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Ariana Grande
ariana e o grande thank u, next
por MIKE FARIA (@mike_faria)
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Se “Grande” já fazia parte do nome e da trajetória musical de ARIANA GRANDE, agora também faz parte do seu trabalho. Com thank u, next, seu quinto e mais recente álbum, após seis meses do último disco Sweetener, a artista comprovou sua grandeza e levou seu pop ao auge com baladas dançantes, letras afiadas e batidas envolventes.
Se Sweetener era leve e doce, o atual disco traz uma carga mais pesada, divertida e cheia de confiança. Ariana Grande mostra que sabe o que quer, sem culpa, parece encontrar sua personalidade e usa a voz da melhor maneira, seja para agradecer o ex ou dizer que não vai dar sorrisinho falso para agradar ninguém (“fake smile”). Assim, essa atitude domina o álbum e confirma, com baladas e músicas R&B e um toque de trap, estilo musical do rap, por que a jovem é hoje considerada a “grande estrela pop”, e seu próprio nome não deixa mentir.
No novo trabalho, a cantora parece se encontrar, sabe lidar com as contradições e emoções de forma honesta. Independente e sem nenhuma parceria, traz ao público um conjunto de confissões pessoais e seu lado “malvado” interior que tomou conta dos singles 7 rings, onde Grande afirma que o que ela quer, ela consegue, e o surpreendente e sensacional thank u, next. As faixas, juntas, fizeram história ao consagrar o disco, antes mesmo de sua estreia, como o terceiro da história a estrear duas músicas direto no topo da Billboard Hot 100 – os outros dois foram Scorpion, de Drake, em 2018, e Daydream, de Mariah Carey, em 1995.
Segundo anuncia a crítica do jornal The Guardian, “crucialmente, no centro de tudo, talvez pela primeira vez está Ariana. Tal como aconteceu com o ‘ANTI’ da Rihanna, isso parece o trabalho de uma estrela pop anteriormente feliz por servir de canal para outras pessoas, e agora finalmente descobrindo que elas são o que quiserem ser. Aqui, Ariana encontra sua voz”. Ainda, o texto revela a nota para o disco: quatro de cinco estrelas.
Cada vez mais segura e forte, Ariana Grande mostra que amadureceu e superou algumas adversidades que marcaram sua vida e até mesmo, seu trabalho nos últimos tempos, tendo em vista os acontecimentos envolvendo a cantora. Ela enfrenta suas dores e se permite ser ela mesma, feliz e despreocupada, em um trabalho preciso e bem construído.
Ao ouvir o álbum todo, fica a sensação de que as músicas são parecidas em alguns momentos, seja por causa das batidas ou pelos recursos vocais, mas esse aspecto não compromete o material e revela talvez, até uma intenção da própria cantora e um sentimento que norteia as canções.
Algumas músicas são destaque, como NASA, uma faixa sutil e original. Ela investe na batida, com referências antigas mais tranquilas e R&B. A mensagem é da mulher que “precisa de espaço”, de ficar sozinha e quer que o cara entenda isso. A partir daí, ela entra em uma viagem que faz rir e dançar ao mesmo tempo: “É como se eu fosse a N.A.S.A. e você fosse o espaço”, já pode ser considerado um dos melhores refrões do CD.
Em bloodline, primeira música mais dançante do disco, feita com o produtor Max Martin, aparecem o ritmo do reggae e um conjunto de metais. A letra fala de pegação sem compromisso e representa bem a leveza de espírito do álbum.
Para fechar o disco, Grande investe em um discurso sugestivo em break up with your girlfriend, i’m bored, uma das faixas que se apropria bastante do rap, com vocal mais suave. Ela quis terminar o disco do jeito mais leve e bem humorado possível – traduzindo, o título significa “termine com sua namorada, estou entediada“. Depois de tanta coisa pelas quais Ariana passou, ela merece ser um pouco despreocupada. thank u, next rendeu à Ariana Grande 70 milhões de reproduções em suas primeiras 24 horas no Spotify, marcando o álbum como a melhor estreia de um disco feminino na plataforma de streaming. Lançado com 12 músicas, a artista apareceu com todas as faixas dentro do Top 15 do Spotify Global, incluindo todas as nove primeiras posições da parada – ao lado de Drake, ela é a única artista a conseguir tal marca na plataforma. O projeto ainda retem alguns outros recordes, como o compilado que chegou mais rápido ao topo do iTunes, levando apenas cinco minutos – igualando-se à Taylor Swift, com o reputation.
Nas paradas musicais da Billboard, ela retém alguns títulos, como a primeira artista, desde 1964 com os Beatles, a ocupar simultaneamente o 1º, 2º e 3º lugar da Billboard Hot 100, e ainda é a segunda mulher com mais álbuns #1 nesta década (quatro), empatando novamente com Taylor Swift e perdendo para Lady Gaga (com cinco). Também, em streams, ela é a artista com a maior estreia de um álbum pop e a maior estreia de uma cantora (independente do gênero musical!), com 307 milhões de reproduções em sua primeira semana!
Muito questionado por alguns fãs e admiradores da cantora, o intervalo entre um álbum e outro parece ser o tempo que a artista precisou para saber lidar com a carga emocional representada no quarto álbum, um desabafo e discurso para deixar o momento mais tranquilo e harmônico. Parece ser o que ela precisava dizer, uma carga criativa após o término com o último namorado, Pete Davidson, em um tom humorístico que incorpora todos os aspectos da cantora. Ela parece querer deixar para trás a fase que passou, mostra que não tem medo de inovar e se descobre de uma forma inteligente, evidenciando assim que encarou o passado e claramente, aprendeu com ele.
Certamente, com o lançamento Ariana Grande consolidou ainda mais sua influência no cenário musical e nos deixa curiosos para o que ainda pode contribuir nesse meio, sobretudo, na cena pop. Afinal, se a edição desse ano do Grammy não soube valorizar sua presença, então thank u, next! //