Aqualon 10

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Ano III Número 10 Janeiro/Fevereiro/Março/2011 Revista feita por e para aquaristas amantes da natureza

Distribuição Gratuita

Lagoa às Margens do Rio Paranapanema Nature Aquarium Party Acará Bandeira Pesquisando o Quintal de Casa


Dieta alemã para peixes de todas as nacionalidades.

Seus peixes podem ter uma alimentação de primeiro mundo. Divididas entre as linhas especial e premium, as rações oferecem alto valor nutricional para diferentes espécies. Além da melhor nutrição, diferenciais tornarão o aquarismo cada vez mais interessante e prático: grânulos que afundam a diferentes velocidades, eficiência na alimentação de todos os peixes e o exclusivo sistema click. Com ele, você disponibiliza a quantidade exata de alimento a ser oferecida aos peixes. JBL. Alemã por natureza.


Editorial 2011 está no ar. Novo ano, novos planos! Todos já estamos focados nesses projetos que pretendemos executar, mas sem esquecer do belo e velho 2010, onde pudemos ver inúmeros acontecimentos no aquarismo que marcaram nosso hobby. Destacamos o aniversário de 10 anos do IALPC, um dos mais importantes concursos de aquapasaigismo, que incentiva os adeptos e movimenta sonhos e um comércio que é fomentado pela busca dos aquaristas por novos produtos que possam cada vez dar mais qualidade de vida a seus peixinhos. Esse concurso acaba estimulando os demais, como o CBAP e o CPA, que acabam dando uma reposta positiva com a presença, em boas colocações, de brasileiros cada vez em maior número e qualidade. E os encontros de aquaristas por todo o país? Deixaram saudade dos bate-papos com amigos e das dicas que sempre trocamos. Saudade gostosa porque sabemos que nos reencontraremos nesse novo ano. Estamos com a Revista Aqualon em seu número 10. Esse é um belo número! E ela traz para todos nós, como sempre, lindos artigos sobre nosso amado hobby. Vamos coRevista Aqualon

nhecer algumas espécies que habitam uma lagoa às margens do Rio Paranapanema, o que se deu graças ao amor de nossos amigos pelos ciclídeos. Também saberemos como foi a emoção que um aquarista sente ao realizar um sonho, como a visita do Fernando ao QG da ADA. Também diversas informações importantes foram escolhidas, entre elas, o que se pode achar vasculhando regiões próximas e alguns detalhes sobre o Acará Bandeira, um dos mais majestosos peixes que habitam nossos aquários.

Por fim, se o ano passado foi 10, o atual é 11! Com certeza será melhor ainda para Capas das quatro edições de 2010 o nosso hobby. Um feliz Ano Novo a todos os amigos leitores e deixamos uma frase: Ano Novo, Aquários Novos! Um abraço da Equipe Aqualon.

Sumário 4 - Lagoa às Margens do Rio Paranapanema Guto Cantamessa e Lucio Saito

foto: Guto Cantamessa

9 - Sonho - Nature Aquarium Party 2010 Fernando Francischelli

foto: Fernando Francischelli

14 - Galeria de Peixes Chantal Wagner Kornin & Cinthia C. Emerich

foto: Chantal Wagner Kornin

15 - Galeria de Plantas Aquáticas Rony Suzuki

foto: Rony Suzuki

18 - Acará Bandeira Americo Guazzelli

foto: Americo Guazzelli

24 - Pesquisando o Quintal de Casa Adriano da Silva Soares

foto: Adriano da Silva Soares

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Lagoa às Margens do

Rio Paranapanema

Texto: Guto Cantamessa e Lucio Saito Fotos: Guto Cantamessa e Rony Suzuki A idéia dessa expedição surgiu quando eu tive uma conversa com o Professor Oscar Shibatta, especialista em ictiologia da UEL que nos presenteia em quase todas as edições da Revista Aqualon com seus excelentes artigos. Shibatta me disse que existe um belo Geophagus sp. cf. surinamensis que habita a bacia do rio Paraná e eu, como grande admirador de ciclídeos e principalmente de Geophagus, guardei essa informação esperando a oportunidade de uma viagem à região para conferir de perto. 4

A oportunidade não demorou muito a vir e uns 15 dias depois da conversa com o professor, o meu grande amigo Lucio Saito, outro grande admirador de ciclídeos e Geophagus, me ligou falando de uma pescaria no Rio Paranapanema. Ele também não sabia muitos detalhes, pois quem conhecia a região era outro amigo, o Mané, cujo cunhado é administrador de uma fazenda às margens do Rio Paranapanema que fica no distrito Jardim Olinda - PR, perto da cidade de Paranapoema - PR.

Revista Aqualon


No dia 24 de julho, sábado, saímos bem cedo de Londrina – PR, eu o Lucio o Mané e o Nilson. Os dois últimos não são aquaristas, são “pescadores”, entre aspas mesmo, porque são muito ruins na função, daqueles que só sabem dar banho em minhoca e “entornar o caneco”, mas, amigo, sabe como é... Os quase 200 km de viagem de Londrina até a fazenda passaram muito rápido, fomos aproveitando a belíssima paisagem do noroeste paranaense jogando muita conversa fora e escolhendo alguns prováveis riozinhos para bater uma peneira na volta. Chegando ao local, uma belíssima fazenda de gado, carneiro e mandioca, muito bem cuidada. Fomos maravilhosamente recebidos pelo Tonho, administrador da fazenda, e toda sua família. O fogão à lenha já estava tinindo, a Tonho e família cerveja gelada e o carneiro, morto na véspera, temperado. Depois do almoço a ansiedade já estava aumentando, pois ainda não sabíamos o que iríamos encontrar. Entre a sede da fazenda e o rio existe uma estrada de terra de uns 5 km e lá Rio Paranapanema ao fundo de cima já é possível avistar o gigante Paranapanema. Antes de chegar ao rio, paramos em uma grande lagoa que fica a uns 70 m do Paranapanema, ela fica na área de preservação permanente da fazenda, portanto, o gado não pasta por lá. O local é realmente muito bonito, a água tem uma tonalidade muito semelhante ao chá mate e sua transparência é Revista Aqualon

Lagoa preservada pela fazenda

Guto segurando uma Eichhornia

Hyphessobrycon eques

grossos eram tão coloridos que eu cheguei a pensar que eram red phanton (Hyphessobrycon sweglesi). Com relação às copeinas (Pyrrhulina australis), foi muito legal coletá-las, pois não são muito comuns nessa região. Depois de mais umas peneiradas, conseguimos a nossa raridade, um Hyphessobrycon sp., talvez essa espécie ainda não tenha sido catalogada

impressionante. A vegetação aquática é composta por Eichhornia azurea Eich horn (em sua forma emersa ia az urea é muito parecido com aguapé e em sua forma submersa lembra muito as Eusteralis), Mayaca sp. cf. fluviatilis e Nymphaea sp. O local está tão preservado que a vegetação aquática já tomou conta de praticamente toda a margem. Para nossa sorte, apesar de estarmos no meio do inverno, fazia muito calor e, sem pensar muito, já estávamos dentro da água. Na primeira peneirada junto à vegetação, a recompensa foi grande: copeina (Pyrrhulina australis) e mato-grosso (Hyphessobrycon eques). Os mato-

Hyphessobrycon sp. 5


na ciência. É um peixe muito Hyphessobrycon sp. em aquário bonito que possui as nadadeiras anal, caudal e dorsal numa tonalidade de vermelho cereja muito vivo, mas a má noticia é que uns poucos exemplares que trouxemos comeram brotos de plantas, portanto, não servem para aquários plantados. Esse peixinho se assemelha com Hyphessobrycon anisitsi, porém, não é tão comprido e o vermelho de sua nadadeira anal avança para o corpo, fato que não ocorre com o H. anisitsi. Passamos mais umas duas horas na lagoa peneirando e os lavadores de minhoca tentando a sorte por lá, no entanto, sem nenhum resultado positivo. Coletamos mais algumas espécies: Hemigrammus marginatus, Serrapinnus notomelas, algumas tuviras, traíras, pirambóias e um Cichlasoma paranaense. Tentamos também coletar no reguinho d’água que sai da lagoa, mas o mato estava muito fechado e nos poucos metros que conseguimos percorrer coletamos apenas um bagre (Rhamdia quelen) e outras tuviras.

Pyrrhulina australis 6

Já no final da tarde, descemos para o Paranapanema. Nesse trecho o rio é muito largo e fundo, sem nenhum ponto mais raso que pudéssemos entrar para tentar peneirar, mesmo assim, eu tentei entrar para ver se conseguia me apoiar na margem... Impossível, quando tentei entrar Rhamdia quelen já afundei bonito e não dava nem para segurar a peneira. O jeito foi tentar a sorte na vara, mas ninguém conseguiu pegar nada, principalmente nossos amigos Mané e Nilson. Segundo o Tonho, nesse trecho do rio, na época de calor, é possível pescar Arraias. É claro que num futuro breve voltaremos para tentar esses troféus. O dia já tinha chegado ao fim e nós voltamos para a sede da fazenda para um jantar delicioso regado a música caipira do nosso amigo Tonho e um grande carteado. No domingo, acordamos bem cedo, tomamos um belo café da manhã com direito a leite tirado na hora e fomos para a lagoa tentar a sorte, porém só conseguimos as mesmas espécies já coletadas. Partimos rumo a Londrina e durante a volta paramos em alguns rios, todos eram muito fundos, impossibilitando nossa brincadeira. Porém, nossos amigos Mané e Nilson conhe-

Hemigrammus marginatus

Hyphessobrycon eques Revista Aqualon


Corydoras aeneus

Parotocinclus sp.

ciam um bom local bem perto de Bela Vista do Paraíso. Era um rio bem estreito e com pouca profundidade e, apesar da água correr rápido, formavam-se algumas piscinas, local perfeito para coridoras e bagres. Logo na primeira peneirada, um belo par de Pimelodela gracilis e, nas seguintes, muitas Corydoras aeneus, alguns Parotocinclus sp. e alguns cascudos da nossa região. Dentre uma peneirada e outra, alguns exemplares nos chamaram muito a atenção: Imparfinis mirini, um bagrinho bem pequeno (Microglanis garavelloi), Crenicichla britski, uma espécie de jacundá que habita a bacia do rio Paraná e um Parotocinclus sp. de uma coloração dourada que nós nunca tínhamos visto. Encerramos a nossa coleta e o Geophagus que motivou nossa viagem, nada! Voltamos para Londrina com poucos exemplares, pois o intuito de nossa expedição não era coletar peixes, mas, sim, curtir um belo final de semana ao lado dos amigos, conhecer melhor os exemplares de nossa região e aproveitar todas as maravilhas que a natureza tem a nos oferecer, sem degradá-la. Um grande abraço a todos os amigos que lêem a Aqualon.

Microglanis garavelloi

Revista Aqualon

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Revista Aqualon


Como tudo começou... Aos cinco anos de idade ganhei meu primeiro aquário, presente do meu pai, redondo e com um belo peixinho japonês, com fundo de pedras e uma plantinha, possivelmente uma cabomba. Fez já desta época o despertar, a paixão pelo aquarismo e desde então sempre tive aquários em meu universo. Esta paixão me levou a conhecer muitas pessoas, hobistas e lojistas, amizades que hoje já completaram mais de 20 anos e tantas outras novas amizades que surgiram através dos encontros, fóruns ou sites de relacionamentos (twitter/facebook) ou até mesmo nas horas passadas nas Revista Aqualon

Texto e fotos: Fernando Francischelli

Fernando, Luca Galarraga, Takashi Amano, Renato e André Longarço

lojas onde acabávamos conversando com outros hobistas na busca de informações. E nestes três últimos anos, principalmente, na busca que sempre fiz em conhecer novas lojas encontrei primeiramente a Starfish do Sérgio Pantaleão e depois a Aquabase do Luca e André, que me acolheram muito bem, e através de seus workshops fui me capacitando, conhecendo novos conceitos e técnicas, realizando muita pesquisa, despertando uma paixão incontrolável pelo aquapaisagismo. Tamanha paixão me fez em 22/05/2009, durante um workshop inteiramente com produtos da ADA, firmar um compromisso para 2010 com o staff da Aquabase de irmos todos ao Japão para partici9


par da cerimônia e festa do IAPLC 2010 e encontrar o Mestre Takashi Amano. Apesar da desconfiança de todos, este hobista louco estava disposto a viajar para o outro lado do mundo, e durante o período que antecedeu a viagem, minha convicção aumentou. Iniciamos o planejamento e o trabalho de convencer e receber o apoio da família, para realização do sonho de quatro apaixonados pelo aquapaisagismo, André, Luca, Renato e Eu, que culminou no embarque ao Japão em 29/09/2010.

André, Renato, Luca e Fernando Confesso que a saudade da Família, da esposa e das 3 filhas em certos momentos apertou o coração, mas a devoção em conhecer Nature Aquarium Party/Gallery e o Mestre Takashi Amano me ajudou a enfrentar a distância de todos e também a companhia destes meus amigos aliviaram e muito o dia a dia no 10

Japão. primeiros aquários, até chegar ao granForam dias inesquecíveis, desde o co- de vencedor, o russo Pavel Bautin, uma meço, um choque cultural muito grande, grande emoção se fez no auditório. Logo e logo na chegada a cidade de Niigata após, o Mestre Takashi Amano comentou no dia 02/10/2010, após uma viagem de alguns aquários classificados e depois trem bala no famoso Shinkansen, o staff começou o Iwagumi Challenge com a vida ADA estava nos aguardando na esta- tória de Illarion Makarikhin, e o coração ção. A ansiedade aumentou ainda mais batendo forte no peito, muitas emoções quando chegamos ao Hotel Minoya, aco- seguidas. Encerrada a cerimônia, fomos modação feita, corremos para a abertura ao quarto para nos prepararmos para a da cerimônia do IAPLC 2010 no próprio festa. Mais surpresas ainda estavam hotel para assistirmos a divulgapor vir, um banquete maravilhoso ção dos resultados, e ali nos aguardava, todo o staff da bem pertinho onde ADA também estava presente, estava sentado, bem cerimônia linda, abertura oficial próximo a mim, alrealizada pelo próprio Mestre, guns poucos metros, seguido pelo show de tambores estava o Mestre Takashi Taiko. Muita confraternização Amano, algo surreal, me entre os presentes, entrega fazendo perguntar se redos prêmios aos primeiros almente estava ali presencolocados do IAPLC 2010, te, longe de casa ou se era a homenagem ao Mestre do n a apenas um sonho. PouYa m a g i s h i , n Fer ui e co a pouco também fui mais surpreH f Clif encontrando ao meu sas com as redor outros aquapaimulheres dansagistas que sempre çando (Odori) fui muito fã, desde Cliff em volta das Hui e Dave Chow ao Jenossas mesas. ffrey Senske da ADG. Algo que jaA emoção foi muito mais imaginei difícil de controlar, os participar! E resultados aparecendo, ao final desos jurados presentes, ta festa, o tão Fernando e Dave Chow sendo mostrados os 27 esperado enRevista Aqualon


contro e abraço no Mestre Takashi Amano, uma foto somente com ele foi tirada para eternizar esse momento e depois com o staff da Aquabase, todos juntos, uma emoção indescritível, emocionante e sabendo que aquele abraço era extensivo para todos os brasileiros, hobistas, apaixonados pelo aquapaisagismo. No dia seguinte, 03/10/2010, fomos conhecer o Nature Aquarium Gallery e a casa do Mestre Amano. Confesso que na

Fernando e Mestre Amano noite deste dia não consegui dormir direito, afinal, estava para realizar o meu maior sonho, conhecer esses lugares mágicos que somente tinha visto através de vídeos disponíveis no youtube ou em revistas. Ao chegar primeiro na casa do Mestre Amano, toda aquela ansiedade veio à tona, todos ali do lado de fora aguardando a autorização para entrar na casa do mestre, e para minha total surpresa, ao entrar, quem nos esperava na porta de entrada da sala onde esta Revista Aqualon

aquele aquário fantástico era o próprio Mestre Amano, nos cumprimentando pessoalmente, foi incrível, fantástico, e eu estava novamente ali ao lado do mestre e de seu famoso aquário, um sonho que não queria que terminasse. Refeito da grande emoção, fomos em direção ao Gallery e, nesse ponto, já achava que estava sonhando acordado, na chegada, parecia que todos estávamos indo ao parque de diversão e que todos éramos adolescentes novamente, foram momentos alucinantes, de respirações ofegantes, de disputa por espaço, não sabia se tirava as fotos ou olhava os aquários primeiro, todos ali de boca aberta, correndo, querendo ver os aquários, fotos e mais fotos, sem parar. E olhe que demorou e muito para todos ficarem mais calmos. Realmente estávamos diante daqueles aquários perfeitos, lindos, de deixar qualquer hobista de

ADA Gallery

Fernando e Takahashi San

Famoso aquário da casa do Amano

boca aberta, até mesmo os mais experientes, e cada minuto que passava, tínhamos mais vontade de ficarmos lá. E assim passaram algumas horas, olhando aquela perfeição toda. Algumas novidades mereceram destaques, alguns aquários traziam novos conceitos, ou melhor, novas formas de layouts, de plantas co11


ladas no vidro frontal de cada lado, de troncos encostados nos vidros laterais e até mesmo frontal, até a mistura de layout de troncos com relevos de montanhas/pedras, tudo lindo, perfeito, maravilhosamente harmônico. Essa viagem, com certeza foi marcada por surpresas. Uma ainda estava por acontecer, um almoço a nossa espera do lado de fora do

ção maior e novamente um registro para sempre. Ao final desse almoço veio o encerramento, uma linda foto de confraternização de todos, junto ao staff da ADA às mar-

Autógrafo do Mestre Amano ADA Gallery Gallery, aliás, um maravilhoso almoço que nos foi oferecido, um banquete. Ao sentarmos, nova surpresa, logo atrás de onde estávamos sentados estava o Mestre Takashi Amano e novamente a emoção bateu forte, logo ali, atrás de mim, o Mestre Amano. Não sabia se almoçava ou ficava olhando para trás observando o Mestre, e assim foi até não resistindo mais e com o incentivo do Renato fui pedir um autógrafo que foi dado em minha camisa e no livro (catálogo ADA), emo12

gens do rio que circunda o Gallery. Logo após, todos foram novamente convidados a se reunir junto ao Mestre Takashi Amano e staff ADA para despedida oficial de todo o evento na frente do Gallery, e mais emoção, aliás, muita! Sentimentos misturados, mescla de felicidade e tristeza, um aperto no coração, convite feito para estarmos novamente reunidos em 2011 e a certeza de querer

voltar, sempre, a viver novamente toda aquela emoção e experiência indescritível, um sonho que valeu cada minuto que vivemos no Japão, esta paixão indescritível que temos pelo nosso hobby que nos leva, às vezes, a duvidarmos do que somos capazes de realizar, refletem nas fotos, vídeos e palavras o mais puro e verdadeiro sentimento que nos nutre diariamente, que nos uni, fortalece e que nos faz imaginar e impulsionar cada vez mais a todos nós em busca da realização, da perfeição, do prazer e da mais pura expressão do que sentimos e criamos neste universo do aquapaisagismo.

Mural no Gallery Revista Aqualon


ADA GALLERY

AQUA SHOP

Aqua Shop

Mestres Yamagishi San e Akira San


Peixes

foto: Cinthia Emerich

fotos: Chantal Wagner Kornin

Por: Chantal Wagner Kornin & Cinthia C. Emerich

Corydoras hastatus

Eigenmann & Eigenmann, 1888 Nome Popular: Coridora Anã Família: Callichthyidae - Sub-família Corydoradinae Origem: América do Sul / Bacias dos Rios Amazonas e Paraguay Tamanho: 2.5 cm (macho) a 3 cm (fêmea) Comportamento: Cardumeiros e ativos. Nadam em todas as áreas do aquário vasculhando as superfícies de objetos em busca de alimento. Ficam menos no fundo, comparadas às outras Corydoras. Agressividade: Peixe pacífico. Manutenção: Tamanho mínimo do aquário: 30 litros. Bem plantado e com abrigos. Água escura e decoração com folhas, troncos e galhos são benéficas. Preferível substrato com granulometria baixa, para proteger seus delicados barbilhões. Temperatura: 22 a 28 ºC pH: 6.0 a 7.0 Alimentação: Onívoro, oferecer rações especiais para peixes pequenos ou rações para peixes de fundo que se fragmentem facilmente, pois não é capaz de raspar pastilhas duras. Aceita bem alimentos vivos, como náuplios de artêmia. Dimorfismo Sexual: A fêmea é maior que o macho e tem o ventre roliço, o que é mais 14

facilmente notado vendo o peixe de cima para baixo. Reprodução: Coloque um grupo de pelo menos 6 exemplares em um aquário com bastante plantas e abrigos, a proporção ideal é de 2 a 3 machos para cara fêmea. A filtragem pode ser um filtro de espuma para não haver risco de sugar os alevinos. Reforce a alimentação com alimentos vivos, o que incentiva a reprodução. Depois de observar fêmeas roliças, cheias de ovos, faça TPAs volumosas com água mais fria e um pouco mais ácida. Repita o procedimento até acontecer a desova. A postura dos ovos se dá nos vidros e folhas de plantas, espalham um por vez por todo o aquário, até chegar a poucas dezenas. Os ovos eclodem entre 5 e 6 dias. Os alevinos devem ser alimentados com infusórios enquanto são pequenos demais para aceitar náuplios de artêmias e etc. Outras informações: É muito confundida com uma companheira de gênero, a Corydoras pygmaeus. A C. hastatus possui uma mancha preta na cauda e o corpo transparente, a C. pygmaeus tem uma linha preta que percorre toda a lateral do corpo. Assim como para os peixes de couro, não usar sal e derivados de cobre no aquário!

Corydoras sterbai Knaack, 1962

Nome Popular: Coridora Sterbai Família: Callichthyidae Origem: América do Sul / Bolívia e Brasil (Coletada nos rios Guaporé, Mamoré, Solimões, Madeira). Tamanho: Aproximadamente 6 a 7 cm. Comportamento: São peixes ativos e cardumeiros, ótimos para aquários comunitários. Agressividade: Pacífico Manutenção: O aquário deve possuir substrato fino que não machuque seus delicados barbilhões e nem permita o acúmulo de detritos que possam contribuir para diminuir a qualidade da água, sendo, neste caso, a areia o mais indicado. Apesar da ampla faixa de pH e GH, preferem águas mais ácidas e moles. Temperatura: 24 a 28 ºC pH: 6.0 a 7.6 Alimentação: Onívoro, aceita de tudo, oferecer alimentos vivos semanalmente e usar rações próprias para peixes de fundo. Dimorfismo sexual: É mais fácil sexá-las

quando as vemos por cima, a fêmea costuma ter o ventre um pouco mais roliço que o do macho e é um pouco maior. Reprodução: Mantenha a proporção de 2 machos para cada fêmea. Ofereça bastante alimento vivo e quando as fêmeas estiverem visivelmente mais roliças – cheias de ovos – realize uma grande troca de água, cerca de 50%, que esteja levemente mais fria, aumente a vazão da filtragem criando uma leve correnteza e aumentando a oxigenação. Após o ritual de acasalamento, macho e fêmea se “abraçam” e um ovo é expelido, a fêmea, então, utiliza suas nadadeiras ventrais para pegar o ovo e grudá-lo a uma superfície previamente limpa, os adultos não cuidam dos ovos e filhotes. Os ovos eclodem dentro de 3 a 5 dias, após a eclosão, os alevinos irão consumir o conteúdo do saco vitelino e depois disso podem ser alimentados com náuplios de artêmia, microvermes e outros alimentos compatíveis. Conforme forem crescendo, alimentos maiores podem ser oferecidos. Outras informações: Muito parecida com a C. haraldschultzi. Revista Aqualon


Plantas aquáticas Por: Rony Suzuki

flor

Ludwigia inclinata (Linné fil.) Raven, 1963

Família: Onagraceae Origem: América do Sul e Central Hábito: Aquática emergente Tamanho: 20 a 40 cm de altura Temperatura: 22 a 30 °C Iluminação: Intensa pH: 5 a 7 Folhas emersas Manutenção: Difícil Crescimento: Rápido Propagação: Sua reprodução é feita através do corte e replantio do ramo Plantio: Planta de caule que deve ser plantada na parte posterior do aquário. Recomenda-se plantá-la em ramos individuais com espaçamento de 3 cm. A Ludwigia inclinata deve ser plantada no fundo do aquário, atrás de outras plantas mais baixas ou que formem touceiras. Isso é importante para esconder a parte de baixo do ramo desta planta, que normalmente perde as folhas, o que se deve principalmente à quantidade de luz insuficiente, mas, mesmo com uma iluminação adequada, elas tendem a perder as folhas da parte inferior com o tempo. A sua belíssima coloração vermelho-alaranjada faz com que valha a pena tê-la nos aquários.


• Aquários de água doce e salgada • Peixes e produtos nacionais e importados • Equipamentos e Projetos personalizados Rua Heitor Dias, 113, Boca do Rio, Salvador-BA Tel.: 71 3231-2631 / 8819-1226 | baiaquarios@gmail.com




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Pesquisando o Quintal de Casa Texto e fotos: Adriano da Silva Soares

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Para que possamos entender qual o sentido de “pesquisas no quintal de casa” é preciso dizer primeiro que não estamos falando literalmente, mas, sim, das áreas verdes no entorno das cidades e ou mesmo nos resquícios de vegetação onde a natureza ainda teima em sobreviver. Morando em Marília, SP, cidade do interior com pouco mais de 225.000 habitantes e localizada em área de clima tropical com altitude de 675 metros acima do nível do mar. Situada no ramo ocidental da Serra dos Agudos onde predominam paredões de grés. É ai que começam “minhas pesquisas no quintal de casa”, em meio aos resquícios de mata que sobraram em volta da cidade e os pequenos riachos e áreas encharcadas (brejos). A menos de 1 km de casa começam minhas pesquisas; logo de cara já encontro uma situação muito triste onde o esgoto é despejado sem nenhum tipo de tratamento (Fig. 01). Ainda Fig. 01 nesta área, em um pequeno rego de água que é afluente do córrego, temos um bom exemplo de como era quando ainda não havia derramamento de esgoto. Encontramos muitas Briophitas, dentre elas Revista Aqualon


algumas Hepáticas (Fig. 02) e vários musgos, entre os quais podemos citar um, o Fissidens zollingerii (Fig. 03). Também encontramos uma série de outros musgos que aos poucos serão descritos e testados para que sejam aproveitados em nosso

Fig. 03 hobby da mesma forma que usamos. Também é importante citar a grande diferença entre os níveis de pH nas áreas pesquisadas, pois em um ponto a menos de 40 km entre um local e outro encontramos pH entre 6.2 e 10, todos medidos na nascente. Revista Aqualon

Marília é cortada pela rodovia BR 153 e as SP 294 e 333 e é principalmente às margens dessas rodovias que concentro minhas pesquisas, em pequenas áreas onde ainda restam vestígios do que era Fig. 02 o ambiente antes da expansão das cidades. Também executo minhas pesquisas às margens da rodovia transbrasiliana, a BR153, em áreas encharcadas cercadas por gramíneas invasoras como a braquiária (Fig. 04), que na época da estiagem pega fogo, limpando a área quase que por completo, deixando o acesso mais fácil. Logo às margens da rodovia em uma região um pouco mais baixa que o nível dela encontrei lindas briophitas, algumas na forma emersa, outras na imersa. É claro que ainda estou no início de minhas pesquisas e há uma grande dificuldade em encontrar fontes confiáveis para pesquisas, pois a internet está repleta de informações erradas e do famoso copie e cole, onde informações mal traduzidas acabam virando “falsas verdades”. Fig. 04 Ao ir um pouco mais

longe, ainda às margens da rodovia BR153, me surpreendo com uma enorme variedade de Fig. 05 plantas aquáticas, destacando uma variedade de Echinodorus sp. ainda inédita (Fig. 05), além de Maiacas (Fig. 06) na Fig. 06 forma emersa e pelo menos três variedades de Hydrocotyle. Ainda nesta área encontramos uma linda Bacopa sp. Fig. 07 (Fig. 07) que se apresenta tanto emersa como imersa, com folhas e caules cobertos por pelos, diferenciando-se das mais conhecidas para aquário. Mais em breve terei melhores descrições e poderei relatar com maior nível de detalhes e de forma menos gênica e, quem sabe, e acrescentar valorosas descobertas ao nosso hobby. Até a próxima. 25


t $MĂ“OJDB 7FUFSJOĂˆSJB t "RVBSJTNP %PDF F .BSJOIP t #BOIP F 5PTB $MJNBUJ[BEP t 1FU 4IPQ Rua Miguel Burnier, 94, Barra, Salvador - Ba, Cep: 40140-190 Tel: 71. 3015-4013 | Email: clinicabaiapet@gmail.com

A Revista Aqualon poderå ser baixada gratuitamente em arquivo PDF pela internet atravÊs do site www.aqualon.com.br ou atravÊs dos nossos parceiros que nos ajudam a divulgar o aquarismo. www.aquafloripa.com www.aquahobby.com www.aquamazon.com.br www.aquaonline.com.br www.forumaquario.com.br www.hobbyland.bio.br/forum www.natureaqua.com.br www.sekaiscaping.com www.vitoriareef.com.br/forum/index.php http://xylema.blogspot.com/ Caso queira receber os exemplares impressos na comodidade de sua casa, basta se tornar um colaborador desta revista. O valor anual serå de R$ 20,00, o que darå direito a 4 ediçþes da revista. Caso haja interesse, entre em contato atravÊs do email: revistaaqualon@gmail.com


EXPEDIENTE:

Seja um Aquarista Consciente: * Não solte peixes, plantas ou qualquer outro animal aquático nos rios ou lagos. A soltura desses animais pode causar impactos ambientais muito sérios, prejudicando fauna e flora nativa!

* Não coloque juntas espécies de peixes de pH diferentes. Certamente uma delas será prejudicada, podendo adquirir doenças e contaminar todo o restante.

* Não superalimente os seus peixes, pois o excesso * Não inicie o hobby se não estiver disposto a dispensar os cuidados básicos que os peixes exigem. de alimento pode poluir a água do seu aquário. Com pouco tempo de dedicação obterá sucesso e * Não compre rações vendidas em saquinhos plás- isto se transformará em lazer. ticos transparentes. A luz retira todas as vitaminas e proteínas da ração. Estas também não possuem * Seja observador. É preciso conhecer o comportaprazo de validade. Procure comprar rações de boa mento dos habitantes de seu aquário para se anteciqualidade que você notará a diferença na saúde de par aos problemas que possam surgir. seus animais. * Lembre-se: Peixes são seres vivos e não merca* Não Superpovoe o aquário, pois o excesso de dorias que podem ser descartadas a qualquer mopeixes debilitará todo o sistema de filtragem do mento. Preserve a vida! aquário, podendo levar seus peixes à morte. * Finalizando, PESQUISE! Atualmente podemos * Não compre peixes que estejam em aquários usar a internet como uma forte aliada para alcançar que tenham peixes doentes ou mortos. Eles podem um aquarismo saudável e consciente. Temos vários transmitir doenças para todos os peixes que você já sites/fóruns que pregam a prática correta do aquarismo. Citaremos apenas alguns dos mais confiápossui em seu aquário. veis, em ordem alfabética: * Não compre peixes por impulso. Pesquise antes a respeito da espécie. Muitas podem ser incompa- www.aquaflux.com.br tíveis com o seu aquário, seja por agressividade, www.aquahobby.com www.aquaonline.com.br parâmetros da água ou tamanho do aquário. www.forumaquario.com.br Foto: Rony Suzuki

Revista Aqualon é uma publicação da Aqualon - Aquarismo em Londrina. Com distribuição gratuita, visa divulgar o aquarismo em todos os seus segmentos, desde os aquários propriamente ditos até os aspectos ecológicos que o hobby abrange. Editor: Rony Suzuki Coordenação: Americo Guazzelli e Rony Suzuki Projeto gráfico e diagramação: Evandro Romero e Rony Suzuki Periodicidade: Trimestral Tiragem: 2100 exemplares Revisão: Americo Guazzelli Fotografia: Adriano da Silva Soares, Americo Guazzelli, Chantal Wagner Kornin, Cinthia Emerich, Fernando Francischelli, Guto Cantamessa e Rony Suzuki. Colaboraram nessa edição: Adriano da Silva Soares, Americo Guazzelli, Chantal Wagner Kornin, Cinthia Emerich, Fernando Francischelli, Guto Cantamessa, Lucio Saito e Rony Suzuki Para anunciar na revista: revistaaqualon@gmail.com (43) 3026 3273 - Rony Suzuki Colaborações e sugestões: Somente através do e-mail: revistaaqualon@gmail.com As matérias aqui publicadas são de inteira responsabilidade dos autores, não refletindo necessariamente a opinião da Revista Aqualon. Não publicamos artigos pagos, apenas os cedidos gratuitamente para desenvolver o aquarismo. Permite-se a reprodução parcial ou total dos artigos e outros materiais divulgados na revista desde que seja solicitada sua utilização e mencionada a fonte.



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