Editorial
Alfredo Bonduki, presidente do Sinditêxtil SP, Ricardo Haydu, da Revista Têxtil, e Rafael Cervone, presidente da Abit. (Arquivo RT)
Chegamos a 2014, começamos tudo de novo. E o começo do ano nos trouxe uma grata surpresa: otimismo. Mesmo com as perspectivas ruins geradas pelo fraco resultado do ano passado, o setor começou com novas perspectivas. E isso pôde ser notado nos corredores e estandes de dois importantes eventos realizados. O primeiro deles foi o Inspiramais, que começou como evento exclusivo para componentes de calçados e vem se tornando referência também para o setor têxtil. Em sua abertura, que contou com a participação de representantes de diversas entidades e do governo, uma palavra foi unânime: inovação – e a sua importância para garantir competitividade. Nós achamos que o Inspiramais tem se tornado um lugar onde fica cada vez mais evidente que, quem inova, se supera. Esta sensação se confirmou no Première Vision São Paulo, que apresentou mudanças para as próximas edições, atualizando-se com o calendário da moda brasileira. No salão, ficou evidente que tecidos com tecnologia, seja em acabamentos ou mesmo em estamparia, é que estão se destacando no mercado e vencendo a concorrência. O evento mostrou, também, que o denim é o tecido que continua sendo importante para o desenvolvimento da cadeia têxtil brasileira. Por isso, temos nesta edição uma matéria especial sobre um dos segmentos que mais inova no País e que nos leva a ser um dos líderes mundiais. Nas nossas páginas, mostramos por números que o segmento só cresce e se supera a cada ano e, em seguida, mostramos por que isso acontece: investimentos em inovação, tecnologia e sustentabilidade. Essas três palavras são tão importantes, que permeiam outras de nossas páginas, como o artigo do presidente da ABTT, Antônio César Corradi, e a matéria com o presidente da Abit, Rafael Cervone. Para os empresários que querem seguir este caminho, o ano promete ser bom. Teremos eventos grandes, como a AgresteTex (PE), Fematex (SC) e Febratex (SC), além de outros regionais e internacionais, como a ITMA Ásia e a OTM, um novo evento na Turquia, regiões para onde estão voltados os olhos do mundo. Como também é Moscou, onde estaremos cobrindo a Collection Première Moscow, a convite da direção do evento. Enfim, é a hora de investir para se destacar. Aproveito também para desejar um bom mandato aos amigos Rafael Cervone e Alfredo Bonduki, que acabam de assumir a presidência de duas importantes entidades, a Abit e o Sinditêxtil. Também não podemos deixar de mencionar nosso agradecimento ao ex-presidente, Aguinaldo Diniz Filho, por todo o trabalho realizado. Por fim, desejo a você, leitor, uma reflexão a partir destas páginas sobre onde está o futuro. Nós já sabemos a resposta. E você? Está preparado para inovar? Boa leitura!
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Sumário
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Especial Denim Artigo Perfil Abit/Sinditêxtil ABTT Inovação Mercado Tecnologia Feiras & Eventos Notícias
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Edição Nº 729 - 1/2014
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Órgão Oficial das entidades
Órgão de divulgação das entidades Abint – Associação Brasileira das Ind. de NãoTecidos e Tecidos Técnicos; Núcleo Setorial de Informação do SENAI/CETIQT; REDAÇÃO/ADMINISTRAÇÃO Rua Albuquerque Lins, 1151 2º andar – Santa Cecília Cep 01230-001 - São Paulo - SP - Brasil Tel/Phone: +55-11-3661-5500 Fax: +55-11-3661-5500 - Ramal 220 E-mail: revistatextil@revistatextil.com.br Site: www.revistatextil.com.br
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Especial Denim
O tecido
Indispensável
Entre os maiores produtores mundiais de denim, o Brasil se destaca com tecelagens que investem em um segmento que não para de crescer
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ersatilidade. Talvez esse seja o maior trunfo do tecido que conquista cada vez mais espaço no guarda-roupa dos brasileiros e de pessoas ao redor do mundo. Depois disso, fatores como inovação e diferenciação tornam o denim um dos segmentos que mais crescem, principalmente no Brasil. “O País está entre os três maiores produtores do planeta. Estimamos que a capacidade produtiva varie em torno de 650, 700 milhões de metros lineares por ano. A produção real tem gravitado em torno de 75, 80% disso, atualmente”, comenta Fernando Pimentel, coordenador do Comitê Setorial de Denim da Abit. Os números não param por aí. O setor movimenta, somente nas confecções, mais de 330 mil trabalhadores. Isso equivale a 28% do total de pessoas empregadas no vestuário, que estão empenhadas na produção de 350 milhões de peças por ano. Segundo estudo do IEMI (Instituto de Estudos e Marketing Industrial), especializado em pesquisas e análises do setor têxtil e de vestuário, de 2008 a 2012 a produção de jeanswear no Brasil apresentou forte crescimento em volumes de peças confeccionadas, em ritmo superior a 6% ao ano, o que gerou expansão acumulada de 27% no período. “A partir desses dados foi possível concluir que esse cres-
cimento superou a expansão da produção de vestuário em geral no País, que teve, no mesmo período, expansão acumulada de 4,1% em peças, ou 1% ao ano”, afirma Marcelo Prado, diretor do Instituto. Estes dados fazem parte de um estudo inédito intitulado “Estudo do Mercado Potencial de Jeanswear no Brasil”. O documento apresenta números expressivos do segmento. “O jeans sempre esteve presente em nossos estudos sobre o mercado potencial de vestuário, mas nunca havíamos desenvolvido uma análise isolada deste produto. Ao longo dos últimos anos viemos separando tudo o que é confeccionado em tecidos índigo do restante dos artigos do vestuário e, com isso, conseguimos uma análise profunda e individual do mercado de jeanswear no Brasil, um produto que nunca sai de moda e é sempre muito procurado”, explica Prado. O segmento conta com 6,2 mil empresas produtoras, que representam 22,4% do total das confecções de vestuário em geral e empregam 319,5 mil trabalhadores, ou seja, 26,3% do pessoal ocupado na indústria do vestuário. A sua maior concentração ocorre no Sudeste, mas possui, também, forte representação no Sul e Nordeste do País, com destaque para os estados do Paraná, Pernambuco e Ceará.
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Investimentos e inovação “Uma característica marcante deste setor é ser formado por empresas de porte maior, com governança, maquinário atualizado, intensivas em capital e que têm desenvolvido pesquisas, constantemente, para apresentar novas propostas de produtos, serviços, lavanderia, informação de moda. E, pela sua larga escala nacional e grande consumo, tem permitido um crescimento razoável ao longo desses últimos anos”, afirma Pimentel, lembrando que, por ser uma cadeia produtiva muito ampla e integrada, também tem viabilizado produção no âmbito das confecções, que sofrem mais a questão da competição mundial. Internacionalizadas, as empresas estão alinhadas com o que há de melhor no planeta, não só em termos de maquinário, mas também em desenvolvimento de produtos, sendo muito ricas em efeitos de lavagem, acabamentos e detalhes que fazem com que uma peça feita com a mesma matéria-prima ganhe diferentes formas e aspectos no produto final. “Tem muita agregação de valor pela própria confecção no seu design. Na última Première Vision SP houve uma exposição, conceitual, é verdade, mas que trouxe muitas propostas, reunindo os fabricantes de denim com os designers brasileiros. E essa exposição irá para o estande da Abit, no Première Vision de Paris”, comenta Pimentel.
Versatilidade A grande característica do produto denim é a sua versatilidade. Atende a todos os extratos sociais, oferece possibilidade de moda, pode ser usado em ambiente de trabalho, não tem diferenciação de sexo e de idade, enfim, pode ser usado por todos. O tecido pode render calças, jaquetas, shorts, saias, jardineiras e bermudas, além de acessórios, entre outros. É um produto que tem essa característica de grande escala e que tem o Brasil como expoente, desde o início da produção do legítimo índigo blue por aqui, na década de 70. Um dos motivos para isso foi o fato de que o país tem uma produção bastante rica da principal matéria-prima utilizada para o denim, que é o algodão, embora hoje o tecido seja misturado a outras fibras, o que trouxe ainda mais possibilidades de uso.
Consumo Mesmo com todo esse sucesso, o denim ainda tem espaço para crescer. Em primeiro lugar, pelo próprio mercado interno, que ainda é mal distribuído. Embora democrático, o consumo do denim ainda é predominante no estado de São Paulo, mas, “na medida em que o crescimento do país vai se deslocando, as indústrias e o varejo vão se instalando em outras regiões do país, tornando natural uma expansão do consumo, o que é muito saudável”, comenta Pimentel. É a tendência, segundo ele, principalmente com a melhoria
da infraestrutura logística, portos, estradas, ferrovias, aeroportos. Essa migração para outras regiões pode favorecer, também, a colocação nos mercados internacionais, especialmente em países fronteiriços.
No mundo Para essa expansão, conta Pimentel, ainda nos falta competitividade, por fatores já conhecidos, o custo Brasil o principal deles. Em termos de qualidade, muitos julgam que temos o melhor denim do mundo. O maior produtor, entretanto, ainda é a China, e há produtores importantes também na Índia, na Turquia e no México, onde se instalaram as fábricas das grandes indústrias norte-americanas. Ainda segundo Fernando Pimentel, nossas exportações foram bastante prejudicadas por fatores já conhecidos. “Ao longo dos últimos anos, com a forte valorização do câmbio, a crise mundial e a disputa pelos mercados mais acirrada, além do famigerado custo Brasil, nós saímos de uma participação de cerca de 12% nas exportações da produção total para ¼ disso. Hoje, exportamos cerca de 15 milhões de metros, que poderiam ser 40 milhões. As indústrias teriam crescido mais, para atender a essa demanda”, defende. Nossa situação, entretanto, pode mudar para melhor. Além do consumo interno, o denim brasileiro cai, cada vez mais, nas graças dos consumidores externos. A participação em feiras nacionais e internacionais tem trazido esse destaque. Para Fernando Pimentel, é muito importante, por exemplo, a continuação do trabalho realizado no Première Vision, em São Paulo, onde há uma área específica para denim que está ficando bastante concorrida, inclusive por expositores internacionais. De acordo com Marcelo Prado, do Iemi, a médio prazo, com o retorno da taxa de câmbio a uma posição de maior equilíbrio, espera-se que o Brasil recupere a capacidade de exportar parte de sua produção, desde que ela se baseie em conceitos consistentes de marca, inovação e brasilidade. Assim, as expectativas para o setor se mantém positivas. Para 2013, as estimativas para a produção de jeanswear são de crescimento de 3,5%, enquanto que para o vestuário em geral são de queda de 0,8%. Com isso, a participação desse produto no mix geral do segmento subiu de 4,7% das peças confeccionadas, para 6%. Segundo o IEMI, no próximo ano as expectativas são de que este produto continue a elevar a sua participação dentro da produção da indústria nacional. “O Brasil tem a matéria-prima principal, o que é uma vantagem competitiva, tem um mercado consumidor muito identificado com o produto há tempos, tem uma relação cultural e é um produto que atende a diversos extratos sociais, com grande durabilidade, é multiuso e tem para todos os preços, permitindo estar bem vestido com aceitabilidade social. É, portanto, um segmento que está direcionado RT ao sucesso”, finaliza Fernando Pimentel.
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Fibras e fios que
integram e inovam A aceitação de fibras diferenciadas, além do algodão, por parte do mercado consumidor abre cada vez mais espaço para a criação de tecidos diversos
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oi-se o tempo em que o denim era, obrigatoriamente, um tecido 100% algodão. E também não é mais atual dizer que fibras sintéticas ou fabricadas pelo homem têm menos qualidade. O uso de novos materiais tem aberto possibilidades incríveis aos criadores do segmento, possibilitando inclusive a criação de denins com propriedades não pensadas há alguns anos. É o caso, por exemplo, do Emana® Denim, recém-lançado em grande estilo pela Rhodia, em parceria com a Canatiba, em um desfile do Alexandre Herchcovitch. A linha, chamada Beauty Denim®, traz o primeiro denim do mundo com Emana®, que possui uma tecnologia com cristais bioativos incorporados no DNA do fio, que absorvem o calor do corpo humano e emitem raios infravermelhos longos de volta ao corpo, promovendo a microcirculação sanguínea. Em outras palavras, trata-se de um denim capaz de reduzir a aparência da celulite, proporcionar uma pele lisa, jovem e saudável, com mais firmeza e elasticidade, sem deixar de oferecer conforto e bem-estar ao usuário. “Entramos no mercado denim agora, mas é um projeto em que vínhamos trabalhando há bastante tempo, porque acreditamos que a fibra Emana® tem tudo a ver com o jeans”, explica Renato Boaventura, diretor da Rhodia Fibras. Segundo ele, para funcionar, a tecnologia precisa de contato com o corpo e uso diário. O Emana® já está consolidado no mercado de lingerie e fitness, mas o objetivo é completar o guarda-roupa feminino para que as mulheres possam usar a tecnologia em todos os momentos do seu dia. “O jeans é fundamental para completar o uso contínuo da tecnologia, porque a pessoa usa a peça seis horas por dia tranquilamente, e pode conciliar com a legging da ginástica ou com a lingerie. O objetivo do Emana® é ajudar a mulher a cuidar do corpo, sem mudar sua rotina”, completa Boaventura. E como os cristais estão dentro do fio, o tecido pode ser lavado diversas vezes, que a tecnologia não acaba, ela fica pra sempre na peça. A demora para entrar no mercado, conta Renato, se deu porque foram necessários estudos de desenvolvimento para se chegar na configuração que permitisse que as propriedades do tecido realmente funcionassem. Emana®, tem um
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Desfile de Alexandre Herchcovitch no Fashion Rio: denim com tecnologia Emana®. Foto: Marcio Madeira
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Especial Denim processo de certificação para garantir ao consumidor final a eficácia do produto. E as peças com Emana® se destacam no ponto de venda pelo tag fornecido pela Rhodia, depois de concluída a certificação. Para “funcionar”, a peça precisa estar junto ao corpo, não necessariamente estar apertada. Além dos benefícios estéticos, a fibra Emana® no denim traz conforto e respirabilidade, ideal para o clima brasileiro. “O denim é um segmento que está em constante evolução, buscando oferecer moda e tecnologia e o Emana® responde a essa demanda, é a fibra que traz inovação para o mundo têxtil, de uma maneira geral. Se olharmos outros segmentos, o esportivo, por exemplo, já trabalha com as fibras inteligentes como o nylon, há muito tempo, exatamente para trazer performance e bem-estar”, conta Renato. Ele ainda faz um elogio ao setor: “O denim quer trazer novidade, tecnologia. Se observarmos, suas possibilidades de crescimento são impressionantes. Temos uma série de funcionalidades que podemos trazer para o universo jeanswear, como por exemplo um fio bacteriostático,que evita o odor. Há uma demanda enorme do mundo da moda, e do denim, por tecnologia.”, diz. Isso facilita a entrada das fibras sintéticas nesse mundo. E essa entrada amplia ainda mais a versatilidade do tecido, que passa a oferecer opções cada vez mais diferenciadas. O consumidor, claro, agradece.
Justo, muito justo Cerca de 50% dos brasileiros utilizam jeans quase que diariamente e em 67% das vezes costumam utilizar para trabalhar. Os benefícios mais importantes atribuídos aos jeans são conforto, praticidade e caimento. Para as mulheres, o modelo preferido é o tradicional, seguido do skinny – calças justas ou muito justas. Para os homens, também. Os dados são provenientes de uma pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência, contratado pela Invista, que entrevistou 1000 consumidores brasileiros que utilizam jeans, a fim de analisar seu comportamento na hora da compra e no uso de peças. As entrevistas incluíram homens e mulheres, entre 18 e 50 anos, das classes ABC, em 10 capitais, incluindo Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. Os números também confirmam a importância de uma fibra que já conquistou seu espaço no segmento, o elastano. Ainda de acordo com a pesquisa, as mulheres apostam no denim como peça modeladora, que pode valorizar partes do seu corpo, principalmente o bumbum. Para esses atributos – conforto e caimento – o stretch, gerado pelo uso de elastano na trama, torna-se fundamental. A INVISTA é um dos maiores produtores integrados de polímeros e fibras do mundo, detentora de marcas como LYCRA®, TACTEL® e SUPPLEX® para seus fios de elastano e poliamida, respectivamente. Atualmente, a empresa conta com cerca de 10 mil funcionários em mais de 20 países e tem o segmento denim como um dos principais focos de negócios, conta Robson Ferreira, Gerente de Produto para o segmento Ready to
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Denins mais justos já fazem parte do dia a dia de brasileiras e brasileiros. Foto: Divulgação Invista
Wear da INVISTA. “As peças jeans com o fio LYCRA® revolucionaram o mercado do vestuário na década de 90, por permitir aos estilistas criarem artigos com modelagens inovadoras e com melhor caimento e, hoje, são sinônimo de qualidade superior e mais conforto aos usuários”, comenta. De fato, artigos compostos por denim com fio LYCRA® oferecem mais conforto, liberdade de movimentos, ajuste perfeito ao corpo e mais durabilidade, uma vez que mantêm a forma por mais tempo. Com o reconhecimento dos consumidores, a INVISTA pesquisa e apresenta cada vez mais novas tecnologias. Atualmente, oferece ao mercado vários tipos de tecnologia e cada uma delas confere determinadas características ao denim. “Se o consumidor deseja conforto e um caimento perfeito, ele pode comprar um jeans com fio LYCRA®; se o desejo é por durabilidade e um stretch suave, a tecnologia LYCRA® lastingFIT® atenderá a essa demanda; caso a necessidade seja por super stretch, tecidos com a tecnologia LYCRA® dualFX® são os mais indicados”, explica Ferreira. Estas últimas tecnologias, LYCRA® dualFX® e LYCRA® lastingFIT®, são as mais recentes novidades para atender aos desejos dos consumidores, ávidos por novidades. A primeira, combina alto stretch, alta recuperação e baixo encolhimento, oferecendo ainda mais conforto e o super stretch, aliados a um visual atrativo. Já a tecnologia LYCRA® lastingFIT oferece um stretch suave, mas também com alta recuperação e baixo encolhimento, garantindo praticidade e durabilidade às peças, proporcionando maior resistência do denim à lavagem. “Além dos benefícios vistos e sentidos
Especial Denim pelos consumidores, as confecções também se beneficiam com outras vantagens do uso dessa tecnologia no denim, como menor encolhimento e maior estabilidade do tecido, o que gera um maior rendimento no momento do corte e confecção da peça”, completa Robson Ferreira. Ambas as tecnologias, segundo o gerente de produtos, resistem aos mais agressivos processos de lavagem do jeans, inclusive à exposição aos agentes clorados. De qualquer modo, é importante observar que uma tecnologia oferece mais stretch do que a outra, o que significa que gostos diferentes podem ser atendidos e justifica a entrada cada vez mais forte de tecidos com elastano no mercado masculino. Assim, a tendência é que o denim mais elastizado ajustado conquiste cada vez mais espaço no mercado, tornando-se o preferido de todos os brasileiros e brasileiras.
Os que têm quantidade maior da fibra, garantem mais conforto e aparecem também nos pesos médios. E os que têm minoria TENCEL® possuem mais resistência e brilho, além da maciez. Outra fibra da Lenzing usada em denins é o Lenzing Modal®, que garante propriedades diferentes das do TENCEL®. Há ainda uma terceira fibra que é o Promodal®, que conta com 60% de Modal® com 40% de Tencel® e também é usada no jeanswear. Segundo Giselle, reúne características de um e de outro, maciez e performance. No Brasil, as Linhas Hi-Comfort® e MaxSkin® da Canatiba são desenvolvidas com as duas fibras, TENCEL® e Lenzing Modal®. Possuem, portanto, denins macios, com toque mais luxuoso, mais respiráveis e, em alguns casos, um brilho discreto. RT
Maciez sem limites A Lenzing Fibers também vem atuando mundialmente há algum tempo no segmento denim. Produtora das fibras celulósicas viscose, liocel e modal, a empresa realiza parcerias com grandes fabricantes para gerar produtos de extremo valor agregado. O TENCEL® - marca da fibra liocel da Lenzing Fibers -, por exemplo, traz uma série de atributos diferenciais ao denim, que resultam em um produto premium. Isto ocorre graças às características da fibra, produzida a partir de celulose de polpa de madeira (eucalipto), que é macia como a seda, resistente como o poliéster e é mais absorvente do que o algodão. Sua alta capacidade de absorção de umidade contribui para manter estável a temperatura do corpo e confere ao tecido uma propriedade antibacteriana natural: a umidade do suor ou do meio ambiente é rapidamente transportada para fora da roupa, impedindo a proliferação de bactérias de forma completamente natural. Existe ainda outro ponto, que diz respeito à característica visual possibilitada pela fibra. “A moda está pedindo um jeans mais elaborado,com caimento melhor do que o do algodão. O liocel dá ao algodão, ou sozinho em pesos leves, de 4oz e 5oz, uma versatilidade que permite que as marcas façam vestidos, camisas e outras peças com detalhes que somente em algodão não ficariam bem . O liocel dá um caimento mais mole, tem atributos principais para roupas femininas, jeans onde o toque e o conforto são superiores e camisaria unisex”, diz Giselle Araújo, gerente de marketing para a América Latina. Giselle Araújo aponta ainda outra questão, a da sustentabilidade. Como a fibra TENCEL® é elaborada a partir de celulose de polpa do eucalipto, é uma matéria-prima biodegradável. Sua produção é realizada com madeira certificada de fontes renováveis, além de contar com processos ecofriendly. No mercado, encontram-se denins com menos de 50% de TENCEL®, os que têm entre 50% a 100%, chamados minoritários e majoritários, e os que são 100%, estes, basicamente para roupa feminina, já que são muito moles, têm um aspecto mais aveludado, e bom caimento para vestidos, saias e blusas.
Maciez, resistência e respirabilidade são os atributos do denim com Tencel® .Foto: Divulgação Lenzing
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Maquinário
para todo o processo
Da fibra à peça pronta, qualidade é essencial
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quipamentos de qualidade usados em toda a cadeia de produção é que irão determinar o sucesso do resultado final. O processo engloba preparação e separação das fibras, fiação, tecelagem e acabamento, sendo que, entremeados, há outros passos.
Antes do fio Para se obter um tecido de qualidade, é necessário que seu processo de produção seja adequado desde o começo. A preparação para a fiação, por exemplo, é um passo importante, que influencia em todos os processos subsequentes, pois vai decidir a qualidade do fio que, posteriormente, resultará na qualidade do tecido. A TRÜTZSCHLER faz parte deste início do processo de fabricação do denim, pois fornece linhas de abertura, cardas, passadores e filtros. “Somos especialistas do “fardo a fita”, fazendo a limpeza do algodão e paralelização das fibras, transformando os fardos em fitas que, posteriormente, serão transformadas em fios”, conta Bruno Ziehfuss, gerente de vendas da empresa. As máquinas da TRÜTZSCHLER são desenvolvidas para que o empresário obtenha mais qualidade e competiti-
Trützschler (Divulgação)
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vidade no mercado, além de menor desperdício de algodão, em qualquer sistema de fiação. “Apesar de estarmos no início, com certeza as máquinas têm uma influência em todo o processo de fabricação do tecido, porque se não são apropriadas para aquela função, você acaba interferindo negativamente nas fibras, que podem se romper, gerando um fio de menos qualidade, menos resistência e mais pilosidade”, explica o gerente de vendas. São dois sistemas, um para fiação de anel e outro para fiação open end. Esta última, pode utilizar o processo de carda com passador integrado, o sistema “IDF”, que representa um custo menor, pois permite economizar uma etapa, que é o caminho da carda ao passador. Já para a fiação de anel, usada para um denim premium, utiliza carda e passador separados. Segundo ele, é pela qualidade que, no Brasil, a grande maioria dos fabricantes de denim trabalha com máquinas TRÜTZSCHLER. “Mais de 90% do “denim” brasileiro passa pela tecnologia e confiabilidade reconhecidas internacionalmente das nossas máquinas”, finaliza.
Por trás dos fios A tecnologia que garante superelasticidade pelo uso do fio T400 com elastano (LYCRA® T400®) recoberto de algodão chegou recentemente ao mercado brasileiro, garantindo uma nova geração de tecidos denim, com modelagem confortável, alta recuperação e baixo encolhimento. E tem conquistado cada vez mais adeptos. A tecnologia, somente da INVISTA, é a primeira de uma classe de fibras genéricas designada como “elasterell-p”, pela Comissão Federal de Comércio dos EUA. O Conselho E.U. relativo às denominações têxteis designou essas fibras como “elastomultiéster”. LYCRA® e T400® são marcas registradas da INVISTA. Para a inovação, é necessária, além das fibras, a tecnologia adequada de fiação. Assim, a suíça Amsler desembarca com força nas fiações de denim brasileiras, por meio de sua representante nacional, a Tabatex. O Sistema Amsler Dual Core M Draft foi desenvolvido em parceria com a INVISTA® e produz uma combinação de poliéster LYCRA T400® recobertos pelo fio de algodão, que garante a suavidade do tecido. Trata-se de um equipamento
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Especial Denim auxiliar que pode ser utilizado em filatórios de anel, para otimizar a máquina. “O produto é uma realidade forte na Europa, aqui eu acredito que 2014 é o ano em que as empresas nacionais investirão no produto”, comenta Reinaldo Luis Vitorino, consultor técnico da Tabatex, coordenador de vendas da Amsler no Brasil. O equipamento garante custo eficiente de processamento da fiação, sem necessidade de rebobinar as bobinas LYCRA® T400® e não necessita de espaço adicional em torno do Filatório para o dispositivo Tandem, que ainda garante manuseio simplificado de bobina, Core Yarn de alta qualidade, estiragem constante e centralização precisa do filamento. O denim obtido, além de alta elasticidade, é bastante resistente ao cloro, podendo suportar técnicas de branqueamento e lavagem que não são normalmente utilizadas em denim stretch. O tecido também garante melhor gerenciamento de umidade, com toque e aparência natural. As patentes estão pendentes para o sistema Amsler Dual Core M Draft desenvolvido pela Amsler Tex.
Índigo blue: tingimento é fundamental O verdadeiro denim não seria possível não fosse pela etapa do tingimento dos fios, com o corante índigo, que permite tanta variedade nas peças. Segundo Caio Ramos, gerente de marketing da Texima, cerca de 70% dos fios índigo produzidos no país são processados em uma linha de tingimento da marca. “No Brasil, é quase impossível pensar em Denim e não se lembrar da TEXIMA, apesar de isto estar implícito para a maioria dos consumidores finais e até mesmo para as confecções”, destaca. A Linha de Tingimento Índigo Multicaixas® promete um tingimento uniforme e de qualidade e consiste de uma instalação composta basicamente de diversas caixas de tingimento e lavagem (por isso o nome Multicaixas®), vaporizador, secadeira e engomadeira, que realiza o tingimento dos fios de urdume de modo contínuo em um único processo. O fluxo normal de um processo de tingimento inicia-se com a introdução de carretéis de fios de urdume, que ficam dispostos em uma grande estante chamada de Gaiola. Os fios de urdume são então reunidos e conduzidos através de uma caixa de preparação, para posteriormente serem mer-
Estratégias diferenciadas na produção de Denim O jeans começou a ser fabricado em meados de 1850. No auge da corrida do ouro, no oeste americano, Levi Strauss percebeu que, devido a grandes exigências físicas dos mineradores, suas roupas eram substituídas frequentemente. Por isso, resolveu utilizar um tecido de lona para criar peças mais duradouras. O sucesso foi imediato, devido à alta resistência das peças, que não estragavam. Apesar do início rústico, o tecido ganhou cada vez mais mercado, associando-se primeiro ao conceito de juventude rebelde, depois aparecendo como roupa despojada e do cotidiano e, hoje em dia, é utilizado inclusive em ambiente de trabalho. As peças rústicas perderam espaço, e é cada vez mais comum o uso de artigos e matérias-primas mais nobres, como por exemplo, misturas de algodão com modal, fios penteados, fios flammé e fios com elastano. Um exemplo disso é a empresa Sabbagh Sharabati, no Egito, que investiu em uma fiação nova com 12 filatórios de anel Rieter G 36 e 12 filatórios compactados K 46, onde produz fios penteados e fios diferenciados. A empresa, que produz dois milhões de metros de tecido por mês, produz inclusive um fio com três diferentes tipos de material (poliéster, elastano e algodão). O fio, chamado Dual Core ou Tri-blend, é produzido em filatórios Rieter modelo G 36 com até 1.632 fusos. A fiação no Egito também aproveita a flexibilidade de produzir fios penteados, utilizando as penteadeiras modelo E 80 da Rieter, já que o toque é um fator cada vez mais decisivo na compra de têxteis e vestuários. Penteadeira E 80 e Filatório G 36 com até 1’632 fusos – Fios penteados, compactados e diferenciados são cada vez mais solicitados na produção de Denim. A Rieter é o único fornecedor de máquinas têxteis capaz de fornecer os quatro sistemas de fiar, (anel, compactado, rotor e jato de ar) e aconselhar aos clientes com competência sobre os investimentos adequados.
G36
E80
Rieter (Divulgação) Fios produzidos no sistema Amsler. (Divulgação Tabatex)
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gulhados em uma caixa de tingimento e sobem a uma pista de oxidação, para reação química do corante. Este processo tingimento / reação ocorre diversas vezes, até que se tenha obtido a coloração índigo desejada. Os fios são vaporizados, lavados, secos, engomados e rebobinados, para então estarem prontos para a tecelagem. O controle do processo é totalmente automatizado. O sistema sofre inovações constantes, muitas vezes em parceria com o próprio cliente para obtenção de diferenciais competitivos e produtos personalizados. Além de alta produtividade, garante consumo reduzido de componentes químicos e água, devido a eficientes sistemas de dosagem e controle de banho. “A máquina foi projetada para obter o máximo rendimento com o mínimo consumo de insumos, acarretando em um processo econômico e ecologicamente correto”, finaliza Caio Ramos.
Versatilidade: é o que se espera dos teares É unânime a opinião de que o denim está cada vez mais voltado ao mundo da moda, com variedades de tecidos que atendem a todos os gostos. Assim, quando os teares são o assunto, duas características são apreciadas: a velocidade e a versatilidade. “No ano passado, entraram no Brasil aproximadamente 600 teares, segundo dados do AliceWeb, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Destes, cerca de metade foram para o segmento denim”, afirma Walter Kilmar, da Picanol. Segundo ele, é uma indústria que cresce e se modifica cada vez mais. A mudança observada no segmento diz respeito à produção de tecidos cada vez mais elaborados, para atender as exigências do consumidor de moda, já que o denim virou artigo obrigatório em quase todos os armários.
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“Antigamente, existiam apenas as calças jeans convencionais, em sarja 2X1, com peso de 14oz ou 15oz. Hoje, temos as mais variadas construções, chegando a ter, por exemplo, ligamento cetim 4X1 e maquinetados para denim. Além disso, as variantes em tramas com elastano, flamês e outras deixam o artigo ainda mais complexo para tecimento. Então, os teares precisam oferecer essa versatilidade”, afirma. “No passado, era tudo feito em teares com caixa de excêntrico, em teares a projétil, o básico. Esses teares foram substituídos pelos teares a jato de ar, que dominaram – e dominam até hoje – a cena do denim. No entanto, observo uma mudança recente e que aumenta cada vez mais: vários fabricantes têm optado pelo tear a pinças”, revela. Explica-se: o tear a jato de ar tem muita velocidade e qualidade de tecido, mas opera com fios mais regulares – não necessariamente mais resistentes. É possível trabalhar com fios diferenciados, mas não é o tear adequado para todos os tipos de fios fantasia. E é aí que entra o modelo a pinças: por não apresentar nenhuma dificuldade quanto à passagem de qualquer fio de trama, por mais complexos que sejam, consegue ser mais flexível e, portanto, fazer artigos mais diferenciados. “Isso significa a produção de tecidos com fios de tramas cada vez mais sofisticados, mais delicados, como Lycra, como botonê, flamê, metálicos, e outros. Enfim, tem muita coisa nova acontecendo nesse mercado”, diz Kilmar. Ele explica, no entanto, que isso não quer dizer que um tear seja necessariamente melhor do que o outro. Isso vai depender da complexidade de tecimento para se chegar ao produto final esperado. “Os teares a pinças são mais versáteis. E tem crescido sua participação no mercado mundial. Se ele vai ser o tear do futuro? Não dá para saber, só o mercado irá ditar”, completa Walter Kilmar. A Picanol, líder no segmento no Brasil – dos 630 teares que entraram no Brasil no ano passado, 72% deles eram da
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Especial Denim marca –, mantém as duas opções. O OptiMax é o tear a pinças que oferece toda versatilidade que o mercado de denim necessita, geometria de cala otimizada combinada com sistema de inserção de trama por pinça guiada ou de voo livre, para ter mais velocidade e se adequar ao maior número de variedade de fios de trama e urdume. Já o Picanol OMNIplus Summum combina as mais recentes tecnologias disponíveis com mais de 30 anos de experiência em jato de ar. Ele conta com a Picanol BlueBox, nova plataforma eletrônica para teares que possui microprocessadores de alto desempenho e grande capacidade de memória, entre outras características. Este novo sistema de inserção oferece mais operacionalidade e flexibilidade, garantindo melhor desempenho e menor consumo de ar, com alta velocidade e flexibilidade. Picanol (Divulgação)
Toyota (Divulgação)
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Velocidade Já a Toyota aposta no jato de ar, garantindo velocidade e economia à produção. O grande destaque da empresa é a máquina e-shed que, além da alta produtividade, já reconhecida, se adaptou com o aperfeiçoamento do mecanismo de movimento dos quadros e é capaz de produzir artigos com o mesmo nível de complexidade dos demais sistemas. Em 2014, a Toyota iniciou a produção do novo modelo JAT810 com o novo sistema de inserção de trama e o novo pente e-reed, patenteado pela Toyota, que proporciona 20% de economia de ar comprimido. “A vantagem é o menor custo de produção por metro produzido de tecido. Além da máquina ser equivalente em termos de produção de artigos diferenciados, ela é capaz de tecer a uma velocidade muito superior a das máquinas de pinças”, comenta Markus Lichtenstein, diretor-presidente da Toyota. “As novas máquinas JAT810 equipadas com e-shed, produzem em velocidades mais altas e com menor consumo de ar. Portanto o investimento em espaço e infraestrutura (ar comprimido) torna-se cada vez menor por metro de tecido produzido”, completa. Para ele, a Toyota tem uma posição consolidada no segmento e busca sempre e cada vez mais se aperfeiçoar para atender as novas exigências deste mercado tão significativo. “O segmento do denim vem se fortalecendo cada vez mais no Brasil. Passamos de um país produtor de artigos básicos para artigos cada vez mais sofisticados e capazes de concorrer com qualquer outro produtor mundial em termos de diferenciação, moda, qualidade e produtividade. Esta foi uma grande jogada do industrial brasileiro que se adaptou no tempo exato e conseguiu ampliar o seu mercado consumidor”, comenta Lichtenstein.
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Especial Denim “A Toyota aposta que este mercado se fortaleça ainda mais nos próximos anos. A renovação do parque fabril que já vem ocorrendo e os novos investimentos em ampliação de produção fazem com que o Brasil ganhe posição de destaque na produção mundial de índigo. Além disso, temos a nosso favor o cultivo interno de algodão e uma certa dificuldade da importação de tecido, devido aos custos elevados, se compararmos com outros produtos de baixa gramatura, que sofrem muito mais com a concorrência dos produtos asiáticos”, finaliza.
E no final... beneficiamento! Uma das etapas que tem trazido bastante valor agregado ao denim é o acabamento/beneficiamento. Muitas das novidades que têm sido apresentadas pela indústria atualmente estão ligadas a banhos diferenciados, aplicação de resinas e outros processos. Para eles, um maquinário apropriado também se faz muito necessário, principalmente para garantir os efeitos desejados. Uma linha de acabamento de denim pode ter várias configurações diferentes, que possibilitam a realização de diversos processos de acabamento, com a máxima flexibilidade, explica Caio Ramos, gerente de marketing da Texima. A empresa oferece ao mercado a Linha Integrada para Acabamento de Tecidos Denim. Segundo ele, uma linha de acabamento denim completa pode ter os seguintes equipamentos: • Chamuscadeira: Seria o primeiro processo de acabamento do denim, sendo que uma chamuscagem de qualidade é fundamental para obter-se um acabamento final de alto nível; • Lavadeira: Para lavagem do tecido após a chamuscagem;
Texima (Divulgação)
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Foulard: Para impregnação ou hidro-extração na saída da Lavadeira; • Secadeira de Cilindros: Provida de cilindros secadores aquecidos para secagem do tecido por contato; • Sanforizadeira: Para realizar o pré-encolhimento mecânico do tecido (para que a peça de roupa não encolha depois de lavada); • Rama: A Rama pode ser usada na linha de acabamento antes da Sanforizadeira, como Rama Alargadeira (sem estufa), ou mesmo em uma linha separada, completa (com estufa), para tratamentos especiais como recobrimento, termofixação etc.; • Mercerizadeira: Mercerização especial do tecido denim para processo Flat-finishing (melhor efeito de toque, melhor caimento, maior brilho e melhor estabilidade dimensional). Os itens que podem variar numa linha de acabamento de tecidos denim são o número de cilindros secadores, que dependem da produção desejada e do peso do tecido; sua largura útil, que segue a do tecido (o padrão é de 1800 mm) e a saída do tecido após Sanforizadeira, que pode ser com Dobradeira, Enrolador de rolo gigante ou combinada. Também variam o endireitador de tramas manual ou automático, o aplicador de espuma para acabamento a revisão e classificação automática do tecido por câmeras de alta definição (HD) e, em Sanforizadeira independente, o umidificador do tecido pode ser por cilindro vaporizador, rotores aspersores ou combinado. •
Produção completa As confecções encontram, atualmente, tecnologias que podem otimizar todos os seus processos, gerando economia e produtividade ao mesmo tempo, principalmente no que se
Especial Denim refere ao uso de matérias-primas, que podem equivaler a até 80% do custo da peça. A Lectra, empresa francesa especializada nestas soluções, lançou recentemente um novo modelo de máquina de corte desenhada especificamente para confecções de denim, a Vector Denim IX6. O modelo, atualizado, corta até 80 folhas do denim mais grosso e é a única no mercado que atinge velocidade e precisão, mantendo a produtividade, garante Daniella Ambrogi, gerente de marketing da empresa. “Outras máquinas, para garantir a qualidade, precisam diminuir a velocidade”, afirma. Além do aumento na produtividade, a máquina garante também redução extrema de desperdícios, principalmente se for usada em conjunto com o Diamino, software de encaixe da Lectra. A Vector Denim IX6 corta com espaçamento zero de tecido. Caso o confeccionista já possua outro software, basta adquirir um conversor. Mas é a solução completa que garante o bom andamento da confecção. Assim, além da máquina de corte e do software de encaixe, o empresário conta, também, com o Kaledo Style, software que permite a criação da peça, inclusive com seus efeitos de lavanderia e pespontos. Em seguida, o Modaris faz a modelagem da peça e o Modaris 3D permite a prototipagem, evitando mais gastos com materiais na criação de peças apenas para testes. A contratação de todos esses serviços exige um investimento variável. A Lectra oferece soluções individualizadas, de acordo com as necessidades do confeccionista. “Não é ape-
Lectra (Divulgação)
nas a compra de uma máquina. Acompanha treinamentos, atendimento especializado e toda a assistência. É a expertise Lectra”, finaliza Daniella. RT
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Química: diferenciação e sustentabilidade
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resentes em quase todas as etapas da produção de jeanswear, os produtos químicos são responsáveis pelo tingimento dos fios e, principalmente, pelo acabamento das peças, uma das mais importantes maneiras de diferenciação e inovação utilizada pelas grandes tecelagens. “O denim está se tornando um tecido cada vez mais arrojado, diferenciado. E temos percebido que, há algum tempo, o diferencial no jeans obtém-se, em geral, por meio de acabamentos especiais”, afirma Mário Galardo, diretor comercial da Tremembé Química. Por esse motivo, a empresa desenvolveu uma extensa linha de produtos específicos para o segmento que revelou-se de fundamental importância para a indústria, que oferece uma gama variada de produtos. Entre as novidades, a Tremembé desenvolveu uma linha de coating adequada ao denim, auxiliares de sanforização de alta performance, espumantes e amaciantes específicos, além de polímeros especiais, visando obter características de toque e aspectos diferenciados, de acordo com os objetivos de cada cliente. A Tremembé oferece, também, solubilizantes de corantes que propiciam tingimentos uniformes e lavagens altamente facilitadas. “Em nenhuma aplicação dos produtos é necessário qualquer tipo de equipamento especial”, garante Galardo. “Mesmo com todas as dificuldades que a indústria têxtil vem sofrendo nos últimos anos, o setor de denim tem conseguido sobreviver, principalmente pelos diferentes acabamentos e inovações nas construções dos tecidos, tudo isso aliado aos processos subsequentes de acabamentos especiais”, completa.
Jaqueta com resina da Vicunha: diferencial está no acabamento. (Divulgação)
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Tingimento e Lavanderia
Já a Texpal Química é especialista em dois processos da produção do denim: tintura e lavanderia. No primeiro caso, a empresa fornece os produtos químicos para dois processos, o bottoming e o topping. “A tendência mundial, hoje em dia, é de produzir denins que facilitem o trabalho da confecção e da lavanderia. O processo de bottoming utilizando bloqueadores para o corante índigo, deixa o corante mais superficial e cumpre com esse objetivo”, conta Norberto Canelada Campos, responsável pelo setor dentro da empresa. São duas linhas, chamadas Deninblock e Sulfurblock, que são mais comuns fora do país, mas já estão conquistando mercado por aqui. Para a área de lavanderia, a empresa possui produtos que prometem baixo consumo de água. “Hoje estamos trabalhando na faixa de 15 a 20 litros de água por peça de jeans, quando o normal é de 80 a 120 litros”, conta Norberto. Segundo ele, isso é possível pelo uso de equipamentos de tecnologia moderna como o ozônio e laser. A Texpal oferece os químicos para quem opta por trabalhar com esses processos. Além de sustentáveis, Norberto aponta outra vantagem: rapidez, com pouca necessidade de mão de obra, que é escassa e cara. Assim, a empresa ganha mais competitividade e as confecções e lavanderia conseguem atender rapidamente e com baixo custo o mercado de fast fashion.
Tecido Cedro tinto com corante especial: sustentabilidade. (Divulgação)
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Denim estampado: zero água. (Divulgação Sintequímica)
Sustentabilidade As indústrias químicas têm o desafio tornar o processo de produção do denim cada vez mais ecofriendly. A tecelagem mineira Cedro apresentou sua linha de tingimentos especiais, com corante sulfuroso, desenvolvido pela Archroma especialmente para economizar água em seu processo de tingimento. A empresa é resultado da compra da divisão têxtil – além de papel e emulsões – da antiga Clariant pela SK Capital, empresa de investimentos americana. Comprada “de porteira fechada”, todo o seu know-how foi levado, o que fez com que as pesquisas por processos de produção inovadores continuassem, especialmente com foco em produtos sustentáveis. A Archroma realiza parcerias com várias produtoras de denim, para cada uma um artigo específico. Sua tecnologia mais recente engloba os produtos químicos para o Pad Sizing-Ox, processo de tingimento de fio para urdume que, se comparado ao convencional, reduz o consumo de água de 58 mil litros para 5 mil litros, a cada 10 mil metros de fio, gerando uma economia de 92% de água. O consumo de energia e o desperdício de algodão também são reduzidos, respectivamente em 27% e 87,5%. Graças ao uso de produtos químicos adequados, é possível por meio de tratamento de efluentes, eliminar para zero o desperdício de água. Além desses produtos, a Archroma tem o Projeto Coating Denim, que conta com resinas para acabamentos com aspecto de couro, papel, brilho.
Zero água José Clarindo de Macedo, da Sintequímica, propõe um processo de produção de denim que utiliza zero água.
Efeitos de lavanderia são obtidos com a estampa. (Divulgação Sintequímica)
A ideia é que, ao invés de tingir o fio, o tecido seja estampado em sistema convencional no avesso e digital na face frontal. Assim, em um software de criação, é possível elaborar as mais diferentes tonalidades, efeitos, desenhos e tudo o mais, e o tecido, com a mesma composição e construção do denim (exceto pelo fio tinto), pode ser estampado da maneira que o cliente quiser. Os efeitos de lavanderia - rasgados, corroídos, estonados e outros - são obtidos com uso de software, e então estampados no tecido. “Com as novas técnicas de estamparia digital com pigmento, conseguimos um excelente rendimento, utilizando-as em substituição ao tingimento de fios com corantes índigo, sem causar dano ao meio-ambiente, sem vaporização, sem lavagem e utilizando um procedimento ecologicamente correto”, comenta Macedo. “Isso não era viável antes, porque as máquinas digitais eram muito lentas. Hoje, elas trabalham com até 70m por minuto, enquanto que antigamente só conseguiam render dez, vinte metros por hora”, completa. Para garantir aparência original, o avesso do tecido pode ser estampado, também, em estamparia rotativa, economizando água e tempo, precisando apenas secar após a estamparia. A Sintequímica distribui os pigmentos especiais, desenvolvidos pela DuPont e por ela própria. As novas tecnologias em produtos químicos e os recursos da estamparia rotativa combinada com a digital prometem levar o universo denim a outro nível, possibilitando processos ecofriendly e gerando produtos cada vez mais premium e diferenciados, com zero consumo RT de água.
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Lavanderia ecológica e diferente
O
s trabalhos realizados dentro das lavanderias estão muito além da simples lavagem convencional. Processos cada vez mais modernos de desbote, desgaste, estampa e resina, entre outros, estão as transformando em empresas de customização. Esses processos são resultado da demanda do mercado, por produtos cada vez mais diferenciados, mas também da busca por uma atuação mais ecológica, da parte das lavanderias que fogem para longe da fama de poluidoras. “Existe um movimento mundial, que observamos tanto na Denim by Premiere Vision quanto na Bread and Butter, de todas as lavanderias desenvolverem processos que usem até 90% menos água”, afirma Marcos Britto, diretor do segmento jeans da Associação Nacional das Empresas de Lavanderias, Anel. Segundo ele, as cerca de 600 lavanderias nacionais estão começando a seguir este passo, depois de terem, nos últimos dez anos, passado por um processo de conscientização ecológica. “Posso dizer que, hoje, 98% das lavanderias brasileiras já contam com tratamento de efluentes e despoluidores de chaminé de caldeira, muitas com licença ambiental”, destaca, afirmando que em cerca de 5 a 10 anos, as lavanderias em geral estarão usando cerca de 70% menos água do que usam hoje. Parte disso já é possível pelo uso de máquinas de laser e ozônio, modernas, que gastam menos água. As em-
presas de química também estão antenadas ao processo, lançando produtos mais verdes, ou ainda enzimas. Além de tudo, junto com o equipamento de pulverização de tinta, serão os tops das próximas estações. Estampados a laser, resinados e desgastados virão com tudo, garante Marco Britto. À frente da GB Canaã, Britto conta que a lavanderia realizou investimentos grandes nestes equipamentos. A máquina de laser adquirida conta com 600W de potência, e a máquina de Ozônio veio da Greentec, empresa norte-americana especializada em tecnologias verdes. “Compramos o maquinário e a consultoria deles, para desenvolver processos sustentáveis, que usem menos água”. O investimento vale a pena. “Hoje, qualquer marca, confecção de jeans, se não tiver um processo diferenciado de lavanderia não consegue mais se destacar no mercado. O futuro está muito positivo para o mercado jeans”, completa. Importante empresa internacional de lavanderia, a Jeanologia esteve no Brasil com um estande na Première Vision SP, apresentando suas principais tecnologias. Com foco na tendência destaque para a estação, o vintage, mostrou as diversas possibilidades da lavanderia a laser. Entre os principais conceitos apresentados, a possibilidade de puídos e efeitos 3D, efeito patch e lavagens diferenciadas. RT
Fotos: Divulgação
Jeanologia apresentou suas tecnologias no Brasil
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Inovação e
Versatilidade
Indústrias investem cada vez mais para apresentar tecidos diferenciados para as confecções
É
unânime a afirmação de que o denim é dos segmentos que mais inovam. Janeiro foi o mês de apresentação das coleções das maiores tecelagens do país, durante o Première Vision São Paulo ou em showrooms próprios. Os lançamentos contaram com investimentos desde fios, fibras, maquinários até em conhecimento intelectual, destacando que a inovação está atrelada à tecnologia e aos recursos humanos. Variedade é a palavra de ordem e a gama de produtos das empresas está cada vez mais extensa, para atender a um consumidor que está ávido por peças diferenciadas. Para este ano, a influência dos esportes é nítida, inclusive no uso de roupas esportivas em looks casuais, não apenas para a prática de atividade física. A Vicunha, por exemplo, está encerrando um ciclo de cinco anos de investimentos que resultaram em mais lançamentos diferenciados e tecnológicos, apresentados dentro de temáticas de tendências coletadas pela coolhunter Lorena Botti. O primeiro tema, Work in Mind, tem inspiração nos esportes, unidos à urbanidade de maneira bem clean. No jeanswear, isso se reflete Gym e Jump, os denims com cara de moletom da Vicunha. Crédito: Divulgação
em conforto e funcionalidade. A linha Athletic Denim segue essa tendência, com tecidos superelásticos, muito confortáveis. Seu segredo está na trama diferente, que permite uma peça com toque de um moletom por dentro, mas aspecto denim por fora, possibilitando efeitos variados de lavanderia. No segundo tema, Supernova, a moda é usada para comunicar e expressar, valorizando a customização e autenticidade. Com isso, o jeanswear ganha efeitos diversos, com lavagens e intervenções sobre estampas, como na linha Pigment Color, que traz um tecido estampado com um pigmento especial que não se desgasta em lavanderia. Assim, a parte índigo pode ser descarregada, em vários graus de esbote, além de sobretinta, que a estampa se mantém intacta. O terceiro tema é o Bring me Home, que traz uma valorização do passado, de culturas intocadas e da natureza. Tecidos tecnológicos e processos inovadores, que oferecem uma estética vintage e artesanal são os destaques. A linha Transforming Denim, por exemplo, traz variedades para a lavanderia. Trata-se de um jeans que, na medida em que é descarregado com um reagente químico, revela diferentes nuances de cor. São, ao todo, três variantes: Hipster (Amarelo), Drips (Rosa) e Energy (Laranja). Por fim, o tema Marine Crew traz novos rumos aos tecidos blue. Como destaque desta tendência, a Vicunha apresentou, entre outros produtos, a linha Surface Printed em brins. “A gente focou na sublimação, técnica que, além de tendência, propicia aos tecidos toque e muito mais conforto”, conta Lorena Botti. Além de dar aspecto fotográfico à estampa, um visual mais rico e interessante, ela também deixa a superfície mais lisa, brilhante e macia, explica a coolhunter. São sete estampas e além delas o brim liso Vancouver, que é um tecido perfeito para a técnica e próprio para o confeccionista estampar sozinho, caso prefira.
Tingimento ecológico Além de investir em novos filatórios de anel, para dar ainda mais variedade à produção, a Cedro apostou em um conceito ecológico para a sua linha de coloridos. A ideia era retomar os tingimentos sulfurosos, que garantem mais possibilidades de lavanderia, além de um toque mais macio e desbote uniforme, mas com mínimo impacto ao meio ambiente. “A Cedro já tem um trabalho ecológico, por isso, solicitamos uma solução diferente, um corante sulfuroso que consumíssemos a mesma
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Diferentes tonalidades obtidas pelo tingimento ecológico da Cedro. Crédito: Arquivo RT
quantidade de água que consumimos atualmente com pigmento. E Archroma nos atendeu”, explica Hermelindo Borba Junior, gerente de produtos. Assim, surgiu a coleção Vintage BioFashion, produzida através de um novo e exclusivo processo de tingimento que, além de demandar menor consumo de água e energia e ser biodegradável, possibilita efeitos bicolores com lavagens mais rápidas e eficientes, notáveis efeitos de envelhecimento e marcação de costuras e toque mais macio. Produzida dentro do mesmo processo, a coleção Coated BioFashion também traz novidades e destaca as aparências resinadas. “O melhor desse corante é que levamos para o nosso cliente a possibilidade de também consumir menos água ao beneficiar o tecido, economizando e sendo sustentável”, comenta Junior. “Muitas vezes, o cliente não consegue ter uma iniciativa ecológica, principalmente pequenas empresas. Para quem tiver interesse de trabalhar esse discurso, a Cedro oferece a tag, Biofashion, feita com papel semente, que pode ser plantado”, explica. Na linha Top Denim, segmento de artigos em denim com alto valor agregado, construções de alta densidade, tingimentos intensos e acabamentos diferenciados, serão incluídos 14 novos produtos, com destaque para os elastizados que podem chegar a até 40% de stretch.
Silhueta renovada A inovação contínua é um dos valores da Tavex e a cada temporada o mercado exige produtos cada vez mais diferenciados, segundo Lilian Yukimi Kurosaki, gerente de Marketing jeanswear. Nesta coleção, a Tavex, mais uma vez, apresentou produtos que reforçam esse compromisso. O primeiro deles, reforçando a Linha Denim Therapy® by Tavex, é o Svelt. Um tecido que possui propriedades cosméticas que ajudam a melhorar o aspecto da pele de laranja causado pela celulite, reafirmando, tonificando e suavizando a pele. “Trata-se de uma solução integral que une inovação
Denim Therapy, da Tavex: propriedades estéticas. Crédito: Divulgação
tecnológica com a versatilidade própria do tecido denim, e que ajuda a combater o acúmulo da gordura localizada, modelando e esculpindo a silhueta de forma gradual pelo uso contínuo”, diz Lilian. Este resultado é possível graças a um exclusivo acabamento desenvolvido pela Tavex. Outro sucesso na coleção é o conceito do extremo conforto. Assim, a coleção Runway by Tavex combina sofisticação e conforto extras, em estruturas novas e não convencionais, em denins de construções diferenciadas desenvolvidas especialmente para dar conforto e aspecto inovadores para o jeans. Outro destaque também é a coleção Absolut Fit by Tavex, que oferece mais de 50% de elasticidade e contorna o corpo sem perder sua forma original ao longo do tempo. São tecidos com mesclas especiais com extrema sensação no toque, maciez e excelente recuperação. Por ser uma empresa de atuação global no mercado jeanswear; para o lançamento dessas inovações a Tavex Brasil também investe continuamente na inteligência do desenvolvimento de produto, alinhado as tendências das coleções da Europa e busca inovações em processos de acabamentos especiais, assim como novas construções de tecidos.
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Especial Denim Mais um diferencial é o Ice Dye, que traz um azul brilhante obtido pelo uso de um corante enxofre, tingido em um procedimento similar ao do índigo, garantindo assim o mesmo comportamento e, portanto, as mesmas possibilidades em lavanderia. “A coleção também conta com peças em stretch e super stretch, chegando a mais de 50% de power, com uma garantia de retorno”, finaliza Maria José.
Para a pele Beauty Denim®, em desfile de Alexandre Herchcovitch: tecido com tecnologia Emana® da Canatiba. (Marcio Madeira)
Atlas, da Capricórnio: técnica de tingimento possibilita vários tons de azul.(Divulgação)
Shorts da Copa: Santana lançou tecidos inspirados nas cores da bandeira brasileira. Crédito: Divulgação
Tingimentos diferenciados A coleção da Capricórnio foi dividida em três grandes blocos: os clássicos, em 100% algodão, a linha stretch, que traz um denim de conforto, e, seu grande destaque, a linha Platinum, que tem por principal característica os tingimentos diferenciados. Como resultado de investimentos realizados desde 2009, a Capricórnio investiu em filatórios e, principalmente, em uma nova linha de tingimento que possibilitou a realização desses produtos. A primeira linha foi a Intense Blue, composta por tecidos 100% índigo com muita penetração de corante, o que garante alta concentração na fibra, possibilitando muitas variações em lavanderia. O tecido vai de um azul bem escuro até uma tonalidade mais clara ou mesmo manchada, conforme explica Maria José Orione, diretora de planejamento estratégico da Capricórnio. O Intense Blue é encontrado em tecidos 100% algodão ou em power stretch. Outro tingimento bastante inovador é o Inside Green, que tem uma composição do corante índigo com um corante enxofre verde, garantindo uma tonalidade esverdeada no desbote. Trata-se de um processo de bottoming e, graças a ele, quanto mais desbota o tecido, mais efeito esverdeado é obtido, dando um aspecto bem vintage à peça.
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A Canatiba sempre aposta em conceitos diferenciados de tecidos. O destaque para esta coleção fica por conta do jeans cosmético Beauty Denim®, desenvolvido em parceria com a Rhodia. Trata-se do primeiro denim do mundo produzido com a tecnologia Emana®, fio inteligente de poliamida 6.6, incorporado ao denim. Outro destaque são os denins com conceito malha, com construções diferentes, em texturas como jacquard e piquet, para confeccionar peças em estilo jogging, no tingimento blue denim e outras cores. Os tecidos são superestruturados, porque a malha é mais aberta do que um denim, pelo próprio ligamento. A Canatiba estudou muito a qualidade da construção para obter tecidos que não esgarçam e tenham alta estabilidade dimensional. A Canatiba destaca, também, sua linha de PTs (prontos para tingir), com fios penteados em construção cetim com a tecnologia Lycra® dualFX®, que permite alto grau de qualidade no controle de encolhimento do tingimento. A linha é composta por diversas fibras (algodão, liocel, modal, poliéster, elastano), em construções variadas (sarja, tela, cetim). Devido aos seus processos industriais e qualidade da matéria-prima, garante artigos com vivacidade de cor e toque macio e ainda dispensa o preparo nos processos de acabamento, gerando economia. Outra aposta da marca são os tecidos leves, das linhas Hi-Comfort® e MaxSkin®, com denims superconfortáveis, de toque macio, desenvolvidos com matérias-primas com alto valor agregado, como as fibras celulósicas Tencel® e Lenzing Modal®. A linha apresenta uma gama variada de tecidos com pesos que vão de 4,5oz até 7,5oz.
Superelásticos A Santana Textiles dedicou quatro anos de intensas pesquisas e modificações tecnológicas para obter estabilidade de encolhimento e viabilidade econômica para a produção dos tecidos Bi-elásticos, lançamentos que são a principal aposta da marca. Trata-se de dois tecidos – Kozy e Ryutai – que, pelos fios elastizados, composição acima de 4% de elastano e pela sua construção, esticam vertical e horizontalmente, proporcionando conforto e movimentação, equiparável somente ao moletom, segundo o presidente da empresa, Raimundo Delfino Neto. Para atingir este resultado, as principais modificações tecnológicas
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Especial Denim ocorreram na fiação, tingimento e acabamentos, “Estabilizar o processo de manufatura de um Denim Bi-Elástico foi um grande desafio e êxito de nossa equipe Industrial”, revela Neto. Além disso, a empresa apostou na temática da Copa, evento que atrai os olhos do mundo para o Brasil em 2014. A coleção da Loco Serious Denim, batizada de Copa LOCO, tem tecidos em versões rígidas e elastizadas, que trazem superfície como um denim original, mas têm o avesso tingido de acordo com as cores da bandeira brasileira. “O mercado denim brasileiro continua seu processo de crescimento e amadurecimento enquanto setor econômico. Acreditamos que as empresas que investem em inovação e tecnologias ecológicas serão as que mais crescerão no setor. Estamos muito bem posicionados no Brasil, possuímos 18% do Market-share brasileiro de denim”, comemora o presidente da Santana Textiles.
Estampas
Para obter o novo fio, a Santanense investiu em maquinário – filatórios diferenciados –, já que a produção é interna, além das fibras diferenciadas. O resultado? “Tecidos com elasticidade acima de 50% e recuperação em torno de 98%”, orgulha-se Eleonora. Inicialmente, foram adquiridos três filatórios, que, pela demanda, já aumentaram para 10, no total. Além disso, como explica a gerente, não é suficiente usar a tecnologia de fios, mas é necessário estudar a construção adequada, para atingir o conforto esperado. Na nova tecnologia, os trabalhos de lavanderia podem ser realizados normalmente, pois o T400 é bastante resistente. Além disso, como está interno, não compromete o tingimento dos tecidos PTs (prontos para tingir) e não impede os diferentes tipos de lavagens que são feitas para o denim. Os investimentos em teares foram feitos não para o novo lançamento, mas já dentro de um planejamento de ampliação da capacidade produtiva da marca, que deve RT chegar aos 7 milhões de metros em 2015.
A Covolan vê a tecnologia como sua essência e, segundo Aline Nobrega Cabral, gerente de marketing, a empresa está muito rápida nas respostas às tendências internacionais, adaptadas ao público brasileiro. Entre os destaques da coleção, está a linha Gênius Denim, que conta com tecnologia de tingimento italiana patenteada e exclusiva para a Covolan Têxtil no Brasil, que economiza água e otimiza o processo, proporcionando um tingimento diferenciado. Outro grande destaque fica por conta dos tecidos da linha Prime, mercerizados e que possibilitam lavagens especiais, resultando em visuais mais nobres. Os tecidos em 100% algodão voltaram com tudo e fazem parte de uma boa gama de produtos. Outro ponto importante na coleção da Covolan fica por conta da estamparia, que vem de um know-how grande de outra empresa do grupo, a Glow, especialista em estampas para tecidos de moda. Assim, trazer este conhecimento para o jeans, principalmente na camisaria, foi um passo a mais. Além dos tecidos maquinetados leves, os denins contam com técnicas variadas de estamparia, desde pigmento até a estampa de corrosão, um mix de tendências e novidades para os mais diferentes públicos.
Conforto extremo A aposta da Santanense foi em conforto. Um tecido super-elástico, com fibras da Invista, parceira no lançamento. “Estamos trabalhando com um fio de trama com, uma mistura de três fibras, o T400®, um poliéster bicomponente que, quando recebe calor, ganha elasticidade e favorece a recuperação e Lycra®, para ganharmos em maior power, recobertos de algodão para um aspecto natural e com maior poder de efeitos diferenciados em lavanderia”, explica Eleonora França, gerente de marketing, produtos e serviços Sportswear da empresa.
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Muito conforto: investimentos da Santanense resultaram em tecido com muito stretch. (Crédito: Divulgação)
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Além do básico Aviamentos se modernizam cada vez mais e criam uma gama de complementos que agregam valor aos denins
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Salão Première Vision São Paulo reuniu também empresas diversas de aviamentos. Muitas delas, de olho no promissor segmento denim. O uso de peças adequadas pode agregar valor ao jeans, gerando competitividade e abrindo novos mercados. Bordados com cristais, por exemplo, acrescentam brilho e sofisticação até ao mais básico dos jeans. A Cristais Preciosa entrou em uma parceria com o estilista Victor Dzenk para compor a peça com o denim da turca Isko, no Projeto Intervenções em Denim, do Première Vision SP. O projeto deu visibilidade aos cristais checos da marca, que já são conhecidos, quando o assunto é denim, principalmente no segmento de luxo. A Preciosa apresentou a linha “Chaton Rose VIVA 12”, com pedras de brilho intenso, cores e luminosidade, que tem como característica o fundo com superfície plana, que permite sua perfeita aplicação como detalhe nas roupas por termocolante. Já a “Sew-On” pode ser aplicada ao bordado com linha e agulha. “O mercado entende que a peça bordada é mais sofisticada,
é mais tradicional, é um trabalho mais manual, artesanal. Além disso, por ser um cristal muito tradicional, feito na Bohemia, República Checa, agrega muito valor à peça”, comenta Marcelo Bello, diretor da Europestar, representante da Preciosa no Brasil. Por questões mercadológicas, a empresa opta por não trabalhar com produtos prontos, sendo apenas fornecedora de matéria-prima. Com uma proposta diferente, a Swarovski atende ao segmento jeans com produtos prontos. Assim, além de cristais, botões, transfers com motivos prontos, correntes e outros fazem parte da gama de opções disponíveis para enfeitar o denim (e outros segmentos). Em recente parceria com a Vicunha, quatro shorts foram customizados, mostrando que até as peças mais simples ganham valor diferenciado. Um deles, por exemplo, teve temática inspirada na copa e ganhou cristais verdes, azuis e amarelos e de estrelas simbolizando as vitórias da seleção. Além disso, do acervo Swarovski vieram peças customizadas da Pucci, o jeanswear Premium e vanguardista da 7 for All Mankind e da alemã Blessed & Cursed, a camisaria feminina de Anne Fontaine e a moda infantil da Little Marc Jacobs. RT
Etiquetas Foi-se o tempo em que etiquetas serviam só para indicar a marca da roupa. Hoje em dia, são elaboradas em materiais variados para compor visuais em conjunto com as peças de roupa, principalmente no denim. A Tecnoblu, por exemplo, apresentou sua coleção no Première Vision SP de acordo com tendências de moda, pesquisadas pela equipe do Estúdio Tecnoblu. Os três books, Tecnoblu Verão 15, Up to Date e Joias, reúnem aproximadamente 300 criações em etiquetas de cós, etiquetas internas tecidas ou estampadas, tags e lacres diferenciados, entre outros elementos. Os books foram editados de forma a oferecer produtos com diferentes perfis para as diferentes demandas de preço e conceito dos segmentos jeanswear e casualwear. Já a Etical repaginou seus produtos anteriores, preocupada em oferecer diferenciais, sem alterar preços para seus clientes. Tudo foi transformado por meio de ligamentos, texturas e linguagem de moda aplicadas a etiquetas. Por exemplo, a Fotolable, para denim, estampada de acordo com a imagem que o cliente quiser. Na linha premium, etiquetas tecidas, bordadas, com um ligamento de ultradefinição traz um efeito de estamparia. A Haco apresentou seu portfólio de soluções em identificação e tendências, em um preview dos novos books. Serão explorados 3 segmentos já nos primeiros meses do ano, com kits completos para identificação de peças de roupa. A Haco aposta em efeitos visuais, tons neutros, florais, navy, extended structures, animal print, étnico e folk. A empresa usou também diversas técnicas que possibilitam amplas aplicações dos tecidos jacquard. Além disso, apresentou soluções em RFID (radiofrequência).
Etiqueta Tecnoblu. (Divulgação)
Botões
A Dallmac dispõe de uma variada linha de produtos e acabamentos capazes de dar destaque à marca, oferecendo soluções com qualidade, dentro do que há de mais atual no mercado da moda. Com foco no jeans, os botões em zamac, ferro e latão são o destaque da produção, com mais de 200 acabamentos e infinitas possibilidades de formatos e tamanhos, sendo totalmente personalizáveis. Rebites, placas, pingentes, ilhoses, puxadores, passadores, fivelas, enfeites e botões de casear e pressão também fazem parte da gama de produtos.
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eneficiamento! Especial Denim
O que chega
ao Varejo R esinas, estampas, cores e muito conforto. Foi o que vimos nas peças apresentadas pelas grifes para as próximas estações, durante a São Paulo Prêt-à-Porter. Isso significa que as tecelagens podem comemorar: conquistam cada vez mais lugar no mercado, em qualquer faixa de público consumidor. A Dixie, por exemplo, faz parte do grupo Marquente, junto com a Gangster (também de denim) e a Mosaico. Responde, sozinha, por 70 mil peças jeanswear por mês, com planos de dobrar a produção nos próximos dois anos. Voltada para o público masculino, prioriza o uso de tecidos diferenciados, mesmo direcionada para a Classe C. Com cerca de 400 mil peças por ano, a Usina Jeanswear também aposta em qualidade, mas se preocupa com a relação custo/benefício, para manter a competitividade e ter peças com preços acessíveis. Com foco em vestuário feminino, tem como destaque estampas, tanto em silks quanto lasers, além de processos de aplicação de patches e lavagens detonadas ou a seco. “Neste último caso, levando em consideração a preocupação com o meio ambiente”, explica Getúlio Lima, diretor geral. A Dudalina é reconhecida pela qualidade de sua camisaria. Com suas marcas irmãs, Individual e Base, agora busca se consolidar no segmento denim, que já responde por 25% de toda a produção do grupo, de cerca de 4 milhões de peças por ano. Aliás, de acordo com o gerente comercial Everson Medeiros, a marca Base quer ser reconhecida no mercado como jeanswear. Mas o que querem as classes altas no seu jeans? “Muita qualidade. Estão dispostos a pagar, mas respeitam o próprio bolso”, diz Medeiros. “Além disso, um índigo de baixa qualidade não suporta todos os trabalhos de lavanderia que fazemos”. Entre as apostas, trabalho forte no colorido, em duplas-faces ou acabamentos, resinados em alta. Até as crianças estão ganhando cada vez mais qualidade no seu jeans. Com produção de 200 mil peças/mês, a Parizi atende ao mercado nacional com produtos de matéria-prima também brasileira. O Brasil, segundo Carla Nabhan, coordenadora de marketing da empresa, tem tradição na produção do tecido, com fábricas que oferecem toda a estrutura, com acesso ao que há de melhor no mundo, em matéria-prima, tecnologia e tendências. “Mesmo com todas as taxas, é difícil o importado bater o preço e a qualidade do produto nacional”, diz. No caso do infantil, segurança é um quesito fundamental, além de conforto. Mas a moda conta muito, de modo que denins resinados e brilhantes vêm com tudo na próxima coleção. RT
1: Usina aposta em relação custo/ benefício para os jeans.
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2: Jeans para os pequenos: Parizi investe em moda, mas com segurança. 3: Dudalina: matériaprima de qualidade para bons efeitos de lavanderia. Credito: Divulgação
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Artigo
Máxima eficiência energética na produção de fios Nos debates atuais sobre sustentabilidade, não só o consumo de energia está sendo discutido, mas também fatores de proteção ambiental e condições de vida para as futuras gerações são analisados. Os recursos limitados do nosso planeta nos forçam a repensar o assunto. Menor carga de poluição ambiental, maior eficiência na geração de eletricidade, maiores economias no consumo energético e máxima utilização das matérias primas – esses são todos fatores ambientais que a Rieter se preocupa há décadas e consistentemente implanta ações no desenvolvimento de seus sistemas. Qualquer pessoa que domine a cadeia inteira do processo de produção de fios sabe onde estão as maiores áreas de influência para a economia de energia. A Rieter, como fornecedor de sistemas atua exatamente nesses pontos.
A
Rieter está desenvolvendo máquinas eficientes no consumo energético há décadas, com máxima redução do consumo de energia em sistemas completos. Seja qual for o sistema que o cliente se decidir, todas as máquinas irão contribuir para a sustentabilidade. (Figura 1). Quando as máquinas interagem, um potencial completo para economia de energia pode ser explorado. Os sistemas de fiar diferem bastante no quesito economia de energia. A Rieter, como um fornecedor que tem domínio sobre os quatro processos, pode reagir à variedade de condições de operações de seus clientes e recomendar o processo ideal, levando em conta diversos fatores, inclusive a economia de energia.
Comparação do consumo de energia nos sistemas de fiar Usando um exemplo prático na Indonésia, as diferenças dos custos energéticos desde a linha de abertura até os sistemas de fiar podem ser ilustrados. Usamos como base um fio Ne 30 para tecelagem, 50% Algodão 50% Liocel. Consumo de energia – Comparação nos 4 sistemas de fiar (Figura 2). Se apenas os custos de energia forem levados em conta – independente das propriedades do fio adquiridas –, o processo mais econômico é o rotor (open-end), seguido pelo jato de ar. Em comparação, o sistema convencional e compactado possuem os maiores custos de
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Figura 1
Figura 2
Artigo energia. Com uma porcentagem de 18% do custo total sendo o consumo de energia, o sistema de fiar a jato de ar é o mais eficiente nesse sentido. O custo de energia representou 19% do custo total no sistema de fiar compacto e 20% para o sistema de fiar a rotor (open-end) e convencional. Para os quatro processos, quanto mais fino o fio maior a influência do custo de energia por custo de kg de fio produzido. (Figura 3). A proporção de custo de energia por kg de fio muda de acordo com seu título. Para os mais finos, o consumo tem maior representatividade. Essa proporção aumenta de forma mais rápida para os fios de rotor (open-end) e de forma mais suave para os jato de ar. Desta forma, para o fio Ne 40, o jato de ar é o que apresenta o menor custo de energia por kg de fio, seguido pelo rotor, convencional penteado e compactado penteado. Se um título Ne 50 é produzido, a diferença é ainda maior. O jato de ar é claramente o processo que mais economiza energia para esse título. O rotor (open-end) e o sistema convencional são praticamente idênticos nessa gama, entretanto o fio Ne 50 não é comumente produzido em rotor (open-end). No contraste com títulos mais grossos, o fio de rotor claramente possui a menor necessidade de energia, seguido pelo jato de ar e convencional. Aqui novamente deve ser mencionado que fios mais grossos que Ne 24 são raramente produzidos em sistemas jato de ar.
Figura 3
Figura 4
O consumo de energia difere expressivamente Dependendo do sistema, o consumo de energia dos processos individuais difere de forma expressiva. O exemplo dado novamente é o fio Ne 30 para tecelagem, 50% algodão 50% liocel. O filatório a rotor é responsável por 80% dos custos de energia de seu processo. (Figura 4). O jato de ar é responsável por 68% desses custos (Figura 5), enquanto o filatório a anel e o compactado são responsáveis por 58% (Figuras 6 e 7). Em uma instalação de fiação convencional ou compactada, as conicaleiras e maçaroqueiras são os processos com maior consumo após os filatórios, enquanto no rotor o segundo processo de maior consumo são as cardas. Essa observação mostra claramente onde pode-se ter a maior economia de energia na cadeia produtiva. Geralmente, pode-se afirmar que, quanto mais fino o fio, maior a representatividade do consumo de energia no seu custo total. O exemplo da fiação a rotor ilustra isso (Figura 8). O consumo de energia do filatório open-end representa 80% do consumo total do processo para o fio Ne 30. O consumo aumenta para 86% no fio Ne 40 e 91% no fio Ne 50.
Figura 5
Figura 6
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Artigo Fio de malharia, Ne 30, 100% Viscose
Figura 7
Fios 100% Viscose, Ne 30 são produzidos hoje tanto no sistema jato de ar, open-end e convencional. Os valores da ilustração são retirados da prática na Índia. As instalações possuem mais ou menos as mesmas capacidades produtivas. Todo o processo foi otimizado desde as máquinas de preparação até os filatórios. O filatório a rotor tem o menor custo absoluto de energia. O custo energético do filatório tem a menor representatividade no custo total do fio. (Figura 9). A instalação analisada de jato de ar foi dimensionada para ter uma produção de 587 kg/h de fio. O consumo dos 16 J 20 representam 31% do custo total de produção do fio. A instalação convencional foi dimensionada para 730 kg/h de fio. O consumo dos 18 G 35 representam 26% do custo total de produção do fio. Em comparação, a planta de rotor foi dimensionada para a produção de 859 kg/h e o consumo dos 9 open-end R 60 são responsáveis por 27% do custo total de produção do fio. Os maiores responsáveis pelo consumo de energia são os filatórios. (Figura 10). A maior porcentagem do consumo de energia é dos filatórios, seguidos pela conicaleira, cardas e maçaroqueiras. Desta forma, podemos observar onde temos maior potencial na economia de energia.
Denim, Ne 14, 100% algodão, Índia e Indonésia
Figura 8
Custo de energia mais alto influencia na representatividade desse fator no custo do fio. (Figura 11). Nas aplicações para denim, com o domínio das máquinas de open-end, os custos energéticos não são predominantes no custo total do fio. Claro que os custos elevados da energia local representam um fator de grande influência que pode fazer com que os benefícios mudem.
Fio de tecelagem, Ne 40, 100% algodão penteado, Turquia
Figura 9
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Essa aplicação é tipicamente para filatórios compactados – Fios finos para tecidos para camisaria. O custo da energia é responsável por 22% do custo total do fio. (Figura 12). Os filatórios compactos da Rieter mostram o menor consumo de energia e garante uma margem de lucro maior para o produtor. O sistema compacto da Rieter tem o menor consumo de todos os sistemas compactos no mercado, garantindo uma margem de lucro maior. O filatório compacto é responsável por 71% dos custos de energia de fiação, 13% vem da conicaleira e apenas 5% das maçaroqueiras e carda. O potencial de economia de energia é grande nos filatórios.
Artigo
Figura 10
Os exemplos mostram indiscutivelmente como as estruturas do custo são diferentes em cada sistema de fiação. A Rieter como um fornecedor de sistemas com profundo conhecimento pode aconselhar cada cliente individualmente e mostra qual sistema é o mais econômico em cada caso. Para tomar a decisão do melhor investimento, a Rieter calcula todos os fatores do custo individualmente para o cliente e fornece dados detalhados e gráficos. Como o único fornecedor que pode oferecer os 4 sistemas de fiar e inclusive todas as máquinas da instalação, do fardo até o fio, a Rieter está em melhor posição para comparar processos. RT
Figura 11
Figura 12
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Perfil
Os 60 anos de história Sintequímica comemora aniversário com investimentos em pesquisa, tecnologia e inovação
H
á 60 anos, no dia 4 de fevereiro de 1954, Aécio Duarte Ribeiro e Hilton Duarte Ribeiro (já falecido) fundavam uma pequena empresa química na cidade de Olinda, em Pernambuco. Os então diretores já investiam em pesquisa e inovação de produtos químicos, principalmente os que eram difíceis de serem encontrados no Brasil. Assim, a trajetória da Sintequímica foi marcada pelo pioneirismo. Foi a primeira empresa na América Latina a fabricar as dispersões pigmentárias na cidade de Olinda- Pernambuco, em 1954, já com a marca “SINTERDYE”. Também foi pioneira em apresentar e introduzir no Brasil a tecnologia dos espessantes para estamparia têxtil em emulsão inversa – “Texipol”, com sua parceira Scott Bader. Outra indicação de pioneirismo foi a introdução da tecnologia da impressão digital têxtil com equipamentos, processos, tintas etc., pela representada DuPont Artistri ™. Foi a primeira a fabricar produtos para pré-tratamento para estamparia digital têxtil, com a marca “Superprint”, próprios para corantes reativos, ácidos, dispersos e pigmentos. A Sintequímica foi a primeira a apresentar os equipamentos como “ROTOVAC”, da Technijet, bem como os produtos da Rohm and Hass para o segmento têxtil, em 1973. Hoje a Rohm and Hass pertence ao grupo DOW, que continua sendo representado pela Sintequímica, há mais de 40 anos. Hoje a empresa é dirigida pelos sócios diretores José Clarindo de Macedo e Silvino Pedro da Silva e seus filhos Marcelo Amaral Leite de Macedo e Eloy Pedro da Silva, respectivamente. E continua apostando na pesquisa e inovação como fonte de sucesso.
A fábrica de Caieiras (SP) é moderna e equipada com máquinas e moinhos de última geração que fazem com que as dispersões pigmentárias tenham o mais alto grau de qualidade e aceitação, tanto na indústria têxtil como nas indústrias de tintas imobiliárias. Os moinhos produzem as dispersões sempre constantes e nas mesmas cores, evitando assim contaminação e oferecendo a pureza e brilho de que estas cores necessitam, com grande economia de água e energia. A tecnologia de produção em contínuo para grandes volumes de dispersões pigmentarias é uma das conquistas que posicionam a Sintequimica em uma das mais eficientes em sistemas produtivos neste disputado mercado. “A aceitação dos pigmentos “Sinterdye” nas mais exigentes e tradicionais indústrias é um fato que muito nos orgulha e é para nós uma meta sempre preservar esta difícil conquista”, afirma Macedo. As certificações ISO 9001 e ISO 14001 são conquistas que a empresa se orgulha de ser certificada. Seguimos um programa de sustentabilidade intitulado “eCOLORgy”. “Por ser uma empresa de capital 100% nacional, este nosso jubileu de diamante é um marco que foi atingido pela dedicação de nossos colaboradores, parceiros de negócios, fornecedores, clientes e o apoio de nossos ex-diretores e fundadores Dr. Aécio e seu irmão Hilton Duarte Ribeiro (in memorian)”, comenta Macedo. Segundo ele, a principal meta futura da Sintequimica está na contínua busca por melhores resultados técnicos e aprimoramento constante dos conhecimentos, processos e produtos, com a constante busca pela inovação, como é traRT dição desde a fundação da empresa, há 60 anos.
Fábrica da Sintequímica em 1954, ano de sua fundação, em Olinda, PE. (Divulgação)
Fábrica de Caieras, em São Paulo. (Divulgação)
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Artigo
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ABIT / Sinditêxtil
Cultura exportadora também aumenta a competitividade no mercado interno
E
m se tratando de comércio exterior, uma das vantagens para quem está no dia a dia da prospecção internacional é quando o câmbio está favorável ao exportador. É o que está acontecendo neste momento, quando dólar está mais valorizado em relação à nossa moeda. Essa flutuação do câmbio, contudo, não garante por si só o aumento das exportações brasileiras. Além da mobilização política junto ao governo para efetivar medidas que devolvam a competitividade, a Abit também está fomentando as empresas para promover inovação e sustentabilidade (e sustentabilidade considerando o crescimento economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto), fortalecendo assim a imagem que a indústria da moda brasileira já tem no exterior. Sim, o Brasil é tido como um país que desenvolve moda ecologicamente correta. Ter um diferencial como este, no entanto, também não garante uma concorrência mais justa. No concorrido e dinâmico mercado internacional da moda, defender o mercado doméstico da concorrência desleal é justo e deve ser feito na medida certa. Por essa razão, não se pode confundi-la com práticas protecionistas, absolutamente inadequadas no mundo globalizado. A Abit defende que, se a produção e o mercado são globais, os meios de produção também devem ser regidos por uma ética global. Esta posição equilibrada estará na agenda do setor têxtil e de confecção, assim como os temas trabalhistas e tributários, porém, a busca pela inovação tem sido um trabalho diário. Até porque, se uma empresa não é competitiva no mercado doméstico, não o será no comércio exterior. Muitas vezes, o que vemos são empresas que, ao se prepararem para o comércio internacional, adquirindo cultura exportadora, acabam por se tornarem ainda mais competitivas no mercado interno. O setor vem se preparando há algum tempo para produzir, cada vez mais, produtos com valor agregado e DNA brasileiro. Tenho visitado os principais centros de inovação, design e tecnologia do mundo para fechar acordos de parceria. São centros de excelência no que há de mais moderno para a indústria da moda, porém, seus países (Espanha, Portugal, EUA, Japão) estão produzindo hoje na Ásia e nem sempre se utilizam do que
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Rafael Cervone Presidente da Abit
é desenvolvido nesses lugares. Queremos trazer essas pesquisas e know how para o Brasil e, também, parte dessa produção mundial. Afinal, aqui existem 32 mil indústrias, das fibras até às confecções, dos engenheiros aos estilistas. Somos a última cadeia completa do Ocidente. Podemos dar esse importante passo. Ademais, produzir na China já não é tão barato. Ressurge, ainda, o conceito de que, mesmo na sociedade globalizada, é importante fabricar perto do mercado consumidor. Neste aspecto, sempre é pertinente lembrar: temos no Brasil 200 milhões de habitantes, cuja renda cresceu razoavelmente nos últimos dez anos. O crescimento do varejo, nesse período, abriu espaço para os importados, numa concorrência desleal, mas o varejo precisará cada vez mais de produção perto do consumidor. Por isso, precisamos ser globalmente competitivos, fator fundamental para reconquistarmos nosso próprio mercado interno. O cenário ainda é difícil. A retomada da produtividade será um dos principais desafios. Temos o RTCC (Regime Tributário Competitivo para Confecção) para defender em Brasília num ano de Copa e de eleição. Queremos convidar para vir à Abit todos os pré-candidatos à presidência e ao senado, individualmente, para discutir os principais problemas que afetam o setor. Além de câmbio, inovação, RTCC é preciso também fazer acordos preferenciais de comércio com os principais compradores globais, para finalmente aumentarmos as exportações. A indústria têxtil está fazendo a sua parte e, ao mesmo tempo, segue engajada, ao lado de todos os setores produtivos, para melhorar o ambiente de negócios no País. Têm sido rotineiras medidas provisórias do governo alterando as regras do jogo e criando desconfortável insegurança jurídica. De outro lado, os incentivos pontuais e datados não geram otimismo nem prazo suficiente para o empresário poder planejar e investir. A iniciativa privada, com foco na inovação, eficiência e produtividade, e o governo, com foco na realização de reformas estruturais e estabelecimento de regras claras para a economia, podem e devem promover os avanços capazes de resgatar a competitividade e um crescimento RT mais substantivo do PIB brasileiro!
ABTT
Inovação é a nova aposta da moda com tecnologia
O
homem é o responsável pelo atual estado de degradação da qualidade de vida no planeta. Estamos vivendo um verão como nunca antes, em termos de calor e sensação térmica. E o que fazer para trabalhar, passear e sair? Temos que nos vestir e este é um grande desafio para estilistas, criar peças que, além de elegantes e bonitas, tragam conforto e proteção. Uma opção que pode ajudar é o uso de tecidos com tecnologia e modelagem. Apostamos em produtos inovadores de empresas de ponta que trabalham com pesquisa e inovação, para proteção e maior conforto e beleza. Há menos de uma década, por exemplo, fibras e tecidos não tinham nenhuma expressão no campo esportivo e hoje são assunto determinante no rendimento de determinados esportes, estabelecendo padrões de eficiência. Temos uma tecnologia que possibilitou e ainda possibilita a criação de uma infinidade de fibras e acabamentos com características adequadas a cada tipo de situação e uso que, aliados às tecelagens que conseguem criar tecidos com densidade e texturas diferenciadas, resultam em artigos de alta performance, com propriedades de utilidade ímpar e moldados pela confecção. Como exemplos, temos a criação de tecidos com propriedades de isolamento térmico, que resfriam a temperatura corporal e já são usados por atletas e que agora poderão entrar no mercado para uso diário em camisetas, bonés e tênis, entre outros. Tecidos com proteção UVA e UVB, que impedem a radiação solar de causar danos à pele, tecidos com grande capacidade de absorção de umidade, poder de ventilação, fácil lavagem e ainda biodegradáveis. Fibras de acrílico com capacidade de retenção, absorção e transporte por capilaridade da umidade, e a eliminação por evaporação. Os microporos também proporcionam leveza, maciez e isolamento térmico, além de secagem rápida. Fibras sintéticas hidrofóbicas resistentes e duráveis que criam em sua superfície um ambiente inóspito para os microorganismos, fornecendo uma característica antibiótica inerente ao produto e que também evitam problemas com o mau cheiro. Temos tecidos com acabamentos antibacterianos e produzidos com aloe vera, para serem utilizados em queimaduras com efeito cicatrizantes, fibras que combatem a celulite. Produtos antialérgicos utilizados em tecidos e bonecos de pelúcia de microfibras de poliéster e poliamida, além de outras inovações ainda em fase de estudos e pesquisa.
Antonio César Corradi Presidente da ABTT O conceito de desenvolver produtos vai além de utilizar fibras e tecidos tecnológicos e está ligado à adequação ao uso de forma bonita e confortável, atividades que levam muito tempo e que não permitem a troca da roupa tem que proporcionar conforto ao usuário por todo este período. O uso de tecidos bases puros ou de mistura de fibras, ligamento, texturas e beneficiamentos dá uma infinidade de possibilidades para o criador abusar da imaginação e ter produtos do agrado do usuário. O ecodesenvolvimento é um dever dos nossos dias, pelo uso racional e controlado dos recursos naturais e do reaproveitamento dos materiais têxteis e tudo mais que possa ser reciclado. A água é o elemento mais importante para a sobrevivência do homem, que à semelhança do planeta, também é formado por cerca de 71% de água em seu organismo. Do volume disponível de água no planeta, aproximadamente 97% está nos oceanos e cerca de 2% é encontrada em estado sólido, formando grandes massas de gelo nas regiões próximas dos polos e no topo de montanhas muito elevadas. Só 1% da água está disponível em reservatórios subterrâneos, rios e lagos, nem sempre potável. Preocupadas com este problema, temos empresas investindo em agregar tecnologia à moda e criaram o jeans autolimpante, por exemplo. É um jeans em fibra de algodão orgânico, tingido sem componentes químicos agressivos ao meio ambiente e que não precisa de água, sabão ou máquina de lavar, um jeans sustentável. Para eliminar a sujeira, deve ficar por cerca de 12 horas no congelador, e somente deve ser lavado tradicionalmente quando a sujidade for forte. Na confecção, desenvolver programas de coleta e separação de retalhos de tecido, aparas no corte do enfesto, resíduos de tecido gerados na operação de costura, pontas e sobras de linhas de costura, pois são materiais nobres e podem ser desfibrados para o aproveitamento da fibra. Nossa luta deve estar pautada na busca de uma moda responsável, atenta às necessidades dos consumidores, com foco no meio ambiente e nas novas tecnologias seguindo um caminho ético e estiloso. Cada dia mais estes avanços nos levam a crer que o futuro é a pesquisa e o desenvolvimento, realizado por instituições e empresas de ponta, que buscam as novas tecnologias e o atendimento das necessidade da sociedade. RT
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(Arquivo RT)
Inovação
Calçados, bolsas e acessórios: um mundo a se explorar
Inspiramais une toda a cadeia de moda e abre um novo leque de opções ao propor a transversalidade entre indústrias de componentes de calçados, vestuário e acessórios
O
setor têxtil marcou presença em mais um evento no mês de janeiro, o Inspiramais. Realizado nos dias 14 e 15, em São Paulo, uniu expositores de diferentes elos da indústria da moda, com um único objetivo: apresentar inovações e inspirações. Com organização da Associação Brasileira de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos – Assintecal – e do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil – CICB, trouxe novidades de 100 expositores de diversos segmentos, em sua 9ª edição. Para William Marcelo Nicolau, presidente da Assintecal, integração é a palavra que representa o Sistema Moda: “unir todos os elos da cadeia, setor privado e órgãos de fomento do Governo para realizar iniciativas que aumentem a competitividade”, afirmou na abertura do evento, que contou com a presença de representantes de entidades do setor, Sebrae, BNDES e deputados federais, além do Senador Eduardo Suplicy e a Ministra da Cultura, Marta Suplicy. Durante todo o evento, duas palavras foram muito exploradas: inovação e identidade. Para Marta Suplicy, a indústria da moda é muito importante, principalmente porque pode ajudar a construir uma imagem brasileira no mundo, se tiver a nossa identidade, e pode virar objeto de desejo internacional. Depois, foi a vez dos representantes de outras entidades presentes concordarem que é necessário inovar para garantir um lugar no mercado.
Evento Desde sua primeira edição até agora, o evento mudou e para melhor, ao agregar parcerias com entidades do Siste-
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ma Moda, como a Abit, o IBGM (joias e bijuterias) e outras. “Foi tudo planejado. O primeiro passo foi trazer componentes para calçados. Agora, com essa perspectiva das associações trabalharem de forma integrada, para criar a identificação do Brasil com uma moda própria, a gente entende que o Inspiramais é o espaço correto para isso”, comenta Nicolau. “Hoje percebemos, nos calçados, muita presença de têxtil. E também o contrário: componentes, como revestimentos em couro e sintéticos, para a confecção. Quando trazemos toda essa gama para o Inspiramais, abrimos uma possibilidade enorme para as indústrias diversificarem suas ações”, completa.
Fórum de Inspirações Com peças de todos os expositores, o Fórum apresentou o que cada um tem de inovador. “Se a empresa fizer 100 produtos, 10 devem ser completamente novos, trazer uma discussão sobre novas técnicas, maquinários. Mas, na sequência, vem uma etapa em que esse produto já terá sua ideia traduzida, processada, isso significa os 30%. E os 60% se referem a quando o processo já se torna tão específico dentro da fábrica, que ganha mais quantidade”, explica o estilista Walter Rodrigues, organizador do Fórum. Com o tema Caminhos, desenvolvido em três conceitos – Novo Mundo, Sol da Liberdade e Terra Adorada – o Fórum de Inspirações destacou o surgimento de um nacionalismo inédito, fruto de inúmeros fatores como o aumento da consciência política e o engajamento em causas sociais.
Inovação Estampa de Rebeca Duarte: as cores são valorizadas pelos detalhes dos cristais Preciosa nos olhos. (Arquivo RT)
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Fórum de Inspirações: novidades com a cara do Brasil. (Divulgação)
Projetos Uma das maneiras de agregar valor ao evento, além dos lançamentos dos expositores, é por meio de projetos. “Há espaço para vender produtos com valor agregado, com originalidade brasileira, com o toque do estilo de vida nacional, mas uma contemporaneidade global. Então agregamos projetos, como o “Mix Brasil”, que traz uma das nossas riquezas que é o artesanato. Também há o “Referências Brasileiras”, que trata de buscar na nossa estrutura botânica, insetos, clima, uma história para contar. Hoje você não vende mais um objeto, você vende um significado”, contou Ilse Guimarães, superintendente da Assintecal. Nesta edição, uma das grandes novidades ficou por conta do +Estampa, em parceria com a Abit. Lucius Vilar, consultor, coordenou os estúdios de desenvolvimentos de estampas na missão de desenvolverem padrões que remetessem aos conceitos do Fórum de Inspirações, mas preservando a identidade do lugar de cada estúdio. No total, foram seis estúdios. Para Lucios, o projeto trouxe ainda mais a moda para o evento e ele faz planos para o futuro. “Para a próxima temporada, adoraria trabalhar com outros tipos de tecido, seda, chifon, algodão, para as pessoas tentarem reconhecer o toque”, disse. Outro destaque foi o Projeto Quartzo, em parceria com o IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos), que pretende substituir a pedra acrílica asiática pela natural brasileira. “O custo é o mesmo, mas certamente a peça ganha um valor mais significativo do que se for de acrílico, principalmente porque as pedras só existem no Brasil”, explicou Raymundo
Vianna, presidente do Sindijoias de Minas Gerais, estado que tem um dos subsolos mais ricos do mundo.
Couro Com 22 expositores, o segmento fez grande sucesso no evento. O Brasil está entre os 3 maiores produtores do mundo, como matéria-prima e produto final. “Somente no ano passado, as exportações chegaram a US$ 2,5 bilhões, um dos poucos setores que cresceu”, destaca José Fernando Bello, presidente do CICB. Da produção anual de 45 milhões de peças, 75% são exportados. O Inspiramais apresentou um Preview do Couro Inverno 2015, além dos lançamentos de verão do mesmo ano. Foram expostos materiais confeccionados por 23 curtumes, que desenvolveram suas peles a partir de pesquisas e informações do Núcleo de Design da Assintecal, com consultoria de Marnei Carminatti, Ramon Soares e Victor Barbieratto.
Lançamentos Os expositores mostraram pra que vieram, com exemplos de inovação e empolgação. A TexPrima, por exemplo, é conhecida pelos tecidos que envolvem tecnologia em sua produção. A empresa esteve presente também no Fórum, com tecidos apresentados especialmente para a ocasião, como a Malha Prene Dublada com Malha 1855, que responde aos desejos dos clientes, por tecidos mais encorpados, com a vantagem de ser dupla face e poder ser utilizada tanto para roupas como para acessórios.
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Inovação Outro destaque da marca foram a Musseline Silky Estampada e Plissada o GGT Prima Plissado, pela sua leveza e aspecto moderno. (Divulgação)
A Preciosa também esteve presente no evento, apresentando os legítimos cristais da região da Bohemia, na República Tcheca. Sua linha Máxima conseguiu, por um processo novo, alcançar o brilho das peças que continham chumbo, elemento que foi eliminado por questões de sustentabilidade. Outra presença interessante foi a da Lartex Tecelagem, com tecidos Jacquard, produzidos em equipamento alemão de última geração, garante o proprietário Rubens Tadeu. Com entrega rápida e em qualquer quantidade, a empresa garantiu um modelo de produção que trabalha com rapidez, qualidade e eficiência, para conseguir, além de um bom produto, um preço competitivo. A Lartex atende desde a indústria de calçados até a moveleira. Já a Ecosimple apresentou sua linha de tecidos ecológicos, todos produzidos a partir de fibras recicladas de aparas de grandes confecções. Com produção verticalizada, a empresa tem ainda um tecido que mistura o algodão reciclado e fios de PET. A Cipatex®, fabricante de revestimentos sintéticos, fez o pré-lançamento de sua coleção durante o Inspiramais, com novidades em laminados em PU (poliuretano) e PVC. Segundo Leonardo Vieira, gerente de produtos da empresa, os materiais incluem novas tonalidades, texturas e tecnologias. Por exemplo, o Porus® Fusion Sew Free, laminado sintético que não precisa de costura para ser aplicado, garante performance aos calçados para práticas esportivas. Os laminados mais nobucados, com aspecto envelhecido, aparecem nas linhas Sevilha Pull Up e Sevilha Sprit Leather. Produzidos em PVC, os produtos apresentam toque macio com acabamento similar ao couro em várias tonalidades, como azul, preto, cinza, café, telha e wisk.
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Componentes de performance apresentados pela Cipatex. (Divulgação)
Preview do Couro: lançamentos para 2015. (Arquivo RT)
Informação Esta edição do evento também trouxe o Inovamais, com palestras instrutivas para visitantes e expositores, realização do Instituto By Brasil; co-realização da Assintecal e CICB, patrocinado pelo Sebrae, Braskem, Basf, Kraton, Rhodia e Stahl e com apoio da ApexBrasil. Um dos destaques ficou por conta do consultor Rivadávia Drummond, especialista em gestão do conhecimento e inovação. Na sua palestra “Fazendo a Inovação Funcionar”, ele apresentou exemplos práticos de como a inovação não é obrigatoriamente sinônimo de custos, mas demanda mudança e risco, além de criatividade.
Prêmio Por fim, o público visitante elegeu, por meio de votos, os Top 20 dentre todos os expositores do Fórum. Os vencedores por categoria foram: • Couros e Peles Exóticas: Curtume Schmechel; Rhoma Pelles, Couroquimica e TryAnytry • Tecidos e tramas: Comlasa, Wolfstore, Twiltex, Bertex, Tramare Innovativ • Laminados Sintéticos: Caimi & Liason, BHZ Design e Magma • Enfeites e aviamentos: Altero, Blaze Transfers, Dutra Ornamentos, Metalúrgica Reuter, Colorgraf • Desenvolvidos para Saltos, palmilhas e solados: RT Amazonas, W&A Solados e Jomo
Inovação
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Inovação
Moda e inspiração Feito para inspirar, Première Vision São Paulo comemora mais uma edição e anuncia mudanças
M
ais uma edição Primavera/Verão do Premiére Vision São Paulo foi realizada neste mês de janeiro, nos dias 21 e 22. Desta vez, estavam presentes 97 expositores, de 12 países diferentes, sendo a maioria das empresas do Brasil, seguido de Itália, Turquia, França e Reino Unido. Para acompanhar o calendário de moda brasileiro, o Première Vision São Paulo anunciou mudanças para suas próximas edições. A de Primavera/ Verão, antecipa-se de janeiro para novembro, e a de Outono/ Inverno, passa a ser realizada em maio, ao invés de julho. Por conta da antecipação, a edição de inverno deste ano foi cancelada. Assim, o próximo salão será realizado nos dias 4 e 5 de novembro de 2014. “Nosso futuro está em três palavras: adaptação, renovação e oportunidade. O mercado brasileiro está mudando e nós temos que acompanhar”, justificou Guglielmo Olearo, diretor dos salões internacionais do Première Vision. “É muito importante termos um evento como esse para a moda brasileira, tanto para negócios quanto para a imagem do Brasil”, disse o presidente da Abit, Rafael Cervone. “Em um ano como esse, nosso país está em evidência, é uma
oportunidade ímpar de divulgarmos nossa cultura e inovação e uma feira como essa ajuda muito”, completou Alfredo Emílio Bonduki, presidente do Sinditêxtil SP.
Corredores e estandes cheios evidenciaram o otimismo do evento. (Divulgação)
Exposição de peças customizadas valoriza o denim brasileiro. (Divulgação)
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Informação O tema central desta edição foi “Quando a inspiração encontra a moda”. A ideia é focar no estilista, buscando inspirá-lo e instiga-lo a experimentar. Foram realizados dois debates centrais, mediados pela coordenadora de moda do Première Vision São Paulo, Olívia Merquior. O primeiro, “Quando a Arte Encontra a Moda”, contou com a presença das criadoras da marca Wasabi (Ana Wambier e Daniela Sabbag); da artista plástica Gisele Camargo; da jornalista correspondente de arte da Vogue Brasil em Paris Isabel Junqueira e da estilista e escritora Dinah Bueno Pezzolo. O segundo, “Estampas, Arte na superfície”, foi debatido por representantes do estúdio de design baseado em Londres Circle Line; o estúdio de design paulista Capim Puro; a professora do Anhembi Morumbi e pesquisadora Luz García Neira e o estilista e personalidade da moda, Dudu Bertholini.
Inovação Denim em destaque
O evento contou com o já tradicional Fórum de Tendências, que reuniu amostras dos principais lançamentos das empresas expositoras, organizadas de acordo com os temas da temporada, que foram apresentados aos visitantes
por Pascaline Willhem. Segundo a diretora de moda, a Primavera Verão 15 será alegremente contestadora, baseada no sensorial e emotivo. Para a estação, foram atribuídas três histórias de moda. A primeira, “Correntes de ar”, tem a ver com arquiteturar sem solidez, arredondar os ângulos, arejar e refrescar, tendo em tecidos leves o seu ponto forte. Os 100% sintéticos, sedas, algodões finos são válidos pela rigidez, organzas e organdis trazem certa transparência, cortes a laser e perfurações decorativas dividem lugar com rendas e tramas flexíveis. Para o brilho, acabamentos perolados. A segunda história, “Em contato”, trata da importância do toque, de esculpir os volumes sobre a pele, com tecidos que seguem o corpo, em uma moda esportiva e luxuosa. Misturas de texturas, misturas viscosas ou sintéticas, dublagens, moletons lisos, elastanos esculpidos, texturas táteis, lãs e algodões, jacquards e malhas piquês com relevo. Linhos e algodões para sportwear empastados ou gelificados, superfícies emborrachadas, rendas e bordados imperbeabilizados, fusão de natural e plástico em estampas, bordados e guipures geométricos. A terceira história é romântica e espontânea, combinando a elegância cuidadosa e o não acabado, o rígido e o lavado, o liso e o amassado. Nos tecidos, destaque para superfícies indisciplinadas, plissados aleatórios em crepes, algodões e misturas de linhos leves. Cítricos e pastéis, xadrezes e ranhuras, em tweeds e algodões, delavagens nas bordas, desenhos e texturas esboçados e rabiscados, RT motivos esparsos.
Cacau Francisco mostra sua intervenção em denim a Pascaline Willhem. (Divulgação)
Victor Dzenk apresenta o resultado de sua intervenção (Divulgação)
Com foco na união da criatividade do estilista com as novidades da indústria, o salão apresentou o Projeto Intervenções, que une grifes, estilistas, artistas plásticos, tecelagens jeans e fabricantes de acessórios têxteis e aviamentos em torno da releitura do denim. “O projeto nasceu da necessidade de oferecer denim especial e único. A experimentação é a base da criatividade e do desenvolvimento industrial”, diz Pascaline Willhelm, diretora de moda do Première Vision. “Essas intervenções artísticas dos processos manuais trazem uma identidade de assinatura ao produto, tanto na roupa pronta quanto na matéria-prima. É também uma maneira de estreitar os já existentes laços de toda a cadeia produtiva”, diz Olívia Merquior. Participam da ação: Cacau Francisco; Der Metropol; Ellus; Herchcovitch; Raquel Alvarez; Ronaldo Fraga; Sacada e Victor Dzenk, além das duplas de artistas Bernardo Ramalho/ Dudu Ramalho (Era) e Ana Hupe / Carol Valansi. Os criadores se unem às indústrias Altero, Botões Corozita, Britannia, Canatiba, Cedro, Covolan, Eberle, Isko, Kipas, Paraguaçu, Preciosa, Rollatextil, Metalúrgica Reuter , YKK, Santanense e Veneto para repensar o jeans.
Informação de Moda Première Vision
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Inovação O Brasil e o mundo O modelo de negócios do Première Vision torna os expositores brasileiros cada vez mais focados em investir em tecidos inovadores e diferenciados, segundo Guglielmo Olearo, diretor dos salões internacionais do Première Vision. Ele falou exclusivamente à Revista Têxtil, sobre o mercado brasileiro, suas faltas e qualidades, o salão ao redor do mundo e ainda o papel da China no setor. Revista Têxtil: O senhor mencionou, na coletiva de imprensa durante a abertura do evento, que o Première Vision São Paulo está mudando por que o mercado brasileiro também está mudando. O que o senhor tem a dizer sobre o Brasil? Guglielmo Olearo: Primeiro que é um mercado enorme e ninguém pode contestar essa posição. É o maior da América Latina, com uma população de 200 milhões, é um continente, não um país. Tem uma criatividade enorme, que existe, está em algum lugar, mas, em minha opinião, precisa ser direcionada, colocada em valor. Tenho que admitir que houve melhoras, devo dizer que o Première Vision aumentou a consciência das pessoas de que algo deve ser feito, se você comparar os têxteis de cinco anos atrás, quando viemos pela primeira vez, com os de hoje, já pode ver melhorias em termos de coleções, design, estamos nos movendo na direção correta. RT: As empresas que participam do Première Vision SP recebem algum tipo de assessoria para obter esse desenvolvimento? De que maneira o evento causou isso? Guglielmo: Quando lançamos o salão, focamos na oferta local, por causa do tamanho e da importância do mercado brasileiro. Eu devo dizer que o bom trabalho feito pela Pascaline e seu time foi realmente o de educar, mostrar que ficar sozinho no Brasil vendendo entre eles não é suficiente. Olhar aos competidores, as boas mercadorias vindas da Europa, também foi útil para o têxtil brasileiro, não foi uma armadilha, mas uma boa experiência. Essas melhorias, na minha opinião, agora devem ser acompanhadas por alguma inovação, por investimentos. Hoje, na indústria da moda, os países mais fortes são os que estão investindo. Ser inovador significa investir em máquinas, métodos, processos de produção e também em recursos humanos. Encontrar a pessoa certa, fazendo o trabalho certo. Isso também passa por cultura, escola, hoje um design não é só uma pessoa capaz de fazer um projeto, ele também tem que ter visão, entender a real política do desenvolvimento, pensar em como será vista sua marca. E nós vemos que isso ainda falta. RT: Você disse q Brasil é mercado criativo, grande. Então, temos muito espaço para crescer por aqui. E no mercado internacional? Guglielmo: A maior mudança a ser feita no Brasil é finalmente entender que o mercado local não é o suficiente. A indústria têxtil brasileira viveu, pelos últimos 40, 50 anos, achando que o Brasil era suficiente. Era o maior da América do Sul, viveu vendendo produtos adaptados ao mercado, não inovando, porque sabiam que as pessoas comprariam o que eles ofertavam. Hoje, há uma grande oportunidade com a fraqueza do real, para finalmente entender que a indústria deve ser aberta, que vivemos em um mundo globalizado. RT: Podemos dizer que, mais importante do que esperar o governo ajudar, é investir? Mesmo competindo com preços mais baixos? Guglielmo: Claro! Hoje, se você quer ser uma empresa de sucesso na indústria da moda, você tem que fazer investimentos, ser inovador e criativo. Se você não fizer isso, mais cedo ou mais tarde, perderá o mercado. Tem que haver um bom mix, em termos de preços, de produtos, de qualidade. Todo mundo pode comprar uma camiseta de US$ 2,00, hoje em dia. Mas qual é o valor agregado? Nós vemos que o governo brasileiro está realmente além no suporte da indústria da moda. Mas isso não significa que ele deve colocar barreiras ou aumentar taxas, significa que deve investir nas companhias, dar dinheiro para
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Guglielmo Olearo, diretor dos salões internacionais do Première Vision, em entrevista para a Revista Têxtil (Arquivo RT)
empresas inovarem. Quando falo de investir em novas máquinas é porque, aos olhos de todos, o Brasil tem um baixo nível de produtividade, por causa de suas máquinas e métodos. No entanto, vemos as vendas de máquinas aumentando. 2013 provavelmente foi um ano ruim para a indústria têxtil, mas finalmente entenderam que têm que investir, ser abertos. Eu acho que é agora ou nunca. Sempre sou otimista a respeito do Brasil. Quando vejo os visitantes no Première Vision, eles entenderam o conceito, as tendências, informações, vejo as pessoas passando tempo no fórum, tocando, realmente tentando entender os produtos. Isso não acontecia no começo. RT: O senhor pode falar sobre o Première Vision ao redor do mundo? Guglielmo: Nós temos uma marca muito forte, bem reconhecida ao redor do mundo e nós espalhamos essa marca, com nossos valores, tentando adaptar nossos eventos a cada mercado, porque cada um tem as suas necessidades. O mercado mais maduro é o americano, porque as marcas já são conhecidas, fortalecidas, mesmo com novos designers todo ano. É muito próximo do mercado Europeu. E temos os novos eventos, São Paulo, China, agora Istambul, que são completamente diferentes. Eu diria que o primeiro aspecto que me salta aos olhos é que as empresas chinesas e turcas não estão de olho apenas no seu mercado interno, mas elas pensam também em exportação. Eles já pensam no mercado globalizado que falamos antes, são capazes de vender e têm suporte do governo para isso. RT: O Première Vision é um salão de negócios, com critérios para selecionar os expositores, certo? E a China? Guglielmo: Um dos nosso valores é a seletividade. Em todos os lugares, em todo o show, há expositores selecionados, vindos de Paris ou do mercado local. Temos evento na China há 10 anos, desde 2004, com boas empresas de lá e de fora. Aqueles que estão participando do salão foram selecionados, o que significa que o nível de qualidade de sua coleção e a organização da empresa se adequam aos nossos critérios. O Brasil tem medo da China, mas vocês não são os únicos. Temos chineses na Europa, mas ainda temos uma indústria da moda poderosa e crescente e isso acontece porque nós tentamos inovar. Se você é criativo e inovador, então você não terá medo da China e outros. Estamos mais ou menos com o mesmo tamanho das exposições que temos ao redor do mundo, cerca de 100, 150 expositores. Nossa maior exposição foi em Nova York, com 261 expositores. RT: E o sr. acha que podemos crescer assim por aqui? Guglielmo: Claro. Nós devemos. Estamos trabalhando, temos uma linha de desenvolvimento, vemos todo o potencial da indústria de denim, tecidos, vestuário, lavanderias, acessórios brasileiros. É um continente, temos que crescer e agregar. E temos que adicionar mais atrativos da América Latina, do Peru, Colômbia. Digo que 100 expositores, para mim, é o mínimo. Acho que, agora, com a mudança de calendário, estando de acordo com a moda, poderemos atrair mais pessoas.
Inovação
Revista Têxtil I 47
Mercado
Sucesso absoluto: Colombiatex apresentou crescimento de 75%
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ealizada entre os dias 21 a 23 de janeiro, a 26ª edição da Colombiatex das Américas encerrou-se com sucesso, com expectativa de mais de US$ 260 milhões em negócios, 75% a mais do que no ano anterior. Segundo os organizadores, cerca de 26 mil visitantes passaram pelos estandes e pelo Pavilhão de Conhecimento Inexmoda. Eles puderam conferir as novidades de cerca de 500 expositores de países como Colômbia, Índia, Espanha, Brasil, México, Itália, Estados Unidos, Turquia e outros. Um dos destaques foi o convite aos países da Aliança do Pacífico, que tiveram presença forte, provando que as ações realizadas pelo Sistema Moda local seguem se fortalecendo, chamando a atenção de investidores internacionais e consolidando mercados. O evento contou com um espaço especial, o Denim Review, que reuniu empresas nacionais e internacionais líderes em inovação na categoria, pela quarta edição, mostrando a relevância do segmento denim para a indústria têxtil. “É um evento bastante interessante, que há muito tempo deixou de ser uma feira para o mercado colombiano, tornando-se internacional, com grande influência nos demais países do antigo Pacto Andino e na América Central”, comentou Ricardo Rossi, presidente da CSMAT (Câmara Setorial de Máquinas Têxteis) da Abimaq e gerente de marketing da Avanço/ Orizio. Segundo ele, é comum encontrar visitantes desde o México até o Peru, e até brasileiros, mas em geral como expositores. “Uma surpresa positiva neste ano foi ver que o maior estande do pavilhão de fios e tecidos era dos EUA, mesmo que fosse um estande de várias marcas. Isto mostra que a indústria têxtil naquele país pode estar reavivando”, comenta. Ele conta que esta edição esteve muito forte e comercialmente aquecida, consequência, entre outros fatores, da salvaguarda de US$ 5,00 por quilo de vestuário importado, imposta pelo governo colombiano sobre as confecções Fila para entrar na Colombiatex 2014: sucesso! (crédito Inexmoda)
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oriundas de alguns países da Ásia. “Isto causou um aquecimento do movimento da indústria local e assim os empresários saíram às compras”. O setor têxtil colombiano é um dos mais relevantes da América Latina e um forte concorrente à indústria brasileira, tendo diversificado seus destinos de exportações nos últimos anos. Representa cerca de 12% do PIB do país e 5% das exportações colombianas. Por isso, é também um mercado com grandes oportunidades, tanto pela abertura do país para a realização de negócios, como pela crescente demanda de importações para atender seu mercado interno. Entre 2009 e 2011, registrou-se um crescimento de 84% nas importações têxteis no país. “Tanto em volume como em qualidade, a Colômbia é um bom mercado. Na América do Sul espanhola, é o mais forte depois do Peru”, comenta Rossi, em relação à Avanço/ Orizio. “Trata-se de um país com estabilidade econômica, além de ter um governo que cumpre com as suas obrigações, permitindo que a iniciativa privada se desenvolva com tranquilidade”, completa.
Presença brasileira A moda brasileira teve evidência no Colombiatex, com o Espaço Brasil, que ficou bem no centro do Plaza Mayor. O lugar, onde aconteceram os desfiles, também contou com um lounge da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), que promove o Texbrasil em parceria com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Duas marcas que participaram do BtoBe - Brazilians to Be, Gabriela Sakate e Gralias, desfilaram suas coleções na Colômbiatex, com apoio do Texbrasil (Programa de internacionalização da Indústria da Moda Brasileira). Com styling assinado por André Hidalgo, da Casa de Criadores, ao todo, foram exibidos Estande Avanço/Orizio na Colombiatex (Divulgação)
Mercado 15 looks, todos produzidos com insumos de 15 marcas, que também participaram da feira com apoio do TexBrasil. São elas: Audaces, Canatiba, Cataguases, Cedro, Covolan, Delfa, Doptex, Farbe, PH Fit, Rhodia, Rosset, Santanense, Tavex, Vicunha, Zanotti e Werner. Já em uma parceria da Apex-Brasil com a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), pelo programa Brazil Machinery Solutions, as empresas Avanço, Castilho, Weko e Promax apresentaram seus produtos no evento. As três primeiras, fabricantes de máquinas e equipamentos para a indústria têxtil, e a quarta, produtora de aditivos e lubrificantes automotivos. “Em 2012, o Brasil exportou cerca de US$ 360 milhões em máquinas e equipamentos do setor têxtil para a Colômbia. E em 2013, o resultado final deve ser tão bom quanto no ano passado. Entre janeiro e outubro, comercializamos o equivalente a US$ 315 milhões”, comenta Klaus Curt Müller, gerente do Programa Brazil Machinery Solutions, e diretor executivo de comércio exterior da ABIMAQ.
Denim Outra empresa brasileira que se destacou no Colombiatex foi a Vicunha Têxtil, que apresentou sua coleção Verão 2015 no evento, com acabamentos e inovações exclusivas. Efeitos em lavanderia também tomaram conta dos índigos e brins apresentados, atendendo às mais variadas propostas de estilo. A coleção inclui produtos versáteis, com tecidos mais flexíveis e maleáveis. Entre os destaques, a linha Latitude Zero, composta por uma variada gama de índigos com azuis diferenciados. A Canatiba Denim Industry também esteve presente no evento, apresentando seus lançamentos para o Verão 2015 em seu estande e no espaço “Denim Review”, onde destaca as parcerias da empresa com a Rhodia® Solvay, com a tecnologia do fio Emana®, na linha Beauty Denim®; com a Invista®, com a tecnologia Lycra® dualFX®, na linha de produtos Canatiba Duo Core; e com a Lenzing Fibers®, com as fibras Tencel® e Lenzing Modal®, nas linhas Hi-Comfort® e MaxSkin®. RT
Levar o Brasil para lá A Colômbia está de olho no Brasil, mas não se trata de uma concorrência desleal ou vontade de trazer seus produtos para cá. A negociação é contrária. No dia 05 de dezembro do ano passado, autoridades de Bogotá estiveram presentes na capital paulista para apresentar oportunidades de investimento no país, em diversos setores. O seminário aprofundou as oportunidades que a cidade oferece nos setores de valor agregado, a política de desenvolvimento econômico da atual administração e a aposta internacional da cidade. “Bogotá é uma cidade próspera, inclusiva, criativa e competitiva, que tem se posicionado como uma das dez melhores na América Latina e como um destino atraente para o investimento estrangeiro. Oferece uma força de trabalho de quatro milhões de jovens profissionais e técnicos para garantir a escalabilidade de qualquer operação, uma localização estratégica e um plano de governo municipal que prioriza políticas para a proteção do seu
Comitiva de Bogotá com a Proexport Colômbia (escritório Brasil). Da esquerda para direita: Daniela Jurado, Juan Gabriel Perez, Diana Piedrahita, Alejandro Pelaez , Juan Carlos Jimenez, Edwin Valencia, Ana Maria Ricaurte, Ricardo e Carolina Ivanof. (divulgação)
capital ambiental, reduzindo desigualdade social”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico, Carlos Simancas. A cidade é um centro emergente para negócios no continente e motor da economia colombiana, com 24% (U$S 90.000 milhões dólares) do PIB, um valor superior ao de países como Equador, Panamá e Uruguai. É o destino da maior parte do investimento estrangeiro que entra na Colômbia, excluindo o investimento na extração de recursos naturais. Com uma população de 7,6 milhões de habitantes e um PIB per capita de 11.918, a cidade tem um mercado local robusto, que somado aos vários acordos de livre comércio internacionais em vigor, proporciona o acesso a um mercado global de U$S 41.000 milhões de dólares a 1.400 milhões de habitantes. O setor têxtil não encontrará por lá vantagens como mão de obra mais barata e custos baixos de produção. Embora os impostos sejam menores do que os nossos, a maior vantagem está na facilidade de acesso a outros países, pelos acordos comerciais que vigoram na Colômbia. Como capital de um membro da Aliança do Pacífico, juntamente com Chile, México e Peru, Bogotá é a porta de entrada para este bloco de mais de 200 milhões de habitantes, cujas importações excedem U$S 490 bilhões e cuja renda per capita do poder de compra é de U$S 14.712. Além disso, a plataforma da Aliança Pacífico de comércio global é de integração econômica com a Ásia. Na prática, Bogotá oferece oportunidades atraentes para empresas interessadas em investir em um dos mercados urbanos mais dinâmicos e com maior potencial de crescimento no continente. A visita aconteceu graças à aliança da Investe em Bogotá com a Proexport Colômbia, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, a Câmara de Comércio e a Direção de Relações Internacionais da cidade de Bogotá.
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Mercado
O futuro da
Indústria Têxtil
O
empresário Rafael Cervone foi eleito presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), para o triênio 2014/2016, e iniciou seu mandato no dia 1º de janeiro de 2014. Durante o Première Vision São Paulo, ele falou aos jornalistas sobre o mercado e quais são os planos e necessidades para o futuro. Para ele, o ano passado terminou com uma expectativa mais negativa, mas 2014 começou melhor do que o esperado, apesar de ser um ano curto e que precisa de mudanças de rumo, principalmente em relação à burocracia e questões tributárias que vêm arrastando as empresas. Em 2013, a indústria faturou US$ 53 bilhões. Para este ano, Cervone aposta em um crescimento de 2,5%, 3%. “Ano passado, tivemos uma leve queda nos investimentos, foram US$ 2 bi, contra US$ 2,3 bi de 2012, mas a indústria continua investindo”, comenta. O presidente da Abit menciona, também, que já sente vontade política de mudanças, tanto no governo quanto nos pré-candidatos à eleição. “Até porque os números que vão fechar agora não são muitos favoráveis, temos o maior déficit histórico da balança de manufaturados e da previdência. O Brasil passa por uma crise de confiança. Acho também que os Senadores e Deputados já entenderam isso”, diz. Dentre os itens mais relevantes a serem discutidos, que precisam ser resolvidos ainda neste ano, Rafael aponta o Regime Tributário Competitivo para Confecção, o RTCC, além das terceirizações e das leis tributárias que envolvem o Simples e as pequenas e médias empresas. Outro destaque, para ele, é o Reintegra, que precisa voltar. Com esse novo patamar do câmbio, as empresas têm procurado o TexBrasil, da Abit e Apex, para retomar suas exportações. “Mas a Abit vai trabalhar de maneira muito forte em qual será o real posicionamento do nosso setor com relação à rede global. Nós temos que retomar nossa produtividade, a curva se abriu, principalmente com os salários crescendo de maneira real. Há para nós e para os empresários, uma visão muito clara de que, se não formos competitivos globalmente, não seremos no mercado interno, as empresas já perceberam isso e estão em outra etapa, investindo bastante para melhorar a agregação de valor dos seus produtos”, comenta Cervone.
50 I Revista Têxtil
Rafael Cervone
Ele aponta a ação do Ministério da Cultura, que tem por objetivo divulgar a imagem do Brasil no exterior, como um plano bastante alinhado com a estratégia da entidade: “Trabalhar a imagem do Brasil, de forma adequada, é muito importante. O governo tem mostrado uma proatividade com relação a isso, a imagem do Brasil era muito samba, mulher e carnaval, e é o que nós não queremos mostrar”. A retomada de uma fatia do mercado externo é uma das metas da Abit. “Se a analisarmos o fluxo de comércio internacional, descontados os mercados internos de cada país, o que transita comercialmente entre os países, de têxtil e vestuário, gira em torno de US$ 650 bilhões de dólares. Isso vai crescer nos próximos 10, 15 anos para US$ 800, 850 bi, com crise ou sem crise, só pelo crescimento populacional e pelo ganho de poder aquisitivo da população dos países em desenvolvimento”, conta. Outra meta da entidade é entender o futuro das confecções, por meio de debates com universidades nacionais e estrangeiras. O objetivo é analisar o impacto das novas máquinas, equipamentos e automatização a médio e longo prazo. “O wallmart, por exemplo, divulgou essa semana um novo projeto com impressoras 3D, fazendo roupas. Isso pode mudar a maneira como vamos nos vestir. E também estamos analisando os planos estratégicos setoriais dos nossos principais concorrentes, asiáticos, europeus e norte-americanos”, revela. Também são importantes os têxteis tecnológicos. Para Cervone, o Brasil tem um potencial enorme na área, sendo que estes têxteis em si já trazem na veia a inovação, o design e a tecnologia. “Pretendemos lançar, no primeiro semestre ainda, um fórum de debate internacional aqui no Brasil chamado Têxteis do Futuro, para trazer ao país essa discussão, temos um trabalho muito grande pela frente. O PIB de têxteis técnicos representa hoje 40% do PIB têxtil da França e da Alemanha. E deve crescer nos próximos dez anos, já têm crescido. Isso é um caminho que a gente deve seguir”. Por fim, ele lembra da sua responsabilidade no cargo que acabou de assumir. “A Abit hoje tem uma representatividade muito grande e é reconhecida pelo seu trabalho estruturado e de confiabilidade, então isso já nos dá uma responsabilidade enorme. Mas eu sou muito otimista, sei que temos problemas pela frente, mas temos que ter um discurso sempre de que temos potencial enorme a conquistar”, finaliza. RT
Mercado
Revista TĂŞxtil I 51
Tecnologia
À prova
Terno Garrison Bespoke: à prova de balas, mas com estilo! (Divulgação)
de balas
Primeiro terno fashion com tecnologia do exército dos EUA foi lançado pela canadense Garrison Bespoke
C
om sede em Toronto, a alfaiataria de luxo Garrison Bespoke lançou o primeiro terno fashion à prova de balas, em um evento ao vivo, no Ajax Rod and Gun Club, campo de testes de tiro, com armas de calibres 22 e 40. O terno se provou efetivo, já que nenhuma bala o penetrou. “Depois de receber pedidos de clientes de alto padrão que viajam para lugares perigosos a trabalho, desenvolvemos um terno à prova de balas que fosse leve e fashion, uma alternativa mais discreta e estilosa ao volumoso colete tradicional por baixo da roupa”, disse Michael Nguyen, coproprietário e alfaiate da Garrison Bespoke. The Garrison Bespoke bulletproof suit is made with carbon nanotubes created using nanotechnology and originally developed to protect the US 19th Special Forces in Iraq. The patented material is thinner, more flexible and fifty per cent lighter than Kevlar, which is traditionally used for bulletproof gear. The Garrison Bespoke bulletproof suit also protects against stabbing the carbon nanotubes (which are thirty times stronger than steel) harden on impact preventing a knife from penetrating.
O terno é feito com nanotubos de carbono originalmente desenvolvido para proteger a 19ª Força Especial Americana no Iraque. O material patenteado é mais fino, mais flexível e 50% mais leve do que o Kevlar, que é tradicionalmente usado para acessórios à prova de bala. O novo terno também protege contra esfaqueamento – os nanotubos de carbono, que são 30 vezes mais fortes que o aço, dificultam o impacto, prevenindo as facas de penetrarem. Um terno Garrison Bespoke à prova de balas custa a partir de US$ 20 mil. O evento ao vivo no campo de testes demonstrou as capacidades do terno e ofereceu um primeiro olhar na nova coleção da Garrison Bespoke, Town & Country, inspirada nos grandes espaços. Cada peça pode ser feita à prova de balas, sob medida. A Garrison Bespoke é uma boutique de luxo masculina de Toronto, que cria vestuários customizados para ajudar aos clientes a deixarem sua marca. Com estilo moderno e fundação clássica, as peças da marca são conservadoras o suficiente para criar credibilidade, mas únicas o suficiente para se destacar. Um terno risca de giz com jades incrustadas para boa sorte é exemplo de look. RT Sequência mostra o teste realizado no terno à prova de balas (Divulgação)
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Tecnologia
Revista TĂŞxtil I 53
Feiras & Eventos
Turnê do Mercado Têxtil
agrada indústrias e compradores Evento foi realizado pela primeira vez, com organização do Sintex, e já tem nova edição em pauta
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s empresas de cama, mesa e banho Altenburg, Atlântica, Bella Janela, Bouton, Buettner, Buddemeyer, Hedrons, Karsten, Lepper e Teka participaram da 1ª TMT - Turnê do Mercado Têxtil. O evento, idealizado pelo Sintex, Sindicato da Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário, foi realizado entre os dias 2 a 6 de fevereiro, em um formato inédito no mercado nacional. Durante os cinco dias, foram realizados cerca de 100 encontros nos showrooms das empresas, em Blumenau, Brusque, Joinville e São Bento do Sul. Diariamente, em dois turnos, as empresas receberam grupos de compradores. Empresários e visitantes responderam bem ao novo formato: “Faremos uma pesquisa detalhada com os participantes, mas já sabemos que a TMT superou as expectativas de todos, com grande destaque para o atendimento personalizado aos clientes”, destaca o diretor-executivo do Sintex, Renato Valim. “O compromisso com a pontualidade era essencial para que as visitas acontecessem conforme o programado”, destaca Valim. Para as indústrias, além da proximidade com os clientes, o evento permitiu um bom volume de vendas. “Foi um momento em que efetivamente fizemos negócios, nenhum cliente saiu da empresa sem fechar um pedido”, comemora o sócio da Bella Janela, Roberto Baby. Assim como a Bella Janela, a Hedrons apostou na TMT desde o início e também está satisfeita com os resultados. “Este novo formato veio para o bem de todas as empresas, conseguimos unir negócios, lazer e bem-estar dos clientes”, destaca o proprietário da empresa, Quilian Miguel Rausch. Altenburg (Divulgação)
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A Altenburg aproveitou o evento para lançar a nova linha da marca, que representa um avanço no mercado de têxteis para o lar: a Coleção Ateliê, desenvolvida em tencel 300 fios, em parceria com a Lenzing Fibers. A novidade é composta por lençóis, colchas e edredons, em tecido que provoca a sensação de frescor do linho, com um toque suave como o da seda. A TMT também agradou a Buddemeyer. “Consideramos este um evento único no País, com resultados muito positivos para a empresa. Com este formato, o cliente consegue perceber o diferencial que nosso produto tem. É um modelo de negócio superior”, afirmou o diretor comercial da empresa Rafael Buddemeyer. A Teka se surpreendeu com o sucesso da primeira edição, que superou as expectativas em número de visitantes na empresa. “Recebemos mais de 40 clientes durante o evento, que tiveram a oportunidade de ver as novas coleções e realizar seus pedidos. O encontro se destacou pelo foco no negócio, ou seja, todos que nos visitaram tinham como objetivo realizar compras para estabelecimentos e redes comerciais”, enfatiza o diretor presidente da Teka, Marcello Stewers. Com os bons resultados, o Sintex já está planejando a 2ª TMT. “Teremos uma reunião com as indústrias participantes para conversar sobre uma próxima edição”, adianta Valim. De acordo com o diretor do Sintex, outras empresas já se interessaram em integrar o projeto, inclusive de segmentos diferentes. “Este formato inédito agradou a todos e deve atrair RT mais empresas”, afirma. Teka (Divulgação)
Feiras & Eventos
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Feiras & Eventos
Collection
Première Moscow Feira de moda russa apontará o caminho para o mercado do Leste Europeu
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Fotos: Divulgação
mês que vem será agitado para a moda do Leste Europeu. Entre os dias 25 e 28 de fevereiro, o Expocentre Fairgrounds, em Moscou, sediará a CPM Collection Première Moscow, maior feira de moda na região, com 1600 marcas de 35 países, expostas em mais de 60 mil m2 de área. Novamente a Itália, seguida pela Alemanha, França e Espanha aparecem como os maiores pavilhões. Além disso, o CPM apontará o caminho para o mercado do Leste Europeu, com as próximas tendências e designs, inovações técnicas e funcionais. De pequenas marcas de designers a players chave no mercado global – todas as empresas líderes estarão em Moscou. O evento marcará a estreia do pavilhão CPM Styles, no Hall 8.3. Seu layout em formato de arena irá incorporar vestuário de designer especial, bem como acessórios. Coleções em materiais requintados e silhuetas diferenciadas serão vistas por lá! O setor infantil também promete ser apaixonante. Os visitantes assistirão a desfiles de uma variedade de coleções para o outono/ inverno 2014/ 2015. O CPM Kids show, bem como o Italian Kids show, acontecem diariamente durante o evento, com desfiles no fashion show center. Cerca de 165 marcas infantis serão apresentadas. Uma novidade fica por conta do segmento de Body&Beach (corpo e praia). Seus desfiles chegam à 4ª edição e já são um sucesso, reunindo mais expositores a cada ano. Uma nova apresentação chamada “Bedtime Stories” (histórias de ninar) estará localizada no coração da área dos expositores. Cinco vezes por dia, um cenário de quarto serve como pano de fundo para um número de marcas seletas apresentarem suas coleções, ao simularem situações do dia a dia com o uso de lingerie. A produção será em parceria com a revista russa “Lingerie”, que também está envolvida com o desfile do primeiro dia. A CPM Moscow é realizada pela Igedo, em parceria com a Messe Düsseldorf. Mais informações, no site www.cpm-moscow.com. A Revista Têxtil fará a cobertura da feira, a convite da direção do evento. RT
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Feiras & Eventos
Palestras e desenvolvimento para o
Agreste brasileiro Ciclo Pernambucano de Moda, Arte e Sustentabilidade leva debates e palestras para a Agreste TEX 2014, que conta com novas parcerias
cado de participação, sendo que a parte realizada na feira contará com palestras, workshops, eco galerias digitais e uma mesa redonda. Sua primeira edição, realizada em 2012, aconteceu de forma piloto durante três dias em Recife. O segundo ciclo foi contemplado pelo Sistema de Incentivo a Cultura – FUNCULTURA e, entre as principais novidades, inclui o eixo agreste, com a cidade de Caruaru em sua programação. RT
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Fotos: Divulgação/
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“Agreste TEX – Feira de Máquinas, Serviços e Tecnologia para a Indústria Têxtil” chega à sua segunda edição, em 2014. O evento, que será realizado entre os dias 18 e 21 de março no Polo Comercial de Caruaru, em Caruaru (PE), tem o objetivo de levar o que há de mais moderno em lançamentos tecnológicos e as informações mais importantes sobre o setor para o segmento têxtil do polo de confecção do Agreste de Pernambuco, formado por 13 cidades. O polo conta com mais de 18 mil unidades produtivas, geradoras de mais de 150 mil postos de trabalho. Suas empresas produzem cerca de 900 milhões de peças por ano, gerando negócios que movimentam mais de R$ 3,2 bilhões. Em sua última edição, a Agreste TEX gerou negócios na ordem de R$ 202 milhões. Promovida pela FCEM – Feiras, Congressos e Empreendimentos, em parceria com a ACIC – Associação Comercial e Empresarial de Caruaru, nesta edição ganha o apoio do NTCPE – Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções em Pernambuco. A associação de direito privado e sem fins lucrativos tem por objetivo a concepção, a estruturação e a gestão sustentável de um ambiente de negócios capaz de criar e consolidar empreendimentos competitivos na cadeia têxtil e de confecções, por meio da interação e cooperação entre empresas, universidades, entidades de apoio, organizações governamentais e não governamentais no estado de Pernambuco. Uma das ações para incentivar o desenvolvimento da cadeia têxtil no agreste pernambucano foi a inauguração, em dezembro de 2013, de uma unidade do Núcleo em Toritama, que promoverá capacitação para trabalhadores e empresários, acesso ao crédito e ações voltadas para qualificação e aprimoramento profissional. Como parte de sua programação paralela, o evento destaca a realização do “2º Ciclo Pernambucano de Moda, Arte e Sustentabilidade”, uma iniciativa do Espaço Multicultural Arte Plenna, com direção do artista plástico e consultor de moda Leopoldo Nóbrega e da artista plástica e arte educadora Maria do Carmo Xavier. Juntos, coordenam a mesa de debates e toda a programação, que começará em março e se estenderá até setembro, em vários pontos de cultura entre Recife e Caruaru. Ao todo, serão quase 40 ações gratuitas com direito a certifi-
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Feiras & Eventos Semana de moda O ano de 2014 começou agitado. A semana do dia 12 ao dia 16 de janeiro trouxe para São Paulo os primeiros eventos de moda do ano, a Couromoda e a São Paulo Prêt-à-Porter, feiras de negócios nas áreas de calçado e acessórios de moda e vestuário, respectivamente. A 41ª edição da COUROMODA, maior feira do seu segmento das Américas, aconteceu entre os dias 13 e 16 e recebeu 73 mil loijistas (35 mil visitantes únicos) de todo o Brasil, que puderam conhecer as novidades de 2.000 coleções de calçados, bolsas e acessórios. Para o presidente da COUROMODA, Francisco Santos, o cenário positivo do evento “abre perspectivas de um bom ano de negócios em 2014, com possibilidade de crescimento de 3,5% sobre a produção do ano anterior, que foi de 864 milhões de pares”. A próxima edição já está confirmada para 11 a 14 de janeiro de 2015. Já a São Paulo Prêt-à-Porter apresentou ao varejo as tendências para o outono/ inverno 2014 nos segmentos femini-
no, masculino, jeans, camisaria, festa, malharia, premium e acessórios. De 12 a 15 de janeiro, o varejo de moda conferiu os lançamentos de 500 marcas. O evento também investiu na atualização profissional do setor por meio do Fórum de Moda, um ciclo de palestras sobre varejo, tendências, marketing e comportamento realizado de maneira integrada à feira.
“Fashion Weekend Plus Size” Inverno 2014 A nona edição do “Fashion Weekend Plus Size – FWPS” apresentou os lançamentos da moda tamanho GG para o Inverno 2014. Os desfiles aconteceram no domingo, 23 de fevereiro, no Auditório Elis Regina, na capital paulista.
A diretora do evento, Renata Vaz, disse: “Os confeccionistas de moda Plus Size estão mais atentos ao que os consumidores querem e o Inverno 2014 será poderoso, realçando a força e a beleza de mulheres bem-sucedidas”.
Senac Moda Informação
Fenim Inverno completou “18 anos”
A 43ª edição do Senac Moda Informação será realizada no dia 26 de fevereiro, no Teatro Bradesco, localizado no Bourbon Shopping. O evento, que tem foco na organização e apresentação das pesquisas de tendências de verão realizadas nos principais polos de moda do mundo, traz referências de estilo compiladas no varejo internacional em três blocos: feminino, masculino e infantil. Nesta edição, o o evento apresenta os temas Geografia Global, Natureza Tropical, Street Sport e Inocência e Sedução. Inscrições no site www.sp.senac.br/modainformacao. 58 I Revista Têxtil
A Expovest, promotora da Fenim Feiras, realizou a 18ª Fenim Outono Inverno, entre os dias 21 e 24 de janeiro, no Serra Park em Gramado (RS). A feira apresentou as novidades de mais de 2.500 marcas, dos mais variados segmentos. Para favorecer o atendimento ao cliente e dinamizar a circulação dos compradores, esta edição do evento teve uma área de exposição bem segmentada, com setores como Espaço Lingerie, New Designers, Accessorize, que apresentaram novidades bastante específica.
Feiras & Eventos
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Notícias
Fim de mandato na Abit A Abit e o Sinditêxtil-SP realizaram seu evento de final de ano no dia 04 de dezembro de 2013, na sede das entidades, marcado pela despedida do então presidente, Aguinaldo Diniz filho, após dois mandatos consecutivos à frente da administração da Abit. Pela sua dedicação ao setor, recebeu homenagens de vários presentes ao evento, como a “Medalha ao Mérito Abit”, criada por ele para prestar honrarias a personalidades e instituições que atuam no fortalecimento da cadeia têxtil brasileira. Ele recebeu o prêmio junto com Maurício Borges, da APEX Brasil. Outras homenagens vieram do presidente da Associação Brasileira de Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas (Abrafas), Renato Boaventura, e o presidente do Sindicato das Indústrias de Tecelagens de Americana, Nova Odessa, Santa Bárbara D’Oeste e Sumaré (Sinditec), Dilézio Ciamarro. Ainda no evento, foi apresentado o quadro com a imagem de Aguinaldo, que fará parte da galeria dos presidentes da Abit. Aguinaldo Diniz Filho assumiu o cargo em 2008 e teve como destaques de sua atuação a criação da Frente Parlamentar Mista José Alencar para o Desenvolvimento da Indústria Têxtil e de Confecção, encontros com líderes políticos, a implementação do Importômetro e manifestações em conjunto com outras entidades.
Balanço de 2013 O setor de manufaturas têxteis vem sofrendo perdas em volume de produção nos últimos anos. Para 2013, no entanto, a previsão é um pouco mais otimista. Embora ainda caia em volume (estimativa de 1.891 toneladas, contra as 1.923 de 2012), houve desaceleração no ritmo de queda e ainda alta na produção em valores (R$ 46.328,00), em comparação ao ano passado (R$ 44.923,00). As perdas em volume de produção dos últimos anos se devem, em parte, às importações, que voltaram a subir (de 514,6 mil toneladas em 2012, para 530,4 mil em 2013). Outro fator que atrapalhou a produção nacional foi o recuo das exportações, que deverão ficar pouco acima das 38,9 mil toneladas, contra mais de 41,0 mil toneladas exportadas no ano passado. Para este ano, a previsão é que o consumo aparente interno (resultado da soma da produção com a importação menos a exportação) apresente queda de 0,6%, ou seja, finalize o ano com 2,4 milhões de toneladas; a participação dos importados aumente para 22,3% do consumo interno e a dos exportados 2,1%. Os dados foram apresentados em um novo documento, elaborado pelo IEMI - Inteligência de Mercado, intitulado “Indicadores de Manufaturas Têxteis do Brasil”, que compreende os fios, linhas, tecidos planos e de malha.
Texbrasil comemora 2013 O Texbrasil – Programa de Internacionalização da Indústria da Moda Brasileira (uma iniciativa da Abit em parceria com a Apex-Brasil) – encerrou o ano de 2013 com 31 novas marcas, entre as quais nomes como o da estilista Gloria Coelho, Blue Man, Scarf Me, Vitor Zerbinato e Andrea Marques. Muitas delas já se beneficiaram das atividades do Programa. Ao longo de 2013, as participantes do Texbrasil tiveram a oportunidade de participar de 17 feiras internacionais, gerando aproximadamente US$ 8 milhões em negócios. As empresas também receberam 33 compradores internacionais de 24 países para os quais venderam US$ 4 milhões. Outro fato marcante foi o lançamento da nova identidade visual do Programa, em julho. A ideia é reforçar a produção criativa com qualidade, cores e estampas diferenciadas, além do posicionamento “Always Inspiring”.
Lectra celebra 40 anos O ano de 2013 foi marcante para a Lectra. A multinacional francesa da área de alta tecnologia aplicada à moda e outros segmentos industriais compeltou 40 anos e comemorou o aniversário mais uma vez no dia 4 de dezembro, com um jantar para dirigentes do setor de moda. Adriana Papavero, diretora da Lectra América do Sul, recebeu 60 convidados no restaurante Áttimo. A noite contou com menu especial criado pelo premiado chef Jefferson Rueda, acompanhado por vinhos harmonizados pelo sommelier Alexandre Guimarães. Desde quando começou a atuar no mercado brasileiro, há 20 anos, a empresa vem disponibilizando no país as mais avançadas soluções de corte automático, além de prestar serviços associados a uma grande variedade de mercados, entre eles o de moda (confecção, acessórios e calçados), automotivo (airbags, bancos e interiores de automóveis), mobiliário, aeronáutica, náutica, energia eólica e equipamentos de proteção individual. A empresa está cotada na bolsa NYSE Euronext e atende 23 mil clientes em mais de cem países, com 1.350 funcionários e um faturamento de US$ 256 milhões em 2012. A Lectra investe 10% do seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento, o segredo do seu sucesso.
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Notícias
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Notícias
Seda brasileira no luxo do Oriente Médio A seda sustentável da fiação artesanal O Casulo Feliz avança no mercado internacional. Sua mais recente conquista foi uma parceria com a AAVVA, grife de roupas e acessórios do empresário brasileiro Vincenzo Visciglia, localizada em Dubai. Pela parceria comercial, fica garantida a produção, ainda em pequena escala, de vestimentas tradicionais para muçulmanas de alto poder aquisitivo. O acordo marca a entrada da seda brasileira, considerada a melhor do mundo, no mercado de luxo na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos, formados por Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Ajman, Umm al-Quwain, Ras al-Khaimah e Fujairah. O Casulo Feliz trabalha com a chamada seda sustentável, produzida a partir de casulos rejeitados pelos cultivadores do bicho-da-seda, na região conhecida como Vale da Seda, no Paraná. Eles são levados para a fabricação artesanal, por cerca de 70 funcionários, que utilizam, manualmente, máquinas de tecelagem, água de poço artesanal, água de captação da chuva, tinturas de folhas, cascas, raízes, sementes e outros.
TENCEL® em roupas de trabalho As roupas de trabalho ganham uma nova opção: tecido misto de poliéster e TENCEL®, que traz os benefícios característicos da fibra, como maior resistência, absorção ideal de umidade, menor crescimento bacteriano e as melhores propriedades sensoriais para a pele. Na A+A 2013, a maior feira do mundo para workwear, realizada recentemente em Düsseldorf, a Lenzing Fibers® apresentou a fibra para aplicações também em lavanderia industrial. Roupas de trabalho lavadas por este método exigem que os materiais sejam duráveis e o uso do TENCEL® satisfaz este critério. A mistura do material é ideal para a lavanderia industrial, pois garante uma aparência profissional, mesmo depois de numerosos ciclos de lavagem, com longevidade e excelente solidez da cor. A velocidade de secagem é outra vantagem. Por fim, o conforto é outro fator importante, já que ele é essencial para a aceitação da roupa de trabalho pelos colaboradores. No Brasil, a Lenzing Fibers é parceira da Santista Workwear no desenvolvimento do Innova Tencel®, elaborado com TENCEL® em sua composição.
A evolução dos patches, adesivos que transferem medicamentos através da pele, oferece grande oportunidade para o mercado têxtil, de acordo com a edição 94 da Technical Textile Markets, da Textiles Intelligence. Os patches convencionais só podem ser usados para ministrar medicamentos que tenham moléculas pequenas o suficiente para penetrar na pele. Para outras medicações, a distribuição pode ser facilitada ao adicionar ao adesivo um conjunto de microagulhas. Mas, ainda assim, não é possível controlar a quantidade liberada com o tempo. Os novos sistemas ultrapassam esta limitação, na forma de tecidos inteligentes com capacidade de fornecer aos pacientes tratamentos individuais. Isso pode ser importante no cuidado de problemas crônicos de saúde, que requerem monitoramento mais cuidadoso. Por exemplo, pode ser possível ajustar a entrega de insulina a pessoas com diabetes pelo uso de um dispositivo que contenha uma membrana de nanotubos e um sensor de resposta que mede os níveis de glicose no sangue. O uso desta técnica evitaria o problema de uma potencial falha no trato gastrointestinal e alguns problemas no fígado. A Hewlett-Packard (HP), outro exemplo, empresa de tecnologia de informação, inventou um pequeno adesivo baseado na sua tecnologia de impressão a jato de tinta, que injeta doses precisas de medicamento abaixo da superfície da pele. O adesivo é revestido com agulhas ultrafinas pelas quais jatos de medicamento, em vez de tinta, são transportados. Também contém um chip de computador que pode administrar uma ou mais drogas em várias doses e em tempos diferentes, dependendo da necessidade do paciente. Microagulhas individuais podem ser programadas para administrar medicamentos individualmente. Como resultado, do mesmo jeito que um cartucho possibilita imprimir diferentes cores, o adesivo pode entregar múltiplas medicações. O “Editorial: adesivos ativos oferecem oportunidades para tecidos inteligentes”, foi publicado pela empresa global de informações Textiles Intelligence, na edição 94 do Technical Textile Markets.
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Novidades na administração de medicamentos pelos tecidos
Notícias
Huntsman inaugura Centro de Tecnologia Avançada A Huntsman Corporation inaugurou o Centro de Tecnologia Avançada em São Paulo, em dezembro. Quatro divisões da empresa – Materiais Avançados, Produtos de Performance, Poliuretanos e Efeitos Têxteis – irão realizar pesquisas de aplicação e desenvolvimento no novo laboratório. O evento de abertura contou com a presença do presidente da Unidade Advanced Materials da Huntsman, James Huntsman, e do Prefeito de Taboão da Serra, Sr. Fernando Fernandes. “Nós estamos muito animados por expandir nossas capacidades técnicas no Brasil, o que também irá apoiar nossos negócios na América do Sul”, disse James Huntsman. “Oferecer produtos personalizados para uma ampla variedade de mercados é chave para sustentar o crescimento na região. Essa instalação é sinal de nosso comprometimento”.
Rosset apresenta Moda Praia Verão 2015 com fio LYCRA® XTRA LIFE
A Rosset apresentou, no dia 21 de janeiro, seu Book Verão 2015, com a nova coleção e as tendências de Moda Praia. Foram apresentados tecidos produzidos com o fio LYCRA® XTRA LIFE, da INVISTA, com as cores e estampas que estarão em alta na estação mais quente do ano. O fio conserva as formas das roupas de banho durante muito mais tempo, porque resiste até 10 vezes mais em contato com o cloro do que o elastano comum. Além disso, os tecidos de moda praia desenvolvidos com o fio LYCRA® XTRA LIFE são construídos para não desfiar e resistir mais ao esgarçamento natural pelo uso. Por isso, proporcionam ajuste ao corpo com durabilidade e conforto.
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Lectra nomeia Edouard Macquin para o comitê executivo A Lectra anunciou a nomeação de Edouard Macquin ao comitê executivo. Ele se junta a Daniel Harari, CEO e presidente do comitê executivo, Jérôme Viala, chefe financeiro, e Véronique Zoccoletto, chefe de capital humano e de informação. Edouard Macquin trabalha como diretor global de vendas para a Lectra desde 2011, quando a empresa lançou um plano de transformação com um investimento de 50 milhões de Euros sobre o período de 2012 a 2015. O plano pretende dobrar as vendas por meio da gerência de Edouard Macquin, enquanto fortalece o marketing, a consultoria e os times de pesquisa e desenvolvimento. Uma das metas é voltar ao crescimento anual de dois dígitos. “Tenho orgulho de ter contribuído para o desenvolvimento da Lectra nos últimos 27 anos. Hoje, minha prioridade é completar a construção de um time de marketing e vendas que seja capaz de guiar o crescimento da Lectra e de acompanhar nossos clientes no direcionamento de desafios futuros”, afirma Edouard Macquin. Pelo currículo do executivo, MBA na São Paulo Business School, além de línguas: francês, inglês, português, espanhol e italiano. Começou a trabalhar na Lectra em 1987, na parte de pesquisa e desenvolvimento, tendo assumido vários cargos em serviços e marketing na França, na Itália, nos estados Unidos e no Brasil. Em 2000, foi nomeado diretor da Lectra Brazil, onde reforçou a liderança da empresa.
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Notícias Estamparia digital A Durst Brasil está lançando no mercado nacional dois novo modelos para sua série de impressoras industriais inkjet UV para o segmento têxtil: a Kappa 180 V2 e a Kappa 320. Novidades também no exterior, onde já contam com cases de sucesso, as impressoras agora estarão disponíveis aos empresários brasileiros no setor têxtil e serão um dos focos da marca na Febratex 2014, feira que acontece de 12 a 1 5 de agosto, no Parque Vila Germânica em Blumenau (SC). A Kappa 180 V2 é a versão atualizada da Kappa 180 (lançada em 2011). Trata-se de uma impressora robusta com qualidade de imagem de 1000 dpi, sistema de impressão oito cores, nova unidade secadora de alto desempenho, que permite secagem sem contato com a mídia em três fases a uma temperatura máxima de 130ºC. Já o modelo Kappa 320 suporta larguras máxima de 330 metros, possui secador horizontal com três passagens, resolução de 1000 dpi, oito canais de impressão, pode trabalhar com diferentes tipos de tecidos, incluindo corino, e agrega uma série de funcionalidades paralelas. Sua velocidade varia entre 650 e 340 m2/hora.
Antichamas O setor têxtil apresenta artigos dotados de tecnologias que facilitam o dia a dia. É o caso dos revestimentos para estofados da Cipatex®, que possuem um aditivo com capacidade de retardar a proliferação do fogo. De acordo com Luiz Spezzoto, gerente de produto moveleiro da empresa, os produtos são certificados em laboratório internacional e sua utilização oferece maior segurança em casos de incêndio, tanto na extinção da chama quanto na propagação de gases tóxicos, já que permite um tempo maior para a retirada das pessoas do local. Assim, proporciona maior segurança em escolas, hospitais, hotéis, estádios de futebol, teatros, centros de convenções e demais locais públicos. Os revestimentos podem ser usados em áreas internas e externas.
Fundada em Paris, em 1841, a École Supérieure des Arts et Techniques de la Mode (ESMOD), é um dos melhores institutos de moda do mundo, com 24 campus em 15 países, que treinou cerca de 8 mil profissionais em todo o mundo. A ESMOD e Lectra são parceiras há mais de 20 anos, trabalhando para formar profissionais em design digital (CAD) para atender à crescente demanda da indústria. Um aumento na necessidade de jovens profissionais especializados levou a ESMOD a escolher a Lectra como sua parceira preferencial de tecnologias, pois queria dar a seus estudantes uma vantagem competitiva, de modo que pudessem trabalhar em qualquer lugar e em qualquer especialização. “No mundo da moda, a Lectra é a referência em termos de tecnologia e conhecimento”, diz Christine Walter Bonini, diretora da ESMOD Internacional. Assim, depois de oferecer um curso da solução avançada em estamparia da Lectra, a escola inaugurou uma certificação para estamparia plana e 3D. Esse currículo de criação de estampas é baseado nas últimas tecnologias da Lectra e numa relação mais próxima com a Lectra possibilita aos professores ficarem a par das últimas novidades da indústria, além de manter a visibilidade em todos os ângulos da profissão, enquanto os alunos estudantes saem preparados para atender as demandas de mercado. “Nós criamos um módulo avançado de estamparia baseado na tecnologia 3D da Lectra, em resposta à demanda da indústria por profissionais treinados para usar o software”, diz Bonini. “Os estudantes com boas notas no seu primeiro e segundo ano podem seguir este módulo para melhorar seu conhecimento e eficiência na criação de estampas. Eles ficaram entusiasmados em relação a isso, porque eles sabem o valor agregado por esse treinamento às suas carreiras”, completa. Bonini está confiante de que a parcerida da ESMOD com a Lectra trará aos graduandos habilidades para criação de estampas e os ajudará a encontrar um emprego com mais facilidade. Essa certificação vai proporcionar a toda uma nova geração de modelistas uma formação completa, com habilidades em modelagem e prototipagem virtual 3D. De acordo com Bonini, este tipo de cooperação permitirá à escola a pensar além da sala de aula, preparando os estudantes para serem inovadores na indústria da moda. No Brasil, a Lectra acabou de firmar parceria com a faculdade Senac, única brasileira credenciada pela ESMOD. O Senac irá implantar na grade curricular os softwares de criação Kaledo Style e Textil . Os professores já foram treinados pela Lectra e, neste ano, iniciarão as atividades diretamente com os alunos.
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Lectra e ESMOD: uma boa parceria