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O Duelo de Xรถdan GABRIEL F.S.
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Nas ruínas da quarta guerra, todo o mundo tecnológico e futurista de Xödan resumia-se à carcaças e poeira. Aquele seria o fim, depois daquela era, Xödan nunca mais seria o mesmo, aos poucos sobreviventes só restou viver saqueando restos. Felizes eram aqueles que conseguiam viver com alguém. As hierarquias acabaram, a partir dali o jogo era cada um por si. Entretanto, surgia uma sociedade numa floresta do Oeste, conhecida como Lefulness, onde três enormes naves fechavam uma região: a primeira nave foi chamada de Greedatin, era a menor delas e foi usada como depósito da vila; a do meio era Catherin, era a nave onde, por algum milagre, ainda funcionavam as luzes e comandos, facilitando as produções diversas, esta foi usada como fábrica; a terceira é Christin, a maior das naves, foi 4
usada pelos homens como dormitório nos primeiros anos. Era uma vila segura, de difícil acesso, poucos sabiam de sua existência, os que sabiam eram facilmente derrotados numa batalha direta, pois sempre estavam em menor número. A vila foi se expandindo à medida que Xödan evoluía, algum tempo depois já era aberta a forasteiros, sempre sob a supervisão do grande Xerife Cahill Noah, o maior xerife de Lefulness de todos os tempos. Alguns dizem que era um tipo de dom, um talento hereditário da família Noah, a fábrica dos melhores xerifes. Noah já havia vencido muitos duelos. Diz a lenda que ele matou seis bandidos que um dia tentaram saquear Alfredo, o dono do maior bar do Oeste, o Lefulbeer. Mesmo ocupados com uma aparente evolução, o povo de Xödan nunca 5
esquecera da destruição causada pela invasão a algumas centenas de anos atrás. Porém, a neurose de que um descendente inimigo ainda vivia nas terras de Xödan já havia sido esquecida pelos seres menos sábios: os homens. Ora, isto porque a ideia de um descendente daqueles perambulando por aí aterrorizava os magos, não havia coisa pior. Um belo dia, a luz do céu estava radiante, a clientela de Alfredo estava generosa, o pianista sequer respirava durante canção, até o Xerife Noah foi passar uma hora lá dentro, pois tudo estava muito calmo. Foi então que um homem calvo que vestia roupas largas e ostentava uma enorme barba entrou no bar. Seus olhos semi cerrados demonstravam certa dificuldade em enxergar o ambiente à sua volta com clareza, mancava com um pedaço de ma6
deira quebrado. Eis um mago cego e desesperado com seu cajado partido ao meio! Todos ali saíram por ordem do xerife, que deitou o velho sobre duas mesas e o fez tentar abrir os olhos para mostrar-lhe que estava cego, em seguida o velho disse que o descendente estava vivo, que era assustador e muito poderoso: “ele me prometeu a escuridão eterna, então exigi que parasse de brincar, pois pensei que fosse só mais um delinquente brincando com forças que não conhecia, ele não parou, assim, ergui minha mão sobre sua cabeça, mas ele ergueu a dele mais rapidamente sobre a minha, então fechei os olhos e não consegui mais abri-los, só ouvi o som da sua risada se afastando até aqui, por isso vim.”. Ao ouvir tal depoimento, Noah entrou em estado de choque. Seu pai sempre contava histórias majestosas sobre os ma7
gos. Para ele, os magos eram invencíveis, mas quando viu o primeiro mago de sua vida morrendo, ele automaticamente aumentou a majestade do mal em sua cabeça ao invés de diminuir a do bem. Pensou em toda sua linhagem, nas grandes batalhas contra os invasores, em todos os homens e magos que lutaram na linha de frente contra milhares de invasores, e decidiu que não teria medo se tivesse que enfrentar tal descendente. Então, ele deixou o velho sob os cuidados de Alfredo e saiu do bar. Ao chegar lá fora, olhou para a esquerda, não havia ninguém, girou a cabeça levemente para a direita, desejando com o sentimento mais profundo e verdadeiro da alma não ver o descendente, mas quando completou o movimento, arregalou seus olhos, engoliu uma grande quantidade de saliva e confirmou seu pen8
samento; era mesmo ele, parado, olhando fixamente para seus olhos, então o xerife se vira de frente ao primogênito para encara-lo melhor, coloca primeiro o polegar no revólver, balançando os outros quatro dedos em um padrão, o primogênito copia seus movimentos, então ele desvia seu olhar, Noah não pensou o quão desonroso seria atirar nesse momento, pois estava diante de um invasor e não tinha tempo para definir o conceito de honra, quando puxou o revólver e atirou. Imaginando o que seria, não só de seu planeta natal, mas de toda a galáxia do Odyssey se ele errasse aquele tiro. Ele acompanha lentamente e com muita tensão o percurso da bala, o estrondo daquele tiro foi mais alto do que nunca, o som se estende aos ouvidos dele, seu cérebro parece começar a chiar, a maior tensão 9
de sua vida, a atenção voltada naquela bala era a mais concentrada de todos os tempos em toda a história de Xödan; um tiro que parece não ter fim; um tiro glorioso ou vergonhoso; um tiro cuja o fim da rota foi a árvore ao lado do alvo.
FIM
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