Aqualon 15

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Ano V • Número 15 • Jul-Ago-Set/2012 • Distribuição Gratuita

Revista feita por e para aquaristas amantes da natureza.

Visita à Piraporanga

Exploração no Alagado do Jaci-Paraná

Um Inusitado Jardim Pantaneiro

A Pesca de Peixes Ornamentais Amazônicos


Dieta alemã para peixes de todas as nacionalidades.

Seus peixes podem ter uma alimentação de primeiro mundo. Divididas entre as linhas especial e premium, as rações oferecem alto valor nutricional para diferentes espécies. Além da melhor nutrição, diferenciais tornarão o aquarismo cada vez mais interessante e prático: grânulos que afundam a diferentes velocidades, eficiência na alimentação de todos os peixes e o exclusivo sistema click. Com ele, você disponibiliza a quantidade exata de alimento a ser oferecida aos peixes. JBL. Alemã por natureza.


Editorial

Sumário 4 - Exploração no Alagado do Jaci-Paraná Sandra M. Feliciano da Silva

9 - Um inusitado Jardim Pantaneiro Oscar Shibatta

A nossa Revista está de “cara nova”! Comemorando o quinto ano de publicação, alteramos seu layout, “by Evandro Romero”, nosso amigo e designer. E essa comemoração ocorre no momento certo, quando estaremos nos reunindo com os amigos que nos auxiliam, sejam como articulistas, sejam como apoios, no VII Encontro de Aquaristas de Londrina. Momento mágico na agenda do aquarismo brasileiro onde poderemos reforçar as velhas amizades, fazer novas e aprender um pouco mais com as palestras do evento. No mesmo momento teremos o anúncio do resultado do CPA 2012 – Concurso Paranaense de Aquapaisagismo com a participação de 42 trabalhos que, sem dúvida, mais um ano estarão levando o nome do Paraná para o mundo todo. Nesta edição estaremos dando continuidade aos artigos sobre os produtores de Suzano, mostrando um pouco da história da família Tanabe na criação de Nishikigois, as belas Revista Aqualon

carpas que produzem e que são atrações nos concursos. A Equipe Aqualon conheceu de perto essa empresa com o nome de Piraporanga, que significa “peixe bonito”. Outros assuntos interessantes estarão nesta edição, como uma expedição ao alagado do Jaci-Paraná, os pontos críticos e soluções sobre a pesca de peixes ornamentais na Amazônia, além da beleza de um verdadeiro jardim pantaneiro. Desejamos uma boa leitura a todos vocês e agradecemos por estarem conosco na luta pelo desenvolvimento do aquarismo brasileiro, através dos encontros, concursos e revistas, principais meios que utilizamos para que nenhuma informação seja estanque, pois é compartilhando que aprendemos todos os dias. Muito obrigado a todos! Equipe Aqualon

13 - Galeria de Peixes

Chantal W. Kornin & Cinthia Emerich

16 - Galeria de Plantas Aquáticas Rony Suzuki

14 - Visita à Piraporanga Americo Guazzelli

9 - A Pesca de Peixes Ornamentais Amazônicos Rudã Fernandes B. Santos e Rodrigo Yudi Fujimoto

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EXPLORAÇÃO NO ALAGADO DO JACI-PARANÁ Por: Sandra M. Feliciano da Silva (Brasil) Fotos: Anísio Feliciano da Silva(Brasil) e Sandra M. Feliciano da Silva(Brasil)

Na primeira vez que estivemos no Rio Jaci-Paraná tínhamos a intenção de pescar e ficar até o anoitecer. Ambas as coisas se mostraram mais difíceis do que imaginamos. Os peixes eram mais espertos, comendo toda a nossa isca, devo salientar que os peixes continuam espertos. No cair da tarde, ficamos sobre um lajedo e arrumamos um início de fogueira. Não durou muito para que um imenso jacaré resolvesse dar as caras, levantamos o “acampamento” e fomos embora. O Rio Jaci Paraná é o principal rio da bacia

Vista aérea da construção da Usina de Jirau – Rio Madeira, em 06.03.2012 4

hidrográfica do Jaci, no Estado de Rondônia (região amazônica)e um dos afluentes do Rio Madeira . Atualmente está sendo impactado pela construção das usinas do Rio Madeira e se formará, perto da jusante do Rio Madeira, um lago de aproximadamente 258 km². Uma pequena cidade foi totalmente removida - Mutum Paraná - para alguns

ponte de ferro para a passagem da antiga Ferrovia Madeira-Mamoré. A ponte ficava a aproximadamente 20 metros de altura do leito do rio e hoje já está quase coberta pelo alagado. A expedição saiu de Porto Velho, que

Alagado, ainda em formação, visto de cima

Vista lateral da ponte do Rio Jaci-Paraná, construída no início do século passado

quilômetros acima do Rio, dando espaço para o alagado, que já começou a se formar. Um mês antes da expedição foram tiradas as fotos aéreas, que mostram o lago já em formação. No início do século passado foi construída, sobre o rio Jaci-Paraná, uma

se situa a aproximadamente 90 km de Jaci Paraná, às 5h da manhã. Chegamos ao leito do Rio Jaci por uma estrada lateral de terra, por volta das 7 horas. A programação era explorar o lago do Jaci e dois de seus rios afluentes, o Rio do Contra e o Rio Branco, com um pequeno barco com motor de 50HP. Explorar o Rio foi mais complexo que o

esperado. O impacto ambiental na região foi mais forte do que o calculado. Como a área do lago é muito grande, o nível da evaporação também aumentou. A floresta ao redor, que é bastante densa, retém grande parte da evaporação, ao anoitecer, se forma uma espécie de cerração (névoa) que permanece por muito tempo, mesmo após o nascer do sol. Às nove horas da manha ainda navegávamos por GPS, pois não se enxergavam as margens do lago, que além de grande era completamente coberto por esse “fog”.

Uma paisagem incomum para a região amazônica Revista Aqualon


Percorremos mais de 40 km rio adentro. A paisagem é deslumbrante, mas se trata de um local realmente selvagem, com pouca ou nenhuma interferência humana. É raro encontrar pessoas no caminho, andamos o dia inteiro e vimos somente dois ribeirinhos, um que nos ajudou a achar o caminho, pois mesmo com GPS a falta de visibilidade inicial dificultou nossa expedição.

tabela ao final. Logo identificamos diversas espécies interessantes, algumas que não soubemos classificar.

Spirodela polyrhiza

algum tempo. Por volta das 9h30 a paisagem começou a se apresentar e era exuberante. Típica da região amazônica, com florestas crescendo dentro da água, cipoais imensos, árvores centenárias e uma infinidade de animais

Cyperus papyrus (Papiro)

Nosso amigo ribeirinho indicando o caminho A selva é densa e para essa expedição é necessário se preparar. Quando os mosquitos, piuns, tucandeiras, chuva, sol, vento, calor e frio apareceram, a roupa de camuflagem fez a sua parte, além de um bom bloqueador solar. Nosso ponto de partida foi a 300 metros da ponte de ferro, a água é escura e um pouco barrenta com uma grande quantidade de vegetação submersa, decorrente já da formação do alagado. Fizemos a análise da água colhendo amostras em quatro pontos diferentes: o local de onde partimos; a cinco quilômetros do local de partida no meio do lago em formação; na desembocadura do Rio do Contra com o Jaci-Paraná e na desembocadura do Rio Branco com o JaciParaná. O teste que usamos foi a maleta de testes completa da SERA, cedida pelos nossos patrocinadores, fizemos testes de PH, dureza geral, concentrações de NO4, NO3, NO2, Ferro e KH, que são apresentados em uma Revista Aqualon

Hymenachne amplexicaulis

Pistia stratiotes Planta desconhecida

Parte de trás da planta desconhecida A maior parte das plantas flutuantes serve de alimento para a fauna aquática, sendo raro encontrar alguma que já não tenha sido mordiscada pelos animais.

Uma espécie interessante para se destacar da vegetação local é o capim flutuante dos rios da Amazônia, o Hymenachne amplexicaulis. Ele forma touceiras flutuantes no meio do rio, fazendo pequenas ilhas que servem como abrigo para os peixes e outras espécies menores de plantas flutuantes, como a Eichornia crassipes, a Salvinia cucullata, a Spirodela polyrhiza e a Pistia Stratiotes, que acabam se desenvolvendo dentro do próprio capim. Os peixes-boi adoram o capim e para os mais desavisados parecem ilhas, pois alguns pássaros menores acabam pousando sobre o capim e algumas espécies constroem ninhos sobre eles. Como as correntes desses rios não são muito intensas, é provável encontrar a mesma “ilha” de capim no mesmo lugar por

A névoa se dissipando

Vegetação exuberante 5


silvestres. As árvores da região são acostumadas a permanecerem na água durante muitos meses do ano e se adaptam para a sobrevivência, os galhos na água desenvolvem raízes para captar os nutrientes.

Um ninho e uma feliz tartaruga curiosa que se deixou fotografar, a família dela já tinha se enfiado toda na água. O ninho está disposto sobre uma camada de capim flutuante. Raízes Essas raízes acumulam restos de plantas e servem para os peixes menores se alimentarem e se esconderem. Durante o percurso observamos diversos peixes pequenos em meio a essas plantas. Peixes grandes também aparecem, mas normalmente andam em cardume. Presenciamos um cardume de piranhas atacando um outro grupo de peixes, conseguimos pegar um barba chata amarelo que já estava sendo devorado por elas.

Piranha tradicional, essa tinha pouco mais de 25 cm 6

Rio do Contra Fizemos uma pequena entrada para fotografar. Voltamos para o Jaci-Paraná e subimos pelo Rio Branco e essa foi a melhor parte. Para aqueles que apreciam musgos, é o paraíso. A maior parte dos galhos afundados estão repletos de musgos, conseguimos fotografar três espécies diferentes. O restante da flora também impressiona pela diversidade de cores, Ipês amarelos

Peixe parcialmente devorado pelas piranhas Vimos macacos, gaviões, araras, papagaios, garças, tartarugas e uma infinidade de peixes. O problema é que a vida selvagem não fica parada fazendo pose para ser fotografada, ao barulho do motor do barco ela se afasta, com raras exceções, e é difícil fotografar.

Passarinhos curiosos que esperaram ser fotografados

Esse Iguana exibicionista foi fotografado debaixo da ponte de ferro, na estrutura de contenção feita com sacos de areia. Chegamos, depois de uma hora, ao Rio do Contra, que recebe esse nome por um fato curioso. Como se trata de um rio muito sinuoso e com curvas muito fechadas, na época das cheias as porções de terra entre as curvas acabam por desaparecer, mas o leito do rio continua a correr da mesma forma e em alguns lugares se pode observar duas correntes em sentido contrário.

Musgos nos galhos submersos Revista Aqualon


e roxos ponteiam toda a mata, barrancos de mais de 30 metros de altura e plantas coloridas completam o visual do lugar. Tudo ia bem até que o tempo começou

a “fechar” e a chuva nos pegou. Chuva com vento no meio do rio e a roupa camuflada novamente justificou o seu uso. A sensação térmica cai bastante, e as

Tempo fechando chuvas amazônicas são densas e torrenciais, foram duas horas de chuva nessa paisagem. Voltamos por outro caminho e nos deparamos com as torres de condução de energia elétrica que foram construídas antes da formação do lago. No caminho de volta uma criação de

Parâmetros de água testados Local Água do local do embarque, perto da ponte

pH

dgH

KH NH4-NH3 NO2 NO3 PO4 Fe 0 0,5 0,25 0,25 3 0 mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l

6,7

1

Água a 5km dentro do lago

7,5

2

3

0 mg/l

0,5 0 0,1 0,5 mg/l mg/l mg/l mg/l

Água na jusante com o Rio do Contra

6,8

2

3

1 mg/l

0,5 0 0,1 0,1 mg/l mg/l mg/l mg/l

Água na jusante com o Rio Branco

7,7

2

4

0 mg/l

0 0 0,1 0,5 mg/l mg/l mg/l mg/l

Navegador e Piloto:

Fernando Jorge Lourenço da Silva (Portugal) Anísio Feliciano da Silva (Brasil)

Sandra

Fernando

Anísio

Torres de energia elétrica avestruzes e de piracurus vivos. O pirarucu é um peixe que pode alcançar até dois metros de comprimento. Mas essa fica para outra expedição.

Revista Aqualon

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Um Inusitado Jardim Pantaneiro Por: Oscar Akio Shibatta – Universidade Estadual de Londrina

O Pantanal do Mato Grosso do Sul é um sonho para muitas pessoas que apreciam a natureza. Quem o conheceu na época das cheias já se deparou com um imenso aquário de águas transparentes e com uma enorme diversidade de peixes nadando entre as plantas aquáticas. Entretanto, a paisagem se altera completamente no período das secas, quando as águas ficam restritas aos rios, corixos e lagoas. Minha última visita ao Pantanal foi em agosto de 2011, no período de seca, para participar de um curso de campo oferecido aos estudantes de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Londrina. O local estudado foi um trecho do rio Miranda, mais especificamente em Passo do Lontra, onde ficamos alojados na Base de Estudos do Pantanal da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Logo ao lado da sede me deparei com um cenário muito bonito, como se fosse um enorme jardim de Echinodorus florido (fig. 1).

Figura 1. Terreno encharcado na Base de Estudos do Pantanal, Passo do Lontra, MS, onde se desenvolvia o jardim florido de Echinodorus glaucus (agosto de 2011). Revista Aqualon

As Echinodorus pertencem ao grupo de plantas anfíbias, ou seja, que vivem tanto dentro como fora da água. Aliás, essa característica nos permite destacar a sua importância ecológica tanto ao ambiente aquático quanto terrestre. Quando imersas, podem ser utilizadas como abrigo aos peixes e substrato para microrganismos. Emersas, podem ser visitadas por insetos. Elas se reproduzem sexuadamente, por meio de flores, e frutificam quando o nível das águas abaixa no período das secas. As flores são hermafroditas e Figura 2. Pequeno jardim de Echinodorus tenellus bastante numerosas. Elas são brancas e formam inflorescências paniculadas (cafloridos no período de seca (agosto de 2007). chos compostos). O fruto é espinhoso e pode ter inspirado o pesquisador Richard a batizar o gênero, unindo as palavras Gregas echino, que pode significar ouriço, com doros, ou garrafa de couro (em referência aos ovários). A propagação pode ser feita por meio de sementes, mas algumas espécies podem emitir estolões ou brotos laterais. Para saber mais sobre o cultivo dessas plantas em aquários, vale a pena consultar o livro “Guia de plantas aquáticas” (Suzuki, 2011), que apresenta características e cuidados para 44 espécies. Esse autor destaca que as Echinodorus preferem solo rico em nutrientes, iluminação intensa e se desenvolve melhor com a adição de CO2 à água. Geralmente são utilizadas como planta de destaque, por serem grandes, mas algumas espécies como E. tenellus (fig. 2) são utilizadas na região anterior do aquário, pois são ótimas para formar tapetes. Apesar de suas folhas e talos grossos, elas são muito frágeis, se desidratando rapidamente, se retiradas do solo. Também delicadas são suas flores, que permanecem abertas apenas durante algumas 9


horas, mas o suficiente para serem polinizadas. É comum observar a visitação de abelhas de diversas espécies que, ao mesmo tempo em que coletam o néctar, realizam a polinização (fig. 3). Apesar da aparente fragilidade, essas plantas são tão versáteis que uma das espécies, o chapéu-de-couro Echinodorus grandiflorus Micheli, consta na lista de fitoterápicos. Suas folhas são utilizadas para o preparo de chás, com indicações terapêuticas bastante amplas. Acredita-se que sirva para o tratamento de resfriados, pressão alta, ácido úrico, artrite, colesterol, dermatites, gota e problemas no fígado, entre outras enfermidades. Mas, como qualquer medicamento, não se deve utilizá-lo sem orientação médica. A identificação das espécies nem sempre é fácil, devido às suas similaridades morfológicas. A seguir, apresento algumas informações sobre a diversidade e sistemática do gênero, assim como as características da espécie que formava aquele belíssimo jardim pantaneiro.

Echinodorus decumbens Kasselm.

Brasil (Piauí)

Echinodorus emersus Lehtonen

Do Equador à Bolívia

Echinodorus floribundus (Seub.) Seub.

América tropical

Echinodorus gabrielii Rataj

Brasil (Pará)

Echinodorus glandulosus Rataj

Brasil (Ceará, Pernambuco)

Echinodorus glaucus Rataj

Da região leste da Bolívia ao centro-oeste do Brasil

Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli

América tropical

Echinodorus grisebachii Small Trop.

América

Echinodorus heikobleheri Rataj

Brasil (Roraima)

Echinodorus horizontalis Rataj

Região sul da América tropical

Tabela 1. Espécies válidas de Echinodorus e suas distribuições geográficas (fonte: Govaerts, 2007).

Echinodorus inpai Rataj

Brasil (Mato Grosso)

ESPÉCIES

DISTRIBUIÇÃO

Echinodorus lanceolatus Rataj

Brasil

Echinodorus berteroi (Spreng.) Fassett C.

Dos USA à América do Sul

Echinodorus longipetalus Micheli

Do Brasil à Argentina (Missiones)

Echinodorus bracteatus Micheli

Da América Central ao Equador

Echinodorus longiscapus Arechav.

Região sul do Brasil ao nordeste da Argentina

Echinodorus cordifolius (L.) Griseb.

Da região centro e sudeste dos USA à Venezuela

Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli

Centro e sul da América tropical

Echinodorus cylindricus Rataj

Região oeste do Brasil

Echinodorus major (Micheli) Rataj

Brasil

Figura 3. Detalhe da inflorescência de Echinodorus glaucus sendo visitada por uma abelha Apis melifera.

Diversidade de espécies As Echinodorus são macrófitas aquáticas (designação técnica para as plantas aquáticas) que podem ter folhas cordiformes ou lanceoladas. As folhas ainda podem ser onduladas, como na leopoldina Echinodorus subalatus (Mart. Ex Schult. F.) Griseb, o que lhes conferem um aspecto muito belo e ornamental. A família à qual pertencem se chama Alismataceae, que é composta por 11 gêneros e 90 espécies. Essa

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Echinodorus palifolius (Nees & Mart.) J.F.Macbr.

Brasil (Piauí, Bahia e Minas Gerais)

Echinodorus paniculatus Micheli

Região leste do México ao centro-sul da América tropical

Echinodorus pubescens (Mart.) Seub. ex Warm.

Região nordeste do Brasil ao Pará

Echinodorus reptilis Lehtonen

Região sul do Brasil ao nordeste da Argentina

Echinodorus scaber Rataj

Região centro-sul da América tropical

Echinodorus subalatus (Mart.) Griseb.

Do México ao sul da America tropical

Echinodorus trialatus Fassett

Do Panamá ao nordeste do Brasil

Echinodorus tenellus (Mart.) Buchenau

América tropical e subtropical

Echinodorus trialatus Fassett

Do Panamá à região nordeste do Brasil

Echinodorus tunicatus Small

Da Costa Rica à região oeste da América do Sul

Echinodorus uruguayensis Arechav. S.

Do Brasil ao centro-sul do Chile

família é cosmopolita e ocorre em regiões úmidas, encharcadas, tanto em climas temperados, subtropicais ou tropicais. O gênero Echinodorus Rich. foi descrito em 1815 e atualmente é composto por 31 espécies (Tab. 1); algumas ocorrem nos Estados Unidos, mas a maioria se encontra na América do Sul. Em relação à região do Pantanal, Scremin-Dias e colaboradores (1999) listaram as seguintes espécies para a região de Bonito, bacia do rio Miranda: E. ashersonianus Graebner, E. bolivianus (Rusby) Holm-Niels, E. grandiflorus (Cham. & Schlecht.) Micheli, E. macrophyllus (Kunth) Micheli, E. tenellus (Mart.) Buch. e E. cf. uruguayensis Arech. Cabe observar que a primeira e a última espécie não constam no mais recente levantamento de plantas do Pantanal realizado por Pott & Pott (2000). Neste, foram identificadas 247 espécies de macrófitas aquáticas, das quais nove eram Echinodorus: E. bolivianus (Rusby) Holm-Niels, E. cordifolius (L.) Griseb, E. grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli subsp. Grandiflorus, E. lanceolatus Rataj, E. longipetalus Micheli, E. macrophyllus (Kunth) Micheli subsp. Scaber (Rataj) Haynes & Holm-Nielsen, E. paniculatus Micheli, E. subalatus (Mart.) Griseb. subsp. subalatus, E. tenellus (Mart.) Buch, e E. teretoscapus Haynes & Hol,-Niels. Atualmente, E. bolivianus foi transferido para o gênero Helanthium, devendo ser chamado como HeRevista Aqualon

lanthium bolivianum (Rusby) Lehtonen & Myllys. Essa alteração foi feita por Lehtonen & Myllys (2008) após a análise filogenética (que estuda a relação de parentesco) entre as espécies do gênero. Nesse tipo de análise se busca o agrupamento de espécies com uma ancestralidade em comum. Como E. bolivianus não compartilhava esse ancestral com as outras espécies de Echinodorus, foi necessário alocá-lo em outro gênero chamado Helanthium. Conforme Govaerts (2007), a espécie E. teretoscapus Haynes & Hol,-Niels. deve ser identificada como E. glaucus Rataj. Neste caso, verificou-se que ambos os nomes poderiam ser aplicados para a mesma espécie, ou seja, eram sinônimos, mas como E. glaucus era o mais antigo, teve prioridade. Assim, apesar da espécie do “nosso” jardim ter sido identificada como E. teretoscapus com o auxílio do livro “Plantas Aquáticas do Pantanal” (Pott & Pott, 2000), o nome correto é E. glaucus (fig. 4). Na aparência geral, essa espécie é semelhante a E. lanceolatus Rataj, que tem aproximadamente 40 cm de altura, folhas lanceoladas e um pendão de flores brancas. Entretanto, difere por apresentar folhas mais largas e flores com pedúnculos maiores (cerca de 1 cm), além de E. lanceolatus ter as margens das folhas de coloração avermelhada. O solo onde se encontrava era areno-argiloso e se desenvolvia em pleno sol, demonstrando que necessita de muita luminosidade. Esta é mais uma espécie de chapéu-de-couro que é utilizada como erva medicinal. A reprodução pode se realizar por divisão dos rizomas ou por sementes. Floresce na cheia e frutifica logo após, de junho a agosto. Ocorre do Equador à Argentina, incluindo as regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil (Pott & Pott, 2000). Devido à sua altura, não é adequada para

Figura 4. Aspecto geral de uma touceira de Echinodorus glaucus.

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aquários, mas deve ser muito bonita em lagos ornamentais. O Pantanal é uma região que nos possibilita observar essas preciosidades da natureza e nos estimula a sempre retornar para observá-las. Mesmo que o meu interesse principal esteja relacionado aos peixes, outros organismos, como as plantas, as aves, os anfíbios, os répteis, os mamíferos e os invertebrados, sempre tornam a viagem surpreendente. Quem sabe eu tenha mais alguma novidade para apresentar aos leitores da Aqualon, quando retornar de uma próxima viagem?

Referências Govaerts, R. (ed.). 2007. World Checklist of Selected Plant Families. Disponível em http://www.kew.org/wcsp/, acessado em 18/01/2011. Lehtonen, S. & Myllys, L. 2008. Cladistic analysis of Echinodorus (Alismataceae): simultaneous analysis of molecular and morphological data. Cladistics, 24: 218-239. Pott, V. J. & Pott, A. 2000. Plantas aquáticas do Pantanal. Corumbá, Embrapa. Scremin-Dias, E., Poti, V. J., da Hora, R. C. & de Souza, P. R. 1999. Nos jardins submersos da Bodoquena: Guia para identificação de plantas aquáticas de Bonito e região. Campo Grande, Editora da UFMS. Suzuki, R. 2011. Guia de plantas aquáticas. Londrina, Aquamazon.

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Revista Aqualon


Betta Splendens

Peixes

Regan, 1910

Por: Cinthia Emerich

Ladiges, 1958

4 Aqualon Revista

Foto: Cinthia Emerich

por isso, não devem ser mantidos em aquários comunitários quando em casais. Durante este período a fêmea apresenta uma coloração vermelha intensa nas nadadeiras ventrais e anal, sua padronagem xadrez se transforma em uma faixa horizontal contínua e se torna muito agressiva com qualquer ser que considere uma ameaça a seus filhotes. Fêmea com ovos

Foto: Cinthia Emerich

Nome Popular: Xadrezinho Família: Cichlidae Origem: América do Sul/Bacias do Rio Negro e Orinoco Tamanho: Aproximadamente 7 a 8 cm Comportamento: Nada junto ao fundo, gosta de se esconder em tocas e/ou moitas. Agressividade: Alta com os semelhantes, pacífico com os demais. Manutenção: Aquários acima de 50 litros, com troncos e folhas fornecendo local para abrigo e desova. Temperatura: 26 a 28 ºC pH: 5.0 a 6.2 Alimentação: Onívoro, aceita de tudo, complementar a ração semanalmente com alimentos vivos. Dimorfismo sexual: O macho é maior, mais colorido, tem as pontas das nadadeiras afiladas, apresentando dois filamentos mais compridos na nadadeira caudal, e o ventre é retilíneo. A fêmea é menor, possui as pontas das nadadeiras mais arredondadas, ventre roliço. Reprodução: Ovíparo, a fêmea irá depositar os ovos em um local seguro, eles eclodem entre aproximadamente 24 a 48 horas e após alguns dias os alevinos já consumiram o conteúdo do saco vitelino e começam a se alimentar de rações específicas para alevinos de ovíparos e alimentos vivos. Os pais cuidam dos filhotes e, justamente

Foto: Chantal Wagner Kornin

Dicrossus filamentosus

Nome popular: Betta, Peixe de Briga, Combatente Família: Osphronemidae Origem: Ásia/Bacia do Mekong Tamanho: 6,5 cm Comportamento: Apesar da fama de “peixes de briga” os Bettas são tranquilos quando seu território não está sendo ameaçado. Machos jamais devem ser mantidos juntos e casais apenas na época de reprodução. Fêmeas podem conviver em um aquário espaçoso. Agressividade: Agressivo com a mesma espécie ou similares. Temperatura: 24 a 30 ºC pH: 6.5 a 7.5 Alimentação: Onívoro/Aceita bem qualquer tipo de ração. Alimentos vivos como enquitréias, artêmias e daphnias devem ser oferecidos sempre, para manter a saúde e incentivar a reprodução. Dimorfismo Sexual: Machos são mais coloridos e normalmente tem nadadeiras extremamente alongadas, dependendo da variedade. Fêmeas sempre têm nadadeiras curtas e cor menos intensa. Além disso, tem o ventre mais roliço e apresentam faixas verticais na época de reprodução. Reprodução: Prepare um pequeno aquário pelado para reprodução com a coluna d’água baixa. Escolha um casal, que deve ser mantido separado e bem alimentado antes de se tentar a reprodução. A fêmea deve apresentar faixas verticais que mostram que está disposta a reproduzir e estar com o ventre volumoso, indicando a presença de ovos. Coloque-a dentro de um recipiente transparente (pote ou garrafa), posicione-o no centro do aquário e introduza o macho, mantendo a fêmea presa. Coloque um suporte flutuante para o ninho de bolhas que o macho irá criar, como um pedaço de isopor. Quando o macho tiver preparado o ninho e começar a cortejar a fêmea, solte-a e

Por: Chantal Wagner Kornin

observe. Caso ele comece a agredi-la, prenda-a novamente ou a substitua. Com sucesso, o macho irá envolver a fêmea em um abraço nupcial, alguns ovos serão depositados livremente e cairão no fundo do aquário. Então o macho os irá recolher com a boca e os colocar no ninho de bolhas. Este processo se repetirá algumas vezes. Retire a fêmea do aquário. Os ovos eclodem entre 24 e 48 horas. Após três dias de nascidos os alevinos consumirão totalmente o saco vitelino, começarão a nadar e deverão ser alimentados com infusórios ou outros alimentos microscópicos. O macho pode ser retirado do aquário. Configuração do aquário: São extremamente resistentes, encontrados em ambientes de água parada no habitat natural, como plantações de arroz. O ideal é mantê-los em um aquário plantado com pouca movimentação da água. Fêmeas podem ser mantidas juntas ou em aquário comunitário, se for espaçoso. Machos podem ser mantidos em aquário comunitário, mas nunca com outros Bettas. Evite peixes agitados que podem morder suas nadadeiras e semelhantes que podem ser confundidos com Bettas, como guppies de cauda longa. Apesar de serem considerados agressivos, as brigas não passam de exibição de nadadeiras e rápidas perseguições, se o aquário for espaçoso e tiver esconderijos. 13




Plantas Aquáticas Por: Rony Suzuki

Bolbitis heudelotii

Egeria najas

(Fée) Alston, 1934

Planchon, 1849

Família: Lomariopsidaceae Origem: África Hábito: Aquática emergente Tamanho: 15 a 40 cm de altura Temperatura: 20 a 28 °C Iluminação: Moderada pH: 5 a 7 Manutenção: Médio Crescimento: Lento, a adição de CO2 ajuda a acelerar o crescimento. Propagação: Sua reprodução é induzida através do corte do rizoma, assegurando-se que o rizoma cortado possua folhas e raízes já desenvolvidas. Plantio: Parte intermediária do aquário, pode ser fixada em troncos ou rochas. Nunca se deve enterrar o rizoma. Folhas emersas

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Planta de rara beleza! Pode-se potencializar sua beleza fixando-as em troncos ou rochas, onde suas raízes logo se prenderão a eles, formando uma moita magnífica. Pelo seu tamanho avantajado, é aconselhável utilizá-la somente em aquários de porte médio a grande. Nunca enterre o rizoma no substrato. A adição de gás carbônico na água melhora seu desenvolvimento, tanto no tamanho das folhas, como na quantidade de mudas. Ela tem preferência por uma água mais ácida, caso suas folhas comecem a ficar pretas e melar, verifique o pH. No inverno ela se desenvolve melhor, já no verão pode ser prejudicada pelo aumento demasiado da temperatura, fazendo com que as folhas comecem a amarelar e cair, geralmente se recupera novamente com a chegada do frio. Tente manter o aquário com uma temperatura aproximada de 26 °C.

Família: Hydrocharitaceae Origem: América do Sul Hábito: Submersa fixa Tamanho: 50 a 80 cm de altura Temperatura: 15 a 28 °C Iluminação: Moderada a intensa pH: 6 a 10 Manutenção: Relativamente fácil Crescimento: Rápido Propagação: A sua reprodução se dá através do corte e replantio do ramo. Plantio: Planta para fundo do aquário. Recomenda-se plantá-la em molhos com 2 ramos e espaçamento de 4 cm entre eles. Essa planta é muito parecida com a Egeria densa, porém, é mais delicada e quebradiça. Para um melhor aproveitamento no layout ela deve ser plantada em grupos na parte de trás do aquário. Por ser uma planta que cresce bastante, deve ser plantada somente em aquários de grande porte. Após algumas podas deve-se replantar os ponteiros no lugar das antigas, porque a parte traseira aos poucos vai enfraquecendo com a sucessão de podas. Com esses replantios elas permanecerão muito mais tempo saudáveis e fortes. Close do ponteiro

Flor

Revista Aqualon


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Visita à Piraporanga

Por: Americo Guazzelli • Fotos: Equipe Aqualon

Continuando a nossa série de matérias sobre as empresas de Suzano-SP – Revista Aqualon 14- que produzem peixes e plantas para aquários e lagos, tentaremos transmitir um pouco do que encontramos na Piraporanga Comércio de Produtos Ornamentais Ltda, tradicional produtora de carpas maravilhosas. A origem do termo PIRAPORANGA é a união dos termos: PIRÁ: designação genérica de “peixe” em tupi e PORANGA: termo indígena que significa “bonito”. Essa empresa foi fundada em 18/07/90 pelo Sr.Haruki Tanabe, mas a criação teve início já na década de 80 com lebistes, discos, bettas, kinguios de raça, nishikigois e outros tropicais. Engenheiro Mecânico de formação, Sr. Tanabe trabalhou durante 10 anos na sua profissão. Desde o tempo de estudante mantinha vários aquários em sua casa. Gostou tanto do hobby que largou o emprego de engenheiro para se dedicar aos peixes, tornando criador profissional e especialista em Nishikigoi, desenvolvendo várias técnicas de reprodução de peixes ornamentais. E para aprimoramento na criação de Nishikigois, o Sr. Haruki Tanabe fez estágio no Japão, mantendo contato até hoje com os mestres. Leonardo Naoki Tanabe, seu filho, nascido em meio a essa dedicação, herdou o amor aos peixes e também o conhecimento de 18

seu pai. “Sempre “ajudava” (não sabia se atrapalhava mais do que ajudava) em tudo na criação, desde alimentar os peixes, selecionar, limpar, e o que eu mais gostava e gosto até hoje, saía com meu pai para ir aos atacadistas e outros criadores para comprar peixes para a loja.”

Leonardo Naoki Tanabi e Sr. Haruki Tanabe Revista Aqualon


O domínio que Leonardo tem no trabalho que desenvolve com seus pais surgiu naturalmente pela grande admiração que tem pelas carpas, pela beleza característica delas, pois é única para cada carpa por haver inúmeras estampas e cores, além da tranquilidade proporcioKinguios de raça nada pelo trabalho com peixes. A Piraporanga foi a primeira empresa na criação de Acará Disco Turquesa e Linhagem Red Top de Acará Bandeira, no Brasil. Fotos destas criações foram publicadas na Revista Fish Magazine no Japão em 1986. Além da introdução contínua de matrizes de Nishikigoi do Japão, introduziram também matrizes de Kinguios de raça, Tetra Congo, Maçãzinha, Guppies (Glass Tail Azul) etc.

Tanques de alevinagem Revista Aqualon

O trabalho é desenvolvido pela família, além de um funcionário. Na loja, trabalham com peixes como discos, acaris, importados, carnívoros, ciclídeos, tropicais, kinguios e nishikigois. No total são em torno de 60/80 espécies de peixes ornamentais à venda, sendo que apenas as Nishikigois são de produção própria. O atendimento destina-se principalmente ao varejo, com maior incidência dos amantes de Nishikigois. Leonardo diz que geralmente o cliente vem escolher, como não há desenhos (estampas) iguais, ele escolhe o peixe que atenda ao seu desejo. Que os clientes estão cada vez mais exigentes, o que é bom, pois procuram por peixes melhores e mais valorizados. E para isso eles estão adquirindo mais conhecimento, estudando mais. Utilizando água de poço, em 30 tanques, a Piraporanga reproduz por volta de 30 variedades de carpas, com capacidade para produzir de 600.000 a 1.200.000 larvas por ano. Através da reprodução natural, são produzidos entre 500.000 e 1.000.000 de alevinos, sendo que apenas entre 0,5 e 2% destes são selecionados. Informam que as dificuldades apresentadas são principalmente a seleção dos nishikigois para obter exemplares de alta qualidade, a busca do nishikigoi perfeito, e os cuidados e a atenção constante com a qualidade da água, além da burocracia que envolve sua comercialização. As matrizes são selecionas e escolhidas a dedo para a reprodução. A seleção começa desde os alevinos, onde já é possível ter uma idéia de quais peixes tem um potencial maior de se tornar um nishikigoi de alta qualidade. Um nishikigoi para chegar ao ponto de se tornar um reprodutor leva em torno de 3 a 4 anos. A escolha dos peixes para a reprodução tem como base obter maior probabilidade de surgir peixes mais belos, portanto, só utilizam os melhores. Leonardo costuma participar todos os anos das exposições de Nishikigois e informa que um peixe pode chegar a R$ 20.000.00 aqui no Brasil, e que este pode viver em torno de 60 anos. Nishikigois são carpas ornamentais, coloridas ou estampadas, que surgiram por mutação genética das carpas comuns, cyprinus carpio, na região de Niigata (no Japão), e que no período de 19


1804 e 1829 foram multiplicadas pelos piscicultores da região que aperfeiçoaram suas características. Através de mutações genéticas e cruzamentos, conseguiu-se obter carpas lindíssimas, com colorações e estampas mais diversas possíveis. No entanto, o Nishikigoi não é simplesmente um peixe ornamental. O termo Nishikigoi é composto de “Nishiki” = brocado, êxito na vida, e “Goi” (ou Koi) = carpa. Realmente existe Nishikigoi que parece estar vestindo roupa de brocado. No seu habitat a carpa desafia e vence cascatas, fato que metaforicamente leva seu dono a ser considerado uma pessoa de sucesso. Existe associação no Japão para promover exposições, concursos e leilões no Japão, assim como a que promove eventos internacionais. No Brasil temos a Associação Brasileira de Nishikigoi, desde 1978. Além das informações técnicas que recebemos durante a visita, não há como deixarmos de mencionar a sensação maravilhosa que é estar em um ambiente agradável como o desta empresa.

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5 Foto: Piraporanga

Sr. Haruki Tanabe (esquerda) recebendo a premiação com o Juíz Principal Toyohiro Hayashi, vindo do japão para o julgamento. 20

Fotos: Piraporanga

Nishikigois campeãs criadas pela Piraporanga, na 31.ª EXPOSIÇÃO BRASILEIRA DE NISHIKIGOI - 2012 1 - Campeão geral - Taisho Sanshoku 2 - Campeão A 25bu - shiro utsuri 3 - Campeão B 20bu - ghinrin shiro utsuri 4 - Campeão B 50bu - Ghinrin Kohaku 5 - Campeão A 50 bu - kohaku Revista Aqualon


Fomos muito bem recebidos, a Equipe Aqualon e os amigos aquaristas que lá nos encontraram. Um momento de contemplação da natureza entre amigos. Na loja encontramos espécies de peixes nos aquários que fariam com que qualquer aquarista as levasse para casa, mesmo tendo que ampliar o número de aquários para tal finalidade. No lado externo da loja existem duas fileiras de tanques de alvenaria com uma passagem entre eles. Ali pudemos admirar as carpas nos mais diversos tamanhos e cores, um colorido que salta aos olhos. O mais impressionante é a quantidade de peixes reunidos em um único local, muito diferente de nossos aquários. Na parte interna da empresa, junto à residência da família Tanabe, em meio a belas árvores e orquídeas, ficam os tanques com as matrizes, separadas por sexo, onde aguardam o momento da escolha dos casais para reprodução. Também ali ficam os tanques menores onde ocorrem as desovas e o desenvolvimento das larvas.

Tanques com carpas para venda Revista Aqualon

Uma quantidade ainda mais impressionante que a encontrada nos tanques de venda. Pudemos verificar que realizam um trabalho criterioso, permeado pela dedicação e amor ao que fazem. Como fruto, os mais belos exemplares já encontrados pela nossa equipe. Parabéns, família Tanabe. Grande trabalho!

Tanques de matrizes 21


Esquerda para direita: Evandro, Guazzelli, Leonardo, Sr. Haruki Tanabe, Rony e Fabio A Piraporanga participa da ABN - Associação Brasileira de Nishikigoi, desde 1978, onde Haruki Tanabe é um dos fundadores (e único que atua até hoje), sendo titular do departamento técnico há muito tempo. Serviço: Piraporanga Comércio de Produtos Ornamentais Ltda http://www.tanabe.com.br; //www.nishikigoi.com.br Rua Avelino Mariano Pena, 151 (antiga estrada do Caulim) Entrada pela Rodovia Índio Tibiriçá, Km 58 (nº 13220) Bairro das Palmeiras Suzano - SP CEP 08630-180 Horário de Atendimento: 09:00~16:00h Foto: Piraporanga

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Crédito: http://pt.wikipedia.org/wiki/Nishikigoi Revista Aqualon


A PESCA DE PEIXES ORNAMENTAIS AMAZÔNICOS, PONTOS CRÍTICOS E SOLUÇÕES. Por: Rudã Fernandes Brandão Santos e Rodrigo Yudi Fujimoto • Fotos: Rony Suzuki

O extrativismo de peixes ornamentais ou pesca ornamental, como é chamada, desenvolveu-se na Amazônia no início do século passado em uma região localizada entre a Colômbia, Brasil e Peru (BARTHEM et al., 1995). Nas últimas décadas, em algumas áreas da região amazônica, ela passou a ser a principal fonte de renda e emprego para milhares de pessoas que, direta ou indiretamente, subsistem da extração dos peixes vivos, principalmente para venda aos mercados aquariofilistas nacional e internacional (PRANG, 2004). A comercialização de peixes ornamentais nessa região é de fundamental importância, sendo responsável pela manutenção e subsistência de grande parte das comunidades pesqueiras de pequenas cidades de países como o Brasil, Colômbia e Peru (PRANG, 1996; 2001; AJIACO-MARTINEZ et al., 2001; MONTENEGRO-PENAGOS et al., 2001; JUNK et al., 2007). Na Amazônia, dois estados brasileiros se destacam: o Amazonas e o Pará. Segundo Anjos (2009), no Estado do Amazonas a pesca ornamental movimenta uma renda anual de cerca de US$ 2.900.000 a US$ 3.600.000 (IBAMA, 2007), sendo responsável pela geração de mais de dez mil empregos diretos e indiretos, predominantemente informais (PRANG, 2001; PRANG e THOMÉ-SOUZA, 2001), e ocupando o lugar de terceiro maior produto extrativista explorado do Estado do Amazonas, atrás somente da indústria madeireira e da castanha do Brasil (SOUZA, 2001). O Pará é o segundo maior EXPORTADOR de peixes ornamentais da região, contribuindo com 37,2% das exportações totais do País, sendo comercializadas anualmente 150 espécies dulcícolas, estuarinas e flúvio-estuarinas, oriundas de vários municípios, e o principal centro produtor do mundo de peixes ornamentais da família loricariidae (Gonçalves et al., 2009). No Pará, essa atividade é realizada em 7 bacias de drenagem que configuram as sub-regiões hidrográficas do Estado (www.sectam.gov.pa, 2008), as quais são: Araguaia, Tocantins, Revista Aqualon

Xingu, Tapajós, Amazonas, Guamá e Gurupi. Porém, dados apontam uma redução do número de áreas de atuação da pesca ornamental no Estado, que era de 70 municípios e hoje, após uma redução próxima a 70%, permanece somente em 21 municípios (TORRES et al., 2008). Essa redução no número de municípios onde a pesca de peixes ornamentais é realizada ocorre devido a problemas estruturais que a cadeia de peixes amazônicos enfrenta. Entre eles, pode-se citar: o aumento da concorrência devido ao avanço tecnológico da piscicultura de muitas espécies de peixes ornamentais amazônicos em vários países, principal-

Acari Zebra, criado na Alemanha 23


mente asiáticos que já reproduzem varias espécies que, em sua maioria, possuem alto valor comercial, como o acará-disco e acará-bandeira (Cichlidae), néon-tetra (Characidae), arraia (Potamotrigonidae), corredoras (Callichytidae), além de vários tipos de acaris (Loricariidae), dentre eles o ameaçado acari zebra, endêmico do médio rio Xingu CHAPMAN et al. (1997, 1998), OLIVIER (2001) e RIAcará Disco BEIRO et al. (2009); e a concentração do esforço de pesca sobre algumas espécies com alto valor comercial, que geralmente apresentam resiliência baixa e um número reduzido de filhotes, além de, muitas dessas espécies, possuírem distribuição restrita e estarem sujeitas a pressão de pesca localizada (WOOD, 2001). Embora não haja indícios claros de que a pesca ornamental esteja impactando os estoques da região, a sobrepesca de algumas espécies é Arraia uma preocupação. E espécies como o acari zebra e as arraias foram proibidas de serem comercializadas, a fim de serem realizadas avaliações quanto às condições de sua exploração (TORRES et al., 2008). Outras situações alarmantes ocorrem no mercado de peixes ornamentais devido à exploração desordenada que resulta na redução drástica dos estoques genéticos, acompanhada do perigo iminente da perda dessa indústria extrativista, bem como de prejuízos na estrutura socioeconômica da região onde está inserida (Oliver, 2001). A falta de uma infraestrutura logística adequada que evite manejos inadequados nos elos da cadeia, da captura à comercialização, é observada e questionada por muitos. Isso se reflete com clareza na falta de estrutura adequada para armazenamento e transporte. Além disso, há várias entidades ambientalistas e grupos internacionais ligadas ao “bem-estar” de animais, especialmente na União Européia, que tratam da comercialização de animais silvestres, incluindo os peixes ornamentais, como “quase um crime ambiental” (ANJOS 24

et al., 2009). Esse tipo de preocupação já pode ser observado através de políticas de algumas empresas e organizações. A OFI (Ornamental Fish International) possui um código de ética segundo o qual a prioridade das empresas deve visar o respeito ao bem-estar animal em todas as fases da cadeia de comercialização de peixes. Outro exemplo são alguns sites e fóruns que disponibilizam em suas páginas listagens de peixes que são proibidos de comercialização no Brasil e recomendam a não aquisição dos mesmos. Ou seja, hoje há uma tendência de conscientização dos consumidores em todos os segmentos econômicos. Godelman (2009) afirma que é crescente a tendência de processos de ecocertificação de pescarias impulsionados pela maior consciência dos consumidores em relação a impactos ambientais que a atividade causa e pela necessidade de grandes corporações apresentarem para seus clientes uma imagem de compromisso com o meio ambiente. Sendo assim, esforços devem ser centrados em fazer uso sustentável deste recurso natural, apoiando-se no respeito aos limites toleráveis de exploração das espécies, na viabilidade econômica do empreendimento e na atenção às necessidades sociais do grupo de atores envolvidos (QUEIROZ & HERCOS, 2009). A incorporação dessas atitudes no dia-a-dia possibilita que, a médio prazo, nossos peixes tenham uma identidade atrelada a uma cadeia sustentável, preocupada com os organismos, com os ambientes e os seus atores, sobretudo os ribeirinhos. A partir daí teremos um produto típico e que articule três conceitos: qualidade, diferenciação e território (floresta amazônica) e atrelado culturalmente a costumes e modos de vida (ribeirinha) existentes (ALBERT & MUÑOS, 1996). Assim, em prazo futuro, a diferenciação dos peixes ornamentais produzidos na Amazônia deve ser feita a partir de um mecanismo eficiente, com o uso de selos e certificados (podendo ser selos de sanidade dos organismos comercializados, selos sócios ambientais ou o mais utilizado, o de denominação de origem), que transmitem ao consumidor a credibilidade do produto e minimizam a assimetria informacional existente entre as partes (BARZEL, 1982 apud referencia). Os pescadores de Barcelos iniciaram esse ano o processo de implantação com o apoio do professor Chao. Essa certificação permite uma maior rentabilidade, pois os consumidores (aquaristas) estão dispostos a pagar um preço maior por produtos ecologicamente corretos, oriundos do comércio justo, por meio do qual a compra do organismo manejado significa melhorar a vida de pescadores tradicionais e ajudar a conservação das florestas (Pykäläinen, 2004). Assim, para que isso ocorra, pesquisas devem ser realizadas para que se promova a melhora de manejo e, consequentemente, melhor qualidade de vida aos organismos cativos, desde o correto manejo de captura até estudos sobre a saúde e bem estar do animal, além de evitar disseminações de doenças para outros países. Concomitantemente a essas ações, a criação desses peixes ornamentais também é uma Revista Aqualon


Tetra Cardinal

alternativa, e ambas as atividades não são excludentes uma da outra. A criação de peixes com alto valor comercial e de demanda estável ou em crescimento no mercado internacional é uma opção viável, uma vez que a atividade da pesca ornamental em muitas regiões da Amazônia não é realizada o ano todo. Logo, o cultivo dessas espécies possibilitaria fonte de renda por todo o ano e, também, a regularidade

de oferta dos peixes no mercado consumidor. Esses procedimentos em conjunto se tornam interessantes, pois boa parte dos consumidores acredita que a aquisição de peixes oriundos do extrativismo prejudica esses animais, já que aumenta a pressão de pesca sobre a espécie, o que diminui suas chances de conservação ( Pykäläinen, 2004). No mundo, a maioria dos peixes ornamentais comercializados advém da atividade aquícola, que apresenta vantagens do ponto de vista ambiental, pois as espécies são cultivadas em estruturas geralmente com recirculação de água, sistema que impede a fuga e que também não favorece a incidência de pressão sobre as populações naturais. Além disso, gera renda e empregos diretos e indiretos, o que agrega valor ao peixe produzido em condições salubres e sustentáveis. A exclusão de uma ou outra atividade pode promover redução da participação do Brasil no mercado mundial desses animais. A conscientização e busca por sustentabilidade, tanto na pesca quanto na aquicultura, são essenciais para a consolidação desse nicho de mercado no Brasil. Rudã Fernandes Brandão Santos é Engenheiro de pesca, UFPA, e gerente de produção e desenvolvimento de produtos da Poytara Indústria e Comércio de Rações. Desenvolve pesquisas em manejo, nutrição e sanidade de peixes ornamentais. ruda_fernandes@poytara.com.br Rodrigo Yudi Fujimoto é zootecnista e Dr. em aquicultura pelo CAUNESP, atualmente é pesquisador A da Embrapa Tabuleiros Costeiros, realizando pesquisas em sanidade e bem estar de peixes ornamentais. ryfujim@hotmail.com.br Revista Aqualon

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A Revista Aqualon poderá ser baixada gratuitamente em arquivo PDF pela internet através do site www.aqualon.com.br ou através dos nossos parceiros que nos ajudam a divulgar o aquarismo. www.aquafloripa.com www.aquaflux.com.br www.aquahobby.com www.aquamazon.com.br www.aquaonline.com.br www.bettabrasil.com.br www.forumaquario.com.br www.hobbyland.bio.br/forum www.natureaqua.com.br www.sekaiscaping.com www.vitoriareef.com.br/forum/index.php http://xylema.blogspot.com/ Caso queira receber os exemplares impressos na comodidade de sua casa, basta se tornar um colaborador desta revista. O valor anual será de R$ 25,00, o que dará direito a 4 edições da revista. Caso haja interesse, entre em contato através do e-mail: revistaaqualon@gmail.com


EXPEDIENTE Revista Aqualon é uma publicação da Aqualon - Aquarismo em Londrina. Com distribuição gratuita, visa divulgar o aquarismo em todos os seus segmentos, desde os aquários propriamente ditos até os aspectos ecológicos que o hobby abrange.

Seja um aquarista consciente

Foto: Rony Suzuki

• Não solte peixes, plantas ou qualquer outro animal aquático nos rios ou lagos. A soltura desses animais pode causar impactos ambientais muito sérios, prejudicando fauna e flora nativa! • Não superalimente os seus peixes, pois o excesso de alimento pode poluir a água do seu aquário. • Não compre rações vendidas em saquinhos plásticos transparentes. A luz retira todas as vitaminas e proteínas da ração. Estas também não possuem prazo de validade. Procure comprar rações de boa qualidade que você notará a diferença na saúde de seus animais. • Não Superpovoe o aquário, pois o excesso de peixes debilitará todo o sistema de filtragem do aquário, podendo levar seus peixes à morte.

• Não compre peixes que estejam em aquários que tenham peixes doentes ou mortos. Eles podem transmitir doenças para todos os peixes que você já possui em seu aquário.

• Seja observador. É preciso conhecer o comportamento dos habitantes de seu aquário para se antecipar aos problemas que possam surgir.

• Não compre peixes por impulso. Pesquise antes a respeito da espécie. Muitas podem ser incompatíveis com o seu aquário, seja por agressividade, parâmetros da água ou tamanho do aquário.

• Lembre-se: Peixes são seres vivos e não mercadorias que podem ser descartadas a qualquer momento. Preserve a vida!

• Não coloque juntas espécies de peixes de pH diferentes. Certamente uma delas será prejudicada, podendo adquirir doenças e contaminar todo o restante. • Não inicie o hobby se não estiver disposto a dispensar os cuidados básicos que os peixes exigem. Com pouco tempo de dedicação obterá sucesso e isto se transformará em lazer.

• Finalizando, PESQUISE! Atualmente podemos usar a internet como uma forte aliada para alcançar um aquarismo saudável e consciente. Temos vários sites/ fóruns que pregam a prática correta do aquarismo. Citaremos apenas alguns dos mais confiáveis, em ordem alfabética: www.aquaflux.com.br www.aquahobby.com www.aquaonline.com.br www.forumaquario.com.br

Editor: Rony Suzuki Coordenação: Americo Guazzelli e Rony Suzuki Projeto gráfico e diagramação: Evandro Romero e Rony Suzuki Periodicidade: Trimestral Tiragem: 2500 exemplares Revisão: Americo Guazzelli Fotografia: Americo Guazzelli, Anísio Feliciano da Silva, Chantal Wagner Kornin, Cinthia Emerich, Fabio Yoshida, Oscar Akio Shibatta, Rony Suzuki, Sandra M. Feliciano da Silva. Colaboraram nessa edição: Americo Guazzelli, Chantal Wagner Kornin, Cinthia Emerich, Haruki Tanabe, Leonardo Naoki Tanabe, Oscar Akio Shibatta, Rodrigo Yudi Fujimoto, Rony Suzuki, Rudã Fernandes Brandão Santos, Sandra M. Feliciano da Silva. Para anunciar na revista: revistaaqualon@gmail.com (43) 3026 3273 - Rony Suzuki Colaborações e sugestões: somente através do E-mail: revistaaqualon@gmail.com As matérias aqui publicadas são de inteira responsabilidade dos autores, não refletindo necessariamente a opinião da Revista Aqualon. Não publicamos artigos pagos, apenas os cedidos gratuitamente para desenvolver o aquarismo. Permite-se a reprodução parcial ou total dos artigos e outros materiais divulgados na revista desde que seja solicitada sua utilização e mencionada a fonte.


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