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REVISTA ONE HEALTH

BOM APETITE

O chef paraense Thiago Castanho revela seu estilo gastronômico

CHECK-UP

Atrações, praias e ilhas fantásticas nas Filipinas para as próximas férias

MENTE PLENA

Técnica ajuda a focar no presente, relaxa e combate dor e compulsões

Talentosa e inteligente, a comediante

edição 09 - 2017 www.onehealth.com.br

ILANA KAPLAN vibra com a indicação ao Prêmio Shell como melhor atriz


Viajar pro outro lado do mundo. E ter energia para subir uma montanha. Em busca de si mesmo.

Tem uma conquista que leva a todas as outras. One Health. Seu plano de saúde premium. • Atendimento personalizado • Coberturas ampliadas • Reembolso ágil em até 24h • Coleta domiciliar de exames • Cobertura de vacinas • Resgate Saúde • Assistência Viagem Internacional • Programa de coaching One Care.

3004-5248 | onehealth.com.br


artplan

A conquista da sua vida.


A

cordar. Checar o WhatsApp. Tomar café. Correr no parque. Trabalhar. Solucionar problemas. Receber mensagens. Falar no telefone. Responder a e-mails. Ir à academia. Sair um pouco atrasado para um compromisso importante. Bater a meta do trimestre. Almoçar rapidamente para chegar a uma reunião com clientes. Ter pouco tempo para relaxar e sintonizar o corpo e a mente. Se você se identifica com esse breve roteiro cotidiano e sente que está cada vez mais desconectado de si mesmo e com pouco foco nas atividades que realiza, talvez seja o momento de buscar um novo ponto de equilíbrio. Na teoria parece simples, mas na prática nem sempre é fácil manter o equilíbrio durante nossas jornadas diárias. Atualmente, no entanto, o mindfulness, técnica de atenção plena, tem sido apontado como um ótimo caminho no combate ao estresse, à falta de foco, ao ganho de peso e até dores crônicas. É o que mostra a reportagem “Aqui e Agora” com depoimentos de praticantes e passo a passo para a atividade diária. Com foco também na descontração e bem-estar, trazemos para esta edição a reportagem com a atriz Ilana Kaplan, que já bem pequena adorava apresentar peças na escola e transformar qualquer trabalho em dramatização. Irreverente e engraçada, Ilana concorre ao Prêmio Shell como melhor atriz e literalmente rouba a cena na peça Baixa Terapia, em cartaz em São Paulo. Rir, já foi comprovado cientificamente, traz inúmeros benefícios à saúde: libera endorfina, que melhora a qualidade do sono, aumenta a imunidade, funciona como protetor para doenças cardíacas e muito mais. Vale a pena, portanto, conhecer melhor o que pensa e faz essa gaúcha radicada em São Paulo, na entrevista “Humor na Veia”. E rir um pouco com ela aqui e muito mais em cena. Dentro da nossa empresa, a busca por mais qualidade de vida também é um objetivo constante. No primeiro semestre, a One Health investiu em seu primeiro produto odontológico premium: a One Dental. O serviço oferece, entre outras coisas, ampla rede credenciada e altamente qualificada, atendimento personalizado por meio de uma equipe de enfermagem treinada 24 horas por dia, opção de reembolso e acesso a diversos tipos de procedimentos não usuais, como próteses estéticas, terapias a laser e tratamento para dor facial Assim, a One Health oferece aos seus clientes o acesso a odontologia moderna e de ponta. Nas próximas páginas, você vai encontrar outras ideias para aumentar sua qualidade de vida. Espero que você goste, coloque o que for possível em prática e aposte sempre naquilo que o reenergiza e fortalece.

SÉRGIO CAFALLI Diretor-Executivo da One Health

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One Health


COLABORADORES

MARCUS STEINMEYER

Ele diz que a fotografia é sua paixão e teve a sorte de transformá-la em profissão. Especializou-se em retratos e ganhou destaque em 2011 com o projeto Retratoria – produzindo um portrait por dia, durante um ano. Nesta edição, Marcus assina com propriedade e intuição a foto de capa e os retratos da matéria com a atriz Ilana Kaplan.

JÉSSICA RUSSILO

Talentosa e com muita energia, a jornalista de 25 anos já trabalhou em redações especializadas em educação, gastronomia e comportamento. Nesta publicação, ela fez as seções Play, Pílulas e O Futuro Agora, além da matéria “Games ajudam no aprendizado”, em que discursa sobre o papel e benefícios da gamificação no ensino.

VERIDIANA MERCATELLI

É jornalista, tradutora, artesã e autora de haikai nas horas vagas. Mudou-se de São Paulo para Berlim, com o marido e o filho, onde aprende a fazer escolhas baseadas nos princípios da sustentabilidade. Consumidora voraz de livros, nesta revista ela assina a matéria “A cara da poesia”, que conta a trajetória do verso moderno.

SERGIO CRUSCO

REVISTA ONE HEALTH

Jornalista especializado em cultura e gastronomia, com texto bastante versátil e saboroso, ele escreve sobre drinques e bebidas no seu blog, o Dringue. Nesta edição, é o autor da animada entrevista “Humor na veia”, com a atriz Ilana Kaplan, e da deliciosa matéria “Rei do Pará”, com o chef paraense Thiago Castanho.

BOM APETITE

O chef paraense Thiago Castanho revela seu estilo gastronômico

CHECK-UP

Atrações, praias e ilhas fantásticas nas Filipinas para as próximas férias

MENTE PLENA

Técnica ajuda a focar no presente, relaxa e combate dor e compulsões

Talentosa e inteligente, a comediante

edição 09 - 2017 www.onehealth.com.br

ILANA KAPLAN

ADRIANA FRASSATI

vibra com a indicação ao Prêmio Shell como melhor atriz

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NOSSA CAPA

ILANA KAPLAN FOTO Marcus Steinmeyer

21/08/2017 20:05:11

Apaixonada por séries, viagens, pinguins e música, a designer paulistana de 28 anos já trabalhou em várias agências de comunicação e em custom publishing, na Editora Globo. Nesta publicação, participou de cada detalhe do visual da One Health e ajudou especialmente na produção dos gadgets para escritório da seção Play.

One Health

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diretor- executivo diretora- médica

Sérgio Luis Cafalli

Dra Ana Maria Vari Staropoli

diretor de marketing

Rodrigo Rocha

conselho editorial gestão de marca one health

Luiz Periard, Andrea Santos, Carolina Rangel, Nádia Fuzinato

relações com a imprensa Ranny Alonso, Renner Cardoso, Renato Portugal, Maria Selma dos marketing digital André Pastina, Renan Bin, Fernanda Abreu

Santos, Amanda Barbosa

diretor- geral Frederic Zoghaib Kachar diretor de audiência Luciano Touguinha de Castro diretora de mercado anunciante Virginia Any

R E V I STA

diretor de desenvolvimento comercial e digital

Tiago Joaquim Afonso editora- executiva

Vera Lígia Rangel

colaboraram nesta edição edição de texto

Jéssica Russilo edição de arte Ricardo Miura arte Adriana Leão Frassati revisão Luiz Volpi serviços editoriais pesquisa

Cedoc/Globopress

mercado anunciante SEGMENTOS – TECNOLOGIA, TI, TELECOM, ELETRÔNICOS, COMÉRCIO E VAREJO: diretor de negócios multiplataforma: Emiliano Morad Hansenn gerente de negócios multiplataforma: Ciro Horta Hashimoto executivos multiplataforma: Christian Lopes Hamburg, Cristiane Paggi, Jessica de Carvalho Dias e Roberto Loz Jr. SEGMENTOS – BENS DE CONSUMO, ALIMENTOS E BEBIDAS, MODA E BELEZA, ARQUITETURA E DECORAÇÃO: diretora de negócios

multiplataforma:

Selma Souto executivos multiplataforma: Eliana Lima Fagundes, Fátima Regina Ottaviani, Giovanna Sellan Perez, Paula Santos Silva, Selma Teixeira da Costa e Soraya Mazerino Sobral

SEGMENTOS – MOBILIDADE, SERVIÇOS PÚBLICOS E SOCIAIS, AGRONEGÓCIOS, INDÚSTRIA, SAÚDE, EDUCAÇÃO, TURISMO, CULTURA, LAZER E ESPORTE: diretor de negócios multiplataforma: Renato Augusto Cassis Siniscalco executivos multiplataforma: Cristiane Soares Nogueira, Diego Fabiano, João Carlos Meyer e Priscila Ferreira da Silva diretora de negócios multiplataforma: Sandra Regina de Melo Pepe executivos de negócios multiplataforma: Dominique Petroni de Freitas e Lilian de Marche Noffs SEGMENTOS – FINANCEIRO, LEGAL, MOBILIÁRIO: executivos multiplataforma:

Ana Silvia Costa, Milton Luiz Abranches

ESCRITÓRIOS REGIONAIS diretora de negócios multiplataforma :

gerente multiplataforma:

Luciana Menezes Pereira Larissa Ortiz executiva multiplataforma: Babila Garcia Chagas Arantes

UNIDADES DE NEGÓCIO - RIO DE JANEIRO gerente multiplataforma:

Rogerio Pereira Ponce de Leon executivos multiplataforma: Daniela Nunes Lopes Chahim, Juliane Ribeiro Silva, Maria Cristina Machado e Pedro Paulo Rios Vieira dos Santos

UNIDADES DE NEGÓCIO - BRASÍLIA gerente multiplataforma:

opec off-line opec on-line

Barbara Costa Freitas Silva rma: Camila Amaral da Silva e Jorge Bicalho Felix Junior

Carlos Roberto de Sá, Douglas Costa e Bruno Granja Danilo Panzarini, Higor Chabes e Rodrigo Pecoschi

para anunciar, ligue

São Paulo: Tels. (11) 3736-7128 / 3767-7447 / 3767-7942 / 3767-7889 / 3736-7205 / 3767-7557; Rio de Janeiro: Tel. (21) 3380-5930 / 3380-5923 Brasília: Tel. (61) 3316-9584 nossos endereços

São Paulo: Av. Nove de Julho, 5229, São Paulo, SP – CEP 01407-200 – Tel. (11) 3767-7188. Rio de Janeiro: Praça Floriano, 19, 8° andar, Centro, Rio de Janeiro, RJ – CEP 20031-050 – Tel. (21) 3380-5909, fax (21) 3380-5901

NA INTERNET: http://www.editoraglobo.com.br

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One Health


SUMÁRIO

08 PÍLULAS

Hotel sustentável, exposição virtual de moda, carrinho robô e mais!

16 PLAY

Produtos inovadores para escritório que irão facilitar o seu dia a dia

INOVAÇÃO

22 FUTURO DA MEDICINA

Medicina à distância revoluciona o modo como vemos a saúde

26 TECHMED

Dispositivos móveis e aplicativos ajudam em diagnósticos e tratamentos

INSPIRAÇÃO

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CHECK-IN

Filipinas e suas mais de 7 mil ilhas, praias incríveis e povo encantador

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CONHECIMENTO

Saiba como funciona a gamificação no aprendizado e seus benefícios

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ATITUDE

Ilana Kaplan comemora sucesso nos palcos e indicação ao Prêmio Shell

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INSPIRE-SE Promotora Maria Gabriela Manssur

fala sobre empoderamento feminino

44 60 BOM APETITE

O renomado chef Thiago Castanho mostrou toda a força da rica culinária de Belém do Pará

68 BUSINESS

Novas profissões ligadas especialmente ao mundo digital ganham força no mercado de trabalho

74 VIVER BEM

Conheça o mindfulness, técnica que ajuda a focar no presente, amenizando o estresse e dores crônicas

80 CULTURA

Entenda o mapa da poesia contemporânea, que ganha diversos formatos e meios de divulgação

88 ONE WORLD

CONEXÃO

Novo plano odontológico One Dental traz vantagens e serviços exclusivos como ortodontia e clareamento

54 ENTREVISTA

90 O FUTURO AGORA

Celina Turchi comenta liderança nas pesquisas sobre microcefalia e vírus Zika

Cama inteligente Sleep Number 360 ajusta-se de acordo com as suas necessidades e desejos

© marcus steinmeyer

One Health

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PÍLULAS

por JÉSSICA RUSSILO

CARRINHO ROBÔ

A marca italiana Piaggio Fast Forward, famosa pela fabricação das motocicletas Vespa, lança agora o Gita, um carrinho robô que vai facilitar muito o cumprimento de simples tarefas diárias, como fazer compras. Com formato arredondado e duas rodas que o envolvem, o robô possui um compartimento capaz de transportar até 18 quilos, podendo armazenar alimentos, livros, bugigangas e outros tipos de material. O Gita também possui sensores, câmeras e um sistema GPS para seguir o seu dono ou, até mesmo, se locomover sozinho de um ponto a outro, desde que o caminho tenha sido previamente mapeado. Graças a essa tecnologia, a Piaggio aposta não só em um simples assistente pessoal robotizado como também em um meio de transporte útil para entrega de correspondências e refeições. SAIBA MAIS: http://piaggiofastforward.com/gita.php

© divulgação



PÍLULAS

EXPOSIÇÃO VIRTUAL DE MODA A tecnologia chegou para revolucionar o modo como nos relacionamos com as pessoas e, também, com as tendências. Prova disso é o projeto “We Wear Culture”, do Google Arts & Culture, que reúne 3 mil anos da história da moda, comportamento, cultura e arte em uma plataforma virtual. Fruto da colaboração de mais de 180 instituições de 42 países, a exposição online traz peças icônicas que mudaram gerações, mostra os bastidores de alguns dos principais desfiles e explora os diversos tipos de tecidos e tendências ao longo dos anos, tudo isso por meio de tecnologia de ponta, com vídeos 360 graus, imagens de alta resolução e realidade virtual. SAIBA MAIS: https://www.google.com/culturalinstitute/ beta/project/fashion

© acervo museu da moda brasileira


Chegou a One Bike, a bicicleta para clientes One Health. Agora, clientes One Health têm uma estação exclusiva de bicicletas. Ela está localizada em frente ao Parque Ibirapuera, na Avenida República do Líbano, 874 – Sede One Health. Funciona aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 17h. E para utilizar a One Bike, é simples: é só apresentar sua carteirinha One Health e um documento com foto. Antes de iniciar qualquer atividade física, consulte seu médico. O benefício está sujeito a alteração ou disponibilidade da bike.


PÍLULAS

LEGO PARA ADULTOS O sonho de muitos adultos acaba de tornar-se realidade com o EverBlock, blocos de polipropileno enormes que se encaixam exatamente como o famoso brinquedo Lego. Disponível em diversos tamanhos e 16 cores diferentes, o sistema modular pode ser utilizado para construir qualquer coisa, desde paredes, mesas e prateleiras até mesmo ambientes inteiros. A invenção é do empresário americano Arnon Rosan, que se inspirou nos blocos de montar para criar algo funcional e bonito. O site do produto tem, inclusive, um simulador de construção virtual e instruções de como utilizá-lo. SAIBA MAIS: http://www.everblocksystems.com/

© divulgação


CUIDADOR VIRTUAL

Com os avanços tecnológicos, os robôs, antes vistos somente em filmes futuristas, tornaram-se reais. Diversos aparelhos surgem como auxiliadores, especialmente de idosos que moram sozinhos e que precisam de uma companhia, mesmo que virtual. Nessa linha, a startup israelense Intuition Robotics criou o Elli.Q, um assistente pessoal digital com características humanas que auxilia os idosos em diversas atividades, tais como a prática de exercícios, lembrete nos horários de remédios e ajuda para fazer ligações no WhatsApp ou acessar outros aplicativos. SAIBA MAIS: https://www.intuitionrobotics.com/elliq/

© divulgação


PÍLULAS

TURISMO SUSTENTÁVEL Localizado em Trancoso, na Bahia, o UXUA Casa Hotel e Spa decidiu unir luxo, sustentabilidade e cultura local. O resultado é um hotel único em um território protegido pela UNESCO, com casas que datam de 500 anos desde a fundação da vila e que foram restauradas por artesãos da região. O empreendimento é fruto da dedicação e paixão do holandês Wilbert Das, que decidiu criar um ambiente de turismo sustentável que trouxesse à tona a riqueza cultural baiana. Hoje, o complexo reúne 11 casas reconstruídas que preservam as suas origens. De fato, a preocupação com a preservação do patrimônio é tanta que as moradias receberam os nomes de seus antigos habitantes. SAIBA MAIS: http://uxua.com/pt/

© fernando lombardi / divulgação


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PARECE UM FILME FUTURISTA. MAS É O SAMARITANO.

O SAMARITANO SURPREENDE HÁ MAIS TEMPO DO QUE VOCÊ IMAGINA! O Samaritano é muito mais que um hospital. Agora ele faz parte do mais importante grupo médico-hospitalar do Brasil. Pode acreditar: é possível representar o novo mesmo depois de tanto tempo. Samaritano. Novo desde sempre. hsamaritano.com.br (RJ) | samaritano.com.br (SP) Dr. Fernando Gjorup Diretor Técnico – CRM: 52.39898-6

Dr. Dario Fortes Ferreira Diretor Técnico – CRM: 44.597


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GADGETS PARA ESCRITÓRIO

MODERNIDADE SOBRE RODAS

Reconhecida internacionalmente por suas cadeiras de escritório, a Herman Miller reformula o modelo Aeron. Com tecnologia nas fibras do seu encosto, a cadeira traz ajustes na região lombar e controla as zonas de tensão das costas. Possui ainda o mecanismo Tilt, que ajusta perfeitamente a postura e altura, propiciando equilíbrio e segurança. A partir de R$ 5.500,00. www.hermanmiller.com.br

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COMPACTOS E USUAIS

1. Esse conjunto de porta-copos em formato de disquete vai ser a atração principal na sua reunião com os clientes. Ideal para recepcionar os visitantes no seu escritório ou, até mesmo, deixar de enfeite na sua mesa. Feito de silicone, ele resiste a temperaturas extremas. US$ 15,99 o conjunto com 6. www.amazon.com 2. Com design curvilíneo inovador que se ajusta ao formato da nossa mão, o Arc Touch, mouse top de linha da Microsoft, é perfeito para quem carrega o notebook por onde vai. Pode ser levado para qualquer lugar e não precisa de um adaptador USB, pois funciona via bluetooth. R$ 399,99. www.americanas.com.br 3. Digitalizar documentos e imagens nunca foi tão fácil com o scanner portátil da Canon imageFORMULA P-208II. Compacto, é possível utilizá-lo em casa ou no escritório. Possui a função “plug-and-scan”, que permite que o aparelho digitalize imediatamente para o computador sem ter a necessidade de um software. R$ 1.091,00. www.loja.canon.com.br 4. Mesmo quem não é fã da série vai se render aos encantos e utilidades do Star Wars R2-D2 Desktop Vacuum. O aparelho, que funciona por cabo USB, absorve o pó e as migalhas de alimentos que caem durante o dia na sua mesa de escritório, deixando o local limpinho! £ 15,99. www.paladoneshop.com

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DESIGN INTELIGENTE

1. O headset Jabra Motion Office possui recursos intuitivos que se adaptam ao ambiente. Nele, é possível conectar todos os telefones usando somente um headset e transferir chamadas facilmente, tudo isso com um alcance sem fio de 100 metros. US$ 380,00. www.amazon.com 2. Washable Keyboard K310 é um teclado lavável da marca Logitech que pode ser mergulhado totalmente na água e lavado em casos de acidentes, afastando o acúmulo de poeira. Seus caracteres são impressos a laser e revestidos, evitando o desgaste após as lavagens. R$ 184,96. www.rectatech.com 3. Com a luminária Globo, sua mesa de escritório ganha mais elegância. Esférico como o planeta Terra, o objeto giratório fica encaixado em um pedestal cromado e possui iluminação interna que revela os países do globo terrestre e traz charme ao local. R$ 399,90. www.imaginarium.com.br 4. Bamboo Spark é uma pasta inteligente da marca Wacom que permite que notas escritas à mão sejam salvas, editadas e compartilhadas via Wacom Cloud para qualquer dispositivo iOS ou Android. Com ela, as suas reuniões de trabalho ficarão mais práticas! R$ 469,70. www.wacomstore.com.br

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DUPLICIDADE NA TELA

O Packed Pixels surgiu para facilitar a sua vida e fazer com que o trabalho renda ainda mais. Trata-se de um conjunto com dois monitores extras para você encaixar facilmente no seu notebook e ficar conectado às três telas ao mesmo tempo. O melhor: cada tela vem com um suporte diferente, assim você pode colocar uma em cada computador, se assim desejar. £ 289,00 o pacote com dois monitores (notebook não incluso). www.packedpixels.com

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MESA ADAPTÁVEL

TableAir é uma mesa interativa ajustável que, com apenas um toque, adapta-se à altura do usuário, esteja ele sentado ou em pé. Sua estrutura inovadora possui uma luz LED na lateral que pode ser alterada por meio de sensores de movimento ou pelo aplicativo de celular. Disponível em diversas cores. US$ 3.900,00. www.fancy.com

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INOVAÇÃO

FUTURO DA MEDICINA

Serviços clínicos à distância revolucionam o atendimento e ajudam a salvar vidas

TECHMED

Apps e outros dispositivos tecnológicos são ideais para monitorar sua saúde


FUTURO DA MEDICINA

Medicina à

DISTÂNCIA

A distribuição de serviços clínicos remotos pode revolucionar a infraestrutura da saúde. Impulsionada pela disseminação de smartphones e conexões de internet mais rápidas e seguras, a telemedicina está finalmente a cargo de seu potencial por envisioning technology

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ara pessoas que vivem em grandes centros urbanos, a ida a um médico especialista não é necessariamente uma tarefa complexa. Aquelas que vivem em áreas remotas, no entanto, encontram dificuldades para viabilizar uma consulta, com recursos de saúde limitados e distantes. Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), metade da população mundial reside em áreas rurais e remotas, enquanto a maioria dos profissionais da saúde vive e trabalha em grandes cidades. Para lidar com essa realidade, sistemas de saúde buscam soluções capazes de abrandar essa distribuição geográfica irregular. Em consequência da evolução de tecnologias de telecomunicação, a resposta pode estar na comunicação eletrônica. A telemedicina permite que profissionais da saúde avaliem e tratem pacientes à distância, expandindo o alcance médico. A abordagem tem o potencial para preencher a lacuna entre áreas remotas e grandes centros, ligando pacientes com médicos de qualquer localidade. O que nós reconhecemos hoje como telemedicina começou na década de 1950, quando alguns sistemas hospitalares buscavam maneiras de compartilhar informações e imagens remotamente. Na prática, encontrou-se uma forma de conectar médicos de centros de saúde distantes e escassos a especialistas de infraestruturas mais amplas. No entanto, o equipamento necessário para realizar essas visitas remotas era caro e complexo, limitando a abordagem.

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Agora, a ascensão da internet trouxe consigo mudanças profundas para a telemedicina. A proliferação de dispositivos inteligentes, capazes de transmitir dados complexos e vídeos de alta qualidade, abriu a possibilidade de viabilizar cuidados de saúde para pacientes que se encontram em locais distantes, como uma alternativa remota para o atendimento médico primário e de especialidade. Consultas virtuais possibilitam o relacionamento à distância entre médicos e pacientes – que, até então, necessitavam aguardar semanas ou até meses para que um profissional da saúde viajasse até seu local. As plataformas de telemedicina atuais habilitam essas consultas médicas remotas de forma rápida, barata e eficiente. Hoje, a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras retransmite perguntas acerca de casos difíceis de pacientes localizados em território africano, como Níger e Sudão do Sul, para a sua rede de especialistas espalhada em todo o mundo. Médicos podem consultar uns aos outros por essas plataformas, colaborando em diagnósticos e tomada de decisões em casos de urgência, como derrames e ataques cardíacos. Os pacientes, por sua vez, receberam dispositivos para transmitir a sua pressão arterial, frequência cardíaca e outros sinais vitais, possibilitando que profissionais da saúde gerenciem suas condições à distância. Essa solução não está sendo implementada apenas para atender a áreas remotas. Em outubro de 2015, o estado de Missouri, EUA, abriu as portas para receber o primeiro hospital sem camas © THINKSTOCK


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FUTURO DA MEDICINA

TELEMEDICINA OU TELESSAÚDE? Embora os termos telemedicina e telessaúde muitas vezes sejam usados como sinônimos, há uma distinção entre os dois. A telemedicina envolve o uso de dispositivos e softwares para fornecer atividades médicas aos pacientes, sem necessitar de sua presença física. Já o termo telessaúde inclui uma ampla gama de tecnologias e serviços para melhorar o sistema de saúde de forma geral. Enquanto a telemedicina refere-se especificamente a serviços clínicos remotos, a telessaúde pode se referir a serviços não clínicos, tais como reuniões administrativas e educação médica continuada. 24 One Health

do mundo. No Mercy Virtual Care Center (Centro de Assistência Virtual Mercy), médicos e enfermeiros trabalham em torno de uma plataforma que fornece suporte remoto para unidades de cuidados intensivos, salas de emergência e outros programas em 38 pequenos centros hospitalares espalhados na região. Com câmeras altamente sensíveis e dispositivos de monitoramento em tempo real, médicos conseguem verificar a saúde dos pacientes onde eles estão – podendo ser em um dos hospitais tradicionais Mercy, um posto médico ou, em alguns casos, a própria casa do paciente. O hospital virtual oferece monitoramento contínuo para centenas de pacientes cronicamente doentes em suas casas após a hospitalização, evitando internações futuras e visitas hospitalares dispensáveis. Os esforços tiveram resultado positivo: no último ano, as UTIs monitoradas pelo Mercy Virtual tiveram uma diminuição de 35% na duração média da estadia dos pacientes e 30% menos mortes. Não regulamentadas no Brasil, plataformas de telemedicina que buscam atender pacientes em condições de menor urgência são uma tendência do futuro. A expectativa de cuidados de saúde à distância, combinada com a indisponibilidade de profissionais médicos cada vez mais sobrecarregados, levou ao surgimento de sites e aplicativos médicos para consultas rápidas em diversos países. Softwares como o aplicativo americano Doctor on Demand e o provedor de saúde de inteligência artificial Babylon Health estão sendo utilizados para consultas de acompanhamento, gerenciamento de condições crônicas, gestão de medicamentos e uma série de outros serviços clínicos que podem ser prestados por meio de conexões seguras de áudio e vídeo. Com a grande variedade de dispositivos vestíveis amigáveis ao consumidor, os pacientes estão começando a usar diferentes tecnologias para monitorar e controlar sua saúde. Aparelhos que registram sinais vitais, níveis de glicose e pressão arterial educam pacientes a recolher informações médicas necessárias para o diagnóstico – sem precisar entrar em um consultório. À medida que mais pacientes assumem essa postura proativa, os modelos alternativos para obter cuidados médicos da telemedicina pouco a pouco se tornam parte do cotidiano. A eficácia da tecnologia baseia-se em mais do que sua sofisticação característica. Para que essas plataformas sejam amplamente adotadas e, portanto, bem-sucedidas, elas devem ser viáveis na prática, tendo em conta a perspectiva do paciente, bem como a dos médicos. As mais recentes técnicas de telemedicina estão atentas às necessidades, aos desejos e às preferências dos usuários para uma adoção mais rápida e simplificada, mas questões regulamentares e desafios sociais permanecem. As regras que definem e regulam a telemedicina são diferentes em cada território e estão em constante evolução, enquanto a qualidade dos serviços prestados continua a ser a maior preocupação entre usuários e especialistas. Receios sobre limitações e tratamentos inadequados podem minar a credibilidade da telemedicina como um modelo de entrega, portanto, é fundamental desenvolver processos para supervisionar essas plataformas. De qualquer forma, o impacto positivo da prática demonstra uma grande promessa para revolucionar a prestação de cuidados médicos. Com a abordagem adequada, a telemedicina pode vir a cumprir sua proposta nos sistemas tradicionais de saúde. © THINKSTOCK


APLICAÇÕES EMERGENTES NEUROLOGISTA À DISTÂNCIA O tempo é a essência para uma intervenção eficaz em casos de acidente vascular cerebral e muitos centros de emergência não contam com um neurologista no local. A plataforma Telestroke permite que especialistas avaliem remotamente pessoas com sintomas de AVC junto a médicos de emergência localizados em qualquer lugar do mundo. Usando câmeras de vídeo, smartphones, tablets e outras tecnologias de telecomunicação, o serviço tem sido utilizado especialmente para atender pacientes de áreas rurais. TERAPIA ON-LINE Psicoterapias são efetivas para o tratamento de diversos transtornos mentais, mas um grande número de pacientes tem dificuldade em persistir com um acompanhamento. Plataformas e ferramentas viabilizam consultas por áudio e vídeo, reduzindo custos e superando desafios de acessibilidade aos cuidados com a saúde mental. Segundo especialistas, a eficácia clínica corresponde à terapia tradicional e ainda tem como vantagem a fácil assistência para populações desatendidas, assim como a viabilização do serviço para aqueles que não possuem tempo disponível para se locomover ou sentem receios por estigmas sociais. HOSPITALIZAÇÃO REMOTA Há modelo de cuidados de saúde destinados a tratar pacientes em suas próprias casas. Com biossensores para rastrear dados como frequência cardíaca e temperatura da pele em tempo real, pacientes que necessitam de cuidados frequentes

podem ser assistidos sem hospitalização. Quando necessário, clínicos poderão fazer videoconferências ou, em alguns casos, visitas domiciliares. Além de ser mais confortável para o paciente, o modelo pode reduzir os custos de hospitalização e servir como alternativa aos países ou áreas remotas onde o acesso a serviços clínicos é escasso ou inexistente. SUPORTE DE DECISÃO CLÍNICA Softwares e dispositivos permitem que especialistas auxiliem profissionais de emergência em diagnósticos e intervenções. Equipado com câmeras munidas de filtros que reconhecem condições específicas e acessórios médicos de teleinformação ambulatorial, o sistema possibilita que médicos identifiquem o tratamento mais adequado às características de um paciente que se encontra em outro local. Com base em dados clínicos coletados em tempo real, este método de suporte à decisão clínica pode contribuir para amenizar a falta de médicos especialistas em pequenos centros de saúde. CONSULTA VIRTUAL Plataforma de telemedicina projetada para estabelecer o relacionamento entre médico e paciente por meio de dispositivos móveis. Usando esse tipo de aplicação, pacientes podem facilmente receber aconselhamento ou agendar compromissos com seu médico, enquanto clínicos podem gerenciar pacientes de uma interface web, economizando tempo para ambas as partes. Esse tipo de interação é particularmente vantajoso para pessoas com mobilidade limitada ou doenças crônicas que necessitam de cuidados frequentes. One Health

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TECHMED

SAÚDE NA ERA VIRTUAL A presença de dispositivos móveis e de aplicativos permite que médicos e pacientes usem a tecnologia para diagnósticos e tratamentos

por ISABELA MOREIRA

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© THINKSTOCK


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TECHMED

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m uma cena de O Círculo (2017), a jovem Mae Holland fica surpresa ao descobrir que bastava usar um dispositivo móvel (no caso, uma versão fictícia do relógio tecnológico Apple Watch) para que sua médica tivesse acesso a informações sobre seu ritmo cardíaco e níveis de glicose. Apesar de se passar em um futuro próximo, o filme mostra que a realidade não deve nada à ficção em termos de criatividade e tecnologia. Vários aplicativos já medem os batimentos cardíacos de usuários. Com o Instant Heart Rate, por exemplo, é possível realizar a tarefa colocando o dedo indicador na câmera do celular. A ferramenta detecta as mudanças suaves na coloração da pele pelo fluxo de sangue entre cada batida do coração. O app My Baby’s Beat – Pequena Batida vai além: promete gravar os sons dos batimentos e da movimentação do bebê na barriga da mãe usando o microfone do smartphone. Essas são apenas algumas das centenas de novidades que garantem tornar o uso de dispositivos móveis ainda mais comum na saúde, seja no momento do diagnóstico, seja durante o tratamento. A presença da tecnologia pode ter muitos benefícios, mas precisa ser vista com cautela e não substitui o fundamental: a relação entre médico e paciente.

MEDIR OS BATIMENTOS CARDÍACOS, CONTROLAR O NÍVEL DE GLICEMIA NO SANGUE E O CONSUMO DE CARBOIDRATOS SÃO ALGUMAS DAS FUNÇÕES DOS DISPOSITIVOS MÓVEIS

DIAGNÓSTICO HIGH TECH Em 2016, um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) do campus São Carlos, interior do Estado, representou o Brasil na final da competição de incentivo à criação de soluções de alto impacto na sociedade, Falling Walls Lab, na Alemanha. Eles foram selecionados por conta do Smart Retinal Camera (SRC), um protótipo que, acoplado a um smartphone, torna-se uma versão portátil do retinógrafo, que é utilizado para observar e tirar fotos da retina. O aparelho, que ainda está em testes e deve começar a ser comercializado em 2018, tem um sistema de iluminação que coloca uma luz no fundo do olho do paciente para obter uma imagem, possibilitando que o oftalmologista capte retratos da retina e faça o diagnóstico correto do paciente. A combinação do protótipo com o smartphone permite que o exame de retina seja mais barato e acessível para quem mora longe dos grandes centros. “Em situações assim, a tecnologia pode ser de grande valia para assistir pacientes e salvar vidas”, afirma Maria Cristiane Barbosa Galvão, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. “Pacientes idosos e crônicos como aqueles que possuem obesidade, diabetes, câncer e depressão também podem ser monitorados ou acompanhados por meio de tecnologias, o que facilita a sua rotina, cuidados diários e tratamento em geral”, reforça.

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ACOMPANHAMENTO DETALHADO Há dez anos, Karla Melo, PhD em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), participou da criação do GlicOnline, um aplicativo que permite ao paciente fazer, de forma rápida, os cálculos para estabelecer suas doses de insulina, corrigir a glicemia e avaliar o consumo de carboidratos das refeições. Na época, a médica, que tem diabetes tipo 1, estava frustrada com a contagem, que era feita manualmente. “Percebi como era difícil para os pacientes colocar em prática a contagem de carboidratos e realizar as contas que determinam a dose de insulina para cobrir a refeição e corrigir o nível glicêmico”, conta a doutora Karla. O Glic também faz lembretes de medicamentos e registros de glicemia, carboidratos consumidos e das doses de insulina. Disponível em Android e iOS, o app ainda conecta o paciente a seu médico em tempo real, o que permite um acompanhamento mais próximo e ajustes apropriados do tratamento.


NA ERA DA INFORMAÇÃO Com tantos aplicativos, artigos e pesquisas à disposição na internet, fica difícil identificar quais são de confiança. “Há informações confiáveis e outras que podem colocar nossa vida em risco ou piorar a nossa saúde”, afirma a especialista no campo da informação e informática em saúde Profa. Dra. Maria Cristiane Barbosa Galvão. Para evitar erros e desinformação, a pesquisadora dá algumas dicas:

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Pergunte a si mesmo como o estudo chega à conclusão apresentada. Para desenvolver uma hipótese, os pesquisadores precisam realizar experimentos e obter evidências. Busque entender os métodos e as circunstâncias do estudo antes de compartilhar a informação que ele está passando.

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Confira as credenciais dos estudos apresentados. “Para ser considerada minimamente confiável, a informação precisa ter o nome completo do autor e uma forma de contato. Se não localizamos o responsável pela informação, ela não tem nenhuma validade”, diz Maria Cristiane. Ela ressalta ainda que é necessário o autor ter formação na área da saúde, com especialidade no tema abordado pela pesquisa.

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Fique de olho na data de publicação das pesquisas. Muitas vezes, informações antigas e desatualizadas voltam a circular nas redes sociais. Para evitar o erro, a especialista sugere que os pacientes prestem atenção nas datas de publicação e atualização mais recente dos estudos consultados.

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Leve suas dúvidas para um profissional do campo da saúde. Só ele pode explicar se aquela tecnologia vai auxiliar no seu problema. “Se for o caso, busque mais de um médico para ter uma segunda opinião”, ressalta a especialista.

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TECHMED

A SUA ROTINA AINDA MELHOR

Pequenos cuidados no dia a dia podem representar uma importante melhoria na sua saúde. Acompanhe os efeitos dos seus hábitos com estes aplicativos – todos gratuitos e disponíveis em português na Apple Store e no Google Play:

PARA SE MANTER HIDRATADO BEBER ÁGUA A partir do peso e dos horários em que o usuário acorda e adormece, o aplicativo calcula a quantidade de água que ele deve beber diariamente e cria alarmes para que lembre de se hidratar. PARA TER UMA BOA NOITE DE SONO DORMIR MELHOR COM RUNTASTIC A ferramenta monitora e faz um relatório da noite de sono do usuário. Com o acompanhamento, é possível saber de que forma fatores como a ingestão de cafeína e álcool e a prática de exercícios podem influenciar o descanso e como ele pode ser melhorado. PARA SE MANTER NA ATIVA PACER PEDÔMETRO Seja para acompanhar uma sessão de exercícios, seja para uma caminhada leve, o app cumpre sua função! A ferramenta registra a movimentação do usuário e faz uma relação da atividade física diária dele. Ideal para quem quer sair do temido sedentarismo.

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Um estudo realizado pelo Hospital das Clínicas da FMUSP em 2008 mostrou que, com a assistência do app Glic, pacientes com diabetes tiveram melhoria significativa no controle da glicemia e se mostraram mais satisfeitos com o tratamento da doença. “Diabetes, assim como qualquer doença crônica, necessita da administração do medicamento certo, na hora certa e na dose certa, diminuindo o risco de complicações causadas pelo controle inadequado da glicemia”, explica a doutora Karla.

USO CONSCIENTE A incorporação de novas tecnologias na vida de médicos e pacientes é inevitável. De acordo com a especialista em informação e informática em saúde Maria Cristiane Barbosa Galvão, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, o uso dessas novidades na área médica ajuda os pacientes a ter maior conhecimento de suas condições. Mas é necessário ter cautela na hora da busca por esses serviços (veja as recomendações dela no box). “Muitas vezes, a população acessa alguma informação nas redes sociais e acredita que é verdadeira, quando na realidade é pura lenda ou propaganda de alguma empresa que quer vender um produto ou serviço”, afirma Maria Cristiane. Para a especialista, é necessário aliar o uso dos dispositivos e apps com as consultas médicas. “É recomendado que os pacientes levem suas dúvidas sobre saúde a um profissional da área, pois conhecendo nosso perfil genético, psicológico e social, ele terá condições de nos explicar se aquela informação que encontramos é passível de ser aplicada ou não para a melhoria da nossa condição”, explica Maria Cristiane. E complementa: “O contato presencial traz elementos importantes para que o profissional da saúde assista o paciente de forma adequada”.

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INSPIRAÇÃO

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Conheça as Filipinas, com mais de 7 mil ilhas, praias, terraços de arroz e povo divertido

ATITUDE

A atriz e humorista Ilana Kaplan conta detalhes da sua vida profissional


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FILIPINAS

AO NATURAL Mais de 7 mil ilhas, praias fantásticas, povo divertido e um jeito único de viver do lugar que está virando a Tailândia da vez por cindy wilk

El Nido: aqui ficam as baías escondidas que inspiraram o autor de A Praia © THINKSTOCK



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viso aos viajantes que passaram a sonhar com a Tailândia ao ver Leonardo DiCaprio descobrir o pedacinho de areia mais do que perfeito no filme A Praia: conheçam às Filipinas. Foi lá que o inglês Alex Garland, o autor do livro de mesmo nome que deu origem ao filme, viveu por seis meses. A escolha por ambientar a história na Tailândia foi pragmática, afinal, é para lá que a maioria dos mochileiros que ele queria retratar no livro vai. Ou seja, motivo número dois para trocar a superpopulosa Maya Bay das Ilhas Phi Phi por um dos cantinhos de areia emoldurados por rochas dramáticas e cercadas por floresta tropical das Filipinas. E há muitos. Se a Tailândia tem cerca de 1.400 ilhas, as Filipinas têm mais de 7 mil, espalhadas por um vasto território no Sudeste Asiático. Distantes o bastante para não serem totalmente conectadas por barcos de linha e com uma malha aérea muito complicada. Manila, a violenta capital, é o tipo de lugar pelo qual ninguém quer passar, mas onde todos se vêm obrigados a, ao menos, esperar por conexões nos aeroportos, já que voos entre as ilhas são quase nulos. Para completar, os cartões-postais ficam também espalhados pelo país, de modo que, à primeira vista, as Filipinas são como aquela deliciosa lagosta que

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Os milenares terraços de arroz de Banaue, patrimônio histórico da UNESCO você percebe que vai dar trabalho ao chegar à mesa, mas que, após escolher suas batalhas, vale cada patinha. Vamos às batalhas. Os famosos terraços de arroz de Banaue ou de Batad ficam ao norte de Manila; o vulcão do Mayon Volcano Natural Park, a sudeste da capital. Mais ao sul, mergulha-se com tubarões-baleia. Para quem quer praias ao estilo Ibiza, com festa, jet skis e resorts, o destino é Boracay, nas Ilhas Visaya. Para vilarejos autênticos e as famosas montanhas de Chocolate Hills, vá à ilha de Bohol, bem no centro, ao sul de Cebu. À leste, a pequena Siargao tem despontado como meca de surfistas. E, por fim, sempre temos Palawan, a ilha comprida e estreita mais ao extremo oeste do arquipélago que esconde as praias mais impressionantes. Entre elas, A Praia.

A BAHIA DAS FILIPINAS

Palawan, até para os próprios filipinos, é uma espécie de paraíso perdido. Uma ilha distante das favelas de Manila, das polêmicas sobre a política antidrogas do presidente Rodrigo Duterte, dos militantes radicais islâmicos ligados ao Isis de Marawi, na ilha mais ao sul. É onde as famílias endinheiradas das Filipinas e também muitos dos 10 milhões de cidadãos que vivem fora do país vão passar férias. Um lugar grande o suficiente para explorar e ter um gosto do que são as Filipinas e longe o suficiente do resto para se locomover com segurança. É o filé da lagosta, que já chega aberta à mesa.


Tuc tucs são transporte oficial nas Filipinas. Até os cães aprovam

Em Chocolate Hills, as atrações são mais de 1.200 morros como estes Talvez esta não seja a sensação, à primeira vista, do viajante que desembarca em Puerto Princesa, bem no meio da ilha e onde fica o maior aeroporto dali. A cidade tem nome bonito e geografia esquisita – uma longa avenida principal ladeada por casas e prédios baixos de arquitetura mandraque e que escondem de restaurantes extraordinários a quiosques mequetrefes, daqueles que oferecem reparos elétricos, massagens e ainda vendem frutas, ao mesmo tempo. Por essa via circulam caoticamente motos, tuc tucs e Jeepneys, os famosos ônibus decorados, coloridos e apinhados de gente, produzidos na década de 1950 sobre carcaças de Jeeps militares abandonados pelos americanos depois da Segunda Guerra Mundial. As Filipinas foram território dos Estados Unidos por quase 50 anos, depois de se verem livres dos colonizadores espanhóis. Além de explicar parte da história do país, esses carros ajudam a dar um quê de Guatemala para o cenário que só faz sentido quando se foge de Puerto Princesa. O que não é tão difícil assim. Em todos os hotéis e pousadas, por mais simples que sejam, pode-se contratar um passeio para a maior atração local: o rio subterrâneo de Sabang, a cerca de uma hora dali. Esse canal de 8 quilômetros corre dentro de uma impressionante caverna e foi alçado a uma das 7 Novas Maravilhas Naturais em 2011. O local já é listado como Patrimônio Histórico da UNESCO desde 1999. Tem gente, inclusive, que passa alguns dias em Sabang, uma tranquila prainha de águas calmas cercada por montanhas.

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Mayon Volcano Natural Park: trekkings com vista para um vulcão ativo

PORT BARTON, A AUTÊNTICA

Outros enfrentam as 3 horas de estrada esburacada a partir de Puerto Princesa para se esconder em outro cantinho perdido na Terra: a bela Port Barton, uma vilazinha pesqueira com cara de lugar distante de tudo, mas com dias contados para não ser mais. Há apenas cinco anos, o lugar era considerado perigoso, uma espécie de Velho Oeste filipino. Talvez pelo fato de ser tão difícil de chegar que ninguém se atrevia a checar o boato. Começou a mudar há pouco mais de dois anos, quando o asfalto chegou ali. Grandes grupos hoteleiros já compraram nacos de terra para erguer resorts no lugar, que hoje tem apenas 350 quartos oficiais. Última chamada para aproveitar o dolce far niente em um dos charmosos e rústicos bangalôs à beira da praia de águas tranquilas, maré que sobe e desce, ruelas de terra onde, depois de alguns dias, todo mundo se sente local. Port Barton ainda não tem luz elétrica 24 horas por dia, nem caixas eletrônicos e o wi-fi na maioria dos lugares só funciona quando quer. Não dá para dar um passo na rua sem falar “oi” para a simpática população que recebe viajantes como se fossem gente da família. Depois da primeira San Miguel ou Red Horse gelada, emendada no perigosíssimo rum filipino com Coca-Cola, e de ótimas conversas com a gente de lá, ninguém quer ir embora. Aqui vale dizer: outra grande diferença entre a Tailândia e as Filipinas é o real contato com o povo. Os filipinos são

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Os surfistas já descobriram Siargao, mas a ilha é legal para todos alegres, adoram jogar conversa fora e são mais liberais – mulheres frequentam bares, aliás, todos frequentam bares. Parece que a dura política antidrogas teve como efeito colateral um aumento no consumo de rum. Port Barton está no caminho de El Nido, esta sim a maior atração de Palawan. E costumava ser apenas aquela vilazinha pesqueira no meio do caminho para se quebrar a viagem. Só que o rápido desenvolvimento de El Nido fez de Port Barton sua antítese mais humana. Lá ninguém se sente turista. E é por isso que as pessoas simplesmente não conseguem sair. Ver as crianças de uniformes voltando da escola, assistir a uma festa popular cujo ápice é o concurso de Miss Gay – um desfile de travestis – ou andar para uma prainha deserta onde o menino lhe oferece um coco e sobe na árvore para pegar. Ao mesmo tempo, conseguir achar um bom Frango à Cordon Bleu na beira da praia. No entanto, por mais que Port Barton tenha uma prainha fantástica e outras desertas e até cachoeiras para se chegar a pé, além de passeios de barco que levam para lugares ainda mais lindos, nada se compara às belezas naturais dos arredores de El Nido.

EL NIDO, A DRAMÁTICA

Há dez anos El Nido tinha a atmosfera de Port Barton. Não tem mais. O centro é caótico, repleto de pousadas, restaurantes, bares, lojinhas bacanas e outras poeirentas, camelôs, tuc tucs barulhentos e uma baía poluída cheia de barcos. Uma estrada leva a uma faixa de praia que vai de Corong Corong a las Cabañas e onde estão hotéis bem mais simpáticos à beira-mar, além de bares com pufes na areia, jeitão de Ibiza e perfeitos para ver o pôr do sol. Mas só de barco chega-se às grandes belezas de El Nido, entre elas a tal da praia que serviu de inspiração para Alex Garland. O cardápio de explorações de barco a partir de El Nido é simples: basta escolher, em qualquer empresa, tours batizados de A, B, C e D. Todos eles incluem um delicioso almoço com peixes frescos, camarões e carnes feitos na brasa – muitas vezes no próprio barco – e com acompanhamentos bem gostosos. O tour C é o mais impressionante, pois passa pela tal da

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Um pôr do sol em Port Barton: clima de vilarejo parado no tempo

Tubarões-baleia visitam Donsol Bay entre novembro e junho Secret Beach, na Ilha Matinloc, uma praia realmente escondida atrás de uma enorme rocha, cuja entrada é um buraco por onde passa uma pessoa de cada vez. Dizem que é essa a verdadeira praia do livro. Mas quer saber? Podia ser qualquer uma. É o tipo de lugar que eleva o conceito de praia a tal nível que dá medo de não conseguir viajar mais para lugar nenhum. É quando você descobre que a aventura está só começando.

A MELHOR DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS

Um dos segredos mais bem guardados das Filipinas chama-se Tao Phillippines. A companhia, aberta há 11 anos, tem oito barcos e 16 acampamentos nos lugares mais remotos entre El Nido e Coron, já na ilha de Busuanga. As expedições duram cinco dias, levam 20 pessoas a bordo, oito tripulantes, incluindo um cão, e não têm roteiro específico: o trajeto é feito literalmente ao sabor dos ventos. Dorme-se em cabanas com colchões e mosquiteiros cuidadosamente arrumados, come-se os peixes mais frescos – muitas vezes pescados a bordo – e deliciosamente preparados pelo chef. É possível chegar a lugares desertos, inacessíveis de outro modo.

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Boracay: a ilha mais festeira das Filipinas é quase Ibiza

PRINCIPAIS ATRAÇÕES BANAUE OU DE BATAD

Listados como Patrimônio Cultural da UNESCO, os famosos terraços de arroz que ficam no norte da ilha de Luzon, a uma viagem de 10 horas (apesar de ser 400 km) de ônibus a partir de Manila. Obra da tribo ifugao, que planta arroz e vegetais dessa maneira há cerca de 2 mil anos.

MAYON VOLCANO NATURAL PARK

Há 53 vulcões ativos nas Filipinas, sendo que o Mayon, na região do Bicol, a sudeste da capital, é um dos mais incansáveis e famosos. É uma montanha de 2.462 metros em perfeito formato de cone e ele é monitorado constantemente – entrou em erupção 49 vezes nos últimos 400 anos. Viajantes podem fazer trekkings nos arredores. A base é a cidade de Legazpi.

DONSOL BAY

Na província de Sorsogon, Donsol é uma pequena vila de pescadores com lindas praias, cachoeiras e cavernas. Mas todos vão lá por outro motivo: ver os tubarões-baleia, que aparecem entre novembro e junho.

BORACAY

Esta ilha, na região das Visaya, é bem pequena, mas há muito o que fazer. Há praias lindas e bem ao estilo Ibiza, com festas que duram a noite inteira, jet skis, parasailing, kitesurfing e muitos resorts.

CHOCOLATE HILLS

São formações rochosas bem estranhas. Mais de 1.200 morros praticamente do mesmo tamanho e cobertos de grama verdinha que ocupam um vasto território na ilha de Bohol, bem no centro, ao sul de Cebu.

MALAPASCUA

Ao norte de Cebu, Malapascua é uma pequena vila de pescadores famosa entre mergulhadores, já que é um dos poucos lugares do mundo onde ainda se veem tubarões-raposa, que correm risco de extinção. Além das arraias e outros bichos. As praias são belas.

SIARGAO

A leste, a pequena Siargao tem despontado como meca de surfistas. Mas o clima de vila perdida, as praias lindas e muitas vezes desertas, as piscinas naturais e o peixe fresco que se compra direto dos pescadores têm encantado mesmo quem não surfa. E é barata.

EL NIDO

Aquelas praias clássicas filipinas, escondidas atrás de imensas rochas cobertas de floresta tropical, são o que mais tem em El Nido. Na ilha de Palawan, a vizinhança também é boa. Dá para visitar o Rio Subterrâneo de Sabang, relaxar em Port Barton e mergulhar em navios afundados em Coron. Tudo na mesma viagem.

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PROGRAME-SE! QUEM LEVA Poucas operadoras brasileiras organizam viagens para as Filipinas. Entre elas, a Adventure Club (adventureclub. com.br), a Kangaroo Tours (kangaroo.com.br) e a Fui Viagens (fuiviagens.com.br). Há ainda a expedição da Tao Phillippines (taophilippines.com) de 5 dias, começando em Coron ou em El Nido, por US$ 512. Nesse pacote está tudo incluído e as reservas podem ser feitas on-line. COMO CHEGAR Não há voos diretos do Brasil para Manila. A forma mais econômica de chegar lá é voar até a Malásia e, a partir daí, pegar um voo da Air Asia (airasia.com). Bilhetes entre Kuala Lumpur e Manila, Cebu ou Boracay podem custar entre US$ 60 e US$ 90, cada perna. A Air Asia também opera alguns voos internos, assim como Phillippine Airlines (philippineairlines.com) e a Cebu Pacific (cebupacificair.com). COMO CIRCULAR Em Palawan, para se locomover entre as cidades, há vans que podem ser reservadas nos próprios hotéis. Nas cidades, o tuc tuc é a forma tradicional de transporte. Em alguns lugares como El Nido é também possível alugar uma vespa. ONDE FICAR A melhor área para ficar em Manila é Makati. Um dos melhores da região é o The Peninsula Manila (manila.peninsula.com, desde US$ 142). Em Puerto Princesa, o Canvas Boutique Hotel (canvasboutiquehotel. com, desde US$ 60) é bem localizado e tem piscina. Em Port Barton, o Ausan Beach Front Cottages (desde US$ 26) tem bangalôs muito charmosos de frente para o mar. Para quem quer uma experiência diferente, o TribalXperience (tribalxperience.com, US$ 29) tem bangalôs em uma praia deserta, ao lado de um vilarejo. No centro de El Nido, a Biolina (Lisang Street, desde US$ 20) é uma guest house simples, mas muito recomendável. Para quem quer ficar na praia, em Corong Corong, o El Nido Mahogany Beach (elnido-mahogany.com, desde US$ 116) é muito charmoso. Em Coron, vale investir em um hotel com piscina, já que a cidade não tem praia. O Two Seasons Resort (twoseasonsresorts.com, desde US$ 530) é puro luxo. 38 One Health

ONDE COMER A comida nas Filipinas mistura várias influências: chinesa, indiana, árabe, japonesa, espanhola e até mexicana. A capital, Manila, é o melhor lugar para sentir isso, sendo até difícil achar um restaurante que sirva tradicional gastronomia filipina, como o Bistro Remedios (M. Adriatico, 1911). Para um jantar mais formal, vá ao Sala (salarestaurant.com), em Makati. Em Puerto Princesa, não deixe de experimentar o blue marlin com exóticos acompanhamentos do Kalui (kaluirestaurant. com), em seu lindo salão. No centrinho de Port Barton, o Gacayan (facebook.com/gacayanrestaurant/) é simples e delicioso. Comida filipina de qualidade é ótima para fazer amigos. Para saborosos sizzling (carnes ou frutos do mar na chapa), vá ao Olive’s Crib (facebook.com/ Olives-CRIB-Restaurant-267707296963600/). El Nido tem uma oferta muito grande de restaurantes. No centro, o Hapiness Beach Bar (facebook.com/happinesselnido/) serve ótima comida mediterrânea. Agora melhor mesmo são as pizzas e massas da Altrove Trattoria, com dois endereços em El Nido e um em Coron. A essa altura da viagem, acredite, você vai querer uma bela pizza. VISTO Brasileiros não precisam de visto para entrar nas Filipinas, mas o passaporte deve estar válido por seis meses. É também obrigatório apresentar a Carteira de Vacinação Internacional com vacina de Febre Amarela. QUANDO IR A estação seca nas Filipinas vai de janeiro a maio e é a única garantia de não se deparar com tufões, furacões e tormentas. E, mesmo em dias ensolarados, o vento pode ser muito forte no país. O QUE LEVAR Para o pequenos vilarejos de Palawan, leve dinheiro vivo. Tirando as grandes capitais, é bem difícil achar caixas eletrônicos e lugares como Port Barton nem sequer têm casas para trocar dólares. Para passeios de barco, é sempre bom levar snorkel e também sapatos de neoprene para desembarcar em locais com pedras e corais.


Coron tem mergulhos entre naufrágios, mas também paisagens lindas

A cabana do Tao Phillippines: para dormir em lugares desertos A rotina é mergulhar de snorkel sobre corais preservadíssimos, ver as praias mais lindas, dormir e acordar em lugares inacreditáveis e ter um real contato com populações de vilarejos mais remotos. A Tao é acima de tudo um projeto social, cuja sede é uma fazenda de permacultura onde eles treinam a tripulação e também afinam projetos para desenvolver os vilarejos em que os viajantes têm oportunidades de ficar. Daqueles onde cada casa tem seu galo amarrado na porta e onde não há uma alma ocidental além dos seus companheiros de barco. Coron, o ponto final da expedição, é um dos melhores lugares do mundo e certamente o melhor do Sudeste Asiático para mergulhar (de cilindro ou snorkel) em destroços de

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Harry, o cão a bordo de um dos barcos do Tao Phillippines navios afundados. São dezenas de naufrágios em uma área relativamente pequena. A maior parte – e os mais interessantes – é de navios de guerra japoneses afundados em um único dia, 24 de setembro de 1944, em uma operação ninja (com o perdão do trocadilho) norte-americana. Muitos estão quase intactos e com vários artefatos em seus interiores. Com a vantagem de serem acessíveis por curtas viagens de barco a partir da cidade de Coron e não estarem em águas muito profundas. A essa altura fica evidente que é preciso viajar tanto tempo quanto Alex Garland para de fato explorar as Filipinas. Mas, se não for o caso, não há problema algum em deixar as outras patas da lagosta para uma próxima vez.

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CONHECIMENTO

GAMES AJUDAM NO APRENDIZADO

Aplicar mecanismos dos jogos no ambiente educativo ganha cada vez mais espaço nas salas de aula. Saiba como funciona essa técnica e quais são seus principais desafios e benefícios por jéssica russilo

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á ouviu falar em gamificação? Se você pensa que essa palavra restringe-se apenas ao universo do entretenimento, está enganado. A nova tendência, que conquista adeptos no mundo todo, traz a gamificação para diversos ambientes, especialmente aqueles em que é essencial repassar algum tipo de conhecimento. O melhor: a técnica prova ser mais eficaz e duradoura do que os antigos padrões de ensino estabelecidos na maioria das escolas e universidades brasileiras. Gamificação é o termo abrasileirado de gamification, que traz o conceito da utilização de mecanismos de jogos com o objetivo de motivar as pessoas, melhorar o aprendizado e auxiliar na resolução de problemas específicos. É preciso sempre tomar cuidado para não confundir essa técnica com a expressão game design. Segundo Francisco Tupy, professor do Colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo, e especialista no assunto, game design é quando você produz um jogo com a finalidade exclusivamente educativa. Já na gamificação você pega elementos que estão presentes nos games e aplica nos setores que, a princípio, não foram pensados como um jogo, a exemplo da sala de aula. Apesar de essa tendência estar em evidência na educação há

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RALLY: SAÚDE GAMIFICADA

Não é somente na área da educação que a gamificação se faz presente. Essa técnica engloba diversos outros setores, como a saúde. Um exemplo de gamificação nessa área é o Rally, um portal de saúde e bem-estar do UnitedHealth Group. O recurso interativo – que ainda não está disponível no Brasil – combina tecnologia e jogos de maneira personalizada com a intenção de melhorar a qualidade de vida dos usuários, que são incentivados a comer melhor, praticar exercícios e tornarem-se informados sobre hábitos saudáveis. No sistema, tudo começa com uma pesquisa de saúde que calcula a “idade Rally” da pessoa. Essa informação serve como start para a criação de metas individuais e de um plano de ação para alcançá-las. A partir daí, os usuários recebem convites para participar de missões que tornem as suas vidas mais saudáveis e, a cada tarefa concluída, ganham moedas como recompensas, que podem ser utilizadas para participar de sorteios. Em paralelo, eles acompanham os seus progressos em um painel pessoal e podem compartilhar essas informações nas redes sociais e comunidades da área. É a gamificação e a saúde caminhando juntas!

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pouco tempo, a proposta não é nova. Para Marlon Moser, sóciodiretor da Orbital, empresa que produz games para treinamento, a gamificação sempre existiu, ela só não era digital. “Todos nós temos lembranças daquele professor que considerávamos o melhor por dar uma aula dinâmica e divertida que nos transportava para outros lugares só com a nossa imaginação. Ele trazia artefatos para a aula e interagia de forma agradável com os estudantes. O ensino com games é a evolução natural desse professor”, ressalta. Marcel Leal, consultor em gamificação, reforça a ideia de que a técnica é antiga, mas também mostra a importância desse movimento atual para a educação. Para ele, jogar faz parte da natureza do ser humano e toda atividade pode ser gamificada, especialmente aquelas que precisam de um esforço maior para prender a atenção. Essa é a grande sacada da tendência, que se apropria do nosso instinto para reter o conhecimento em algo que, se aplicado de forma tradicional, pode ser cansativo para os alunos.

GAMIFICAÇÃO DIVERSIFICADA Existem “graus” de gamificação que mudam de acordo com a proposta aplicada e, também, com o envolvimento e tecnologia disponíveis. Atualmente, o que se vê bastante no âmbito educacional brasileiro é uma técnica chamada PBL ou pointfication, que consiste em atribuir pontos por reconhecimento. Para os especialistas, porém, esse sistema não é o mais adequado e, tampouco, funcional. “Ele é muito raso e não leva em consideração as motivações e os perfis dos usuários. Na maior parte das vezes, essa estratégia tem curto prazo, pois não sustenta o interesse das pessoas”, afirma o consultor em gamificação Marcel Leal. O ideal é unir dinâmica e propósito para, assim, alinhar esses conceitos à educação com o intuito de obter melhores performances dos alunos. “Existem mecânicas mais interessantes que o PBL. É possível estruturar missões que tenham proposta para as pessoas e apresentem um conjunto de desafios com um objetivo final”, explica Luciano Meira, professor da Universidade Federal de Pernambuco e sócio-fundador da Joy Street. Mas é preciso tomar cuidado para medir o nível de dificuldade dessas missões. Elas não podem ser difíceis a ponto de desencorajar os alunos nem extremamente fáceis de forma que eles percam o encanto. Como exemplo de gamificação no aprendizado que funciona,


EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA VERSUS PRESENCIAL

Luciano cita um case da Joy Street em parceria com a Secretaria de Educação do Recife: eles criaram um game em formato de Olimpíadas que trazia questões que abordavam as disciplinas escolares. No jogo, os alunos participam individualmente ou em times, incentivando a interação. Essa estratégia modificou o arranjo na sala de aula, desenvolvendo as competências dos estudantes e aproximando os alunos dos professores.

APRENDENDO DE FORMA CONSISTENTE Os benefícios da gamificação no aprendizado são inúmeros, mas o consenso entre os especialistas é de que os principais são o engajamento e retenção dos alunos. “Com a gamificação, eles não só ficam expostos ao conteúdo, mas também interagem com ele. Uma história que é vivenciada e moldada pelo próprio aluno desperta a vontade de contá-la para outras pessoas”, destaca o consultor Marcel Leal. O professor Luciano Meira faz coro e completa: “À medida que engajamos o aluno, disparamos nele a necessidade da própria construção do entendimento”. Além disso, a técnica promove maior estímulo da mente, traz feedbacks imediatos que ajudam na identificação de falhas dentro do sistema de aprendizado e, também, do próprio aluno e facilita a fixação do conteúdo. Outra vantagem da gamificação é a união da tecnologia ao conhecimento, o que propicia o gerenciamento sobre o perfil dos alunos. Depois, fica mais fácil modelar as atividades de acordo com o padrão cognitivo de determinada turma. “O aluno se envolve com o exercício gamificado e, aos poucos, busca o que mais o apetece. Temos aí, portanto, uma clara personalização do aprendizado”, reflete o professor Francisco Tupy. Mesmo com tantas vantagens, é necessário ter bastante cuidado ao utilizar esse mecanismo. A gamificação pode ser facilmente confundida com entretenimento, o que não é o caso. “As pessoas ficam extremamente empolgadas com as várias ideias que surgem e acabam incluindo coisas que até geram engajamento, mas que não fazem muito sentido para o aprendizado e retenção do conteúdo”, confirma o consultor Marcel Leal. O conhecimento deve, portanto, ficar sempre em primeiro plano e a técnica entrar somente como um estímulo para o desenvolvimento dos alunos. “A gamificação tem que ser sempre um meio e não uma finalidade”, analisa o professor Francisco Tupy.

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É fato que o ambiente on-line traz mais possibilidades de gamificação do que o presencial, sendo o alcance muito maior. Além disso, o ensino à distância permite a análise de dados de forma efetiva. “No digital, eu consigo trabalhar com games de realidade virtual que são inatingíveis no ambiente analógico. Também existe a questão da verificação digital, em que posso coletar informações de forma automatizada”, mostra o professor Luciano Meira. Francisco Tupy, professor do Colégio Visconde de Porto Seguro, complementa: “No DNA do ensino à distância está a gamificação, já no presencial ela depende da estratégia e didática do professor”. Porém, mesmo na educação presencial, é possível aplicar mecanismos gamificados por meio de computador, tablet ou smartphone. Até a construção de um simples jogo analógico com papel ou a interação em grupo podem servir como instrumentos. “O principal ao se pensar em gamificação para o aprendizado é entender muito bem o seu objetivo e a qual público a experiência vai ser destinada. Se depois a solução vai ser um portal, um aplicativo ou um quadro imantado, pouco importa”, explica o consultor Marcel Leal. Basta usar a imaginação!

JOGAR FAZ PARTE DA NATUREZA HUMANA E TODA ATIVIDADE PODE SER GAMIFICADA, ESPECIALMENTE AQUELAS QUE PRECISAM DE MAIS ESFORÇO PARA RETER A ATENÇÃO One Health

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HUMOR

NA VEIA Engraçada, careteira, cheia de tiradas inteligentes e de ideias criativas, a atriz é um verdadeiro stand-up ambulante junto dos amigos, uma atriz dedicada e rigorosa no teatro e na TV, uma profissional sempre em busca de novos desafios. No momento, ela vibra com a indicação de melhor atriz para o Prêmio Shell e com as apresentações na peça Baixa Terapia por sergio crusco

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// fotos marcus steinmeyer


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atriz Ilana Kaplan é uma superstar da risada. Em 31 anos de carreira, foram poucos os papéis dramáticos e, em compensação, longas as temporadas de comédias, como Buffet Gloria, espetáculo estreado em 1991 na Porto Alegre natal e que a lançou para o sucesso além das fronteiras gaúchas. “Como acontece com os restaurantes que a gente tem medo de recomendar muito e depois não conseguir lugar, fica-se com medo de elogiar demais a Ilana. Numa dessas, descobrem que uma das melhores atrizes do Brasil está aqui e nos levam ela embora de vez”, escreveu Luis Fernando Veríssimo naqueles tempos. E teve seus temores mais do que confirmados. Depois de quatro anos em cartaz com a peça, entre temporadas fixas e excursões, Ilana decidiu mudar-se para São Paulo, onde vislumbrava maiores oportunidades profissionais. Da metrópole não saiu mais, emendando uma temporada atrás da outra, incluindo uma longa colaboração com o show de humor Terça Insana, em que criou e interpretou 19 personagens. Hoje interpreta a Andrea de Baixa Terapia, ao lado de Antônio Fagundes, Mara Carvalho, Bruno Fagundes, Alexandra Martins e Fábio Espósito. Uma personagem que entra quase muda no começo do texto do argentino Matías Del Federico, mas é responsável pela grande revelação da trama. “O texto fala de vários temas sob o véu da graça: violência doméstica, criação dos filhos, vida em comum, morar ou não morar junto, alcoolismo, vícios. É muito interessante fazer parte dessa história, pois não é uma peça boba”, diz Ilana, extremamente feliz com o sucesso da temporada paulistana (casa cheia todos os dias), que deve se estender até dezembro. Encontramos com Ilana para conversar sobre esse sucesso. E também falar de humor, carreira, vida moderna, internet e, sobretudo, do poder do riso na sua e nas nossas vidas. Desde a Grécia antiga até os tempos atuais.

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NA ESCOLA, QUERIA DRAMATIZAR TUDO. FIZ UM TRABALHO DE HISTÓRIA COMO SE FOSSE O PROGRAMA DA HEBE ENTREVISTANDO O TIRADENTES

ONE HEALTH Você escolheu o humor ou isso se deu circunstancialmente? ILANA KAPLAN Foi uma escolha muito natural minha. Sempre tive essa verve, um olhar pela via do humor. Acho que a opção aconteceu, mesmo, na infância, eu já era meio palhaça, a engraçada da classe. Quando tinha algum trabalho, eu logo perguntava aos professores se ele podia ser dramatizado. Eu queria dramatizar tudo! Um dia, fizemos um trabalho de história como se fosse o programa da Hebe, entrevistando o Tiradentes. Na escola em que estudei, também havia a disciplina de Teatro e, no fim do primeiro ano do ensino médio, na época chamado de clássico, pedimos para continuar com o grupo que tínhamos formado, dentro do colégio mesmo. Isso deu munição para você decidir cursar a faculdade de Artes Cênicas? Sim, mas a família, com medo daquele futuro incerto que era a carreira de atriz, sugeriu que eu fizesse outra faculdade e, em paralelo, cursei Pedagogia. Ironicamente, acabei me formando pedagoga e não atriz. Tive a sorte de começar a me sustentar com o teatro logo cedo, fui viajando com as peças e trancando


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as disciplinas. Como já tinha um diploma, um lugar para ir caso o teatro não desse certo, completei minha formação de atriz no palco, totalmente na prática. Quando aconteceu a profissionalização? Aconteceu logo cedo. Na faculdade, conheci um diretor, Élcio Rossini, que falou de montar uma colagem de textos com trechos de Miguel Magno, Ricardo Almeida e Julio Cortázar. Estreamos numa sala bem pequena em Porto Alegre, com essa peça, que se chamava Passagem pra Java, em horário alternativo. Começou um boca a boca, o espetáculo virou cult e ficou dois anos em cartaz na cidade. Você gosta mais de fazer comédia? Gosto. Não é que eu não queira ou não saiba fazer drama. Mas já na faculdade eu gostava muito das disciplinas que me permitiam a graça. Coloquei minha criatividade nesse lugar. Uma professora me desafiou e me fez interpretar um Brecht, A Mulher Judia, um texto lindo e denso, de uma mulher fazendo as malas, se despedindo, fugindo da guerra. No meio da apresentação, esqueci um pedaço do texto, comentei isso no ato com a plateia: “Ih, esqueci o texto”. Todos caíram na risada. Depois, a professora comentou comigo: “O que é o poder do riso, hein?”. E o que é o poder do riso? A sensação da risada é uma das coisas mais maravilhosas para

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mim, é o retorno imediato. Na comédia, considero a plateia um ator a mais, porque ela te dá o tom, a medida, se a piada estica ou encurta. Se a plateia ri menos, é preciso atacar mais rápido. É um jogo muito interessante que se estabelece. É um prazer despertar isso, é uma comunhão. Mas não sou uma pessoa fechada, que só faz comédia. Acontece que, na minha trajetória toda, acabei fazendo mais comédia. Além do Brecht dos tempos da faculdade, quando você tomou, digamos, um tranco do drama? Em Ricardo III, do Shakespeare, com Marco Ricca, Glória Menezes, Denise Fraga e um superelenco dirigido pelo Jô Soares. Foi uma experiência maravilhosa. Fiz a Rainha Margarida, que rogava uma praga, uma personagem superforte. Fui bem, mas no início não tive toda essa facilidade, não. A plateia não reagia e logo me acostumei com a ideia de que aquilo não era uma comédia. Eu me perguntava: “Será que estão dormindo?” No fundo, queria que eles rissem, para eu saber que estavam vivos, e pudesse continuar atuando no palco. Você também tem o talento de escritora, criou quase todos os textos para suas personagens na Terça Insana. Pretende continuar desenvolvendo esse lado de autora? Fiz 19 personagens na Terça Insana, era um celeiro de criação, pois cada ator ali era responsável por escrever seus textos. Tenho vontade de retomar isso, mas não me vejo como uma au-


A SENSAÇÃO DA RISADA É UMA DAS COISAS MAIS MARAVILHOSAS PARA MIM. É O RETORNO IMEDIATO. NA COMÉDIA, A PLATEIA É UM ATOR A MAIS

tora que escreve para os outros, apesar de já terem me pedido isso. Acabei virando uma autora que escreve para mim, já que o espetáculo exigia demais isso. Tenho vontade de criar um espetáculo que pode ser um monólogo ou um duo, mas esse projeto é sempre atropelado por outros convites que acabam me fisgando, como aconteceu agora com a peça Baixa Terapia. Mas quero retomar, sim. A maioria dos textos da Terça Insana foi escrita em parceria com minha irmã, Ana Kaplan, que é jornalista e professora de inglês. Ele é muito boa, tem bastante timing e um olhar superengraçado. Então a graça é assunto de família. A família tem esse humor, talvez pela origem judaica, não posso te afirmar. Tem uma coisa meio gaúcha, porque os gaúchos são bem debochados também. Não sei se existe um humor tipicamente judaico, muita gente me pergunta isso. Mas tem um tipo de olhar que você vê muito no Woody Allen, uma crítica do cotidiano que tem um tom autodepreciativo, um deboche com você mesmo. Você transforma tudo em piada. O Woody, o Seinfield e o Jerry Lewis têm isso. Não sei se é necessariamente uma coisa judaica, talvez seja só uma coincidência. Em Baixa Terapia, sua personagem tem um arco de emoções bem amplo, que vai do riso rasgado a um drama pesado. Como foi construir a Andrea? Não vamos dar spoiler! (risos) Foi uma personagem difícil de

construir, sim, mesmo porque durante um bom pedaço da peça ela quase não fala. Há muito de humor físico na minha atuação por causa dessa timidez e tudo isso construímos juntamente com o elenco e a direção. O texto original não tinha muitas rubricas e fomos criando o jeito da Andrea, fiz ela ficar agarrada à bolsa o tempo todo. Ali, cada um dos três casais que participam da sessão de terapia tem suas características e não havia muita indicação no texto da personalidade da Andrea. Foi um presentaço do destino. Ela tem essa curva justamente porque sofre uma grande transformação. É muito diferente de tudo o que fiz, porque consigo modular várias emoções num só trabalho. Estou amando fazer essa personagem! Ao ver você em cena, mesmo nos momentos mais hilários, fica claro que estamos diante de uma atriz bem rigorosa. É verdadeira essa percepção? Super! Sou extremamente rigorosa comigo mesma. Se não houvesse um deadline para estrear, eu estaria ensaiando tudo até agora. Nunca acho que está bom ou pronto, nem mesmo quando o espetáculo já está em cartaz. O público também ajuda você a polir a atuação, já que ele nunca é igual. Sou obcecada com uma piada, se acho que não foi tão boa, fico numa vingança comigo mesma para acertar mais e fazer melhor no dia seguinte. Uma meta que estabeleço comigo mesma. Por isso, eu gosto de ensaiar, faz parte desse rigor. Sei que as pessoas acham difícil, muitos atores, principalmente na comédia, preferem o improviso. Mas sou a louca do ensaio! É quando aprimoramos, descobrimos, construímos um corpo de verdade, físico e espiritual, criamos o estofo todo para quando abrir o pano aquilo estar totalmente dentro de nós. Numa entrevista a One Health, Nathalia Timberg diz que hoje há uma certa preguiça de se aprofundar no entendimento do texto e no ensaio. Você concorda? Bom, ela tem alguma estrada para dizer isso (risos). Mas não sei... Acho que seria leviano acusar uma geração inteira, pois vejo jovens que estudam bastante, são muito profundos no que fazem. Acho que é uma questão muito particular. Acontece que estamos todos muito dispersos, a nossa geração toda e a que vem vindo. Estou com pilhas de livros na minha cabeceira e não são só deste ano. Não leio porque estou no celular, na Netflix, estamos sempre com mais coisa para ver, o mundo abriu um leque enorme de possibilidades. É um mal do século, tenho falado com amigos de várias faixas etárias que têm sentido isso... O Antônio Fagundes, ao contrário, segue lendo a mesma quantidade de livros que sempre leu, porque usa pouco o celular e não tem nenhuma rede social. Perder menos tempo nas redes seria um caminho para o aprofundamento nesses tempos? As redes nos ajudam a ter uma comunicação mais ampla. Eu, que moro em São Paulo, tenho uma leva de amigos que o Facebook me ajudou a reencontrar. Gente com quem havia

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perdido contato ao longo do caminho e hoje sei que um está em cartaz em Porto Alegre, outro defendendo uma tese... Essas coisas todas são muito legais. Agora, se você for analisar o que fez ao longo do dia, chega à conclusão de que viu uma porção de coisas e não viu nada ao mesmo tempo. Mas sou uma otimista e acho que isso é um meio do caminho, vamos aprender a domesticar isso em nós. Os jovens talvez tenham uma leitura muito mais dinâmica de tudo e talvez não seja justo dizer que não se aprofundem. Talvez absorvam mais rápido. Temos de aprender a dosar, porque é muita tecnologia acontecendo ao mesmo tempo. Estou cada vez mais sem cérebro, eu era a rainha de dizer: “Lembra aquela atriz loura que fez aquele filme...”. Ficava horas para lembrar o nome da atriz, ia para o supermercado com aquilo na cabeça, entrava no banho e gritava: “Jessica Lange! Preciso ligar correndo pra ele e dizer que é a Jessica Lange!” (risos). Hoje o Google me ajuda. E na hora de trabalhar, de analisar um texto a fundo, incorporá-lo e transformá-lo em uma interpretação, como é seu processo de leitura? Sempre que pego uma nova personagem, acho que não vou dar conta. “Ai, que horror! Pra que eu peguei isso? Não vou saber fazer!”. Aí li uma entrevista com a Laura Cardoso, que também tem um longo tempo de estrada, e aquilo me aliviou muito. Ela dizia exatamente a mesma coisa, falava sobre esse primeiro pânico diante do texto, de ler aquilo e não saber onde começar a buscar. Ter esse nervoso também é o grande barato do ator, o desafio de se propor a fazer aquilo. Todos os atores devem ter esse medo, pressuponho. Essa busca, para mim, acontece nos ensaios, por isso digo que são tão importantes. É o grande momento investigativo, em que você não busca sozinho, claro, mas com a ajuda do diretor, do elenco. Com Baixa Terapia você foi indicada ao Prêmio Shell de melhor atriz, o que é raro, por se tratar de uma comédia. Acha que ainda há preconceito contra a comédia? Se existe, é universal, não é uma característica brasileira. Se você olhar para a premiação do Oscar, raramente ganha um comediante. Acho que isso vem de mais longe. Na Grécia antiga os atores dramáticos eram julgados pelos nobres. Os atores de comédia, que veio depois do drama, eram julgados apenas pela plateia. A comédia sempre foi muito popular e talvez caia num lugar menos elitizado, digamos assim, que o drama. Não sei dizer, mas talvez seja essa a explicação. Como você vê a inflação de novas mulheres na comédia? Acho muito legal, por ser uma geração nova, que ficou bem visível por causa da televisão e da internet. Oficialmente, tínhamos dois grandes ícones. Uma era a Dercy, que fazia o humor de circo, mais escrachado. Em seguida veio a Marília Pêra, de humor mais refinado, de quem sempre fui absolutamente fã e procurei ver tudo o que pude. Acho ótimo que surjam mais nomes, porque sempre tivemos menos mulheres na comédia.

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SOU OBCECADA COM UMA PIADA. SE ACHO QUE NÃO FOI TÃO BOA, FICO EM UMA VINGANÇA COMIGO MESMA PARA FAZER MELHOR NO DIA SEGUINTE Na comédia, na representação política, no Corpo de Bombeiros... (Risos.) Isso é universal também, nos programas lá de fora vemos isso, no Saturday Night Live... Sempre menos mulheres. Talvez também porque o humor peça uma exposição total ao ridículo, vergonha zero. Acho que temos menos “mulheres-Mickey” disponíveis. Fico feliz com essa nova geração, acho a Tatá Werneck superengraçada, a Dani Calabresa também. Sua relação com a tevê é menos constante... Fiz menos tevê. Comecei no teatro, onde tenho mais firmeza, e acabei tendo menos convites para tevê e cinema. Mas minhas duas últimas experiências na televisão foram muito felizes, a novela Carrossel, no SBT, e I Love Paraisópolis, na Globo, em que adorei ter feito uma louca desavisada que morava na favela e era superpreconceituosa. Tive cenas maravilhosas, me diverti muito. Mas me considero uma privilegiada por poder viver do palco. Sorte do destino, porque não é fácil. Sorte de pegar trabalhos bacanas, com gente superlegal, conhecer novas pessoas e fazer peças interessantes que ficaram um tempão em cartaz. Nunca sofreu com os altos e baixos da profissão? A instabilidade acompanha todos os que decidem por uma profissão autônoma, ainda mais no Brasil, não é? Mas fui em frente e estive preparada para os momentos menos gloriosos. Acredito que para ser ator, além da vocação, da observação do outro, do olhar para o mundo ao redor e do estudo, é preciso uma boa dose de perseverança para atravessar as fases das vacas magras, que são constantes. Os testes fazem parte da carreira e ouvimos muitos “nãos” até obter um “sim”. O segredo é seguir a paixão pelo que se gosta de fazer.


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INSPIRE-SE

NENHUMA MULHER MERECE VIOLÊNCIA. FORTALEÇA-SE! Para grande parte da sociedade, o poder ainda está nas mãos do homem e a mulher deve servir, ser submissa, obediente. Caso ela fuja desse padrão, o homem acredita que deve aplicar algum tipo de reprimenda, xingando, agredindo fisicamente e psicologicamente. Esse tipo de comportamento não escolhe classe social – pode acontecer com todo mundo, acredite! E, por conta da violência sofrida, principalmente da violência psicológica, a mulher passa a viver em situação de vulnerabilidade, de fragilidade. Ela enfraquece, perde a autoestima, a autodeterminação, deixa de fazer coisas das quais gosta. A ponto de não conseguir, sozinha, tomar uma decisão para romper um relacionamento abusivo. É aí que entra a importância do empoderamento feminino, a busca pelo fortalecimento. Mas como ficar mais forte quando tudo o que você sente é impotência, fraqueza, vergonha, medo? Esse empoderamento pode ser alcançado com a ajuda da rede protetiva dos direitos das mulheres, que atende a todas as classe sociais. O primeiro passo é a denúncia. A partir do momento que a mulher faz a denúncia nas delegacias de polícia, ou no Ministério Público, ou na defensoria pública, ela passa a ter acesso a serviços de proteção oferecidos pelo município e pelo estado. Mesmo se não quiser denunciar em uma delegacia de polícia ou instituições do sistema de Justiça, ela pode e deve procurar os serviços de proteção à mulher, como ONGs, Coordenadorias dos Direitos da Mulher, hospitais, prontos-socorros, Unidades Básicas de Saúde. Além disso, a mulher que está vivendo um relacionamento violento e abusivo precisa contar com a família e amigos, que devem apoiá-la e acolhê-la sem julgar. Ela precisa saber que não está sozinha e que, por mais difícil que seja essa fase, dá para superar. Toda mulher tem o seu tempo. Outra maneira de se empoderar é buscar coisas que a façam feliz, segura, determinada e com autonomia para fazer suas próprias escolhas. Para mim, uma das formas que levam a mulher a perceber que pode ir em frente e não se render à violência é a corrida. Há tempos defendo o esporte como forma de fortalecimento e crescimento feminino. Sou corredora amadora e foi na corrida que vi não só uma oportunidade de mudar a minha vida como também de mudar a vida de muitas mulheres. Se funcionou para mim, acredito que funcione para outras pessoas – tanto que desenvolvi o projeto Movimento pela Mulher, com esse objetivo de reunir mulheres em torno do esporte. A corrida me empoderou profundamente. Foi um passo na frente do outro, aos poucos, que me levou a erguer a cabeça e acreditar mais em mim. A cada meta atingida, eu

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transferia as boas sensações para minha vida pessoal e profissional. E, a partir do momento que você se empodera, outras coisas maravilhosas acontecem: você passa a querer mais (e acreditar que pode e merece mais), se sente mais bonita, mais saudável, mais resistente, mais preparada e mais forte. O trabalho também é muito importante em toda essa luta contra a violência. Exercer uma atividade traz satisfação pessoal e independência financeira e emocional – geralmente é a dependência financeira e emocional que prende a mulher ao relacionamento abusivo. Não importa o que você faça, o importante é fazer, sentir-se ativa, ir atrás de seus sonhos e de seu sustento. Comece com o que está a seu alcance: um trabalho manual, ensinar, buscar um emprego fixo, encontrar alternativas como autônoma, tornar-se empreendedora. Volte a estudar, dedique-se à leitura, ajude outras mulheres. Quando menos esperar, já estará mais forte. Tudo é um processo. Empoderamento não é um traço de personalidade, é um comportamento que você adquire com treinamento. Se você tem um poder (e todas temos), não guarde só para você. Compartilhe, incentive, inspire. Empoderese, vá além e não aceite nada menos do que o melhor para você. E lembre sempre: nenhuma mulher merece violência. Maria Gabriela Manssur é promotora de justiça, membro do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (GEVID), do Ministério Público, criadora do projeto Movimento pela Mulher e do site Justiça de Saia

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CONEXÃO

BOM APETITE

O chef Thiago Castanho, do Pará, mostra seu estilo e ensina receitas regionais deliciosas

VIVER BEM

Aprenda a focar no aqui e agora, combater a ansiedade e aumentar a compaixão com o mindfulness © JOÃO RAMID / EDITORA GLOBO


ENTREVISTA

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A CIÊNCIA BRASILEIRA NO TOPO DO

MUNDO

O trabalho da médica Celina Turchi é reconhecido internacionalmente. E não é para menos! Ela está à frente das pesquisas que identificaram o vírus Zika como o grande responsável pelos casos de microcefalia. Saiba mais sobre essa trajetória na entrevista exclusiva a seguir por patricia boccia

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ENTREVISTA

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cientista foi a responsável por formar uma rede de especialistas – o Grupo de Pesquisa da Epidemia da Microcefalia – MERG – que desenvolve projetos epidemiológicos sobre o Zika desde 2015. Driblando desafios que brotavam pelo caminho (falta de recursos, conhecimento limitado sobre a doença na literatura mundial, entre tantos outros), Celina Turchi comprovou e demonstrou ao mundo em tempo recorde a relação do vírus Zika com a microcefalia. Já em 2016, a médica colheu os frutos do seu trabalho sendo escolhida pela prestigiada revista científica Nature como uma das dez cientistas mais importantes daquele ano. De lá para cá, vem sendo citada e homenageada em diferentes premiações. Apesar da notoriedade, a estudiosa se vê como uma “representante” dos colegas que ainda se dedicam arduamente a entender a Síndrome da Zika Congênita (SZC) – atual denominação da infecção congênita pelo vírus Zika. Formada em medicina pela Universidade Federal de Goiás, cursou mestrado em Epidemiologia na London School of Hygiene and Tropical Medicine e fez doutorado na Universidade de São Paulo. Durante sua trajetória, contou com Bolsas de Pesquisa do CNPq que lhe possibilitaram intenso intercâmbio com a comunidade científica nacional e, também, internacional. “Minha vida acadêmica foi no Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da UFG, onde estabeleci parcerias importantes com pesquisadores – muitos deles, mulheres – que estudavam as doenças infecciosas”, conta. Atualmente, a médica atua no Instituto Aggeu Magalhães – Fiocruz-Pernambuco como pesquisadora visitante com foco em arboviroses (infecções transmitidas por insetos). Nesta entrevista para a revista One Health, fala sobre o início das suas pesquisas, sobre a construção de uma equipe para a investigação do vírus Zika, os desafios, as vitórias, enfim, todo o processo que lhe permitiu abrilhantar a ciência brasileira.

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O MAIOR DESAFIO DAS PESQUISAS FOI TRAZER RESPOSTAS COM RIGOR CIENTÍFICO EM TEMPO OPORTUNO, CONSIDERANDO OS RECURSOS DISPONÍVEIS


ONE HEALTH Como você deu início às pesquisas que relacionam a microcefalia com o vírus Zika? CELINA TURCHI Em 2015, a Secretaria da Saúde de Pernambuco foi comunicada da ocorrência de casos de microcefalia e profissionais da saúde constataram a informação na comunidade. Havia uma grande comoção das mulheres que tiveram filhos com microcefalia, medo das gestantes quanto ao desfecho de suas gestações e cobrança de respostas. Sem as informações necessárias para o enfrentamento desse evento, a Secretaria da Saúde de Pernambuco comunicou ao Ministério da Saúde sobre a epidemia e pediu apoio ao Instituto Aggeu Magalhães – IAM como um braço de pesquisa. Nessa altura, surgiram as primeiras suspeitas (imunizações durante a gestação, exposição a larvicida e infecção pelo vírus Zika). No entanto, a hipótese de uma possível associação entre o vírus Zika e microcefalia foi formulada pelo médico Carlos Brito. Ele observou que no início de 2015 ocorreu um surto virótico – parecido com a dengue – e após aproximadamente seis meses um aumento expressivo de casos de microcefalia. Como pesquisadora visitante do Instituto Aggeu Magalhães, fui convidada a organizar um estudo para testar essas hipóteses.

lha em estreita colaboração com os profissionais da saúde que atendem pacientes em ambulatórios de referência. O MERG também tem atuado com representantes da Secretaria da Saúde de Pernambuco e do Ministério da Saúde do Brasil, além de ter selado parcerias com instituições de todo o mundo.

De que forma surgiu a suspeita da relação entre a microcefalia e o vírus Zika? No início da epidemia de microcefalia, os exames de imagem sugeriam uma doença infecciosa. Mas o aspecto das crianças afetadas não se assemelhava às microcefalias de causas infecciosas conhecidas e não havia relato na literatura de uma epidemia recente com tal dimensão e tais características. Os novos casos precisavam ser testados para doenças infecciosas já conhecidas por causar danos cerebrais, denominadas TORCHS (toxoplasmose, rubéola, sífilis e citomegalovírus). E, como a epidemia de microcefalia foi precedida pela de Zika em Pernambuco, o doutor Carlos Brito levantou a hipótese de riscos causados pela exposição à infecção na gestação.

De que forma as diversas pesquisas ajudam no tratamento de casos de microcefalia? De forma muito simplificada, o estudo das alterações neurológicas de crianças com microcefalia foi um marco para o diagnóstico da Síndrome da Zika Congênita (SZC). As pesquisas são também de extrema importância para orientar as intervenções voltadas para a estimulação precoce ou tardia, com fisioterapia, fonoaudiologia e outras terapias.

Como foi para você reunir um grupo tão diversificado para pesquisar sobre o assunto? No primeiro momento, pesquisadores do Aggeu apoiaram a análise dos casos enquanto as principais instituições de saúde do estado definiam as bases de uma cooperação interinstitucional. Essa articulação evoluiu para a formação do Grupo de Pesquisa em Microcefalia Epidêmica (MERG), com o intuito de buscar respostas para os casos de microcefalia registrados no Brasil. A equipe é composta de pesquisadores ligados a diversas instituições: Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM/ Fiocruz-PE), Universidade de Pernambuco (UPE), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Secretaria da Saúde do Estado de Pernambuco (SES/PE), London School of Hygiene and Tropical Medicine (UK), Universidade de Pittsburgh (EUA), Fundação Altino Ventura (FAV), Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip). O grupo traba-

Qual foi a sua maior dificuldade durante esse processo? O maior desafio foi o de trazer respostas com o devido rigor científico em tempo oportuno, considerando as etapas relacionadas à disponibilização de recursos e agilização para produção de kits diagnósticos que fazem parte do processo. Por que o vírus Zika afeta alguns bebês e outros não? Vocês já encontraram uma resposta para isso? O período de aquisição da infecção pela gestante parece ser importante para a ocorrência de danos nos bebês. Por exemplo, mães infectadas no primeiro trimestre da gestação tendem a ter maior probabilidade de transmissão do vírus ao feto, e maiores efeitos nos neonatos. No entanto, há muitas lacunas que ainda precisam ser respondidas relacionadas à infecção pelo vírus Zika e acredito que a sua pergunta é uma delas.

Há outras desordens neurológicas relacionadas ao Zika? A microcefalia é a manifestação mais evidente da SZC, mas não é a mais frequente. Ela é somente a ponta do iceberg, o que é mais visível na população. Em crianças expostas e sem microcefalia, observam-se ainda retardo do desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento visual, comprometimento auditivo e epilepsia. A infecção depois do nascimento pode evoluir para quadros de encefalite, meningoencefalite, mielite, paralisias flácidas agudas, encefalomielite disseminada aguda (ADEM) e para a Síndrome de Guillain Barré (neuropatia aguda com paralisia que tem mecanismos imunológicos bem definidos relacionados a outras várias infecções – dengue, herpes-vírus, HIV, CMV e HTLV1). Quais foram as maiores recompensas dessa pesquisa pessoalmente e profissionalmente? Foram muitas. Posso citar a possibilidade de ter conseguido alavancar a formação de um grupo de pesquisa multi-institucional composto de cientistas com experiência dentro e fora do País – o MERG. Foi muito gratificante coordenar um trabalho conduzido com esse grupo, que veio preencher uma importante lacuna do conhecimento relacionada à epidemia

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ENTREVISTA

HÁ UM LONGO CAMINHO PELA FRENTE APONTADO PELAS DIVERSAS LACUNAS DE CONHECIMENTO RELACIONADAS À INFECÇÃO PELO VÍRUS QUE PRECISAM SER RESPONDIDAS de microcefalia devido à infecção pelo vírus Zika. Ter tido o reconhecimento expresso em diversas premiações e menções honrosas conferidas pela mídia e comunidade científica, dentro e fora do País, é claro, me deixa ainda mais satisfeita.

Temos que lembrar que a Síndrome da Zika Congênita foi inicialmente identificada, caracterizada e estabelecida por competentes profissionais da saúde brasileiros. Feito de grande relevância nacional e internacional!

Como é para você representar os cientistas brasileiros na lista das pessoas mais influentes do mundo? É uma grande honra fazer parte do grupo MERG. Mas também é uma responsabilidade e um desafio sem tamanhos, pois há um longo caminho pela frente apontado pelas diversas lacunas do conhecimento relacionadas à infecção pelo vírus que precisam ser respondidas. Uma representante brasileira com destaque no cenário internacional mostra que a ciência nacional está à altura de grandes desafios. Acredito que o investimento na Ciência, particularmente na área da saúde, é uma questão de segurança nacional e precisa ganhar destaque.

Quais são as maiores dificuldades do cientista brasileiro que trabalha aqui no Brasil? Falta de recursos é, sem dúvida, a maior dificuldade! A manutenção de equipes treinadas e entrosadas, assim como uma boa infraestrutura em saúde, é fundamental para a pesquisa. Além disso, necessitamos de uma rede de serviços de saúde com profissionais bem treinados, porque eles são essenciais para o atendimento das populações e monitoramento das doenças já conhecidas e das novas epidemias.

Quais são seus projetos futuros? Dar continuidade aos estudos da infecção pelo vírus Zika e outras arboviroses. Não tenho tido muito tempo para planejamentos futuros, mas esses são os meus planos! Como você avalia atualmente o nível das pesquisas científicas brasileiras? Acredito que a comunidade científica brasileira se mostrou à altura para responder a uma emergência de saúde pública.

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Existem grandes nomes de mulheres brasileiras dedicadas à Ciência. O que você poderia deixar como mensagem para essas representantes? Para as colegas, digo que o exercício das profissões na área da saúde é desafiador, mas também traz oportunidades enormes. Puxando para o meu lado, posso dizer que estudar os modelos de transmissão de novas infecções, com aplicação na prevenção de doenças, é extremamente gratificante. Sem deixar de mencionar quanto sou grata a todos os colegas de profissão, alunos e familiares (eternos incentivadores!) que muito me ensinam e me apoiam nesta caminhada.

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DO PARÁ A cozinha de Thiago Castanho colocou Belém na rota gastronômica internacional. Impossível passar por lá sem provar seus pratos, que unem tradição e vanguarda por sergio crusco

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hiago Castanho é um dos chefs brasileiros responsáveis por uma espécie de revolução de sentidos e de ponto de vista à nossa mesa. Sua atuação no restaurante Remanso do Bosque, em Belém, no Pará, fez muita gente voltar os olhos para ingredientes e preparos nacionais, deixar um pouco de imaginar que os modos culinários dos outros são sempre melhores ou mais refinados. Por sua cozinha, ao mesmo tempo tradicional e inovadora (o que pode parecer um paradoxo), o Remanso firmou-se na almejada lista dos 50 melhores restaurantes da América Latina, compilada pela sofisticada revista inglesa Restaurant. Thiago tem os pés fincados na tradição amazônica, com seus peixes, seus sumos, suas ervas, seus preparos. Mas injetou uma boa dose de inovação e outra tanta de ousadia para criar o estilo que o consagrou, desafiando inclusive alguns padrões locais. “Respeitamos a tradição, mas ela muitas vezes é restrita, para ir além, é preciso subvertê-la”, diz Thiago, que ousou colocar o cupuaçu em molhos para peixes e carnes ou o tucupi na calda de uma sobremesa, entre alguns de seus “deslocamentos” que pareciam querer abalar totalmente as bases da cultura alimentar paraense. As primeiras lições vieram na cozinha do pai, que montou na casa de vila da família, no bairro do Marco, em Belém, o restaurante Remanso do Peixe. Desde pequeno, e sob o olhar preocupado dos pais, Thiago enfiava-se entre os panelões borbulhantes das caldeiradas para aprender o ofício. Estudar gas-

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BOLO SALGADO DE MACAXEIRA COM QUEIJO CURADO E GOIABADA PICANTE Rendimento: 10 porções INGREDIENTES DO BOLO

800 g de macaxeira ralada 300 g de queijo canastra curado ralado 500 ml de leite 80 g de manteiga 2 ovos 20 g de sal

INGREDIENTES DA GOIABADA PICANTE 500 g de polpa de goiaba 400 g de açúcar 30 g de cebola picada 20 g de pimentão vermelho picado 10 g de coentro picado 5 g de pimenta rosa 20 g de pimenta siracha 5 g de sal

MODO DE FAZER

Para fazer o bolo, rale o queijo e a macaxeira e misture com o restante dos ingredientes. Coloque a massa numa assadeira untada com manteiga com a altura de 2 cm. Asse em forno a 180ºC por 35 minutos. Retire do forno, deixe esfriar e leve o bolo para a geladeira por 4 horas. Retire da geladeira e corte em quadrados de 2 cm x 2 cm e reserve. Para preparar a goiabada, coloque todos os ingredientes numa panela de fundo grosso e leve ao fogo para cozinhar até reduzir pela metade, mexendo sempre. Sirva cada pedaço do bolo com uma colher de goiabada picante (cerca de 8 g).


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© LUFE GOMES / EDITORA GLOBO


FILHOTE NA BRASA COM MACAXEIRA NA MANTEIGA E SALADA DE FEIJÃOMANTEIGUINHA Rendimento: 8 porções INGREDIENTES

MODO DE FAZER

FILHOTE

FILHOTE

2 kg de lombo de filhote 200 ml de vinho branco seco Suco de 4 limões 4 litros de água 80 g de sal 3 colheres (chá) de pimenta-do-reino moída 4 colheres (sopa) de manteiga

PICLES DE CEBOLA

120 g de cebola roxa 90 g de açúcar 6 sementes de coentro 5 g de sal 100 ml de vinagre de maçã

SALADA DE FEIJÃO

300 g de feijão-manteiguinha seco 1 folha de louro 3 colheres (sopa) de chicória-do-pará picada grosseiramente 100 g de tomate picado 4 colheres (sopa) de cebolinha cortada em tiras de 2 cm 2 colheres (sopa) de folhas de coentro 1/2 colher (sopa) de pimenta dedo de moça em rodelas finas Raspas de limão siciliano 60 ml de azeite de oliva extravirgem Pimenta-do-reino a gosto 30 ml de suco de limão Sal a gosto

MACAXEIRA NA MANTEIGA

800 g de macaxeira descascada 3 colheres (sopa) de manteiga 60 g de cebola ralada 2 dentes de alho ralados 2 colheres (sopa) de salsa picada 8 unidades de pimenta biquinho

Em uma tigela, junte o vinho branco, o limão, a água, o sal e a pimenta-do-reino. Acrescente o lombo de filhote e deixe marinando por 2 horas na geladeira Escorra a marinada, acomode o lombo de filhote numa grelha própria para assar peixes e asse em brasa de carvão a 40 cm de distância da brasa, 20 minutos de ambos os lados, até o peixe adquirir cor dourada e consistência macia. Finalize pincelando o lombo com manteiga.

PICLES

Corte a cebola roxa em 6 gomos. Retire os segmentos como se fossem pétalas e reserve. Coloque o açúcar, as sementes de coentro, o sal, as pétalas de cebola e o vinagre de maçã em uma panela e aqueça até ferver. Depois, desligue o fogo, coloque o picles num pote, deixe esfriar e tampe bem.

SALADA

Deixe o feijão de molho em uma tigela com água por no mínimo 6 horas. Escorra a água do feijão e cozinhe com a folha de louro numa panela com água abundante por 25 minutos, até ficar al dente. Escorra e mergulhe em água com gelo. Escorra de novo. Em uma tigela, misture o feijão com o picles, o tomate, a cebolinha, o coentro, a chicória-do-pará, a pimenta dedo de moça, as raspas de limão, o azeite, a pimenta-do-reino e suco de limão. Tempere com sal e sirva.

MACAXEIRA

Cozinhe a macaxeira numa panela com água e sal até amolecer. Retire a macaxeira da água e, com ajuda de um garfo, remova o talo fibroso da parte interna. Reserve a macaxeira e um pouco da água do cozimento. Em uma frigideira, junte a manteiga, a cebola e o alho e deixe refogar por 1 minuto. Adicione a macaxeira, 100 ml do líquido do cozimento, a salsa picada e a pimenta biquinho. Deixe cozinhar por 2 minutos, até o molho espessar e a macaxeira absorver parte da manteiga.

MONTAGEM

Em uma travessa, disponha o filhote assado no centro, a macaxeira cozida de um lado e a salada de feijão-manteiguinha do outro. Regue tudo com azeite e sirva.

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BOM APETITE

JAMBU SOUR

Rendimento: 1 taça INGREDIENTES

50 ml de cachaça de jambu 30 ml de xarope simples de açúcar 30 ml de suco de limão 1 clara 8 pedras de gelo Gotas de bitter Angostura

MODO DE FAZER

Numa coqueteleira, coloque a cachaça de jambu, o xarope de açúcar, o suco de limão, uma gota de Angostura e a clara. Tampe e mexa bem. Abra a coqueteleira e junte as 8 pedras de gelo. Tampe e mexa novamente com vigor. Num copo tipo old fashioned, sirva coando. Finalize com uma ou duas gotas de bitter sobre a espuma.

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© LUFE GOMES / EDITORA GLOBO


AS RECEITAS CRIATIVAS DE THIAGO, FEITAS COM PEIXE DE RIO, FRUTOS DA TERRA E MODOS DE PREPARO POUCO COMUNS, COMO RECRIAR UM TIRAMISÙ COM BACURI, TORNAM O REMANSO DO BOSQUE PARADA OBRIGATÓRIA

tronomia no Senac, em Campos do Jordão, foi um percurso inevitável, seguido pelo irmão caçula, Felipe, hoje seu braço direito. Ao voltar, munido de técnica, colocou o pequeno negócio familiar no mapa gastronômico brasileiro. As intervenções que começaram a perpetrar no cardápio do restaurante familiar atraíram uma clientela sedenta por novidade na capital paraense. Um toque diferente aqui, como empanar peixes e camarão na tapioca de bolinha, uma travessura acolá, como recriar um tiramisù com bacuri. Logo essas ideias estavam na boca de outros chefs brasileiros e da imprensa gastronômica. Era um ultraje ir a Belém e não conferir o que a família Castanho tinha de tão especial. O sucesso levou os irmãos a abrir em 2011 o próprio negócio, o Remanso do Bosque, endereço com ares mais chiques. Muitas pitadas do estilo criado por Thiago viraram moda em restaurantes do País. É cada vez mais comum encontrar iguarias antes restritas aos limites do Norte no cardápio de lugares descolados em outros estados, sobretudo São Paulo. Thiago segue lançando tendências, descobrindo novas maneiras de interpretar as riquezas do Pará. No cardápio do novo Balcão Remanso, bar de coquetéis inaugurado recentemente, as experiências são radicais: o guioza japonês vem envolto em folhas de jambu, o daiquiri cubano é feito com sumo de cupuaçu e o bun, pãozinho fofo chinês, tem açaí na massa. O que poderia ser apenas motivo de orgulho para Thiago, ator principal dessa cena, também chega a preocupar. “Além

de ter muita gente usando esses ingredientes sem conhecer sua essência, a moda causa problemas mais sérios, pois enfrentamos escassez de oferta de peixes amazônicos aqui no Pará. Os barcos chegam ao Mercado Ver-o-Peso e negociam toda a pesca com compradores de outros estados. Isso joga o preço do peixe lá em cima e o paraense, ironicamente, fica sem o melhor de sua produção”, relata o chef, agora apresentador do programa Cozinheiros em Ação, do canal GNT. A mudança de comportamento começa em casa, explica Thiago, que passa a oferecer no menu apenas espécies que estejam na temporada de pesca e tenta quebrar mais alguns preconceitos em seu próprio terreno. “É preciso ter leis e planejamento. Se o pirarucu não fosse protegido, hoje não o teríamos mais. Trabalhamos com 12 tipos de pescado e estamos atentos à sazonalidade, inclusive para oferecer peixes que o próprio paraense considera menos nobres, como o mapará. Há quem diga que é ‘peixe de pobre’, mas consegue ser tão saboroso quanto outras estrelas da região, como o filhote’’, diz. É tempo de novos hábitos para o próprio Thiago, que acredita num futuro mais vegetariano. Parou de comer carne vermelha não apenas preocupado com o desmatamento das florestas amazônicas, que seguem tendo grandes extensões transformadas em pastos. Diz que se sente melhor. “Perdi 5 quilos, ganhei energia e muito mais disposição”, diz o chef, que treina jiu-jítsu e faz musculação. Dos peixes de rio da sua terra, no entanto, garante que não abre mão.

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BUSINESS

PROFISSÕES DE

FUTURO

Amplificador de conteúdo, analista de mídia digital, gestor de marketing esportivo, gerente de comunidade, analista de SEO. Essas, entre outras novas carreiras, especialmente ligadas ao universo digital, estão crescendo e abrindo um mundo de possibilidades de trabalho POR YARA ACHÔA

T

odo mundo sabe o que faz um médico, um engenheiro, um professor, um jornalista, um advogado. São profissões tradicionais que continuam por aí e atraem muita gente. Mas, em uma era de constantes transformações e novas demandas, a cada dia surgem várias outras opções de trabalho – e que não necessariamente passam por formações específicas ou universitárias. “Na crise, é preciso ser criativo e aproveitar as oportunidades que aparecem: não dá para fazer mais do mesmo. Carreiras ligadas à inovação, sustentabilidade, ao esporte, à gestão da informação e à tecnologia são as apostas para os próximos anos”, acredita Ana Luísa Oliveira, coach e mentora de vida, carreira, comunicação e organização financeira, de Salvador (BA), que atua como consultora, professora e palestrante. Segundo a especialista, profissionais como gestor de mídias sociais, analista de search engine optimization (SEO) e gerente de comunidade são algumas das profissões mais promissoras no momento e nos próximos anos.

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ERA DAS REDES SOCIAIS

Até abril de 2017, cerca de 700 milhões de pessoas no mundo estavam utilizando o Instagram. O Facebook possui quase 2 bilhões de usuários ativos. A partir desses números fica visível que as mídias sociais deixaram de ser apenas uma ferramenta para promover a diversão pessoal e de lazer e passaram a ser uma enorme vitrine para produtos e negócios. Elas têm movimentado cada vez mais a economia e gerado negócios diversificados. “Muitas empresas que encerraram suas lojas físicas permanecem operando apenas por meio de lojas virtuais e usam ferramentas como Google, Facebook, Instagram e Snapchat como seus principais meios de divulgação e captação de clientes. Grandes marcas também utilizam a estratégia de divulgar seus produtos e serviços na internet para captar e manter os clientes”, diz a consultora Ana Luísa. Isso movimenta o mercado e faz surgir novas profissões e áreas de atuação relacionadas ao mundo digital.

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BUSINESS

Para começar neste mercado e galgar por uma dessas ditas novas profissões é essencial entender as necessidades de cada área e o que se espera do profissional. É básico manter-se atualizado sobre o setor em que deseja ingressar e buscar cursos, seminários, formações e certificações. “Como a oferta de qualificação é gigantesca, o profissional tem que ser muito criterioso para não jogar tempo e dinheiro fora com atividades que não tragam real retorno”, explica a coach de carreira. Outro ponto importante: o novo profissional deve divulgar o que faz, com pessoas próximas, colegas e ex-colegas de trabalho e em redes sociais, de Facebook a LinkedIn. “Quem não é visto não é lembrado”, reforça Ana Luísa. Confira a seguir um raio X de funções que estão abrindo novos caminhos profissionais.

GESTOR DE MARKETING ESPORTIVO

É um administrador especializado em esportes e seus meios. Precisa ter uma visão ampla e estratégica, conhecendo não só a área de marketing, mas também as de gestão e direito. E não basta ser apaixonado por esporte. É preciso conhecer bem o mercado, os principais players, a cadeia de fornecedores, concorrentes e intermediários. E ainda acompanhar os avanços da tecnologia e entender as maneiras de se conectar ao seu público-alvo. ONDE ATUA O mercado está em expansão. O marketing esportivo ganha cada vez mais força e as empresas buscam profissionais especializados no assunto. “A questão de onde trabalhar vai muito do perfil do profissional. Eu já tive experiências em pequenas e grandes empresas, até chegar ao meu próprio negócio. O importante é estar atento às oportunidades e aberto a aprender coisas

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novas”, diz Fernando Pereira, gerente de marketing esportivo da Life Marketing Esportivo, de São Paulo, que oferece consultoria estratégica para marcas, organiza eventos como a Corrida e Caminhada contra o Câncer de Mama, em São Paulo, e desenvolve programas de saúde e bem-estar para empresas. FORMAÇÃO O curso de marketing esportivo é uma especializa-

ção para graduados em propaganda e marketing ou para quem tem formação específica e deseja atuar na área de esporte. QUANTO GANHA A média salarial varia de acordo com o porte e o segmento da empresa. Um gerente de marketing esportivo atinge entre R$ 8.000 e R$ 12.000. DICAS PARA INGRESSAR E SE DAR BEM NESSA ÁREA

Estude muito sobre marketing esportivo e o mercado em que estiver interessado, busque cursos, faça pesquisas, aprofunde-se no que é de seu real interesse nesse setor. Faça vários contatos, participe de palestras, visite eventos e entenda do negócio com um olhar crítico. Prepare-se bem para sua entrevista de emprego. Estude sempre as características da empresa antes, pois ela contratará o profissional e não o amante do esporte.

ANALISTA DE MÍDIAS SOCIAIS

Planeja e executa uma estratégia de redes sociais para seus clientes. Atua em análise (olhando tendências e identificando os melhores investimentos, as redes e as ferramentas mais adequadas), planejamento, produção de conteúdo, relacionamento e

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monitoramento de resultados. Desempenha papel fundamental na construção da imagem on-line de uma marca, produto, serviço. “Precisa ser heavy user de todas as redes sociais – da mais usada até a menos conhecida”, diz Ricardo Amorim, analista de mídias sociais na Puma Sports. É uma profissão em alta porque atualmente a internet é o maior meio de publicidade, com mensuração em tempo real e custo baixo. ONDE ATUA O mercado é promissor. Grande parte das compa-

nhias – mesmo médias e pequenas – conta com departamentos específicos nesta área. De acordo com uma pesquisa da consultoria Deloitte no Brasil, realizada com 302 empresas de diversos setores e tamanhos, 70% das instituições utilizam as redes sociais. Para se ter ideia do tamanho e importância que a área ganhou nos últimos tempos, as 100 maiores empresas do mundo – pelo ranking da revista Forbes – têm um departamento de mídia social separado dos departamentos de marketing e de marketing digital. Mas também é possível atuar de forma autônoma, prestando serviços aos mais variados clientes. FORMAÇÃO Não é necessário ter formação específica para atuar

na área. Segundo pesquisa da Deloitte, as áreas que comandam ações de mídias sociais nas empresas são marketing (em 73% dos casos), tecnologia da informação (16%) e vendas (13%). “Fiz publicidade e propaganda, mas conheço pessoas formadas em marketing, administração e até em letras que são analistas de mídias sociais. Há muitos cursos – presenciais e on-line, livres e de pós-graduação – focados nas tendências e nos estudos de redes sociais. Muitos são oferecidos pelas próprias empresas, como Facebook, Twitter e Google”, diz Amorim.

QUANTO GANHA A média de um analista sênior é de R$ 4.000, mas os ganhos podem ir bem além disso. A remuneração costuma ser melhor em agências de comunicação que prestam serviços a grandes empresas e marcas renomadas no mercado, que tendem a necessitar mais desse serviço. DICAS PARA INGRESSAR E SE DAR BEM NESSA ÁREA

Estar conectado e gostar de mexer em redes sociais. Ser um bom analista e inteirado com o mercado. Entender de métricas e mensuração de resultados. “E isso é completamente diferente de usar freneticamente as redes sociais. O próprio Facebook tem um curso chamado Blueprint, que ensina do básico até o avançado de análise de redes sociais – desde como fazer bons posts até como fazer investimento de mídia e tirar relatórios. E o melhor: é de graça e on-line. Os maiores professores dessa área são as próprias ferramentas”, diz Amorim.

AMPLIFICADOR DE CONTEÚDO

É o tipo de negócio novo, baseado em bons contatos e relacionamentos – mas também em ferramentas do marketing direto. Algo como conhecer muita gente, entender bem seus gostos e hábitos e fazer as conexões corretas. Assim, o conteúdo de uns (uma marca, um produto, um serviço) pode ser trabalhado por meio de experiências personalizadas e premium para ser amplificado por outros (os influenciadores), levando a mensagem a um número enorme de pessoas. “Nossa empresa nasceu há 13 anos. E desde então vem acumulando conhecimentos para, hoje, ser uma amplificadora de conteúdo, um hub de conexão. Somamos ferramentas de marketing direto (database, CRM,

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BUSINESS

mensuração de resultados, análise de retorno sobre investimento) com experiências em eventos, ativações, relações públicas e recentemente redes sociais. Entendemos o que o cliente quer e buscamos, com alto grau de especificidade, quem tem a ver com o que ele deseja transmitir. Estudamos o mundo de influenciadores – que pode ser qualquer pessoa e estar em qualquer meio, não só o digital”, explica Ricardo Santos, CEO da Milk Comunicação Integral, expert no segmento esportivo. ONDE ATUA Esse profissional, que lida com comunicação e ne-

gócios, pode atuar nos mais diferentes segmentos de serviços e produtos. “Na Milk, juntamos profissionais de diversas áreas: administração, marketing, relacionamento, produção, comunicação. Aposto em um trabalho em equipe. FORMAÇÃO Uma pessoa que deseje trabalhar na área de ampli-

ficação de conteúdo pode ter qualquer formação – e até mesmo não ter uma formação acadêmica. “Eu sou formado em publicidade. Em nossa equipe, já tivemos psicólogo, educador físico, jornalista. A graduação não é o mais importante. A vida da pessoa conta mais”, acredita o CEO da Milk.

Praticar o networking sem interesse imediato. Uma conversa despretensiosa pode render frutos mais adiante. Acompanhar o movimento das redes sociais, especialmente no segmento em que gostaria de atuar.

GERENTE DE COMUNIDADE

É o profissional responsável pelo relacionamento entre a empresa e a comunidade que se relaciona com ela, garantindo que sua presença on-line seja positiva. Atua na comunicação com o consumidor por meio de redes sociais, blogs e fóruns – mede, por exemplo, as reclamações sobre um produto ou serviço no Facebook. Ainda promove conteúdos específicos, treinamentos, palestras, eventos e qualquer outra atividade que estimule a comunicação, o networking e o aprendizado. Mais: trabalha com ações de monitoramento, dentro e fora da comunidade, desenvolvendo estratégias para que as pessoas que não conhecem a empresa ou não se relacionam com ela se sintam atraídas.

existe um piso salarial. O pagamento costuma ser feito por trabalhos ou projetos desenvolvidos em curto ou longo prazo, dependendo do acordo com o contratante.

ONDE ATUA Pode ser contratado por agências de comunicação e empresas que atuam diretamente nas redes sociais. Segundo uma pesquisa da consultoria de recrutamento Michael Page, que elaborou um estudo em cinco países (Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França e Brasil), essa é uma profissão que nasceu para suprir as necessidades de um mercado em constante transformação, com boas perspectivas de futuro.

DICAS PARA INGRESSAR E SE DAR BEM NESSA ÁREA

FORMAÇÃO Muitas empresas não exigem uma formação espe-

QUANTO GANHA O formato de remuneração é diferente. Não

Exercitar a criatividade tanto quanto possível.

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cífica dos seus gerentes de comunidade, mas geralmente são

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profissionais com formação em marketing ou publicidade e propaganda. E bastante antenados com os novos tempos.

como criar conteúdos que vão trazer mais visitas ao site e, consequentemente, mais vendas.

QUANTO GANHA Segundo a pesquisa Raio X do Social Media, realizada em 2015, a média salarial de profissionais que têm o cargo de gerente de comunidade é de R$ 4.000.

ONDE ATUA Presta serviços a todos que precisam ser “encontra-

DICAS PARA INGRESSAR E SE DAR BEM NESSA ÁREA

Ter perfil analítico e observador e ter bastante senso de oportunidade em situações diferentes. Gostar de ler, ter boa escrita e se atualizar constantemente. Por lidar diretamente com pessoas de diferentes perfis, escolaridades, faixas etárias e condições socioeconômicas, o profissional precisa ter boa comunicação interpessoal e ser gentil, saber ouvir as demandas e mediar interesses.

ANALISTA DE SEO (SEARCH ENGINE OPTIMIZATION) Para ter uma estratégia de sucesso em marketing de conteúdo na internet é preciso saber como gerar visitas (tráfego) a partir dos motores de busca, como o Google. O analista de SEO coordena atividades para garantir que a arquitetura de navegação, estrutura de links, código html e conteúdo de páginas do site gerem aumento de audiência. Também gera relatórios de acompanhamento dessas ações, analisa os processos para otimização do site, além de recomendar ações visando ao ganho de posicionamento nos mecanismos de busca. Enfim, é um profissional especializado que sabe

dos” na internet. E isso não necessariamente tem a ver com o tamanho da empresa: para atrair clientes sem investir em anúncios pagos, o SEO é um requisito indiscutível. Investir nesse profissional é mais barato e traz mais resultados no longo prazo do que apostar apenas em mídia paga. Segundo a pesquisa Content Trends 2016, o marketing de conteúdo já é adotado por 70% das empresas. E a tendência é crescer cada vez mais. FORMAÇÃO Embora seja um profissional em alta, o analista de SEO esbarra em um processo técnico: a formação, já que é uma área em constante atualização. “Não existe um curso específico para formação de analista de SEO. Ele geralmente é um profissional oriundo da área de TI (tecnologia). Mas é de suma importância que seja antenado e atualizado com o que há de mais novo”, explica a consultora Ana Luísa Oliveira, de Salvador. QUANTO GANHA O salário de um analista de SEO sênior, dependendo da empresa, pode chegar a R$ 6.000. DICAS PARA INGRESSAR E SE DAR BEM NESSA ÁREA

Escrever bem, dominar a comunicação escrita. Ter capacidade de analisar dados, montar relatórios e fazer otimizações baseadas nos dados levantados. Ter noções de programação, bom conhecimento de Google Analytics e domínio das ferramentas de SEO.

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VIVER BEM

AQUI E AGORA Com foco no presente, o mindfulness, técnica de atenção plena, ajuda no controle do estresse, do ganho de peso e de dores crônicas e melhora o dia a dia de seus praticantes por emi shimma

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VIVER BEM

N

unca estivemos tão conectados com o mundo e tão desconectados de nós mesmos – de nossa vida real, corpo e do sentido de nossa existência, perdidos num mar de tarefas simultâneas e inesgotáveis. Esse cenário certamente tem contribuído para o aumento de transtornos de ansiedade, depressão e compulsões diversas, com impacto na qualidade de vida individual e social. Diante desse contexto, o “movimento” mindfulness traz uma possibilidade de transformação individual que em médio prazo poderá promover mudanças sociais positivas. A “revolução” mindfulness foi iniciada por Jon Kabat-Zin, em 1979, a partir da fundação do Centro de Mindfulness da Universidade de Massachussets (EUA), onde se desenvolveu o programa de “Redução de Estresse Baseado em Mindfulness” (MBSR) – uma adaptação de um aspecto do zen-budismo e de outras tradições contemplativas para o manejo de estresse, dores e doenças crônicas. Desde então, os programas baseados em mindfulness, com aval da comunidade científica, expandiram-se para diversos países, inclusive o Brasil, onde chegou na década de 90. Aos poucos, o número de adeptos ampliouse e hoje a técnica está presente em universidades e grandes corporações, como no Ministério da Saúde. O conceito de mindfulness foi traduzido para o português como atenção ou consciência plena. “É a capacidade de estar presente, manter-se centrado na experiência imediata,

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com reconhecimento dos fenômenos corporais, sensoriais, emocionais e mentais com curiosidade e aceitação”, explica o doutor Marcelo Demarzo, diretor do Mente Aberta — Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde e coordenador da Especialização em Mindfulness da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “É importante ressaltar que mindfulness não é sinônimo de meditação. Esse estado de atenção plena da mente humana já foi descrito por diversas tradições religiosas e encontra-se presente, em maior ou menor intensidade, em todos os indivíduos. A meditação é uma prática muito efetiva que pode levar à atenção plena”, observa.

BENEFÍCIOS RECONHECIDOS

A eficácia da prática de Mindfulness Based Stress Reduction (MBSR) é demonstrada por meio de estudos realizados em renomadas universidades mundiais. Segundo a neurocientista Sara Lazar, do Hospital Geral de Massachusetts e da Escola de Medicina de Harvard, um programa de oito semanas de MBSR produz alterações em regiões do cérebro vinculadas à aprendizagem, memória, regulação emocional, produção de neurotransmissores, assim como áreas específicas que envolvem tomada de perspectiva, empatia e compaixão. Em São Paulo, o Centro Mente Aberta, vinculado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), oferta há sete anos programas de Mindfulness Based Stress Reduction (MBSR) para melhorar a qualidade de vida da população. “O recurso é capaz

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O MINDFULNESS É CAPAZ DE DISCIPLINAR NOSSA RELAÇÃO COM A MENTE, PROMOVENDO ATENÇÃO PLENA, AUTOCONHECIMENTO E CONSCIÊNCIA CORPORAL

de disciplinar nossa relação com a mente, promovendo atenção plena, autoconhecimento, relaxamento, consciência corporal, além de amplificar a capacidade de contemplação e reflexão. Com isso é possível manejar de forma mais efetiva o estresse do cotidiano, reduzindo a possibilidade de adoecimento físico e emocional”, declara o doutor Marcelo Demarzo.

CONTROLE DE OBESIDADE

O estresse traz impactos em diversas áreas, inclusive na alimentação. Baseado em mindfulness, o Mindful Eating é uma estratégia adotada em pessoas com transtornos alimentares. “O excesso de estímulos nos torna cada vez mais estressados. Estamos desatentos e desconectados do corpo. Comemos para passar o tempo e aplacar a ansiedade”, observa a nutricionista Vera Salvo, que coordena o Programa Mindful Eating Brasil do Mente Aberta/ Unifesp. Não por acaso, um em cada cinco brasileiros está acima do peso, segundo dados do Ministério da Saúde. Mindful Eating tem sido visto como uma opção terapêutica para prevenção e controle da obesidade e transtornos alimentares, uma nova forma de perceber o alimento e consumi-lo. “O treinamento possibilita uma relação mais harmoniosa com a alimentação, leva o participante a desfrutar dos alimentos e prioriza a qualidade em detrimento da quantidade”, explica Vera Salvo. “A consciência dos gatilhos emocionais possibilita o empoderamento, o autocuidado e apresenta novas possibilidades de enfrentamento do problema”, comenta.

PRÁTICA DOS 3 PASSOS

Quer entender melhor como colocar o mindfulness em ação? Confira o guia a seguir! 1º PASSO Tome consciência de onde se encontra, de seu corpo e sua experiência interna. Adote uma “postura digna” (de atenção, sem rigidez), de preferência sentado. Devagar, esteja desperto do local onde você está, dos sons e temperatura do ambiente e depois de seu corpo. Observe as sensações: o contato dos pés com o chão ou das pernas na esteira. Sinta o toque de sua pele com sua roupa ou com o ar, perceba alguma sensação agradável ou desagradável. Apenas observe e note se a sensação desaparece naturalmente. Amplie sua consciência para a experiência interna. Pergunte-se o que está vivendo agora, quais pensamentos passam por sua mente neste momento, quais sensações ou emoções estão presentes. Esteja consciente de sua experiência de forma global. Observe todas as sensações e emoções que aparecem, agradáveis ou não, sem se envolver com elas. Apenas perceba o que está presente e se muda com o passar do tempo. 2º PASSO Dirija sua atenção para as percepções físicas e, aos poucos, traga-as para a sua respiração. Observe de perto a sensação de respirar, o movimento na região de seu abdômen, em seu tórax. Tome consciência de todas as impressões da respiração neste momento. Por alguns instantes, acompanhe sua respiração a cada inspiração e expiração. Não tente modificá-la, apenas observe-a no momento presente. Se surgir algum pensamento ou emoção, deixe passar e volte o foco para a respiração. 3º PASSO Sinta sua consciência se expandir, incluindo seu corpo, o ambiente onde se encontra e até as pessoas ao redor. Permaneça com essa sensação por alguns segundos. Progressivamente e sem pressa, volte a atenção ao seu corpo como um todo, sua postura e expressão facial. Quando se sentir preparado, abra os olhos devagar e leve essa sensação de bem-estar e calma para as atividades de seu cotidiano.

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VIVER BEM

ABAIXO A DOR!

Uma boa notícia para os 37% de brasileiros que convivem com dor crônica, artrite, artrose ou tensão muscular decorrente de má postura ou idade avançada: a incorporação de práticas do mindfulness, em especial a atenção plena na respiração, o “escaneamento” corporal e movimentos suaves de ioga auxiliam na redução da dor a partir de sua percepção e consequente relaxamento. “Parte da dor é muitas vezes provocada pela tensão gerada quando evitamos a dor”, explica a psicóloga Márcia Epstein, do Centro Paulista de Mindfulness e do Instituto Sedes Sapientiae-SP. A prática da atenção plena nesses casos ajuda também a diferenciar processos mentais e emocionais que aumentam o sofrimento. “A dor primária é inevitável, enquanto a secundária é decorrente do que se pensa sobre ela, como ‘o que eu fiz para merecer tudo isso?’”, observa Márcia Epstein. “A prática da atenção plena leva o paciente a observar sua forma de pensar e sentir e o ajuda a encontrar uma maneira própria de conviver, acolher e manejar sua dor”, comenta a psicóloga. Esse programa é utilizado em inúmeros hospitais americanos e ingleses, inclusive no Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. Assim como a dor crônica, a insônia, que afeta 40% dos brasileiros segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pode ser tratada com a prática de mindfulness. “Em dois estudos recentes realizados na Unifesp com mulheres insones observou-se a redução da gravidade da insônia e melhoras no humor, nas atividades diárias e nas relações interpessoais quando utilizamos o MBSR”, relata a psicóloga Viviam Vargas de Barros, do Núcleo de Pesquisa em Saúde e Uso de Substâncias (NEPSIS-Unifesp) e do Centro Brasileiro de Pesquisa e Formação em MBRP - Prevenção de Recaídas Baseado em Mindfulness e Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde. Em um desses estudos, mulheres que tomavam medicamentos para dormir havia anos foram encorajadas a retirar os medicamentos, com acompanhamento médico, e conseguiram manter a insônia sob controle. “As práticas de mindfulness ajudam as pessoas a se relacionar melhor com a insônia, perceber os pensamentos que vêm junto com a ansiedade diante da situação. Quando aprendemos a deixar passar esses pensamentos, naturalmente ficamos mais calmos, o que por sua vez nos ajuda a dormir mais rapidamente”, constata Viviam Barros. Usuários de álcool e outras drogas podem aprender a “surfar na fissura” sem recair no uso de substâncias. O MBRP é

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um programa específico para prevenção de recaídas de pessoas que estão em tratamento para problemas relacionados ao uso de drogas. “As pesquisas têm mostrado que as pessoas que passam pelo programa têm um menor número de recaídas em relação àquelas que receberam tratamento padrão, além de usarem menos substância quando têm um lapso e voltarem mais rapidamente para a abstinência”, comenta a psicóloga Viviam Barros. Durante o programa, são ensinadas práticas específicas para lidar com a fissura e para reconhecer as reais necessidades do momento. Assim, as pessoas aprendem a oferecer a si mesmas o acolhimento que precisam, diminuindo a necessidade da substância.

ESTRESSE NO TRABALHO

Com a pressão para atingir metas de produtividade, não é raro observar quadros de depressão e burnout em profissionais de grandes empresas. Na tentativa de reduzir essas condições, corporações como Bayer, 3M e Google têm investido em programas de mindfulness para reduzir estresse e esgotamento laboral, ampliar a empatia com clientes e aumentar a criatividade e o rendimento no trabalho. Para o psicólogo Marcelo Batista de Oliveira, membro e professor do Centro Paulista de Mindfulness, o profissional que pratica essa técnica aprende a gerenciar melhor suas emoções, lida com pressões de forma mais hábil e funcional, além de ampliar sua capacidade de resiliência e qualidade de convívio social. Para Marcelo Oliveira, no mundo organizacional é fundamental o treinamento de habilidades emocionais e humanas, com foco não apenas em ganhos, mas sobretudo em princípios e valores dos sujeitos, em relação a si próprios e ao mundo que os cerca. “Em curto e médio prazo, observa-se uma melhor qualidade de vida, do clima institucional e até mesmo mudanças na cultura da empresa”, conclui o psicólogo. O “movimento” mindfulness que tomou conta das mídias e redes sociais, escolas, empresas e serviços de saúde nos faz pensar: trata-se apenas de uma moda passageira ou será o início de uma nova era? Não existe a expectativa de que a prática venha a conceber um “novo ser humano”, mas esperase que seus praticantes se tornem seres bem mais conscientes de sua própria condição, potencialidades e, também, de sua conexão com o mundo em que vivem.

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ELES PRATICAM E... GOSTAM!

Em 2015, tive uma recaída de Síndrome do Pânico. Uma amiga sugeriu procurar o Grupo Mente Aberta. As práticas de mindfulness foram muito importantes em minha vida, não apenas na época como também nos anos seguintes. A compreensão do que é atenção plena, atitude aberta e sem julgamento têm me auxiliado no controle da ansiedade, insônia e estresse.” Claudia Varnier, 42 anos, pesquisadora do Núcleo de Hidrogeologia do Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente.

Fiz o curso de oito semanas de práticas de mindfulness com foco na Compaixão, em 2017, no Centro Mente Aberta da Unifesp. No início achei que fosse sobre compaixão para com o próximo, mas logo percebi que era também sobre autocompaixão. Essa prática mudou minha maneira de pensar, encarar a vida e agir. Hoje sinto-me mais compreensiva, tolerante, gentil comigo e com os outros.” Marli Garcia, 57 anos, jornalista.

A prática diária de mindfulness, desde 2015, me fez ficar mais atento a meus sentimentos, pensamentos, emoções e à realidade ao meu redor. A vida e o meu trabalho continuam muito desafiadores, mas minhas respostas são mais sensatas e equilibradas. Meus alunos sentem esse clima amistoso e saudável e respondem, também, da mesma forma.” José Carlos Fuscella, 49 anos, psicólogo, matemático e professor de curso pré-vestibular do Colégio Objetivo.

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PRESTE ATENÇÃO! A prática de qualquer modalidade de mindfulness não tem por objetivo deixar a mente em branco nem suprimir emoções ou fugir da dor. “É importante ressaltar ainda que esses programas estão longe de ser a panaceia para todos os males. Pelo contrário, tem indicações precisas e baseadas em evidências científicas, assim como contraindicações – pessoas com depressão grave, epilepsia, transtorno de personalidade, transtorno bipolar ou psicose, riscos ou antecedentes de crise dissociativa. Pode apresentar também efeitos adversos e inesperados como angústia, ansiedade, culpa, visão negativa do mundo, confusão, desorientação, ideias de grandiosidade, sentimento de vulnerabilidade, desconforto corporal, aumento da crítica e intolerância com os demais, isolamento e tédio”, adverte Marcelo Demarzo, diretor do “Mente Aberta” — Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde e coordenador da Especialização em Mindfulness da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). One Health

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CULTURA

A NOVA CARA DA POESIA Tão plural e diversificada, esta arte vem ganhando cada vez mais espaço nas prateleiras, nos discos rígidos e nas ruas. Entre letras, vozes e até notas musicais, o gênero literário está mais perto de você do que nunca por veridiana mercatelli

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CULTURA

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etáforas, preocupação estética, despreocupação estética, métricas, presença ou ausência de rimas, imagens, digital, voz alta, musicada, tecnologia, livros, competições, ativismo político, emoção, expressão. A poesia contemporânea hoje é tão vasta e cheia de possibilidades, que se torna difícil defini-la, colocar-lhe um “rótulo”. Ela não tem amarras nem fronteiras. Ocupa espaços públicos. Pode estar em qualquer lugar, da biblioteca ao viaduto, dentro do ônibus, na praça, no tapume da construção, no seu celular, no palco. Em nenhum outro momento da história a poesia teve um caráter tão democrático. Um brinde à internet! Poetas profissionais e amadores encontraram no ciberespaço um poderoso aliado, capaz de levá-los a terras distantes em poucos cliques, em questão de segundos. Fazer uma curadoria de poetas atuais é tarefa difícil até para especialistas. Não por falta de opções, muito pelo contrário. A nova geração de artistas é numerosa, heterogênea e mantém esta arte tão antiga – acredita-se que ela seja anterior à própria escrita – muito viva e pulsante. Nomes como Mel Duarte, Angélica Freitas, Bruna Beber, Marina Mara, Ana Martins Marques, Alice Sant’Anna, Carlito Azevedo, Eucanaã Ferraz, Laura Liuzzi, Marília Garcia, Ricardo Aleixo, entre muitos outros, são apenas alguns dos destaques da poesia contemporânea brasileira. Cada um, com seu estilo, temática e forma de expressão, mostra que a poesia pode sempre se reinventar e manter uma essência ao mesmo tempo.

MUITAS CARAS, MUITOS CORPOS

A pluralidade, sem dúvida, é uma das maiores características da poesia contemporânea. Na linguagem, na estética, na divulgação. É difícil dizer que exista hoje um movimento com padrões relevantes, como no passado. “Há vários tipos de poetas e há uma quantidade enorme de apropriação de linguagem.

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Há pessoas que seguem regras, escrevendo com métricas, rimas. Mas também há pessoas que não usam nada disso, outras trabalham com multimídia. Às vezes, nem usando palavras, somente gráficos e gestos poéticos que se misturam com as artes plásticas. Tem todo tipo de manifestação poética convivendo”, diz a professora de literatura na Universidade Presbiteriana Mackenzie (São Paulo), Marlise Brise. Ela lembra que, no limite, sempre houve uma mistura de estilos, mas, quando havia movimentos mais claros, eles possuíam tendências bem marcadas. Hoje, tudo é muito mais fluido, diluído. Entretanto, dentro dessa gama de linguagens e cenários, é possível destacar algumas características que sobressaem na poesia nos dias de hoje. Segundo Douglas Rosa da Silva, pesquisador acadêmico e mestrando na linha de Teoria, Crítica e Comparatismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a poesia recente apresenta um tom incontornável, inapreensível como um todo. Porém, ele destaca que as novas configurações poéticas (o uso da internet, a poesia digital, a performance como elemento, o forte alinhamento com as outras artes) e as variações temáticas, de certo modo, são eixos que permeiam o quadro poético atual. Além disso, a poesia possui, ao mesmo tempo, um caráter de aproximação e afastamento do que já foi realizado. “Não estamos tratando de rupturas ou de rejeições como herança deixada pelos movimentos literários que passaram. Considero que no cenário pós-moderno o antigo e o novo convivem, sendo recriados, constantemente, por esse fazer poético


INCONTÁVEIS LINHAS COMO QUE DISPERSAS IMPENSÁVEIS LÍNGUAS COMO QUE DOS PERSAS CRUZAM-SE NO INFINITO: OU TORNAM-SE LINGUAGEM OU DEIXAM O DITO POR NÃO DITO RICARDO ALEIXO


CULTURA

OS PEIXES SÃO TRISTES NO AQUÁRIO MESMO QUE NÃO CONHEÇAM O MAR ALGUMA COISA NELES QUER O AMPLO. NO POEMA MORREM SEM ÁGUA NA PRIMEIRA ESTROFE. ANA MARTINS MARQUES


que marca a atualidade. A diferença reside nisso: princípios norteadores do passado que passam por um exercício de ressimbolização no presente, tornando-se algo sempre recriado, diferente e insólito”, conta Douglas.

A GERAÇÃO PONTOCOM

Não há dúvidas de que o público aumentou seu interesse pelo gênero literário. Os grandes responsáveis por isso são os aspectos que já citamos, como a diversificação na linguagem e, naturalmente, o fácil acesso on-line. Segundo Elizabeth Burke-Dain, diretora de mídia e marketing do Poetry Foundation (poetryfoundation.org), organização literária independente norte-americana que possui um dos sites de poesia mais completos do mundo, a internet possibilitou o maior alcance da poesia de todos os tempos. “Além disso, nunca se publicaram tantos poemas como no momento atual. A internet criou todo um novo espaço para a poesia e para seus leitores”, ressalta. A Poetry Foundation oferece mais de 14 mil poemas clássicos e contemporâneos, podcasts, blogs, recursos para professores e crianças, entre outros. Também, em sua sede, em Chicago, organiza mais de 100 eventos gratuitos e abertos ao público por ano. “Nossa missão é criar uma presença mais forte da poesia na cultura, e todos os nossos programas têm exatamente esse foco”, explica Elizabeth. Se por um lado o imediatismo e o fácil acesso pela internet são um fator democratizador dentro da poesia atual, por outro, pode-se colocar em xeque a questão da qualidade das criações. Para o professor Silvio Pereira da Silva, coordenador dos cursos de Letras - Língua Estrangeira e Letras - Língua Portuguesa da Universidade Metodista de São Paulo, falta poeticidade na produção, ou seja, há muitas vezes a ausência de sensibilidade na linguagem poética, o que não significa escrever em uma linguagem rebuscada, por exemplo. “Antes, os escritores tinham um tempo maior para publicar seus poemas ou prosas. Hoje, muitos produzem o texto e publicam imediatamente, fazendo com que, muitas vezes, a qualidade seja um pouco duvidosa”, avalia. E ele completa: “Tem bastante produção, mas a gente não sabe se ela ficará, se será atemporal. No entanto, a vantagem do atual momento é que ele dá mais possibilidades de destaque a diversas pessoas”. Um bom exemplo de que o ciberespaço é um forte aliado da poesia é a indiana Rupi Kaur, de apenas 24 anos. Impulsionada por redes sociais como o Instagram (@ruipikaur_), onde tem mais de 1,5 milhão de seguidores, a jovem, que reside no Canadá, tornou-se um fenômeno mundial. Seu livro, Milk and Honey, foi traduzido para diversos idiomas, inclusive o português (no Brasil, com o título Outros Jeitos de Usar a Boca, publicado pela Editora Planeta). Símbolo feminista, Rupi fala sobre a situação da mulher no mundo com uma linguagem simples, porém bastante forte.

DIFÍCIL DE ENTENDER? A fama da poesia em ser de difícil compreensão é de longa data. De fato, o uso de metáforas, muitas vezes, pode tornar o poema um tanto quanto enigmático. Também há a questão da linguagem, que nem sempre foi de fácil digestão para o público que não costuma ler esse gênero literário. “A poesia mudou muito com o passar dos anos em termos do que é considerado ‘poesia’. Acredito que ainda haja pessoas no mundo que pensem que poesia necessita de rimas para existir, mas hoje ela é muito aberta”, explica Elizabeth Burke-Dain, da Poetry Foundation. E dentro dessa abertura, na qual rimas e métricas são facultativas e linguagem rebuscada não é pré-requisito para considerarmos poesia como tal, é que o público muda seu ponto de vista e sua relação com os versos. A temática abrangente é outro facilitador para essa aproximação, mas também pode significar uma barreira. “Ela é muito plural e às vezes é muito obscura, muito hermética. As pessoas têm dificuldade de entender o que está sendo veiculado. Por isso que os livros de poetas como Paulo Leminski têm sucesso. Ele não é obscuro, pode ser múltiplo, mas é entendido”, conta a professora Marlise Brise. Mas como descomplicar a poesia e eliminar sua fama de enigmática entre os jovens? A resposta pode estar nas salas de aula. “Educação tem um papel importante em como uma pessoa odeia ou ama a poesia”, diz Elizabeth. E ela completa, citando uma entrevista dada pelo escritor e cineasta americano Daniel Handler para um podcast (“How to be Amazing”): “Ele deu uma resposta incrível sobre o que faz uma pessoa querer ler poesia. Disse assim: ‘Ler poesia é como estar num museu de arte. Quando você entende que pode apenas passar por coisas que não falem a você, quando entende que sua resposta visceral a um poema é verdadeira. Se uma coisa não lhe interessa, não significa que você esteja perdendo algo ou não esteja captando a mensagem‘”. One Health 85


CULTURA

NA PALMA DA MÃO

A palavra acessibilidade ganha um sentido ainda mais robusto quando se tem a notícia da existência de um aplicativo colaborativo que mapeia pontos de poesia pelo Brasil inteiro. É o caso do PoemApp (gratuito para Android), idealizado pela poeta brasiliense Marina Mara, que há mais de dez anos pesquisa sobre a produção de poesia pelo País. “O PoemApp surgiu como a ideia de fazer um mapa em um site, uma coisa bem simples, com os pontos de poesia no Brasil. Só que, no meio do caminho, essa ideia evoluiu. Então, surgiu a possibilidade de fazer esse aplicativo com o apoio financeiro da Secretaria de Cultura do Distrito Federal e o apoio tecnológico da Universidade de Brasília, onde faço mestrado de Arte e Tecnologia”, conta a poeta. O aplicativo dá a localização de bibliotecas, eventos de poesia, lançamentos de livros, intervenções pelas cidades brasileiras e por aí vai, com a ajuda dos usuários. Marina, que tem referências como Hilda Hilst, Reinaldo Jardim e Carlos Drummond de Andrade, também é publicitária, jornalista, atriz, designer gráfico, roteirista e consultora de projetos literários. “Costumo dizer que sou a minha ‘euquipe’. Tenho essa necessidade de expressão e, como enxergo a poesia como forma de melhoramento social e humano, acredito que, quanto mais eu fizer e para mais pessoas eu espalhar, o mundo fica melhor”, conta. Segundo ela, seu desejo é que o PoemApp ajude a modificar a relação da poesia com a grande massa. “Muitas vezes, a gente vê em saraus poetas falando para poetas, para escritores. Além disso, as formas de divulgação para quem investe nas redes sociais (com impulsionamento pago de posts) ou para quem está ligado às grandes editoras deixam escritores e movimentos bem importantes

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aquém do grande público. Então, o principal desejo do PoemApp, ao ser criado, era exatamente isto: a conexão do público com o escritor, com a cena literária, para que mais pessoas possam degustar dessa benesse, que é ter a poesia no nosso cotidiano”. O mapa da cena poética no Brasil também está acessível pelo site www.poemapp.com.br.

O CÉU É O LIMITE

Como já foi dito, o número de pessoas produzindo poesia tem aumentado muito, mas ela não se restringe somente à esfera digital e aos tradicionais livros. A poesia atual está em vídeos do YouTube, mas também no teatro (como o poema-performance), nos protestos de rua, escrita em cartazes, nos meios públicos de transporte, nas comunidades (por meio das intervenções, poetry slams, entre outros encontros poéticos). Poetry slams, ou somente slams, são eventos de poesia falada que têm se tornado cada vez mais populares no Brasil. Trata-se de batalhas de poesias, muito semelhantes às batalhas de MCs, que ocupam espaços públicos, como praças e viadutos. Como todo jogo, há regras. A poesia deve ter, no máximo, três minutos e ser autoral, embora o participante possa fazer citações. Não é permitido o uso de apetrechos visuais, como fantasias, nem música durante a apresentação. Os temas são livres, mas, em geral, costumam ser sobre questões sociais de todos os tipos. O júri é escolhido na hora, dando nota de 0 a 10. No fim, todos os pontos são somados e é divulgado o vencedor. Um dos grandes destaques do movimento slam é a paulistana Mel Duarte, poeta, slammer, produtora cultural e autora dos livros Fragmentos Dispersos (edição independente)


VAIDADE É TELA, NÃO TRABALHE COM ELA HOJE: VAMOS JUNTOS! AMANHÃ, DISPERSÃO. SE É PRA SEGUIR UM RUMO, FOCAR NUM INTUITO QUE SEJA O DA EVOLUÇÃO! MEL DUARTE

e Negra, Nua e Crua (Editora Ijumaa). Formada em Comunicação Social, Mel aborda diversos temas sociais em sua poesia, como machismo e racismo, mas também trata de diferentes questões e emoções com a mesma força. Segundo ela, os slams têm aproximado muito a poesia do público, justamente por estar em locais públicos. “Então, é legal porque as pessoas acordam para a poesia no sentido de que ela está muito mais próxima da gente do que se imagina.” Além dos slams, Mel participa de múltiplos eventos, como saraus, feiras literárias, e faz parte do coletivo Poetas Ambulantes, que realiza intervenções poéticas nos transportes coletivos em São Paulo. Segundo ela, o poeta hoje em dia não pode ficar só restrito à esfera on-line. “A tecnologia ajuda porque o trabalho acaba chegando pra mais pessoas. A internet é uma grande ferramenta de potencialização da nossa arte. Mas não dá pra ficar só preso ao que tem ali, porque isso não é nem 30% do trabalho. Pelo menos do trabalho que eu desenvolvo. O que tem na internet é muito básico e raso. Ela ajuda, mas não resolve. A gente tem que marcar presença nos espaços para que as pessoas conheçam nosso trabalho. E em diversos espaços”, conta. Quanto a sobreviver de poesia no Brasil, pouca coisa mudou. “É complicado ser artista no Brasil, logo, é complicado ser poeta. A gente tem cada vez menos acesso para distribuir e realizar a nossa arte. Então, não é fácil, tem que se desdobrar muito, mas aos poucos as coisas vão acontecendo”, conta Mel, que há dez anos trabalha com poesia, embora, segundo ela, somente há um ano venha conseguindo se sustentar e sobreviver nesse ramo. “Mas estou o tempo todo nisso, são 24 horas trabalhando, sendo minha própria produtora, contadora, artista. Enfim, é muita coisa”, conclui a poeta.

UM MUNDO À SUA FRENTE Para quem quer conhecer a obra de poetas do mundo todo, existe uma plataforma interessante chamada Lyrikline (lyrikline.org). Lá, você pode procurar poesias por idiomas, gêneros, formas poéticas (como soneto, haikai, entre muitas outras) ou até mesmo fazer uma busca mais detalhada, como pelo ano de nascimento do poeta. Há inúmeras poesias lidas pelos próprios autores, inclusive, muitos brasileiros, como Angélica Freitas, Ricardo Aleixo, Criolo, Chacal, Arnaldo Antunes e por aí vai. Vale a pena conferir.

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ONE WORLD

ODONTOLOGIA

PREMIUM

One Dental, plano odontológico da One Health, traz benefícios exclusivos para os clientes, além de procedimentos diferenciados como ortodontia, clareamento, terapias a laser e aplicação de toxina botulínica por jéssica russilo

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o primeiro semestre, a One Health investiu no lançamento de mais um produto premium: a One Dental. A aposta trouxe ao mercado um plano odontológico que apresenta a alta qualidade já vista pelos clientes One Health, juntamente com uma gama diferenciada de procedimentos. “A One Dental complementa o portfólio de serviços já conhecido pelos nossos clientes e preenche uma lacuna existente no mercado ao propor sinergia também com todos os demais produtos do grupo”, explica Luciana Zayat Silva, dentista que cuida da área de relacionamento com a rede credenciada da One Dental. Com foco na mesma linha de público da One Health, a One Dental torna-se o primeiro produto odontológico premium da empresa. Esse é um grande desafio, pois ao mesmo tempo que é preciso ficar por dentro das novidades do mundo odontológico, a empresa também necessita estar alinhada aos produtos específicos desse nicho exclusivo. Dividido em cinco linhas (Black, Black T2, T3, T4 e T5), a One Dental traz como principal diferencial os procedimentos oferecidos. Além das coberturas previstas no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), conforme o plano escolhido, os clientes têm acesso a serviços de ortodontia, próteses estéticas, clareamento dentário, terapias a laser, tomografia computadorizada, tratamentos de dor facial e aplicação de toxina botulínica com diretrizes terapêuticas. Outras vantagens do produto são a fácil possibilidade de reembolso, a ampla rede de profissionais credenciados e

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focados no elevado padrão de diagnósticos e tratamentos disponíveis e a assistência individualizada. “A One Dental é um plano odontológico seleto que oferece ao cliente comodidades como cobertura superior para especialidades e procedimentos, reembolso ágil, rede referenciada ampla com profissionais de alta performance, além da experiência do atendimento exclusivo One Health”, complementa Luciana. Além desse recurso, os clientes contam com uma central de relacionamento para agendamento de consultas e exames, mostrando a preocupação da empresa com a experiência do usuário. Essa atenção estende-se, também, à rede credenciada, que conta com profissionais do ramo odontológico com anos de experiência e apaixonados pela profissão. “Nossos parceiros são tão exclusivos quanto nossos clientes. Eles investiram na carreira, bem como na estrutura de seus estabelecimentos, e zelam pelas premissas da odontologia e pela superação das expectativas dos pacientes”, frisa Luciana Zayat Silva. Diante de tantos benefícios, a One Dental entra como uma forte opção para os clientes corporativos, principalmente homens e mulheres executivos donos de pequenas empresas que se preocupam com exclusividade, zelo no atendimento e diversificação de serviços. Mais do que isso, o produto tornase referência no mercado de planos odontológicos premium. “Com esse lançamento, a One Health reforça sua marca e amplia o leque de serviços aos seus clientes, personificando a possibilidade de acesso a uma odontologia inovadora e de qualidade mensurada”, expõe Luciana.

© SHUTTERSTOCK


DIFERENCIAIS DO ONE DENTAL Acesso a procedimentos fora do rol obrigatório: ortodontia, próteses estéticas, clareamento dentário, tratamento para dor facial, tomografia computadorizada, terapias a laser e aplicação de toxina botulínica. Opção de reembolso em todas as linhas. Ampla rede credenciada, com profissionais especializados com anos de experiência. Nurseline: atendimento personalizado, por meio de uma equipe de enfermagem treinada, 24 horas por dia. Central de relacionamento para agendamento de consultas e exames.

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O FUTURO AGORA

SONO DOS DEUSES

A cama é um dos itens mais importantes da casa. É nela que descansamos para repor as nossas energias e encarar mais um dia de trabalho. E se juntássemos conforto com tecnologia para melhorar a qualidade do sono? Essa é a ideia da smart bed Sleep Number 360, que detecta os seus movimentos e ajusta-se automaticamente de acordo com as suas necessidades e desejos. O produto conta com as tecnologias Responsive Air e FlexFit, que ajudam a rastrear os batimentos cardíacos, respiração e movimentos durante a noite, propiciando ajustes conforme a sua rotina de sono. Ou seja, se você vira de lado, o sistema reconhece a posição e ajusta o colchão conforme o contorno do seu corpo. Mais do que isso:

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caso você tenha problemas com ronco, a cama detecta e inclina a sua cabeça automaticamente para que ele cesse imediatamente. Ah... e não se preocupe caso você durma com um parceiro, pois a cama possui dois lados detectáveis com ajustes independentes. Quer ainda mais funcionalidades incríveis? Na Sleep Number 360 é possível agendar o horário em que você vai dormir e o sistema irá preaquecer a base da cama para que os seus pés fiquem quentinhos no momento em que você deitar. Além disso, há a facilidade de programar o despertador para que a cama acorde você de forma confortável, suave e segura pela manhã. Tecnologia pura que melhora o seu dia a dia e traz comodidade!

© divulgação


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Clientes One contam com um serviço especializado de orientação e educação preventiva em saúde, criado especialmente para cuidar ainda melhor do seu bem-estar. One Nurseline Uma equipe de enfermagem está 24h a sua disposição, para solucionar dúvidas em saúde e, se necessário, direcionar você para atendimento adequado. Você também conta com o apoio da equipe durante o pós-alta dos hospitais onde existem Embaixadas One Health. Fale com o One Care a qualquer hora do dia ou da noite para: • Orientação básica para primeiros socorros; • Esclarecimento sobre sintomas; • Informações sobre preparo para exames; • Dúvidas sobre uso de medicamentos prescritos em consulta médica.

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A qualidade One Health em um exclusivo produto odontológico. Conheça os benefícios de ser One Dental: Reembolso online ágil em até um dia útil; Coberturas diferenciadas: terapêutica botulínica; implante, odontologia estética, laserterapia, entre outros; Rede Credenciada distribuída estrategicamente nas principais capitais; Consultórios e clínicas odontológicas disponibilizando tecnologia de ponta: tomografia computadorizada; check-up digital; instrumentação rotatória de canais; confecção informatizada de próteses; anestesia eletrônica, microscopia óptica, radiografia digital; Cirurgiões dentistas referenciados engajados em entrega técnica e relacionamento humano. Acesse onehealth.com.br e confira outras vantagens de ser One Dental.

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