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Efeitos do abuso da testosterona

O culto da beleza e a busca do corpo atlético perfeito e da melhor performance atlética estão levando adolescentes e até mulheres ao uso indevido da testosterona, principal hormônio masculino, também chamado de esteroide androgênio anabolizante.

O problema surgiu ainda por volta de 1950 quando atletas começaram a utilizar estes hormônios para esculpir o corpo e melhorar a performance física. Para alcançar estas metas ainda hoje jovens fazem uso destes esteróides em doses 10 a 100 vezes que as doses usadas em condições médicas, abusando de diferentes tipos, ou coquetéis ou ciclos de testosterona por tempo prolongado. Atualmente sabe-se que muitos adolescentes estão usando estes hormônios em proporções epidêmicas, especialmente quando acreditam que é a maneira mais fácil de ter massa e força muscular. Para piorar, a ampla facilidade de venda desses produtos de maneira ilícita, via redes sociais ou nas próprias academias de ginástica por indivíduos sem conhecimento nessa área, vem disseminando de maneira excessiva o uso desses compostos. Porém, pouco se repercute sobre esse assunto que pode levar a consequências graves na vida desses jovens.

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O uso de Testosterona pela mulher não está aprovado no Brasil e não existem medicamentos fiscalizados por órgãos de vigilância sanitárias (ANVISA) aqui disponíveis. Mundialmente, não é recomendado o uso de formulações masculinas para mulheres. O uso de Testosterona por mulheres, sem indicação e com medicamentos inadequados, pode levar a efeitos a curto e a longo prazo, dose-dependentes como espinhas, excesso de pelos, queda de cabelo, aumento do risco cardiovascular, engrossamento da voz, aumento do clitóris, além de dependência psicológica como depressão após a retirada, transtorno da imagem corporal (dismorfofobia, vigorexia) e transtornos alimentares (ortorexia).

No homem a testosterona pode ser utilizada apenas em doenças que resultem na ausência da produção desse hormônio pelos testículos, condição chamada de hipogonadismo. O diagnóstico de hipogonadismo masculino requer a presença de sintomas clínicos como baixa de desejo sexual, disfunção erétil e fadiga, além da dosagem de testosterona realizada no mínimo em duas ocasiões no período da manhã na ausência de doenças agudas ou graves.

Quando o médico recomenda o uso de testosterona, ele leva em consideração uma série de fatores (presença de contraindicações, dose, via de administração, intervalo das doses, etc.) com o intuito de melhorar a qualidade de vida de seus pacientes ao mesmo tempo em que minimiza a chance dos efeitos colaterais. PROBLEMAS No desejo de aumento de massa muscular o grande problema é que a força dos tendões e ligamentos não acompanha a força muscular. Isto acentua a chance de lesões musculares e de tendões. Quando o corpo recebe a testosterona em excesso ele reage de muitas formas, resultando em uma série de efeitos colaterais. O uso abusivo destes hormônios está diretamente relacionado com o aparecimento de doenças cardiovasculares, incluindo derrame e infarto, mesmo em atletas com idade inferior a 35 anos. É freqüente também a atrofia testicular levando a disfunção erétil e a infertilidade. Outros efeitos conhecidos ou reações adversas ou condições incluem: • Aumento do coração e morte súbita; • Inflamação e pus no local da aplicação; • Acne e maior oleosidade na pele; • Ginecomastia (crescimento de seios no homem); • Problemas de fígado; • Aumento da quantidade de hemácias, também chamadas de glóbulos vermelhos ou eritrócitos no sangue e risco aumentado de trombose; • Retenção de líquidos; • Piora dos roncos e sonolência para quem tem apneia; • Aumento da pressão arterial; • Distúrbio do humor como mania e depressão; • Supressão transitória ou definitiva da função testicular, parada da produção de Testosterona endógena, e necessidade de reposição de Testosterona em longo prazo.

Através do conhecimento de todos estes riscos é que a utilização destes hormônios deve-se limitar aos casos de deficiência comprovada de acordo com critério médico, para que o poder da testosterona conduza somente a benefícios.

DR. MÁRCIO DE CARVALHO

CRM/PR 12020 | RQE 6499 | Urologia

CURRÍCULO

• Titulado em Urologia pela Universidade Pierre e Marie Curie (Paris VI) e em Andrologia pela

Universidade de Paris XI – Faculdade de Medicina Paris-Sud – França; • Professor de Urologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM); • Mestre pela Universidade Federal de São Paulo -UNIFESP; • Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Urologia - Secção Paraná; • Coordenador do Departamento de Disfunções Sexuais Masculinas da Associação Brasileira de Estudos em Medicina e Saúde Sexual (ABEMSS). www.drmarciocarvalho.com.br

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