1ª Edição | Maio 2019
GLORIA GROOVE! Entrevista com o bumbum de ouro! Detalhes do trabalho com Léo Santana e mais!
SAÚDE EM JOGO! Os avanços na medicina: a história do primeiro paciente curado de HIV
A QUEEN DO MOMENTO! A queen que saiu do Brasil para se apresentar no Coachella. DIREITOS DA FOTO DE CAPA POR GAY TIMES MAGAZINE
p.12
HIGHLIGHT
Tudo que você precisa saber sobre a drag que conquistou o brasil e agora sai em busca do
mundo.
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TOOT OR BOOT
BELEZA
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Agora Pabblo Vittar foi longe demais!
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QUANDO EU COLOCO A PERUCA, NINGUÉM ME TOMBA!
A rainha do carnaval conta entrevista sensacional
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um pouco da sua história numa
Sumário da edição e muito mais! agenda de roles, drag e gênero, e trans no mercado de trabalho!
p.28 AVANÇOS NA MEDICINA
VIAJE POR TEL AVIV!
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CRUSHES David Sabbag e Nanda costa
são nossas paixões do momento!
p.36 p.22
NA MIDIA Beyoncé e o lançamento de Homecoming, Rupaul na Netflix e 5 filmes LGBTQs de 2019!
Carta ao leitor Diretor: Ricardo Destro Júnior Concepção: Ricardo Destro Júnior Design Gráfico: Ricardo Destro Júnior Curadoria: Ricardo Destro Júnior Editor: Ricardo Destro Júnior Reporter: Ricardo Destro Júnior
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revista Aquenda nasceu de um trabalho do curso de pós-graduação em design gráfico do Senac Lapa Scipião e é fruto de um trabalho duro e algo que eu realmente acredito. Existia um gap no mercado quanto ao assunto drag queens e sexualidade, e considerando o mundo heteronormativo que vivemos, a Aquenda surge para bater no peito e dar a cara a tapa como uma revista feita por LGBTQ+s e para LGBTQ+s. Nosso trabalho não é apenas o de trazer matérias divertidas, mas também educar a população e trazer para o dia-a-dia assuntos importantes e discussões sobre sexualidade. Com um tom de voz descontraido e um design despojado e jovem, nosso intuito é abordar tabus da sociedade moderna de forma leve e levar nosso público à reflexão, além de emponderar cada dia mais os jovens deste pais. Levantamos nossas bandeiras todos os dias e esta revista é mais uma bandeira fincada nesse terreno instável, mas que jamais irá abaixar! Então aquenda essa mala e se joga com a gente bee, que essa viagem está só começando!
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Ricardo Destro Júnior
TOOT OR BOOT
A noite do OSCAR
os looKs que nos deixArAm bAbAndo pelo redcArpet
por: revisTa quem
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foTo: Steve Granitz. Emma Stone em vestido Louis Vuitton.
DA NOITE
OS PREMIADOS
foTo: Frazer Harrison. Billy Porter in Christian Siriano
aior premiação do cinema mundial, o Oscar aconteceu na noite deste domingo (24), no Dolby Theatre, em Los Angeles, e um festival de estrelas já está passando pelo red carpet do evento. Looks luxuosos de grandes grifes dão o tom da festa, que em sua 91ª edição vai premiar ganhadores em 24 categorias, alguns deles com chance de fazer história - confira a lista de vencedores do Oscar 2019 Ao contrário dos anos anteriores, o Oscar não teve um apresentador pela primeira vez em três décadas. Escalado para substituir Jimmy Kimmel no papel de mestre de cerimônias do evento, Kevin Hart anunciou que estava desistindo do convite após duras críticas quando antigos twítes homofóbicos seus vieram à tona. Assim, cada prêmio foi apresentado por um ator ou atriz diferente, e as categorias consideradas menos importantes foram anunciadas nos intervalos da transmissão.
MELHOR DIREÇÃO: Alfonso Cuáron, Roma MELHOR FILME: Green Book - O Guia MELHOR ATOR: Rami Malek, Bohemian Rhapsody MELHOR ATRIZ: Olivia Colman, A Favorita CANÇÃO ORIGINAL “Shallow”, Nasce uma Estrela
foTo: Steve Granitz. Jennifer Lopez com vestido Tom Ford e bolsa Tyler Ellis
foTo: Jeff Kravitz. Lady Gaga com vestido Alexander McQueen e joias Tiffany & Co foTo: Mark Ralston. Amy Adams com joias Cartier e saltos Christian Louboutin
foTo: Frazer Harrison. Jennifer Hudson com vestido Elie Saab.
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foTo: Frazer Harrison & Co. Adam Lambert.
TOOT OR BOOT
Foto: Steve Granitz. Octavia Spencer com bolsa Tyler Elli
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Foto: Frazer Harrison. Shangela Laquifa
Foto: Steve Granitz. Bradley Cooper com terno Tom Ford e sua esposa Irina Shayk
Entre o verdadeiro time de estrelas que que entregaram os prĂŞmios aos ganhadores na cerimĂ´nia estavamJennifer Lopez, Charlize Theron, Daniel Craig, Awkwafina, Constance Wu, Tina Fey, Amy Poehler, Maya Rudolph, Chris Evans, Brie Larson, Whoopi Goldberg, Tessa Thompson, Serena Williams, Barbra Streisend, Helen Mirren e muitos outros.
BELEZA 01 02
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Contorno é TUDO
mAis fishy do que nuncA. você quer courtney Act?
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por: ricardo desTro Júnior
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abe qual o truque para aquele rostinho feminino tão cobiçado para toda drag queen? O segredo está na pintura, nos traços, e nos relevos que deixamos em nosso rosto. Um rosto masculino é caracterizado por traços marcantes, maxilar protuberante, testa quadrada e nariz grosso, enquanto no rosto feminino, os traços são mais delicados.
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Um truque muito usado pelas irmãs Kardashian que atualmente é uma febre nacional é o uso de contorno. Com a escolha de base certa e o contraste para os contornos, é possível feminilizar os traços faciais e deixar sua drag ainda mais impecável e fishy! Nós trouxemos alguns produtos que podem ajudar e dicas do que prestar atenção na hora de se montar para o rolê! E lembre-se que o importante de se montar é se divertir e sempre curtir ao máximo seu rolê!
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bases TracTa pincel de base sephora pincel beauTy base mac glam Tom 5 base mac glam Tom 2 esponJa de maKe pó mohogany
foTo: Divulgação, Miss Fame (2018)
o Truque das musas agora em nossas mãos para
CONTORNO
KARDASHIAN
usar e abusar!
01. NARIZ
02. BOCHECHAS
03. SOBRANCELHAS
eita menina!
AGORA ELA FOI LONGE DEMAIS A história da drag queen brasileira que conquistou o mundo e agora se apresenta no Coachella, nos EUA! Por: Thamires Tancredi + F5 (adaptado) - Pioneiro + F5
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e você ainda não ouviu falar de Pabllo Vittar, provavelmente é questão de tempo. Aos 23 anos, dona de um falsete (e um rebolado) característico, ela é a cantora da vez. Acaba de estrelar, ao lado de Anitta, o novo clipe do trio gringo Major Lazer, que inclui Diplo — produtor de nomes como Madonna e Beyoncé —, Sua Cara. Em poucos dias, veio o recorde: é a melhor estreia de um videoclipe em 2017 no YouTube, com 20 milhões de visualizações só nas primeiras 24 horas. E contando. Talvez você não saiba, mas, com pouco mais de dois anos de carreira, é da Pabllo o hit do último Carnaval, Todo Dia. Tocou muito: nos bloquinhos, na praia, na festa LGBT e na balada top. Quem esteve na folia, aliás, cantou junto com Rico
Dalasam, rapper gay que divide os vocais com a drag queen. Ah, e o gênero é no feminino mesmo, viu? Isso porque Pabllo se apresenta como drag queen — mas, de verdade, não se importa se você falar “o Pabllo”. Gosta mesmo de seu nome e não dá bola para gênero, como muitos representantes dessa geração, que deixaram para trás todo o significado do artigo. Assumir o nome que recebeu da mãe quando nasceu, em São Luís do Maranhão, enquanto se veste como drag, é só um dos méritos que fazem Pabllo ser tão incrível e um exemplo tão grande de representatividade. Nordestina, gay e afeminada, como faz questão de deixar bem claro. Drag
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Foto: Pabllo Vittar por Ernesto Costa (2019)
Foto: Pabllo Vittar por Ernesto Costa (2019)
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QUANDO EU COLOCO A PERUCA, NINGUÉM ME TOMBA!
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Foto: Pabllo Vittar por Ernesto Costa (2019)
queen desde os 17 anos, quando foi à farmácia e comprou um lápis de olho, um batom e alguns apliques, que no fim ficaram “parecendo um dread”, como já contou em entrevista. Com o apoio incondicional da mãe, que criou Pabllo e a irmã gêmea sozinha, começou a se montar e não parou mais. Deixou de cantar só no chuveiro e gravou uma versão em português de Lean On, hit de 2015 do Major Lazer — sim, aqueles mesmos com quem ela acaba de dividir a cena no clipe que quebrou recordes. E, sim, o cálculo está certo: tudo isso, em menos de dois anos. Você pode até não ser fã do tipo de música que Pabllo faz, dos figurinos coloridos ou da voz. O que não dá para negar é a força dessa artista: do clipe amador na piscina de alguém a um dos lançamentos mais comentados do ano. Tudo isso, repito: sendo gay, afeminada e drag queen em um país de Bolsonaros.
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Pabllo vai na contramão, e é por isso que é um exemplo tão forte para essa geração. Em tempos
em que o ideário conservador ganha força, tira (ainda mais) o espaço das mulheres e marginaliza (mais e mais) a população LGBT, Pabllo é autêntica e não tem medo de mostrar quem é. Dá para ter noção do que é para um adolescente gay, que está acostumado a ouvir piadinha e todo o tipo de escárnio barato na escola e na rua, ligar a TV e ver uma drag queen cantando para o mundo todo ouvir? É a tal da representatividade que a gente tanto fala aqui: se enxergar e ser visto é para lá de necessário. É importante para quem está com a personalidade em formação se ver refletido em alguém. E é crucial para que a gente pare de ver o diferente como algo ruim — e passe, de verdade e com toda a naturalidade possível, a celebrar mesmo a pluralidade. “Uma drag estar conquistando esse espaço é muito importante. Ser afeminado é revolucionário no sentido de dar a cara a tapa. São as bees afeminadas que estão na posição de frente. Elas que levam o baque primeiro. Elas que levam lâmpada na cara, entendeu?” reflete, no vídeo da Trip.
PABLLO
EM NÚMEROS
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SER AFEMINADO É SER REVOLUCIONÁRIO NO SENTIDO DE DAR A CARA A TAPA!
Foto: Pabllo Vittar por Ernesto Costa (2019) Definitivamente, Pabllo não esperou o Carnaval para estourar: o fez bem antes, e agora é explosão, é tiro, porrada e bomba. Ah, e não dá para deixar de ressaltar dois pontos: mesmo com todo esse sucesso, Pabllo segue sendo vítima de preconceito. No lançamento do videoclipe no último domingo, Amin Khader ignorou a drag queen enquanto entrevistava Anitta, ficando de costas para Pabllo. A poderosa fez de tudo para mudar a situação. Sugeriu, inclusive, que Amin se colocasse no meio, para falar “com as duas”.
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Depois do puxão de orelha, ele até ficou no lugar que Anitta pediu, mas, quando a reportagem foi ao ar, Pabllo foi cortada. Mais: Perez Hilton, blogueiro americano (em decadência) de celebridades, citou apenas Anitta e Diplo ao anunciar o clipe de Sua Cara. A Major Lazer, também esquecida, foi lá e corrigiu: “e com @pabllovittar também!”. Recalcado que só, Perez respondeu que
havia ignorado de propósito e que, para ele, a única drag relevante era RuPaul. Pergunto: até quando tem gente que vai tentar invisibilizar uma artista por preconceito? Mais: RuPaul é um ícone, ninguém nega (e, aliás, muitas amamos), mas existir outra drag em evidência não minimiza a importância da precursora. O alcance de Pabllo está tão alto que ela cantou neste fim de semana durante sua passagem pelos Estados Unidos no festival Coachella que acontece na California. A drag queen brasileira se apresentou no dia 14/04 junto com Diplo e no dia 15/04 com o duo Sofi Tukker. A apresentação foi uma surpresa para a maioria, mas já era esperada por alguns fãs: em janeiro Sophie Hawley-Weld e Tucker Halpern, do duo, deram a entender que convidariam uma brasileira para sua apresentação no Coachella. O trio cantou “Energia“ juntos, música lançada em setembro de 2018.
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o groove da glรณria
O BUMBUM DE OURO
gloriA groove contA tudo sobre suA cArreirA, pArceriA com léo sAntAnA e futuros trAbAlhos. muito sucesso vindo Ai! por: emannuel benTo - diario de pernambuco
foTo: Divulgação. Glória Groove. 2018
Em 2017, Groove estremeceu as matrizes masculinas do rap ao estabelecer pontes entre a cultura hip hop e a comunidade LGBT com seu primeiro álbum, O proceder - Dona, Gloriosa e Império foram alguns sucessos. Agora, ela aposta em um estilo mais pop. O funk Bumbum de ouro, lançado neste ano, se tornou um dos hits do carnaval e faz a drag conquistar um público mais amplo. Ao que tudo indica, a abrangência de sua arte será ainda maior com Arrasta, uma parceria com Léo Santana. O encontro dos artistas ocorreu no dia 12 de abril, em Salvador (BA), e a música ganhará um clipe em breve - a previsão de lançamento é para maio. Assim, Groove entra para o “hall” das queens que cresceram ao ponto de colaborar com nomes do mainstream nacional - assim
como Pabllo Vittar com Lucas Lucco (Paraíso) ou Aretuza Lovi com Solange (Arrependida). Seu primeiro disco mescla rap com pop. O hip hop é um movimento bastante masculino e heterossexual. Por que apostar nele? Gosto de hip hop desde criança. Sempre me inspirei nas referências masculinas do rap, principalmente do rap de fora, mas não vou mentir que, para mim, a possibilidade de fazer rap se abriu depois de ver mulheres fazendo rap, como Lil Kim, Missy Elliot e Nick Minaj. Aqui no Brasil eu gostava da Flora Matos e da Karol Conka muito antes de ambas ‘bombarem’. Me libertou muito ver mulheres tendo poder e posicionamento. Eu era bem jovem e isso me mostrou na prática que o rap não pertence a ninguém. Pertence a que tiver disposição para fazer e colocar no papel uma vivência, uma coisa sincera, com atitude.
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A MÚSICA LGBT TEM DADO PASSOS LARGOS EM UM PAÍS QUE ANDA PARA TRÁS
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aniel Garcia tem 23 anos e é artista desde os quatro. Foi figurinha marcada do quadro Jovens talentos do Programa Raul Gil, trabalhou como vocalista do Balão Mágico na formação de 2006, integrou o elenco da novela Bicho do mato na Record, dublou séries como Hannah Montana e Power Rangers. Toda essa trajetória o preparou para ser Gloria Groove, uma drag queens mais famosas do país. No Recife, ela se apresenta no aniversário de 16 anos do Clube Metrópole neste sábado (21), a partir das 22h. “Recife é um dos nossos melhores públicos desde sempre. Sabemos que vamos chegar na boate e tudo vai estremecer”, diz. A artista adianta que homenageará uma pernambucana: “Só não posso contar quem é. Vocês vão saber”.
/AGENDA DA GLÓRIA
Foto: Divulgação. Glória Groove. 2018
Você sentiu resistência ou críticas da cena rap? Na verdade, nunca me intitulei como uma drag rapper, tanto que cheguei na cena cantando. Eu sempre achei que fosse uma drag cantora, mas quando eu troquei o segundo verso de Dona por um ‘flow’, ganhei a etiqueta de drag rapper. Isso me ajudou a ganhar destaque entre as drags, que em maioria estavam dentro de um movimento mais pop (já muito consolidado na comunidade LGBT). Apesar disso, eu não sou uma pessoa que investe em penetrar a bolha do rap ou ser um desses caras que tentam ser donos do gênero. O rap veio junto e eu decidi agregar para meu trabalho. Existe uma certa resistência desta frente masculina sim, deslegitimando ou nem validando minha música como rap somente porque tem um heterossexual que ‘pode desempenhar melhor esse papel’.
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O público LGBT não é tão próximo do hip hop. Você nunca sentiu receio de não atingir o seu nicho? O gosto dos LGBTs se tornou algo muito plural. A entrada de personalidades como Nick
Foto: Divulgação. Glória Groove. 2018
15.05.2019 CAMPINAS - SP 19.05.2019 SÃO PAULO - SP 22.05.2019 UBERABA - MG 30.05.2019 LINS - SP
Minaj, Azealia Banks e Cardi B na cultura pop criou uma aceitação bem maior do gênero. Os gays possuem mais facilidade para se identificar com a Minaj do que os Migos, por exemplo, que são rappers homofóbicos. Desde que comecei a entender mais questões de gênero e sexualidade, compreendi que tem muita coisa problemática nesse cenário rap, muitas vezes misógino, homofóbico e hostil. Acredito que, aqui no Brasil, meu trabalho estabeleceu uma ponte entre a cultura LGBT e o hip hop. O proceder foi muito legal por isso. Sempre ouvia alguém falando: ‘Ah, eu não costumava ouvir rap, mas esse CD da Gloria é muito legal’. Seu maior sucesso, Bumbum de Ouro, conseguiu ter um alcance bem maior por ser um funk. Você pretende continuar nessa linha? Eu acho que devo investir em um trabalho mais pop. Ter um trabalho mais grande, com notoriedade e na boca do povo. Mesmo assim, a Gloria de Império, Dona e Gloriosa nunca vai deixar de existir. Aquilo que eu era só vai aprender a coexistir
Foto: Divulgação. Glória Groove. 2018
Você vai lançar Arrasta, música com o Léo Santana. O que podemos esperar dela? É uma faixa como Bumbum de ouro. Produzimos no Rio de Janeiro com os Catioros, que fazem músicas para a Anitta, Pabllo Vittar e Aretuza Lovi. O legal é que eles sempre tentam traçar um paralelo entre um estilo e outro. Quando eu escrevi, idealizei um funk paulistano, mas quando levei para o estúdio virou um pagodão incrível. Como foi gravar com o Léo? O Léo sempre foi meu sonho, eu era até meio acanhada de falar com ele, achava que ele não iria me responder. Conversei com minha assessora e com minha equipe e resolvemos que eu deveria tentar. Mandei uma DM e ele foi um anjo comigo desde o momento que respondeu até sua saída do estúdio. E pensar que é um artista homem, do axé, que teria vários motivos para não querer se envolver comigo ou com o meu trabalho. Vou falar mais: o tempo que passei com ele dentro do estúdio foi um dos momentos que mais me senti respeitada como artista até hoje. Ele conseguiu me enxergar como uma artista de verdade. Só tenho a agradecer.
E qual a importância disso para a comunidade LGBT? Eu tenho 23 anos. Na infância, nunca tive um ídolo gay para me inspirar. Eu não tive isso, fosse na TV ou na rádio. Consigo imaginar como é para as crianças e adolescentes LGBT essa possibilidade de enxergar as drags pelo espectro do sucesso, em um mundo em que as drag queens são estrelas da música, artisticamente respeitadas. Eu costumo até ter ciúme (risos). Crianças de 13, 14 anos olham para a gente e veem identificação. Isso para mim vale o mundo. Caramba, olha como as coisas estão mudando, mesmo que queiram puxar a gente para baixo. A música LGBT tem dado passos largos em um país que anda para trás. Você é artista desde criança. Isso influenciou na sua decisão de ser drag? Sim. Quando olho para trás e vejo tudo que fiz, eu estava me preparando para isso, para me encontrar como Gloria Groove. Foi como uma coisa planejada pelo universo. Tive a sorte e o privilégio de viver em uma época de uma cultura que está em ascensão. No momento que eu vi que uma drag poderia cantar, aquilo abriu muitas caixinhas na minha mente, principalmente para compor. Eu não me sentia à vontade para me expressar como Daniel. Depois da Gloria tudo fluiu muito. Ser drag transformou a minha percepção sobre a minha arte. E como o Daniel criança se sentiria vendo a Gloria Groove? (Glória ri). Ele nem tinha ideia do que era drag. Acho que ele teria até um pouco de medo. Nós temos medo do desconhecido. Se falassem que um dia ele seria uma drag cantora e famosa, ele iria achar tudo uma grande bobagem, uma grande mentira. Até um tempo atrás eu acharia isso uma grande bobagem. Mas olha tudo o que eu consegui! Olha o que eu encontrei! Eu gosto de ter a consciência de que uso tudo isso como uma ferramenta para encontrar meu trabalho. Um dia alguém falou para mim: ‘Você não é uma drag cantora, e sim uma cantora que faz drag’. Isso faz muito sentido. A música entrou na minha vida muito antes da arte drag. Essa responsabilidade de cantar sempre tive e sempre vou ter, mas hoje me olho no espelho e entendo muito bem o que eu sou. Isso é muito legal.
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com todas as outras Glorias que eu posso ser. Independente do que eu fizer, o importante é que as pessoas continuem vendo a Gloria Groove ali. Enquanto eu conseguir me colocar como artista, vocês vão ver a Gloria cantando.
NA MÍDIA
RuPAUL agora na Netflix Agora todas as temporadas estão
disponíveis pra podermos ver e rever!
Por: JC Online
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em prometer nada, a Netflix disponibilizou as 9 temporadas de Rupaul’s Drag Race em seu catálogo. Este era um pedido antigo dos fãs do reality produzido pela Logo TV, que agora conta com a maior parte das temporadas disponíveis no serviço de streaming. Agora só fica faltando a temporada 10, lançada no ano passado e as 3 temporadas do All Stars, que são edições especiais que reúnem competidoras de diversas temporadas para competir pela coroa. O serviço de stream atualmente está transmitindo a quarta temporada de RuPaul’s Drag Race All Stars com 1 dia de diferença da exibição americana. O catálogo ainda conta com o especial de Natal RuPaul’s Drag Race Holi-slay Spectacular. A série foi renovada para a décima primeira temporada ainda no ano passado, após a coroação da décima queen.
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Foto: divulgação RuPaul’s Drag Race
Foto: Documentário Homecoming (Netflix, 2019)
Beyoncé vem com tudo!
Você dormiu e Beyoncé lançou álbum e documentário! Mas a gente conta tudo Por: Marina Canhisares + Correido do Povo + G1
Dez meses antes da apresentação, Beyoncé deu à luz seus filhos gêmeos, Sir e Rumi. Ela comenta a dificuldade de retomar ensaios e rotina após a gravidez, com amamentação nos intervalos. O documentário mescla momentos da apresentação, narração sobre a força negra e os meses de ensaio e preparação.
Homecoming: The Live Album reúne 40 faixas apresentadas ao vivo por Beyoncé no festival Coachella em abril de 2018, há exatamente um ano. Sucessos como Formation, Crazy in Love e Single Ladies são parte do recheado repertório da cantora. Em uma das faixas, a primogênita Blue Ivy, de apenas sete anos, canta o poema Lift Every Voice and Sing, de James Weldon Johnson, considerado um hino nacional negro. “Eu quero fazer isso de novo”, diz Blue ao terminar de cantar, após receber palmas e elogios da mãe.
Foto: Capa do álbum Homecoming (2019) de Beyoncé
Homecoming é o primeiro material da cantora lançado desde Everything Is Love, álbum em parceria com Jay-Z. O disco é entendido como o fechamento de uma trilogia de lançamentos, composta também por Lemonade, da Beyoncé, e 4:44, de Jay-Z.
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o longo de duas horas e 17 minutos de documentário, os fãs de Beyoncé podem ficar por dentro de parte da vida da cantora e diversos detalhes da sua performance no Coachella em 2018. A estreia, que ocorreu nesta quarta-feira, na Netflix, ainda contou com mais uma surpresa. Além do documentário Homecoming, Beyoncé também liberou um álbum no Tidal e no Spotify com as músicas apresentadas no show.
NA MÍDIA
LGBTQ+ no telão em 2019
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(...) HABITAR UMA VOZ GAY É IMPORTANTE PARA MIM PORQUE É UMA VOZ QUE EU ACHO INSPIRADORA DARREN CRIS
Confira os 5 lançamentos mais
em
esperados pelo público este ano!
2018
Por: JC Online
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roduções de vários países estão entre os destaques que incluem biografias, animes e obras de ficção. Com a constante abertura de temas referentes a comunidade LGBT, é possível notar um crescimento expressivo no número de produções que dão voz a temática homoafetiva, questões de gênero e personagens empoderadores. Algumas produções foram aclamadas pela crítica, como o filme “Moonligh – Sob a Luz do Luar” que se tornou o primeiro longa gay a vencer o Oscar de Melhor Filme e o recente “Bohemian Rhapsody” longa vencedor do Globo de Ouro de melhor filme e ator. Outras produções como Me Chame Pelo Seu Nome e Com Amor Simon foram sucesso de bilheteria.
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A FAVORITA Lançamento: 24 /01/2019 Direção: Yorgos Lanthimos
BOHEMIAN RAPSODY SUCESSO DE BILHETERIA
400 MILHÕES
DE DOLARES ARRECADADOS!
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A cinebiografia da banda Queen, encabeçada pelo ícone bissexual Freddie Mercury é um dos maiores sucesso nos cinemas e se consolida como o filme LGBT de maior bilheteria da história.
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GIRL Lançamento: 18/01/2019 Direção: Lukas Dhont
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ROCKETMAN Lançamento: 06 /05/2019 Direção: Dexter Fletcher
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O MAU EXEMPLO DE CAMARON POST Lançamento: 18 /04/2019 Direção: Desiree Akhavan
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BENEDETTA Lançamento: 2019 Direção: Paul Verhoeven
NO ARMÁRIO IDENTIDADE DE GÊNERO Cisgênero Fluido Transgênero DRAG Queen King
Drag é gênero? Apesar de ligada à comunidade LGBTQ+, a arte não tem nada a ver com gênero ou sexualidade. Por M. Pinhoni, T. Regadas e T. Lima - G1, São Paulo
ORIENTAÇÃO SEXUAL Heterossexual Bissexual Homossexual
GENITÁLIA Pênis Intersexo Vagina
EXPRESSÃO DE GÊNERO Feminino Andrógina Masculina
Infografia: Ricardo Destro Júnior e Freepix
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omens vestidos de mulher, com maquiagens exageradas, salto alto, linguagem própria. Drag queens são a exacerbação do lado feminino de homens que encontraram na arte uma forma de expressão e até de aceitação. Mas frequentemente as queens causam dúvidas: é o mesmo que transgênero? Toda drag queen é homossexual? “As pessoas confundem muito drag com gênero, que não tem nada a ver”, diz Ikaro Kadoshi, drag queen há 17 anos. A cantora Gloria Groove é perguntada com frequência sobre o que é ser drag: “Chega todo tipo de reação. Tem gente que não entende: é uma mulher, um cara, uma travesti, uma transexual, uma drag queen? Eu ouço muito essa pergunta, ‘eu te chamo de ele, te chamo de ela’?”. Gloria (o nome artístico de Daniel Garcia) é um homem que se identifica com seu gênero e é gay. O que significa que ele não tem problemas com o corpo em que nasceu e que sente atração por outros homens. Já Pabllo Vittar (o nome artístico de Phabullo Rodrigues) é avesso aos rótulos, mas se considera genderfluid. Ou seja, se identifica tanto com o sexo masculino que nasceu, quanto com o sexo feminino. No seu dia a dia, Pabllo se expressa navegando pelos dois gêneros no que ele chama de “afeminado”, mas ele se sente atraído por homens.
Por isso, apesar de socialmente associada à comunidade gay, a arte drag não tem a ver com gênero ou sexualidade. Um homem hétero pode se montar para fins artísticos e mulheres, gays ou não, também. A vertente drag king é o oposto: geralmente mulheres vestidas de homens exagerando o lado masculino. Outra confusão comum envolvendo as drag queens é sobre ser transgênero. Como geralmente são homens vestido de mulher, há quem acredite que as queens são pessoas que não se identificam com seu gênero de nascimento e por isso sintam a necessidade de se vestir como o gênero oposto.
Existem alguns casos de mulheres transgêneros que se descobriram depois de começar a se montar como drags. Carmem Carrera, uma das participantes do reality show RuPaul’s Drag Race, é exemplo disso. Só a “montação” de drag não resolvia seu conflito interno de ser uma mulher que não se identificava com o corpo de homem em que nasceu. No Brasil, existem ainda outras designações, como travesti e transformista. Este último já foi usado como sinônimo de drag queen, um homem que se vestia de mulher para fins artísticos. Apesar de um termo americano, drag queen passou a se diferenciar do transformista também pelo caráter social, identificando as queens como historicamente ligadas às questões LGBTQ. Jo Fagner, professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e pesquisador sobre relações de gênero, culturas e políticas da sexualidade explica: “O nome transformista, por exemplo, surgiu no Brasil para diferenciar os atores que se vestiam de mulher apenas para trabalhos artísticos daquelas que assumiam a condição de mulher ‘24 horas por dia’, que eram as travestis”.
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É UM PERSONAGEM E GÊNERO NÃO É PERSONAGEM
Ilustração: Freepix
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LORELAY FOX
Para g1 em 2019
O termo travesti representa uma questão de identidade de gênero. A travesti não se identifica com seu gênero de nascimento assim como a mulher trans, mas o termo traz implicações sociais. “Nasceu com pênis e transita na transgeneridade. As travestis estão dentro do território do feminino, tem muitas coisas que são parecidas nesta identidade com a identidade da mulher trans. O que difere são apenas alguns pontos sociais, as diferenças estão ligadas a fatores de um imaginário social e até econômicos. Um é um termo médico, de certa forma mais asséptico, “limpo”, e outro termo mais marginalizado. A travesti não tem emprego porque não é aceita nos empregos formais, porque é expulsa de casa, é renegada, rejeitada pela sociedade”, explicou a rapper Linn da Quebrada no programa “Amor e Sexo”.
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Porém, estar em drag é uma forma de expressão, uma forma de arte. A pessoa transgênero é alguém que não se identifica com o gênero atribuído no nascimento, como a personagem Ivana da novela “A força do querer”. Ivana, vivida pela atriz Carol Duarte, se identifica como homem e começa a recorrer a tratamentos médicos para se adequar a sua identidade de gênero, que é a percepção que a pessoa tem de si mesma.
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A cura está próxima! Três pessoas já teriam se curado de HIV no mundo, anunciam médicos. Revista Galileu
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stamos chegando cada vez mais perto da cura da aids. Apenas dois dias depois de cientistas terem anunciado a existência de uma segunda pessoa que pode ter vencido o vírus HIV, foi revelado um terceiro paciente que possivelmente teria sido totalmente curado da doença. O anúncio desse terceiro avanço ocorreu na última terça-feira (5), durante a Conferência Sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas, em Seattle, nos Estados Unidos. O chamado “paciente de Düsselforf”, segundo um time de especialistas dos Países Baixos, foi submetido ao mesmo tipo de transplante de medula óssea pelo qual passaram os outros dois pacientes que também teriam sido curados. Em entrevista à New Scientist, a pesquisadora Annemarie Wensing, da Universidade de Medicina Central de Utrecht (Holanda), contou que o paciente da Alemanha ficou três meses sem tomar os medicamentos antivirais e as biópsias coletadas do intestino e dos gânglios linfáticos dele não mostraram nenhum sinal da presença do microrganismo. O primeiro registro de que um homem teria se livrado do vírus HIV ocorreu em 2007. O caso foi inicialmente apelidado de “paciente de Berlim”; mas o homem acabou sendo identificado como Timothy.
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Diagnosticado com leucemia, Brown teria enfrentado dois transplantes de células-tronco
CONHEÇA O PRIMEIRO PACIENTE CURADO Timothy Ray Brown, de 52 anos, que atualmente vive em Palm Springs, na Califórnia, Estados Unidos.
Ilustração: Freepix
Assim, o paciente teve de enfrentar uma dosagem de medicamentos imunossupressores e sofreu uma série de complicações; chegou a ficar em coma induzido e quase morreu. “Ele ficou muito abatido com todo o procedimento”, relatou Steven Deeks, especialista em aids da Universidade da Carolina, nos Estados Unidos, responsável por tratar o Brown. 12 anos depois, no entanto, não havia mais vírus HIV detectado no organismo do paciente. Ao jornal The New York Times, por e-mail, o “paciente de Londres” descreveu sua possível cura de um câncer e da infecção do HIV como “surreal” e “extraordinária”. “Nunca pensei que existiria uma cura enquanto eu estivesse vivo”, afirmou. Mas o sucesso do caso ainda deixou muitos pontos de interrogação na mente dos médicos e pesquisadores envolvidos. “Nós sempre nos perguntamos se a condição dele, na qual houve uma destruição massiva do sistema imune, foi a razão porque ninguém foi curado além de Timothy”, explica o especialista Steven Deeks. Depois de Brown, chegou a vez do “Paciente de Londres”, divulgado pela Revista Nature. A
história dele foi muito similar ao seu antecessor. Ele também diagnosticado com um câncer – no caso, com linfoma de Hodgkin, que se origina nos gânglios do sistema linfático (conjunto de órgãos e tecidos que produzem as células responsáveis pela imunidade). O paciente foi submetido a um transplante de células-tronco em maio de 2016. Ele seguiu com um tratamento antiviral até que os médicos interromperam o processo. Nos 18 meses seguintes à cirurgia, exames de sangue não identificaram mais o HIV. Os pesquisadores, então, fizeram o anúncio sobre a história do paciente anônimo. Porém, eles só se sentirão confiantes em classificar o caso como cura após três anos do desaparecimento do vírus. De qualquer forma, o “paciente de Londres” abriu o leque de possibilidades para o tratamento para a cura da aids. Isso porque a partir dele, concluiu-se que não é necessário que o paciente passe por experiências de quase-morte (como ocorreu com o “paciente de Berlim”) para que ele tenha a possibilidade de vencer a doença. “Acho que isso muda um pouco o nosso cenário”, opinou Ravindra Gupta, virologista na Universidade de Londres, que apresentou a descoberta em Seattle. “Todos acreditavam que depois de ‘Berlim’, o paciente precisava quase morrer para se curar do HIV. Mas talvez esse não seja mais o caso.”
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após os médicos não verem progresso com a quimioterapia. O doador que possibilitou o transplante tinha uma mutação na proteína CCR5.
QUE MALÃO
Férias em TelAviv? Três pessoas já teriam se curado de HIV no mundo, anunciam médicos. Daniela Kresch - Globo
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xótica, acolhedora e com uma atitude mediterrânea de “c’est la vie”. Assim, o site “GayCities” definiu Tel Aviv, eleita mês passado a “melhor cidade para gays em 2011”, em um concurso realizado pelo guia online em parceira com a American Airlines. A cidade israelense recebeu 43% dos votos, vencendo Nova York (14%). A eleição iluminou uma realidade pouco conhecida no Ocidente. Mas há tempos que a vida gay em Tel Aviv é considerada a mais vibrante do Oriente Médio, região mais lembrada pelas tendências conservadoras e religiosas.
O prefeito da cidade, Ron Hulday, comemorou a notícia numa sessão de fotos com drag queens. “A vitória reforça o caráter de Tel Aviv como cidade que respeita todos os seres humanos e que possibilita a todos viver de acordo com seus valores e desejos” — afirma Hulday. Em contraste com Jerusalém, a apenas uma hora de distância, Tel Aviv até ganhou o apelido de “bolha”, numa referência à capacidade de seus moradores de se isolar de conflitos étnicos e religiosos em prol de uma vida boêmia. — Tel Aviv é um destino quente hoje porque é única — diz Adir Steiner, coordenador da Parada do Orgulho Gay da cidade, que acontece há 14 anos. — Fica no meio do Oriente Médio, onde não é fácil ser gay, mas é como um paraíso numa área onde não é óbvio encontrar uma cidade tão liberal. Leitores do GayCities escolhem anualmente as melhores cidades, em categorias que vão de “melhor parada gay” (São Francisco, com 29%; São Paulo ficou em segundo lugar, com 17% dos votos) a “melhor vida noturna” (Nova York, com 32%), além da categoria geral em que Tel Aviv venceu. Para Shay Deutsch, diretor da campanha municipal Tel Aviv Gay Vibe, apoiada pelo Ministério do Turismo de Israel, a intenção é que o título
Foto: Divulgação / OUTstanding Travel
seja traduzido no aumento de visitantes gays na cidade, um público conhecido por seu potencial turístico. Deutsch diz que, diferentemente do que muitos pensam, Tel Aviv é mais segura do que muitas metrópoles europeias. A campanha conta com investimento anual de US$ 100 mil e conseguiu trazer, só para a Parada do Orgulho Gay do ano passado, mais de seis mil turistas — 25% a mais do que em 2010. Por conta da Parada, e também pelo Festival Internacional de Filmes GLTB, junho é um dos melhores meses para visitar a cidade. Este ano, a parada será realizada no dia 8, em meio ao Fim de Semana do Orgulho, que vai de 7 a 11 de junho, com em média 50 eventos, inclusive uma grande festa na praia. A praia, aliás, é um ponto de encontro durante o ano todo. O hot spot é em frente ao Hotel Hilton, ao redor das escarpas do Parque da Independência, entre as ruas Jabotinsky e Arlozorov. Outra área que oferece muitas atrações é conhecida como Quarteirão Gay, entre as avenidas Rotschild e a Allenby, passando pela Rua Sheinkin — onde há dezenas de bares, clubes e restaurantes gays, muitos frequentados, também, por heteros. O restaurante e café Orna & Ella, em que a maioria dos garçons é gay, faz sucesso desde que abriu as portas na década de 1990. É um lugar recomendado para o café da manhã. Outro famoso café e restaurante é o aconchegante Beta & Griga, que fica aberto 24 horas de domingo a quinta-feira. Às sextas, fecha às 17h; aos sábado, à meia-noite. As donas são um casal, Alma Fogel e Orit Revivo, e o lugar é mais frequentado por mulheres. À tarde, muitos turistas se reúnem no Centro Comunitário GLTB, ou simplesmente Gay Center, no Parque Meir, onde há eventos diários e informações sobre a cidade. À noite, não faltam opções de festas em casas noturnas. No Evita, aos sábados, há shows com drag queens dublando sucessos do “Eurovision”, o mais do que kitsch concurso de canções anual da Europa. E em Tel Aviv, o início da semana não é entediante. Duas festas famosas ocorrem às segundas-feiras. O Gilda promove a Seven Eleven,com
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Foto: Divulgação / OUTstanding Travel
QUE MALÃO
O QUE FAZER EM TEL AVIV?
música e público bem misturados. A festa de hip hop homônima do DJ Notorious G.A.Y., no Lima Lima, é hype por ter sido a primeira a trazer, em 2005, esse tipo de música ao público gay. E sempre lota. A casa tem três ambientes, bar, pista de dança e um terraço.
Praias
Discoteca mais conhecida da cidade com noites gays.
O trecho de praia mais concorrido fica em frente ao Hotel Hilton (Parque da Independência), entre as ruas Jabotinsky e Arlozorov.
Apollo Tel Aviv Um dos mais celebrados clubes gays da cidade.
Uma reportagem na revista “Traveller”, da empresa aérea britânica EasyJet, de outubro do ano passado, foi quase como um prenúncio da coroação atual. O texto, assinado pelo jornalista britânico Jamie Hakin, não economizou em elogios a Tel Aviv, classificada de “capital gay do mundo”. O repórter constata que a cidade mudou muito na última década. Tel Aviv atrai, hoje, milhares de turistas de todo o mundo, o que impressiona quando se analisa seu tamanho em comparação com outros destinos populares. São apenas 51 km² (Londres, por exemplo, tem 1,5 mil km²), com 400 mil habitantes (Nova York tem oito milhões). “Em termos de gays per capita, Tel Aviv ocupa facilmente a primeira colocação”, escreveu Hakin. “É de noite e me encontro na praia. À minha frente, até onde posso ver, há rapazes sem camisa, todos dançando ao som de música house a altos brados. A noite é do Cheech Beach, a mais importante festa gay na praia, e eu estou me divertindo
TVL
HaOman 17 Um dos maiores clubes da cidade Às sextas-feiras, o DJ Shirazi toca house na festa FFF.
Avenida Rotschild Repleta de restaurantes e cafés. Onde se situa o Teatro Nacional Habima e o bairro boêmio de Neve Tzedek.
como nunca”, conta o repórter no começo da matéria. “Para uma cidade pequena, é incrível o quão variada é a vida noturna. Vai de festas de alto nível a festas baratas, de hip-hop a pop, de festas para o público mais adulto ou mais jovem”. Foto: Divulgação
“Tel Aviv é pequena o suficiente para ser íntima, mas grande o suficiente para absorver centenas de milhares de turistas anualmente. Somos cosmopolitas, ocidentais, mas por outro lado temos o viés caloroso do Oriente Médio” diz Leon Avigad, dono do Brown Hotel, que se identifica como gay friendly.
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Mas nem tudo é cor-de-rosa na cidade mais pluralista de Israel. Em 2009, um assassinato abalou a cidade. Um atirador mascarado —– que até hoje não foi preso — entrou em um bar e atirou, matando dois jovens. Outras manifestações de preconceito continuam existindo, aqui e ali. E o contexto político também não pode ficar de fora, quando se trata de Israel. Ativistas acusam o governo do país de usar o liberalismo de Tel Aviv em relação aos gays para ofuscar violações de direitos humanos contra os palestinos. Em resposta, ativistas gays dizem que as acusações ignoram a repressão sofrida nos territórios palestinos.
E O AQUÉ?
COMO ACHAR VAGAS?
Além de grupos de facebook voltados especialmente para apresentar vagas para pessoas transsexuais, existem portais especializados a selecionar estes cargos. Assim como o TransMissão apresentado, o site TransEmpregos também apresenta este serviço. O portal criado em 2009 conta com organizadores como Dra. Márcia Rocha, Laerte Coutinho, Maite Schneider e Dra. Ana Carolina Borges.
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SITE : http://www.transempregos.com.br/
TRANS no mercado Empresária cria agência para inserir pessoas trans no mercado de trabalho.
Revista Época Negócios
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ubi Delafuente foi vítima de preconceitos por ser uma mulher transexual. Foi rejeitada pela família. Já se prostituiu por falta de oportunidades no mercado de trabalho - e decidiu que não queria mais que homens e mulheres trans fossem vítimas, entre outras coisas, do desemprego. Por isso, há um ano, criou o projeto Trans Missão, em São Paulo, com o objetivo de capacitar pessoas trans e inseri-las no mercado. Mais de 50 homens e mulheres foram agenciados desde então. No currículo da empresa, estão eventos para a Casa Natura Musical, Uber e Vodka Skyy
A história de Rubi, vira e mexe se esbarra na de pessoas que trabalham com ela. De acordo com a dirigente da Trans Missão, a vida na prostituição é muito mais comum na comunidade trans, com destaque para o gênero feminino. “As meninas pensam que não sabem fazer nada, só se prostituir. Mas é o que a sociedade joga para elas”, defende. Simultaneamente, é o país que mais mata. “Isso é uma coisa muito louca”, critica.Aos 17 anos, Rubi se descobriu mulher. Aos 33 anos, se diz feliz não só por sua autodescoberta, mas pelas oportunidades que a vida lhe deu. “Como empresária e mulher transexual me sinto super realizada. Não só por estar me ajudando como por ajudar os meus. Porque a minha dor é a dor dos meus meninos e das minhas meninas” Foto: Rubi Delafonce por Lucas Carvalho
A ideia, segundo Rubi, surgiu quando, durante uma seleção para uma figuração de TV, percebeu que não havia uma equipe trans. “Notei que sempre trabalhavam com equipes heteronormativas. Me questionei: se eu montar uma equipe trans, será que vai dar certo?”.Após o estopim inicial, elencou atividades que gostaria de oferecer: recepção de eventos, serviços em bares itinerantes, limpeza. “Veio na minha cabeça que poderíamos fazer de tudo!”, diz. Para os eventos, os agenciados passam por capacitação e, no intuito de gerar rotatividade, dificilmente os trabalhos são fixos.
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Foto: Germano Lüders/Você S/A
“Para mim é muito prazeroso quando eu fecho o negócio. Quando a gente chega no evento, eles saem com uma visão diferente do que é ser transexual: de que a gente também precisa pagar as nossas contas, trabalhar, e viver como qualquer outra pessoa. Essa oportunidade que eu não tive, lá no início, eu quis trazer para elas”, conta a também militante, em tom de satisfação.
Certa vez, discutiu com uma contratante, quando, ao se encontrarem em um café, recebeu olhares com estranhamento. A representante da empresa não havia sido informada que a Trans Missão agenciava pessoas transexuais.”Ela disse que a empresa, infelizmente, procurava um padrão. Eu falei: ô, meu amor, o importante é você passar essa imagem para a sua empresa, de que tem que desconstruir padrões. Começar a ir além, trabalhar a empatia. Mostrar que as pessoas trans trabalham”, relembra. Após três encontros: negócio fechado.
BISCOITOS!
As belezas brasileiras Davi Sabbag (esquerda) e Nanda Costa (direita) são os nossos destaques da edição! Por Ricardo Destro Júnior
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não é a toa que Davi Sabbag tem conquistado cada vez mais seu espaço nos nossos corações. Além de um muso (como podemos ver pelo seu instagram e em cada trabalho seu), Davi também é um grande músico, compositor e cantor. Davi começou sua carreira junto da Banda UÓ, juntamente com Candy Mel e Matheus
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Foto: Davi Sabbag, Divulgação
Carrilho, lançando sucessos como Gringo, Cremosa e Shake de amor (seu sucesso inicial dentro da banda). Em 2017 a banda decidiu se separar e cada um iniciou seu trabalho solo. Recentemente Davi lançou o clipe para a música Seu Direito e Tenho Você, além de seu mais recente trabalho em parceria com a cantora Jade Beraldo, De Boa.
O novo espaço solo trouxe coisas boas para Sabbag que tem a cada dia mais se lançado no mercado de trabalho e experimentado novas sonoridades, tendo como referências atuais o cantor Frank Ocean, J Balvin e Drake. Outra beldade que conquistou nossos corações foi Nanda Cost. A atriz brasileira é conhecida por seus papéis iconicos em novelas da Globo, como Tuane em Império, Morena em Salve Jorge e mais recentemente, Maura em Segundo Sol. Em seu último trabalho, Nanda, assim como na vida real, assumia o papel de uma policial bissexual com um relacionamento fixo em busca de uma barriga de aluguél para o estabelecimento de sua família. Nanda luta e assume todas as frentes diante aos problemas LGBTQ+ da societade, carregando a bandeira no peito pela luta igualitaria sexual. Em 2014 saiu abertamente em mídia para falar da sua sexualidade e desde então, busca encorajar e levar mensagens positivas sobre as questões de gênero. Atualmente Nanda namora a 4 anos com percussionista, compositora e vocalista brasileira Lan Lan e conta que por um bom tempo não se assumiu por questões de preservação por causa da sociedade. Hoje vê que não está sozinha e diz que a sua religião atualmente é o amor, e que devemos entender o tempo de cada pessoa. Afinal, aos poucos vamos amadurecendo como sociedade!
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foTo: Nanda Costa, Divulgação Globo
ROLEZINHO
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Qual o babado do mês hein? Vem dar rolê com a gente seguindo essa lista escolhida a dedo! Por Ricardo Destro Júnior
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MANILA LUZON ONDE: QUANDO: PREÇO:
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ESPAÇO 555 15.06.2019 R$ 60,00
SANDY & JUNIOR ONDE:
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ESPAÇO 555 18.06.2019 GRATIS
CULTURA INGLESA ONDE: QUANDO: PREÇO:
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ALLIANZ PARK 24.06.2019 R$ 540,00
VIRADA CULTURAL ONDE:
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SOFI TUKKER ONDE: QUANDO: PREÇO:
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M. AMÉRICA LATINA 09.06.2019 GRÁTIS
AUDIO CLUB 13.06.2019 R$ 60,00
BJORK DIGITAL ONDE: QUANDO: PREÇO:
MIS SP 18.06.2019 R$ 30,00
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