Revista Visão - 250 Anos de Lages

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25 ÍCONES M A I S M A RC A N T E S DA N OSSA H I STÓ R I A


Princesa da Serra T u és espaço físico, humano, história... Passado, presente e futuro, um lugarzinho especial neste nosso imenso Brasil e nesta querida Santa Catarina.


foto | Marcos Narciso Agostini


EDITORIAL

Amada L ages

N

este 22 de novembro de 2016, tu completas 250 anos de fundação...

E esta singela publicação quer te prestar uma justa e merecida homenagem. Afinal, tu és nosso chão, berço natal (ou adotado); nossa terra, porto seguro e aconchego. Tu és espaço físico, humano, história... Passado, presente e futuro – um lugarzinho especial neste nosso imenso Brasil – e nesta querida Santa Catarina. Quantas marcas, acontecimentos, cidadãos e cidadãs ilustres e simples mortais, como nós, já produziste! Quantos fatos marcantes, pitorescos e corriqueiros vistes acontecer! És a terra onde Antônio Corrêa Pinto – que rodou por muitas plagas – escolheu para fundar, viver e morrer, lá nos idos do século XVIII. És a terra do gado, inicialmente criado solto, nos vastos campos; depois, conduzido pelos tropeiros – nos famosos “Corredores de Taipas” – e hoje – do gado de várias raças – e de muita qualidade genética – produzindo carne, leite e couro para saciar a fome e as necessidades de tanta gente! Tu és a Lages da madeira, das belas e inigualáveis araucárias – que nestes 250 anos vistes nascer, crescer, serem cortadas pelos homens (aos borbotões) – e transformadas em casas, móveis e utensílios, além das

nutritivas e saborosas sementes de pinhões! És a Lages da gralha azul, esse pássaro majestoso e incrível, que de tão belo e misterioso faz surgir até a vida, com o nascimento de novas araucárias... És a Lages do Rio Caveiras (e de suas histórias)... Do Rio Carahá... Do afloramento do Aquífero Guarani... Das lavadeiras e da Serpente do Tanque, do Morro do Tributo, do Morro da Cruz, do arenito botucatu... És a Lages da Coxilha Rica, um vasto e verdejante chão, uma terra que de tão bela, chega a nos causar arrepios de contentamento. És a Lages da política – de tantas vitórias, disputas, fatos e atos – de tantos homens de audácia, valor e coragem. A Lages do Presidente Nereu Ramos, da estirpe dos Ramos, dos Costa, dos Ribeiro e de tantas outras descendências! És a Lages do chimarrão, do camargo servido nas fazendas, das vestimentas gauchescas, do folclore, músicas, poesias e festas... Das várias danças, CTGs e de tantos costumes e tradições, do passado e do presente... A Lages da Festa Nacional do Pinhão... Das encenações da Paixão e Morte de Jesus, no Morro da Cruz... A Lages da cerveja – produzida para o Brasil todo pela Ambev; da Minusa – das grandes e importantes madeireiras, das várias outras indústrias, do comércio... E haja comércio! R E V I S T AV I S Ã O

250 ANOS

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Revista Visão

Histórica 250 Anos de Lages Esta terra tão especial, de um povo tão nobre, com uma história tão cheia de capítulos, fatos e atos... Jamais poderá ser renegada, esquecida ou deixada para trás.

Edição Histórica 250 Anos de Lages é uma publicação da Revista Visão – elaborada por ocasião da passagem do 250º aniversário do município de Lages - SC, celebrado em 22/11/2016. Trata-se também de um registro histórico e comemorativo com o objetivo de valorizar pessoas, lugares, costumes e a natureza privilegiada da cidade através de imagens e textos.

Foto Capa Gugu Garcia

A Lages que cuida da saúde, de seus vários hospitais, clínicas, laboratórios... De seus médicos, enfermeiros... Profissionais que marcaram época (ontem e hoje); A Lages da fé, das várias religiões... Dos templos, da crença... Da esperança... A Lages da educação, das Universidades, do Colégio Rosa, do conhecimento, das pesquisas e estudos... Do Museu Thiago de Castro, dos inúmeros intelectuais... A Lages da Tecnologia... Do Orion Parque... Do Midilages, do Lages Garden Shopping... A Lages do povo... Das gentes... Das várias raças e etnias... A Lages do acolhimento... E como são acolhedores e afetuosos estes lageanos “Boi de Botas”! Esta terra tão especial, de um povo tão nobre, com uma história tão cheia de capítulos, fatos e atos... JAMAIS PODERÁ SER RENEGADA, ESQUECIDA OU DEIXADA PARA TRÁS. Parabéns, Lages. Parabéns, Lageanos. “NÃO SOMOS FRACOS”. Temos 250 anos de história. Nós te amamos de coração! Loreno Siega | Diretor de Redação

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Diretor Geral.............................. Gugu Garcia Diretor de Redação .................. Loreno Siega - Reg. Prof. 2691/165v-PR Repórter ...................................... Vinicius Prado Gerência e Dir. de Criação .... Eder Pitz de Lima Diagramação e Arte ................. Chelbim M. Poletto Morales Assinaturas ................................. Luiz Wolff Comercial .................................. Suely Miyake Administrativo ........................... Adriana da Luz Distribuição ................................ Robinson Marcelino Impressão .................................... Impressul Tiragem ....................................... 5.000 exemplares

Redação R. Dr. Walmor Ribeiro, 115 - Coral 88.523-060 Lages/SC - 49 3223.4723 www.revistavisao.com.br | portal.revistavisao.com.br facebook.com/revistavisao | twitter.com/revistavisao instagram.com/rvisao | contato@revistavisao.com.br

Não é permitida a reprodução parcial ou total das reportagens, entrevistas, artigos e imagens sem prévia autorização por escrito do editor.


O

Município de Lages completa no dia 22 de novembro de 2016 seus 250 anos de fundação. É uma data emblemática. E para resgatar um pouco dessa rica história, nos aspectos da cultura, política, economia, turismo, belezas naturais, produção e personalidades que se destacaram, encaramos a difícil missão de eleger 25 símbolos que registrem e representem para sempre este momento. São 25 décadas de história de uma das cidades mais antigas e importantes de SC e do Sul do Brasil.

> DADOS GERAIS DE LAGES

08

> ATRATIVOS Festa Nacional do Pinhão Monumentos turísticos e históricos Morro da Cruz Parque Jonas Ramos

12 14 18 20

> BELEZAS NATURAIS Araucária e pinhão Coxilha Rica e as taipas Salto Caveiras

24 26 30

> ECONOMIA Agricultura Comércio Indústria Orion Parque Tecnológico Pecuária

36 38 40 42 44

> EDUCAÇÃO Polo de Ensino Superior na Serra

48


> ESPORTE Inter de Lages e o Estádio Vidal Ramos Ginásio Jones Minosso

54 56

> MONUMENTOS ARQUITETÔNICOS Catedral Diocesana Mesquita Islâmica Prefeitura Municipal Teatro Marajoara

60 62 64 66

> PATRIMÔNIO CULTURAL Centro Cultural Vidal Ramos Museu Thiago de Castro Tradicionalismo

70 72 74

> PERSONALIDADES Antônio Corrêa Pinto Nereu Ramos

78 80

> SAÚDE Polo de saúde da Serra Catarinense

84

> DEPOIMENTOS Cidadãos declaram seu amor por Lages

22, 32, 46, 52, 68 e 88


DADOS GERAIS DE LAGES

Lagesnúmerosem

PRIMAVERA

TEMPERATURAS MÉDIAS

21,4°C 15,6°C 11,4°C

VER

TEM

PER

ÃO

ATU R

ÉDIA S

25 1 15,5 9,8°C ,9°C °C

TEMP. MÉDIA ANUAL

11,7

S DIA

2 NOS MÉ TOTURA 8°C 15, OTEUMPERA C

IN V ER NO

TE MP ER AT

U R AS MÉ DIA S

7,4 11,4 17,5 °C °C °C

14,3°C

°

°C 1,9 PRECIPITAÇÃO MÉDIA MENSAL (mm)

CLIMA

110,9 mm PRODUTO INTERNO BRUTO

R$ 3,62 bi Indústria Serviços

15,6%

Impostos

13,0%

Revistas ........................................2 Portais de Notícias ....................3 Jornais .........................................2 Rádios AMs.................................2 Rádios FMs ..................................5 TV..................................................1

(Veículos leves e pesados, ônibus e motocicletas) (JAN. 2015)

99.091

1,8% 22,8% 47,0%

Administração e Serviços Públicos

IMPRENSA

FROTA TOTAL de VEÍCULOS

IBGE (2013)

Agropecuária

SUBTROPICAL TEMPERADO

R$ 22.767,76

IDHM

PIB per capita (2013)

foto | Gugu Garcia

fontes | Wikipedia — Inst. Nac. de Meteorologia — IBGE — Anuário Lages em Desenvolvimento (2015/2016) — Correio Lageano — Prefeitura do Município de Lages — Guia Múltiplo 2016 (LS Agência)

AS M

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (2010) 0%

20%

40%

60%

80%

0

0,770

100%

0,5 Muito baixo

INDÚSTRIA Indústrias ....................................814

COMÉRCIO Estabelecimentos...................1.716

0,6 Baixo

0,7 Médio

0,8 Alto

1 Muito alto

SERVIÇOS Prestadores ............................1.803 R E V I S T AV I S Ã O

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Santa Catarina

Amures

Área urbanizada

158.620

População (2016 - estimativa) ........................................................... População (2010) ....................................................................................... 156.727 População (1940) .........................................................................................53.697

POPULAÇÃO CATEDRAL

Lages

DADOS

Densidade demográfica (2010) (em hab/km²) ................................................... 60 População urbana (2014) ......................................................................... 153.934 População rural (2014).................................................................................. 2.793

Coxilha Rica

Município de Lages

Bairros.................................................................................................69 Distritos (Santa Terezinha do Salto e Índios) ............................................. 2 Localidades..........................................................................................7

TERRITÓRIO

2.631.504 km²

Gentílico .................................................................................Lageano Padroeira .......................................N. Sra. dos Prazeres das Lagens Data da Padroeira (feriado municipal).............................. 15 de agosto

A Catedral Diocesana, um dos símbolos mais representativos de Lages, foi toda construída entre 1912 e 1921 com pedra grés carbonífera, em estilo gótico prussiano. As pedras foram extraídas do Morro Grande e dos arredores da cidade.

É o maior município de SC em extensão territorial

ESCOLAS

SAÚDE Hospitais ............................................... 4 Leitos Hospitalares .......................... 528 Estab. de Saúde (SUS)..................... 70 Estab. de Saúde (geral) ..................107

Federal (IFSC) ...............................................1 Estaduais...................................................27 Municipais (EMEBS e CEIMS) ...................145 Privadas ................................................... 34

Unidades de atendimento ................30

ENSINO SUPERIOR

Área Urbana ............................................. 25 Área Rural ....................................................5

Policlínica Municipal............................. 1 Pronto Atendimento Municipal. ...... 1

É considerada uma das catedrais mais belas de SC.

Universidades Estaduais .......................... 1 Universidades Privadas ........................... 2 Ensino a distância ..................................... 4

ALTITUDE MÁXIMA

1.260m

(no Morro do Tributo)

BIOMA Mata Atlântica

916m

(altitude no Centro da cidade)

A altitude da cidade é bem elevada, e varia entre 850 a 1.200 metros acima do nível do mar

EMPREENDEDORISMO Microempreendedores Individuais ...................... 5.030 09

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OCUPAÇÃO FORMAL (JAN. 2015) Trabalhadores com carteira assinada .................39.522


fiesc.com.br facebook.com/FIESC twitter.com/FIESC linkedin.com/company/sistema-fiesc


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ATRATIVOS

FESTA NACIONAL DO PINHÃO

Terra da Festa

Nacional do Pinhão

Nosso maior evento cultural, turístico e gastronômico é realizado nos meses de maio/junho. Atrai centenas de visitantes e turistas, ajuda a dinamizar nossa economia. E divulga o nome de Lages para Santa Catarina e para o Brasil. “Do pinheiro nasceu a pinha, Da pinha nasceu o pinhão, Do pinhão nasceu a festa, A festa da tradição! Nessa festa tem churrasco, Tem cardápio de pinhão, Tem até torneio de laço, Tem fandango de galpão! Tem artista mui guapo, Gineteada e chimarrão, Aceite o convite de Lages, Venha à Festa do Pinhão!”

A

letra da música que marca o maior evento cultural e gastronômico de Lages (e um dos maiores de Santa Catarina) – a Festa Nacional do Pinhão – foi criada pelo jornalista Francisco de Assis (Chico, hoje atuando no Jornal O Momento). Seus versos, bem rimados, respondem um pouco à pergunta do porquê se deu esse nome a uma das maiores festas de Santa Catarina. Abundante como em poucas regiões do Brasil, a araucária, cuja semente é o pinhão, no passado era muito concentrada na Serra Catarinense.

Origens do evento A história da Festa do Pinhão remonta ao ano de 1973. O prefeito da época, Juarez Furtado, queria criar um evento para valorizar a cultura local, as tradições, danças, costumes e produtos. E quem deu a ideia de utilizar o pinhão como mote da festa foi o então assessor de imprensa da prefeitura na época, Agilmar Machado. Fez-se então o primeiro evento. “O povo se reuniu na Praça João Costa, no centro da cidade,

onde houve música, dança e pinhão cozido gratuito para quem quisesse comer. Além disso, apresentações artísticas, desfiles em carros abertos, coroação da rainha e princesas e bailes gauchescos também movimentaram o evento”, contou Adelma Paim, esposa e viúva de Araci Paim (considerado o criador da Festa do Pinhão), em reportagem publicada no Jornal Diário Catarinense em 2013. Nas épocas seguintes, até o final dos anos 80, a festa repetiu algumas edições (não foi realizada todos os anos), tendo como denominação Festa do Interior, no mesmo estilo, em locais diferentes: na Av. 1º de Maio, por exemplo, em frente ao CTG Porteira Serrana; durante a Mostra do Campo, em Bocaina do Sul (que ainda era município de Lages), e novamente na Praça João Costa. Nesse período o principal organizador do evento era o tradicionalista de Vacaria, Araci Paim (que neste tempo trabalhava no setor de turismo da Prefeitura de Lages), juntamente com seu colega de trabalho, Matias Liz dos Santos. Em 1987, na administração do então prefeito Paulo Duarte, o evento ganhou maiores proporções. E foi retomado, sendo realizado pela primeira vez no Parque de Exposições do Conta Dinheiro.

Caráter nacional Em 1989, durante o primeiro mandato do hoje governador João Raimundo Colombo como prefeito de Lages, é que o evento começou a ter a denominação e o caráter nacional. Realizou-se naquele ano, então, a 1ª Festa Nacional do Pinhão, um grande evento com shows de artistas de renome nacional, estadual e regional, com duração de vários dias, tendo também preocupação maior com a infraestrutura para apresentações, bailes, gastronomia e bebidas típicas. Nessa época também se criou o símbolo maior do evento – um casal de gralhas azuis – pássaros que normalmente ajudam a plantar o pinhão (as aves costumam esconder as sementes para comê-las mais tarde. Esquecem onde esconderam e assim nascem as novas araucárias). A partir daquele ano (1989), a Festa Nacional do PiR E V I S T AV I S Ã O

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foto | Nilton Wolff

Não só de trabalho vive o lageano, mas também de festa, e uma das principais do Brasil: a Festa Nacional do Pinhão foto | Sandro Scheuermann

nhão só foi crescendo. Em algumas edições, nos anos 1990 e 2000, chegou a atrair durante 10 dias, um público de 300 mil pessoas (lageanos, turistas e visitantes). O recorde de público em uma única noite no Conta Dinheiro foi em uma quarta-feira, véspera do feriado de Corpus Christi, no ano de 2008. A então jovem dupla sertaneja Victor & Léo, de Goiás, estreava em Lages. Foram mais de 55 mil pessoas no evento, com quase 53 mil pagantes.

Mudanças ao longo do tempo Ao longo do tempo, a festa agigantou-se. Ganhou mais conforto, como a cobertura nas ruas e espaços de circulação do público. Com isso, as pesssoas ganharam maior abrigo e proteção do frio e da chuva, principalmente. O palco principal também foi modificado e ampliado. Criaram-se espaços diferenciados para públicos mais seletos e exigentes, com camarotes, área vip e backstage. Normalmente a Festa Nacional do Pinhão começa numa quinta ou numa sexta-feira (no final de maio e/ou começo de junho). E nos primeiros quatro dias do evento são realizados dois importantes festivais de música nativista e tradicionalista: a Sapecada Regional e a Sapecada Nacional do Pinhão. São festivais de música que têm atraído para Lages, desde o começo, grandes nomes do gênero em nível de Brasil. E são transmitidos ao vivo por dezenas de emissoras de rádio do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina tal o nível artístico e cultural de seus artistas e músicas.

Terceirização em 2014 Até então realizado apenas com recursos públicos – e/ ou obtidos através de patrocínios (Lei Rouanet, Governos 13

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A Sapecada da Canção Nativa premia anualmente o melhor da música tradicionalista, numa celebração cultural e encontro de grandes artistas

Federal e Estadual e empresas privadas) – em 2014 a administração municipal resolveu promover uma mudança bastante significativa no evento: a sua terceirização para a iniciativa privada. O objetivo com isso era baratear os custos do evento (principalmente com a contratação de shows) – além de reduzir o envolvimento da estrutura municipal em sua organização e realização. Agora a organização geral do evento está a cargo da empresa Gaby Produções, com sede em Novo Hamburgo (RS), que na concorrência pública ofereceu o melhor preço pelo direito de realizar o evento por cinco anos (até 2018).

Escolha das Soberanas Poucos meses antes do início do evento, anualmente, é realizado um concurso para a escolha das soberanas do evento: Rainha e Princesas. Nestes concursos, disputadíssimos, inscrevem-se dezenas de jovens lageanas que depois de escolhidas têm como missão divulgar a festa em outras cidades e regiões.


ATRATIVOS

MONUMENTOS TURÍSTICOS E HISTÓRICOS

Monumentos Históricos

Lages possui diversos monumentos e esculturas espalhadas pela cidade, que contam a história de cada local do município e que trazem consigo, também, uma bagagem cultural dos artistas que as criaram. Mas se destacam, especialmente, as obras de dois grandes artistas: Malinverni Filho e José Cristovão Batista.

J

osé Batista, ainda vivo, é responsável pela maioria dos trabalhos expostos. E Malinverni, falecido há 45 anos, mas que mantém seu legado através de suas obras de arte. Do caminho que os tropeiros faziam pelo município, até pontos que foram de grande importância para o desenvolvimento e crescimento de Lages, estas obras marcam épocas como a fundação da cidade até o transporte e meios econômicos que ergueram esta terra.

História de Lages E

m 1991, o escultor José Cristovão Batista elaborou um projeto para Lages, denominado Caminho das Tropas. O objetivo era fomentar o turismo com a criação de um roteiro de monumentos pelo município. Das 12 obras propostas, apenas seis foram executadas (administração de Raimundo Colombo – de 2000 a 2004). As obras foram construídas a preço de custo, segundo o artista. Entre as obras expostas em Lages, estão as seguintes:

Para conhecer a história lageana é possível percorrer as ruas e apreciar os inúmeros monumentos históricos

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Boi de Botas

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Carro de Molas

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rincipal meio de transporte utilizado até a década de 1950, o carro de molas representa o passado comercial de Lages e as viagens que as pessoas do interior tinham de fazer para vir ao município. Negociadores e compradores iam ao Centro do município para as feiras, realizadas onde hoje está a Praça Vidal Ramos Sênior, que antes de ter o Terminal Urbano e a nova praça, era o principal ponto de chegada e partida da cidade. A peça em homenagem ao carro de molas foi esculpida em concreto e instalada em um lago artificial. A obra mede 9 metros de comprimento. Foi produzida por José Batista.

foto | Gugu Garcia

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foto | Vinicius Prado

N

a Revolução Farroupilha, os lageanos fazem parte de um episódio que compõe a história do município. O idealismo da luta farrapa, que durou 10 anos, e a valentia dos heróis anônimos, marcaram uma importante página na história de Lages. Em 1839 um pelotão de cavalaria seguiu serra abaixo para o combate, que objetivava a tomada de Laguna. Ao lado dos farrapos, também estavam Giuseppe e Anita Garibaldi. Em pleno combate, os canhões e carretões puxados por bois, atolaram na lama e tiveram de ser retirados à força pela comitiva lageana. Isso provocou o comentário do Comandante David Canabarro ao Coronel Serafim de Moura, que chefiava a expedição: “Seus soldados se portaram com tal bravura e força, como se fossem verdadeiros Bois de Botas”. Por essas razões históricas, os lageanos receberam a alcunha de “Boi de Botas”, sinônimo de heroísmo, de que se orgulham todos os lageanos. Outra obra do escultor lageano José Cristovão Batista, que inaugurou a escultura em 10 de Setembro de 2002. O monumento se encontra na Av. Caldas Júnior, entre os bairros Triângulo e Santa Catarina.


ATRATIVOS

MONUMENTOS TURÍSTICOS E HISTÓRICOS

O Tropeiro

A foto | Gugu Garcia

L

ocalizado na Av. Dom Pedro II, no cruzamento com a Av. 1º de Maio, no bairro Coral, está o monumento em homenagem aos imigrantes. Esculpido em concreto e metal, com 12 metros de comprimento, esta obra remete ao tempo da colonização e consequentemente à povoação no município, enquanto Lages era uma vila e conhecida como Nossa Senhora dos Prazeres das Lajens. O povoado se formou inicialmente por intermédio da miscigenação de raças, culturas e costumes, representado pelo homem branco, de origem portuguesa, vindos da Província de São Paulo, mestiços das missões guaraníticas, vindos da Província de São Pedro (RS), negros, índios e nômades. Por isso, o monumento representa a chegada de uma família, numa carroça trazida por bois. O autor da obra foi o escultor lageano José Cristóvão Batista, que inaugurou a escultura em 24 de maio de 2002.

O Trançador

foto | Vinicius Prado

Os Imigrantes

ntes mesmo dos imigrantes chegarem a Lages, quem atravessava estas terras eram os tropeiros paulistas. Eles cruzavam o Planalto Serrano quando a região ainda era conhecida como a continuação dos campos das Vacarias, no século XVIII. O Governador da Capitania de São Paulo incumbiu o bandeirante Antônio Corrêa Pinto de Macedo a fundar um povoado na região, que serviria de ponto de defesa contra a invasão dos castelhanos que cobiçavam a região e, também, para proteger tropeiros e viajantes. Vieram então a cavalo e com mulas, para estes lados. “O tropeiro foi mercador, conselheiro e desbravador. Abastecia os povoados e trazia notícias e mensagens”, assim lembra a mensagem escrita no monumento. José Cristovão Batista inaugurou esta obra em 7 de junho de 2002. Esculpida em concreto, tem nove metros de comprimento e está localizada na Av. Luiz de Camões, em frente ao Parque de Exposições Conta Dinheiro, local onde os tropeiros supostamente paravam para negociar.

E

sta obra, também de Batista, faz uma homenagem aos artesãos lageanos. Construído para lembrar-se dos primeiros artesãos, que ao longo dos anos, mesmo com ferramentas precárias, tinham grande habilidade com as mãos. Estes artistas confeccionavam objetos como laços, guaiacas (cintos), cabrestos, botas, barbicachos, cangalhas (armação para o lombo dos jumentos ou burros), montarias e toda indumentária de arreios e instrumentos para a lida campeira e com os animais. O monumento, assim como os outros do artista, foi esculpido em concreto e mede dois metros de altura. Inaugurado em 2002, está localizado na Rua Benjamin Constant, em frente à Fundação Cultural.

foto | Gugu Garcia R E V I S T AV I S Ã O

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As lavadeiras do Tanque

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foto | Vinicius Prado

onta a história da fundação de Lages, que o Capitão-mor Antônio Corrêa Pinto de Macedo determinou, por questão de segurança, que fosse construído um tanque coletivo para as mulheres da antiga Vila das Lagens, por volta de 1771. Foi represado, então, cinco fontes existentes no lugar com muros de pedra. Esses muros protegiam as mulheres na época, que se sentiam ameaçadas pelos indígenas e animais silvestres, ao terem que ir até o Rio Carahá para lavar roupas. Para lembrar-se deste tempo, Batista construiu o monumento, em concreto, com cinco peças, que representa o lago, as lavadeiras, o vigilante que as protegia e os índios que pretendiam afastar os brancos, agredindo as mulheres.

Homenagens Monumento Mãe

I foto | Vinicius Prado

naugurada no dia das mães, em 13 de maio de 1973, a escultura foi criada especialmente para ser posta em frente ao Hospital e Maternidade Tereza Ramos. Foi um dos últimos trabalhos de Malinverni Filho. A obra, porém, foi levada ao local somente quase 40 anos depois de ser finalizada, apenas por um acaso do destino, que não colaborou para que fosse colocada em tal local naquela época. Mesmo assim, a família

de Malinverni ficou orgulhosa em ver o trabalho onde ele sempre devia ter estado. Segundo a neta do artista, Ana Paula Malinverni Block, o maior desejo do avô era de homenagear as mães. Por isso, está escrito na escultura: “Ambos são criadores – a mãe e o artista. Na interioridade da concepção a objetividade da obra. A mãe dá a vida, o artista a imortaliza!”. Local: Rua Marechal Deodoro, 799 – Centro (no estacionamento do HTR).

Getúlio Vargas

O foto | Vinicius Prado

monumento a Getúlio Vargas está em Lages desde 26 de setembro de 1958. A obra homenageia o ex-presidente e duas de suas obras para o país e se encontra na Praça João Ribeiro (em frente à Catedral). A instalação do monumento foi uma iniciativa de José Paschoal Baggio e várias pessoas ligadas, na época, ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Dois anos após o suicídio de Vargas, se iniciou um movimento na cidade para homenagear Vargas.

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O arquiteto João Argon Preto fez, então, um esboço do monumento. O painel que se encontra atrás do busto representa as obras de Volta Redonda (Companhia Siderúrgica Nacional) e a Petrobras, ambas instituídas por Vargas. A base, feita com pastilhas de vidro, representa a vida de Vargas. E o poste (em formato cônico) representa também a ascensão do ex-presidente. Já o busto foi encomendado do Rio de Janeiro. E o formato do rosto representa Vargas em sua idade mais avançada, pouco tempo antes de sua morte.


ATRATIVOS

MORRO DA CRUZ

Um dos pontos mais altos da cidade, além de ser mirante, o Morro da Cruz é palco de um dos eventos religiosos mais importantes do Sul do país

Morro da Cruz Tradição religiosa e belo visual da cidade Um dos principais ícones de Lages, em seus 250 anos de história, até como ponto turístico já que de lá se tem um dos melhores visuais da cidade, é o Morro da Cruz, localizado na região do Morro Grande. Naquele espaço realiza-se todos os anos – por ocasião da Semana Santa – uma grande peregrinação de fiéis – que vão acompanhar a encenação da Paixão e Morte de Jesus (na Sexta-Feira Santa) e a Ressurreição (no Domingo de Páscoa).

P

or estar próximo à Paróquia e à Igreja do Navio, localizada bem ao pé do morro, no bairro Vila Nova, os relatos históricos contam que há muitos anos o morro era utilizado para se fazer a encenação da Via Sacra, especialmente na Semana Santa. Com o passar do tempo, os religiosos e fiéis foram construindo um caminho até o alto do morro, onde foram fincadas várias cruzes. E cada uma delas representava uma das 15 estações da Via Sacra. Com o passar dos anos, abriu-se também uma estrada até o alto do morro, o que facilitou para a realização das procissões e atividades religiosas – e também para visitação. E lá no alto colocou-se uma cruz, inicialR E V I S T AV I S Ã O

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foto | Gugu Garcia

Na Sexta-Feira Santa, o Morro da Cruz costuma lotar logo a partir das primeiras horas da manhã. Muita gente levanta cedo para ir a pé até o local, em gesto de penitência.

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A encenação anual da morte de Cristo atrai milhares de fiéis para o Morro Grande foto | Marcio Avila

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morro para assistir e se emocionar com as apresentações realistas e chocantes da crucificação e morte de Jesus. E uma verdadeira multidão de lageanos e turistas acorrem ao local para momento tão ímpar da vida da cidade. À tarde, a partir das 15 horas, a encenação se repete. E novamente uma grande multidão acompanha. Nos últimos anos, têm visitado o Morro da Cruz, durante todo o dia, públicos que variam de 50 a 80 mil pessoas (cálculos dos organizadores – divulgados na imprensa). No Domingo de Páscoa – que marca a ressurreição de Jesus, novamente as apresentações acontecem lá no alto do morro (inclusive com procissão das pessoas com velas acesas, na noite anterior). Durante o ano, o Morro da Cruz também serve de grande atrativo para quem quer apreciar um ótimo visual da cidade. Nos finais de semana, em dias ensolarados, normalmente se encontram muitas pessoas que vão levar parentes ou amigos para apreciar a melhor vista da cidade. Por ser muito alto, o local também se presta como ponto de lançamento para quem gosta de parapente. Isso sem falar naqueles que costumam subir lá no alto para meditar, rezar no santuário ou mesmo acender velas (pagando promessas) ou fazendo pedidos de caráter religioso. foto | Marcio Avila

mente em madeira. E mais tarde em ferro fundido (trilhos de trem). No ano 2000, por ocasião da comemoração dos 500 anos de descobrimento do Brasil, o prefeito da época, Dr. Décio da Fonseca Ribeiro, mandou construir uma grande escadaria em concreto, com 502 degraus no total (simbolizando os 500 anos). Também mandou implantar as 15 estações da via sacra ao longo desta escadaria (painéis com imagens de cenas do sacrifício de Jesus). E no alto, foi erigida uma pequena capela em concreto, além de uma gigantesca cruz em concreto armado (com 19 metros de altura). Esse monumento foi inaugurado no dia 22 de abril daquele ano (2000), data em que se comemoraram os 500 anos de descobrimento do Brasil. Além disso, dias depois, a obra foi utilizada pela primeira vez para a encenação da Paixão e Morte de Jesus, organizada pelo Grupo de Jovens do Tabor, da Paróquia do Navio, que desde então vem incrementando as apresentações artísticas, religiosas e culturais da Semana Santa no local. O frade franciscano Frei Silvério Weber, que foi pároco na Paróquia do Navio de 1986 até o dia 03 de março de 2000, data em que faleceu, aos 54 anos, foi o grande ícone das celebrações da Semana Santa e da construção das obras religiosas no Morro Grande (infelizmente, faleceu pouco mais de um mês antes de ver as obras serem inauguradas). O religioso, cujo nome ficou eternizado com a denominação do complexo turístico/religioso do Morro da Cruz, era bastante conhecido e carismático por utilizar o rádio e a televisão para suas pregações. E levava multidões a suas missas, festas e ações religiosas. Foi ele o grande organizador das procissões e eventos religiosos no Morro Grande. E até hoje é lembrado e reverenciado por centenas de pessoas. As celebrações da Semana Santa na Paróquia do Navio – que tem o Grupo de Jovens do Tabor como principais protagonistas há 16 anos (desde o ano 2000) – em parceria com a Prefeitura Municipal – começam com a Missa de Ramos, no domingo anterior à Páscoa. Têm continuidade durante toda a semana, com o Lava Pés (missa onde Jesus lava os pés de seus 12 apóstolos – na quinta-feira à noite, um gesto de humildade e caridade). E o ponto alto é a Sexta-Feira da Paixão, além da celebração da Ressurreição (no começo da madrugada do domingo de Páscoa) e também durante o dia, pela manhã. Na Sexta-Feira Santa, data onde também os fiéis acordam antes do sol raiar para a tradicional colheita da macela (uma planta medicinal que cresce à beira das estradas e nos morros da região), o Morro da Cruz costuma lotar logo a partir das primeiras horas da manhã. Muita gente levanta cedo para ir a pé até o local, em gesto de penitência. E muitos, inclusive, vão lá pagar promessas ou fazer pedidos. A partir das 9h30min., realiza-se a primeira encenação da Paixão e Morte de Jesus. É o momento do ápice, quando centenas de milhares de pessoas se aglomeram no alto do


ATRATIVOS

PARQUE JONAS RAMOS

Tanque, o Parque Jonas Ramos Quem conhece o Parque Jonas Ramos – chamado por muitos de “Tanque” – não imagina a história – e também a lenda – sobre este local, que é lembrado por ter sido utilizado pelas lavadeiras no período de colonização de Lages, por volta de 1771.

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astante frequentado pela população, principalmente nos fins de semana, o local é um ponto de encontros e eventos. Tem atrativos para a comunidade como os pedalinhos para passeio dentro do tanque (funciona aos sábados e domingos), um parque infantil (à disposição das crianças, todos os dias) e uma quadra de esportes (onde muitos jovens jogam basquete). Um Centro Ambiental com quadros das espécies nativas da fauna serrana também funciona no local, logo ao lado do parque infantil. O Centro abre de segunda a sexta, em horário comercial. No Tanque também existem carpas vermelhas. Outro ponto importante do parque é a Biblioteca Municipal de Lages, que possui aproximadamente 35 mil exemplares, entre livros e periódicos.

A história do Tanque Sua cronologia começa no século XVIII, quando o fundador da cidade, Antônio Corrêa Pinto de Macedo, mandou construir um tanque, aproveitando quatro ou cinco fontes naturais que existiam naquela região. Pediu para cercar o lago com taipas e colocou homens armados para proteger as lavadeiras que trabalhavam ali. Isso tudo para que as mulheres do povoado pudessem lavar roupas sem serem incomodadas por índios ou animais. Além disso, as crianças aproveitavam para tomar banho. Uma antiga lenda diz que, desde que uma mãe abandonou o filho recém-nascido no local, deixando-o morrer afogado, o lago abriga uma serpente gigante, que só não escapa e ataca a cidade graças à proteção de Nossa Senhora R E V I S T AV I S Ã O

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foto | Gugu Garcia

foto | Acervo Museu Thiago de Castro

O local é um ponto de encontros e eventos. Tem atrativos para a comunidade como os pedalinhos, um parque infantil e uma quadra de esportes.

No início do século XIX, não havia qualquer urbanização ao redor do Tanque. Na foto é possível identificar ao fundo, o Colégio Rosa e a Catedral Diocesana

dos Prazeres. Por isso o local foi homenageado com o Monumento às Lavadeiras.

A Serpente do Tanque Um dos mais famosos patrimônios imateriais de Lages é a lenda que cerca a história do Parque Jonas Ramos: A Serpente do Tanque. A história já mudou um bocado de vezes ao longo do tempo. Alguns dizem que um monge profetizou que uma escrava indígena ficaria grávida de um homem importante e que, depois de alguns acontecimentos, surgiria uma serpente no tanque. Outra, mais completa, conta que uma lavadeira jogou no tanque o filho recém-nascido, fruto de um relacionamento passageiro. A criança se transformou em uma serpente, que tem o poder de inundar a cidade. “Nas segundas‐feiras, no tanque, as lavadeiras debruçadas por sobre as tábuas, a torcer as roupas dos senhores coronéis e suas famílias, trabalhavam enquanto batiam aquele papo gostoso do dia‐a‐dia. Em meio a estes papos, as histórias iam sendo contadas e a lenda do tanque se repetia no palavreado simples das mulheres que ali lavavam suas roupas. A história contada era de que uma mãe solteira, para encobrir o fruto de sua vergonha, jogara a criança naquele tanque onde estavam a labutar. Estranhamente, a criança não morrera, mas se transformara numa cobra. Contavam que a cabeça da cobra permanecera ali no tanque e a cauda se encontrava no rio Carahá, estendida em todo o seu percurso. Nossa Senhora, a padroeira de Lages, ciente do hediondo crime praticado pela desnaturada mãe, prendia com os pés a cabeça da moderna hidra ao berço úmido da desgraça mítica, procurando assim evitar 21

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que a criança, transmutada em monstro, se revelasse ao mundo. No dia em que a Santa abandonasse esse propósito, a cidade seria totalmente tomada pelas águas, escapando somente da enchente, a cacimba da Santa Cruz. Diversas vezes notou‐se verídica a previsão, pois, quando era tirada a imagem da Santa de seu altar, na Catedral, mesmo em procissões, começava a chover torrencialmente, parecendo que a cidade iria virar em água. Contudo, bastava retornar a imagem da Santa ao seu altar, que, o sol voltava a brilhar, afastando‐se assim a promessa do cumprimento do trágico cataclismo. O relato das mulheres lavadeiras se espalhou por toda a cidade e o medo se apossou de todos, vindo assim a fazer com que as mulheres nunca comparecessem sozinhas ao tanque, sempre iam acompanhadas ou em grupos. Ninguém se atrevia a passar a noite naquele ermo, porque, ao lado do coaxar dos sapos, ouvia‐ se plangente e lúgubre, o grito de um ser perdido em angústia e desesperança”.

Local de descanso e atividades ao ar livre, o Parque Jonas Ramos (Tanque) é outra opção de lazer no município


DEPOIMENTOS

RAIMUNDO COLOMBO

“Orgulho de

ser lageano”

N

estes seis anos na posição de governador de Santa Catarina, visitei quase todos os municípios catarinenses. E de Norte a Sul deste Estado, sou reconhecido como lageano, o que é sempre um motivo de muito orgulho para mim. Mas é também uma grande responsabilidade. A maior riqueza de Lages são as pessoas. E em cada ato de homem público, estou preocupado em honrar a credibilidade e a confiança do povo lageano, merecidamente reconhecido como honesto e trabalhador. Foi na cidade de Lages que nasci, cresci e fui três vezes prefeito, vivendo de muito perto a realidade da população lageana, lidando diariamente com os anseios e os desafios da cidade. Hoje, mesmo vivendo em Florianópolis, ainda tenho família em Lages: minha mãe, irmãos, filhos e netos, além de grandes amigos de longa data. Sempre que posso, em momentos de descanso e de confraternização familiar, volto para a cidade. E pretendo voltar definitivamente quando encerrar minha atuação política. De qualquer forma, são fortes laços construídos ao longo de uma vida inteira, que nem o tempo nem qualquer distância vão desfazer. Carrego e carregarei sempre comigo essa herança lageana. Minha trajetória política também foi diretamente influenciada pelos valores lageanos e pelas histórias inspiradoras de grandes homens públicos da cidade. Poucos municípios no Brasil têm um histórico político tão forte e exitoso como Lages, reflexo de um engajamento da comunidade em apoiar as lideranças locais.

Nosso primeiro governador lageano foi Felipe Schimdt, um engenheiro construtor de estradas, sobretudo estradas de ferro. Vidal Ramos foi um líder extraordinário, seu trabalho na educação revolucionou Santa Catarina. Tivemos o Aristiliano Ramos, muito amigo do meu pai, que foi nomeado pelo presidente Getúlio Vargas e, depois, em uma disputa histórica com o seu primo Nereu, perdeu em uma decisão política muito polêmica, por uma diferença de um voto, o que afetou o relacionamento da família. O Aderbal Ramos nasceu no Palácio Cruz e Sousa, em Florianópolis, porque seu avô Vidal era governador, mas his-

Raimundo Colombo Governador de Santa Catarina

mento de Santa Catarina como um todo. Mas reconheço em especial o desafio que é gerar mais oportunidades para o povo de Lages, com ações que atendam suas necessidades. Além da forte indústria da madeira e da vocação agrícola, é preciso despertar e impulsionar novos setores para promover a geração de emprego e renda na cidade. O setor de serviços tem se destacado. As opções locais de ensino superior estão crescendo. O turismo se fortalecendo. Nosso trabalho para atrair novas indústrias, em diferentes setores, começa a dar resultados. O nosso centro de inovação já é realidade e vai ajudar muito a economia local. A região tem grande potencial e

São fortes laços construídos ao longo de uma vida inteira, que nem o tempo nem qualquer distância vão desfazer. Carrego e carregarei sempre comigo essa herança lageana.

toricamente sempre foi considerado lageano. E o Celso Ramos fez um governo extraordinário, talvez o melhor e o mais importante da história de Santa Catarina. Muito do nosso desenvolvimento se deve às ações que ele empreendeu no seu governo. É uma bela história e para nós, lageanos, e para mim, na atual situação, uma responsabilidade muito grande representar esse legado. Na posição de atual governador do Estado, trabalhamos pelo desenvolvi-

estou muito otimista em relação aos próximos anos. Tenho certeza de que existem muitos motivos para agora comemorar os 250 anos da nossa amada Lages. E teremos ainda mais no futuro promissor que se desenha no horizonte da Serra Catarinense. João Raimundo Colombo GOVERNADOR DE SANTA CATARINA

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BELEZAS NATURAIS

ARAUCÁRIA & PINHÃO

Araucárias DERAM GRANDE IMPULSO À ECONOMIA DE LAGES

A Araucária angustifólia, árvore também conhecida como pinheiro brasileiro, teve papel importantíssimo no desenvolvimento de Lages. Graças à madeira extraída das vastas florestas desta espécie, Lages foi a cidade mais rica de SC por pelo menos três décadas, no século XX.

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alar dos 250 anos de Lages sem se reportar à importância que as araucárias tiverem no desenvolvimento da cidade – e na nossa economia – é como ir a Roma e não ver o Papa. Essa árvore tão especial, que normalmente cresce com um único tronco, cilíndrico e sem falhas até o início de seus galhos, podendo chegar a alturas de 50 a 60 metros, e com idades que podem atingir até 500 anos, é típica de uma região relativamente pequena da chamada floresta ombrófila mista (que integra o bioma da Mata Atlântica). Sua concentração original são os estados do Rio Grande do Sul (mais ao norte), Santa Catarina (da Serra em direção ao Oeste), Paraná (praticamente todo o Estado), sul de São Paulo e de Minas Gerais (algumas pequenas partes do Paraguai e da Argentina). As áreas povoadas com esse tipo de vegetação (florestas de araucária), de acordo com estudos recentes publicados, representavam 200 mil km² de área (20 milhões de hectares – pouco mais do que duas vezes o Estado de Santa Catarina). Devido à sua intensa exploração enquanto madeira nobre (que não foi reposta já que a legislação ambiental do passado não exigia isso),

estima-se que apenas 3 a 4% dessa área total hoje ainda persista (cerca de 600 a 800 mil hectares). Boa parte dessas áreas remanescentes de araucária, no entanto, integram parques nacionais, federais, particulares e/ou estaduais. E muito pouco ainda resta em áreas privadas. A Serra Catarinense, neste sentido, ainda tem muitas araucárias. A região de Urupema, Bom Jardim da Serra e São Joaquim, por exemplo, tem muitos remanescentes. O Parque Nacional de São Joaquim é um dos locais onde as araucárias ainda abundam e estão bastante preservadas (o parque todo tem 49.300 hectares). Assim como uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) da empresa Florestal Gateados (em Campo Belo do Sul) e o Parque Municipal João José Theodoro da Costa Neto – o Parque Ecológico Municipal, em Lages – criado nos anos 1993/94 pelo então prefeito Fernando Coruja Agustini. No ciclo forte da madeira (não renovável), entre os anos 1940 a 1970, Lages chegou a contar com mais de 340 serrarias e madeireiras. E praticamente todas utilizavam as araucárias como matéria-prima. Entre as décadas de 50 e 60, quando o aeroporto de Lages funcionava no local R E V I S T AV I S Ã O

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foto | Gugu Garcia

foto | Gugu Garcia

A semente da araucária, o pinhão, é muito nutritiva, e comumente encontrada na alimentação da população serrana

Rica pelo seu bioma da Mata Atlântica, Lages conta com grandes araucárias a enfeitar os planaltos

onde hoje se encontra a Uniplac, a cidade chegou a contar com cinco companhias aéreas diferentes. E tinha vários voos regulares diários de pequenas aeronaves para grandes centros do país. Alguns estudos citam que o Governo do Estado, na época, contava muito com a arrecadação de impostos gerados em Lages para pagar seus funcionários. A cidade simplesmente era a maior economia de Santa Catarina (hoje ocupa a 8ª posição), o que demonstra a grande importância da madeira (e das araucárias) para o desenvolvimento da cidade. As madeireiras de Lages eram tão importantes, na época, que boa parte da madeira utilizada para a construção de Brasília (inaugurada em 1960) saiu daqui (de Lages e da Serra Catarinense). O professor da UFSC, que morou por muitos anos em Lages, Antônio Munarim, em sua dissertação de mestrado, cita inclusive que a vinda da marca de caminhões Scania para o Brasil, bem como a construção da BR-116, se devem à grande quantidade de madeira produzida na Serra Catarinense na época. Munarim conta que o Grupo Battistella, de Lages, foi o responsável por trazer a Scania ao Brasil (tanto que depois, por muitos anos, dominou as concessionárias dessa marca no país). E que os caminhões dessa marca transportavam a madeira de Lages até Brasília. 25

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Essa madeira tão nobre e importante, a araucária, produz uma semente, o pinhão, fonte rica em vitaminas e outros nutrientes. Essa semente, muito procurada pelas aves como gralhas-azuis, papagaios e outras, além de animais, também é fonte de alimentação e de renda para muitas famílias. E essa semente deu origem, em Lages, ao maior evento cultural e gastronômico da Serra Catarinense, a Festa Nacional do Pinhão (veja o capítulo à parte nesta publicação). Devido à intensa exploração econômica, e a sua iminente ameaça de extinção, a legislação ambiental brasileira, há pelo menos três décadas, tornou a araucária uma espécie protegida por lei. E seu corte só é permitido em três diferentes situações, mesmo assim com expressa autorização dos órgãos ambientais: 1) quando comprovadamente plantadas (dispostas em linha, cadastro no DEFAP, e/ou outra forma que comprove que os exemplares foram plantados); 2) quando estão causando risco de dano iminente às pessoas e residências, e 3) em caso de supressão para obra de utilidade pública ou interesse social.


BELEZAS NATURAIS

COXILHA RICA

Ariquezas beleza dae as

Coxilha Rica A Região da Coxilha Rica é considerada por muitos como um paraíso natural. Essa vasta região, em Santa Catarina, representa a maior extensão territorial com características únicas ainda a ser em boa parte desbravada. E também a última fronteira agrícola do Estado a ser expandida.

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ages é o maior município de Santa Catarina em extensão territorial, com 2.631.504 km² (o que equivale a 263.150 hectares). Boa parte dessas terras (43% do total – ou 113.500 hectares), ao sul da cidade, entre os rios Pelotas (que divide Santa Catarina com o Rio Grande do Sul), Pelotinhas, Penteado, Lajeado Bonito e Lava Tudo, pertencem à chamada região da Coxilha Rica. Trata-se de um imenso território, bem maior do que muitos municípios de Santa Catarina. Uma extensão de terras pouco menor do que o município de Santa Cecília ou de Campos Novos. E equivalente aos tamanhos de Campo Belo do Sul ou de São Joaquim. A Coxilha Rica, antiga e histórica por se constituir no passado o chamado Caminho das Tropas, levou esse nome devido às grandes planícies onduladas a perder de vista, e serpenteadas por pequenos riachos e morros (também conhecidos como “coxilhas”).

Cavalgadas com turistas internacionais O empresário Robério Bianchini, que tem uma agência de turismo equestre – e que volta e meia recebe turistas de vários países para cavalgar durante dias pela Coxilha Rica (o roteiro original tem 180 km e demora uma semana para ser percorrido), explica o que motiva pessoas de tão longe para virem a Lages. “O que atrai na Coxilha Rica é a natureza encantadora, com muita diversidade, águas limpas e uma vastidão de campos preservados. Eles não encontram uma região preservada

tão grande assim em outra região do mundo para cavalgar”, declarou em recente entrevista.

Competições esportivas Numa paisagem tão bela, com dezenas de fazendas antigas e centenárias, e com muitos quilômetros de estradas de chão batido, sem falar nas paisagens de tirar o fôlego, não haveria nada melhor para a realização de eventos e competições esportivas, além de caminhadas. A Coxilha Rica sedia já há alguns anos, normalmente no mês de maio, uma importante prova de bike (Desafio Bike Serra), com atletas vindos de várias regiões e municípios do Brasil e que ficam encantados com o charme do roteiro, as belezas naturais e desafios encontrados por lá. Neste ano (2016), no final do mês de julho, a Coxilha Rica também sediou a etapa estadual da mais tradicional competição de rally do Brasil. A 5ª edição do Rally Rota SC teve a participação de mais de 150 motos, quadriciclos, UTVs e carros. Foi realizada durante dois dias (30 e 31/07), num percurso de 154 km (Coxilha Rica, em Lages – e Painel).

5 mil hectares em produção Em uma região tão vasta e bela, com uma natureza exuberante e pouco explorada pelo homem, predominam as atividades agropastoris (criação de gado – atividade basR E V I S T AV I S Ã O

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foto | Marcos Narciso Agostini

Lages

Coxilha Rica

Localização da Coxilha Rica Território da Coxilha Rica ocupa 43% da região de Lages

Linha Férrea Acesso Principal Taipas

O último ponto da região lageana a ser desbravado é a Coxilha Rica, por onde passaram os tropeiros há 250 anos

tante antiga – e mais recentemente também o plantio de grãos e de pinus). No geral, existem ali poucas, porém grandes propriedades, com a criação de gado de forma extensiva. Nos últimos anos, no entanto, essas características mais antigas vêm mudando. E os produtores daquela região, muitos deles vindos do Rio Grande do Sul (com terras alugadas), estão encontrando ali um espaço para a exploração da agricultura e da pecuária de precisão (com grande uso de tecnologia). Via de regra, o gado de corte é criado e engordado na Coxilha Rica com o capim nativo (também conhecido como capim mimoso), um pasto muito rico em nutrientes e minerais. Na produção agrícola, que vem crescendo bastante nos últimos anos, estima-se que poderiam ser cultivados até 44 mil hectares apenas na Coxilha Rica. E atualmente, mesmo com entrepostos de duas diferentes cooperativas no local (Cooperplan – de Lages – e Coopercampos – de Campos Novos), são pouco mais de 5 mil hectares em produção de soja, milho, trigo, feijão e pipoca. A dificuldade dos acessos ainda é o maior entrave.

Grande potencial hidrelétrico Desde o final do século passado (anos 90) há projetos e estudos para se utilizar o grande potencial hídrico da região da Coxilha Rica para a produção de energia elétrica. O maior, mais polêmico e conhecido é da Usina Hidrelétrica de Pai Querê, que geraria 290 MW de energia (cerca de 20% do atual 27

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Um imenso território, bem maior do que muitos municípios de SC. A Coxilha Rica, levou esse nome devido às grandes planícies onduladas a perder de vista, e serpenteadas por pequenos riachos e morros. consumo de Santa Catarina). O Consórcio Pai Querê adquiriu a concessão pública e é responsável pelo projeto, que desde então se encontra em longo processo de licenciamento ambiental pelo Ibama (que em mais de 15 anos ainda não aconteceu devido à forte pressão de ONGs e grupos ambientalistas de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, contrários ao empreendimento). Além dessa grande usina – com investimentos estimados em R$ 1,5 bilhão – e que geraria dois mil empregos diretos durante sua construção – existem mais sete projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Essas PCHs são usinas de baixo impacto ambiental e que produzem abaixo de 30 MW, a serem implantadas nos outros rios da Coxilha Rica (Pelotinhas e Lava Tudo).


BELEZAS NATURAIS

foto | Ricardo Almeida

COXILHA RICA

Caminho das Tropas N

Corredores de taipas “Trabalhamos por lá durante muito tempo, com uma grande equipe de pesquisadores e estudantes que davam apoio”, explicou Iáscara. “Fizemos naquela fase um vasto levantamento do patrimônio material da Coxilha Rica, ou seja, das fazendas antigas, das taipas, do caminho das tropas, das construções, objetos e utensílios encontrados nas fazendas, do tipo de arquitetura, do Passo de Santa Vitória (local que servia de travessia dos animais pelo Rio Pelotas), entre outras questões. Produzimos muito material como relatórios, fotografias, entrevistas com moradores e proprietários. Foi um trabalho bem significativo e importante”, explicou Iáscara. “Na Coxilha Rica devemos ter uma das mais significativas presenças de taipas do mundo, boa parte ainda intacta. Eles faziam isso não só ao longo do

foto | Fulano de Tal

o passado, principalmente a partir da segunda metade do século XVIII, a ampla região da Coxilha Rica se constituiu num importante corredor para a passagem de animais (bovinos, equinos e muares). Os animais eram trazidos da região de Viamão e Vacaria (RS). E conduzidos pelos tropeiros até São Paulo (Sorocaba), passando pelo Paraná. Devido às características da vegetação da Coxilha Rica, com muitas áreas limpas (chamado Campo Limpo), os animais costumavam fugir ou se espalhar das tropas. Isso obrigou os tropeiros – e também os fazendeiros e criadores da região – a construírem ao longo dos anos, grandes extensões de taipas (muros feitos de pedras) – de lado a lado – o que com o tempo se denominou “Corredores ou Caminho das Tropas”. De acordo com alguns pesquisadores, esses corredores de taipas, ainda bastante preservados ao longo dos tempos (eles têm mais de 200 anos), estimados em 60 km de extensão (em vários trechos), constituem uma das únicas formações de tamanha proporção ainda existentes no mundo. Entre os anos de 1993 a 1996 um grupo de pesquisadores da Uniplac, UFSC, Prefeitura de Lages e até de outras instituições parceiras, realizou uma série de pesquisas, estudos e coleta de dados e informações sobre a Coxilha Rica. A produtora cultural Iáscara Almeida Varela, juntamente com as professoras Dra. Zilma Isabel Peixer (hoje na UFSC de Curitibanos) e Eliana Zimmermann Bornhausen (Nana) participaram daqueles estudos.

Esses corredores de taipas, estimados em 60 km de extensão, constituem uma das únicas formações de tamanha proporção ainda existentes no mundo. caminho das tropas. Mas também para separar as propriedades. E para dividir espaços nas fazendas como mangueiras para o gado, hortas e pequenos cercados para plantações”, complementou Zilma Peixer. “Boa parte dessas taipas foi feita por trabalho escravo”, declarou Dr. Nazareno Wolff, da Fazenda Cadete. Zilma complementa: “Foram usados escravos, que era a mão de obra existente e disponível na época. Mas também tivemos o trabalho de outras pessoas. Até hoje existem alguns taipeiros que sabem fazer esse tipo de serviço”. R E V I S T AV I S Ã O

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Nós testemunhamos a formação do nosso povo!

Anos da nossa história, uma vida construída num processo de re-invenção contínua. Aprendemos, uns com os outros, a realizar as possibilidades do nosso “rincão lageano”. Foram muitos os novos começos... Certamente a centelha da coragem e criatividade está dentro de nós, e é sempre reativada! A renovação desta confiança começa na Família e amplia-se na escola e comunidade.

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BELEZAS NATURAIS

SALTO CAVEIRAS

Salto Caveiras: a “praia dos lageanos” se torna ponto de encontro das famílias e amigos durante os verões serranos

A Praia do lageano

Para a maioria dos moradores de Lages, ir à praia nem sempre é possível. Então, temos o Salto Caveiras, considerada “a praia do lageano”. Mas lá o que as pessoas menos fazem é se banhar, já que há diversos outros atrativos.

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m 1953, a Celesc colocava em funcionamento a Usina Hidrelétrica do Salto Caveiras, construída no distrito de Santa Terezinha do Salto, distante cerca de 20 km da cidade, em direção a São José do Cerrito. Trata-se de uma pequena hidrelétrica para os padrões atuais já que sua capacidade máxima de geração é de apenas 3,83 MW, muito pouco se comparado ao consumo atual da cidade de Lages.

Grande lago artificial Para construir a usina, foi necessário implantar uma pequena barragem no leito do Caveiras, que formou um grande lago artificial, cujas águas chegam a atingir até a ponte da BR-116, cerca de 20 km acima. Parte da água deste lago é canalizada por turbinas para acionar os geradores de energia da usina. E a R E V I S T AV I S Ã O

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foto | Gugu Garcia

Às margens do lago os moradores de Lages começaram a construir casas de veraneio, utilizadas para descanso e lazer nos finais de semana (principalmente no verão). beiros durante o verão). Ao mesmo tempo, instalaram-se no local alguns espaços para camping, que simplesmente lotam aos finais de semana (no verão).

Ponte de concreto

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foto | Gugu Garcia

sobra volta para o leito normal do rio, caindo de uma cascata em concreto, construída sobre a barragem. O grande lago artificial, aliado à cascata artificial – e a outra linda e majestosa cascata natural que existe logo abaixo da barragem – formaram alguns atrativos ímpares para os moradores de Lages, incluindo muitos turistas e visitantes de fora. Com o passar dos anos, nas margens do lago, os moradores de Lages começaram a construir casas de veraneio, utilizadas para descanso e lazer nos finais de semana (principalmente no verão). E, aos poucos, o lugar começou a ganhar cara de cidade, com muito movimento. Na parte mais próximo à barragem, providenciou-se também espaço demarcado para a população tomar banho com maior segurança (inclusive com presença do Corpo de Bom-

O acesso ao Salto Caveiras é feito via BR-282 (em direção à São José do Cerrito), com um pequeno trecho de 6 km de estrada municipal. A parte inicial dessa estrada começou a ser asfaltada em 1995, na administração de Fernando Coruja. E foi concluída em 2010, na segunda administração do prefeito Renato Nunes de Oliveira. Poucos anos antes, inclusive, conseguiu-se verba federal para a construção de uma ponte em concreto, com belvedere, próximo à usina, uma obra que veio valorizar muito o local, além de beneficiar os moradores daquele distrito. A ponte também serviu para facilitar o escoamento da produção daquela comunidade (que produz muitos grãos como soja, milho, trigo e feijão). Com acesso totalmente asfaltado, e diversos atrativos naturais, o Salto Caveiras é conhecido atualmente como “a praia do lageano”. E costuma ficar lotado nos finais de semana (na primavera e no verão). As pessoas vão lá para tomar banho, acampar, fazer churrasco, pescar, passear de barco ou de lancha no lago, descansar e aproveitar alguns pequenos bares e restaurantes que vendem peixe (lambari, truta, traíra ou tilápia). Devido a esses atrativos, por muitos anos o Salto Caveiras também sediou a realização da Festa Mundial do Lambari, que acontecia sempre durante o verão (em fevereiro ou março), uma iniciativa da Associação dos Moradores do Salto Caveiras (Amosc), em parceria com a Prefeitura. Nos últimos anos, no entanto, devido aos elevados custos para sua realização, deixou de ser realizada. E lá também se realizam vários passeios e competições esportivas de barco, jet sky e motonáutica.


DEPOIMENTOS

ELIZEU MATTOS

“Os bons projetos precisam continuar ” E u nasci em Anita Garibaldi. E com 10 anos fui estudar no Seminário, em Joaçaba. Com 13 anos, vim morar com um tio, Avelino, no bairro Frei Rogério, em Lages. Fiz o Ensino Médio no Colégio Diocesano e depois comecei minha faculdade de Ciências Econômicas na Uniplac. Em Lages, também, tive meu primeiro emprego, com 16 anos, quando fui estagiário da Caixa Econômica Federal. Fiquei dois anos na CEF e depois fui trabalhar no Banco Bamerindus. Com 18 anos, a convite do então deputado federal Dirceu Carneiro, fui trabalhar no gabinete dele, lá em Brasília. Mas, mesmo morando e trabalhando em Brasília, sempre tive um pé em Lages. Volta e meia estava de volta. Mais tarde financiei um apartamento aqui em Lages (Edifício Rembrandt). E depois comprei uma casa (onde moro atualmente). Tenho uma paixão muito grande por Lages, por seu povo. Aliás, esse sentimento nutro por toda a Serra Catarinense. Gosto muito daqui. É uma região muito bonita, de um povo muito acolhedor e afetuoso. Aqui nasceram meus dois filhos, a Maria Luíza e o Eduardo. E aqui minha família vive, meus filhos estudam e eu cheguei a ser deputado duas vezes e prefeito desta cidade. Então, devo muito a Lages e ao povo lageano. E fiz e estou fazendo tudo o que posso para retribuir tanto reconhecimento que já ganhei deste povo tão especial. Nossa Lages teve um passado de muitas glórias. E um presente não menos importante. Sei que ainda nos faltam muitas coisas. Mas sei também que estamos vivendo o melhor momento da cidade nas últimas décadas. A cidade

cresceu e se desenvolveu muito. Lages hoje tem jeito de cidade grande – temos um grande centro comercial (o Lages Garden Shopping), temos belas praças, ruas e avenidas; temos várias empresas aqui se instalando ou aqui ampliando seus negócios; nossa cidade hoje é limpa, bem cuidada. Temos um time de futebol profissional. Temos ligação aérea regular com o maior centro urbano do país. Nosso povo está mais otimista. O Natal Felicidade voltou com toda força – fazendo a nossa autoestima se elevar e trazendo muitos turistas. Há um tempo só se via gente falando que queria ir embora de Lages.

“Nossa Lages teve um passado de muitas glórias. E um presente não menos importante. Sei que ainda nos faltam muitas coisas. Mas sei também que estamos vivendo o melhor momento da cidade”. E hoje o povo está mais contente com a cidade. E inclusive muitos lageanos que haviam ido para outros lugares, estão voltando. Bem localizada, nossa cidade está recebendo diversos Centros de Distribuição (CDs) de grandes empresas. Isso é fruto de muito trabalho de divulgação. Esse bom momento pode ser constatado na economia. No ano passado (2015), entre as 10 maiores cidades do Estado, Lages foi a única que cresceu, 3,4% a mais. Então, isso é motivo de comemoração. Quando essa revista estiver circulando, faltarão poucos dias para encerrar a atual administração. E eu só

Elizeu Mattos, Prefeito de Lages (2013 a 2016)

gostaria de pedir uma coisa ao próximo prefeito: não deixe de tocar os bons projetos, as coisas boas que nós começamos e infelizmente não conseguimos terminar. Eu, quando assumi, recebi muitas obras incompletas. Toquei adiante, mesmo com dificuldade, e consegui terminar. Então, mesmo com outra filosofia no comando da cidade, acho que devemos deixar de lado as picuinhas políticas e tocar os bons projetos, venham de onde vierem. As eleições passam. Mas as pessoas não. Elas moram aqui. Têm amor por esta terra. O projeto Lages Business Park, por exemplo, nós apenas começamos. E falta fazer praticamente tudo. A Avenida Ponte Grande tem de continuar. O Natal Felicidade também. Temos o trabalho da implantação do esgoto sanitário, que nós demos continuidade mas que precisa terminar. Tem várias obras de novas creches em andamento. Enfim, qualquer administração é a sequência da anterior. E as boas coisas precisam continuar. Vivi momentos muito bons em Lages. E momentos muito difíceis, especialmente no meu período de prefeito, quando alguns fizeram de tudo para impedir que eu conseguisse trabalhar como eu gostaria. Mas, no balanço geral, os momentos bons – e as pessoas que me ajudaram – superam em muito as dificuldades e obstáculos. Amo Lages. Vou amar sempre. Assim como os lageanos e lageanas. E vou continuar fazendo tudo o que eu posso, enquanto cidadão ou como político, para continuar ajudando Lages. Elizeu Mattos PREFEITO MUNICIPAL

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ECONOMIA

AGRICULTURA

Agricultura em

A produção agrícola em Lages tomou forma apenas no século XX. Mas sua história vem, também, lá dos tempos da fundação da vila, quando Corrêa Pinto chegou à região. Nos primeiros dois séculos, no entanto, a agricultura praticada era de subsistência, já que a tradição dos lageanos e serranos era muito mais ligada à pecuária e à madeira.

C

om grandes campos, a perder de vista no horizonte, Lages poderia muito bem ser uma fonte agrícola aos moradores da época. Contudo, como os tropeiros e outras famílias que aqui paravam, tinham outro destino, plantavam apenas o necessário para sua subsistência. Composta de pouca variedade de grãos, hortaliças e algumas frutas, aquelas pessoas conseguiam passar os invernos para depois dar sequência à viagem. Por isso, entre os séculos XVIII e XIX a agricultura não representava grande valor econômico.

Agricultura de subsistência Em relatório enviado ao Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, em meados do século XIX, a produção lageana consistia em milho, feijão, batatas, trigo, erva-mate e fumo; além de outros vegetais como pêssegos, damasco, amêndoas, nozes, ameixas, marmelo, maçãs, peras, morangas, melancias, morangos, pepinos e diversos legumes. O litoral catarinense era quem consumia o excedente das produções, principalmente milho, feijão e batata paraguaia. Até a metade do século XX, Lages continuou com pouca relevância no setor agrícola. A maior parte da população ainda morava na área rural e as hortas continuavam a ser cultivadas para consumo próprio, sendo poucos produtores a levarem suas produções à venda no centro da cidade. Isso acontecia por que nos primeiros séculos da fundação da vila, os esforços se concentraram na pecuária. Depois, no século XX, o setor madeireiro foi quem desenvolveu o município. A tradição na produção agrícola, com produção excedente, portanto, praticamente não existia.

Fruticultura – maçãs A fruticultura é uma das produções que começou a despontar no município, especialmente entre as décadas de 1970 e 1980. De acordo com o escritor Licurgo Costa, em seu livro O Continente das Lagens, as macieiras tiveram um impulso razoável. Dados da publicação mostram que, até 1979, Lages tinha 473,33 hectares plantados e 510.123 mudas de maçã. A safra de 1978/79 teria sido uma das maiores da

época, com mais de 500 toneladas da fruta, estimando um valor de US$ 130.000,00 (dólares). Predominavam os cultivares Gala, Fuji, Golden Delicious e Starkrimson. O desenvolvimento da fruticultura local foi estimulado, principalmente, pelo impulso dado em São Joaquim, outro município com grande potencial na produção de maçãs.

A expansão agrícola entre os séculos XX e XXI Não obstante, Lages sempre teve a pecuária como uma das principais atividades relacionadas ao campo e, durante mui-

tos anos, foi essa atividade quem sustentou o município. Aos poucos, no entanto, os produtores locais – e muitos vindos de fora - foram despertando a vocação para a agricultura. De acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2014, foram pouco mais de 36 mil toneladas produzidas entre as principais cultivares temporárias de Lages, como: milho (22.500 toneladas), feijão (3.072 toneladas), batatinha, arroz, soja (grão – 9.600 toneladas), trigo (grão – 512 toneladas) e mandioca. Em vista do desenvolvimento agrícola na região, o município aumentou os números de sua produção em comparação há 40 anos. Isso mesmo levando-se em conta que a disponibilidade de terras (áreas) era bem maior (60% a mais) até os anos 70 já que boa parte dos municípios da região ainda não havia sido desmembrada de Lages (Correia Pinto, Otacílio Costa, Palmeira e outros). Quanto à fruticultura, das primeiras macieiras até 2014, segundo o IBGE, já são 7.215 toneladas de maçã coR E V I S T AV I S Ã O

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Lages pode aumentar a sua produção quando explorar efetivamente a região da Coxilha Rica, que tem aproximadamente mais de 40 mil hectares disponíveis para o plantio de grãos.

Lages desde o século XX voltou seus esforços econômicos para a agricultura. Com foco nos grãos, tem se destacado anualmente com as safras de soja, milho, feijão e trigo

lhidas em 370 hectares. Produzem-se muito mais maçãs atualmente mesmo com a área plantada tendo diminuído. Peras, pêssegos e uvas representam um número bem pequeno: 230 toneladas (IBGE, 2014). Lages pode aumentar a sua produção quando explorar efetivamente a região da Coxilha Rica, que tem aproximadamente mais de 40 mil hectares disponíveis para o plantio de grãos como o milho, a soja, o feijão e o trigo. Lá, a produção ainda é tímida (com 5 mil hectares em cultivo), mas está crescendo exponencialmente. A Cooperativa Agropecuária do Planalto Serrano (Cooperplan) e a Coopercampos, inclusive, instalaram dois silos de transbordo na comunidade São Jorge, onde recebem inicialmente 40 mil sacas de grãos. Esta unidade será ampliada, passando de 3 mil toneladas para 12 mil. 37

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O cooperativismo em Lages e na Serra Em 23 anos de existência, a Cooperplan aumentou sua capacidade de 80 mil sacas de armazenagem, com dois silos apenas, para dezenas de silos, que comportam mais 900 mil sacas de grãos. Isso representa um crescimento de 10 vezes na produção agrícola de Lages e também da Serra Catarinense. Atualmente a Cooperativa dispõe de um quadro de Associados de 280 produtores e duas unidades: Lages (cidade) e Coxilha Rica. O número de áreas assistidas pela Cooperativa lageana, atualmente, é de: 6 mil hectares de soja, 5 mil hectares de milho, 1.500 hectares de feijão e 1.500 hectares de trigo, que estão distribuídos nas cidades de Lages, Capão Alto, Campo Belo do Sul, São José do Cerrito, Correia Pinto e Palmeira. Em relação à capacidade de armazenamento, de 1995 até 2015 a Cooperplan passou de 120.000 sacas para cerca de um milhão de sacas.

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ECONOMIA

COMÉRCIO

Comércio fez nascer a cidade Lages é um dos principais polos macrorregionais do comércio em Santa Catarina. Com mais de seis mil estabelecimentos comerciais e empregando diretamente quase dez mil pessoas no setor, o segmento marca o município desde sua fundação.

O

passado comercial de Lages começa durante o mesmo ano em que Antônio Corrêa Pinto de Macedo chegou na região para colonizar o local, em 1766. De acordo com informações do escritor e historiador Licurgo Costa, em seu livro “Acil e seu Compromisso com o Desenvolvimento da Serra Catarinense”, quase todos que vieram junto de Corrêa Pinto exerciam a função de negociante. Na época tinham como atividade principal o comércio de gado. O desenvolvimento de Lages, no que se relaciona com o seu comércio, está profundamente ligado à famosa Estrada Geral, antes conhecida como Caminho dos Conventos. Mas mesmo antes de sua fundação, por volta da década de 1740, o município já se transformara em um centro comercial com alguma relevância. A permanência de milhares de bovinos, muares e equinos nas suas invernadas constituía uma excelente fonte de renda para os fazendeiros. E os tropeiros, nas dezenas de barracas ao redor do povoado, seriam elementos de movimentação de algum comércio que, certamente, aumentou após a chegada do bandeirante Corrêa Pinto.

O princípio do comércio Nas primeiras décadas da Vila das Lagens, a função industrial e comerciante não andavam separadas, tendo em vista que aquele que produzia, muitas vezes vendia os próprios produtos. Em 1775, segundo consta no livro de Licurgo Costa, chegava a Lages o “licenciado” José Damasceno de Córdova. Músico, foi nomeado “mestre da capela e compositor”, mas adquiriu terras e além de gado bovino, criou ovelhas, tornando-se vendedor de lã e de tecidos para os tropeiros.

Além de Córdova, havia alguns vendedores de couros e derivados, como ligares, reatas, cabrestos, rédeas e até bruacas. Mas de 1800 até, aproximadamente, 1870, o comércio lageano passou por uma estagnação, tendo uma meia dúzia de armazéns e umas duas lojas de fazenda (tecidos).

Comércio se intensifica Com o aparecimento do primeiro jornal (O Lageano, em 1883) surgiram também os primeiros anúncios comerciais. Na época do surgimento da publicidade, as lojas ofereciam aos seus clientes tecidos europeus, tais como cetins, pôneis, belbutinas, baetas, baetilhas (tecido de algodão felpudo), flanelas, sedas italianas e também outros produtos chamados ultramarinos como leques, mantilhas para missas, filós, espartilhos, sapatos franceses. Em perfumarias havia águas-de-cheiro, pós-de-arroz, sabonetes franceses, loções e “extratos finos”. Nas casas de “secos e molhados”, depois chamadas armazéns, segundo um relatório de 1887 do coronel Belizário Ramos – presidente da Câmara Municipal –, havia à venda: milho, feijão, farinha de mandioca, trigo, arroz, fumo, café, açúcar, charque, sal e muita fruta dos pomares locais, como pêssegos, damascos, peras, maçãs, marmelos, ameixas e uvas. Tinha também diversos legumes.

Vendas e compras Quanto ao comércio de exportação, erva-mate, fumo em rolo, charque, cobertores, baixeiros, bicharás (pala grosso de lã) e couro. Eram vendidos para o Rio Grande do Sul cerca de 30 mil cabeças de gado por ano. A importação consistia em farinha de mandioca, açúcar, café, panos diversos, ferragens, R E V I S T AV I S Ã O

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Lages participou destas mudanças [econômicas]. E assim se consolidou o comércio lageano, tornando-se uma das cidades polo no Estado Polo regional também do comércio, a cidade é a única com shopping center (Lages Garden Shopping) num raio de 200 km, o mall foi inaugurado em outubro de 2014

vidros, drogas (remédios), louças, tudo procedente do Rio Grande. Em Lages foi inaugurado, em 1879, um grande edifício com a finalidade de abrigar, aos sábados, uma feira de gêneros alimentícios produzidos no município, ou importados do Desterro – Florianópolis, e de alguns utensílios do artesanato local, tais como gamelas, guampas para coalhadas, cuias para chimarrão, avios para “pitar”, pequenos coxos, entre outros. Este fora o primeiro Mercado Público da cidade. Atualmente, no local, há uma filial do Supermercado Myatã (na esquina do terminal urbano). Em frente ao grande edifício, onde por muitos anos se chamava Praça do Mercado – agora, Praça Vidal Ramos Sênior (terminal urbano) –, os feirantes amarravam seus cavalos e os pacientes cargueiros baixavam as bruacas e mostravam as mercadorias, muito mais baratas que as do comércio estabelecido.

As mudanças no século XX O primeiro Mercado Público sofreu uma total reconstrução 20 anos após, quando foram aproveitadas apenas as quatro paredes externas, tendo sido reinaugurado em 1899 na administração do Superintendente Major Vidal José de Oliveira 39

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Ramos Júnior – mais tarde, trocou o Júnior por Sênior. Por ocasião da reforma, foi construído um galpão, passeios, pequena mangueira e um poço. Entre as décadas de 1920 e 1940, os estabelecimentos comerciais de Lages se restringiam a poucos atacadistas, como Camilo Valente e Jóca Duarte, os dois maiores estabelecimentos, predominando a comercialização de gêneros alimentícios em geral. Sobressaíam, ainda, dezenas de comércios, de médio e pequeno porte, como armarinhos, panificadoras, sapataria, confecções em geral, farmácia e manipulação de medicamentos, entre outros. Neste mesmo período se praticava o sistema de trocas, no município. Comerciantes vindos de diversos pontos do litoral catarinense traziam produtos como o sal grosso, açúcar mascavo, rapadura, farinha de mandioca, polvilho, cachaça e outros produtos regionais litorâneos. Ao retornar, levavam queijo, lã, erva-mate, couro bovino estaqueado ou seco e, principalmente, o charque. A partir das primeiras décadas do século XX, após o término da I Guerra Mundial (1918), Santa Catarina recebe imigrantes europeus. E isso reflete na região e na cultura. Já o período pós II Grande Guerra Mundial (1945) impulsionou o desenvolvimento da economia mundial, re-

fletindo na economia nacional e também afetando a economia do Sul.

Criação da ACIL e da CDL Lages participou destas mudanças. E assim se consolidou o comércio lageano, tornando-se uma das cidades polo no Estado, posição até hoje mantida. A cidade também experimentou, a partir de 1945 e na segunda metade do século XX, um largo período de industrialização na área da madeira. Nesse mesmo período, em 1944, o Mercado Público recebe outro local, uma quadra depois da praça. Foi ponto de referência para muitas culturas familiares, que levavam seus produtos para vender. De frutas, verduras e legumes a peixes. Agora, encontra-se parado, “abandonado” desde 2009, aguardando a execução de um projeto de restauração. Marcou também o século XX a criação da Associação Comercial e Industrial de Lages (em 1940), e em 1967, como parte da entidade, nascia o Serviço de Proteção ao Crédito. Já em 1968 instalou-se em Lages o Clube de Diretores Lojistas (CDL, que mais tarde, em 20 de setembro de 1994, se tornou a Câmara de Dirigentes Lojistas).


ECONOMIA

INDÚSTRIA

Indústria forte e diversificada A indústria em Lages começou com a implantação das primeiras serrarias, no final do século XIX. Inicialmente, eram madeireiras rústicas, com máquinas movidas a energia hídrica (rodas d’água). Algumas décadas depois, surgiram as primeiras serrarias movidas a vapor. E depois, movidas a energia elétrica. Essas indústrias utilizavam como matéria-prima apenas madeira nativa, tendo como carro-chefe as toras de araucária, cujas florestas abundavam na região.

E

ntre as décadas de 1940 até o final dos anos 60, no auge do ciclo extrativista da madeira, a economia de Lages era considerada a mais importante entre todas as cidades catarinenses. Tanto que o Governo do Estado daquela época contava muito com os impostos arrecadados em Lages para pagar seus servidores. Neste período, a cidade chegou a ter 340 diferentes empresas do segmento. Entre os anos de 1954 a 1959 – quando Juscelino Kubistchek de Oliveira construiu a nova capital federal, Brasília (inaugurada em 1960), várias indústrias de Lages forneceram a maior parte da madeira utilizada nas obras de construção. A então Madeireira Battistella, hoje extinta na cidade, foi a principal fornecedora. Tanto que trouxe para o Brasil até a marca de caminhões Scania.

Madeira reflorestada A partir de 1964, com a criação do extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) – e posteriormente – em 1978 – com a entrada em vigor de uma nova legislação florestal mais restritiva – que obrigava os madeireiros a substituírem a araucária por florestas plantadas (pinus e eucalipto), o setor passou a experimentar um considerável declínio. Algumas empresas, no entanto, sobreviveram. E passou-se a uma nova fase no ciclo econômico da madeira – a fase da madeira renovável e sustentável, com a utilização das florestas plantadas de pinus e de eucalipto. A fabricação de papel e celulose começou na região em 1958, quando entrou em operação na localidade de Encruzilhada (hoje Otacílio Costa) a empresa Olinkraft Celulose e Papel (que hoje pertence à Klabin). Em 1969, surge a Papel e Celulose Catarinense R E V I S T AV I S Ã O

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A Ambev em Lages tem mais de 500 colaboradores diretos. E dispõe de cinco linhas de produção de cervejas

(PCC), que hoje também pertence à Klabin, em Correia Pinto. A Klabin, aliás, hoje tem quatro fábricas de papel, celulose, papel e papelão na Serra Catarinense (as outras duas estão em Lages).

Agregando valor à madeira O ciclo econômico da madeira continua evoluindo. Em 2004, começou a operar em Lages uma unidade de cogeração de energia (usina de biomassa), que utiliza como combustível resíduos do processo produtivo e Do ramo de alimentos ao setor metalmecânico, a indústria lageana é relevante industrial da madeira: cavacos, serrapara economia catarinense. Um dos destaques é a fábrica de bebidas da Ambev gem, torretes e outros produtos. Essa usina pertencia à Tractebel Energia, maior geradora privada de energia elétrica do Brasil, que em julho de 2016 passou a ser controlada pelo grupo francês Engie. Em 2016 outra empresa pioneira no ramo da madeira passou a operar na cidade. Trata-se da Ekomposit, que fabrica vários produtos de alta resistência para a construção civil, indústria naval e carrocerias de carretas – a partir da madeira engenheirada.

Indústria de alimentos Paralelo à indústria da madeira, Lages também desenvolveu indústrias em outros segmentos. No setor de alimentos, o primeiro grande frigorífico foi uma indústria de charque, no bairro Coral, que pertencia ao grande pecuarista e empreendedor Tito Bianchini, um imigrante italiano que veio a Lages e que ficou rico trabalhando inicialmente como carpinteiro, depois fazendeiro e até industrial. Essa charqueada, famosa pelos produtos de qualidade que produzia e exportava, chegou a abater até 80 mil bovinos, de acordo com registros históricos. Surgiu também a Frigoplan – Companhia Planalto de Frigoríficos, que foi aberta no final de 1969. Essa empresa operou muitos anos. Depois ficou um bom período fechada. E foi vendida à antiga Perdigão. Em 2015, foi adquirida pelo Grupo JBS. E hoje emprega mais de 500 trabalhadores e produz uma série de produtos como pizzas, lasanhas e pratos prontos. Outra grande indústria que opera em Lages no segmento é a Vossko do Brasil, filial de uma empresa alemã, inaugurada em 2004. Ela também emprega 500 trabalhadores. E industrializa uma série de produtos processados à base de carne de frango (principalmente para exportação ao seu país de origem, Alemanha). A Superfrut (grande indústria de sorvetes) e a Yakult (fábrica de iogurtes e sucos de maçã), além da Chocoleite/Lactoplasa completam as maiores indústrias do gênero. 41

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Ambev – 30% do PIB de Lages De longe, a maior indústria de Lages – na atualidade – é a cervejaria da Ambev, que sozinha responde por mais de 30% do PIB do município. Foi inaugurada em 1993, ainda quando detinha apenas a marca Brahma. Atualmente, pertence ao Grupo Inbev, que é controlado por um grupo brasileiro, considerada a maior cervejaria do mundo. A Ambev em Lages tem mais de 500 colaboradores diretos. E dispõe de cinco linhas de produção de cervejas (das mais variadas marcas, embalagens e tamanhos). A fábrica produz uma média de 120 carretas de cerveja por dia, em média (é uma das maiores da América Latina).

Setor Metalmecânico O segmento metalmecânico também vem crescendo em Lages. As primeiras indústrias foram surgindo da parceria e das necessidades do setor madeireiro/florestal, oferecendo peças, serviços e equipamentos. Entre as empresas pioneiras do segmento está a Minusa Tratorpeças, grande indústria de peças e equipamentos para o setor de máquinas pesadas. Essa empresa produz, em média, 8 mil toneladas de peças acabadas por ano. A GTS do Brasil, mais recente, é outro exemplo. Produz uma série de equipamentos para colheita de grãos (plataformas de grande porte para colheita de milho e soja), além de uma série de outros produtos. A empresa vem crescendo muito no embalo do agronegócio do Brasil. Dispõe de três unidades em Lages (uma delas ainda nem entrou em operação). Vende seus produtos para todo o país e exporta para vários outros locais. Outro exemplo é a empresa J. de Souza, localizada na Cidade Alta, que produz uma série de equipamentos para colheita, processamento e transporte florestal.

Lages Business Park Para o futuro – médio e longo prazos – Lages deverá dispor de um grande e novo parque industrial – o chamado Lages Business Park – localizado no Distrito de Índios – no terreno que seria destinado à fábrica chinesa de caminhões Sinotruk.


ECONOMIA

ORION PARQUE TECNOLÓGICO

Orion Parque

OS DESAFIOS DO FUTURO

A economia diversificada em Lages permite que, agora, o município também desperte para a tecnologia com o primeiro de 13 Centros de Inovação de SC

No dia 24 de junho de 2016 foi inaugurado oficialmente o Centro de Inovação do Orion Parque Tecnológico. Com isso, Lages passou a fazer parte de um seleto grupo de municípios de Santa Catarina, Brasil e até do mundo que contam com tal estrutura. A cidade está se preparando para o futuro. E dando vazão à criatividade e inovação de seus empreendedores.

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prédio, construído através de projeto que prima pela sustentabilidade, e que chama atenção pela beleza e funcionalidade, tem mais de 4 mil m² de área construída, em cinco pavimentos. No térreo, há um amplo hall de recepção (que poderá abrigar exposições e eventos artísticos e culturais, lanchonete e café, banheiros e espaço para recreação). No piso logo acima, estão localizados quatro auditórios (cada qual para 100 pessoas), espaço multiuso que poderá se transformar em um grande auditório (conforme a necessidade). E nos demais pisos, há 34 salas para abrigar empresas, seis salas de reunião e laboratório de informática. No terceiro pavimento, do lado de fora, há uma ampla sacada, de onde se pode contemplar os demais terrenos do Orion Parque (que tem 89 mil m² de área – onde ficarão outras empresas de tecnologia), além de uma bela visão do IFSC e dos terrenos da Epagri. R E V I S T AV I S Ã O

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O investimento total chegou a R$ 9 milhões (R$ 6 milhões do Governo do Estado, liberados através da Fapesc; e mais R$ 3 milhões da Prefeitura de Lages). O projeto começou a ser concebido em 2007, através do Núcleo de Tecnologia e Informação da ACIL. Em 2010, conseguiu-se adquirir o terreno, de 89 mil m². A área pertencia à Embrapa e estava cedida à Epagri para suas áreas de pesquisa. Mas foi liberada mediante indenização de R$ 500 mil (R$ 250 mil da Prefeitura e R$ 250 mil do Governo do Estado). Em dezembro de 2011, no começo do primeiro mandato do Governo Colombo, aconteceu o repasse de R$ 5 milhões da Fapesc para construir o prédio e elaborar o projeto técnico. Esse projeto só ficou totalmente pronto em 2013. No dia 10 de julho daquele ano (2013), a obra foi licitada. E a efetiva construção começou. E só foi concluída totalmente em junho de 2016.

Lages é a primeira de 13 cidades catarinenses a terem seu Centro de Inovação inaugurado.

promisso público de implantar também uma unidade inovadora nos terrenos do Orion Parque Tecnológico. “A inauguração de hoje é apenas o começo”, lembrou o prefeito Elizeu Mattos, em seu discurso.

Instituto Orion

Várias outras empresas O Centro de Inovação é apenas um dos prédios que deverão estar sediados no Orion Parque Tecnológico. No terreno, a ser dividido em vários lotes, serão sediadas outras empresas de Tecnologia da Informação (TI) e de Biotecnologia. Ou de qualquer outra área, mas que comprovadamente tenha algum componente de inovação em seus processos. “Este não será um espaço apenas para empresas de software”, lembrou o empresário Valmir Tortelli, presidente do Instituto Orion,

foto | Gugu Garcia

em seu pronunciamento no dia da inauguração. “Qualquer empresa pode ser inovadora. Pode ser da área de serviços, comércio e indústria. Basta que crie algo novo e eficiente, que seja um processo inovador ou um novo produto ou serviço”, explicou. O prédio terá capacidade para abrigar até 40 pequenas empresas de inovação. Para isso, foi elaborado um edital público, contendo todos os requisitos e condições para que possam concorrer e ser escolhidas, através de um rigoroso júri técnico. No entorno, serão instaladas empresas maiores de tecnologia e inovação. A NDDigital, por exemplo, já fez a terraplanagem para a implantação de uma nova unidade. O mesmo vai acontecer com o SENAC, que implantará em anexo sua Faculdade de Tecnologia. E a Flex Contact Center, uma grande empresa que atua com call center, assumiu com43

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A administração e a viabilização do Orion Parque Tecnológico e do Centro de Inovação em Lages só foi possível graças a amplas e importantes parcerias (um processo que vem sendo levado adiante na cidade desde 2007). Isso envolveu a ACIL (que concebeu o projeto e iniciou as articulações), a Prefeitura de Lages, o Governo do Estado (através da Rede Catarinense de Inovação – SDS e Fapesc), as Universidades (Uniplac, Udesc, IFSC – e outras que poderão aderir a partir de agora) e as empresas e suas entidades de classe (FIESC, Sindicatos Patronais, ACIL, Sebrae, Senai, entre outras). O Instituto Orion, uma entidade sem fins lucrativos, foi constituído para administrar o empreendimento. Essa instituição constitui a chamada Tríplice Hélice – uma composição formada por um Conselho de Administração, que terá 12 diferentes integrantes: quatro representantes das empresas e suas entidades; quatro representantes das Universidades e quatro representantes dos vários Governos (municipal, estadual e federal). O Instituto Orion é presidido atualmente pelo empresário Valmir Tortelli (NDDigital). E tem na parte operacional um Diretor Executivo (Sr. Claiton Camargo), além de alguns servidores. O Centro de Inovação poderá desenvolver projetos, mentorias, consultorias em negócios e internet, segurança eletrônica, bem como amplo espaço e ambientes para exercícios que contemplam a produtividade, treinamentos e coworking. Algumas das principais iniciativas em inovação serão parceiras do Parque Orion: Conexão Serra, GeraçãoTec, Programa Sinapse da Inovação e Projeto Reuni.

Lages é referência para SC Lages é a primeira de 13 cidades catarinenses a terem seu Centro de Inovação inaugurado. Há outras cidades onde as obras de construção encontram-se em andamento. Ou seja, vai levar pelo menos mais um ano para ficarem prontos. A cidade serrana, desta forma, é pioneira neste modelo de processo de incentivo à inovação e tecnologia em SC. Na verdade, o processo foi liderado por Lages ainda nos anos 2007/2008, ainda quando Luiz Henrique da Silveira era governador. Tanto que o Centro de Inovação de Lages leva oficialmente o nome do ex-governador como forma de homenageá-lo. E durante o ato inaugural do prédio, a viúva do ex-político catarinense, dona Ivete Appel da Silveira, recebeu homenagem.


ECONOMIA

PECUÁRIA

Pecuária

sempre esteve ligada à nossa história Nos primórdios da fundação de Lages conta-se que a região estava cheia de gado: “um rebanho de duzentas mil vacas”. Este número considerável pode ter se espalhado pelos campos após a descoberta do Brasil. Lages sempre teve aptidão para a pecuária, que no decorrer dos tempos, tornou a cidade no que ela é hoje.

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ages era ponto relevante de rota, localizada no extremo sul de uma região de mata virgem de trinta a quarenta léguas de extensão, passagem obrigatória, mas sem pastagem, sem qualquer abertura. O município se tornou local de descanso das tropas de animais que iam do Rio Grande do Sul levando mulas, cavalos e os bovinos, e que daqui tinham viagem certa para Sorocaba (SP). Os tropeiros ficavam de seis meses a um ano na região, descansando e fortalecendo o gado para aguentar o trajeto até São Paulo. Nessa mesma época, por volta do ano de 1740 – antes da fundação, em 1766 –, Lages tinha um relevante ponto comercial. A permanência de milhares de bois,

mulas e cavalos, durante as invernadas, eram fonte de renda para os fazendeiros e os tropeiros nas dezenas de barracas ao redor do povoado.

“Estrada do Desterro” Essa movimentação aumentou com a chegada do bandeirante Antônio Corrêa Pinto. Foi este entreposto de venda de gado que permitiu a sobrevivência de Lages nas suas primeiras décadas de existência, ainda mais por que se encontrava isolada da orla marítima catarinense, já povoada. Em resumo, como destaca o escritor Licurgo Costa, o setor da pecuária

A pecuária é uma das principais heranças deixadas pelos tropeiros que por Lages passaram há dois séculos e meio

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– junto ao comércio – começou antes da região ser propriamente povoada, até chegar aos moldes dos dias atuais. O trânsito de tropas, que por aqui passavam em direção a Sorocaba, fora só aumentando com o tempo, mas nem tudo era como se desejava na logística da região. Por isso outra estrada, a leste do estado – Nossa Senhora do Desterro (atual BR-282), foi aberta em direção a Lages. Isso solucionou o problema de sal para o gado, não dependendo mais somente de Laguna ou Torres, que tinham difícil acesso e diminuindo o tempo de viagem aos negociantes, que faziam compras na capital da província.

foto | Loreno Siega 45

Como viviam os fazendeiros Segundo o livro “O Continente das Lagens” (Licurgo Costa), a situação econômica do fazendeiro lageano era “apertada”. Os invernadores e criadores viviam em condições razoáveis para a época, mas muito pobremente se comparado aos dias de hoje. A situação já era diferente no século XIX, quando os fazendeiros construíam seus sítios de pedras, como verdadeiras fortalezas. Tito Bianchini, um imigrante italiano, carpinteiro que chegou a Lages pobre e que com o tempo ficou muito rico – e dono de vastas extensões de terras – implantou em Lages na primeira metade do século XIX uma grande charqueada (bairro Coral), que funcionou

de raças europeias, como a Holandesa, Aberdeen e Hereford – este último adquirido pelo Coronel Belizário Ramos, para sua fazenda dos Morrinhos, na Coxilha Rica. Em 1970, o Censo Nacional apresentava 36.404 bois de corte e 1.296 para trabalho. Além de 54.978 vacas, 3.191 touros, 15.612 novilhas e 30.103 terneiros.

A pecuária no século XXI

O rebanho bovino de Lages é de quase 100 mil cabeças, segundo o censo pecuário do IBGE, de 2014. A produção destes rebanhos gera carne, leite, quei50 fazendeiros jo e artesanato em couro. São raças de alta qualidade genética e que estão Nesta mesma época havia pouco mais crescendo rapidade 50 fazendeiros, apesar de documenmente, em valotos darem conta de apenas 24. Estes, res, no mercado. dividiam suas terras com pouca orgaEntre as diO setor da pecuária – junto ao nização, marcando o gado pela orelha, versas raças eurocomércio – começou antes da região peias e zebuínas mas com certa discrepância (atualmenser propriamente povoada, até te é feita a brincagem). Diz-se que de criadas, o gado 1800 a 1870, o comércio e a indústria Crioulo Lageano, chegar aos moldes dos dias atuais. de Lages passou por um período de nativo, e que com grande estagnação. Na mesma época, o passar dos sécurelata-se que havia um sério problema los foi se adaptancom roubo de gado. por mais de 20 anos. Lá, de acordo com do às características da região, é um deO governo tomou medidas policiais alguns relatos históricos, foram abatidos les. A raça foi reconhecida oficialmenpara controlar esses casos. E os roumais de 80 mil animais. te há pouco tempo pelo Ministério da bos foram parar quase no fim do séAgricultura e é uma das mais antigas do O ciclo da pecuária culo XVIII. Um relatório ao Ministério Brasil. Com origem na Península Ibérica, da Agricultura, em 1887, dá conta da foi trazida para o país a partir de 1500, Nas cinco primeiras décadas do século situação pecuária da época: “Grande junto dos colonizadores portugueses e XX, Lages se desenvolvia lentamente, criação de gado vacum, cavalar, muar, espanhóis. um cenário que se assemelhava ao de lanígero e suíno, havendo para cima de A pecuária leiteira outros estados e países em função das 50 fazendas que se ocupam desta renduas Guerras Mundiais. A economia dosa indústria”. Lages apresenta números incipientes no continuava, mais ou menos, como era: Os produtores vendiam estes anique se refere à pecuária de leite. São vendendo bois gordos ao Rio Grande, mais para o litoral do Estado e para o Rio aproximadamente 15 mil litros/dia de na entrada do verão, mandando charGrande do Sul, num montante de aproprodução, com cerca de 80 produtores. que a Laguna e couros curtidos precaximadamente 30 mil cabeças por ano. Em Santa Catarina, são 6 milhões de liriamente pelos tros de leite/dia. E deste grande volume, oitos curtumes da a Serra Catarinense (os 18 municípios época, para o Pada Amures) tem uma participação basraná. tante baixa, na faixa de 120 a 150 mil Embora com litros/dia. produção modesPara mostrar todo o trabalho realita, os fazendeizado por estes pecuaristas (pecuária de ros procuravam corte), Lages realiza anualmente a Exsempre melhorar polages. Desde que foi criada, em 1920, seus trabalhos. O é o maior evento do agronegócio da cisetor começou a dade e o maior do gênero na Serra Caevoluir ainda mais tarinense. Conta com exposição de aniquando se passou mais, produtos e implementos agrícolas, a importar reproGado crioulo lageano ainda tem remanescentes nas fazendas além de provas campeiras. dutores e ventres L AG E S

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DEPOIMENTOS

LIDERANÇAS E CIDADÃOS

S Carlos Eduardo de Liz Diretor Executivo no MidiLages e na Uniplac

er um cidadão lageano é estar inserido com as causas da região, é exercer um papel fundamental na sociedade para a criação de instrumentos políticos, culturais e sociais voltados aos interesses da comunidade, visando o desenvolvimento local, integrado e sustentável. Ser lageano para mim é contribuir com o desenvolvimento regional, seja por meio da formação acadêmica de excelência, seja na contribuição com a arte e cultura da região, ou ainda por estar inserido no meio empresarial buscando alternativas que contribuam com o emprego e renda para a região.

Imagens inesquecíveis de Lages

O Adailton Camargo Especialista em trânsito e fotógrafo

que é Lages para mim? Chão sagrado onde nasci e me especializei na área de trânsito para poder contribuir com a mobilidade urbana. Otimista, procuro há anos mostrar que devemos acreditar nessa terra. Desde pequeno, sempre tive bicicleta. Então, uni a fotografia aos passeios, registrando ângulos da cidade na página do Facebook “Lages para Sempre”. Atualmente a página possui mais de 30 milhões de visualizações pelo mundo afora... Foi a maneira que encontrei de homenagear Lages, por me oportunizar tantas alegrias.

Depoimentos

“Ser lageano é contribuir com o desenvolvimento regional”

O que torna Lages especial?

P Dra. Zilma Isabel Peixer Professora Universitária

oderíamos responder procurando em seus monumentos, nos nomes das praças e ruas o destaque feito a algumas pessoas ou fatos e tentar por elas marcar a importância de Lages. Mas ela não é importante por isso! Sua riqueza e beleza constitui-se na diversidade de pessoas que aqui vivem, seja por que aqui nasceram ou porque escolheram essa terra para viver. Lages, enquanto territórios de vida, articula a esperança, os projetos e sonhos das pessoas, mas também as dificuldades, os conflitos e a exploração econômica, social e cultural (seja das pessoas, seja do ambiente) fartamente pontuadas em nossa histó-

ria. Nas marcas cotidianas e nas feições observamos a história conflituosa e sofrida, mas também a resistência, a força e a capacidade de sobreviver e de sorrir de seu povo. Muitos poetas já escreveram sobre os encantos de Lages. Refletem sobre a beleza do nascer e do por do sol, configurando cenários de vida, marcados pela luta cotidiana das pessoas construindo suas vidas e ao fazer isso constituindo Lages, seus territórios de vida, de encanto e de utopias. É isso que Lages representa para mim: Vida e Utopia.

“Aqui podemos dizer que temos qualidade de vida”

N Luiz Antunes Figueiredo Empresário e Diretor da Lafi Cosméticos

asci no Painel, hoje município, mas por um longo tempo distrito de Lages. Então me considero um verdadeiro lageano. Minha esposa e filhos também são nascidos aqui. E foi nessa terra que resolvi formar minha família, criar meus filhos e empreender em um negócio próprio. Lages é uma cidade de um povo hospitaleiro, de clima agradável, onde temos o privilégio de poder aproveitar dos dias frios aos de maior calor, que ajuda em nosso comércio, pela variedade de produtos vendidos, bem como no Turismo e no desenvolvimento geral. Aqui podemos dizer que temos qualidade de vida, temos a tranquilidade de sair às ruas, mantermos as portas das lojas abertas, deixar nossos filhos se diver-

tirem, pois conhecemos seus amigos, e na maioria das vezes as famílias dos amigos. Parecem coisas pequenas, que muitas vezes não damos valor, mas quando vamos para outros lugares, vemos a diferença. E é por isso que sentimos tanta vontade de sempre voltar para casa. Acredito na nossa cidade, no seu potencial e em tudo que ela ainda tem a desenvolver. Vejo hoje como um local de grandes oportunidades, pois o povo é sério e trabalhador, só precisa que acreditemos e invistamos nisso. Quanto ao desenvolvimento, basta cada um de nós investir na nossa cidade, gastar aqui, falar bem, ver que é uma cidade boa para se viver. Eu sou muito feliz aqui em Lages. R E V I S T AV I S Ã O

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“Lages é uma terra de oportunidades”

A Prof. Geovani Broering Diretor Presidente da Unifacvest e do Colégio Univest

o completar 250 anos de fundação, Lages representa a pujança de um povo aguerrido, perseverante e trabalhador. Aprendi com os lageanos a ver as dificuldades como passageiras e educativas e o futuro como promissor. Aprendi com os lageanos o caminho das taipas na realização de meus sonhos. Foi aqui que conheci Soraya e com ela me casei. Foi aqui que tive meus filhos, Victor e Júlia, legítimos lageanos. Aqui construí um empreendimento educacional, da educação infantil ao ensino superior, e contribuí com a realização do sonho de muitas pessoas e famílias. Lages é assim. Uma terra de oportunidades para todos. Uma das trinta melhores cidades do país para se investir. Uma qualidade de vida sem igual, que tem atraído muita gente para tornar Lages uma cidade cosmopolita. Sem perder suas próprias tradições, a cidade tem acolhido diversas

pessoas, de diferentes culturas, em busca de qualidade de ensino superior, fato que se alastra como pólvora por esse Brasil afora, levando o estandarte de Lages. As oportunidades de trabalho e renda são muitas. Há um comércio eloquente e uma economia crescente, lastreado por uma infraestrutura de rodovias, hotéis, restaurantes e serviços públicos. As mais lindas paisagens da serra catarinense estão aqui, por onde passaram tropeiros e figuras históricas como Anita Garibaldi, Antônio Maria e tantos outros. Falamos da Coxilha Rica, do Salto Caveiras, do Morro da Cruz, do Museu Thiago de Castro, da Igreja Matriz, do prédio da Prefeitura, da Festa do Pinhão, das cavalgadas, do fogo de chão, das comidas típicas. Lages é isto, uma terra de oportunidades, de realização de sonhos e de belezas naturais. Agradeço a Lages por ter me acolhido como um de seus filhos.

“Ser lageano é amar esta terra. E isto basta”

S Gabriel Ribeiro Deputado estadual

er lageano é ter crescido entre amigos, jogado bola nos campinhos, sentir o prazer de ir ao Marrocos todos os domingos e, depois do filme, ficar conversando com a turma na frente do cinema, ter aprendido os primeiros ofícios no Colégio Industrial. Lages está com mais de 150 mil habitantes, mas é uma cidade onde ainda saímos às ruas e encontramos as pessoas que cresceram conosco. Algumas até saíram de Lages e acabaram atraídas de volta por este magnetismo da nossa cidade. Ser lageano, para mim é continuar tendo o prazer de passear com minha filha no Tanque e falar para ela da nossa Catedral de pedra e de seus vi-

trais magníficos, apontar os detalhes do casario histórico que resiste ao tempo e ao desenvolvimento da cidade. Ser lageano, para mim, é tentar descobrir por que as nossas araucárias são mais belas do que a dos outros; por que nossos campos são mais verdejantes; nossa comida mais saborosa; nossos laços de amizade mais fortes. Até nossas gralhas-azuis, que não são únicas, mas certamente são as mais encantadoras. Em que outro lugar as pessoas se orientam pelo toque da sirene para entrar e sair do trabalho? Em que outro lugar do mundo o “hômi do céu se apinxa e vai trechá? Mas credo...”. Ser lageano, pra mim, é ser hospitaleiro, é amar esta terra, e isso basta.

“Deus me colocou em Lages”

L Assis Strasser Empresário e Diretor Presidente da GTS do Brasil

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ages é a cidade que me acolheu, de coração, uma terra de gente boa e hospitaleira, cidade onde nasceram e crescem minhas filhas. Temos que zelar por Lages, mantê-la bonita. Essa cidade é o jardim de nossas vidas. Cada lageano tem que considerar essa terra o seu jardim, é a cidade onde trabalhamos durante o dia e descansamos durante a noite, desenvolvemos nossas vidas, fazemos amizades. É a cidade que transformamos em lar, isso é muito importante. Falar de Lages enche meu coração de satisfação. Todos nós, lageanos, pois assim me considero (embora aqui não tenha nascido), temos que cuidar de nossa Lages, fazê-la prosperar, prepará-la para o futuro. Não adianta nos lamentarmos pelos problemas na cidade e sim como comunidade, co-

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mo povo lageano, temos que fazer nossa parte: acordar cedo, trabalhar bastante, ser sempre honestos, acreditar no futuro e no nosso desenvolvimento. Somos um povo bom, acolhedor, abençoados por Deus, com uma cidade bonita, como diz a frase: “Lages é a Princesa da Serra”. Eu poderia estar em qualquer outro lugar do Brasil. Mas Deus achou por bem que deveríamos estar aqui. Esse posicionamento de Deus, me colocando em uma cidade como esta, é para mim um grande motivador. Como um lageano que adotou esta terra como sua, pai de família e empresário, quero seguir auxiliando na prosperidade de Lages. Penso que Deus nos coloca em um lugar para que possamos fazer o melhor, tornar esta cidade melhor e mais próspera. Sou muito feliz de estar e de viver aqui.


EDUCAÇÃO

ENSINO SUPERIOR

Educação GRANDE P O LO E M

Única cidade com mais de 150 mil habitantes num raio de 200 quilômetros, com o passar dos anos Lages foi se transformando num grande polo de educação superior, dando oportunidade para que sua população, além de centenas de estudantes de fora, optassem pela cidade para sua formação profissional.

Com quatro instituições de ensino superior, sendo duas universidades, Lages é polo regional em educação. Na foto, o campus da Uniplac Universidade do Planalto Catarinense R E V I S T AV I S Ã O

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FACEC e FACIP

tualmente, Lages conta com pelo menos quatro instituições de ensino superior (sendo duas Universidades) que oferecem cursos presenciais: Uniplac, Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV/Udesc), Centro Universitário Unifacvest e Instituto Federal Santa Catarina (IFSC – Campus Lages). Conta ainda com pelo menos outras três instituições de ensino superior que oferecem Ensino à Distância (EaD): Uniasselvi, Unicessumar e Uninter. E com pelo menos três importantes instituições de Ensino Técnico Profissionalizante: SENAI, SENAC e IFSC, além de dois outros colégios estaduais que também oferecem ensino técnico (CIS e Centro Educacional). Juntas, essas quatro instituições que disponibilizam curso superior presencial em Lages (duas públicas e duas privadas) contam atualmente com pelo menos 12 mil universitários em graduação. Isso sem falar nos vários cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado. E sem citar os mais de 6 mil alunos matriculados nas diversas instituições que oferecem Ensino à Distância (EaD).

foto | Gugu Garcia

A história do Ensino Superior em Lages começou em 1964, quando foram criadas no município as Faculdades de Ciências Econômicas e Ciências Contábeis e Jurídicas de Lages – FACEC (de âmbito municipal). Esses dois primeiros cursos, no entanto, só foram efetivamente iniciar as aulas em 1966, sendo ministrados nas dependências do atual Colégio Estadual Aristiliano Ramos (Ciências Econômicas) e Franciscano Diocesano – hoje Bom Jesus (Ciências Contábeis). Em maio de 1970, foi criada a Faculdade de Pedagogia, Letras e Ciências Sociais – FACIP. Tínhamos então, na cidade, duas diferentes instituições (FACEC e FACIP) e apenas cinco diferentes graduações superiores. Em 1974, no contexto da organização do Sistema Fundacional Catarinense (ACAFE), criou-se a Fundação das Escolas Unidas do Planalto Catarinense – Uniplac. E no mesmo ano começaram a ser implantados os primeiros três blocos da atual estrutura física da instituição, no bairro Universitário (onde até então havia e funcionava o aeroporto da cidade). Em 1980, a Uniplac obteve parecer favorável do Conselho Estadual de Educação e foi criado o curso de Direito, que foi efetivamente implantado em 1985.

Juntas, as quatro instituições que disponibilizam curso superior presencial em Lages (duas públicas e duas privadas) contam atualmente com pelo menos 12 mil universitários em graduação.

Uniplac Em 1999, após um processo que demorou quase cinco anos, o Conselho Estadual de Educação e o Governo de Santa Catarina reconheceram a Uniplac como Universidade do Planalto Catarinense, podendo a partir de então a instituição criar e extinguir seus próprios cursos, além de oferecer Ensino, Pesquisa e Extensão, inclusive com pós-graduação Lacto e Strictu Senso. Hoje a instituição oferece e disponibiliza mais de 30 diferentes graduações e pós-graduações, além de dois mestrados (Educação e Ambiente e Saúde). Atualmente a Uniplac dispõe de uma ampla estrutura física, com vários blocos de prédios onde funcionam salas de aula para suas dezenas de cursos (graduações) diurnos e noturnos, auditórios, centro de convivência, biblioteca, dezenas de laboratórios, salas administrativas, estacionamento e o Micro Distrito de Base Tecnológica – Midilages – uma incubadora de pequenas empresas onde alunos de várias instituições são estimulados a abrirem e levarem adiante suas próprias empresas. 49

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EDUCAÇÃO

ENSINO SUPERIOR foto | Gugu Garcia

foto | Gugu Garcia

O Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV/Udesc) dispõe de um campus completo

CAV/Udesc A UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina) começou a oferecer cursos em Lages em 1973, com a criação do Curso de Medicina Veterinária. Em 1980, criou-se o curso de Agronomia. E a partir daí a instituição na cidade passou a se chamar Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV/Udesc). Apenas 24 anos depois é que foram criados novos cursos no CAV. A Engenharia Florestal começou em 2004. E em 2008 criou-se o curso de Engenharia Ambiental. Em Lages, o CAV se constitui num grande centro de Ensino, Pesquisa e Extensão – uma instituição de excelência em nível de Brasil (e até internacional), estando seus cursos (principalmente Medicina Veterinária e Agronomia) entre os melhores do país já por diversos anos consecutivos. Seu campus localiza-se no bairro Conta Dinheiro, com uma área de 80 hectares onde situa-se sua estrutura de salas de aula, laboratórios, auditórios, áreas de experimentação e projetos a campo, áreas de lazer, espaço para animais (Hospital Veterinário), máquinas e equipamentos, biblioteca, entre outros. Mais recentemente, a instituição adquiriu outra área de 200 hectares, na localidade de Lambedor (Fazenda Experimental), onde estão sendo instalados seus vários projetos experimentais e de pesquisa. Foi em Lages (no CAV) também que a UDESC ofereceu o seu primeiro curso de Doutorado em Santa Catarina (Manejo de Solos – em 2007). Hoje a instituição oferece quatro diferentes mestrados: Ciências do Solo, Ciência Animal, Produção Vegetal e Engenharia Florestal. E três doutorados: Manejo do Solo, Produção Vegetal e Ciência Animal. A instituição conta hoje com mais de 100 técnicos atuando em Lages, 120 professores efetivos (sendo 90 doutores ou pós-doutores) e vários professores substitutos.

Unifacvest Com a missão de “Educar, produzir e disseminar o conhecimento universal, contribuindo para o desenvolvimento humano, a democracia e a cidadania, formando o estudante para a vida”, em 2001 começou a funcionar em Lages uma terceira instituição de ensino superior, inicialmente denominada Facvest, Faculdades Integradas, que eram mantidas pela Sociedade Lageana de Educação (SLE). Em 2011, através da Portaria número 864, de 30/06, publicada no Diário Oficial da União, a instituição passou a ser reconhecida oficialmente como Centro Universitário. E passou a ser denominada Unifacvest. A instituição funciona em amplas e confortáveis instalações próprias, na Av. Marechal Floriano, 947, no centro da cidade, um prédio

A Unifacvest atrai estudantes de todo o país

que foi totalmente remodelado e revitalizado para abrigar suas dezenas de salas de aula, laboratórios, auditório, centros de convivência e de reuniões, setor administrativo e de lazer e estacionamentos. Após sua implantação naquela região da cidade, a instituição contribuiu muito para uma maior valorização imobiliária do entorno, sem falar na dinamização do comércio e dos serviços das redondezas. A Unifacvest, com seus diversos cursos de graduação de excelência (Direito, Psicologia, Ciências da Computação, Medicina Veterinária, Odontologia, Engenharias, entre outros) – e com sua destacada infraestrutura física e humana – além de uma política de mensalidades com valores competitivos (e uma ampla gama de opções de financiamento estudantil e bolsas de estudos) – está conseguindo atrair para Lages – assim como o CAV – centenas de estudantes de fora da cidade, da região e até mesmo do Estado. E isso faz com que outros setores da economia local também sejam beneficiados porque os estudantes universitários – durante pelo menos quatro anos – vão morar aqui (pagando aluguel), comprar em supermercados, lojas e restaurantes e contribuir com o fortalecimento dos negócios e da economia local.

IFSC A quarta e última instituição que oferece ensino superior presencial em Lages é o campus local do Instituto Federal Santa Catarina, IFSC. Sua sede está localizada na Rua Heitor Vila Lobos, no bairro São Francisco (ao lado do Centro de Inovação do Orion Parque Tecnológico). Na verdade, o IFSC é uma escola técnica federal, cujo principal objetivo é dispor e oferecer dezenas de cursos de curta, média e longa duração, voltados à formação técnica da mão de obra local e regional. Mas, além de seus ótimos cursos técnicos, a partir de 2015 o IFSC também passou a oferecer seu primeiro curso superior: Ciências da Computação. Em 2016, começaram as aulas de sua segunda graduação: Engenharia Mecânica. R E V I S T AV I S Ã O

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DEPOIMENTOS

LIDERANÇAS E CIDADÃOS

“O calor humano do lageano me realiza profissionalmente”

R Dra. Cristina Subtil Médica e Professora Universitária

esponder o que Lages significa se mostrou, ao mesmo tempo, desafiador e prazeroso, pois, apesar de gaúcha de nascimento, a minha vida se desenrolou aqui, onde tive a oportunidade de exercer minha profissão, criar meus filhos, e devolver à sociedade uma parcela dos presentes divinos que recebo. O calor humano do lageano é, talvez, o principal ingrediente da realização profissional que sinto a cada dia, seja no hospital infantil, seja no Teresa Ramos ou, mais recentemente, na desafiadora atividade docente na Uniplac e, claro, nos papéis políticos que me foram confiados. Aliás, a experiência no legislativo, apesar de eu não ter tentado a reeleição, foi muito rica, mesmo

não tendo a efetividade e os resultados práticos com os quais estou acostumada a trabalhar. A proximidade com as pessoas, a possibilidade de ouvi-las, a oportunidade de resolver um problema, é algo que faz parte de minha rotina e que, apesar do ritmo intenso, sempre me dá prazer. O retrospecto destes quase trinta anos, avaliando o quanto a medicina evoluiu, o quanto se estenderam os serviços de saúde e, por outro lado, o quanto ainda temos que avançar, faz com que se tenha energia redobrada para trabalhar mais a cada dia, principalmente em sala de aula onde se procura formar o profissional médico dos próximos anos.

“Ser lageano, para mim, meu irmão, é ser lageano até o fim”

L Maurício Neves de Jesus Advogado, Escritor e Superintendente da Fundação Cultural de Lages (FCL)

ages. Ao ouvir esta palavra, já senti orgulho, saudade, esperança, tristeza. E sempre sinto amor. Permanente evocação dos sentidos: o som da sirene da Rádio Clube, o vento gelado no rosto pela manhã, a visão das araucárias com suas copas em adoração ao céu, o cheiro de churrasco aos domingos e o sabor único do primeiro pinhão da temporada, tostado na chapa, anunciando que o frio vai chegar para ficar. Ser lageano para mim é uma vocação. E se eu voltar a nascer mil vezes, que sejam todas aqui. Porque de todos os caminhos que percorri, os melhores foram os de volta para Lages. O mundo, vasto mundo, tem milhares de encantos, mas só aqui eu me sinto em casa.

Ser lageano é entender o amigo gremista ferrenho que vai ao Tio Vida vestido de vermelho torcer para o Internacional, só porque Lages está acima das outras paixões e vaidades. E se Nossa Senhora dos Prazeres quiser, é aqui que vou morrer. Talvez em uma tarde de outono, com as folhas dos plátanos caindo em forma de tapete dourado na Coxilha Rica, com as pessoas tomando o chimarrão de cada dia ao redor do Tanque, com o canto dos sabiás-laranjeira ao longe, enquanto me despeço lentamente da imensa felicidade que foi ter feito de Lages meu berço, minha casa, meu adeus. Porque ser lageano para mim, meu irmão, é ser lageano até o fim.

“O lageano tem orgulho de dizer que é daqui”

S Rosani Rodrigues Pocai Empresária e Presidente da CDL de Lages

ou lageana de coração. Vim de São Joaquim, mas essa terra me acolheu tão bem que me sinto nascida aqui. Neste lugar constitui uma família maravilhosa, com quem passo os melhores dias da minha vida. Lages é uma cidade fantástica. Boa para trabalhar, boa para se viver. O lageano tem orgulho de dizer que é daqui. E esse é um sentimento que me faz acreditar ainda mais nesse lugar. A

cidade é bonita, o povo é acolhedor, trabalhador e batalhador. Sem contar as belas paisagens da nossa região. O céu de Lages e o por do sol que temos em nossa terra são únicos. Só aqui eles são tão lindos. Ser lageana é viver em paz. É ser da terra do pinhão, do cultivo às tradições. Ser lageana é ter a chance de dizer que estamos num dos melhores lugares do mundo.

“Lages: eu e todos passarão. Você ficará”

S Dr. Fernando Coruja Médico, Professor Universitário e Deputado Estadual

ou um pouco mais jovem, mas profundamente ligado a você. Sobre a tua influência foram criadas quase todas as minhas memórias. Lembro-me dos teus cheiros e das tuas imagens perpassando a minha infância. Jovem, vi outras maravilhas tuas. Conheci outros lugares e contatei outras pessoas. Estudei, trabalhei e fui tentado, mas voltei. Nunca houve nem haverá ninguém igual a você. É entre os teus que se encontram os meus maiores e melhores amigos. No

teu solo apoiei os alicerces da minha morada e já passei a maior parte da minha vida adulta. Mulher e filhos, todos te pertencem. Todos são teus. De ti não me separo jamais. E na derradeira hora que eu mereça e veja o sol lageano entardecer. Minha cabeça estará virada para teus campos. Eu e todos passarão. Você ficará. Nos teus campos meus átomos servirão para produzir outras memórias. E você continuará vivendo e todos te amando. R E V I S T AV I S Ã O

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ESPORTE

INTER DE LAGES E ESTÁDIO VIDAL RAMOS

Casa do Inter de Lages, o Estádio Vidal Ramos é imponente não só pelo time, mas por já ter recebido diversos craques do futebol

Inter de Lages e o“ Tio Vida”,

Símbolos de Lages As histórias do Internacional de Lages e do Estádio Vidal Ramos Júnior começaram quase que juntas, na década de 1940. Uma história de amor e conquistas, onde muitas vezes o Colorado Lageano saiu vitorioso dos gramados do nosso “Tio Vida”.

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udo começa em 13 de junho de 1949, quando 12 jovens decidem fundar o Esporte Clube Internacional. A estreia destes rapazes no campo se deu apenas três meses depois, contra o Painelense. A primeira partida do colorado acabou em empate. Faziam parte do primeiro time os jogadores: Pamplona, Voni, Jonas Ramos Martins, Oscar Fernandes, Eduardo e Lauro; Orly Souza “Alemão”, Batista Luzardo Muniz, China, Amadeu e Lineu. Mas nove anos antes de surgir o time de Lages, o então prefeito, Vidal Ramos Júnior, teve a ideia de construir um estádio no município, em 1940. Prefeito que fora, além de dono da ideia, foi o responsável pela doação do terreno onde seria construído o centro esportivo. Até então, a única opção para os futebolistas era o Estádio Areião de Copacabana – construído e inaugurado na década de 1930 – que, segundo histórias, fazia jus ao nome ao ter mais areia do que gramado, além de comportar pouco público. R E V I S T AV I S Ã O

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foto | Gugu Garcia

“Estádio Municipal da Ponte Grande” Ideia posta na mesa somente em 1954 – sob a administração do prefeito Valdo Costa Ávila – que o primeiro estádio, de fato, viria a ser inaugurado em Lages. Erguia-se, então, o Estádio Municipal da Ponte Grande, nome homônimo ao bairro em que era localizado. Nesta mesma época, o Inter de Lages conquistara entre o ano de sua fundação e 1954 dois títulos juvenis e o Torneio Início, uma prévia do principal campeonato da cidade. Mas a busca era mesmo pelo título citadino.

1965, Inter Campeão Catarinense

foto | Nilton Wolff

Depois da breve pausa, o Colorado volta com tudo. Ganha a taça citadina em 1960, volta para o estadual e conquista – seu maior título até hoje –, o estadual de 1965. Na partida final, ganha de 2 a 1 do Metropol, de Criciúma. Anacleto foi o responsável pelos dois gols da conquista do título. Um ano depois, pela Taça Brasil, o Inter enfrenta o Ferroviário (Curitiba), mas é eliminado logo na primeira fase. No mesmo ano, o Areião de Copacabana dá lugar à nova sede do time, o Vermelhão (em frente ao HTR – onde está sendo construída hoje a nova ala). Nos 50 anos que se seguiram, o Inter de Lages passou por uma montanha-russa. Quase conquistou o estadual novamente – chegando à final duas vezes (1964 e 1978) –, mas vai perdendo o fôlego nos campeonatos seguintes; surge o escudo com as siglas “E” e “C” (1982); conquista o estadual de juniores ao derrotar o Joinville por 3 a 1 (1983); tem o Vermelhão transformado em sede esportiva, para começar a treinar um time de base (1984); conquista a Taça Dite Freitas (1985); é rebaixado da primeira divisão do Catarinense, em 1988; volta a fazer uma campanha mediana no estadual, já em 1995; e em 1996 o Inter de Lages inicia um intervalo de quatro anos e Lages fica pelo menos dois anos sem futebol profissional.

A casa do Inter

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Estádio Vidal Ramos Júnior teve essa denominação somente em 1961, quando a Câmara de Vereadores aprovou Projeto de Lei do prefeito Wolny Della Rocca, para que o local fosse rebatizado como “Centro de Esportes Vidal Ramos Júnior”. Desde então, o estádio é conhecido carinhosamente por todos como “Tio Vida”. Inaugurado em 7 de setembro de 1954, de um estádio simples, ganhou suas primeiras arquibancadas de concreto ao debutar, em 1969 – antes as arquibancadas eram de madeira. Na ocasião, o colorado foi quem inaugurou a obra, numa partida contra o Guarany. O clássico Gua-Nal (Guarani X Internacional) foi bonito de se ver, Inter ganhou de 4 a 2. Três anos depois, a casa recebera o seu maior público oficial, quando 10 mil pessoas prestigiaram um amistoso entre Inter de Lages e o

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Em 2014, o Colorado Lageano voltou à elite do Catarinense com uma campanha histórica.

Três vezes campeão da Segunda Divisão O novo milênio traz um Inter renovado. Comandado por dirigentes da velha guarda, o time conquista o título da segunda divisão estadual (ano 2000). A equipe tenta, então, retornar à elite. Porém, dois anos depois, o “novo Inter” é rebaixado para a segunda divisão. Pouco tempo depois, a Justiça decide que o novo time é sucessor do “velho Inter”, inviabilizando as atividades do clube. Surge o Clube Atlético Lages, o CAL, que tem em sua diretoria vários ex-dirigentes colorados. O CAL chega à primeira divisão, enquanto o Inter, de fato, segue fora dos gramados. Em 2008, com grandes problemas financeiros, o clube deixa de pagar os jogadores, que decidem não entrar em campo na última rodada da segunda divisão. O fato causa a queda do clube para a recém-criada terceira divisão do Catarinense. No ano seguinte, o qual se comemorou o sexagésimo aniversário do time, o Inter volta a ficar de fora das competições. Mas em 2010 tudo começa a mudar novamente. Reestruturado, o time começa a escalar degrau por degrau do Catarinense até conquistar a segunda divisão do estadual, em 2014, pela terceira vez em sua história. A final foi contra o Guarani de Palhoça. Liderado por craques como Marcelinho Paraíba, Reinaldo e o goleiro Fernando Henrique, o Colorado Lageano voltou à elite do Catarinense com uma campanha histórica. O quarto lugar no estadual, no ano seguinte, garantiu ao clube vaga na Série D do Brasileiro, a primeira competição nacional do Inter desde a Taça Brasil de 1966 e na Copa do Brasil deste ano (2016).

Internacional de Porto Alegre, que venceu a partida por 1 a 0. Em 1976, Internacional e Vasco da Gama disputaram a partida que marcou o lançamento dos refletores do Vidal Ramos Júnior. O jogo foi vencido pela equipe do Rio de Janeiro por 2 a 1. Já em 1992, numa partida entre o Colorado Lageano e o Araranguá, pela final da Taça Santa Catarina, dados extraoficiais dão conta de um público estimado em 12 mil torcedores. Quem ganhou nesta ocasião foi o adversário. Em 2004, o Tio Vida passou por outra grande reforma, com a troca do gramado e a ampliação de parte da arquibancada, que passou a ser coberta.


ESPORTE

GINÁSIO DE ESPORTES JONES MINOSSO

Com capacidade para cerca de cinco mil pessoas e espaço construído em uma área de nove mil m², o Ginásio de Esportes Jones Minosso, no bairro Universitário, é uma das construções mais imponentes do esporte lageano. Desde o Campeonato Sul Americano de Vôlei Masculino, uma fase do Mundial de Futsal, até uma partida da Superliga Feminina de Vôlei, a arena multiuso já foi e ainda é palco de grandes competições.

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onsiderado um dos melhores espaços esportivos da América do Sul, devido à sua estrutura, o Jones Minosso tem uma área de cobertura de 5.400 m². Ao todo, são 250 mil peças de telhas em madeira tratada (algo bastante atípico para esse tipo de construção). E o ponto mais alto do ginásio corresponde a um prédio de nove andares. Sua pintura e limpeza estão em dia. Além do ginásio em si, o espaço conta com salas de treinamento para lutas. Inclusive já recebeu campeonatos de Muay Thai, artes marciais mistas (MMA em inglês), entre outros.

Construção e história A Universidade de São Carlos (interior de São Paulo) é responsável pela tecnologia aplicada na construção do telhado, todo em madeira. Foram utilizadas telhas de pinus tratadas, com previsão de vida útil de 50 anos. Informações de matérias antigas de jornal dão conta de que foi gasto 1,3 milhão de pregos para edificar os 9 mil m² de área construída. E a prefeitura

investiu um total de R$ 1,5 milhão, na época. O orçamento total da obra foi de R$ 3 milhões. O nome do ginásio vem do jogador de futebol lageano, Jones Roberto Minosso, o centroavante Jones, como era conhecido, que durante as décadas de 1980 e 1990 só jogou em times de ponta como o Inter de Porto Alegre, o então Colorado, de Curitiba, a Portuguesa de Desportos (SP), o São Bento, de Sorocaba, Figueirense e, também, no Leão Baio, onde tudo começou. Jones morreu em 1999, afogado no Rio Pelotas.

Reconstrução Poucos dias após a partida final dos Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc), em 2002 – onde os times de basquete lageanos, masculino e feminino, foram campeões – o ginásio Jones Minosso se tornou notícia nacional. Sua cobertura em madeira havia cedido e desabado completamente, no dia 9 de outubro daquele mesmo ano. A arena multiuso nem havia sido inaugurada oficialmente. Por sorte, ninguém se feriu. Mas os R E V I S T AV I S Ã O

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foto | Gugu Garcia

A arena é reconhecida por diversas confederações brasileiras como um dos melhores espaços esportivos do Brasil.

Local de grandes eventos esportivos, o Ginásio Jones Minosso recebe todos os anos competições nacionais de renome

prejuízos materiais foram grandes. Somente quase dois anos após o desabamento, em setembro de 2004, é que o telhado estava reconstruído. E desta vez sem chances de cair. O ginásio de esporte Jones Minosso foi construído para ser uma espécie de arena multiuso, com capacidade para cinco mil pessoas, incluindo público em pé e sentado. Na época, a intenção da Prefeitura de Lages era inaugurar o ginásio oficialmente no dia do aniversário do município, provavelmente com um show do cantor Roberto Carlos, segundo desejo do então prefeito, Raimundo Colombo.

O ginásio nos dias de hoje O ginásio é de extrema importância para Lages, uma vez que para os grandes eventos tem estrutura e capacidade para receber um grande público. Para a Fundação Municipal de Esportes (FME), a arena, devido ao tamanho e dimensão, é reconhecida por diversas confederações brasileiras como um dos melhores espaços esportivos do Brasil. Do lado de fora do Jones Minosso o ambiente é bem conservado, com gra57

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ma cortada e pátio limpo. Com a inauguração do Centro de Esportes e Artes Unificados (CEU), ao lado da arena, o local como um todo se tornou um polo esportivo do município. O CEU ainda vai contar com uma quadra de bocha e de voleibol de areia. Enquanto isso, na área externa, as pistas de bicicleta e skate já são utilizadas pela comunidade, da mesma forma o playground anexo. A quantidade de eventos esportivos já realizados comprova o título do Jones Minosso, seja pelo público que presencia os eventos ou pela boa estrutura do local. Diversas competições já passaram pelo ginásio, desde as estaduais - como os Jogos Abertos de Santa Catarina e a Copa Santa Catarina de Futsal – a qual o Caça e Tiro foi bicampeão – até os internacionais e nacionais – como o Sul Americano Masculino de Vôlei – onde a seleção brasileira enfrentou a Argentina –, Campeonato Mundial de Futsal Masculino e a Semifinal da Liga Nacional de Futsal. O Ginásio de Esportes Jones Minosso é, sem dúvida, um dos ícones de Lages em seus 250 anos de história.




MONUMENTOS ARQUITETÔNICOS

CATEDRAL DIOCESANA DE LAGES

Catedral

Ícone mor de Lages, a Catedral Diocesana é localizada no centro da cidade e é um dos pontos turísticos mais imponentes de SC R E V I S T AV I S Ã O

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Diocesana de Lages Em julho de 1912, ano em que a Catedral de Lages começou a ser construída, Lages tinha pouco mais de dez mil habitantes. Nesta época, sua Diocese ainda nem estava constituída – o que viria a acontecer somente no ano de 1929, com a chegada do primeiro bispo. Mesmo assim, começou a ser erguida uma das primeiras catedrais de Santa Catarina, a Catedral Diocesana de Lages.

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nspirada em estilo gótico alemão e projetada pelo Padre Alemão Frei Egydio Lother, a Catedral, ao mesmo tempo em que conta sobre o desenvolvimento do município, no início do século XX, destaca o surgimento da Diocese de Lages. O papa Pio XI criou-a oficialmente no ano de 1927. No entanto, o primeiro bispo, Dom Daniel Henrique Hostin, só chegou em Lages em outubro de 1929 e ficou à frente da diocese até 1973. Para construir a Igreja, foram utilizadas pedras grés carbonífera, um tipo de arenito de grão extremamente fino e compactado. A pedra está presente no Morro Grande e em outros locais de Lages, sendo extraída do próprio município.

Estilo Gótico Prussiano

foto | Gugu Garcia

Segundo estudos do engenheiro João Argon Preto, o estilo da edificação é gótico prussiano, por ter sido originária na Prússia. A característica desse estilo é de uma forma mais limpa e lisa, mas rica em detalhes, principalmente a rosácea (vidraça que fica sobre a porta frontal). As coberturas das torres em forma de pirâmide, de revestimento metálico octogonal, remetem também ao estilo prussiano. João Argon afirma que a Catedral foi inspirada na Catedral de Magdeburg, na antiga Prússia (construída no ano de 1163). A Catedral de Lages possui três sinos, vindos da Alemanha. De lá vieram também as decorações internas como os altares, os bancos, os confessionários e as imagens. Em 24 de dezembro de 1920 foram batizados os três sinos. O maior recebeu o nome de Cristo Salvador (tom “mi” da escala musical), o médio foi nomeado como Santa Maria (tom “sol”) e o menor se chama São Francisco (tom “lá”). De acordo com o professor e músico Nelson Bunn, esses três tons equivalem às três primeiras notas da entoação do “Te Deum” (latim), que quer dizer “A Ti Deus louvamos”. A canção é greco-romana. 61

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O primeiro instrumento musical da Catedral foi um harmônico, que já celebrou 100 anos desde a sua fabricação pela Ernst Hinkerl, de Sttutgart, na Alemanha. Outro instrumento musical é o órgão, de 1365 tubos. Colocado na Igreja em maio de 1960, foi classificado pela imprensa da época como “monumental”, sendo adquirido por uma fábrica em Nova Hamburgo (RS) e pesando sete toneladas. Era o maior de Santa Catarina.

A construção A Catedral foi construída com a ajuda de fundos monetários angariados por fazendeiros da época. Entre eles, o fazendeiro da Coxilha Rica, Henrique Ramos, o Cel. Belizário Ramos, o intelectual Thiago de Castro e o Cel. José Maria Domingues de Arruda. A catedral de Lages começou a ser construída em julho de 1912. Mas só foi concluída em dezembro de 1921, sendo inaugurada em janeiro de 1922. Antes de chegar ao lugar onde está, no Centro da cidade, duas outras igrejas foram construídas pelo município. No dia 1 de janeiro de 1767, o Capitão-mor Regente Antônio Corrêa Pinto de Macedo deu início à construção da primeira capela num sítio chamado “Taipas”. Mais tarde, a Capela foi transferida para a margem do Rio Canoas. Durante a obra, porém, uma enchente destruiu o que estava em construção. Mudaram então, definitivamente, a Capela para a margem do Rio Caveiras, a pouca distância do local onde hoje está a Catedral de Lages, considerado um dos mais belos templos do estado.

Para construir a Igreja, foram utilizadas pedras grés carbonífera, um tipo de arenito de grão extremamente fino e compactado, sendo extraídas do próprio município. Os primórdios da Diocese lageana Como o Estado de Santa Catarina possuía uma só diocese, que é a de Florianópolis, sendo esta extensa e com numerosa população, um só Bispo era insuficiente para exercer o ministério pastoral. Dom Joaquim Domingues de Oliveira, Bispo de Florianópolis, pediu à Sé Apostólica (Roma), para Santa Catarina ser dividida em três partes, e nela se erigirem duas novas dioceses. As duas primeiras dioceses desmembradas foram Joinville e Lages, com a bula papal “Inter Praecipua”, de 1927. Mas foi instalada definitivamente em 18 de outubro de 1929. Daí para frente, a tarefa principal girou em torno da estruturação e evangelização da nova Diocese, estando à sua frente o primeiro bispo diocesano, Dom Daniel Hostin. Desde então, Lages está no seu quarto bispo, Dom Irineu Andreassa, que assumiu o ministério episcopal em fevereiro de 2010, em Lages. O antecederam, respectivamente: o 3º Bispo, Dom Oneres Marchiori, permanecendo no posto por 27 anos (1983 a 2010); o 2º Bispo, Dom Honorato Piazzera (1973 a 1983); e o 1º Bispo, Dom Daniel Henrique Hostin (1929 a 1973). Constituem a Diocese de Lages: 24 paróquias, sendo mais de 500 capelas espalhadas pelos municípios vizinhos.


MONUMENTOS ARQUITETÔNICOS

MESQUITA ISLÂMICA DE LAGES

A IMPONENTE

Mesquita Islâmica Construída em estilo oriental, a Mesquita Islâmica de Lages foi a primeira a ser edificada no Sul do país. O templo lageano foi o primeiro do Estado e o quinto do Brasil e é um dos símbolos da imigração e cultura islâmica no município.

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ocalizada na Avenida Castelo Branco, no bairro Universitário, fundada em 1978 por Dabbous Ata Mohamed, Dabbous Hussein Ali e Ahmad Hussein Dabbous, a Sociedade Islâmica de Lages deu início à construção da primeira mesquita no Sul do Brasil. Depois de estabelecida esta entidade, a mesquita começou a ser construída – com recursos da embaixada da Arábia Saudita – para os muçulmanos terem um local de reunião. Depois de oito anos de trabalho, em 1986, é aberta a Mesquita Islâmica de Lages, Templo que, por cerca de treze anos, foi o único de Santa Catarina. O local tem uma bela arquitetura, que remete ao estilo oriental, característico das mesquitas localizadas nos países do Oriente Médio. O templo contrasta as cores de verde e branco do lado de fora da estrutura e também por dentro. Nas paredes do templo, palavras escritas em árabe – extraídas do Alcorão, o livro sagrado do Islamismo – lembram a profissão de fé no Deus único: Alá, fora do qual não existe qualquer outra divindade. No salão, onde são realizados os cultos e orações, não há bancos (apenas tapetes estendidos no chão). E por respeito à religião, se deve entrar descalço. Ao lado da mesquita, no mesmo terreno, há outras construções para uso da comunidade como uma sala obituária, uma sala de aulas – onde fica o Centro de Educação Infantil Municipal Vila da Criança –, uma residência reservada para a autoridade religiosa, e outro lugar pequeno, uma espécie de quitinete. A mesquita fica aberta sempre para atividades e visitas de alunos. É uma das poucas no interior do Brasil que fica aberta para as orações diárias dos muçulmanos, a partir da tarde, todos os dias. O líder religioso local é o libanês Sheik Osman Mohamed Charif. A mesquita está

ligada ao Centro de Divulgação do Islã para a América Latina (CDIAL), sediada em São Bernardo do Campo (SP). Para ir à mesquita é preciso agendar visita.

O islamismo em Lages A comunidade muçulmana de Lages é totalmente sunita (muçulmanos ortodoxos, que reconhecem a autoridade dos quatro primeiros califas) e é formada por cerca de aproximadamente 50 famílias, muitas de origem árabe. Foi a primeira colônia de muçulmanos do Estado. E permaneceu como a maior até pouco tempo atrás, quando a cidade viveu um período de estagnação econômica e muitos a deixaram. Atualmente há no município o mesmo número de famílias da década de 1980, 50 famílias, desta origem. A maior delas é a Dabbous com cerca de 30 famílias. Mas, atualmente, há um grande número de revertidos brasileiros. De acordo com os fundadores, a Mesquita foi criada para atender a colônia de famílias libanesas que residiam no município. Quando foi construída, já havia 30 anos que os libaneses estavam na cidade, um número que já foi de aproximadamente 100 famílias entre as décadas de 50 e 70. A presença de muçulmanos em Lages está ligada, especialmente, ao clima da Serra Catarinense, semelhante à região montanhosa do Vale de Bekaa, no Líbano, de onde veio a maior parte dos imigrantes. Para chegarem aqui, desembarcaram no porto de Santos, passaram por São Paulo, interior de Minas Gerais, Paraná e, por fim, Lages, onde estão até hoje. Foram, praticamente, os responsáveis pela implantação do comércio na cidade. R E V I S T AV I S Ã O

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foto | Gugu Garcia

O local tem uma bela arquitetura, que remete ao estilo oriental, característico das mesquitas localizadas nos países do Oriente Médio.

Enfatizando a diversidade social, cultural e religiosa de Lages, a Mesquita Islâmica é um dos poucos templos mulçumanos no Sul 63

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MONUMENTOS ARQUITETÔNICOS

PREFEITURA MUNICIPAL DE LAGES

Prefeitura Municipal

A edificação da Prefeitura do Município de Lages, sede do Poder Executivo, é um exemplar arquitetônico do início do século XX. Foi construído para servir no mesmo prédio de Câmara Municipal e Cadeia Pública. Ao longo dos anos, passou por diversas reformas.

S

eu estilo arquitetônico “eclético” representa a suntuosidade nas edificações do final do século passado. Este imóvel é considerado patrimônio cultural, histórico e arquitetônico do Município pela Lei Orgânica de 05 de abril de 1990. Inaugurado em 01 de janeiro de 1901, o prédio da Prefeitura segue uma arquitetura eclética, entre os moldes italianos, em estilo neogótico e arquitetura neoclássica romana, com os detalhes das aberturas em estilo coríntio. As estruturas em madeira são todas de araucária. Quando reformado pelo arquiteto João Argon Preto (em 1960), recebeu um pavimento superior. A estrutura foi construída com blocos de pedra-laje de arenito, pedra natural da região, que deu nome à cidade.

Com seu estilo eclético arquitetônico, o prédio da Prefeitura de Lages é um importante monumento que conta sobre o desenvolvimento do município R E V I S T AV I S Ã O

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O prédio da Prefeitura segue uma arquitetura eclética, entre os moldes italianos, em estilo neogótico e arquitetura neoclássica romana, com os detalhes das aberturas em estilo coríntio.

Construída entre o final do século XIX e início do XX para servir de sede do Poder Executivo e Legislativo, substituindo o antigo Paço Municipal, que ficava na Praça João Costa, o prédio tinha no seu projeto inicial dois pavimentos. No piso superior ficava a Câmara Municipal e o escritório do Executivo. O térreo abrigava a cadeia pública. Lançada a pedra fundamental em 1898, é justificada sua construção por Vidal José de Oliveira Ramos, então Interventor Municipal, que em 1º de janeiro de 1898 se pronuncia junto ao Conselho Municipal sobre a importância da construção do Paço Municipal: “Considerando que uma das condições mais essenciais a um edifício público é a sua situação, que deve ser perfeitamente apropriada, não só para fazer sobressair este, como para que possa ele preencher com vantagem o fim a que é destinado, resolvi fazer a aquisição das duas casas na Praça Coronel João Ribeiro, ao lado esquerdo da velha Matriz, para ali ser levantado o Palácio Municipal”. Para Vidal Ramos Junior, o que se gastaria com a aquisição das casas, se justificaria “pela excelência e beleza do local em que ficara o mencionado palácio”. O projeto escolhido para a execução da obra foi do engenheiro Rodolfo Sabatini. A direção técnica foi do arquiteto Frei Feliciano Schlag. E a administração da obra ficou sob a responsabilidade do Sr. Ignácio Casimiro de Goss.

Histórico

Reforma e novas necessidades

foto | Gugu Garcia

Em 1901 foi inaugurado o Palácio Municipal, com grande concorrência pública para o baile que iria acontecer. Já em 1960 o prédio passou por reformas estruturais, eliminando-se a escada e ficando a entrada ao nível da rua. Houve, também, modificações internas para adequação do uso, procurando-se manter o estilo arquitetônico. Também na década de 1960 é construído em anexo ao prédio da prefeitura, outro prédio com quatro andares para servir às secretarias e à Câmara de Vereadores. Embora extremamente bem localizado, e com estilo e arquitetura que até hoje chamam atenção dos lageanos e visitantes, o atual prédio da Prefeitura Municipal de Lages já não comporta as atuais demandas e necessidades da municipalidade. Tanto que vários dos últimos prefeitos já defendem construir uma nova estrutura, num espaço mais amplo, que comportaria as várias estruturas e secretarias municipais num mesmo local, o que facilitaria para os usuários. Em função do pouco espaço na atual estrutura da Prefeitura, é necessário alugar diversos outros imóveis para sediar as várias secretarias. E isso, inclusive, representa gastos fixos excessivos, além dos transtornos para a população que com isso precisam percorrer endereços diferentes para suas necessidades.

foto | Acervo Museu Thiago de Castro

À direita, foto do prédio original da Prefeitura de Lages, inaugurado em 1901. O pavimento superior e o nivelamento da entrada ao nível da rua aconteceram numa das diversas reformas a qual o edifício passou 65

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Teatro Municipal Marajoara Vindo de Portugal com sua família, o empresário da arte cinematográfica, Mário Augusto de Souza, ao construir o Cine Teatro Marajoara – hoje apenas Teatro Municipal Marajoara –, deixou sua marca na cultura de Lages. Inaugurado em 1947, o local é tombado pela Fundação Catarinense de Cultura e é um dos teatros mais clássicos do Estado.

Símbolo arquitetônico e cultural lageano, o Teatro Marajoara é uma das relíquias em art déco da cidade R E V I S T AV I S Ã O

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MONUMENTOS ARQUITETÔNICOS

TEATRO MARAJOARA foto | Vinicius Prado

foto | Vinicius Prado

No interior do Teatro, a arquitetura conta com elementos indígenas no estilo marajoara

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m exemplo da arquitetura em estilo Art Déco, a edificação se caracteriza por linhas simples e formas suaves, retas ou arredondadas, misturando as duas formas numa composição bastante harmoniosa. A arquitetura conta ainda com alguns elementos mais rebuscados e decorações detalhadas do estilo marajoara, presente na variedade de materiais utilizados, nas decorações e elementos exóticos. Os desenhos são baseados em vasos cerâmicos dos índios da Ilha de Marajó (PA). A fachada possui linhas retas e imponentes, com detalhes característicos à esta arte indígena, representados pelas máscaras em alto relevo.

Construção Antes de construir tal edificação, Mário de Souza já tinha uma trajetória marcante na cidade, quando, em 1927, começou com atividades ligadas ao teatro, depois de arrendar o Teatro Municipal São João, que ficava na Praça João Costa. Nele, além de apresentações teatrais, os lageanos conheciam o cinema – ainda mudo. Pouco mais de dez anos depois, em 1938, o teatro São João teve de dar lugar ao prédio do antigo Colégio Estadual Aristiliano Ramos. Com a demolição do Teatro Municipal, o cinema mudou seus equipamentos para a Casa Santo Antônio, que havia sido cedida pelos padres franciscanos, onde está localizada atualmente a Escola de Artes. Um ano depois desta mudança, o Cine Teatro Carlos Gomes era inaugurado em Lages. Idealizado e projetado, também, por Mário de Sousa, recebeu o nome em homenagem ao poeta, compositor e músico brasileiro Carlos Gomes. Neste teatro, ocorreram vários concertos musicais. O Cine Teatro estava localizado na Rua Presidente Nereu Ramos (hoje funciona no local uma loja de móveis e eletrodomésticos – Schumann). Mas Mário de Sousa ainda sentiu a necessidade de um novo teatro e cinema. Foi então que decidiu pela construção do Cine Teatro Marajoara, cuja construção começou em 1945. É o principal espaço de atividades artísticas de Lages. Idealizado pelo empresário, o Cine Teatro Marajoara – como era conhecido no início – foi inaugurado em 18 de novembro de 1947. Marcou a 67

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época da cultura lageana e de Santa Catarina, ficando conhecido como a “Catedral do Cinema”.

Sede da Rádio Clube O Cine Teatro Marajoara – hoje apenas Teatro – também serviu durante 26 anos de sede da Rádio Clube de Lages. A emissora funcionava nos dois andares su-

A construção do Cine Teatro Marajoara começou em 1945. É hoje o principal espaço de atividades artísticas de Lages. periores, onde inclusive havia um pequeno auditório para apresentações ao vivo de músicos e artistas da emissora. Manoel Corrêa, o popular Maneca, hoje com 83 anos, trabalhou por muitos anos naquele local. A emissora teve por sede o prédio do Marajoara de 1948 até 1974 (quando foi inaugurado o atual prédio sede do SCC em Lages, na Rua Carlos Joffre do Amaral). Em 29 de novembro de 1997, onze dias depois de completar cinquenta anos, o prédio do Marajoara foi tombado oficialmente como patrimônio histórico do município. Por meio de um termo de aluguel por parte da Prefeitura de Lages, no ano de 1999, o espaço foi adaptado e transformado em Teatro Municipal Marajoara. Atualmente, o Teatro é um espaço público com atividades diversas no campo das Artes. Desde sua inauguração, recebe artistas reconhecidos e de grande prestígio profissional, além de propiciar aos iniciantes e aos talentos locais um espaço único onde a música, a dança, o teatro e as artes plásticas circulam pelo local. O espaço também é cedido para palestras, reuniões, formaturas e eventos diversos.


DEPOIMENTOS

LIDERANÇAS E CIDADÃOS

“Ser lageana é atenuar o frio do nosso inverno com calor humano”

S Carmen Zanotto Deputada Federal

er ageana para mim é acordar e saber que eu vivo em uma das regiões mais belas de Santa Catarina, com um povo hospitaleiro. É caminhar nas ruas, conhecer as pessoas e ser acolhida com carinho. É atenuar o frio do nosso inverno com calor humano. É acreditar no desenvolvimento e saber que Lages e os lageanos têm um potencial incrível e, mesmo diante das adversidades, não se deixa abalar e sempre segue em frente. Porque do mesmo tamanho da nossa hospitalidade é a nossa coragem. Somos unidos e sempre dispostos a ajudar o próximo. Somos a morada da solidariedade na Serra Catarinense. É saber que na área da saúde temos hospitais que são referências e que são essenciais para o atendimento de todos os serranos.

É manter as nossas tradições, mas não esquecer que a inovação é importante para o futuro próspero da nossa cidade. Como lageana e representante serrana, no Congresso Nacional, tenho muita honra de poder levar o nome da minha cidade e contribuir para que tenhamos uma região ainda melhor para se viver. É ter a convicção que nestes 250 anos crescemos e nos desenvolvemos, mas que ainda há muito para se fazer, e que vamos fazer juntos. Quem mora em Lages, quer continuar. Quem foi embora, sente saudade. Porque é possível deixar Lages em busca de outros caminhos. Mas é impossível Lages deixar nossos corações.

“Lages é um imã que nos atrai e nos ata em sua órbita”

L Daniel Lucena Músico, cantor e compositor

ages para mim soa como um sentimento, uma necessidade. Um imã que nos atrai e nos ata em sua órbita. É a Nossa Senhora dos Prazeres, nossa Princesa da Serra. Lages significa a infância no Copacabana: As guerras de carrapicho, os banhos no Carahá, as visitas aos pomares alheios, levar tiro de sal; O futebol no campinho do boldo, fugir da rapa, passear de Transul; A casa na árvore, sessão dupla no Tamoio, pastelão da Petisqueira; O Inter no Vermelhão e violão com o professor Juca Krebs; A primeira paixão, os primeiros festivais, a minha primeira música;

Os mitos, os feios, o transason, o twiste e a minha primeira banda; Os bailes no Clube 14 e no 1º de Julho; A descoberta da “cuba” para tomar coragem e a construção de amizades que jamais se desfarão. Neste quarto de século, dos quais 56 eu vivi, vi nossa Lages se transformar urbanisticamente. A cidade está bonita com seus prédios, ruas e avenidas (sensação de cidade nova cada vez que eu volto), além de nossas belezas naturais. O que é perene é a amabilidade do rústico lageano, a peculiaridade de sua bondade no trato e no acolhimento humano. O lageano é um povo bom.

“Lages é uma cidade que surpreende em todos os aspectos”

L Marco Aurélio Cordeiro Professor e Mestre Nacional em Xadrez

ages para mim é um aprendizado contínuo. Uma cidade que escolhi e que me escolheu para viver. Nesses 22 anos que decidi aqui residir já vivi um pouco de tudo, alegrias, tristezas, conquistas, frustrações, esperanças, desilusões e um misto de sentimentos que ainda estão em ebulição no meu ser. Em Lages fiz muitos amigos de verdade, pessoas que apoiaram minha causa, o meu trabalho e que acreditaram em meu potencial como nunca. Em Lages construí meu maior patrimônio, meus alunos e amigos. Em Lages converti o que é mais sagrado para mim, uma família. Em Lages nasceu o que me faz crer todos os dias em algo melhor, meu filho Yan. Lages é uma cidade diferente de todas. Isso não é um mero jargão, representa a mais absoluta verdade. 250 anos forjada com trabalho, esforço, sacrifícios, suor e lágrimas fizeram e vem fazendo dessa cidade um lugar para acreditar. É verdade que temos muitos avanços e desafios a serem superados. Na área esportiva são

tantos quantos são os talentos que aqui verifiquei. Participei de todos os Jogos Abertos de SC nos últimos 22 anos a asseguro com tranquilidade que nossos atletas não devem nada em talento, esforço e empenho para cidades maiores. Precisamos priorizar o desportista verdadeiro de Lages, olhar para demais modalidades, além do futebol profissional, termos convicção que a transformação social vinda de uma Política Desportiva inclusiva será saudável em todos os setores da comunidade e que nossa autoestima só se dará de fato pela participação do cidadão como protagonista, praticando e não na arquibancada aplaudindo, condição alienante de qualquer pessoa. Enfim, Lages é uma cidade que surpreende em todos os aspectos e que nos acolhe como só ela sabe. É um gigante que vem adormecendo e conhecendo seu potencial. Uma benção para mim e um desafio diário em fazer um lugar melhor para todos. R E V I S T AV I S Ã O

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foto | Gugu Garcia

PATRIMÔNIO CULTURAL

COLÉGIO ROSA

Centro Cultural Vidal Ramos,

o Colégio Rosa

Quando começaram as obras do Grupo Escolar Vidal Ramos, no começo do século XX, se anunciava uma escola diferente dos demais grupos construídos em Santa Catarina pelo então governador Vidal Ramos. Erguido na então Praça Antônio, que enquadrava as principais ruas do Centro, nascia o Colégio Rosa, a representação da democratização da educação por meio da escola pública.

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o relatório da gestão dos negócios do município de Lages, datado de 1911, consta que o Congresso do Estado deu ao Grupo Escolar de Lages o nome de Vidal Ramos, colocando o nome de seu patrono (então governador do Estado). Mas em várias referências posteriores, o próprio governador, que havia escolhido o nome dos outros grupos, fazia questão de frisar que esta iniciativa, de nomear, partira dos parlamentares, não dele. Segundo consta no histórico, de acordo com os arquivos da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), coube ao Sr. João Grumiché a construção daquele colégio. Na época, a imprensa local noticiou como “o maior e mais suntuoso prédio escolar construído no período”, e também o “mais moderno e o melhor aparelhado do Estado, com instalações adequadas para as salas de aula”. O documento dos arquivos da FCC, citando o mesmo semanário, complementa que havia ainda a biblioteca, ambientes para ginástica e galpões de recreio.

pavimentos, além do porão alto, que nivela o pavimento térreo e o isola do terreno. Assemelha‐se aos demais grupos escolares catarinenses a fachada eclética. Os textos e discursos da época da construção referenciam a estrutura como neoclássica. Os ideais republicanos se fizeram presentes na arquitetura e na retórica: no brasão de armas do frontão do edifício. De início, coube ao inspetor escolar, Dr. Antonio Selistre de Campos, a direção do Grupo Escolar.

Ensino O Grupo Escolar Vidal Ramos foi a primeira escola pública e laica da região, cujos pavimentos, segundo o governador Vidal Ramos, em seu discurso de inauguração do grupo escolar: “Foram feitos para serem pisados, tanto pelo calçado do rico, como pelo pé descalço do pobre”, onde “são respeitados todos os credos: o Protestantismo de Lutero como o Positivismo de Conte”.

Arquitetura neoclássica

Construção

De arquitetura eclética do início do século XX, o Colégio Vidal Ramos – hoje Centro Cultural Vidal Ramos – tem dois

Consta como “data oficial” da inauguração o dia 20 de maio de 1912, ano que inclusive está inscrito no frontão

Lages ficou ainda mais bela e artística com o Centro Cultural Vidal Ramos, o antigo Colégio Rosa, que agora dispõe de exposições, aulas, teatro e cinema

do edifício. Entretanto, no relatório da gestão dos negócios do município de Lages, consta o ano de 1913 – apresentado ao Conselho Municipal em janeiro de 1914. Octacílio Vieira da Costa informa que: “A fim de inaugurar o Grupo Escolar (...) chegou a esta cidade, no dia 18 de maio, S. Exa. o Sr. Coronel Vidal Ramos, Digno Governador do Estado. (...) No dia seguinte teve lugar a solenidade de inauguração do Grupo Escolar”. De fato, pode‐se constatar em imagem que registra o andamento das obras em 3 de Setembro de 1912 que o edifício ainda não estava pronto para ser inaugurado. Em 1984, o Colégio Rosa foi tombado pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC). O edifício sediou a escola de mesmo nome até 1º de agosto de 2011, quando, por uma série de problemas estruturais, foi fechado para atividades educativas.

Centro Cultural do SESC Da interdição ao novo prédio, a construção majestosa e histórica passou por R E V I S T AV I S Ã O

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O Grupo Escolar Vidal Ramos foi a primeira escola pública e laica da região, cujos pavimentos “Foram feitos para serem pisados, tanto pelo calçado do rico, como pelo pé descalço do pobre”.

uma grande reforma. E não perdeu as suas características originais. Foram pouco mais de três anos de obras. E no dia 11 de agosto de 2016 foi oficialmente reaberto ao público. O projeto arquitetônico, baseado em um minucioso levantamento histórico e iconográfico, foi elaborado pela empresa Occa Arquitetas Associadas, de Florianópolis. Com base neste levantamento, que levou um ano para ser concluído, toda a intervenção foi planejada para recuperar o aspecto original, aplicando a modernidade da maneira menos agressiva possível. Uma escada de concreto foi trocada por uma metálica, o elevador é independente e não está apoiado na estrutura, o ar condicionado ficou entre o piso e o forro para não abrir paredes, janelas foram fechadas no porão e vãos tiveram de ser abertos.

Funcionamento O Centro Cultural Vidal Ramos – entregue pelo Governo do Estado para a administração do SESC (por 30 anos) fica aberto ao público de segunda a segunda. O espaço funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h; aos sábados, das 9h às 21h; e aos domingos, das 15h às 21h. 71

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O Grupo Escolar Vidal Ramos foi a primeira escola pública e laica da região.

No Centro Cultural, a população tem acesso a serviços e eventos artístico-culturais como cursos, apresentações e exposições. O espaço conta com cafeteria, galerias de arte, salas para aulas de artes, dança, música, teatro e para cursos de literatura. Traz ainda um cinema com viabilidade de múltiplo uso, como exibições de filmes, contações de histórias e apresentações musicais de solos, duos e trios. No local, o Sesc também abre uma biblioteca especializada em artes e história da cidade e região, com espaço para visualização de documentários e audiovisuais do acervo do CineSesc e audição de diferentes grupos musicais catarinenses e de referência na música brasileira.


PATRIMÔNIO CULTURAL

MUSEU THIAGO DE CASTRO

Museu Histórico

Manoel

Em 1943, Lages ganhava oficialmente seu primeiro museu, que por certo tempo foi considerado o maior de caráter particular de Santa Catarina. Mas, desde 2012, deixou de ser da família Thiago de Castro e agora pertence ao município. Considerado atualmente um dos maiores patrimônios históricos do Estado, dos seus 73 anos de existência, o Museu Histórico Thiago de Castro não cobra pelos serviços de visitação, pesquisa e levantamentos técnicos desde 1960.

Tudo no Museu possui a alma do seu idealizador e fundador, Danilo Thiago de Castro.

Com mais de 50 mil peças, o Museu Thiago de Castro já foi uma das maiores coleções particulares que se conhece R E V I S T AV I S Ã O

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O foto | Vinicius Prado

acervo do museu é composto por quase 50 mil peças, entre documentos e imagens – livros, revistas, jornais, pinturas e fotos – do século XVIII e XIX, armas de guerra das lutas regionais, utensílios de trabalho e doméstico, peças de vestuário, objetos de uso cotidiano, móveis e pelo conjunto dos acervos iconográfico (imagens), cartográfico, audiovisual e hemerográfico (jornais e periódicos). Tudo no Museu possui a alma do seu idealizador e fundador, Danilo Thiago de Castro. Castro, nascido em 02 de dezembro de 1919, na cidade de Curitibanos/ SC, chegou a Lages antes mesmo de completar um ano de vida. Começou este trabalho – de colecionar objetos e documentos – em 1937, quando tinha apenas 17 anos. Ele coletava pedras e alguns animais conservados em formol, ninhos de passarinho e outros utensílios. O tempo passou, e aquela “brincadeira” de adolescente se tornou algo sério. Criou, então, uma pequena coleção de alguns objetos e fotos. E colocou todas as peças num quarto, onde morava.

Homenagem ao avô Assim, nove anos depois, quando tinha 26 anos de idade, Castro fundou oficialmente o Museu Histórico Manoel Thiago de Castro. O nome é uma homenagem ao seu avô, político brasileiro. Castro não tinha formação superior e fazia a conservação das peças sem muitos critérios técnicos, mas com muito esmero. Em 22 de maio de 1960, o museu é oficialmente aberto ao público, em uma exposição realizada no Clube 14 de Junho, com a presença de autoridades e convidados, chegando ao total de 4.224 visitantes em apenas uma semana. Contudo, o espaço ainda era muito limitado e Danilo precisava de um local maior 73

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para abrigar o acervo. No mesmo ano, em junho de 1960, o prefeito de Lages na época, Vidal Ramos Junior, declara o Museu Histórico Particular Thiago de Castro de Utilidade Pública. Dois anos depois, em 06 de janeiro de 1962, o museu é aberto ao público em prédio de propriedade particular, sem cobrar entrada. A partir dali o acervo do museu foi sendo mantido com recursos próprios, servindo à comunidade, como faz até a atualidade. Naquele período as dificuldades foram se somando por falta de espaço e falta de mão de obra especializada para o trabalho operacional e técnico, que eram realizados de forma empírica.

Museu foi fechado três vezes Com isso, o museu fecha suas portas, em 1981, assim permanecendo até 1984, quando foi novamente aberto ao público. Entretanto, no ano de 1993, novamente o Museu fecha suas portas, por mais três anos, até dezembro de 1996. Neste mesmo ano, inclusive, foi disponibilizado pela prefeitura um espaço mais adequado para abrigar o acervo. A partir de 1997, o museu passou a ocupar o andar térreo do prédio onde funcionava o Fórum Nereu Ramos, no centro da cidade (próximo ao HNSP), após sofrer uma ampla reforma. Além da mudança de local, foi fundada em fevereiro daquele mesmo ano a Associação Amigos do Museu Histórico Thiago De Castro (AAMHTC). Trata-se de uma entidade sem fins lucrativos, que tem como objetivo manter e promover o aprimoramento e o desenvolvimento das atividades do Museu como auxiliar à manutenção do acervo patrimonial, sustentar o programa de processamento técnico de conservação e restauração dos acervos museológicos, bibliográficos e arquivísticos, promover visitas programadas, incentivar e apoiar

foto | Vinicius Prado

Thiago de Castro

Busto que homenageia Manoel Thiago de Castro encontra-se no interior do Museu

a realização de exposições com o acervo do museu, entre outras finalidades. Durante todos esses anos, grande parte do acervo foi sendo adquirido com recursos próprios, seja por Castro e sua família e também pela Associação. Outros objetos foram conseguidos com doações ou coletas, a maioria por pessoas que iriam jogar fora estes materiais, e que o colecionador buscava, impedindo sua destruição. Castro veio a falecer na madrugada de 29 de abril de 2006.

Museu do município O acervo do Museu Thiago de Castro foi repassado oficialmente ao município em 18 de junho de 2012, por meio de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), acarretando em custo zero para Lages. A compra do acervo se deu após várias tratativas, que começaram em 2008, quando os herdeiros queriam vender o patrimônio. Os trabalhos foram iniciados no Ministério Público, pelo promotor Lio Marin. E foram finalizados com o trabalho do atual titular do cargo, Renee Cardoso Braga. O valor de R$ 1 milhão, pago pelos itens, veio de origem pecuniária. Ou seja, recursos oriundos de indenizações à justiça foram ou serão repassados à família Castro. A principal fonte do dinheiro virá de uma ação referente à queda do sobrado do Coronel Belizário Ramos, que caiu durante uma chuva, no ano de 2000. Cabe ao município, desde então, conservar o museu e os patrimônios materiais que lá constam.


foto | Sandro Scheuermann

PATRIMÔNIO CULTURAL

TRADICIONALISMO

Tradicionalismo é muito forte

Gaúcho em Lages

Devido à proximidade com o estado vizinho, Rio Grande do Sul, Lages sempre teve forte influência da cultura gaúcha. As características de lida no campo, torneios de laço, churrascadas, mateadas, danças e outras atividades campeiras fizeram com que o município se tornasse a sede do Movimento Tradicionalista Gaúcho de Santa Catarina (MTG/SC).

Lages tem 25 CTGs ativos A entidade teve na primeira diretoria, em sua maioria, descendentes da família Ramos. Logo, surge o CTG Barbicacho Colorado, oriundo da disjunção do CTG Planalto Lageano, porém, com os mesmos princípios e também fundado na Estância do Pinheirinho, pelo Patrão de Honra da antiga entidade: Afonso Alberto Ribeiro Neto e outros.

As práticas campeiras foram se expandindo, incluindo características artísticas, com a formação do primeiro grupo de danças gaúchas e dando início a inclusão da história de Santa Catarina nos seus discursos. Os CTGs treinam peões e prendas para diversas atividades e algumas competições. A invernada campeira prepara para competições como laço e outras atividades, geralmente relacionadas a rodeios. Já a invernada artística, para danças folclóricas. E há ainda as atividades individuais, como a trova e a declamação.

vimento foi fundado em 18/05/1973. Encontra-se, atualmente, sediado junto ao Parque de Exposições do Conta Dinheiro, em Lages. Mais tarde, se registra sob a denominação de Movimento Tradicionalista Gaúcho de Santa Catarina (MTG/SC), com o objetivo de congregar os Centros de Tradições Gaúchas e preservar o núcleo de formação e filosofia do Movimento Tradicionalista. Em Lages, entre os 25 CTGs ativos, os mais conhecidos são o CTG Planalto Lageano, CTG Barbicacho Colorado e CTG Anita Garibaldi.

A sede do MTG

O que representa o Tradicionalismo

O Movimento Tradicionalista Gaúcho do Rio Grande do Sul (MTG/RS), percebendo o número de CTGs de Santa Catarina que participavam de “rodeios” em terras riograndenses, resolve organizar o estado catarinense, criando regiões tradicionalistas. Mas a empreitada não dá muito certo. Percebendo que o tradicionalismo gaúcho se expandia de maneira desorganizada, sem a regência de um órgão competente, reuniu-se, sob a coordenação de Afonso Alberto Ribeiro Neto, Sebastião Nunes de Oliveira e mais alguns amigos, organizando, assim, a criação do Movimento Tradicionalista Catarinense (MTC). Segundo histórico do MTC, o Mo-

foto | Gugu Garcia

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or isso, um dos primeiros Centros de Tradições Gaúchas (CTG) do Estado é daqui: o Planalto Lageano. Com 57 anos de existência, foi o precursor do movimento na região serrana. O CTG Planalto Lageano foi fundado em 12 de dezembro de 1959, quando alguns apreciadores da lida campeira pertencentes ao piquete de laçadores, “Repontando a Tradição”, decidiram fundar o 1º CTG na localidade Estância do Pinheirinho (BR-282). Com objetivo principal de cultivar as tradições da região, o CTG foi fundado exclusivamente por catarinenses ligados à pecuária. Resultou da união de um grupo que tinha as práticas campeiras como atividade diária, sendo o tiro de laço parte delas. Nos fins de semana, o grupo reunia-se para treinar e passar o tempo, transformando estas atividades em entretenimento.

O tradicionalismo tem aspectos especiais e específicos, que são culturais e divididos em ciências e artes. Os aspectos especiais são cinco e todos são fundamentais: do aspecto cívico com as bandeiras e o hino; o aspecto filosófico, dado pelos quatro documentos básicos que norteiam obrigatoriamente todos os centros de tradições gaúchas; o outro aspecto é o ético, ou seja, o que é permitido e o que é proibido dentro das entidades tradicionalistas, mas informalmente; há também o aspecto associativo, onde toda a entidade tradicionalista tem, obrigatoriamente, o caráter de associação civil, organizada e R E V I S T AV I S Ã O

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As heranças sulistas são observadas não só em eventos, mas nos costumes, trejeitos e vivência do lageano

registrada de acordo com a lei brasileira; e por fim, o aspecto recreativo, com a roda de mate, o churrasco, o arroz-de-carreteiro, o cigarro palheiro e o fandango, momento de recreação por excelência do tradicionalismo.

A relação: Lages e Rio Grande do Sul

Laélio Bianchini exibe com orgulho a herança tradicionalista 75

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Mas não é só das lidas do campo e por causa do Caminho das Tropas que Lages se relaciona historicamente com o Rio Grande do Sul. Enquanto a atividade campestre fazia parte do cotidiano lageano, o município participou junto aos gaúchos de um dos principais embates do Sul do Brasil: A Guerra dos Farrapos, ou Revolução Farroupilha. Conhecida guerra regional, de caráter republicano, contra o governo imperial do Brasil, na então província de São Pedro (RS), resultou na declaração de independência da província de São Pedro do Rio Grande como estado republicano, dando origem à República Rio-Grandense. Estendeu-se por 10 anos: de 20 de setembro de 1835 a 1º de março de 1845. A revolução chegou a expandir-se à costa brasileira, em Laguna, com a proclamação da República Juliana e ao Planalto Catarinense, em Lages.

Lages foi anexada ao RS Em 9 de março de 1838, durante a revolução, os Farroupilhas – nome dado aos que se revoltaram contra o governo imperial – invadiram Lages, anexando a vila à República Rio-Grandense, com o apoio de alguns fazendeiros locais. Este fato causou grande exaltação entre os revolucionários: era a primeira conquista farrapa fora do Rio Grande. Depois da queda de Laguna (anexada também aos Farroupilhas), as tropas farrapas tomaram o caminho de Lages para retornar ao Rio Grande do Sul. Enquanto isso, o governo imperial havia decidido enviar um contingente de tropas ao Sul pelo interior, com a missão de retomar Lages e depois auxiliar contra o cerco de Porto Alegre pelos farrapos. Em Rio Negro, reuniram-se 1.500 homens, vindos do Rio de Janeiro, Curitiba, Paranaguá, Antonina e Campo do Tenente, deslocando-se para Santa Cecília, onde acamparam em 25 de outubro de 1839.

Legalistas retomam o controle Travando pequenos combates com piquetes, os Legalistas, através dos Campos dos Curitibanos e Campos Novos, chegaram a Lages em novembro, onde retomaram a vila.




PERSONALIDADES

ANTÔNIO CORRÊA PINTO DE MACEDO

O Fundador

Antônio Corrêa Pinto de Macedo nasceu em Portugal, em 1719. Veio ao Brasil com 14 anos. Casou com 40. Chegou em Lages para fundar a cidade com 47. E morreu aqui, em 1783, com 64 anos, sem deixar filhos.

L

ages foi fundada oficialmente em 22 de novembro de 1766 (há exatos 250 anos atrás). A data lembra o dia em que chegou à cidade o seu fundador, Antônio Corrêa Pinto de Macedo. O Livro de Licurgo Costa, “O Continente das Lagens – Vol. I”, citado na obra “ACIL e seu compromisso com a Serra Catarinense”, publicado no ano 2000, conta, em sua página 17, como isso aconteceu: “Por ato de 9 de julho de 1766, Dom Luiz Antônio de Souza Botelho e Mourão, Governador e Capitão-General da Capitania de São Paulo, nomeou o sertanista Antônio Corrêa Pinto de Macedo, Capitão-Mor Regente do Sertão de Curitiba, com a incumbência de fundar no extremo Sul da Capitania, uma póvoa que até pela sua própria existência desestimulasse os castelhanos (espanhóis) de tentarem, como vinham fazendo, invadir área pertencente a Portugal. A área em referência era a dos Campos das Lagens, por onde cruzava a Estrada dos Conventos, aberta por Francisco de Souza Faria e retificada por Christóvão Pereira de Abreu, sendo entregue ao uso entre 1729 e 1730”, fecha o texto.

Capitão-Mor já tinha fazendas em Lages

legenda legenda legenda legenda legenda legenda legenda legenda legenda legenda

Antônio Corrêa Pinto, quando aqui chegou, veio “designado” pelo Governo de São Paulo para fundar uma “Póvoa” (povoado). E o objetivo era muito claro: ajudar a conter os castelhanos que poderiam se aventurar a tomar as terras portuguesas destas paragens. No entanto, ele tinha também outros interesses. Em publicação feita em um blog específico sobre a história de Lages, a estudiosa do assunto Tânia Arruda Kotchergenko conta que ao chegar aqui, Antônio Corrêa Pinto já tinha duas fazendas (uma em Vacaria e outra em Lages, a maior delas). Essas terras que ele acabou dono, provavelmente, eram áreas devolutas. Para fundar a Vila de Lages, Corrêa Pinto trouxe consigo muitos animais (cavalos e mulas), além de grande número de escravos (não encontramos em nenhum documento a quantidade exata de quantos seriam) e algumas famílias desbravadoras. Ele tomou o cuidado de trazer com ele alguns pedreiros, carpinteiros, ferreiros e pelo menos um mestre de obras, Caetano Saldanha, além de inúmeros instrumentos de trabalho e ferramentas. “Lages, sob a proteção da padroeira – Nossa Senhora dos Prazeres – começou no local Taipas, no qual havia uma igreja dos tropeiros. Logo foi abandonado aquele sítio, iniciando-se um núcleo de povoamento próximo ao Rio Canoas (hoje município de Correia Pinto). Somente em 22 de maio de 1771 foi fundada Lages no atual lugar onde se encontra”, cita um texto extraído da Wikipédia. R E V I S T AV I S Ã O

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foto | Gugu Garcia

Quem era Corrêa Pinto? Quanto chegou a Lages, em 22/11/1766, Antônio Corrêa Pinto de Macedo tinha 47 anos. Ele nasceu no interior de Portugal (na região de Braga), no dia 12 de junho de 1719, filho de Luiz Côrrea Pinto e Antônia de Souza Macedo. Com 13 anos, mudou-se para Lisboa. Poucos meses depois, veio para o Brasil e foi morar com um tio na cidade do Rio de Janeiro. Com 14 anos, mudou-se para “as Minas Gerais”. Naquele período, aquela região do Brasil fervilhava de gente atrás da “febre do ouro”. E Côrrea Pinto, mesmo jovem, lidava como negociante de ouro e de prata. Aos 19 anos, mudou-se para São Paulo. E em seguida para Santos (viveu pouco tempo nessas cidades – sempre comercializando alguma coisa). E pouco depois, em 1738, rumou para liderar várias campanhas na região de São Pedro do Rio Grande (RS). No período de 1738 até 1959 – durante 21 anos – Côrrea Pinto passava o maior tempo nas terras do Rio Grande do Sul. E neste período, fez pelo menos três viagens a São Paulo negociando gado, cavalos e muares (virou tropeiro). Ele adquiria os animais no Rio Grande do Sul (região de Viamão ou nas reduções jesuíticas – gado criado pelos indígenas e pelos padres jesuítas). E transportava em tropas, passando por Lages e chegando a Sorocaba (SP), onde eram comercializados. Essas viagens, de acordo com os registros históricos, não demoravam menos do que 6 meses.

Para fundar a Vila de Lages, Corrêa Pinto trouxe consigo muitos animais, além de grande número de escravos e algumas famílias desbravadoras.

Casou com 40 anos Em uma dessas viagens a São Paulo, no dia 26 de julho de 1759, ele casou com a jovem Maria Benta de Oliveira (os documentos não falam a idade – só citam que era menor). Foi na Vila Santana de Parnaíba (próximo a São Paulo). Na época (quando casou), Antônio Côrrea Pinto tinha 40 anos de idade. E quando chegou em Lages, sete anos depois, estava com 47. A viagem que ele fez de São Paulo (quando foi nomeado Capitão-Mor) até Lages, demorou pelo menos quatro meses para ser realizada.

A Vila de Lages começou em 1740 O historiador Licurgo Costa diz que Lages começou a ser povoada porque era caminho de parada e de descanso das tropas. Vindos do Rio Grande do Sul, esses animais se desgastavam muito com o deslocamento. E precisavam parar algum tempo para se recuperar, o que podia levar até seis meses já que Lages tinha ótimas pastagens. Nessas paradas, os tropeiros por aqui permaneciam. E alguns até se arriscavam a vender alguns animais para quem vinha comprá-los antes mesmo de sua chegada a Sorocaba. Então, Lages começou a ser estabelecida a partir de 1740, de acordo com esses relatos. E, aos poucos, além da pequena feira de animais, também foram sendo criados alguns comércios. Logo que chegou a Lages, com a esposa, muitos escravos e algumas famílias (que também foram legalizando terras devolutas para elas próprias), Corrêa Pinto implantou por aqui um moinho de fubá (farinha de milho), uma ferraria e uma olaria. 79

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Viveu apenas 17 anos na cidade Antônio Corrêa Pinto viveu apenas 17 anos em Lages. Ele morreu no dia 28 de setembro de 1783, aos 64 anos. Deixou a esposa Maria Benta de Oliveira como viúva. E nenhum filho como herdeiro. Os bens que possuía, deixou em testamento à viúva, com uma ressalva explícita. Se ela casasse novamente (o que acabou acontecendo visto que era bem mais nova do que ele), deveria deixar metade de seus bens com as irmãs dele, ou com os sobrinhos (filhos das irmãs). E a outra metade poderia usufruir. O fundador de Lages foi sepultado no dia 29 de setembro de 1783, na Vila de Lages. E seu corpo foi enterrado na igrejinha da época, “acima do arco e ao pé dos degraus do presbitério”, cita o livro de Licurgo Costa. Seus restos mortais estão hoje depositados na Catedral da cidade, juntamente com os restos mortais de Frei Egídio Lother (que começou a construção da Catedral). Em homenagem ao fundador da cidade – um desbravador – há vários símbolos que lembram o seu nome. O primeiro deles é a cidade e o município de Correia Pinto, onde ele teria se estabelecido para iniciar a construção da cidade (às margens do Rio Canoas). Há também uma estátua em bronze, no início da Rua Correia Pinto (com três metros de altura e pesando 500 kg), implantada no local no dia 22/11/1966 (quando Lages completou 200 anos de fundação). E a própria rua em sua homenagem, no centro da cidade, além da denominação do aeródromo da cidade – que leva o nome de “Aeroporto Federal Antônio Corrêa Pinto de Macedo”.


PERSONALIDADES

NEREU RAMOS

Terrae dedeseisNereu Ramos governadores A política sempre esteve no sangue do lageano. Nos seus 250 anos de história, Lages sempre teve grande destaque neste quesito. Tanto que o município viu nascer em seu solo o único catarinense até hoje a chegar à Presidência da República, Nereu Ramos, além de mais cinco governadores (seis ao todo, incluindo o próprio Nereu).

P

oucos municípios de porte médio do Brasil (e localizados no interior) têm ou tiveram tanta importância política para seu respectivo Estado como Lages. Em Santa Catarina, a cidade teve maior importância nesta questão do que todas as 294 demais, separadamente, incluindo a capital, Florianópolis. Essa importância pode ser comprovada em números. É de Lages o único catarinense até hoje a ocupar a cadeira de Presidente da República, Nereu Ramos. Aqui também nasceram seis diferentes governadores, incluindo o atual, Raimundo Colombo. Isso sem falar nos diversos senadores, deputados federais e estaduais que a cidade – ao longo dos anos – elegeu ou viu passar pelos parlamentos da Capital (Florianópolis), Rio de Janeiro (quando a capital do Brasil ainda era lá) e Brasília.

Nereu Ramos – Infância e Juventude Nereu de Oliveira Ramos nasceu em 03 de setembro de 1888, em Lages. É o segundo filho

mais velho do casal Vidal José de Oliveira Ramos e de Júlia Ribeiro de Sousa Ramos, que tiveram 14 filhos. Iniciou seus estudos no interior de Lages, na Fazenda Santa Tereza (que pertencia aos pais). Completou seus estudos em Humanidades no Colégio Nossa Senhora da Conceição, em São Leopoldo, em seguida concluindo bacharelado em Letras (em São Leopoldo). Depois, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, onde se graduou bacharel em Direito em 1909. Em toda a sua vida, atuou no jornalismo e na política, além de advogado e ocupando vários cargos públicos.

Governador por 10 anos Em 1911, quando seu pai, Vidal Ramos, ocupava o Governo de SC (período de 1910 a 1914), Nereu elegeu-se deputado estadual. Em 1919, depois de um tempo fora da política, voltou a ser eleito para deputado estadual. Em 1927, fundou o Partido Liberal Catarinense, tendo sido seu priR E V I S T AV I S Ã O

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foto | Divulgação

Cidade de grandes políticos, era de se esperar que um deles tivesse chegado à Presidência, sendo Nereu Ramos o único de SC a ocupar o cargo

meiro presidente. Em 1930, foi eleito deputado federal, mas do presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, devido com o fechamento do Congresso (ditadura Vargas) teve o ao Movimento de 11 de novembro. Como Presidente, ficou no seu mandato extinto. Apoiou a Revolução Constitucionalista cargo apenas dois meses e 21 dias – de 11 de novembro de em 1932 e no ano seguinte foi eleito deputado constituinte. 1955 a 31 de janeiro de 1956). Foi ministro da justiça no goEm 1932, enquanto deputado federal, foi um dos fundadoverno de Kubitschek até novembro de 1957, quando voltou ao res da Faculdade de Direito de SC, onde passou a lecionar Senado. Direito Constitucional e Teoria do Estado. Fundou também No dia 16 de junho de 1958, quando em companhia do alguns jornais, onde escrevia. então governador Jorge Lacerda Em 1935 foi eleito goverse dirigia a Brasília, o avião em nador de Santa Catarina, sendo que os dois estavam, um ConÉ de Lages o único catarinense nomeado interventor em 1937, vair, da empresa aérea Cruzeiro do ficando no cargo até 1945. Sul, caiu em São José dos Pinhais até hoje a ocupar a cadeira de Em 1946, foi eleito deputado (PR), próximo a Curitiba, deixanPresidente da República, Nereu e senador pelo PSD. Presidente do Nereu Ramos e Jorge Lacerda, Ramos. Aqui também nasceram além do piloto, vítimas fatais. da Câmara de Deputados, em 1951, e vice-presidente do SeO corpo de Nereu Ramos seis diferentes governadores. nado, em 1955. foi enterrado no Rio de Janeiro. Mas durante a primeira admiPresidência da República nistração de Raimundo Colombo como prefeito de Lages, em 03/09/1992, a família concordou em trazer seus restos mortais Em 11 de novembro de 1955, Nereu Ramos assumiu a presie alguns pertences para Lages, onde foram colocados à visitadência do Brasil, após o suicídio do presidente Getúlio Varção pública no Monumento a Nereu Ramos (ao lado do Centro gas. Havia o impedimento do vice-presidente Café Filho e Cultural Vidal Ramos – Colégio Rosa). 81

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PERSONALIDADES

NEREU RAMOS

Outros governadores que Lages deu a SC 1898 a 1902 e de 1914 a 1918

1910 a 1914

1933 a 1935

FELIPE SCHMIDT – Nasceu em Lages em 04/05/1859, filho de Felipe Schmidt e Felisbina Maria Michaels. A família mudou-se para Tijucas, onde Felipe Schmidt iniciou seus estudos. Foi general do Exército, formado em Engenharia Militar (1º lageano que se tem notícia formado em curso superior). Ocupou o Governo de SC por oito anos, em duas oportunidades, de 1898 a 1902 e de 1914 a 1918 (durante a I Guerra Mundial).

VIDAL JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS – Nasceu em 24 de outubro de 1866. Casou com Júlia Ribeiro de Sousa Ramos, com quem teve 14 filhos (entre eles, dois governadores e um prefeito de Lages por três mandatos). Faleceu em 02 de janeiro de 1954. Fez notável carreira política. Foi deputado provincial, superintendente municipal (prefeito), vice-governador, governador, deputado federal e senador. Ocupou o governo de SC entre 1910 e 1914.

ARISTILIANO LAUREANO RAMOS – Nasceu em Lages em 10 de maio de 1888. Filho de Belizário José de Oliveira Ramos e de Teodora Ribeiro Ramos. Foi deputado estadual, prefeito interino e interventor federal em Santa Catarina (Ditadura Vargas) no período de 1933 a 1935.

1935 a 1945

1961 a 1966

2010 a 2018

NEREU RAMOS – Segundo filho mais velho de Vidal Ramos, foi deputado estadual, deputado federal, governador, deputado federal, Presidente da Câmara dos Deputados, Vice-presidente do Senado e Presidente da República. Esteve à frente do Governo de SC no período de 1935 a 1945, por 10 anos.

CELSO RAMOS – Filho de Vidal Ramos e irmão de Nereu Ramos. Nasceu em 18 de dezembro de 1897. Foi presidente do Avaí FC (1941 a 1946). Presidente e fundador do SENAI em SC. Esteve à frente do Governo de SC no período de 1961 a 1966. Em sua homenagem, foram criados dois municípios de SC, Governador Celso Ramos e Celso Ramos.

JOÃO RAIMUNDO COLOMBO – Nasceu em 28 de fevereiro de 1955, em Lages. Foi deputado estadual, deputado federal, prefeito de Lages por três mandatos, Senador da República e governador (em exercício de mandato). Elegeu-se em 2010 para um mandato de 4 anos, sendo reeleito em 2014 para um segundo mandato, até 2018. R E V I S T AV I S Ã O

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Transul, presente hรก 47 anos no desenvolvimento de Lages. DESDE 1969


SAÚDE

HOSPITAIS

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e grande polo deOSaúde Regional

Andando pelas ruas de Lages, em qualquer dia da semana, você certamente vai se deparar com vans, ambulâncias e veículos oficiais de várias prefeituras catarinenses. São viaturas que diariamente chegam até aqui para trazer pacientes de vários municípios do Estado para fazer consultas, exames ou passar por algum procedimento de saúde.

município conta com quatro diferentes hospitais (além de um hospital veterinário), várias clínicas e dezenas de laboratórios privados. Conta ainda com curso superior de Medicina (Uniplac) e vários outros cursos superiores no segmento como Enfermagem, Biomedicina, Psicologia, Fisioterapia e Farmácia.

Hospital Tereza Ramos (HTR) O maior hospital é público e integra o sistema de saúde do Estado. Trata-se do Hospital Tereza Ramos (HTR), que inclusive encontra-se em obras de ampliação. O antigo HospiR E V I S T AV I S Ã O

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foto | Gugu Garcia

O Hospital Tereza Ramos coloca à disposição da população da região um total de 204 leitos. A nova ala vai disponibilizar outros 90 leitos para internação, 30 novos leitos de UTI além de centro cirúrgico com 10 novas salas. Nova ala no HTR está em construção

O Hospital Tereza Ramos foi criado há 73 anos e em breve vai ampliar os atendimentos com a inauguração da nova ala

tal Geral e Maternidade Tereza Ramos (HGMTR), hoje simplesmente HTR, foi implantado pelo então Governador Nereu Ramos. Começou a funcionar em 1943. E completará 73 anos no dia 19 de dezembro de 2016. O hospital antigo (sem contar a ampliação) tem 16 mil m² de área construída. E coloca à disposição da população de uma vasta região um total de 204 leitos, distribuídos entre: clínica médica, cirúrgica, ginecológica e obstétrica, UTI neonatal, berçário, unidade de tratamento de queimados e unidade oncológica (tratamento contra o câncer, através de quimioterapia e radioterapia). Possui também estrutura completa, equipada e em pleno funcionamento de centro cirúrgico e centro obstétrico, central de esterilização, serviço de apoio e diagnóstico como ultrassonografia, radiologia e ressonância magnética. Na estrutura de atendimento, são pelo menos 700 profissionais atuando nos mais diversos setores como médicos, enfermeiros, limpeza, segurança, cozinha, etc. 85

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No dia 12 de julho de 2013, num grande evento, o Governador Raimundo Colombo assinou a ordem de serviço para que a empreiteira vencedora da licitação iniciasse imediatamente a construção da nova ala do Hospital Tereza Ramos, uma obra com 8 pavimentos, que compreende 90 novos leitos para internação, 30 novos leitos de UTI, centro cirúrgico com 10 novas salas, 18 leitos de recuperação cirúrgica, além de uma série de outros setores, serviços e dispositivos de saúde (inclusive com heliporto para receber pacientes traumatizados vindos por aeronaves), um investimento total de R$ 44,9 milhões. O prazo inicial para o fim desta obra seria janeiro de 2015 (18 meses). Mas, passados mais de três anos daquela data, o prédio ainda não está pronto. E não se sabe quando ficará. Naquele mesmo evento foi dado início às operações do setor de radioterapia naquele hospital – um investimento de R$ 3,2 milhões só na etapa final e que demorou pelo menos 10 anos para ser implantado (as primeiras ações, lembrava a deputada federal Carmen Zanotto, começaram ainda na administração do prefeito Fernando Coruja, passaram por Décio Ribeiro e se aprofundaram durante o Governo de LHS). A radioterapia de Lages atende 80 pacientes/mês – pessoas que muitas vezes precisam ficar dias e até um mês inteiro fora de casa, em tratamento – o que lhes causa grandes transtornos nos deslocamentos e na permanência nestes locais (Florianópolis ou outras cidades).

Hospital Nossa Senhora dos Prazeres O Hospital Nossa Senhora dos Prazeres (HNSP) é de caráter filantrópico (sem fins lucrativos). Pertence à congregação das Irmãs da Divina Providência, responsáveis pelo estabelecimento desde sua fundação, em 1913. Um ano antes, em 1912, as referidas irmãs, que cuidavam de doentes em Lages, com o aumento do número de pacientes, compraram dos freis Franciscanos o então Colégio São José, localizado entre as ruas Hercílio Luz e Lauro Müller, no centro de Lages (próximo ao atual Colégio Bom Jesus). Em 1915 é que passou a funcionar o primeiro hospital de Lages e da região – o HNSP. Atualmente, o HNSP conta com 197 leitos, dos quais 10 são de UTI para cirurgias gerais, sendo referência nas especialidades de neurocirurgia e alta complexidade em traumato-ortopedia. O HNSP conta também com serviço de Urgência e Emergência (24 horas). E é o único da região que recebe pacientes que sofreram algum tipo de traumatismo, como: acidentes automobilísticos, quedas, ferimentos em competições esportivas (jogos), brigas (com facas ou tiros), etc. O


SAÚDE

HOSPITAIS

HNSP dispõe também de uma Clínica Cardiológica (particular). E com unidade de internação psiquiátrica (30 leitos). Embora atenda também a pacientes particulares e convênios de saúde, em torno de 80% dos atendimentos e procedimentos realizados no HNSP são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Hospital Infantil Seara do Bem (HISB) No bairro Conta Dinheiro, funciona o Hospital Infantil Seara do Bem (HISB), que atende crianças e adolescentes de 0 até 16 anos. O hospital, também de caráter filantrópico, sem fins lucrativos, pertence à Associação Beneficente Seara do Bem, fundada em 25 de dezembro de 1945. No entanto, a entidade começou a sair do papel apenas em 1951, quando começaram a ser realizadas campanhas junto à comunidade para arrecadar fundos com o objetivo de implantar em Lages um hospital infantil. O objetivo foi concretizado, no entanto, apenas no dia 30 de junho de 1968, quando aquele hospital começou efetivamente a funcionar. É o único do interior de Santa Catarina especializado em pediatria e faz parte do Sistema Estadual de Referência Hospitalar. Em 2004, o HISB implantou uma ala para atendimentos de pacientes com câncer (crianças). Em 2012, a instituição também implantou um serviço de urgência e emergência 24 horas. Mais recentemente, em 16/09/2016, foi inaugurado o Centro de Diagnósticos por Imagem dentro do hospital, um investimento do Governo do Estado de R$ 2,7 milhões. O HISB conta com 10 leitos de UTI, 84 leitos ativos para clínica e cirurgia, mais de 150 funcionários (sendo em torno de 50 médicos). E atende em torno de 7 a 8 mil crianças por mês no pronto atendimento. O HISB realiza os seguintes serviços: tratamento clínico-pediátrico; tratamento clínico-pediátrico em UTI Tipo 2;

cirurgia geral pediátrica; fisioterapia; hemoterapia; radiologia; acesso à tomografia; nutrição enteral e parenteral; neurocirurgia pediátrica; ortopedia pediátrica; oftalmologia pediátrica; otorrinolaringologia pediátrica; pronto atendimento para emergências; classe hospitalar; acesso à ressonância magnética; brinquedoteca; pneumonia pediátrica; gastroenterologia pediátrica; neonatologia e acesso à ultrassonografia.

Hospital Dr. Bermiro Saggioratto Em 2016, o Hospital de Clínicas Dr. Bermiro Saggioratto, localizado no bairro Sagrado Coração de Jesus, completou 30 anos de fundação. No começo, consolidou-se como clínica e maternidade Clini Mulher, ampliando posteriormente suas especialidades e evoluindo para hospital. É um hospital privado, cujo principal acionista é seu fundador, Dr. Bermiro, juntamente com sua esposa, Herta Saggioratto. Em obras de ampliação, dentro de pouco tempo, o hospital Dr. Bermiro vai inaugurar novas alas, ampliando e melhorando as condições de atendimento aos pacientes em praticamente todas as especialidades (exceto pediatria). No dia 27 de novembro de 2015 iniciaram outros serviços dentro daquele hospital, através de uma parceria com o grupo Digimax Medicina Diagnóstica, responsável desde então por toda a área de imagens como ressonância nuclearmagnética, tomografia computadorizada, ultrassonografia, mamografia, raios-X e densitometria óssea. Em breve, deverão ser inaugurados também os serviços de UTI, hemodinâmica, cirurgias cardíacas e neurocirurgias. foto | Gugu Garcia

O Hospital Infantil Seara do Bem atende crianças e adolescentes de 0 até 16 anos, de Lages e região serrana R E V I S T AV I S Ã O

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DEPOIMENTOS

LIDERANÇAS E CIDADÃOS

“Ser lageano é ser valente, educado e respeitoso”

S Érico Paes de Campos Professor e historiador

er lageano para mim é conhecer a luta dura do campo, sem perder a gentileza no trato com as pessoas e ainda ter a felicidade de ao sair de casa para a rua, encontrar rostos amigos e receber calorosos abraços. É manter o legado cultural para que não se percam as raízes e a própria identidade. É também ser valente, entretanto ponderado, educado e muito respeitoso. Ser lageano para mim é ter orgulho da nossa terra e gente e cultivar a chama da “Palavra”, leia-se, compromisso aceso, onde um olhar e aperto de mão são levados a sério. É não precisar mais morar em outra

cidade para estudar, e assim ficar mais forte, sóbrio, cheio de vontade para aqui trabalhar e se manter. Ser lageano para mim é ver nos olhos das nossas crianças e jovens a esperança e fé de futuros melhores e perceber nos adultos que somos um povo autêntico, receptivo, caloroso sem deixar a essência do serrano para trás. É ter o privilégio de viver e apreciar as quatro estações do ano, se aquecer no inverno ao redor de um fogão a lenha ou lareira, ver o branco da geada e neve, curtir no calor do verão as águas que nossos riachos e piscinas nos proporcionam, ver as flores da primavera colorirem a cidade e ter no outono paisagens inesquecíveis.

“O que nos cumpre é preparar a Lages de amanhã”

L Névio Fernandes Jornalista e escritor

ages está comemorando 250 anos de fundação. O que nos cumpre é preparar a Lages de amanhã. Devemos contar a todos os nossos filhos e às gerações porvindouras, a história desta terra, para que do seu passado possamos colher o fruto e aplicar, com proveito no presente e por prevenção no futuro. Temos de encarar Lages como uma terra que tem sede de crescer. Mas para isso devemos trabalhar sem receio e nem temores, no desenvolvimento harmônico das

nossas riquezas e prosseguirmos cheios de entusiasmo e de fé pela larga estrada triunfal, que levará a Princesa da Serra à realização dos seus altos e nobres desígnios. Lages não é somente uma cidade. Antes de tudo, é um símbolo do esforço humano. A geração atual e as futuras lembrarão com saudades o pioneirismo de seus antepassados. Cidade poderosa e vibrante, em cada passo sentimos o espírito construtivo de seu fundador, Antônio Corrêa Pinto.

“Para mim, ser lageano é ter nascido com sorte”

S Altenir Agostini Coordenador Regional do Sebrae Lages

er lageano é ter tido a oportunidade de, na infância, jogar bola nos campinhos do bairro, ficar na rua até anoitecer, ir para a aula de manhã cedo quebrando poças d´água congeladas pela geada. Nos dias de hoje, é poder encontrar rostos familiares nos lugares aonde se vai. Descobrir nos novos amigos, a velha hospitalidade e cumplicidade dos amigos de outrora. Levar os filhos no colégio onde estudou. E levá-los para assistir os jogos do Inter – de Lages! – assim como era levado pelo pai. Enfim, é a possibilidade e a oportunidade de reviver bons momentos.

Ser lageano é preservar a ligação com a terra, com as raízes. É querer bem ao nosso chão, mesmo sendo bastante crítico. É ter orgulho da nossa história. É querer ser melhor naquilo que faz, é ter posição, partido e ideais, e por eles lutar. Vejo Lages como terra promissora. Temos que batalhar incansavelmente para devolvê-la a seu lugar de destaque, à sua vocação, que é ser grande, ser importante e oferecer oportunidades para todos os que nasceram aqui e para aqueles que escolheram aqui viver.

“Sempre acreditei no potencial de Lages”

S Valmir Tortelli Empresário, Diretor da NDDigital e Presidente do Instituto Orion

er lageano para mim é motivo de orgulho. Sempre acreditei no potencial de Lages, por isso nunca pensei em mudar ou tentar “a vida” fora daqui. Cresci e fiz meus negócios crescerem nesta cidade. Aprendi muito com meu pai, mas foi com amigos e pessoas locais que aprendi a arte do empreendedorismo e do associativismo, le-

vando isso para outras fronteiras, sem sair de casa. Dificuldades todos têm! Mas viver em uma cidade tranquila, com qualidade de vida, onde muitas pessoas possuem alto conhecimento e referência nacional, que engatilha na onda da inovação, e ainda com aquele jeito peculiar “hômi do céu de ser” é, sem dúvida, uma honra.

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