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De Dieppe a Cabo Frio

Desde o final do século xv, a França tinha interesses nas “terras do sul” que faziam parte de um enorme continente, a América. Em 1488, um normando de nome Jean Cousin encontrou a foz do rio Amazonas. Anos depois, o armador Jean Ango levou para as terras francesas uma enorme quantidade de materiais e “curiosidades” do novo mundo encontrado: não apenas a cobiçada madeira chamada pau-brasil, mas também alimentos nativos, animais “exóticos”, e indígenas, em especial tupinambás e tabajaras. Iniciava-se, assim, um período de fértil amizade entre esses povos de além e aquém-mar. Os papagaios e as araras, assim como os homens imberbes enfeitados com penachos, eram a sensação das festas nos ricos salões da nobreza europeia.

Porém, de maneira contrária, entre portugueses e tamoios — os tupinambás que viviam sobretudo no litoral sul de um já conhecido rio de Janeiro — avançava a animosidade: os indígenas não apreciavam o tratamento que recebiam daqueles colonizadores ibéricos, denominados por eles de “perós”, relação difícil esta que muitas vezes favoreceu os franceses.

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Eram os tempos do rei Henri ii , o perseguidor dos protestantes huguenotes, e a França, apesar de dividida por guerras religiosas, desejava também partilhar das riquezas austrais. Uma das estratégias foi fazer crescer a amizade entre nativos e franceses. Com isso, o comércio de produtos entre ambos os lados do Atlântico passou a se intensificar, o que muito incomodava Portugal.

Em 1551, Henri ii enviou o cartógrafo Le Testu para fazer uma viagem de reconhecimento do que é hoje o litoral brasileiro. Porém, seria apenas com Villegagnon que a França tentaria dar um passo certeiro quanto a colonizar os novos territórios.

Antes do início da corajosa empreitada, o sacerdote André Thevet e o aventureiro Hans Staden passaram a Villegagnon informações sobre o melhor lugar para se estabelecer um ponto de defesa e para se ter uma cabeça de ponte no vastíssimo litoral coberto por matas fechadas e povoado por índios temíveis.

Staden, famoso na Europa como o mercenário que havia sido refém por nove meses dos tupinambás, conseguiu regressar à sua terra de origem e certamente tinha acumulado muita experiência no convívio com aqueles indígenas antropófagos. As sugestões de uma boa terra para povoamento, tanto feitas por Thevet quanto por Staden, coincidiam com uma certa bela baía de águas calmas e bem azuis, cerca de duzentos quilômetros ao sul de Cabo Frio.

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