Ano 1 – N° 4 Abril de 2014 Revista digital gratuita
Pra começo de conversa Expediente Responsável Vitor Lupi Colaboradores Marcelo Bellesso, Camila Corradini, Eliane Molizini Benedito, Maria Fernanda Perez, Arthur Borges, Victor Ribeiro, Gabriela Barros, Henrique Lins E Renato Leite Revisão de texto V Produções Finalizações Alessandra de Castro
------------------------------Os anúncios aqui contidos são de inteira responsabilidade de seus anunciantes. A Saudosa Mooca não se responsabiliza por promoções ou disponibilidade de produtos e serviços contidos nos anúncios. A Saudosa Mooca ainda não se responsabiliza por artigos assinados em nossas edições, sendo estes de inteira responsabilidade dos seus autores. Fotografias e artes gráficas não creditadas pertencem à Saudosa Mooca e é expressamente proibida sua reprodução, total ou parcial, bem como qualquer espécie de conteúdo aqui contido sem nossa permissão.
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Nossa revista está de nova cara, com um novo logo e uma nova proposta gráfica, mais limpa e leve, com traços mais claros e mais espaço em cada página. Para nós é sempre um imenso prazer dar continuidade em nossos trabalhos. E com esta edição já estamos na quinta! Nossa matéria principal é o centenário da Escola Estadual Oswaldo Cruz. Com um século de funcionamento nós fomos até o colégio descobrir como e o que se mantém depois de cem anos. E você ainda confere uma entrevista com a diretora do colégio, Angela Maria Limberg. E tem mais uma novidade: o espaço de astrologia, mas claro, mantivemos nossos temas de psicologia e de direito. Nesta edição você ainda vai aprender a fazer Panna Cotta, uma deliciosa receita de origem italiana! Obviamente, você vai conferir o terceiro capítulo da saga de Ângelo e Pedro através do Mooca Sightseeing e muito mais! Boa leitura! Vitor Lupi
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08 – Acontece 10 – Espaço do leitor 12 – Direito Nosso 14 – Mestre Cuca 17 – Astrologia 18 – Psicologia 20 – Capa - Cem Anos de Histórias 34 – Mooca Sightseeing
Foto: Reprodução
Acontece
Antiga hospedaria reabre ainda em maio
Quatro anos e 20 milhões de reais depois, o museu da imigração está com data agendada para a reabertura no dia 31 deste mês. Com o restauro, dezenas de novos objetos foram encontrados e passarão a compor o acervo do museu. Nesse novo projeto foi incluído um elevador para transporte de pessoas com deficiência, café, biblioteca, wi-fi no quintal da hospedaria, uma exposição interativa de longa duração e ainda um bistrô para atender aos visitantes. A abertura, será feita com um show do cantor Arnaldo Antunes. Estamos ansiosos para a reabertura!
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Aos amigos moquenses; Somos em grande parte descendentes de italianos e muitos de nós já tivemos o sonho de conhecer a terra de nossos antepassados. Assim, convido vocês a viajarem na minha história “Um fim de semana italiano”. O livro encontra-se a venda na Camiseteria di Mooca na Rua Visconde de Laguna, 171 por R$ 25,00
Foto: Bruno Mooca
Espaço do leitor
O Sotaque da Mooca Por Roberto Cipullo
Este fato ocorreu comigo tempos atrás. Eu era professor da “Faculdade Santa Marcelina”, em Perdizes, portanto distante da Mooca. Um dia, estava no intervalo com um grupo de alunos, quando surgiu um rapaz que eu nunca tinha visto e foi dizendo: - “Quem é que é que vai me reserváá comigo o almoçoo pra oggi lá na Cántinaaa?” Imediatamente uma aluna repetiu a frase, imitando o rapaz, dono da Cantina. Então eu, que não conhecia o rapaz disse: - “Ele fala assim porque é da Mooca!!” - Com’é que você sabeee, respondeu ele. - Ora, porque eu também sou da Mooca, e conheço muito bem esse sotaque delicioso!!! Através dele nós, mooquenses, podemos nos reconhecer em qualquer lugar!!! Isso mesmo!! O nosso bairro tem um sotaque especial, cantado, ritmado, melódico, italianado, simpático...,envolvente!!!!! Por esse e por outros motivos somos um bairro cativante e cheio de personalidade!!!!!! “I viva a Móckaaa!!!!!!!!!!”
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1 1. Foto do prédio, ainda inteiro, da extinta gravadora ChanteclerContinentall, tirada às 20:02 do dia 02/12/2013, horário de verão. Hoje ele já está pela metade. Foto: João Chica Moreno. 2. Antigos galpões na Rua Frei Gaspar. Foto: Instagram/@CruzWillian
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Direito Nosso Por Eliane Molizini Benedito
Indenização Uma empresa de panificação foi condenada a pagar indenização de R$ 5 mil por danos morais a consumidora que encontrou um corpo estranho, que parecia um fio de cabelo, num pão de forma. A consumidora não chegou a ingerir o corpo estranho, mas o Superior Tribunal de Justiça entendeu que houve dano psíquico, em grande parte causado pela sensação de ojeriza que “se protrai no tempo, causando incômodo por longo período, vindo à tona sempre que se alimenta, em especial do produto que originou o problema, interferindo profundamente no cotidiano da pessoa” O episódio aconteceu em 2009. Segundo informações do processo, o material apresentado pela consumidora foi submetido a exame, no qual se constatou a presença de corpo estranho – um fio de espessura capilar – firmemente incrustado no pão. Em primeira instância, a empresa foi condenada a pagar R$ 3,12, apenas por danos materiais – o mesmo valor pago pelo produto no supermercado. A cliente recorreu, mas a segunda instância manteve a decisão do juízo de primeiro grau, afirmando que a reparação do dano moral “exige que ele seja mais grave, a ponto de interferir mais intensamente na esfera psicológica do indivíduo”. O STJ afirmou que os danos morais não se
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restringem “à dor, tristeza e sofrimento, estendendo sua tutela a todos os bens personalíssimos”. O Código de Defesa do Consumidor prevê que os produtos não acarretarão riscos ao consumidor. Quando o produto não corresponde à expectativa deste, quanto à utilização ou fruição, afetando sua prestabilidade, há vício de qualidade. Mas quando além de não condizer com a expectativa do consumidor, o produto cria riscos ao próprio cliente e a terceiros, trazendo insegurança, pode-se dizer que ele é defeituoso. “O corpo estranho incrustado na fatia de pão de forma expôs a consumidora a risco, na medida em que, na hipotética deglutição do tal fio de espessura capilar, não seria pequena a probabilidade de ocorrência de dano, seja à sua saúde física, seja à sua integridade psíquica. A consumidora foi, portanto, exposta a risco, o que torna defeituoso o produto” fonte: Associação dos Advogados de São Paulo
Alugo dois conjuntos comerciais na Rua Pamplona. Contato com Gerson (11) 99987-0700.
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Foto: Reprodução
Mestre Cuca
A Panna Cotta (em italiano significa literalmente "nata cozida") é uma sobremesa típica da região italiana do Piemonte, elaborada a partir de nata de leite, açúcar, gelatina e especiarias, especialmente canela. Consome-se sozinha, com compotas ou com fruta fresca. A receita dessa delícia você confere a seguir 14
Ingredientes:
Calda:
√ 400 ml de creme de leite fresco
√ Framboesa congelada, 300 g
√ 1 de uma fava de baunilha ou 1 colher de sopa de essência
√ Açúcar, 1/3 xícara
√ 3 folhas de gelatina incolor
√ Água, 1 xícara
√ 60 g de açúcar
Modo de preparo: 1. Ferver 200 ml de creme de leite com 40 g de açúcar e a baunilha (cortar verticalmente e raspar o pólen) 2.
Bater o restante do creme de leite com 20 g de açúcar em chantilly
3.
Reservar na geladeira
4.
Amaciar a gelatina em água fria por 15 segundos cada folha
5.
Quando o creme de leite ferver, retire do fogo e una à gelatina já amaciada em água fria
6.
Misture bem e deixe esfriar completamente, mexendo de vez em quando
7. Quando essa mistura do leite fervido com a gelatina estiver bem fria e com um consistência cremosa misture o chantilly 8.
Coloque na forma e deixe na geladeira
9.
Servir no dia seguinte
10. Agora, prepare a calda de framboesa. Para isso, cozinhe a framboesa em fogo baixo, juntamente com o açúcar e a água, até que as frutas estejam macias. Se quiser, bata também a mistura no liquidificador para que a calda fique bem lisa. Quando ela estiver pronta, despeje-a sobre a panna cotta e sirva.
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Astrologia
Anjos em toda parte
Foto: Reprodução
Por Maria Fernanda Perez
A vida, com tantas incertezas, está sempre nos pregando peças. Num momento, estamos no auge. No seguinte, damos com a cara no chão. Desilusões e desamores abalam o nosso espírito e temos vontade de nos escondermos embaixo da cama até a tempestade passar. Mas isso só acontece porque nos esquecemos do Amor que nos criou. Deus nutre por nós um amor tão puro e infinito que nos deu esses companheiros e guardiões, os Anjos. Conheça histórias e algumas dicas de como obter a ajuda deles para viver em harmonia! E é mais fácil do que você imagina! Basta "virar uma pedra e despertar uma asa"... Se você estiver enfrentando uma situação ruim, algo que o magoe, que o entristeça, que o revolte e que o preocupe, tenha calma, Isso passa. De um jeito ou de outro. Mas é preciso que você faça a sua parte. O primeiro passo é respirar fundo, tomar um longo banho com flores ou ervas e, de corpo lavado, lavar a alma também. Este ritual é um simples ato de ligação com os anjos e de encontro consigo mesmo. É o primeiro passo para você começar uma vida nova, uma vida com os seus anjos, onde nenhum problema poderá derrotá-lo e onde você descobrirá tesouros maravilhosos dentro de se mesmo.
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Psicologia Por Camila Corradini
Relações de Extrema Dependência: Uma compreensão sobre a raiz do comportamento Quem nunca conheceu alguém, ou até mesmo se reconhece em alguma relação de muita dependência e simbiose? Não se esqueçam que para sermos sadios, precisamos ser livres e independentes e a simbiose pode ocorrer em qualquer relação, até mesmo no casamento!
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Para esclarecer a todos, vamos percorrer um pouco sobre o caminho onde estas relações se constroem e o que são na
verdade? Primeiramente, todos nós passamos no primeiro estágio da vida, uma relação simbiótica com nossas mães e as mesmas conosco sendo assim, uma condição neste período normal, experimentada na fase oral do desenvolvimento da criança, onde mãe e filho se fundem a fim de suprir as necessidades e a dependência do bebê, caracterizada portanto como um meio de sobrevivência. Essa condição também se estende ao
pai, onde este também garante juntamente com a mãe, a satisfação das suas necessidades e a total proteção do meio. Mas quando se torna então, uma patologia? Para compreendermos, é uma forma destorcida na relação simbiótica natural que resulta na não diferenciação entre criança e mãe, casos de negligência de qualquer espécie, superproteção ou o não estímulo para que o filho funcione de forma independente e edificada para que amanhã siga suas escolhas e resolva seus próprios problemas, como à medida que o filho se desenvolve, continua a provêlo, sem ensinar e permitir que ele próprio cuide de si. Sabemos que somos seres sociais e que todas essas experiências da psique se arrastam ao longo de nossas vidas em forma de comportamento dentro das relações, e certamente o casamento também sofre em caso de casais simbióticos, onde existe a repetição desse comportamento entre relação mãe – filho e pai – filha, levado ao extremo em que um não sabe estar e ser sem o outro, com grande dependência e falta de autonomia. Sendo assim, a forma sadia de desenvolvimento, é suprindo a dependência normal ao que cada fase da vida exige, mas permitindo que os filhos tornem-se autônomos e para que isso ocorra, temos a tarefa de deixar de lado nossos desejos, nossos estados de
ego, de medo e insegurança, assim como também nossas próprias questões não resolvidas para promover o desenvolvimento sadio dos filhos.
Camila Corradini é Psicóloga Clínica e PósGraduada em Psicopedagogia Clínica. Atua há dois anos em consultório particular e passou por instituições importantes como o Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual com foco em psicopatologias, e associações de assistência social como Lar São José, Lar da Redenção e ABRETE com foco em saúde mental e comunitária. www.facebook.com/corradini.psi camilacorradini.psicologia@hotmail.com
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Capa
Completando seu centenário neste ano, a atual E.E. Oswaldo Cruz foi o Segundo Grupo Escolar da Mooca, localizado à Rua da Mooca, 2183, criado em 08 de fevereiro de 1914 e fundado em 14 de abril do mesmo ano. No seu primeiro ano de funcionamento (1915), o grupo escolar contou com a matrícula de 1.090 alunos, com frequência regular de 726 (segundo o anuário do colégio) O seu primeiro diretor foi Pérsio da Cunha Canto. O prédio com construção diferenciada da maioria das escolas, idealizado pelo arquiteto Augusto de Todelo, conta com três andares, janelas bem retangulares para o bom aproveitamento da luz do dia, portas fortes, vidros desenhados, escadas em madeira, estuque e conta com ricos detalhes por todas as partes. Três anos mais tarde, em 1917, o grupo escola passa
a se chamar Grupo Escolar Oswaldo Cruz, em homenagem ao importante médico sanitarista. Tivemos o prazer de conhecer o interior do prédio e vamos compartilhar com você logo mais tudo o que por lá vimos. Ainda, nossa entrevistada, a atual diretora, desde 2007, Angela Maria Limberg, nos contou detalhes sobre a escola, inclusive sobre seu tombamento, ocorrido em 2002, restauro parcial, pedidos para filmagens internas que são comuns por conta da curiosa construção e até sobre a visita de antigos alunos dessa escola que por um século instalada em nosso bairro, acolheu milhares de moquense e por isso torna-se tão querida e única. Um verdadeiro caso de orgulho e tradição para a história da nossa querida Mooca. →
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“
As portas são as mesmas, as escadas são as mesmas, o ranger da escada também é o mesmo. Mas a emoção de voltar aqui é indescritível. Um ex-aluno
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Linha do tempo - Em 27/02/1917, pelo decreto 52.597, o secretário de Estado dos Negócios da Educação, autoriza o funcionamento do Segundo Grupo Escolar do Cambuci incorporando-o ao Grupo Escolar Oswaldo Cruz - Com a integração o Grupo Escolar Oswaldo Cruz passou a denominação de Unidade Integrada de Primeiro Grau Oswaldo Cruz.
- Em 1918, a escola conseguiu fundar um núcleo de escoteiros filiado à Associação Brasileira de Escotismo. - Em 1955 organizou a Bandinha Rítmica com várias apresentações na televisão.
Foto: Maria Tereza Flores
- Em 29/01/76 a U.I.P.G. Oswaldo Cruz passou a ser denominada E.E.P.G. Oswaldo Cruz.
- No ano de 1999 com a denominação que prevalece até hoje - Escola Estadual Oswaldo Cruz -, iniciou em suas dependências o ensino médio regular no período da manhã. - No ano de 2003 EJA - Ensino Médio noturno. - No ano de 2004 passou a trabalhar como escola Vinculadora da Fundação Casa. - No ano de 2005 inicia novamente ao atendimento a alunos de 1ª a 4ª série.
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- No ano de 2008 fechou o período noturno Fonte: Portal da Mooca
Foto: Família Montuori
- Com a reorganização das escolas, em 1996 passou a ter a denominação Escola Estadual de Primeiro Grau Oswaldo Cruz, passando a atender os jovens de 5ª à 8ª séries do Ensino Fundamental e oferecer o curso de EJA - Educação de Jovens e Adultos, destinado aos alunos de 5 à 8 séries no período noturno.
Comemoração em razão do encerramento do período letivo em foto, provavelmente, da década de 1940
Turma do Grupo Escolar Oswaldo Cruz em 02/12/1930. Na foto, além de ser possível observarmos o rigor com o posicionamento de cada aluno, podemos notar que a sala era composta exclusivamente por meninos. Isso é explicado, pois as salas antigamente não eram mistas
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Tamanha era a separação das salas entre meninas e meninos que na construção, o prédio, já foi feito exatamente para abrigar estas duas alas: feminina e masculina. Além do formato em U, desenhos no cimento no topo do colégio mostram qual seria o lado efeminino o masculino. Sendo que, a partir do observador, o lado masculino é o esquerdo e o feminino o direito. O acesso às classes era realizado pelas laterais, existindo a entrada principal apenas por razões de estética. Nas fotos vemos, na mais acima, a ilustração do lado masculino, mostrando um professor com seus alunos, apontando para o globo. E na outra foto, a professora e suas alunas.
Atualmente as salas são mistas como em qualquer outro colégio
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Os corredores da escola também são um diferencial. Eles têm o pé direito de 5 metros! →
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Diretora do colégio desde 2007, Ângela Maria Limberg, foi quem nos recebeu logo de início, e fomos muito bem recebidos, diga-se de passagem. “Sempre fui fascinada pela escola”, conta ela que levou a gente para conhecer cada canto do colégio, inclusive seus arquivos. E nos contou histórias, desde a sua chegada à diretoria, onde ela tanto se orgulha de estar e por tanto fazer pela instituição. No dia de nossa visita ao interior da escola, estava sendo preparada a comemoração do centenário e nem com toda essa euforia, que nos contagiou, foi deixado algum detalhe de lado. Convidamos você, leitor, a descobrir um pouco mais sobre tudo e mais um pouco do que falamos até agora. Saudosa Mooca: Como você chegou até a direção da escola? Angela Maria Limberg: Inicialmente fui Diretor Designada nos anos de 2003 e 2004. Depois em 2007, vim removida como diretora efetiva aprovada em concurso público.
S.M.: Fatos e testemunhos desde a sua entrada no colégio. A.M.L.: A escola mudou muito, acredito que melhorou em termos de comportamento dos alunos e auto-estima da comunidade escolar.
S.M.: Como é administrar uma escola centenária? A.M.L.: É diferente, a comunidade acredita que o ensino é mais tradicional, freqüentemente tenho solicitações para filmagens, tenho visitas de ex alunos muito idosos que pedem para rever a escola, nos contam histórias, ou solicitam o seu “diploma” de 4ª série primária para mostrar aos netos. Nós os acolhemos com carinho e ouvimos os seus ensinamentos.
S.M.: Qual é a sua relação como diretora com a história que o colégio carrega e essa relação com os alunos, se são cientes e participam, ao menos, no cuidado do prédio? A.M.L.: Em um processo de atribuição de escolas cheguei no “Oswaldo Cruz” em 2003 como diretora designada; minha opção dentre 12 escolas por ser um prédio histórico. Nesta época esta escola era muito mal vista pela comunidade, mas o prédio me fascinava, acho que a escola me escolheu (risos). Quanto aos alunos eles são cientes do tombamento do prédio em 1998, pelo CONDEPHAAT, DOE. de 07/08/2002, posteriormente (2002/2003) o prédio passou por restauro. Nossos alunos gostam da escola, conservam o prédio, não tenho depredação por parte deles. →
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S.M.: Ainda que seja um prédio histórico e muito bonito, infelizmente é possível observá-lo com detalhes por conta das árvores que o cobrem. Por qual razão elas não são podadas? A.M.L.: Concordo com suas palavras, quando estas árvores foram podadas ao beleza do prédio era mostrada, mas infelizmente os trâmites para a poda são burocráticos, acredito que até o inicio do ano que vem conseguiremos executar o serviço, pelo Estado com a autorização da prefeitura.
S.M.: Você já conhecia a escola antes de entrar para sua Diretoria? A.M.L.: Não. Eu morava no Jardim Avelino e fazia pouco tempo que estava na Mooca, passava em frente à escola e tentava ver lá dentro, tinha vergonha de pedir para entra, ”namorava” o prédio pelo lado de fora. Nesta época o “Oswaldo Cruz” era muito mal visto pela comunidade, mas mesmo assim não tive dúvida na hora de escolhê-lo para trabalhar. S.M.: Sobre seu fascínio com a escola de que modo surgiu? A.M.L.: Sempre gostei de coisas, objetos e arquitetura antiga, quando vi a escola me apaixonei. S.M.: Você tem algum tipo de relação com a Mooca?
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A.M.L.: A Mooca foi um bairro que me acolheu, nasci na Vila Zelina, depois morei no Jardim Avelino, quando casei vim para o bairro da Mooca, quando cheguei estranhei um pouco, mas trabalhando nesta escola fui conhecendo o bairro e gostando dos seus costumes e admirando este amor que o moquense tem pelo seu bairro, além do cuidado. Hoje depois de 16 anos morando aqui já me sinto parte. S.M.: Sobre esses ex alunos (idosos) teve algum caso em especial que te chamou a atenção em especial? E ainda como é poder vivenciar isso? A.M.L.: Vivenciar estes momentos é um grande prazer. Faço questão de conversar com todos, agradecer a presença e entregar o convite para a comemoração dos 100 anos, toda minha equipe tem a mesma postura, todos se sentem gratificados. Teve um caso que eu me lembro bem, foi logo que cheguei na escola em 2007, este ex aluno com 94 anos, morava na Rua Oratório e veio até a escola a pé, pediu para rever sua sala de aula, e também uma cópia de seu diploma, para mostrar aos seu netos e bisnetos, se emocionou ao caminhar pela escola e lembrar do barulho da escada, (que ainda é a mesma) quando os alunos em fila desciam por ela. São histórias simples, mas que fazem parte das boas lembranças de cada um que passou pela escola.
S.M.: Com o tombamento da escola e posterior restauro, tem algum tipo de cuidado especial que se deve ter ou restrição? A.M.L.: Sim, as cores não podem ser modificadas, será eternamente bege. Nenhuma outra modificação é permitida, para não descaracterizar o prédio. Por exemplo, quando surgiu o projeto da sala de informática – Acessa Escola, o “Oswaldo Cruz” teve o projeto parado por dois anos até sair a autorização para instalação dos 14 computadores que temos na sala para atender os alunos. Tudo é mais difícil, inclusive reformas, desde o restauro a escola não passa por uma grande reforma, pois depende da autorização do Condephaat além do custo ser muito mais alto para o Estado. S.M.: Gostaria que você deixasse aqui alguma frase que gostaria de falar. Algo sem perguntas ou interferências. A.M.L.: Gostaria de falar da escola, “Oswaldo Cruz” que tem características próprias. Temos uma comunidade presente que busca ser bem atendida, bons alunos, que cobram nossa atenção, mas ao mesmo tempo comprometidos com sua vida escolar e futuro, além do corpo docente e funcionários, que gostam muito da escola e buscam um ensino de qualidade, e isso faz toda a diferença. Gostaria de deixar registrado também que admiro o seu trabalho com a Saudosa Mooca, pois valoriza o bairro na sua história e essência além de mostrar o que hoje temos de bom.
As fotos acima são de achados do restauro. A primeira é do batente da porta, no qual foi realizado um trabalho de raspagem para identificar todas as pinturas anteriores. O mesmo acontece na segunda imagem, só que com a parede. →
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Você sabia? Além de tanta história a escola também tem seu próprio hino. O hino foi composto na década de 1940 pela Professora Branca e sua partitura foi descoberta há pouco tempo. Conheça a letra:
ESCOLA ESTADUAL “OSWALDO CRUZ” HINO DA ESCOLA I A NOSSA PÁTRIA, TÃO GRANDE E FORTE GRAVOU PRA SEMPRE NA SUA HISTÓRIA DE UM FILHO HONRADO DE NOBRE PORTE A GLORIOSA TRAJETÓRIA II OSWALDO CRUZ, TEU VULTO ALTIVO COM JUSTO ORGULHO NÓS SAUDAMOS O TEU EXEMPLO IMITAR NÓS PROMETEMOS HONRAR P BRASIL QUE TANTO AMAMOS III E NESTE DIA COM VOZ VIBRANTE NÓS TE CANTAMOS “OSWALDO CRUZ” LEMBRANDO SEMPRE A CADA INSTANTE DO TEU PASSADO GLÓRIA E LUZ IV E NESTA ESCOLA, QUE ORGULHOSA TEU NOME PODE OSTENTAR HÁ DE BRILHAR COM ARDOR TUA MENSAGEM DE AMOR SEMPRE AVANTE A NOS GUIAR
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Mooca Sightseeing Por Marcelo Bellesso
Capítulo 3 – O Hipódromo
Endereço:
Rua
Hipódromo
... Ângelo, equilibrando-se com o movimento da Kombi, colocou a mão no peito em sinal de patriotismo continuou...
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“Queridos visitantes; A Mooca é vizinha do Ipiranga e foi aqui o primeiro local do Brasil que ouviu o famoso grito “Independência ou Morte!”. Está no hino nacional! Acreditem! Porque foram as margens plácidas do Ipiranga que ouviram um brado retumbante de um povo heróico. Foram elas, as margens, que viram os raios
raios fúlgidos do sol da liberdade brilhar naquele instante do dia sete de setembro de 1822.” Os turistas acidentais sentados na Kombi aceitaram a brincadeira, entendendo que havia um certo sentido sobre a proclamação do Ângelo. Ao perceber a aceitação inicial continuou... “O Brasil tornou-se independente quando a Mooca já tinha duzentos e vinte e seis anos, uma vez que foi fundada dezessete de agosto de mil quinhentos e cinqüenta e seis. Na época a Mooca era habitada por índios que
ao notarem os brancos europeus construindo suas casas diziam “Mo-oca” que na língua Tupi Guarani significa “eles estão fazendo casa” e continuam fazendo só que agora são prédios. A Mooca está se tornando vertical, entretanto ainda temos um estilo de vida interiorano. Nosso bairro tem 7,7 Km² sendo dezessete vezes maior que o Vaticano e um pouco mais de três vezes o Principado de Mônaco. Aqui vivem aproximadamente sessenta mil cidadãos moquenses e estamos sempre abertos para os que desejam se naturalizar” A platéia aceitava a introdução do “city tour” quebrando o gelo inicial. A Kombi virava lentamente para a esquerda entrando na rua do Hipódromo e após cerca de cinqüenta metros, Pedro estacionou o Mooca Móvel na calçada a esquerda deixando as pessoas notarem um galpão com tijolos aparentes formando cerca de cinco triângulos seqüenciados buscando trazer aos turistas nostalgia. Os turistas se assustaram ao ouvirem o som que Pedro colocou no auto-falante da Kombi. Era o som de trompetes anunciando uma corrida com o fundo sonoro de espectadores ansiosos gritando na arquibancada o início de uma prova de corrida. Repentinamente seguiu-se o ruído de um disparo e som de galopes frenéticos associados a um alvoroço de espectadores que vibravam. Estes ruídos desenharam o clima para a música tema do filme Corcel Negro de Carmine Coppola trazer na memória de todos os
turistas um ambiente de corrida de cavalos. Ângelo voltou ao microfone... “Caros amigos, Esta rua chama Rua do Hipódromo só tem sentido porque a duas quadras ao nosso leste havia sido construído o primeiro Hipódromo de São Paulo em 1876 a partir da doação das terras do abolicionista Rafael Aguiar Paes de Barros. Gostaria que os senhores fechassem os olhos e imaginasse um jockey com muros baixos que dividam a rua do seu interior. Na parte interna no circuito oval, onde as curvas ficam retas havia uma arquibancada coberta que abrigava dois mil e oitocentos assentos e no centro desta arquibancada duas torres imponentes onde tremulavam as bandeiras do Brasil e de São Paulo. Imagine que por esta rua no fim da manhã do dia vinte nove de outubro de mil oitocentos e setenta seis uma multidão de pessoas bem vestidas passaram por aqui para assistir ao primeiro páreo do Jockey. Homens de paletó, gravata com chapéu ou cartola com seus bigodes curtos ou compridos enrolados na ponta desfilavam com suas e senhoras de vestidos longos, colares e chapéus compridos. Levavam nos braços o noticiário do jornal Estado de São Paulo onde se lia “Inauguração do Hyppodromo Paulistano – Dá-se hoje a festa, à 1 hora da tarde, no bairro da Moóca aonde foi preparada a raia, como é sabido....Se o mau tempo não perturbar a festa, é de suppôr que seja esplendida e muito concorrida, ao menos como
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novidade, pois dá-se na província pela primeira vez este divertimento em logar apropriado e nas condições estabelecidas pelo uso europeu. Da parte dos amadores, ao que nos parece, há grande enthusiasmo, que é importante para o êxito da festa” A primeira corrida participaram apenas dois cavalos, embora a época fosse do império, o cavalo Republicano com sete anos era favorito. O Macaco, nome dado ao cavalo, com oito anos era o destemido desafiador. O tiro foi dado e a platéia se levantou para poder enxergar por cima dos chapéus e cartolas a pista que se empoeirava com o galope dos cavalos. Cabeça a Cabeça Macaco e Republicano disputavam cada centímetro. Próximo a linha de chegada João Tobias o defensor do cavalo Macaco que havia recebido uma mala branca do imperador Dom Pedro II deu um belo de um ponta pé no Macaco e assim o esbaforido cavalo após 1609 metros venceu a primeira corrida para a alegria dos monarquistas e a tristeza dos republicanos. Alguns fatos inusitados aconteceram aqui em mil oitocentos e setenta e sete houve a primeira vitória do cavalo Corisco em que seu proprietário era uma mulher Maria Domitila de Aguiar Castro, neta da Marquesa de Santos. É importante conhecer a história, pois quando temos conhecimento não aceitaríamos tamanha destruição deste monumento. Você sabiam que foi no Hipódromo da Mooca que foi construída a famosa ponte aérea São Paulo – Rio de Janeiro?”
Os turistas ficaram espantados. Até o momento estavam acreditando na história contada por Ângelo, mas o hipódromo servindo de pista de decolagem de avião seria um exagero. Ao perceber a inquietação da platéia, Pedro entra em ação e muda a trilha sonora com a música Ballad Du Paris de Francois Parisi. Chamando a atenção da platéia, Ângelo retomou o discurso. “Eduardo Pacheco Chaves nasceu em São Paulo, mas fascinado pela história do aeroplano N-4 de Santos Dumont viajou para Paris com o objetivo de se tornar piloto. Estudou e treinou bastante conseguindo obter seu brevê e foi um dos primeiros aviadores a fazer uma travessia noturna entre Paris a Orleans. Ao voltar para o Brasil com seu avião monoplano Blériot embalado no navio e projetado pelo Sr. Louis Charles Joseph Bleriót que havia sido o primeiro aviador a cruzar o canal da mancha em 1909, teve a ousadia no dia vinte oito de abril de mil novecentos e doze decolar do hipódromo da Mooca com seu avião munido apenas de uma bússola rumo ao Rio de Janeiro. Seu avião constituído de armação rudimentar com asas e cauda que dava a direção alojava na armação triangular o aviador. Na base deste triângulo rodas de bicicletas ajudavam no deslocamento terrestre e na frente do aeroplano as hélices Chouvier giravam impulsionadas por um motor Gnome 80 HP que queimava gasolina e óleo Às 9:30 da manhã daquele histórico dia Edu Chaves vestiu sua japona impermeável, limpou as lentes pequenas do seu óculos e
ajeitou a boina com cores quadriculadas com a aba para trás. Sua estratégia de virar a aba da boina era assegurar com a velocidade que seu precioso chapéu não voasse da sua cabeça. Não preciso dizer que esta forma de usar a boina foi rapidamente copiada pelas crianças travessas que assistiam ao espetáculo.” Neste ponto da história, Pedro modifica a trilha sonora com a música tema do filme dos anos oitenta - Top Gun. Pedro riu não acreditando com a mudança do estilo da música de fundo e assim colocou mais emoção no seu discurso. “Acenou para a platéia como os astronautas fazem atualmente ao entrar nas espaçonaves e ligou o motor. O solavanco dado pelo impulso do motor fez o aeroplano começar a se movimentar. A platéia acenava lenços e bandeiras tremulavam na arquibancada. Na curva da pista de corrida, ainda em baixa velocidade, virou para a esquerda e viu a reta se endireitar. Trocou a marcha e acelerou. O Bleriot trepidava com as oscilações do terreno e a velocidade aumentou. Ao se aproximar da linha de chegada as rodas de bicicleta perderam o contato com o solo decolando o aeroplano. A máquina mais pesada que o ar voava rumo a baia de Guanabara. A platéia moquense estava boquiaberta. O aeroplano viajou com a velocidade média de oitenta quilômetros por hora. Atingiu a altura de três mil metros. Por
volta das onze horas foi visto em Taubaté, às treze e trinta na cidade de Cruzeiro pousando seu Bleriot no Rio de Janeiro após quatro horas e trinta e nove minutos finalizando a mais famosa ponte aérea da aviação brasileira.” Os turistas estavam estupefatos e o aplaudiram frente a cotação da história. Pedro finaliza este ponto de parada dizendo. “É uma pena que toda esta história está coberta pelo cimento que passa pela radial leste e o concreto destas construções. Que a imagem fique na memória de vocês! Fotografem a idéia pois quase nada mais existe do local que acabei de contar para vocês...”]
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