Futuro
Caderno Especial -
Edição de Outono
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ANO VIII N. 32 Março/2017 R$ 8,90
Alzheimer e seus cuidados
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Hebiatria
Especialidade médica para adolescentes filhos - Atividades extracurriculares sem estresse
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Aprendendo a respeitar o amanhã
Editorial Aprendendo a respeitar os mais velhos, esse é um dos assuntos tratados nessa edição, primeiro porque eles merecem, e com sorte chegaremos lá também, então seja um bom exemplo mostrando aos filhos o quanto temos a aprender com eles. Outro tema é a preocupação com as atividades extracurriculares, sabemos que são importantes, por isso falamos do zelo em buscar escolas que proporcionam esse aprendizado, aproveitando o tempo e explorando brincadeiras, assim fica bom para todo mundo. Você sabe o que é Hebiatria? Especialidade que cuida dos adolescentes, interessante não é mesmo? Antes ia direto do pediatra ao clínico geral, com essa especialidade, a transição acontece de forma mais tranquila, vale a pena ler! Boa leitura.
Expediente
Raquel Penedo Oliveira Editora
Capinha
Coordenação e edição Raquel Penedo Oliveira Jornalista responsável Erica Samara Morente MTb 53.551 Fotografia Michele Stahl Demétrio Razzo Shutterstock Dollar Photo Club IStock
Projeto gráfico e diagramação Depto. de arte - Vida bebê Comercial Aderley Negrucci 99155-5100 Administrativo 3713-2212 | 99881-8207
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e-mail: revistavidabebe@gmail.com O conteúdo das reportagens são de inteira responsabilidade dos colaboradores, assim como as informações contidas nos anúncios.
Fernanda Penedo Oliveira Veste: Hortelã Foto : Studio Michele Stahl Cabelo: Cuca Maluca Sapato: Pelilica
Índice
20 30 Atividades extracurriculares sem estresse
Aprendendo a respeitar o amanhã
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Projeto de vida: Um caminho para ser!
Hebiatria, especialidade médica para adolescentes
64 Alzheimer, um problema de todos nós
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Editorial bebĂŞ e infantil Fotos: Studio Michele Stahl
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Atividades extracurriculares sem estresse
Um dos dilemas mais comuns dos pais durante o processo de desenvolvimento dos filhos é equilibrar a necessidade de aprendizado com qualidade e diversidade sem sobrecarregar a criança. Muitos chegam a se sentir culpados quando privam as crianças de atividades extracurriculares que podem fazer a diferença no futuro profissional. Escola, inglês, natação, judô, balé, informática, teatro, música...Ufa! Só de ler esses exemplos parece que até mesmos nós adultos cansamos. Porém, a boa notícia para muitas famílias é que as aulas extras estão cada vez mais ganhando novos formatos lúdicos e muitas vezes são desenvolvidas no próprio ambiente escolar. Na área esportiva, as academias também já adotam modelos e estratégias mais infantis para que a criança assimile o aprendizado ou o treino com alegria afinal, a motivação é fundamental para quem quer ensinar e para quem deseja aprender. De acordo com a psicóloga Márcia Toledo, a motivação não é apenas determinante para o aprendizado acadêmico, mas para todas ações, Vida bebê |20
sejam das crianças ou dos adultos.
A motivação, segundo ela, é uma das grandes responsáveis pela evolução da humanidade.
outra criança é fundamental), repetindo (para as crianças pequenas, repetições trazem segurança emocional e ajudam a compreender o mundo ao seu redor) e se relacionando (é fazendo relações entre as coisas ao seu redor, que elas observam, sentem e experimentam).
Nosso cérebro se organiza e se reorganiza através das redes neurais, a cada nova necessidade, atividade, a cada novo problema a ser resolvido, a cada demanda, a cada obstáculo. “Da mesma forma, com as demandas acadêmicas, as crianças precisam saber a razão de realizarem tais atividades extras e a motivação deve estar relacionada às necessidades delas”, afirma. Isso significa que sempre buscaremos por atividades que nos proporcionem alguma consequência positiva, que podem ser ganhos, ou esquiva de punição, como perdas. Ela reforça que as crianças aprendem explorando o mundo (natureza e o ambiente ao seu redor), brincando (inicialmente com o próprio corpo e, depois, também com objetos que estimulem os sentidos), imitando (a presença de um adulto ou
BRINCANDEIRA A especialista enfatiza que, quando uma criança brinca, ela entra em contato com suas fantasias, desejos e sentimentos, conhece a força e os limites do próprio corpo e estabelece relações de confiança, ou seja, vínculos positivos com o outro. “No momento em que está descobrindo o mundo, ao brincar, testa suas habilidades e competências, aprende regras de convivência com outras crianças e com os adultos, desenvolve diversas linguagens e formas de expressão e amplia sua visão sobre o ambiente que a cerca”, explica. Por isso, é fundamental os pais sempre estarem atentos às necessidades da criança e também se perguntarem o porquê de determinadas atividades extras. “O motivo principal é deles ou do filho?”, sugere como
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reflexão dos pais. É preciso que a família lembre que saber brincar é "coisa séria", pois a criança experimenta suas possibilidades, enfrenta seus medos e anseios, alivia suas dúvidas e angústias e testa seus limites, ou seja, desenvolve-se cognitiva, física e emocionalmente. ESCOLAS É importante também que as escolas e os professores tenham discernimento entre o lúdico e a sobrecarga. “Acredito que as escolas saibam perfeitamente da importância do aprendizado significativo, lúdico e que respeite o estágio de desenvolvimento da criança. No entanto, o que preocupa é que aprender acaba muitas vezes por se restringir a
ler e escrever”, analisa. A psicóloga conta que observa em sua atividade acadêmica e clínica professores cada vez mais angustiados com as dificuldades comportamentais e emocionais das crianças, com a burocracia e em muitos casos com ausência da formação básica sobre o neurodesenvolvimento infantil, ou seja, sem estratégias de ensino eficazes e efetivas para o aprendizado na realidade atual. É sempre importante lembrar que não há fórmula universal a seguir. Neste sentido, o olhar individualizado, considerando que cada criança tem seu ritmo e perfil, é fundamental. Enquanto para uma criança o mesmo número de atividades não é cansativo para outra pode caracterizar sobrecarga.
Neste caso, em vez de estímulo, o excesso pode implicar em outros problemas e até mesmo rejeição ao aprendizado no presente e no futuro. “No entanto, em um contexto em que cada vez mais há comparação entre os potenciais, insegurança em relação ao próprio valor e desempenho, o olhar para a singularidade e suas peculiaridades ‘atrapalha’ o processo pré-determinado, que acaba se tornando automático, burocrático e com prazos”, completa. A psicóloga acrescenta que atualmente, comportar-se como a maioria, saber o que todos sabem, vestir-se como determinam, estudar o que todos estudam, ser como todos, infelizmente é o desejo da maioria, o que faz com que ser único acaba sendo um problema.
A importância do tempo livre Agendas repletas de atividades, horários, compromissos e resultados esperados podem privar a criança de um aprendizado supremo e fundamental para o seu desenvolvimento emocional, cognitivo e físico, que é o próprio "poder" de fazer escolhas, assumir responsabilidades por suas decisões e pensar sobre suas ideias. Infelizmente há cada vez mais crianças pequenas ansiosas, inquietas e irritadas por não saberem esperar, escolher e decidir sobre o que fazer. “Estão sempre querendo algo, fazendo algo ou esperando por algo em função de uma necessidade de preenchimento, satisfação e alívio, mas fora de si mesmas. Por isso, não devemos nos esquecer da importância do tempo livre e de que grandes ideias e a criatividade são dependentes dos momentos de ócio”, finaliza.
Márcia Maria Toledo Psicóloga
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Aprendendo a respeitar o amanhã!
Com mais ou menos intensidade, vivemos em uma época em que a sociedade se debruça de alguma forma na discussão dos direitos individuais e coletivos, na revisão de conceitos e comportamentos politicamente corretos e que acima de tudo clama por respeito. Buscamos respeito ao próximo, a nós mesmos, a natureza, ao planeta. E devemos mesmo seguir nesta luta. Mas o estranho talvez nisso tudo é que à medida que avançamos e conquistamos novas garantias de direitos, muitas delas agora felizmente respaldadas por leis, ainda parece que não evoluímos no que deveria ser instintivo da natureza humana: respeitar os mais velhos. Apesar da sensação de amadurecimento da sociedade em vários cantos do planeta, essa bandeira ainda permanece uma necessidade gritante em pleno século vinte e um. No Brasil, por exemplo, embora o Estatuto do Idoso já tenha completado treze anos, são muitas lacunas abertas. Aliás, sem qualquer viés de pessimismo, às vezes a impressão é que retrocedemos, o que nos força a refletir como cada um de nós pode contribuir para que o desejado resVida bebê |30
peito aos idosos seja uma realidade. É preciso considerar nesta reflexão que as transformações decorrentes desde a revolução industrial originaram mudanças que hoje interferiram num instrumento antes naturalmente usado para educar nossos filhos: a convivência.
Se antes nossos pais ou nós mesmos tivemos o privilégio de passar muito mais tempo com nossos avós ou tios mais velhos, adquirindo o senso de respeito como uma consequência natural do convívio, hoje as novas gerações já não têm essa mesma possibilidade com tanta frequência. Muitas avós estão ativas no mercado de trabalho, enquanto outras tiveram seu primeiro neto com a idade avançada, devido à maternidade cada vez mais tardia. Esse fator, evidentemente, dificulta que
cuidem das crianças. Compreender essas transformações sociais é fundamental para que definitivamente tenhamos uma atitude que de fato eduque as futuras gerações para respeitar e conviver com os idosos em sociedade. E não podemos deixar isso para o futuro, quando os idosos seremos nós. Não podemos deixar para amanhã, quando muito em breve a pirâmide demográfica provavelmente já estará invertida e teremos mais idosos do que crianças, além de uma vasta geração de adultos que ainda não sabe respeitar os mais velhos, extrair aprendizado com os mais experientes e não desenvolveu sensibilidade suficiente para cuidar de quem já cuidou de alguém um dia. Resguardadas as devidas exceções, é uma geração refém do imediatismo em que estamos mergulhados e cada vez mais distante de palavras raras como a paciência. Portanto, cabe sim a nós começar ativamente essa mudança desde já junto aos idosos que hoje amargam ainda tanta cena de desrespeito em casa, fora dela e no convívio em sociedade. Temos que plantar agora a semen-
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te do respeito e daí sim poderemos projetar e cobrar bons frutos no futuro. Não podemos jamais fugir da nossa responsabilidade de ensinar as crianças, por exemplo, que a placa de vaga de estacionamento para idosos é para ser usada pelos idosos e que nem cinco minutos de desculpa justifica tamanho desrespeito. Não é difícil. Incrível como os pequenos são receptivos aos ensinamentos que podem parecer simples, mas que marcam definitivamente sua formação desde a primeira infância. Se por acaso hoje no caminho da escola você ensinar seu filho que vaga de idoso é para ser respeitada, não se surpreenda se amanhã ele questionar algum adulto que infringir a lei. Se hoje você conseguir dar uma pausa nos pensamentos frenéticos sobre o seu cotidiano agitado e lembrar que a fila preferencial do supermercado ou do banco precisa ser respeitada, seu filho certamente assimilará a regra facilmente. Outro exemplo prático pode acontecer vendo fotos antigas junto com
as crianças em casa, o que pode significar mais que um passatempo nostálgico. Aproveite para mostrar que os anos passam rápido. Use o espelho para você mesmo enxergar isso se for possível. Sem situações didáticas como essas e tantas outras, é difícil para a criança desenvolver a dimensão do tempo e seus efeitos sobre nós. Portanto, temos que criar essas oportunidades. TROCA DE EXPERIÊNCIAS
Plantar a semente do respeito é um dever primordial dos pais, mas, sem dúvida, as escolas e igrejas também têm potencial para contribuir na conscientização das crianças. Além de campanhas para doação de produtos para abrigos de idosos, quando um grupo de alunos visita uma entidade, por exemplo, é criada uma oportunidade ímpar de contato com a realidade dos mais
experientes. Essa aproximação é uma chance para a criança exercitar seu olhar para o idoso, inclusive seu olhar para você no futuro. Quando ela escuta uma história contada por um idoso, por exemplo, ou é contemplada com a leitura de um livro feita por uma pessoa bem mais experiente, ocorre uma troca de experiência riquíssima. É a criança que aprende a ouvir. É o idoso que tem a oportunidade de se expressar, ser ouvido, ser inserido na sociedade e valorizado. Esse é um caminho obrigatório que a sociedade tem que percorrer se almejamos um futuro mais humano para todos nós. Não é à toa que países como os Estados Unidos já fazem experiências que integram em um mesmo prédio creche e casa de repouso e muitas atividades são feitas unindo os extremos das gerações, afinal, mesmo com as limitações que podem ocorrer na velhice, não há limitador para aprender, para amar e compartilhar desde que não falte um ingrediente indispensável: o respeito.
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Projeto de vida: um caminho para ser!
O homem é a única criatura do reino animal que precisa aprender a ser. Quando nasce, batem em suas costas para que aprenda a respirar. Depois, aprende a comer, andar, falar, fazer. Desenvolve sentimentos, pensamentos, manias, quando aprende a conviver com o semelhante. Pela capacidade de aprender, forma um caráter único que o distingue das outras criaturas da espécie. É um ser que precisa ser educado para tornar-se aquilo que é. Considerando a complexidade que envolve a formação de um indivíduo, Antônio Carlos Gomes da Costa, professor, pesquisador e um dos autores do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, sugere que a educação seja integral, orientando pensamento, emoção, corpo e espírito. Aponta que é preciso educar não apenas a razão, mas também emoções e sentimentos que nos colocam em contato com o outro, as forças que geram os impulsos criadores capazes de intervenções no meio social e, ainda, a espiritualidade que ajuda a conferir sentido para a existência. “Somente com esse tipo de educação é que conVida bebê |40
seguiremos inspirar pessoas para a construção de um projeto de vida que torne possível uma humanidade renovada, capaz de acreditar e empreender nos próprios sonhos”, acrescenta o professor Márcio Bergamini, graduado em Letras e Pedagogia.
Todo sonho pode se tornar realidade quando um sujeito conhece a si mesmo e consegue superar seus limites. Para isso, é preciso sonhar com os pés no chão e olhos abertos. “É necessário ter diante de si um espelho que lhe dê a dimensão do próprio ser a fim de que não cultive ilusões. É preciso projetar a vida”, reforça Bergamini. AUTOCONHECIMENTO O projeto de vida, na concepção do professor e psicoterapeuta Leo Fraiman, é a construção de sentido à própria existência, a partir do autoconhecimento, do domínio das
emoções e sentimentos e da definição de objetivos pessoais claros. Ao construir seu projeto vital, as pessoas passam a ser protagonistas da própria história e adotam para si um conjunto de atitudes e decisões que serão utilizadas nas relações que estabelece com a vida. Quando bem desenvolvido, o projeto possibilita que o indivíduo seja um empreendedor da própria vida. EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA
Empreender para a vida significa saber calcular os riscos, escolher os recursos adequados e suas fontes, conhecer as possibilidades de caminho que se pode percorrer e quais estratégias podem ser mobilizadas para o alcance dos objetivos pessoais. “Por isso, algumas escolas, quebrando paradigmas tradicionais, têm investido em uma educação empreendedora”, acrescenta Bergamini. Mais do que cuidar de uma empresa ou negócio próprio, esse tipo de educação faz com que a criança construa autonomia e independência de forma ética e de maneira sustentável. “Apresenta visões que a educação tradicional não aborda, alargando o horizonte de entendimento dos
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conteúdos escolares a partir de abordagens práticas que tenham sentido para o aluno”, reforça. Autonomia e independência são construções que se consolidam com o tempo e muito exercício. Para isso, segundo ele, é necessário que as crianças sejam lapidadas desde a primeira infância, conferindo-lhes poder de decisão a partir de reflexões quanto às situações vividas e da observação dos limites aos quais podem chegar. É preciso ainda inspirá-las à vivência dos valores e princípios éticos que devem permear, de fato, as relações sociais. “A família precisa educar os filhos pelo exemplo. Deve ensinar respeito, solidariedade, cordialidade e responsabilidade entre tantos outros valores necessários à boa convivência”, enfatiza. É necessário compreender, ainda, que o projeto de vida é muito mais do que escolher uma carreira e saber os caminhos para exercê-la. É construir família, cultivar amores, sonhos, esperança e fé. “É poder pensar nisso e escolher os caminhos pelos quais se deseja andar, assumindo as responsabilidades dos próprios atos. É querer contribuir para um mundo melhor,
seja por meio do exercício da profissão, pelo trabalho voluntário, ou por pequenas causas em que possamos fazer a diferença”, aponta o professor. Segundo ele, nesse sentido, não se pode mais ir para a escola apenas com foco no vestibular e na carreira. Ainda que o mercado e a mídia veiculem esses valores por meio de rankings educacionais, a escola deveria reexaminar suas razões de ser e compreender que seu papel fundamental é contribuir para que as pessoas aprendam a ser. Isso está muito além das estatísticas.
Para o professor, a função da escola é inspirar os alunos à construção de seus projetos de vida. “Ela pensa pequeno quando sua meta é apenas ter bons resultados nos exames de acesso ao ensino superior. Essa deve ser uma boa consequência do trabalho educacional e não seu foco principal”, pontua. AUTONOMIA Um projeto de vida, todavia, não é uma decisão pronta e acabada.
Como nos diz Camões, “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser”. Os sonhos também se alteram à medida que são conquistados. Outros projetos surgem e a caminhada continua. Nesse processo, é preciso entender que a felicidade não é só o prazer da conquista das metas, mas está essencialmente no fato de vencer cada etapa do caminho a partir de um esforço legítimo. Replanejar, rever objetivos e mudar a rota também fazem parte do processo e é mais fácil fazê-lo quando se conquista a autonomia e domínio de si. “A distância entre o sonho e a conquista é a atitude. É ela que determina o alcance ou a perda dos objetivos. Esse o combustível que alimenta o movimento de construção dos caminhos que percorremos e dá sentido ao que fazemos”. O professor Leo Fraiman diz que uma vida bem projetada e bem vivida tem um boletim final, cuja nota é proporcional ao número de pessoas que se inspiram e contam a nossa história. “E a sua, quantas pessoas vão contar?”, reflete.
Prof. Marcio Bergamini Diretor do Colégio São Benedito
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Aniversário da Fe
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Hebiatria: especialidade médica para adolescentes A dúvida entre levar os filhos ao pediatra ou ao clínico geral muitas vezes dificulta a ida dos adolescentes ao médico e pode deixar os pais confusos. Em algum momento começa parecer estranho entrar com a menina usando seu primeiro sutiã no consultório que ela mesma frequentava desde a época das fraldas. Da mesma forma, fica esquisito marcar consulta para o garoto com o rosto cheio de espinhas naquele consultório lindamente decorado para bebês ou crianças. Somam-se a essa situação o constrangimento e até um pouco de rebeldia típica desta faixa etária que podem contribuir para adiar a realização de exames importantes que seriam solicitados pelo profissional da saúde. Mas afinal, qual o especialista deve ser escolhido na puberdade? Na verdade, o hebiatra é o médico responsável pelo acompanhamento do desenvolvimento na adolescência. De acordo com a hebiatra Adriana Sato Coelho de Oliveira, a Hebiatria ou Medicina do Adolescente foi reconhecida em 1998 pela Associação Médica Brasileira (AMB). Evidentemente que a idade para iniciar a transição do pediatra para o hebiatra varia para cada paciente afinal, os sintomas da adolescência aparecem mais cedo para alguns em detrimento a outros. Vida bebê |50
Segundo ela, a Organização Mundial EMOÇÕES E HUMOR de Saúde (OMS) define a adolescência como o período existente entre 10 Na lista de dúvidas frequentes e 20 anos de idade. “E é exatamente abordadas nas nessa fase que se notam grandes muconsultas com danças, tanto do ponto de vista físico o hebiatra o quanto emocional”, afirma. aspecto emocional Crescimento acelerado, primeira menstruação e surgimento de pelos dificilmente fica de fora. são apenas algumas delas. A partir daí, o hebiatra já pode iniciar efetivamente o acompanhamento do Isso porque existe um grande adolescente. “amadurecimento” cerebral que provoca ampla mudança de huMUDANÇAS mor, responsável por boa parte das A adolescência é repleta de novi- preocupações dos pais, familiares dades e nós, adultos, bem lembra- e muitas vezes até dos educadores mos disso. Sabendo que esse ciclo nas escolas. “Enfim, essa fase é rica começa aos dez anos, o ideal é que em mudanças que, quando bem já se inicie portanto nesta idade orientadas, permitem maior tranum acompanhamento específico quilidade ao adolescente e a famíde rotina. “Dessa forma, a tran- lia”, reforça. sição entre a infância e essa nova Portanto, além dos aspectos clínicos, fase ocorrerá mais tranquilamente, o hebiatra pode auxiliar nas quesevitando assim que as mudanças tí- tões comportamentais que normalpicas do período possam provocar mente envolvem os adolescentes e sofrimento nos adolescentes e nos até a família como um todo. familiares”, orienta. Normalmente, nos consultórios de PREVENÇÃO hebiatria, as dúvidas são frequentes Além disso, a especialista lembra durante as consultas, sendo que as que a hebiatria estuda a fundo todas mais comuns são sobre crescimento as mudanças da adolescência e, por acelerado, alterações do corpo, surgi- esse motivo, durante o atendimenmento de pelos, irregularidade mens- to, observa-se também uma grande trual ou aumento dos quadris (no preocupação com a prevenção de caso das meninas) e ainda mudança doenças e a qualidade de vida desse no tom de voz (entre os meninos). jovem.
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Os hábitos alimentares, comportamentais, sexuais, escolares e familiares também são avaliados. “Sabemos que isso pode influenciar no desenvolvimento saudável dessa fase. É importante explicarmos ao jovem que a exposição aos riscos aumenta consideravelmente nessa etapa, visto que ele começa a ser inserido numa sociedade complexa como a nossa, muitas vezes sem a maturidade suficiente para avaliar os perigos”, alerta. Na adolescência surgem muitas mudanças de comportamento. Por isso, é importante que os pais e fa-
miliares observem esse jovem atentamente. Algumas queixas comuns são mudança de humor, insegurança, irritabilidade, imediatismo e ansiedade. Apesar de fazerem parte das mudanças naturais devem ser acompanhadas, pois podem se tornar patológicas dependendo da intensidade. “Daí a importância dessas consultas em caráter preventivo ou até mesmo para devidos encaminhamentos para outros especialistas em caso de necessidade”, completa. PRIVACIDADE
Considerando que os pais continuam responsáveis pelos filhos na adolescência, a maioria considera que deve entrar no consultório junto e entende que isso não fere sua privacidade. A hebiatra pondera que o adolescente tem sim direito ao sigilo médico, desde que este não traga nenhum tipo de prejuízo a ele. “Porém, eu acho muito importante que os pais ou responsáveis acompanhem esse jovem pelo menos durante as primeiras consultas para que possam também esclarecer eventuais dúvidas”, finaliza.
Dra. Adriana Sato Coelho de Oliveira
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Caderno Especial Ano V no. 18
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Monica Fior
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Alzheimer, um problema de todos nós O aumento da longevidade dos brasileiros inevitavelmente exige uma discussão mais ampla e profunda em torno de um tema ainda pouco explorado: a Doença de Alzheimer. De acordo com o geriatra Marcelo Rossi, a doença é degenerativa, progressiva e provoca atrofia do cérebro, levando à demência em idosos. O principal sintoma é a perda de funções cognitivas, como a memória, orientação, atenção e linguagem, causada pela morte de células cerebrais. “Quando a doença é diagnosticada no início, mesmo sendo incurável, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas. Dessa forma, garante-se melhor qualidade de vida ao paciente e à família”, explica. Porém, muitas vezes a perda da memória e a confusão mental são vistos como características comuns do envelhecimento, retardando a busca por ajuda médica e consequentemente adiando o tratamento e agravando as consequências. Além da interferência na vida dos pacientes, os efeitos da doença refletem também na dinâmica familiar, comprometendo os demais membros. “Há um impacto emocional muito forte na vida dos familiares, principalmente quando o paciente já está nos estágios mais avançados do Alzheimer. Além de ver o idoso perder suas memórias Vida Mulher | 64
e muitas vezes ficar totalmente depende, há episódios de agressividade e alucinações”, afirma. Somada à interferência psicológica, há reflexos econômicos em muitas famílias e consequentemente na sociedade como um todo. O geriatra lembra que existem muitos casos em que um familiar, um filho ou uma nora por exemplo, precisam até mesmo abandonar as atividades profissionais, em plena fase produtiva, para cuidar do paciente com Alzheimer.
nóstico. “Com o aumento da longevidade e o crescimento da população idosa, o número de casos da doença tende a subir”, alerta. Em um período de 50 anos, Limeira deve passar de 149 mil habitantes, registrados em 1980, para 307 mil em 2030. Enquanto a população total tende a dobrar, o número de pessoas com 60 anos ou mais será sete vezes maior nesse intervalo. A previsão é que, em 2030, a cidade tenha mais idosos do que crianças e adolescentes com até 15 anos. Os dados aparecem no Perfil “O familiar Demográfico de Limeira, elaboraacaba sofrendo do pela Consultoria Técnica Espeos impactos na cializada da Câmara Municipal, a sua vida pessoal partir de levantamentos do IBGE e profissional, e Fundação Seade. Os cálculos innecessitando dicam 67.325 idosos em 2030, ante muitas vezes de 9.250 em 1980. Hoje já são 40.932. cuidados também” O número futuro é maior que a quantidade projetada de 46.526 Portanto, alega que devido à com- habitantes com até 14 anos. plexidade da Doença de Alzheimer e à possibilidade de controlar sua PREVENÇÃO evolução, é necessário o desenvol- O geriatra, que também é vereavimento de políticas específicas nos dor, é autor de lei municipal que serviços de saúde pública e privada define normas e diretrizes visando prestados à população. futuramente a implantação de um De acordo com a Associação Brasi- Centro de Referência de Trataleira de Alzheimer (Abraz), estima- mento e Prevenção da Doença de -se que existam no mundo cerca Alzheimer A realização de Oficide 35,6 milhões de pessoas com a nas da Memória, junto aos grupos Doença de Alzheimer. No Brasil, de Terceira Idade, por exemplo, é há cerca de 1,2 milhão de casos, a uma das formas de afastar novos maior parte deles ainda sem diag- casos. “É importante que o ido-
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so mantenha sua parte intelectual em atividade. Jogo da memória, palavras-cruzadas, leitura, atividades artísticas, recreativas, estudo ou trabalho são algumas medidas importantes. Gestos cotidianos, como a leitura de um livro para um neto, por exemplo, também são alternativas recomendadas”, explica. A socialização, o lazer e atividade física entram nesta lista. Apesar de não ser tão comum na Terceira Idade, andar de bicicleta é um exercício muito pertinente, pois trabalha instintivamente o equilíbrio. Marcelo Rossi pontua que mesmo que o idoso seja ativo, a atenção
dos familiares com o seu comportamento não deixa de ser fundamental. “Esquecer uma chave é normal ou um compromisso também dependendo do contexto. Porém, esquecer como se faz algo que o idoso sempre fez é sinal de alerta. Se antes uma dona de casa sabia fazer um bolo e simplesmente não lembra mais, é necessária avaliação médica”, recomenda. O diagnóstico se dá por uma série de fatores e por meio de um teste feito pelo médico. Em muitos casos, entretanto, descarta-se o Alzheimer, mas são descobertos outros problemas que exigem intervenção
médica. Muitas vezes o paciente está com problemas de memória, por exemplo, em virtude dos efeitos de um medicamento, de uma depressão, de má alimentação, insônia ou até desidratação. “Tudo isso reforça a necessidade da ajuda médica precoce, evitando outros desdobramentos mais graves. As doenças da velhice, em especial o Alzheimer, são um problema de toda a sociedade e precisa ser enfrentando de forma coletiva, pelos médicos, pelas famílias que muitas vezes resistem em aceitar a demência e por todos de modo geral”, finaliza.
Formas de tratamento da doença Os tratamentos ajudam aliviar ou estabilizar os sintomas, permitindo uma progressão mais lenta da doença e mantendo os idosos independentes por mais tempo. De acordo com a Abraz, acredita-se que parte dos sintomas decorra de alterações em uma substância presente no cérebro chamada de acetilcolina, que é reduzida em pacientes com a doença. As medicações que atuam na acetilcolina, nos casos de demências leve e moderada, são a rivastigmina, a donepezila e a galantamina. A memantina é outra medicação aprovada para o tratamento da Doença de Alzheimer. Ela atua reduzindo um mecanismo específico de toxicidade das células cerebrais. É possível também que facilite a neurotransmissão e a neuroplasticidade. O uso da memantina, isoladamente ou associada aos anticolinesterásicos, é indicado nas fases moderada a grave. Os sintomas comportamentais e psicológicos podem ser tratados com medicações específicas para o controle de agitação, agressividade, alterações do sono, depressão, ansiedade, apatia, delírios e alucinações. Há evidências científicas que indicam que atividades de estimulação cognitiva, social e física beneficiam a manutenção de habilidades preservadas e favorecem a funcionalidade. Sugere-se que a família observe o comportamento de pacientes em situações sociais e que verifique se estão à vontade e aproveitando. Caso o idoso com Alzheimer tenha dificuldade em acompanhar conversas paralelas ou fique agitado com a movimentação, a conduta deve ser a de tornar o ambiente mais propício para ele, com menos estímulos simultâneos. Para o idoso, o contato com a família tende a ser a principal fonte de convívio e satisfação a partir de interação social.
Dr. Marcelo Rossi Geriatra
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