Revista Vida bebê 30a Edição

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ANO VIII N. 30 Setembro/2016 R$ 8,90

Edição de Primavera

Maternidade Qual a diferença entre ser mãe e ter um filho?

amamentação

Um gesto de amor pelo bebê fala e linguagem - saiba sobre o processo de desenvolvimento

Caderno Especial - Namorar por quê e para quê?

www.vidabebe.com.br



Editorial Chegou mais uma edição de Primavera, delícia de estação, nos enchem os olhos as belezas da natureza. As redes sociais ficam repletas de flores! Adoro quando as pessoas colocam as flores de seus jardins mostrando o quanto cuidam e valorizam. E falando em cuidado e dedicação, o Dr. José Martins Filho fala nessa edição sobre a diferença entre ser mãe ou ter um filho, bem bacana, existe sim uma diferença muito grande entre planejar a maternidade, vivê-la intensamente ou ter um filho porque simplesmente estão cobrando, não deixem de ler, super recomendo! Na sequencia falamos sobre a amamentação como tempo de amor, carinho e também muita dedicação e por último o desenvolvimento da linguagem, os estímulos necessários e o tempo da criança. Mais uma edição com conteúdo rico em informações para as mamães e toda a família. Com amor!

Expediente

Raquel Penedo Oliveira Editora

Capinha

Coordenação e edição Raquel Penedo Oliveira Jornalista responsável Erica Samara Morente MTb 53.551 Fotografia Michele Stahl Demétrio Razzo Shutterstock Dollar Photo Club IStock

Projeto gráfico e diagramação Depto. de arte - Vida bebê Comercial Aderley Negrucci 99155-5100 Administrativo 3713-2212 | 99881-8207

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e-mail: revistavidabebe@gmail.com O conteúdo das reportagens são de inteira responsabilidade dos colaboradores, assim como as informações contidas nos anúncios.

José Marcos Delgado Rocco Gomes Veste: Charlotte Foto : Demétrio Razzo


Índice

18 30 Desafios da amamentação

Ser mãe ou ter um filho?

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Desenvolvimento da linguagem

Namorar, por quê e para quê?

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Personal stylist


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Fotos: Demétrio Razzo

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Editorial bebĂŞ e infantil Fotos: Studio Michele Stahl



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Ser mãe ou ter um filho? Embora pareça ter o mesmo sentido, planejar a maternidade e ter um filho podem ser decisões repletas de diferenças. Por instinto ou quaisquer outras motivações, muitas mulheres acabam optando por ter um filho, mas sem refletir o que é a figura materna, o que ela realmente representa e, exercem cada vez menos o papel de mãe. Além de ser mais recorrente, a terceirização, em alguns casos passa a ser vista com naturalidade. Além da profissão, muitas vezes outras atividades, inclusive o lazer, acabam sendo mais relevantes do que o exercício da maternidade. Em muitos aspectos e principalmente nos dois primeiros anos de vida, o papel de mãe consiste em privações e dedicação absoluta aos filhos. O pediatra José Martins Filho, autor de livros que abordam a terceirização das crianças entre outros assuntos ligados ao tema, lembra que, como qualquer mamífero filhote, a criança precisa de carinho, atenção, presença e afeto para se desenvolver. “O cuidado é essencial. O desenvolvimento cerebral fundamental na primeira infância, principalmente nos primeiros mil dias, necessita de cuidados especiais por alguém que de fato tenha dedicação, afeto e paciência para exercer esse papel”, afirma. Por isso, em suas obras, defende tanto a luta pelo aumento do temVida bebê |18

po de licença maternidade, como já preciso lembrar que o mais difícil ocorre em países desenvolvidos. é realmente o após o nascimento. O trabalho é importante, mas pode “Há países onde a ser postergado ou adaptado à vida licença maternidade do bebê. O filho tem que ser prioridura dois anos ou tário. Quem valoriza mais o trabamais porque sabem lho que um filho, não o tenha até que o melhor lugar que tenha certeza de que sua vida de uma criança nessa vai mudar muito”, orienta. fase é em casa e com Ele reforça que educar dá traos pais”, enfatiza. balho, exige tempo e dedicação, principalmente nos dois primeiPortanto, planejar a maternidade ros anos de vida. Considera que requer também pensar neste perío- as creches não são os lugares do de intenso cuidado que a crian- mais adequados, pois as crianças ça demandará. É necessário tentar não têm imunidade suficiente até planejar e organizar essa etapa da os dois anos de idade. “Por isso vida do filho e da família também não deveriam ir para as mesmas do ponto de vista prático. antes dos dois anos. Alguns países consideram até quatro anos a idade CONSEQUÊNCIAS recomendada. Mas pelo menos até O especialista lembra que o estres- os dois anos, o melhor lugar para se tóxico infantil, provocado pela uma criança é em casa, junto da fasensação de abandono, desprezo ou mília”, reforça. ausência dos pais pode ser muito prejudicial, levando até mesmo à le- ANGÚSTIA sões cerebrais devido aos hormônios O pediatra pondera que essas quescomo adrenalina e cortisol secretados tões deixam muitas mães e pais por crianças que não são devida- angustiados porque não estão premente cuidadas. “Isso leva a conse- parados para essa dedicação, mas quências futuras importantes como reforça que o ideal mesmo é que, irritabilidade, dificuldades escolares, em vez de creches, as crianças fiproblemas de relacionamento social quem sob os cuidados no ambiente e até à violência. Por isso, planejar é doméstico. Se a mãe precisa trabapreciso sempre”, alerta. lhar e o pai também, deveriam fiPortanto, considera que não deve- car com outro membro da família, ria haver diferença entre planejar como a avó por exemplo. “É mais a maternidade ou ter um filho. “É barato e muito mais saudável”.


continua

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Martins reconhece que administrar a dinâmica familiar depois do nascimento do filho não é tarefa fácil, considerando cada vez mais a necessidade de a mulher trabalhar. Por isso sugere, em casos em que outra alternativa não for possível, que as mães procurem se adaptar a um trabalho em que o filho seja prioritário e que possam pelo menos voltar para almoçar em casa com ele. Além do laço afetivo mais forte, acentua que as chances de a criança ficar doente diminuem à medida que a aproximação é maior com a mãe. Muitas vezes o filho acaba recebendo precocemente os cuidados terceirizados e mesmo assim a mãe acaba tendo que se ausentar do trabalho diante de várias situações em que a criança adoece. “Enfim, não é fácil, mas precisamos dizer a verdade so-

bre a maternidade, sobre a decisão de ter filhos e o que isso implica”. Muitas famílias encontram alternativas de minimizar as dificuldades para conciliar o que é recomendado e o que é possível. Se não há outra possibilidade que não seja a creche, é importante que ao menos seja próxima ao local de trabalho da mãe. Dessa forma, ela poderá sempre que necessário visitar o filho, mostrando a ele sua presença e priorizando a criança. “Sei que sou criticado por colocar tão claramente os aspectos científicos em torno da maternidade. Mas não tem outro jeito. É necessário pontuar que é injusto que as mulheres paguem esse preço. Elas querem se tornar mães, mas são sacrificadas porque a sociedade e o mercado não lhes dão o direito de ter uma licença

maternidade justa”, analisa. ESCOLHA NOBRE Por outro lado, acrescenta que ninguém é obrigado a ter filhos. “Essa é uma decisão nobre. É uma opção que deve ser escolhida com todo o cuidado e preparo possível”, declara. Apesar dos desafios e da tendência da terceirização dos cuidados com as crianças, pondera que a maioria das mulheres ainda considera a importância do papel de mãe. Muitas sabem perfeitamente que têm uma missão nobre na vida, que é ajudar seus filhos a se desenvolverem saudáveis, com amor e afeto. “A família é o maior bem da humanidade e precisa existir para permitir que a própria vida continue”, reforça. Ele lembra também as mulheres que reconhecem que é melhor não ter filhos do que tê-los e não os cuidar. Dr. José Martins Filho Pediatra

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Dra. Juliana P. Tamani Bullamah CRO-SP - 59930 Periodontista e Implantes Dentais

Dr. Juliano B. Bullamah CRO-SP - 70167 Endodontista e Reabilitações Estéticas

Implantes Dentais Caso clínico

Dir. técnico: Dr. Juliano B. Bullamah

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Uma evolução na arte da reabilitação bucal DEFINIÇÃO/HISTÓRICO

PRINCIPAIS INDICAÇÕES E TRATAMENTO

“Um implante é qualquer material anelástico (inorgânico) que pode ser colocado no organismo em função ficando inerte (sem desenvolver inflamação)” Por volta de meados dos anos 50, sabendo dos problemas que as pessoas enfrentavam com a falta dos dentes, o prof. Branemark, após inúmeras pesquisas, passou a se dedicar a produzir parafusos de titânio que serviam de ancoragem para próteses fixas, nascendo assim os implantes dentais que temos no mercado hoje em dia. Portanto há 45 anos, implantes dentais começaram a ser instalados em humanos, e o sucesso do tratamento se dá pela estabilidade e o íntimo contato que o osso tem com o implante, chamado ósseo integração.

Com os implantes, é possível reabilitar pacientes que perderam desde um único elemento dental até os completamente desdentados com próteses fixas ou removíveis, variando de acordo com a necessidade ou demanda do caso, sendo que a fixa sob implante tem benefícios sob a fixa dental convencional, principalmente por não requerer desgastes dos dentes vizinhos. Além disso, mesmo uma prótese total (dentadura) pode ter sua retenção aumentada pela incorporação de dois implantes auxi-

Caso clínico

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liares a mecânica da mastigação. Por se tratar de uma técnica com alta previsibilidade, quando bem indicada, pode-se lançar mão da colocação de um implante imediatamente após a extração de um dente e a prótese no mesmo dia, é o que chamamos de carga imediata e é o mais desejado pelos pacientes. Vale lembrar que qualquer tipo de técnica deve ser muito bem planejada para extrair o melhor resultado e um sorriso mais saudável e esteticamente mais perfeito para o paciente. Um sorriso comprometido pela falta de estética diminui sua qualidade de vida, por isso procure sempre um profissional especializado.


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colegio SĂŁo Benedito

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colegio SĂŁo Benedito

Leilani e seu filho Raul


clinica Alpha

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Juju bebê

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Juju bebê

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Superando desafios da amamentação Apesar de parecer um gesto instintivo, a amamentação requer preparo e habilidade das mamães, além do apoio da família. Embora conheçam amplamente os benefícios físicos e emocionais do leite materno para o desenvolvimento dos seus filhos, muitas mulheres encontram dificuldades e até se sentem culpadas quando não têm êxito nesta missão. Uma das queixas mais comuns são as fissuras do mamilo normalmente decorrentes da má posição do bebê em relação à mama, da desnecessária higiene da aréola e da técnica incorreta de sucção. Segundo a fonoaudióloga Eliza Carvalho, o banho de sol e a utilização de sutiã de algodão com orifício na região mamilar, assim como a aplicação do leite materno nos bicos para uma melhor cicatrização, são dicas básicas para evitar as rachaduras. Já o empedramento do leite, outro problema recorrente, é provocado pelo esvaziamento incompleto da mama. O leite não desce, endurece e causa um bloqueio no canal por onde passaria naturalmente. “A causa exata do canal bloqueado não é totalmente definida, mas pode ser resultado de roupa apertada porque a posição do lactente não permite a sucção eficiente e principalmente estresse materno, que bloqueia a atuação do hormônio ocitocina”, explica. Vida bebê |30

A melhor saída é deixar o bebê sugar até o completo esvaziamento da mama. Casa isso não ocorra, a ordenha manual ou o uso de bombas elétricas podem auxiliar as mães. O bico do peito para dentro também entra na lista de desafios durante a amamentação. Segundo Eliza, o ideal é que durante o pré-natal os seios sejam examinados para verificar se os mamilos são de fato protusos (bicos do peito para fora) e adotar as técnicas necessárias, com orientação de um profissional da saúde. Independentemente dessa característica, ela enfatiza que é importante que o especialista com prática em aleitamento demonstre a técnica correta para a amamentação para que estes momentos sejam de prazer e não de dor. “Na hora de amamentar, é importante colocar não apenas o mamilo, mas o máximo possível, da aréola na boca do bebê. É preciso dar apoio na base da mama para o peso diminuir na mandíbula”, orienta.

Para evitar desconfortos, ela lembra que é importante verificar se todo o corpo do bebê está junto ao da mãe (barriga-com-barriga) e se o filho está relaxado dando sugadas grandes e espaçadas, sem fazer barulho.

A mãe também deve estar bem sentada, ou deitada, sem curvar o corpo para frente ou para trás. De acordo com Eliza, as queixas de dores também são associadas ao desmame precoce, o que reforça ainda mais a importância de amamentar com a técnica correta. Dores podem ser amenizadas, por exemplo, mantendo os mamilos secos, expondo-os ao ar livre ou à luz solar, além de fazer a troca com frequência dos forros utilizados quando há vazamento de leite. Não usar produtos que retiram a proteção natural do mamilo, como sabões, álcool ou qualquer produto secante, é outra dica preventiva, além de amamentar em livre demanda. “A criança que é colocada no peito assim que dá sinais de que quer mamar vai ao peito com menos fome, com menos chance de sugar com força excessiva”, reforça. Outro conselho da fonoaudióloga é ordenhar manualmente a aréola antes da mamada se ela estiver ingurgitada, o que aumenta sua flexibilidade, permitindo uma pega adequada. “E se for preciso interromper a mamada, introduza o dedo indicador ou mínimo pela comissura labial da boca do bebê, de maneira que a sucção seja interrompida antes de a criança ser retirada do seio”. Evitar o uso de protetores (intermediários) de mamilo também é


aconselhável, exceto em casos específicos e mediante orientação profissional. A dica vale em todos os casos de eventual uso de acessórios. MITO A sensação de que o leite está fraco também pode atrapalhar o desempenho das mães. “Não existe leite materno ralo ou aguado. Até uma mãe com desnutrição leve ou moderada é capaz de produzir um bom leite. O receio de que o leite materno é mais fraco que o leite de vaca é falta de informação”, garante. Durante a gravidez, os seios se preparam para lactar, através de hormônios, principalmente o estro-

gênio e a progesterona. Depois do nascimento, ao sugar, o recém-nascido estimula as terminações nervosas que se localizam na aréola, enviando estímulos ao cérebro que resultam na liberação da prolactina, o hormônio do amor e principal hormônio da lactação, além da ocitocina, que rodeia as microscópicas células produtoras de leite, provocando o reflexo da ejeção do leite. “Todo leite materno é forte e adequado para o melhor crescimento e desenvolvimento do bebê até seis meses de vida. Nessa fase, não precisa dar outro alimento. No primeiro dia, a produção de leite é ‘pequena’. Esse leite, chamado co-

lostro, é transparente ou amarelado, tem alto valor nutritivo, é suficiente para as necessidades do bebê e age como uma ‘vacina’, protegendo-o contra doenças”, alerta.

O ideal é que o bebê receba apenas leite materno até o sexto mês de vida. Depois disso, a mãe deve amamentar por quanto tempo ela e a criança desejarem. Todos os benefícios continuam após o sexto mês e quanto maior o período de amamentação, mais o filho ficará protegido. Vários órgãos ligados à saúde recoVida bebê | 31


mendam o aleitamento até os dois anos. Além disso, Eliza menciona que após os seis meses a alimentação será completada com um cardápio saudável, sem a necessidade de leites infantis em mamadeiras. “As chupetas também são desnecessárias e prejudiciais”. Para mulheres que precisam fazer a extração manual, ela esclarece que o leite será suficiente para o bebê se ele é amamentado sempre que o peito for esvaziado, pelo menos a cada três horas. Depois da ordenha, deve-se seguir

recomendações cuidadosas para guardar, congelar e descongelar o leite. “A aparência pode mudar ao conservá-lo dado que os componentes com frequência se separam. Com a extração e a conservação adequada do leite, o bebê receberá quase os mesmos benefícios de ser amamentado”, compara.

parto. Depois deste período, o direito de amamentar durante a jornada de trabalho é de dois meses. Caso não tenha creche ou banco de leite no local de trabalho, pode-se negociar, por exemplo, uma hora a mais de almoço ou uma hora a menos antes do fim do expediente para a amamentação. O pai também tem direitos, como DIREITOS os cinco dias de licença paternidaA legislação trabalhista brasileira de. “Que ainda é pouco, mas dá garante à mulher o direito à licença- para trocar umas fraldas e preparar -maternidade de 120 dias a partir do uns lanches gostosos para a mãe de oitavo mês de gestação ou após o seu novo filho” sugere.

Leite materno, a fórmula ideal Na amamentação, o contato físico é maior e proporciona à mãe e ao bebê um momento de proximidade único. Esta interação que constrói o vínculo, o afeto e o amor tão necessário também para o crescimento e desenvolvimento do recém-nascido. O toque da pele, a troca de olhares, o cheiro e a voz materna são estímulos que fazem com que o bebê se sinta mais seguro e protegido. “Para aumentar esta ligação e este conforto, o colostro tem o mesmo gosto do líquido amniótico. Essa ligação emocional muito forte e precoce pode facilitar o desenvolvimento da criança e seu relacionamento com outras pessoas”, afirma. Os riscos de mortalidade neonatal também são reduzidos, pois metade da quantidade protéica do colostro é composta de fatores imunológicos passados para a criança, protegendo todo o sistema intestinal, digestivo e pulmonar. O leite de peito contém, na medida exata, todos os nutrientes (vitaminas, calorias, proteínas, água, ferro) necessários para o bebê. Além disso, possui glóbulos brancos e anticorpos que protegem a criança contra uma série de doenças como infecções respiratórias e urinárias, diarreias e alergias.Mamar também proporciona o crescimento saudável das mandíbulas e de toda a face. Para a mulher, ajuda o útero a regredir mais rápido e evita a hemorragia depois do parto, uma das causas de mortalidade materna no Brasil. Quem dá o peito também perde peso mais rapidamente e tem menos chances de contrair câncer de mama e osteoporose. “O leite materno é muito prático. Basta levantar a blusa e dar o peito para o bebê. Não precisa comprar leite e mamadeira, não precisa esterilizar, nem esquentar leite”. No início, o bebê deve mamar a qualquer hora, sempre que quiser. Primeiro deve esvaziar a mama oferecida para depois arrotar. Se necessário, voltar para a mesma mama e na próxima passar para a outra mama. Nas primeiras semanas as mamadas podem durar entre quinze a vinte minutos em cada mama, finaliza.

Eliza Carvalho Fonoaudióloga Vida bebê |32


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Desenvolvimento da linguagem Toda família espera ansiosa pelas primeiras palavrinhas do bebê. Porém, mesmo antes da fala, a criança já se comunica por meio do choro e de suas expressões que vão sendo interpretadas pelos pais. Segundo a fonoaudióloga Maria Emilia Reviejo Rigatto, o desenvolvimento da linguagem é gradativo. Mesmo que cada criança tenha seu ritmo próprio, existem fases específicas que devem ser observadas e estimuladas pelos adultos que cuidam e convivem com ela. “Conhecendo o desenvolvimento esperado para as diferentes idades e estimulando através de brincadeiras, é possível prevenir dificuldades no desenvolvimento da linguagem”, afirma. Do nascimento até os três meses as reações do bebê são mais reflexas e ele emite sons de vogais. Já entre os três e seis meses, a criança reage a interação com as pessoas através de sorrisos, olhar e emite muitos sons. “É importante observar o desenvolvimento da audição. Nesta fase ela já deve ser capaz de procurar barulhos e sons de vozes movimentando a cabeça para as laterais”, explica. Para estimular esses comportamentos os adultos devem manter o contato visual e oferecer brinquedos com sons para que o bebê seja estimulado a pegar. Dificuldades em procurar os sons ou de contato com o adulto podem indicar algum problema no Vida bebê |36

desenvolvimento que deverá ser investigado. A partir dos seis meses até por volta de um ano, a criança consegue emitir muitas sílabas diferentes, porém ainda não são palavras com significados. Quando quer atenção, ela grita ou protesta. Segundo ela, a compreensão também vai se aprimorando e o bebê já sabe o que significa quando falamos palavras como “ não” ou frases como “dá para mim” ou “olha o papai”. “A criança já dá tchau e joga beijos nesta fase”, acrescenta. As brincadeiras para estimulá-las neste período são variadas. Elas gostam normalmente de brincar de “achou”, lançar objetos e procuralos, ouvir músicas batendo palmas ou bater dois objetos. “Essas brincadeiras ajudam o bebê a aprender muitas coisas, como a relação de causa e efeito e a percepção de ritmo”, exemplifica.

Do primeiro aniversário até os dois anos a criança inicia a produção de muitas palavrinhas isoladas e vai progredindo até fazer a junção de duas palavras. Por volta dos dois anos o vocabulário deve ser de 20 palavras aproximada-

mente. A criança ainda não consegue pronunciar todos os sons da fala, por isso aparecem trocas, omissões e distorções. “Sempre que isso acontecer, apenas repita as palavras oferecendo o modelo correto”, orienta. Por volta de dois anos é indicado que a criança faça a retirada do hábito de sucção de chupeta. Na sequência, até os três anos, ela já participa de diálogos, forma frases simples e o seu vocabulário aumenta muito, chegando a produzir 200 palavras. É esperado também que nesta idade consiga se fazer entender por pessoas que não são de seu convívio diário. Ainda nesta etapa da infância as brincadeiras de imitação se iniciam e a criança gosta de fingir que dá comida para as bonecas ou aos bichinhos por exemplo. São as brincadeiras de faz de conta. Contar histórias nesta fase é uma excelente forma de estimular a compreensão e a fala. Dos três aos quatro anos a criança já fala frases mais completas e relata fatos do seu dia a dia. Conforme vai crescendo, produz sons que necessitam de mais refinamento no movimento para serem realizados. “Por isso, algumas crianças ainda têm dificuldades para falar palavrinhas com grupos com r ou l, como prato ou planta. Nesta fase as brincadeiras se multiplicam e é muito importante o convívio com outras crianças”, avisa. Aos quatro anos é muito comum os


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filhos colocarem os pais em situações desconcertantes pois são muito curiosos e fazem muitas perguntas. As respostas são importantes para a percepção do mundo que as crianças estão construindo. “Por isso são ainda mais atentos as histórias e conseguem contar fatos quando fazemos perguntas a eles também”. Aos cinco anos a criança já é capaz de recontar histórias conhecidas, usa corretamente os tempos verbais, pede informações e utiliza orações mais completas. Jogos de regras simples incentivam a tolerância, a atenção e a memória. Portanto, são ótimos estímulos nesta fase. Aos seis anos, consegue articular corretamente a maioria dos sons da fala. Relata fatos com frases gramaticalmente estruturadas. Narra com detalhes histórias conhecidas e inventa outras com coerência entre os fatos. “Consegue manter uma ‘conversa’ com o adulto. Reconhece letras e escreve palavras simples”, esclarece. Brincar com rimas, trovinhas, parlendas, ler, ouvir histórias e apreciar músicas infantis são atividade essenciais neste momento, pois preparam a criança para a alfabetização. Dessa forma, ajudam no desenvolvimento de habilidade necessária na aprendizagem da leitura e escrita. AUDIÇÃO O papel da audição é fundamental durante os primeiros anos de vida. Se a criança tiver alguma dificultade, não estará ouvindo os sons das palavras de forma adequada, o que significa que também poderá produzir sons de forma errada, como eles são ouvidos. Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem, dificuldade na produção de sons da fala e na percepção

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do som, bem como na realização dos movimentos específicos para um fonema são algumas consequências comuns. “Há forte relação entre problemas auditivos e de fala. Por isso a importância de uma avaliação auditiva nas crianças que têm problemas na fala”, recomenda. GAGUEIRA Segundo Maria Emilia, a gagueira também é uma dificuldade comum na infância. Embora algumas crianças apresentem o problema de forma passageira, se houver persistência por mais de seis meses ou, ainda, se for intenso a ponto de atrapalhar a comunicação, a família deverá procurar um fonoaudiólogo. As causas da gagueira ainda não são totalmente conhecidas e os sintomas e forma de ocorrência também são muito variadas.

O excesso de aparelhos eletrônicos e uma rotina cada vez mais agitada podem interferir negativamente no desenvolvimento da fala e da linguagem, pois podem diminuir a frequência com que a criança é inserida em diálogos. Podem ainda reduzir a quantidade das brincadeiras corporais e imaginativas. Segundo ela, o uso de aparelhos eletrônicos estimula indiretamente a criança a evitar os conflitos dos relacionamentos interpessoais, pois nesses aparelhos há um certo isolamento e nos jogos uma recompensa imediata após cada atividade. “Isso pode

prejudicar a maturidade emocional que só os relacionamentos humanos promovem”, alerta. Por outro lado, também não há como negar que os meios digitais podem e devem ser usados como grandes aliados estimulando o desenvolvimento de uma série de habilidades cognitivas e de linguagem. “Esse assunto divide opiniões. Por isso, é necessário que a família encontre formas variadas de entretenimento e atividades que promovam o desenvolvimento global da criança”, sugere. BUSCANDO AJUDA Em geral, os pais procuram o tratamento com fonoaudiólogos espontaneamente ou por recomendação da escola. Isso é muito importante porque minimiza o sofrimento que a criança pode ter frente aos amigos e mesmo frente aos adultos que às vezes não compreendem o que ela quer dizer. “Atualmente sabemos que o atraso na aquisição da fala e linguagem podem ser indícios de que a criança poderá ter também dificuldades na aprendizagem acadêmica. Um bom exemplo disso é a dislexia”. A especialista reforça que a partir de qualquer suspeita de que a criança esteja apresentando alguma dificuldade é importante buscar ajuda ou orientação profissional. Ela reforça que aprendizagem de todos os sons da língua acontece progressivamente até os seis anos de idade. O fonema "r", como na palavra "morango", está entre um dos mais difíceis de serem aprendidos. Assim, palavras como "laranja" podem virar "laanja", ou "prato" pode estar sendo pronunciado como "pato". “Portanto, podemos afirmar que


uma criança apresenta problemas se observarmos que sua dificuldade não é esperada para sua idade”. Trocar sons como "boca" por "poca", "dado" por "tato", "gato” podem estar caracterizando dificuldades de pronúncia, com necessidade de tratamento mesmo em crianças pequenas. TRATAMENTOS Os tratamentos são muito variados e não há uma generalização que sirva igualmente para todas as crianças. Cada caso vai se desenvolver de acordo com a parceria estabelecida da criança com o fonoaudiólogo e a família.

Uma avaliação atenta e criteriosa, que leve em conta o padrão de comunicação da criança, suas limitações e habilidades, possibilita uma abordagem individualizada com objetivos para cada caso específico. Ela explica que um mesmo sintoma de trocas na fala, por exemplo, pode exigir abordagens diferentes dependendo do fator causador do problema. PREVENÇÃO Estimular as crianças através de brincadeiras, contato social, músicas, histórias e jogos é uma forma natural de prevenir problemas ligados ao de-

senvolvimento da linguagem. Da mesma forma, o ambiente familiar deve favorecer a comunicação da criança. Os membros da família devem sempre tomar o cuidado para não imitar a sua fala quando ela não for correta e não usar uma linguagem mais infantilizada do que a sua faixa etária. “Também é preciso tomar cuidado e não exigir da criança habilidades de comunicação que ela ainda não possa realizar. E em caso de dúvidas quanto ao bom desenvolvimento da comunicação, é sempre importante buscar orientação de um fonoaudiólogo”, finaliza.

Maria Emilia Riviejo Rigatto

Fonoaudióloga

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Retratinhos

Alice Rigatto da Fonseca

Miguel da Silva Bolognani

Lorenzo Scharlack

Fotos: Arquivo Pessoal

Gustavo de Oliveira Almeida


Caderno Especial Ano V no. 16

relacionamento

Por quê e para quê namorar?

comportamento

O que nossa roupa diz sobre nós

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Namorar, por que e para que?

Repleto de muitas expectativas e romantismo, o namoro é uma forma de relacionamento a dois extremamente importante para o conhecimento da pessoa com quem nos relacionamos. O namoro também poderá resultar na tomada de decisões mais sérias que certamente impactarão definitivamente em nossas vidas e até na formação de uma nova família. No entanto, essa fase normalmente chega com tanta naturalidade, geralmente depois da adolescência, que acabamos nem sempre refletindo profundamente sobre ela e tampouco somos educados para isso. Muitas vezes desperdiçamos a chance que o namoro representa para até mesmo nos tornarmos pessoas mais maduras e preparadas para outros passos do relacionamento amoroso. Pensando exatamente em proporcionar essa reflexão e acima de tudo favorecer a melhor preparação para a vida a dois, a ABC do Sim traz o tema namoro em um dos seus dez cursos inéditos de educação para os relacionamentos. A empresa considera que namorar

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é algo sério e isso deve ser pensado antes ou depois do início de qualquer relacionamento a dois. O conceito do namoro deve ser refletido tanto por quem busca alguém especial, tanto por quem já encontrou e deseja melhorar a qualidade desse relacionamento e consequentemente de outro passo que dele surgirá. De acordo com a idealizadora da ABC do Sim, Raquel Penedo Oliveira, o objetivo deste curso é que as pessoas entendam o significado do namoro e se preparem melhor para essa experiência a dois. Sem dúvida, essa educação voltada para o namoro aumentará significativamente as chances de êxito até mesmo do casamento posteriormente, além de interferir positivamente em toda a dinâmica familiar que poderá surgir. APRENDIZADO No curso Aprenda a Namorar, a ABC do Sim sugere diversas perguntas que incentivam a compreensão dos mecanismos desse relacionamento a dois.

“Namorar por que?” e “Para que?” são algumas das indagações que ajudam a refletir não somente sobre a maturidade de cada um, mas também mostram que o namoro representa uma oportunidade ímpar de observar o outro e a si próprio. Se atentar, por exemplo, a forma como o seu namorado trata seus familiares ou como age em situações domésticas cotidianas pode ajudar ambos a se prepararem melhor para o próximo passo. A tendência é que, caso o namoro evolua para o casamento, esses comportamentos se repitam. É também no namoro a chance de saber dos hábitos do outro, com o qual você poderá conviver diariamente se resolverem realmente se casar. E mais ainda, poderão influenciar também na educação e formação dos filhos.


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EXPERIÊNCIAS ENSINAM Também neste curso, o aluno terá acesso às ferramentas que o estimularão a refletir sobre suas experiências anteriores e extrair o aprendizado que elas proporcionaram. Que erros devem ser evitados, por exemplo, ou que tipo de expectativa podem estar alimentando, mesmo que inconscientemente, com base em relacionamentos e vivências passadas, inclusive no seio de suas próprias famílias. Não é raro nos inspirarmos naqueles que temos como referências desde pequenos, mas é sempre pertinente considerar que podemos e devemos aprender sempre mais. Portanto, de forma didática e interativa, o curso também inspira o aluno a pensar sobre o reflexo dessas experiências de outros relacionamentos no momento atual. Também terá que considerar as expectativas e até mesmo frustrações pessoais que muitas vezes transferimos indevidamente para as pessoas

com quem nos relacionamos. AUTOCONHECIMENTO O curso da ABC do Sim mostra que o namoro favorece o autoconhecimento pois, só vivenciando essa experiência a dois, é que descobrimos alguns traços da nossa personalidade que nem sempre ficam evidenciados quando estamos sozinhos ou convivendo apenas com amigos, familiares ou no ambiente de trabalho.

Conhecer a si mesmo, conhecer alguém de quem você gosta, planejar uma vida juntos e fazer acontecer são verdadeiros passos para a felicidade afinal, a vida amorosa continua sendo um dos principais empreendimentos pessoais dos indivíduos.

FELICIDADE Para a ABC do Sim, o amor não é algo que fica restrito aos momentos românticos entre o casal, mas um sentimento que se estende pela vida dos dois e toda a complexidade que ela representa. E, nesta vida em comum que se constrói, cada um continua com suas próprias lutas, desejos e alegrias. Portanto, é sempre importante se preparar também para dar apoio, entender, pensar juntos e até mesmo aceitar coisas que não serão mudadas. Considerar o namoro um relacionamento sério é também reforçar que deve proporcionar felicidade para o casal. Um namoro que começa a se caracterizar por cobrança, ciúmes e obrigações precisa urgentemente rever seus conceitos. É preciso ser levado a sério e de modo realista, como é mostrado nas dicas do curso afinal, quem disse que a felicidade também não é algo sério a ser almejado?

Raquel Penedo Oliveira Coach e idealizadora da ABC do Sim

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O que nossas roupas dizem sobre nós A forma como nos vestimos diz muito sobre nossa personalidade. Nossas roupas são como uma “casca” que colocamos todos os dias ao desempenhar diversos papeis em casa, no trabalho e na esfera social. Para a personal stylist Sarah Assumpção, da consultoria Styling SA, a roupa representa aquilo que deixamos o outro ver, juntamente com nossas atitudes e comportamentos. “O vestuário é como uma ponte entre nosso mundo interior e o exterior. Consciente ou inconscientemente, é de nossa natureza analisar tudo o que vemos e enquadrar as informações dentro de parâmetros ou conotações que atribuímos de acordo com nossa cultura, valores e experiência de vida”, afirma. Antes de desenvolvermos a linguagem, enquanto bebês, nosso universo já era formado pelas imagens, o que mostra o quanto o fator visual ė importante em nossa forma de interpretar o mundo. Em geral, as relações iniciam-se com base naquilo que julgamos como bom ou com o que nos identificamos em algum aspecto, conferindo à aparência grande peso nesta equação. “Em alguns segundos nosso cérebro já tomou uma decisão a respeito do que estamos vendo. Por isso, dizemos que a primeira impressão é importante, pois nem sempre temos outra oportunidade para deixar uma boa imagem”, pontua. Há de fato muitas nuances entre o que demonstramos e o que somos internamente. Na construção dos relacionamentos, quando há oportunidade, isso Vida Mulher | 56

se dissolve e dá ao outro a chance de conhecer um pouco aquilo que realmente somos ao longo do tempo. Ao buscarmos o autoconhecimento e tentarmos traduzí-lo em nossos comportamentos e forma de vestir, estaremos passando uma imagem que condiz com nossa personalidade, o que torna a interação muito mais fácil. Esse é um dos motivos que evidenciam a importância do trabalho do personal stylist. Sarah descreve o consultor como um amigo que não tem medo de dizer a verdade, pois dificilmente pessoas próximas se sentem à vontade para comentar sobre algo que não gostam no outro, com receio de abalar a relação. “É um profissional que ajuda a realçar aquilo que você tem de melhor e às vezes nem sabe. Também diz o que não fica bem, mas sem julgamentos pessoais. O trabalho é sempre feito a partir de conceitos técnicos atualizados dentro do universo da moda”, explica. CONSULTORIA A consultoria pode ser realizada de diversas maneiras e de forma acessível. O serviço pode ser contratado apenas para uma ocasião especial ou situação específica, como o que usar em um casamento ou como arrumar a mala de maneira funcional para uma viagem a negócios ou de férias. Já a consultoria de imagem é um trabalho mais elaborado, que envolve entre três a quatro encontros. Neles, o cliente identifica seus objetivos e o consultor o auxilia com uma visão de fora e isenta,

mostrando em que situação se encontra e o que deve fazer para chegar onde quer. A consultoria começa com avaliação do biotipo para identificar as melhores proporções para o tipo de corpo, bem como a análise das cores para o tom de pele e o que deve usar para realçar os pontos fortes. “Isso, é claro, dentro do estilo de roupa com o qual o cliente se identifica”, acrescenta. O segundo passo é olhar o guardaroupa e selecionar as peças que vestem bem e aquelas que não valorizam a pessoa, seja pela cor ou modelo. Nesta etapa, é possível elaborar looks com as peças já existentes em casa e experimentar combinações diferentes, que possivelmente não eram consideradas antes. Também neste momento são identificadas peças-chave e clássicas que devem ser mantidas ou adquiridas, garantindo versatilidade e praticidade nas combinações do dia a dia. A etapa seguinte, que precede o fechamento do processo, é chamada de experiência de compra, que pode ser até mesmo uma simulação. Dessa forma, é possível entender melhor o que deve buscar e avaliar no momento de adquirir uma roupa, bem como o que realmente está faltando em seu guarda-roupa e é essencial. DESENVOLVIMENTO O trabalho do personal stylist pode auxiliar o cliente no desenvolvimento pessoal, melhorando não somente a autoestima, mas também a imagem da sociedade sobre ele. “É uma jorna-


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da muito interessante porque envolve autoconhecimento e muito aprendizado. É importante sentirmos que nossa imagem corresponde àquilo que somos e manifesta nossa personalidade. A moda pode ser considerada fútil se não for carregada de nenhum sentido, mas se torna útil quando usada como forma de expressão”, enfatiza. Do ponto de vista profissional, muitos resultados podem ser observados. Ela destaca como principal ganho o resgate da autoconfiança, que acaba por desencadear outros benefícios como maior respeitabilidade e credibilidade no ambiente de trabalho. “Quando você demonstra profissionalismo em suas atribuições e demonstra ser cuidadoso com sua imagem, o ser e o parecer estão em equilíbrio e as pessoas passam a te perceber como alguém mais competente também”, completa. OTIMIZANDO GASTOS A pessoa que aprende a comprar roupas mais adequadas ao seu perfil e necessidade acaba também otimizando melhor seus gastos com vestuário. Aquela peça parada há anos no armário, deixada de lado por uma opção mais segura, ou o vestido da moda comprado na liquidação e que ficou um pouco justo são alguns exemplos de roupas que ocupam espaço e nunca são usadas porque simplesmente não nos sentimos bem com elas. “Chamo essas peças de depreciadoras, pois têm o poder de nos colocar para baixo e não evidenciam o que temos de melhor. Nem sempre conseguimos fazer o melhor julgamento na hora da compra

e acabamos investindo em algo que nunca vamos usar. Mas isso pode ser mudado”, garante. Além disso, aprender a comprar peças clássicas de qualidade, mesmo que sejam um pouco mais caras, pode representar uma boa economia no final, pois tendem a durar mais e são atemporais. Entender como se deve investir e também manter a integridade e as características da peça é um dos maiores ganhos em termos de aprendizado ao final da consultoria, além de ser uma atitude ambientalmente sustentável e muito importante atualmente. “Ter elegância é ser você mesmo, ser consciente e usar aquilo que combina com seu estilo e personalidade em vez de apenas andar uniformizado com as peças que estão na moda e comprar só porque todos estão usando”, compara. APRENDIZADO CONTÍNUO Esse aprendizado pode ser contínuo, pois não são somente as coleções que mudam de acordo com as estações. Ao longo do tempo estamos sujeitos a diversas mudanças, seja em nosso estilo de vida ou no formato do nosso corpo. Isso inclui mudanças profissionais, como ser promovido a um cargo de chefia que nos exija mais autoridade, ou familiares, como dar a luz a um lindo bebê que necessite de muita dedicação. “A maternidade é um acontecimento maravilhoso e normalmente envolve grande abnegação por parte da mãe. Ao retomar seus papeis como profissional ou qualquer outro dentro da sociedade após o nascimento dos filhos, a mulher muitas vezes se vê di-

ferente do que era antes e precisa se ajustar para que este processo ocorra da melhor forma”, observa. É preciso pensar que em nossa vida passamos por transformações, sempre estamos de uma determinada forma e não somos algo em definitivo. É um contínuo jogo de perceber-se, olhar para si e se adequar ao momento que se apresenta. “Quando a pessoa conhece melhor seu estilo e como pode jogar com as peças no dia a dia, é possível fazer essas adequações de forma mais orgânica, sempre respeitando sua individualidade”. A consultoria de imagem é aplicável a qualquer pessoa, desde que ela demonstre o desejo de melhorar ou uma insatisfação com sua imagem atual e busque contratar o olhar de um profissional para que o processo seja mais assertivo. HOMENS A vestimenta masculina pode parecer mais fácil e simples, porém poucos homens lançam mão de elementos que os diferenciem ou representem melhor seu estilo. A maioria tem preconceito. Muitos homens não querem ser percebidos pelos colegas como alguém superficial ou que cuide excessivamente da aparência. “Hoje, a consultoria é muito comum entre homens de posições corporativas de destaque, famosos ou que ocupam cargos públicos. Vejo muitas possibilidades com a quebra destes paradigmas aos poucos, pois a consultoria é realizada de forma discreta e sem a exposição”, finaliza.

Sarah Assumpção Personal Stylist

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