#publichistory2018

Page 1


REALIZAÇÃO SPONSORING

Rede Brasileira de História Pública (RBHP) International Public History Federation (IFPH) Grupo de Estudo e Pesquisa em História Oral e Memória (GEPHOM) Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH/USP) COMISSÃO DE PROGRAMAÇÃO PROGRAM COMMITTEEE

Ricardo Santhiago, Universidade Federal de São Paulo (Brazil) Viviane Borges, Universidade do Estado de Santa Catarina (Brazil) Philip Scarpino, Indiana UniversityPurdue University Indiana (USA) Jon Olsen, University of Massachusetts (USA) Karin Priem, Université du Luxembourg (Luxembourg) John Walsh, Carleton University (Canada) Tammy Gordon, North Carolina State University (USA) for the NCPH Tanya Evans, Macquarie University (Australia) Natasha Erlank, University of Johannesburg (South Africa) Irina Sevelieva, Higher School of Economics (Russia) Lourdes Roca, Instituto Mora (Mexico) Anita Lucchesi, Université du Luxembourg (Luxembourg) Catalina Muñoz, Universidad de los Andes (Colombia) COMISSÃO ORGANIZADORA LOCAL ARRANGEMENTS COMMITTEE

Coordination | Coordenação: Ricardo Santhiago (Unifesp) Valéria Barbosa de Magalhães (USP) Viviane Trindade Borges (Udesc) Members | Membros: Ana Maria Mauad (UFF) Bruno Leal Pastor de Carvalho (UFRJ/Café História) Caroline Bauer (UFRGS) Daisy Perelmutter (GEPHOM/EACH-USP) Daniel Saraiva (Udesc)

Eduardo Morettin (USP) Juliana Pedreschi Rodrigues (USP) Juniele Rabêlo de Almeida (UFF) Lívia Morais Garcia Lima (Unisal) Maria Silvia Duarte Hadler (Unicamp) Marta Gouveia de Oliveira Rovai (Unifal) Miriam Hermeto (UFMG) Rogério Monteiro de Siqueira (USP) Silvia Maria Jardim Brugger (UFSJ) Sônia Maria de Meneses Silva (URCA) Apoio administrativo: Caroline Corrêa Fernandes COMISSÃO CIENTÍFICA SCIENTIFIC COMMITTEE

Adriane Vidal Costa (UFMG) Beatriz Mamigonian (UFSC) Benito Bisso Schmidt (UFRGS) Dilton Maynard (UFS/UFRJ) José Newton Coelho Meneses (UFMG) Márcia Ramos de Oliveira (Udesc) Martha Abreu (UFF) Paulo César Garcez Marins (USP) Paulo Fontes (CPDOC/FGV) Rodrigo de Almeida Ferreira (UFF) APOIO FINANCEIRO FUNDING

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp)


ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES DA USP 21 A 24 DE AGOSTO | AUGUST, 21-24 SÃO PAULO, BRAZIL - 2018


#publichistory2018

6 8 10 11 12 14 16 18 19 20 22 23 24 71 74

4

De volta a São Paulo Bem-vindos EACH-USP Mapa do campus Nossas salas Conferencistas Mesas redondas plenárias Aula magistral Oficinas Apresentações musicais Concurso de arte Debates Programação detalhada Lançamentos Resumos


#publichistory2018

Back to SĂŁo Paulo Welcome! EACH-USP Campus map Our rooms Keynote speakers Plenary roundtables Masterclass Workshops Musical performances Art contest Discussions Detailed program Book signing sessions Abstracts

7 9 10 11 12 14 16 18 19 20 22 23 24 71 74

5


#publichistory2018

DE VOLTA A SÃO PAULO Foi na cidade de São Paulo – e na Universidade de São Paulo – que as primeiras articulações em torno da história pública foram feitas no Brasil: o primeiro Curso de Introdução à História Pública e o primeiro Simpósio Internacional de História Pública, respectivamente, em 2011 e 2012. Abraçadas por um grupo de historiadores brasileiros, praticantes e estudiosos de história pública, essas iniciativas deram origem à Rede Brasileira de História Pública, organização descentralizada e autogerida, fundada em 2012. Com a criação da Rede, instauraram-se espaços de interlocução – sobretudo, os encontros internacionais bianuais, que aconteceram em 2014 na Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro, e em 2016 na Universidade Regional do Cariri, no Ceará – que agregam pesquisadores, profissionais, professores e estudantes interessados em refletir sobre a história pública, suas potencialidades e desafios, bem como de estimular a prática de produção do conhecimento histórico dirigido a diferentes públicos, com um enfoque interdisciplinar. De volta a São Paulo, e recebido pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, na Zona Leste da cidade – onde a história pública fervilha –, o 4º Simpósio Internacional da Rede Brasileira de História Pública encontra-se com a 5ª Conferência Anual da Federação Internacional de História Pública. São, estes, dois dos principais fóruns de análise sobre as práticas e as reflexões em torno da história pública, tema emergente que vem recebendo atenção crescente nos últimos anos, induzindo publicações, projetos de pesquisa, simpósios, cursos de graduação e pós-graduação. Com uma programação diversificada e intensa, esperamos realizar um evento produtivo e dinâmico, com a colaboração de participantes dos cinco continentes e das cinco regiões brasileiras inscritos em diferentes modalidades de participação. Agradecemos aos colegas que participaram da organização do evento, à equipe de apoio, às agências de fomento e às instituições apoiadoras, bem como a todos os colegas da Rede Brasileira de História Pública e da Federação Internacional de História Pública. Em um momento histórico tristemente peculiar na história brasileira – de ascensão do conservadorismo e do revisionismo, de ameaças à liberdade de expressão, de repetidos ataques aos direitos sociais, de desinvestimentos em educação e cultura, de desmonte do ensino superior gratuito e da pesquisa socialmente relevante –, é reconfortante confirmar o compromisso de várias centenas de pessoas que acreditam no (e que, com seus trabalhos, evidenciam o) poder transformador da história pública. Ricardo Santhiago (Universidade Federal de São Paulo) Valéria Barbosa de Magalhães (Universidade de São Paulo) Viviane Trindade Borges (Universidade do Estado de Santa Catarina) 6


#publichistory2018

BACK TO SÃO PAULO It was in the city of São Paulo and at the University of São Paulo that the first articulations around public history were made in Brazil: the first Course on Introduction to Public History and the first International Symposium on Public History, respectively, in 2011 and 2012. Embracing a group of Brazilian historians, practitioners and scholars of public history, these initiatives gave rise to the Brazilian Network of Public History, a decentralized and self-managed organization, founded in 2012. With the creation of the Network, spaces for dialogue have been established – especially the biennial international meetings that took place in 2014 at the Fluminense Federal University (Niterói, Rio de Janeiro) and in 2016 at the Regional University of Cariri (Crato, Ceará) – that bring together professionals, teachers and students interested in reflecting on public history, its potentialities and challenges, as well as stimulating the practice of producing historical knowledge directed to different audiences with an interdisciplinary approach. Back to São Paulo, and hosted by the School of Arts, Sciences and Humanities of the University of São Paulo, in the East Zone of the city – where public history boils –, the 4th International Symposium of the Brazilian Network of Public History meets with the 5th Annual Conference of the International Federation of Public History. These are two of the main forums for analysis on practices and reflections on public history, an emerging theme that has received increasing attention in recent years, inducing publications, research projects, symposia, undergraduate and postgraduate courses. With a diversified and intense programming, we hope to hold a productive and dynamic event, with the collaboration of participants from five continents and five Brazilian regions enrolled in different participation modalities. We would like to thank people who participated in the organization of the event, the support staff, the development agencies and supporting institutions, as well as all the colleagues of the Brazilian Network of Public History and the International Federation of Public History. At a sadly peculiar historical moment in Brazilian history – from the rise of conservatism and revisionism, threats to freedom of expression, repeated attacks on social rights, disinvestments in education and culture, dismantling of free higher education and socially relevant research – it is comforting to confirm the commitment of several hundred people who believe in (and evidence with their work) the transformative power of public history. Ricardo Santhiago (Universidade Federal de São Paulo) Valéria Barbosa de Magalhães (Universidade de São Paulo) Viviane Trindade Borges (Universidade do Estado de Santa Catarina) 7


#publichistory2018

BEM-VINDOS! Em nome da Federação Internacional de História Pública (IFPH), estamos entusiasmados em recebê-los todos em São Paulo, tanto para a 5ª Conferência Anual do IFPH como para o 4º Simpósio Internacional da Rede Brasileira de História Pública. Somos especialmente gratos aos nossos parceiros locais: a Rede de Brasileira de História Pública, a Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, o comitê de programação (presidido por Anita Lucchesi e Catalina Muñoz) e o comitê local (presidido por Ricardo Santhiago, Viviane Trindade Borges e Valéria Barbosa de Magalhães) pelo fantástico trabalho. A conferência oferece oportunidades para explorar uma grande variedade de tópicos – meio ambiente, comunidades, patrimônio urbano, passado difícil, reconciliação entre outros –, bem como inúmeras ferramentas e mídias, como história oral, tecnologia digital ou exposições. A seleção foi difícil, pois recebemos propostas de 26 países e de todos os continentes. Somos gratos aos nossos apoiadores e aos membros do comitê de programação que ajudaram a tornar esta conferência tão diversa quanto possível. A conferência é também uma ocasião para celebrar nossos novos projetos, como o International Public History, nosso novo periódico revisado por pares, online e plurilíngue, publicado por De Gruyter. Nossa revista e nosso novo blog (Bridging) ajudam a história pública a se tornar mais internacional, mais multilíngue e mais rica nas várias abordagens ao campo. Convidamos você a fazer parte da IFPH e a participar das inúmeras tarefas e projetos que propomos.

Thomas Cauvin President of the International Federation for Public History

8


#publichistory2018

WELCOME! On behalf of the International Federation for Public History (IFPH), we are thrilled to welcome you all to São Paulo for both the 5th annual conference of the IFPH and the 4th international symposium of the Rede Brasileira de História Pública. We are especially grateful to our local partners: the Rede Brasileira de História Pública, the Grupo de Estudo e Pesquisa em História Oral e Memória, the Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, the program committee (chaired by Anita Lucchesi and Catalina Munoz) and the local committee (chaired by Ricardo Santhiago, Viviane Trindade Borges, and Valéria Barbosa de Magalhães) for their fantastic work. The conference offers opportunities to explore a large range of topics – environment, communities, urban heritage, difficult past, reconciliation among others – as well as numerous tools and medias such as oral history, digital technology, or exhibits. The selection was hard as we received proposals from 26 countries and every continent. We are grateful to our patrons and the members of the program committee who helped to make this conference as diverse as possible. The conference is also an occasion to celebrate our new projects such as International Public History, our new peer-reviewed, online, and plurilingual journal published by De Gruyter. Our journal and our new blog (Bridging) help public history to become more international, more multilingual, and richer of the various approaches to the field. We encourage you to become members of the IFPH and take part in the numerous tasks and projects that we propose. Thomas Cauvin President of the International Federation for Public History

9


#publichistory2018

EACH-USP Fundada em 2005, a Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo é a primeira universidade pública da Zona Leste de São Paulo. Popularmente conhecida como USP Leste, ela abriga atividades de ensino, pesquisa e extensão, envolvendo quase 300 docentes e mais de 5.000 alunos de graduação e pós-graduação, além de forte participação da comunidade do entorno. Resultado de reivindicações e lutas históricas da população da Zona Leste de São Paulo, ela promove uma formação interdisciplinar e crítica que promove a integração entre diversas áreas de conhecimento e o mundo social. Founded in 2005, the School of Arts, Sciences and Humanities of the University of São Paulo is the first public university in the East Zone of São Paulo. Popularly known as USP Leste, it offers teaching, research and outreach activities, involving almost 300 professors and more than 5,000 undergraduate and graduate students, as well as strong participation from the surrounding community. Born as a result of the demands and historical struggles of the population of the East Zone of São Paulo, it promotes an interdisciplinary and critical training promoting the integration between several areas of knowledge and the social world.

10


PRÉDIO I1 (TITANIC) BUILDING I1 (TITANIC)

PRÉDIO DOS AUDITÓRIOS AUDITORIUMS BUILDING SAGUÃO | ATRIUM AUDITÓRIO AZUL (BLUE) AUDITÓRIO VERDE (GREEN) AUDITÓRIO VERMELHO (RED)

I1 I1 I1 I1

-

116 124 125 126

I1 I1 I1 I1

-

233 234 235 236

CONJUNTO DO CICLO BÁSICO BASIC CYCLE BUILDING ANFITEATRO 1 ANFITEATRO 2 ANFITEATRO 3 CB SALA 11 RP 01 RP 02 RP 03 RP 04

ESTAÇÃO USP LESTE USP LESTE STATION


#publichistory2018

NOSSAS SALAS | OUR ROOMS

Marielle Franco (1979-2018)

Em seus quatro dias de evento, o 4º Simpósio Internacional da Rede Brasileira de História Pública e a 5ª Conferência Anual da Federação Internacional de História Pública promovem uma ação de renomeação simbólica das salas e auditórios que receberão pesquisadores de todo o mundo para discutir história pública e a presença do passado no presente. Assim, o evento celebra a memória de mulheres e homens cujas vidas foram assinaladas pela luta em favor da igualdade e por combates contra a injustiça, em múltiplos níveis. Marielle Franco (foto acima), socióloga, feminista, vereadora e ativista de direitos humanos assassinada em 2018, dá nome à sala principal do evento. Nas portas de cada uma das outras salas, as biografias dos homenageados convidam as pesquisadoras e os pesquisadores a extrair, de suas trajetórias, insumos para suas próprias ações enquanto historiadoras e historiadores públicos. 12


#publichistory2018 Nome da sala | Room name

Auditório Azul | Blue Auditorium Auditório Verde | Green Auditorium

Renomeação simbólica | Symbolic Renaming

MARIELLE PATAXÓ

Homenageados | Honorees

Marielle Franco Galdino Pataxó (1952-1997)

Auditório Vermelho | Red Auditorium

GAMA

Luís Gama (1830-1882)

Sala 116

FREIRE

Paulo Freire (1921-1997)

Sala 124

BEATRIZ

Beatriz Nascimento (1942-1995)

Sala 125

MENDES

Chico Mendes (1944-1988)

Sala 126

CHIQUINHA

Sala 233

BEZERRA

Gregório Bezerra (1900-1983)

Sala 234

BERTHA

Bertha Luz (1894-1976)

Sala 235

HELEY

Sala 236

AMARILDO

Chiquinha Gonzaga (1847-1935)

Heley Batista (1974-2017) Amarildo Dias de Souza (1965/66-2013) Zumbi dos Palmares (1655-1695)

Anfiteatro 1 CB | Amphitheater 1 CB

ZUMBI

Anfiteatro 2 CB | Amphitheater 2 CB

HERZOG

Anfiteatro 3 CB | Amphitheater 3 CB

OLGA

Olga Benário (1908-1942)

Sala 11

ZUZU

Zuzu Angel (1921-1976)

RP 01

IARA

Iara Iavelberg (1943-1971)

RP 02

NISE

Nise da Silveira (1905-1999)

RP 03

TITO

Frei Tito (1945-1974)

RP 04

CANDIDO

Wladimir Herzog (1937-1975)

Antonio Candido (1948-2017)

During four days, the 4th International Symposium of the Brazilian Public History Network and the 5th Annual Conference of the International Federation for Public History promote a symbolic renaming of the rooms and auditoriums that will host researchers from all over the world to discuss public history and the presence of the past in the present. Thus, the event celebrates the memory of women and men whose lives have been marked by the struggle for equality and by combating injustice on multiple levels. Marielle Franco (photo above), sociologist, feminist, councilor and human rights activist murdered in 2018, gives name to the main event room. At the doors of each of the other rooms, the biographies of the honorees invite researchers to extract, from their trajectories, inputs for their own actions as public historians. 13


#publichistory2018

CONFERENCISTAS | KEYNOTE SPEAKERS HEBE MATTOS PASSADOS SENSÍVEIS: HISTÓRIA PÚBLICA, DEMOCRACIA E O PAPEL PÚBLICO DO HISTORIADOR SENSITIVE PASTS: PUBLIC HISTORY, DEMOCRACY AND THE PUBLIC ROLE OF THE HISTORIAN TERÇA-FEIRA, 21 DE AGOSTO | TUESDAY, AUGUST 21ST 6:30 PM - SALA MARIELLE | MARIELLE ROOM (AUDITÓRIO AZUL)

- plenary session - simultaneous translation

sessão plenária tradução simultânea

Moderator: David Dean (Carleton University)

Hebe Mattos é professora titular da Universidade Federal de Juiz de Fora e professora titular aposentada da Universidade Federal Fluminense, onde é credenciada no Programa de Pós-Graduação em História e coordena o Laboratório de História Oral e Imagem. Foi professora visitante na Columbia University, na Universidade Federal de Pernambuco, na École des Hautes Études en Sciences Sociales e na University of Michigan. Coeditou o livro Historiadores pela democracia: O golpe de 2016 e a força do passado. Também é autora dos livros Ao Sul da História (1987); Das cores do silêncio (1995); e Memórias do cativeiro (2005). Hebe Mattos is a full professor at the Universidade Federal de Juiz de Fora and a retired full professor at the Universidade Federal Fluminense, where she is also connected to the History Graduate Program and coordinates the Laboratory of Oral History and Image. She has been a visiting professor at Columbia University, the Universidade Federal de Pernambuco, the École des Hautes Études en Sciences Sociales, and the University of Michigan. She has coedited the book Historiadores pela democracia: O golpe de 2016 e a força do passado. She is also author of the books Ao Sul da História (1987); Das cores do silêncio (1995); and Memórias do Cativeiro (2005). 14


#publichistory2018

TANYA EVANS

HISTÓRIA PÚBLICA EM UMA ERA PESSIMISTA PUBLIC HISTORY IN A PESSIMISTIC AGE

QUINTA-FEIRA, 23 DE AGOSTO | THURSDAY, AUGUST 23RD 6:30 PM – SALA MARIELLE | MARIELLE ROOM (AUDITÓRIO AZUL)

- plenary session - simultaneous translation

sessão plenária tradução simultânea

Moderator: Ricardo Santhiago (Universidade Federal de São Paulo)

Tanya Evans é doutora pela University of London e é professora associada na Macquarie University (Sydney, Austrália). Como historiadora pública, tem se interessado pelos temas de história da família, maternidade, pobreza e sexualidade. Ela é diretora do programa de mestrado da Macquarrie University e também do Centro de História Aplicada da Macquarrie University. Seus três primeiros livros trataram dos temas da história da “ilegitimidade”, da pobreza e da filantropia. Ela também escreveu Fractured Families: Life on the Margins in Colonial New South Wales (2015) e editou Swimming with the Spit: 100 Years of the Spit Amateur Swimming Club (2016). Tanya Evans did her PhD at University of London and is an associate professor at the Macquarie University (Sydney, Australia). As a public historian, she is interested in the themes of family history, motherhood, poverty and sexuality. She is the Director of the MRes program and Director of the Centre for Applied History at the Macquarie University. Her first three books were about the history of “illegitimacy”, poverty and philanthropy. She also wrote Fractured Families: Life on the Margins in Colonial New South Wales (2015) and edited Swimming with the Spit: 100 Years of the Spit Amateur Swimming Club (2016). 15


#publichistory2018

MESAS REDONDAS | PLENARY ROUNDTABLES QUE HISTÓRIA PÚBLICA QUEREMOS? A HISTÓRIA PÚBLICA BRASILEIRA E SEUS MÚLTIPLOS CAMINHOS WHAT PUBLIC HISTORY DO WE WANT?: BRAZILIAN PUBLIC HISTORY AND ITS MULTIPLE PATHS QUARTA-FEIRA, 22 DE AGOSTO | WEDNESDAY, 22ND 6:00 PM - 8:30 PM - SALA MARIELLE | MARIELLE ROOM

- plenary session - simultaneous translation

sessão plenária tradução simultânea

Coordenação | Chair: Viviane Trindade Borges (Udesc) e/and Ricardo Santhiago (Unifesp) Participantes | Participants: Ana Maria Mauad (UFF), Caroline Silveira Bauer (UFRGS), Marta Gouveia de Oliveira Rovai (Unifal), Rodrigo de Almeida Ferreira (UFF), Sônia Meneses (URCA) Comentador | Commentator: Michael Frisch (Randforce Associates)

A mesa redonda baseia-se no livro “Que história pública queremos?”, no qual mais de 20 historiadores baseados em universidades, com atuação fortemente afinada à história pública, foram convidados a estabelecer interfaces entre ela e seus campos de estudos, compondo coletivamente uma teia de diálogos vigorosos, que evidencia que história pública queremos e o que estamos fazendo para construí-la. No livro e nesta mesa redonda, discute-se como a noção de história pública tem sido lida e reinterpretada no Brasil. This roundtable is based on the book “What Public History Do We Want?”, in which more than 20 historians based in universities, with a strong role in public history, were invited to establish interfaces between this practice and their fields of study, collectively composing a web of vigorous dialogues that shows what public history we want and what we are doing to build it. In the book and at this roundtable, the authors discuss how the idea of public history has been read and reinterpreted in Brazil. 16


#publichistory2018

CRIAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE PROGRAMAS DE HISTÓRIA PÚBLICA SUSTENTÁVEIS CREATION AND MANAGEMENT OF SUSTAINABLE PUBLIC HISTORY PROGRAMS QUINTA-FEIRA, 23 DE AGOSTO | THURSDAY, AUGUST 23RD 10:00 AM – 12:00 PM - SALA MARIELLE | MARIELLE ROOM

- plenary session - simultaneous translation

sessão plenária tradução simultânea

Coordenação | Chair: Thomas Cauvin (Colorado State University) Participantes | Participants: Phil Scarpino (IUPUI), David Dean (Carleton University), Tanya Evans (Macquarie University), Heba Abdelsalam Heba (Middle Tennessee State University), Thomas Cauvin (Colorado State University), Barbara Silva (Pontifica Universidad Católica de Chile)

Mais e mais cursos e programas de história pública são criados todos os anos, não apenas na América do Norte, mas em todas as partes do mundo. O aumento do interesse pela história pública nos incentiva a discutir e explorar as melhores práticas não apenas na criação, mas também na manutenção de cursos e programas de história pública sustentáveis. Esta mesa redonda é baseada na participação de historiadores da América do Norte, Austrália, América Latina, Egito, mas também nas discussões on-line atuais com uma dezena de outros profissionais. Na conferência de 2018 da IFPH, queremos propor e discutir práticas e estratégias que podem ajudar os programas em todo o mundo a se conectarem melhor uns com os outros e a manter um programa de formação bem-sucedido. More and more public history courses and programs are created every year, not only in North America, but in every part of the world. Increased interest in public history encourages us to discuss and explore best practices in not only creating but also maintaining sustainable public history courses and programs. This roundtable is based on the participation of historians from North America, Australia, Latin America, Egypt, but also on current online discussions with a dozen of other practitioners. At the 2018 conference of the IFPH we want to propose and discuss a list of practices and strategies that can could help programs all around the world to both better connect to each-others and maintain successful training. 17


#publichistory2018

AULA MAGISTRAL | MASTERCLASS HISTÓRIA ORAL BREVE OU EM “MOSAICOS”: UMA NOVA MODALIDADE PARA A HISTÓRIA PÚBLICA DEMOCRÁTICA

SHORT-FORM OR “MOSAIC” ORAL HISTORY: A NEW MODE FOR DEMOCRATIC PUBLIC HISTORY

QUARTA-FEIRA, 22 DE AGOSTO | WEDNESDAY, AUGUST 22ST 10:00 AM – 12:00 PM | SALA PATAXÓ | PATAXÓ ROOM tradução simultânea

- simultaneous translation

Um pressuposto geralmente não examinado no trabalho com história oral é que longas entrevistas são, de certa forma, o modo natural e exclusivo para trabalhos sérios feitos em ambientes acadêmicos, arquivísticos ou de história pública. Mas e se esse não for necessariamente o caso? Esta aula magistral irá explorar a documentação “breve”, muitas vezes sob a forma de respostas abreviadas a estímulos fotográficos, como um novo modo de fazer história oral: produzindo “ladrilhos” concisos passíveis de serem compostos, em um mosaico, para contar histórias mais amplas sobre famílias, comunidades e movimentos. Esta abordagem será ilustrada pelo trabalho com o novo aplicativo móvel de coleta de histórias em foto/áudio, PixStori. Mas o objetivo principal da sessão será explorar as implicações transformadoras, no âmbito da história pública, daquilo que está emergindo como uma nova modalidade para a prática de história oral.

A usually unexamined assumption in oral history is that long interviews are somehow the natural and exclusive mode for serious work in academic, archival, or public history settings. But what if this is not necessarily the case? This MasterClass will explore short-form documentation, often in the form of brief responses to photo prompts, as a new mode for oral history—producing concise “tiles” that can be composed, as in a mosaic, to tell larger stories about families, communities, and movements. This approach will be illustrated by work with the new photo-audio storygathering mobile app, PixStori. But the main objective of the session will be to explore the transformative public history implications of what is emerging as a new general mode for oral history practice. 18

Michael Frisch

State University of Buffalo Randforce Associates LLC Taking Pictures LLC


#publichistory2018

OFICINAS | WORKSHOPS HISTÓRIA PÚBLICA: SITE E RÁDIO 22 E 23 DE AGOSTO | 8:30 PM – 10:00 PM - SALA PATAXÓ

Ministrantes: Luiz Otávio Corrêa, Paulo César Gomes e Lara Norgaard Nos últimos anos, o interesse do grande público pela história cresceu consideravelmente. Tudo isso fez com que aumentasse também o interesse dos pesquisadores universitários pela história pública. Neste workshop Luiz Otávio Corrêa discutirá, no dia 22, a interface história pública e rádio. No dia 23, Paulo Cesar Gomes e Lara Norgaard pretendem refletir sobre a divulgação da História e da memória da ditadura militar brasileira com base nos projetos do site História da Ditadura e de Artememoria Magazine.

HISTÓRIA PÚBLICA, CINEMA E EDUCAÇÃO 22 E 23 DE AGOSTO | 8:30 PM – 10:00 PM - SALA GAMA

Ministrantes: Rodrigo de Almeida Ferreira (UFF) e Carlos Eduardo Pinto de Pinto (UERJ) Pensar o filme no ofício do historiador, bem como sua aplicação didática, não é novidade. A partir dos relevantes estudos e perspectivas analíticas nesse campo, a proposta da oficina História pública, cinema e educação é contribuir para o debate considerando a interface com a história pública, destacando a dimensão da circulação e significação do conhecimento histórico em espaço escolar e não-escolar. Para tanto, problematiza-se o filme com temática histórica em diálogo com a história pública e possibilidades metodológicas de trabalhá-lo de modo a qualificar o processo de ensino aprendizagem, especialmente quando orientado didaticamente. 19


#publichistory2018

APRESENTAÇÕES MUSICAIS | MUSICAL PERFORMANCES

SOLISTAS DISSONANTES: UMA HISTÓRIA (ORAL) DISSONANT SOLOISTS: AN (ORAL) HISTORY ADYEL SILVA & ALAÍDE COSTA TERÇA-FEIRA, 21 DE AGOSTO | TUESDAY, AUGUST 21ST ANTES DA SESSÃO DE ABERTURA | BEFORE THE OPENING SESSION SALA MARIELLE | MARIELLE ROOM

Alaíde Costa, uma das fundadoras da bossa nova, com mais de 50 anos de carreira, e Adyel Silva, uma das vozes mais sofisticadas da MPB e do jazz brasileiro, participam do #publichistory2018 em uma apresentação especial, alinhavada pela história oral. Alaíde Costa, one of bossa nova’s founders, with more than 50 years of career, and Adyel Silva, one of the most sophisticated voices of MPB and Brazilian jazz, participate in #publichistory2018 in a special presentation, sewn by oral history. Voz: Adyel Silva e Alaíde Costa Piano: Giba Estebez 20


#publichistory2018

DITADURA MILITAR BRASILEIRA: UM EVENTO E SEUS DESTINOS BRAZILIAN MILITARY DICTATORSHIP: AN EVENT AND ITS DESTINIES

MIRIAM HERMETO QUARTA, 22 DE AGOSTO | WEDNESDAY, AUGUST 22ND ANTES DA MESA REDONDA | BEFORE THE PLENARY ROUNDTABLE SALA MARIELLE | MARIELLE ROOM

Historiadora e professora da Universidade Federal de Minas Gerais, Miriam Hermeto tem levado adiante o desafio de levar reflexões históricas históricas para os palcos, em aulas-show com diferentes temáticas e formatos. Nesta ocasião, ela apresenta uma história contada e cantada da ditadura militar brasileira. A historian and professor at the Federal University of Minas Gerais, Miriam Hermeto has taken the challenge of bringing historical reflections to the stages, in concert/lectures with different themes and formats. On this occasion, she presents a history - told and sung - of the Brazilian military dictatorship. (videos with subtitles) Concepção e voz | Voice and idealization: Miriam Hermeto Concepção | Idealization: Mateus Pereira Violão | Guitar: João Henrique Peres Heredia Vídeos | Video: Rúbia Dias, Luiza Porto 21


#publichistory2018

CONCURSO DE ARTE | ART CONTEST A Rede Brasileira de História Pública agradece a todos os participantes do concurso de arte “A história e seus públicos”, que recebeu submissões de obras artísticas originais para compor os materiais gráficos do evento. The Brazilian Public History Network thanks all the participants of the art contest “History and its audiences”, which received submissions of original artwork to compose the materials of the event.

VENCEDOR | WINNER “Fio condutor”, de Rafael Baldam. [desenho digital | digital drawing] Rafael Baldam é formado em Arquitetura e Urbanismo pela Unicamp e mestrando em arquitetura e urbanismo pelo IAU USP São Carlos, co-editor da Revista Rasante, possui pesquisas sobre as relações entre música, cinema e cidade; possui trabalhos em ilustração, quadrinhos e design gráfico. Rafael Baldam holds a B.A. in Architecture and Urbanism from Unicamp and a master’s degree in Architecture and Urbanism from IAU USP São Carlos. He is the co-editor of the Rasante journal and his research focuses on the relationships between music, cinema and the city. He has works in illustration, comics and graphic design. Portfolio: https://rafabaldam.wixsite.com/portifolio MENÇÕES HONROSAS | HONORABLE MENTIONS

1. “Ocupação”, Fernando Cássio [fotografia | photo] - impresso na quarta-capa | printed on the back cover 2. “A história e seu público”, Matheus Simões [fotografia | photo] COMISSÃO JULGADORA | JUDGING COMMITTEE

Ana Maria Mauad (UFF) Marcos Brum Lopes (Ibram) Silvana Louzada (IFRJ) 22


#publichistory2018

DEBATES | DISCUSSIONS HISTÓRIA PÚBLICA E PRÁTICAS DE PESQUISA PARTICIPATIVA QUARTA-FEIRA, 22 DE AGOSTO | 10:00 AM - 12:00 AM SALA MARIELLE | MARIELLE ROOM Coordenação | Chair: Juniele Rabêlo de Almeida (UFF)

Participantes: Danilo Morcelli (Grupo de Memória da Zona Leste de São Paulo) Gustavo Sanchez (Ação e Contexto) Natália Mallo (Artista e criadora da plataforma Mapa de Afetos | Artist and founder of the Affect Map platform) Patrícia Oliveira (Coletivo Pisa)

PUBLICAR HISTÓRIA, PUBLICAR HISTÓRIA PÚBLICA SEXTA-FEIRA, 24 DE AGOSTO | SALA MARIELLE | MARIELLE ROOM Coordenação | Chair: Juliana Sayuri (UFSC)

Participantes: Roberta Cerqueira (História, Ciências e Saúde - Manguinhos) Glenda Mezarobba (Revista Fapesp) Iris Kantor (Revista História USP)

23


#publichistory2018

PROGRAMAÇÃO DETALHADA DETAILED PROGRAM TERÇA-FEIRA, 21 DE AGOSTO TUESDAY, AUGUST 21

CREDENCIAMENTO ABERTO | REGISTRATION OPEN 10:00 AM - 1:00 PM - SAGUÃO | ATRIUM

CONFRATERNIZAÇÃO DE ABERTURA | OPENING GET-TOGETHER 1:00 PM - 2:00 PM - SAGUÃO | ATRIUM

IFPH 01: MUSEUMS AND PUBLIC HISTORY. LOOKING OUTWARDS, LOOKING INWARDS: MUSEUMS, AUDIENCES, AND NEW CURATORSHIP 2:00 PM – 4:00 PM | MARIELLE ROOM (AUDITÓRIO AZUL) Chair: Anna Adamek (Ingenium: Canada’s Museums of Science and Innovation. Ottawa, Canada)

From Open-by-Default to Shared Authority: Leaving the Curatorial Comfort Zone Behind Anna Adamek (Ingenium: Canada’s Museums of Science and Innovation. Ottawa, Canada ) Deadplay: A Methodology to Study and Preserve Dead Videogames Dany GUAY-BELANGER (Garth Wilson Fellow in Public History, Carleton University, Ottawa, Canada) Egyptian Museums and their Challenges: Mallawi Museum Minya, Egypt Heba Abdelsalam (Ph.D. Candidate, Public History, Middle Tennessee State University)

24


#publichistory2018

Private memories in new museum’s Maria Shubina (Head of the Russian cultural Foundation’s program “Genius loco. The modern local history”)

Closing Remarks and Commentary: David Dean (Carleton Centre for Public History, Carleton University / University of Ottawa, Ottawa, Canada)

IFPH 02: RESEARCHING USES OF THE PAST: TOWARDS A RESEARCH PROGRAM FOR PUBLIC HISTORY? 4:00 PM – 6:00 PM | GAMA ROOM (AUDITÓRIO VERMELHO) Chair: Thorsten Logge (Universität Hamburg, FB Geschichte | Public History)

Time travelling as entertainment – The ‘Battle of Gettysburg’ cyclorama and the performa-tive adoption of history in informal cultural and aesthetic learning Thorsten Logge (Universität Hamburg, FB Geschichte | Public History) History types as a means of modernization for the auxiliary sciences of history Sebastian Kubon (Universität Hamburg, FB Geschichte) Commentary: Tanya Evans (Macquarie University Sydney)

IFPH 03: ETHICS AND CONSULTING 4:00 PM – 6:00 PM | ZUMBI ROOM (CB - ANFITEATRO 1) Chair: Joan Zenzen (Self-employed)

Cultural heritage between enhancement, protection, and tourism: rethinking relations and concepts Giulia Crippa (FFCLRP/USP) The making of a history festival: a new outreach strategy? Daphné Budasz (La Boîte à Histoire) At the Heart of Integrity: Struggling with Ethics between Clients-Public Historians Joan Zenzen (Self-employed)

25


#publichistory2018

RBHP 01: HISTÓRIA PÚBLICA E USOS DO PASSADO: QUESTÕES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS (I) 4:10 PM – 6:00 PM | SALA NISE (CB - RP 02) Coordenação:Fernando Nicolazzi (UFRGS), Marta Gouveia de Oliveira Rovai (Unifal), Rogério Rosa Rodrigues (Udesc)

História Pública nacional e internacional: algumas assimetrias Bruno Flávio Lontra Fagundes (Unespar) História pública e usos do passado: o historiador como mediador ético diante de novos desafios e públicos Marta Gouveia de Oliveira Rovai (Unifal) História Pública e História do Tempo Presente no Brasil: diálagos e convergências Rogério Rosa Rodrigues (Udesc) O passado e seus usos: reflexões ético-políticas sobre história pública no tempo presente Yan Bezerra Fonseca (UFRRJ) RBHP 02: DEMOCRACIA, DIREITOS E O PAPEL PÚBLICO DO HISTORIADOR (I) 2:00 PM – 4:00 PM | SALA IARA (CB RP 01) Coordenação: Caroline Silveira Bauer (UFRGS)

Vozes de Antígona: depoimentos de familiares de vítimas de violência de Estado em contexto democrático, no Rio de Janeiro Maria Paula Nascimento Araujo (UFRJ) A história, os historiadores e a Comissão Nacional da Verdade: reflexões sobre o papel público do historiador Caroline Silveira Bauer (UFRGS) A dimensão pública da historiografia sobre a Ditadura Militar Brasileira em tempos de crise democrática Daniel Pinha Silva (UERJ)

26


#publichistory2018

RBHP 03: HISTÓRIA PÚBLICA E HISTÓRIA DIGITAL (I) 2:00 PM – 4:00 PM | SALA CANDIDO (CB - RP 04) Coordenação: Bruno Leal Pastor de Carvalho (UnB), Dilton Maynard (UFS), Mateus Pereira (UFOP)

História pública e memória política na comunicação governamental Ana Javes Luz (UFRGS) A representação de historiadores e não-historiadores na Internet: o caso do AskHistorians Daniela Linkevicius de Andrade (UnB) Segredos revelados? Discutindo os limites do acesso público a informação no ciberespaço a partir de documentos da CIA sobre o Nordeste brasileiro entre as décadas de 1950 e 1960 Hugo Gonçalves Barbalho (UFRN) #Memorecord: um experimento de história pública digital Anita Lucchesi (University of Luxembourg) Tito Lívio é um bom wikipedista? Autoridade e Autoria na Historiografia Antiga através do Olhar da Escrita Anônima Contemporânea Juliana Bastos Marques (Unirio) RBHP 04: HISTÓRIA PÚBLICA, EDUCAÇÃO E PRÁTICAS DE ENSINO DE HISTÓRIA (I) 2:00 PM – 4:00 PM | SALA HERZOG (CB - ANF. 2) Coordenação: Caroline Pacievitch (UFRGS), Everardo Paiva de Andrade (UFF), Rodrigo de Almeida Ferreira (UFF), Sonia Wanderley (UERJ)

Trajetórias docentes e história pública: constituição de um acervo e análise de narrativas de formação no Brasil contemporâneo Daniela da Costa Rosas Rocha (UFF), Everardo Paiva de Andrade (UFF), Juliana de Souza dos Reis (UFF), Juniele Rabêlo de Almeida (UFF) Cartografando os percursos formativos de licenciandos de História: Entre trajetórias pessoais e identificações profissionais Eleonora Abad Stefenson (UFF) Um olhar sobre o Masculino e Feminino por estudantes 27


#publichistory2018

do GTD Identidades: descobertas de si mesmo Cláudia Sapag Ricci (Centro Pedagógico/UFMG), João Victor de Ávila Chamon (UFMG) Ensino de História e Formação Docente: A Travessia Isabela Lemos Coelho Ribeiro (UFMG), João Victor da Fonseca Oliveira (UFMG), Laura Jamal Caixeta (UFMG) RBHP 05: HISTÓRIA PÚBLICA, ARTE, MÍDIA E CULTURA VISUAL (I) 2:00 PM – 4:00 PM | SALA GAMA (AUDITÓRIO VERMELHO) Coordenação: Daniel Lopes Saraiva (Udesc), Márcia Ramos de Oliveira (Udesc), Marcos Felipe de Brum Lopes (Ibram/MinC)

Vestígios de um império colonial português: Fotografia Pública e arquivo público Marcus Vinicius de Oliveira (UFF) Sentidos públicos na fotografia documental de Zalmir Gonçalves Marina da Rocha Marins (UFF) Circuito Sítios Históricos da República: uma experiência de história pública e visualidade Urbana Marcos de Brum Lopes (Ibram/MinC) Estereografias Pedagógicas: A Coleção Guilherme Santos do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro Maria Isabela Mendonça dos Santos (UFF) RBHP 06: HISTÓRIA PÚBLICA, COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO HISTÓRICA 2:00 PM – 4:00 PM | SALA PATAXÓ (AUDITÓRIO VERDE) Coordenação:Cristina Meneguello (Unicamp), Juliana Sayuri Ogassawara (UFSC), Sonia Maria de Meneses Silva (URCA)

Desafios da História Pública: YouTube e o caso de Felipe Castanhari Isadora Muniz Vieira (Udesc), Nathália Jonaine Hermann (Udesc) Televisão e História Pública: a história televisiva na programação da La Cinquième e do Canal Futura (1994-2001) Wellington Amarante Oliveira (UFTO) 28


#publichistory2018

História Pública e Comunicação: a democratização de conteúdos por meio do programa Na Trilha da História Isabela de Castro Rocha Vicente de Azevedo (EBC) A História No Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil Maria Isadora Leite Lima (URCA), Sônia Maria de Meneses Silva (URCA) RBHP 07: ARQUIVOS, CENTROS DE MEMÓRIA E MUSEUS COMO LUGARES DE HISTÓRIA PÚBLICA 2:00 PM – 4:00 PM | SALA TITO (CB - RP 03) Coordenação:Andrea Telo da Corte (SEDUC/RJ), Maria Teresa Bandeira de Mello (APERJ), Ismênia de Lima Martins (UFF)

Arquivo e experiência : lugares de história pública Fabiana Bruce da Silva (UFRPE) Arquivos e memória pública Maria Teresa Villela Bandeira de Mello (APERJ) Passados sonegados: a importância dos arquivos municipais Bibiana Werle (Udesc) Os Arquivos Eclesiásticos e seus alcances conceituais e metodológicos: propostas de gestão e difusão do conhecimento João Paulo Berto (CMU-Unicamp) RBHP 08: HISTÓRIA PÚBLICA, CIÊNCIA E SAÚDE 2:00 PM – 4:00 PM | SALA ZUMBI (CB - ANF. 1) Coordenação: Kaori Kodama (Fiocruz), Rogério Monteiro de Siqueira (USP)

A luta por reparação às vítimas da “tragédia da talidomida” na Espanha Dones Cláudio Janz Júnior (Udesc) Os ossos doem ao partir: Cultura, identidade e adoecimento de haitianos no interior do Estado de São Paulo (2010-2016) Denize Ramos Ferreira (Unicamp) Um asilo nas mãos da polícia Rachel Tegon de Pinho (UFMT/Unemat) 29


#publichistory2018

“Observatório Centauro” Em Cambuquira: Uma História A Ser Conhecida Andreza de Souza Silva (UEMG), Rafaela Maria Gonçalves da Silva (UEMG), Vânia Maria Siqueira Alves (UEMG), Adenylson Domingues Mariano RBHP 09: HISTÓRIA PÚBLICA FORA DA UNIVERSIDADE: RELATOS DE EXPERIÊNCIA (I) 4:00 PM – 6:00 PM | SALA IARA (CB RP 01) Coordenação: Daisy Perelmutter (GEPHOM/EACH-USP), Érica Sarmiento (UERJ), Larissa Viana (UFF)

Desequilíbrio de histórias: uma iniciativa em torno de um problema Marcelo Téo (Unicamp) História e Memória no ambiente corporativo: notas sobre o trabalho de um historiador no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Leandro M. Malavota (Fundação IGBE) Tese Horizontal: o saber acadêmico na rua e na periferia paulistana Ana Catarina Martinelli Braga (USJT), Carol Bela História oral como ‘cuidados de si’: Ética, afeto, saúde e singularização Daisy Perelmutter (GEPHOM/EACH-USP) RBHP 10: HISTÓRIA ORAL, MEMÓRIA E HISTÓRIA PÚBLICA (I) 4:10 PM – 6:00 PM | SALA PATAXÓ (AUDITÓRIO VERDE) Coordenação: Andrea Casa Nova Maia (UFRJ), Juniele Rabêlo de Almeida (UFF), Miriam Hermeto (UFMG)

Artes e astúcias: armas silenciosas na luta pelo direito à cidade e à autodeterminação Paulo Alexandre Xavier Marques (UFCG) Construindo arquivos de memória publica online na luta pelo direito à cidade Regina Helena Alves da Silva (UFMG) Lei de Modernização dos Portos, 1993: discordâncias entre a história oficial do Estado e o testemunho oral de estivadores do Porto de Santos (SP) Alexandre Raith (USP)

30


#publichistory2018

Memórias Sobre O Desconhecido Na Amazônia: O Fenômeno Chupa-Chupa Na Região de Colares No Pará (1977 - 1978) José Luiz Vieira Costa Neto (UFPA) RBHP 11: HISTÓRIA PÚBLICA, EDUCAÇÃO E PRÁTICAS DE ENSINO DE HISTÓRIA (I) 4:10 PM – 6:00 PM | SALA HERZOG (CB - ANF. 2) Coordenação: Caroline Pacievitch (UFRGS), Everardo Paiva de Andrade (UFF), Rodrigo de Almeida Ferreira (UFF), Sonia Wanderley (UERJ)

A cidade revisitada na escola: a ditadura militar em Duque de Caxias (RJ) e as lembranças de um tempo que (não) passou Leandro Rosetti de Almeida (UERJ) Comissões da Verdade e o ensino da ditadura civil-militar na educação básica: uma autoridade compartilhada sobre a história das violações aos direitos humanos? Alessandra Carvalho (UFRJ) Ensino de História, Empatia Histórica e Biografia: escrita de vida de desaparecidos políticos da Ditadura Civil-Militar brasileira Caroline Pacievitch (UFRGS), Fernando de Lima Nunes (UFRGS) Seminário 1968 – Cinquenta Anos Depois: Uma Contribuição Na Videografia Histórica Documental José Leonardo dos Santos Reis (UFPA), Luciana Silva Sales (UFPA) RBHP 12: HISTÓRIA PÚBLICA E PATRIMÔNIO CULTURAL (V) 4:10 PM – 6:00 PM | SALA TITO (CB - RP 03) Coordenação: José Newton Coelho Meneses (UFMG), Letícia Brandt Bauer (SMC/PMPA), Maria Silvia Duarte Hadler (Unicamp), Viviane Trindade Borges (Udesc)

Práticas alimentares mineiras, transmissão e busca de registro patrimonial: a espetacularização de tradições e a História Pública José Newton Coelho Meneses (UFMG) A relação entre o museu, a educação patrimonial e os programas socioculturais Flavia Dos Santos Oliveira Gama (USP) 31


#publichistory2018

O programa Santa Afro Catarina e desafios à área de patrimônio cultural Andréa Ferreira Delgado, Beatriz Gallotti Mamigonian (UFSC), Mônica Martins da Silva Fontes, linguagens e autoria compartilhada: a experiência de pesquisa histórica no projeto “Berço do Batuque no Rio Grande do Sul: Mestre Borel – Toques e Cantos de Nação Oyó-Idjexá” Leticia Brandt Bauer (SMC/PMPA) RBHP 13: HISTÓRIA PÚBLICA, TERRITÓRIO E QUESTÕES AMBIENTAIS 4:10 PM – 6:00 PM | SALA CANDIDO (CB - RP 04) Coordenação: Filipe Oliveira da Silva (UFRJ), Joana da Silva Barros (Unifesp), Lise Sedrez (UFRJ)

Para além do território: a percepção pública de questões ambientais a partir de mapas nacionais Bruno Capilé (MAST), Moema Vergara Grounding Research: Environmental History Meets Public History Lise Fernanda Sedrez (UFRJ) Significado Cultural Das Terras Indígenas Para As Etnias Guarani, Guarani Ñhandeva, Terena e Teregua da Reservade Arariba – Avaí – São Paulo: Sua “Publicização” Pela Carta de Burra e Através de Atividades Fora da Academia Fabio Paride Pallotta (USC), Lucas Rodrigues da Silva (USC) Ensinar e aprender por meio dos bens culturais de natureza material e imaterial: pesquisa e produção de materiais de memória de Ibirité Luisa Teixeira Adrade Pinho (UFMG) Educação e reciclagem: Histórias de professores e artistas Alfredo Oscar Salum (Uninove)

32


#publichistory2018

APRESENTAÇÃO ARTÍSTICA - SOLISTAS DISSONANTES: UMA HISTÓRIA (ORAL) ARTISTIC PRESENTATION - DISSONANT SOLOISTS: AN (ORAL) HISTORY 6:00 PM - SALA MARIELLE | MARIELLE ROOM (AUDITÓRIO AZUL) Com Adyel Silva e Alaíde Costa

SESSÃO SOLENE DE ABERTURA FORMAL OPENING SESSION - plenary session - simultaneous translation

sessão plenária tradução simultânea

6:00 PM - SALA MARIELLE | MARIELLE ROOM (AUDITÓRIO AZUL)

CONFERÊNCIA | KEYNOTE SPEAKER “PASSADOS SENSÍVEIS: HISTÓRIA PÚBLICA, DEMOCRACIA E O PAPEL PÚBLICO DO HISTORIADOR” SENSITIVE PASTS: PUBLIC HISTORY, DEMOCRACY AND THE PUBLIC ROLE OF THE HISTORIAN - plenary session - simultaneous translation

sessão plenária tradução simultânea

6:00 PM - SALA MARIELLE | MARIELLE ROOM (AUDITÓRIO AZUL) Conferencista | Speaker: Hebe Mattos (UFJF/UFF) Mediador | Moderator: David Dean (Carleton University)

33


#publichistory2018

QUARTA-FEIRA, 22 DE AGOSTO WEDNESDAY, AUGUST 22

IFPH 04: PERFORMING PUBLIC HISTORY 10:00 AM – 12:00 PM | GAMA ROOM (AUDITÓRIO VERMELHO) Chair: David Dean (Carleton University)

Performing History on the Streets: Re-visioning Ottawa’s Capital History during the 150th Sesquicentenary David Dean (Carleton University, Ottawa, Canada) Performing History: Jongos, Quilombos, and the Memory of Illegal Atlantic Slave Trade in Rio de Janeiro, Brazil Hebe Mattos (University Federal Fluminense, Rio de Janeiro, Brazil) and Martha Abreu (University Federal Fluminense, Rio de Janeiro, Brazil) Interactive Performance and Public Historians Joan Cummins (President Lincoln and Soldiers’ Home National Monument, Washington USA) Performative and bodily mediation of history in the Zapatista Communities Raina Zimmering (Scientific Institute WeltTrends Potsdam) IFPH 05: IFPH ASSEMBLY 1:30 PM – 3:30 PM | HELEY ROOM (I1 – 235)

RBHP 14: HISTÓRIA ORAL, MEMÓRIA E HISTÓRIA PÚBLICA (II) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA ZUZU (CB - SALA 11) Coordenação: Andrea Casa Nova Maia (UFRJ), Juniele Rabêlo de Almeida (UFF), Miriam Hermeto (UFMG)

Culinária Típica Mineira: Resgate da Memória Deste Patrimônio Cultural Imaterial Através da Catalogação de Receitas Tradicionais Kênia Cristina Machado Leal Innocente (UEMG)

34


#publichistory2018

Histórias do Quilombo do Remanso: fios que tecem resistência Ana Carolina Francischette da Costa (USP) Testemunhos recônditos: pela revaloração dos relatos orais da África Ocidental Clara Abrahão Leonardo Pereira (UFMG) História e memória: representações em disputa sobre a revolta dos escravos de Carrancas Marcos Ferreira Andrade (UFSJ) João das Neves: da página ao palco, um projeto de “história pública” Miriam Hermeto (UFMG), Natália Cristina Batista (FFLCH-USP) RBHP 15: HISTÓRIA PÚBLICA, EDUCAÇÃO E PRÁTICAS DE ENSINO DE HISTÓRIA (I) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA FREIRE (I1 - 116) Coordenação: Caroline Pacievitch (UFRGS), Everardo Paiva de Andrade (UFF), Rodrigo de Almeida Ferreira (UFF), Sonia Wanderley (UERJ)

Projeto Moderna: práticas educativas para a promoção emancipadora da História no ciberespaço Danilo Nogueira de Medeiros (UFRN), Vanessa Spinosa (UFRN) O futuro do passado: criação de um Banco de Objetos Digitais de Aprendizagem para História Bruno Ribeiro Marques (UFRN), Danilo Nogueira de Medeiros (UFRN) Educação Histórica e a questão dos Direitos Humanos: experiências a partir de discussões virtuais João Carlos Escosteguy Filho (IFRJ) Pensando Caminhos: História Pública, Música E Direitos Humanos João Pedro Ribeiro de Oliveira (Unifal), Marta Gouveia de Oliveira Rovai (Unifal) A História Pública nos projetos de intervenção do PIBID: um estudo sobre os relatos de experiência Leonara Lacerda Delfino (Unimontes)

35


#publichistory2018

RBHP 16: HISTÓRIA PÚBLICA, ARTE, MÍDIA E CULTURA VISUAL (I) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA OLGA (CB - ANF. 3) Coordenação: Daniel Lopes Saraiva (Udesc), Márcia Ramos de Oliveira (Udesc), Marcos Felipe de Brum Lopes (Ibram/MinC)

A “Havana” de Camila Cabello: Canção, temporalidade e engajamento na música pop Igor Lemos Moreira (Udesc) Baixo Vidal e Lona Azul: espaços de uma juventude oitentista na cena de rock em Florianópolis Carlos Eduardo Pereira de Oliveira (Udesc) A explosão da música Nordestina nas décadas de 1970 e 1980: um olhar através da História Pública Daniel Lopes Saraiva (Udesc) Encontros na obra de Fayga Ostrower: Tecidos estampados e gravura artística Vanessa Cristina Cavalcanti de Mendonça RBHP 17: HISTÓRIA PÚBLICA E PATRIMÔNIO CULTURAL (II) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA PATAXÓ (AUDITÓRIO VERDE) Coordenação: José Newton Coelho Meneses (UFMG), Letícia Brandt Bauer (SMC/PMPA), Maria Silvia Duarte Hadler (Unicamp), Viviane Trindade Borges (Udesc)

A cidade como narrativa e apropriação pública: o inventário patrimonial de Alfenas/MG como ressonância afetiva e construção coletiva Marta Gouveia de Oliveira Rovai (Unifal) Patrimônio e Cidade - Questões a partir da zona leste Julio César Marcelino, Lucas Florêncio Costa O campus também é um lugar de memória: celebração e esquecimento na UERJ Leonardo Faria Cazes (UFF) Memória E Património Cultural Na Ilha De Moçambique: Uma Visão A partir dos bairros de macuti Aiuba Ali Aiuba (PUC-Rio) 36


#publichistory2018

Um museu das pessoas: Histórias de vida como patrimônio da humanidade Lucas Ferreira de Lara (Museu da Pessoa) RBHP 18: HISTÓRIA PÚBLICA, COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO HISTÓRICA (I) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA AMARILDO (I1 - 236) Coordenação:Cristina Meneguello (Unicamp), Juliana Sayuri Ogassawara (UFSC), Sonia Maria de Meneses Silva (URCA)

Curso de Formação Continuada da Olimpíada Nacional em História do Brasil: uma proposta para a ampliação do conhecimento em sala de aula Alessandra Pedro (Unicamp) Estratégias de Comunicação para Divulgação Acadêmica de História: o caso do Café História Ana Paula Tavares Teixeira (FGV), Bruno Leal Pastor de Carvalho (UnB) Olimpíadas Científicas como Comunicação Pública da Ciência, na fusão entre o Ensino Formal e o Ensino Não Formal: o caso da Olimpíada Nacional em História do Brasil (2008-2018) Cristina Meneguello (Unicamp) Site História da Ditadura: da academia ao grande público Paulo César Gomes (UFF) Pesquisa Para Roteiro Cinematográfico: Considerações Sobre Uma Experiência Em Andamento Maria Thereza de Oliveira Azevedo (UFMT), Vitória Azevedo da Fonseca (UFVJM) RBHP 19: ARQUIVOS, CENTROS DE MEMÓRIA E MUSEUS COMO LUGARES DE HISTÓRIA PÚBLICA (I) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA GAMA (AUDITÓRIO VERMELHO) Coordenação:Andrea Telo da Corte (SEDUC/RJ), Maria Teresa Bandeira de Mello (APERJ), Ismênia de Lima Martins (UFF)

Sesc Memórias: uma experiência com História Pública Michele Celestino (Sesc São Paulo), Carla Lira Santos (Sesc São Paulo), David Sampaio 37


#publichistory2018

Histórias de Hospedarias: um projeto de história oral do Museu da Imigração Tatiana Chang Waldman (Museu da Imigração) Construindo e compartilhando saberes: o Museu Câmara Cascudo como espaço fomentador da História Pública na cidade do Natal Rodrigo de Morais Guerra (UFRN) O Museu Nacional como lugar de história pública: Uma proposta de ação educativa Aline Miranda e Souza (Museu Nacional) RBHP 20: POLÍTICAS PÚBLICAS, COMUNIDADES E CULTURAS POPULARES (I) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA MARIELLE (AUDITÓRIO AZUL) Coordenação: Felipe Magalhães (UFRRJ), Nivea Andrade (UFF), Silvia Maria Jardim Brugger (UFSJ)

A Arte de Valdir Agostinho: Expressão Visual e Performance Musical Como Exercício de Cidadania Luciano Py de Oliveira (Udesc) A literatura de cordel e seu registro no patrimônio cultural nacional: O engajamento ideológico dos poetas Solenne Derigond (Université Rennes 2, France) Memórias Congadeiras e História Pública na região das Vertentes (Minas Gerais) Daniele Michael Trindade Neves, Silvia Maria Jardim Brügger, Simone de Assis Escrevivências Históricas; A Obra de Carolina Maria de Jesus Como Resistência Epistemológica Milena Gabriel Nunes (UniCEUB) Da Identidade À Travessia: Discursos, Narrativas e Temporalidades Históricas Nos Textos de Pesquisadoras Quilombolas da Universidade de Brasília Cristiane de Assis Portela (UnB)

38


#publichistory2018

IFPH 06: PUBLIC HISTORY DURING AND AFTER MASS VIOLENCE 3:30 PM – 5:30 PM | HELEY ROOM (I1 – 235) Chair: Paolo Vignolo (Universidad Nacional de Colombia)

Designing a Collaborative Public History Project for Peacebuilding in the aftermath of the peace agreement between the Colombian government and the FARC guerrillas Catalina Muñoz (Universidad de los Andes, Bogotá) “Rutas del Conflicto”: Transmedia and peace journalism as a methodological opportunity for the construction of memories of war and resistance Fernanda Barbosa Dos Santos (Universidad Nacional de Colombia) The Darién Experience. Social implications of a research project in the middle of the war Paolo Vignolo (Universidad Nacional de Colombia) IFPH 07: CHANGE IN MUSEUMS 3:30 PM – 5:30 PM | AMARILDO ROOM (I1 – 236) Chair: Anna Adamek (Ingenium: Canada’s Museums of Science and Innovation. Ottawa, Canada)

Public Museum = Educating the Public? Heike Bormuth (University of Hamburg (Faculty of Education)) Reconstruction and Deconstruction of Local History through Objects Andrea Brait (University of Innsbruck (Austria)) Public History, Digital History, Museums, and Archives: “Publicization” of the Collection of the Bauru Regional Railroad Museum Fabio Paride Pallotta (Universidade do Sagrado Coração – Bauru – S.P. – Brasil) IFPH 08: FAMILY HISTORY AND INTERNATIONAL PUBLIC HISTORY 3:30 PM – 5:30 PM | MARIELLE ROOM (AUDITÓRIO AZUL) Chair: Tanya Evans (Macquarie University) 39


#publichistory2018

Family history, historical consciousness and citizenship in Australia, England and Canada Tanya Evans (Macquarie University) Living with Dying Laura King and Jessica Hammett (University of Leeds) How to work with memories? Should we try to fill the gaps? Maria Shubina (Head of the Russian cultural Foundation’s program “Genius loco. The modern local history”) RBHP 21: HISTÓRIA PÚBLICA E USOS DO PASSADO: QUESTÕES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS (II) 3:30 PM – 5:30 PM | SALA PATAXÓ (AUDITÓRIO VERDE) Coordenação:Fernando Nicolazzi (UFRGS), Marta Gouveia de Oliveira Rovai (Unifal), Rogério Rosa Rodrigues (Udesc)

O século XIX redivivo. Usos políticos do passado na série Brasil Paralelo: a última cruzada Fernando Nicolazzi (UFSC), Laboratório de Estudos sobre os Usos Políticos do Passado As representações das mulheres escandinavas na série televisiva Vikings: a publicização da história viking a partir de um olhar feminista Laís Navarro da Cunha (Unifal) Considerações Teóricas Sobre A Função Social do Conhecimento Histórico a Partir dos Temas da História Pública e da Didática da História Josias José Freire Junior (IFB) Tito Lívio é um bom wikipedista? Autoridade e Autoria na Historiografia Antiga através do Olhar da Escrita Anônima Contemporânea Juliana Bastos Marques (Unirio) Tarô de Marselha: o Rosto Divino Marcelo Ribeiro dos Santos (FE-Unicamp)

40


#publichistory2018

RBHP 22: HISTÓRIA PÚBLICA E HISTÓRIA DIGITAL (I) 3:30 PM – 5:30 PM | SALA ZUZU (CB – SALA 11) Coordenação: Bruno Leal Pastor de Carvalho (UnB), Dilton Maynard (UFS), Mateus Pereira (UFOP)

História Digital: a ludicidade e o ensino-aprendizagem Eleonora Abad (UFF), Yasmin Hashimoto Tonini (UFF) Quinhoar: Ensino de História Raquel Elison Costa Direitos Humanos, Gênero e Diversidade na Escola: História Pública e Inovação Social na Plataforma Digital Plural Andrea Paula dos Santos Oliveira Kamensky (UFABC), Suzana Lopes Salgado Ribeiro (Unitau), Luciana Pereira História Pública, História Digital, Museus e Arquivos: “Publicização” do Acervo do Museu Ferroviário Regional de Bauru Fabio Paride Pallotta (USC) A História e o Digital: tecendo novas práticas na rede Bruna Carolina Marino Rodrigues (UEL) RBHP 23: HISTÓRIA PÚBLICA, EDUCAÇÃO E PRÁTICAS DE ENSINO DE HISTÓRIA (IV) 3:30 PM – 5:30 PM | SALA FREIRE (I1 - 116) Coordenação: Caroline Pacievitch (UFRGS), Everardo Paiva de Andrade (UFF), Rodrigo de Almeida Ferreira (UFF), Sonia Wanderley (UERJ)

“Os Vivos São Sempre e Cada Vez Mais Governados Pelos Mortos”: Fazendo do Cemitério Uma Ferramenta de Estudos Para O Ensino Médio João Mauricio Martins Prietsch (UFRGS) Ensinando e aprendendo História: uma experiência com a História Pública no Município de São Gonçalo Hosana do Nascimento Ramôa (UFF)

41


#publichistory2018

“Santa Afro Catarina” na Escola: Reflexões sobre Ensino de História e Patrimônio Cultural Andréa Ferreira Delgado, Beatriz Gallotti Mamigonian (UFSC), Monica Martins da Silva Reconectando com o passado: visitação ao complexo arquitetônico da Praça da Estação (BH/MG), uma proposta de metodologia para o ensino de história de jovens e adultos Álvaro Mota Homem de Faria (UFMG), Luisa Teixeira Andrade Pinho (UFMG) Educação socioambiental, história oral e formação docente: A construção de um projeto de ensino com pescadores artesanais Ademas Pereira da Costa Junior (UFF), Juniele Rabelo de Almeida (UFF)

RBHP 24: MEMÓRIA SOCIAL, EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E TURISMO CULTURAL (I) 3:30 PM – 5:30 PM | SALA OLGA (CB - ANF. 3) Coordenação: Juliana Pedreschi Rodrigues (EACH/USP), Livia Morais Garcia Lima (Unisal), Renata Sieiro Fernandes (Unisal), Samantha Quadrat (UFF)

Oficina de Turismo Social – Viver São Paulo (UnATI/EACH/USP): Educação Não Formal para o Envelhecimento Ativo e a Cidadania Jacia Kanarski Braz da Silva, Marcelo Vilela de Almeida (EACH-USP), Mariana de Souza Lopes de Siqueira (EACH-USP), Nathalia Ferreira Della Fuente, Patricia Aparecida da Silva Novak, Paulo Ricardo Azevedo Melo No batuque das águas do Caxambú (Petrópolis/RJ): interpretação de patrimônio para Turismo de Base Comunitária Patrícia Ferreira de Souza Lima (CEFET-RJ) Turismo, História Pública e As Visitas Guiadas Nas Fazendas do “Vale do Café” Caroline Bárbara Ferreira Castelo Branco Reis (Unirio) Memória e educação não formal: A Corporação Musical Banda União Operária na cidade de Piracicaba – SP Lívia Morais Garcia Lima (Unisal), Wana Carcagnolo Narval Cillo (Unisal) 42


#publichistory2018

Memória e educação não escolar: Um estudo comparativo sobre a constituição educativa em museus na cidade do Rio de Janeiro. Adrielly Ribas Morais (UFF) RBHP 25: HISTÓRIA PÚBLICA, TERRITÓRIO E QUESTÕES AMBIENTAIS (I) 3:30 PM – 5:30 PM | SALA GAMA (AUDITÓRIO VERMELHO) Coordenação: Filipe Oliveira da Silva (UFRJ), Joana da Silva Barros (Unifesp), Lise Sedrez (UFRJ)

Ocupação Vila Soma: A Luta pela Terra na Era das Finanças Matheus Fernandes Alves Lopes (Unesp) Justiça Social e Território: A luta do Movimento de Luta por Moradia - MLM na Vila Operária em Guarulhos, SP Maira Carvalho de Moraes (EACH-USP) Contaminação, comunicação e remediação dos riscos ambientais na COHAB Heliópolis-Gleba L-SP: um estudo das representações sociais dos moradores do local Letícia Stevanato Rodrigues, Silvia Helena Zanirato (EACH-USP) Eco periférico: uma democracia para chamar de nossa – histórias de participação social em São Miguel Paulista (zona leste de São Paulo) Andrelissa Teressa Ruiz (EACH-USP), Marcelo Vilela de Almeida (EACH-USP) Construindo o Centro de Memória da Zona Leste de São Paulo Joana da Silva Barros (Unifesp), Ricardo Santhiago (Unifesp)

LANÇAMENTOS I | BOOK SIGNING I QUARTA-FEIRA, 22 DE AGOSTO | WEDNESDAY, AUGUST 22ND 5:30 PM - 6:30 PM - SAGUÃO | ATRIUM

43


#publichistory2018

SESSÃO DE PÔSTERES I | POSTER SESSION I QUARTA-FEIRA, 22 DE AGOSTO | WEDNESDAY, AUGUST 22ND 5:30 PM - 6:30 PM - SAGUÃO | ATRIUM

Public History and the Peace Corps: How to utilize volunteers to conduct research overseas Stephen Lane (IUPUI) and Wilson Blake (Howard University) 1848 as a festival: a revolution in public history? Daphné Budasz (La Boîte à Histoire) Comuna 13, A History Beyond Violence Colombian’s historical memory Museum Mónica Viviana Chacón Bejarano (Universidad Nacional de Colombia) Ampliação de Acesso ao Passado: A Importância da Legenda áurea Augusto Machado Rocha (UFGRS) A Trilha do Barão do Parque Estadual de Grão Mogol: ações educativas com o patrimônio histórico e natural Daniele Augusta dos Santos Silva, Ivana Denise Parrela (UFMG), Eliane Cristina de Freitas Rocha Entraves na disseminação do conhecimento histórico para amplas audiências: uma experiência na Wikipédia Danielly Campos Dias (UFSC) Este Castelo será meu: o consumo infantil como produtor de significados e definidor de identidades na sociedade contemporânea Lara Chaud Palacios Marin (EACH-USP) Fonoaudiologia no SUS: Um experimento em história oral e história pública Camila Nascimento (FCM-Unicamp), Helenice Nakamura (FCM-Unicamp), Ricardo Santhiago (Unifesp) História, Oralidade de quatro trabalhadores da Zona leste de São Paulo, na Primeira Conferência Nacional da Classe Trabalhadora de 1981 Douglas Samoel Fonseca (EACH-USP) O acervo de Mário de Andrade a partir de seu “Fichário Analítico” Marco Antonio Teixeira Junior (USP), Karoliny Aparecida de Lima Borges (USP) O Filme “As Sufragistas” E A Discussão Sobre A 44


#publichistory2018

Desigualdade De Gêneros No Ensino De Historia Érica Paula Frade Bittencourt (Colégio Santa Maria), Juana Bárbara Castro (Colégio Santa Maria Minas) Patrimônio Público: Restauração e Conservação dos Processos Jurídicos (Civis E Criminais) do Fórum de Marabá- PA Maria Luzia do Nascimento Silva (Unifesspa), Alexia Evilyn Lima da Silva, Tainá Lima Carneiro, Marilza Sales Costa (Unifesspa) Um Guardador de Memórias no Alto José do Pinho: conhecimento histórico, memória e ensino de história na experiência de Marcos Simão (Recife-PE) Lucas de Mendonça Furtunato (UFPE) Combining Cultural Policy and Public History? Clearing epistemological blind spots Fabio Spirinelli (Université du Luxembourg)

APRESENTAÇÃO ARTÍSTICA - DITADURA MILITAR BRASILEIRA ARTISTIC PRESENTATION - BRAZILIAN MILITARY DICTATORSHIP 6:00 PM - SALA MARIELLE | MARIELLE ROOM (AUDITÓRIO AZUL) Com Miriam Hermeto

45


#publichistory2018

MESA REDONDA PLENÁRIA | PLENARY ROUNDTABLE QUE HISTÓRIA PÚBLICA QUEREMOS? A HISTÓRIA PÚBLICA BRASILEIRA E SEUS MÚLTIPLOS CAMINHOS WHAT PUBLIC HISTORY DO WE WANT?: BRAZILIAN PUBLIC HISTORY AND ITS MULTIPLE PATHS - plenary session - simultaneous translation

sessão plenária tradução simultânea

6:30 PM - SALA MARIELLE | MARIELLE ROOM (AUDITÓRIO AZUL) Coordenação | Chair: Viviane Trindade Borges (Udesc) and Ricardo Santhiago (Unifesp) Participantes | Participants: •

Ana Maria Mauad (UFF)

Caroline Silveira Bauer (UFRGS)

Marta Gouveia de Oliveira Rovai (Unifal)

Rodrigo de Almeida Ferreira (UFF)

Sônia Meneses (URCA)

Comentador | Commentator: Michael Frisch (Randforce Associates)

46


#publichistory2018

QUINTA-FEIRA, 23 DE AGOSTO THURSDAY, AUGUST 23 MESA REDONDA PLENÁRIA | PLENARY ROUNDTABLE CRIAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE PROGRAMAS DE HISTÓRIA PÚBLICA SUSTENTÁVEIS CREATION AND MANAGEMENT OF SUSTAINABLE PUBLIC HISTORY PROGRAMS [IFPH10] - plenary session - simultaneous translation

sessão plenária tradução simultânea

6:30 PM - SALA MARIELLE | MARIELLE ROOM (AUDITÓRIO AZUL) Coordenação | Chair: Thomas Cauvin (Colorado State University) Participantes | Participants: •

Phil Scarpino (IUPUI)

David Dean (Carleton University)

Tanya Evans (Macquarie University)

Heba Abdelsalam Heba (Middle Tennessee State University)

Thomas Cauvin (Colorado State University)

Barbara Silva (Pontifica Universidad Católica de Chile)

IFPH 10: NEW MEDIA, OLD MEDIA: SURPRISING IMPLICATIONS FOR PUBLIC HISTORY 1:30 PM – 3:30 PM | MARIELLE ROOM (AUDITÓRIO AZUL) Chair: Beatriz Sánchez (Université de Lorraine- Metz FRANCE Laboratoire de recherches CREM)

Telling war, telling peace The digital weaving of historical memory: the case of the Colombian serious game “Reconstruccion” Beatriz Sánchez (Université de Lorraine-Metz 47


#publichistory2018

FRANCE Laboratoire de recherches CREM)

Between Photo and Voice: Unique Spaces for Active Imagination in Oral and Public History Michael Frisch (University of Buffalo, USA) Radio Inconfidência and the Representations of the Brazilian Nation: Political uses of the station and the constitution of a Public History Luiz Otávio Correa (UFF-RJ) Photography, a potent yet complex medium for public history Cécile Duval (Luxembourg Centre for Contemporary and Digital History (C²DH)) IFPH 11: PUBLIC HISTORY BOOKS ROUNDTABLE 1:30 PM – 3:30 PM | GAMA ROOM (AUDITÓRIO VERMELHO) Chair: Thomas Cauvin

In this session, we will present and discuss some recently published and forthcoming public history books. Books include Companion to Public History (Ed. D. Dean, Wiley, 2018), Historia Critica’s issue on public history (Ed. C. Munoz, 2018), Como será o passado? História, historiografia e a Comissão Nacional da Verdade (C. Bauer, 2017), Public History: A Textbook of Practice (T. Cauvin, 2016) and further publications associated with the Rede Brasileira de História Pública. IFPH 12: DIFFICULT HERITAGE 1:30 PM – 3:30 PM | BEATRIZ ROOM (I1 – 124) Chair: Andreas Etges (University of Munich - LMU)

Protecting Heritage Sites Case Study: Beni Hassan, Minya, Egypt Heba Abdelsalam (Middle Tennessee State University and DePaul University) and Scott Bucking Public Histories of the Lost Cause: General Robert E. Lee and Feldmarschall Erwin Rommel as “Honorable” Military Heroes of Lost Wars Andreas Etges (University of Munich (LMU)) Collaborative calendars Paolo Vignolo (Universidad Nacional de Colombia) 48


#publichistory2018

Gulag history in camp museums of the region of Perm: some narratives of human rights defenders and prison guards Vladislav Staf (Faculty of Humanities / School of history at the National Research University ““ Higher School of Economics (HSE), Moscow; Poletayev Institute for Theoretical and Historical Studies in the Humanities (IGITI), Moscow) RBHP 26: HISTÓRIA ORAL, MEMÓRIA E HISTÓRIA PÚBLICA (III) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA BEZERRA (I1 - 233) Coordenação: Andrea Casa Nova Maia (UFRJ), Juniele Rabêlo de Almeida (UFF), Miriam Hermeto (UFMG)

As contribuições da História Oral nas pesquisas de imigração e refúgio: o caso dos sírios Samira Adel Osman (Unifesp) O registro de memórias das rotas desviantes de au pairs brasileiras nos Estados Unidos Amanda Arrais Mousinho (EACH-USP) Entre dois mundos: Memórias e Histórias de Vida de Imigrantes No Rio de Janeiro Syrléa Marques Pereira (UniFOA) A diversidade memorial acerca da experiência concentracionária dos prisioneiros homossexuais nos campos de concentração nazistas Karen Pereira da Silva (UFRGS) Música e identidade: um estudo sobre o papel da música na identidade de musicistas nordestinos no Vale do Paraíba Lucas Pulice (EACH-USP) RBHP 27: HISTÓRIA PÚBLICA E HISTÓRIA DIGITAL (III) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA MENDES (I1 - 125) Coordenação: Bruno Leal Pastor de Carvalho (UnB), Dilton Maynard (UFS), Mateus Pereira (UFOP)

História Pública e o Youtube: Uma análise de práticas Pedro Toniazzo Terres (UFSC) 49


#publichistory2018

A possibilidade de uma História Pública por meio de narrativas de si no Youtube Matheus Yago Gomes Ferreira (UFMG) Novas fontes, novos problemas: os booktubers como possibilidade de escrita da História Lucas Kammer Orsi (Udesc) A ressignificação procedimental da história em jogos eletrônicos: configurações e refigurações do tempo histórico em “Sid Meier’s Civilization” Alex Alvarez Silva (UFG/UFOB) Wikipédia: uma poética popular da história? Mateus H. F. Pereira (UFOP) RBHP 28: HISTÓRIA PÚBLICA, EDUCAÇÃO E PRÁTICAS DE ENSINO DE HISTÓRIA (V) Coordenação: Caroline Pacievitch (UFRGS), Everardo Paiva de Andrade (UFF), Rodrigo de Almeida Ferreira (UFF), Sonia Wanderley (UERJ) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA CHIQUINHA (I1 - 126)

A história do Brasil segundo estudantes de História: esquecimentos, lembranças e perguntas Caroline Pacievitch (UFRGS), Janaína de Paula do Espírito Santo (UEPG/UFG), Luis Fernando Cerri (UFPG) Cultura histórica e ensino de história – interseções com a história pública Sonia Wanderley (UERJ) Saberes escolares e a reverberação de suas vozes Ana Paula Silva de Jesus (UFF), Pedro Domingos Brandi Cachapuz (UFF) O Presentismo e as disputas pelas narrativas historiográficas no Brasil contemporâneo - suas relações com a historiografia, a história pública e o ensino de história Marcelo Chaves Lameirão (Proenem) Por que estudar História do Brasil? Diálogos entre a História Pública e o Ensino de História Vivian Zampa (CAp UERJ/Universidade Salgado de Oliveira) RBHP 29: HISTÓRIA PÚBLICA, ARTE, 50


#publichistory2018

MÍDIA E CULTURA VISUAL (III) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA HERZOG (CB - ANF. 2) Coordenação: Daniel Lopes Saraiva (Udesc), Márcia Ramos de Oliveira (Udesc), Marcos Felipe de Brum Lopes (Ibram/MinC)

Cinema, Escravidão e Protagonismo Negro Nos Estados Unidos (2012-2016) Maria Luiza Rocha Barbalho (UFRN) Imagens da escravidão: resistência, liberdade e arena pública

International Public History - Journal of the International Federation for Public History is a major international stimulus to the field of public history. As an academic discipline and as a self-identification for its practitioners, public history has been growing all over the world. The peer-reviewed online publication IPH is a timely intervention, providing much needed additional publishing opportunities for anyone engaged in public history.

2 volumes per year (April, October) ISSN 2567-1111 Online only Editors Andreas Etdges, Munich (Germany) David Dean, Ottawa (Canada) Editorial board Tanya Evans, Sydney (Australia) Radhika Hettiarachchi, Colombo (Sri Lanka) Ricardo Santhiago, Sao Paulo (Brazil)

Initially published twice a year in English, IPH provides a mix of theoretical, research and “practice-oriented” scholarly articles on a wide range of topics. The journal’s website gives authors the opportunity to offer readers a multimedia journal experience through the inclusion of photos, film and audio clips as well as making articles available in their original language of submission. https://www.degruyter.com/view/j/iph 51


#publichistory2018

Iohana Brito de Freitas (PUC Rio)

A autocrítica de uma geração: uma análise do filme A memória que me contam Cleonice Elias da Silva (PUC-SP) As chanchadas e a formação de uma história pública do Rio de Janeiro (1942-1962) Carlos Eduardo Pinto de Pinto (UERJ) RBHP 30: HISTÓRIA PÚBLICA E PATRIMÔNIO CULTURAL (III) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA OLGA (CB - ANF. 3) Coordenação: José Newton Coelho Meneses (UFMG), Letícia Brandt Bauer (SMC/PMPA), Maria Silvia Duarte Hadler (Unicamp), Viviane Trindade Borges (Udesc)

Patrimonialização e escrita videográfica: interseções em “Memórias Internas” Gabriela Lopes Batista (Udesc) A história pública e os patrimônios difíceis Viviane Trindade Borges (Udesc) Registro da Literatura de Cordel Como Patrimônio Cultural: Trajetórias e Perspectivas Rosilene Alves de Melo (UFCG) Memórias, identidade e patrimônio cultural: relações em construção Maria Sílvia Duarte Hadler (CMU-Unicamp) Como Se Fabrica Um Herói? História Pública e Construção da Memória Nacional No Parlamento Brasileiro José Ricardo Oriá Fernandes (Câmara dos Deputados) RBHP 31: HISTÓRIA PÚBLICA, COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO HISTÓRICA (II) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA BERTHA (I1 - 234) Coordenação:Cristina Meneguello (Unicamp), Juliana Sayuri Ogassawara (UFSC), Sonia Maria de Meneses Silva (URCA)

A gente se liga em você! A Rede Globo e a despolitização da política Felipe Santos Magalhaes 52


#publichistory2018

A Rádio Ponto UFSC e sua inserção na constituição histórica da radiofonia universitária Beatriz Hammes Clasen, Guilherme Gonçales Longo, Valci Regina Mousquer Zuculoto (UFSC) Jornalismo e A Referência À História: Experiências de Comunicação do Quotidiano Alice Mitika Koshiyama (ECA-USP) Rádio Inconfidência e As Representações do Brasil Luiz Otávio Correa (UFF) RBHP 32: ARQUIVOS, CENTROS DE MEMÓRIA E MUSEUS COMO LUGARES DE HISTÓRIA PÚBLICA (II) 3:30 PM – 5:30 PM | SALA BEZERRA (I1 - 233) Coordenação:Andrea Telo da Corte (SEDUC/RJ), Maria Teresa Bandeira de Mello (APERJ), Ismênia de Lima Martins (UFF)

Perspectivas Sobre O Processo de Construção de Um Catálogo de Fontes Das Estatísticas Públicas Em Minas Gerais Ivana Denise Parrela (UFMG), Milene Lopes Frade da Costa Movimentos Sociais e Tipologia Documental. Organização Documental No acervo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Jean Marcel Caum Camoleze (Unesp), Sonia Maria Troitiño Rodriguez História dos intelectuais a partir dos seus acervos: a Academia Cearense de Letras e a Biblioteca do Instituto de Estudos Brasileiros Renato Mesquita Rodolfo (USP) IFPH 13: LOCAL PUBLIC HISTORIES 3:30 PM – 5:30 PM | BEATRIZ ROOM (I1 – 124) Chair: Catalina Muñoz (Universidad de los Andes, Bogotá)

Digital history repository of Town and Cities Kresno Brahmantyo (University of Indonesia) Illuminating Urban Development through Public History: A Case from Bogotá Catalina Muñoz (Universidad de los Andes, Bogotá) 53


#publichistory2018

Become a member of the International Federation for Public History and you will: • • • • • • • •

Receive free copy of International Public History, our new peerreviewed journal Get discount in the events we organize Be able to take part in sub-committees and apply to the Steering Committee elections Be able to write in Bridging, our multilingual blog Receive our newsletters Get priority access to our Public History Explorers’ news Get priority access to our forthcoming Jobs and Internship news Get contact of public history programs and practitioners all around the world

Visit our website https://ifph.hypotheses.org/ , contact us at pubhisint@ gmail.com, or follow our discussions on:

https://www.facebook.com/groups/ifphgroup/

@pubhisint

Stories of the 20th century means 21st Anna Nemzer ( Journalist, writer, presenter of “TV Rain”, coauthor of the book “Museum of the 90s: freedom territory”, head of “School of research and text”, Russian Cultural Foundation) IFPH 14: ORAL HISTORY 3:30 PM – 5:30 PM | MARIELLE ROOM (AUDITÓRIO AZUL) Chair: Radhika Hettiarachchi (Community Memorialization Project, Colombo, Sri Lanka)

Little girls from FEBEM of Ouro Preto: memory and identity Luciana Ferreira (Universidade Federal de Ouro Preto) 54


#publichistory2018

Memory, Oral Histories, and Community: The Memory Map Project Radhika Hettiarachchi (Community Memorialization Project, Colombo, Sri Lanka) Autores de Historias, audiovisual narratives of historical knowledge Cristhian Vargas Pineda e Andrés Gonzalo Ramirez Bernal (Universidad Nacional de Colombia) Engaging Public History with History of Science: citizenry’s responsibility Barbara Silva (Pontifica Universidad Católica de Chile) RBHP 33: HISTÓRIA PÚBLICA E USOS DO PASSADO: QUESTÕES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS (III) 3:30 PM – 5:30 PM | SALA PATAXÓ (AUDITÓRIO VERDE) Coordenação:Fernando Nicolazzi (UFRGS), Marta Gouveia de Oliveira Rovai (Unifal), Rogério Rosa Rodrigues (Udesc)

A história local e seus públicos. Por dentro da organização e funcionamento dos eventos de história municipal Raízes (Litoral Norte/RS) Sandra Cristina Donner (Faccat) Movimentos migratórios, história oral e memória Valéria Barbosa de Magalhães (EACH-USP) O historiador e curadoria do passado: o caso japonês sobre a bomba atômica Mario Marcello Neto (UFRGS) Benedito Calixto e a comemoração do IV Centenário do Descobrimento do Brasil em São Vicente Eduardo Polidori Villa Nova de Oliveira (USP) RBHP 34: HISTÓRIA PÚBLICA, EDUCAÇÃO E PRÁTICAS DE ENSINO DE HISTÓRIA (VI) 3:30 PM – 5:30 PM | SALA CHIQUINHA (I1 - 126) Coordenação: Caroline Pacievitch (UFRGS), Everardo Paiva de Andrade (UFF), Rodrigo de Almeida Ferreira (UFF), Sonia Wanderley (UERJ)

Construindo uma história escolar das mulheres Eleonora Abad (UFF), Jamille Zaccur (UFF) 55


#publichistory2018

Ensino de História de matrizes africanas e indígenas: práticas de uma escola de Educação Infantil Simone dos Santos Pereira (USP) O outro na Sala de Aula: Uma Reinterpretação do Islã Augusto Rocha (UFGRS) Permanências e descontinuidades do papel da mulher no Egito Antigo e na Contemporaneidade: um olhar dos estudantes do primeiro ano do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) sobre a questão de gênero Cláudia Regina Fonseca Miguel Sapag Ricci (Centro Pedagógico/ UFMG), Juliana Taynara Dantas Leite, Luísa Teixeira Andrade (UFMG) RBHP 35: HISTÓRIA PÚBLICA, ARTE, MÍDIA E CULTURA VISUAL (IV) 3:30 PM – 5:30 PM | SALA HERZOG (CB - ANF. 2) Coordenação: Daniel Lopes Saraiva (Udesc), Márcia Ramos de Oliveira (Udesc), Marcos Felipe de Brum Lopes (Ibram/MinC)

Sobre o Projeto Guardar Canções: exercício de história pública e expressão da memória musical Marcia Ramos de Oliveira (Udesc) “Nos porões da ditadura militar”: literatura de cordel, cultura visual e ensino de história - desafios e possibilidades Tereza Cândida Alves Diniz (URCA) Jogos eletrônicos históricos, constituição de sentidos e identidades: um estudo a partir da comunidade de jogadores(as) José Carlos dos Santos Júnior (Unifal), Matheus Felipe Francisco, Walter Francisco Figueiredo Lowande Fake News: imprensa e redes sociais na internet Francisco de Castro Samarino e Souza, Regina Helena Alves da Silva (UFMG) RBHP 36: MEMÓRIA SOCIAL, EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E TURISMO CULTURAL (II) 3:30 PM – 5:30 PM | SALA OLGA (CB - ANF. 3)

56


#publichistory2018 Coordenação: Juliana Pedreschi Rodrigues (EACH/USP), Livia Morais Garcia Lima (Unisal), Renata Sieiro Fernandes (Unisal), Samantha Quadrat (UFF)

Patrimônio histórico, memória e turismo: o legado da Força Expedicionária Brasileira. Uma reconstrução possível? Madalena Pedroso Aulicino (EACH-USP), Mariana Moreira de Amorim (EACH-USP) Marcas da história: visitas a lugares de memória e consciência na América Latina Samantha Viz Quadrat (UFF) Filhos de Bascarán: Notas Dos 20 Anos do Centro de Defesa da Vida e Dos Direitos Humanos Carmen Bascarán no combate à escravidão contemporânea Fagno da Silva Soares (IFMA) Trajetória e Vivências em uma instituição centenária: o Caso do Asilo de Mendicidade Nossa Senhora da Candelária de Itu,SP Anicleide Zequini (USP), Olga Susana Costa Coito e Araujo Memória de jovens, História Oral e Tempo Presente Renata Sieiro Fernandes (Unisal) RBHP 37: HISTÓRIA PÚBLICA, COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO HISTÓRICA (III) 3:30 PM – 5:30 PM | SALA BERTHA (I1 - 234) Coordenação:Cristina Meneguello (Unicamp), Juliana Sayuri Ogassawara (UFSC), Sonia Maria de Meneses Silva (URCA)

Entre Gatos e Bruxas: considerações sobre a periodização e a ambivalência do “medieval” Luiz Felipe Anchieta Guerra (UFMG) Os Memorialistas da Cidade de Canindé-Ce: A Escrita da História, Entre Os Suportes Tradicionais e As Mídias Sociais Fátima Maria Leitão Araújo (URCA), Odilon Monteiro da Silva Neto (URCA) Ecos de uma produção ordinária: as apropriações do passado por leitores de jornais e internautas no Brasil e na Argentina nas matérias sobre Ditaduras Militares Sônia Meneses (URCA)

57


#publichistory2018

Imprensa, intelectuais e história: Le Monde Diplomatique no Oriente Médio Juliana Sayuri Ogassawara (UFSC) RBHP 38: POLÍTICAS PÚBLICAS, COMUNIDADES E CULTURAS POPULARES (II) 3:30 PM – 5:30 PM | SALA GAMA (AUDITÓRIO VERMELHO) Coordenação: Felipe Magalhães (UFRRJ), Nivea Andrade (UFF), Silvia Maria Jardim Brugger (UFSJ)

O estádio de futebol como espaço de manifestação política Guilherme Silva Pires de Freitas Discursos e estratégias: o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e o Projeto Cataforte Erica Aparhyan Stella (USP) A História De Uma Gestão Democrática De Escola Pública E A Participação Social Transformando A Realidade Wagner Impellizzieri (Unicsul) A imigração e as políticas públicas de inserção dos imigrantes na sociedade moçambicana Sérgio de Melo Doce Taibo (FGV) São Gabriel da Cachoeira (AM): 10 anos da aprovação da regulamentação da lei de direitos linguísticos aos povos falantes dos idiomas tukano, baniwa e nheengatu Moyses Aparecido Berndt (Flacso Brasil/FURG) Mapeamento dos terreiros de São João del-Rei Rafael Teodoro Teixeira (UFSJ) RBHP 39: HISTÓRIA PÚBLICA, TERRITÓRIO E QUESTÕES AMBIENTAIS (II) 3:30 PM – 5:30 PM | SALA MENDES (I1 - 125) Coordenação: Filipe Oliveira da Silva (UFRJ), Joana da Silva Barros (Unifesp), Lise Sedrez (UFRJ)

As práticas alimentares nas feiras do Guará e da Torre de TV: memória, patrimônio e identidades Juliana Rampim Florêncio (UnB) 58


#publichistory2018

(Re)Descobrindo A Memória Pública: Grupos Escolares No Circuito Das Águas Ângelo Constâncio Rodrigues, Jefferson da Costa Moreira (UFLA) O Conselho Florestal Federal: ação pública e trajetória institucional (1934-1967) Filipe Oliveira da Silva (UFRJ) Os Projetos de Lei do Deputado Caio Prado Júnior: Instituto de Pesquisas Científicas & Levantamento Aerofotogramétrico Renata Bastos da Silva (UFRJ), Ricardo José de Azevedo Marinho (Unigranrio)

No arco dos últimos dez anos, “história pública” deixou de ser uma expressão marginal ou praticamente desconhecida no Brasil para se tornar uma das expressões mais desafiadoras da historiografia contemporânea. Nos vinte ensaios de Que história pública queremos?, estudiosos e praticantes apresentam – de maneira enfática, crítica e propositiva – os modos pelos quais a sugestiva noção de história pública tem sido lida e reinterpretada no Brasil, dinamizando reflexões e práticas de pesquisa específicas, que dialogam com as tradições estrangeiras sem emulá-las. Como uma plataforma de observação do passado e de sua ressonância no presente, a história pública brasileira espelha a diversidade e amplitude do país do qual emerge.

Que história pública queremos? WHAT PUBLIC HISTORY DO WE WANT? Ana Maria Mauad, Ricardo Santhiago, Viviane Trindade Borges (org.)

In the arc of the last ten years, “public history” has ceased to be a marginal or virtually unknown term in Brazil and became one of the most challenging expressions of contemporary historiography. In the twenty essays of What Public History Do We Want?, scholars and public history practitioners present – emphatically, critically, and purposefully – the varied ways in which the suggestive idea of public history has been read and reinterpreted in Brazil, galvanizing original approaches and research practices that dialogue with foreign traditions, without mimicking them. Like a platform from which to observe of the past and its resonance in the present, Brazilian public history evokes the diversity and breadth of the country from which it emerges.

ANA MARIA MAUAD - BENITO BISSO SCHMIDT - BRUNO LEAL PASTOR DE CARVALHO - CAROLINE SILVEIRA BAUER GILBERTO TOMÉ - HEBE MATTOS - JAMES N. GREEN - JOSÉ NEWTON COELHO MENESES - JUNIELE RABÊLO DE ALMEIDA KEILA GRINBERG - MARIETA DE MORAES FERREIRA - MARTA GOUVEIA DE OLIVEIRA ROVAI - MARTHA ABREU MIRIAM HERMETO - PAULO KNAUSS- RICARDO SANTHIAGO - RICHARD CÁNDIDA SMITH - RODRIGO DE ALMEIDA FERREIRA - ROGÉRIO ROSA RODRIGUES - SAMANTHA VIZ QUADRAT - SÔNIA MENESES - VIVIANE TRINDADE BORGES

Um lançamento

letraevoz

www.letraevoz.com.br 59


#publichistory2018

Resistência cultural cigana e a ocupação de espaços públicos Matheus Barbosa Martins (UEMG)

LANÇAMENTOS II | BOOK SIGNING II QUINTA-FEIRA, 23 DE AGOSTO | THURSDAY, AUGUST 23RD 5:30 PM - 6:30 PM - SAGUÃO | ATRIUM

SESSÃO DE PÔSTERES II | POSTER SESSION II QUINTA-FEIRA, 23 DE AGOSTO | THURSDAY, AUGUST 23RD 5:30 PM - 6:30 PM - SAGUÃO | ATRIUM

Memory of Civil War during the Transition to democracy in Spain (19361982). How the society took the initiative in Spain and Basque Country Unai Belaustegi (University of the Basque Country) Diseño de un plan de estudios: la creación de la diplomatura de posgrado en Historia Pública y Divulgación Social de la Historia en la Universidad Nacional de Quilmes (Argentina) Alejandra F. Rodriguez (Universidad Nacional de Quilmes, Argentina) A Construção do pensar histórico – A interpretação do tempo em sala de aula nas séries finais do Ensino Fundamental Cristina Turra Pires (UFRGS) Comunicação pública e memória das cidades: a preservação dos sistemas de comunicação nos sites das capitais brasileiras Ana Javes Luz (UFRGS) Ensaiando memórias: Julián Fuks e sua(s) resistência(s) Rafael Gurgel Almeida (UFBA), Mônica de Menezes Santos Estágio de Oficina: O ensino da história africana e afro-brasileira em espaço não formal Afonso Rangel Luz (UNEB), Rosivaldo Oliveira Paixão (UNEB)

60


#publichistory2018

Fisionomia de Itaquera: transformações de paisagem e sociedade de um distrito paulistano (1875-1920) Gabriela R. Marques Oliveira (Unifesp), Fernando Atique (Unifesp) Guardar Canções - exercício de memória, história e identidade Márcia Ramos de Oliveira (Udesc), Igor Lemos Moreira (Udesc), Luciano Py de Oliveira (Udesc), Eduardo Bailo, Raffael Righez Linguagens digitais no ensino da História: as Revoluções Burgueses através de memes Juana Barbara Castro (Colégio Santa Maria Minas), Érica Paula Frade Bittencourt (Colégio Santa Maria) O Dia Da Consciência Negra E As Posiveis Abordagens No Ensino De Historia Érica Paula Frade Bittencourt (Colégio Santa Maria), Juana Bárbara Castro (Colégio Santa Maria Minas) Patrimônio Imaterial E Cultura Popular Do Rio De Janeiro Pelo Viés Do Carnaval Mirim Vanessa Dupheim (SME-RJ) Teoria da História em rede: um relato de experiência acerca das potencialidades da Wikipédia como ferramenta paradidática na disseminação do conhecimento histórico em contexto não universitário Sarah Pereira Marcelino (UFSC) Uma Proposta De Descrição Para Documentações Resultantes De Pesquisa: O Caso Dos Estudos Djalma Forjaz Do Ieb-Usp Pedro José de Carvalho Neto (FFLCH-USP), Andrea Cristina Ribeiro Minare (FFLCH-USP)

61


#publichistory2018

CONFERÊNCIA | KEYNOTE SPEAKER HISTÓRIA PÚBLICA EM UMA ERA PESSIMISTA PUBLIC HISTORY IN A PESSIMISTIC AGE - plenary session - simultaneous translation

sessão plenária tradução simultânea

6:30 PM - SALA MARIELLE | MARIELLE ROOM (AUDITÓRIO AZUL) Conferencista | Speaker: Tania Evans (Macquarie University) Mediador | Moderator: Ricardo Santhiago (Unifesp)

JANTAR POR ADESÃO CELEBRATION AND DINNER 9:00 PM - BAR BRAHMA | ESPAÇO BRAHMINHA AVENIDA SÃO JOÃO, 677 - CENTRO COUVERT ARTÍSTICO | COVER CHARGES: R$ 15,00

62


#publichistory2018

SEXTA-FEIRA, 24 DE AGOSTO FRIDAY, AUGUST 24

IFPH 15: ENGAGING THE PUBLIC WITH ENVIRONMENTAL HISTORY: A PARTNERSHIP OF PUBLIC AND ENVIRONMENTAL HISTORY 10:00 AM – 12:00 PM | PATAXÓ ROOM (AUDITÓRIO VERDE) Chair: Philip Scarpino (Indiana University/Purdue University, Indianapolis, Indiana, USA)

“Interpreting Environmental History in the Public Arena” Philip Scarpino (Indiana University/Purdue University, Indianapolis) “Grounding Research: Environmental History Meets Public History” Lise Sedrez (Universidade Federal do Rio de Janeiro) IFPH 16: DIGITAL PUBLIC HISTORY: PUBLIC AWARENESS, CIVIC ENGAGEMENT, METHODOLOGY, WHAT ELSE? (PART I) 10:00 AM – 12:00 PM | GAMA ROOM (AUDITÓRIO VERMELHO) Chair: Anita Lucchesi (University of Luxembourg)

Teaching Digital Public History by experimenting and “thinkering” Richard Legay (University of Luxembourg) Digitality and transmediality in public history practices Romain Duplan (La Boîte à Histoire) The Left POCket Project: Histories of Leftists of Color, One Swipe at a Time Wendi Muse (New York University)

IFPH 17: DIGITAL PUBLIC HISTORY: PUBLIC AWARENESS, CIVIC ENGAGEMENT, METHODOLOGY, WHAT ELSE? (PART II) 1:20 PM – 3:20 PM | PATAXÓ ROOM (AUDITÓRIO VERDE) Chair: Anita Lucchesi (University of Luxembourg) 63


#publichistory2018

Scientific Journals and the use of social media in History: the experience of História, Ciências, Saúde – Manguinhos Roberta Cerqueira (Oswaldo Cruz Foundation - Fiocruz) An emotional archive through experiences of the entry of the internet in the everyday life in Colombia Juan Camilo Murcia Galindo (Universidad Nacional de Colombia) Crowdsourcing Digital Public History – lessons from the field Anita Lucchesi (University of Luxembourg) IFPH 18: PUBLIC REPRESENTATIONS OF THE PAST: MUSEUMS, COMMEMORATION AND THE CULTURAL MEANINGS OF HISTORY 1:20 PM – 3:20 PM | HERZOG ROOM (CB – ANFITEATRO 2) Chair: Geoffrey Cubitt (Department of History and Institute for the Public Understanding of the Past, University of York)

Commemorating the Railway Engineer: Developing the Heroic Identities of George Stephenson and Richard Trevithick Sophie Vohra (Department of History, University of York and National Railway Museum, York) Gender, Sex, and Remembering Female Prisoners in British Prison Museums Daniel Johnson (Department of History, University of York) Regimental Museums as Memory Mediators: Narratives, Communities and Identities Geoffrey Cubitt (Department of History and Institute for the Public Understanding of the Past, University of York) IFPH 19: HISTORICAL FICTION AND NON-FICTION IN POPULAR CULTURE 1:20 PM – 3:20 PM | CHIQUINHA ROOM (I1 – 126) Chair: Andreas Etges (University of Munich - LMU)

Afterlives of Nationalsocialism and New Moral Politics as a European Bestseller: Memory and Identity in most successful German TV Crime Story “Der Kommissar” (later followed by “Derrick), 1969-1976 64


#publichistory2018

Haydée Mareike Haass (Graduate School for the Humanities Cologne Albertus-Magnus-Platz)

Adenauer and Trotsky: Russia and Germany through two historical protagonists Sheyla Moroni (Dipartimento di Scienze Politiche e Sociali, Università di Firenze, Italy) Public History through Televised International Song Contests Dean Vuletic (University of Vienna) RBHP 40: DEMOCRACIA, DIREITOS E O PAPEL PÚBLICO DO HISTORIADOR (II) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA IARA (CB RP 01) Coordenação:, Caroline Silveira Bauer (UFRGS), Fernando de Araujo Penna (UFF)

Manifesto de Historiadores no Chile: memória e historiografia sobre o golpe Lays Correa da Silva (UFRJ) Em busca da diversidade religiosa: interfaces entre oralidades e história pública na Amazônia Diego Omar da Silveira (UEA) O desmonte da universidade e o discurso público do historiador Gésssica Góes Guimarães Gaio (UERJ) Público, história pública e as políticas do comum Pedro Telles da Silveira (UFRGS) RBHP 41: HISTÓRIA PÚBLICA FORA DA UNIVERSIDADE: RELATOS DE EXPERIÊNCIA (II) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA TITO (CB - RP 03) Coordenação: Daisy Perelmutter (GEPHOM/EACH-USP), Érica Sarmiento (UERJ), Larissa Viana (UFF), Samuel Oliveira (CEFET-RJ)

A Economia Solidária e seu papel na Educação Ambiental Matheus Fernandes Alves Lopes (Unesp), Samuel Henrique Venâncio Tavares (Unesp) Cohab Itaquera Padre José de Anchieta 40 anos: iniciativas de memória 65


#publichistory2018

Valéria Barbosa de Magalhães (EACH-USP), Renata Leite Manoel de Jesus (EACH-USP)

Centro Afro-Carioca e história pública do cinema negro Samuel Silva Rodrigues de Oliveira (CEFET-RJ) “PRA TUDO COMEÇAR NA QUINTA-FEIRA”: Reflexões históricas na construção do carnaval em Florianópolis (2017-2018) Christian Gonçalves Vidal da Fonseca (Udesc), Fernando Nilson Constancio (Udesc) RBHP 42: HISTÓRIA ORAL, MEMÓRIA E HISTÓRIA PÚBLICA (IV) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA MARIELLE (AUDITÓRIO AZUL) Coordenação: Andrea Casa Nova Maia (UFRJ), Juniele Rabêlo de Almeida (UFF), Miriam Hermeto (UFMG)

Entrevistas audiovisuais como auxiliadora na formação da memória da ditadura civil-militar na Universidade Federal do Pará e a democratização do seu domínio Gabrielle Cristine Bezerra Leitão (UFPA) A Consciência Negra da Universidade de São Paulo (1987 A 2016) Juliana da Silva Siqueira (USP) História oral e coletivos: aproximações, perspectivas e possibilidades da produção de conhecimentos das mobilidades em diferentes contextos de articulação Márcia Nunes Maciel (Márcia Mura) (EEFM Francisco Desmorestes Passos), Vanessa Generoso Paes (NEHO-USP) Memórias de Aimorés: um estudo sobre as narrativas de um memorialista a partir da noção de pós-memória Carla Lisboa Porto (Unesp) História oral de obstetrizes em diferentes contextos de atuação: práticas e sentidos do cuidado Glauce Cristine Ferreira Soares (EACH-USP), Natália Rejane Salim, Dulce Maria Rosa Gualda

66


#publichistory2018

RBHP 43: HISTÓRIA PÚBLICA, EDUCAÇÃO E PRÁTICAS DE ENSINO DE HISTÓRIA (VII) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA ZUMBI (CB - ANF. 1) Coordenação: Caroline Pacievitch (UFRGS), Everardo Paiva de Andrade (UFF), Rodrigo de Almeida Ferreira (UFF), Sonia Wanderley (UERJ)

Torre de Babel: a cisão entre alfabetização e história da escrita nos anos iniciais Luciana Borba Fernandes Tavares (ProfHistória UFRGS) Ensino De História E Relações De Pertencimentos Nacionais De Jovens Sergipanos Crislane Dias Santana (UFS), Marizete Lucini (UFS) Tempo, temporalidades, experiências e expectativas: relato de um projeto em Educação de Jovens e Adultos Claudia Regina F.M.S Ricci (Centro Pedagógico/ UFMG), Felipe Augusto Souza (UFMG) A emergência de um Brasil (didático) republicano: o ensino de história e narrativa da nação em João Ribeiro Renilson Rosa Ribeiro (UFMT) Aproximações entre a teoria da formação dos Estados Nacionais Modernos e estudantes de segundo ano do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos Cláudia Ricci (Centro Pedagógico/UFMG), Rodrigo Martins Gouveia (UFMG)

RBHP 44: HISTÓRIA PÚBLICA, ARTE, MÍDIA E CULTURA VISUAL (V) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA HELEY (I1 - 235) Coordenação: Daniel Lopes Saraiva (Udesc), Marcos Felipe de Brum Lopes (Ibram/MinC)

O cinema de Vladimir Carvalho: um olhar descentralizado sobre a produção cinematográfica brasileira nas décadas de 1970-1980 Aline Fernandes Carrijo (USP) 67


#publichistory2018

Cinema e usos públicos da história: memórias da ditadura militar no festival É Tudo Verdade Juliana Muylaert Mager (UFF) Uma avaliação do potencial pedagógico do documentário “’Cadê meu celular? Eu vou ligar pro 180’: Elza Soares e a violência contra a mulher” Letícia Costa Silva, Lorelay Tietjen Mochnacz Andrade (Udesc) Os Videogames como objeto e fonte da História Robson Scarassati Bello (USP) Conceitos e procedimentalidades nos jogos históricos: o sentido histórico nas situações de guerra apresentadas no jogo Sid Meier’s Civilization VI: Rise and Fall Jhonas Silva de Oliveira (Unifal), Leonardo Ueda da Mata (Unifal), Walter Francisco Figueiredo Lowande, Wilma da Conceição Alves Rosa (Unifal) RBHP 45: MEMÓRIA SOCIAL, EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E TURISMO CULTURAL (III) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA CANDIDO (CB - RP 04) Coordenação: Juliana Pedreschi Rodrigues (EACH/USP), Livia Morais Garcia Lima (Unisal), Renata Sieiro Fernandes (Unisal), Samantha Quadrat (UFF)

História oral e Educação não formal: o patrimônio cultural rural paulista Lívia Morais Garcia Lima (Unisal) “Eu sou livre como o vento, a minha linhagem é nobre”: Capoeira Angola como território educativo na cidade de Campinas Mariana de Sousa Lima (FE-Unicamp) Patrimônio e Oralidade: Análise Dos Depoimentos de Moradores de Olivença (Ilhéus-Ba) Sobre A Manifestação Cultural da Comunidade Luiz Felipe Mendes de Oliveira (EACH-USP), Luiz Gonzaga Godoi Trigo (EACH-USP) A Memória de Idosos Sobre Educação Matemática Em Espaços Não Formais Fernanda Fugolin Argentin (Unisal) O uso da literatura “Jovem Adulto” no Ensino de História voltado à meia e terceira idade: Relatos de experiência Victor Henrique da Silva Menezes (Unicamp)

68


#publichistory2018

Memoria Social do futebol de Várzea: Estudo de caso do clube sete de Setembro da Vila Progresso João Pedro Rodrigues da Conceição (Autônomo) RBHP 46: ARQUIVOS, CENTROS DE MEMÓRIA E MUSEUS COMO LUGARES DE HISTÓRIA PÚBLICA (III) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA GAMA (AUDITÓRIO VERMELHO) Coordenação:Andrea Telo da Corte (SEDUC/RJ), Maria Teresa Bandeira de Mello (APERJ), Ismênia de Lima Martins (UFF)

Arquivo Histórico-Cultural do ABC, Cultura Digital, Inovação Social e História Pública Andrea Paula dos Santos Oliveira Kamensky (UFABC), Caroline Silvério, Cristiane Castellani Chagas Dos Santos Centro de Referência em História e Memória da Região Sul e Sudeste do Pará: relatos sobre a implantação de um lócus para pesquisa, ensino e extensão na Amazônia Leticia Souto Pantoja (Unifesspa), Marilza Sales Costa (Unifesspa), Tássio Miqueias Moreira Fernandes (Unifesspa) Projeto Personalidades do MPRJ Márcio Klang (MPRJ), Nataraj Trinta (MPRJ) O Lúdico no Espaço de Memória Militar Augusto Rocha (UFGRS) RBHP 47: HISTÓRIA PÚBLICA, CIÊNCIA E SAÚDE (II) 1:30 PM – 3:30 PM | SALA NISE (CB - RP 02) Coordenação: Kaori Kodama (Fiocruz), Rogério Monteiro de Siqueira (USP)

O que fazem historiadores no jardim? Diálogos entre história pública e história das plantas medicinais Renata Palandri Sigolo (UFSC) Os mediadores das ciências no século XIX: reflexões sobre o papel da imprensa, a história das ciências e a atividade da vulgarização científica Kaori Kodama (Fiocruz) 69


#publichistory2018

Sistema Nacional de Saúde: processo de construção e heranças político-institucionais (1950-1975) Christiane de Roode Torres (Fiocruz), Carlos Henrique Paiva As lutas e movimentos coletivos para a inserção profissional de obstetrizes no Brasil Elizabete Franco Cruz (EACH-USP), Glauce Cristine Ferreira Soares (EACH-USP)

70


#publichistory2018

LANÇAMENTOS BOOK SIGNING SESSIONS SESSÃO 1 | SESSION 1 QUA-WED 22 - 17:30 - SAGUÃO | ATRIUM

Que história pública queremos? What Public History Do We Want? Ana Maria Mauad, Ricardo Santhiago e Viviane Borges (org.) São Paulo: Letra e Voz, 2018

História pública em debate: Patrimônio, educação e mediações do passado Juniele Rabêlo de Almeida e Sônia Meneses (org.) São Paulo: Letra e Voz, 2018

Russos em Revista: A Revolução Russa nas Revistas Ilustradas Brasileiras Andrea Casa Nova Maia, Luciene Carris Cardoso, Vicente Saul Moreira dos Santos (org.) Rio de Janeiro: Gramma, 2018

Mulheres em movimento: Experiências, conexões e trajetórias transnacionais Syrléa Marques Pereira, Maíra Ines Vendrame (org.) São Leopoldo, RS: Oikos / Editora Unisinos, 2017

Postwar Europe and the Eurovision Song Contest Dean Vuletic Bloomsbury, 2018

Como será o passado? História, historiadores e a Comissão Nacional da Verdade Caroline Silveira Bauer Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2017

Luz, câmera e história - Práticas de ensino com o cinema Rodrigo de Almeida Ferreira Belo Horizonte: Autêntica, 2018

Operação Midiográfica: O Golpe de 1964 e a Folha de S. Paulo Sônia Meneses São Paulo: Intermeios, 2017

Conversas sobre o Brasil: Ensaios de crítica histórica Gésssica Góes Guimarães Gaio, Leonardo Bruno, Rodrigo Perez (org.) Rio de Janeiro: Autografia, 2017

71


#publichistory2018

A ditadura na tela: o cinema documentário e as memórias do regime militar brasileiro Natália Batista, Carolina Dellamore, Gabriel Amato (org.)

Belo Horizonte: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - Fafich, 2018

História oral e migrações: Método, memória, experiências Valéria Barbosa de Magalhães (org.) São Paulo: Letra e Voz, 2017

SESSÃO 2 | SESSION 2 QUI-THURS 22 - 17:30 - SAGUÃO | ATRIUM

História oral e patrimônio cultural Letícia Bauer e Viviane Trindade Borges (org.) São Paulo: Letra e Voz, 2018

The Great Convergence: Environmental Histories of BRICS Ravi Rajan e Lise Sedrez (orgs.) New Delhi: Oxford University Press, 2018

Os novos homens do amanhã: projetos e disputas em torno dos quadrinhos na América Latina (Brasil e Chile, anos 1960-1970) Ivan Lima Gomes Curitiba: Prismas, 2018

Tiempo archivado. materialidad y espectralidad en el audiovisual Alejandra F. Rodriguez e Elizondo Cecilia (coord.) Buenos Aires: Universidad Nacional de Quilmes. Unidad de Publicaciones. Departamento de Ciencias Sociales, 2017

Paris - Buenos Aires: Intelectuais no Monde Diplomatique (1999-2011) Juliana Sayuri São Paulo: Alameda, 2018

História e Tecnologia: Diálogos em pesquisa e ensino Márcia Ramos de Oliveira, Igor Lemos Moreira, Alberto Gonçalves e Cristiane Pereira Martins (org.) Florianópolis, SC: Editora da Udesc, 2017

Estudos sobre a Música Popular: aproximações de escuta Márcia Ramos de Oliveira, Igor Lemos Moreira, Patrícia Carla Mucelin e Cristiane Martins Pereira (org.) Florianópolis, SC: Editora da Udesc, 2017

72


#publichistory2018

Memórias da Exclusão: narrativas de ex-portadores do Mal de Hansen na cidade de Bauru (1945 -1969) Carla Lisboa Porto Jundiaí: Paco Editorial, 2018

História oral e história das mulheres: Rompendo silenciamentos Marta Gouveia de Oliveira Rovai (org.) São Paulo: Letra e Voz, 2017

Álbum de figurinhas: Destaques da População Negra na História do Brasil Ana Carolina Krieger, Daiana Cecatto e Mariana Cardozo Florianópolis: Independente, 2018

73


#publichistory2018

RESUMOS ABSTRACTS 1848 as a festival: a revolution in public history? Daphné Budasz La Boîte à Histoire, a public history association created in 2017 by young graduates in public history, would like to present its first main project: a public history festival that will take place in September 2018 in Paris. This three days event has been thought as a meeting space between professional historians and various publics throughout different types of workshops and participative activities. The festival will deal with the revolutions that occurred in 1848 in Europe and had a knock-on effect around the world. The originality of this project lies in the variety of the activities the festival will propose but also in the close collaboration of professional historians along with the integration of a central artistic dimension. This poster will be designed to present the way La Boîte à Histoire seeks for creating performative mediation forms that could serve critical discourses while giving a playful dimension to didactical public history practices. A arte de Valdir Agostinho: Expressão visual e performance musical como exercício de cidadania Luciano Py de Oliveira Um dos aspectos da História do Tempo Presente é a pesquisa com História Oral e sua relação com a Biografia enquanto estudo de caso. Outro aspecto é o trabalho interdisciplinar, ao dialogar com outras disciplinas das Ciências Humanas, como as Ciências Sociais e a Psicologia, por exemplo. Dentro dessa temática e a partir de um recorte da pesquisa de doutorado em História em andamento, este trabalho pretende apresentar parcialmente a inserção histórica do artista Valdir Agostinho, considerando sua atuação pública através de sua produção visual e sonora. Tal atitude, que resulta em extenso e diversificado conjunto de obras, deverá ser apresentada mediante reflexões de análise associadas ao desenvolvimento de seu trabalho artístico em meio as relações que as possibilitaram. Igualmente, propõe inserir tal enfoque por meio das perspectivas de análise da História Pública no que se referem as possibilidades de sua atuação. Valdir Agostinho ficou bastante conhecido quando passou a confeccionar pandorgas, distinguindo-as como especificidade em sua forma de criação, dando-lhes a dimensão de objetos de arte. O uso de materiais recicláveis para a confecção de objetos tridimensionais, como esculturas, fantasias e adereços carnavalescos também é outro diferencial em sua produção. Paralelamente, desenvolve um trabalho musical como compositor e cantor, apresentando-se atualmente com o trabalho Valdir Agostinho e a Bernúcia Elétrica. Considerando a inserção histórica, este artista é também detentor de ampliado acervo de memória material e imaterial, reunido ao longo de sua trajetória profissional: de obras de arte, recortes de jornais, fotografias, livros às próprias memórias do sujeito. Tanto nas artes visuais como nas performances musicais alude a dimensão temporal, o diálogo com o tempo vivido e experimentado no passado, diante da atualidade. As questões de defesa da cidadania também se evidenciam em sua abordagem sobre temas como a cultura popular de Florianópolis/SC, a aceleração do tempo, a especulação imobiliária e a preservação do meio ambiente nesta cidade, sempre lembrados em suas apresentações públicas e trabalho socioeducativo desenvolvido com apoio de ongs e nas escolas de educação básica. A autocrítica de uma geração: uma análise do filme A memória que me contam Cleonice Elias da Silva Nesta proposta de comunicação há uma análise de um dos filmes da cineasta Lúcia Murat, A memória que me contam (2013). Tal análise corresponde a um dos desdobramentos de uma pesquisa de doutorado em História Social. A partir das cenas e da narrativa fílmica são discutidas questões referente à ditadura civil-militar no Brasil, com um enfoque nas memórias afetivas de uma geração que integrou os movimentos de resistência. O filme em questão aborda temáticas a respeitos dos im74


#publichistory2018 passes em torno da abertura dos arquivos da repressão, os embates geracionais entre os que lutaram contra o governo dos militares e seus filhos, a autocrítica dos ex-militantes de esquerda, entre outros. Essa obra, assim como as demais que lidam com as temáticas sobre a ditadura civil-miliar, cumpre um papel importante na conjuntuara atual de direito à memória e à verdade. A cidade como narrativa e apropriação pública: o inventário patrimonial de Alfenas/MG como ressonância afetiva e construção coletiva Marta Gouveia de Oliveira Rovai A comunicação tem como objetivo apresentar reflexões sobre as relações entre patrimônio e história pública, a partir do projeto de pesquisa desenvolvido e financiado pela FAPEMIG, intitulado “Inventário material e imaterial de Alfenas/MG: os patrimônios na cidade e a cidade como pertencimento”. A pesquisa desenvolve a prática de inventário patrimonial de aspectos materiais (edificações, como casarios e o cinema, do início do século XX), lugares de sociabilidade, como a feira de domingo e imateriais (manifestações culturais como o Congado, a capoeira e o jongo) que configuram a identidade e a necessidade de registrá-las e preservá-las coletivamente, levando em conta as referências culturais e seus diferentes singificados para os diferentes habitantes e coletividades que compõem o viver na cidade. Parte-se da ideia de Maria Cecília Fonseca de que as políticas de patrimônio centradas no tombamento de edificações contribuíram muito para a preservação da arquitetura em muitas cidades, mas que elas apresentam alguns limites, como o entendimento de certo congelamento do patrimônio, ignorando relações e significações humanas e também a crença ingênua, muitas vezes, de que o tombamento ou registro garanta a própria manutenção do patrimônio no tempo. Sob este ângulo, entende-se que pensar as políticas de preservação do patrimônio cultural em Alfenas deva envolver ações de levantamento não apenas de seus monumentos de “pedra e cal”, mas também as vivências, sociabilidades, manifestações e expectativas em torno da ideia de bens culturais considerados intangíveis ou imateriais. Isso exige pensar as relações com os públicos de forma dinâmica, refletindo sobre as autorias, as apropriações de espaços públicos e bens culturais, sua divulgação e circulação entre os próprios habitantes. Significa, portanto, pensar o patrimônio e suas relações com a história pública compreendendo as comunidades não apenas como espectadoras ou “aprendizes daquilo que a universidade identifica”. Não se trata de tornar pública uma história que os moradores desconhecem mas, pelo contrário, dialogar com eles as formas de se registrar e de se divulgar as histórias que estão em suas memórias e vivências e que a própria universidade ignora. A cidade revisitada na escola: a ditadura militar em Duque de Caxias (RJ) e as lembranças de um tempo que (não) passou Leandro Rosetti de Almeida Este trabalho é, antes de tudo, o filho de um encontro. Seus genitores são – de um lado – o esforço hercúleo que tem sido feito no campo dos estudos históricos em direção à compreensão da e a um diálogo com uma certa dimensão pública da história e – de outro – o ensino de história e a cultura característica da história escolar, com especial destaque para o saber docente e a expertise em lidar com as demandas cotidianas que emergem da vida prática de discentes e docentes. O produto deste encontro caminha pelos caminhos que a narratividade abriu. Estudar as narrativas históricas estudantis foi, estratégica e metodologicamente, o meio encontrado para alinhar o conceito de consciência histórica a um agir no e sobre o tempo. Foi assim que surgiu o Museu da Lembrança, uma plataforma digital que passou a abrigar narrativas históricas de estudantes da rede pública de ensino. O museu tem se orientado por quatro caminhos: memórias familiares, cidadania, escravidão e ditadura militar. O estudo que aqui se apresenta é um desdobramento de um desses quatro caminhos: a ditadura militar. Atualmente, a pesquisa busca compreender de que forma as lembranças do período militar (1964-85) ecoam nas vozes dos círculos familiares de estudantes da rede pública fluminense. Através dessas lembranças, pretende-se analisar de que forma a memória sobre a ditadura se construiu, por meio de que mecanismos ela tem sido acionada, além de se buscar, nas narrativas dos sujeitos pesquisados, investigar o papel dos silêncios na construção de si e do mundo. Essa busca tem como objetivo, em última instância, compreender as possibilidades de atuação da escola no ensino da história da ditadura militar no Brasil, assim como compreender as resistências ao conhecimento 75


#publichistory2018 histórico sobre o período. Para tanto, tem sido fundamental considerar o conceito de história pública no entendimento de que o conhecimento histórico que temos hoje sobre a ditadura não se construiu apenas nos círculos escolares e universitários, senão também por meio de uma rede de saberes múltipla e diversa, onde estão incluídas a experiência, o testemunho e a memória. Pretende-se aqui, através dessa encruzilhada de saberes, que os pressupostos teóricos amparados em Reinhart Koselleck, François Hartog e, principalmente, Jörn Rüsen, possam dialogar com as contribuições teóricas em torno da história pública e do ensino de história, principalmente em tempos de crise, onde a própria ideia de diálogo parece ter sucumbido à obsolescência. A consciência negra da Universidade de São Paulo (1987 a 2016) Juliana da Silva Siqueira Esse trabalho analisa a história do Núcleo de Consciência Negra e de sua ação educacional no interior da Universidade de São Paulo. A referida instituição, fundada em 1987, se organizou com a finalidade de lutar contra qualquer tipo de discriminação e, em particular, a discriminação racial. Assim, desde a sua formação, até os dias atuais, vem promovendo ações afirmativas que vão desde educar e formar a população negra em atos públicos, cursos pré vestibular comunitário, cursos de idiomas, etc., até reeducar a sociedade sobre as relações étnico-raciais no Brasil, com o intuito de alcançar a emancipação social. Tendo como objetivo conhecer suas concepções e ações educativas, tomaremos como fontes: entrevistas com membros da citada instituição, publicações do próprio Núcleo, publicações em outros veículos de informação mais gerais, como periódicos da Universidade, da grande imprensa. Desta forma, procuraremos olhar também para a história da Universidade de São Paulo a partir de outro ponto de vista, o ponto de vista das questões étnico-raciais. A Construção do pensar histórico: A interpretação do tempo em sala de aula nas séries finais do Ensino Fundamental Cristina Turra Pires Este trabalho faz parte do Projeto de Pesquisa do Mestrado Profissional em Ensino de História (ProfHistória) IFCH- UFRGS.O conhecimento do passado e sua consciência são mecanismos inerentes à experiência humana e as relações estabelecidas em diferentes esferas sociais. Embora comum, o experimento temporal traz diversas formas de interpretação e análise, conforme Hüsen, a consciência histórica tem aplicabilidade na vida prática do ser humano, através da qual os sujeitos possuem experiências do passado e o interpretam como história. As dimensões do pensar histórico e da consciência histórica a partir da vivência escolar são o ponto de partida para a construção deste projeto de pesquisa. O ensino de História formal, escolar, contribui para a formação de uma consciência histórica, que abrange as orientações da vida material, as extensões culturais, sociais, política e religiosa, porém a construção da consciência histórica e do pensar histórico vai além da disciplina. Jovens e crianças devem pensar historicamente, para dar significado às suas experiências, articulando passado/presente e futuro, contribuindo para a construção de suas identidades culturais e orientando suas escolhas cotidianas. Algumas reflexões sobre conceitos na construção do saber histórico e do saber escolar, como por exemplo, conceito de representação, de temporalidade e memória social, serão abordadas durante o processo de pesquisa, relacionando a prática do ensino de história e da pesquisa em história, assim como a produção do conhecimento histórico e sua socialização. Procurando evidenciar como os alunos mobilizam determinados conceitos de interpretação e entendimento acerca da aprendizagem histórica utilizando o conteúdo/conceito “temporalidade” como fio condutor, considerando que este tema permeia debates históricos escolares. Objetivando a elaboração de materiais e propostas didáticas, interpretação do tempo histórico e a construção da consciência histórica. O ensino de História tem se consolidado como objeto de pesquisa nas últimas décadas no Brasil (MESQUITA, 2008), destacando-se o ProfHistória, onde a perspectiva é pautada nesse campo de ensino e pesquisa. Portanto, a intenção a ser atingida neste trabalho é aprofundar discussões teóricas e se debruçar também sobre a prática escolar, para repensar os alicerces sobre os quais estão construídas nossas ideias sobre o ensino de história, permitindo a aproximação dos objetivos do ensino desta disciplina na educação básica.

76


#publichistory2018 A dimensão pública da historiografia sobre a Ditadura Militar Brasileira em tempos de crise democrática Daniel Pinha Silva Considerando a dimensão pública que possui o tema da história da Ditadura Militar Brasileira na sociedade brasileira atual, capaz de afetar uma comunidade de leitores que ultrapassa os limites do debate acadêmico-disciplinar da história, esta comunicação analisa a produção historiográfica brasileira recente sobre a história da Ditadura Militar Brasileira, considerando três impasses que atravessam a tarefa de historiar este período, relacionados entre si: 1) a necessidade de reafirmar protocolos historiográficos que conferem estatuto de cientificidade e verdade histórica aos enunciados que propõem; 2) a tensa relação do historiador com a memória social e a consciência histórica dos leitores contemporâneos; 3) os dilemas políticos da sociedade brasileira contemporânea, tendo em vista as diversas permanências da experiência ditatorial na democracia contemporânea. Destacando os argumentos deste debate que enfatizam a participação, resistência e responsabilidade de setores da sociedade civil na construção social do regime autoritário – notadamente em autores como Daniel Aarão Reis Filho e Carlos Fico, duas das principais referências sobre este tema – e, por vezes, criticam a vitimização da resistência armada presente nas batalhas de memória do período da redemocratização, a presente comunicação, em diálogo com as análises de Paul Ricouer (2007) e Jeanne-Marie Gagnebin (2009), ressalta as dimensões ético-políticas próprias ao discurso historiográfico, tendo em vista os modos pelos quais os enunciados historiográficos são afetados pelo presente e geradores de efeitos de leitura. Em suma, a proposta mais ampla aqui é a de pensar o lugar da historiografia diante de um contexto de crise e instabilidade política, como é o caso da experiência brasileira atual. Desde 2013 são claros os sinais de uma greve crise política institucional, com a eclosão das Manifestações Civis naquele ano; a apresentação dos resultados da Comissão Nacional da Verdade brasileira em 2014 e, por conseqüência, as batalhas de memória que elas incitaram; recrudescimento de uma “onda conservadora” que clama nas ruas e no debate político pelo retorno da Ditadura; queda da Presidente eleita Dilma Rousseff em 2016, sob protestos de significativas parcelas da sociedade brasileira que narraram o impeachment como Golpe. Em outras palavras, a questão central é pensar em como investigar e historiar a experiência da Ditadura Militar, diante de tudo que resta dela no tempo presente. A diversidade memorial acerca da experiência concentracionária dos prisioneiros homossexuais nos campos de concentração nazistas Karen Pereira da Silva O presente trabalho propõe-se a analisar a diversidade memorial com relação à experiência traumática de perseguição aos homossexuais durante o Holocausto. Para tal, propõe-se o estudo dos testemunhos de três homens deportados por homossexualidade e a análise de seus relatos: o quanto sua experiência traumática variou de acordo com o contexto, o campo e as relações de poder e submissão que estabeleceram nestes locais enquanto prisioneiros portadores do estigmatizado triângulo rosa. Para isso, enfocaremos como principal aspecto a questão das relações sexuais dentro dos campos de concentração, um fato muito comum e corriqueiro para estes prisioneiros, e como cada um destes homens a vivenciou - ou não. Iniciaremos abordando o período da Alemanha pré-nazismo - onde Berlim era considerada a “capital gay” da Europa com suas inúmeras boates voltadas para aqueles que queriam relacionar-se homoafetivamente - até a “Noite das Facas Longas”, em 1935, que inaugurou a perseguição institucionalizada dos nazistas aos homossexuais, o que levou à deportação e encarceramento de muitos destes em campos de extermínio. Após o fim da guerra, o silêncio dos triângulos rosa seria estendido por muitos anos, visto que leis que criminalizavam a homoafetividade seguiam em vigor - como o Parágrafo 175, na Alemanha - o que impediu muitos de trazerem seus testemunhos à tona. Em 1969, ocorre em Nova York a Revolta de Stonewall, considerada o marco de inauguração do movimento pela luta dos direitos de pessoas fora do espectro heteronormativo. É a partir daí, com a criação de diversos coletivos gays por todo o mundo, que os primeiros relatos de deportados por homossexualidade começam a ser publicados, inicialmente sob pseudônimos. Porém, mesmo com avanços como a revogação de leis discriminatórias na Europa e o reconhecimento, por fim, da perseguição que os homossexuais sofreram durante o Holocausto, estes permaneceram fora 77


#publichistory2018 das chamadas “memórias enquadradas”, valendo-se do termo criado pelo sociólogo Michael Pollak. Até os dias de hoje, muitas pessoas não sabem que os homossexuais também foram perseguidos e deportados durante a Segunda Guerra Mundial. Dada à breve problemática exposta anteriormente, nos interessa o seguinte questionamento: como se deu o processo de construção da memória do Holocausto após o fim da guerra, e como as experiências de prisioneiros homossexuais foram excluídas da memória e da história pública? A Economia Solidária e seu papel na Educação Ambiental Matheus Fernandes Alves Lopes, Samuel Henrique Venâncio Tavares É da necessidade de uma reordenação econômica, que desponta a Economia Solidária. Visando desanexar a perspectiva de exploração imposta nas relações de trabalho verticalizadas e em função do grande capital, emerge com intuito de lidar com a organização dos trabalhadores diante de uma nova ótica. Alicerçada na autogestão e carregando o princípio de cooperação e sustentabilidade, mostra a possibilidade de uma saída para o encadeamento estabelecido nas novas ordens de trabalho. O presente trabalho versa sobre a formação continuada de alunos por meio da inserção dos modelos teóricos e das práticas da economia solidária no trato com o meio ambiente. Como oposição crítica ao modelo capitalista de desenvolvimento da produção ancorado pelo descaso a fauna, flora e à biodiversidade. A proposta inscrita dentro da sala de aula, por meio de um programa de educação ambiental, busca construir vínculos de responsabilidade dos alunos com espaço que os cerca. Desde a produção até a reutilização dos materiais obtidos como resultado ou como adjacentes, sob uma perspectiva de durabilidade e conservação sustentável. Dessa forma, é possível, para além da reflexão, instruir alunos do 6º ano do ensino fundamental a cativarem e gerirem de forma responsável seu consumo, bem como sua utilização e reutilização dos produtos. Somado a isso, também capacita para um maior compromisso com relação aos seus deveres e obrigações no meio ambiente. O projeto expõe, a partir de aulas expositivas e oficinas de interação e debate, a condição das matrizes energéticas no país, a estruturação do modelo produtivo e suas conseqüências, os impactos a curto, médio e longo prazo no meio ambiente, além de propor reflexões acerca de alternativas economicamente viáveis de produção. De forma a analisar os impactos em comparação com modelos produtivos sustentáveis e solidários da região de Ribeirão Preto. A emergência de um Brasil (didático) republicano: o ensino de história e narrativa da nação em João Ribeiro Renilson Rosa Ribeiro O historiador francês Marc Ferro, nas primeiras linhas do seu conhecido livro a respeito da História ensinada às crianças em diferentes partes do mundo, afirmou que “a imagem que nós temos dos outros povos ou de nós mesmos é associada à história que nos foi contada quando éramos crianças”. Ele argumentou que mesmo que a essas imagens outras viessem a se misturar ao longo do tempo, eram as primeiras que permaneceriam constituindo-se em traços marcantes de nossas primeiras curiosidades, desejos e emoções. Na construção dessas primeiras imagens sobre os mais diversos temas históricos é impossível ignorar o papel desempenhado pela tríade escola, livro didático e professor. Embora saibamos, por exemplo, que a mídia, por intermédio de filmes, novelas, séries e documentários, influencie nas interpretações das pessoas sobre os conteúdos históricos, a História ensinada nos tempos escolares continua a assumir grande destaque na formação da ideia de história presente na mente da maioria da população. E os livros didáticos têm sido as grandes referências para as narrativas históricas que povoam o universo cultural dos indivíduos. Com base nestas afirmações, realizaremos uma análise das representações criadas pelos livros didáticos da disciplina sobre o Brasil colonial, procurando perceber como as proposições lançadas por autores como K. F. Von Martius, Francisco Adolfo Varnhagen e João Capistrano de Abreu constituíram uma ordem discursiva para a escrita da sua história em livros e livros didáticos na virada do século XIX para o XX, com destaque para o manual História do Brasil (curso superior), do historiador e filólogo sergipano João Ribeiro (1860-1934). Temáticas como as o descobrimento, a formação da sociedade colonial, conquista territorial e as bandeiras, revoltas coloniais entre outras têm sido privilegiados pelos autores na composição das imagens do Brasil colonial em seus livros didáticos. Nesse sentido, 78


#publichistory2018 procuramos entender como o historiador sergipano, que atuou no Colégio Pedro II, elaborou a arquitetura discursiva do seu manual a partir do ordenamento e qualificação desses eventos em uma narrativa para os alunos-leitores da época forjando um passado comum para o Brasil e os brasileiros. A explosão da música Nordestina nas décadas de 1970 e 1980: um olhar através da História Pública Daniel Lopes Saraiva A História Pública no Brasil vem ganhando destaque no campo historiográfico brasileiro, especialmente nas últimas décadas. Diversos historiadores enxergam uma necessidade de maior difusão e divulgação de seus trabalhos. É crescente a busca por redimensionar suas pesquisas para além dos redutos do mundo acadêmico, e essa é uma das pautas que o historiador público pleiteia. Em relação a história que envolve as artes e mídia ainda é pequena a participação dos historiadores não só em pesquisas sobre esses temas como no mercado editorial, produção de filmes e produtos para a televisão. Entretanto, cada vez mais historiadores com trabalhos de fôlego resolvem adentrar por essa seara. O trabalho aqui proposto adentra o mundo das artes. Especificamente trabalhamos com um grupo de artistas nordestinos que iniciam suas carreiras na indústria fonográfica nas décadas de 1970 e 1980. Partindo da metodologia da história oral trabalhamos com a memória desses cantores a respeito de suas trajetórias artísticas. Aqui serão trabalhados depoimentos de quatro desses artistas, são eles Fagner, Amelinha, Xangai e Geraldo Azevedo. Entendendo que as narrativas resultantes do trabalho de memória são marcadas pelo tempo presente e expressam lembranças, silêncios e esquecimentos. (Almeida, 2016, p.49) Aqui o desafio é não é apenas o diálogo entre pesquisador e pesquisado, mas também entender de que forma opera a memória, muitas vezes cristalizada em depoimentos de pessoas públicas, acostumadas a dar entrevistas para jornais e televisão. Outro ponto central do trabalho aqui proposto é entender de que forma esses artistas enxergam o papel da mídia em suas trajetórias. Cabe lembrar que todos iniciam suas gravações nas décadas de 1970, quando a televisão já era o carro chefe da indústria cultural no Brasil. Era importante estar na “vitrine” para atingir o sucesso. Nesse sentido enxergamos a importância de trabalhar com esse grupo de artistas, pois, não são sujeitos comumente abordados por jornalistas, historiadores, e pesquisadores da música popular brasileira. Portanto o trabalho de história oral e de memória com esses artistas possibilita entender de que forma esses cantores observam a construção das narrativas não apenas sobre eles, mas sobre a música brasileira em geral. A gente se liga em você! A Rede Globo e a despolitização da política Felipe Santos Magalhães A Rede Globo de Televisão é percebida por grupos progressistas, partidos de esquerda e movimentos sociais como um agente de alienação e manipulação. Em vez de tomar esta afirmação como uma simples verdade absoluta, parece-me importante investigar como esta empresa do ramo de comunicações constrói sua linguagem televisiva a partir de alguns programas ou quadros, todos eles na linha dos reality shows, e realizar uma comparação com os produtos jornalísticos veiculados pela mesma rede de televisão, notadamente, o jornal local exibido para a cidade e região metropolitana do Rio de Janeiro conhecido antes como RJ TV e, atualmente, como RJ primeira edição (RJ1). O objetivo desta apresentação é propor uma reflexão a partir de um quadro do telejornal, intitulado “RJ MÓVEL”, no qual a repórter – a titular do quadro é a jornalista Susana Naspolini – se dirige a locais previamente agendados pela produção do programa a partir de solicitações feitas por moradores. O quadro é exibido apenas nos dias úteis e durante o período em que a propaganda eleitoral está no ar, fica suspenso. Assim, a equipe aparece a cada dia em um dia lugar diferente, podendo estar na Baixada Fluminense, em São Gonçalo, na Zona Sul, na Zona Norte ou na Zona Oeste. O local escolhido é visitado sempre mais de uma vez, sendo a primeira para “anunciar” o problema e notificar o Poder Público. Pode ser uma praça malconservada, esgoto a céu aberto, falta de luz, asfalto, escola, posto de saúde e outros tantos. A última visita se dá apenas quando a questão motivadora do deslocamento da equipe do “RJ MÓVEL” foi solucionada, quando, invariavelmente, os moradores organizam uma comemoração para festejar a conquista. Neste sentido, pretendo me afastar de um olhar que percebe esta empresa como mera manipuladora das massas - visão que, creio, tem inspiração no famoso tex79


#publichistory2018 to de Louis Althusser, Aparelhos ideológicos de Estado, e pensar num processo que torna a política algo inútil, pois a própria empresa a partir de seu capital simbólico e de seus reality shows é capaz de transformar a vida de uma pessoa ou de centenas de moradores. A “Havana” de Camila Cabello: Canção, temporalidade e engajamento na música pop Igor Lemos Moreira Karla Camila Cabello Estrabao, artisticamente conhecida como Camila Cabello, lançou sua carreira solo no final de 2016. Nascida em Havana (Cuba), tendo migrado para os Estados Unidos através da fronteira do México em sua infância, Camila foi, até Dezembro de 2016, uma das integrantes do grupo de cantoras pop “Fifth Harmony”. Buscando se afastar de uma determinada imagem construída dentro do seu ex-grupo, e tendo liberdade para novas experimentações artísticas, a cantora passou a retomar uma ideia de “identificação latina”, em especial, mas não exclusivamente, por conta da situação de perseguição aos migrantes latino-americanos nos Estados Unidos com a ascensão de Donald Trump. Desde então, dentro da indústria cultural mainstream, observasse que Camila Cabello passou a articular táticas de posicionamentos políticos e sociais dentro dos EUA sem romper diretamente com as estratégias do próprio campo (CERTEAU, 2008). Um dos marcos deste processo foi o lançamento da canção Havana, a qual foi um dos principais pilares para consolidação de seu nome como artista solo internacionalmente reconhecida. Articulando música, videoclipe e performance a presente comunicação pretende discutir o hit Havana que foi co-escrito/produzido pela cantora, a partir de duas problemáticas centrais que estão diretamente articuladas as relações entre música pop e arte engajada (NAPOLITANO, 2011): A construção autobiográfica da cantora através da composição e os diferentes usos do passado presentes no videoclipe. Como fontes para essas discussões serão analisados não apenas a canção e o videoclipe, mas também levantaremos algumas considerações acerca das opiniões midiáticas e os usos de tais mídias para reforçar uma determinada mensagem da cantora. Através da relação texto-contexto (NAPOLITANO, 2005), se pretende observar as construções de si, e os “usos do passado” em Havana uma vez que a canção não apenas foi lançada em um período de discussões, perseguição e expulsão de migrantes latino-americanos nos EUA, mas também pelos usos que Camila Cabello faz de uma representação de Cuba ligada a imagem do contexto pré-revolucionário de seu país natal. Deste modo, a cantora atua igualmente como uma mediadora e ocupa um lugar de produtora de uma determinada narrativa acerca do presente e do passado, através dos estratos de tempo (KOSELLECK, 2014), colocando-a dentro de uma escrita pública da história em uma relação de história e público/história pelos públicos (SANTHIAGO, 2016). A história de uma gestão democrática de escola pública e a participação social transformando a realidade Wagner Impellizzieri Apresentar, por esta exposição oral, o registro histórico de uma experiência de implementação de um modelo idealizado de gestão educacional democrática com a participação da sociedade civil, dos pais, alunos e funcionários de uma escola pública, da rede estadual de ensino de São Paulo, construído a partir da interação entre as práticas sociais, decisões coletivas, bases teóricas, científicas e legais, numa articulação dinâmica, sustentada, primordialmente, por conceitos e práticas democráticas. Transformada em pesquisa pudemos registrar a História de uma experiência pública coletiva que nos outorgou, ao final, o título de Mestre em Políticas Públicas pela Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo. -Este trabalho encontra seu nascedouro nas lutas e na utopia de um gestor por uma educação libertária, uma escola de melhor qualidade e administrada democraticamente para alcançar as premissas educacionais fundadas nos pressupostos constitucionais do estado de direito. Intitulado Gestão Democrática da Escola Pública e a Participação Social, é o resultado de uma pesquisa que objetivou estudar como se deu a implementação da gestão democrática na Escola Estadual Padre Antão, cidade de São Paulo, investigar se a participação da comunidade, dos gestores, professores, alunos e pais, figura como elemento basilar desse processo e estudar conceitos e pressupostos, sob bases epistemológicas, acerca da influência que as políticas neoliberais dos anos de 1990 do capitalismo globalizado exercem sobre as políticas educacionais na América Latina e Brasil, imprimindo a partir do desenvolvimento econômico, político e social os paradigmas da administração 80


#publichistory2018 escolar, inferindo diretamente nas práticas educativas. Por meio desta investigação, procuramos, ainda, identificar fatores relevantes, como a conscientização de todos que participaram na escola da construção coletiva do projeto pedagógico com a adoção de projetos temáticos elaborados pelos alunos identificando, com ele, que a participação da sociedade, nesse modelo de gestão, demandou de seu interesse sobre os destinos da escola, a qualidade dos serviços, o comprometimento com o desenvolvimento pleno do ser humano, bem como a conjugação de ideais democráticos e de ações coletivas que possibilitou à equipe escolar vivenciar essa experiência democrática, com resultados significativos para a melhoria da qualidade educacional. A história do Brasil segundo estudantes de História: esquecimentos, lembranças e perguntas Janaina de Paula do Espírito Santo, Caroline Pacievitch, Luis Fernando Cerri Esta comunicação apresenta resultados preliminares de uma pesquisa multicêntrica realizada em quatro estados brasileiros (Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Aracaju). A pesquisa principal problematiza narrativas de jovens de 12, 16, 18 e 24 anos sobre a história do seu país e sobre a história da democracia. Nesta proposta, discutem-se as narrativas de cerca de 80 estudantes de História, iniciantes e concluintes do curso, com idade aproximada entre 18 e 24 anos, sobre a história do seu país. As narrativas foram coletadas entre o segundo semestre de 2017 e o primeiro semestre de 2018 nas cidades de Porto Alegre e Ponta Grossa, em curso de licenciatura em História de duas universidades públicas. A leitura preliminar permitiu identificar de que maneiras esses estudantes organizam as narrativas do ponto de vista cronológico, a quais fatos históricos fazem referência, quais são os agentes e pacientes das histórias que contam, se e como oferecem explicações para os acontecimentos e que sentidos de História estabelecem (progressivo, regressivo). As constatações obtidas a partir dessas categorias prévias permitem discutir diferenças e semelhanças entre respostas de estudantes de início e de final de curso, cotejar a algumas referências historiográficas contemporâneas a respeito da história do Brasil (tais como as elaboradas por José Carlos Sebe Bom Meihy, Silvia Petersen, João Miguel de Godoy e Manoel Salgado Guimarães, entre outros) e refletir sobre as consequências dessas análises para a didática da história. A História e o Digital: tecendo novas práticas na rede Bruna Carolina Marino Rodrigues A digitalização dos documentos históricos e sua disponibilidade na web tem possibilitado uma presença cada vez maior da História na rede, engendrando práticas que impactam a episteme histórica e o ofício dos historiadores reorientando as relações entre História e sociedade. Neste sentido, o ciberespaço tem estimulado novas práticas sociais e culturais entre a comunidade científica de historiadores, bem como tem ampliado suas perspectivas no que diz respeito às interfaces entre História e tecnologia. No campo da História essas transformações têm demonstrado ser um campo fértil para análises das mudanças econômicas, políticas, culturais e sociais. Além disso, têm fomentado discussões nas áreas que se dedicam às reflexões sobre as teorias e metodologias em História, com estudos sobre novos objetos, fontes históricas e outras formas de se narrar o passado por meio das tecnologias. Já no ensino de história tem se indagado sobre os modos de se ensinar e aprender por meio das ferramentas tecnológicas em ambiente digital. Desse modo, o surgimento de campos de estudos como a História Digital e que se ligam aos estudos da História Pública têm fomentado importantes discussões acerca da produção do conhecimento histórico e sua divulgação para o público. Destarte, é neste contexto que propomos apresentar nessa comunicação como a tecnologia e a cultura digital tem afetado a História provocando modificações nas práticas de pesquisa e de ensino da comunidade científica de historiadores. A partir da análise documental e bibliográfica trataremos da inserção da internet nos domínios da História pelo campo das normas que norteiam a produção do conhecimento científico brasileiro. Dessa forma, analisaremos o banco de dados da CAPES e os relatórios produzidos pelo CTC-ES de pós-graduação de História, tal como a legislação da CONARQ que torna oficial a digitalização de acervos documentais impactando no ofício dos historiadores. Por outro lado, a partir das práticas realizadas em ambientes digitais que se configuram em redes sociais, blogs, sites e toda a gama de rastros deixados no ciberespaço, podemos identificar como os historiadores se movimentaram e produziram conhecimento histórico interagindo com os membros da sua 81


#publichistory2018 comunidade científica e com o público. Assim, apresentaremos como parte de nossa documentação a rede social Café História, buscando identificar as práticas que tem reconfigurado as relações entre conhecimento histórico, tecnologia e sociedade nos últimos anos. A história local e seus públicos. Por dentro da organização e funcionamento dos eventos de história municipal Raízes (Litoral Norte/RS) Sandra Cristina Donner A escrita da história e da memória local, municipal, regional, tem sido feita por diversos agentes. Na Academia, nos jornais, nos livros publicados em grandes e pequenas editoras, múltiplos são os olhares sobre o passado das comunidades. A estes espaços, somam-se os eventos de historia local ocorridos no Litoral Norte do Rio Grande do Sul.Os eventos Raízes iniciaram no ano de 1990 e aconteceram e ainda acontecem nos municípios que se desmembraram de Santo Antônio da Patrulha/RS. Até o ano de 2015 ocorreram 26 encontros, com 21 livros já publicados e os demais em processo de edição. A cada ano, por convites que partem dos organizadores ou por manifestação da governança local, o evento ocorre em uma cidade diferente. Os municípios visitados são os nomeados como “filhos” “netos”, “bisnetos” e “trinetos” de Santo Antônio da Patrulha e existe um espaço dentro de cada evento para que os pesquisadores de outras cidades “parentes” se apresentem. Os encontros e os livros pretendem mobilizar os moradores da cidade onde o evento ocorre, os intelectuais locais, pesquisadores e produtores culturais bem como a comunidade escolar da região também é convidada a assistir e contribuir. A proposta divulgada é a de que todas as pessoas podem pensar sobre a identidade da região, isso seria feito através da pesquisa e do “resgate” da memória histórica e cultural da cidade com o incentivo para que a população “escreva sua história”. Esses eventos movimentam as cidades e colocam a história local no palco (e na rádio e no jornal e nos debates nas esquinas) ao trazerem tanto palestrantes externos, convidados, como abrirem espaço para que o pesquisador, o historiador local, ou simplesmente um interessado, que queira contar de suas descobertas, pesquisas e memórias. Na plateia, além dos mencionados estudantes, agendados pelas escolas, temos os parentes, os interessados, os moradores, os visitantes. Uma festa da história foi montada. Os organizadores trouxeram bolos e café. Os artesãos expõem seus trabalhos, e os agricultores locais, sua produção. Estes eventos de história local apresentam uma forma de se relacionar com o passado- festiva, movimentada, informal. Nesta comunicação, pretendemos apresentar parte de minha tese de doutorado, explorando os aspectos da organização do projeto Raízes e também sobre como esta iniciativa teceu redes de intelectuais no Litoral Norte/RS, mobilizando comunidades para pensarem a memória e o passado das cidades envolvidas. A história no Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil Maria Isadora Leite Lima, Sônia Maria de Meneses Silva Nos últimos anos percebemos que as dimensões que movimentam a História Pública têm-se mostrado cada vez mais relevantes, principalmente, no que se refere às produções de não-historiadores, como é o caso da obra Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, do jornalista Leandro Narloch. Ao produzir uma narrativa que toma fatos da História brasileira, num tipo de história que Malerba (2014) denomina de anedótica, o jornalista diz que; pretende “jogar tomates na historiografia politicamente correta”. Nesse sentido, torna-se fundamental analisar como é construída tal narrativa e seus fundadores de sentido. Para tanto, realizaremos um estudo sobre as fontes e informações que o autor traz em seu livro, destacando escolhas historiográficas, utilização e abordagem de fontes, especialmente no que se refere aos capítulos iniciais que tratam dos Índios durante a Colonização. Nesses capítulos Narloch utiliza autores como Florestan Fernandes, Maria Regina Celestino e John Manuel Monteiro, dentre outros, além de cartas e documentos da época, a fim de construir “verdades” e “preencher espaços”. É nítido no trabalho de Narloch, tem como objetivo desconstruir o trabalho dos historiadores, professores, livros didáticos e, principalmente, propor uma narrativa da História que longe de ser problematizadora, acaba por se afastar do rigor da pesquisa Historiográfica uma vez que desconsidera processos históricos, pluralidades temporais, etc. ao contrário, disso, se preocupa em construir “um mosaico de episódios contados em tom de chiste, de forma pilhérica, picaresca, enfim, de forma anedótica” uma narrativa que acaba se esgotando em si mesma, negando 82


#publichistory2018 à História a possibilidade de ser analisada por meio dos processos históricos fundamentais para a formação da consciência histórica. A história pública e os patrimônios difíceis Viviane Trindade Borges Este trabalho visa analisar os embates que cercam os recentemente denominados de “novos” ou “outros patrimônios” e suas reverberações através dos patrimônios difíceis. Seguindo este caminho, pretendo provocar questões a respeito das possíveis contribuições de uma leitura a partir da perspectiva da história pública sobre a preservação dos patrimônios ligados a dor e ao sofrimento, focando no caso de instituições de internamento. Neste sentindo, tratarei de determinados aspectos que interessam a história pública: as experiências de novos usos destes espaços e no quanto elas podem motivar a preservação destes lugares e sua sobrevivência ao longo dos anos, e o modo como estes novos usos podem ajudar a entrelaçar a função original destes lugares aos sentidos históricos e patrimoniais a eles atribuídos. A História Pública nos projetos de intervenção do PIBID: um estudo sobre os relatos de experiência Leonara Lacerda Delfino A presente comunicação tem por objetivo compreender os espaços de produção do conhecimento do ensino de história, através das ações do Programa de Iniciação à Docência, e suas interlocuções com a história pública, isto é, aquelas narrativas que não se restringem ao meio acadêmico, mas que integram outros veículos e saberes diferenciados, tais como: filmes, documentários, novelas, quadrinhos, redes sociais, teatro, livros de ficção-histórica, etc.. Nesse sentido, pretendemos tecer um estudo de caso da experiência dos licenciandos bolsistas matriculados no curso de história da Universidade Federal de Alfenas e suas atividades de iniciação à docência, entre 2016 a 2017. Com efeito, devemos discutir como tais veículos e narrativas influenciam na construção da consciência histórica dos sujeitos aprendentes (alunos das escolas públicas) e dos professores em formação (licenciandos bolsistas), a partir da experiência de dialogicidade construída pelo programa de iniciação à docência. Outrossim, consideramos que os saberes mobilizados nestas ações são sempre múltiplos, heterogêneos e multirreferenciados, isto é, não são forjados apenas pelo espaço escolar, ou pela universidade, mas neles são ressignificados e re-contextualizados de acordo com as configurações de poder e contingenciais próprias dos espaços de construção da história ensinada. A história, os historiadores e a Comissão Nacional da Verdade: reflexões sobre o papel público do historiador Caroline Silveira Bauer Esta comunicação tem como objetivo apresentar algumas reflexões suscitadas ao longo do desenvolvimento do projeto de pesquisa “Um estudo sobre os usos políticos do passado através dos debates em torno da Comissão Nacional da Verdade (Brasil, 2008-2014)”, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principalmente em relação à função social do historiador. Na escrita de uma história comprometida com as possibilidades de intervenção no mundo, uma historiógrafa marcada por um “giro ético-político” na abordagem do passado, os historiadores têm perdido certa “inocência epistêmica”, baseada nos preceitos do distanciamento, da neutralidade e da objetividade que reificam seus objetos de pesquisa. Tratam-se de profissionais críticos e conscientes da dimensão ética e política do seu trabalho, que não negam as relações transferenciais que estabelecem com o passado, expressas nas dimensões afetivas e valorativas com as quais se manifestam; bem como que não creem que a distância temporal faça a ditadura mais propícia para análise: ao contrário, concebem a passagem do tempo como inimiga da memória, da verdade e da justiça. A escrita da história do terrorismo de Estado das ditaduras do Cone Sul está indissoluvelmente ligada a essas dimensões. A história recente da região estabelece complexos vínculos com a sociedade em geral, e com a memória em particular. Por isso, quase sempre a relação que se estabe-

83


#publichistory2018 lece com o passado recente da região é de insatisfação, e não poderia ser diferente em se tratando da história da ditadura civil-militar brasileira. Sobre esse assunto, está se lidando com uma pluralidade de memórias, de historiografias, de temporalidades, ideológica e culturalmente mediadas. Não é à toa que as disputas pelos sentidos do passado são qualificadas como batalhas, conflitos, guerras de memórias. Ao desenvolver uma pesquisa sobre a Comissão Nacional da Verdade, tornou-se impossível fugir de questões tais como: qual o relato sobre a ditadura civil-militar foi escrito com a Comissão da Verdade? Quais as prováveis omissões e os possíveis silêncios presentes nessa narrativa? Como essa narrativa dialoga com outras percepções de história e de tempo presentes na sociedade brasileira? E qual o papel do historiador frente a todos esses questionamentos? Essa comunicação, portanto, apresenta algumas possíveis respostas a essas interrogações. A imigração e as políticas públicas de inserção dos imigrantes na sociedade moçambicana Sérgio de Melo Doce Taibo Os conflitos que se verificam na região dos grandes lagos e um pouco pelo Chifre ou Corno de África, a crise económica e politica com que alguns países da Europa e Médio Oriente, para além do “Bom Demográfico” asiático e de certos países africanos e pela abertura das fronteiras da Região Austral de Africa, têm contribuído para o fluxo de imigrantes em Mocambique. Apesar das políticas públicas não serem eficazes do ponto de vista social, pode-se aferir que há um multiculturalismo ou assimilação de cultura entre ambos pela miscigenação de povos vindo de diversos países africanos e alguns asiáticos. Devido à falta de uma estratégia económica das autoridades governamentais em inseri-los no mercado de trabalho, estes desenvolvem diversas actividades económicas, com maior destaque para a actividade comercial de pequena escala. Entretanto, com a entrada de imigrantes ilegais nos últimos anos, o Governo foi obrigado a criar ou promulgar novas leis que restringissem o movimento e entrada destes em Moçambique por considerarem como uma ameaça as fragilidades institucionais que o país tem e da fraca capacidade logística em controlar o fluxo e mantê-los de acordo com os padrões internacionalmente estabelecidos. O próprio Estado os considera como se fossem uma ameaça à sua existência pelas experiencias vividas com certos países como o Uganda onde imigrantes ruandeses criaram a Frente Patriótica Ruandesa e derrubaram o Governo com maioria Hutu e na Jordânia, onde em 1970 os imigrantes palestinos tentaram derrubar o Rei Hussein II. Entretanto, não há no país uma boa legislação e condições económicas e políticas públicas de integração de refugiados na sociedade. Dai que, a integração dos imigrantes na sociedade moçambicana deveu-se e deve-se ao incremento do sector terciário caracterizado principalmente pelo comércio informal. No que diz respeito ao mercado de trabalho para, este caracteriza-se pela baixa oferta aliado à falta de qualificação e grande procura por parte dos nacionais. Dai que, as estratégias de integração (…) em Moçambique passam por 4 formas: a integração pelo casamento, pelo trabalho, pela escola e pela religião. Todavia, em relação aos programas de apoio social, somente estes beneficiam de serviços de consolação. Se no plano jurídico, tanto os imigrantes quanto os refugiados residentes em Moçambique possuem por direito o acesso às políticas públicas do governo, na prática, esse acesso é precário ou quase inexistente. A literatura de cordel e seu registro no patrimônio cultural nacional: O engajamento ideológico dos poetas Solenne Derigond Em 1988, os artigos 215 e 216 da nova Constituição reconhecem a diversidade cultural e a colaboração participativa das comunidades na elaboração e designação do patrimônio cultural nacional brasileiro. No impulso democrático, busca-se o acesso para todos aos direitos culturais. Desde então, a participação e a apropriação dos atores culturais na definição do seu patrimônio, ele seja material ou imaterial, foram crescentes. A literatura de cordel que está sendo registrada como Patrimônio Cultural Imaterial (PCI) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) não foi uma exceção. Nesta comunicação, mostraremos que os poetas construíram uma consciência patrimonial como ferramenta de identificação bem como de produção de identidade cultural. Com base nesse pressuposto, apresentaremos, a partir de relatos de história oral e trechos de poesia de cordel, as diversas posições ideológicas adotadas pelos cordelistas em defesa, e para a promoção, da 84


#publichistory2018 sua poesia. A luta por reparação às vítimas da “tragédia da talidomida” na Espanha Dones Cláudio Janz Júnior A teratogenia provocada em bebês por conta da ingestão do medicamento talidomida por mulheres grávidas é considerada uma das maiores tragédias geradas por fármacos durante o século XX. Fabricada por uma empresa farmacêutica alemã, a Chemie Grunenthal, a droga foi comercializada em mais de 40 países a partir do final da década de 1950, afetando milhares de crianças. Na Espanha, a talidomida foi assunto na mídia impressa a partir de 1962, ocupando espaço até os dias atuais, sobretudo por conta das ações da Associação das Vítimas da Talidomida da Espanha (AVITE). A AVITE, ao buscar a justiça e a reparação dos danos causados às vítimas espanholas do medicamento, atua em diferentes instâncias. Além da disputa jurídica com a empresa alemã, a associação tem operado publicamente a partir de um sítio na internet, no qual diferentes ferramentas são utilizadas em busca por manter o passado relativo à tragédia vivo atualmente. Tais ações, que objetivam produzir uma memória acerca desse fato no presente a fim de que as vítimas sejam reparadas, englobam um histórico de notícias publicadas pela imprensa sobre a disputa judicial, testemunhos dos afetados pela droga e spots publicitários, além de textos acadêmicos que embasam suas demandas. Tendo como fundamento teórico a História do Tempo Presente e a História Pública, esse ensaio propõe analisar essas produções, buscando problematizar questões relativas ao estudo sobre passados traumáticos e as diversas formas de busca por reparação relacionadas a eles. A memória de idosos sobre educação matemática em espaços não formais Fernanda Fugolin Argentin A presente pesquisa tem como objetivo analisar as possibilidades de atividades matemáticas em espaços de educação não formal, a partir dos relatos memoriais de idosos. O trabalho será realizado em uma instituição de caráter público. A instituição denomina-se “Centro Novo Dia para pessoas Idosas”, também conhecido como CNDI. Este local recebe idosos semidependentes durante o dia apenas, fazendo com que o idoso volte para casa a noite, sem que perca os vínculos familiares. Para a realização das investigações que contemplem os objetivos da pesquisa, será feito um amplo levantamento bibliográfico sobre os temas da pesquisa. Ele alimentará o roteiro para a realização de entrevistas com os idosos que frequentam a instituição. Esse processo será realizado a partir de uma metodologia de caráter qualitativo (História Oral) com ênfase em duas técnicas: a entrevista aberta e o depoimento temático. Em uma segunda fase da pesquisa, o conteúdo das entrevistas realizadas será organizado tematicamente e analisado à luz das produções mais recentes de educação não formal e velhice, comparando seus resultados com aqueles da análise da bibliografia específica, no sentido de produzir instrumentos para a análise crítica das atividades matemáticas voltadas para idosos. Como retorno para a comunidade pesquisada, a pesquisadora responsável elaborará uma proposta de oficinas com jogos matemáticos que enriqueça e aprofunde o trabalho que já vem sendo realizada pela instituição pesquisada. A memória social do futebol de Várzea: Estudo de caso do clube sete de Setembro da Vila Progresso João Pedro Rodrigues da Conceição O presente artigo apresenta uma pesquisa que analisou a relação do futebol de várzea com o seu bairro. Tendo como estudo de caso o clube de futebol de várzea denominado “Sete de Setembro da Vila Progresso”, com sede no bairro da Vila Progresso, distrito de São Miguel Paulista na Zona leste da cidade de São Paulo. Com o foco na memoria social do bairro sobre o campo. Utilizando-se de entrevistas orais semiabertas como metodologia para obtenção desta memória, com pessoas que tenham algum tipo de relação com o clube e também com o bairro. Visto que, ao longo de sessenta e dois anos de história, o Clube se manteve na Vila Progresso, mesmo mudando de sede por quatro situações distintas, todas dentro dos limites do bairro. Buscando com os resultados dessa pesquisa,

85


#publichistory2018 analisar essa relação entre o Sete de Setembro e a Vila Progresso. Iniciando um processo de busca por essa memória com o objetivo de ampliação do olhar sobre o campo para além de uso comum, mas, também um possível espaço de memória. Partindo da compreensão da memória enquanto faculdade individual, porém, com seu viés de construção social no que compreende Joel Candau (2011) em sua analise sobre Memória, em seus três níveis em seu livro sobre Memória e Identidade. Além da busca e analise dessa memória, que é uma pequena vertente da Museologia, buscamos nesse trabalho a partir das novas práticas mais recentes da Museologia, mostrar a relação de memória e poder (CHAGAS, 2011) questionando a falta de trabalhos e museus nas periferias e das práticas que advém dessas minorias. Trazendo os aspectos da museologia social que busca ampliar o olhar do estado para aquilo que é considerado importante de ser preservado. O Sete de Setembro hoje é reflexo de 62 anos de trabalho, e ao analisarmos as memórias de Sidnei e do Sr. Kaká sobre o campo e o futebol de várzea podemos verificar sua importância, seja ao tratar da relevância enquanto espaço de sociabilidade que falta no bairro, seja do ponto de vista da memória do bairro. Pois, é o referencial de memória, que se tem quando se trata do bairro. Pois a estação de trem foi desativada e ficaram fotografias, apesar da recente desativação. Por isso, trazemos a conclusão de que, não apenas a permanência deste clube com este campo no bairro é um ato de resistência de um bairro, que vai perdendo suas memórias aos poucos, é um ato de lembrar a periferia que ela tem suas práticas. e seus costumes devem ser celebrados. A possibilidade de uma História Pública por meio de narrativas de si no YouTube Matheus Yago Gomes Ferreira A proposta desse trabalho é apresentar e discutir possibilidades e metodologias para o uso de autobiografias audiovisuais num fazer historiográfico e sua contribuição para a história pública. Esse tipo de material midiático tem, de acordo com pesquisa recente veiculada pelo jornal El País, ganhado cada vez mais força no maior site de compartilhamento de vídeos, o Youtube, e assim movido discussões, circulando informações e tendo dedicação de parte significativa do dia dos jovens em seu consumo. Casando esse acesso crescente a uma retomada da biografia no fazer historiográfico, a proposta é aqui discutir a utilização de narrativas de si nesse formato de vídeo, hospedado nessa ferramenta específica, em moldes similares a outras fontes biográficas não canônicas, e a partir daí a sua utilização para a história. O foco será na narrativa de sujeitos pertencentes a comunidades historicamente marginalizadas, ou “derrotados” nas palavras de Nuno Rivelli. Teremos nesse caso, como exemplificação, os relatos de vida de homem trans, e as discussões colocadas em canais autorais sobre o processo de transição e reafirmação como como sujeito a partir do gênero com o qual se identifica. A partir da consideração desse material como fonte, com critérios de seleção, metodologia própria de análise - que acaba por beber no tratado de outros tipos de fonte, como a metodologia da história oral -, e a inserção dessas narrativas num contexto macro, pensar então a sua contribuição para o fazer História Pública: De que forma podemos pensar o público através da prática? Suas contribuições se dão numa história com o público, para o público ou é uma história do público? Como podemos trazer para a academia discussões que se iniciam nas redes sociais, através da invocação de um eu e de sua reafirmação como sujeito? Qual o caminho para então entendermos a história e exercer esse ofício, num exercício de construção do saber para e com essas pessoas, esses grupos e comunidades? Buscamos assim, contribuições para essa discussão, cujo discurso perpassa na ampliação das fontes históricas e na consideração de vidas, corpos e subjetividades na construção do saber histórico. A Rádio Ponto UFSC e sua inserção na constituição histórica da radiofonia universitária Valci Regina Mousquer Zuculoto, Guilherme Gonçales Longo, Beatriz Hammes Clasen A Rádio Ponto UFSC, webemissora do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, está no ar há 18 anos. Uma das pioneiras do rádio universitário na web, tornou-se referência em especial entre emissoras de universidades que transmitem exclusivamente pela internet. Desenvolve-se como projeto de extensão articulado com ensino e pesquisa. Veicula programação informativa, educativa, esportiva e cultural, produzida por alunos bolsistas, voluntários, práticas laboratoriais de disciplinas e pesquisa aplicada. Sua grade inclui programas ao vivo diários, coberturas especiais, 86


#publichistory2018 além do seu vasto acervo disponível. Busca produzir radiojornalismo inovador e diferenciado para disseminar conhecimento, informação, educação, cultura e estimular exercício da cidadania, com programação voltada ao interesse público a que devem estar sujeitos Jornalismo e Comunicação. Assim, quer atender ao direito à informação qualificada, ética, plural, procurando experimentar um “fazer rádio” alternativo à mídia tradicional. Articulada com disciplinas da graduação, pós-graduação e grupos de pesquisa, sobretudo o Grupo de Investigação em Rádio, Fonografia e Áudio, registrado no CNPq, ainda se destina a complementar formação dos estudantes. Como projeto de extensão, também desenvolve atividades como o Museu do Rádio, Núcleo de Radiojornalismo Esportivo, Fazendo Rádio na Escola (em instituições de ensino fundamental e médio) e oficinas para a comunidade. Realiza parcerias para retransmissão de seus programas por outras emissoras públicas e também por comerciais. Participou de cadeias radiofônicas nacionais e atualmente integra a nova Rede Universitária de Rádios brasileira, lançada em 2017 e que já reúne dezenas de emissoras AM/ FM, webrádios, núcleos de produção radiofônica e pesquisadores de diferentes regiões e instituições do país. A proposição deste trabalho é analisar a história da Rádio Ponto inserida na radiofonia universitária, compreendendo esta como parte do percurso de constituição do sistema público de rádio no Brasil. A exemplo da maioria das demais estatais/públicas, as estações universitárias - de antena ou webemissoras - historicamente proclamam sua função de educar, disseminar cultura e informação de interesse público (ZUCULOTO, 2012). Vamos refletir sobre a história da Rádio Ponto à luz de indicadores para emissoras públicas, conforme estabelece a UNESCO (BUCCI; CHIARETTI; FIORINI, 2012). Recorremos a aportes da história, do jornalismo e comunicação. A relação entre o museu, a educação patrimonial e os programas socioculturais Flavia dos Santos Oliveira Gama Este trabalho é parte da dissertação de mestrado intitulado “Ações Multiplicadoras: o museu e a inclusão sociocultural da Pinacoteca do Estado de São Paulo”. A investigação teve a intenção de entender como as ações educativas desse curso de formação podem contribuir com o trabalho dos educadores sociais e quais os ganhos e os limites dessa intervenção. Nossas considerações foram construídas com base na observação participativa e na interpretação do questionário aplicado aos participantes do curso nos anos de 2012 e 2013. Nessa ocasião, percebemos que o curso contribuía para facilitar e incentivar o acesso do público em situação de vulnerabilidade social diminuindo em certa medida sua distância com o museu. Ao acessar diferentes propostas poéticas, o educador social potencializa suas atividades, ampliando os seus conhecimentos e integrando seu trabalho a educação patrimonial. Por outro lado, constatamos também alguns desafios que a instituição museal enfrenta e que dificulta a formação de visitantes regulares. Depois de analisar o questionário aplicado, fica claro que o vínculo e a parceria do educador social são condições básicas para estimular a frequência da visitação, sem eles, a continuidade da experimentação e a motivação de novos públicos ficam comprometida. A representação de historiadores e não-historiadores na Internet: o caso do AskHistorians Daniela Linkevicius de Andrade O objetivo da comunicação é discutir, a partir da pesquisa desenvolvida no mestrado, como ocorrem as representações culturais de historiadores e não- historiadores na Internet, com o estudo de caso do AskHistorians. O AskHistorians é um fórum de discussão social, criado em 2011, dentro da plataforma do Reddit, que já se expandiu para outros meios de comunicação como Facebook e Twitter. A finalidade do fórum é, segundo os moderadores, estabelecer um diálogo entre historiadores profissionais independentes e o público, com foco em prover respostas sérias, de nível acadêmico, a questões de história. Com a análise das condições de produção e dos significados partilhados entre seus participantes, tencionamos algumas das principais discussões do campo da História Digital, principalmente no que tange a noção de “web 2.0”. Compreendemos que esta última atua de forma a potencializar processos de trabalho coletivo e a possibilidade de afetar como as pessoas interagem entre si e como historiadores interagem no ambiente virtual. Dessa maneira, as representações da história no fórum agem como uma forma de saber, que diz algo sobre uma realidade socialmente elaborada, partilhada e contraditória. Se associa, assim, com as posturas e maneiras de ser dos indi87


#publichistory2018 víduos (sejam leigos ou historiadores) que dela participam, na tentativa de delimitar uma posição no espaço. Esse enfoque coloca em xeque como historiadores e pessoas “comuns” interagem com a história e traz questões de como seria possível trocar expertise, ideias e necessidades culturais, prezando pelas premissas de criticidade e transparência no tratamento das fontes, uma vez que se indaga como os historiadores profissionais lidam com as particularidades do pensamento histórico na Internet. À vista disso, buscamos saber como os historiadores lidam com os debates acadêmicos em discussões abertas na rede. Percebemos, enfim, a necessidade de analisar as categorias de identidade e autoridade e aprofundar os estudos a respeito das práticas da história na Internet. A ressignificação procedimental da história em jogos eletrônicos: configurações e refigurações do tempo histórico em “Sid Meier’s Civilization” Alex Alvarez Silva Esse trabalho se propõe a compartilhar a pesquisa de doutorado em andamento junto ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás (PPGH/UFG), com apoio da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), intitulada Simulações Históricas: a representação do tempo histórico nos jogos eletrônicos. Partindo de nosso objetivo maior de avaliar como os jogos eletrônicos podem elaborar uma forma específica de representação do tempo histórico a partir das particularidades de sua linguagem, nossa intenção é trazer ao debate, como estudo de caso, a série de jogos intitulada Sid Meier’s Civilization (1991-). Com mais de 33 milhões de cópias vendidas, a série se consolidou no mercado internacional como um marco nos jogos que colocam o/a jogador/a na gestão de uma sociedade inspirada historicamente através do tempo, indo além do confronto militar para abordar temas como o desenvolvimento científico, a religiosidade, as formas de organização social, o comércio e a revolução industrial. Nesse sentido, a série se transformou em um gênero próprio de jogos, inspirando outras produções e sendo ainda hoje um grande sucesso mundial de vendas. Consideramos que o alcance público de tais jogos conferiu à série um papel de destaque na cultura histórica contemporânea. Mais do que veicular representações históricas de seus criadores, Sid Meier’s Civilization também é um meio para colocar em diálogo diferentes concepções de tempo histórico, na medida em que mudanças foram implementadas entre cada lançamento e oferecidas ao público, enquanto este, por sua vez, passou a produzir suas próprias releituras da série em comunidades virtuais por meio de textos, imagens e modificações realizadas sobre as versões originais dos jogos. O debate que nos propomos a levantar, portanto, se volta para as representações do tempo histórico no meio digital, considerando tanto os jogos eletrônicos quanto suas comunidades de jogadores/as. Por um lado, pretendemos repensar as implicações que a variabilidade de configurações possibilitada pela simulação ficcional, marcada pela interatividade procedimental, traz para a ressignificação narrativa da experiência histórica humana. Por outro, queremos abrir as possibilidades de explorar as refigurações históricas ativamente produzidas pelo seu público, cujas competências narrativas mobilizadas em torno dos jogos eletrônicos expõem em tela uma dimensão dinâmica da consciência histórica contemporânea. A Trilha do Barão do Parque Estadual de Grão Mogol: ações educativas com o patrimônio histórico e natural Daniele Augusta dos Santos Silva, Ivana Denise Parrela, Eliane Cristina de Freitas Rocha Apresentamos parte dos resultados do projeto de extensão “Memória e patrimônio da Serra de Grão Mogol: Trilha do Barão (Parque Estadual de Grão Mogol)” desenvolvido a partir de março de 2017 por professores e bolsistas das áreas de Ciência da Informação e Arqueologia da UFMG. O projeto, em sua primeira etapa, tem como objetivo realizar pesquisa histórica sobre a região e o Barão de Grão Mogol; levantar o acervo documental referente às ocupações anteriores do espaço destinado ao Parque; entrevistar moradores do Parque e seu entorno, usando a metodologia da História Oral, sobre a ocupação da área e seus usos pela população, especialmente, da Trilha do Barão; elaborar, com os subsídios fornecidos pelas pesquisas histórica e arqueológica, um projeto de Educação Patrimonial para a área que, posteriormente, será incorporada ao Plano de Manejo da Unidade de Conservação. O Parque foi criado por meio do Decreto 39.906/1998, e teve suas dimensões alteradas pelo Decreto nº 45.243/2009, que definiu o seu perímetro definitivo. A área demarcada abriga vários 88


#publichistory2018 sítios arqueológicos, fauna rica e flora composta por várias espécies endêmicas, como o Discocactus horstii, que constituiu um dos estímulos para criação da Unidade de Conservação. Optamos por destacar nesta apresentação a Trilha do Barão de Grão Mogol, estrada parcialmente calçada, projetada na segunda metade do século XIX para conectar a sede do município a Rio Pardo (MG). A estrada nunca foi concluída. Foram feitos apenas 21,5 km no topo da Serra do Espinhaço (destes, 15 km estão dentro do Parque), ligando o centro da cidade de Grão Mogol às proximidades da Fazenda do Cafezal, pertencente ao Barão. Gualtér Martins Pereira foi o primeiro e único barão de Grão Mogol. Nasceu em Itacambira, na época pertencente a Grão Mogol, em 1826. Faleceu em Rio Claro em 1890. Era de uma família de potentados do Norte de Minas e Sul da Bahia, envolvidos com ações exploratórias como sertanistas, mineração, e produção agropecuária. O Barão é uma figura lendária no município e nas regiões nas quais atuou. Dentre as suas obras em Grão Mogol, destacam-se a construção da Trilha, que leva seu nome, da Santa Casa e da Loja Maçônica. As suas atividades econômicas articularam as relações entre as áreas produtoras de diamantes no Norte de Minas e na Chapada Diamantina, na Bahia. Com as secas dos anos 1870, o Barão deslocou-se com sua família e, aproximadamente, oitenta escravos para o interior paulista, fixando-se em Rio Claro. Afterlives of Nationalsocialism and New Moral Politics as a European Bestseller: Memory and Identity in most successful German TV Crime Story “Der Kommissar” (later followed by “Derrick), 1969-1976 Haydée Mareike Haass Television was a key medium of cultural reflection at the time when European societies engaged in discussions about their communicative memories of World War II and began crafting transnational cultural memories of the war. TV culture in the late 20th century was the vehicle for the exploration of fascism, war, and genocide, especially in Germany. During the time of the Auschwitz trial, the first German fictive crime story “Der Kommissar” deals with public politics and moral questions of involvement and guilt of the holocaust as well as the role of the followers (and audience). In this context, my lecture demonstrate the impact of the main character (commissar) and his relationship to murderers, bystanders and homeless people (which is debated during the 1970s in German and European newspapers as a display of “humanity” and “beneficence”) as a vehicle for relief (“Schuldentlastung”). At the same time, the series continued to transport NS-propagandistic images and narratives of Jews to other characters in “Der Kommissar” and discourses in West-Germany. Ampliação de Acesso ao Passado: A Importância da Legenda áurea Augusto Machado Rocha A perspectiva proposta por este trabalho é a de analisar a utilização de fontes do medievo para o desenvolvimento de pesquisas sobre este período. O documento que, aqui, serve como base é a Legenda áurea, de Jacopo de Varazze. Tendo em vista que este documento hagiográfico foi um dos primeiros textos do medievo a ser traduzido para o português, em 2003, pretende-se fazer uma análise sobre o desenvolvimento de pesquisas, envolvendo o período medieval, que se debrucem sobre seu texto. O objetivo aqui é o de, a partir de trabalhos realizados sobre este documento, bem como pelas lacunas encontradas nos estudos baseado no trabalho de Jacopo de Varazze, mostrar os benefícios que o acesso ao documento traduzido pode oferecer, sem o prejuízo a qualidade das pesquisas desenvolvidas. O principal foco deste trabalho é apoiar e incentivar a pesquisa com os períodos antigos, tendo em vista que muitos estudantes da graduação têm interesse por esse momento histórico mas tem dificuldade para começarem a trabalhar com estes momentos. Aqui pretendemos apoiar a utilização de traduções como o primeiro contato de jovens pesquisadores com seus temas de interesse, incentivando um constante aprofundamento, rumo ao desenvolvimento de pesquisas mais profundas com outras vertentes do documento (originais, no caso do medievo normalmente em latim), desta forma o estudante consegue estar próximo de seu interesse, bem como obter a percepção de quais áreas deve se desenvolver para poder seguir nesta perspectiva de estudos (no quesito idiomas, locais de arquivo, entre outros aspectos). O desenvolvimento deste trabalho parte da leitura do último capítulo da Legenda áurea (denominado como de “São Pelágio”), que serviu como referência para meu Trabalho de Conclusão de Curso e Projeto de Mestrado, os quais possuíram como 89


#publichistory2018 objetivo justamente as possibilidades de uso da Legenda áurea como uma ferramenta de estudos quanto questões sociais, políticas e religiosas, que ligam o medievo ao nosso tempo. Enquanto que em minhas pesquisas recentes me debruço sobre a formação da representação do Islã como grande inimigo do Ocidente, neste trabalho trago como foco o facilitar que a tradução da Legenda áurea trouxe para minha vida acadêmica, permitindo uma constante expansão de meus conhecimentos e possiblidades. An emotional archive through experiences of the entry of the internet in the everyday life in Colombia Juan Camilo Internet has been configurated as a new common place for some part of the general population. As their short existence, probably it could be seen so near to be historicized. However, history of the present and internet itself dynamics invite and challenge to generate projects about its history. In addition, in Colombia, public access to the internet was initially slow, and public policies for general access to the Internet arrived with programs like “Computador para todos” (2006) without strong digital literacy programs. This project seeks to develop a digital public history of internet in Colombia, using tools to georeferencing maps, documents, audios and videos from oral history of different sectors and populations, using Facebook (it’s the most accessed and accessible platform in rural and urban territories of Colombia according to Colombian MinTics) and a web page to participate and publish. Initially, interviews are conducted in Bogotá and Facatativá (Cundinamarca). Aproximações entre a teoria da formação dos Estados Nacionais Modernos e estudantes de segundo ano do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos Rodrigo Martins Gouveia, Cláudia Ricci O objetivo desse trabalho é apresentar um relato sobre a experiência de ensino de história com estudantes do segundo ano do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos do Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG. Cabe destacar que a EJA é um projeto com mais de trinta anos de existência na UFMG, sendo que o Centro Pedagógico – uma escola de Ensino Fundamental no diurno – sempre atuou com os anos finais do Ensino Fundamental da EJA e, somente em 2017, passou a ser responsável pela oferta do Ensino Médio da EJA /UFMG. Nesse sentido, os conteúdos curriculares para esse segmento têm sido alvo de discussão nas reuniões de formação entre docentes e monitores em exercício no referido projeto. A experiência, foco dessa comunicação, consistiu na realização de uma sequência didática que possibilitou aos alunos identificar elementos presentes nos processos de formação dos Estados Nacionais Modernos europeus a partir do século XIII. Foram desenvolvidas as seguintes atividades: formação de grupos de estudantes; exercício imaginativo para que cada grupo simulasse a criação de um Estado Nacional; socialização e sistematização. Os grupos foram compostos, em média, por quatro estudantes. Para a criação de “seu” Estado Nacional, foi solicitado que elencassem os conceitos e as características que consideravam como fundamentais considerando, mas não se restringindo, a seleção apresentada previamente pelo professor. Com a socialização das características escolhidas foi possível identificar as que eram comuns a todos os grupos. Após o levantamento foi realizada uma discussão visando uma aproximação entre os conceitos elencados pelos estudantes e os utilizados pelos europeus em suas formações estatais ao longo do período moderno. Foi perceptível o envolvimento dos estudantes, a apropriação que fizeram de conceitos fundamentais para a compreensão sobre a formação dos Estados Nacionais Modernos europeus e o contraponto com o funcionamento e organização de uma nação nos dias atuais. Para nós docentes, considerando especialmente os estudos de Nobberto Bobbio e João Carlos Brum Torres sobre a temática em questão, foi importante observar o diálogo entre produções acadêmicas e saberes de jovens e adultos, identificando as diferenças e semelhanças entre elas. Arquivo e experiência: lugares de história pública Fabiana Bruce da Silva

90


#publichistory2018 O propósito desta comunicação é o de pautar o arquivo como experiência, em pesquisa e ensino, para o historiador e para outros pesquisadores das ciências humanas afins e do conhecimento aplicado, com os quais dialogamos. Experiência no sentido benjaminiano, como estética e poética. Neste sentido usamos arquivo como forma de operacionalização da pesquisa, como uma organização possível de documentos dos quais o historiador, ao lançar suas perguntas, não consegue mais se separar e como forma de expressão criativa - num universo científico que parece a esta se opor -, contribuindo para instituir práticas colaborativas de produção de conhecimento histórico. Entendendo que o debate incide na feitura da pesquisa e também no compartilhamento das experiências de imersão em arquivos físicos, museus e centros de memória, como lugares de história pública, discutimos alguns exemplos norteados pela abordagem do material visual - fotografia, em especial -, que, desde o século XIX, está presente em nossos Arquivos. Estas « formas visuais », com as quais vamos precisando aprender a lidar, mudaram, desde então, o paradigma das ciências e da história. Como documento, as imagens provam e nos ensinam algo do mundo; incrementam nossa imaginação ao mesmo tempo em que possibilitam o encontro com o real: desafios da história pública. Como itinerário descritivo, esta proposta nos remete, também, à possibilidade de explorar incertezas e/ou obscuridades na contemporaneidade, a pensar o que aparece e o que desaparece - questões que envolvem a pesquisa documental -, considerando a consonância com a ideia que o Arquivo é uma teoria e um ambiente institucional já tradicional para o historiador, lugar por excelência de realização de suas atividades. Arquivo Histórico-Cultural do ABC, Cultura Digital, Inovação Social e História Pública Andrea Paula dos Santos Oliveira Kamensky, Caroline Silvério, Cristiane Castellani Chagas dos Santos Este trabalho trata do projeto de extensão e cultura Arquivo Histórico-Cultural do ABC, que visa a catalogação e digitalização do acervo “ABC’s: Núcleo Alpharrabio de Referência e Memória” do Centro Cultural, Livraria e Editora Alpharrabio, fundado em 1992, referência histórica importante acerca dos movimentos culturais da região do ABC paulista. O projeto foi aprovado pelo Plano de Cultura da Universidade Federal do ABC (UFABC), tanto para manter e preservar o acervo quanto para estimular a circulação de saberes e conhecimentos referentes à diversidade cultural da região do ABC – território criativo com forte identidade reconhecida. Nesse sentido, iniciou-se o trabalho já numa perspectiva de História Pública, no âmbito de uma Ação Estratégica pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, para a digitalização do Acervo da Alpharrabio. O projeto é parte de um objetivo maior de construção de um arquivo histórico-cultural do ABC, no sentido de permitir a integração de uma série de acervos regionais em alguns dos diversos dispositivos de cultura e torná-los acessíveis institucionalmente, como uma base documental que compõe a história dos movimentos culturais da região. Para isso, buscou-se estabelecer parcerias com agentes culturais e polos de atuação de atividades culturais, como a Livraria e Centro Cultural Alpharrabio, em Santo André, o Centro de Memória e Atualidades, a Associação dos Arquivistas de São Paulo e o Núcleo de Estudos em História Oral, da USP. Nesse sentido, o projeto se depara com o desafio de pensar a História Pública no contexto das transformações tecnológicas no âmbito da inovação social e da cultura digital como ponto de reflexões e práticas que envolvem disputas pela memória e luta pela organização e salvaguarda documental. A divulgação científica em termos de convergência de linguagens, voltada para acervos históricos e suas possibilidades de pesquisa, educacionais e culturais, torna-se então uma ferramenta importante para democratização do acervo para o público em geral. Arquivos e memória pública Maria Teresa Villela Bandeira de Mello O objetivo do trabalho é desenvolver uma reflexão sobre o papel das instituições de memória, especialmente os arquivos, na produção de uma memória pública no Brasil. Pretende-se problematizar a constituição desses lugares de memória no país, analisar os processos históricos de sua institucionalização e formação de acervos, questionar sobre sua funcionalidade em relação ao Estado e indagar sobre as práticas de patrimonialização promovidas. A importância da preservação e da disseminação da experiência coletiva na sociedade contemporânea como garantia de manutenção da civilização coloca os arquivos num lugar privilegiado para a construção da memória e identidade de grupos 91


#publichistory2018 e indivíduos por meio da custódia de seus documentos. A noção de arquivos como patrimônio cultural começa se delinear na Europa na virada do século XVII para o XVIII tendo como ênfase o caráter de prova de direitos, deveres e privilégios. Porém, a ideia de que os documentos devem ser conservados para as futuras gerações em função de seu valor como testemunho – documento/ monumento - e bem cultural só vai se consolidar a partir do final do século XVIII. Pierre Nora sublinha que, embora a memória seja vivida no interior dos indivíduos, ela necessita de suportes exteriores e de referências tangíveis que vivem através dela. Segundo o autor, daí surge a obsessão pelo arquivo que marca o contemporâneo e afeta a preservação do presente e do passado. Desde então, as funções desempenhadas pelos arquivos na sociedade ocidental contemporânea foram se ampliando, modificando e ressignificando de acordo com as singularidades nacionais, regionais e históricas. Entretanto, os atributos de evidência e memória constituintes dos arquivos modernos permaneceram ao longo do tempo até os dias de hoje. Considerando que, em boa parte, o Brasil herdou e moldou às suas circunstâncias históricas tais características buscamos compreender melhor o processo histórico de consolidação dos arquivos públicos no país tendo como pressuposto que os lugares de memória não são dados e precisam ser investidos de sentidos. A partir da análise propõe-se o debate sobre a função de registro/e memória dos arquivos com as questões colocadas pela história pública visando contribuir para a produção do conhecimento histórico e de um saber problematizado sobre o passado. Artes e astúcias: armas silenciosas na luta pelo direito à cidade e à autodeterminação Paulo Alexandre Xavier Marques Este artigo relata resultados de uma pesquisa de mestrado, do campo da História do Tempo presente, que utiliza como metodologia a história oral e como fontes, entrevistas, relatos de memória, observações de campo, publicações jornalísticas e fotografias. Tem como objeto um caso de intervenção urbanística em duas comunidades pobres do bairro nobre de Boa Viagem, em Recife, Pernambuco, denominadas Xuxa e Deus nos Acuda. Seus moradores foram expulsos do bairro pelo poder público, quando da construção de um corredor viário exclusivo para automóveis denominado Via Mangue. Esta pesquisa de campo do tipo qualitativa tem como objetivo geral problematizar as táticas dos moradores expulsos, como armas de luta nos embates sociais, políticos e culturais, na sua luta pelo direito à cidade, à produção de renda e à autodeterminação. Como objetivos específicos, a pesquisa visa a: I-conhecer como eram produzidos e praticados os espaços, assim como as sociabilidades no bairro de Boa Viagem antes da intervenção; II-problematizar os discursos dos gestores públicos enquanto parte das estratégias que viabilizaram a intervenção; III-analisar como a população das comunidades que sofreram a intervenção se apropriaram do projeto da prefeitura, para recriar seus espaços, identidades e meios de produção de renda. Para operacionalizar as análises, foram utilizados os conceitos de “tática” e “estratégia” em Michel de Certeau e de “identidade” em Stuart Hall e Tomaz Tadeu da Silva. Os dados coletados e suas análises levaram à conclusão de que a expulsão dos moradores pobres do bairro de Boa Viagem constituiu um processo marcado por contradições que não eliminou, mas apenas deslocou fronteiras de segregação espacial, além de provocar o desenraizamento cultural e a precarização das condições socioambientais daqueles moradores. A população expulsa, no entanto, não teve uma atitude passiva diante das estratégias do poder público, tendo desenvolvido táticas individuais e silenciosas, através de posturas produtivas, na recriação de identidades e fontes de renda, na prática de espaços e na reconquista da autodeterminação. As chanchadas e a formação de uma história pública do Rio de Janeiro (1942-1962) Carlos Eduardo Pinto de Pinto Gênero cinematográfico de grande aceitação popular, as chanchadas se sustentavam sobre uma diegese simples, entremeada por performances musicais e coreográficas pouco conectadas com o enredo principal. Além disso, possuíam estreitos liames com o Carnaval, sendo muitas vezes lançadas às vésperas da festa popular, se tornando peças de divulgação das marchinhas que seriam tocadas e cantadas naquele ano. Por outro lado, lucravam com essa relação, pois o público, ciente das ligações dos filmes com a festa, comparecia em peso às salas, numa espécie de “aquecimento” para a folia. O Rio sempre esteve ligado a tais produções – e não apenas porque os principais estúdios, Atlântida e 92


#publichistory2018 Herbert Richers, se localizassem na cidade ou por ser ela o cenário das histórias contadas. A conexão ocorria também por conta do fornecimento de elementos associados à cultura local aos enredos, que, agregados a fórmulas narrativas, permitiram a criação de um estilo carioca de cinema. Por esse motivo, tal produção é material rico para se pensar as relações da cidade com as inflexões políticas e as mudanças nos regimes de visualidade, sendo agente e reagente dos embates entre diversas culturas políticas concorrentes. A apresentação explora a hipótese de que a comédia musical carioca, sob a aparência de “simples” divertimento, tenha agenciado subjetividades atreladas ao posto de capital ocupado pelo Rio, contribuindo para a criação de uma história pública da cidade. O campo da História Pública, no que concerne às relações entre história e cinema, tem apresentado interesse acentuado pela criação de sentidos para o passado através dos “filmes históricos”. O que se propõe aqui é uma abertura do campo, procurando-se pensar a histórica pública do Rio construída pelo cinema, não através de filmes históricos, mas de comédias musicais que tinham a cidade como lugar privilegiado de localização e sustento de suas encenações. Trata-se de refletir sobre a dinâmica da representação urbana – em consonância ou oposição a políticas culturais e culturas políticas em jogo no contexto – e seus desdobramentos, sobretudo na produção de subjetividades. As contribuições da História Oral nas pesquisas de imigração e refúgio: o caso dos sírios Samira Adel Osman As imigrações têm ocupado um importante espaço de discussões nas mais diferentes áreas de conhecimento, assim como nas questões públicas e mesmo no debate político das primeiras décadas deste recém-iniciado século XXI. A proposta desta comunicação é tratar das contribuições da História Oral para os estudos concernentes à imigração, retorno e refúgio, em um contexto atual e em uma complexidade que está além da mudança de uma região para outra, e numa perspectiva diferente dos movimentos migratórios ditos históricos ou tradicionais como os ocorridos em grande escala entre o final do século XIX e meados do século XX. As pesquisas que ligam história oral e migração destacam a importância da experiência subjetiva na mudança de um lugar ao outro. Tais estudos, entretanto, deveriam ir além da experiência da passagem de um lugar ao outro que, embora de extrema importância para o processo como um todo, não abarcam questões tão relevantes como a experiência migratória em si, os conflitos decorrentes do encontro de velhos e novos padrões culturais, a necessidade de adaptação, reinserção e inserção a uma nova sociedade, além da perspectiva da construção e manutenção de um projeto familiar que engendra e sustenta a migração em todas as suas dimensões. Pretende-se tratar sobre as questões de identidade e memória, do deslocamento e da inserção a um novo meio, da condição de ser um imigrante, um exilado ou um refugiado nas mais diferentes facetas do pertencimento e da segregação a que podem estar submetidos estas pessoas em movimento. As lutas e movimentos coletivos para a inserção profissional de obstetrizes no Brasil Glauce Cristine Ferreira Soares, Elizabete Franco Cruz A atenção obstétrica no Brasil vem passando por mudanças a fim de promover o cuidado que garanta os direitos das mulheres. Uma das principais estratégias para que isso seja possível é o investimento em recursos humanos através de formação e inserção profissional de obstetrizes. No Brasil, atualmente, essa formação ocorre na Universidade de São Paulo, com obstetrizes formadas a partir de 2008. Os impedimentos relacionados à regulação profissional, que resultaram em dificuldades para a inserção da profissão e na tentativa de fechamento do curso, fazem parte da história recente de obstetrizes brasileiras. Assim, as obstetrizes se uniram em um movimento coletivo, político e jurídico para garantir o direito de exercer a profissão que escolheram. O trabalho está dividido em duas partes: na primeira apresento o contexto histórico-político da profissão de obstetrizes no Brasil e os desafios vivenciados pelo coletivo de Obstetrizes a partir de 2008, quando houve obstáculos à inserção e atuação dessas profissionais, por meio de impedimentos na esfera da regulação profissional, levando a necessidade da abertura de processos judiciais até a conquista do direito ao registro com a Ação Civil Pública. Ainda, houve a tentativa de fechar o curso de Obstetrícia em 2011 e a dificuldade com relação aos concursos públicos. Nesse cenário, a constituição da Associação de Alunos e Egressos do Curso de Obstetrícia (AO-USP) surge como importante ferramenta de luta coletiva, política e 93


#publichistory2018 jurídica. Na segunda parte apresento a luta das obstetrizes para a inserção profissional nas políticas públicas federais, estaduais e municipais. Para contextualizar os acontecimentos do presente, contém uma leitura do processo para a inclusão das obstetrizes em políticas públicas no período de 2008 a 2016 utilizando os documentos de domínio público sobre o assunto e a minha vivencia enquanto aluna, obstetriz e integrante da Associação de Obstetrizes. Esse resgate possibilita entender e explicar os diversos movimentos coletivos necessários para que as obstetrizes pudessem estar contempladas como profissionais para compor as equipes de saúde. Essas vivências constituem parte da história da profissão no Brasil e mostram a importância da formação e luta política das obstetrizes afim de contribuir com a transformação do modelo de atenção obstétrica no país, buscando promover um cuidado humanizado e que valoriza a experiência das mulheres. As práticas alimentares nas feiras do Guará e da Torre de TV: memória, patrimônio e identidades Juliana Rampim Florêncio Esta dissertação de mestrado aborda a memória coletiva, utilizando-se das práticas alimentares entendidas como patrimônio cultural, a fim de buscar as representações das identidades culturais presentes na Feira da Torre de TV e na Feira do Guará, no Distrito Federal (DF). Pretende-se compreender as histórias e as identidades forjadas nos espaços de ambas, sob a perspectiva da alimentação, no tempo presente. Por serem bastante distintos entre si, estes dois espaços propiciam à pesquisa maior escopo de análise. A pesquisa utiliza duas fontes: o Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), produzido pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS), sob encomenda do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), das Feiras do DF - especificamente as fichas referentes à Feira da Torre e à Feira do Guará; e a fonte produzida pela pesquisadora por meio da História Oral, a partir de entrevistas qualitativas realizadas com feirantes e frequentadores das duas feiras. A pesquisa elabora a crítica à primeira fonte e busca, por meio da segunda, auxiliar na ampliação dos registros sobre estes lugares, bem como melhor compreender as complexas relações entre memória e identidade que ali se instauram. As influências culturais, que dialogam também com os espaços físicos, possibilitam a compreensão destas Feiras como um dos componentes fundamentais que caracterizam o DF como local de grande diversidade cultural, além de possibilitar maior conhecimento do processo histórico de formação identitária e da memória coletiva dos dois lugares. As representações das mulheres escandinavas na série televisiva Vikings: a publicização da história viking a partir de um olhar feminista Laís Navarro da Cunha A pesquisa tratou das quatro primeiras temporadas da série televisiva Vikings, - escrita pelo diretor Michael Hirst, em 2013, para o canal History canadense. A análise procurou compreender a possível relação de suas personagens femininas, em especial, a de nome Lagertha, com os discursos feministas contemporâneos, por meio da divulgação histórica e uso do passado por um canal televisivo. Para tanto, estabeleceu-se discussões sobre a história do tempo presente; história pública, discursos feministas e história das mulheres e; sobretudo, os debates que levam em consideração as produções televisivas em torno da publicização da história. Destacaram-se as especificidades de uma série televisiva, entre elas a de que há a possibilidade de mudança no enredo, visto que é uma obra aberta e em diálogo com o público e o mercado, diferentemente do cinema, produção em que não há como modificar e desviar a narrativa, uma vez que o filme é publicado por completo. Dessa forma, procurou-se perceber como a construção histórica que se constitui nas quatro temporadas aqui em questão é afetada pelos interesses políticos, mercadológicos e, no caso específico, de gênero. Observou-se que a personagem Lagertha ganhou destaque expressivo e teve suas ações, características e posições, que podem ser ligadas ao empoderamento feminino - como enfrentamento a padrões patriarcais e apropriação de lugares de poder - fortalecidas gradualmente nessas temporadas e “caiu no gosto do público”, como mostra a rede social Facebook, onde fãs brasileiros da produção respondem à indagação “O que vocês acham da personagem Lagertha?”, no conteúdo das respostas constavam elogios à postura “forte” da personagem, que foi, até mesmo, adjetivada como “mulher perfeita” e “ideal feminista”. Além disso, a atriz que a interpreta foi convidada para dirigir a série a partir de sua 94


#publichistory2018 quinta temporada, lançada em 2017, tamanho o sucesso da personagem. Deve-se ressaltar, também, que a produção se preocupou minimamente com a verossimilhança histórica e com a “quebra” de estereótipos oitocentistas acerca dos povos da Era Viking e isto é relevante para a divulgação histórica, ainda mais se considerar o alcance mundial de Vikings e seu potencial de publicização da história. At the Heart of Integrity: Struggling with Ethics between Clients-Public Historians Joan Zenzen I have practiced public history, both in a public history firm and with my own company, for the past 25 years. I prided myself that what I wrote was based upon my research, not on client demands, which were US federal government agencies. Today, I am not sure that I can say my work is entirely free of bias. I have had to substantially alter one book in response to agency demands. I have more strongly highlighted one agency leader’s role in another book than I would have done based upon the research. I would like to join a conversation about ethics in public history. When does a public historian say no to a client? How does a public historian say no? Is it a reasonable and possible goal to keep public history free from bias? Such a conversation would have academics and practitioners discuss the scenarios in which they work. Autores de Historias: Aaudiovisual narratives of historical knowledge Cristhian Vargas Pineda Autores de Historias is a multimedia project that aims to promote a public face of the historian profession doing interviews about its life, academical production and their principal motivations. The importance of do it in an audiovisual format is to put in the public knowledge issues and debates that professional historians has doing, making connections and bridges between academy and society. The project has made 41 interviews between active, emeritus and visiting professors of the Department of History of the Universidad Nacional de Colombia, at Bogotá, and some others to different academics. Autores de Historias wants to do of the professional historian na actively part of the issues and debates of the society. Baixo Vidal e Lona Azul: espaços de uma juventude oitentista na cena de rock em Florianópolis Carlos Eduardo Pereira de Oliveira O presente trabalho tem como objetivo compreender o papel dos espaços ligados ao rock em Florianópolis nos anos 1980, na constituição de uma cena musical na capital catarinense. Para isso, parte de dois locais específicos da paisagem urbana florianopolitana: o Baixo Vidal e a Lona Azul. Localizados no Centro e na Lagoa da Conceição, respectivamente, são elencados como espaços importantes para uma parcela da juventude urbana da cidade, que por eles circulavam. Desta forma, o trabalho privilegia o componente histórico e estético da cidade, ao analisar a relação entre os habitantes da cidade e as suas práticas musicais, compreendendo-a como um terreno de investigações estéticas, tecendo uma narrativa sobre esses locais na malha urbana. Partindo de uma série de entrevistas realizadas com antigos proprietários e frequentadores desses espaços, sob a metodologia da História Oral e ancorada em questões sobre a memória e a forma como ela se constituiu no presente, o objetivo é compreender a cidade em um ritmo difuso, onde a instabilidade e a duração coadunam. Assim, ao destacar esses locais, não tem como preocupação somente descrevê-los, mas de colocá-los em uma narrativa, relacionando-os em conjunto com os sujeitos que ali se inserem. Com isso, compreende o espaço da representação musical na formação da cultura rock de Florianópolis, através da sua territorialização e o diálogo com a cultura urbana. Nessa chave, os espaços condicionaram a relação entre os sujeitos, estabelecendo um vínculo entre aqueles que os frequentavam, contribuindo para a formação de identificações e de uma sociabilidade roqueira na cidade. Benedito Calixto e a comemoração do IV Centenário do Descobrimento do Brasil em São Vicente Eduardo Polidori Villa Nova de Oliveira

95


#publichistory2018 As comemorações públicas do passado estavam atreladas ao projeto de formação das identidades nacionais no Estado moderno. Especialmente durante o último quartel do século XIX, eventos foram recorrentemente organizados em várias partes do mundo, em que pese o Centenário da Revolução Francesa, em 1889, como matriz das iniciativas que se multiplicavam em vários países. No Brasil, uma década após a implementação do regime republicano, comemorava-se o quadricentenário do Descobrimento. Embora as programações tenham ocorrido principalmente no Rio de Janeiro, então capital federal, iniciativas paralelas se consolidaram em cidades de outros estados: em São Vicente, no litoral sul paulista, a “Sociedade Commemoradora do IV Centenário da Descoberta do Brasil” foi responsável por levar a cabo a celebração oficial do Estado de São Paulo. Foi realizada uma exposição de história e arqueologia, inaugurado um monumento público, uma pintura histórica em grande formato e um repertório de performances que deveriam colaborar para a mise-en-scène pretendida, em um momento que a elite política paulista procurava consolidar sua posição também a partir dos recursos simbólicos. Exploraremos as nuances que permitem problematizar a construção da memória paulista oficial, tendo como fio condutor o agenciamento do pintor Benedito Calixto nas celebrações de 1900 e adotando suas particularidades como documento das demandas em curso no conturbado início do período republicano. Essa comunicação apresenta parte dos resultados obtidos na pesquisa “Fundação de São Vicente, de Benedito Calixto: concepção, musealização e apropriação”, realizada entre 2016 e 2018 no Programa de Pós-Graduação em Museologia da Universidade de São Paulo, com apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa no Estado de São Paulo. Between Photo and Voice: Unique Spaces for Active Imagination in Oral and Public History Michael Frisch There are few examples in documentary photography putting portrait images in counterpoint with the actual voices of subjects. In this presentation I examine an experiment combining Milton Rogovin’s world-famous portraits of steelworkers with audio clips from the oral histories I conducted with those workers. I explore how voice and still photo “fix” a contemplative space wholly different than combining image and voice in video. Drawing on Roland Barthes, Susan Sontag, and others, my presentation inquires into why this is and how the differences arise. I suggest that video almost necessarily involves a directive line moving through time, whereas the photo-voice combination is entered as a space, within which the viewer/listener is left freer to respond. Much exciting energy in public history centers on video and new media. My presentation suggests the surprising power in old media--still photography and audio recording—when brought together for public historical innovation. Cartografando os percursos formativos de licenciandos de História: Entre trajetórias pessoais e identificações profissionais Eleonora Abad Stefenson O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre os processos de construção e/(re) construção das identidades profissionais de cinco lincenciandos do curso de História da Universidade Federal Fluminense (UFF) durante o estágio supervisionado em uma escola pública da Rede Estadual do Rio de Janeiro localizada em Niterói e que atende a turmas de Ensino Médio Integral. O que é ser professor de História? O que significa ser professor de História na Educação Básica? Diante destas questões nos desafiamos a construir, a partir da metodologia da pesquisa intervenção, uma cartografia dos percursos formativos destes licenciandos. Neste sentido, nos interessa não um possível resultado final ou uma única possibilidade de identidade profissional pré-fixada, mas sim o processo de construção profissionalpermeado por incertezas, subjetividades, sentidos sobre a História e sobre “ser professor” compartilhados e, igualmente, únicos, constituídos ao longo do pesquisar neste território comum que é o estágio. Para a nossa análise utilizamos algumas estratégias: a produção de memoriais de formação, a autoconfrontação, uma roda de conversa e as anotações no diário de campo a partir da observação cotidiana. É importante salientar que as estratégias de pesquisa são permanentemente negociadas e transformadas ao longo do processo, assim como as análises são compartilhadas entre o pesquisador e os pesquisados. Anunciamos como possíveis pistas desta experiência cartográfica a necessidade de atentarmos para os processos de subjetivação nas cons96


#publichistory2018 truções das identificações profissionais e, neste sentido, atentarmos para as suas trajetórias pessoais e coletivas que permanentemente (re)significam o saber-fazer profissional do professor de História da Educação Básica. Centro Afro-Carioca e história pública do cinema negro Samuel Silva Rodrigues de Oliveira Em 2007, Zózimo Bulbul fundou o Centro Afro-carioca de Cinema (CACC). O CACC constitui um marco na trajetória do ator e diretor, e um lugar central para a narrativa de um cinema negro. A representação do negro constituiu um tópico central debatido na história do cinema (Rodrigues, 1988; Stan, 2008; Almeida, 2014; Carvalho, 2016; Domingues & Carvalho, 2018). Nos anos 2000, entretanto, dois manifestos atravessam o campo cinematográfico: Dogma Feijoada (2000) e Manifesto do Recife (2002). Elaboram uma crítica estética e política e propõe uma nova forma de fazer cinema após a retomada dos anos 1990: “o filme tem de ser dirigido por realizador negro brasileiro”; “o protagonista deve ser negro”; “a temática do filme tem de estar relacionada com a cultura negra brasileira”; “o filme tem de ter um cronograma exequível”; “personagens estereotipados estão proibidos”; o “roteiro deverá privilegiar o negro comum brasileiro” (Dogma Feijoada, 2000).Esses manifestos consagram Zózimo Bulbul como um cânone para o cinema negro contemporâneo. A sua trajetória de rompimento com o Cinema Novo nos anos 1970, sua filmografia, destacando-se “Alma no Olho” (1973), e os Encontros de Cinema Negro África, Brasil e Caribe tornam-se destaque na construção de uma proposta estética. Locus de uma narrativa do cinema negro e da diáspora afro-brasileira, Zózimo é personagem dileto para uma história pública. A comunicação aborda o desafio de produzir uma história sobre o personagem que reconheça as diferentes apropriações desse ator e cineasta consagrado, e ao mesmo tempo apresenta os desafios de um projeto de história oral sobre o CACC. Reconhece que a história pública em suas duas dimensões: a preocupação da História e seus públicos; e a análise das múltiplas narrativas do passado articuladas por atores não acadêmicos (Liddington, 2011; Albieri, 2011; Mauad, Almeida, Santhiago, 2016; Santhiago, 2016; Schittino, 2016). Centro de Referência em História e Memória da Região Sul e Sudeste do Pará: relatos sobre a implantação de um lócus para pesquisa, ensino e extensão na Amazônia. Leticia Souto Pantoja, Marilza Sales Costa, Tássio Miqueias Moreira Fernandes Este trabalho relata o processo de implantação do “Centro de Referência em História e Memória da Região Sul e Sudeste do Pará”, originado a partir do Convênio de Cooperação Técnica entre a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e o Tribunal de Justiça do Estado do Pará (março/2018); no qual firmou-se a incorporação pela universidade, do acervo acumulado na Comarca de Marabá, classificado como inativo/histórico, constituído de processos judiciais cíveis e criminais relativos as décadas de 1920 a 1970. No âmbito das políticas de gestão de documentos regulamentadas pelo CNJ e CONARQ, a documentação após ser selecionada e higienizada passará para a custodia da Unifesspa, por tempo determinado; período em que receberá tratamento específico de restauro, catalogação, organização e digitalização para que seja disponibilizada para consulta pública. Em termos finalísticos, o Centro de Referência pretende: contribuir para o resgate da história da ocorrência da violência na mesorregião do sudeste do Pará; disponibilizar para um público mais amplo, documentos que permitam pesquisas sobre a história dos processos sociais que interferiram na constituição dos lócus urbanos nessa região; criar um espaço para discutir-se a memória da experiência histórica vivenciada por múltiplos grupos sociais que não costumam ser contemplados em outras documentações governamentais; e especialmente, constituir um ambiente de formação continuada para professores da educação básica, comunidade acadêmica, membros de organizações e dos movimentos sociais. O projeto balizador do processo de implantação foi elaborado a partir de uma perspectiva inter e transdisciplinar, envolvendo pesquisadores de diferentes áreas (pedagogia, história, ciências sociais, sistemas de informação, arquivologia), voltando-se para a estreita articulação entre a universidade e as demandas da sociedade. A dimensão de originalidade desse Centro de Memória reside precisamente em sua característica transdisciplinar e no fato de encontrar-se fora dos grandes centros urbanos locais, ampliando o acesso a documentos produzidos por parcela expressiva da população que entreteceu sua história fora dos limites da capital do estado, em áreas de extremos conflitos 97


#publichistory2018 sociais e políticos. As condições de preservação nos atuais arquivos das comarcas abrangidas indica que as atividades implicarão em medidas de longo prazo, pois o acervo carece de cuidados imediatos que estabilizem e/ou amenizem o processo de degradação. Cinema e usos públicos da história: memórias da ditadura militar no festival É Tudo Verdade Juliana Muylaert Mager Em 1996, o É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários teve sua edição de estreia simultaneamente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Sob a direção do crítico Amir Labaki, o evento surgia com a proposta de ser o primeiro festival brasileiro dedicado ao documentário, apostando na força e perspectivas de crescimento desse cinema no país. Naquele momento, o Brasil vivia o início de um processo de expansão do setor dos festivais de filmes que se caracterizava, entre outros aspectos, pela criação de eventos especializados, como festivais de animação, arquivo, direitos humanos e documentário. O crescimento do documentário acompanhou o movimento da “retomada” do cinema no país e ganhou fôlego nos anos 2000, momento em que se chegou a falar em “boom do documentário”. O festival É Tudo Verdade que completou uma década em 2005 reivindicava sua participação nesse processo, não apenas como espaço de circulação de filmes, proporcionando uma janela de exibição e divulgação das obras, mas também como lugar de promoção de debates públicos sobre o cinema documentário. Entre as temáticas presentes nesses debates, as relações entre o cinema e a história se destacam, bem como a discussão de questões do tempo presente e a produção de memórias sobre o passado ditatorial do país. A presença das temáticas da memória e da história no festival também se fez notar nas obras selecionadas para as competições nacional e internacional, em que se nota a circulação de obras audiovisuais em cujas narrativas se destacam os trabalhos de memória e os usos cinematográficos do passado. Destaca-se, tanto nos debates como nos filmes selecionadas para a competição brasileira, a presença do passado da Ditadura Militar, as disputas pela memória e as diferentes formas de narrar a história a partir de imagens e sons. Dessa maneira, busca-se, no trabalho, analisar esse conjunto de filmes e debates voltados para a temática da memória da Ditadura no festival É Tudo Verdade entre 1996 e 2016, considerando a repercussão pública desses eventos e filmes, seu potencial para formação de público e os usos cinematográficos do passado mobilizados pelas narrativas audiovisuais e discutidos pelos fóruns em questão. Cinema, escravidão e protagonismo negro nos Estados Unidos (2012-2016) Maria Luiza Rocha Barbalho A escravidão foi um fenômeno social e econômico que marcou profundamente a memória cultural norte-americana, que após a abolição (1865) sido atualizada em diversas linguagens artísticas, entre elas, o cinema. A representação da escravidão nos filmes norte-americanos tem mostrado indícios de mudança no que diz respeito ao protagonismo negro, que deixa a condição de coadjuvante e torna-se protagonista das narrativas fílmicas. Uma transformação significativa aconteceu na transição dos anos 1960 para os anos 1970, com o movimento Black Power, que enfatizava o orgulho racial e alimentava a série de lutas e que marcaram os chamados Blacksploitation, movimento de produção de filmes por artistas negros para o cultivo e promoção de interesses coletivos, valores e autonomia dos negros. Nos anos 2000, novos filmes foram produzidos, agora fora de um contexto imediato relacionado aos movimentos sociais negros, e que mostram o negro como protagonista. Nossa proposta é analisar de que forma o protagonismo negro e a representação da escravidão podem ser observados nos filmes Django livre (2012), que narra à história de um escravo liberto que com o auxilio de um caçador de recompensas alemão vai a resgate da sua esposa em uma plantation na região do Mississipi? Doze anos de escravidão (2013), baseado no romance homônimo que relata a história de Solomon Northup que cidadão negro e livre que foi sequestrado e trabalhou durante doze em fazendas na região da Lousiana; O nascimento de uma nação (2016), que conta a história de Nat Turner, um escravo e pregador letrado que organiza uma revolta contra seus senhores. O papel do negro como sujeito da própria história está no núcleo do aspecto político contido nestes filmes no debate público proposto. Trata-se de um tema político saber como mostrar um personagem na condição de escravo, um tópico de representação do passado que tem relação direta com a identidade da comunidade negra norte-americana no presente. 98


#publichistory2018 Circuito Sítios Históricos da República: uma experiência de história pública e visualidade urbana Marcos de Brum Lopes O Rio de Janeiro congrega alguns dos sítios históricos que remontam ao surgimento do regime republicano no Brasil. Em sua grande maioria bem preservados, os sítios são tombados como patrimônios nacionais, mantêm total ou parcialmente as suas características arquitetônicas, urbanísticas e paisagísticas originais do fim do século XIX. Como museus, templos, monumentos históricos e locais de memória, suas concepções, produções e usos públicos dependem, em grande medida, da dimensão visual como mediadora de uma experiência social. Esta comunicação explora as potencialidades do Circuito Sítios Históricos da República, um projeto gestado em duas unidades museológicas do Instituto Brasileiro de Museus: o Museu Casa de Benjamin Constant e o Museu da República. O circuito tem uma perspectiva transdisciplinar, articulando historiadores, museólogos, turismólogos e guias de turismo, além de integrar, de forma temporal e geográfica, o surgimento da República no Brasil através dos seguintes sítios: a Praça da República, a Casa Histórica de Deodoro, o Museu da Casa da Moeda, o Monumento a Benjamin Constant, o Itamaraty, o Museu da República, a Igreja Positivista do Brasil e o Museu Casa de Benjamin Constant. Inicialmente, serão pontuados os elementos que levaram à criação do circuito, em 2009 e seus desdobramentos ao longo do tempo. Em seguida exploraremos tematicamente alguns desses sítios através da noção de estímulo estético, uma estratégia artística e política utilizada por alguns dos idealizadores desses monumentos, no fim do século XIX e primeiras décadas do XX. Por fim, demonstraremos como o Circuito Sítios Históricos da República investe numa história pública baseada em vivências urbanas, requalificação de espaços públicos e multiplicação de conhecimento transdisciplinar. Cohab Itaquera Padre José de Anchieta 40 anos: iniciativas de memória Valéria Barbosa de Magalhães A apresentação buscará relatar as experiências e iniciativas de memória e de história pública realizadas na Cohab Itaquera 1 Padre José de Anchieta, localizada no bairro de Itaquera da Zona Leste de São Paulo, que está completando 40 anos de fundação, em 2018. Serão apresentados os projetos de comemoração dos 40 anos, bem como as propostas de elaboração de livro e de outros registros de memória da região. Também serão descritos alguns dos agentes e dos movimentos sociais envolvidos nesse processo. Outra iniciativa que será apresentada será a página do Facebook “Memórias da Cohab Itaquera 1”, criada em parceria entre a professora Valéria B. Magalhães, da EACH/USP, e o ex-padre Joe, que foi um importante lider comunitário da Cohab 1, no início dos anos 1980. Collaborative calendars Paolo Vignolo Calendars are not just a dull list of civic and religious commemorations, tributes, remembrances festivities and celebrations. They are powerful devices that allow past events fashion everyday life, marking space and time, embodying collective feelings and performing public emotions. With the term “collaborative calendar” we refer to the outcome of a political and poetical process of collective participation mediated through a number of social, digital and ancestral technologies. How to build collaborative calendars to contest official history, engage public debates and promote active citizenship? The Italian experience of a “calendario civile” is now inspiring a collaborative calendar proyect to support peace agreements in Colombia. Comissões da Verdade e o ensino da ditadura civil-militar na educação básica: uma autoridade compartilhada sobre a história das violações aos direitos humanos? Alessandra Carvalho Essa apresentação tem como foco a investigação dos diálogos possíveis entre os materiais produzidos por três comissões da verdade específicas – a Comissão Nacional da Verdade, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” e a Comissão da Verdade do Rio - acerca das violações

99


#publichistory2018 aos direitos humanos praticadas por agentes do Estado durante a ditadura civil-militar e o ensino de história desse período e dessa questão na educação básica, sobretudo no ensino médio. O primeiro aspecto se concentra no exame do contexto de criação das comissões da verdade e dos atores que as integraram, considerando os distintos constrangimentos e vozes - entre as quais a de historiadores - que ali se conjugaram e/ou se enfrentaram num complexo processo social e político de implementação de políticas públicas características da justiça de transição. O segundo aspecto da apresentação refere-se à análise da estrutura dos relatórios finais publicados pelas comissões da verdade como enunciadores de concepções próprias sobre a história das violações aos direitos humanos praticadas pelo regime ditatorial, produzidas em interação constante com agentes tais como movimentos sociais, veículos da mídia, instituições públicas e interpretações historiográficas, entre outros. Por fim, o enfoque se direciona para as tensões e potencialidades do uso dos relatórios finais das comissões da verdade nas aulas de História da educação básica, tradicionalmente vistas como espaço privilegiado para o ensino da história da ditadura civil-militar, buscando incorporar na História escolar o conhecimento produzido fora da dimensão acadêmica/historiográfica e reposicionando a ideia de autoridade do historiador/professor no debate público sobre as violações aos direitos humanos e a ditadura civil-militar. Nesse sentido, um dos objetivos da História escolar nos tempos atuais seria a identificação e problematização, junto aos estudantes, dos diferentes lugares de produção de conhecimento histórico na sociedade. Commemorating the Railway Engineer: Developing the Heroic Identities of George Stephenson and Richard Trevithick Sophie Vohra Since the mid-nineteenth century George Stephenson and Richard Trevithick have been remembered as significant figures in the development of modern railways. The Great Exhibition in 1851 showcased engineers and inventors as ‘alternative heroes’ alongside the traditional pantheons of warrior and saints. This paper examines how these two engineers developed heroic identities formed and sustained through commemorative practices. Though these cultures range widely in their format and scale, there are similarities in how narratives about both men were presented to regional, national and international audiences. As most if not all the work to develop these reputations occurred after their deaths, they needed ‘champions’ to generate or maintain public interest in, and to reshape understandings of, their lives and work across time. Overall this paper aims to argue that commemorative cultures are essential vehicles for creating and sustaining the heroic reputations of early railway engineers. Community Engagement and Public History Training David Dean Successful public history programs are often those best connected with their local communities and partners. David Dean will propose a dialogue on community engagement for public history programs, how to include it in semester-long courses, how various stakeholder interests play out with pedagogical issues, how to balance shared-authority with specific partners outcomes, as well as collaborative projects and individual assessment. Como se fabrica um herói? História pública e construção da memória nacional no parlamento brasileiro José Ricardo Oriá Fernandes O processo de construção da memória nacional, mediante a “panteonização” dos heróis nacionais, teve no Parlamento brasileiro um lugar de destaque. A iniciativa de se criar um Panteão Nacional remonta aos anos iniciais da implantação do regime republicano no País. Como bem assinalou José Murilo de Carvalho “não há regime político que não promova o culto de seus heróis e não possua seu panteão cívico”. Assim, durante os trabalhos da Assembleia Constituinte de 1891, o Deputado Aristides Lobo sugeriu a construção de um Panteão da Pátria em memória a figura de Benjamin

100


#publichistory2018 Constant, falecido naquele ano e considerado por muitos o fundador da República. Essa ideia não prosperou. A ideia de Panteão da Pátria foi retomada após a morte do primeiro presidente civil, eleito indiretamente pelo Colégio Eleitoral, após o regime militar (1964-1985). Em 7 de setembro de 1986, foi inaugurado o Panteão da Liberdade e da Democracia Tancredo Neves, em que consta um livro de aço, onde estão inscritos o nome de brasileiros que são considerados heróis e heroínas nacionais. É bem verdade que, no decorrer de nossa história, foram construídos alguns panteões em memória e culto a determinados “heróis nacionais” e que se encontram localizados em diferentes pontos do território nacional. No entanto, hoje, a indicação de nomes a serem alçados à condição de herói no Panteão da Pátria precisa atender alguns critérios determinados pela legislação federal (Lei nº 11.597, de 2007), que exige a apresentação de um projeto de lei com a respectiva indicação e justificação para que o nome de um determinado personagem histórico seja inscrito no “Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria” e que sua morte tenha transcorrido há, no mínimo, dez anos. Assim, para se tornar um herói nacional a indicação tem que ser feita por um parlamentar ou por iniciativa do Poder Executivo e submetida, através de um projeto de lei, às duas Casas Legislativas e depois sancionada pela Presidência da República. A presente comunicação pretende problematizar os usos políticos que se faz do passado no Legislativo, mediante análise das proposições que objetivam a inscrição de um determinado personagem no Livro dos Heróis da Pátria, ao tempo em que consideramos, na acepção de Pierre Nora, o Panteão Nacional, localizado na Praça dos Três Poderes em Brasília-DF, um “lugar de memória” da nação brasileira Comuna 13, A History Beyond Violence Colombian’s historical memory Museum Mónica Viviana Chacón Bejarano San Javier, ones of the 16 communes of Medellín, Colombia, it’s located in the western part of the city. On October 16 and 17 of 2002, a military operation was carried out -called by the authorities ‘Operation Orion’-, with the purpose of regain the control of the area in which militias and organized crime operated. This episode was included in “Voces para transformar a Colombia”, (released in April 2018) organized by the museum group of the Centro Nacional de Memoria Histórica, using life stories as method. Through the voice of the social she-leaders as victims, the CNMH recovered the events, what the population lived in this moment, the signaling of which they were targeted as guerrillas, and their different resistance processes that they have been doing in their territories. Then, in the exhibition, the roll of the mediator was important to make this and other episodes able to generate dialogues between different populations. Comunicação pública e memória das cidades: a preservação dos sistemas de comunicação nos sites das capitais brasileiras Ana Javes Luz Reconhecida como uma das principais formas de promoção da visibilidade, transparência e prestação de contas dos governos contemporâneos, a comunicação governamental é fonte de informação sobre os atos e as políticas públicas empreendidas pelo Estado. Sua adoção – imprescindível nas democracias, na medida em que promove o diálogo entre governo e sociedade – resulta em textos noticiosos, discursos, entrevistas, pronunciamentos, notas oficiais, campanhas publicitárias, fotografias, áudios, vídeos, dentre outros produtos que documentam a política e importam à memória e à história dos governos e cidadãos. O pôster aqui proposto visa apresentar os resultados da pesquisa “Comunicação pública e memória das cidades: a preservação dos sistemas de comunicação nos sites das capitais brasileiras” (LUZ, 2016) que diagnosticou o estágio de preservação dos arquivos da comunicação governamental nos sites oficiais das 27 capitais brasileiras, focalizando em que medida esses sites – principais espaços de difusão, armazenamento e pesquisa sobre a comunicação governamental na atualidade – permitem acessar conteúdos produzidos por governos cujos mandatos já se encerraram. O estudo utilizou como procedimentos metodológicos a pesquisa histórico-descritiva, a pesquisa documental e a navegação orientada para coletar dados relativos à comunicação empreendida pelos governos de cada cidade no período de 2009 a 2016, contemplando, assim, o impacto que as eleições realizadas neste intervalo poderiam ter nos cenários encontrados. Os dados foram analisados acionando conceitos relacionados à comunicação pública, comunicação governamental, 101


#publichistory2018 cidade, memória, democracia digital e preservação digital, a fim de refletir sobre como a falta de uma política pública de salvaguarda desses arquivos impacta na constituição da memória política e da história pública das administrações brasileiras. Dentre os principais resultados encontrados, destaca-se a constatação de que, em 33% dos sites investigados, os produtos da comunicação governamental de governos passados já não estão mais disponíveis para consulta e acesso público. Além disso, a pesquisa apontou que os contextos de sucessão administrativa entre grupos políticos rivais não são suficientes para explicar os casos de tentativa de silenciamento de governos passados. O estudo é pioneiro na academia brasileira, ainda carente de investigações sobre a importância da preservação da comunicação governamental para a história pública brasileira. Conceitos e procedimentalidades nos jogos históricos: o sentido histórico nas situações de guerra apresentadas no jogo Sid Meier’s Civilization VI: Rise and Fall Walter Francisco Figueiredo Lowande, Wilma da Conceição Alves Rosa, Leonardo Ueda da Mata, Jhonas Silva de Oliveira O nosso projeto de iniciação científica tem como objetivo mais amplo analisar os modos pelos quais o conhecimento histórico tem sido mobilizado pelo jogo eletrônico Sid Meier’s Civilization VI: Rise and fall, pertencente a uma das franquias de history games mais bem-sucedidas no mercado internacional de videogames. Nesta comunicação, trataremos especificamente dos usos de conceitos históricos relativos a situações de guerra que compõem parte das procedimentalidades propostas pelo jogo eletrônico em questão. Esses conceitos aparecem ao longo da própria gameplay e também estão disponíveis na “Civilopedia”, isto é, uma espécie de glossário existente no próprio jogo e à disposição para consultas por parte dos(as) jogadores(as). Utilizamos como critério para seleção dos conceitos analisados a sua potencialidade enquanto “conceito histórico”, isto é, de acordo com a sua capacidade de articular, de forma significativa, um dado “campo de experiências” a um “horizonte de expectativas”, de modo a mostrar de que maneira conceitos e procedimentos específicos do jogo se articulam a uma ideia de sentido mais abrangente nele proposta, ou seja, a ideia de um processo civilizatório unilinear atrelado a uma concepção etnocêntrica de racionalidade técnica e de progresso. Considerações Teóricas Sobre A Função Social do Conhecimento Histórico a Partir dos Temas da História Pública e da Didática da História Josias José Freire Junior No âmbito da ciência da história, diferentes campos teóricos e historiográficos se confrontam com o problema da função social do conhecimento histórico; desde diferentes vertentes da teoria da história, ou a nova história política e a história do tempo presente, passando pela história digital e das mídias, bem como as questões concernentes ao ensino de História tem na questão da utilidade da história uma problemática candente. Neste contexto, pelo menos dois campos da reflexão teórica estão mais intimamente associados aos problemas da função social do conhecimento histórico. Trata-se das reflexões sobre a história pública e o subcampo da didática da História. Entende-se, pois, que uma consideração mais pormenorizada dos elementos desses dois campos poderá promover avanços na compreensão da função social dos conhecimentos históricos – acadêmico e escolar– diante dos desafios atuais. Assim, esse trabalho partirá da tradição específica daqueles campos com intuito de elaborar teoricamente um diálogo entre os mesmos visando estruturar ideias acerca dos sentidos da história em nossos dias. Concernente aos debates sobre a história pública, se considera especialmente a tradição anglo-saxã, ao passo que essa já algumas décadas se propõem a pensar um uso para o passado para além da produção e reprodução estritamente acadêmica da ciência da história, tendo se tornado inclusive relativamente independente dessa em suas elaborações. Trata-se, pois, de um conjunto de discussões sobre o uso do passado e de uma história pública que vai em direção aos problemas relacionados ao patrimônio público, à produção comercial e comunicação de histórias, etc. Já no que concerne ao campo da chamada didática da História, encontra-se em sua vertente alemã, também uma já antiga preocupação com as relações entre histórica acadêmica e história escolar e, especialmente, acerca do significado do ensinar e aprender história para além dos marcos tradicionais que caracterizaram a constituição da história como ciência acadêmica e como disciplina escolar. Dessa forma, entende-se que ao se mapear teórico-conceitualmente os campos 102


#publichistory2018 dos campos de reflexões sobre os usos públicos do passado e a tradição da didática da História será possível avançar na compreensão da função social do conhecimento histórico acadêmico e escolar, diante das disputas ideológicas e epistemológicas e das contradições que caracterizam o mundo contemporâneo e suas relações com os sentidos atribuídos aos saberes históricos. Construindo arquivos de memória publica online na luta pelo direito à cidade Regina Helena Alves da Silva O trabalho analisa a construção de memória nas redes sociais da internet, no facebook e no YouTube, realizada por dois movimentos de luta pelo direito à cidade e à moradia. Procuramos problematizar as formas de ativismos online e os usos da memoria em duas metrópoles contemporâneas. Preopomos discutir a relação entre memória e espaço urbano através de fontes audiovisuais e escritas produzidas pelos movimentos Ocupe Estelita (Recife) e Renovar a Mouraria (Lisboa), compreendendo as singularidades e diferenças de cada ativismo em relação aos conflitos e disputas em torno da história da cidade capitalista. Considera-se que os relatos de experiencias, intervenções urbanas, vídeos e as entrevistas são relatos do espaço, pílulas de história oral, história pública produzida pelos próprios ativistas dos movimentos sociais. Construindo e compartilhando saberes: o Museu Câmara Cascudo como espaço fomentador da História Pública na cidade do Natal Rodrigo de Morais Guerra Criado com o intuito de manter o acervo do Instituo de Antropologia Câmara Cascudo - primeiro centro de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) -, no dia 04 de outubro de 1973, o Museu Câmara Cascudo se configura como um espaço voltado para a produção e disseminação do saber, nas mais diversas áreas que estão atreladas ao mesmo: Antropologia, Paleontologia, História, Ciências Naturais, Educação e Cultura. Mantido como órgão suplementar, mas vinculado diretamente à Reitoria da UFRN, o Museu Câmara Cascudo, conforme o seu novo Regimento de 2015, assume a ação educativa como função primordial, de modo que, para além de um “lugar de memória” (ALBIERI, 2011), o Museu destina-se a realizar atividades de ensino, pesquisa e extensão nas suas áreas de atuação, promovendo, por meio da interdisciplinaridade, um intercâmbio junto aos Departamentos que integram as Unidades de Ensino da Universidade Federal, tendo como público alvo a comunidade universitária e a sociedade em geral, logo, reproduzindo um espaço de exercício da História Pública. Como discente do curso de História Licenciatura, me foi dada a oportunidade de atuar como bolsista do Museu, no qual, ao longo de três semestres (segundo semestre de 2015 e o ano de 2016), desempenhei o posto de educador mediador, junto ao setor pedagógico, tendo contato com os mais diversos públicos que se fazem presentes em museus - turistas, escolas públicas e privadas do ensino básico (Infantil, Fundamental, Médio e EJA), pesquisadores, comunidade acadêmica e comunidade local em geral – e, por conseguinte, fomentando o diálogo entre a academia e a comunidade, o que, na essência, consiste a práxis da História Pública. Em suma, as contribuições que aspiro com este relato é suscitar uma reflexão acerca do lugar da história e das diversas formas profissionais de se trabalhar com esse saber, com destaque para o ambiente museológico; apresentar o Museu Câmara Cascudo como espaço de produção e disseminação do conhecimento histórico para além dos foros acadêmicos; e, por fim, o uso do espaço público como um meio de propor a História Pública no Brasil para fins educativos. Construindo uma história escolar das mulheres Jamille Zaccur, Eleonora Abad A crescente demanda por outras histórias, outras memórias, que rompam com as narrativas ainda hegemônicas masculinas, heterossexuais, brancas, cristãs, eurocentradas são sentidas tanto nas carteiras escolares como na própria produção historiográfica, tensionando as estruturas curriculares e os próprios paradigmas da produção de conhecimento. Para que isso se concretize, é de extrema importância encontrarmos na escola um ambiente que instigue e confronte as reproduções cegas e

103


#publichistory2018 enraizadas do dia a dia e que incentive aos alunos e professores à reflexão e problematizações acerca da sociedade e do ambiente ao qual estamos inseridos. Com o intuito de estimular a ressonância de vozes que foram silenciadas ao longo da história, projetos e atividades vêm sendo realizados no Colégio Estadual Guilherme Brigs, o presente texto busca apresentar o projeto realizado com as turmas 1003, 2001 e 2003, que consiste em 2 etapas, a primeira no exercício de pesquisa histórica, com o uso de diversas fontes e bibliografias e a segunda a produção de um jogo da memória, pelos alunos. As representações que surgiram através deles nos surpreenderam e mostraram que, de fato, histórias de mulheres podem ressignificar e reconstruir percepções que as alunas e os alunos carregam consigo. Diante do cenário previamente exposto, nos desafiamos a construir uma releitura curricular a partir de lentes interculturais críticas, que nos possibilite romper com as narrativas hegemônicas nos currículos escolares de História que invisibilizam as mulheres enquanto agentes históricos. O presente projeto busca revitalizar histórias de mulheres que, para os alunos, possuem importâncias e representatividades da atualidade e do passado, para que a partir dessas histórias possamos compreender contextos gerais e explorar o ensino de história a partir de outras perspectivas, sempre considerando as diferenças culturais e as pluralidades presentes em sala. Ainda que o projeto esteja em desenvolvimento, foi possível perceber, a partir das figuras escolhidas e das pesquisas e apresentações feitas pelas alunas e alunos, que de fato, trajetórias de vidas específicas são muito relevantes e válidas para que possamos perceber contextos mais gerais. Portanto, nos propuzemos a reler o currículo de história de forma que ele valorize narrativas silenciadas e aborde a história das mulheres de forma responsável e questionadora, e não como uma apêndice como vêm sido abordada. Contaminação, comunicação e remediação dos riscos ambientais na COHAB HeliópolisGleba L-SP: um estudo das representações sociais dos moradores do local Letícia Stevanato Rodrigues, Silvia Helena Zanirato Vivemos em uma sociedade reflexiva, caracterizada pela busca de potenciais soluções para problemas criados por nós mesmos em função do desenvolvimento tecnológico e industrial. O processo de industrialização disseminou legados socioambientais, dentre eles, a contaminação de solos, água e ar das cidades devido à ausência de regulação ambiental. Com a desconcentração industrial e a urbanização das cidades, áreas contaminadas foram ocupadas para fins residenciais, expondo famílias a situações de riscos. A Vila Carioca, localizado no distrito Ipiranga, município de São Paulo, é um exemplo deste legado socioambiental por abrigar contaminantes de fontes industriais que foram dispostos no solo sem o devido controle. A partir do final da década de 1980, instalou-se na região, numa área conhecida como Gleba L, um conjunto habitacional da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB-SP). Nesta gleba, estudos ambientais detectaram a presença de risco à saúde pela presença de contaminantes por abrigar um lixão no passado. A partir de 2011, a COHAB-SP implementou ações de monitoramento dos riscos ambientais e contratou empresas para remediação e controle dos riscos à saúde e para a comunicação destes aos moradores. A partir do exposto, a pesquisa tem como objetivo identificar e analisar as representações sociais dos moradores do Conjunto Habitacional Heliópolis–Gleba L-São Paulo, acerca do processo de remediação e de comunicação dos riscos ambientais, considerando as explicações que foram a eles passadas por agentes da COHAB-SP a partir do processo desenvolvido por empresas contratadas pela Companhia. Busca-se compreender como o processo foi percebido pela população moradora e em que medida essa se sente, de fato, confortável em habitar uma área que foi contaminada por agentes químicos; as visões quanto aos riscos decorrentes da ocupação residencial na gleba e as medidas adotadas para a remediação da contaminação. A pesquisa se vale do método qualitativo de estudo de caso da Gleba L e compõe revisão de literatura; leitura e interpretação de documentos sobre o processo de gerenciamento do risco do órgão ambiental do Estado de São Paulo, da COHAB-SP e das empresas responsáveis pela remediação e pela comunicação dos riscos; aplicação e análise de entrevistas semiestruturadas aos moradores da Gleba L com vistas a acessar seus entendimentos sobre o processo e, por fim, a análise e sistematização dos resultados. Culinária típica mineira: Resgate da memória deste patrimônio cultural imaterial através da catalogação de receitas tradicionais Kênia Cristina Machado Leal Innocente 104


#publichistory2018 A identidade de um povo se expressa de diversas maneiras, dentre estas se destaca patrimônio agroalimentar, que é repassado de uma geração à outra por meio da história oral e escrita, pois, o que mantém as tradições culinárias vivas são as lembranças dos saberes e fazeres que os anciãos trazem consigo. A alimentação, sendo um importante patrimônio cultural imaterial, representa os hábitos e costumes do cotidiano das sociedades. Visto que, os fatores históricos e sociais são os responsáveis pela caracterização de pratos típicos os quais contribuem para a formação dos saberes hereditários que fazem parte do dia a dia dos indivíduos que compõe o grupo. Passos é uma cidade mineira, cuja gastronomia típica, em determinados aspectos, ainda permanece conservada, mesmo tendo sofrido algumas poucas alterações devido as influências da industrialização, daí pode-se compreender a importância de se fomentar a preservação da culinária local. Assim, este estudo visa resgatar a memória e a cultura regional catalogando receitas tradicionais das famílias mineiras para que não se percam com o tempo. Através da análise de dados, averiguou-se a origem da cozinha local e das influências dos grupos étnicos formadores da cultura regional mineira, sobre a mesma. Identificaram-se os ingredientes da terra, receitas típicas e constatou-se que alguns hábitos alimentares caíram em desuso, contudo, outros ainda perduram no dia a dia das famílias tradicionais. Sendo assim, torna-se imprescindível promover, através deste projeto, a valorização da cozinha mineira, possibilitando assim o resgate da memória local e a conscientização de que os pratos típicos são bens culturais e merecem ser salvaguardados para as próximas gerações. Cultura histórica e ensino de história – interseções com a história pública Sonia Wanderley O presente trabalho apresenta as discussões que fundamentam o projeto de pesquisa que desenvolvo atualmente denominado “Cultura histórica e ensino de história – intercessões com a história pública”, cujo principal objetivo é relacionar a produção do saber histórico escolar aos saberes de caráter histórico que circulam no âmbito público, considerando a interveniência em sua produção de narrativas diversas que compõe a cultura histórica contemporânea e a capacidade de reflexão racional e propositiva que o ensino de história escolar pode/deve motivar, tendo em vista sua relação dialógica com a história acadêmica. Teoricamente, a pesquisa utiliza-se da Didática da História. Tal como Rüsen, a definimos como uma disciplina que tem como objeto analisar e compreender como se processa o aprendizado de história, tendo em vista que este ocorre como uma necessidade da vida prática cotidiana dos homens. Sendo assim, a definição de história utilizada é alargada para a(s) reflexão(ões) que os homens desenvolvem sobre si e os outros no tempo, buscando elementos para sua orientação. Embora, em essência, a atividade gerada na produção dessas narrativas seja a mesma da produção historiográfica, há uma distância entre ambas – relacionada aos recursos e métodos utilizados na elaboração do conhecimento histórico acadêmico. Nossa questão resume-se, então, a entender o lugar do saber histórico escolar, necessariamente um fruto híbrido dessas diferentes narrativas, diante da função social/política que desempenha no mundo contemporâneo. Curso de Formação Continuada da Olimpíada Nacional em História do Brasil: uma proposta para a ampliação do conhecimento em sala de aula Alessandra Pedro Esta comunicação contempla considerações sobre os Cursos de Formação Continuada, oferecido em sistema de EAD, pela Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) – Unicamp, programa financiado pelo CNPq, por meio de seus editais de olímpiadas científicas. Tratam-se de cursos que buscam atender às demandas promovidas por alterações curriculares do país, assim como as apontadas pelos próprios professores participantes. O tema do 1º curso (2013) foi “Ensino de História da África”, contempla as exigências da Lei 10.639/2003 (obrigatoriedade do ensino de história da África e da cultura afro-brasileira). Em 2014, o tema foi “50 anos do Golpe e a ditadura civil militar”. O terceiro curso teve como tema a “História dos índios na sala de aula”. Assim como o primeiro curso ONHB, veio atender a uma demanda dos próprios professores, gerada pela Lei 11.645/2008, complemento à Lei 10.639/03, que inclui a obrigatoriedade do ensino de história indígena nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e privados. Em 2017, o tema elegido para o quarto curso de formação foi “Imagens em sala de aula”. Em 2018, a história da América Latina em 105


#publichistory2018 suas mais diversas conexões compôs o foco do nosso curso: “Narrativas da América: discursos e dinâmicas locais”. Neste momento, encontra-se em fase de elaboração o sexto curso de formação com o tema “A Canção Popular no Ensino de História”. Dentro desses cursos são analisadas as questões historiográficas relacionadas ao estudo de história recente, foram oferecidos materiais para serem utilizados em sala de aula e o trabalho final foi corrigido (em suas versões intermediária e final) pelos tutores do curso, o qual consistia de um Plano de Aula Comentado, elaborado a partir dos próprios debates e materiais do curso. Assim, aqui buscaremos apresentar as etapas de desenvolvimento e as bases didáticas a partir das quais o curso, já indo para a sua sexta edição, foi formulado, assim como a tecnologia e o formato em que ele é colocado em rede, com acesso possível em todo o território nacional. Além disso, esta proposta pretende apresentar dados sobre os resultados e alcance dos cursos já realizados. Da identidade à travessia: discursos, narrativas e temporalidades históricas nos textos de pesquisadoras quilombolas da Universidade de Brasília Cristiane de Assis Portela Há menos de duas décadas as universidades brasileiras passaram a receber um número crescente de novos sujeitos na condição de estudantes, com destaque para os cursos de licenciatura intercultural que acolheram indígenas, camponeses e quilombolas - e as políticas do sistema de cotas para negros. Mais recentemente, alguns desses estudantes destacaram-se por avançar na formação acadêmica, obtendo títulos de mestrado e doutorado. Esse foi um fenômeno significativo na Universidade de Brasília- UnB, o que nos permite reconhecer uma universidade muito mais diversa e inclusiva do que era há uma década atrás. Diversos são os desafios que se apresentam e estes vão muito além da mera inserção desses sujeitos no cotidiano da universidade, trazendo questões relativas à permanência, efetiva inclusão nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, mas também o reconhecimento efetivo da diversidade epistêmica que estes estudantes pesquisadores trazem consigo, como sujeitos coletivos que são. Nesse sentido, a pesquisa analisa dissertações produzidas por mulheres quilombolas que cursaram um mestrado intercultural na Universidade de Brasília, o Mestrado em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais-MESPT, buscando compreender suas concepções em relação às temporalidades e narrativas históricas. Trata-se de dissertações produzidas entre os anos de 2015 e 2018 por pesquisadoras quilombolas oriundas de comunidades de diferentes lugares do país. Para a análise, estabeleço interlocução com algumas perspectivas críticas epistemicamente plurais: a) o paradigma da travessiade Jean-Godefroy Bidima; b) o potencial político da escrita em bell hooks, Conceição Evaristo e Gloria Anzaldúa e c) a relação entre as narrativas históricas, a oralidade e a escrita em Hampatê Bá e Antônio Bispo. Questiono a existência de certa instrumentalidade contida na compreensão naturalizada de que o trabalho com povos e comunidades tradicionais está vocacionado ao campo metodológico da história oral. Sem desconsiderar a relevância deste aporte teórico-metodológico, questionamos a ideia de que a oralidade seja um dado cultural intrinsecamente vinculado às narrativas produzidas por estes sujeitos. Três perguntas orientam as reflexões: O que temos aprendido com as pesquisadoras quilombolas na UnB? Quais são as narrativas orais/ escritas que “esperamos” ouvir de mulheres quilombolas? Quais são as enunciações de discursos históricos apresentadas em suas pesquisas de mestrado? Deadplay: A Methodology to Study and Preserve Dead Videogames Dany Guay-Belanger Videogames are becoming both, a popular medium in museum educational programming, and a subject of museum collections. They are an important tool in public history offerings allowing historians, and visitors to build and experience past in the virtual world. Yet, as all born digital objects, they pose interesting challenges to museum staff. Videogames, while a digital art, live on a physical medium. Whether cartridge, magnetic tape, floppy disk, they degrade. Without care and study, they die and cannot be played again. While it might be possible to resurrect play using emulation or video captures, scholars need to consider every option at their disposal to preserve videogames for future study. This includes securing original versions of games and ephemera; recording play; interviewing game creators and players; and much more. This project develops a methodology for the study of 106


#publichistory2018 older videogames, especially those for which there is no original version left (e.g. “dead” games). Ultimately, this methodology may provide a better platform for public engagement that uses videogames to enhance museum products. Desafios da História Pública: YouTube e o caso de Felipe Castanhari Nathália Jonaine Hermann, Isadora Muniz Vieira A presente comunicação tem como objetivo promover uma análise da influência promovida pelo youtuber Felipe Castanhari na formação da consciência histórica de jovens brasileiros - uma das principais audiências do canal - trazendo a tona um debate entre a história pública e meios alternativos de divulgação da História. O Nostalgia, seu canal no YouTube, conta com um número expressivo de inscritos, quase 11 milhões atualmente, e cada vídeo tem, em média, mais de um milhão de visualizações. Um dos temas recorrentes dos vídeos são questões relacionadas à História, com produções de duração entre dez minutos e até uma hora e meia; os vídeos selecionados para análise estão disponíveis no canal na playlist Nostalgia História, composta por sete vídeos mais voltados para a História do século XX. Levando-se em conta estudos que alertam para a necessidade de se trabalhar com as pluralidades da faixa etária jovem (PAIS, 1990; ABRAMO, 1997), num debate com a História do Tempo Presente (ROUSSO, 2017), no que diz respeito a ascensão de novas fontes e novos objetos de pesquisa histórica, este trabalho objetiva compreender como as mídias digitais, a partir de seus interlocutores, podem ser consideradas formadoras de consciência histórica (RUSEN, 2006). A História, é vista midiaticamente como uma bússola para discussões das mais diversas questões na contemporaneidade. Como refletir a necessidade de revisitar o passado com abordagens que fogem às práticas históricas institucionalizadas e academicistas? A história pública pode ser uma resposta à essa questão tão cara aos historiadores e historiadoras atualmente. Desequilíbrio de histórias: uma iniciativa em torno de um problema Marcelo Téo A presente proposta tem por objetivo discutir os desdobramentos de um problema que integra (ou deveria integrar) a essência do ofício do historiador – o desequilíbrio das histórias – a partir de uma experiência prática fora da academia. O conceito refere-se ao fato de que uma parte significativa das histórias contadas nas últimas décadas corresponde aos anseios de uma pequena parcela da população, estimulando e preservando valores dominantes como o patriarcalismo, a heteronormatividade, a branquitude e a cultura escrita. Não há novidade em afirmar que vivemos hoje um (ou vários) desequilíbrio(s) narrativo(s). Chimamanda Adichie, conhecida escritora nigeriana, chamou atenção para o “perigo da história única” (ADICHIE, 2009), um outro nome para o desequilíbrio entre as histórias do ocidente branco e as histórias de pessoas que, como ela – mulher negra africana –, não se identificam com os padrões (de beleza, de paisagem, de valores) descritos naquelas narrativas. Adichie se inspirou na obra do escritor – também nigeriano – Chinua Achebe, responsável por cunhar o conceito de “equilíbrio de histórias”. Ambos os autores compreendem o poder da narrativa, enxergando-a como o primeiro passo para construir um mundo menos desigual. Em torno do que venho chamando de “desequilíbrio de histórias”, foi fundada a Retrato Ateliê de Narrativas Multimídia (https://retrato.site), uma startup de comunicação dedicada a contar unicamente histórias de impacto social selecionadas a partir do critério da diversidade. É um problema complexo, que envolve diversas variáveis (demanda, oferta e consumo de histórias) e sujeitos (produtores, consumidores, personagens). A equipe multidisciplinar, os dilemas éticos de um engajamento acompanhado também por motivações econômicas, os processos envolvidos na produção e distribuição das narrativas, a relação com a tecnologia e a atuação junto ao mercado de conteúdo são alguns dos pontos que devem ser discutidos. Qual o lugar da academia, em especial o campo das ciências humanas, nesse movimento de transformação rumo a um consumo de histórias mais diverso e inclusivo? O objetivo é instigar o debate em torno do compromisso de historiadores e cientistas sociais no combate ao desequilíbrio de histórias, explorando as interseções entre o ambiente de produção acadêmica e o mercado de produção de conteúdo.

107


#publichistory2018 Designing a Collaborative Public History Project for Peacebuilding in the aftermath of the peace agreement between the Colombian government and the FARC guerrillas. Catalina Muñoz Colombians face the unique opportunity and enormous challenge of building a more peaceful coexistence where memories of deep pain remain. Historians have a crucial role to play if we understand transitional justice to go well beyond the reparations between victims and perpetrators to include the tackling of structural violence which has deep historical roots. This paper will discuss efforts to design a collaborative project that brings together historians, geographers, psychologists, journalists, photographers, media makers, and community organizations in order to use storytelling and historical knowledge to foster a better understanding of the conflict that goes beyond victims and perpetrators to include society as a whole, and to generate empathic dialogue in a polarized society. Digital history repository of Town and Cities Kresno Brahmantyo Digital history repository of towns and cities is one of the new development in preserving and presenting history to public. The pilot project for this theme is digital history of Jakarta. An innovative mix of history and technology that connects people, place and time, and provides a unifying framework for telling the diverse stories of Jakarta’s history and culture with multiple authors or contributors, connecting academics with public with their interpretations as part of “history from below.” This digital history repository of Jakarta entities are divide into categories with each entry can be connected to any number of other entities and resources such as images, maps, sound and short films or documentary. This project can utilize digital technologies to visualize history and make new exciting connections in Jakarta’s history through Web 2.0 technology. History become public, not only for historian but also for public with their access to historical resources. Digitality and transmediality in public history practices Romain Duplan The Boîte à Histoire, an association created by young graduates in public history, aims to offer new forms of historical mediations by organising events during which the audience can take part in “historical experiences”. This paper will discuss the use of digital tools in public history practices through the example of a transmedia platform developed as part of the upcoming Boîte à Histoire’s history festival. The festival website, that is currently being constructed, will not only provide practical information about the event as it has been designed as a gateway to 1848 historical context. As one of the assets of digital tools lies in the possibility to present simultaneously a fact in different formats (pictures, sounds, texts etc.), our platform is conceived as an immersive entry to the past. The website uses interactive maps, original drawings and 19th century literary narratives. Switching between the digital and the “real” world provides a way to explore various expressions of historical narrative. While engaging the audience with different formats that go from the website to the actual festival, historical knowledge falls within an imaginative transmedia storytelling. Direitos Humanos, Gênero e Diversidade na Escola: História Pública e Inovação Social na Plataforma DigitalPlural Andrea Paula dos Santos Oliveira Kamensky, Suzana Lopes Salgado Ribeiro, Luciana Pereira Este trabalho parte da pesquisa desenvolvida entre os anos de 2015 e 2016 em conjunto com educadores/as e da rede municipal de São Paulo quando foi realizado, no âmbito da formação continuada docente em Direitos Humanos, o Curso de Aperfeiçoamento Gênero e Diversidade na Escola pela Universidade Federal do ABC (UFABC) na rede UniCEU, em oito polos, nas quatro regiões da cidade (Azul da Cor do Mar, Butantã, Vila do Sol, Perus, Navegantes, São Rafael, São Mateus e Paraisópolis). Além da formação teórico-conceitual em quatro eixos temáticos (Diversidade, Gênero, Sexualidade e Relações Étnico-Raciais), a metodologia foi desenvolvida a partir de práticas de cons-

108


#publichistory2018 trução de documentos e projetos em processos de inovação social entre a cultura digital, a história oral e a história audiovisual, na perspectiva de estabelecimento de uma História Pública acerca da educação básica contemporânea. No decorrer da pesquisa, foram construídos pelos/as educadores/ as centenas de diários, dezenas de histórias de vida e mais de 170 projetos educacionais em torno das temáticas abordadas. Calcula-se que foram criadas mais de dez mil páginas, em ambientes virtuais de aprendizagem, e em torno de 60 horas de gravação no trabalho de campo e nas atividades educativas feitas nos oito CEUs, bem como no Campus São Bernardo do Campo, da Universidade Federal do ABC. A partir desse grande volume de documentação produzimos uma série de livros, em 12 volumes, mais de 50 videoaulas com histórias de vida e um documentário em longa-metragem, disponibilizados numa rede social de aprendizagem, a plataforma DigitalPlural (cursos.ufabc.edu.br/ digitalplural), construída ao longo deste processo de trabalho, abrigando diversos conteúdos, cursos e projetos de pesquisa e extensão ligados ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão da Inovação. Assim, tratamos de práticas de História Pública no Brasil em diálogo com a cultura digital, a educação, as temáticas dos Direitos Humanos e do reconhecimento das diversidades culturais em termos de produção de saberes em conjunto com as comunidades escolares. A construção e análise de registros documentais foram pensadas desde o início como práticas educativas e de produção de conhecimento histórico, entrelaçadas ao próprio cotidiano de uma política pública de formação docente continuada, resultado das demandas de movimentos pela educação pública de qualidade que protagonizaram as lutas sociais pela democracia no Brasil desde o final do século XX. Discursos e estratégias: o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e o Projeto Cataforte Erica Aparhyan Stella A partir de meados da década de 1980 os catadores se organizam para o trabalho coletivo, o que partiu do trabalho eclesial de base da Igreja Católica junto à população em situação de rua, na qual se incluía parte dos catadores (PEREIRA e TEIXEIRA, 2011). Desde a década de 1990, vem-se construindo a imagem dos catadores como trabalhadores capazes de se organizar coletivamente e como educadores e agentes ambientais, cientes de seu papel na sociedade e na proteção do meio ambiente. Baseados nessa imagem, os catadores conquistaram políticas públicas federais de geração de trabalho e têm construído as estratégias em torno do pagamento pelos serviços públicos ambientais e de limpeza urbana por eles prestados e em torno do seu direito à realização da coleta seletiva municipal. Em 2007, é formulada, no nível federal, a primeira fase do Projeto Cataforte, que respondendo às demandas dos MNCR, contribuiu para a organização interna dos empreendimentos de catadores. A partir de 2010, é implementada a segunda fase do Projeto, que passou a contar com um arcabouço legislativo – a Política Nacional de Resíduos Sólidos –, que defende o trabalho realizado historicamente pelos catadores de materiais recicláveis no Brasil. Por fim, a partir de 2013, é implementada a terceira fase do Projeto, que avança no sentido da articulação de redes de empreendimentos de catadores. É possível observar que as três fases do Cataforte estão fortemente associadas aos discursos e às estratégias do MNCR. Entretanto, é o próprio avanço dos catadores ao longo da cadeia produtiva da reciclagem – avanço esse que contou com o apoio das políticas públicas, das quais a principal é o Cataforte – que conduziu a modificações no discurso e na estratégia construídos a partir da identidade coletiva dos catadores enquanto trabalhadores organizados cooperativamente. A prática cotidiana dos catadores degenera à medida que os empreendimentos incorporam elementos da lógica de produção capitalista, a fim de sobreviverem nos campos da indústria da reciclagem e da prestação de serviços (GONÇALVES-DIAS, 2009). Nessa mesma trajetória, o discurso do MNCR, embora carregado da crítica à lógica de produção capitalista, deixa transparecer elementos provenientes dessa mesma lógica, a fim de associar à imagem dos empreendimentos de catadores elementos próprios do campo organizacional da indústria da reciclagem, firmando nele sua posição. Diseño de un plan de estudios: la creación de la diplomatura de posgrado en Historia Pública y Divulgación Social de la Historia en la Universidad Nacional de Quilmes (Argentina) Alejandra F. Rodriguez El trabajo da cuenta de las discusiones que se dieron y las decisiones que se tomaron en el Depar109


#publichistory2018 tamento de Ciencias Sociales de la Universidad Nacional de Quilmes, a propósito de la creación de una carrera de posgrado en Historia Pública y Divulgación Social de la Historia, cuya modalidad de dictado será a distancia y comenzará en 2019. Entendiendo que poner la historia a disposición de las grandes audiencias, difundirla, representarla, implica para el profesional de la historia y de otras ciencias sociales, participar del debate y de la gestión de proyectos colectivos y la necesaria construcción de un relato más amplio y comprensivo, este poster expone algunas de las características y objetivos de la carrera, recientemente creada así como algunos interrogantes que se dieron entre docentes, investigadores, y autoridades en torno a los contenidos y las formas que deberían adquirir los estudios de posgrado sobre este campo. En el poster se pretende dar cuenta de alguno de los antecedentes revisados, así como de la selección de contenidos y las decisiones sobre materias obligatorias y electivas y la articulación de estas con el grado y otros prosgrados. Se pretende exponer también algunas de las aristas del debate sobre el lugar que debería tener la teoría, y la práctica en esta formación, así como los criterios adoptados. Respecto a la organización del plan de estudios, el mismo está pensado a partir de cuatro (4) cursos trimestrales por un total de 160 horas. Organizado en cursos básicos de Historia pública: el ejercicio de la divulgación de la Historia. / Cultura material: museos, colecciones e institutos de conservación / Historia, edición y divulgación y los siguiente cursos electivos: Materiales educativos / Pantallas y narrativas digitales / La Historia en el Cine y la televisión/ Teorías de la comunicación audiovisual/Historia, política y debates contemporáneos. Eco periférico: uma democracia para chamar de nossa – histórias de participação social em São Miguel Paulista (zona leste de São Paulo) Andrelissa Teressa Ruiz, Marcelo Vilela de Almeida Apesar da democracia ter um caráter agregador e direcionar as atuações políticas brasileiras recentes, observa-se que o ideal nem sempre se traduz no real. Os governos mais democráticos tentam, de alguma forma, ampliar a participação social que, em geral, se dá apenas com a criação ou manutenção de conselhos e/ou com a realização de audiências públicas – que, por vezes, falham em oferecer devolutivas sobre sua efetividade e sobre o impacto na tomada de decisões. Verifica-se que, quando tais instâncias são institucionalizadas, falta clareza quanto aos encaminhamentos; e que, quando o espaço de participação é de iniciativa popular, a luta é tão árdua e demorada que tende a resultar em desmobilização. Tais dilemas parecem resultar em iniciativas utópicas e distantes da realidade, sobretudo nas periferias, onde a urgência da sobrevivência é mais forte que as motivações para a resistência à ordem vigente.Diante de tal cenário, surgem as perguntas orientadoras da pesquisa em andamento junto ao Programa de Mestrado em Mudança Social e Participação Política da Escola de Artes, Ciências e Humanidade da Universidade de São Paulo: o que leva as pessoas a se engajarem em espaços de participação social? Quem são os ocupantes desses espaços? Será que eles se sentem contemplados pela democracia? Os espaços legitimados pelo poder público (conselhos e audiências públicas) permitem que diferentes vozes sejam ouvidas; mas, o quanto essas vozes ecoam na concepção de políticas públicas? Farão parte desse estudo os(as) participantes das audiências públicas da Prefeitura Regional de São Miguel Paulista, assim como dos conselhos existentes no bairro, localizado na periferia da Zona Leste de São Paulo, que tem um histórico de participação por meio das Comunidades Eclesiais de Base (CEBS), de mutirões por moradia e de diversas organizações sociais ali instaladas. Também serão ouvidos os personagens de participação popular no bairro. Pretende-se conhecer tais atores e identificar seus estímulos ao engajamento, suas expectativas e perspectivas futuras.Estudar a participação social pela ótica destes sujeitos, por meio da história oral como recurso metodológico, pode trazer novos olhares sobre tal temática que permitam que esses espaços sejam mais plurais e que a participação se torne um ato intrínseco à vida na cidade. Espera-se apontar alternativas para que as vozes da periferia ecoem para além de um conselho ou de uma audiência pública e para além das barreiras territoriais. Ecos de uma produção ordinária: as apropriações do passado por leitores de jornais e internautas no Brasil e na Argentina nas matérias sobre Ditaduras Militares Sônia Meneses Nos últimos 40 anos, tanto a Argentina como o Brasil passaram por intensos debates em torno 110


#publichistory2018 da construção de suas memórias recentes, especialmente ligadas aos golpes militares nesses países. Guardadas as devidas distinções sociais e políticas, esse debate ganhou destaque em veículos de comunicação que assumiram um papel decisivo na dinamização dessas discussões e trouxeram para cena pública temas pujantes sobre o passado, foi o caso do Jornal Folha de São Paulo e La Nación. Nesta pesquisa os dois veículos nos servem como referências importantes sobre o papel dos meios de comunicação na condução de reflexões históricas no tempo presente e nos possibilitam pensar como a mídia periódica é capaz de lidar com o passado. Por outro lado, serão também, nossos rastros; a matéria fundamental sob a qual se assentará a pesquisa histórica. Com base no conceito de “Operação Midiográfica” desenvolvido em minha tese de doutorado pretendo alcançar nessa reflexão a última etapa de um processo que começa ainda na construção do acontecimento na cena pública em seu momento de efetivação. Dividi essa produção em dois momentos: a escritura e a inscrição de acontecimentos no tempo a partir dos meios de comunicação, entendendo essa última como a fase de ressignificação e apropriação do acontecimento emblemático em sua dimensão temporal, ou seja, no momento em que ele atinge o estatuto de evento monumentalizado, memorável. Por conseguinte, será dada maior atenção, na última etapa desse processo, ou seja, a apropriação, a leitura, o trabalho de caça e criatividade, já nos dizia Certeau, realizado pelo leitor em sua atuação sobre o texto, aqui compreendido de forma ampla. Desta maneira, iremos nos deparar com o mundo dos leitores. A partir da investigação do que é produzido por quem tem acesso às matérias dor jornais, seja através de cartas, ou escritos em redes sociais, vemos um novo arranjo de sentido, mas que ao mesmo tempo consegue dialogar com elementos presentes desde a produção das matérias e dos acontecimentos no tempo. Na medida em que as matérias sobre os golpes militares desencadeiam, tanto no Brasil, como na Argentina, componentes concor­dantes/discordantes, a cada novo círculo articula-se uma possibi­ lidade de constante leitura e interpretação. Educação e reciclagem: Histórias de professores e artistas. Alfredo Oscar Salum O presente trabalho procura refletir sobre arte e reciclagem e suas possíveis contribuições para a conscientização social dos alunos. Entrevistamos professores, artistas, e artesãos, para apontar suas experiências e a importância do diálogo entre diferentes atores sociais. As crianças aprendem no ensino fundamental que desde que o homem ao se constituir em sociedade, utilizou sua capacidade de trabalho para modificar a natureza. Posteriormente, compreendem que nos dois últimos séculos, o estágio de exploração dos recursos naturais tem aumentado vertiginosamente em função do desenvolvimento industrial e do consumismo desenfreado. Diversas entidades públicas, organizações sociais e intelectuais tem denunciado o esgotamento dos recursos naturais, o problema do lixo e do consumo excessivo. Nessa conjuntura a educação da sociedade é muito importante, seja em relação aos adultos por meio de campanhas nos meios de comunicação de massa, assim como dos jovens, com a incorporação de temas ligados à questão da sustentabilidade como conteúdo da educação básica e em diversos cursos do ensino superior. A formação dos jovens perpassa por diferentes competências e habilidades, que incluem não apenas o lado tecnológico e profissional, mas também o desenvolvimento social, convívio e respeito para com o outro. Dessa forma, oficinas e cursos sobre práticas sustentáveis, que englobem cozinha, artesanato, jardinagem, construção, reciclagem, saúde e separação do lixo, por exemplo, deveria fazer parte do currículo optativo das escolas. Nesse aspecto, entrevistamos artesãos que utilizam como matéria prima, lixo eletrônico e outros materiais recicláveis, como latas de conserva e malotes de correio. Também entrevistamos professores que desenvolvem trabalhos e feiras culturais tendo a reciclagem e sustentabilidade como temática. Apontamos a importância da criação de cursos itinerantes em toda rede com educadores e artistas, que discutam teoricamente as mazelas do consumismo e do desperdício, e que na prática, desenvolvam a sensibilidade artística dos alunos com trabalhos manuais, possam gerar frutos interessantes e contribuir para a formação global. Educação Histórica e a questão dos Direitos Humanos: experiências a partir de discussões virtuais João Carlos Escosteguy Filho

111


#publichistory2018 Esta comunicação busca apresentar algumas considerações sobre pesquisa em desenvolvimento no campus Pinheiral do IFRJ. A pesquisa objetiva articular a temática dos Direitos Humanos às discussões sobre o desenvolvimento de uma Educação Histórica a partir das concepções de Jörn Rusen (2001), isto é, de um Ensino de História que privilegie uma conexão entre a reflexão epistemológica acerca dos fundamentos da disciplina ao uso da História para a vida humana prática. A partir dessa concepção inicial, procuramos analisar algumas das várias formas pelas quais diferentes abordagens históricas e conceituais sobre os Direitos Humanos ganham vida nas redes sociais, analisando-as à luz das discussões acerca do papel da História Pública na produção contemporânea de sentidos para o passado. Educação Histórica, História Pública e Direitos Humanos articulam-se, assim, na pesquisa ora apresentada. Tencionamos pesquisar os usos feitos dessa expressão e os modos como o passado e o presente são transformados em argumentos em debates e situações de discussão política no Brasil atual, tendo como foco principal os usos em redes sociais. Em outras palavras, nosso objetivo central é partir dos modos pelos quais a expressão “Direitos Humanos” e seus elementos componentes têm sido utilizados nessas discussões virtuais do Facebook, em páginas identificadas como “de esquerda” e “de direita”, para, a partir de uma reconstituição dos Direitos Humanos em sua historicidade, buscar a crítica de fundo histórico a essas compreensões. Entender as formas pelas quais a História é utilizada nessas discussões permite uma reflexão sobre o papel do próprio conhecimento histórico e do Ensino de História nessa dimensão, bem como o papel da História Pública na construção de certos tipos de narrativa. A questão dos usos conceituais e do alcance das contextualizações para abordagem da questão dos direitos humanos também serão ressaltados. Ao final, esperamos que as formas possíveis de tratamento histórico dos Direitos Humanos nessas discussões do presente favoreçam novos olhares sobre o passado, resultando na ampliação dos modos pelos quais a História pode ser ensinada e aprendida – e de que forma pode nos auxiliar na formulação de concepções de mundo que sirvam de orientação prática no presente. Educação socioambiental, história oral e formação docente: A construção de um projeto de ensino com pescadores artesanais Juniele Rabelo de Almeida, Ademas Pereira da Costa Junior O objetivo da proposta é refletir sobre a construção de um projeto de ensino no entrecruzamento das dimensões metodológicas do trabalho com educação socioambiental e história oral na formação docente. Ações de iniciação à docência em História podem integrar saberes escolares e comunitários – contribuindo na formação de professores em nível superior e visando a melhoria da qualidade da educação básica pública. O escopo do conteúdo que será tratado no capítulo percorre a elaboração de ações educativas relacionadas à formação de licenciandos da área de História e alunos da educação básica em projetos de história oral (construção de roteiros, gravação de entrevistas e criação de acervos - história oral temática com pescadores artesanais de Itaipu – Niterói/RJ). Busca-se oportunidade para criação de ações educacionais preocupadas com as dimensões da educação socioambiental - contribuindo para o ensino de graduação em história e para prática docente na educação básica. Egyptian Museums and their Challenges: Mallawi Museum Minya, Egypt Heba Abd Elsalam Currently, museums face many challenges all over the world such as financial problems, how to engage with the community, and how to stay relevant. However, museums in some parts of the world have more difficulties than others, and they are at a higher risk for damage and destruction. For example, in Egypt museums have experienced various types of threats such as looting, bombing, and destruction. In 2013, the Mallawi Museum in Minya was stormed and its artifacts were destroyed. In 2014 the Museum of Islamic Art was bombed, and in 2018 the Agricultural Museum was robbed, and many artifacts were taken. It is essential to understand the reasons for these activities against the museums in Egypt and to find effective solutions to prevent them. A case study from the Mallawi Museum will demonstrate the best practices for preserving museums in Egypt.

112


#publichistory2018 Em busca da diversidade religiosa: interfaces entre oralidades e história pública na Amazônia Diego Omar da Silveira Embora tenham crescido e se pulverizado nos últimos anos, os estudos sobre religiões e religiosidades na Amazônia ainda são poucos e insuficientes para contornar as clássicas leituras que impõem a imagem de um território católico, ainda que sincrético. A interiorização das universidades públicas, aliada à pluralização do campo religioso e à sistematização de projetos coletivos de pesquisa, têm aberto, no entanto, possibilidades de desvelar com maior clareza os processos de formação religiosa na região Norte do país, bem como uma vibrante diversidade religiosa, muitas vezes encoberta pela frieza dos dados estatísticos. A presente comunicação apresenta os esforços recentes de construir, na região do médio-baixo Amazonas, um atlas da diversidade religiosa, cruzando diferentes fontes e metodologias de pesquisa. Durante a pesquisa foi-se evidenciando a riqueza dos depoimentos captados em áudio e vídeo, a necessidade de se preservar o acervo documental que estamos constituindo e a necessidade de refletir (por meio das várias discussões suscitadas pela História Pública) sobre as muitas possibilidades de estabelecer novas pontes de diálogo com a sociedade local, através de suportes e linguagens menos restritas ao público acadêmico e que circulem também em espaços sociais mais próximos dos sujeitos da pesquisa, tendo em vista sobretudo o combate aos preconceitos e à intolerâncias religiosas das quais alguns grupos (ou indivíduos) permanecem sendo alvos. Encontros na obra de Fayga Ostrower: Tecidos estampados e gravura artística Vanessa Cristina Cavalcanti de Mendonça Esta comunicação tem como objeto de estudo a criação de padrões para estampagem em tecido, de Fayga Ostrower, entre os anos de 1952 a 1967, no Rio de Janeiro, assim como suas relações com o design, moda e cultura, nas referidas décadas. Essa fase da criação de Fayga Ostrower durou quase 15 anos e produziu mais de 500 padrões de tecidos, dos quais 179 estão catalogados no Instituto Fayga Ostrower, no Rio de Janeiro. Fayga participou juntamente com outros artistas das coleções de moda que utilizavam “tecidos de artistas” para alavancar a identidade nacional pelo mundo a fora, na década de 1960. Esse projeto foi patrocinado e executado pela multinacional Rhodia, que produziu os “desfiles shows” no Brasil e no exterior. Trata-se também das relações entre os diversos suportes de criação da artista e os ruídos que causam entre si. E de como esse fazer artístico simultâneo em várias matérias constituiu a obra da artista múltipla Fayga Ostrower. Uma pesquisa que é inédita no campo da arte visual e que proporciona um panorama artístico e cultural importante das décadas de 1950 e 1960 no Brasil. Engaging Public History with History of Science: citizenry’s responsibility Barbara Silva History of science is a well-known dimension of historical knowledge, and has a solid place in historiography. With current environmental and technological challenges, history of science has reached a new appeal, and has grown as field of research. This paper proposes how Public History can be an approach to bringing together history of science and outreach in science. Currently, civic responsibility implies connecting with environmental concerns for the future, but in order to build that connection, the historical understanding of how societies have related with science, technology, innovation, among others, can have an enormous potential. This paper presents some initiatives on solar eclipses in Chile, as an opening to promote history of science and environmental responsibility, with Public History methods. Therefore, discussing how to integrate scientific outreach with history faces us with novel ways to promote Public History, and to enhance citizen’s commitment with environment. Ensaiando memórias: Julián Fuks e sua(s) resistência(s) Rafael Gurgel Almeida, Mônica de Menezes Santos Inscrevendo-se no lugar do inespecífico, a literatura contemporânea inscreve-se, também, na indefi-

113


#publichistory2018 nição entre realidade e ficção. Deste modo, algumas obras suspendem essa aproximação à potência crítica do texto, sobretudo no que diz respeito a “questões existenciais ou conflitos sociais que habitam esse outro espaço” (GARRAMUÑO, 2014, p. 22). A crise a respeito de como apreender o “Real”, portanto, confunde-se com a produção de memória tanto coletiva quanto individual. No romance “A resistência”, de Julián Fuks, um narrador investe sentido sobre o passado na tentativa de compreender o isolamento silencioso de seu irmão mais velho – adotado quando seus pais ainda estavam na Argentina, antes de abandonar uma ditadura para instalar-se em outra, no Brasil. Ao esboçar o irmão possível, o protagonista produz uma memória íntima, que conta de cisões cotidianas e familiares, mas também se cruza com a memória do passado nefasto de duas nações vizinhas. Revisando bibliografia como “Frutos estranhos”, de Florencia Garramuño, e “Aqui América Latina”, de Josefina Ludmer, este trabalho tenciona responder como a crise que se apresenta no campo literário mobiliza e rasura o “Real” para servir, também, de monumento a uma época, ou seja, produzir História. Neste sentido, como o procedimento de escritura de Julián Fuks, formado por anotações ensaísticas, aproxima privado e público para, além de reconstruir a cartografia de sentimentos de uma família, tornar presentes duas ditaduras? Os trânsitos entre História e Teoria da Literatura, por conseguinte, são a clave para a produção deste trabalho. Ensinando e aprendendo História: uma experiência com a História Pública no Município de São Gonçalo Hosana do Nascimento Ramôa O presente trabalho é parte de uma pesquisa de mestrado ainda em desenvolvimento, intitulada “Produção de Presença e Produção de Sentido nas aulas de História (Tempo, formação e saberes no trabalho docente)”. Investigando o Ensino de História e as práticas desenvolvidas na atuação docente que possibilitam a produção de presença, pretendemos abordar neste texto a experiência em acompanhar um professor que realiza um trabalho na Cidade de São Gonçalo, RJ, onde ele oferece cursos livres, idealizados pelo mesmo e apoiados pela prefeitura do Município, voltados para o estudo da História, como “Historiando Civilizações Antigas”, “Historiando Igrejas Antigas do Rio de Janeiro” e “Historiando as Artes”, sendo este último, o curso que estivemos acompanhando. Nosso referencial primordial é a compreensão da Produção de Presença de acordo com Hans Ulrich Gumbrecht, que a relaciona com a materialidade dos corpos, dos objetos e do mundo. A presença está ligada a uma ânsia pela presentificação de um passado, o qual não se pode mais cheirar, ouvir nem tocar, em resposta ao mundo cartesiano e historicamente específico em que vivemos, baseado na produção de sentido. Dessa forma, esse anseio de presentificação pode ser traduzido em momentos específicos de intensidade que possuem a capacidade de exercer um apelo sobre nós e elevar o que sentimos, através das faculdades gerais, cognitivas, emocionais ou físicas. Mediante esse entendimento, traçaremos uma narrativa das aulas, que são ministradas a uma turma bastante heterogênea, partindo do entrecruzamento entre História Pública e o Ensino de História para pensar as possibilidades e potencialidades na relação entre esses campos. Tendo como base a perspectiva defendida por Juniele Almeida e Marta Rovai de que a História Pública é um campo diverso e sofisticado, que permite a relação entre passado e presente e a reflexão da comunidade sobre sua história e considerando que os sujeitos inseridos no contexto do curso formam sentidos e consciências sobre a temporalidade em que vivem, o passado e seu lugar nesse meio através do estudo que fazem das pinturas, imagens de esculturas, arquitetura, cerâmica e outros objetos, temos como objetivo compreender de que forma os saberes mobilizados pelo professor, em um ambiente que não é o escolar propriamente, proporciona o desenrolar de fenômenos que tocam e marcam, produzindo presença e como essa maneira de aprender História pode se apresentar como uma experiência com História Pública. Ensinar e aprender por meio dos bens culturais de natureza material e imaterial: pesquisa e produção de materiais de memória de Ibirité Luisa Teixeira Adrade Pinho Este trabalho, desenvolvido no Centro de Pesquisa da UEMG, Unidade Ibirité, teve como objetivo investigar os bens culturais de natureza material e imaterial de Ibirité a partir de pesquisa de campo, História oral e pesquisa documental e construir um inventário desses bens a partir de uma pers114


#publichistory2018 pectiva ampliada de patrimônio. Para tanto, levantamos os bens tombados pelo poder publico do município de Ibirité, seguida de uma seguida de uma análise da natureza dos bens que foram considerados relevantes para tombamento. Fizemos pesquisa documental nos arquivos e hemerotecas disponíveis, e pesquisa de campo nas regiões centrais da cidade – praças públicas, centros comerciais, parques – identificando praticas culturais, sociabilidades, ofícios, comeres que conformam o dia-a-dia dos sujeitos sociais de Ibirité. Além disso, selecionamos moradores antigos da cidade e produzimos entrevistas a partir dos paradigmas da História Oral (Amado e Ferreira, 2006). Ancoramos nossas análises em estudos desenvolvidos por autores que publicaram trabalhos que, direta ou indiretamente, problematiza[ra]m o estudo das práticas educativas de memória e de patrimônio na perspectiva da História local: Mario Chagas, Marta Abreu, Francisco Regis Ramos; Júnia Sales Pereira, Lana Mara Siman. O convite desse trabalho foi pensar na dimensão simbólica desses sítios de pedra e cal para os sujeitos sociais e a memória local de Ibirité, além de dar voz a outros patrimônios, muitas vezes invisíveis, que conformam o cotidiano e as práticas culturais das “gentes” de Ibirité como os “costumes”, os “saberes”, os “sabores”. Essa pratica favorece o fortalecimento dos laços de pertencimento e das identidades locais na contramão dos processos homogeneizantes que padronizam pessoas, costumes, praticas, saberes. Este trabalho terá como desdobramento a construção de materiais de memoria para subsidiar a elaboração de materiais didáticos para o ensino do patrimônio e da história local de Ibirité. Ensino de História de matrizes africanas e indígenas: práticas de uma escola de Educação Infantil Simone dos Santos Pereira As diferentes instituições produzem e reproduzem discursos sobre a História subjetivando todo e qualquer sujeito. Na maioria das vezes esses discursos são hegemônicos, classificando e hierarquizando pessoas, ideias e processos, provocando diversos níveis de desigualdade. Qual é a História do Brasil ensinada atualmente nas escolas da Educação Básica? Esse currículo (re)produz classificações e desigualdades? As Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 foram criadas de modo a garantir o ensino da história e da cultura dos grupos étnicos que constituíram a formação da população brasileira. Os povos africanos e os povos indígenas foram, por muito tempo, retratados a partir de um discurso oficial eurocêntrico, em que eram caracterizados como selvagens, malandros, incultos, etc, produzindo inferiorizações e exclusões em diversos níveis. Uma escola de Educação Infantil na periferia da cidade de São Paulo tem trabalhado, nos últimos anos, focando o ensino das matrizes africanas e indígenas, de forma a (re)pensar a História Pública na sociedade. A proposta das educadoras dessa escola é (re)significar positiva e equitativamente todos os tipos de corpos, de ser e de estar na história do Brasil. Por meio de uma etnografia, com observação participante, ao longo do ano de 2017 acompanhamos diferentes práticas de ensino de História, que incluem: literatura infantil, desenhos animados, músicas, artes, degustação de comida, apresentação de vestimentas e moradias, visitas a museus e aldeias indígenas, rodas de conversas com nativas e nativos do continente africano e povos indígenas brasileiros, entre outras. Apresentaremos, nesta comunicação, (re)escritas e (re)leituras das culturas e das histórias dos povos africanos, afro-brasileiros e indígenas e algumas das apropriações realizadas pelos sujeitos dessa comunidade escolar. Concluímos que é urgente a discussão e a (re)significação da história ora ocultada, ora narrada sob um ponto de vista único, valorizando todos os povos e culturas que fizeram parte da formação do país para promover, no presente e no futuro, uma sociedade menos desigual. Ensino de história e formação docente: A travessia João Victor da Fonseca Oliveira, Laura Jamal Caixeta, Isabela Lemos Coelho Ribeiro A preocupação relativa com historiadores e seus públicos despontam na discussão recente como um problema não apenas do conhecimento histórico, mas encarado em sua dimensão social: os usos públicos da história. O diálogo entre Educação Básica e Universidade implica uma travessia, através de um exercício que aqui propomos pensar: de que forma um grupo de pesquisa em ensino de história media as preocupações do ensino de história como história pública? Nesse sentido, a questão proposta amplia reflexões acerca não só da preocupação dos historiadores e professores de história com seus lugares na vida pública, mas da tendência de fortalecermos os exercícios de 115


#publichistory2018 reflexão no âmbito da história como disciplina. Assim, a consciência da historicidade da escrita da história permite que reflitamos sobre as implicações públicas dessa profissão. A partir dos usos do passado, também mobilizados na prática docente, o gesto historiográfico pode assim ser encarado como um gesto político. Os riscos e as possibilidades ensejados nos reúnem em torno da pergunta, que é ao mesmo tempo um esforço de reflexão: para que serve a história? De que forma a história é usada? Quais são seus públicos? É no intento dessa significação que nos propomos a pensar aquilo que concerne ao nosso interesse mais imediato: Como a história tem sido ensinada? A que se propõe quando é mobilizada? Essas reflexões têm sido o mote de um projeto coletivo, sobre o qual se refere o presente trabalho, voltado à prática e à reflexão sobre as diferentes relações entre história e público, tematizando uma de suas interfaces: o ensino de história. Pensamos como grupo discente e docente as novas linguagens e abordagens, e os recursos na produção historiográfica, bem como as formas pelas quais o conhecimento histórico é mobilizado nas salas de aula. Nesse sentido, objetivando propiciar um ambiente de formação acadêmica e profissional, o “Travessia” - grupo de estudos e pesquisa em ensino de História, busca, através de reuniões colaborativas, projetos de extensão, como elaboração de oficinas destinadas a professores da educação básica e alunos de Licenciatura em História e oficinas com alunos da educação básica e seminários com o público, constituir-se como campo de experimentação e aprendizagem para os estudantes e professores que nele atuam, promovendo uma travessia de saberes e práticas. Desse modo, a realização desses encontros alia as preocupações basilares da Universidade pública às demandas da comunidade social. Ensino de história e relações de pertencimentos nacionais de jovens sergipanos Crislane Dias Santana, Marizete Lucini Esta comunicação objetiva apresentar uma análise de 27 narrativas produzidas por jovens sergipanos na faixa etária de 12 anos sobre os seus pertencimentos nacionais, considerando o Ensino de História como a referência que sustenta o narrado. A proposta de investigar tais narrativas sobre pertencimentos vincula-se a uma pesquisa também desenvolvida em outras instituições nacionais (UFRGS, UEPG, UFS e o IFG), denominada “O país e o mundo em poucas palavras: narrativas de jovens sobre seus pertencimentos - implicações para o ensino de história”. Ao considerarmos que as narrativas sobre os pertencimentos nacionais estão permeadas por saberes que circulam socialmente e participam dos processos de ensinar e aprender história, nos interessa saber quais são os conhecimentos históricos sobre o Brasil narrados por jovens sergipanos com 12 anos de idade e quais são as justificativas históricas referenciadas por eles ao narrarem o processo de construção da democracia. Na perspectiva metodológica nos orientamos pelos pressupostos da fenomenologia-hermenêutica. Como instrumentos de pesquisa priorizamos a aplicação de questionário com questões abertas. A análise é desenvolvida a partir de alguns autores do campo da Didática da História como Rüsen (2006), Cerri (2010); da identidade e identidade nacional com Woodward (2004) e Zamboni (2003) e democracia a partir de Kalina Silva e Maciel Silva (2009). Nesse texto, as reflexões incidirão sobre uma parte dos dados coletados com os jovens do Colégio de Aplicação (CODAP), localizado dentro do campus da Universidade Federal de Sergipe. Para tanto, selecionamos as palavras/expressões mais citadas nas narrativas elaboradas para responder as questões da pesquisa como critério para a definição de eixos de análise. Os resultados preliminares nos possibilitam refletir que apesar dos alunos não externarem os conceitos de determinadas palavras/expressões, eles relacionam acontecimentos do passado com o presente, de modo não linear e evidenciam também saberes que circulam socialmente em relação a alguns conhecimentos históricos. Ensino de História, Empatia Histórica e Biografia: escrita de vida de desaparecidos políticos da Ditadura Civil-Militar brasileira. Fernando de Lima Nunes, Caroline Pacievitch Ensinar história da Ditadura Civil-Militar Brasileira a partir da construção de biografias historiográficas de mortos e desaparecidos é o ponto inicial da pesquisa que embasa a presente comunicação. A problemática da investigação é que conhecimentos e sensibilidades os estudantes da educação básica mobilizam ao aprender sobre a Ditadura Civil-Militar no Brasil através de exercícios biográficos? O referencial teórico-metodológico passa pelo conceito de empatia histórica (Peter Lee), concepções 116


#publichistory2018 de ensino de história da Ditadura Civil-Militar (Caroline Bauer) e biografias históricas (Benito Schmidt). O trabalho dialoga com a História Pública pois preocupa-se com narrativas históricas que, de um lado, são produzidas em outras instâncias e atravessam as salas de aula (como as biografias históricas) e, de outro lado, são reconstruídas pelas/os estudantes. A atividade fonte de análise para essa pesquisa aconteceu da seguinte forma: os estudantes (3o ano do Ensino Médio), organizados em grupos, receberam um conjunto de cópias de documentos de personagens mortos ou desaparecidos pela Ditadura Civil-Militar brasileira, acompanhados de fichas para sua análise interna e trechos de textos biográficos do personagem correspondente. Em paralelo, conceitos de Terrorismo de Estado e de Preso/a Político/a foram apresentados à turma. Com esse material e pensando nos estudantes como produtores de conhecimento histórico, foi deles, junto com o professor, a tarefa de construir novas biografias de mortos e desaparecidos ligados à resistência ao regime militar no Brasil. Para análise, relacionamos o processo de produção de conhecimentos dessas/es estudantes à construção das memórias individual, coletiva e pública, o que remete à Empatia Histórica, por ser entendida como uma habilidade de perceber e compreender como as escolhas individuais das pessoas do passado estão intimamente ligadas às possibilidades daquela época. Os resultados parciais indicam que a aprendizagem histórica está presente não apenas na atividade final entregue pelos estudantes, mas em todo o processo de realização da mesma, pois muitas vezes os debates, reflexões, questionamentos parciais apresentam construção do conhecimento histórico que não apareceram no texto formal entregue ao professor. Tal fato conduziu a diversas reflexões do ponto de vista teórico-metodológico, mas também à metodologia de ensino e à formação docente. Entraves na disseminação do conhecimento histórico para amplas audiências: uma experiência na Wikipédia Danielly Campos Dias Em um cotidiano repleto de novos saberes, informações contínuas e uma infinidade de tecnologias digitais, surge o Projeto de extensão “Reformulação e construção de verbetes da Wikipédia na área de Teoria da História”, dirigido pela Profª. Dra. Flávia Florentino Varella e o Profº. Dr. Rodrigo Bragio Bonaldo na Universidade Federal de Santa Catarina, que visa, entre outros objetivos, disseminar o conhecimento histórico a diversos públicos, de forma acessível, didática e confiável, além de incentivar os estudos na área de Teoria da História por meio da reconstrução de verbetes na plataforma wiki. Enquanto bolsista deste projeto, experienciei parte da administração e monitoramento da atividade dos editores voluntários envolvidos com a reformulação de verbetes da Wikipédia. A partir disso, notei que algumas dificuldades específicas no cumprimento dos objetivos do projeto, colocados acima, principalmente no que se refere ao distanciamento dos editores voluntários da linguagem comum às produções acadêmicas, dificultaram a aproximação com os vários tipos de sujeitos e linguagens que se colocam à disposição para o aprendizado. Nessa perspectiva, o desafio constante em se adotar uma forma de escrita simplificada, uma explicação didática de determinados conceitos ou na própria síntese do conhecimento historiográfico, torna visível a discussão sobre os vícios e barreiras que estão inseridos na transitoriedade do conhecimento, ou seja, os tensionamentos que se estabelecem entre produção, divulgação e recepção do saber pelos diferentes sujeitos que praticam tais ações. Pode-se, então, questionar, para quê ou para quem a história vem sendo escrita e, acima de tudo, lembrar a funcionalidade das plataformas digitais na disseminação do conhecimento histórico. A tecnologia e o mundo digital, características que constituem a essência da atualidade, entre outros aspectos, podem incorporar de forma significativa os diversos saberes, suas particularidades, origem e consequências. Portanto, é somente ao elencar as dificuldades de um processo que se verá a forma ideal de contorná-las, acreditando que a história deve poder ser ensinada tanto aos doutores quanto aos leigos, de forma prática, clara e verdadeira. Entre dois mundos Syrléa Marques Pereira Entre dois Mundos, Memórias e Histórias de Vida de Imigrantes no Rio de Janeiro, foi a exposição audiovisual que finalizou o meu pós-doutoramento em História na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sua criação contou com a participação de 11 alunos(as) dos cursos de História, 117


#publichistory2018 Ciências Sociais, Relações Internacionais e Arquivologia da referida Universidade e da UNIRIO; além de uma fotógrafa e de um designer; tendo sido montada na Galeria de Arte Gustavo Schnoor, da UERJ, entre os dias 10 de março e 2 de abril de 2015. Seu propósito foi revelar quais imagens e olhares do fenômeno migratório são construídos por italianos, portugueses e espanhóis e seus descendentes; observando as áreas de partida, o momento do deslocamento e a instalação na cidade do Rio de Janeiro, em meados do século XX. Utilizando como metodologia a História Oral, pois são as fontes orais que permitem reconstruir trajetórias de vida, identidades e “eventos”, foram realizadas entrevistas com 20 imigrantes que residem no Rio de Janeiro e em Niterói. Foram recolhidos documentos pessoais e fotografias de família para reprodução, além de antigos objetos do mundo do trabalho, sob empréstimo. Atualizando os fluxos migratórios, foi produzido um curta-metragem sobre a presença de imigrantes de outras nacionalidades no Rio de Janeiro. As lembranças e as canções existentes em suas memórias e as histórias de vida narradas pelos(as) imigrantes, unidas às fotografias e aos objetos, permitiram reconstruir caminhos migratórios, experiências vividas, sentimentos, expectativas e frustrações que, ao final, constituíram uma narrativa audiovisual em três momentos: Do lado de lá, Do lado de cá e Entre dois mundos. Este último momento emergiu como uma metáfora do sentimento dos(as) imigrantes: o viver entre a aldeia natal e a terra que os(as) recebeu. Assim, inicialmente, o que parecia ser um sentimento condividido somente entre os(as) entrevistados(as), mostrou-se uma vivência compartilhada por muitas outras pessoas, pois a mostra recebeu 749 visitantes em apenas 17 dias. Entre Gatos e Bruxas: considerações sobre a periodização e a ambivalência do “medieval”. Luiz Felipe Anchieta Guerra A Idade Média é um fantasma irrequieto, sempre vivo nas mais diversas representações — do Senhor dos Anéis e Game of Thrones aos muitos documentários da televisão a cabo; do britânico que, em 2011, caminhou de Worthing (em Sussex) até o Palácio de Buckingham para comparecer ao casamento régio vestindo um conjunto completo de armadura, espada e escudo, até a constante presença da figura de Carlos Magno na literatura de cordel do Nordeste brasileiro — o medievo é algo constantemente presente, mesmo quando não nos damos conta disso. Para se refereir a isso cunhou-se o conceito de medievalismo. Diferentemente dos estudos medievais, o campo dos “estudos do medievalismo” (medievalism studies) se encarrega do “estudo das respostas à Idade Média em todos os períodos desde que a ideia de medieval começou a se desenvolver”, como aponta Thomas Alan Shippey. É importante ressaltar que o estudo dos medievalismos não consiste em apontar ou combater estereótipos sobre o período, mas sim em constatar e tentar compreender melhor a presença que a cultura medieval ainda exerce nos dias de hoje, e também como essa cultura não se trata, muitas vezes de uma construção a posteriori. Esse trabalho pretende analisar as “versões históricas” sobre a Idade Média que afirmam que o papa e a inquisição perseguiram os gatos e que isso teria resultado na peste negra. Para isso serão utilizadas publicações recentes (2017) de revistas que se auto intitulam de “divulgação científica” e também artigos e “memes” de portais de notícias virtuais. O objetivo aqui é delimitar a construção discursiva feita para se tratar do período, seus conceitos e escolhas narrativas, bem como discutir a plausibilidade dessas “versões”. Por fim busca-se discutir como a Idade Média tem uma presença cada vez mais impactante, através das mídias, e como ela se apresenta de forma ambivalente para a nossa sociedade, sendo o lugar de tudo aquilo que é terrível (a peste, a guerra e a perseguição), mas também de tudo aquilo que é fantástico (a magia, a pureza e honra). Entre páginas: A moda feminina na revista “O Cruzeiro” nas décadas de 1950 e 1960 Luciano Alves da Silva Junior, Cleyton Antônio da Costa O presente estudo em andamento, financiado pelo PIBIC/Univás (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica), visa discutir acerca da moda feminina, na busca de compreender as influencias nas décadas de 1950 e 1960. Trazendo novos olhares para a mulher neste recorte temporal. Metodologicamente trabalharemos com as edições da Revista “O Cruzeiro”, buscaremos reunir o número de 15 revistas que teve circulação nacional. E partir daí selecionar as imagens que trazem a questão da moda feminina. E com esse corpus elencar as perspectivas ligada à moda, posturas e valores. Analisando a moda como mecanismo de divulgação de novas ideias e posturas, juntamente 118


#publichistory2018 com a literatura, ocasionado a construção de outras possibilidades até então vividas pelas mulheres. Trazer a possibilidade de discutir os contextos sociais e culturais, juntamente com os papéis acionados evidenciando projeções, críticas, valores sociais, entre outras. Entendemos as revistas como um mecanismo que propicia a formulação de novos olhares, pois como força que interage de maneira direta no cotidiano dos sujeitos sociais, focando na produção de hegemonia, ou seja, a imprensa apresenta os valores diante dos interesses negociados. Busca-se compreender diante a “consagrada” e tão legitimada Moda, que molda a maneira da qual o sujeito deve se vestir, e claro cada um com seus gostos pessoais, porém dentro daquilo que está sendo imposto naquele momento, de certa maneira modela também seus modos de agir, justamente, pela moda que ali vai desenvolvendo, criando e estabelecendo conceitos e tendências. Entrevistas audiovisuais como auxiliadora na formação da memória da ditadura civilmilitar na Universidade Federal do Pará e a democratização do seu domínio Gabrielle Cristine Bezerra Leitão O presente trabalho abordará a relação entre História Oral, História Pública e História Digital através da utilização das entrevistas audiovisuais produzidas pelo projeto “Os Anos de Chumbo e a UFPA: memórias, silêncios e traumas” propondo por meio delas a democratização do saber e fazer história ao inseri-las numa plataforma online sob domínio público. Tal proposta parte do Acervo produzido pela Comissão da Verdade “César Moraes Leite”, da Universidade Federal do Pará, coordenada pela professora doutora Edilza Joana Oliveira Fontes, que tem por objetivo investigar e localizar os processos de quebra dos direitos humanos e constrangimentos, ocorridos no período entre 1946 a 1985, para contribuir aos debates de Verdade, Memória, Justiça e Reparação, base da Comissão Nacional da Verdade. A documentação produzida por esse projeto abrange os jornais A Província do Pará, Folha do Norte e O Liberal, também a documentação recolhida do Serviço Nacional de Informações (SNI), as fotografias disponibilizadas pela Biblioteca Central da UFPA e pelo Museu da UFPA, a documentação obtida nos anais e atas da Assembleia Legislativa do Pará, as atas do Conselho interno da Universidade e, por fim, as 48 entrevistas audiovisuais feitas com professores, técnicos administrativos e ex-alunos da UFPA que sofreram direta ou indiretamente as ações repressivas da ditadura civil-militar. Esse acervo será todo disponibilizado em plataforma online, contribuindo para a maior utilização da História Digital e, assim, facilitar a democratização das fontes de uma história recente do Brasil, contribuindo com a formação da memória desse período. O objetivo do trabalho, por tanto, é utilizar as 48 entrevistas audiovisuais do acervo referido, como História Oral, proporcionando uma profunda reflexão sobre métodos, procedimentos e documentos ligados as questões de verdade, memória, justiça e reparação, das Comissões da Verdade no Brasil, pois permite que os sujeitos entrevistados colaborem do ponto de vista subjetivo e único para a construção de uma memória sensitiva da ditadura civil-militar na Universidade Federal do Pará. As pessoas entrevistadas dão oportunidade de conhecer o retrato da época e sua participação particular nas lutas contra a repressão. É exatamente a proposta de entender a História Oral como contribuinte para a formação da memória recente e diretamente ligada a História Pública ao trabalhar os meios facilitadores de alcance do grande público através das mídias digitais. Escrevivências Históricas; A Obra De Carolina Maria De Jesus Como Resistência Epistemológica. Milena Gabriel Nunes A “escrevivência”, termo popularizado pela pesquisadora Conceição Evaristo, apresenta-se sem a pretensão de se tornar conceito, tal qual obras oriundas de espaços e lugares de fala não-hegemônicos, que nascem da necessidade de ser – como sujeitos históricos – a partir da escrita de si. Nesse sentido, essa pesquisa visa compreender os escritos de Carolina Maria de Jesus como fonte de pesquisa histórica buscando correlacionar a literatura testemunhal aos estudos sobre a escrita da história. Propõe-se analisar o resgate de memórias proposto por Carolina como movimento de resistência ao silenciamento histórico das memórias dos sujeitos subalternizados, resistência essa que passa a preencher os vazios que foram tradicionalmente esquecidos ou ocupados por aqueles que, institucionalmente, detém o poder da palavra. Através dessa denúncia em tom de poesia, Carolina 119


#publichistory2018 ocupa seus espaços de memória compreendendo toda a expressão de uma coletividade silenciada. Sendo assim produtora dos próprios conhecimentos, Carolina Maria, a partir de suas obras, revisa a história do brasil de forma a perceber e se enxergar dentro dos processos de continuidades que perpassam pela mesma. Compreendendo fragmentos do passado e percepções do presente correlaciona ambos os espaços de tempo a partir de reflexões sobre a fome; se no passado houvera fome de liberdade, em seu presente a fome se apresenta de forma literal, fome alimentar. A obra de Carolina Maria de Jesus apresenta-se então como essencial à compreensão de processos que constituíram a construção do Brasil enquanto república, afirmando seu local de fala e legitimando a produção de suas epistemologias. Estágio de Oficina: O ensino da história africana e afro-brasileira em espaço não formal Afonso Rangel Luz, Rosivaldo Oliveira Paixão A presente oficina foi fruto do componente curricular “Estágio de Oficina”, no VI semestre do curso de História. Sendo assim, a proposta foi realizada com a temática que viesse a atender uma demanda do local a ser realizada. Por tal motivação, a temática das relações étnico-raciais, com destaque para o combate ao racismo, foi colocado como pauta, nesse sentido, o público alvo a quem foi destinado foram crianças e adolescentes com a faixa etária entre 10 e 12 anos, pertencentes ao 4º ano do Ensino Fundamental (antiga 3ª série), e residentes no bairro São Benedito na cidade de Santo Antônio de Jesus – Bahia. O período de duração da oficina foi de 20 horas, sendo dividida em cinco encontros de 4 horas, na Escola Municipalizada Isaías Alves, em parceria com o CRAS Nazareth Assis. No que tange a abordagem temática os dois primeiros encontros refletiram o processo de colonização da África e o surgimento da diáspora africana. No terceiro, o recorte temático foi sobre as diversas formas de racismos – com destaque para o racismo religioso, já que as religiões de matrizes africanas, ainda hoje, sofrem diversas formas de discriminações. A partir do quarto encontro, foram abordadas várias questões de combate ao racismo, principalmente, políticas públicas a nível do estado da Bahia, bem como focando na Lei n. 10.639/2003 que versa sobre a obrigatoriedade do ensino da História da África nas escolas. Por fim, a partir das discussões levantadas nos encontros foi elaborado um painel com o tema; combate ao racismo, além da construção de ilustrações a respeito das temáticas abordadas. Este Castelo será meu: o consumo infantil como produtor de significados e definidor de identidades na sociedade contemporânea Lara Chaud Palacios Marin O objetivo desse trabalho é investigar as relações estabelecidas entre a veiculação mercadológica de produtos criados a partir do programa televisivo Castelo Rá-Tim-Bum – produzido pela TV Cultura entre 1994 e 1997 e reprisado até os dias de hoje – e o consumo infantil, bem como as representações e os usos feitos desses produtos pelos espectadores do programa. O resultado é uma reflexão sobre as impressões desses espectadores a respeito dos objetos culturais para compreender de que maneira eles se relacionavam com tais produtos e com o próprio programa. Para isso, esta pesquisa entrevistou sete pessoas: quatro consumidoras de seus produtos e três apenas espectadoras do programa televisivo em questão. Por meio das representações dos entrevistados a respeito do Castelo Rá-Tim-Bum e dos usos feitos dos produtos criados a partir dele, examinou-se de que maneira isso se relaciona com as identidades coletivas infantis (STEINBERG e KINCHELOE, 2004) e com a cultura material (MILLER, 2007) que se articula em torno da posse e do significado atribuído a um conjunto de mercadorias. Além disso, também investigou os usos desses produtos por parte das crianças, para compreender suas representações (BROUGÈRE, 2010) e compará-las tanto com as intenções dos fabricantes, quanto com as relações estabelecidas enquanto espectadoras do programa. Com a investigação, procurou-se compreender a dinâmica desse consumo infantil correlacionado às mídias e o seu papel como um dos produtores de significados e definidor de identidades na sociedade contemporânea. Estereografias Pedagógicas: A Coleção Guilherme Santos do

120


#publichistory2018 Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro Maria Isabela Mendonça dos Santos Guilherme Antônio dos Santos, foi um fotógrafo estereoscopista e amador que atuou principalmente na cidade do Rio de Janeiro durante a primeira metade do século XX. Ao longo de sua trajetória de mais de 50 anos, Santos produziu e colecionou mais de 20 mil vistas estereoscópicas (entre negativos e diapositivos) que, na década de 1960, foram compradas pelo Banco do Estado da Guanabara (BEG) a fim de dar início ao acervo do Museu da Imagem e do Som (MIS), inaugurado em 1965 pelo governador Carlos Lacerda. Certo da missão pedagógica e civilizatória de sua coleção, era objetivo maior do fotógrafo vendê-la a um museu público para que as futuras gerações tomassem conhecimento da história do país de maneira lúdica. É objetivo deste trabalho, portanto, perceber em que medida a coleção de vistas estereoscópicas do MIS contibuiu para a construção de uma memória hegemônica sobre a cidade do Rio de Janeiro enquanto capital cultural do país. Estratégias de Comunicação para Divulgação Acadêmica de História: o caso do Café História Ana Paula Tavares Teixeira, Bruno Leal Pastor de Carvalho Desde sua criação, há dez anos, o Café História tem sido uma experiência que une o pensamento estratégico da Comunicação Social com foco nas mídias digitais e na divulgação acadêmica de História. A ideia surgiu a partir da dupla formação de seu idealizador, bacharel em História e Comunicação Social/Jornalismo. O principal objetivo do projeto é de aproximar o público em geral das pesquisas realizadas no meio acadêmico. Este trabalho visa explicar as estratégias de comunicação adotadas, bem como socializar alguns resultados obtidos. Nossa intenção é contribuir para a discussão sobre o uso da Comunicação em experiências de divulgação histórica. Para isso, vamos mostrar que a rede nunca foi estática e vem acompanhando as transformações nas mídias digitais. Ao longo dos anos passou a ter presença no Facebook, Twitter, YouTube, Instagram, Google+ e Telegram. Somadas essas mídias sociais, o alcance do café História ultrapassa 1 milhão de pessoas. Cada espaço demanda um cuidado específico na gestão do conteúdo. Em 2017, a rede social mudou de endereço principal: saiu da plataforma Ning e migrou para o Wordpress. A mudança foi feita a partir de: observações cuidadosas das tendências da Internet; monitoramento do comportamento dos usuários; e avaliação do planejamento de comunicação. Portanto, com a migração de plataforma, as estratégias mudaram e, portanto, o Café História mudou: 1) Sua vocação – A interatividade das redes sociais era um grande atrativo (e ainda uma grande novidade) em 2008, quando o Café História foi criado. Mas a hegemonia do Facebook e a as crescentes ações de trolls, bem como de extremistas e intolerantes de toda natureza, afastou os públicos de redes minoritárias/ segmentadas como as do Ning. Portanto, mudamos o foco de rede de sociabilidade para a produção de conteúdo original. 2) Sua interface – O trabalho de design e curadoria de fotografias ganhou destaque, seguindo as tendências mais eficientes de comunicação visual na Internet. 3) Sua gestão – A produção colaborativa voluntária da rede original ganha “cara nova” com periodicidade fixa, sessões exclusivas e contribuição especializada de pesquisadores e acadêmicos convidados pelos gestores da rede. 4) Sua linguagem – Os textos publicados passam por um trabalho de edição cuidadoso, que além de garantir a qualidade, adapta o conteúdo original ao meio digital, sem perder a abordagem e o rigor acadêmicos. “Eu sou livre como o vento, a minha linhagem é nobre”: Capoeira Angola como território educativo na cidade de Campinas. Mariana de Sousa Lima A pesquisa em questão investiga a experiência de uma roda de Capoeira Angola realizada em local público há mais de 15 anos na cidade de Campinas, SP, a Roda do Gueto. Procuramos pesquisar os limites e potencialidades de sua constituição como um território educativo em seus âmbitos político, social, ético e afetivo, partindo da prática da “vadiação”, isto é, do jogo, da luta e da dança da capoeira, e dos seus principais elementos, sendo eles a ancestralidade, a memória e a oralidade. A relação entre essa manifestação cultural negra com seus praticantes e a comunidade presente no espaço público em que ela ocorre é objeto de análise para pensarmos os processos educativos construídos

121


#publichistory2018 e vivenciados em seu exercício. Para tanto, buscamos associar a experiência da manifestação em questão com as fontes bibliográficas acerca das temáticas da Capoeira como território e patrimônio cultural imaterial, a coleta dos relatos dos capoeiristas mais velhos e o acervo visual dos grupos envolvidos. No que tange à história do uso do espaço público pela população negra no período da escravidão e seus reflexos na intervenção pública das manifestações artísticas e religiosas de matriz africana nos dias de hoje buscamos as referências teóricas dos autores José Roberto do Amaral Lapa e Robert Slenes. Acerca do conceito de território trabalhamos na perspectiva teórica de Muniz Sodré e Paul Gilroy, ao apontarem a ressignificação do território físico perdido no contexto da diáspora negra nos próprios corpos negros em relação ao mundo, como via de reconstrução do pertencimento histórico e cultural. Fake News: imprensa e redes sociais na internet Regina Helena Alves da Silva, Francisco de Castro Samarino e Souza As Fake News estão na pauta dos debates contemporâneos graças a uma série de investigações envolvendo a empresa Cambrdge Analityca, uma empresa privada com sede em Londres, acusada de roubar dados dos usuários do facebook e produzir conteúdos direcionados que teriam influenciaram a opinião pública em processos eleitorais de países como os Estados Unidos e Inglaterra. Mesmo sendo uma grande fonte de preocupações, a difusão de boatos que tem como uma de suas finalidade criar um relato alternativo de um evento não é uma novidade na história. São vários os processos que ja impactaram fortemente acontecimentos históricos como “Os Protocolos dos Sábios do Sião” - um conjunto de tramas que criavam uma associação entre os Judeus e a Maçonaria que mesmo desmentidas, serviram de pilar para a constituição do discurso de medo pelos nazistas e para o extermínio de milhões de judeus -, assim como o Plano Cohen, em 1937 no Brasil, que deu subsidio discursivo para a legitimação da ditadura imposta por Getúlio Vargas. Na atualidade, a difusão de notícias falsas ganhou um novo suporte, que são as redes sociais. Este novo meio de comunicação, além de acelerar o processo de circulação dos boatos, ainda evidenciou o caráter ativo dos indivíduos na proliferação dos conteúdos. Para analisar as idiossincrasias das difusões de notícias falsas no mundo contemporâneo, tomaremos duis tragédias recentes que mobilizaram a população do país que são o assassinato da vereadora do PSOL do Rio de Janeiro Marielle Franco e o incêndio seguido pelo desabamento do prédio ocupado no largo do Paissandu em São Paulo a ação das mídias no largo do Paissandu. A questão que norteia esse trabalho é: existe na propagação destas Fake News algum elemento cultural que possibilitam que pessoas compartilhem certos discursos inverídicos? Percebemos que não é qualquer discurso que ganham amparo por parte da sociedade. No caso de Marielle Franco identificamos o estereótipo “negra, mulher e favelada” como elemento presente na cultura brasileira que contribui para que alguns indivíduos percebam a presença da vereadora em uma fotografia na qual outras pessoas estão presentes. No caso das ocupações, a propagação do discurso só seria possível em um contexto em que movimentos sociais são criminalizados por um contingente significativo da população. E sobre estes elementos sociais que servem de pilar para a propagação das fakes que direcionaremos nossos olhares nesse trabalho. Family history, historical consciousness and citizenship in Australia, England and Canada Tanya Evans I am currently working on a project entitled Family history, historical consciousness and citizenship in Australia, England and Canada based on surveys and oral histories with family historians in Australia, England and Canada. Working collaboratively with family historians I am writing about the ways in which family history: 1) shapes historical consciousness in old and new national homes among individuals, families and communities; 2) is used to foster inter-generational and cross-cultural, religious and ethnic knowledge and how this has changed since the 1970s when multiculturalism was first introduced in Australia and Canada; 3) The ways in which it can combat social and cultural exclusion and improve mental health among migrants; 4) How it has an impact on understandings of identity and citizenship. In this paper I will explore the “humanistic potential of historical knowledge for educating the individual” outside academe (de Groot).

122


#publichistory2018 Filhos de Bascarán: Notas dos 20 anos do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán no combate à escravidão contemporânea Fagno da Silva Soares Este artigo realiza um breve histórico dos 20 anos de histórias, lutas e conquistas do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán no combate e enfrentamento ao trabalho escravo contemporâneo nas Amazônias Maranhense e Paraense, visando contribuir na ampliação das reflexões acerca da temática. A pesquisa enseja o alargamento dos estudos e reflexões, que gravitam entorno da escravização por dívida na Amazônia, utilizando-se da metodologia da história oral, amealhada a relatórios institucionais, tendo como mote central, o documentário ‘A Força dos Pequenos’ da cineasta espanhola Patrícia Simón Carrasco, que traz a história do CDVDH/CB pelas narrativas dos próprios agentes defensores dos direitos humanos num total de 13 entrevistas. O Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos/Carmen Bascarán de Açailândia/MA é uma organização não governamental, fundada 18 de novembro de 1996, sem fins lucrativos, de direito privado, filantrópica, assistencial e promocional. Desde sua fundação há mais de vinte anos, suas práticas são norteadas por seu objetivo maior defender a vida onde for mais ameaçada e os direitos humanos onde forem menos reconhecidos, com atenção privilegiada às pessoas mais pobres, exploradas e oprimidas. Atualmente, entre suas ações se destaca a construção do Programa Rede de Ação Integrada para o Combate à Escravidão – RAICE. Fisionomia de Itaquera: transformações de paisagem e sociedade de um distrito paulistano (1875-1920) Gabriela R. Marques Oliveira, Fernando Atique Com a inauguração da Estação de Itaquera, pertencente a um ramal suburbano da Central do Brasil, em 1875, a região passou por uma crescente onda de transformações da paisagem e de seu perfil de habitantes. O que era, até então, um local constituído por chácaras de veraneio e fazendas da elite paulistana, começou a ser dividido em lotes populares, principalmente a partir do início do século XX. A investigação da relação direta entre a instalação da estação de trem e essas transformações paisagistas e sociais, e seus possíveis conflitos, é o que essa pesquisa objetiva. Por meio de fontes como edições antigas do Correio Paulistano, atas da Câmara Municipal de São Paulo, documentos do Acervo Aguirra do Museu Paulista, entre outras, será tecida a trama que envolve aquele território e a temporalidade, que vai até finais de 1920, quando é instituída a Lei nº1756, que eleva Itaquera à categoria de distrito de paz. Época em que, também, os anúncios de loteamentos começam a ficar mais frequentes. A metodologia essencial é a análise da transformação territorial, por meio das fontes indicadas. Fonoaudiologia no SUS: Um experimento em história oral e história pública Camila Nascimento, Ricardo Santhiago, Helenice Nakamura Neste trabalho, serão apresentados e discutidos os procedimentos e desafios do uso da história oral em uma investigação que visa compreender e divulgar o lugar da Fonoaudiologia na Saúde Pública, profissão que tem como objeto a comunicação humana e cuja regulamentação aconteceu em 1981. Inicialmente voltada à correção de desvios de fala, passou, a partir da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, por um deslocamento do olhar da doença para o sujeito e seu meio. Este contexto trouxe grandes desafios, levantando a necessidade de reflexões sobre a forma de atuação e formação. A compreensão do lugar da Fonoaudiologia na Saúde Pública passa pela compreensão de percursos individuais, que nesta pesquisa são apreendidos por meio do recurso à história oral. O grupo de entrevistados é formado por fonoaudiólogos ativos na Saúde Pública na gestão/docência/ assistência. A partir das entrevistas, se buscará compreender a conexão dos relatos com os processos coletivos da inserção profissional do fonoaudiólogo no SUS, com o objetivo de fornecer material para reflexões dentro e fora da profissão. Sendo assim, os depoimentos são a base para elaboração de uma websérie voltada à população em geral, articulando a pesquisa acadêmica e a divulgação científica. O conteúdo dos depoimentos foi extremamente rico e é um desafio identificar os pontos

123


#publichistory2018 principais a serem evidenciados no material final da websérie. Fontes, linguagens e autoria compartilhada: a experiência de pesquisa histórica no projeto “Berço do Batuque no Rio Grande do Sul: Mestre Borel – Toques e Cantos de Nação Oyó-Idjexá” Leticia Brandt Bauer O trabalho busca refletir sobre as possibilidades do trabalho de historiadores e historiadoras em projetos de pesquisa relacionados ao patrimônio cultural e, em especial, nas oportunidades e desafios decorrentes da organização e disponibilização de informações em formatos diversos dos habitualmente utilizados no meio acadêmico. Para isso, exploro a experiência do projeto “Berço do Batuque no Rio Grande do Sul: Mestre Borel – Toques e Cantos de Nação Oyó-Idjexá” no qual atuei como pesquisadora em 2017. O projeto, resultado de uma iniciativa do grupo musical Alabê Ôni, teve como objetivos garantir a permanência, a preservação e a divulgação dos saberes Oyó-Idjexá, por meio do legado musical deixado por Mestre Borel, babalorixá do Batuque no RS e uma dos principais guardiões da memória da Nação Oyó-Idjexá, relacionada aos povos e comunidades tradicionais de matriz africana. A pesquisa realizada buscou sistematizar e articular diferentes fontes documentais, resultando na elaboração de vídeos que foram disponibilizados em canal do YouTube e oferecem ao público informações sobre Mestre Borel, seus conhecimentos e ensinamentos e, especialmente, sobre os toques e cantos de Nação Oyó-Idjexá e o Batuque no Rio Grande do Sul. Além disto, por meio de um Blog, foi disponibilizada uma breve biografia de Mestre Borel que buscou concentrar as informações esparsas em diferentes fontes como palestras, entrevistas, livros e artigos, fotografias, escritos avulsos e documentação arquivística. A maioria do acervo pesquisado pertence à família de Mestre Borel e foi, majoritariamente, produzido ou protagonizado pelo próprio Babalorixá. O projeto apresentou desafios interessantes que estimularam reflexões acerca da relação entre fontes, linguagens e autoria compartilhada. A proposta que ora se apresenta busca problematizar essa tríade a partir da experiência de pesquisa desenvolvida no “Berço do Batuque”, tomando a história pública e o patrimônio cultural como locus privilegiado para tal discussão. From Open-by-Default to Shared Authority: Leaving the Curatorial Comfort Zone Behind Anna Adamek Since 2015, Ingenium: Canada’s Museums of Science and Innovation, Canada’s national museum, has been undergoing a radical change. Although this institution has been applying public history methodologies for over a decade, and has been very active in the international public history community, the new approaches are pushing the boundaries of public participation and access. The Museums’ records, including most of the correspondence, operational, exhibition, and research files are now open-by-default in real time. Ingenium is the first institution in Canada to fully respond to the Canadian federal government’s open data initiative. Moreover, the Museums are also moving toward co-curation, and shared authority over research, exhibitions and programming. This approach is especially important in the contexts of Canada’s Truth and Reconciliation Commission, which requires a better representation of First Nations, Canada’s aboriginal populations, in all museum offerings. This paper discussion the new approaches, and challenges and benefits which they pose. Gender, Sex, and Remembering Female Prisoners in British Prison Museums Daniel Johnson A common trend in British prison museums is the portrayal of nineteenth-century prisoners as impoverished victims of society before the implementation of social welfare. Examples of prisoners in the York Castle Museum include a machine breaker who revolted against the industrial revolution, and another prisoner who was transported for life for stealing a boiled egg. While the majority of male prisoners on display are remembered for committing non-violent crimes against property, female prisoners are almost always interpreted as having murdered their husbands or their children. Such representations of female prisoners as violent offenders are not supported by archival material, and inevitably perpetuate the dynamic of power over women from the functioning prison, to the

124


#publichistory2018 modern museum institution. This paper will explore how female offenders are remembered in three British prison museums and the ethical dilemmas surrounding their interpretation. Grounding Research: Environmental History Meets Public History Lise Fernanda Sedrez This work is part of a larger collaborative project, “Occupy Climate Change,” with the goal of putting together a map of successful community initiatives around the world, by the Environmental Humanities Lab at the KTH, Sweden. It focuses on a local community that has done incredible work of reforestation in the last 25 years. When I approached the President of the neighborhood association to ask about their work, he reacted with significant mistrust. He stated that the many researchers have come to the community, asked for interviews and materials, and then disappeared. The community rarely sees the result of these research projects. I will explore this project in which I am involved and discuss the ethical implications for an environmental historian doing work with living communities. My main argument is that environmental history belongs also to the communities we study. Indeed, as the impact of climate change sinks in, environmental historians have an obligation of providing communities with the results of their research to help them with mitigation and remediation. That is, if we want to be relevant in a changing world. Guardar Canções - exercício de memória, história e identidade Márcia Ramos de Oliveira, Igor Lemos Moreira, Luciano Py de Oliveira, Eduardo Bailo, Raffael Righez O Projeto de Extensão “Guardar Canções - exercício de memória, história e identidade” tem como objetivo principal a criação de um banco de dados de canções, falas e depoimentos, mediante o uso da metodologia de História Oral e captações de comunicações acadêmicas de temática relacionadas. Desenvolvido no âmbito do Laboratório de Imagem e Som (LIS/UDESC), propõe-se a integrar diferentes perspectivas quanto ao uso da canção como fonte histórica, associadas a construção simbólica e imaginária. Considera-se a canção como uma forma específica de linguagem (Tatit, 1995, 2004 e 2014 ), articulada a uma série de componentes emocionais (Sardo, 2010 e 2013), históricos e memorialistas. Deste modo, pretende-se que a canção possa ser compreendida como parte da elaboração de subjetividades e identidades na produção de sentido e identificações entre indivíduos e grupos. A construção de um banco de dados oportuniza, portanto, reunir falas, depoimentos orais e audiovisuais como possibilidades de pesquisa na área de Ciências Humanas e Sociais. O Projeto, que teve início em março de 2018, partindo da captação de entrevistas, utiliza áudio e/ou vídeo como suportes documentais, reunidos pelo desenvolvimento de um portal de acesso, a partir de diferentes temáticas. Durante o primeiro semestre de 2018 foram realizados 09 registros, tratados e traduzidos (quando necessário), passando a integrar o corpus inicial do banco de dados. As captações reunidas formam um coletivo com distintas perspectivas sobre os significados da canção, onde a experiência individual/coletiva ocupa um marco fundamental. Gulag history in camp museums of the region of Perm: some narratives of human rights defenders and prison guards Vladislav Staf The report is devoted to the history of the formation of museums in the places of the former Gulag camps in the Perm region (Russia). The main emphasis is the role played by former prisoners, guards and historians in creating museums. The report traces the differences in the perception of Stalinist repressions among the participants in the process of memorialization. So, in response to the creation in 1994 of the memorial complex “Perm-36” on the site of the former Gulag camp, where the Stalinist repressions and the Gulag were shown from the standpoint of the victims, on May 9, 1998, on the site of another previous camp in the village of Tsentralny was established another museum, its exposition tells the story of the correctional institutions and the camp schedule from the point of view of personnel and employees of the state correctional system where prisoners are considered

125


#publichistory2018 exclusively as criminals. História Digital: a ludicidade e o ensino-aprendizagem Yasmin Hashimoto Tonini, Eleonora Abad Este trabalho recupera a escassez teórica existente em torno do tema de Ensino de História e Games, no que se refere ao lugar dos jogos eletrônicos dentro do ambiente cultural do estudante da Educação básica. Pretende, também, discutir as diversas relações entre os avanços da tecnologia e a formação de docentes. Os objetivos do trabalho visam colaborar nos estudos relacionados a História Pública e Digital ao se considerar que as diversas tecnologias estão presentes diariamente no cotidiano dos professores e dos estudantes, sendo pouco utilizados enquanto estratégia de ensino-aprendizagem. Dentro dessa perspectiva, recupera-se a análise de Marcella Albaine, no livro “Ensino de História e Games: dimensões práticas em sala de aula”, para elaborar pesquisas na área de Ensino de História a fim de refletir sobre a importância da ludicidade no processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, apresentaremos as fontes destacando a utilização de avaliações de estudantes do segundo ano do Ensino Médio de um Colégio Estadual da cidade de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, com a proposta de analisar os personagens criados pelos alunos. A cada trio de estudantes fora entregue a proposição de construir um personagem da “Nobreza”, um personagem do “Clero”, e um personagem da chamada “Plebe”. A partir dos personagens por eles desenvolvidos será possível analisar quais conceitos esses estudantes mobilizaram, após as aulas desenvolvidas pela professora responsável. O projeto destaca-se pelo potencial instigante de acompanhar diálogos multidisciplinares para as pesquisas no campo de Ensino de História. Acreditamos, portanto, que contribui para a diversidade de experiências docentes, no sentido de construir cada vez mais a visão de que o ambiente cultural do aluno, que no tema abordado envolve os games, traz para o campo da História Pública uma conexão inevitável entre Ensino de História e História Digital. História dos intelectuais a partir dos seus acervos: a Academia Cearense de Letras e a Biblioteca do Instituto de Estudos Brasileiros Renato Mesquita Rodolfo O objetivo do presente trabalho é analisar a trajetória de Antônio Martins Filho – intelectual cearense, fundador e primeiro Reitor da Universidade Federal do Ceará – e, a partir dela, investigar a atuação desse e de outros intelectuais, atentando para as relações que estabeleceram entre si, com o/ no Estado. As fontes que baseiam as análises a serem expostas são as revistas Valor, editadas por ele a partir de 1938. A Revista Valor, pode-se dizer, figurou dentro do espectro de revistas culturais editadas por agremiações de intelectuais, grêmios estudantis, entidades culturais, instituições de ensino e editoras que tiveram significativa circulação entre as décadas de 1920 e 1940. Analisando a parte estética, foram encontradas semelhanças com outros periódicos que circulavam na época, como o Boletim de Ariel – cuja capa, diagramação e subtítulo eram bastante parecidos – e com o conterrâneo Almanaque do Ceará – cujos temas e autores em muito se assemelhavam. Por outro lado, se comparada às revistas que estiveram atreladas aos movimentos culturais desse período, Valor pouco se parece com a Revista de Antropofagia, ou com a Klaxon, nem com a Verde. Ou seja, partindo da estética, Valor buscava se aproximar do perfil de um periódico produzido por uma editora, tal como o Boletim de Ariel. A tiragem de Valor foi de dois mil exemplares em todos os números encontrados e se sabe que sua circulação não se restringiu ao Ceará, sendo lida também em outros estados, quase sempre por intelectuais. Sua proposta de periodicidade inicial era de circular mensalmente, mas se verificou que termo “mensário” foi suprimido do seu subtítulo a partir do número 16, e mesmo antes desse o ritmo não fora mantido. Os números encontrados, digitalizados e analisados estão arquivados na biblioteca da ACL, em Fortaleza, e na biblioteca do IEB-USP. A leitura e análise desses periódicos é uma parte do trabalho que se desenvolve em nível de doutorado no Programa de Pós-Graduação em História Social da USP com o título: Intelectuais, Estado e família: um estudo das trajetórias de Antônio Martins Filho e Raimundo Girão (décadas e 1930 e 60), orientado por Miguel Palmeira. Essa dispersão das fontes é tanto um problema quanto um elemento próprio da sua tipologia, tendo em vista a sua circulação e o acervo ao qual fazem parte. Desse modo, a pesquisa se debruça tanto sobre a produção intelectual, quanto sobre o acervo que foi construído e as institui126


#publichistory2018 ções as quais estão ligados e tutelados. História e Memória no ambiente corporativo: notas sobre o trabalho de um historiador no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Leandro M. Malavota O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é uma instituição pública octogenária, cuja missão legalmente estabelecida é a de “retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento de sua realidade e ao exercício da cidadania”. Sendo o IBGE por excelência um órgão produtor de informações estatísticas e geocientíficas, a inserção do historiador em uma corporação com atividades-fim tão específicas — e aparentemente tão distantes do ofício historiográfico — quase sempre desperta a curiosidade das pessoas, sejam pares de profissão e formação estabelecidos fora do ambiente institucional ou colegas servidores do próprio instituto, oriundos de outras áreas do conhecimento. Afinal, o que faz um historiador no IBGE? Por que fazer História e Memória em uma instituição com tais funções e características? Estes questionamentos despertam e estimulam uma importante discussão sobre o trabalho do historiador fora do espaço acadêmico, provocando uma reflexão que há cerca de oito anos permeia e orienta as atividades desenvolvidas por uma equipe interdisciplinar de pesquisadores. É justamente essa reflexão que tencionamos partilhar neste texto. O objetivo do presente artigo é apresentar e discutir algumas das experiências desenvolvidas no âmbito da Memória IBGE, setor ligado à estrutura do Centro de Documentação e Disseminação de Informações do IBGE. Partindo de um exame das atividades ali desempenhadas, procuraremos discorrer a respeito das contribuições que os usos da História e da Memória podem prestar no ambiente corporativo. Como resultado deste exercício de reflexão, apontamos que, para além da pesquisa histórica e da montagem e tratamento de acervos documentais, há um leque de possibilidades abertas ao trabalho do historiador em instituições públicas e empresas, dentre as quais destacamos ações no campo do marketing, comunicação interna, gestão de pessoas e gestão do conhecimento. História e memória: representações em disputa sobre a revolta dos escravos de Carrancas Marcos Ferreira Andrade A pesquisa tem como foco de investigação a memória oral da revolta dos escravos ocorrida na região de Carrancas (área que envolve os atuais municípios de Carrancas, Cruzília e São Tomé das Letras), no ano de 1833. O levante foi marcado por extrema violência e vitimou vários membros da família senhorial e também dos escravos. Trata-se da maior revolta escrava do sudeste escravista e resultou em uma nova jurisprudência no combate à rebeldia escrava, ao dar origem à lei n. 04, de 10 de junho de 1835. O que mais impressiona é que essa história passou completamente despercebida dos estudos historiográficos durante os séculos XIX e quase a totalidade do século XX. Entretanto, a memória subterrânea de um acontecimento tão dramático permaneceu fragmentada nos discursos de publicistas e memorialistas do século XIX e nos livros de genealogia. A investigação em curso tem demonstrado que a memória oral da revolta atravessou os séculos e continua presente na narrativa dos descendentes de senhores e de escravos que ainda habitam a região. O objetivo desta comunicação consiste em discutir as disputas de representações sobre a revolta de Carrancas, presentes nas narrativas dos moradores das cidades de Carrancas e de Cruzília e a relação dialógica entre a produção historiográfica e apropriação pública do objeto investigado. História oral de obstetrizes em diferentes contextos de atuação: práticas e sentidos do cuidado Glauce Cristine Ferreira Soares, Natália Rejane Salim, Dulce Maria Rosa Gualda Introdução: A atenção obstétrica no Brasil vem passando por mudanças a fim de promover o cuidado que garanta os direitos das mulheres. Uma das principais estratégias para que isso seja possível é o investimento em recursos humanos através de formação e inserção profissional de obstetrizes. No Brasil, atualmente, essa formação ocorre na Universidade de São Paulo, com obstetrizes formadas a partir de 2008. Objetivo: Compreender as experiências de inserção profissional de obstetrizes em diferentes contextos de atuação. Metodologia: Pesquisa com abordagem qualitativa e metodologia

127


#publichistory2018 da história oral. As colaboradoras são obstetrizes graduadas a partir de 2008 no curso da USP e que trabalharam de forma remunerada pelo menos 6 meses como obstetriz. A escolha das colaboradoras ocorreu de forma intencional, buscando experiências em diferentes locais de atuação. O trabalho de campo contou com 7 entrevistas realizadas durante o ano de 2015. As histórias das obstetrizes correspondem à inserção e à prática profissional em casa de parto, centro obstétrico hospitalar, parto domiciliar, gestão e pré-natal de alto risco no SUS, ONG humanitária internacional. As histórias contam sobre o percurso das obstetrizes para a inserção nos cenários de práticas e as particularidades do cotidiano de trabalho de uma obstetriz. As subjetividades, desafios, expectativas, conquistas, motivações e medos estão presentes nas narrativas, bem como as vivências, os momentos de reflexão sobre a profissão e os sentidos que a atuação tem para cada uma das colaboradoras. Assim como toda história oral, as narrativas apresentam os cenários locais de assistência ao parto na atualidade e a forma como as mulheres são recebidas e cuidadas nesses contextos. Na prática profissional, as obstetrizes enfrentam resistências e encontram diferenças de modelos entre a formação e os contextos de inserção. O vínculo, a crença no corpo das mulheres e a continuidade do cuidado se mostram como essenciais nas práticas de cuidado das obstetrizes. Essas vivências constituem parte da história viva da profissão no Brasil e mostram a importância da formação e atuação de obstetrizes para contribuir com a transformação da atenção obstétrica no país. História oral e coletivos: aproximações, perspectivas e possibilidades da produção de conhecimentos das mobilidades em diferentes contextos de articulação Vanessa Generoso Paes, Márcia Nunes Maciel (Márcia Mura) A proposta deste trabalho é relacionar a perspectiva dos estudos migratórios, perspectiva indígena, memória e história pública, mediante a análise de entrevistas de migrantes e a articulação de práticas mobilizadas pelos povos indígenas que fazem parte de coletivos na cidade de São Paulo-SP e na cidade Porto Velho-RO. Partimos do ensejo que a prática da história oral é uma ferramenta procedimental que possibilita a construção, mediação e divulgação da luta, de estratégias, das trajetórias de migrantes e dos povos indígenas em espaços de circulação do conhecimento no exterior do universo acadêmico, tais como: museus, arquivos, coletivos de arte, coletivos sociais, entre outros. Além disso, o processo compartilhado de vivências, de engajamentos e de pertencimentos junto aos coletivos indígenas e coletivos migrantes resultou em pesquisas de história oral, partilhas e trocas de experiências coletivas, construídas na relação do bem comum, bem viver destas. Percebemos, assim, que essas vivências e trocas de experiência redimensionam a articulação dos povos indígenas e das lutas migrantes para uma esfera coletiva e democratizada em que configurações alternativas do conhecimento são produzidas, mediadas e divulgados na esfera pública. De tal modo, pensamos os espaços de articulação dos coletivos como afeitos às práticas dos conhecimentos tradicionais (Abya Yala), na busca em se trabalhar a partir da organicidade da tessitura de saberes coletivos e tradicionais, intermediados por práticas interculturais; além de permitir a troca e mediação de saberes com as diversidades de experiências em mobilidade do coletivo indígena de Porto Velho, assim como, de coletivos migrantes em São Paulo. Assim, a busca em se construir saberes tradicionais nos coletivos indígenas, caminha para a descolonização das práticas e das formas na quais os sujeitos se relacionam entre si e com o mundo, desaguando em possibilidades dialógicas de ser e produzir conhecimentos junto e com as diversidades de experiências de viver, lutar e resistir em mobilidade. História oral e Educação não formal: o patrimônio cultural rural paulista Lívia Morais Garcia Lima Este artigo aborda a problemática dos processos educativos que acontecem no espaço rural, no campo da educação não formal. O objetivo é apresentar e discutir experiências sociais e comunitárias de educação não formal que se dão por meio de experiências de turismo cultural. A partir da comparação de atividades educacionais em três fazendas históricas paulistas, selecionadas entre as participantes do projeto PPPP/FAPESP (07/55999-1), foram pesquisadas uma de cada um dos tipos de fazendas: 1º tipo - fazendas em processo de preparação para assumir atividades turísticas, 2º tipo - fazendas realizando turismo de habitação ou 3º tipo - fazenda voltada para o turismo/empresa através de um hotel - fazenda. Metodologicamente trata-se de uma pesquisa qualitativa que utilizou 128


#publichistory2018 a metodologia da História Oral com ênfase na técnica do depoimento oral. A educação patrimonial não formal pode ser vista então, como mais uma possibilidade de vivência educativa que pode ser potencializada através do turismo cultural. Ela, portanto, é flexível e respeita as diferenças e capacidades de cada visitante, que experimenta e significa suas próprias vivências, acionando memórias passadas, objetivos futuros e demarcando rupturas. As análises aproximam as experiências de modo a discutir as três dimensões de aprendizagem indicadas por Trilla: aprender a, aprender da, aprender na. Por fim, considera os limites e alcances dessas aprendizagens e atualiza a ideia da cidade como espaço de educação não formal sob o termo e enfoque do município educador. História Pública e Comunicação: a democratização de conteúdos por meio do programa Na Trilha da História Isabela de Castro Rocha Vicente de Azevedo O conhecimento da História é caminho eficiente para formar cidadãos criadores das próprias opiniões e conhecedores dos seus direitos. O estudo de temas históricos torna mais completo o entendimento do mundo atual, ajudando as pessoas a participarem mais ativamente da vida em sociedade, seja por meio do voto, de uma conversa entre amigos ou, simplesmente, de uma postura crítica diante do noticiário. Partindo desse entendimento e com a meta de democratizar o acesso ao conteúdo histórico – aliando-se aos objetivos da História Pública – surge o Na Trilha da História, tema desta proposta de apresentação oral. O programa semanal de rádio tem por objetivo combinar entrevistas com historiadores sobre fatos, períodos e personagens históricos a músicas relacionadas ao assunto do episódio. A intenção é mesclar informação e cultura, com linguagem leve, por vezes bem-humorada, adequada a todos os públicos. Criado pela jornalista Isabela Azevedo, o programa é veiculado desde 2016 em seis emissoras públicas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC): Nacional FM Brasília, Nacional AM Brasília, Nacional do Rio de Janeiro, MEC AM do Rio de Janeiro, Nacional da Amazônia e Nacional do Alto Solimões. Também transmitido pela internet (radios.ebc.com.br/ natrilhadahistoria) e pelo aplicativo para celular “Rádios EBC”, o programa tem 55 minutos e é composto por cinco blocos de entrevista intercalados por músicas. A forma de distribuição de tempo entre entrevista e as canções foi pensada para não cansar o ouvinte, já que bate-papos muito longos em rádio não são eficazes e tendem a dispersar a audiência. As músicas escolhidas ou têm letras sobre o tema da semana, ou foram compostas durante o período histórico tratado, ou ilustram determinada situação (por exemplo: músicas sobre empoderamento feminino em um episódio sobre a trajetória da mulher brasileira). Ao convidar historiadores e professores de departamentos de História de universidades estaduais e federais, o Na Trilha da História se propõe a fazer uma ponte entre a academia e o cidadão, levando temas históricos e evoluções historiográficas ao público não-especializado. Em relação à área da Comunicação, o programa se insere no principal objetivo da EBC: a Comunicação Pública como forma de promover cultura, educação, cidadania e ciência. O projeto tem como referência documentários e programas produzidos em outros sistemas públicos de comunicação, como a Radio France e a British Broadcasting Corporation (BBC). História Pública e História do Tempo Presente no Brasil: diálogos e convergências Rogério Rosa Rodrigues Quais as convergências, na trajetória historiográfica brasileira, entre o desenvolvimento da História do Tempo Presente e a História Pública? Quais os pressupostos teóricos, metodológicos e seus respectivos compromissos éticos com uma história que pensa e se articula com os problemas dos sujeitos no mundo contemporâneo? Quais as suas relações com os sujeitos, suas memórias, suas experiências? Como traçar as singularidades e, para além disso, as diferenças entre História Pública e História do Tempo Presente, sem estabelecer uma relação de hierarquia entre elas? A partir dessas questões, proponho realizar uma análise historiográfica das questões, métodos e abordagens da História Pública e da História do Tempo Presente no Brasil por meio dos textos que têm servido de referência para fundamentar teoricamente suas propostas, assim como analisar a trajetória de ambas no em solo brasileiro. Trajetória que se materializa em eventos científicos, em livros coletivos e em dossiês de periódicos que tem crescido e ganhado reconhecimento. Ao cruzar as duas propostas pretendo apresentar uma contribuição que possa situar o estado da questão, bem como os rumos 129


#publichistory2018 que tem tomado no Brasil. História pública e memória política na comunicação governamental Ana Javes Luz A comunicação governamental é uma das principais fontes de informação sobre os governos contemporâneos. A partir da produção e difusão de textos noticiosos, campanhas publicitárias, discursos, entrevistas, notas oficiais, fotografias, vídeos, entre outros, os governos dão visibilidade a seus atos e motivações na condução dos negócios públicos. Ao registrar as ações de um governo, a comunicação governamental se constitui também como fonte histórica, colaborando para a memória política. No Brasil, no entanto, os arquivos da comunicação oficial estão se perdendo. Conforme pesquisa de mestrado (LUZ, 2016), e atualmente em nível de doutorado, 33% dos sites oficiais das capitais brasileiras já não possuem nenhum registro da comunicação empreendida por governos passados. Arquivos que podem ter se perdido em definitivo, pois a quase totalidade dos produtos de comunicação é formada, atualmente, por arquivos “nativos digitais”, isto é, não existem em outro formato que permita seu resgate em caso de destruição dos originais. Esta é a discussão que o presente trabalho propõe: qual o impacto da ausência de uma política de preservação dos conteúdos dos sites oficiais para a história pública brasileira? Se o tema da preservação digital tem se evidenciado nos últimos anos, em especial pelo que se denomina de “cultura de memória” (HUYSSEN, 2000), pouco se fala sobre a importância dos sites oficiais e da comunicação governamental como fontes históricas – um debate que se encontra avançado em países como Estados Unidos, Portugal e Chile, para citar alguns, mas que, no Brasil, é ainda carente de investigações e de proposições para lidar com o tema. A comunicação governamental, compreendida na sua perspectiva normativa como vinculada aos princípios da comunicação pública (WEBER, 2017), é qualificadora das democracias e seus acervos deveriam estar sendo preservados pelo Estado, com garantia de acesso presente e futuro, aos cidadãos. História Pública e o YouTube: Uma análise de práticas Pedro Toniazzo Terres Este trabalho trata-se de uma reflexão sobre o Youtube enquanto plataforma de história pública. Através de uma análise de diferentes canais e um balanço dos diferentes formatos constatados, evidenciamos a pluralidade de abordagens de história pública presentes no Youtube, inclusive abordagens que reproduzem conceitos teóricos e práticas antiquados da historiografia. Entendemos, a partir desta pluralidade de abordagens, a necessidade de encontrar e aperfeiçoar formatos que sejam capazes de respeitar a metodologia e a criticidade inerentes à escrita da história, mas que ainda tenham o formato e a linguagem adequados para o Youtube, caracterizado por sua curta duração (10 – 15 minutos) e incorporação de elementos visuais. Um dos formatos analisados e que parece ser capaz de incorporar a versatilidade e o dinamismo da plataforma com a criticidade e a preocupação com fontes da historiografia é o modelo do video-essay, muito popular em canais de artes no Youtube, mas que se mostra muito capaz de abordar temas complexos de forma didática e visualmente interessante. Destacamos como diferentes práticas de história oral têm sido trazidas e adaptadas para o contexto e o formato do Youtube para que o público não apenas seja consumidor passivo da história produzida, juntamente da criação de comunidades (geralmente ligadas ao contexto de financiamentos coletivos) que colocam o público em contato direto com os produtores de conteúdo, participando diretamente no processo de criação dos vídeos. Nosso intuito através desta análise não é, defender o Youtube como a plataforma perfeita para o trabalho do historiador público, mas sim entendê-la como espaço de crescente popularidade e influência, e, portanto, de extrema importância para garantir que o público tenha acesso a uma história que tenha ressonância com os preceitos do ofício do historiador. Apresenta interações com história oral, mídia e cultura, cultura popular e história digital. História pública e usos do passado: o historiador como mediador ético diante de novos desafios e públicos

130


#publichistory2018 Marta Gouveia de Oliveira Rovai A apresentação tem como objetivo discutir a conduta ética e política do historiador, em relação aos usos do passado, na construção de uma história pública e mais democrática. Refletir, coletivamente, neste sentido, o trabalho com narrativas sobre, para e com o público, na produção de sentidos e no posicionamento da universidade e de diferentes comunidades quanto à mobilização e ao emprego de materiais do passado diante das demandas do presente e das disputas por memórias. A perspectiva da história pública tirou do historiador e da Academia a exclusividade sobre a produção, a seleção e os usos do conhecimento. Diante das lutas sociais e políticas do presente e das disputas por versões sobre o passado, novos agentes voltam-se ao passado, selecionando e constituindo narrativas a partir de seus interesses: aqueles ligados às manifestações culturais populares, aos movimentos feministas, étnicos, religiosos, comunitários etc. O historiador aqui assume, muitas vezes, papel de mediador na tentativa de produzir em conjunto, de fazer compreender – a partir dos diálogos da ciência e de novos saberes – e de divulgar noções diversas em disputa, no tratamento de documentos e mídias, procedimentos de difusão científica, de popularização do conhecimento sem cair na simplificação e redução do passado aos interesses políticos de grupos que estão além da universidade e que promovem o registro e a comunicação de uma história que contribui para preservar desigualdades. Isso significa discutir os conceitos de público e audiência, o papel ético do historiador quanto ao sentido pedagógico e político voltado cada vez mais a uma história mais múltipla e em disputa ou coloaboração com outros profissionais e bandeiras políticas, contribuindo para o acesso e para o enfrentamento democrático de narrativas. Assim, esta comunicação oral procura colocar em discussão questões como: qual é o papel ético do historiador na construção do conhecimento sobre, para e com o público? O que significa discutir a história pública e/ou fazê-la? Qual é o impacto da mediação e divulgação dos usos do passado pelo historiador para e com as comunidades diversas, tendo também como elemento negociador o mercado? Em que sentido esta mediação pode contribuir para a construção de uma sociedade mais democrática, evitando o simplismo de explicações, o empobrecimento dos debates e o exotismo de experiências periféricas que se pretendem dar a conhecer? História Pública nacional e internacional: algumas assimetrias Bruno Flávio Lontra Fagundes A presente comunicação pretende referir-se a autores nacionais e estrangeiros do campo da História Pública, levantando - sem pretensão alguma de esgotar e firmar balizas peremptórias de análise da realidade da discussão brasileira – algumas questões para o debate nacional a primeira vista relevantes. Por ser campo em aberto, sujeito a novas problematizações e sistematizações, a comparação mais imediata da discussão nacional e internacional parece revelar algumas assimetrias. Ao se comparar aqueles textos, revelam-se alguns itens do debate assumidos com muita segurança e argumentados com propriedade no ambiente acadêmico internacional, tais como, em especial, as condições de mercado de trabalho e de desemprego de historiadores, assim como a institucionalidade que reveste soluções de encaminhamento do campo articulados à criação, sem constrangimentos, de cursos de História Pública, principalmente em nível de pós-graduação, ou mesmo a presença de disciplinas em grades curriculares de cursos em nível de graduação. Por fim, outra questão que se pretende tratar rapidamente diz respeito ao que seria uma simultaneidade de épocas de discussão, apenas com tratamento terminológico nada desprezível: é possível perceber que nos anos 1980 e 1990 discute-se, tanto no estrangeiro como no Brasil, uma “crise da História” – que, numa primeira visão, foi tratada no Brasil como crise epistemológica tratada no debate da função da História e do historiador, e derivada da atenuação da perspectiva marxista dos anos 1960 e a culturalização do campo histórico – em especial com o aporte das ideias do Linguistic Turn. A “crise da História” brasileira parece ter se revestido de crise epistemológica, enquanto a crise da História no estrangeiro parece ter se revestido de uma crise em termos de realidade extra-linguística. Essa aparente diferença terminológica não pode revelar mais do que meras palavras? Estas e outras questões serão salientadas como parte de um projeto de pesquisa ainda em construção. História pública, história digital, museus e arquivos: “Publicização” do acervo do museu ferroviário regional de Bauru 131


#publichistory2018 Fabio Paride Pallotta Bauru, cidade do estado de São Paulo foi, desde 1905, o maior entroncamento ferroviário do interior do Brasil e um dos mais importantes da América Latina. Essa situação se modificou com o colapso do transporte ferroviário no país, à partir da década de 1950. Para preservar a memória ferroviária e a história das ferrovias foi criado, em 1969 o Museu Ferroviário que, 20 anos depois se transformou no Museu Ferroviário Regional, com maior abrangência. Como “publicizar” o acervo deste importante Museu, com mais de 600 mil documentos, mapas, documentários, depoimentos orais etc e que preserva a Arqueologia Industrial Ferroviária da cidade, a mais importante do interior do Brasil? Através da História Digital com a criação do sitewww.projetomuseuferroviário.com.br, disponibilizando para historiadores, ex-ferroviários, cidadãos bauruenses e quaisquer interessados o acesso deste acervo, parte importante da história de Bauru e do Brasil. História, Oralidade de quatro trabalhadores da Zona leste de São Paulo, na Primeira Conferência Nacional da Classe Trabalhadora de 1981 Douglas Samoel Fonseca A participação dos trabalhadores no cenário politico de 1978 a 1981, marca definitivamente a retomada da luta contra a politica econômica dos governos militares o arrocho salarial e o posicionamento contra o regime militar em defesa das liberdades democráticas a partir do tecido social dentro do mundo fabril, ao longo das greve, e da efetivação das Centrais Sindicais. Este processo de transição, bem típica da conciliação pelo alto que caracteriza a nossa formação histórica e o mando autocrático, pretendia seguir o cronograma traçado pelos gestores do capital atrófico, os bonapartistas, que seduziam as oposições com o aceno do “aprimoramento das instituições democráticas”, desde que a forma da organização econômica assentada na superexploração da força de trabalho fosse mantida. O lema do livro “O Leopardo” de Lampeduza expressa bem o sentido da transição anunciada: “vamos mudar tudo para que fique tudo como se encontrava”. Histórias de Hospedarias: um projeto de história oral do Museu da Imigração Tatiana Chang Waldman Desde o primeiro semestre de 2017, o Museu da Imigração do Estado de São Paulo vem desenvolvendo um projeto de pesquisa baseado na metodologia da História Oral chamado “Histórias de Hospedarias”. A partir da reflexão sobre a construção e o funcionamento da Hospedaria de Imigrantes do Brás em São Paulo - como um espaço que funcionou de 1887 a 1978 e acolheu mais de dois milhões e meio de pessoas de diversas nacionalidades, inclusive brasileiras, e que hoje é ocupado parcialmente pelo Museu da Imigração – a proposta é traçar paralelos com a acolhida de migrantes internacionais hoje na cidade de São Paulo, sob um contexto em que o Brasil recebe movimentos migratórios internacionais distintos e adota uma política migratória pautada em interesses diferentes dos vigentes na época de construção da Hospedaria do Brás. Existem hoje na cidade de São Paulo casas de acolhida ou de passagem que recebem especialmente – ou exclusivamente – migrantes, refugiados e solicitantes de refúgio. Seis dessas instituições já participaram do projeto até o momento: o Centro de Acolhida do Imigrante – ligado ao Sefras, o Centro de Acolhida de Imigrantes – ligado à Missão Scalabriniana, o Centro de Acolhida de Mulheres Imigrantes (Caemi) – ligado à Associação Palotina, a Casa de Passagem Terra Nova, o Arsenal da Esperança e a Casa do Migrante. Tendo como base a experiência do projeto “Histórias de Hospedarias” – e sempre em diálogo com as informações que o Museu da Imigração já possui sobre o cotidiano e funcionamento da antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás – o artigo discutirá a questão da acolhida de migrantes internacionais hoje na cidade de São Paulo. Histórias do Quilombo do Remanso: fios que tecem resistência Ana Carolina Francischette da Costa Por meio do diálogo da História com outras disciplinas das Ciências Humanas e, sobretudo, da

132


#publichistory2018 relação estabelecida entre História oral e etnografia foi possível o levantamento das fontes e análise central para este trabalho: as narrativas sobre o Remanso. Esta comunidade quilombola estabelecida em meados dos anos 1950, no interior da Bahia, Chapada Diamantina, tem passado por transformações devido ao processo de urbanização intensificado desde fins dos anos 1990, com a inserção do quilombo nos roteiros de ecoturismo comercializados pelas agências da região. Além do turismo, a inauguração da escola e a chegada da energia elétrica são percebidas pelos moradores como elementos que transformaram as formas de vida tradicionalmente estabelecidas na comunidade trazendo desequilíbrios em relação à coesão social do grupo; dificultando a transmissão das práticas culturais aos mais jovens; propondo novas formas de sociabilidade e necessidades de consumo. Essas narrativas apresentam visões críticas sobre o passado e o presente da comunidade, nos sensibilizam a respeito das transformações e das contradições criadas pela modernidade, a partir da ótica de sujeitos que reconhecem seus dilemas, elaboram críticas e, ao mesmo tempo, dialogam, selecionam e se apropriam das mudanças em curso, criando estratégias de resistência e adaptação ao processo de modernização. History types as a means of modernization for the auxiliary sciences of history Sebastian Kubon The auxiliary sciences of history are still regarded as providing a basis skill-set to evaluate historical sources. They include long-established sub-disciplines like diplomatics and paleog-raphy. “History types” like monuments, museums, pictures, and reenactments are, however, not yet systematically examined by the auxiliary sciences apart from occasional public history courses. SEBASTIAN KUBON’s paper discusses whether and how the concept of “history types” could fruitfully contribute to the modernization of the auxiliary sciences of history and how the concepts of performativity, mediality, authenticity, and memory may enhance their methods and approaches. How to work with memories? Should we try to fill the gaps? Maria Shubina In the private history of Russia there have always been figures of silence. Unrecognizable photos, missing relatives-these are facts from the lives of almost every family. This injury of silence in the family occurred after the state, where uncomfortable questions could not be asked, and uncomfortable answers to them could not be known. One of the tasks of public history in Russia is to fill these gaps. But it’s not that easy. Is it necessary to try to restore the pieces of family tree - or holes in the history of the family tell us more than returned, often with a stretch, the facts? And how to deal with painful issues common to entire territories? Illuminating Urban Development through Public History: A Case from Bogotá Catalina Muñoz In this project I explore how public history can illuminate our understanding of the meanings of urban development for the people most affected by it. I use oral history and archival research to explore the role of history and memory in shaping how people experience a project of urban development that will drastically transform a traditional yet impoverished working-class neighborhood of downtown Bogotá. The neighborhood of Las Aguas is about to be transformed into a conglomerate of modern high-rise buildings. The project of urban transformation is promoted by the neighboring Universidad de los Andes, under municipal planning regulations, and has produced significant tensions with the community that fears displacement and gentrification. I argue that history and memory are an essential part of the phenomenon of urban development and of the ways people experience it. Imagens da escravidão: resistência, liberdade e arena pública Iohana Brito de Freitas Nas décadas de 1980 e 1990, o circuito de fazendas do Vale do Paraíba fluminense buscou na ex-

133


#publichistory2018 periência do tempo transcorrido (que atribui ao espaço valor documental) e na chancela do Estado, através dos órgãos responsáveis pelo patrimônio histórico, a legitimidade de suas narrativas e o combustível para sua divulgação enquanto corredor turístico comercial. A ideia de patrimônio aparece ligada ao território e à memória pública, transformando as fazendas em fontes de conhecimento e referências da história. Seus espaços são apropriados cenograficamente, requalificados para o circuito turístico de memória. A transformação das casas sede em museus-casas, o colecionismo de objetos que remetam ao imaginário dos séculos XVIII e XIX, a construção de senzalas cenográficas, a caracterização dos guias de turismo que integram o receptivo como barões e baronesas e de funcionários ou grupos artísticos que compõem a programação da fazenda como escravizados são recursos à construção de memórias que atuam na constituição de um universo simbólico onde o patrimônio histórico não é observado do passado e sim como categoria de ação do presente e sobre o presente. Proponho então pensar como as narrativas tecidas sobre os escravizados nas visitas às fazendas históricas do Vale do Café e as representações daí decorrentes contribuem para a construção e valoração de discursos em torno do passado histórico que perpassam a construção de saberes do público em geral. Em outras palavras, sugiro refletir como a memória da escravidão está sendo moldada e exibida na arena destas fazendas: estaríamos a celebrar o patrimônio negro erguido pelos que sobreviveram e a sensibilizar variados públicos para a tragédia humana da escravidão? Ou a reforçar imagens e lugares sociais que dialogam permanentemente com as ideias de resistência e liberdade? Imprensa, intelectuais e história: Le Monde Diplomatique no Oriente Médio Juliana Sayuri Ogassawara Fundado na França em 1954, Le Monde Diplomatique se tornou uma prestigiada revista de política internacional, somando dezenas de edições internacionais. O periódico, marcado por uma linha editorial crítica ao imperialismo e ao capitalismo neoliberal, oscila entre uma revista de atualidades e uma revue acadêmica, com longos artigos assinados por intelectuais de diversos países. Três eixos estratégicos marcaram a expansão de Le Monde Diplomatique ao longo do tempo: edições europeias (tendo como principais polos a alemã e a italiana), edições latino-americanas (como a argentina) e edições árabes (como a egípcia). Após investigar as edições de Le Monde Diplomatique no Brasil e na Argentina (que se concretizaram nos livros Diplô: Paris - Porto Alegre e Paris - Buenos Aires), no atual pós-doutorado estudo questões árabes a partir das páginas do periódico. Assim, este trabalho tratará das relações entre o papel dos intelectuais e a imprensa, a partir de temáticas relacionadas ao Oriente Médio, como o conflito Israel-Palestina, o islã político, a primavera árabe e a liberdade de expressão catapultada a casos como o atentado à redação do satírico Charlie Hebdo em 2015. Tal investigação encontra alicerces teóricos na história dos intelectuais, na história da imprensa e na história do tempo presente, dialogando com a dimensão pública do papel dos historiadores. Interactive Performance and Public Historians Joan Cummins Perhaps unfortunately for public historians, the past is irretrievably separate from the present. Living history sites and museums claim legitimacy in re-staging the past to help visitors “experience the past as it really was,” hoping to enhance historical consciousness and share knowledge by encouraging visitors to participate in activities from the past and situating them in evocative physical environments. In this presentation I interrogate this claim of “authenticity” by exploring the mechanics of how performed histories work as interactive experiences. I offer tools for public history sites to take lessons from performance techniques to provide vibrant experiences for visitors that evoke empathy and make clear the complexities of the past without collapsing its distance from the present. Interpreting Environmental History in the Public Arena Philip Scarpino What do we mean when we say we are interpreting the environment? Answering that question, draws upon two theoretical perspectives. 1. The definition of material culture coined by Archae-

134


#publichistory2018 ologist, James Dietz. “That segment of man’s physical environment purposely transformed by him according to culturally dictated plans.” 2. The relatively new theory of the Anthropocene, which in addition to its geological implications offers a framework for interpretation that accounts for human agency resting on culture. (Draws on the presenter’s co-edited volume, Rivers of the Anthropocene, 2018). Viewed through these theoretical lenses, the global environment and its component parts are as much human artifacts as they are natural systems. They are, in fact, physical manifestations of human beings acting over time on the values and attitudes that form the bedrock of culture. Presenter will draw on community and museum-based work performed over a multi-year period to ground the theory in public practice. João das Neves: da página ao palco, um projeto de “história pública” Miriam Hermeto, Natália Cristina Batista Um dos traços marcantes da trajetória de João das Neves como “homem de teatro”, em mais de seis décadas, é o comprometimento com um projeto social, expresso na busca de produzir uma arte capaz de interagir com seu tempo e transformá-lo, a partir do diálogo com públicos de diferentes classes sociais. Desde os primeiros tempos, entre as décadas de 1950 e 1970, no teatro engajado de tipo comunista, até a produção mais recente, o “engajamento” em favor de grupos identitários e populações marginalizadas mantém-se como um traço fundamental de sua atuação. Nesse movimento, destaca-se a escolha de temáticas sociais que buscavam responder a questões sociais de cada contexto, visando compreender a situação histórico-cultural de diferentes sujeitos, com a intenção de trazê-las à pauta dos debates. Da página ao palco – ou seja, dos textos dramáticos autorais, até as encenações em que atuou como diretor, produtor e/ou ator – João das Neves vem construindo uma “dramaturgia nacional” que tem como um dos eixos centrais a construção de uma interpretação histórica do “povo brasileiro”, a partir das margens. No centro de sua cena, teatral e social, reversaram-se como protagonistas operários, migrantes, mulheres, negros, indígenas, populações ribeirinhas, grupos de religiões populares, entre outros. Para ele, portanto, o teatro é uma forma de fazer História e transformar a história das pessoas, a partir de experiências estéticas coletivas. A maneira como esse “homem de teatro” narrou essa trajetória, nas mais de dezesseis entrevistas de história de vida produzidas entre 2013 e 2017 no Núcleo de História Oral da UFMG, permitiu-nos identificar nela o que hoje poderia ser nomeado como um projeto de “história pública” – o fragmento de pesquisa que será o foco desta apresentação. Jogos eletrônicos históricos, constituição de sentidos e identidades: um estudo a partir da comunidade de jogadores(as) Walter Francisco Figueiredo Lowande, José Carlos dos Santos Júnior, Matheus Felipe Francisco Nesta comunicação trataremos das possibilidades de aprendizado histórico por meio do history game Sid Meier’s Civilization VI: Rise and Fall, considerando em especial as representações sobre a história do Brasil nele contidas. Para isso, utilizaremos informações disponíveis na plataforma de jogos Steam, comunidades em redes sociais e outros fóruns nos quais aficionados(as) pelo game compartilham suas ideias e opiniões. Além disso, foi criado um breve questionário, que será publicado em locais estratégicos, a fim de criar um banco de dados mais sólido para a análise. Nosso objetivo é compreender os efeitos de sentido produzidos por meio dos conceitos e procedimentalidades propostos pelo jogo eletrônico a partir dos elementos fornecidos pelas próprias comunidades de jogadores(as), pretendendo assim suprir uma importante lacuna neste campo de estudos. Jornalismo e a referência à história: experiências de comunicação do quotidiano Alice Mitika Koshiyama A pesquisa tem como corpus material coletado na imprensa brasileira: notícias, reportagens, artigos opinativos, textos interpretativos sobre a conjuntura política, social e econômica, que trabalham com referências sobre o passado para desenvolverem suas explicações sobre o acontecido. Para esta comunicação selecionamos textos que usam comparações entre fatos ocorridos em diferentes espa-

135


#publichistory2018 ços ou tempos. Fizemos a leitura crítica do material coletado com mediações dos seguintes autores: Braudel, Carr, Pollak. Concluímos que a história pública é um campo de comunicação cuja prática exige o conhecimento da história como disciplina científica. Os historiadores precisam detectar a possibilidade concreta dos usos de uma leitura sobre o passado, pois há usos que veiculam preconceitos, ódios e paixões exacerbadas, usos praticados diariamente, por ignorância científica ou por má fé. Justiça Social e Território: A luta do Movimento de Luta por Moradia - MLM na Vila Operária em Guarulhos, SP Maira Carvalho De Moraes Título: Justiça Social e Território: A luta do Movimento de Luta por Moradia – MLM na Vila Operária em Guarulhos, SP.O presente artigo irá analisar algumas das resultantes do trabalho de pesquisa de mestrado (em andamento) no programa de Mudança Social e Participação Política da EACH/ USP, cujo título é Justiça Social e Território – A luta do Movimento de Luta por Moradia – MLM na Vila Operária em Guarulhos, SP. A Região Metropolitana da Grande São Paulo – RMGSP apresenta um grande número de experiências de luta pelo direito à moradia. Dentre as diversas localidades está o bairro de Vila Operária na cidade de Guarulhos. Essa região está localizada nas proximidades dos Parques Continentais (I ao V) e dividem a mesma matrícula de terras, apesar de não serem regularizados pela prefeitura. Os moradores desse bairro se organizaram junto ao movimento social Movimento de Luta por Moradia – MLM para que possam ter garantidos o seu direito à moradia. A Vila Operária está dentro da disputa pela titularidade desse território, que também engloba os Parques Continentais (I ao V), ambos localizados dentro de áreas de mananciais e nas proximidades da Área de Proteção Ambiental- APA Cabuçú-Tanque Grande, pertencente ao Parque Linear do Rio Tietê e atualmente, local de construção do trecho norte do Rodoanel. Desse modo, a pesquisa dessa localidade trará à tona uma diversidade de problemáticas, como o crescimento da mancha urbana da Região da Grande São Paulo sobre áreas de manancial, o problema da titularidade de terras em áreas com problemas de regularização, e a ação do Capital e do Estado sobre a classe trabalhadora que é obrigada a ocupar áreas em litígio. Os movimentos sociais de moradia tem sido um dos instrumentos de resistência dos moradores de bairros que tem problemas com a regularização fundiária, e que lutam contra a ação de grileiros e imobiliárias. Através do estudo da história desse bairro, tem sido possível verificar como tem se dado a ação do Capital na cidade de São Paulo e a forma que essa ação impacta diretamente nas cidades da Grande São Paulo. E como a expansão da mancha urbana sobre áreas de manancial, que apesar da rígida legislação, estão desprotegidas da ação de imobiliárias e grileiros. Essa pesquisa possibilitará conhecer como os moradores se organizaram junto a um movimento social, e quais suas formas de ação, comunicação e ideologia na luta por justiça social e compreender a ação do Estado em áreas com problemas de titularidade. Learning from history? The Nanjing Massacre and Japanese-Chinese History Wars Torsten Weber This paper examines recent developments in the instrumentalisation of the Nanjing Massacre (1937/38), committed by Japanese soldiers in the Chinese capital of Nanjing, as the main topic in the ongoing history wars between Japan and the PR China. Similar to the comfort women issue, the scope of public history activism in the case of the Nanjing Massacre has recently been widened from the national and bilateral scope to the global scene. This includes the complete renewal of the Nanjing Massacre Memorial site, the official nomination of the Nanjing Massacre for the UNESCO International Memory of the World Register, and the treatment of the massacre in the commemoration of 70th anniversary of the end of the Second World War in 2015. My paper will analyze recent trends and strategies to establish nation-centred, authoritative interpretations of the event as a case study of transnational public history in Japanese-Chinese relations. Lei de Modernização dos Portos, 1993: discordâncias entre a história oficial do Estado e o testemunho oral de estivadores do Porto de Santos (SP)

136


#publichistory2018 Alexandre Raith Em 1993, o governo federal, na época sob o comando do presidente Itamar Franco, iniciou um processo de revolução no setor portuário brasileiro ao promulgar a Lei 8.630. A chamada Lei de Modernização dos Portos concedeu a empresas privadas o direito de gerenciar tanto as operações portuárias como a mão de obra, a fim de acabar com o controle do mercado de trabalho que até então era regido pelos sindicatos de diversas categorias. Para isso, foi criado o Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO), que recebeu o papel de cadastrar e capacitar os trabalhadores portuários, que eram conhecidos como operários sem patrões, devido à condição de não ter vínculo empregatício com empresas portuárias e trabalhar de forma avulsa. No entanto, esta função não era apenas burocrática. O OGMO iniciou um processo de modificações da cultura do trabalho e de controle sobre os procedimentos relacionados às atividades no cais. Entretanto, segundo o governo federal, o objetivo da Lei era o de reestruturar a infraestrutura do Estado e adaptar-se às exigências de um mercado globalizado, através da descentralização, desregulamentação e desfederalização dos portos públicos, para enfrentar a ineficiência que impedia o desenvolvimento de uma economia nacional. Diante do cenário exposto, este trabalho objetiva verificar a história pública da criação do OGMO, por meio da análise de documentos oficiais do Estado (leis e decretos) e reportagens da imprensa. Tais informações serão confrontadas com depoimentos orais colhidos de sindicalistas e estivadores que trabalhavam à época no Porto de Santos, localizado no litoral sul do estado de São Paulo. Isto é, analisaremos as discordâncias entre o discurso oficial neoliberal de progresso adotado pelo Estado brasileiro para legitimar concessões e privatizações de portos nacionais e os relatos de trabalhadores da estiva, que vivenciaram milhares de demissões, longas greves, violentas manifestações, prisões e enfraquecimento do poder sindical. Vale ressaltar que, na atualidade, a Lei 8.630 está de volta às manchetes devido à investigação de beneficiamento de empresas portuárias, que aumentaram o prazo dos contratos de concessão firmados em 1993 de 25 anos para 35 anos, prorrogáveis até 70 anos, graças a um decreto editado, em 2017, pelo atual presidente Michel Temer, supostamente em troca de propina. Linguagens digitais no ensino da História: as Revoluções Burgueses através de memes. Juana Barbara Castro, Érica Paula Frade Bittencourt O trabalho apresentado foi desenvolvido com turmas de 8º ano de uma escola particular de Belo Horizonte. Através dele buscamos incorporar as novas linguagens oriundas das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação - TDIC’s - no processo de ensino e aprendizagem da História.Tratamos nas salas de aula com estudantes que nasceram no século XXI. Nossos alunos são nativos digitais. Seu lazer, socialização, letramento e informação acontecem por meio das telas de computadores e smartphones. Na Sociedade da Informação a escola não é mais, graças às novas tecnologias de informação, a única instância educativa. Neste contexto, a escola em nossa sociedade, já não é a primeira fonte de conhecimento para os alunos e, às vezes, nem mesmo a principal, em muitos âmbitos. A grande diversidade de leituras do cotidiano da sociedade da informação deveria encontrar eco na escola, que muitas vezes continua priorizando apenas as leituras e gêneros tradicionais. A escola não pode incorporar todos os novos processos de produção de gêneros de forma acrítica, mas ganharia em inserir as novas práticas de letramento oriundas das TDCIs em seu cotidiano, aproximando o mundo dos alunos de suas práticas sem perder o seu lugar privilegiado de produtora de conhecimento e sentido. Neste sentido, desenvolvemos com os alunos do 8º ano do ensino fundamental o projeto Memes. Após o estudo da Iluminismo, Independência dos Estados Unidos e da Revolução Francesa propusemos aos alunos a realização de memes baseados nestes conteúdos. Em referência ao campo da informática, a expressão Memes é utilizada para caracterizar uma ideia ou conceito, que se difunde através da web rapidamente. O Meme pode ser uma frase, link, vídeo, site, imagem entre outros, os quais se espalham por intermédio de blogs, sites de notícia, redes sociais e demais fontes de informação. A partir da reflexão do que é um meme, os alunos deveriam criar um meme sobre as Revoluções Burguesas. Os memes produzidos poderiam utilizar imagens relativas à época, mas tratando de assuntos atuais ou abordar acontecimentos históricos estudados utilizando memes clássicos (Nazaré, Grethen, Já acabou Jéssica?, Inês Brasil, Segura o forninho, Giovanna e outros). A incorporação das novas mídias na sala de aula podem então contribuir para uma proposta de ensino 137


#publichistory2018 mais interativa, interagindo diversas linguagens por meio do uso da tecnologia, buscando proporcionar experiências de aprendizagem desafiadoras e significativas. Little girls from FEBEM of Ouro Preto: memory and identity Luciana Ferreira FEBEM (Instituição Estadual para o Bem Estar do Menor) was created in 1976 to help children that were living in situation of needy, violence and abandon in Brazil. In Ouro Preto, according to documents, the FEBEM started it’s activities approximately in this period, receiving girls from all the country. Nowadays, the building where the institution was working belongs to the city government and today there is working the wellfare department. The propose of my project for the Universidade Federal de Ouro Preto was born when I worked in this department and there I could meet some of those women that lived in FEBEM. Talking to those women I could see the lack of information about that important event of our history and it lead me to ask about how this social memory was built as well as their identity. We are collecting narratives from these women and trough these narratives, we will be able to analyze, identify and preserve this important chapter of our history. Living with Dying Laura King Through my AHRC Leadership Fellowship, ‘Living with Dying’, I am working with a group of 15 family historians. By offering training, the chance to discuss progress and challenges in their research, and a social element to our work the family historians have found this useful. By working with social historians (myself and Jessica Hammett), they are also learning more about the historical context in which their families lived. In turn, we are interviewing each member of the group, about their memories and what they know about their relatives, to gain a detailed picture of their families in the period 1900-50. We also (with their consent) accessing documents and materials from each historian’s ‘family archive’, and learning about their family’s history through their writing and documentation of their research. Does this privileged access into ‘ordinary’ families’ histories offer a new way for social historians to access a history from below perspective? Manifesto de Historiadores no Chile: memória e historiografia sobre o golpe Lays Correa da Silva A questão da História e da memória sobre a Ditadura Militar no Chile tem sido um ponto de debates e disputas que envolveram não só intelectuais e acadêmicos, mas também diversos setores da sociedade. Em 1988, com a detenção do ex-ditador Augusto Pinochet em Londres por ordem do juiz espanhol Baltasar Gárzon, discussões em torno da escrita da história chilena sobre o período ocuparam espaço nos jornais e instauraram um debate que colocava em pauta o papel público do historiador: a defesa da História como instrumento de construção social da realidade futura. Depois da publicação de uma carta aberta de Pinochet aos chilenos no qual o ex-ditador fazia uma defesa de seu regime, diversos historiadores uniram-se e redigiram o Manifiesto de Historiadores, publicado no jornal Punto Final. Dentre esses historiadores alguns haviam lutado contra a Ditadura Militar, chegando inclusive a serem exilados pelo regime, como é o caso do historiador Gabriel Salazar, ex-militante do Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR). Assim como Salazar, outros historiadores que assinaram o manifesto eram integrantes da Universidad de Artes y Ciencias Sociales, importante centro de ensino e pesquisa chileno que surge nos anos 1990 com uma proposta de construção de uma sociedade plural, com o respeito aos direitos humanos e a diversidade, num ambiente de liberdade e tolerância. Em 1999, juntamente com Sergio Grez, Salazar publicou o livro “Manifiesto de Historiadores” no qual reunia as principais reflexões sobre a polêmica e que será a fonte principal de nosso estudo. O papel público do historiador será analisado então a partir da discussão sobre a participação de historiadores nos processos de transição política e consolidação democrática, debatendo a relação entre história e memória e o papel político desses intelectuais.

138


#publichistory2018 Mapeamento dos terreiros de São João del- Rei. Rafael Teodoro Teixeira O mapeamento dos terreiros surge através da indagação: onde estão as heranças culturais e religiosa de matriz afro-brasileira e africanas em São João del- Rei? Pois nos séculos XVIII e XIX, a cidade foi sede da Comarca do Rio das Mortes, uma das comarcas mais importantes da capitania de Minas Gerais. A economia da cidade e da região girava em torno do comércio, agricultura, mineração e pecuária. Trazendo para essas localidades ao longo dos séculos um expressivo número de negros escravizados. Nesse sentido, o presente nos obriga a fazer outras perguntas: diante aos conflitos sociais e religiosos, que estão em volta das comunidades de terreiro, quantos terreiros tem na cidade? Onde eles estão localizados? Quais os cultos realizados? Ouve algum conflito religioso? Sofreram algum tipo de preconceito? Quais são outras manifestações culturais presentes na cidade? A partir das respostas começamos a montar o mapeamento e a catalogar os templos religiosos de matriz afro-brasileira e africana em São João del- Rei. Marcas da história: visitas a lugares de memória e consciência na América Latina Samantha Viz Quadrat Os ex-centros clandestinos de detenção, tortura e extermínio no Cone Sul da América Latina que foram recuperados na democracia por organizações de direitos humanos, vítimas e familiares constituem hoje em dia um espaço importante na construção da memória sobre o passado recente e traumático na região. Da mesma maneira, museus que trabalham com o tema, como o De Memória e Direitos Humanos, em Santiago, Chile, e lugares que se tornaram simbólicos dos golpes e regimes autoritários, como o Palácio La Moneda, também no Chile, integram hoje os roteiros turísticos nesses países. Estão presentes em sites oficiais do governo e indicados pelos mesmos para visitantes como maneira de conhecer a história do país. Nesse sentido, são espaços fundamentais na construção da história e da memória ao fazerem parte dos circuitos turístico e escolar desses países. #Memorecord: um experimento de história pública digital Anita Lucchesi Nos últimos vinte anos, o desenvolvimento das tecnologias digitais tem trazido novas questões de ordem teórica e metodológica para a escrita da história. Com a popularização da web e dos dispositivos móveis com acesso à Internet, esse processo, muitas vezes descrito como uma revolução digital, também tem grandes desdobramentos na prática da história pública, tanto no que diz respeito ao alcance dos projetos, bem como à promoção do engajamento do público enquanto autor. Nesta apresentação, a fim de discutir alguns aspectos chave da junção das dimensões digital e pública na operação histórica, vou apresentar, como estudo de caso, a pesquisa que venho desenvolvendo em meu doutorado sobre memórias da migração no Luxemburgo. Assim, apresentarei os resultados parciais e os aprendizados decorrentes de um experimento que realizo com a técnica de crowdsourcing como metodologia de coleta de dados para a pesquisa. Para este fim, discutirei: (1) principais conceitos e objetivos do meu projeto de pesquisa; (2) o processo de criação e customização da plataforma #Memorecord para possibilitar o crowdsourcing; e (3) uma amostra dos dados coletados via Instagram e Facebook até a realização desta conferência. O objetivo geral do trabalho é oferecer uma visão de dentro de um projeto de história pública digital a partir do zero, identificando os elementos críticos que podem ser determinantes para o fracasso ou para o sucesso do projeto. De um modo mais específico, minha intervenção se concentrará em questões intrínsecas ao meu projeto, mas que podem ser do maior interesse para aqueles no campo da história pública, a saber, os problemas enfrentados em relação à ética, às particularidades da relação entre memória e história local (neste caso, no Grão-Ducado do Luxemburgo) e problemas para se encontrar um equilíbrio entre aparência/aspecto estetico e funcionalidades importantes para se manter o rigor da pesquisa no que diz respeito ao design e funcionamento da plataforma #Memorecord. Memória de jovens, História Oral e Tempo Presente

139


#publichistory2018 Renata Sieiro Fernandes Esta comunicação trata das memórias de jovens sobre suas experiências ocorridas em um passado recente como ex-freqüentadores de um projeto público de educação não-formal. A metodologia da História Oral serviu como base para se conhecer as marcas mais significativas do vivido e do sentido por esses jovens e para se perceber como isso se articula a modificações nas formas da memória denominadas: memória do tempo eterno, memória do tempo efêmero e memória como projeto. Na pesquisa desenvolvida, a memória constituiu-se como um dos eixos principais, mas, neste caso, associada a um outro: o da juventude ou de seus componentes, os jovens, acerca de suas lembranças de um tempo recente. Não se refere a um público amplo de jovens, englobando diferentes etnias e populações, ou pertencentes a diferentes classes sociais. O recorte feito destaca jovens que foram ex-freqüentadores de um projeto de educação não-formal (o outro eixo), de sucesso e reconhecido, localizado na cidade de Paulínia-SP e denominado Projeto Sol (1988-2000). Para se chegar aos dados, a partir de elementos extraídos de um cotidiano já vivido e registrados na memória de cada um, sob modos diferenciados, partiu-se de oportunidades criadas formalmente para se falar sobre o ocorrido, o vivido e o sentido, re-elaborando-os e ressignificando-os. Neste caso, a metodologia da História Oral foi fundamental, pois ela permite o conhecimento da reconstrução das vivências e experiências dos depoentes, em razão das condições que os momentos de encontro e de entrevista oferecem, a partir das iniciativas provocadas e provocadoras do pesquisador. Desse modo, alguns aspectos do percurso de vida desses jovens, ex-freqüentadores do Projeto Sol, puderam ser conhecidos a partir de seus depoimentos individuais, em duplas e coletivos. Bosi aponta a oportunidade de contar com depoentes vivos e os recursos da História Oral, ao que Pollak reitera afirmanda que a História Oral permite fazer uma história do tempo presente e que Neves chama de história contemporânea. Como a história que os depoentes reconstruíram ao re-contar rememorando os fatos vividos aconteceu nesse período de tempo próximo e como as memórias desse tempo vivido cada sujeito as carrega consigo, portanto, está fragmentada e dispersa, ainda não escrita, a História Oral entra, em pesquisas desse teor, como a metodologia melhor adequada para a ocasião e a situação. Memória e educação não escolar: Um estudo comparativo sobre a constituição educativa em museus na cidade do Rio de Janeiro. Adrielly Ribas Moarais Este estudo será desenvolvido a partir de pesquisas em três instituições museológicas, que possuem trajetórias distintas, com o objetivo de comparar suas propostas no campo da educação não escolar. A pesquisa será centrada na cidade do Rio de Janeiro, que possui o maior número de museus por habitantes segundo dados do IBRAM de 2015. A cidade possui diversos marcos temporais coexistindo em seu espaço, que ao longo de sua história sofreu diversas tranformações e reformas urbanas, bem como a consequente resignificação simbólica do território, através da seleção de memórias, novos monumentos e uma diversa gama de museus. As instituições museológias possuem poder selecionador do que seja digno de ser considerado memória e ou cultura. Isso acontece, basicamente, através da escolha de objetos que vão integrar a coleção, pela forma que serão expostos e o discurso que os acompanha. Neste contexto, a educação não escolar, tende a desempenhar um papel importante na formação de cidadania, envolvendo a reflexão e atuação do indivíduo em suas relações com o coletivo e sua memória. Por isso, é possível considerar relevante pesquisas que estabeleçam relações entre memórias individuais, sociais e coletivas, entre quais as que se constituem como nacionais. Diante disso, o projeto de tese busca investigar a partir de entrevistas, observação de campo e análise de documentos constitutivos, de que maneira a Educação inside no Museu da República, Museu da Maré e Museu do Amanhã e como estes, por sua vez, insidem na Educação, levando em consideração as suas intenções, o tipo museológioco e a trajetória instuticional. Memória e educação não formal: A Corporação Musical Banda União Operária na cidade de Piracicaba – SP Wana Carcagnolo Narval Cillo, Lívia Morais Garcia Lima

140


#publichistory2018 Esta pesquisa tem por objetivo inteirar-se sobre os processos de aprendizagem que ocorrem na Corporação Musical Banda União Operária, fundada há mais de um século na cidade de Piracicaba/SP, e continua em plena atividade. A pesquisa se dará por meio da metodologia de caráter qualitativo (História Oral) utilizando a entrevista aberta e o depoimento temático, contando também com o acesso ao acervo de documentos e fotografias que a própria instituição possui. A análise sobre o conteúdo das entrevistas e o acervo da instituição será organizada de modo a gerar subsídios para um aprofundamento sobre os processos de educação não formal realizados durante anos de atuação da Corporação Musical Banda União Operária na cidade de Piracicaba e região e seu impacto sociocultural na cena musical piracicabana. A Corporação Musical Banda União Operária, completa 112 anos em 2018. Foi fundada no dia 1º de Maio de 1906 e sua evolução e seus esforços para manter a tradição musical da cidade de Piracicaba, não foram registrados após seu centenário em 2006. A contribuição e a singularidade desta Banda que foi capaz de transpor todas as mudanças sociais, econômicas e culturais ao longo de 112 anos é algo que precisa ser reconstruído e pesquisado com profundidade para que esta história não se perca e que as futuras gerações possam preservar e valorizar este legado. A animação sociocultural proporcionada pela Corporação Musical Banda União Operária vem contribuindo para o campo da educação não formal, onde seus educadores, integrantes e expectadores compreendem os significados culturais construídos a partir da mediação que acontece em suas apresentações. Memória e património cultural na ilha de Moçambique: Uma visão a partir dos bairros de Macuti Aiuba Ali Aiuba Uma nova perspectiva de se pensar a História Social, trouxe consigo questionamentos a essencialismos associados ao conceito de cultura que vigoravam na maneira como esta Ciência Social era pensada e escrita, muitas vezes marcada por um caráter estático, homogêneo e com fortes influências coloniais que culminava com uma hierarquização das culturas. Neste contexto, nota-se uma avalanche de intelectuais que se preocupam em abordar o que Peter Linebaugh e Marcus Rediker (LINEBAUGH & REDIKER, 2008, p.15) na sua obra A hidra de muitas cabeças, consideram uma “história vista de baixo”, em que, dialogando com a antropologia valorizam os chamados “sujeitos subalternos” e enfatizam o dinamismo e fluidez da cultura. O presente trabalho pretende realizar uma reflexão sobre os processos de construção de identidades culturais das populações da Ilha de Moçambique (província de Nampula – Moçambique), em torno da utilização das casas de macuti (nome dado a uma palha vegetal extraída do coqueiro usada na cobertura das casas na Ilha de Moçambique usando técnicas tradicionais baseadas em saberes populares) a partir da compreensão das conexões e interelações entre as influências culturais de diferentes regiões. Para isso, pensarei algumas práticas cotidianas que estão associadas ao macuti na casa, bem como as composições ou substituições por outros materiais. O debate vai se construir a partir deste elemento que faz parte das materialidades características da Ilha de Moçambique ou do que poderíamos chamar da sua « cultura material ». Nesse quadro, importa perceber os contornos e principais impactos das atuais dinâmicas socioculturais sobre o patrimônio cultural da Ilha de Moçambique, classificada Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO em 1991. Em linhas gerais o trabalho busca compreender o valor histórico da expressão sociocultural do macuti na vida da população da Ilha de Moçambique. Memórias Congadeiras e História Pública na região das Vertentes (Minas Gerais) Silvia Maria Jardim Brügger, Simone De Assis, Daniele Michael Trindade Neves Esta apresentação é fruto do projeto de pesquisa “Memórias da Escravidão e da Liberdade entre os Congadeiros da Região das Vertentes”, no qual trabalhamos com a metodologia da história oral, ouvindo narrativas de integrantes de ternos de congado e seus familiares, sobretudo, nas cidades de Tiradentes e São João del Rei. Analisamos como as experiências das populações negras, durante a escravidão e o Pós-abolição, são reconstruídas por aqueles que se identificam como seus descendentes e são protagonistas de uma prática cultural e religiosa comum na região. O congado constitui-se hoje em uma manifestação reconhecida como lugar de afirmação de identidade negra, de devoção religiosa, de constituição de vínculos sociais e de sociabilidade e de lutas políticas. Percebem-se 141


#publichistory2018 influências de valores e princípios dos povos bantos na forma como são explicadas vivências cotidianas próprias dos congadeiros e de seus parentes, como por exemplo, migrações, doenças, etc. Em sendo uma pesquisa baseada na história oral, produzimos um conhecimento compartilhado com o público, ou seja, com os sujeitos que entrevistamos. Assim, faz-se presente uma primeira dimensão da história pública. Outra dimensão relaciona-se com o impacto da pesquisa sobre esses próprios sujeitos. Neste caso, pensamos especialmente no Capitão Prego, do terno de Congado Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia de Tiradentes. Ele narra sua história tendo como marco inicial a geração de seus avós, que teriam vivido na região de Piedade do Rio Grande e migrado para Barroso. A partir do entrecruzamento de nossa pesquisa e da tese de doutorado da historiadora Lívia Monteiro, “A Congada é do mundo e da raça negra: Memórias da escravidão e da liberdade nas festas de congada e moçambique de Piedade do Rio Grande; MG (1873-tempo presente)”, têm sido buscadas possíveis relações de parentesco entre o capitão e moradores daquela cidade, inclusive, com uma das autoras desta apresentação, a aluna Daniele Neves. Um primeiro momento de contato do Capitão Prego com a cidade de seus avós ocorreu na festa Cidade em Ação, em novembro de 2017. Pretendemos, portanto, pensar sobre esses desdobramentos públicos, que não imaginávamos no início da pesquisa, e seus significados para essas pessoas. Memórias de Aimorés: um estudo sobre as narrativas de um memorialista a partir da noção de pós-memória Carla Lisboa Porto De acordo com Beatriz Sarlo, a noção de pós memória pode ser definida como uma espécie de memória que é “herdada”, uma vez que suas narrativas sao mediadas por aquela de outrém. abordada pela autora argentina em Tempo Passado: cultura da memória e guinada subjetiva, ela se insere no nivel das relações afetivas estabelecidas entre sobreviventes de experiências traumáticas (como o Holocausto ou os regimes totalitários em vigor na América Latina, na segunda metade do século XX, por exemplo) e seus descendentes. Neste artigo, serão apresentadas algumas reflexões sobre o seu papel desta noção nos “combates pela memória”, por meio das narrativas do memorialista Jaime Prado e de intrumentais teórico-metodológicos sobre a memória e suas particularidades. Funcionário aposentado de um hospital de isolamento localizado na cidade de Bauru, Jaime Prado traz consigo memórias de outras memórias que são reproduzidas por ele enquanto elabora sua própria narrativa sobre o isolamento compulsório de portadores de lepra (hanseníase). Os vínculos construídos entre o memorialista e a comunidade de pacientes são afetivos, apesar de terem se formado em seu antigo local de trabalho. Graças à sua proximidade com alguns deles, o memorialista pôde formar um acervo contituido por fotografias, cartas, depoimentos gravados em vários suportes, objetos pessoais, etc., doados por antigos pacientes e/ou familiares. Entrevistado entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016, ele alterna sua narrativa com elementos provenientes das memórias dos ex-internados com um discurso de narrador - testemunha. Suas memórias também contemplam aspectos narrativos de quem, como ele, teve familiares que viveram na instituição de isolamento antes de sua chegada, na década de 1970. Estes e outros serão aspectos abordados com o intuito de compreender estes elementos narrativos, empregados para mostrar a si mesmo como integrante desta comunidade e responsável por divulgar as memórias subterrâneas de antigos doentes de lepra como instrumento de luta simbólica para obter visibilidade e reconhecimento da exclusão social vividas por estas pessoas. Memórias sobre o desconhecido na Amazônia: o fenômeno chupachupa na região de Colares no Pará (1977-1978) José Luiz Vieira Costa Neto No final dos anos 70 com a popularidade da censura nos meios de comunicação do país, tortura e exílios advindos da Ditadura Civil-Militar, uma pacata cidade no interior do estado do Pará, Colares, teve sua rotina transformada em função de estranhas luzes vindas do céu, as quais atacavam e feriam moradores. Esse evento, que ficou conhecido como chupa-chupa, recebeu uma repercussão nacional culminando com a Força Aérea Brasileira (FAB) realizando diversas investigações, denominadas de “Operação Prato”. Nesse sentido, este trabalho visa abordar memórias de pessoas que viveram na época, livros memorialistas e jornais do período proposto. Adentrando a um debate historiográfico 142


#publichistory2018 relacionando com a construção midiática da memória dos acontecimentos, a evidência do medo vivido pelas pessoas da região e como foram produzidas as abordagens dos livros contemporâneos sobre o fenômeno. Desta maneira, o trabalho busca entender os registros através da análise crítica das fontes documentais preservadas e disponíveis para o público geral, propondo um exame dos relatos populares diante do discurso midiático e militar que transcorriam na região da Amazônia, principalmente, na cidade de Colares. Memórias, identidade e patrimônio cultural: relações em construção Maria Sílvia Duarte Hadler A partir de questões que se colocam no presente, processos de rememoração podem trazer à tona ressignificações de certas vivências. Entre os anos de 1950 e 1960 parcelas da população negra da cidade de Campinas, SP, desenvolviam determinadas formas de sociabilidade que apontavam para o fortalecimento de sua presença em diversos espaços da cidade. A organização de festas, bailes, rodas de samba fazia parte das vivências urbanas de um grupo social que, provavelmente, via nessas oportunidades de lazer e de convivência possibilidades de marcar sua presença e ultrapassar a invisibilidade social a que estavam sujeitos na vida cotidiana. Estas vivências têm vindo à tona por meio do protagonismo voluntário de uma figura feminina que tem conduzido de maneira informal e aleatória um processo de rememorações a partir da coleta de uma documentação fotográfica a respeito. Este trabalho pretende, portanto, realizar uma reflexão acerca de um processo de constituição informal de uma determinada forma de patrimônio cultural relativo a práticas culturais de uma parcela da população negra da cidade, práticas estas que abrigam diferentes maneiras de driblar dificuldades de sobrevivência, de reconhecimento de sua existência social, diferentes modos de resistência e de ativação de relações de pertencimento, de fortalecimento de traços identitários. O interesse e a busca determinada de registro e documentação de rememorações relativas a estas vivências anteriores parece corresponder a um desejo de reescrita da história desse grupo social; parece, também, fazer parte de um processo de construção identitária de um segmento social dividido entre o sentimento de pertencimento a determinadas formas de viver e agir num certo passado presente e a tensão decorrente de vivenciar formas de desvalorização e de apagamento de suas histórias e memórias no espaço urbano. Memory of Civil War during the Transition to democracy in Spain (19361982). How the society took the initiative in Spain and Basque Country Unai Belaustegi After the failure of the coup d’état leaded by Francisco Franco in 1936 against the democratic Spanish Second Republic, a bloody war extended through around the country between 1936 and 1939. Franco won the Spanish Civil War and as the first and only leader, he run the country during the next 40 years. In those years, the dictator suppressed and neglected public memories of those who defended the Republic (republicans, Basque and Catalan nationalist…). After the dictator’s death (1975), Spain submerged in a period of social and political transformation known as Transition to democracy (1975-1982). In 1977 passed the Amnesty Act, which provided a general pardon to whom fought against the dictatorship but also, amnestied all military personnel (Franco included) from any responsibility of war and of 40 years of totalitarian dictatorship. Until now, there has not been any judicial process for those two Spanish periods. The current Spanish social division is one of the clearest consequences. Memory, Oral Histories, and Community: The Memory Map Project” Radhika Hettiarachchi My presentation concerns the new project memorymap.lk which is now nearing the end of the first phase and the second is about to begin. In it, memory and oral history are used for dialogue within and between communities for empathy and understanding of the needs of each other, towards non-recurrence of violence. At that, we use story-telling methodologies to delve deeper into histories

143


#publichistory2018 - and there is a performative element in it. I will address the challenges and positive experiences of using performative strategies in public history generally and in particular address the problem inherent in the very same performative element where the story becomes more each time, and the teller embodies it. This raises serious concerns about the nature of performing narratives and the way the communities engage with them. Movimentos migratórios, história oral e memória Valéria Barbosa de Magalhães Esta apresentação se destina a falar do projeto “Nordestinos em São Paulo e História Oral: Abordagem Historico Crítica”, que tem por objetivo investigar a utilização da história oral e de suas técnicas nos diferentes estudos sobre nordestinos em São Paulo. Entendemos, entretanto, que “nordestinos” é um termo inventado, sendo uma categoria que generaliza diferenças. O utiliaremos apenas para efeito de agrupamento de estudos que tratem da diversidade de origens migratórias vindas de estados do Nordeste. Dentro da filiação ao campo de estudos da história intelectual, será executado um levantamento da produção bibliográfica brasileira neste escopo, iniciada anteriormente em dois outros projetos conduzidos nos GEPHOM/USP (História oral e imigração: abordagem histórico-crítica da produção brasileira, coordenado por Valéria B. Magalhães e com a participação do pesquisador Ricardo Santhiago, financiamento do CNPq, vigência: 2010 a 2013; e Lembranças de antigos moradores da Zona Leste de São Paulo: migrantes nordestinos e história de bairros, coordenado por Valéria B. Magalhães, financiamento Fapesp, vigência 2010 a 2013), um deles sobre as memórias de migrantes de estados nordestinos residentes na Zona Leste da cidade de São Paulo. O outro realizou um levantamento da produção brasileira de história oral sobre o tema das migrações internacionais. Na atual etapa do projeto, propõe-se especificamente levantar e analisar a produção brasileira sobre as migrações de povos do Nordeste vindos para o Sudeste que tenham se valido das técnicas de entrevistas de história oral. Movimentos sociais e tipologia documental: Organização documental no acervo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Jean Marcel Caum Camoleze, Sonia Maria Troitiño Rodriguez Este trabalho tem por finalidade estabelecer um estudo dos tipos documentais e analisar as problemáticas e possibilidades de organização e identificação documental dos movimentos sociais, através do Fundo do Movimento dos trabalhadores Rurais Sem Terras – MST – depositadas ao acervo do Centro de Documentação e Memória (CEDEM) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). O MST foi fundamental para a história brasileira, fazendo parte de um processo de transição política e econômica do país. O Movimento também representou um acumulo de lutas realizadas por causa das questões agrarias nacionais e a estruturação de políticas públicas para o uso social da terra. Os mais de 30 anos de trajetória do MST permitiu um acúmulo documental fundamental para a compreensão da história atual do país. Porém a organização e formação paralela, entre os arquivos de movimento sociais e os arquivos públicos, são pouco estudas e precisam debater e discutir os campos teórico-metodológicos. No entanto, esta prática da gestão documental de identificação e organização dentro do Fundo do MST é um elemento fundamental para contribuir para a pesquisa e também é fator para preservar e, ao mesmo tempo, institui e alimenta o legado do movimento e de sua identidade. Desta forma, temos uma necessidade de procedimentos normalizados para favorecer a recuperação das informações e difundir a historiografia do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e possibilitar paramentos para a organização documental de outros movimentos sociais. Com a premissa metodológica da Tipologia Documental teremos subsídios para compreender a produção documental do MST e criar um caráter instrumental para a organização do acervo documental, além de potencializar a recuperação e o acesso à informação. Assim abranger os tipos documentais do Fundo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra é contribuir para a pesquisa de elementos para a identificação documental de movimentos sociais. Música e identidade: um estudo sobre o papel da música na

144


#publichistory2018 identidade de musicistas nordestinos no Vale do Paraíba Lucas Pulice A pesquisa em andamento busca investigar se a música pode ter relação com a identidade de migrantes nordestinos musicistas, na região do Vale do Paraíba, e em que medida haveria uma relação entre a musicalidade, memória e identidade. Assume-se aqui uma perspectiva de identidade em que, no contexto pós-moderno, os indivíduos se tenham tornado fragmentados e possuem diferentes identidades, podendo a música ter um papel importante nesse aspecto, entre grupos de migrantes. Os nordestinos se destacaram historicamente como a população de maior fluxo migratório para o Estado de São Paulo, principalmente para a capital, no século XX, mas marcando sua presença também em muitas outras cidades. A região estudada é do Vale do Paraíba.Além disso, os nordestinos apresentam forte conexão com a música, sendo responsáveis por grande riqueza cultural nesse campo. Em suas migrações, espalharam essa arte por onde passaram possibilitando grande disseminação. Dado esse contexto, a música pode representar um importante marco ligado a questões identitárias para tal grupo de migrantes. Serão abordados dois temas principais dentro dos Estudos Culturais: Cultura e Identidade. Trata-se de uma pesquisa exploratória, a coleta de informação, além do levantamento bibliográfico será pautada na história oral, se utilizando da memória dos entrevistados. No batuque das águas do Caxambú (Petrópolis/RJ): interpretação de patrimônio para Turismo de Base Comunitária Patrícia Ferreira de Souza Lima O bairro Caxambú é uma área funcional de Turismo de Petrópolis/RJ, nas imediações da APA Petrópolis, zona de amortecimento do ParNaSO, na qual representa tradicional comunidade de atividade rural familiar desde fins do século XIX, identificada como patrimônio cultural do Estado segundo a lei 7790. De valor histórico e beleza cênica, tem potencial para o Turismo de Base Comunitária, prática que pode sensibilizar o pertencimento histórico dos petropolitanos e agregar valor cultural aos visitantes do Centro Histórico. O TBC é marcado pela intenção de preparar, capacitar e promover a participação efetiva da população local, especialmente comerciantes e produtores artesanais, para que não haja segregação, desprestígio ou exclusão dos ganhos advindos da prática turística. Vulneráveis, um recente movimento de massa de grandes proporções acirrou desigualdades, perturbando a coesão social aparente. Através de gestão participativa, cabe realizar oficinas comunitárias para compatibilizar a expansão da área rural com limitações ao relevo montanhoso com a preservação da vegetação nativa. A metodologia consistirá na elaboração de instrumentos de pesquisa para levantamento de seu patrimônio cultural material e imaterial através de entrevistas individuais semiestruturadas e oficinas de mapeamento participativo, além do levantamento de dados histórico-sociais acerca do Caxambú em arquivos públicos e pessoais. Ao respeitar os sujeitos com seus discursos múltiplos, aposta-se na integração da história oral com a cartografia social, que usa mapas a mão livre para se expressarem em coletivo, proporcionando à comunidade autorreflexões sobre o espaço-tempo em que vivem. Entendendo a interpretação do patrimônio como processo educativo de significação de bens locais ou manifestações culturais, que favorecem a construção e socialização de saberes, ressalta-se que esta não se dá fora da interação com a sociedade, há que conhecer e reconhecer como lugar de acolhimento e compartilhamento de memórias, participando da construção de interpretações, valorização e divulgação de roteiro de TBC, com a finalidade de uma História Pública. Um relatório final será apresentado para levantar as potencialidades turísticas da área e problematizar questões de ordem social, ambiental, política, dentre outras dimensões, possibilitando, deste modo, reivindicações da comunidade no que diz respeito aos seus recursos e ao seu território, especialmente quanto à situação dentro da Bacia do Piabanha. “Nos porões da ditadura militar”: Literatura de cordel, cultura visual e ensino de história – desafios e possibilidades Tereza Cândida Alves Diniz Em agosto de 2015, o poeta e xilogravador Hamurabi Bezerra Batista, natural de Juazeiro do Norte/

145


#publichistory2018 CE, produziu uma série de Cordéis denominada “Nos porões da Ditadura Militar”, cujas imagens e versos denunciavam a prisão, tortura e morte de mulheres e homens no período do Regime Militar que vigorou no Brasil de 1964-1985. Na produção do poeta, a memória do evento foi reatualizada trinta anos depois e trazido para o tempo presente. Pensando a Literatura de Cordel como objeto da cultura visual e narrativa histórica, esta pesquisa problematiza historicamente o evento, o porquê dessa ressurgência, que tipo de historiografia é produzida suas aproximações e distanciamentos. Novas fontes, novos problemas: os booktubers como possibilidade de escrita da História Lucas Kammer Orsi Com o advento da internet, principalmente a partir dos anos 2000, as relações entre indivíduos, mas também com o tempo e espaço, sofrem constantes modificações. No campo historiográfico, surge o desejo de compreender tais mudanças, o que faz com que o historiador tenha que se debruçar muitas vezes em materiais nunca antes trabalhados. Todavia, o contato com esse novo universo pode carecer de metodologias. Isso faz com que, em alguns casos, o pesquisador precise recorrer a outras áreas num exercício interdisciplinar, trazendo contribuições de outras áreas para responder problemas propostos. O trabalho que se segue procura explorar possibilidades metodológicas de uma pesquisa em andamento envolvendo três booktubers que atuam na plataforma do YouTube. Esta, por sua vez, audiovisual, torna-se emblemática no meio virtual por permitir o compartilhamento de vídeos amadores de assuntos variados. Os indivíduos protagonistas, nesse sentido, trazem temas do universo literário por meio da produção desses materiais, estimulando o debate e o consumo de literatura. Os booktubers analisados foram May Sigwalt, Vitor Almeida e Victor Martins e o contato interdisciplinar para a realização desse trabalho se deu por meio da aproximação com a netnografia, advinda da Antropologia, e o debate dos gêneros e formatos jornalísticos, da área do Jornalismo. O acervo de Mário de Andrade a partir de seu “Fichário Analítico” Marco Antonio Teixeira Junior, Karoliny Aparecida de Lima Borges Salvaguardado no Setor de Arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP), o Fundo Mário de Andrade é composto por numerosa e variada documentação. Na variedade de sua composição destacamos o conjunto documental intitulado “Fichário Analítico”. Composto por 9.634 fichas, essa documentação permite abordagem interdisciplinar do método de trabalho de Mário de Andrade, da história da literatura brasileira, além de servir como um fio condutor para se entender as diversas áreas estudadas pelo escritor. Nossa pesquisa foi feita com a intenção de disponibilizar o conjunto documental “Fichário Analítico” para consulta pública, e de promover seu cotejo com outros documentos do Fundo Mário de Andrade. O Fichário revela, além do trabalho minucioso e intenso de Mário de Andrade em busca de referências para os mais diversos assuntos, sua organização para a rotina de estudo e pesquisa, que baseia toda sua obra, até mesmo a ficcional. Dividido pelo próprio autor em dez partes - denominadas por nós como “temas” - Mário de Andrade construiu uma estrutura hierárquica para seus estudos, dentro de um formato semelhante ao utilizado na feitura dos “arranjos” atuais na arquivologia. Dentre os “temas”, podem ser achados assuntos mais facilmente conectados ao autor, como literatura e música, até assuntos pouco esperados, como física ou anatomia humana, demonstrando a vasta galeria de interesses do modernista. O projeto de pesquisa teve como base, uma revisão da guarda física e da classificação do conjunto documental, bem como de sua indexação em banco de dados. Ao mesmo tempo, a pesquisa promoveu a recuperação da ligação direta entre as fichas do conjunto e a biblioteca de Mário de Andrade, ambas salvaguardas no IEB-USP. O campus também é um lugar de memória: celebração e esquecimento na UERJ Leonardo Faria Cazes O presente trabalho tem como objetivo analisar os edifícios que compõem o campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no Maracanã, como espaços privilegiados de construção

146


#publichistory2018 da memória da instituição. O conjunto arquitetônico localizado na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro foi construído, quase em sua totalidade, ao longo das década de 1960 e 1970, em uma área que foi destinada à universidade pelo governador do estado da Guanabara Carlos Lacerda em 1965, após a remoção da Favela do Esqueleto. As escolhas dos nomes dos novos edifícios — que permanecem até hoje — privilegiou o grupo de dirigentes que teve papel fundamental na adequação da UERJ à reforma universitária de 1968 empreendida pela ditadura civil-militar e que também manteve relações próximas com o aparato repressivo do regime. Este “batismo” dos prédios se inscreveu, também, em uma política de memória mais ampla que este mesmo grupo dirigente produziu para a universidade. De modo significativo, no caso dos ex-reitores Haroldo Lisboa da Cunha e João Lyra Filho, as homenagens vieram quase imediatamente após os dois deixarem o cargo, em 1967 e 1972, respectivamente. Tendo em vista que a memória é um campo sempre em disputa (POLLAK, 1989), é fundamental também observar os esquecimentos e lacunas deixadas por essa política no conjunto arquitetônico da instituição em diálogo com as disputas que ocorreram no campo político interno. Do ponto de vista metodológico, este trabalho procura articular, em sua reflexão, as contribuições de Pierre Nora (1993) acerca dos lugares de memória e de Liddington (2011) e Zahavi (2011) acerca da relação entre História Pública e Patrimônio. O cinema de Vladimir Carvalho: um olhar descentralizado sobre a produção cinematográfica brasileira nas décadas de 1970-1980 Aline Fernandes Carrijo O trabalho faz parte de uma pesquisa maior de doutoramento sobre documentários produzidos pelo cineasta Vladimir Carvalho que tem a região Centro-Oeste como tema. Neste artigo, partimos da análise de algumas dessas obras de Carvalho para refletir sobre as construções das narrativas sobre arte - mais especificamente sobre cinema - no Brasil. Notamos que, na maior parte das vezes, as narrativas historiográficas sobre o dito “Cinema Nacional” (principalmente em relação à produção da década de 1960 a 1980) são construídas a partir de obras produzidas no eixo Rio-São Paulo. Os filmes realizados fora desse centro - e as histórias sobre seus processos de produção - são, em geral, reduzidos à condição de “regionais”. Tanto que carecem de análises. Na região Centro-Oeste, o cineasta Vladimir Carvalho é personagem fundamental dessa história. Paraibano, se mudou para Brasília em 1970. Suas obras falam sobre os processos de modernização pelos quais a região estava passando, o que caracteriza parte importante da história brasileira. Analisar seus filmes, inserindo-os nas narrativas sobre o cinema nacional, é apenas uma pequena parte de um trabalho que precisa ser feito para repensar uma narrativa descentralizada sobre a arte no Brasil. Com isso, a ideia não é preencher lacunas, mas, sim, contemplar problemas históricos em toda a sua complexidade. Pois falar sobre cinema nacional é também falar sobre um cinema produzido fora do considerado centro “econômico-cultural” do país. E que pode até mesmo caracterizar de forma mais efetiva a produção cinematográfica brasileira da época, já que abarca as condições materiais de produção na maior parte do Brasil. A importância de se rever essa história a partir de outras perspectivas aparece como necessidade ainda nos dias de hoje, em que a divisão entre regional e nacional se perpetua também em outras áreas da historiografia. O impacto social dessa produção acadêmica é sentida nas narrativas sobre o cinema nacional e reflete diretamente na difusão de conhecimento histórico para públicos mais amplos. O Conselho Florestal Federal: ação pública e trajetória institucional (1934-1967) Filipe Oliveira da Silva Este trabalho tem por finalidade problematizar a ação pública do Conselho Florestal Federal (CFF) como uma arena de negociação dos assuntos florestais brasileiros no período compreendido entre 1934 e 1967. Organizado pelo centésimo primeiro artigo do código florestal de 1934 sob a esfera de centralização estatal e nacionalismo diante dos recursos naturais, esta agência governamental agregou ao longo dos seus 33 anos de existência diversos intelectuais que representavam grupos sociais diversos no tocante aos interesses das florestas e seus subprodutos. Entre os atores políticos assinalam-se, principalmente, madeireiros, juristas, botânicos, engenheiros agrônomos e civis, bem como empresários do setor turístico. Embora afetados pelos projetos de reflorestamento discutidos 147


#publichistory2018 nas sessões do conselho, determinadas comunidades políticas (“caboclas”, “indígenas” e residentes em favelas) não possuíram assento na discussão deste debate para a formulação de uma agenda pública, intensificando disputas de ordem socioeconômica que entravam em divergência quanto aos seus respectivos imaginários de natureza que mobilizavam estes sujeitos históricos. Pretende-se, por meio deste trabalho, analisar o conselho em suas transformações e atribuições ao longo do tempo, uma vez que consistia na principal instância de efetivação da política florestal brasileira. Ademais, inscrevia-se em um contexto desenvolvimentista que valorizava a industrialização nos centros urbanos e a ocupação de áreas agricolas para a agricultura mecanizada, tomando por base os recursos naturais enquanto suportes estratégicos da industrialização brasileira. Nesse sentido, visa-se apontar a articulação das políticas florestais no interior desta instituição, conferindo atenção especial às representações acerca da natureza, bem como ao papel do Estado e da crítica ambiental de intelectuais diante da degradação do mundo biofísico. Para tanto, tornam-se fontes investigadas para compor esta narrativa desde documentos oficiais (pareceres técnicos elaborados pelos conselheiros, atas das sessões, propostas orçamentárias etc), passando por correspondências remetidas pelos/para os agentes do conselho, mapeamentos de seus projetos de reservas florestais e parques nacionais, a produção editorial da instituição, os jornais e revistas até registros memorialísticos dos antigos conselheiros. Por meio deles, investigam-se, portanto, os rastros desta instituição relegada ao plano secundário da historiografia. O desmonte da universidade e o discurso público do historiador. Gésssica Góes Guimarães Gaio Nos últimos dois anos vivenciamos uma série de ataques a direitos outrora garantidos por meio de lutas históricas de brasileiras e brasileiros: a ruptura com a ordem democrática, a reforma trabalhista, a reforma da previdência e o avanço de projetos reacionários, como o Escola sem partido, atestam as ameaças que nos rodeiam. Entre tantas frentes de resistência e defesa de direitos, também devemos considerar a frequente e eminente perseguição sofrida pelas Universidades públicas em diversos estados do Brasil, exatamente no âmago de seu projeto democrático, a saber, a liberdade e autonomia de pensamento e a gratuidade de seus serviços. A escalada de desfinaciamento de universidades estaduais e federais, bem como a criminalização das atividades de seus docentes e discentes, estão em consonância com a agenda conservadora em avanço no país. A necessidade de defesa da universidade como uma instituição pública, gratuita, produtora de conhecimento de excelência e comprometida com a sociedade se tornou um imperativo entre nós. Tendo em vista esta demanda dos nossos tempos, proponho uma reflexão sobre a relação entre a participação dos historiadores como figuras públicas e promotoras de debates e diálogos em nossa sociedade, e a possibilidade de enfrentarmos grandes conglomerados empresarias e as pretensões tacanhas da elite nacional na batalha contra a disseminação de projetos privatistas. Para tal, fundamento meu argumento, principalmente na filosofia da linguagem de Mikhail Bakhtin, a fim de analisar os diferentes tipos de discurso e compreender a especificidade do discurso do historiador na sociedade. Como um “gênero secundário do discurso”, o trabalho dos historadores deve contribuir para o jogo linguístico coletivo no qual estamos inseridos, promovendo maior complefixicação na compreensão do mundo. Em uma sociedade na qual nenhum homem jamais pode ser o “Adão bíblico” e onde as perspectivas ideológicas participam ativamente dos sentidos atribuídos à comunicação, o discurso público dos historiadores não deve apenas preocupar-se com o acesso à linguagem e à democratização do conhecimento – aspectos que não podem ser negligenciados. Mas também deve atentar para as disputas de narrativas e a conexão íntima entre ideologias autoritárias e conservadoras e o procedimento de hipersimplificação da realidade. O dia da consciência negra e as possíveis abordagens no ensino de história Érica Paula Frade Bittencourt, Juana Bárbara Castro A Lei 10.639/2003 instituiu o dia 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra. A escolha da data é uma homenagem a Zumbi dos Palmares, que representou a luta do negro contra a escravidão, no período do Brasil Colonial. Os quilombos representavam uma resistência ao sistema escravista e também uma forma coletiva de manutenção da cultura africana aqui no Brasil. Zumbi 148


#publichistory2018 lutou até a morte por esta cultura e pela liberdade do seu povo. Diante disto, buscamos relatar a experiência docente e a prática de pedagógica desenvolvida com 4 turmas de 8º ano em um colégio particular de ensino de Belo Horizonte no mês de novembro. Após discutirmos o processo de abolição da escravatura no Brasil e os problemas que a Lei Áurea não solucionou (mentalidade racista e a discriminação e marginalização da população negra) os educandos são estimulados a refletir sobre a luta do povo negro contra as formas de escravidão presentes nos dias atuais. Para tanto é utilizado, como disparador da discussão, a execução de três importantes canções: “100 Anos de Liberdade - Realidade Ou Ilusão?” (samba enredo da escola Mangueira em 1988); “Canto Das Três Raças” (imortalizada na voz de Clara Nunes) e a canção intitulada “Consciência Negra” (do grupo Soul Reggae). A partir das discussões e reflexões, em sala de aula, sobre a situação da população afrodescendente após a abolição da escravidão os alunos são levados a refletir sobre as mudanças, mas também permanências as quais a população negra está submetida. Diante disso, os discentes são divididos em pequenos grupos e desafiados a produzirem uma paródia na qual devem criar uma letra que reflita sobre a situação, luta e desafios da população afrodescendente no Brasil dos dias atuais, bem como sobre a importância do dia da Consciência negra. Diante da proposta os grupos apresentam as paródias criadas em banners que são expostos para a comunidade escolar durante o mês de novembro. Assim, a prática pedagógica desenvolvida tem como objetivo valorizar a história e cultura afro-brasileira bem como proporcionar a reflexão sobre os limites da Lei Áurea e as lutas constantes do negro no nosso país até os dias atuais. O estádio de futebol como espaço de manifestação política Guilherme Silva Pires de Freitas Em coluna publicada na revista GQ Brasil (fevereiro, 2018) intitulada “Evento esportivo não é lugar de manifestação política”, o jornalista Tiago Leifert, da TV Globo, afirmou que eventos esportivos não devem ser palco de ações políticas por serem “um desligamento da realidade”. Procurando rebater este argumento, mostro que o campo esportivo (Bordieu, 1983) é sim lugar de politização e que jamais esteve desconectado do mundo real. Como objeto de pesquisa será utilizado neste trabalho um determinado espaço: o estádio de futebol. Segundo Gaffney (2008) o estádio alimenta o sentido de pertencimento e a fabricação de identidade. Mascarenhas (2014) afirma que eles são locais portadores de memória e conotações simbólicas de uma nação ou indivíduo. Ou seja, o estádio não é apenas um espaço onde o torcedor entra, assiste ao jogo e vai embora. É um lugar onde ele se sente a vontade para se manifestar tanto esportivamente, como politicamente, algo que já foi visto ao longo da história. Seja patrimônio público ou privado, o estádio de futebol sempre foi visto como um espaço de comunidade e livre manifestação. Durante a Guerra Civil espanhola (1936-1939) o Camp Nou era o local onde os catalães burlavam a censura para cantar em seu idioma contra a ditadura franquista (Freitas; Trigo, 2016). O estádio Centenário em Montevidéu também foi palco em 1980 de manifestações populares contra o regime militar que governava o país (Freitas, 2017). No Brasil também já tivemos manifestações de cunho político em estádios. A mais conhecida talvez seja a da Democracia Corintiana na década de 1980. Mais recentemente tivemos atos hostis contra os governantes durante a Copa das Confederações em 2013, na Copa do Mundo em 2014 e faixas de apoio a vereadora assassinada no Rio de Janeiro, Marielle Franco, que foram censuradas por policiais (Ludopédio, 2018). Isso sem falar na história dos Jogos Olímpicos, marcada por diversas manifestações políticas ao longo de sua história. Como mostrado nesta breve pesquisa, os estádios de futebol são espaços onde o torcedor além de enxergá-lo como local de lazer, também o vê como um lugar onde pode se manifestar politicamente. Como afirma Boniface (1998) o esporte representa muito mais do que uma simples atividade lúdica, sendo capaz de englobar diversos campos entre eles a política. Desassociar a relação entre esporte e política ou crer que o esporte deveria ser um mundo a parte é desconhecer a própria história e memória do esporte ao longo dos tempos. O filme “As Sufragistas” e a discussão sobre a desigualdade de gêneros no ensino de história Érica Paula Frade Bittencourt, Juana Bárbara Castro Neste trabalho buscamos relatar a experiência docente e a prática de pedagógica no ensino de História desenvolvida com 4 turmas de 8º ano em um colégio particular de ensino de Belo Horizonte. 149


#publichistory2018 Após discutir o tema “sociedade e desenvolvimento científico no século XIX”, proposto pelo livro didático utilizado pela instituição de ensino em que atuamos, é exibido para as turmas o filme intitulado “As sufragistas” de 2015. O filme retrata a luta do movimento feminista e as múltiplas formas de opressão sofridas pelas mulheres ainda no início do século XX na Inglaterra. A restrição ao voto torna-se um símbolo das múltiplas formas de opressão sofridas socialmente pela mulher e que é retratado na obra. O roteiro do filme retrata não só a luta pelo sufrágio universal, mas as inúmeras desigualdades entre homens e mulheres, sendo muitas delas existentes até os dias de hoje. A relevância da obra está no fato de ser um gesto político em prol da luta pela igualdade de direitos entre os gêneros. A partir da exibição e reflexão a respeito do filme, a turma é dividida em quatro temas que devem ser debatidos em um seminário organizado pelos próprios discentes. Os temas são: mulher e trabalho/salário; mulher e a participação política; mulher e sociedade e violência contra a mulher. Os alunos são orientados a estabelecer relações e reflexões entre a temática abordada no filme, bem como os conhecimentos adquiridos sobre século XIX em sala de aula, com a situação vivida pelas mulheres nos dias atuais. Para tanto os alunos devem pesquisar, em fontes confiáveis e de credibilidade, e levantar dados e informações, atualizadas, para o seminário a respeito da situação da mulher no Brasil e no Mundo. Assim, com o desenvolvimento desse trabalho os alunos são estimulados a desenvolver capacidades de analise, pesquisa, reflexão e criticidade, que são demonstradas no domínio sobre o assunto que será abordado, mas, principalmente, refletirem sobre as desigualdades entre gêneros presentes no contexto em que estão inseridos. Espera-se que com o trabalho desenvolvido os alunos não só desenvolvam a capacidade de pesquisa, reflexão e argumentações, mas que se tornem cidadãos conscientes capazes de combater as inúmeras formas de desigualdade existentes em nossa sociedade. O futuro do passado: criação de um Banco de Objetos Digitais de Aprendizagem para História Danilo Nogueira de Medeiros, Bruno Ribeiro Marques O presente trabalho firma a vocação do Ciberespaço como área de potencialidade para o ensino de História. Nesse novo espaço aberto aos historiadores e seu público, a construção e utilização de Objetos de Aprendizagem surge como um forte campo de possibilidades para aprimoramento das relações de ensino e aprendizagem da disciplina. Para tornar tal meta seja possível, necessita-se letrar digitalmente tanto os seus produtores quanto consumidores. A partir dessa demanda da realidade, propõe-se a sistematização de Objetos de Aprendizagem (OA), que versem sobre o conhecimento histórico na rede mundial de computadores. A ideia é identificar, coletar e catalogar as experiências já existentes de interação e criação de conteúdos históricos no universo digital. O Banco de Objetos Digitais de Aprendizagem para História (BAOBAH) apresenta-se, então, com muitas funções: um repositório amplo, que servirá de arcabouço para futuras pesquisas sobre o tema; um portfólio de recursos pedagógicos digitais, principalmente, para alcançar os professores do Ensino básico; uma plataforma de capacitação para os profissionais do ensino de História, ofertando condições de entender os objetos virtuais, utilizá-los e tornarem-se os mesmos também produtores e instigadores da produção desses materiais dentro dos processos de ensino e aprendizagem no ambiente escolar em que atuam. O projeto é pensado e desenvolvido por uma equipe interdisciplinar, incluindo professores e alunos da pós-graduação e da graduação, estando envolvidos integrantes do curso de História, Bacharelado em Sistemas da Informação (BSI), do Instituto Metrópole Digital (IMD), e licenciatura em pedagogia, contribuindo, dessa forma, para a interseção entre a área de Tecnologia da Informação (TI), Educação e Ensino de História. O historiador e curadoria do passado: o caso japonês sobre a bomba atômica Mario Marcello Neto Atuar em outros setores da sociedade não é mais novidade entre historiadores. Porém, atuar de forma a expor várias experiências de um passado traumático para o grande público, possibilitando uma relação de curadoria do passado (ARAÚJO, 2017), ou seja, expondo-os de maneira em que a cronologia não seja o eixo central, mas, sobretudo as interligações e complexidades que o estudo passado exige. A atuação de Yuki Tanaka (2010), historiador e professor do Hiroshima Peace Institute, tanto como historiador, como membro ativo de movimentos sociais anti-nucleares traz consigo uma 150


#publichistory2018 característica singular: o rompimento de binarismos tradicionais na historiografia oriental aliada a uma exposição a experimentação de outras possibilidades do passado que permitam refletir sobre o modus operandi. Em relação as bombas atômicas Tanaka (2015) vem atuando como um curador do passado, nos termos de Valdei Araújo (2017) ao tentar instrumentalizar através de: 1) cursos ministrados ao grande público; 2) elaboração de memorandos para as instituições políticas afim da revisão de projetos de memória; 3) militância e pressão a autoridades competência para a realização de políticas sobre esse passado traumática a partir de movimentos sociais; 4) construção de redes internacionais de apoio e militância para construir e investigar questões que dizem respeito ao uso político do passado que impeça política anistiadoras e de esquecimento. Desta forma, ele atua para que o Chiran Peace Museum consiga rememorar os Kamikazes mortos durante a guerra, porém lembrando os aparatos institucionais construídos para força-los a se suicidar. Ao mesmo tempo em que busca conceber uma memória justa pela bomba atômica em que se lembrem das vítimas, mas, sobretudo se evidenciem os algozes. Desta maneira, Tanaka tem atuado como um curador do passado, onde expõe diversos fragmentos do mesmo, selecionados de forma a conceber uma narrativa disforme, complexa e altamente reflexiva. Sem apontar conclusões definitivas, porém sem abrir caminho para o revisionismo. Tal curadoria ao ser estudada com mais afinco pode permitir entender como lidar com o passado para um público além de historiadores não exige uma simplificação. Este trabalho propõe uma investigação acurada das atuações públicas supracitadas de Yuki Tanaka a fim de compreender as possibilidades de atuação do historiador, bem como sua capacidade de trazer o inconveniente passado traumático a tona, sem que com isso torne-se ofensivo e/ou superficial. O Lúdico no Espaço de Memória Militar Augusto Rocha Este trabalho procura levantar as possibilidades de reinvenção do espaço Museológico como um local de ensino, a partir de uma perspectiva lúdica, trazendo reflexões sobre a construção do conhecimento como algo conjunto e não individualizado na figura do mediador. A perspectiva lançada sobre este texto está amparada na prática de Estágio de Educação Patrimonial, realizada no Museu Militar do Comando Militar do Sul, ao mesmo tempo em que é realizada uma análise do espaço (e possibilidades de trabalho) procuramos apresentar novas possibilidades de uso. Esta instituição museológica procura desenvolver seu espaço para a fomentação a práticas escolares dentro do Museu, utilizando-se de cursos para a capacitação de estudantes para a aquisição de conhecimentos no que se refere ao local museológico (sua organização, estruturação e a utilização de suas dependências como ferramenta de aprendizagem) e para professores, com o objetivo oferecer embasamento e instrução aos educadores da rede de ensino básica, buscando incentivar um aumento nas visitações aos espaços de memória, ao mesmo tempo, em que criar no Museu uma atmosfera que vise o ensino, e não apenas um passeio fora da escola. Neste contexto realizei meu Estágio Docência em História III - Educação Patrimonial no Museu Militar do Comando do Sul, adentrando em um espaço preenchido por um (pré) conceito por parte dos estudantes de história, que acabam evitando ambientes de conotação militar. A realização do Estágio neste Museu está vinculada a participação no curso de “Práticas Museológicas” oferecido pela instituição, visando o desenvolvimento de noções práticas sobre museologia (e o funcionamento dos Museus, com algumas especificidades voltadas para o MMCMS) e a realização de mediações para os visitantes. A prática de estágio nesta instituição me levou a observar a situação apresentada logo no começo deste texto, a percepção e uso do local museológico como um espaço lúdico para os estudantes, como que complementares a ideia de “passeio escolar”. Desta forma, a problemática que procuraremos desenvolver, e de certa forma responder, ao longo deste trabalho, será a seguinte: “qual o potencial do acervo de blindados do MMCMS para colocar em diálogo a ludicidade e a historicidade em ações educativas com crianças?” bem como quais são as motivações para tal. O Museu Nacional como lugar de história pública: Uma proposta de ação educativa Aline Miranda e Souza O Museu Nacional é o mais antigo do Brasil, teve papel fundamental no desenvolvimento das ciências no país e completa 200 anos em 2018. Hoje está localizado no Paço de São Cristóvão, que foi re151


#publichistory2018 sidência da família real durante o Império. Como unidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é reconhecido também por suas pesquisas. Há sobre essa história muito a ser explorado. Na construção desta proposta, trabalhando na interface entre Ciência, Educação Museal e História Pública, refletimos primeiramente acerca do processo histórico que levou à formação dos museus de ciência. A conquista do caráter público e educativo dos museus como conhecemos hoje, é resultado de um processo. Discutimos a relação dos museus com as instituições de ensino e as especificidades da educação museal, no que concerne a conceitos, métodos e políticas. Este trabalho se insere no campo da História Pública e da Educação Museal com um caráter essencialmente prático e reflexivo sobre o potencial de um museu de ciências, no bojo de sua inerente interdisciplinaridade, de oferecer ao público, possibilidades de discutir o passado. É feito um levantamento histórico do Palácio e do Museu, e são apontados aspectos organizacionais do museu hoje que possibilitam compreender melhor as escolhas apresentadas nas exposições. Buscamos conexões entre estas instituições que se sobrepõem, o Palácio e o Museu, e apresentamos uma proposta de ação educativa para uma abordagem crítica da História em algumas exposições do Museu Nacional. O objeto museal é tomado como fonte histórica, e estimula-se uma posição questionadora dos vistantes sobre as permanências e apagamentos presentes no Museu. O outro na Sala de Aula: Uma Reinterpretação do Islã Augusto Rocha Este trabalho foi desenvolvido a partir de experiências em sala de aula, com estudantes do Ensino Médio, da rede pública de Porto Alegre. O trabalho proposto e desenvolvido foi realizado sob a perspectiva de analisar a percepção do outro em sala de aula, através do questionamento “Quem são os islâmicos para vocês?”, a partir desta pergunta buscou se trabalhar com a desmistificação dos estudantes, que amparados pelas informações repassadas por nossas mídias digitais, acabam por definir os islâmicos como terroristas, sem uma real compreensão ou conhecimento sobre esta cultura.Com a prática realizada em sala de aula buscou-se desenvolver ações que fizessem com que os estudantes compreendessem as divisões socioculturais das populações que fazem parte do circuito cultural islâmico (árabes, berberes, judeus, sarracenos, islâmicos, muçulmanos, magrebinos, entre outras) como uma forma de perceber a grande variação cultural da região. A partir desta compreensão da vastidão cultural do Oriente Médio, e região, buscou-se construir uma desmistificação da cultura islâmica, como forma de possibilitar uma reconstrução da representação tida como verdadeira, buscando distanciar-se do senso comum e possibilitar ao estudante uma nova perspectiva sobre quem são aqueles tidos como os grandes inimigos do status quo ocidental. Ao trabalhar com esta perspectiva busca-se desenvolver um análise além da estabelecida pelo senso comum, tendo em vista que, em sala de aula, devemos buscar pela construção um saber amplo, a construção de uma nova realidade que ultrapasse a barreira do preconceito, esta prática didática ficará marcada pela ampliação de um diálogo com o aluno e busca pela visualização “do Outro”. “Cabe ao professor proporcionar aos seus alunos situações de aprendizagens significativas que o auxiliem na construção do conhecimento. A forma que é colocada às situações de aprendizagem é um fator muito importante para que a aprendizagem significativa aconteça. É claro que o aluno deve estar predisposto a aprender, dando um resinificado.”[1] Ou seja, nos cabe alterar a realidade, no que significa a superação de barreiras propostas pelo senso comum, e através de atividades – como a aqui desenvolvida – estamos abrindo o diálogo com os estudantes, procurando reconfigurar a visão imposta sobre “o desconhecido”.[1] GIOVANELLA, Maria Cecília M. N. “A Diversidade em Sala de Aula”. Pontifícia Universidade do Paraná O passado e seus usos: reflexões ético-políticas sobre história pública no tempo presente Yan Bezerra Fonseca “Se, para quem quer compreender mesmo o presente, a ignorância do passado deve ser funesta, a recíproca - embora não se esteja sempre tão nitidamente alertado - não é menos verdadeira”. Esta breve sentença, presente na célebre Apologia da história de Marc Bloch, nos fala da interpenetrabilidade do passado e do presente. A frase data da década de 40 do século passado, mas em um mundo cada vez mais transitivo, onde o presente se alarga, sua atualidade se faz flagrante. Vivemos o que François Hartog definiu como um regime de historicidade presentista. As novas tecnologias 152


#publichistory2018 de comunicação, o boom da internet, dos smartphones, das redes sociais e de seus derivados just-in-time aprofundam esse realinhamento das experiências temporais: o passado é criado, recriado, interpretado e relido a serviço do presente. Instrumentalizado e objetificado, torna-se ferramenta discursiva, política, econômica e cultural com velocidade inovadora. Em meio a esse cenário, os historiadores, tradicionais guardiões de Clio, são confrontados e desafiados com novos cenários, novos problemas e novos lugares de fala. São crescentes, mas não novas, as discussões sobre ética, o papel social do historiador e do conhecimento histórico, bem como sobre os usos do passado no interior da academia. Desdobram-se desses debates as questões acerca das relações entre os historiadores e suas audiências, o seu público. Há a noção de uma “perda da autoridade” por parte dos historiadores sobre o conhecimento que se produz, veicula e circula como histórico. Em um mundo virtual de compartilhamentos, difusão e viralização, os acadêmicos enfrentam antigas questões sobre novos olhares e possibilidades. Se faz necessário atualizar uma gama de problemas que muitos de nós sequer concebiam ser passíveis de enfrentamento. Este breve trabalho visa abordar dois campos que se acredita possuírem muito a agregar mutuamente: a teoria da história e da historiografia e a história pública. Tendo como premissa basilar uma indissociabilidade intrínseca entre teoria, metodologia, prática e o que se compreende por objetividade, esta contribuição visa refletir sobre questões caras a historiografia contemporânea e quem tem encontrado interessantes propostas nos trabalhos que se abrigam sobre esse amplo guarda-chuva de difícil definição que é a História Pública. O Presentismo e as disputas pelas narrativas historiográficas no Brasil contemporâneo - suas relações com a historiografia, a história pública e o ensino de história Marcelo Chaves Lameirão Este trabalho visa estudar como o presentismo pensado pelo historiador François Hartog se apresentou no Brasil através das análises das perspectivas sobre a história acadêmica, a história pública e o seu ensino a partir de estudantes da Classe C do Rio de Janeiro. Além disso, busca refletir as especificidades historiográficas surgidas no hodierno contexto político brasileiro e com o seu consequente boom de vinculação midiática. Com isso, este trabalho tentará demonstrar o quanto destas tensões são oriundas de um projeto neoliberal, inclusive, utilizando como um dos objetos argumentativos, as análises da coleção do Guia Politicamente Incorreto escrita pelo jornalista Leandro Narloch. Posteriormente, haverá a discussão da relação desta tensão com a escrita da história, com a sua divulgação pública e o seu ensino. Paralelo a isto, ocorrerá o diálogo com outros desafios historiográficos contemporâneos, trazendo, por exemplo, a importância de um reflexão sobre a peculiaridade do presentismo na produção da Escrita da História no Brasil. Um outro objetivo trabalhado secundariamente será apresentar o alunado que participou da entrevista, buscando discutir relações socioeconômicas básicas e também pensar questões comuns sobre a relação do mesmo com a história, as suas formas de apropriação e o seu ensino. Para corroborar com a discussão demonstrada, alguns pontos são trazidos para dialogar com a proposta apresentada, seriam eles: quais disciplinas os alunos entrevistados irão levar para a vida após o fim da formação básica, qual a relação que eles estabelecem com a história fora da sala de aula, quais seriam os temas mais interessantes fora da escola para o alunado e por fim, a relação do alunado com a Segunda Guerra mundial, que é algo muito discutido na escola e pesquisado em outras mídias O programa Santa Afro Catarina e desafios à área de patrimônio cultural Beatriz Gallotti Mamigonian, Mônica Martins da Silva, Andréa Ferreira Delgado O patrimônio cultural tombado de Santa Catarina não reconhece a importante presença e contribuição dos africanos e afrodescendentes para a história do Estado. Com base em pesquisa histórica, a equipe do Programa Santa Afro Catarina produziu “fichas de lugar” referentes a locais associados à vida cotidiana, ao trabalho, práticas religiosas e lutas por direitos da população de origem africana desde o século XVIII até o século XX. Locais como a Igreja da Irmandade do Rosário e São Benedito de Florianópolis, já são associados a essa história e reconhecidos como patrimônio histórico. Mas outros, como o prédio da Câmara Municipal, ou o Palácio Cruz e Sousa, em Florianópolis, têm sua história ressignificada para incorporar os embates dos trabalhadores de origem africana, escravizados ou não, com o poder público municipal e provincial/estadual respectivamente. Consideramos 153


#publichistory2018 igualmente lugares de memória resquícios das armações baleeiras da Piedade, da Lagoinha, Imbituba, Garopaba e Itapocoroi, onde trabalharam tantos africanos escravizados entre a segunda metade do XVIII e o início do XIX e hoje restam apenas as igrejas. Da mesma forma fizemos com fazendas de pecuária do planalto e do meio oeste onde trabalharam pessoas escravizadas e seus descendentes. Por fim, ousamos ao incluir entre os lugares de memória da presença africana em Santa Catarina as histórias passadas em lugares que foram completamente transformados, como a primeira Praça do Mercado de Desterro, local de trabalho e socialização de tantos africanos, africanas e seus descendentes na segunda metade do século XIX, construção que existiu onde hoje está a Praça Fernando Machado, em Florianópolis. Nesta apresentação, buscaremos explorar o diálogo entre história e memória e engajar em debate com a área de patrimônio material por sua adesão a interpretações de identidade nacional (e identidades regionais) e narrativas históricas que privilegiam uma elite eurocêntrica em detrimento da maioria da população. O que fazem historiadores no jardim? Diálogos entre história pública e história das plantas medicinais Renata Palandri Sigolo O objetivo deste trabalho é analisar a implementação do projeto “Plantas Medicinais e os cuidados com a saúde: contando várias histórias” através das discussões sobre história pública, estimuladas a partir da formação de um grupo de professores interessados pelo tema na Universidade Federal de Santa Catarina. Pretende-se, desta maneira, fazer uma avaliação reflexiva a respeito da vivência e dos resultados do projeto e iluminar as presentes atuações com a mesma temática coadunadas com os debates da área. Diferentes propostas de trabalho considerando a horta ou jardim como espaço de ensino, como o projeto “Educando com a horta escolar”, lançado pelo Ministério da Educação (2008), foram construidos. No entanto, a inovação do projeto “Plantas Medicinais e os cuidados com a saúde” residiu em aliar saúde, meio-ambiente e história em um trabalho transdisciplinar. O projeto de extensão, implementado entre 2011 e 2015, teve como objetivo principal estimular a formação de um jardim/horta medicinal como espaço de aprendizagem sobre as diversas concepções de saúde, doença e corpo e, consequentemente, o uso de plantas medicinais, construidas em contextos espaço-temporais variados. Ao lançar a proposta, a equipe ainda não havia tomado contato com os conceitos construidos pela história pública. Pode-se dizer que somos mais um dos que afirmam :”Eu sempre fiz história pública, só não sabia o nome” (SANTHIAGO,2016,p.25). O projeto fora elaborado pensando em um público específico, aquele composto de estudantes do ensino de Jovens e Adultos da Escola Silveira de Souza, no centro de Florianópolis. Fora uma história construída para um público e não com ele. Após o primeiro ano de oficinas, estimulados pelo constante debate com os professores da escola e analisando as peculiaridades da EJA, conseguimos rearranjar nossa dinâmica e começamos a elaborar uma atuação onde a ideia de exploração (FRISCH,2016) esteve, gradualmente,mais presente. Em 2017, o projeto passou por uma série de mudanças e seu origem ao “Jardins da História”, cuja temática tem sido as medicinas indígenas. O objetivo é construir um roteiro temático de visitação a jardins de plantas medicinais, tendo como foco as peculiaridades que diferentes concepções construídas historicamente podem oferecer à compreensão sobre os processos de saúde e a doença. A atual proposta visa e tem abarcado um público bem amplo, fora do ambiente escolar, procurando se ajustar aos princípios da história pública. O registro de memórias das rotas desviantes de au pairs brasileiras nos Estados Unidos Amanda Arrais Mousinho A au pair é uma jovem mulher oriunda de um país estrangeiro que mora com uma família anfitriã – normalmente por um período de 12 a 24 meses – para a qual trabalha prestando serviços de assistência à infância. Minha pesquisa busca analisar de que forma o programa Au Pair, formalmente classificado como intercâmbio cultural, serve como porta de entrada para a imigração de brasileiras nos Estados Unidos. A hipótese sustentada neste trabalho é a de que este intercâmbio, por vezes, resulta em “rotas desviantes” nos casos de brasileiras que, em vez de voltar ao Brasil, como previsto pelo programa, optam por continuar a residir nos Estados Unidos. A fim de investigar essa hipótese, o principal método utilizado é o da história oral, que permite o registro, em primeira mão, 154


#publichistory2018 das experiências dos sujeitos em questão. As fontes orais consultadas nessa pesquisa são relevantes justamente porque essas mulheres não recordam passivamente dos fatos, mas sim elaboram, a partir deles, significados através do trabalho de memória e do filtro da linguagem, de forma a criar “uma história da interpretação dos eventos através da memória” (PORTELLI, 2016, p.18). Desse modo, por intermédio da realização de entrevistas e do registro das memórias dessas mulheres, pretendo analisar a participação de brasileiras no intercâmbio, investigando, principalmente, suas motivações no que se refere à escolha pelo programa, bem como à decisão de permanecer nos Estados Unidos após o término do contrato assinado com a família anfitriã, dentre outras experiências. O século XIX redivivo. Usos políticos do passado na série Brasil Paralelo: a última cruzada Fernando Nicolazzi, Laboratório de Estudos sobre os Usos Políticos do Passado O objetivo desta comunicação é apresentar o projeto de pesquisa sobre os usos políticos do passado manifestos na série de história A última cruzada, realizado pelo grupo intitulado Brasil Paralelo. Situado dentro das atividades coletivas do Laboratório de Estudos sobre os Usos Políticos do Passado (LUPPA), fundado em 2016 no âmbito do Departamento de História da UFRGS, o projeto analisa as formas de interpretação do passado e de difusão da história empreendidos pelo Brasil Paralelo a partir dos seguintes eixos analíticos: seus fundamentos ideológicos, suas formas narrativas, seus modelos de difusão. A hipótese que norteia a pesquisa é que o passado brasileiro é ali mobilizado de acordo com três pilares principais: o nacionalismo, o monarquismo e o liberalismo. Tais pilares sustentam um discurso de caráter eminentemente essencialista que procura refundar os princípios identitários brasileiros segundo a perspectiva do reencontro com as origens nacionais, de matriz cristã e liberal. contexto imperial aparece, assim, como marco definidor deste discurso. Nesse sentido, forma e conteúdo coadunam-se na narrativa histórica do Brasil Paralelo no sentido de tornar o século XIX redivivo: o elogio do império monárquico brasileiro é feito a partir de uma proposta historiográfica que retoma os princípios da historiografia oitocentista. O pano de fundo dessa iniciativa é, a partir de um uso político do passado, intervir politicamente nos debates contemporâneos do presente de acordo com a ideia de se refundar a cultura nacional e de redescobrir um Brasil em paralelo. O tornar-se público: a restituição das memórias coletivas por meio da imagem em “Cabra marcado para Morrer” Renato Lopes Pessanha O século XX consagrou-se como o século da imagem. O cinema pode ser encarado como um dos maiores propagadores de sentidos e práticas de representação que ascenderam no despertar do século passado, e que já adentrou o século XXI devidamente consolidado, adquirindo o status de agente histórico. No inicio do ano de 1964 o diretor Eduardo Coutinho realizava um filme sobre o líder camponês João Pedro Teixeira, assassinado por fazendeiros da região do Engenho da Galiléia, no estado de Pernambuco. Em decorrência do golpe civil-militar de 1964 a produção foi interrompida. No ano de 1981, Coutinho retorna ao Engenho da Galiléia para exibir trechos da produção nunca finalizada. Com essa ação Coutinho de certa forma presta satisfações à comunidade local sobre o filme realizado ali e que tinha como atores os próprios moradores. O diretor passa por tentar atar as duas pontas de uma linha temporal, revisitando a história daqueles personagens, como estão 17 anos depois, além de tentar reencontrar a viúva de João Pedro, Elizabeth Teixeira, cujo paradeiro é desconhecido. A partir desse momento emerge uma das facetas de “Cabra Marcado para morrer” (1984): um filme sobre o filme nunca concluído. Porém essa é uma das perspectivas que o filme levanta para debater mais amplamente as questões de memória que permeiam toda a narrativa, até mesmo confrontando a memória dos moradores com a do diretor, que em nenhum momento se furta em dar seu corpo e sua voz a essa intervenção. O presente artigo busca, através do uso do cinema documentário e do conjunto de práticas empregadas por Coutinho para narrar sua história e demarcar os fatos, traçar um panorama que problematize os usos públicos da imagem, que no caso de “Cabra...” visa restabelecer as redes de sociabilidade desfeitas pelo golpe militar e que são parte constituinte da história local e também da luta dos camponeses pelo direito igualitário à terra. Sob esse prisma a imagem cria uma cultura visual que exerce de sobremaneira papel no restabelecimento das memórias coletivas e públicas, congregando igualmente a porção oral dessas rememorações através de 155


#publichistory2018 entrevistas e da própria intervenção do diretor, que recorrer a uma postura interativa-reflexiva em sua abordagem. Concomitantemente pretendo debater os estatutos de verdade que permeiam as circunstâncias históricas em que o documentário foi realizado e a forma como essa narrativa oscilou e passou a ser lida em decorrência das demandas do presente. O uso da literatura “Jovem Adulto” no Ensino de História voltado à meia e terceira idade: Relatos de experiência. Victor Henrique da Silva Menezes Entre os meses de agosto de dezembro de 2017 foi ministrada, sob a responsabilidade do autor desta comunicação, uma oficina no âmbito da Educação Não-Formal em que uma das atuais obras internacionais mais representativas da literatura “Jovem Adulto” foi utilizada para o ensino da História Contemporânea. Intitulada “Harry Potter: História, Cultura e Relações de Gênero no Mundo Mágico de J. K. Rowling”, a oficina foi oferecida no Programa UniversIDADE da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), projeto de extensão universitária voltado às pessoas maiores de 50 anos. Ao longo de quatro meses, os sete livros de “Harry Potter” escritos pela britânica J. K. Rowling foram lidos pelos alunos e trabalhados em aulas semanais tendo como objetivo o estudo da História e das sociedades e culturas ocidentais contemporâneas. Acontecimentos históricos como 1ª e 2ª Guerras Mundiais, Nazismo, Fascismo, Regimes Totalitários, Ditaduras Latino-americanas, Escravidão e questões culturais/sociais como Relações de Gênero, Violência Doméstica, Racismo e Luta de Classes foram ensinados/discutidos com os alunos a partir dos romances. A oficina contou com a participação de 70 alunos com idades que variaram entre 50 e 82 anos e os livros de Rowling foram lidos como documentos do tempo presente. Isto posto, e à luz dos procedimentos teóricos e metodológicos da Educação Não-Formal, a presente comunicação tem por objetivo explorar o potencial de obras literárias pensadas para o público adolescente no ensino de História voltado à media e terceira idade à partir do relato e reflexões acerca da citada experiência de ensino. Alguns dos depoimentos dos (as) alunos (as) registrados por meio de questionários abertos aplicados ao final da oficina serão expostos. Assim, em um primeiro momento, serão apontados a origem, os objetivos da oficina e as temáticas trabalhadas nos encontros para, num segundo momento, através da fala dos (as) alunos (as) recolhidas, ser analisada a recepção e os resultados dessa proposta de estudo da História Contemporânea por meio do gênero literário “Jovem Adulto”. “Observatório Centauro” em Cambuquira/MG: Uma história a ser conhecida Vânia Maria Siqueira Alves, Andreza de Souza Silva, Rafaela Maria Gonçalves da Silva, Adenylson Domingues Mariano Os observatórios, com suas coleções de instrumentos que se encontram entre as mais antigas instituições científicas do país, constituem–se em testemunhos materiais do passado e em objeto de especial interesse para a história das ciências, em particular para a história da astronomia e consequentemente para o patrimônio da ciência e da tecnologia. O patrimônio material científico no Brasil é um patrimônio a ser descoberto e o conhecimento atual sobre este é restrito e merece atenção. Nesse conjunto, a situação dos acervos relacionados à astronomia pode ser considerada em melhor nível do que a situação da maioria dos conjuntos de patrimônio móvel e imóvel relacionados às demais áreas das ciências (GRANATO, 2014). Os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro concentram o maior número de observatórios astronômicos. Minas Gerais concentra um número significativo desse tipo de observatório em cidades de pequeno porte, como Itajubá, Poços de Caldas, Caldas, Cláudio, Além Paraíba e Cambuquira. Desses observatórios, os três últimos são particulares. Na cidade de Cambuquira, Sul de Minas está localizado o Observatório Centauro, fundado em 1961, pelo professor Húngaro Sigmund Szabo, dando origem ao primeiro grupo de astronomia da região. Atualmente o observatório recebe visitantes de todas as idades mediante agendamento. De importância regional, o observatório constitui-se um importante espaço para a divulgação da ciência astronômica, compondo o patrimônio cultural da cidade e da ciência e tecnologia. No entanto ainda não foi objeto de pesquisa acadêmica e guarda tesouros ainda inexplorados, tais como: fotografias, cartas entre o fundador Sigmund Szabo e instituições astronômicas e astrônomos, notícias do observatório na imprensa. Recuperar a historicidade do observatório, bem como sua divulgação para a 156


#publichistory2018 cidade e região é uma necessidade premente. Deve - se compreendê-lo como produto de uma época e de interesses específicos, ou seja, como objeto cultural com função e uso científico, social e cultural; e ainda como fenômeno complexo relacionado à realidade sociocultural, econômica e política. Parte de uma pesquisa em andamento, este trabalho busca analisar essas fontes e dar visibilidade a tal instituição e ao patrimônio da ciência e tecnologia, bem como produzir um conhecimento histórico, ser franqueado a todos. Ocupação Vila Soma: A Luta pela Terra na Era das Finanças Matheus Fernandes Alves Lopes Os movimentos de moradia fazem questão de repetir: “O bairro é a nova fábrica”. E o fazem, pois é uma verdade. A cidade se revela como o palco da luta de classes na contemporaneidade, visto que as camadas subalternas, cada vez mais, são destituídas de serviços, infraestrutura urbana e aparatos coletivos. O urbano, tem por natureza, a segregação socioespacial como reflexo do dinamismo da produção e da reprodução do espaço no capitalismo. Nesse sentido, todo o cenário espelha as condições da moradia no país. Como símbolo da crise social no século XXI, pode-se dizer que há pouco tempo foi tratado como tal. O direito à moradia estampa a necessidade básica do ser humano como um requisito imprescindível para uma vida plena. Contudo, diante do avanço das políticas neoliberais, a moradia é posta em xeque. O presente trabalho, busca discutir, portanto, a moradia como um direito inerente ao ser humano, considerando as movimentações e conquistas recentes dos movimentos sociais ligados à habitação em contraposição às pressões por parte das políticas habitacionais neoliberais. Para efetivar tal indução, tomaremos uma análise do papel dos movimentos sociais na construção da Constituição de 1988, bem como as influências e o contexto. Somado a isso, uma reflexão mais profunda quanto ao desenvolvimento do neoliberalismo no mundo e, mais especificamente, nas políticas habitacionais brasileiras. Além de uma reflexão com relação às condições da habitação no Brasil, com ênfase na avaliação dos métodos de organização da população residente na Ocupação Vila Soma, no município de Sumaré em São Paulo. Oficina de Turismo Social – Viver São Paulo (UnATI/EACH/USP): Educação Não Formal para o Envelhecimento Ativo e a Cidadania Marcelo Vilela de Almeida, Jacia Kanarski Braz da Silva, Mariana de Souza Lopes de Siqueira, Nathalia Ferreira Della Fuente, Patricia Aparecida da Silva Novak, Paulo Ricardo Azevedo Melo A Oficina de Turismo Social – Viver São Paulo, atividade de extensão e pesquisa da Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI) da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP), tem por objetivo geral possibilitar a ascensão sociocultural das(os) participantes (um dos pressupostos do turismo social) por meio de encontros quinzenais para a realização de visitas a locais de interesse turístico-recreativo do município de São Paulo.Entre os objetivos específicos, destacam-se: (i) propiciar a sociabilização das(os) participantes; (ii) desenvolver um olhar diferenciado sobre a fruição turística (ainda que ocorrida na cidade em que vivem) que contemple aspectos como as memórias evocadas pelas visitas e a interação com o patrimônio cultural e natural e o ambiente urbano (mobilidade, acessibilidade etc.), entre outras.Periodicamente, são realizadas atividades de avaliação tanto das(os) estudantes envolvidas(os), como das(os) participantes das visitas – especificamente no caso das(os) idosas (os), utilizam-se formulários de avaliação das atividades, além da realização de entrevistas (individuais e/ou em grupo) para a obtenção de informações qualitativas que possibilitam um constante aperfeiçoamento do projeto, bem como a realização de estudos a partir dos relatos obtidos.A Oficina é oferecida ininterruptamente desde o primeiro semestre de 2009 (com a realização de mais de 100 visitas) e, em 2018 recebeu em torno de 160 inscrições. Deve-se destacar o interesse do grupo manifestado pela atenção dada às(aos) monitoras(es) dos espaços visitados, pelas perguntas a elas(es) formuladas e pela tomada de notas durante as visitas, revelando o potencial da atividade como estratégia de educação não formal para o envelhecimento ativo e o desenvolvimento da cidadania.O grupo manifesta forte interesse em continuar participando da Oficina, que é oferecida semestralmente. Além da aprendizagem sobre aspectos da história e da cultura de São Paulo, destacam-se como justificativas para sua continuidade a quebra da rotina das(os) idosas(os), por meio da participação em atividades diferentes daquelas praticadas 157


#publichistory2018 no dia-a-dia; a possibilidade de disseminação das informações recebidas junto aos demais grupos dos quais fazem parte; e, sobretudo, a interação das(os) participantes – incluindo a que ocorre com as(os) monitoras(es) do projeto (bolsistas do Curso de Lazer e Turismo), extremamente profícua para a integração entre extensão, ensino e pesquisa. Olimpíadas Científicas como Comunicação Pública da Ciência, na fusão entre o Ensino Formal e o Ensino Não Formal: o caso da Olimpíada Nacional em História do Brasil (2008-2018) Cristina Meneguello A relação entre tecnologia e ensino, nas Ciências Humanas, é um campo em expansão, nacional e internacionalmente e implica estar atentos às novas linguagens, às novas mídias, à possibilidade de ensino e aprendizagem em espaços não-formais e, em especial, as possibilidades de formação de professores. Cursos de Formação EAD, outreach programmes, Olimpíadas Científicas – em especial a Olimpíada Nacional em História do Brasil, realizada pela Unicamp há dez anos – e os debates sobre Jornalismo Científico, História pública, Mídias Digitais e Games têm se mostrado como formas possíveis de propor o ensino de história em interface entre áreas e com a sociedade de modo geral. Mas, se as tecnologias são um caminho para o compartilhamento de informações, como levá-las a ser, também, um caminho para a construção da educação cidadã? E como superar o modelo de déficit - que considera a sociedade deficiente de conhecimento (modelo top-down) e necessitada de ser “instruída cientificamente” por especialistas que desempenhariam o papel de mediadores ou tradutores do conhecimento – em busca de modelos interativos, democráticos e participativos? Este trabalho visa trazer resultados qualitativos e quantitativos coletados ao longo de nove anos de aplicação do Programa, mapeamento da participação por estados, perfil socioeconômico dos participantes (professores e alunos) e principais dificuldades e resultados observados. Como desenvolver um programa em nível nacional que dê conta das diferenças regionais e das diferenças enraizadas entre o ensino público e o privado utilizado o conhecimento histórico como aprendizagem de conceitos e leitura de documentos históricos? Como recuperar a narrativa sobre a experiência dos docentes, seus obstáculos e possibilidades de transformação? Como desenvolver metodologias próprias, em contraposição à narrativa que compreende as olimpíadas científicas/escolares como local da competitividade, da reprodução de diferenças sociais e da produção da experiência de fracasso escolar, buscando valorizar o papel da colaboração e do coletivo no processo de aprendizagem. A comunicação pública da ciência da história pode chegar à sociedade por abordagens que incluam as minorias étnicas, sociais, de opção sexual; racismo contra negros e indígenas; formação do conceito de cidadania, inclusão e a luta pelo direito à moradia, entre outros. Os Arquivos Eclesiásticos e seus alcances conceituais e metodológicos: propostas de gestão e difusão do conhecimento João Paulo Berto A comunicação pretender abordar a importância dos arquivos eclesiásticos, buscando estabelecer estratégias de gestão e de difusão e acesso aos conteúdos destes acervos históricos que tangem as mais diferentes áreas do conhecimento. Constituindo espaços dinâmicos de guarda e pesquisa, os arquivos eclesiásticos devem ser entendidos como locais propagadores da cultura e destacáveis no processo de salvaguarda de um patrimônio de valor incalculável, não somente para a reconstrução da narrativa da história da Igreja Católica (institucional e das comunidades), mas também para a memória das diferentes nações. Tendo isso em vista, torna-se necessário o estabelecimento de uma política de gestão que permita garantir a preservação, o acesso e a difusão do patrimônio cultural documental da Igreja, haja vista sua importância no alargamento de conceitos e de abordagens em nível local, regional e nacional. Contudo, apesar dos amplos debates europeus, no Brasil poucos são os estudos dedicados a propor políticas amplas de cuidado desta tipologia de arquivo, em detrimento de seu valor para os estudos históricos, religiosos, sociais, demográficos, culturais, políticos, econômicos, entre outros. Assim, centra-se esta proposta de gestão na criação de Centros de Documentação e Memória Eclesiástica em nível diocesano, espaços onde os pesquisadores e a comunidade em geral poderão acessar documentos de várias origens, tipologias e suportes, recolhidos com o intuito de preservar a memória da Igreja Católica em uma circunscrição eclesiástica específica, além de 158


#publichistory2018 outras temáticas previamente estruturadas. Regidos tanto pelas normativas institucionais da Igreja quanto por já consolidadas propostas derivadas da Arquivologia, estes espaços colocar-se-iam como instrumentos de diálogo entre a vertente evangelizadora e pastoral própria da Igreja e a sociedade contemporânea, custodiando documentação primária capaz de reconstruir a história das múltiplas expressões da vida e das sociabilidades religiosas. Busca-se, desta forma, construir um possível percurso metodológico coerente no que se refere à gestão, à organização e à pesquisa nestes espaços de memória, entendendo seus alcances conceituais e metodológicos no processo de valorização, difusão e fruição plena de seus acervos por parte das comunidades. Os mediadores das ciências no século XIX: reflexões sobre o papel da imprensa, a história das ciências e a atividade da vulgarização científica Kaori Kodama Esta apresentação é fruto de pesquisa que vem sendo realizada sobre os vulgarizadores das ciências na imprensa brasileira, em particular, do francês Louis Figuier. A partir da segunda metade do século XIX, a ciência toma um lugar de destaque nos debates que surgem na imprensa, sobretudo pela atuação de mediadores – os chamados “vulgarizadores” das ciências – que passam a fazer de sua atividade um meio de vida e de profissão. A análise desses intelectuais mediadores específicos nos fornece pistas sobre as intrincadas relações entre a produção de conhecimento acadêmico e o que é “popularizado” ou se torna “popular”, nas hierarquizações que se produzem entre as atividades dos “eruditos” e dos vulgarizadores. Também tal análise nos permite perceber como certa narrativa histórica das ciências utilizada por esses mediadores e fundamentada na figura do gênio e das “invenções” tornou-se fundamental para que essa vulgarização das ciências ganhasse públicos diversos. A partir desse debate, pretendemos contribuir para as reflexões sobre as relações entre ciência e cidadania, ampliando a compreensão sobre a atividade de “popularização” naquele contexto e sobre as práticas contemporâneas. Os memorialistas da cidade de Canindé/CE: A escrita da história, entre os suportes tradicionais e as mídias sociais Odilon Monteiro da Silva Neto, Fátima Maria Leitão Araújo O presente trabalho traz como investigação a escrita e a divulgação da produção de três memorialistas da cidade de Canindé-CE. O espaço evidenciado, se tornou reconhecido pela devoção expressiva a São Francisco, o que elevou a cidade a condição de maior Santuário Franciscano das Américas e o segundo maior do mundo. Nesta cidade encravada no sertão cearense, as origens remontam ao cultivo do gado, elemento que suscitou um modelo de sociedade, conforme os apontamentos de Capistrano de Abreu. O que de fato tornou a cidade reconhecida, fora a construção de uma capela dedicada ao santo italiano, que desde a gênese da construção, chegou a operar milagres, que fez com que a lugar, se tornasse conhecido e visitado, por devotos que vinham dos domínios do Ceará como de outras jurisdições. A presença da igreja que incialmente se faz de modo diocesano, se ampliando com a criação da paróquia em 1817, passou por várias mudanças. Ao final daquele século passa a ser administrada pelas ordens religiosas. Em 1898 chegam a Canindé, os capuchinhos italianos, e em 1923, o santuário passa a ser conduzido pelos franciscanos. É com a chegada das ordens que vemos pela primeira vez no lugar, as iniciativas para que a experiência religiosa se torne objeto de escrita da história. Assim em 1898 e em 1907 temos as duas primeiras narrativas que tratam da origem do lugar e da devoção, ambas produzidas sob o auspicio da presença da igreja. Ao longo do século XX, é possível notar que outras experiências se colocam a registrar essa história do lugar, que não pode ser descolada da devoção religiosa cristã católica que marca a vida e caracteriza a cidade. Nas atividades como docente no IFCE de Canindé, percebemos que nos trabalhos dos alunos, a produção de três escritores, que aqui denominados por memorialistas eram recorrentes. A primeira questão a ser identificada, é que a trilogia, realizara seus trabalhos de modo diletante. Num primeiro momento fora a igreja que influenciou essa produção, agora o sentido, pelo desejo de escrever a história do lugar se tornou um objeto de desejo pessoal desses indivíduos. Como segunda marca relevante, encontramos o fato de dois dos escritores, divulgarem seus escritos nas mídias sociais. Ampliando o leque da efetivação da história como um bem que deve estar acessível a todos, os mesmos, passaram 159


#publichistory2018 a divulgar seus registros, nas rádios, escolas e em qualquer espaço público, em que se deseja conhecer as narrativas sobre a origem da cidade. Os ossos doem ao partir: Cultura, identidade e adoecimento de haitianos no interior do Estado de São Paulo (2010-2016) Denize Ramos Ferreira A migração haitiana em larga escala para o Brasil é um processo novo, intensificado a partir de 2004, devido à crise política que resultou das violentas manifestações populares contra o governo do Presidente René Préval e seu Premiê Jean-Max Bellevire e dos furacões e terremotos em 2004, 2010 e 2012. Portanto é um episódio que ainda não esgotou suas ondas de impacto e que ainda acontece diante de nós, no Tempo Presente, dentro de suas especificidades. As manifestações políticas e os fenômenos naturais, não destruíram somente cidades, causando a morte de centenas de pessoas, mas também atingiram a estrutura política, econômica, social. A saída encontrada por milhares de pessoas deslocadas para sobreviver às dificuldades pelas quais passavam, depois do terremoto de 2010, como falta de água, falta de comida e doenças como o cólera, devido a mais de 230 mil mortos, foi migrar e na maioria das vezes pelas redes de tráficos, especificamente através dos Coiotes. Esta pesquisa buscará investigar, compreender e apresentar o processo de adaptação da identidade haitiana ao Brasil. Dentro desta temática migratória, destacaremos a problemática do adoecimento físico e psíquico dos haitianos, especificamente no interior do Estado de São Paulo nas cidades de Americana e Santa Bárbara D’Oeste. Pretendemos comprovar que este processo de adoecimento é consequência da desterritorialização e das novas relações de trabalho. A nossa pesquisa de campo demonstra que, por terem poucas possibilidades de acesso a bens e serviços, os haitianos se submetem a condições sociais e ambientais de risco para saúde física e mental. São muitas vezes estigmatizados socialmente e têm os seus direitos, enquanto migrantes, sistematicamente negados. A presença destes novos fluxos de imigração para o Brasil tem levantado questões sobre Direitos Humanos, sendo o acesso à saúde e a integração desta população na sociedade e no mercado de trabalho, identificados como problemas a serem estudados. Pretendemos também avaliar as possibilidades e limites da intervenção sobre esta realidade social a nível local no decorrer desta pesquisa. Entendemos que as Políticas Públicas podem surgir a partir da compreensão deste fenômeno migratório na área de Saúde Pública de acordo com as especificidades deste território no qual se desenvolve. Os projetos de lei do Deputado Caio Prado Júnior: Instituto de Pesquisas Científicas & levantamento aerofotogramétrico Renata Bastos Da Silva, Ricardo José de Azevedo Marinho Em nosso ponto de vista, o deputado Caio Prado Júnior, eleito pelo Partido Comunista do Brasil (PCB), em 1947, para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), elaborou e apresentou projetos de lei com o objetivo de diminuir o abismo entre as camadas sociais e as instituições políticas, ou seja, estreitar as relações entre política e sociedade. Assim, produziu projetos, em nosso entendimento, para que os interesses sociais fossem atendidos. Por outro lado, distinguimos que seus projetos não tinham um objetivo pontual, mas contribuíam para o exame dos problemas estruturais do Estado de São Paulo, através da pesquisa e do levantamento de dados; compreendemos que isso seria fundamental para a elaboração de políticas públicas eficientes. Neste ponto examinaremos os dois projetos de lei de autoria de Caio Prado Júnior: Instituto de Pesquisas Científicas e Levantamento Aerofotogramétrico do Estado. Distinguimos que esses projetos foram apresentados antes da discussão, votação e definição do Orçamento do Estado de São Paulo para o ano de 1948, assim, entendemos que foram apresentados num momento estratégico para que os gastos referentes a eles já constassem na proposta orçamentária. Percebemos que ambos os projetos revelam a preocupação com a mudança do território do estado de São Paulo, bem como os impactos ambientais que revelam a mudança de um território predominantemente rural, para um urbano. Observamos que em todas as suas intervenções o deputado Caio Prado Júnior expôs argumentos baseados em suportes que revelam a pesquisa, o estudo sobre determinada matéria que estava em pauta no plenário. Exemplo disso foram os momentos os quais ele apresentou seus posicionamentos diante de cada tema que fora pauta de debate para a elaboração da Constituição Estadual de São Paulo de 1947. Portanto, 160


#publichistory2018 concluímos aqui que sua conduta como historiador político e social, ou melhor, como pesquisador, está presente em suas manifestações no plenário da ALESP. Entendemos que através da sua conduta como pesquisador procurou estudar e conhecer de perto as origens históricas da formação da sociedade brasileira, em especial a paulista, o que o ajudava a indicar um programa de ação para o futuro. Os Videogames como objeto e fonte da História Robson Scarassati Bello O objetivo desta exposição é apresentar pesquisa desenvolvida em mestrado e refletir sobre as relações entre a representação da História e os jogos eletrônicos, também conhecidos como videogames. Nossa investigação pretende compreender este produto, ainda pouco estudado nas ciências humanas, em sua especificidade, estabelecendo sua posição dentro da Indústria Cultural em seus suportes materiais e distintos gêneros e em relação a outros jogos. O campo historiográfico pode discutir o fenômeno dos videogames recuperando sua historicidade por dois pontos de vista: seja em seu processo histórico de desenvolvimentos técnicos, das relações sociais e de sua inserção em uma Indústria Cultural mais ampla; ou então através de uma análise histórica das representações culturais e da construção de um imaginário sobre o passado contido na forma particular dos videogames – sobretudo em suas representações históricas. A reflexão será aprofundada sobre o desenvolvimento da narrativa de acontecimentos, a elaboração do espaço, a interatividade proposta, para então compreender como as várias temporalidades são sistematizadas em uma estrutura narrativa e lúdica no conjunto da série, que expressa uma determinada visão sobre o multiculturalismo e a História e é transmitida à milhões de jovens consumidores.Nesse sentido, procuraremos discutir alguns dos pressupostos ideológicos e fundamentos teóricos e conceituais subjacentes a suas representações e como estes jogos integram a História dos Videogames em seus múltiplos desenvolvimentos, suportes e gêneros, e se relacionam com a própria história da Indústria Cultural e do século XX. “Os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mortos”: Fazendo do cemitério uma ferramenta de estudos para o ensino médio João Mauricio Martins Prietsch Ao entrarmos em sala de aula para trabalharmos a disciplina de história, seja ela no ensino fundamental ou no ensino médio, algumas respostas dadas por nossos alunos, baseada no senso comum, são de que a disciplina de história trabalha com o passado da humanidade. Outra resposta bem corriqueira é de que a história trabalha com grandes personalidades do passado, que deixaram algo de importante para as sociedades.Diante de tais questionamentos presentes no contexto da educação básica, este projeto tem como objetivo de estudo a identificação do cemitério como fonte de memória e história de uma sociedade ou um grupo social em determinado período; bem como compreender que o cemitério é um museu a céu aberto, onde podemos ver representadas, post mortem, as personalidades históricas, a maneira como elas pensavam, através da análise dos epitáfios ou pelas esculturas tumulares; por fim, buscar, na pesquisa cemiterial, uma ferramenta importante no ensino de história para a escola básica.Dessa forma, através da pesquisa cemiterial, fica evidenciada a projeção da sociedade no que tange seus valores, crenças, estruturas políticas e ideológicas. Aproveitando-se do conhecimento produzido dentro do campo acadêmico, é que pretendo ampliar esse leque de pesquisa e trazer à tona estes e outros questionamentos para o ensino básico.É esta visão que pretendo trabalhar, ou seja, da história que forma um sujeito questionador, da escola que faz, pois, segundo Paulo Freire, o aluno sujeito da sua própria história partícipe de um contexto político, social e econômico, isto é, que o aluno seja parte atuante desta engrenagem. Portanto, para formar bons cidadãos, a escola tem de ser plural e questionadora. Plural no sentido amplo, em que, por exemplo, o aluno possa sair de sala de aula e enriquecer o seu conhecimento e questionar-se quanto ao seu papel na sociedade da qual ele faz parte. Para além do território: a percepção pública de questões ambientais a partir de mapas nacionais Bruno Capilé, Moema Vergara

161


#publichistory2018 Os mapas nacionais brasileiros sempre figuraram dentre os inúmeros objetos nas exposições nacionais e internacionais desde o século XIX. Além de legitimar autoridade do Estado, os mapas nacionais possuem uma função pedagógica de representação do território dentro e fora do país. Frequentemente, tais mapas eram divulgados em eventos e certamente causou fascínio ao público visitante que pode visualizar toda a extensão do território do Brasil. A título de exemplo, temos a Carta Geral do Império, publicada na Exposição Universal de Filadélfia em 1876, e a Carta do Brasil ao Milionésimo publicada na Exposição Universal do Centenário da Independência do Brasil, em 1922. Este último mapa resultará num projeto quadrienal (2018-2022) que culminará no centenário de sua publicação e no bicentenário nacional. Nesse contexto, o grupo de pesquisa Território, Ciência e Nação do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) tem pesquisado, publicado e divulgado sobre as relações entre as ciências e a formação territorial brasileira, desde 2007. Em 2014, lançamos o portal TCN, um site com conteúdo de nossas pesquisas e também com multimídias, como o vídeo O que te faz se sentir brasileiro? Neste vídeo perguntamos sobre o sentimento de pertencimento nacional, e obtivemos respostas ricas e inquietantes. Nessa experiência, os participantes espontaneamente levantaram importantes questões ambientais atuais, em especial o desmatamento da Amazônia. Como forma de dar prosseguimento, queremos debater um novo produto digital que aborde a percepção pública do mapa nacional brasileiro nessas e outras questões, como: o problema da perda de biodiversidade decorrente da monocultura e desmatamento, as secas e enchentes e outros desastres resultantes das mudanças climáticas, novos potenciais econômicos e as políticas públicas, dentre outros. Além da função territorial, compreendemos, então, que os mapas são ótimas interfaces para debater com o público as questões ambientais atuais. A partir de um roteiro de perguntas pré-estabelecidas, esperamos um diálogo com os participantes enquanto estes interagem com um mapa nacional do Brasil. Esperamos com o Simpósio apresentar uma metodologia para a elaboração do produto digital, que será enriquecida com os debates e considerações dos colegas e especialistas em História Pública. Passados sonegados: a importância dos arquivos municipais Bibiana Werle Neste trabalho, a importância da existência e manutenção de arquivos municipais é discutida para a construção de narrativas sobre a história de localidades. A necessidade dessas instituiçoes de salvaguarda de documentos se dá em função de conterem fontes para a construção de narrativas possíveis de serem averiguadas e comprovadas. Assim, objetivamos problematizar as narrativas oficiais que sonegam passados em função de ocultarem trechos históricos por interesses econômicos, turísticos ou políticos. Isso acontece, muitas vezes, em virtude de não haver investimentos em arquivos municipais. Para discutir essa questão, a legislação que se refere aos arquivos municipais é analisada em sua relação entre narrativas turísticas e comemorativas com a história oral e documentos guardados em instituições de uma localidade específica, a cidade de Estrela, no Rio Grande do Sul. Assim, ao analisar a Constituição Federal de outubro de 1988, a Lei de Arquivos de janeiro de 1991 – n. 8.159, a Resolução n. 27 de junho de 2008 e a Lei de Acesso à Informação de novembro de 2011 – n. 12.527, questionamos o fato de que a maioria dos municípios do Brasil não possui arquivos municipais. Entendendo o acesso à informação como um direito de todos cidadãos, discutimos a importância da participação popular na construção de narrativas sobre o passado na perspectiva da história pública. Patrimonialização e escrita videográfica: interseções em “Memórias Internas” Gabriela Lopes Batista O presente trabalho busca problematizar o papel da produção “Memórias Internas” no processo de patrimonialização do Asilo Colônia Aimorés (Bauru-SP), assim como de outros Asilos da rede de profilaxia da lepra no Estado de São Paulo. Produzido entre os anos de 2005 e 2007, o documentário conta com uma série de relatos de um dos internos do Asilo Colônia Aimorés, Nivaldo Mercúrio. A escrita videográfica, que se configura como uma das linguagens para a articulação de um trabalho acadêmico, e em que pode ser entendida o “Memórias Internas”, teve grande importância no processo de tombamento dos Asilos Colônias, uma vez que tal produção integrou o dossiê composto para análise e aprovação, que no caso de Bauru, foi aprovado no ano de 2014 pelo CONDEPHAAT 162


#publichistory2018 (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo). Neste sentido é pertinente observar a forma como são apresentadas as entrevistas, orientando a reflexão acerca da metodologia utilizada pela pesquisadora e em como promove o debate sobre a hanseníase, bem como o sofrimento das pessoas que foram internadas de forma compulsória na instituição e o estigma atribuído à doença. A difusão, ou a História para o público, visa tornar um conteúdo acessível, seja através do tipo de produção, no caso audiovisual, seja pela forma como as informações são colocadas nessa produção. Sob a perspectiva da História Pública, é possível analisar a produção “Memórias Internas” como resultado de um trabalho que se utilizou da metodologia da História Oral e que possui como resultado o documentário, produção que leva a uma maior divulgação e um maior alcance por parte de qualquer interessado. Patrimônio e Cidade: Questões a partir da Zona Leste Lucas Florêncio Costa, Julio César Marcelino O Grupo Ururay é um núcleo de pesquisa e de ação cultural formado por indivíduos interessados na preservação e divulgação do patrimônio cultural da região Leste de São Paulo. Acreditando que a participação social [a partir de atividades como oficinas, percursos temáticos, cursos e palestras] é um processo viável e concreto para a formulação de identidade entre as pessoas e o ambiente, relacionando o patrimônio cultural com as variada realidade urbana de São Paulo o grupo tem como objetivos: desenvolver ações culturais direcionadas a preservação e a problematização dos patrimônios na região Leste de São Paulo, articulando agentes sociais envolvidos, direta e indiretamente, no processo de preservação e utilização dos patrimônios Culturais. Em 2016 o grupo desenvolveu o projeto “Territórios de Ururay”, através de copatrocínio com a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo resultando na produção de um circuito roteiros por quatro macrorregião da zona leste: Penha, Itaquera, Mooca e São Miguel; na publicação do livro “Territórios de Ururay”, (com distribuição gratuita); e no documentário “Territórios de Ururay” (com 30minutos). O grupos vem assim, desde seu surgimento (em 2014) encaminhando variadas ações procurando diversificar e aprofundar o entendimento sobre os territórios detentores de bens culturais na região leste, pontuando questões sobre políticas públicas, dilemas urbanos e conflitos de narrativas. O Grupo Ururay pretende assim, explorar questões vinculadas a sua experiência, de modo a abordar temas e conceitos presentes no campo de debates da área patirmonial; objetiva-se aqui a formulação de um discurso e debate contextualizado e vinculado com a realidade social e urbana do território observado, a zona leste. Patrimônio e oralidade: Análise dos depoimentos de moradores de Olivença (Ilhéus/BA) sobre a manifestação cultural da comunidade Luiz Felipe Mendes de Oliveira, Luiz Gonzaga Godoi Trigo Na segunda semana de janeiro a comunidade de Olivença, bairro do município de Ilhéus (BA), se organiza para a secular celebração da Puxada do Mastro de São Sebastião. Nesse contexto, o presente estudo discute as relações entre o patrimônio e sua construção oral, analisando as narrativas e interpretações de depoentes sobre a manifestação cultural. As entrevistas foram realizadas no contexto do projeto de pesquisa do mestrado em turismo na Universidade de São Paulo. As entrevistas fazem parte de um conjunto de conversas com membros da comunidade e da Associação dos Machadeiros de Olivença, entidade responsável pela organização da celebração. Foram investigadas a história da festa, o envolvimento afetivo dos membros com a celebração, a gestão e as influências do setor público na política de turismo do destino. Os depoimentos sugerem uma identificação formada através de uma aproximação de percepções da memória individual construída como um ponto de vista sobre a memória coletiva, segundo o lugar e as relações dos depoentes diante do objeto investigado. Em cada lembrança evocada identificou-se um processo de construção e reconstrução na perspectiva do tempo presente pautada, na memória coletiva como principal elemento de criação do sentimento de continuidade e preservação sobre a manifestação cultural. No conjunto de depoimentos, emergiram aspectos latentes da comunidade com relação à salvaguarda e pertença sobre a celebração da Puxada do Mastro. Agrupados, considerou-se os seguintes conjuntos interpretativos: (a) Continuidade, transmissão e gereratividade; (b) Salvaguarda da referência cultural imaterial, associada ao turismo enquanto prática de difusão; (c) Identidade e identificação; (d) Reinvindicação e denúncia; (e) Edu163


#publichistory2018 cação não-formal e trocas de vivências entre gerações. As entrevistas foram transcritas e analisadas, mantendo-se os traços da interação entre os envolvidos na construção dos depoimentos e as marcas da subjetividade das partes que o construíram enquanto fala e escrita. O estudo tem como principal contributo, a identificação de um conjunto de práticas, saberes e formas de identificação presentes na celebração que dão sentido e significado para a memória, identidade e domínios da vida coletiva da comunidade em Olivença. Patrimônio histórico, memória e turismo: o legado da Força Expedicionária Brasileira. Uma reconstrução possível? Mariana Moreira de Amorim, Madalena Pedroso Aulicino A II Guerra Mundial foi um conflito de proporções únicas, deixando remanescentes materiais e imateriais em todos os países envolvidos. No Brasil, sua herança se apresenta principalmente através da participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Apesar de conquistar vitórias importantes contra um regime ditatorial, o grupo foi desfeito antes mesmo do retorno ao Brasil, o que levou os combatentes do heroísmo ao esquecimento rapidamente. A exclusão e a desvalorização que sofreram por parte do governo e do Exército causaram trauma e ressentimento nos veteranos, que hoje temem que a falta de apoio e interesse levem sua história ao completo esquecimento. Este trabalho tem como objetivos entender qual o impacto desta desvalorização no que se sabe sobre a FEB atualmente e identificar o que o público em geral da cidade de São Paulo e, mais especificamente, os professores de história da rede pública, conhecem sobre o grupo. Visa ainda apresentar casos em que o Turismo Cultural, através do patrimônio histórico, tenha sido utilizado como instrumento de reconstrução da memória de grupos desvalorizados, cujos modelos possam ser aplicados aos remanescentes da FEB. Para isso, foram feitos estudos documentais, entrevistas quantitativas com o público em geral e qualitativas com os professores de história. Através das pesquisas e entrevistas realizadas, foi concluído que os professores de história não têm conhecimento aprofundado sobre a FEB e, consequentemente, o assunto é reproduzido superficialmente aos alunos em sala de aula, o que justifica o fato de a maior parte do público em geral não conhecer o grupo. Observou-se que a omissão de sua história, de seus feitos e de suas tradições pelos detentores de poder, numa tentativa de manter o regime ditatorial vigente e a estrutura do Exército, fizeram com que o grupo passasse a ser historicamente invisível. Ao estudar casos em que o Turismo Cultural foi utilizado como instrumento para reconstrução da memória de grupos desvalorizados, conclui-se que as mesmas estratégias podem ser utilizadas para a reconstrução da memória da FEB. Patrimônio imaterial e cultura popular do Rio de Janeiro pelo viés do carnaval mirim Vanessa Dupheim O trabalho versa sobre a presença de jovens em Escolas de Samba mirins no Rio de Janeiro do século XXI e estas como parte do patrimônio imaterial da cidade. Neste contexto, a representação da memória afrodescendente e da cultura popular, é destacada pelo viés do samba mirim carioca e a marca identitária, é relacionada ao pertencimento, “ao mundo do carnaval”. Possui como suporte teórico: Stuart Hall, Muniz Sodré, Paul Gilroy, Paul Zumthor, Maurice Halbwachs, Mikhail Bakhtin. Em relação a Festa carnavalesca, sinalizamos o início que, segundo os costumes dos afrobrasileiros, deu-se ao som dos batuques e atabaques e fez-se presente a festa, o canto e a dança de origem negra. As agremiações carnavalescas mirins da Cidade do Rio de Janeiro possuem como marca institucionalizada, “cotidiano e Festa” e pertencem ao Calendário da cidade, onde algumas “comunidades” possuem visibilidade relacionada ao fenômeno específico, que é o samba mirim. Patrimônio público: Restauração e conservação dos processos jurídicos (civis e criminais) do fórum de Marabá/PA Maria Luzia do Nascimento Silva, Alexia Evilyn Lima daSilva, tainá Lima Carneiro, Marilza Sales Costa Este trabalho tem como objetivo desenvolver “relatos de experiência” ocorridos em uma ação exten-

164


#publichistory2018 sionista da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA pelo Programa Institucional de Bolsas de Extensão/PIBEX (2017-2018) como bolsistas do Curso de Ciências Sociais e inseridos no Centro de Referência em Estudos e Pesquisas sobre a História e Memória da região Sul e Sudeste do Pará, desenvolvida no Fórum de Marabá-PA, região da Amazônia Legal visando atender a demanda de higienização, catalogação, conservação e preservação do patrimônio documental, considerados como fontes “vivas” ação e preservação do acervo nos respaldaram em autores, tais como: Le Goff (1984), Chartier (1990), Lima (2000), Campos (2001), Oliveira (2005), Bellotto (2006), AXT (2007), Grinberg(2009) entre outros e consultas aos portais do (Tribunal Justiça -PA ). Leitura de material bibliográfico abrangendo análise de conservação e preservação de documentos provenientes do Poder Judiciário de forma quantitativa através de estudos teóricos sobre fontes documentais judiciárias. Participação em treinamento e preparação de material didático sobre a higienização, catalogação, preservação e conservação. bibliográfico com vistas a facilitar, tanto os estudos de interessados na área de atuação como nas demais áreas afins. A comarca de Marabá-PA começou seu funcionamento aproximadamente no ano de 1923 atendendo aos municípios limítrofes da cidade. De lá para 2018 nenhum procedimento teria sido realizado para a preservação e conservação desse acervo acumulado, classificado como inativo/histórico constituído de processos judiciais cíveis e criminais relativos às décadas de 1920 a 1970.Patrimônio público de grande relevância para população e região. O iniciados com a retirada dos documentos jurídicos do arquivo acumulado e transportados para a sala de higienizarão com a retirada dos metais. Após a higienização, os processos foram condicionados em caixas de arquivo. Embora a higienização de acordo Hahn (2009) apud Bellotto (2006) e Camargo (1996, p. 42) “corresponde, basicamente, à retirada de poeira e resíduos estranhos aos documentos, por meio de técnicas apropriadas, com vista à sua preservação”. Quanto à preservação, por fim, é importante que os profissionais envolvidos nesse trabalho, conheçam o valor da e preservação do patrimônio jurídico. Pensando caminhos: História pública, música e direitos humanos João Pedro Ribeiro de Oliveira, Marta Gouveia de Oliveira Rovai Este trabalho visa refletir sobre a Educação para os Direitos Humanos dentro das escolas. Abordando as questões que abrangem a História Pública, apresentamos como um possível exercício, pensar possibilidades de se democratizar o ensino de História envolvendo as relações de gênero, enquanto uma temática presente nas discussões sobre os Direitos Humanos, e a música, em sua perspectiva presente e atuante entre os alunos. Sendo assim, elaboramos uma discussão de como a escola deve ser sim um espaço para que se discuta – de forma necessária e urgente - gênero e sexualidade; compreendemos que por ser uma questão social, tais problemas não são exclusivos da escola, mas é nela em que sua maioria são construídos e que é nesse entrelugar que docentes e discentes constituem suas redes de conhecimentos e seus processos de significação. Nesse sentido, pensando sobre a temática gênero, propomos sequências didáticas a ser pensadas e aprimoradas, a partir de diálogos instituídos com os docentes, alunos e demais agentes envolvidos com a educação, tendo consciência de que as diversas experiências trazem tensões e conflitos que envolvem a dinâmica da sala de aula. Para se pensar essas sequências didáticas, selecionou-se um viés, que é o uso de músicas que abordam as questões de gênero, compreendendo sua atuação na (des)construção de enraizamentos sociais. No caso, selecionamos dois estilos musicais da Canção Popular Brasileira que trabalham gênero, o brega e o rap, entendendo-os e os inserindo dentro de sua cultura, de forma que cada professor possa usar conforme sua proximidade e identidade, adequando à realidade de seus alunos. Vale lembrar que é apenas uma sugestão e que novas dinâmicas podem ser pensadas a partir de trocas e saberes em sala de aula. Performative and bodily mediation of history in the Zapatista Communities Raina Zimmering The Zapatista Movement in the South- East of Mexico is strongly characterized by their performative and bodily praxis of mediation of history. This indigenous group upraised in 1994 against the neocolonial and neoliberal policy of the Mexican government, with a call for democracy, justice and freedom. This was the starting point of a new culture of resistance. The Zapatistas reject the 165


#publichistory2018 take-over of the power. As far as the weapons have more symbolical importance they replace the armed struggle by a symbolic. Besides wide spreading narrations as the stories of Subcomandante Marcos/Galeano, murals and artistic festivals, the Zapatistas execute a wide range of performances and bodily practices as measures of representation and of auto-consciousness, in which the history is an important reference. In it the body and the participation of the whole group plays a big role. The direct participation creates a feeling and sense of belonging and of safety. Performing History on the Streets: Re-visioning Ottawa’s Capital History during the 150th Sesquicentenary David Dean My presentation focuses on a collaborative public history project, Capital History Kiosks, which brought together a museum, an academic department, an artist and a design firm as partners and a range of stakeholders as collaborators. The project told hidden stories about Canada’s past and was intended to complement, even counter, official narratives about nation and nationhood during the official celebrations of Canada’s 150th anniversary. 17 installations consisting of vinyl wraps around traffic control boxes featuring digitized archival images and original paintings leading to a website where visitors could explore the stories further through image, text, and sound. As a storytelling project designed to enhance civic engagement and encourage conversations about the past by writing history in image and text visible to thousands, the project broke new ground in the nation’s capital. It offers new opportunities for public engagement in deciding what stories to tell, and how and why we tell them. Performing History: Jongos, Quilombos, and the Memory of Illegal Atlantic Slave Trade in Rio de Janeiro, Brazil Hebe Mattos, Martha Abreu Our presentation addresses the research project, Memory of Slavery: A Present Past developed by the Oral History and Image Lab of Federal Fluminense University. The project produced over 260 hours of audiovisual sources and four historical documentaries showing how the oral tradition of old coffee plantations’ slave descendants became a counter-narrative about the slave past in their struggle against racism and for land ownership. The oral narratives lifted from oblivion the life experiences of enslaved and freed ancestors and their memories about the illegal Atlantic Slave Trade. The videos also present the social history of Jongo, a performance of singing improvised verses, drums and dance. The exercise of writing history in video is a shared experience among witnesses, historians, videographers and editors; we show how the audiovisual narrative became a fundamental tool to register manifestations of collective memory in a dynamic way, and to open new ways to write history. Permanências e descontinuidades do papel da mulher no Egito Antigo e na Contemporaneidade: um olhar dos estudantes do primeiro ano do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) sobre a questão de gênero Juliana Taynara Dantas Leite, Cláudia Regina Fonseca Miguel Sapag Ricci, Luísa Teixeira Andrade Estudantes que, por motivos familiares, questões de trabalho e pressão social em relação ao papel da mulher no espaço doméstico, deixaram a escola e retornaram após longo período e experiência de vida, costumam revelar uma representação sobre os conteúdos curriculares escolares da disciplina história e curiosidade em relação à Antiguidade. A presente proposta tem por objetivo relatar uma experiência de ensino com estudantes do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos do Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Geral (PEMJA/ CP/ UFMG). Tal experiência buscou articular uma das razões pela não continuidade dos estudos quando crianças e adolescentes – especialmente no caso das mulheres, a expectativa em relação às aulas de história e interesse demonstrado. Nesse sentido, fizemos um recorte temático sobre o papel da mulher no Egito Antigo: diferenças e semelhanças com o vivido. São duas turmas do primeiro ano do Ensino Médio/ EJA, denominadas

166


#publichistory2018 turma 03 e turma 04. A maioria dos estudantes são mulheres: na turma 03 são 13 mulheres e 5 homens e, na turma 04, 15 mulheres e 16 homens. No entanto, é importante destacar, o interesse e envolvimento sobre o tema não se restringiram as mesmas. Dentre as diversas atividades desenvolvidas em sala de aula, os debates foram os que propiciaram maior envolvimento dos estudantes. Tanto os homens como as mulheres. Nas aulas expositivas buscamos considerar tanto as acepções historiográficas nas quais prevalece a perspectiva da História Política sendo a mulher citada como esposa de faraós, assim como as que apresentam as mulheres na sociedade egípcia antiga para além de seu trabalho doméstico e os direitos que possuíam. Foi possível perceber que os estudantes se apropriaram de informações sobre o contexto social do Egito Antigo, identificando permanências e descontinuidades sobre o papel da mulher na contemporaneidade. A intenção ao apresentar essa experiência, é refletir de forma coletiva, as possibilidades do trabalho na Educação de Jovens e Adultos numa perspectiva dialógica entre os conteúdos escolares e a vivência cotidiana. Perspectivas sobre o processo de construção de um catálogo de fontes das estatísticas públicas em Minas Gerais Ivana Denise Parrela, Milene Lopes Frade da Costa O mapeamento sistemático dos acervos e das fontes documentais oriundos das atividades governamentais relativas às políticas estatísticas é o escopo do projeto “As Estatísticas Públicas no Estado de Minas Gerais (1890/2014): perspectivas histórico-analíticas e repertório de fontes” desenvolvido pela Fundação João Pinheiro, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e Arquivo Público Mineiro. Esta comunicação apresenta parte dos resultados das etapas de elaboração de um catálogo de fontes e um estudo crítico sobre o documento estatístico. Pretende-se ainda discutir a metodologia do trabalho e a relação das fontes compiladas com a produção do conhecimento histórico, que permite sua apropriação por um público mais amplo, por meio da publicização desse instrumento de pesquisa. Sabe-se que a estatística sempre foi uma ferramenta fundamental na construção e governabilidade dos estados, tornando-se uma política pública essencial dos estados modernos. Em Minas Gerais, grande parte dos vestígios dessa atividade se encontra no Arquivo Público Mineiro, instituição pela qual a história pública encontra campo profícuo para o desenvolvimento de uma consciência histórica e ressignificação do passado. Trata-se, portanto, de uma oportunidade ímpar para difundir o fazer estatístico através do saber arquivístico. O projeto, que deverá ser concluído em 2019, tem permitido mapear acervos documentais produzidos pelas diferentes instituições públicas do estado responsáveis pela produção das estatísticas públicas no estado para construção de repertório e elaborar um programa para a gradativa disponibilização das obras mapeadas nas bases de dados do Arquivo Público Mineiro. Dessa forma, propor a pesquisa sobre as trajetórias das políticas públicas de estatística é uma iniciativa relevante para a história mineira, além de inovadora, visto que na historiografia de Minas Gerais inexistem trabalhos aprofundados sobre as estatísticas do período republicano. A pesquisa se voltará para a trama histórica que envolve as instituições estatísticas de caráter público, o que tornará possível identificar os produtores dos documentos, sua tramitação e acumulação. Pesquisa para roteiro cinematográfico: considerações sobre uma experiência em andamento Vitória Azevedo da Fonseca, Maria Thereza de Oliveira Azevedo No processo de roteirização de filmes com temáticas históricas, ou, dramas sociais, a pesquisa, histórica ou não, enriquece a criatividade e a construção da verossimilhança, além da possibilidade de criação de elementos que despertem o interesse do espectador pelo enredo que vai além do próprio filme, e que leva a referenciais em sua própria experiência de vida. Os procedimentos de pesquisas podem estar presentes nos processos de roteirização de diversas formas e intenções. Diversos podem ser os usos de informações advindas de pesquisas, e, diversas podem ser suas metodologias e formatos. Assim, propomos, neste trabalho, uma pesquisa histórica adaptada para desenvolvimento do roteiro de um filme ficcional, “Religare” (Maria Thereza Azevedo) que traz em seu enredo problemáticas do tempo presente, construídas e compreensíveis a partir de sua historicidade. A pesquisa passou a ser desenvolvida a partir de um argumento que envolve a trajetórias de três mulheres, de diferentes grupos sociais, cujas vidas são afetadas por um mesmo acontecimento, sendo, uma das 167


#publichistory2018 personagens, uma indígena que perdeu o contato com sua etnicidade, que busca suas origens, uma herdeira do agronegócio cuja empresa pretende expandir suas terras e uma jornalista. O filme é uma narrativa ficcional e o papel da pesquisa histórica vem sendo construir verossimilhança às suas tramas e conflitos, inspirando e sugerindo visualidades referenciadas em uma documentação, oral ou escrita. A partir de reflexões sobre a especificidade da pesquisa histórica para cinema, debates em torno das relações entre história e ficção, desenvolvidas pela pesquisadora em sua tese de doutorado (FONSECA, 2008), foi proposto uma abordagem especifica para assessoria de pesquisa de maneira que pudesse embasar a roteirização de Religare. A proposta, assim, foi enfocar a pesquisa para construção narrativa e dramatúrgica, bem como pesquisa de levantamento de informações pontuais sobre espaços, formas de vida, situações cotidianas, acontecimentos. O elemento chave, mas não o único, dessa pesquisa está relacionado ao processo histórico de configuração dos espaços da etnia Bororo, os processos de extermínio, mas também sua cosmologia, a concepção de feminino e masculino, a relação entre vida e morte, laços familiares e, acima de tudo, a riqueza estética e existencial do funeral bororo e as maneiras como essas informações foram sendo incorporadas no processo de escrita do roteiro cinematográfico. Photography, a potent yet complex medium for public history Cécile Duval Photography, together with written material, is one of the traditional communication channels of public history. They must go hand in hand - written material on its own, especially in our predominantly visual era, can often fail to convey the desired message; but images on their own can be misunderstood if no text is added to place them in context. In the field of public history, it is vital to constantly check and compare any available data about images, especially photographs - all the more so since the range of sources used in public history has grown considerably in recent years (with the addition of “”ego-documents”” [Claire Zalc], social media posts, etc.). It can be tempting to play on the emotions generated by some photographs to elicit a stronger reaction from the public, ignoring the fact that reinterpreting a photo in this way is essentially the same as rewriting history. The presentation will focus on an analysis of documents from collections of historical photographs (mainly European history). Por que estudar História do Brasil? Diálogos entre a História Pública e o Ensino de História Vivian Zampa Esta comunicação tem por objetivo refletir sobre as relações entre o Ensino de História e a História Pública, a partir das discussões sobre a relevância de se estudar a História do Brasil com os alunos do oitavo ano da educação básica do Colégio de Aplicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CAp UERJ). Em uma sondagem de início de ano sobre suas experiências e expectativas em torno da disciplina, a maior parte dos estudantes afirmou que o conteúdo que menos gostava era a História do Brasil, alegando que já tinham estudado exaustivamente a mesma no Ensino Fundamental I, que seus assuntos eram repetidamente trabalhados em geografia ou, ainda, que ela era chata, desinteressante e com pouca utilidade em suas vidas. Tendo por base essas questões, intenta-se mapear e analisar a problemática que se estabelece nas relações entre a cultura histórica discente em torno da História do Brasil, permeada pela sua vivência, pelas diferentes narrativas que a cercam e pela memória coletiva, e a sua influência na construção do saber histórico escolar. Partindo da preocupação das interações entre as demandas dos alunos e a atuação dos professores/historiadores na sociedade, pretende-se, da mesma forma, refletir sobre a produção de materiais pluridisciplinares, que agreguem às discussões historiográficas temáticas e abordagens próximas aos estudantes, de forma a estimular o desenvolvimento de sentidos e de saberes críticos relacionados à História do Brasil dentro e fora da sala de aula. Possible Astronomical Meanings of Some El Molle Relics near the ESO Observatory at La Silla Alberto Vecchiato

168


#publichistory2018 We describe a peculiar, man-made stone structure, associated with the ancient rock engravings that are around the site of La Silla, Chile, close to the European Southern Observatory, and are attributed to the El Molle Culture. Three stones of the structure were likely to pinpoint the alignment of three bright stars close to the horizon, as seen from a specific vantage point. The El Molle was the only period in which this alignment occurred significantly close to the horizon, moreover it was only in this epoch that it could also be associated with the transition from the warm to the cold season, a period of the year which was quite important for a society that supported itself by herding and farming. “Pra tudo começar na quinta-feira”: Reflexões históricas na construção do carnaval em Florianópolis (2017-2018) Christian Gonçalves Vidal da Fonseca, Fernando Nilson Constancio “Glória a quem trabalha o ano inteiro, em multidão, são escultores, são pintores, bordadeiras (...) gente empenhada em construir a ilusão”. Nossa diretriz inicial parte desses versos da canção “pra tudo se acabar na quarta feira” de Martinho da Vila para o desfile da Unidos de Vila em 1984. Assim, partindo dessa premissa da complexidade e das relações estabelecidas numa construção de um desfile carnavalesco, que propomos esta comunicação, visando apresentar uma reflexão desse processo construtivo mediante experiência própria no carnaval de Florianópolis, entre os anos de 2017-2018. Durante o período mencionado, participamos do carnaval de Florianópolis, de forma que buscamos articular os aprendizados de nossa formação em História com os conhecimentos da comunidade, buscando transformar o ensino acadêmico em representações visuais e sonoras através do carnaval. Em Florianópolis, a atual gestão municipal, tem (des)estimulado as escolas de samba, adotando medidas que não dialogam com as comunidades carnavalescas. Portanto, o conhecimento dessas pessoas são colocados em xeque, desarticulando uma rede de sociabilidade em torno da escola de samba. Não alheias às essas questões, as escolas de samba procuram trazer para a passarela do samba pautas que estão em debate na sociedade. Assim, visamos com essa comunicação trazer um pouco de nossa experiência no fazer de um desfile de carnaval, na cidade de Florianópolis, além dos desafios de representar toda uma comunidade, através de narrativas, e os contratempos da gestão pública. Algumas leituras se fazem necessário no tocante à relação entre as escolas de samba e a comunidade, tais como: Nei Lopes (2008), Edgardo Lander (2005), Rubem Santos Aquino e Luiz Sérgio Dias (2009). Práticas alimentares mineiras, transmissão e busca de registro patrimonial: a espetacularização de tradições e a História Pública. José Newton Coelho Meneses A reflexão sobre tradições alimentares, memória e registros de patrimônios vem motivando embates e buscas em torno da memória social, tomando-a como construção de grupos da sociedade, em disputas e diálogos. Técnicos e instituições buscam se apoderar de manifestações importantes de grupos específicos e tomar para si uma responsabilidade de salvaguarda, muitas vezes, obsoleta. Tais buscas e discussões geradas por iniciativas de grande variedade têm, majoritariamente, na ideia de tradições como permanências, um eixo fundamental de propostas patrimonializadoras. A comunicação objetiva, a partir de casos concretos de registros de patrimônio dito “imaterial” em Minas Gerais, refletir, à luz de propostas teóricas de vários autores (Pollack, Jeudy, Gonçalves, Abreu, Nora, Agamben, Arendt, dentre outros), sobre as possibilidades de dar voz à capacidade dos públicos de tomar as tradições como transmissões (tradere) e, como tal, ricas de dinâmicas de mudanças. Haveria, assim, a necessidade de se flexibilizar a necessidade ou a utilidade de patrimonialização oficial e até mesmo, a imposição de processos espetacularizadores que tomam a manifestação pública como um produto de consumo do outro. História, memória e patrimônio, para além de importantes campos de compreensão das realidades são, em suma, vivências sociais que se manifestam em linguagem própria que o tecnicismo patrimonializador insiste em não valorizar. Casos concretos de um e de outro, manifestações comunitárias e ação dos “técnicos do patrimônio”, são a base para a discussão que a comunicação propõe. Private memories in new museum’s expositions

169


#publichistory2018 Maria Shubina Memories, diaries, interviews become the basis for the Museum expositions, which tell about a particular area. That gives a personal emotionally charged material for the Museum exposition. Strong emotions, the fate of ordinary people in a particular area, become a way to reveal the philosophy, the essence of the territory. The presentation is based on concrete examples. “Siberians voluntary and involuntary”, Tomsk regional Museum, “Open sea halls” Vladivostok, a new exposition of the Local Museum in Nakhodka. Projeto Moderna: práticas educativas para a promoção emancipadora da História no ciberespaço Vanessa Spinosa, Danilo Nogueira de Medeiros Este trabalho visa apresentar o projeto de ensino executado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, nos anos de 2015 a 2017. Com a hashtag projeto moderna, o plano de ensino e de monitoria iniciado nos componentes curriculares História Moderna I e II, tinha como objetivo principal envolver os futuros docentes de História em uma ação prática de produção de conteúdos históricos no ciberespaços. Nesse sentido, o plano de atividades para as equipes formadas era a de construir produtos virtuais como avaliação de todo o semestre letivo. Era necessário compor o projeto de atuação para a confecção dos materiais, mostrando tema, objetivo, plataforma, público-alvo e justificativa, e posteriormente, iniciava-se o período de postagens. A cada ano, houve uma significativa produção de materiais digitais sobre História Moderna. A ideia principal para e execução desta prática em sala era a de oferecer um espaço de autonomia para os futuros docentes de História, ainda no ambiente universitário. Uma ação que promovesse emancipação dos sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, como também para monitores e docentes envolvidos na execução. Portanto, baseados na ideia de que educação é comunicação (FREIRE, 1986), propusemos uma prática avaliativa em que os discentes, docentes e monitores estivessem aliados em um propósito focal: as demandas e interesses dos próprios alunos para a construção do conhecimento histórico. Protecting Heritage Sites Case Study: Beni Hassan, Minya, Egypt Heba Abdelsalam, Scott Bucking Looting Egyptian heritage sites has become a weekly event. One of the sites that has recently faced this destruction is the site of Beni Hassan, which is located in Minya, Egypt. This cemetery is one of the most unique sites in Egypt since it includes pharaonic, Roman, Coptic, and Islamic monuments, including a rock-cut necropolis from the pharaonic Middle Kingdom. Unfortunately, most of the stakeholders who live around the site do not recognize their cultural link to it and do not have the sense of identity connecting them to their ancient past. Therefore, the time is ripe for using public history methods for better understanding and preservation of cultural heritage by developing a strong interpretative project to implement educational programs and to foster connections between the people in the surrounding communities and this vital heritage, some of which is now at risk due to illicit digging. Public Histories of the Lost Cause: General Robert E. Lee and Feldmarschall Erwin Rommel as “Honorable” Military Heroes of Lost Wars Andreas Etges To find something honorable in all the evil of lost wars that were fought for the wrong ends might be both an individual and collective way to deal with pain, guilt, and defeat. Part of this is honoring the soldiers and their sacrifices, focus on famous battles and celebrate distinguished generals. The presentation will focus on the special places Southern General Robert E. Lee and Feldmarschall Ernst Rommel have occupied in the memories of the American Civil War and World War II, respectively. Lee and Rommel were glorified both by those who were on their sides during the wars and by their opponents/enemies as honorable, loyal, and patriotic military men. While these interpretations have been increasingly challenged, the still remain dominant.

170


#publichistory2018 Public History and the Peace Corps: How to utilize volunteers to conduct research overseas Stephen Lane, Blake Wilson As Public Historians working in other countries it is important to integrate with community members and leaders in order to conduct solid research. Utilizing volunteer organizations like the Peace Corps allows public historians to coordinate their research across the country, allowing Peace Corps volunteers to conduct some of the research on the public historian’s behalf. Public historians can train local youth in methods of capturing their local history in a variety of ways such as documentary film making with the Afro-Paraguayan community in rural Paraguay. Public History through Televised International Song Contests Dean Vuletic My presentation will highlight the challenges that I have faced in using my research on the history of televised international song contests ““ namely the Eurovision Song Contest (ESC) and its Eastern European equivalent during the Cold War, the Intervision Song Contest - as a platform for public history. The ESC is one of Europe’s most popular television shows and an event that has historically been viewed as a metaphor for European politics. I have written the first-ever academic monograph on the history of the ESC; I regularly comment on the ESC in the international media as well as consult the organiser of the ESC on historical and political matters. In my presentation I will draw on my experiences to consider the issues that public historians face in: being taken “seriously” by both academic and public audiences, especially when dealing with popular culture; communicating their ideas to diverse linguistic and national audiences; and receiving remuneration for their work. Public history, digital history, museums, and archives: “Publicization” of the collection of the bauru regional railroad museum Fabio Paride Pallotta In 1905, Bauru, a city located in the state of São Paulo, was considered the largest railroad junction in the interior of Brazil and one of the most important in Latin America. This situation changed with the collapse of the rail transport in the country that began in the 1950s. The Railroad Museum was created in 1960 to preserve the railroad memory and the history of the railroads. After 20 years, this museum became the Regional Railroad Museum, covering much more material than before. How to “publicize” the collection of such an important Museum, comprising more than 600 mil documents, maps, documentaries, testimonials, etc and preserve the Industrial Railroal Archeology of the city, the most important in Brazil? Through Digital History, by the creation of the website www. projetomuseuferroviário.com.br, providing historians, the former railwaymen, Bauru citizens and any interested parties with access to this collection, which is an important part of the Bauru and Brazilian history. Public Museum = Educating the Public? Heike Bormuth The 19th century offered a new number of chances for public entertainment and education and saw the consolidation of scientific disciplines, which both came together in the space of the British Museum. Being founded “not only for the Inspection and Entertainment of the Learned and the Curious but for the general use and benefit of the public” the entrance had always been free, but was it truly an institution for the general and historical education of the public? The paper focuses on the thesis that in the beginning, the museum conceived itself as a place of research which only offered limited access to a narrowly defined public, simply because it had to. Thus, the knowledge produced in the reading rooms stood in no close connection to the visitors ““ not much regard was given to their educational experience. This changed after 1800, when didactical preparation came into focus as reflection of a general discourse as to whom knowledge should be accessible, how it was best instilled and which capacities museums possessed as sites of education. The paper also focuses

171


#publichistory2018 on the different implications of the new question, which knowledge was relevant and useful for the newly defined public. Public Space and Contested Memories: The case of Lukiškės Square and the Memorial to the Lithuanian Freedom Fighters (Vilnius, Lithuania) Antonio Chiaese This paper examines the process of regeneration of the public space in Lukiškės Square in Vilnius, Lithuania–site of contested memories,claimed by several communities that have inhabited the city through the centuries(Tatars, Poles, Jews),become in 1991 symbol of the Lithuanian independence from USSR. Since then,a conflict on the layout of the square has set Lithuanian government and patriotic associations,with an agenda based on exclusive concepts of memory and ethnic nationalism,against a network of local civil society organizations advocating the multicultural identity of Vilnius. The paper will examine this case–paradigmatic of conflicts on memory in several Central and Eastern European countries,but with a specific “local VS national” twist–by analysing the State attempts to transform Lukiškės Square into “”shrine of the nation””,especially the unsuccessful competitions for a memorial to the “”Lithuanian Freedom Fighters””;the civil society initiatives against the process of “grievification” of the square;the recent plans of solutions based on shared decision-making and on approaches that integrate the features of memory,aesthetics and leisure in the future layout of the square. Público, história pública e as políticas do comum Pedro Telles da Silveira Em pouco mais de cinco anos, a história pública passou de novidade a um dos mais férteis e ativos campos da historiografia brasileira. Ela se associa a uma demanda crescente por maior presença de historiadores e historiadoras nos debates públicos, à percepção do papel desempenhado pelas novas tecnologias junto às possibilidades de difusão e circulação social do conhecimento histórico, além da valorização de formas tradicionais e/ou alternativas de estabelecer relação com o passado que extrapolam a historiografia acadêmica. Todos esses aspectos ressaltam a amplitude e as potencialidades da história pública. A polissemia do conceito de “público”, no entanto, por vezes cede espaço a uma certa dificuldade de reflexão teórica sobre a área. É comum encontrar justificativas para a história pública que vão desde a naturalização da consciência histórica, que escaparia aos ditames da academia (esquecendo-se que a história e a consciência histórica não são categorias universais), ou se procura justificá-la como uma forma mais antiga e, na verdade, sempre existente de historiografia, embora subordinada e negligenciada pela academia. A exclamação “eu não sabia que fazia história pública!”, encontrada em alguns dos textos que procuram definir o que é a história pública, é um exemplo disso. Como resultado, parece que a história pública se justifica somente por suas aplicações práticas ou pela diversidade e alcance de seus projetos. Embora relevantes, o presente trabalho considera que a história pública tem um papel a desempenhar que não se restringe às iniciativas feitas sob seu nome. Sem procurar uma definição única e estanque para o campo, mas visando aprofundar o debate teórico a seu respeito, o que se propõe neste trabalho é, primeiro, mapear os sentidos que a palavra “público” tem sido utilizada nas discussões sobre a história pública; segundo, explorar o significado desta palavra junto ao pensamento social e político contemporâneo; terceiro, perceber de que maneiras a história pública pode servir para estabelecer a ligação entre o conhecimento histórico e as demandas políticas organizadas em torno às categorias de comunidade e comum, que mobilizam cada vez mais o campo da prática política na atualidade, inclusive no contexto brasileiro. De que maneiras a história pública pode contribuir com lutas que visam alargar os conceitos de democracia, política e espaço público para além de suas significações atuais? Esta é a pergunta que motiva este trabalho. Quinhoar: Ensino de História Raquel Elison Costa

172


#publichistory2018 Me chamo Raquel Elison Costa, sou professora de História, do Estado e do município do Rio de Janeiro e estou desenvolvendo uma dissertação e um canal no YouTube com temas da História, para alunos do ensino médio. Tal pesquisa é fruto do meu mestrado da área Ensino de História do programa de mestrado PROFHIST/2016. A ideia de desenvolver um canal surgiu dos meus alunos, pois estes gostariam de aulas mais dinâmicas e também como uma forma de incorporar os celulares em sala de aula, como um recurso pedagógico. Ao longo da pesquisa o canal Quinhoar foi se articulando com as questões e reflexões desenvolvidas pela história digital e história pública. Uma dessas reflexões se destacou na elaboração da pesquisa e acabou dando nome ao canal. Quinhoar significa compartilhar. O conceito de autoridade compartilhada exerce uma grande influência na pesquisa, pois os temas das aulas é o formato destas estão sendo feitos com a participação dos alunos, através dos comentários feitos no próprio canal. As videoaulas e a pesquisa também foram e estão sendo feitas com muita intensidade no mundo virtual. Os comentários dos alunos estão servindo como fontes. O canal Quinhoar: Ensino de História está sendo compreendido não apenas como videoaulas, mas como uma ponte entre o professor e uma nova geração de alunos. Uma forma de comunicação reconhecida e utilizada pelos mesmos. Radio Inconfidência and the representations of the brazilian nation: Political uses of the station and the constitution of a Public History Luiz Otávio Correa This work investigates Radio Inconfidência, a Brazilian state radio. We intend to problematize how the representations of the nation are created through this electronic media, constituted in different contexts in a temporality of average duration. Looking at the radio as a mediator of social practices and agent in the creation of collective representations and social memory, we think of the way in which this media produces history in its own way, a public history, certainly, but interspersed by the relations of power constituting discursive hegemonies and violence symbolic. It is thought about the meaning of the popular and the public policies related to the radio that use of the expression people to establish a relation of proximity between the instances of power and the whole of the society. The political uses of radio, read historically, show how the media create a dialogue with society, interspersed by the uneven relations generated between the interlocutors of communicative practices. Reconectando com o passado: visitação ao complexo arquitetônico da Praça da Estação (BH/MG), uma proposta de metodologia para o ensino de história de jovens e adultos. Álvaro Mota Homem de Faria, Luisa Teixeira Andrade Pinho Esse trabalho consiste em uma reflexão sobre uma proposta didática realizada com duas classes do Projeto de Ensino Fundamental de Jovens e Adultos – 2º segmento (PROEF-2) da Escola de Educação Básica e Profissional Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais (CP-UFMG) nos dias 14, 15, 16 e 21 de maio de 2018. O objetivo era que a partir da visitação do complexo arquitetônico da Praça da Estação, em especial o Museu de Artes e Ofícios (MAO), os alunos pudessem refletir e teorizar acerca dos diferentes processos de produção (pré-industrial e industrial) e suas implicações na sociedade, tendo como pano de fundo a História de Minas Gerais. Essa atividade partiu da demanda dos próprios alunos de estudar sobre a história do seu estado, em conjunto com os dois eixos transdisciplinares que norteiam as aulas do EJA/CP-UFMG: violência e trabalho. Soma-se a isso, a necessidade de as aulas dessa modalidade de ensino possuírem uma demanda de identificação do aluno com conteúdo em estudo de modo que o desperte uma emoção catalisadora para a produção de conhecimento, particularidade endêmica do ensino de pessoas que estão fora da idade regular de estudo. Acreditamos que, a saída do espaço tradicional da sala de aula para um local histórico para os belo-horizontinos, em conjunto com a observação dos objetos sobre a história dos trabalhadores brasileiros exposta pelo MAO, configuraram uma atividade propulsora de construção de conhecimento histórico capaz de aprofundar o campo pouco desbravado do ensino de história para jovens e adultos. Baseada nos preceitos metodológicos e didáticos defendidos por Francisco Régis Lopes Ramos (2004) para o ensino de história em museus, em conjunto com a experiência descrita na dissertação de Frederico Pinho (2012), foi feita uma preparação em sala de aula no dia anterior à visita. O objetivo era aguçar o olhar investigativo dos alunos sobre os objetos e 173


#publichistory2018 suas tramas de sentido além de possibilitar o contato dos alunos com a instituição a ser visitada. Para embasamento de conteúdo histórico, utilizamos a coleção “História de Minas Gerais”; organizada por VILLALTA e RESENDE (2007). Reconstruction and Deconstruction of Local History through Objects Andrea Brait The current visitor orientation in museums has led to a wide variety of educational programs. Many of these are addressed to pupils. In the historical-didactic discourse, there is agreement that learning in the museum makes an important contribution to the cultural-historical understanding of adolescents and can create new entrants where the classical teaching in schools reaches its limits. To what extent the museums also convey subject-specific competences is the subject of a postdoctoral project on historical learning between school and museum, the concept of which is briefly presented in this lecture. On the basis of expert interviews and the analysis of the educational programs, it is analyzed if and how the nine Austrian federal state museums explain to the pupils how objects were used to reconstruct history. Furthermore the question of whether pupils are offered possibilities for deconstructing the narration of history arises. (Re)descobrindo a memória pública: Grupos escolares no circuito das águas Jefferson da Costa Moreira, Ângelo Constâncio Rodrigues O presente trabalho tem como objetivo ressaltar a importância da memória e dos arquivos escolares no desenvolvimento de pesquisas. Nesse ínterim, afim de manter viva e preservada a História da Educação, pretende-se averiguar e restaurar a memória escolar passada e presente no Circuito das Águas, abrangendo especificamente quatro cidades, a saber: São Lourenço, Caxambu, Cambuquira e Lambari. Ao examinar a História da Educação Mineira na Região das Águas, nota-se um arcabouço históriográfico vasto, onde há o entrelaçamento do tempo, da memória, do espaço e da história. Entretanto, essa bacia historiográfica educacional na Região das Águas precisa ser difundida, isto é, sabendo da relevância da história local é necessarário que a memória pública dos grupos escolares seja (re)descoberta afim de que todos(as) da sociedade possam conhecer e compreender a história educacional presente na sua localidade. Neste contexto, várias questões foram levantadas: O que há de preservação da documentação escolar nos Grupos Escolares do Circuito das Águas? O que pode ser feito para conscientizar a comunidade escolar da importância do patrimônio material e imaterial? Como intervir para que se crie memoriais ou arquivos escolares públicos? Como oferecer um treinamento e uma organização do acervo de uma determinada escola? O que produzir para que esse acervo se torne acessível aos pesquisadores e à comunidade? Sabe-se que são vários os arquivos memorialísticos existentes em Minas Gerais que se encontram em condições precárias – há também uma outra realidade em que existem inúmeras fontes sobre a história da escola no passado e que se encontram sem um local para o tratamento e a preservação dessa materialidade. Dessa forma, essa pesquisa se justifica pelo fato de não existir um movimento que enfoque a atenção nesses locais e que a partir de um levantamento procure criar um banco de dados para que futuros pesquisadores possam realizar as suas pesquisas, como também preservar os documentos escolares, tanto do passado como do tempo presente. Nesse sentido se faz necessário criar estratégias de preservação documental, organizando memoriais escolares ou de acervos que possam no futuro ser centros públicos importantes de visitação de pesquisadores, de alunos e da sociedade em geral. Regimental Museums as Memory Mediators: Narratives, Communities and Identities Geoffrey Cubitt This paper will investigate the workings of memory and historical narrative in the construction of identity in military communities, and of links between these communities and the wider society. Drawing examples from an ongoing study of British regimental museums, it will show how these museums have mediated in evolving ways between internal regimental and broader public structures of historical consciousness, selecting and codifying the elements of regimental history and

174


#publichistory2018 relating them to local, national and transnational frames of reference. Attention will focus in particular on the ways in which individual, family and local narratives are woven into the presentation of the regimental past through the collection, display, interpretation and contemplation of objects in museum settings; and on the inclusions and exclusions, continuities and discontinuities, and interplay of official and unofficial narratives in the way military memories are socially and culturally configured. Registro da literatura de cordel como patrimônio cultural: trajetórias e perspectivas Rosilene Alves de Melo Em fevereiro de 2010 a Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) encaminhou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) requerimento solicitando o registo da literatura de cordel como patrimônio cultural do Brasil. Na ocasião o pedido foi considerado pertinente em face da presença histórica da literatura de cordel enquanto forma de expressão praticada há gerações no país e sua difusão contemporânea não somente por meio do suporte impresso (folheto), mas também através de diferentes linguagens (oralidade, iconografia, cinema, audiovisual) e espaços (universidades, museus, mercado editorial e escolas). Portanto, este trabalho investiga a partir da perspectiva da história pública os caminhos do processo de patrimonialização da literatura de cordel em curso no IPHAN a partir de três ações: a Missão de Pesquisas Folclóricas (1938); as pesquisas desenvolvidas no âmbito do Movimento Folclórico Brasileiro (1947-1964) e a mobilização dos poetas por seu reconhecimento da realização de congressos, festivais e da criação de associações, sindicatos e academias de poetas, a exemplo da própria instituição proponente (ABLC). O processo de registro vem mobilizando diversos agentes – cordelistas, xilógrafos, pesquisadores e instituições detentoras de acervos – e torna-se necessário problematizar como estes agentes estão participando da construção ações de salvaguarda decorrentes deste reconhecimento. Resistência cultural cigana e a ocupação de espaços públicos Matheus Barbosa Martins As provocações levantadas por esta produção apresenta um foco na educação cigana, caracterizando a resistência ao esquecimento e silenciamento da identidade de uma etnia estrutural do território brasileiro. Procurando um foco para a análise através de políticas públicas direcionadas a comunidades e grupos em situação de itinerância, considerados como ciganos. Buscando contextualizar o pensamento histórico hegemônico da região, trazendo uma breve análise de fontes dos arquivos mantidos no Centro de Memória Cultural do Sul de Minas em Campanha - MG. Entendendo as ligações sociais que tendem a favorecer valores de uma sociedade predominante nos centros urbanos, embora, grande parte do fornecimento de mercadorias fundamentais para o funcionamento do centro econômico, teria relação com os comércios dos ciganos até então associados a ilegalidade ou periculosidade. Procurando entender as consequências provocadas pelo pensamento xenofóbico, e as causas do distanciamento de uma etnia do espaço público, mas também, enaltecer a busca de valorização e da resistência de um grupo na sociedade, e o desenvolvimento de elementos de resistência. Entendendo então seu fator histórico que pode ser por meio da educação, seja no ensino básico ou na formação de professores. É notável que esta pesquisa se encontra no caráter de desenvolvimento experimentacional, logo, os resultados metodológicos podem ser diferenciados em relação a sua finalização, consequente de um contato extremamente dinâmico com uma cultura baseada na oralidade. Rutas del Conflicto: Transmedia and peace journalism as a methodological opportunity for the construction of memories of war and resistance Fernanda Barbosa dos Santos The “Peace journalism” approach uses analysis tools to interpret war beyond its numbers and facts, focusing on the conflicts that historically have caused violence and those that it generates. Inside this perspective is the project “Rutas del Conflicto”, which tells stories of the most recent stage of the war

175


#publichistory2018 in Colombia with transmedia, citizen and data journalism (including cartographies and timelines). Its online archive includes testimonies of 43 massacres’ survivors, published with first-person narration after an edition process made by the project’s team (mostly communicators, with one historian). Besides, young people from rural municipalities have also been trained in citizen communication tools, aiming the coproduction of texts, images, videos and audios, in a transmedia approach that contextualizes emotive memories and subjective processes of resistance, and publicize them to diverse audiences. It’s a powerful methodological opportunity to enact subaltern memories during transition processes and for the development of Public History practices. Saberes escolares e a reverberação de suas vozes Ana Paula Silva de Jesus, Pedro Domingos Brandi Cachapuz O presente trabalho é uma reflexão sobre a construção e desenvolvimento de uma atividade sobre memória e história, realizada com uma turma do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Guilherme Briggs, situado na cidade de Niterói/RJ. A atividade construída com os estudantes teve como principais objetivos: identificar o sujeito histórico como agente social gerador de mudanças; provocar reflexão sobre suas vivências e a importância delas no processo de percepção dos sujeitos como responsáveis por reverberar sua própria história. Para o desenvolvimento desta atividade propomos um diálogo teórico-metodológico com a produção acerca da história oral, que a compreende enquanto um instrumento metodológico que nos possibilita investigar as lembranças e esquecimentos dos indivíduos, entendendo como estes processos de subjetivação atravessam as suas construções narrativas, apontando para os limites e também possibilidades da investigação com a memória oral. Neste sentido, buscamos igualmente nas contribuições da antropóloga Beatriz Nascimento (1978) a reflexão sobre o compromisso ético-político de fazer reverberar as vozes dos sujeitos em suas narrativas, e não desconsiderar seu protagonismo, compreendendo, como a filósofa Djamila Ribeiro (2017), que esses sujeitos possuem um lugar de fala que traz vivências que devem ser consideradas na análise histórica. A atividade foi desenvolvida como uma intervenção cultural no Centro Cultural Carlos Magno, em Niterói, no primeiro bimestre de 2018 e consistiu em realizar uma dinâmica utilizando um rádio, que possibilitou uma discussão partindo da pergunta “Quem controlava o rádio?”. Explicamos que essa atividade representa uma analogia ao poder de apropriação que algumas instituições, como a Academia, Estado e Mídia que selecionam algumas narrativas e silenciam outras, contribuindo para a invisibilização de sujeitos e saberes outros. Ao alterarmos o controle do “rádio”, potencializamos e desestabilizamos essas relações de poder e permitimos a reverberação de vozes múltiplas antes subalternizadas como as histórias das comunidades atendidas pela escola. A atividade, como parte de um processo ainda em desenvolvimento já nos aponta a sua potência ao contribuir para a transformação nas relações da escola com as famílias, a universidade e os próprios alunos. “Santa Afro Catarina” na Escola: Reflexões sobre Ensino de História e Patrimônio Cultural Monica Martins da Silva, Beatriz Gallotti Mamigonian, Andréa Ferreira Delgado O Programa “Santa Afro Catarina” foi criado em 2011 com o objetivo de promover o reconhecimento, a divulgação e a valorização dos vestígios da história e da memória dos africanos e afrodescendentes em Santa Catarina. A partir da construção de tramas históricas que entrelaçam as experiências sociais de homens e mulheres africanos e afrodescendentes aos marcos urbanos, pretendemos ressignificar o espaço urbano de Florianópolis e delinear novos modos de percepção e de relacionamento com o passado. Com esses objetivos foram desenvolvidas ações que associam o ensino de História local ao patrimônio cultural, em três projetos interligados entre si: Website “Santa Afro Catarina”; Roteiros Históricos na Ilha de Santa Catarina e Educação Patrimonial e História Local. Esse trabalho já resultou em diversas atividades com escolas da rede pública de Santa Catarina, promovendo novas formas de percepção sobre o espaço urbano de Florianópolis, problematizando invisibilidades sobre a presença de africanos e afrodescendentes na cidade. Nesse texto, daremos destaque para as atividades desenvolvidas com enfoque na relação entre o Ensino de História e o Patrimônio Cultural, apresentando o processo de construção de atividades didáticas que estão compondo a seção “na Escola” do Web Site “Santa Afro Catarina” e posteriormente irão compor a “Caixa de Histórias” e que exploram, por meio do diálogo com as narrativas temáticas do programa e o seu 176


#publichistory2018 acervo de fontes, diversas formas de se discutir a história desses povos. Explora-se também o potencial desse material para a difusão de fontes e metodologias para o Ensino de História, para um amplo público de estudantes e professores, problematizando a História local e o Patrimônio Cultural. São Gabriel da Cachoeira/AM: 10 anos da aprovação da regulamentação da lei de direitos linguísticos aos povos falantes dos idiomas tukano, baniwa e nheengatu. Moyses Aparecido Berndt Este artigo é parte da pesquisa de mestrado em sobre políticas públicas afirmativas destinadas a povos e comunidades tradicionais do Brasil e refere-se à avaliação da implantação da co-oficialização linguística no município amazonense de São Gabriel da Cachoeira – SGC. A Câmara Municipal de SGC, em 10 de outubro de 2016, aprovou a lei nº 210, regulamentando a cooficialização linguística de três idiomas nativos: baniwa, tukano e nheengatu, sendo pioneira na garantia do direito linguístico aos povos indígenas. O projeto de lei foi concebido com apoio de consultoria realizada pelo Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística – IPOL e continha prazos para a reestruturação administrativa da Prefeitura, adequando-a às novas atribuições previstas na lei. Aprovou-se a criação de dois instrumentos de gestão da política linguística municipal: o Fundo Municipal de Política Linguística – FMPL e o Conselho Municipal de Política Linguística – CMPL. O primeiro possibilitaria a gestão dos recursos financeiros necessários e o segundo garantiria a gestão da política linguística, inclusive a educação infantil bilíngue. Após dez anos de promulgação da lei municipal, foram coletados documentos públicos nas Câmara Municipal de São Gabriel da Cachoeira, Secretaria Municipal de Educação e Cultura – SEMEC, Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Negro – DSEI/ARN e Ofício do Judicial e Anexos, responsável pelo registro civil dos nascidos naquele município, com objetivo de avaliar a implementação e os impactos gerados no município. Além de documentos e dados quantitativos, foram realizadas entrevistas com agentes públicos e lideranças comunitárias, utilizando-se a metodologia da história oral, com objetivo de recuperar parte da história da implantação da lei e incluir aspectos qualitativos na avaliação. Os resultados descrevem os aspectos positivos e as lacunas não preenchidas pelo poder Executivo Municipal. Scientific Journals and the use of social media in History: the experience of História, Ciências, Saúde – Manguinhos Roberta Cerqueira História, Ciências, Saúde – Manguinhos is a quarterly scientific journal produced by Casa de Oswaldo Cruz, a department of the Oswaldo Cruz Foundation (Fiocruz). Created in 1994 the journal publishes articles on the history of medicine and the life sciences. Since 2013, the content of each issue has been publicized in a national blog (in Portuguese) and an international blog (in Spanish and English), as well as Brazilian (Portuguese) and international (Spanish/English) Facebook pages and Twitter. Texts, interviews, and other material related to the articles from each edition are featured in the blog and reported on in the other social media. The aim of this paper is to show how the journal has benefitted from using social media to divulge its content and how this has helped diversify its readership. It also discusses how the internet has transformed academic publication processes. Segredos revelados? Discutindo os limites do acesso público a informação no ciberespaço a partir de documentos da CIA sobre o Nordeste brasileiro entre as décadas de 1950 e 1960. Hugo Gonçalves Barbalho Em janeiro de 2017, após anos de contestação por parte de movimentos sociais e mobilização de processos judiciais reivindicando a liberdade de informação, a Central Intelligence Agency (CIA) disponibilizou em uma página online da própria agência, intitulada Freedom of Information Act Eletronic Reading Room (FOIA), milhões de arquivos digitalizados. Até então, alguns destes arquivos estavam disponíveis à consulta pública em uma biblioteca nos Arquivos Nacionais, em Maryland nos Estados Unidos. Amplamente noticiado pelos meios de comunicação do Brasil, este evento fora celebrado por aqueles que contestaram a dificuldade de acesso aos ficheiros como uma vitória da

177


#publichistory2018 liberdade de informação. Entre memorandos e relatórios, podemos consultar documentações sobre o Brasil à época da Guerra Fria. Poderíamos afirmar que tanto pesquisadores quanto a população supostamente teriam, desse modo, a oportunidade de acessar estes arquivos e realizar um esforço reflexivo acerca de uma conjuntura sensível da História do Brasil. Contudo, corremos sempre o risco de fetichizar a internet. O ciberespaço, visto via de regra como algo positivo devido a facilidade em acessar informações antes restritas a um público restrito, deve ter seu uso problematizado tanto no que diz respeito a pesquisa histórica ou no âmbito da vida cotidiana. Pesquisar na internet implica, entre outras coisas, em um aprendizado contínuo. O consumo e reprodução imediatista de notícias, sem esforço reflexivo, vêm se tornando uma constante entre usuários da web. Por outro lado, no caso destes documentos da CIA, fontes da minha pesquisa de mestrado ainda em andamento pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a própria língua, assim como a censura imposta pelo governo norte-americano a determinados documentos, podem ser interpretados como barreiras a um pleno acesso público. Proponho, portanto, uma discussão acerca da relação entre pesquisa em História e História Pública a partir de documentos produzidos sobre o Nordeste brasileiro entre as décadas de 1950 e 1960 pela CIA, tomando-os como objeto de reflexão sobre os limites de acesso a informação no ciberespaço. Seminário 1968 – Cinquenta anos depois: uma contribuição na videografia histórica documental Luciana Silva Sales, José Leonardo dos Santos Reis Cinquenta e quatro anos depois existe na sociedade brasileira um debate e uma disputa pelas memórias de 1964, já sendo evidenciada em seus 40 anos e ganhando força em 2014 e hoje se destaca nos 50 anos do AI-5. Em um contexto em que o debate sobre a tortura, violência, injustiça se faz presente, as mídias sociais têm um lugar de destaque dentro desta disputa. Nesse sentido, o trabalho tem como objetivo partindo da experiência de uma contribuição na construção de um vídeo sobre o ano de 1968 com destaque da instituição Universidade Federal do Pará (UFPA), mostrando nossa contribuição de relevância com a reflexão entorno da videografia histórica documental, se utilizando de múltiplas fontes e considerando uma sequência didática que possibilite seu uso em sala de aula, tendo em conta estarmos trabalhando com arquivos sensíveis, abrindo uma brecha para informações e suas relações com a história, a memória e a verdade. Dentro deste contexto compreendemos tal contribuição de suma importância para a discussão da história pública dentro de uma sociedade em que cibercultura mudou nossa forma de comunicação e de ensino. Sentidos públicos na fotografia documental de Zalmir Gonçalves Marina da Rocha Marins O trabalho visa explorar a trajetória profissional do fotojornalista Zalmir Gonçalves mapeando os sentidos públicos de seu trabalho na fotografia documental. Tal modalidade fotográfica dialoga diretamente com a ideia de prova, onde o fotógrafo acredita aproximar o espectador do acontecimento. Durante muito tempo a historiografia manteve a crença de que a fotografia se valia como prova do acontecimento. Esse status de documento fora aos poucos sendo questionado pelas novas historiografias, dando espaço para outras nuances dessa prática, que levam em conta outros aspectos da fotografia, como a subjetividade do autor e o processo fotográfico. A fotografia, enquanto objeto da história pública está dada na associação entre os movimentos de produção, circulação, consumo e agenciamento e se torna pública para cumprir função política e dar visibilidade às estratégias de poder. Elas são fomentadas por agências de circulação, que desempenham um papel na elaboração de uma opinião publica, tal como os jornais e o Estado que atuam como agentes de memória, registrando, retendo e projetando uma versão dos acontecimentos. Na fotografia jornalística ou documental há um certo compromisso com a verdade. Acredita-se estar fazendo um registro fiel do acontecimento na medida em que se tem um compromisso político em seu ofício. Sabe-se que como fotográfo, Zalmir é sujeito social e histórico. E para compreender os sentidos públicos de suas fotografias, foram realizadas entrevistas com o fotógrafo a fim de mapear suas práticas de registro, seus vínculos institucionais e suas experiências de ver e compor narrativas que se conjugam de modo a construir pedaços da história. Como fotógrafo de jornais, Zalmir teria atuado durante quase toda a sua vida, onde criou importantes vínculos institucionais que teriam impulsionado em grande medida a pu178


#publichistory2018 blicização de suas fotos. Mas quais são os sentidos públicos da sua fotografia? Podem numa mesma foto conviver diferentes públicos? Quais são as funções e os lugares da fotografia documental? O que faz das fotografias de Zalmir fotografias públicas? Sesc Memórias: uma experiência com História Pública Carla Lira Santos, Michele Celestino, David Sampaio O Serviço Social do Comercio, Sesc, instituição de âmbito nacional, de caráter privado e sem fins lucrativos, foi criado em 1946 pelo empresariado do ramo do comércio, com o objetivo de atender comerciários e seus dependentes visando a melhoria de sua qualidade de vida e de seu desenvolvimento cultural. Ao longo de 70 anos, o Sesc no estado de São Paulo tem desenvolvido uma programação voltada à promoção da cultura, do esporte, da saúde e do lazer, em ações de educação permanente e não formal, que se realiza em suas unidades físicas, virtuais e no desenvolvimento de produtos. Com a finalidade de se instituir uma ação sistemática de coleta, guarda, organização e disponibilização da documentação produzida pelo Sesc de São Paulo, em 2006 foi criado o Programa Sesc Memórias. Caracterizado como um centro de memória institucional, o acervo é composto por diferentes tipos e formatos de documentos, como peças gráficas, textos institucionais, objetos tridimensionais, indumentárias teatrais, registros fotográficos, audiovisuais e de história oral, que refletem suas ações finalísticas. Os procedimentos relacionados a higienização, organização, registro e guarda da documentação foram desenvolvidos em conjunto com consultorias especializadas, que possibilitaram a gestão do acervo e a disponibilização da documentação para o público interessado em conhecer a história do Sesc de São Paulo. Para alcançar os objetivos do programa Sesc Memórias, a instituição optou pela formação de uma equipe própria, com a criação de um cargo específico: pesquisador de ciências sociais e humanas, profissional responsável por todo processamento técnico da documentação e pelas pesquisas solicitadas com base no acervo. Esta comunicação tem o intuito de detalhar como a instituição tem feito a captação dos documentos, levando-se em consideração sua longevidade e sua abrangência no estado de São Paulo, bem como na diversidade de suas ações, que resulta nos mais variados tipos de documentos. Não obstante, o programa procura oferecer ferramentas para o fortalecimento da imagem da instituição e reforçar a memória como um valor a ser cultivado. Neste sentido, o Sesc no estado de São Paulo busca colaborar com o mosaico de práticas entre as instituições que se configuram como agentes da história e responsabilidade pública. Significado cultural das terras indígenas para as etnias Guarani, Guarani Ñhandeva, Terena e Teregua da reserva de Arariba – Avaí – São Paulo: sua “publicização” pela carta de burra e através de atividades fora da academia Lucas Rodrigues Da Silva, Fabio Paride Pallotta As terras, sua fauna, flora e paisagens tem um significado histórico e cultural inestimável para toda a humanidade, e, em especial para os povos indígenas do Brasil, perseguidos quase à extinção no início da descoberta e colonização. Em São Paulo, na região Noroeste, próximo acidade de Avaí, situa-se a Reserva Indígena de Araribá que conta com 4 etnias:Guarani, Guarani Ñhandeva, Terena e Teregua. Sua cultura está diretamente ligada a terra e consequentemente ao tamanho da reserva, exígua para as quatro etnias de dois grupos linguísticos diferentes: Tupi-Guarani e Aruak, sendo que a reserva de Araribá conta com uma etnia em criação: Teregua que une as tradições Terena de língua de grupo linguísticoAruak e dos Guaranii, do grupo linguístico Tupi-Guarani. A Carta de Burra, de 1979, revisada várias vezes, sendo a última em 2014, dá o destaque acadêmico/legal aos aspectos culturais e tradicionais destes povos e aos lugares ocupados por eles, ou seja, as suas terras. Mas como fazer para que a cidade de Avaí e região conheçam e aceitem a importância destas culturas ancestrais? Como fazer para que a cidade de Avaí e região aceitem que as terras indígenas sãoLugares de Cultura para os povos da Reserva de Araribá? A resposta está na “publicização” deste tesouro cultural, linguístico, humano através de Oficinas em escolas, visitas guiadas pelos povos da reserva para que mostrem sua riqueza cultural derivada do contato direto e sagrado com a terra. Sistema Nacional de Saúde: processo de construção e

179


#publichistory2018 heranças político-institucionais (1950-1975) Christiane de Roode Torres, Carlos Henrique Paiva O processo que se desenvolveu até a criação do Sistema Nacional de Saúde (SNS), teve seu marco mais próximo no começo dos anos 70, momento de intensificação de convergências e divergências sobre o pensamento em saúde pública, quando já era consenso que a melhoria dos serviços de saúde não decorrem automaticamente do crescimento econômico. A década de 70 se caracterizou em todo o mundo por uma crise na saúde, decorrente principalmente do modelo médico hegemônico, tecnocentrado e com altos custos, que não foi capaz de abranger todo o complexo processo entre saúde, doença e cuidado. Os países se recuperavam da profunda recessão econômica após a segunda guerra mundial, em um contexto de baixo investimento social e crescente urbanização, o que aumentou a demanda por serviços de saúde e a necessidade de racionalização dos custos para prover a sua expansão. No cenário brasileiro, sob os auspícios do regime militar que se instaurou no país em 1964, o discurso oficial é de reconhecimento da grave crise no setor de saúde, com significativa piora dos níveis de saúde da população. Em um contexto de crise política e econômica iminente do governo militar, ocorria o movimento de abertura política nacional segundo o qual começou a se definir novas estratégias para manter o governo, dentre elas a elaboração do II PND. Nesse cenário de redemocratização política e movimentos sociais, em 17 de julho de 1975 é aprovada no Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República a Lei n? 6229, que dispõe sobre a organização do SNS, com uma iniciativa de reorganização das esferas que desempenhavam ações mais ou menos autônomas no campo da saúde dentro do setor público. Segundo a lei, o complexo de serviços do setor público e do setor privado, voltados para ações de interesse da saúde, integram o SNS e se consolidam para efetivar as atividades de promoção e recuperação da saúde. A ordenação propunha uma delimitação das áreas de ação de cada ministério e definição de relações interinstitucionais, operando sob uma lógica que parece seguir o referencial teórico da perspectiva sistêmica aplicada à saúde. A despeito de suas limitações e das fortes críticas a que foi submetida, o SNS foi um marco importante nas políticas de saúde pública, como a primeira tentativa concreta para racionalizar o sistema, dentro dos limites permitidos dentro do contexto político vigente. Site História da Ditadura: da academia ao grande público Paulo César Gomes Nesta comunicação, pretendo refletir acerca da minha experiência como criador e editor do site História da Ditadura (www.historiadaditadura.com.br). O site tem como objetivos difundir para o grande público o que já foi produzido sobre a história da ditadura militar brasileira, principalmente em âmbito acadêmico, e também registros da época em seus vários formatos. Nesse sentido, procuramos estabelecer um diálogo entre memória e História da ditadura. Assim, propomos novas formas de se analisar esse período da história brasileira. Com a colaboração de outros profissionais das áreas das ciências sociais e humanas, buscamos elaborar conteúdos de qualidade com o propósito de alcançar um público mais amplo, que, muitas vezes, se sente excluído dos debates. Não estamos vinculados a nenhuma organização pública ou privada, seja ela partido político ou instituição de qualquer natureza. Com isso, não pretendemos sugerir que somos guiados pela noção de “neutralidade científica”, ideia geralmente utilizada para atribuir isenção, onde, de fato, há propósitos inconfessáveis. Estamos, portanto, atrelados aos princípios universais de direitos humanos e aos princípios éticos da pesquisa histórica. Seja como for, estamos sempre atentos às demandas do tempo presente, já que acreditamos que se colocar abertamente frente aos debates públicos faz parte da função social dos produtores de conhecimento histórico, sobretudo os historiadores. Sobre o Projeto Guardar Canções: exercício de história pública e expressão da memória musical Marcia Ramos de Oliveira O Projeto de Extensão “Guardar Canções: exercício de memória, história e identidade” teve início em março de 2018, sediado no Laboratório de Imagem e Som (LIS/FAED/UDESC). Esta proposta de comunicação pretende apresentar os primeiros registros deste Projeto, objetivos e área de abran-

180


#publichistory2018 gência que caracterizam esta ação como uma iniciativa de história pública. Trata-se da criação de um banco de dados de canções e depoimentos, integrando diferentes perspectivas quanto ao uso da canção como documento histórico e elaboração de subjetividades, na construção simbólica e imaginária, associada aos percursos de identidade individuais e de grupo. A canção, como forma de linguagem específica (Tatit, 1995, 2004 e 2014), evidencia uma determinada forma de dizer algo que alia componentes emocionais e identitários (Sardo, 2010 e 2013) históricos e referenciais à memória e a história oral (Portelli, 2001, 2010, 2014 e 2016). Os registros, de entrevistas e canções, mediante suporte documental em áudio e/ou vídeo, serão disponibilizados ao público interessado (Freund, 2014), mediante elaboração de portal / site vinculado ao repositório digital da UDESC. O portal como construção de acervo específico, deverá futuramente estender parceria a outras instituições e espaços de salvaguarda documental. Sua veiculação, que inicialmente acontece através do site do LIS, deverá associar-se a outros laboratórios de história oral e de referência em história pública e digital. Stories of the 20th century means 21st Anna Nemzer “School of research and text” works in the regions of Russia to research projects of local lore content students of the School could lead to the publication, understandable and interesting to a wide audience. This way of studying history – through personal projects, through private memory, through private initiatives and research projects. The teaching in the School of editors with experience in the media, can turn into interesting to a wide audience. Modern social networks and web resources make it possible to create and publish interesting and deep projects of different genres and opportunities. The report is based on the example of several publications. Tarô de Marselha: o Rosto Divino Marcelo Ribeiro dos Santos O Tarô de Marselha, mais conhecido por seu uso em divinação ou jogos, possui características intrínsecas complexas, de ordem matemática e iconográfica, que fazem com que se torne objeto de interesse acadêmico e social. Para analisar de maneira adequada este antigo repositório de imagens, elaboramos uma metodologia que preocupa-se em seguir os fluxos de ações humanas conectadas ao baralho, elaborando um Fluxograma de ações que torna-se ferramenta de aplicação de intervenções. A importância da reinserção do Tarô de Marselha na corrente principal de educação institucional, deve-se ao fato de que é um objeto ímpar, capaz de resgatar memórias arcaicas e conecta-las com o presente de modo surpreendente. A coincidência de sua iconografia com a imagística da Mesopotâmia arcaica, lança luz sobre os primórdios da formação da Arte da Memória clássica, medieval/ renascentista e contemporânea, traçando um caminho de ações que mostra um fluxo sensório-motor, conectado ao Tarô de Marselha, que nos sugere que este pode ser montado como estrutura arquitetônica de Memória. Demonstramos assim, que a estrutura que pode ser erigida com a montagem das cartas, coincide com os primeiros templos e oratórios trípticos mesopotâmicos e que segue sua simbiose sensório-motora com os seres humanos até as máquinas trípticas eletrônicas/cinematográficas contemporâneas, as quais deflagram comportamentos semelhantes aos rituais folclóricos de procissões e batalhas da Idade Média e das Folias de Reis do Brasil, associadas às máquinas trípticas tradicionais: os oratórios e os pórticos triunfais. Seguindo este fluxo de ações semelhantes, detectamos os pontos de reconexão que podem vitalizar os circuitos de ação humana conectados ao Tarô de Marselha, promovendo sua aproximação do fluxo de conhecimento acadêmico e escolar, além de reinseri-lo nos ciclos rituais folclóricos dos quais já fez parte. Teaching Digital Public History by experimenting and “thinkering” Richard Legay From February to May 2018, a module on Digital Public History will be taught to undergraduate students at the University of Luxembourg, during which they will be able to experiment with and

181


#publichistory2018 ponder upon various Public History projects based on digital tools, such as online exhibitions and projects using virtual and augmented reality. The main idea behind the module comes from a feeling that an empirical approach to Public History would be beneficial to students in order for them to engage with the field. This idea of Ôlearning by doingÕ also lead to have as the main task for the students the creation of Digital Public History projects of their own. Basing this module on digital projects seems the most effective way to introduce the students to practices from around the world, and though attend to avoid as much as possible a European/Western centered vision of the field of Public History. The presentation will reflect on some of the projects studied during the course, how the students engaged with them, and the ways they worked to create their own projects. Televisão e História Pública: a história televisiva na programação da La Cinquième e do Canal Futura (1994-2001) Wellington Amarante Oliveira A história pública constitui-se enquanto campo de pesquisa a partir da investigação dos usos da história para além dos ambientes acadêmico e escolar. Fazem parte do escopo da história pública os conhecimentos produzidos e divulgados por museus, centros de memória, empresas públicas e privadas, meios de comunicação, entre outros. A multiplicidade dos estudos históricos, ao longo dos últimos anos, tem demonstrado que existem particularidades entre cada uma dessas instâncias. A partir desta constatação, defendemos que a produção e a veiculação da história pela televisão, a qual denominamos como história televisiva, guarda especificidades, tanto em relação às vertentes elencadas acima, quanto diante das formas tradicionais do conhecimento histórico. A história televisiva instaura e obedece a uma lógica própria que ora reitera ora subverte as convenções acadêmicas e escolares e, desse modo, estabelece um novo parâmetro de comunicação com um público amplo e não especializado. Tal dinâmica está relacionada com os gêneros televisivos – telejornalismo, teledramaturgia, humorístico, educativo, etc. Desse modo, as representações e os usos do passado veiculados pelas emissoras de televisão, ou por produtoras independentes, são constituídos de elementos que carregam consigo os conflitos de seu tempo e tem impacto na cultura histórica, como é possível identificar a partir de debates recorrentes e acalorados entre historiadores e produtores televisivos. Esta comunicação tem por objetivo central discutir a noção de história televisiva à luz das experiências em televisão educativa no Brasil e na França na última década do século XX, a partir da programação da La Cinquième e do Canal Futura. Telling war, telling peace The digital weaving of historical memory: the case of the Colombian serious game “Reconstruccion” Beatriz Sánchez My proposal focuses on the treatment of rememberance regarding the Colombian civil conflict within the peace process. The analysis engages in a historical and semiological reflection and addresses the following question: to what extent does the hybridity of digital media enable the « making » of Public History? I shall start with an analysis of the video game “”Reconstruccion: la guerra no es un juego”” created on the initiative of the Historical Memory Center. “”Reconstruccion”” is a hybrid narrative device that includes other digital platforms. What interests me here is the changeover within the game itself to the site of historical archives “”Las rutas del conflicto””. The game invites its players onto another digital medium where they can hear and view actual testimonies from the victims of the conflict. This weaving between fictional and archive images will lead us to propose a reflection on the status of historical images. Tempo, temporalidades, experiências e expectativas: relato de um projeto em Educação de Jovens e Adultos Felipe Augusto Souza, Claudia Regina F.M.S Ricci Tempo, temporalidades, experiências e expectativas são temas e questões recorrentes em aulas de História, seja na graduação ou na Educação Básica. Com diferentes acepções e contextos, são con-

182


#publichistory2018 ceitos e noções fundamentais para a formação histórica do sujeito. O presente trabalho tem como intenção relatar uma experiência de ensino com estudantes do Ensino Fundamental da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Trata-se de uma sequência didática que procurou propiciar o desenvolvimento, por tais estudantes, de noções essenciais para o letramento histórico e chaves de leitura analítica social. Especialmente por ser uma turma da EJA as noções de experiências de vida, relacionadas ao mundo do trabalho, assim como expectativas sobre o universo escolar - há tanto tempo distante do cotidiano de cada um - são constantemente expressas, possibilitando a problematização com a questão da longa, curta e média duração temporal. Autores como Fernand Braudel - para as análises acerca das várias durações de tempos e diversos espaços, e Reinhart Koselleck, autor que investiga as noções de espaço de experiência e horizonte de expectativas, pensando então como essas temporalidades serão relacionadas entre si – deram o suporte teórico para o desenvolvimento da sequência didática. Várias foram as atividades e recursos metodológicos para o trabalho, dentre eles aulas expositivas; questionamentos sobre “tempo vivido”; debates sobre noção de tempo e de história; apresentação e crítica de uma linha do tempo com os chamados períodos históricos com tempos diferentes representados por um mesmo espaço. O recorte temático “escravidão”, utilizado como exemplo, proporcionou a percepção sobre a existência de tempos longuíssimos e permanências de várias durações na sociedade humana. Após as discussões os estudantes produziram um texto relacionando as noções apresentadas -espaço de experiência, horizonte de expectativa e durações do tempo- com a história de suas vidas, algo caro aos estudantes da EJA. A análise de tais produções textuais possibilitou perceber que se apropriaram de conceitos temporais, relacionando temporalidades - durações de relacionamentos e de trabalhos, períodos de estadia em outros estados, por exemplo, e de noções de experiência e expectativas ao relacionarem as ideias de passado, presente e futuro em suas vidas como expressão de mudanças e permanências no espaço tempo. Teoria da História em rede: um relato de experiência acerca das potencialidades da Wikipédia como ferramenta paradidática na disseminação do conhecimento histórico em contexto não universitário Sarah Pereira Marcelino A rápida difusão de saberes nos diferentes sistemas de informação provenientes da era digital evocou a preocupação de historiadores acerca da disseminação do conhecimento histórico para amplas audiências que, muitas vezes, fica restrita à universidade. Em torno do problema, surge o projeto de extensão “Reformulação e construção de verbetes da Wikipédia na área de Teoria da História”, no âmbito de experiências prévias realizadas em sala de aula pela professora Dra. Flávia Florentino Varella e das discussões em torno da História Pública promovidas pelo professor Dr. Rodrigo Bragio Bonaldo na Universidade Federal de Santa Catarina. O referido projeto além de pretender levar o conhecimento e o método histórico a contextos não universitários, também visa introduzir alunos na pesquisa na área de Teoria da História utilizando-se de uma das maiores plataformas mundiais de produção de conhecimento colaborativo, a Wikipédia. Enquanto bolsista do projeto de extensão, percebo a Wikipédia como uma enciclopédia digital dotada de grandes potencialidades na disseminação do conhecimento científico, e principalmente, na elucidação de uma das áreas de estudo do conhecimento histórico mais complexas, a Teoria da História. A iniciativa em torno da plataforma, em face de oferecer possibilidades paradidáticas de referência, já tem mostrado resultados promissores com a publicação de verbetes em torno de temas como Antiquário, História do Tempo Presente, Scriptorium, História Global e Escola Metódica que, até então, em se tratando de informações simples e acessíveis ao público em geral, eram praticamente inviáveis. A produção de verbetes sobre Teoria da História constitui apenas um objetivo piloto do projeto. A experiência inicial observada mostra que a Wikipédia como ferramenta de disseminação do conhecimento histórico é dotada de diversas potencialidades, tais como a democratização do conhecimento através da interação de indivíduos na produção de verbetes coletivos, a utilização de uma plataforma gratuita e de fácil acesso, a aproximação de docentes com novas formas de produção de memória, o grande alcance e a rápida difusão da informação que os sistemas de informação propiciam, etc. Acreditamos que são essas potencialidades que, se exploradas, poderão inspirar e delinear outras iniciativas de avanço do historiador em esferas de influência ainda não alcançadas pela universidade no intuito de fornecer 183


#publichistory2018 subsídios a públicos diversos no debate acerca do passado histórico. Tese Horizontal: o saber acadêmico na rua e na periferia paulistana Ana Catarina Martinelli Braga, Carol Bela O Projeto Tese Horizontal surgiu em 2015 mas suas ações se iniciaram em Março de 2018. Tem como missão levar o conhecimento da universidade para aqueles e aquelas que não tem acesso a esses lugares privilegiados de conhecimento. Suas ações alinham ativismo político, conhecimento teórico e didática de ensino para abordar temas como: feminismo e relações de gênero, direitos humanos, direitos civis e trabalhistas, história do brasil, filosofia e educação. O Projeto é uma iniciativa da historiadora Ana Catarina Braga que ao longo de seu mestrado sentia a necessidade de romper as barreiras dos muros universitários e dialogar com a experiência do ativismo político e social. E, desconstruir a relação impessoal e o distanciamento causado pela categoria “objeto de estudo”. Por compreender que nenhum tema de pesquisa pode ser escolhido sem que haja identificação direta entre o pesquisador e o mesmo. Além disso, dinâmicas sociais não podem ser observadas de forma passiva e distanciada, quando o objetivo em comum é a mudança dos padrões cristalizados na sociedade. De forma ativa, atualmente, o Tese Horizontal atua nas periferias da Zona Sul e da Zona Leste em parcerias com coletivos, ONGs, ocupações e movimentos sociais locais. Construindo um saber vivo, dinâmico e transformador. Testemunhos recônditos: pela revaloração dos relatos orais da África Ocidental Clara Abrahão Leonardo Pereira O objetivo da comunicação proposta é enunciar acervos documentais que contenham relatos orais africanos acerca da História da África Ocidental, especialmente entre os séculos XVI e XVII, apresentando um exemplo selecionado que demonstre a possibilidade dessa documentação em pesquisas na área da história social e da cultura. Tal necessidade surgiu a partir da análise de pesquisas publicadas recentemente sobre a África Ocidental no período pós século XV, momento do alargamento dos contatos diretos entre europeus e africanos por meio das navegações ibéricas, principalmente. Tais pesquisas exploram, em sua grande maioria, documentos administrativos oficiais, cartas missionárias, ou os chamados “relatos de viagem”, o que, apesar de não configurar um problema, pode ser limitante para as pesquisas, já que esses documentos apresentam uma visão eurocêntrica, cristã e intolerante das práticas sociais e culturais africanas, e requerem leitura especialmente atenta caso o objetivo seja acessar a história africana. Assim, a comunicação se concentraria em três momentos principais: em primeiro lugar, analisar de forma quantitativa os principais tipos documentais utilizados em pesquisas sobre a África Ocidental entre os séculos XVI e XVII, demonstrando qual o mais utilizado, e propondo hipóteses que justifiquem os resultados obtidos; em segundo lugar, apresentar onde estão os acervos de fontes orais da África Ocidental que possibilitem uma aproximação de uma narrativa propriamente africana para o mesmo local e período; em terceiro lugar, apresentar qual a potencialidade desses fundos para a pesquisa sobre a Guiné, por meio de um exemplo selecionado retirado de um deles. Os três momentos serão permeados por discussões teóricas e historiográficas que embasarão a discussão, centradas especialmente em uma perspectiva africanista, que prevê, entre outros aspectos, a necessidade de pesquisas que apresentem perspectivas e narrativas africanas na construção da História da África. The Darién Experience. Social implications of a research project in the middle of the war Paolo Vignolo In 2005 a group of students and professors of the National University of Colombia traveled to the Darien region – at the border with Panama- in search of the vestiges of Santa Maria la Antigua del Darién (1510-1525), the first official city of Castilla in the American landmass. It was the starting point of a collective historical and archeological research process in an area under paramilitary rule, in the middle of a bloody conflict for the control of illegal routes of migrants, drugs and weapons. Nowadays the site has been declared the 5th archeological Park of Colombia, a cultural center with

184


#publichistory2018 a small museum has been built there and hundreds of young people both from the region and from Bogota have been involved in important educational programs. This paper aims to make a balance of this experience in terms of public history underlying achievements, but also unsolved problems and future challenges. The Left POCket Project: Histories of Leftists of Color, One Swipe at a Time Wendi Muse My presentation focuses on the Left POCket Project, a platform I created that combines digital media and academic scholarship to bring the history of leftists of color into the public sphere. Building on a tradition of activist-led public education campaigns, the project centers the biographical and ideological histories of leftists of color and explores radical movements toward progressive change through its integrated website, podcast, and social media. I argue that the interactive nature of the project, which focuses on leftist movements and intellectual exchange among people of color worldwide, can empower a diverse set of communities by serving as a viable alternative to the historical revisionism, bigotry, and austerity that undergirds contemporary conservative and neoliberal state policy and politics. Furthermore, as the project eliminates the economic, spatial, and social impediments typical of academic institutions, it inspires and encourages present and future community leaders through free, easily-accessible, and more egalitarian means. The making of a history festival: a new outreach strategy? Daphné Budasz The Boîte à Histoire first main project is an interdisciplinary history festival dealing with the revolutions that occurred in 1848. This three days event that is taking place in Paris next September has been thought as a meeting space between professional historians and various publics throughout different types of workshops and participative activities. The originality of the project lies in the variety of the activities the festival will propose as well as in the close collaboration of professional historians along with the integration of artistic disciplines and literature. Among about a dozen activities organised by the Boîte à Histoire, people will find traditional historical mediations as a guided tour of revolutionary Paris and a round table conference with specialists but also an escape game, staged readings of historical sources, a re-enactment of a historical trial and a counter-factual history workshop. This paper will discuss the way the Boîte à Histoire, as a public history association, seeks for creating performative mediation forms that could serve critical discourses while giving a playful dimension to didactical public history practices. Time travelling as entertainment - The ‘Battle of Gettysburg’ cyclorama and the performa-tive adoption of history in informal cultural and aesthetic learning Thorsten Logge Cycloramas were a popular mass medium in the late 19th century - and are currently experi-encing a comeback. As part of the developing entertainment sector, they can be seen as spac-es of informal cultural and aesthetic learning. In particular, circular paintings with historical scenes relocate their visitors in time and space, transforming the observer into an attendee of the events depicted. THORSTEN LOGGES’s paper discusses the performative adoptions of history in the “Battle of Gettysburg” cyclorama. Contrasting historical accuracy in the artistic produc-tion of the cyclorama and expectations of the visiting audience, the paper demonstrates the vagueness and dynamic validity of authenticity as a concept of truth. Tito Lívio é um bom wikipedista? Autoridade e Autoria na Historiografia Antiga através do Olhar da Escrita Anônima Contemporânea Juliana Bastos Marques

185


#publichistory2018 Nesta apresentação, comento uma experiência conduzida em um ambiente online próximo à Wikipédia, em que editores experientes da Wikipédia avaliam três textos do historiador latino Tito Lívio, apresentados, sem seu conhecimento, com diferentes atribuições de autoria. O objetivo da pesquisa é duplo: verificar se a escrita de Tito Lívio seria equivalente aos padrões de notoriedade e imparcialidade da Wikipédia e buscar compreender como a influência de diferentes atribuições de autoria afeta o reconhecimento da autoridade em textos históricos fora do ambiente acadêmico. O objetivo final deste experimento é demonstrar a interconexão entre modos de apresentação de autoridade literária e a construção e necessidade de uma persona autoral, através da análise feita por não historiadores que escrevem conteúdo de história para a Wikipédia, e que são empiricamente versados em questões teórico-metodológicas próximas ao fazer historiográfico. A escolha de Tito Lívio como autor avaliado traz uma nova perspectiva para tópicos tradicionais nos estudos sobre o autor, tais como seu uso de fontes e auto-apresentação, ao mesmo tempo em que indica diferenças e semelhanças entre parâmetros historiográficos antigos e contemporâneos. Torre de Babel: a cisão entre alfabetização e história da escrita nos anos iniciais Luciana Borba Fernandes Tavares O distanciamento entre saberes de pedagogia e história, ecoa, amplia e reflete no ensino dos anos iniciais, onde tem se dado primazia à alfabetização em língua portuguesa e matemática em detrimento do ensino de outras disciplinas, principalmente as de história e geografia. Em pleno século XXI, no Brasil, detectamos falhas, ou até mesmo ausência do ensino de história nos anos iniciais, principalmente nas redes onde o professor exerce um trabalho unidocente. As causas desse distanciamento, conhecidas pela pertinência e persistência de outros pesquisadores, vão além da priorização de saberes e limites na formação de professores para atuação no Ensino Básico. Buscamos, através desta apresentação, a aproximação e o diálogo entre as áreas de Pedagogia e História, no intuito de alcançar interdisciplinariedade no processo ensino-aprendizagem. Trabalharemos com uma turma de terceiro ano do Ensino Fundamental da rede pública estadual do Rio Grande do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre. Através do trabalho com oficinas, entrevistas com os educandos e relatos dos mesmos, buscaremos a interação entre saberes pedagógicos e históricos, que entendemos não antagônicos, mas essenciais e complementares em suas especificidades, na caminhada por uma educação formadora de sujeitos históricos, capazes de buscar espaços de atuação coletivos, que possam incentivar a aceitação das diferenças, como aspecto de qualquer sociedade que almeje uma perspectiva de futuro mais justa, humana e igualitária. Trajetória e Vivências em uma instituição centenária: o Caso do Asilo de Mendicidade Nossa Senhora da Candelária de Itu/SP Anicleide Zequini, Olga Susana Costa Coito e Araujo Esta apresentação surge em sequência do projeto intitulado “À Roda dos Objetos”, de mediação sociocultural e difusão de acervos museológicos desenvolvidas com o público residente em uma ILPI - Instituição de Longa Permanência do Idoso, o centenário Asilo de Mendicidade Nossa Senhora da Candelária de Itu, fundado em 1903. No decorrer deste projeto museográfico surgiram, por parte dos asilados, questionamentos referentes a história daqueles que os antecederam: a história dos indivíduos que haviam, assim como eles, permanecido naquele local, enfim quem eram os residentes no momento da inauguração? Para responder a esse questionamento, cujos protagonistas do passado não estão mais fisicamente presentes, buscou-se levantar os registros documentais dos primeiros tempos da instituição com o desenvolvimento de outro projeto, o de organização e preservação dos documentos do arquivo histórico. A organização desta documentação revelou a existência de vários registros que estavam esquecidos pela instituição como, por exemplo, os livros de entrada e saída dos primeiros asilados e, assim, oferecer aos atuais moradores da Irmandade do Lar Nossa Senhora da Candelária de Itu, respostas para as perguntas por eles levantadas, tendo como objetivo o mapeamento daqueles que a sociedade nas primeiras décadas do século XX considerava como indigentes e desamparados. A preservação da documentação desta instituição permitiu a salvaguarda de fontes que podem subsidiar trabalho de memória, a história pública e social de sujeitos esquecidos, empoderando-se parte da sociedade, valorizando seus territórios e patrimônio cultural, aproximando-se 186


#publichistory2018 do conceito de democratização do conhecimento defendido pela Museologia e pela História Pública. Trajetórias docentes e história pública: constituição de um acervo e análise de narrativas de formação no Brasil contemporâneo Juniele Rabêlo de Almeida, Everardo Paiva de Andrade, Daniela da Costa Rosas Rocha, Juliana de Souza dos Reis A presente pesquisa se apoia em estudos sobre a problemática dos saberes e em metodologias que levam em conta o ponto de vista dos sujeitos, ancorados em uma epistemologia narrativa, para compreender processos sociais e culturais de produção de saberes profissionais na docência. Seu objetivo é compreender a relação entre processos de formação (inicial, continuada) e a explicitação narrativa de um saber profissional docente a partir de textos construídos pelos próprios sujeitos, sejam memoriais, no caso de professores, ou relatórios de imersão, no caso de licenciandos, no âmbito de dois processos institucionais de formação (respectivamente, o PROFHISTÓRIA e o PIBID). Sua proposta consiste em reunir, catalogar e analisar narrativas autobiográficas de professores de História em diferentes momentos de sua vida e formação (inicial, continuada) – na história do tempo presente brasileira. O acervo será acolhido pelo Laboratório de História Oral e Imagem – LABHOI/ UFF como estratégia de compreensão da profissão docente na história do Brasil contemporâneo, na interface entre História Pública e Educação, e se propõe a receber e disponibilizar narrativas escritas autobiográficas – redigidas por professores para compor memoriais, textos de formação docente e relatos de experiências formativas –, mas também narrativas orais (gravação e transcrição), nos termos da atenção e dos cuidados metodológicos recomendados pela História Oral. O projeto se justifica a partir não só de estudos que identificam os professores pelo que sabem (um saber nem sempre diretamente traduzido no plano da linguagem, mas expresso em uma semântica da ação), mas também de suas próprias estratégias narrativas, sobre o pressuposto de que o tempo se torna tempo humano à medida em que é narrado. A marca da heterogeneidade e do cruzamento de fronteiras, convidando ao intercâmbio entre professores e estudantes, pesquisadores e profissionais, confere ao acervo um caráter interinstitucional e transdisciplinar, que fortalece a convergência entre História Pública e Educação. Turismo, história pública e as visitas guiadas nas fazendas do “Vale do Café” Caroline Bárbara Ferreira Castelo Branco Reis O interesse pela trajetória das fazendas, localizadas na região do Vale do Paraíba fluminense, justifica-se pela importância político-econômica que assumiram no passado histórico e pela ressignificação que estes espaços passaram ao longo do tempo com as transformações sociais, culturais, políticas e econômicas pela qual a região conhecida como “Vale do Café” passou desde a proclamação da República e abolição da escravidão africana no final do século XIX. Como fenômeno destas transformações, o turismo mostra-se como um dos fatores que impulsionaram a organização de visitas guiadas, de festivais e de atividades culturais envolvendo não apenas as fazendas e seus respectivos proprietários, mas também as secretarias de Cultura, Turismo e lideranças de movimentos negros e artísticos. Verifica-se, portanto, que ao longo do tempo ocorreram mudanças significativas no papel das fazendas na região e no Vale enquanto espaços histórico-geográficos, o que nos leva a defender a importância de identificar de que forma a história relacionada às fazendas e ao “Vale do Café” circula entre o público não especializado que circula na região.As discussões a respeito da produção de história pública e sua relevância para a circulação dos saberes científicos entre o grande público, através da participação especializada de historiadores vem crescendo exponencialmente entre membros de dentro e de fora da academia. Em um país, como o Brasil, até pouco tempo escravista, de esferas políticas aristocráticas, elitizadas e de desigualdade social e racial profunda, acredito ser se extrema importância dedicar trabalhos acadêmicos, como este, à análise e investigação sobre como passados traumáticos, como a escravidão e a presença africana no Brasil estão sendo narrados, interpretados e apropriados para além dos discursos acadêmicos. Busca-se, então, compreender como a história é entendida e encenada fora do universo acadêmico, a partir da experiência das visitas guiadas nas fazendas do Vale do Paraíba fluminense, levando em conta o turismo como ferramenta de divulgação e conservação patrimonial, como instrumento de construção do conhecimento, como método para 187


#publichistory2018 socialização de diferentes grupos, o que nos leva a problematiza-lo como um fenômeno para além da concepção mercadológica e capitalista que o estigmatiza perante a sociedade civil e diferentes agentes e instituições ligados ao patrimônio. Um asilo nas mãos da polícia Rachel Tegon de Pinho A presente comunicação propõe apresentar os resultados parciais da pesquisa de doutorado em História em andamento que trata da história da institucionalização da assistência dos doentes mentais em Cuiabá, capital de Mato Grosso, privilegiando o período compreendido entre o final do século XIX até 1941. Foi a partir da república que os loucos pobres de Cuiabá, e demais cidades mato-grossenses, passaram a ser recolhidos à Cadeia Pública da capital e também nas dependências da Santa Casa de Misericórdia. Além disso, importante ressaltar que em 1890, por meio da realização de um recenseamento produzido em Cuiabá, a cidade foi esquadrinhada e materializou-se numa espécie de cartografia da loucura, com a revelação de todos àqueles “defeituosos” classificados como alienados, dementes e idiotas, e os respectivos dados pessoais, tais como: nome, endereço, profissão, idade, estado civil, nacionalidade e religião. Em meados dos anos 1910, o poder público destinou recursos para a construção de um pavilhão de alienados, anexo a Santa Casa, que funcionou entre 1928 até o final de 1930, com a oferta de 03 (três) leitos, e por essa razão, o recolhimento de insanos na cadeia da capital perdurou até 1931, quando a antiga chácara do governo, foi adaptada para funcionar o Asilo de Alienados do Coxipó, localizado na saída de Cuiabá, e distante cerca de 6 kms do centro da capital, sob a jurisdição da polícia. Em linhas gerais, até final de 1941 os loucos pobres foram tratados como questão de polícia e não de saúde/doença. Importante ressaltar que a saúde pública de Mato Grosso começou a ser organizada somente na república, cujas demandas não incluíam a doença mental. Portanto, os cuidados dos loucos pobres de Cuiabá e outras localidades do estado permaneceram enquanto questão de polícia, cujo aprisionamento era justificado, em larga medida, na higienização dos espaços públicos, ainda que em raros casos a separação dos insanos do seu meio social fosse pautada nos preceitos da medicina psiquiátrica e indicam a circulação de saberes diversos inscritos nas práticas adotadas e/ou abolidas. Um Guardador de Memórias no Alto José do Pinho: conhecimento histórico, memória e ensino de história na experiência de Marcos Simão (Recife-PE) Lucas de Mendonça Furtunato O presente trabalho versa a respeito da experiência do Sr. Marcos Simão enquanto o guardador de memórias do Alto José do Pinho, bairro da periferia da Zona Norte do Recife (PE). Simão é tido por muitos moradores do Alto como uma das pessoas mais habilitadas a contar a história do lugar, um “historiador do bairro”, ao que ele mesmo contesta: “não, eu não sou historiador não. Eu não sou nada. Eu posso ser um guardador de memórias”. Nos propomos, assim, a investigar o processo de construção desse projeto sistemático de produção de conhecimento histórico fora da academia e conduzido por um sujeito não historiador, que alcançou uma grande importância na sua comunidade. Simão dispõe de um enorme acervo de fotografias do Alto de quase 1.500 exemplares, feitos quase todos por ele mesmo entre a década de 1970 e os dias de hoje; coleciona objetos que, segundo ele, possuem grande valor histórico para o lugar; confecciona livretos sobre as “reminiscências do bairro”; e preside a Associação Amigos do Alto José do Pinho, que se dedica a valorizar as memórias da comunidade, homenageando alguns de seus moradores em festas anuais denominadas “Encontro de Gerações”. Atentando para a pluralidade da produção de interpretações sobre o passado, prerrogativa não exclusiva aos(às) historiadores(as) profissionais, e entendendo esta pesquisa não como uma legitimação do projeto do guardador de memórias, mas como um empreendimento conjunto que contou com um enorme investimento de Marcos Simão, refletimos que a sua defesa das memórias locais se faz a partir de interpretações a respeito dos processos vivenciados na comunidade tanto no passado quanto no presente, e que se refazem como uma narrativa sobre a memória do bairro a partir da mediação por Marcos Simão de outras experiências de produção de conhecimento histórico, tanto acadêmicas quanto não-acadêmicas. Além disso, através da metodologia da pesquisa participante, valendo-se largamente da história oral, e da experiência de estágio por dois anos na 188


#publichistory2018 Escola Estadual Dona Maria Teresa Corrêa, a principal escola do bairro, reunimos a partir do projeto de Marcos Simão uma série de propostas baseadas nas contribuições da História Local e da História Oral para o Ensino de História na Educação Básica e; evidenciamos também o “Encontro de Gerações” da Associação Amigos do Alto José do Pinho como importante espaço educacional não-formal de transmissão de saberes e conhecimentos históricos sobre o bairro. Um museu das pessoas: Histórias de vida como patrimônio da humanidade Lucas Ferreira de Lara Após 27 anos de atuação, o Museu da Pessoa – um museu voltado para o registro, preservação e disseminação de histórias de vida - constituiu um acervo audiovisual que apresenta a história do Brasil de fins do século XIX até hoje. São mais de 18 mil histórias de vida e cerca de 60 mil imagens digitalizadas que retratam a memória oral do país: de histórias sobre a construção de Brasília às tradições ribeirinhas na Amazônia; das lembranças de trabalhadores escravos aos processos imigratórios e migratórios do país; dos detalhes da criação artística das bonequeiras do Vale do Jequitinhonha ao saber das rezadeiras, benzedeiras e parteiras características da cultura tradicional brasileira. Uma história conhecida por dentro, vivida e narrada pelas próprias pessoas. O valor histórico e patrimonial deste acervo reside em sua representatividade enquanto memória coletiva brasileira. O Museu da Pessoa contribui para a valorização das identidades culturais brasileiras, na perspectiva do respeito à diversidade e à integração de saberes. Foi pioneiro no Brasil ao perceber o potencial do multimídia no contexto da história oral, tornando-se ao longo do tempo referência internacional e já tendo realizado mais de 260 projetos de preservação da memória no Brasil. Desenvolveu uma metodologia única, a Tecnologia social da memória, que potencializa o uso da memória como ferramenta de desenvolvimento humano. Um dos primeiros museus virtuais do mundo, desenvolveu plataforma digital que permite ampla participação do público seja acessando o acervo, seja produzindo suas próprias histórias e coleções. É considerado pelo ICOM, do qual é membro institucional, um dos polos de inovação da museologia social brasileira por garantir o acesso gratuito de todos os registros de suas memórias. Um olhar sobre o Masculino e Feminino por estudantes do GTD Identidades: descobertas de si mesmo Cláudia Sapag Ricci, João Victor de Ávila Chamon O objetivo dessa comunicação é socializar a experiência de ensino de História com estudantes do 2º ciclo do Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais (CP-UFMG), nas aulas de GTD – Grupo de Trabalho Diferenciado. O GTD é uma disciplina presente no quadro curricular do Centro Pedagógico desde os anos 90 do século passado. Trata-se da formação de uma turma de estudantes a partir do diagnóstico de suas demandas de aprendizagem e/ou possibilidade de ampliação curricular. O GTD é um projeto coletivo desenvolvido em todos os ciclos e tem como objetivo respeitar o ritmo, o tempo e as experiências de cada educando. Os estudantes são agrupados segundo demandas detectadas, independente do ano escolar que estejam frequentando, mas dentro do próprio ciclo. Há GTDs que trabalham aspectos de disciplinas curriculares visando sanar dificuldades apresentadas pelos estudantes, assim como GTDs para ampliação curricular ou centrados em aspectos de socialização. Além de oportunizar um trabalho mais focado no aluno, o GTD possibilita a parceria do Centro Pedagógico com outras unidades da UFMG, especialmente, favorecendo o exercício da docência para estudantes das diferentes licenciaturas. A orientação e supervisão são realizadas por docentes do Centro Pedagógico e das unidades envolvidas. O GTD Identidades: descobertas de si mesmo, desenvolvido no primeiro semestre de 2018, através de três eixos temáticos – Raça, Gênero e Sexualidade-, buscou a reflexão sobre os conceitos de padrão e normatividade sociais visando a desconstrução de preconceitos como a LGBTfobia, o racismo e o machismo no ambiente escolar e social. Diversas dinâmicas foram desenvolvidas tais como, Bingo de gente; Quem sou eu? Como o outro me vê?; O que é um padrão e o que é estética?; Quem é negro no Brasil?; O padrão masculino viril e o feminino frágil. O foco dessa apresentação será socializar a análise da representação sobre masculino e feminino expressa pelos estudantes.

189


#publichistory2018 Uma avaliação do potencial pedagógico do documentário “’Cadê meu celular? Eu vou ligar pro 180’: Elza Soares e a violência contra a mulher” Letícia Costa Silva, Lorelay Tietjen Mochnacz Andrade O interesse pelo tema da violência contra a mulher motivou-nos a elaborar, como parte das atividades da disciplina História do Brasil IV, oferecida no curso da Licenciatura em História da Universidade do Estado de Santa Catarina, no semestre 2017/1, o documentário “Cadê meu celular? Eu vou ligar pro 180”: Elza Soares e a violência contra a mulher” (https://www.youtube.com/watch?v=utXw9-We4EA). Neste artigo, analisamos o documentário por nós elaborado, avaliando seu possível uso como subsídio na discussão sobre violência contra a mulher. Na análise que desenvolvemos, empreendemos diálogos com as/os seguintes autoras/es, entre outras/os: Ribeiro (2017), para tratar da questão do lugar de fala e discutir a escolha de uma mulher negra, Elza Soares, para representar todas as mulheres; Freund (2013), para abordar o uso de fontes de outrem na montagem; Fonseca (2016), para discutir a História Pública e seus usos no ensino de história com o apoio das mídias e das novas tecnologias para produzir e divulgar o conhecimento histórico; Hooks (2017), para avaliar a possibilidade de o documentário ser usado no contexto da educação como ferramenta para a transgressão; Louzeiro (2010), para apresentar e discutir a trajetória de Elza Soares como artista e sua paulatina ascensão à condição de ativista dos direitos das mulheres e outras minorias. Após análise do documentário, concluímos que sua elaboração serviu para que suas criadoras desenvolvessem e aperfeiçoassem critérios e habilidade para seleção e uso de fontes. Entendemos também que o uso pedagógico do documentário é facilitado porque se proveem às/aos estudantes informações sobre o contexto sócio-histórico de sua produção (dados sobre violência contra a mulher, informações sobre a vida e carreira de Elza Soares, etc.), de forma a lhes permitir compreender as referências e intencionalidades tanto do documentário quanto das canções nele inclusas. Uma proposta de descrição para documentações resultantes de pesquisa: o caso dos estudos Djalma Forjaz do IEB-USP Pedro José de Carvalho Neto, Andrea Cristina Ribeiro Minare Em 1992, os herdeiros de Djalma Forjaz (1883-1962) doaram ao Instituto de Estudo Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP) uma documentação recolhida e produzida pelo estudioso ao longo de sua vida. Dela, resultou, dentre várias obras, o seu mais importante estudo, a biografia de Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, intitulada Senador Vergueiro: sua vida e sua época, publicada em 1924. Os documentos que o estudioso coligiu estão, hoje, com o nome de Estudos Djalma Forjaz: Senador Vergueiro, sua vida e sua época. Eles foram inicialmente tratados como o fundo do Senador Vergueiro e, posteriormente, como uma coleção sobre o Senador. Entretanto, a partir da descrição da documentação, constatou-se que esse conjunto documental é, na verdade, uma documentação resultante de pesquisa (DRP). Esta categoria, de uso corrente do IEB-USP, define-se aqui como o fragmento de um fundo e diz respeito apenas a uma das atividades exercidas por Forjaz em sua vida, a saber, sua atuação como pesquisador. O historiador foi advogado, funcionário público, empresário, mas nenhuma dessas facetas está registrada nos documentos até agora. Por terem sido reunidos exclusivamente em função de sua pesquisa, os documentos possuem organicidade entre si, o que possibilita a contextualização desses e a formação de séries documentais. O trabalho de organização e descrição do conjunto ainda está em andamento, restando cerca de 2000 documentos a serem processados, dos cerca de 4000. Dito isso, o presente trabalho tem como objetivo propor um método de descrição para documentações resultantes de pesquisa, tendo como princípio a definição acima e as possibilidades apresentadas pelo Sistema de Gerenciamento de Acervos (SGA) do IEB-USP. Pretende-se, também, propor um quadro de arranjo tendo como base os produtos da pesquisa de Djalma Forjaz, a saber, seu livro acima citado, as conferências que resultaram no livro e seus artigos publicados. Com isso, espera-se que tal proposta de descrição e quadro de arranjo possam contribuir para o refinamento do tratamento de arquivos pessoas dentro e fora do IEB-USP, visando facilitar o acesso aos documentos pelo público interessado. Vestígios de um império colonial português: Fotografia Pública e arquivo público Marcus Vinicius de Oliveira 190


#publichistory2018 A instauração do Estado Novo, em Portugal, alterou completamente a produção fotográfica e o conhecimento sobre as colônias portuguesas. Este processo foi acompanhado tanto do enquadramento da prática fotográfica dentro dos quadros ideológicos do regime, quanto promovendo publicações e eventos com temática colonial nesse período para educar uma população para os designíos do império colonial português e ampliar os laços entre os metropolitanos e os territórios sob o controle do governo de Lisboa. A Exposição Colonial Portuguesa de 1934 foi um desses eventos públicos que mobilizou conhecimento colonial e fotografia dentro da proposta de “lição do colonialismo” que o diretor técnico do certame, Henrique Galvão, queria promover na cidade do Porto. Este evento foi registrado e divulgado em diversas mídias que, em sua maioria, associavam textos e imagem fotográfica de forma a ampliar a comunicação e a própria propaganda do governo salazarista. Essas publicações faziam parte do circuito social da imagem fotográfica produzida, a qual deveria ser consumida e experimentada em várias partes do Império Colonial. Para isso, elas se materializavam em postais fotográficos, objetos de souvenir, matérias jornalísticas e similares que eram enviados por particulares ou pelo próprio governo. As fotografias, que circulavam publicamente, projetava um império territorialmente uno, etnicamente diverso e socialmente apaziguado, além de reforçar que fazia parte da “essência portuguesa” possuir aqueles territórios, tal qual expresso no Ato Colonial de 1930. As fotografias produzidas durante os meses da exposição possuíram circuitos sociais distintos e específicos, entretanto, muitas dessas imagens fotográficas se encontram hoje nos arquivos portugueses com poucas informações referentes à sua vida pública, ou mesmo sobre as suas formas de aquisição pela instituição. A proposta da comunicação consiste justamente em apresentar um desses arquivos públicos, mais precisamente o arquivo municipal do Porto, e algumas das fotografias da Exposição Colonial presentes em sua base digital buscando identificar como as imagens fotográficas promovem uma história pública sobre a experiência colonial portuguesa e quais caminhos podem ser propostos para que essa história pública não corrobore com uma ideia lusotropicalista, tão presente na sociedade portuguesa depois de anos da libertação de suas colônias. Vozes de Antígona: depoimentos de familiares de vítimas de violência de Estado em contexto democrático, no Rio de Janeiro Maria Paula Nascimento Araujo A presente comunicação pretende discutir algumas questões teóricas e metodológicas referentes ao Projeto “Vozes de Antígona”, desenvolvido pelo Núcleo de História Oral e Memória do Instituto de História da UFRJ. Neste projeto coletamos depoimentos de familiares, principalmente mães, de vítimas de violência de Estado em contexto democrático. A maior parte dessas vítimas são jovens negros, pobres, moradores de favelas e bairros periféricos da cidade. A maior parte dessas mães luta por justiça e reparação. Nesta apresentação propomos uma reflexão sobre alguns temas tais como: a dimensão pública de uma pesquisa que envolve a parceria da universidade com redes da sociedade e do Estado; o protagonismo das mulheres, levando a frente a luta pela memória, justiça e reparação de seus filhos; a recorrência da violência como prática e como cultura política no cotidiano da cidade atravessando o Estado e a sociedade. Este projeto é desenvolvido em parceria com a Subcomissão de Direitos Humanos da Comissão de Memória e Verdade na Democracia Familiares de vitimas de Violência de Estado, com o Movimento Moleque e com a Clínica do Testemunho. O objetivo primeiro é constituir um acervo áudio visual com os depoimentos destes familiares. Com este acervo pretendemos analisar as práticas de violência que permanecem recorrentes em contexto democrático e, junto com as diferentes entidades que apoiam a pesquisa, pensar formas de divulgar estas práticas e apoiar iniciativas dos familiares em busca de justiça. Pretendemos também junto com esta rede, sobretudo com as mães, pensar quais produtos poderiam ser confeccionados a partir deste acervo (artigos, livro, um documentário, etc). Wikipédia: uma poética popular da história? Mateus H. F. Pereira Pesquisando nos arquivos da Wikipédia encontrei uma discussão que será utilizada como escala inicial, como ponto de partida para operar o princípio de variação de escalas, mas tendo como pano de fundo o ponto de vista de Baldo que afirma que o “debate historiográfico” nas páginas da Wikipédia 191


#publichistory2018 se faz no nível da opinião e, logo, se afasta da verdade ou, no mínimo, da “verdade factual”. Para tal, após o relato do caso, sigo o seguinte percurso, que coincide com as sub-divisões da apresenção: Wikipédia, memória cultural e historiografia; mutações da função autor; historiadores-colaboradores: dois exemplos; e qual o horizonte temporal dessa poética popular da história? Uma das conclusões é de que uma das características da Wikipédia que incomodam alguns historiadores é o fato de que nas páginas da “enciclopédia livre” encontramos diversas formas de hibridações – e não de distinções, por mais que muitos colaboradores possam desejar – entre “passado prático” e “passado histórico” (Hayden White).

192


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.