E Pr diç im ão av d er e a
ANO VI N. 22 Setembro/2014 R$ 6,90
Pediatria
Os primeiros mil dias do bebê
Movimento
Atividade física na infância
Influência Cultural: Gostos e interesses de pai para filho
Caderno Especial - Finanças em família, dicas e orientações
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Editorial Junto com a Primavera, estação das flores e cores, chega para você mais uma edição recheada de conteúdo inteligente, prazeroso e instrutivo. Nessa edição tivemos o privilégio de entrevistar o Dr. José Martins Filho, renomado pediatra que com muita autoridade fala da importância dos primeiros mil dias de uma criança. Também abordamos o assunto atividade física na infância, os cuidados e estímulos na medida certa. Na coluna Mais que Informação, Formação, Gilberto Celeti aborda com muita firmeza sobre nossos futuros estadistas, reclamamos da corrupção, mas, nossos exemplos tem permitido que nossos filhos entendam e rejeitem esse mal? E como sempre nosso muito especial Editorial de Moda com os lançamentos da coleção Primavera/Verão nas melhores lojas. Boa leitura! Raquel Penedo Oliveira Editora
Expediente
Capinha
Coordenação e edição Raquel Penedo Oliveira Jornalista responsável Erica Samara Morente MTb 53.551 Fotografia Michele Stahl Demétrio Razzo Shutterstock Dollar Photo Club
Projeto gráfico e diagramação Depto. de arte - Vida bebê Comercial Aderley Negrucci 99155-5100 Administrativo 3713-2212 | 3446-2919
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e-mail: revistavidabebe@gmail.com O conteúdo das reportagens são de inteira responsabilidade dos colaboradores, assim como as informações contidas nos anúncios.
Miguel Laureano Turquetti Veste : Hortelã Foto : Studio Michele Stahl
Índice
05 22 Criança: Um tema de estadista
Os primeiros mil dias do bebê
28 Atividade física na infância
Ultrassom e translucência nucal
34 Influência cultural em casa
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Finanças em família Vida bebê |4
Direito dos avós
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Mais que informação, formação! CRIANÇA - UM TEMA DE ESTADISTA Quando a criança será devidamente considerada? Há uma falta de consideração para com a criança em todos os níveis e camadas da sociedade. É urgente que pais, líderes e professores dediquem a sua atenção, pelo menos um pouco que seja, para o desenvolvimento moral, intelectual, emocional e espiritual de suas crianças. O período da infância passa muito rápido. Hoje há um desgaste tão grande na resolução de conflitos que surgem a partir da Pré-adolescência. Ah! Se todos tivessem pensado antes, e preparassem as crianças, desde antes do seu nascimento e estivessem presentes quando são bebês e pré-escolares para continuarem bem nas demais etapa de suas vidas. Quando será levado a sério o texto sagrado: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” Provérbios 22:6? Quando será obedecida a ordem de contar “à vindoura geração os louvores do Senhor, e o seu poder, e as maravilhas que fez” Salmo 78:4b?
Quando se atenderá a repreensão de Jesus: “Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus” Marcos 10:14? Infelizmente, não se ensina a criança O caminho, não se conta a ela sobre a grandeza de Deus, o Seu poder e as Suas maravilhas, não se deixa a criança vir a Cristo. O resultado? Uma geração rebelde, teimosa, infiel a Deus e des-
crente vai sendo formada. Quando a criança será devidamente considerada?
Pais, professores, pastores, políticos, pensem no futuro. Pensem nas crianças! Pensem naqueles que precisam ser preparados para serem os futuros estadistas!
Gilberto Celeti Superintendente Nacional da APEC Site: www.apec.com.br E-mail: gilceleti@gmail.com Vida bebê | 5
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Editorial bebĂŞ e infantil Fotos: Studio Michele Stahl
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Os primeiros mil dias do bebê
Do momento da concepção até os dois anos de idade, os primeiros mil dias da vida do ser humano representam um período de extremo aprendizado tanto na condição de feto quanto depois, pois o bebê desenvolve intensa atividade cerebral com milhões de divisões celulares de seus neurônios. Não é a toa que os cuidados com a saúde começam ainda durante a gestação quando, por exemplo, até mesmo o paladar do feto já é influenciado pelo tipo de alimentação da mãe. Da mesma forma, a demonstração de afeto nesta fase será decisiva para toda a vida, o que pode favorecer o desenvolvimento de um ser humano mais seguro, feliz e, portanto, melhor para o convívio em sociedade. Segundo o pediatra José Martins Filho, presidente da Academia Brasileira de Pediatria e professor emérito da Unicamp, o bebê já nasce com bilhões de neurônios e até por volta dos dois anos as divisões celulares e a formação de sinapses são intensas, o que
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representa uma capacidade elevadíssima de armazenamento de informações, ou seja, a “janela de oportunidades”. Estudos apontam que metade do crescimento cerebral da vida inteira ocorre até os dois anos, ou seja, proporcionalmente, os mil primeiros dias de vida representam o período de maior potencial de desenvolvimento em menor intervalo de tempo.
“Nesse período, além do aleitamento, a presença da mãe e da família é fundamental para o ótimo desenvolvimento cerebral. Por esse motivo é uma fase de grande importância para o resto da vida”, É nessa etapa da vida que a criança se desenvolve motoramente, ou seja, levanta a cabeça por volta dos dois meses, senta com seis, engatinha com sete ou oito meses, anda normalmente com
um ano e fala as primeiras palavras e frases quando chega aos dois anos. DESENVOLVIMENTO Isso tudo depende dos seus neurônios e das suas sinapses, mas, também, do ambiente que a cerca, seja intrauterino ou familiar. “Deixar de compreender isso e não valorizar esse cuidado e esse contato são erros graves que podem repercutir para o resto da vida”, avisa. De acordo com o médico, trabalhos científicos mostram que crianças sem vínculos, desmamadas precocemente e sem incentivo e apoio podem apresentar problemas comportamentais importantes na vida, como agressividade, violência, dificuldades escolares, entre outros. “Não basta que a criança seja amada. Ela tem que sentir que é amada”, destaca. Portanto, na opinião do especialista, a ida para a creche aos três ou quatro meses representa riscos do ponto de vista emocional, pois os bebês começam a entrar em contato com vários cuidadores preco-
continua
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cemente, o que pode marcar negativamente o seu desenvolvimento psicológico, rompendo o fundamental vínculo com a mãe. Além disso, ele menciona risco para a saúde, pois antes dos dois anos os bebês têm baixa imunidade e ficam expostos às bactérias e vírus de todas as demais que frequentam a mesma instituição. “Até porque muitas mulheres não hesitam em levar seus filhos para a creche mesmo que estejam com febre e diarreia. E o riso aumenta para todos”, alerta. LICENÇA MATERNIDADE Diante dessas agravantes e da necessidade de projetar uma sociedade melhor, mais justa e menos violenta para toda a humanidade, a luta para aumentar a licença maternidade no Brasil para pelo menos um ano é fundamental, no seu entendimento. Essa bandeira inclui uma maternidade e paternidade também mais conscientes, o que passa por uma reflexão individual também quando o assunto é planejamento familiar. Segundo ele, na maioria dos países
onde há preocupação com a infância e com o futuro da humanidade, o período de licença maternidade é de dois anos. “Os governos deveriam saber que esse tempo mais extenso se torna inclusive muito mais barato do que criar creches em tempo integral ou atender aos pedidos de creches a noite ou até nas férias. O melhor lugar para uma criança antes dos dois anos é ao lado da mãe”, enfatiza. Ele lembra que bebês deixados em creches precocemente ficam muito mais enfermos e necessitam de cuidados de saúde, medicamentos, atendimentos médicos, exames e até internações. Nas empresas ou nas instituições públicas, as ausências das mulheres nos seus postos de trabalho também se tornam muito frequentes neste período em que deveriam estar com seus filhos.
cisam trabalhar e ganhar dinheiro. “Educar, cuidar e amamentar são funções cansativas e que dão trabalho.
Quem não tem trabalho para cuidar de um filho é porque não o está cuidando. Eu sempre termino minhas conferencias dizendo que é melhor não ter filhos do que, tendo-os, não cuidar”, declara.
O pediatra lembra também que se tornar mãe ou pai é uma atitude de grande responsabilidade e é preciso pensar nesse assunto com muita atenção e carinho. Frases como: “E eu?”, “Como vou aproveitar minha vida” ou até mesmo “Esse bebê me sufoca” traduzem a insegurança em se tornar pai e mãe nos tempos de hoje. “Muito da violência, do abandono e da falta de RESPONSABILIDADE alegria do mundo em que vivemos, Categórico, Martins Filho reforça preocupado mais com o ter e não que as novas gerações não podem com o ser, com o erotismo e com a ser abandonadas pelos mais velhos, ganância, reflete essa insegurança com o pretexto de que as mães pre- paterna e materna”, finaliza.
Pediatra José Martins Filho Presidente da Academia Brasileira de Pediatria Professor titular, emérito, de pediatria da Unicamp
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Síndrome de Asperger para casos semelhantes, porém com atrasos menos significativos na fala. Mais recentemente, cunhou-se o termo Transtorno do Es-
Não fosse a credibilidade do Center of Disease
pectro Autista (TEA) englobando todos os anteriores.
Control and Prevention (CDC- Centro de Con-
Temos como características gerais do Autismo: Al-
trole e Prevenção de Doenças - USA), a pesqui-
teração na comunicação, na socialização (capaci-
sa poderia ser questionada. Mas não é o caso.
dade de estabelecer relacionamento) e no compor-
Dizer que, em média, nos Estados Unidos, temos
tamento (condições de responder adequadamente
uma criança dentro do espectro autista para cada
ao ambiente). É claro que as variações também
110 crianças de oito anos de idade é, no mínimo, alar-
ocorrem. Algumas crianças, apesar de autistas,
mante. Segundo Salomão Schwartzman esse e outros
apresentam inteligência e fala intactas. Alguns ca-
resultados de pesquisas recentes levantam a hipóte-
sos parecem fechados e distantes, outros presos
se de estarmos vivendo uma epidemia de Autismo.
a rígidos e restritos padrões de comportamento.
Ainda segundo Schwartzman o Autismo Infantil foi
Entre os estudiosos no assunto uma ideia é sen-
descrito inicialmente por Kanner quando ele iden-
so comum: “A detecção precoce do Autismo é
tificou crianças apresentando prejuízos nas áreas
a ferramenta mais eficaz que temos para fazer
da comunicação, do comportamento e da interação
a diferença na vida dessas crianças”. Eu já di-
social sem se encaixarem, entretanto, no grupo das
ria isso de outra forma: “Negar o problema e fu-
Deficiências Mentais. Um ano depois, surge o termo
gir do tratamento não muda o diagnóstico”.
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Aumenta o número de casos de Autismo em crianças de oito anos
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Atividade física na infância
Apesar da diversidade cada vez maior de brinquedos eletrônicos e jogos virtuais disponíveis para as crianças, elas normalmente manifestam, ainda nos primeiros anos de vida o interesse por alguma atividade física. Esse desejo pode ser observado até mesmo durante as brincadeiras individuais ou em grupo. Estimuladas por exemplos dos pais, irmãos mais velhos, tios, primos amiguinhos da escola ou, até mesmo instintivamente, esse despertar para algo que movimente o corpo e favoreça o desenvolvimento é uma oportunidade valiosa para pais e educadores incentivarem os pequenos, afinal, a prática de esportes na infância pode ser o ponta pé inicial de um hábito saudável para toda a vida. Segundo o professor de educação física Fernando Marmo Rossi, do Colégio Da Vinci, as referências familiares sempre despertam nas crianças a vontade pela prática esportiva, mas é no ambiente escolar que elas acabam conhecendo uma variedade maior de modalidades. “Além disso, o incentivo dos professores com jogos, torneios e apresentações também favorecem o in-
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teresse das crianças pela prática do esporte”, acrescenta.
“Lembrando sempre que o esporte deve ser praticado com objetividade, alegria e responsabilidade”, pondera.
o balé ou a ginástica rítmica, por exemplo, o professor afirma que o esporte não faz distinção entre masculino e feminino e a iniciação deve ocorrer a partir da preferência da própria criança. Para as crianças mais tímidas, os esportes coletivos podem ser indicados para que a integração seja mais estimulada. “Isso desde que haja uma boa orientação e incentivo emocional do professor, pois, caso contrário, o grupo pode intimidar ainda mais estas crianças”, adverte. Por isso, em geral crianças mais tímidas preferem esportes individuais, como natação, lutas, tênis ou balé, o que pode perfeitamente ser incentivado por pais e pelos educadores. Já as crianças mais agitadas encaram diversos tipos de modalidades, mas a disciplina que os esportes exigem faz com que alguns não deem sequência à atividade escolhida.
MODALIDADES Embora tradicionalmente os meninos prefiram esportes como futebol ou judô e as meninas escolham
TROCA Quando os assuntos são esporte e infância, a troca de modalidade é muito comum ao longo dos anos,
FAIXA ETÁRIA Em geral, não existe regra específica quanto à faixa etária para a iniciação da atividade física, pois a idade varia de acordo com o desenvolvimento da criança, a rotina da família e até mesmo com a modalidade escolhida. Há bebês, por exemplo, que fazem natação antes mesmo de completarem um ano de vida. Segundo o professor, a partir dos sete anos, as crianças podem vivenciar esportes com regras e disciplina. Porém, somente aos dez e onze anos, conseguem ter mais maturidade para a rotina da prática esportiva.
pois muitas crianças alegam que cansaram de determinada prática esportiva ou simplesmente querem conhecer outras opções. Segundo o professor, se atividade física for praticada apenas como foco na qualidade de vida, a vivência de diversas modalidades é interessante. “No entanto, caso a prática implicar em um objetivo maior em determinado esporte, devemos incentivar as crianças, demonstrando que tanto no esporte como na vida não conquistamos objetivos facilmente”, opina.
crianças, tanto na saúde do corpo quanto no desenvolvimento emocional e social. “Os esportes proporcionam boa formação corporal, desenvolvendo de várias habilidades motoras e consciência de seus limites. Também possibilitam autoconfiança para os desafios da vida, inclusive aprendendo a trabalhar em grupo”, observa. Apesar dos ganhos para a saúde física e mental, o professor lembra que todo exagero gera um risco, principalmente nos esportes que podem causar danos BENEFÍCIOS emocionais e físicos. Quando há Independente das modalidades, excessos, as crianças ficam soas atividades físicas represen- brecarregadas e, portanto, detam um grande benefício para as sestimuladas.
FAMÍLIA
Os pais devem tornar a prática de atividade física dos filhos algo prazeroso e não um meio de cobrança. Muitas vezes a pressão sobre os pequenos é estimulada pela competitividade dos adultos, pois muitos chegam a transferir nos filhos suas próprias frustrações ou anseios.
A prática esportiva deve ser encarada pela família como uma excelente oportunidade para a interação entre pais e filhos e estreitamento de laços, inclusive porque provoca a liberação de hormônios como a endorfina, responsável pela promoção do bem-estar.
Fernando Marmo Rossi Professor de Educação Física
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Cerâmicas Odontológicas Uma evolução na arte da reconstrução dentária
Dir. técnico: Dr. Juliano B. Bullamah
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Trata-se de um material, surgido no final do século XVIII, utilizado para a confecção de coroas totais e para a restauração parcial de dentes destruídos, que visa obter resultados estéticos e funcionais semelhantes aos dentes naturais. Desde então, a tecnologia empregada para a confecção deste material, cresceu exponencialmente. Atualmente, com as cerâmicas puras, e livres de metal, é possível a devolução de um sorriso harmonioso e da funcionalidade da boca. VANTAGENS DA CERÂMICA PURA EM RELAÇÃO A OUTROS MATERIAIS Estes materiais apresentam algumas vantagens em relação aos outros materiais utilizados, como o metal e com0 a resina. Devido a sua natureza vítrea, é o material que melhor imita os dentes naturais, em cor, em textura, em translucidez, em opalescência e em fluorescência. São altamente resistentes à coloração e abrasão, além de apresentarem superfícies extremamente polidas, o que dificulta a aderência de placa bacteriana, proporcionando restaurações mais duradouras e sem alterações com o passar do tempo. O inconveniente clínico mais comum, verificado nas coroas feitas com infra estrutura metálica, é o aparecimento de um halo escurecido na altura da
Dr. Juliano B. Bullamah CROSP - 70.167 Endodontista e Reabilitações Estéticas
gengiva. Isso ocorre, pela oxidação do metal e posterior escurecimento da raiz, o que compromete a estética e a satisfação do paciente. Nas coroas construídas em cerâmica pura ,esse problema não ocorre, pois sua infra estrutura é composta de um material branco (dissilicato de lítio),que além de proporcionar uma adesão química extremamente forte com a estrutura dentária, é altamente estético. PRINCIPAIS INDICAÇÕES As cerâmicas dentárias nos permitem alterar a cor e o formato dos dentes naturais, restaurarem dentes destruídos, por cáries ou por fraturas, e repor dentes perdidos com muita naturalidade. Dentre os procedimentos restauradores mais utilizados, podemos destacar as coroas totais ou parciais, as facetas cerâmicas, e coroas sobre implantes.
TRATAMENTO Previamente ao início do tratamento é necessário um planejamento detalhado do caso através de radiografias, de fotos e da confecção de um modelo encerado para o estudo do caso. O tratamento consiste em realizar pequenos desgastes na superfície dentária, na confecção de uma peça protética e na cimentação das mesmas com cimentos resinosos que possuem propriedades altamente estéticas, formando uma linha de união química entre a cerâmica, e o elemento dental imperceptível. Para tanto, é preciso um restabelecimento prévio da saúde gengival e oclusal, através de uma interação, entre as especialidades de periodontia, endodontia e prótese. Um sorriso comprometido pela falta de estética diminui a sua qualidade de vida, por isso procure sempre um profissional especializado.
Dente natural escurecido
Coroa total em cerâmica pura
Foto: Demétrio Razzo
Influência cultural: as preferências começam em casa
Por que gostamos de música clássica e não apreciamos tanto assim o estilo sertanejo? Por que preferimos o tênis ao voleibol? Ou, ainda, por que talvez a literatura moderna nos atraia mais em detrimento às obras tradicionais? Refletir essas preferências culturais hoje nos leva a diversos fatores sociais, econômicos e ambientais que nos influenciaram durante toda a nossa vida e, nessa volta ao passado, seguramente a família teve papel importante. Não precisamos necessariamente lembrar quais eram as canções que embalavam os almoços de domingo na nossa infância ao lado dos pais, avós, tios e primos. Mas, certamente, de alguma forma esses ritmos foram memorizados e associados a momentos agradáveis de nossas vidas. E é justamente essa sensação que pode ter alimentado, mesmo que indiretamente, nossas preferências culturais até hoje. Alguns especialistas em comportamento humano afirmam que, ao perceber que os pais ficam felizes com determinadas músicas, por exemplo, as crianças automaticamente consideram que elas sejam
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boas. Partindo desse pressuposto, o mesmo raciocínio pode ajudar a explicar os gostos literários, cinematográficos ou esportivos. EXEMPLOS PRÁTICOS Do ponto de vista prático, algumas preferências que se "aprendem" em casa podem envolver o estilo musical preferido no churrasco da família, o esporte que os pais praticam no clube, o filme que vão assistir no cinema, o livro que leem para os filhos na hora de dormir ou dispõem na prateleira da estante.
Muito mais que a força da influência, vale sempre lembrar que esses exemplos cotidianos também podem ser determinantes no desenvolvimento de hábitos para a vida toda. Da mesma forma, a ausência também pode acarretar pouca afeição dos filhos, futuramente, por essas atividades. OUTRAS INFLUÊNCIAS Depois das informações culturais familiares, à medida que a criança
cresce começa a ter contato com outras preferências, como o gosto musical ou esportivo dos amigos da escola, da igreja ou do curso de inglês. Esse leque maior de possibilidades pode ser perfeitamente equilibrado e assimilado com as influências dos pais. É pertinente também pontuar que, mesmo considerando que os pais têm influência na construção das opções culturais dos filhos, não devem privá-los de outros conteúdos apenas porque não gostam. É importante permitir que a criança conheça outros repertórios e desenvolva, à medida que cresça seus próprios gostos que, em mais ou menos intensidade, não deixarão de ter a influência familiar inicial. Além disso, inversamente, os filhos podem influenciar os pais, trazendo conteúdos culturais para casa que, acreditem, podem nos atualizar e reciclar afinal, a novidade sempre desperta nosso interesse. Já a decisão de acatá-la ou não é sempre muito pessoal. É exatamente esse ciclo que, seguramente, se repetirá como nossos filhos depois de adultos, com netos e as gerações que estão por vir.
Enzo Brigatto de Oliveira
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De pai para filho Desde que descobriu o sexo do seu filho, o empresário Edson Gouvea de Oliveira, de 40 anos, já imaginou que seu filho Enzo seguiria alguns de seus passos. “Gosto de muita coisa que a garotada curte, como revistas de super-heróis, brinquedos colecionáveis e séries de aventura, como Star Wars e O Senhor dos Anéis”, conta. Como os amigos e familiares sempre souberam dos gostos do pai, Enzo foi presenteado desde pequeno com roupas e brinquedos com estes temas. Além disso, o empresário conta que sempre gostou de desenhar e tocar bateria. Aliás, não apenas tocar, mas ouvir música a todo momento, principalmente rock. “Talvez por isso desde cedo o Enzo também goste de batucar em tudo e dança ao ouvir ritmos mais animados, apesar de nos primeiros meses de vida ter ouvido bastante música clássica”, afirma. Como o filho ainda é pequeno, seus gostos ainda estão começando a aparecer com mais clareza, mas, para o pai, já é possível perceber preferências em comum e outras bem diferentes, como o gosto por carrinhos, brinquedo que ele nunca tinha dado tanta importância em sua infância. O empresário pretende mostrar todo o conteúdo cultural que aprecia para o seu filho, além de ler livros, quadrinhos, assistir filmes, tocar bateria, desenhar e brincar muito. “Acaba sendo um prazer viver estes momentos e criar esse laço entre nós, para que eu possa influenciá-lo principalmente nas coisas mais importantes da vida”, declara. Para Edson, os gostos em comum podem também auxiliar Enzo a ter segurança em se abrir com ele, o procurando nos momentos de necessidade ou de dificuldade, além de desenvolver confiança quando o pai disser que determinadas programações não são boas. “Meu desejo é ser um grande amigo e parceiro de aventuras, brincadeiras e momentos ‘nerds’ mas sendo, antes de tudo, seu pai, pois nada educa mais que o próprio exemplo”, finaliza
Edson Gouvea de Oliveira Empresário e pai do Enzo
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Fotos: Studio Michele Sthal
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Aprendendo a ser professor
Um dos maiores desafios dos dias atuais para o professor é, fazer do aluno um ser autônomo, competente, crítico, cooperativo, autoconfiante, responsável, respeitoso, justo e igualitário. Para formar esse jovem é preciso inovar os conteúdos, diversificar as metodologias pedagógicas e ter um acompanhamento e avaliação constantes da aprendizagem. A coordenadora pedagógica Marcia Cristina Penedo Diniz explica que mesmo diante das novas tecnologias, como o avanço das telecomunicações e da informática, os alunos desde a infância têm acesso e fazem uso delas, tornando-os mais atentos e interessados em vários assuntos. Com certeza os alunos esperam que os professores façam uso delas em sala de aula e deve usá-las a favor do conteúdo a ser desenvolvido, e para isso é fundamental uma constante formação que atenda as necessidades e aos anseios dos alunos. Segundo ela, o professor deve aguçar
e explorar essa habilidade, mediando este conhecimento, oferecendo novas possibilidades de ensino, ampliando em suas aulas os recursos tecnológicos disponíveis, mostrar que o aprendizado não se constrói por meio da memorização do conteúdo, mas sim através do pensar, refletir, debater e construir o conhecimento. O professor deve ser o mediador da aprendizagem e não um mero transmissor de conhecimentos, deve promover a construção de conceitos, valores, atitudes e habilidades, fundamentais para o processo de formação enquanto pessoa e cidadão. Ela ainda ressalva que os alunos de hoje são mais participativos e questionadores, o que podem tornar suas aulas mais vivas e os assuntos mais interessantes. “Buscar novas formas de trabalhar o conteúdo, valorizar o conhecimento prévio dos alunos, aproximar, interagir e trocar ideias com eles, pois, quando estão interessados o resultado é muito melhor,
dando um novo significado para aprendizagem”, explica.
Aprender a aprender é outro grande desafio do professor, pois é um processo reflexivo que exige autoconhecimento. Buscar novas capacitações como cursos de aperfeiçoamento e aprofundamento, palestras, simpósios entre outros, além de aprimorar o currículo, enriquece o conhecimento através de diferentes abordagens. “Afinal, conhecimentos, habilidades e atitudes conduzem a um professor competente e a um eficaz processo de ensino e aprendizagem”, esclarece. “O professor que busca constantemente sua formação, é capaz de se auto avaliar de forma crítica e reflexiva, de lançar-se ao desafio do novo, ao grande desafio de aprender como se aprende nesses novos tempos”, conclui.
Marcia Cristina Penedo Diniz Coordenadora Pedagógica
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Ultrassom e a translucência nucal
Desde sua introdução em 1950, a ultrassonografia na obstetrícia é até hoje o método não invasivo mais utilizado para monitorar a gestação. Segundo a ginecologista e ultrassonografista Mariana Canina, trata-se de um procedimento de extrema importância no diagnóstico de malformações fetais, principalmente porque as anomalias fetais são fatores cada vez mais determinantes de morbimortalidade perinatal. A detecção dessas anomalias deve ser o mais precoce possível durante o pré- natal para que os pais sejam aconselhados da maneira adequada e o feto seja submetido ao melhor tratamento para sua anomalia, que pode ser por meio de uma terapia intrauterina ou até mesmo através do planejamento de parto e cuidados pós-natais em uma instituição apropriada e com profissionais especializados. O ultrassom morfológico do primeiro trimestre é considerado o exame mais detalhado desse período e constitui uma etapa fundamental na rotina do pré-natal. Os seus principais objetivos são a
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avaliação detalhada da formação inicial do feto e determinação dos riscos para doenças genéticas, entre elas a mais conhecida: a Síndrome de Down. “Nesta primeira avaliação damos importância à medida da translucência nucal (TN), osso nasal, ducto venoso e anatomia fetal”, explica.
A translucência nucal é uma medida realizada na nuca do feto entre 11 a 14 semanas de gestação, quando o feto estiver entre 45 a 84 milímetros de comprimento. A ultrassonografia geralmente é abdominal, mas, se a medida não for possível, pode ser necessária a realização do procedimento transvaginal. Se houver um acúmulo excessivo de líquido na região da nuca do feto, aumenta o risco do bebê ter uma alteração cromossômica, malformações ou alguma síndrome genética. Segundo a especialista, a medida da TN define quais pacientes têm mais ou menos risco de anomalias
fetais, principalmente a Síndrome de Down. “Neste caso considera-se risco aumentado quando o resultado é igual ou superior a 2,5 milímetros. A TN acima desse índice não está apenas associada a alterações cromossômicas, mas também a cardiopatias congênitas”, esclarece. Neste exame, de acordo com a médica, além do valor da TN, a avaliação médica leva em conta fatores como a idade materna e o histórico de filhos anteriores com Síndrome de Down. “O resultado será fornecido como uma probabilidade, considerando-se apenas a idade da mãe mais histórico e a medida da TN”, informa. RISCOS Toda mulher tem algum risco de dar a luz a um bebê com alguma alteração cromossômica. Mas esse número pode aumentar ou diminuir de acordo com os fatores já mencionados, entre os quais a idade da mulher (quanto mais velha a mamãe grávida, maior é o risco) e de história na família de alterações, chamado de risco ajustado ou individual. Se a mamãe tiver 30 anos, o risco
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inicial é de 1/100, ou seja, a cada 100 mamães, um terá um filho com anomalia cromossômica. Corrigido pela idade, histórico e TN, esse mesmo risco aos 30 anos é de 1/1000. Isto significa que, considerando apenas a idade da mãe, o risco é 1 em 100 (1%). Após a medida da TN, este risco foi corrigido para 1 em 1000 (0,1%). “Considera-se risco alto quando ele é superior a 1 em 100, ou seja, mais que 1%”, alerta. GRUPO DE RISCO Apesar dos detalhamentos dos números e das probabilidades, de acordo com Mariana, os testes de rastreamento da medida da TN não são perfeitos. “Eles conseguem separar um grupo de alto risco, mas, mesmo no grupo de baixo risco identificados pelo teste, poderemos ter fetos com Síndrome de Down”, observa.
Aceita-se, em geral, que a TN tenha uma sensibilidade de cerca de 80 a 90%, quando realizado no tempo certo da gestação. Isto significa que 80 a 90% dos fetos com Síndrome de Down serão classificados como alto risco. “Portanto cerca de 10 a 20% dos fetos com Síndrome de Down têm a medida da TN normal”, ressalta.
O cariótipo permite diagnosticar, além da Síndrome de Down, outras doenças do cromossomo, assim como nortear o diagnóstico para cardiopatias se o mesmo for normal. Além desde estudo, orienta-se também o exame de ultrassom morfológico de segundo trimestre realizado entre 18 a 24 semanas da gestação e a ecocardiografia fetal posteriormente.
O QUE FAZER?
Quando o ultrassom constata que a translucência nucal está aumentada, recomenda-se prosseguir a investigação com realização de biopsia de vilosidades coriônicas ou amniocentese, exames que permitem uma análise dos cromossomos do feto, chamado cariótipo.
Portanto, o ultrassom morfológico entre 11 e 14 semanas da gestação é de extrema importância no rastreamento de anomalias e identificação da população de risco para seguimento do pré-natal, tornando este mais especializado sendo possível fazer programações para o nascimento deste feto com uma equipe especializada e preparada para possíveis intervenções, caso haja necessidade.
Dra. Mariana Canina Ginecologista e Ultrassonografista
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As novidades para o teste do pezinho Desde o início deste ano, o estado de São Paulo passou a incluir a detecção de outras duas doenças no Teste do Pezinho: a hiperplasia adrenal congênita – que afeta a glândula adrenal e que provoca uma deficiência de enzimas e consequente desequilíbrio hormonal – e a deficiência de biotinidase – doença metabólica que se manifesta por distúrbios neurológicos, lesões na pele, convulsões e atraso no desenvolvimento. Com a decisão do Governo Estadual, a APAE de Limeira, referência na realização do teste em Limeira, já incluiu as doenças em seu exame Básico, e agora conta com a detecção de seis doenças: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme (e demais Hemoglobinopatias), Fibrose Cística, além das duas já citadas. A Equipe de Prevenção da Entidade passou por capacitações na APAE São Paulo que é pioneira no Teste do Pezinho no Brasil desde 1976. “O preenchimento correto da ficha e a coleta adequada podem salvar uma
vida”, destacou Luciana Benedetti Lavoura, coordenadora responsável pelo Teste do Pezinho na APAE Limeira. Ela explica que com a entrada das duas novas patologias, se fizeram necessárias atualizações sobre essas doenças (diagnóstico, sintomas, evolução, tratamento), bem como atualizações e esclarecimentos técnicos acerca da coleta e envio do sangue. “Nós realizamos estes testes na APAE Limeira, com ressalva para quando se tratam de alterações apresentadas no exame da biotinidase. Somente neste caso, é necessário fazer a recoleta na APAE SP porque o sangue colhido tem que entrar em análise em até 8 horas. Em casos quando o teste não foi feito em menos de 28 dias de vida, também é preciso fazer uma análise específica na APAE da capital”. De acordo com Luciana as doenças Fenilcetonúria, Hipotireoidismo Congênito e Deficiência de Biotinidase podem levar à Deficiência Intelectual, se não tratadas precocemente.
“É extremamente importante que o Teste do Pezinho seja realizado nas primeiras horas de vida do bebê para que se faça o diagnóstico precoce dessas doenças. Iniciar o tratamento assim que detectado o problema, previne que se desenvolva Deficiência Intelectual, e permite uma qualidade de vida melhor no caso das outras doenças”, explica. A APAE de Limeira realiza também os testes Mais e Super, que detectam ao todo 48 doenças, além do teste Básico. O exame faz a coleta de gotinhas de sangue do calcanhar do bebê, de forma rápida e segura, após as primeiras 48 horas de vida dele. Para mais informações sobre o Teste do Pezinho Super, realizado pela APAE de Limeira consulte o site: www.apaelimeira.org.br ou ligue (19) 3404-1569.
Luciana Benedetti Lavoura Coordenadora da Equipe de Prevenção APAE Limeira
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Retratinhos
Sofia Macedo Bosco
Fotos: Arquivo Pessoal
Celina Verzenhassi Toledo
Livia Caroline de Moraes
Davi Lucca Thiago Seigi Okada
Caderno Especial Ano III no. 9
Economia no lar
Ambiente
Finanças exigem diálogo
O lado bom de ser organizado
Família
Visita de avós agora é lei
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Finanças em família
Não existe melhor lugar para adquirirmos ou trocarmos os mais diversos tipos de conhecimentos do que nossa casa, em família, que é a base para uma sociedade equilibrada. Nela sempre encontraremos afeto e respeito mútuo. Em nosso lar, juntos, construímos os valores éticos e morais. E por que então não trocarmos conhecimento em relação a algo que nos acompanha do início ao final de nossas vidas, ou seja, a relação com o dinheiro? Quem nos convida a refletir sobre o assunto é o palestrante sobre finanças pessoais Jorge Paulo Rodrigues. “Sabemos que o dinheiro é um meio e não um fim. Mas, deixar de lado esse assunto em família poderá causar grandes prejuízos ao próprio relacionamento familiar”, afirma. Ele lembra que nossas decisões tomadas diariamente influenciarão nosso presente e nosso futuro e muitas delas, inevitavelmente, envolverão as finanças. No entanto, na prática, o que aprendemos a fazer com o dinheiro desde cedo? “O quanto uma
criança escuta em casa sobre esse assunto? Ou esse tema não é assunto de criança? Só se fala nisso quando há algum problema? O assunto é visto como outro qualquer?”, indaga. Segundo o palestrante, pertencemos a uma geração de consumo em que, definitivamente, nós, brasileiros, não fomos educados para poupar. Desde cedo, quando nossos pais, tios ou avós nos davam algum dinheiro recomendavam: “Toma aí um dinheirinho pra você comprar uma balinha, um docinho, um brinquedinho”. Raríssimas vezes alguém nos dava um dinheiro e dizia: “Guarde para o futuro”. Dessa forma, o cofrinho nunca enchia. Pelo contrário, quem nunca colocou a ponta da faca para tentar tirar umas moedinhas? Para Rodrigues, por conta dessa cultura de consumo, ficamos cada vez mais distantes da realização de nossos sonhos, pois nunca sobra dinheiro para guardarmos e concretizarmos o que sonhamos.
sua bagagem e compartilha o que já viveu uns com os outros. E essa troca de experiências deve passar pelas finanças também. “O assunto dinheiro não pode configurar mais o novo tabu da sociedade moderna. É preciso conversar sobre o assunto em família, definindo inclusive quem faz o que e quando faz”, ressalta. Quando todos colaboram o resultado é mais positivo e as brigas e discussões em volta do assunto tornam-se bem menores e quase escassas. Em algumas casas apenas uma pessoa ganha, em outras, todos precisam trabalhar. Portanto, não existe uma fórmula e cada família tem sua própria dinâmica.
“Cuidar bem do dinheiro vai mais além do que ganhá-lo. Todos podem contribuir para que ele seja bem usado”, explica.
A maneira como os gastos são realizados muda de uma casa para outra. Em alguns lares, quem ganha PLANEJAMENTO o dinheiro decide sobre os gastos. Em toda família cada membro traz Em outros, quem tem mais habili-
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dade com o dinheiro é quem cuida do assunto. “Não importa quem o faça, o importante é que haja um direcionamento do que será feito com o dinheiro que se trabalhou tanto para consegui-lo e traçar um planejamento para a construção de uma vida melhor e de conquistas que envolverão finanças”, aconselha. Falar sobre dinheiro em casa torna desejos e sonhos aparentes e favorece a oportunidade de traçarem, juntos, as metas para conquista-los. O ideal é que o assunto venha à tona sempre e não somente em momentos de crise para que a ideia de planejamento não esteja ligada a fatores negativos. Pelo contrário, é preciso que associações positivas sejam construídas nesse sentido. “Escolher um objetivo e colocar todos à mesa em prol dele, une as pessoas da casa e gera comprometimento para conquistar e realizar”, enfatiza.
EXEMPLO Uma boa prática para aliviar possíveis desentendimentos é a utilização de mesadas, semanadas para todos, inclusive para os adultos. Assim cada um terá a oportunidade de realizar desejos individuais sem gerar conflitos e mantendo o bem estar da família. “Seu exemplo fala mais forte que as palavras.
Ou o contrário. Tendem a guardar exageradamente, o que também não é uma atitude equilibrada. Passear no shopping pode ser bom, desde que não incentive o hábito do consumo excessivo. “O risco é que, na cabeça da criança, comprar, vire sinônimo de lazer e afeto”, alerta. Dar carinho, dedicar tempo, brincar, passear num parque, jogar bola, contar histórias, dar atenção Não existe uma receita ou ao que se fala e outras preciosas atiuma fórmula pronta quando tudes, dinheiro algum compra. se trata de como lidar com O especialista também lembra que dinheiro em família. É pre- os pais não podem se sentir culpaciso conversar e, principal- dos por não atender a todas as exmente, trocar experiências. pectativas dos filhos. Pelo contrário, Os filhos aprendem dos pais essa recusa configura até mesmo mais pelo exemplo do que em uma maneira de ensiná-los a por discurso ou sermões” lidar com dificuldades e a lutarem por seus próprios objetivos. O aprendizado começa de muito Pais que cedem a todos os desejos cedo. Pais que gastam mais do que de seus filhos estão arriscando que ganham estão formando a nova ge- eles se privem de uma atitude funração de consumistas que se tornarão damental para viver: ter garra para adultos descontrolados com dinheiro. superar desafios.
Jorge Paulo Rodrigues (JP) Palestrante e Consultor Financeiro
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Organização: ganhe tempo e qualidade de vida Um dia eu arrumo. Hoje estou sem tempo. Não tenho espaço. Essas são algumas desculpas que damos para nós mesmos quando o assunto é organização. Para superar esse desafio em casa ou no ambiente de trabalho proporcionando ganho de tempo e qualidade de vida, o mercado de prestação de serviços oferece o trabalho da Personal Organizer. Apesar de ser conhecida nos Estados Unidos e em algumas capitais brasileiras, essa atividade ainda é novidade na maioria das cidades. Na opinião de Rita Colella-Marra, tradutora por formação e personal organizer por opção, a desorganização é reflexo principalmente da agitação do dia a dia e da acomodação, pois organizar o que já está bagunçado leva tempo e esforço, inclusive físico. “Por isso, fico feliz em poder entrar na vida das pessoas e ensinar o que é ser organizado. Lembrando que arrumar não é organizar. Quando as coisas estão organizadas, cada coisa tem o seu espaço e nunca mais ficarão desorganizadas. Pode acreditar”, assegura. PREJUÍZOS Os prejuízos na vida das famílias desorganizadas e que vivem em ambientes desorganizados são inúmeros, como falta de tempo para Vida Mulher | 68
tudo, compra de itens que já existiam na casa, desgaste ao buscar um pertence ou um documento e não encontrar, e não saber onde colocar cada produto ou objeto novo que chega a casa. Esse cenário piora quando há crianças na casa, por exemplo, pois os filhos bagunçam os espaços e muitas vezes deixam sempre para que a mãe coloque tudo no lugar. “Um dos meus trabalhos é também ajudar os pequenos a aprenderem a organizar o que bagunçaram para tirar o peso das costas das mães. As mulheres já têm muitos afazeres e acabam deixando alguns de lado para fazer algo que não estava programado, perdendo tempo, ficando irritadas e sobrecarregadas”, afirma. Ter uma vida e um ambiente organizado facilita as tarefas do dia a dia e todos os membros da família podem contribuir para a organização, voltando o que tirou ao local pré-determinado.
Um dos benefícios imediatos da vida organizada é o ganho de tempo, além da redução de momentos de estresse e mais possibilidades para realizar atividades prazerosas com a família ou amigos ou filhos.
Os mesmos benefícios podem ser verificados em ambientes corporativos, com menos perda de tempo, de dinheiro e ganho em produtividade. MÃOS A OBRA Rita cita que muitas vezes as pessoas acreditam que serão julgadas pelo que têm e como armazenam seus pertences, o que não é verdade. “Meu trabalho começa com uma consultoria. Faço uma visita para conhecer o que a pessoa precisa organizar e tiro fotos, pois preciso estudar o que poderá ser feito”, explica. Ao iniciar as atividades, a personal conversa com o cliente sobre todas as opções, buscando aprovação para todas as ações propostas ou ouvindo os pedidos. Depois inicia-se a organização propriamente dita. “Alguns gostam de participar desse momento e outros preferem ver tudo pronto”, relata. Nesta fase, o cliente pode fazer descartes, doações, alocação de outro item ou reciclagem. Dentre seus trabalhos, ela organiza residências (todos os ambientes), clínicas, lojas, escritórios, estoques (organização e inventário). GESTANTES E NOIVAS O atendimento também pode ter finalidades específicas, como o acom-
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panhamento das gestantes, organizando tudo o que diz respeito ao bebê, do quarto até a rotina da criança. Ela também auxilia na mudança dos noivos da casa de seus pais para a nova residência, fazendo a organização dos espaços, presentes recebidos a trocar e até a primeira compra. Quem vai mudar de residência também pode se beneficiar do serviço. “Um erro muito comum em relação
à mudança é que as pessoas me contratam quando olham todas aquelas caixas na casa nova e não sabem o que fazer com elas. É importante sair da casa antiga com tudo organizado”, aconselha.
ou empresa, seja uma empregada, o cliente, os filhos ou funcionários. O contratante também pode optar por receber as fotos para manter tudo em seu devido lugar. É possível etiquetar tudo, além da opção da manutenção, com visitas MANUTENÇÃO em intervalos pré-determinados Antes de finalizar o trabalho de or- com intervalos de 15, 20 ou 30 dias ganização, é dado um treinamento a para fazer alguns ajustes, se necesquem irá manter o ambiente da casa sário.
Rita Colella-Marra Personal Organizer
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Direito dos avós Embora no senso comum ainda prevaleça a falsa ideia de que os avós são especialistas em mimos, empenhados exclusivamente em atender os dengos e “estragar” os netos nos finais de semana e férias, na prática esse comportamento está em processo de mudança ou até mesmo já mudou e muito, em milhares de famílias brasileiras. Cada vez mais participantes na educação e até no apoio financeiro das crianças, os avós ganham reconhecimento e direitos previstos na legislação brasileira. Para a defensora pública Marcelli Penedo Delgado Gomes, o papel dos avós na família extrapola os presentes e agrados dados aos netos como ainda existe no imaginário coletivo. “Não é raro vermos avós serem os arrimos afetivo e financeiro de seus netos. Portanto, é justo dizer que os avós são pais duas vezes”, enfatiza. Dessa forma, toda criança e adolescente têm direito de conviver com seus avós paternos e maternos, desde que obviamente não existam causas justas que levem a esta impossibilidade, como maus tratos e comportamentos reprováveis e inidôneos, entre outros. No entanto, segundo ela, até pouco tempo atrás não havia norma legal que garantisse o direito dos avós de visitar seus netos, o que vinha sendo
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garantido pelo Poder Judiciário em alguns casos. Para sanar qualquer dúvida sobre esse assunto, surgiu há três anos a Lei 12.398 que, mais precisamente em março de 2011, alterou o artigo 1.589 do Código Civil e o artigo 888 do Código de Processo Civil. “Ambos passaram a contar com previsão expressa do direito dos avós”, explica. VISITA
Atualmente, portanto, os avós, sejam maternos ou paternos, têm o direito de visitar seus netos. Caso os responsáveis pela criança ou pelo adolescente impeçam este direito, eles poderão recorrer à Justiça. Os avós que eventualmente tenham esse direito negado devem procurar o Poder Judiciário a fim de que um magistrado se for o caso, declare este direito e fixe dias e horários para seu exercício. “Caberá ao juiz avaliar a situação e decidir, levando em conta sempre o que for melhor para a criança ou adolescente”, esclarece. Infelizmente há diversas situações em que os pais proíbem os avós de conviverem com os seus netos. São casos que envolvem normalmente
conflitos patrimoniais, desavenças entre sogros e entre genros e noras, desentendimentos nas separações ou inimizade entre os pais e os avós. Esses e tantos outros semelhantes prejudicam o desenvolvimento emocional da criança e do adolescente, devido principalmente ao ambiente de briga ou tensão que propiciam. Nestas situações, os avós, portanto, têm o respaldo legal para buscar judicialmente a garantia de seu direito de conviver com os netos, através de visitas. GUARDA DOS NETOS Os avós, por terem vivido mais tempo, são fonte de experiência, de amparo emocional e, muitas vezes, de suporte financeiro, e devem ser valorizados pela família. A defensora pública lembra também que, além do direito à visita, eles podem pedir a guarda da criança ou do adolescente na Justiça quando necessário, como na falta dos pais ou, ainda, se os genitores não cuidarem do filho adequadamente. “Isso desde que os avós tenham condições de receber seu neto”, acrescenta. AMPARO As relações familiares envolvendo os avós, e seus dispositivos legais, também incluem outras possibilidades.
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Segundo ela, se os avós estiverem fragilizados e precisarem do amparo da família, eles podem pedir pensão alimentícia para seus familiares, como filhos e, inclusive, netos, casos estes possuam condições de prestar-lhes alimentos. O valor da pensão alimentícia será fixado pelo juiz, levando em conta a necessidade do avô e a possibilidade do parente escolhido para fornecê-la.
Ainda, é preciso consignar que em situações excepcionais, os avós também podem ser condenados pelo juiz a pagarem pensão alimentícia em favor do neto. “Quando o pai ou a mãe não suprem as necessidades dos filhos, os avós têm sido instados a fazê-lo quando convocados judicialmente, desde que possam economicamente cumprir a obrigação por seus filhos”, afirma. Para a defensora pública, não se
pode negar que o relacionamento dos netos com os avós é muito relevante para a formação da pessoa e para o contato com as raízes e a história familiar, ajudando no processo de autoconhecimento e formação de valores e ideias de vida. “Razões pelas quais é muito importante tutelarmos os direitos dos avós, sobretudo no que diz respeito à convivência familiar com seus netos”, conclui.
Dra. Marcelli Penedo Delgado Gomes Defensora Pública
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