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ANO V N. 17 Junho 2013 R$ 6,90
Comportamento Diferenças na educação dos gêmeos
Saúde
Como prevenir e tratar Doenças Respiratórias
Esporte
Hipismo ganha cada vez mais adeptos
CRIANÇA ESPECIAL: Como agir diante do diagnóstico de que seu filho será especial
Editorial
Raquel Penedo Oliveira Editora
Como é bom comemorar! Estamos na 17ª edição e comemorando nosso quarto aniversário. A cada edição publicada, sentimos uma alegria intensa em mais uma vez estarmos com você. Saiba que buscamos tocar as pessoas através dos assuntos que cuidadosamente escolhemos e que nossa equipe e nossos entrevistados desenvolvem com tanto carinho e profissionalismo. Essa edição está recheada de conteúdos importantes que podem falar direta ou indiretamente à sua necessidade, ou talvez seja algo que possa ser compartilhado com alguém querido. No caderno especial Vida Mulher, destacamos uma entrevista feita com uma família de brasileiros que moram nos Estados Unidos e que fazem um trabalho lindo de solidariedade e amor ao próximo, não percam. Quero agradecer a Deus por mais um ano de publicação de nossa revista, a vocês leitores que são a razão dela existir, a toda equipe, parceiros, anunciantes, enfim, aos nossos amigos. Boa leitura!
Sumário 04 - Vocação ou direção na carreira dos filhos 10 - Vitrininha 14 - Editorial de Moda 22 - Educação de gêmeos 28 - Hipismo, além do esporte 32 - Família: Presente! 38 - Bebê especial, como agir 44 - Doenças respiratórias 48 - O mais baixo da turma 57 - Solidariedade sem fronteiras 62 - Os benefícios da dança 64 - Voz e seus cuidados
Capa
Laura Zanetti Brandino e Júlia Zanetti Brandino Veste: Hortelã Foto: Inez Miranda 3
Vocação ou direção Márcia Maria Toledo CRP - 06/40033 Psicóloga e Psicoterapêuta
Basta observar sua princesinha brincando de escritório para imaginá-la daqui a alguns anos em sua própria sala de advocacia ou, ainda, apenas alguns segundos olhando o filhote examinar os animais são suficientes para aquela cena futura, em que ele protagoniza um veterinário, surgir na mente. As figuras da modelo reconhecida ou do talentoso jogador de futebol também insistem em rondar a imaginação dos pais. Esses são somente alguns entre tantos exemplos afinal, a profissão dos filhos é um assunto bem complexo que pode ser pensado desde bem cedo, direcionando os pequenos para determinadas atividades ou deixando que os seus talentos aflorem naturalmente e depois sejam estimulados. Segundo a psicóloga Márcia Toledo, desde pequenas as crianças demostram vários interesses e facilidades para diversas atividades e o ambiente tende a reforçar ou até incentivar tais características. “O fator ambiental é significativo, porém as aptidões é que prevalecerão no futuro, pois cada um já traz consigo habilidades e competências que são herdadas geneticamente”, afirma. Quando a criança começa a dar esses sinais, os pais e a escola de4
vem estimulá-las, porém é preciso cuidado e muita atenção para não forçá-las a nada. É igualmente fundamental que os pais não vislumbrarem nas crianças o futuro que um dia desejaram para eles mesmos. “Sempre devemos partir do que a criança gosta e se sente capaz, pois muitas desejam, por exemplo, tocar algum instrumento, mas não apresentam aptidão para isso. Então fica a frustração de não conseguir”, explica. EXPERIMENTANDO ATIVIDADES A especialista também esclarece que a maioria das crianças procura experimentar diversos tipos de atividades e assim vão desenvolvendo, ou não, as suas habilidades. Neste sentido, as brincadeiras de faz de conta, quando a criança imita personagens e adultos que lhe são significativos, como médicos, professores e atletas, são normais, fazem parte do desenvolvimento dos pequenos e não significa necessariamente que possuem tais vocações. A família também precisa ter a consciência da importância de diferenciar talentos e fases de experimentação, ou seja, a criança pode aparentar que gosta muito de brincar de médico, mas isso
não significa que tem vocação para a medicina. “Não é porque ela aprecia imitar determinada profissão que deverá ser incentivada ou não a segui-la com base nos valores de mercado, o que é muito comum nos dias de hoje”, relata. DIRECIONAMENTO Ela lembra que na sociedade atual, muitos pais, infelizmente, buscam direcionar os filhos para profissões que rendem melhores frutos financeiros. “No passado, valorizava-se muito a profissão de maior status social”, compara. Ambas as posturas, de acordo com a psicóloga, tornam-se perigosas, pois estimulam salários e não carreiras. “Sabemos que a remuneração é fundamental, mas alguém realizado profissionalmente certamente será um profissional e uma pessoa feliz e que produzirá de forma efetiva e eficaz”, declara. DIÁLOGO Por isso a psicóloga orienta pais e familiares a ouvir e dialogar com seus filhos sobre as várias possibilidades de carreira que poderão seguir. Assim que demonstrarem interesse por alguma profissão específica, os pais devem auxiliar
“Desde pequenas as crianças demostram vários interesses e facilidades para diversas atividades e o ambiente tende a reforçar ou até incentivar tais características” os filhos na busca por informações e competências necessárias para exercer a profissão desejada, incluindo toda a formação acadêmica necessária. “Também não adianta passar para os filhos a sensação de que o caminho escolhido será repleto de flores e sem dificuldades, mas, é importante que entendam que, para serem realizados profissionalmente, precisarão saber lidar com obstáculos e resistir a frustrações”, orienta.
A psicóloga acrescenta que a insatisfação com a profissão escolhida implica em consequências emocionais como ansiedade, depressão e frustração, além de irresponsabilidades e falta de envolvimento no ambiente de trabalho, seja ele autônomo ou corporativo. TESTE VOCACIONAL Por outro lado, se a fase da adolescência chegou e a maratona de vestibulares se aproxima acompanhada da incerteza do futuro pro-
fissional, a avaliação vocacional é indicada, uma vez que é nessa faixa etária que o desenvolvimento cognitivo se finda. “No entanto, esse instrumento apenas o auxiliará na escolha e não definirá o caminho a seguir. Não podemos nos esquecer de que é muito difícil aos 15, 16 ou 17 anos escolher o que queremos ser quando crescermos. Não poderia ser uma escolha para o resto da vida. Temos que imaginar sempre que um plano B é possível”, finaliza. 5
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Vitrininha
Fotos: Demétrio Razzo
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Editorial gestante, bebĂŞ e infantil Fotos: Inez Miranda
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Reeducação Postural Global pelo Reequilíbrio Proprioceptivo Muscular (R.P.G./R.P.M.)
R.P.G./R.P.M. (Reeducação Postural Global pelo Reequilíbrio Proprioceptivo Muscular) é um método de tratamento fisioterápico, criado pela francesa Françoise Mezièré. Representa hoje o método de maior inovação científica dentro das metodologias corporais, que busca tratar a causa dos problemas posturais, atuando sobre suas compensações e suprindo seus efeitos que, em geral, são disfunções morfológicas (alterações posturais) associadas a dores provenientes delas. A postura do nosso corpo é resultado da combinação de varias estruturas, que são influenciados por fatores externos, nos quais somos submetidos diariamente, e fatores genéticos. Além disso, cada paciente possui uma combinação de alterações posturais que lhe é par-
ticular e, portanto, deve ser tratada de forma individualizada. Através de posturas e manobras de tensionamento muscular, com a técnica de R.P.G./R.P.M., o fisioterapeuta pode aliviar as dores e corrigir as posturas compensadoras. Cada sessão tem duração de aproximadamente 1 hora e sempre realizado individualmente. O tempo de tratamento porém, dependerá da resposta de cada paciente.
Indicações (R.P.G. / R.P.M.)
-Hérnias discais -Alterações posturais, como escoliose, hiperlordoses e outras -Pacientes neurológicos -Disfunções temporomandibulares -Cervicalgias -Artroses -Lombalgias -Dores crônicas -Ler/Dort - Patologias reumatológicas
Escoliose, antes e após tratamento (R.P.G. / R.P.M.)
A individualidade dos gêmeos Fotos: Inez Miranda
A felicidade em dose dupla, tripa ou até mais é cada vez frequente nas famílias afinal, com os avanços dos métodos de fertilização, os gêmeos estão mais presentes nos lares brasileiros. Basta um olhar observador nos supermercados, nos clubes, nas escolas ou nos shoppings para se encantar com os irmãos que dividiram, ao mesmo tempo, o útero da mamãe. Mas as semelhanças físicas não significam personalidades parecidas. Por isso, os gêmeos precisam ser criados, desde bem cedo, com respeito às suas individualidades. Mesmo que os irmãos tenham afinidades, os pais devem estimular a independência entre eles. A propósito, é importante demonstrar o reconhecimento das diferenças e necessidades específicas de seus filhos gêmeos. Por isso, o hábito de vestir os bebês (principalmente os idênticos) com roupas iguais pode soar inofensivo, mas talvez não seja a melhor opção para a formação da personalidade dos gêmeos. Cada um deve ter vida própria, com suas roupas, brinquedos, amigos e experiências. Além disso, o ritmo de desenvolvimento de cada um precisa ser respeitado, pois as conquistas poderão ocorrer em períodos diferentes.
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PREFERÊNCIAS DIFERENTES Oferecer as mesmas atividades nem sempre é indicado. As crianças têm gostos diferentes. Um pode ser apaixonado por basquete, enquanto o outro gosta de tocar violão. A menina pode se dedicar ao balé clássico, mas a irmã prefere natação, por exemplo. É por essas e outras razões que, se não ficar estipulado desde os primeiros anos de vida que cada um tem sua maneira de ser, a convivência pode ficar comprometida à medida que os anos passam. Mais cedo ou mais tarde, um dos gêmeos poderá demonstrar comportamento agressivo ou tirar notas baixas, propositalmente, para justamente chamar a atenção e se diferenciar do irmão. Outra tendência que deve ser contrariada é se referir às crianças como “os gêmeos”, como se fossem “um” e não dois indivíduos diferentes. SEM COMPARAÇÕES Respeitar as peculiaridades da personalidade de cada filho não significa entoar, o tempo todo, as suas diferenças. Não há necessidade de comparar as características dos gêmeos, por exemplo, dizendo que um é mais calmo e o outro é agitado. Basta observar as diferenças e, sempre que necessário, ajudar os
filhos a se desenvolverem melhor. Se um é mais reservado, os pais devem ajudá-lo a aceitar-se dessa forma, em vez de pressioná-lo a ser como o irmão, que se relaciona mais com outras crianças. Essa conduta em casa é importante para que os gêmeos enfrentem, sem prejuízo a sua autoestima, um inconveniente inevitável: as comparações, que certamente continuarão pela vida adulta. EXIGÊNCIAS Fazer exigências parecidas aos filhos gêmeos pode significar outro deslize. É bom que os pais tenham ciência de que os irmãos não terão, necessariamente, o mesmo empenho na escola, pois têm desenvolvimentos físico, cognitivo e emocional diferentes. Outra dica valiosa é não estimular a competição. Recorrer às boas notas de um como argumento para questionar o mau desempenho do outro vai piorar a situação. Busque primeiro, descobrir o motivo das notas baixas de um dos seus filhos. Esse e tantos outros exemplos levam a concluir que, embora não exista manual de instrução para a educação, uma regra pode e deve ser seguida para quem tem dois ou mais filhos, idênticos ou não: o mesmo amor. continua
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Laura e Julia com o papai Sergio e mamãe Gislene
Reconhecer as diferenças para educar bem Com apenas um ano e dez meses, as gêmeas Laura Zanetti Brandino e Júlia Zanetti Brandino já apresentam no dia a dia diferenças de personalidade que os pais conhecem bem, embora as características físicas sejam idênticas. “Desde bebês, percebemos que uma é mais agitada e a outra mais calma”, comenta a mãe Gislene Aparecida Zanetti. “Uma obedece mais que a outra”, acrescenta o pai Sérgio Brandino. Para o casal, identificar as diferenças desde cedo é fundamental para educar bem as filhas, respeitando a individualidade de cada uma. “Esse processo envolve desde a compra de brinquedos, preferências na hora das brincadeiras e os gostos, inclusive na hora das refeições”, exemplifica a mãe. Por outro lado, ela pondera que conhecer as diferenças e respeitá-las não significa comparar as filhas o tempo todo, atitude que seria prejudicial para ambas. “Comparações entre irmãos é sempre muito ruim. É preciso sempre ter em mente que os filhos, gêmeos ou não, são individuais, embora nosso amor seja igual”, conclui Gislene.
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nam palavras; ausência de frases. 3. Crianças que compreendem tudo, mas não falam. 4. Crianças muito agitadas ou muito quietas. Desatentas. 5.- Apenasafamíliaacompreende...e às vezes, nem a família! 6- Muitas otites.
Seu filho está falando pouco? Está falando bem? Existe um conselho trágico e bastante comum: “Espera, que logo ele começa a falar” É bastante arriscado seguir esse “palpite”. Na dúvida, não hesite em procurar Crianças acima de quatro anos um Fonoaudiólogo. 1. Fala com muitas trocas. Parece Sinais quando algo não vai bem não compreender o que foi pedido. entre crianças de 1 a 3 anos 2. Dificuldade para produzir fra1. Atraso no surgimento das ses; fala truncada; frases gramaprimeiras palavras, isto é, com ticalmente incorretas. um ano ainda não fala “papa” e 3. Crianças que não conseguem contar fatos passados. Dificuldade “mama”. Usa muito gestos. 2. Crianças com dois anos que fa- em manter diálogo. lam pouco, isto é, apenas palavras 4. Não consegue brincar de faz de isoladas e que ainda não combi- conta. Brincadeiras desorganizadas.
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Fatores muito importantes a serem considerados: •Se há problemas semelhantes na família •Histórico de prematuridade/ baixo peso; gestação problemática; mãe com histórico de seguidos abortos espontâneo; crianças que ficaram em UTI. •Ambiente familiar com privação de estímulos. É comum encontrarmos babás que são boas cuidadoras, porém pouco estimuladoras. •A criança que teve um atraso no desenvolvimento da linguagem, mesmo após o surgimento da fala, ainda requer cuidados. A alteração na fala foi o alarme disparado, avisando que algo não caminhava bem.
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Desenvolvimento da Fala
Drenagem linfática, saudável e linda
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Dra. Carina Balloni Florindo Fisioterapeuta Crefito 3 - 26040/F
Durante a gestação a mulher passa por transformações físicas e emocionais e, portanto, conviver bem com essas mudanças é imprescindível para a saúde da mãe e do bebê. Segundo a fisioterapeuta Carina Balloni Florindo, as alterações hormonais promovem a reabsorção de sódio causando a retenção hídrica. Com isso a gestante tem um aumento de 30% a 50% do volume sanguíneo, podendo reter até oito litros de água acima do normal. "Esse acúmulo de líquido causa desconforto, inchaço, sensação de peso nos pés e pernas, dificuldade dos movimentos e às vezes até parestesias", explica. Carina enfatiza que a fisioterapia tem um papel de prevenção e de reabilitação nessas pacientes tão especiais, utilizando da drenagem linfática manual. A drenagem linfática é uma massagem suave e lenta que estimula o sistema linfático, ativa a circulação sanguínea, diminui a retenção de líquido, promove hidratação da pele, melhora o sistema imunológico, elimina toxinas pela urina, previne celulite, diminui as tensões e reduz as dores musculares. Além disso, proporciona sensação de
bem estar e alívio dos demais sintomas relacionados com a alteração hormonal, como enxaqueca, insônia, constipação intestinal e cansaço. Através da drenagem linfática consegue-se resgatar a harmonia entre corpo e mente fortalecendo ainda mais o vínculo mamãe-bebê. "São indicadas até duas sessões por semana", lembra. O tratamento é contraindicado para
grávidas com hipertensão não controlada, insuficiência renal, trombose venosa profunda, infecções de pele e erupções cutâneas. A fisioterapeuta acrescenta que a drenagem deve ser realizada por um profissional qualificado que tenha conhecimento sobre o sistema linfático e as mudanças fisiológicas que ocorrem no organismo durante a gravidez.
Fabiana Alves de Melo
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Hipismo, muito além de um esporte Longe de ser apenas mais um tipo de atividade esportiva, o hipismo também é sinônimo de elegância e socialização, além de proporcionar o desenvolvimento do senso de responsabilidade e sentimento de carinho pelo parceiro do atleta: o cavalo. Segundo o professor Agripino Soares de Camargo, há um leque de modalidades equestres que variam principalmente conforme a cultura de cada país, mas a Federação Equestre Internacional (FEI) reconhece oito: Adestramento (em que o cavalo executa movimentos cadenciados em perfeita harmonia com o cavaleiro e o vencedor é determinado por uma avaliação de juízes que julgam as performances nos movimentos obrigatórios e na coreografia livre); Concurso Completo de Equitação (disputado em três dias com provas de adestramento, corrida no campo com obstáculos naturais e artificiais, de resistência ao trote e salto), Rédeas, Salto, Volteio, Enduro, Atrelagem Desportiva e o Pará-Adestramento. Saltos é uma das categorias mais conhecidas e, dependendo da competição, ganha quem percorrer um trajeto determinado no menor tempo possível, derrubar o menor número possível de obstáculos ou somar o maior número de pontos. INICIAÇÃO A prática do hipismo pode começar bem cedo e, segundo o professor, a maioria das escolas opta por iniciar as atividades equestres entre cinco e sete anos. “Mas já 28
existem algumas que oferecem a partir dos três anos, o que damos o nome de Equitação Lúdica, pois foca a aproximação, o relacionamento e o desenvolvimento do equilíbrio da criança com animal através de brincadeiras com bolas e exercícios de volteio”, explica.
psicológicos, como rapidez dos reflexos, desenvolvimento da percepção de si próprio, melhora da autoconfiança, do processo de aprendizagem escolar e a sociabilização. “É um esporte considerado também familiar, pois todos acabam acompanhando os cuidados com os animais e as competições, BENEFÍCIOS colaborando no desenvolvimento A psicóloga Daiany Balduino Coelho dos laços familiares”, comenta. acrescenta que todas as modalidades são indicadas para crianças e RESPONSABILIDADE adolescentes. Além disso, reforça Subir em um cavalo, dominá-lo e que as características próprias do cavalgar sem medo é talvez um cavalo, como elegância, docilidade, desafio para muitos e uma habiforça e amizade, permitem um re- lidade para poucos. “Mas hipislacionamento de afetividade, o que mo é justamente isso: a arte de é um aspecto motivador também montar sem distinção ou precondesde bem cedo. “Soma-se o fato de ceitos” declara a psicóloga, que que a criança que pratica equitação ainda define a relação cavalo-hoganha em orientação espacial e tem- mem como apaixonante, pois, poral, alongamento e fortalecimento em cima do animal, o ser humano da musculatura e relaxamento. Tudo se sente poderoso, imponente, isso em um ambiente natural e prati- confiante e seguro para realizar cando uma atividade de forma diver- conquistas. tida e prazerosa”, afirma. Porém, antes de tudo é preciso Ela enfatiza que o hipismo é um compreender o animal. “Os cavaesporte que exige dons e quali- los têm sentimentos, assim como dades do cavaleiro como nenhum as pessoas. Então há dias em outro, pois além de possuir apti- que eles não estão a fim de fazer dões físicas, como força, destreza nada e outros que eles se aplicam e resistência, são necessárias ain- exemplarmente nas atividades e da habilidades intelectuais, capa- nos comandos dados pelo cavacidade de decisão e paciência. leiro ou pela amazona”, explica. Além da capacidade de compreRESULTADOS ensão, cuidados diários com o Como resultados, a especialista animal também favorecem entre destaca que o hipismo melhora a as crianças o desenvolvimento do coordenação motora, o equilíbrio, senso de responsabilidade desde a postura, a resistência aeróbica o início das atividades. e regula a pressão arterial. Proporcionam também benefícios continua
Terapia com cavalos Uma das terapias que fazem uso de animais é a equoterapia que, como o próprio nome diz, trabalha com cavalos. Ela une as técnicas de equitação e atividades equestres com a finalidade de reabilitar e educar as pessoas com deficiência. O passo do cavalo estimula o deslocamento do corpo no espaço e, com isso, exercita o equilíbrio, a coordenação, o tônus muscular e a postura. Além disso, possibilita ganhos psicológicos, aumentando a autoestima e a autoconfiança. “Isso ocorre porque o animal torna-se um amigo digno de total confiança, que ajuda com suas pernas e patas para a melhora dos pacientes”, esclarece a psicóloga. A equoterapia é indicada para o tratamento dos mais diversos tipos de comprometimentos motores, como paralisia cerebral, problemas neurológicos, ortopédicos, posturais; comprometimentos mentais, como a Síndrome de Down; comprometimentos sociais, como distúrbios de comportamento, autismo, esquizofrenia, psicoses; comprometimentos emocionais; deficiências visual e auditiva; problemas escolares, como dificuldades de aprendizagem, distúrbio de atenção, percepção, fala, linguagem, hiperatividade; e até para pessoas que tenham dependência química, além de problemas de postura, insônia, labirintite e estresse.
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Família: Presente! Ilana Vieira Cantora e Pedagoga
Ser mãe ou pai é uma delícia, não é verdade? A gente olha para aquela criança e sente um amor tão grande por tê-la em nossa vida. Um filho traz muitas alegrias, contudo traz também muitas responsabilidades e dúvidas para os pais. Gosto de dizer que não é só o bebê que acaba de nascer e sim que junto nasce uma mãe e um pai. São sentimentos novos, tarefas inéditas enfim uma jornada de muitas emoções e dúvidas. Avós, babás e escola são ajudantes na formação das crianças e grandes aliados dos pais. Entretanto a responsabilidade de desenvolver uma personalidade saudável cabe aos pais. Sabe-se que a falta de tempo é um marca de nossa realidade e este fator tem levado a terceirização da educação da criança. A escola que antigamente era vista como fornecedora de conhecimento acadêmico hoje tem sido buscada para transmitir educação ética e moral também. Cada dia mais, para poder se dedicar a sua profissão e resolver problemas do cotidiano, os pais
tem deixado seus filhos ao cuidado de babás e dos avós ou até de irmãos mais velhos. Esta educação na qual o foco não esta nos pais pode prejudicar o desenvolvimento da criança. Uma criança precisa de atenção, carinho, dedicação e exemplo. Segundo Henri Wallon ela se desenvolve através das trocas sociais, por meio da imitação. Distantes do exemplo dos pais seus conceitos serão formados através das referências que elas têm por perto sejam pessoas ou programas de TVs. Sabemos que é muito difícil a conciliação de nossas tarefas diárias somados a dar atenção aos nossos filhos. Entretanto, não podemos permitir que este enorme privilégio e prazer passe despercebidamente em nossas vidas. Quem não guarda na memória momentos incríveis que viveram ao lado dos pais? Eu jamais esquecerei a proteção que sentia debaixo dos braços do meu pai e a semente que ele plantou em mim de sempre ajudar os que precisavam. Também me marcou muito
os desenhos que fazia com minha mãe, as brincadeiras de caça ao tesouro e o senso de responsabilidade com meus compromissos que ela sempre me ensinou a ter. Meu pai já é falecido e minha mãe até hoje é minha fiel amiga e conselheira. Quando olho para o meu interior vejo que o convívio com eles e seus exemplos de como viver a vida foram substratos fundamentais para contribuir pra adulta que sou hoje. A qualidade do tempo que nós dedicamos aos nossos filhos estará marcada no coração e no caráter deles para sempre. É preciso acompanhar com quem convive, o que tem aprendido e acima de tudo investir tempo para conhecê-los. Descobrir o que gosta, o que lhe traz alegria, como interpreta a vida através das suas brincadeiras e desenhos. A cada troca de afeto e a cada momento de paciência dedicados a ensiná-los o certo e errado, estaremos pintamos uma história linda para quem aqueles que nos são mais preciosos, nossos filhos.
“A qualidade do tempo que dedicamos aos filhos estará marcada no coração e no caráter deles para sempre” 32
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Filho especial, como agir? Elisabete Giusti Coord. do Centro de Ações Preventinvas APAE - Limeira
O diagnóstico de que o bebê terá algum tipo de deficiência gera uma série de sentimentos e emoções como choque, medo, culpa ou insegurança. Um processo natural, garantem os especialistas! O tempo de aceitação é diferente para cada pessoa, no entanto, é preciso que a mãe tenha em mente que a ajuda da família, de amigos e principalmente de profissionais é fundamental. Para Elisabete Giusti, coordenadora do Centro de Ações Preventivas da APAE Limeira, a primeira reação dos pais ao receber o diagnóstico que seu filho terá alguma deficiência, varia de caso para caso, mas em geral, essa notícia pode acarretar um sentimento de luta e de perda do filho idealizado. Os pais geralmente depositam nos seus filhos, as expectativas de realizarem seus sonhos e saber que isso não será possível, pode gerar um sentimento de frustração. "Em nossa sociedade, com os nossos padrões e valores, quando um casal resolve ter filhos, é comum, que ainda, durante a gestação, os futuros pais alimentem uma série de fantasias e sonhem com uma criança idealizada. Na grande maioria dos casos, os filhos 38
deverão realizar os projetos que os pais não conseguiram concretizar e estes, por sua vez, farão o máximo de seu investimento para que suas frustrações não se repitam na vida dos filhos", comenta Elisabete. A decepção será maior ou menor em função de alguns fatores, como: a aceitação da gestação ou não (caso a gestação tenha sido rejeitada, poderá surgir um sentimento de culpa), do tipo da personalidade de cada um dos cônjuges (uns se isolam em sua tristeza e choro, outros gritam; esbravejam, agridem terceiros; criticam os profissionais); relacionamento do casal antes do nascimento (se já não havia harmonia e o casamento se desfaz, a criança pode funcionar como "bode expiatório"). "Com frequência, ouvimos sobre a separação de um casal porque nasceu um filho especial, mas acreditamos que se a relação fosse saudável, isto não ocorreria, ao contrário, muitos casais relatam que se uniram ainda mais após a ocorrência. Outros fatores também podem interferir nesse processo de aceitação, como por exemplo, o nível de expectativa dos pais (quanto maior a expectativa dos pais maior a decepção);
grau de preconceito em relação às pessoas com deficiência (quanto maior o preconceito, maior será a dificuldade em relação ao filho)". Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos com mães de crianças que nasceram com Síndrome de Down, investigou quais os sentimentos mais frequentes dos pais e os resultados mostraram que 95% dos pais sentiram culpa (as mães procuravam algo que tivessem feito de ruim, que pudesse justificar); 95% também negaram (tentaram buscar outras opiniões, na tentativa de negar o diagnóstico inicial), inferioridade (como se tivessem "produzido" algo de ruim); vergonha (90%); outros sentimentos foram: desejo de morrer, raiva, solidão, desamparo, etc. "A forma como a noticia é transmitida aos pais pode influenciar em sua maneira de agir. Nem todos os profissionais estão preparados para essa noticia. Existe um despreparo, tanto técnico como emocional, o que pode levar a uma forma inadequada de transmitir a notícia tirando toda esperança dos pais quanto ao futuro continua
“É muito importante, que um casal planeje a vinda de um bebê, a futura mamãe deve procurar o médico ginecologista para que todos os exames possam ser realizados” dessa criança e impedindo a formação de vínculos afetivos". Como buscar ajuda? É muito importante, que um casal planeje a vinda de um bebê, a futura mamãe deve procurar o médico ginecologista para que todos os exames possam ser realizados. Em alguns casos, quando já existe algum caso de deficiência na família, também é importante procurar um geneticista para uma orientação sobre a necessidade ou não se de fazer exames mais específicos. Após o nascimento do bebê, os pais devem ficar atentos ao seu desenvolvimento, e se notarem algum sinal de dificuldade, não deixem de procurar ajuda. Profissionais da área de Neuropediatria, Pediatria, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Psicologia, dentre outros poderão ajudar os pais e o mais importante, ajudar a criança nas suas dificuldades. "Quanto mais cedo o processo de intervenção se inicia, melhores serão os resultados", explica. É importante ressaltar que, uma criança com deficiência,
sempre poderá ter ganhos e profissionais preparados e que saibam planejar a intervenção adequadamente são fundamentais. A empatia e a segurança que os profissionais passam são essenciais para estabelecer um vínculo de confiança com os pais. Os profissionais também devem ter além do conhecimento técnico, o conhecimento emocional, de se colocarem no lugar dos pais e entenderem a dor que estão passando. O apoio mútuo é sempre bem-vindo. Ter um grupo de profissionais no qual se aconchegar é a melhor forma de diminuir a dor. Quando você pertence a um grupo, nunca está realmente sozinho. Apesar de ser difícil, é possível transformar o sentimento de luto após receber a notícia de uma deficiência, em sentimento de luta, de luta pelo melhor para o seu filho, de luta para conseguir com que ele possa viver e participar da sociedade, antes da deficiência, ele é um ser humano e deve ser tratado com toda dignidade que merece. Os pais devem buscar informa-
ções, devem procurar profissionais empáticos, que estabeleçam uma relação de parceria, que abram horizontes, que motivem e encorajam os pais a seguir em frente. Muitos pais de crianças especiais relatam que suas vidas se transformaram muito após o nascimento do filho especial, que todos os seus valores foram revistos. Na APAE de Limeira, temos uma equipe especializada no diagnóstico da deficiência intelectual, e mais do que o conhecimento técnico, essa equipe é preparada para o aspecto emocional que o diagnóstico exige. O diagnóstico deve abrir um caminho, deve servir como um apoio aos pais e não simplesmente rotular a criança, ressaltando apenas suas dificuldades. Além da criança, os pais e outros familiares também recebem o apoio e a atenção dos profissionais. “Respeitar o momento dos pais, a dor, que muitas vezes, é mostrada por uma não aceitação do diagnóstico, compreender e ajudar neste processo é essencial”, finaliza Elisabete Giusti.
“Após o nascimento do bebê, os pais devem ficar atentos ao seu desenvolvimento, e se notarem algum sinal de dificuldade, não deixem de procurar ajuda” 40
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Como tratar e evitar doenças respiratórias
Dr. André Mendes Aleixo CRM - 64.124 Alergista e Pneumologista Infantil
Basta a temperatura cair para o número de doenças respiratórias subir. Essa proporção inversa é bem conhecida na rotina dos consultórios médicos, principalmente nesta época do ano. Segundo o alergista e pneumologista infantil André Mendes Aleixo, as doenças mais comuns no inverno são os resfriados e as gripes. “Porém existe também uma alta incidência de asma brônquica, popularmente conhecida como bronquite, além de rinite alérgica e pneumonias”, afirma. Os resfriados caracterizam-se por febre, coriza, obstrução nasal, tosse produtiva e indisposição. “Em geral são quadros auto limitados e o tratamento é sintomático, ou seja, utilizamos medicações para aliviar os sintomas, mas temos que esperar o ciclo do vírus e a reação do próprio organismo”, explica. De um modo geral, os resfriados são causados pelos rinovírus e vírus sincicial respiratório. Já as gripes, segundo o especialista, são causadas pelos vírus Influenza e tendem a apresentar sintomas mais exacerbados, com febre mais alta, dores pelo corpo, comprometimento do estado geral mais intenso e algumas vezes 44
dificuldade respiratória, podendo levar a morte quando evoluem para quadros mais extremos. As pneumonias normalmente são acompanhadas de febre alta, tosse produtiva e queda do estado geral de saúde, além de dificuldade respiratória e dor torácica. Já entre as alergias respiratórias, o médico explica que a asma brônquica caracteriza-se por tosse, chiado e dificuldade respiratória, com falta de ar e cansaço perante esforços. “Já a rinite apresenta-se com coriza clara, episódios de espirros, prurido e obstrução nasal”, diferencia.
trole do quadro infeccioso. Já a asma brônquica é tratada em duas etapas. Primeiro deve-se tirar o paciente da crise, com uso de bronco dilatadores e corticoides, para depois então fazer tratamento de manutenção, em que o objetivo é evitar novas crises. “Muitas vezes são utilizados remédios inalatórios, as famosas bombinhas. A propósito, cabe ressaltar que as bombinhas não fazem mal ao coração e, quando bem indicadas, são muito importantes e eficazes no tratamento profilático da asma”, observa.
TRATAMENTO O tratamento é específico para cada tipo de problema, além de variar de acordo com as características do paciente. No caso das gripes e resfriados, é somente sintomático, com controle da febre, congestão nasal e dores pelo corpo. “Isso porque são quadros virais, geralmente auto limitados, e que tem uma evolução de sete a dez dias”, esclarece. Ao contrário das gripes e resfriados, o especialista enfatiza que, nos casos de pneumonias, além de medicamentos sintomáticos, é de suma importância o uso adequado de antibióticos para con-
CUIDADOS NA INFÂNCIA Segundo o especialista, todo problema respiratório, principalmente na infância, requer cuidados. Mesmo no caso de resfriados ou gripes, é importante que os pais observem a evolução do quadro. Caso apresentem febre persistente e de difícil controle ou dificuldade respiratória, com queda do estado geral, as crianças devem ser avaliadas por um médico para o correto diagnóstico e tratamento. “Evite a automedicação e procure sempre um médico para a correta orientação, tratamento e conduta do caso”, aconselha. continua
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PREVENÇÃO Apesar das características peculiares de cada uma das doenças respiratórias mais comuns desta época e seus tratamentos específicos, o alergista e pneumologista infantil enfatiza que algumas formas de prevenção são unânimes para todos os casos. Entre as principais recomendações, destacam-se o bom hábito de higiene, mantendo os ambientes sempre limpos e sem poeira; evitar lugares fechados, com aglomerados de pessoas; e sempre ingerir bastante líquido.
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Especificamente em relação às gripes e às pneumonias, existem outras dicas médicas como a vacina antigripal que deve ser aplicada anualmente. Também já estão disponíveis vacinas antipneumocócicas que previnem contra alguns tipos de pneumonia e podem ser aplicadas em toda a população a partir dos primeiros meses de vida”, orienta. Já a prevenção das alergias respiratórias merece atenção especial no aspecto higiene. “Além de manter os ambientes muito bem limpos, eles deverão ficar livres de objetos
que acumulem poeira, como cortinas, tapetes, carpetes e bichos de pelúcia”, observa. Também é preciso evitar ambientes muito úmidos ou com umidade nas paredes. Outra medida de extrema importância e ficar longe da fumaça de cigarro, um dos principais desencadeantes de alergias respiratórias na infância. “Por outro lado, algumas medidas paliativas muito adotadas pela população, como colocar bacia de água ou toalhas úmidas no ambiente, não demonstram boa eficácia na prevenção de quadros respiratórios”, conclui.
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No inverno aumenta o risco de queimaduras em crianças O manuseio de líquidos em altas temperaturas deve ser feito com muita cautela e longe das crianças. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 15 mil crianças foram internadas vítimas de queimaduras com líquidos quentes e outras fontes de calor, queimaduras com fogo ou choque elétrico. A escaldadura (quando o líquido entorna sobre a pessoa) é uma das principais causas de queimaduras entre as crianças. Entre crianças com idade zero a quatro anos, a queimadura com líquidos quentes e outras fontes de calor representou a segunda causa de hospitalização considerando todos os outros acidentes.
As crianças são mais vulneráveis a este acidente devido à menor tolerância às temperaturas quentes e a pele mais fina que a dos adultos, por exemplo. Além disso, sofrem queimaduras a temperaturas mais baixas, de maior profundidade e que atingem maior superfície do corpo. Alguns cuidados essenciais podem ser adotados como: evitar que a criança entre na cozinha, evitar toalhas de mesa (a criança pode puxar e acabar derrubando sobre ele alimentos e líquidos quentes), cozinhar nas bocas de trás do fogão, sempre com os cabos das panelas virados para trás e evitar carregar as crianças no colo enquanto mexe em panelas.
Até um simples cafezinho pode provocar graves queimaduras na pele de um bebê. O álcool também é um dos principais riscos. Este produto deve ser evitado na cozinha, para o acendimento de lareiras ou até mesmo na limpeza. O uso de aquecedores também deve ser observado com atenção.
Fonte: www.criançasegura.org.br
Continua
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Meu filho é o mais baixo da turma
Dr. Tunequi Katiti CRM - 83520 Endocrinologista Pediátrico
Basta formar a tradicional fila de alunos na escola e lá está, sempre na frente, o mais baixo da turma. O que parece uma simples descrição física da criança se torna, em muitos casos, um motivo de preocupação para os pais, como muitos médicos já registraram em seus consultórios. Segundo o endocrinologista pediátrico Tunequi Katiki, tanto os meninos quanto as meninas com baixa estatura sofrem de forma semelhante. Porém, os indivíduos do sexo masculino, são mais cobrados socialmente para serem mais altos. O médico explica que a determinação do tamanho pode ser associada aos fatores nutricionais e extrínsecos (patologias na vida intrauterina e extrauterina), que
influenciam positivamente ou negativamente o crescimento. “Porém, o fator mais forte na estatura adulta é a genética”, enfatiza. Para os pais, uma continha rápida pode ajudar a identificar o potencial genético da estatura futura dos filhos, denominado de “estatura-alvo”. O cálculo pode ser feito por meio das fórmulas propostas por Tanner e é bem simples (veja tabela). SAÚDE E ALIMENTAÇÃO Além das questões matemáticas, o especialista lembra que alguns cuidados são fundamentais para que a criança aproveite o máximo de crescimento da estatura-alvo familiar. Atenção com a saúde, por exemplo, é essencial, pois
doenças crônicas podem limitar o potencial genético de crescimento. “A alimentação saudável é outro fator importante”, observa. De um modo geral, é recomendada a ingestão equilibrada de carboidratos, proteínas e gorduras, assim como o consumo de verduras, legumes e frutas. “Quando a alimentação da criança é correta, não é indicado o consumo de vitaminas. Já para aquelas com pouca variação de alimentos nutricionais, a prescrição de fórmulas infantis com vitaminas pode ser considerada. Lembrando que as vitaminas em cápsulas não são prescritas para as crianças normalmente, mas utilizadas para adultos”, esclarece. continua
“A atividade física pode potencializar o crescimento, principalmente as de impacto, como futebol, corrida e dança”
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ATIVIDADE FÍSICA A atividade física pode potencializar o crescimento, principalmente as de impacto, como futebol, corrida e dança. “Se há impacto, ocorre a estimulação do osso para que seja mais bem produzido e liberado o hormônio de crescimento pelo sistema nervoso central (hipotálamo e hipófise)”, informa. Segundo o endocrinologista pediátrico, a idade ideal para praticar a atividade física é a partir dos cinco anos, pois antes a criança não tem coordenação motora suficiente para jogar futebol, por exemplo. “Mais importante, no entanto, é o estímulo de brincadeiras, como correr ou andar de bicicleta, para qualquer idade, para evi-
tar inclusive o sedentarismo”, considerando principalmente a complementa. herança genética e outros fatores bem específicos, o médico pode recomendar os tratamentos horSONO Quando o assunto é estatura, outro monais para o crescimento. aspecto importantíssimo é o sono. Há dois tipos: o hormônio de Tunequi explica que o hormônio do crescimento (GH) e os esteroides crescimento é liberado pelo orga- sexuais (testosterona, para meninismo somente à noite e, portanto, nos, e estradiol, para as meninas). é essencial que a criança tenha um Segundo o endocrinologista, o sono tranquilo e de qualidade, com GH é utilizado em crianças com oito a dez horas por noite. “Crian- diagnóstico de deficiência de GH, ças que dormem no período da síndromes genéticas (Turner, tarde e dormem pouco à noite têm Prader-Willi) e em crianças que menos contato com o hormônio de nasceram pequenas para idade gestacional e não conseguiram crescimento”, declara. recuperar o crescimento até os três ou quatro anos de idade. Já HORMÔNIOS Se mesmo com o cumprimento o esteroide sexual pode ser utilidestas dicas e a estatura da crian- zado no caso de puberdade atraça estiver abaixo do previsto, sada nos adolescentes.
Potencial genético para o crescimento • Para meninas soma-se a (altura da mãe) + (altura do pai -13cm) e divide por dois. Ao resultado, considera-se 9 cm para mais e para menos para saber a variação. • Para meninos soma-se (altura do pai) + (altura da mãe + 13cm) e divide por dois. Ao resultado, considera-se 10 cm para mais e para menos para saber a variação. Exemplo: Um menino, cujo pai tem 170 cm e a mãe tem 157 cm. Utilizando a fórmula, a estatura alvo desta criança é 170 cm, com variação de 160 a 180 cm.
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Retratinhos
Fotos: Arquivo Pessoal
Gabriela Zancha
Emanuelly Vitoria Cesar de Paula
Sofia Fernandes Corrêa
Vitor Luis de Souza César 54
Caderno Especial Ano I no. 4
Solidariedade sem fronteiras Dicas
Como cuidar da voz da infância ao envelhecimento
Arte
Os benefícios da dança
Coleção Inverno 2013
Fones: 3702-7479 | 3453-3627
Rua Visconde do Rio Branco, 249 - Centro - Limeira - SP
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Solidariedade sem fronteiras Conhecer experiências, desafios e os aspectos mais marcantes de uma de jornada de 18 anos longe do Brasil. Esses são objetivos da revista Vida bebê, ao expor nesta edição um pouco da história e do trabalho desenvolvido pelo Reverendo Wesley Porto, junto com sua família, nos Estados Unidos. Com relatos enriquecedores, a leitura a seguir permite uma viagem para uma realidade distante para muitos, difícil para milhares de brasileiros e emocionante para todos. Os depoimentos e as curiosidades compartilhadas mostram exemplos de fé, persistência e amor ao próximo, sentimento que alimenta ações voluntárias diversas e fundamentais para muitos imigrantes. Tudo isso sem deixar de lado o patriotismo pela terra natal.
Ao receber o convite para escrever para a revista Vida bebê e falar um pouco sobre a jornada de 18 anos de minha família em Orlando, na Flórida, eu me senti como naqueles desenhos animados em que aparece uma grande represa pronta para se romper e tudo o que eu preciso é tirar aquela pequena rolhinha da rachadura, o que irá provocar um imenso rompimento das águas das experiências e lembranças já guardadas no "fundo do baú". De qualquer maneira, decidi iniciar pelo momento que vivemos hoje. Não pelo Reverendo Wesley Porto, mas sobre o marido Wesley, junto com sua esposa Ana Cláudia, cuidando dos preparativos de nossa comemoração das Bodas de Prata. Desses 25 anos de casados, exatamente 18 anos estão sendo completados aqui. Na minha pequena fala da cerimônia da renovação dos votos começarei falando da graça inesgotável que nos carregou no colo para que chegássemos onde estamos, isto é, nos nossos 25 anos lado a lado. Digo graça que nos carregou no colo, pois reconheço que não
somos perfeitos, mas celebramos com alegria indizível esse quarto de século juntos. Nesse tempo, precisamente na grande parte dos nossos primeiros 10 anos, desejávamos deixar de ser um casal para sermos uma família completa. Como os filhos não apareceram nos primeiros anos, curtimos um pouco mais da nossa lua-de-mel prolongada. Pelo quarto ou quinto ano, começamos a achar estranho o não surgimento de um bebê em casa. Pelo sexto ano, morando em Limeira, buscamos ajuda médica, porém sem resultado. Quando pastoreava uma igreja em Itapeva, uma oportunidade surgiu para conhecermos Orlando, passarmos uns dias de férias e, talvez, até explorarmos o terreno com vistas a um ministério pastoral entre os brasileiros que, em meados dos anos 90, chegavam aos milhares aos Estados Unidos. Por incrível que pareça, não visitamos nenhum dos parques famosos que atraem milhões de turistas anualmente, mas gastamos praticamente todo o nosso tempo conhecendo um pouquinho
do que era a vida das centenas de famílias que chegavam em busca de uma vida melhor. Já bastante acostumados com o aspecto da ajuda ao próximo em ministérios desenvolvidos no Brasil, uma chama intensa nos ardeu no coração para estabelecermos residência no meio do nosso povo "brasuca" na Flórida Central. continua
Wesley Porto e sua esposa Ana Claudia Porto
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A CHEGADA Não demorou muito para vermos a impressionante carência dos brasileiros chegando aos milhares todos os meses em função do alto índice de desemprego no Brasil. Minha esposa e eu fomos fazer o que todo mundo tinha que fazer para sobreviver: trabalhar, trabalhar e trabalhar. Não demorou para compreendermos por que Deus não nos deu o privilégio dos filhos até então, não teríamos quem cuidasse deles. Meus empregos foram os mais variados, de limpeza a carregador de caixas de estoque em lojas, de vendedor de revelação de fotos para turistas à limpeza de escritórios, além de cuidar de crianças ou mesmo de animais. Minha esposa, Ana Cláudia, há muitos anos trabalha com faxina de casas e apartamentos, o que lhe rendeu a confiança de patroas que nem sonham em perdê-la. Mesmo no meio do trabalho secular, nosso trabalho pastoral estava bem
definido desde o início. Atividades como levar recém-chegados para conseguir a sua carteira de motorista, comprar um carro usado, adquirir seguro, alugar apartamento, matricular os filhos nas escolas públicas, levar essas crianças para as vacinas e exames médicos requeridos pelas escolas, ser o tradutor em todas essas ocasiões, obter ajudas governamentais para crianças de famílias de baixa renda, preparar papeis para assuntos de imigração e do consulado brasileiro, socorrer pessoas acidentadas em hospitais ou mesmo ajudar a pagar fiança de pessoas presas por estarem dirigindo sem possuírem uma carteira de motorista válida, acompanhar e traduzir para essas pessoas que deveriam comparecer diante de um juiz, etc.
rar meu pai que sempre foi um grande exemplo de homem. Cinco anos depois veio a Giovana. E, no meio de tanto trabalho, nossos filhos sempre nos acompanharam em tudo. Nas suas respectivas escolas ambos sempre foram alunos exemplares e o Sérgio acaba de terminar o seu segundo ano do segundo grau, o high school, e começou o seu primeiro emprego de verão em um restaurante pertencente a uma família de nossa igreja. A IGREJA Todo esse trabalho nos proporcionou organizar a Igreja Presbiteriana Nova Esperança de Orlando, uma comunidade formada por famílias de primeira geração nos Estados Unidos e com sua vocação principal para ajudar, socorrer e receber nosso povo seja lá com que necessidade ele se apresente.
OS FILHOS Contudo, com exatamente dois anos morando em Orlado, Deus nos deu a alegria de termos o ASSISTÊNCIA nosso primeiro filho, o Serginho, Esse trabalho levou nossa igrenome com o qual quisemos hon- ja a criar há cerca de um ano e meio o Centro de Assistência ao Imigrante Nova Esperança que hoje é capaz de catalisar recursos materiais e financeiros de outras instituições com o propósito de desenvolver projetos relevantes para nosso povo, tais como assistência em assuntos de imigração, aconselhamento individual e familiar, cursos de português para nossas crianças criadas e nascidas aqui, orientação e proteção a mulheres que sofrem de abusos de vários tipos, e, mais recentemente, engajamo-nos na luta junto com outras coalisões nacionais pela reforma nas leis de imigração as quais, uma vez aprovadas, daOs filhos Giovana Porto e Sergio Porto curtindo as férias rão status legal para milhares de
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Família reunida em férias na região norte dos EUA
brasileiros indocumentadas. Colônia de férias para a nossas crianças, a jornada do GPS da Família que congrega os pais a ensinarem seus filhos a brincarem de fazer pipa, jogar pião, tricotar, trabalhos manuais e outros (sim, nesse dia não são permitidos celulares, ipods, ipads, etc) também fazem parte das atividades. Assim, o trabalho desses incontáveis voluntários desbanca qualquer asseveração de que o brasileiro não seja solidário. EM FAMÍLIA No meio de tudo isso nossa família caminha junto. Várias são as assistências que preciso que minha esposa faça comigo ou mesmo sozinha. Minha filha Giovana é a pessoa que
mais me acompanha as visitas aos recém-nascidos nos hospitais. Diga-se de passagem, já batizei centenas de crianças braso-americanas nesses 18 anos de América. Meu filho Sérgio hoje é líder dos jovens com seus quase 16 anos e um dos bateristas atuantes da banda da igreja enquanto nunca me deixa na mão quando preciso de um “cara forte” para ajudar a alguém que precise mover ou transportar alguma coisa pesada ou mesmo fazer a mudança de uma pessoa carente que precise da força dos irmãos para o transporte. Juntos também somos os principais hospedeiros da igreja, recebendo anualmente a maioria dos pastores e pregadores que nos
visitam. Deus nos deu, para isso, uma casa com um quarto exclusivo para os nossos convidados e é interessante ver como as crianças ficam tristes quando esses partem de volta para o Brasil. PATRIOTISMO É claro que as crianças não sentem pela Pátria amada a mesma paixão que temos pelo Brasil. Mas na igreja ensinamos valores brasileiros e todas as nossas crianças cantam o Hino Nacional. Viver longe do Brasil tem um preço muito alto. Nossos filhos pouco conhecem seus avós e, ainda que nós tentemos manter a chama do continua 59
amor pela família acesa, nunca dos, pintar todo o prédio e até será como o convívio de morar na mesmo limpar os banheiros ou mesma cidade dos queridos. a cozinha mostrou que, aos poucos, vamos deixando de ser simEXPERIÊNCIA plesmente imigrantes para serQueria compartilhar mais uma ex- mos gente da terra. periência, dentre tantas outras mar- Isso tudo sendo juntado com a cantes. Há pouco mais de um ano a expectativa da eminente aprovaIgreja Presbiteriana Nova Esperan- ção das novas leis de imigração ça, com a graça e providência de tem levado a mim, junto com miDeus, comprou uma propriedade. nha família, a compreendermos Isso nos deu mais ainda o senso que Deus nos trouxe para cá com de pertencermos a este lugar, de um propósito: o de sermos usaque não viemos para cá só para dos por Ele para guiarmos centeganharmos dinheiro e em busca nas, talvez milhares de pessoas e de coisas materiais. Ainda que o famílias para a realização de um patrimônio seja um santuário de sonho de uma vida melhor, a qual mais de 50 anos de construção, se possa viver com dignidade, resa alegria de nossos voluntários peito e liberdade. em limpar, faxinar, adquirir novos Também sentimos um forte proequipamentos, reformar cômo- pósito do Senhor quando amigos
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que já retornaram para o Brasil nos escrevem dizendo quanta saudade sentem de nós e do quão são gratos por tudo o que a igreja fez nas suas vidas. Não são poucos os que lutam desejando ainda voltarem a viver em Orlando para mais uma vez estarem perto ou participantes da família da Nova Esperança. Vindo à Orlando tanto para visitar aos parques de diversão ou talvez sonhando com uma vida nova e desafiadora, por favor, conte conosco. Estaremos aqui para te servir! www.igrejanovaesperanca.org Facebook: Igreja Nova Esperança 4300 Lake Margaret Dr. Orlando, FL 32812 Tel: 407 275 6161
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Dançar faz bem
Luciana Schmidhausler Affonso Professora de dança Os passos iniciais na arte da dança podem ser dados ainda nos primeiros anos de vida, mas para quem nunca dançou a boa notícia é que não há limites para se soltar e, é claro, se sentir muito melhor. Segundo a professora Luciana Schmidhausler Affonso, a dança deve ser iniciada até os 10 anos para quem deseja se profissionalizar, mas para os demais apaixonados por esta arte não existem restrições de faixa etária. “A dança é uma arte para todos, desde que seja ensinada por um bom profissional capaz de perceber a limitação de cada corpo”, explica. Antes de tentar descobrir o melhor estilo ou tipo de dança para iniciantes, é necessário identificar bem a razão que motivou a busca pelas aulas. “Os motivos normalmente são bem variados, desde aqueles que procuram se movimentar e buscam cursos como jazz, os que querem algo aeróbico e recorrem ao street dance e ainda alunos que querem simplesmente estar em contato com a música de forma relaxante, que geralmente optam pelo Ballet clássico. Têm ainda os que procu-
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ram socialização, que são os que se identificam mais com a dança de salão”, afirma. Mulheres mais calmas não se identificam, necessariamente, com danças mais clássicas e as mais agitadas com os ritmos mais agitados. De acordo com a professora, a melhor forma de descobrir a preferência é fazer a aula. “É importante ressaltar que conhecer um estilo de dança apenas de assistir e gostar não garante que a resposta também será positiva ao fazer uma aula de tal estilo”, avisa. Isso porque, quando o corpo experimenta determinado movimento, envia mensagens diferentes para o cérebro daquelas registradas apenas quando se vê. “Por isso, é importante experimentar vários tipos de aulas para saber qual mais se identifica”, sugere. BENEFÍCIOS A dança tem benefícios no indivíduo como um todo, fisicamente trabalhando alongamento, fortalecimento muscular e prevenindo dores causadas pelo sedentarismo. “Já emocionalmente a pessoa se sente menos estressada”,
complementa. A professora ainda lembra que a dança pode ser uma ótima aliada no combate à depressão e outras síndromes emocionais. GESTAÇÃO A dança na gestação é indicada somente para mulheres que já praticavam esta atividade antes, e mesmo assim a grávida tem que estar ciente de seus limites, evitando movimentos de alto impacto como, por exemplo, grandes saltos. Porém, depois que o bebê nasce a mulher está apta para voltar as suas atividades e a dança se torna uma ótima aliada para perda de peso, para o combate da depressão pós-parto e para o restabelecimento da autoestima. “Além disso, a dança proporcionará um momento que a mulher terá só para ela em meio a tantos afazeres como mãe. E é sempre bom lembrar que a mulher que pratica a dança é mais elegante, pois, tem boa postura. Também se torna mais feminina e tem mais agilidade no seu dia a dia”, finaliza.
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Voz, da infância ao envelhecimento
Danielle Schinor Mena Peres Especialista em voz e Master Coach
Muito mais que uma característica que ajuda a nos descrever e até transparecer nossas emoções, a voz é como uma impressão digital que nos acompanhará do nascimento ao envelhecimento. O processo de emissão é o mesmo para todos, ou seja, o ar inspirado que entrou pelas narinas ou pela boca e chega aos pulmões faz o caminho inverso e percorre a laringe. É nesse órgão que se localizam as pregas vocais, que se afastam ou se aproximam com a passagem do ar e produzem o som. O que torna as vozes diferentes, segundo a fonoaudióloga e consultora Danielle Schinor Mena Peres, são fatores que influenciam diretamente a particularidade vocal de cada um: a genética, com características hereditárias dos pais; a estrutura anatômica, que envolve o tamanho do trato vo-
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cal das estruturas da face, tórax, região abdominal e pescoço; e o estado emocional, que interfere diretamente na produção vocal. “Sabemos quando alguém que conhecemos está triste ou feliz apenas falando ao telefone”, exemplifica. Além desses aspectos, o tipo de educação e a convivência com outras pessoas também ajudam a moldar a voz, não apenas na sonoridade, mas na forma da emissão. “Claro que temos personalidades diferentes e somos diferentes, porém essa influência existe desde o nosso nascimento”, afirma. À medida que crescemos, as mudanças vocais acontecem ao longo da nossa vida.
-se em seis fases de evolução, de acordo com as características vocais, começando pelo nascimento até os 40 dias de vida. Neste período as emissões são com frequências elevadas (vozes bem fininhas), com ataque vocal brusco e de forte intensidade, com modulações reduzidas. “Quando nascemos, nossas estruturas anatômicas são todas bem pequenas, inclusive nossas pregas vocais, o que gera um som mais agudo e sem muitas modulações”, observa. A segunda fase é chamada de primeira infância e termina aos seis anos de idade. Nesta etapa, a frequência das vozes (a voz fininha) ainda são muito semeFASES DE EVOLUÇÃO lhantes nas crianças e o que as A especialista cita, segundo a clas- diferencia é o jeitinho com que sificação de Schrager (1966), que esse desenvolvimento apresentaContinua
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cada uma fala, o que já demostra sua individualidade. Na fase seguinte, dos seis anos à puberdade (segunda infância), começa a aparecer a modulação da voz, coincidente com o funcionamento hormonal. Até o início da puberdade as variações vocais chegam a uma oitava de extensão. É o período em que são percebidas as maiores mudanças e as características individuais se acentuam. Já na quarta fase, na puberdade, se estabelecem as características vocais de diferenciação sexual, mais notáveis no menino. Com as mudanças fisiológicas ao redor dos 13 ou 14 anos, a voz dos garotos podem se tornar rouca, diplofônica, áspera ou soprosa. “Já as vozes das meninas também sofrem alterações, porém a percepção é mais sutil. Elas deixam de ter uma voz infantilizada para ter uma voz adulta. O processo nas meninas é gradativo, por isso não se percebe tanto”, compara. Ainda em relação aos meninos, a melhor dica para evitar as brincadeiras sobre a voz fina típica da adolescência é conversar com os filhos, esclarecendo o que acontece com o corpo e com a voz tam-
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bém. “As brincadeiras de mau gosto fazem parte dessa fase da vida, porém quando os pais esclarecem aos seus filhos suas mudanças físicas, os apoiam e transmitem segurança, com certeza lidarão melhor com isso. Caso o adolescente esteja sofrendo, procure um profissional fonoaudiólogo especializado para orientar e tratar, se necessário”, aconselha. As duas fases seguintes compreendem a estabilização, do jovem ao adulto (nesta etapa a voz é estável e apresenta características próprias de cada sexo); e senescência, período da menopausa ao envelhecimento, quando a senilidade vocal é mais precoce na mulher e mais marcada na voz cantada. “Nessa fase, ocorre perda de potência e diminuição de harmônicos em ambos os sexos”, explica. RESISTÊNCIA O sinal de envelhecimento mais comum que se manifesta na voz é a perda ou diminuição da potencia vocal, ou seja, a voz parece que fica mais fraca. No entanto, Danielle enfatiza que as fases pelas quais a voz passa são naturais e não patológicas.
Coordenação e edição Raquel Penedo Oliveira
Fotografia Inez Miranda Demétrio Razzo
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Jornalista responsável Erica Samara Morente MTb 53.551
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Além disso, a resistência laríngea é individual, assim como acontece com os outros músculos do corpo. Há pessoas que tem maior resistência a lesões em músculos e tendões e outras com resistência baixa. “O que sabemos é que pessoas que fazem uso da voz profissional, que usam a voz e as treinam com aulas de canto ou exercícios direcionados adquirem uma maior resistência vocal”, esclarece. A especialista reforça que não é necessariamente o envelhecimento que determinará ou não a necessidade de buscar ajuda para tratamentos da voz. Independente da faixa etária, casos de rouquidão, cansaço ao falar, dores constantes na região da laringe, voz alterada (parece que liga e desliga), perda vocal repentina e sensação de engasgo com frequência exigem interferência profissional. Também independente da idade, alguns cuidados essenciais com a voz devem ser tomados sempre, da infância ao envelhecimento: ingerir água constantemente, evitar gritar ou falar alto o tempo todo e estar atento à postura corporal e às tensões na região de ombros e pescoço.
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