Revista surtrac

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SURTRAC uma nova maneira de ver

A obra e a vida de Joan Miró o grande escultor e pintor surrealista catalão.

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ALFABETO VISUAL

ANATOMIA DA MENSAGEM

Conheça os elementos e códigos utilizados pelos designers

- Representação - Abstração - Simbolismo



SUMÁRIO Surrealismo

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Joan Miró

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Alfabeto Visual

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Ponto

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Linha

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Escala

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Direção

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Dimensão

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Textura

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Movimento

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Forma

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Cor

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Mensagem visual

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Representação

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Abstração

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Simbolismo

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SURREALISMO

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Auto Retrato Salvador Dalí


Dog Barking At The Moon Joan Miró

Nas duas primeiras décadas do século XX, os estudos psicanalíticos de Freud e as incertezas políticas criaram um clima favorável para o desenvolvimento de uma arte que criticava a cultura européia e a frágil condição humana diante de um mundo cada vez mais complexo. Surgem movimentos estéticos que interferem de maneira fantasiosa na realidade.

Nele se propunha a restauração dos sentimentos humanos e do instinto como ponto de partida para uma nova linguagem artística. Para isso era preciso que o Iníciom tivesse uma visão totalmente introspectiva de si mesmo e encontrasse esse ponto do espírito no qual a realidade interna e externa são percebidas totalmente isentas de contradições.

O surrealismo foi por excelência a corrente artística moderna da representação do irracional e do subconsciente. Suas origens devem ser buscadas no dadaísmo e na pintura metafísica de Giorgio De Chirico. Este movimento artístico surge todas às vezes que a imaginação se manifesta livremente, sem o freio do espírito crítico, o que vale é o impulso psíquico. Os surrealistas deixam o mundo real para penetrarem no irreal, pois a emoção mais profunda do ser tem todas as possibilidades de se expressar apenas com a aproximação do fantástico, no ponto onde a razão humana perde o controle. A publicação do Manifesto do Surrealismo, assinado por André Breton em outubro de 1924, marcou historicamente o nascimento do movimento.

O Surrealismo apresenta relações com o Futurismo e o Dadaísmo. No entanto, se os dadaístas propunham apenas a destruição, os surrealistas pregavam a destruição da sociedade em que viviam e a criação de uma nova, a ser organizada em outras bases. Os surrealistas pretendiam, dessa forma, atingir uma outra realidade, situada no plano do subconsciente e do inconsciente. A fantasia, os estados de tristeza e melancolia exerceram grande atração sobre os surrealistas, e nesse aspecto eles se aproximam dos românticos, embora sejam muito mais radicais.

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Joan Mir贸

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O Jardim Joan Miró

Joan Miró iiciou sua formação como pintor na escola de La Lonja, em Barcelona. Em 1912 entrou para a escola de arte de Francisco Gali, onde conheceu a obra dos impressionistas e fauvistas franceses. Nessa época, fez amizade com Picabia e pouco depois com Picasso e seus amigos cubistas, em cujo grupo militou durante algum tempo. Em 1920 Miró instalou-se em Paris (embora no verão voltasse para Montroig), onde se formara um grupo de amigos pintores, entre os quais estavam Masson, Leiris, Artaud e Lial. Dois anos depois adquiriu forma La masía, obra fundamental em seu desenvolvimento estilístico posterior e na qual Miró demonstrou uma grande precisão gráfica. A partir daí sua pintura mudou radicalmente. Breton falava dela como o máximo do surrealismo e se permitiu destacar o artista como um dos grandes gênios solitários do século XX e da história da arte. A famosa magia de Miró se manifesta nessas telas de traços nítidos e formas sinceras na aparência, mas difíceis de serem elucidadas, embora se apresentem de forma amistosa ao observador. Miró também se dedicou à cerâmica e à escultura, nas quais extravasou suas inquietações pictóricas.

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ALFABETO VISUAL

Todas as linguagens têm um sistema próprio de organização. A linguagem visual também possui seu código, ou seja, os elementos que servem para formar suas mensagens. Compreendemos e usufruímos melhor essas mensagens quando conhecemos seus elementos constituintes, as estratégias que o autor utilizou e o funcionamento desses recursos sobre nossa sensibilidade, ou seja,o “alfabeto” visual.

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Ponto Um ponto numa página em branco parece pouco, mas é muito diferenciador de uma página em branco. A utilização do ponto como marca gráfica é infinita. É o sinal gráfico mínimo e elementar. Caracteriza-se por uma localização em um espaço. Quando os pontos são multiplicados, seu poder de expressão e de comunicação amplia-se. Disposição, distanciamento, quantidade e cor também influem no efeito dos pontos sobre a superfície. Eles podem criar ideias, comunicar sensações, dar ideia de movimento, ritmo, luz, sombra, volume, atmosfera. Quando colocados em fila, por exemplo, criam a ideia de linha.

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LINHA

Ellsworth Kelly

O mundo em que vivemos nos oferece vários exemplos de linha: linha do horizonte, linha divisória entre estados, linha definida pela margem de um rio, linha de contorno dos objetos... A linha é uma marca contínua ou com aparência de contínua. Quando é traçada com a ajuda de qualquer instrumento sobre uma superfície, chama-se linha gráfica e é o sinal mais versátil, pois pode sugerir movimento e ritmo, comunicar sentimentos e sensações. Os artistas plásticos exploram as possibilidades expressivas das linhas, principalmente pela maneira como realizam o contorno das figuras, transmitindo dinamismo, velocidade, ímpeto, harmonia, musicalidade, violência, agressividade, medo, dor... As linhas definem as figuras e as formas. As figuras que têm dois lados idênticos são chamadas de simétricas. Há diversas maneiras de utilizar a linha com fins artísticos e decorativos.

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ESCALA Se observarmos com atenção as dimensões (altura e largura) de uma árvore, veremos que há relações entre esses dois dados. Se desejamos desenhá-la, temos que observar essas relações. São as suas proporções, ou seja, as relações matemáticas que existem entre suas medidas. Essas relações continuam iguais mesmo que o nosso desenho seja reduzido para o tamanho de um selo ou ampliado para o tamanho de uma parede. Quando não respeitamos as proporções, nossos desenhos ou trabalhos podem apresentar problemas. Mas há artistas que exploram justamente a falta de proporção ou a quebra das proporções para darem aos seus trabalhos um clima estranho e inquietante.

Fauna in la Mancha Vladimir Kush

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DIREÇÃO Cristo de São João da Cruz Salvador Dalí

Quando observamos uma linha de trem, temos a impressão que as duas linhas do trilho se unem no final e se tocam, onde nossa vista alcança. A esse efeito chamamos de perspectiva: a percepção visual de um espaço por meio de linhas paralelas que convergem a um ponto, o ponto de fuga. A representação desse fenômeno no desenho, ou seja, aquela estratégia que dá efeito de profundidade, também é chamada de perspectiva.

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DIMENSÃO

A Condição Humana René Magritte

Quando colocamos uma figura plana sobre um fundo chapado não temos ideia de espaço, pois a figura fica colada no fundo. Mas se a mesma figura é atingida pela luz, surgem sombras, a ideia de volume e a ilusão de profundidade. Essa impressão de profundidade é muito importante na criação artística. A relação do observador com o espaço é muito variável. Quando estamos a uma certa distância de um objeto, temos uma ideia de suas dimensões; quando nos aproximamos dele essa ideia se transforma. A dimensão dos objetos é proporcional à distância que estamos em relação a eles. Isso é levado em consideração quando um pintor planeja um quadro.

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textura

Jazz Buddies Debra Hurd

Observando atentamente uma superfície, percebemos que suas características podem ser diferentes da impressão que nos deu à primeira vista. Uma superfície aparentemente lisa pode se mostrar, vista por meio de uma lente, com outra personalidade: enrugada, esponjosa, crespada, aveludada, acetinada, felpuda, granulada, ondulada. Esses aspectos da trama e do entrelaçamento das fibras que constituem a superfície são chamados de textura.

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Wind Vladimir Kush

movimento Produzir a sensação de movimento através de um meio imóvel depende de grande habilidade. Por associação, nós temos a sensação de que figuras que representam objetos animados do mundo real revelam disposição para o movimento em uma comunicação visual. Assim ocorre, por exemplo, com aquelas conhecidas representações de gaivotas em vôo (as que todos desenham, como um V de braços curvos), ou com a representação de aviões e de ondas do mar. A ilusão de movimento pode ocorrer quando há contraste entre uma forma e o contexto de onde ela parece ter se desprendido. Entretanto, dadas as suas características formais, as figuras em uma comunicação visual podem também ser forças conduzindo a percepção em determinada direção dentro da composição.

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Animated Forms Joan MIró

FORMA

Forma é uma relação que permanece constante mesmo que mudem os elementos aos quais ela se aplica. Os triângulos podem ter vários tamanhos, diversos ângulos internos etc., mas a triangularidade permanece constante, independente das características peculiares deste ou daquele triângulo particular. Devido a esta generalização, há um aspecto intelectual por trás da definição de forma. Todo ato de perceber uma forma no mundo é um ato intelectual de destacar um significado. A forma é o oposto da indiferença, o avesso da insignificância.

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COR Red Blue Ellsworth Kelly

É a mais emotiva das características das superfícies. A cor tranqüiliza, agride, enleva ou entristece. Cor é luz, tanto a luz vinda de uma fonte luminosa quanto a luz que é refletida pelas superfícies dos objetos A cor é composta de três dimensões: matiz, saturação e brilho. Matiz diz respeito ao aspecto cromático do fenômeno, isto é, matiz é como denominamos as diferentes longitudes de onda responsáveis pela nossa percepção da cor. Assim , temos o matiz vermelho, o matiz amarelo etc. Saturação diz respeito à pureza da cor. Quanto mais pura a cor, mais saturada ela será. No caso da comunicação visual, pode-se diminuir a saturação de uma cor pela mistura com o cinza. Quanto mais cinza misturamos em uma cor, menos pura ela será. Já o brilho diz respeito ao índice de luminosidade da cor. Uma amarelo, por exemplo, é mais luminoso que um azul. Uma cor pode variar também em sua luminosidade própria. Misturando branco ou preto a uma cor, tornaremos a cor mais luminosa ou mais escura.

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MENSAGEM VISUAL Nós expressamos e recebemos mensagens visuais em 3 niveis.

Representação Abstração Simbolismo

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representação “A visão é o único elemento necessário á compreensão visual.” Donis A. Donis

Pallade e il centauro Sandro Botticelli

O representativo é o que vemos e identificamos baseados no meio ambiente e na experiencia, a realidade é a experiencia visual básica. Quanto mais representacional, mais especifica é, ou seja, é uma comunicação forte e direta dos detalhes. Representam: a forma humana, os elementos da natureza e os objetos criados pelo homem. Ele pode ser realista ou estilizado, desde que haja o reconhecimento do que foi desenhado.

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ABSTRAÇÃO “ Em termos visuais a abstração é uma simplificação que busca um significado mis intenso e condensado.” Donis A. Donis

Rumba Alfred Gockel

A abstração é usada nas artes mais tipicamente como um sinônimo para arte abstrata em geral. Estritamente falando, se refer a arte que não está preocupada com a representação literal das coisas do mundo visível, e pode, também, se referir a um objeto ou imagem que foi destilada do mundo real, ou mesmo, de um outro trabalho artístico. Trabalhos artísticos que modificam o mundo natural para propósitos expressivos são chamados abstratos; aqueles que derivam de objetos recohecíveis mas não o imitam são chamados abstração não-objetiva. No século XX a tendência em direção a abstração coincidiu com o avanço da ciência, tecnologia, e mudanças na vida urbana, eventualmente refletindo um interesse na teoria da psicanálise. Posteriormente, a abstração foi manifestada em termos de formais mais puras, como cor, livre de contexto objetivo, e a redução da forma para deisgns geométricos básicos.

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simbolismo “A percepção humana elemina os detalhes superficiais.” Donis A. Donis

Simbolo do Sol

O "símbolo" é um elemento essencial no processo de comunicação, encontrando-se difundido pelo quotidiano e pelas mais variadas vertentes do saber humano. Embora existam símbolos que são reconhecidos internacionalmente, outros só são compreendidos dentro de um determinado grupo ou contexto. Ele intensifica a relação com o transcendente. A representação específica para cada símbolo pode surgir como resultado de um processo natural ou pode ser convencionada de modo a que o receptor consiga fazer a interpretação do seu significado implícito e atribuir-lhe determinada conotação. Pode também estar mais ou menos relacionada fisicamente com o objecto ou ideia que representa, podendo não só ter uma representação gráfica ou tridimensional como também sonora ou mesmo gestual.

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