Revista Vida bebe 23a edicao

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ANO VI N. 23 Dezembro/2014 R$ 8,90

Saúde Os riscos da Comportamento Agressividade na

Automedicação

Infância

Pediatria: As viroses mais comuns entre as crianças

Caderno Especial - Qualidade de vida - Correr está na moda

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Editorial Final de mais um ano e sempre com muito a agradecer. O coração se enche de novos planos e promessas, expectativas e anseios, como é bom isso! Nessa edição, assuntos dos mais variados temas, entre eles, a criança e a fé, adoção, perigos da automedicação, como lidar com a agressividade, os vários tipos de viroses e seus cuidados, e claro, o lançamento da coleção de Verão em nosso Editorial de Moda, impertível! Mais uma vez, recebemos o selo Empresa cidadã - Parceira da APAE, agradecemos imensamente o privilégio desse reconhecimento e aproveito para destacar que muito nos honra essa parceria. A Vida bebê deseja a todos um novo ano com muita paz, saúde e sucesso! Com Amor! Raquel Penedo Oliveira Editora

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Coordenação e edição Raquel Penedo Oliveira Jornalista responsável Erica Samara Morente MTb 53.551 Fotografia Michele Stahl Demétrio Razzo Shutterstock Dollar Photo Club

Projeto gráfico e diagramação Depto. de arte - Vida bebê Comercial Aderley Negrucci 99155-5100 Administrativo 3713-2212 | 3446-2919

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e-mail: revistavidabebe@gmail.com O conteúdo das reportagens são de inteira responsabilidade dos colaboradores, assim como as informações contidas nos anúncios.

Rafaella Freire de Souza Veste : Peteca Foto : Studio Michele Stahl


Índice

05 20

Agressividade na infância

A criança e a fé

26 Escola de pais

Janela de Oportunidades

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30 Principais viroses em crianças

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Corrida de rua


Mais que informação, formação! A criança e a fé Quando falamos de educação, muitas vezes nos lembramos apenas da escola e não no lar. Da mesma forma quando falamos de fé, pensamos na igreja somente. No entanto, a educação, ensino e também a fé já começam no lar. Não podemos subestimar o papel dos pais na formação espiritual dos seus filhos. James Fow-

ler em seu livro Estágios da Fé, classifica como: estagio um a fé intuitivo-projetiva, uma fase fantasiosa, imaginativa muito influenciada pelos exemplos, temperamentos, ações e histórias dos adultos, mais típico dos três aos sete anos. No estágio dois ele classifica a fé de mítico-literal, que envolve crianças entre seis e

onze anos, aqui há uma procura pela fé dos pais e líderes. Então, podemos afirmar que em todo esse processo, a participação dos pais é essencial.

“O próprio Senhor Jesus mostrou o grande valor da fé dos pequeninos ao repreender e se indignar com os seus discípulos quando esses impediam as crianças de se aproximarem dele, dizendo – “Deixai vir a mim os pequeninos...porque dos tais é o Reino de Deus” Investir financeiramente na formação intelectual e profissional de seus filhos, é sempre apreciável, mas não se deve perder a oportunidade de ensiná-los no caminho de Cristo. Ele nos ensina a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como gostaríamos de ser amados. Comece hoje, independentemente da idade de seu filho a falar do amor de Deus, mostre com sua vida, atitudes e através da Bíblia. Rev. Nilton Tomazini Ministro presbiteriano Vida bebê | 5


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Como lidar com a agressividade infantil

De repente aquela criança angelical, inocente e indefesa começa a ter atitudes que surpreendem a família. Uma birra no shopping, uma mordida na mãe, um tapinha no pai ou um puxão de cabelo na amiguinha são alguns exemplos registrados normalmente depois de um ano e meio ou dois anos. Segundo a psicoterapeuta Solange Dantas Ferrari, até os quatro anos as crianças não sabem como lidar com as frustrações. Então, quando os seus desejos não são atendidos, surge forte e rapidamente um sentimento de decepção. "E para a criança se defender do que ela mesma sente ela reage, instintivamente, com a agressividade", explica. Após os dois anos, outros fatores influenciam, como a própria personalidade. Além disso, por volta dos três anos, as crianças já são capazes de ter gestos agressivos mais elaborados, tendo em conta o desenvolvimento motor. Este tipo de comportamento,

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no entanto, vai diminuindo progressivamente, à medida que a criança aprende a gerir as emoções e começa a utilizar a linguagem para se comunicar e exprimir as suas frustrações de forma mais positiva. A boa notícia, segundo ela, é que grande parte das vezes, quando o ato negativo não é reforçado, ele tende a desaparecer.

para conseguir algo. “Portanto, sempre que notar algum traço de agressividade na criança, não reforce achando engraçadinho. Corrija, conversando de acordo com a idade. Filho se educa a partir do momento que nasce”, enfatiza.

PERSONALIDADE Independente de sexo feminino ou masculino, essa fase pode ter, “Portanto, a recomen- de alguma forma, ligação com o temperamento da criança. As dação é não supervameninas tendem a ser mais delorizar o problema e licadas e meigas (embora exissim procurar ignorar. tam aquelas que são muito mais “E sempre conversar agressivas que os garotos) e os com a criança na sua meninos são mais valentes e forlinguagem explicando tes (e isso é passado desde muito o porquê de cada coisa. cedo) e têm brincadeiras mais Cabe aos pais continu- agressivas. “O importante é sempre o bom senso e coerência ar firmemente em sua do adulto, sabendo colocar limiopinião e não ceder às tes e principalmente elogiando vontades dos filhos” a criança quando tem uma atitude ou gesto positivo. PrecisaPor isso, a psicoterapeuta orienta mos valorizar o certo quando a que os pais não atendam ao dese- criança age corretamente, pois jo do filho que bate, grita morde na maioria das vezes só nos lem-


continua

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bramos de criticar”, comenta. Ela lembra, ainda, que nem sempre é possível identificar traços da personalidade por meio desses comportamentos. “Os mais antigos dizem que desde pequena a criança já mostra o gênio e isso tem um tanto de verdade. Entretanto, cabe ao adulto moldar a criança, sempre com muito amor, atenção e limites. Filho pede limite e quem ama tem que dizer muitas vezes o ‘não’, que é tão importante na formação do ser humano”, afirma. COMO REPRIMIR Considerando que nem sempre só a conversa resolve com os pequenos, a melhor forma de reprimir é pelo exemplo. Muitas vezes contando uma historinha e colocando a criança no personagem ela compreenderá melhor o “não” A especialista ainda cita que os educadores recomendam deixar a criança no descanso um minuto por idade, ou seja, se tem três anos, por exemplo, ficará três minutos sentada, pensando no que fez e, assim, será explicado a ela o porque não fazer. “Mas nunca emende uma punição a outra, pois chega um momento em que a criança nem lembra mais o motivo”, avisa. Apesar de o comportamento

agressivo ser considerado natural em função do desenvolvimento e tender a ser algo passageiro, a psicoterapeuta lembra que sempre que sentirmos que estamos perdendo o controle da situação ou que não estamos conseguindo resolver um problema por não sabermos lidar com ele é preciso buscar ajuda e orientação profissional. “Não se deve ficar ouvindo uma conversa de um aqui e de outro lá. Cada um fala uma coisa. Todos querem acertar, mas muitas vezes esses conselhos podem piorar a situação. Hoje, com frequência, vemos pais levando tabefe de filho, filhos mandando pai calar a boca ou coisas piores e muitos não sabem o que fazer”, observa.

pois o modelo de herói muitas vezes é o bandido, ou seja, que bate mais ou o assassino. “Por isso, é importante estabelecer horário para tudo na vida da criança para que cresça com limites”, explica. É fundamental que os pais entendam que não devem dar tudo o que o filho pede, pois em algum momento da vida ao receber um não (e o decorrer da vida se encarrega de muitos “nãos”) ele não saberá lidar com as frustrações e poderá ter muitos problemas. Dar brinquedos é bom, mas brinquedo é diferente de brincadeiras.

“A criança precisa de brincadeiras com os pais. É através das brincadeiras que os pais imCOMPORTAMENTOS Quando maiores, as crianças põem limites, dão carinho, atenção e amor” também podem apresentar outros sinais importantes em relação à agressividade. Irritabilidade, tédio mordaz, sentimento de vazio existencial, humor depressivo, inquietação e ansiedade são alguns exemplos. A psicoterapeuta menciona que criança que fica muito tempo assistindo filmes violentos, jogos de luta ou usa brinquedos como armas, tende ser mais agressiva,

Além disso, a agressividade do filho pode ser imitação do adulto. Para a criança vale mais o que ela vê do que o que ela ouve, ou seja, se os pais gritam por tudo, brigam a toda hora, se estressa frequentemente falando palavrões ou xingando no trânsito, por exemplo, transmitem esse comportamento aos filhos.

Dra. Solange Dantas Ferrari Psicóloga

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do tamanho) das amígdalas e adenóide. O aumento do das

Crianças que apresentam episódios de ronco durante o

amígdalas pode não estar associados a episódios de amigdalite.

sono podem apresentar associadamente apneia obstrutiva

A obesidade também pode ser apontada como uma causa

do sono. A apneia se caracteriza pela obstrução parcial ou

importante pela diminuição do espaço da orofaringe.

total das vias aéreas superiores (nariz, boca, faringe e larin-

O tratamento pode envolver cirurgias para remoção da

ge) que levam à redução de oxigênio no sangue. Podendo

amígdala e adenóide aumentada, tratamento medica-

trazer conseqüências para o desenvolvimento da criança.

mentoso e fototerápico, uma vez que os músculos da face

Alguns sinais, além do ronco, são encontrados em crianças

podem apresentar-se flácidos contribuindo para a respira-

com apneia: respiração pela boca (diurna e/ou noturna), sono

ção pela boca. Outra questão importante é o restabeleci-

agitado, enurese noturna (xixi na cama), alterações cognitivas

mento da respiração pelo nariz. Algumas vezes somente o

e comportamentais como déficit de atenção e hiperatividade,

tratamento cirúrgico ou medicamentoso não são suficien-

que podem gerar prejuízo no aprendizado e baixo rendimento

tes, uma vez que a criança pode ter desenvolvido hábito

escolar. Problemas de aprendizado são observados seis vezes

de respirar pela boca e a mudança para a respiração pelo

mais nas crianças com a síndrome da apneia do sono.

nariz inicialmente pode ser desconfortável.

O crescimento pode ficar prejudicado devido à diminui-

A criança que apresenta estes sinais deve ser avaliada e

ção da produção do hormônio do crescimento que é se-

tratada precocemente, pois algumas destas conseqüên-

cretado durante o sono.

cias podem ser irreversíveis. Por outro lado, uma vez corri-

Existem várias causas que contribuem para a ocorrência de ap-

gidas aumentam a chances de ter o crescimento e desen-

neia na criança. Uma das mais comuns é hipertrofia (aumento

volvimento adequados.

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CRIANÇAS PODEM TER APNEIA?


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Janela de oportunidades

Os novos conhecimentos em pediatria são revolucionários e proporcionam uma reviravolta no que sabíamos sobre a vida emocional dos bebês e das crianças principalmente até os seis anos afinal, nessa fase ocorrem as imensas modificações cerebrais caracterizadas por um processo aceleradíssimo de divisão celular cerebral. Segundo o pediatra José Martins Filho, presidente da Academia Brasileira de Pediatria e professor emérito da Unicamp, há quem diga que o que se aprende nesse período curto é muito maior do que tudo que o indivíduo aprenderá no resto da sua vida, mesmo que seja um gênio matemático, filósofo ou grande catedrático de qualquer matéria intelectual. “E isso tem uma importância vital, pois muitas dessas sinapses que estão no cérebro às vezes não são utilizadas, como se fossem chips em um computador, que nem sempre tem um programa para ser utilizado”, compara. Vida bebê |26

Esse programa é o que a criança vê, sente, cheira, ouve e armazena. Há muito tempo que a explicação para pequenos gênios musicais ou linguísticos era tida como uma sorte genética. Mas, à luz das novas verdades científicas, parece que a epigenética e, principalmente o meio em que essa criança vive, têm muita relação com o aproveitamento desse espaço a ser utilizado. “É isso que os cientistas chamam de ‘janelas de oportunidades’.

não é por esse motivo que se deve exagerar nessas informações. A orientação é apenas favorecer o contato com esses estímulos. Assim, famílias bilíngues, em que pai, mãe ou avós falam idiomas distintos, por exemplo, é interessante se comunicar com a criança com as várias línguas das pessoas que estejam perto dela. A mesma dica é válida em relação ao contato com outros eventos, como a música, que deve ser oferecida naturalmente e de forma variada, sem monotoSabemos que crianças nia. “Não adianta ‘encharcar’ a que ouvem música na criança com música clássica, rock ou jazz. Ela deve ouvir de tudo, gestação, no ambienconforme as características norte físico dos primeiros mais dessa família”, aconselha. anos de vida ou estão Além dessa fase potencial para sob a carga linguística o conhecimento, esse período de várias línguas aca- também pode ser marcado por bam por ter muito mais outros fenômenos abordados no livro que o pediatra lançou facilidade na vida futura recentemente: “O nascimento e para o desenvolvimento a família. Alegrias, surpresas e dessas aptidões” preocupações". Além dos primeiros mil dias da No entanto, é bom lembrar que criança (tema de reportagem na



edição anterior da revista Vida bebê), a obra aborda as janelas de oportunidades e o estresse nas crianças pequenas e mesmo nos lactentes, cujos efeitos muitas vezes passam totalmente despercebidos pela família.

crianças, também em constante atenção para reagir a alguma agressão. Esse estado de alerta é o responsável por respostas imediatas diante do perigo, como correr, saltar, voar, gritar ou se defender de um ataque e esse contínuo ESTRESSE PRECOCE “banho” dessas substâncias é leHoje um novo conceito chama- sivo para o cérebro. do de ETP (Estresse tóxico Precoce) vem sendo estudado e tem “Os trabalhos mostram relação com os primeiros mil que crianças que sofrem dias, com as janelas de oportuniesse estresse tóxico dades e com o desenvolvimento precoce são muitas vedo sistema nervoso central. Esse fenômeno pode representar zes lesadas, com dificuldades neuronais, com sérias repercussões para o resto da vida, como dificuldades escoperda de neurônios e lares, violência, déficit de aten- destruição das sinapses” ção e mesmo transtornos de hiperatividade. “Há crianças nessa situação O ETP é muito comum em que, pasmem, acabam tendo crianças terceirizadas, que re- diminuição do volume cerebral cebem pouca atenção dos pais e isso claro, com todas as conou passaram por um grande so- sequências terríveis de déficits frimento. neuronais claros causados muiSegundo o especialista, as crian- tas vezes inadvertidamente por ças submetidas a esse tipo de so- pais ou famílias que não tem frimento tendem a se manter em ideia da importância de atender alerta corporal e emocional má- prontamente crianças que choximos, com a liberação de vários ram”, afirma. hormônios provenientes do cé- Segundo ele, elas devem ser acorebro e estímulos principalmen- lhidas, cuidadas com afeto e com te que vem do hipocampo cere- muito carinho e atenção. “Porbral e das amigdalas cerebrais, que se uma criança tem uma que estimulam constantemente família que não a deixa chorar as glândulas suprarrenais a libe- prolongadamente, que atende rar adrenalina e principalmente seus anseios, seus medos e inhormônios (ACTH). tranquilidades, o organismo senEssas substâncias são respon- te o medo e sofre o estresse, mas sáveis por manter os corpos de ele não é tóxico”, observa. todos os mamíferos, e claro, das Isso porque, ao ser atendido, o Vida bebê |28

organismo dessa criança não desencadeia essa resposta na via hipotalâmica adrenal (ou via do estresse tóxico) e os danos e as lesões cerebrais podem ser evitados ou minimizados. O médico pondera que obviamente é preciso saber que as crianças têm uma resposta diferente a esses estímulos estressantes e muitas a resiliência, que é a capacidade de resistir ou neutralizar esses fenômenos. EXAME Atualmente já possível, através de exames como ressonância magnética cerebral ou até pela medida da concentração de cortisol na saliva, saber o grau de estresse de uma criança e o que possível fazer para ajudá-la. Estes estudos estão sendo desenvolvidos em algumas instituições internacionais, entre elas a faculdade de medicina da universidade de Harvard. “Cada vez mais podemos documentar claramente os efeitos danosos de atitudes inadequadas para com nossas crianças, como os reflexos da terceirização”, destaca. Por isso, Martins Filho insiste que sairia muito mais barato e viável para o Brasil adotar uma legislação que prevê uma licença maternidade maior, no mínimo de um ano e, se possível, de dois anos. “Uma criança só tem imunidade adequada para se defender das agressões físicas e psicológicas a partir dessa faixa etária”, finaliza.


Mini executivos O estresse tóxico não existe apenas na fase de bebês e lactentes, embora nesse período as lesões ocorram com mais facilidade. Crianças que não têm lazer ocioso com tempo livre para brincar com amigos ou cujos pais ou mães estão ansiosos o tempo todo também sofrem com o problema. Além da escola e das tarefas, a soma das aulas de inglês, espanhol, karatê, futebol, natação, enfim, o excesso de atribuições e compromissos podem transformar crianças em mini executivos, o que também representa uma vida altamente estressante.

Pediatra José Martins Filho Presidente da Academia Brasileira de Pediatria Professor titular, emérito, de pediatria da Unicamp

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Principais viroses entre as crianças

Dor de cabeça, de barriga, febre, gripe, diarreia, conjuntivite ou náusea. Esses são alguns exemplos que, cada vez com mais frequência, se resumem a virose, apesar de a palavra não ser considerada um termo técnico na medicina. Segundo o pediatra Alexandre dos Santos Martins, o uso comum da “virose” teve início quando não havia conhecimento e tecnologia capazes de identificar os agentes causadores das doenças incluindo os vírus, que são seres que dependem de células vivas para se multiplicarem. Atualmente é possível identificar grande parte dos vírus causadores de infecções. Contudo, a identificação não é solicitada rotineiramente pelos médicos por várias razões. Uma delas é que o organismo da criança costuma se livrar do vírus em poucos dias, antes até de os resultados dos exames ficarem prontos. Outro motivo é que grande parte das infecções causadas por vírus possuem sintomas muito parecidos no início da enfermidade. Isso significa que muitas dessas Vida bebê |30

doenças só poderão ser diagnosticadas alguns dias após o início do quadro com o surgimento de sintomas mais específicos, como a diarreia em uma infeção intestinal ou uma secreção abundante no nariz no caso de um resfriado comum. O médico também esclarece que as viroses mais frequentes na infância têm em comum uma evolução para a cura, sem a necessidade de antibióticos na maioria dos casos. “Dessa forma, o diagnóstico continua sendo clínico, sem a necessidade de exames laboratoriais, e baseados nos sintomas e estado geral da criança”, afirma. Portanto, quando o clínico ou pediatra diz aos pais que a criança tem uma virose, significa que se trata de uma infecção viral de evolução benigna e autolimitada, ou seja, que a doença vai evoluir para a cura após alguns dias. “Porém, o exame clínico do paciente e o diálogo entre o médico e os cuidadores da criança são imprescindíveis para sanar dúvidas quanto ao diagnóstico,

tratamento e as medicações”, completa. Ao contrário da cultura de procurar o Pronto Socorro imediatamente quando a criança adoece, o ideal é que os pais, em um primeiro momento, conversem com o pediatra para que seu filho seja examinado no consultório ou na Unidade Básica de Saúde (UBS). “Se a criança tem apenas febre, sem outros sintomas de gravidade, orienta-se hidratação e medicações, como antitérmicos para a febre”, explica. Ele ressalta que quando se avalia a criança nos primeiros dois dias muitas vezes não será possível determinar com precisão a causa dos sintomas. Por outro lado, os pais devem estar atentos a quaisquer sinais de alarme ou gravidade, como vômitos sucessivos, recusa até de líquidos (rejeitar a alimentação sólida e pastosa é muito comum e não significa necessariamente gravidade), sonolência exagerada, dificuldade para respirar, sensação de desmaio, qualquer sangramento (pelo nariz, boca,


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ânus e na pele), temperaturas acima de 39,5 graus ou indícios de desidratação. “Nessa situação a criança deverá ser examinada imediatamente pelo pediatra. Os serviços de Pronto Atendimento/ Urgência e Emergência são destinados a priori às situações de gravidade que envolva risco à vida. A consulta é mais objetiva e sua duração depende da gravidade dos sintomas”, esclarece.

As crianças menores de três anos têm um risco maior de adoecerem, tanto por doenças bacterianas e virais. O risco de gravidade aumenta em geral quanto menor a idade. “As crianças são mais susceptíveis porque o seu sistema de defesa, o sistema imunológico, ainda não se encontra totalmente amadurecido. No entanto, as crianças em aleitamento materno estão mais protegidas principalmente nos primeiros seis meses de vida, pois por meio do leite materno anticorpos e células protetoras passam da mãe para a criança”, enfatiza. INFECÇÕES As infecções respiratórias são as viroses mais comuns e se caracterizam por febre, diminuição do apetite e sintomas respiratórios, como secreção no nariz, tosse e dor na garganta ou rouquidão. São exemplo dessas doenças o resfriado comum, bronquiolite e a gripe. Os resfriados são causados por mais de 200 tipos de vírus coVida bebê |32

nhecidos. O quadro clínico se caracteriza por febre baixa, coriza abundante e tosse. Evolui na maioria dos casos sem complicações para cura, com melhora de todos os sintomas em torno de sete a dez dias. A febre dura em média dois a três dias e melhora no terceiro e quarto dia. Não há vacina disponível e o tratamento é a boa hidratação da criança, principalmente com água e sucos naturais. A limpeza do nariz com soro fisiológico, a inalação e o uso de medicação para febre, sob orientação do pediatra, fazem parte do tratamento sintomático. Já a gripe é causada pelo vírus influenza que, ao contrário do resfriado, cursa com febre mais elevada, dor de garganta e a criança pode estar mais prostrada e irritada por conta da dor muscular e dor de cabeça. Em pacientes menores de dois anos há risco maior de complicações, como falta de ar e pneumonias. A vacina contra o vírus da gripe está disponível gratuitamente para as crianças a partir de seis meses de vida até os seis anos de idade. A bronquiolite acomete a criança geralmente abaixo de seis meses e é causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR). Esse vírus infecta 100% das crianças entre um e dois anos. Na criança maior o quadro se assemelha a um resfriado comum com ou sem chiado no peito. “Porém, quanto mais cedo a criança for infectada, maior o risco de gravidade, que se caracteriza por uma respiração acelerada e difícil,

podendo levar a hospitalização para recebimento de oxigênio. Não há vacina disponível”, avisa. Em prematuros e crianças de risco (cardiopatas, portadores de doença pulmonar crônica, dentre outros) usa-se uma medicação que neutraliza o vírus (anticorpos monoclonais contra o VSR). Elas recebem a medicação de março a setembro, período de maior circulação do vírus. Já as infecções intestinais têm como principais agentes etiológicos os rotavírus e os norovírus. A infecção varia de um quadro leve, com diarreia líquida e duração limitada, a quadros graves com desidratação, febre e vômitos, podendo ocorrer também casos assintomáticos. É uma doença de transmissão fecal-oral via água, alimentos, contato pessoa-a-pessoa ou objetos contaminados. O principal tratamento para as gastrenterites virais consiste de hidratação e reposição de eletrólitos, por meio de sais orais ou soro caseiro, e hidratação endovenosa nos casos mais graves. Não há vacina para prevenir o norovírus. Já para o rotavírus existem duas vacinas: rotavírus monovalente administrada em duas doses e a vacina rotavírus pentavalente, disponível apenas na rede privada. AMBIENTES FECHADOS Além dos ambientes fechados, outras situações favorecem as viroses, como aglomerações, locais pouco arejados e com higiene precária são os principais fatores de risco para essas infecções.


Segundo o médico, crianças menores de cinco anos podem apresentar número variável de infecções. A criança pode apresentar, em média, de quatro a oito infecções respiratórias por ano. “Este número pode ser ainda maior (10 a 12 infecções por ano) quando da presença de irmãos mais velhos no domicílio ou quando frequentam creches e pré-escolas”, compara. Pais ou cuidadores tabagistas favorecem doenças respirató-

rias nos seus filhos.

Um estudo sobre o tabagismo passivo revelou que 51% das crianças até cinco anos são consideradas fumantes passivas por causa do vício dos pais. Elas desenvolvem mais otites, bronquites, rinites, asma e duas vezes mais morte súbita quando comparadas com as de pais

não fumantes. Ele lembra que, em geral, as pessoas dão muita importância ao contato com uma pessoa gripada, resfriada ou pela inalação de gotículas expelidas pela tosse ou espirros, o que é importante, mas muitas vezes esquecem que lavar as mãos é também essencial para prevenir o contágio. “Os vírus sobrevivem por semanas no ambiente, nas nossas roupas e nos objetos que manuseamos”, lembra.

Como evitar A criança deve desde a tenra idade manter um hábito de vida saudável, com alimentação balanceada, com frutas, verduras e legumes. Uma boa noite de sono também é uma ótima defesa para o corpo. Para os bebês, o leite materno é a melhor prevenção. Além disso, evite aglomerações e mantenha a casa aberta para trocar o ar. Prefira levar a criança em parques ao ar livre, onde o ar circula. Já em playgrounds fechados, como nos shoppings, ela respira o mesmo ar e os brinquedos poderão estar contaminados por outras crianças que os manusearam anteriormente. Lembre-se de lavar as mãos e as do seu filho com frequência e sempre. Não fumar é outra recomendação importante. “Muitos pais alegam que fumam fora de casa para não prejudicar os filhos, mas isso não adianta, pois o cheiro do cigarro fica no corpo e nas roupas do fumante. Assim as crianças acabam respirando isso e só o cheiro já é motivo de inflamação das vias aéreas de crianças e adultos. Além disso, não se esqueça de manter a caderneta de vacinação em dia”, finaliza.

Dr. Alexandre dos Santos Martins Pediatra

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Adoção, um gesto concreto de amor

Muito além da pretensão de satisfazer o desejo da paternidade ou da maternidade e ainda de cumprir um papel social de constituir a família, a principal motivação para a adoção vem do íntimo de cada ser humano que se dispõe a esse gesto e se resume a uma palavra: amor. Do seu sentido mais puro aos seus derivados, como doação, dedicação, zelo e carinho, esse amor implica também em superar barreiras do medo, do preconceito, da dúvida e da incerteza do que o futuro reserva quando alguém decide ter como filho uma criança que não traz a sua carga genética. A juíza de Direito Daniela Mie Murata Barrichello, da 3ª Vara Criminal e Vara da Infância e da Juventude de Limeira, descreve a adoção como um gesto de desprendimento por parte de quem adota pois, receber em seu lar, em sua rotina e em sua vida uma pessoa que não possui vínculo biológico pode parecer muito difícil para a maioria das pessoas. Com base em sua vasta experiência com crianças e famílias envolvidas neste processo, a juíza assegura que todos os casos atendidos são comoventes, mas Vida bebê |42

ao final podem trazer relatos felizes. “Os que mais comovem são as situações em que os menores que são colocados em guarda de casais cadastrados, mas ‘devolvidos’, ou seja, a adoção não é bem sucedida. Nessa linha, um caso que me comoveu muito foi o de um grupo de três irmãos que, felizmente, após a ‘devolução’ dos menores, eles foram adotados no Rio Grande do Sul”, conta. PREPARO PISCOLÓGICO

“Uma das etapas fundamentais para o êxito do processo de adoção é a avaliação do preparo emocional do casal ou do indivíduo interessado em adotar, além de outros fatores observados sob o crivo técnico” Segundo a juíza, os aspectos psicológico, social e econômico também são considerados. “Até porque não creio que, antes mesmo de se ter qualquer contato com a criança que se vai adotar, possa existir amor tão grande. O que existe é um sentimento bom dentro das pessoas que anseiam pelo aumento da família e que

desejam oferecer amor, carinho, atenção, cuidados ao futuro novo provável membro”, acrescenta. Pelo estudo psicossocial, é possível perceber se o candidato ou o casal tem de fato a disposição para se dedicar a um ser que não tem sua carga genética. “Essa análise é sempre feita pelos técnicos do Juízo”, explica. Ainda nesta fase, segundo ela, o simples fato de se ter dúvidas em relação à adoção não é necessariamente um sinal de despreparo. “Se a dúvida persiste e a intensidade da dúvida aumenta ou se revela algo perturbador ou fator de impotência, aí sim se tornam sinais negativos. Casais que querem ter filhos biológicos também têm dúvidas e nem por isso são considerados despreparados ou até mesmo maus pais”, compara. TEMPO DE ESPERA Para entrar na fila de adoção o primeiro passo é procurar o cartório da Vara da Infância ou o setor psicossocial do Fórum. De acordo com a Vara da Infância e Juventude de Limeira, existem 30 casais cadastrados na cidade. O tempo de espera para a con-


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cretização do procedimento, desde o momento que o casal se cadastra, pode variar conforme o perfil da criança que se pretende adotar. Segundo a juíza, quando o casal se interessa em adotar criança com até dois anos de idade, a espera é de cerca de um ano e meio após o cadastro. Ela esclarece que muitas vezes o processo é considerado lento porque é preciso haver o rompimento do vínculo do menor com a família

de origem. “Isso pode demorar muito e não o processo de adoção em si”, pontua. A exemplo de outras cidades, a maior parcela de crianças que está nos abrigos de Limeira foi retirada do convívio biológico dos pais, muitas vezes devido aos casos de maus tratos ou negligências, mas a paternidade ou maternidade não foram destituídas ainda. Isso porque normalmente é feito um trabalho com a família

na tentativa de permitir a volta do convívio. Somente quando essa possibilidade é esgotada, a criança fica legalmente apta a ser adotada. Além deste aspecto, grande parte da demora para a concretização da adoção é fruto da prevalência da preferência dos casais pelo perfil de pele clara, pouca idade, problemas de saúde não graves e sexo feminino. Esse “padrão” ainda é um entrave para que mais adoções sejam realizadas.

“Já nem me lembro que meu filho é adotivo” Depois do amor, a naturalidade é a palavra que ajuda a descrever a relação de um pai com seu filho adotivo. Sem expor a criança, ele compartilhou sua experiência com a Revista Vida bebê e contou que quando o bebê chegou em sua casa acabou dedicando a ele um cuidado até mesmo exagerado pois, como fez essa opção juntamente com sua esposa, entendeu que era preciso fazer o máximo pela criança. “O tempo passou e o laço de amor se consolidou de tal forma que nem lembro mais que ele é adotivo. Parece um filho biológico. Sinto um amor e um carinho indescritível por esse menino”, relata. A motivação do casal, que não tinha dificuldades para ter filhos biológicos, foi simplesmente o amor pela criança acolhida no lar. A exemplo dessa família, muitas outras surgem a partir da adoção ou se multiplicam por meio desse gesto que ajuda a reescrever histórias com finais felizes.

Daniela Mie Murata Barrichello Juíza de Direito

3ª Vara Criminal e Vara da Infância e da Juventude de Limeira

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Dra. Juliana P. Tamani Bullamah CRO-SP - 59930 Periodontista e Implantes Dentais

Dr. Juliano B. Bullamah CRO-SP - 70167 Endodontista e Reabilitações Estéticas

Implantes Dentais Caso clínico

Dir. técnico: Dr. Juliano B. Bullamah

Informe Publicitário

Uma evolução na arte da reabilitação bucal DEFINIÇÃO/HISTÓRICO

PRINCIPAIS INDICAÇÕES E TRATAMENTO

“Um implante é qualquer material anelástico (inorgânico) que pode ser colocado no organismo em função ficando inerte (sem desenvolver inflamação)” Por volta de meados dos anos 50, sabendo dos problemas que as pessoas enfrentavam com a falta dos dentes, o prof. Branemark, após inúmeras pesquisas, passou a se dedicar a produzir parafusos de titânio que serviam de ancoragem para próteses fixas, nascendo assim os implantes dentais que temos no mercado hoje em dia. Portanto há 45 anos, implantes dentais começaram a ser instalados em humanos, e o sucesso do tratamento se dá pela estabilidade e o íntimo contato que o osso tem com o implante, chamado ósseo integração.

Com os implantes, é possível reabilitar pacientes que perderam desde um único elemento dental até os completamente desdentados com próteses fixas ou removíveis, variando de acordo com a necessidade ou demanda do caso, sendo que a fixa sob implante tem benefícios sob a fixa dental convencional, principalmente por não requerer desgastes dos dentes vizinhos. Além disso, mesmo uma prótese total (dentadura) pode ter sua retenção aumentada pela incorporação de dois implantes auxi-

liares a mecânica da mastigação. Por se tratar de uma técnica com alta previsibilidade, quando bem indicada, pode-se lançar mão da colocação de um implante imediatamente após a extração de um dente e a prótese no mesmo dia, é o que chamamos de carga imediata e é o mais desejado pelos pacientes. Vale lembrar que qualquer tipo de técnica deve ser muito bem planejada para extrair o melhor resultado e um sorriso mais saudável e esteticamente mais perfeito para o paciente. Um sorriso comprometido pela falta de estética diminui sua qualidade de vida, por isso procure sempre um profissional especializado.

Caso clínico

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Escola de pais: aprendendo a educar Para termos uma profissão estudamos, para aprendermos a dirigir fazemos aulas ou para falarmos um novo idioma frequentamos a escola. No entanto, para nos tornamos pais ou mães, nem sempre temos oportunidades de nos prepararmos para essa complexa e desafiadora missão afinal, não há fórmula mágica, não há prova e tampouco diploma que ateste nossa capacidade para educar crianças e adolescentes. Por isso, a Escola de Pais, que é o único movimento de voluntários no país dedicado à formação de pais e educadores em geral, ajuda a preencher uma lacuna de extrema importância tanto para os novatos quanto para os mais experientes. O movimento foi trazido há 51 anos para São Paulo por um padre francês. Em Limeira, os trabalhos da Escola de Pais completaram 31 anos em outubro. Entre os pioneiros na cidade, destacam-se Diomedes e Nadya Maria Tamani. A Escola de Pais de Limeira é formada por oito casais que se alternam periodicamente na presidência, hoje o grupo é presidido pelo casal Ricardo Dragone e Jucely Dragone. De acordo com o presidente, o objetivo das atividades é orientar e capacitar pais, mães, avós ou qualquer agente educador que tenha uma criança ou um Vida bebê |48

adolescente sob seus cuidados.

“Compartilhar dúvidas, ensinamentos e experiências são alguns dos caminhos que visam proporcionar mais preparação para a arte de educar” Os trabalhos voluntários não são vinculados a nenhum credo religioso e a participação dos interessados é gratuita. TEMAS Com a finalidade de proporcionar a boa educação das crianças e adolescentes, preparando-os para viver em sociedade com o pleno exercício de sua cidadania, ciente de seus direitos e deveres, a Escola de Pais também favorece o relacionamento saudável das crianças e adolescentes com outras pessoas. “Tudo isso de forma ética e sem violência, buscando sua felicidade e a de seus companheiros e amigos, vivendo com plena independência e autonomia em sua vida adulta”, acrescenta o presidente. Temas como educação no mundo atual, necessidades básicas como amor e segurança, papel de pai e mãe, como educar da infância até a adolescência, como transmitir valores e limites, sexualidade e também ética, cidada-

nia e a cultura da paz são alguns dos assuntos abordados junto aos frequentadores da Escola de Pais. Situações cotidianas, como birras, indisciplina ou outros aspectos que envolvem o comportamento dos filhos também são tratados nos encontros. INSEGURANÇAS Segundo Jucely, as dúvidas e as inseguranças dos pais ou cuidadores não mudam tanto de uma época para outra. “Preocupações com a segurança do filho em relação às drogas, em como criar um filho resiliente e em como educar sobre sexualidade são algumas das mais comuns”, explica. No entanto, o tema que chama mais atenção hoje é sobre o uso das novas tecnologias, como tablet, celular, internet e tantos outros meios de comunicação virtual. Limites e monitoramento do uso são alguns dos assuntos presentes com frequência nas reuniões. ENCONTROS Do ponto de vista prático, os trabalhos consistem em encontros semanais. Um coordenador orienta e apresenta o tema da noite aos frequentadores da Escola de Pais. Depois disso, os participantes são divididos em grupos e debatem sobre o assunto. Em seguida, o coordenador finaliza com a


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posição da Escola sobre o tema. Como as atividades ocorrem na maioria das vezes em escolas ou igrejas onde existem crianças de todas as idades juntas, não há divisão de grupos conforme a idade dos filhos. “Além disso, como a troca de experiências é extremamente gratificante e proveitosa, os pais não são divididos em grupos conforme a faixa etária dos filhos. Os que já

passaram por alguma situação podem ajudar mostrando sua experiência aos mais novos”, salienta Jucely. Os temas são apresentados por sete semanas, uma vez por semana, sendo que a cada reunião tem um assunto diferente do outro, mas todos são interligados. Qualquer pessoa interessada em educação, como professores, educadores de forma geral, pais,

avós, tios e tias ou um cuidador que tenha alguma criança ou adolescente sob sua responsabilidade pode participar. A Escola de Pais pode ser contatada através do seu email. Pais ou mães também podem entrar em contato com a escola de seu filho, solicitando que a instituição também procure a Escola de Pais para que o trabalho possa ser realizado no local.

Ricardo Dragone e Jucely Dragone Casal presidente - Escola de Pais de Limeira

escoladepaislimeira@gmail.com.br

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Automedicação e seus perigos Quem nunca tomou um remédio para dor de cabeça sem prescrição médica atire a primeira pedra. Mesmo sabendo que a automedicação é um procedimento equivocado, culturalmente esse comportamento ainda é muito comum. Segundo a pediatra Marlene Ondani, essa conduta reflete principalmente o que ocorreu no passado em relação aos serviços médicos. “Antigamente o acesso aos serviços médicos era mais difícil. Quem cuidava dos doentes eram as avós e balconistas de farmácia”, explica. Atualmente, apesar dos avanços da medicina e da facilidade maior para obtenção de atendimentos médicos, as pessoas que apresentam algum tipo de dor ou desconforto normalmente recorrem primeiro a um chá, a um analgésico ou a outro medicamento usado pela vizinha ou por alguém da família. “O objetivo, em geral, é tentar uma melhora rápida. Algumas pessoas fazem isso para não perderem tempo indo até o médico. Outras procuram remédios mágicos” afirma. Em relação aos bebês e as crianças, os casos mais comuns de medicação sem prescrição ocorrem em situações de febre e resfriado. No entanto, seja o analgésico Vida bebê |56

comprado sem necessidade de receita ou até o antibiótico que sobrou da medicação do irmão, por exemplo, o consumo sem aval médico representa riscos graves para a saúde dos pequenos. A piora do estado de saúde ou até a possibilidade de mascarar os verdadeiros problemas são alguns exemplos típicos. INTOXICAÇÃO De acordo com a pediatra, dependendo da idade, a criança não pode tomar determinados tipos de medicamentos devido à imaturidade do corpo. “Até os três meses é melhor dar o paracetamol para a febre e evitar os outros antitérmicos”, exemplifica. A especialista também pontua o risco da criança ficar intoxicada, apresentar alergia e desenvolver reações graves, caso ingira uma medicação que não tenha sido prescrita para ela. “Um exemplo comum é o ácido acetilsalicílico. Se o paciente tiver dengue, pode ocorrer sangramento”, alerta.

por vírus, o quadro não melhora. Pelo contrário. Cria-se resistência ao tipo de antibiótico consumido. Da mesma forma, quando a mãe ou o responsável se esquecem de dar algumas doses do antibiótico, também favorecem o aparecimento da resistência bacteriana.

“O aparecimento da resistência bacteriana faz com que tenhamos que usar um antibiótico mais forte quando a criança apresentar outra infecção por essa bactéria” Normalmente, segundo ela, após três dias de consumo de antibiótico, o paciente apresenta melhora e o responsável interrompe o uso do medicamento. Esse comportamento também favorece o desenvolvimento de resistência, pois acabou a maior parte das bactérias, mas as que sobraram ficam fortalecidas em relação ao antibiótico utilizado. “Por isso, estamos usando cada vez mais antibióticos mais fortes. Assim, estão surgindo as superbactérias”, acrescenta.

ANTIBIÓTICOS Outro perigo da automedicação envolve os antibióticos. Quando ANTI-INFLAMATÓRIO essa substância é dada ao bebê ou Outro risco é a mãe dar o antibia criança devido a uma infecção ótico que sobrou do irmão, mas


não é próprio para a infecção da criança ou, ainda, utilizar o anti-inflamatório por conta. “Quando o médico vai examinar o paciente não encontra nenhuma alteração no exame físico e, quando essas alterações de fato aparecerem, poderão ser acompanhadas de complicações mais graves”, enfatiza. A médica explica que os corticoides são anti-inflamatórios e antialérgicos potentes que melhoram rápido as alergias e as febres, porém ocultam algumas infecções. Além disso, podem fa-

zer a criança inchar e alterar o crescimento. “Por isso só podem ser dados depois que a criança é examinada”, pontua. DOSE Outro risco do uso de remédio sem prescrição médica em crianças é o consumo acima da dose ideal, o que pode acarretar sonolência, gastrite, sangramento, irritação, vômito, dores abdominais e outras complicações. Categórica, a pediatra afirma não se deve tomar medicação sem orientação médica.

Os antitérmicos e analgésicos até podem ser usados pelos responsáveis pela criança antes dela ser levada ao médico, desde que esteja em bom estado geral. Todavia, é aconselhável que a criança faça um acompanhamento de rotina com o pediatra para saber se tem restrição a algum tipo de medicação e receber orientação do médico, qual remédio pode tomar em caso de dor ou febre, até passar em consulta. “Iniciou febre ou dor, o responsável já deve marcar consulta com o pediatra”, finaliza. Marlene Ondani Pediatra

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Retratinhos

Emily Geraldello

Fotos: Arquivo Pessoal

Sofia Nakashima Pedrosa

Miguel da Silva Bolognani

Livia SodrĂŠ

Gabriela do Nascimento Silva


SaĂşde

Os benefĂ­cios da

corrida de rua

Carreira

Desafios e oportunidades

depois dos 40 anos

Caderno Especial Ano III no. 10

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A febre das corridas de rua

A corrida é uma atividade física prática, que não precisa de muita estrutura e ainda pode ser feita ao ar livre, independente de horários. Talvez por essas vantagens tenha se tornado tão popular no universo feminino. Muitas mulheres saíram das academias e foram para as ruas, enquanto outras alternam ambos os ambientes na hora de se exercitar. Outra parcela significativa encontrou na turma da corrida um caminho para encontrar amigos, combater o sedentarismo, relaxar e cuidar da saúde e da beleza também. Além disso, cada vez mais eventos são realizados para esse público crescente. No entanto, no dia a dia, bastam um par de tênis, um top, uma camiseta e uma calça jogados no banco de trás do carro, uma folga antes ou depois do expediente e pronto. É só praticar o esporte. O professor de educação física, Davison Venâncio Sant’Ana, já percebia há cerca de cinco anos o aumento da adesão à essa modalidade. “Já tínhamos o grupo de corrida desde 2005. Eu corria com apenas duas alunas e, com o passar do tempo, começaram a vir mais mulheres. Nossa equipe era chamada de Roseiral”, recorda.

Com o passar dos anos, mais adeptos surgiram e, com a febre da corrida já consolidada, ele conta que já chegou a correr com quase 50 pessoas nas ruas de Limeira. “Esse foi o primeiro grupo de corrida que saia de uma academia”, lembra. Hoje, basta um rápido olhar mais atento pelas principais ruas, avenidas e parques da cidade para perceber que cada vez mais pessoas estão aderindo a essa modalidade, pois não existe exercício mais completo para melhorar a saúde e a qualidade de vida, segundo o professor. “São inúmeros os benefícios da corrida. Os mais importantes estão relacionados a uma significativa redução da incidência de neoplasias ginecológicas, principalmente o câncer de mama primário e secundário. A diminuição do risco direto da mortalidade por eventos cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (derrame), também é uma vantagem extremamente importante”, enfatiza. Outros benefícios envolvem a melhoras de diversas condições clínicas, como a Tensão Pré Menstrual (TPM) e a fibromialgia. Além disso, a atividade ajuda a

amenizar ou controlar problemas como diabetes e colesterol. Outro aspecto relevante é que muitas pessoas que aderem a corrida notam melhora no sono e redução no estresse.

“É uma atividade que libera bastante endorfina, proporciona prazer e ainda ajuda a emagrecer. Correr, enfim, torna a pessoa bem mais saudável” OUTROS BENEFÍCIOS A corrida também propicia uma série de outros benefícios, que podem variar conforme a faixa etária. Entre adolescentes, por exemplo, tem efeito positivo em relação a motivação em praticar exercícios e aquisição de um hábito saudável que pode se perpetuar em todas as outras fases da vida. “Na adolescência, a tendência de perder hábitos saudáveis é muito grande devido a atividades de escola e lazer, daí a importância da corrida no sentido de incentivar a adolescente a se exercitar”, pondera. Do ponto de vista fisiológico, praticar exercícios nesta idade Vida Mulher | 61


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favorece ainda uma vida adulta e a terceira idade mais saudáveis, com menos riscos de doenças. Quando adultas, o professor lembra que muitas mulheres passam a ter mais sobrecarga de atividades cotidianas ao conciliar papeis como o de mãe, esposa e profissional, sofrendo consequências como estresse e fadiga. Neste contexto, a atividade física melhora a tolerância a esta sobrecarga, diminui riscos de doenças e facilita o gerenciamento de seu repouso e descanso. “Um dos motivos desses resultados decorre da melhora na consciência corporal, dando limites de esforço para o corpo”, esclarece. Assim como nos exemplos anteriores, entre as idosas a prática melhora o condicionamento físico e a autoestima, diminui riscos de ansiedade e depressão. A corrida na terceira idade ainda pode auxiliar inclusive nos possíveis tratamentos clínicos de osteoporose, reposição hormonal, hipertensão arterial, diabetes e obesidade,

além de prevenir riscos de queda por melhorar o equilíbrio e a consciência corporal. LIMITES DO CORPO Independentemente da faixa etária, Venâncio enfatiza que o mais importante é respeitar os limites do corpo. Ele pontua que as avaliações de saúde e física oferecem metas personalizadas para a prática de corrida. Manter-se no ritmo apropriado significa sucesso no desempenho e prevenção de lesões. “Mulheres com mais idade não necessariamente terão treinos sempre mais leves, mas dentro do limite estabelecido para seu corpo pelas avaliações. Na adolescência, quando a energia disponível para ser gasta é muito maior, também devem ser respeitados os limites do corpo, pois as lesões podem aparecer da mesma forma. O que a adolescente tem é uma capacidade física de recuperação maior. Por isso o perigo do abuso”, alerta.

Por falar em abusos, a febre da corrida também demanda cuidados para não exagerar no ritmo, no percurso ou na frequência da atividade. Não há formula ideal, pois esses aspectos e limites são individuais. Por isso, para evitar que benefícios se tornam riscos para a saúde e impedir que o exagero na prática se transforme em vício, o professor faz um alerta importante: “Tudo na vida tem que ter o equilíbrio. Fica a dica: deixe seu corpo falar”, recomenda, ao se referir à importância de respeitar os limites e seguir orientações profissionais. Para quem leu essa reportagem, é sedentário e sentir vontade de reunir os amigos e formar uma turma da corrida, é preciso seguir essas orientações e mais uma dica essencial. “Não há restrição relacionada a formar a sua turma. Porém, é importante que cada corredora respeite os limites de seu corpo e siga as orientações dos especialistas”, finaliza.

Davison Venâncio Sant´Ana Professor de Educação Física

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Mercado de Trabalho depois dos 40 anos

Portanto, hoje, a tendência do ou atividades menos compleempresariado é unir o potencial xas”, orienta. do jovem com o conhecimento dos mais experientes. OFERTA A maioria das oportunidades ATUALIZAÇÃO para mulheres com mais de 40 Essa tendência não substitui, no anos está concentrada nas ementanto, uma necessidade funda- presas de pequeno e médio pormental: mulheres com carreiras te, que preferem pessoas que já já consolidadas também devem estejam treinadas e prontas para se atualizar antes de procurar entrar em ação. Para os cargos emprego. “A atualização nun- de liderança e gerenciais, os 40 ca deve parar, seja por meio de anos são muito bem aceitos e até leitura ou cursos inerentes à fun- priorizados. ção. Contatos com amigos da Ela ainda lembra que vagas opemesma área também facilitam racionais como de recepcionista, a indicação para o mercado de atendente, telemarketing, cuidatrabalho, ou seja, o chamado ne- dor de idosos, supermercado, cotworking”, aconselha. peira e auxiliar de limpeza tamPara quem vai se lançar ao merca- bém se empregam pessoas com do pela primeira vez aos 40 anos, 40 anos ou mais. alguns outros cuidados devem ser O fato de terem experiência observados, pois esse processo é pode tornar mulheres nessa faium pouco mais difícil devido à fal- xa etária uma mão de obra mais ta de conhecimento prévio sobre cara. De acordo com Vânia, “A maturidade traz mais a situação atual do mercado e as em algumas funções a expericomprometimento com principais demandas. ência acumulada possibilita reo trabalho e uma visão A ausência de experiência ante- muneração maior em relação ‘do todo’ diferente de rior pode ser um entrave impor- a candidatas mais jovens, pois um jovem. Também tante. “Nesse caso, é adequado o conhecimento e competênnessa faixa etária há ressaltar seus talentos, habilida- cia diferenciam o profissional, maior estabilidade no des pessoais e destacar trabalhos deixando-o mais atrativo, mais emprego por parte do informais realizados, mesmo que disputado e valorizado no quetrabalhador” sejam em estruturas mais simples sito remuneração.

Seja em função da maternidade, da insatisfação com o emprego, ou até devido a uma demissão, a volta da mulher ao mercado de trabalho ainda é encarada como missão difícil para muitas profissionais com 40 anos ou mais. Afinal, a idade de fato influencia tão negativamente assim nesse processo? Vânia Aparecida Pinto, proprietária da Agência de Recursos Humanos Tatuibi, lembra que não podemos generalizar, mas existe, de fato, dificuldade de retorno em determinados segmentos econômicos devido principalmente às atualizações constantes que algumas profissões exigem. Por outro lado, aos 40 anos, a maturidade, a experiência profissional e de vida podem tornar o currículo dessas mulheres mais atrativo.

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MUDANÇA Já para mulheres que aos 40 anos de idade estão insatisfeitas com sua profissão, alguns aspectos devem ser profundamente considerados antes de mudar de área. Primeiramente é preciso analisar o mercado, com suas necessidades e exigências, bem como suas habilidades pessoais. Posteriormente, deve-se procurar uma formação adequada, que capacite para essa nova etapa. “Talvez uma atividade autônoma diferenciada pode ser um caminho para o sucesso pessoal e profissional. Planeje e vá em busca de um sonho”, recomenda. TENDÊNCIAS As carreiras que podemos apostar para um futuro próximo são as ligadas ao meio ambiente e a sustentabilidade, como engenharia ambiental, engenharia de alimentos e de materiais. Também àquelas ligadas à qualidade de vida como lazer, turismo e edu-

cação física estão em evidência. Vânia ainda lembra que não podemos esquecer o envelhecimento da população, fator que deixa em alta as carreiras de farmácia-bioquímica e enfermagem. PREPARO EMOCIONAL Ao iniciar ou reiniciar uma vida profissional aos 40 anos as mulheres sabem das dificuldades que são impostas e também têm plena consciência que essa escolha veio depois de um período direcionado, em muitos casos, à criação de filhos. Ela lembra que a maternidade traz, juntamente com as responsabilidades, a felicidade pela participação integral na vida dos filhos. Nem todas as mães podem contar com a ajuda de familiares nesse período e optam por abrir mão da carreira temporariamente, deixando-a em suspenso para ser repensada depois. Essa opção, quando bem conduzida, só traz alegrias, segurança

e qualidade de vida para toda a família. De maneira mais simplista, a administração de toda a rotina diária é um trabalho que envolve logística, economia, educação alimentar e administração de tempo, entre outros. Ao voltar ao mercado de trabalho, a mulher estará plena, convicta da sua escolha e apta para recomeçar sua vida profissional. Saberá das dificuldades, mas a vontade impulsiona a seguir e ser útil também em outros ambientes. “Conheci uma jovem mãe que cuidava dos filhos e, quando eles dormiam, ela estudava muito. Quando os filhos começaram a exigir dela um tempo menor, prestou um concurso público muito concorrido e passou, pois foi se preparando ao longo do tempo, pacientemente, esperando a sua vez”, exemplificou. “Com amor, tudo o que fazemos será sempre um sucesso, ainda que leve um pouco de tempo para dar os frutos desejados”, finaliza.

Vânia Aparecida Pinto Empresária - Agência de RH

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