Farmácia
Portuguesa BIMESTRAL • N°171 • SETEMBRO/ OUTUBRO 07
Com a ajuda da farmácia
Controlar a diabetes está na sua mão Entrevista com João Neto
Uma nova era para o Museu da Farmácia Dossiê
Nova legislação da propriedade da farmácia
Farmácia
Portuguesa
sumário
Setembro/Outubro de 2007 • Ano XXIX • Nº 171 Publicação bimestral • ISSN 0870-0230 • DGCS 101528
26 Com a ajuda das farmácias CONTROLAR A DIABETES ESTÁ NA SUA MÃO Este é o propósito de mais uma campanha de intervenção farmacêutica: o alvo são os adultos diabéticos a tomar, pelo menos, um medicamento para a diabetes.
Editorial Editorial
5
Liberalização da Propriedade de Farmácia Pharmacies property liberalisation
6
Museu da Farmácia ‒ Entrevista com João Neto Pharmacy Museum ‒ Interview with João Neto
12
Flashes Flashes
16
Opinião - A validação do receituário Opinion - Perscription validation
18
Consultoria fiscal - Derrogação fiscal do sigilo bancário Tax Consultancy - tax lifting of bank secrecy
22
Com a ajuda da farmácia - Controlar a diabetes está na sua mão With the support of the pharmacies - To control diabetes is in your hand
26
Parceria entre ANF e Crioestaminal Partnership between ANF and Crioestaminal
30
Congresso da FIP em Pequim FIP meeting in Beijing
34
Saúde e Migrações na agenda da UE Health and Migrations in EU s agenda
38
Evolução europeia dos processos de liberalização da comissão European evolution of the commission liberalisation processes
42
Informação Veterinária ‒ Diabetes nos cães e gatos Veterinary Information ‒ Diabetes on dogs and cats
46
Museu da Farmácia à conquista do espaço Pharmacy Museum and the space conquest Informação Terapêutica ‒ Saúde oral na infância Therapeutical Information ‒ Child oral health Informação Terapêutica ‒ Próstata Therapeutical Information ‒ Prostate Laboratório RH HR Laboratory
6
Política de saúde
LIBERALIZAÇÃO DA PROPRIEDADE DE FARMÁCIA É com determinação e confiança que as farmácias devem reagir à liberalização da propriedade, que entrou em vigor em dia 31 de Outubro. Concretizouse assim aquilo que configura uma decisão política inabalável do governo, à revelia dos farmacêuticos e, sobretudo, dos portugueses.
12
Entrevista UMA NOVA ERA PARA O
48
MUSEU DA FARMÁCIA Devolver os museus a quem os
50
utiliza e valorizar os profissionais ligados à Museologia são dois
60
dos propósitos de João Neto, o novo presidente da APOM.
64
Ideias não faltam e experiência também não: a que acumulou
Noticiário News
70
como director do Museu da Farmácia e a que lhe advém do
Cartoon Cartoon
81
Desta Varanda From this balcony
82
facto de integrar uma associação como a ANF.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 3
última hora
Farmácia
Portuguesa
Novo regime jurídico das farmácias
ANF altera estatutos e denuncia fragilidades
PROPRIEDADE
DIRECTOR DR. FRANCISCO GUERREIRO GOMES SUB-DIRECTORES DR. LUIS MATIAS DR. NUNO VASCO LOPES COORDENADORA DO PROJECTO DRª MARIA JOÃO TOSCANO COORDENADORA REDACTORIAL DRª ROSÁRIO LOURENÇO Email: rosario.lourenco@anf.pt COORDENADORA REDACTORIAL ADJUNTA DRª TERESA REVEZ Email: teresa.revez@anf.pt
Fazendo jus ao forte espírito associativo que
Numa intervenção que versou sobre o
Telef. 21 340 06 50
tem caracterizado a ANF, e que lhe tem per-
Compromisso com a Saúde, assinado em
PRODUÇÃO
mitido transformar os desafios em oportuni-
Maio de 2006 com o governo, João Cordeiro
dades, a esmagadora maioria dos associados
voltou a denunciar a política de dois pesos
aprovou, no passado dia 20 de Outubro, os
e duas medidas seguidas pelo Ministério da
novos estatutos da associação. Assim, em re-
Saúde. Uma política que deixa de fora do pa-
sultado dos votos de 95% dos presentes na
cote legislativo medidas há muito reivindica-
Assembleia Geral, os proprietários de farmá-
das pelas farmácias, como a prescrição obri-
cia que não sejam farmacêuticos poderão, a
gatória por DCI. Esta medida, considerada
partir de agora, ser associados da ANF.
urgente no compromisso, acabaria mesmo
Apesar de contestar o novo regime jurídi-
por ser violada com a aprovação do Estatuto
co das farmácias, a direcção decidiu propor
do Medicamento, que prevê a prescrição por
aos associados uma mudança de estatutos
marca comercial.
que garanta a coesão e a representativida-
Por aplicar está também o alargamento do
de do sector face à nova realidade. Além da
âmbito da actividade das farmácias, com a
Edifício Lisboa Oriente Av. Infante D. Henrique, 333 H, escritório 49 1800-282 Lisboa Telef. 21 850 81 10 - Fax 21 853 04 26 Email: farmaciaportuguesa@lpmcom.pt DIRECTOR DE PUBLICIDADE NUNO MIGUEL DUARTE nunoduarte@lpmcom.pt Tel.: 96 214 93 40 CONSULTORA COMERCIAL SÓNIA COUTINHO soniacoutinho@lpmcom.pt Tel.: 96 150 45 80 Tel.: 21 850 31 00 - Fax: 21 853 33 08 ASSINATURAS 1 Ano (12 edições) - 50,00 euros Estudantes de Farmácia - 27,50 euros Contacto: Margarida Lopes Telef.: 21 340 06 50 • Fax: 21 340 07 59 Email: margarida.lopes@anf.pt
abertura a proprietários não farmacêuticos,
agravante de a proposta enviada pelo mi-
o Conselho Nacional foi extinto e as suas
nistro à ANF não respeitar o acordado no
competências transferidas para a Assembleia
compromisso. Do papel não saiu igualmente
Geral de Delegados, tendo sido criado um
a dispensa pelas farmácias de medicamentos
Conselho Fiscal cuja missão essencial será
de uso hospitalar a doentes crónicos.
zelar pela transparência da vida interna da
Em resposta, e sem se comprometer com
Depósito Legal nº 3278/83
ANF.
datas, o ministro Correia de Campos reme-
Periodicidade: Bimestral Tiragem: 5 000 exemplares
Não obstante as alterações estatutárias, a fi-
teu a aplicação das medidas constantes do
losofia mantém-se e o modelo de farmácia
Compromisso com a Saúde para momento
com que todos os associados, farmacêuticos
posterior à entrada em vigor do novo regi-
ou não, se comprometem tem a natureza de
me jurídico. Um regime que suscitou tam-
estabelecimento de saúde e centro de pre-
bém críticas da bastonária da Ordem dos
venção e terapêutica.
Farmacêuticos, que alertou para os riscos da
E foi em defesa desse modelo que o presi-
pressão económica sobre o exercício profis-
dente da ANF participou no colóquio parla-
sional, defendendo a necessidade de garan-
mentar Enquadramento da actividade far-
tir a independência dos farmacêuticos num
macêutica , no passado dia 23 de Outubro.
quadro de propriedade doravante difuso.
4 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
POWERED BY Boston Media IMPRESSÃO E ACABAMENTO RPO - Produção Gráfica, Lda.
Distribuição
FARMÁCIA PORTUGUESA é uma publicação da Associação Nacional das Farmácias Rua Marechal Saldanha, 1 1249-069 Lisboa
www.anf.pt
editorial Receituário e auditorias privadas O Ministério da Saúde tomou a deci-
vulgação/imposição destas regras
Para nós, como observadores, julga-
são de entregar a uma empresa pri-
à prescrição (leia-se de médicos e
ríamos que seria mais fácil conven-
vada a conferência do receituário que
de funcionários administrativos dos
cer os médicos e os funcionários a
lhe é enviado pelas farmácias.
Centros de Saúde e hospitais) cons-
cumprirem os normativos, uma vez
Esta medida provocou a mudança de
tatei que só as farmácias receberam
que são empregados do Ministério e
critérios até hoje seguidos pelos an-
esta circular e que lhes cabe a elas ob-
para eles estas regras são simultane-
teriores responsáveis e executantes,
servar os erros dos outros, obrigando
amente normas (ou ordens) internas
julgamos em certas situações com
o doente a voltar ao centro emissor
de trabalho.
aumento da rentabilidade do circuito
para que se procedam às emendas.
As farmácias, sendo privadas, apenas
da saúde que a receita representa.
A Revista Farmácia Portuguesa gos-
têm uma lei que lhes permite forne-
O Conselho de Administração da
taria muito mais de noticiar que as
cer a crédito ao Ministério da Saúde
Região da Saúde de Lisboa e Vale do
receitas devem merecer respeito e
em nome dos doentes.
Tejo enviou mesmo um ofício circular
acompanhamento desde o início ‒ a
Os erros não deveriam ser desconta-
sobre o acompanhamento de regras
consulta.
dos nos ordenados de quem os pra-
de prescrição e avio de medicamen-
Muitos dados técnicos não são siste-
tica?
tos/facturação de farmácias .
maticamente referidos ‒ dosagem,
Não existem encarregados que audi-
Este documento invoca também,
forma farmacêutica, embalagem e
tem a consulta médica, ponto nevrál-
como pretexto, o decreto-lei que ins-
posologia (frequência e duração da
gico da qualidade da receita.
titui as novas regras de pagamento
toma), a especialidade do médico e o
Aguardamos que em data próxima
que substituíram o acordo que exis-
telefone, que o localizam quando sur-
possamos noticiar e aplaudir tais me-
tia com a Associação Nacional das
gem dúvidas na leitura do texto.
didas apresentadas pelo Estado.
Farmácias.
A actuação dos funcionários adminis-
Da leitura do conteúdo das regras de
trativos do centro prescritor é depois
prescrição e avio surgem, no entanto,
fundamental na colocação de vinhe-
dúvidas sobre a exequibilidade de
tas e carimbos, e na distinção dos
muitas delas.
vários tipos de comparticipações que
Ao procurar informar-me sobre a di-
contemplam os doentes.
Francisco Guerreiro Gomes FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 5
política de saúde Liberalização da propriedade em vigor
Determinação e confiança
são armas das farmácias É com determinação e confiança que as farmácias
O processo que agora culminou com
estudos sobre o impacto de tal me-
a aprovação e entrada em vigor do
dida. Desconhece-se que tenham
Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de
sido feitos, maiores ou menores, mais
Agosto, não deixa margem para dú-
profundos ou menos profundos. Mas
vidas: o actual governo é movido por
a verdade é que a realização dessas
uma vontade inabalável de liberalizar
análises colidiria com a pressa em le-
a propriedade da farmácia, objectivo
gislar patente neste processo.
que assumiu desde a primeira hora.
A ANF sempre foi, e continua a ser,
É, sem dúvida, uma decisão política,
frontalmente contra esta decisão. Por
ainda que assente numa recomenda-
não lhe encontrar sustentação. E fez
ção da Autoridade da Concorrência.
tudo ao seu alcance para persuadir o
à revelia dos farmacêuticos e,
Não assenta, contudo, em estudos
governo de que era uma decisão ne-
sobre a necessidade de liberalizar a
gativa para o país.
sobretudo, dos portugueses.
propriedade da farmácia nem em
Desde logo porque o sector das far-
devem reagir à liberalização da propriedade, que entrou em vigor em dia 31 de Outubro. Concretizou-se assim aquilo que configura uma decisão política inabalável do governo,
6 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
de satisfação e, pelo contrário, não há qualquer evidência da necessidade de alterar o regime vigente.
Dois pesos e duas medidas
A liberalização ‒ que os portugueses
Não obstante estas advertências, o
não reclamaram ‒ terá como inevitá-
governo manteve-se firme na sua
vel consequência a degradação das
ofensiva contra o sector. Levando
mácias em Portugal funciona bem,
farmácias, dos serviços que prestam,
a ANF, confrontada com esta imu-
com elevado nível de qualidade e
da qualidade do emprego, da quali-
tabilidade, a aceitar o processo ne-
ao mais baixo custo em toda a União
dade do atendimento, da qualidade
gocial que conduzir à assinatura do
Europeia. O país possui mais farmá-
tecnológica. Afectará, pois, a capaci-
Compromisso com a Saúde, em Maio
cias, relativamente à população, do
dade das farmácias para serem, como
de 2006. Fê-lo em nome da defesa do
que a maioria dos seus congéneres
têm sido, um sector moderno e evo-
futuro do sector, em que se empe-
comunitários.
luído, ímpar na área da saúde.
nhou a fundo e pelo qual pugnou até
Além disso, em todos os sectores
Decidida em nome do mercado, a
onde lhe foi possível.
da saúde, é aquele que recolhe uma
liberalização vai conduzir, paradoxal-
Todavia, mais de um ano volvido so-
avaliação mais positiva dos doentes e
mente, à redução da concorrência,
bre esta intenção negocial, o que se
dos consumidores em geral, que nun-
por via da concentração no sector.
verifica é que o governo usa dois pe-
ca reclamaram a alteração do seu en-
Um efeito perverso que outros países
sos e duas medidas na sua aplicação.
quadramento legislativo. Há estudos
com experiências liberalizadoras já
Legisla sobre as matérias que mais
que comprovam esse elevado índice
experimentam.
penalizam as farmácias e deixa na FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 7
política de saúde
gaveta as demais. São vários e impor-
mesmo mercado, mas são beneficia-
renovação e da afirmação, vencen-
tantes os compromissos desrespeita-
das fiscalmente...
do os ventos agrestes que tem su-
dos pelo governo, nomeadamente
O que, na óptica da associação,
cessivamente enfrentado com uma
no diploma que liberaliza a proprie-
configura, no mínimo, uma viola-
capacidade única de transformar os
dade da farmácia.
ção às mais elementares normas da
obstáculos em oportunidades. Um
O documento assinado entre o
concorrência e, no extremo, uma in-
caminho para o qual muito têm con-
Ministério da Saúde e a ANF pre-
constitucionalidade.
tribuído os portugueses, que sem-
vê a publicação de um Código de
Perante este desrespeito tão flagran-
pre confiaram e continuam a confiar
Exercício Profissional de modo a re-
te ao Compromisso com a Saúde,
nas farmácias e nos farmacêuticos.
forçar a independência do director
que o próprio primeiro-ministro as-
É uma confiança assente na solida-
técnico e os poderes da Ordem dos
sumiu, nada mais resta à ANF do que
riedade com os doentes na elevada
Farmacêuticos. Mas o diploma já
combatê-lo por todos os meios ao
qualidade do serviço de assistência
aprovado é totalmente omisso.
seu alcance, política e legalmente.
farmacêutica que criou uma relação
Já não é omisso no articulado relativo ao regime fiscal das farmácias, em que entra em contradição com o compromisso: neste prevê-se que
de grande proximidade que é difícil
Em nome dos portugueses
todas as farmácias obedeçam ao
de destruir. O desafio protagonizado pelo diploma que abre a propriedade da farmácia a outros que não farmacêu-
mesmo regime fiscal, mas na lei as
Foi esta posição de firmeza que
ticos deve permitir manter e reforçar
farmácias das IPSS já existentes são
o presidente da Associação, João
esta relação de confiança. Porque,
isentas desta obrigação pelo perío-
Cordeiro, quis transmitir aos asso-
afinal, não foram os cidadãos que
do de cinco anos.
ciados, exortando-os a encarar com
reclamaram a liberalização.
Uma estranha excepção: afinal, as
determinação mais este desafio.
A confiança da população nas far-
farmácias das IPSS vão estar abertas
Com a determinação que tem carac-
mácias deve constituir um motivo
ao público em concorrência com
terizado as farmácias e que as tem le-
de orgulho e um factor de motivação
as demais farmácias. Concorrem no
vado pelo caminho da evolução, da
para o futuro. Isso mesmo é assumido
8 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
A ANF sempre foi, e continua a ser, frontalmente contra esta decisão. Por não lhe encontrar sustentação. E fez tudo ao seu alcance para persuadir o governo de que era uma decisão negativa para o país.
pela política associativa, que continu-
14º, nos termos do qual podem ser
do respectivo regime fiscal.
ará a ter como vector fundamental a
proprietárias de farmácia pessoas sin-
Recorde-se que, no Compromisso
melhoria contínua da qualidade do
gulares ou sociedades comerciais .
com a Saúde, está prevista a sujeição
serviço prestado pelas farmácias, para
As farmácias passam, pois, a poder ser
de todas farmácias às mesmas regras
que continuem a ser credoras da sóli-
propriedade de pessoas singulares,
legais de funcionamento e ao mesmo
da confiança dos portugueses.
independentemente de estas possu-
regime fiscal. Porém, não está previs-
írem a qualidade de farmacêutico, ou
to que as farmácias sociais beneficiem
de sociedades comerciais, indepen-
de uma derrogação como a que a lei
dentemente de os respectivos sócios
agora consagra.
possuírem a qualidade de farmacêu-
O diploma estabelece, porém, o limite
ticos.
seguinte: nenhuma pessoa singular
É assim eliminada a reserva de pro-
ou sociedade comercial pode deter
Em 31 de Outubro entrou em vigor
priedade a favor dos farmacêuticos,
ou exercer, em simultâneo, directa ou
o Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de
porquanto, até agora, apenas po-
indirectamente, a propriedade, a ex-
Agosto, aprovado pelo governo no
diam ser proprietários de farmácia os
ploração ou a gestão de mais de qua-
uso da autorização legislativa conce-
farmacêuticos ou as sociedades em
tro farmácias (artigo 15.º). Não são,
dida pela Assembleia da República
nome colectivo ou por quotas, se to-
no entanto, consideradas para este
através da Lei n.º 20/2007, de 12 de
dos os sócios fossem farmacêuticos e
limite as concessões de farmácias de
Junho, o qual revoga a lei da proprie-
enquanto o fossem.
dispensa de medicamentos ao públi-
dade de farmácia (Lei nº 2125, de 20
Também as entidades do sector social
co nos hospitais do Serviço Nacional
de Março de 1965) e a lei do exercício
da economia passam a poder ser pro-
de Saúde.
farmacêutico (Decreto-Lei n.º 48547,
prietárias de farmácias, beneficiando,
É, assim, abandonada a regra anterior,
de 27 de Agosto de 1968).
no entanto, de um prazo de cinco
segundo a qual nenhum farmacêuti-
O aspecto central do novo diploma
anos para proceder às adaptações
co ou sociedade podia ser proprietá-
é, naturalmente, no que respeita à
necessárias à adopção dos requisitos
rio de mais de uma farmácia, nenhum
propriedade de farmácia, o artigo
de sociedades comerciais e aplicação
farmacêutico podia ser, simultanea-
Ser ou não ser farmacêutico ‒ o que a lei muda
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 9
política de saúde
mente, sócio de mais de uma socie-
recta de uma farmácia quando a mes-
da farmácia , ainda que sem prejuízo
dade proprietária de uma farmácia e
ma seja detida, explorada ou gerida
das situações de identidade entre a
nenhum farmacêutico podia ser, si-
por outras pessoas ou entidades, em
propriedade e a direcção técnica da
multaneamente, proprietário de uma
nome próprio ou alheio, mas por con-
farmácia .
farmácia e sócio de uma sociedade
ta daquela, designadamente através
Quanto ao quadro farmacêutico, de-
proprietária de uma farmácia.
de gestão de negócios ou contrato
termina-se que as farmácias têm de
Por outro lado, são estabelecidas as
de mandato, ou por sociedades que
dispor, pelo menos, de um director
incompatibilidades seguintes: não
com ela se encontrem em relação de
técnico e de outro farmacêutico,
podem deter ou exercer, directa ou
domínio ou de grupo.
devendo os farmacêuticos, tenden-
indirectamente, a propriedade, a ex-
O novo regime prolonga para cinco
cialmente, constituir a maioria dos
ploração ou a gestão de farmácias,
anos, a contar no dia da respectiva
trabalhadores da farmácia. Porém,
profissionais de saúde prescritores
abertura, na sequência de concurso
nas situações de transformação de
de medicamentos, associações re-
público, o prazo durante o qual as
postos farmacêuticos permanentes,
presentativas das farmácias, das em-
farmácias não podem ser vendidas,
as farmácias podem, durante dois
presas de distribuição grossista de
trespassadas ou arrendadas nem a
anos, possuir apenas o director téc-
medicamentos ou das empresas da
respectiva exploração ser cedida.
nico. Refira-se que no Compromisso
indústria farmacêutica, ou dos res-
Outra alteração significativa ao regi-
com a Saúde se prevê que, no prazo
pectivos trabalhadores, empresas de
me jurídico das farmácias de oficina,
de cinco anos, metade do quadro
distribuição grossista de medicamen-
e que decorre da liberalização da pro-
técnico das farmácias seja constitu-
tos, empresas da indústria farmacêu-
priedade de farmácia, é o facto de a
ído por farmacêuticos.
tica, empresas privadas prestadoras
propriedade e a direcção técnica de
Em matéria de licenciamento e alva-
de cuidados de saúde e subsistemas
farmácia deixarem de ser indivisas.
rá, a nova lei determina no seu artigo
que comparticipam no preço dos
Assim, desde 31 de Outubro, o direc-
25º a sua sujeição a concurso públi-
medicamentos.
tor técnico é independente, técnica e
co, cujas regras serão regulamenta-
O diploma considera que existe pro-
deontologicamente, no exercício das
das posteriormente. Já a transferência
priedade, exploração ou gestão indi-
respectivas funções, da proprietária
de localização, ainda por regulamen-
10 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Com a entrada em vigor deste Decreto-Lei, o sector farmacêutico sofre uma das alterações mais profundas da sua história.
tar, pode ocorrer dentro do mesmo
cionamento, as farmácias de turno
serviços farmacêuticos depende de
município desde que sejam observa-
no município, os descontos que con-
regulamentação posterior. Recorde-
das as condições de funcionamento.
cedam no preço dos medicamentos,
se que o Compromisso com a Saúde
No Compromisso prevê-se que essa
o modo de reembolso da compar-
prevê que as farmácias possam evo-
transferência, no mesmo concelho,
ticipação do Estado no preço dos
luir para unidades prestadoras de
seja livre, uma vez cumpridas as re-
medicamentos. Devem igualmente
serviços farmacêuticos.
gras de instalação.
possuir livro de reclamações, en-
Uma das medidas que corresponde
No que respeita aos postos farma-
viando mensalmente ao INFARMED
ao Compromisso é a possibilida-
cêuticos permanentes, prevê-se que
cópia das queixas efectuadas pelos
de de dispensa de medicamentos
os que reúnam as necessárias condi-
utentes.
ao domicílio e através da Internet,
ções de funcionamento possam ser
São abrangidos pela venda ao públi-
dependentes, no entanto, de re-
transformados em farmácias, no pra-
co os seguintes produtos: medica-
gulamentação posterior quanto às
zo de um ano, sendo que os demais
mentos, substâncias medicamento-
condições e requisitos desses novos
encerrarão.
sas, medicamentos e produtos vete-
locais de dispensa.
Está, também, por definir o proce-
rinários, medicamentos e produtos
Com a entrada em vigor deste
dimento de licenciamento e de atri-
homeopáticos, produtos naturais,
Decreto-Lei, o sector farmacêutico
buição de alvará às farmácias que
dispositivos médicos, suplementos
sofre uma das alterações mais pro-
resultem dessa transformação.
alimentares e produtos de alimen-
fundas da sua história.
Entre as matérias legisladas figuram
tação especial, produtos fitofarma-
Em nome do mercado e da concor-
ainda aspectos como a informação
cêuticos, produtos cosméticos e de
rência. Mas não em nome do interes-
e a venda ao público. Assim, as far-
higiene corporal, artigos de puericul-
se público. Por isso, a ANF continuará
mácias ficam obrigadas a divulgar,
tura e produtos de conforto.
a manifestar-se frontalmente contra.
de forma visível, as informações re-
As farmácias podem ainda prestar
Sem prejuízo de uma intervenção
levantes no relacionamento com os
serviços farmacêuticos de promoção
profissional pautada pela qualidade
utentes, designadamente o nome
da saúde e do bem-estar dos uten-
e alicerçada num espírito de deter-
do director técnico, o horário de fun-
tes, sendo que a definição desses
minação e confiança no futuro. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 11
entrevista Director do Museu da Farmácia novo presidente da APOM
Uma nova era Devolver os museus a quem os utiliza e valorizar os profissionais ligados à Museologia são dois dos propósitos de João Neto, o novo presidente da APOM. Ideias não faltam e experiência
João Neto
também não: a que acumulou como director do Museu da Farmácia e a que lhe advém do facto de integrar uma associação como a ANF.
Farmácia Portuguesa - É desde
competências e as carreiras profissio-
muito desfasada da realidade, muito
12 de Setembro último presiden-
nais nos museus. E sobretudo a APOM
fechada em torno dos profissionais
te da Associação Portuguesa de
carecia de ser renovada. A Associação
dos museus. Havia uma necessidade
Museologia (APOM). O que o levou
debatia-se com um dilema: o de sa-
da intervenção de pessoas com outra
a candidatar-se?
ber se era uma entidade cultural e
experiência a nível de organização e
João Neto - A minha decisão cons-
científica ou profissional. A vertente
até de ânimo. A APOM precisava de
truiu-se a partir de convites que me
profissional foi sendo descurada, o
uma nova força motriz.
foram dirigidos por vários colegas,
que sempre considerei muito negati-
entre conservadores e directores de
vo para a Museologia. Costumo com-
FP - Em que medida pesou o facto de
museus. Colocaram-me esse desafio
parar os tempos actuais a um com-
ser director do Museu da Farmácia?
e decidi aceitá-lo.
boio que passa muito depressa e por
JN ‒ É inegável que teve influência
vezes , quando as pessoas se aperce-
não só o facto de ser director de um
FP - Que pressupostos conduziram a
bem, já ele passou. Era o que estava
museu privado com a projecção do
essa decisão?
a acontecer na Museologia e em
Museu da Farmácia como o facto
JN - Acima de tudo, a convicção de
particular na APOM, sobretudo com
de estar ligado à ANF, reconhecida
que era necessário revalorizar as
os seus associados. A APOM estava
como uma estrutura bem organiza-
12 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
da e com objectivos bem definidos.
a palavra a quem usa os museus: é
entre o conservador que está mais
Neste momento, com a minha elei-
aquilo que chamo desenvolver uma
vocacionado para a investigação e
ção, são duas as instituições dirigi-
linha de ataque e defesa que não es-
o profissional mais orientado para a
das por pessoas com experiência de
teja dentro do castelo.
gestão. Isso tem de ser feito.
museus privados: trata-se, além da
Com esse intuito, preconizo a cria-
O trabalho de director é altamente
APOM, do ICOM ‒ Portugal (Comité
ção de uma estrutura, muito à seme-
especializado, pelo que defendo que
Nacional Português do International
lhança da experiência da ANF, que
se crie a carreira de director profis-
Council of Museums), presidido pelo
funcione como uma plataforma de
sional. Ser director de museu implica
dr. João Castel-Branco, do Museu
instituições que faça a ponte entre a
possuir conhecimentos e compe-
Gulbenkian. São duas referências na
sociedade e os museus. É importan-
tências na área da Museologia, em
Museologia portuguesa. A propósito,
te saber o que a sociedade precisa e
gestão de recursos humanos, em
devo sublinhar que, quando me de-
o que os museus podem fazer para
gestão propriamente dita, em novas
safiaram para concorrer à direcção da
corresponder.
tecnologias, em comunicação. Não
APOM, antes de tomar uma decisão,
Na minha opinião, os museus estão
se é director de museu por intuição,
falei com a minha colega dra. Paula
muito enclausurados e não é com
mas por formação.
Basso, com o dr. João Cordeiro e com
um Dia Internacional dos Museus
É importante que a sociedade co-
o dr. Guerreiro Gomes, que considero
(que se assinala a 18 de Maio) que se
nheça as competências dos conser-
como referências, e que me deram de
resolve o problema.
vadores e dos directores de museu.
imediato todo o apoio.
FP - Assume, então, que esta é uma direcção de ruptura com o passado
E que saiba que não somos vitrinis-
Não somos vitrinistas
recente da APOM?
tas nem decoradores. A nós não nos compete saber, por exemplo, se peças de arte ficam bem umas com as outras do ponto de vista estético, mas sim sa-
JN ‒ De facto, esta não é uma direc-
FP - Outra das linhas do seu progra-
ber qual o seu valor cultural, histórico
ção de continuidade. Pretendemos
ma de acção envolve a revaloriza-
e patrimonial e como transferir esses
encerrar um ciclo e renovar, iniciar
ção das carreiras profissionais as-
valores para a sociedade, como devem
uma nova era.
sociadas aos museus. Que lacunas
ser conservados de modo a garantir os
detecta a esse nível?
valores atrás referidos às futuras gera-
FP - O que se propõe fazer para en-
JN ‒ É fundamental revalorizar as
ções e que o investimento neles feito
cetar essa renovação?
competências adstritas aos museus,
se mantenha ou aumente. É por aqui
JN - Antes de mais, considero que é
reformulando quadros e as diversas
que passa a nossa valorização profis-
necessário reflectir no sentido de ou-
profissões da Museologia. É preciso
sional. Mas temos de ser nós a definir
vir o que a sociedade nos tem a dizer.
que haja uma carreira definida de
esse futuro, não podemos ficar à espe-
Isto nunca foi feito. Mas é preciso dar
direcção de museu, distinguindo
ra que outros decidam por nós. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 13
entrevista
João Neto Perfil Foi a 12 de Setembro que João Neto foi eleito para presidir à APOM, com um mandato de três anos conferido por unanimidade dos votantes. Esta não é a primeira vez que o director do Museu da Farmácia integra os corpos sociais da Associação: já havia sido membro da direcção entre 1999 e 2001 e de 2001 a 2003. Licenciado em História pela Universidade Lusíada, João Neto possui
FP - Mas essa postura não arrisca gerar
Uma das medidas que considero bási-
incómodos na própria APOM?
cas mas fundamentais é a coordenação
JN ‒ Falar em reformulação de carreiras
entre escolas e os museus especial-
gera, de facto, algum receio. Pode acon-
mente ao nível das visitas de estudo.
tecer que alguns profissionais receiem
As escolas constituem um dos princi-
ver o seu papel diminuído. É necessário
pais públicos dos museus, mas o que
constituir novas competências e refor-
se assiste, de uma forma geral, é que
mular as carreiras profissionais que inte-
essas visitas, que deviam ser de estu-
ragem com os museus, criando estrutu-
do, são meras saídas. Recai sobre os
ras ao nível dos recursos humanos aptas
profissionais dos museus o trabalho de
para desafiar o Futuro. Mas devo ressal-
transmitir os conhecimentos e cativar
var que, na APOM, não há propriamente
os alunos, um trabalho que seria, por
interesses instalados. Há, isso sim, um
um lado, facilitado e, por outro, mais
grande desalento. A sociedade foi rela-
profícuo.
tivizando o papel dos museus e as asso-
As visitas devem ser preparadas previa-
ciações não reagiam, ocupando muito
mente nas escolas, pelos professores,
do seu tempo em debater a filosofia da
de forma a interagir com os programas
Museologia e descurando um dos lados
educativos.
prático da questão. Outras profissões,
Foi nesse sentido que nos reunimos
como a dos arquivistas e documenta-
com a Associação dos Professores de
listas, organizaram-se. Os museólogos
História, que se mostrou muito interes-
ficaram parados no tempo.
sada na nossa proposta de existir, em cada escola, um docente responsável
uma pós-graduação em Museologia, tendo efectuado estágios no Museu da Ciência de Londres e no Boerhaave Museum de Leiden (Holanda). A sua relação com o Museu da Farmácia remonta a 1986, como consultor da ANF, e de uma forma mais concreta a partir de 1994, como director do Museu. Sob a sua direcção, o Museu foi distinguido com vários prémios, nomeadamente o Prémio de Melhor Museu Português, o Prémio Almofariz, na categoria Melhor Projecto, e o Prémio Nacional de Design na categoria Design de Comunicação. Foi também nomeado para o Prémio Melhor Museu Europeu, em 2004.
14 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
FP - Que medidas já estão a ser tomadas
pelo enquadramento das visitas aos
para revitalizar a Associação e, através
museus, adequando-as ao programa
dela, a Museologia?
escolar. Desta forma, aproveitam-se
JN ‒ Ainda estamos na fase das reu-
as potencialidades dos museus para o
niões, para auscultação da sociedade.
ensino. Mas também podemos ver os
Entre as entidades com as quais já nos
museus do ponto de vista da integra-
reunimos ou nos vamos reunir contam-
ção social, no respeito pelas diferentes
se a Associação dos Estabelecimentos
formas como cada cultura ou artista
do Ensino Particular e Cooperativo,
assimila e interpreta o mundo que o
a Associação de Arqueólogos, a dos
rodeia.
Professores de História, dos Arquivistas e
É através de iniciativas como esta que
Documentalistas, a Federação Nacional
nos propomos mostrar que os museus
das Associações de Pais, as Ordens profis-
não são locais inertes, cheios de con-
sionais, entre outras. São instituições que
servadores e associados a despesas,
interferem com a vida dos museus e dos
mas sim investimentos sérios e reais
seus profissionais, pelo que é essencial
na resolução de muitos problemas que
ouvir o que têm a dizer.
existem hoje na sociedade global.
flashes EUA: farmácias e farmacêuticos projectam futuro do sector
EUA: aumentam despesas com publicidade directa ao consumidor
As três principais organizações representativas da profis-
O crescimento da despesa com publicidade de medica-
são farmacêutica nos Estados Unidos decidiram unir esfor-
mentos directamente ao consumidor nos Estados Unidos
ços para desenvolver uma nova visão da farmácia. Daqui
não dá mostras de abrandar, apesar das críticas a esta prá-
resultará um plano estratégico, que se pretende venha a
tica. Um estudo da Universidade de Pittsburgh refere que
ser aceite e reconhecido por utentes, pagadores e deciso-
a despesa aumentou 330 por cento entre 1996 e 2005,
res políticos. A iniciativa, designada Project Destiny , tem
sendo a média de crescimento nos últimos quatro anos de
por objectivo projectar o futuro da farmácia como com-
14,3 por cento. Contudo, esta despesa equivale apenas a
ponente integral e valioso da prestação de cuidados de
14 por cento do total de despesas promocionais em 2005.
saúde no país, reforçando a intervenção do farmacêutico
A publicidade directa ao consumidor é permitida nos
enquanto contribuidor principal para a saúde geral dos
Estados Unidos e na Nova Zelândia. Na UE e no Canadá é
utentes e para a redução substancial das despesas totais
proibida, mas tem havido pressões da indústria para que
com saúde.
seja autorizada. In ncpanet.org, 28/07/2007
In SCRIP News, 24/08/2007
França: novos objectivos de substituição para os farmacêuticos Polónia: regulamentadas farmácias na Internet
Em França, a taxa de substituição genérica fixada para 2007 passou de 75 para 80 por cento, a atingir até ao final do ano. A alteração deste objectivo resulta de um
O Ministério da Saúde polaco elaborou a regulamentação
novo acordo entre as principais associações representa-
da venda de medicamentos por farmácias virtuais e à dis-
tivas dos farmacêuticos e a Union Nationale des Caisses
tância, e enviou-a ao governo para aprovação. As farmá-
d Assurance Maladie (UNCAM). No âmbito do pacote das
cias electrónicas terão de disponibilizar apoio telefónico
medidas adoptadas com vista a reduzir a despesa com
permanente aos utentes que lhes adquiram medicamen-
medicamentos, o sistema de promoção da substituição
tos, empregar farmacêuticos com pelo menos dois anos
genérica não será alargado a todas as regiões de França,
de experiência e ser totalmente responsáveis pela logística
conforme inicialmente previsto, mas apenas a cerca de 40
(armazenamento e transporte). As farmácias consideram
províncias em que a taxa de substituição genérica é infe-
estes requisitos demasiado restritivos.
rior a 73 por cento.
In SCRIP News, 13/06/2007 16 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
In Pharma Pricing & Reimbursement, Setembro 2007
opiniao A validação do receituário pela
A.R.S.L.V.T. . *António Paixão Melo
A validação do receituário mé-
mostrar a sua proficiência e justificar
sobremaneira a si própria, pois com-
às
o dinheiro que recebem das A.R.S.,
petia-lhe velar e zelar pelo preceitu-
dico
enviado
mensalmente
Administrações de Saúde é, sem dú-
certamente sem formação adequada
ado na lei.
vida, uma das operações mais com-
e sem capacidade crítica para ajuizar
Da parte médica ressalta, como
plexas da burocracia portuguesa.
com bom senso o problema social
principal atropelo, a clássica falta de
Atrevo-me a afirmar que não deve
que têm nas mãos, está criado um
colocação de datas, para além de ra-
ter sido possível criar sistema mais
ambiente que pelo menos parece
ramente preencherem o número do
requintadamente
persecutório, cego, maldoso, intole-
utente e por vezes nem sequer o seu
obstáculos. Os motivos para rejeição
rante e intolerável.
nome.
de validação das receitas são apenas
A
A.R.S.L.V.T., durante dezenas de
Muitos não colocam a data a pedido
preenchido
de
26 (vinte e seis), isto é, parece que an-
anos, foi cúmplice do incumprimen-
dos doentes que, em virtude da sua
daram a arranjar um por cada letra do
to dos 26 itens que todos deveriam
precariedade económica, imploram
alfabeto (mesmo com o Y e o W).
ter respeitado, mau grado os seus
que lhe não façam essa maldade, pois
Significa isto que estão ao dispor dos
exageros. O laxismo a que se chegou
passam os dias de validade da receita
revisores, nada menos do que 26 ra-
deve-se pois, acima de tudo, à com-
e como não têm dinheiro não podem
zões para devolver receitas, atrasar o
placência da A.R.S.L.V.T que nunca
ir aviá-la à Farmácia.
seu pagamento ou mesmo evitá-lo.
impôs a qualquer dos intervenientes
O clínico, melhor que ninguém, sabe
Entregue a pessoas interessadas em
o cumprimento dos seus deveres e
quanto isso é necessário para que o
18 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
doente se possa medicar e o acto mé-
tar do Simposium ou do Índice
A A.R.S.L.V.T., perante as realidades
dico não seja em vão. Este facto levou
Terapêutico , e a Farmácia só pode
atrás mencionadas e outras, contem-
a que muitos médicos se desabituas-
ceder o que existe!?...
porizou com estes procedimentos.
sem mesmo de colocar a data, muito
O farmacêutico, perante a receita que
Deste modo legitimou a prática se-
especialmente aqueles que exercem
lhe é apresentada e o conhecimento
guida, deixando com este laisser fai-
a profissão em zonas pobres.
que tem das vicissitudes dos médicos
re, laisser passer, criar a bagunceira
O número de doentes nas consultas
e dos utentes, exige normalmente
a que se chegou.
é de modo a que não haja tempo a
um mínimo, a seu ver criterioso e jus-
Não há dúvida que há que pôr termo
perder e por isso o médico delega a
to: nome e número do utente, vinhe-
a tudo isto.
aposição de vinhetas e de datas, no
ta do medico e sua assinatura ou ru-
Tem a A.R.S.L.V.T. o meu inteiro apoio
pessoal auxiliar em quem confia.
brica, vinheta da instituição de saúde
na sua decisão de colocar ordem no
E lá aparecem receitas preenchidas
de onde provém a receita ou carimbo
sistema.
com letras e tintas diferentes ou com
ou declaração manual de consultório
Tem no entanto o meu total desacor-
etiquetas cor-de-rosa onde deveriam
particular.
do e a minha indignada repulsa pela
estar etiquetas verdes, que ficam na
Anos sem conta, tudo decorreu sem
forma adoptada para proceder à nor-
calha para serem rejeitadas pela bu-
incidentes dignos de nota, sendo
malização das coisas.
rocracia.
esta a prática normalizada ‒ ou me-
É absolutamente imoral, injusto e
A rubrica do médico é por vezes um
lhor institucionalizada ‒ a coberto do
pouco digno, que enjeite as suas pró-
enigmático risco que os burocratas se
beneplácito da A.R.S L.V.T..
prias responsabilidades, aparecendo
negam a aceitar e serve à maravilha
O utente sempre se limitou a trazer, e
agora (esquecida do seu passado, co-
para rejeitar e cumprir o objectivo de
por vezes a angariar a receita médica,
nivente com os demais implicados),
devolver receituário o mais possível.
sem interferir em qualquer pormenor,
armada em polícia do cumprimento
Os serviços da A.R.S. não mantêm em
a não ser a solicitação da não coloca-
dos deveres que ela própria ignorou,
dia a actualização dos cartões dos
ção de data para poder aviar na far-
contribuindo assim para a anarquia
utentes no que respeita a datas e
mácia, quando receber a sua peque-
de que se queixa.
modo de comparticipação.
na reforma... Porque o farmacêutico
Ao tomar a decisão de colocar o
O ficheiro informático da A.R.S., no
quase sempre lhe pede o cartão de
sistema dentro das normas (nunca
que respeita a códigos das diversas
utente para o acrescentar na receita
cumpridas) deveria a A.R.S. fazer mea
apresentações e preços não está em
ou para saber qual o organismo res-
culpa e, num acto de contrição, com
dia e portanto de acordo com o das
ponsável ou o regime de compartici-
a devida antecedência, de forma pe-
farmácias. Há por exemplo embala-
pação muitos deles habituaram-se a
dagógica e cuidada, alertar por todos
gens que nunca estiveram no mer-
apresentá-lo no acto da cedência dos
os meios disponíveis, todos os inter-
cado, que o médico indica por cons-
medicamentos.
venientes ‒ médicos, farmacêuticos,
*Este artigo foi submetido pelo Dr. António Paixão Melo à nossa redacção e reflecte a opinião do autor
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 19
opiniao A A.R.S.L.V.T. optou pela forma mais injusta, mas em compensação mais indignamente lucrativa.
utentes, Centros de Saúde, Hospitais,
mos dos médicos e dos farmacêuti-
nheta adequada (verde ou rosa) ou
os seus próprios serviços administra-
cos ‒ os doentes.
emendou colocando uma sobre a
tivos etc, de que a partir de deter-
Os seus objectivos são agora exclusi-
minada data não seriam tolerados
vamente económicos. Será que pou-
incumprimentos, existindo agora 26
pa dinheiro não deixando tratar os
causas de rejeição.
doentes na hora própria? Não virão a
outra? • Quem não lhe colocou o nome do utente? • Quem não lhe colocou o úmero do
Tenho conhecimento através de mé-
ficar mais caros depois?
cartão do utente e respectiva insti-
dicos amigos que eles nunca foram
Ao colocar a Farmácia como única
tuição?
alertados para estas intempestivas
responsável no circuito, rejeitando o
• Quem mantém na mão dos uten-
exigências.
pagamento do receituário, sem cui-
tes cartões desactualizados, mas
Quando um utente foi de meu man-
dar de saber quem está na origem
dentro do prazo de validade, que
dado pedir para lhe porem a data no
das ilegalidades a A.R.S. comete o
apresentam na farmácia e levam
Hospital de Santa Maria, houve suru-
acto heróico da injustiça e da traição,
esta a aceitá-los erradamente?
ru entre os colegas do médico per-
para com todos os seus parceiros, por
• Quem não fornece almofadas de
guntando porque é que na Farmácia
se colocar de fora e disso tirar partido.
cor vermelha para carimbo para
não colocavam a data?!...
Acusa agora todos os outros do in-
os casos em que a lei obriga a usá-
Nos Centros de Saúde ninguém foi
cumprimento das leis e exerce repre-
las?
avisado desta tolerância zero!..
sálias apenas sobre aquele de quem
A A.R.S.L.V.T optou pela forma mais
pode tirar proveitos, portanto de for-
injusta, mas em compensação mais
ma discriminatória e pouco honesta.
indignamente lucrativa, pondo de
Porque não fazem os revisores a apre-
parte os problemas de saúde dos
ciação de validação do receituário de
Podem as receitas continuar a chegar
utentes e beneficiando do prejuízo
modo a poderem descontar no ven-
às farmácias sem data, que a A.R.S.
das farmácias. Não importa que os
cimento de outros intervenientes,
não se incomoda e até agradece. Se
doentes cheguem à Farmácia e não
pelos erros e inconformidades come-
forem aviadas, não paga e o doente
sejam aviados perante um qualquer
tidas no receituário, já que se trata de
trata-se sem que ela faça despesa, se
dos 26 motivos. Pode o acto médico
funcionários dos quadros da própria
não forem aviadas também nada terá
ficar anulado por não ter sequência
A.R.S.?
a pagar e o doente que se amanhe
terapêutica, que a A.R.S. não tem
• Quem foi que não assinou a receita?
ou que morra, que é menos um. No
nada com isso!
• Quem foi que não lhe colocou data?
entanto usa o pomposo nome de
Os seus objectivos não são os mes-
• Quem foi que não lhe colocou a vi-
Administração Regional de Saúde .
20 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
• Quem é que não tem o ficheiro dos medicamentos actualizado? • Etc, etc etc.
Tipos de Rejeição a) Falta etiqueta do médico. b) Falta etiqueta da unidade de Saúde. c) Falta (m) a (s) etiqueta (s) do (s) medicamento (s). d) Excesso de medicamentos. e) Excesso de embalagens. f) Medicamento e/ou embalagem não comparticipado. g) Embalagem não prescrita. Perante a actuação da A.R.S., as Farmácias, para minorarem os prejuízos causados pela repentina decisão, vão certamente tentar ultrapassar a principal causa das devoluções ‒ a falta da data, colocando-lha. Se o não fizerem, vai o utente consegui-la e regressa dizendo que foi ao Centro de Saúde e que foi a menina do guiché que lha meteu o que por vezes até é verdade.?!... As consequências são de novo uma tremenda injustiça pois tudo depende da habilidade em imitar melhor ou pior os possíveis algarismos do prescritor, em conseguir ou não tinta igual, em o receituário ir parar às mãos de um burocrata muito ou pouco exigente, mais ou menos míope e daltónico ou não. É tudo uma questão de sorte ou de azar!?... Há rejeições de receituário cujo requinte e preciosismo de apreciação é de tal modo acintosamente intolerante e por vezes caricato que tenho a certeza farão corar de vergonha as pessoas cordatas, que há na A.R.S. Só visto?!... (Coleccionei para poder mostrar). Parece-me razoável que seja escolhida uma equipa de gente de bom senso e autoridade que crie regras que ponham cobro ao desvario burocrático que vigora na Validação do Receituário. É preciso validar os critérios utilizados na validação do receituário. E assim se vai vivendo neste país cuja saúde continua à deriva. As decisões supostamente iluminadas de
h) Substituição inválida. Dimensão excede prescrição. i) Quando trabalhador migrante tem que ter carimbo Migrante , nome do trabalhador e entidade emissora do livrete ou Acordos Internacionais e, sempre que exigido pela SRS, o número de cartão europeu ou fotocópia do mesmo. j) Falta a palavra Manipulado ou Produto Dietético . k) Não pertence ao SNS. l) Falta a identificação do utente e/ou assinatura do utente. m) Não se aceitam fotocópias de receitas. n) Receita inválida para o lote. o) Recolha rasurada ou acrescentada. p) Falta assinatura do médico e/ou data de prescrição. q) Falta a data, carimbo ou assinatura do farmacêutico. r) Código de barras dos medicamentos mal impresso. s) Aviamento fora do prazo. t) Número de receita ilegível. u) Quando doente profissional tem de ter o carimbo Doentes Profissionais . v) O médico tem que fazer referência à portaria ou despacho. w) O despacho 4250/2007 (que revoga o 21212/2003 alterado pelo 3176/2005) e 21094/99 tem que ser prescrito pelo médico da especialidade de Psiquiatria ou Neurologia. x) O Despacho 1234/2007 (antigos 24257/2006 e 15399/2004) tem que ser prescrito pelo médico da especialidade de Gastrenterologia, Cirurgia Geral, Medicina Interna ou Pediatria. y) Falta identificação do adquirente. z) Falta a justificação do Director Técnico.
uns tantos levaram-nos para o beco em que estamos metidos. A voz do povo, que é sábia segundo se afirma, dizia: vão-se os anéis e fiquem os dedos . Teremos de emendar para: que se vão os dedos e fiquem os anéis .
aa) Outras. ab) Outras. ac) O Despacho 21249/2006 tem que ser prescrito pelo médico da especialidade de Reumatologia ou Medicina Interna. ad) Produto(s) dietético(s) prescrito(s) em local(ais) não autorizados.
Haja Deus!?.. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 21
consultoria fiscal Derrogação Fiscal do Sigilo Bancário Rogério M. Fernandes Ferreira *
Como foi amplamente divulgado
dos factos alegados pelo reclamante,
matéria, que não foram objecto de
pela comunicação social, o Tribunal
se apresentasse como uma diligên-
censura por parte do Tribunal, ou de
Constitucional julgou inconstitucio-
cia complementar manifestamente
dúvidas do Presidente da República,
nais, no passado dia 14 de Agosto de
indispensável à descoberta da verda-
e que, por conseguinte, deverão en-
2007, alguns aspectos da mais recen-
de e a informação e os documentos
trar em vigor logo que o diploma seja
te iniciativa legislativa em matéria de
bancários fossem relativos à situação
expurgado das acima identificadas
derrogação do sigilo bancário, por
tributária objecto de contestação.
inconstitucionalidades, ou depois de
considerá-los desproporcionados aos
Com
Tribunal
confirmada a respectiva redacção por
fins a atingir, os quais visavam o aces-
Constitucional veio, de alguma for-
maioria qualificada dos deputados: a
so directo à informação bancária dos
ma, impor um limite à tendência de
possibilidade de a Administração tri-
contribuintes,
independentemente
alargamento progressivo das situa-
butária ter acesso a informações ou
do consentimento destes, em caso
ções de derrogação fiscal do sigilo
documentos bancários, sem depen-
de reclamação administrativa ou de
bancário, iniciada com as alterações
dência do consentimento do titular
impugnação judicial.
fiscais de 2000 e que alguns indica-
dos elementos protegidos, quando,
De acordo com a redacção então
ram colidir com direitos e garantias
após notificação para apresentação
aprovada, o acesso à informação ban-
constitucionalmente consagrados.
de declaração exigida por lei, o con-
cária seria permitido, sem consenti-
O certo é que, para além das refe-
tribuinte assim não proceda e, bem
mento do contribuinte e sem prévia
ridas, a Assembleia da República
assim, o alargamento do âmbito do
autorização judicial, desde que, fun-
aprovou todo um conjunto de ou-
acesso a documentos bancários, nas
dadamente, tal se justificasse em face
tras alterações com incidência nesta
situações de recusa de exibição ou
22 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
esta
decisão,
o
de autorização para a sua consulta, às
alteração legislativa, igualmente ob-
constitui prova ou princípio de pro-
informações prestadas para justificar
jecto do pedido de fiscalização pre-
va, nem pode, razoavelmente, fazer
o recurso ao crédito.
ventiva, e que consistiu em prever
presumir ou indiciar tal prática, pois
As alterações legislativas agora de-
que as decisões definitivas de deter-
sempre terá de existir, para o efei-
claradas
iriam,
minação da matéria colectável com
to, notícia de um comportamento
certamente, diminuir a litigância, na
base em sinais exteriores de riqueza
violador de deveres funcionais que
medida do número de reclamações
fossem comunicadas, não apenas ao
tenha possibilitado o enriquecimento
graciosas e/ou impugnações judiciais
Ministério Público, mas, tratando-se
extraordinário.
que deixariam de ser apresentadas, o
de funcionário ou titular de cargo sob
Considerou, aqui, o Tribunal Constitu-
inconstitucionais
que aconteceria, porém, apenas pela
tutela de entidade pública, também à
cional existir fundamento para tal
intimidação que decorreria da sua
tutela, para efeitos de averiguação.
discriminação positiva, pelo facto de
previsão e aplicação, o que também
Esta disposição havia suscitado dúvi-
a situação em que se encontram es-
não nos parecia adequado.
das do Presidente da República, rela-
tes sujeitos, comparativamente aos
O momento seria, antes, decorridos
tivamente à sua conformidade com
restantes contribuintes, se diferenciar
já alguns anos da entrada em vigor
o princípio da igualdade, por prever,
de um ponto de vista que não será
das alterações fiscais de 2000 (onde o
para os funcionários ou titulares de
arbitrário nem, irrazoavelmente, dis-
regime actual tem a sua origem), em
cargos sob tutela da entidade públi-
criminatório.
nossa opinião, mais propício a um ba-
ca, um regime distinto do aplicável
Retenha-se, assim, de acordo com
lanço, quer do regime de derrogação
aos demais cidadãos.
o regime actualmente em vigor,
fiscal do sigilo bancário então insti-
Contudo, parece tratar-se de uma me-
herdado das alterações introduzi-
tuído, quer das suas inúmeras altera-
dida desnecessária, pouco prudente
das em 2000, entretanto alargadas
ções, pois só depois se poderia passar
e algo excessiva, uma vez que nada
por sucessivos diplomas, que o sigi-
ao seu aperfeiçoamento, sempre no
acrescenta de muito relevante ao
lo bancário poderá ser derrogado,
sentido de um regime mais adequa-
estatuto disciplinar dos funcionários
por razões fiscais, em um leque
do ao devido equilíbrio entre os po-
públicos e pode causar, à custa dos
alargado de situações.
deres da Administração tributária e as
mesmos, prováveis desacertos e sus-
Desde logo, a Administração Tribu-
garantias dos contribuintes.
peições, sobretudo quando a verifica-
tária tem o poder de aceder directa-
O Tribunal Constitucional veio, tam-
ção dos referidos sinais exteriores de
mente às informações ou documen-
bém, a não se pronunciar pela in-
riqueza não indicia, necessariamente,
tos bancários dos contribuintes (con-
constitucionalidade de uma outra
infracção disciplinar e, tão-pouco,
siderando-se estes como qualquer
Rogério M. Fernandes Ferreira , Departamento de Direito Fiscal da PLMJ e-mail: rff@plmj.pt
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 23
consultoria fiscal
documento ou registo, indepen-
mento em regime fiscal privilegiado.
assim, factos indiciadores da falta
dentemente do respectivo suporte,
Em situação de recusa da sua exi-
de veracidade do declarado pelo
em que se titulem, comprovem ou
bição ou consulta, a Administração
contribuinte;
registem operações praticadas por
Tributária tem ainda o poder de ace-
• A competência exclusiva do di-
instituições de crédito ou socieda-
der aos documentos bancários dos
rector-geral dos Impostos ou do
des financeiras), sem dependência
contribuintes, sempre que estejam
director-geral das Alfândegas e
do respectivo consentimento, ou se-
verificados os pressupostos para a re-
dos Impostos Especiais sobre o
quer da sua audição prévia, sempre
alização de correcções por métodos
Consumo (e respectivos substitu-
que haja suspeitas de crime fiscal ou
indiciários, nas situações de mani-
tos legais) na decisão de derroga-
existam factos, concretamente iden-
festações de fortuna e outros acrés-
ção;
tificados, que sejam indiciadores da
cimos patrimoniais não justificados,
• A possibilidade de recurso judicial
falta de veracidade do declarado pelo
ou quando seja necessário controlar,
da decisão, o qual, todavia, só pos-
contribuinte.
para efeitos fiscais, a aplicação de
sui efeito suspensivo da decisão
A Administração Tributária tem tam-
subsídios públicos.
em caso de correcções por méto-
bém o poder de aceder directamente
O acesso da Administração Tributária
dos indirectos, manifestações de
aos documentos bancários (que não
às informações e documentos ban-
fortuna e outros acréscimos pa-
já, também, às informações bancá-
cários, nas situações elencadas, en-
trimoniais não justificados ou de
rias) do contribuinte sempre que,
contra-se, porém, condicionado ao
controlo de aplicação de subsídios
após audiência prévia necessária para
preenchimento de alguns requisitos,
públicos.
o efeito, aquele recuse a sua exibi-
que configuram garantias dos contri-
A
ção ou consulta, e esteja em causa
buintes, designadamente:
Administração Tributária aceder a
uma de duas situações: tratar-se de
• A necessidade de fundamentação
informação bancária relativa a fami-
documentos de suporte de registos
da decisão com expressa menção
liares e a terceiros que se encontrem
contabilísticos de sujeitos passivos de
dos motivos concretos que as jus-
numa relação especial com o contri-
IRS ou IRC enquadrados no regime da
tificam;
buinte, estando nestes casos, todavia,
lei
permite,
por
último,
à
contabilidade organizada, ou de con-
• A audiência prévia do contribuinte
subordinada à obtenção de prévia
trolo dos pressupostos da atribuição
visado, excepto no caso de haver
autorização judicial expressa e audi-
de benefícios fiscais ou enquadra-
indícios da prática de crime e, bem
ção do visado.
24 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
política profissional Controlar a diabetes com a colaboração da farmácia
Este é o propósito de mais uma campanha de intervenção farmacêutica: o alvo são os adultos diabéticos a tomar, pelo menos, um medicamento para a diabetes, junto dos quais a farmácia actuará no sentido de conhecer os valores de glicemia e promover uma atitude activa no controlo da doença, aconselhando à consulta médica sempre que necessário.
Durante uma semana, as farmácias e
na área da diabetes. É precisamente
cento da população mundial adulta,
os farmacêuticos portugueses vão es-
a elevada prevalência da diabetes, e
sendo que é idêntica a prevalência da
tar envolvidos em mais uma campa-
da mortalidade e morbilidade que
doença no nosso país.
nha de prevenção da doença e pro-
lhe estão associadas, que motiva
A diabetes é a principal causa de ce-
moção da saúde, desta vez dedicada
esta intervenção das farmácias asso-
gueira, amputações e insuficiência
ao controlo da diabetes. A iniciativa
ciadas da ANF. A diabetes constitui
renal, além de que aumenta duas
decorre de 12 a 17 de Novembro, por
actualmente um grave e crescente
a quatro vezes o risco de doença
ocasião do Dia Mundial que é consa-
problema de saúde, a nível mundial,
cardiovascular. A cada dez segun-
grado a esta doença crónica de eleva-
estimando-se que afecte cerca de
dos morre uma pessoa por causa da
da prevalência ‒ o dia 14, e realiza-se
246 milhões de pessoas. Um número
diabetes ou das suas complicações,
em parceria com Sociedades Médicas
que corresponde a cerca de seis por
de tal forma que, em muitos países,
26 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
constitui a quarta causa de morte por
sada ‒ que justifica esta campanha
É a partir deste conceito que se desen-
doença.
de intervenção profissional das far-
volve a campanha, dirigida a adultos
Um cenário que é possível contrariar.
mácias e dos farmacêuticos.
com diabetes a tomar, pelo menos, um medicamento antidiabético. É a
Está demonstrado que um bom controlo metabólico contribui para a re-
Está na sua mão!
partir da identificação dos doentesalvo que se desenrola a intervenção
dução do aparecimento e/ou agravamento das complicações da diabetes.
Controlar a Diabetes Está na Sua
da farmácia.
Para o mesmo objectivo contribui o
Mão ‒ é esta a mensagem que as far-
Os procedimentos previstos nes-
controlo dos factores de risco cardio-
mácias se propõem veicular ao longo
ta acção têm subjacente encontrar
vascular.
da semana de 12 a 17 de Novembro.
resposta para uma questão fulcral:
Não obstante, a prática não reflecte
Uma mensagem que remete para
A Sua Diabetes Está Controlada? .
esta experiência: de tal modo que,
o papel que o indivíduo deve assu-
Assim sendo, e perante cada indiví-
apesar de bem definidos os parâme-
mir no controlo da diabetes. Apesar
duo, deve proceder-se à medição da
tros conducentes a um controlo da
de crónica, a diabetes é controlável,
glicemia (preferencialmente em pós-
diabetes, sabe-se que 60 por cento
numa acção conjunta dos profissio-
prandial). Em função do valor obtido,
dos doentes (aqui se incluem apenas
nais de saúde e o doente. À interven-
a intervenção é então diferenciada.
os do tipo 2) não conseguem alcançar
ção do médico e do farmacêutico, no
Se a glicemia estiver controlada, o pa-
os objectivos recomendados. Isto no
âmbito das competências específicas
pel do farmacêutico deve passar pela
que respeita ao controlo da glicemia.
de cada um, deve somar-se a respon-
promoção da adesão à terapêutica e
É esta dupla realidade ‒ por um lado,
sabilização do doente com a sua pró-
pelo aconselhamento sobre as me-
a crescente prevalência da doença e,
pria saúde, no sentido da adopção
didas não farmacológicas que con-
por outro, a elevada percentagem de
dos comportamentos conducentes a
tribuem para controlar a diabetes e
doentes com a glicemia descompen-
um controlo metabólico.
prevenir as complicações associadas.
política profissional
Passos de uma intervenção A intervenção farmacêutica durante esta campanha que tem como doentes-alvo os adultos com diabetes a tomar, pelo menos, um medicamento antidiabético e consiste, sumariamente, em:
• Identificar os doentes-alvo; • Medir a glicemia; preferencialmente em pós-prandial (medir ainda outros parâmetros relevantes de acordo com as necessidades do doente); • Promover adesão à terapêutica, farmacológica e não farmacológica e autovigilância; • Entregar ao doente o cartão CheckSaúde preenchido e a brochura Controlar a Diabetes. Um Compromisso com a Saúde ; • Repetir a medição da glicemia no prazo de uma semana, se necessário; • Referenciar os doentes à consulta médica quando necessário, reportando os valores.
28 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Já se o valor encontrado estiver aci-
a montra da farmácia - aos destinados
ma dos objectivos terapêuticos, há
ao público-alvo - uma brochura sobre
que repetir o teste no prazo de uma
a diabetes, o cartão CheckSaúde para
semana, com o objectivo de deter-
inscrição dos valores da glicemia e
minar se a glicemia se mantém (ou
outros parâmetros.
não) descompensada. Se os valores
Receberão igualmente um fluxo-
se mantiverem alterados o doente
grama concebido com o intuito de
deve ser referenciado à consulta mé-
harmonizar
dica. Para o efeito, pode ser utilizada a
matéria, bem como uma matriz, para
carta de referenciação ao médico, na
registo de cada intervenção durante
qual se inscrevem os valores de glice-
a campanha, a devolver à ANF para
mia encontrados e os medicamentos
posterior análise do impacto da ini-
que o doente refere estar a tomar,
ciativa.
bem como a intervenção do farma-
Com esta campanha, as farmácias e
cêutico. Esta carta funciona como elo
os farmacêuticos pretendem contri-
procedimentos
nesta
de ligação entre profissionais de saú-
buir para o controlo da glicemia em
de, no entendimento de que a conju-
pessoas com diabetes, num contexto
gação de esforços facilita o controlo
em que é muito significativo o nú-
de uma doença que afecta cada vez
mero de doentes que desconhecem
mais pessoas.
estar descompensados. Não é, contu-
Para apoiar esta intervenção, as far-
do, uma iniciativa isolada, inscreven-
mácias aderentes terão um conjunto
do-se num programa mais vasto que
diversificado de materiais, desde os
decorre em permanência em muitas
promocionais ‒ para o interior e para
farmácias.
anf Parceria entre ANF e Crioestaminal
O futuro na farmácia O compromisso dos farmacêuticos com a saúde dos portugueses deu mais um passo importante, com a assinatura de uma parceria entre a ANF e a Crioestaminal: a partir de agora, será possível adquirir na farmácia o kit de criopreservação de células estaminais, considerado um seguro de vida biológico.
Ao longo do mês de Setembro, os
mentos dos associados neste domí-
Esta é, para a Crioestaminal, uma for-
associados da ANF puderam apro-
nio científico inovador, a ANF visou
ma de aproximar o serviço das pes-
fundar os seus conhecimentos em
proporcionar-lhes condições para, se
soas, dando-lhes a possibilidade de
Biotecnologia, participando em ses-
assim o entenderem, poderem aderir
esclarecer dúvidas junto de profissio-
sões científicas sobre as células esta-
ao serviço abrangido por aquela par-
nais de saúde altamente qualificados
minais e todo o seu potencial clínico.
ceria.
‒ os farmacêuticos. E para a ANF esta
Uma oportunidade formativa, de en-
Não é de agora a colaboração entre a
parceria inscreve-se no espírito de
riquecimento pessoal e profissional,
Associação e a empresa. Um protoco-
vanguarda que tem caracterizado a
motivada pela recente parceria entre
lo anterior previa a disponibilização,
sua intervenção, no entendimento
a associação e a Crioestaminal, em-
nas farmácias, da adesão ao serviço
de que a criopreservação de células
presa pioneira e líder em Portugal na
de criopreservação das células esta-
estaminais constitui uma área rele-
criopreservação de células estaminais
minais. A novidade é que as farmácias
vante e com elevado potencial de
do sangue do cordão umbilical.
passam a comercializar o kit para re-
desenvolvimento. Para as farmácias,
Ao promover o reforço dos conheci-
colher o sangue do cordão umbilical.
trata-se de uma oportunidade de
30 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
se adaptarem e de participarem nas
de diversas doenças infecciosas que
células estaminais recolhidas a partir
novas realidades e oportunidades da
podem influenciar a criopreservação
do sangue do cordão umbilical.
Biotecnologia.
e futura utilização das células estami-
O que torna estas células únicas é a
Assim, as farmácias aderentes po-
nais.
capacidade de se renovarem e dividirem indefinidamente, caracterís-
derão oferecer aos seus clientes um serviço inovador, sob a forma de um
kit ‒ o CrioKit ‒ que inclui todo o material e toda a documentação neces-
Seguro de vida biológico
ticas que lhes permitem identificar e substituir células lesadas e, assim, participar na regeneração de tecidos e órgãos.
sária ao processo de recolha e acondicionamento do sangue do cordão
O parceiro da ANF neste projecto é
É nesta diferenciação que reside o
umbilical.
a Crioestaminal, que em Portugal foi
seu potencial clínico, a par do facto
Um kit que os futuros pais devem ad-
pioneira na criopreservação de célu-
de constituírem um tipo de material
quirir preferencialmente até um mês
las estaminais e a cujo serviço já ade-
biológico passível de ser preservado
antes da data prevista para o parto,
riram cerca de 16 mil pais. Investigar
durante muitos anos. É no sangue do
prazo em que devem enviar para a
e preservar para proteger é o lema
cordão umbilical que se encontra a
Crioestaminal um formulário de ins-
desta empresa, a única do sector que,
maior concentração destas células,
crição devidamente preenchido, bem
no nosso país, é certificada pela qua-
pelo que é nele que é feita a recolha
como os resultados de um conjunto
lidade.
no momento do parto, logo após a
de análises ao sangue da mãe ‒ CMV
Com um laboratório aberto sete dias
expulsão do bebé. Um processo não
(IgM e IgG), sífilis (VDRL), hepatite B
por semana, e com transportes diá-
invasivo e indolor, que não implica
(HBs Ag), hepatite C (HCV Ac) e HIV
rios a partir das maternidades e hos-
qualquer risco para a mãe ou para o
I/II. Estas análises são fundamentais
pitais do país, a Crioestaminal dedica-
recém-nascido.
porquanto permitem fazer o despiste
se desde 2003 à criopreservação de
Após a recolha, tem lugar o aconFARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 31
anf Em Portugal, o primeiro transplante com recurso a células de bancos privados, e não provenientes de bancos internacionais, aconteceu em Fevereiro último.
dicionamento desse sangue para
de leucemia e linfoma, de entre um
bancos
posterior
conjunto de patologias metabólicas e
em Fevereiro último. Uma criança
imunodeficiências.
de oito meses a que havia sido diag-
tratamento
laboratorial.
Na Crioestaminal procede-se então à identificação da concentração de células estaminais na amostra recolhida: uma vez extraídas do sangue, são preservadas a uma temperatura
internacionais,
aconteceu
nosticada uma deficiência imunitária
Um transplante português
de 196º C negativos , assim podendo
grave recebeu células estaminais do seu irmão mais velho, criopreservadas três anos antes. Bem sucedido, o transplante permitiu a reconstituição
permanecer durante 20 anos.
Foi em 1988 que cientistas franceses
da medula óssea e, em consequência,
Ficam, assim, disponíveis para poste-
e americanos efectuaram em Paris o
contribuiu para o fortalecimento do
rior utilização. Por terem sido recolhi-
primeiro transplante de células esta-
sistema imunitário.
das do sangue do cordão umbilical
minais do sangue do cordão umbi-
Foi
estas células possuem um elevado
lical, envolvendo uma criança com
Oncologia do Porto que a interven-
grau de imaturidade imunológica, o
anemia de Fanconi. Desde então, já se
ção teve lugar: as células estaminais
no
Instituto
Português
de
que é uma espécie de seguro de vida
efectuaram mais de cinco mil trans-
que salvaram esta criança haviam
biológico para o próprio e para os
plantes, cerca de 1500 dos quais em
sido preservadas pela Crioestaminal.
seus familiares mais próximos.
adultos. Na maioria das vezes dador
A decisão dos pais, tomada três anos
A sua utilização terapêutica tem-se
e receptor eram pessoas diferentes, o
antes, salvou a vida do filho mais
verificado viável em condições como
que configura o chamado transplan-
novo, a que, aliás, foi também reco-
a anemia aplásica adquirida, alguns
te heterólogo.
lhido sangue do cordão umbilical.
tumores sólidos (como os neuroblas-
Mas têm-se realizado igualmente
Cada vez mais pais estão a tomar de-
tomas e os retinoblastomas), trauma-
transplantes autólogos, o que signi-
cisão idêntica. E com esta parceria en-
tismos cerebrais e anoxia cerebral.
fica que o doente beneficia das suas
tre a ANF e a Crioestaminal, os proce-
Além disso, as células estaminais do
próprias células estaminais.
dimentos necessários para aderir ao
sangue de cordão umbilical têm-se
Em Portugal, o primeiro transplan-
serviço ficam ainda mais acessíveis:
revelado uma alternativa à medula
te com recurso a células de bancos
na farmácia, com o aconselhamento
óssea, permitindo tratar alguns tipos
privados, e não provenientes de
profissional do farmacêutico.
32 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
reunioes profissionais Congresso da FIP em Pequim
O contributo dos
Um compromisso reforçado
farmacêuticos para o melhor uso dos medicamentos foi o tema que levou à capital chinesa cerca de três mil participantes no 67º Congresso Mundial da FIP. Uma discussão que se fez também em português.
O tema deste 67º congresso cons-
acesso adequado e do uso racional
Para atingir este objectivo, é necessá-
titui uma declaração poderosa da
dos medicamentos está literalmente
ria uma forte liderança , que estabe-
nossa missão . Foi assim que o pre-
nas nossas mãos, quer como uma far-
leça padrões exigentes, expectativas
sidente da Federação Internacional
mácia numa aldeia isolada de África,
elevadas e propósitos nobres para
Farmacêutica (FIP, na sigla anglo-sa-
quer como uma unidade farmacêuti-
a FIP e aqueles que a servem. Neste
xónica), o indiano Kamal Midha, inau-
ca ultra moderna num hospital priva-
contexto, o presidente da federa-
gurou mais uma reunião magna dos
do do Japão .
ção enunciou as prioridades da sua
farmacêuticos de todo o mundo.
Isto porque - enfatizou Kamal Midha,
agenda: a definição de padrões ele-
Aos congressistas reunidos no Grande
eleito no congresso de 2006 - ao
vados para a educação e a prática, a
Palácio do Povo (Great Hall of the
enveredarem por esta profissão, os
utilização dos recursos humanos em
People, o equivalente à Assembleia
farmacêuticos decidem dedicar-se à
prol da saúde e a promoção entre
da República portuguesa) deixou
saúde global e à qualidade de vida,
os farmacêuticos da consciência do
uma convicção: O futuro da farmácia
construindo um mundo mais saudá-
seu papel na saúde pública. A este
e dos cuidados de saúde através do
vel.
propósito, sublinhou que os outros
34 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
pelo presidente da FIP envolve a for-
um bem que está à venda: o acesso a
doentes, devem acreditar, confiar e
mação profissional, um instrumento
bons cuidados de saúde é um direito
respeitar os farmacêuticos enquanto
que reputou de fundamental para
de todos e os farmacêuticos devem
prestadores de cuidados de saúde
que os farmacêuticos sejam respei-
conquistar o respeito através de prá-
que asseguram a qualidade e a segu-
tados como membros da equipa de
ticas eficazes e eficientes em defesa
rança .
saúde, merecedores de um estatuto
desse direito. É que - afirmou - o que
Para atingir estes objectivos, Kamal
igual por via de uma competência
nós, farmacêuticos, conseguimos ou
Midha defendeu ser necessário em-
originada em elevados padrões for-
não conseguimos em cada um dos
preender
mativos.
nossos países afecta, não apenas o
começar por um novo modelo de
Ajudar os países subdesenvolvidos
nosso país e o seu povo, mas o mun-
prestação de cuidados, em que o far-
a conseguirem bons níveis de saúde
do inteiro .
macêutico ofereça não apenas me-
deve ser igualmente um compromis-
Finalmente, sustentou ser necessário
dicamentos, mas também aconse-
so assumido pelos farmacêuticos, na
intensificar a colaboração entre as ci-
lhamento e serviços como avaliação
óptica de Kamal Midha, que defende
ências farmacêuticas e a prática pro-
do uso dos medicamentos, cuidados
o uso das capacidades de comuni-
fissional, no âmbito do esforço colec-
farmacêuticos e gestão da doença e
cação e dos conhecimentos globais
tivo para corresponder aos desafios
da terapêutica. Este modelo deve
ao serviço dos povos que não têm
de um sistema de cuidados de saúde
substituir e eliminar o modelo anti-
acesso aos medicamentos ou que
focado no doente e em intervenções
quado e sem sentido de vender me-
não sabem como tirar deles o melhor
centradas no medicamento.
dicamentos como uma mercadoria
proveito.
Numa intervenção em que elogiou
comum .
Ainda no que respeita aos países me-
os esforços da China em prol do uso
Um modelo focado no doente, mas
nos desenvolvidos, considerou que a
racional dos medicamentos, o pre-
tendo em conta a necessidade de
migração de farmacêuticos não pode
sidente da FIP deixou um repto aos
perspectivar as populações como
ser ignorada: os países em desen-
participantes: Não podemos e não
um todo, no entendimento de que,
volvimento - sustentou - precisam e
devemos falhar na missão de asse-
cada vez mais, a saúde dos indivíduos
merecem profissionais de saúde ade-
gurar a disponibilidade e a acessibili-
dependerá da saúde das populações.
quadamente treinados.
dade de medicamentos seguros e efi-
Defendeu que os cuidados de saúde
cazes, quer nos países desenvolvidos,
nhou.
de elevada qualidade sejam reconhe-
quer nas regiões mais negligenciadas
Uma outra mudança preconizada
cidos como um direito e não como
do mundo.
profissionais de saúde, tal como os
algumas
mudanças.
A
Podemos fazer a diferença , subli-
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 35
reunioes profissionais
Um programa vasto Foram cerca de três mil os participantes neste 67º congresso da FIP, reunido de 31 de Agosto a 6 de Setembro na capital chinesa para debater o contributo dos farmacêuticos na promoção do melhor uso dos medica-
Sandra Lino, CEDIME
mentos. Um tema abordado nas suas diferentes vertentes, nomeadamente na profissional e na científica. Estratégias para a segurança dos
alternativas, tendo dedicado diversas
Conquistas na farmácia comunitária
medicamentos , As crenças pessoais,
sessões à realidade asiática, nomea-
- as lições aprendidas foi o ponto
culturais e sociais e o uso dos medi-
damente em matéria de investigação
de partida para uma apresentação
camentos , Formação ao longo da
e desenvolvimento.
do Sifarma2000, o sistema informático que apoia a prática profissional
vida e desenvolvimento profissional contínuo ,
Aprendizagem experi-
mental - pontes entre a sala de aula
Uma experiência portuguesa
nas farmácias associadas da ANF. Tal como preconizado pelo presidente da FIP, este é um sistema orientado
e a prática , As dimensões sociais no desenvolvimento da profissão farma-
À semelhança dos anteriores con-
para o doente e cujo propósito é op-
cêutica e Financiando o sistema de
gressos da FIP também este teve par-
timizar a gestão dos medicamentos,
saúde foram alguns dos painéis em
ticipação portuguesa, com uma dele-
virtualidades que Sandra Lino de-
que o tema principal se desdobrou.
gação composta por cerca de 80 far-
monstrou em Pequim.
Igualmente em foco estiveram Os
macêuticos, com representantes da
E fê-lo numa sessão de trabalho com
farmacêuticos e o ambiente , Como
ANF e da Ordem dos Farmacêuticos.
moderação de outra portuguesa -
garantir o melhor resultado terapêu-
Um congresso com esta dimensão
Ema Paulino, da Secção de Farmácia
tico de um produto farmacêutico ,
constitui sempre uma oportunidade
de Oficina da FIP. O contributo de
Resistência antimicrobiana - o pa-
ímpar de enriquecimento profissio-
Ema Paulino havia já estado em foco
pel do farmacêutico na gestão deste
nal, mas também uma oportunida-
num painel subordinado ao tema
problema de saúde emergente , A
de para dar a conhecer o estado da
Tendências da farmácia comunitária
comunicação do risco na segurança
arte em Portugal. Foi neste contexto
ñ debatendo o futuro da profissão ,
do doente .
que se enquadrou a intervenção de
que moderou igualmente.
Com a China como anfitriã, o con-
Sandra Lino, directora do CEDIME, no
Assinatura portuguesa tiveram igual-
gresso versou ainda sobre a prática
painel sobre O uso da informática
mente alguns dos pósteres presen-
farmacêutica neste país de tradições
para melhorar a segurança dos medi-
tes. José Cabrita foi co-autor de um
milenares nas chamadas medicinas
camentos .
poster subordinado ao tema A fun-
36 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Reinventar a prática Reinventar a prática de farmácia num mundo em mudança é o tema do próximo congresso da FIP, já agendado para a cidade suíça de Basileia. De 29 de Agosto a 4 de Setembro de 2008, estarão em foco as novas tendências do sector farmacêutico, quer no domínio da Ivana Silva, PGEU, Maria João Toscano, Escola de Pós-Graduação em Saúde e Gestão e Ema Paulino, Direcção ANF
intervenção profissional, quer no domínio da investigação científica. No âmbito profissional, aquele que, naturalmente, mais interessa aos farmacêuticos de oficina, estão previstas quatro sessões de trabalho, subordinadas
ção renal nos idosos: medicamentos
lente oportunidade para mostrarem
e vigilância farmacêutica , elaborado
os mais recentes desenvolvimentos
a temas como Os sistemas de saúde
a partir de um estudo envolvendo 73
no domínio das ciências e da inter-
em mudança , A prática de farmácia:
doentes e que concluiu que apenas
venção profissional farmacêuticas.
presente e futuro , Os doentes
5,3% utilizavam correctamente os
Constituiu igualmente uma oportuni-
como parceiros e Força de trabalho,
medicamentos.
dade para darem a conhecer a gran-
competência e reforma da educação .
Um outro poster, apresentado ainda
diosidade de uma cultural ancestral.
O programa já disponível prevê que
por José Cabrita em colaboração com
A cerimónia de abertura, no Grande
sejam discutidas algumas questões
Renata Afonso, do Hospital Fernando
Palácio do Povo, evidenciou isso
pertinentes num contexto de mudança:
da Fonseca, centrou-se na interven-
mesmo: perante representantes do
Porque é que a prática farmacêutica
ção dos serviços farmacêuticos hos-
governo chinês e das organizações
necessita de ser diferente no futuro? ,
pitalares na vigilância epidemiológi-
farmacêuticas locais, os participantes
O que precisamos de continuar a fazer
ca de infecções nosocomiais. Foram
no congresso puderam desfrutar de
e o que precisamos de mudar? , Como
abrangidos 1028 doentes com o ob-
um espectáculo de música, dança e
podem os farmacêuticos contribuir
jectivo de testar a eficácia de um mé-
artes marciais chinesas.
para a gestão dos custos com os
todo de detecção daquelas infecções.
Ao receber os congressistas, o presi-
cuidados de saúde, incluindo o custo
dente da FIP, Kamal Midha, classificou
dos medicamentos futuros? e O que se
a federação como uma janela para o
perspectiva para a prática farmacêutica? .
mundo dos cuidados de saúde e da
Ainda sem tema, mas já com anfitrião
profissão e ciências farmacêuticas:
definido está o 69º congresso: Istambul,
Janelas para o mundo da saúde
Através da nossa rede de associa-
na Turquia, será a cidade seguinte
Esta foi, para os farmacêuticos chine-
ções e alianças, tornamos a profissão
a receber a reunião magna dos
ses, em particular, e para os do con-
farmacêutica visível e respeitada à es-
farmacêuticos, em Setembro de 2009.
tinente asiático, em geral, uma exce-
cala global . FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 37
reunioes profissionais Presidência Portuguesa da UE propõe agenda sobre Saúde e Migrações
Decisões urgentes, soluções práticas
Foi em torno deste tema - Saúde e
obstante a mudança progressiva do
nomeadamente
Migrações - que se desenvolveu o
seu estatuto face às migrações: de
cuidados de saúde. E foi precisamente
acesso
levou
à
programa do Ministério da Saúde
um tradicional local de saída trans-
esta
formou-se num ponto cada vez mais
organização da Conferência Saúde e
preside à União Europeia. Um tema
importante de entrada.
Migrações na UE - Melhor Saúde para
pertinente num contexto europeu
Portugal,
sublinhado
Todos Numa Sociedade Inclusiva ,
como
que
aos
neste semestre em que Portugal
tal
constatação
no
caracterizado por contínuos fluxos
pelo Ministério da Saúde, precisa
o principal evento da Presidência
migratórios, gerados no interior e no
de imigrantes. A UE precisa de
Portuguesa na área da Saúde.
exterior do continente e da própria
imigrantes. Mas com estes grupos
Isto porque a Presidência Portuguesa
Comunidade. Portugal é um reflexo
populacionais colocam-se algumas
sentia
desse movimento de pessoas, não
questões prementes de integração,
em colocar as migrações na agenda
38 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
uma necessidade urgente
Decisões urgentes, soluções práticas: é este binómio que a União Europeia deve aplicar nas políticas que visam a inclusão dos imigrantes nos seus sistemas de saúde. Esta é a perspectiva da Presidência Portuguesa da UE, que se propõe levá-la aos Estados-Membros e às instituições comunitárias, na convicção de que tanto a imigração como a saúde são fenómenos globais que requerem respostas globais.
de saúde da UE. Um tema tão im-
delineados dois objectivos principais
da Organização Mundial de Saúde,
portante e tão adiado , para o qual a
para a Conferência: por um lado,
Margaret Chan; da Ministra da Saúde
conferência se propôs produzir uma
identificar os principais problemas de
da Alemanha, Ulla Schmidt; do mem-
base científica e de reflexão política,
saúde que afectam os migrantes na
bro da Comissão do Emprego e dos
no entendimento de que as políticas
UE e as formas de responder às suas
Assuntos Sociais, Joel Hasse Ferreira;
de imigração da UE necessitam ser
necessidades; por outro, concentrar
do Director Regional da OMS Europa,
aperfeiçoadas, actualizadas e deline-
na migração na UE, independente-
Marc Danzon; do Ministro da Saúde
adas para enfrentar as necessidades
mente do tipo de migrantes, o enfo-
de Angola, Ruben Cicato, e do secre-
de inclusão dos recém-chegados ,
que da análise e a identificação das
tário de Estado da Saúde de Espanha,
proporcionando ao mesmo tempo
medidas.
José Perez-Olmos, além do Presidente
condições de desenvolvimento aos
Ao longo de dois dias de trabalhos
da Fundação Calouste Gulbenkian,
países de origem dos imigrantes.
(27 e 28 de Setembro) foram estes
Emílio Rui Vilar, que foi o anfitrião do
Para a Presidência Portuguesa, o aces-
os desafios colocados aos participan-
encontro.
so de todos aos cuidados de saúde
tes. Sob a presidência do Ministro da
deve ser visto como um pré-requisito
Saúde, Correia de Campos, estiveram
de saúde pública da UE e um elemen-
reunidos em Lisboa políticos e repre-
to essencial ao seu desenvolvimento
sentantes de instituições europeias e
Formação deve contemplar saúde dos migrantes
social, económico e político. Trata-se
internacionais. Entre outras persona-
da promoção dos direitos humanos
lidades, a Conferência contou com a
mas não pode ser reduzido à condi-
presença do Comissário Europeu para
Os trabalhos desenvolveram-se sob a
ção de simples causa humanitária.
a Saúde e Protecção do Consumidor,
forma de sessões plenárias paralelas
A partir destes pressupostos, foram
Markos Kyprianou; da Directora-Geral
e seminários temáticos, além de paiFARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 39
reunioes profissionais
néis interministeriais. As duas sessões
Saúde e Criança e Acessibilidade e
licenciaturas de profissionais de saú-
plenárias foram subordinadas aos te-
Qualidade de Cuidados . Este último
de como médicos e enfermeiros. Não
mas Saúde e Migrações na UE (com
seminário centrou-se no acesso aos
só porque o farmacêutico é um dos
o objectivo de proporcionar uma
cuidados de saúde por parte dos
membros da equipa de saúde, mas
visão geral da dimensão demográ-
migrantes documentados e não do-
também porque, devido à sua eleva-
fica dos fluxos migratórios na União
cumentados, com a percepção de
da acessibilidade, a farmácia é com
e dos desafios epidemiológicos que
que esse acesso é limitado pela insu-
frequência a porta de entrada para o
se colocam com a mobilidade das
ficiente informação e preparação dos
encaminhamento dos migrantes no
populações) e Saúde dos Migrantes
profissionais de saúde.
sistema de cuidados de saúde. Daí
- Um Desafio para a Saúde em Todas
Em conformidade, a versão provisó-
que a farmácia e os farmacêuticos
as Políticas (que se propôs identificar
ria das recomendações/conclusões
não devam ser descurados como par-
os factores que mais influenciam a
preconiza a promoção da educação
ceiros no desenvolvimento de uma
saúde e sugerir, entre os instrumen-
intercultural para profissionais de
estratégia para melhorar a acessibili-
tos da política, que oportunidades
saúde, de modo a assegurar melho-
dade e a qualidade dos cuidados aos
existem para a promoção da saúde
res cuidados médicos e sociais. Foi
migrantes.
dos migrantes).
privilegiada ainda a acção na área da
As sessões paralelas versaram a
promoção da saúde, da diminuição
Promoção
Saúde
-
Contributos para uma estratégia
Melhor
dos factores de risco e prevenção de
Saúde para Todos numa Sociedade
doenças como a diabetes, a obesida-
Inclusiva , Prevenção da Doença - o
de, a hipertensão, as doenças sexual-
Desafio das Doenças Transmissíveis e
mente transmissíveis, o VIH/SIDA e a
Durante a Conferência foram apre-
das Enfermidades Crónicas e Acesso
tuberculose, entre outras.
sentados três documentos prepa-
a Cuidados de Saúde - Informação,
A propósito da formação, espera-se
rados especialmente para a oca-
Práticas e Pesquisa .
que as recomendações deste seminá-
sião: um Parecer sobre a Saúde e
Também foram organizados quatro
rio específico incluam uma referência
Migrações
seminários temáticos, subordinados
à necessidade de o currículo da licen-
e Social Europeu, o relatório Boas
aos temas Saúde Mental , Saúde
ciatura de Ciências Farmacêuticas
Práticas para a Saúde e Migração na
Ocupacional, Condições de Trabalho
contemplar igualmente a saúde dos
UE ( Good Practices on Health and
e Acidentes de Trabalho , Mulher,
migrantes, e não só o currículo das
Migration in the EU , solicitado pela
40 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
da
do Comité Económico
DG SANCO) e o relatório Desafios
dos grupos mais desfavorecidos das
imigrantes. Com a sessão de encerra-
para a Saúde na Era da Migração
sociedades que os acolhem. Tanto
mento dominada pelas intervenções
( Challenges for Health in the Age of
as políticas nacionais como as da UE
da Directora-Geral da OMS, Margaret
Migration , solicitado pela Presidência
devem ter este aspecto em conta e
Chan, e do ministro da Saúde de
Portuguesa e pelo Ministério da
adoptar práticas que promovam e
Portugal, Correia de Campos, a
Saúde português).
protejam a saúde. Tais práticas de-
Conferência deixou um conjunto de
A apresentação das conclusões da
vem contemplar a diversidade: os
mensagens finais: problemas globais
Conferência esteve a cargo do Alto-
imigrantes não constituem um grupo
como a saúde e a migração pedem
-Comissário da Saúde e Coordenador
uniforme de pessoas, sendo muito di-
respostas globais urgentes; a União
da Presidência Portuguesa da UE -
ferentes no que se refere ao nível da
Europeia tem o dever de assumir a li-
Saúde, José Pereira Miguel.
educação, à origem étnica, à posição
derança na procura de soluções para a
Nas conclusões gerais ficou plasmada
social, ao estatuto económico, às prá-
questão da migração; e decisões polí-
a importância dos imigrantes para o
ticas culturais, à religião e à língua. As
ticas urgentes devem abrir caminho a
crescimento demográfico e econó-
políticas que os contemplam devem
soluções práticas.
mico da Europa e da União Europeia.
portanto ser selectivas, em termos de
A Presidência Portuguesa considerou
A propósito, afirmou Pereira Miguel
intervenção, e requerem um profun-
os resultados da Conferência como
que a Saúde, o diálogo intercultural,
do conhecimento daqueles a quem
uma base sólida para encorajar os
a integração e o desenvolvimento
são direccionadas.
Estados-Membros, a Comissão e o
económico constituem temas indis-
Devem também ser coerentes e con-
Parlamento Europeu a melhorar as
sociáveis: O acesso aos cuidados de
siderar a saúde como uma compo-
políticas de imigração de forma que a
saúde por todos deve ser visto como
nente-chave da integração e da co-
questão da saúde dos migrantes cons-
um pré-requisito da saúde pública da
operação com os países de onde os
titua um assunto nuclear.
União Europeia e um elemento essen-
emigrantes são originários. Por outro
As conclusões servirão de base a um
cial do seu desenvolvimento social,
lado, as necessidades dos trabalhado-
relatório a apresentar no próximo
económico e político, bem como da
res migrantes devem ser contempla-
Conselho Europeu de Ministros da
promoção dos direitos humanos .
das nas políticas sociais e de empre-
Saúde, a 5 e 6 de Dezembro, cujo tema
Contudo, os imigrantes são, de um
go. Para a Presidência Portuguesa, a
será Pessoas em Mobilidade: Direitos
modo geral, expostos a riscos acres-
próxima Estratégia Europeia de Saúde
Humanos e Desafios para os Sistemas
cidos para a saúde, semelhantes aos
deve incluir as questões da saúde dos
de Saúde . FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 41
internacional Comissão Europeia visa legislação farmacêutica
O sector farmacêutico é tradicional-
Europeia a uma tendência de libera-
Directiva para a área dos serviços no
mente um sector altamente regula-
lização, de que a Comissão Europeia
Mercado Interno que pretendia apli-
do. Assim acontece na maioria dos
tem sido motor activo e que alguns
car aos serviços de saúde, incluindo
Estados-Membros da União Europeia
países têm transposto para a respec-
os serviços farmacêuticos, as regras
(UE), com provas dadas de que a re-
tiva legislação nacional. Portugal é,
de mercado, nomeadamente o prin-
gulação é garante de uma interven-
porventura, o exemplo mais recente
cípio da livre concorrência.
ção profissional que se rege por ele-
e mais flagrante da desregulamenta-
Uma intenção que fracassou, mas
vados padrões de qualidade, em que
ção progressiva, nomeadamente ao
que não pôs termo à ofensiva liberali-
o consumidor é a prioridade central,
nível dos critérios de instalação e de
zadora. Numa tentativa de contornar
salvaguardando o interesse público.
propriedade da farmácia.
a Directiva que excluiu os serviços de
Não obstante esta realidade indes-
A tendência liberalizadora ganhou
saúde do seu âmbito de aplicação da
mentível pela confiança que os uten-
contornos supranacionais a partir da
Direcção-Geral da Concorrência da
tes dos serviços farmacêuticos neles
aprovação da Estratégia de Lisboa, na
Comissão Europeia tem desencadea-
depositam, tem-se assistido na União
sequência da qual foi proposta uma
do um conjunto de acções legais diri-
42 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Sob pressão As ofensivas da Comissão Europeia contra a regulação do sector farmacêutico continuam, não obstante a Saúde ter sido excluída da polémica Directiva Serviços. Oito acções legais estão em curso, estando a Dinamarca e a França entre os visados por mais uma tentativa de fazer vingar a concorrência num mercado imperfeito como o dos medicamentos.
gidas a vários Estados-Membros.
França e Dinamarca são os Estados-
proibição de deter mais do que uma
Actualmente, estão em curso sete
Membros visados por procedimentos
farmácia, a incompatibilidade com o
acções legais: seis procedimentos de
de infracção, enquanto a referência
exercício de outra profissão e o papel
infracção e uma referência preliminar.
preliminar diz igualmente respeito à
da Ordem dos Farmacêuticos no sis-
Trata-se de fórmulas distintas, nomea-
Alemanha.
tema de concessão de farmácias.
damente quanto à proveniência: uma referência preliminar é suscitada por um tribunal de um Estado-Membro,
Uma decisão relativa aos critérios
França e Dinamarca: casos recentes
quando um assunto nacional tem
de instalação foi entretanto adiada, aguardando as conclusões de um estudo sobre planeamento territorial.
implicações com a legislação comu-
A França e a Dinamarca são igual-
Enquanto isso decorre o processo
nitária, sendo dirigida ao Tribunal
mente dois dos casos mais recentes.
de negociação entre a Comissão e o
Europeu de Justiça para clarificação;
O processo que envolve a França
Estado francês com vista aos demais
já o procedimento de infracção é de-
remonta a Março deste ano, quando
aspectos questionados na notifica-
sencadeado pela Comissão Europeia,
o governo recebeu uma notificação
ção.
visando o governo de um Estado-
formal, o primeiro estágio do procedi-
Muitas destas questões são as que
Membro, com base na argumenta-
mento de infracção. Nela a Comissão
estão também em causa noutros
ção de que determinada legislação
Europeia questionava alguns aspec-
procedimentos de infracção, no-
nacional não é compatível com a lei
tos essenciais da legislação farma-
meadamente o que visa a Áustria. A
europeia.
cêutica francesa: a reserva de proprie-
Comissão enviou ao governo austrí-
Itália, Áustria, Espanha, Alemanha,
dade da farmácia a farmacêuticos, a
aco um parecer fundamentado danFARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 43
internacional
do conta da incompatibilidade da
das restrições quantitativas entre
financiamento em que os custos re-
legislação nacional com a liberdade
Estados-Membros. O governo dina-
cairiam sobre os doentes.
de estabelecimento consagrada no
marquês argumenta que, ao negar
Além do mais, a legislação dinamar-
Tratado Europeu. Em foco estão as-
o reembolso de medicamentos ad-
quesa está em consonância com a da
pectos como a impossibilidade de
quiridos além-fronteiras, está a zelar
maioria dos Estados-Membros, que
um cidadão não-nacional ser proprie-
pela segurança e saúde dos próprios
também não reembolsam medica-
tário de uma farmácia na Áustria, os
dinamarqueses, na medida em que
mentos adquiridos noutro Estado-
limites demográficos e geográficos
o sistema de distribuição de medi-
Membro, seja numa farmácia tradi-
para abertura de farmácias, a proibi-
camentos não está harmonizado em
cional, seja através da Internet, sendo
ção de se gerir mais do que uma far-
toda a União Europeia, com os pa-
que nenhum desses países manifes-
mácia, entre outros. Também aqui a
drões de dispensa e controlo a serem
tou a intenção de alterar esta disposição legal.
Comissão aceitou rever a sua posição
da competência nacional.
relativamente aos critérios de instala-
Assim sendo - sublinha - é impossível
ção.
assegurar, como sustenta a Comissão,
Distinta é a situação que opõe a
que a aquisição de medicamentos
Alemanha e Itália resistem à Comissão
Dinamarca à Comissão. O que está
em outros Estados-Membros seja
em causa é o sistema que restringe
sujeita às garantias oferecidas pelas
Também específico é o processo que
a possibilidade de reembolso de me-
farmácias dinamarquesas, em termos
respeita à Alemanha, alvo de duas ac-
dicamentos adquiridos em outros
de disponibilização de informação
ções legais. Uma delas corresponde
Estados-Membros, tendo o governo
correcta, de aconselhamento e da
a um procedimento de infracção em
dinamarquês sido notificado formal-
própria qualidade.
que são visadas as farmácias que for-
mente em Abril último.
Sustenta igualmente que o sector far-
necem os hospitais, com a Comissão
Em resposta, as autoridades dinamar-
macêutico na Dinamarca se caracteri-
a questionar o critério segundo o qual
quesas sustentam que a legislação
za por um sistema de financiamento
os hospitais devem ter um fornecedor
nacional é plenamente conforme ao
solidário, que - a se verificarem as
único, não podendo ser abastecidos
Tratado CE, nomeadamente aos seus
premissas defendidas pela Comissão
por diferentes farmácias.
artigos 28 e 30, relativos à proibição
- seria substituído por um modelo de
A outra acção centra-se na proprieda-
44 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
de da farmácia, sendo dirigida a uma
- se sobreponham e influenciem os
farmácia. Para o governo italiano é
farmácia pertencente à cadeia holan-
deveres profissionais.
mesmo inadmissível que a Comissão
desa DocMorris, vocacionada para a
Entende o governo alemão que a
Europeia intervenha num domínio
dispensa de medicamentos através
proibição - que também inviabiliza
de competência exclusiva de cada
da Internet. O que está em causa é
a concentração - é adequada e pro-
país, no caso italiano consagrada in-
a abertura de uma farmácia física na
porcional aos seus objectivos.
clusivamente na Constituição.
localidade alemã de Saarbrücken: um
Mais avançado em termos de pro-
O facto de a propriedade pertencer
tribunal administrativo determinou
cesso legal está o diferendo entre a
apenas a farmacêuticos é garante
o seu encerramento, mas, posterior-
Comissão e Itália. A Comissão pre-
da protecção da saúde pública, bem
mente, um tribunal superior revogou
tende que o Tribunal Europeu de
como da qualidade dos cuidados
este acórdão, considerando que a
Justiça declare que o governo italia-
prestados à população. As mesmas
farmácia podia manter-se a funcionar
no falhou na sua obrigação de cum-
garantias são dadas pela concentra-
até uma decisão do Tribunal Europeu
prir o Tratado, na medida em que,
ção da propriedade e da direcção
de Justiça.
entre outras razões, manteve a sua
técnica na mesma pessoa, sendo
A abertura de uma farmácia detida
legislação farmacêutica, ao abrigo
as farmácias serviços de interesse
por não farmacêuticos é contrária à
da qual o sector é regulado nome-
público, com deveres de serviço pú-
lei alemã e isso mesmo argumentou
adamente no que respeita à reserva
blico. A aplicação das regras de mer-
o governo na posição enviada ao
de propriedade da farmácia.
cado, tal como pretende a Comissão,
Tribunal Europeu, adiantando que a
O processo está ainda para decisão,
poria em causa a missão confiada às
proibição é determinada pela defesa
tendo o Tribunal recebido cinco pe-
farmácias e aos farmacêuticos.
do interesse público. Só os farmacêu-
didos de audição (dos governos da
Esta argumentação é comum à de
ticos - acrescenta - foram mandatados
Alemanha, Espanha, França, Grécia
outros Estados-Membros, em parti-
legalmente para dispensar medica-
e Letónia) que intervêm a favor da
cular a Espanha e a França, que têm
mentos ao público. Além disso, esta
Itália.
reagido às pretensões liberalizadoras
proibição assegura a independência
A Itália é, aliás, um dos Estados mais
da Comissão Europeia. Mas a verdade
dos farmacêuticos, na medida em
determinados na defesa da regula-
é que, apesar de os serviços de saú-
que se inviabiliza que outros interes-
ção do sector, sobretudo em ma-
de terem ficado de fora da Directiva
ses - como os orientados para o lucro
téria de reserva da propriedade de
Serviços, a pressão se mantém. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 45
informacao veterinária Diabetes em cães e gatos É menos comum do que nos seres humanos, mas também afecta cães e gatos: trata-se da diabetes e entre os factores que a denunciam nestes animais está um aumento do apetite acompanhado de uma contraditória perda de peso. O diagnóstico precoce contribui para que tenham uma boa expectativa de vida.
Tal como acontece entre os seres hu-
e obesos. Afinal, o estilo de vida dos
mada em energia. Ora, na impossibi-
manos, a diabetes nos animais de es-
cães e gatos domésticos tende a re-
lidade de ser utilizada pelas células,
timação está associada a um aumento
flectir o estilo de vida dos donos. No
a glucose começa a acumular-se no
da esperança de vida. Actualmente,
que respeita a estes animais de pe-
sangue. Ao mesmo tempo, as célu-
graças aos cuidados proporcionados
queno porte considera-se dois tipos
las, privadas da sua fonte habitual de
pelos donos, tanto os cães como os
de diabetes ‒ mellitus e insipidus, o
energia, são forçadas a procurar outro
gatos têm uma existência mais longa,
primeiro mais comum e o segundo
combustível, encontrando-o na gor-
o que os torna mais vulneráveis a al-
de manifestação esporádica. Vejamos
dura e nas proteínas do corpo. São
gumas doenças.
cada um deles. Na origem da diabe-
estes dois fenómenos que explicam
Na verdade, embora se possa declarar
tes mellitus está a incapacidade do
duas das principais manifestações da
em qualquer idade, a diabetes atin-
organismo em utilizar a glucose por
diabetes nos animais: por um lado,
ge principalmente animais idosos. E
via de uma deficiência em insulina, a
uma ingestão de água superior ao ha-
também à semelhança do que ocorre
hormona produzida pelo pâncreas e
bitual e uma maior produção de urina
entre os seres humanos, é cada vez
cuja função é permitir a entrada da
e, por outro, o emagrecimento sem
mais comum em animais sedentários
glucose nas células onde é transfor-
causa aparente apesar de um apetite
46 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
acrescido. Na prática, o animal bebe
da doença. É que o tratamento da
diabetes mellitus, nomeadamente
mais água e urina mais em reacção a
diabetes mellitus nos cães implica a
um maior consumo de água e uma
uma tentativa do organismo de diluir
administração de insulina para toda a
maior produção de urina, o que se
e de expulsar a glucose concentrada
vida. O mesmo não acontece com os
deve ao facto de aquela hormona ser
no sangue. E perde peso porque as
gatos, em que este tipo de diabetes
responsável pela reabsorção de líqui-
células usam os nutrientes fornecidos
é, quase sempre, temporário e, com
dos antes da formação da urina.
pela alimentação como energia para
frequência, associado a pancreatites,
Os animais que produzem vasopres-
sobreviverem, amadurecerem e se
obesidade e infecções crónicas em
sina em quantidade insuficiente ou
multiplicarem. São estes os sintomas
qualquer parte do organismo. Os ga-
que apresentam a deficiência renal
que devem motivar uma consulta ve-
tos recuperam facilmente da doença,
que inviabiliza a sua acção acabam
terinária, no sentido de um diagnósti-
carecendo de insulina apenas na fase
por perder demasiada água através
co o mais precoce possível.
inicial, após o que podem ser tratados
da urina (poliúria) e por, em compen-
com recurso a antidiabéticos orais.
sação, ingerir uma maior quantidade
Diferentes nas causas e no tratamento
Dieta e exercício físico complemen-
de água do que o habitual (polidip-
tam o plano de controlo da doença.
sia).
Nuns e noutros, o diagnóstico envol-
Esta é uma doença de difícil diag-
Quanto às causas, existem algumas
ve a demonstração de hiperglicemia
nóstico mas de tratamento fácil por-
diferenças entre cães e gatos. Nos
(> 250 mg/dl) e glicosúria persisten-
quanto basta aplicar algumas gotas
cães, os estudos mais recentes sobre
tes, a par dos sintomas clínicos já des-
com vasopressina na conjuntiva do
a doença apontam para uma des-
critos. Nem todas as raças são afecta-
cão ou do gato afectado.
truição auto-imune das ilhotas de
das da mesma forma: entre as cani-
A diabetes é, como já se referiu,
Langerhans (agrupamentos de cé-
nas, existe uma maior predisposição
uma doença cuja prevalência está
lulas pancreáticas responsáveis pela
nos poodle, cocker, beagle, pinscher,
a aumentar entre cães e gatos. No
Dra. Ana Paula Abreu,
produção de insulina), embora pos-
rotweiller e schnauzers, enquanto en-
entanto, há o risco de, por ser ainda
Médica Veterinária
sam existir outros fenómenos subja-
tre os felinos a doença parece preva-
considerada uma doença do ser hu-
responsável pelo grupo
centes, como hiperadrenocorticismo,
lecer entre os siameses.
mano, os seus sintomas serem desva-
Hospital Veterinário de
obesidade, infecções crónicas (sendo
Mais rara é a diabetes insipidus, de
lorizados ou mal interpretados pelos
Almada.
as mais comuns as urinárias subdiag-
que existem dois tipos: na origem do
donos.
Qualquer dúvida pode
nosticadas e periodontites crónicas)
tipo I está uma diminuição da produ-
A farmácia, pela sua proximidade
ser colocada para o email
e, no caso específico das cadelas, o
ção da hormona vasopressina pela
com as populações, assume aqui um
hva@hvalmada.com.
cio. Refira-se, a propósito, a vantagem
glândula pituitária, enquanto no tipo
papel importante na informação so-
de proceder à castração das cadelas
II se verifica uma disfunção ao nível
bre este problema de saúde animal,
a que seja diagnosticada diabetes,
dos rins que impede a acção da va-
esclarecendo os donos e referencian-
pois durante o cio são libertadas
sopressina.
do para o médico veterinário. Afinal,
hormonas que impedem a acção da
Os animais com esta forma esporá-
quando diagnosticados a tempo,
insulina, dificultando o tratamento
dica de diabetes apresentam alguns
cães e gatos diabéticos podem viver
e contribuindo para o agravamento
sintomas comuns aos que sofrem de
tanto como os saudáveis.
Artigo elaborado em colaboração com a
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 47
museu da farmácia À conquista do espaço O Museu da Farmácia viu reconhecido o seu esforço na divulgação da aventura espacial: numa singela homenagem, a Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa ofertou-lhe a bandeira nacional que viajou a bordo do Discovery na sua missão de Agosto de 2001.
Desde a sua criação o Museu da
Neste contexto, a farmácia é enten-
Do lado da ex-URSS é possível ver
Farmácia apostou em ser mais do
dida num sentido muito lato: sendo
equipamento utilizado na estação
que um repositório de património,
cerne do Museu, é o ponto de partida
espacial MIR, bem como em missões
por maior que seja o seu valor his-
para um espólio abrangente e diver-
mais actuais, enquanto do lado dos
tórico-cultural. Nos seus 26 anos en-
sificado, em que há lugar para peças
Estados Unidos é possível contactar
quanto projecto ‒ 11 de abertura ao
de um passado mais remoto e outras
com duas farmácias portáteis que
público ‒ tem estado subjacente a
de um passado tão recente que ainda
integraram o voo do Endeavour em
filosofia de que este é um espaço de
faz parte do presente. Há lugar para
Dezembro de 2000.
conhecimento, em que a farmácia e
realidades mais próximas e outras
Em breve juntar-se-á a este espólio
a saúde são indissociáveis das demais
mais distantes. Para as do quotidiano
um aparelho para purificar a água,
actividades do homem.
e para as do imaginário. É assim que
a que o Museu teve acesso junto
Daí que cada uma das peças exibidas
se explica o destaque concedido à
da NASA. Foi utilizado no programa
seja apenas um elo de uma cadeia em
aventura espacial. Num percurso mu-
Apollo, responsável por colocar 12
que o propósito maior é o de promo-
seológico que começa pelos primór-
homens na lua, a começar pelo his-
ver o entendimento sobre os grandes
dios da humanidade, o último quadro
tórico Neil Armstrong, em Julho de
passos da humanidade. Não obstante
é ocupado por objectos que parti-
1969. Interrompido em 1972, devido
cada uma delas valer por si, todas são
lharam a conquista do espaço pelos
aos elevados custos, este programa
enquadradas de forma a proporcio-
cosmonautas russos (ex-soviéticos) e
espacial norte-americano previa a
nar uma mais-valia ao visitante.
pelos astronautas norte-americanos.
existência a bordo de equipamento
48 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
que permitisse aos astronautas so-
Integraram um projecto do INETI
dade, de tesouro, o que constitui uma
breviver em condições adversas, no-
(Instituto Nacional de Engenharia,
vantagem quando a aposta é chegar
meadamente perante um imprevisto
Tecnologia e Inovação) e viajaram
mais longe na mensagem a trans-
que fizesse adiar o regresso à Terra.
a bordo do Endeavour , em 2001,
mitir. Bem longe chegou a pequena
Era esse o propósito do aparelho ago-
no âmbito de uma experiência que
bandeira portuguesa entregue a 20
ra adquirido pelo Museu.
visava avaliar o seu comportamento
de Setembro último ao director do
A aventura espacial vista pelo Museu
enquanto plantas medicinais num
Museu da Farmácia pelo embaixa-
da Farmácia está, no entanto, incom-
ambiente sem gravidade. Extraídas
dor dos Estados Unidos em Lisboa,
pleta. Os Estados Unidos e a Rússia
as conclusões ‒ que apontam para
Alfred Hoffman, Jr: viajou no vaivém
(que herdou o legado da União
um menor grau de impurezas e uma
espacial Discovery , na missão que o
Soviética) têm, há alguns anos, um
maior eficácia na ausência de gravi-
levou à Estação Espacial Internacional
concorrente de peso: a China, que
dade ‒ as amostras foram doadas ao
em Agosto de 2001.
lançou em 2003 o seu primeiro voo
Museu da Farmácia.
Integrada num conjunto fotográfico
tripulado, com um sucesso que repe-
João Neto, director do Museu, desta-
representativo da missão do vaivém
tiu em 2005. Várias décadas depois,
ca esta atitude do INETI como exem-
espacial, incluindo uma vista orbital
a China está aposta em chegar à lua,
plo do reconhecimento do papel da
de Lisboa tirada a 278 quilómetros de
sendo 2017 a meta a alcançar. O inte-
Museologia na divulgação do conhe-
altitude, a bandeira simboliza o reco-
resse do Museu pelo espaço também
cimento científico. Na sua opinião, ao
nhecimento pelos esforços notáveis
se conta nos bastidores: porque nem
doar as ampolas, o Instituto confir-
na educação e no desenvolvimento
tudo está exposto, nomeadamente
mou a missão educativa dos museus.
de actividades de apoio à exploração
um relatório médico do primeiro voo
Uma missão que é, assumidamente,
espacial pelo homem .
tripulado dos Estados Unidos ‒ estava-
do Museu da Farmácia, cuja equipa
Para João Neto, este acto simbólico
se em 1962 e a bordo ia John Glenn.
se orgulha de fazer a ponte entre a
é fruto das relações estreitas que o
investigação científica e o grande
Museu estabeleceu com a NASA, sen-
público.
do através dele validado o contributo
Basta pensar no valor que, de imedia-
do Museu, à sua escala, para um me-
São três pequenas peças: três ampo-
to, se atribui a uma peça exposta em
lhor entendimento da aventura espa-
las. Contêm chá preto e chá verde,
qualquer museu: a ela está, inevitavel-
cial. Por isso mesmo, é também uma
dos Açores, e hipericão do Gerês.
mente, associada a idade de preciosi-
conquista.
A Ciência e o público
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 49
informacao terapeutica Saúde oral na infância
Dentes para a vida da Autor: CEDIME
Os dentes decíduos, ou dentes de
Entre os 18 e os 24 meses nascem os
está vulgarmente presente um con-
leite, começam a sua formação por
caninos.
junto de sinais e sintomas típicos,
volta da quinta ‒ sexta semana de
Entre os 24 e os 30 meses nascem os
como:
vida intra-uterina e, a partir do sexto
segundos molares. E completa-se as-
• Um ligeiro inchaço do tecido gen-
mês de vida, tem início o processo de
sim a dentição de leite .
gival, por vezes acompanhado por
erupção dentária.
Apesar de ser esta a considerada or-
uma coloração azulada
A dentição decídua tem, regra geral,
dem normal, é possível que seja com-
20 dentes. Entre os 6 e os 14 meses
pletamente alterada.
nascem, habitualmente, os primeiros
A criança pode nascer já com um
• Aumento da produção de saliva
dentes - os incisivos médios inferio-
dente visível na cavidade oral ou, em
resultando no típico babar contí-
res. Seguem-se os quatro superiores
oposição, o primeiro dente nascer só
nuo das crianças
e os dois laterais inferiores.
depois dos 12 meses e, em vez da
• Irritabilidade
Entre os 12 e os 18 meses, em regra,
erupção espaçada, verifica-se o sur-
Apesar de associados, febre, diarreia
nascem os primeiros molares, ficando
gimento de vários dentes em simul-
ou congestão nasal não são, neces-
entre os incisivos e estes dentes, um
tâneo.
sariamente, sintomas resultantes do
espaço vazio reservado aos caninos.
A acompanhar todo este processo,
processo da dentição.
50 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
• Rubor ou erupção da face, próximo da zona de erupção do dente
DENTIÇÃO DECÍDUA (DENTES DE LEITE) Arcada Superior 1. Incisivo Central 2. Incisivo Lateral 3. Canino 4. 1º Molar 5. 2º Molar
Arcada Inferior 6. 2º Molar 7. 1º Molar 9. Incisivo Lateral 10. Incisivo Central
Erupção 8-12 meses 9-13 meses 16-22 meses 13-19 meses 25-33 meses
Erupção 23-31 meses 14-18 meses 10-16 meses 6-10 meses
Como ajudar o bebé... Muitos bebés não têm qualquer problema com o nascimento dos dentes. No entanto alguns podem mostrarse mais agitados, irritáveis e com alterações do apetite ou do sono. Assim, é útil ter presente algumas medidas para aliviar o desconforto do bebé: • Dê ao bebé algo para morder: anéis de dentição ou alimentos
A mudança dos dentes
duros, como côdea de pão, maçã ou cenoura, vigiando para evitar
A mudança dos dentes dá-se nor-
implicar a queda de nenhum dente
malmente em duas fases: entre os
temporário, a presença do 1o dente
6-8 anos e entre os 10-12 anos.
permanente pode passar desperce-
Pelos 6 anos aparece o primeiro
bida ou mesmo confundir os pais
molar permanente que erupciona
que pensam que será substituído
atrás do 2o molar decíduo. Por não
posteriormente.1
que o bebé se engasgue com um pedaço de alimento. Assegure que os objectos que o bebé tem acessíveis para morder são suficientemente grandes para que ele não os engula. Os anéis de dentição podem ser colocados no frigorífico para refrescar, no entanto, não devem ser colocados no congelador dado
DENTIÇÃO DEFINITIVA Arcada Superior
Erupção
1. Incisivo Central 2. Incisivo Lateral 3. Canino 4. 1º Pré-Molar 5. 2º Pré-Molar 6. 1º Molar 7. 2º Molar 8. 3º Molar (dente do siso)
7-8 meses 8-9 meses 11-12 meses 10-11 meses 10-12 meses 6-7 meses 12-13 meses 17-21 meses
Arcada Inferior 9. 3º Molar (dente do siso) 10. 2º Molar 11. 1º Molar 12. 2º Pré-Molar 13. 1º Pré-Molar 14. Canino 15. Incisivo Lateral 16. Incisivo Central
Erupção 17-21 meses 11-13 meses 6-7 meses 11-12 meses 10-12 meses 9-10 meses 7-8 meses 6-7 meses
que, se demasiado duros, podem magoar as gengivas já fragilizadas do bebé. • Limpe regularmente a baba da cara do bebé para evitar que a pele fica irritada. Se necessário aplique um creme protector. • Caso o bebé se mostre muito incomodado, pode aplicar um gel anestésico local apropriado para as suas gengivas, ou mesmo recorrer ao paracetamol, sempre de acordo com o conselho do médico do bebé.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 51
informacao terapeutica
A redução dos níveis de Streptococcus mutans da mãe
Da dentição decídua aos dentes para a vida
pode ser conseguida através da prevenção e tratamento de cáries e de uma correcta instrução e motivação para a saúde oral, podendo durante a gravidez obter-se um bom
Da mãe para o bebé
controlo da flora oral através da utilização de clorexidina
Os cuidados de Saúde Oral infantil devem iniciar-se no pe-
(elixir, dentífricos ou gel) e/ou xilitol (pastilhas elásticas), e
ríodo pré-natal.
da prática de uma correcta higiene oral. 3
Os futuros pais devem ser sensibilizados para a importância de uma boa Saúde Oral no contexto da saúde global. No período de gestação a mulher encontra-se mais recep-
A cárie dentária nas crianças
tiva à aquisição de novos conhecimentos e a mudar hábitos que influenciem a saúde do bebé.
A cárie dentária é uma doença infecciosa, de origem mi-
Tal torna este período numa oportunidade única para in-
crobiana, localizada nos tecidos duros dentários. Inicia-se
tervir, educando para a saúde.
1
por uma desmineralização do esmalte, provocada por áci-
A boa saúde oral da mãe favorece a boa saúde oral do fi-
dos orgânicos produzidos por bactérias orais específicas
lho. A futura mãe deve fazer todos os tratamentos dentá-
que metabolizam os hidratos de carbono da dieta.
rios necessários a uma boa saúde oral. Mesmo já estando
Os micro-organismos com capacidade cariogénica não
grávida e tendo dentes cariados ou doença periodontal,
determinam, por si só, o desenvolvimento de cárie den-
2
não deve deixar de proceder ao necessário tratamento.
tária, sendo necessário o substrato adequado (hidratos de
Ao longo da gravidez, a saúde oral da mãe deve ser rigo-
carbono como a sacarose, a glucose e a frutose) e condi-
o
rosamente vigiada, especialmente durante o 3 trimestre,
ções fisiológicas do hospedeiro que permitam a sua colo-
fase de maturação do esmalte da dentição decídua.
nização e sobrevivência. 1
O Streptococcus mutans é o principal responsável pelos
No desenvolvimento da cárie, o mais importante não é a
processos cariogénicos. É transmitido através da saliva por
quantidade absoluta de açúcares ingeridos mas sim a con-
intermédio de beijos, mãos ou pele contaminadas, ou de
sistência dos açúcares e a frequência do seu consumo. 3
alimentos. A primeira colonização ocorre geralmente en-
Logo após a erupção, o esmalte apresenta superfícies que
tre os 6 e os 18 meses de vida, por vezes antes da erupção
se encontram ainda nos estádios finais de calcificação, mi-
dos primeiros dentes.
neralização e incorporação de flúor. Esta hipomaturação
Quanto mais cedo se der a colonização, mais rápida é a progressão da doença e maior a destruição do tecido dentário. 52 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
3
temporária do esmalte dentário torna o dente mais susceptível à cárie imediatamente após a erupção. 3
O diagnóstico de cárie em qualquer superfície dentária de qualquer dente em crianças até 3 anos é um problema de saúde pública.3
risco para os dentes decíduos, como
pode ser colonizada por S. mutans
Early Childhood Caries
cárie e traumatismos, também o são
desde os primeiros dias de vida.
Conference, 1997
para os seus sucessores dentes per-
Por outro lado a limpeza da boca com
manentes.1
uma gaze ou fralda húmida, de forma
Complicações
Assim, facilmente se compreende
regular, permite que o bebé se acos-
As principais complicações da cárie
que as crianças com cáries apresen-
tume a esta rotina de limpeza.
dentária nas crianças passam pelas
tam em adulto uma maior propensão
Após a erupção do primeiro dente,
infecções dentárias. As infecções
para o desenvolvimento de cáries e
a higienização deve começar a ser
dentárias originam inicialmente do-
de patologias do desenvolvimento
feita pelos pais, duas vezes por dia,
res, quer dento-bucais, quer ao nível
3
dentário.
utilizando uma gaze, uma dedeira ou uma escova macia, com um dentífri-
da faringe e da cabeça. São infecções localizadas que conduzem a bacterié-
Prevenção
co fluoretado com 1000-1500 ppm (mg/l) de fluoreto (concentrações
mia, podendo aumentar a propensão para infecções respiratórias e digesti3
A prevenção da cárie dentária deve
presentes na maioria das pastas den-
iniciar-se logo no período pré-natal,
tífricas), sendo uma das vezes, obriga-
O envolvimento da dentição decídua
dando destaque à saude oral da mãe
toriamente, após a última refeição.2
nestas infecções conduz à perda pre-
(higiene, prevenção, diagnóstico e
O uso da escova dentária não deve
matura de dentes, com consequên-
tratamento de patologia oral), mas
ser adiado para mais tarde do que a
vas.
cias que passam por maloclusão, api-
também reforçando a importância
erupção do primeiro molar decíduo,
nhamento dentário, patologia oclusal
da adopção de bons hábitos de die-
por volta dos 16 meses. 1
e alterações da erupção dentária e do
ta/nutrição, da amamentação e da
Existe actualmente no mercado uma
desenvolvimento e crescimento dos
introdução progressiva de alimentos
grande variedade de dispositivos
maxilares.
mais consistentes que determinam o
para a higiene oral do bebé (ex. esco-
A perda precoce de dentes tempo-
padrão de mastigação do bebé.
vas, dedeiras). Independentemente
rários, associada a dores, dificulta o
Fundamental é também a não intro-
do instrumento utilizado, a educação
normal processo de alimentação,
dução de qualquer tipo de adoçan-
quanto à importância deste hábito e a
conduzindo a perda de apetite e,
te na chupeta ou biberão e o início
motivação dos pais e responsáveis
eventualmente, a malnutrição, o que
precoce da higienização da cavidade
para o pôr em prática o mais preco-
pode levar a alterações do desenvol-
oral do recém-nascido. 1
cemente possível é imprescindível. 1
O bebé
A partir dos 3 anos
duo, o gérmen do dente permanen-
Iniciar a higiene oral dos bebés ime-
muitas vezes, a criança querer fazer
te encontra-se em íntimo contacto,
diatamente após o nascimento faz
a escovagem dentária sozinha, esta
pelo que os processos que são um
sentido uma vez que a mucosa oral
deve ser realizada pelos pais duas ve-
1
vimento físico e intelectual e a distúrbios do sono.1,3 Durante toda a vida do dente decí-
Aos três anos de idade, apesar de,
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 53
informacao terapeutica
Utilização dos reveladores de placa bacteriana2 : durante a erupção e cuidados acres• Colocar uma ou duas gotas por
cidos de escovagem.2
baixo da língua ou mastigar um
zes ao dia, dando especial atenção à escovagem da noite. No entanto, a partir desta idade os responsáveis devem ensinar e motivar a criança para uma autonomia crescente na realização desta tarefa, sempre sob supervisão.1,2
Aos 6-7 anos
Dos 7 aos 10 anos
comprimido, sem engolir (para
Entre os 7-10 anos as crianças já fa-
evitar que os lábios fiquem cora-
zem a higiene oral sozinhas, no en-
dos de vermelho, antes de colocar
tanto é recomendável um supervisio-
o corante, pode passar batom, cre-
namento por parte dos pais a seguir à
me gordo ou vaselina nos lábios); • Passar a língua por todas as super-
escovagem da noite.1 A higienização dos espaços inter-
fícies dentárias;
dentários deve começar a ser feita
• Bochechar com água e visualizar
por volta dos 9-10 anos, quando já
a placa bacteriana corada. Esta é
têm destreza manual para utilizar o
facilmente removida através da
fio dentário. A técnica deve ser clara-
escovagem dos dentes e do uso
2
Até aos 6-7 anos os pais devem con-
mente explicada e treinada.
tinuar a executar a escovagem noc-
O uso de reveladores de placa bac-
turna, pois as crianças não têm ainda
teriana (em soluto ou em comprimi-
Os açúcares
destreza suficiente para eliminar com
dos mastigáveis ‒ ex. Dento Plaque®,
Para a melhor prevenção da cárie den-
eficácia a placa bacteriana.
Butler®) permitem avaliar a higiene
tária, é recomendado que as crianças
A supervisão do adulto é ainda impor-
oral e, consequentemente, melhorar
abandonem o biberão até aos 12 me-
tante no sentido de evitar a utilização
as técnicas de escovagem e de utili-
ses. Deve ainda evitar-se que adorme-
1
do fio dentário.
de quantidades excessivas de dentí-
zação do fio dentário.
çam logo após a amamentação, para
frico, o que pode, em especial antes
A partir dos 6 anos, estes produtos
que os alimentos não estagnem em
podem ser usados para que as crian-
redor dos dentes durante o período
Por volta dos 6 anos começam a
ças visualizem a placa e mais facil-
do sono. Não deve ser permitido o uso
erupcionar os primeiros molares per-
mente compreendam que os seus
prolongado do biberão nem adorme-
manentes. Pela própria morfologia,
dentes necessitam de ser cuidadosa-
cer com ele na boca, quer tenha leite,
imaturidade e dificuldade na remo-
mente limpos. 2 A eritrosina, que tem
farinhas ou sumos. Está também com-
ção da placa bacteriana destes den-
a propriedade de corar de vermelho a
pletamente desaconselhada a utiliza-
tes, são mais vulneráveis à cárie. Por
placa bacteriana, é um dos exemplos
ção de chupetas com açúcar ou mel.2,3
isso exigem uma atenção particular
de corantes que se podem utilizar.
Em crianças mais velhas, idealmen-
dos 6 anos, resultar em fluorose.
54 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
2
2
te os açúcares devem ser ingeridos
grau de risco de cada criança.1, 3
sempre após as refeições, nunca nos
É importante sensibilizar os pais de
• Acção tóxica, com repercussões a
intervalos, seguidos de correcta hi-
que as visitas ao dentista não devem
nível dentário, pré-eruptiva e sisté-
giene oral. É importante não esque-
ter apenas objectivos curativos, mas
mica.
cer ainda a administração dos me-
principalmente preventivos. Há por
dicamentos, em particular os dados
isso que visitar o dentista com regula-
à noite e sob a forma de xarope ou
ridade, mesmo não havendo queixas.
suspensão oral, uma vez que a maioria contém elevadas concentrações 3
de açúcar.
Se a criança fizer medicação crónica,
mente pós-eruptiva e tópica.
Fluoretos administrados por via sistémica Está comprovado que a utilização de
A utilização dos fluoretos
deve dar-se preferência a medica-
medicamentos contendo fluoretos, na forma de gotas orais e comprimidos, até há pouco recomendada pelos profissionais de saúde dos 6 me-
O flúor tem comprovada importância
ses até aos 16 anos, aumenta o risco
na redução da prevalência e gravida-
de fluorose. A gravidade da fluorose
Primeira visita ao dentista
de da cárie.
dentária está relacionada com a dose,
Numa fase inicial, cabe ao médico
A acção preventiva e terapêutica dos
a duração de exposição e com a ida-
de família ou ao pediatra o reforço
fluoretos é conseguida predominan-
de em que esta ocorre.
das medidas de promoção da saúde
temente pela sua acção tópica, quer
Actualmente, a administração de
oral e o diagnóstico precoce da cá-
nas crianças quer nos adultos, através
comprimidos só é recomendada
rie dentária. É no entanto vantajoso
de três mecanismos diferentes:
quando o teor de fluoretos na água
promover a familiarização precoce
• Inibição do processo de desmine-
de abastecimento público for inferior
2
mentos sem açúcar.
da criança com o ambiente típico de um consultório dentário, não só para reduzir os factores de risco de cárie dentária, mas também para reduzir a ansiedade no consultório das crianças
ralização. • Potenciação do processo de remineralização. • Inibição da acção da placa bacteriana.
a 0,3 ppm (situação mais frequente em Portugal Continental) e: • A criança não escova os dentes com um dentífrico fluoretado duas vezes por dia;
mais jovens.
O uso racional dos fluoretos na profi-
• A criança escova os dentes com
Idealmente a primeira visita ao dentista
laxia da cárie dentária, com eficácia e
um dentífrico fluoretado duas ve-
deve ocorrer entre os 6 e os 12 meses.
segurança, baseia-se no conhecimen-
zes por dia, mas apresenta risco
Durante esta consulta é controlada e
to actualizado dos mecanismos de
elevado de cárie dentária.
avaliada a erupção dentária, detecta-
acção e toxicologia. A estratégia de
Nesta situação, os comprimidos devem
dos hábitos nocivos, informam-se os
utilização dos fluoretos foi redefinida
ser dissolvidos na boca, lentamente,
pais sobre atitudes preventivas e esta-
com base na evidência científica:
preferencialmente antes de deitar.
belece-se um programa adequado ao
• Acção preventiva predominante-
Nos Açores e na Madeira, ou em zoFARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 55
informacao terapeutica
nas onde o teor de fluoretos na água
tes produtos, sem dispositivos de se-
é muito elevado, deve ser feita uma
Fluoretos administrados por via tópica
verificação regular e a correcção ade-
Como modo de obter o efeito tópi-
A toxicidade aguda pelos fluoretos
quada.
co, preventivo da cárie dentária, o
pode manifestar-se por queixas di-
Em nenhum dos casos está recomen-
dentífrico fluoretado constitui a op-
gestivas (dor abdominal, vómitos,
dada a administração de fluoretos
ção consensual.
hematemeses e melenas), neuroló-
sistémicos a grávidas, a crianças com
Hoje em dia, a maior parte dos den-
gicas (tremores, convulsões, tetania,
menos de 3 anos e às que, em qual-
tífricos à venda no mercado contêm
delírio, lentificação da voz), renais
quer idade, consumam água com
fluoretos sob diferentes formas, sen-
(urina turva, hematúria), metabólicas
teor de fluoreto superior a 0,3 ppm.
do os mais utilizados os fluoretos
(hipocalcemia,
Para evitar a potencial toxicidade dos
de sódio e o monofluorfosfato de
hipercaliemia), cardiovasculares (ar-
fluoretos, deve ser realizada uma ava-
sódio.
ritmias, hipotensão) e respiratórias
liação personalizada dos aportes diá-
Normalmente, o conteúdo de fluore-
(depressão respiratória, apneias).
rios em flúor de cada criança, tendo
to dos dentífricos é de 1000 a 1100
As crianças devem usar dentífrico
em conta todas as fontes possíveis
ppm (ou 0,10% a 0,11%), podendo
com teor de fluoretos entre 1000-
desse elemento: alimentos comuns,
variar entre 500 e 1500 ppm.
1500 ppm de fluoreto (dentífrico de
suplementos alimentares, consumo
Durante a escovagem, cerca de 34%
adulto), sendo a quantidade a utilizar
de água da rede pública e/ou água
da pasta é ingerida por crianças de 3
do tamanho da unha do 5o dedo da
engarrafada e respectivo teor de fluo-
anos, 28% pelas de 4-5 anos e 20%
mão, da própria criança.
retos e utilização de medicamentos e
pelas de 5-7 anos.
Após a escovagem dos dentes com
produtos cosméticos contendo flúor.
Devem por isso ser evitados dentífri-
dentífrico fluoretado, pode-se não
cos com sabor a fruta, para impedir o
bochechar com água.
Como qualquer outro medicamento, os
seu consumo em excesso.
Deve apenas cuspir-se o excesso de
gurança para a sua abertura.
hipomagnesiemia,
fluoretos em dose excessiva têm efeitos
A ingestão acidental de um quarto
pasta.
tóxicos, que normalmente se manifes-
de um tubo com dentífrico de 125
Deste modo, consegue-se uma mais
tam através de manchas nos dentes.
mg (1500 ppm de Flúor) põe em ris-
alta concentração de fluoreto na
Essa manifestação é a fluorose dentária.
co a vida de uma criança de um ano
cavidade oral, que vai actuar topica-
2
Até aos 6-7 anos, as crianças não devem
de idade.
mente durante mais tempo.
ingerir regularmente água com teor de
O risco de ingestão acidental por
Os dentífricos fluoretados devem ser
fluoretos superior a 0,7 ppm.2
crianças é real e para tal contribui
guardados em locais inacessíveis às
também o tipo de embalagens des-
crianças pequenas.
56 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Orientações da Direcção-Geral da saúde no âmbito do programa nacional de promoção da saúde oral 2 Recomendações
Frequência da escovagem dos dentes
Material utilizado na escovagem dos dentes
Execução da escovagem dos dentes
Dentífrico fluoretado
Suplemento sistémico de fluoretos
0-3 Anos
2 x dia a partir da erupção do 1º dente: uma obrigatoriamente antes de deitar
Gaze Dedeira Escova macia de tamanho pequeno
Pais
1000-1500 ppm quantidade idêntica ao tamanho da unha do 5º dedo da criança
Não recomendado
3-6 Anos
2 x dia uma obrigatoriamente antes de deitar
Escova macia de tamanho adequado à boca da criança
Pais e/ou Criança a partir do momento em que a criança adquire destreza manual, faz a escovagem sob supervisão
1000-1500 ppm quantidade idêntica ao tamanho da unha do 5º dedo da criança
Não recomendado Excepcionalmente as crianças de alto risco à cárie dentária podem fazer 1 (um) comprimido diário de fluoreto de sódio a 0,25 mg
Mais de 6 Anos
2 x dia uma obrigatoriamente antes de deitar
Escova macia ou em alternativa média de tamanho adequado à boca da criança ou do jovem
Criança e/ou Pais se a criança não tiver adquirido destreza manual, a escovagem tem que ter a intervenção activa dos pais
1000-1500 ppm quantidade aproximada de 1 centímetro
Não recomendado Excepcionalmente as crianças de alto risco à cárie dentária podem fazer 1 (um) comprimido diário de fluoreto de sódio a 0,25 mg
Técnicas de Higiene Oral2 Escovagem dos dentes
Escova
A escovagem dos dentes, para ser eficaz,
• Começar a escovagem pela superfície
ou seja, para remover a placa bacteriana,
externa (do lado da bochecha) do
adequado à boca de quem a utiliza.
necessita ser feita com rigor e demora 2
dente mais posterior de um dos
Habitualmente, as embalagens referem
a 3 minutos.
maxilares e continuar a escovar até
as idades a que se destinam. Os
• Inclinar a escova em direcção à
atingir o último dente da extremidade
filamentos devem ser de nylon com
oposta desse maxilar.
extremidades arredondadas e textura
gengiva (cerca de 45o) e fazer
A
escova
deve
ter
um
tamanho
pequenos movimentos vibratórios
• Com a mesma sequência, escovar
horizontais ou circulares, de modo
as superfícies dentárias do lado da
deformados, obrigam à substituição da
língua.
escova. Normalmente, a escova quando
a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaço que fica entre o dente e a gengiva). • Se for difícil manter esta posição, colocar os pêlos da escova perpendicularmente à gengiva e à superfície do dente. • Escovar 2 dentes de cada vez (os
• Proceder do mesmo modo para fazer
macia, que quando começam a ficar
utilizada 2 vezes por dia dura cerca de
a escovagem dos dentes do outro
3-4 meses.
maxilar.
Quando se utiliza uma escova de dentes
• Escovar as superfícies mastigatórias
eléctrica, segue-se a mesma sequência
dos dentes, com movimentos de
de escovagem. O movimento da escova
vaivém.
é feito automaticamente, não deve ser
correspondentes ao tamanho da ca-
• Por fim, pode escovar-se a língua.
feita pressão ou movimentos adicionais
beça da escova), fazendo aproxima-
• Cuspir o excesso de dentífrico.
sobre os dentes. A escova desloca-se
damente 10 movimentos (ou 5 caso
ao longo da arcada, escovando um só
sejam crianças até aos 6 anos) nas
dente de cada vez. As escovas eléctricas
superfícies dentárias abarcadas pela
facilitam a higiene oral das pessoas que
escova.
tenham pouca destreza manual.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 57
informacao terapeutica Fluoretos em medicamentos e produtos cosméticos de higiene corporal
uma concentração de fluoretos infe-
tos e utilizados para a profilaxia da
rior a 0,15% (1500 ppm) (Decreto-lei
cárie dentária, existentes no mercado
100/2001 de 28 de Março, I Série A),
português, são de venda livre em far-
A
Medicamento
sendo que todos os dentífricos com
mácia.
distinção
entre
e Produto Cosmético de Higiene
concentrações de fluoretos superior
Encontram-se disponíveis nas formas
Corporal contendo fluoretos depen-
a 0,15% são obrigatoriamente classi-
farmacêuticas de solução oral (gotas
de do seu teor no produto. Os cos-
ficados como medicamentos.
orais), comprimidos, dentífricos, gel
méticos contêm obrigatoriamente
Os medicamentos contendo fluore-
dentário e solução de bochecho.
Técnicas de Higiene Oral2 Uso do fio dentário
havendo necessidade de o enrolar nos
A partir do momento
É importante utilizar sempre fio limpo
em que há destreza
em cada espaço interdentário.
manual (a partir dos 8
Os polegares e/ou os indicadores
anos) é indispensável
ajudam a manuseá-lo.
dedos.
o uso do fio ou fita
• Introduzir o fio, cuidadosamente, entre dois
dentária.
dentes e curvá-lo à volta do dente que se quer limpar, fazendo com que tome a forma de um C .
• Retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta-fio.
• Executar movimentos curtos, horizontais,
• Enrolar a quase totalidade do fio no dedo médio de uma
desde o ponto de contacto entre os
mão e uma pequena porção no dedo médio da outra mão,
dentes até ao sulco gengival, em cada
deixando entre os dois dedos uma porção de fio, com
uma das faces que delimitam o espaço
aproximadamente 2,5 cm.
interdentário.
Quando as crianças são mais pequenas, pode retirar-se uma
• Repetir este procedimento até que todos
porção mais pequena de fio, cerca de 30 cm, dar um nó
os espaços interdentários, de todos os
juntando as 2 pontas, formando um círculo com o fio, não
dentes, estejam devidamente limpos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. Ana Luisa Moreira Costa, Elsa Paiva, Luis Pedro Ferreira ‒ Saúde oral infantil: uma abordagem preventiva , Rev Port Clín Geral 2006;22:337-46 2. Direcção Geral da Saúde: Circular Normativa 01/DSE, 18/01/05 ‒ Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral 3. Pedro Cosme, Paula Faria Marques ‒ Cáries Precoces de Infância - Uma Revisão Bibliográfica , Rev Port Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial 2005;46-2:109-16
58 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Publicações ANF Folheto para o Utente sobre o tema Saúde Oral na Infância ‒ Dentes para a Vida disponível nas Farmácias aderentes ao Serviço Informação Saúde a partir de Setembro de 2007
informacao terapeutica Hiperplasia Benigna
da Próstata * Mafalda Melo
* Médica Mafalda Melo Interna da Especialidade de Urologia do Hospital de Pulido Valente
A próstata é uma glândula que pro-
a hiperplasia benigna da próstata, e
crescimento hiperplásico progressivo
duz parte do líquido seminal que está
por uma porção periférica que é onde
fisiológico da zona de transição, que
localizada abaixo da bexiga e envolve
ocorre a maioria dos cancros da prós-
pode ou não levar à ocorrência de sin-
a uretra proximal. Anatomicamente é
tata. O seu volume, em idades mais
tomas, se esse aumento condicionar
constituída por uma zona de transição
jovens, é de aproximadamente 20
uma obstrução ao fluxo urinário. Por
que envolve a uretra e é onde ocorre
gramas e a partir dos 50 anos há um
exemplo, aos 80 anos 88 por cento
LEGENDA:
Bexiga
1
2 3 4
60 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
1- Uretra prostática 2- Próstata 3- Abertura do canal ejaculador 4- Esfíncter externo da uretra
LEGENDA:
2 3
1 4
1- Zona de Transição 2- Zona Central 3- Zona Periférica 4- Estroma Fibromuscular anterior
dos homens têm hiperplasia benigna
vezes que o doente tem de ir urinar
Tratamento médico
da próstata (HBP), mas apenas 50 por
(polaquiúria) e necessidade de urinar
Fitoterapia.
cento apresentam sintomas.
durante a noite (nictúria).
A fitoterapia consiste num tratamen-
Num estadio mais avançado podem
to à base de extratos de plantas cujo
Apresentação Clínica
ocorrer complicações, derivadas des-
mecanismo de acção ainda permanece
sa permanente obstrução à saída de
desconhecido, podendo ser uma op-
fluxo urinário e que podem ser infec-
ção em doentes com sintomas ligeiros.
O aumento hiperplásico da próstata pode condicionar uma obstrução à saída do fluxo urinário, quer pelo próprio aumento da glândula que origina um obstáculo mecânico estático à saída de urina, quer devido a um aumento do
ções urinárias recorrentes, litíase vesical, divertículos vesicais, ureterohidro-
α Bloqueantes.
nefrose bilateral e insuficiência renal.
Estes fármacos bloqueiam os receptores α que se encontram no colo
Tratamento
vesical e no estroma prostático diminuindo assim o tónus do músculo lis,
tónus do músculo liso, mediado pelos receptores α localizados no colo vesi-
O tratamento da HBP pode ser feito
cal e estroma próstatico, que dinamica-
através de vigilância nos doentes
mente não permitem a saída de urina.
que tenha sintomas ligeiros. O tra-
Essa obstrução, quer pelo componente
tamento médico está indicado para
estático, quer pelo dinâmico, pode ori-
sintomas
ginar queixas como sensação de não
médios
conseguir urinar logo apesar de ter von-
que interfiram na
tade (hesitação inicial), diminuição da
qualidade de vida
força do jacto urinário, ou sensação de
do doente e o tra-
esvaziamento incompleto da bexiga.
tamento
O músculo vesical vai hipertrofiar de
preconiza-se quan-
forma compensadora, ao tentar vencer
do não há melhoria
esse obstáculo causado pela prósta-
dos sintomas com a
ta, levando também por sua vez a
terapêutica médica
queixas que se traduzem em sensa-
e quando existem
ção imperiosa de ir urinar (urgência
complicações asso-
miccional), aumento do número de
ciadas à doença.
o que condiciona uma melhoria do fluxo urinário. Têm uma acção rápida com melhoria das queixas em cerca de um mês.
ligeiros, a
graves 1
cirúrgico 5
LEGENDA: 1- Hidronefrose 2- Hipertropia da parede da bexiga 3- Cálculo Vesical 4- Divertículo 5- Hidro-ureter
2 3
4
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 61
informacao terapeutica Guia de Intervenção Farmacêutica nas Doenças da Próstata Os efeitos secundários principais são do foro cardiovascular, particularmente a hipotensão postural. Este fármaco é por isso indicado em doentes com queixas exuberantes com necessidade de alívio rápido das mesmas.
Nas últimas décadas, com o aumento da esperança de vida, a incidência das doenças da próstata
Inibidores da 5 α reductase O mecanismo de acção deste fármaco consiste na inibição da conversão do testosterona na sua forma activa, inibindo assim o crescimento do tecido prostático. O seu efeito sob os sintomas só ocorre ao fim de seis meses do início do tratamento e pode levar a uma diminuição de 20 a 30 por cento do volume inicial da próstata. Este fármaco diminui o valor do PSA em 50 por cento, pelo que este tem de ser corrigido no caso de rastreio de cancro da próstata. Assim, estão indicados para doentes com próstatas de volumes grandes e uma vez que os seus efeitos secundários são do foro sexual devem ser preferencialmente evitados em doentes sexualmente activos.
tem aumentado, nomeadamente a Hipertrofia Benigna da Próstata (HBP) e Cancro da Próstata (CaP). Estas patologias são pouco conhecidas pela população, existindo ainda alguns mitos e receios sobre o seu diagnóstico e tratamento. Neste contexto, as farmácias têm um papel muito importante, em conjunto com os outros profissionais de saúde, no aconselhamento e divulgação da informação sobre as doenças da próstata, diagnóstico e tratamento. Durante o mês de Novembro todas as farmácias irão receber o Guia de Intervenção Farmacêutica nas Doenças da Próstata, elaborado com o objectivo de harmonizar a intervenção profissional e dar a conhecer os mais recentes conhecimentos neste
Tratamento cirúrgico
domínio.
Prostatectomia Aberta Cirurgia aberta indicada para próstatas > 60 gr com maior morbilidade associada.
Publicações ANF
Ressecção trans-uretral da próstata. Cirurgia realizada através da uretra indicada para próstatas < 60 gr com menor morbilidade associada.
Folheto para o Utente sobre o tema Próstata sem Tabus disponível nas Farmá cias aderentes ao Serviço Informação Saúde a partir de Abril de 2007
Conclusões A HBP é uma patologia muito prevalente e com grande impacto na qualidade de vida, cujos sintomas podem ser aliviados ou eliminados quando devidamente tratados. 62 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Ver também os artigos publicados em Farmácia Técnica nº9, Janeiro de 2007 e Farmácia Prática nº13, de Setembro 2007.
laboratório rh Na hora de partir
A entrevista de saída Jaime Ferreira da Silva *
Os farmacêuticos portugueses vivem actualmente uma situação de pleno emprego, que lhes confere uma apreciável tranquilidade na gestão das suas carreiras. Apesar da transitoriedade inerente a
verificadas1. Em artigos anteriores,
vezes pelos proprietários/directores
este facto (como a todos os demais,
enfatizámos a relevância da entre-
técnicos de Farmácia como o paren-
na vida), as oportunidades abundam
vista como técnica de comunicação
te pobre desta trilogia, porventura
e as remunerações são tendencial-
estruturada,
em
uma perda de tempo com alguém
mente mais elevadas do que as de
dois momentos-chave da gestão de
que decidiu de livre iniciativa desvin-
outras licenciaturas, criando uma mo-
Recursos Humanos, o recrutamento e
cular-se da equipa e do projecto.
nomeadamente,
tivação acrescida para a mudança fre-
selecção de colaboradores e a avalia-
A nossa experiência dá-nos uma pers-
quente de contexto profissional, com
ção do seu desempenho. Falaremos
pectiva substancialmente diferente;
a consequente sensação de desajus-
hoje sobre a terceira variante desta
quando bem preparada e conduzida,
tamento entre oferta e procura.
técnica, a entrevista de saída, consi-
a entrevista de saída fornece-nos uma
Na Farmácia Comunitária, esta es-
derada operacionalmente como uma
medida das percepções do colabora-
cassez de mão-de-obra farmacêutica
reunião estruturada entre a entidade
dor demissionário sobre o bem-estar
tem-se agravado nos últimos tempos,
patronal/chefia e um colaborador de-
percebido na Farmácia, sobre o seu lí-
fruto do acréscimo de procura mo-
missionário.
der, a equipa e a interacção entre am-
tivado pelas alterações conjunturais
A entrevista de saída é vista muitas
bos, e essa informação é por demais
1
Como por exemplo o alargamento dos horários de funcionamento e a obrigatoriedade mínima de dois farmacêuticos por farmácia.
64 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
preciosa para ser desperdiçada!
satisfeitos num emprego, procuram
sem subterfúgios do que este consi-
O sector da Farmácia Comunitária
alternativas, consultam a sua rede
dera serem os pontos fortes e fracos
conheceu durante grande parte do
de contactos, pesquisam tanto na
da Farmácia, do seu líder/proprietário
século passado, um período de con-
Internet como nos media clássicos,
e dos membros da equipa.
siderável acalmia no que respeitava
obtêm referências de empresas e dos
Quem sai poderá fornecer ainda in-
aos seus recursos humanos. As pes-
seus líderes e, podendo escolher, não
formações valiosas sobre outros em-
soas mudavam poucas vezes de em-
optam por empregos com uma co-
pregadores4, possibilitando análises
prego, prezando mais a estabilidade
tação baixa, na escala subjectiva das
comparativas com potenciais concor-
e a segurança inerente do que a
suas preferências/expectativas.
rentes na contratação dos talentos.
liberdade de escolha e a diversidade
Se a tudo isto somarmos o incremen-
Ao disponibilizar-se a escutar um
de experiências e ensinamentos. Este
to da concorrência dentro e fora do
colaborador demissionário, a entida-
cenário alterou-se radicalmente nos
sector das Farmácias, as dificuldades
de patronal dá também um impor-
últimos 15 anos, com a chegada mas-
efectivas de motivar, contratar e re-
tante sinal para o interior da equipa.
siva (e tendencialmente dominante)
ter a mão-de-obra farmacêutica bem
Mostra abertura ao diálogo e a rece-
dos Farmacêuticos ao mercado de
como a duração média estimada dos
ber feedback, capacidade de encaixe
3
trabalho. Melhor apetrechados técni-
vínculos
facilmente
para ouvir coisas menos positivas e
ca e cientificamente, com uma visão
compreenderemos a importância da
simpáticas5, humildade para proces-
mais mundana e abrangente das suas
entrevista de saída como instrumen-
sar essa informação e, eventualmen-
possibilidades2, estão decididamente
to de aferição do bem-estar orga-
te, corrigir métodos e práticas.
mais fidelizados às carreiras do que
nizacional e obtenção de feedback
No séc. XXI, as pessoas tendem a va-
aos seus empregadores.
relevante para o Proprietário/Director
lorizar estas qualidades nos líderes
* Jaime Ferreira da Silva,
As novas gerações são fruto de uma
Técnico.
que eventualmente as possam vir a
Director Executivo da RHM,
época que assistiu ao crepúsculo
dirigir.
empresa especializada em
dos direitos adquiridos , em que a
Num mercado pequeno como o
recursos humanos.
incerteza e a mudança se tornaram doutrina, obrigando os indivíduos a
contratuais ,
Vantagens da entrevista de saída
fazerem uma gestão proactiva das
nosso, estas informações correm céleres e tornam-se agentes de discriminação positiva. As referências dos
decisões profissionais, sob pena do
Numa entrevista de saída com um
ex-colaboradores têm uma cotação
definhamento das suas carreiras.
colaborador demissionário podere-
acrescida por virem de quem viveu a
Estes profissionais, quando não estão
mos obter um depoimento sincero e
situação por dentro.
2
O seu mercado de trabalho pode ser em qualquer parte do mundo.
3
Na União Europeia, as pessoas até aos 30 anos permanecem em média cerca de dois anos em cada empresa. (Fonte: Eurostat, 2006). Esta
duração média tenderá a aumentar com o progressivo envelhecimento dos indivíduos. 4
Por exemplo sobre regalias, horários de trabalho, investimento em formação profissional, etc.
5
Por exemplo sobre a Farmácia (face aos demais empregadores) e as suas competências enquanto líder e gestor. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 65
laboratório rh Cinco dicas práticas para uma boa entrevista de saída 1. Prepare o local onde vai realizar
está a receber como matéria-prima
tente identificar quem poderá ser
a entrevista, que poderá decorrer
que o poderá ajudar a rectificar/
responsável pela deterioração do
tanto na Farmácia como fora
corrigir certas coisas na Farmácia e
ambiente de trabalho.
dela, desde que se trate de um
no seu modo de a gerir.
espaço apropriado para o efeito
• Que sugestões de melhoria gostaria de deixar, na hora de
‒ bem insonorizado, onde duas
4. No decurso da conversa com o
partir para uma nova situação
pessoas possam conversar sem
seu colaborador será importante
profissional. Novamente, recolha
constrangimentos. Estipule pelo
solicitar-lhe:
o que for dito, sem se justificar.
menos trinta a quarenta minutos
• As razões efectivas que o(a)
para a reunião.
2. Desligue o telemóvel e peça para não ser interrompido. A sensação de privacidade é essencial para que a
• Por último, pergunte-lhe se
levaram a tomar a decisão de
voltaria a ingressar na sua
partir.
Farmácia, caso voltasse atrás no
• Um balanço sobre a actividade que desenvolveu na Farmácia. • Um balanço sobre a relação
tempo. É uma pergunta que pode surpreender o seu interlocutor, portanto, esteja atento ao
conversa flua livremente. Mantenha
que manteve consigo. Peça-
que este lhe diz verbal e não-
a porta fechada. Assuma uma atitude
lhe opinião sobre aquilo que
verbalmente. Averigúe e retenha
amigável, sorridente, disponível
considera serem os seus pontos
os motivos invocados. Agradeça
para a partilha. Caso se sinta tenso,
fortes e fracos como chefe
a colaboração prestada e a ajuda
é importante que alivie um pouco
(Proprietário/Director Técnico).
que constituiu para si e termine a
essa tensão antes da entrevista.
Novamente, ouça sem questionar
reunião.
Lembre-se que irá receber, muito
ou retorquir. Se sentir necessidade
provavelmente, informação útil para
de aprofundar um tópico, peça-
5. Após a entrevista registe as suas
si e a título gracioso.
lhe um exemplo de uma situação
impressões sobre o que ouviu,
em que tenha ocorrido o que foi
identificando os aspectos mais
3. Ao iniciar a entrevista,
mencionado. O objectivo não é
críticos (pela sua pertinência) de
disponibilize-se para ouvir o
o de julgar quem tem razão mas
tudo o que foi dito e partilhado.
colaborador demissionário até à
antes captar a perspectiva de
Deixe passar dois ou três dias e
última gota . Não caia na tentação
alguém que trabalhou sob a sua
volte a analisar o resumo que fez da
liderança, durante algum tempo.
reunião. Destaque o material mais
fácil de fazer juízos de valor e/ou retorquir quando sentir que a verdade dos factos foi beliscada.
• Um balanço sobre a relação
válido e introduza-o como medidas
que manteve com a restante
correctivas. Quanto mais tempo
Lembre-se que, neste momento, já
equipa. Procure aperceber-se se
mediar entre a entrevista havida e o
não existe retorno sobre a decisão
a decisão de saída decorreu de
momento de introduzir as melhorias
tomada, sendo irrelevante quem tem
algum obstáculo intransponível
decididas, menor a probabilidade
razão. Procure ver a informação que
com alguém. Em caso afirmativo,
disso acontecer, de facto.
66 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
As novas gerações são fruto de uma época que assistiu ao crepúsculo dos direitos adquiridos , em que a incerteza e a mudança se tornaram doutrina, obrigando os indivíduos a fazer uma gestão proactiva das decisões profissionais.
Bloqueios à entrevista de saída São múltiplas as razões que levam mui-
Existem ainda factores cognitivos
fornecer uma receita, apresentamos
tos Proprietários/ Directores Técnicos
e emocionais que bloqueiam o re-
um guião possível de uma entrevista
de Farmácia a não utilizarem esta fer-
curso à entrevista de saída. Falamos
de saída, enquadrada por uma atitu-
ramenta. Em primeiro lugar, destaca-
dos pensamentos e sentimentos da
de de abertura e aceitação:
ríamos a falta de hábito, uma vez que
entidade patronal face à decisão to-
Tudo é impermanente no universo
durante largas décadas a cessação do
mada pelo colaborador. Se for vista
e, como parte integrante dessa to-
vínculo contratual por iniciativa do
como uma traição depois de todo o
talidade, as relações que estabelece-
colaborador consumava-se com a en-
investimento que se teve, como uma
mos uns com os outros, transcrevem
trega da carta de demissão deste e o
falha de carácter para lidar com as di-
essa condição primordial. No mundo
pedido subsequente de fecho de con-
ficuldades, como um sinal de espírito
das empresas e das organizações há
tas endereçado pelo Proprietário ao
mercenário , é altamente provável
um fluxo permanente de pessoas
Técnico de Contas.
que o relacionamento existente entre
em trânsito que, temporariamen-
Não raramente, os dias seguintes até ao
as partes se esfrie, acentuando-se a
te, se ligam a projectos, a equipas,
final do prazo acordado eram vividos
dicotomia entre os que ficam e quem
a ideários convertidos em acção. O
num silêncio pesado de subentendi-
se vai embora.
tempo de cada ligação permanece
dos, deixando em todos uma sensação
Acreditamos não ser uma boa prá-
um enigma sem resposta. O mais
de desconforto que só conhecia alívio
tica de gestão este funcionamento
que poderemos fazer é influenciar
depois da partida do ex-colaborador.
tudo-ou-nada e defendemos que é
um pouco a qualidade (e a duração)
Era como se o anúncio da partida trans-
possível (e desejável) partir sem las-
desse estado, sem esquecer que o
formasse quem parte num corpo estra-
tros de emotividade negativa que só
movimento perpétuo é a matriz bá-
nho, instantaneamente indesejável.
prejudicam as partes. Sem pretender
sica da existência! FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 67
ficheiro mestre Alteração à Denominação Farmácia do Marquês Avenida Duque de Loulé, 61-65, Lisboa 1050-087 LISBOA Dra. Eduarda Maria Miranda Dias Sociedade Farmácia Branco Lda. Santa Casa da Misericórdia da Maia Rua da Boa Vista, Maia (S.Miguel) 9625-333 MAIA (SÃO MIGUEL) Irmandade do Hospital Farmácia Costa Rua Dr. Fialho de Almeida, 36 - Vidigueira 7960-270 VIDIGUEIRA Dr. Pedro Miguel Antunes Ferreira Pedro Ferreira - Com. Prod. Farm. Unipessoal, Lda. Farmácia Braz da Silva Rua Bento Jesus Caraça, 46-A ‒ Laranjeiro 2810-001 ALMADA Dra. Isabel Maria Brás da Silva Dra. Isabel Maria Brás da Silva
Farmácia Monge Morada Rua S. Bento, 104 ‒ Vila Nova de S. Bento 7830-071 VILA NOVA DE S. BENTO Dra. Martina Lopez Rufo Farmácia Monge Lda. Farmácia Lealdade Rua Marcelino Mesquita, Loja 1, 11 ‒ Linda-a-Velha 2795-134 Linda-a-velha Dra. Maria Adozinda dos Santos Pratas do Vale Maria Adosinda Santos Pratas Vale, Unipessoal, Lda. Farmácia Aliança Av. Padre Alves Rego, Frac. Al, R/C, 657 ‒ Vermoim 4470-330 MAIA Dr. José Pedro Mendes Duran Guimarães Dinis Farmácia Aliança de Vermoim da Maia, Unipessoal, Lda. Farmácia Conceição Morada Rua São Tiago, 701 ‒ Silvalde 4500-647 ESPINHO Dra. Isabel Maria Vieira Barbosa Andrade Ferreira Andrade e Ferreira Unipessoal, Lda.
Alteração de Direcção Técnica Farmácia Confiança Praça das Flores, 59-60 ‒ Lisboa (São Bento), 1200-192 LISBOA Dra. Cátia Alexandra Bento Gameiro Fernandes Dra. Maria Luciana Coelho da Cruz Farmácia Costa Borges Estrada de Chelas, 173 ‒ Lisboa 1900-151 LISBOA Dra. Margarida Maria da Silva Vasconcelos Magofarma-Comércio Produtos Farmacêuticos Lda.
Passagem a Herdeiros Farmácia Moderna Avenida 25 de Abril, 142 ‒ Ílhavo 3830-044 ÍLHAVO Dra. Maria do Rosário Borralho Rego Cabral José Nascimento Rego Cabral ‒ Herdeiros
Alteração ao Pacto Social Farmácia Morão Rua da Assunção, 17-19 ‒ Lisboa (Baixa) 1100-042 LISBOA Dr. Ricardo Manuel Santos Gonçalves Andrade & Gonçalves, Comércio e Serviços Farmacêuticos, Lda. 68 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Farmácia Marques Av. Alberto Sampaio, 22 ‒ Viseu 3510-027 VISEU Dr. Augusto Manuel da Costa Meneses M. C. Reimão Costa Cardoso Menezes Unipessoal, Lda. Farmácia Margarido Rua Comendador Freitas Martins, 8 ‒ Comenda, 6040-041 COMENDA Dra. Sandra Joana Tomé Ribeiro Mega Joana Ribeiro Sociedade Unipessoal, Lda. Farmácia Porto Santo Rua João Gonçalves Zarco, 50 ‒ Porto Santo 9400-166 PORTO SANTO Dra. Sofia Marques Antunes Colombo Farma, Unipessoal, Lda. Farmácia Ponta do Pargo Rua Dr. Vasco Augusto de França ‒ Sítio do Salão de Cima ‒ Ponta do Pargo 9385-120 PONTA DO PARGO Dr. Carlos André Vieira Delgado Fp2 ‒ Farmácia da Ponta do Pargo Unipessoal, Lda. Farmácia Rodrigues da Silva Rua Ferreira Borges, 26 ‒ Coimbra 3000-179 COIMBRA Dra. Celina Gomes de Sousa Ramos Farmácia R.S. ‒ Sociedade Unipessoal, Lda. -Cessionário
Alteração à Propriedade Farmácia Central Praça 7 de Março, 13 ‒ Alhandra 2600-513 ALHANDRA Dra. Sandra Catarina Jesus Ribeiro Farmácia Central de Alhandra, Unipessoal, Lda. Farmácia Matos Largo da República, 39-43 ‒ Tondela 3460-532 TONDELA Dra. Carla Almeida Nobre Marques Tondelfarma, Unipessoal Lda. Farmácia Freixedas Rua Bartolomeu Álvares da Santa, 92 ‒ Castelo de Vide 7320-117 CASTELO DE VIDE Dr. André Alexandre Ladeiro Barrigas Dr. André Alexandre Ladeiro Barrigas Farmácia Higiene Rua Direita, 169 ‒ Benfica do Ribatejo 2080-329 BENFICA DO RIBATEJO Dr. Pedro Miguel Vivaldo Peres dos Santos Silva Héstiafarma Lda. Farmácia Pimentel Morada Rua Nova do Jardim, 12 ‒ Gavião 6040-125 GAVIÃO Dra. Virgínia Correia de Oliveira Pires Jabuticaba ‒ Sociedade Farmacêutica Unipessoal, Lda. Farmácia Alameda Alameda das Linhas de Torres, 201-B ‒ Lisboa1750-143 LISBOA Dra. Maria Vitória Santos G. S. B. Marabuto Farmácia Alameda ‒ Unipessoal Lda. Farmácia Ocidental Av. Álvaro Vaz do Urmeiro, 63 ‒ S. Pedro da Cadeira 2560-200 S. PEDRO DA CADEIRA Dr. Rui Miguel Carreira Catarino Pita Abreu Dr. Rui Miguel Carreira Catarino Pita de Abreu Farmácia Barros Gouveia Rua do Vale Formoso de Cima, 79-B - Lisboa 1950-280 LISBOA Dr. António Carlos Almeida Pereira Chaves, António Chaves Sociedade Unipessoal, Lda Farmácia Ouressa Rua Francisco Sá Carneiro, Bairro de Ouressa, 31 ‒ Mem Martins 2725-317 MEM MARTINS Dra. Maria José Andrade Franco Vinha, Maria José Franco Vinha ‒ Soc. Farmacêutica Unipessoal, Lda.
Farmácia Maria Praceta. António Boto, 11-A ‒ Carnaxide 2795-462 LINDA-A-VELHA Dra. Maria Esmeralda C. R. Chaves Farmácia Maria Esmeralda Chaves, Unipessoal, Lda.
Farmácia Moderna Rua Conde Santiago Lobão, 128-136 ‒ Oliveira de Azeméis 3720-282 OLIVEIRA DE AZEMÉIS Dra. Maria Teresa C. S. B. Lopes da Costa Dra. Maria Teresa C. S. B. Lopes da Costa
Farmácia Tavares da Silva Rua Heróis do Ultramar, 1800 ‒ Balteiro 4430-432 VILA NOVA DE GAIA Dra. Idalina Maria de Castro Tavares da Silva Farmácia Idalina T. da Silva, Unipessoal Lda.
Farmácia Maria José Av. da Torre, 260 ‒ S. Romão de Arões 4820-758 ARÕES (S. ROMÃO) Dra. Maria José M. Figueiredo Cunha Dra. Maria José M. Figueiredo Cunha
Farmácia Vale Fetal Rua Francisco Costa, 28-28 A ‒ Vale Fetal 2820-640 CHARNECA DA CAPARICA Dra. Helena Alexandra Lindo Ruas Pires Helena Alexandra Lindo Ruas Pires ‒ Soc. Unipessoal Lda.
Transferência de Local Farmácia Manito Rua Dr. Armando Gonçalves, 97 ‒ Tentúgal 3140-566 TENTÚGAL Dra. Maria Lucília dos Santos Dias Rodrigo Lopes Maria Lucília Lopes, Unipessoal Lda. Farmácia Vidigal Praça do Brasil, 13 ‒ Figueiró dos Vinhos 3260-408 FIGUEIRÓ DOS VINHOS Dra. Maria Adelaide Rodrigues dos Reis Maria Adelaide Rodrigues dos Reis, Unipessoal, Lda. Farmácia Goes Pinheiro Praça 8 de Maio, 42 ‒ Figueira da Foz 3080-054 FIGUEIRA DA FOZ Dra. Elsa Carla Ferreira da Silva de Jesus Prata Dra. Elsa Carla Ferreira da Silva de Jesus Prata Farmácia S. Cosme Alameda da Europa, Lt. 5 Fracção D, E ‒ Covilhã 6200-034 COVILHÃ Dr. Carlos Alberto Gama Tavares Farmácia de S. Cosme Lda. Farmácia de Joane Rua de S. Bento, 217 ‒ Joane 4770-206 JOANE Dr. Álvaro Miguel Castro de Oliveira Dr. Álvaro Miguel Castro de Oliveira
Farmácia Moderna Rua Mariano de Carvalho, 15 A, C, E ‒ Vila Chã de Ourique 2070-668 VILA CHÃ DE OURIQUE Dr. Manuel José Rodrigues Dionisio Fª Moderna de Dr. Manuel José R. Dionisio, Soc. Unip., Lda. Farmácia S. Cosme Av. de Tibães, 925 ‒ Ribeira de Baixo 4770-582 S. COSME VALE Dra. Maria Adélia Ribeiro Moreira Amadeu Augusto Rodrigues Farmácia Central Rua da Lourinha, 501-505 ‒ Rio Tinto 4435-310 RIO TINTO Dra. Maria Florentina Bragança R C Pereira Farmácia Central de Rio Tinto Lda. Farmácia S. Sebastião Av. Dr. Elísio de Moura, Lote 6, 443 R/C ‒ Coimbra 3030-127 COIMBRA Dra. Ilda Lopes Gonçalves Ilda Lopes Gonçalves & Pimentel, Lda. Farmácia Ferraz Rua Prof. Silva Pinto, 1138 ‒ S. Roque 3720-686 S. ROQUE Dr. Carlos Manuel Martins Ferraz Dr. Carlos Manuel Martins Ferraz
Desvinculação de Farmácia Farmácia S. Mamede Rua da Escola Politécnica, 82-B ‒ Lisboa 1250-102 LISBOA Dra. Marília Marques Chanca Matoso Farmácia S. Mamede, Unipessoal Lda Farmácia Costa Rua Central, 448 ‒ Junqueira 4480-265 JUNQUEIRA VCD Dr. Paulo Jorge Dias Gonçalves Dr. Paulo Jorge Dias Gonçalves
Transferência Provisória de Local Farmácia Central Rua Dr. Rui Soares Branco, 10 ‒ Cadaval 2550-116 CADAVAL Dra. Márcia Maria Correia M. Duarte Dra. Márcia Maria Correia M. Duarte
Alteração de Morada Farmácia Normal Av. Alfredo da Silva, 116 - Barreiro 2830-302 BARREIRO Dra. Maria Manuela Xavier Marques Alves Sociedade Xavier Marques, Unipessoal Lda.
Alteração à Denominação e Transferência de Local Farmácia Silva Ferreira Lugar de Escampados - Lama 4750-511 LAMA BCL Dr. Manuel Júlio Silva Ferreira Dr. Manuel Júlio Silva Ferreira
Farmácia Cunha Miranda Rua Coronel Jorge Velez Caroço, Bloco 8 A/B ‒ Assentos ‒ Portalegre 7300-030 PORTALEGRE Dra. Maria Margarida Cunha Miranda Mª Margarida Cunha C. Botelho Miranda, Soc. Unipessoal Lda. Farmácia Canelhas Lopes Estrada Nacional 342 ‒ Lugar de S. Fipo ‒ Condeixa-a-Nova 3150-256 EGA Dra. Maria Luisa Santiago Costa Santos Soares Ferreira Dra. Maria Luisa Santiago Costa Santos Soares Ferreira FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 69
noticiário Troca de seringas renovada Prevenir a transmissão de doenças infecciosas como a sida e
apresentou: nos primeiros oito anos, estima-se que tenham
a hepatite C foi o objectivo que presidiu à recente renovação
sido evitados sete mil novos casos de sida por cada 10 mil
do kit do programa de troca de seringas. Assim, o kit passou a
utilizadores de drogas injectáveis, com uma poupança para o
incluir dois novos componentes - ácido cítrico e um recipiente
Estado superior a 400 milhões de euros nos recursos financeiros
(carica) - uma vez que os contágios também ocorrem a par-
alocados ao tratamento daqueles doentes.
tir da partilha do caldo . Além destes componentes, o kit in-
Temos, pois, consciência do enorme contributo que as far-
clui uma seringa, um toalhete, desinfectante com álcool, um
mácias portuguesas têm vindo a prestar na área da prevenção
preservativo, uma ampola de água bidestilada, um filtro e um
do VIH/Sida nos últimos 13 anos para a promoção da Saúde
folheto informativo. A introdução dos novos componentes foi
Pública e para uma poupança significativa dos recursos esta-
decidida na sequência de um estudo-piloto realizado em várias
tais , disse Luís Matias, reafirmando que as farmácias portugue-
cidades do país e de recomendações da Organização Mundial
sas estão empenhadas em continuar a prestar este e outros
de Saúde. Uma parceria inicial entre a ANF e a então Comissão
serviços ao país num contexto tão importante como é o dos
Nacional de Luta Contra a Sida, o programa Diz não a uma se-
cuidados primários em saúde. Temos resultados que compro-
ringa em segunda mão suscitou ao longo dos anos a adesão
vam o nosso desempenho .
de outras instituições, tendo-se revelado um sucesso desde o
A conferência de apresentação do novo kit, que decorreu na
primeiro dia. Isso mesmo foi lembrado, a 7 de Setembro, na
Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, contou
apresentação do novo kit.
com uma prelecção do presidente da Associação Portuguesa
Coube a Luís Matias, da direcção da ANF, a abertura da con-
para o Estudo do Fígado, Rui Tato Marinho, que falou sobre a
ferência, o que fez enfatizando o compromisso com este
Infecção por VIH/Sida e Hepatite C nos utilizadores de drogas
projecto pioneiro: Desde a primeira hora que as farmácias se
injectáveis .
disponibilizaram para apoiar esta causa, cujos princípios soli-
O balanço do programa esteve a cargo de Carla Torre, da
dários os farmacêuticos tão bem entendem . Uma causa com
Coordenação Nacional para o VIH/Sida, que recordou os pri-
um claro sentido solidário, na medida em que se propunha, por
mórdios: surgiu como experiência-piloto com duração prevista
um lado, chamar a atenção para a importância da prevenção
de três meses, mas, os resultados não deixaram margem para
da infecção por VIH nos utilizadores de drogas injectáveis e, por
dúvidas quanto à sua continuidade, pois, só no primeiro ano,
outro, proteger a comunidade do contacto com as agulhas po-
foram distribuídas 250 mil seringas, número que disparou para
tencialmente contaminadas, através da troca de seringas nas
os dois milhões no ano seguinte.
farmácias.
Por ano, cada consumidor de drogas injectáveis tem acesso a 60
E os farmacêuticos aderiram - sublinhou Luís Matias - porque
a 90 seringas, o que é considerado insuficiente, com Carla Torre
para eles a solidariedade social não é um slogan, é uma prática
a defender que o objectivo ideal seria uma seringa por cada
quotidiana. A missão era arrojada, mais os resultados mostram
injecção. Enquanto isso não acontece, o programa vai sendo
que tem valido a pena: nos últimos 13 anos, foram recolhidas
aperfeiçoado e é nesse contexto que se enquadra o novo kit,
mais de 38 milhões de seringas, contribuindo as farmácias com
apresentado por Carla Caldeira, do Departamento de Programas
72% do total, dando corpo a um envolvimento inteiramente
de Cuidados Farmacêuticos da ANF. As notas finais da conferên-
gratuito para os utentes e para o Estado. O impacto do pro-
cia estiveram a cargo do Coordenador Nacional para a Infecção
grama é demonstrado por um estudo realizado em 2002 por
VIH/Sida, Henrique Barros, com o encerramento a pertencer à
uma entidade externa, cujos principais dados o director da ANF
Alta Comissária da Saúde, Maria do Céu Machado.
70 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Farmácias na prevenção
das doenças da próstata
Contribuir para a prevenção das do-
cento dos portugueses já ouviram fa-
o doente e de apoio à intervenção
enças da próstata e para a melhoria
lar de cancro da próstata, mas apenas
farmacêutica, serão elaboradas nor-
da intervenção junto destes doentes
20 por cento recorrem a uma consulta
mas de intervenção no domínio das
é o objectivo do protocolo que a
médica para discutir o assunto. Uma
doenças da próstata, dinamizadas
Associação Nacional das Farmácias
discrepância gerada pela vergonha
acções de sensibilização junto da
(ANF) assinou com a Associação
em partilhar os sintomas de natureza
população e serão organizados ci-
Portuguesa de Urologia (APU) e a
sexual, pelo receio de ser submeti-
clos de formação para farmacêuticos
Associação Portuguesa de Doentes
do a exames constrangedores, pelo
e outros profissionais de saúde, bem
da Próstata (APDP).
medo do diagnóstico de cancro e
como realizados estudos fármacoepi-
O protocolo assenta na necessidade
ainda pela ideia errada de que os pro-
demiológicos.
de partilha de informação entre os
blemas urinários são um fenómeno
Doença silenciosa, o cancro da prós-
profissionais de saúde e as associa-
natural do envelhecimento.
tata ‒ a mais grave de todas as pato-
ções de doentes, no entendimento
Tais percepções embatem nos núme-
logias que afectam aquele órgão do
de que é fundamental criar sinergias
ros: é que 74 por cento dos inquiridos
aparelho reprodutor masculino ‒ é
de forma a que as intervenções sejam
neste estudo apresentavam pelo me-
responsável por cerca de 1800 mortes
mais eficazes.
nos um sintoma, ainda que ligeiro,
por ano em Portugal, calculando-se
Isto num contexto em que, apesar das
relacionado com a próstata.
que existam cerca de 130 mil casos.
campanhas de rastreio e diagnóstico
Face a esta realidade, a APU considera
Com o aumento da esperança de
precoce, são entre 50 a 70 por cento
urgente adoptar medidas preventivas
vida, estima-se que quase 40 por cen-
os doentes que chegam à consulta
e é nesse contexto que se enquadra o
to dos homens com mais de 50 anos
de Urologia já com doença localizada
protocolo que envolve as farmácias e
venham a sofrer desta doença, o que
avançada.
os farmacêuticos.
torna essencial apostar na prevenção
Dados constantes de um estudo pro-
Ao abrigo desta parceria, serão pre-
e no despiste, mediante a realização
movido pela APU indicam que 93 por
parados materiais informativos para
periódica de testes como o PSA. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 71
noticiário ICAP pronuncia-se sobre publicidade enganosa
Alimentos ou medicamentos?
A questão foi recentemente alvo de
15% em apenas três semanas e que
humanas, nem mencionar tais pro-
uma deliberação do Instituto Civil
os produtos da gama Becel pro.activ
priedades, mesmo que se trate de
de Autodisciplina da Publicidade
são especialmente concebidos para
colesterol .
(ICAP), na sequência de uma queixa
pessoas que querem reduzir o coles-
Além disso, a publicidade não pode
da Apifarma contra as campanhas
terol .
induzir em erro os seus destinatários,
publicitárias de diversos produtos
Já no segundo caso, a publicidade
pelo que - entendeu o ICAP - susten-
alimentares com recurso a alegações
transmitia a mensagem de que o
tar a mensagem publicitária daqueles
de índole terapêutica.
consumo diário de três copos de
dois produtos. Não se diga em abono
O que a associação da indústria far-
Mimosa Bem Vital Toma Gradual ga-
deste tipo de publicidade que o con-
macêutica contesta são as associa-
rante a ingestão da quantidade de
sumidor sabe distinguir os produtos
ções declaradas entre o consumo de
esteróis vegetais (2g) necessária para
que têm qualidades terapêuticas e
determinados alimentos funcionais
reduzir o colesterol - em 30 dias, re-
profilácticas - os medicamentos - da-
e benefícios terapêuticos, nomeada-
dução de 9% do colesterol LDL e de
queles que apenas contribuem para
mente na redução do colesterol.
7% do colesterol total .
uma dieta sã e equilibrada , refere o
Em causa estavam três campanhas
Para a Apifarma, as marcas estão a ir
documento.
específicas, veiculadas através dos
longe demais ao atribuir proprieda-
Ora acontece que a forma como
sites das marcas e através da comu-
des terapêuticas a produtos que não
a informação está a ser transmitida
nicação social: trata-se da informação
são medicamentos.
pode induzir em erro o consumidor e,
publicitária relativa ao Becel pro.activ,
Um argumento reforçado pelo ICAP
em consequência, trazer problemas
ao Mimosa Bem Vital e ao Benecol.
que, na sua análise, ponderou a legis-
de adesão à terapêutica, não só por
No primeiro caso, alegava-se que o
lação em vigor, recordando que não
não haver a indicação de consulta do
consumo de três porções de creme
é permitido atribuir a um género ali-
médico assistente, como por poder
vegetal para barrar ou de leite Becel
mentício propriedades de prevenção,
induzir à interrupção do tratamento .
pro.activ reduzem o colesterol até
de tratamento e de cura de doenças
Perante estas considerações, o ICAP
72 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
considerou estar-se perante dois casos de publicidade enganosa, tendo determinado a sua cessação, independentemente do suporte. Diferente foi o entendimento do ins-
H
Hospitais com
estrelas?
(((((
tituto perante uma outra queixa da Apifarma, esta versando a publicidade
Os hospitais e as clínicas poderão vir
sos
ao Benecol. O que a associação con-
a ser classificados por um sistema
citados pela Comunicação Social, re-
testava neste caso eram as frases a
de estrelas semelhante ao que vigo-
velaram-se globalmente favoráveis.
redução do nível de colesterol pode
ra na hotelaria. Esta é a intenção da
É o caso de Rui Raposo, presidente
ser constatada após duas semanas de
Entidade Reguladora da Saúde e foi
do Hospital Fernando da Fonseca,
uso diário de Benecol e se o Benecol
tornada pública pelo respectivo pre-
uma parceria do Estado com o Grupo
deixar de ser consumido, o nível de
sidente, Álvaro Almeida.
Mello. Na sua opinião, é muito impor-
colesterol no sangue sobe novamen-
O sistema abrangerá tanto as unida-
tante que haja uma avaliação objec-
te para o seu valor original .
des públicas como privadas, deven-
tiva dos indicadores de qualidade e
Mas para o ICAP estas são afirmações
do a primeira classificação ser conhe-
desempenho.
genéricas e suficientemente sustenta-
cida em 2008. A medida, incluída no
A mesma ressalva foi feita pelo pre-
das na documentação técnico-cientí-
plano de actividades da ERS, assumi-
sidente do Hospital de Santa Maria,
fica disponibilizada pelo responsável
rá a forma de um sistema de zero a
Adalberto Campos Fernandes, que
da marca em Portugal. Considerou
cinco estrelas, constituindo uma ver-
apesar de considerar que se trata de
ainda improvável que a publicidade
são simplificada da que já existente
uma boa iniciativa, defendeu a ne-
em análise se apresente como abusi-
em países como o Reino Unido e os
cessidade de uma selecção criteriosa
va da confiança, falta de experiência
Estados Unidos.
dos parâmetros a avaliar.
ou conhecimentos do consumidor .
O objectivo é que o sistema de ava-
Por sua vez, o presidente do Grupo
Independentemente do teor da de-
liação da qualidade seja facilmente
Português de Saúde, José Mendes
cisão, o que este processo vem pôr
perceptível para o público. A sua
Ribeiro, classificou a iniciativa como
em evidência é uma tendência para
implementação será feita de forma
muito importante e necessária, so-
associar a alimentos propriedades
faseada, com recurso à discussão
bretudo útil para os doentes.
que são exclusivas dos medicamen-
pública dos métodos de avaliação.
Mais crítico revelou-se o presidente
tos, induzindo o consumidor em erro
Entre os indicadores escolhidos figu-
da Associação dos Administradores
e podendo promover comportamen-
rará a satisfação dos doentes.
Hospitalares, Manuel Delgado, para o
tos menos responsáveis do ponto de
Feita a avaliação, os resultados serão
qual o sistema pode não ter os efei-
vista da segurança, nomeadamente a
publicitados, através do site da ERS,
tos práticos desejados, dado que os
suspensão da terapêutica com base
de modo a poderem ser consultados
doentes estão limitados aos serviços
na convicção de que o consumo da-
pelos utentes dos serviços de saúde.
da sua área de residência, não tendo
queles produtos dispensa a interven-
Numa reacção a esta medida, diver-
grande possibilidade de escolha.
administradores
hospitalares,
ção farmacológica. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 73
noticiário Bastonária fala de desafios no Dia do Farmacêutico
Interesse público em risco O alerta foi deixado pela bastonária da Ordem dos
direito a um acompanhamento e tratamento adequado
Farmacêuticos, Irene Silveira, nas celebrações do Dia do
e ajustado às suas necessidades. Serão, pois, os farmacêu-
Farmacêutico, a 26 de Setembro último. Numa intervenção
ticos os garantes em relação à sobreposição do interesse
centrada nos desafios que a profissão enfrenta, chamou a
público em saúde pelos interesses económicos que se con-
atenção para as alterações recentes no quadro legislativo
centrarão no sector .
que rege o sector farmacêutico, considerando que inter-
Dando conta, a propósito, de uma audiência tida no dia
ferem significativamente na expressão do exercício profis-
anterior com o Ministro da Saúde, a bastonária reafirmou
sional.
as preocupações da Ordem com a destruição de uma regu-
As novas disposições alteram radicalmente o quotidiano
lação ética e deontológica na disponibilização de medica-
da intervenção farmacêutica. Nomeadamente por via da
mentos em Portugal.
publicação do novo regime jurídico de farmácia, com o
Não são apenas as alterações legislativas no sector da far-
qual ‒ advertiu ‒ se abre um leque de incertezas e preocu-
mácia de oficina que preocupam a Ordem. Outras matérias
pações que a classe tem vindo a assinalar.
merecem a sua atenção, nomeadamente a revisão de car-
São medidas ‒ sublinhou ‒ cuja ausência de evidência
reiras da administração pública e a nova legislação sobre a
técnica, científica, económica e social a Ordem tem vindo
utilização veterinária de medicamentos.
a denunciar. Na óptica da bastonária, configuram muito
Disso mesmo deu a bastonária conta ao Ministro da Saúde
mais do que uma mudança para o exercício farmacêutico.
e aos presentes nas cerimónias do Dia do Farmacêutico,
São uma alteração profunda na forma de organização do
que tiveram como palco a cidade de Vila Nova de Gaia.
sistema de saúde e, em particular, com um elevado risco
Cerimónias em que foi prestada homenagem aos farma-
para a satisfação das necessidades dos doentes .
cêuticos que este ano completam o 50º aniversário da sua
É isso precisamente o que está em causa: A abertura do
licenciatura, bem como aos melhores alunos finalistas das
sector farmacêutico a uma economia de mercado tem as-
licenciaturas em Ciências Farmacêuticas de todas as facul-
sinaláveis riscos para o interesse público, com sérios riscos
dades do país.
de mercantilização da saúde ao serviço da especulação
Estiveram, portanto, reunidas várias gerações de farmacêu-
económica .
ticos, que puderam ouvir os testemunhos de conceituadas
Não é esta ‒ enfatizou Irene Silveira ‒ a visão dos farmacêu-
personalidades do sector e da sociedade. Antes da interven-
ticos que diariamente se empenham em prol dos doentes
ção da bastonária Irene Silveira, usaram da palavra o pre-
que servem. Não é sequer a solução para os desafios de
sidente da Secção Regional do Porto da Ordem, Franklim
saúde que o país apresenta.
Marques, o membro do Conselho Nacional de Ética para
Contudo, é esta a realidade que colocará novos desafios
as Ciências da Vida, Daniel Serrão, o ex-bastonário Carvalho
e redobradas responsabilidades aos farmacêuticos por-
Guerra, o ex-ministro da Economia Daniel Bessa, o profes-
tugueses. Com a alteração proposta caberá, mais do que
sor da Universidade de Madrid António Sillero e o presiden-
nunca, aos farmacêuticos assegurar que os doentes têm
te da Entidade Reguladora da Saúde, Álvaro Almeida.
74 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
noticiário LEF à distância de um clique
O Laboratório de Estudos Farmacêuticos (LEF) está, desde
Finalmente, refere-se a missão de apoio científico às far-
Setembro, mais acessível a todos os parceiros, clientes e
mácias, afinal, o objectivo que presidiu à sua constituição,
público em geral: uma acessibilidade proporcionada pela
em 1992: um apoio que beneficia quer as farmácias de
criação de um site na rede mundial de comunicações - a
oficina, quer as hospitalares, centrado na área do Medica-
Internet.
mento Manipulado e incluindo a edição de mono-
A partir de agora, através do endereço www.lef.pt, é pos-
grafias para o Formulário Galénico Português.
sível ficar a conhecer melhor esta instituição vocaciona-
É a partir desta página principal que se desenvolvem os
da para a prestação de serviços ao sector farmacêutico.
aspectos mais particulares, o acesso à informação a fa-
Competência, qualidade e credibilidade são os valores pe-
zer-se através de duas linhas de links. Numa linha supe-
los quais se tem pautado o LEF desde a sua fundação - em
rior acede-se aos seguintes tópicos - Sobre nós (Quem
1992 - e isso mesmo é evidenciado na página principal de
somos,
Missão,
Equipa,
Infra-estruturas,
Parceiros,
um site dominado pela sobriedade da apresentação e pela
Clientes), Serviços (Desenvolvimento Farmacêutico,
funcionalidade da organização.
Medicamentos
Na página central, com uma mancha de imagem central,
Validação de Metodologias, Ensaios Físico-Químicos,
o Laboratório é apresentado como uma CRO (Contract
Ensaios Microbiológicos, Ensaios Clínicos e Bioanálise,
Manipulados,
Desenvolvimento
e
Research Organization) que oferece um amplo espectro
Assuntos Regulamentares, Formação e Gestão da
de serviços ao abrigo das Boas Práticas de Fabrico (BPF) e
Qualidade), Produtos e APIs, I&D e Publicações (Projectos
Boas Práticas de Laboratório (BPL) ao sector farmacêutico,
concluídos, Projectos em curso e Apresentações e
assim como a outras áreas, tais como a alimentar e a de
Publicações), Contactos e Notícias.
produtos cosméticos e de higiene corporal.
Já na linha inferior, é possível aceder a um conjunto de
Dá-se igualmente conta de que o LEF possui uma signi-
links seleccionados, incluindo o da ANF, à Newsletter
ficativa experiência em áreas como o Desenvolvimento
do LEF, à Apresentação Institucional e a um Filme, que
Farmacêutico, Desenvolvimento Analítico, Testes Físico-
permite conhecer melhor as modernas instalações do
Químicos, Microbiológicos e Bioanalíticos, assim como em
laboratório, inauguradas em Março último pelo primei-
Estudos de Biodisponibilidade e Bioequivalência, sendo
ro-ministro, José Sócrates. Este é um site bilingue - em
que todos estes serviços são complementados pelo de-
português e em inglês - ou não fosse o LEF uma institui-
partamento de Assuntos Regulamentares.
ção com ampla e reputada projecção internacional.
76 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
noticiário APSI: formar para a segurança Formar para a segurança: esta é uma das missões assumi-
nhantes de transporte colectivo de crianças, bem como os
das pela Associação para a Promoção da Segurança Infantil
workshops sobre segurança nos espaços de jogo e recreio
(APSI) desde a sua fundação, há 15 anos, uma missão con-
e sobre como crescer em segurança e evitar os acidentes
cretizada todos os anos mediante a realização de acções
no primeiro ano de vida.
de sensibilização do público e de acções de formação diri-
De inscrição individual ou orientadas para grupos, estas
gidas aos diversos cuidadores das crianças e a todos quan-
são acções de formação descentralizadas, de forma a levar
tos têm responsabilidades sociais.
a mensagem da segurança ao maior número possível de
A prioridade dada à formação é justificada pelo facto de
pessoas e a diferentes regiões do país.
a APSI acreditar que o investimento na qualidade dos
As datas e locais, bem como outros pormenores sobre
conhecimentos e das capacidades técnico-científicas de
cada programa, podem ser consultados na página da APSI
todos é uma das formas mais eficazes de promover a segu-
na Internet (www.apsi.org.pt).
rança infantil e a prevenção dos acidentes .
A APSI assinala este ano década e meia de existência, mar-
É neste contexto que se enquadram as mais recentes pro-
co que coincidiu com a passagem de testemunho na di-
postas formativas da Associação, constantes do plano de
recção: Sandra Nascimento sucedeu a Teresa Cardoso de
formação para o segundo semestre de 2007. Trata-se de um
Menezes, que preside agora à Mesa da Assembleia-Geral.
plano que oferece três temas novos (Segurança na Escola,
A APSI é parceira da ANF na Plataforma Saúde em Diálogo,
Casa Mais Segura e Crianças em Viagem). Paralelamente,
fazendo parte dos órgãos sociais eleitos em Fevereiro úl-
mantêm-se as acções dirigidas a motoristas e acompa-
timo.
formacao
Para o último trimestre do ano, a Escola de Pós-Graduação em Saúde e Gestão tem disponíveis mais cursos de formação contínua, dos quais destaca:
Diabetes CD da diabetes Curso da diabetes
Lisboa ‒ 5 e 6 de Dezembro
Infância
Curso de alimentação na infância
Lisboa - 6 de Novembro Coimbra - 9 de Novembro Funchal - 7 de Dezembro
Rua Marechal Saldanha, 1 - 1249-069 Lisboa Telf: 21 340 06 00 (geral) • Telf: 21 340 06 45/610/756/712 Fax: 21 340 07 59 • E-mail: escola@anf.pt 78 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
noticiário Das cooperativas para as farmácias É este o objectivo da FCF Informação , uma revista con-
adamente o facto de, num contexto de margens brutas
cebida pela Cooperativa Farmacêutica Farbeira Cofarbel
extremamente pequenas , a dimensão ser preponderan-
Farcentro, cujo primeiro número acaba de ser editado.
te para obter melhorias no serviço e nas condições pro-
Dirigida por Miguel Silvestre, presidente da cooperativa
porcionadas aos clientes, bem como uma redução signi-
que resultou da fusão das três existentes na Região Centro,
ficativa de custos.
propõe-se reunir um conjunto de informação útil à profis-
O primeiro número de FCF Informação inclui uma en-
são de farmacêutico de oficina.
trevista com o ex-presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo,
Em editorial, Miguel Silvestre sublinha que esta é a primei-
apresentado como um nome relevante no panorama far-
ra vez que a cooperativa se dirige ao universo farmacêuti-
macêutico nacional .
co depois da fusão da Farbeira, da Cofarbel e da Farcentro,
É também feita uma radiografia ao sector da distribuição
acontecimento que define como um marco muito im-
farmacêutica, a partir da experiência acumulada pelas três
portante no sector cooperativo nacional, após décadas de
cooperativas entretanto fundidas. Um tema a continuar
hesitações e equívocos .
em próximas edições.
Para Miguel Silvestre, a fusão ocorreu num cenário que
O medo de envelhecer é o título de um artigo sobre a
está a alterar o sector cooperativo e a afectar o papel do
Doença de Alzheimer, após o que se segue uma evocação
farmacêutico na sociedade, exigindo uma maior atenção
de Alexandre Fleming, o cientista que em 1928 descobriu
à componente política da actividade.
a penicilina, o antibiótico que viria a revolucionar a tera-
No mesmo texto, são ainda apresentadas as razões que
pêutica. FCF Informação terá periodicidade trimestral e é
presidiram à fusão das três cooperativas do Centro, nome-
de distribuição gratuita.
reunioes e simpósios DATA
EVENTO
9 e 10 de Novembro • Évora
IV Encontro de Casos Práticos de Acompanhamento Farmacoterapêutico Para mais informações e Inscrições: www.ensino.uevora.pt/bio_saude
8, 9 e 10 de Novembro • Lisboa
ExpoFarma ‒ Feira Nacional da Farmácia • FIL ‒ Parque das Nações - Pavilhão 2 Para mais informações: Assistência Comercial, Joana Messias • Tel. (351) 21 924 78 30/1 Fax (351) 21 924 78 39 • Telemóvel (351) 91 444 78 00 • E-mail geral@expofarma.pt
18 a 21 de Novembro • Lisboa
XIth ISPCAN European Regional Conference on Child Abuse and Neglect Para mais informações: Conference Secretariat, 245 W. Roosevelt Rd, Building 6, Suite 39, West Chicago, IL 60185 USA, Tel: 1.630.876.6913, Fax: 1.630.876.6917 Email: euroconf2007@ispcan.org Website: www.ispcan.org/euroconf2007
26 de Novembro a 1 de Dezembro • Albufeira
World Healthcare Student s Symposium 2007 ‒ Different Rules, One Goal Para mais informações: http://whss2007.org/site
80 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
cartoon
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 81
desta varanda Os novos estatutos e representativa de todo o sector de
O artigo segundo dos novos estatu-
farmácias.
tos prevê que a associação defenderá
Só assim podemos defender os nos-
um modelo de farmácia com a natu-
sos legítimos interesses.
reza de estabelecimento de saúde e
O realismo dos novos Estatutos foi
centro de prevenção e terapêutica
compreendido pelos associados, que
que, para além da dispensa de me-
os aprovaram por uma maioria esma-
dicamentos, presta serviços farma-
gadora de 95% dos votos expressos.
cêuticos essenciais e diferenciados à
Para além desta alteração, o Conselho
comunidade.
Nacional foi extinto e as suas compe-
É com este modelo que os proprie-
tências transferidas para a Assembleia
tários de farmácia, farmacêuticos ou
Geral de Delegados.
não farmacêuticos, estão agora com-
A Assembleia Geral realizada no pas-
Com esta alteração, haverá uma
prometidos.
sado dia 20 de Outubro aprovou os
maior integração das farmácias na
Continuaremos, portanto, a ser uma
novos Estatutos da ANF. A alteração
vida colectiva e uma maior represen-
associação cujos membros exercem
ao regime de propriedade de farmá-
tatividade do órgão que define as li-
uma actividade de serviço público,
cia foi, como é sabido, o principal mo-
nhas fundamentais de orientação da
que tem como objectivo, acima de
tivo da alteração. Os proprietários não
política associativa.
tudo, prestar uma assistência farma-
farmacêuticos poderão, a partir de
As Delegações de Porto e Coimbra
cêutica de qualidade aos doentes em
agora, ser associados da ANF, se as-
continuarão a constituir um impor-
particular e à população em geral.
sim o desejarem. Os novos Estatutos
tante factor da estabilidade associa-
Saúdo o espírito aberto com que os
prevêem condições específicas para
tiva.
associados acolheram os novos esta-
esse fim. O Governo decidiu, apesar
Foi criado, ainda, um Conselho Fiscal,
tutos, no qual vejo um testemunho
da nossa oposição, liberalizar a pro-
com o objectivo de reforçar a trans-
de confiança colectiva no futuro da
priedade de farmácia e, por isso, não
parência e o rigor de toda a vida in-
Farmácia.
podíamos nem devíamos ignorar a
terna da ANF.
realidade. O nosso objectivo, com a
Deixo para o fim, intencionalmente,
alteração aos Estatutos, é o de respei-
aquela que considero a mais impor-
tar o passado e preparar o futuro.
tante inovação estatutária ‒ a defini-
A ANF, no interesse de todos, tem de
ção de um modelo de farmácia que a
continuar a ser uma associação forte
ANF preconiza.
82 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
João Cordeiro