Imprensa Popular - Edição especial PCB 90 anos

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r a l u Imprensa p Po Ano VI. Nº 36

Jornal do Partido Comunista Brasileiro . www.pcb.org.br. Março 2012

EDIÇÃO ESPECIAL COMEMORATIVA

PCB, 90 ANOS DE LUTAS


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PCB nos estados

Editorial

N

o dia 25 de março de 1922, trabalhadores brasileiros reuniram-se em Niterói. Representavam vários agrupamentos comunistas que existiam pelo país. Estavam marcados pela Revolução Russa e os movimentos grevistas que agitavam as ruas. Desejavam lutar para transformar o Brasil e criaram um Partido para combater a opressão. Em seu horizonte, o socialismo era a perspectiva de emancipação humana. O PCB floresceu e esteve ao lado dos trabalhadores em suas jornadas mais emblemáticas: as revoltas camponesas de Porecatú, Trombas e Formoso, a greve dos 300 mil em São Paulo em 1953, a campanha do “Petróleo é Nosso”, as campanhas contra a guerra da Coréia e tantas outras. Somos responsáveis por inúmeras conquistas para as mulheres, os negros, os jovens, mas fundamentalmente para os trabalhadores brasileiros. Por isso, desde sua fundação o PCB foi perseguido pelos donos do poder. Fomos presos, torturados e assassinados. Mas nossa bandeira nunca parou de tremular e, mesmo com a perseguição mais feroz, estávamos nas lutas contra o Estado Novo e nas mobilizações contra o nazifascismo, enfrentamos uma nova ditadura, resistimos às divisões internas e tentativas de liquidação. Mirando a coragem e o exemplo daqueles homens de março de 1922, nunca fugimos da luta. Eles deram o primeiro passo de uma longa caminhada da qual temos o orgulho de sermos os continuadores, com nossos erros e acertos, com vitórias e derrotas, mas sempre perseguindo os caminhos do socialismo. A nossa presença deixou marcas indeléveis na sociedade brasileira. Afinal, lutaram conosco Graciliano Ramos, Jorge Amado, Oswald de Andrade, Portinari, Di Cavalcanti, Pagú, Mário Lago, Caio Prado Jr, Alberto Passos Guimarães, Nelson Werneck Sodré, Mário Schemberg, Nise da Silveira, Carlos Drumond de Andrade, Gianfrancesco Guarnieri, Oduvaldo Viana Filho, Adolfo Lutz, João Saldanha, Cícero Dias, Aparício Torelly (Barão de Itararé), Dias Gomes, Vladimir Herzog, Nelson Pereira dos Santos e Leon Hirszman. Aqui, prestamos homenagens a camaradas como Astrojildo Pereira, Minervino de Oliveira, Octávio Brandão, Elisa Branco, David Capistrano, Giocondo Dias, Carlos Marighella, Roberto Morena, Osvaldo Pacheco, Horácio Macedo, Ana Montenegro, Dinarco Reis, Manoel Fiel Filho, José Montenegro de Lima, Gregório Bezerra e Luis Carlos Prestes. Saudamos em seu nome todos aquelas centenas de milhares de militantes que anonimamente construíram este patrimônio da história brasileira e da luta dos trabalhadores, que é o PCB.

BRASILIA – DF Telefax.: (61) 3323 – 2226 pcb@pcb.org.br RIO DE JANEIRO–RJ Telefax.: (21) 2262 – 0855 / 2509 – 3843 pcb@pcb.org.br CONTATOS ESTADUAIS PCB – ALAGOAS Tel.:(82) 3032 – 6125/9962 – 6323/8805 – 5636 pcbal@pcb.org.br PCB – AMAPÁ Tel.: (96) 8119 – 2268 PCB – AMAZONAS Tel.: (92) 3635 – 6999 PCB – BAHIA Contato (71) 9609-3219 (Sandro ) PCB – CEARÁ Tel.: (85) 3292 – 4103 / 8801 – 6492 – Carlinhos PCB – DISTRITO FEDERAL Telefax.: (61) 3323 – 2226 PCB – GOIÁS Tel.: (62) 3626 0893 PCB – MARANHÃO Tel.: (98) 3221 – 3635 PCB – MINAS GERAIS Telefax.: (31) 3201 – 6478 pcbminas@ig.com.br PCB – PARÁ Tel.: (91) 3081 – 5762 pcbpa@pcb.org.br PCB – PARANÁ Tel. : (41) 3322 – 8193 pcbpr@pcb.org.br PCB – PERNAMBUCO Telefax (81) 3423 – 1394 PCB – PIAUÍ Tel. : (86) 3213 – 1305 – Rogaciano Veloso pcbpi@yahoo.com.br PCB – RIO DE JANEIRO Telefax.: (21) 2509 – 2056 pcbrj@pcb.org.br PCB – RIO GRANDE DO NORTE Tel.: (84) 8845 – 4872 PCB – RIO GRANDE DO SUL Tel. : (51) 3062-4141 pcbrs@pcb.org.br PCB – RONDÔNIA Tel.: (69) 3215 – 5782 PCB – SANTA CATARINA Tel.: (48) 3433 – 0843 FAX (48) 3437 – 1338 pcbsc@pcb.org.br PCB – SÃO PAULO Tel.: (11) 3106 – 8461 pcb@pcb–sp.org.br PCB – SERGIPE Tel. : (79) 8802 – 1037

“Por isso, desde sua fundação o PCB foi perseguido pelos donos do poder. Fomos presos, torturados e assassinados. Mas nossa bandeira nunca parou de tremular e, mesmo com a perseguição mais feroz, estávamos nas lutas contra o Estado Novo e nas mobilizações contra o nazifascismo, enfrentamos uma nova ditadura, resistimos às divisões internas e tentativas de liquidação. Mirando a coragem e o exemplo daqueles homens de março de 1922, nunca fugimos da luta. Eles deram o primeiro passo de uma longa caminhada da qual temos o orgulho de sermos os continuadores, com nossos erros e acertos, com vitórias e derrotas, mas sempre perseguindo os caminhos do socialismo”

Fomos, somos e seremos comunistas. Somos o Partido Comunista Brasileiro, somos o PCB!

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imprensa.popular@pcb.org.br. Fundado por Pedro Motta Lima Diretores Responsáveis Eduardo Serra, Edmilson Costa e Ivan Pinheiro Edição Paulo Schueler (MT 28.923/RJ) Diagramação Daniel de Azevedo

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ENTREVISTA COM O SECRETÁRIO-GERAL DO PCB, IVAN PINHEIRO

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“Temos que estar à altura das possibilidades que a conjuntura nos oferece”

Membro do Comitê Central do PCB desde 1982 e Secretário-geral do Partido desde 2005, quando da realização do seu XIII Congresso, Ivan Pinheiro recebeu a equipe do Imprensa Popular para conversar sobre as comemorações de 90 anos do PCB e os desafios atuais para a organização. Durante a entrevista, Ivan deixou claro que os comunistas brasileiros estão diante de boas possibilidades para o fortalecimento do PCB, mas que para isso ocorrer o Partido terá que vencer algumas deficiências em seu trabalho político e organizativo.

IMPRENSA POPULAR: Ivan, o que você diria se encontrasse aqueles homens que, em 25 de março de 1922, se reuniram em Niterói para fundar o PCB? IVAN PINHEIRO: Em primeiro lugar agradeceria a eles por terem deixado este legado e o exemplo de que, por maiores que sejam as dificuldades, é preciso lutar. Aqueles comunistas enfrentaram grandes dificuldades para colocar o PCB de pé: viviam o predomínio do anarquismo no meio sindical, a repressão e a perseguição da República Velha. E ainda sofriam com a falta de recursos materiais e a pouca convivência comum, pois os núcleos comunistas eram pulverizados em vários Estados distantes, em um país enorme como o Brasil, numa época em que as comunicações e os transportes eram muito limitados. Isso demonstra de forma inequívoca: o PCB sobreviveu a essa dificílima infância devido ao apoio dos trabalhadores, ao acerto de sua política, à ligação com o Movimento Comunista Internacional e à disposição de luta de seus militantes, que conseguiram ultrapassar todas essas barreiras. Deixaram um enorme exemplo para aqueles que fraquejam, conciliam e se rendem, cooptados pelo sistema. Depois de agradecer, diria a eles que estamos muito atentos para a necessidade de mantermos no PCB os princípios de camaradagem, de internacionalismo proletário, de firmeza ideológica, de organização leninista que nos foram deixados. Que estamos vigilantes para que o instrumento que eles criaram em tão difíceis condições não caia na vala comum do reformismo, do compadrio, do caciquismo nas relações internas. Nossa responsabilidade é enorme!

IMPRENSA POPULAR: Responsabilidade não só com o passado, aliás... IVAN: Sem dúvida. O respeito àqueles que tombaram, que entregaram o melhor de suas vidas, que se sacrificaram em prol do PCB, da liberdade e da revolução socialista; e não só no Brasil. Nosso suor e nosso sangue estiveram na Guerra Civil Espanhola, na Resistência Francesa e em tantos outros momentos e lugares. Mais do que placas e medalhas, livros e filmes, nossa maior homenagem a eles é continuarmos a luta pelo socialismo em nosso país e a solidariedade internacionalista. IMPRENSA POPULAR: E os erros que o Partido cometeu? IVAN: Aqui está um ponto fundamental. Esses 90 anos nos dão uma oportunidade ímpar entre as forças políticas do país: a do aprendizado através da própria experiência. Já acertamos muito, na maioria das vezes, mas também já erramos muito; creio que nossa cota de equívocos já se esgotou. São grandes as possibilidades de o PCB se transformar num vigoroso partido revolucionário. Mas para isso, temos que olhar para alguns momentos do passado e manter distância tanto do sectarismo quanto da conciliação. Estamos encontrando um ponto de equilíbrio em algumas questões importantes. Não cair no liberalismo com questões de segurança e nem no “secretismo” conspirativo. Não supervalorizar o trabalho nos espaços institucionais, como os parlamentos, nem sua completa negação. Também não podemos ser arrogantes com aliados do nosso campo polí-


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tico que, como nós, lutam pela ruptura do capitalismo e não por seu desenvolvimento e reforma. Temos que ser intransigentes com o reformismo e, no interior do nosso Partido, com desvios oportunistas, individualistas, carreiristas. IMPRENSA POPULAR: Aliás, consideradas as condições atuais, que PCB o futuro encontrará? IVAN: Estamos fazendo o possível para que o futuro encontre um PCB cada vez mais enraizado no proletariado, atuando ativamente nos sindicatos e movimentos populares, na juventude, nos movimentos contra discriminações, na solidariedade internacionalista. Precisamos de uma intelectualidade orgânica e coletiva, em que o estudo teórico esteja a serviço principalmente do desenvolvimento ideológico. Precisamos uma verdadeira democracia interna, de mão dupla, das bases ao Comitê Central. Para isso, as bases têm um papel central no Partido, que é um sistema de organizações. Queremos um partido profundamente revolucionário e internacionalista. Temos que estar à altura das possibilidades que a conjuntura nos oferece, com o capitalismo em crise, com suas máscaras caindo. De um lado, temos uma esquerda que se rendeu ou foi cooptada, que está “no bolso” do grande capital. De outro, vemos sectarismo e movimentismo. Mas temos forças aliadas que têm uma linha política próxima a nós, com as quais temos que valorizar a unidade de ação. O PCB tem uma avenida à sua frente, e não pode desperdiçar a oportunidade de alargá-la e seguir em frente. Uma avenida ao socialismo! Parafraseando Leonel Brizola, “o cavalo está passando encilhado para o PCB”! E nosso principal patrimônio é a coerência política! IMPRENSA POPULAR: Como assim? IVAN: A queda da União Soviética e a posterior tentativa frustrada de liquidação do Partido por aqueles que fundaram o PPS nos trouxeram muitos problemas e algumas possibilidades. Entre os problemas estava a convivência, entre nós que mantivemos o PCB, de visões as mais diferenciadas sobre para que o Partido deveria continuar existindo. Esse processo só começou a se resolver em 2005, e atrasou em muito as nossas possibilidades. Basta perceber que de 2005 para cá tivemos dois Congressos e já agendamos o novo para 2013, duas Conferências Políticas: uma de organização e outra de mediações táticas. Reorganizamos a UJC. Estamos empenhados em ampliar e dinamizar nossa atuação no movimento sindical, através da Unidade Classista e da recomposição da unidade e da ampliação da Intersindical. É como se estivéssemos azeitando uma máquina enquanto a botamos para funcionar. Mas precisamos estar à altura de receber militantes novatos ou com as mais diversas trajetórias no campo da esquerda. Antes de ingressar no Partido, precisam conhecer perfeitamente nossa linha política, a natureza do Partido Comunista e o fato de que estamos em reconstrução, para não idealizar o Partido e depois se desiludir. Precisa também saber que o PCB não é uma legenda de aluguel. No PCB, só são candidatos a eleições aqueles que o Partido considera que devem cumprir esta tarefa. O Partido não tem nada a oferecer aos seus militantes, além da elevação de sua consciência política, de seu orgulho de lutar para emancipar a humanidade. Dizíamos em 1992 que nosso Partido pode ser o estuário dos comunistas brasileiros. Mas isso não se dará por decreto, por cooptação, por arrogância, por uma herança “jurídica” ou “natural”. Temos que começar da unidade de ação, do debate franco de posições, do absoluto respeito às organizações com as quais temos identidade e com seus militantes. Além do mais, temos muito que avançar em organização, finanças, agitação e propaganda, mas principalmente em nossa atuação nos movimentos de massa. Afinal de contas, PCB é pra lutar! IMPRENSA POPULAR: Poderia resumir as principais lutas do PCB hoje? IVAN: Temos que ter equilíbrio entre a necessidade de exercer cada vez mais o internacionalismo proletário sem perder de vista que nossa tarefa principal é ajudar a vitória

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eram poucos

e nem puderam cantar muito alto a Internacional naquela casa de em

1922. Mas

Eles

Niterói

cantaram e fundaram o partido

eram apenas nove,

Astrojildo, o contador Cordeiro, o gráfico Pimenta, o sapateiro José Elias, o vassoureiro Luís Peres os alfaiates Cendon e Barbosa o ferroviário Hermogênio e ainda o barbeiro Nequete que citava Lênin a três por dois Em todo o país o jornalista

da revolução socialista no Brasil, nossa maior contribuição aos demais povos em luta. Desta forma, as prioridades são a ligação do Partido com os movimentos sindical e operário, juvenil e populares em geral, ajudando o êxito de suas lutas, e o fortalecimento do Partido dentro de critérios leninistas, privilegiando a qualidade, formando verdadeiros comunistas. Na solidariedade internacionalista, destacamos três questões centrais: a defesa de Cuba Socialista, a solidariedade aos palestinos e demais povos do Oriente Médio, sob agressão do imperialismo e do sionismo, e à luta contra o estado terrorista colombiano, que pode se transformar numa espécie de Israel da América Latina e ameaça os processos de mudança na região.

mocráticas, e talvez o melhor exemplo seja a Venezuela, os partidos comunistas não podem abrir mão de princípios e perder a perspectiva revolucionária. O Partido Comunista da Venezuela é um bom exemplo. Presta apoio ao processo de mudanças encabeçado pelo presidente Chávez mas sem perder sua independência. Outra referência para nós é o Partido Comunista Grego, que aposta tudo no movimento de massas e numa orientação de acirramento da luta de classe, sem conciliação com a burguesia e os socialdemocratas. Nosso critério nas relações internacionais é a questão da ruptura com o capitalismo e não sua reforma. O divisor de águas é entre aqueles que se renderam ao capitalismo e os que lutam pela revolução socialista.

IMPRENSA POPULAR: Importante você citar a política externa brasileira, que muitos acham progressista e até anti-imperialista. IVAN: Temos denunciado sem subterfúgios que todos os governos brasileiros servem, em primeiro lugar, ao estado burguês brasileiro. E a política externa é um dos principais instrumentos no objetivo de fazer do Brasil uma potência capitalista, inserida no imperialismo, ainda que atualmente de forma subalterna. A expansão do capitalismo brasileiro pelo mundo se baseia no crédito farto e generoso de bancos públicos às chamadas “multinacionais brasileiras” e a uma diplomacia de resultados, pragmática, que tem como princípio fundamental, em cada episódio, avaliar qual posição é melhor para o capitalismo brasileiro. Há os que pensam que a política externa do governo Dilma é um retrocesso em relação ao período Lula, já que o Brasil agora cada vez mais vota com os países imperialistas nos fóruns multilaterais. Em verdade, estamos na segunda fase de um mesmo projeto. Primeiro, o capitalismo brasileiro se expandiu na América Latina e em alguns países periféricos de outros continentes, com nossas empreiteiras, mineradoras, petroleiras etc. Agora, o objetivo é surfar na crise e ascender à “primeira divisão” do capitalismo mundial.

IMPRENSA POPULAR: E para chegarmos a ela no Brasil, qual tem sido a contribuição do PCB? IVAN: A luta contra o reformismo e o peleguismo nos movimentos sociais, a bandeira da Frente Anticapitalista e Anti-imperialista, a defesa de nossos recursos naturais, principalmente o petróleo, a aproximação com aqueles que enxergam a necessidade de transformações radicais. Sem qualquer concessão, remamos contra a avassaladora hegemonia burguesa denunciando a manipulação da mídia, fazendo um contraponto, apesar da imensa desigualdade de meios. Não será com mais capitalismo que os trabalhadores terão melhorias em sua condição de vida. O que vemos é a perda de direitos, o endividamento crescente das famílias, a falência dos sistemas de transporte nas grandes cidades, a privatização da saúde, a expansão sem qualidade da educação. Precisamos dizer isso de forma clara, até porque as pessoas sentem isso no dia-a-dia.

IMPRENSA POPULAR: E o movimento comunista internacional? IVAN: Rompemos com a conciliação e a diplomacia. Privilegiamos nossas relações com os partidos e movimentos que não nutrem ilusões reformistas. Mesmo em países que atravessam processos de transformações de-

IMPRENSA POPULAR: Para terminar, quais suas principais lembranças desses 90 anos do PCB? IVAN: Lembro dos nossos heróis, dos que foram assassinados, torturados, perseguidos. Lembro de nossas individualidades mais conhecidas, a começar por Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança. Lembro de Ana Montenegro, Gregório Bezerra, Olga Benário, Marighella, Dinarcão, Giocondo, Caio Prado, Astrojildo, Octávio Brandão, Horácio; lembro de João Saldanha, Isnard Teixeira, Roberto Morena, Oswaldo Pacheco; lembro do Raimundão, do Espedito, do nosso querido Pacheco. Mas penso sobretudo nos milhares de militantes anônimos que deram suas energias, suas vidas, para construir o PCB e lutar pelas causas mais nobres da humanidade.

eles eram mais de setenta sabiam pouco de marxismo mas tinham sede de justiça e estavam dispostos a lutar por ela

Faz sessenta anos que isso aconteceu o PCB não se tornou o maior partido do nem mesmo do Brasil.

ocidente

mas quem contar a história de nosso povo e seus heróis tem que falar dele.

Ou

estará mentindo

Ferreira Gullar - Escrito em 1982


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PCB! PCB!

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Parabéns, PCB! PCB! PCB! “

Aos camaradas do PCB. Em nossa conjuntura histórica decisiva, o aprofundamento da crise estrutural do capital ameaça a própria sobrevivência da humanidade. Apenas uma estratégia revolucionária obstinada pode assegurar uma saída desta perigosa situação, através da criação de bases verdadeiramente justas para um futuro sustentável. O papel da política é vital nesse processo, na condição de que ela tenha por objetivo a superação radical das hierarquias estruturais herdadas do passado. Sem isso, a inércia paralisante da reprodução cultural e material hierarquicamente ossificada está fadada a comprometer até os melhores esforços restritos à política, como confirmam nossos amargos revezes históricos. A necessária orientação revolucionária de nossos tempos clama por uma transformação emancipatória através da qual as grandes massas populares possam realmente controlar suas condições de existência, dentro do espírito da igualdade substantiva e sobre as firmes bases desta. Depois de 90 anos de luta, pelos anos que virão adiante, eu desejo a vocês sucesso irrevogável na realização dessa grande tarefa histórica. Com total solidariedade.” István Mészáros

Vivemos num tempo de guerras, rebeliões populares e ascenso da luta de classes em escala mundial. O Brasil, mais do que nunca, precisa de uma frente unida de todos os movimentos populares e sindicais para preparar as lutas de massas que se avizinham em nível nacional. O PCB, com seus 90 anos de luta de classes, desempenhará um papel vital na nova fase revolucionária. O socialismo ressurge como única alternativa necessária à barbárie capitalista. O PCB tem os líderes e quadros para assumir uma tarefa essencial de unir a luta nacional e a luta de classes. Envio minhas saudações revolucionárias e solidariedade a este encontro histórico.” James Petras

É com grande alegria que saúdo os 90 anos do PCB. Nos dias longínquos de Octávio Brandão, ainda recém-nascido, o PCB era uma bandeira vermelha que, orgulhosa, desafiava a República Velha. Hoje, volvidos 90 anos, depois de tantas aventuras e desventuras, acertos e erros, o PCB é outra vez a voz firme e necessária da Revolução Brasileira. Um Partido Comunista digno desse nome é um partido que mantém intacto o seu objetivo revolucionário: o fim do capitalismo. Um partido assim é um referencial permanente para todos. Tal como a agulha da bússola, ele aponta o caminho.

Um Partido Comunista não se avalia pela sua expressão eleitoral, como pensam politiqueiros vulgares. Avalia-se, sim, pela sua firmeza de princípios, pela correção da sua análise teórica, pela sua combatividade prática e pela unidade de pensamento e ação. Em todos estes testes, hoje, o PCB passa com brilhantismo. Não é feito pequeno nos tempos que correm, quando tantos capitularam de forma ostensiva ou disfarçada. Que o PCB continue assim é o que vos desejo deste lado do Atlântico.” Lisboa, Março/2012 Jorge Figueiredo - Editor do Resistir.info

Devido à minha opção trotskista, nunca fui membro do PCB. Mas tenho o maior respeito por um partido que, nos noventa anos de vida, teve em suas fileiras combatentes como Luis Carlos Prestes, Carlos Marighella, Joaquim Câmara Ferreira, Mario Alves, Gregório Bezerra, Apolônio de Carvalho e tantos outros. Acho importante a tentativa dos atuais militantes do PCB de resgatar o fio dessa história, comprometida pela triste involução do PPS e do PCdoB. Um abraço solidário.” Michael Löwy

Nestes dias em que uma crise planetária atinge a humanidade, é com um sentimento de alegria e orgulho que acompanho as lutas em que o Partido Comunista Brasileiro se acha envolvido em múltiplas frentes. Tendo atravessado situações muito difíceis, resultantes do oportunismo de dirigentes que se afastaram de valores e princípios inseparáveis da sua exemplar trajetória como partido revolucionário marxista-leninista, o PCB, renascido para a luta no momento em que, após a desagregação da URSS, tradicionais partidos comunistas se social democratizaram, volta a desempenhar um papel fundamental nas lutas do povo brasileiro e, no cenário internacional, em todas frentes onde o combate ao imperialismo norteamericano - grande inimigo da humanidade -se tornou uma exigência revolucionária. É portanto, como comunista e internacionalista que teve a honra de militar no PCB nos anos do exílio, que venho associar-me às comemorações do vosso 90º aniversário. Parabéns, queridos camaradas.” De Portugal, Miguel Urbano Rodrigues

Em seu livro Passagens, Walter Benjamin cita o historiador francês André Monglond: “O passado deixou imagens de si mesmo em textos

literários, imagens comparáveis àquelas impressas pela luz em uma placa fotossensível. O próprio futuro possui desenvolvedores ativos o suficiente para examinar essas superfícies com perfeição.” Explosões emancipatórias radicais não podem ser entendidas como parte do continuum do passado/ presente – devemos trazer à tona a perspectiva do futuro, ou seja, analisá-las como fragmentos limitados e distorcidos (às vezes até mesmo pervertidos) de um futuro utópico que se encontra adormecido no presente, como o seu potencial escondido. Eventos como os protestos do Occupy Wall Street, a Primavera Árabe, as manifestações na Grécia, na Espanha etc. devem ser compreendidos como tais sinais do futuro. Esta a tarefa do Partido Comunista Brasileiro (PCB), ao completar 90 anos especialmente nos tempos deprimentes em que vivemos, quando o comunismo em si é muitas vezes identificado como coisa do passado. Slavoj Žižek

Por ocasião dos 90 anos da fundação do PCB, minhas saudações aos companheiros que nele hoje militam, assim como os votos de que o PCB se transforme num partido revolucionário em condições de contribuir significativamente para a realização da revolução socialista no Brasil.” Anita Leocadia Prestes

Na história da humanidade os comunistas revolucionários continuam sendo as vanguardas das lutas anti-capitalistas, anti-imperialistas e contra todo tipo de exploração. Os 90 anos do PCB são parte integrante dessa história que admiro e respeito.” Achille Lollo - Jornalista

Fui militante do Partido Comunista Brasileiro e ele foi fundamental na minha formação e amadurecimento político e ideológico. Lá aprendi a lidar melhor com o raciocínio objetivo e dialético. Tenho certeza de que tanto na minha vida pessoal, como na pública, o exercício do diálogo e a visão social e democrática foram forjados naquele período de militância.” Ana de Hollanda – Ministra da Cultura

Mais do que nunca, mas especialmente neste momento em que o capitalismo mostra a sua face mais cruel e se prepara para entrar em colapso, o Partido Comunista Brasileiro, que nunca fez concessões a ele, precisa ser consultado e ouvido sobre as alternativas ao sistema atual.” Argemiro Pertence

Foi o PCB que colocou o povo brasileiro na era moderna, que, para os países da América Latina, é a era das lutas antiimperialista, pela reforma agrária, pela democracia e pelo socialismo. Hoje, o PCB, já nonagenário, é um dos destacamentos avançados das lutas que nos ensinou a travar.” Armando Boito Jr. - Editor da revista Crítica Marxista e Professor

Todos nós nos sentimos parte desta conquista, fruto de uma luta indispensável e necessária, quando o PCB completa seus 90 anos de batalha. Afinal, somos todos filhos da Revolução de Outubro de 1917! Longa vida ao PCB na luta pela unidade popular e pela transformação socialista da sociedade.” Beto Almeida - Diretor da Telesur

Parabéns ao PCB pelo seu glorioso aniversário de 90 anos, sempre na luta em prol de uma sociedade mais justa e fraterna. Continuemos a luta!” Carinhosamente, Beth Carvalho

A história das lutas democráticas e populares do nosso país teve uma presença constante - a militância do PCB.” Alessandro Molon – Deputado federal (PT-RJ)

O PCB é o fio da história do comunismo no Brasil. Em todos os momentos importantes e graves da nossa história, há 90 anos, lá estava o PCB, muitas vezes na condição de protagonista. Só o PCB completa 90 anos em 2012. Os demais somos herdeiros dessa história! Diante da agressividade crescente do capitalismo monopolista de estado (imperialismo) só os comunistas de fato podem apresentar a estratégia correta, pois havemos que derrotar o capitalismo e seu estado opressor para que a humanidade possa ter futuro. Amauri Soares – Corrente Comunista Luiz Carlos Prestes

Um partido político orientado pela teoria crítica marxista, pela permanente prática da autocrítica e por seu estreito vínculo com as aspirações e lutas dos trabalhadores e setores populares – como busca ser o atual Partido Comunista Brasileiro – é uma exigência insubstituível para todos aqueles que lutam por transformações radicais no plano do Estado e da sociedade brasileira. Vida longa ao Partido Comunista Brasileiro que completa 90 anos de existência!” Caio Navarro Toledo – Unicamp

90 Anos, em defesa da dignidade humana. Longa vida ao PCB.” Carlos Alberto Caó – Jornalista, ex-Deputado Federal

O PCB faz parte da minha vida e, principalmente, da história do nosso País. Sua contribuição à consolidação da democracia e justiça social é imprescindível.” Carlos Alberto Muniz - Vice-Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro

Estou muito contente em saber que a história de um partido com tanta tradição de luta ainda é contada por uma nova geração. Um grande abraço.” Carlinhos Marighella

Saúdo com companheirismo o nonagésimo aniversário de um Partido no qual militei - o que me deixa orgulhoso! - por tantos anos.” Carlos Nelson Coutinho

Hoje, mais do que nunca, assistimos perplexos e, mesmo chocados, às cooptações que os diferentes governos, em especial após FHC, fazem dos movimentos sociais e dos partidos políticos que se colocam como esquerda. É importante lembrar que poucos, muito poucos, resistem a estes “cantos de sereia” cada vez mais defendidos como naturais e até necessários. Parabéns ao PCB pelos seus noventa anos de vida e, principalmente por sua postura ético-política de estranhar e não aceitar as perversas cooptações daqueles que gerem o capitalismo na contemporaneidade. Pela vida, pela paz, Tortura nunca mais. Cecília Coimbra - Fundadora e atual presidente do GTNM- Rio (Grupo Tortura Nunca Mais - RJ)

coro dos contentes com o sistema do lucro e do individualismo, ousa apontar rumos de igualdade e paz para a Humanidade! Viva o Partido Comunista Brasileiro, que quero sempre como nosso parceiro!” Chico Alencar (RJ) - Líder do PSOL na Câmara dos Deputados

Nossa gratidão ao militantes do PCB pela sua aguerrida luta contra a ditadura militar e sua heroica contribuição na restauração pela democracia no Brasil sempre ao lado do trabalhador brasileiro! O internacionalismo proletário junto aos povos oprimidos pelo capital e pelo sionismo é sua marca registrada, que se destaca na esquerda brasileira.” Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do RJ

A história do PCB é a mais bela da esquerda brasileira. Um partido de líderes revolucionários, militantes apaixonados e heróis anônimos do povo brasileiro. Um partido que enfrentou, com destemor, as ditaduras, as perseguições, as ignomínias e as vicissitudes, sobrevivendo limpo, honrado e inteiro. Aos 90 anos, o PCB é um exemplo extraordinário de compromisso com as causas democráticas e de inabalável perseverança na longa luta pela construção da sociedade socialista.” Dênis de Moraes

A comemoração dos 90 anos do PCB é mais do que merecida pelos serviços que o partido já prestou à luta dos operários e do povo brasileiro e pela consequência que mantém atualmente na defesa do socialismo e das esperanças de um futuro melhor para o País.” Duarte Pereira

Parabéns aos companheiros e companheiras do PCB. Neste momento histórico do Brasil, de vitória sobre o neoliberalismo, o PCB é o parceiro que mantém acesa a chama do socialismo. Firme na luta! Edson Santos – Deputado Federal (PT-RJ)

O socialismo é a juventude do mundo! E, para defendê-lo, ressignificá-lo e construí-lo, é preciso tenacidade, persistência e ânimo revolucionário. Esta defesa, reinauguração e construção tem que ser coletiva, para ser efetiva. O centro desse movimento é o partido político, organização que, na tradição oligárquica ou modernosa do Brasil escravista e capitalista costuma ser mero ajuntamento de interesses dos exploradores e oportunistas. O PCB, quase secular, vai na contracorrente disso tudo: tem reflexão, doutrina, causas, firmeza ideológica, leitura crítica da realidade, discernimento entre tática e estratégia. O PCB reergue-se e mantém acesa a chama em meio às maiores dificuldades, como as de ontem - com censura, tortura e ditadura persecutória - e as de hoje - com as imposições obscurantistas do pensamento único e da despolitização da política. O PCB, teimoso em seu existir e em seus e nossos ideais, é sinal de que o tempo não nos destruiu nem matou nossos sonhos. O PCB ousa lutar, ousa desafinar o

Os 90 anos do Partido Comunista Brasileiro merecem uma boa comemoração pela sua história de luta, em defesa da emancipação do povo trabalhador; pela redemocratização do nosso país e pela sua contribuição efetiva na construção do pensamento de esquerda no Brasil. Parabéns ao Partidão!!!” Eliomar Coelho - Vereador (PSOL-RJ)

O PCB tem história em defesa da democracia, dos trabalhadores e pela autodeterminação dos povos. Sou petroleiro e, na categoria, os comunistas contribuíram e muito para o avanço das reivindicações trabalhistas e a consagra-

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ção da Petrobrás. Nossa luta agora é pela Petrobrás 100% estatal e pública, o fim dos leilões e a volta do monopólio, o PCB é um dos principais aliados nesta luta. Vida longa ao PCB!” Emanuel Cancella – Secretário-Geral do Sindipetro-RJ

Desde sua fundação, o PCB passou pelos principais momentos da história do país e das lutas da nossa classe, mantendo a luta pelo socialismo sem sucumbir aos revisionistas que, ao longo da história no Brasil e em todo o mundo, aderiram à conciliação de classes. Parabéns pela longevidade no caminho da luta pelo socialismo!” Emanuel Melato - Militante da Alternativa Sindical Socialista (ASS) e da Coordenação Nacional da Intersindical

Como militante marxista brasileiro, mando minha saudação fraternal aos companheiros do PCB, no momento em que comemoram os 90 anos de um partido com gloriosas tradições de luta, que faz parte definitivamente da história do Brasil. Um abraço, companheiros!” Emir Sader

Todas as grandes campanhas nacionais e populares no Brasil do Século XX foram iniciativas do Partido Comunista e, com elas, superamos a ótica atrasada com que o País encarava a sociedade e a vida. A luta pela exploração do petróleo, a defesa da Amazônia, a preservação das riquezas minerais, a denúncia da voracidade dos grandes monopólios privados tudo começou como um grito de alerta do PCB, mesmo na ilegalidade. Antes ainda, em 1922, o PCB leva à rua as reivindicações que serão lei na década de 1930, como a jornada de oito horas de trabalho, as férias obrigatórias e o voto feminino. Bastaria isto para nos orgulharmos do PCB. Os marxistas, como eu, que não pertencemos aos quadros oficiais do partido, nos orgulhamos de ter estado ombro a ombro com o PCB nessas campanhas e, depois, na luta pelas liberdades nos anos da ditadura iniciada em 1964. Por isto, temos os comunistas como camaradas e irmãos, tomando como exemplo de vida a capacidade de luta e de entrega dos dirigentes e militantes do PCB, tão diferente do oportunismo reles que norteia e comanda hoje a política partidária no Brasil. Em seus 90 anos, o PCB é o grande exemplo de luta social.” Flávio Tavares

A comemoração de 90 anos do PCB ocorre em um importante momento no Brasil, e deve refletir os desafios que os militantes socialistas devem enfrentar na disputa social, diante da falta de perspectivas política e ideológica de transformação que a sociedade vive, afetada pela capitulação e comodismo de muitos militantes de esquerda ao aparato do Estado e da conivência e oportunidade conjuntural.” Francisvaldo Mendes de Souza - Secretário Nacional de Finanças do PSOL e dirigente da Intersindical

Tenho a honra de parabenizar os 90 anos do PCB. Esse partido que sempre esteve ao nosso lado em função da defesa da Palestina,

sempre atuando com força, fazendo crescer essa causa entre o povo brasileiro. Lembramos de Luiz Carlos Prestes, que abraçou esse ideal, sempre participando de passeatas e manifestações em defesa do povo palestino. Estamos sempre juntos contra o imperialismo e sionismo no mundo. Viva a Paz na Palestina independente e no mundo!” Hassan El Gamal - Movimento Palestino Brasileiro Pela Paz No Oriente Médio

Quando cheguei em Maceió, conheci Jaime Miranda, Renalvo Siqueira e Dirceu Lindoso que faziam parte do PCB. Através do contato pessoal com eles e da leitura do jornal “Voz do Povo” me identifiquei com os ideais e resolvi ingressar no partido. Nessa época já tinha lido o livro “Anti-During” de Frederic Engels. Livro este que foi decisivo para meu ingresso, pois a crítica do autor à sociedade em que vivia me estimulou muito. O jornal “Voz do Povo”, editado semanalmente pelo PCB, inspirava a minha ação entre os estudantes à época e a amizade com as pessoas citadas também contribuiu muito para meu ingresso. Havia na época dois jornais de grande circulação de mensagens comunistas: o que se dizia nacionalista, intitulado “Semanário”, e o outro denominado “Novos Rumos”, que era o órgão oficial do partido. Esses dois periódicos de divulgação diária também contribuíram para minha nova posição. Aliei-me aos estudantes de esquerda de Maceió e assimilei os ideais marxistas/leninistas. Durante minha estada no partido, participei de reuniões e conferências com líderes mais destacados, o que me ajudava a interpretar os fatos sociais que ocorriam na capital de Alagoas e no resto do país. De forma que até hoje acompanho, dentro do possível, a trajetória do partido, embora minhas atividades profissionais e políticas institucionais me impeçam de dar uma contribuição efetiva. Hermann Baeta

Como já disse aquele camarada, Vladimir Ilitch Ulianov, “advogados nem os do Partido”. Mas os advogados do Partido existem e nestes 90 anos estivemos na luta pela liberdade, como Vivaldo Vasconcelos e Modesto da Silveira.” Humberto Jansen

Noventa anos de luta pela emancipação do povo brasileiro, pautados pelo enfrentamento destemido dos opressores, dos assassinos, dos torturadores, dos traidores, e dos populistas entreguistas, de ontem e de hoje, são a garantia e a esperança de que o farol que ilumina a trajetória revolucionária não se apagará até a conquista da igualdade, da justiça e da fraternidade para todos.” Ildo Sauer

Partido Comunista Brasileiro, 90 anos de luta por um Brasil socialista e democrático. O povo agradece.” Ivan Valente - Presidente Nacional do PSOL

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Um poeta disse, certa vez, que não se pode contar a história do povo brasileiro sem falar do Partido Comunista Brasileiro. Assim é que, ao completar 90 anos de uma existência marcada por lutas heroicas, conquistas, tragédias e não poucas derrotas, os comunistas do PCB tomam para si a tarefa de reconstruir o seu partido, rumo à emancipação humana. Parabéns, camaradas, vida longa ao PCB!” Ivana Jinkings

O PCB é meu, é seu, é nosso. É do povo brasileiro! Viva o PCB! A luta continua!” João Carlos A. Santos (Negão)

Os noventa anos do PCB são tempo maior de luta,do qual participa fortemente no construir um Brasil liberto.” João Luiz Duboc Pinaud - Jurista

O PCB faz parte das melhores tradições do povo brasileiro que, ao longo do século XX, organizou muitas lutas, muitos movimentos e organizações políticas. Em todas as batalhas da luta de classe, os militantes do PCB sempre estiveram ativamente presentes. Espero que sua experiência construída ao longo desses 90 anos possa contribuir para que as novas gerações retomem a luta de massas, a formação de quadros e a luta pelo socialismo, única forma de construirmos uma sociedade mais justa e igualitária. Um forte abraço a todos os lutadores do povo que estão organizados no PCB.” João Pedro Stedile - Membro da Coordenação Nacional do MST e da Via Campesina Brasil

O PCB me ensinou a ter uma rebeldia na alma, que não me fará resignar nunca; indignar sempre. Perdi muitos amigos e esses não me deixarão jamais me acomodar!!! Saudações comunistas – Viva o PCB!!! Joel Barcelos - Ator

Soube do IMPRENSA POPULAR ainda menino, por fatos políticos da vida brasileira contados por meu pai, Antonio Novaes, portuário, ator (o Alberto no filme Rio 40º Graus - Nelson Pereira dos Santos me disse que ele é a expressão política no filme) e poeta, formado cidadão nos quadros do PCB que, junto com Solano Trindade, criou o Teatro Brasileiro de Folclore e desenvolveu muitas atividades culturais. IMPRENSA POPULAR me seduziu a ser jornalista, estimulado pela trilogia Subterrâneos da liberdade (Agonia da noite, Ásperos tempos e Luz no fim do túnel), expressiva obra literária de Jorge Amado, que a ditadura civil-militar queimava. Jornalista no final dos anos 60, no Correio da Manhã, a seguir no PCB, convivi com João Saldanha, inclusive na Última Hora e na diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, junto com José Carlos Monteiro, Jorge de Oliveira (querido Arapiraca), Raul Riff, Luiz Fernan-

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do Cardoso e Umberto Trigueiros Lima. Ao longo da trajetória de vida o PCB é o meu farol, pois, nos seus 90 anos de luta contra injustiça, desigualdade e arbítrio das elites que sufoca o povo, aliadas ao imperialismo estadunidense, se tornou bandeira viva e alternativa política ideológica para a construção de uma sociedade brasileira justa e fraterna.” Lenin Novaes - Jornalista e Presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

O PCB, ao longo desses 90 anos de lutas e resistência à opressão capitalista, é um patrimônio da política brasileira. Hoje representa mais do que nunca a consciência crítica do povo na perspectiva do socialismo, com vistas à construção do comunismo.” Lincoln de Abreu Penna - Historiador

O PCB surgiu como fruto das lutas nacionais de anarquistas, socialistas, sindicalistas e operários de um modo geral. Portanto, autenticamente popular, extraparlamentar e revolucionário. Animado posteriormente pelo ingresso dos tenentes de esquerda e de outras camadas médias radicalizadas, tornou-se até 1964 a principal força de esquerda do país. Pelo seu vínculo com o Movimento Comunista Internacional e pela defesa dos mais pobres, foi duramente castigado, perseguido sem nunca esmorecer. Acusado de ser uma planta exótica em solo nacional, o PCB comprovou ser o mais brasileiro dos partidos políticos. Mesmo depois do golpe fascista de primeiro de abril de 1964, o partido continuou sua luta. Os comunistas são parte integrante e necessária do Brasil.” Lincoln Secco – Universidade de São Paulo (USP)

Em seus 90 anos de história, o PCB conseguiu, por diversas vezes, o que todos os partidos de vocação revolucionária almejam: intervir efetivamente nas lutas de classes. Pondo-se à prova, acertou e errou. Nele se forjou imensa quantidade de lutadores e lutadoras que demonstraram, de diversas formas, grande capacidade para redefinir suas práticas com imensa ousadia e abnegação, o que implicou reviravoltas pessoais imediatas e, não poucas vezes, sacrifício das próprias vidas. Que, neste turbulento início de século, o PCB se engaje cada vez mais na ampliação e unificação das forças voltadas para transformação radical da sociedade brasileira, o que é indissociável da luta civilizatória em escala mundial.” Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida - Departamento de Política da PUC-SP

Não é possível falar das lutas sociais no Brasil na maior parte do século XX sem falar também do PCB, o partido que teve em seus quadros alguns dos mais importantes intelectuais, artistas, dirigentes e militantes progressistas do nosso país. Luiz Carlos Prestes, Caio Prado Júnior, Astrojildo Pereira e Leôncio Basbaum são apenas alguns daqueles que tiveram sua história ligada a esta organização, fundada em 1922 e inspi-

rada na luta revolucionária de Lênin e dos bolcheviques. Que o PCB continue mantendo seu papel fundamental na conscientização política dos trabalhadores, na constante vigilância contra as arbitrariedades de governos conservadores contra as massas populares e nos combates diários para a construção do socialismo.” Luiz Bernardo Pericás - Historiador e Escritor

Fui filiado de 1961 a 1968.Apesar de hoje não ser marxista-leninista, a militância foi muito importante na minha formação como pessoa ! Com o fim das utopias e no momento em que a maioria da esquerda se aliou à escória política brasileira, especialmente à que está no poder ou é sua aliada, é um atestado de maturidade política e de princípios o Partidão continuar com a bandeira do socialismo e da democracia!” Parabéns! Luiz Carlos Lacerda - Cineasta

A reconstrução revolucionária do PCB é muito importante para as lutas do cotidiano do povo brasileiro. Mas, mais do que isso, é fundamental para manter acesa a chama da resistência ideológica e a certeza de que mudaremos o mundo. O futuro será socialista. Ousar lutar, ousar resistir, para poder ousar vencer.” Luiz Rodolfo Viveiros de Castro (Gaiola)

Os 90 anos do PCB se confundem com a história política do Brasil ao longo desse difícil período de construção da democracia no país, marcado por gestos heróicos de companheiras e companheiros que sacrificaram a liberdade e a própria vida pelo socialismo. Nas comemorações desta significativa data, queremos homenagear e expressar nossa gratidão a todas e todos os que construíram e constroem essa história e por não deixarem morrer o sonho e a utopia socialista que continuam a nos inspirar e a dar sentido às nossas vidas.” Atenciosamente. Luiza Erundina de Sousa - Deputada Federal (PSB-SP)

Em 1922, sob a influência da Revolução Russa e em meio a uma conjuntura interna de forte repressão aos seus movimentos, após um conjunto de greves que marcava definitivamente sua entrada na arena político-social, a classe trabalhadora brasileira produziu um instrumento organizativo de novo tipo: um partido para fazer a revolução no Brasil. Ao longo de nove décadas, acertando e errando, o PCB perseguiu esse objetivo, que continua na ordem do dia. Daí que esses noventa anos, e as(os) que perseveram nas fileiras do PCB buscando honrar a tarefa inadiável da revolução socialista, mereçam ser fortemente saudados por todas(os) que compartilham do mesmo ideal. Saudações Camaradas.” Marcelo Badaró

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O PCB foi para mim uma escola de vida: lutas pela paz, pelas liberdades e por melhores condições de vida para os povos, além da convivência fraterna com os companheiros, muitos sacrificados pela ditadura.” Marcelo Cerqueira

Com muita alegria dou os parabéns para esta organização que esteve sempre ao lado dos trabalhadores e trabalhadoras. Acertos, erros, perseguições, clandestinidade, institucionalidade, críticas e autocríticas entre muitas outras passaram pelo PCB ao longo desses 90 anos, mas para uma organização de esquerda completar 90 anos passando pelo que passou deve ser amplamente comemorado. Desejo aqui o meus sinceros parabéns com a certeza que sua militância estará junto na luta, construindo essa nova sociedade tão esperada pelos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil.” Marcelo Durão – Dirigente do MST

Parabéns ao PCB, por seus 90 anos de resistência e pela capacidade de se renovar, sem trair seus ideais de liberdade e transformação, na construção de uma sociedade livre, igualitária e para todos.” Marcelo Edmundo - CMP Nacional e Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do RJ

Parabéns para o PCB que completa 90 anos. Foram caminhos e jornadas que contribuíram para as conquistas que acumulamos em nosso país. Presente nas ações por mudanças e transformações, o Partidão é a primeira e grande influência que a diversificada esquerda brasileira carrega consigo. Que venham mais anos, com muita democracia e sempre renovando a política no novo século que inicia. Forte abraço!” Marcelo Freixo - Deputado Estadual (PSOL-RJ)

É com alegria que venho parabenizar nossos amigos e amigas de luta, do PCB, em seus 90 anos, combatentes em nosso país e no mundo, pelo enfrentamento ao imperialismo e todas as mazelas que ele provoca na Humanidade. O aniversário do PCB acontece num momento de grave crise econômica nos países centrais que se tornam ainda mais violentos, e buscam exportar para todos os países a sua crise, provocando e incentivando as guerras de rapina.” Marcia Campos - Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM)

O movimento comunista no Brasil nasceu no bojo de uma rebelião universal do trabalho contra o capital. Naquela ocasião, a classe operária no Brasil se configurava em paralelo a revolução extraordinária que ocorria na Rússia. Passados 90 anos de luta persistente, com algumas vitórias que se transformaram em derrotas


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terríveis, os comunistas persistem na luta pela emancipação do trabalho num esforço de elaboração teórica e de organização da classe dos trabalhadores difícil, mas indispensável. Assim, a saudação aos 90 anos do PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO se acompanha da alegria de saber que a luta continua, com a lembrança de Astrojildo Pereira, Octavio Brandão, Luiz Carlos Prestes, Gregório Bezerra, Carlos Marighela e tantos outros que dedicaram a vida por um novo Brasil, democrático e socialista.” Marcos Del Roio

O PCB nasce no efervescente ano de 1922, fazendo par com outros acontecimentos marcantes como a Semana de Arte Moderna e a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana. A partir de então, o cenário político, social e cultural brasileiro passou a contar com um protagonista de notável relevância. O Partido, com sua inspiração humanista, munido de conceitos teóricos e assentado em uma estrutura democraticamente agregadora, entranhou-se na vida nacional, atraindo às suas fileiras operários, camponeses, intelectuais... Homens e mulheres que, com o risco da própria vida, dedicaram-se à construção de um mundo melhor, sem exploração entre iguais. 90 anos se passaram, pontuados por muitas vitórias, algumas derrotas, histórias heróicas de gente comum, por marcas profundas deixadas pelos inimigos do povo. Entretanto, nestes 90 anos de existência, não se pode falar da superação dos regimes ditatoriais, das conquistas democráticas, das melhorias das condições de vida da classe trabalhadora sem tecer loas à marcante atuação do Partido Comunista Brasileiro e de seus dedicados militantes. Do contrário, já dizia o poeta, quem o fizer estará mentindo.Abs.” Marcus Vinicius Cordeiro - Diretor da OAB-RJ

A comemoração dos 90 Anos do PCB significa recuperar sua rica história de lutas, resistências, mobilização e organização das classes trabalhadoras. A sua reconstrução revolucionária, a partir dos anos 1990, tem sido fundamental para agregar as forças anticapitalistas em torno de um projeto que busque construir a estratégia socialista da revolução brasileira visando enfrentar os desafios da atual conjuntura de intenso retrocesso dos direitos e enorme criminalização das lutas sociais. Maria Inês Souza Bravo - Professora da Faculdade de Serviço Social da UERJ.

Sinto-me honrada com a minha participação nos 90 anos do PCB, com o qual me solidarizo com os erros e acertos. Tenho a maior admiração pela luta de vocês, com a qual também me solidarizo. Longa vida ao PCB!” Marly Vianna

O PCB tem forte enraizamento na vida nacional desde a sua fundação em 25 de março de 1922, quando começou a erguer com coragem, expondo-se a sacrifícios que resultaram na morte de centenas de seus militantes, as bandeiras das liberdades públicas e indivi-

duais e das aspirações de progresso social das camadas mais sofridas do nosso povo. Reforma agrária, independência econômica do País, organização dos trabalhadores em sindicatos e associações de classe, elevação da qualidade da educação e difusão da cultura e da arte nos meios populares alcançaram extraordinária dimensão, neste quase um século, graças ao devotamento de dezenas e dezenas de milhares de patriotas que sustentam entre nós desde então as idéias de Marx, Engels e Lênin. O PCB foi e é uma escola de formação de caráter, que justifica a observação do grande Oscar Niemeyer: Os melhores seres que conheci eram membros do PCB.” Maurício Azêdo - Jornalista

PCB, 90 anos de combate por um outro Brasil. PCB, 50 anos de referência na minha vida. Obrigado, por me dar razões para viver.” Milton Temer

Noventa anos de perseguições e sofrimentos do PCB não impediram suas lutas heróicas pelo humanismo da vida, com igualdade, liberdade e pela paz.” Modesto da Silveira

Enquanto existir miséria e opressão, ser comunista é nossa decisão.” Oscar Niemeyer

Nestes 90 anos do PCB, saúdo todos os militantes que mantém alta a bandeira do comunismo. O PCB é parte da história do Brasil, e sua herança deve ser assimilada criticamente pelas novas gerações comprometidas com a construção de uma esquerda revolucionária no país. Saúdo a memória de todos os militantes do PCB caídos na luta contra o imperialismo, a reação, contra o capital e pelo socialismo. Que esta geração possa assimilar essa memória e essa experiência para levar a cabo os objetivos plantados inicialmente por um pequeno e heróico grupo de militantes brasileiros da Internacional Comunista em 1922.” Osvaldo Coggiola – Historiador (USP)

O PCB representa trincheira fundamental da luta socialista no Brasil, particularmente agora que o proletariado mundial resiste à outra crise capitalista e não aceita pagar a conta. Na Grécia, em outros países da Europa e do mundo os comunistas lideram a rebeldia popular. Mas além da resistência é importante avançar e enfrentar problemas do passado. Saúdo o PCB, reorganizado, revolucionário, que sabe fazer autocrítica e tem consciência de que os sonhos de Marx, Engels e Lenine precisam ser atualizados na luta por uma sociedade e modo de produção superior a capitalista: política, econômica, ideológica e também tecnologicamente mais avançada.” Otto Filgueiras

Neste ano comemoramos os 90 anos de fundação do Partido Comunista Brasileiro. Essa é uma comemoração não apenas dos membros do partido, mas de toda a classe trabalhadora. O

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PCB esteve na vanguarda das principais lutas travadas pelo povo brasileiro ao longo do último século. Em tempos de descrença no futuro, o PCB é vital para manter acesa a esperança em uma sociedade justa, livre e igualitária, ou seja, uma sociedade comunista.” Paulo Eduardo Gomes (PSOL Niterói)

No momento em que assistimos a escandalosa derrocada do quadro partidário atual, em especial de partidos que se apresentavam como de esquerda, é com grande satisfação e esperanças que vejo a vitalidade do PCB e seu esforço para manter a chama de combate e coerência em torno de seus princípios. Vida longa ao PCB. Que esses sejam apenas os primeiros noventa anos a comemorarmos. A história do Brasil e de seus trabalhadores merecem que muitos outros aniversários de luta e compromisso com os explorados venham por aí.” Paulo Passarinho - Economista e Apresentador do Programa Faixa Livre

O PCB traz nas suas raízes a essência do sentimento revolucionário do povo brasileiro na sua luta permanente em busca da construção do Socialismo no nosso Brasil.” Deputado Paulo Ramos - Rio de Janeiro

Neste momento histórico em que o PCB completa 90 anos, nossa saudação a todos e todas camaradas. Neste Partido aprendemos a fazer política, a lutar e resistir, dizendo não ao capitalismo, em defesa da igualdade e soberania dos povos do mundo. Pátria ó Muerte, Venceremos!” Pedro Munhoz - Músico e Compositor

São 90 anos buscando ajudar a construir um Brasil em que os que trabalhem controlem o fruto de seu trabalho, um Brasil onde os homens/mulheres sejam irmãos fraternos e não se dividam em classes, patrões e operários; um Brasil que aproxime os povos do mundo, lutando pela PAZ. Essa é um pouco a história dos 90 anos de nosso eterno e querido PCB.” Raymundo de Oliveira

Gostaria de parabenizar o PCB pelos seus 90 anos. É um orgulho para os niteroienses que esse importante partido de esquerda tenha nascido em nossa cidade. O PCB é um patrimônio dos brasileiros. Estamos sempre juntos em todas as lutas importantes de Niterói: contra o aumento das barcas, contra a privatização da saúde e da educação, por moradia digna aos desabrigados pelas chuvas e tantas outras. Por isso, o PCB é um aliado permanente do nosso partido não apenas nas eleições. Vida longa ao PCB!” Vereador Renatinho do PSOL (Niterói-RJ)

Ao entrevistarmos, em 2010, o membro do PCB, Ivan Pinheiro, conhecemos um pouco da belíssima história dos comunistas pioneiros no Brasil. Ao vermos a consistência ideológica do partidão, sabemos que a sua reconstrução revolucionária será de grande importância para o Brasil, para a América Latina e

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para o mundo. Comunistas como nunca, brasileiros como sempre! Até a vitória sempre!” Revista Vírus Planetário – Caio Amorim

Nossos parabéns aos abnegados comunistas que se esforçam cotidianamente para manter e fortalecer o melhor da tradição de lutas de um partido que marcou a história do povo brasileiro. Os 90 anos do PCB representam uma conquista de toda a classe trabalhadora.” Ricardo Gebrim – Consulta Popular

A comemoração dos 90 anos de PCB acontece em um contexto de vigoroso debate estratégico no partido que, com isso, contribui para revigorar o marxismo como teoria revolucionária, uma necessidade para os trabalhadores de todo mundo que enfrentam uma brutal ofensiva do capital em crise. Vida longa ao PCB!” Roberto Leher (UFRJ)

O glorioso Partido Comunista Brasileiro, ao qual tive a honra de pertencer, propicia aos brasileiros exemplo de coerência, dignidade e luta. São noventa anos de gloriosas páginas e, mesmo quando derrotado, encarou com muita competência as lutas em defesa dos interesses nacionais e da classe trabalhadora. Faço votos que mantenham a atual linha política, a mais adequada entre todos os partidos, para a conjuntura nacional e internacional.” Ronald Barata – Movimento de Resistência Leonel Brizola

Aos 90 anos de atividade comunista partidariamente organizada, penso que o movimento operário e os marxistas devem, sem quaisquer exclusivismos e para além da diáspora que a fragmentou, reivindicar a tradição revolucionária comum de 22. Precisam também, hoje, fortalecer a unidade popular para promover os interesses dos trabalhadores, assegurar os direitos das maiorias e construir um novo Brasil.” Ronald Rocha – Refundação Comunista

Eu, comunista, ainda que não filiado ao PCB, saúdo o partido que em seus 90 anos de existência continua lutando pela Igualdade, Solidariedade e a Paz entre os Povos.” Rubim Aquino

Fiz muitas coisas na minha vida, uma delas foi ter sido militante do PCB. E tenho muito orgulho do PCB de HOJE.” Ruça – ex-vereadora pelo PCB

90 anos não é para qualquer um. Manter acesa a chama da luta por uma sociedade justa, igualitária e socialista, ao longo das últimas nove décadas não deve ter sido tarefa fácil. Certamente muitas contradições. Qual o melhor caminho a seguir para superar uma sociedade de classes? Que questão, não? Pense? Que alegria seria se a grande questão que sociedade levantasse hoje fosse essa: como superar o capitalismo? Companheiros e, principalmente, companheiras comunistas, muito obrigada por durante 90

anos manter essa chama acesa. Uma sociedade justa, fraterna e solidária permanecerá em nossos sonhos e em nossas práticas cotidianas. Vida longa à luta pelo socialismo!” Sandra Quintela - Economista e Membro do PACS

Em 1917, o partido de Lenin e Trotsky, a revolução russa e a situação internacional abriram o caminho para a constituição dos partidos comunistas e da 3ª Internacional em todo o mundo na luta contra o reformismo e a colaboração de classes socialdemocrata. Esta é a origem do PCB. Forças poderosas agiram contra esta perspectiva na Rússia e em todo o mundo. Foram décadas de grandes vitórias e derrotas dolorosas. Hoje, 95 anos da Revolução de Outubro e 90 anos do PCB, a luta de classes internacional recoloca a mesma questão. Por isso, é com satisfação que saudamos a luta atual do PCB para reatar com as tradições de independência de classes do bolchevismo e com a luta pelo socialismo em todo o mundo. Na atual situação internacional, em luta contra as forças que no interior do movimento operário, nacional e internacional, se passaram para a defesa do capitalismo é que os revolucionários reconstruirão uma verdadeira Internacional marxista. Saudamos o PCB e sua comemoração de 90 anos como parte deste processo. Como Esquerda Marxista e como Corrente Marxista Internacional (CMI) somos também parte deste convulsivo processo de reconstrução revolucionária internacional. Neste caminho, camaradas, nos reencontraremos cada vez mais. Saudações fraternas e comunistas.” Serge Goulart – Membro do Diretório Nacional do PT / Comitê Central da Esquerda Marxista-CMI

Em nome do Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino agradecemos a solidariedade e o fiel compromisso do PCB na construção da Palestina Livre! Todo o nosso respeito aos camaradas que tombaram na luta revolucionária e aos que, firmemente, continuam a lutar contra o imperialismo, o capitalismo e o sionismo. O Partidão fez parte da minha vida e da minha formação! Somos todos camaradas na construção de um mundo mais justo e socialista! O PCB, que iniciou lá em 1922, mantém sua coerência ideológica até os dias de hoje!” Silvinha - Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino

Nesta ocasião em que se completam 90 anos da fundação do PCB, aquele saudoso 25 de março de 1922, e ao olharmos o tortuoso caminho trilhado por várias gerações de comunistas que se sucederam no tempo, podemos afirmar, sem medo de se equivocar, que os comunistas estiveram sempre presentes, de forma ativa e criadora, em todos os momentos mais delicados e complexos da história do nosso país. Hoje,

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apesar de todos os percalços, o PCB segue sendo uma referência política e ideológica essencial de intervenção na sociedade brasileira na defesa do ideário marxista, dos princípios do internacionalismo proletário e do socialismo.Viva o 90º Aniversário do PCB! Glória a todos os comunistas brasileiros que tombaram na luta por uma sociedade mais justa e igualitária! Takao Amano

Há noventa anos atrás um pequeno círculo de trabalhadores e intelectuais fundou o PCB sob o impacto do triunfo da revolução russa, pedindo ingresso na III Internacional. A vitória da primeira revolução social anticapitalista em um dos países mais atrasados da Europa tinha apavorado a burguesia mundial, e surpreendido a própria esquerda, dividindo, irremediavelmente, a ala internacionalista do marxismo da fração reformista da II Internacional. Ao nascer, o PCB abraçou a causa da revolução mundial, portanto, a compreensão de que a luta pela revolução brasileira é um combate indivisível da luta contra a dominação capitalista do mundo. Esta permanece a causa mais elevada do nosso tempo. O Outubro bolchevique que permitiu a existência da URSS demonstrou que este projeto é possível. No aniversário dos seus noventa anos, recebam os camaradas engajados em defender a tradição revolucionária do marxismo no Brasil, o meu abraço camarada. Outros Outubros virão!” Valério Arcary - Escritor e Professor

Ser comunista é viver permanente desafio histórico, de manter a coerência, a crítica e a ousadia, reiventando-se para lutar pela emancipação da humanidade do jugo do capital, em sua expansão devastadora. A história do PCB demonstra sua capacidade de luta e de superar suas próprias dificuldades. Saúdo o PCB em seu aniversário, e que levante sempre mais alto a bandeira comunista!” Virginia Fontes - Professora

A melhor coisa, neste mar envenenado de neoliberalismo, é ter um agrupamento político que teima em se chamar de comunista. Comunismo, socialismo, hoje não estão na crista da onda. Depende da gente, de milhares e milhões que a gente consiga convencer e mobilizar para que esta onda cresça e volte a estar por cima. A desgraça neoliberal hoje no mundo deixa claro para muitos que a alternativa é uma só: “socialismo ou barbárie”. Vamos deixar isso claro para milhões. Viva o socialismo. Viva os 90 anos do PCB.” Vito Giannotti

Poucas entidades políticas influenciaram tanto a história republicana deste país quanto o PCB. Mais que um partido político, o “Partidão” se constitui em uma referência de luta e amor à humanidade.” Wanderley Quêdo – Presidente do Sindicato dos Professores do RJ


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Breve balanço das

polêmicas e dissidências comunistas no Brasil

Ricardo Costa, Milton Pinheiro e Muniz Ferreira (*)

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undado nos dias 25, 26 e 27 de março de 1922, em Niterói, o Partido Comunista surgia em meio ao contexto internacional da afirmação do regime socialista na Rússia, após a Revolução Soviética de 1917, e da criação da Internacional Comunista em 1919. No ano de 1924, admitido no órgão máximo representativo dos comunistas em todo o mundo, adquiria a condição de Seção Brasileira da Internacional Comunista (PC-SBIC). Ao longo da sua história, o PCB sofreu grandes dificuldades para se afirmar como legítimo representante da classe trabalhadora brasileira, enfrentando regimes políticos repressivos e a ira da burguesia, que sempre viu nos comunistas a maior ameaça política à manutenção e reprodução dos interesses capitalistas no país. Mas o PCB também viveu inúmeros momentos de disputas internas em torno da definição da estratégia e da tática corretas a serem adotadas visando à construção da alternativa socialista. Sem dúvida alguma, um desses momentos mais complexos e contraditórios foi o período que abarca as décadas de 1950 e 1960, quando as profundas transformações pelas quais passavam o sistema capitalista em todo o mundo e os enormes desafios que enfrentavam os estados socialistas levavam a diferentes posicionamentos políticos e provocavam intensos debates. Nestas décadas, o PCB adotou, num curto período de tempo histórico, duas linhas estratégicas diametralmente opostas: uma, definida pelo Manifesto de Agosto de 1950, sectária na tática, orientava na direção da luta revolucionária aberta, como pregava o programa da Frente Democrática de Libertação Nacional (FDLN); outra, desenhada na Declaração de Março de 1958, apostava na luta de massas, mas apontava equivocadamente para a possibilidade de uma via pacífica rumo ao socialismo e consolidava a estratégia nacional-democrática, propondo a aliança dos trabalhadores com a burguesia nacional. O período intercalado entre a cassação do Partido, em 1947, e o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, marcado pela Guerra Fria e pela onda repressiva sobre o movimento operário e os comunistas, faria aflorar o sectarismo entre os dirigentes comunistas, que passaram a pregar a recusa à formação de alianças, tanto no movimento sindical como na arena política. Marco doutrinário desta guinada à esquerda, o Manifesto de Agosto de 1950 foi escrito pela direção nacional do PCB no momento em que os Estados Unidos desencadearam a intervenção militar na Coreia, episódio que despertava a convicção da

iminência de uma nova guerra mundial, reforçada tas contribuíssem de forma efetiva para a deflagrapela ameaça real do uso das armas nucleares num ção da grande mobilização operária acontecida em provável confronto em que se via como pratica- março de 1953, a “greve dos trezentos mil”, como mente inevitável o envolvimento das duas maiores ficou conhecido o movimento responsável pela papotências militares do planeta. A conjuntura inter- ralisação de trabalhadores têxteis e metalúrgicos nacional ameaçadora empurrava os comunistas a paulistas, principais categorias envolvidas. A paradotar, internamente, postura que negligenciava a tir do suicídio de Vargas, em 1954, cresceu entre os importância, apesar de seus limites, da participa- dirigentes comunistas a percepção da necessidade ção no jogo eleitoral burguês, ao apostar na ruptura de se promoverem alterações substantivas na sua institucional, quando todo o peso da ação política forma de intervenção junto à sociedade brasileira, passava a recair na luta para libertar o país do jugo surpreendidos que foram pelas massivas manifesimperialista, excluindo-se quaisquer possibilidades tações antigolpistas dirigidas contra aqueles que o de avanços e conquistas parciais no campo político e povo identificava como opositores de Vargas, dentre social. O Manifesto pregava ainda a imediata aplica- os quais o próprio PCB. Aqueles acontecimentos ção de um programa anti-imperialista, num discurso empurrariam, pouco a pouco, o partido a reconhemarcado pela perspectiva do “tudo ou nada”, em cer diferenciações nas forças políticas nacionais e que o dever dos comunistas seria transformar a imi- a não subestimar a questão democrática como um nente guerra imperialista em guerra revolucionária dos caminhos para a conquista de demandas popude libertação nacional. lares, mesmo que o IV Congresso do PCB, realizado Entretanto, o quadro internacional, ainda que apenas alguns meses após o suicídio do Presidente, permanecesse dramático em função da Guerra Fria não tivesse sido capaz ainda de oficializar tais mue da corrida armamentista, parecia desanuviar, de- danças. sarticulando o discurso catastrofista e obrigando os militantes do PCB a adotar atitude que os re- O chamado processo de “desestalinização”: tirasse do impasse tático-programático no qual se debates e dissensões no PCB colocaram. Mas o fator primordial que forçou, nos O coroamento do processo de renovação da linha primeiros anos da década de 1950, a desconsiderar, na prática, as orientações da direção do partido foi política deu-se, de fato, com as discussões em torno a drástica redução da militância nas duas princi- dos informes do XX Congresso do PCUS (Partido pais frentes de ação partidária: entre os trabalha- Comunista da União Soviética), que, realizado em dores e os intelectuais, com efeito mais visível no fevereiro de 1956, deu início ao chamado processo de “desestalinização”, deiinterior do movimento operário xando perplexos os militane sindical, principalmente em tes dos partidos comunistas. função da tática de combate “A proposta de ‘união No Brasil, o debate provocou aos sindicatos oficiais através a divisão do partido, fundada organização de estruturas nacional’ com a burguesia mentalmente em três corsindicais paralelas. Não restou consolidava-se como rentes: uma, que pretendia alternativa senão retomar as aprofundar as mudanças iniações dentro dos sindicatos e parte fundamental do ciadas com o processo, inclunas campanhas de massa do peprojeto de revolução sive com a negação de prinríodo, como a luta pela paz e a democrático-burguesa cípios leninistas; outra, que criação da Petrobrás. O suicídio rejeitava qualquer crítica ao de Vargas e as grandes manifesassociado ao processo de período em que Stalin foi o tações populares dele decorrenpleno desenvolvimento das dirigente máximo da URSS tes fariam acelerar o processo e do movimento comunista de reentrada do PCB no moviforças produtivas no país e internacional; a última, formento de massas e na luta pode consequente superação mada pelo núcleo hegemôlítica geral. nico no interior do PCB, que A gradual ruptura, na prátidas ‘sobrevivências tentava obter um equilíbrio ca, com a linha do Manifesto de feudais’ ” entre as posições anteriores. Agosto permitiu que os comunis-

Bandeiras do PCB durante manifestação contra leilão da exploração de petróleo feita pela ANP, comandada por Haroldo Lima (vice-presidente nacional do PCdoB)

O primeiro grupo, composto principalmente por intelectuais ligados à imprensa mantida pelo PCB, maior responsável pela deflagração dos debates, centrava suas críticas no autoritarismo partidário e no dogmatismo, apresentando propostas políticas alternativas ao programa do IV Congresso, que foram sintetizadas em artigo de Agildo Barata publicado em Novos Tempos, em setembro de 1957. Dentre elas, destacava-se a ideia de uma etapa marcadamente anti-imperialista da revolução brasileira naquele momento histórico, a exigir uma fase inicial de acumulação de forças que abriria mão da hegemonia do proletariado em troca da formação de uma ampla “frente única, nacional e democrática”, capaz de unir operários e camponeses a representantes até da grande burguesia e dos latifundiários em torno de um projeto nacional-reformista. No decorrer da discussão política, o grupo ficaria isolado na luta interna, Agildo Barata seria expulso do PCB, e muitos dos seus companheiros “renovadores” abandonariam as fileiras do partido. O segundo grupo, minoritário no centro dirigente comunista, era formado por João Amazonas, Maurício Grabois, Pedro Pomar e Diógenes de Arruda Câmara, que, juntamente com Prestes e Marighella, haviam composto o grupo responsável pela reorganização do Partido nos anos 1940, através da Comissão Nacional de Organização Provisória (CNOP). Este segundo grupo estava preocupado, acima de tudo, em manter os princípios doutrinários e a organização partidária centralizada, repelia veementemente qualquer crítica ao período de Stalin. Em julho de 1957, na primeira reunião do Comitê Central de que Prestes tomava parte após a retirada para a clandestinidade em 1948, foi a vez de o partido acertar suas contas com este grupo, então identificado como “conservador” e “dogmático” por recusar as novas orientações vindas de Moscou. Como resultado da intensa luta interna travada no interior do Partido e pelo fato de o grupo ter ficado em minoria no debate, Arruda Câmara, Grabois e Amazonas perderam seus postos na Comissão Executiva e foram deslocados para outros Estados por decisão do colegiado do CC. O núcleo dirigente central consolidou-se em torno das lideranças de Giocondo Dias, Mário Alves, Jacob Gorender e Armênio Guedes, entre outros, aos quais se juntaram Prestes e Marighella, grupo que, tendo se constituído ao longo da polêmica interna, tornou-se majoritário no PCB, ao adotar uma política equilibrada, recusando a crítica aberta dos “re-

Aldo Rebelo e Kátia Abreu

paços democráticos, através da pressão popular, num processo de acumulação de forças, com vistas à conquista das soluções positivas para os problemas brasileiros. E considerava ainda a possibilidade real de se conduzir a revolução brasileira por meios pacíficos, com a obtenção de reformas profundas e consequentes na estrutura econômica e nas instituições políticas, chegando-se até a realização completa das transformações radicais colocadas na ordem do dia pelo próprio desenvolvimento econômico e social da nação. A proposta de “união nacional” com a burguesia consolidava-se como parte fundamental do projeto de revolução democrático-burguesa associado ao processo de pleno desenvolvimento das forças produtivas no país e de consequente superação das tração latifundiária e no elevado grau de exploração A Declaração de Março de 1958: a nova do campesinato, as quais freavam o progresso da estratégia política do PCB agricultura e acentuavam a extrema desigualdade entre o sul/sudeste industrializado e o norte/norA nova orientação dada pela Declaração de Mar- deste agrário. O desenvolvimento capitalista nacioço de 1958, concebida sob o impacto dos debates nal, naquela fase, era entendido como o elemento provocados pelo informe do XX Congresso do PCUS, progressista necessário para destravar a economia passava a reconhecer, explicitamente, o desenvolvi- brasileira, cuja expansão, aos olhos dos comunistas, mento capitalista em curso dentro do país e indicava chocava-se com a resistência do atraso representaa necessidade da interferência dos comunistas nos do pelo latifúndio e com a pressão externa exercida rumos deste processo, por meio de pressões popula- pelo imperialismo. Reforçava-se a ideia central seres sobre o Estado. Isso explica a participação cada gundo a qual as contradições básicas existentes na vez maior do PCB junto aos movimentos nacionalis- sociedade brasileira, naquele momento específico tas e, em princípios dos anos 1960, na campanha pe- da história, dar-se-iam entre o conjunto da nação, las reformas de base, compondo um amplo arco de de um lado, e o imperialismo norte-americano, de alianças que apostava numa alternativa de desenvol- outro; entre as forças produtivas em desenvolvimenvimento econômico anti-impeto, de um lado, e as relações rialista. Para alcançar tal objede produção semifeudais e tivo, no entanto, era vista como semicoloniais predominantes “O PCB também viveu necessária a ultrapassagem dos no campo, de outro. Daí que a inúmeros momentos de chamados “resquícios feudais” contradição entre capital e traque os comunistas insistiam balho, sempre apontada pelos disputas internas em em identificar na realidade clássicos do marxismo como a torno da definição da brasileira, o que os mantinham contradição fundamental no presos à perspectiva etapista da capitalismo, não fosse vista estratégia e da tática plena realização do capitalismo como a mais premente naquecorretas a serem adotadas como requisito para iniciar a la “etapa”, muito menos a sua transição rumo à sociedade sosolução radical. visando à construção da cialista. A matriz ideológica deste alternativa socialista. Sem Outro ponto de destaque no pensamento encontrava-se dúvida alguma, um desses documento foi a importância nas diretrizes políticas adotadada à questão democrática, das a partir do VI Congresso momentos mais complexos ainda que permanecendo suborda Internacional Comunista, e contraditórios foi o período realizado em 1928, com vistas dinada à questão nacional. A Declaração indicava a necessidade a orientar a atuação dos partique abarca as décadas de da confirmação dos amplos esdos comunistas nos países que novadores” à estrutura partidária, ao mesmo tempo em que aceitava, com cautelas, críticas ao período em que teria predominado o culto à personalidade de Stalin. Este grupo foi responsável pela redação da Declaração de Março de 1958. Sob coordenação de Giocondo Dias, conforme designação do Comitê Central, foi organizada comissão para redigir documento que sistematizasse a posição do coletivo sobre as discussões travadas a partir do informe do XX Congresso do PCUS. A comissão formada por Mário Alves, Alberto Passos Guimarães, Jacob Gorender, Armênio Guedes, Dinarco Reis e Orestes Timbaúba, com acompanhamento de Carlos Marighella, além de Dias, redigiu o polêmico manifesto, que foi aprovado no Comitê Central, após intensos debates.

1950 e 1960”

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viviam sob regime colonial, semicolonial ou eram dependentes economicamente dos centros capitalistas. O movimento comunista internacional, após a morte de Lênin, não raro passou a fazer uma leitura anacrônica e esquemática da obra leniniana, tentando estender a aplicação de determinadas propostas exitosas, formuladas no terreno específico da sociedade russa do início do século XX, a todas as sociedades, sem a preocupação e o cuidado de fazer um estudo profundo de cada realidade histórica onde se pretendia desenvolver a luta revolucionária. Nos anos 1950, com a Guerra Fria, difundirase também a perspectiva da eclosão de uma nova guerra mundial entre o centro imperialista (EUA) e os demais países capitalistas, enfraquecidos pela Segunda Grande Guerra. A tarefa dos comunistas, naquela etapa histórica, seria, portanto, não acirrar as contradições elementares entre capital e trabalho, mas, sim, aliar-se às burguesias nacionais na montagem de governos nacionalistas, contribuir para ampliar o fosso pretensamente existente entre capitalismos nacionais e o imperialismo, e, então, aguardar o momento certo para a emergência da revolução socialista. Desta mesma forma os comunistas do PCB enxergavam a realidade brasileira, como às vésperas de experimentar a considerada necessária etapa da revolução democrático-burguesa, entendendo ser possível e mesmo inevitável o desenvolvimento de um capitalismo nacional em contradição aberta com o centro do imperialismo mundial. O fato é que a leitura equivocada da realidade brasileira, cujo processo de aprofundamento capitalista no sentido pleno da afirmação do capitalismo monopolista não era percebido pelos comunistas (e, na verdade, por quase todos os grupos de esquerda, que pregavam alternativas nacionalistas e não propriamente anticapitalistas, inclusive os que optaram pela luta armada), desarmou o conjunto da militância para o grande enfrentamento que viria a partir do golpe militar de 1964, golpe contrarrevolucionário dirigido pelas frações mais dinâmicas da burguesia brasileira, as quais não tinham contradição alguma com o imperialismo, o qual deu decisiva sustentação política e material ao golpe. Muito pelo contrário, desejavam garantir a expansão do capital nacional e internacional no Brasil. O V Congresso do PCB (1960): a luta interna em exposição No ano de 1960, o PCB realizava o seu V Congresso. Em abril, o Comitê Central lançou as teses para discussão no órgão partidário Novos Rumos, e o debate demonstrou, centralmente, a divergência que punha, de um lado, o núcleo hegemônico formado em torno dos defensores da Declaração de Março de 1958 (Prestes, Giocondo Dias, Marighella, Jacob Gorender, Mário Alves, Armênio Guedes, etc) e, de outro, o grupo liderado por Maurício Grabois, Pedro Pomar, e João Amazonas, que, derrotado no Congresso, fundaria o PC do B dois anos depois. As divergências expressas na tribuna de debates do jornal Novos Rumos entre o centro dirigente do PCB, responsável pela elaboração das teses para o V Congresso, e a “oposição dogmática”, assim denominada pelo primeiro grupo, na verdade davam continuidade à luta interna iniciada com o processo de “desestalinização”. Os mesmos personagens da disputa central anterior (com exceção de Arruda Câmara, que passou a se posicionar ao lado da direção) voltavam a se enfrentar, para o acerto de contas final no Congresso do partido. De um lado, a oposição liderada por Maurício Grabois, João Amazonas e Pedro Pomar criticava a linha então hegemônica no partido, acusando-a de “direitista”, sem discordar da caracterização da revolução brasileira, naquela

ImprensaPopular “O PC do B não tardou a se situar no campo gravitacional do PC Chinês. Antes, no entanto, buscara o reconhecimento tanto da parte do governo soviético e seu partido (PCUS), quanto dos camaradas cubanos”

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José Serra, Renato Rabelo e Fernando Haddad

etapa, como anti-imperialista e antifeudal, nacional e democrática. Por outro lado, o centro dirigente, sob o comando de Luiz Carlos Prestes, Giocondo Dias, Jacob Gorender, Mário Alves e Carlos Marighella, imputava aos “esquerdistas” a pretensão de um retorno à linha política sectária dos programas anteriores à Declaração de Março. Os pontos de maior discordância, para o grupo da oposição, encontravam-se nas seguintes diretrizes das Teses: a análise do desenvolvimento capitalista no Brasil era considerada “apologética” do capitalismo e do fortalecimento da burguesia, ao invés de destacar o crescimento do proletariado; o governo JK era definido como uma composição heterogênea de forças sociais e políticas, no lugar de ser apontado como “antinacional e antipopular”; o proletariado era relegado a uma posição subalterna na frente nacionalista e democrática, o que de fato significava entregar a direção do movimento anti-imperialista à burguesia. Por fim, a tese da viabilidade da via pacífica da revolução no Brasil era contestada de forma veemente pela facção oposicionista, que a considerava, na prática, uma orientação “nacional-reformista”, a encaminhar no sentido de uma política de acumulação gradual de reformas, desarmando o proletariado para a luta revolucionária. Na defesa das Teses e dos princípios básicos da Declaração de Março, o centro dirigente entendia que a preocupação maior, naquele momento histórico, era definir o caminho para a “ação concreta de hoje e não a hipotética de amanhã”, a fim de conduzir o proletariado à liderança revolucionária de todo o povo. Daí a necessidade também de explorar as contradições existentes no seio do Estado brasileiro, percebendo a influência da burguesia nacionalista no acirramento dos conflitos em seu interior, o que permitiria realçar o seu caráter heterogêneo, no lugar de cair no esquema simplista da luta pelo poder, conforme no fundo seria a atitude do grupo “esquerdista”. A luta por um governo de coligação nacionalista e democrática envolveria a necessária pressão das massas e não o reforço do setor burguês no interior do Estado brasileiro. No rebate às críticas dos adversários à linha hegemônica do partido, por exemplo, Apolônio de Carvalho combatia aqueles que recusavam a viabilidade do caminho pacífico para a conquista do poder, acusando-os de estarem aferrados à tendência idealista de ditar as leis em lugar da própria realidade e de interpretar os acontecimentos segundo seus desejos, impondo formas de luta inconsequentes às forças sociais, no afã de criar uma revolução em curto prazo. Também Prestes atacou o “esquerdismo” através de artigo no qual concluía haver uma falsa avaliação da situação internacional por parte de quem parecia subestimar a força crescente do sistema socialista mundial, a desagregação do sistema colonial e as demais

contradições que, segundo ele, minavam o sistema capitalista mundial. O crescimento do movimento nacionalista e a tendência ao aprofundamento do processo de democratização no Brasil aventariam a possibilidade real de se constituir um poder revolucionário das forças anti-imperialistas e antifeudais sem a necessidade de recorrer a formas mais violentas da luta de classes, como a insurreição armada, o que não deveria ser apreendido como um abandono a priori do caminho não pacífico. A fundação e a evolução do PC do B O processo de luta interna acabaria provocando a divisão dos comunistas em duas agremiações distintas: parte substancial daqueles que atacavam as teses do núcleo hegemônico rompeu com o PCB no início da década de 1960, ao rejeitar as resoluções políticas aprovadas no V Congresso em 1960. Também contribuiu para o rompimento o descontentamento com o novo estatuto aprovado pelo Comitê Central do PCB em 1961, com vistas à obtenção do registro legal do partido junto ao Superior Tribunal Eleitoral. No novo estatuto deixava de constar a referência à “ditadura do proletariado”, e o antigo nome do Partido (Partido Comunista do Brasil, conforme fora criado em 1922) foi alterado para Partido Comunista Brasileiro, mantendo-se a sigla PCB. As mudanças facilitavam a legalização do Partido, dando-lhe um caráter essencialmente nacional, ao refutar na prática o pretexto que sempre justificou a cassação da legenda, qual seja, o vínculo com a Internacional Comunista e a URSS, mas a argumentação não foi aceita pelos dissidentes. Por meio de um documento encaminhado ao Comitê Central do PCB em agosto de 1961 e intitulado “Em Defesa do Partido” (mais conhecido como a “Carta dos 100”, pois foi assinado por cerca de cem militantes e dirigentes), o grupo dissidente atacava o Programa e os novos Estatutos do Partido Comunista Brasileiro, discordando frontalmente da alteração do nome, das modificações feitas em pontos do programa anteriormente existente e do processo de legalização do Partido. Em fevereiro de 1962, parte do grupo fracionista, liderado por João Amazonas, Pedro Pomar e Maurício Grabois, organizou uma Conferência Extraordinária dissidente, elegendo novo Comitê Central e mantendo o nome Partido Comunista do Brasil, com a sigla PC do B. Esta conferência recusou qualquer crítica ao período de Stalin e manteve-se fiel às teses contidas no Manifesto de Agosto de 1950 e no IV Congresso de 1954. Simultaneamente, ocorria também uma cisão no movimento comunista internacional. Confrontados com uma série de insucessos econômicos em suas tentativas de superação do atraso e do subdesenvol-

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vimento chinês, às voltas com a divisão de seu território e o isolamento diplomático internacional, os comunistas chineses passaram a repudiar as teses soviéticas de coexistência pacífica com os países ocidentais. E evoluíram rapidamente para a proposição de uma linha política alternativa ao movimento comunista internacional: os líderes chineses ofereciam a experiência da Longa Marcha, o pensamento de Mao e a estratégia da guerra popular prolongada, adotados naquele país, como modelos a serem seguidos pelos revolucionários de todo o mundo, em particular da periferia subdesenvolvida. O PC do B não tardou a se situar no campo gravitacional do PC Chinês. Antes, no entanto, buscara o reconhecimento tanto da parte do governo soviético e seu partido (PCUS), quanto dos camaradas cubanos. O PC do B aderia às análises maoístas que caracterizavam a URSS e os países do campo socialista como potências “social-imperialistas”, inimigas dos povos e da classe operária internacional. Após o golpe de estado reacionário de 1964, as diferenças de concepções e métodos de atuação entre o PCB e o PC do B se aprofundariam ainda mais. Enquanto o PCB adotava uma linha de resistência de massas e organização de uma frente democrática para o enfrentamento do regime de ditadura, o PC do B, inspirado pela teoria maoísta da “guerra popular prolongada”, tentou organizar um movimento guerrilheiro na região do Rio Araguaia. Confirmando tragicamente as avaliações do PCB sobre a inviabilidade do sucesso da luta armada em uma conjuntura contrarrevolucionária, este movimento, sustentado por um pequeno número de combatentes valorosos, mas sem contar com o apoio das grandes massas, foi terrivelmente esmagado pelas forças ditatoriais, deixando um lamentável saldo de mortos e desaparecidos no conflito. Após a derrota no Araguaia e o falecimento de Mao Tsé Tung, o PC do B efetuou uma revisão em suas concepções e métodos, bem como em suas vinculações internacionais. Rompeu os laços políticos e ideológicos com o PC Chinês (sem jamais fazer, no entanto, a autocrítica de sua anterior adesão ao maoísmo) e cerrou fileiras com o Partido do Trabalho da Albânia (PTA). Nesta fase, além de preservar sua hostilidade para com os países que tentavam construir o socialismo nas difíceis condições do cerco imperialista, estreitou suas vinculações com os grupos fracionistas que combatiam, em diferentes países, os partidos comunistas. Privilegiando em suas relações tais grupamentos, o PC do B persistiu, ao longo dos anos de 1970 e 1980, em promover ataques aos partidos comunistas que não se alinhavam com as concepções do obscuro ideólogo albanês Enver Hoxha, estigmatizando-os como revisionistas e contrarrevolucionários. Detalhe importante: o nome Partido Comunista do Brasil foi utilizado pelo grupo desde a Conferência de 1962, mas, num primeiro momento, ainda houve a tentativa de usar a sigla PCB. Após sua adesão ao maoísmo em 1969, alguns de seus documentos foram divulgados com a assinatura PC do Brasil MarxistaLeninista (ML), como era comum entre as dissidências maoístas de então. Oficialmente, a sigla PC do B somente passou a ser adotada no final dos anos 1970. Antes disto, o nome era abreviado para PC do Brasil, e seus militantes se referiam ao nosso Partido como PC Brasileiro, evitando também utilizar a sigla PCB para designá-lo. Somente após a crise internacional que se abateu sobre o conjunto do campo socialista no final dos anos 1980, conduzindo ao colapso das experiências de transição socialista no leste europeu e ao desaparecimento do regime comandado pelo Partido do Trabalho da Albânia, o PC do B começou a reavaliar seu posicionamento frente às experiências socialistas remanescentes e ao movimento comunista inter-

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José Serra, Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso e Roberto Freire nacional. Neste mesmo momento, o PCB mergulhava em uma crise profunda, provocada pela acentuação da atividade capitulacionista e liquidacionista de vários de seus dirigentes, a qual se concluiu com a infrutífera tentativa de extinção do PCB e a criação, por parte dos reformistas, de uma organização de perfil socialdemocrata, hoje de centro-direita. Graças à luta renhida dos verdadeiros comunistas em nosso país, esta tentativa se frustrou e, desde 1992, o Partido Comunista Brasileiro vive o processo de reconstrução revolucionária. Que lições devemos tirar dos eventos históricos? Nos últimos vinte anos, nós, comunistas do PCB, temos procurado caracterizar a realidade brasileira com base na perspectiva central de que o capitalismo desenvolveu-se de forma plena no país. Rompemos em definitivo com a estratégia nacional-democrática ou nacional-libertadora, a partir do momento que deixamos de ter qualquer ilusão com a possibilidade de construção de um “capitalismo nacional autônomo”, capaz de se chocar com os imperativos mundiais do capitalismo monopolista e do imperialismo. Tentamos aprender com os erros do passado, em especial com a derrota imposta aos comunistas e à classe operária pelo golpe de 1964 e pela ditadura que aprofundou o capitalismo no país. Daí afirmarmos categoricamente que o caráter da revolução no Brasil é socialista e defendermos uma estratégia de lutas anticapitalista e anti-imperialista como única alternativa possível à realidade atual, de hegemonia completa da burguesia. Por sua vez, o PC do B, a partir dos anos 1990, passou a se adaptar crescentemente aos padrões da política burguesa em nosso país. Tal movimento se expressou na ênfase que este partido passou a conceder à sua atuação institucional, em detrimento do estímulo às organizações populares e classistas. O centro de sua ação política deslocou-se para a participação em coalizões políticas que possibilitam tanto a eleição de parlamentares, quanto a sua presença em governos nas diferentes esferas da administração pública brasileira. Dessa experiência para a adesão às práticas clientelistas e fisiológicas foi um passo rápido, pois dirigentes do PC do B passaram a integrar diversos governos locais e regionais, muitas vezes presididos por frações das classes dirigentes brasileiras, empenhadas em confirmar sua hegemonia através de práticas demagógicas e mistificadoras acobertadas por uma retórica pretensamente social. O mais impressionante é que, tendo se originado como críticos contundentes de teses às quais acusavam de “reformistas” e “direitistas”, hoje, os integrantes do PC do B abandonam drasticamente

“O mais impressionante é que, tendo se originado como críticos contundentes de teses às quais acusavam de ‘reformistas’ e ‘direitistas’, hoje, os integrantes do PC do B abandonam drasticamente seu passado ‘radical’ e ‘revolucionário’ ”

seu passado “radical” e “revolucionário”, abraçando o discurso nacionaldesenvolvimentista do PT, de cujo governo participam, desde o primeiro governo Lula. Abraçaram acriticamente a concepção segundo a qual o crescimento do capitalismo brasileiro (dentro e fora do Brasil) é bom para os trabalhadores, que teriam a ganhar com a ampliação do acesso aos bens de consumo de massa. À frente do Ministério dos Esportes, submetem-se, sem pestanejar, a processos de elitização e subordinação das atividades esportivas à lógica da acumulação capitalista, estimulando a competitividade e a mercantilização. Exemplo disso é a forma como vem sendo conduzida a preparação do país para sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, processos esses que têm sido envolvidos por inúmeras denúncias de corrupção e de amplo favorecimento aos grupos monopolistas. O PC do B também desempenha um papel fundamental à frente da Agência Nacional de Petróleo, ANP, órgão que regula as atividades econômicas do setor petrolífero. Sob a sua gestão, a ANP tem operado como um instrumento da ampliação do controle desse ramo da economia brasileira pelo grande capital privado, nacional e internacional, fenômeno que se verifica tanto na prospecção de petróleo, quanto na diminuição gradativa da presença do estado brasileiro no setor. Pior ainda, a direção da ANP tem se mostrado leniente em relação à possibilidade de oferecimento das reservas de petróleo brasileiro localizadas na região do pré-sal para a exploração por parte dos grandes monopólios internacionais, em franco ataque à soberania nacional. A atuação parlamentar deste partido se dá a reboque da burguesia nacional. Seus parlamentares têm capitulado diante das ofensivas do grande capital sobre os direitos dos trabalhadores, como nos casos das contrarreformas trabalhista e da previdência, quando apoiaram as iniciativas governamentais em benefício da burguesia. Aliaram-se à representação dos grandes proprietários no Congresso Nacional na elaboração de projeto de lei ambiental que libera todos os ecossistemas brasileiros à impiedosa exploração feita pelo latifúndio e o agronegócio. Na contracorrente de tais práticas, os comunistas do Partido Comunista Brasileiro – PCB – sentimo-nos orgulhosos de poder comemorar nossos 90 anos de vida, pois, hoje, mais do que nunca, ao trilharmos o caminho da reconstrução revolucionária de nosso Partido, resgatamos o legado heróico de lutas – assumindo os acertos e os erros, as vitórias e as derrotas – dos milhares de comunistas que ajudaram a construir a história da classe trabalhadora em nosso país. (*) Membros do Comitê Central do PCB


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“É IMPOSSÍVEL ACABAR COM O PARTIDÃO”

20 anos de reconstrução revolucionária “O PCB é um cadáver insepulto, está fedendo e precisa ser enterrado”. A frase, dita às vésperas do pseudo X Congresso Extraordinário do PCB em uma reunião do Comitê Central por Sérgio Arouca, demonstra claramente as intenções de um grupo que pretendia acabar com o Partido Comunista Brasileiro para criar uma agremiação socialdemocrata. Eles só não contavam com a decidida e aguerrida militância do Partido, que tomou em suas mãos a tarefa de reorganizar o “Partidão” - uma trajetória que completa 20 anos.

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uando da realização do IX Congresso esse gru- afirmavam: “Estamos neste congresso para defender po já tentara a capitulação. Nas teses, deixara o PCB, seu nome e seus símbolos, buscar a renovação clara sua posição revisionista ao afirmar que pelo rumo revolucionário, torná-lo um partido com“o marxismo não é a única concepção huma- bativo e um instrumento qualificado para dirigir as nista, democrática, socialista e revolucionária; não lutas sociais no Brasil; um partido com a mais ampla tem o monopólio do conhecimento e da atividade democracia e pluralidade interna e unido na ação”. transformadora, do esforço teórico-prático para renoDerrotados no IX Congresso na intenção de transvar o mundo”, com a clara intenção de fazer do PCB formar o PCB em uma agremiação burguesa, a maioum partido nem marxista nem revolucionário. ria dos então integrantes da direção do Partido conAinda que timidamente, as propostas por eles de- seguiu, no entanto, aprovar várias de suas posições, fendidas deixavam claro: “A partir desse conjunto de como rejeitar a ditadura do proletariado, o centralisreflexões é que precisamos enfrentar a mo democrático e outros princíquestão do nome e dos símbolos do Parpios básicos dos comunistas. Mas “Derrotados no IX Congresso como não conseguiram o objetivo tido. Ambos obedeceram em sua criação a uma decisão política, mas, como era central, voltaram à carga e conna intenção de transformar natural, adquiriram com o tempo uma vocaram o X Congresso Extraoro PCB em uma agremiação forte carga emocional e simbólica que dinário, que ocorreu no Teatro burguesa, a maioria dos não pode ser desprezada, mas que tamZaccaro, em São Paulo, entre 24 então integrantes da direção bém não pode nos levar à irracionalidae 26 de janeiro de 1992, com a de e ao ritualismo religioso, que nem presença de não militantes com do Partido conseguiu, no sequer admitem a discussão do probledireito a voto. entanto, aprovar várias de ma. O importante é que o conjunto dos Durante o evento, o camarada suas posições, como rejeitar filiados e amigos e eleitores do Partido Horácio Macedo, que viria a ser a ditadura do proletariado, sejam ouvidos, com o fim de encontrar o primeiro presidente do período o máximo de correspondência entre node Reconstrução Revolucionária, o centralismo democrático mes e símbolos e o caráter e exigências tomou a palavra e disse: “Nós viee outros princípios básicos de nossa organização”. mos a este congresso com a idéia dos comunistas. Mas como Diante da investida contra o PCB, clara, precisa e nítida de dizer não conseguiram o objetivo camaradas do Rio de Janeiro e de São que nós continuamos fiéis àquePaulo decidem realizar uma reunião no les mais nobres e mais altos idecentral, voltaram à carga e porão da sede do Comitê Municipal de ais do PCB, de tal maneira que convocaram o X Congresso São Paulo, para não ser detectada pelos nós possamos continuar a ser os Extraordinário, que ocorreu no legítimos herdeiros deste partido liquidacionistas. O porteiro da sede, camarada Val- Teatro Zaccaro, em São Paulo, que agora querem liquidar”. domiro, um dos ex-seguranças de Luiz Os debates continuaram acaentre 24 e 26 de janeiro de Carlos Prestes, viabilizou-a garantindo lorados até surgir a intervenção o local e o acesso apenas dos verdadei- 1992, com a presença de não de Ivan Pinheiro: “...Nós estamos ros comunistas. Ali definiu-se uma arti- militantes com direito a voto” saindo desse congresso espúculação de âmbito nacional em defesa rio, não estamos saindo do PCB, do PCB. A reunião do porão, como posquem está saindo do PCB, quem teriormente ficou conhecida, foi um marco na garan- está renegando as suas origens, quem está renegando tia da reconstrução revolucionária. a sua história, quem está renegando 1922 e princiValdomiro, um desses milhares de heróis anônimos palmente negando 1917 são aqueles que estão aqui que mantiveram e mantém o PCB de pé, acabou sen- hoje não mudando de nome do PC, estão criando um do demitido do cargo de porteiro pela direção liqui- partido novo”. dacionista que comandava a direção estadual. Poste“Não é mole não, não é mole não, é impossíriormente, quando da reorganização do verdadeiro vel acabar com o Partidão”. Com essa palavra Partido, viria a ser readmitido. de ordem e empunhando bandeiras vermelhas Participantes daquela reunião garantem que o com a foice e o martelo os comunistas presentes evento foi decisivo, já que ali se trocaram informa- à abertura do congresso manipulado, no dia 25 ções sobre os acontecimentos locais e a investida dos de janeiro de 1992, se retiraram em passeata do liquidacionistas. Além disso, foi criada ali uma co- Teatro Zaccaro em direção ao Colégio Roosevelt, ordenação informal, para organizar a resistência do marcando o rompimento definitivo com o grupo Partido, criar o Movimento Nacional em Defesa do liquidacionista e promovendo uma Conferência PCB e se articular com camaradas de vários outros Nacional de Reorganização. estados que estavam dispostos a resistir. Começava ali a Reconstrução Revolucionária do Partido Comunista Brasileiro. Desde então ocorreram Manifesto em defesa do Partido quatro congressos, conferências políticas, inúmeros ativos nacionais. Sempre aprofundando a concepção Em reação à tentativa de liquidar o Partido, os ver- leninista de partido, a análise marxista das conjuntudadeiros comunistas lançaram manifesto “Aos compa- ras internacional e nacional, a luta pelo socialismo e nheiros delegados do IX Congresso do PCB”, no qual o pleno desenvolvimento da humanidade.

N

Duas décadas de uma longa caminhada

aquela manhã inesquecível nossas vozes se fizeram ouvir por todos os combatentes da Humanidade. Naquela tarde nossos passos se juntaram aos passos da tomada do Palácio de Inverno, da Grande Marcha, da descida de Sierra Maestra, da conquista de Saigon. Estávamos juntos aos nove de 1922, aos heróis do Levante de 1935, a vitória sobre o nazifascismo, ao sofrimento nos cárceres de 70. Também ao sofrimento dos anos 30, 40 e 60, a tanta dor que nos infligiram, porém jamais nos subjugou. Naquele dia memorável começamos a reconstruir uma parcela da inquebrantável vanguarda do proletariado brasileiro. A resgatar a verdade. Longo e tortuoso foi o caminho. Do ladrão de cavalos ao filho da prostituta, do juiz intransigente à impressão digital do cadáver amigo. Incontáveis são os feitos daqueles que jamais desistiram, jamais desistirão. Da falta de recursos às intermináveis reuniões tudo suplantamos com um único objetivo: reconstruir um instrumento capaz de por fim à exploração do homem pelo homem. Impulsionava-nos a lembrança de Luiz Carlos Prestes, Manoel Fiel Filho, Wladimir Herzog, David Capistrano, João Massena, Olga Benário, Gregório Bezerra, Dinarco Reis e tantos outros camaradas sacrificados em nome da causa, camaradas que sempre

se farão presentes. Heróis. Nossos heróis. Heróis de todos nós. Agora, na comemoração dos nossos 90 anos, aquela longa caminhada de resistência se faz presente, presente no movimento comunista internacional, presente na luta antiimperialista e anti-capitalista, presente na determinação daqueles que um dia gritaram: “É impossível acabar com o Partidão!”. Passados tantos anos do Zaccaro estamos presentes nas lutas do povo brasileiro, ainda que muitos não nos vejam. Estamos presentes e continuaremos presentes, sempre. Lembrando Ferreira Gullar: “... Quem contar a história do nosso povo e seus heróis tem que falar dele. Ou estará mentindo”. E tem que falar mesmo! Há 20 anos no Colégio Roosevelt, em São Paulo, reafirmamos a certeza de que fomos, somos e seremos comunistas, como deixou clara a resolução do verdadeiro X Congresso, realizado em março do ano seguinte: “O socialismo é a única alternativa visível para erradicar a miséria, a fome, o atraso, a infelicidade e fazer da Terra a morada dos homens”. Aquela passeata nunca acabará, faz parte da verdadeira História deste país, de todos que lutam pela libertação aqui e no mundo inteiro. Viva o Partido Comunista Brasileiro!

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Os comunistas Passaram-se alguns anos desde que ingressei no Partido Estou contente Os comunistas formam uma boa família Têm a pele curtida e o coração moderado Por toda parte recebem golpes Golpes exclusivos para eles Vivam os espíritas, os monarquistas, os anormais, Viva a filosofia com muita fumaça e pouco fogo Viva o cão que ladra mais não morde, vivam os astrólogos libidinosos, viva a pornografia, viva o cinismo, viva o camarão, viva todo mundo, menos os comunistas

nal

Vivam os cintos de castidade, viam os conserva-

Que estranho Que desanimador Agora cantam-na em chinês, em búlgaro, em espanhol da América É preciso tomar medidas urgentes É preciso bani-lo É preciso falar mais do espírito Exaltar mais o mundo livre É preciso dar mais pauladas e o medo de Germán Arciniegas E agora Cuba Em nosso próprio hemisfério, na metade de nossa maça, esses barbudos com a mesma canção E para que nos serve Cristo? Para que servem os padres? Já não se pode confiar em ninguém Nem mesmo os padres. Não vêem nosso ponto de

dores que não lavam o pé a quinhentos anos

Vivam os piolhos das populações de miseráveis, viva a fossa comum e gratuita, viva o anarcocapitalismo, viva Rilke, viva André Guide com seu corydonzinho, viva qualquer misticismo

Esta tudo bem Todos são heróicos Todos os jornais devem sair Todos devem ser publicados, menos os comunistas Todos os candidatos devem entrar em São Domingos sem algemas

Todos devem celebrar a morte do sanguinário de Trujillo, menos os que mais duramente o combateram

Viva o Carnaval, os últimos dias de carnaval Há disfarces para todos Disfarces de idealistas cristãos, disfarces de extrema esquerda, disfarces de damas beneficentes e de matronas caritativas

Mas cuidado: Não deixem entrar os comunistas Fechem bem a porta Não se enganem Eles não têm direito a nada Preocupemos-nos com o subjetivo, com a essência do homem, com a essência da essência Assim estaremos todos contentes Temos liberdade Que grande coisa é a liberdade! Eles não a respeitam, Não a conhecem A liberdade para se preocupar com a essência Com a essência da essência Assim tem passados os últimos anos

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PRESENTES!

Passou o Jazz, Chegou o Soul, naufragamos nos postulados da pintura abstrata, a guerra nos abalou e nos matou Tudo ficava como está Ou não ficava? Depois de tantos discursos sobre o espírito e de tantas pauladas na cabeça, alguma coisa ia mal Muito mal Os cálculos tinham falhado Os povos se organizavam Continuavam as guerrilhas e as greves Cuba e Chile se tornavam independentes Muitos homens e mulheres cantavam a Internacio-

os criminosos de todas as espécies

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Abílio de Nequete Vilanova Artigas

Cristiano Cordeiro Jayme Miranda

Adolfo Lutz Agildo Barata

Alberto Passos Guimarães

Ana Montenegro

Astrojildo Pereira Vladimir Herzog AparícioTorelly

Candido Portinari

Caio Prado Jr Hiram de Lima

David Capistrano Raimundo Jinkings

Graciliano Ramos

Luiz Maranhão Walter Ribeiro

Dias Gomes

Horacio Macedo

Giocondo Dias

Di Cavalcanti

vista

Não vêem como baixam nossas ações na bolsa Enquanto isso sobem os homens pelo sistema solar Deixam pegadas de sapatos na lua Tudo luta por mudanças, menos os velhos sistemas A vida dos velhos sistemas nasceu de imensas teias

Isnard Teixeira

Tia Helena

Elson Costa

de aranhas medievais

Elisa Branco

João Saldanha

Dinarco Reis

Espedito Rocha

No entanto, há gente que acredita numa mudança, que tem posto em prática a mudança, que tem feito triunfar a mudança, que tem feito florescer a mudança

Gregório Bezerra

Caramba! A primavera é inexorável!

Celio Guedes

Pablo Neruda

Itair José Veloso Yedo Fiuza

Cícero Dias Gianfrancesco Guarnieri

Jorge Goulart

João Massena


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AS FRENTES ORGÂNICAS DE MASSA

PRESENTES!

Lutas específicas?

José Roman

Manoel Fiel Filho

José Gutman Carlos Drummond de Andrade

O PCB faz , sem escamotear seu caráter de classe Para

José Montenegro de Lima Mauricio de Lacerda

implementar sua linha política de construção da contrahegemonia

Mario Alves

socialista, o PCB participa das

Marighella

lutas de massas

Mario Lago

com o esforço de levar a Mario Schenberg

Minervino de Oliveira

organização dos trabalhadores a patamares superiores.

Nelson Werneck Sodré

Atuamos em

Nise da Silveira

Nora Ney

sindicatos, entidades estudantis, associações Pacheco

Oswald de Andrade

de moradores, movimentos

Octavio Brandão Olga Benário

sociais e tantas

Orlando Bonfim Paulo Pontes

outras esferas de atuação política. E o mais importante: sem deixar de Pagu

Silas de Oliveira

Paulo Cavalcanti

Vianinha

Paulo da Portela

Roberto Morena Jorge Amado

Pedro Motta Lima

Prestes

Raimundão

José Maria Crispim

Homenageamos ainda o camarada Nestor Veras, membro do Comitê Central do PCB desaparecido durante a ditadura, sobre o qual não existe registro fotográfico disponível.

denunciar o capitalismo.

H

á campos de luta em que o Partido Comunista Brasileiro atua de forma direta, como Partido, e há espaços onde trabalha em frentes abertas à participação de ativistas políticos e lutadores sociais que não são militantes do PCB. Estas são as frentes orgânicas de massa, organizações dirigidas politicamente pelo Partido e a ele ligadas diretamente. Elas empunham bandeiras de luta popular e demandas diretas de diversos setores da classe trabalhadora, defendem e propagam as idéias socialistas e comunistas, participam dos grandes enfrentamentos no terreno da solidariedade internacionalista. Estas organizações se somam ao esforço de construção de uma grande aliança dos segmentos sociais explorados pelo capitalismo, a que chamamos – e ao processo de sua construção – de Bloco Revolucionário do Proletariado, deixando clara a proposição de construir, revolucionariamente, uma nova sociedade, com novas relações sociais não mais regidas pelos interesses da burguesia.

UJC, Unidade Classista, coletivos Minervino de Oliveira e Ana Montenegro Assim, temos a União da Juventude Comunista (UJC), uma organização que atua no movimento estudantil, que buscar organizar os jovens trabalhadores, que entre na disputa pela hegemonia cultural, na luta ideológica, na luta de massas. A UJC, organizada nacionalmente, está presente no dia-a-dia das lutas sociais, congregando jovens militantes do PCB e jovens socialistas, comunistas, jovens que se revoltam contra os valores e as condições de vida criados pelo capitalismo, jovens que se rebelam contra a opressão da ordem burguesa, que sonham e caminham na direção de outra formação social, onde todos poderão viver, à plenitude, sua potencialidade humana. A construção da Universidade Popular, a luta pela universalidade do acesso de todos à Educação pública, gratuita e de qualidade, em todos os níveis, a defesa de Cuba e do direito dos povos à sua autodeterminação e resistência, o direito ao estudo, a luta contra a privatização da saúde e por direitos sociais para todos

são alguns dos principais eixos de atuação da juventude. No campo sindical, o PCB luta com a Unidade Classista (UC), que se organiza na forma de uma frente de massa, reunindo sindicalistas e ativistas sindicais que militam no PCB e militantes sindicais que, não pertencendo ao Partido, compartilham conosco dos ideais socialistas e lutam para não apenas manter os direitos dos trabalhadores mas também para novas conquistas, novas garantias para a classe trabalhadora. Nesse campo, trabalhamos para a construção de um movimento sindical classista, unitário, pautado pela luta anticapitalista e que se bata pela melhor organização dos trabalhadores. A luta pela defesa dos direitos do servidores públicos, contra a privatização da saúde e da previdência, para a elevação do salário mínimo para o patamar proposto pelo Dieese, para a garantia de emprego para todos os trabalhadores e para a isenção do imposto de renda para os assalariados são algumas das principais bandeiras levantadas pela UC. A lua contra a discriminação racial e pela igualdade de direitos para todos os trabalhadores é eixo central de ação do Coletivo Minervino de Oliveira (CMO), que, focando a questão racial sob a ótica da luta de classes, congrega militantes e não militantes do PCB engajados no Movimento Negro. O CMO dialoga com outras correntes políticas e movimentos que atuam nesse campo e participa das lutas gerais da classe trabalhadora, em conjunto com outros movimentos sociais. A luta contra a opressão e a exploração da mulher trabalhadora e pela igualdade de direitos entre homens e mulheres na sociedade brasileira é a razão de ser do Coletivo Ana Montenegro (CAM). Enfocando a questão como parte da luta de classes, o CAM organiza as militantes do PCB engajadas na luta feminista e busca ações em conjunto com ativistas independentes e também com outras organizações que lutam pelos direitos da mulher. Nesse sentido, está em fase final de organização o Instituto Ana Montenegro, que terá como tarefa a organização de eventos, a promoção e a divulgação de estudos e pesquisas sobre o tema.


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lentes

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Campanha pela Anistia e por estabelecimento de relações diplomáticas com o Campo Socialista - 1956

Campanha pela entrada do Brasil na 2º Guerra Mundial ao lado dos países aliados

5º Congresso do PCB - 1960

Os comunistas através das

Pichação no Vale do Anhamgabau durante campanha eleitoral de Portinari 1945

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Campanha contra cassação dos mandatos comunistas - 1947

Comício da Central do Brasil - 1964

Campanha contra a Carestia 1955 Empastelamento Tribuna Popular em 1947

Festa da Voz da Unidade 1982 14º Congresso Nacional do PCB - 2009 Manifestação contra o envio de tropas para a Coréia 1953

Comício de Prestes em São Januário 1945

PCB lança Movimento Nacional pela Proibição das Armas Atômicas em 1950


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LINHA DO TEMPO

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PCB é fundado em 25 de março de 1922

Já contando em suas fileiras com a presença de Luiz Carlos Prestes, Partido articula uma grande frente nacional e antifascista, tornandose o núcleo dinâmico da Aliança Nacional Libertadora (ANL)

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Derrotada a insurreição, Partido vive sob intensa repressão política, com extermínio de dirigentes e militantes. Mesmo assim, organiza a solidariedade à República Espanhola e envia combatentes para as Brigadas Internacionais

Posta na ilegalidade a ANL, o PCB promove a insurreição de novembro de 1935

“Campanha contra a carestia”, iniciada pelo PCB, gera greves e imensas manifestações populares

Partido exige a participação do Brasil na guerra contra o nazifascismo e orienta seus militantes a se incorporarem à Força Expedicionária Brasileira (muitos voltariam da guerra reconhecidos oficialmente como heróis)

“Conferência da Mantiqueira” é realizada em 1943 e reorganiza o PCB durante a clandestinidade

Entre 1947 e 1948, PCB é posto na ilegalidade e perseguido pelo Governo Dutra. Partido responde à truculência de forma sectária expressa no “Manifesto de Agosto”

Partido centraliza movimento sindical classista e cria notável estrutura editorial e jornalística. Torna-se a vanguarda da Assembleia Nacional Constituinte

PCB articula a intensa campanha do “Petróleo é nosso”

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Anos 30 marcam dois movimentos na trajetória do PCB: o primeiro, até 1935, de afirmação política; o segundo, até 1942, de refluxo

Através do Bloco Operário Camponês (BOC), PCB participa das eleições de 1928 e 1930. Entre seus candidatos, destacam-se Minervino de Oliveira (primeiro operário, e negro, a tentar a Presidência da República) e Octavio Brandão

Durante os anos 20, Partido realiza três congressos (o de fundação, em 1922, e os de 1925 e 1928/29)

Em 1945, PCB torna-se um partido nacional de massas, atingindo 200 mil filiados. Lança Yedo Fiuza candidato à Presidência da República, constitui significativa bancada parlamentar e elege Luiz Carlos Prestes senador

Início dos anos 50 vê intensa mobilização comunista pela Paz Mundial e contra o envio de tropas para a Coréia

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Partido lança apoio à candidatura de JK

Sob o impacto do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, PCB vê a emersão de divergências e conflitos internos

Luta interna começa a ser ultrapassada em março de 1958, quando se divulga Declaração Política que vincula a conquista do socialismo à ampliação dos espaços democráticos e formula uma estratégia revolucionária de longo prazo


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LINHA DO TEMPO

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Golpe de 1964 coloca Partido na ilegalidade. Linha de ação recusa propostas que não envolvessem ações políticas de massas, o foquismo e a luta armada

V Congresso do PCB (1960) consolida orientação e põe como tarefa imediata a conquista da legalidade. Tal política leva dirigentes a organizarem grupo e serem expulsos do Partido. Em sequência, eles criam o PCdoB.

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Divergência com a linha política gera saída de dirigentes como Carlos Marighela, Mário Alves, Jacob Gorender, Joaquim Câmara Ferreira e Apolônio de Carvalho, entre outros.

Em 1979, conquista da anistia, que fazia parte do programa do PCB desde o VI Congresso (1967), gera o retorno de dirigentes e militantes que estavam no exílio

Eleições presidenciais de 1989 tem, no candidato do PCB, o principal artífice de um grupo que viria tentar liquidar a existência do Partido

Advento do governo Lula (em 2003) cria divergências no Comitê Central, atrapalhando o trabalho político do Partido nos movimentos de massas.

IX Congresso (1991), levado a cabo na sequência da queda do Muro de Berlim, mostra Partido dividido desde o Comitê Central até as bases, entre aqueles que desejavam capitular frente à ofensiva neoliberal e aqueles que propugnavam a reconstrução revolucionária do PCB

Em março de 2005, PCB realiza XIII Congresso e rompe com a política governamental de Lula. A partir daí, Partido passará a viver momento de intenso e profícuo trabalho

Partido inaugura a primeira sede própria de sua história

XIV Congresso, em 2009, defende construção da Frente Anticapitalista e Anti-imperialista, além do Bloco Revolucionário do Proletariado

Grupo liderado por Luiz Carlos Prestes rompe com o Partido após inúmeros embates que vinham se acirrando desde o exílio

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VI Congresso (1967) ratifica política de resistência democrática

Crise interna explode no X Congresso extraordinário (1992), montado com o único intuito de acabar com o PCB. Liquidacionistas se retiram do PCB para criar o PPS

Entre 1973 e 1975, um terço do Comitê Central do PCB é assassinado pela repressão, milhares de militantes são submetidos à tortura e alguns até a morte e aparelhos são destruídos

AI- 5 intensifica repressão da ditadura.

Em dezembro de 1982, PCB realiza seu VII Congresso e define a política “Uma alternativa democrática para a crise brasileira”.

Em 1984, já sinalizando linha de conciliação de classes que predominava em seu Comitê Central, PCB opta pela CGT e não pela CUT como central sindical.

Partido promove intensa campanha de filiação, para atender às rigorosas exigências do TSE, entre 1994 e 1995

PCB rompe sua participação nos fóruns da CUT e organiza a Unidade Classista (UC)

Em 2006, é reorganizada nacionalmente a União da Juventude Comunista (UJC)

Partido organiza sua primeira base fora do território brasileiro, em Cuba

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PCB lança seu secretário-geral, Ivan Pinheiro, candidato à Presidência da República

PCB fica muito enfraquecido no interior dos movimentos sociais, especialmente no operário, devido à sua linha política

Processo de reorganização do PCB avança, entre outros, com a Conferência Política Nacional (1995) e dois Congressos: o X (em 1993) e o XI (em 1996) - este último superando as avaliações nacionallibertadoras e etapistas que ainda vicejavam desde o racha com o PPS

Retomada de uma tradição cara aos PCs: PCB lança Medalha Dinarco Reis para homenagear comunistas históricos

Conferência Política Nacional aprofunda intermediações táticas para a consecução da linha política aprovada no XIV Congresso

VIII Congresso (1987) vê crise velada atingir conjunto partidário

XII Congresso (2000) propõe a unidade dos comunistas e consolida política de organização leninista com aprovação de novo estatuto

Conferência Política Nacional atualiza modelo leninista de organização

Março de 2012: Vivendo seu melhor período nos últimos 20 anos, PCB promove seminário sobre sua história e comemora 90º aniversário com Ato Público na ABI


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A trajetória dos comunistas brasileiros em

prosa e verso

PCB em São Paulo Documentos (1974-1981)

PCB 20 anos de política (1958-1979)

Luta subterrânea - O PCB em 1937-1938 Dainis Karepovs

A classe operária vai ao parlamento - O Bloco Operário e camponês no Brasil Dainis Karepovs

PCB 1922-1929 Michel Zaidan Filho

Nesta edição comemorativa, Imprensa Popular selecionou uma reduzida lista da produção intelectual brasileira acerca da história do PCB e de alguns de seus principais personagens. Boa leitura!

Da insurreição armada a união nacional Anita Leocádia Prestes

Corações vermelhos - Os comunistas brasileiros no século XX Antonio Carlos Mazzeo e Maria Izabel Lagoa

Sinfonia inacabada - A política dos comunistas no Brasil Antonio Carlos Mazzeo

O PCB cai no samba: os comunistas e a cultura popular (1945-1950) Valéria Lima Guimarães

Memórias do Cárcere Graciliano Ramos

O cavaleiro da esperança Jorge Amado

Luiz Carlos Prestes - O constituinte, o senador

Prestes Lutas e Autocríticas Dênis de Moraes e Francisco Viana

O Partidão Moisés Vinhas Homens partidos comunistas e sindicatos no Brasil Marco Aurélio Santana

Gregório Bezerra Memórias

Os desconhecidos da história da imprensa comunista Raimundo Alves de Souza

A luta de classes no Brasil e o PCB Dinarco Reis

O PCB e a imprensa Bethania Mariani

Carlos, a face oculta de Marighella Edson Teixeira da Silva Júnior

PCB - Memória Fotográfica

O PCB Edgar Carone Os comunistas brasileiros Anita Leocádia Prestes

Formação do PCB Astrojildo Pereira

PCB - Reforma e revolução José Antônio Segatto

Roberto Morena - O Um brasileiro na guerra militante Lincoln Penna civil espanhola José Gay da Cunha

Vianinha, um dramaturgo no coração de seu tempo Rosângela Patriota

Vianinha - Cúmplice da paixão Dênis de Moraes

Partido Comunista Brasileiro - Conflito e integração Ronad Chilcote


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O Olga Fernando Morais

O caso eu conto como o caso foi Paulo Cavalcanti

A derrota da dialética Leandro Konder

Vianinha: Teatro, Televisão, Política Fernando Peixoto (organizador)

O velho Graça Dênis de Moraes O revolucionário cordial Martin Cezar Feijó

Giocondo Dias - uma vida na clandestinidade Ivan Alves Filho

A classe operária na revolução burguesa Marcos Del Roio

Memória e História (Revista do Arquivo Histórico do Movimento Operário Brasileiro) nº 1 - Astrojildo Pereira Documentos Inéditos

Combates e batalhas Octavio Brandão

A Luta Clandestina Paulo Cavalcanti

Memória e História (Revista do Arquivo Histórico do Movimento Operário Brasileiro) nº 2 - Cristiano Cordeiro Documentos e Ensaios

O partido comunista que eu conheci João Falcão

Carlos Marighella, o homem por trás do mito Cristiane Nova e Jorge Nóvoa

Construindo o PCB Astrojildo Pereira

Comunistas em céu aberto Michel Zaidan Filho

Memória e História nº 3 - edição dedicada a Roberto Morena

O imaginário vigiado Dênis de Moraes

PCB nasceu sob influência decisiva da Revolução Socialista de Outubro. Assim o definiu Astrojildo Pereira, um dos nossos fundadores, em seu livro ‘Formação do PCB – 1922/1928’. Nascido da classe operária brasileira, o Partido aderiu desde seu início aos ideais de solidariedade e internacionalismo proletário, a começar pelo firme apoio a União Soviética. Na sua fundação contou com a presença do espanhol Manoel Cendon e do sírio Abílio de Nequete, delegado por Porto Alegre e representante da Internacional Comunista (IC) e do Partido Comunista do Uruguai. Além disso, na ocasião aprovou moções de saudações a Internacional Comunista, a Revolução Russa, à memória dos heróis da revolução, ao bureau da IC para a América do Sul e aos partidos comunistas da Argentina e do Uruguai. A visão internacionalista era de tal monta que, segundo Astrojildo Pereira, “Havia urgência na organização do Partido em vista da aproximação do IV Congresso da Internacional de Moscou, na qual deveriam fazer-se representar os comunistas do Brasil”.

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A PRESENÇA INTERNACIONAL

PCB, internacionalista desde a origem

Guerra Civil espanhola, um capítulo a parte

O Marxismo no Brasil Edgard Carone

O PCB na Documentos do Partido Assembleia Constituinte de Comunista Brasileiro 1946 - O PCB na luta pela Evaristo Giovanetti democracia (1983Netto 1985)

Ainda no início de sua história, o PCB apoiou a campanha mundial em favor de Sacco e Vanzetti. Ao longo de sua trajetória os comunistas brasileiros mantiveram esse direcionamento, estando politicamente presentes nos principais acontecimentos internacionais que marcaram o século XX e este início de século XXI. Vários camaradas lutaram na Guerra Civil Espanhola contra os fascistas. Dinarco Reis, José Gay Cunha, David Capistrano, Apolônio de Carvalho, Roberto Morena, Hermenegildo de Assis Brasil, entre tantos outros, lutaram na 12ª Brigada Internacional e no Exército Republicano, a quase totalidade promovidos a oficiais, alguns a comandantes de batalhões, outros no Alto Comando da própria Brigada Internacional. Na Segunda Guerra Mundial os comunistas brasileiros estiveram lado a lado com a resistência francesa na luta contra os nazistas. Alguns chegaram a ser presos em campos de concentração na França e na Alemanha. No Brasil, o Partido liderou a campanha popular antinazista e pela junção do país às forças dos Aliados, empurrando o governo Vargas a essa posição, ele que anteriormente fora simpatizante do nazifascismo. Na década de 50, o PCB desenvolve outra campanha popular contra o envio das Forças Armadas brasileiras para a Guerra da Coréia.

Criação um pólo de partidos comunistas integrados na luta pelo socialismo e contra o reformismo é a perspectiva atual Com a vitória da revolução em Cuba, mais uma vez o PCB se coloca ao lado do socialismo e das transformações ocorridas naquele país, tendo inclusive enviado militantes para as brigadas internacionais posteriormente. Até hoje mantemos uma relação inquebrantável com os camaradas cubanos. Na Guerra do Vietnã o Partido continuou fiel à sua tradição em apoio à luta dos vietcongues contra o imperialismo. Também apoiamos o governo de Salvador Allende no Chile e a revolta da Frente Sandinista de Libertação Nacional na Nicarágua. Em resumo, todos os movimentos dos trabalhadores ao longo do século XX contaram com o firme apoio dos comunistas brasileiros.

Uma visão revolucionária Como uma das atividades preparatórias do XIV Congresso o PCB realizou em outubro de 2009 o seminário “O olhar dos comunistas sobre

a conjuntura internacional”, com representantes de partidos comunistas da América Latina, Europa, Ásia e Oriente Médio. Durante o seminário pudemos conhecer as realidades em que vivem as classes trabalhadoras de diversos países, atualizamos nossa visão sobre o genocídio promovido pelo Estado de Israel contra o povo palestino e a agressividade do governo dos EUA e o governo Uribe na Colômbia. Títere esse substituído por Juan Manuel Santos que mantem o terrorismo de Estado contra o povo colombiano em favor das transnacionais. Nos últimos anos o PCB desenvolve sua política internacionalista em todos os continentes, condena as invasões promovidas pelo imperialismo nos países da África do Norte e do Oriente Médio, onde atualmente o Afeganistão e a Síria sofrem as maiores agressões, com vistas a atingir o Irã, o próximo alvo. As imposições do imperialismo a Grécia também tem sido condenadas sistematicamente pelo Partido,

em total apoio à luta do povo, que marcha decisivamente para a derrubada do capitalismo e a implantação do socialismo. O apoio ao Partido Comunista da Venezuela que recentemente completou 81 anos foi marcado inclusive pela presença do nosso secretáriogeral nas comemorações. Estivemos e estamos presentes nas manifestações contra o golpe de Honduras, na denúncia do papel que o Brasil desempenha no Haiti, no apoio às organizações que lutam contra o estado terrorista colombiano, nas marchas e congressos de organizações populares na Colômbia, no dia-adia da construção socialista de Cuba, no Primeiro de Maio na Grécia, nos acampamentos palestinos. Além disso, nossa atuação em nível internacional é marcada pela luta antiimperialista e anti-capitalista, com o estreitamento de relações políticas na perspectiva de criar um pólo de partidos comunistas integrados na luta pelo socialismo e contra o reformismo.


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ImprensaPopular

Marรงo 2012


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