁo: cirrose alcoĂłlica, hepatite C, hepatite B, esteatose hepĂĄtica (gordura no fĂgado), carcinoma hepatocelular (cancro primitivo do fĂgado). Contacto: Av. AntĂłnio JosĂŠ de Almeida, 5F â&#x20AC;&#x2019; 8Âş, 1000-042 Lisboa Tel: 217 995 530 apef@mail.telepac.pt http://www.apef.com.pt/
54 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
Publicaçþes ANF Informação adicional sobre a Hepatite pode ser encontrada nas seguintes publicaçþes/meios de divulgação ANF: www.anfonline.pt Folheto para o Doente disponĂvel nas farmĂĄcias aderentes ao Serviço Informação saĂşde desde Junho de 2007
FKCLOJ>@>L SBQBOFK`OF> Intoxicaçþes em pequenos animais
As intoxicaçþes nos pequenos ani-
terapĂŞuticas ou acidentais, relativas Ă
tomar sempre atenção ao que estå
mais representam ainda cerca de 80
manipulação directa destes agentes.
ao seu redor e que apresenta risco de
por cento dos casos de urgĂŞncia nos
Estes episódios de intoxicação, fre-
intoxicação.
hospitais veterinĂĄrios. Importa por
quentes em animais domĂŠsticos,
O amitraz, um desparasitante externo,
isso sensibilizar os proprietĂĄrios, mĂŠ-
atingem maioritariamente os cĂŁes
pertencente ao grupo das formamidi-
dicos veterinĂĄrios, farmacĂŞuticos e
e os gatos. Os produtos veterinĂĄrios
nas, Ê responsåvel por intoxicaçþes nos
todos os profissionais de saĂşde para
podem provocar acidentes. Mas hĂĄ
cĂŁes devido geralmente Ă inadequada
as principais causas e procedimentos
outros agentes igualmente tĂłxicos
administração. DisponĂvel em farmĂĄcias
de emergĂŞncia/ SOS em casos de in-
para os pequenos animais como os
e adquirido sem prescrição mÊdica, Ê
toxicação.
desparasitantes, herbicidas, raticidas
muito usado na terapĂŞutica das sarnas
A utilização de produtos veterinå-
ou tudo o que, em casa ou no exte-
e no controlo de ectoparasitas.
rios, ou similares, sem orientação ou
rior, estĂĄ ao seu alcance.
Nos gatos deve-se ter em atenção que
acompanhamento de um profissional
Fora de casa, estĂŁo facilmente em
o amitraz - seguro para cĂŁes desde
qualificado, mĂŠdico veterinĂĄrio ou far-
contacto com parasitas e outros
que diluĂdo em ĂĄgua - pode provocar
macĂŞutico, aumenta o potencial risco
agentes tĂłxicos como a lagarta do
intoxicaçþes graves e fatais. Deve-se
das intoxicaçþes por circunstâncias
pinheiro, devendo os proprietĂĄrios
por isso cumprir escrupulosamente
56 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
as indicações do médico veterinário
domésticos. Com mais espaço para
muito curiosos, sendo frequentemen-
ou farmacêutico na administração
as suas brincadeiras, são no entanto
te vítimas do seu comportamento.
correcta dos produtos.
um espaço de risco. Num jardim co-
Nas suas incursões farejam e cheiram
Os animais domésticos à semelhança
abitam as flores, a relva mas também
espécies animais possuidoras de pro-
das crianças ingerem tudo o que está
herbicidas e organofosforados. Estes
priedades tóxicas, como é o caso de
ao seu dispor, importa por isso preve-
agentes tóxicos, por serem substân-
insectos, serpentes, sapos, processio-
nir estas situações mantendo objec-
cias cáusticas, lesionam a mucosa
nárias, entre outros.
tos com potencial risco de ingestão
gastrointestinal, não devendo por
A intoxicação por contacto com a
por cães e gatos, afastados ou em
isso ser usada a técnica SOS da indu-
processionária, designada também
local seguro. Sendo bastante comum
ção do vómito dado o risco de lesão
como lagarta do pinheiro, assume
a ingestão de pequenos objectos ou
grave das mucosas gastrointestinais.
um carácter sazonal, dependente do
brinquedos, o proprietário deve ter
Nesta situação, se detectada de ime-
clima da região, verificando-se uma
o cuidado de prevenir estes aciden-
diato, pode e deve ser administrado
maior percentagem de casos durante
tes adequando o tipo de brinquedo
o carvão vegetal activado, de forma a
a Primavera e Verão. No cão a parte
à raça e dimensão do seu animal de
diminuir a absorção do tóxico. Se não
do corpo mais afectada é a cabeça,
estimação.
for em tempo útil, o animal deverá
em especial os lábios, a mucosa oral
As águas estagnadas em jardins ou
seguir rapidamente para um serviço
e a língua. Deve de ser imediatamen-
quintais, bem como sabonetes ou de-
de urgências.
te instituída terapêutica de urgência,
tergentes utilizados em casa, não de-
Ainda no lar, existe um agente fre-
pois o tóxico provoca necrose das es-
vem estar facilmente ao alcance dos
quente nos acidentes por intoxica-
truturas com as quais contacta. Para
pequenos animais visto que apresen-
ção: os raticidas. Úteis no combate
tal o animal deve de imediato ser en-
tam elevado risco de intoxicação.
aos indesejáveis roedores, são um
caminhado para um serviço de urgên-
Em caso de acidente relacionado com
agente muito tóxico nos pequenos
cias. O diagnóstico desta intoxicação
a ingestão de um destes agentes tó-
animais. Provocam problemas de
pode ser difícil, particularmente nos
xicos, o procedimento de emergên-
coagulação, desencadeando gran-
casos em que não estão disponíveis
responsável pelo grupo
cia deve ser, de imediato, a indução
des hemorragias manifestadas geral-
informações sobre os antecedentes
Hospital Veterinário de
do vómito com a ingestão de água
mente no vómito ou nas fezes com
da exposição.
Almada.
oxigenada a 20 volumes, e a admi-
sangue. Os animais devem ser vistos,
A prevenção é ainda a melhor ma-
Qualquer dúvida pode
nistração de comprimidos de carvão
logo que possível, pelo médico vete-
neira de reduzir a incidência de into-
ser colocada para o email
vegetal activado, à venda em farmá-
rinário. Sempre que são detectados
xicações em animais de companhia
hva@hvalmada.com.
cias. Cumpridas estas duas medidas
os acidentes numa fase prematura,
e indirectamente aos seus donos,
SOS, sempre que o acidente tenha
deve tentar-se primeiro a indução do
tornando necessária a educação e
sido detectado numa primeira fase, o
vómito uma vez que desta forma se
consciencialização
animal deve ser, logo de seguida, ob-
reduz a quantidade de agente tóxico
para uma adequada assistência por
servado pelo médico veterinário.
no organismo.
profissionais habilitados, reduzindo
Os jardins, pelo seu espaço ao ar livre,
Em espaços exteriores, os animais
os riscos de intoxicações agudas ou
são locais de eleição para animais
domésticos, e em especial o cão, são
crónicas para humanos e animais.
da
Artigo elaborado em colaboração com a Dra. Ana Paula Abreu, Médica Veterinária
sociedade
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 57
JRPBR A> C>OJ`@F>
Onde hĂĄ um explorador... Onde hĂĄ um explorador hĂĄ uma farmĂĄcia. Isso mesmo prova a
alguns dos restos mortais que a natu-
mem aprendeu a interpretar e com-
reza preservou ao longo dos sĂŠculos
preender melhor a natureza. Num
tĂŞm sido encontrados artefactos cuja
contexto
função seria a de guardar as plantas
naturalmente
agreste,
cedo o homem começou a relacio-
usadas como medicamento.
nar-se com a natureza em benefĂcio
Esta presença dos produtos ditos
prĂłprio. NĂŁo apenas por dela provir
medicinais foi evoluindo ao longo
o sustento e o abrigo. Mas tambĂŠm
dos sĂŠculos, com alguma documen-
por lhe oferecer propriedades tera-
tação a demonstrar que, na Idade
pĂŞuticas.
MĂŠdia, jĂĄ existiam caixas destinadas
da FarmĂĄcia. Um
A caça, actividade do homem primi-
a guardar medicamentos, precurso-
tivo, constituiu sempre ocasiĂŁo de
ras das actuais farmĂĄcias portĂĄteis.
testemunho de que
grande provação fĂsica. Longas ca-
Isto porque â&#x20AC;&#x2019; conforme sublinha
minhadas numa demanda plena de
JoĂŁo Neto, director do Museu da
ameaças fizeram com que o homem
FarmĂĄcia â&#x20AC;&#x2019; o homem sempre teve
os medicamentos
chamasse a si os benefĂcios medici-
necessidade de estar prĂłximo do
nais da natureza, fazendo-se acom-
medicamento. Uma simples via-
tĂŞm acompanhado o
panhar de uma pequena reserva de
gem, em negĂłcios ou de visita a um
plantas com que se revigorava e com
parente, obrigava a juntar Ă baga-
que tratava os ferimentos.
gem uma reserva de medicamentos
Desse passado ficaram testemunhos
num tempo em que a debilidade
arqueolĂłgicos que, Ă medida que sĂŁo
dos transportes e das comunica-
revelados, permitem confirmar a tese
çþes dificilmente permitia o acesso
de que a saĂşde gerou as mais antigas
atempado a cuidados de saĂşde.
profissĂľes do mundo. De facto, com
DaĂ as farmĂĄcias portĂĄteis. NĂŁo eram
colecção de farmåcias portåteis que integra o espólio do Museu
ao longo dos sĂŠculos
homem na odisseia que o tem levado às sete partidas do mundo. E ao espaço. 58 Œ FARMà CIA PORTUGUESA
Assim acontece desde que o ho-
propriedade exclusiva dos farmacêuticos, mas extensiva às famílias, ainda que apenas às mais ilustres. Era, naturalmente, o farmacêutico lo-
Farmácias portáteis nas sete partidas do mundo
A mais antiga de todas é uma mala em folha de prata dourada que remonta ao Século XVI. Em Inglaterra reinava Isabel I e era seu favorito Sir Walter Raleigh, primeiro cortesão, depois na-
cal que as organizava, dotando-as de produtos adequados à época do ano
Foi o primeiro passo para uma co-
vegador, uma espécie de corsário hu-
e ao objectivo da deslocação. Nelas
lecção que viria a assumir contornos
manista que descobriu a Virgínia do
se arrumavam frascos para a con-
muito particulares: é que de todas as
Norte e foi responsável pela introdu-
servação de medicamentos ou de
farmácias portáteis agora reunidas no
ção da batata na Europa. Era sua esta
matérias-primas, balanças e pesos,
Museu da Farmácia emergiu um con-
mala, que se pensa terá servido como
mini-almofarizes e placas para fazer
junto específico ‒ farmácias portáteis
caixa de aromas, como que uma ante-
unguentos. Eram, efectivamente, far-
de grandes exploradores e aventurei-
cessora das farmácias portáteis.
mácias muito bem apetrechadas.
ros, portugueses e estrangeiros. São
Posterior é a farmácia portátil de Sir
Não sendo exclusivas da profissão,
testemunho dos grandes passos que o
Henry Morton Stanley, explorador
é, no entanto, de um farmacêuti-
homem tem dado na conquista do uni-
ao serviço da também britânica rai-
co ‒ e português ‒ a farmácia por-
verso, nas suas diferentes dimensões.
nha Vitória.
tátil que inaugurou a colecção do
Nas aventuras em África ou na travessia
Foi sob suas ordens que este jornalista
Museu da Farmácia. Pertencia a Artur
da Antárctida, nas grandes corridas até
se transformou em aventureiro, envia-
Maldonado de Freitas, farmacêutico
Dacar ou nas escaladas do Everest, nas
do às profundezas de África em bus-
das Caldas da Rainha, famoso pela
navegações solitárias e no desbravar
ca de David Livingstone. Encontrou-o
sua colecção de cerâmica. Dela cons-
do espaço, passando pelo jornalismo
nas margens do Lago Tanganica, onde
tava um valioso ‒ do ponto de vista
em tempo de guerra ‒ são estas as di-
hoje é a Tanzânia, e desse encontro fi-
histórico e cultural ‒ espólio de peças
versas faces da colecção de farmácias
cou para a história a célebre frase Dr.
de índole farmacêutica, que o Museu
portáteis de um Museu que conta o
Livingstone, I presume? .
entretanto adquiriu.
passado e o presente da Farmácia.
Foram outras latitudes que tornaram FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 59
JRPBR A> C>OJ`@F>
Em nenhuma destas viagens faltou uma farmĂĄcia. Todas elas estĂŁo agora no Museu da FarmĂĄcia. famoso Ernest Shackleton: a AntĂĄrctida
de JoĂŁo Garcia, o primeiro portuguĂŞs a
Ă&#x2030;, precisamente, alĂŠm fronteiras
cativou este irlandĂŞs que, entre 1914 e
vencer o Everest. Estava-se em Maio de
que o jornalista Carlos Fino exerce
1916, empreendeu a travessia do conti-
1999 quando o alpinista de Lisboa atin-
primordialmente a sua profissĂŁo.
nente gelado a bordo do Endurance .
giu o Ăşltimo dos 8848 metros deste pico
Durante anos correspondente da
Uma aventura nĂŁo completamente
dos Himalaias, uma proeza que conse-
RTP em Moscovo, destacou-se re-
bem sucedida, mas que colocou o
guiu sem recurso a oxigĂŠnio artificial.
centemente ao testemunhar, na pri-
seu nome entre os dos grandes ex-
Uma proeza foi tambĂŠm o que conse-
meira pessoa, a invasĂŁo do Iraque
ploradores de sempre.
guiram os sete jovens diabĂŠticos por-
pelos norte-americanos, naquela
Em nenhuma destas viagens faltou
tugueses que, em Agosto de 2005,
que foi a segunda guerra do Golfo.
uma farmĂĄcia. Todas elas estĂŁo ago-
arriscaram a escalada do Kilimanjaro,
Ao Museu legou entretanto a far-
ra no Museu da FarmĂĄcia. Tal como
o ponto mais alto de Ă frica.
mĂĄcia que o acompanhou nesses
a que subiu aos cĂŠus a bordo do
Provaram, assim, que a doença não
momentos de 2003.
VaivĂŠm Espacial Endeavour ou que
lhes tolhe a qualidade de vida e a
Em todas estas aventuras, em todos
orbitou Ă volta da Terra com a tripula-
vontade de viver.
estes momentos em que o homem
ção da estação especial russa Mir.
Outra resistĂŞncia ĂŠ a de Carlos Sousa e
se desafiou a si prĂłprio ou Ă natureza,
De portugueses fala tambĂŠm esta co-
Elisabete Jacinto, presenças habituais
a farmĂĄcia esteve presente.
lecção. Fala do espĂrito de aventura
no rally que começou por ser de Paris
Sob a forma de uma rudimentar
que levou o comissĂĄrio Manuel Gomes
a Dacar e agora parte de Lisboa. Dela
caixa de madeira, Ă prova de maus
Martins a lançar-se na primeira viagem
conhece-se a ousadia de desafiar o uni-
caminhos, ou sob a forma de uma
de circum-navegação solitåria: de 1989
verso masculino ao competir em moto
sofisticada mochila, desdobrada em
a 1991 percorreu 33 mil milhas nĂĄuticas,
e, mais recentemente, ao volante de
divisĂłrias flexĂveis, cumpriu sempre
tantas quanto as necessĂĄrias para dar
um camiĂŁo. Dele conhecem-se as mui-
o seu objectivo: o de constituir uma
a volta ao mundo. Fala da resistĂŞncia
tas vitĂłrias, aquĂŠm e alĂŠm fronteiras.
retaguarda de saĂşde.
60 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
@LKPRIQLOF> GROkAF@> O Regime JurĂdico
das FĂŠrias Filipe Nuno AzĂłia, advogado da PLMJ, Sociedade de advogados
Direito a fĂŠrias1
Aquisição do direito a fÊrias2
de decorrido o prazo de seis meses
O trabalhador tem direito a um perĂo-
O direito a fĂŠrias adquire-se com a
ou antes de gozado o direito a fĂŠrias,
do de fĂŠrias retribuĂdas em cada ano
celebração do contrato de trabalho
o trabalhador pode usufrui-lo atĂŠ 30
civil. O objectivo do direito a fĂŠrias
e vence-se no dia 1 de Janeiro de
de Junho do ano civil subsequente,
prende-se com a necessidade de re-
cada ano civil, reportando-se, em re-
desde que, no mesmo ano civil, o
cuperação fĂsica e psĂquica do traba-
gra, ao trabalho prestado no ano civil
trabalhador nĂŁo goze um perĂodo de
lhador, ao qual devem ser asseguradas
anterior, nĂŁo estando condicionado Ă
fĂŠrias superior a 30 dias Ăşteis.
condiçþes mĂnimas de disponibilidade
assiduidade ou efectividade de servi-
pessoal, de integração na vida familiar
ço. Existem, contudo, algumas excep-
e de participação social e cultural. Por
çþes. No ano da contratação, o traba-
esta razĂŁo, o direito a fĂŠrias ĂŠ irrenunci-
lhador tem direito, apĂłs seis meses
Direito a fÊrias nos contratos de duração inferior a seis meses3
ĂĄvel e, fora dos casos previstos na lei, o
completos de execução do contrato,
O trabalhador admitido com contrato
seu gozo efectivo nĂŁo pode ser substi-
a gozar dois dias Ăşteis de fĂŠrias por
cuja duração total não atinja seis meses
tuĂdo, ainda que com o acordo do tra-
cada mês de duração do contrato, atÊ
tem direito a gozar dois dias Ăşteis de fĂŠ-
balhador, por qualquer compensação
ao mĂĄximo de 20 dias Ăşteis. No caso
rias por cada mês completo de duração
econĂłmica ou outra.
de sobrevir o termo do ano civil antes
do contrato, sendo as fĂŠrias gozadas no
62 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
momento imediatamente anterior ao
do ano civil em que se vencem, não sen-
lhadores em função dos períodos
da cessação, salvo acordo das partes.
do permitido acumular no mesmo ano
gozados nos dois anos anteriores.
férias de dois ou mais anos. Contudo, as
Salvo se houver prejuízo grave para
Duração do período de férias e cumulação de férias4
férias podem ser gozadas no primeiro
o empregador, devem gozar férias
trimestre do ano civil seguinte, em acu-
em idêntico período os cônjuges
mulação ou não com as férias vencidas
que trabalhem no mesmo estabele-
O período anual de férias tem a du-
no início deste, por acordo entre empre-
cimento, bem como as pessoas que
ração mínima de 22 dias úteis (para
gador e trabalhador ou sempre que este
vivam em união de facto ou eco-
efeitos de férias, são úteis os dias da
pretenda gozar as férias com familiares
nomia comum. Relativamente aos
semana de segunda-feira a sexta-fei-
residentes no estrangeiro, podendo ser
farmacêuticos, aos cônjuges, ascen-
ra, com excepção dos feriados, não
também acordada a acumulação, no
dentes e descendentes, que prestem
podendo as férias ter início em dia de
mesmo ano, de metade do período de
serviço na mesma farmácia, é conce-
descanso semanal do trabalhador).
férias vencido no ano anterior com o
dida a faculdade de gozarem as suas
A duração do período de férias é au-
vencido no início desse ano.
férias simultaneamente.7 O mapa de férias, com indicação do
mentada no caso de o trabalhador não
Marcação do período de férias e respectivo gozo5
início e termo dos períodos de férias
apenas faltas justificadas, no ano a que as férias se reportam, nos seguintes
O período de férias é marcado por
rado até 15 de Abril de cada ano e afi-
termos: três dias de férias até ao má-
acordo entre empregador e trabalha-
xado nos locais de trabalho entre esta
ximo de uma falta ou dois meios-dias;
dor. Na falta de acordo, cabe ao em-
data e o dia 31 de Outubro.
dois dias de férias até ao máximo de
pregador marcar as férias e elaborar o
Se, depois de marcado o período de
duas faltas ou quatro meios-dias; ou
respectivo mapa. Relativamente às far-
férias, exigências imperiosas do fun-
um dia de férias até ao máximo de três
mácias, na falta de acordo, o emprega-
cionamento da empresa determina-
faltas ou seis meios-dias.
dor (a farmácia) só pode marcar o perí-
rem o adiamento ou a interrupção das
O trabalhador apenas pode renunciar
odo entre 01 de Maio e 31 de Outubro,
férias já iniciadas, o trabalhador tem
parcialmente ao direito a férias, receben-
salvo nas farmácias a funcionar em
direito a ser indemnizado pelo empre-
do a retribuição e o subsídio respectivos,
praias ou termas, que pelos condicio-
gador dos prejuízos que comprovada-
sem prejuízo de ser assegurado o gozo
nalismos próprios tenham de ter no
mente haja sofrido na pressuposição
efectivo de 20 dias úteis de férias.
referido período de tempo laboração
de que gozaria integralmente as férias
O gozo do período de férias pode ser
intensiva, ou no caso de a farmácia ter
na época fixada. Acresce que a inter-
ter faltado ou na eventualidade de ter
6
de cada trabalhador, deve ser elabo-
interpolado, por acordo entre em-
dez ou menos trabalhadores.
rupção das férias não pode prejudicar
pregador e trabalhador e desde que
Na marcação das férias, os períodos
o gozo seguido de metade do período
sejam gozados, no mínimo, dez dias
mais pretendidos devem ser rate-
a que o trabalhador tenha direito.
úteis consecutivos.
ados, sempre que possível, benefi-
Há lugar à alteração do período de
As férias devem ser gozadas no decurso
ciando, alternadamente, os traba-
férias sempre que o trabalhador, na FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 63
@LKPRIQLOF> GROkAF@> No caso de o trabalhador adoecer durante o perĂodo de fĂŠrias, sĂŁo as mesmas suspensas desde que o empregador seja do facto informado,
data prevista para o seu inĂcio, esteja
dos dias de fĂŠrias nĂŁo gozados.
temporariamente impedido por facto
Caso o empregador, com culpa, obste
Retribuição do perĂodo de fĂŠrias8
que nĂŁo lhe seja imputĂĄvel, cabendo
ao gozo das fĂŠrias, o trabalhador rece-
A retribuição do perĂodo de fĂŠrias
ao empregador, na falta de acordo, a
be, a tĂtulo de compensação, o triplo da
corresponde Ă que o trabalhador
nova marcação do perĂodo de fĂŠrias.
retribuição correspondente ao perĂodo
receberia se estivesse em serviço
Nos casos em que o trabalhador pre-
em falta, que deve obrigatoriamente ser
efectivo. AlĂŠm do pagamento do
tenda cessar o contrato e tenha dado
gozado no primeiro trimestre do ano
perĂodo de fĂŠrias, o trabalhador
o aviso prĂŠvio, o empregador pode
civil subsequente.
tem direito a um subsĂdio de fĂŠ-
determinar que o perĂodo de fĂŠrias
O trabalhador nĂŁo pode exercer duran-
rias cujo montante compreende a
seja antecipado para o momento
te as fĂŠrias qualquer outra actividade re-
retribuição base e as demais pres-
imediatamente anterior Ă data pre-
munerada, salvo se jĂĄ a viesse exercen-
taçþes retributivas que sejam con-
vista para a cessação do contrato.
do cumulativamente ou o empregador
trapartida do modo especĂfico da
No caso de o trabalhador adoecer du-
o autorizar a isso. Caso contrĂĄrio, sem
execução do trabalho, o qual deve
rante o perĂodo de fĂŠrias, sĂŁo as mes-
prejuĂzo da eventual responsabilidade
ser pago atĂŠ cinco dias antes do
mas suspensas desde que o emprega-
disciplinar do trabalhador, o emprega-
inĂcio das fĂŠrias.9 A redução do pe-
dor seja do facto informado, prosse-
dor tem o direito de reaver a retribuição
rĂodo de fĂŠrias para 20 dias Ăşteis ou
guindo, logo apĂłs a alta, o gozo dos
correspondente Ă s fĂŠrias e respectivo
o aumento da duração das fÊrias
dias de fĂŠrias compreendidos ainda
subsĂdio, da qual metade reverte para
não implicam redução ou aumento
naquele perĂodo, cabendo ao empre-
o Instituto de GestĂŁo Financeira da
correspondente na retribuição e no
gador, na falta de acordo, a marcação
Segurança Social.
subsĂdio de fĂŠrias.
1
Art. 211.Âş do CĂłdigo do Trabalho. Art. 212.Âş do CĂłdigo do Trabalho. 3 Art. 214.Âş do CĂłdigo do Trabalho. 4 Art. 213.Âş e 215.Âş do CĂłdigo do Trabalho. 5 Arts. 217.Âş a 219.Âş, 222.Âş e 223.Âş do CĂłdigo do Trabalho. 6 Clausula 20.ÂŞ do CCT entre a ANF e o SNF. 7 ClĂĄusula 16.ÂŞ do CCT entre a ANF e o SNF. 8 Art. 255.Âş do CĂłdigo do Trabalho. 9 ClĂĄusula 16.ÂŞ do CCT entre a ANF e o SNF e clĂĄusula 35.ÂŞ do CCT entre a ANF e o SINPROFARM. 2
64 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
BUMLC>OJ> Ressurgimento com nova imagem e mais espaço A Expofarma 2007, Feira Nacional
na zona de exposições, os visitantes po-
realizam 32 conferências; o pavilhão
da Farmácia, realiza-se de 8 a 10 de
derão conhecer as mais recentes novida-
de expositores, para as empresas do
Novembro no pavilhão 2 da FIL, no
des em produtos e serviços para farmácia
sector; o Pharma Lounge, a área cen-
Parque das Nações, em Lisboa. O
disponíveis no mercado nacional.
tral, com mil metros quadrados, desti-
certame, único no universo farma-
nada às empresas de prestígio exter-
Empresas de referência no sector
nas ao mercado farmacêutico; e um
nais do sector da Saúde.
Entre os expositores da Feira Nacional
estão distribuídos seis corners spots,
A entrar num novo ciclo de vida, após a
da Farmácia estão as empresas de re-
cada um com 24 metros quadrados.
compra da Expofarma pela ANF no iní-
ferência nos sectores da Farmácia e da
cio do ano, a Feira Nacional da Farmácia
Saúde em Portugal (indústria farmacêu-
apresenta-se com um carácter inovador,
tica, empresas de distribuição, de infor-
A Feira das Farmácias
com nova imagem e num novo espaço,
mática, comunicação, fornecedores e
Incluído no programa da Feira Nacional da Farmácia reali-
na FIL, em dez mil metros quadrados
fabricantes de equipamentos e serviços,
za-se no dia 10 de Novembro uma Noite da Farmácia, com
organizados de modo a simplificar as
entre outras). A mostra contempla, igual-
um jantar de encerramento seguido de um espectáculo.
visitas dos profissionais e a facilitar os
mente, as melhores ofertas nas áreas da
A Expofarma 2007, a Feira das Farmácias, realizar-se-á nos
contactos comerciais e os negócios.
banca, seguros, automóvel e turismo,
dias 8, 9 e 10 de Novembro no Pavilhão 2 da FIL, no Parque
Durante três dias, os seis mil profissio-
dirigidas às necessidades das farmácias
das Nações. Nos três dias da Expofarma2007 - a Feira das
nais esperados na Feira Nacional da
e dos farmacêuticos.
Farmácias - decorrem múltiplas actividades de interesse
Farmácia vão assistir a 32 conferências,
A área de exposições da Feira Nacional
científico, de negócios, de lazer e de entretenimento. Os
com temas, oradores nacionais e inter-
da Farmácia divide-se em seis espaços
diversos patrocinadores terão espaços próprios para expor
nacionais e público dos vários ramos do
diferenciados: o espaço BES; a área de
as melhores ofertas nas áreas da banca, seguros, automóvel
sector farmacêutico. Do mesmo modo,
conferência, com quatro salas, onde se
e turismo.
cêutico nacional, ressurge com novas soluções e oportunidades para os farmacêuticos e para todos os profissio-
espaço infantil, com 80 metros quadrados. Em toda a área de exposição
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 65
@LKPRIQLOF> CFP@>I Facturas electrĂłnicas RogĂŠrio M. Fernandes Ferreira *
1. A validade, a eficĂĄcia e o valor proba-
nhamos um pouco sobre este tema,
(certificada por entidade certifica-
tĂłrio dos documentos electrĂłnicos, em
com bastante importância para as
dora credenciada).
geral, foi regulamentada pela primeira
empresas e que tem suscitado algu-
Resumidamente, podemos definir
vez em Portugal no ano de 1999, atra-
mas dĂşvidas.
a assinatura electrónica avança-
vĂŠs do Decreto-Lei n.Âş 290-D/99, de 2
da como uma sequĂŞncia de dados
de Agosto, diploma que veio posterior-
2. No essencial, o regime jurĂdico
agregada a um documento de men-
mente a ser alterado pelo Decreto-Lei
dos documentos electrĂłnicos en-
sagem electrĂłnica que identifica de
n.Âş 62/2003, de 3 de Abril.
contra-se definido em função das
forma unĂvoca o titular como autor
A recente publicação do Decreto-
modalidades pela qual se revela a
do documento e permita ao mesmo
Lei n.Âş 196/2007, de 15 de Maio, que
respectiva autoria, isto ĂŠ, a assinatu-
detectar toda e qualquer alteração
regulamenta as condiçþes tÊcnicas
ra electrĂłnica, a que corresponde-
superveniente
para emissão, conservação e arqui-
rão diferentes graus de segurança e
mesmo.
vamento de facturas ou documen-
fiabilidade: a assinatura electrĂłnica
Tal assinatura serĂĄ digital quando
tos equivalentes emitidos por via
avançada, a assinatura digital e a
baseada em sistema de chaves digi-
electrĂłnica, justifica que nos dete-
assinatura electrĂłnica qualificada
tais - do autor e do destinatĂĄrio - uti-
66 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
ao
conteĂşdo
do
lizadas para encriptar o documento
256/2003, de 21 de Outubro, o qual,
posteriormente eliminada, podendo
e será qualificada quando tais chaves
transpondo para o ordenamento ju-
as facturas electrónicas ser, actualmen-
sejam criadas por intermédio de en-
rídico interno a então recente regula-
te, arquivadas em suporte electrónico,
tidades credenciadas para o efeito.
mentação comunitária sobre a matéria
sem alterações, por ordem cronológi-
‒ constante da Directiva 2001/115/CE
ca de emissão e recepção, desde que
3. A cada uma das diferentes mo-
do Conselho, de 20 de Dezembro de
se encontre assegurado o acesso, sem
dalidades de assinatura electrónica
2001 -, veio a disciplinar, no Código
restrições, por parte da Administração
correspondem determinados efeitos,
do IVA, as regras aplicáveis, em sede
tributária e assegurada a integridade
no que concerne à validade e à força
deste imposto, à transmissão e à con-
da origem e do seu conteúdo, durante
jurídica dos documentos electrónicos
servação de facturas e documentos
o prazo estipulado na lei.
nos quais as mesmas sejam apostas.
equivalentes por meios electrónicos.
Os registos assim arquivados deverão ser
Assim, em regra, o documento elec-
mantidos por um prazo de dez anos.
trónico ao qual não seja aposta assina-
5. De acordo com o regime resultante
tura electrónica qualificada certificada
deste último diploma, as facturas e os
7. São já vários os operadores, actual-
por entidade certificadora credencia-
documentos equivalentes emitidos
mente, no mercado, que vêm disponi-
da satisfaz o requisito legal da forma
por via electrónica equivalem, para
bilizando soluções de processamento
escrita, mas o respectivo valor proba-
todos os efeitos legais, aos originais
e arquivamento de facturação electró-
tório é livremente apreciado pelo juiz,
das facturas emitidas em suporte pa-
nica, encontrando-se inclusivamente
nos termos gerais de direito.
pel, conferindo aos respectivos des-
em curso um projecto de adopção
Já o documento electrónico que con-
tinatários, designadamente, o direito
generalizada da adopção da factura
tenha uma assinatura electrónica qua-
à dedução do imposto, desde que
electrónica na Administração Pública,
lificada tem, em regra, o mesmo valor
aceites pelo respectivo destinatário
onde, certamente, esta decisão terá
que um documento em papel que con-
e esteja garantida a autenticidade
elevadíssimo impacto em matéria de
tenha uma assinatura manual, feita pelo
da sua origem e a integridade do seu
redução de custos administrativos.
punho do seu titular, com os efeitos em
conteúdo.
Mas para além do apelativo factor de
matéria de prova daí decorrentes.
Esta garantia resultará da circunstân-
redução de custos - e que, em deter-
cia de a factura ter sido emitida me-
minado tipo de empresas, como por
4. No seguimento da criação do regime
diante assinatura electrónica avan-
exemplo as da área de telecomuni-
jurídico dos documentos electrónicos,
çada, nos termos acima já referidos,
cações, pode conduzir a poupanças
o legislador aprovou dois outros diplo-
ou através de sistema informático
significativas -, a adopção da factura
mas - o Decreto-Lei n.º 375/99, de 18 de
de intercâmbio electrónico de dados
electrónica é uma decisão com im-
Setembro, e o Decreto-Regulamentar
(IDE), entre os computadores das par-
pactos positivos noutros domínios,
n.º 16/2000, de 2 de Outubro ‒, com
tes, através de normas de conversão
por via da aceleração de processos
vista a regulamentar, em especial, o re-
de dados convencionadas entre si.
administrativos ou da redução da
gime legal das facturas electrónicas e a
* Rogério M. Fernandes Ferreira, Departamento de Direito Fiscal da PLMJ e-mail: rff@plmj.pt
burocracia, ou ainda da protecção
sua equiparação à factura emitida em
6. Embora estivessem inicialmente su-
do meio ambiente, atenta a redução
suporte papel.
jeitas à obrigação de conservação em
concomitante do consumo de papel,
Tais diplomas viriam, no entanto, a
suporte de papel, pelo emitente e pelo
e do estímulo à criação de emprego
ser revogados, pelo Decreto-Lei n.º
destinatário, tal obrigação viria a ser
de base tecnológica. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 67
I>?LO>QpOFL OE A FarmĂĄcia e os Talentos (V)
Como manter os melhores Jaime Ferreira da Silva *
Os talentos sobem e descem nos elevadores todos os dias e podem ir-se embora num piscar de olhos. Tudo o que compramos realmente ĂŠ apenas equipamentos e mobiliĂĄrio .
Atribui-se a Jack Welsh, antigo CEO da General Electric, a autoria desta afirmação que cremos traduzir uma das preocupaçþes actuais de todas as chefias e dirigentes, a da fixação das pessoas (e respectivos talentos) nas equipas que lideram.
te e indiferenciado1 a activo escasso e
Este movimento de impacto trans-
Duzentos e cinquenta anos apĂłs o
volåtil. A sua preparação para a labora-
versal nas economias chegou Ă
2
inĂcio da Revolução Industrial, que
ção plena exige, no mĂnimo, mais de
FarmĂĄcia ComunitĂĄria, quase sem se
mudou para sempre a face das rela-
uma dĂŠcada de investimento, e a sua
anunciar, transformando indelevel-
çþes (e forças) de trabalho, o capital
empregabilidade sustentĂĄvel o resto
mente, em cerca de duas dĂŠcadas
humano passou de recurso abundan-
do tempo de vida Ăştil profissional.
apenas, o panorama das relaçþes de
1
Nos primĂłrdios, a mĂŁo-de-obra das fĂĄbricas era constituĂda por multidĂľes de camponeses indiferenciados que procuravam nas indĂşstrias
nascentes, uma melhoria das suas condiçþes de vida, submetendo-se a cargas diĂĄrias de trabalho superiores a 12 horas, com poucos direitos e regalias. Os que nĂŁo aguentassem essas condiçþes, eram facilmente substituĂdos, dada a abundância da oferta. 2
A formação acadĂŠmica de base e tĂŠcnico-proďŹ ssional de acesso Ă generalidade das proďŹ ssĂľes ĂŠ, no mĂnimo de 12 anos.
68 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
trabalho no sector. No modelo tra-
ocorridas. Neste contexto, os recur-
fazem já adivinhar que esta dinâmica
dicional da Farmácia cabia ao pro-
sos humanos serão, porventura, a
de mudança e renovação estará para
prietário a escolha (quase sempre
dimensão que maiores interrogações
durar!
unilateral) dos seus colaboradores
(e desafios) tem gerado ao longo do
Neste enquadramento, os colabora-
que, em regra, iniciavam a profissão
tempo, por via das menores certezas
dores de Farmácia vêem acrescido o
ainda adolescentes, mal saídos de
quanto à eficácia das soluções preco-
seu poder negocial e, os proprietários
uma escolaridade incipiente. Nesses
nizadas. A haver uma explicação para
que disso não se aperceberem, arris-
tempos, acreditava-se nas virtudes
tal facto, ela radicará, provavelmente,
cam-se a comprometer a sustentabi-
do saber-de-experiência-feito , sem
na imprevisibilidade humana, enri-
lidade (e viabilidade?) das suas activi-
base teórica e conceptual de relevo,
quecida pelas idiossincrasias de cada
dades empresariais.
permanentemente apoiado na mão
um de nós!
É que, na actualidade, a mão-de-obra
invisível do Director Técnico que,
A Farmácia do séc. XXI em que os
farmacêutica também escolhe os seus
diligentemente, fiscalizava e corrigia
Farmacêuticos são, sem sombra de
potenciais empregadores, depois de
as acções dos seus pupilos-emprega-
dúvida, a força de trabalho dominante
recolher referências a seu respeito.
dos. Eram tempos em que as relações
e o principal factor de diferenciação
3
Não só o faz de forma cada vez mais
de trabalho, na Farmácia, assumiam
face a uma concorrência acirrada, co-
consistente como partilha essas in-
um figurino próximo do do mestre-
nhece (novas) exigências que não são
formações com as suas redes de con-
discípulo dos tempos medievais.
compatíveis com os pressupostos de
tacto, tudo à distância e conforto de
Simbolicamente, o processo de infor-
antigamente, oriundos de uma época
um simples clic. Dizer que os recursos
matização das farmácias, iniciado há
mais tranquila e previsível.
humanos são o principal activo das
pouco mais de duas décadas, des-
Vivemos na actualidade, tempos de
farmácias não é mais um lugar-co-
poletou a modernização do sector,
pleno emprego farmacêutico agra-
mum, é um pressuposto estratégico
gerando uma dinâmica de renovação
vado pela escassez (e declínio?) de
para o sucesso! E as Farmácias que
4
do status quo que se foi articulando
outras profissões e pela emergência
não cuidarem do seu farma-appeal6
(e reagindo) com todas as transfor-
de novas5 que, apesar de não possu-
conhecerão dificuldades crescentes
mações sociais e políticas entretanto
írem ainda suficiente massa crítica,
nessa matéria!
3
Pelo valor do seu capital conhecimento.
4
como p.e., a dos Ajudantes Técnicos.
5
p.e., técnicos de dermocosmética, nutricionistas.
6
Capacidade de atrair e contratar, motivar, envolver, desenvolver e reter os colaboradores capazes de acrescentar valor à actividade,
* Jaime Ferreira da Silva, Director Executivo da RHM, empresa especializada em recursos humanos.
consolidando a marca de cada Farmácia. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 69
I>?LO>QpOFL OE
Na FarmĂĄcia do sĂŠc. XXI, a temĂĄtica
ponder Ă s cinco questĂľes-chave que
te uma liderança esclarecida de cada
dos recursos humanos deverĂĄ ser
enformam toda a gestĂŁo de recursos
proprietårio, alicerçada na qualidade
um dos principais domĂnios de inves-
humanos, a saber:
tĂŠcnico-profissional e humana da
timento dos seus proprietĂĄrios. Tal
â&#x20AC;˘ Como construir uma equipa eficaz?
respectiva equipa e na sua capaci-
como na actividade de jardinagem
â&#x20AC;˘ Como desenvolver o seu potencial?
dade de expressĂŁo desses talentos
que exige um labor intensivo e per-
â&#x20AC;˘ Como motivar o seu envolvimento
junto dos utentes.
manente, a gestĂŁo de pessoas deverĂĄ
A saúde Ê, por definição, uma questão
com a missĂŁo da FarmĂĄcia?
ser tambÊm uma atribuição ininter-
â&#x20AC;˘ Como medir o seu desempenho?
Ăntima e as pessoas nĂŁo gostam de a par-
rupta, nĂŁo devendo confinar-se aos
â&#x20AC;˘ Como manter os melhores?
tilhar com estranhos sem rosto ; logo, o
momentos simbĂłlicos Ăłbvios como
Esta Ăşltima questĂŁo, verdadeiro co7
sucesso da Farmåcia assentarå, forçosa-
o fecho do ano e definição dos au-
rolĂĄrio de todo o processo de GRH ,
mente, em equipas com um quantum
mentos salariais, ou a selecção e ad-
serĂĄ porventura a de resposta menos
de estabilidade que assegure, aos olhos
missĂŁo de um novo elemento.
tangĂvel e, simultaneamente, a que
dos utentes, as condiçþes necessårias e
Acredito que gerir pessoas ĂŠ uma das
maior importância assume em todos
suficientes para que essa partilha possa
atribuiçþes mais complexas de qual-
as actividades econĂłmicas.
ser feita ao balcĂŁo da FarmĂĄcia.
quer chefia e, nesse particular, a melhor
No caso particular da FarmĂĄcia
forma de o fazermos, serĂĄ a de simplifi-
ComunitĂĄria, adquire um peso incre-
car esse processo, recorrendo a princĂ-
mental uma vez que o sucesso da
pios de acção testados, que limitem os
actividade radicarĂĄ, cada vez mais,
erros mais evidentes sem no entanto,
numa quĂmica harmoniosa da equi-
garantirem soluçþes universais em
pa com os seus utentes, conducente
Sem cairmos na tentação falaciosa da
virtude da imprevisibilidade do seu
à crescente fidelização destes e, por
receita , apresentamos em seguida
objecto - a natureza humana e as cir-
conseguinte, a um entrosa mento
alguns pressupostos e princĂpios de
cunstâncias em que se manifesta.
progressivo e sustentĂĄvel com a co-
acção que temos verificado contri-
Ao longo deste ciclo de artigos, que
munidade em sentido lato.
buĂrem para a retenção positiva dos
agora se encerra, procurĂĄmos res-
Ora isso sĂł poderĂĄ ser feito median-
colaboradores:
Como manter os melhores?
7
GRH â&#x20AC;&#x2019; GestĂŁo de recursos humanos.
8
A= desempenho e potencial de desenvolvimento acima da mĂŠdia, essencial para a actividade e a estratĂŠgia da FarmĂĄcia; B=
desempenho e potencial de desenvolvimento dentro da mĂŠdia; importante para a actividade e estratĂŠgia da FarmĂĄcia; C= desempenho e potencial de desenvolvimento abaixo da mĂŠdia, entrave na actividade e estratĂŠgia da FarmĂĄcia. 70 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
A sensação de tédio instala-se quando se sente o perfume do marasmo e da estagnação, quando nada de novo se pressente. O tédio profissional despoleta frequentemente, comportamentos de procura de emprego alternativo.
Pressuposto 1: Baseado num sistema
média, cerca de dois anos em cada
do se sente o perfume do marasmo
de avaliação de desempenho objecti-
emprego. A partir dos 30-35 anos,
e da estagnação, quando nada de
vo e rigoroso, categorize os seus co-
começam a valorizar outras facetas
novo se pressente. O tédio profissio-
laboradores em A, B e C, consoante o
dos empregos, nomeadamente as da
nal despoleta frequentemente com-
respectivo perfil8.
estabilidade e da permanência.
portamentos de procura de emprego
Princípio de Acção 1: Delineie uma
Princípio de Acção 2: Invista na sua
alternativo.
estratégia e um prazo realista de
equipa em função das características
Princípio de Acção 3: Mantenha uma
conversão dos C s em B s. Enquanto
(e nível etário) de cada colaborador,
postura vigilante sobre o que são
que os A s e os B s são pilares essen-
definindo objectivos de curto/médio-
(boas) rotinas na sua Farmácia e té-
ciais do sucesso da empresa, os C s
prazo que tenham em linha de conta
dio. Exalte as virtudes das primeiras e
são um lastro cada vez mais difícil de
estas tendências psicossociológicas.
elimine as segundas. Não se esqueça
gerir, uma vez que criam entropia em
Mantenha um clima de abertura com
de fazer alguma pedagogia junto dos
qualquer equipa. Não se esqueça que
os colaboradores de forma a que não
colaboradores pois poderão confun-
um C na sua Farmácia pode ser um B
haja temas tabu, nomeadamente o
dir tédio com o que é afinal, rotina
(ou até um A) numa outra! Se verificar
da adequação das suas expectativas
essencial ao bom funcionamento da
uma não-compatibilidade incontor-
com as deles.
actividade.
nável com um colaborador, será pre-
Pressuposto 3: As pessoas confun-
Pressuposto 4: Numa economia glo-
ferível que o deixe seguir caminho.
dem frequentemente tédio com ro-
bal alimentada periodicamente pelo
Há sempre alternativas para aqueles
tina. As rotinas são um requisito da
perfume da novidade , a generalida-
que não conseguem adaptar-se aos
qualidade (e da excelência) quando
de das pessoas motiva-se profissio-
nossos propósitos!
são compostas por comportamentos
nalmente com essa expectativa.
Pressuposto 2: Na actualidade, a ge-
de trabalho testados e validados ao
Princípio de acção 4: Inclua essa evi-
neralidade dos colaboradores vai ter
longo do tempo, permitindo maxi-
dência na sua estratégia para cada ano
vários empregos ao longo da sua car-
mizar a eficiência e a eficácia das in-
vindouro, procurando encontrar pon-
reira. Uma investigação recente feita
tervenções envolvidas; nesse sentido,
tes entre a sua visão nessa matéria e
na Europa Comunitária ressalvou que,
são um factor crítico para o sucesso.
o potencial desejo de novidade(s) dos
até aos 30 anos, as pessoas estão, em
A sensação de tédio instala-se quan-
seus colaboradores. Comunique atemFARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 71
I>?LO>QpOFL OE Promova propostas de melhoria e inovação e premeie as ideias sugeridas que forem implantadas.
padamente esses novos desĂgnios de
e premeie as ideias sugeridas que
com o contributo relativo de cada
forma a que, quando a sua equipa es-
forem implantadas. Assuma-se mais
colaborador9. Seja criativo nos incen-
tiver a festejar o 31 de Dezembro, nĂŁo
como chefe de orquestra do que
tivos, nĂŁo os confinando apenas aos
pense com enfado que, no dia seguin-
como patrĂŁo .
financeiros; use o empowerment10
te, serĂĄ mais do mesmo . Use o Plano
Pressuposto 6: Conhece-te a ti mes-
selectivo como forma de distinguir e
de Desenvolvimento Pessoal dos seus
mo, Ă tua equipa e Ă tua concorrĂŞncia
valorizar os colaboradores que fazem
colaboradores como um instrumento
em geral, sem esquecer a vertente
a diferença, reforçando o seu vĂncu-
operacional para trazer novidade Ă s
polĂtica nacional e internacional do
lo com a FarmĂĄcia. Se nĂŁo quiser de
suas carreiras na sua FarmĂĄcia.
sector, e terĂĄs poucas surpresas e
todo, perder um colaborador, con-
Pressuposto 5: As pessoas criam vĂn-
muitas oportunidades de que bene-
sidere a possibilidade de lhe propor
culos aos empregos e Ă s pessoas com
ficiarĂĄs , poderĂĄ ser um aforismo de
sociedade.
quem trabalham. Esse vĂnculo tende-
inspiração platónica para os proprie-
Termino por hoje afirmando que na
rĂĄ a fortalecer-se na medida em que a
tĂĄrios que pretendam manter viva
actualidade nĂŁo sĂŁo as empresas
empresa e o negĂłcio forem sentidos
uma visĂŁo e uma estratĂŠgia actuantes
grandes que comem as pequenas;
como propriedade de todos.
para as suas FarmĂĄcias, salvaguardan-
sĂŁo as mais ĂĄgeis (de qualquer ta-
PrincĂpio de Acção 5: Use e abuse do
do, o mais possĂvel, a manutenção
manho) que quebram as pernas das
dos talentos mais valiosos.
mais lentas (de qualquer tamanho),
Crie espaço para que as pessoas assu-
PrincĂpio de Acção 6: Trabalhe para
aqui e em qualquer parte do mun-
mam com maior autonomia, projec-
posicionar a sua FarmĂĄcia entre o ter-
do... atÊ em Wall Street, praça finan-
tos, ĂĄreas de responsabilidade no seio
ceiro e o quarto quartil da curva nor-
ceira mundial de cujo jornal retirei
da FarmĂĄcia.
mal dos desempenhos de forma que
esta frase inspiradora.
Esse sentido de posse fomentarĂĄ
possa praticar uma polĂtica retributi-
E as empresas, sem as pessoas que
laços afectivos que pesarão positi-
va concorrencialmente sustentĂĄvel.
fazem realmente a diferença, não
vamente na hora de ponderar uma
Implemente uma polĂtica de retribui-
sĂŁo mais do que meros depĂłsitos
outra proposta profissional. Promova
ção variåvel ancorada nos resultados
sem alma, de equipamentos e mo-
propostas de melhoria e inovação
globais da FarmĂĄcia e consonante
biliĂĄrio!
nĂłs quando se referir Ă sua FarmĂĄcia.
9
Mediante os resultados do sistema de avaliação de desempenho.
10
Delegação de poder nos colaboradores mais talentosos.
72 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
CF@EBFOL JBPQOB Alteração à Denominação Farmåcia de Loureiro Rua do Barão, 1567 3720 - 069 LOUREIRO Dra. Maria Teresa Guedes Barbosa Santos Reis
FarmĂĄcia Alameda Alameda das Linhas de Torres, 201-B 1750 - 143 LISBOA Dra. Maria VitĂłria Santos G. S. B. Marabuto FarmĂĄcia Alameda - Unipessoal Lda.
FarmĂĄcia Cabanelas Lugar de EirĂł 4630 - 671 SOALHĂ&#x192;ES Dra. Daniela Maria Ramos Cabanelas
FarmĂĄcia Barreiros Faria Rua Sol Nascente, 13 2660 - 349 SANTO ANTĂ&#x201C;NIO DOS CAVALEIROS Dra. Maria EmĂlia das Dores B. Faria FarmĂĄcia Barreiros Faria, Unipessoal, Lda
Alteração à Propriedade
FarmĂĄcia Faria Av. Luis de CamĂľes - Cidade Nova, 5-D 2660 - 294 SANTO ANTĂ&#x201C;NIO DOS CAVALEIROS Dr. Armando Faria FarmĂĄcia Faria, Unipessoal, Lda
Farmåcia Moderna Rua Professor Mourato da Trindade, 13 6050 - 510 TOLOSA Dra. Ana Teresa Miguel Margarido Duarte Simþes Ana Simþes, Sociedade Unipessoal Lda. Farmåcia Silvares Avenida do Brasil 6230 - 633 SILVARES FND Dra. Teresa Paula Carvalhinho Cardoso Quelhas Teresa Quelhas, Farmåcia Silvares, Unipessoal Lda. Farmåcia Barreto do Carmo Morada Praça da República, 45 2080 - 044 ALMEIRIM Dr. Gonçalo Manuel Amaral da Silva Dra. Maria do Rosårio B. Carmo Cordeiro Farmåcia Sanil Rua de Camþes, 525 4000 - 147 PORTO Dr. Rui Filipe Costa Ferreira Rui Ferreira, Sociedade Farmacêutica, Unipessoal Lda. Farmåcia Bom Despacho Rua Padre António, 39 4470 - 000 MAIA Dra. Maria Teresa Henriques Maria Teresa Moreira dos Santos Henriques, Unipessoal, Lda.
FarmĂĄcia do Guizo Urbanização do Moinho do Guizo, LTALJ3-4 2650 - 177 AMADORA Dra. Maria AnĂĄlia Lopes Saraiva de Oliveira FarmĂĄcia do Guizo, Unipessoal Lda. FarmĂĄcia Guilhufe EdifĂcio Guilhufe, Fracção A e B, R/C 4560 - 144 GUILHUFE Dra. Rosa Cristina Martins Nogueira da Fonseca Dra. Rosa Cristina Fonseca Unipessoal, Lda. FarmĂĄcia Nelsina Praça da RepĂşblica, 3-5 4900 - 524 VIANA DO CASTELO Dra. Maria Manuel de Pina Sousa Vaz Cassina Santos & Filha Lda.
Alteração ao Pacto Social Farmåcia Pais Moreira Rua Principal, 693 4525 - 189 CANEDO VFR Dr. António Fernando Martins Violas Maria de Fåtima da Silva Pinheiro, Sociedade Unipessoal, Lda
Alteração de Direcção TÊcnica Farmåcia da Misericórdia Largo João de Almeida, 3 6300 - 695 GUARDA Dra.Cristina Maria Barbosa dos Santos Carvalho Santa Casa da Misericórdia Farmåcia Saúde Rua Hintze Ribeiro, 316 Leça da Palmeira 4450 - 690 MATOSINHOS Dra. Maria Rita de Azevedo Meneses de Araújo Monteiro Nova Farmåcia Saúde Leça da Palmeira Lda.
Passagem a Herdeiros FarmĂĄcia Nunes de SĂĄ Rua JoĂŁo Paulo II 4800 - 098 GUIMARĂ&#x192;ES Dra. Maria Madalena J. Nunes de SĂĄ Martins JosĂŠ AntĂłnio Fernandes Martins - Herdeiros
TransferĂŞncia de Local FarmĂĄcia Teixeira Estrada Nacional 11, 1-B 2835 - 172 BAIXA DA BANHEIRA Dra. Maria Manuela O. A. C. G. Teixeira Abreu Teixeira Lda. FarmĂĄcia Dois Portos Avenida 25 de Abril, 63 2565 - 206 DOIS PORTOS Dra. MarĂlia JoĂŁo Casaleiro Botelho MarĂlia Botelho Sociedade Unipessoal Lda. FARMĂ CIA PORTUGUESA ÂŚ 73
KLQF@F`OFL Saúde Portugal Expo & Conferências promove a saúde dos portugueses A Saúde Portugal Expo & Conferências 2007 vai reunir em
de Doentes a conferência internacional sobre
A Saúde
Lisboa, de 20 a 23 de Setembro, mais de cem instituições e
na União Europeia ‒ dirigida a gestores e profissionais da
empresas públicas e privadas do sector da saúde e acolher
saúde ‒ promovida pela Associação dos Administradores
cerca de 50 mil visitantes, entre público em geral e profis-
Hospitalares, com Willy Heushen, secretário-geral da
sionais de saúde. Os objectivos são promover a saúde dos
European Association of Hospital Managers como orador
portugueses, prevenir a doença, contribuir para colocar o
principal, e três salões em que participam sociedades mé-
cidadão no centro do sistema de saúde e obter ganhos
dicas, laboratórios farmacêuticos, associações de doentes,
de saúde.
prestadores de serviços - centros de saúde, USF, clínicas,
Sob o Comissariado da dra. Maria de Belém Roseira, a Saúde
hospitais ‒ e empresas de avançada tecnologia para o sec-
Portugal Expo & Conferências 2007, organizada pelo Jornal
tor.
do Centro de Saúde, com o patrocínio institucional do
A Plataforma Saúde em Diálogo estará presente neste
Alto Comissariado da Saúde, integra 30 workshops sobre
evento quer na área de exposições que através da partici-
promoção da saúde e prevenção da doença dirigidos a jo-
pação no Painel debate sobre As associações de Doentes,
vens, adultos e seniores o Fórum Nacional das Associações
a Industria, a Distribuição e as Instituições do Medicamento .
Fernand Sauer recebe o Primeiro Prémio de Mérito do PGEU Fernand Sauer recebeu o Prémio PGEU na reunião anual da Grupo Farmacêutico da União Europeia em Viena. O PGEU, representante da comunidade farmacêutica europeia, organizou na sua reunião anual a primeira entrega do Prémio de Mérito do PGEU, distinguindo desta forma o percurso Sauer. O Prémio pretende reconhecer os profissionais europeus mais activos nos domínios da política de Saúde na Europa, que tenham contribuído de forma relevante para a melhoria da imagem da profissão farmacêutica, a principal missão do Grupo. O primeiro premiado do PGEU, Fernand Sauer, liderou o
assim o debate europeu mais abrangente em questões de
grupo farmacêutico na Comissão Europeia de 1986 a 1994.
saúde, dando voz aos que, a longo prazo, vêm na saúde
Entre 1994 e 2000 assumiu a presidência da EMEA, a pri-
um aspecto crucial, como é o caso dos idosos.
meira agência europeia de avaliação dos medicamentos.
Fernad Sauer foi reconhecido pelo PGEU tanto pelo seu
Mais tarde, Sauer encabeçou a Direcção de Saúde Pública
trabalho na Comissão Europeia e na EMEA como também
da DG SANCO. A presidência do PGEU reconheceu em
pelo seu enorme contributo para uma melhor e mais sus-
Fernand Sauer a capacidade de envolvimento da socieda-
tentada política de saúde pública através da criação do
de civil na definição das políticas de saúde, sustentando
Fórum Europeu de Política de Saúde.
74 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Genéricos representam 18 por cento do mercado O Simpósio Medicamentos Genéricos em Portugal e na Europa centrou-se na qualidade como princípio e apresentou dados positivos relativamente ao mercado de genéricos em Portugal.
medidas relacionadas com o sector, salientou Vasco Maria,
Os genéricos atingiram em Maio, pela primeira vez, uma
presidente do Infarmed. Francisco Ventura Ramos, secretá-
quota de 18 por cento do mercado de medicamentos em
rio de Estado da Saúde, sublinhou, na abertura do Simpósio,
Portugal, representando um aumento de 23,3 por cento
que a adopção das referidas medidas tem congregado os
relativamente a Janeiro.
profissionais de saúde, a comunidade e a indústria farma-
As previsões indicam que no final de 2008 os genéricos
cêutica de uma maneira geral, com o apoio do governo,
ocuparão 20 por cento do mercado de medicamentos. Até
envolvendo a promoção da consolidação da actividade.
Maio de 2006, os genéricos renderam 195 milhões de euros,
Os dados referentes aos genéricos foram tornados públi-
valor que subiu para 240,46 milhões em Maio deste ano.
cos em 21 de Junho, por ocasião do lançamento de uma
Concorre para o bom nível das previsões o facto de haver
campanha promocional, a nível europeu, dedicada ao as-
já pelo menos uma dezena de substâncias genéricas que
sunto. Liderada em Portugal pela Infarmed, a campanha
representam mais de 60 por cento das vendas do sector.
de promoção recebeu entre nós o título de Pode Confiar .
O crescimento do mercado dos genéricos tem sido gradual
Foi dirigida ao público em geral e utilizou os mais diversos
desde 2000, ano que marcou a adopção de uma série de
meios de comunicação.
Farmácia Saúde é líder nacional no segmento Saúde A revista Farmácia Saúde obteve, no trimestre Abril ‒ Junho deste ano, uma audiência de 3,4 pontos, o que contribuiu para reforçar a sua liderança no segmento Saúde e Educação, chegando a mais de 282 mil leitores com idades acima dos 15 anos. Os dados do Bareme Imprensa da Marktest, agora divulgados, apontam para o melhor resultado de sempre alcançado por uma revista do género. A Farmácia Saúde registou uma subida de audiências de nove décimas em relação ao trimestre anterior (Janeiro Março). FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 75
KLQF@F`OFL
Conferência Pharmaceutical Pricing & Reimbursement Information Decorreu em Viena, em 29 de Junho,
ridades dos Estados-Membros, e reco-
Comissão Europeia, a OMS, o Banco
a conferência de 2007 do projec-
lher de forma sistematizada informa-
Mundial e a OCDE, e ainda de repre-
to PPRI ‒ Pharmaceutical Pricing &
ção descritiva dos sistemas de preços
sentantes dos diferentes Estados-
Reimbursement Information.
e comparticipação em cada um dos
Membros, quer a nível das autorida-
Trata-se de uma iniciativa ao nível eu-
Estados (agora 27), possibilitando o
des governamentais, quer a nível de
ropeu, cujos principais objectivos são
desenvolvimento de indicadores que
instituições privadas.
os de desenvolver uma rede ao nível
permitam uma análise comparativa
Portugal esteve representado pelo
das autoridades regulamentares e de
entre os diferentes países e sistemas.
Vice-Presidente do INFARMED, Prof.
outras instituições relacionadas, de
O projecto teve início em 2005, foi
Hélder Mota Filipe, e por represen-
forma a melhorar a qualidade da in-
inicialmente promovido pelas autori-
tantes da ANF e da APOGEN.
formação e o conhecimento sobre os
dades austríacas e conta com o apoio
No decorrer da reunião foram apre-
sistemas relacionados com a política
institucional de outros parceiros como
sentados diferentes estudos sobre sis-
do medicamento em geral, e em par-
a Comissão Europeia e a OMS.
temas de preços e comparticipações
ticular com as políticas relacionadas
A reunião deste ano contou com a
em diferentes países da Europa. No
com preços e comparticipações.
participação do Secretário de Estado
decorrer do painel de discussão final,
Através do estabelecimento desta
da Saúde da Alemanha, enquanto
intitulado Estratégias Europeias para
rede de informação pretendeu-se
representante da Presidência da UE;
Garantir a Acessibilidade , fez-se eco
avaliar o seu grau de necessidade
do Ministro da Saúde da Áustria; re-
das preocupações das diferentes ins-
pela Comissão Europeia e pelas auto-
presentantes de instituições como a
tituições relativamente a este aspecto,
76 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
o qual está directamente relacionado
Contudo, é necessário garantir que
com questões como o preço e a com-
tais inovações são acessíveis e tal
participação, mas que extravasa, de for-
acessibilidade signifique também, e
ma absoluta, este âmbito, dado que, de
necessariamente, uma acessibilidade
uma forma geral, toca em temas como
do ponto de vista económico.
a segurança, doenças raras, informação
É portanto de esperar que, ao nível
aos doentes e literacia em saúde, uso
europeu, venham a ser desenvol-
de novas tecnologias, partilha de risco
vidas outras iniciativas, visando a
e recompensa pela inovação.
procura de soluções cada vez mais
Na perspectiva mais global da aces-
globais no que respeita à acessibili-
sibilidade, foi referido pelo represen-
dade aos medicamentos inovadores
tante do governo alemão que, de
e, segundo algumas opiniões, tal
uma forma geral, todos os Estados-
passe também pela definição de um
Membros estão disponíveis para
quadro transparente de condições
financiar os medicamentos inovado-
relativas a preço e comparticipação
res, em favor dos doentes.
na Europa.
DECO revela aumento do preço dos MNSRM Desde 2005, ano em que deixou de
gualdades regionais no acesso.
to dos consumidores vem justificar a
haver preço fixo para os MNSRM
A DECO estudou os preços das 20
preferência ainda porque, em certas
(medicamentos não sujeitos a receita
marcas mais vendidas de MNSRM
regiões não é possível comprar me-
médica, que os preços destes me-
em 97 farmácias e 110 lojas, revelan-
dicamentos noutro local , já que a
dicamentos subiram 3,5 por cento,
do que metade dos medicamentos
maioria das não farmácias autoriza-
avança um estudo da revista Teste
são agora mais caros do que há dois
das a vender MNSRM está em zonas
Saúde, editada pela DECO.
anos, com aumentos que atingem os
urbanas.
A conclusão da subida de preços
43 por cento.
No que respeita à concorrência (ou fal-
vem confirmar a posição da ANF, que
O estudo revela no entanto a prefe-
ta dela), o estudo refere-se à liderança
sempre afirmou que o fim do preço
rência pelas farmácias por parte de
de 3 cadeias nas vendas de MNSRM, si-
fixo dos medicamentos levaria ao
95 por cento dos consumidores de
tuação que põe em causa os poucos
aumento dos preços e iria gerar desi-
MNSRM. O prestígio que gozam jun-
benefícios da liberalização.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 77
OBRKFLBP B PFJMpPFLP Internacionais DATA
EVENTO
27 a 30 de Setembro de 2007 Dusseldorf - Alemanha
EXPOPHARM 2007 International Pharmaceutical Trade Fair Contactos: Gabriele Stadler; Carl-Mannich-StraĂ&#x;e 26; 65760 Eschborn Phone: +49 6196 - 92 84 11; Fax: +49 6196 - 92 84 04 E-Mail: g.stadler@wuv.aponet.de Website: www.expopharm.de
31 de Agosto a 6 de Setembro de 2007 Beijing - China
67th International Congress of FIP Contactos: Andries Bickerweg 5 P.O. Box 84200, 2508 AE The Hague, The Netherlands Tel.: +31-(0)70-302 1982/1981, Fax: +31-(0)70-302 1998/1999 E-mail: congress@fip.org, Website: http://www.fip.org/beijing2007
Nacionais DATA
EVENTO
10 e 11 de Outubro de 2007 Lisboa
SeminĂĄrio â&#x20AC;&#x2019; Novo Estatuto do Medicamento Para mais informaçþes: IFE- Rua Basilio Teles, 35-1Âş Dto â&#x20AC;&#x2019; 1070-020 Lisboa Telef: (+351) 21 00 33 800 Fax: (+351) 21 00 33 888 E-mail: inscricoes@ife.pt Website: www.ife.pt
8 a 10 de Novembro de 2007 Lisboa
ExpoFarma â&#x20AC;&#x2019; Feira Nacional da FarmĂĄcia Para mais informaçþes: ASSISTĂ&#x160;NCIA COMERCIAL, Joana Messias Telefone (351) 21 924 78 30/1, Telefax (351) 21 924 78 39, TelemĂłvel (351) 91 444 78 00 E-mail: geral@expofarma.pt
18 a 21 de Novembro de 2007 Lisboa
XIth ISPCAN European Regional Conference on Child Abuseand Neglect Para mais informaçþes: Conference Secretariat 245 W. Roosevelt Rd, Building 6, Suite 39, West Chicago, IL 60185 USA Tel: 1.630.876.6913, Fax: 1.630.876.6917 Email: euroconf2007@ispcan.org Website: www.ispcan.org/euroconf2007
26 de Novembro a 1 de Dezembro de 2007 Albufeira
World Healthcare Student s Symposium 2007 â&#x20AC;&#x2019; Differents Rules, One Goal Para mais informaçþes: http://whss2007.org/
78 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
CLOJ>@>L Para o último trimestre do ano, a Escola de Pós Graduação em Saúde e Gestão, tem disponíveis mais cursos de formação contínua, dos quais destaca: Farmacêuticos Doença de Alzheimer e outras Demências
Vila Real ‒ 27 de Setembro
Vacinas em Pediatria
Castelo Branco ‒ 10 de Outubro
Depressão
Coimbra ‒ 12 de Outubro
Constipação e Gripe
Viseu ‒ 19 de Setembro Coimbra ‒ 9 de Outubro
Cessação Tabágica
Coimbra ‒ 8 de Outubro
Perturbações do Comportamento Alimentar
Santarém ‒ 9 de Outubro
Factores de Risco Cardiovasculares ‒ Prevenção Primária
Lisboa ‒ 3 de Outubro
Acidente Vascular Cerebral
Lisboa ‒ 8 de Outubro Funchal ‒ 19 de Outubro
Implicações Práticas do Novo Quadro Regulamentar dos Medicamentos Manipulados
Lisboa ‒ 11 e 12 de Outubro
Domine a Internet e o Correio Electrónico (Outlook)
Lisboa - 26 e 27 de Setembro
O Plano de Marketing para a Farmácia
Funchal ‒ 8, 9 e 11 de Outubro
Ajudantes Sistema Imunitário
Porto ‒ 21 e 22 de Setembro
Alterações Metabólicas
Porto ‒ 12 e 13 de Outubro
Medicamentos e Métodos Anticoncepcionais
Funchal ‒ 1 de Outubro
Compreender os Antibióticos
Lisboa ‒ 2 de Outubro
Rua Marechal Saldanha, 1 - 1249-069 Lisboa Telf: 21 340 06 00 (geral) Telf: 21 340 06 45/610/756/712 Fax: 21 340 07 59 E-mail: escola@anf.pt FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 79
@>OQLLK À bastonária ouvimos estas palavras Começo por citar um texto da escritora Inês Pedrosa, autora de uma obra sobre as mulheres do século XX:
Ainda estamos a sentir o impacto de uma mudança profunda que abriu às mulheres o mundo do trabalho e do poder, aos homens o mundo dos afectos, e a ambos a nova aventura da intimidade.
Mas no fundo, serei a mulher farmacêutica ‒ e com muito orgulho em o ser ‒ que representará os 80% de profissionais de sexo feminino e os 20% de profissionais do sexo masculino. Respondendo à pergunta da Revista Farmácia Distribuição de Julho de 2007
Tomada de posse - Ordem dos Farmacêuticos, 13 de Julho 2007
A principal diferença é o facto de ser mulher e a primeira a ser eleita bastonária. Respondendo à pergunta da Revista Farmácia Distribuição de Julho de 2007
80 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
A bastonária de todas as farmacêuticas e farmacêuticos portugueses! Tomada de posse ‒ Ordem dos Farmacêuticos, 13 de Julho de 2007
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 81
ABPQ> S>O>KA> A conďŹ ança nas farmĂĄcias mediĂĄtico tudo se conjugava apa-
Os portugueses jĂĄ perceberam que a
rentemente para o ĂŞxito dessa libe-
venda de medicamentos fora das far-
ralização.
mĂĄcias teve como consequĂŞncia a subi-
Tanto mais que, paralelamente, se
da dos preços e uma menor qualidade
anunciava a destruição da organização
do serviço prestado nos novos locais.
associativa das farmĂĄcias, adoptando-
Os portugueses, por outro lado, vĂŞm
se medidas legislativas que visavam
na farmĂĄcia um aliado e um amigo
exclusivamente esse objectivo.
dos seus problemas de saĂşde.
Os mentores dessa polĂtica esquece-
A liberalização não lhes diz nada e
ram, porĂŠm, um aspecto essencial: a
nunca a reclamaram.
A polĂtica de liberalização agressiva do
confiança da população nas farmå-
A confiança da população nas farmå-
sector de farmĂĄcias, iniciada em 2005,
cias portuguesas.
cias ĂŠ um motivo de orgulho do sector
foi anunciada pelo Governo ao PaĂs
Uma confiança assente no conheci-
e um factor de confiança no futuro.
como um desĂgnio justificado pelo
mento profundo que têm do serviço
A polĂtica associativa deverĂĄ ter como
interesse dos doentes e da população
por elas prestado. Um serviço de ele-
vector fundamental a melhoria con-
em geral que, pensavam os autores
vada qualidade, disponĂvel e solidĂĄrio
tĂnua da qualidade tĂŠcnica do serviço
dessa polĂtica e os seus apoiantes, a
com os doentes, que criou uma relação
prestado pelas farmĂĄcias, para que elas
receberiam entusiasticamente como
de grande proximidade entre a farmĂĄ-
continuem a ser credoras da sĂłlida con-
um grande benefĂcio.
cia e os cidadĂŁos, difĂcil de destruir.
fiança que a população nelas deposita.
Sucederam-se, desde entĂŁo, as me-
Apesar das medidas liberalizadoras,
didas contra o sector, a primeira das
ĂŠ nas farmĂĄcias que os portugueses
quais foi a autorização da venda de
continuam a confiar para adquirem
medicamentos nĂŁo sujeitos a receita
medicamentos, bem como na presta-
mĂŠdica fora das farmĂĄcias, acompa-
ção dos cuidados farmacêuticos.
nhada de um fortĂssimo apoio polĂti-
Devemos manter e reforçar esta rela-
co à promoção dos novos locais junto
ção de confiança.
da opiniĂŁo pĂşblica.
As farmåcias têm todas as condiçþes
Com tĂŁo grande apoio polĂtico e
para prosseguir este objectivo.
82 ÂŚ FARMĂ CIA PORTUGUESA
JoĂŁo Cordeiro