Farmácia
Portuguesa BIMESTRAL • N°172 • NOVEMBRO/DEZEMBRO 07
Farmácias no Parlamento
Consenso adiado Assembleia Geral altera estatutos da ANF
Um modelo de farmácia para o futuro
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 1
2 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Farmácia
Portuguesa
sumário
Novembro/Dezembro de 2007 • Ano XXIX • Nº 172 Publicação bimestral • ISSN 0870-0230 • DGCS 101528
26 Farmácias no Parlamento CONSENSO ADIADO O consenso ficou de fora deste colóquio parlamentar em que se apresentaram argumentos a favor e contra a liberalização do sector.
Editorial Editorial
5
Colóquio parlamentar sobre o Enquadramento da actividade farmacêutica Parlamentary seminar on Pharmaceutical activity
6
Olhar da ANF sobre a nova legislação ANF view on the new legislation
18
Flashes Flashes
22
Assembleia Geral altera estatutos da ANF General Assembly changes ANF s statutory laws
24
Expofarma recebe número recorde de visitantes Expofarma exceeds number of visitors
30
demonstra que o governo tem legislado em claro desrespeito pelo Compromisso com a Saúde. É certo que aprova medidas contempladas no acordo com a ANF, principalmente dando
ANF adere a Semana Europeia de Prevenção do Cancro do Colo do Útero ANF joins the European cervical cancer prevention week
44
A Farmácia, os Medicamentos e a Condução The pharmacy, medicines and driving
48
Consultoria fiscal - Planeamento Fiscal abusivo Tax consulting - Abusive tax planning
54
Informação Veterinária ‒ Viajar com animais de estimação Veterinary Information ‒ Traveling with pets
58
Farmácia, um espaço de saúde sem risco Pharmacy, a health space with no risk
A NOVA LEGISLAÇÃO A situação actual do sector
40
Conferência da Plataforma Saúde em Diálogo Plataforma seminar
Política de saúde OLHAR DA ANF SOBRE
Programa Farmácias Portuguesas Portuguese Pharmacies Program
Museu da Farmácia - Roteiro da 7ª Colina Pharmacy Museum - 7th Colina tour
18
prioridade às mais penalizadoras. As restantes aguardam que haja vontade política.
24
ANF
ASSEMBLEIA GERAL 62
ALTERA ESTATUTOS Os novos estatutos da ANF
66
consignam um modelo ideológico e profissional de
72
farmácia. Um modelo para o futuro, tal como a alteração
Hospital D. Estefânia premiado D. Estefânia Hospital awarded
80
estatutária promovida com o intuito de tornar as decisões
Noticiário News
82
associativas mais participadas e representativas.
Cartoon Cartoon
89
Desta Varanda From this balcony
90 FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 3
Farmácia
Portuguesa
última hora
PROPRIEDADE
DIRECTOR DR. FRANCISCO GUERREIRO GOMES
Alargadas áreas mínimas das farmácias
SUB-DIRECTORES DR. LUIS MATIAS DR. NUNO VASCO LOPES COORDENADORA DO PROJECTO DRª MARIA JOÃO TOSCANO COORDENADORA REDACTORIAL DRª ROSÁRIO LOURENÇO Email: rosario.lourenco@anf.pt COORDENADORA REDACTORIAL ADJUNTA DRª TERESA REVEZ Email: teresa.revez@anf.pt Telef. 21 340 06 50
As farmácias a instalar ou transferir ao abrigo
um candidato para o mesmo local, ganha o
do novo regime jurídico estão condicionadas
direito de instalação aquele que tenha o me-
por novas disposições relativas à área míni-
nor número de postos averbados em alvará,
ma, passando a ser obrigadas a dispor de,
sendo que em caso de igualdade se realizará
pelo menos, 95 m2. A regra consta de uma
um sorteio entre os vários candidatos.
deliberação do Infarmed ‒ nº 425/CD/2007
Esta deliberação entra em vigor no dia se-
de 28 de Novembro último -, que estipula
guinte ao da sua publicação em Diário da
que essa área deve ser distribuída pela sala
República, e é apenas aplicável a pedidos
de atendimento ao público (com pelo me-
de instalação de nova farmácia ou de trans-
nos 50 m2), pelo armazém (com pelo menos
ferência formulados ao abrigo da Portaria
25 m2), pelo laboratório, por um gabinete
n.º 1430/2007, de 2 de Novembro, ou a pe-
de atendimento personalizado e pelas ins-
didos de abertura de postos farmacêuticos
talações sanitárias. Uma farmácia que, além
móveis apresentados no INFARMED,I.P., após
destes espaços, inclua outros, como gabine-
a sua entrada em vigor.
te de direcção técnica, zona de recolhimento
Uma
outra
deliberação
do
Infarmed
PRODUÇÃO
Edifício Lisboa Oriente Av. Infante D. Henrique, 333 H, escritório 49 1800-282 Lisboa Telef. 21 850 81 10 - Fax 21 853 04 26 Email: farmaciaportuguesa@lpmcom.pt DIRECTOR DE PUBLICIDADE NUNO MIGUEL DUARTE nunoduarte@lpmcom.pt Tel.: 96 214 93 40 CONSULTORA COMERCIAL SÓNIA COUTINHO soniacoutinho@lpmcom.pt Tel.: 96 150 45 80 Tel.: 21 850 31 00 - Fax: 21 853 33 08 ASSINATURAS 1 Ano (12 edições) - 50,00 euros Estudantes de Farmácia - 27,50 euros Contacto: Margarida Lopes Telef.: 21 340 06 50 • Fax: 21 340 07 59 Email: margarida.lopes@anf.pt
ou sala de informática e economato, terá de
‒ nº 414/CD/2007 de 29 de Outubro últi-
alargar ainda mais a área.
mo ‒ estabelece a configuração do sím-
A mesma deliberação introduz alterações
bolo
aos requisitos de funcionamento dos postos
só podendo ser utilizado pelas farmácias.
IMPRESSÃO E ACABAMENTO RPO - Produção Gráfica, Lda.
farmacêuticos móveis. Assim, é reduzida de
Esta mesma deliberação identifica, ainda,
Depósito Legal nº 3278/83
cinco para dois quilómetros a distância mí-
os documentos obrigatórios nas farmácias
Periodicidade: Bimestral Tiragem: 5 000 exemplares
nima à farmácia ou ao posto mais próximos,
‒ a Farmacopeia Portuguesa e o Prontuário
a autorização de instalação deixa de carecer
Terapêutico. Ambas as disposições entraram
cruz verde , identificando-o como
de consulta às autoridades municipais e às
em vigor a 7 de Novembro, em simultâneo
autoridades de saúde e o cancelamento da
com o artigo 57º do decreto-lei nº 307/2007,
instalação passa a dispensar o parecer da
de 31 de Agosto.
Ordem dos Farmacêuticos. A partir de agora,
Pelas suas repercussões, nomeadamente ao
também as autarquias podem iniciar o pro-
nível das áreas mínimas e dos postos móveis,
cesso com vista à autorização de instalação.
o conteúdo destas deliberações será aborda-
E na selecção são introduzidos novos crité-
do de uma forma mais desenvolvida na pró-
rios: deste modo, quando houver mais de
xima edição de Farmácia Portuguesa.
4 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
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Distribuição
FARMÁCIA PORTUGUESA é uma publicação da Associação Nacional das Farmácias Rua Marechal Saldanha, 1 1249-069 Lisboa
www.anf.pt
editorial Haja o que houver sejam em todas as circunstâncias farmacêuticos .
Seremos sempre os
Ordem dos Farmacêuticos
Tomem as melhores decisões mas protejam os bens em que investiram nas vossas empresas de distribuição cooperativa .
melhores!
Cooperativas Farmacêuticas O Programa Cartão das Farmácias
Se pudesse sintetizar numa só fra-
aquando do nascimento na ANF da
é uma resposta associativa ao mo-
se as palavras de ordem que, cada
Direcção de Marketing com o seu
mento que atravessamos. Não foi a
uma, anunciava então diria:
próprio jornal, afirmámos que iríamos
primeira nem será a última, e propo-
Ordem dos Farmacêuticos - Haja o
seguir com muito interesse as inicia-
mo-nos apresentar aqui a visão de
que houver sejam em todas as cir-
tivas que tomasse para promover os
algumas consequências da emissão
cunstâncias farmacêuticos
sócios. O aparecimento do cartão é
deste cartão.
Cooperativas Farmacêuticas -
To-
também uma actividade desta uni-
Não esqueçamos que quando a
mem as melhores decisões mas pro-
dade de marketing associativo que
época de alterações legislativas foi
tejam os bens em que investiram nas
se desenrola e progride com o seu
anunciada e depois se começou a de-
vossas empresas de distribuição coo-
trabalho. Trabalho que se reveste da
senrolar, as três associações de farma-
perativa
originalidade de, num momento em
cêuticos de oficina (nelas inscritos por
Associação Nacional das Farmácias
que a lei promove a concorrência en-
obrigação ou por própria iniciativa)
- Em qualquer quadro legislativo se-
tre as farmácias, os seus proprietários
saíram para a estrada e organizaram
remos sempre os melhores!
aceitam e promovem um cartão co-
uma vaga de assembleias regionais
A revista movimenta-se no ambiente
mum para atendimento aos doentes
de norte a sul do país e regiões au-
da ANF. Assim, é na imagem e nos
que circulam entre eles. É uma deci-
tónomas, falando sobretudo sobre o
serviços que prestamos à população
são eticamente relevante.
futuro.
que aqui queremos ser os melhores
Quando eu próprio participei nessas
sobretudo quando comparadas ge-
reuniões fui sensível às mensagens
nericamente com os que disponibili-
(preocupações) que emanavam dos
zam produtos e apoios semelhantes
oradores e de muitos colegas que a
ou iguais às farmácias.
elas assistiam.
Entretanto, em anterior editorial,
Em qualquer quadro legislativo seremos sempre os melhores! Associação Nacional das Farmácias
Francisco Guerreiro Gomes FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 5
política de saúde O consenso ficou de fora deste colóquio parlamentar em que se apresentaram argumentos a favor e contra a liberalização do sector. O governo e o partido que o apoia asseguraram que este é o caminho para o sector farmacêutico em Portugal. Já outros actores políticos e sociais antecipam um impacto negativo sobre a qualidade dos cuidados e, em última instância, a saúde dos portugueses.
Consenso adiado 6 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Colóquio parlamentar sobre o Enquadramento da actividade farmacêutica
O repto para um colóquio parla-
junto coerente de medidas visando
ressamo-nos pelos actores enquanto
mentar sobre o enquadramento da
melhorar o acesso ao medicamen-
executantes das políticas. Por isso,
actividade farmacêutica foi lançado
to, controlar a despesa e devolver a
celebrámos um protocolo com a
durante a sessão de apresentação de
governabilidade do sector . Todas
indústria e um compromisso com
cumprimentos da nova direcção da
‒ assegurou ‒ adoptadas com prévio
as farmácias. Estamos abertos a um
Ordem dos Farmacêuticos ao presi-
diálogo com o sector, muito embora
acordo amplo e de muito interesse
dente da Assembleia da República. E
alguns dos actores sociais discordas-
com os farmacêuticos, representados
concretizado a 23 de Outubro último,
sem e continuem a discordar das
pela respectiva Ordem. A natureza
na Sala do Senado. A partir do fim da
medidas que mais atacam os seus
especificamente qualitativa da sua
reserva da propriedade de farmácia,
interesses sectoriais .
representação e a variedade da sua
farmacêuticos, economistas, depu-
Que medidas? Correia de Campos
representação ocupacional fazem-
tados e governantes apresentaram
apresentou-as em retrospectiva, des-
nos falta neste edifício .
argumentos a favor e contra o novo
tacando a desregulamentação da
regime do sector.
venda de medicamentos não sujeitos a receita médica, a alteração de horá-
Estado estava capturado por interesses, acusa ministro
rios e a anulação da taxa de serviço
Independência em causa ‒ bastonária
nocturno cobrada pelas farmácias. No que respeita aos encargos, afir-
Foi precisamente a bastonária dos
mou que, em 2006, pela primeira vez
Farmacêuticos, Irene Silveira, que
foi possível controlar a despesa far-
usou da palavra a seguir, numa in-
macêutica do SNS desde a sua criação
tervenção que se iniciou com o en-
Presidido pela deputada socialista
e que em 2007 a despesa continua
quadramento da própria profissão,
Maria de Belém Roseira, presidente
controlada. Resultados que se ficam a
com destaque para os atributos que
da Comissão Parlamentar de Saúde,
dever a uma política de combate diá-
a diferenciam e em que assenta a sua
o colóquio foi inaugurado pelo mi-
rio ao esbanjamento e à não presta-
relevância social.
nistro da Saúde, António Correia de
ção de contas, a uma prescrição com
Focando-se no tema que desen-
Campos, que fez um balanço das me-
mais rigor e sobriedade, e à colabora-
cadeou o colóquio, declarou que a
didas tomadas em dois anos e meio
ção dos cidadãos na reivindicação da
Ordem aceita com humildade de-
de governação . Medidas que ‒ disse
prescrição de genéricos, bem como à
mocrática a soberania dos órgãos
‒ são coerentes e constituem a re-
redução do PVP.
decisores do país, cumprindo a mis-
forma mais importante do sector nos
A terminar, sustentou: Não temos
são institucional de com eles colabo-
últimos 40 anos.
a veleidade de agradar a todos por
rar. E em coerência acompanhará a
Reportando-se ao início da actual
igual. O interesse público é o do pú-
implementação das alterações legis-
legislatura, o ministro justificou a
blico, dos portugueses todos e não
ladas para, em tempo útil, propor me-
necessidade de uma intervenção re-
apenas dos actores directamente
didas que justifiquem a permanente
formista, caracterizada por um con-
envolvidos no processo. Mas inte-
valorização do interesse público e a FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 7
política de saúde
Existem mal entendidos entre os decisores políticos no que toca ao papel dos farmacêuticos enquanto profissionais de saúde.
eficaz regulação da actividade farma-
tes, Irene Silveira solicitou a aprecia-
cêutica.
ção formal desta matéria, com a apro-
Mas, desde já, identificou uma ne-
vação de um novo enquadramento
cessidade estruturante , consideran-
que salvaguarde o interesse dos cida-
do que a decisão política de promo-
dãos. Uma posição que ‒ sublinhou
ver a separação entre a propriedade
‒ não corporiza qualquer reivindica-
e a direcção técnica da farmácia deve
ção de cariz privado ou corporativo ,
ser acompanhada de uma adequada
mas que resulta do entendimento
ponderação em relação aos mecanis-
de que a pior solução será sempre a
mos de independência e autonomia
omissão, deixando o interesse de to-
profissional face a uma entidade pa-
dos à mercê da discricionaridade de
tronal doravante difusa e variada .
alguns .
Até este momento ‒ justificou ‒ vigo-
Leopold Schmudermaier, presidente do Grupo Farmacêutico da União Europeia (PGEU)
rava uma hierarquia laboral assente no mesmo conjunto de regulação profissional, havia equilíbrio, uma correlação de forças que carece de
Sociedade sairá beneficiada ‒ Pita Barros
ser recolocada. Mas a partir de agora ‒ alertou ‒ será possível ampliar
Coube a Pedro Pita Barros, professor
a remuneração do capital através de
da Universidade Nova de Lisboa,
iniciativas que podem fazer perigar
apresentar a visão de um economis-
conceitos básicos de saúde e prejudi-
ta sobre os mitos e a realidade da
car o interesse do doente.
propriedade da farmácia. Na sua opi-
Lamentavelmente,
pouco
existe
nião, não existe qualquer vantagem
neste momento que impeça a sua
específica na reserva de proprieda-
imposição aos farmacêuticos , cri-
de. Pelo contrário, a separação faz
ticou a bastonária, para defender a
todo o sentido seguindo o princípio
aprovação de uma lei do exercício
geral de cada um se concentrar na-
farmacêutico que actue como um
quilo que faz melhor .
mecanismo reforçado da defesa da
Para Pita Barros, o argumento de
sua independência ética e profissio-
que o papel do farmacêutico fica em
nal face aos desafios colocados pela
risco não é válido, sustentando que
nova legislação. Dirigindo-se aos deputados presen8 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
estando o controlo ético garantido, não há não nada que impeça que a
Colóquio parlamentar sobre o Enquadramento da actividade farmacêutica
propriedade seja dissociada da direcção técnica . Em relação à desigualdade na distribuição
farmacêutica,
afirmou
Sistema que funciona em risco ‒ PGEU
que este argumento só por si não significa nada : Temos de saber se
Substancialmente oposta foi a po-
a mesma opinião sobre as farmácias.
a desigualdade é um valor absolu-
sição
Alguns recusam ver que contribuem
to ou relativo. Porque se aumentar
te
a distribuição num local, mas os
União
outros não piorarem, é certo que
Schmudermaier,
do
assumida Grupo Europeia
pelo
presidenda
de forma muito positiva para o sis-
Leopold
tema de saúde, são vítimas daqui-
considerou
lo a que chamo o erro do lojista .
Farmacêutico (PGEU), que
aumenta a desigualdade mas será
existirem mal entendidos entre os
Acreditam no mercado livre como
negativo? .
decisores políticos no que toca ao
resposta a todos os problemas dos
Fez ainda referência à possibilidade
papel dos farmacêuticos enquanto
sistemas de saúde . Mas há outros
de entrada excessiva de operado-
profissionais de saúde.
que dão muito valor à contribuição
res, considerando natural que, com
Os sistemas de saúde ‒ disse ‒ deve-
da nossa profissão. Cada vez mais na
a liberalização, haja uma maior vo-
riam melhorar a saúde dos cidadãos
Europa começam a ver que os farma-
latilidade do sistema, o que não é
de uma maneira eficaz, devendo pre-
cêuticos podem e devem fazer mais .
necessariamente mau do ponto de
encher dois critérios ‒ ser clinicamen-
O momento actual coloca muitos
vista social, pois coloca mais pres-
te eficientes e apresentar uma relação
desafios,
são sobre os actuais proprietários .
custo-eficiência favorável. Dois aspec-
Europeia, o que levou o presidente
Focando-se no argumento de que
tos em que a contribuição do farma-
do PGEU a afirmar: Sempre pensá-
Portugal optou por um caminho
cêutico é clara mas negligenciada. Tal
mos que os sistemas de saúde não
diferente do seguido pela maioria
como é negligenciada a intervenção
devem ser tratados pelos burocratas
dos países europeus, o economista
solidária do farmacêutico.
em Bruxelas . E, aludindo às tentativas
sustentou que os países de maior
É neste contexto ‒ frisou ‒ que se
para contornar a Directiva Serviços,
inércia social são os que mantêm a
deve considerar a regulamentação do
de que a Saúde ficou excluída, deixou
reserva da propriedade.
licenciamento das farmácias, garantin-
uma advertência:
Admitiu que haverá uma maior
do uma distribuição adequada do me-
que as reformas têm de defender os
instabilidade profissional para os
dicamento através de um sistema pla-
interesses de saúde no seu todo. Mas
proprietários farmacêuticos. Apesar
neado que, além disso, permita que as
a dependência em conceitos econó-
disso, preconizou que abandonar
farmácias sejam estáveis e viáveis.
micos inadequados e a insuficiente
a reserva de propriedade tem mais
Numa crítica ao rumo liberalizador,
compreensão da realidade podem
oportunidades do que riscos para a
Leopold Schmudermaier declarou:
minar um sistema que na globalidade
sociedade como um todo.
Sei que nem todos os políticos têm
oriundos
da
Comissão
Todos sabemos
funciona bem . FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 9
política de saúde
Regulação da farmácia no contexto nacional e europeu
Interesses em colisão Não há actividade em que seja tão
se o foco do SNS for o custo e a abor-
De uma realidade semelhante à por-
importante conciliar a democracia
dagem a da concorrência.
tuguesa antes da liberalização falou
e o mercado como a Saúde. A ideia
Na
da
Pedro Capilla, presidente do Colégio
foi defendida no segundo painel do
Economia, é possível criar mais va-
Real de Farmacêuticos de Espanha.
colóquio pelo economista Augusto
lor e mais concorrência sem dese-
Falou da grande qualidade do mo-
Mateus, que propôs critérios específi-
quilíbrios
Temos
delo espanhol para assegurar que
cos para a regulação da farmácia por
de mudar mas não ganhamos nada
assenta na coincidência da proprie-
entender que abordagens generalis-
em erigir a farmácia como centro da
dade com a direcção técnica. E isto
tas do mercado estariam erradas e
batalha pela concorrência na econo-
não o dizem os farmacêuticos, diz o
produziriam soluções inadequadas.
mia portuguesa. Este não é o sector
governo espanhol, estão de acordo
A propósito, argumentou que, quan-
decisivo onde se ganha ou se perde
o partido do governo e o da oposi-
do há uma actividade que gera valor,
esta batalha , criticou.
ção, é mesmo o único aspecto em
a preocupação deve ser aumentar
As farmácias ‒ destacou ‒ produzi-
que estão de acordo .
esse valor e usá-lo da melhor manei-
ram um bom sistema de associação
Nenhuma outra profissão foi ca-
ra, para ter melhor democracia e me-
empresarial, conseguiram eficiência
paz de desenvolver uma actividade
lhor economia. Daí ser totalmente
colectiva com base num sistema de
comparável à do farmacêutico, o
contra qualquer ideia de regulação
cooperação empresarial que conduz
que só se consegue graças à titula-
da farmácia centrada na conjuntura,
a reduções significativas do custo de
ridade. Não é igual ser proprietário
por entender que só pode funcionar
investimento inicial, com prestação
e trabalhar com um proprietário que
uma regulação estratégica em que
de serviços, eficácia e eficiência no
não entende de farmácia, nem tem
as regras do jogo induzem decisões
funcionamento. É um disparate li-
de entender. Asseguro que não é o
de qualidade. O que não acontecerá
mitar esta realidade .
mesmo. Um farmacêutico proprietá-
10 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
óptica
do
ex-ministro
desnecessários.
Colóquio parlamentar sobre o Enquadramento da actividade farmacêutica
rio responde com o seu próprio pa-
Mendonça a perguntar:
Será um
Ao Infarmed competem poderes
trimónio , sublinhou.
modelo assim tão claro? .
normativos, de fiscalização e defe-
A farmácia ‒ reafirmou ‒ não é um
No que respeita ao fim da reserva de
sa da concorrência. E foi em nome
comércio, é um serviço de saúde e
propriedade, deixou outra questão:
da
o medicamento não é um produto
Vai o proprietário não farmacêutico
(AdC) que interveio Eduardo Lopes
como os outros. Daí que aplicar as
perder tempo e dinheiro com conse-
Rodrigues, vogal do Conselho. A sua
leis do mercado ao sector seja uma
lhos ou com a promoção do consu-
intervenção procurou
aberração .
mo? .
guns mitos , nomeadamente o que
São idênticas as preocupações da
Foram perguntas que ficaram sem
de existe antinomia entre o princípio
Ordem dos Farmacêuticos, apresen-
resposta. O orador seguinte ‒ o pre-
da saúde pública e o da concorrên-
tadas neste painel por João Pedro
sidente do Infarmed, Vasco Maria
cia: A concorrência não é um fim em
Mendonça, presidente da Secção
‒ expôs aos participantes qual a
si mesma. O que interessa é a con-
Regional de Lisboa. Portugal ‒ recor-
natureza e jurisdição da autoridade
corrência pelos resultados. A concor-
dou ‒ possui um dos melhores rácios
nacional do medicamento.
rência está ao serviço da plenitude
europeus na acessibilidade, as farmá-
Quanto à actividade das farmácias de
das necessidades dos cidadãos .
cias estão onde estão as pessoas, são
oficina, afirmou que, na ausência de
Para o representante da AdC, o de-
as últimas a fechar as portas em con-
um enquadramento harmonizado a
creto-lei que institui o novo regime
celhos onde não há outros serviços
nível comunitário, ela se exerce com
jurídico das farmácias deve ser visto
de saúde . Uma realidade que sofrerá
base num quadro jurídico criado
não como um fim, algo que tem de
alterações com as mudanças apro-
pelo poder político, assentando num
se suportar, mas como um princípio
vadas, no que respeita aos critérios
conjunto de princípios definidos em
rumo a uma regulação estratégica .
Autoridade
da
Concorrência
esbater al-
geográficos e demográficos: haverá
função do interesse público.
Este decreto-lei impõe um regime de
concentração nos centros e colocar-
Princípios como o da liberdade de
igualdade fiscal para as farmácias so-
se-ão problemas de mobilidade.
instalação (desde que respeitando
ciais, aspecto contestado pela União
Foi o que se viu com a abertura dos
os limites contidos na lei), como o
das Misericórdias Portuguesas atra-
novos pontos de venda de MNSRM:
direito de livre escolha do utente
vés de Rui Rebelo, membro do se-
em vez da prometida acessibilidade
(que impede agentes económicos
cretariado nacional. Até agora, estas
houve uma concentração em Lisboa
ou profissionais de saúde de angariar
farmácias beneficiavam de uma dis-
e Porto; em vez da prometida dimi-
ou canalizar doentes) ou como o da
criminação fiscal positiva apesar de
nuição dos preços houve uma subi-
igualdade (no relacionamento com
actuarem no mercado como as de-
da; em vez da concorrência há um
os utentes). Esses princípios incluem
mais farmácias. Mas, para Rui Rebelo,
único operador com 40% do mer-
deveres como os da dispensa de
esta situação não pode ser consi-
cado. Sem falar nas dúvidas sobre a
medicamentos, da farmacovigilância
derada como concorrência desleal,
qualificação de quem dispensa.
e da promoção do uso racional do
uma vez que das 35 farmácias sociais
Quanto às farmácias hospitalares,
medicamento. E ainda os deveres de
abertas, só uma minoria pratica des-
constituem um modelo de facilitis-
sigilo e de colaboração (com a ad-
contos associados à acção social e
mo e uma forma de financiamento
ministração pública na execução da
todas reinvestem na sua função so-
perverso do hospital , levando João
política do medicamento).
lidária os benefícios obtidos. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 11
política de saúde
A perspectiva dos parceiros
Quanto vale o mérito? O presidente da ANF, João Cordeiro,
ria dos países europeus. Mas fê-lo ‒ a
O sector prepara-se agora para funcio-
foi o primeiro orador do segundo
decisão é irrevogável, a lei foi publi-
nar em regime de livre propriedade.
painel, destinado a auscultar a pers-
cada (entrou entretanto em vigor). E
Mas continua a contestar a lei, consi-
pectiva dos parceiros. Começou por
terá como consequências a integra-
derando que ela viola, entre outros, o
passar em revista a evolução do sector
ção vertical e horizontal, a formação
princípio da igualdade ao isentar as
da farmácia de oficina, uma evolução
de oligopólios apesar dos esforços
farmácias das IPSS de obrigações fis-
que faz com que Portugal seja reco-
em contrário do legislador, a degra-
cais até 2012. Só quando se trata de
nhecido, a nível internacional, como
dação da qualidade dos serviços e
impor obrigações às farmácias é que
um dos países em que as farmácias
dos recursos humanos, a diminuição
os prazos são curtos , criticou João
melhor qualidade de serviço prestam.
da independência profissional do far-
Cordeiro, reclamando a revogação do
Infelizmente é em Portugal que estas
macêutico, a impossibilidade de aqui-
artigo em causa.
qualidades menos são reconhecidas
sição de farmácias por farmacêuticos
O
pelos poderes públicos .
independentes e a concentração nos
do ausente da implementação do
João Cordeiro debruçou-se depois
centros urbanos.
Compromisso com a Saúde. Três me-
sobre a decisão política de reformar
E Portugal ‒ frisou ‒ pertence agora
ses após a sua assinatura, uma das
o sector, classificando-a como ines-
a uma minoria: Afastamo-nos do pe-
medidas assumidas como prioritárias,
perada, nomeadamente pelo facto de
lotão da frente, do qual os políticos
e que consta do programa do gover-
não constar do programa do governo,
afirmam sistematicamente que nos
no ‒ a prescrição por DCI ‒ era contra-
de não ter sido reclamada pelos cida-
queremos aproximar . Fizemos o que
riada com a aprovação do estatuto do
dãos, nem constituir uma exigência
estava ao nosso alcance para persua-
medicamento que confere o prima-
do Direito Comunitário. Além de que
dir o governo de que a liberalização
do à prescrição por marca comercial.
não havia nem há estudos sobre o im-
não era o melhor para o país. Mas
Para o presidente da ANF, a verdade é
pacto da liberalização.
também percebemos que ninguém
que não há vontade do Ministério da
Portugal ‒ disse ‒ não tinha interesse
estava disponível para ouvir os nossos
Saúde em cumprir o compromisso .
em liberalizar em antecipação à maio-
argumentos .
12 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
equilíbrio
também
tem
esta-
Ninguém nos pode acusar de obsta-
João Cordeiro, Presidente da Associação Nacional das Farmácias, e Regina Bastos, Deputada do PSD
culizar as acções do governo. Lutamos
bretudo, o processo de licenciamen-
conhecendo que o sector evoluiu
num quadro de legalidade democráti-
to e atribuição de alvarás às novas
extraordinariamente, muito devido
ca, colaboramos sempre que a nossa
farmácias. No essencial, manifestou
à ANF , considerou a liberalização
colaboração é solicitada, temos cum-
a convicção de que esta alteração
como absolutamente justificável .
prido integralmente e de boa fé com-
legislativa em nada irá melhorar os
O último interveniente deste pai-
promissos difíceis. Não compreende-
serviços prestados à comunidade .
nel foi o presidente da Associação
mos a agressividade dispensada pelos
Esta é também a convicção do pre-
Portuguesa
responsáveis políticos do Ministério
sidente do Sindicato Nacional dos
Farmácia (APEF), Luís António Pinto.
da Saúde nem a forma desequilibrada
Farmacêuticos, Henrique Reguengo:
Os estudantes ‒ disse - não compre-
como o compromisso tem sido im-
o que é imposto agora deriva de
endem nem aceitam a venda de me-
plementado , sustentou o presidente
interesses políticos e económicos
dicamentos fora das farmácias; não
da ANF, concluindo que as farmácias
que, sendo legítimos, assumiram um
compreendem também a permissão
precisam de iniciar uma nova era de
distanciamento excessivo da com-
de dispensa por técnicos sem quali-
estabilidade, mas, para isso, é necessá-
ponente científica . Em sua opinião,
ficação para tal. Estão taxativamente
é difícil entender a necessidade de
contra a venda pela Internet, por não
rio um clima de confiança política .
dos
Estudantes
de
Pelo mesmo diapasão alinhou a presi-
liberalizar para aumentar a acessibili-
permitir qualidade no acesso ao me-
dente da Associação de Farmácias de
dade dos utentes ao medicamento .
dicamento, por potenciar os riscos de
Portugal (AFP), Graça Lopes. Em seu
O que estamos a fazer é dar um ne-
automedicação, por conduzir ao uso
entender, desregular para liberalizar
gócio de alguns, que até têm qualifi-
irracional do medicamento e por dei-
corresponde a entregar ao mercado
cações, a outros que nem sequer as
xar o utente órfão do aconselhamen-
a função reguladora que pertencia ao
têm , acusou.
to farmacêutico.
Estado. Quanto à lei publicada, cha-
Outra é a perspectiva de Diamantino
E criticam o Ministério da Saúde por,
mou a atenção para a necessidade de
Elias,
Sindicato
ao contrário do prometido, inviabili-
regulamentar aspectos como a venda
Nacional dos Profissionais de Farmácia
zar o acesso dos jovens farmacêuti-
de medicamentos pela Internet e, so-
e Paramédicos (SIFAP). Embora re-
cos às novas farmácias.
da
direcção
do
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 13
política de saúde A visão dos partidos
À espera das apreciações parlamentares Bernardino Soares, Deputado do PCP, Carlos Miranda, Deputado do PSD, Maria de Belém Roseira, Presidente da Comissão Parlamentar de Saúde, Maria Antónia Almeida Santos, Deputada do PS, e João Semedo, Deputado do Bloco de Esquerda
Depois dos parceiros, foi a vez de os partidos com assento
como o PS, era favorável ao princípio da indivisibilidade,
parlamentar explanarem as suas razões a favor ou contra
reconhecendo embora que a partir daí se iniciou um pro-
o novo regime, aprovado mediante uma autorização le-
cesso de alguma vacilação , nomeadamente quando se
gislativa. A defesa do diploma coube ao Partido Socialista
absteve na aprovação da autorização legislativa que deu
pela voz da deputada Maria Antónia Almeida Santos.
azo à alteração do regime jurídico .
Começou por sustentar que o sector há muito reclamava
Só muito recentemente ‒ admitiu ‒ é que o PSD foi alerta-
uma actualização : Não foi reclamada, dizem e com razão
do para o objectivo de acabar com a exclusividade da pro-
alguns, mas governar implica fazer escolhas, introduzir
priedade de uns para abrir a porta a que outros pudessem
mais-valias, preencher lacunas . E o governo fez um es-
ter acesso à farmácia . Assim sendo, reafirma as suas posi-
forço para normalizar um sector que, em certos aspectos,
ções anteriores , considerando que a decisão do governo
esteve tempo demais confinado à rotina .
foi tomada com base numa economia de custo, relegando
Depois de apresentar as linhas principais do diploma,
para segundo lugar a qualidade dos serviços e entregando
defendeu que esta é uma liberalização mitigada , pois o
ao mercado a regulação do sector. Também o PCP con-
governo não pretendeu fazer rupturas com os parceiros.
testa as medidas do governo. Passando em revista alguns
Aliás, o pacto entre o governo e a ANF balizou as opções
dos argumentos para liberalizar, o deputado Bernardino
disponíveis. Quanto ao futuro, disse não haver razões para
Soares sustentou nomeadamente que há contenção de
temer que esta actualização traga consequências menos
gastos, mas não dos utentes, que estão a pagar mais pe-
boas para o sector.
los medicamentos; e que o diploma não vai combater a
Não é esta a opinião do PSD. O deputado Carlos Miranda
alegada distribuição escassa pois prevê a concentração de
começou por recordar que em 2004 o seu partido, tal
farmácias na sede de concelho.
14 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Quanto à venda de MNSRM fora das farmácias, declarou
para enfeitar , o deputado recordou que o seu partido foi o
que o balanço indica que o Estado poupou à custa dos
único que votou contra a autorização legislativa.
utentes, que não estão no centro do sistema mas no cen-
Também a representante do CDS-PP, Teresa Caeiro, mani-
tro dos custos.
festou dúvidas quanto à transparência dos concursos para
No que respeita às farmácias de venda ao público em
instalação de farmácias em hospitais.
hospitais, correspondem à privatização de uma valência
Centrando-se na atitude reformista do governo, destacou
do sector público e a uma limitação ao desenvolvimento
que a legislação na órbita da liberalização não era uma
da função pública de farmácia: Vamos ver em que dão os
prioridade do governo antes de o ser, não constava do
concursos em público, vamos ver quem está a assegurar o
programa eleitoral, não era uma prioridade para a socieda-
músculo financeiro das propostas conhecidas .
de. Foi uma decisão política .
Considerando que a propriedade é a grande questão que
O CDS acredita na economia do mercado, mas o Estado
move a alteração ao regime jurídico e que tudo o resto é
tem de ser regulador e evitar a distorção da concorrência
Exclusividades inquestionadas O fim da reserva da propriedade de farmácia foi ditado
normas éticas e deontológicas e também eles guardam
com o argumento de que consubstanciava um monopó-
sigilo nas suas relações com os utentes.
lio de uma classe profissional ‒ os farmacêuticos ‒ incom-
No caso das sociedades de advogados, considera-se que
patível com as regras de mercado.
a existência de sócios não advogados tornaria muito
Mas existem sectores em que essa exclusividade se man-
complicado gerir a informação dado que esses sócios não
tém. Assim acontece, por exemplo, com as sociedades
estariam obrigados ao sigilo.
de advogados, cujo regime jurídico, exclui da qualidade
Além disso, poderiam surgir conflitos entre os diferentes
de sócio os detentores de quaisquer outras profissões.
interesses ‒ os profissionais, defendidos pelos advogados,
Determina o artigo 5º que as participações em socieda-
e os empresariais, sustentados pelos sócios não advoga-
des de advogados são obrigatoriamente nominativas e só
dos. Daí o entendimento de que, no que respeita às so-
podem ser detidas por advogados inscritos na Ordem dos
ciedades de advogados, só a exclusividade garante a au-
Advogados, com exclusão dos advogados estagiários .
tonomia e independência do exercício profissional. Este é
Uma restrição justificada pelo carácter particular de uma
também o entendimento dos farmacêuticos de oficina e
profissão que se rege por um estatuto deontológico ri-
das instituições que os representam, que receiam que o
goroso, que contempla, nomeadamente, o sigilo profis-
fim da indivisibilidade entre propriedade e direcção técni-
sional. Contudo, também os farmacêuticos se guiam por
ca subordine a saúde à economia.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 15
política de saúde
e a legislação tem de ser justa, não desequilibrada. E, não tendo uma postura irredutível em relação à propriedade ou ao alargamento do número de farmácias, receia que isso não seja acompanhado pela dignificação e pela manutenção da autonomia dos farmacêuticos.
As apreciações parlamentares requeridas pelo PSD e pelo PCP subiram a plenário no passado dia 30 de Novembro.
Além disso, o Estado tem de ser uma pessoa de bem: Os acordos são para cumprir, mas só uma das partes é que tem cumprido , disse, aludindo ao Compromisso com a Saúde: As farmácias tiveram 60 dias para se adaptar, estão a cumprir
Perante as consequências previsíveis, o Bloco de Esquerda
os horários que lhes foram impostos e a exigência de dois far-
é particularmente sensível à necessidade de regular as
macêuticos, o que pode representar o colapso de algumas.
condições de exercício da actividade e da profissão farma-
Mas o governo não cumpre a sua parte. Que estudo será ne-
cêuticas, assegurando, por essa via, que a desregulação do
cessário para a generalização da prescrição por DCI? .
mercado não ameaça valores que têm estado garantidos,
Já para o Bloco de Esquerda, o governo conseguiu trans-
como a qualidade.
formar uma boa ideia numa péssima lei. O deputado João
Assim encerrou o terceiro painel, seguido de um período
Semedo não vê razões para não alterar o regime, mas tam-
de debate, marcado por intervenções de farmacêuticos
bém não encontra razão para tanta urgência e priorida-
presentes na Sala do Senado, quase todas dirigidas à de-
de nesta mudança. É um mistério político que procurou
putada socialista a quem coube defender o decreto-lei do
desvendar: O regime de propriedade faz parte de uma ne-
governo.
cessidade de afirmação e de construção de um modelo de
O assunto não ficou, porém, encerrado. As apreciações
governação musculado . Cada vez mais estou convencido
parlamentares requeridas pelo PSD e pelo PCP subiram
de que a mudança de regime foi o primeiro passo para abrir
a plenário no passado dia 30 de Novembro. Os partidos
caminho a outras mudanças , disse.
com assento parlamentar tiveram oportunidade de reafirmar os seus argumentos, o mesmo tendo feito o secretário de Estado da Saúde, Francisco Ramos. As propostas serão entretanto apreciadas e votadas na Comissão Parlamentar de Saúde. O encerramento do colóquio esteve a cargo da presidente da Comissão Parlamentar de Saúde, Maria de Belém Roseira, na presença do presidente da Assembleia da República, Jaime Gama.
Jaime, Gama, Presidente da Assembleia da República
16 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 17
política de saúde
Em Maio de 2006 culminou, com a
as potencialmente compensadoras,
so mas, implementada de uma forma
assinatura do Compromisso com a
em nome da alegada complexidade
totalmente desequilibrada. Estão, as-
Saúde, um complexo processo de
dessas medidas e da necessidade de
sim, em vigor as 55 horas semanais,
negociação entre a ANF e o governo
estudos complementares.
com a possibilidade de as farmácias
visando conciliar os interesses das
Verifica-se ainda que, em muitos as-
estarem abertas das 06:00 às 00:00h.
farmácias de oficina com a determi-
pectos, a legislação aprovada, ainda
Esta é uma obrigação que penaliza
nação política de liberalizar o sector.
que verse matérias contempladas
particularmente as farmácias em re-
Como o nome indica, alcançou-se
no acordo, viola alguns dos preceitos
gime de disponibilidade: são peque-
um compromisso, documento que
com que o ministério se havia com-
nas farmácias do interior do país para
vincula ambas as partes. Contudo,
prometido. No papel e em declara-
as quais constituiu uma perfeita im-
ano e meio volvido sobre a sua assi-
ções públicas do próprio ministro.
possibilidade o respeito pelos novos
natura, é evidente um desequilíbrio
A produção legislativa foi iniciada
horários.
na aplicação do seu articulado, com
com a Lei n.º 53/2007, de 8 de Março,
Com as 55 horas semanais, esperava-
o Ministério da Saúde a legislar com
relativa ao alargamento de horários
se que fosse extinto o regime de refor-
celeridade sobre as medidas mais
e aos novos regimes de turnos. Uma
ço, mas esse não foi o entendimento
penalizadoras para o sector e a adiar
matéria contemplada no compromis-
do ministro Correia de Campos. Não
18 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Olhar da ANF sobre a nova legislação cável às pessoas colectivas. Todavia,
quadros técnicos da farmácia à luz
pectos positivos, como seja o facto
no artigo 58º, o governo confere às
das novas responsabilidades previs-
de os turnos serem organizados ten-
farmácias sociais cinco anos para se
tas no Compromisso com a Saúde.
do em conta a globalidade do muni-
adaptarem à nova situação fiscal.
Contudo, nem todas as farmácias, so-
cípio e não cada localidade.
Este é um prazo excessivamente lon-
bretudo as localizadas em regiões do
go, incompatível com a concorrência
interior, têm capacidade para satisfa-
Regras distorcidas e abuso de poder
leal. A questão está a ser analisada ju-
zer de imediato esta exigência.
ridicamente e, a partir dessa análise,
Merecedor da crítica da associação
serão encetadas as diligências consi-
é igualmente o ponto da legislação
No final de Agosto, foi publicado o
deradas convenientes, que poderão
que impõe o dever de colaboração,
novo regime de propriedade da far-
passar por levar o assunto às auto-
uma vez que configura uma situa-
mácia. Uma lei liberalizadora que não
ridades da concorrência nacional e
ção de abuso de poder por parte do
constava do programa do governo e
europeia. A concorrência tem de ser
Ministério da Saúde que, através do
que mereceu, desde a primeira hora,
feita rigorosamente com as mesmas
Infarmed, exige que todas as tran-
a crítica da associação. Tal como foi
regras, sendo que a excepção previs-
sacções realizadas pela farmácia lhe
aprovada também não respeita o
ta na lei distorce substancialmente
sejam comunicadas, bem como os
espírito nem a letra do Compromisso
essas regras, introduzindo uma discri-
valores resultantes dessas transac-
obstante, esta lei contém alguns as-
com a Saúde. No ponto 3 estabelece-
minação que é inconstitucional.
ções. Mais do que desajustada, esta
-se que todas as farmácias deverão
Outra questão em que o Decreto-Lei
exigência é violadora dos princípios
obedecer às mesmas regras gerais
não reflecte o compromisso pren-
fundamentais da liberdade econó-
de funcionamento e ao mesmo regi-
de-se com o quadro farmacêutico.
mica.
me fiscal. O artigo 14º do decreto-lei
No compromisso estipula-se que o
307/2007 mantém, de forma positiva,
quadro farmacêutico mínimo seria
o compromisso ao definir que as en-
constituído, em regra, por um direc-
tidades do sector social da economia
tor técnico e um farmacêutico adjun-
Pareceres para atenuar incongruências
podem ser proprietárias de farmácia
to, mas a legislação é mais exigente,
desde que cumpram o disposto no
determinando a existência de pelo
diploma e na respectiva regulamen-
menos dois farmacêuticos.
À ANF chegaram as propostas de re-
tação, bem como o regime fiscal apli-
Para a ANF é essencial o reforço dos
gulamentação de algumas matérias, FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 19
política de saúde
nomeadamente a instalação e trans-
tando indiferença quanto à qualidade
movimentos da população. Evitar-se-
ferência de farmácias, os serviços
da assistência farmacêutica proposta
á, assim, que farmácias sem qualquer
farmacêuticos, a dispensa de medica-
pelos candidatos. E não é apenas o
tipo de condições e sustentabilidade
mentos ao domicílio e pela Internet,
compromisso que sai lesado. Saem
económica continuem a existir, no-
a par da já mencionada cedência de
também lesados os jovens farma-
meadamente em Lisboa.
dados. Sobre todas estas propostas
cêuticos. A eles o ministro Correia de
Um outro aspecto recentemente re-
emitiu parecer, atempadamente en-
Campos, com a anuência do primei-
gulamentado prende-se com os ser-
viado à tutela.
ro-ministro durante as negociações
viços farmacêuticos. O diploma apro-
No que se refere à instalação das far-
e confirmada na apresentação ao
vado refere que as farmácias podem
mácias, foi incluída uma novidade
parlamento do compromisso, havia
prestar serviços farmacêuticos de pro-
face ao compromisso: no seu ponto
prometido prioridade na abertura de
moção da saúde e do bem-estar dos
9, o documento assinado em Maio de
novas farmácias.
utentes, por profissionais legalmente
2006 prevê a realização de concurso
Relativamente às transferências, tam-
habilitados. Estes serviços incluem
público e valoriza, como critérios de
bém há discrepâncias entre o com-
o apoio domiciliário, administração
selecção, o menor número de farmá-
promisso e a regulamentação: no pri-
de primeiros socorros, de vacinas
cias, o quadro técnico, o horário e os
meiro prevê-se que sejam cumpridas
não incluídas no Plano Nacional de
serviços farmacêuticos disponíveis.
as regras de instalação livre nas trans-
Vacinação e de medicamentos, a utili-
Mas a portaria aprovada estabelece
ferências dentro do mesmo concelho,
zação de meios auxiliares de diagnós-
o princípio de sorteio na escolha dos
enquanto no diploma aprovado se
tico e terapêutica, o desenvolvimento
candidatos à instalação de farmácia.
confere liberdade absoluta dentro do
de programas de cuidados farmacêu-
Uma reviravolta que a associação tem
município desde que respeitadas as
ticos, campanhas de informação e a
alguma dificuldade em entender, cri-
distâncias mínimas entre farmácias.
colaboração em programas de edu-
ticando, sobretudo, que tenham sido
O parecer da ANF sobre esta maté-
cação para a saúde.
ignorados os critérios de natureza
ria preconiza que os concelhos de
O governo legislou também sobre a
profissional.
Lisboa e Porto sejam tratados como
dispensa de medicamentos ao domi-
O que acontece é que, por via desta
casos específicos, permitindo-se a
cílio e através da Internet. O diploma
alteração, o ministério está, de novo,
transferência de farmácias para a
aprovado estipula que as farmácias
a desrespeitar o compromisso, deno-
periferia por forma a acompanhar os
podem dispensar MNSRM ao domicí-
20 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
lio através de um pedido presencial,
tação de medicamentos, bem como
tiga proporcionalidade no preço
ou seja na farmácia, ou à distância, via
uma série de outras medidas assen-
final.
Internet ou outro meio de comunica-
tes na decisão técnica da farmácia.
Entretanto o Grupo Parlamentar do
ção. A entrega domiciliária está limi-
Além de que seria, essencialmente,
Partido Socialista apresentou uma
tada ao município onde a farmácia
benéfica para a população.
proposta de alteração ao Orçamento
está instalada e aos municípios limí-
Faz, aliás, parte de um outro com-
do Estado para 2008, que inclui uma
trofes. Quanto à dispensa de MNSRM
promisso, assumido em Outubro
chamada de atenção ao governo
através da Internet, só é possível após
de 2006 pelo primeiro-ministro na
para a necessidade de reequilibrar
comunicação prévia ao Infarmed do
reunião em que foi anunciado à as-
as margens de comercialização dos
endereço do sítio electrónico da far-
sociação um segundo corte de 6%
medicamentos . Quem o afirmou
mácia. Cada farmácia deve dispor e
no preço dos medicamentos. Uma
foi Afonso Candal, vice-presidente
ser proprietária de um sítio electró-
redução que a direcção conside-
da bancada socialista, que explica
nico individualizado, excepto na si-
rou completamente insustentável ,
que a proposta de alteração é uma
tuação de farmácias detidas, geridas
tanto mais que o sector havia cum-
repetição de uma outra do ano pas-
ou exploradas pela mesma pessoa
prido os objectivos definidos pelo
sado, e tem a ver com a alteração do
singular ou sociedade comercial, as
Ministério da Saúde relativamente à
equilíbrio entre as margens da in-
quais podem partilhar o mesmo sítio
contenção das despesas e estava a
dústria, dos grossistas e da farmácia,
electrónico.
suportar custos adicionais resultan-
que foi distorcido . Em entrevista à
tes da aplicação desequilibrada do
edição do Diário Económico de 22 de
Compromisso com a Saúde.
Novembro, o deputado do PS salien-
Ainda assim, a associação aceitou
ta que os agentes de fim de linha
esta diminuição do preço desde
do circuito do medicamento são os
que não acompanhada de nova re-
mais prejudicados pela descida de 6
O processo legislativo em curso
dução das margens, o que mereceu
por cento no PVP dos medicamentos
demonstra
desequilibra-
a concordância do primeiro-minis-
comparticipados, verificada o ano
da está a ser a concretização do
tro e a aceitação tácita do ministro
passado, aliada à redução da margem
Compromisso com a Saúde. A sua
da Saúde. Porém, o Orçamento do
da farmácia de 19,15 para 18,25 por
medida basilar, a única que possui
Estado para 2007 ignorava o teor
cento.
carácter urgente e também a única
desta negociação e previa uma du-
É certo que o Orçamento para 2008
que consta do programa de gover-
pla penalização. Numa reunião pos-
ainda não está em vigor, mas, por
no, continua por executar: trata-se
terior com o ministro das Finanças,
enquanto, o que se verifica é que
da prescrição por DCI. E, no entanto,
o governo comprometeu-se a inte-
a situação permanece inalterada.
ela seria um motor da concorrência
grar no OE um artigo (147º) reven-
Na prática, o que se verifica é que o
que o Ministério da Saúde preconi-
do o sistema de fixação de margens
Compromisso com a Saúde só com-
za para o sector: permite concursos
com o objectivo de as aproximar
promete as farmácias. O governo le-
públicos e a liberalização da impor-
dos valores correspondentes à an-
gisla à sua revelia.
Promessas por cumprir
quão
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 21
flashes EUA FDA pretende nova categoria de MNSRM de venda exclusiva na farmácia
Conselho da Europa Resolução sobre venda de medicamentos à distância adoptada
Inglaterra Desenvolvimentos no Serviço de Prescrição Electrónica
A FDA está a avaliar os benefícios
O Conselho da Europa adoptou re-
Até ao momento, 2.500 clínicos ge-
em termos de saúde pública que
comendações de boas práticas para
rais e 4.472 farmácias de Inglaterra
resultariam da introdução de uma
a distribuição de medicamentos à
utilizaram o Release 1 do Serviço de
terceira categoria de medicamentos,
distância, através da Internet e
Prescrição Electrónica do NHS. Esta
que seriam dispensados na farmácia
por catálogo. O documento inte-
foi a fase de implementação do siste-
sem receita médica, mas só depois
gra, entre outros, standards sobre
ma, em funcionamento desde inícios
da intervenção do farmacêutico. A
aconselhamento e informação, no-
de 2005, que assentou na concepção
proposta da FDA tem o apoio dos
tificação obrigatória em caso de
da infra-estrutura técnica necessária
farmacêuticos, mas a indústria de au-
retirada do mercado, e publicidade
para os sistemas das farmácias e dos
tomedicação e os grupos de consu-
deste tipo de serviços. Segundo o
médicos interagirem com o Serviço.
midores opõem-se, por entenderem
Conselho da Europa, a implemen-
Em Outubro, teve início o Release
que o actual sistema de distribuição,
tação destas boas práticas garan-
2, nas áreas de cinco primary care
de duas categorias, serve as necessi-
tirá a segurança dos doentes e a
trusts. No início de 2008, juntam-se
dades dos consumidores e garante o
qualidade dos medicamentos dis-
mais 12 áreas. O Release 2 envolve a
acesso ao medicamento . Vários paí-
tribuídos por estas vias. Embora
desmaterialização das prescrições, as
ses europeus possuem uma variante
não seja de aplicação obrigatória nos
quais são enviadas automaticamen-
desta terceira categoria, bem como o
47 Estados-Membros desta organiza-
te para a farmácia escolhida pelo
Canadá e a Austrália.
ção, a Resolução, de 6 de Setembro,
doente.
In SCRIP News, 21/11/2007;
vincula Portugal.
In SCRIP News, 29-31/08/2007;
OTC bulletin, 12/10/2007
In www.coe.int, 6/09/2007
IPU Review, Agosto 2007
Austrália Farmacêuticos de oficina acondicionam medicamentos para idosos O Governo australiano irá financiar um programa, de USD 57,4 milhões, no âmbito do qual os farmacêuticos de oficina irão acondicionar a medicação dos utentes idosos e dos doentes polimedicados. Os farmacêuticos farão o acondicionamento dos medicamentos em doses individualizadas, organizadas por horário de toma ao longo do dia, colocando um medicamento específico por compartimento, ou medicamentos diferentes em cada compartimento.
In SCRIP News, 24/08/2007 22 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 23
anf
Os novos estatutos da ANF consignam um modelo ideológico e profissional de farmácia. Um modelo para o futuro, tal como a alteração estatutária promovida com o intuito de tornar as decisões associativas mais participadas e representativas.
24 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Assembleia Geral altera estatutos da ANF
Um modelo de farmácia para o futuro Respeitar o passado e preparar o
ciados: ou manter-se como estava,
mácia como um espaço de saúde, o
futuro. São estes os alicerces em
ignorando o impacto das reformas,
terreno em que o farmacêutico exer-
que a assenta a proposta de altera-
ou reagir, preservando os interesses
ce as suas competências específicas
ção estatutária que a direcção da
dos associados e, acima de tudo, o
e diferenciadas. Não é de hoje esta li-
ANF apresentou aos associados na
modelo de farmácia que preconiza.
nha de pensamento e actuação, mas
Assembleia Geral de 20 de Outubro.
E é aqui que radica a primeira gran-
assume particular relevância num
Uma proposta realista que foi com-
de inovação dos novos estatutos. O
momento, como o actual, de acen-
preendida pela esmagadora maioria,
modelo de farmácia defendido pela
tuada mudança legislativa.
já que foi aprovada com 95% dos vo-
ANF. O artigo 2º dos estatutos apre-
São estes valores que os novos esta-
tos expressos.
senta-o de forma clara: A associação
tutos espelham. Mas não são os úni-
Os novos estatutos são, efectiva-
defende um modelo de farmácia
cos. As alterações propostas pela di-
mente, realistas. Decorrem de uma
com a natureza de estabelecimento
recção e ratificadas pela assembleia
necessidade de adaptação ao en-
de saúde e centro de prevenção e te-
de 20 de Outubro visam reforçar a
quadramento do sector decorrente
rapêutica que, para além da dispen-
responsabilidade dos associados na
das recentes alterações legislativas
sa de medicamentos, presta serviços
gestão da associação, reflectindo a
promovidas pelo governo. Perante
farmacêuticos essenciais e diferen-
importância conferida à estrutura
a liberalização, consumada com
ciados à comunidade .
associativa.
a entrada em vigor do decreto-lei
Este é um modelo de contornos
Uma das forças basilares da associa-
307/2007 de 31 de Agosto, a associa-
profissionais, mas também políticos
ção sempre foi ‒ e continua a ser ‒ a
ção só tinha duas alternativas, como
e ideológicos. Porque a associação
sua organização descentralizada. A
o próprio presidente da direcção,
sempre pugnou, interna e externa-
par dos órgãos nacionais, existem
João Cordeiro, transmitiu aos asso-
mente, pelo reconhecimento da far-
estruturas
locais,
mais
próximas FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 25
anf
das farmácias: são os delegados de
a quase totalidade das farmácias
sabiliza directamente as farmácias,
círculo e de zona, o elo de ligação
representadas. Um cenário muito
envolvendo-as mais no processo
privilegiado entre os associados e a
distante daquele a que se assiste nas
conducente à eleição dos delegados:
direcção, promotores da comunica-
Assembleias Gerais.
ção bilateral essencial à execução das políticas associativas nas suas diferentes vertentes. Esse diálogo ocorria em duas pla-
Devem ser os mais válidos, os mais interessados, aqueles que vos defen-
Decisões mais representativas
taformas distintas ‒ o Conselho
dem melhor ‒ foi o repto deixado por João Cordeiro. Além da participação, outra componente que saiu reforçada com esta
Nacional, em que tinham assento
Foi esta realidade que levou a direc-
revisão dos estatutos foi a criação
apenas os delegados de círculo, e a
ção a propor alterações estatutá-
de um Conselho Fiscal (artigos 67.º
Assembleia Geral de Delegados, em
rias aos artigos relativos aos órgãos
e 68.º)
que participavam também os dele-
da associação. Assim, foi extinto o
Foi a necessidade de adaptação ao
gados de zona. Ao primeiro compe-
Conselho Nacional, tendo as respec-
novo contexto legal que desenca-
tiam funções deliberativas, enquan-
tivas competências transitado para
deou esta alteração estatutária, em
to a segunda era essencialmente
a Assembleia Geral de Delegados.
consequência do que emergiu da fi-
consultiva.
Por outro lado, foram redefinidas as
gura do regime de associação (artigo
A prática apontou para a necessida-
competências da Assembleia Geral
18.º). Existem, naturalmente, algumas
de de aperfeiçoar estes mecanismos.
e da Assembleia Geral de Delegados
diferenças face à qualidade de só-
Da análise dos níveis de participa-
(artigos 49.º e 57.º).
cio, nomeadamente em termos de
ção dos últimos anos, emanou uma
A Assembleia Geral de Delegados pas-
contribuição e de direitos, mas este
conclusão clara: o órgão legítimo
sou, assim a ser, o órgão central que
regime garante o acesso aos serviços
para debater as grandes questões
coordena a vida associativa, assente
prestados pela associação a todos os
associativas é a Assembleia Geral de
num mecanismo de representação
seus membros.
Delegados. Nela têm assento os legí-
indirecta (através dos delegados) o
O que a ANF se propõe é continuar
timos representantes das farmácias,
que confere maior legitimidade às de-
a ser uma associação forte, defenso-
eleitos directamente e num clima
cisões tomadas. Na Assembleia Geral
ra dos interesses dos proprietários
de proximidade e confiança ‒ cada
os sócios continuam a ser ouvidos
de farmácia. Assim o entenderam
núcleo de 50 farmácias elege um
nas questões essenciais, nas grandes
95,3% dos sócios presentes ou re-
delegado de círculo e dois de zona,
linhas de intervenção da associação.
presentados (699 no total, sendo
que depois as representam em cada
Esta foi uma inovação que, como
que 22 se abstiveram e sete vota-
assembleia. Daqui decorre um eleva-
sublinhou o presidente da direcção
ram contra) na Assembleia Geral de
díssimo grau de participação, com
na assembleia de Outubro, respon-
20 de Outubro.
26 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Tipos de Rejeição
Principais alterações A alteração aos estatutos da ANF
d) Os não farmacêuticos proprietá-
Artigo 18.° (Requisitos)
aprovada na Assembleia Geral de 20
rios de farmácia, ao abrigo da Lei n.º
1. Os proprietários e ou cessionários da
de Outubro abrange os seguintes
2125, de 20 Março de 1965;
exploração de farmácia que não preen-
artigos:
e) O cônjuge e os descendentes e
cham os requisitos para a sua admissão
ascendentes até ao segundo grau a
como sócios da associação, previsto no
Artigo 2.° (Modelo de Farmácia)
quem o farmacêutico tenha transmi-
artigo 10º dos presentes estatutos, po-
A associação defende um modelo
tido por acto entre vivos ou por mor-
dem aderir ao regime de associação.
de farmácia com a natureza de es-
te a propriedade da farmácia;
2. O regime de associação não confere
tabelecimento de saúde e centro de
f) Os farmacêuticos e as sociedades
direito ao património associativo.
prevenção e terapêutica que, para
cujo capital pertença total ou maio-
além da dispensa de medicamen-
ritariamente a farmacêuticos, que
Artigo 19.° (Comunicabilidade)
tos, presta serviços farmacêuticos
exerçam em regime de cessão de
1. Os proprietários de farmácia em regi-
essenciais e diferenciados à comu-
exploração a actividade de farmácia
me de associação que passem a reunir
nidade.
de oficina.
os requisitos para a admissão como
2. Os co-proprietários e as socie-
membros da Associação transitam
Artigo 9. (Categoria dos membros)
dades não perdem a qualidade de
para a categoria de sócios.
A associação é constituída pelos só-
sócios quando a maioria ou a tota-
2. Os proprietários de farmácia que
cios.
lidade da propriedade ou do capital
deixem de reunir os requisitos de ad-
social pertencente a não farmacêu-
missão como sócios transitam para o
Artigo 10. (Requisitos para a admis-
ticos resultar de transmissão, entre
regime de associação.
são como sócios)
vivos ou por herança, a favor de côn-
3. As alterações previstas nos números
1. Podem ser sócios:
juge, descendentes ou ascendentes
anteriores serão objecto de delibera-
a) Os farmacêuticos proprietários de
até segundo grau.
ção da Direcção.
farmácia de oficina;
3. Podem ainda inscrever-se como
b) As sociedades proprietárias de far-
sócios, o cônjuge e os descenden-
Artigo 22.° (Contribuições)
mácia de oficina cujos sócios sejam
tes e ascendentes até ao segundo
Os proprietários de farmácia abran-
todos farmacêuticos;
grau a quem o não farmacêutico,
gidos pelo regime de associação
c) Os co-proprietários de farmácia e
proprietário de farmácia ao abrigo
contribuirão financeiramente para
sociedades proprietárias de farmá-
da Lei n.º 2125, de 20 de Março de
a Associação com montante igual à
cia, em que a propriedade ou o capi-
1965, tenha transmitido por acto
parte variável da quota aplicável aos
tal social pertence maioritariamente
entre vivos ou por morte a proprie-
sócios, cuja cobrança será efectuada
a farmacêuticos;
dade da farmácia.
em termos idênticos.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 27
anf
Artigo 36.°(Órgãos da Associação)
e) O Conselho Disciplinar;
cidos pela Associação;
1. (...)
f) A Direcção;
j) Conhecer as matérias a que se re-
2. Os órgãos nacionais serão os se-
g) O Conselho Fiscal, sem direito a
fere a alínea i) do artigo 6.º;
guintes:
voto.
l) Decidir dos recursos para ele interpostos de resoluções da Direcção;
a) Assembleia Geral; b) Assembleia Geral de Delegados;
Artigo 57.º (Competência da Assem-
m) Decidir o valor da multa a aplicar
c) Conselho Disciplinar;
bleia Geral de Delegados)
em conformidade com o disposto
d) Conselho Fiscal;
Compete à Assembleia Geral de
no artigo 42.º, n.º 3;
e) Direcção.
Delegados:
n) Decidir os recursos interpostos das
3. (...)
a) Deliberar sobre o relatório, balan-
decisões do Conselho Disciplinar.
ço e contas e orçamento de cada Artigo 49.º (Competência da Assem-
exercício;
Artigo 67.º (Composição)
bleia Geral)
b) Fixar e alterar o quantitativo das
1. A Assembleia Geral elegerá um
Compete à Assembleia Geral:
jóias e quotas a pagar pelos sócios;
Conselho Fiscal, composto por um
a) Proceder às eleições a que haja
c) Aprovar, sob proposta da Direcção, os
presidente e dois vogais.
lugar;
regulamentos internos da Associação;
2. Além dos membros efectivos, é
b) Deliberar sobre as alterações aos
d) Aprovar, mediante proposta da Di-
eleito um vogal suplente.
estatutos e a dissolução e liquidação
recção, a constituição e âmbito das
3. Em caso de impedimento defi-
da Associação;
Delegações, Círculos e Zonas;
nitivo, a substituição dos membros
c) Exercer todos os demais poderes
e) Aprovar, mediante proposta da
será efectuada, por deliberação do
que lhe sejam atribuídos pelos pre-
Direcção, a extinção de Delegações,
próprio Conselho Fiscal, nos termos
sentes estatutos;
Círculos e Zonas;
seguintes:
d) Pronunciar-se sobre qualquer ou-
f) Resolver os casos omissos nos es-
a) O presidente por um dos vogais;
tro assunto para que seja convocada.
tatutos e nos regulamentos internos,
b) Os vogais efectivos pelo vogal su-
de harmonia com as disposições le-
plente.
Artigo 56.º (Composição da Assem-
gais e os princípios aplicáveis;
bleia Geral de Delegados)
g) Autorizar a aquisição de bens imó-
Artigo 68.º (Competência)
1. A Assembleia Geral de Delegados
veis a título oneroso e a sua aliena-
Compete ao Conselho Fiscal:
é constituída por:
ção a qualquer título;
a) Dar parecer sobre as contas da
a) Mesa da Assembleia Geral, que
h) Resolver a aplicação a dar ao saldo
Associação, a apresentar anualmen-
presidirá;
livre da conta da gerência;
te pela Direcção à Assembleia Geral
b) Os Delegados Regionais;
i) Aprovar os regulamentos e normas
de Delegados;
c) Os Delegados de Círculo;
a que deve sujeitar-se o exercício da
b) Apresentar à Direcção as suges-
d) Os Delegados de Zona;
actividade, que possam ser estabele-
tões que considere convenientes.
28 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 29
reunioes profissionais Expofarma recebe número recorde de visitantes
Um novo
ciclo
A edição de 2007 da Expofarma confirmou o prestígio do maior certame anual do sector das farmácias em Portugal e na Península Ibérica. 30 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Os números da Expofarma • 48 conferências • 100 expositores • 7 800 visitantes • 10 000 m2 de área
Renovada e adaptada ao actual uni-
logias de informação e serviços fi-
de intervenção se perspectivam? ,
verso farmacêutico, mereceu o aco-
nanceiros. A esta vertente mais em-
lhimento dos profissionais traduzido
presarial foi associada uma compo-
clientes ,
num número recorde de visitantes
nente de informação e valorização
uso racional dos medicamentos ,
‒ 7.800.
profissional mediante a realização
Farmácia ‒ gestão com inovação ,
Ponto de encontro de todos os in-
de conferências ‒ 48 no total, com
Relacionamento com o consumi-
tervenientes no mundo farmacêuti-
oradores nacionais e internacionais.
dor num mundo em mudança ,
co, a Expofarma apresentou-se aos
A primeira das conferências, subor-
Protecção solar ‒ a resposta Soltan ,
visitantes com uma nova dinâmica
dinada ao tema Mercado ibérico do
O efeito do tempo no corpo da mu-
decorrente da sua aquisição pela
medicamento ‒ perspectiva multi-
lher ‒ o papel dos suplementos ali-
Farminveste. Iniciou-se assim um
sectorial (abordada em separado),
mentares e Avaliação do programa
novo ciclo na existência daquela
constituiu um importante ponto de
Troca de Seringas .
que já era ‒ e será cada vez mais ‒ a
encontro entre as perspectivas dos
Os três dias de intercâmbio entre
grande Feira Nacional de Farmácia.
diferentes actores no circuito do
profissionais do mundo farmacêu-
Um ciclo caracterizado, desde logo,
medicamento, da indústria à farmá-
tico culminaram com uma Noite
por uma nova imagem e uma nova
cia, passando pela distribuição.
da Farmácia, no Casino Estoril.
localização ‒ a Feira Internacional de
Relevantes
foram
Relacionamento e atendimento a A farmacovigilância no
também
as
Oportunidade para consagrar mais
conferência
Lisboa, no Parque das nações ‒ re-
conclusões
da
da
um dos princípios da nova fase do
sultantes da nova filosofia orientado-
Plataforma
Saúde
Diálogo,
certame ‒ a solidariedade. Na pessoa
ra do certame, que passou também
que promoveu a análise do tema
da vice-presidente da ANF, Maria da
pela existência de um patrocinador
Desigualdades em Saúde ‒ Como
Luz Sequeira, foi entregue à ANDAI ‒
único, o Banco Espírito Santo.
as superar? , abordada em texto au-
Associação Nacional de Doentes com
Durante três dias ‒ de 8 a 10 de
tónomo também neste número de
Artrites e Reumatismos da Infância o
Novembro último ‒ aos visitantes
Farmácia Portuguesa.
Prémio Expofarma Responsabilidade
foi proporcionado um contacto pri-
Mas outros temas mais específicos
Social, no valor de cinco mil euros.
vilegiado com o futuro farmacêuti-
foram alvo de discussão, nomea-
Uma distinção que visa contribuir
co, uma oportunidade de aceder às
damente através de worshops em
para a divulgação desta associação
soluções mais inovadoras para as
parceria com a indústria, centros de
e ajudar ao desenvolvimento da sua
diferentes áreas de actuação profis-
investigação e organismos institu-
missão de apoio aos pequenos do-
sional, um espaço de diálogo entre
cionais: Gestão do risco nas farmá-
entes e suas famílias.
as várias vertentes do sector, da in-
cias , Gestão de produtos ‒ stocks
Este foi um final adequado a uma
dústria à farmácia comunitária.
e exposição , Sifarma 2000 ‒ para
feira que superou as expectativas:
Mais de 100 expositores, num total
o melhor desempenho profissio-
eram esperados na Expofarma 2007
2
em
de 10 mil m , concretizavam esta
nal , Preparação individualizada de
cerca de seis mil visitantes, mas a
nova dinâmica, apresentando aos
medicamentos ‒ novas oportunida-
nova organização suscitou a ade-
visitantes as principais empresas
des , Serviços inovadores ‒ relatos
são de 7.800, um quarto dos quais
fornecedoras de mobiliário, tecno-
de experiências. Que novas áreas
oriundos de Espanha. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 31
reunioes profissionais Seminário Mercado ibérico do medicamento
Mudança e desafios Mudança e desafios ‒ foram estes os denominadores comuns da conferência Mercado Ibérico do Medicamento promovida pela Expofarma e neles convergiram as visões dos diferentes actores do sector, da indústria aos distribuidores e às farmácias.
32 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
O mercado ibérico do medicamento
que em 2006 o mercado global abran-
Temos de mostrar que existem boas
foi o tema central em discussão no
dou mas ganhou novos contornos: os
razões para que as forças ilimitadas
primeiro dia da renovada Expofarma,
Estados Unidos continuam a dominar
do mercado não sejam deixadas à
com uma conferência que permitiu
(com 50% do mercado), mas os mer-
solta na farmácia , exortou, invocan-
evidenciar as perspectivas dos dife-
cados emergentes ganham peso ao
do quatro princípios. A saúde en-
rentes intervenientes no sector ‒ in-
passo que a Europa Ocidental perde
quanto direito universal é o primei-
dústria, distribuição e farmácias. A vá-
terreno. Por outro lado, os produtos
ro: os cuidados de saúde devem ser
rias vozes, nacionais e internacionais,
de especialidade destacam-se, con-
prestados a quem deles necessita e
foi traçado um cenário caracterizado
tribuindo para 61% do crescimento.
não apenas aos que os podem pagar.
pela evolução e por desafios que re-
Também os genéricos cresceram
Depois, o princípio de que o farma-
clamam dos diversos actores uma
mais do que as marcas, por via de um
cêutico faz a diferença nos resultados
postura activa no transformar dos ris-
decréscimo do mercado protegido
terapêuticos e na segurança do do-
cos em oportunidades.
por patente.
ente, apesar de alguns políticos du-
As palavras iniciais pertenceram ao
Quanto ao mercado ibérico, fez algu-
vidarem . O terceiro respeita ao lugar
director-geral da Expofarma, António
mas comparações: em ambos os pa-
do sistema de saúde no esquema de
Alcântara, após o que o ex-ministro
íses as despesas cresceram (7,4% em
valores: Quando consideramos qual
da Economia Augusto Mateus lançou
Espanha e 4,7% em Portugal), com
o principal propósito do sistema de
a reflexão sobre o mercado ibérico e
os medicamentos cardiovasculares a
saúde não dizemos que é promover
o contexto europeu, propondo ele
dominarem o mercado. Também em
a economia, mas curar os doentes ou
próprio alguns caminhos a seguir.
ambos se perspectiva a continuação
salvar vidas . Finalmente, a diversida-
Do mercado, suas tendências e pers-
do crescimento, mais em Espanha do
de de sistemas baseados em valores
pectivas futuras, falou Pedro Costa,
que em Portugal (devido à redução
comuns.
em representação da IMS Health, que
de preços e ao sistema de preços de
Para o secretário-geral do PGEU, a
começou por contextualizar o tema
referência).
ideia de que os burocratas de Bruxelas,
numa Europa em que as despesas
A esta visão do mercado seguiu-se
que não foram eleitos, podem tomar
com a saúde não cessam de crescer,
o contexto político que enforma o
decisões que têm um efeito profun-
não obstantes os esforços para lidar
sector do medicamento na Europa,
do na organização dos sistemas de
com esse crescimento. É certo que a
apresentado
secretário-geral
saúde é ofensiva para quem valoriza a
tendência para o crescimento dimi-
do PGEU, John Chave. Um contex-
democracia . A regulação da farmácia
nuiu, mas subsistem os factores que
to dominado pelas pretensões da
‒ enfatizou ‒ não resulta da pressão
contribuem para o agravamento das
Comissão Europeia de tudo subme-
agressiva de grupos de interesse e de
despesas, nomeadamente o envelhe-
ter às regras do mercado comum. Os
governos complacentes: longe de ser
cimento da população e as terapias
farmacêuticos ‒ disse ‒ não conse-
um sistema de protecção medieval,
inovadoras. E em consequência das
guiram escapar a este escrutínio: A
é uma componente essencial de um
alterações demográficas, por exem-
Comissão Europeia vê a regulação
sistema de saúde eficiente e abran-
plo, é de prever que nos próximos 20
farmacêutica como um obstáculo ao
gente.
anos se mantenha a pressão sobre o
mercado interno. Parece que uma
Depois deste enquadramento, coube
controlo da despesa.
maré de desregulamentação está a
a Ema Paulino, da direcção da ANF,
Numa análise retrospectiva, indicou
varrer os velhos sistemas .
apresentar os desafios para a farmácia
pelo
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 33
reunioes profissionais
colocados pela dinâmica do mercado
Rogério Gaspar. Foi primeiro
Apogen ‒ Associação Portuguesa de
farmacêutico ibérico. Uma apresen-
orador o director de Investigação e
Medicamentos Genéricos. Paulo Lilaia
tação em que comparou os dois pa-
Desenvolvimento da Bluepharma,
passou em revista a situação dos ge-
íses em matérias como os programas
Sérgio Simões, que abordou o
néricos em Portugal e na Europa, a
dos respectivos governos, os preços
potencial da indústria farmacêutica
partir do contexto mais genérico da
e as margens. Para verificar que em
em Portugal: as empresas
despesa com a saúde e o medica-
Portugal as margens da indústria são
nacionais detêm capacidade de
mento e da evolução dos preços.
maiores e as das farmácias menores,
fornecer soluções integradas, uma
Assim, de 1970 a 2005, a despesa com
tendência que se tem acentuado.
elevada capacidade competitiva
a saúde no PIB em Portugal cresceu
Abordou igualmente as diferenças
e promotora do crescimento das
de 2,6 para 7,7% enquanto a despesa
nos domínios da prescrição por DCI,
exportações, a par de um património
com medicamentos (no total da des-
do mercado de genéricos e da pres-
de conhecimento profundo dos
pesa em saúde) subiu de 13,4 para
crição electrónica, domínios em que
mercados internacionais.
23,4%. Quanto aos preços, verificou-
Portugal está em mais atrasado face a
A propósito, considerou existirem
se uma descida na ordem dos 50 a
Espanha. Quanto à venda de MNSRM,
quatro palavras-chave para o sucesso
59% nas três substâncias mais ven-
evidenciou uma diferença essencial
‒ competitividade, eficiência, eficá-
didas quando se compara os valores
assente na exclusividade da farmácia
cia e qualidade ‒ que se conseguem
praticados antes do lançamento do
como canal de distribuição.
mediante boas práticas de qualidade
primeiro genérico e os praticados ao
Cingindo-se a Portugal, passou em
farmacêutica e global e optimização
abrigo do sistema de referência.
revista o novo contexto legislativo, a
operacional.
Paula Lilaia enunciou ainda os facto-
partir do qual traçou aquele que con-
Na sua opinião, existe terreno para
res que têm influenciado a evolução
siderou ser um objectivo profissional
o desenvolvimento de novas com-
do mercado de genéricos ‒ majo-
estratégico ‒ disponibilizar um leque
petências, que beneficiarão de um
ração de 10%, sistema de preços de
diversificado de serviços farmacêuti-
financiamento público favorável, de
referência, campanhas informativas,
cos de valor acrescentado conducen-
capacidades técnicas diferenciadoras
fim da majoração, redução da com-
te a uma diferenciação profissional
e do aproveitamento do potencial
participação do Estado nos preços. E,
sustentada.
da biotecnologia molecular. Neste
apesar de um crescimento da quota
domínio, deu conta da realidade por-
dos genéricos e de um crescimento
tuguesa, deixando a ideia de que a in-
tanto em valor como em volume de
dústria farmacêutica nacional está na
vendas, o mercado português fica
vanguarda, com elevados padrões de
muito aquém de outros, nomeada-
O potencial da Indústria
competência quer na vertente de in-
mente do Reino Unido, onde a quota
A visão da indústria farmacêutica
vestigação e desenvolvimento, quer
de mercado em unidades era de 38%
foi o tema em foco no segundo
na vertente empresarial.
em 2005, contra apenas 8% no nosso
painel, com moderação a cargo
Mais específica foi a abordagem
país.
do ex-vice-presidente do Infarmed
seguinte, a cargo do presidente da
Na mesma linha foi a intervenção do
34 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
0 sector enfrenta uma fase de mudança sem precedentes, fruto das tendências que influenciam os sistemas de saúde, da pressão das autoridades públicas e das novas respostas da indústria.
director do CEFAR, João Paulo Vaz,
ria aos 7,4%. Quanto à outra hipótese,
Na sua óptica, a entrada dos produ-
que apresentou um estudo conjunto
a de aumentar o mercado concorren-
tores no mercado da distribuição
com o BES Research sobre o merca-
cial, verificou que a poupança seria
é perigosa, exigindo uma reacção
do de genéricos, suas características
residual se o mercado se mantivesse
concertada que deverá envolver as
e efeitos na poupança dos consumi-
como actualmente, mas significativa
farmácias na medida em que podem
dores. Começando por enquadrar o
(superior a 8%) se alcançasse uma
ser afectadas na qualidade dos servi-
tema, referiu-se à evolução da quota
quota idêntica à alemã e ainda mais
ços que lhes são prestados e, em con-
de mercado, por grupos homogéne-
importante (12,7%) se a penetração
sequência, na qualidade dos serviços
os e substâncias activas, ao impacto
dos genéricos atingisse 50% do mer-
que prestam.
do sistema de preços de referência e
cado total.
ao impulso verificado na passagem
titui uma boa oportunidade (para
de medicamentos de marca a genéricos. Na sua opinião, as companhias far-
O momento não é fácil mas cons-
consolidar a cadeia de distribuição)
Novas tendências na Distribuição
se actuarmos rapidamente , defendeu, ideia em que foi secundada pelo presidente da FECOFAR ‒ Federação
macêuticas detentoras de moléculas originais reagiram ao crescimento
Outras perspectivas ‒ as da distribui-
das Cooperativas de Distribuição
deste mercado criando condições
ção - estiveram em foco no terceiro
Farmacêutica, José Amorim.
para limitar ou atenuar o impacto dos
painel, moderado pelo presidente
Reflectindo sobre as eventuais mo-
genéricos, cuja quota actual ronda,
da Codifar, António Canaveira Paula
tivações da indústria multinacional
em Portugal, os 18%.
de Campos, e cuja primeira interve-
para enveredar pela distribuição di-
Na óptica do director do CEFAR, é
niente foi a administradora do Grupo
recta, considerou que passam pelo
possível diminuir a despesa com me-
Alliance Boots Ornella Barra.
receio da contrafacção e das impor-
dicamentos através do consumo de
À assembleia transmitiu a ideia de
tações paralelas no mercado único,
genéricos por uma de duas vias: com
que o sector enfrenta uma fase de
bem como pelo objectivo de ter
o crescimento da quota no mercado
mudança sem precedentes, fruto das
acesso mais directo ao canal de ven-
concorrencial de genéricos ou com o
tendências que influenciam os siste-
da. Em seu entender, o argumento da
aumento deste mercado graças à ca-
mas de saúde, da pressão das autori-
contrafacção não se coloca uma vez
ducidade de patentes.
dades públicas e das novas respostas
que a nível europeu não há razões
Aplicando este raciocínio, com exem-
da indústria. O maior desafio ‒ disse
para uma preocupação excessiva,
plos práticos, demonstrou que se
‒ vem dos produtores, que tentam
pois os casos são pontuais. Quanto
Portugal conseguisse atingir o ní-
introduzir um novo modelo de dis-
ao segundo argumento, considerou
vel da Alemanha os consumidores
tribuição ‒ a distribuição directa ou
natural que os produtores com medi-
poupariam 1,9%; comparando com
exclusiva, mediante o qual os labo-
camentos em países com preços dife-
Inglaterra a poupança seria de 3% e
ratórios se propõem fazer entregas
rentes (logo com resultados diferen-
com a Dinamarca, onde a penetração
directas às farmácias, eliminando os
tes) queiram evitar que haja migração
dos genéricos é mais elevada, chega-
intermediários.
em função dos custos, tanto mais que FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 35
reunioes profissionais
a União Europeia está a pressionar
cooperativas detidas pelas farmácias,
gulamentares seria possível um mer-
uma descida de preços.
uma realidade que remonta a tem-
cado ibérico do medicamento . Mas
Em Portugal, a distribuição directa
pos em que houve necessidade de se
o Infarmed deliberou no sentido de
coloca alguns problemas legais, no-
unirem para assegurar o acesso aos
condicionar a livre circulação de me-
meadamente por entrar em conflito
medicamentos em igualdade de con-
dicamentos e operadores, situação,
com o estatuto do medicamento, co-
dições. Resumindo: abrange todas as
aliás, semelhante à espanhola.
arctando o direito dos distribuidores
farmácias, todos os medicamentos,
Comparando os dois mercados, que
de terem medicamentos para entre-
todos os cidadãos.
a maioria dos produtores é a mesma
gar a quem os solicite. O que acon-
Em função desta opção, os distribui-
e que só uma empresa de distribui-
tece com este modelo emergente é,
dores sabem, à partida, que realizam
ção actua em ambos, com o sector
segundo José Amorim, que altera a
operações mais rentáveis e outras
cooperativo a ter um peso mais ele-
livre escolha dos grossistas, gera uma
deficitárias, mas asseguram um abas-
vado em Espanha: a Alliance é aqui o
redução do número de entregas às
tecimento universal, de verdadeiro
segundo operador, sendo o primeiro
farmácias, penalizando-as em termos
serviço público.
em Portugal.
de gestão de stocks e alteração das
Daí a oposição à distribuição directa.
Na prática, o mercado ibérico não
margens. Daí que entenda existirem
Para António Migorance, foi uma vi-
existe. Mas que vantagens teria? A
razões fortes para impedir a distribui-
tória da farmácia espanhola que pode
população teria acesso a uma gama
ção directa.
servir de exemplo para Portugal. E foi
mais alargada de produtos, haveria
Uma das tentativas de introduzir
precisamente de um mercado ibé-
um nivelamento de preços, maior
este modelo de distribuição visou
rico da distribuição que falou o ad-
acesso em caso de mobilidade, as
o mercado espanhol, mas em vão,
ministrador da Alliance Healthcare
farmácias teriam maior capacidade
conforme disse o presidente da
Joaquim Simões.
negocial, os distribuidores benefi-
FEDIFAR (Federação Nacional dos
Começando por caracterizar a evolu-
ciariam de uma redução de custos e
Distribuidores Grossistas), António
ção do sector em Portugal ‒ da exis-
stocks, os pagadores teriam também
Migorance. Essa tentativa mereceu a
tência de pequenos armazéns, pro-
menos custos e os reguladores elimi-
oposição frontal de toda a distribui-
priedade de sociedades familiares,
nariam a duplicação de processos.
ção farmacêutica e do Colégio Geral
ao novo paradigma originado pela
E que barreiras existiriam? A língua, a
de Farmacêuticos, por chocar fron-
parceria da ANF com a José de Mello
farmácia enquanto espaço físico, as
talmente com o modelo de farmácia
e a Alliance Boots ‒ avançou para o
bases de dados específicas, relações
espanhol.
cenário europeu à luz da Directiva
com pagadores distintas, preços,
A distribuição é dos farmacêuticos ,
da Codificação, transposta para a le-
comparticipações e outros processos
afirmou, sintetizando, assim, o mode-
gislação nacional em 2006 através
não harmonizados.
lo solidário que vigora em Espanha.
do estatuto do medicamento. Tudo
Para a distribuição farmacêutica se-
A maioria do mercado pertence a
está previsto na lei e em termos re-
ria uma oportunidade interessante,
36 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
de integração de estruturas, criação
participados, a prescrição electrónica,
vem sempre a Primavera. Havemos
de grandes pólos logísticos, maiores
a adopção de um formulário de me-
de ter a nossa Primavera. Estamos
índices de automação e centraliza-
dicamentos para ambulatório, não as
convencidos de que estes ataques
ção de processos. Haveria redução
medidas que foram aprovadas. Mas, a
serão ultrapassados. É tudo uma
de custos e criação de valor com a
partir da posse, o problema do SNS
questão de bom senso .
possibilidade de transferência para a
passou a ser o acordo, felizmente
Também a Ordem dos Farmacêuticos
farmácia e o consumidor.
que acabou, já não há desculpa para
está preocupada com o rumo que
Segundo Joaquim Simões, não exis-
os gastos para os medicamentos. O
o governo imprime ao sector. Na
tem barreiras a um mercado ibérico,
ministério dizia-se capturado pela
sua intervenção, a bastonária, Irene
pois as barreiras são facilmente anu-
associação, as margens eram perver-
Silveira, deu a conhecer as propostas
láveis e há já pontes suficientes entre
sas, havia cartelização. Enfim, criou-se
de alteração já enviadas ao ministro
operadores. Este é ‒ defendeu ‒ um
um ambiente propício ao ataque ao
da Saúde, nomeadamente quanto
desafio que não deve ser negligen-
sector .
à liberalização da propriedade da
ciado.
Foi neste ambiente que o primeiro-
farmácia. Neste âmbito, preconiza a
-ministro criou condições para ne-
abertura mínima e minoritária de ca-
gociar o Compromisso com a Saúde,
pital a não farmacêuticos e a manu-
em cujo preâmbulo se reconhece
tenção da regra de uma farmácia por
que o sector funciona bem e se cha-
proprietário.
O último painel desta conferência
ma a atenção para a necessidade de
No que respeita à concessão de alva-
foi reservado à visão das farmá-
não o penalizar. Mas ‒ criticou João
rás, critica a modalidade do sorteio
cias, sob moderação da deputada
Cordeiro, a aplicação do compromis-
por conduzir a uma ausência de ava-
Teresa Caeiro, em representação da
so foi subvertida em muitos aspectos,
liação qualitativa das propostas. Um
Comissão Parlamentar de Saúde.
que enumerou.
aspecto positivo foi conseguir que a
O Compromisso com a Saúde foi o
Mais tarde, a associação foi instada a
Ordem integre o júri que vai assumir
primeiro ponto abordado, na pessoa
apresentar três prioridades, que ele-
o processo. No que respeita aos cri-
do presidente da ANF, João Cordeiro,
geu e propôs por escrito ‒ prescrição
térios de instalação e transferência,
que chamou a atenção para as con-
por DCI, alargamento da actividade
propôs que se introduzam restrições
tradições do actual ministro da Saúde
farmacêutica e dispensa de medica-
à desertificação do interior.
em relação ao sector e para as que
mentos de uso exclusivo hospitalar.
Outra das críticas vai para os novos
existem entre o programa do gover-
Só uma está aprovada.
horários e para o quadro farmacêuti-
no e o que foi entretanto legislado:
A esta ofensiva, o sector tem rea-
co mínimo, que traduzem exigências
o que constava no programa era o
gido com tranquilidade , levando
descontextualizadas do país e que
alargamento progressivo da prescri-
João Cordeiro a afirmar: Depois do
vão criar dificuldades a farmácias de
ção por DCI a medicamentos com-
Inverno, por mais rigoroso que seja,
pequena dimensão, tendo a Ordem
Farmácias à espera da Primavera
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 37
reunioes profissionais
38 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
proposto um regime de flexibili-
medicamentos corresponde a me-
dade e adaptação às necessidades
nos 3,85 dólares que se gastariam em
efectivas.
hospitalização.
Uma das situações mais preocupan-
O que o levou a concluir que os
tes prende-se com as farmácias hos-
Estados pensam muito no que gas-
pitalares, com a bastonária a alertar
tam, mas não no que investem , no
para a perda de proximidade ao do-
sentido de poupança. Além disso,
ente e com esta modalidade de fi-
fala-se muito na despesa farmacêu-
nanciamento perverso do hospital
tica, mas o que existe é a despesa
por via das margens oferecidas, o que
com medicamentos. E controlá-la
distorce fortemente o mercado.
deve começar na prescrição: porque
Referindo-se aos descontos, conside-
os preços baixam, mas o número de
rou-os penalizadores dos cidadãos e
receitas não.
um estímulo ao consumo de medica-
Voltando ao exemplo português,
mentos, defendendo que as farmá-
Pedro Capilla considerou as medidas
cias compitam pela qualidade e não
liberalizadoras como artifícios que
pelo preço. A mesma lógica se aplica
pretendem demonstrar que as re-
à publicidade.
gras do mercado são aplicáveis aos
Considerando que o novo enquadra-
medicamentos. Uma aberração. Os
mento não prevê a valorização ade-
medicamentos não são uma merca-
quada da perícia farmacêutica nem
doria, são um bem e a farmácia um
garante a autonomia profissional, a
estabelecimento privado de interesse
Ordem propôs já a definição de uma
público . É ao balcão de uma farmá-
nova lei do exercício farmacêutico.
cia que o farmacêutico mais falta faz,
Esta é uma preocupação partilhada
porque é aí que o cidadão tem acesso
do outro lado da fronteira, como dis-
ao medicamento.
se o presidente dos Colégios Oficiais
Com Pedro Capilla encerrou-se o
de Farmacêuticos de Espanha, Pedro
olhar dos diferentes actores do sector
Capilla. Em seu entender, o farmacêu-
farmacêutico sobre o mercado ibéri-
tico de oficina, pela sua proximidade
co e os novos desafios. As conside-
ao cidadão, desempenha um papel
rações finais pertenceram a Joaquim
inigualável que faz com que a Saúde
Goes, administrador do Banco Espírito
saia barata ao Estado: Quantos mi-
Santo, que convidou os moderadores
lhões se poupam? . Há estudos que
dos quatro painéis a apresentarem as
o demonstram: um dólar gasto em
respectivas conclusões.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 39
anf Programa Farmácias Portuguesas
O Futuro da está a chegar
A Direcção da ANF apresentou aos associados, durante o mês de Novembro, o Programa Farmácias Portuguesas, que tem por objectivo preparar o Futuro do sector da Farmácia no âmbito do novo enquadramento legal. 40 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Farmácia Foram medidas de cunho liberaliza-
vidamente habilitados nas Farmácias
essas soluções com credibilidade gra-
dor, que visaram introduzir no sector
constitui um capital positivo associa-
ças ao espírito de confiança e união
as regras do mercado e da concorrên-
do à Farmácia.
que as caracteriza.
cia e que passaram pela abertura de
Apesar disso, a realidade mostra que
É esse espírito que a direcção da ANF
novos espaços de venda de medica-
os consumidores estão a mudar, va-
defende que deve prevalecer no mo-
mentos não sujeitos a receita médi-
lorizam cada vez mais a saúde e a
mento actual. Face aos novos desa-
ca, pela liberalização dos respectivos
aparência, têm uma expectativa de
fios, foram definidos objectivos estra-
preços, pela redução das margens
ofertas crescente, recorrem ao crédi-
tégicos, permitindo criar um posicio-
de comercialização praticadas pelas
to e são cada vez mais esclarecidos e
namento único e diferenciador das
farmácias, pela possibilidade de des-
exigentes. Mas mantêm um elevado
farmácias associadas, contribuindo
contos nos preços e, finalmente, pela
grau de satisfação e de confiança em
para a fidelização dos seus clientes. E,
liberalização da propriedade.
relação às farmácias, cuja imagem
naturalmente, promover a união das
Muitas destas medidas foram alimen-
junto da população é forte e sólida.
farmácias aderentes a esta estratégia.
tadas pelo interesse das grandes su-
Não obstante, o sector carece de
Trata-se de um programa multidisci-
perfícies comerciais pelo mercado
acompanhar, se não mesmo anteci-
plinar, que, além do cartão que aliás
dos medicamentos, um interesse que
par, a mudança. Tal como tem feito
funciona apenas como elo de ligação
conduziu à abertura de mais de 500
ao longo da história. Desafios trans-
ao programa, envolve o atendimento
pontos de venda. Todavia, os estudos
formados em oportunidades são
especializado, o ambiente da farmá-
entretanto efectuados demonstram
muitos e de relevo. Da informatização
cia, os serviços prestados e a gama
que 94% das vendas dos MNSRM se
das farmácias à negociação de segu-
de produtos disponíveis, a acessibi-
mantêm nas farmácias, sendo que
ros colectivos (com a Império, abrin-
lidade, o alargamento dos horários
quase metade dos 6% remanescentes
do caminho à participação na José de
e uma atitude de pró-actividade. O
corresponde a um único operador.
Mello Saúde), do Acordo de Garantia
cartão é uma ferramenta importante,
Foi identificada uma razão para que a
de Pagamento e Cessão de Créditos à
mas a farmácia tem de se dinamizar,
esmagadora maioria do mercado per-
constituição da Finanfarma.
de prestar serviços de qualidade, de
tença às farmácias: o cliente valoriza a
O que se verificou em todos estes mo-
investir na formação, dando corpo
qualidade do serviço, sobretudo a in-
mentos é que as farmácias de oficina
a um programa integrado de valo-
formação técnica e profissional, pelo
foram capazes de estudar soluções
rização e de afirmação, o Programa
que a existência de especialistas de-
e de as implementar, concretizando
Farmácias Portuguesas. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 41
anf Programa Farmácias Portuguesas
É em Março que estará corporizada
beneficia os consumidores, que, na
to suplementar por acto de com-
a estratégia com que se vai construir
prática, acedem a um crédito a 90
pra (desde que igual ou superior a
o futuro das farmácias associadas
dias sem juros. Fora das farmácias
três euros), mas apenas na primeira
da ANF. Nessa altura será lançado o
aderentes, pode ser usado como
compra do dia. Assim se acumulam
Cartão das Farmácias, resultante de
qualquer outro cartão de crédito.
os pontos que podem ser rebatidos
uma parceria entre a ANF e a Caixa
A adesão é fácil, tanto para a farmá-
mais tarde em serviços ou produtos,
Geral de Depósitos, este é um car-
cia, como para o cliente. Neste últi-
na farmácia em que se deu a adesão
tão com uma dupla vertente ‒ de
mo caso, basta o preenchimento de
ou em qualquer outra aderente ao
fidelização e de meio de pagamen-
um formulário próprio, em que pode
programa. A oferta constará de um
to. Como instrumento ao serviço da
optar apenas pela vertente de fideli-
catálogo geral, a editar duas vezes
fidelização de clientes contempla a
zação ou aderir também à vertente
por ano, e que, opcionalmente, po-
acumulação de pontos na frequên-
financeira. É emitido de imediato um
derá ter conteúdos personalizados,
cia de visita e na aquisição de deter-
cartão provisório, sendo o definitivo
ao encontro das especificidades das
minados serviços e produtos de saú-
enviado pelo banco directamente ao
farmácias.
de, os quais são rebatíveis também
cliente, caso seja subscrita a vertente
O sistema funciona como uma câ-
em serviços e produtos de saúde
financeira.
mara de compensação também para
constantes de um catálogo.
Uma vez na posse do cartão, o clien-
as farmácias, sendo que todos os flu-
Como meio de pagamento, prevê
te pode utilizá-lo sempre que for
xos gerados terão enquadramento
um débito diferido a 90 dias, válido
à farmácia, com cada euro gasto a
contabilístico e fiscal.
nas compras efectuadas nas farmá-
equivaler a um ponto, além de que a
Todas as transacções ficam regis-
cias aderentes: uma virtualidade que
frequência é premiada por um pon-
tadas, graças à adaptação do pro-
42 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Farmácias e ANF Contributos para um mesmo objectivo Além do preenchimento dos requisitos definidos, cada farmácia deve identificar um colaborador que funcione como elemento de contacto com a gestão do programa, bem como promover a sua participação em acções de formação específicas. Outros colaboradores podem, naturalmente, aceder a esta formação, sendo, aliás, fundamental que toda a equipa seja esclarecida sobre o funcionamento do cartão. Este é o contributo das farmácias na fase de projecto. Já na fase de grama informático ‒ Sifarma e do
exploração, compete-lhes a angariação de clientes e assumir o valor
Sifarma 2000 ‒ e da rede de dados
financeiro correspondente aos pontos atribuídos aos clientes, bem
das farmácias ‒ Farmalink. São, aliás,
como a eventual personalização do catálogo.
requisitos essenciais (estes ou pro-
Quanto ao contributo da ANF, divide-se também em duas etapas:
gramas compatíveis) para o funcio-
na de projecto, implica, nomeadamente assegurar as alterações aos
namento do sistema.
Sifarmas e ao sistema central, fornecer às farmácias aderentes o ma-
Outros requisitos são de âmbito
terial promocional de apoio à divulgação do programa e assegurar o
profissional e passam pela existên-
desenvolvimento criativo e a produção do cartão, dos materiais de
cia (ou criação no prazo de um ano
comunicação, das campanhas de divulgação e do catálogo.
após adesão) de condições para
Na fase de exploração, e através da Farminveste, a gestão do progra-
oferecer um número mínimo de ser-
ma envolverá o controlo e processamento dos pontos concedidos e
viços (determinação de glicemia, do
rebatidos, a disponibilização do catálogo, a criação e funcionamento
colesterol total, do IMC e medição
(24 horas por dia) de um call center para apoiar o serviço a clientes,
da pressão arterial). Estão previstos
bem como toda a logística.
ainda requisitos de natureza contra-
Em Março, o programa das Farmácias estará em funcionamento. Até
tual, decorrentes da adesão de um
Dezembro de 2008, o envolvimento das farmácias deverá permitir al-
contrato de adesão e da notificação
cançar a meta de 440 mil cartões emitidos. Um objectivo apresentado
à Comissão Nacional de Protecção
por todo o país pela direcção da ANF, que deixou aos associados um
de Dados (considerada necessária
apelo à confiança e união: Para juntos construirmos o futuro das far-
dado haver recolha e tratamento de
mácias em Portugal .
dados). FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 43
campanhas ANF adere a Semana Europeia de Prevenção do Cancro do Colo do Útero
Informar para prevenir De 20 a 26 de Janeiro, as farmácias vão juntar-se à Semana Europeia de Prevenção do Cancro do Colo do Útero. O objectivo é informar e esclarecer as mulheres sobre aquela que é a segunda causa de morte oncológica entre o sexo feminino. 44 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Em Portugal, surgem anualmente
bre uma doença que é já a segunda
cerca de 900 novos casos de cancro
causa de morte oncológica entre o
do colo do útero e morrem mais
sexo feminino, só ultrapassada pelo
de 300 mulheres, de acordo com
cancro da mama. E informar refor-
números oficiais, divulgados pelo
çando a mensagem da prevenção,
Ministério da Saúde. Na Europa, uma
nas suas diversas vertentes ‒ a da
mulher morre a cada 18 minutos
adopção de comportamentos segu-
em consequência desta doença de
ros, a do rastreio e a da vacinação.
elevada mortalidade e morbilidade.
O diálogo com as utentes deve per-
Bastariam estes números para fazer
mitir fornecer respostas a algumas
a ANF aceitar o repto de se associar
dúvidas essenciais sobre a doença:
ciativa da ECCA (European Cercical Cancer Association) em parceria
O contágio ocorre por via sexual, mas sem que seja necessária penetração durante a relação sexual: o contacto pele com pele na região genital é suficiente para contrair o HPV.
Quem está em risco? Todas as mulheres podem ser infecta-
à Semana Europeia de Prevenção do Cancro do Colo do Útero, uma ini-
Como se contrai?
das a partir do momento em que sejam
O que é o cancro do colo do útero?
sexualmente activas, não importa a idade. Há, contudo, algumas mulheres em risco acrescido: as que iniciaram a
com a GlaxoSmithKline, produtora
vida sexual precocemente, as que têm
de uma das duas vacinas disponí-
O cancro do colo do útero, ou can-
veis no nosso país,
cro cervical (por afectar as células
Mas, as estatísticas são apenas a face
do cérvix), é causado pelo Vírus do
mais visível de uma doença que é
Papiloma Humano (HPV, na sigla
possível prevenir e é neste contexto
inglesa) ao qual as mulheres sexu-
que se justifica plenamente o en-
almente activas estão expostas, cal-
volvimento das farmácias. Por cons-
culando-se que cerca de 80% sejam
tituírem, de entre todos os espaços
infectadas num dado momento da
de saúde o primeiro elo de ligação
vida. Contudo, só uma pequena par-
entre o cidadão e o sistema e por
cela desenvolve a doença. Existem
A presença do vírus dá origem a mu-
assumirem como sua a missão de
cerca de 100 estirpes do vírus, sen-
tações celulares que abrem caminho a
informar e aconselhar na promoção
do que foram identificados 15 ti-
lesões pré-malignas, geralmente assin-
da saúde e prevenção da doença.
pos de HPV oncogénicos passíveis
tomáticas. Quando ocorrem, os primei-
É precisamente este o contributo
de causar cancro do colo do útero.
ros sintomas incluem perdas de sangue
esperado das farmácias e dos far-
Destes os mais virulentos são os 16
entre menstruações, descargas vaginas
macêuticos na semana de 20 a 26
e 18, responsáveis por mais de 70%
fluidas semelhantes a sangue e com
de Janeiro. Informar as mulheres so-
dos casos.
odor, bem como dores durante o coito.
múltiplos parceiros sexuais, as que já foram infectadas por outras doenças sexualmente transmissíveis, as que têm o sistema imunitário debilitado e as fumadoras.
Quais os sintomas?
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 45
campanhas É possível o diagnóstico precoce?
Enriquecer a intervenção do farmacêutico
Apesar de não detectar todas as lesões e de não prevenir todos os casos, o rastreio é fundamental. Trata-se da citologia ou teste de Papanicolau, recomendado a todas as mulheres a partir dos 18 anos ou antes se forem sexualmente activas. Consiste na colheita de células do colo do útero para posterior análise laboratorial, permitindo identificar células anormais e pré-malignas. O resultado é negativo quando as células são normais e positivo quando há
A vacinação vem abrir novas perspecti-
mutação, podendo, neste caso, corresponder a diferentes situações: a uma
vas na prevenção desta doença. Contudo,
inflamação do colo do útero, a displasia e à presença de um tumor. A distin-
a sua elevada eficácia não elimina a ne-
ção entre carcinoma in situ e o cancro invasivo faz-se quando as alterações
cessidade de realização periódica do
celulares ultrapassam a membrana basal.
teste de Papanicolau: é que o cancro do colo do útero é causado por várias
Como se previne?
das estirpes do HPV e as vacinas disponíveis não protegem contra todos eles.
A presença começa na adopção de comportamentos seguros no que respei-
O rastreio continua a ser essencial para re-
ta à sexualidade, nomeadamente a limitação do número de parceiros sexuais
duzir o impacto do cancro do colo do útero.
e a utilização de preservativo. Refira-se que o preservativo reduz o risco, mas
É certo que podem ocorrer falsos negativos
não oferece protecção total, dado que não evita o contacto com a pele adja-
e que, por segurança, são necessários três
cente aos genitais. Prevenir inclui também o rastreio (prevenção secundária)
resultados normais consecutivos, mas deve
e, mais recentemente, a vacinação (prevenção primária), estando disponíveis
ser realizado a cada dois ou três anos por to-
no nosso país duas vacinas. Ambas são eficazes contra as estirpes 16 e 18,
das as mulheres sexualmente activas.
sendo que a primeira vacina a entrar no mercado também oferece protecção
Para as mulheres, é, com frequência, sinó-
contra outras duas estirpes do vírus, a 6 e a 11. São ministradas em três doses,
nimo de desconforto, mas o que está em
num intervalo de seis meses, seguindo um esquema específico de cada uma
causa é a detecção precoce de uma doen-
das vacinas: a bivalente é ministrada aos zero, um e seis meses, enquanto a
ça que causa demasiadas mortes. E esta é
quadrivalente é ministrada aos zero, dois e seis meses..
a mensagem fulcral da Semana Europeia de Prevenção do Cancro do Colo do Útero. Com o apoio das farmácias portuguesas,
A quem se destina a vacina?
que terão à sua disposição alguns materiais de suporte à intervenção, nomeadamente cartazes de interior e um folheto informativo para os utentes. Na semana anterior à campanha decor-
A partir de Janeiro, a vacina integra o Plano Nacional de Vacinação. Será ministrada em 2008 a jovens do sexo feminino com 13 anos (nascidas em 1995). Entre 2009 e 2011 deverão ser vacinadas as raparigas nascidas em 1992, 1993 e 1994 (que completem 17 anos em cada ano).
rerão em Lisboa, Porto, Coimbra, Évora e Vilamoura conferências destinadas a en-
A vacina garante protecção total?
quadrar a iniciativa, concebidas como uma oportunidade de aprofundar os conheci-
A eficácia é tanto maior quanto menor for o risco de infecção, o que signifi-
mentos sobre esta temática e, assim, enri-
ca que a vacina deverá ser ministrada antes de iniciada a vida sexual. Vários
quecer a intervenção do farmacêutico.
estudos indicam que, até aos 26 anos, as duas vacinas mostram uma eficácia acima de 96% para as duas estirpes mais infecciosas.
46 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 47
medicamentos e conducao
A Farmácia, os Medicamentos e a Condução Autor: Carmen Inês, CEDIME
Conduzir é uma actividade que faz
lhamento de forma a minorar o im-
parte do dia-a-dia da maioria dos
pacto no dia-a-dia.
utentes da Farmácia. Mas até que
Antes de mais, é importante reforçar
ponto é que os utentes conhecem a
a ideia de que a condução automóvel
forma como a toma de alguns medi-
é uma tarefa aparentemente simples
camentos pode afectar a capacidade
mas que requer respostas ajustadas e
de conduzir?
seguras face às situações com que o
A intervenção da equipa da Farmácia
condutor se depara. Para uma condu-
passa por informar e melhor aconse-
ção segura é necessário que as facul-
lhar sobre os efeitos adversos associa-
dades de quem conduz estejam em
dos à toma de alguns medicamentos
perfeitas condições, tornando-o apto
que podem comprometer a capaci-
a responder adequada e atempada-
dade para conduzir em segurança,
mente às exigências da circulação
bem como prestar o devido aconse-
rodoviária e aos riscos subjacentes.
48 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Tonturas
Confusão Vertigens
Memória alterada
Hipotensão Zumbidos
Coordenação psicomotora diminuída
Agitação
Fadiga
Hipoglicemia
Visão alterada Concentração diminuída
Fraqueza muscular
Sonolência
Fig. 1 ‒ Exemplos de reacções adversas que podem comprometer a condução
Como podem os medicamentos afectar a condução?
Quais os medicamentos que podem influenciar a capacidade de conduzir?
Os medicamentos podem afectar as actividades de condução, manuseio de máquinas ou execução de tarefas de
De uma forma geral, todas as substâncias que actuam ao
precisão, quando associados a um perfil de reacções ad-
nível do Sistema Nervoso Central podem afectar a capa-
versas que coloque em causa a capacidade psicomotora,
cidade de condução, devido a reacções adversas como
com efeitos negativos na atenção e vigília, no tempo de
sonolência, tonturas, fadiga, entre outras.
reacção, nas capacidades perceptivas e cognitivas e no
Contudo, nem todas as substâncias activas apresentam o
desempenho motor.
mesmo potencial para afectar a condução, por exemplo,
A figura 1 sistematiza algumas das potenciais reacções ad-
dentro do universo dos antidepressivos, os inibidores da
versas que podem condicionar a condução e aumentar o
recaptação da serotonina (como a fluoxetina) revelam ser
risco de acidente rodoviário.
os mais seguros (ver caixa).
O perfil de reacções adversas associa-
www.anfonline.pt, ou mediante con-
Tem em atenção o elevado número de
do às principais Classes Terapêuticas
sulta colocada por contacto ao
substâncias activas com potencial para
que pode condicionar a capacidade
CEDIME (tel. 21 3400660).
afectar a condução e o facto de algu-
para conduzir, com destaque para
A elaboração desta informação sistema-
mas substâncias activas que integram
as diferenças entre substâncias ac-
tizada, e por isso com elevado potencial
a mesma Classe Terapêutica não apre-
tivas pertencentes à mesma Classe
de aplicabilidade prática, destina-se
sentarem o mesmo perfil de reacções
Terapêutica está sistematizado sob
à consulta rápida, suporte ao aconse-
adversas e desta forma afectarem de
a forma de tabela disponível no
lhamento no dia-a-dia da Farmácia.
forma distinta a condução.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 49
medicamentos e conducao
Situações Particulares Idosos, insuficientes renais e/ou insuficientes hepáticos
A intervenção da Farmácia junto dos utentes com estas
são mais susceptíveis às reacções adversas dos medica-
patologias passa por assegurar que conhecem os sinto-
mentos, incluindo as que podem afectar a capacidade de
mas associados à sua doença e quais os cuidados que de-
condução. Por este motivo, devem ser alvo de atenção re-
vem ter, os quais podem mesmo passar por terem de se
dobrada por parte da farmácia.
abster de conduzir durante o agravamento da doença ou
Também os utentes polimedicados, dado o risco acresci-
aparecimento de crises.
do de interacções com potenciação de reacções adversas, representam um público-alvo de especial atenção na intervenção da Farmácia, de forma a minorar o risco de acidente. A ingestão de álcool é outra situação que pode potenciar a ocorrência e a severidade das reacções adversas dos medicamentos, em particular as que afectam a capacidade de condução. Requer por isso cuidados adicionais para os quais os utentes devem ser devidamente aconselhados.
Que informação transmitir aos utentes? Aquando da dispensa de medicamentos, em particular de medicamentos com potencial para afectar a condução, um dos factores determinantes da melhor intervenção da Farmácia em prol da segurança associada à terapêutica, é alertar para os potenciais riscos, procurando diminuir a probabilidade de acidente.
Na relação Medicamentos vs Condução é importante ter presente que algumas patologias por si só podem representar um risco acrescido para quem conduz. (fig.2)
Transmitir esta informação reforça a parceria estabelecida entre os utentes e a equipa da Farmácia. Utentes devidamente esclarecidos são utentes mais capazes de adoptar
Diabetes mellitus - risco de hipoglicemia Parkinson - tremores acentuados/incapacitantes Hipertensão arterial - risco de hipotensão Doenças do sistema nervoso - (ex. Alzheimer) - colocam em risco a capacidade psicomotora Doenças cardíacas - (ex. arritmia, angina de peito) - colocam em risco a capacidade psicomotora Epilepsia - risco de convulsão Doenças psiquiátricas - (ex. doença bipolar) - colocam em risco a capacidade psicomotora Doenças oftálmicas - (ex. glaucoma, cataratas) - colocam em risco a acuidade visual Fig. 2 ‒ Exemplos de patologias que podem comprometer a condução 50 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Transmitir esta informação reforça a parceria estabelecida entre os utentes e a equipa da Farmácia.
as medidas adequadas em prol de uma condução segura.
contínuo de 7 a 8 horas.
Na maioria dos casos, a toma de medicamentos não impli-
4. A maioria das reacções adversas com possibilidade
ca que o utente fique impedido de conduzir. O que é fun-
de afectar a condução manifesta-se no início do tra-
damental é que seja prestado o melhor aconselhamento e
tamento. Algumas desaparecem com o tempo, outras
o utente fique bem informado sobre as medidas a adoptar
mantêm-se durante todo o tratamento.
para diminuir o risco de acidente associado à terapêutica. Durante a dispensa de medicamentos associados a re-
5. Nunca aumentar a dose recomendada pelo médico ou farmacêutico.
acções adversas que potencialmente podem afectar a
6. Caso o utente tome mais do que 1 medicamento, há
capacidade de conduzir (consultar tabela disponível em
que despistar eventuais riscos de interacções, que
www.anfonline.pt ou o CEDIME) deve, sempre que aplicá-
resultem num comprometimento da capacidade de
vel, ser prestado o seguinte aconselhamento:
conducão.
1. Se está a ter início a toma de um medicamento novo,
7. A ingestão de álcool com a toma de medicamentos
quando se procede a um aumento ou ajuste da dose,
pode agravar a manifestação de reacções adversas
é importante que, antes de conduzir, o utente conhe-
que, por si só, afectam a condução.
ça a forma como vai reagir, ou seja, deve conhecer a
8. O utente deve conseguir reconhecer os sintomas que
sua susceptibilidade individual aos potenciais efeitos
podem colocar em causa a sua capacidade para con-
adversos do medicamento. Pode, por exemplo, acon-
duzir, e ao menor sinal de manifestação deve parar o
selhar o utente a iniciar a toma ou aplicação do medi-
carro. Sintomas como sonolência, dificuldade de con-
camento à sexta-feira à noite e abster-se de conduzir
centração, alterações visuais, tonturas, perda da noção
durante o fim-de-semana. É ainda importante saber
de perigo, coordenação motora diminuída, condução
que os efeitos adversos de alguns medicamentos po-
irregular e dificuldade em manter a trajectória, de-
dem demorar mais tempo a manifestar-se.
vem ser interpretados como sinais de alerta para uma
2. No caso de medicamentos que de facto afectam a ca-
situação de perigo que importa prevenir.
pacidade de condução, é importante conhecer qual o
9. Por vezes, devido à intensidade dos efeitos adversos
período de tempo após a toma ou aplicação, durante o
que afectam a condução, pode ser importante reco-
qual a capacidade psicomotora pode estar diminuída.
mendar a consulta ao médico, com o objectivo de ser
No caso, por exemplo, de uma só toma ou aplicação
indicado um outro medicamento com um perfil de
diária, recomenda-se que esta seja feita à noite. Caso
reacções adversas mais favorável. Esta situação é parti-
as tomas ou aplicações sejam repartidas ao longo do
cularmente importante para utentes com determina-
dia, a dose mais elevada deve ser administrada à noite.
das profissões, como a profissão de motorista.
3. No caso de medicamentos que causam sonolência
10. É ainda importante não interromper bruscamente a
(como as benzodiazepinas), o utente deve ser aconse-
toma de medicamentos com potencial para causar
lhado, para além da toma à noite, assegurar um sono
habituação (ex. antipsicóticos).
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 51
medicamentos e conducao Quais as fontes de informação de que a Farmácia dispõe para prestar o melhor aconselhamento e como proceder?
Do ponto de vista legal... Do ponto de vista legal há a considerar a possibilidade de serem efectuados pelas entidades fiscalizadoras na via pública testes de rastreio à presença de álcool no ar expirado e/ou substâncias psicotrópicas na saliva dos condutores, estes últimos enquadrados em legislação relativamente
Dado o número elevado de medicamentos que poten-
recente e do conhecimento de todos, dada a divulgação
cialmente podem afectar a condução, é importante que a
de que foi alvo por parte dos media.
Farmácia consiga adoptar uma abordagem sistematizada,
Sempre que as entidades considerem pertinente, os con-
quer na identificação destes medicamentos, quer ao nível
dutores podem ainda ser levados ao estabelecimento da
do aconselhamento a prestar. Assim, pode:
rede pública de saúde mais próxima para ser realizado um
• Recorrer à informação organizada sob a forma de tabe-
exame de confirmação, através da recolha de amostra de
la, disponível no www.anfonline.pt ou proceder ao seu
sangue, que é depois enviada para a delegação do Instituto
pedido contactando o CEDIME;
Nacional de Medicina Legal da área. O exame de confirma-
• Consultar a informação científica disponível, associa-
ção tem por objectivo identificar a(s) substância(s) e/ou
da a todos os medicamentos, no sistema informático
seus metabolitos que, em teste de rastreio na saliva, apre-
Sifarma 2000, nomeadamente nos separadores de in-
sentaram resultado positivo. As substâncias psicotrópicas
formação Precauções e Reacções Adversas;
alvo de análise (tanto de rastreio como de confirmação) são
• Consultar os RCM s (Resumo das Características do
as que constam da tab.1 Contudo, também no exame de
Medicamento) disponíveis no Portal do Infarmed,
confirmação podem ser identificadas outras substâncias,
em www.infarmed.pt, nomeadamente o ponto 4.7
com efeito análogo às descritas na tabela (tab. 1), capazes
‒ Efeitos sobre a capacidade de conduzir e utilizar má-
de perturbar a capacidade física, mental ou psicológica do
quinas destes documentos.
indivíduo para o exercício da condução em segurança.
Contudo, é necessário adoptar algum espírito crítico, e ter em aten-
Grupo
9
ção que muitos medicamentos, apesar de referirem nos folhetos
Canabinóides
Opiáceos
condicionar a capacidade para conduzir, há que ter em atenção o perfil de reacções adversas (inten-
Tetrahidrocanabinol (THC)
11-Hidroxi-
9
tetrahidrocanabinol (11-OH-THC)
11-nor-9-carboxi-
informativos e respectivos RCM s que a sua administração pode
Substâncias Analisadas
Cocaína e metabolitos
6-Monoacetilmorfina (6MAM) Cocaína Benzoilecgonina Anfetamina
cia) que potencialmente podem
Metanfetamina
ponderar a informação a transmitir ao utente (Fig.1).
Anfetaminas e derivados
tetrahidrocanabinol (THCCOOH)
Morfina
sidade e frequência de ocorrên-
colocar a condução em risco e
9
3,4-Metilenodioxianfetamina (MDA) 3,4-Metilenodioximetanfetamina (MDMA) 3,4-Metilenodioxietanfetamina (MDE, MDEA) 3,4-Metilenodioxifenil-2-butamina (MBDB)
Tab.1 ‒ Grupos e substâncias alvo de análise pelas autoridades competentes
52 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Na sequência do exame de confirmação o indivíduo deve
A influência dos medicamentos na condução é, por tudo o
transmitir informação relativa à medicação realizada nas
que foi descrito, significativa. Os riscos associados à toma
últimas setenta e duas horas, tendo em atenção os fárma-
de medicamentos, e à condução, representam situações
cos potencialmente responsáveis por reacções cruzadas
que importa prevenir. A intervenção da Farmácia em mais
com substâncias ílicitas, nomeadamente descongestio-
esta área de aconselhamento é, por isso, sem dúvida im-
nantes nasais, antitússicos, antiespasmódicos, analgésicos,
portante e diferenciadora da prática. Há que cumprir a
antigripais, antidiarreicos ou simpaticomiméticos. (Diário
missão, pela prestação de serviço, em prol da segurança
da República, 1ª série ‒ Nº155 ‒ 13 de Agosto de 2007)
associada à toma de medicamentos.
Bibliografia 1
International Council on Alcohol, Drugs and
Influência do Álcool ou de Substâncias Psicotrópicas disponí-
Traffic Safety (ICADTS) ‒ Prescribing and Dispensing Guidelines for Medicinal Drugs
2
Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária ‒ Despacho
Affecting Driving Performance disponível em
nº 20 692/2007 de 10 de Setembro ‒ Aprovação dos equipa-
http://www.icadts.org/reports/ICADTSpresguiderpt.pdf
mentos a utilizar nos
Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária
testes de rastreio na saliva, disponível em
(ANSR) ‒ Condução e Medicamentos disponível em http://
http://www.ansr.pt/
www.ansr.pt/ 3
vel em http://www.mai.gov.pt/ 9
10
Diário da República, 1ª série ‒ Nº 155 ‒ 13 de Agosto de 2007
British Medical Association (BMA)
‒ Portaria nº 902-A/2007 de 13 de Agosto e Portaria nº 902-
- Driving ‒ drugs and driving disponível em
A/2007 de 13 de Agosto disponível em http://www.mai.gov.pt/
http://www.bma.org.uk/ap.nsf/Content/DrugsDriving 4
FDA ‒ Driving When You Are Taking Medications , disponível em http://www.fda.gov/cder/consumerinfo/driving_ taking_meds.htm
5
Mayo Clinic ‒ Driver Safety: Tips to keep you on the Road
Folheto para o Utente
disponível em http://www.mayoclinic.com 6
Infarmed ‒ InfoMed (Base de Dados de Medicamentos de Uso Humano) consultado em Novembro de 2007, disponível em www.infarmed.pt
7
Sifarma 2000, Associação Nacional das Farmácias, Lisboa (consultado em Novembro de 2007)
8
Assembleia da República ‒ Lei nº 18/2007 de 17 de Maio,
sobre o tema
CEDIME
Medicamentos e Álcool
Centro de Documentação e Informação de Medicamentos
disponível nas Farmácias
Rua Marechal Saldanha n.º 1 • 1249-069 Lisboa Telf: 213400660 • Fax: 213400669 E-mail: cedime@anf.pt
aderentes ao serviço Informação Saúde a partir de Outubro de 2007
que aprova o Regulamento de Fiscalização da Condução sob FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 53
consultoria fiscal Planeamento fiscal abusivo 1. Pondo termo a alguma expectativa
das Pessoas Colectivas (IRC), Imposto
Assim, e de acordo com o referido an-
gerada entre os agentes económicos
sobre o Valor Acrescentado (IVA),
teprojecto, serão de considerar como
- e, parece, confirmando as piores ex-
Imposto Municipal sobre Imóveis
situações de planeamento fiscal, su-
pectativas - é finalmente conhecido
(IMI), Imposto Municipal sobre as
jeitas a comunicação obrigatória ao
o teor do anteprojecto de Decreto-
Transmissões Onerosas de Imóveis
Director-Geral dos Impostos, todas e
-Lei do Governo, em uso da autori-
(IMT) e Imposto do Selo (IS).
quaisquer operações, planos, projectos, propostas, conselhos ou instru-
zação legislativa consagrada na Lei que aprovou o Orçamento do Estado
2. Embora seguindo, na sua estrutura,
ções que determinem, ou se espere
para 2007 (n.º 53-A/2006, de 29 de
o essencial da lei habilitante é, con-
que determinem, a obtenção de uma
Dezembro), com vista à consagração
tudo, na concretização dos conceitos
vantagem
de medidas de carácter preventivo de
relevantes para a sua aplicação que
como tal, para esse efeito, a redução,
combate ao planeamento fiscal (dito)
o anteprojecto em análise se vem
a eliminação, ou o diferimento tem-
agressivo.
a revelar mais surpreendente. E isto
poral, de imposto, ou a obtenção de
Na linha do que havia sido delineado
porque, pese embora a autorização le-
benefício fiscal que não se alcançaria,
naquela autorização legislativa, o an-
gislativa indiciasse, pela sua redacção,
no todo ou em parte, sem a sua utiliza-
teprojecto assenta na imposição, às
que o conjunto de medidas a adoptar
ção. Mas mais: ainda de acordo com o
entidades que prestem serviços de
teriam por finalidade o combate às
texto agora conhecido, serão sempre
fiscal,
considerando-se
apoio, assessoria, consultoria, ou aná-
situações mais gravosas, geralmente
de considerar como situações de pla-
logos, de deveres de comunicação, ao
reconduzíveis a práticas de evasão
neamento fiscal, independentemente
Director-Geral dos Impostos, das ope-
fiscal e de abuso de direito - o dito pla-
do respectivo móbil, para além das
rações e transacções em que interve-
neamento fiscal agressivo -, o certo
operações que envolvam entidades
nham os seus clientes - com expressa
é que o Governo, ao definir o âmbito
sujeitas a regimes fiscais privilegiados
derrogação de eventual dever de si-
das operações sujeitas àquela comu-
(considerando como tais as que resi-
gilo a que estejam obrigadas - e que
nicação obrigatória, optou por mol-
dam em território constante da cha-
tenham como principal, ou um dos
des tais que, na prática, implicam um
mada lista negra de paraísos fiscais,
objectivos, a obtenção de vantagens
dever de reporte de todas e quaisquer
ou aí não tributadas em imposto so-
fiscais, em sede de Imposto sobre o
situações de aproveitamento, lícito e
bre o rendimento, as entidades sujei-
Rendimento das Pessoas Singulares
ilícito, legítimo ou ilegítimo, das solu-
tas a uma tributação efectiva inferior a
(IRS), Imposto sobre o Rendimento
ções fiscalmente menos onerosas.
60% do imposto que seria devido em
54 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Portugal e as entidades isentas), aque-
de comunicação qualquer identifica-
Revela-se positiva, porém, na pers-
las que envolvam operações financei-
ção do cliente utilizador do planea-
pectiva de salvaguarda do seu basilar
ras ou sobre seguros.
mento, na prática, o mesmo implica
dever de sigilo profissional, a exclu-
o disclosure obrigatório de todo um
são expressa dos advogados e solici-
know how específico na área do pla-
tadores desse dever de comunicação
des que o anteprojecto suscita. O con-
neamento fiscal (lícito), permitindo à
nas situações em que o planeamento
teúdo do dever de comunicação - em
Administração Tributária um conhe-
fiscal tenha sido por si conhecido no
modelo a aprovar, ainda, por Portaria
cimento actualizado das fragilidades
contexto da avaliação da situação
do Ministro das Finanças - inclui in-
da lei fiscal que tinha, de outra forma,
jurídica do cliente, no âmbito da
formação de tal forma extensa e por-
a obrigação de obter.
consulta jurídica, no exercício da sua
3. Não se ficam por aqui as dificulda-
menorizada que o seu cumprimen-
missão de defesa ou representação
to, entrando em vigor o decreto-lei,
4. No que concerne à definição do
do cliente num processo judicial, ou
implicará um acréscimo irrealista de
âmbito subjectivo do dever de co-
a respeito de um processo judicial, in-
tarefas administrativas e burocráticas
municação, o anteprojecto optou por
cluindo o aconselhamento relativo à
que nem em casos de planeamento
consagrar uma fórmula de tal manei-
maneira de propor ou evitar um pro-
fiscal abusivo ou de evasão fiscal, por-
ra abrangente que estarão sujeitos à
cesso . Mas sempre que o esquema
ventura, se justificaria. Tal dever, in-
comunicação obrigatória das ope-
de planeamento fiscal não tenha sido
clui, necessariamente, no elenco dos
rações de planeamento (como pro-
objecto de concepção, proposta ou
elementos a transmitir, a descrição
motores de esquema de planeamen-
divulgação por um dos promotores
pormenorizada do planeamento fis-
to fiscal ) as instituições de crédito
acima referidos, ou quando o promo-
cal, a indicação e a caracterização dos
e demais instituições financeiras, os
tor seja não residente, competirá ao
tipos negociais, as estruturas socie-
revisores oficiais de contas, as socie-
próprio sujeito passivo o cumprimen-
tárias, as operações ou transacções
dades de revisores oficiais de contas,
to daquele dever de comunicação, o
utilizadas, a espécie e configuração
os técnicos oficiais de contas e outras
que dificilmente sucederá.
da vantagem fiscal pretendida, além
entidades que prestem serviços de
Departamento Fiscal de PLMJ ‒ Sociedade de Advogados Contacto: Rogério M. Fernandes Ferreira
da indicação da base legal relativa-
contabilidade e, além dos solicitado-
5. As sanções propostas para o in-
mente à qual se aufere a vantagem
res e sociedades de solicitadores, os
cumprimento dos deveres estabele-
fiscal pretendida. Ainda que não es-
próprios advogados e sociedades de
cidos no diploma encontram-se esca-
teja compreendido no referido dever
advogados.
lonadas em função da natureza do in-
(rff@plmj.pt)
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 55
consultoria fiscal cumpridor. Assim, serão puníveis com
data da entrada em vigor do diploma
uma Administração legiferante, que
coima de 5.000 a 100.000 euros ou de
- expressão que carece, no entanto, de
desconhece, ou obnubila, as expe-
1.000 a 50.000 euros, consoante seja
melhor explicação - a cumprir no pra-
riências mais recentes nesta matéria
pessoa colectiva ou singular, a falta de
zo de dois meses contados da data da
de outros países (como a do Reino
comunicação ou a comunicação fora
entrada em vigor daquela Portaria que
Unido, em que se pretende basear),
do prazo legal, quando praticada pelo
aprovará os modelo de declarações a
não cura dos custos inerentes à cria-
promotor . Por sua vez, serão punidas
utilizar para o cumprimento dos de-
ção de obrigações acessórias exa-
com coima de 500 a 80.000 euros ou
veres de comunicação e sem a qual
geradas e imprecisas, se abstém de
de 250 a 40.000 euros, consoante seja
o diploma em causa, entrando em vi-
determinar, com a precisão e rigor
pessoa colectiva ou singular, a falta de
gor, não será susceptível de aplicação
exigíveis, as operações qualificáveis
comunicação ou a comunicação fora
e, deste modo, de produzir os efeitos
como abusivas e, por isso, sujeitas ao
do prazo legal por parte do cliente
pretendidos.
novo dever de informação, afastando, determinante, mas desadequa-
utilizador, nas situações em que, por força da lei, aquele dever deva recair
7. Em suma: o anteprojecto em aná-
damente, o segredo profissional, em
sobre este último.
lise procura precisar, com mais rigor,
atenção, exclusivamente, aos seus
algumas das expressões vagas e in-
fins próprios, assim se revelando,
6. De realçar é, ainda, a consagração de
determinadas da respectiva autori-
muito provavelmente, violador da
uma norma de direito transitório, que
zação legislativa, mas, tal como esta,
adequação e da necessidade, ine-
prevê a aplicação do regime aos pla-
necessitaria de maior maturação, pa-
rentes ao principio constitucional da
neamentos em curso de realização à
decendo igualmente dos defeitos de
proporcionalidade.
56 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 57
informacao veterinária
Viajar com animais
de estimação
Quando os animais Qualquer período de férias implica
da União Europeia e para outras re-
para os donos de animais domésti-
giões do globo. É que as regras mu-
cos uma decisão: o que fazer com
dam consoante o destino. Contudo,
eles. Deixá-los sozinhos em casa não
há aspectos comuns que importa
é solução, abandoná-los muito me-
salvaguardar. O primeiro deles é asse-
nos. Sobram duas opções ‒ levá-los
gurar-se previamente de que o local
ou não de viagem. Se a opção recair
de férias permite a permanência de
sobre a segunda alternativa, pode ser
animais domésticos, de modo a evi-
possível deixá-los à guarda de um
tar dissabores à chegada. Depois é
amigo ou familiar mais disponível
essencial submeter o animal a uma
ou recorrer a hotéis específicos para
consulta com o veterinário, para uma
estes animais e apreciados sobretudo
revisão do estado geral de saúde e
para os de pequeno porte.
eventual identificação de problemas
Há que zelar pelas
Contudo, a família pode decidir viajar
que possam desaconselhar a viagem.
acompanhada do cão ou do gato. E,
Na mesma consulta, o veterinário de-
condições de
neste caso, deve assegurar-se de que
verá ser informado sobre o destino e
cumpre os normativos legais que se
a duração da viagem: assim poderá
aplicam ao transporte de animais
esclarecer o dono sobre as precau-
sem fins comerciais. Naturalmente
ções a adoptar para evitar doenças e
que também deve ter em conta que
a melhor forma de ajudar o animal a
o animal possui necessidades espe-
adaptar-se a um espaço diferente do
com ele partilha
ciais, a acautelar durante a viagem.
habitual.
Há aqui que distinguir entre desloca-
A vacinação é um aspecto essencial.
espaços em férias.
ções no território português, dentro
Importa sempre manter as vacinas
de estimação viajam com a família é preciso respeitar um Artigo elaborado em colaboração com a
conjunto de requisitos para que
Dra. Ana Paula Abreu, Médica Veterinária responsável pelo grupo Hospital Veterinário de Almada.
a viagem decorra sem sobressaltos.
Colaboração de Joline Morais, estagiária curricular do Hospital Veterinário de Almada. Qualquer dúvida pode ser colocada para o email hva@hvalmada.com.
58 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
conforto, saúde e segurança do animal e de quem
do animal em dia, mas, antes de uma
ser necessário administrar-lhe um
lugar, zelando pelas condições de
viagem, é fundamental verificar o bo-
anti-emético, cabendo ao veterinário
segurança, do animal e de todos os
letim de vacinação, dando especial
fazer o respectivo aconselhamento.
ocupantes. É com esse objectivo que
atenção à vacina contra a raiva. Deve
Durante a viagem o animal pode
o animal deve viajar no banco de trás,
ser ministrada obrigatoriamente a
também exibir sintomas de ansieda-
devidamente contido por um meio
todos os cães a partir dos três meses,
de, sobretudo se não estiver habitu-
adequado, que tanto pode ser a trela
sendo facultativa para os gatos des-
ado a afastar-se do seu espaço habi-
(a funcionar como cinto de seguran-
de que se mantenham em território
tual. As perturbações daí decorrentes
ça) como um contentor próprio para
nacional. O boletim de vacinas deve,
podem evitar-se com recurso a um
transporte como uma rede separa-
aliás, acompanhar o animal em qual-
calmante, sob orientação veterinária
dora dos bancos dianteiros. Assim
quer deslocação.
naturalmente.
se evita que o animal fique em risco
Na consulta, o veterinário indicará
Antes de partir, há que fazer a mala.
ou coloque em risco os passageiros
quais os produtos necessários para
Tal como se organiza a bagagem
no caso de uma situação inesperada,
minimizar eventuais problemas de
dos restantes membros da família,
como uma travagem brusca ou um
saúde, nomeadamente contra infes-
também a do cão ou do gato deve
acidente.
tação por pulgas e carraças e contra
ser considerada, nela se incluindo ali-
Outro aspecto a ter em conta é o da
picadas de insectos. Um insecticida
mento em quantidade suficiente para
ventilação: o animal não deve via-
deve, pois, ser acrescentado à baga-
a ausência de casa, o comedouro e o
jar num ambiente abafado, sendo
gem.
bebedouro, a trela, a cama e alguns
conveniente ligar o ar condicionado
Do mesmo modo, deve ser contem-
brinquedos. Há que juntar eventuais
ou manter uma janela ligeiramente
plada a possibilidade de o animal en-
medicamentos.
aberta. O mesmo cuidado deve exis-
joar durante a viagem. Para a preve-
Os cuidados devem manter-se du-
tir quando for necessário deixar o ani-
nir, o melhor é não lhe dar refeições
rante a viagem, nomeadamente se
mal dentro do veículo, ainda que por
abundantes antes de partir, mas pode
ela se efectuar de carro. Em primeiro
um breve período. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 59
informacao veterinária
O risco de desidratação está presente
Cuidados além-fronteiras
se a viagem for prolongada, pelo que devem fazer-se pausas que permitam
É, porventura, menos frequente, mas é possível viajar acompanhado de
ao animal beber água e passear à tre-
cães de companhia para outros países, dentro e fora da União Europeia.
la. Aliás, o próprio condutor e os pas-
Mas há sempre que respeitar algumas regras sanitárias.
sageiros beneficiam destas paragens,
Assim, para viajar entre Estados-membros, cães e gatos devem possuir um
que, idealmente, deverão ocorrer a
passaporte, emitido por um veterinário habilitado pela autoridade compe-
cada duas horas.
tente. Esse documento deve incluir dados que identifiquem o proprietário
Quando a viagem se fizer em trans-
(nome e endereço), um atestado de que o animal se encontra identificado
portes públicos, o dono do animal
com micro-chip ou tatuagem legível e um comprovativo de vacinação ou
deve informar-se junto da compa-
revacinação anti-rábica válida.
nhia transportadora (aérea, ferroviária
Aliás, a vacina anti-rábica é obrigatória para os animais com idade su-
ou rodoviária) das condições defini-
perior a três meses, sendo considerada válida 21 dias após a data em
das para transportar animais. Caso
que se completou o protocolo de vacinação exigido pelo fabricante ou
essa possibilidade seja permitida, há
a partir da data de revacinação (reforço) se for administrada durante o
que usar um contentor específico,
período de validade indicado pelo fabricante de uma vacina precedente.
com tamanho suficiente para que o
Na ausência de um certificado veterinário que comprove a vacinação, ela
animal se possa levantar, com venti-
é considerada primária.
lação e um fundo revestido de ma-
Os animais com idade inferior, ainda sem vacina anti-rábica, também
terial absorvente e à prova de fugas
podem viajar na UE desde que acompanhem a mãe de que ainda de-
de líquidos. No exterior deve constar
pendam.
a identificação do animal e do dono,
Quanto às viagens fora da União Europeia são sujeitas a regras estabeleci-
incluindo contactos.
das pelos diferentes países, pelo que é necessário que o dono do animal
Identificar o animal é, aliás, funda-
se informe previamente junto das respectivas embaixadas, por exemplo.
mental em qualquer viagem. A colei-
No regresso a Portugal, os animais de companhia devem apresentar um
ra deve ter visível o nome do animal e
certificado sanitário emitido no país de proveniência, no qual deverá es-
um contacto actualizado que permita
tar expressa uma titulação dos anticorpos neutralizantes para o vírus da
a devolução do animal caso se perca.
raiva pelo menos igual a 0,5 UI/ml, efectuada num laboratório aprova-
Para os cães de grande porte com
do, em condições específicas e regulamentadas. Para mais pormenores,
características de potencial agressi-
deve ser consultado o site da Direcção-Geral de Veterinária.
vidade é obrigatória a identificação
Do ponto de vista legal, o transporte de animais sem fins comerciais está
electrónica (micro-chip), obrigatorie-
regulado pelo Decreto-Lei n. 294/98, de 18 de Setembro, do Ministério da
dade que, em breve, se estenderá aos
Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas.
restantes animais de companhia. 60 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 61
museu da farmácia Roteiro da 7ª Colina
Aproximar museus e públicos
62 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Este é o objectivo
Desde a sua génese que o Museu da
lhança das rotas de metropolitano.
Farmácia se assumiu como um mu-
A partir de uma estrutura muito sim-
seu aberto. Embora integrado numa
ples. Para começar, haverá em cada
criação do Roteiro
associação de carácter particular, tem
um dos museus informação sobre
estado sempre orientado para o ex-
o roteiro e o caminho sugerido para
de Museus da
terior, quer na cativação de públicos,
ter uma percepção vasta da História
quer no estabelecimento de parce-
do Homem num espaço geografica-
rias com outras entidades, nacionais
mente condensado.
e internacionais.
Espalhados pela sétima colina de
Foi esse mesmo espírito que esteve
Lisboa,
na origem do Roteiro da 7ª Colina,
perspectivas
da Farmácia,
um rota constituída por museus que
das do que tem sido a evolução da
têm em comum um espólio centrado
Humanidade, projectando-a, além
valoriza as sinergias
na Ciência e na Tecnologia. Mas que
disso, no futuro (ver caixa).
têm igualmente em comum direc-
O mais tardar em Janeiro próximo,
ções que partilham o entendimento
o roteiro será uma realidade, a apro-
de que a entre-ajuda é essencial para
fundar mediante outras parcerias.
promover a cultura e fomentar o gos-
De acordo com João Neto, existe a
to pelo conhecimento.
intenção de apresentar o projecto à
a oportunidade de
A proposta do Museu da Farmácia ‒
Câmara Municipal de Lisboa, na ex-
afirma o seu director, João Neto ‒ foi
pectativa de uma colaboração que
visitar 600 milhões
de imediato acolhida pelos respon-
permita consolidar esta rota.
que preside à
Ciência e Tecnologia da 7ª Colina. Iniciativa do Museu
entre as diferentes instituições e oferece ao público
de anos de História num mesmo
museus bastante
oferecem diversifica-
sáveis pelas outras instituições ‒ o Museu das Comunicações, o Museu do Geológico, o Museu de História Natural e o Museu de Ciência. Não
percurso.
estes
Mais divulgação precisa-se
faz sentido haver rivalidades entre
Esta é uma ideia que ‒ sustenta o di-
museus, mas todos temos interesses
rector do Museu da Farmácia ‒ extra-
comuns que importa promover, em
vasa as fronteiras da Cultura, poden-
benefício comum , justifica.
do dar fruto ao nível do turismo, por
Trata-se, afinal, de transformar os mu-
exemplo. O turismo temático é uma
seus em protagonistas, colocando-os
realidade emergente que alguns paí-
em evidência num percurso conce-
ses já exploram. Trata-se de um nicho
bido um pouco à imagem e seme-
de mercado cada vez mais apetecível FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 63
museu da farmácia
que permite ir ao encontro de públi-
dos, municipais e nacionais, há um
São testemunhos históricos valiosos,
cos muito vocacionados para uma
património muito significativo à es-
mantidos até hoje, graças à dedica-
determinada área do conhecimento.
pera de ser revelado .
ção e ao interesse de uma ou outra
A Ciência e a Tecnologia podem, cla-
Alguns destes museus contam his-
pessoa, mas carecem de ser mostra-
ramente, fazer parte desse universo
tórias parcelares, mas importantes,
dos ao exterior.
de pessoas com interesses especí-
pelo que merecem ser visitados.
Há excepções, é claro. João Neto
ficos. Pessoas que poderão colher
Não há, contudo, grande divulgação
aponta algumas: o Museu de História
informação preciosa no Roteiro de
deste património, apesar de alguns
da Medicina Maximiano Neves, ins-
Ciência e Tecnologia, resultante
apontamentos na comunicação so-
talado na Faculdade de Medicina
de uma parceria entre a Fundação
cial. São insuficientes, com o director
da Universidade do Porto, a Casa
para a Ciência e Tecnologia e
do Museu da Farmácia a defender a
Museu Egas Moniz, em Estarreja, o
o
criação de redes.
Laboratório Químico da Universidade
Culturais.
Entre os muitos museus no domínio
de Coimbra, a colecção do Hospital
Nascido da necessidade de levantar
da Ciência e da Tecnologia pontuam
de Santa Maria ou do Instituto Câmara
e divulgar junto do público os re-
os que têm a Saúde como denomi-
Pestana, em Lisboa.
cursos relacionados com a ciência,
nador comum. Quase sempre locali-
Entre as excepções incluem-se, natu-
neste roteiro se faz um inventário de
zados acima da linha do rio Tejo e,
ralmente, o Museu da Farmácia. João
centros de investigação e museus,
geralmente, associados a centros de
Neto recorda como foi importan-
cujo bilhete de identidade é traçado
conhecimento, como as universida-
te para demonstrar que é possível
com o intuito de estimular o gosto
des, os hospitais e as entidades que
existir um museu na área da Saúde
por uma cultura científica considera-
representam as diversas profissões.
com qualidade, mantendo-o aberto
da ainda escassa.
Em todos ‒ afirma ‒ existiu uma pre-
ao público e encontrando sempre
Este é um roteiro que João Neto con-
ocupação em guardar e conservar
novos motivos para revitalizar o in-
sidera importante para divulgar o
o património, mas nem todos es-
teresse dos visitantes.
património existente nos muitos mu-
tão organizados. Nalguns, o espólio
Bons motivos terão, decerto, todos
Observatório
das
Actividades
seus do país: Existe um grande volu-
está contido em armários e vitrinas,
aqueles que se deixarem levar pelo
me de museus em Portugal. Alguns
em gabinetes e corredores, pouco
Roteiro da 7ª Colina, de Santos ao
são apenas colecções visitáveis, mas,
acessível a outros olhos que não os
Bairro Alto, passando pelo Largo de
em conjunto com os museus priva-
dos frequentadores da instituição.
Santa Catarina.
64 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Uma rota, cinco museus São cinco os museus que integram o Roteiro da 7ª Colina. Do bairro de Santos ao Bairro Alto, eis as cinco paragens deste projecto:
•
Museu das Comunicações
•
Museu Nacional de História
•
Museu da Farmácia ‒
‒ Integrado na Fundação
Natural ‒ Localizado na Rua da
Inaugurado em 1996, comporta
Portuguesa das Comunicações,
Escola Politécnica, o seu espólio
um acervo representativo de
o seu acervo é constituído por
reparte-se entre as colecções de
cinco mil anos de História da
peças que testemunham a
Botânica, Mineralogia e Geologia,
Saúde e de civilizações tão
evolução dos equipamentos, das
Zoologia e Antropologia. A sua
díspares na geografia e no
técnicas e sistemas utilizados
criação remonta ao reinado
tempo como as do Egipto
no sector das comunicações,
de D. Maria II, tendo estado
e Mesopotâmia, as chinesa,
do século XVII à actualidade.
intimamente ligado ao ensino
africana ou europeia. Além dos
Apresenta duas colecções
e à investigação no âmbito da
testemunhos relacionados com
permanentes ‒ Vencer a
então Escola Politécnica (actual
a farmácia comunitária ‒ ou
Distância, uma viagem sobre a
Faculdade de Ciências da
não fosse este um museu sob a
evolução e o aperfeiçoamento
Universidade de Lisboa).
égide da ANF -, estão expostas
das técnicas que permitiram
algumas das grandes aventuras •
Laboratorio Chimico ‒ Também
da Humanidade, nomeadamente
cada vez mais rápida e eficiente,
sedeado na Escola Politécnica
a conquista do espaço. O seu
e Casa do Futuro, uma solução
de Lisboa, foi recentemente
elevado nível cultural e científico
complexa de automação
restaurado, tendo reaberto
deram-lhe renome nacional e
doméstica que agrega respostas
este ano. Peça única na Europa,
internacional.
a pensar nas pessoas com
por ele passaram muitos dos
necessidades especiais (da
farmacêuticos actualmente em
deficiência à velhice).
exercício para aulas de química.
ao extinto Instituto Geológico e
A sua colecção integra objectos
Mineiro (entretanto integrado no
característicos da investigação
INETI), é repositório de valioso
da química no século XIX, de
conjunto de colecções na área
produtos naturais a instrumentos
da Paleontologia, da Estratigrafia,
científicos. Apresenta
da Arqueologia e da Mineralogia.
actualmente uma exposição
Localizado na Rua Academia
dedicada aos Segredos da Luz e
das Ciências, foi ganhando
da Matéria .
corpo à medida que avançavam
ao homem uma comunicação
•
Museu Geológico ‒ Pertencente
os trabalhos de investigação geológica que precediam a construção de estradas pelo país fora.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 65
plataforma saúde em diálogo
O doente no centro do sistema 66 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Conferência Desigualdades em Saúde: Como as superar?
Da economia à geografia, passando pelos comportamentos, muitos são os factores que determinam a
O tema das desigualdades no aces-
é que os diversos mecanismos que
so à saúde em Portugal não é mui-
regulam as condições em que os do-
to debatido, mas este facto não lhe
entes acedem aos medicamentos se
retira importância. E sobretudo não
anulam entre si . E a situação do do-
significa que não existam essas de-
ente em nada se altera.
sigualdades e que elas não sejam
É precisamente pelos doentes que
sentidas pela população. Isso mesmo
a plataforma existe, trabalhando na
ficou evidente durante a conferência
identificação das suas reais necessi-
Desigualdades em Saúde: Como as
dades, pressionando para que vejam
(des)igualdade de
superar? , promovida pela Plataforma
os seus direitos respeitados .
Saúde em Diálogo, na Expofarma no
Foi com este objectivo que elegeu
oportunidades. Esta foi
passado dia 10 de Novembro.
como prioridade a definição do con-
A reflexão sobre as desigualdades
ceito de doença crónica e a aprova-
em saúde foi lançada a partir das
ção do estatuto de doente crónico.
uma das conclusões da conferência sobre
palavras inaugurais da presidente da Plataforma, Maria Irene Domingues.
desigualdades em
A propósito do acesso, sustentou
saúde promovida pela
que a realidade desmente princípios
Plataforma Saúde
como o da universalidade e gratuiti-
consagrados
constitucionalmente
Desigualdades no Ano da Igualdade de Oportunidades
dade do Serviço Nacional de Saúde:
Este é o Ano Europeu da Igualdade
O sistema está longe de ser univer-
de Oportunidades, referiu o Alto-
sal e gratuito. Exemplo disso são as
Comissário Adjunto da Saúde, José
taxas que de moderadores apenas
Albuquerque, que presidiu à confe-
têm o nome, uma vez que, aplicadas
rência.
associações de
à esmagadora maioria da população,
Mas não foi de igualdade que falou:
em nada contribuem para moderar o
foi da desigualdade, traduzida em
doentes no processo
consumo dos serviços de saúde .
números. A começar pela desigual-
Outros exemplos decorrem da po-
dade na distribuição de rendimen-
lítica de preços e comparticipações
tos, em que Portugal apresenta um
a que ‒ disse ‒ falta coerência , na
índice quase 1,7 vezes superior ao da
medida em que, quando analisados
Europa a 25.
comparativamente, o que se verifica
Este tipo de indicadores são relevan-
em Diálogo, de que resultou a necessidade de envolver as
de decisão em Saúde. Em nome da equidade.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 67
plataforma saúde em diálogo
tes para a intervenção estratégica da área da Saúde, que ‒ de acordo com José Albuquerque ‒ deve estar cen-
O mistério das comparticipações
para substituir o recurso a outros cuidados pelos medicamentos: Há um desperdício e um excesso de consumismo, não havendo qualquer orga-
trada no cidadão com o objectivo de
nismo que controle o consumo com
obter ganhos em saúde mensuráveis,
Sobre
envolvendo os cidadãos, as famílias,
na Saúde, pronunciaram-se Carlos
as comunidades, os profissionais,
Gouveia Pinto, professor associado
os serviços de saúde e os parceiros
do Instituto Superior de Economia
sociais, consubstanciada num en-
e
quadramento global do sistema de
Sakellarides,
saúde .
Nacional de Saúde Pública.
cos que assentou a intervenção de
o papel
Gouveia Pinto debruçou-se sobre o
Constantino Sakellarides. Solicitado
relevante que as pessoas colectivas
aspecto mais particular dos desequilí-
a abordar as desigualdades em saú-
privadas sem fins lucrativos têm e po-
brios na comparticipação de medica-
de e o SNS, centrou-se em três ideias
dem vir a desempenhar na prossecu-
mentos apresentando dados de 2002
‒ o nível de saúde, a resposta do
ção de objectivos de utilidade públi-
que colocam Portugal como o quinto
sistema e a justiça da contribuição
ca em saúde . A propósito, destacou
país da UE (então a 15) com maior
financeira para que a saúde funcione.
o que espera da Plataforma Saúde
percentagem de despesa total e pú-
Comparando Portugal com os outros
em Diálogo, consulta, concertação,
blica no Produto Interno Bruto, o pe-
14 membros da UE em 2000 (os da-
participação e parceria. Da sessão de
núltimo na despesa total per capita e
dos são do Relatório Anual da OMS),
Neste contexto reforçou
Desigualdades
Gestão
(ISEG)
e
director
Económicas
eficácia .
Apelo à acção
Constantino da
Escola
Foi também em dados estatísti-
abertura passou-se à discussão das
o antepenúltimo na despesa pública
concluiu que os níveis de saúde com-
desigualdades económicas na saúde,
per capita. Face aos dados, a princi-
provam o desenvolvimento econó-
tema do primeiro painel. A modera-
pal evidência é que a riqueza criada
mico do país, mas a resposta do siste-
ção esteve a cargo de João Pereira,
é insuficiente para permitir níveis de
ma é inferior à média. O aspecto mais
presidente do Conselho Pedagógico
despesa similares aos dos restantes
penalizador é o da justiça financeira.
da Escola Nacional de Saúde Pública,
países da União, sendo que a tec-
Significa isto que as desigualdades
que considerou este tema muito
nologia (incluindo medicamentos)
em saúde estão muito associadas às
pouco tratado em Portugal. Não obs-
surge como o factor fundamental de
diferenças sócio-económicas, existin-
tante, é dos mais importantes na saú-
crescimento da despesa.
do uma muralha no acesso aos cuida-
de pública.
No que respeita aos medicamentos,
dos que promove essa discrepância.
Um tema que ‒ acrescentou ‒ não
verificou que o crescimento da des-
A propósito, questionou: Por que é
está de todo ausente da legislação
pesa acontece sobretudo pelo efei-
que umas pessoas são saudáveis e
nacional, com a Lei de Bases da Saúde
to quantidade, evidenciando-se um
outras não? As pessoas que podem
a determinar expressamente que é
problema de controlo do consumo.
resolver os problemas com dinheiro
seu objectivo fundamental obter a
Na sua opinião, não é tanto a diferen-
estão melhor, mas essa não era a in-
igualdade dos cidadãos no acesso
ciação pelo preço que se impõe, mas
tenção do SNS .
aos cuidados de saúde.
pelo consumo, com uma tendência
Para o ex-director-geral de Saúde, só
68 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
José Albuquerque, Alto-Comissário Adjunto da Saúde, Carlos Gouveia Pinto, ISEG - Professor Associado, Constantino Sakellarides, Director da Escola Nacional de Saúde Pública, e Pedro Pita Barros, Economista - Faculdade de Economia de Lisboa
é possível intervir mais efectivamente
acção: Se não fizermos mais do que
ter todos as mesmas oportunidades
se se entender qual a filosofia subja-
fazemos actualmente, pouco vai mu-
de acesso , disse. No entanto, o pró-
cente a esta realidade: Qual é a base?
dar. Temos de deixar de nos queixar
prio espaço ‒ ambiente físico e social
A Constituição diz que temos direito
do que não temos para tentar conse-
do lugar de residência - impede que
a um sistema universal e tenden-
guir tê-lo .
isso aconteça, influenciando tanto a saúde física como mental.
cialmente gratuito. Mas no acto da prestação não é gratuito, pagamo-lo todo . De seguida, apresentou aquilo que classificou como os princípios de uma
Quando o espaço influencia a saúde e a morte
Com base em indicadores verificou que a pobreza e o baixo peso à nascença são directamente proporcionais, com excepção das áreas metropolitanas de Lisboa (AML) e
espécie de contrato social: o da solidariedade, que corresponde a pagar
As desigualdades espaciais, de segu-
Porto (AMP), onde o baixo peso não
de acordo com o rendimento para
ros e subsistemas de saúde estiveram
se deve à privação, mas sim a estilos
receber de acordo com as necessi-
em foco no segundo painel da confe-
de vida e comportamentos errados
dades, e o da previdência, que im-
rência, moderado pelo coordenador
do ponto de vista da saúde. Outro
plica ir pagando no decurso da vida,
executivo do Monaf, António Corrêa
indicador em estudo foi a obesidade,
enquanto se está bem, para receber
Figueira.
com a geógrafa a concluir que tanto
quando se está doente, mais idoso e
A Paula Santana, geógrafa e pro-
os factores biológicos como estilo de
frágil. A estes juntam-se outros dois:
fessora da Faculdade de Letras da
vida e o contexto são determinantes.
o princípio do equilíbrio entre a res-
Universidade de Coimbra, coube a
E a comprovar que se fossem criadas
ponsabilidade individual e a respon-
análise das desigualdades espaciais.
melhores condições de vida aos indi-
sabilidade colectiva e o princípio da
Na sua opinião, é preferível falar em
víduos que vivem pior o seu Índice de
garantia colectiva.
variações pois as desigualdades em
Massa Corporal melhorava: se hou-
A finalizar, deixou uma exortação à
saúde não vão terminar . Temos é de
vesse mais equipamentos desportivos FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 69
plataforma saúde em diálogo
Paula Santana, geógrafa e professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Mário Beja Santos, membro da Plataforma Saúde em Diálogo, e Rosa Gonçalves, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Plataforma Saúde em Diálogo
melhorava em 28%; se aumentasse a
por Pedro Pita Barros, economista da
prendeu-se com o acesso dos doentes
acessibilidade ao transporte público a
Faculdade de Economia de Lisboa.
crónicos a coberturas complementa-
melhoria seria de 16%; a maior segu-
Como ponto de partida da sua análise,
res. Da análise de Pita Barros resultou a
rança rodoviária corresponderia uma
utilizou os índices de concentração,
conclusão de que, em geral, não existe
melhoria de 10% e a melhores condi-
que medem a proporção cumulativa
uma maior dificuldade, à excepção dos
ções sócio-materiais a melhoria seria
de saúde quando a população está
diabéticos. O que verificou foi uma for-
de 22%. Em suma, haveria ganhos
ordenada por nível de rendimento
te correlação com o rendimento, que
fantásticos em economia da saúde .
‒ quanto maior o índice maiores as
considerou o factor fundamental que
A geógrafa propôs-se ainda avaliar o
desigualdades. E, utilizando dados do
guia a procura e que obscurece os de-
estado de saúde dos portugueses a
Inquérito Nacional de Saúde 2005/06,
mais .
partir de um modelo matemático em
chegou à conclusão, com surpresa ,
Confrontado, no debate, com outras
que utilizou dados da década de 90.
de que os subsistemas acentuam as
experiências, admitiu que a base de
E chegou à conclusão de que, entre
desigualdades e que, pelo contrário,
trabalho ‒ o INS ‒ seja demasiado ge-
1991 e 2001, aumentou o estado de
os seguros as atenuam. Um resultado
nérica para identificar o risco de exclu-
saúde, com as variações mais positivas
que se explica pelo facto de as pessoas
são dos doentes crónicos no acesso a
a ocorrerem em municípios rurais e do
com melhor estado de saúde serem as
seguros de saúde. Ainda assim, defen-
interior. Em oito concelhos, a situação
que têm menos interesse nesta pro-
deu a ideia de que deve ser o SNS a
piorou. A terminar, sustentou que,
tecção complementar.
resolver os problemas de desigualda-
apesar desta melhoria, sobrevive uma
Verificou também que as regiões com
de, não devendo ser forçadas soluções
dicotomia clara entre litoral e interior,
maior índice de saúde são as que apre-
privadas.
a que se sobrepõe a urbano/rural, di-
sentam menor desigualdade em geral.
cotomia essa que carece de ser atenu-
Um outro aspecto analisado por Pita
ada.
Barros visou saber se os subsistemas e seguros de saúde facilitam o acesso a
Seguros privados ‒ uma influência por esclarecer
Uma experiência valiosa
cuidados de saúde. E os resultados ob-
Cada um dos painéis foi seguido de
tidos apontam no sentido de a cober-
um período de debate, com a con-
tura por subsistemas privados e públi-
ferência a encerrar com a leitura das
cos aumentar o número de consultas
conclusões, a cargo de Mário Beja
a que cada pessoa vai, sendo que a
Santos, membro da Plataforma Saúde
Outras desigualdades, as promovidas
existência de um seguro de saúde não
em Diálogo (ver caixa). As palavras
(ou não) pelos seguros de saúde e
tem efeitos assinaláveis.
finais foram de Rosa Gonçalves, pre-
pelos subsistemas, foram abordadas
Outra possível desigualdade em foco
sidente da Mesa da Assembleia Geral
70 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Maria Irene Domingues, Presidente da Plataforma Saúde em Diálogo
da Plataforma, que centrou a sua intervenção no contributo que os doentes e as suas associações podem ‒ e de-
Contributos para a reflexão
vem ‒ dar para um sistema em que a igualdade de oportunidades no acesso
Da Conferência Desigualdades em Saúde: Como as superar? emanou
seja uma realidade.
um conjunto de dez considerações finais, sintetizadoras dos trabalhos
As organizações que os representam,
e das ideias neles discutidas.
como aquela de que faço parte, têm
Nelas se dá conta de como, apesar do longo caminho percorrido rumo
uma experiência e um saber acumula-
ao crescimento e ao desenvolvimento, Portugal continua a ser um país
dos que se revelariam decerto valiosos
de desigualdades no acesso à saúde.
na definição de uma estratégia
Desigualdades promovidas por um sistema em que a despesa cresce a
Mas, para isso, seria necessário que
um ritmo acelerado, com a agravante de, no que toca aos medicamen-
aqueles que têm essa responsabilida-
tos, crescer em função da quantidade e não do preço, o que denuncia a
de se munissem de mais informação.
ausência de uma estratégia de controlo dos consumos e de promoção
Que ouvissem os doentes e incorpo-
do uso racional dos medicamentos.
rassem as suas sugestões : Porque
Também a política de preços e comparticipações acentua os desequi-
aquilo que reivindicamos não surge
líbrios: sem que a equidade seja um critério, definem-se regimes em
do nada, não é fruto de uma vontade
função da doença e, pior ainda, do prescritor, introduzindo injustiças
caprichosa nem de pretensões sem
no acesso a esse benefício.
sustentação. Resulta da experiência,
O próprio SNS está longe dos princípios que presidiram à sua criação,
do trabalho contínuo junto dos doen-
empurrando os cidadãos para esquemas de cobertura complementar.
tes, da avaliação de necessidades e da
Neste âmbito, uma dúvida emergiu: serão os seguros também discrimi-
resolução de problemas .
natórios, nomeadamente para os doentes crónicos? Ou a sua vocação
É essa experiência ‒ sublinhou ‒ que
não será esta, devendo a solução passar pela intervenção do Estado?
a plataforma está disponível para colo-
Por entender que estes doentes são penalizados no acesso aos cuida-
car ao serviço de leis mais justas e igua-
dos de saúde, a Plataforma considera essencial a definição do conceito
litárias: Afinal, representamos aqueles
de doença crónica e a aprovação do estatuto de doente crónico. Além
a quem as leis se destinam. Não repre-
disso, entende que as associações de doentes devem ser envolvidas
sentamos doenças, mas sim doentes. E
com rigor no processo legislativo, na convicção de que as desigual-
são eles que devem estar em primeiro
dades serão mais facilmente superadas se o doente for o centro do
lugar no espírito de quem legisla e de
sistema de saúde.
quem governa a saúde . FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 71
seguranca na farmácia
A prestação de serviços, em particular em áreas como a saúde, tem por objectivo satisfazer as necessidades dos
Rafael Coito, CEDIME
utentes num ambiente com o mínimo de riscos para a equipa de profissionais da farmácia e, claro, para os utentes.
Acidente de trabalho: aquele que se verifica no local e duranA actividade em Farmácia de Oficina expõe os profissionais a factores de risco que importa prevenir e minorar. Quer pela elevada interacção e proximidade com os utentes (muitas vezes doentes), quer por outras actividades que caracterizam a farmácia, desde a determinação de parâmetros envolvendo amostras biológi72 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
te o período de trabalho e produz directa ou indirectamente lesão
corporal,
perturbação
funcional ou doença de que resulta na redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou em morte (Direcção Geral de Saúde, 2006).
cas, até às tarefas laboratoriais, como a produção de medicamentos manipulados. Importa assim sensibilizar a equipa da sua farmácia, não só para os riscos, mas sobretudo para a adopção de medidas preventivas visando aumentar a segurança da farmácia e dos seus utentes.
Farmácia Um espaço de saúde sem risco No contacto com os utentes... O balcão é um símbolo nas Farmácias. Através do balcão é estabelecida uma maior proximidade com os utentes,
No contacto directo com os utentes, tanto ao balcão
enquanto elemento facilitador do
como no gabinete de atendimento personalizado:
contacto e da comunicação.
• Analise as situações com que se depara e avalie o grau de risco
Símbolo da acessibilidade que ca-
associado.
racteriza as Farmácias, mas com as-
• Nos casos que considere mais susceptíveis de risco, adopte me-
pectos de segurança associados que
didas simples como lavar as mãos após o atendimento e procure
é necessário salvaguardar. O balcão
gerir e limitar a proximidade física estabelecida com o utente.
pode também ser considerado o primeiro nível de risco. É ao balcão que
Lavar as mãos é essencial:
a equipa da Farmácia está exposta
• Ao chegar da rua
ao contacto com uma grande diver-
• Antes e após a preparação de manipulados onde outras formu-
sidade de utentes, durante um maior período de tempo. Devido à proximidade estabelecida, este contacto é propício à transmissão de agentes infecciosos, através de secreções respi-
lações (como soluções orais extemporâneas) • Antes de voltar ao balcão, se esteve a fazer outros trabalhos na Farmácia (como arrumar um pedido) • Antes e após a execução de determinações, particularmente as que envolvem amostras biológicas (sangue, urina)
ratórias (tosse, espirros ou corrimento
• Após descalçar luvas descartáveis
nasal) mais associadas a estações do
• Antes de sair da Farmácia
ano como o Outono e o Inverno, ou por contacto directo com os utentes
Ao lavar as mãos, não utilizar toalhas partilhadas por todos - são um
(mãos sujas, parasitas, feridas).
potencial foco de contaminações.
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 73
seguranca na farmácia No gabinete de atendimento, durante a determinação de parâmetros A determinação de parâmetros é um
tites, a síndrome da imunodeficiên-
torna estas situações vulneráveis a
serviço que implica o contacto com
cia adquirida (SIDA), entre outros.
um risco particular, e logo exigem
amostras biológicas possíveis trans-
A utilização de material perfuro cor-
mais cuidados. Devem assim, ser
missoras de agentes infecciosos na
tante (agulhas, lancetas) e o risco de
asseguradas todas as medidas ne-
origem de patologias como as hepa-
acidentes no seu manuseamento
cessárias para prevenir a ocorrência de acidentes na realização destas determinações. Os equipamentos utilizados para a determinação dos parâmetros de-
Na determinação de parâmetros que envolvam amostras biológicas:
vem ser verificados e calibrados pe-
• Realize a determinação numa bancada ou superfície ampla
riodicamente, de forma a evitar, não
• Use aparelhos com dispositivos de segurança (ex: punção e lance-
só, erros nas determinações, mas
tas) e que estejam em boas condições, avaliando várias opções para
também, acidentes. Esta verificação
determinar o mais seguro
deve abranger também o estado de
• Defina um procedimento uniforme, de acordo com o SGQF (Sistema
limpeza dos equipamentos.
de Gestão da Qualidade das Farmácias) e com as orientações dos
No caso de reacção alérgica asso-
PCF (Programas de Cuidados Farmacêuticos ‒ Serviço ChekSaúde),
ciada ao látex, podem ser tomadas
que seja aplicado por toda a equipa
algumas medidas.
• Quando estiver a realizar a tarefa, concentre-se na execução da mesma • Utilize luvas de protecção descartáveis • Desinfecte a zona da picada com álcool sanitário a 70º • Após a picada coloque no contentor apropriado a lanceta utilizada • Coloque o algodão utilizado e as luvas descartáveis no contentor apropriado, que não o das lancetas ou de outro material cortante
Quando não pode usar luvas de látex... • Utilize luvas com um baixo nível de proteínas de látex extraíveis • Limite o uso de luvas de látex às tarefas com risco de infecção • Sempre que possível, utilize luvas
• Lave as mãos antes e após todo o processo
isentas de pó para evitar a sensibi-
• Se possível, tenha um lavatório na zona onde faz as determinações
lização, uma vez que o pó é o prin-
• Limpe o local onde efectua as determinações, após cada teste, usan-
cipal responsável pelas reacções
do preferencialmente álcool sanitário, com um poder desinfectante
alérgicas
maior, devido à cetrimida. Pode também usar uma solução diluída
• Utilize luvas à base de outros ma-
de hipoclorito de sódio (OSHA, 2003). É importante assegurar que
teriais sintéticos como o vinil, o ni-
não deixa ficar resíduos após cada determinação.
trilo e o neoprene. Estas são alternativas disponíveis no mercado.
74 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Actue por antecipação, em prol de uma maior segurança na sua Farmácia.
Na zona de Manipulação A manipulação em laboratório apresenta riscos, sobretudo devido ao contacto com agentes quími-
No local de manipulação assegure:
cos. Além dos produtos tóxicos,
• O cumprimento da área mínima (definida actualmente em 17 m2) e se
irritantes ou corrosivos, a manipu-
possível separada fisicamente de outras áreas de trabalho, como a zona
lação envolve o manuseamento de
de recepção de encomendas
material de vidro, que em caso de
• Ventilação
acidente representa risco para o
• A exaustão forçada de fumos e vapores com uma hote ou nicho para a
operador. De forma a prevenir este tipo de acidente, o laboratório da Farmácia deve reunir as condições necessárias à produção de mani-
eliminação de fumos e gases • A devida arrumação e limpeza do material, mantendo sempre que possível o acondicionamento nas embalagens originais • A adequada organização dos químicos e matérias-primas, tendo em
pulados.
atenção que os solventes tóxicos devem estar guardados em local pró-
É importante haver normas para a
prio, e com um maior nível de protecção
limpeza do laboratório, bem como
• A existência de uma zona destinada a pesagens e outra a lavagens
do equipamento e material exis-
• Boa iluminação
tente. Todo o equipamento deve
• Superfícies lisas e laváveis
ser verificado e validado de forma periódica, assim como as condi-
Quando manipula:
ções do laboratório.
• Use bata e luvas, e nos casos que o exijam, óculos apropriados como
Devem ainda ser mantidas fichas
medida de protecção tanto do vestuário como pessoal
de segurança e registos de movi-
• Não use sapatos de salto alto, sandálias nem sapatos de tecido. Assegure
mento das matérias primas. Os co-
não só uma maior protecção como maior facilidade de movimentos
laboradores que trabalham no la-
• Caso tenha cabelo comprido, prenda o cabelo antes de iniciar o traba-
boratório, devem ter conhecimento da sua existência, pois indicam o que fazer em caso de acidente, derrame, etc. Estas fichas devem estar escritas em Português e po-
lho laboratorial • Lave as mãos antes de sair do laboratório para evitar o risco de contaminção • Lave a bata caso ocorram salpicos de produtos químicos e evite usar ou transportar a bata para áreas que não a zona de manipulação
dem existir em suporte de papel
• Não prepare, guarde ou consuma alimentos ou bebidas no laboratório
ou em formato electrónico, desde
• Tal como em toda a Farmácia, não pode fumar no laboratório ou nas
que quem as usa saiba como ace-
suas imediações
der a elas. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 75
seguranca na farmácia Eliminação de resíduos A actividade na Farmácia de Oficina, leva à acumulação de variadíssimos
Cuidados básicos com os resíduos:
tipos de resíduos que, se não forem
• Não permita que os contentores encham até atingir a sua capacidade total
tratados devidamente, representam um potencial risco não só para as
• Coloque os contentores em locais resguardados, pouco acessíveis a
equipas, mas também para os uten-
qualquer utente e pouco propícios a colisões (o contentor da VALORMED deve estar localizado fora da zona útil de atendimento ao público)
tes. Desta forma, a farmácia deve pro-
• Feche sempre o contentor após utilização
ceder à eliminação destes resíduos, de acordo com a tabela:
Tipo de Resíduo
Eliminação
Resíduos provenientes da troca de seringas
• Nos contentores plásticos amarelos (Cannon) próprios para o efeito
Lancetas utilizadas nas determinações que envolvam amostras de sangue
• Nos contentores plásticos amarelos (Cannon) próprios para o efeito
Resíduos dos testes de gravidez
• Amostras de urina: na sanita • Boiões e luvas: fechar os boiões e deitar juntamente com as luvas em saco plástico fechado, no contentor de lixo
Resíduos de embalagens com medicamentos
• Nos contentores VALORMED
Resíduos sólidos e líquidos do laboratório
• Mediante recolha por empresa especializada prestadora deste serviço
Momentos críticos do dia-a-dia Há ainda a considerar outras variáveis
sobre a actividade dos profissio-
que associadas a situações de maior
nais, criando ambientes mais sus-
stresse, podem não só contribuir para
ceptíveis a erros e acidentes
• As mudanças de turno e de ritmos de trabalho. Estes são apenas alguns dos factores
o aumento da frequência de acidentes,
• O aumento da pressão associada
que podem influenciar de forma ne-
como também afectar directamente a
ao volume de trabalho (utentes em
gativa o grau de segurança e afectar
saúde da equipa da farmácia:
espera, prazos apertados de entre-
a qualidade do serviço. São por isso
• O elevado número de utentes no
ga de manipulados...)
situações que importa controlar e pre-
espaço físico útil de atendimento gera confusão, barulho e pressão 76 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
• O elevado número de testes/determinações a efectuar
venir, em prol da melhor qualidade de desempenho da farmácia.
Bibliografia • Canadian Allergy, Asthma and
No espaço da Farmácia
Immunology Foundation.(1994). Natural Rubber Latex Allergy - A
Os aspectos logísticos da própria
só por uma questão de imagem, mas
Guideline for Allergic Patients.
Farmácia, como o aquecimento, a
também para prevenir acidentes (ex:
Acedido em 27 de Outubro
iluminação, a qualidade do ar e a
bancos no caminho, gavetas mal fe-
de 2007, em: http://www.
humidade são também muito im-
chadas).
allergyfoundation.ca/latex_aller-
portantes, com influência directa na
Na Farmácia devem existir sinaliza-
gy_guidelines.htm
qualidade da actividade na Farmácia.
ções de emergência (luzes de presen-
As condições óptimas de trabalho de-
ça) e extintores, cuja verificação deve
Laboratórios de Química.(2000).
vem assim ser definidas e controladas
ser anual, sendo da maior importân-
Pereira, M. Manuela Pereira.
periodicamente. É também impor-
cia, o conhecimento por parte de
Faculdade de Química ‒ FCT,
tante manter as melhores condições
toda a equipa, da sua localização e do
Universidade Nova de Lisboa.
de asseio, higiene e arrumação, não
seu correcto manuseamento.
• Curso de Segurança em
• Despacho nº 18/90, de 27 de Dezembro. Diário da República nº 27/91 ‒ II Série. Secretaria
Farmácia de Serviço ‒ Atenção redobrada
de Estado da Administração da Saúde. Lisboa • Direcção Geral Saúde. (2006).
O trabalho por turnos e o serviço noc-
Assim, a gestão do risco implica
Melhorar o ambiente organi-
turno da Farmácia devem ser alvo de
identificar os perigos existentes e
zacional em prol da saúde dos
uma análise cuidadosa e de uma pla-
avaliar o seu impacto, tendo em
profissionais - Glossário. Circular
nificação adequada de forma a asse-
conta as precauções implemen-
gurar as melhores condições de práti-
tadas. O resultado permite definir
ca profissional e de segurança.
planos de emergência e adoptar as
Health at Work. (2003) Safety and
Mesmo nos pequenos aspectos práti-
medidas preventivas mais apropria-
health good practice online for
cos do dia-a-dia, há que adoptar estra-
das.
the healthcare sector. Acedido
tégias de gestão do risco, ou seja, uma
Para que estes mecanismos de pre-
em 28 de Setembro de 2007, em:
análise cuidada e rigorosa do que, na
venção se tornem efectivos, toda a
http://agency.osha.eu.int
Farmácia, possa constituir uma ame-
equipa da farmácia deve receber a
• Ordem dos Farmacêuticos
aça à segurança, e avaliar periodica-
devida formação. Esta pode ser in-
e Associação Nacional das
mente se as precauções tomadas são
terna, e deve acontecer sempre que
Farmácias. Manual do Sistema
as adequadas ou se é necessária a im-
se introduza uma novidade ou se
de Gestão da Qualidade para as
plementação de novas medidas.
integrem novos colaboradores.
Farmácias. Lisboa
Informativa 07/04/06. Lisboa • European Agency for Safety and
• US Department of Health and • Os turnos devem ser organizados de forma gradual - deve passar-se de um turno diurno a um turno ao fim do dia e só então a um turno nocturno • É importante assegurar a existência de tempo livre suficiente para permitir recuperar as horas de sono após as noites de serviço • Devem ser asseguradas pausas suficientes para descanso durante o turno
Human Services (NIOSH). Latex Allergy ‒ A Prevention Guide. Acedido em 3 de Outubro de 2007, em: http://www.cdc.gov/niosh
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 77
ficheiro mestre Alteração à Denominação Farmácia Varzea Rua Tomás da Fonseca, 44A 1600 - 258 LISBOA Dra. Maria Isabel Romao Jorge Bernardo Castello Branco Gilfarco-Comércio e Industria Farmacêuticos Lda. Farmácia Palma Batista Rua do Alportel, 157-A Rua do Alportel, 157-A, 8000 - 290 FARO Dr. Luís Miguel Palma Batista Palma Batista-Farmácia Unipessoal, Lda.
Farmácia Santos Leal Rua Engenheiro António Torres, Lote 3, Fracção A, R/C ESQ., Urbanização Terra Fria, 2000-495 PERNES Dra. Rita Susana Faustino dos Santos Rita Faustino dos Santos, Unipessoal, Lda.
Transferência de Local
Alteração ao Pacto Social
Farmácia Morais Sarmento Rua Rodrigues de Sampaio, 21, Loja A 1150 - 278 LISBOA Dra. Helena Maria Ribeiro G. P. T. Pedro Helena Maria Teixeira Pedro, Soc. Unipessoal Lda.
Farmácia Oliveira Furtado Rua Direita, 33 8500 - 624 PORTIMÃO Dr. Paulo Jorge Vieira de Almeida Gouveia Furtado Guerra Lda.
Farmácia Sena Padez Av. Eugênio de Andrade, Lote 65 6230 - 291 FUNDÃO Dra. Teresa Alexandra Fonseca Sena Proença Padez Sociedade Sena Padez Lda.
Farmácia Mota Vila Cova-Medas 4515 - 403 MEDAS Dra. Ana Patrícia Lima dos Santos Mota Camilo dos Santos Mota, Unipessoal, Lda.
Farmácia Martins Av. Lopes de Oliveira, 2-Fracção T, Pedras Salgadas 5450-998 BORNES DE AGUIAR Dr. Rogério Manuel Barroso Martins Dr. Rogério Manuel Barroso Martins
Alteração à Propriedade Farmácia Silva Esteves Caldas de Aregos, 4660 - 013 ANREADE Dr. Daniel António Miranda Lima Dr. Daniel António Miranda Lima Farmácia Moderna Largo 1 de Dezembro, 16 6300 - 851 GUARDA DDra. Ana Raquel Sá Morais Videira Lopes de Andrade Videira Lopes - Saúde, Unipessoal, Lda Farmácia Odeceixence Rua Nova, 35 8670 - 320 ODECEIXE Dr. Rui Miguel de Freitas Alves Hibiscomed Unipessoal, Lda Farmácia de Cerva Recta, Fracção D, 4870 - 042 CERVA Dra. Carla Catarina Teixeira Alves Cabral Farmácia de Cerva de Carla Catarina T.A.C. - Unipessoal, Lda
Alteração de Direcção Técnica Farmácia Barreto do Carmo Praça da República, 45 2080 - 044 ALMEIRIM Dra. Vivian Manuela Gouveia Gomes Maria da Conceição Leal de F. S. Correia de Oliveira Farmácia Ilda Rua da Escola, 3 8500 - 132 MEXILHOEIRA GRANDE Dra. Maria da Piedade Catarro Simplício de Oliveira Farmácia Ilda, Unipessoal Lda. Passagem a Herdeiros
Farmácia da Cotovia Av. João Paulo II, 52 C E Urbanização José Carlos - Cotovia 2970 - 649 SESIMBRA Dra. Isabel Cristina Bastos Pedroso Vieira Reis Ribeiro Farmácia Cotovia, Unipessoal, Lda
Farmácia Salter Rua de Xabregas, 63-65 1900 - 439 LISBOA Dra. Paula Cristina de Matos Rodrigues Carlos da Costa Cabral Salter Cid Herdeiros Dr. Carlos Costa Cabral Salter Cid
Farmácia da Teixeira Lugar de Teixeira 5040 - 030 TEIXEIRA BAO Dra. Maria Filipa Queirós Gonçalves da Cunha Farmácia de Maria Filipa Q. G. da Cunha, Unipessoal, Lda.
Farmácia Rocha Pereira Rua de Brito Capelo, 426 R 4450 - 067 MATOSINHOS Dra. Maria Odilia Campos Pereira Rocha Pereira Fernando Duarte M.R.P. - Cabeça de Casal da Herança
Farmácia Tojal Praceta de Santo António, LOTE 1 2660 - 503 SANTO ANTÃO DO TOJAL Dra. Ana Maria Ortiz Guerreiro Galla Goucha Jorge Farmácia Tojal - Unipessoal, Lda 78 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Farmácia Higiene Av. Corregedor Rodrigo Dias, 307 2870-153 MONTIJO Dr. Fernando Jorge Cravidão da Veiga Farmácia C. Veiga - Unipessoal, Lda. Farmácia Duarte Morada Rua D. Amélia Castelo, 112 5430-659 VILARANDELO Dra. Fátima Teresa Couto R. Pereira Dra. Fátima Teresa Couto R. Pereira Farmácia Sequeira Rua Amancio Aleixo da Silva, 2, R/c 2615-751 SOBRALINHO Dra. Maria Isabel Duarte dos Santos Sequeira Dra. Maria Isabel Duarte dos Santos Sequeira Alteração à Propriedade e Transferência de Local Farmácia Ouressa Morada Rua Francisco Sá Carneiro, Lt F 15 Lj B, Bairro de Ouressa 2725-317 MEM MARTINS Dr. Frederico Martins Calheiros de Silva Dias CFCO-Companhia Farmacêutica Central de Ouressa, Unip., Lda
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 79
qualidade Hospital D. Estefânia premiado
A qualidade compensa Que a aposta na qualidade é uma aposta ganha à partida foi o que comprovou a administração do Hospital Dona Estefânia com a atribuição do I Prémio Merck Serono de Gestão da Qualidade da Saúde.
80 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Trata-se de uma distinção - no âmbi-
de manipuladas. Graças ainda à colo-
to da categoria Cuidados Assistenciais
cação de tubos e torneiras fora das in-
- dirigida à equipa da Unidade de
cubadoras, à introdução de uma nova
Cuidados Intensivos Neonatais da-
torneira para o acesso imediato à ad-
quele hospital pediátrico lisboeta por
ministração de medicamentos, bem
ter reduzido em 60 por cento a taxa
como ao uso de luvas cirúrgicas.
de infecções provocada pela utiliza-
Antes da adopção deste sistema de
ção de cateteres em recém-nascidos.
gestão da qualidade, os índices de
Uma conquista possível graças à
infecção eram elevados por compa-
adopção de um conjunto de medi-
ração com outras unidades seme-
das, desde o impedimento de os pais
lhantes. Daí que a equipa se tenha
pegarem ao colo o recém-nascido
reunido para identificar as falhas,
com cateter, mesmo que esteja cli-
após o que foram definidos novos
nicamente estável, à desinfecção das
procedimentos tendentes a uma
conexões com álcool antes e depois
maior eficácia assistencial.
Este prémio, atribuído pela primei-
(Almada), o Hospital Geral de Santo
guido, também com uma menção
ra vez em Portugal, é uma iniciativa
António (Porto), o Hospital Pedro
honrosa, o sistema de identificação,
da empresa de biotecnologia Merck
Hispano (Matosinhos) e o Hospital
avaliação e previsão de situações de
Serono e visa incentivar a imple-
de Torres Vedras, todos eles candi-
risco para a segurança do doente, re-
mentação de medidas de gestão
datos ao prémio.
duzindo a queda dos doentes idosos
da qualidade que conduzam a uma
Outras duas unidades viram os seus
internados em 100 por cento.
melhoria nos cuidados de saúde.
esforços premiados: uma menção
Este é um caminho igualmente
Pelo mesmo caminho do Hospital
honrosa foi atribuído ao Hospital
trilhado por um número crescen-
Dona Estefânia seguem outras uni-
Pedro Hispano pela implementação
te de farmácias portuguesas, que
dades
portuguesas,
de um sistema de melhoria do ser-
encaram a introdução de sistemas
nomeadamente o Centro Hospitalar
viço de esterilização com o objecti-
de gestão da qualidade como uma
da Cova da Beira (Covilhã), o Centro
vo de prevenir e controlar infecções
ferramenta essencial ao seu desem-
Hospitalar
hospitalares
Ocidental,
hospitalares, com um índice de satis-
penho profissional e à afirmação do
o Centro Hospitalar do Nordeste
fação de 88,5 por cento, enquanto o
seu papel de prestadores de cuida-
(Bragança), o Hospital Garcia de Orta
Hospital de Santo António via distin-
dos de saúde.
de
Lisboa
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 81
noticiário Gripe com Plano de Contingência
Fazer face a um eventual cenário de pandemia de gripe é o propósito do Plano de Contingência Nacional do Sector da Saúde, recentemente publicado pela Direcção-Geral de Saúde. Fruto de um trabalho contínuo desde 2003, trata-se de um documento de referência nacional no que respeita ao planeamento da resposta à emergência de uma pandemia de gripe, visando minimizar o seu impacto, sobretudo ao nível da mortalidade mas também das consequências para o funcionamento de todos os sectores e actividades sociais. Embora centrado no sector da saúde, este plano assenta no pressuposto de que os efeitos de uma pandemia de gripe podem ser mais graves na sociedade do que na própria saúde, com consequências ao nível das actividades sociais, incluindo das consideradas imprescindíveis à satisfação das necessidades básicas. Daí que, apesar de se destinar aos profissionais de saúde, aborde também o papel que a sociedade e a população em geral terão de desempenhar para minimizar o impacto de uma pandemia. O planeamento ‒ pode ler-se no documento ‒ é fulcral em qualquer risco de infecção, mas adquire uma maior intensidade num cenário de pandemia. Deste modo, o plano de contingência inclui medidas e procedimentos de preparação e resposta num período de emergência, mas também nas demais fases da actividade gripal, constituindo-se como uma estratégia abrangente de prevenção e controlo da doença. Nele se traça o enquadramento epidemiológico da gripe, bem como o enquadramento histórico à luz do qual se projectam cenários para uma próxima pandemia. Estruturado em planos específicos, prevê acções concretas nos domínios da informação em saúde, medidas de saúde pública, cuidados de saúde em ambulatório, cuidados de saúde em internamento, vacinas e medicamentos e comunicação.
82 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
Medicamentos
(In)segurança online O alerta é da DECO ‒ Associação
Internet não possuía folheto infor-
Portuguesa de Defesa dos Consu-
mativo e dos dois que o continham
midores:
medicamentos
um vinha escrito em grego e outro
através da Internet fora dos sítios
comprar
em espanhol. Aliás, os próprios sítios
autorizados pelo Infarmed pode co-
não cumpriam os critérios mínimos
locar em risco a saúde.
relativos à informação: sete apresen-
Uma conclusão a que a associação
tavam-se em inglês e nenhum era
chegou na sequência de uma inves-
exaustivo nas explicações sobre os
tigação desencadeada em Maio últi-
medicamentos, sendo que apenas
mo, quando a legislação nacional se
três referiam o nome do laboratório
preparava para incorporar esta pos-
e só quatro indicavam de forma clara
sibilidade.
como tomar e a quem se destinam.
Em nove sítios foram encomenda-
Das análises laboratoriais resultou
dos outros tantos medicamentos,
que os medicamentos continham o
todos eles sujeitos a receita médica
princípio activo enunciado e na dose
e posteriormente sujeitos a testes
esperada, mas a maioria incluía subs-
laboratoriais. Uma primeira análise,
tâncias desconhecidas, que podem
centrada na forma de acondiciona-
ser excipientes ou impurezas, em va-
mento e apresentação dos produtos,
lores superiores aos aceitáveis.
permitiu concluir que o risco é real:
A DECO comunicou estes resultados
seis deles chegaram mal acondicio-
às autoridades de saúde, esperando
nados, sob a forma de blisters a gra-
que tomem medidas adequadas ao
nel embrulhados em sacos de plás-
uso seguro e eficaz dos medicamen-
ticos ou folhas de jornal; um outro
tos. Sem prejuízo de advertir para os
foi enviado dentro de uma caixa de
riscos de adquirir estes produtos no
perfume, embrulhado como se fosse
mercado paralelo, que não oferece
uma prenda.
quaisquer garantias.
Face ao deficitário acondicionamen-
Este estudo vem reforçar a impor-
to e às condições de transporte pro-
tância da farmácia como o local, por
pícias, a DECO adverte para o risco
excelência, da dispensa de produ-
de degradação dos medicamentos
tos, seja ela presencial seja virtual.
e, em consequência, da saúde de
A farmácia é garante de qualidade,
quem os tome.
eficácia e segurança, bem como de
Tanto mais que a maioria dos pro-
informação e aconselhamento para
dutos encomendados através da
um uso racional dos medicamentos. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 83
noticiário Alliance Healthcare
adquire Alloga Portugal A Alliance Healthcare acaba de adquirir a totalida-
gulamentares e legislativas constantes, à necessidade de
de da Alloga Portugal ‒ Sociedade de Armazenagem
uma competitividade local e global, à procura de uma
e Distribuição Farmacêutica, negócio validado pela
qualidade de serviço superior e a adaptações estratégicas
Autoridade da Concorrência no passado dia 12 de
em períodos cada vez mais curtos.
Novembro.
A Alloga, que a partir de agora integra o Grupo Alliance
Com esta iniciativa de concentração, ambas as entidades
Boots, opera na prestação de serviços de logística aos pro-
esperam estabelecer um novo patamar de prestação de
dutores farmacêuticos, assegurando nomeadamente o ar-
serviços às empresas produtoras e distribuidoras de me-
mazenamento inicial do stock pós-produção com vista ao
dicamentos e produtos de saúde, criando valor para os
fornecimento a grossistas ou retalhistas.
clientes, fornecedores, accionistas e colaboradores.
Já a Alliance Healthcare, que resulta de uma parceria en-
De acordo com a Alliance Healthcare, esta operação en-
tre a Alliance Boots, a ANF e a José de Mello Participações,
quadra-se na evolução recente do sector farmacêutico, a
desenvolve principalmente a actividade de distribuição e
qual tem sido pautada por mudanças frequentes ao nível
comércio de produtos farmacêuticos, químicos, de droga-
das empresas no sentido de fazerem face a alterações re-
ria e perfumaria.
Protocolo para uma melhor formação pós-graduada Este é o objectivo primordial do protocolo recentemente as-
des curriculares em que considere de interesse a realização
sinado entre a ANF e a Universidade da Beira Interior (UBI).
de worshops e seminários com a participação de profissio-
Firmado pelo reitor da universidade, José Manuel dos Santos
nais da ANF, identificar as necessidades de apoio aos estágios
Silva, e pelo presidente da Delegação do Centro da associa-
intercalares e de mestrado em Ciências Farmacêuticas, bem
ção, Miguel Silvestre, o documento define a cooperação en-
como participar em projectos nas áreas de intervenção con-
tre as duas instituições no âmbito do Mestrado em Ciências
sideradas de interesse comum.
Farmacêuticas ministrado na Covilhã.
Por sua vez, a ANF compromete-se a disponibilizar e incenti-
Um mestrado em estreita ligação com o meio profissional e
var a participação dos seus colaboradores nos workshops e
com uma forte componente prática que, a partir de agora,
seminários realizados no âmbito do protocolo, a disponibili-
vai beneficiar da partilha de experiências dos profissionais e
zar locais adequados à realização dos estágios intercalares, a
associados da ANF.
apoiar os alunos na realização de trabalhos, quando solicita-
Assim, ao abrigo do protocolo são competências da
do, e ainda a participar em projectos nas áreas de interven-
Faculdade de Ciências da Saúde da UBI identificar as unida-
ção consideradas de interesse comum.
84 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 85
noticiário 33º aniversário da Farbeira Cooperativas em risco? Este foi um alerta deixado pelo pre-
do para as pessoas. Afinal, nos países
liberalização, emanados, por exem-
sidente da direcção da Farbeira,
onde há liberalização não há coope-
plo, da Cimeira de Lisboa de 2000. A
Miguel Silvestre, nas comemorações
rativas.
propósito do novo regime, criticou
do 33º aniversário da cooperativa,
Miguel Silvestre dava assim o mote
que tenha sido revogada a Lei do
que decorreram na Fundação Bissaya
para a mesa-redonda com que a coo-
Exercício Farmacêutico, criando um
Barreto, em Coimbra, no passado dia
perativa assinalou mais um aniversá-
vazio grave num enquadramento
29 de Novembro.
rio, precisamente sobre A liberaliza-
que propicia interesses antagónicos
Numa intervenção dominada pelo
ção da propriedade da farmácia e o
entre a entidade patronal e a direc-
novo enquadramento jurídico da
exercício da profissão farmacêutica .
ção técnica da farmácia.
farmácia, considerou que as recentes
Foi primeiro orador o professor
A mesa-redonda contou ainda com
medias legislativas configuram uma
Gomes Canotilho, catedrático da
a intervenção de António Rodrigues,
Faculdade de Direito de Coimbra, que
membro da Unidade de Missão dos
alteração do nível de responsabilida-
abordou a componente jurídica des-
Cuidados de Saúde Primários da ARS
des técnicas de uma profissão secular
ta temática, considerando que a libe-
Centro, realçou que a justeza de uma
como a de farmacêutico.
ralização da propriedade da farmácia
determinada política deve ser vista à
Em seu entender, o governo está a
seria inevitável no contexto europeu
luz das suas verdadeiras consequên-
dizer que, a partir de agora, não conta
e até mundial, dado que a política e
cias. Na sua opinião, havia outras
com o farmacêutico na prestação de
a economia assumem um maior pen-
matérias prioritárias, como a gestão
cuidados de saúde e, em particular,
dor liberal, encontrando junto dos
dos hospitais, o controlo da despesa
na cadeia do medicamento , além de
governos uma base de apoio. Nesta
em medicamentos e a prescrição por
que, em vez de procurar parcerias,
perspectiva, defendeu o reforço do
DCI.
está a ir em sentido contrário e o país
Acto Farmacêutico face a uma even-
No balanço desta iniciativa, de salien-
é que fica a perder .
tual fragilidade da responsabilidade
tar que todos os intervenientes evi-
Para o director da Farbeira, que há
do farmacêutico face a uma gestão
denciaram a qualidade da prestação
um ano se fundiu com a Farcentro e a
com mais apelo ao consumo.
de serviços das farmácias de oficina,
Cofarbel, estas mudanças vão reper-
O orador seguinte, Francisco Batel
sustentando que nada fazia prever
cutir-se no sector da distribuição e, a
Marques,
Secção
esta ofensiva ao sector, tanto mais
curto ou médio prazo, podem pôr em
Regional do Centro da Ordem dos
que as medidas entretanto concre-
causa a existência de cooperativas
Farmacêuticos, reconheceu que há
tizadas não constavam do programa
enquanto modelo de serviço orienta-
muito se adivinhavam sinais desta
de governo.
despropositada
86 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
e
desadequada
presidente
da
ANF torna-se membro fundador da Fundação de Serralves
A Associação Nacional das Farmácias
farmácias, de produtos específicos
(ANF) é o mais recente fundador da
com design de autor.
prestigiada Fundação de Serralves.
A atenção da ANF à área da cultura
A decisão de integrar o conselho de
está patente no Museu da Farmácia,
fundadores desta instituição, com
único no país, que realiza, todos os
sede no Porto e uma influência que
anos, actividades dirigidas a centenas
ultrapassa largamente o território
de crianças em idade escolar. Este
nacional, justifica-se pela partilha de
museu, mostrou já a mais de 70 mil
valores entre a ANF e a Fundação de
visitantes, um percurso de 7 000 anos
Serralves, nomeadamente na área da
de história, não só sobre a saúde das
cultura, que se reflecte nos progra-
civilizações através dos tempos, mas
mas educativos que ambas as entida-
da própria Humanidade.
des desenvolvem.
Para a ANF, é um orgulho poder fazer
No âmbito desta participação, a ANF
parte da Fundação de Serralves e in-
poderá assumir um papel activo no
tegrar um projecto de referência, com
desenvolvimento de iniciativas con-
preocupações ambientais e sociais,
juntas com a Fundação de Serralves,
que promove a cultura, a inovação e
tais como o lançamento de campa-
a criatividade, numa constante coo-
nhas temáticas na área da saúde ou
peração com instituições nacionais e
na concepção e comercialização, nas
estrangeiras. FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 87
noticiário
Crioestaminal distingue jovem cientista Desvendar a estrutura celular associada à infertilidade e
medida em que existe uma relação entre determinadas
ao cancro ‒ foi este o mérito da jovem cientista Mónica
doenças, como a infertilidade e o cancro, e a ausência ou
Bettencourt Dias que lhe valeu o primeiro lugar na ter-
excesso destas estruturas.
ceira edição do Prémio Crioestaminal em Investigação
Publicado nas principais revistas científicas internacio-
Biomédica.
nais, este trabalho abre as portas ao diagnóstico precoce
Investigadora do Instituto Gulbenkian de Ciência, em
das alterações celulares associadas a doenças.
Oeiras, Mónica Bettencourt Dias contribuiu para um me-
No valor de 20 mil euros, o Prémio Crioestaminal de
lhor conhecimento do centrossoma, uma micro-estrutura
Investigação Biomédica resulta de uma parceria entre
do interior das células humanas que regula a manutenção
esta empresa, pioneira e líder na investigação e criopre-
do esqueleto e a multiplicação celular. O trabalho da cien-
servação de células estaminais, e a Associação Viver a
tista visou identificar as moléculas que estão na origem do
Ciência, cuja missão é promover a investigação científica
centrossoma, o que constitui um avanço significativo na
envolvendo os cidadãos.
88 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
cartoon
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 89
desta varanda Um ano difícil do SNS, que revelaram à sociedade a
Há um projecto e uma nova estraté-
traficância permitida pela respectiva
gia associativa para que o sector se
legislação.
desenvolva em regime de livre pro-
Paira sobre estas reformas a obsessão
priedade e concorrência.
de destruir o cartel das farmácias,
O Programa Farmácias Portuguesas
como alguém afirmou em plena
foi recebido com muito entusiasmo
Assembleia da República.
pelos associados e a adesão imediata
Mas, enganam-se aqueles que assim
da esmagadora maioria das farmácias
pensam.
é a melhor certeza de que vencere-
Em 1 de Janeiro de 2007, no dia ime-
mos os desafios e aproveitaremos
diato ao fim do acordo com o SNS,
todas as oportunidades.
iniciou a sua actividade a empresa de
O ano de 2008 será um ano de espe-
O ano que agora termina foi muito
factoring FINANFARMA, que substi-
rança para as farmácias portuguesas,
difícil para o sector das farmácias.
tuiu com vantagem o anterior acordo
que continuarão a ser, como sempre
Terminou o acordo com o SNS, por
com o SNS.
têm sido, estabelecimentos de saúde
decisão unilateral do Ministério da
As farmácias são hoje, provavelmen-
ao serviço dos doentes.
Saúde, que o substituiu por um di-
te, o único sector da vida nacional
A confiança que a população deposi-
ploma legal, que impôs, por via legal,
que recebe os créditos por forneci-
ta em nós, o nosso profissionalismo,
às farmácias a dispensa de medica-
mentos ao Estado praticamente em
a qualidade dos serviços que presta-
mentos a crédito aos beneficiários do
simultâneo com a data da factura!
mos e a nossa unidade são motivos
SNS.
O fim do acordo com o SNS reforçou
suficientes para acreditar num bom
Foi liberalizada a propriedade de
a nossa unidade, permitiu melhorar
ano novo.
farmácia. Uma decisão tomada por
os prazos de pagamento e pôs termo
É isso o que eu desejo a todos os as-
razões estritamente políticas, que
à acusação de que vivíamos na de-
sociados.
prejudica o País e os doentes.
pendência do orçamento do Estado.
As novas farmácias serão atribuídas
O sector reagiu com a mesma deter-
por sorteio, sem ter em consideração
minação à liberalização da proprieda-
qualquer critério de natureza profis-
de.
sional.
Definimos um novo modelo de far-
Foram abertos 6 concursos para ins-
mácia e uma nova relação com o
talação de farmácias em hospitais
mercado.
90 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA
João Cordeiro
FARMÁCIA PORTUGUESA ¦ 91
92 ¦ FARMÁCIA PORTUGUESA