revista warung #004 / primavera 2013
04 Sinta Catarina
32 Dica Local
08 Here and There
34 Eu fui: Berlim
14 Entrevista: Dixon
40 Música: Daft Punk
18 Soul Warung
44 Arte: Boa Mistura
20 Especial: Savages
47 Guia Primavera
26 Entrevista: Dubfire
62 Instarung
Feel Santa Catarina Here and there
Interview: Dixon Soul Warung
Special: Savages
Interview: Dubfire
Local tips
Been there: Berlin Music: Daft Punk Art: Boa Mistura Spring Guide Instarung
Expediente Coordenador
Diagramação
João Anzolin
Gustavo Marchesi
Projeto editorial
Capa
João Anzolin Bruna Calegari
Editora Bruna Calegari
Projeto gráfico Gustavo Marchesi
Foto: Camila Bibas Capa:Gustavo Marchesi
Tradução Zora Morgenthaler
Colaboradores
Marcinho Albani, Davi Paes e Lima, Fernanda Pinheiro, Mariana Censi, Marina Paiva, Marcelo Godoy, Fabio Bridges, Gustavo Marchesi, Patricia Muller Sary
Impresso no Parque Gráfico Posigraf Curitiba - Paraná - Revista impressa em papel offset 90 gramas
Revista Warung é uma publicação do Warung Beach
Club produzida por Hot Content Mídia & Conteúdo e Inkers Design. Todos os direitos reservados. Os artigos assinados nesta publicação são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam a opinião da revista, da editora ou do Warung Beach Club. A reprodução das matérias e dos artigos somente será permitida se previamente autorizada por escrito pela editora, com crédito da fonte.
04 | SINTA CATARINA
Feel Santa Catarina
Costeira Do Pirajuba茅, Florian贸polis - Enzo Almeida
Guarda do EmbaĂş - Enzo Almeida
Igreja Nossa Senhora das Necessidades, Florian贸polis - Enzo Almeida
08 | HERE AND THERE
Bridges for Music
Um projeto criado na África tem investido na música eletrônica para resolver um grande problema global atual, que é a falta de inclusão social. Através de workshops ministrados de graça em áreas carentes por gigantes do mundo da dance music como Richie Hawtin, Luciano e Skrillex, o objetivo da organização sem fins lucrativos é criar oportunidades para os menos favorecidos e inspirar pessoas ao redor do mundo todo através da música: bridgesformusic.org
Instagram Analógico A novidade que nem os fãs do Instagram estavam esperando vai muito além de uma nova lente externa ou aplicativo para manipular imagens. Com lançamento anunciado para o início de 2014, o Socialmatic é uma reinvenção da antiga câmera Polaroid Instamatic com a mesma característica de imprimir as fotos na hora. Fina, leve e portátil, a máquina segue o formato do ícone do Instagram e lembra um iPhone 5 quadrado. Ao tirar uma foto, o usuário tem duas opções: imprimir na hora, no formato de uma Polaroid, ou enviar para a rede social de fotos através de uma conexão wi-fi. social-matic.com
Bridges for music A project created in Africa has invested in electronic music to solve a global problem: the lack of social inclusion. Through free workshops at no cost, offered in destitute areas by giants in of the world of dance music such as Richie Hawtin, Luciano and Skrillex, the nonprofit organization’s goal is to create opportunities for the disadvantaged and inspire people around the world through music. Join this initiative: bridgesformusic.org
Polaroid + Instagram The news not even Instagram fans expected goes far beyond a new attachable lens or app for manipulating images. With a planned release date at the beginning of 2014, Socialmatic is a Polaroid Instamatic’s reinvention, maintaining its original’s capacity to print instant photos. Light, slender and portable, the camera has Instagram’s icon for shape and bears resemblance to a squared version of an iPhone5. When taking a picture, the user has two options: instantly print the image in Polaroid format or send it to the photo social media using Wi-Fi. social-matic.com
Black Belt Renato Ratier é responsável por assinar o último lançamento da D-Edge Records, marcando a estreia de seu primeiro álbum – Black Belt. Após lançamentos expressivos como “Lucky” e “Soul Machine, a compilação chega passando pelo slo mo, pelo deep house mais ambient e recheada de grooves com influências disco e psicodélicas. O empresário, DJ e produtor, que é parte do Warung Savages, afirma que seu objetivo não foi criar uma sequência de músicas dançantes, mas uma jornada por texturas analógicas com pegada pouco familiar misturadas a melodias futurísticas. Black Belt está disponível em formato digital, CD e vinil.
Sphero: o brinquedo para adultos
Sphero é uma bola robótica dirigida pelo seu smartphone ou tablet via Bluetooth. Possibilita mudanças de cor e diversas formas de controle: por movimento, por toque, por desenho, e até no modo golfe. Ela pode atingir uma velocidade de até 2 metros por segundo (o que, levando em consideração a escala de cada item é quase a mesma velocidade de uma Lamborghini!) e possui painéis de LED que possibilitam mudanças na cor. Quem adquirir a nova versão da bolinha (2.0) leva também duas capinhas que possibilitam interação com a água e mais dinamismo ao movimentar-se dentro de casa. Preço: US$129,99. gosphero.com
Sphero: the toy for grown-ups Black Belt Renato Ratier is responsible for signing the brand label’s latest release – and his first album – Black Belt. Following a few expressive releases, such as Lucky and Soul Machine, the compilation travels through slo mo and ambient deep house and is groove-packed with disco and psychedelic influences. The businessman, DJ and producer, who is also a member of Warung Savages, asserts his goal wasn’t to create a sequence of dance floor hits, instead it is meant to be a journey through analogic textures with a more familiar feel mixed with futuristic melodies. Black Belt is available in MP3, CD and vinyl.
Sphero is a robot ball that you drive with your smartphone or tablet via Bluetooth. It changes colour and can be controlled in several ways: movement, touch, drawing and even on golf mode. It reaches a speed of up to 2mts/sec (which, considering each item’s scale, is practically the same speed as a Lamborghini!) and possesses and LED panel that enables colour change. Whoever buys the ball’s new version (2.0) will also get two covers that allow water interaction and greater dynamic movement when moving indoors. Price: US$129.99. gosphero.com
Jardins improváveis O botânico francês Patrick Blanck tem uma visão peculiar do conceito de jardins: não satisfeito em espalhar plantas por espaços distribuídos horizontalmente, há anos ele trabalha com o conceito de “muros vegetais”. A ideia de Patrick é aproveitar ao máximo os espaços verticais, como as laterais dos edifícios que não possuem janelas e formam incômodos paredões, para criar espaços verdes repletos de vegetação e com muitos metros de altitude. O francês já realizou mais de 250 intervenções pelo mundo em cidades como Paris, Londres, Madri, Berlim e até mesmo no Rio de Janeiro. A ideia ganha cada vez mais adeptos e já é chamada por muitos de “jardins do futuro”, se considerando os problemas de falta de espaço das grandes cidades.
Cabelos curtos: a moda voltou! O primeiro penteado curto que virou moda surgiu na década de 20. Encabeçado por Louise Brooks, criou-se o corte “La Garçonne” (fios bem curtos e franja na altura dos olhos). Na época a mudança representou uma quebra de paradigmas: celebrava a nova geração de mulheres que, pela primeira vez, não vestiam espartilhos, fumavam cigarros, bebiam licores fortes, dirigiam e iam trabalhar. Por muito tempo este “grito” do feminismo ficou esquecido - até agora. Celebridades como Beyoncé, Miley Cyrus e Rita Ora aderiram ao novo visual com muita personalidade e poucos fios, celebrando a feminilidade e independência.
Short hair is back! The first time short hair made it to the hall of fame was in the 20s. A breed of young women, headed by Louise Brooks’ were responsible for coining the style “La Garçonne” – short bobbed hair and bangs down to the eyes. At the time, the change represented a breach of paradigm: it celebrated a new generation of women who, for the first time, did not wear corsets, smoked cigarettes, drank heavily, drove and went to work. This feminist “cry” had been forgotten for a while – until now. Celebrities like Beyoncé, Miley Cyrus and Rita Ora have all given in to the new look, celebrating femininity and independence with a lot of personality and very little hair.
Improbable Gardens The French botanist, Patrick Blanc has a peculiar view when it comes to gardens: not satisfied with covering horizontal spaces with plants, he invented the vertical garden. Patrick’s idea aims to make maximum use of vertical spaces, such as the windowless sides of buildings that form enormous, inconvenient walls, to create green areas capable of covering several meters of altitude. The Frenchman has executed over 250 interventions on walls all over the world from Paris to London, Madrid and Berlin and even in Rio de Janeiro. The idea has gained several followers and is already being called by many as the “garden of the future”; considering the lack of space found in big cities.
Na fossa com design
Playlist mental Quem gosta de ouvir música o tempo todo já conhece sites que organizam playlists de acordo com o momento, como o stereomood.com. Mas e se houvesse um jeito de ouvir a playlist perfeita sempre? De acordo com o coletivo japonês Neurowear, isto já é possível: eles criaram um fone de ouvido que seleciona a melhor música através de um breve escaneamento do seu subconsciente, o Mico. O sistema, composto por um aplicativo para celular e um headphone com dispositivo frontal, promete acertar sempre o estilo de música dependendo do seu humor, sem a necessidade de fazer nada além de usar o fone e dar o “play”! micobyneurowear.com
Lanna Collares não sabe se foi a mãe quem disse ou se leu em um livro, que o amor demora seis meses para ser curado. De qualquer forma, o amor eventualmente acabou e a designer gaúcha decidiu curar sua fossa de maneira bem criativa, criando um tumblr onde, a cada dia, posta um cartaz original ilustrado com uma frase relacionada ao maior dos sentimentos. “Acho que 180 dias é tempo suficiente pra lembrar com carinho e esquecer só a parte que é pra esquecer. É um tempo de se dar tempo”, diz ela. Na época da superexposição virtual, é indiscutível que Lanna soube usar a web a seu favor – ou a favor do amor. 180cartazesparasairdafossa.tumblr.com
Heart-healing design
Mental playlist
She’s not sure if it was something her mother told her or if she read it in a book, but it’s been said that love takes six months to heal. Wherever the theory came from, love eventually ended and Lanna Collares, a designer from southern Brazil, decided to heal (or heed) her broken heart in a very creative way: creating a tumblr where, every day, she posts an originally illustrated banner with a phrase related to the grandest of emotions. “I think 180 days should be enough to look back with love and forget only that which needs to be forgotten. It’s a good enough break to give yourself a break”, says Lanna. In these virtually overexposed times in which we live in, it is unarguable that Lanna was able to use the web in her favour – or in love’s favour. 180cartazesparasairdafossa.tumblr.com
If you’re one of those people who listens to music ALL of the time, you have probably heard of a few websites that organize playlists according to your mood, like stereomood.com. But what if there were a way to always listen to the perfect playlist? According to the Japanese collective Neurowear, this is already possible by using a headphone that selects the best music for the moment based on a brief scan of your subconscious: meet Mico. The system is composed of a phone app linked to a headphone with a sensor fitted to your forehead and promises to always get the music right according to your mood, without having to do anything other than wearing the headphone and pressing play! micobyneurowear.com
Humor negro em quadrinhos Você já deve ter se deparado com um trabalho de Joan Cornellà em alguma timeline nos últimos meses: tirinhas muitas vezes non sense, absurdas e que sempre exageram no humor negro. As obras do cartunista espanhol são um “hit” em redes como Facebook, Instagram e Twitter e circulam despertando reações de amor e ódio graças ao excesso de sangue, armas e violência mesclados com enredos beirando o surrealismo. Acesse o blog através do QR code:
Dark comic strips You’ve probably come across Joan Cornellà’s work on some timeline over the last few months: absurd, nonsensical comics that are always overtly dark in humour. The Spanish cartoonist’s work is a hit on social networks like Facebook, Instagram and Twitter and make the rounds attracting equal measures of love and hate thanks to their excess of blood, weaponry and violence mixed with quasi-surreal storylines. Access the blog or use the QR code.
ANUNCIO
14 | ENTREVISTA
Por João Anzolin
Ouvindo qualquer um dos sets recentes do alemão Dixon, o que se destaca e fica visível até para o mais superficial ouvinte é a sensibilidade com que escolhe e mixa suas músicas, conquistada em anos de prática como residente em clubes de Berlim. Nesta entrevista, o DJ conta sobre a cena eletrônica mutante da capital alemã e pondera, como bossman do selo Innervisions, a dificuldade em tomar decisões relacionadas a música tendo que levar em conta a emoção e a racionalidade.
Você passou pelo Brasil no fim de 2012 e no começo de 2013. Como foram estas experiências? Bem, nas duas vezes foi ótimo, porque na Alemanha estávamos no inverno, então poder ir para um lugar quente como o Brasil já é excelente! Na verdade foram experiências bem diferentes: no fim de 2012 toquei em dois festivais, eram eventos muito grandes. Já no início de 2013 eu estava com Henrik [Schwarz] e Frank [a.k.a. Âme], que são parceiros de trabalho e amigos. Nós tocamos quatro noites seguidas, e apesar de exaustivo, foi muito bom. Tanto no D-Edge quanto no Warung tivemos ótimos momentos. No Rio, tivemos a oportunidade de ir ao Sambódromo no carnaval, uma experiência impressionante! Berlim é uma cidade-chave para a música eletrônica, e você nasceu e construiu sua carreira lá. Como cidadão berlinense, como você enxerga esta ligação da cidade com a música? Eu sou de Berlim, mas na realidade nunca me deixei influenciar muito pelas coisas típicas de lá, sempre fui em busca de coisas diferentes. Sempre tive a impressão de que eu era aquele cara que destoava do que estava acontecendo na cidade, e hoje provavelmente é a primeira vez na história que o meu som se enquadra ao som que acontece ali. Berlim é, na realidade, feita por pessoas de fora, e acredito que sua principal característica seja uma constante e permanente mudança. Quando você fala com as
“É só com DJs locais, aqueles que tocam todas as semanas em suas cidades, que é possível construir uma legítima comunidade em torno da música.” pessoas que vivem lá, elas sempre dizem que há dois, cinco ou dez anos atrás as coisas eram muito melhores, e ao mesmo tempo você vê muita gente nova atrás de coisas diferentes, o tempo todo. Sempre teremos o Watergate, Panorama Bar etc., mas existem muitos clubes pequenos e desconhecidos, que não agradam aos turistas mas são muito importantes para manter a cidade viva e se transformando, porque refrescam as coisas. Berlim tem muitos espaços livres, desocupados, então as coisas sempre mudam de lugar e começam a acontecer em bairros onde antes nada estava acontecendo. São ciclos que não vão acabar: a
cidade sempre vai encontrar espaços e pessoas dispostas a tentar coisas novas. Seja na música, na cultura, na gastronomia, a cidade tem uma capacidade muito grande de mudar e se reinventar. O Innervisions é um selo muito respeitado. Como se consegue credibilidade em um mercado que está sempre tão sujeito aos modismos e às mudanças? Os donos dos grandes selos sempre dirão que estão constantemente tentando se renovar, lançar coisas diferentes e “blá-blá-blá”, mas na verdade isto é muito difícil. É normal você gostar do som que está na moda e lançar tracks de artistas que estejam fazendo esse tipo de música, mas é muito arriscado: você pode escutar na hora e gostar, mas depois de alguns meses você pensa “bem, na verdade este som não é assim tão bom, ele era apenas novo!”, e isso é uma questão importante. Para evitar esses enganos, no Innervisions sempre tomamos as decisões com
“ It’s the local DJ, the onewho playsin their hometownevery week, who can really build a legitimate music community.” Anyone who’s heard any of Dixon’s latest sets will notice that the German DJ’s most visible and distinguished quality is his sensitivity when choosing and mixing music; a trait conquered over years of practice as a resident DJ of the Berlin club scene. In this interview, the DJ talks about the German capital city’s mutant, dance music scene and as the Innervision bossman, contemplates on the difficulty in making decisions related to music having to put both emotion and reason on the scale. You came to Brazil at the end of 2012 and the beginning of 2013. How were these visits? Well, both were great because we were in the height of winter over in Germany, so being able to leave and go somewhere warm like Brazil is a plus in itself! In reality, they were two very different experiences: at the end of 2012, I played two festivals, both very big events. In the beginning of 2013 I was with Henrik [Schwarz] and Frank (a.k.a. Âme), who are work partners and friends. We played four nights in a row and although it was quite exhausting, it was great. We had excellent moments both at D-Edge and at Warung. In Rio, we had the opportunity to watch the Carnival at the Sambadrome, an amazing experience! Berlin is one of dance music’s key cities and it’s where
you were born and built your career. As a Berliner, how do you see this connection between city and music? I’m from Berlin, but in actual fact I never allowed myself to be very influenced about its typical elements, I always went in search of the unknown. I was always under the impression that I was the guy who was out of touch with what was going on in the city and this is probably the first time ever that my music fits in with what people are listening to over there! Berlin is actually made up of outsiders and I believe its main feature is constant and permanent change. When you speak to people who live there, they always say that things were much better two, five or ten years ago and at the same time you see a lot of young people who are in search of something different, all of the time.We will always have Watergate, Panorama Bar etc., but there are several small, unknown clubs that don’t please the average tourist but are extremely important in maintaining the city alive and evolving, because they keep things fresh. Berlin has many available spots, unoccupied venues, so things are always changing location and start happening in neighbourhoods where nothing was happening before then. These are cycles that will never end: the city will always provide venues and people willing to try something new. Be it in music, culture or food, Berlin has an enormous capacity to change and reinvent itself.
muita calma. Particularmente acho que isso nos difere dos outros selos: lançamos pouco, cerca de 6 EPs por ano, mas lançamos coisas nas quais realmente acreditamos e consideramos originais. Claro que esse excesso de preocupação também nos traz problemas, afinal de contas pensar demais pode fazer você perder um pouco a sensibilidade e as oportunidades de momento, mas somos alemães e infelizmente não temos como analisar as coisas de um modo menos “racional” (risos).
vida, pela natureza, família, literatura, exibições de arte: acabamos carregando tudo isso para o estúdio e acredito que este conjunto é decisivo no trabalho final.
O processo de criação musical é sempre cheio de influências distintas - nem sempre musicais. Como você trabalha com elas?
Esta é uma questão muito séria: a importância dos DJs locais para as suas próprias cenas. Normalmente os residentes fazem só o warm-up e acabam não podendo mostrar todo o seu potencial. Mas só com DJs locais, aqueles que tocam todas as semanas em suas cidades, é possível construir uma legítima comunidade em torno da música. DJs estrangeiros são ótimas oportunidades de mostrar sonoridades inovadoras e trazer públicos interessados em coisas diferentes, mas só o DJ local é capaz de construir uma relação com o público, e assim dar início a uma comunidade. Do contrário, você não tem um cenário sólido, mas apenas uma sequência de festas. O residente é aquele cara que vai construir uma relação séria e profunda com o público, porque ele o conhece como ninguém e está criando a verdadeira história daquele local.
É curioso na verdade, porque acho que hoje o que menos me influencia é a música em si! É claro que as músicas são a maior referência sempre, mas no estúdio as coisas acontecem de maneira diferente, as influências que carregamos para produzir música são pouco óbvias e muitas vezes nem percebemos elas de imediato. Pesquiso música há mais de 20 anos e no início da minha carreira eu ia atrás de muitas coisas diferentes, desde drum’n’bass, breakbeats, alguns estilos mais exóticos, coisas percussivas... Mas nos últimos anos tenho me concentrado muito em deixar minha música mais simples. Em termos musicais, hoje o techno me diz muita coisa e me inspira muito, mas na verdade sou muito curioso pela
Innervisions is a highly respected label. How does one gain credibility in a market overrun by trends and changes? Every large label owner will say that they are always trying to modernize and release new material and “bla-bla-bla,” but in reality, that’s really had to do. I think that liking what’s hot at the moment and releasing tracks by artists who are making that kind of music is a normal thing to do. However, it’s also very risky: you might listen to something and like it then but a few months go by and you think, “well, to be honest this track isn’t that great, it was just new!”, and that is an essential point. To avoid that kind of situation we take our time making decisions at Innervisions. Personally, I think that’s what differentiates us from other labels: we release few tracks, around 6 EPs per year, but we release things we really believe in and consider original. This excess care also brings it share of problems of course, after all too much thinking can affect your sensibility and we might miss certain opportunities, but we’re German and unfortunately we can’t analyse things less “rationally” (laughs). Music’s creative process is always filled with a diversity of influences – not always musical. How do you work with them? This is interesting because I think that nowadays music is what influences me the least! Songs are obviously the greatest influences but in the studio things happen differently, the influences we use to produce music are not that obvious and quite often we don’t pick up on them immediately. I’ve been researching music for over 20 years
Você foi residente de muitos clubes por muitos anos, o que certamente foi decisivo em termos de experiência como DJ. No Brasil hoje alguns clubes lutam para valorizar seus residentes e os talentos locais. Como você avalia estas ações?
and in the beginning of my career I went through very different styles, from drum’n’bass and breakbeat to some more exotic genres, a lot of percussion… But over the last few years, I’ve focused more on simplifying my music. In terms of music today, techno really speaks to me and inspires me. In reality, I’m naturally curious about life, about nature, family, literature, art exhibitions: we end up taking all of that into the studio and I believe that it’s the sum of it all that makes a decisive difference on the result. You’ve been a resident at several clubs for many years, which most certainly affected your experience as a DJ. In Brazil, we see a few clubs making an effort to value their residents and local talent. What’s your take on this? This is an extremely important issue: the importance of local DJs in their own scenes. Residents normally play only warm-ups and end up not being able to show their full potential. But it’s the local DJ, the onewho playsin their hometown every week, who can really build a legitimate music community. Foreign DJs are great for showcasing new sounds and bringing in the crowd that’s interested in different music, but only the local DJ is capable of building a relationship with the audience, and through that relationship, start a community. Otherwise, you don’t build a solid base and you’re just left with a sequence of parties. The resident is the guy whocan build a serious and meaningful relationship with the audience, because he’s the guy who knows them better than anyone else and is truly writing that place’s story.
18 | SOUL WARUNG
“Soul” em inglês designa “alma”, e ao longo dos últimos anos o público que faz de cada noite no Warung uma experiência se tornou a verdadeira alma do templo! Pessoas de todos os lugares do mundo compartilhando momentos especiais com grandes artistas são capazes de render histórias diversas, e este espaço é dedicado a estes relatos! Participe você também e envie sua história pra nós: revista@warungclub.com.br Soul! People from all corners of the world sharing special moments with amazing artists, are an undying source of endless tales; and this is the space for those stories! Be a part of this compilation of short stories and send us yours: revista@warungclub.com.br
Fernanda Pinheiro “Borboletas na barriga” - é assim que me sinto em dias que precedem as festas no templo. Todas são especiais pra mim, por poder estar em um ambiente onde me sinto em casa, encontrar os amigos, conhecer novos e poder ver o nascer do sol com aquela “vibe”, é indescritível. Tenho certeza que as próximas gerações vão falar “a minha mãe viveu na época do Warung” e contarão as histórias de quem teve o prazer de viver isso. Obrigada Warung por fazer parte da minha vida! “Butterflies in the stomach” – that’s what I feel on days that precede the parties at the temple. They are special to me because I’m in an environment where I feel at home, where I meet all my friends, make new ones and can watch the sunrise feeling that indescribable vibe. I’m sure that the next generations will say, “my mother lived during the Warung years” and will tell stories of those who had the pleasure of experiencing that. Thank you Warung, for being a part of my life!
Uma das lembranças que guardo com carinho do Warung são dos encerramentos por conta do Fabrício Peçanha. Meu primeiro Warung foi em outubro de 2008 e me foge o resto do line-up, mas sei que ele tocou até de manhã! Por ser ídolo, a galera respondia muito bem. Eu, que nunca tinha pisado lá, me impressionei com o calor do público, coisa que, até então, não tinha visto em lugar nenhum. Naquele dia eu descobri o motivo de o Warung ser o que é: o amor é pela música. Fabrício fez história no Warung e muita gente, assim como eu, lembra de apresentações lendárias dele por lá, que representaram uma ótima fase do clube.
Mariana Censi
One of my fondest Warung memories is one of Fabrício Peçanha’s closing sets. My first Warung experience was in 2008 and I can’t remember the rest of the line up right now, but I know he played all the way into sunrise! As he’s an idol, the crowd really responds to him. This was my first time at Warung so I was impressed with the warm reception he got from the audience; I had never seen anything like that before in my life. On that day, I discovered the reason why Warung is what it is: it’s all about the love for the music. Fabrício made a name for himself at Warung and many people, as I, remember the legendary sets he played there, representing one of the club’s best eras.
Marina Paiva No carnaval de 2006, ano em que o Deep Dish fez aquela apresentação histórica, eu e minha prima simplesmente não compramos ingressos - eles acabaram esgotando e não conseguimos entrar! No ano seguinte, a dupla voltou para repetir a dose, e é claro que dessa vez havíamos nos precavido. Tudo pronto para o carnaval de 2007 (mais um no Warung) e na 1ª noite minha prima quebrou o pé! Mas a vontade era maior que qualquer dor - ainda rolou estilizar o gesso com um saltinho, que eu mesma colei, e uma bengala, que substituímos por muletas amarrando um lencinho. Resumo da história: melhor carnaval de nossas vidas com trilha sonora de Deep Dish e Hernan Cattaneo! During the carnival of 2006, the year Deep Dish played that historical set, my cousin and I simply didn’t get tickets – they were sold out and we couldn’t get in! The duo came back for more the following year and that time round, we had prepared in advance. Everything was ready for Carnaval 2007 (another one at Warung) and on opening night, my cousin broke her foot! However, where there’s a will, there’s a lack of pain – we even customized her cast with a heel that I glued on myself, as well as a walking stick we substituted with scarf-tied crutches. In a nutshell: it was the best carnival of our lives, soundtrack courtesy of Deep Dish and Hernan Cattaneo!
20 | ESPECIAL
A natureza em seu estado bruto que hoje abraça o Warung sempre foi a grande responsável pela atmosfera fascinante da Praia Brava. E desta natureza exuberante e cheia de energia emergiram os Savages, especialistas em desenvolver uma magia tribal onde o corpo é inundado por sensações incríveis, impossibilitando-o de ficar parado. Não à toa, este poder adquirido através de anos na mata Atlântica, à beira do mar, levou-os a tomar um posto mais que especial: o de residentes do nosso templo. A seguir você tem a oportunidade de conhecer os Warung Savages de uma maneira original: a partir do ponto de vista de cada um deles sobre o outro. Nature surrounding Warung in all its splendour has always been largely responsible for Praia Brava’s fascinating atmosphere. Savages was born from this exuberant and energy-filled nature, specializing in the proliferation of tribal magic that inundates the body with incredible sensations, making it impossible to stand still. These special powers acquired through years of contact with the Atlantic Forest and Atlantic Ocean, have risen them to a very special position: our temple’s residents. Below we share a little about each of the Warung Savages from an original perspective; hearing what one had to say about the other.
Fotos: Camila Bibas
Davis fala sobre Renato Ratier...
...que fala sobre Aninha...
“Ratier é um dos DJs mais versáteis e cativantes que conheço; sua experiência e criatividade merecem destaque. Sua atuação em elevar o prestígio dos artistas nacionais é muito valiosa, pois seja por meio dos seus clubes, dos selos ou festas e festivais, Renato tem pensado de forma coletiva, tentando agregar e unir os novos talentos. Tenho a felicidade de tê-lo como amigo, não só na hora da diversão ou do trabalho, e sei que posso sempre contar com uma palavra de apoio.”
“Aninha é, sem dúvida, uma das melhores e mais profissionais DJs que conheço – e digo isso a nível mundial, porque na minha opinião ela está entre as melhores DJs do mundo com toda certeza. Tem técnica, percepção de pista e excelente repertório. É um verdadeiro exemplo a ser seguido por meninas que se interessem pela carreira de DJ! Como pessoa, tenho muita simpatia e afinidade com ela, temos um senso de humor muito parecido é sempre um grande prazer encontrá-la, sempre damos boas risadas juntos.”
Davis on Renato Ratier: “Ratier is one of the most versatile and captivating DJs I know; his experience and creativity deserve a special mention. The part he plays in supporting national artists is of great value because his clubs, labels, parties and festivals, have always maintained a collective perspective, bringing together and consolidating new talent. I am happy to call him my friend, not only in times of fun or work and I know that I can always count on him for support.
Renato Ratier on Aninha: “Aninha is, undoubtedly one of the best and most professional DJs I know – and I mean worldwide because in my opinion, she is definitely amongst the best DJs in the world. She has technique, is sensitive to what’s happening on the dance floor and has an excellent repertoire. Aninha is truly an example to be followed by girls who are interested in building a career as a DJ! As a person, I have tremendous kinship and empathy towards her. We have a very similar sense of humour and it’s always a pleasure to meet her, we always have a good laugh.”
...que fala sobre Fabø...
...que fala sobre Leozinho...
“Fabø, menino discreto e tímido. A terminação de seu nome artístico com “ø” confundiu muita gente sobre sua nacionalidade, pois é uma letra usada nos alfabetos Dinamarquês, Faroese e Norueguês. Desde a primeira vez que o vi, pelos corredores da AIMEC (Curitiba, PR) em 2005, a essência dele permanece: música e nobreza em seus atos. Sua dedicação e ousadia chamou atenção de todos nós. Estou muito feliz por, além de estar conosco na 24bit, ele agora fazer parte da história do Warung como Savage!”
“Apesar de saber de toda a fama do Leozinho em Curitiba (onde comecei minha carreira) e no Warung, onde já ouvi descrições de noites incríveis, só tive oportunidade de conhecer o trabalho dele há pouco tempo, através do projeto Teco Teco – que é fantástico! Além de todo um feeling de pista que é perceptível, o que mais conta pra mim é como o cara age longe dos “holofotes”, e essa simplicidade toda o Leozinho tem de sobra. É aí que percebo se o cara é “o cara” mesmo.”
Aninha on Fabø: “Fabø is a discrete and shy boy. The “ø” at the end of his artistic name had many people confused about his nationality because it’s a letter used in the Danish, Faroese and Norwegian alphabets. From the first time I ever saw him, walking around AIMEC’s (Curitiba, PR) corridors back in 2005, his essence remains untouched: music and nobleness in the way he acts. His dedication and boldness really caught everyone’s attention. I’m very happy to have him as part of our roster at 24bit and to see him join Warung’s story as a Savage!”
Fabø on Leozinho: “Despite having heard of Leozinho’s fame in Curitiba (where I began my career) and at Warung, where I had heard stories of epic nights, I only recently had the chance to really get to know his work through his project Teco Teco – which is fantastic! Beyond a heightened feeling for what’s happening on the dance floor, what I really admire about him is the way he is out of the spotlight, a simple guy. That’s the man is really ‘The Man’. “
...que fala sobre Albuquerque...
...que fala sobre Leo Janeiro...
“O que falar sobre o ‘primo bom’? Não o conheço tão bem pessoalmente, conversei com ele poucas vezes, mas posso dizer que tenho grande admiração pelo trabalho que ele vem se propondo a fazer com o Radiola e com o selo do Warung. Além disso, ele é extremamente esforçado, passa o dia inteiro escutando música. Mas o mais importante é que, acima de tudo, ele me parece ser uma pessoa boa, de bom coração, daí o apelido “primo bom”. Uma curiosidade: a voz dele abaixa uns 6 decibéis no telefone, não da pra entender p**** nenhuma do que ele fala! (risos)”
“O ‘Lek’ Janeiro é um dos principais DJs do país. Além de ser um cara super bacana o Leo é muito agilizado e está sempre procurando o melhor caminho para nossas atividades na label (Warung Recordings), tenho sorte em poder contar com ele na equipe. Sobre o som do Leo, sem dúvidas uma das maiores qualidades dele é saber tocar em diversas situações de pista. Um dos sets que mais gostei foi fechando a pista do Warung após o Darren Emerson. Foi incrível, quando ele parou de tocar eu queria subir na cabine e obrigar ele a continuar (risos)! A experiência de anos de carreira como ‘house lover’ contam muito e fazem dele um ótimo DJ!”
Leozinho on Albuquerque: “What can I say about the ‘good cousin’? I don’t really know him that well personally, we’ve talked a couple of times, but I can say that I greatly admire the work he’s been doing with Radiola and the Warung label. He’s also extremely hard working; he spends all day listening to music. Above all though, what’s most important is that he seems to be a good person, with a good heart – hence the nickname, “good cousin”. A fun fact: his voice drops about 6 decibels on the phone, you can’t understand f*** all! (laughs)”
Albuquerque on Leo Janeiro: “Lek” Janeiro is undoubtedly one of the country’s main DJs. As well as being a great guy, Leo is very agile and is always in search of the best route for our work with the label (Warung Records). I’m lucky to be working with him. About his music, one of Leo’s greatest qualities is being able to play a diversity of dance floors. One of the sets I liked the most was his closing set after Darren Emerson at Warung. It was amazing, when he stopped playing I wanted to force him to keep going (laughs)! His vast experience as a house lover has really made a difference and turned him into an awesome DJ!”
...que fala sobre Boghosian...
...que fala sobre Dani Kuhnen...
“Boghosian é uma cara apaixonado por música. DJ de mão cheia, desde o inicio da carreira já mostrava uma habilidade musical em construir sets e um background musical muito grande. Pessoalmente tem uma personalidade tranqüila e fala mansa. Já foi indicado algumas vezes como o melhor DJ do Brasil por veículos especializados , título merecido, pois é um reconhecimento ao seu trabalho durantes esses anos nas pistas. Excelente produtor, suas músicas têm uma pegada pessoal que traduz exatamente o que ele hoje trabalha nos seus sets.“
“Ninguém melhor para falar do Dani Kuhnen do que o seu próprio sucesso. Quantos DJs você conhece que com pouquíssimo tempo de carreira se tornam residentes do Warung, um dos clubs mais desejados por DJs de todo o mundo? O Dani já tocou nos melhores clubs do país e também em inúmeros pelo mundo. Ele coleciona várias conquistas na cena, inclusive a criação do programa pioneiro Warung Waves. Isso só é possível com muito talento, personalidade e bom gosto, e acredito que estas sejam as marcas registradas do Dani.”
Leo Janeiro on Boghosian: “Boghosian is a man in love with music. An excellent DJ, from the first steps of his career it was clear he had incredible skills when creating sets and an enormous musical background. Personally, he is a soft-spoken peaceful guy. He has been nominated a few times for best Brazilian DJ in several specialized vehicles; a deserved title in recognition for his work during all these years on dance floors. An excellent producer as well, his music is very personal and translates precisely what he works with in his sets.”
Boghosian on Dani Kuhnen: “No one is more qualified to speak about Dani Kuhnen than his own success. How many DJs do you know that became residents at Warung after such a short period? A residency desired by DJs all over the world. Dani has played the best clubs in the country and countless clubs around the world. He collects several accomplishments within the scene, including the creation of the pioneering program Warung Waves. All of this is only possible with a great deal of talent, personality and taste; I believe those are Dani’s trademarks.”
...que fala sobre Davis “Já faz um bom tempo que comento com amigos que o Davis é um dos meus DJs preferidos. Não só do Brasil, mas de todo o mundo. Mesmo! Ele possui um bom gosto indiscutível, sem falar na técnica e estilo bem acima da média. Seja ao ar livre no Sounds in da City em Floripa, no Warung ou no Kater Holzig em Berlim, ele parece estar sempre à vontade. Motivos não faltam para que ele também possa chamar o Warung de casa!” Dani Kuhnen on Davis: “I’ve been telling people Davis is my favourite DJ for a while now. Not only amongst Brazilian DJs but worldwide. Really! He has unarguably good taste and excellent technique and style. Be it in open-air parties like Sounds in da City in Florianópolis, at Warung or Berlin’s Kater Holzig, he always seems right at home. In fact, he has more than enough reasons to call Warung home!”
26 | ENTREVISTA
Por Bruna Calegari
Ali Shirazinia nasceu na cidade de Washington, nos Estados Unidos. Filho de imigrantes iranianos e ex-adepto do punk rock, Ali constituiu uma das maiores duplas que a música eletrônica já conheceu, o Deep Dish. Depois de quase duas décadas (e um Grammy!) tocando ao lado do parceiro Sharam, até mesmo para um grande artista como Dubfire, o recomeço de uma carreira tocando e produzindo um estilo pouco convencional foi muito difícil. Saiba mais sobre a história e as curiosidades do DJ e produtor que é reconhecidamente um dos grandes nomes do techno mundial - além de um dos mais aclamados dentro do Warung Beach Club - mas apesar de tudo se diz um “músico frustrado”. Olá Ali, como vão as coisas? Tudo ótimo! Tenho passado um tempo enfurnado no estúdio e fico muito feliz por conseguir parar um pouco em meio a uma agenda apertada e cheia de novos projetos! Você fez parte do projeto Deep Dish, uma das maiores atrações que o Warung já recebeu, por 18 anos... Sim, tenho lembranças incríveis dessa época (e uma foto lendária!), e me alegro por ter participado tanto dela. O Warung é um lugar muito especial, o Deep Dish tinha um relacionamento especial com ele e com as pessoas incríveis que sempre estiveram por trás do clube. E quais foram as principais lições que você aprendeu durante tanto tempo ao lado do seu exparceiro Sharam?
Tenho muito orgulho do trabalho que assinamos como Deep Dish. Sempre optávamos por fazer algo atemporal ao invés de modinha [trendy]. Mas acredito que nós dois atingimos um ponto em que estávamos gradualmente nos afastando profissionalmente e criativamente. Eu sentia muita pressão por fazer ou tocar um tipo de música que não era mais desafiadora pra mim e na qual eu não acreditava mais. Havia simplesmente muita negatividade entre nós e eu precisava me afastar daquilo. Tenho certeza de que o Sharam sentiu o mesmo. Aliás, acho que deveríamos ter nos separado mais cedo, antes que o clima tivesse se tornado quase insustentável. Ou talvez devêssemos ter tentado resolver nossos problemas e continuar. Mas é como dizem, é fácil olhar para trás e dizer “eu deveria ter feito desta forma”. Como parte do Deep Dish ou não, sua relação com o Warung é incrível. O público adora você e sente que o carinho é recíproco. Como esta mágica começou?
Acho que for amor à primeira vista (risos)! Agora falando sério, é uma relação muito especial, mesmo. Desde a primeira vez que toquei, senti um tipo de admiração e respeito por parte do público; assim como uma sensação de liberdade, tempo e espaço para explorar a fundo meu repertório musical. É um prazer trabalhar com os “Gustavos” e com todos os envolvidos. Sharam e eu sempre vimos o quanto o clube é amado e tratado com carinho, e este sentimento é como um vírus: começa dentro da equipe e se espalha por cada uma das pessoas que entram no local, inclusive os DJs. Você sabia que o título de set mais longo no Warung é seu? Tendo tocado no clube desde o começo, como é acompanhar sua evolução? (risos) Sim eu fiquei sabendo disto! A evolução é constante e tem atingido patamares que eu mesmo nunca havia imaginado. Nós, DJs, estamos acostumados a ver clubes e festivais definhando com o tempo, até fecharem ou acabarem. O Warung, apesar de todos os problemas e dificuldades, conseguiu trilhar um caminho repleto de criatividade e sucesso. O engraçado é que, em muitos casos, as pessoas olham para trás e vêem as coisas como se fossem melhores do que são hoje. Apesar de saber que sempre vou guardar as memórias das longas
maratonas com o Deep Dish na pista principal com todo carinho, toda vez que retorno ao Warung a noite consegue ser ainda melhor. Você é um DJ experiente com uma carreira sólida. Está satisfeito com tudo que conquistou? Nunca estou completamente satisfeito com o meu trabalho, então nunca senti aquela necessidade de diminuir o ritmo e só aproveitar o sucesso que eu tive ou tenho. Posso dizer que sou um músico frustrado, pois por mais que meu trabalho seja reconhecido, sempre sinto que ainda não alcancei meu potencial completo como artista. E talvez eu nunca alcance este objetivo, mas é o que me move e também impulsiona o meu trabalho. Como surgiu e qual é seu objetivo com o selo SCI+TEC? Sabe-se que ele foi muito importante no recomeço de sua carreira. Começou originalmente como uma maneira de lançar minhas produções próprias, visto que não recebia muitas respostas positivas dos selos logo que comecei minha carreira solo. Havia muito preconceito com a nova orientação musical que adotei; muitos me ignoravam ou preferiam não se arriscar lançando minhas tracks. Por estas
razões, incialmente, eu decidi lançar meu próprio selo que seria uma extensão natural do artista solo “Dubfire”. Então os primeiros lançamentos foram majoritariamente meus, mas como as demos continuaram chegando, percebi que mais pessoas acreditavam na minha nova orientação musical e, mais importante de tudo, que tinham a criatividade que eu buscava. Além disso, a estética visual foi fundamental no desenvolvimento da minha própria marca e da SCI+TEC. O estúdio Humanstudio [de design] foi e continua sendo uma grande parte de tudo que me cerca.
restaurantes na cidade. Sempre faço questão de ir ao D.O.M., que é do chef Alex Atala. Ele geralmente está por lá quando apareço e faz questão de mostrar itens incríveis que não estão no cardápio, às vezes envolvendo até formigas da Amazônia (risos)! Para comer o melhor sushi, acompanhado de um bom saquê, meu favorito é o Jun Sakamoto. Adoro a qualidade do peixe e a criatividade mesmo nas apresentações mais clássicas da comida japonesa. Para comer carne meu novo favorito é a Churrascaria Rodeio, apesar de ter também ido ao Figueira Rubaiyat diversas vezes e gostado muitíssimo.
Seu pai é poeta, certo? Como isto influenciou você no processo de envolver-se profissionalmente com a arte da música?
Você cozinha? Para quem e o que gostaria de cozinhar no Brasil?
Sim, meu pai escreve poesia. Ele publicou dois livros e está trabalhando no terceiro! Estou tentando convencê-lo a traduzir um para o inglês [ele escreve em farsi, língua oficial da Pérsia], mas isto pode ser difícil sem as colaborações corretas. Quanto a ele ter me influenciado nos âmbitos pessoais e profissionais, eu tenho que admitir que herdei o “gene criativo”, sim. Eu era um ilustrador muito bom quando mais jovem, e foi assim que comecei a me interessar pelas artes de forma geral. Comida também é arte! Como reconhecido fã de gastronomia, quais restaurantes você indicaria para um amigo no Brasil? Nossa, são tantos! Eu tendo a passar a maior parte do meu tempo livre em São Paulo quando vou fazer turnês pelo Brasil, então posso recomendar vários
Por mais que eu ame comida, sou apenas um chef amador. Se tivesse tempo, adoraria me envolver mais com a preparação de comida e talvez eu faça isso quando me aposentar da minha carreira musical. Engraçado, não? Mas eu fui um bom auxiliar de cozinha na casa do [também DJ e ex-piloto] Raul Boesel em São Paulo; sou amigo dele e de toda sua família. Para encerrar, o que é techno pra você? Muito além de ser um simples termo para designar um estilo musical, “techno” é uma filosofia; a crença em sempre tentar buscar o envolvimento criativo, musical e tecnológico. Isto é techno pra mim.
Ali Shirazinia was born in Washington, in the United States. Son of Iranian immigrants and former punk rocker, Ali became a half of one of the greatest duos known to electronic music, Deep Dish. After almost two decades (and a Grammy!) playing alongside partner Sharam, even for a great artist such as Dubfire, the renewal of a career playing and producing an unconventional style was tough. Read a little more on the background and stories that have made this DJ and producer one of Techno’s greatest names worldwide and one of the most acclaimed artists of Warung Beach Club. And after ‘all that jazz’, he still claims to be a “frustrated musician”. Hi Ali, How are things? Things are great! I’ve been holed up in the studio so I’m happy to finally have some downtime amongst the hectic touring schedule to work on new projects! You spent 18 years in the Deep Dish project, one of Warung’s biggest attractions to date… Yes, I have some incredible memories (and one legendary photo!) of that time and I’m happy to have been a part of that. Warung is a special club and I feel Deep Dish, had a special relationship with the club and the amazing people who supported it. What were the main lessons you learnt working with for such a long time alongside your former partner Sharam? I am very proud of the work we did as Deep Dish. We always strived to be timeless and not trendy. But I think that we both reached a point where we were just gradually growing apart professionally and creatively. I felt too much pressure to make or play a certain style of music that no longer challenged me or that I no longer believed in. There was also simply too much negativity within our dynamic and I needed to just get away from it. I’m sure Sharam felt the
same. In hindsight, we probably should have gone our separate ways sooner, before the negativity had boiled over. Or we should’ve maybe tried to work through the issues to carry on. But as they say, hind sight is always 20/20. With or without Deep Dish, your relationship with Warung is amazing. The crowd loves you and feels the affection is mutual. How did this magic begin? I think it was love at first sight! (laughs) Seriously though, the relationship is very special. From the very first gig, I felt a kind of love and respect from the crowd; as well as a sense of freedom, time and space to really explore my musical range. The Warung team and everyone else connected to the club were, and are, a pleasure to work with. Sharam and I could see how much they loved and believed in what they were doing with this club; that feeling is infectious. It starts with the team and spreads to every single person who enters that venue, including the DJs. Did you know you hold the record for the longest set at Warung? Having been a part of the club’s line-ups from the very beginning, what was it like to follow its evolution? (Laughs)Yes I’ve heard! The evolution has been constant and always rising to well above what I had ever imagined. DJs are very used to clubs or festivals eventually dying down or out completely. Warung has had its share of issues but it has always managed to ride a successful and creative path. The funny thing is that in many cases, people look back and reminisce about how much better everything were back in the day. And as much as I will forever treasure the memories I have of the marathon Deep Dish sets, Warung just gets better with each visit. You are an experienced DJ with an established career. Are you satisfied with all that you’ve conquered? I’m never completely satisfied with my work so I’ve never
“As much as I will forever treasure the memories I have of the marathon Deep Dish sets played on the main floor, Warung just gets better with each visit!.” had the feeling of wanting to slow down and just ride whatever success I’ve had or am having. I guess you could say that I’m a frustrated musician because, as much as my work has been celebrated, I always feel as though I haven’t reached my true potential as an artist. And maybe I’ll never reach that goal. But that is what drives me and my work. How did SCI+TEC come about and what are your goals for the label? We know it was very important in relaunching your career. It originally started out as a way for me to release my own productions as I didn’t get a positive reaction from the demos I was sending out to others when I first went solo. There was a lot of prejudice about my new musical direction; many either ignored me or didn’t want to gamble on releasing my music. For these reasons initially, I decided to launch the label which would be a beneficial brand extension for “Dubfire”, the solo artist. So the first few releases were primarily mine but as the demos kept coming in, I realized that there were others out there who really believed in my new musical direction and the artistic message that we stood for and more importantly, had the creativity I was looking for. Also, the design aesthetic was crucial in the development of not only my own brand but SCI+TEC’s. And Humanstudio were, and continue to be, a huge part of that. Your Dad is a poet, am I right? How did this influence you into becoming professional involved with the art of music? Yes, my father writes poetry. He’s published two poetry books and is working on a third. I’m trying to convince him to do an English translation for this one [he writes in Farsi, Persia’s indigenous language] but that can be difficult to do without the right collaborators. As far my Dad having an influence on my work and life, I think that I definitely
inherited the “creative” gene from him. I used to be an avid illustrator when I was very young as well, so I have always been into the arts so to speak. Food is also art! As an acknowledged foodie, which restaurants in Brazil would you recommend to your friends? Wow, there are so many! I tend to spend most of my free time while on tour in Brazil in São Paulo so I can recommend several there. I always make a point of going to D.O.M. which is belongs to Chef Alex Atala. Alex is usually there whenever I pop in and he’ll always bring out the most amazing “off menu” items, usually involving ants from the Amazon (laughs)! For the best sushi and sake selection I tend to favor Jun Sakamoto. I love the quality of the fish and the interesting things he does with the more classic presentations. And for meat, I tend to favor Churrascaria Rodeio, though I used to go to A Figueira Rubaiyat which is also amazing. Do you cook? For whom? And what would you like to cook here in Brazil? As much as I love food, I’m only an amateur cook. If I had time I’d love to enroll in a culinary program and perhaps this is something I’ll do when I eventually retire from music. It’s funny though, I actually helped cook a meal at Raul Boesel’s [also a DJ and former racing driver] home in São Paulo as I’m great friends with his entire family. What Techno is to you? Beyond a loose term for a musical genre, “techno” is a philosophy; the belief in always striving to push the creative, technological and emotional envelope. That’s Techno to me.
32 | DICA LOCAL
Davi Paes e Lima Davi Paes e Lima é jornalista e atualmente cursa MBA em Comunicação Pública e Empresarial. Em Florianópolis, é sócio de uma Assessoria de Imprensa e adora sair para jantar com os amigos nas horas vagas. Davi Paes e Lima is a journalist and is currently taking an MBA in Public and Corporate Communication. In Florianópolis, he is a partner at a Press Relations Office and loves going out to dinner with friends in his free time.
Santo Antônio de Lisboa Santo Antônio de Lisboa é uma ótima opção gastronômica em Floripa. Além de belas paisagens – o pôr do sol é um dos mais bonitos da cidade – lá você encontra uma variedade de bares e restaurantes para todos os gostos e bolsos. A predominância é pelos restaurantes de frutos do mar, como o Bate Ponto: as porções não são das mais generosas, mas a qualidade compensa. Para quem não abre mão de carne, a melhor opção é a Costelaria Ponta da Agulha, uma das churrascarias mais concorridas da cidade. Não deixe de experimentar a maionese da casa. Ainda lá, outros dois locais que recomendo: Marisqueria Sintra, e FairyLand Cupcakes. Santo Antônio de Lisboa is an excellent dinging option in Florianópolis. Apart from the beautiful views – the sunset is one of the best in the city -, you can find a variety of restaurants and bars that cover all tastes and prices. There is a prevalence of seafood restaurants such as Bate Ponto: portions aren’t very generous but it makes it up in quality. If you are a meat aficionado, the best choice would be Costelaria Ponta da Agulha, one of the city’s most sought after barbecue restaurants. Make sure you try their potato salad. Also in the district are other two places I swear by: Marisqueria Sintra, and FairyLand Cupcakes.
Santo Antônio de Lisboa é um bairro de Florianópolis. Acesso pela SC 401, entre o Centro e Jurerê. Santo Antonio de Lisboa is a Florianópolis neighborhood. Access through the SC 401 highway.
Local tips Marcinho Albani Nascido em Blumenau, o empresário da marca EK Accessories também é fotógrafo consagrado. Mora em Balneário Camboriú há 23 anos e conhece os spots do litoral catarinense como ninguém. Born in Blumenau, the businessman driving EK Accessories is also a renowned photographer. He has lived in Balneário Camboriú for 23 years and knows the seaside’s hotspots like no other.
Joy Joy Bistrot
O Joy Joy Bistrot, que desde 2011 vinha recebendo os amantes da gastronomia no Centro Histórico de São José com uma culinária diferenciada e bem executada, mudou de endereço e reinaugurou sua sede no coração de Florianópolis. O novo Joy Joy fica na rua Bocaiúva, 2090, onde já funcionou o Café Riso. Pratos lindos e deliciosos ao extremo, local imperdível. O peixe branco em crosta de urucum e castanhas sobre cama de tapioca e bouillon ao tucupi é sensacional.
Joy Joy Bistrot, which used to greet its gastronomy lovers since 2001 in the Historical District of São José with its unique and exquisitely executed cuisine, has moved to a new address in the heart of Florianópolis. The new Joy Joy is on Rua Bocaiúva, 2090, where the Café Riso once was. Beautifully prepared and extremely delicious dishes – a must see. The white fish with urucum roast is amazing!
Rua Bocaiuva, 2090. Centro - Florianópolis Informações e reservas | Info and reservations: 48 3333-1411 reservas@joyjoybistrot.com
34 | EU FUI
Por Marcelo Godoy
Ao pensar em Berlim, você tem que se deixar levar. Como ouvir uma história e sentir seus pés saírem do chão. Berlim tem uma aura que transborda a vida, uma energia surreal. Se equilibrada, cria um caldo social e cultural mágico. Chega a ser difícil falar da cidade sem soar apaixonado; Berlim necessita de licença poética. Existem aquelas cidades que fisgam muita gente devido à combinação de fatores sociais e locais. Aquelas que, quando você as descobre, não te deixam partir; nada mais faz sentido sem elas. E também aquelas cidades no mundo que inserem um ponto no mapa evolucional, que vivem o amor. Berlim
Mustafa’s Kebab
consegue ser ambas: ela transcende, é próspera e saudável. Ao falar dela, precisa-se ser honesto na alma. É uma cidade muito verdadeira, muito única. As coisas funcionam direito, e a sociedade também. Claro, por ser uma capital, é cosmopolita, com a mesma sintonia globalizada de qualquer grande cidade. Vai do “posh” ao “squater” (morador de prédios abandonados que foram ocupados) em poucos metros. Do viés comercial ao underground mais purista e ativo. É aí que o “caldo” entorna. E é aí que a coisa começa a fica interessante, porque há uma grande massa com uma consciência bem trabalhada. O habitante típico de Berlim parece ter acordado da “Matrix” em que estava: as pessoas são envolvidas em projetos, em diversas atividades sociais, viajam, vivem com respeito, amor, alegria e em harmonia. E fazem isso tudo com consciência evolutiva e sem culpa. São seres responsáveis e engajados;
praticantes de valores que servem de exemplo para arredondar as arestas sociais em muitos outros lugares; são artistas em seus ofícios e respiram o que fazem. Acumulam feitos ao invés de posses.
Clubbing em Berlim Apesar do frio – no último inverno nevou do fim de outubro até a Páscoa –, quem vai a Berlim para curtir a noite percebe uma notável mudança de humor geral; entrar no clube faz você esquecer as horas de fila na neve. As festas funcionam como uma grande terapia social. E é impossível falar como um “insider” sem, em algum momento, citar as festas com atmosferas únicas. Muito mais de uma vez ouvi pessoas dizerem: “Fui a festas em vários lugares do mundo, mas nunca vivi nada como nas festas daqui”. Isto porque, além de festas para todos os gostos imagináveis, há uma preocupação do público e dos envolvidos profissionais para que isso se mantenha. Nos últimos dez anos a cidade vem se tornando cada vez mais atrativa (culturalmente, economicamente, socialmente). Porém isto, aliado a grandes investimentos, tem gerado
pontos negativos como a supervalorização dos imóveis. A perda de bens culturais para construção de condomínios de luxo, como a venda de um trecho da East Side Gallery, que é um pedaço do muro transformado em galeria a céu aberto, no bairro de Kreuzberg. Um grande baque para o ciclo cultural da cidade foi o fechamento do Tacheles, prédio construído em 1908 no bairro nobre de Mitte, que foi ocupado por artistas no ano de 1990 e até setembro de 2012 e abrigava galerias e oficinas de arte. Então, todo o protecionismo aplicado à cena clubber é justificável: No BerMuDa – Berlin Music Days –, as discussões muitas vezes eram de como manter o underground, underground. Em uma delas, Cristoph Klezendorf, um dos sócios do club Kater Holzig salientou o quanto são importantes medidas como door policy (política comum na cidade de barrar pessoas na entrada de clubes) e a não-adesão a parcerias com
o governo para realização de eventos: “Queremos ter total controle de nossa identidade artística. Por vezes não fazemos eventos tão grandiosos, mas todos são únicos, de altíssima qualidade; visamos proporcionar uma experiência incrível a quem frequenta e a nós mesmos”.
O guia do insider Deixado claro o quanto o “clubbing” é importante para os berlinenses, como cultura e turismo, é hora de indicar os melhores lugares para absorver toda a magia de Berlim. Seria injusto fazer um “guia” para a cidade, porque existem milhares de facetas. Só em números oficiais, são mais de duzentos clubes em atividade! Os públicos são variados, mas a rotatividade entre clubes é muito alta e mista. O underground vai se auto-renovando” sempre e há identidade sendo criada nos mínimos detalhes. Portanto, vou somente sugerir alguns lugares que me proporcionaram experiências sensacionais. Com uma imensa variedade de restaurantes na cidade, o paladar recebe um carinho especial. O clássico kebab ganha a sua melhor e mais procurada versão vegetariana numa banca do lado da estação de Mehringdamm; O Mustafa’s chega a ter fila de
Igreja de Santa Maria (Marienkirche)
quase 2 (!) horas para fazer o pedido. O melhor horário para ir é lá pelas duas da manhã (de sexta a domingo os trens/metrô funcionam 24h). Outro lugar muito gostoso é o Brooklyn Beef Club, cozinha internacional que já recebeu o prêmio de melhor steakhouse da cidade. Conta com opções de pratos sem carne e tem um clube do uísque excelente. O conhecido clube Kater Holzig (do mesmo crew do antigo Bar 25), conta com um restaurante que mistura o clima das pistas de dança e cozinha gourmet. É uma bela experiência sensorial. O restaurante é muito procurado, portanto é sempre bom reservar mesas uma semana antes. Funciona às quintas, mas com esta delícia de atmosfera, cuidado para não começar num jantar na quinta e sair do club quando eles fecham, na terça à tarde! Ali perto, no bairro de Friedrichshain, tem a Simon Dach Strasse, uma rua cravejada de bares e restaurantes, um convite a conhecer os mais diferentes sabores e boa pedida para aqueles que gostam de ir passando de bar em bar, experimentando drinks. E, falando em drinks, o “Fshain”, o Bloody Mary do Panorama bar é o drink perfeito para curar a ressaca do domingo à tarde. Como todo bom fã de música eletrônica já sabe, ou ouviu falar, o lugar é incrível, o som é espetacular e a atmosfera, indescritível. O berlinense
Durante o verão a região é tomada de festivais ao ar livre, transformando ainda mais a cara da cidade que mudou da reclusão fria do inverno e agora distribui sorrisos e bons momentos. Um bem legal é o Berlin Beats & Boats. Já há alguns anos, durante os fins-desemana do verão, barcos zarpam de Treptower Park e navegam por horas pelo rio Spree ao som de muita música. As vistas são lindas. Se você pretende “festar” em Berlin, é sempre válido checar a seção de eventos do Resident Advisor [residentadvisor.net]. Line-ups estarrecedores “quase” todos os dias. Claro, também existem muitas outras atividades culturais não tão amplamente divulgadas e sempre é bom estar acompanhado de um “local” para descobrir as pérolas da cidade. Tenha sempre um plano “B”. E ao conhecer Berlim, faça um favor a você mesmo: fique pelo menos um fim-de-semana e marque o seu vôo partindo somente na quarta-feira. Para evitar perdê-lo! Ah! Uma visita a Berlim pede uma passadinha em alguma loja de discos. As mais legais são: Hardwax (não é para iniciantes, conta com um catálogo “deep underground”), Spacehall (acervo gigantesco), Oye (bem legal para sonoridades mais “alternativas”), Melting Point e Rotation. Mural do coletivo Boa Mistura costuma chegar no fim da tarde de domingo e a festa (que começou na noite de sábado) termina na manhã de segunda. O melhor jeito de começar a semana! Lembrando que junto ao Panorama bar temos o Berghain; pista de dança com uma das melhores acústicas do mundo, simplesmente “animal! Outro local que vale ser destacado é o Salon Zur Wilden Renate. Um prédio rústico e muito antigo, que tem um pouco de sua originalidade mantida na decoração vintage e em ambientes criados em antigos quartos e sala das residências. Com 4 pistas oficiais, ainda conta com pistas “secretas”, abertas em ocasiões especiais (inclusive uma pista de dança no bunker do prédio, área comum em épocas de guerra). A menor pista, aberta somente às sextas e sábados, faz um buraco no espaço-tempo e te leva para um salão de dança antigo, com direito à jazz bebop, swing, blues e absinto preparado da maneira “fada verde” tradicional; com a colher vazada e o açúcar em cubo sendo derretido lentamente. “Lecker!” Clubs que também merecer ser citados: Watergate (manhãs deslumbrantes à beira do rio Spree), Club der Visionaere, Chalet (tem pista externa durante o verão), Prince Charles (recentemente fez um upgrade no sistema de som para Funktion One), About Blank, Sisyphos, Tresor (clássico), Magdalena (antigo Maria), Suicide Circus, entre outros. Em Berlim é um hábito comum pegar o carimbo dos clubes e poder voltar depois, DJs geralmente fazem long sets e a toda hora mais pessoas chegam para celebrar.
É claro, são muitas as formas de vivenciar a cidade; isso foi só um papo de clubber pra clubber. Aliás, outra coisa que berlinense adora é papear, jogar conversa fora, trocar ideias, como fizemos aqui! Mas, por ora, concluo: Berlim é uma cidade diferente e aberta, e basta um primeiro contato para notar o quanto ela de fato é especial. Simon Dach Strasse
Berlin When thinking about Berlin, you just have to let yourself get carried away. As you would with a story that lifts you off the ground. Berlin has a life-transcending aura, a slightly surreal energy. When well balanced, one gets a magical social and cultural potion out of it. It’s almost impossible to talk about it without sounding like a sappy romantic; Berlin begs for poetic license. There are several cities that hook people in with their combination of social and local factors. Cities that, when discovered, make it impossible for you to leave; life is meaningless without them. And then there are those which pin point the evolutional map of the world, cities with a society that live love. Berlin pulls off being both. It rises above; it’s prosperous and healthy. When talking about it we have to be soulfully sincere. It’s a very honest city, extremely unique. Things work and work well, as does its society. Of course, as every big city it is too cosmopolitan and has that same globalized feel you find in every large city. It goes from posh to squatter in a question of metres. From commercial bias to pure, active underground. That’s where it all goes to pot and also where it starts getting interesting. There are a large number of well-informed, conscientious people. The typical Berliner seems to have awoken from the “Matrix”: people get involved in projects, in several social activities; they travel and live harmoniously with love and joy. And they do all of this with guilt-free evolutionary consciousness. They are responsible and committed; they put into practice values that could serve as examples to round the edges of several other places. They are artists to their crafts and breathe what they do. Accumulating deeds and not things. Despite the cold weather – last winter it snowed from the end of October all the way up to Easter -, those who visit Berlin for the nightlife notice a remarkable mood swing – walking into the club makes you forget the long hours spent in line out in the snow. The parties are like one big social therapy session. It is impossible to speak like an insider without, at one stage or another, mentioning the
unique parties. Countless times I have heard people say: “I have been to parties all over the world, but I have never experienced anything like the parties here”. This is because in addition to parties that cover every imaginable taste there is an on-going preoccupation in making sure that this remains unscathed. Over the last ten years, the city has become more and more attractive (culturally, economically, socially). This attraction, paired with huge investments made in the city, has generated a few negative aspects like the over pricing of real estate. The loss of cultural heritage to give room to luxury condos, as was the case with the sale of a piece of the East Side Gallery (a part of the Wall which used to double as an open-air gallery in Kreuzberg). Another great loss to the city’s cultural cycle was the closing down of Tacheles – a building dating back to 1908 in upscale Mitte, which was occupied by artists in 1990 and until September 2012, housed galleries and workshops. Therefore, all the protectionism poured over the clubber scene is justifiable: at BerMuDa - Berlin Music Days -, many discussions stemmed around how to keep the underground, underground. In one of them, Cristoph Klezendorf, one of Kater Holzig’s owners highlighted the importance of measures like door policies and not adhering to government partnerships to put on events: “We want complete control of our artistic identity. Our events aren’t always grandiose but they are unique and have an excellent quality. We want to offer both the people who attend them and ourselves an incredible experience.” Having clarified how important clubbing is to Berliners, culturally and touristically, it’s time to point out a few of the best places to take in all of Berlin’s magic. It would be unfair to compile a city “guide” because there are thousands of sides to it. Speaking purely in “official” numbers, there are over two-hundred clubs currently in activity! Audiences vary, but the turnover amongst clubs is high and varied. Underground is constantly renewing itself and identity is created in the smallest details. So, I will only suggest a few of the places that have granted me amazing experiences.
With a huge selection of restaurants, your palate will be spoilt to death. The classic kebab gets its best and most sought-after vegetarian version at a stand next to Mehringdamm Station; the wait at Mustafa’s can be as long as 2 (!) hours, so the best time to go is around 2 in the morning (from Friday to Sunday the trains/underground run for 24 hrs.). Another great place is the Brooklyn Beef Club, it serves international cuisine and has been awarded the city’s best steakhouse. It also offers meat-free dishes and has an excellent whiskey club. The well-known Kater Holzig (owned by the former Bar 25 crew), has a restaurant that mixes dance floor ambience with gourmet cuisine; a truly sensational sensorial experience. The restaurant is highly in demand and reserving a table a week beforehand is always a good idea. It opens on Thursdays but its delicious atmosphere can certainly lock you in from dinner on Thursday all the way through to Tuesday afternoon, when the club closes again. Nearby, in Friedrichshain district, you’ll find Simon Dach Strasse, a street studded with bars and restaurants and an invitation to experience a plethora of flavours - a great tip for those who like to bar hop, trying out new drinks. Speaking of drinks, the “Fshain”, Panorama bar’s Bloody Mary is the perfect drink to nurse a hangover on Sunday afternoon. As every clubber knows or has heard, the place is incredible, the music is spectacular and the atmosphere is indescribable. The Berliner tends to arrive late afternoon on Sunday and the party (which began on Saturday night) goes all the way into Monday morning. The best way to start the week! Let’s not forget that with Panoramabar we also get Berghain; a dance floor with one of the world’s best acoustics, simply awesome! Another place worth mentioning is Salon Zur Wilden Renate. A very old building that still holds on to a little of its original foundation intact, old and rustic, with vintage décor and ambiances created in the homes’ former bedrooms and living rooms. It has 4 official dance floors and also a few “secret” ones which open only on special occasions (including a dance floor in what used to be the building’s bomb shelter, common in times of war). The
Club Der Visionaere
smaller dance floor, open only on Fridays and Saturdays, is a wormhole that leads you into an old-fashioned ballroom, where you can listen to bebop jazz, swing, blues and sip on absinth prepared the traditional “green-fairy” way: poured over sugar held by a slotted spoon. “Lecker!” Other clubs that also deserve to be mentioned: Watergate (gorgeous mornings on the River Spree), Club der Visionaere, Chalet (with an outdoor dance floor in the summer), Prince Charles (recently upgraded to a Funktion One sound system), About Blank, Sisyphos, Tresor (classic), Magdalena (former Maria), Suicide Circus and the list goes on. It’s common practice in Berlin to get a club stamp and come back later, DJs normally play long sets and people are constantly arriving to join the fun. During summer the city is taken by storm with open-air festivals, changing the city’s vibe further – from winter’s cold seclusion to smiley, happy moments. A good one to catch is the Berlin Beats & Boats. For a few years now, over the summer weekends, boats set sail from Treptower Park and spend hours out on the Spree to the sound of endless music. The view is beautiful. If you intend to party in Berlin, a quick check online on Resident Advisor’s events section is always worth your while. Astonishing line-ups “almost” every day. There are, of course, several other cultural activities that are not that widely publicized and it’s always a good idea to hang out with a local to uncover the city’s hidden pearls. Always have a plan B. When visiting Berlin do yourself a favour and book your flight back after the weekend, preferably around Wednesday so you won’t miss it! Oh! A visit to Berlin merits a quick stop at a record store. The best are: Hardwax (not for beginners, it carries a “deep underground” selection), Spacehall (gigantic collection), Oye (very cool for a more “alternative” sound), Melting Point and Rotation. There are countless ways to experience the city; this was just a clubber to clubber chat. Incidentally, another thing Berliners love doing: talk, chat for hours, exchange ideas, just like we did here. But for now, that’s it from me: all you need is one visit to realize how special Berlin really is.
40 | MÚSICA
Por Fabio Bridges O Daft Punk conquistou o mundo com seu novo álbum Random Access Memories e principalmente com a música “Get Lucky”. Mas ao contrário de muitas estrelas ascendentes, especialmente da dance music, esta dupla não é novidade no cenário musical. Através de uma matéria esclarecedora, o jornalista Fábio Bridges, do blog “Pequenos Clássicos Perdidos” se propõe a matar a nossa curiosidade sobre a trajetória da maior sensação de 2013. Prepare-se, que lá vem história.
“A bunch of daft punk”, ou traduzindo, “um bando de punks bobos”. Quando o jornalista do periódico britânico Melody Maker usou essas palavras para falar sobre a primeira banda de Thomas Bangalter e GuyManoel de Homem-Christo, chamada Darlin, sem saber estava ajudando a fazer história. Porque a partir dali nada seria como antes, nem para os dois amigos e muito menos para quem ouviu música nos últimos vinte anos: nascia o Daft Punk. Mas antes disso voltemos ainda mais no tempo, para o começo dos anos 90, quando os jovens Bangalter e Homem-Christo estudavam juntos na escola secundária e, já interessados em música, juntaramse a outro enfant (Laurent Brancowitz, hoje mais conhecido como o guitarrista da banda Phoenix) para formar uma banda de rock, a já citada Darlin. Entre este momento e aquela fatídica resenha passaram-se apenas alguns meses, poucas canções – duas delas colocadas numa compilação organizada pela banda Stereolab – e pronto. A banda chegava ao fim. De repente era 1993, e os punks bobos estavam numa rave, onde encontraram Stuart Macmillan (do duo eletrônico Slam), a quem entregaram então uma demo. No ano seguinte saia pela Soma Records - selo de Macmillan - o primeiro single da dupla, “The New Wave”, cujo lado B fechava com uma faixa chamada ‘Alive (New Wave Final Mix)’, que por sua vez evoluiria
para ‘Alive’ e três anos mais tarde estaria no debute do Daft Punk, o indefectível Homework. O disco foi lançado pela gigante Virgin, mas o contrato assinado dava total liberdade criativa à dupla, que já havia recusado algumas ofertas de outras gravadoras. E se as faixas ’Alive’ e ‘Da Funk’ lançada como single em 1995 - já eram pistas seguras sobre qual seria a trilha seguida pelos franceses, Homework deixava claro que o Daft Punk não era apenas mais um nome na crescente e já segmentada cena de dance music: nele o duo soube costurar de maneira única diferentes variações da já rodada house music (progressive, acid, techno, electro, disco e funk), com linhas de baixo pesadas, vocoders e batidas pulsantes. Não sem razão é considerado por muitos um dos marcos da música eletrônica, influência e referência certeiras para tudo que foi feito depois quando o assunto é música de pistas. ‘Around the World’ foi provavelmente o mais saboroso hit-chiclé daquele ano, com um divertido vídeo dirigido pelo cineasta Michel Gondry; além dele, Spinke Jonze, Roman Copolla e Seb Janiak também dirigiram clipes de canções extraídas de Homework. Com o sucesso, muitos esperavam que o Daft Punk aproveitasse momento e lançasse rapidamente o sucessor de Homework, mas 4 anos o separam de Discovery, seu aguardado segundo disco.
Concebido como um enorme flashback dos anos 70 e 80 e impulsionado pelo hit ‘One More Time’, Discovery é, por assim dizer, menos bicudo, mais divertido e pop que seu antecessor. Não espantou os antigos fãs do Daft Punk e com certeza abriu definitivamente as portas do mainstream para a dupla francesa, que pôs no mercado ainda em 2001 um álbum chamado “Alive 1997“, contendo 45 minutos de uma apresentação sua gravada na Inglaterra durante a turnê do álbum Homework. Sem o conhecido “trauma do segundo álbum” pesando em seus ombros e praticamente uma unanimidade de público e crítica, o Daft Punk sentiu pela primeira vez o tranco das críticas negativas em 2005 com Human After All. Se dois anos antes os franceses ousaram ao produzir o longa-metragem de animação Interestella 5555, foi justamente a falta de ousadia o ponto fraco de seu terceiro disco; de qualquer forma, ‘Robot Rock’ e ‘Technologic’ mantiveram a sina de apresentá-los a novas audiências. Sem parecer se importar muito, o Daft Punk partiu em 2010 para uma viagem completamente diferente de tudo que já havia feito, ao assinar a trilha sonora de Tron: Legacy. O filme é um remake sombrio de uma ficção científica de 1982, e suas canções – obviamente – seguem o mesmo caminho, afastando o duo das
pistas de dança e trazendo à memória outro ótimo trabalho de Bangalter junto ao cinema, a composição da trilha do filme Irreversible (2003). E agora, passados três anos - ou oito, se pensarmos em Human After All, o Daft Punk ressurge com um novo álbum, Random Access Memories, pela Columbia records, que chegaria às lojas em 21 de maio, mas acabou “vazando” na internet no dia 15; o que não impediu a venda de quase 400 mil cópias na primeira semana. Como o previsto, causou um enorme alvoroço entre mídia, fãs e também entre pessoas que mal haviam ouvido falar na dupla. “Get Lucky”, single do novo álbum cantada por Pharrell Williams e co-produzida por Nile Rodgers, permaneceu semanas no topo das paradas em mais de 40 países no mundo. O disco, que também conta com participação de músicos como Julian Casablancas (Strokes) e Giorgio Moroder (criador de “I Feel Love” de Donna Summer), surpreendeu por desviar do rumo que a música eletrônica passava a tomar no âmbito pop. Com ele, o Daft Punk chamou mais atenção que os últimos 10 hits de dance pop juntos, e mostrou qualidade em um álbum com influências orgânicas e melodia, em meio a um universo musical cada vez mais digital e barulhento. E aí, quem é o punk bobo agora?
Daft Punk took over the world with its new album Random Access Memories, especially with the song “Get Lucky.” However, at odds with many of the rising stars, especially in dance music, the duo is no newcomer to the music business. In this enlightening article, the journalist Fábio Bridges, from the blog “Pequenos Clássicos Perdidos”, sets all of our doubts straight regarding 2013’s sensation. Buckle in for the ride. “A bunch of daft punk”. When the British Melody Maker journalist used that phrase to describe Thomas Bangalter’s and Guy-Manoel de Homem-Christo’s first band, Darlin’, he was unknowingly shaping history. From that point on nothing would be the same, not for the two friends and much less to anyone who has listened to music in the past twenty years: Daft Punk was born. But I’m getting ahead of myself. Let’s go back further, to the beginning of the 90s, when young Bangalter and Homem-Christo attended secondary school together and their mutual interest in music culminated in the formation of a rock band, the above-mentioned Darling, with a third enfant terrible (Laurent Brancowitz, currently known as the guitarist in Phoenix). Between that point in time and the fatal review, only a few months and songs – two of them placed on a compilation organized by Stereolab – had transpired and that was it; the band had come to an end. Suddenly it was 1993, and the daft punks were at a rave where they met Stuart Macmillan (of the electronic duo, Slam) and handed him a demo. In the following year Soma Records (Macmillan’s Label) released their first single, “The New Wave”, with a B side ending in a track called ‘Alive (New Wave Final Mix)’, which would later evolve into ‘Alive’ and three years later feature on Daft Punk’s debut album, the indefectible Homework. The record was released by giant Virgin, but the contract signed gave the duo complete creative freedom after they had turned down a few offers from other labels. If the tracks ’Alive’ and ‘Da Funk’ –released as singles in 1995 –were already clear indications on the path chosen by these Frenchmen, Homework made it clear that Daft Punk was not just another name amongst the growing and already segmented dance music scene. In it, the duo was able to uniquely bring together different variations of an already saturated house music (progressive, acid, techno, electro, disco and funk) with what one can only refer to as phat bass lines, vocoders and pounding beats. It is, justifiably so, considered by many as a landmark in electronic music; an accurate influence and reference for everything that came after in terms of dance floor music. ‘Around the World’ was probably the tastiest cliché hit that year, accompanied by a fun video directed by filmmaker Michel Gondry. Other songs taken from Homework were directed by Spike Jonze, Roman Copolla and Seb Janiak. After such enormous success, everyone expected Daft Punk to ride the wave and quickly launch a successor
to Homework, but 4 years separate it toDiscovery, their eagerly awaited follow-up album. Conceived as an enormous 70s and 80s flashback and propelled by thehit ‘One More Time’, Discoveryis, as it were, less serious, a lot more fun and pop than its predecessor. It did not scare off the die-hard Daft Punk fans and definitely opened all the mainstream doors for the French duo, who soon after (still in 2001) released an album called “Alive 1997“, containing 45 minutes of a live recording made at one of their shows in England when touring for Homework. Without the well-known “second album trauma” hanging over them and with the public’s and critics’ practically unanimous acclaim, Daft Punk felt the blow of negative criticism for the first time in 2005 with Human After All. If the duo had dared when producing the animation film Interestella 5555, two years earlier, it was exactly the lack of daring that brought their third album down; although, ‘Robot Rock’ and ‘Technologic’ upheld their fate in breaking through to new audiences. Seemingly unscathed, Daft Punk turned to a direction that stood out from anything they had had been doing before when signing the soundtrack for Tron: Legacy. The film is a darker version of its sci-fi 1982 original, and its songs – obviously – walk in the same boots, distancing the duo from the dance floors and reminiscent of Bangalter’s previous work in the movies, his soundtrack for Irreversible (2003). Now, three years later–or eight, if we’re counting from Human After All - Daft Punk is back with a new album, Random Access Memories, which would have been released by Columbia records on the 21st of May but was leaked on the Internet on the 15th.As expected, it wreaked havoc amongst the media, the fans and those who had barely heard of the duo. “Get Lucky”, the album’s new single, with Pharrell Williams vocals and a Nile Rodgers co-production sat at the top of global charts in over 40 countries for weeks. The album, with a guest list that includes name like Julian Casablancas (Strokes) and Giorgio Moroder(the man behind Donna Summer’s classic ‘I Feel Love’), surprisingly deviated from the beaten pop track electronic music had been walking. Daft Punk reeled in more attention with it, than the 10 latest dance pop hits put together. It offered a quality album with organic and melodic influences amidst a musical universe that had become growingly digital and noisy. Who’s the daft punk now?
44 | ARTE
Por Gustavo Marchesi Apesar do nome abrasileirado, o Boa Mistura é um coletivo de arte espanhol nascido no final de 2001 em Madri. A denominação refere-se à diversidade de estilos e pontos de vista de cada um de seus integrantes e suas disciplinas; arquitetura, design, engenharia e belas artes. Entre galerias, bienais e museus mundo afora, o coletivo leva um pouco de humanidade e sempre uma mensagem de esperança por onde passa. Muitas vezes com participação direta da população local para a execução dos projetos, aos poucos paisagens quase mortas renascem em cores vivas e mensagens positivas. No Brasil, o vibrante projeto “Luz nas Vielas“ na Brasilândia, em São Paulo, levou à comunidade as palavras doçura, firmeza, amor, beleza e orgulho. Aproveitando a arquitetura das estreitas vielas - e por que não, a ajuda da molecada - o Boa Mistura contribuiu colorindo a vida desses paulistanos.
“Five heads, ten hands and one heart” Despite the name, Boa Mistura (“good mix” lossely translating) is a Spanish art collective that began in 2001. Boa Mistura refers to the diverse styles and perspectives each of its members and their disciplines offer; architecture, design, engineering and fine arts. In galleries, biennial shows and museums, the group continues to show the world a little humanity and a message of hope wherever they go. In Brazil, the vibrant “Luz nas Vielas“ at Brasilândia, in São Paulo, was described by the community with words like “sweet”, “strong”, “love”, “beauty” and “pride”. Making use of the narrow streets and a with a hand from the local kids, Boa Mistura contributed towards bringing a little more colour into the lives of those São Paulo dwellers.
Entenda como foi feito o “Luz nas vielas“ How “Luz nas vielas”was made
“Amor pelo grafite, à cor e à vida. Diferentes visões que se complementam, se influenciam e se misturam a favor de um resultado único.” “Love for graffiti, colour and life. Distinct visions which complement each other, influence each other, and always combine to create something even better.”
Por que a revista warung é um veículo único em seu segmento e ideal para divulgar a sua marca:
• 15 mil exemplares distribuídos
gratuitamente (circulação entre quase 50 mil pessoas);
• Pontos de distribuição estratégicos
espalhados por Itajaí, Balneário Camboriú, Florianópolis, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo;
• Versão online e canal de comunicação ativo em mídias sociais;
• Único veículo impresso com conteúdo bilíngüe destinado aos turistas em todo o litoral de Santa Catarina.
Anuncie ou seja um ponto de distribuição: revista@warungclub.com.br
47 | GUIA
Chegue cedo Chegar o mais cedo possível ao Warung é garantir uma festa melhor e mais longa! Além de você não perder tempo nas filas de carros que costumam se formar no acesso à Praia Brava, você também não corre o risco de enfrentar mais filas na entrada do clube. Chegue cedo, garanta seu espaço nos melhores lugares do Warung e aproveite as festas por mais tempo.
Arrive early Getting to Warung as early as possible is a guaranteed better and longer party! Apart from the fact that you’ll not be stuck in the traffic that tends to pile on when trying to get to Praia Brava, you’ll also avoid lines to get into the club! Get there early, get the best spots in the club and enjoy the party for longer!
Conheça melhor o clube A pista principal do Warung possui seis escadas de acesso: uma pela varanda, quatro pelo hall principal e uma pelo Garden. A escada que dá acesso à varanda está localizada atrás do Sushi Bar, situado na entrada do clube, e é um ótimo atalho para a pista. Já o Garden está ainda mais amplo e conta com dois bares, proporcionando ainda mais conforto para o público. Uma dica é marcar pontos de encontro com os amigos para evitar confusões nos eventos de maior movimento.
Explore the club Warung’s main floor has six access stairs: one on the terrace, four in the main hall and one from the Garden. The stairs that lead to the terrace can be found behind the Sushi Bar at the club’s entrance and is a great shortcut to the dance floor! The Garden has expanded and has now got two bars, offering the crowd even more space. A good tip is to agree on meeting points with your friends to avoid confusion when the club is packed.
Programação e ingressos antecipados Conferir com antecedência quais DJs irão se apresentar pode te levar a descobrir músicas e se informar melhor sobre os artistas. Isto pode ser feito através da Revista Warung ou da página do Facebook do clube (facebook.com/warung). Compre os ingressos antecipadamente para evitar que você fique de fora das melhores festas.
Check the night’s line up in advance and get tickets in advance Checking which DJs will be playing will help you listen to sets, discover new music and find out more about the artists! You can do that by checking the club’s Facebook page (facebook.com/warung) or Revista Warung. Buy your tickets in advance to make sure you’re not left out of the best parties.
Conforto e bem estar Use roupas leves e sapatos confortáveis, beba bastante água durante a noite para não se desidratar e, em caso de emergência médica, procure o pessoal do clube que eles irão lhe indicar o ambulatório. Se for dirigir, não beba!
For your well-being... Wear comfortable clothes, drink a lot of water during the night to avoid dehydration and, in case of medical emergency, look for the staff: they will show you where the first aid post is. If you’re drinking, don’t drive afterwards!
Banheiro especial, chapelaria, restaurante, wi-fi O Warung se preocupa com o conforto de seus clientes. As meninas dispõem de um banheiro especial no Garden – equipado com chapinhas pra não deixar o penteado estragar durante a noite. O clube possui um restaurante japonês (Sushi Bar) logo na entrada e disponibiliza uma chapelaria, além de internet wi-fi gratuita! Na saída das festas, não esqueça de retirar seu exemplar da Revista Warung!
Special restroom, cloakroom, restaurant, Wi-Fi Warung cares about its client’s comfort. Girls have a special restroom at the Garden – equipped with flat irons so that towards the end of the night your hair still looks as good as it did when you walked in. The club has a Japanese restaurant (Sushi bar) right at the entrance, a cloakroom and a free Wi-Fi connection! When you leave, don’t forget to get your issue of Revista Warung!
Warung Residents
Renato Ratier Renato Ratier é um grande visionário do mercado noturno e assina seu conglomerado de entretenimento sob a marca D-Edge com qualidade e autenticidade. DJ há muitos anos, Renato é membro dos residentes do Warung desde o início de 2011. Renato Ratier is a visionary in the night-clubbing market heading his entertainment conglomerate under the D-Edge label with quality and authenticity. A DJ for many years, Renato is a member of Warung’s dream team since the beginning of 2011.
Leozinho Conhecido por integrar o trio Life Is a Loop junto com Fabricio Peçanha e o percussionista Rodrigo Paciornik, Leozinho sempre foi um importante nome na história do Warung, tocando desde o início do clube em apresentações inesquecíveis. Known as part of the Life Is A Loop trio, together with Fabricio Peçanha and drum sinker Rodrigo Paciornik, Leozinho has always been a major character in Warung’s history, performing unforgettable gigs since the club opened its doors.
Aninha A blumenauense explora sua sensibilidade em warm-ups com mixagens sutis, sem deixar de entregar sempre um som deliciosamente grooveado. Aninha integra o time de residentes desde 2005 e já foi representar o Warung em suas turnês pelo Brasil e também na Europa. This Blumenau DJ explores her sensibility in subtle warm-ups, delivering deliciously groovy music. Aninha is part of the residents’ team since 2005 and has already toured all over the country, and also Europe, under the Warung label.
Paulo Boghosian Responsável por belos warm-ups, o Paulistano é considerado uma revelação como DJ e produtor, também sendo parte da seleção de residentes do conceituado D-Edge e presença constante entre os grandes nomes do cenário nacional. Performer great warm-ups the DJ from São Paulo, he is a big promise in the national DJing and producing segments, also part of the mighty D-Edge residents’ cast and constantly being found amongst major names in the national scene.
Ricardo Albuquerque Apaixonado por música e dedicado às produções do Warung Recordings e do seu selo Radiola, Ricardo Albuquerque é um talento em ascensão e “Savage” de coração. A music aficionado and dedicated producer for Warung Recordings as well as for his own label, Radiola Records, Ricardo Albuquerque is a rising star and a “Savage” at heart.
Leo Janeiro É carioca da gema e embaixador do Rio Music Conference. Leo Janeiro é um excelente DJ e fã da introdução de novos elementos em suas músicas, largamente explorados em seu primeiro álbum “First Time”, lançado em 2010. A genuine Rio boy and an ambassador for the Rio Music Conference. Leo Janeiro is an excellent DJ and a fan of introducing new elements to his music, which he widely explored in his first album “First Time”, released in 2010.
Daniel Kuhnen É produtor do projeto Elekfantz e residente do clube desde 2006. Por sua grande sensibilidade refletida no dancefloor, Daniel é também quem aquece oficialmente as pistas para Gui Boratto em suas turnês, dentro e fora do Brasil. Music producer in the Elekfantz project, he started as a resident at the club in 2006. Due to his great sensibility of the dance floor, Daniel is also responsible for officially warming-up for Gui Boratto on his national and international tours.
Davis Residente da emblemática noite Freak Chic do D-Edge, Davis consolidouse como um DJ com ótimas referências e talento único, o qual começou a mostrar em seus sets de warm-up e encerramento no Warung desde o início de 2013. Resident at the emblematic Freak Chic at the D-edge, Davis has consolidated himself as a DJ with excellent references and unique talent, both of which he was able to show during his opening and closing sets at Warung from the beginning of 2013
Fabo Com mais de 3 milhões de plays no YouTube, sua música “Where I Stand” tornou-se um hit global. Talento como produtor e também como DJ foram responsáveis por garantir a Fabo um lugar entre os residentes do Warung em 2013. With over 3 million plays on YouTube, his song “Where I Stand” has become a global hit. His talent as a producer and as a DJ was responsible for securing Fabo’s spot amongst Warung’s residents in 2013.
OUTUBRO, SÁBADO october, saturday A rainha retorna ao templo: depois de um ano de sua apresentação inesquecível, o Warung orgulha-se de receber novamente a polonesa Magda. Ela, ao lado de Troy Pierce e Marc Houle são referência no mundo do techno há muitos anos, mas somente há pouco tempo o trio uniu-se para lançar o selo Items & Things. Os três juntos têm mais de três décadas dedicadas ao techno, sendo veteranos mais que qualificados para comandar uma noite muito especial no Main Room do Warung. Se na pista principal é techno “all night long”, no Garden acontece a estreia da dupla suíça Animal Trainer, sensação da noite berlinense e responsável por um house animado e de qualidade ímpar. The queen returns to the temple: a year after her unforgettable performance, Warung is proud to host Magda once again. A worldwide reference in techno for several years, it was only recently that Magda, Troy Pierce and Marc Houle got together and launched the label Items & Things. Put together, the trio has dedicated over three decades to techno, overly qualifying them for a very special night at Warung’s main floor. If the main room is playing techno all night long, the Garden will host Animal Trainer’s first appearance at the club. The Swiss duo, Berlin’s latest golden boys, will most definitely deliver an upbeat and unparalleled night of great house music.
CAMAROTES VIP
INGRESSOS TICKETS
magda
soundcloud.com/magda-official
troy pierce soundcloud.com/troypierce
marc houle soundcloud.com/marchoule
animal trainer soundcloud.com/animaltrainer
black birdz soundcloud.com/black-birdz
OUTUBRO, SEXTA october, friday Noite de encontro entre representantes de grandes núcleos da música eletrônica mundial. Com atitude e gosto refinado para a música eletrônica, o fundador do selo Crosstown Rebels, Damian Lazarus, coleciona apresentações em festivais como o Burning Man, noites como a Enter, de Richie Hawtin, e clubes como o DC-10 em Ibiza. Ao lado de Subb-An, prolífico produtor, a pista principal do Warung vai se transformar em uma de suas famosas festas, a Rebel Rave. Já Anja Schneider é cofundadora do selo Mobilee e dona de uma musicalidade nata que deixa transparecer em seus sets carregados no techno. Mais um estreante na noite é o aguardado Bicep, cujas produções mergulhadas no garage house garantiram sucesso nas noites mais badaladas no verão europeu. This will be a meeting of the minds for the main representatives of the world’s greatest electronic music outfits. With plenty of attitude and a refined taste in electronic music, the founder of Crosstown Rebels, Damian Lazarus, has notched his belt with performances ranging from festivals like Burning Man, nights at Ritchie Hawtin’s Enter and clubs like DC-10 in Ibiza. Next to Subb-An, producer extraordinaire, Warung’s main room will turn into one of their famous parties, Rebel Rave. Then there’s Anja Schneider, co-founder of label Mobilee and proprietor of a native musicality that overflows in her techno-heavy sets. Another newcomer to the club is the eagerly awaited Bicep, whose productions dabbling in Garage House are a recipe for success at the best parties of the European summer.
CAMAROTES VIP
INGRESSOS TICKETS
damian lazarus soundcloud.com/damianlazarus
subb-an soundcloud.com/subb-an
anja schneider soundcloud.com/anjaschneider
bicep
soundcloud.com/feelmybicep
NOVEMBRO, SEXTA november, friday Um dos medalhões do Warung não pode faltar na programação de mais um aniversário inesquecível. O mestre Dubfire confirma seu retorno ao Main Room! Para os amantes de techno, a noite oferece ainda mais um nome em ascensão: Edu Imbernon, que se apresentou em grandes eventos no verão do hemisfério Norte, como Sónar. Outra novíssima convidada da noite é Nastia, um dos maiores talentos da Ucrânia e apresentadora da Kiss FM. Completando este respeitável line-up há também o Savage Renato Ratier, que retorna ao templo após o lançamento de seu álbum Black Belt, e o alemão Hector, parte da “crew” do selo Mobilee e respeitado produtor musical. One of Warung’s heavyweight champions could not be left out of yet another unforgettable birthday celebration. Dubfire has confirmed his return to the Main Room! For the techno lovers, the nights also offers another rising star: Edu Imbernon, who has performed at a few of the big events of the northern hemisphere this summer, like Sónar and Circoloco. Another spanking new addition to the night is Nastia, one of Ukraine’s greatest talents and Kiss FM presenter. The cherries on top of this incredible line-up is Savage Renato Ratier, returning to the club after releasing his album Black Belt, and Hector, part of Mobillee’s crew and renowned music producer.
CAMAROTES VIP
INGRESSOS TICKETS
dubfire
soundcloud.com/dubfire-music
renato ratier soundcloud.com/renatoratier
hector
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adriatique soundcloud.com/adriatique
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NOVEMBRO, SEXTA november, friday O segundo dia de comemoração dos 11 anos de Warung traz ao clube velhos amigos que são mestres em conduzir o Main Room: Solomun, Kolombo e Seth Troxler. Os três dispensam apresentações, e são garantia de uma noite sem precedentes. Mas como não só de atrações conhecidas se faz uma grande festa de aniversário, conheça quem se apresenta pela primeira vez no clube: a dupla alemã Pan Pot, a dona do selo B-Pitch Control, Ellen Allien, e o talento espanhol Mar-T. Encerrando com chave de ouro este grande line-up, ninguém melhor que o Savage Renato Ratier - raw! The second day of Warung’s 11th birthday celebration brings old friends back to the club, masters at driving the Main room through the roof: Solomun, Kolombo and Seth Troxler. No introductions are needed here and they are guaranteed to put on a night like no other. Alas, a great party is not made of known artist’s alone and there are a few newcomers complementing the night’s festivities: the German duo Pan Pot, the owner of B-Pitch Control, Ellen Allien, and the talented Spaniard Mar-T. To seal the deal, no one better than Savage Renato Ratier to finish off this great line-up!
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solomun soundcloud.com/solomun
seth troxler soundcloud.com/sethtroxler
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mar-t
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DEZEMBRO, SÁBADO december, saturday Ninguém pode discordar de que a cena eletrônica ficou muito mais bonita com a sua presença. Nina Kraviz surpreende não somente por seus belos olhos, mas também por uma sensibilidade única voltada a um gênero que é considerado masculinizado ao extremo, o techno. Nina retorna ao templo após uma apresentação de tirar o fôlego em 2012, e desta vez para abrir a temporada do verão, acompanhada de um DJ que tem muito a mostrar em sua primeira vez no Warung: o alemão Andre Crom, produtor consagrado de músicas lançadas por selos como Exploited e OFF. Ao lado destes grandes nomes internacionais, um grande nome local: o mais novo Savage, Fabo. Nobody can deny that the electronic music scene was seriously beautified upon her arrival. As astounding as Nina Kraviz’s eyes is her unique sensibility within a genre widely considered masculine, techno. Nina is back after a breathtaking presentation in 2012, and this time she’s opening the season, accompanied by a DJ who has a lot to share in his first Warung performance: Andre Crom from Germany. An established producer who has released songs on labels like Exploited and his own OFF. Side by side with these international names, one of our great names: the newest Savage addition Savage, Fabo.
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nina kraviz facebook.com/nina.kraviz
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