REVISTA TÊXTIL 788 - ESPECIAL VIVI HAYDU

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GRATIDÃO!

A Revista Têxtil segue. Graças a Deus estamos com bons parceiros e seguimos com muita saudade da Vivi. Ela tomava conta de tudo direitinho para nós. A vida continua e eu acho que nós estamos seguindo com muito esforço e muito bem.

O Ricardo Haydu cometeu alguns erros, e Vivi, que era muito inteligente, disse: eu vou tomar conta dessa Revista e tomou a frente, assumindo a liderança e afastando pessoas que não estavam fazendo bem para a RT.

A Vivi me transformou em um homem mais inteligente. Vivemos cinquenta e quatro anos maravilhosos. Muito bom. Não tenho nenhuma queixa, só agradecimento e alegria. A Vivi foi uma mulher espetacular. Ela soube tocar tudo, a nossa casa, a Revista a família e tudo que estivesse ao seu redor. Ele foi uma líder nata.

Vivi foi a correção dos erros do Ricardo Haydu, ela foi um presente na minha e nas nossas vidas. Ela é meu amor eterno.

À ela minha gratidão e meu carinho por tudo que ela fez pelo setor têxtil e de moda, pela Revista Têxtil e por todas as pessoas que cruzaram o seu caminho.

Um beijo minha companheira de vida.

Ricardo Haydu

ESPECIAL VIVI HAYDU

CARTA PARA VIVI HAYDU

Mãe, escrever uma carta aqui para você talvez seja o maior desafio para meu coração. Não esperava que seria assim tão rápida a sua ida para essa viajem! A Pátria espiritual te saúda e te recebe, com certeza, pela sua linda trajetória que foi sua vida. Depois destes três meses estou cada dia mais lembrando do seu sorriso e como a vida pode ser encantadora. Foram quase dois anos de muita luta, depois da apunhalada que sofremos por quem nunca podíamos imaginar, nos feriu e tirou nossa paz que você tanto merecia. Mas essa história será contada em outros lugares e a justiça será feita em seu nome, amém! Sua luta, generosidade e honestidade nunca serão em vão!

Você me ensinou a sorrir, você me ensinou a cuidar, a amar, a ser leve e ao mesmo tempo firme!

Que honra Deus me deu em ser seu filho. Você dizia sempre que éramos iguais; sim, somos, incrível como te vejo em mim. Consegui perceber que você me ensinou a sorrir. E lembro todos os dias do seu sorriso, todas as noites do brilho dos seus olhos iluminando minha consciência. Sua doçura e força, sua inteligência sagaz e seu sexto sentido apurado.

Mãe, estou aqui me apresentando para seguir com a Revista Textil e passar dos 100 anos como você queria. Aqui aprendendo amar mais, assimilando do seu amor e dedicação ao pai. E ele está bem, e vou cuidar dele. Confia em mim, vou me dedicar e levar comigo seu legado para continuar abrilhantando o mundo como você fazia.

Obrigado por tudo, mãe. Hoje colho frutos e flores de seu jardim e honrarei a vida em seu nome. Este especial em sua homenagem nasce de muito amor que plantaste, abraço seu querido Ricardo Gomes por essa curadoria do seu especial que trouxe para mim tanto afeto a ti – mãe, amiga, irmã, esposa, avó, madrinha, tia de tantos -, e faz concretizar o compartilhar dessa magnífica trajetória fashion e têxtil. Mãe, eu te amo muito, sinto saudades e me perdoe por quando não transmiti meu amor.

Você é linda e sempre estará viva pulsando no meu coração e na minha consciência como inspiração de luta, garra, de paixão pela vida, por viver, por Aviva! Com muito orgulho, seu filho Fred.

Baruch Ashem, Amem, Axe, Om Namah Shivaya! NA LUZ, AVIVA, PARA SEMPRE.

LUZ NA PASSARELA

Eu, que fui por um tempo o editor da Revista Têxtil, tenho a honra de ajudar a contar um pouco, em um pequeno resumo, a história da nossa saudosa Vivi Haydu, que seguiu para outro plano no dia 21 de abril deste ano, exatamente no dia do setor têxtil. Ela, que teve a sua vida dedicada à moda e ao têxtil passando pelas passarelas como modelo, produtora de eventos, diretora e feira se editora de revista do setor, não poderia partir em outro dia.

Dado ao tempo curto para a produção, curadoria de documentos, fotos e depoimentos, resolvemos fazer algo mais descontraído, trazendo para as páginas da Revista Têxtil um compilado de informações, depoimentos e imagens nesta edição especial dedicada à ela, com uma capa exclusiva para moda como fizemos na RT por alguns anos.

Eu e Fred Haydu, seu filho e que assume sua função na RT, mergulhamos no baú das memórias e arquivos da nossa homenageada e fizemos uma curadoria pautada pelos nossos corações. Desejo que vocês consigam se emocionar como nós nos emocionamos com essas imagens.

Prometo que vou cumprir meu compromisso com ela e escrever o livro da sua história e nele traremos a sua história em ordem cronológica e teremos mais espaço para publicar as fotos maravilhosas e emblemáticas da nossa Diva!

Viva a nossa sempre Vivi!

Boa leitura.

Na passarela do Goiás Marca Moda, em Goiânia, 2003.

CRONOLOGIA

12/11/1949

• Nasce Clementina Aviva Sanua Braunstein na cidade do Cairo – Egito

• Três gerações da família Braunstein nasceram no Egito

• Os registros de nascimento da família eram feitos na embaixada da Espanha no Cairo

1956

• No final do ano a família deixa o Egito fugindo da revolução de Gamal Abdel Nasser

• Por terem registros na embaixada espanhola, tiveram 7 dias para deixar o Egito

• Saíram do Egito sem nada, não podiam levar dinheiro nem joias

• O pai da Vivi, Seu Mauricio Braunstein Y Zaccay, trabalhava em um jornal no Cairo, o que colocava a família em risco

• Passaram pela Suíça para pegar dinheiro que o Sr. Mauricio tinha guardado e depois seguiram para Gênova

• Em Gênova embarcaram no navio Columbus, de 13 andares

JANEIRO DE 1957

• Depois de 21 dias de viagem chegam ao Porto de Santos

JULHO DE 1957

• A família se muda para São Paulo

1958

• Ingressou na escola cívica mista, onde aprendeu a falar português e estudou até a quarta série

1962

• A família compra um apartamento na Rua Barão de Limeira

ESPECIAL VIVI HAYDU

NOS ANOS SEGUINTES

• Terminou os estudos na FAAP como técnica em contabilidade

• Seu primeiro trabalho foi de contadora na Singer máquinas

• Foi promovida ao setor de compras e depois para vendas

1968

• Conhece Ricardo Haydu

• Começa a trabalhar no City Bank

31/01/1970

• Se casa com Ricardo Haydu

1972

•Começa a trabalhar com fundos de investimento

•Conhece o Maestro João Carlos Martins

•Por intermédio do Maestro conhece Roberto Campos, que a contratada para trabalhar no Invest Banco

•Foi pela primeira vez à Fenit para vender ações do Anhembi para Frederico Horta, que era diretor da Feira. O organizador do desfile da Maiôs Selina a viu pela feira e a convidou para desfilar

• Em 1 dia conseguiu 8 desfiles; e Christian Dior viu um dos desfiles e a convidou para desfilar para ele

1980

• Pedro Paulo monta alguns desfiles na Fenit, entre eles Staroup, e aí nasce a Vivi Produtora.

1984

• Nasce o primeiro filho, Fred Haydu

1985

• Se firma como produtora atendendo Pernambucanas, Mapping etc

1986

• Nasce a segunda filha, Karen Haydu

ESPECIAL VIVI HAYDU

1995

• Dr. Caio de Alcânatara Machado a convida para assumir a direção da Fenit

• Conhece Sonia Rykiel nas pesquisas para a Fenit em Paris

1996

• Primeira Fenit dirigida por Vivi

1998

• Trouxe para a Fenti 20 criadores de Paris

• Produz o documentário Uma História da Moda, com Bernard Jannin

2004

• Deixa a direção da Fenit, feira que pegou com 5.000m² e a entrega com om 55.000m²

• Assume a Revista Têxtil, se firmando como editora e embaixadora da moda brasileira, aqui e no exterior, participando de feiras, eventos e concursos, além de colecionar prêmios por sua trajetória.

21/04/2024

• Segue para outro plano

DEPOIMENTOS

“Vivi: Uma Presença Inesquecível no Setor Têxtil Brasileiro

Vivi era uma presença constante e querida no setor têxtil brasileiro. Sua disposição em estar presente em todos os eventos onde empresas, confecções e estilistas mostravam seus lançamentos era notável. Sempre participativa, marcava presença em encontros na sede da Abit, seja em coletivas de imprensa ou nas festas, onde revia amigos e clientes com igual entusiasmo. Sua paixão pela moda e pelo setor têxtil transparecia em cada conversa, em cada sorriso. Casada com Ricardo Haydu, ela também era uma figura central na Revista Têxtil. Seu legado vai além das conquistas profissionais, refletindo-se nas relações de amizade e respeito que cultivou ao longo dos anos. Deixa grandes lembranças em todos que a conheceram.”

Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT)

“É com imensa admiração e profundo respeito que a Associação Brasileira de Tecnologia Têxtil, Confecção e Moda (ABTT), em nome de todos os seus associados, presta esta singela homenagem a Vivi Haydu, figura ímpar e fundamental para a história da indústria têxtil brasileira. Como editora da Revista Têxtil e diretora da FENIT nos tempos áureos da feira, desempenhou um papel crucial no desenvolvimento e na promoção do setor têxtil no Brasil. Seu compromisso incansável, visão inovadora e paixão pela indústria deixaram uma marca indelével que continuará a inspirar gerações futuras.

Seu trabalho na revista têxtil também foi exemplar, fornecendo informações valiosas e atualizadas, ajudando a moldar a opinião e a direção da indústria. Mais do que suas realizações profissionais, Vivi Haydu é lembrada por sua integridade, generosidade, ética e dedicação. Ela construiu pontes entre empresas e profissionais, fomentando uma comunidade têxtil forte e unida e contribuiu ativamente com a ABTT ao longo dos anos de uma parceria historicamente consolidada. Seu legado é um testemunho do impacto que uma liderança comprometida pode ter na transformação de um setor.

Em nome dos associados, expressamos nossa gratidão e reconhecimento à Vivi Haydu. Sua contribuição inestimável continuará a inspirar e a guiar nossa indústria. Que esta homenagem seja um tributo ao seu trabalho árduo, sua paixão e sua visão, que tanto enriqueceram a trajetória da moda e do têxtil no Brasil.”

“Esse é um momento especial, em me que sento aqui para escrever sobre uma amiga querida, uma pessoa que sempre foi além do seu tempo.

Seu maior legado para a Moda Brasileira, será sempre, ao meu ver, a sua maneira carinhosa e mesmo encantadora de juntar pessoas; se havia em um evento, um grupo animado conversando, você teria certeza que estavam todos em volta da Vivi.

Ela nos encantou com seus projetos onde conectava a França que ela tanto adorava com o Brasil, trouxe pela primeira vez estilistas que hoje são reconhecidamente gigantes no sistema moda global, como Isabel Marant, jovem tímida desfilando já seu carisma em uma das Fenits. Combinou com maestria essa visão internacional com jovens designers brasileiros de fora do eixo Rio-SP, como Deóclys Bezerra, então um promissor talento saído da Federal do Ceará.

Seu entusiasmo, sua força e porque não, sua silhueta de mulherão, se destacavam, e em tempos onde a moda brasileira ainda engatinhava, lá ia ela, abrindo caminhos e distribuindo sorrisos e abraços. Sorrisos e abraços que nos fazem falta hoje, mas que para os que como eu tiveram o privilégio de vivenciar sua alegria de viver, sempre a teremos na mente e no coração. Viva Vivi Haydu!”

Walter Rodrigues

“Vivi Haydu foi uma das pessoas mais influentes nos bastidores da moda, colaborando de forma ativa para a promoção da indústria têxtil brasileira. Era sempre um prazer recebe-la nos eventos da Capricórnio. Seu legado vai para além da Revista Têxtil e sempre será lembrada pelo seu profissionalismo e iniciativas inovadoras.”

João Bordignon - Diretor de Marketing da Capricórnio

“Lembrar Vivi Haydu é uma alegria! Grande nome da Moda Brasileira: unindo a indústria e o comércio com a criação e o design. O trabalho de Vivi trouxe inovação para FENIT, aproximando o negócio da moda com Estilistas Nacionais que despontavam no final do século XX. Conseguiu a façanha de levar designers brasileiros para o Salão do Pret-à-Porter de Paris, no ano do Brasil na França em 2005. Não só para que eles desfilassem suas coleções, mas também para apresentarem seus produtos ao mercado internacional.

Vivi levou o Mercado Mundo Mix para dentro da FENIT e isso foi importante, porque trazia a novidade da moda autoral para grande feira com marcas e compradores de todo o Brasil. Era um recado: “O Designer de Moda é Essencial para o sucesso da Indústria”.

Fico muito feliz em ter participado destas suas ações e ter lembranças divertidas como ter vencido um concurso produzido por Ela: vestindo o Beto, namorado da boneca Susi. Com elegância de modelo e sempre sorrindo, Vivi esteve presente cobrindo e apoiando meus desfiles e palestras. É uma honra participar desta homenagem à Vivi Haydu, como um obrigado pela oportunidade de tê-la conhecido e pela importância de seu trabalho pela Moda no nosso país.”

Mário Queiroz

“Vi a Vivi pela primeira vez em uma audição de dança para um evento do Cabelereiro Soho, em 1989. Puxei papo, perguntei (nervosa) o que ela fazia (com segundas intenções) e assim descobri o mundo da moda, dos desfiles, das Fenits…

É verdade que ela me deixou “plantada” horas na sala de espera, na Rua Gabriel dos Santos, onde eu aguardava pela entrevista para ser sua assistente. Ela aguardava para que eu fosse embora. Mas eu, ansiosa pela oportunidade, fiquei até ela desistir de eu desistir e acabou me recebendo. Assim começou a nossa jornada, de trabalho e cumplicidade. Eu ganhei uma mãe, ela, uma filha. Muito trabalho, desafios, risadas e noitadas buscando sempre surpreender o cliente. Adriane Galisteu machucada, quem vai entrar no lugar??? E Vivi me colocando nas enrascadas da vida onde a gente aprende que tem é que resolver! E fomos juntas…. Muitas histórias, trocas e muito amor! Vivi, inspiração sempre. Obrigada por me acolher no seu templo, seu trabalho, sua casa, sua vida. Marido, pais, filhos, todos fizeram e fazem parte da minha vida. Gratidão eterna por ter você na minha história. Te amo sempre…”

Betina Zaterka

“Durante um bom tempo, quando assessor de imprensa da Alcântara Machado, tive a oportunidade de conviver e compartilhar diversos momentos com Vivi Haydu. Agora, com sua partida precoce e honrado em poder prestar essa singela homenagem, me pergunto: o que dizer sobre essa mulher tão à frente do seu tempo? Sobre seu legado profissional e sua importância na história da moda brasileira, acredito ser um dever de todos os profissionais desse mercado perpetuar sua contribuição e pioneirismo ao inserir e divulgar o DNA criativo brasileiro para todo o mundo. Dessa forma, prefiro falar sobre o grande ser humano que sempre foi, aquela pessoa que quando surgia causava comoção: “que mulher chic”, logo diziam, por causa da sua postura elegante e beleza intrínseca devido aos olhos vibrantes e sorriso encantador. Também surpreendia com seu modo de vestir único e discreto, porém sempre inovador devido a sua experiência como cidadã do mundo e um olhar único para observar e detectar novos talentos da moda.

Mesmo admirada como um referencial de elegância, Vivi também se destacava pela simplicidade e bom humor no trato pessoal, trazendo sempre uma palavra de conforto e apoio. Em nossas reuniões de trabalho, sempre chegava com uma ideia ou proposta inovadora, lançando mão dos seus inúmeros contatos nacionais e internacionais em prol da nossa indústria de moda. Conviver com essa mulher divertida e afetuosa, sempre disposta a ouvir, compartilhar e aconselhar, hoje se configura como um período muito especial também na minha formação pessoal e profissional. Trabalhamos, viajamos e dividimos experiências incríveis que me fizeram um ser humano privilegiado. Hoje, triste pela sua ausência, quero imaginar que formávamos uma boa dupla, Vivi e Ivo, quase um anagrama que, dentro de mim, sempre marcará sua presença e ensinamentos. Ah, o que mais dizer? Talvez um “VIVA VIVI, SEMPRE!”

Ivo Chicuta

“Trabalhei como editora da Revista Têxtil entre 2009 e 2011, quando tive contato mais direto com Vivi, que eu conhecia das feiras do setor e que, inclusive, já havia me convidado a ser jurada num dos inúmeros concursos de novos talentos que ela organizava, sempre interessada em descobrir designers. Eu sempre reparava naquela mulher bonita e alta, sempre ativa, nas edições da Fenit.

Durante o período na revista nos aproximamos pela paixão comum não somente em relação à moda, ao chão de fábrica, mas também à Yoga, que ela praticava na mesma academia que eu, cada uma numa unidade diferente. Chegamos até a cogitar uma viagem à Índia para passarmos um tempo em algum Ashram (resquícios da minha leitura – e provavelmente dela também – do livro Comer, Rezar, Amar).

Nem preciso mencionar sua elegância nata, a beleza dos olhos azuis e do sorriso que estampa a foto em suas redes sociais. Moderna, assumiu os cabelos brancos antes de todas as mulheres que conheço, dosando com cortes curtos que lhe davam um ar ainda mais sofisticado (se é que isso é possível) e contemporâneo.

De conversa fácil e divertida, trocamos receitas de cozinha, indicações de médicos, livros e de planos de saúde, rimos e reclamamos muito e discutimos também algumas vezes. Amava falar dos filhos e netos, dos quais tinha imenso e indisfarçável orgulho. Sempre me aconselhava a ir para a Europa onde, segundo ela, meus encantos seriam muito bem-vistos aos olhos dos homens europeus.

Culta, nunca foi esnobe e tinha o dom de se mesclar em qualquer ambiente. Uma vez, em Belo Horizonte, me apresentou a um restaurante popular no mercado local, me dizendo: “veja essa fila enorme: significa que o restaurante é bom e deve ter um bom preço!” Uma das últimas vezes em que estivemos juntas foi na praia de Iracema, em Fortaleza, durante o DFB Festival, que ela acompanhou desde as primeiras edições, com a mesma paixão e dedicação que cobria eventos internacionais.

Dia 21 de abril, dia do Têxtil, vai ficar marcado na minha vida, como o dia que minha amiga nos deixou. O setor têxtil e de confecção ficou um pouco órfão com sua partida. Assim como todos nós que tivemos o privilégio de conviver com ela. Deixa muita saudade.”

Marta De Divitiis, jornalista

“Uma parceria de mais de 35 anos que começou em 1988 e que nos acompanha desde a primeira Febratex, em 1991. A Vivi Haydu com a sua Revista Têxtil foi fundamental na nossa jornada de internacionalização, abrindo portas para grandes feiras como a ITMA, Techtextil e Texprocess, e nos proporcionando valiosas conexões com o mercado global. Sua expertise e apoio incansável foram cruciais para o nosso sucesso e reconhecimento no setor. Hoje, somos imensamente gratos por essa parceria duradoura e por toda a dedicação que a Revista Têxtil sempre nos dedicou.”

Hélvio Roberto Pompeo Madeira

“Minha história com a Revista Têxtil iniciou em 2005, quando fui convidada pelo Ricardo Haydu para ser estagiária de redação. Foram muitos aprendizados, eles realmente apostaram em mim e me ensinaram sobre o mundo do têxtil, inclusive com visitas em fábricas e participações em eventos. Em junho de 2006 segui novos caminhos, mas o carinho, respeito e amizade permaneceram sempre. Em maio de 2018 fui convidada pela Vivi Haydu para assumir a edição da revista como jornalista responsável, sob o comando dela. Passamos 2 anos juntas, trabalhando juntas, trocando experiências e vivências. Momentos que ficarão para sempre na minha memória!”

Renata Martorelli

“Eu conheci a Vivi Haydu há um pouco mais de 20 anos através do filho dela. Nós fazíamos um curso de formação de yoga juntos e Vivi começou a frequentar o espaço e praticar com a gente. Além de ter aquela presença marcante e irradiante que deixava todo mundo encantado, sempre muito inteligente e curiosa, ela queria ir além e estava interessada na filosofia por trás de tudo aquilo.

A Vivi se tornou uma grande amiga e o yoga esteve sempre presente nos nossos encontros e conversas. Quando eu comecei a dar curso para formação ela foi uma das primeiras a querer participar. Ávida estudante, interagia com entusiasmo e tenho certeza de que ela daria aulas lindas por toda a vivência da espiritualidade que permeava a vida dela desde que a conheci. Tenho muita gratidão e reverência por ter compartilhado momentos divertidos e inspiradores com ela. Vivi sempre foi e continuará sendo luz!”

Rita Pizzi

“Ah, minha querida amiga... Como é difícil começar a colocar as palavras aqui sem parar para enxugar os olhos. Nunca imaginei ter que escrever assim para você, Vivi, nunca, pois acreditava piamente que seríamos companhia uma da outra por muitos anos nessa jornada do têxtil, aprendendo sempre e muito contigo e com o Sr. Ricardo.

Quando comecei no jornalismo na área de moda e confecção, recém-formada, seu nome já impunha respeito, como a poderosa diretora da Fenit. Ficava até com medo de chegar até você!

Muitos anos se passaram, muitas feiras e eventos também, aqui e lá fora. A feirinha em Caruaru, os passeios em Medellín, o espacate na escada rolante do aeroporto de Frankfurt – inesquecível – ainda bem que a ioga estava em dia! Nesse caminho fomos nos aproximando, nos conhecendo melhor, e minha admiração pela sua pessoa aumentando, até poder te chamar de minha amiga.

E que pessoa resiliente! Por tantos percalços que passava, conseguia respirar fundo e tirar forças para enfrentá-los. Pude acompanhar parte deles e queria poder te ajudar de alguma forma para aliviar, um pouquinho que fosse, a sua carga. Pensei no que poderia fazer e, além do ombro amigo, tinha o jornalismo para te oferecer.

Ainda ressoa na minha memória aquele recadinho “se estiver aqui por perto, vem me ver”. Eu deveria ter ido naquele mesmo dia. No outro, 21 de abril, Dia do Têxtil, íamos para a Alemanha, uma viagem que estávamos tão felizes em fazer juntas, mas na última hora sua passagem foi trocada para outro destino, cheio de luz, assim como seu sorriso. Que saudades, Vivi!”

“Conheci e namorei um alemão chamado Hans Scheller, que tinha uma casa em Cotia e costumava dar festas de arromba. Foi em um churrasco na casa dele que eu conheci o casal Ricardo Haydu e Vivi Haydu, em Cotia, na casa do Hans Sheller em uma situação atipica onde comecei a namorar o Hans que dispensou sua namorada por minha causa. Ricardo e Vivi ficaram chatados comigo. Ricardo Comentou com Hans que estava precisando de uma pessoa para o comercial. Eu estava de um lado da piscina e a Vivi do outro. Aí veio o Hans e disse que ele deveria me contratar.

O Ricardo tinha ressalvas a mim por conta da ex-namorada do Hans, mas perguntou à Vivi se me contratar para trabalhar na revista seria uma boa ideia? Ela que sempre foi muito viva, disse que, se eu fosse para a revista, iria vender para caramba. Que ele deveria me contratar, sim. Conclusão: trabalhei com esse casal amigo durante vinte e cinco anos, de 1982 até 2007. A Vivi se transformou em uma grande amiga e com ela percorri o mundo. Vivi obrigado por acreditar no meu trabalho e na nossa amizade.”

Compilação do livro “Eu sou Barbara” de Barbara Tietz

“Vivi era uma pessoa muito amorosa. Ela tinha muito amor com o trabalho e com os amigos. Quando eu a conheci eu tinha acabado de começar meu trabalho na ITMA. Ela me ajudou muito e tinha muita paciência em me explicar as coisas. Eu a conheci na Fenit/Fenatc e, desde então, ela sempre me ajudou com os textos em português, com os expositores do Brasil que vinham para nossas feiras. Ela era como uma mãe que cuidava de uma filha de forma calorosa. Para mim ela não partiu, ainda não consigo aceitar. É muito difícil perder uma pessoa tão amorosa como ela!”

Wenny Lin

“Vivi nous a quitté discretement avec la même pudeur qu elle avait dans la vie. Vivi était une mère,une amie et une confidente depuis 27 ans un tel lien est rare ce qui le rend encore plus précieux.

Je garderai à vie des moments inoubliables à ses côtés que ce soit à Paris, Londres, Milan, Francfort ou Istambul alors qu elle était la grande dame de la mode au Brésil. Tout le monde adorait Vivi tout le monde voulait la voir ,elle dégageait une telle lumière , une telle joie que nous étions toutes et tous sous son charme.

Je n’oublierai jamais que le Brésil est entré dans mon cœur ,ma vie et mon âme pour toujours grâce à toi.Merci Vivi pour ces moments de grâce passé ensemble tu as été et tu seras à mes côtés pour toujours. Je te souhaite d être en paix dans le nouveau monde que tu découvres.

Je t’aime! Le seigneur est avec toi!!!”

Sébastien Bermont

“Falar da Vivi é falar de um passado maravilhoso e de alegria porque, afinal de contas, ela foi uma pessoa de verdadeiramente humana. Foi uma pessoa que estava além de uma mulher da moda, lutava contra todo tipo de preconceito. Ela colocou uma Drag na Fenit, fazendo parte de um evento de moda tão grande e tão importante para o Brasil e com todo o respeito do mundo. Eu a tenho como uma amiga e um a referência porque era uma mulher muito além do seu tempo. Moderna, bonita, educada e que respeitava a diversidade. Ela me levou para sua convivência, me fez fazer parte do seu dia-a-dia, era essa mulher. Tenho memórias incríveis e momentos especiais que passei ao lado da Grande Vivi Haydu. Minha querida, muito obrigada por ter ensinado muitas pessoas o que era diversidade, equidade e inclusão em uma época que nem se falava sobre isso.”

FIEL ESCUDEIRA E FADA MADRINHA

Sandra Moreno, 65 anos, foi uma das pessoas que por mais tempo trabalhou com Vivi Haydu. Foram 25 anos de companheirismo, desafios e muito aprendizado. De modelo e assistente de produção ao braço direito de Vivi, Sandra teve seu profissionalismo moldado pela mestra de tantos de nós. Nesta entrevista exclusiva, ela, que hoje mora nos Estados Unidos, resume sua história de fiel escudeira de Madame Haydu.

RT - Quando e como você conheceu a Vivi?

Sandra Moreno - Em 1981, eu fui apresentada à Vivi Haydu pelo Tico, que era seu professor de curso de manequim e o principal coreógrafo dela na época. Ela foi muito simpática, muito acolhedora, com aquele sorriso que só ela tinha. Aí eu ia sempre fazer os castings para modelo e quando eu não passava no teste de modelo, a Vivi me oferecia se eu queria fazer parte da equipe nos bastidores como assistente de produção. Então, eu era assistente da assistente dela, que na época era a Ana Godói.

RT -Você ficou nesta dobradinha por muito tempo?

S.M. - Por muitos anos eu fiquei fazendo essa dupla função, sem problema nenhum. Ela falava: Sandra, participa do casting, se você não passar, você vai para os bastidores. Depois me afastei das passarelas e fiquei só nos bastidores como assistente de produção até me tornar a produtora.

RT - Você trabalhou quantos anos com a Vivi?

S.M. - Trabalhei, ao todo, 25 anos com a Vivi, ocupando essas funções. Primeiro era modelo, depois assistente, depois produtora. Quando ela assumiu a FENIT, fui contratada como sua assistente, seu braço direito na diretoria da feira. A Vivi se tornou a menina dos olhos do Dr. Caio. Eu

me lembro bem dessa época, que era uma responsabilidade enorme, era uma responsabilidade muito grande.

RT – Como a Vivi recebeu este convite?

S.M. - A Vivi pensou e, como sempre, ela não teve medo. Ela falou: eu vou enfrentar esse desafio. E foi e assumiu a feira. A gente não sabia por onde começar, não tínhamos noção de pavilhão, montagem etc. A gente conhecia de moda. E lá fomos nós. Começamos a trabalhar, eu aprendi a trabalhar a montagem da feira. Sou muito grata à Vivi por tudo.

RT – Como foi ter uma mulher à frente da Fenit?

S.M. - O fato dela aceitar ser a primeira diretora mulher da FENIT, que até então tinha sido somente comandada por homens, já era uma ousadia. Além disso, ela aceitou o desafio e levou com ela uma assistente mulher e negra, isso era atípico e um grande desafio. Foi difícil para a gente, porque a gente tinha que se impor no mercado de uma área predominantemente masculina. Nós fomos derrubando, derrubando e derrubando barreiras.

RT – Como ela foi recebida pelos outros diretores da Alcântara Machado?

S.M. - A Vivi foi bem recebida pelos outros diretores, mas havia uma tentativa de desqualificação, de descrédito por ela ser uma mulher da moda e não profissional de feiras. Ela era uma mulher, mas aos poucos, e com muita luta, garra, determinação e com muito profissionalismo, ela mostrou que ela era capaz de desenvolver as duas funções: ser uma mulher de feiras e ser uma mulher de moda.

O que ela trouxe para a Fenit?

S.M. - Ela trouxe o glamour que a feira já tinha perdido há anos. Ela começou a fazer viagens a Paris, Itália, Alemanha e trazer novidades para a feira que era negócios. Então, ela trouxe nomes internacionais que nunca tinham pisado no Brasil. Foi muito arrojado trazer Vivienne Westwood, Jean-Paul Gaultier, entre outros. Ela foi reconhecida também como uma mulher de feiras e recebeu o convite também para ser a diretora da Fenatec.

RT - E como era administrar tanta coisa ao mesmo tempo?

S.M. - Não tínhamos computador, não tinha iPad, não tinha nada. Tínhamos pastas. E eu andava com uma mala onde cada pasta tinha um assunto. E cada assunto se desdobrava e vários outros. Vivi tinha uma mente brilhante, ela tinha uma cabeça espetacular. Enquanto eu carregava uma mala com 14 pastas, ela não carregava nenhuma porque ela tinha tudo na cabeça dela. Todo o evento, do começo ao fim, estava tudo na memória dela. Então, ela se inteirava desde a montagem até a desmontagem.

RT – Ela era uma caçadora de tesouros?

S.M. - Ela era descobridora de talentos. Ela não gostava de trabalhar com pessoas prontas, gostava de formar as pessoas. Aí, muitas vezes ela chamava pessoas para

fazer parte da equipe em determinados eventos. E eu falava: “Vivi, mas essa pessoa? Sim, essa pessoa, Sandra”. E ela ia com toda a paciência e moldava e ensinava, explicava. E essa pessoa se tornava um profissional em todas as áreas, em todas as áreas Coreógrafo, maquiador, produtor, assistentes. Ela formou inúmeras pessoas. Inúmeras pessoas entraram no mercado através dela.

RT – Alguma curiosidade sobre a Vivi?

S.M. - Ela morria de medo de voar, tinha pavor de voar, mas quando precisava ir em busca de uma informação, ela não pensava duas vezes. Subia no avião e ia tremendo, morrendo de medo. A cada turbulência, ela agarrava no meu braço, mas ela ia e cumpria a sua missão.

RT – E a relação de vocês?

S.M. - Eu sou muito grata a tudo o que eu aprendi convivendo não só no profissional, mas como de vida pessoal também. Porque a nossa convivência era 24 por sete. Era a convivência durante o dia, nos trabalhos, na vida profissional e à noite e finais de semana. Tínhamos uma amizade muito forte. A gente viajava junto. O meu marido trabalhou na Revista Têxtil. Nossos filhos tinham as mesmas idades e fazíamos muitas coisas juntos.

RT – O que ela representou para você?

S.M. - Ela teve um papel assim bastante importante na minha vida. Foi como uma mãe para mim. A nossa diferença de idade não era muito grande, eram dez anos, mas a sabedoria dela era muito além da idade dela. Eu aprendi muito com o convívio e sou grata a tudo que eu aprendi e a pessoa que eu me tornei, a profissional que eu me tornei, eu devo a Vivi. Essa mulher de potencial gigantesco merece todos os agradecimentos da moda brasileira pela grande contribuição prestada durante toda a sua jornada. Obrigada à Vivi Haydu por tudo!

APRENDIZADO E AMIZADE

A nossa entrevistada Edna Braz nos contou a sua trajetória trabalhando com Vivi Haydu e como ela transformou a sua vida profissional e pessoal.

RT - Você conheceu a Vivi em uma entrevista de emprego?

Edna Braz - Não. Nós nos conhecemos por acaso na rua e fomos apresentadas pelo meu pai, que já a conhecia. Ali ela já me convidou para conhecer a Fenatec, primeira feira que visitei. Logo depois fui convidada a trabalhar com ela e aí começou nossa relação de trabalho.

RT - Como foi o início do trabalho?

E.B. - Foi difícil porque eu era uma menina, com dezoito anos, sem preparo nenhum e não conhecia absolutamente nada. Sobre feira então, nunca tinha ouvido falar. Aquele mundo era muito diferente de tudo que eu conhecia e era um mundo muito glamoroso, e a Vivi era uma pessoa extremamente inteligente. Eu era um bicho do mato e aquele era um mundo muito diferente do mundo da menina da periferia.

RT - E com o tempo você se habituou ao trabalho e à nova realidade?

E.B. - Depois de uns três meses que eu estava com ela e no alto da sua generosidade, ela me chamou pra conversar. Me disse que gostou do meu trabalho, da minha dedicação porque realmente eu queria aprender e foi ali que começou uma relação. Ela me disse: se é isso que você quer, eu vou te ensinar.

RT – Neste momento que começa sua trajetória em feiras?

E.B. - Sim. Começo aí meu aprendizado e eu procurei me dedicar muito ao trabalho e aí foi quando eu comecei ir em todas as feiras. Era sua secretária e comecei cuidar da agenda das reuniões e ir nas reuniões com ela e acompanha-la em todas as feiras, então eu passei a conviver com ela o tempo todo. Conversávamos sobre tudo e foi muito importante para minha vida pessoal e profissional. Nossa relação evoluiu e se transformou em amizade que o tempo não apagou nem nos separou.

RT- Quando você começou trabalhar com a Vivi que eventos ela dirigia?

E.B. - Ela era diretora da Fenit, Fenatec, Expolav e Feimaco, todas feiras voltadas ao setor têxtil e de confecção.

RT- Você já começou a trabalhar nas feiras de início?

E.B. – Na verdade, eu comecei primeiro assumindo as funções de secretária e depois comecei a trabalhar no operacional dos eventos com alguns colegas como a Patrícia e o Ricardo. A Alcântara Machado sempre teve uma equipe operacional, mas nós, como equipe da Vivi, tínhamos que dar todo o suporte.

RT- Vocês faziam o comercial e o operacional?

E.B.– A Vivi vendia todas as feiras no nosso escritório da Rivisa, sua empresa que era a contratada da Alcântara Machado. E nós também cuidávamos desse cliente garantindo que o stand estivesse montado, com energia, que as araras estivessem no lugar, enfim, cuidávamos de tudo para que o cliente conseguisse se apresentar da melhor maneira possível na feira.

RT- Seu trabalho era um mix de glamour e muita responsabilidade?

E.B.– Sim, porque nós recebíamos muitos artistas nas feiras e, por conta disso, precisávamos de uma logística operacional complexa de seguranças e necessidades desses artistas, bem como dos desfiles que aconteciam na feira. Um dia a Vivi me chamou e disse: você é muito boa no que você faz e nós vamos aproveitar você em todos os processos operacionais. Eu segui nesse trabalho até quando ela encerrou seu contrato com a Alcântara.

RT- E como foi com o fim do contrato com a Alcântara Machado?

E.B.- Quando ela saiu da Alcântara, passei a trabalhar com ela na Revista Têxtil e assumi a gestão administrativa, onde eu cuidava dos funcionários, do funcionamento do escritório, de contratações e de demissões. Enfim, passei a cuidar da gestão do escritório da Revista Têxtil.

RT- Profissionalmente o que a Vivi representa para você?

E.B. - Eu devo muito à Vivi. Eu falo que ela foi uma porta que abriu e eu costumo brincar que eu não escolhi a minha profissão, eu fui escolhida para estar nesta profissão. Com a Vivi e também com seu Ricardo (Haydu) eu conheci o mundo dos eventos e o mundo do têxtil. Aprendi sobre máquinas, sobre tudo e tanta coisa porque ela me escolheu.

RT- Você fez faculdade de eventos?

E.B.– A Vivi me falava que era uma boa profissional, mas que tinha que estudar. Ela dizia: “dedicação é importante e você é muto dedicada, no entanto, precisa estudar” e, por isso, fui cursar, mais tarde, a faculdade de eventos.

RT- Que lições a Vivi te deixou?

E.B.- Tenho uma gratidão enorme pelo período que passei com ela e por tudo o que ela me ensinou de trabalho, de profissionalismo. Aprendi a importância de fazer o certo, a andar pelo lado certo. Eu aproveitei cada ensinamento e com a experiência dela.

RT- Você acredita que a sua posição hoje neste mercado é um reflexo da Vivi?

E.B.- Sou muito grata a Deus por ter colocado ela na minha vida porque acho que hoje se eu estou onde eu estou profissionalmente, devo isso à Vivi. Com sua generosidade me ensinou muito do que eu sei hoje. Ela sempre soube compartilhar e sempre teve toda a paciência para ensinar e para explicar. Devo muito à ela. Segui seu conselho e fui estudar, buscar mais aprendizados.

RT- Sabemos que você é uma apaixonada pelo trabalho e pelo universo dos eventos. Qual a origem dessa paixão?

E.B.- Eu me apaixonei muito pelo trabalho com a Vivi. Foi uma honra ter passado dez anos ao lado dela, ter trabalhado com ela e ter aprendido tudo que eu aprendi. Foram dez anos de parceria diária com muitas viagens e muita convivência. Almoçávamos juntas quase todos os dias e quando ela não estava no escritório, eu ia à casa dela e nós trabalhávamos de lá. Foi um período de muito aprendizado e, acima de tudo, de uma relação que ultrapassou o profissional. Ela tinha uma relação próxima com minhas irmãs e com meu pai e eu com a sua família. Sim, ela foi minha mestra, minha inspiração e a origem da minha paixão por eventos.

VIVI HAYDU E ABTT

LAÇOS ETERNOS

Para falar da parceria de vida da ABTT com a nossa saudosa Amiga Vivi Haydu, vamos lembrar a história da REVISTA TÊXTIL.

O Professor José Haydu, formado em engenharia têxtil na cidade de Bergamo, na Itália, era um visionário e já há algum tempo trabalhava nas Indústrias Têxteis Votorantin, no Brasil, e sentiu que a carência de técnicos e engenheiros têxteis em nosso país, a cada dia aumentava. José Haydu, de origem Húngara, observou que um dos poucos tipos de profissionais qualificados que existiam no setor têxtil brasileiro eram os contra-mestres, antigos tecelões que por sua prática eram promovidos com o tempo.

Assim, o Professor José Haydu, ou José Haydu da Silva Aranha, naturalizado brasileiro, que por ser tempos de exceção, foi obrigado a incluir em seu nome o sobrenome da esposa e acrescentou Aranha, pois a Aranha é o símbolo do setor têxtil, e fundou a Primeira Escola de Tecelagem do país, em 1928, onde eram ministrados cursos de fiação, tecelagem, tinturaria e classificação de algodão. A escola funcionava na Rua Piratininga, no bairro do Brás em São Paulo e assim foi até 1975.

O pioneirismo do Professor Haydu não parou por aí. Em 1930 ele percebeu que faltava no Brasil uma revista específica para o setor, que informasse as tecnologias do mundo em maquinários, aparelhos, tecidos, e, desta maneira, nasceu a REVISTA TÊXTIL, em fevereiro de 1931, a primeira publicação técnica do país.

Em março de 1949, teve início a primeira turma do curso técnico em indústria têxtil da, na época, a recém-inaugurada ETIQT - Escola Técnica da Indústria Química e Têxtil, hoje o SENAI – CETIQT, no bairro de Riachuelo na cidade do Rio de Janeiro, na época ca-

pital da república, que tinha corpo docente especializado em escolas têxteis norte-americanas e inglesas.

Em 01 de março de 1958, no bairro do Brás em São Paulo, com o nome de Escola Técnica Têxtil, iniciou suas atividades a primeira unidade do SENAI de São Paulo a dedicar-se à educação profissional técnica de nível médio. Ainda em 1958, o Conde Francesco Matarazzo foi escolhido como patrono da Escola e em 01 de maio de 1959 foi inaugurada oficialmente com o nome de “Escola Técnica Têxtil Francisco Matarazzo”.

No dia 02 de novembro de 1962 em assembléia realizada na Escola Técnica da Indústria Química e Têxtil (hoje SENAI-CETIQT) no Rio de Janeiro, com a presença de 74 colegas alunos e ex-alunos do ETIQT e da Escola SENAI “Francisco Matarazzo” de São Paulo, entre eles o Sr. Ricardo da Silva Haydu filho do Sr. José Haydu, foi fundada a ABTT - Associação Brasileira de Técnicos Têxteis.

Suas sucessivas administrações sempre alimentaram com combustível de dedicação e união o idealismo dos fundadores da associação, que é tocada pela harmonia voluntariosa entre seus pares.

Seminários tecnológicos e Congressos nacionais são realizados pelos mais diferentes rincões do Brasil, levando mensagens de novos conhecimentos e novas tecnologias, espalhando a informação que para muitos se tornou imprescindível no desempenho de suas atribuições divulgou tais participações profissionais com visão ética, aberta e franca para com seus associados. Estes seminários trazem aos Profissionais da Cadeia Têxtil e de Confecção o “satate of the art” das inovações tecnológicas de nossa cadeia, e contam sempre com participação internacional.

Em 1970 ocorrem as núpcias do Sr. Ricardo Haydu com a Sra. Vivi Haydu, grande destaque nas passarelas de moda do Brasil e internacionais.A partir de então crescem as oportunidades de envolvimento da ABTT, alavancadas pela Vivi, em eventos nacionais e internacionais.

Vivi participou ativamente junto com a ABTT de feiras, tais como, FEBRATEX, ITMA, FEBRATEXTIL, entre tantas outras, e na REVISTA TÊXTIL, dedicando páginas exclusivas em todas as edições para a divulgação dessas participações.

As várias edições do CNTT contataram com a participação da Vivi em seus quadros de conselheiros, com su-

gestões que sempre contribuíram para enriquecer cada um dos eventos, e fazia total cobertura jornalística não economizando espaço nas páginas da REVISTA TÊXTIL para a completa cobertura dos acontecimentos.

Vivi também participava de todos os eventos que a ABTT promovia, sempre de maneira colaborativa e incentivadora, para que o público fosse sempre o mais beneficiado.

Com sua sempre contagiante alegria, resolvia de forma conciliadora todos os casos que apareciam e fazia esforços para que a ABTT tivesse sempre lugar de destaque em todos os eventos da cadeia-têxtil-confecção-moda.

Sua falta é muito sentida por todos nós da ABTT, diretores e associados. Mas entendemos que seu ciclo foi cumprido de maneira gloriosa. Fica para nós o exemplo desta mulher que deve servir de incentivo a todas novas iniciativas.

ELEGÂNCIA DE ALMA QUE NUNCA SAI DE MODA

A moda é conhecida por seus muitos brilhos e pela alta velocidade e rotatividade do seu glamour inebriante. No entanto, é raro encontrar na moda um legado que transcenda o efêmero, e que seja pautado em uma elegância de alma que emoldura virtudes verdadeiramente nobres. Esse é o tesouro que Vivi Haydu, editora da Revista Têxtil, há mais de vinte anos, nos deixou ao partir desse plano físico, em abril deste ano.

Vivi não foi apenas uma grande dama da moda brasileira por suas realizações notáveis, mas sim pela maneira única, humana e generosa com que conduziu sua vida e carreira. Seu nome completo, Clementina Aviva Braunstein Haydu, diz muito sobre ela, já que “Clementina” é sinônimo de suavidade, e “Aviva”, que significa “vida” ou “viva”, reflete perfeitamente a essência da mulher que ela foi: uma presença vibrante, marcada por uma humanidade inconfundível.

Multidisciplinar por excelência, Vivi percorreu diferentes áreas da moda, de modelo a diretora da FENIT. Em cada uma dessas funções, trouxe uma perspectiva singular, repleta de charme e autenticidade. Nas passarelas, Vivi quebrava paradigmas com naturalidade, como quando desfilava elegantemente transparências que ainda eram tabus na época.

Como diretora da FENIT teve a visão e a audácia de trazer ao Brasil alguns desfiles internacionais, em uma época em que o acesso à moda global era extremamente limitado. Foi através de sua liderança que Vivienne Westwood e Jean-Paul Gaultier marcaram presença no cenário brasileiro.

Na edição da Revista Têxtil ela consolidou ainda mais seu legado. Através de sua curadoria, conectou toda a indústria têxtil do país, oferecendo informações de extrema relevância e promovendo a Cultura Têxtil da moda brasileira. O impacto de sua atuação é sentido até hoje, como uma herança viva que continua a influenciar e inspirar.

O espaço que Vivi ocupou na moda e em nossos corações é insubstituível, mas as sementes que ela plantou certamente continuarão a florescer. Diz o ditado que o fruto não cai longe do pé, prova disso é o legado que seu filho, meu grande amigo Fred Haydu, perpetua ao assumir a edição da Revista Têxtil, com a mesma paixão e compromisso que marcaram a trajetória de sua mãe.

Neste momento de homenagem, embora sintamos muito a perda e uma imensa saudade, também celebramos a vida e o legado de Vivi Haydu. A certeza de que seus valores e ensinamentos continuarão a florescer não só na moda, mas também na vida, nos conforta e inspira. Que a memória de Vivi, com seu nome que celebra a vida e a gentileza, continue a iluminar e inspirar novos caminhos e gerações.

Obrigade por tanto, Vivi.

VI, VIVI, VENCI

Entrevista que Carlos Maltez fez com Vivi Haydu para a World Fashion em 2009

Existem aqueles que fazem a moda, aqueles que desfilam, aqueles que se ocupam de relacioná-la com a imprensa e com o mercado e aqueles que a dinamizam.

Já era tempo de revisar o passado, o presente e, porque não, de especular o futuro de quem veio traçando uma das carreiras mais cheias de meandros. A escudeira desta página casou-se com a moda brasileira, lutou por ela. Descobriu o jeito de ser conhecida dentro e fora do país, sempre buscando estreitar as fronteiras do prêt-à-porter. Porta-voz da Alcântara Machado, é ela quem segue mundo a fora levando seu sorriso, seu glamour, seu modo de ser. Frequenta os desfiles e visita feiras, nacionais e internacionais. Conquistou a França e, atrás dela outros centros de moda. Conta com uma equipe que a ajuda a tomar fôlego para continuar na sua meta.

World Fashion: A Fenit é mais moda ou indústria?

Vivi Haydu: 50% de cada.

WF: Como os desfiles se encaixam na Feira?

VH: Se nos anos sessenta os desfiles tinham uma conotação de festa, agora eles são informação e negócios. O comprador de moda quer e exige in- formação e sabemos que isso acontece no mundo todo.

WF: Como a feira é vista pelos estrangeiros?

VH: A maioria dos compradores internacionais considera a nossa feira como uma das melhores e nosso objetivo é manter o olho na modernidade. Afinal de contas, nós somos o maior salão da América Latina.

WF: Esta conquista foi fácil?

VH: No começo, quando marcava uma entre- vista com os diretores das grandes feiras européias, sentia que eles me recebiam quase que por mera curiosidade. Hoje nosso prestigio es tá consolidado.

WF: Alguma mudança nesta Fenit?

VH: A grande diferença vai estar na comunicação vi-

sual. Depois de 29 anos, o Anhembi não estará mais dividido em ruas. Agora teremos setores e cada segmento será identifica do por uma cor.

WF: Renovar como?

VH: Agora é o momento de acreditar na novíssima geração e, para isso, conto com o apoio das faculdades.

WF: Como é a Vivi dona de casa?

VH: Estou casada há trinta anos e até hoje muita gente se surpreende com isso. Posso não ser boa arrumadeira, mas na cozinha, consigo fazer uma boa moqueca, pratos árabes & as pessoas falam bem do meu frango ao curry...

WF: E o trabalho, ele pesa em alguma hora?

VH: Amo tudo aquilo que faço e me considero uma privilegiada com toda a carga de informação que possuo.

WF: Idade?

NH: 49 anos

WF: Rotina?

VH. Acordo as seis da manhã, dou café aos meus filhos, tomo o meu, faço esteira, medito, organizo a cozinha e chego às 9h30 no trabalho.

WF: Zen?

VH: Faço Yoga

WF: Vaidade?

VH. Não quero fazer plástica, quero assumir a minha velhice naturalmente. Cresço espiritualmente e essa é a grande plástica que existe.

A ÚLTIMA PASSARELA!

A minha relação com os eventos de moda e principalmente minha trajetória na promoção e organização de concursos voltados aos jovens criadores de moda, tem muito de inspiração na Vivi. Por um tempo estive com ela nos projetos Talentos Brasil e Novíssima Geração da Fenit, voltados respectivamente aos alunos dos cursos de moda do Brasil e aos profissionais que estavam despontando como designer de moda pelo País.

Em todos os concursos que eu promovi ao longo desses 25 anos a Vivi esteve presente. E a passarela, sem dúvida, era uma das suas grandes paixões. Seja como modelo, seja como produtora de desfiles, seja como jornalista, expectadora ou simplesmente como apaixonada pela catwalk.

E na minha história entrelaçada com a Vivi tive o privilégio de proporcionar à ela sua última passarela. No dia 18 de março deste ano, em Caruaru, no Agreste Pernambuca-

no, ela foi jurada do Concurso Brasil Fashion Designers –Pernambuco 2024. Como que num presságio eu deveria chamar todos os jurados à passarela ao final do desfile para divulgarmos os vencedores do certame, no entanto, eu resolvi na última hora a convidar primeiro e tive a honra de descer e a conduzir até a passarela para seu último desfile (foto) e falar do meu carinho e gratidão.

No dia após o desfile fiz uma entrevista com ela recolhendo informações sobre sua história e trajetória. Ela me disse: RG, como ela me chamava, estas informações são para o livro da minha história? Eu respondi talvez. Mas, na verdade, era o levantamento de informações para o próximo Brasil Fashion Designers que acontece na Febratêxtil, em 2025, em São Paulo, e que ela será o tema. Esclarecendo: a homenagem à ela como tema do concurso foi decidida no ano passado e estava sob sigilo.

Não tive tempo de contar à Vivi que ela seria o tema do concurso porque isso ficaria em segredo até a Febratex, quando lançaríamos o evento e tema. Espero que esta edição do BFD seja linda, histórica e memorável como merece nossa Dama, Diva e Mestra de muitos de nós, Clementina Aviva Braunstein Haydu, a nossa saudosa e eterna Vivi.

Como nos tempos áureos das grandes passarelas a noiva encerra o desfile.

Vivi fez seu último pivô Completo neste plano e segue com sua luz e seu vanguardismo para outras paragens.

Merci à Notre Grand Dame de la mode!

Bisous!!!

VIVI HAYDU - AVIVA

12/11/1949 21/04/2024

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