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ANO V N. 20 Março 2014 R$ 6,90
Educação
Entenda como ter filhos mais obedientes
Medicina
Homeopatia: saiba mais sobre essa especialidade na infância
Saúde
Intolerância a lactose: Dieta adequada e vida normal
Comportamento: Mais brincadeiras reais e menos jogos virtuais
Caderno Especial - Carreira e mercado de trabalho
Ed iç Ou ão d ton e o
Editorial Como não me alegrar com nossa 20ª edição! Cada uma delas pensada com tanto carinho e dedicação. Junto com toda a equipe, cuidando de cada detalhe, conteúdo, imagens para chegar ao resultado esperado. Pensando em você que busca na Vida bebê saber mais desse universo tão lindo, o da maternidade. Estar presente, dar exemplo, dialogar, atitudes tão cobradas hoje em dia,Penedo será que estamos acertando? Quando devemos começar a Raquel Oliveira educar Editora nossos filhos? Veja nossa primeira matéria e saiba que a resposta é sempre, desde sempre. Outra matéria importante se refere a como podemos driblar a genética, heranças tidas como certas, podem ser evitadas? No caderno especial Vida Mulher falamos sobre como está o mercado de trabalho e quais são as maiores expectativas das mulheres nos dias de hoje em relação à vida profissional, aproveitem as dicas. É muito bom estar com vocês mais uma vez. Uma excelente leitura!
Sumário 04 - Filhos obedientes 10 - Vitrininha 14 - Editorial de Moda 22 - Intolerância a lactose 28 - Driblando a genética 32 - A descoberta dos doces 36 - Furando a orelhinha com segurança 42 - Infância real ou virtual 46 - Aborto espontâneo? Tente outra vez! 50 - Homeopatia na infância 54 - Retratinhos 57 - A mulher e o mercado de trabalho 60 - Dormir pouco pode prejudicar o coração 62 - Guarda compartilhada 65 - Amigos especiais
Raquel Penedo Oliveira Editora
Capa
Fernanda Penedo Oliveira Veste: Casa da Árvore Cabelo: Cuca Maluca Foto : Studio Michele Stahl
Filhos obedientes Dra. Solange Dantas CRP - 06/8691-4 Psicóloga
"Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele” Provérbios 22:6 Por mais que os livros expliquem, por mais que os psicólogos e educadores orientem, a fórmula mágica para que os filhos se tornem crianças obedientes parece longe de ser descoberta. No dia a dia, à medida que os pequenos crescem, a desobediência parece ser até instintiva. Por mais que falemos “não faz isso” ou “isso não pode”, a garotada parece disposta a desafiar os limites que, desde bem cedo, precisam ficar muito claros. Essa é a dica primordial da psicóloga Solange Dantas. A especialista conta que seu saudoso pai, o psiquiatra Dr. Dantas, dizia sempre em suas palestras que um casal com seu bebê, em visita ao pediatra, perguntou: “Doutor, quando começaremos a educar nosso filho?” O médico sorriu e respondeu: “Quanto tempo tem de vida ele tem?” Orgulhoso, o pai respondeu que o bebê tinha dois meses e o médico então disse: “Lamento informar
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que perderam dois meses da educação do filho de vocês”. O exemplo, segundo ela, mostra que a educação tem que começar tão logo a criança nasce. “Temos que falar a linguagem dela, de acordo com a idade, mas desde muito cedo estabelecer limites. Logo que uma criança é capaz de formar uma ideia, deve começar sua educação efetivamente. Educação quer dizer o processo pelo qual ela é instruída, desde o berço à infância, da infância à juventude, e da juventude à maturidade”, afirma Solange. PAIS PRÓXIMOS Segundo a especialista, os três primeiros anos são os mais expressivos, daí a importância da companhia dos pais de maneira especial nesta etapa da vida da criança. “Seu filho não nasce obediente ou desobediente, mas aprende esses comportamentos em função dos estímulos que os pais oferecem e como reagem perante as suas atitudes”, declara. Para que uma criança seja obediente e se comporte de forma adequada é preciso ensiná-la permanentemente. Neste processo,
quando os pais se mostram indecisos quanto à forma de tratar seus filhos, eles captam e isso afeta seus próprios sentimentos de segurança e bem estar. “É por isso que quando os pais se mostram indecisos, oferecem a seus filhos uma fabulosa oportunidade de comportarem-se de forma caprichosa e desobediente”, explica. Dessa forma, é preciso ser firme e não recuar das decisões tomadas, além de nunca falar o que não irá cumprir. “Hoje um dos maiores problemas é a pouca ou quase nenhuma exigência e disciplina que os pais exercem com os filhos. São brandos demais quando perdoam os castigos dados, quando não lhes responsabilizam pelas tarefas do lar ou não lhes exigem o estudo. Com isso, a obediência vai se deteriorando”, complementa. APRENDER A EDUCAR Esses e outros equívocos cometidos pelos pais na tentativa de proporcionar uma boa educação aos filhos não colocam em dúvida o amor que sentem por eles. “O problema é que ninguém nos ensinou como devemos tratar ou educar aos filhos. Parece que se
pensa que educar é uma ciência infusa que não requer aprendizagem”, observa. A especialista lembra que ao longo da vida nos preparamos para muitas atribuições ao fazermos, por exemplo, curso para aprender a dirigir, para saber cozinhar e, ainda, quando compramos um cão lemos um livro sobre a melhor forma de adestramento. Entretanto, por questões culturais, com a educação de nossos filhos acabamos procedendo ao acaso. “E não ter confiança em como devemos atuar fica difícil adotar decisões e exercer a autoridade perante eles”, pontua. Além disso, nos últimos anos, esteve muito difundida a ideia de
que para que os filhos sejam felizes, não devemos reprimi-los, e sim deixar que se desenvolvam com espontaneidade e liberdade. “Isso não é verdade. A disciplina e a autoridade são necessárias para o equilíbrio psicólogo da criança”, enfatiza. DIÁLOGO E ELOGIOS Outro aspecto fundamental na educação dos filhos é dialogar com eles, explicando muito bem o que lhes pedimos e, se não gostarmos de alguma coisa, devemos mostrar o motivo, sem nunca nos esquecermos da importância do exemplo que somos para eles o tempo todo. Elogiar os filhos também é outro
conselho valioso para os pais. Segundo a especialista, as crianças precisam de elogios e, quando for necessário dar uma bronca, nunca devemos humilhá-las ou diminui-las com frases como: “você nunca será nada mesmo”, “não presta para nada”, “é a vergonha da família” e outros exemplos que infelizmente ainda são frequentes em muitos lares. “Palavra de pai e mãe tem peso dobrado. Se o próprio pai ou mãe diz que o filho é incompetente, ele vai acreditar que não serve para nada. Quando você lhe pede algo e ele o faz logo ao primeiro pedido, dê um abraço e diga que está contente. É a melhor maneira de fazer com que repita o bom comportamento”, conclui.
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Vitrininha
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Sob consulta
Editorial bebĂŞ e infantil Fotos: Studio Michele Stahl
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Dra. Juliana P. Tamani Bullamah CRO-SP - 59930 Periodontista e Implantes Dentais
Dr. Juliano B. Bullamah CRO-SP - 70167 Endodontista e Reabilitações Estéticas
Implantes Dentais Caso clínico
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Uma evolução na arte da reabilitação bucal DEFINIÇÃO/HISTÓRICO
PRINCIPAIS INDICAÇÕES E TRATAMENTO
“Um implante é qualquer material anelástico (inorgânico) que pode ser colocado no organismo em função ficando inerte (sem desenvolver inflamação)” Por volta de meados dos anos 50, sabendo dos problemas que as pessoas enfrentavam com a falta dos dentes, o prof. Branemark, após inúmeras pesquisas, passou a se dedicar a produzir parafusos de titânio que serviam de ancoragem para próteses fixas, nascendo assim os implantes dentais que temos no mercado hoje em dia. Portanto há 45 anos, implantes dentais começaram a ser instalados em humanos, e o sucesso do tratamento se dá pela estabilidade e o íntimo contato que o osso tem com o implante, chamado ósseo integração.
Com os implantes, é possível reabilitar pacientes que perderam desde um único elemento dental até os completamente desdentados com próteses fixas ou removíveis, variando de acordo com a necessidade ou demanda do caso, sendo que a fixa sob implante tem benefícios sob a fixa dental convencional, principalmente por não requerer desgastes dos dentes vizinhos. Além disso, mesmo uma prótese total (dentadura) pode ter sua retenção aumentada pela incorporação de dois implantes auxi-
Caso clínico
liares a mecânica da mastigação. Por se tratar de uma técnica com alta previsibilidade, quando bem indicada, pode-se lançar mão da colocação de um implante imediatamente após a extração de um dente e a prótese no mesmo dia, é o que chamamos de carga imediata e é o mais desejado pelos pacientes. Vale lembrar que qualquer tipo de técnica deve ser muito bem planejada para extrair o melhor resultado e um sorriso mais saudável e esteticamente mais perfeito para o paciente. Um sorriso comprometido pela falta de estética diminui sua qualidade de vida, por isso procure sempre um profissional especializado.
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Intolerância a lactose Dra. Ana Paula Santos Gumiero CRM: 97102 Gastroenterologista Infantil
Embora o assunto tenha se popularizado nos últimos anos, a intolerância a lactose, que é a rejeição do organismo ao açúcar do leite, é conhecida na medicina há pelo menos 50 anos. Segundo a gastroenterologista infantil Ana Paula Santos Gumiero, existem dois tipos distintos: a congênita, mais rara, e a hipolactasia funcional, a mais comum. No primeiro caso, o indivíduo nasce com uma alteração na produção da lactase (enzima que digere a lactose), sendo impossível digerir qualquer tipo de leite de origem animal, inclusive o materno. O problema acarreta sintomas considerados gravíssimos, como diarreias incontroláveis e até desnutrição. Já a hipolactasia funcional é o tipo mais frequente de deficiência à lactose e normalmente inicia-se por volta dos quatro anos de idade. "Os sintomas ocorrem em graus variados, mas essencialmente são cólicas abdominais, distensão abdominal, gases, náuseas, vômitos e diarreia, especialmente após ingerir leite e derivados lácteos", explica. A causa da intolerância na criança maior e no adulto reflete a redução natural da produção da en22
zima lactase pelo intestino, pois o leite não é mais o principal alimento do indivíduo. A intensidade dos sintomas depende da quantidade de enzima lactase que o intestino consegue produzir. Quanto menor a quantidade de enzima disponível, mais intensos serão os sintomas, caso aquela pessoa ingira leite e seus derivados. TRATAMENTOS A partir do diagnóstico de intolerância a lactose, o pediatra deve indicar uma dieta com restrição de alimentos que contenham lactose, substituindo-os por outros produtos sem que haja prejuízo nutricional para o desenvolvimento da criança. De acordo com a gastroenterologista infantil, a dieta proposta depende também do grau de intolerância, que pode ser considerado leve, moderado ou grave, pois isso irá direcionar quanto de lactose cada indivíduo consegue digerir. Alguns exames ajudam a definir essa gravidade. "Existem atualmente ótimas opções isentas de lactose, como fórmulas infantis de hidrolisado proteico, fórmulas a base da proteína de soja, e bebidas feitos com outros alimentos,
tais como arroz e amêndoas", comenta. Dependendo do quadro, o paciente consegue tolerar alguma quantidade de iogurte, leite fermentado e até um consumo mínimo de queijo. Além disso, o mercado, em geral de produtos importados, comercializa algumas marcas de enzima lactase. "Dessa maneira, basta o paciente ingerir a enzima (comprimido) junto com a porção de alimento que contenha lactose e não terá sintomas. Essa opção de tratamento auxilia muito crianças maiores e adultos que não querem se privar de comer alguns alimentos", declara. VIDA NORMAL Segundo ela, a maioria dos indivíduos portadores de intolerância a lactose levam essa condição por toda a vida, devendo se adaptar ao que podem ou não consumir ou então fazerem uso da enzima exógena lactase. Por outro lado, podem ter uma vida perfeitamente normal e tranquila, pois o tratamento consiste essencialmente em seguir a dieta com isenção de lactose (ou com redução da quantidade) e o uso de enzima exógecontinua
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na, se for o caso. Portanto, com exceção dos bebês que já nascem com o problema, a intolerância a lactose é uma condição clínica relativamente benigna e facilmente controlável. "Ocorrem apenas sintomas digestivos, como náuseas, vômitos, distensão abdominal, gases e diarreia que podem ser facilmente evitados com a dieta adequada", enfatiza. ALERGIA Embora sejam problemas de saúde diferentes, muitas pessoas ainda confundem intolerância a lac-
tose com alergia do leite. A médica esclarece que ao contrário dos indivíduos com intolerância, que muitas vezes conseguem consumir pequenas porções de alimentos que contenham leite, os que têm alergia a proteína do Leite de Vaca (APLV) ficam em uma condição mais grave, que pode acometer recém nascidos desde o primeiro mês de vida, causando sintomas como colite, sangramento vivo nas fezes, refluxo gastroesofágico e outros sintomas alérgicos, em órgãos variados: dermatites, tosse crônica, sibilos
(chiado no peito), produção excessiva de muco, infecções de repetição em vias aéreas superiores. Por isso, as crianças com APLV devem ser submetidas à dieta rígida, com exclusão de todos os alimentos que contenham leite, mesmo que em pequena quantidade. "Existem diversos mecanismos que desencadeiam esse tipo de alergia, mas, de modo geral, o prognóstico da APLV é bom, sendo que a grande maioria das crianças desenvolve tolerância a proteína do leite até o sexto ano de vida", conclui.
Intolerância a lactose transitória Segundo a especialista, existe ainda um tipo de intolerância à lactose muito comum na infância chamada transitória, que ocorre em geral após um quadro gastrointestinal agudo, uma diarreia aguda viral ou uma colite bacteriana, por exemplo, e o indivíduo temporariamente deixa de produzir a enzima lactase devido à lesão no seu intestino. Os sintomas também são diarreias, cólicas, flatulência e eventualmente vômitos. Em geral, entre 8 e 24 semanas, há recuperação do epitélio e a criança volta a digerir o leite normalmente, ou seja, a intolerância reverte e o paciente consegue voltar a consumir o leite e derivados sem sequelas, normalmente.
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1-Criança sem estimulação é uma criança que está perdendo sempre. Criança estimulada é criança que se suja, que cai, que tenta comer sozinha e derruba mais da metade; criança estimulada escuta música, vai ao cinema, etc. 2-Uma criança com dois anos deve estar falando perto de 150 palavras. Se seu filho estiver muito longe disso busque ajuda. 3-Leia para seu filho, eles viajam entre príncipes e princesas, fadas e dragões, lugares distantes e duelos de espadas! 4-Coloque limites. Não tenha medo disso. Criança tem que entender a hora que ela pode subir pelas paredes e a hora que ela tem que ficar quieta e acatar a ordem que vem de cima, do papai ou da mamãe. 5-Busque a escola que melhor se adapte ao SEU filho, independente da influência religiosa da mesma. Criança aprende sobre ética cristã DENTRO DE CASA, vendo pai e mãe se respeitando mutuamente e construindo, juntos os alicerces sólidos da família. À escola cabe ensinar o BA BE BI BO BU com competência, qualidade de
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ensino e ponto final. 6-Creio que muitas bobagens que ando vendo acontecer vem daquela frase “quero ser amigo do meu filho”. Não viaje! Você deve ser pai/mãe. Amigos serão outros. Essa amizade bacana virá, com certeza, de uma paternidade bem exercida. 7-Qualquer dúvida que tiver sobre seu filhote procure profissionais competentes para te orientar; jamais busque “comadres” que, no máximo, te darão palpites desprovidos de qualquer fundamento científico. 8-Exija retidão e ética desde a mais tenra idade. Ensine seu filho a devolver R$ 0,05 de troco, que possa ter vindo errado na cantina da escola. Você não vai se arrepender disso. 9-Brinque, role no chão, jogue bola, monte a casa da Barbie centenas de vezes. Curta cada momento, o tempo voa! Logo os corredores da sua casa estarão silenciosos, os quartos vazios, as camas arrumadas, sem bagunça na sala, sinais claros e dolorosos, que eles já voaram!
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DICAS PARA MAMÃES E PAPAIS:
Nutrição na gestação Dr. Rodolfo Scatolon CRN - 38692 Nutricionista
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Comendo por dois! Será verdade? Isso é mito, crendice. Para a grávida, é necessário um aumento de 300 calorias diárias durante o segundo e o terceiro trimestre de gravidez. Isso corresponde a um copo de leite e uma fatia de pão integral ou um iogurte e uma xícara de salada de frutas ou um copo de suco de frutas e uma fatia de pão integral com queijo. O ganho de peso correto protege a mãe e traz um crescimento adequado ao bebê. De forma simplificada, considera-se que as gestantes de baixo peso ganhem em torno de 15 kg, as de peso adequado, entre 10 a 12 kg e as com sobrepeso ou obesas, entre 6 e 7 kg. Quando uma grávida aumenta muito de peso, a saúde da dupla mãe-filho entra em perigo. Cada caso deve ser visto de forma individualizado. Porém, é clássico o conceito de que uma futura mamãe não deve engordar muito mais que doze quilos no seu período gestacional. Na gestante, o excesso de peso aumenta os riscos de diabetes, hipertensão, pré-eclâmpsia, além de inúmeras outras complicações obstétricas.
Você está gerando uma vida. Portanto, se até hoje prestou mais atenção à tabela de calorias do que ao alimento que está ingerindo propriamente dito, pense seriamente em inverter esses valores. Tão importante quanto o ganho de peso é a qualidade nutricional do peso que você irá ganhar. O que é mais importante na visão do nutricionista durante a gravidez? Veja, abaixo, alguns dos micronutrientes fundamentais para você e seu bebê durante a gestação: Ácido fólico: é fundamental para a formação do sistema nervoso do feto, na formação do sangue e das células. É possível obter as quantidades necessárias a partir de uma alimentação bem equilibrada. Para garantir que a quantidade certa esteja sendo ingerida, e, assim prevenir malformações, os obstetras recomendam a suplementação. Alimentos ricos em ácido fólico: folhas verdes como espinafre e brócolis, fígado, laranja, batata-doce e abóbora, alimentos integrais e legumes. Vitamina B12: Também atua na produção sanguínea e na produção de células novas. Alimentos ricos em vitamina B12: carnes, peixes, aves, leite e derivados, ovos. Cálcio: Este mineral está envolvido
na formação de ossos e dentes do bebê. Alimentos ricos em cálcio: leite e derivados, vegetais como couve, agrião, mostarda e brócolis, sardinha em lata, alguns tipos de feijão, produtos à base de soja como tofu e alimentos fortificados. Ferro: Faz parte da hemoglobina, substância dos glóbulos vermelhos responsável por transportar oxigênio para todo o corpo. Para evitar a deficiência de ferro, anemia e complicações na hora do parto, é importante comer, todos os dias, alimentos ricos em ferro. Alimentos ricos em ferro: carnes, aves, peixes e fígado têm um tipo de ferro que é muito bem absorvido. Já as leguminosas, como feijão, lentilha e grão-de-bico, e as folhas verde-escuras, como espinafre e couve, contêm outro tipo, mais difícil de ser absorvido. Para ajudar a absorção deste ferro, consuma junto alimentos ricos em vitamina C, como frutas e sucos de laranja, limão, goiaba, acerola, caju, maracujá. Lembre-se que as orientações contidas aqui são gerais, não consideram casos específicos. Para uma orientação personalizada, consulte um nutricionista.
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Driblando a genética Dra. Stella Pranzetti Vieira Pediatra CRM - SP - 40.680
Sabemos da importância da carga genética que recebemos na nossa formação e do quanto ela será determinante no desenvolvimento de fatos bons e ruins no decorrer da nossa vida. Algumas doenças são claramente de origem genética e isso provoca uma preocupação constante em relação ao futuro de cada criança desde o momento que a mãe descobre que está grávida. Esse receio, no entanto, não deve atrapalhar a alegria proporcionada pela espera da vinda do novo membro da família. Segundo a pediatra Stella Pranzetti Vieira, a boa notícia é que hoje é possível interferir e até impedir que algumas doenças se desenvolvam se agirmos de forma correta e em tempo hábil, evitando que os genes que possam causar doenças encontrem condições propícias para se manifestarem. “Existe hoje uma preocupação muito grande com alimentação que
deve ser iniciada desde a gestação. A mãe deve optar, sempre, pelos alimentos naturais e saudáveis, evitando produtos industrializados que contenham corantes e outras substâncias nocivas”, aconselha. Da mesma forma, o controle de peso na gestação deve ser criterioso e os antecedentes maternos precisam ser rigorosamente informados para que se possa intervir de forma adequada em caso de surgimento de alguma anormalidade. “Mãe que desenvolve diabete na gestação geralmente vai ter um bebê com peso mais elevado, o que acarreta maior risco de hipoglicemia no período neonatal, que pode passar despercebida e gerar sequelas se não tratada de forma rápida e eficiente”, alerta. Por isso é tão importante a realização do pré-natal bem feito, o que inclui os exames no início e durante a gestação afinal, eles
podem prevenir tanto os problemas para a mamãe quanto para o bebê. “Fumar durante a gravidez não tem a ver com genética, mas, merece ser citado porque é um hábito ainda muito frequente e pode causar danos ao bebê, como baixo peso e lesões no aparelho respiratório”, lembra. Da mesma forma, ingerir bebida alcoólica na gravidez é muito perigoso e pode facilitar o nascimento de um bebê com muitos problemas físicos e mentais. “Portanto o álcool deve ser abolido na gestação”, afirma. AMAMENTAÇÃO E ALIMENTAÇÃO A criança que nasce saudável hoje tem uma perspectiva de viver cem anos, mas para que tenha essa chance é preciso cuidados fundamentais com a saúde desde bem cedo. A pediatra lembra que o primeiro alimento que ela
“A criança que nasce saudável hoje tem uma perspectiva de viver cem anos, mas para que tenha essa chance é preciso cuidados fundamentais com a saúde desde bem cedo. “ 28
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precisa é o leite materno, que deve ser incentivado por todas as pessoas próximas da mãe e do bebê. “Nem sempre amamentar é fácil, mas é importante tentar. Vacinas e saneamento básico também estão entre as medidas mais importantes para diminuir mortalidade e promover saúde, então vamos nos informar a respeito e proporcionar aos nossos filhos o que existe de melhor”, pontua. Alimentação saudável e orientada por profissional da área deve ser seguida a risca. Adiar alimentos industrializados, açúcar, corantes, gorduras saturadas pode fazer toda a diferença no desenvolvimento de doenças metabólicas como diabetes e obesidade mesmo quando existem antecedentes familiares fortes para estas doenças. A especialista reforça que nenhuma criança precisa receber bolacha, pão, biscoito e tantos outros para crescer e ter saúde. Muito pelo contrário, o que elas precisam são frutas, legumes, carne de boa qualidade e leite adequado para a idade. “As ‘bobagens’ elas vão aprender a comer mais tarde, mas se não forem estimu-
lados e não tiverem em casa, não aprenderão tão cedo. Portanto, não sentirão falta porque estes alimentos não farão parte do cardápio diário”, destaca. Doces, refrigerantes, guloseimas em geral devem ser consumidos em ocasiões especiais, como festas ou finais de semana, mas somente por crianças maiores que durante a semana comam adequadamente. Além disso, a prática de atividades físicas, sempre respeitando a idade e as características de cada criança são grandes aliados para promover saúde da criança, independente da sua propensão natural à determinadas doenças. HÁBITOS SAUDÁVEIS Com essas dicas e recomendações valiosas, a médica enfatiza que é possível driblar a carga genética recebida, pois essa herança inevitável não terá condições de se manifestar. Além dos aspectos detalhados, a pediatra acrescenta outros aspectos comportamentais que podem fazer toda a diferença na busca de uma vida mais saudável e feliz para as crianças. “Deixe-
mos os tablets, celulares, aparelhos televisores ou vídeo games para horários determinados e curtos. Isso porque eles não podem competir com o céu, com o sol, com a vida ao ar livre, com os jogos de bola, com as brincadeiras em família ou com amigos”, analisa. Segundo ela, crianças envolvidas exageradamente nesse mundo digital ficam ansiosas e estressadas, apresentam até mesmo a dificuldade de socialização, afinal, acabam ficando grande parte do tempo sozinhas, muitas vezes sem mesmo perceber essa solidão. Além disso, a pediatra acredita que os jogos eletrônicos muitas vezes acabam deixando as crianças nervosas e impacientes. “Soma-se então o estresse, os erros alimentares e o sedentarismo. A matemática é inevitável: menos saúde, mais doenças e menos qualidade e tempo de vida. Para impedir tudo isto, insistimos em mudar o rumo desta história, não permitindo que os maus genes se manifestem e fazendo o possível para que as nossas crianças vivam mais tempo com saúde e sejam muito mais felizes”, conclui.
“Adiar alimentos industrializados, açúcar, corantes, gorduras saturadas pode fazer toda a diferença no desenvolvimento de doenças metabólicas como diabetes e obesidade mesmo quando existem antecedentes familiares fortes para estas doenças.”
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Furando a orelhinha com segurança Dr. Luís Carlos do Amaral Vieira CRM - SP - 25.307 Pediatra
Durante muito tempo as meninas já deixavam a maternidade com seus brincos, mas o procedimento deixou de ser adotado nos hospitais devido ao risco maior de infecções. Segundo o pediatra Luís Carlos do Amaral Vieira, embora esse tipo de problema fosse raro, uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 2009, regulamentou a prática e possibilitou que esse acessório seja colocado em farmácia, por profissional farmacêutico. Antes da vigência dessa regra, muitos médicos recomendavam furar a orelha com 15 dias de vida, pois nesta fase o lóbulo da orelha do recém-nascido ainda é bem fininho, o que indicaria que o bebê talvez sentisse menos dor. No entanto, como o procedimento atualmente é feito em farmácias, a orientação é efetuá-lo depois que o bebê tenha
tomado algumas vacinas. A dica evita que o bebê possa contrair algumas doenças como hepatite, tétano ou coqueluche, além de uma possível infecção. “Essas vacinas devem ser administradas até os dois meses de vida do bebê”, explica. BRINCOS IDEAIS Segundo o pediatra, além dos cuidados com a vacina, é preciso observar os tipos de brinco. Os mais adequados são aqueles que não causam alergia ou os hipoalergênicos, como aqueles feitos de aço inoxidável. Brincos de ouro maciço também são indicados, mas, alguns bebês podem sofrer reação alérgica. Para prevenir que o bebê se sinta incomodado com o objeto, certifique-se de que o brinco tenha uma tarraxa arredondada e cubra até a ponta da parte de trás.
CUIDADOS POSTERIORES Após o furo na orelha do bebê, a mãe deverá girar o brinco de um lado para o outro todos os dias depois do banho. “Para evitar infecções, aplique algumas gotas de álcool a 70% e mantenha a região onde está o brinco seca”, aconselha. Caso não haja vermelhidão, secreção ou sangramento, permaneça com o mesmo brinco até seis semanas, após este prazo o brinco poderá ser trocado, mas lembre-se de esterilizá-lo antes da troca e mantenha os cuidados. Fatores como umidade, alergia ao brinco que foi colocado, contaminação por falta de cuidados na esterilização do acessório e furo localizado na cartilagem da orelha e não no lóbulo podem acarretar inflamações e outros problemas. Em casos assim, o médico recomenda buscar ajuda do pediatra.
“Os tipos de brincos mais adequados, são aqueles que não causam alergia ou hipoalergênicos, como aqueles feitos de aço inoxidável.”
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Luciana e sua filha Julia
37 Foto: DemĂŠtrio Razzo
Fotos: Arquivo pessoal
Perfil - Atriz mirim Pietra Goa
Pietra Goa tem 10 anos e está em seu primeiro trabalho na TV. Interpreta Rafaela na novela Pecado Mortal, na Record, filha de Carlão (Fernando Pavão) e Patrícia (Simone Spoladore), protagonistas da trama. Pietra nasceu nos Estados Unidos e estuda em escola americana, domina bem as duas línguas, inglês e português. A carreira da atriz mirim começou por acaso. Uma agente vizinha encantou-se com ela pelos elevadores e corredores do prédio e conseguiu um teste para a novela. Pietra passou e se apaixonou pela profissão. Além de estudar e trabalhar, a menina gosta de fazer natação, sapateado, andar de bicicleta e já ama maquiagem.
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Infância real ou virtual? Elizandra Piza CRP - 06/72948 Psicóloga
Apesar da diversidade de brinquedos disponíveis no mercado para os bebês desde os primeiros meses de vida, as famílias apresentam os produtos eletrônicos às crianças cada vez mais cedo. Não é raro em restaurantes, supermercados ou shoppings, os pais distraírem os filhos com celulares ou tabletes. A psicóloga Elizandra Piza afirma que hoje as crianças estão expostas aos equipamentos eletrônicos precocemente porque estes aparelhos fazem parte da nossa vida, afinal todos temos celulares, computadores, entre outros que fazemos uso corriqueiramente. A tecnologia invadiu os lares e é improvável pensar que também não interfira nas relações. “Pais de adolescentes reclamam do excesso de uso do computador. Jovens vão às ‘baladas’ com o objetivo quase exclusivo de expor em redes sociais o que magicamente viveram, retornando para casa e entrando nas redes ainda de madrugada para conversar com os amigos com os quais estavam até poucos minutos atrás e que, não raro, trocaram apenas meia dúzia de palavras ao vivo", exemplifica. Ela ainda lembra que os primeiros encontros e relacionamentos são intermediados não mais pelos 42
"melhores amigos" e sim, muitas vezes, por um clique ou uma curtida. Esses exemplos suscitam questionamentos que os pais devem refletir desde bem cedo. Será que os pequenos estão prontos para essa invasão tecnológica? Como pais, devemos motivar ou reforçar nossas crianças no uso dos meios eletrônicos? Em um restaurante, por exemplo, uma criança pequena é capaz de brincar até mesmo com um paliteiro. No entanto, após algum tempo, ela irá exigir interação e companhia. “Por isso, iniciar precocemente uma criança no universo tecnológico pode não ser um hábito saudável. Nem tudo que está a nossa disposição, ao alcance das mãos ou de um clique, é de todo positivo. Uma criança pequena imersa neste universo acaba sendo privada de experiências concretas, do desenvolvimento de funções motoras e sociais que serão fundamentais para o seu desenvolvimento pleno e sua formação enquanto pessoa”, explica. Não temos como negar que a tecnologia ajuda muito no desenvolvimento e na estimulação. Porém, além do universo virtual, uma criança deve ser educada em um mundo real, sensório, no qual
os problemas não acabam ao reiniciar um jogo ou ao apertar um botão. “Correr, sujar as mãos, movimentar o corpo, conhecer pessoas, desenhar, cantar, ouvir e contar histórias, interagir com outras crianças e adultos, construir e desconstruir algo, tocar, cheirar, enfim, aprender as possibilidades e os limites de seu corpo é o que fará de uma criança um ser preparado para a vida”, enfatiza. A especialista lembra que, apesar dos avanços, a tecnologia ainda não é capaz de simular esse aprendizado. Uma criança que não brinca, prova e investiga os meios a sua volta, não desenvolve todas as habilidades (sensoriais, afetivas, espaciais, sociais, entre outras) que são necessárias para seu pleno desenvolvimento e crescimento. Outro sério problema muitas vezes negligenciado pelos adultos é o fato de uma criança ainda não estar amadurecida o suficiente para distinguir entre o real e o virtual, fazendo com que se exponha a toda sorte de perigos que a tecnologia pode oferecer. Os pais também devem estar atentos ao fato de que, quando o
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filho é imerso num universo virtualizado precocemente, ele tende a transferir as regras e as verdades adquiridas no universo virtual para sua vida, onde nem sempre as mesmas são diretamente aplicáveis ou compatíveis com os princípios e valores transmitidos pela família. “Temos então uma dicotomia, onde a criança se perde em seus padrões de ação. O universo da tela é sempre para a criança fascinante, mas cabe ao adulto o papel de lembra-la que ele não lhe basta”, orienta. TELEVISÃO A televisão é outro eletrônico que demanda cuidados para que também não neutralize o desenvolvimento das crianças. Segundo a psicóloga, uma pesquisa feita por nutricionistas colocava crianças comendo em frente ao aparelho televisor enquanto assistiam aos
seus programas favoritos. Enquanto isso, as profissionais trocavam os pratos e elas continuavam a se alimentar, sem perceber a troca. “Oferecer um estímulo que neutralize o comportamento da criança que nos dá trabalho, como comer, facilita a atividade para o adulto, mas priva a criança de interagir, perceber e sentir adequadamente o sabor do alimento, questionar e travar diálogos com aquele que cuida dela”, alerta. TECNOLOGIA A FAVOR Mas não sejamos ingênuos de crer que crianças de nossa época crescerão ao largo das tecnologias. À medida que crescem, os eletrônicos são cada vez mais embutidos na rotina dos pequenos. A psicóloga ainda ressalva que há materiais muito bons a serem oferecidos, capazes ajudar no desenvolvimento. Um dos exemplos é
o vídeo game que exige interatividade e cujo jogo é acionado por movimentos do corpo ou, ainda, jogos que estimulam o raciocínio e a atenção, como quebra cabeças ou jogos de encaixes na tela. Permitir que seu filho use jogos adequados para sua faixa etária por um período de tempo não excessivo, sem negligenciar na monitoria das atividades que estão sendo realizadas nos meios tecnológicos, e mesclar sempre com brincadeiras bem reais, divertidas e prazerosas, preferencialmente na companhia dos pais ou de outras crianças, é absolutamente saudável. “Você já contou ou mostrou para seu filho como você se divertia quando tinha a idade dele? Brinque com ele da sua brincadeira preferida na infância. Além de ser um momento divertido, a relação de vocês ganhará em proximidade”, conclui.
Diálogo e regras para frear o “vício” nas telas O universo virtual é muito estimulante e, por isso, “viciante”, segundo a especialista. Por isso, é importante os pais colocarem limites de tempo e conteúdo. “Se você precisa limita-los, é sinal de que não são capazes de conseguir sozinhos e precisam de você, embora possam não aceitar ou reconhecer”, afirma. Uma conversa franca e aberta sobre os riscos e sobre as vantagens e desvantagens desses meios, com uma linguagem adequada à realidade da criança, também é muito essencial. “Fale com seu filho, escute o que ele tem para te contar. Você poderá se surpreender e pelo menos diminuir o conflito entre vocês quando a criança tem dificuldades de aceitar as regras colocadas pelos pais. Como tudo na vida, a tecnologia não é um problema, desde que bem usada e certa do fim a que se destina”, finaliza.
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Aborto espontâneo? Tente outra vez! Prof. Dra. Renata Zaccaria CRM - SP 29366 Ginecologista e Obstetra
Em pleno momento de felicidade pela espera da chegada do bebê milhares de gestantes são surpreendidas diariamente com a notícia de que sofreram aborto espontâneo. As estatísticas mostram que essa dolorosa experiência é frequente, mas não impedem que essas mulheres tentem outra vez e consigam realizar o sonho da maternidade. Segundo a ginecologista Renata Zaccarias, a incidência de interrupção involuntária da gravidez gira em torno de 10%, índice que envolve tanto mulheres que já são mães quanto as grávidas de primeira viagem. Especialista no assunto, a médica define como principais causas a mal formação fetal, alterações genéticas, trombose placentária, insuficiência placentária, além de alterações endócrinas, como diabetes, hipotireoidismo e problemas de ordem imunológica. O abortamento pode ocorrer até 20 semanas de gestação, porém 75% deles ocorrem até 12 semanas de gestação, ou seja, em torno dos três primeiros meses. PROCEDIMENTOS Em alguns casos, os procedimentos médicos decorrentes do abor46
to espontâneo não são imediatos. De acordo com a ginecologista, normalmente o organismo tem a tendência de eliminar o produto do abortamento sozinho, poupando dessa forma a gestante de uma anestesia e do processo cirúrgico, que é a curetagem. MICROABORTO Algumas mulheres muitas vezes nem percebem que perderam o bebê. Em geral, nesses casos, ocorre o microaborto. “A interrupção normalmente ocorre até a quarta semana de gestação e, na maioria das vezes, essas mulheres nem sabiam que estavam grávidas e tem uma menstruação aquele mês maior e mais exagerada”, esclarece. SANGRAMENTO Se detectados a tempo, alguns sinais do organismo feminino podem servir de alerta para prevenir a morte do bebê ainda no útero. Se a gestante perceber o início de algum sangramento, por exemplo, são recomendados tratamentos que consistem em repouso, abstinência sexual e suplementação hormonal de progesterona. “Mas se a causa for genética e mal formação, a natureza re-
almente não segura aquele embrião, como se fosse uma seleção da espécie, por mais medicações que possamos usar”, destaca. NOVA GESTAÇÃO Como as causas do aborto espontâneo são diversas, não existe um padrão de intervalo de tempo para tentar engravidar novamente. Segundo a ginecologista, o ideal é procurar um profissional para analisar cada caso. “Dependendo do tempo de gestação que ocorreu o abortamento, podemos liberar a paciente para uma nova tentativa de gravidez em média em seis meses, mas é necessária uma análise individualizada”, reforça. Antes, porém, algumas mulheres podem precisar de ajuda que vai além da orientação e do acompanhamento do ginecologista. Em geral, após o aborto espontâneo, muitas pacientes elaboram um perfil de luto mesmo, pois encaram a perda como fracasso e toda expectativa tão sonhada ao ver um exame de laboratório positivo acaba. “São pacientes fragilizadas do ponto de vista emocional e que muitas vezes exigem tratamento multidisciplinar”, comenta. continua
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IMUNOLOGIA DA REPRODUÇÃO
Segundo a ginecologista, a Imunologia da Reprodução é o ramo da Reprodução Humana que consiste na avaliação das mudanças que ocorrem no organismo materno para que o feto geneticamente diferente da mãe seja aceito, protegido e se desenvolva. O aborto recorrente e também as falhas sucessivas de procedimentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro, são exemplos das complicações que podem ocorrer quando a aceitação imunológica do embrião não é adequada, ou seja, a interação da mãe com a placenta e o feto é desastrosa do ponto de vista imunológico porque são liberadas proteínas do filho na circulação materna, que provocam uma resposta imunológica da mãe contra os tecidos fetais. “Nestes casos, a
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realização de uma prova cruzada (cross-match) pelo casal pode evidenciar a falha do organismo materno em reconhecer a presença paterna no embrião”, explica. A proposta terapêutica a partir daí consiste na aplicação, na mulher, de vacinas feitas com os linfócitos do marido, que são um dos tipos de células brancas do sangue. “Antes das aplicações, o casal deverá realizar a pesquisa de infecções que podem ser transmitidas pelo sangue, como se fosse fazer uma doação em banco de sangue. Depois da realização das vacinas, a prova cruzada é repetida para confirmar o sucesso do tratamento”, explica. Quando confirmado, o casal é liberado para nova gravidez, devendo continuar o tratamento com as vacinas durante um período da gestação. O fator autoimune também
deve ser pesquisado e, caso detectado, diversos tratamentos são propostos de acordo com o tipo de anticorpo encontrado, como uso de corticoides, aspirina e anticoagulantes. Também é bastante importante a pesquisa de algumas mutações genéticas que podem levar ao bloqueio dos vasos que nutrem o embrião e o feto desde a implantação até o final da gestação, o que compromete o crescimento fetal, reduz o líquido amniótico e provoca o óbito fetal. “Alguns destes fatores são também associados ao descolamento prematuro de placenta, que pode resultar em alto obituário fetal e graves complicações para a mãe. Quando detectados estes fatores de trombofilia, a prevenção com o uso de anticoagulantes leva a importante melhora nos resultados gestacionais”, conclui.
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Homeopatia na infância Dra. Hosana Maria Pedro Ramos CRM - SP - 68.941 Pediatra Homeopata
Utilizada em muitos países europeus, a Homeopatia, aqui no Brasil, é reconhecida como especialidade médica, ou seja, apenas esse profissional especializado pode prescrevê-la para bebês, crianças, adultos, idosos e até para gestantes. Segundo a pediatra homeopata Hosana Maria Pedro Ramos, trata-se da área da medicina que vê o paciente como um todo. “Na anamnese homeopática perguntamos sobre sono, fome, alimentos, temperamento, medos, desejos, aversões, transpiração entre outras informações importantes para chegar a um medicamento mais parecido com as características da pessoa”, explica. Outra premissa importante para o uso da homeopatia, segundo a médica, é o bom senso. “Não se trata pneumonia com homeopatia, mas não se trata também resfriados com antibióticos”, compara. BEBÊS E CRIANÇAS Nas crianças a Homeopatia pode ser utilizada desde os primeiros meses, tanto para cólicas, como para favorecer o soninho mais tranquilo do bebê. “Também pode ser indicada para quadros de medos, insônia e ansiedade, considerados sintomas emocionais, além de casos de resfriados, rinites ou tosse. Tudo isso bem avaliado pelo médico-homeopata”, enfatiza. Em muitos desses casos a resposta é rápida, mas em outras não. “Mas só vamos saber se usar. Às vezes, se a criança já toma alopatia [medicamentos convencionais], introduzimos a Homeopatia e vamos diminuindo a alopatia, mas tudo depende da resposta do organismo”, completa. 50
Por serem diluídos, os medicamentos homeopáticos têm como características relevantes e vantajosas o fato de não acarretarem efeitos colaterais, como ganho de peso e desenvolvimento de dependência do medicamento. Além disso, a Homeopatia ajuda a equilibrar o organismo da criança, melhorando a imunidade. “Percebemos que crianças que ficavam todo mês doentes, começam espaçar mais as crises, pois o organismo está mais equilibrado”, observa. TRATAMENTOS Separados no passado pelos mais radicais, hoje a alopatia e a Homeopatia não são considerados métodos medicinais concorrentes. Pelo contrário, a Homeopatia representa uma opção a mais de tratamento. “Já não existe mais tanto radicalismo em relação a esses assuntos, mas compreendo bem algumas dúvidas das mães. Imagine se com uma criança com 39 graus de febre, eu vou falar em banho ou doses de homeopatia? A mãe não vai dar, aí mando dar o antitérmico, depois vemos o quadro com mais detalhes e passamos a Homeopatia”, exemplifica. Neste contexto, sua formação em Pediatria e Homeopatia transmite mais segurança para as mamães, segundo a médica, que insiste no bom senso e coerência. “Não só do homeopata ou do alopata, mas dos médicos em geral. Não sou radical. Se a mãe quer dar remédio de febre deve dar. Se quer usar xarope, deve utilizar. Com o tempo e com o uso da Homeopatia, as próprias mães vão se esquecendo da alopatia em determi-
nadas circunstâncias. E aí chegam ao consultório e dizem usei Belladonna para febre. Usei Pulmo-histaminum para tosse”, menciona. Como toda especialidade médica, a Homeopatia também tem seus limites. A pediatra homeopata reforça que não se trata meningite ou pneumonia e doenças graves, por exemplo, com esse método. ENTENDENDO AS DIFERENÇAS A alopatia é a medicina tradicional, que utiliza medicamentos que vão produzir no organismo do paciente reação contrária aos sintomas que ele apresenta. Se a criança tem febre, o médico receita um remédio que faz baixar a temperatura, ou seja, o antitérmico. Se tem alguma inflamação, recorre ao antiinflamatório. Os medicamentos alopáticos são produzidos nas indústrias em larga escala ou em farmácias de manipulação de acordo com a prescrição médica. Já a Homeopatia, palavra de origem grega que significa doença ou sofrimento semelhante (Homoios = semelhante / Pathos = Patologia), é um método científico para tratamento e prevenção de doenças agudas e crônicas, por meio do qual a cura se dá através de medicamentos não agressivos que estimulam o organismo a reagir, fortalecendo seus mecanismos de defesa naturais. O produto homeopático é preparado em um processo que consiste na diluição e dinamização sucessiva da substância, devendo seguir todas as normas sanitárias e os cuidados para o seu uso, como qualquer outro medicamento.
Foto: Demetrio Razzo
Marielen e sua filha Victoria
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Porque devemos cuidar da nossa mente? Devemos por você e para você. Fazer terapia é mais do que um processo de autoconhecimento e autodesenvolvimento é acima de tudo uma das atitudes mais sábias que podemos tomar para a nossa saúde, tanto física como mental. Encontramos tempo para cuidar de várias partes do corpo, mas muitas vezes esquecemos ou deixamos de lado a nossa principal estrutura, nossa mente. Dessa forma ficamos sujeitos a várias doenças tanto físicas como emocionais. Na sessão terapêutica o paciente está em um momento seu onde tem alguém que o escute com uma sintonia fina facilitando o processo de autodescobrimento. A sua relação com o terapeuta também é uma forma de descobrir como se relaciona com o mundo. Os ganhos para quem faz terapia são enormes em termos de qualidade de vida, você passa a se perceber melhor prestando atenção nas escolhas que faz. E a partir daí passa a tomar atitudes mais saudáveis e construtivas.
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Retratinhos
Fotos: Arquivo Pessoal
Elisa Caratti Lima
Ana Julia Teodoro
Laura, Lívia e Luísa Ivers
Bianca Falcão Brito Reis
Gustavo Branco Ferreira
Davi de Paula Braga e Yuri Braga Barbosa
Caderno Especial Ano II no. 7
Direito
Guarda compartilhada e os benefícios para filhos de pais separados
Saúde
Carreira
Dicas para melhorar seu desempenho no mercado de trabalho
Dormir pouco pode prejudicar o coração 55
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A mulher e o mercado de trabalho Adriano Choueri Carneiro Sócio proprietário da Agência de RH - Supremacia
Conseguir o primeiro emprego, alavancar a carreira, buscar a tão sonhada promoção, obter um salário maior ou radicalmente mudar de área. Quando o assunto é o mercado de trabalho e o universo feminino, não faltam dúvidas, sonhos e metas. Manter-se bem informada sobre as exigências e tendências do mercado pode ajudar a alcançá-las, independentemente da profissão escolhida. Segundo Adriano Choueri Carneiro, sócio proprietário da agência de Recursos Humanos (RH) Supremacia, as áreas mais promissoras atualmente para as mulheres são variadas, com destaque para as funções gerenciais em diversas profissões. "A oferta de vagas para essa função ocorre em escala crescente porque as mulheres têm mais confiança em empreender os serviços", comenta. Ele pontua ainda os segmentos automotivo e industrial como apostas de opções de trabalho, que em geral têm solicitado com ênfase a mão de obra feminina. No aspecto econômico, a boa notícia é que esses cargos mencionados têm propiciado não apenas mais vagas para as mulheres, mas também salários mais atrativos. "A
variação nesses exemplos oscila de R$ 3 mil a R$ 20 mil", ressalta. Outra informação animadora, segundo ele, é que a desigualdade salarial entre homens e mulheres na mesma função tem diminuído expressivamente nos últimos anos. "A remuneração das mulheres já não está mais muito distante dos salários pago hoje aos homens. A expectativa é que essa diferença salarial diminua ainda mais. Os salários já estão mais próximos", analisa. COMÉRCIO E TURISMO Apesar das carreiras citadas anteriormente corresponderam atualmente às maiores ofertas de vagas, setores tradicionais no emprego de mão de obra feminina continuam em evidência, como o comércio e o de serviços. estes empregam mulheres em larga escala. Se considerada ainda a realização da Copa do Mundo neste ano no Brasil, o setor turismo é outro segmento promissor, que traz ainda reflexos em hotelaria, gastronomia, entretenimento e no próprio comércio. Independentemente do cenário econômico ou da área de atuação, manter-se atualizada é sempre fundamental. “As mulheres de-
vem sempre estar atentas às novidades de mercado, procurar fazer cursos de capacitação, falar vários idiomas, fazer coach”, aconselha. NOVATAS Se de um lado o mercado de trabalho exige atualização permanente, de outro há exigências bem específicas para as novatas no mundo corporativo ou para as mulheres recém-formadas. Segundo Adriano, durante a faculdade a maioria, em geral, não procura uma empresa para adquirir experiência em estágios que são muitas vezes oferecidos e, quando se formam, já tentam colocações de imediato. “Daí se frustram ao saber que, pelo menos um ano de experiência na área é exigência mínima de cada empresa. Até conseguir uma colocação dentro da área preferida, pode demorar tempo e isso faz com que muitas se desviem desta meta, se empregando em área totalmente diferente daquela foi pretendida”, explica. O nome desse comportamento é desvio de funções e a melhor
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forma de evita-lo, segundo ele, é buscar atuar no ramo ainda durante o período de formação. Além disso, tanto para as novatas quanto para as mais experientes, é sempre oportuno lembrar que a capacitação técnica deixou, há tempos, de ser a única exigência do mercado de trabalho contemporâneo. “Postura, comprometimento, criatividade, inteligência emocional, experiência na área e rapidez na execução dos serviços são algumas das principais exigências. Mercado quer retorno rápido de lucro”, diz, categoricamente.
são apenas alguns aspectos que nutrem constantemente o desejo de muitas mulheres mudarem de área. Essa decisão, no entanto, deve sempre ser refletida de forma conjunta, sem focar apenas em um único fator. “Hoje é comum se aventurar em outras áreas. É compreensível porque com o tempo isto se torna até necessário para pessoas que almejam efetivamente outros ramos ou simplesmente desejam adquirir experiências diferentes. A meu ver, a idade é um ponto chave para esse tipo de decisão”, observa. Pela sua experiência no ramo de Recursos Humanos, Adriano diz MUDANÇA DE PROFISSÃO que fica evidente que pessoas Insatisfação, baixa remuneração, mais velhas e com mais experiênpouca qualidade de vida. Esses cias temem mais estas aventuras.
Já as mais jovens alimentam, com mais força o desejo de buscar novos horizontes. “A tomada de uma decisão como essa, seja qual for a faixa etária, tem que considerar alguns fatores fundamentais em conjunto: salário, local trabalho, família e estabilidade”, opina. DEDICAÇÃO Já para quem quer apenas se manter no emprego já conquistado ou para as mulheres que desejam voos mais altos na profissão escolhida, ficam alguns conselhos valiosos. “Para quem quer se manter no emprego, faça tudo acontecer como se fosse o primeiro dia de trabalho. Para quem quer voos mais altos, trate o emprego como se fosse o último”, conclui.
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Dormir pouco pode prejudicar o coração Fonte: Assessoria de imprensa H-Cor
Segundo pneumologista do Serviço de Medicina do Sono do Hospital do Coração, dormir menos de seis horas por dia pode favorecer a hipertensão e contribuir significativamente com a ocorrência de infartos e AVCs Com o excesso de atividades do dia-a-dia, os momentos de descanso têm sido cada vez mais raros na vida de muitas pessoas. Consequentemente, as horas de sono de quem vive uma rotina agitada também têm sido reduzidas com o passar do tempo. Porém, dormir pouco não afeta apenas o equilíbrio emocional ou a capacidade de raciocínio do indivíduo. Esse hábito também pode causar, entre outros males, sérios danos à saúde do coração. “Para que uma pessoa viva de maneira saudável é preciso que ela tenha, no mínimo, de seis a oito horas de sono por dia. Dormir menos que isso pode ocasionar prejuízo cardiovascular com o passar do tempo. Isso favorece o surgimento de doenças, como a hipertensão, diabetes e obesidade, o que aumenta o risco de infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs)”, afirma a pneumologista Thaís Bittencourt do Serviço de Medicina do Sono do Hospital do Coração (HCor). O sono é um período importante para o reestabelecimento do nos-
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so organismo. Dormir bem ajuda, por exemplo, na produção de anticorpos contra as mais diversas doenças, fortalecendo o nosso sistema imunológico. Por isso, reduzir o tempo em que dormimos afeta significativamente os processos fisiológicos que ocorrem durante o sono. “Quando dormimos há um momento de repouso do nosso sistema cardiovascular, no qual tanto a frequência cardíaca, quanto a pressão arterial são reduzidas. Esse processo é muito importante para a saúde do coração. Por essa razão é que diversos estudos mostraram que a privação do sono aumenta o risco de hipertensão arterial”, comenta a Dra Thaís. “Outra situação que precisa ser reparada enquanto dormimos está relacionada à regulação do apetite. A redução no tempo de sono, devido a fatores hormonais e gasto energético menor, também favorece o ganho de peso”, acrescenta a pneumologista. Sono: quantidade e qualidade são igualmente importantes Dormir em quantidade adequada pode não ser suficiente para começarmos o dia alertas e descansados. A apnéia obstrutiva do sono é um distúrbio comum e fortemente associado ao ronco. A associação entre apnéia do sono e privação do sono é frequente e perigosa, uma vez que ambas
as situações estão associadas a maiores riscos cardiovasculares. “Por isso, pessoas que tem ou já tiveram algum tipo de distúrbio cardiovascular como hipertensão, infarto ou AVC, precisam redobrar a atenção com doenças relacionadas ao sono, como essa, e procurar tratamento, o quanto antes”, afirma a Dra Thaís. “Vale lembrar que o sono em quantidade suficiente e de boa qualidade é imprescindível para que todos tenhamos um dia repleto de saúde, maior capacidade de concentração e, inclusive, menor risco de acidentes no trânsito”, acrescenta a pneumologista do HCor. Recuperando o sono perdido É possível repor as horas de sono perdidas. Uma dica é estabelecer uma meta, procurando aumentar gradualmente o tempo de sono de 15 a 30 minutos por noite, a cada semana, por exemplo. Assim é possível combater o problema e, aos poucos, recuperar a saúde e a disposição. “Recuperar o tempo de sono perdido é fundamental, já que se perdermos apenas duas horas de sono por dia, durante um período prolongado de tempo, podemos desenvolver problemas crônicos de saúde e, dependendo do caso, por em risco o coração”, alerta a Dra Thaís.
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Guarda compartilhada Dra. Marcelli Penedo Delgado Gomes Defensora Pública
Nos processos que envolvem pais separados cujos filhos não atingiram a maioridade, a Lei diz que a guarda compartilhada é o preferível sobre as demais. Este modelo parte de uma premissa fundamental: em nada interessa para a Justiça a análise de qual dos genitores foi o responsável ou até o “culpado” pelo rompimento da relação amorosa que um dia existiu entre o casal. Segundo a defensora pública Marcelli Penedo Delgado Gomes, não há sentido algum em determinar a guarda em favor de um suposto “inocente” no fim do enlace conjugal. “O que importa somente é a busca do interesse existencial da criança ou do adolescente. Aferir culpa ou inocência a um dos cônjuges não tem qualquer relevância nesta decisão. Aliás, nestes casos, ambos são tratados como pais e não como ex-marido ou ex-mulher”, enfatiza. Atualmente existem quatro tipos de guarda apontados pelos juristas brasileiros, sendo que a unilateral ou exclusiva ainda é a mais comum e difundida no Brasil. Nesta modalidade, um dos pais detém exclusivamente a guarda e cabe ao outro direito de visitas.
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Já a guarda alternada é caracterizada pelo revezamento de pai e mãe em períodos exclusivos, também com direito de visitas. A nidação ou aninhamento é outro tipo vigente. Neste caso, o filho permanece no domicílio em que vivia o casal e os pais se revezam na companhia. Embora não existam estatísticas, esse é um modelo adotado com menor frequência em detrimento aos demais. Já a guarda compartilhada ou conjunta é o tipo preferível no sistema jurídico, sendo que o deferimento da modalidade unilateral só é possível depois de esgotadas as tentativas de implementação da conjunta. Mesmo não havendo o acordo entre os genitores, o juiz pode impor a implementação da guarda compartilhada, mas esta nem sempre é medida simples. “Na grande maioria dos casos, quando não se afigura possível a celebração de um acordo, a imposição da guarda compartilhada pelo juiz é prejudicada pelo simples fato do mau relacionamento dos pais que, por si só, colocam em risco a integridade do filho, ou seja, o relacionamento do casal já está
profundamente corroído que o compartilhamento de um direito tão sensível representa um contrassenso”, observa. SEM EXCLUSIVIDADE A defensora explica que na guarda compartilhada não há exclusividade em seu exercício. Tanto a mãe como o pai detém-na e são responsáveis pela condução da vida do filho. “Há responsabilização conjunta por ambos os pais de seus direitos e deveres com relação ao filho. Em conjunto, divide atribuições relacionadas ao filho, que irá conviver com ambos”, acrescenta. No dia a dia, o filho tem apenas um lar onde vive em companhia de um de seus pais, mas convive sempre que possível com ambos os genitores. Dessa forma, um dos pais possui a guarda física da criança ou do adolescente, sendo possível, portanto, mesmo com a aplicação da guarda compartilhada, que a Justiça determine o fornecimento de alimentos a ser feito pelo genitor
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que não detém a guarda física do filho. “A pensão alimentícia se torna necessária porque o que se compartilha em regra é a convivência e não as despesas com a manutenção da criança e do adolescente”, esclarece.
tilhada evita este distanciamento, incentivando a manutenção dos laços afetivos entre o genitor e seu filho. Além disso, é o modelo que mais atende à perspectiva do pleno desenvolvimento da criança ou do adolescente, pois, mediante uma VANTAGENS responsabilização conjunta dos Diante dos diversos efeitos trau- genitores, as potencialidades do máticos advindos da dissolução filho são sempre mais desenvoldo casamento ou união estável vidas. no desenvolvimento psíquico do Outro aspecto relevante é que a filho, sendo um deles a perda do guarda compartilhada minimiza contato frequente com um de o risco de alienação parental, sínseus genitores, a guarda compar- drome tratada na edição anterior.
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“Portanto o incremento da convivência do filho com ambos os genitores e a diminuição dos riscos da ocorrência de alienação parental são as grandes vantagens da guarda compartilhada”, destaca. Dessa forma, esse modelo tem como objetivo principal a concretização do princípio do melhor interesse da criança e do adolescente previsto na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), pois é medida que deve ser aplicada sempre e exclusivamente em benefício do filho.
Amigos especiais
Eventos do grupo têm atividades de bem estar e saúde para crianças com Down
rem-se mais seguros e tranquilos. Os encontros também reservam momentos de lazer para os filhos com ou sem síndrome de Down. Dessa forma, eles praticam atividades físicas, brincadeiras, músicas, representam, enfim, interagem com muita descontração e naturalidade. As famílias também atuam no conforto emocional e psicológico às mães de recém-nascidos que passam por angústias. As mães que passaram por essa experiência há mais tempo auxiliam e mui-
to nesse momento. PRECONCEITO Fora do ambiente do grupo, a maior dificuldade encontrada por essas famílias no dia-a-dia continua sendo o preconceito, pois a sociedade, de modo geral, até hoje vê o “diferente” com indiferença. Por isso, um dos propósitos é romper barreiras para amenizar o preconceito. As famílias dos AEL - Amigos EspeContinua
Fotos: Arquivo
Dividir desafios, compartilhar conquistas, enfrentar o preconceito. Essas são algumas metas do grupo “Amigos Especiais de Limeira”, que nasceu há cerca de um ano a partir da necessidade de fomentar os anseios vividos por oito famílias de crianças com síndrome de Down. Esta união teve como objetivo inicial a troca de experiências vividas com os filhos, sejam elas positivas ou negativas. Os encontros são periódicos e, de forma descontraída, permitem que as famílias troquem informações que possam tornar a vida de suas crianças, adolescentes e adultos com a síndrome cada vez mais acessível. E o melhor de tudo, é que as famílias se dão conta de que não estão sozinhas e, com isso, têm a autoestima elevada e criam forças e meios para buscarem novos caminhos. É por meio das atividades do grupo que mães e pais expõem suas ansiedades e se permitem torna-
Marcela e Michelangelo divertem-se no karaokê
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ciais de Limeira acreditam em uma sociedade mais justa e igualitária se as pessoas se permitirem conviver naturalmente com as diferenças. SUPERAÇÃO As famílias também têm histórias de jovens de sucesso e crianças com prognósticos positivos que, dia-a-dia, superam dificuldades de fala e movimento, realizando com sucesso atividades que para nós, sem a síndrome, parecem simples como andar, falar, comer, vestir, amarrar os sapatos, entre tantas outras. As trocas de experiências, palestras promovidas e pesquisas realizadas pelo grupo possibilitam ampliar o conhecimento de todos e descobrir as grandes vitórias conquistadas pelas pessoas com
síndrome de Down. Na primeira palestra organizada pelo grupo, o brilhante Claudio Aleone Arruda, de 28 anos, veio para Limeira. Ele tem síndrome de Down e é vice-campeão de salto a cavalo, em competição com atletas sem a doença. Por meio de sua palestra, o público pode conhecer a capacidade da pessoa com síndrome de Down. Ele mostrou, por exemplo, que é possível se desenvolver como qualquer outro cidadão. Além de servir de exemplo de história de sucesso, a vinda do Cláudio trouxe também muita alegria. Não foi apenas uma palestra sobre desempenho nos saltos. Diante de tantos relatos de sucesso, o grupo percebe cada vez
mais que as dificuldades enfrentadas pelas crianças, jovens e adultos com síndrome de Down podem ser superadas. Quando as barreiras são ultrapassadas, eles se tornam mais fortes. Além disso, os integrantes do grupo estão sempre buscando possibilitar aprofundar o conhecimento das famílias de pessoas com síndrome de Down e da população em geral por meio de troca de informações em um grupo criado no Facebook com o nome “Amigos Especiais de Limeira”: www.facebook.com.br/amigosespeciaisdelimeira. As reuniões são abertas a todas as famílias da cidade que têm filhos com síndrome de Down, mesmo aquelas que não fazem parte do grupo.
Presença das famílias é maciça em eventos do grupo Amigos Especiais de Limeira
Expediente
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Fotografia Michele Stahl Demétrio Razzo
Comercial Aderley Negrucci 99155-5100
Jornalista responsável Erica Samara Morente MTb 53.551
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